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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
O uso do geoGebra no processo de ensino e aprendizagem
de matemática no ensino médio
JULIO CESAR FERRI
Orientadora: Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon
Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
SÃO PAULO
2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
F448u
Ferri, Julio Cesar. O uso do geoGebra no processo de ensino e aprendizagem de
matemática no ensino médio / Julio Cesar Ferri. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.
116 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Laura Marisa Carnielo Calejon. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em
Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Ensino de matemática 2. Software livre - GeoGebra 3.
Tecnologia da informação e comunicação 4. Professores de ensino médio 5. Matemática – Processo de ensino - aprendizagem. I. Calejon, Laura Marisa Carnielo. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.
CDU: 51:37(043.3)
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
O uso do geoGebra no processo de ensino e aprendizagem
de matemática no ensino médio
Julio Cesar Ferri
Dissertação de mestrado defendida e aprovada
pela Banca Examinadora em 18/12/2015.
BANCA EXAMINADORA:
Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon
Universidade Cruzeiro do Sul
Presidente
Prof. Dr. Juliano Schimiguel
Universidade Cruzeiro do Sul
Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago
Universidade Federal do Sul da Bahia
AGRADECIMENTOS
A Deus, por iluminar a minha vida e dar forças para seguir em frente, a
minha família, pelos incentivos e companhia durante a vida permitindo o meu
desenvolvimento, crescimento profissional e social.
A minha orientadora, Professora Doutora Laura Marisa Carnielo Calejon,
pela competência na execução de ideias, mostrando caminhos objetivos na
construção e elaboração da escrita.
Aos Professores Doutor Juliano Schimiguel, por conta das aulas
oferecidas, surgiram minhas primeiras ideias e impressões para realização
desta pesquisa em ensino e Doutora Rosemary Aparecida Santiago, por aceitar
fazer parte da banca de qualificação e defesa contribuindo expressivamente
para conclusão desta.
Um especial agradecimento a Professora Doutora Vera Maria Jarcovis
Fernandes que contribuiu para consolidação desta, em momento de
dificuldade de elaboração textual apoiou-me dando orientações e ideias para
melhoria, meu muito obrigado.
Agradecimentos a Secretaria de Educação de São Paulo, pela bolsa de
estudos e paciência investida na minha pessoa para conclusão desta
pesquisa.
FERRI, Julio Cesar. O uso do geoGebra no processo de ensino e aprendizagem de matemática no ensino médio. 2015. 116 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.
RESUMO
O presente estudo apresentou uma análise do uso do GeoGebra no ensino da
matemática para as turmas do Ensino Médio de uma escola da Rede Pública
Estadual de São Paulo, enfatizando como o software GeoGebra pode fomentar
maior interesse dos alunos em relação aos conteúdos de geometria. O estudo foi
baseado em uma revisão de literatura e, também, em uma pesquisa realizada com
55 alunos do Ensino Médio, pertencentes a duas turmas de uma escola da rede
pública no Estado de São Paulo. Os resultados da pesquisa demonstraram, de
acordo com a amostra pesquisada, que muitos alunos chegam ao Ensino Médio sem
os conhecimentos matemáticos que deveriam ter sido aprendidos no Ensino
Fundamental. A partir dessa constatação considerou-se importante realizar uma
revisão dos conceitos matemáticos referentes ao Ensino Fundamental antes de
prosseguir com o ensino dos conceitos geométricos em nível de Ensino Médio, bem
como no Ensino Superior conforme esta pesquisa. De acordo com esta pesquisa, as
tecnologias da informação e comunicação são importantes ferramentas para o
processo de ensino-aprendizagem de conteúdos de Geometria e Matemática no
Ensino Médio, sendo que o GeoGebra é um software livre, fácil de usar, utilizado em
âmbito mundial, com resultados positivos para a aquisição e assimilação dos
conteúdos de Matemática e Geometria pelos alunos. As descrições feitas nesta
pesquisa serão apresentadas.
Palavras-chave: GeoGebra, Matemática, Tecnologias da Informação e
Comunicação, Educação.
FERRI, Julio Cesar. The use of GeoGebra in the teaching and learning of mathematics in high school. 2015. 116 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.
ABSTRACT
This study presented an analysis of the use of GeoGebra in teaching mathematics
for high school classes at a school of the State Public Network of São Paulo,
emphasizing how this software can foster greater student interest in relation to the
geometry of content. The study based on a literature review and in a survey of 55
high school students belonging to two classes of a public school in São Paulo. The
survey results showed, according to the studied sample, which many students come
to high school without the mathematical knowledge that should learned in elementary
school. From this observation, it considered important to conduct a review of
mathematical concepts related to primary education before proceeding with the
teaching of geometric concepts in high school level. It concluded that information,
communication technologies are important tools for the process of teaching and
learning of geometry and mathematics content in high school and GeoGebra is free
software, easy to use, used worldwide, with results positive for the acquisition and
assimilation of math content and geometry by students. The descriptions given in this
research will be presented.
Keywords: GeoGebra, Mathematics, Information and communication technologies,
Education.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Interface do GeoGebra ....................................................................... 42
Figura 2 – Os pontos A e B podem ser arrastados ao longo da curva,
mostrando que o declive é constante para a função linear e varia
para a função exponencial ................................................................ 44
Figura 3 – Barra de entrada, chave da função 2x .............................................. 46
Figura 4 – Axiomas .............................................................................................. 57
Figura 5 – Construção do triângulo retângulo .................................................. 58
Figura 6 – Exercício ............................................................................................. 58
Figura 7 – Diferença entre triângulos isósceles e equilátero inscrito numa
circunferência...................... ............................................................... 59
Figura 8 – Desenvolvimento de uma análise ..................................................... 62
Figura 9 – Triângulo ............................................................................................. 67
Figura 10 – Exemplo de resposta de um aluno sobre a questão 2 do
diagnóstico inicial .............................................................................. 68
Figura 11 – Exemplo de resposta incorreta da questão 5 do diagnóstico
inicial...................... ............................................................................. 73
Figura 12 – Aluno 1 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor) .. 78
Figura 13 – Aluno 1 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor).. 78
Figura 14 – Aluno 2 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor) .. 79
Figura 15 – Aluno 2 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor).. 79
Figura 16 – Aluno 3 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor) .. 80
Figura 17 – Aluno 3 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor).. 80
Figura 18 – Aluno 4 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor) .. 81
Figura 19 – Aluno 5 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor).. 81
Figura 20 – Aluno 6 – Caderno atividades propostas (arquivo do professor) .. 82
Quadro 1 – Matemática e suas Tecnologias – Ensino Médio ............................ 53
Quadro 2 – Exemplos de respostas incorretas da questão 1 do diagnóstico
inicial ................................................................................................... 64
Quadro 3 – Exemplos de respostas erradas da questão 3 do diagnóstico
inicial...................... ............................................................................. 69
Quadro 4 – Exemplos de respostas erradas da questão 4 do diagnóstico
inicial ................................................................................................... 70
Quadro 5 – Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 1 no
segundo diagnóstico realizado em outubro/2014 ........................... 84
Quadro 6 – Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 1 no
segundo diagnóstico realizado em outubro/2014 ........................... 86
Quadro 7 – Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 3 no
segundo diagnóstico realizado em outubro/2014 ........................... 88
Quadro 8 – Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 4 no
segundo diagnóstico realizado em outubro/2014 ........................... 90
Quadro 9 – Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 5 no
segundo diagnóstico realizado em outubro/2014 ........................... 92
Quadro 10 – Matemática e suas Tecnologias – Eixos Alcançados ..................... 98
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Quantidade de alunos das duas turmas do Ensino Fundamental
que participaram do diagnóstico inicial ........................................... 64
Gráfico 2 – Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 1 do
diagnóstico inicial .............................................................................. 66
Gráfico 3 – Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 2 do
diagnóstico inicial...................... ........................................................ 68
Gráfico 4 – Quantidade de alunos que conseguiram prosseguir com os
cálculos na questão 4 do diagnóstico inicial, apesar de terem
errado as respostas do exercício ..................................................... 72
Gráfico 5 – Formas como os alunos utilizam o computador em sua rotina
diária .................................................................................................... 75
Gráfico 6 – Quantidade de alunos que já utilizaram o computador em aulas de
matemática ......................................................................................... 76
Gráfico 7 – Quantidade de alunos que concordaram com o uso do
computador para a aprendizagem de conteúdos matemáticos ..... 77
Gráfico 8 – Quantidade de alunos que realizaram o diagnóstico novamente.. 83
Gráfico 9 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 85
Gráfico 10 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 2 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 88
Gráfico 11 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 3 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 89
Gráfico 12 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 4 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 92
Gráfico 13 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 5 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 94
Gráfico 14 – Evolução do desempenho dos alunos entre o diagnóstico
realizado em agosto/2014 e o diagnóstico realizado em
outubro/2014 ....................................................................................... 95
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quantidade de alunos das duas turmas do Ensino Fundamental
que participaram do diagnóstico inicial ........................................... 63
Tabela 2 – Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 1 do
diagnóstico inicial................................................ .............................. 66
Tabela 3 – Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 2 do
diagnóstico inicial .............................................................................. 67
Tabela 4 – Quantidade de alunos que conseguiram prosseguir com os
cálculos na questão 4 do diagnóstico inicial, apesar de terem
errado as respostas do exercício ..................................................... 71
Tabela 5 – Formas como os alunos utilizam o computador em sua rotina
diária .................................................................................................... 74
Tabela 6 – Quantidade de alunos que já utilizaram o computador em aulas de
matemática ......................................................................................... 75
Tabela 7 – Quantidade de alunos que concordaram com o uso do
computador para a aprendizagem de conteúdos matemáticos ..... 76
Tabela 8 – Quantidade de alunos que realizaram o diagnóstico novamente.. 83
Tabela 9 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 85
Tabela 10 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 87
Tabela 11 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 3 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 89
Tabela 12 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 4 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 91
Tabela 13 – Resultados do desempenho dos alunos na questão 5 na segunda
avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014 .......................... 94
Tabela 14 – Frequência absoluta e percentual coluna, seguido da estatística
qui-quadrado, p-valor exato e poder do teste, para cada uma das
05 questões, nos testes inicial e final .............................................. 102
Tabela 15 – Frequência absoluta e percentual coluna, seguido da estatística
qui-quadrado, p-valor exato e poder do teste, para o total de acertos e erros
entre todas as 05 questões, nos testes inicial e final .......................................... 103
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
INAF Indicador de Alfabetismo Funcional
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
IPM Instituto Paulo Montenegro
MEC Ministério da Educação
MM Modelagem Matemática
ONGAE Organização Não-Governamental Ação Educativa
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
SP São Paulo
TBC Treinamento Baseado em Computador
THCV Teoria Histórico Cultural de Vygotsky
TICs Tecnologias da informação e comunicação
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1 Trajetória acadêmica e profissional do pesquisador ................................ 16
1.2 Trajetória da pesquisa .................................................................................. 17
1.2.1 Justificativa ................................................................................................... 17
1.2.2 Problema de pesquisa .................................................................................. 18
1.2.3 Objetivos ....................................................................................................... 19
1.2.4 Organização do documento escrito ............................................................ 19
2 APRENDIZAGEM E ESCOLARIZAÇÃO NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-
CULTURAL .................................................................................................... 21
2.1 Funções psicológicas superiores ............................................................... 25
2.2 Zona de desenvolvimento proximal e zona de desenvolvimento REAL .. 27
2.3 Mediação ....................................................................................................... 28
2.3.1 Conceito de mediação .................................................................................. 28
2.3.2 Mediação e ensino por Computador/Software ........................................... 29
3 O ENSINO DA MATEMÁTICA E GEOMETRIA NO ENSINO MÉDIO ........... 31
4 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO –
GEOGEBRA ................................................................................................... 36
4.1 O uso do geoGebra no ensino de conceitos de geometria ....................... 39
4.2 Conceitos geométricos ensinados com o geoGebra ................................ 40
4.3 Modelagem matemática e geoGebra ........................................................... 46
5 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................... 49
5.1 Tipo de pesquisa .......................................................................................... 49
5.2 Cenário / local da pesquisa .......................................................................... 50
5.3 Participantes ................................................................................................. 51
5.4 Procedimentos .............................................................................................. 51
5.5 Desenvolvimento da pesquisa .................................................................... 55
6 ANÁLISE DE CONTEÚDOS .......................................................................... 60
6.1 Resultados do diagnóstico inicial ............................................................... 62
6.2 Resultados da pesquisa perfil/hábitos ....................................................... 74
6.3 Resultados da efetividade do procedimento educacional após a revisão
dos conteúdos matemáticos – nas aulas computacionais com o
geoGebra ....................................................................................................... 77
6.4 Resultados estatísticos ................................................................................ 99
6.4.1 Teste de exato de qui-quadrado para Independência ............................... 99
6.4.2 Resultados .................................................................................................... 101
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 104
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 108
APÊNDICES ............................................................................................................. 111
14
1 INTRODUÇÃO
Este estudo tem como objetivo refletir sobre a realidade e as tendências do
ensino de Matemática e examinar a importância de tecnologia em sala de aula, em
especial para o ensino de Geometria, considerando o software GeoGebra.
