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1

Índice Índice de Ilustrações ..............................................................................................................................4

Índice de Tabelas ....................................................................................................................................6

Índice de Siglas .......................................................................................................................................8

Resumo ..................................................................................................................................................10

Abstract .................................................................................................................................................11

Introdução .............................................................................................................................................12

1. Apresentação ..................................................................................................................................12

2. Objectivos do trabalho ...................................................................................................................13

3. Justificação do interesse pela temática ...........................................................................................14

4. Questões metodológicas .................................................................................................................16

5. Questões de partida ........................................................................................................................17

6. Hipóteses ........................................................................................................................................17

7. Descrição sumária da investigação ................................................................................................18

8. Limitações do estudo ......................................................................................................................19

Capítulo I – A globalização, a economia nacional e a economia regional .......................................20

1. O ambiente económico global e os desafios da globalização ........................................................20

2. O ambiente económico nacional no contexto da adesão à CE .......................................................26

2.1. O impacto do euro na economia nacional ...............................................................................31

2.2. O impacto do euro na RAM ....................................................................................................33

2.3. A análise do desempenho da economia nacional no período em análise ................................36

3. As perspectivas socioeconómicas da RAM no contexto de RUP ..................................................39

3.1. Os condicionalismos geográficos, ambientais e institucionais da RAM .................................44

3.2. As opções de desenvolvimento da economia regional a nível sectorial ..................................45

3.2.1. O turismo como opção de desenvolvimento da economia regional ....................................533.3. O papel do Estado no apoio à actividade económica regional ................................................56

3.4. A importância das transferências financeiras para a RAM .....................................................59

3.5. A importância da criação de infra-estruturas na RAM ............................................................63

3.6. As potencialidades e os problemas específicos da actividade empresarial na RAM ..............66

3.7. As características do modelo económico da RAM ..................................................................72

Capítulo II – Desempenho empresarial da RAM ..............................................................................75

1. Dados das 100 Maiores Empresas - Características da amostra .....................................................75

1.1. Representação numérica da amostra .......................................................................................80

1.1.1. Indicadores de análise financeira contidos na amostra ........................................................831.1.1.1. Volume de Negócios – Conceito e correlação com PIBRpm .......................................84

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2

1.1.1.1.1. Volume de Negócios – Médias em valores absolutos ...............................................86

1.1.1.1.2. Volume de Negócios – Taxas de crescimento ...........................................................89

1.1.1.1.3. Volume de Negócios – Números índices de base fixa ..............................................90

1.1.1.1.4. Volume de Negócios – Categorização ......................................................................94

1.1.1.1.5. Volume de Negócios – Empresas com maior participação (EMP) ...........................96

1.1.1.1.5.1. Volume de Negócios nas EMP – Taxas de crescimento ........................................99

1.1.1.2. Activo Liquido – Conceito e correlação com o PIBRpm ...........................................100

1.1.1.2.1. Activo Líquido – Médias em valores absolutos ......................................................102

1.1.1.2.2. Activo Líquido – Taxas de crescimento ..................................................................104

1.1.1.2.3. Activo Líquido – Números índices de base fixa ......................................................105

1.1.1.2.4. Activo líquido – Empresas com maior participação ................................................108

1.1.1.2.4.1. Activo Líquido das EMP – Taxas de crescimento ...............................................109

1.1.1.3. Capital Próprio – Conceito .........................................................................................110

1.1.1.3.1. Capital Próprio – Médias em valores absolutos ......................................................111

1.1.1.3.2. Capital Próprio – Taxas de crescimento ..................................................................112

1.1.1.3.3. Capital Próprio – Números índices de base fixa ......................................................114

1.1.1.4. Cash-Flow – Conceito ................................................................................................115

1.1.1.4.1. Cash-flow – Médias em valores absolutos ..............................................................116

1.1.1.4.2. Cash-flow – Taxas de crescimento ..........................................................................118

1.1.1.4.3. Cash-flow – Números índices de base fixa .............................................................119

1.1.1.5. Produtividade – Conceito ...........................................................................................121

1.1.1.5.1. Produtividade – Médias ...........................................................................................122

1.1.1.5.2. Produtividade – Taxas de crescimento ....................................................................123

1.1.1.5.3. Produtividade – Números índices de base fixa ........................................................124

1.1.1.6. Cash-Flow / Volume de Negócios – Conceito ...........................................................125

1.1.1.6.1. Cash-Flow / Volume de Negócios (CF/VN) – Médias ............................................126

1.1.1.6.2. Cash-Flow / Volume de Negócios – Taxas de crescimento ....................................127

1.1.1.6.3. Cash-Flow / Volume de Negócios – Números índices de base fixa ........................128

1.1.1.7. Rendibilidade das Vendas – Conceito ........................................................................130

1.1.1.7.1. Rendibilidade das Vendas – Médias ........................................................................130

1.1.1.7.2. Rendibilidade das Vendas – Taxas de crescimento .................................................132

1.1.1.8. Autonomia Financeira – Conceito ..............................................................................133

1.1.1.8.1. Autonomia Financeira – Médias .............................................................................134

1.1.1.8.2. Autonomia Financeira – Taxas de crescimento .......................................................136

1.1.1.9. Rendibilidade do Activo (ROA) – Conceito ..............................................................137

1.1.1.9.1. Rendibilidade do Activo – Médias ..........................................................................138

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3

1.1.1.9.2. Rendibilidade do Activo – Taxas de crescimento ...................................................139

1.1.1.10. Rendibilidade dos Capitais Próprios (ROE) – Conceito ..........................................140

1.1.1.10.1. Rendibilidade dos Capitais Próprios – Médias ......................................................140

1.1.1.10.2. Rendibilidade dos Capitais Próprios – Taxas de crescimento ...............................142

1.1.1.11. Resultado Líquido do Exercício (RLE) – Conceito ..................................................143

1.1.1.11.1. Resultado Líquido de Exercício – Médias em termos absolutos ...........................143

1.1.1.11.2. Resultado Líquido do Exercício – Taxas de crescimento ......................................145

Conclusão ............................................................................................................................................146

Bibliografia .........................................................................................................................................150

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4

Índice de Ilustrações Ilustração 1 – Identificação das RUP´s Fonte:Wikipédia ......................................................................40

Ilustração 2 – Evolução do consumo de cimento, 1988 – 2008; Fonte: DRE. .......................................48

Ilustração 3 – Retrospectiva anual do inquérito ao emprego por sector; Fonte: DRE ...........................51

Ilustração 4 – VAB por sector de actividade a preços de mercado, unidade: escudos 106 Fonte: DRE.

................................................................................................................................................................52

Ilustração 5 – VAB por sector de actividade a preços correntes, unidade:escudos 103 Fonte: DRE. ....52

Ilustração 6 – Proveitos totais do turismo; Unidade: 103 Fontes: Estatísticas do Turismo da RAM,

DREM ....................................................................................................................................................54

Ilustração 7 – Transferências da CE, 1988 – 2008; Fonte: IDR .............................................................60

Ilustração 8 – Transferências do Estado para a RAM; Fonte: DGO ......................................................61

Ilustração 9 – Edifícios concluídos pelas Câmaras Municipais da RAM, por unidade; Fonte: DRE ....64

Ilustração 10 – Evolução Balança Comercial, 1988 – 2008 Fonte: DRE ..............................................72

Ilustração 11 – Evolução das taxas de entrada de empresas, 1989 – 2008 .............................................79

Ilustração 12 – Evolução das taxas de saída de empresas, 1989 – 2008 ................................................79

Ilustração 13 - Evolução Anual das Empresas Participantes ..................................................................81

Ilustração 14 – Frequências, por actividade, 1988 – 2008 .....................................................................83

Ilustração 15 – Evolução do Volume de Negócios (série desinflacionada), 1988 – 2008 .....................88

Ilustração 16 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes,

1988 – 1999 ............................................................................................................................................92

Ilustração 17 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes,

1999 – 2008 ............................................................................................................................................93

Ilustração 18 – Evolução do Volume de Negócios categorizado, 1988 – 2008 .....................................96

Ilustração 19 – Evolução do Volume de Negócios nas empresas com maior participação (série

desinflacionada), 1988 – 2008 ...............................................................................................................98

Ilustração 20 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes nas

empresas com maior participação, 1988 – 2008 ..................................................................................100

Ilustração 21 – Evolução do Activo Líquido (série desinflacionada), 1988 – 2008 ............................103

Ilustração 22 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes, 1988 – 2008

..............................................................................................................................................................105

Ilustração 23 – Evolução dos números índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1990

– 1999 ...................................................................................................................................................106

Ilustração 24 – Evolução dos índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 2000 – 2008

..............................................................................................................................................................107

Ilustração 25 – Evolução do Activo Líquido nas empresas com maior participação (série

desinflacionada), 1988 – 2008 .............................................................................................................109

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5

Ilustração 26 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes em EMP,

1988 – 2008 ..........................................................................................................................................110

Ilustração 27 – Evolução do Capital Próprio (série desinflacionada), 1990 – 2003 ............................112

Ilustração 28 – Evolução das taxas de crescimento do Capital Próprio a preços correntes, 1991 – 2003

..............................................................................................................................................................113

Ilustração 29 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 1º

subperíodo, 1991 – 1999 ......................................................................................................................114

Ilustração 30 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 2º

subperíodo, 1999 – 2003 ......................................................................................................................115

Ilustração 31 – Evolução do Cash-Flow, 1988 – 2003 .........................................................................117

Ilustração 32 – Evolução das taxas de crescimento do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 2003 ..119

Ilustração 33 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes, 1989 –

1999 ......................................................................................................................................................120

Ilustração 34 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes no 2º

subperíodo, 1999 – 2003 ......................................................................................................................121

Ilustração 35 – Evolução da Produtividade, por actividade, 1990 – 2003 ...........................................123

Ilustração 36 – Evolução das taxas de crescimento da Produtividade a preços correntes, 1991 – 2003

..............................................................................................................................................................124

Ilustração 37 – Evolução dos números índices de base fixa da Produtividade, 1991 – 2003 ..............125

Ilustração 38 – Evolução do CF/VN, por actividade, 1988 – 2008 ......................................................127

Ilustração 39 – Evolução das taxas de crescimento do CF/VN a preços correntes, 1989 – 2008 ........128

Ilustração 40 – Evolução dos números índices de base fixa do CF/VN a preços correntes, 1989 – 1999

..............................................................................................................................................................129

Ilustração 41 – Evolução dos números índices de base fixa do CF /VN a preços correntes, 2000 – 2008

..............................................................................................................................................................130

Ilustração 42 – Evolução da Rendibilidade das Vendas, 1990 – 2003 .................................................131

Ilustração 43 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade das Vendas a preços correntes,

1991 – 2003 ..........................................................................................................................................133

Ilustração 44 – Evolução da Autonomia Financeira, 1988 – 2008 .......................................................135

Ilustração 45 – Evolução das taxas de crescimento da Autonomia Financeira a preços correntes, 1989

– 2008 ...................................................................................................................................................137

Ilustração 46 – Evolução da Rendibilidade do Activo, 1988 – 2006 ...................................................138

Ilustração 47 – Evolução das taxas de crescimento do ROA a preços correntes, 1989 – 2006 ...........140

Ilustração 48 – Evolução da Rendibilidade dos Capitais Próprios, 1990 – 2005 .................................141

Ilustração 49 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade dos Capitais Próprios a preços

correntes, 1991 – 2008 .........................................................................................................................143

Ilustração 50 – Evolução do Resultado Líquido do Exercício (série desinflacionada), 1988 – 2004 ..144

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6

Índice de Tabelas Tabela 1 – Taxas de variação anual do Índice de Preços no Consumidor, por classe, 1998 – 2008

Fonte:DRE ..............................................................................................................................................34

Tabela 2 – Retrospectiva anual do inquérito ao emprego, por sector, por ano; Fonte: DRE .................50

Tabela 3 – Evolução Balança Comercial, 1988 – 2008, Fonte: DRE ....................................................71

Tabela 4 – Participação empresarial, por actividade, entradas e saídas .................................................76

Tabela 5 – Evolução das taxas de entrada e saídas de empresas, 1989 – 2008 ......................................77

Tabela 6 – Tabela de frequências de empresas, 1988 – 2008 ................................................................80

Tabela 7 – Tabela de frequência global (inclui todos os anos da amostra), por actividade ...................81

Tabela 8 – Frequências, por actividade, 1988 – 2008 ............................................................................82

Tabela 9 – Correlação de Pearson entre o VN e o PIBRpm ...................................................................85

Tabela 10 – Evolução do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de 1988 – 2008; Fonte: DRE ..........86

Tabela 11 – Evolução do Volume de Negócios (série a preços correntes e desinflacionados), 1988 –

2008 ........................................................................................................................................................87

Tabela 12 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes, 1989 –

2008 ........................................................................................................................................................89

Tabela 13 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios, 1988 – 1999 ..........91

Tabela 14 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes,

1999 – 2008 ............................................................................................................................................93

Tabela 15 – Categorização do Volume de Negócios a preços correntes, frequências totais , 1988 –

2008 ........................................................................................................................................................94

Tabela 16 – Categorização do Volume de Negócios a preços correntes, frequências por actividade,

1988 – 2008 ............................................................................................................................................95

Tabela 17 – Evolução do Volume de Negócios nas empresas com maior participação, 1988 – 2008 ...97

Tabela 18 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes nas

empresas com maior participação, 1988 – 2008 ....................................................................................99

Tabela 19 – Correlação de Pearson entre o Activo Líquido e o PIBRpm ............................................101

Tabela 20 – Evolução do Activo Líquido, 1988 – 2008 ......................................................................102

Tabela 21 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes, 1988 2008 ..104

Tabela 22 – Evolução dos números índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1988 –

1999 ......................................................................................................................................................106

Tabela 23 – Evolução dos índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1999 – 2008 ..107

Tabela 24 – Evolução do Activo Líquido nas empresas com maior participação, 1988 – 2008 ..........108

Tabela 25 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes nas EMP, 1988 –

2008 ......................................................................................................................................................109

Tabela 26 – Evolução do Capital Próprio, 1990 – 2003 ......................................................................111

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Tabela 27 – Evolução das taxas de crescimento do Capital Próprio a preços correntes, 1991 – 2003 113

Tabela 28 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 1º

subperíodo, 1990 – 1999 ......................................................................................................................114

Tabela 29 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 2º

subperíodo, 1999 – 2003 ......................................................................................................................115

Tabela 30 – Evolução do Cash-Flow, 1988 – 2003 .............................................................................116

Tabela 31 – Evolução das taxas de crescimento do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 2003 .......118

Tabela 32 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 1999

..............................................................................................................................................................119

Tabela 33 – Evolução dos números índices de base fixa, do Cash-Flow a preços correntes, 1999 –

2003 ......................................................................................................................................................120

Tabela 34 – Evolução da Produtividade, por actividade, 1990 – 2003 ................................................122

Tabela 35 – Evolução das taxas de crescimento da Produtividade a preços correntes, 1991 – 2003 ...123

Tabela 36 – Evolução dos números índices de base fixa da Produtividade a preços correntes, 1990 –

2003 ......................................................................................................................................................124

Tabela 37 – Evolução CF/VN, por actividade, 1988 – 2008 ................................................................126

Tabela 38 – Evolução das taxas de crescimento do CF/VN a preços correntes, 1989 – 2008 .............127

Tabela 39 – Evolução dos números índices de base fixa do CF/VN a preços correntes, 1989 – 1999 128

Tabela 40 – Evolução dos números índices de base fixa do CF /VN a preços correntes, 1999 – 2008

..............................................................................................................................................................129

Tabela 41 – Evolução da Rendibilidade das Vendas, 1990 – 2003 ......................................................131

Tabela 42 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade das Vendas a preços correntes, 1991

– 2003 ...................................................................................................................................................132

Tabela 43 – Evolução da Autonomia Financeira, 1988 – 2008 ...........................................................134

Tabela 44 – Evolução das taxas de crescimento da Autonomia Financeira a preços correntes, 1989 –

2008 ......................................................................................................................................................136

Tabela 45 - Evolução da Rendibilidade do Activo, 1988 a 2006 .........................................................138

Tabela 46 – Evolução das taxas de crescimento do ROA a preços correntes, 1989 – 2006 ................139

Tabela 47 – Evolução da Rendibilidade dos Capitais Próprios, 1990 – 2005 ......................................141

Tabela 48 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade dos Capitais Próprios a preços

correntes, 1991 – 2005 .........................................................................................................................142

Tabela 49 – Evolução do Resultado Líquido do Exercício, 1988 – 2004 ............................................144

Tabela 50 – Evolução das taxas de crescimento do Resultado Líquido do Exercício a preços correntes,

1989 – 2004 ..........................................................................................................................................145

Tabela 51 – Taxas de crescimento dos indicadores financeiros incluídos na amostra .........................148

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Índice de Siglas

AF – Autonomia Financeira

AL – Activo Líquido

BP – Banco de Portugal

BCE – Banco Central Europeu

CE – Comunidade Europeia

CF – Cash-Flow

CF/VN – Cash-Flow / Volume de Negócios

CINM – Centro Internacional de Negócios da Madeira

COM – Comércio

COMdesinf – Comércio, dados desinflacionados

CP – Capital Próprio

CRLE – Crescimento do Resultado Líquido do Exercício

DGO – Direcção Geral do Orçamento

DN – Diário de Notícias

EMP – Empresas com Maior Participação

FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Económico Regional

IDE – Investimento de Desenvolvimento Económico

IDR – Instituto de Desenvolvimento Regional

IND – Indústria

INDdesinf – Indústria, dados desinflacionados

INE – Instituto Nacional de Estatística

IPC – Índice de Preços ao Consumidor

JM – Jornal da Madeira

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9

PDR – Plano Desenvolvimento Regional

PIDDAR – Plano e Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Região Autónoma

da Madeira

PIBRpm – Produto Interno Bruto Regional a preços de mercado

PME´s – Pequenas e Médias Empresas

POPRAM - Programa Operacional Plurifundos da Região Autónoma da Madeira

PROD. – Produtividade

RAM – Região Autónoma da Madeira

ROE – Rendibilidade do Capital Próprio

RLE – Resultado Líquido do Exercício

ROA – Rendibilidade do Activo

ROV – Rendibilidade das Vendas

RUP`s – Regiões Ultraperiféricas

SER – Serviços

SERdesinf – Serviços, dados desinflacionados

VAB – Valor Actual Bruto

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10

Resumo

O presente estudo tem como principal objectivo analisar o desempenho global e por

sector de actividade do tecido empresarial da RAM no período 1988-2008 através da análise

de dados financeiros. A relevância do estudo baseia-se na reflexão da resposta dada pelo

tecido empresarial regional aos desafios que foram surgindo ao longo do período referido, e

na análise do espírito empresarial e das linhas estratégicas de actuação que pautaram o tecido

empresarial a nível das diferentes actividades na RAM. Para a realização deste estudo

quantitativo utilizamos uma amostra de conveniência que contêm dados contabilísticos anuais

de 545 empresas do tecido empresarial regional, que participaram na iniciativa anual das 100

Maiores Empresas da RAM ao longo dos 21 anos em estudo e que constituem, eventualmente,

a única base de dados de cariz semipúblico da região. Os dados foram obtidos através de

recolha exaustiva nas instituições responsáveis pelo tratamento da informação disponibilizada

pelas empresas concorrentes (Previsão, ECAM), consolidada por pesquisa em jornais (DN,

JM), revistas e dados recolhidos no arquivo regional. Estas fontes constituem-se como um

precioso instrumento de recolha de dados financeiros de difícil acesso. No tratamento dos

dados foram utilizados métodos de estatística descritiva, taxas de crescimento e números

índices de base fixa e aplicado teste de correlação de «Pearson». Obteve-se como principais

resultados a evolução anual positiva do indicador Volume de Negócios (7,95%) e Activo

Líquido (12,23%), Capital Próprio (11,04%), Cash-Flow (12,40%) e Produtividade (2,51%).

Os resultados obtidos permitem concluir que houve crescimento empresarial na RAM no

período em estudo. As actividades industriais, comerciais e de serviços cresceram a ritmos

diferenciados ao longo do período de análise, com predominância para o crescimento do

sector terciário, alicerçada nas actividades comerciais e de serviços, que evidenciaram

crescimento superiores à actividade industrial.

Palavras-chave

RAM, Indicadores Económicos, 100 Maiores Empresas.

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Abstract

This study's main objective are to analyze the overall performance and activity of the business

sector of RAM in the period 1988-2008 by analyzing financial data. The relevance of the

study is based on the reflection of the response given by the regional business challenges that

have emerged over that period and analysis of entrepreneurship and strategic guidelines that

guided the level of entrepreneurial activities in different RAM. To accomplish this

quantitative study used a sample of convenience that contain accounting data for 545

companies in the annual regional business, who participated in the annual competition of the

100 Largest Companies of RAM over 21 years of study and are possibly the only database of

semi-public nature of the region. Data were obtained through complete collection in the

institutions responsible for processing the information provided by competitors (Forecast,

MACE), consolidated research papers (DN, JM), magazines and regional data collected in the

file. These sources constitute itself as a valuable tool for collecting financial data difficult to

access. In the data processing methods were used descriptive statistics, growth rates and fixed

base index numbers and applied correlation test (Pearson). Was obtained as main results the

annual positive development of the indicator Turnover (7,95%) and Net Assets (12,23%),

Capital (11,04%), Cash-Flow (12,40%) and Productivity (2,51%). The industrial, commercial

and services grew at different rates over the period of analysis, principally the growth of the

tertiary sector, based on commercial activities and services, which showed higher growth of

industrial activity.

Key words

RAM, Economic Indicators, Top 100 Companies.

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Introdução

1. Apresentação

No âmbito dos estudos de formação avançada em ciências económicas (Mestrado de

Economia) ministrado pela Universidade da Madeira, a tese que nos propomos realizar

pretende observar um conjunto de dados com a finalidade de proceder à análise da evolução

da realidade empresarial regional no período compreendido entre 1988 a 2008.

A observação de dados financeiros do tecido empresarial regional, neste período

coincidente com a pós-adesão à Comunidade Europeia, assume-se como uma análise

importante, essencialmente pelas lacunas que se observa na informação disponível nesta

matéria. A verificação dos dados financeiros disponibilizados, através do projecto 100

Maiores Empresas, por empresas do tecido empresarial da Ilha da Madeira, permite realizar

um estudo do desempenho do tecido empresarial da RAM (com base na análise da evolução

das actividades comercial, industrial e de serviços) suportado por dados financeiros das

empresas concorrentes. Esta informação financeira constitui uma base de dados valiosa e

simultaneamente escassa, permitindo o estudo da evolução do tecido empresarial regional,

baseado em análise quantitativa e qualitativa. Este estudo pretende, partindo de uma

perspectiva de análise sectorial, extrair conclusões globais sobre a dinâmica empresarial no

contexto regional, decisivamente influenciado pelo contexto natural e geográfico. Assim,

tendo em conta as especificidades da economia da RAM, no contexto de região insular e

periférica, e os múltiplos desafios a que a actividade empresarial regional está sujeita,

conhecer a performance da economia regional, neste período, constitui-se útil para verificar se

o (s) modelo (s) de desenvolvimento adoptado potenciou o crescimento e desenvolvimento da

actividade empresarial, no período em análise.

Como referido, esta tese centra-se no estudo dos dados financeiros disponibilizados pela

iniciativa 100 Maiores e Melhores Empresas. Historicamente, em 1988 por iniciativa do Dr.

Luigi Valle (Sócio Fundador/Director Geral da Previsão) surgiu o projecto 100 Maiores

Empresas da Madeira que aplicava um modelo de classificação e distinção das empresas com

melhores performances. Este estudo, contribuiu significativamente para o conhecimento da

realidade do tecido empresarial da RAM, pois a informação financeira disponibilizada pelos

seus intervenientes, possibilita obter um conhecimento das empresas, e dos grupos

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económicos, com sede na RAM. Estes dados permitem uma avaliação aprofundada acerca da

dimensão (através dos indicadores Volume de Negócios e Activo Líquido, Capital Próprio e

Cash-flow); rendibilidade (através do indicador Cash-flow/Volume de Negócios,

Rendibilidade do Capital Próprio, Rendibilidade das Vendas e Rendibilidade do Activo);

dinamismo (através do indicador Maior Crescimento do Resultado Liquido); contribuição das

empresas para a economia (através do indicador Produtividade); e equilíbrio financeiro

(através do indicador Autonomia Financeira).

Neste sentido, este projecto de dissertação baseia-se na pesquisa, exploração,

organização e harmonização de dados, utilizando como principal fonte os dados sobre as 100

Maiores Empresas da Região Autónoma da Madeira, dados que constituem a amostra de

conveniência, da qual retiramos informações que permitem analisar a evolução sectorial do

tecido empresarial da região no período 1988 a 2008. Compreender a evolução e a dinâmica

das diferentes actividades da economia regional ao longo de duas décadas, é outro dos

objectivos do estudo pois permite aferir sobre a capacidade de adaptação ao longo do período

às grandes modificações do contexto económico mundial, nacional e regional e dar ênfase ao

percurso da economia regional.

2. Objectivos do trabalho

Os objectivos gerais deste estudo consistem em cartografar um período da economia

regional de 21 anos (com base nos dados de evolução da amostra) e paralelamente verificar as

performances do tecido empresarial regional a nível das actividades exercidas pelas empresas

representadas na amostra (comércio, indústria e serviços). Os resultados da observação da

amostra durante período 1988 a 2008, pós adesão à CE, possibilitam concluir sobre quais as

actividades que obtiveram maior predominância na economia regional, neste período

marcante da economia regional, cujo contexto subjacente à obtenção de resultados positivos

teve contornos únicos. Desta forma, poderemos aferir sobre os níveis de desenvolvimento das

actividades separadamente.

Constituem-se como objectivos específicos deste trabalho de investigação, o estudo dos

dados relativos às empresas concorrentes às 100 Maiores e Melhores Empresas da RAM,

dados que encontravam-se dispersos entre as instituições que procedem ao tratamento e

publicação dos mesmos. Assim, este trabalho iniciou-se de forma a procurar agrupar os dados

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inicialmente dispersos, com a finalidade de constituir uma base de dados consistente e

homogénea. Após a constituição de uma base de amostra organizada, pretendeu-se observar a

evolução da economia regional durante o período da pós-adesão, através da análise dos

instrumentos financeiros, por ano e por actividade. Para esse efeito, procedeu-se à observação

dos dados por actividade, com base na observação das médias anuais apresentadas pelas

empresas concorrentes. Esta análise por sector, é acompanhada por uma análise dos

indicadores financeiros fornecidos pelas empresas concorrentes individualmente. Desta

forma, através dos resultados obtidos pretendeu-se:

• Analisar o desempenho da economia regional por actividade.

• Analisar o desempenho global do tecido empresarial regional.

3. Justificação do interesse pela temática

A história económica regional tem demonstrado as imensas dificuldades que o povo

madeirense, e consequentemente o seu tecido empresarial, têm convivido ao longo da sua

existência. Devido à perpetuação ao longo dos tempos das adversidades naturais e das

dificuldades de relacionamento político com o governo central, os habitantes da Madeira

encontraram na emigração a solução para o seu futuro, desenvolvendo o seu espírito

empresarial em outros lugares do mundo que os acolheram e não na sua terra natal. Esta

realidade fez com que a actividade empresarial evoluísse a um ritmo lento, e a economia

regional tenha-se mantido durante largas centenas de anos, alicerçada no sector primário e

tenha repetido níveis de desenvolvimento comercial e industriais muito baixos.

Desta forma, é natural que o desempenho empresarial regional, historicamente sujeito a

condicionantes naturais, económicas e políticas tenha atingido, pelo menos até períodos

antecessores à adesão de Portugal à CE, níveis pouco satisfatórios. Assim, as análises

baseadas em dados financeiros actuais são fulcrais para sustentar as leituras críticas sobre o

desempenho empresarial obtido na pós-adesão à CE, sem esquecer que a RAM encontrava-se

numa situação de graves atrasos estruturais e sociais aquando da adesão portuguesa ao

projecto europeu.

Assim, face aos condicionantes da economia regional, assume predominante

importância compreender as limitações e as capacidades da economia regional, uma vez que

os resultados económicos obtidos são importantes indicadores para a compreensão das

estratégias adoptadas. Os estudos sobre a evolução da economia regional antecessores à

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adesão à CE são porém escassos, tal como os posteriores à adesão. A limitação dos estudos

científicos na RAM nesta matéria, devem-se essencialmente à dificuldade em aceder a dados

financeiros Neste sentido, é de salientar a importância da iniciativa 100 Maiores e Melhores

Empresas, pois constitui-se eventualmente como a única base de dados relativa à actividade

empresarial na RAM de cariz semipúblico, no período da pós-adesão à Comunidade Europeia.

Assim, o estudo decidiu apoiar-se nesta importante fonte de dados, que apesar de estar

desorganizada e dispersa, justificou a aposta na organização dos dados e posterior

desenvolvimento do estudo, face à escassez deste tipo de informação no contexto regional.

Tendo em conta as características específicas da RAM, o estudo da performance

empresarial que agora realizamos permite contribuir para melhorar o conhecimento da

evolução sectorial e global do tecido empresarial da RAM ao longo do período 1988 – 2008,

período que por ser de longo prazo, permite aferir sobre a performance regional em contextos

económicos marcadamente distintos.

Assim, através dos resultados obtidos, pretende-se reflectir na resposta do tecido

empresarial regional aos múltiplos desafios que foram surgindo, ao longo dos diferentes

períodos alvo de estudo. Esta verificação dos resultados obtidos nos diversos indicadores

financeiros, indicam a capacidade ou não de adaptação da economia regional a contextos

globais em constante modificação. A observação dos resultados financeiros possibilitam

observar e analisar o espírito empresarial das empresas regionais, e suas linhas estratégicas de

actuação a nível das diferentes actividades, questões fulcrais para a capacidade adaptação à

evolução da sociedade regional perante o contexto global de mudança que pauta o período em

análise. De facto, as mudanças da realidade empresarial obrigaram os empresários locais a

adaptarem-se a novos enquadramentos económicos, com ajustamentos apenas concretizados

parcialmente em organizações direccionadas para uma aprendizagem empresarial exigente e

contínua, o que em contexto de mercados regionais de pequena dimensão não é

particularmente comum.

Sumariamente, é incontornável a importância da análise dos resultados obtidos pela

economia regional neste período, apesar de ser evidente que as performances obtidas

(essencialmente na 1ª metade do período) registaram resultados singulares, devido a

condições económicas favoráveis em múltiplos aspectos. Assim, torna-se importante aferir

qual/quais as actividades empresariais que dominaram a economia regional no período, e

simultaneamente verificarmos se os resultados obtidos na região sustentaram-se em

actividades relacionadas directamente com as decisões políticas, ou por actividades com

capacidade auto-sustentável.

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Desta forma, analisaremos se aos sectores ou actividades da economia regional,

criaram-se condições sustentáveis para o crescimento ou desenvolvimento empresarial, ou se

por outro lado, este crescimento ou desenvolvimento deveu-se e sustentou-se numa

dependência dos contextos económicos ou políticos internos e externos.

4. Questões metodológicas

Relativamente aos instrumentos de análise aplicados no trabalho desenvolvido, foram

utilizados dados (através de recolha de informação publicada e disponível) sobre as empresas

regionais concorrentes à iniciativa anual 100 Maiores Empresas. Esta fonte de dados, permite

obter informações contabilísticas relevantes sobre as empresas, grupos económicos (com sede

na RAM), estruturas estas que disponibilizam informações anuais sobre os seus resultados

financeiros à iniciativa. Estes dados disponibilizados à iniciativa, permitiram realizar o estudo

sobre a economia regional, com base em análise de médias dos diferentes indicadores

financeiros disponibilizados, e ainda dos rácios obtidos através da combinação dos

instrumentos de análise representados na amostra. Estes indicadores financeiros são escassos

no contexto da RAM, e permitem aferir sobre a performance do tecido empresarial regional,

com base em análise quantitativa e qualitativa. Relativamente à recolha dos dados, esta

procedeu-se junto das diversas instituições responsáveis pela realização, divulgação e arquivo

da informação relativa ao evento, das quais destacamos o Jornal da Madeira, o Diário de

Notícias, a Previsão e o Arquivo Regional. De referir que esta recolha permitiu juntar uma

série de informação que se encontrava dispersa e em diferentes formatos, o que permitiu

uniformizar a informação, obtendo uma base de dados para um período de tempo de duas

décadas, o que apesar de tratar-se de um trabalho moroso, constitui-se como uma importante

base histórica da performance económica da economia regional na história recente.

Após a recolha total dos dados para o período, foram realizados estudos de evolução dos

respectivos indicadores ao longo do período em análise, através da utilização: da comparação

das médias anuais obtidas pelos indicadores financeiros, por actividade; da comparação de

taxas de crescimento anuais para os indicadores financeiros; e da comparação da evolução dos

números índices de base fixa.

Foi utilizado o programa estatístico SPSS 19.0 (Statistical Package for Social Sciences)

com a finalidade da aplicação do teste de «Pearson» para estabelecer uma correlação entre os

indicadores Volume de Negócios e Activo Líquido com o Produto Interno Bruto Regional a

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Preços de Mercado (PIBRpm). O teste permite estabelecer a relação do Volume de Vendas

com o PIB, que é o melhor indicador da evolução geral do nível de actividade. Uma

correlação positiva permite estabelecer uma relação entre a amostra e o mercado no seu todo.

A opção da utilização de médias deveu-se à participação anual oscilante de empresas

admitidas à iniciativa. A utilização de taxas de crescimento e de números índices de base fixa

permite avaliar a evolução anual dos indicadores por subperíodos e detectar quais os sectores

de actividade que desenvolveram melhor a suas actividades e em que períodos. A série

temporal escolhida partiu do 1º ano disponível de informação, optando-se por escolher o ano

2008 para finalizar 21 anos de estudo, um período de duas décadas que permite ter uma noção

da performance global e por actividade num período de pós-adesão à Comunidade Europeia,

permitindo adicionalmente avaliar a performance da economia regional num período mais

distante da fase inicial da integração e, consequentemente, com características diferentes.

5. Questões de partida

Neste estudo de carácter transversal, ao analisar os dados fornecidos pelas 100 Maiores

Empresas, pretende-se responder à seguinte questão:

1. Qual a evolução do tecido empresarial da RAM a nível sectorial no período pós

adesão à CE (1988-2008)?

Esta investigação pretende compilar, organizar e aplicar testes a um conjunto de

informação relevante fornecido pelas 100 Maiores Empresas concorrentes, retirando

conclusões desta amostra de conveniência, com vista à obtenção de uma visão global da

performance do tecido empresarial da economia da RAM a partir desta análise sectorial, num

período de 21 anos (1988 – 2008) procurando responder à questão identificada.

6. Hipóteses

A recolha de dados relativos a um período alargado contendo dados relativos às

actividades comerciais, industrial e de serviços permite analisar as taxas de crescimento

médio ou decréscimo observadas no período em análise, de forma a verificar as seguintes

hipóteses:

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• Registou-se crescimento do Volume de Negócios no global das actividades incluídas

na amostra, pelo que pode-se afirmar que a actividade empresarial cresceu

globalmente no período em análise.

• Registou-se crescimento do Volume de Negócios a ritmos diferenciados, por

actividade, o que permite concluir qual/quais das actividades ganhou predominância

na economia regional, no período em análise.

7. Descrição sumária da investigação

A recolha de dados utilizados no presente trabalho baseou-se numa primeira fase no

contacto com as empresas responsáveis pelo tratamento dos dados, sendo a Previsão a

empresa detêm maior quantidade de informação. No entanto, esta informação encontrava-se

dispersa sobre várias fontes da empresa, razão pela qual foi necessário reunir toda a

informação disponível e organizá-la convenientemente.

Numa segunda fase, após o contacto com o DN e o JM foi necessário realizar procura

das edições em falta, no Arquivo Regional, para obter dados em falta.

Numa terceira fase, foi necessário uniformizar os dados, uma vez que alguns foram

disponibilizados em formato PDF, outros através de cópias recolhidas através do Arquivo

Regional, transportando toda a informação para formato Excel de forma a dar início ao

tratamento dos dados. Após deter a informação uniforme, utilizou-se o SPSS 19.0 para

tratamento dos dados.

As empresas concorrentes às 100 Maiores Empresas, foram variando em termos de

número de concorrentes, existindo variações do número de empresas com dados

disponibilizados em todos os anos da amostra. Devido a este facto, optamos pela utilização de

médias simples para a análise da evolução dos indicadores financeiros. A partir da observação

dos valores médios anuais absolutos médios, procedemos à elaboração de análises das

trajectórias evolutivas dos indicadores ao longo do período, distinguindo os resultados por

actividade. Além disso, foram observadas as médias globais e por actividades, série global e

por dois subperíodos (1988 a 1999 e 2000 a 2008).

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Foram utilizados dois métodos comparativos para a análise da evolução anual das

médias que demonstram as oscilações que ocorrem nos diversos indicadores: as taxas de

crescimento (semelhante aos números índices de base móvel) e os números índices de base

fixa. Santos (1994, p.104) diferencia a forma de cálculo dos números índices, afirmando que

“nos índices de base móvel utilizamos a comparação dos dados de um ano n com o ano n-1,

enquanto nos de base fixa reportamos cada um dos indicadores ao valor assumido em

determinado ano, considerado ano base”, em regra utiliza-se o primeiro ano da série. Neste

caso particular, o ano 1988 foi utilizado como ano base para o estudo do subperíodo 1988 –

1999, optando-se por utilizar o ano base 1999, para os restantes anos da amostra, devido ao

período alargado da série.

8. Limitações do estudo

Este estudo baseou-se na exploração de dados quantitativos, pelo que as conclusões

estão relacionadas essencialmente com os resultados obtidos e não com a análise qualitativa

elaborada, pelo que as conclusões dependerão das informações disponibilizadas pelas

empresas contidas na amostra, podendo estas ocultar informações relevantes. Além disso,

parte dos dados baseiam-se em rácios, com as suas limitações, uma vez que

destinam-se apenas ao tratamento de dados quantitativos; as decisões de curto prazo podem afectar profundamente os documentos financeiros e os rácios que lhe estão inerentes; a comparação de rácios de empresas do mesmo sector, ou com médias do sector pode ser falseada pelas diferenças das práticas contabilísticas das empresas; não existe uma definição normalizada a nível nacional e muito menos a nível internacional de cada rácio, a contabilidade é feita de custos históricos pelo que a inflação verificada na economia, afecta diferenciadamente as empresas; e a análise de rácios é baseada em dados publicados e a sua comparação com a empresa assenta na pesquisa de conhecimento sobre o passado. (Neves, 2002, p.97)

Além das limitações associadas à utilização dos rácios, adicionamos as limitações da

não inclusão do sector primário na amostra, isto porque as empresas concorrentes estão

ligadas a actividades do sector secundário e terciário (indústria, comércio e serviços). Para

colmatar esta falta de informação sobre o sector primário na amostra, incluímos dados da

Direcção Regional de Estatística com informações deste sector, para obter uma visão global

do tecido empresarial regional.

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Capítulo I – A globalização, a economia nacional e a economia regional

1. O ambiente económico global e os desafios da globalização

Ao longo das últimas décadas, a economia mundial tem sido afectada intensamente pelo

fenómeno da globalização, apesar de este fenómeno não ser considerado recente. De facto,

muitas das transformações registadas nas economias mundiais nos últimos decénios

resultaram, pelo menos parcialmente, do fenómeno da globalização, com consequências

importantes na afectação de recursos e distribuição da riqueza a nível global. A globalização

tem evoluído de forma crescente nas últimas três décadas, devido ao aumento significativo

dos acordos mútuos entre os países, que provocaram um acréscimo das relações comerciais

entre as economias dos países.

Para Braz (2000, p. 13) as razões de base da proliferação do fenómeno da globalização

relaciona-se com a “liberalização comercial e a criação de blocos de comércio livre ou grupos

de países que estreitaram as relações comerciais, como é o caso da Zona Euro e a UE”.

Segundo Barros (1997, p.40) pode-se definir globalização numa lógica económica como “um

processo pelo qual os mercados de diferentes países se tornam crescentemente

interdependentes, em consequência do desenvolvimento dos fluxos do comércio internacional

de bens e serviços, dos fluxos de capital e das transferências de tecnologia”. Também Pinto

(2007, p. 83) complementa ao afirmar que “para além da crescente integração comercial,

económica e financeira, a globalização actual também tem muito a ver com a difusão da

informação e da transformação de culturas”. Para Stigltz (2002, p.46) pode-se definir a

globalização como a “integração mais estreita dos países e dos povos que resultou na enorme

redução dos custos de transportes e de comunicação e a destruição de barreiras artificiais à

circulação transfronteiriça de mercadorias, serviços, capitais e conhecimentos de pessoas”.

O facto das economias mundiais terem sido atingidas pela globalização é incontornável

e consensual, mas quanto às vantagens ou desvantagens, aspectos positivos ou negativos a que

as economias nacionais ficaram sujeitas ao serem atingidas pelo fenómeno, as opiniões são

divergentes.

Evidenciando alguns dos aspectos positivos da globalização, urge citar directamente

Stigltz (2002, p.40) que apresenta alguns dos aspectos muito positivos da abertura do

comércio internacional para a economia mundial e a vida das populações, assumindo que a

globalização

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ajudou muitos países a crescer muito mais rapidamente do que teriam crescido noutras circunstâncias. O comércio internacional fomenta o desenvolvimento económico quando as exportações de um país impulsionam o seu crescimento económico. Graças à globalização muita gente no mundo vive hoje mais tempo e o seu nível de vida é muito superior.