As ideias que revestem o ensino da matemática de uma aura nebulosa,
influenciando e ajudando a sedimentar as dificuldades encontradas por muitos
alunos já foram amplamente documentadas e discutidas, levando a diferentes
proposições nos modos de conceber e ensinar matemática. Assim, a produção dos
educadores matemáticos, desenvolvida em vários países, principalmente a partir de
1980, apresenta avanços e contribuições importantes relacionadas com recursos e
técnicas que podem auxiliar o professor em sua atividade pedagógica.
Propiciar ambientes de estudo em que a participação do professor seja de
mediação nas atividades, e onde os alunos possam exercer a liberdade para
externar seus pensamentos, participando na construção do conhecimento, é o que
realmente se espera das novas tendências da educação brasileira.
Dessa maneira, desenvolver propostas que ajudem os alunos a serem ativos
no processo de ensino-aprendizagem, motivando-os à produção de conhecimento e
transformando-os em cidadãos atuantes, constitui-se em um grande desafio para as
escolas, nos dias atuais. Entre as tendências no ensino da disciplina ora em foco, a
Modelagem Matemática (MM) tem se mostrado adequada no que se refere a
atender às necessidades impostas pela sociedade, pois oferece mais uma
alternativa para o professor organizar o contexto de ensino.
Entretanto, vale ressaltar que para a utilização da Modelagem Matemática em
sala de aula, deve-se ter clareza do que se entende por Modelagem, pois isso traz
implicações quanto aos objetivos que se quer alcançar e a forma como as atividades
serão conduzidas pelo professor.
Por intermédio da Modelagem Matemática, como uma possível forma de se
ensinar Geometria, o aluno se torna mais consciente da utilidade dessa disciplina
para resolver e analisar problemas, momento em que pode aplicar ideias; fase de
15
extrema importância para a construção do saber, pois trata-se de observação,
estudo de fenômenos e aplicabilidade de conceitos, dando maior significado ao
conhecimento adquirido. A organização de um contexto de ensino não se limita a
uma proposição sobre a forma de ensinar um determinado conteúdo e a concepção
que o professor tenha do próprio conteúdo. Implica também na compreensão que o
docente tenha produzido sobre o papel que exerce a escola e a aprendizagem, no
desenvolvimento do aluno.
Ao tratar do desenvolvimento das funções psíquicas superiores, Vygotsky
(1996) destaca dois grupos de fenômenos heterogêneos, à primeira vista, mas que
na realidade constituem-se nas duas linhas, indissoluvelmente unidas no
desenvolvimento das formas superiores de comportamento: em primeiro lugar os
processos que permitem dominar os meios externos do desenvolvimento cultural e
do pensamento (linguagem, escrita, cálculo, desenho); o segundo que consiste no
desenvolvimento das funções psíquicas superiores (CALEJON, 2012).
Como as funções psicológicas superiores consideram o papel dos conteúdos
da cultura assim como as experiências obtidas pelo sujeito no decorrer da vida,
levando-se em conta que esse sujeito se relaciona com o mundo, a cultura, os
afazeres, entre outros, por meio de instrumentos físicos e simbólicos. Cabe ainda
considerar que nas últimas décadas o uso de tecnologias vem ganhando um espaço
surpreendente no cotidiano das pessoas, principalmente entre os jovens que se
utilizam dela com frequência e com grande facilidade, sendo estes conteúdos de
cultura produzidos pelos homens. Assim, estes recursos podem ser importantes na
organização de contextos de ensino que, a partir das concepções de modelagem
matemática e das proposições de desenvolvimento humano apresentadas pelo autor
mencionado, possam valer-se dos recursos da tecnologia para organizar o ensino de
conteúdos da geometria.
Logo, ao se observar com maior ênfase a Modelagem Matemática agregada à
tecnologia, notar-se-á que esta pode ser compreendida a partir das proposições de
Vygotsky, ainda que o tempo transcorrido entre as duas explicações seja bastante
extenso. Este estudo analisa uma proposta de ensino organizada nestas bases,
buscando contribuir com professores e estudantes no sentido de organizar situações
de ensino capazes de contribuir para o crescimento intelectual dos estudantes e
16
estudiosos de Matemática. A motivação para tal estudo está na atividade do próprio
pesquisador enquanto docente e nas dificuldades que pode observar nos alunos em
relação à matemática e particularmente geometria.
1.1 Trajetória acadêmica e profissional do pesquisador
O pesquisador é professor da rede estadual de São Paulo, onde é bolsista da
Secretaria de Educação de São Paulo, financiadora desta pesquisa, tendo iniciado
profissionalmente na adolescência no Curso de Aprendizagem Industrial (CAI) área
de Mecânica Geral, no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) um
curso profissionalizante. Paralelamente o pesquisador cursava o ensino médio no
período noturno. Identificou-se com o conteúdo de cálculo nas aulas de P.T.O
(Planejamento Técnico Operacional), aulas que davam suporte teórico para
desenvolver o trabalho na oficina. Portanto, desde cedo estas atividades
demonstravam a importância do cálculo para a prática. Posteriormente, o
pesquisador especializou-se em outros cursos na área, como Projetista de
Ferramentas e Dispositivos, encontrando familiaridade com formas e construções
geométricas, dedicou-se na graduação em Matemática, curso iniciado no ano 1995,
na Faculdade Integradas de Guarulhos (F.I.G) e formou-se em 1999, começando a
construir uma carreira na docência.
Começou a lecionar em 1999 na rede estadual de São Paulo, logo em meio
as mudanças da L.D.B.E.N1, que ocorrera em 1996, ainda em plena transformações
no quadro da educação, o pesquisador foi se adaptando as mudanças promovidas,
com o passar dos anos lecionou em colégios particulares e públicos, lecionando
Matemática para Ensino Fundamental, Médio e Ensino de Jovens e Adultos (EJA).
O pesquisador continuou se desenvolvendo, em 2011, especializou-se em
Matemática, por meio de uma nova plataforma de ensino a distância (E.a.D), com
ambiente virtual de ensino (A.V.A), oferecido pela Secretaria de Educação do Estado
de São Paulo, o “REDEFOR”, com parceria pela UNICAMP (Universidade de
Campinas). No ano seguinte, em 2012, especializou-se em Gestão Escolar pela
1 Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi promulgada no ano de 1.996 uma
mudança marcante onde programava o ensino por ciclos e não mais anual, os alunos seriam “aprovados ou retidos” somente no final de um ciclo de ensino, ficou determinado 6° e 9° Anos como final de ciclo para esta avaliação.
17
UNICID (Universidade Cidade de São Paulo), preparando-se para novas etapas na
carreira profissional.
Iniciou em 2013 o que vem sendo, seu maior desafio na educação, concluir o
Mestrado Profissionalizante em Ensino de Ciências e Matemática.
Toda esta trajetória permitiu a apropriação de conhecimentos no campo da
Matemática e a percepção dos desafios que os docentes enfrentam no esforço de
ensinar estes conteúdos, particularmente os da Geometria, constituindo a motivação
para organizar a pesquisa do mestrado.
Como demonstra Tardif (2014, p.54) os saberes “[...] não provém das
instituições de formação nem dos currículos. [...] não se encontram apenas
sistematizados em doutrinas ou teorias”. O professor diante deste saber é ao mesmo
tempo produtor e sujeito. Os saberes da experiência como diz Tardif (2014, p.55)
“[...] fornecem aos professores certezas relativas a seu contexto de trabalho na
escola de modo a facilitar sua integração”.
Assim o processo de escolarização do pesquisador e sua atuação como
docente oferecem elementos sistematizados na discrição da trajetória da pesquisa
que justificam e conduzem à elaboração do problema da pesquisa.
1.2 Trajetória da pesquisa
1.2.1 Justificativa
Os estudantes do Ensino Médio, em alguns casos, podem apresentar
dificuldades em assimilar os conteúdos de Geometria, pois não conseguem traçar
parâmetros ou conexões cabíveis entre os conceitos apresentados. Além disso, não
conseguem de imediato relacionar a aplicabilidade desses conteúdos em profissões
futuras. Essas assertivas são baseadas na própria experiência de aprendizagem do
pesquisador, tanto como aluno do Ensino Médio, como atualmente ao exercer a
função de professor.
A partir da experiência do pesquisador como professor de conceitos
Geométricos no ensino médio, foi possível observar que o problema na sua época
18
de estudante não era um fato isolado. Esse mesmo problema estava presente em
outras escolas, com outros alunos e professores, ou seja, em uma escala ampla que
diz respeito ao método de ensino empregado e não exatamente aos conteúdos
apresentados aos alunos.
Algum tempo depois, a partir da experiência profissional como professor, foi
possível observar que a qualidade da aprendizagem dos conceitos da Geometria era
insatisfatória e as dificuldades nesta área aumentavam entre os estudantes,
trazendo com isso, desinteresse, dispersão e até repulsa em relação as aulas.
Com o passar dos anos e um olhar mais atento e experiente em sala de aula,
esse problema recorrente aguçou o interesse do pesquisador que busca alternativa
para sua compreensão. Assim, em busca de novos recursos que pudessem servir
de ferramentas facilitadoras ao ensino-aprendizagem de Geometria, o pesquisador
deparou-se com um recurso especial: o computador e seus meandros tecnológicos.
Neste contexto, a elaboração deste estudo contribui para ampliar o acervo
sobre o uso do computador e das tecnologias da informação e comunicação (TICs)
no ensino da Geometria, focalizando o uso do GeoGebra.
1.2.2 Problema de pesquisa
A pergunta norteadora deste estudo é a seguinte: Como a tecnologia da
informação e comunicação contribui na produção de contextos de ensino dos
conteúdos da Geometria no Ensino Médio?
As tecnologias da informação e comunicação (TICs) podem ser empregadas
na sala de aula com o intuito de facilitar o processo de ensino-aprendizagem. O
ensino dos conteúdos Geométricos, assim como o ensino de outros conteúdos para
alunos do ensino médio atualmente podem contar com um recurso tecnológico que é
o GeoGebra.
19
O GeoGebra é um software de multiplataforma2 no campo da matemática que
auxilia os professores, permitindo que eles criem aulas mais motivadoras para seus
alunos, facilitando o processo de ensino de conceitos da Geometria.
Destas constatações decorre o problema investigado: Qual a contribuição e
efetividade de um contexto de ensino criado com o apoio do software GeoGebra
para a aprendizagem de conceitos da Geometria no ensino médio.