No mesmo sentido, e evidenciando os aspectos positivos da globalização, segundo

Artus e Virard (2010, p.16) “a globalização, através da abertura dos mercados mundiais e uma

consequente intensificação das trocas internacionais, permitiu elevar os padrões globais do

nível de vida das populações”, uma vez que os consumidores passaram a ter acesso a um

conjunto de bens e de serviços ao qual a possibilidade de acesso anteriormente era escassa.

Porém, além dos aspectos positivos referidos e do seu papel fulcral na dinamização do

comércio mundial, a globalização apresenta aspectos negativos, nos quais nos iremos

debruçar. Segundo Pinto (2007, p. 84) a globalização “comporta riscos, particularmente de

instabilidade económica e financeira e de marginalização ou exclusão para os países

insuficientemente preparados para os desafios da competição global”. Stiglitz (2002, p.41)

complementa ao afirmar que esta não “trouxe para muitos dos países em desenvolvimento, as

prometidas vantagens económicas”. Fitoussi e Rosanvallon (1999, como citado em Rodrigues,

2010, p.17) consideram o fenómeno da globalização e a forma como foi conduzido, como

responsável pela “emergência de uma nova era de desigualdades” entre as economias mais

desenvolvidas e as menos desenvolvidas, sendo o processo mais vantajoso para as grandes

economias mundiais em detrimento das pequenas economias mais fragilizadas. Surge-nos

assim, simultaneamente, um conceito de globalização que, se por um lado preserva e promove

o desenvolvimento social e a coesão económica, reduzindo as desigualdades, por outro,

aumenta o fosso entre as economias mais pobres e as economias mais ricas. Na generalidade

as economias mais fortes e ricas obtêm maiores benefícios com um fenómeno que por eles foi

difundido e explorado. O mercado globalizado expandiu-se em grande parte devido ao acesso

privilegiado dos países ricos aos meios de comunicação de massa, ao desenvolvimento das

tecnologias de informação (em larga escala associada à generalização da Internet) que

tornaram a informação disponível com muita rapidez, em resultado da evolução da Internet e

das novas formas de comércio a estas associadas, factos que fazem com que as economias

tenham necessidade de adaptar-se à evolução tecnológica e às alterações constantes nos

padrões de consumo.

As economias mundiais perante a globalização, têm de responder obrigatoriamente ao

aumento da competitividade, elevando a exigência dos níveis de produtividade. Para Barros

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(1997, p.41) este aspecto vai obrigar a ajustamentos significativos no processo produtivo e

provocar a “aceleração da especialização produtiva das economias”. Esta elevação dos

padrões de competitividade beneficia de forma inequívoca os países que maximizam os seus

recursos, importando modelos económicos mais eficientes na experiência de outras economias

mais desenvolvidas e com características semelhantes.

Reconhece-se desta maneira que a “mundialização” 1

Assim, concorrencialmente, a noção de mercado nacional e regional beneficia com a

globalização de outra dimensão geográfica ao qual a qualquer momento podem aparecer

novos e inesperados concorrentes, cuja origem pode advir de mercados localizados em

qualquer ponto do mundo, numa concorrência pode tornar-se demasiado agressiva para

investidores nativos, especialmente das regiões menos prósperas. Stiglitz (2002, p.53)

identifica “hipocrisia na liberalização do comércio”, na qual os países mais desenvolvidos

continuam a proteger os sectores ameaçados das suas economias, exigindo atitude contrária

por partes dos seus parceiros com menor poder negocial, como é o caso dos países periféricos,

no qual inclui-se Portugal. Desta forma, a desvantagem comparativa de base das economias

mais desfavorecidas, é agravada originando maiores desigualdades entre os países.

da actividade económica está

directamente ligada ao aumento da concorrência, à abertura a novos mercados, à evolução

demográfica, ao aumento de fluxos migratórios, ao desenvolvimento de novas infra-estruturas

de grande escala, à maximização da exploração dos recursos e ao aparecimento de novos

conflitos sociais e políticos, problemas que as sociedades actuais enfrentam em larga escala.

A globalização provoca a instabilidade dos mercados, com a alteração do paradigma de

actuação. Segundo Rodrigues (2010, p.19) o paradigma actual torna os mercados, outrora com

protecção estatal através de barreiras à concorrência externa, sujeitos a “pressões para a

abertura e consequente aumento da exposição ao exterior; com os ciclos de vida dos produtos

e serviços a tenderem para o encurtamento acelerado face a pressões de concorrências ferozes

e dinâmicas”.

Efectivamente, a interdependência dos mercados faz com que as economias das regiões

em desenvolvimento e/ou subdesenvolvidas sejam confrontadas com intensas pressões das

economias desenvolvidas actuantes e dominantes, pressões essas que economias mais frágeis 1 Expressão utilizada por Anthony Giddens (2000, p.19) para definir globalização.

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não têm genericamente capacidade para contrariar. Esta interdependência dos mercados

constitui-se como um importante factor propício ao favorecimento das economias

desenvolvidas. Como consequência, temos o aparecimento do domínio das grandes empresas

originários normalmente das regiões mais ricas, que procuram dominar sectores privilegiados

da actividade comercial de forma global e avassaladora. Na perspectiva de Stiglitz (2002,

p.46) a globalização está a ser “fortemente impulsionada pelas empresas multinacionais, que

fomentam a circulação transfronteiriça não só de capitais e produtos como também de

tecnologias”. As empresas multinacionais, cuja origem advém maioritariamente dos países

desenvolvidos e dominam tendencialmente o mercado. Segundo Pinto (2007, p.80) a

globalização para as multinacionais, “significa a possibilidade de investirem e de produzirem

onde for mais vantajoso, de comprarem e venderem onde quiserem e de pagarem os impostos

onde a factura fiscal for mais atractiva”. O poderio da multinacionais e dos grandes grupos

económicos na economia mundial é cada vez mais abrangente, e tal como afirma Amin (2000,

p.113) “as grandes firmas multinacionais têm capacidade para desenvolver estratégias

próprias, que as libertam amplamente das políticas nacionais dos Estados”.

Observando as consequências da globalização para as regiões menos desenvolvidas,

podemos considerar que estas enfrentam novos desafios relacionados com as consequências

da globalização. É fundamental para estas regiões a adopção de modelos de desenvolvimento

que se adaptem aos condicionalismos dos mercados e as novas realidades. Segundo Rebelo

(2009, p.95) a “promoção do investimento e o reforço da confiança dos investidores é a

melhor resposta à globalização” por parte das regiões solucionarem os seus condicionantes

económicos e sociais.

Alguns dos desafios que a globalização comporta para as regiões menos desenvolvidas e

a forma como devem lidar com o processo, pois

face às ameaças económicas e sociais que pairam sobre as regiões menos desenvolvidas (a fuga de capital humano, a deslocalização industrial, o desemprego de longa duração, a difusão da pobreza e da exclusão social), fruto da lógica mercantilista subjacente à globalização reinante (Jeantet, 2002) verifica-se que a capacidade de resistência das suas populações dependerá, em larga medida, da sua ligação com os territórios onde residem, sendo estes não somente simples apoio físico de recursos tangíveis mas também espaços com vida própria habitados por comunidades que autonomamente deverão buscar soluções empreendedoras valorizando o seu património histórico, arquitectónico, cultural e natural (i.e. as amenidades culturais e naturais). (Oliveira, 2001, p.13)

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Não podemos deixar de referir que a evolução económica actual demonstra que a

globalização constitui-se (após uma hegemonia inicial de benefício para a globalidade das

populações mundiais) como uma ameaça para as regiões com menor capacidade competitiva,

onde englobamos as ilhas ou territórios de pequena dimensão, como é o caso da RAM. Mas,

observando os efeitos da globalização no contexto da RAM, como território de pequena

dimensão e região situada na ultraperiferia da Europa, as pressões resultantes da globalização,

quando comparado com as economias nacionais ou internacionais, ecoam de uma forma

diferente. Assim, apesar dos efeitos da globalização se sentirem em menor escala nas

pequenas regiões, Vieira e Freitas (2008, p.124) afirma que face à “evolução nacional e

internacional da economia, a economia regional está a ajustar-se apesar das dificuldades à

dinâmica da globalização, originando mudanças profundas no «status» socioeconómico”. As

mudanças ocorrem necessariamente, mas a intensidade com que as regiões enfrentam a

globalização depende do tipo de abordagem que têm face ao exterior, e da protecção dada ao

mercado local face ao mercado externo. Como observa Almeida (2007, p.79) as políticas

proteccionistas das regiões mais desfavorecidas, como é o caso das regiões ultraperiféricas,

não reúnem muitos interessados, uma vez que estas regiões estão mais interessadas em

“maximizar as transferências financeiras e preservar o “status-quo” ficando desta forma,

expostas aos efeitos da globalização, por resultado da perda de capacidade de negociação.

A orientação dos decisores políticos regionais prosseguiu durante largos anos

direccionada para a maximização das transferências externas, fossem estas de origem nacional

ou de ajudas comunitárias, para ter meios de exercer um papel intervencionista na economia.

O quadro económico actual revela asfixia financeira pelo paradigma da redução das

transferências e as verbas para as despesas do Governo Regional, o que obriga

inevitavelmente a uma redução da intervenção estatal na economia, com os efeitos imediatos

de abrandamento ou estagnação económica em sectores que durante as últimas três décadas

foram fulcrais para a dinamização da economia regional, como é o caso da construção civil.

Em suma, observa-se que a globalização afecta os diferentes países e regiões de forma

inequivocamente distinta, tendo-se constituído para algumas regiões como um fenómeno

extremamente positivo ao longo da sua expansão. No entanto, para outros países ou regiões,

as vantagens iniciais advindas da globalização, foram ao longo do tempo ultrapassadas pelas

desvantagens inerentes ao processo globalizante. É a globalização em duas eras: a era «feliz»

e a era «infeliz». A primeira era, caracteriza-se pelo crescimento e pela convergência

económica e social das regiões. A segunda era, segundo Artus e Virard (2010, p.17)

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caracteriza-se pela “instabilidade, desordens, receios de toda a espécie, pois ela está entregue

a si própria, devido às elites políticas e económicas”, que preferiram até agora ignorar as suas

responsabilidades no processo. As duas eras não estão dissociadas uma da outra, apenas o

desenvolvimento do fenómeno originou a evolução do domínio elitista, em comparação com

uma visão inicial romancista e irrealista dos benefícios a ela associados. Neste contexto, cito

directamente Artus e Virard (2010, p.20) que se refere “à globalização é simultaneamente

uma máquina de desigualdade que mina os tecidos sociais e atiça as atenções proteccionistas,

um caldeirão que vai esgotar os recursos raros, incitar as políticas de acerbamento e acelerar o

aquecimento do planeta e as derivas ambientais”.

O processo da globalização encontra-se numa fase mais avançada da sua difusão, com

os prós e os contras do fenómeno, é inevitável a necessidade da adaptação das economias

mundiais e este distinto contexto. Para Giddens (2007, p.13) a “globalização é um processo,

ou um conjunto complexo de processos, relativos a forças e influências responsáveis pelas

mudanças”, e quanto melhor for a capacidade de adaptação das economias ao processo, maior

o proveito que retirarão do mesmo. Assim, as economias nacionais e regionais, passam por

um processo de adaptação ao novo contexto, tornando-se esta adaptação tanto mais difícil

para as pequenas regiões, com maior afastamento, quanto maior for a resistência à mudança

por parte do tecido empresarial local.

A forma como o fenómeno da globalização afecta as diversas economias mundiais,

depende de diversos factores: do contexto geográfico; o contexto político; do contexto social

das regiões. A forma como a globalização afecta as economias regionais, depende das

características específicas de cada região. Desta forma, conhecer os pontos fortes, os pontos

fracos, as ameaças e as oportunidades associadas ao fenónemo é fundamental para atenuar os

efeitos negativos deste nas economias e pontenciar os efeitos positivos. Por vezes, à

globalização é atribuída a responsabilidade parcial dos piores desempenhos

económicos/sociais das regiões fragilizadas, porém, o insucesso de crescimento das regiões

deve-se em grande parte aos erros cometidos nas opções de desenvolvimento, e não

especificamente ao fenómeno da globalização.

O desenvolvimento económico das regiões não está dissociado do fenómeno da

globalização, porém, a globalização não é responsável pelos desempenhos positivos ou

negativos das economias, apenas representa o contexto no qual os actores empresariais estão a

actuar, contribuindo para a modificação dos paradigmas de métodos de crescimento ou

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desenvolvimento económico, sendo fulcral para as pequenas economias periféricas o

aproveitamento dos seus benefícios económicos

2. O ambiente económico nacional no contexto da adesão à CE

O período em análise 1988-2008 tem coincidência cronológica com o período pós

adesão à Comunidade Europeia (CE), facto que teve importância fulcral na prossecução das

políticas económicas, sociais e financeiras adoptadas por Portugal (tal como pela RAM) ao

longo deste período, fenómeno que nos influencia até à actualidade. Para Romão (2006,

p.428) “nos vinte anos que medeiam a adesão de Portugal às Comunidades Europeias até à

situação actual muita coisa mudou no funcionamento da economia portuguesa”, o que

impulsionou a economia nacional para uma nova fase marcada por mudanças de

funcionamento da economia e de consequentes paradigmas de actuação.

Portugal realizou a sua adesão à União Europeia a partir de 1 de Janeiro de 1986. A

adesão de Portugal à CE ocorreu num momento em que a economia portuguesa apresentava

graves atrasos a vários níveis. O atraso da economia nacional face a outras economias mais

desenvolvidas de países membros da CE era evidente, apesar da franca recuperação iniciada

três décadas antes de 1974 (idade do ouro) Assim, pelo ponto de atraso da economia nacional,

no momento da adesão, a integração portuguesa na CE, constituiu-se como um importante

desafio. Pois, com a integração europeia, iniciou-se o desmoronar do proteccionismo da

economia nacional e efectivou-se a abertura a um mercado europeu muito competitivo,

factores que exigiram uma mudança no paradigma de actuação da economia nacional,

marcadamente virada para dentro, e com uma frágil visão de internacionalização.

Esta nova realidade económica para a economia portuguesa, juntamente com um atraso

estrutural de décadas, posicionou-a na retaguarda da Europa, condicionando o desempenho da

economia portuguesa nos anos seguintes à adesão. Na verdade ao aderir à CE, Portugal

primeiro teve de criar estratégias para minimizar as suas debilidades, condicionantes para a

competição em igual patamar em relação às economias desenvolvidas do núcleo da

comunidade. As dificuldades para Portugal atingir níveis de desenvolvimento, semelhantes ao

de outros países mais desenvolvidos da CE, era previsível, porque tal como afirma Royo

(2005, p.120) “quanto menos desenvolvido é um país, maior dificuldade têm de atingir a

média de desenvolvimento da UE15”, o que efectivamente viria a suceder.

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Apesar das debilidades e condicionalismos, a adesão portuguesa à CE representou um

marco histórico na economia nacional, cujos princípios de actuação auspiciosos faziam

antever uma nova era económica para a economia nacional, com desafios, mas por outro lado,

de novas oportunidades.

A descrição dos princípios definidos no acordo fundador entre os estados-membros são

proclamadores de políticas com fundamentos nobres, onde consta que

a Comunidade tem como missão, através da criação de um mercado comum e de uma união económica e monetária e da aplicação das políticas ou acções comuns e de promover, em toda a Comunidade, o desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das actividades económicas, um elevado nível de emprego e de protecção social, a igualdade entre homens e mulheres, um crescimento sustentável e não inflacionista, um alto grau de competitividade e de convergência dos comportamentos das economias, um elevado nível de protecção e de melhoria da qualidade do ambiente, o aumento do nível e da qualidade de vida, a coesão económica e social e a solidariedade entre os estados-membros. (Lopes , 1999, pp.17-18)

Apesar dos princípios de actuação virados para uma união forte e não discriminativa dos

países mais debilitados da União, a CE viu a adesão de Portugal de forma apreensiva, uma

vez que a situação económica debilitada portuguesa fazia antever dificuldades de adaptação. A

adesão de Portugal à CE processou-se por fases: a partir de 1980, os decisores políticos

portugueses assumiram como prioridade de política externa a adesão à CE; a partir de 1985

deu-se um período de expansão da actividade económica nacional; a formalização de Portugal

como membro da CE, em 1 de Janeiro de 1986 Portugal. A adesão à CE representou para

Portugal o início de um processo que se podia esperar de convergência. Mas os problemas da

concretização da União Económica e Monetária, obrigaram Portugal a ter um ritmo de

crescimento nominal superior ao dos outros países da Comunidade, para que pudesse cumprir

com os objectivos da União Europeia. Esta situação exigiria a Portugal grandes esforços,

como única forma de iniciar um processo de integração, que se pretendia no futuro de

convergência com os países mais desenvolvidos. Contudo, e como referiu Royo (2005, p.127)

a adesão de Portugal foi um grande risco, especialmente por razões económicas, tendo sido

possível devido a uma “Nação-Estado forte, elites competitivas e sociedade coesa”.

Com a adesão portuguesa à CE, e a União Económica, verificou-se a liberalização

comercial entre os Estados-membros, o que gerou um mercado concorrencial

extraordinariamente maior e agressivo, que beneficiou as economias mais desenvolvidas,

pertencentes ao mercado único criado. O surgimento de um mercado europeu alargado e

altamente competitivo, juntamente com a perda da protecção das barreiras alfandegárias,

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aliado aos efeitos nefastos da globalização, evidenciaram as debilidades da economia

nacional. Não obstante, apesar destas condicionantes, neste período pós-adesão à CE, era

previsível obter-se bons níveis de crescimento económico para as economias mais frágeis,

mesmo que os níveis inferiores aos países mais desenvolvidos. No entanto, o aproveitamento

do potencial de crescimento possível das economias mais frágeis, juntamente como o bom

aproveitamento dos apoios destinados a uniformizar as economias da Comunidade, criou

nesta fase de adesão, para a economia portuguesa, uma oportunidade para evoluir para

padrões de crescimento positivos. Desta forma, neste período, a economia portuguesa teve

aparentemente condições para evoluir para níveis satisfatórios de convergência, o que fez com

que a economia portuguesa nas duas décadas pós-adesão à CE iniciasse um processo de

transformações económicas e estruturais, procurando captar investimento directo estrangeiro

de forma a aproveitar a abertura do seu mercado ao espaço económico europeu.

Atendendo ao contexto referido, seria de esperar que a economia portuguesa nos finais

da década de 80 gozasse de uma situação contextual positiva, com instrumentos disponíveis

para estimular o seu crescimento e desenvolvimento económico. Os instrumentos económicos

e financeiros criados pela Comunidade Europeia constituem-se como linhas de orientação

para a prossecução de políticas de apoio de apoio às economias mais frágeis que dos países

fundadores da CE. Estas políticas de apoio, possibilitaram a estas economias, como é o caso

de Portugal, atingir padrões de convergência assinaláveis, ainda assim, resultados inferiores

aos esperados. Adicionalmente, contribuiu para este clima propício à convergência, o contexto

de crescimento e expansionista da economia mundial. As crescentes transferências financeiras

da CE destinadas a apoiar o desenvolvimento dos países periféricos, a abertura do mercado

nacional ao mercado europeu, a eliminação das barreiras ao investimento estrangeiro

tornaram-se num mix de factores singulares na economia portuguesa, ora pelos desafios que

representaram, ou pelas oportunidades que constituíram.

Assim, grandes desafios foram colocados a Portugal, neste período pós-adesão,

relativamente à perda de capacidade de instrumentalização política e financeira, uma vez que

neste período ocorreu

uma evolução no sentido de retracção do intervencionismo económico estatal, do abandono de mecanismos directos de gestão e de controlo económico e da redução do proteccionismo interno. Em contrapartida, verifica-se um percurso no sentido da adopção generalizada das regras de mercado, da utilização de mecanismos indirectos de regulação económica e da abertura das leis à competitividade global. (Romão, 2006, p.429)

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Apesar do alargamento do mercado nacional a um mercado europeu, a adesão à CE

conduziu a um aumento da concentração geográfica das trocas portuguesas num menor

número de países. O mercado único europeu estimulou a actividade exportadora do comércio

português maioritariamente para países pertencentes a um único bloco, a CE, o que tornou a

economia regional muito dependente de um único espaço geográfico. Este espaço geográfico

infelizmente, não se tem revelado muito dinâmico nos últimos anos.

O período de pós-integração, revelou-se de fulcral importância na evolução até à

situação actual da economia portuguesa e consequentemente da economia regional. Este

período foi marcado por inúmeras mudanças estruturais, políticas, sociais e económicas, que

constituíram-se como um marco na história económica portuguesa. A adaptação a novas

realidades da economia internacional e europeia, desencadearam novas formas de actuação

dos agentes empresariais da economia nacional e regional e elevaram o grau de exigência para

patamares ambiciosos. Segundo Barros (1997, p.47) um “dos efeitos do processo de

integração económica como o vivido por Portugal desde a sua adesão à CE é o ajustamento da

sua estrutura produtiva, a este respeito, é pouco o que se sabe sobre a dinâmica empresarial

recente”, no entanto pode-se verificar que ao nível das modificações da estrutura produtiva

nos diferentes sectores da economia nacional que

a integração europeia tem sido acompanhada de processos de alteração na estrutura industrial algo diferentes: apesar dos fortes apoios da União Europeia e dos evidentes esforços de modernização em infra-estruturas e em tecnologia, o resultado tem sido uma transformação gradual para uma indústria de tecnologia intermédia mas ainda com um peso grande das indústrias tradicionais. (Romão, 2006, p.545)

Se reflectirmos, mais especificamente, sobre o contexto económico regional, a CE veio

introduzir uma nova filosofia de prossecução das políticas de desenvolvimento regional,

criando um instrumento que constituiu-se como um pilar fundamental na prossecução de

políticas de redução das disparidades económicas e sociais entre os países membros da

Comunidade, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). No entender de

Pires (1998, p.210) este programa “permitiu uma redistribuição orçamental em favor dos

países mais pobres da comunidade, e foi delineando um mecanismo de acompanhamento da

realidade regional comunitária”.

As regiões situadas na ultraperiferia da Europa, têm sido alvo de políticas de apoio ao

crescimento/ desenvolvimento com vista a criação de condições para a auto-sustentabilidade

destas, o que dificilmente ocorre, uma vez que os condicionalismos destas regiões irão

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manter-se continuamente. Particularmente, a RAM, usufruiu de políticas comunitárias de

apoio a regiões mais desfavorecidas, com maiores condicionalismos. Assim, o nível de

crescimento / desenvolvimento atingido pela RAM, foi invariavelmente influenciado por estas

políticas de apoio. Os resultados obtidos pela economia regional, estão particularmente

relacionados com os primeiros quadros de apoio, no qual procederam-se à transferência de

verbas avultadas destinadas à ajuda da construção de infra-estruturas diversas e à dinamização

da economia regional no seu todo. Mesmo assim, e de acordo com Almeida (2007, p.88) as

transferências financeiras da CE “apenas impediram a evolução das disparidades económicas

regionais com impacto marginal sobre as regiões pobres de facto” e não criaram o

crescimento / desenvolvimento esperado.

Apesar das várias perspectivas que existem e alvo de debate, existe consenso que a

adesão à CE tratou-se de um factor de peso fulcral no desenvolvimento da economia nacional

e regional no período em análise, no entender de Pires (1998, p.209) “em 22 anos de vigência,

a política regional europeia tornou-se num símbolo de solidariedade entre os povos da Europa

e parte integrante do modelo de desenvolvimento da União”. Esta perspectiva é reforçada por

Vieira e Freitas (1998, p.125) ao afirmar que a economia regional evoluiu de forma

considerável, “essencialmente devido aos apoios comunitários, mas também das

transferências do Estado, nos últimos 25 anos”. Efectivamente, corrobora-se que as políticas

comunitárias tiveram um impacto positivo na economia da RAM, através de ajudas a vários

níveis, que permitiram uma redução das disparidades regionais. No entanto, apesar dos apoios

financeiros, das reorientações estratégicas, das reformas estruturais, regulamentação e

redefinição de objectivos políticos, verificou-se que mantêm-se a presença de disparidades

sócio - económicas na região, que apesar de atenuadas, persistem, tal como perduram os

condicionalismos da região.

Em suma, actualmente, o desafio prende-se com a capacidade da RAM manter os

índices de crescimento, com menor dependência de ajuda externa, e com a manutenção dos

condicionalismos associados às regiões ultraperiféricas. Neste mesmo sentido, Almeida

(2007, p.77) afirma que “as ilhas não podem sobreviver sem apoio financeiro e o cenário de

«catching-up» ou o fim da polarização não é provável mesmo se os actuais níveis de

transferências financeiras se mantiverem”. Assim, é espectável que com os quadros actuais de

redução de transferências financeiras da CE, o crescimento da região será negativamente

afectado nos próximos anos.

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2.1. O impacto do euro na economia nacional

Com a criação da CE, os decisores políticos europeus assumiram a vontade política da

criação de uma União Económica e Monetária (UEM), que viria a ser estabelecida através do

euro. Segundo Loureiro (1999, p.11) a moeda única “representou um dos últimos passos no

processo cumulativo de integração económica e monetária da Europa”. A moeda única e o seu

conceito, constitui-se no entender de Silva (1997, p.20) como um “passo de gigante no

aprofundamento da integração europeia, com profundas implicações na economia e

sociedades europeias e no sistema monetário internacional”.

A passagem do escudo para o euro, tornou-se num acontecimento com forte influência

directa e indirecta no desempenho da economia nacional. A introdução física da moeda única

constituiu uma importante mudança estrutural a nível comunitário, facto que afectou todos os

agentes económicos e provocou inúmeras modificações que tiveram influência na

performance das empresas, da Administração Pública e dos cidadãos em geral. Assim, a

introdução do euro, comportou um duplo desafio a todos os níveis e sectores da sociedade

portuguesa, na obrigatoriedade de modernização e racionalização de procedimentos ao nível

da gestão e do controlo; e na alteração operacional para a nova moeda.

Segundo Barbosa et al (1998, p.273) a introdução do euro afectou a economia

portuguesa de três formas: “pelos efeitos associados à eliminação das taxas de câmbio; pela

alteração do nível das taxas de juro face ao cenário contra factual escolhido; pela via da

redução dos custos de transacção”. Tendo em conta estes aspectos, torna-se evidente que a

adesão de Portugal ao euro teve impacto directo no percurso de evolução da economia

portuguesa, tal como na prossecução das políticas monetárias e financeiras nacionais.

Face a esta nova realidade de unificação monetária, Ucha e Sande (1999, p.151) afirma

que “a disponibilidade de instrumentos de política económica conjuntural tornou-se

substancialmente menor e Portugal já não dispõe de política monetária e cambial própria.

Consequentemente, não pode utilizar a taxa de juros e a taxa de câmbio” para a resolução de

problemas económicos. Desta forma, Portugal tornou-se substancialmente dependente das

políticas monetárias do BCE, o que têm dificultado a capacidade de reacção da economia

nacional às conjunturas menos prósperas da economia mundial e europeia. Além disso, devido

ao Pacto de Estabilidade estabelecido entre Portugal e os parceiros europeus, no entender de

Loureiro (1999, p.222) “todas as políticas tradicionais de conjuntura ficaram fortemente

limitadas”.

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No mesmo sentido, Barbosa et al (1998, p.118) salienta que “os custos decorrentes da

perda da utilização autónoma do instrumento cambial não foram muito significativos” para a

generalidade dos países da CE. No entanto, apesar das desvantagens para a economia

portuguesa nas enunciadas perdas de instrumentos de política monetária e cambial, existem

vantagens associadas à adesão à moeda única que ultrapassam os receios gerados com a

adesão ao euro. Algumas vantagens da adesão à moeda única são enunciadas por Marques

(2005, pp.119-120) das quais salienta: “a eliminação do risco cambial, a redução dos custos

de transacção, o melhor acesso ao crédito por parte das empresas, uma maior estabilidade e

integração financeira e ganhos de eficiência económica”. Além deste facto as desvantagens

inerentes à adesão à moeda única são mais aparentes do que reais, uma vez que as maiores

economias europeias é que estabelecem as normas. Isto significa que mesmo antes da adesão

à UEM, os grandes bancos europeus já ditavam as regras (tal como acontece após a adesão à

moeda única).

Relativamente à quantificação dos efeitos da adesão ao euro, é como podemos deduzir,

um processo muito complexo, sendo necessário analisar separadamente os efeitos da adesão

de outros aspectos que possam ter influenciado directa ou indirectamente o desempenho da

economia nacional face a este novo conceito monetário. Ainda assim, Conraria, Alexandre e

Pinho (2010, p.16) arriscam afirmar, através de uma análise contra factual por eles aplicada

para avaliar a relação entre o euro e o crescimento da economia portuguesa, que “o euro teve

um impacto negativo na evolução do PIB, sugerindo assim que os efeitos esperados da UE

para o crescimento e convergência da economia portuguesa estão por cumprir” desde a adesão

à UEM. Em concordância com a versão negativista da influência do euro na economia

nacional, Amaral (2010, p.43) refere que o comportamento da economia portuguesa desde a

adesão ao euro foi muito negativo, o que ele atribui à falta de preparação da economia

portuguesa “em termos de produtividade, nível salarial e inflação”.

No entanto, para observar os efeitos negativos do euro, pode-se confundi-los com

efeitos prejudiciais originados pelo contexto mais propício à estagnação e recessão da

economia mundial na era 2000. Além do Euro, surgiram vários desafios para as economias

ocidentais, devido: ao crescimento exponencial do domínio económico dos países asiáticos

em expansão, como é o caso da China, Japão e Índia; às implicações geradas pela adesão dos

países de leste à CE; aos erros na adopção das políticas de desenvolvimento adoptadas pela

Europa Ocidental, em especial dos países periféricos; pelo atraso estrutural e humano da

economia nacional; entre outros factores que abalaram o desempenho e o processo de

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convergência da economia nacional. Corroborando com este ponto de vista, Pinto (2007,

p.43) afirma a necessidade de “distinguir entre implicações da moeda única e

responsabilidades nacionais, e não recorrer a álibis para desculpar faltas próprias”.

Assim, os índices menos promissores de crescimento ocorridos na economia nacional,

após a introdução do euro, não podem ser unicamente explicados pela adesão à moeda única,

não existindo forma de admitir a situação efeito-causa. Parece evidente que a performance

após a adesão ao euro, seria inferior, independentemente de Portugal ter aderido, ou ficado

fora da moeda única, isto porque todos os outros factores de peso na evolução da economia

nacional, estavam na época da adesão e posterior menos propícios a obtenção de resultados

aos níveis das duas décadas anteriores.

2.2. O impacto do euro na RAM

Como verificou-se no ponto anterior avaliar os efeitos da adesão à moeda única da

economia nacional não é um estudo com resultados objectivos e directos, visto que a moeda

única tornou-se um marco para a economia nacional, simultaneamente com benefícios e

prejuízos económicos. Tal como a economia nacional, a economia regional sofreu os impactos

da adesão à moeda única, tendo sido beneficiada em alguns aspectos e prejudicada em outros.

A economia regional adaptou-se com alguma dificuldade à nova moeda em circulação,

problemas motivados pela exigência de contas em números com casas centesimais para os

consumidores e comerciantes converterem escudos em euros. Assim, as características do

tecido empresarial regional, onde proliferam as microempresas, maioritariamente ligadas ao

pequeno comércio a retalho, não facilitaram a adaptação. Neste aspecto, cito Maio (2005,

p.105) por assumir as dificuldades de adaptação ao Euro dos empregados nacionais com

pouca formação, ao afirmar que “no comércio a retalho os empregados de balcão eram, e de

certo modo continuam a ser, pessoas, na sua maioria, com o 1º ciclo do ensino básico, que

fazem com bastante mais facilidade contas de cabeça do que com máquina”. Estas

características motivaram que a conversão de escudos para euros não se efectuasse da melhor

forma no todo nacional, inclusive na região, em prejuízo normalmente dos consumidores. A

nível da actividade comercial, esta dificuldade de convertibilidade provocou tendências

inflacionistas, aspectos que o consumidor com alguma facilidade observou nos bens de

consumo mais frequentes.

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Reiteramos que as tendências inflacionistas com a entrada da moeda única verificaram-

se na grande maioria dos produtos de consumo final, devido ao desconhecimento e às

dificuldades de adaptação dos comerciantes e empresários em geral à nova moeda, porém um

grande factor que adicionalmente motivou o aumento de preços generalizado foi a ineficácia

da informação e a própria capacidade de adaptação dos consumidores a uma nova moeda,

com características totalmente distintas, essencialmente aqueles consumidores idosos e com

menores níveis de formação.

Assim, a entrada em circulação da moeda única provocou naturalmente efeitos

inflacionistas, como pode verificar-se na tabela seguinte que apresenta a evolução da Taxa de

Variação Anual do IPC na RAM, por classe, nos anos 1998 a 2008:

Classes Anos

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

TOTAL 1,9 2,0 2,3 3,6 3,5 3,0 2,8 2,7 2,6 1,4 2,8

TOTAL EXCEPTO HABITAÇÃO 1,8 1,9 2,7 3,7 3,7 3,0 2,8 2,7 2,4 1,4 2,8

Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas 3.0 6.2 2.2 4.5 4.0 3.4 1.6 1,5 3,4 2,3 6,6

Bebidas alcoólicas e Tabaco 4.8 5.3 2.3 3.2 3.2 4.4 8.6 2,2 6,4 2,8 1,1

Vestuário e Calçado -5.7 -0.4 2.4 1.4 -7.0 -3.7 2.9 -5,6 -12,2 -6,0 -5,4

Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis 2.0 -4.5 -0.5 2.0 2.1 5.5 1.9 6,4 6,6 2,6 5,7

Acessórios, equipamento doméstico, manutenção corrente da habitação. 2.6 2.6 1.7 5.3 4.4 2.8 0.8 0,4 1,5 0,2 0,9

Saúde 1.7 4.2 0.3 5.2 5.6 2.6 9.4 2,1 0,0 1,4 -0,3

Transportes 1.5 0.3 5.8 4.8 5.2 2.9 3.1 5,3 4,2 2,2 1,8

Comunicações -3.7 -3.5 -4.7 -2.2 -4.6 -0.5 -0.2 1,2 -0,8 -1,5 -1,3

Lazer, recreação e cultura 0.6 1.4 0.9 0.6 0.9 0.7 0.5 1,1 1,4 0,2 3,9

Educação 29.7 1.8 3.4 3.1 4.5 9.6 11.5 -0,7 4,9 5,4 4,5

Restaurantes e hotéis 2.4 3.2 3.9 4.1 8.7 5.1 2.3 4,4 2,4 1,1 3,5

Bens e serviços diversos 4.4 5.0 2.6 3.8 8.2 4.6 1.7 0,7 2,3 0,7 -0,3

Tabela 1 – Taxas de variação anual do Índice de Preços no Consumidor, por classe, 1998 – 2008 Fonte:DRE

Da observação da tabela anterior, pode-se verificar que os consumidores suportaram

níveis de inflação elevados em 2002, essencialmente no comércio tradicional, com o IPC dos

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bens/serviços diversos e a restauração/hotéis a apresentarem subidas de 8,2% e 8,7%,

respectivamente (valores sem equivalência no período em análise). Desta forma, torna-se

evidente que a entrada em circulação do euro prejudicou os consumidores, que viram os seus

cabazes aumentarem de preço, provavelmente por questões de dificuldade de conversão, ou

por simples aproveitamento do desconhecimento da população, o que é certo é que o salário

real diminui de forma acentuada.

O turismo foi outra das actividades com peso fulcral na economia regional que sofreu

fortemente o impacto da entrada em circulação da moeda única, e cito Maio (2005, p.34) o

qual identifica que devido à moeda única “verificou-se uma quebra na fonte de receita

cambial para as unidades turísticas”, por outro lado afirma que “os turistas, saíram bastante

beneficiados, pois o considerado turismo doméstico estendeu-se aos limites da Europa, sem o

risco das taxas de câmbio e com preços mais transparentes, o que tornou o mercado muito

mais competitivo”. Assim, não pode-se afirmar que esta actividade tenha sido somente

prejudicada com a moeda única, por um lado, o euro foi positivo, porque facilitou a circulação

de pessoas no espaço comunitário, permitindo maior comodismo para os turistas, pela

utilização de uma moeda com a qual se identificavam. Por outro lado, foi prejudicial, devido

às perdas cambiais para as unidades hoteleiras, e à perda de competitividade face a outros

destinos com moedas de menor valor. Anteriormente à entrada de circulação do Euro, os

turistas despendiam maior quantidade de escudos, por desconhecerem a moeda, especialmente

os turistas advindos de países com moedas com forte sobrevalorização face ao escudo.

Sumarizando a análise dos efeitos do Euro na economia regional, podemos aferir

superficialmente que a moeda única, não constitui-se como um elemento positivo ou

dinamizador para a economia regional. Porém, a análise pormenorizada dos impactos

negativos e positivos do euro na economia regional implicaria um trabalho que constitui-se

como matéria suficiente para um trabalho de investigação, mas os dados que recolhemos

apontam no sentido de um impacto negativo na economia regional da entrada em circulação

da nova moeda. Estes resultados económicos menos animadores da economia regional, não

são apenas resultado dos efeitos nefastos da entrada do euro na economia regional (embora

seja admissível que a sua repercussão económica fosse negativa), mas sim de um

desenvolvimento de uma conjuntura menos próspera que em meados dos anos 80 e década de

90, coincidente com a manutenção da circulação do escudo como moeda nacional como país

integrante da Comunidade Europeia.

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2.3. A análise do desempenho da economia nacional no período em análise

Ao reflectirmos sobre o desempenho da economia nacional no período 1988-2008,

pode-se considerar que globalmente foi positivo. Para esta performance global, muito

contribuiu a dinamização impelida pelos apoios comunitários e pelo contexto internacional

maioritariamente favorável. De facto, ao longo das duas décadas em análise, Portugal

convergiu para padrões de outras economias mais evoluídas da Comunidade Económica

Europeia, realizando um processo parcial de «catching-up». Contudo, não conseguiu atingir o

nível de crescimento dos países mais industrializados.

Apesar de, em geral, a economia portuguesa ter obtido um desempenho considerado

globalmente positivo, as análises sectoriais tem permitido verificar algumas debilidades da

economia portuguesa que ainda não foram ultrapassadas totalmente. A economia nacional

apresenta atrasos estruturais, tecnológicos e de produtividade comparativamente a outras

economias mais desenvolvidas. Desta forma, a actividade empresarial carece de

diversificação da estrutura produtiva, de forma a proporcionar o aparecimento de novos

sectores industriais, que se caracterizem pela utilização de técnicas inovadoras e de

crescimento rápido, como forma de potenciar os recursos disponíveis.

Mas, apesar das aparentes debilidades, a estrutura económica nacional registou

aproximações às características das estruturas económicas de outros países mais

desenvolvidos da CE. No entanto o perfil tecnológico do sector industrial (principalmente dos

que direccionam a sua actividade para a exportação) dos países mais desenvolvidos,

caracteriza-se por produção de produtos de alta tecnologia ou de elevada intensidade

tecnológica, o que não se verifica na produção industrial portuguesa. Observa-se que, neste

aspecto, o «catching-up» da economia portuguesa, relativamente à actualização de técnicas

industriais, é lenta, sendo o sector caracterizado pela dependência em exportações de baixa

tecnologia, baseada em mão-de-obra intensiva e pouco qualificada. Esta realidade do tecido

empresarial português encontra justificação no baixo nível de qualificação dos empresários/

gestores nacionais, factor considerado Mateus (2006, p.163) como “uma das razões do atraso

tecnológico da indústria portuguesa”. Neste entendimento, a formação dos empresários e

investidores portugueses deve assumir um papel predominante na evolução da economia

portuguesa, sendo o investimento no conhecimento uma forma de Portugal aumentar as suas

potencialidades, explorando mais eficientemente a capacidade do seu capital humano e

material.

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A reflexão sobre a performance da economia portuguesa assume-se como complexa,

avaliando a pretensão da análise do seu percurso num período de duas décadas, desta forma

analisaremos em subperíodos.

Assim, da análise ao período inicial de 1988 a 1991, permite verificar que este

apresentou-se como uma fase positiva da evolução da economia portuguesa recente, devido ao

contexto marcadamente expansionista da economia mundial e europeia, aliado à fase de

adesão de Portugal à CE e consequente forte canalização de apoios financeiros, que

impulsionaram e dinamizaram economia portuguesa. Consequentemente, foi neste subperíodo

que o desempenho da economia portuguesa atingiu bons índices de crescimento, o que

constatou-se pela evolução positiva da actividade empresarial e do emprego.

Deste ponto de vista, na perspectiva de Santos (1994, p.104), o período de “1986 a 1992

corresponde ao melhor período de crescimento económico de toda a democracia portuguesa”,

de tal forma que esta etapa de crescimento de 1988 a 1992 é considerada por Amaral (2010,

p.13) como uma “mini-idade do ouro” da economia nacional.