1.2.3 Objetivos
Objetivo geral
O objetivo deste estudo é analisar como o uso do GeoGebra permite
organizar um contexto de ensino de conceitos da Geometria, para as turmas do
ensino médio, em uma unidade de ensino da Rede Pública Estadual de São Paulo,
de modo a ampliar a qualidade da aprendizagem dos alunos.
Objetivos específicos
Analisar os resultados obtidos nas avaliações após o ensino dos
conceitos da Geometria orientado pelos princípios da Modelagem
Matemática (M.M), com o uso do GeoGebra.
Pontuar dificuldades e facilidades no que diz respeito ao emprego da
M.M, em conjunto com as ferramentas tecnológicas, como o software
GeoGebra, para o ensino dos conteúdos Geométricos.
1.2.4 Organização do documento escrito
Para facilitar a compreensão deste estudo, o texto foi dividido em seis
capítulos e as considerações finais.
O primeiro capítulo aborda a trajetória da pesquisa, com ênfase na
justificativa, problema de pesquisa e objetivos (geral e específico).
2 Software GeoGebra funciona nos sistemas operacionais Windows, Mac OS X e Linux para
Desktops, em Tablets e Smartphones necessita do Android app.
20
O segundo capítulo contém elementos teóricos e conceituais sobre a
aprendizagem e a escolarização sistematizados pela perspectiva histórico-cultural.
O terceiro capítulo trata do ensino da matemática e geometria no ensino
médio.
O quarto capítulo apresenta considerações sobre as tecnologias da
informação e comunicação (TICs) na educação, com ênfase no uso do GeoGebra.
O quinto capítulo descreve a metodologia de pesquisa, contendo uma
demonstração dos procedimentos adotados.
Por fim, o sexto capítulo apresenta as análises de dados, com os resultados
do diagnóstico inicial, os resultados da pesquisa de perfil/hábitos dos alunos e os
resultados da efetividade do procedimento educacional adotado.
21
2 APRENDIZAGEM E ESCOLARIZAÇÃO NA PERSPECTIVA
HISTÓRICO-CULTURAL
O foco principal de Lev Semynovitch Vygotsky3, (1896 – 1934), seria
compreender a influência da linguagem e comunicação no desenvolvimento
cognitivo do sujeito, levando em consideração o contexto histórico que vivia, a
Revolução Socialista Russa. Nessa época havia uma enorme luta de classes. Diante
disto era extremamente importante que o sujeito aprendesse para que pudesse
compreender e analisar o contexto histórico no qual estava inserido.
A Psicologia Soviética, serviu como local da explicação de Vygotsky sobre o
desenvolvimento humano, no período de 1924 a 1934, trazia, desde suas primeiras
tentativas para formular uma nova concepção sobre a natureza do psiquismo e seus
determinantes e até o presente, traços distintivos que a diferencia marcadamente de
outros sistemas científicos (SHUARE,1990). Não é possível, nos limites deste estudo
discutir todas as implicações destas tentativas de formular novas direções, para a
psicologia do século XX. Assim, a pesquisa proposta centra-se na discussão das
relações entre o desenvolvimento e a aprendizagem, apoiadas nas explicações que
Vygotsky construiu para a emergência das funções psíquicas superiores e do
psiquismo humano, baseado nas ideias do materialismo histórico dialético.
Segundo Rosa (2014), uma primeira constatação de Vygotsky é que o
pensamento e a linguagem, que para um adulto parecem entidades idênticas, são,
na verdade, dois processos independentes, que convergem para uma mesma
trajetória em um dado momento. A base a partir da qual Vygotsky parte para chegar
a essa conclusão são estudos com primatas superiores, realizados por vários
antropólogos, em que ele resume os resultados obtidos da seguinte forma:
O pensamento e a fala têm raízes genéticas diferentes.
3 Lev Semynovitch “Vygotsky” destacou-se por realizar vários trabalhos em várias áreas. Realizou
pesquisas em linguística, artes, filosofia, psicologia e antropologia. Nas suas pesquisas destacou as importâncias da linguagem no desenvolvimento cognitivo de um indivíduo. [...] indivíduos contextualizados fazem parte de um processo histórico. [...] a história da sociedade e o desenvolvimento humano caminham juntos.” (LAKOMY, 2003, p. 38).
22
As duas funções se desenvolvem ao longo de trajetórias diferentes e
independentes.
Não há qualquer relação clara e constante entre elas.
Os antropoides apresentam um intelecto um tanto parecido com o do
homem, em certos aspectos (o uso embrionário de instrumentos), e
uma linguagem bastante semelhante à do homem, em aspectos
totalmente diferentes (o aspecto fonético da sua fala, sua função de
descarga emocional, o início de uma função social).
A estreita correspondência entre o pensamento e a fala, características
do homem, não existe nos antropoides.
Na filogenia do pensamento e da fala, pode-se distinguir claramente
uma fase pré-linguística no desenvolvimento do pensamento e uma
fase pré-intelectual no desenvolvimento da fala.
Após essas constatações, Vygotsky reproduziu o mesmo tipo de
experimentos com crianças e os resultados foram semelhantes. As duas funções da
fala (social e de comunicação de estados emocionais) já podem ser observadas na
criança no primeiro ano (fase afetiva – conativa). Por volta dos dois anos, o
pensamento e a fala unem-se, dando origem a uma nova forma de comportamento.
Um resumo dos resultados é o que segue (ROSA, 2014):
No seu desenvolvimento ontogenético, o pensamento e a fala têm
raízes diferentes.
É possível estabelecer, com certeza, no desenvolvimento da fala da
criança, um estágio pré-intelectual; e no desenvolvimento de seu
pensamento, um estágio pré-linguístico.
A uma certa altura, essas linhas se encontram; consequentemente, o
pensamento torna-se verbal e a fala racional.
Segundo Vygotsky (1996), o desenvolvimento da fala comporta quatro
estágios:
23
Natural ou primitivo: este é o estágio característico da fala pré-
intelectual.
Psicologia ingênua (correspondendo a uma física ingênua): esta é a
fase da inteligência prática (relacionada à manipulação de objetos).
Neste período ocorre a manipulação dos termos: porque, quando, se,
mas, etc., porém esse domínio é operacional, não havendo ainda uma
apropriação das funções lógicas (causais, temporais, condicionais,
etc.) ligadas a estes termos.
Operações externas: esta fase corresponde à fase egocêntrica
piagetiana.
Crescimento interior: nesta fase ocorre um deslocamento para dentro
da fala, com o aparecimento, na sua etapa final, da fala interior. Esta
tem uma função completamente diferente da fala externa: a sua função
é planificadora. Este é o ponto em que aparece o pensamento verbal,
que é considerado um processo sócio-histórico por excelência.
Logo, a relação entre fala e a ação do sujeito muda ao longo do
desenvolvimento cognitivo.
A internalização progressiva da fala permite que a criança adquira a função de auto-regulação ou função planejadora, sendo, a partir daí, capaz de controlar seu comportamento e seu pensamento, percepção, atenção, memória e capacidade de solucionar problemas, mesmo quando estes não estão no seu campo visual (LAKOMY, 2003, p.41)
De acordo com Vygotsky (1996), o pensamento ocorre por intermédio das
relações que a criança estabelece com a cultura, em sua ação no mundo real. Essa
ação é mediada por signos ou "instrumentos psicológicos":
Os instrumentos psicológicos são elaborações artificiais; são sociais por natureza e não são orgânicos ou individuais; são destinados ao controle dos processos do próprio comportamento ou do comportamento dos outros, assim como a técnica é destinada ao controle dos processos da natureza. Aqui estão alguns exemplos de instrumentos psicológicos: a linguagem, as diversas formas de contagem e de cálculo, os símbolos algébricos, as obras de arte, a escrita, os esquemas, os diagramas, os mapas, todos os signos possíveis (VYGOTSKY, 1996, p. 38).
24
Vygotsky pressupõe uma relação de interdependência entre aprendizagem e
desenvolvimento. De acordo com suas concepções um ensino eficaz deve proceder
ao desenvolvimento, isto é, atuar nos processos em formação para que a criança
consiga atingir resultados além de seu desenvolvimento real.
Desta forma, a aprendizagem cria a zona de desenvolvimento potencial
porque aciona processos internos de desenvolvimento quando a criança interage
com um parceiro mais experiente. Daí a importância da realização de trabalhos em
grupo.
Outro fator importante a ser considerado refere-se à linguagem. Segundo
Vygotsky (1996), o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem,
isto é, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência
sociocultural da criança. O crescimento intelectual da criança depende de seu
domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem.
Produto e expressão da cultura, a linguagem configura-se, na teoria de
Vygotsky, como um lugar de constituição e expressão dos modos de vida
culturalmente elaborados. A linguagem forneceria, pois, os conceitos e as formas de
organização do real. Em suma, um modo de compreender o mundo, se
compreender diante e a partir dele e de se relacionar com ele.
Vygotsky explicita claramente sua abordagem unificadora entre as dimensões
cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico. Afirma ele que:
A forma de pensar, que junto com o sistema de conceito nos foi imposta pelo
meio que nos rodeia, inclui também nossos sentimentos. Não sentimos
simplesmente: o sentimento é percebido por nós sob a forma de ciúme, cólera,
ultraje, ofensa. Se dissermos que desprezamos alguém, o fato de nomear os
sentimentos faz com que estes variem, já que mantêm certa relação com nossos
pensamentos (VYGOTSKY, 1996).
Para Vygotsky (1996), a aprendizagem pode ser compreendida como um
processo de interação social, seja na forma representada pelo processo de
interiorização propiciado pela "Zona de Desenvolvimento Proximal" ou através do
25
construtivismo social, que reconhece na mente do indivíduo a capacidade de
construir modelos da realidade mediante comunicação e negociação.
A fundamentação teórica de uma prática se explica ao mesmo tempo nela,
não como algo acabado, mas como um movimento dinâmico em que ambas, prática
e teoria se fazem e se refazem. Aprender é estar ativamente envolvido na
interpretação e produção dos dados culturais da sociedade. Portanto, o aprendizado
da leitura e da escrita não pode ser feito como algo paralelo à realidade concreta do
educando. Mais do que escrever e ler frases, ele necessita perceber a necessidade
de outro aprendizado: o de "escrever" a sua vida, o de "ler" a sua realidade. Isto só é
possível se assumir o papel de sujeito da história, para fazendo-a, por ela ser feito e
refeito. Certamente, é por isso que, nesta perspectiva crítica, se faça tão importante
desenvolver, tanto nos educandos como nos educadores, um pensar melhor sobre a
realidade. Mas isto só se consegue mediante o respeito à unidade entre teoria e
prática.
2.1 Funções psicológicas superiores
Vygotsky enfatiza as origens sociais da linguagem e do pensamento, o papel
da cultura como parte da natureza de cada pessoa e as funções psicológicas como
produtos da atividade cerebral. De acordo com a THCV, o plano psicológico não é
inato e não vem pronto do ambiente.
Cunha e Magalhães (2011, p. 23) explicaram que a THCV é baseada em três
pilares básicos:
• As funções psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos
da atividade cerebral;
• O funcionamento psicológico é baseado nas relações sociais entre o
indivíduo e o mundo exterior, as quais desenvolvem-se num processo
histórico; e
• A relação home-mundo é uma relação mediada por sistemas
simbólicos.
26
A THCV implica uma abordagem qualitativa, interdisciplinar e orientada para
processos de desenvolvimento do ser humanos (CUNHA; MAGALHÃES, 2011).