No mesmo sentido, Conraria et all (2010, p.3) afirma que “entre 1986 e 1992 a

economia portuguesa cresceu a uma taxa anual média real de 5,4% beneficiando da

estabilização alcançada em 1985, do clima externo favorável, de transferência de fundos

comunitários e de política orçamental expansionista”. Este período optimista, assinala-se por

uma fase de transição no processo da adesão portuguesa à CE, na qual Portugal obteve dos

parceiros europeus, fundos estruturais cujos objectivos abrangiam os incentivos à

modernização do sector produtivo português. Neste período, e face às realidades

anteriormente observadas na economia nacional (com fracos níveis de desenvolvimento)

foram desenvolvidos esforços de cooperação com vista a iniciar um processo de

convergência. Com o objectivo de superar os atrasos, desigualdades da economia portuguesa,

a CE impôs directivas legislativas que abrangiam apoios a vários sectores: tais como o

económico; a fiscalidade, a energia e o ambiente.

Após o subperíodo da década de 80, caracterizado pelo crescimento da economia

portuguesa, a década de 90 começou a evidenciar fraquezas, de acordo com esta perspectiva,

Torres (2007, p.26) afirma que “desde 1986 até 1992, a ambiguidade da resposta portuguesa à

necessidade de reformas institucionais, e ao próprio processo de integração europeia, era

patente na discricionariedade relativa ao curso da política cambial e ao calendário da reforma

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monetária e financeira”, o que viria a comprometer a performance da economia portuguesa a

partir de meados da década de 90.

Em corroboração, Romão (2006, p.429) aponta que a causa deste pior desempenho

relaciona-se com a incapacidade de Portugal retirar proveitos de um contexto favorável, “não

tirando positivamente partido do «boom» internacional dos anos 90 e mantendo-se em termos

regionais, muito concentrado nas origens tradicionais, não houve capacidade de atrair de

modo significativo, nem investimentos extracomunitários”.

Assim, a avaliação do desempenho da economia nos subperíodos de desenvolvimento

não é consensual nem obedece às mesmas definições de características ou conclusões. Por

exemplo, Mateus (2006, p.165) apresenta uma versão mais optimista na observação da

performance da economia nacional e considera que “do período 1985 a 1996 e economia

cresceu à taxa média anual de 4,2%, os principais factores foram o capital humano, capital

físico e factor residual, cada um com cerca de 1,2% de crescimento médio anual”, alongando

o período de crescimento por 4 anos face a outras ópticas. No entanto, numa versão mais

optimista que Mateus (2006), nas linhas estratégicas do Plano de Desenvolvimento Regional

(1993, pp.30/31) define-se o período 1994-1999 como um período de aposta na “elevação do

nível de rendimento e melhoria da qualidade de vida; preservação, protecção e melhoria na da

qualidade do ambiente; reforço do potencial económico; melhoria da situação de emprego e

redução das assimetrias intra-regionais”.

Desta forma, apenas parece consensual que o período 1988 a 1992, caracteriza-se pelo

crescimento da economia portuguesa, isto aliado às condições favoráveis já referidas para que

o mesmo sucedesse. Porém, questiona-se se os níveis de crescimento obtidos foram (face ao

contexto internacional) inferiores aos previstos aquando da adesão à CE, e se Portugal deveria

ter seguido programas mais ambiciosos de forma a estimular o crescimento nos anos

seguintes, o que não viria a ocorrer (pelo menos aos mesmos níveis) em meados da década de

90. Tudo indica que os resultados obtidos pela economia nacional nos anos de pós-adesão (2ª

metade da década de 80) foram muito superiores aos obtidos na década de 90, e cito Conraria

et al (2010, p.4) que define o intervalo entre 1992 a 1998 como “correspondente aos anos de

preparação para a adesão à UEM, anos que reflectem o esforço de convergência nominal

desenvolvido no âmbito desse processo, no qual as condições reais da economia portuguesa

deterioraram-se”.

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A década de 2000, considera-se um período cujo desempenho económico nacional é

marcadamente inferior, devido à conjuntura europeia e internacional menos propícia à

obtenção de resultados animadores. Esta perspectiva é descrita nas estatísticas do Banco de

Portugal [BP] (2009, p.147), as quais sugerem que “após um período de forte crescimento

durante os anos 90 que permitiu um notável progresso ao nível da convergência real para

níveis médios de rendimento dos prevalecentes na área do euro, o desempenho económico do

país começou a deteriorar-se”, resultados que comprometeram e interromperam o processo de

convergência. Conraria et al (2010, p.5) afirma que “o período correspondente à participação

de Portugal na UEM caracterizou-se pela estagnação da actividade económica [...] A

integração na UEM foi acompanhada de continuado afastamento do padrão de crescimento do

produto na UE15”.

Em suma, avançando para uma reflexão temporal mais abrangente, verifica-se que

Portugal não teve um crescimento contínuo e regular de 1988 a 2000, mas sim ciclos de

crescimento diferenciados. A economia evoluiu em ritmos alternados de crescimento, com

momentos de convergência muito positivos, como é o caso da «mini-idade do ouro» (1988 a

1992) e outros de estagnação ou divergência. O período anterior foi seguido de uma crise de

crescimento entre 1992 e 1994, gerado pelo incremento de políticas orçamentais restritivas.

Após 1994, devido à incapacidade da economia portuguesa aumentar o seu nível de

exportações, bem como pela continuação de políticas orçamentais restritivas, Portugal

continuou a registar índices de crescimento modestos. Esta quebra de crescimento de 1992 a

2000, quando comparado com a «mini-idade do ouro» deixava antecipar a estagnação dos

níveis de convergência da economia portuguesa no período 2000-2008, o que na realidade

viria a suceder.

3. As perspectivas socioeconómicas da RAM no contexto de RUP

A RAM é considerada uma região ultraperiférica da União Europeia (UE), sendo que

esta última, consagrou através do nº2 do artigo 299 do Tratado da União Europeia (também

conhecido por Tratado de Amesterdão), a necessidade de prestar uma peculiar atenção aos

territórios pertencentes às regiões europeias com uma distância geográfica condicionante.

Particularmente os territórios situados na periferia da região europeia, cujos condicionalismos

geográficos são inibidores de um desempenho económico semelhante a outros territórios sem

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os condicionalismos semelhantes. Em Lopes (1999, p.207) podemos consultar o artigo que

estabelece as regiões consideradas RUP´s da UE: “Departamentos Franceses Ultramarinos”

(Martinica, Reunião, Guadalupe e Guiana Francesa), [...] os Açores, a Madeira e as Canárias”.

A figura seguinte apresenta as regiões mundiais classificadas como ultraperiféricas

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%B5es_ultraperif%C3%A9ricas_da_Uni%C3%A3o_c

omoEuropeia, recuperado em Novembro, 02 de 2010). Podemos verificar que estas regiões

têm características geográficas muito específicas, sendo de particular importância os

condicionalismos económicos da distância e a descontinuidade territorial.

Ilustração 1 – Identificação das RUP´s Fonte:Wikipédia

As regiões citadas em Lopes (1999, p.207) como RUP´s foram assim consideradas,

devido ao seu “ grande afastamento, insularidade, pequena superfície, relevo e clima difíceis,

dependência económica em relação a um pequeno número de produtos, factores cuja

persistência e conjugação prejudicam gravemente o seu desenvolvimento”. Assim, por

definição, para serem consideradas RUP´s, as regiões têm que possuir, para além das

penalizadoras características geográficas enunciadas, características diferenciadoras em

termos económicos. Como consequência, é argumentado por Lopes (1995, p.98) que “a

periferia da Europa, em termos geográficos, coincide em grosso modo com a sua periferia em

termos económicos”.

As características geográficas, económicas, sociais e culturais são inequivocamente

condicionantes do normal desenvolvimento destas regiões, razão pela qual são vistas de forma

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diferente e particularizada, de forma a serem distinguidas no âmbito das políticas de apoio da

UE. Assim, como afirma Lopes (1999, pp.207-208) as RUP´s são consideradas regiões que

dependem de um tratamento diferencial, a nível de “ política aduaneira e comercial, política

fiscal, zonas francas, políticas no domínio das agriculturas e das pescas, condições de

aprovisionamento, em matérias-primas e bens de primeira necessidade, os auxílios estatais e

as condições de acesso aos fundos estruturais”.

As RUP´s são territórios comunitários reconhecidos na UE e apoiados através de

medidas excepcionais de quadros de apoios financeiros e logísticos a eles reconhecidos por

maioria em Conselho Europeu. Estas regiões devido aos seus condicionalismos beneficiam de

medidas que visam colmatar atrasos de ordem estrutural, que condicionam a sua performance

económica e social.

A finalidade do estipulado no Tratado de Amesterdão passou por criar condições para

introduzir políticas adequadas ao auxílio o contexto global deste tipo de regiões, naturalmente

diferentes de regiões sem os condicionalismos já enumerados. Esta diferenciação das RUP´s é

mencionada por Lopes (1999, p.208) referindo que “ o Conselho adoptará as medidas tendo

em conta as características e os condicionalismos especiais das regiões ultraperiféricas, sem

por em causa a integridade e a coerência do ordenamento jurídico comunitário, incluindo o

mercado interno e as políticas comuns”.

Mas, apesar dos condicionalismos das RUP´s, elas são importantes, pois representam os

pontos extremos do território europeu, e como tal desempenham um papel muito importante

nas relações comerciais da UE com os seus parceiros de outros territórios e continentes. Além

disso, tem fulcral importância na majoração da dimensão do território marítimo europeu,

colocando a UE como detentora da dimensão mundial marítima, com toda a implicação

política e económica que desempenha na UE. A posição geoestratégica das RUP´s permite à

UE dispor de 25 milhões de Km2 de zona económica. Além disso, como refere Lopes (1995,

p.98) “a periferia funciona como uma fonte de matérias-primas ou como mercado de recepção

de produtos e sempre na dependência de centros de decisão externa, e ela vem a corresponder

também um modo de produção”, o que fortifica a questão destes territórios representarem um

importante pólo de interesse para os decisores políticos europeus.

Deste modo, a RAM como região situada na periferia da Europa, é alvo de tratamento

diferenciado, o que constitui-se como factor crucial para a minimização dos efeitos dos

condicionalismos regionais. Neste aspecto, a RAM têm usufruído de importantes apoios

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financeiros por parte da UE, que efectivamente constituem-se actualmente como um meio

fundamental para a obtenção de padrões de convergência, impossíveis de alcançar sem a

existência e desejável continuação dos mesmos, pois estes dinamizam inequivocamente a

actividade económica.

Para Moussis (1992, p.223) a UE através das suas políticas de desenvolvimento

regional, destinadas à procura da obtenção de maiores níveis de coesão territorial, adoptou ao

longo das duas décadas da pós-adesão portuguesa, uma política que “visou promover o

desenvolvimento das regiões desfavorecidas, por uma transferência de recursos das regiões

prósperas”. No entanto, pode-se verificar que estas políticas nobres de auxílio às regiões mais

desfavorecidas, tem sofrido alterações ao longo do tempo, com a constante e tendencial

redução das verbas destinadas a estas regiões. Isto apesar, de subsistir no tempo os

condicionalismos destas regiões, onde as transferências financeiras assumem importância

vital na actividade económica.

Mas, o paradigma actual, foca-se na mudança dos critérios de atribuição das ajudas,

uma vez que as transferências financeiras mal direccionadas podem assumir um papel inibidor

da actividade económica com base no mercado, funcionando como estímulo à dependência de

subsídios, com efeitos condicionantes na forma de actuação da actividade empresarial. Este

efeito negativo das ajudas financeiras, obstrui a criação de mecanismos de auto-

sustentabilidade empresarial, criando motivações adicionais para a multiplicação de projectos

empresariais baseados na esfera de apoios políticos, com grande dificuldade de sobrevivência

de mercado aquando da extinção dos mesmos.

Contudo, é fulcral que os decisores políticos europeus, continuem a considerar as RUP´s

como regiões com factores constantemente penalizadores, prosseguindo com a criação de

políticas de apoio económico que minimizem as suas restrições, mas não criando excessiva

dependência. Neste aspecto, o papel dos decisores regionais assume papel fundamental, uma

vez que a canalização e a forma de atribuição dos apoios será catalisador das opções de

desenvolvimento erróneas ou acertadas. As regiões situadas na ultraperiferia, onde se incluem

as ilhas, dificilmente sobrevivem economicamente sem apoio financeiro externo, mesmo que

se mantenham os apoios canalizados, perdurando as dificuldades relativamente a regiões

centrais. Consideram-se pois estas regiões, como refere Oliveira (2001, p.137) “mais expostas

ao risco de desemprego estrutural e a níveis de rendimento «per capita» mais baixos”.

Segundo o mesmo ponto de vista, Almeida (2007, p.86) “também reconhece a perpetuação

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provável do desequilíbrio centro-periferia em termos de PIB ‘per capita’ e perspectivas de

crescimento se a assistência financeira for retirada”.

Apesar dos condicionalismos das RUP´s, são passíveis de criar modelos de sucesso de

desenvolvimento económico, direccionando políticas de incentivo a actividades com maiores

retornos, incentivando o IDE, criando zonas comércio atractivas e desenvolvendo as

actividades turísticas e comerciais. Como afirma Almeida (2007, p.77) “contra todas as

probabilidades, algumas ilhas têm sido capazes de alcançar elevados padrões de vida, com

base no mercado e em soluções não ortodoxas (como comportamento «rent-seeking»,

assistência oficial ao desenvolvimento e venda de soberania) ”. Os decisores políticos das

regiões situadas na ultraperiferia, devem procurar minimizar a criação e sustentação de focos

empresariais com dependência exclusiva de apoios, estimulando a criação de actividades com

maior nível de sustentabilidade.

Invariavelmente, o impacto das políticas adoptadas pelos decisores políticos regionais é

um dos factores de sucesso ou insucesso económico das RUP´s. Apesar do contexto periférico

ser inequivocamente penalizador, não sendo particularmente linear a delineação de estratégias

na globalidade das regiões na ultraperiferia. A combinação de estratégias políticas bem-

sucedidas é a chave do sucesso, e não é como expões Lopes (1995, p.98) pela “simples

implantação em regiões periféricas de instalações fabris sucursais de empresas com sedes em

outros locais (por vezes fora do país), que a região periférica é deixada emancipar da sua

situação de periferia” mas sim, por um mix de estratégias de desenvolvimento.

O sucesso das economias periféricas não é inatingível, mas as opções de

desenvolvimento têm pouca margem de erro, isto devido à elevada taxa de risco associada ao

sucesso dos modelos de desenvolvimento das economias periféricas. Nos modelos actuais

dominantes de desenvolvimento das economias da periferia, as transferências financeiras

assumem um papel predominante. Apesar do acesso às transferências financeiras não

significarem crescimento, o não usufruto de apoios numa condição de periferia, distancia as

regiões da rota de estabilização e dinamização económica. Possivelmente, na actualidade,

como afirmam Miller (2000, citado em Almeida, 2007, p.99) e Armstrong e Read (2002,

citado em Almeida, 2007, p.99) as RUP´s estão cada vez mais “dependentes das condições

económicas globais e internacionais” e sujeitos fortemente aos agentes externos, cujas

decisões condicionam a sua actuação, como é o caso decisões das instâncias internacionais.

Sumariamente, no contexto actual verifica-se que as RUP´s (apesar do tratamento

diferenciado), tendem a ser menos favorecidas pelos apoios financeiros, provado que está que

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algumas regiões (também com características penalizadoras) são capazes de adoptar modelos

de desenvolvimento bem-sucedidos. Esta constatação, veio modificar a forma com que os

decisores políticos europeus olham para a problemática das RUP´s. Desta forma, os modelos

de desenvolvimento regionais adoptados pelas RUP´s assumem uma importância crescente.

Neste mesmo sentido, Almeida (2007, p.100) foca o aspecto da “UE estar a instar as RUP´s a

desenvolver factores de competitividade, despertando o espírito empresarial e a acumulação

de estratégias inovadoras em sectores de alta tecnologia, orientada para a exportação e/ou

desenvolvimento de mercados a nível local”. De referir que não existe uma fórmula que

garanta o sucesso dos modelos adoptados pelas regiões, sejam estes combinados ou simples,

uma vez que estas regiões têm características únicas, sendo que modelos semelhantes podem

criar resultados muito distintos nas regiões em que se aplicam. Isto acontece, porque apesar

das características geográficas serem semelhantes, em outros aspectos como os sociais,

culturais, históricos, políticos, entre outros exercem a sua influência no resultado final da

aplicação dos modelos.

3.1. Os condicionalismos geográficos, ambientais e institucionais da RAM

Considerando o exposto no ponto anterior, a RAM goza do estatuto de RUP devido às

suas características geográficas, orográficas e insulares, características essas que sendo

territoriais têm, como referido no Plano de Desenvolvimento Regional [PDR] (1993, p.29),

“condicionado o modelo de desenvolvimento da RAM e imposto restrições à sua inserção na

economia mundial”, mantendo-a continuamente confrontada com estes factores

penalizadores. Estes condicionalismos territoriais ao desempenho económico regional são

mencionados no Programa Operacional Plurifundos da Região Autónoma da Madeira 2000-

2006 [POPRAM] 2000-2006 (2000, p.4) que assinalam a “permanência de constrangimentos

ao seu desenvolvimento que decorrem da descontinuidade física e da localização distanciada

das regiões centrais europeias, bem como de um conjunto de restrições estruturais

particularmente intensas, nomeadamente as exíguas dimensões e o acentuado relevo”.

Assim, é consensual e inequívoco a existência dos constrangimentos que inibem a RAM

de atingir níveis de crescimento que possibilitem uma convergência real face às regiões

centrais. Estas limitações colocam a questão da dependência dos apoios externos para

obtenção de padrões de convergência, numa altura em que a diminuição das verbas

disponibilizadas para apoio às RUP´s é uma temática em evolutivo debate. Com a

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problemática da redução dos subsídios às RUP´S, torna-se fulcral observar as decisões de

investimento e os padrões de desenvolvimento obtidos pelas actividades económicas

regionais. De acordo com Almeida (2007, pp.89-90) os condicionalismos para o crescimento

da RAM estão relacionados com um “conjunto de restrições geográficas e históricas ao

desenvolvimento, assim como, com factores como a distância, as acessibilidades difíceis e

consequentes elevados custos de transporte, a reduzida dimensão e a dependência colonial que

condicionam o seu desenvolvimento”.

Quanto ao comportamento dos empresários regionais, associa-se incondicionalmente às

características naturais da região, tanto na perspectiva histórica, como no padrão de

comportamento que os agentes económicos desenvolvem na sua actividade. A actividade do

tecido empresarial é condicionada pelo meio envolvente e a forma como processa-se o

aproveitamento dos recursos disponíveis na prossecução das actividades. Assim, a quantidade

de recursos disponíveis é um factor decisivo no aproveitamento e racionalização, citando

Romão (2006, p.138), “os recursos e o seu aproveitamento explicam o crescimento e são

condicionantes dele”, sendo fundamental que os investimentos sejam bem distribuídos pelas

Romão (2006, p.138) “actividades directamente produzidas e pelo capital público corrente,

fundamentalmente orientadas para apoio às actividades directamente produtivas ou

aproveitamento dos recursos naturais”.

Deste modo, face aos condicionalismos regionais, a actividade empresarial da RAM

está limitada por características inibidoras, que impedem grandes ambições em termos de

potencial produtivo. Desta forma, as decisões políticas de investimento com objectivo de

proporcionar o desenvolvimento económico, têm que ter bem presente esses mesmos

condicionalismos, evitando direccionar políticas de apoio a actividades de baixo retorno. Pese

a existência de factores inibidores ao crescimento/desenvolvimento das economias regionais,

os modelos de crescimento/desenvolvimento eficazes são passíveis de serem atingidos, para

isso, assume aspecto determinante a canalização dos recursos para as actividades com maior

retorno.

3.2. As opções de desenvolvimento da economia regional a nível sectorial

A história da economia da RAM está particularmente ligada ao sector primário, através

da cultura de produtos como a cana-de-açúcar, o vinho e os vimes. Estas culturas de produção

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46

rudimentar, e de fraca produtividade, estiveram ligados (e ainda estão) durante largos anos à

cultura madeirense, essencialmente numa óptica de agricultura de subsistência e auto-

consumo. Efectivamente, Vieira e Freitas (2008, p.129) afirmam que os indicadores

demonstram que “no início do século XX, mais de 62% da população activa trabalhava no

sector primário”. O sector primário continua, pese os seus condicionalismos, a produzir

produtos agrícolas, onde se destacam: o vinho; a banana; as flores exóticas; as frutas

subtropicais e tropicais; a cana-de-açúcar; entre outros, num aproveitamento esforçado dos

seus recursos naturais. Este sector foi inclusive responsável pelo desenvolvimento progressivo

de algumas técnicas, devido aos fortes contactos estabelecidos pela região com outros povos.

No entanto, o relevo, a pobreza dos solos e as ligações marítimas muito condicionantes,

limitaram à partida (e continuam a limitar) alguma evolução do sector primário regional.

Outros factores condicionantes da evolução do sector, relacionam-se com a falta de

qualificação dos proprietários dos solos, que juntamente com as limitações territoriais,

condicionam um padrão de evolução mais ambicioso. Algumas das opções pela exploração de

determinadas actividades da economia regional justificam-se

em grande medida pelos constrangimentos de ordem natural e ao contexto socioeconómico, histórico e cultural, a economia regional orientou-se para o aproveitamento das potencialidades numa base agro-turística. A actividade industrial, principalmente em resultado da exiguidade de recursos e de mercado e das desvantagens competitivas decorrentes da insularidade, tem assumido uma posição modesta, apresentando um fraco desenvolvimento. (POPRAM 2000-2006, 2000, pp. 7-8)

Quanto ao sector secundário, este limita-se às indústrias que se dedicam a produzir

produtos finais orientados para o consumo local, como forma de aproveitamento dos recursos

humanos e materiais disponíveis (é o caso das indústrias de lacticínios, moagem, panificação,

conservas de peixe, bordados e tapeçarias). Outro dos motivos para o fraco desenvolvimento

de pequenas indústrias regionais, está associado aos elevados custos de transporte da

importação dos produtos que estas fabricam, devido à sua dimensão ou peso, sendo a

produção na indústria local menos dispendiosa do que a aquisição no exterior.

Além disso, a indústria desenvolveu-se em ramos de apoio a outros sectores (é o caso

das artes gráficas e construção de materiais de apoio à construção civil, tais como serração de

madeiras e serralharia civil). Note-se que, mesmo nestes casos, apenas a indústria ligada a

grupos ou empresas nacionais de média ou grande dimensão conseguem manter-se em activo,

essencialmente devido aos elevados custos marginais, consequência de uma economia de

escala, parcialmente agravada pela abertura dos mercados, o que implica uma quase

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47

inviabilização do sector secundário, agravado por condicionalismos nos transportes (o que

rotula o tecido industrial como um sector com fracos níveis de produtividade, competitividade

e de baixa tecnologia).

A nível da caracterização o sector secundário, o POPRAM 2000-2006 (2000, p.9)

define-o por uma “base industrial constituída predominantemente, por indústrias tradicionais,

em que salientam as indústrias alimentares, bebidas e tabacos, algumas indústrias ligadas à

construção e as de carácter marcadamente artesanal”. No mesmo ponto de vista, Neves (2004,

p.4) caracteriza a indústria regional, afirmando que o sector secundário regional assenta

fundamentalmente na “manutenção de indústrias tradicionais orientadas para o mercado

regional (moagem e panificação, bebidas), que tem beneficiado de condições favoráveis de

transferência para a Zona Franca”, factor que constitui-se como um importante estímulo à

manutenção destas empresas no mercado.

No que se refere à produção de energia, esta apresenta-se sob forma de monopólio,

única condição considerada viável para a manutenção de uma empresa com os elevados

custos associados à produção de energia numa região com os mais que conhecidos

condicionalismos de relevo inerentes. Assim, nesta actividade, o objectivo é servir as

populações de um serviço básico e tentar minimizar os prejuízos associados.

No que concerne à actividade empresarial ligada à construção civil e às obras públicas,

as empresas cresceram e desenvolveram a sua actividade, de forma fortemente correlacionada

com a disponibilização financeira governamental para a melhoria de infra-estruturas globais

da região. Ao longo dos anos em análise, esta actividade foi beneficiada pela existência de

fortes quadros de apoio da UE para a dotação regional de infra-estruturas, este factor

projectou a construção civil para níveis de grande escala, assumindo-se como uma actividade

dominante na economia regional, seja pelas verbas ou pela empregabilidade a ela associada.

Esta deslocação de mão-de-obra para a construção civil, ter-se-á constituído como um

factor primordial para a obtenção de ganhos a nível de produtividade económica, assumindo

que regiões com condicionalismos como os da RAM obtêm baixos índices de produtividade

em actividades tradicionais, como é o caso da agricultura e das actividades artesanais. O

«boom» da construção civil, que ocorreu após a adesão à CE, conduziu à transferência de

força de trabalho e de capital do sector primário e terciário para actividade com maior

potencial produtivo, com ganhos de produtividade desejáveis.

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48

Desta forma, a construção civil assumiu, no período em análise, uma importância

significativa na evolução da economia regional, tendo a sua dinâmica aumentado

significativamente, como referenciado no POPRAM 2000-2006 (2000, p.10) essencialmente

devido ao “crescimento do investimento público (regional e municipal) e do investimento

privado (hotéis e edifícios de natureza residencial) ”, o que pode-se verificar pela evolução de

consumo de cimento na RAM. O gráfico seguinte apresenta a evolução do consumo de

cimento na região no período em análise, servindo como indicador do volume de obras

realizado:

Ilustração 2 – Evolução do consumo de cimento, 1988 – 2008; Fonte: DRE.

Apesar da aparente dinâmica apresentada pela indústria no período em análise, Neves

(2004, p.145) alerta que esta actividade apresenta “ índices de produtividade e de capacidade

empregadora bastante reduzidos dada à elevada incorporação de trabalho e o carácter

artesanal de grande parte das actividades”. Da observação dos resultados obtidos pela

economia regional neste sector de actividade, retirar a conclusão que eles foram muito

positivos, requer uma análise mais profunda, porque a sua evolução neste sector está

estritamente relacionada com políticas de apoio constante a actividades actividade ligadas à

construção e com a indústria directamente relacionada com o apoio a esta actividade. Apesar

dos benefícios advindos do aumento das obras, a redução das verbas destinadas à construção,

evidenciarão a fragilidade da empregabilidade deste sector, com mão-de-obra pouco

qualificada e trabalho precário.

Relativamente ao sector terciário, este apresenta-se composto por actividades diversas

que vão desde transporte, ao comércio grossista e a retalho (do ramo dos produtos ligados à

alimentação) e ao comércio de maquinaria, artefactos eléctricos e comércio de automóveis.

Neste sector destaca-se como uma das actividades com maior peso, o comércio, para Leça

, 100 000, 200 000, 300 000, 400 000, 500 000, 600 000, 700 000, 800 000, 900 000,

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Consumo de Cimento

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49

(1998, p.6) é a actividade que “traduz a realidade estrutural do tecido empresarial madeirense,

onde proliferam de uma forma esmagadora, as pequenas e médias empresas de cariz

marcadamente familiar”. Uma das actividades predominante neste sector é o turismo, pois a

localização geoestratégica (num ponto marcante do Oceano Atlântico) fez com que esta

actividade, a partir da década de 60, evoluísse para uma actividade de carácter empresarial.

A actividade turística, cujas aptidões naturais, juntamente com um programa adequado

de sustento desta actividade, tornaram-se compensatórias, não só do ponto de vista da

actividade directa, como pelo peso evidenciado de forma indirecta na globalidade do tecido

empresarial regional. Observa-se que o turismo assume importância ímpar na economia da

RAM, neste mesmo ponto de vista, o POPRAM 2000-2006 (2000, p.8) refere-se ao peso desta

actividade como “fonte de receitas externas, mas também pelos efeitos multiplicadores que

gera em vários sectores de actividade, pelo contributo para o emprego e dinamização

socioeconómica a nível local”.

O turismo pode representar um dos pilares de sustentação cada vez mais evoluído da

economia regional, a qual estima-se que tenha ocupado directamente entre 1993 a 2003 cerca

de 5% da população activa. Além disso, esta actividade gera múltiplas actividades

subsidiárias (construção civil, etc.). Esta dimensão do turismo é referida por Neves (2004,

p.139) citando que esta actividade “ocupa globalmente um décimo dos activos e contribuindo

com cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) regional”. Consistentemente, o POPRAM

2000-2006 (2000, p.8) foca o aspecto do “sector dos serviços ter vindo a reforçar a sua

contribuição para a formação do VAB (72,4% em 1990 e 77,3% em 1995) ”, além disso,

refere-se ao desenvolvimento de “serviços internacionais e serviços financeiros,

designadamente os que se enquadram no âmbito de CINM, serviços prestados às empresas,

serviços prestados à colectividade e operações sobre imóveis”.

Verifica-se genericamente, que a economia regional tem-se caracterizado nestas últimas

décadas, por uma terciarização do seu tecido produtivo, com o sector terciário a ganhar peso

essencialmente ao sector primário, característica própria de países ou regiões em vias de

desenvolvimento. Após a adesão à CE, registou-se uma deslocação de força de trabalho de

forma massiva dos sectores tradicionais, para o sector secundário e, essencialmente, para o

sector terciário. Esta deslocação de mão-de-obra das actividades tradicionais, para ingresso

em outras actividades em expansão na economia regional (como é o caso da construção)

constituiu-se como uma primeira opção para muitos nativos de baixa instrução, e que

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50

auferiam rendimentos muito baixos na agricultura ou em outras actividades mal remuneradas,

como é o caso das actividades tradicionais.

Esta nova realidade da economia regional permitiu evitar a emigração, e tornar-se numa

região receptora de imigração, essencialmente originária de países de leste, mas também de

países de língua portuguesa, como é o caso das ex-colónias de África e do Brasil. No entanto,

os altos níveis de empregabilidade não qualificaram a mão-de-obra interna, que manteve-se

com baixos níveis de instrução aproveitando os bons índices remuneratórios da construção

civil e outras actividades afins. Para a obtenção de mão-de-obra altamente qualificada

recorreu-se maioritariamente a empresas e profissionais estrangeiros e nacionais, uma vez que

na região os profissionais qualificados eram insuficientes para as solicitações.

A dinâmica sectorial a que nos referimos pode-se observar na tabela seguinte, que

apresenta a evolução do emprego no período 1988-2008, decomposta por sector de actividade.

Podemos verificar uma redução acentuada da empregabilidade regional no sector primário e

secundário, com esta mão-de-obra a deslocar-se para actividades terciárias.

Anos Sector Primário Sector Secundário Sector Terciário 1988 26.550,00 46.225,00 50.575,00 1989 26.425,00 43.750,00 53.650,00 1990 28.500,00 41.575,00 57.225,00 1991 27.300,00 42.275,00 60.350,00 1992 15.895,25 38.980,25 58.154,50 1993 16.568,00 37.830,75 58.417,75 1994 15.438,50 37.032,50 57.059,50 1995 13.683,75 32.095,75 58.081,25 1996 12.793,00 30.339,75 62.228,75 1997 13.367,50 30.172,50 63.817,25 1998 16.331,93 34.550,66 60.589,92 1999 16.607,72 33.090,28 59.673,45 2000 15.886,02 34.654,74 57.289,69 2001 13.395,14 32.639,99 61.562,26 2002 13.590,17 30.347,17 67.984,97 2003 10.741,19 29.855,29 71.715,79 2004 10.396,50 29.042,75 74.037,00 2005 10.571,10 30.627,62 75.924,63 2006 11.731,48 32.179,72 73.391,72 2007 13.209,30 28.520,47 74.733,51 2008 12.273,40 27.461,80 78.764,29

Tabela 2 – Retrospectiva anual do inquérito ao emprego, por sector, por ano; Fonte: DRE

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Graficamente, a evolução do emprego por sector de actividade apresenta-se da seguinte forma:

Ilustração 3 – Retrospectiva anual do inquérito ao emprego por sector; Fonte: DRE

A deslocação de mão-de-obra do sector primário para o sector secundário, deveu-se

essencialmente, como referido, ao «boom» da construção civil, resultado da aplicação de uma

grande quantidade de ajudas financeiras para a construção de infra-estruturas pelas secretarias

regionais, tal como a construção de grande quantidade de unidades hoteleiras e edifícios

habitacionais. O sector primário perdeu grande parte da sua força produtiva também para o

sector terciário, motivada pela aposta clara do governo regional na dinamização da actividade

turística da região. Esta característica de deslocação de recursos de actividades tradicionais

para outras actividades mais produtivas é própria de regiões em vias de desenvolvimento.

Da análise das alterações das características sectoriais da economia regional, pode-se

admitir que deu-se início a um processo de desenvolvimento económico na RAM (ou pelo

menos de crescimento económico), uma vez que verificou-se deslocação de recursos humanos

e materiais para sectores tipicamente com maior retorno (sector secundário e terciário). Esta

deslocação de recursos para recursos com maior produtividade, é fulcral em regiões com os

condicionalismos geográficos e naturais que impedem os sectores tradicionais de alcançar os

retornos face aos investimentos necessários, ainda mais num contexto de globalização.

Neste sentido, urge referir a definição de desenvolvimento económico de Ramos (2002,

p.96) que o considera como “ um processo de crescimento e mudança estrutural que ocorre

como transferência de recursos de actividades tradicionais para actividades modernas (como é

o caso dos serviços), da utilização de economias externas e da introdução de inovações”. A

RAM evoluiu, em termos de dinâmica sectorial, no entanto, no que concerne ao perfil de

inovação nas economias regionais (com as particularidades das RUP´s) este processo

0,00 10.000,00 20.000,00 30.000,00 40.000,00 50.000,00 60.000,00 70.000,00 80.000,00 90.000,00

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

Sector Primário

Sector Secundário

Sector Terciário

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52

constitui-se de difícil implementação. Assim, apesar das alterações dos padrões sectoriais,

estes não indicam a viabilidade dos sectores para aos quais deu-se a transferência de recursos,

nem a consistência desses mesmos processos. A deslocação de mão-de-obra do sector

primário para os sectores secundário e terciário sucederam efectivamente na RAM, em grande

escala nos primeiros quadros de apoio concedidos pela CE, porém, apesar de registar-se um

aumento do rendimento do trabalho nestas últimos sectores, este baseou-se maioritariamente

em actividades com superiores rendimentos de carácter temporário, como é o caso da

construção civil, no qual surgiram uma grande quantidade de empresas relacionadas com a

prestação de serviços de apoio a esta actividade, empresas estas que após a redução do

volume de obras, tendem a mostrar a sua fraca capacidade de sustentabilidade, optando

maioritariamente pelo encerramento ou falência.

Os gráficos seguintes apresentam a evolução do VAB (a preços de mercado e a preços

correntes) durante o período em análise, este indicador demonstra a deslocação dos recursos

produtivos para a actividade terciária, em detrimento do sector secundário e primário:

Ilustração 4 – VAB por sector de actividade a preços de mercado, unidade: escudos 106 Fonte: DRE.

Ilustração 5 – VAB por sector de actividade a preços correntes, unidade:escudos 103 Fonte: DRE.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

1990

1991

1992

1993

1994

Sector Primário

Sector Secundário

Sector Terciário

0,0 500,0

1 000,0 1 500,0 2 000,0 2 500,0 3 000,0 3 500,0 4 000,0 4 500,0

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Sector Primário

Sector Secundário

Sector Terciário

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53

Os gráficos 3 e 4 demonstram com evidência a estagnação do VAB gerado pelo sector

primário, ao longo do período em análise, esta estagnação deveu-se à referida deslocação da

força de trabalho para sectores mais produtivos. Observamos particularmente no indicador

VAB uma evolução e destaque do sector terciário face aos sectores secundário e primário.

3.2.1. O turismo como opção de desenvolvimento da economia regional

A Ilha da Madeira pelas suas especificidades têm desenvolvido ao longo dos anos, uma

apetência particular para a actividade turística, a suas características geográficas e naturais

levaram a que os decisores políticos e a sua população em geral, tivesse com alguma

naturalidade uma abertura para saber receber e desenvolver a sua economia com base nesta

actividade com projecção de futuro.

A nível global o turismo é uma actividade estratégica de desenvolvimento das

sociedades, sendo caracterizada pelos fluxos de pessoas e bens. Esta actividade assume um

nível de importância apenas ultrapassada por actividades globalizadas há décadas, como é o

caso das actividades financeiras e/ou industriais. Para Maio (2005, pp.33-34) factores como a

globalização e a União Europeia contribuíram para que “a nível mundial esta actividade

viesse a ter um forte crescimento, prevendo-se que se tornará na maior “indústria” mundial

nos primeiros anos do século XXI, ultrapassando as indústrias automóveis e petrolíferas.”

O desenvolvimento da actividade turística foi impulsionado pela evolução dos meios de

comunicação, factor que fez com que “o crescente peso do turismo na economia à escala

mundial, tenha-se tornado hoje num dos principais sectores de actividade das economias, [...]

os governos tornaram-se cada vez mais conscientes do papel que esta pode assumir nas suas

economias” Faulkner (1997, como citado em Camacho, 2006, p.2).Com o desenvolvimento

da actividade turística a nível mundial, o turismo tornou-se fulcral para regiões com

potencialidades ímpares para o desenvolver, como é o caso das regiões ultraperiféricas, pois

como referido no sumário de ISMERI EUROPA (2011, p.9) “o turismo tem um potencial

importante na maioria das RUP e, nalgumas delas, é um sector chave para o emprego e para o

comércio externo. O turismo assenta no ambiente natural e cultural excepcional”.

No caso específico da RAM, com os condicionalismos relativos a outras actividades que

envolvem a utilização de outras dimensões de capital humano e físico, seria contraproducente

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54

não aproveitar as potencialidades desta actividade. Esta actividade constitui-se como uma

opção incontornável em termos económicos, gerando mais-valias directas e efeitos

multiplicadores que afectam toda a sociedade (desde as áreas de origem, às regiões de trânsito

e de destino). Na análise do desenvolvimento regional no período entre 1993 a 2003, Neves

(2004, p.10) afirma que “o turismo continuará a assumir uma importância estratégica para a

região, sendo seguramente o único sector de actividade com uma influência sustentada sobre

indicadores - chave como as receitas, o VAB e a capacidade empregadora”. Apesar das

potencialidades naturais do turismo na RAM, é muito importante delinear planos de acção

interventivos nos mercados emissores, de forma a manter uma imagem de marca conceituada,

e simultaneamente expandir para potenciais mercados emissores.

A tabela seguinte demonstra a evolução dos proveitos totais do turismo para a RAM,

onde observa-se que apesar de uma ligeira estagnação de crescimento entre 2003 e 2004, a

tendência foi para a estabilidade e crescimento dos proveitos advindos desta actividade:

Ilustração 6 – Proveitos totais do turismo; Unidade: 103 Fontes: Estatísticas do Turismo da RAM, DREM

No período em análise, o turismo assume para a RAM uma importância acrescida,

comprovada pelos proveitos crescentes advindos desta actividade. A economia regional

apresenta características de dependência económica face à actividade turística. Esta aposta na

actividade turística, tem sido uma aposta clara dos decisores regionais, e que face ao retorno

obtido, tem-se revelado uma opção acertada. No entanto, a aposta preferencial no turismo, não

impede a atenção especial dos decisores políticos para actividades que apesar de geradoras de

menores retornos, representam para as populações uma importante fonte de receita e de

sustentação das populações, como é o caso da agricultura e do comércio. A actividade

turísticas pode mesmo constituir-se como um pilar de sustentação da economia insular, pois

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

350000

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

Proveitos Totais do Turismo

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55

no princípio de tudo está o turismo, mas a pouco e pouco, essa actividade tem vindo a constituir cada vez mais a instância dominante das restantes actividades económicas e sociais. Havia bananas, mas a concorrência angolana mergulhou-as na crise; havia bordados e artefactos de vime, mas a crise tomou conta deles; havia cana-de-açúcar, mas a crise de novo sobreveio; havia o vinho, mas as castas entraram em crise; havia a construção civil, mas a crise também a atingiu, enfim o único resistente, a tábua de salvação, parece ser mesmo o turismo. Porquê? (Vieira e Freitas, 2008, p.164)

Assim, apesar da maior ênfase dada às actividades turísticas, a RAM pode atribuir

importância simultaneamente à dinamização de outras actividades/ sectores geradoras de

equilíbrios fundamentais ao desenvolvimento da economia regional, através da exploração

máxima das suas potencialidades, seja em actividades agrícolas, comerciais e/ou em

actividades industriais. Estas actividades podem gerar níveis satisfatórios de empregabilidade

e de produtividade, com significativa representatividade na performance da economia das

pequenas regiões e na exploração do potencial humano e recursos naturais.

Em suma, a actividade turística assume na economia regional uma importância

crucial, o que se deve, como referido anteriormente, às condições naturais excepcionais

que a região detém para a exploração da referida actividade. Assim, é inquestionável a

correcção na continuidade da aposta nesta actividade como principal dinamizadora da

economia regional, no entanto, especiais atenções devem ser conduzidas para a

preservação da natureza, como princípio básico para a continuidade do sucesso desta

actividade. Além disso a diversificação de estratégias, a aposta em produtos alternativos

e é fundamental para a continuidade dos bons resultados, e cito ISMERI EUROPA

(2011, p.9) sobre políticas de sucesso no turismo, que afirma que “o seu potencial

baseia-se na diferenciação do produto capaz de se adaptar à tendência da segmentação

da procura longe dos produtos correntes do turismo de massas”, e na procura constante

desta actividade atingir novos nichos pouco explorados.

Consideramos, no entanto, que é desejável não descurar a atenção para actividades

ligadas ao sector industrial e ao sector primário, apostando na continuidade da sua

dinamização, naquilo a que denominamos uma aposta multissectorial. Apesar da menor

rendibilidade e características de baixa produtividade destas actividades, o “mix” de

estratégias de desenvolvimento têm sido o caminho seguido por regiões com modelos

de sucesso. Estes modelos baseados na diversificação de estratégias, não só permitem o

aproveitamento máximo dos recursos naturais, como o aliam ao maior aproveitamento

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dos recursos humanos, combatendo o desemprego e maximizando a capacidade

produtiva das regiões.

3.3. O papel do Estado no apoio à actividade económica regional

Em regiões com as características da RAM, o apoio político ao investimento

empresarial é fundamental ao desenvolvimento e sobrevivência da maioria das empresas.

Apesar do aspecto decisivo dos apoios políticos como indicadores das actividades a investir,

no entender de Hurst et al (2001, como citado em Almeida, 2007, p.80) os mesmos “subsídios

ao investimento podem ser contraproducentes. Estes recursos financeiros podem ser

direccionados para actividades de «rent-seeking», tais como «lobbys» políticos, ao invés de

investir em melhorias de produtividade ou na exploração de novos mercados”. Ainda assim,

citando Almeida (2007, p.99) “ qualquer modelo de desenvolvimento insular bem-sucedido

implica elevados níveis de intervenção estatal”.

A actuação governamental em pequenas regiões, com economias frágeis, deve ser

sinalizadora das actividades com maior sustentabilidade. Todavia, o espírito empreendedor e a

sustentabilidade das actividades em contexto de mercado, decorrem de ideias inovadoras e da

introdução de métodos e experiências “piloto” advindas de outros mercados mais

concorrenciais. A actuação dos agentes empresariais regionais, assentes em atitudes

empreendedoras, fortificam e dinamizam a actividade económica regional, sendo o caminho a

seguir para a obtenção de resultados estáveis e duradouros, contrariamente a actividades

empresariais caracterizadas pela subsídio-dependência. Apesar das atitudes empreendedoras e

inovadoras, serem desejáveis na actividade empresarial das ilhas, as características do tecido

empresarial com base em PME´s, maioritariamente de cariz familiar, implica como afirma

Almeida (2007, p.208) que “os objectivos de inovação sejam colocados para segundo plano”.

A RAM devido às suas características naturais, sociais e políticas, é desencorajadora de

investimentos arrojados e de espírito empresarial audacioso. Assim, como forma de encorajar

o investimento e o desenvolvimento empresarial, surgem os apoios estatais directos e/ou

indirectos, que assumem um papel decisivo na definição de estratégias, de políticas e medidas

de acção no curto/médio e longo prazo de incentivo às actividades empresariais.

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Os decisores políticos, através do reforço e apoio a actividades com maior

produtividade e capacidade competitiva, procuram activar e potenciar a capacidade de

internacionalização das empresas regionais. No entanto, o tecido empresarial regional centra-

se maioritariamente na satisfação das necessidades internas e na substituição das importações

pela produção interna. Desta forma, apesar da canalização de meios financeiros para o sector

produtivo através dos Quadros Comunitários de Apoio, como pode-se consultar no Plano e

Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira

[PIDDAR] (2004, p.178) verifica-se que durante os períodos “1989-93 e 1994-99, o tecido

empresarial da RAM revela insuficiências em matéria de produtividade e de competitividade,

quando comparado com a média da UE”.

A intervenção estatal assume-se como factor fundamental para uma promoção adequada

do desenvolvimento empresarial, contudo torna-se necessário utilizar métodos racionais de

planeamento que auxiliem na administração dos empreendimentos. A RAM obteve progressos

ao longo das duas décadas em estudo, quer no âmbito da modernização empresarial, quer ao

nível tecnológico desenvolvido pelas empresas. A acção governamental incitou o

desenvolvimento de esforços, com o objectivo de apoiar iniciativas empresariais com base

sólida para obtenção de bons resultados. Neste aspecto, os decisores políticos regionais,

diversificaram estratégias com o objectivo de dotar o tecido empresarial regional de melhores

condições infra-estruturais e de actualização de técnicas inovadoras. Assim, os apoios

direccionados para o incentivo à actividade empresarial, teve como finalidade auxiliar as

empresas regionais na obtenção de níveis de produtividade e competitividade acrescidos, com

o objectivo de as colocar num percurso de crescimento, e, num plano mais ambicioso, em

trajecto de desenvolvimento.

O incentivo do foro político à actividade empresarial, no contexto das ilhas, assume-se

como primordial ao reforço e à dinamização do espírito empresarial. Estas linhas orientadoras

de apoio estão previstas nos programas governamentais de desenvolvimento da actividade

económica, que definem o

apoio e incentivo às iniciativas empresariais que tenham em vista o aumento efectivo da produtividade e da competitividade, o reforço da capacidade técnica, tecnológica e de marketing, a promoção da inovação de produtos e processos, a alteração qualitativa dos factores dinâmicos de competitividade e o surgimento de novos sectores e actividades de alto valor acrescentado e de áreas de desenvolvimento competitivas, promovendo a progressiva alteração do perfil produtivo regional; Alargamento das formas de financiamento das empresas, através da criação de um ambiente de inovação financeira propício ao alargamento da oferta de produtos e serviços financeiros e a consequente

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dinamização da procura; Melhoria a envolvente empresarial; Incentivo à introdução de sistemas de qualidade na dinâmica organizacional do Instituto de Desenvolvimento Empresarial – IDE-RAM; Prosseguir com a participação financeira no Centro de Empresas e Inovação da Madeira (CEIM), no âmbito das suas actividades em prol da inovação e da modernização empresariais. (Piddar, 2003, p.178)

Assim, a prossecução de políticas de apoio à actividade empresarial e incentivo ao

espírito e dinamismo empresarial, são prioridades assumidas pela intervenção estatal regional,

factores este que contribui para o equilíbrio e a dinamização do mercado. Neste aspecto,

assume importância fundamental o esforço desenvolvido pelas regiões na criação de

condições adjacentes ao bom funcionamento da actividade empresarial, como questão básico

para o início de um processo de desenvolvimento empresarial. Nesta perspectiva, cito um

estudo sobre competitividade territorial e de coesão económica e social que focaliza que a

qualidade das condições envolventes (infra-estruturas, recursos humanos, conhecimento, ambiente, segurança, mobilidade) e a consistência social, técnica e cultural (património, animação, criação, inovação, difusão) do território têm vindo a constituir-se como factores progressivamente determinantes das políticas públicas que, assim, tendem a orientar-se preferencialmente para a criação de condições favoráveis à formação e promoção do espírito empresarial e à proliferação dos factores imateriais de desenvolvimento. Procuram, portanto, orientar os esforços de crescimento económico no sentido de iniciativas sistémicas de inovação no plano regional. Mateus A. (2005, pp.86-87)

Verifica-se que os decisores políticos regionais têm exercido um papel activo na

delineação de políticas apoiantes à actividade económica regional. Neste sentido, julgamos ser

justo realçar o investimento do governo regional da RAM, na criação e melhoria das

condições estruturais para o desenvolvimento das actividades empresariais, particularmente

através da criação de infra-estruturas de apoio, além disso, foram desenvolvidos programas de

apoio à formação e ao desenvolvimento das capacidades do factor trabalho. No entanto, todos

os esforços, são apenas minimizadores de fraquezas, face à perpetuação dos condicionalismos

da economia regional ilhéu. O factor “ilha” continuará a condicionar as performances da

economia regional, assim, apesar dos apoios continuados dos decisores regionais às

actividades empresariais, estes poderão tornar-se num problema de difícil resolução, tendo em

conta a actual diminuição da quantidade de transferências financeiras.

Sumariamente, o papel intervencionista do estado na economia regional, garantiu,

durante o período pós-adesão até á actualidade, um percurso de convergência da economia

regional face a outras economias com estruturas semelhantes, mas com melhores níveis de

desenvolvimento. Para esta convergência, contribuiu de forma exuberante, os apoios obtidos

através de múltiplas candidaturas a programas da CE, criados objectivamente para gerar

coesão territorial e melhorar as condições de vida padrão dos países membros no seu todo.

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Corroborando com estes princípios nobres, Neves (2004, p.162) afirma que a “integração no

espaço económico europeu pós-1986 criou condições, pelo acesso aos diferentes mecanismos

de financiamento e pelas oportunidades económicas abertas, para suster o esgotamento do

modelo e desenvolvimento regional do passado”. Porém, actualmente coloca-se a questão

sobre se os apoios foram destinados a actividades com melhor retorno, ou se, por outro lado,

os critérios de atribuição de subsídios ao desenvolvimento empresarial foram parcialmente

subaproveitados, em actividade de baixo retorno e baseadas em «lobbys» políticos.

3.4. A importância das transferências financeiras para a RAM

A importância que as transferências assumem nas pequenas economias periféricas, com

condicionantes ao desenvolvimento satisfatório das economias, de forma a proporcionar a

elevação dos níveis de vida das populações destas regiões, é actualmente tema de importante

debate no seio dos decisores políticos europeus. A questão fundamental que coloca-se, é se

estas pequenas e frágeis economias são capazes de criar modelos dinâmicos que promovam o

crescimento e desenvolvimento destas regiões, abandonando a ideia crónica da dependência

de ajudas através de transferências financeiras contínuas que se devem prolongar no tempo.

Sabemos que durante o período de pós-adesão de Portugal à CE, as transferências

financeiras passaram a ocupar um plano de destaque na agenda política dos actores

empresariais do país e das regiões mais desfavorecidas, onde incluímos a RAM. As regiões

com maiores condicionalismos, encontraram nos quadros de apoio disponibilizados pela

Comunidade até à data, uma forma de acesso imediato a verbas significativas de

financiamento á sua actividade empresarial. Tal como afirma Almeida (2007, p.79) a “maioria

das regiões, prosseguem uma agenda «neo-keynesiana», baseada na luta por garantir a

quantidade máxima de transferências financeiras” para que estas possam ter um papel

intervencionista na economia regional.

O objectivo dos decisores regionais regeu-se, até à actualidade, fundamentalmente, na

maximização das transferências financeiras, obtidas a nível nacional e nas instâncias

europeias, este tipo de comportamento, auxiliou a manutenção de padrões de crescimento

positivos, no entanto Almeida (2005, p.85) duvida sobre se estas ajudas levaram a um

processo de convergência, afirmando que este “fluxo contínuo de transferências financeiras

apenas foi capaz de parar o processo de divergência”.

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60

O paradigma actual prende-se com o que poderá suceder no processo evolutivo da

economia com a anunciada redução das transferências financeiras, destinadas às regiões

ultraperiféricas. Com efeito, Faina e Rodrigues (2004, como citado em Almeida, 2007, p.16)

prevêem que “a redução contínua das transferências financeiras levará, com certeza, ao fim

do processo de «catching-up» e continuação da divergência”. Esta redução alerta as regiões

para a adopção de modelos de desenvolvimento sustentáveis, baseados em ópticas de

dinamização orientada para actividades rentáveis e auto-sustentáveis.

Apesar de actualmente, as políticas centrarem-se na auto-sustentabilidade das regiões

mais desfavorecidas, onde incluem-se as regiões ultraperiféricas, os modelos introduzidos

durante duas décadas de pós-adesão à CE, criaram dependência económica face às constantes

e continuadas ajudas financeiras. Com a actual orientação política para as reduções das ajudas

comunitárias, o que prognostica é que suceda o início de um longo e difícil processo de

divergência, face às economias mais prósperas e centrais da Comunidade. Por conseguinte, e

citando Mira (2011, p.41) “a futura política de coesão deveria continuar a compensar os

condicionalismos permanentes das RUP, mas também contribuir mais para a modernização e

diversificação das suas economias”.

O gráfico seguinte demonstra a evolução das transferências da CE para a RAM durante

o período em análise, observa-se uma tendência para a redução (apesar de uma ligeira

recuperação verificada em 2008):

Ilustração 7 – Transferências da CE, 1988 – 2008; Fonte: IDR

O gráfico anterior revela uma tendência crescente dos níveis de transferências

financeiras da CE para a RAM no período de 1988 até 2002, com excepção para o ano de

1999. Verifica-se que os crescentes níveis de apoios comunitários são evidentes nos primeiros

0,00 2.000.000.000,00 4.000.000.000,00 6.000.000.000,00 8.000.000.000,00

10.000.000.000,00 12.000.000.000,00 14.000.000.000,00 16.000.000.000,00 18.000.000.000,00

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

Transferências da CE

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61

16 anos da pós-adesão. O período 2002 a 2008 é demonstrativo da tendência para a redução

das ajudas financeiras canalizadas. Esta tendência faz todo o sentido, e está de acordo com o

paradigma actual dos decisores políticos europeus, que após a canalização de avultadas verbas

de apoio para estas regiões desfavorecidas, esperam que estas criem condições favoráveis ao

desenvolvimento das suas economias.

Assim, através da observação da evolução quantitativa do nível de transferências

financeiras, verifica-se que o contexto actual pauta-se pela redução do nível das transferências

para as regiões mais desfavorecidas, como é o caso da RAM, ignorando a perpetuação dos

condicionalismos. Estas regiões terão certamente que enfrentar sérios problemas,

essencialmente aquelas regiões que aplicaram modelos de desenvolvimento, centrados na

manutenção dos níveis de apoios financeiros. No caso específico da RAM, o modelo

implementado depende significativamente da continuação dos quadros de ajuda externa, seja

de âmbito nacional ou da Comunidade Europeia.

Se as ajudas financeiras concedidas pela Comunidade Europeia forem reduzidas

drasticamente, e num pior cenário eliminadas, o resultado imediato será o abrandamento ou a

estagnação económica e o fim de um longo processo de convergência iniciado com a pós-

adesão, suportado por programas de apoio desencadeados até à actualidade. Paralelamente à

redução das ajudas comunitárias, as transferências do estado para a RAM têm vindo a

diminuir, como podemos observar no gráfico seguinte:

Ilustração 8 – Transferências do Estado para a RAM; Fonte: DGO

A redução das transferências financeiras da CE e do Estado Português, são dois factores

que conjuntamente colocam à economia regional sérios problemas de liquidez, que irão

demonstrar a viabilidade do modelo de desenvolvimento em curso até à data, ou não. No

0,00

5.000.000.000,00

10.000.000.000,00

15.000.000.000,00

20.000.000.000,00

25.000.000.000,00

30.000.000.000,00

35.000.000.000,00

40.000.000.000,00

1988

19

90

1992

19

94

1996

19

98

2000

20

02

2004

20

06

2008

Transferências do Estado

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62

contexto financeiro actual, é previsível o aumento das disparidades da RAM em relação às

regiões centrais. Assim, apesar da presente dotação da economia regional de maiores

capacidades a nível infra-estrutural, os condicionalismos das ilhas perpetuam-se no tempo,

exercendo a sua força restritiva no quotidiano dos agentes económicos regionais.

Os condicionalismos restringem os modelos de desenvolvimento empresarial porque:

aumentam os custos produtivos em todas as suas fases; restringem o sucesso da

internacionalização face as acessibilidades e aos levados custos de transportes; a reduzida

dimensão impede grandes projectos empresariais virados para o consumo interno. As

combinações destes factores restritivos, colocam grandes desafios ao meio empresarial

regional, que têm desenvolvido grande parte da sua actividade em ligação com os programas

de apoio governamentais. Os modelos sustentáveis parecem utópicos (apesar de existirem

casos de sucesso em outras regiões com características semelhantes) e a coesão territorial é

uma miragem. Neste mesmo ponto de vista, Almeida (2007) prevê uma provável perpetuação

do desequilíbrio centro periferia em termos de PIB per capita, perspectivando estagnação do

crescimento se a assistência financeira às regiões periféricas for retirada.

Em suma, o arquétipo actual tende para que as regiões ultraperiféricas e desfavorecidas,

assumam a sua auto-sustentabilidade (após o desenvolvimento de quadros de apoio ao longo

dos últimos anos) através de mecanismos inovadores e diversificados. Na RAM verifica-se

que os apoios desde a pós-adesão foram canalizados maioritariamente para a dotação de

melhores condições infra-estruturais, que eram indispensáveis para o início do processo de

convergência económica e social entre as regiões. Assim face a esta política de dotação

infraestrutural, e apesar da dinâmica apresentada pela economia regional nas duas décadas em

estudo, os resultados vigorosos estão directa e indirectamente ligados a empresas do ramo da

construção que desenvolveram a sua actividade em volta das obras públicas. Adicionalmente

desenvolveram-se algumas empresas industriais e de serviços associados à actividade

construtiva. Também o contexto internacional favorável, permitiu a obtenção de resultados

animadores na actividade turística e comercial.

Desta forma, o modelo de desenvolvimento adoptado, apresenta um nível elevado de

dependência dos apoios externos, pois actividades como a construção tendem a estagnar com

a redução de verbas disponíveis para investimentos públicos. Pode-se afirmar convictamente

que o pleno processo de convergência está em causa, com a redução drástica das

transferências financeiras.

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63

3.5. A importância da criação de infra-estruturas na RAM

Como referido anteriormente, uma quantidade muito significativa de apoios

comunitários para a RAM obtidos após a adesão de Portugal à CE, foi direccionada para a

dotação de infra-estruturas diversas. A RAM encontrava-se por alturas da adesão com uma

insuficiência de infra-estruturas em todos os níveis, neste aspecto os decisores políticos

regionais após duas décadas de adesão, dotaram a região de infra-estruturas diversas,

condições fundamentais para o início de um processo de convergência face a regiões mais

desenvolvidas.

Os investimentos em infra-estruturas são, e apesar do seu elevado custo económico,

importantes instrumentos de políticas públicas, sendo habitualmente utilizados para reduzir as

disparidades regionais, gerar desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida das populações.

Para a criação de desenvolvimento sustentável, as infra-estruturas de qualidade são

indispensáveis, porque facilitam a acção dos agentes económicos e contribuem para a

preservação do ambiente. A importância da construção de infra-estruturas é fundamental para

o iniciar de um processo de convergência, e citando directamente Almeida (2007, p.88)

auxilia na “criação de empregos no sector público, ao abrigo das oscilações do mercado e da

concorrência, tal como no resgate das empresas em dificuldades.

Neste aspecto particular, o investimento regional em infra-estruturas contribuiu

significativamente para a criação de condições iniciais necessárias e favoráveis à prossecução

dos objectivos de crescimento e desenvolvimento. O apoio governamental à criação de infra-

estruturas permitiu reduzir os custos dos bens e serviços para as populações, tornando o

acesso mais rápido e cómodo das populações. Além disso, a construção de infra-estruturas

destinadas à melhoria de acessibilidades, reforçou a aptidão da região para a participação na

actividade comercial. Estas dotações infra-estruturais, permitiram igualmente a criação de

novos postos de trabalho, devido à maior facilidade de deslocação das populações no mercado

regional. Um dos aspectos fundamentais foi a criação de infra-estruturas de transportes

marítimos e aéreos, obras que assumem um papel fulcral na economia regional. O gráfico

seguinte apresenta a evolução dos edifícios concluídos pelas câmaras municipais de 1994-

2008, demonstrativos da forte aposta dos decisores regionais na criação de melhores

condições infra-estruturais:

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64

Ilustração 9 – Edifícios concluídos pelas Câmaras Municipais da RAM, por unidade; Fonte: DRE

O investimento em infra-estruturas constitui-se como uma prioridade para os decisores

políticos regionais ao longo do período pós 25 de Abril, e com maior intensidade na pós -

adesão à CE, devido ao acesso a fundos destinados à coesão territorial dos países membros,

facto que contribuiu decisivamente para que as regiões mais desfavorecidas tivessem acesso a

verbas destinadas a apoiar a construção de infra-estruturas básicas. Esta posição dos decisores

políticos de dar prioridade para a dotação destas regiões desfavorecidas de condições infra-

estruturais básicas foi fundamental, e citando directamente Almeida (2007, p.90) constitui-se

como a “resposta credível aos níveis incrivelmente baixos de acesso aos serviços públicos

básicos de resultaram da situação neo-colonial da ilha”. Este ênfase da aposta estatal em

construção de infra-estruturas caracteriza o modelo de desenvolvimento adoptado nos últimos

anos, o que se confirma na aposta do programa POPRAM de 2000-2006 (2000, p.87) que

menciona que os apoios comunitários “permitiram a criação de infra-estruturas de apoio e de

aplicação de medidas de diversificação e fortalecimento da actividade produtiva, que tem

contribuído para sustentar um processo que indicia sinais de mudança no perfil económico

regional e na dinâmica empresarial”.

A sustentação de políticas com foco em infra-estruturas, surge face à deficiente dotação

da economia regional de condições estruturais mínimas de suporte ao desenvolvimento

económico. A RAM evoluiu significativamente neste aspecto, especificamente com a criação

de infra-estruturas destinadas a apoiar o desenvolvimento económico e social da sociedade

madeirense, ponto essencial, pois como afirma Almeida (2007, p.90) as “infra-estruturas

sociais e de transporte, são requisitos básicos para o desenvolvimento económico e social em

qualquer contexto”. Inequivocamente, a criação de infra-estruturas de transporte e

500

1 000

1 500

2 000

2 500

1994

19

95

1996

19

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1998

19

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2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Edifícios Concluídos

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65

comunicação tornaram-se prioridades do Governo Regional, devido às características de

relevo e insularidade regionais, face às descontinuidades territoriais as edificações assumem

papel predominante na actividade empresarial. Em corroboração, cito Vieira e Freitas (2008,

p.175) que identifica as infra-estruturas de transporte e comunicação como um “sector chave,

porque: pautam a circulação de pessoas e bens; são um veículo de acesso das populações a

tudo quanto necessitam e constituem-se como uma alavanca preciosa e fundamental do

funcionamento da economia”. Neste ponto, destaca-se a construção do Aeroporto

Internacional do Funchal e a melhoria das acessibilidades viárias. A aposta na melhoria das

ligações aéreas com o exterior foi um aspecto fundamental para o desenvolvimento regional,

essencialmente da actividade turística, assim, a ampliação do Aeroporto Internacional do

Funchal constitui-se como um investimento avultado, mas de retorno evidente.

No que respeita à melhoria da dotação de infra-estruturas de apoio aos meios de

transporte marítimos, assume-me que o factor «ilha» é por si só elucidativo da relevância que

a melhoria de condições assume no desenvolvimento da actividade comercial e industrial da

RAM. Apesar das melhorias evidenciadas a nível de infra-estruturas de apoio ao tráfego e

descarga marítima, identifica-se a lacuna que constitui a não construção de um Porto

Internacional do Funchal, com capacidades alargadas de recepção/expedição de cargas e

passageiros em grande escala. A construção de um Porto Internacional do Funchal teria

dinamizado positivamente as actividades comerciais e industriais, com retornos para a

economia regional significativos.

Em suma, a política regional baseou-se maioritariamente na criação de infra-estruturas,

orientação considerada por Rodriguez-Pose (2001, como citado Almeida, 2007, p.362) como

uma “estratégia política de baixo risco para os decisores regionais”. No entanto, cito Ferreira

(1998, p.19), que num estudo sobre o papel das infra-estruturas no desenvolvimento de Cabo

Verde, as identifica como “fundamentais para estimular o crescimento, mas que isoladamente

não trazem desenvolvimento”. Na RAM, a opção por políticas assentes na criação de infra-

estruturas privilegiou um sector da economia, a construção, em detrimento de outros sectores

de actividade. Esta canalização de meios financeiros para a construção, centrou o

funcionamento economia regional internamente nesta área, aumentando os níveis

competitivos nesta área, em detrimento de outras áreas passíveis de obtenção de maiores

níveis de competitividade e empreendorismo. Caso não sucedesse esta aposta centrada na

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construção e dotação infra-estrutural, o mercado local poderia ter-se-ia desenvolvido de uma

forma mais uniforme.

A nível político muito se tem discutido a questão de uma estratégia económica centrada

no «betão», com a oposição a centrar as suas críticas ao modelo de desenvolvimento adoptado

pelo governo. Consideramos a construção de condições infra-estruturais como indispensáveis

para: iniciar o processo de desenvolvimento e convergência no sentido amplo; reduzir as

disparidades regionais; criar condições mínimas necessárias para melhorar o nível de vida

global das populações. Porém esta necessidade primordial obriga a opções paralelas de

dinamização ao tecido empresarial, que permitam às populações usufruir de crescimento e

desenvolvimento económico, de forma a obter-se o aproveitamento das condições criadas

pelas infra-estruturas, seja no plano económico ou social.

3.6. As potencialidades e os problemas específicos da actividade empresarial na

RAM

De facto, as empresas de pequena e média dimensão são predominantes na RAM, o que

constitui-se como uma importante característica para compreender as particularidades do

funcionamento da economia regional e do espírito empresarial associado. A predominância de

PME´s, marcadamente de cariz familiar, que Martin e Halstead (2004, como citado em

Almeida, 2007, p.208) e Gils et All (2004 como citado em Almeida, 2007, p.208) afirmam

que colocam os objectivos familiares em detrimento dos objectivos voltados para a inovação e

para o crescimento. Desta forma, a atitude empresarial baseada na inovação e no crescimento,

pressupõe maiores riscos, cujos empreendedores de empresas de cariz familiar e de menor

dimensão são naturalmente adversos.

Nos mercados regionais, onde predominam as empresas familiares, o nível

concorrencial entre as empresas é intenso. Estas empresas com estruturas de gestão frágeis,

definem como objectivos primordiais a manutenção no mercado, e a respectiva manutenção

dos rendimentos. No caso particular da RAM, Rodrigues (2007, p.145) adjectiva a estrutura

empresarial como “vocacionada, fundamentalmente, para a manutenção do conforto e do

equilíbrio económico dos seus actores, fundamentalmente, através da satisfação das

necessidades socioeconómicas imediatas, como é o caso da criação e da manutenção dos

empregos”. Estes objectivos pouco ambiciosos dominam, em detrimento de políticas

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inovadoras e arrojadas, com possibilidade de retornos mais elevados, apesar dos maiores risco

associados, razão pela qual não tornam-se exequíveis para pequenas organizações, com

orçamentos de gestão restritos. Desta forma, os níveis de produtividade e de competitividade

atingidos nas organizações com maior dimensão, não são possíveis nas PME´s. Estas

características da estrutura empresarial regional, indicam a incapacidade da economia da

RAM, face à sua estrutura, de apresentar elevados níveis de inovação, produtividade e

competitividade.

Para além destas características inibidoras de grandes resultados empresariais no que

concerne à inovação e produtividade, as limitações do mercado regional não incitam a

obtenção de resultados positivamente inesperados, pois tal como afirma Almeida (2007, p.91)

o “reduzido potencial de mercado limita o número de empresas que possam surgir num

determinado nicho, e consequentemente, o grau de rivalidade entre elas”, e além disso

Almeida (2007, p.91) “o grande número de monopólios e de oligopólios limita a viabilidade

das estratégias de crescimento agressivas e as pressões competitivas são abaixo da média”.

Efectivamente, na observação da actividade empresarial da RAM, verifica-se que

existem áreas de intervenção que não fomentam a existência de modelos de concorrência

perfeita, o que acontece em determinados nichos: ou por não justificarem o investimento

inicial avultado, e os retornos serem demasiado longos e morosos; ou simplesmente por estes

serem dominados por empresas com estruturas demasiado sólidas para que outras empresas

consigam fazer-lhes concorrência eficaz. Neste sentido, cito Rodrigues (2010, p.19) que

caracteriza que em determinadas áreas de actividade regional, ela “decorre de múltiplos nós

sociais, que os indivíduos constroem, mantêm ou destroem por intermédio de inúmeras

relações que conseguem (ou não) estabelecer”, aspecto que não favorece o desenvolvimento

de actividades inovadoras, competitivas e a auto-sustentáveis.

Apesar das problemáticas associadas ao sucesso da actividade empresarial na RAM, a

competitividade depende do espírito empresarial dos agentes económicos, e da forma como

este é aproveitado e potenciado. Para o desenvolvimento de um espírito empresarial criativo e

inovador nos mercados regionais, requer a existência de condições favoráveis à criação e ao

desenvolvimento de empresas em novas áreas de negócio, que privilegiam o conhecimento, e

apostem nas potencialidades do capital humano e na formação contínua. Para que a região

usufrua dos benefícios provenientes de uma classe empresarial direccionada para a

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intervenção criativa e inovadora, é prioritário a definição de políticas direccionadas para o

investimento no conhecimento, em áreas com expansão e potencial de futuro.

O aproveitamento do espírito empresarial é factor essencial ao desenvolvimento

sustentado, e citando excerto do EEE (2003, p.8) ele “pode contribuir para reforçar a coesão

económica e social de regiões cujo desenvolvimento sofre de algum atraso, para estimular a

actividade económica e a criação de emprego ou para integrar os desempregados ou os

desfavorecidos no meio laboral”.

Assim, para o crescimento económico das regiões, contribuirá de forma considerável, a

aprendizagem empresarial adquirida, o que obtém-se pela experiência e contacto com outras

realidades de mercado, e com distintas funcionalidades organizacionais. Desta forma, a

actividade empresarial, é influenciada pela aprendizagem empresarial, sendo descrita por

Carneiro (2001, p.14) como a “forma como as empresas antecipam, interpretam, incorporam e

influenciam as mudanças institucionais, culturais, tecnológicas e económicas com que se

confrontam”.

No caso particular da RAM, e face às características da sua economia, assume particular

relevo a aprendizagem empresarial, e cito o EEE (2003, p.7) que aponta esta aprendizagem

como “importante para as empresas de todos os sectores, tecnológicos ou tradicionais, para

pequenas ou grandes empresas e para diferentes tipos de propriedade, tais como empresas

familiares, empresas cotadas na bolsa e empresas de economia social”, adicionalmente

Carneiro (2001, p.14) foca que a “aprendizagem empresarial faz-se através de dinâmicas de

produção, difusão e adopção de novos conhecimentos, o que exige da parte das empresas o

desenvolvimento endógeno de uma capacidade para aprender”, características que são fulcrais

para o aproveitamento dos escassos recursos e das condicionantes económicas regionais.

Deste modo, face ao padrão de exigência empresarial actual, os empresários regionais

enfrentam um ambiente caracterizado pela exigente adaptação às mudanças, o que constitui-se

como um paradigma adverso face às características históricas da RAM. Neste aspecto, coloca-

se a questão se os empresários regionais tem respondido positivamente às complexas

exigências da economia actual, e se as mudanças introduzidas na economia tem sido no ritmo

satisfatório. Consequentemente, o desempenho empresarial regional actual, depende da forma

como as organizações empresariais, têm sido capazes de responder às múltiplas mudanças do

ambiente económico, as quais descrevo: o avanço das tecnologias de informação e

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comunicação (TIC´s); a redução das barreiras tarifárias e não tarifárias para investimentos

estrangeiros directos; as trocas de bens e serviços com maior flutuação dos câmbios e maior

desregulamentação dos mercados financeiros; os fluxos de capital e internacional e as

transferências de tecnologias; a desregulamentação dos mercados de produtos em muitos

países; a remoção de barreiras comerciais entre países com a formação de blocos económicos;

o aumento de concorrência entre as empresas; e a mudança no comportamento e elevação do

padrão de exigência dos consumidores.

Apesar da elevação dos desafios e das exigências para outros patamares, a economia

regional deverá obter benefícios da abertura das organizações regionais a outros mercados, a

técnicas inovadoras e a outros padrões de competitividade empresarial. A necessidade de

mudar mentalidades e de tornar as organizações mais competitivas não é porém um processo

fácil e rápido, principalmente em pequenas regiões, nas quais a adopção de técnicas

inovadoras é mais difícil e alvo de alguma resistência. No entanto, a constante necessidade de

auto-avaliação dos desempenhos empresariais face a uma concorrência mais incisiva,

pressiona a que os objectivos empresariais sejam cumpridos, o que tem como consequência a

obtenção de melhores performances a nível das empresas e da economia no seu todo.

O contexto económico é actualmente complexo e mais exigente, esta realidade coloca

dificuldades adicionais a regiões com pouca capacidade competitiva. Podemos verificar que o

sucesso dos modelos actuais empresariais para regiões com características semelhantes à

RAM depende de uma planificação eficiente, pois citando excerto do EEE (2003, p.5), o

sistema económico actual “aumentou a pressão competitiva nas empresas do sector

transformador instaladas em locais de custo elevado, o que conduziu ao desvio da produção

para países de custos baixos”. Em consequência, a economia regional têm procurado adaptar-

se às mudanças do contexto económico global, sendo observável que o tecido empresarial da

RAM tem alterado de forma substancial as suas características. Mantêm-se, no entanto,

intactas algumas características típicas de economias fragilizadas, e cito Couto e Ponte (2009)

que diferencia as actividades das áreas mais desenvolvidas das menos desenvolvidas, onde se

incluem as ilhas, nas quais

as áreas de actividade a explorar são necessariamente diferentes, sendo que em países menos desenvolvidos, devido às suas carências, há mais micro empreendedores a enveredar pelas actividades primárias, de produção de bens, nomeadamente alimentares, ao contrário do que sucede em países com maior índice de desenvolvimento, onde é praticamente

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impossível rivalizar com as economias de escala adoptadas pelas maiores empresas, o que empurra os empreendedores para o sector dos serviços. (Couto e Ponte, 2009, p.5)

Assim, face às profundas alterações da realidade económica para as pequenas regiões

menos desenvolvidas, as empresas regionais procuram responder à necessidade emergente de

modificar as formas de actuação. Estas modificações são identificadas por Vieira e Freitas

(2008, p.124) na estrutura do tecido empresarial regional, verificando que “os grupos

económicos regionais de hoje são obviamente mais numerosos, diversificados e heterogéneos,

[...], sendo que a economia regional é cada vez mais turismo e se encontra numa fase crítica

de transição e de adaptação à mudança”.

A nível sectorial, verifica-se que economia regional tende para a terciarização, o que

surge em resultado das alterações dos modelos de desenvolvimento das pequenas economias

descentralizadas, especialmente devido às características naturais ímpares que lhes permitem

explorar actividades de alto retorno, como é o caso do turismo. No entanto, as estratégias

diferenciadas reúnem maiores casos de sucesso nas pequenas regiões com constrangimentos

semelhantes aos da RAM, sendo o mix de estratégias a solução mais viável, considerando que

uma estratégia económica centrada numa única actividade, dificilmente terá o retorno

suficiente para estimular toda a capacidade produtiva das pequenas região e criar um modelo

de auto-sustentabilidade. O mix estratégico implica o incentivo ao desenvolvimento

empresarial do global das actividades empresariais, não somente nas actividades terciárias,

como nas comerciais e primárias. Em resumo, os agentes empresariais, devem diversificar

estratégias independentemente do sector onde laboram, procurando, apesar das restrições,

especializar-se, como forma de responder às necessidades internas do mercado, e em alguns

casos (menos frequentes) externas. Apesar disso, na produção das pequenas regiões (onde

incluímos as ilhas, e particularmente a RAM) existem determinados produtos que não são

possíveis de ser produzidos internamente, porque

nenhuma região, particularmente nenhuma pequena região, produzirá tudo quanto necessitam os seus habitantes: daí o ter de recorrer a importações; nenhuma região produzirá apenas as quantidades de bens e serviços necessários à sua população: dai as suas exportações. Em termos de balança económica regional pode-se defender-se que cada região precise de exportar para assim fazer face á necessidade de importar e, portanto, ao pagamento das importações. (Lopes, 1995, p.104)

As pequenas regiões têm maioritariamente dificuldade em produzir bens e serviços em

quantidades que suportem os custos das suas importações. Este facto obriga à criação

mecanismos de mercado que permitam combater os desequilíbrios económicos naturais.

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Assim, numa pequena economia o processo de crescimento e desenvolvimento económico

deve direccionar-se para a produção de bens e serviços destinados à exportação. No caso da

RAM, observa-se que as importações superam as exportações, pelo que a balança comercial

apresenta-se deficitária, este fenómeno foi mais gravoso nos períodos em que usufruiu de

injecção de capital adicional através das ajudas externas, o que estimulou o recurso a grandes

níveis de importação, associado ao «boom» económico e social que esta liquidez gerou.

No entanto, apesar do «deficit» contínuo da balança comercial, esta nos últimos anos do

período em análise apresenta uma diminuição do deficit comercial, associado a um aumento

gradual da taxa de cobertura das exportações face às importações. Verifica-se um ritmo lento

de crescimento das exportações, mas acompanhado por uma tendência de estagnação das

importações após o «boom» registado entre 1988 e 1992.

A tabela e gráfico seguinte apresentam a evolução das exportações, importações, saldo

da balança comercial e taxa de cobertura das exportações:

Anos Exportações Importações Saldo-Balança Tx Cobertura (%) 1988 32.041.606 297.666.684 -265.625.078 10,76 1989 33.087.495 338.614.270 -305.526.775 9,77 1990 34.560.390 408.373.116 -373.812.726 8,46 1991 36.349.052 455.003.142 -418.654.090 7,99 1992 33.779.563 519.754.811 -485.975.248 6,50 1993 25.233.931 63.885.521 -38.651.590 39,50 1994 17.152.253 64.931.380 -47.779.127 26,42 1995 15.639.529 76.655.859 -61.016.331 20,40 1996 23.102.787 102.660.019 -79.557.232 22,50 1997 23.671.008 76.426.058 -52.755.050 30,97 1998 16.037.889 108.671.342 -92.633.453 14,76 1999 14.764.907 101.837.611 -87.072.705 14,50 2000 15.440.738 122.316.866 -106.876.129 12,62 2001 19.836.352 106.688.422 -86.852.070 18,59 2002 26.515.484 138.446.394 -111.930.910 19,15 2003 28.300.000 163.738.000 -135.438.000 17,28 2004 25.803.000 209.869.000 -184.066.000 12,29 2005 32.023.102 147.505.649 -115.482.547 21,71 2006 41.720.746 147.450.993 -105.730.247 28,29 2007 44.634.461 138.494.006 -93.859.545 32,23 2008 70.718.184 153.568.455 -82.850.271 46,05

Tabela 3 – Evolução Balança Comercial, 1988 – 2008, Fonte: DRE

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Ilustração 10 – Evolução Balança Comercial, 1988 – 2008 Fonte: DRE

3.7. As características do modelo económico da RAM

Apesar do modelo económico regional caracterizar-se pela forte terciarização, numa

clara aposta na actividade turística, e apesar de este sector ter maior representatividade, a

diversificação de estratégias têm sido o caminho seguido, pelo que, e cito Almeida (2007,

p.92) o “modelo de desenvolvimento adoptado pela RAM pode-se designar-se por um mix

integrado de modelos de desenvolvimento regionais viáveis”.

De facto, as estratégias baseadas exclusivamente na aposta da dinamização de um sector

de actividade, dificultam a obtenção de resultados consistentes e duradouros, especialmente

em regiões cujos condicionalismos imperam. Neste sentido, os resultados económicos obtidos

pelas pequenas regiões, onde se incluem as ilhas periféricas, demonstram que estas economias

dependem de modelos que explorem todas as potencialidades naturais e humanas. Neste

sentido, o estudo da Organização para o Investimento e Desenvolvimento da Região

Autónoma da Madeira [OID RAM] (1988, p.17) defende que “ o desenvolvimento económico

da RAM fez-se segundo um modelo agro-turístico que constitui uma melhor adaptação

espontânea às especificidades da Ilha e ao aproveitamento das suas potencialidades, naturais e

construídas pelo homem”.

A discussão em torno dos modelos económicos a adoptar pelas pequenas regiões, torna-

se num aspecto de base para o auxílio na decisão das políticas regionais a seguir, como afirma

-600.000.000

-400.000.000

-200.000.000

0

200.000.000

400.000.000

600.000.000

Saldo-Balance

Importações

Exportações

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Almeida (2007) os modelos de desenvolvimento regionais aparentemente reconhecidos como

viáveis são; o modelo baseado no mercado; o modelo de aluguer e o modelo não ortodoxo.

Estes modelos são utilizados em simultâneo por regiões com características semelhantes à

RAM, sendo que uns modelos predominam face aos outros. No caso da RAM, devido às

características penalizadoras do mercado, o modelo de aluguer e os modelos de solução não

ortodoxos (onde inclui-se actividades como centros de Offshore) são os que predominam em

detrimento dos modelos de mercado.

Assim, verifica-se que as características do modelo introduzido na RAM, assentam

numa modelação estilo «economia mista», que define-se como uma estratégia económica de

combinação de dois ou mais modelos económicos distintos. Estes modelos são usuais em

regiões com características semelhantes à RAM, pelo que a utilização de estratégias

diversificadas é consensual, tendo em conta os múltiplos condicionalismos da economia

destas regiões. Apesar disso, dificilmente as regiões desfavorecidas obterão níveis regulares e

constantes de crescimento, como acontece em outras regiões mais privilegiadas. Neste mesmo

ponto de vista, Lopes (1995) afirma com base em Richardson (1969,1973) a dificuldade da

focalização num modelo que nos conduza a um crescimento regular e contínuo, apesar de

desejável, visto que

as condições estáveis de crescimento regular (steady state growth) e equilibrado no sistema e em cada uma das regiões hão-de ser extremamente difíceis de alcançar, já que sempre se tornaria necessário que os instrumentos de política actuassem de forma a igualarem de início as situações de desequilíbrio e a fazerem depois que as regiões crescessem ao mesmo ritmo. (Lopes, 1995, p.123)

Apesar da dificuldade de obtenção de padrões de crescimento estáveis para as regiões

mais desfavorecidas, onde incluem-se as ilhas, as regiões procuram identificar e adoptar

modelos que correspondam da melhor forma às necessidades específicas regionais, numa

procura de maximização das suas potencialidades e minimização das incapacidades. Assim,

da observação da evolução económica das regiões, se a esta mantêm-se positivamente estável

durante um determinado período de tempo, com respostas desejáveis às alterações do

mercado, os decisores políticos pode aferir se o modelo está a corresponder às necessidades.