De acordo com Stoltz (2010, p. 173),
Para Vygotsky, a atividade como ser humano é definida pelo uso de signos como mediadores. Os signos são instrumentos psicológicos usados para ter controle sobre a realidade. A sua forma mais elementar é a de marca externa que auxilia o homem em tarefas que exigem memória ou atenção para a regulação das atividades psicológicas. Em sua forma mais evoluída, os signos podem ser entendidos como representações da realidade e podem se referir a elementos ausentes do espaço e tempo presentes. Eles podem ser reunidos em sistemas simbólicos, dos quais a linguagem racional é o mais importante. Por inverter a ação ou organizar o real a partir de conceitos, esses mediadores permitem a generalização, induzem ao pensamento generalizante e levam o sujeito a ter consciência de seus processos mentais.
As funções psicológicas superiores podem ser compreendidas como
mecanismos psicológicos sofisticados e complexos que abrangem o controle
consciente do comportamento, a ação intencional e a liberdade do sujeito em
relação às características do momento e do espaço presentes.
Oliveira (2005) explicou que de acordo com o pensamento de Vygotsky, uma
atividade superior é diferente dos mecanismos elementares, como: ações reflexas,
reações automatizadas ou processos de associação simples entre eventos. A
tomada de decisões baseada em novas informações é característica de um
comportamento psicológico superior, voluntário e intencional.
Ramos e Franklin (2010) afirmaram que as funções psicológicas superiores
surgem primeiro nas relações sociais e a partir de processos interpsicológicos ou
intermentais – regulada e controlada pela interação com outras pessoas. Apenas
quando se tornam individuais é que podem ser realizadas no plano intrapsicológico
ou intramental – regulada e controlada pelo sujeito. Esse processo é denominado
por Vygotsky como a lei da dupla formação das funções psicológicas superiores:
primeiro entre as pessoas e depois no sujeito.
Vygotsky (1994, p. 353 apud RAMOS; FRANKLIN, 2010, p. 174), descreve os
processos psicológicos superiores da seguinte forma:
27
As funções psicológicas superiores da criança, seus mais altos atributos que são específicos dos humanos, originalmente manifestam-se como formas de comportamento coletivo das crianças, como uma forma de cooperação com outras pessoas, e é somente depois disso que elas se tornam funções individuais da própria criança.
Portanto, é partir das relações da vida social que o sujeito forma seu histórico
de consciência e cultura, desenvolvendo suas funções psicológicas superiores,
partindo da coletividade para o individual.
2.2 Zona de desenvolvimento proximal e zona de desenvolvimento real
A capacidade de uma criança de realizar atividades de forma independente,
Vygotsky denominou nível de desenvolvimento real ou zona de desenvolvimento real
(ZDR), que pode ser dividido em duas etapas: a) àquelas conquistadas pela criança;
b) aos resultados de processos de desenvolvimento já completos (OLIVEIRA, 2005).
Além do ZDR, também deve ser considerado o nível de desenvolvimento
potencial ou zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que consiste na capacidade
da criança em desempenhar tarefas com a ajuda de adultos ou companheiros
capazes (RAMOS; FRANKLIN, 2010).
Segundo Stoltz (2010, p. 177), o conceito de ZDP:
Representa a distância entre o nível de desenvolvimento potencial ou que o sujeito consegue realizar com a ajuda de outros e o nível de desenvolvimento real ou o que ele pode realizar sozinho e que já possui em termos de desenvolvimento. Cada pessoa possui muitas ZDPs e elas dizem respeito às diferentes áreas de seu desenvolvimento. [...] ao atuar na ZDP do aluno objetiva-se que se torne real o que nele é potencial. A atuação na ZDP justifica-se, sobretudo, se se levar em consideração o pressuposto vygotskyano de que o desenvolvimento segue a aprendizagem. A criança adquire primeiro hábitos e habilidades em uma área específica antes de aprender a aplicá-los consciente e voluntariamente.
Vygotsky usou o conceito de ZDP como uma ferramenta metafórica para
explicar o potencial de aprendizado das crianças na colaboração com adultos ou
pares para a resolução de problemas propostos. Ele acreditava que o
desenvolvimento intelectual de uma criança deveria ser examinado durante as
atividades de resolução de problemas.
Segundo Lynch (2010), ao usar a ZDP como uma metáfora, Vygotsky buscou
eliminar a relação unidirecional que ele mesmo criou entre o organismo e o ambiente
28
em seu processo de internalização. A ZDP é o lugar onde as atividades
interpessoais e intrapessoais se misturam e se fundem e não mais existem
entidades diferentes. Para Vygotsky, a consciência individual deveria ser
compreendida como uma forma de realização partilhada entre o indivíduo e seus
ambientes, incluindo a interação com outras pessoas.
Vygotsky usou a ZDP como uma ferramenta para a elaboração metafórica
com as interações entre indivíduos e seus ambientes, incluindo objetos e pessoas. A
interação com o outro é fundamental para o desenvolvimento e aprendizagem por
parte da criança.
2.3 Mediação
2.3.1 Conceito de mediação
Lynch (2010) explicou que Vygotsky introduziu a mediação como um conceito
para explicar o processo semiótico que permite o desenvolvimento da consciência
humana a partir da interação com artefatos, ferramentas e outros, em um ambiente
social e resulta em um indivíduo que encontra novas significados em seu mundo.
Vygotsky assumiu que a relação entre os artefatos, ferramentas e outras
interações sociais não eram constantes e poderiam ser modificadas ao longo do
tempo. As interações em que os indivíduos se envolvem permitem oportunidades
para a ação mediada que contribuem para a formação social de sua consciência.
Nessa interação, os indivíduos não são participantes passivos que esperam o
ambiente para instigar, ou seja, trata-se de um processo de tomada de sentidos, que
ocorre através das interações. Portanto, os indivíduos atribuem sentido ao mundo,
enquanto eles modificam e criam atividades que provocam transformações de
artefatos, ferramentas e pessoas no seu ambiente (LYNCH, 2010).
A mediação ou aprendizagem mediada constitui o processo de intervenção de
um elemento intermediário numa relação que deixa de ser direta e passa a ser
mediada.
29
A mediação é um conceito fundamental para a compreensão da THCV.
Segundo Cunha e Magalhães (2011, p. 23),
Em termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação que deixa de ser direta e passa a ser mediada. A mediação é algo característico da espécie humana; trata-se de uma interação que tem atuado desde há muito na história da humanidade, como um ato de transmissão de cultura, de valores, de atitudes, de intenções, efetuado pelas gerações mais velhas, visando proporcionar uma interação intencional transgeracional e pedagógica em que o ser humano desenvolveu aquisições extrabiológicas.
Portanto, um processo simples de estímulo-resposta é substituído por um ato
complexo, a mediação, onde o impulso direto para uma reação é inibido e
incorporado a um estímulo auxiliar que facilita a complementação da operação por
meios diretos.
2.3.2 Mediação e ensino por computador/software
Para que a aprendizagem mediada possa ser compreendida é preciso
abordar os processos cognitivos básicos que são adquiridos pelo indivíduo de duas
maneiras (CUNHA; MAGALHAES, 2011, p. 30),
Através da aprendizagem por exposição direta aos estímulos (fontes de informação), isto é, do contato direto com os acontecimentos e situações;
Por meio de experiências de aprendizagem mediada, ou seja, o processo de aprendizagem que ocorre quando uma outra pessoa serve como um intérprete do estimulo ambiental, tornando-o relevante e significativo para a criança.
No caso do uso de computadores e/ou softwares para a aprendizagem, o
professor realiza o papel de mediador da aprendizagem, sendo um intérprete do
estimulo ambiental, facilitando a compreensão por parte do aluno.
Uma forma desencadeante para influenciar a aprendizagem por parte do
aluno é a utilização de artefatos tecnológicos de mediação por parte do professor,
tais como: tecnologia, folhetos, folhas de cálculos, vídeos, etc. Segundo Shabani et
al. (2010), a tecnologia tem provado servir como uma fonte segura para uma
mudança positiva no desenvolvimento profissional do professor. A internet,
computadores e softwares conhecidos como artefatos tecnológicos podem mediar a
30
aprendizagem do professor e, facilitar o seu processo como mediador da
aprendizagem com seus alunos.
Segundo Cunha e Magalhães (2011), na aprendizagem mediada os estímulos
são “filtrados, modulados e mediados, intercedidos, repetidos, reforçados,
eliminados, não existem por si só, estão consoantes com a necessidade introduzida
e regulada pelo mediador” (p.31).
Portanto, a aprendizagem mediada por computador pode ser compreendida
como um processo que auxilia o aluno a aprender novos conceitos a partir da
interação com o computador, com o suporte da interação com o professor.
31
3 O ENSINO DA MATEMÁTICA E GEOMETRIA NO ENSINO MÉDIO
Não é de hoje que se faz grande a preocupação com a qualidade de ensino
ofertada nas escolas, principalmente as da Rede Pública Estadual de São Paulo.
Atualmente, a cultura e a prática de ensino não são e não estão diretamente
proporcionais à formação do aluno como sujeito, mas cientificamente; o que inibe a
criatividade e não incentiva as descobertas e a praticidade, tão essenciais ao mundo
moderno.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), para o Ensino Médio (Parte
III), no que diz respeito à disciplina de Matemática, defendem:
Um Ensino Médio concebido para a universalização da Educação Básica precisa desenvolver o saber matemático, científico e tecnológico como condição de cidadania e não como prerrogativa de especialistas. O aprendizado não deve ser centrado na interação individual de alunos com materiais instrucionais, nem se resumir à exposição de alunos ao discurso professoral, mas se realizar pela participação ativa de cada um e do coletivo educacional numa prática de elaboração cultural (PCNs – ENSINO MÉDIO, PARTE – III, p. 7).
As políticas curriculares nacionais no Ensino Médio, como observa-se nos PCNEM – MEC, no v2, que trata das ciências da natureza, matemática e suas tecnologias defendem que: “Ao final do ensino médio espera-se que os alunos saibam usar a matemática para resolver problemas práticos do quotidiano; para modelar fenômenos em outras áreas do conhecimento [...]” (BRASIL, 2012).
Todavia, a realidade denota um cenário com resultados distantes daqueles
sugeridos nos documentos mencionados, pois ao que tudo indica até o presente
momento, não se observam grandes mudanças nas formas de ensinar os conteúdos
de matemática e, em particular de geometria.
Valente (1999) se posiciona no sentido de que o ensino de Matemática tem
sido alvo de atenções, destacando-se entre as outras disciplinas escolares pela
preocupação dos professores, pais, alunos e da sociedade, com o rendimento dos
estudantes apontados nos exames nacionais. Dessa forma, tem-se buscado
medidas com o intuito de melhorar as relações entre o que se trabalha em sala de
aula com o que a sociedade necessita no que diz respeito à formação das pessoas
atualmente.
32
O Instituto Paulo Montenegro (IPM) e a Organização Não-Governamental
Ação Educativa (ONGAE), criadores e implementadores do Indicador de
Analfabetismo Funcional (INAF), apontam que, de 2001 a 2011, houve um salto de
61% para 73% da população alfabetizada funcionalmente no Brasil. No entanto,
apenas um em cada quatro brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura,
escrita e matemática; dados estes que são bastante preocupantes, pois embora haja
avanços no nível de escolaridade da população, tais progressos não têm
correspondido a ganhos equivalentes no domínio das habilidades citadas. Além
disso, a proporção dos que atingem um nível pleno de conhecimento manteve-se
praticamente inalterada, em torno de 25%.
O que nos permite afirmar, ao analisar resultados apresentados por
estudantes brasileiros e da Finlândia nos exames do Pisa de 2000 a 2012. Os
domínios de conhecimentos enfatizados em cada ano eram diferentes, observando-
se a seguinte sequência: leitura em 2000, matemática em 2003, ciências em 2006,
leitura em 2009 e matemática em 2012. Tomando como foco os resultados em
matemática observamos que enquanto a classificação dos alunos da Finlândia varia
do primeiro ao décimo lugar, o Brasil ocupa a posição 42 em 2000, caindo para a
posição 58 em 2012.