No entanto, o dinamismo do mercado, obriga à observação atenta das evoluções, devendo os

decisores alterar estratégias de forma a antecipar a estagnação e declínio do modelo.

Além do papel dos decisores políticos na procura de maximização das potencialidades

do mercado, também as empresas contribuem decisivamente com as estratégias de

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desenvolvimento empresarial que adoptem, fundamentais para manter um padrão de

desenvolvimento equilibrado do tecido empresarial das regiões. Neste aspecto, o estudo da

permanência das empresas no mercado permite verificar a capacidade de adaptação das

empresas ao tecido empresarial, em contextos caracterizados por sucessivas mudanças nas

realidades empresariais e de mercado. A manutenção das empresas no activo, relaciona-se

directamente com o sucesso das estratégias, pois em concordância com Carneiro (2001, p.29),

que cito “todas as empresas competitivas aprendem em permanência”.

No caso particular da RAM, registaram-se progressos nas últimas décadas, no que se

refere à modernização e ao nível tecnológico das empresas, esta evolução reflecte-se

directamente na quantidade de bens transaccionáveis exportados pela região. Porém, a

observação do crescimento lento das exportações, permite afirmar que estes progressos

registaram-se num ritmo brando. Os níveis de exportação da indústria regional, indicam uma

incapacidade de fazer crescer a internacionalização económica, com as actividades a

direccionarem a sua actividade para a satisfação das necessidades internas, características que

face aos condicionalismos, urge como algo natural.

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Capítulo II – Desempenho empresarial da RAM

1. Dados das 100 Maiores Empresas - Características da amostra

Para a realização deste estudo quantitativo, foi utilizada uma amostra de conveniência,

contendo dados contabilísticos de 545 empresas que fizeram-se representar na iniciativa anual

100 Maiores Empresas (actualmente 100 Maiores e Melhores Empresas), distribuídas ao

longo dos 21 anos em estudo. A quantidade de empresas e de informação financeira

disponibilizada pelas empresas concorrentes permitiu a constituição de uma base de dados,

que neste capítulo nos propomos a explorar de forma a obter uma leitura dos resultados

obtidos por estas empresas representativas do tecido empresarial regional.

Numa primeira fase, optou-se por analisar a variação anual das empresas concorrentes à

iniciativa 100 Maiores e Melhores Empresas, isto é, nº de participações que cada empresa

individualmente obteve no total de anos da amostra. Esta capacidade das empresas repetirem

as participações na iniciativa anual, têm por objectivo verificar qual das actividades

(comércio, indústria e serviços) apresentou variabilidade menor face às restantes.

Da análise da variabilidade de participação empresarial, verificou-se globalmente que a

participação das empresas oscilou, entre a participação mínima de 1 (representação de uma

determinada empresa em apenas um ano da amostra) e a participação máxima de 21

(participação de uma determinada empresa no total dos anos da amostra).

Neste ponto procura-se observar a quantidade de empresas participantes na iniciativa

100 Maiores e Melhores Empresas e o número de empresas que saem e entram anualmente e

por actividade. Esta apresentação do número de empresas que passaram e deixaram de ter

representatividade na amostra das 100 Maiores e Melhores Empresas, permite inferir sobre a

dinâmica empresarial geral e por actividade. Assim, consideramos que quanto maior for a

entrada de empresas, maior a dinâmica associada à respectiva actividade, uma vez que este

aspecto é revelador do interesse das empresas. Este factor é indicativo do dinamismo de

determinada actividade no mercado global regional, e a disponibilização de recursos de

mercado em actividades específicas.

A tabela seguinte apresenta a dinâmica anual de entrada e saída de empresas na amostra,

por actividade:

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Tabela 4 – Participação empresarial, por actividade, entradas e saídas

Pode-se observar que a actividade comercial apresenta uma média anual de entrada

semelhante à média de saída de empresas na amostra (11 entradas e 11 saídas), isto quando

verificamos a média do período 1988 a 2008. Estes resultados indicam que a actividade

comercial, ao longo do tempo analisado, manteve uma boa dinâmica de entrada e saída de

empresas na iniciativa, factor elucidativo da dinâmica da actividade.

Relativamente à actividade industrial, esta caracteriza-se pela uma menor quantidade de

entrada e saída de empresas concorrentes, com média de 5 empresas que entram anualmente

na amostra e de 6 empresas que saem da amostra. Esta menor dinâmica, deve-se ao nível

elevado de investimento necessário, para que uma empresa industrial consiga fazer parte das

Anos Actividades Comércio Indústria Serviços Anos Actividades Comércio Indústria Serviços1988 Descrição 45 36 29 Entrada 11 3 16

Entrada 1 0 1 Saída 4 5 10Saída 0 0 0 Total 55 25 57Total 46 36 30 Entrada 6 7 12

Entrada 12 11 8 Saída 8 3 12Saída 12 6 8 Total 53 29 57Total 46 41 30 Entrada 11 4 5

Entrada 17 4 11 Saída 13 5 17Saída 10 10 5 Total 51 28 45Total 53 35 36 Entrada 10 7 11

Entrada 17 4 11 Saída 6 4 9Saída 10 10 5 Total 55 31 47Total 53 35 36 Entrada 9 2 17

Entrada 15 6 8 Saída 9 5 10Saída 12 6 7 Total 55 28 54Total 56 35 37 Entrada 9 6 17

Entrada 6 6 25 Saída 10 5 11Saída 7 5 13 Total 54 29 60Total 55 36 49 Entrada 13 5 13

Entrada 7 3 9 Saída 10 9 14Saída 21 12 23 Total 57 25 59Total 41 27 35 Entrada 4 2 16

Entrada 13 6 8 Saída 18 2 13Saída 6 3 6 Total 43 25 62Total 48 30 36 Entrada 31 14 52

Entrada 12 4 10 Saída 15 6 13Saída 6 5 4 Total 59 33 101Total 54 29 42 Entrada 8 5 22

Entrada 5 2 8 Saída 18 13 36Saída 8 8 4 Total 49 25 87Total 51 23 46

Entrada 8 7 14Saída 11 3 9 Entrada 10,7 5,2 14,45Total 48 27 51 Saída 10,7 6,25 11,45

1993

1989

1990

1991

1991

1992

1994

1995

1996

1997

1998

2005

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2008

2007

2006

Média global 1989 a 2008

Média

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100 Maiores Empresas. Além disso, as empresas desta actividade, já presentes na amostra,

estão habitualmente bem posicionadas no mercado, devido às suas estruturas sólidas. Estes

factores num mercado de reduzidas dimensões, restringem a margem de manobra para

potenciais concorrentes, não tornando esta actividade acessível nem atractiva para a

participação de outras empresas.

Por sua vez, os serviços surgem como a actividade cuja entrada e saída de empresas

apresenta um nível mais elevado, em comparação com as restantes actividades. Nesta

actividade regista-se uma média de entradas de 14 novas empresas, enquanto as saídas

atingem em média 11 empresas, por ano. Na actividade terciária a quantidade de empresas

que entram e saem da amostra é substancialmente maior, (quando comparado com o comércio

e a indústria) o que deve-se essencialmente ao menor investimento inicial necessário para a

criação de projectos de sucesso, podendo existir novos concorrentes que conquistem

rapidamente uma quota de mercado considerável e passem a integrar a amostra.

Descrição Taxa de Entrada Taxa de Saída Anos/Sector Comércio Indústria Serviços Comércio Indústria Serviços 1989 31,71% 0,00% 3,45% 14,63% 0,00% 0,00% 1990 26,09% 13,33% 27,78% 12,50% 16,67% 11,11% 1991 36,96% 6,90% 19,05% 14,81% 27,59% 9,52% 1992 28,30% 30,43% 30,43% 21,57% 13,04% 19,57% 1993 10,71% 11,11% 31,37% 8,33% 18,52% 19,61% 1994 12,73% 28,00% 21,05% 14,55% 12,00% 21,05% 1995 31,71% 22,22% 23,53% 14,63% 11,11% 17,65% 1996 25,00% 13,33% 27,78% 12,50% 16,67% 11,11% 1997 9,26% 6,90% 19,05% 14,81% 27,59% 9,52% 1998 15,69% 30,43% 30,43% 21,57% 13,04% 19,57% 1999 22,92% 11,11% 31,37% 8,33% 18,52% 19,61% 2000 10,91% 28,00% 21,05% 14,55% 12,00% 21,05% 2001 20,75% 13,79% 8,77% 24,53% 17,24% 29,82% 2002 19,61% 25,00% 24,44% 11,76% 14,29% 20,00% 2003 16,36% 6,45% 36,17% 16,36% 16,13% 21,28% 2004 16,36% 21,43% 31,48% 18,18% 17,86% 20,37% 2005 24,07% 17,24% 21,67% 18,52% 31,03% 23,33% 2006 7,02% 8,00% 27,12% 31,58% 8,00% 22,03% 2007 72,09% 56,00% 83,87% 34,88% 24,00% 20,97% 2008 13,56% 15,15% 21,78% 30,51% 39,39% 35,64% Média Global 20,18% 14,47% 25,78% 14,81% 16,67% 19,80% Média 88 - 99 22,82% 15,80% 24,12% 14,39% 15,89% 14,39% Média 00 - 08 22,30% 21,23% 30,71% 22,32% 19,99% 23,83%

Tabela 5 – Evolução das taxas de entrada e saídas de empresas, 1989 – 2008

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78

A tabela anterior apresenta as evoluções percentuais de substituição das empresas na

amostra. A observação da tabela permite inferir que (tal como observa-se nos valores

absolutos) as actividades ligadas aos serviços apresentam maior oscilação de empresas que

entram e saem da amostra empresarial, as quais apresentam uma taxa média de entrada de

empresas de 25,78% e uma taxa de saída de 19,80%. Desta forma, a média percentual de

entrada e de saída de empresas na actividade dos serviços é a mais elevada, quando

comparada com as actividades comercial e industrial, que registam médias de entrada de

20,18% e 14,47%, respectivamente. Relativamente às taxas de saída da actividade comercial e

industrial, estas são inferiores à taxa observada na actividade dos serviços, registando taxas

médias de 14,81% e 16,67%, respectivamente.

A tabela permite adicionalmente realizar uma comparação entre dois subperíodos; o

subperíodo de 1988-1999 e o subperíodo 2000-2008. Estes dois subperíodos dividem o

período 1988 – 2008, em dois subperíodos temporais relevantes. O 1º subperíodo

caracterizado por uma maior dinâmica global da economia regional, devido ao contexto da

pós-adesão (associado a superiores transferências de fundos comunitários/ nacionais de apoio

à economia regional) e ao contexto económico mundial caracterizado pelo crescimento

económico e por políticas expansionistas.

Da observação da tabela permite verificar que as taxas de entrada e saída das empresas,

aumentam maioritariamente e significativamente de um período para outro, o que é um

reflexo do contexto económico diferenciado no 1º subperíodo em relação ao 2º subperíodo.

Assim, observa-se que as taxas de entradas de empresas na amostra aumentam na actividade

industrial e serviços, do 1º subperíodo para o 2º subperíodo. Na mesma tendência, as taxas de

saída também aumentam em todas as actividades, verificando-se que a actividade dos serviços

e do comércio são as que, comparativamente ao período anterior, registam maior aumento das

taxas de saídas, revelando-se, neste aspecto, o sector industrial, menos oscilante. Estes

resultados permitem aferir sobre a dinâmica empresarial, por actividade, durante o período em

análise.

A tabela permite igualmente verificar que a actividade ligada aos serviços, em ambos os

subperíodos, apresenta taxas de entrada de empresas na iniciativa superiores às restantes

actividades. Este facto surge como algo natural, tendo em conta que o investimento necessário

para criar uma empresa na área dos serviços com capacidade competitiva, é substancialmente

menor que o investimento necessário para proceder à criação de uma empresa, seja ela do

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79

ramo comercial e especialmente industrial, que obtenham níveis de negócios que permitam a

sua incorporação na iniciativa de referência. Quanto aos resultados verificados nas taxas de

saída, no período 1988-1999, estas apresentam níveis mais equilibrados entre a actividade

comercial, industrial e de serviços. No entanto, no subperíodo 2000-2008, as actividades

ligadas aos serviços voltam a apresentar taxas superiores de saída, comparativamente às

restantes actividades.

Os gráficos seguintes apresentam as oscilações das taxas de entrada e saída das

actividades comercial, industrial e serviços:

Ilustração 11 – Evolução das taxas de entrada de empresas, 1989 – 2008

Ilustração 12 – Evolução das taxas de saída de empresas, 1989 – 2008

Assim, pode-se aferir que a actividade terciária apresenta níveis de taxas de entrada e

de saída de empresas da amostra superiores ao sector secundário, o que é demonstrativo da

maior dinâmica empresarial associada ao sector, partindo-se do princípio que a evolução da

taxa de entrada e saída de novas empresas nas actividades, é factor indicativo do maior

dinamismo associado às mesmas.

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Taxa de Entrada Comércio

Taxa de Entrada Indústria

Taxa de Entrada Serviços

0,00% 5,00%

10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Taxa de Saída Comércio

Taxa de Saída Indústria

Taxa de Saída Serviços

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80

1.1. Representação numérica da amostra

A amostra é composta por um total de 2738 casos, distribuídos pelos anos do período

1988- 2008. O ano 2007 foi o que registou maior número de participação de empresas, com a

participação de 191 empresas (7% do total da amostra). Verificou-se que o ano de 1988 foi

aquele que registou menor número de empresas participantes (3,7% do total da amostra), num

total de 100 empresas concorrentes.

Anos Frequência Percentagem

1988 100 3,7 1989 112 4,1 1990 119 4,3 1991 128 4,7 1992 133 4,9 1993 127 4,6 1994 104 3,8 1995 117 4,3 1996 125 4,6 1997 120 4,4 1998 126 4,6 1999 139 5,1 2000 133 4,9 2001 123 4,5 2002 132 4,8 2003 134 4,9 2004 142 5,2 2005 140 5,1 2006 131 4,8 2007 191 7,0 2008 162 5,9 Total 2738 100,0

Tabela 6 – Tabela de frequências de empresas, 1988 – 2008

Verifica-se pela análise da tabela anterior que existiu uma variação da participação

empresarial entre 100 e 191 empresas concorrentes. Como podemos aferir apenas no ano de

1988 participaram exactamente 100 empresas na iniciativa. Os restantes anos da amostra

registaram a participação de um nº de empresas superior, com as empresas regionais a

demonstrar maior pretensão de integrar a iniciativa 100 Maiores e Melhores Empresas, tendo-

se registado a maior participação de empresas no ano de 2007, no qual foram analisados

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81

dados financeiros de 192 empresas. Quanto à média global de participação empresarial anual,

foi de 130 empresas. Assim, verifica-se uma tendência de crescimento das empresas

admitidas na iniciativa, esta variabilidade de empresas concorrentes motivou no tratamento

dos dados, a utilização de médias.

O gráfico seguinte demonstra que apesar de cíclica, a variação de empresas

concorrentes seguiu uma tendência de crescimento:

Ilustração 13 - Evolução Anual das Empresas Participantes

Actividades Frequência Percentagem

Comércio 1078 39,4 Indústria 633 23,1 Serviços 1027 37,5 Total 2738 100,0

Tabela 7 – Tabela de frequência global (inclui todos os anos da amostra), por actividade

Da análise da presença das empresas no período global, por actividade, verifica-se que a

actividade comercial foi a que teve maior participação, tendo o comércio a representação de

1078 empresas ao longo dos 21 anos em amostra, o que corresponde a 39,4% do global de

empresas concorrentes. Relativamente aos serviços, esta actividade está representada na

amostra por 1027 empresas o que corresponde a 37,5% do total de concorrentes. Esta

representação juntamente com a comercial, representam 77,9% das empresas concorrentes, o

que é sintomático do peso do sector terciário na amostra. Quanto à actividade industrial teve a

representação de 633 empresas, o que corresponde a 23,1% do total de empresas

concorrentes, constituindo-se como a actividade com menos número de empresas

participantes no somatório global de empresas admitidas na iniciativa 100 Maiores e

0 20 40 60 80

100 120 140 160 180 200

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Nº de Empresas participantes

Linear (Nº de Empresas participantes)

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82

Melhores Empresas.Verifica-se, desta forma, que a amostra apresenta características de

participação sectorial, semelhantes à estrutura da economia regional no seu todo, onde

observa-se igualmente uma predominância da actividade comercial e de serviços (sector

terciário) em relação à indústria (sector secundário).

A tabela seguinte apresenta a evolução da participação empresarial, na base da amostra,

por ano, e por actividades:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1988 45 36 29 110 1989 46 36 30 112 1990 46 36 30 112 1991 53 35 36 124 1992 56 35 37 128 1993 55 36 49 140 1994 41 27 35 103 1995 48 30 36 114 1996 54 29 42 125 1997 51 23 46 120 1998 48 27 51 126 1999 55 25 57 137 2000 53 29 57 139 2001 51 28 45 124 2002 55 31 47 133 2003 55 28 54 137 2004 54 29 60 143 2005 57 25 59 141 2006 43 25 62 130 2007 59 33 101 193 2008 49 25 87 161 Média 51 30 50 131

Tabela 8 – Frequências, por actividade, 1988 – 2008

Da análise da tabela anterior que apresenta a frequência das empresas por actividade,

observa-se uma média de participação anual de 51 empresas na actividade comercial. As

actividades ligadas aos serviços apresentam uma média de representação anual de 50

empresas. Quanto à actividade industrial surge como a actividade com menor

representatividade de empresas, em termos absolutos na amostra, com uma média de 30

empresas com representação anual na amostra. Esta menor representatividade da actividade

industrial, acontece na amostra em termos anuais, tal como acontece na média global do

somatório dos anos da amostra.

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83

A observação de uma menor representação da actividade industrial, face à actividade

comercial e de serviços, deve-se a inúmeros factores. Em primeiro plano, referência para o

diferencial de investimento necessário para a criação de empresas competitivas nos diferentes

sectores, além deste factor determinante para os resultados observados, alia-se as

características históricas do tecido empresarial regional, constituído de longa data

maioritariamente por microempresas de cariz familiar. Estas características são fundamentais

para compreender a predominância do sector terciário (comércio e serviços) na RAM, uma

vez que muitas das empresas com posição dominante no mercado regional surgem de laços

familiares, que passam de geração em geração, ou de actividades com tradição na sociedade

regional, algumas das quais adaptam-se ao contexto de mudança, outras mantêm-se devido ao

seu forte posicionamento no mercado, onde existem barreiras para o desenvolvimento de um

mercado de concorrência perfeita.

Ilustração 14 – Frequências, por actividade, 1988 – 2008

A observação do gráfico anterior que apresenta a frequência das empresas, por

actividade, ao longo do período, permite aferir o domínio do sector terciário.

1.1.1. Indicadores de análise financeira contidos na amostra

Neste ponto iremos conhecer a definição, correlacionar e analisar a evolução média dos

indicadores financeiros e rácios contidos na amostra. Para a referida análise iremos verificar a

evolução por actividade e no global dos indicadores, através da observação das taxas de

crescimento e dos índices de base fixa. Adicionaremos ao estudo a comparação dos resultados

diferenciando-os por subperíodos, de forma a determinar os diferenciais de crescimento.

0

20

40

60

80

100

120

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Comércio

Indústria

Serviços

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84

1.1.1.1. Volume de Negócios – Conceito e correlação com PIBRpm

Este indicador tem particular relevância no estudo, porque permite verificar as

oscilações dos volumes financeiros anuais do tecido empresarial, a nível global e por

actividade. A observação dos valores médios do indicador Volume de Negócios permite

auferir sobre o crescimento ou decréscimo da actividade empresarial, através da verificação

dos níveis das transacções de bens e serviços das empresas representadas na amostra. O

indicador Volume de Negócios, segundo Moreira (1998, p.159) corresponde ao “montante das

vendas de bens e serviços (mercadorias ou produção própria) e da prestação de serviços

efectuados pela empresa durante o exercício, líquido dos descontos e abatimentos de que

foram objecto”, o que torna o instrumento financeiro, VN, um excelente indicador para a

observação da dinâmica empresarial de um determinado mercado. Adicionalmente, uma

análise mais pormenorizada deste indicador, empresa por empresa, permite identificar as

empresas, que pela dimensão do seu volume de negócio, podem exercer um peso significativo

no global dos resultados obtidos, e consequentemente no todo da economia regional.

Neste estudo, após o agrupamento os dados relativos ao Volume de Negócios por

actividade ao longo do período, realizamos um estudo de correlação entre o Volume de

Negócios e o PIB Regional a preços de mercado, com o objectivo de verificar a consistência

deste indicador, e estabelecer uma relação entre as conclusões aferidas dos resultados

amostrais para o todo da economia regional. Uma vez que o coeficiente de correlação de

«Pearson» mede a correlação entre duas variáveis x e y, e citando Neves (2002, p.121) é a

“medida da dependência entre duas variáveis x e y sendo uma quantidade adimensional: ρ=

σx,y / (σx . σy ), no qual os valores assumidos por ρ estão no intervalo [ -1,1]”, isto é, como

indicado em (http://pt.wikipedia.org/wiki/Correla%C3%A7%C3%A3o, recuperado em

Setembro 01, 2011) “indicativo da força e a direcção do relacionamento linear entre duas

variáveis aleatórias, no uso estatístico geral”. Assim, a obtenção de correlação igual ou

próxima a 1, permite verificar que os dados estão positivamente correlacionados (existe forte

correlação entre as duas variáveis). Inversamente, a obtenção de correlação igual ou próxima

a -1, implica que os dados estão negativamente correlacionados (existe independência das

duas variáveis).

Para a realização do estudo da Correlação de «Pearson», procedemos à exportação dos

dados do Volume de Negócios da amostra e do PIB Regional para o programa de tratamento

estatístico (SPSS 21.0). Este programa permitiu realizar o estudo de Correlação de «Pearson»

entre a variável PIBRpm e a variável Volume de Negócios (indicador financeiro da amostra),

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85

permitindo obter o nível de correlação da variável PIBRpm com a variável Volume de

Negócios por actividade (comercial, industrial e de serviços).

A tabela seguinte apresenta os resultados obtidos no SPSS 21.0, pela aplicação do Teste

de Correlação de «Pearson» entre as variáveis: Volume de Negócios Total (VNtotal);Volume

de Negócios da Actividade Comercial (VNcom); Volume de Negócios da Actividade

Industrial (VNind); Volume de Negócios da Actividade Serviços (VNser) e a variável Produto

Interno Bruto Regional a Preços de Mercado (PIBRpm):

Correlação de Pearson PIBRpm VNcom VNind VNser VNtotal

PIBRpm Pearson Correlation 1 ,606** ,892** ,839** ,772**

Sig. (2-tailed) ,004 ,000 ,000 ,000

N 21 21 21 21 21

VNcom Pearson Correlation ,606** 1 ,767** ,673** ,952**

Sig. (2-tailed) ,004 ,000 ,001 ,000

N 21 21 21 21 21

VNind Pearson Correlation ,892** ,767** 1 ,800** ,912**

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000

N 21 21 21 21 21

VNser Pearson Correlation ,839** ,673** ,800** 1 ,805**

Sig. (2-tailed) ,000 ,001 ,000 ,000

N 21 21 21 21 21

VNtotal Pearson Correlation ,772** ,952** ,912** ,805** 1

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 N 21 21 21 21 21

**. Correlação é significante ao nível 0,01 Tabela 9 – Correlação de Pearson entre o VN e o PIBRpm

Os resultados indicam uma forte correlação positiva entre o PIB Regional a preços de

mercado (fornecidos pela Direcção Regional de Estatística) e os dados do Volume de

Negócios da amostra. A correlação de «Pearson» do PIBRpm é de 0,606; 0,892 e 0,839 em

relação ao Volume de Negócios das actividades comercial, industrial e de serviços,

respectivamente. A observação de correlação positiva entre estas variáveis não é

surpreendente, visto que a amostra representa uma quantidade significativa de grandes

empresas do tecido empresarial regional. Sabendo a pequena dimensão do mercado regional,

é expectável que as empresas dominantes, com posições bem solidificadas no mercado,

posicionadas em actividades estrategicamente controladas, tenham uma forte

representatividade nos resultados do PIB regional. A observação da correlação entre a

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86

variável PIBRpm e as actividades comercial, industrial e de serviços, permite realizar (apesar

de não se provar a existência de causalidade entre os resultados do PIBRpm e os dados

relativos ao Volume de Negócios das empresas da amostra) leituras económicas através da

base de dados da amostra, retirando conclusões sobre a performance do global do tecido

empresarial regional.

1.1.1.1.1. Volume de Negócios – Médias em valores absolutos

Neste ponto iremos analisar os valores médios anuais do Activo Líquido, por actividade.

Tal como no indicador Volume de Negócios, colocaremos os resultados dos valores correntes

do Activo Líquido (isentos da influência do IPC), em paralelo com os valores médios após

desinflacionar a série. Iremos posteriormente analisar os resultados da série desinflacionada,

uma vez que esta permite uma comparação em termos reais entre anos mais distantes. Assim,

estão representadas na tabela seguinte as evoluções anuais dos valores médios do Activo

Líquido, série a preços correntes e desinflacionados.

Anos TX VAR IPC* DEFLATOR 1988 5,80 1,06 1989 8,90 1,09 1990 10,30 1,10 1991 9,00 1,09 1992 7,00 1,07 1993 6,50 1,07 1994 5,20 1,05 1995 4,40 1,04 1996 2,20 1,02 1997 2,50 1,03 1998 1,90 1,02 1999 2,00 1,02 2000 2,30 1,02 2001 3,60 1,04 2002 3,50 1,04 2003 3,00 1,03 2004 2,80 1,03 2005 2,70 1,03 2006 2,60 1,03 2007 1,40 1,01 2008 2,80 1,03

Tabela 10 – Evolução do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de 1988 – 2008; Fonte: DRE

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87

A evolução do IPC demonstra níveis de inflação mais elevados nos primeiros anos de

análise, tendo estes níveis estabilizado entre os 2,20% e os 3,6% a partir do ano de 1996.

Apesar da estabilização dos níveis de inflação, optamos por desinflacionar a série para

analisar o resultado dos valores absolutos, uma vez que os preços até 2008 foram sujeitos o

efeito inflacionário de 20 anos em comparação com 1988. Para esse efeito utilizamos o

exemplo de como deflacionar o PIB numa série temporal do HM Treasury (Ministério do

Tesouro Britânico) (http:www.hm-treasury.gov.uk/data_gdp_annex.htm, recuperado em 4,

Setembro, 2012). A tabela seguinte que apresenta a evolução do Volume de Negócios, contém

as colunas COM (Comércio), IND (indústria), SER (serviços) e TOTAL (engloba as 3

actividades) com a descriminação das médias a preços correntes. Engloba adicionalmente as

colunas COMdesinf, INDdesinf, SERdesinf e TOTALdesinf que apresentam os valores

médios absolutos da actividade comercial, industrial, serviços e total das actividades, após

desinflacionar a série.

Tabela 11 – Evolução do Volume de Negócios (série a preços correntes e desinflacionados), 1988 – 2008

Na observação dos valores do Volume de Negócios do total das actividades, verifica-se

uma média no global dos anos de 9.159.843,95€. Na análise da evolução das médias do total

das actividades verificamos um crescimento da média de 5.869.894,58€ em 1988, para

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 2.526.857,95 5.751.278,68 2.467.724,37 5.616.687,14 2.742.335,30 6.241.717,91 2.578.972,54 5.869.894,58

1989 2.880.623,25 6.020.633,15 2.748.669,33 5.744.843,47 3.335.834,80 6.972.045,92 2.988.375,79 6.245.840,84

1990 3.116.836,30 5.906.010,09 3.056.439,24 5.791.565,31 3.003.175,12 5.690.636,54 3.058.816,89 5.796.070,65

1991 4.156.123,22 7.225.070,82 4.044.432,27 7.030.905,49 3.203.079,49 5.568.284,41 3.801.211,66 6.608.086,91

1992 4.282.657,70 6.957.981,66 4.889.959,82 7.944.657,99 3.321.907,77 5.397.062,98 4.164.841,76 6.766.567,54

1993 3.804.243,21 5.803.481,20 4.180.548,42 6.377.545,50 3.074.691,35 4.690.529,09 3.686.494,33 5.623.851,93

1994 4.986.786,39 7.231.449,10 5.200.440,49 7.541.273,63 3.822.127,03 5.542.550,83 4.669.784,64 6.771.757,85

1995 4.828.420,28 6.706.703,93 6.231.471,60 8.655.550,40 4.929.580,81 6.847.216,50 5.329.824,23 7.403.156,94

1996 6.002.992,34 8.158.699,97 6.721.022,04 9.134.578,09 3.585.728,30 4.873.383,09 5.436.580,89 7.388.887,05

1997 7.345.255,88 9.739.490,48 7.868.177,11 10.432.861,34 3.982.918,69 5.281.177,31 6.398.783,89 8.484.509,71

1998 10.129.441,26 13.180.764,92 6.693.958,98 8.710.401,44 3.937.972,11 5.124.219,92 6.920.457,45 9.005.128,76

1999 9.618.009,29 12.269.875,17 9.705.039,93 12.380.901,80 3.535.029,40 4.509.703,43 7.619.359,54 9.720.160,13

2000 11.014.541,14 13.735.539,68 10.739.064,92 13.392.010,66 4.265.680,57 5.319.461,25 8.673.095,54 10.815.670,53

2001 13.595.725,16 16.365.223,46 10.612.147,48 12.773.880,24 4.811.970,98 5.792.186,84 9.673.281,21 11.643.763,51

2002 10.708.152,51 12.453.566,99 13.081.408,25 15.213.660,23 5.405.512,19 6.286.603,42 9.731.690,98 11.317.943,55

2003 11.122.533,17 12.558.729,27 17.432.939,85 19.683.966,64 4.831.250,40 5.455.085,17 11.128.907,81 12.565.927,03

2004 12.326.877,20 13.539.478,71 20.863.821,99 22.916.207,33 4.563.939,02 5.012.896,14 12.584.879,40 13.822.860,73

2005 14.421.910,18 15.424.149,18 16.509.441,34 17.656.751,63 4.998.934,40 5.346.331,31 11.976.761,97 12.809.077,37

2006 14.586.620,48 15.204.976,50 16.716.058,97 17.424.686,14 5.455.287,67 5.686.548,22 12.252.655,71 12.772.070,29

2007 13.643.204,38 14.025.214,10 11.883.989,31 12.216.741,01 4.318.345,93 4.439.259,62 9.948.513,21 10.227.071,58

2008 13.953.756,38 13.953.756,38 13.032.975,40 13.032.975,40 5.108.544,94 5.108.544,94 10.698.425,57 10.698.425,57

MED 8.526.265,13 10.581.527,31 9.270.463,39 11.412.983,37 4.106.373,63 5.485.021,18 7.301.034,05 9.159.843,95

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

88

10.698.425,95€ em 2008, o que corresponde a um crescimento de 1,82 vezes. No entanto, o

maior crescimento geral observado registou-se em 2004, onde o global das actividades atingiu

13.822.860,73€, o que corresponde a um Volume de Negócios 2,35 vezes superior a 1988.

Da análise da tabela de evolução em termos absolutos do Volume de Negócios, por

actividade, afere-se que a actividade industrial registou um valor médio global de

11.412.983,37. Esta actividade passou de uma média de 5.616.687,14€ no ano 1988 para uma

média de 13.032.975,40 em 2008, o que corresponde a um crescimento de 2,32 vezes face a

1988. Porém, o valor médio mais elevado observado nesta actividade ocorreu no ano de 2004,

tendo atingido o valor médio absoluto de 22.916.207,33€, o que corresponde a um aumento

de 4,08 vezes face ao ano de 1988.

Quanto à actividade comercial regista uma média global de 10.581.527,31€, a análise da

evolução dos valores absolutos permite verificar um crescimento da média de 5.751.278,68€

de 1988 para 13.953.756,38€ em 2008, equivalente a um crescimento de 2,43 vezes. No

entanto, valor máximo observado para esta actividade foi de 16.365.223,46€ em 2001, o que

corresponde a um aumento de 2,85 vezes em termos absolutos face a 2008.

Quanto aos serviços registou o valor médio do Volume de Negócios global de

5.485.021,18€. Esta actividade decresceu de 1988 para 2008, passando de um valor médio de

6.241.717,91€ em 1988 para 5.108.544,94€ em 2008. O valor médio mais elevado nesta

actividade foi registado em 1989, tendo esse valor atingido os 6.972.045,92€, o que

corresponde a um aumento de 1,12 vezes, face a 1988.

Desta forma, pode-se aferir que em termos de médias absolutos a actividade industrial

registou uma evolução superior às restantes actividades, uma vez que destaca-se neste

indicador, com médias absolutas desinflacionadas de Volume de Negócios superiores à

actividade comercial e aos serviços (sector terciário).

Ilustração 15 – Evolução do Volume de Negócios (série desinflacionada), 1988 – 2008

0,00

5.000.000,00

10.000.000,00

15.000.000,00

20.000.000,00

25.000.000,00

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

89

Da análise do gráfico de evolução média do Volume de Negócios, em termos absolutos,

por actividade, verifica-se que a evolução da actividade industrial destaca-se da actividade

comercial e dos serviços. O gráfico permite aferir que a actividade industrial cresceu de forma

acentuada até 2004, onde atinge valores médios de Volume de Negócios mais elevados, a

partir de 2004 entra em recessão. Os resultados da actividade comercial e dos serviços

indiciam abrandamento económico a partir de 2001. Podemos adicionalmente verificar pela

observação do gráfico e da tabela das médias do Volume de Negócios, que a evolução da

actividade dos serviços ao longo dos anos em análise foi pouco significativa.

1.1.1.1.2. Volume de Negócios – Taxas de crescimento

Neste ponto complementaremos a análise dos valores desinflacionados com a análise

das taxas de crescimento. As taxas de crescimento têm por objectivo verificar a evolução

anual da variável, no global e por actividade, através dos valores correntes:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 14,00% 11,38% 21,64% 15,87% 16,44% 1990 8,20% 11,20% -9,97% 2,36% 14,16% 1991 33,34% 32,32% 6,66% 24,27% 22,01% 1992 3,04% 20,91% 3,71% 9,57% 18,79% 1993 -11,17% -14,51% -7,44% -11,49% -1,88% 1994 31,08% 24,40% 24,31% 26,67% 4,31% 1995 -3,18% 19,83% 28,97% 14,13% 33,08% 1996 24,33% 7,86% -27,26% 2,00% 6,46% 1997 22,36% 17,07% 11,08% 17,70% 11,52% 1998 37,90% -14,92% -1,13% 8,15% 10,99% 1999 -5,05% 44,98% -10,23% 10,10% 7,15% 2000 14,52% 10,65% 20,67% 13,83% 20,36% 2001 23,43% -1,18% 12,81% 11,53% -0,46% 2002 -21,24% 23,27% 12,33% 0,60% 20,33% 2003 3,87% 33,27% -10,62% 14,36% 0,00% 2004 10,83% 19,68% -5,53% 13,08% 7,00% 2005 17,00% -20,87% 9,53% -4,83% 6,67% 2006 1,14% 1,25% 9,13% 2,30% 11,48% 2007 -6,47% -28,91% -20,84% -18,81% 2,12% 2008 2,28% 9,67% 18,30% 7,54% 4,62% Média 88 - 08 10,01% 10,37% 4,31% 7,95% 10,76%

Tabela 12 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes, 1989 – 2008

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90

A evolução das taxas de crescimento demonstra que, neste instrumento financeiro

(Volume de Negócios), registou-se no total das actividades um crescimento de 7,95%,

gerados pelos bons resultados em 17 anos dos 20 anos em estudo. Deste modo, verifica-se que

apenas os anos 1993, 2005 e 2007 apresentaram um decréscimo percentual do indicador, o

que é revelador de uma boa performance da actividade empresarial no período.

Adicionalmente, através da observação das taxas de crescimento por actividade, consegue-se

aferir que a actividade comercial registou um crescimento em 15 anos dos 20 anos da

amostra, apresentando uma média de crescimento global de 10,01%, isto apesar da

observação de decréscimos nos anos 1993, 1995, 1999, 2002 e 2007, face aos anos

imediatamente anteriores. Quanto à actividade industrial cresceu igualmente em 15 anos da

amostra, com uma média positiva global de 10,37%. Esta actividade regista decréscimos do

Volume de Negócios nos anos 1993, 1998, 2001, 2005 e 2007. Relativamente às actividades

ligadas aos serviços, cresceram em 12 anos da amostra, com média positiva de 4,31%, tendo

esta actividade decrescido face ao ano anterior em 1990, 1993, 1996, 1998, 1999, 2003, 2004

e 2007.

A leitura dos resultados deste indicador, através da análise das taxas de crescimento,

permite aferir que os resultados globais do tecido empresarial regional são positivos em 85%

do período analisado, realçando-se os resultados obtidos no período 1988 a 2000, sendo o

período 2000 a 2008 caracterizado por resultados menos animadores. Adicionalmente, os

resultados verificados, por actividade, confirmam a tendência económica dos resultados da

globalidade da actividade, com as actividades industrial e dos serviços a apresentarem quedas

significativas neste indicador, no período 2000 a 2008, sendo que apenas a actividade

comercial apresenta resultados menos díspares entre os dois subperíodos, Ainda assim, os

resultados obtidos para esta actividade são inferiores nos anos compreendidos entre 2000 e

2008.

1.1.1.1.3. Volume de Negócios – Números índices de base fixa

Além da análise das taxas de crescimento, adicionamos ao estudo, a verificação da

evolução do instrumento de análise através de números índices. Os números índices

permitem, no entender de Moreira (1998, p.104) “evidenciar as variações verificadas em cada

rubrica, em vários balanços sucessivos com índices de base fixa, reportam cada uma das

rubricas ao valor assumido em determinado ano, considerado como ano base (em regra o

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

91

primeiro da série”, assim, este método de análise permite caracterizar a evolução de um

determinado indicador ao longo do tempo. Nas análise do Volume de Negócios e restantes

indicadores financeiros contidos no estudo, utilizamos os índices base fixa, mas optamos por

definir dois anos bases, o ano de 1988 e do 1999: o primeiro ano base (1988) permite analisar

a evolução do final da década de 80 e do total da década de 90; o segundo ano base (1999)

permite analisar a evolução do período pós 2000. Esta opção de definição de dois anos bases,

utilizando o método de comparação através de números índices de base fixa, sustenta-se no

facto de existir maior dificuldade em julgar uma situação presente, por comparação com uma

situação remota, devido aos contextos económicos modificarem-se com alguma rapidez,

essencialmente por questões financeiras, políticas, e outros factores. Assim, a opção pelas

bases escolhidas, tem por objectivo ultrapassar esta limitação, uma vez que a divisão do

período global em dois subperíodos, com duração inferior, permite aferir com maior grau de

certeza sobre as evoluções relativas a esse subperíodo, e adicionalmente comparar as

características de dois subperíodos distintos. Em complemento, procedemos ao cálculo da

Taxa de Crescimento Média dos Índices de Base Fixa, o que nos proporciona um elemento de

comparação adicional entre os dois subperíodos, e objectivamente verifica os diferentes níveis

de crescimento, obtendo-se através da seguinte fórmula: [(Índice do ano n / Índice do ano 0 )

^ (1/ anos do subperíodo)]-1

A tabela seguinte apresenta a evolução dos números índices de base fixa do instrumento

financeiro Volume de Negócios para o subperíodo 1988 a 1999:

Ano Base:1988

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1988 100 100 100 100 100 1989 114 111 122 116 116 1990 123 124 110 119 133 1991 164 164 117 147 162 1992 169 198 121 161 193 1993 151 169 112 143 189 1994 197 211 139 181 197 1995 191 253 180 207 262 1996 238 272 131 211 279 1997 291 319 145 248 312 1998 401 271 144 268 346 1999 381 393 129 295 371

Tabela 13 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios, 1988 – 1999

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92

A análise das Taxas de Crescimento Média Anual, através do índice de base fixa para o

subperíodo 1988 – 1999, permite verificar um crescimento médio anual do global das

actividades na ordem dos 10,33%. A observação das Taxas de Crescimento Médio Anual, por

actividade, permite verificar um crescimento da actividade comercial em 12,93%, enquanto a

actividade industrial regista um crescimento de 13,25%. Quanto aos serviços apresenta um

crescimento médio de 2,34%, isto significa que comparativamente ao ano de 1988, esta

actividade foi a que apresentou um crescimento menos acentuado.

A análise da evolução das taxas médias neste instrumento de análise (Volume de

Negócios) durante o subperíodo 1988-1999, demonstra uma evolução positiva da globalidade

do tecido empresarial. A actividade empresarial registou comparativamente ao ano de 1988

crescimento médios na globalidade das actividades. Além disso, a evolução da globalidade da

actividade empresarial não registou quebras nesta análise face a 1988, à excepção do ano

1993. Quando observa-se a evolução dos índices, por actividade, verifica-se uma evolução em

termos comparativos menos acentuada da actividade dos serviços, observando-se um

crescimento máximo de 8,76% (1995) face ao ano base. Verifica-se um grande crescimento

da actividade comercial, com crescimento do Volume de Negócios na ordem dos 14,90%

[(401 /100)^1/10]-1 = 14,90), crescimento obtido no espaço temporal de 10 anos (1988 a

1998). Salientamos que a actividade industrial verificou um aumento máximo de 13,25%,

num período de 11 anos (1988 a 1999). Estas médias de crescimento num período de tempo

relativamente curto, demonstram que o Volume dos Negócios das actividades teve uma

evolução muito positiva, especialmente as actividades comercial e industrial, que registaram

grande crescimento ao longo deste subperíodo.

Ilustração 16 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes, 1988 – 1999

0 50

100 150 200 250 300 350 400 450

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

93

A tabela seguinte apresenta a evolução dos números índices de base fixa do instrumento

financeiro Volume de Negócios para o subperíodo 1999 a 2008:

Ano Base: 1999

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1999 100 100 100 100 100 2000 115 111 121 114 120 2001 141 109 136 127 120 2002 111 135 153 128 144 2003 116 180 137 146 144 2004 128 215 129 165 154 2005 150 170 141 157 165 2006 152 172 154 161 183 2007 142 122 122 131 187 2008 145 134 145 140 196

Tabela 14 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes, 1999 – 2008

Para o estudo da performance empresarial através dos índices de base fixa no

subperíodo 1999-2008, utilizamos como ano base 1999. Os resultados demonstram um menor

crescimento do sector secundário face ao terciário, com este último a crescer 4,21% em

relação ao ano base, enquanto a evolução da actividade industrial em termos médios situou-se

nos 3,31%. Desta forma, pode-se identificar uma menor dinâmica da actividade empresarial

neste subperíodo, com os níveis médios de crescimento a revelarem-se inferiores ao

subperíodo anterior, sustentado nos níveis de crescimento obtido pelas actividades comerciais

e de serviços. A observação da evolução global deste método de análise (números índices de

base fixa) para este instrumento financeiro (Volume do Negócios apreços correntes), permite

no entanto aferir um crescimento da actividade empresarial no subperíodo 1999-2008,

situando-se este crescimento em termos médios face a 1999, na ordem dos 3,81%.

Ilustração 17 – Evolução dos números índices de base fixa do Volume de Negócios a preços correntes, 1999 – 2008

0

50

100

150

200

250

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

94

1.1.1.1.4. Volume de Negócios – Categorização

Após a análise no ponto anterior da evolução em termos médios globais (anual e por

actividade) do instrumento financeiro Volume de Negócios, optamos neste ponto por efectuar

uma análise categorizada dos resultados obtidos.

A categorização do Volume de Negócios das empresas efectua-se por comparação dos

valores máximos e mínimos observados neste indicador. Estes valores, conjuntamente com as

características do tecido empresarial regional, conduziram à opção da definição de 8

categorias para efectuar este estudo categorizado, as quais descrevo: as empresas com Volume

de Negócios iguais ou inferiores a 100.000€; empresas com Volume de Negócios entre

100.001€ e os 250.000€; empresas com Volume de Negócios entre os 250.001€ e os

500.000€; empresas com Volume de Negócios entre os 500.001€ e os 1.000.000€; empresas

com Volume de Negócios entre os 1.000.001€ e os 2.500.000€; empresas com Volume de

Negócios entre os 2.500.001€ e os 3.500.000€; empresas com Volume de Negócios entre os

3.500.001€ e os 5.000.000€; e as empresas com mais de 5.000.001€.

Os objectivos desta categorização passam por verificar em qual das categorias de

Volume de Negócios pertence a maioria das empresas regionais, e, por outro lado, identificar

a evolução das frequências empresariais nas diferentes categorias.

A tabela seguinte apresenta as frequências de empresas por categoria, a percentagem

que cada categoria representa face ao total de empresas da amostra e a percentagem

acumulada das categorias:

Frequência Percentagem

Percentagem

Acumulada

Categorias ≤ 100.000 790 28,9 28,9

[100.001, 250.000] 394 14,4 43,3

[250.001, 500.000] 439 16,0 59,3

[500.001, 1.000.000] 366 13,4 72,7

[1.000.001, 2.500.000] 294 10,7 83,4

[2.500.001, 3.500.000] 201 7,3 90,7

[3.500.001, 5.000.000] 111 4,1 94,8

≥ 5.000.001 143 5,2 100,0

Total 2738 100,0 Tabela 15 – Categorização do Volume de Negócios a preços correntes, frequências totais , 1988 – 2008

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95

Tabela 16 – Categorização do Volume de Negócios a preços correntes, frequências por actividade, 1988 – 2008

Os resultados permitem aferir que na 1ª e 2ª categoria, 1184 das 2738 empresas

concorrentes ao longo do período da amostra apresentam um Volume de Negócios anual

inferior a 250.000€, o que representa 43,3% das empresas regionais incluídas na amostra,

mesmo tratando-se da iniciativa 100 Maiores e Melhores Empresas, o que é demonstrativo do

peso das pequenas e médias empresas (PME´s) na economia regional.

Incluídas nas categorias com Volume de Negócios anuais médios inferiores a

1.000.000€, registam-se 1989 casos, quantidade que representa 72,7% do total da amostra.

Quanto às restantes categorias com rendimentos superiores a 1.000.001€, verifica-se que o nº

de empresas vai tendencialmente decrescendo, o que demonstra o menor peso que estas

empresas detêm no todo da amostra. Ainda assim, estes resultados permitem verificar 455

casos com Volume de Negócio superior a 2.500.000€, o que aparentemente é um resultado

que se obtém pelas características da iniciativa utilizada como base de dados.

O gráfico seguinte apresenta a evolução dos casos, por categorias:

Anos <100.000 [100.001, 250.000]

[250.001, 500.000]

[500.001, 1.000.000]

[1.000.001, 2.500.001]

[2.500.001, 3.500.000]

[3.500.001, 5.000.000]

> 5000001 Total

1988 29 26 14 15 9 6 1 0 100 1989 29 30 18 16 9 9 0 1 112 1990 34 22 28 17 8 5 4 1 119 1991 38 21 30 12 10 10 5 2 128 1992 37 23 28 16 13 7 2 7 133 1993 35 23 31 18 7 6 2 5 127 1994 23 18 20 19 11 6 4 3 104 1995 29 18 21 21 12 7 3 6 117 1996 29 24 19 20 17 6 3 7 125 1997 58 26 17 7 10 1 0 1 120 1998 34 18 15 23 15 7 4 10 126 1999 36 24 16 19 21 6 5 12 139 2000 23 26 20 24 15 10 1 14 133 2001 44 12 18 16 15 6 8 4 123 2002 45 11 22 15 17 10 7 5 132 2003 45 9 22 11 19 11 7 10 134 2004 50 15 20 16 14 8 7 12 142 2005 50 11 21 16 10 12 9 11 140 2006 42 13 23 13 10 18 4 8 131 2007 43 14 24 23 24 28 22 13 191 2008 37 10 12 29 28 22 13 11 162 TOTAL 790 394 439 366 294 201 111 143 2738

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96

Ilustração 18 – Evolução do Volume de Negócios categorizado, 1988 – 2008

A observação do gráfico do Volume de Negócios categorizado, permite aferir sobre as

evoluções do nº de casos observados em cada categoria, neste aspecto podemos verificar que

as empresas com Volume de Negócios inferior a 100.000€ anuais destacam-se das restantes

categorias. Esta visualização, permite-nos igualmente observar que a partir de finais da

década de 90 e no pós 2000 as categorias com rendimentos superiores a 2.500.000€ crescem

de forma nítida. Apesar de fazermos referência ao facto da base de dados surgir de uma

iniciativa com presença de empresas com Volume de Negócios mais significativos na

economia regional, a tendência de crescimento das empresas com rendimentos muito elevados

indica que algumas empresas tendem a monopolizar as actividades com maiores rendimentos,

aproveitando-se da sua situação privilegiada no mercado, para aumentarem os seus lucros,

mesmo num contexto económico menos favorável.

1.1.1.1.5. Volume de Negócios – Empresas com maior participação (EMP)

Da análise do Volume de Negócios verificou-se que surgiram empresas que

representaram-se nas 100 Maiores E Melhores Empresas com uma variação de participação

entre a participação máxima de 21 participações, e a participação mínima de uma

participação. Neste desenvolvimento, estudamos as empresas participantes e o número de

participações individualmente, onde optamos por incluir nesta análise as empresas com

participação mínima de 15 anos. Desta forma estão representadas neste parâmetro empresas

com participações iguais ou superiores a 70% dos anos em amostra. A escolha desta condição

presencial destina-se a diferenciar os resultados das empresas com representatividade

0

10

20

30

40

50

60

70

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

< 100.000

[100.001, 250.000]

[250.001, 500.000]

[500.001, 1.000.000]

[1.000.001, 2.500.001]

[2.500.001, 3.500.000]

[3.500.001, 5.000.000]

> 5000001

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destacada na amostra, cuja participação situa-se no intervalo [15;21], das empresas com

participação inferior a este intervalo. A tabela seguinte apresenta a evolução anual do Volume

de Negócios para as empresas com maior participação na amostra, por actividade:

Tabela 17 – Evolução do Volume de Negócios nas empresas com maior participação, 1988 – 2008

Na análise resultados dos indicadores das empresas com maior participação, destaca-se

a actividade industrial, que apresenta uma média de Volume de Negócios superior em relação

à actividade comercial (8.865.179,44€) e aos serviços (10.522.238,94€), obtendo a indústria

um valor médio de 20.374.656,47€.

Realizando uma comparação entre as médias observadas em 1988 com as de 2008,

verifica-se que o valor médio da actividade industrial aumentou 2,94 vezes, passando para um

valor médio em 2008 de 42.701.995,37€ face à média de 14.500.038,25€ observado em 1988.

Quanto à actividade dos serviços, esta apresentou um crescimento de 2,39 vezes em 2008,

face a 1988, passando de um valor médio de 7.899.693,73€ em 1988 para 18.899.082,45€ em

2008. Relativamente à actividade comercial, a comparação entre 1988 e 2008 permite

verificar um decréscimo para a média de 7.336.130,47€, apesar do crescimento registado em

1998 de 1,70 vezes, no qual esta actividade atingindo uma média de 14.556.169,27€, o que

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 3.753.932,09 8.544.172,25 6.370.676,86 14.500.038,66 3.470.776,68 7.899.693,73 4.531.795,21 10.314.634,88

1989 2.832.463,10 5.919.976,25 5.492.251,48 11.479.054,51 5.457.741,81 11.406.927,73 4.594.152,13 9.601.986,16

1990 2.644.890,98 5.011.733,47 5.205.834,97 9.864.398,03 4.255.048,40 8.062.777,88 4.035.258,12 7.646.303,12

1991 5.608.567,66 9.750.023,37 5.694.353,47 9.899.154,79 4.221.704,22 7.339.077,87 5.174.875,12 8.996.085,34

1992 5.577.862,59 9.062.285,22 7.383.942,52 11.996.601,22 3.954.295,14 6.424.495,02 5.638.700,08 9.161.127,15

1993 5.706.304,83 8.705.130,29 7.958.577,45 12.141.036,22 4.002.776,74 6.106.349,75 5.889.219,67 8.984.172,09

1994 6.494.219,53 9.417.411,19 8.861.606,77 12.850.411,72 5.055.838,48 7.331.583,06 6.803.888,26 9.866.468,66

1995 6.031.542,54 8.377.847,77 10.442.621,65 14.504.862,38 6.808.522,67 9.457.077,70 7.760.895,62 10.779.929,28

1996 7.893.480,15 10.728.072,37 11.298.388,85 15.355.702,55 5.754.931,24 7.821.558,76 8.315.600,08 11.301.777,90

1997 8.596.975,03 11.399.215,75 11.160.653,96 14.798.542,73 6.600.870,97 8.752.468,40 8.786.166,65 11.650.075,63

1998 11.186.441,95 14.556.169,27 12.338.197,15 16.054.871,34 7.569.130,49 9.849.203,63 10.364.589,86 13.486.748,08

1999 6.388.008,07 8.149.301,93 14.208.890,05 18.126.548,02 8.724.828,10 11.130.427,15 9.773.908,74 12.468.759,03

2000 6.931.219,49 8.643.486,75 17.426.007,64 21.730.875,25 8.171.725,46 10.190.443,52 10.842.984,20 13.521.601,84

2001 8.544.555,32 10.285.112,09 18.049.653,19 21.726.432,71 9.200.869,53 11.075.119,87 11.931.692,68 14.362.221,56

2002 6.931.911,06 8.061.803,26 19.917.543,55 23.164.076,41 10.208.150,54 11.872.065,37 12.352.535,05 14.365.981,68

2003 7.884.896,68 8.903.033,26 29.126.609,99 32.887.580,89 10.585.453,65 11.952.299,40 15.865.653,44 17.914.304,52

2004 9.476.388,35 10.408.585,74 29.038.001,18 31.894.484,90 10.865.625,13 11.934.482,49 16.460.004,89 18.079.184,38

2005 7.969.585,37 8.523.425,27 25.022.221,99 26.761.121,09 12.573.059,87 13.446.814,51 15.188.289,08 16.243.786,95

2006 6.659.562,97 6.941.875,16 30.351.542,88 31.638.205,49 12.855.882,87 13.400.869,46 16.622.329,57 17.326.983,37

2007 7.241.222,85 7.443.977,09 32.871.392,68 33.791.791,68 16.171.400,76 16.624.199,98 18.761.338,76 19.286.656,25

2008 7.336.130,47 7.336.130,47 42.701.995,37 42.701.995,37 18.889.082,45 18.889.082,45 22.975.736,10 22.975.736,10

MED 6.747.150,53 8.865.179,44 16.710.522,08 20.374.656,47 8.352.272,15 10.522.238,94 10.603.314,92 13.254.024,95

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

98

indica que a actividade comercial apresenta uma queda acentuada dos níveis médios de

Volume de Negócios nestas empresas essencialmente nos últimos 5 anos da amostra.

Ilustração 19 – Evolução do Volume de Negócios nas empresas com maior participação (série desinflacionada), 1988 – 2008

Relacionando os resultados obtidos pelas empresas com maior participação com a

totalidade da amostra, observa-se um crescimento inferior nesta diferenciação, o que é lógico,

porque o diferencial do Volume de Negócios entre elas é inferior. Nas empresas com maior

participação, a actividade industrial destaca-se comparativamente às restantes actividades, tal

como no global da amostra. A observação da evolução do Volume de Negócios na indústria

nesta subamostra evidencia um crescimento mais acentuado da indústria após o ano 2000, o

que indica que a realidade destas empresas com posição mais sólida no mercado regional

distancia-se da realidade das empresas industriais da amostra global.

Nas actividades do sector terciário, os resultados obtidos nas empresas com maior

participação apresentam diferenças substanciais quando comparadas com a totalidade da

amostra. No entanto estas diferenças são mais discretas, quando nos reportamos à actividade

comercial, pois em ambos os casos (empresas com maior participação ou totalidade da

amostra) a evolução aponta para um abrandamento económico desta actividade a partir de

finais da década de 90 até o último ano da amostra. Quanto à actividade dos serviços não

apresenta nas empresas com maior participação uma estagnação como a que observamos no

global da amostra.

Resumidamente, podemos aferir que os resultados, apesar de revelarem-se menos

optimistas na 2º metade de anos da amostra para o total da amostra, apresentam diferenças

significativas e menos pessimistas quando estamos a incluir na amostra empresas com

participação igual ou superior a 15 anos. Estes resultados não são surpreendentes, uma vez

0,00 5.000.000,00

10.000.000,00 15.000.000,00 20.000.000,00 25.000.000,00 30.000.000,00 35.000.000,00 40.000.000,00 45.000.000,00

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

99

que organizações mais sólidas, têm outros recursos humanos e financeiros para enfrentar os

desafios que o mercado actual vai colocando às organizações.

1.1.1.1.5.1. Volume de Negócios nas EMP – Taxas de crescimento

Neste ponto, iremos analisar as taxas de crescimento do Volume de Negócios nas

empresas com maior participação na amostra, a quais permitem aferir sobre a evolução da

actividade da globalidade das empresas com maior representatividade na amostra, permitindo

adicionalmente verificar a actividade com domínio de crescimento nesta distinção. A tabela

seguinte apresenta a evolução das taxas de crescimento deste instrumento financeiro,

utilizando as médias sujeitas ao efeito da inflação. Nesta subamostra, vamos comparar as

médias sempre do ano n comparando com as médias do ano n-1:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -24,55% -13,79% 57,25% 1,38% 16,44% 1990 -6,62% -5,21% -22,04% -12,17% 14,16% 1991 112,05% 9,38% -0,78% 28,24% 22,01% 1992 -0,55% 29,67% -6,33% 8,96% 18,79% 1993 2,30% 7,78% 1,23% 4,44% -1,88% 1994 13,81% 11,35% 26,31% 15,53% 4,31% 1995 -7,12% 17,84% 34,67% 14,07% 33,08% 1996 30,87% 8,19% -15,47% 7,15% 6,46% 1997 8,91% -1,22% 14,70% 5,66% 11,52% 1998 30,12% 10,55% 14,67% 17,96% 10,99% 1999 -42,90% 15,16% 15,27% -5,70% 7,15% 2000 8,50% 22,64% -6,34% 10,94% 20,36% 2001 23,28% 3,58% 12,59% 10,04% -0,46% 2002 -18,87% 10,35% 10,95% 3,53% 20,33% 2003 13,75% 46,24% 3,70% 28,44% 0,00% 2004 20,18% -0,30% 2,65% 3,75% 7,00% 2005 -15,90% -13,83% 15,71% -7,73% 6,67% 2006 -16,44% 21,30% 2,25% 9,44% 11,48% 2007 8,73% 8,30% 25,79% 12,87% 2,12% 2008 1,31% 29,91% 16,81% 22,46% 4,62% Média 88 - 08 7,04% 10,89% 10,18% 8,96% 10,76%

Tabela 18 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes nas empresas com maior participação, 1988 – 2008

Podemos aferir da tabela anterior que a actividade comercial apresenta uma taxa de

crescimento média inferior às restantes actividades, situando-se a média nos 7,04%, enquanto

as actividades ligadas aos serviços e à indústria apresentam taxas de crescimento muito

próximas, situando-se nos 10,18% e 10,89%, respectivamente. Podemos aferir adicionalmente

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100

nesta análise, que na globalidade das actividades apenas os anos de 1990, 1999 e 2005

apresentam níveis de decréscimo significativos, face ao ano anterior.

O gráfico seguinte apresenta a evolução anual das taxas de crescimento, por actividade:

Ilustração 20 – Evolução das taxas de crescimento do Volume de Negócios a preços correntes nas empresas com maior participação, 1988 – 2008

O gráfico anterior permite verificar que as taxas de crescimento indicam níveis de

crescimento e decréscimo muito inconstantes em todas as actividades. Esta observação das

taxas de crescimento permite aferir que a economia regional não cresceu de forma uniforme

nos anos mais propícios ao crescimento, mas que a globalidade das actividades é muito

sensível às oscilações do mercado. As condições favoráveis ao crescimento nos primeiros

anos em análise permitem identificar neste indicador uma tendência expansionista das

empresas regionais, com níveis de crescimento muito significativos a serem obtidos nesta

fase. Pode-se igualmente deduzir um agudizar da crise a partir de 2002, com as taxas de

crescimento das empresas com maior participação na amostra, a decair de forma generalizada

para a globalidade das actividades.

1.1.1.2. Activo Liquido – Conceito e correlação com o PIBRpm

Neste ponto vamos analisar o instrumento financeiro Activo Líquido, que é um dos

indicadores que perdurou durante a globalidade do período da amostra, o que demonstra a

importância deste indicador. Assim, como definição do Suplemento do DN (1998, p.4) pode-

se definir Activo Líquido como o “valor dos recursos à disposição das empresas,

correspondendo à soma do imobilizado, existências, crédito a médio e longo prazo, crédito a

-60,00%

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00% 19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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101

curto prazo, títulos negociáveis, disponibilidades, acréscimos e diferimentos, consideram-se

os valores líquidos de amortizações e provisões”.

Em complemento da definição anterior, vejamos no contexto de um balanço, a definição

de Activo Líquido em Thinkfn (http://www.thinkfn.com/wikibolsa/Activo_l%C3%ADquido,

recuperado a 01/08/2011) que o assume como

o valor de um determinado bem ou direito ao qual já foram deduzidas as amortizações ou provisões. Activo Líquido também pode-se definir segundo a liquidez, isto é, a forma com que um activo é conversível em numerário, sem perda significativa de valor. A nível do mercado, “activos líquidos, são geralmente aqueles activos que se transaccionam em mercados organizados, e dentro destes, aqueles que apresentam grandes volumes de transacção diários, spreads bid/ask (compra/venda) apertados, ou market makers sempre dispostos a cotar um preço de compra e venda (mesmo que nesse caso o volume de negociação seja menor, ou o spread bid/ask um pouco mais elevado) ”.

A tabela seguinte apresenta os resultados do teste de Correlação de «Pearson»

entre a variável Activo Líquido das várias actividades e o PIBRpm:

PIBRpm ALcom ALind ALser ALtotal PIBRpm Pearson Correlation 1 ,640** ,960** ,882** ,935**

Sig. (2-tailed) ,002 ,000 ,000 ,000 N 21 21 21 21 21

ALcom Pearson Correlation ,640** 1 ,714** ,878** ,853** Sig. (2-tailed) ,002 ,000 ,000 ,000 N 21 21 21 21 21

ALind Pearson Correlation ,960** ,714** 1 ,862** ,938** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 N 21 21 21 21 21

ALser Pearson Correlation ,882** ,878** ,862** 1 ,979** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 N 21 21 21 21 21

ALtotal Pearson Correlation ,935** ,853** ,938** ,979** 1 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000

21 21 21 21 21

**. Correlação é significante ao nível 0,01 Tabela 19 – Correlação de Pearson entre o Activo Líquido e o PIBRpm

O estudo de correlação de «Pearson» entre as variáveis Activo Líquido e PIBRpm

permite identificar uma forte correlação positiva entre as duas variáveis, sendo esta correlação

igual a 0,935. Da aplicação da correlação de «Pearson» entre a variável PIBRpm e o Activo

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102

Líquido nas actividades comercial, industrial e de serviços, verifica-se os resultados de

0,640;0,960 e 0,882 de correlação, respectivamente. Estes resultados indicam a existência de

uma forte correlação positiva entre o PIBRpm e o Activo Líquido independentemente da

actividade.

1.1.1.2.1. Activo Líquido – Médias em valores absolutos

Neste ponto iremos analisar os valores médios anuais do Activo Líquido, por

actividade. Tal como no indicador Volume de Negócios, colocaremos os resultados dos

valores correntes do Activo Líquido (isentos da influência do IPC), em paralelo com os

valores médios após desinflacionar a série. Iremos posteriormente analisar os resultados com

base nas médias desinflacionadas, uma vez que estas permitem uma comparação em termos

reais. Estão representadas na tabela seguinte as evoluções anuais dos valores médios do

Activo Líquido, série a preços correntes e desinflacionados, por actividade e no global:

Tabela 20 – Evolução do Activo Líquido, 1988 – 2008

A observação da evolução anual do Activo Líquido em termos de valores médios

absolutos após a retirar dos valores médios do efeito inflacionário, permitem identificar a

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 1.038.402,46 2.363.465,63 3.227.954,79 7.347.016,70 2.992.391,08 6.810.859,71 2.419.582,78 5.507.114,01

1989 1.228.194,31 2.566.981,77 3.957.876,54 8.272.141,34 4.755.117,95 9.938.412,02 3.313.729,60 6.925.845,05

1990 1.337.640,48 2.534.659,32 4.483.155,86 8.495.012,63 4.903.454,08 9.291.424,53 3.574.750,14 6.773.698,83

1991 1.831.895,69 3.184.596,65 6.252.181,47 10.868.891,87 4.916.884,50 8.547.590,35 4.333.653,89 7.533.692,96

1992 1.868.175,72 3.035.202,27 8.531.868,52 13.861.622,57 6.593.072,18 10.711.683,84 5.664.372,14 9.202.836,23

1993 1.842.540,57 2.810.848,04 9.158.688,02 13.971.839,02 6.282.620,59 9.584.316,37 5.761.283,06 8.789.001,14

1994 2.639.681,31 3.827.860,18 13.496.165,43 19.571.087,60 8.728.618,11 12.657.561,93 8.288.154,95 12.018.836,57

1995 5.468.118,61 7.595.248,64 19.496.974,76 27.081.411,65 9.457.785,72 13.136.919,52 11.474.293,03 15.937.859,94

1996 3.398.859,44 4.619.408,60 14.702.600,49 19.982.385,35 9.644.350,31 13.107.689,66 9.248.603,41 12.569.827,87

1997 3.573.603,84 4.738.443,58 18.986.865,93 25.175.760,12 11.875.203,22 15.746.004,04 11.478.557,66 15.220.069,25

1998 5.174.335,73 6.733.017,26 17.072.886,00 22.215.805,50 15.750.003,78 20.494.427,28 12.665.741,84 16.481.083,35

1999 5.031.390,65 6.418.639,59 21.603.128,96 27.559.517,54 16.112.676,05 20.555.243,60 14.249.065,22 18.177.800,24

2000 6.653.901,38 8.297.660,82 19.796.271,20 24.686.681,47 19.317.152,35 24.089.202,57 15.255.774,98 19.024.514,95

2001 8.074.104,48 9.718.828,71 22.109.566,56 26.613.365,09 25.947.933,91 31.233.621,73 18.710.534,98 22.521.938,51

2002 7.089.268,13 8.244.809,32 22.077.004,82 25.675.526,97 27.301.181,63 31.751.237,58 18.822.484,86 21.890.524,62

2003 6.796.470,82 7.674.064,50 27.626.863,00 31.194.179,20 24.283.860,53 27.419.511,84 19.569.064,78 22.095.918,52

2004 7.065.782,16 7.760.846,93 31.156.050,55 34.220.887,92 23.104.094,88 25.376.857,06 20.441.975,86 22.452.863,97

2005 7.335.093,50 7.844.839,90 34.685.238,10 37.095.660,70 21.924.329,22 23.447.942,76 21.314.886,94 22.796.147,79

2006 8.669.230,21 9.036.736,22 36.925.870,00 38.491.231,48 27.062.303,49 28.209.528,66 24.219.134,57 25.245.832,12

2007 2.291.977,03 2.356.152,39 29.828.891,53 30.664.100,49 19.030.609,16 19.563.466,22 17.050.492,57 17.527.906,37

2008 2.604.150,94 2.604.150,94 34.806.766,49 34.806.766,49 18.512.704,67 18.512.704,67 18.641.207,37 18.641.207,37

MED 4.333.943,69 5.426.974,35 19.046.803,29 23.230.994,84 14.690.302,26 18.104.105,04 12.690.349,74 15.587.358,08

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103

actividade industrial, como a actividade cuja convertibilidade dos seus activos em liquidez

ocorre com maior facilidade. Assim, a actividade industrial apresenta uma evolução positiva

dos valores médios absolutos, passando do valor médio de 7.347.016,70€ (1988) para um

máximo de 34.806.766,49€ (2008), representativos de um aumento de 4,74 vezes em termos

médios. Este aumento da actividade industrial neste indicador, permite aferir que as

actividades do sector terciário, apesar do crescimento neste indicador, obtiveram resultados

menos expressivos. Relativamente à actividade comercial a comparação entre as médias de

1988 e 2008, apontam para um crescimento de 1,10 vezes, obtendo uma média de

2.604.150,64€ em 2008 face à média de 2.363.465,63€ de 1988, isto apesar de ter atingido

uma média de 9.718.828,71€ em 2001, valor 4,11 vezes superior ao valor médio observado no

1º ano da amostra. Quanto à actividade dos serviços, ela cresceu 4,66 vezes, passando do

valor médio observado em 1988 para o valor médio máximo observado em 2002, cuja

variação foi de 6.810.859,71€ para 31.751.237,58€, respectivamente. No global das

actividades, este indicador cresceu 3,38 vezes, passando de um valor médio de 5.507.114,01€,

observado em 1988, para o valor médio máximo de 18.641.207,37€, observado em 2008.

Ilustração 21 – Evolução do Activo Líquido (série desinflacionada), 1988 – 2008

A observação do gráfico anterior permite aferir sobre a evolução dos valores médios

do Activo Líquido das actividades industrial, comercial e de serviços. Verifica-se uma

predominância da actividade industrial e dos serviços neste indicador, com linhas de

tendência crescentes expressivas durante a maioria dos anos em análise, apenas a partir de

2006 é visíveis os efeitos recessivos. Quanto à actividade comercial, esta apresenta resultados

menos expressivos neste indicador, com características de crescimento lento em largos

períodos dos anos da amostra e de estagnação principalmente nos anos iniciais da amostra

(1988 a 1993) e no período compreendido entre 2000 e 2006, após o qual apresenta, tal como

a maior parte dos indicadores, resultados negativos.

0,00 5.000.000,00

10.000.000,00 15.000.000,00 20.000.000,00 25.000.000,00 30.000.000,00 35.000.000,00 40.000.000,00 45.000.000,00

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

COM

IND

SER

TOTAL

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104

1.1.1.2.2. Activo Líquido – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta as Taxas de Crescimento das médias anuais do Activo

Líquido a preços correntes, no total das actividades e por actividade separadamente:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 18,28% 22,61% 58,91% 36,95% 16,44% 1990 8,91% 13,27% 3,12% 7,88% 14,16% 1991 36,95% 39,46% 0,27% 21,23% 22,01% 1992 1,98% 36,46% 34,09% 30,71% 18,79% 1993 -1,37% 7,35% -4,71% 1,71% -1,88% 1994 43,26% 47,36% 38,93% 43,86% 4,31% 1995 107,15% 44,46% 8,35% 38,44% 33,08% 1996 -37,84% -24,59% 1,97% -19,40% 6,46% 1997 5,14% 29,14% 23,13% 24,11% 11,52% 1998 44,79% -10,08% 32,63% 10,34% 10,99% 1999 -2,76% 26,53% 2,30% 12,50% 7,15% 2000 32,25% -8,36% 19,89% 7,07% 20,36% 2001 21,34% 11,69% 34,33% 22,65% -0,46% 2002 -12,20% -0,15% 5,22% 0,60% 20,33% 2003 -4,13% 25,14% -11,05% 3,97% 0,00% 2004 3,96% 12,77% -4,86% 4,46% 7,00% 2005 3,81% 11,33% -5,11% 4,27% 6,67% 2006 18,19% 6,46% 23,44% 13,63% 11,48% 2007 -73,56% -19,22% -29,68% -29,60% 2,12% 2008 13,62% 16,69% -2,72% 9,33% 4,62% Média 88 - 08 11,39% 14,42% 11,42% 12,23% 10,76%

Tabela 21 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes, 1988 2008

A observação da evolução das taxas de crescimento demonstra uma evolução positiva

para a globalidade das actividades na maioria dos anos observados, à excepção dos anos 1996

e 2007, com decréscimos em termos médios significativos. A média total aponta para um

crescimento anual de 12,23% neste instrumento financeiro (activo líquido), quando analisado

o global do período na totalidade das actividades. Distinguindo os resultados das taxas de

crescimento dos dois subperíodos já definidos, verificamos que as médias de crescimento

obtidas neste indicador no subperíodo 1989-1999, são superiores aos do subperíodo 2000-

2008, tal como acontece no instrumento de análise Volume de Negócios. Neste sentido,

verifica-se um diferencial de crescimento de 14,90% entre os dois subperíodos, tendo em

conta que as taxas de crescimento anuais no 1º subperíodo situaram-se nos 18,94%, em

comparação com os 4,04% registados no 2º subperíodo.

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105

Analisando os resultados separadamente, por actividade, verificamos que a indústria

evoluiu a uma média superior em aproximadamente 3%, comparativamente ao comércio e os

serviços. A actividade industrial obteve uma média de crescimento na ordem dos 14,42%,

face às médias de crescimento de 11,42% e 11,39%, obtidas pelas actividades dos serviços e

comércio, respectivamente. Comparando as taxas de crescimento, distinguindo o subperíodo

1988 a 1999 com o subperíodo 2000 a 2008, as taxas de crescimento permitem verificar

quebras significativas nas médias de crescimento das actividades em amostra, com quebras de

20,04% para a actividade comercial e de 14,83% para a actividades industrial e de serviços na

capacidade de convertibilidade dos activos em liquidez financeira.

O gráfico seguinte apresenta a evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido, no

total e por actividade:

Ilustração 22 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes, 1988 – 2008

Observamos maiores índices de crescimento nos primeiros anos da amostra, nos quais

as taxas de crescimento apresentam maiores níveis de oscilações, no entanto não é possível

identificar um crescimento constante da economia através deste indicador. Verifica-se

adicionalmente, uma tendência de estagnação e decréscimo deste indicador a partir dos finais

dos anos 90 até os últimos anos da amostra, com a globalidade das actividades a apresentar

linha de tendência para o decréscimo.

1.1.1.2.3. Activo Líquido – Números índices de base fixa

Neste ponto analisaremos a evolução anual do Activo Líquido através dos números índices de base fixa, por actividade, o que está representado na tabela seguinte:

-100,00%

-50,00%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

106

Ano Base: 1988

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1988 100 100 100 100 100 1989 118 123 159 137 116 1990 129 139 164 148 133 1991 176 194 164 179 162 1992 180 264 220 234 193 1993 177 284 210 238 189 1994 254 418 292 343 197 1995 527 604 316 474 262 1996 327 455 322 382 279 1997 344 588 397 474 312 1998 498 529 526 523 346 1999 485 669 538 589 371

Tabela 22 – Evolução dos números índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1988 – 1999

O cálculo das Taxas de Crescimento Médio Anual através dos números índices de base

fixa, para o instrumento de análise Activo Líquido, permitem verificar uma evolução positiva

das 3 actividades empresariais face a 1988, na ordem dos 17,49%.

A actividade industrial foi aquela que maior contributo deu para a obtenção deste

crescimento, com uma taxa de crescimento média face a 1988 de 18,86%, o que é expressivo

da evolução desta actividade num período de 11 anos. O comércio e os serviços cresceram em

termos médios face a 1988, respectivamente 15,44% e 16,53%. Estes crescimentos são muito

significativos, o que é revelador do crescimento médio expressivo da actividade terciária neste

subperíodo.

Ilustração 23 – Evolução dos números índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1990 – 1999

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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107

Ano Base: 1999

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1999 100 100 100 100 100 2000 132 92 120 107 120 2001 160 102 161 131 120 2002 141 102 169 132 144 2003 135 128 151 137 144 2004 140 144 143 143 154 2005 146 161 136 150 165 2006 172 171 168 170 183 2007 146 138 118 120 187 2008 152 161 115 131 196

Tabela 23 – Evolução dos índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 1999 – 2008

A análise da evolução do instrumento financeiro activo líquido através da taxa de

crescimento média anual para o subperíodo 1999 – 2008, permite verificar que neste 2º

subperíodo a actividade empresarial cresceu no conjunto das três actividades 3,05% em

relação ao ano base de 1999. Analisando as taxas médias de crescimento, por actividade,

verifica-se um crescimento da actividade comercial em 4,76% face a 1999, por sua vez a

actividade industrial cresceu 5,43%, enquanto os serviços cresceram 1,57%. Desta forma, a

actividade terciária, revela neste indicador no seu conjunto um crescimento de 3,17%,

salientando-se os níveis de crescimento observado pela actividade empresarial industrial. De

salientar adicionalmente que até ao ano 2006, a actividade empresarial cresceu continuamente

face a 1999, tanto na actividade comercial como na industrial.

Ilustração 24 – Evolução dos índices de base fixa do Activo Líquido a preços correntes, 2000 – 2008

0

50

100

150

200

250

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

108

1.1.1.2.4. Activo líquido – Empresas com maior participação

Neste ponto do instrumento de análise Activo Líquido, iremos analisar os resultados

observados para as empresas com participação anual na amostra superior a 15 casos, para este

parâmetro consideramos as empresas mais representativas, as que tiveram representação em

70% ou mais dos 21 anos integrantes na amostra.

Tabela 24 – Evolução do Activo Líquido nas empresas com maior participação, 1988 – 2008

Da observação dos dados do Activo Líquido para este grupo de empresas com maior

representatividade na iniciativa, verifica-se que a actividade industrial apresenta média global

de 57.043.660,84€, superior às actividades dos serviços (51.996.972,81€) e do comércio

(6.611.366,91€). A actividade industrial apresentou um valor médio em 1988 de

31.099.509,38€, enquanto em 2008 atinge uma média de 124.317.238,43€, o que corresponde

a um crescimento de 4,00 vezes. Foi, no entanto a actividade dos serviços, a que alcançou

maior nível de crescimento (6,70 vezes), resultado obtido pela passagem de um valor médio

de 13.019.015,54€, em 1988 para um valor médio de 87.175.901,05€ em 2008. Quanto à

actividade comercial, registou crescimento, tal como as restantes actividades, passando de um

valor médio em 1988 de 4.719.453,80€ para um valor médio de 5.506.988,47€ em 2008, o

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 2.073.519,65 4.719.453,80 13.663.751,48 31.099.509,38 5.719.980,68 13.019.015,54 7.152.417,27 16.279.326,24

1989 1.689.868,49 3.531.901,73 17.433.003,12 36.435.766,61 12.615.766,24 26.367.523,20 10.579.545,95 22.111.730,51

1990 1.868.745,93 3.541.036,89 14.086.678,31 26.692.471,53 9.901.700,80 18.762.469,11 8.619.041,68 16.331.992,51

1991 3.334.000,45 5.795.879,50 15.774.784,98 27.423.137,52 10.011.041,43 17.403.353,91 9.706.608,95 16.874.123,64

1992 2.718.790,52 4.417.185,75 23.678.627,29 38.470.376,54 11.510.425,10 18.700.847,07 12.635.947,64 20.529.469,79

1993 2.739.943,19 4.179.861,25 26.057.167,23 39.750.949,61 11.175.518,34 17.048.571,03 13.324.209,59 20.326.460,63

1994 3.915.166,64 5.677.469,63 29.733.758,31 43.117.579,71 15.476.729,09 22.443.146,72 16.375.218,01 23.746.065,35

1995 11.555.060,57 16.050.046,52 36.869.680,99 51.212.201,93 12.172.405,40 16.907.542,09 20.199.048,99 28.056.596,85

1996 5.450.971,83 7.408.445,85 31.537.290,38 42.862.505,16 26.301.425,90 35.746.412,89 21.096.562,70 28.672.454,63

1997 5.891.017,48 7.811.233,49 33.081.654,10 43.864.837,46 31.368.584,19 41.593.381,12 23.447.085,26 31.089.817,35

1998 6.768.327,55 8.807.172,29 39.877.613,44 51.890.073,18 48.668.331,00 63.328.846,43 31.771.424,00 41.342.030,63

1999 6.068.892,58 7.742.200,30 40.899.495,35 52.176.254,72 58.116.352,55 74.140.122,96 35.028.246,83 44.686.192,66

2000 6.783.845,41 8.459.705,82 44.281.831,18 55.221.079,27 62.110.769,10 77.454.423,47 37.725.481,90 47.045.069,52

2001 8.641.739,49 10.402.093,02 46.684.743,68 56.194.594,52 73.170.724,26 88.075.864,97 42.832.402,48 51.557.517,51

2002 7.450.273,71 8.664.658,32 49.405.557,42 57.458.596,95 69.543.099,28 80.878.531,10 42.132.976,80 49.000.595,46

2003 5.029.214,51 5.678.611,38 61.368.363,04 69.292.547,40 68.495.464,05 77.339.934,69 44.964.347,20 50.770.364,49

2004 4.947.521,37 5.434.211,70 69.925.646,70 76.804.269,99 67.448.776,40 74.083.748,63 47.440.648,16 52.107.410,11

2005 4.865.828,24 5.203.975,04 78.482.930,36 83.937.038,19 66.402.088,75 71.016.648,25 49.916.949,12 53.385.887,16

2006 4.560.648,27 4.753.983,27 86.220.218,72 89.875.266,23 72.327.535,24 75.393.644,11 54.369.467,41 56.674.297,87

2007 4.914.971,88 5.052.591,09 97.101.734,67 99.820.583,24 92.467.413,13 95.056.500,70 64.828.039,89 66.643.225,01

2008 5.506.988,47 5.506.988,47 124.317.238,43 124.317.238,43 87.175.901,05 87.175.901,05 72.333.375,98 72.333.375,98

MED 5.084.539,82 6.611.366,91 46.689.608,06 57.043.660,84 43.437.144,38 51.996.972,81 31.737.097,42 38.550.666,85

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

109

que representa um crescimento igual 1,17 vezes. Em termos globais a actividade empresarial

neste indicador cresceu de 1988 face a 2008 4,44 vezes, com o valor médio de de

16.279.326,24€ em 1988 a atingir o valor médio de 72.333.375,98€ em 2008.