No ano de 2009, em um trabalho de pesquisa, o IPM colheu dados
estatísticos da população brasileira sobre a mensuração do alfabetismo através do
INAF e, com base nos resultados divulgados, deu um sinal de alerta à dimensão e
ao efeito nas instituições nacionais, esclarecendo que apenas 41% dos alunos das
séries finais, chegavam a um nível Pleno de alfabetização.
Conforme INAF, o alfabetismo possui quatro níveis: a) Analfabetismo:
pessoas que não realizam tarefas básicas como ler palavras e frases, mesmo que
identifiquem números. b) Alfabetismo rudimentar: pessoas que identificam
informações claras em textos curtos, sabe ler e escrever os números e consegue
utilizar o dinheiro para realizar pequenos pagamentos. c) Alfabetismo básico:
pessoas que leem e compreendem textos de média extensão e números (milhões),
além disso conseguem resolver problemas com operações simples. d) Alfabetismo
pleno: pessoas que conseguem ler e interpretar textos, comparar e avaliar
33
informações, distinguir fato de opinião e resolver problemas com percentuais e
cálculos de área.
O IPM apoia-se nesse norteador para desenvolver o seu programa: o INAF.
Desse modo, baseado em estatísticas, o referido instituto concluiu que somente no
nível Pleno é que os alunos avaliados em matemática têm habilidade de proporção e
cálculos de área, sendo que em cada 10 estudantes do ensino médio, apenas 4
desenvolvem conceitos de Geometria na sua formação. Dados estes bem
aproximados aos apresentados pelo INEP.
Outro fator a ser considerado na problemática proposta, decorre dos altos
índices de abandono, faltas e descontentamento com as escolas em âmbito
nacional; o que se subentende, por hipótese, que o ensino-aprendizagem está
abaixo do esperado e, portanto, pouco atrativo para que os estudantes permaneçam
nas salas de aula. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2015), no Brasil, em 2007, a evasão escolar considerando todas
as séries do Ensino Médio totalizou 13,2%, em 2010 o total de evasão foi de 10,3%.
Além disso, se faz mister ponderar a falta de instrumentos metodológicos para
cumprir uma parte específica da Lei 9.394/96 - LDBEN, onde se prevê, nos seus
Artigos 35 e 36, Seção IV, da parte que trata Do Ensino Médio:
Art. 35, Incisos:
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
Art. 36, Incisos:
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
II- adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;
O que se observa comumente, atualmente, é que grande parte das crianças
que frequentam a escola, em especial os adolescentes integrantes do Ensino Médio,
34
encontram-se, por diversas razões, desmotivados aos estudos de forma
generalizada. Se, por um lado a tecnologia se apresenta como algo inovador e
estimulante, por outro essa facilidade exacerbada tem sido empregada
equivocadamente de maneira errônea e fútil entre eles, justamente porque não se
tem proporcionado um direcionamento correto ao uso dela, com o intuito de
alavancar ações cognitivas capazes de fazer com que esses adolescentes voltem
novamente ao que importa nessa fase de suas vidas: o estudo, a criatividade, a
descoberta e o gosto em aprender e apreender mais e mais, para que se tornem
cidadãos conscientes, inovadores e úteis à construção de uma sociedade melhor
(NASCIMENTO, 2000).
Conforme Nascimento (2000), a maioria das dificuldades que se observam
nos alunos na aprendizagem de Geometria está relacionada com a maneira de
organizarem o raciocínio e construírem argumentações lógicas. Por isso, é preciso
mudar o ensino da geometria, inserir nele a tecnologia do presente e mostrar como
os conceitos e ideias dessa disciplina se aplicam em diversas áreas de
conhecimento e no cotidiano dos seres humanos. Além disso, os alunos deveriam
experimentar a Geometria ativamente, e uma maneira de lhes proporcionar essa
experiência é por meio da informática.
As possíveis dificuldades dos alunos na aprendizagem da matemática e
geometria poderiam ser minimizadas com o uso de recursos tecnológicos, como o
GEOGEBRA, por exemplo.
Nesse sentido, a modelagem matemática associada a softwares voltados à
disciplina, assentados na concepção de Vygotsky sobre as relações entre a
aprendizagem e o desenvolvimento permite organizar uma proposta de ensino que
pode fazer uma diferença significativa no que consiste em melhorar o desempenho
do aprendizado dos participantes da investigação.
Ao tratar da aprendizagem contextualizada da matemática destaca-se a
transmissão dos conteúdos e processos da matemática segundo relevância social; o
ensino das noções de matemática por meio da resolução de problemas e
modelagem; o ensino de noções matemáticas por meio da tecnologia da informação
e comunicação; o ensino das noções de matemática levando em conta a experiência
35
cotidiana do sujeito. Assim, trazemos a matemática do dia a dia, ou seja, da vida
real, que relacionamos a matemática formal; criando-se a necessidade de explorar a
geometria e seus elementos, pois é um campo que certamente irá relacionar-se com
as mais diversas situações cotidianas, ou pelo menos o início delas.
Assim sendo, se a MM pode ser um caminho e a teoria vygotskyana uma
direção, um software didático apresenta-se como uma preciosa ferramenta que
coloca em prática a possibilidade de explorar novas argumentações, vindas deles –
os alunos. E a partir desse momento explorar as resoluções algébricas e
geométricas, formatos arquitetônicos de uma determinada região, ir a campo e
explorar medidas, descobrir a natureza primeiramente, para só após realizar os
cálculos e construções geométricas, referenciar no passado, trazer a curiosidade à
tona, realizar pesquisas, revisar livros didáticos entre várias possibilidades.
36
4 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO – GEOGEBRA
Os recursos tecnológicos ultrapassam limites de tempo e espaço, oferecendo
flexibilidade para as pessoas que, em circunstâncias diversas, utilizem-se das
vantagens que ela proporciona, gerando uma fonte de estímulo educativo.
Vários são os recursos de mídia e Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) que podem ser utilizados dentro da sala de aula, ou fora dela, para que se
possa promover um bom ambiente de aprendizagem.
Entre as muitas contribuições possíveis, a informática, utilizada como um
meio e não como um fim, pode contribuir para difusão de conhecimentos,
possibilitando às pessoas construírem seu próprio aprendizado de acordo com seu
ritmo e interesse.
O Treinamento Baseado em Computador (TBC) vem acontecendo já há bastante tempo, desde que os microcomputadores se tornaram populares no meio empresarial. Em geral adotam-se modelos de instrução programada, o que representa uma certa limitação, considerando-se o aspecto amplo da aprendizagem. Por outro lado, o TBC propicia situações de treinamento em que a aprendizagem estruturada é recomendável. Embora tenha um planejamento demorado, uma vez disponibilizado ao público, este tipo de treinamento permite ao aluno utilizá-lo dentro de suas possibilidades de tempo e de necessidade (PRETTI, 2005, p. 44).
A informática é um recurso muito utilizado nas diversas áreas da Educação.
Atualmente, muitos professores passaram a utilizar a informática para favorecer o
ensino por meio de jogos de computador educativos.
Outro recurso que tem sido muito utilizado na educação é a multimídia, pois
facilita a visualização e o entendimento dos alunos. A multimídia é qualquer
combinação de texto, arte gráfica, som animação e vídeo transferido pelo
computador. Quando se permite que o usuário controle quando e quais elementos
serão transmitidos, isto se chama multimídia interativa (FILATRO, 2011). O
treinamento em multimídia faz parte do dia-a-dia das empresas pelo mundo,
podendo ser facilmente adaptado e utilizado no ambiente educacional.
37
A Internet é uma grande rede que integra computadores espalhados por todo
o mundo, possibilitando a troca de informações. Sua implementação sugere
mudanças educacionais, gerando uma necessidade de ajustes no currículo formal,
repensando o modelo tradicional de avaliação. Nela, surgem novas maneiras de
interagir, que podem gerar diferentes trocas onde estão presentes valores sociais,
relações de poder, status e outros aspectos sociais (EBOLI, 2002).
Além disso, as instituições de ensino podem utilizar a Intranet4 para
compartilhar informações dentro da instituição, permitindo aos alunos navegarem no
sistema de informações. Os sites da Intranet Web são dotados de dispositivos que
bloqueiam o acesso de usuários externos à instituição.
O uso das TICs permite que diversas experiências sejam realizadas em
ambiente virtual. Desse modo, o aluno pode errar e identificar seu erro; e iniciar o
processo de construção do conhecimento novamente.
Ambiente virtual de aprendizagem se apresenta como um contexto de
aprendizagem diferenciado do tradicional, no qual temos o espaço físico
estabelecido e um tempo estipulado que determinam as interações e caracterizam a
sala de aula. No processo de virtualização desse ambiente de aprendizagem são
exercidas diferentes formas de relação de tempo e de espaço que implicam
profundas mudanças no processo de aprendizagem (WAQUIL; BEHAR, 2009).
O AVA pode disponibilizar ferramentas síncrona e assíncrona para
interação/comunicação entre os sujeitos. Essas ferramentas são uma característica
importante desses ambientes, pois com elas todas as intervenções dos alunos e dos
professores ficam registradas, sendo possível acessá-las a qualquer momento
(WAQUIL; BEHAR, 2009).
Desse modo, fica facilitado o acompanhamento, por parte do professor, do
processo de aprendizagem do aluno. Para o aluno, esse registro também é
importante, tanto que ele passa revisar as intervenções feitas pelo professor e pelos
colegas como para que ele acompanhe o seu próprio processo de aprendizagem.
4 A Intranet é uma rede de computadores semelhante à Internet, porém é de uso exclusivo de uma
determinada organização, ou seja, somente os computadores de uma determinada instituição ou empresa podem acessá-la.
38
Uma proposta de mapeamento de conteúdo em um AVA teve origem a partir
de estudos envolvendo as dimensões constituintes do sujeito no AVA, sendo
dimensões cognitiva, tecnológica, social e afetiva (BASSANI; BEHAR, 2009).
Sobre o uso do computador em sala de aula, uma vez que essas dimensões
são complementares, e que cada interação entre o sujeito e o AVA com o meio
produz diferentes pontos de contato, em determinados momentos uma dimensão
pode estar mais em evidência do que as outras. Assim, podem ser definidos quatro
eixos conceituais para a análise das interações em ambientes virtuais de
aprendizagem, baseando-se no conteúdo das mensagens (BASSANI; BEHAR,
2009, p. 95):
Epistemológico: envolve tudo que faz referência e/ou caracteriza o
processo de construção do pensamento sobre o objeto/pesquisa de
estudo, neste caso, o conteúdo/matéria do curso, objeto de
aprendizagem, material instrucional, entre outros;
Tecnológico: envolve tudo que faz referência ao gerenciamento dos
aspectos tecnológicos, em relação a questões essencialmente
relacionadas à tecnologia, como funcionamento/regras/lógica do
sistema computacional (neste caso, o AVA) e demais softwares de
apoio, e o conhecimento necessário para a comunicação/interação e
pertinência nesses ambientes (aspectos operacionais e funcionais);
Social: tudo que envolve o processo de construção em uma
coletividade seja por meio de relações individuais ou interindividuais;
Afetivo: caracteriza-se pela expressão de emoções, como desejos,
emoções e sentimentos.
Segundo Bassani e Behar (2009), é importante observar que a avaliação da
aprendizagem no plano interindividual centra-se nas trocas entre os sujeitos
participantes de um curso em um AVA. Dessa forma, o mapeamento das trocas
interindividuais busca refletir a dinâmica das interações que se constituem entre os
sujeitos e o AVA.
39
A tecnologia está se tornando amplamente influente na educação matemática.
As práticas e crenças sobre o ensino tradicional da matemática estão enfrentando
desafios propostos pelo uso de novas ferramentas tecnológicas como o GeoGebra,
que é uma ferramenta livre, de interface amigável que tem sido cada vez mais
utilizada por professores como recurso didático no ensino da Matemática.