Ilustração 25 – Evolução do Activo Líquido nas empresas com maior participação (série desinflacionada), 1988 – 2008

1.1.1.2.4.1. Activo Líquido das EMP – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta as taxas de crescimento do Activo Líquido das empresas

com maior representatividade na amostra ( ≥70% V 15 casos):

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -18,50% 27,59% 120,56% 47,92% 16,44% 1990 10,59% -19,20% -21,51% -18,53% 14,16% 1991 78,41% 11,98% 1,10% 12,62% 22,01% 1992 -18,45% 50,10% 14,98% 30,18% 18,79% 1993 0,78% 10,05% -2,91% 5,45% -1,88% 1994 42,89% 14,11% 38,49% 22,90% 4,31% 1995 195,14% 24,00% -21,35% 23,35% 33,08% 1996 -52,83% -14,46% 116,07% 4,44% 6,46% 1997 8,07% 4,90% 19,27% 11,14% 11,52% 1998 14,89% 20,54% 55,15% 35,50% 10,99% 1999 -10,33% 2,56% 19,41% 10,25% 7,15% 2000 11,78% 8,27% 6,87% 7,70% 20,36% 2001 27,39% 5,43% 17,81% 13,54% -0,46% 2002 -13,79% 5,83% -4,96% -1,63% 20,33% 2003 -32,50% 24,21% -1,51% 6,72% 0,00% 2004 -1,62% 13,94% -1,53% 5,51% 7,00% 2005 -1,65% 12,24% -1,55% 5,22% 6,67% 2006 -6,27% 9,86% 8,92% 8,92% 11,48% 2007 7,77% 12,62% 27,85% 19,24% 2,12% 2008 12,05% 28,03% -5,72% 11,58% 4,62% Média 88-08 12,69% 12,63% 19,27% 13,10% 10,76%

Tabela 25 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes nas EMP, 1988 – 2008

0,00

10.000.000,00

20.000.000,00

30.000.000,00

40.000.000,00

50.000.000,00

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

110

As médias de crescimento anual obtidas pelas empresas com maior participação,

expressam um domínio das actividades ligadas aos serviços, com uma média de 19,27%, que

é superior comparativamente às actividades comercial e industrial, cujas médias de

crescimento situam-se nos 12,69% e 12,63%, respectivamente. Podemos aferir que o sector

terciário obtém níveis de crescimento mais expressivos, quando restringimos o estudo a

empresas com este nível de participação. Estes resultados não se evidenciam da mesma forma

(neste instrumento de análise) quando incluímos todas as empresas participantes no estudo, o

que permite aferir que as empresas com estrutura mais forte, apresentam taxas de crescimento

superiores nas actividades ligadas ao sector terciário, em comparação com os resultados do

global da amostra.

Ilustração 26 – Evolução das taxas de crescimento do Activo Líquido a preços correntes em EMP, 1988 – 2008

O gráfico anterior demonstra que as médias de crescimento das empresas com maior

participação, apesar de apresentarem diferenças significativas nos resultados por actividade,

voltam a confirmar um abrandamento do crescimento económico a partir de finais dos anos

90. Após finais dos anos 90 as actividades, na globalidade e individualmente, apresentam

níveis de crescimento menos acentuados, e alguma incapacidade de manter os níveis de

crescimento. Este facto, permite aferir sobre a volatilidade das empresas regionais e à

incapacidade do tecido empresarial manter crescimento sustentado por períodos de tempo

continuados.

1.1.1.3. Capital Próprio – Conceito

O Capital Próprio é um dos instrumentos financeiros de análise contidos na amostra e

consequentemente neste estudo, apesar de ser um importante indicador de posse de uma

empresa ou organização, a sua dimensão pode não reflectir a dinâmica que a organização tem

-100,00%

-50,00%

0,00%

50,00%

100,00%

150,00%

200,00%

250,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

111

na economia, ou seja, uma organização pode ter um elevado Capital Próprio, mas a sua

actividade empresarial ser reduzida. Esta poderá ter sido a razão para este instrumento

financeiro, ter sido retirado em 2003. Ainda assim, o Capital Próprio constitui-se como um

indicador de riqueza do tecido empresarial, sendo definido por Neves (2002, p.45) como o

“capital fornecido pelos sócios ou accionistas (capital subscrito, prestações suplementares e

prémios de emissão de acções) acumulado com a riqueza criada pela própria empresa

(resultados não distribuídos e servidos para constituir reservas e resultados transitados) ”.

Adicionalmente, importa distinguir capital de numerário, e cito Borges, A., Rodrigues, A.,

Rodrigues, R. (2005, p.574) que afirma que o capital “não é sinónimo de numerário, de

dinheiro, porque uma empresa pode ter um capital elevado e o numerário (notas e moedas) em

seu poder ou à sua disposição ser reduzido ou insignificante, e vice-versa.”

1.1.1.3.1. Capital Próprio – Médias em valores absolutos

A tabela seguinte apresenta a evolução da média anual do indicador financeiro Capital

Próprio, no total e por actividade, com e sem o efeito da inflação. Esta tabela permite a

comparação dos valores médios obtidos após retirar o efeito inflacionário. Tal como nos

instrumentos financeiros anteriormente analisados, analisaremos seguidamente os dados

desinflacionados.

Tabela 26 – Evolução do Capital Próprio, 1990 – 2003

No indicador financeiro Capital Próprio verifica-se uma média global na totalidade das

actividades de 4.359.237,00€, com destaque para os serviços que atingiram a média global de

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1990 304.217,28 510.530,96 2.167.373,40 3.637.239,86 3.143.490,76 5.275.339,21 1.871.693,81 3.141.036,68

1991 459.697,67 707.756,73 2.634.408,46 4.055.970,77 3.124.694,06 4.810.821,09 2.072.933,40 3.191.516,20

1992 412.412,23 593.416,29 3.195.699,17 4.598.263,10 4.098.016,88 5.896.600,02 2.568.709,43 3.696.093,14

1993 460.438,53 622.085,36 2.732.924,41 3.692.376,16 3.186.030,67 4.304.555,10 2.126.464,54 2.873.005,54

1994 828.464,26 1.063.987,09 3.780.519,18 4.855.277,14 4.357.473,84 5.596.253,36 2.988.819,09 3.838.505,86

1995 1.594.160,23 1.961.074,31 5.384.245,22 6.623.490,41 6.570.612,08 8.082.913,08 4.516.339,18 5.555.825,93

1996 855.407,87 1.029.637,68 3.670.761,43 4.418.423,55 3.508.018,74 4.222.533,36 2.678.062,68 3.223.531,53

1997 1.192.812,79 1.400.746,70 4.623.148,71 5.429.066,77 5.124.679,56 6.018.025,64 3.646.880,35 4.282.613,04

1998 1.518.724,10 1.750.217,49 5.261.281,95 6.063.239,33 6.912.295,59 7.965.910,76 4.564.100,55 5.259.789,20

1999 1.226.862,09 1.386.145,15 5.636.397,12 6.368.168,53 6.408.924,23 7.240.992,55 4.424.061,15 4.998.435,41

2000 1.378.335,66 1.522.272,22 5.700.106,94 6.295.356,57 6.098.379,54 6.735.219,90 4.392.274,05 4.850.949,56

2001 1.738.924,76 1.853.780,74 5.884.209,37 6.272.861,40 8.799.567,63 9.380.779,07 5.474.233,92 5.835.807,07

2002 1.640.154,83 1.689.359,47 5.706.119,70 5.877.303,29 8.770.557,79 9.033.674,52 5.372.277,44 5.190.606,22

2003 1.730.538,02 1.730.538,02 7.126.422,32 7.126.422,32 6.417.847,65 6.417.847,65 5.091.602,66 5.091.602,66

MED 1.095.796,45 1.272.967,73 4.535.972,67 5.379.532,80 5.465.756,36 6.498.676,09 3.699.175,16 4.359.237,00

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

112

6.498.676,09€. Esta actividade superou o valor médio da actividade industrial, cuja média

global situou-se nos 5.379.532,80€. Quanto à actividade comercial, obteve neste indicador

uma média global de 1.272.967,73€, o que juntamente com a média da actividade dos

serviços, permite aferir que o sector terciário obteve uma média global de 7.771.643,82€.

Da análise de valores médios observados, verificamos que o sector dos serviços passou

de uma média 5.275.339,21€ em 1990 para uma média de 6.417.847,65€ em 2003, o que

perfaz um aumento de 1,22 vezes. No entanto, esta mesma actividade cresceu 1,78 vezes

quando comparado o valor médio de 1990 com o valor médio de 9.380.779,07€ obtido em

2001. Quanto à actividade industrial, registou um crescimento de 1,96 vezes, evoluindo de um

valor médio 3.637.239,86€ em 1990, para uma média de 7.126.422,32€ verificada em 2003.

Neste parâmetro, a actividade comercial foi a que mais cresceu, uma vez que passou de um

valor médio de 510.530,96€ em 1990, para um valor médio de 1.730.538,02€ em 2003,

correspondente a um aumento de 3,39 vezes.

Ilustração 27 – Evolução do Capital Próprio (série desinflacionada), 1990 – 2003

A observação do gráfico permite verificar que em termos médios, a actividade dos

serviços, é a que têm maior expressividade na economia regional, apesar de, em termos

médios, ter sido a actividade comercial a que mais cresceu. Em conjunto, a actividade

terciária domina o tecido empresarial, mas os níveis de crescimento da actividade comercial

apresentam-se menos voláteis. A actividade dos serviços apresenta em alguns períodos

crescimento muito significativos, porém em outros períodos menos favoráveis, as quebras são

muito acentuadas.

1.1.1.3.2. Capital Próprio – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das taxas de crescimento do Capital

Próprio, no total e por actividade, em comparação com o PIBRpm:

0,00

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

113

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1991 51,11% 21,55% -0,60% 10,75% 22,01% 1992 -10,29% 21,31% 31,15% 23,92% 18,79% 1993 11,65% -14,48% -22,25% -17,22% -1,88% 1994 79,93% 38,33% 36,77% 40,55% 4,31% 1995 92,42% 42,42% 50,79% 51,11% 33,08% 1996 -46,34% -31,82% -46,61% -40,70% 6,46% 1997 39,44% 25,95% 46,08% 36,18% 11,52% 1998 27,32% 13,80% 34,88% 25,15% 10,99% 1999 -19,22% 7,13% -7,28% -3,07% 7,15% 2000 12,35% 1,13% -4,85% -0,72% 20,36% 2001 26,16% 3,23% 44,29% 24,63% -0,46% 2002 -5,68% -3,03% -0,33% -1,86% 20,33% 2003 5,51% 24,89% -26,83% -5,22% 0,00% Média 91 - 03 20,34% 11,57% 10,40% 11,04% 11,74%

Tabela 27 – Evolução das taxas de crescimento do Capital Próprio a preços correntes, 1991 – 2003

A análise da evolução das taxas de crescimento neste instrumento de análise, permite

aferir que a globalidade das actividades registou um crescimento em termos médios de

11,04%, muito por conta do crescimento médio da actividade comercial. Assim, da análise

das taxas de crescimento por actividade, verificamos um maior crescimento em termos

médios da actividade comercial, com uma média de 20,34%. Este crescimento do comércio,

juntamente com o crescimento médio de 10,40% das actividades dos serviços, evidencia a

terciarização da economia regional, com performances conjuntas significativas de

crescimento. Relativamente à actividade industrial, apresenta crescimento médio global de

11,57%, o que também evidencia que a actividade empresarial regional desenvolveu-se

expressivamente na indústria, maioritariamente sustentada em actividades empresariais

ligadas à construção civil e a resposta às necessidades do mercado interno.

Ilustração 28 – Evolução das taxas de crescimento do Capital Próprio a preços correntes, 1991 – 2003

-60,00%

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

114

1.1.1.3.3. Capital Próprio – Números índices de base fixa

A tabela seguinte apresenta a evolução anual dos índices de base fixa para o instrumento

financeiro, Capital Próprio, no total e por actividade:

Ano Base: 1990

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1990 100 100 100 100 100 1991 151 122 99 111 162 1992 136 147 130 137 193 1993 151 126 101 114 189 1994 272 174 139 160 197 1995 524 248 209 241 262 1996 281 169 112 143 279 1997 392 213 163 195 312 1998 499 243 220 244 346 1999 403 260 204 236 371

Tabela 28 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 1º subperíodo, 1990 – 1999

Analisando a evolução dos números índices de base fixa, em relação ao instrumento de

análise Capital Próprio, verifica-se um crescimento do global da actividade empresarial em

10,01%. Observando, as taxas de crescimento médio, por actividade, salientamos o

crescimento da actividade comercial em 16,75%, face ao ano base 1990. Relativamente à

actividade industrial, cresceu 11,20% em termos médios anuais neste subperíodo. A

actividade dos serviços cresceu por ano em termos médios 8,24%, quando comparado com o

ano base deste subperíodo (1990). O instrumento financeiro de análise, Capital Próprio, indica

bons resultados das empresas do tecido empresarial regional da amostra, com predominância

da actividade terciária (comércio e serviços), essencialmente devido aos resultados atingidos

pela actividade comercial.

Ilustração 29 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 1º subperíodo, 1991 – 1999

0

100

200

300

400

500

600

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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115

A tabela que se segue, apresenta a evolução anual dos números índices de base fixa para

o Subperíodo com ano base 1999. No caso do Capital Próprio, este subperíodo é de 5anos,

uma vez que este indicador deixou de fazer parte da amostra em 2003:

Ano Base: 1999

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1999 100 100 100 100 100 2000 112 101 95 99 120 2001 142 104 137 124 120 2002 134 101 137 121 144 2003 141 126 100 115 144

Tabela 29 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 2º subperíodo, 1999 – 2003

O subperíodo 1999 – 2003 apresenta Taxas de Crescimentos Médias Anuais, para as

actividades empresariais no seu conjunto de 3,56%, quando analisamos as médias das três

actividades empresariais. A actividade comercial surge como a actividade que maior

contributo ofereceu para esta média de crescimento, apresentando média de crescimento anual

de 8,97%. Os serviços apresentam ausência de crescimento face a 1999, enquanto a actividade

industrial apresenta uma média de crescimento anual neste subperíodo de 5,95%.

Ilustração 30 – Evolução dos números índices de base fixa do Capital Próprio a preços correntes no 2º subperíodo, 1999 – 2003

1.1.1.4. Cash-Flow – Conceito

Outro dos instrumentos de análise utilizados na iniciativa 100 Maiores e Melhores

Empresas é o Cash-flow, que traduzindo à letra significa fluxo de caixa, o que é revelador da

dinâmica dos agentes económicos de uma economia num determinado momento.

Este instrumento de análise integrou a amostra durante o período 1988 a 2003, o que é

revelador da sua importância, pode-se definir, e que citando o Suplemento do DN (1998, p.23)

0

50

100

150

200

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

116

como o valor que “corresponde ao somatório do resultado líquido, amortizações e provisões.

A partir dele pode-se determinar a capacidade que a empresa tem para libertar, através da sua

actividade, meios líquidos que lhe permitam cobrir os gastos relacionados com a sua

actividade”. Adicionalmente, Neves (1998, p.236) define o Cash-Flow como a “variação de

disponibilidade (caixa, bancos e equivalentes) entre duas datas”. Em sentido lato, Santos

(1994, p.333) em definição, indica que “o cash-flow integra todos os movimentos de fundos

ao longo de um dado período, sejam ou não reflexo da actividade da empresa, se refiram ou

não a custos e proveitos do exercício”.

1.1.1.4.1. Cash-flow – Médias em valores absolutos

A tabela seguinte apresenta a evolução anual, em termos médios, do Cash-Flow, por

actividade:

Tabela 30 – Evolução do Cash-Flow, 1988 – 2003

A análise do Cash-Flow no período 1988 – 2003 aponta para uma média global de

893.070,50€ do total das actividades. O total das actividades passou de um valor médio de

666.243,15 em 1988, para um valor de 1.574.210,59€ registado em 2003, que indica um

acréscimo do volume médio de cash-flow anual em 2,36 vezes.

Na observação dos resultados por actividade, verificamos que a actividade industrial

obteve uma média global de 1.369.405,66€, superior às actividades comercial e de serviços. O

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 113.961,62 229.720,74 493.916,74 995.623,96 383.666,61 773.384,74 330.514,99 666.243,15

1989 100.242,05 185.551,15 382.140,44 707.353,84 504.724,22 934.260,23 329.035,57 609.055,07

1990 111.539,23 187.182,76 498.785,43 837.051,08 472.024,23 792.141,00 360.782,96 605.458,28

1991 113.304,75 174.445,52 640.491,85 986.109,89 491.080,73 756.074,51 414.959,11 638.876,64

1992 115.203,36 165.765,09 739.390,82 1.063.902,87 456.680,07 657.112,89 437.091,42 628.926,95

1993 149.248,57 201.645,48 683.894,47 923.990,30 331.899,87 448.420,44 388.347,64 524.685,41

1994 224.815,08 288.727,41 995.363,99 1.278.334,48 493.288,81 633.525,12 571.155,96 733.529,01

1995 365.967,82 450.199,47 1.375.814,91 1.692.474,34 702.765,58 864.515,06 814.849,44 1.002.396,29

1996 276.839,25 333.225,98 1.048.149,67 1.261.637,20 619.803,14 746.044,88 648.264,02 780.302,69

1997 339.243,85 398.381,63 1.280.007,15 1.503.140,98 739.903,75 868.885,50 786.384,92 923.469,37

1998 510.313,53 588.098,70 1.388.440,68 1.600.075,46 836.048,01 963.483,66 911.600,74 1.050.552,61

1999 567.685,54 641.387,95 1.491.579,24 1.685.230,43 890.113,08 1.005.676,14 983.125,95 1.110.764,85

2000 615.296,43 679.550,48 1.335.202,58 1.474.634,85 966.885,67 1.067.855,41 972.461,56 1.074.013,58

2001 815.784,01 869.666,54 1.439.983,34 1.535.094,24 1.043.658,67 1.112.592,33 1.099.808,67 1.172.451,03

2002 586.352,75 603.943,33 1.720.840,92 1.772.466,15 1.171.036,76 1.206.167,86 1.159.410,14 1.194.192,44

2003 906.289,81 906.289,81 2.593.370,45 2.593.370,45 1.222.971,52 1.222.971,52 1.574.210,59 1.574.210,59

MED 369.505,48 431.486,38 1.131.710,79 1.369.405,66 707.909,42 878.319,46 736.375,23 893.070,50

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

117

o valor médio observado da actividade industrial em 1988 foi de 995.626,93€, o que face ao

valor médio de 2.593.370,45€ em 2003, traduz-se num crescimento de 2,60 vezes. Quanto aos

serviços registaram uma média global de 878.319,46€, passando de um valor médio

observado em 1988 de 773.384,74€ para um valor máximo de 1.222.971,52€ em 2003, o que

corresponde a um crescimento de 1,58 vezes. Da análise das médias da actividade comercial,

verificamos que registou uma média global de 431.486,38€. A actividade comercial atingiu o

valor máximo em 2003, com a média a atingir os 906.289,81€, este valor comparativamente

ao valor médio de 229.720,74 observado em 1988, estes pólos de valores indicam um

crescimento de 3,95 vezes, a nível superior às restantes actividades, apesar da sua menor

representatividade no todo da economia regional, neste indicador.

Ilustração 31 – Evolução do Cash-Flow, 1988 – 2003

Da visualização do gráfico anterior, que representa a evolução do Cash-flow entre 1988

a 2003, verificamos que a indústria destacou-se das restantes actividades em comparação com

as performances das restantes actividades. Apesar da actividade industrial destacar-se das

restantes actividades quando observados os resultados das actividades separadamente,

aferimos que o sector terciário, agrupando os resultados médios do comércio com os serviços,

continua a ser o sector de actividade com maior expressividade no mercado regional, tal como

podemos verificar nas análises anteriores dos restantes indicadores financeiros incluídos no

estudo. Quanto à performance global da economia regional, podemos aferir através deste

indicador que é caracterizada por resultados em geral positivos no período analisado, mas

com performances de desenvolvimento muito diferenciadas, com períodos de forte

crescimento a contrastar por outros de estagnação e decréscimo. Neste caso é visível uma

0,00

500.000,00

1.000.000,00

1.500.000,00

2.000.000,00

2.500.000,00

3.000.000,00

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

118

melhor performance do sector terciário a partir de 1993, com o comércio e os serviços a

crescerem a níveis muito significativos.

1.1.1.4.2. Cash-flow – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das taxas de crescimento do Cash-Flow,

por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -12,04% -22,63% 31,55% -0,45% 16,44% 1990 11,27% 30,52% -6,48% 9,65% 14,16% 1991 1,58% 28,41% 4,04% 15,02% 22,01% 1992 1,68% 15,44% -7,01% 5,33% 18,79% 1993 29,55% -7,51% -27,32% -11,15% -1,88% 1994 50,63% 45,54% 48,63% 47,07% 4,31% 1995 62,79% 38,22% 42,47% 42,67% 33,08% 1996 -24,35% -23,82% -11,81% -20,44% 6,46% 1997 22,54% 22,12% 19,38% 21,31% 11,52% 1998 50,43% 8,47% 12,99% 15,92% 10,99% 1999 11,24% 7,43% 6,47% 7,85% 7,15% 2000 8,39% -10,48% 8,63% -1,08% 20,36% 2001 32,58% 7,85% 7,94% 13,10% -0,46% 2002 -28,12% 19,50% 12,20% 5,42% 20,33% 2003 54,56% 50,70% 4,43% 35,78% 0,00% Média 89 - 03 18,18% 13,99% 9,74% 12,40% 12,22%

Tabela 31 – Evolução das taxas de crescimento do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 2003

A análise da evolução das taxas de crescimento do Capital Próprio indica um

crescimento do total das actividades em média de 12,40% no período analisado. Além disso,

verifica-se um parâmetro de evolução neste indicador financeiro estável, quando comparados

os resultados do 1º subperíodo 1989 – 1999 e o 2º subperíodo 2000 – 2003, sendo a diferença

do crescimento médio anual entre períodos de 1%, com estes períodos a crescerem em média

anual de 12,07% e 13,30%, no 1º e 2º subperíodo, respectivamente.

Da analise por actividade, verificamos que a actividade comercial, neste indicador,

apresenta uma média de crescimento comparativamente ao ano anterior de 18,18%, verifica-

se nesta actividade um crescimento médio de 18,67% no 1º subperíodo e de 16,85% no

segundo subperíodo, um perda de 1,82% no crescimento, quando comparado o 1º com o 2º

subperíodo. Quanto à actividade industrial, apresenta uma média de crescimento face ao ano

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

119

imediatamente anterior de 13,99%, com o crescimento observado no 1º subperíodo é inferior

ao 2º subperíodo, sendo a média de 12,93% e 16,89%, respectivamente. Por sua vez, a

actividade dos serviços apresenta índice de crescimento médio anual na ordem dos 9,74%. A

média de crescimento para esta actividade (serviços) por subperíodos indicam uma melhor

performance média no 1º período, com o crescimento a decair no 2º subperíodo em

aproximadamente 1,96%, passando de uma média de crescimento de 10,26% para 8,30%.

Ilustração 32 – Evolução das taxas de crescimento do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 2003

1.1.1.4.3. Cash-flow – Números índices de base fixa

A tabela seguinte apresenta a evolução anual dos números índices de base fixa para o

Cash-Flow:

Base Fixa: 1988

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1988 100 100 100 100 100 1989 88 77 132 100 116 1990 98 101 123 109 133 1991 99 130 128 126 162 1992 101 150 119 132 193 1993 131 138 87 117 189 1994 197 202 129 173 197 1995 321 279 183 247 262 1996 243 212 162 196 279 1997 298 259 193 238 312 1998 448 281 218 276 346 1999 498 302 232 297 371

Tabela 32 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 1999

0,00% 2000,00% 4000,00% 6000,00% 8000,00%

10000,00% 12000,00% 14000,00% 16000,00% 18000,00%

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

Pib

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120

O desenvolvimento do Cash-Flow comparativamente ao ano 1988 (Base Fixa do 1º

subperíodo) demonstra um crescimento anual médio do total da actividade empresarial em

10,40%, até ao ano 1999 (último ano do 1º subperíodo). Na análise por actividades, observa-

se que a indústria cresceu 10,57% face a 1988. A actividade comercial revelou-se como sendo

aquela com maior crescimento observado neste indicador, uma vez que obteve um acréscimo

de 15,71% face a 1988. Quanto aos serviços, cresceram anualmente 7,95% em termos médios,

ainda assim, abaixo da actividade industrial e comercial.

Ilustração 33 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes, 1989 – 1999

A tabela seguinte apresenta a evolução dos números índices de base fixa, para o 2º

subperíodo, no indicador financeiro Cash-Flow, no total e por actividade em comparação com

o Produto Interno Bruto Regional a Preços de Mercado (PIBRpm):

Ano Base: 1999

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1999 100 100 100 100 100 2000 108 90 109 99 120 2001 144 97 117 112 120 2002 103 115 132 118 144 2003 160 174 137 160 144

Tabela 33 – Evolução dos números índices de base fixa, do Cash-Flow a preços correntes, 1999 – 2003

Da observação da tabela anterior verificou-se um crescimento médio de 12,47% anual da

actividade geral, comparado com o ano de 1999. Tal como no 1º subperíodo deste indicador,

volta a registar-se crescimento da actividade comercial, mas neste subperíodo a média situou-

se nos 12,47% anuais. As actividades serviços e indústria cresceram em termos comparativos

face a 1999, em médias anuais de 8,19% e 14,85%, respectivamente. De salientar que na

análise deste indicador financeiro, apenas a actividade dos serviços apresentou uma tendência

0

100

200

300

400

500

600

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

Comércio

Indústria

Serviços

Total

Pib

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121

para a continuação dos níveis de crescimento neste subperíodo, tendo a actividade industrial

apresentado decréscimos (2000 e 2001).

O gráfico seguinte apresenta a evolução dos Números Índices no subperíodo 2000 a 2003,

que ser um período com duração mais curta que o anterior, não permite relacionar os

resultados dos dois subperíodos analisados, através desta técnica (números índices de base

fixa).

Ilustração 34 – Evolução dos números índices de base fixa do Cash-Flow a preços correntes no 2º subperíodo, 1999 – 2003

A análise do gráfico anterior permite aferir que os níveis de crescimento on«bsevados

são inferiores ao subperíodo anterior. Apesar de ser normal obter níveis de crescimento

inferiores ao subperíodo anterior, uma vez que o período de dados para este indicador no 2º

subperíodo vai apenas até 2003. No entanto é possível verificar um abrandamento do

crescimento do total das actividades, com estas a progredirem ligeiramente face a

1999.Sumariamente, verificamos que o Cash-Flow permite apontar no mesmo sentido que o

Volume de Negócios e o Capital Próprio para um crescimento da actividade empresarial na

RAM no período em análise. Continuamos a verificar que os níveis de crescimento

observados nos finais da década de 80 e inícios de 90, não conseguem manter-se quando

chegamos a finais da década de 90 e no pós 2000.

1.1.1.5. Produtividade – Conceito

A produtividade é um dos indicadores fornecidos pelas empresas e incluídos na amostra

no período compreendido entre 1990 e 2003. Este indicador está directamente relacionado

com o aproveitamento dos factores de produção, o que no contexto de um mercado com as

características do regional, com reduzida dimensão e afastamento de outros recursos, pelo

0

50

100

150

200

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

Pib

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122

factor ilha, razões que provocam a escassez dos factores produtivos. Assim, a maximização

do aproveitamento dos recursos constitui-se como um importante instrumento de análise da

performance das empresas regionais. Para definir este indicador financeiro, cito Santos (1994,

p.371) que define a produtividade como

a aptidão para produzir, ou seja, a característica inerente a uma pessoa ou coisa para segregar algo, acrescer valor aos factores adquiridos no exterior, obter rendimento da combinação dos diversos factores de produção, é geralmente considerada a relação básica de toda a actividade, a relação entre o resultado do processo produtivo (output) e os elementos consumidos nesse processo (input), entre a produção e os factores produtivos. A sua medida, em termos genéricos em termos genéricos, corresponde ao quociente entre a produção e a carga de factores produtivos utilizados, reportados ao mesmo período de tempo.

1.1.1.5.1. Produtividade – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do indicador financeiro, a Produtividade,

por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1990 1,92 2,03 1,59 1,85 1991 1,68 1,93 1,61 1,74 1992 1,77 2,03 1,71 1,84 1993 1,78 2,04 1,61 1,81 1994 2,09 1,88 1,52 1,83 1995 1,96 2,63 1,60 2,06 1996 2,21 1,89 1,91 2,00 1997 2,11 1,97 2,04 2,04 1998 2,30 1,91 2,05 2,09 1999 2,19 1,99 1,57 1,92 2000 2,32 2,34 2,46 2,37 2001 2,27 2,15 1,67 2,03 2002 1,92 1,95 2,23 2,03 2003 2,10 2,16 2,95 2,40 Média Total 2,05 2,06 1,89 2,00

Tabela 34 – Evolução da Produtividade, por actividade, 1990 – 2003

Na globalidade das actividades, as médias demonstram aumentos significativos de

produtividade, com o conjunto das actividades a revelarem melhores índices em 2008 face a

1988. Esta evolução do indicador de produtividade na actividade geral demonstra melhor

capacidade de aproveitamento dos recursos por parte da actividade empresarial regional. A

actividade industrial apresenta-se como actividade com maiores índices de produtividade

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123

(2,06), seguida pela actividade comercial com média de produtividade de 2,05. A actividade

dos serviços apresenta média de 1,89, inferior às restantes actividades.

Ilustração 35 – Evolução da Produtividade, por actividade, 1990 – 2003

1.1.1.5.2. Produtividade – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução das taxas de crescimento da Produtividade, no

total e por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1991 -12,50% -4,93% 1,26% -5,95% 16,44% 1992 5,36% 5,18% 6,21% 5,75% 14,16% 1993 0,56% 0,49% -5,85% -1,63% 22,01% 1994 17,42% -7,84% -5,59% 1,10% 18,79% 1995 -6,22% 39,89% 5,26% 12,57% -1,88% 1996 12,76% -28,14% 19,38% -2,91% 4,31% 1997 -4,52% 4,23% 6,81% 2,00% 33,08% 1998 9,00% -3,05% 0,49% 2,45% 6,46% 1999 -4,78% 4,19% -23,41% -8,13% 11,52% 2000 5,94% 17,59% 56,69% 23,44% 10,99% 2001 -2,16% -8,12% -32,11% -14,35% 7,15% 2002 -15,42% -9,30% 33,53% 0,00% 20,36% 2003 9,38% 10,77% 32,29% 18,23% -0,46% Média 91 - 03 1,14% 1,61% 7,30% 2,51% 12,53%

Tabela 35 – Evolução das taxas de crescimento da Produtividade a preços correntes, 1991 – 2003

A evolução das taxas de crescimento do instrumento de análise produtividade permitem

verificar um ganho médio global do total das actividades na produtividade de 2,51%, estes

ganhos de produtividade são fundamentais, tendo em conta as características de escassez de

recursos e os constrangimentos inerentes à actividade empresarial no contexto de ilha

periférica. Da análise dos resultados obtidos pelo tecido empresarial regional em termos de

produtividade, e diferenciando os resultados por actividade, verificamos um maior acréscimo

0 0,5

1 1,5

2 2,5

3 3,5

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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124

de ganho produtivos na actividade dos serviços, com um crescimento de 7,30%. As

actividades comerciais e industriais melhoraram os seus índices de produtividade, mas em

médias de 1,14% e 1,61%, respectivamente.

Ilustração 36 – Evolução das taxas de crescimento da Produtividade a preços correntes, 1991 – 2003

Neste instrumento de análise, a salientar que as médias cresceram no global das

actividades. No entanto, os resultados demonstram uma melhoria pouco significativa dos

ganhos produtivos das actividades comercial e industrial. Neste indicador apenas de salientar

a evolução do sector terciário no período 1991-1996 e 2000 - 2003.

1.1.1.5.3. Produtividade – Números índices de base fixa

A tabela seguinte apresenta a evolução anual dos índices de base fixa para a

Produtividade, por actividade:

Ano Base: 1990

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1990 100 100 100 100 100 1991 88 95 101 94 116 1992 92 100 107 99 133 1993 93 101 101 98 162 1994 109 93 95 99 193 1995 102 129 100 112 189 1996 115 93 120 108 197 1997 110 97 128 110 262 1998 120 94 128 113 279 1999 114 98 98 104 312 2000 121 115 155 129 346 2001 118 106 105 110 371 2002 100 96 140 110 387 2003 109 106 185 130 356

Tabela 36 – Evolução dos números índices de base fixa da Produtividade a preços correntes, 1990 – 2003

-40,00%

-20,00%

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00% 19

91

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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125

Da análise deste indicador financeiro (Produtividade) através dos números índices de

base fixa, que comparam a evolução face ao primeiro ano da amostra, verificamos acréscimo

de produtividade no global das três actividades analisadas face a ano base (1990), com a taxa

de crescimento anual global da actividade a situar-se nos 2,04%. Descriminando os resultados

por actividade, realce para o crescimento anual observado nos serviços de 4,85% em relação a

1990. Relativamente à indústria, observamos um crescimento de 0,45% comparando 2003

face a 1990. No entanto, até 1995 o nível de crescimento desta actividade era superior,

atingindo crescimento de produtividade de 5,22%, o que é indicativo que os resultados desta

actividade, foram melhores nos primeiros anos da amostra. Quanto à actividade comercial,

verificamos um crescimento de 0,67%, relação entre 1990 e 2003. Porém, até 2000, esta

actividade demonstrava ganhos de produtividade de 1,92%.

Ilustração 37 – Evolução dos números índices de base fixa da Produtividade, 1991 – 2003

1.1.1.6. Cash-Flow / Volume de Negócios – Conceito

Neste ponto iremos analisar os resultados do rácio Cash-flow / Volume de Negócios

estabelece a relação entre: a capacidade que a empresa tem por intermédio da sua actividade

empresarial auferir liquidez, de forma a fazer face aos custos que são necessários para dar

continuidade à persecução da sua actividade; com o nível total dos proveitos que a

organização empresarial consiga retirar do exercício da sua actividade.

Este rácio, apesar das limitações, apresenta-se como um indicador económico

importante, para analisar a performance empresarial. Já fizemos referência à importância do

Indicador Volume de Negócios para avaliar a dinâmica do tecido empresarial, mas estabelecer

uma relação do mesmo com a liquidez que advém para as organizações do estímulo à

0 50

100 150 200 250 300 350 400 450

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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126

actividade empresarial, assume particular destaque, visto que a concretização em liquidez é

fundamental para o reinvestimento da organização em dinamizações futuras, e para a sua

própria sobrevivência empresarial.

1.1.1.6.1. Cash-Flow / Volume de Negócios (CF/VN) – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do Cash-Flow / Volume de Negócios, por

actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1988 5,28 8,61 13,26 9,05 1989 5,25 3,82 5,82 4,96 1990 4,83 9,52 13,60 9,32 1991 7,56 9,31 13,19 10,02 1992 8,41 8,54 12,84 9,93 1993 9,20 10,17 13,28 10,88 1994 12,57 16,40 10,24 13,07 1995 12,37 17,01 11,94 13,77 1996 9,10 11,45 17,77 12,77 1997 7,05 13,96 26,62 15,88 1998 7,55 17,62 23,81 16,33 1999 6,69 15,39 30,05 17,38 2000 9,91 12,63 35,00 19,18 2001 6,57 6,83 27,77 13,72 2002 5,92 12,68 20,09 12,90 2003 6,02 12,56 29,75 16,11 2004 8,77 13,01 34,72 18,83 2005 5,97 14,84 35,00 18,60 2006 10,24 11,35 45,17 22,25 2007 -8,43 4,25 48,00 14,61 2008 -0,03 -6,43 51,91 15,15 Média 88 - 08 6,70 10,64 24,76 14,03

Tabela 37 – Evolução CF/VN, por actividade, 1988 – 2008

No rácio financeiro Cash-flow/Volume de Negócios, verificamos um domínio das

actividades relacionadas com os serviços, apresentando esta actividade um valor médio de

24,76, resultado muito superior às restantes actividades, visto que, quanto maior for resultado

deste rácio, melhor a convertibilidade em liquidez.

A análise dos resultados da tabela demonstra que as actividades comerciais e industrial,

também apresentam em termos médios resultados positivos, embora inferiores aos resultados

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127

obtidos pelos serviços, com os resultados médios de 6,70 e 10,64, respectivamente. Estes

resultados são evidenciados no gráfico seguinte:

Ilustração 38 – Evolução do CF/VN, por actividade, 1988 – 2008

1.1.1.6.2. Cash-Flow / Volume de Negócios – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das taxas de crescimento do rácio Cash-

Flow / Volume de Negócios, por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -0,57% -55,63% -56,11% -45,19% 16,44% 1990 -8,00% 149,21% 133,68% 87,90% 14,16% 1991 56,52% -2,21% -3,01% 7,51% 22,01% 1992 11,24% -8,27% -2,65% -0,90% 18,79% 1993 9,39% 19,09% 3,43% 9,57% -1,88% 1994 36,63% 61,26% -22,89% 20,13% 4,31% 1995 -1,59% 3,72% 16,60% 5,36% 33,08% 1996 -26,43% -32,69% 48,83% -7,26% 6,46% 1997 -22,53% 21,92% 49,80% 24,35% 11,52% 1998 7,09% 26,22% -10,56% 2,83% 10,99% 1999 -11,39% -12,66% 26,21% 6,43% 7,15% 2000 48,13% -17,93% 16,47% 10,36% 20,36% 2001 -33,70% -45,92% -20,66% -28,47% -0,46% 2002 -9,89% 85,65% -27,66% -5,98% 20,33% 2003 1,69% -0,95% 48,08% 24,88% 0,00% 2004 45,68% 3,58% 16,71% 16,88% 7,00% 2005 -31,93% 14,07% 0,81% -1,22% 6,67% 2006 71,52% -23,52% 29,06% 19,62% 11,48% 2007 -182,32% -62,56% 6,27% -34,34% 2,12% 2008 -99,64% -251,29% 8,15% 3,70% 4,62% Média 88 - 08 (7,00%) (6,45%) 13,03% 5,81% 10,76%

Tabela 38 – Evolução das taxas de crescimento do CF/VN a preços correntes, 1989 – 2008

-20 -10

0 10 20 30 40 50 60

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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128

A observação das taxas de crescimento permitem identificar um crescimento médio

anual da actividade global no período 1988 a 2008 igual a 5,81%, a média de crescimento é

superior no subperíodo 1988 a 1999 relativamente ao período de 2000 a 2008, uma vez que a

média de crescimento cai em 6,25%, quando comparado o 1º subperíodo com o 2º

subperíodo. Neste indicador a actividade dos serviços apresenta maiores índices de

crescimento, atingindo uma média de crescimento anual de 13,03%, em comparação com as

médias de decréscimo da indústria e do comércio neste indicador, que atingem os (6,45%) e

(7,00%), respectivamente.

Ilustração 39 – Evolução das taxas de crescimento do CF/VN a preços correntes, 1989 – 2008

1.1.1.6.3. Cash-Flow / Volume de Negócios – Números índices de base fixa

A tabela seguinte apresenta a evolução anual dos números índices de base fixa do Cash

Flow / Volume de Negócios, por actividade:

Ano Base: 1988

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1988 100 100 100 100 100 1989 99 44 44 55 116 1990 92 111 103 103 133 1991 143 108 99 111 162 1992 159 99 97 110 193 1993 174 118 100 120 189 1994 238 191 77 144 197 1995 234 198 90 152 262 1996 172 133 134 141 279 1997 134 162 201 175 312 1998 143 205 180 180 346 1999 127 179 227 192 371

Tabela 39 – Evolução dos números índices de base fixa do CF/VN a preços correntes, 1989 – 1999

-300,00%

-200,00%

-100,00%

0,00%

100,00%

200,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

129

As médias de crescimento observadas através dos números índices de base fixa, indicam

níveis de crescimento para o subperíodo 1988 a 1999 para o total das actividades de 6,11%.

Neste período o crescimento da actividade dos serviços face a 1988 destacou-se em relação à

actividade comercial e à indústria, sendo que esta actividade alcançou uma média de

crescimento de 7,74% face ao ano base. As restantes actividades, ou seja, indústria e o

comércio cresceram, quando comparado com 1988, mas em média 5,44% e 2,20%,

respectivamente.

Ilustração 40 – Evolução dos números índices de base fixa do CF/VN a preços correntes, 1989 – 1999

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das taxas de crescimento do CF/VN, por

actividade:

Ano Base: 1999

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1999 100 100 100 100 100 2000 148 82 116 110 120 2001 98 44 92 79 120 2002 88 82 67 74 144 2003 90 82 99 93 144 2004 131 85 116 108 154 2005 89 96 116 107 165 2006 153 74 150 128 183 2007 126 28 160 84 187 2008 130 42 173 87 196

Tabela 40 – Evolução dos números índices de base fixa do CF /VN a preços correntes, 1999 – 2008

No subperíodo 1999 a 2008 verifica-se um decréscimo de 1,54% no global das

actividades, sustentado pela quebra dos indicadores do CF/VN do sector industrial em 9,19%

face a 1999. Apesar da quebra no geral das actividades, este método de análise permite

identificar bons níveis de crescimento da actividade comercial e dos serviços face a 1999,

com estes a registarem crescimentos de 2,96% e 6,28%, respectivamente.

0 50

100 150 200 250 300 350 400

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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130

Ilustração 41 – Evolução dos números índices de base fixa do CF /VN a preços correntes, 2000 – 2008

1.1.1.7. Rendibilidade das Vendas – Conceito

Neste ponto iremos analisar os resultados do rácio de Rendibilidade das Vendas que é um

dos indicadores utilizados na iniciativa, e que perdurou no mesmo até o ano de 2003. O rácio

de rendibilidade, é definido por Neves (2002, p.85) como o “indicador da relação entre o

resultado (lucro ou prejuízo) e as vendas ou uma grandeza de capital”, o mesmo precisa que a

Rendibilidade das Vendas é o “rácio que analisa a relação entre os resultados e as vendas”.