Pires e Athias (2011) demonstram os desafios atuais para formar professores
de matemática em cursos de licenciatura à distância. Os autores destacam as
dificuldades encontradas por professores e coordenadores para desenvolver suas
disciplinas e formar docentes nos cursos de licenciatura em matemática, na
modalidade EaD. Entre as dificuldades mencionadas aparecem: a falta de
conhecimento anterior dos conceitos matemáticos.
Para compreender de forma mais adequada a questão proposta põe esta
pesquisa mostra-se importante compreender o que é o GeoGebra e como ele
funciona.
4.1 O uso do geoGebra no ensino de conceitos de geometria
O GeoGebra (http://www.geogebra.org) é um software com suporte livre
(código aberto) da comunidade matemática, em um ambiente de aprendizagem que
integra múltiplas representações dinâmicas, vários domínios da matemática, e uma
rica variedade de utilidades computacionais para MM e simulações (BU; SCHOEN,
2011).
Inventado no início de 2000, foi efetivamente difundido em 2006, o GeoGebra
visa implementar, por intermédio de uma interface amigável, as conclusões
baseadas em pesquisas relacionadas à compreensão matemática e proficiência,
bem como as suas implicações para o ensino-aprendizagem da matemática, uma
vez que: uma pessoa matematicamente competente pode coordenar várias
representações de uma ideia matemática de forma dinâmica e, ainda, ter uma visão
sobre a estrutura matemática em foco (BU; SCHOEN, 2011).
Em virtude de sua interface amigável e sua acessibilidade, o GeoGebra tem
atraído dezenas de milhares de visitantes de todo o mundo, incluindo matemáticos e
professores (BU; SCHOEN, 2011).
40
Enquanto isso, nas áreas de ciências de aprendizagem e de design
instrucional, os pesquisadores têm destacado as implicações teóricas e práticas dos
modelos mentais e conceituais na complexidade da aprendizagem humana
(SPECTOR et al., 2011).
Um framework centrado no modelo de aprendizagem e instrução não apenas
auxilia a entender os processos cognitivos da aquisição de conceitos matemáticos,
como as dificuldades de aprendizagem, possibilitando uma MM que facilite a
aprendizagem significativa e a compreensão. Assim, o projeto GeoGebra constitui
um esforço concentrado entre a tecnologia e a teoria, invenções individuais e
participação coletiva, as experiências locais e globais (SPECTOR et al., 2011).
Segundo Bu e Schoen (2011), o GeoGebra criou um efeito positivo, centrado
em torno da integração da tecnologia no ensino-aprendizagem da Matemática, que
se estendeu a partir de um projeto de design de pós-graduação na Universidade de
Salzburg, por intermédio de fronteiras internacionais para todas as regiões do
mundo, atingindo desde estudantes universitários e seus professores até crianças
em áreas rurais. Para a maioria dos interessados, o uso do GeoGebra e as
atividades curriculares baseadas nesse software, considerado um fenômeno
popular, é motivada distintamente pelo compromisso profissional dos professores e
sua curiosidade matemática e didática.
4.2 Conceitos geométricos ensinados com o geoGebra
Nos últimos anos, muitos estudos têm sido realizados sobre o uso das
tecnologias da informação e comunicação para o ensino da Matemática, sobretudo,
no âmbito da Geometria.
Segundo Gravina (2004, p. 109),
Os recursos informáticos hoje disponíveis – os ambientes de geometria dinâmica – estimulam a busca de estratégias pedagógicas favoráveis à construção de conhecimento em geometria, para além do que vem fazendo a escola. Entender as suas potencialidades torna-se um objeto de investigação: o que acontece com os processos cognitivos quando o sujeito em interação com a máquina é possibilitada a concretização de seus construtos e ações mentais e quando, com realimentação imediata, ele é levado a novas reelaborações e construções mentais?
41
Pesquisas atestam o potencial desses ambientes, sobretudo no aspecto concernente à construção de conceitos em geometria: construtos individuais, até então deformados por imagens prototípicas, são reconstruídos através de ‘desenhos em movimento’, colocando em sintonia os significados individuais e os significados inseridos na geometria enquanto teoria matemática (LABORDE, 1998 apud GRAVINA, 2004, p. 109).
Também tem-se registro de que alunos sentem-se mais motivados a buscar explicações para conjeturas formuladas em função de suas manipulações sobre os objetos geométricos dinâmicos e das evidências que daí emergem (KEYTON, 1997 apud GRAVINA, 2004, p. 109).
Em seu estudo Gravina (2004) apresentou uma engenharia didática que faz
uso da tecnologia informática – os ambientes de geometria dinâmica – e que atesta
os positivos progressos dos alunos quanto à compreensão da necessidade e do
significado de uma demonstração, bem como progressos na produção de suas
primeiras demonstrações.
Gravina (2004) concluiu que no delineamento da sequência de atividades em
ambientes de geometria dinâmica, parte da engenharia didática implementada,
possibilitou acompanhar o progresso dos alunos, com certeza resultado do papel
que lhes foi delegado na construção do conhecimento, bem preconizado na teoria
piagetiana. Foi dada responsabilidade aos alunos sobre as
ações/formulações/validações, deles se exigindo ativos funcionamentos cognitivos.
No início, esta exigência colidiu com os hábitos adquiridos ao longo dos anos de
vida escolar. Mas não precisou muito para que os alunos, via desenhos em
movimento, se colocassem neste papel ativo e, conforme avançava a
experimentação, mais e mais se concentraram na busca de razões que explicassem
suas constatações empíricas e mostraram autonomia na produção de
demonstrações.
Segundo Gravina (2004), as ferramentas informáticas estão, cada vez mais,
presentes nas práticas educativas. Quanto aos ambientes de geometria dinâmica,
frequente é a sua subutilização, mercê de propostas que simplesmente refletem a
transposição acrítica das aulas tradicionais ao novo ambiente: os alunos recebem
instruções do professor e procedem, passo à passo, na realização de uma
construção geométrica sem bem entender o propósito da atividade. Sob novas
solicitações, usam os recursos de mediação do software para validar,
42
empiricamente, propriedades pretendidas pelo professor. E assim termina a
atividade. Raramente se apresentam situações-problema que provoquem a
exploração, a investigação, a argumentação dedutiva.
Deste modo, com os ambientes de geometria dinâmica tem-se a possibilidade
de realizações didáticas que podem incorporar vivências de atitudes similares aos
dos matemáticos nos seus processos de criação, valorizando a construção do
conhecimento como processo, valorizando as atitudes investigadas e o gosto e o
prazer da descoberta (GRAVINA, 2004).
O GeoGebra oferece a oportunidade de explorar uma grande variedade de
conceitos algébricos e geométricos por meio da prática da manipulação de gráficos,
tabelas, fórmulas e formas. É também uma maneira conveniente e fácil de gerar
gráficos e imagens para apresentações, perguntas de testes, e problemas
(GARBER, 2010).
A tela inicial do GeoGebra contém uma barra de menus, barra de
ferramentas, janela de visualização, janela de álgebra, campo de entrada para
fórmulas, conforme demonstra a figura 1.
Figura 1 - Interface do GeoGebra
Fonte: GeoGebra, 2015.
43
A caixa de ferramentas do GeoGebra contém os menus para a utilização do
software. Para acessar esses menus basta clicar em cada item e escolher a opção
desejada. Tem ferramentas de seleção; de ponto; de reta; de retas específicas; de
polígonos; de curvas; de cônicas; de medidas; de translação; extras; de visualização
e de exibição. A interface do GeoGebra é intuitiva e facilita a acessibilidade tanto
para professores como para os alunos.
A utilização do GeoGebra de modo individual pode reforçar o entendimento
dos conceitos geométricos e de álgebra pelos alunos. Os menus5 são indicados por
ícones e descrições de categorias.
Em particular, o GeoGebra permite aos alunos a representação gráfica de
uma variedade de equações lineares e não-lineares. Os alunos podem inserir várias
equações gráficas e adicionar pontos e retas tangentes a qualquer curva (figura 2).
Além disso, o software tem um indicador de inclinação embutido que exibe o
aumento em relação ao percurso e que pode ser utilizado num ponto tangencial. Os
alunos podem usar um mouse para arrastar o ponto (e inclinação correspondente)
em qualquer lugar na curva, permitindo uma observação das mudanças de
inclinação com os deslizamentos de pontos ao longo da curva. Esta característica
pode ser utilizada para exibir o declive para alterar a curva exponencial, bem como o
declive constante para a curva linear (GARBER, 2010).
5 No site http://www.geogebra.org/ na parte inferior da tela (segunda coluna) clicar em “manual”, tem
toda demonstração dos botões e suas funcionalidades.
44
Figura 2 - Os pontos A e B podem ser arrastados ao longo da curva, mostrando que o declive é constante para a função linear e varia para a função
exponencial.
Fonte: Garber, 2010, p.227.
Segundo Garber (2010), usando o GeoGebra os alunos geram curvas
individuais por entrarem pela primeira vez com a função apropriada no Campo de
Entrada de Fórmulas (figura 3).
45
Figura 3 - Barra de entrada, chave da função 2x
Fonte: Garber, 2010, p. 227.
O GeoGebra oferece várias funcionalidades e o software suporta e
exploração tanto de conceitos algébricos como geométricos. O site do GeoGebra
tem um fórum de usuários com assistência técnica útil e perguntas e respostas aos
usuários. A Web também contém uma série de applets6 desenvolvidos pelos
usuários que graficamente demonstram várias ideias para utilizar os conceitos
algébricos e geométricos.
O GeoGebra é utilizado principalmente para apresentar e demonstrar
conceitos fundamentais de matemática, mas, também para o desenvolvimento de
gráficos para recursos visuais e materiais para uso dos alunos. Aprender a usar
esse software é simples, além dele ser gratuito e necessitar apenas de requisitos
mínimos do computador, de modo que os alunos podem facilmente fazer o download
de uma cópia para o uso individual.
6 Applets são aplicativos que requer pouco recurso para serem executados por qualquer sistema
operacional, embora tenha interatividade limitada a vantagem é de não necessitar nenhum dowload por parte do usuário, fica mais prático, não requer nenhum conhecimento avançado de computação.
46
4.3 Modelagem matemática e geoGebra
O ensino e aprendizagem da matemática constituem um processo altamente
complexo, pois sob a superfície de símbolos e regras encontra-se um ambiente rico
de ideias matemáticas que permeiam uma série de contextos e vários domínios de
conhecimento. A complexidade cognitiva da matemática, geralmente, reflete a
natureza humana do processo de ensino-aprendizagem da matemática que pode ser
caracterizado por múltiplas dimensões (BU et al., 2011):
Em primeiro lugar, a aprendizagem da matemática é ao mesmo tempo
um processo social, onde diversas formas de experiências individuais
interagem com os elementos normativos de um campo de milhares de
anos de história individual.
Em segundo lugar, porque praticamente não há ideias matemáticas
isoladas. A partir de numeração de cálculo, cada conceito matemático
está ligado a outros conceitos e vice-versa.
Em terceiro lugar, essas interconexões entre ideias matemáticas são
frequentemente solidificadas por usar múltiplas representações e as
conexões entre as várias representações.
Com os avanços das tecnologias da informação e comunicação, as práticas
pedagógicas tradicionais no ensino da matemática também evoluíram, trazendo para
o ambiente escolar o uso dessas TICs como ferramentas de ensino-aprendizagem
dos conteúdos de matemática e geometria.
Com uma crescente variedade de novas ferramentas disponíveis para o
ensino-aprendizagem da matemática, os alunos e professores são confrontados com
novas opções no que diz respeito ao uso de ferramentas e o redesenho das
atividades de aprendizagem. Todos esses aspectos da educação matemática
contribuem para a sua crescente complexidade.