Adicionalmente, cito Santos (1994, p.262) que afirma que este rácio permite “determinar o

lucro obtido por cada unidade vendida”.

Este rácio financeiro é muito importante para aferir se as empresas estão retirar os

dividendos desejados da sua actividade empresarial. É de referir, que no contexto empresarial

regional, as rendibilidades tendem a ser muito inferiores às que se registam nas regiões

centrais, este facto deve-se essencialmente aos elevados custos de transporte para a

prossecução da actividade empresarial, essencialmente no caso da actividade industrial, cujas

despesas superiores condicionam as margens de lucro e aumentam os custos para o

consumidor final.

1.1.1.7.1. Rendibilidade das Vendas – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução média anual do rácio Rendibilidade das Vendas,

por actividade:

0

50

100

150

200

250

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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131

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1990 2,46 2,50 6,38 3,78 1991 2,17 2,62 5,17 3,32 1992 4,05 1,15 3,14 2,28 1993 3,57 2,27 2,35 2,73 1994 4,80 2,54 4,17 3,84 1995 2,03 3,29 2,70 2,67 1996 2,12 1,53 5,05 2,90 1997 2,68 2,47 4,09 3,08 1998 3,62 2,43 4,47 3,51 1999 2,71 3,91 8,65 5,09 2000 3,31 3,80 9,41 5,51 2001 2,69 4,60 6,70 4,66 2002 1,70 4,52 8,00 4,74 2003 1,21 2,84 10,79 4,95 Média 90 - 03 2,79 2,89 5,79 3,83

Tabela 41 – Evolução da Rendibilidade das Vendas, 1990 – 2003

O rácio Rendibilidade das Vendas permite observar uma média do global das

actividades no período 1990 – 2003 de 3,83. Neste rácio observa-se uma melhor performance

das actividades dos serviços, obtendo o valor médio de 5,79. Os valores médios observados

para este indicador foram de 2,79 para a actividade comercial e de 2,89 para a actividade

industrial. A actividade terciária apresenta conjuntamente, melhores níveis de rendibilidade

das vendas, em comparação a indústria.

Ilustração 42 – Evolução da Rendibilidade das Vendas, 1990 – 2003

A observação do gráfico anterior permite aferir uma evolução positiva global do rácio

de rendibilidade das vendas, com predominância das actividades ligadas aos serviços, que

obtêm níveis de crescimento em destaque face às restantes actividades, essencialmente a partir

de 1995, em que passa a manter níveis de rendibilidade superiores.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

132

No que se refere aos níveis de rendibilidade das vendas, este rácio em conformidade

com outros indicadores, volta a demonstrar um crescimento descontínuo da actividade

empresarial regional. Esta descontinuidade de crescimento, deve-se ao instável desempenho

da economia nacional e consequentemente regional, caracterizada por subperíodos propícios à

obtenção de bons níveis de crescimento, e de períodos em que se verifica estagnação e até

declínio devido a desempenhos económicos menos favoráveis. Esta volatilidade da economia

regional face ao contexto macroeconómico nacional e europeu, demonstra a sua dependência

da face aos seus parceiros económicos directos. Existem, no entanto, além dos factores

macroeconómicos, factores microeconómicos que influenciam de forma directa a

rendibilidade das vendas, principalmente no contexto do mercado regional, caracterizado

pelas suas reduzidas dimensões e pelos custos elevados que as empresas suportam para

realizar a sua actividade, como é o caso dos custos dos transportes.

1.1.1.7.2. Rendibilidade das Vendas – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das Taxas de Crescimento do rácio

Rendibilidade das Vendas, por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1991 -11,79% 4,80% -18,97% -12,17% 1992 86,64% -56,11% -39,26% -16,27% 1993 -11,85% 97,39% -25,16% -1,80% 1994 34,45% 11,89% 77,45% 40,54% 1995 -57,71% 29,53% -35,25% -30,32% 1996 4,43% -53,50% 87,04% 8,48% 1997 26,42% 61,44% -19,01% 6,21% 1998 35,07% -1,62% 9,29% 13,85% 1999 -25,14% 60,91% 93,51% 45,15% 2000 22,14% -2,81% 8,79% 8,19% 2001 -18,73% 21,05% -28,80% -15,31% 2002 -36,80% -1,74% 19,40% 1,64% 2003 -28,82% -37,17% 34,88% 4,36% Média 91 - 03 1,41% 10,31% 12,61% 4,04%

Tabela 42 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade das Vendas a preços correntes, 1991 – 2003

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133

A observação das taxas de crescimento da tabela anterior permitem verificar que face ao

ano imediatamente anterior a actividade dos serviços é a que apresenta uma média superior,

apresentando esta actividade um crescimento anual de 12,61%. A actividade industrial

apresenta crescimento médio face ao ano anterior de 10,31%, enquanto a actividade comercial

apresenta uma média de crescimento muito inferior às restantes actividades, situando-se nos

1,41%.

Ilustração 43 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade das Vendas a preços correntes, 1991 – 2003

Em suma, este rácio permite aferir que os níveis de Rendibilidade das vendas, na

actividade empresarial regional, são caracterizados por um domínio das actividades ligadas

aos serviços. Não é surpreendente este domínio dos serviços, em termos de rendibilidade das

vendas, face à actividade comercial e industrial, uma vez que as actividades comerciais e

industriais sofrem com maior intensidade os custos da insularidade e da periferia, sendo o

factor “ilha” mais penalizador nestas actividades comparativamente aos serviços.

Globalmente, este rácio de rendibilidade permite verificar uma evolução deste indicador

financeiro na actividade empresarial regional em média de 4,04%.

1.1.1.8. Autonomia Financeira – Conceito

Neste ponto iremos analisar os resultados do rácio Autonomia Financeira, que se

assume como um importante indicador para analisar a capacidade financeira das empresas que

compõe o tecido empresarial regional, com base no Capital Próprio, sendo o mesmo obtido

através da divisão dos capitais próprios pelo passivo de médio e longo prazo das empresas.

Através da Autonomia Financeira os agentes externos à empresa podem ficar a conhecer de

uma forma mais esclarecedora a maior ou menor capacidade desta fazer face aos

-80,00 -60,00 -40,00 -20,00

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00

100,00 120,00

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

134

compromissos financeiros, sendo medida pelo quociente do valor dos seus capitais próprios e

do valor do seu activo líquido num determinado momento.

Este indicador, pela sua importância, aparece na globalidade dos anos da amostra, e

como afirma Santos (1994, p.228) é fundamental, porque indica para os agentes internos e

externos da empresa, qual a sua “capacidade de endividamento a médio e longos prazos, na

perspectiva de que o montante deste tipo de passivo não deve ser superior aos dos capitais

próprios, sendo aquela capacidade igual à diferença entre os capitais próprios e o passivo a

médio e longos prazos”. Adicionalmente, Santos (1994, p.228) afirma “a manutenção de

valores elevados (neste indicador) permitem à empresa maior capacidade de negociação, e

maior independência dos credores, nas suas decisões de fundo.”

1.1.1.8.1. Autonomia Financeira – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do rácio Autonomia Financeira, por

actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1988 22,32 42,18 25,35 29,95 1989 23,00 26,00 33,00 27,33 1990 27,65 29,59 27,90 28,38 1991 33,18 36,60 29,27 33,02 1992 33,39 31,93 63,93 43,08 1993 33,18 35,85 45,61 38,21 1994 33,04 51,14 33,99 39,39 1995 34,73 36,42 37,33 36,16 1996 64,35 32,75 42,47 46,52 1997 42,21 33,06 46,46 40,58 1998 28,69 45,17 38,33 37,40 1999 31,16 40,25 47,82 39,74 2000 29,86 36,86 37,66 34,79 2001 31,32 33,50 44,05 36,29 2002 41,28 37,15 44,41 40,95 2003 30,33 33,80 36,61 33,58 2004 31,97 35,16 37,43 34,85 2005 32,24 38,97 39,65 36,95 2006 37,08 39,80 40,70 39,19 2007 37,18 39,71 35,54 37,48 2008 34,95 40,49 36,34 37,26 Média 88 - 08 33,96 36,97 39,23 36,72

Tabela 43 – Evolução da Autonomia Financeira, 1988 – 2008

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135

A observação da evolução das médias do rácio financeiro da tabela anterior permite

identificar uma evolução positiva dos valores médios da actividade geral, com os valores

médios de Autonomia Financeira a atingir o valor médio global de 36,72, resultado médio que

face aos 29,95 de 1988, apontam para uma melhoria significativa. Se verificarmos a evolução

global deste rácio até finais dos anos 90, podemos aferir que os níveis de crescimento eram

superiores.

Da análise dos resultados por actividade, podemos aferir que os serviços apresentam

uma melhor performance global neste indicador, com o valor médio de 39,23. A actividade

dos serviços, apresenta uma média superior às restantes actividades, em comparação com as

actividades industrial e comercial que apresentam valor médio de 36,97 e 33,96

respectivamente.

Ilustração 44 – Evolução da Autonomia Financeira, 1988 – 2008

O gráfico anterior permite identificar uma evolução positiva de forma relevante até

meados dos anos 90, a partir desse momento é evidente um abrandamento no crescimento

deste indicador no total das actividades.

A observação dos resultados por actividade, permite verificar o abrandamento dos

níveis deste rácio, tal como no global, com todas as actividades a revelarem abrandamento a

partir de meados dos anos 90. Podemos verificar que a actividade comercial apresenta uma

grande evolução nos primeiros anos da amostra, após os quais os resultados identificam um

abrandamento e decréscimo face aos anos anteriores, tornando-se, neste indicador, a

actividade com resultados abaixo das restantes. Quanto à actividade industrial e aos serviços

apresentam resultados na mesma tendência que a actividade comercial.

0

10

20

30

40

50

60

70

1988

19

89

1990

19

91

1992

19

93

1994

19

95

1996

19

97

1998

19

99

2000

20

01

2002

20

03

2004

20

05

2006

20

07

2008

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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136

1.1.1.8.2. Autonomia Financeira – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do rácio Autonomia Financeira, por

actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 3,03% -38,36% 30,18% -8,75% 16,44% 1990 20,21% 13,82% -15,46% 3,84% 14,16% 1991 20,00% 23,69% 4,92% 16,35% 22,01% 1992 0,65% -12,76% 118,43% 30,47% 18,79% 1993 -0,64% 12,28% -28,67% -11,30% -1,88% 1994 -0,41% 42,65% -25,47% 3,09% 4,31% 1995 5,09% -28,80% 9,82% -8,20% 33,08% 1996 85,30% -10,06% 13,78% 28,65% 6,46% 1997 -34,41% 0,95% 9,40% -12,77% 11,52% 1998 -32,02% 36,61% -17,51% -7,84% 10,99% 1999 8,61% -10,89% 24,76% 6,26% 7,15% 2000 -4,17% -8,42% -21,25% -12,46% 20,36% 2001 4,87% -9,11% 16,98% 4,31% -0,46% 2002 31,80% 10,88% 0,82% 12,84% 20,33% 2003 -26,53% -9,01% -17,57% -18,00% 0,00% 2004 5,40% 4,01% 2,22% 3,78% 7,00% 2005 0,87% 10,86% 5,93% 6,03% 6,67% 2006 15,00% 2,11% 2,65% 6,06% 11,48% 2007 0,26% -0,23% -12,67% -4,36% 2,12% 2008 -6,01% 1,97% 2,26% -0,59% 4,62% Média 89 - 08 4,85% 1,61% 5,18% 1,87% 10,76%

Tabela 44 – Evolução das taxas de crescimento da Autonomia Financeira a preços correntes, 1989 – 2008

A observação da evolução das taxas de crescimento, permitem aferir uma evolução

positiva neste rácio financeiro, verificando-se nas actividades a nível geral, um crescimento

anual médio de 1,87% no período 1988 – 2008. Este crescimento manteve um ritmo

diferenciado, verificando-se uma taxa de crescimento média de 3,62% para o subperíodo 1988

– 1999, e uma taxa de decréscimo médio anual de 0,26% para o subperíodo 2000 – 2008.

Na análise dos resultados por actividade deste indicador financeiro, verifica-se um

equilíbrio entre o crescimento do ano n+1 comparado com o ano n para as actividades

comercial e de serviços. Tanto a actividade comercial como os serviços, registam um

acréscimo aproximado a 5% (4,85% comércio e 5,18% serviços). Relativamente à actividade

industrial verificamos um acréscimo médio anual de 1,61%, apesar do resultado global ser

positivo para esta actividade, o resultado é inferior à restantes actividades da amostra.

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137

Ilustração 45 – Evolução das taxas de crescimento da Autonomia Financeira a preços correntes, 1989 – 2008

1.1.1.9. Rendibilidade do Activo (ROA) – Conceito

O rácio Rendibilidade do Activo é segundo Neves (2002, p.177) “medido como

Resultado Operacional / Activo, [...] serve para analisar o desempenho global dos capitais da

empresa”, servindo, no entender de Neves (2000, p.85) como método “de avaliação do

desempenho dos capitais totais investidos na empresa, independentemente da sua origem

(capitais próprios ou alheios)”. Adicionalmente, e cito definição do Portal de Gestão

(http://www.portal-gestao.com/financas/racios-de-gestao/item/2291-r%C3%A1cios-de-

rentabilidade.html, recuperado Junho 19, 2011) que define que

este rácio divide o valor dos Resultados Operacionais (RO) pelo valor do Activo Total (AT) e dá-nos a informação sobre qual a capacidade dos activos da empresa em gerar resultados, afinal é para isso mesmo que servem: máquinas, equipamento produtivo, inventários, equipamento administrativo, entre outros, têm de ser capazes de gerar resultados. Naturalmente, quanto maior for o rácio de Rendibilidade do Activo melhor será a performance operacional da empresa. Um rácio de ROA elevado significa que os activos da empresa estão a ser bem utilizados e a produzir bons resultados.

É necessário ter em consideração o modo de funcionamento da empresa em questão. Diferentes empresas requerem maior ou menor intensidade de activos. É normal que as empresas do sector industrial tenham activos maiores do que as empresas de serviços, por exemplo. Uma empresa do sector petrolífero necessita de uma infra-estrutura física muito superior à de uma empresa de recrutamento e selecção. Por isso, não faz sentido comparar directamente o ROA destas duas empresas, sendo de esperar que a segunda tenha um ROA muito superior ao da primeira em condições normais.

-60,00% -40,00% -20,00%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

100,00% 120,00% 140,00%

1989

19

90

1991

19

92

1993

19

94

1995

19

96

1997

19

98

1999

20

00

2001

20

02

2003

20

04

2005

20

06

2007

20

08

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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138

1.1.1.9.1. Rendibilidade do Activo – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do rácio Rendibilidade do Activo, por

actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1988 5,66 11,66 4,83 7,38 1989 2,83 2,92 4,48 3,42 1990 3,61 5,20 3,95 4,25 1991 3,37 3,61 2,08 3,02 1992 5,39 1,53 3,07 3,33 1993 7,44 -0,59 4,06 3,64 1994 2,25 0,56 2,40 1,74 1995 5,55 3,28 4,96 4,60 1996 3,96 2,33 14,41 6,90 1997 4,05 2,47 14,57 7,03 1998 5,08 2,56 13,67 7,10 1999 4,06 3,59 12,59 6,75 2000 4,52 4,11 12,16 6,93 2001 8,10 4,62 9,26 7,33 2002 4,37 5,80 6,87 5,68 2003 2,21 4,04 7,56 4,60 2004 6,54 9,47 5,18 7,06 2005 5,39 3,04 8,39 5,60 2006 6,14 4,48 7,42 6,01 Média 88 - 06 4,76 3,93 7,47 5,39

Tabela 45 - Evolução da Rendibilidade do Activo, 1988 a 2006

Este rácio indica-nos que em média as actividades no global apresentam um valor de

5,39, ainda assim inferior ao valor de 1988. Na análise por actividade, verificamos que os

serviços apresentam a melhor média de ROA ( 7,47), comparativamente às actividades

comercial e industrial, que apresentam valores médios de 4,76 e 3,93. Esta predominância é

observável no gráfico seguinte.

Ilustração 46 – Evolução da Rendibilidade do Activo, 1988 – 2006

-5,00

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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139

Da observação do gráfico anterior permite verificar que a actividade dos serviços cresceu

neste rácio financeiro até 1996 de uma forma muito positiva, a partir de 1996 apresenta

declínio nas médias registadas, apenas recuperando em 2005. Quanto à actividade industrial a

visualização do gráfico permite verificar um acréscimo dos resultados do rácio rendibilidade

do activo entre 1993 e 2004. A actividade comercial apresenta evolução em grande parte dos

anos da amostra, o que em conjunto com os serviços, revelam melhoria significativa nos

índices de rendibilidade do activo.

1.1.1.9.2. Rendibilidade do Activo – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do rácio Rendibilidade do Activo, por

actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -50,00% -74,96% -7,25% -53,81% 16,44% 1990 27,56% 78,08% -11,83% 24,73% 14,16% 1991 -6,65% -30,58% -47,34% -29,00% 22,01% 1992 59,94% -57,62% 47,60% 10,26% 18,79% 1993 38,03% -138,56% 32,25% 9,21% -1,88% 1994 -69,76% -194,92% -40,89% -52,25% 4,31% 1995 146,67% 485,71% 106,67% 164,68% 33,08% 1996 -28,65% -28,96% 190,52% 50,11% 6,46% 1997 2,27% 6,01% 1,11% 1,88% 11,52% 1998 25,43% 3,64% -6,18% 1,04% 10,99% 1999 -20,08% 40,23% -7,90% -5,02% 7,15% 2000 11,33% 14,48% -3,42% 2,72% 20,36% 2001 79,20% 12,41% -23,85% 5,72% -0,46% 2002 -46,05% 25,54% -25,81% -22,47% 20,33% 2003 -49,43% -30,34% 10,04% -18,96% 0,00% 2004 195,93% 134,41% -31,48% 53,44% 7,00% 2005 -17,58% -67,90% 61,97% -20,62% 6,67% 2006 13,91% 47,37% -11,56% 7,25% 11,48% Média 89 - 06 17,34% 12,45% 12,93% 7,16% 11,58%

Tabela 46 – Evolução das taxas de crescimento do ROA a preços correntes, 1989 – 2006

O rácio Rendibilidade do Activo apresenta um crescimento anual médio de 7,16% para

a totalidade das actividades no espaço temporal de 1988 – 2006. Analisando o crescimento

médio anual do global das actividades, verificou-se que no subperíodo 1988 – 1999 o

crescimento registado anual foi em média de 10,34%, em comparação com o subperíodo 2000

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140

– 2006, este registou uma quebra de 8,07%, situando-se em 1,64% de crescimento médio

anual. A actividade que maior contributo registou para o crescimento deste indicador, foi a do

comércio, com uma média anual de 17,34%, seguida pela indústria com 12,45% de média de

crescimento anual, e a os serviços com crescimento médio anual de 12,93%.

Ilustração 47 – Evolução das taxas de crescimento do ROA a preços correntes, 1989 – 2006

1.1.1.10. Rendibilidade dos Capitais Próprios (ROE) – Conceito

A Rendibilidade dos Capitais Próprios é outro dos rácios incluídos no estudo, este rácio

para Santos (1994, p.262) “confronta o lucro com a situação líquida (capitais próprios) ”.

Matematicamente, o rácio Rendibilidade do Capital Próprio obtêm-se através da divisão do

RLE pelo Capital Próprio, este cálculo da Rendibilidade dos Capitais Próprios permite

estabelecer uma ligação entre os resultados obtidos no rácio e as taxas de rendibilidade do

mercado de capitais e custo de financiamento, verificando se a empresa está numa situação

equilibrada. Assim, o rácio Rendibilidade dos Capitais Próprios permite adicionalmente aos

accionistas verificar a boa aplicação das suas poupanças, neste mesmo sentido, Neves (2002,

p.85) aponta a Rendibilidade dos Capitais Próprios como “medida de eficiência privilegiada

dos accionistas e investidores”.

1.1.1.10.1. Rendibilidade dos Capitais Próprios – Médias

A tabela seguinte apresenta a evolução anual do rácio Rendibilidade dos Capitais

Próprios, por actividade:

-300,00%

-200,00%

-100,00%

0,00%

100,00%

200,00%

300,00%

400,00%

500,00%

600,00%

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2006

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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141

Anos Comércio Indústria Serviços Total 1990 17,76 14,06 5,15 12,32 1991 15,98 11,79 6,04 11,27 1992 21,14 2,51 13,23 12,29 1993 19,52 -6,69 15,33 9,39 1994 27,83 -4,10 15,22 12,98 1995 12,30 9,14 12,30 11,25 1996 15,03 6,25 27,02 16,10 1997 10,16 6,37 36,11 17,55 1998 25,88 6,27 42,72 24,96 1999 15,51 9,09 37,23 20,61 2000 15,39 13,76 12,49 13,88 2001 8,24 3,07 16,21 9,17 2002 15,13 14,73 15,66 15,17 2003 18,20 10,24 10,52 12,99 2004 6,54 9,47 5,18 7,06 2005 5,39 3,04 8,39 5,61 Média 90 - 05 15,63 6,81 17,43 13,29

Tabela 47 – Evolução da Rendibilidade dos Capitais Próprios, 1990 – 2005

A observação da tabela anterior permite verificar uma média positiva de 13,29 no total

da actividade empresarial, esta média é dominada pelos serviços, com resultados anuais

médios de 17,43. A actividade comercial e industrial apresentam médias de 15,63 e 6,81

respectivamente, que face ao ano de 1988 revelam diminuição dos níveis médios de

rendibilidade do capital próprio para estas actividades.

Ilustração 48 – Evolução da Rendibilidade dos Capitais Próprios, 1990 – 2005

Da observação do gráfico verifica-se uma variação globalmente positiva entre nos anos

1990 a 1998 para a globalidade das actividades, altura a partir do qual a tendência evolutiva

deste rácio é claramente descendente até ao ano 2005. As actividades terciárias apresentam

-10,00

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Comércio

Indústria

Serviços

Total

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142

uma quebra acentuada deste rácio de 1998 a 2003. A indústria aparenta uma estagnação desde

1995 até o ano 2005, tendo a actividade comercial um evolução tendencialmente de quebra, a

partir de 1998 até 2005.

1.1.1.10.2. Rendibilidade dos Capitais Próprios – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução das Taxas de Crescimento do rácio

Rendibilidade do Activo, no total e por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1991 -10,02% -16,15% 17,28% -8,55% 22,01% 1992 32,29% -78,71% 119,04% 9,08% 18,79% 1993 -7,66% -366,53% 15,87% -23,64% -1,88% 1994 42,57% -38,71% -0,72% 38,32% 4,31% 1995 -55,80% -322,93% -19,19% -13,38% 33,08% 1996 22,20% -31,62% 119,67% 43,15% 6,46% 1997 -32,40% 1,92% 33,64% 8,99% 11,52% 1998 154,72% -1,57% 18,31% 42,23% 10,99% 1999 -40,07% 44,98% -12,85% -17,42% 7,15% 2000 -0,77% 51,38% -66,45% -32,65% 20,36% 2001 -46,46% -77,69% 29,78% -33,91% -0,46% 2002 83,62% 379,80% -3,39% 65,41% 20,33% 2003 20,29% -30,48% -32,82% -14,41% 0,00% 2004 -64,07% -7,52% -50,76% -45,61% 7,00% 2005 -17,58% -67,90% 61,97% -20,62% 6,67% Média 91 - 05 5,39% (37,45%) 15,29% (0,20%) 11,09%

Tabela 48 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade dos Capitais Próprios a preços correntes, 1991 – 2005

Da observação da tabela anterior podemos verificar que a actividade geral decresceu

neste rácio financeiro 0,20% na globalidade do tempo, essencialmente devido à descida

abrupta no subperíodo 2000-2005, em que a actividade global decresceu em média 13,63%,

tendo o subperíodo 1991 a 1999 obtido uma média de crescimento de 8,75%.

Analisando os resultados por actividade, podemos verificar um crescimento médio no

global da actividade dos serviços de 15,29%, sustentados no crescimento médio de 32,34% no

subperíodo 1991 a 1999, tendo esta actividade decrescido em média neste indicador 10,28%

no subperíodo 2000 a 2005. Quanto à actividade industrial decresceu em média neste

indicador 37,45%, essencialmente sustentado na quebra verificada no subperíodo 1991 a

1999. Relativamente à actividade comercial registou um crescimento médio de 5,39%, tendo

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143

registado um crescimento médio de 11,76% entre 1991 e 1999, enquanto que no subperíodo

2000 a 2005 registou uma quebra em termos médios de 4,16%.

Ilustração 49 – Evolução das taxas de crescimento da Rendibilidade dos Capitais Próprios a preços correntes, 1991 – 2008

1.1.1.11. Resultado Líquido do Exercício (RLE) – Conceito

Neste ponto iremos analisar a evolução dos resultados líquidos do exercício

apresentados pelas empresas concorrentes. Este indicador apresenta, em termos

contabilísticos, os resultados de natureza financeira que indicam os níveis da performance

económico e financeira das empresas durante o ano económico. Habitualmente no final do

ano é calculado o RLE, o cálculo é realizado através do resultado de um processo em várias

fases, que têm início com a identificação de todos os custos e proveitos imputáveis à empresa

no período definido. Os custos e os proveitos têm naturezas diversas, podendo existir custos

ou proveitos operacionais, financeiros e extraordinários. O Resultado Líquido do Exercício é

como afirma Lopes (2002, p.48) “resultado antes de impostos, deduzido dos impostos sobre

os resultados” findo o qual uma das principais tarefas da contabilidade de uma empresa é

precisamente o cálculo do resultado líquido do exercício.

1.1.1.11.1. Resultado Líquido de Exercício – Médias em termos absolutos

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das Taxas médias do Resultado Líquido

do Exercício, por actividade:

-500,00% -400,00% -300,00% -200,00% -100,00%

0,00% 100,00% 200,00% 300,00% 400,00% 500,00%

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Comércio

Indústria

Serviços

Total

PIBRpm

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144

Tabela 49 – Evolução do Resultado Líquido do Exercício, 1988 – 2004

A análise da evolução anual dos valores médios do Resultado Líquido do Exercício,

permite aferir que a média de global das actividades situou-se nos 250.396,31€. Pode-se

também verificar que os maiores níveis de crescimento neste indicador ocorreram a partir de

1997 até 2001, com os valores médios a atingir médias acima dos 250.000€. Da análise da

evolução dos Resultados Líquidos dos Exercícios, 322.333,82€ que é superior às médias da

actividade industrial (250.129,53€) e da actividade comercial (178.725,57€.). Assim, o sector

terciário no conjunto da actividade comercial e serviços, apresenta uma média global de

501.059,39€, o que é revelador da sua predominância na actividade empresarial regional.

Porém, as médias obtidas pela actividade industrial indicam que a economia regional deve

também apostar na dinamização desta actividade.

Ilustração 50 – Evolução do Resultado Líquido do Exercício (série desinflacionada), 1988 – 2004

ANOS COM COMdesinf IND INDdesinf SER SERdesinf TOTAL TOTALdesinf

1988 46.210,12 95.757,28 221.147,90 458.265,89 187.158,28 387.832,10 151.505,43 313.951,76

1989 38.956,44 74.128,65 120.250,47 228.819,81 203.921,23 388.033,55 121.042,71 230.327,33

1990 51.580,39 88.984,82 139.546,01 240.740,27 205.660,57 354.798,97 132.262,32 228.174,69

1991 33.208,33 52.559,58 160.865,42 254.605,34 205.720,60 325.598,65 133.264,78 210.921,19

1992 35.125,69 51.957,22 153.994,82 227.786,07 148.598,72 219.804,26 112.573,08 166.515,85

1993 52.421,17 72.807,84 162.022,33 225.033,05 139.262,18 193.421,44 117.901,89 163.754,11

1994 78.603,98 103.776,79 175.154,15 231.247,01 183.848,70 242.725,98 145.868,94 192.583,26

1995 96.671,67 122.251,56 212.646,93 268.914,56 221.611,99 280.251,82 176.976,86 223.805,98

1996 101.695,97 125.836,91 155.420,94 192.315,30 142.654,69 176.518,55 133.257,20 164.890,25

1997 128.143,87 154.695,71 180.453,19 217.843,70 208.916,62 252.204,84 172.504,56 208.248,08

1998 220.690,69 261.450,97 183.825,51 217.777,01 252.956,40 299.675,97 219.157,53 259.634,65

1999 282.636,03 328.271,82 243.169,32 282.432,62 376.664,33 437.482,39 300.823,23 349.395,61

2000 256.935,48 291.712,15 215.952,56 245.182,12 375.309,41 426.108,21 282.732,48 321.000,83

2001 356.350,59 390.524,40 215.088,85 235.715,74 403.527,84 442.225,92 324.989,09 356.155,35

2002 276.154,45 292.403,38 244.107,47 258.470,75 363.663,11 385.061,05 294.641,68 311.978,39

2003 265.396,07 272.827,16 201.836,27 207.487,69 333.886,75 343.235,58 267.039,70 274.516,81

2004 258.388,50 258.388,50 259.565,06 259.565,06 324.695,62 324.695,62 280.883,06 280.883,06

MED 151.715,85 178.725,57 190.885,13 250.129,53 251.650,41 322.333,82 198.083,80 250.396,31

0,00

100.000,00

200.000,00

300.000,00

400.000,00

500.000,00

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

COM

IND

SER

TOTAL

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Universidade da Madeira – Tese de Mestrado em Economia

145

1.1.1.11.2. Resultado Líquido do Exercício – Taxas de crescimento

A tabela seguinte apresenta a evolução anual das Taxas de Crescimento do Resultado

Líquido do Exercício, por actividade:

Anos Comércio Indústria Serviços Total PIBRpm 1989 -15,70% -45,62% 8,965 -20,11% 16,44% 1990 32,41% 16,05% 0,85% 9,27% 14,16% 1991 -35,62% 15,28% 0,03% 0,76% 22,01% 1992 5,77% -4,27% -27,77% -15,53% 18,79% 1993 49,24% 5,21% -6,28% 4,73% -1,88% 1994 49,95% 8,10% 32,02% 23,72% 4,31% 1995 22,99% 21,41% 20,54% 21,33% 33,08% 1996 5,20% -26,91% -35,63% -24,70% 6,46% 1997 26,01% 16,11% 46,45% 29,45% 11,52% 1998 72,22% 1,87% 21,08% 27,04% 10,99% 1999 28,07% 32,28% 48,90% 37,26% 7,15% 2000 -9,09% -11,19% -0,36% -6,01% 20,36% 2001 38,69% -0,40% 7,52% 14,95% -0,46% 2002 -22,50% 13,49% -9,88% -9,34% 20,33% 2003 -3,90% -17,32% -8,19% -9,37% 0,00% 2004 -2,64% 28,60% -2,75% 5,18% 7,00% Média 89 - 04 15,07% 3,29% 5,97% 5,54% 11,89%

Tabela 50 – Evolução das taxas de crescimento do Resultado Líquido do Exercício a preços correntes, 1989 – 2004

Da evolução das taxas de crescimento deste indicador financeiro, Resultado Líquido de

Exercício, nos anos de 1989 a 2004, permite aferir um crescimento médio global de 5,54%, na

total das actividades, com as três actividades da amostra a registarem médias positivas em

termos do total do período da amostra.

Da análise dos resultados, por actividade, afere-se que as actividades ligadas à indústria

apresentam menores níveis de crescimento, comparativamente aos serviços e especialmente

ao comércio. Descriminando, a actividade industrial apresentou um crescimento de 3,29%,

enquanto os serviços apresentaram médias de crescimento entre 1989 e 2004 de 5,97%. A

actividade comercial cresceu em média 15,07% neste indicador, sendo a actividade que mais

cresceu durante o período compreendido entre 1989 a 2004, apesar de apresentar a menor

média global. Este indicador financeiro permite aferir que o comércio constitui-se como uma

actividade com grande potencial de crescimento, sendo fundamental que os decisores

políticos apoiem de forma clara e dinamizem esta actividade, que tem forte enraizamento na

economia regional.

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146

Conclusão

Este estudo pretendeu através da observação da evolução anual dos dados financeiros

fornecidos à iniciativa 100 Maiores e Melhores Empresas por empresas representativas da

economia regional, concluir sobre os resultados obtidos por estas no período, distinguindo as

suas performances por actividade exercida. Ao efectuarmos a organização e análise os dados

fornecidos pelas 100 Maiores e Melhores Empresas, identificamos os resultados médios dos

indicadores económicos no global e por actividade, o que permitiu aferir sobre as tendências

e oscilações de crescimento ou decréscimo económico por sector de actividade.

Adicionalmente, os resultados obtidos permitiram avaliar o desempenho sectorial e global da

actividade empresarial, e qual dos sectores ou actividades obtiveram maior representatividade

na economia da RAM no período 1988 a 2008.

Apesar de não ter sido pretensão deste estudo avaliar o modelo de desenvolvimento

adoptado pelos decisores regionais, a sua fase de maturidade ou as opções de

desenvolvimento seguidas, a análise efectuada da performance da economia regional com

base em dados financeiros de cariz semi-público, num período temporal de 21 anos, torna

possível identificar o ciclo de vida do modelo de desenvolvimento, pela observação dos

resultados empresariais.

Foi no sentido de estudar as performances da economia regional nos 21 anos analisados

e distinguir os níveis de crescimento, que optamos pela inclusão na tese do método de análise

financeira baseado em números índices de base fixa, que permitiu adicionar ao estudo uma

observação dos níveis de desenvolvimento empresarial, no global e por actividade, em dois

subperíodos distintos e compará-los. Desta forma, elaboramos análises de evolução dos

números índices de base fixa para o período 1988 a 1999 (1º subperíodo) e para o período

1999 a 2008 (2º subperíodo). Os resultados obtidos através da análise dos números índices de

base fixa para os indicadores económicos e financeiros por subperíodo permitiram verificar

que os níveis de crescimento obtidos pelo tecido empresarial regional contido na amostra no

1º subperíodo são superiores aos do 2º subperíodo. Estas diferenças de crescimento estão

directamente relacionadas com o contexto económico menos favorável ao crescimento e à

manutenção dos níveis de convergência com a média da UE15 no 2º subperíodo. No entanto,

estes resultados indiciam que a economia regional não conseguiu criar um modelo de

desenvolvimento sustentável, pelo contrário, os resultados apontam para uma dependência da

economia regional do contexto económico externo e das oscilações do mercado.

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147

Assim, os resultados permitem aferir que o contexto económico do 2º subperíodo,

colocou à economia regional novos desafios que exigiram uma resposta complexa, ao qual a

economia regional aparenta ter sentido dificuldade em adaptar-se. O contexto da globalização,

da redução das transferências financeiras do estado e da CE, da entrada em circulação do euro

e da crise dos mercados mundiais caracterizaram a realidade económica e financeira do 2º

subperíodo. Estes factores contraccionistas, influenciaram e pressionaram fortemente a

performance empresarial regional, com os resultados obtidos a serem reflexo deste novo

contexto económico.

Relativamente à observação das médias em valores absolutos (série a preços correntes e

série a preços desinflacionados) e das taxas de crescimento, estas permitem aferir sobre o

desempenho a nível global e por actividade ao longo do período em análise. Os resultados

obtidos indicam um crescimento da economia regional no global e nas actividades

isoladamente, quando avaliado o total do período analisado, embora os ritmos de crescimento

tenham sido inconstantes. Descriminando os resultados obtidos pelos métodos de análise nos

indicadores financeiros, podemos verificar que evolução do Volume de Negócios, Activo

Líquido, Capital Próprio, Cash-Flow, Produtividade e Resultado Líquido do Exercício

demonstram um crescimento médio global, com estes indicadores a apresentarem taxas de

crescimento médias globais de 7,95%, 12,23%, 11,04%, 12,40%, 2,51% e 5,54%,

respectivamente. Os resultados dos indicadores Volume de Negócios, Activo Líquido, Capital

Próprio, Cash-flow, Produtividade e Resultado Líquido do Exercício identificam um

crescimento significativo da actividade empresarial, o que não é surpreendente face ao

contexto mundial de expansionismo económico que caracterizou a maioria dos anos em

amostra. Adicionalmente, a observação dos níveis de crescimento por actividade, permite

verificar que o comércio, a indústria e os serviços evoluíram positivamente em termos médios

na avaliação do global do período.

Além da análise dos indicadores financeiros, incluímos no estudo a análise dos rácios

contidos na amostra, instrumentos que servem de apoio financeiro e que compactam

informação. Assim, foram analisados os rácios de rendibilidade e os rácios de estrutura ou

endividamento, que são importantes para conhecer a evolução económico-financeira das

empresas no período. A análise das taxas de crescimento da actividade total através dos rácios

permitiu verificar um crescimento médio anual no global dos anos em amostra para os rácios

Cash-flow/ Volume de Negócios, Rendibilidade das Vendas, Autonomia Financeira e

Rendibilidade do Activo, que obtiveram médias de crescimento no total das actividades de

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148

5,81%, 4,04%, 1,87% e 7,16%. Apenas o rácio Rendibilidade dos Capitais Próprios apresenta

um decréscimo no global dos anos em amostra de 0,20%. Adicionalmente, a análise dos

rácios, identifica-nos taxas de crescimento médias globais para as actividades comercial,

industrial e de serviços, à excepção das actividades comercial e industrial no CF/VN e a

actividade industrial no rácio ROE.

Concluímos que os instrumentos de análise adoptados pela iniciativa 100 Maiores e

Melhores Empresas, indicam uma evolução positiva da economia regional ao longo do

período de análise. Apesar do crescimento global, os seus níveis não foram regulares desde o

período inicial até ao ano final da amostra (2008) (nem o mesmo seria previsível), uma vez

que as condições extraordinárias que a região gozou no período inicial pós-adesão à

Comunidade Europeia não se mantiveram até ao final do período analisado.

O crescimento empresarial na região é evidente pela evolução positiva das actividades

comercial, industrial e de serviços, forte indicativo do esforço desenvolvido pelo tecido

empresarial regional e da evolução do empreendorismo da economia regional. No entanto,

considerar que o contexto para que o desenvolvimento empresarial sucedesse na década da

pós-adesão à CE teve contornos únicos, com características de intervenção estatal muito

marcantes. O crescimento da economia regional no período em análise é um facto, o que

levou a que alguns decisores políticos o definissem de auto-sustentável.

Porém, a actualidade marcada pelo contexto de crise mundial, por uma Europa distante

dos seus ideais fundadores, evidencia as fragilidades do crescimento das economias

periféricas e dos países e regiões com economias mais frágeis, na qual incluímos a RAM,

Indicadores Anos Comércio Indústria Serviços Total Volume de Negócios 1989 - 2008 10,01% 10,37% 4,31% 7,95% Activo Líquido 1989 - 2008 11,39% 14,42% 11,42% 12,23% Capital Próprio 1991 - 2003 20,34% 11,57% 10,40% 11,04% Cash-Flow 1989 - 2003 18,18% 13,99% 9,74% 12,40% Produtividade 1991 - 2003 1,14% 1,61% 7,30% 2,51% Cash-flow / Volume Negócios 1989 - 2008 (7,00%) (6,45%) 13,03% 5,81% Rendibilidade das Vendas 1991 - 2003 1,41% 10,31% 12,61% 4,04% Autonomia Financeira 1989 - 2008 4,85% 1,61% 5,18% 1,87% Rendibilidade do Activo 1989 - 2006 17,34% 12,45% 12,93% 7,16% Rendibilidade do Capital Próprio 1991 - 2005 5,39% (37,45%) 15,29% (0,20%) Resultado Líquido do Exercício 1989 - 2004 15,07% 3,29% 5,97% 5,54%

Tabela 51 – Taxas de crescimento dos indicadores financeiros incluídos na amostra

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condição que leva a questionar os caminhos seguidos para o crescimento e desenvolvimento

pelos decisores regionais. Na realidade, grande parte do crescimento da economia regional,

sustentou-se nos apoios financeiros usufruídos ao longo do período em análise. O

aproveitamento dos meios financeiros disponibilizados pela CE e pelo Governo Central

permitiram a obtenção de resultados muito animadores, porém o risco da dependência de

transferências financeiras é um risco que é gerador de situações difíceis quando as ajudas

reduzem-se.

Actualmente, a redução das transferências financeiras para as regiões ultraperiféricas, a

grande dificuldade de acesso ao crédito e a tensão entre as instituições políticas nacionais e

regionais face ao incumprimento dos limites de endividamento demonstram as fragilidades da

economia regional. Esta conjuntura menos próspera, está a colocar em causa a capacidade do

tecido empresarial regional em criar crescimento e o desejado desenvolvimento. Assim,

perante as políticas actuais de austeridade económica das instâncias europeias e nacionais,

constatamos uma degradação acentuada das condições de vida das populações, com influência

imediata no consumo e investimentos.

Apesar das condições actuais caracterizada por políticas nacionais imperativas no plano

financeiro, com contornos de asfixia fiscal no actual quadro de ajustamento financeiro, que

colocam em causa o processo de convergência da economia regional, acreditamos que a

região tem potencialidades que devidamente exploradas, podem minimizar os contornos da

crise e dos efeitos da mudança do paradigma económico.

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