Essa complexidade do ensino-aprendizagem matemática se presta a uma
variedade de quadros teóricos e novas tecnologias de aprendizagem interativa,
47
como é o caso do GeoGebra, que utiliza recursos de TICs para o ensino dos
conceitos de geometria.
Entre as várias tecnologias de MM, o GeoGebra ganhou crescente
reconhecimento internacional desde o seu lançamento oficial, em 2006, por causa
de sua condição de fonte aberta, os desenvolvedores internacionais, e uma
crescente base de usuários como: matemáticos, professores de matemática e
professores em geral. Como uma invenção do século XXI, o GeoGebra é um dos
vários instrumentos de TICs voltadas para o processo de ensino-aprendizagem dos
conceitos matemáticos, que estão redefinindo a infraestrutura de representação da
educação matemática e proporcionando a comunidade mundial um acesso fácil, livre
para importantes ferramentas e processos matemáticos (BU et al., 2011).
Visto da perspectiva teórica da modelagem matemática, o GeoGebra oferece
uma variedade de recursos digitais que permitem que os alunos compreendam e
saibam solucionar situações problemáticas realistas, além de poderem inventar e
experimentar com modelos pessoalmente significativos usando múltiplas
representações e ferramentas de modelagem, e ainda podem formular ideais
matemáticas cada vez mais abstratas.
O GeoGebra é de código aberto e, portanto, está disponível gratuitamente
para a comunidade internacional; além de ser ideal para a web, servindo de apoio
tanto para alunos como professores para a reflexão individual e interações sociais
baseadas na web. Esta integração de princípios de MM e recursos tecnológicos
presentes no GeoGebra é fundamental para a compreensão dos conceitos de
geometria pelos alunos.
O GeoGebra fornece uma ponte intelectual que conecta uma teoria específica
de domínio da educação matemática e MM, e um quadro geral de design
instrucional é fundamentado em teorias pedagógicas contemporâneas. Na busca de
um referencial teórico que facilite a aprendizagem da matemática, o GeoGebra
incorpora desenvolvimentos recentes no uso de TICs, em particular a teoria
48
Instrumental Genesis7, que lança luz sobre o relacionamento mútuo na definição
entre o uso da tecnologia e a evolução dos alunos no raciocínio matemático.
Uma vez que o GeoGebra é efetivamente integrado nas aulas de geometria, o
uso de materiais didáticos que facilitem a introdução bem-sucedida do software para
os alunos é um ponto importante. Por um lado, estes materiais são destinados a
apoiar os professores que querem investir o tempo e esforço de ensinar seus alunos
na utilização do GeoGebra. Ao permitir a utilização independente do software pelos
alunos, eles podem se beneficiar de seu potencial como uma ferramenta geral que
facilita a aprendizagem e compreensão da matemática em muitas maneiras
diferentes.
Por outro lado, a preparação de materiais didáticos introdutórios irá facilitar o
primeiro contato dos alunos com o GeoGebra por meio da implementação das
experiências individuais, bem como o conhecimento sobre os problemas e
obstáculos mais comuns que surgem durante o processo de introdução e utilização
do software.
Embora o uso independente do GeoGebra e uma boa visão de seus
potenciais e possibilidades de aplicação deva ser uma meta de longo prazo para os
alunos e professores, uma abordagem diferente precisa ser implementada, a fim de
garantir a usabilidade e uma fácil integração deste material didático no ambiente
tradicional de ensino-aprendizagem. Em vez de introduzir os alunos para todas as
ferramentas e funcionalidade do software de uma única vez, sugere-se que os
professores apresentem pequenas porções de informação técnica que podem ser
incorporadas em tópicos de conteúdos matemáticos e que são apropriadas para os
alunos em determinados níveis de ensino. Os materiais didáticos devem se
concentrar no conteúdo matemático em vez do uso de software, o que torna mais
fácil para os professores justificar a quantidade de tempo gasto ensinando o uso do
GeoGebra, além de auxiliar a introduzir o software como uma ferramenta versátil
para lidar com diferentes temas matemáticos, sobretudo, na aprendizagem dos
conceitos de geometria.
7 Transformação do artefato (computador) em um instrumento para o sujeito.
49
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
5.1 Tipo de pesquisa
Este estudo tem seu início em uma revisão de literatura sobre o tema e,
também, em uma pesquisa de campo, realizada com duas turmas do primeiro ano
do ensino médio. Trata-se de uma pesquisa descritiva com dados quantitativos e
qualitativos.
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômenos ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática (Gil, 2002, p. 42)
São pesquisas descritivas aquelas que visam descobrir a existência de
associações entre variáveis, como, por exemplo, as pesquisas de nível de
rendimento escolar (GIL, 2002).
Em geral a pesquisa descritiva usa como técnica de coleta de dados a
observação, os questionários, as entrevistas e os levantamentos (também conhecida
como pesquisa de campo).
Segundo Trivinos (1987), a abordagem qualitativa trabalha os dados
buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenômeno.
“[...] uma espécie de representatividade do grupo maior dos seus sujeitos que participarão no estudo. Porém, não é, em geral, a preocupação dela a quantificação da amostragem. E, ao invés da aleatoriedade, decide intencionalmente, considerando uma série de condições (sujeitos que sejam essenciais, segundo o ponto de vista do investigador, para o esclarecimento do assunto em foco; facilidade para encontrar com as pessoas; tempo do indivíduo para as entrevistas, etc.” (TRIVINOS, 1987, p. 132).
Por outro lado, conforme Gil (2002), o método estatístico passa a se
caracterizar por razoável grau de precisão, o que o torna bastante aceito por parte
dos pesquisadores com preocupações de ordem quantitativa.
50
Neste aspecto amplo, a pesquisa concentrou-se na abordagem qualitativa e
quantitativa, ambas, não faz sentido desprezar nenhuma das duas.
5.2 Cenário / local da pesquisa
A pesquisa contou com a participação de duas turmas de alunos do primeiro
ano do ensino médio de uma escola da rede pública do estado de São Paulo,
denominada “E.E. Maurício Nazar”. Esta instituição situa-se na extrema periferia do
município de Guarulhos, Estado de São Paulo (SP), Brasil, mais precisamente no
Parque Santos Dumont, onde as características da comunidade são de baixa renda
e pais com pouca escolarização.
Índices de baixos rendimentos escolares chamam atenção dos docentes para
promover ações de melhorias constantemente.
O bairro em si, possui um histórico de violência e de pouca opção cultural ou
lazer, este é o meio onde localiza-se a escola. Os alunos são moradores da região,
convivem socialmente com limitações tecnológicas, isto é, a internet – por exemplo –
não acessa de qualquer parte do bairro, pois o sinal é ruim. Há falta de estrutura no
saneamento básico no bairro que passa por falta de abastecimento de água
constantemente. Já a maioria dos estudantes caminha a pé por cerca de 30 minutos
para chegar ao local de estudo. Enfim, o contexto supracitado reflete um breve
panorama do quadro social da região.
Todas as aulas se passaram em dois locais distintos dentro da escola, o
primeiro é denominado “Acessa São Paulo” um espaço público para a comunidade,
por ser tratar de um ambiente interno da escola, fica constantemente8 sendo usado
por alunos da escola.
Neste ambiente o acesso conta com apenas 11 computadores em
funcionamento, todas as atividades realizaram-se em duplas ou trios, devido a
quantidade de equipamento. Neste momento eles têm a possibilidade de modelar
8 Quem não for aluno, também pode usufruir do espaço, porem tem que ser agendado com a direção
da escola.
51
virtualmente9, mexer com o equipamento e alterar o objeto de estudo. Os alunos
ficam mais motivados quando ensinados por um processo de ensino diferente da
usual, manipulando na tela do computador os objetos geométricos, o mais
importante, os alunos tem espaço para seus experimentos, um momento
fundamental no processo de aprendizagem, segundo Gravina (2001).
Em um segundo momento utilizou também outra sala, no ambiente interno e
restrito da escola a alunos, denominado sala de multi mídias, local esse que temos
um telão de lona para projeção e Data Show, no mais, carteiras de estudantes e
ambiente normal de sala de aula, neste segundo momento eles não manuseiam o
equipamento, eles recebem aulas teóricas dos conteúdos. Adianto que é nesse
momento que o professor percebe o desenvolvimento da autonomia do aprendizado,
a postura do aluno diante as situações problemas, um eixo cognitivo fundamental do
desenvolver.
5.3 Participantes
A amostra foi formada por acessibilidade – alunos para os quais o
pesquisador leciona. Foram duas turmas do primeiro ano do ensino médio da
referida instituição escolar, totalizando 55 alunos do ensino médio.
Ambas as turmas podem ser consideradas homogêneas, pois vem realizando
atividades escolares juntos a mais de um ano, obtêm as mesmas médias no
desenvolvimento escolar, possuem também uma média de idade similar e todos são
moradores da região.
5.4 Procedimentos
Os questionários – diagnóstico e perfil – foram aplicados em dias diferentes,
sendo assim, é importante observar que o questionário de diagnóstico (apêndice A)
foi aplicado apenas para 42 alunos que compareceram à aula no dia, os demais (13)
faltaram no dia da aplicação do questionário. Na aplicação do questionário de perfil
(apêndice B) todos os 55 alunos estavam presentes e responderam à pesquisa.
9 Modelar virtualmente, trata-se de um termo para construir elementos geométricos passíveis para
sua interpretação e validação do seu pensamento, usado pelo autor.
52
O questionário de diagnóstico (apêndice A) foi aplicado aos alunos com o
objetivo de identificar os conhecimentos iniciais dos alunos sobre os conceitos de
Geometria.
O questionário de perfil (apêndice B) serviu para a identificação do perfil dos
alunos em relação aos seus hábitos de estudos e utilização das tecnologias da
informação e comunicação, bem como a facilidade de compreensão de conteúdos
de matemática durante o ensino fundamental.
Após a realização dos dois primeiros questionários (apêndice A – diagnóstico
inicial e apêndice B – pesquisa de perfil/hábitos) realizados no mês de agosto/2014,
com 42 e 55 alunos do 1º ano do Ensino Médio, respectivamente, ao longo do mês
de Setembro/2014 realiza-se uma revisão dos conteúdos matemáticos com
abordagem:
Relações métricas no triângulo retângulo.
Utilizando o software GeoGebra nas aulas computacionais. Ao final da
primeira quinzena de outubro/2014 foi realizada uma avaliação da efetividade do
procedimento educacional utilizando novamente o questionário de diagnóstico
(apêndice A), para avaliar a evolução dos alunos na aprendizagem dos conceitos
apresentados com o uso do software GeoGebra. Nesta avaliação da efetividade do
processo educacional utilizando o GeoGebra, participaram apenas 46 alunos, os
demais (9) não compareceram à aula para realizar a prova.
Os PCNs são referência para elaboração das atividades, contemplar novas
abordagens e metodologia é a busca deste trabalho.
Para isso buscou-se a matriz10 de referência para competências e habilidades
que se incentiva no ENEM (BRASIL, Ministério da Educação, 2009), conforme o
quadro 1, abaixo.
10
Integra no site da INEP “Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira” http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2012/matriz_referencia_enem.pdf
53
Quadro 1- Matemática e suas Tecnologias – Ensino Médio
Fonte: adaptado pelo pesquisador, Enem (BRASIL, Ministério da Educação, 2009).
Competência M1 - Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
H1 - Utilizar no contexto social diferentes significados e representações dos números - naturais, inteiros, racionais ou reais.
H2 - Utilizar algum procedimentos de cálculos com números naturais, inteiros, racionais ou reais.
H3 - Resolver situação - problema com números naturais, inteiros racionais ou reais envolvendo significados da adição, subtração, multiplicação ou divisão, potenciação ou radiciação.
H4 - Avaliar a razoabilidade de um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas.
H5- Avaliar propostas de intervenção na realidade, utilizando conhecimentos numéricos.
Competência M2 - Utilizar o conhecimento geométrico para realizar leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.
H6 – Interpretar a localização a movimentação de pessoas/objetos no espaço tridimensional e sua representação no espaço bidimensional.
H7 - Identificar características de polígonos ou sólidos (prismas, pirâmides, cilindros).
H8 - Resolver situação - problema que envolva noções geométricas (ângulo, paralelismo, perpendicularismo).
H9 - Utilizar o teorema de Pitágoras ou semelhança de triângulos na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano.
Competência M3 - Constuir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H10 - Estabelecer relações entre diferentes unidades de medida (comprimento, massa, capacidade, área, volume).
H11 - Aplicar a noção de escalas na leitura de plantas ou mapas.
H12 - Resolver situação - problema que envolva medidas de arcos ou ângulos (grau e radiano), utilizando teorema de Pitágoras ou razão trigonométrica (seno de um ângulo agudo).
H13 - Avaliar a razoabilidade do resultado de uma medição, na construção de um argumento consistente.
H14 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando cálculos de perímetros, área de superfícies planas ou volume de blocos retângulares.
Competência M5 - Construir e ampliar noções de variação dde grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H15 - Identificar leis matemáticas que expressem a relação de dependência entre duas grandezas.
H16 - Resolver situação - problema envolvendo a variação de grandezas direta ou inversamente proporcionais.
H17 - Utilizar informações expressas em forma de juros (simples ou composto) como recurso para a construção de argumentação (aumentos e descontos sucessivos).
H18 - Avaliar propostas de intervenção na realidade, utilizando cálculos de porcentagem e/ou juros.
Competência M5 - Aplicar expressões algébricas para modelar e resolver problemas, envolvendo variáveis socioeconômicas ou técnico-cinetíficas.
H19 - Identificar representações algébricas que expressem a relaçõa de interdepêndencia entre duas grandezas.
H20 - Identificar gráfico cartesiano que represente relação de interdepêndencia entre duas grandezas (variação linear).
H21 - Resolver situação - problema cujos dados estejam expressos em gráfico cartesiano que mostre a variação de duas grandezas.
Competência M6 - Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, extrapolação, interpolação e interpretação.
H22 - Identificar informações apresentadas em tabelas ou gráficos (de coluna, de setores e de linha).
H23 - Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas para fazer inferências.
H24 - Resolver situação - problema com dados apresentados em forma de tabela de dupla entrada ou gráfico.
H25 - Utilizar informações expressas em gráficos ou tabelas como recurso para a construção de argumentos.
H26 - Avaliar propostas de intervenção na realidade, utilizando informações expressas em gráficos ou tabelas.
Competência M7 - Compreender o caráter aleatório e não - determinístico dos fenômenos naturais e sociais e utilizar instrumentos adequados para medidas e cálculos de probabilidade, para interpretar informações de variáveis apresentadas em uma distribuição estatística.
H26 - Relacionar as variedades lingüísticas a situações específicas de uso social.
H27 - Calcular a média aritmética de um conjunto de dados expressos em uma tabela de frequência de dados agrupados (não em classes) ou gráficos de colunas.
H28 - Resolver situação - problema que envolva processos de contagem ou noções de probabilidade.
H29 - Utilizar médias aritméticas, noções de probabilidade ou conhecimentos estatísticos como recurso para a construção de argumentação.
H30 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando probabilidade e/ou conecimentos estatísticos (porcentagem, gráficos, médias).
54
Foram realizadas 04 aulas semanais com duração de 50 minutos cada,
durante um período de aulas de 40 dias entre agosto de 2014 até a primeira semana
de setembro de 2014, foram exatamente 18 aulas de 50 minutos cada.
Todos os arquivos foram sendo disponibilizados aos alunos, por e-mail, pen
drive ou cd, a pedido de cada aluno11. Ao final das aulas os alunos salvavam os
arquivos em pastas próprias com seus nomes, que ficavam no Desktop do
computador, porem como o espaço era público, outros alunos teriam acesso ao local
da pasta, para evitar-se a perda do trabalho, todos alunos salvavam por e-mail, por
pen drive ou cd gravado, com isso todos os alunos montaram uma pasta com as
aulas e com as demonstrações feitas pelo professor no GeoGebra.
Abaixo o exemplo de uma pasta que estava em um Desktop de um
computador:
1. Arquivo: no Desktop do computador;
2. Pastas: com as aulas separadas por conteúdos;
3. Atividade: construção.
4. Triângulo retângulo: feito por um aluno.
A seguir demonstro como se explorou o material das aulas, indicando a
forma de tratamento das informações e como as aulas foram desenvolvidas.
11
Material não foi disponibilizado por nenhum “blog”, pois não fazia parte da pesquisa esta ação, não publiquei todos os exercícios, pois deixaria o texto extenso, porem qualquer pessoa que desejar estes arquivos pode enviar um e-mail para o autor [email protected] que disponibilizo material.
55
5.5 Desenvolvimento da pesquisa
Momento inicial, nas duas primeiras semanas de aula foram realizadas
revisões de alguns conteúdos usuais da Geometria, necessários para os alunos
progredirem nas aulas, usou-se o GeoGebra para demonstrar e organizar estes
conteúdos.
Num segundo momento usamos arquivos ora já construídos pelos alunos,
para disponibilizar em testar as hipóteses e validar suas ideias, avançando o nível
de estudo.
Os alunos acompanhavam as aulas por um telão projetado pelo Data Show e
interagiam nas construções Geométricas.
Para o pesquisador é uma etapa da Pré – Análise, segundo Bardin (2007),
corresponde a um período de intuições, mas tem por objetivo tornar operacionais e
sistematizar as ideias iniciais, a primeira semana de aula recordamos assuntos do
ensino fundamental, que ora já havia sido diagnosticada uma defasagem e
intuitivamente necessitaríamos destes conteúdos;
Conhecer os axiomas12 de ponto, reta e plano.
Identificar os ângulos: agudo, reto e obtuso.
Classificação do triângulo quanto aos seus lados, Equilátero, Isóscele e
Escaleno.
Compreender ângulos complementares, suplementares e
replementares.
Classificação quanto aos ângulos, acutângulo, obtusângulo e
retângulo.
A seguir demonstro os exercícios utilizados em aula com o GeoGebra, para
descrever os conteúdos citados.
Realizamos demonstração de axiomas na Geometria e definição de ponto,
reta, plano, identificação de ângulo e classificação dos triângulos quanto aos seus
12
Axioma ou Postulado trata-se de uma primícia na Geometria, um princípio na construção de um teorema quando não pode ser feito através da álgebra para se demonstrar.
56
lados, o objetivo é o aluno aprimorar não só o conceito, porem desenvolver a visão
dos elementos geométricos citados necessários para construção da figura final.
Para construção deste exercício usei 3 passos:
1º Passo: Após abrir o GeoGebra, clique em ponto, e clique em qualquer lugar
da tela do GeoGebra, isto fará a criação de um ponto que será denominado ponto A,
após isso pode-se repetir quantas vezes for necessário, criará o ponto B, C, D....
2º Passo: Clicar em serve para limpar o último comando, logo após,
clicar em reta, e clique sobre o ponto A uma reta será criada, porém sem
direção, para dar orientação / sentido a reta clicar em um segundo ponto, pronto
agora a reta está criada denominada reta “a”. Repita o processo quantas vezes
achar necessário.
3º Passo: Podemos fazer uma triangulação entre os pontos dados, construir
um polígono. Mais precisamente um triângulo. Clicar em polígono, em seguida
escolha três pontos quaisquer clicando sobre eles, para destacar o seu triângulo
clique com lado esquerdo do mouse, vai até “propriedades - cor – transparência”
aumente para 50.
Podemos fazer definições com esta demonstração, sobre o ponto A passam
infinitas retas, o triângulo é formado por segmentos de retas, uma reta AB, jamais
interceptaria o triângulo construído. Em momento oportuno poderá ser usado este
mesmo exemplo para dar início a construção da função da reta e seus pontos dando
uma ligação na sequência didática.
Para ficar mais evidenciado podemos utilizar o recurso texto, basta
clica-lo, após clicar dentro do GeoGebra com o botão direito do mouse, abrirá uma
janela onde pode ser inserido um texto de apoio.
Neste exercício explora-se a construção dos conceitos dos axiomas na
Geometria.
57
Figura 4 - Axiomas
Fonte: Elaboração própria
Demonstração finalizada.
Nesta segunda sequência, demonstraremos a construção do triângulo quanto
seus ângulos.
1º Passo: Abrir o GeoGebra e clicar polígono, clicar em três pontos
quaisquer sobre os eixos x e y, desta forma o triângulo ABC estará construído.
2º Passo: Apenas para destacar o triângulo ABC, clique dentro com o lado
direito do mouse e vá até “propriedades – cor – transparência”, aumente para 50.
3º Passo: Verificar os ângulos, no menu de ferramentas clique em
ângulo, e logo após clique entre dois segmentos de reta, o ângulo será dado
imediatamente.
4º Passo: Repetir o passo 3 até obter todos os ângulos.
5º Passo: Conclusões, clicar texto, realizando os comentários e
respondendo questões na própria tela do GeoGebra.
Neste exercício podemos observar uma definição do triângulo quanto aos
seus lados e seus ângulos simultaneamente. Em momento oportuno poderá ser
usado este mesmo exemplo para demonstrar razões trigonométricas no triângulo
retângulo dando uma sequência didática.
58
Figura 5 - Construção do triângulo retângulo
Fonte: Elaboração própria
Ao final de cada demonstração constrói-se coletivamente o exercício, que
demonstrava as características do conteúdo da aula. Na segunda semana
desenvolveu-se novas demonstrações, conforme figura 6.
Figura 6 - Exercício
Fonte: Elaboração própria
59
O objetivo será preparar quanto aos ângulos complementares, suplementares
e replementares, onde os pontos ABCD e DEFD são dinâmicos, ou seja, podemos
movimentá-los. Permitindo menor abstração no estudo, interagindo no momento da
demonstração.
Na figura 7 podemos destacar polígonos inscritos na circunferência.
Figura 7 - Diferença entre triângulos isósceles e equilátero inscrito numa circunferência
Fonte: Elaboração própria
Neste momento, foi percebido diferenças entre as duas figuras, que foram
demonstrada, o professor questiona os alunos, por já possuírem alguma intuição
com o software e eles arriscaram algumas observações.
No primeiro ficou classificado quanto aos lados, depois quanto aos
ângulos. (Aluno)
Não tem ângulo reto, mesmo antes de dar o valor dos ângulos
podemos notar. (Aluno)
Com a aplicação de questionário avaliativo (Apêndice A) e questionário de
perfil (Apêndice B) ao longo das aulas, os argumentos qualitativos e quantitativos
observados e recolhidos pelo professor, necessita-se realizar o tratamento dos
resultados e interpretação, que vem a seguir no capítulo seis.
60
6 ANÁLISE DE CONTEÚDOS
Os resultados analisados neste capítulo envolvem os dados do diagnóstico
inicial e do perfil dos participantes, portanto temos uma análise descritiva. Para
validação da análise dessas informações decidiu-se usar dados estatísticos, desde
operações simples como percentuais e quadro de resultados, para inferência como
dados um pouco mais elaborado como o teste de Qui-Quadrado para
Independência.
Segundo Bardin (2007), quando a pré-análise for convenientemente
concluída, passamos para fase de análise propriamente dita, em função de regra
previamente formulada, entramos na fase de “Exploração de Material”, segundo
ainda Regra da Homogeneidade:
Os documentos retidos devem ser homogêneos, isto é, devem obedecer a critérios preciso de escolha e não apresentar demasiada singularidade fora desse critérios. [...] Esta regra é, sobretudo, utilizada quando se deseja obter resultados globais ou comparar entre si os resultados individuais. (BARDIN, 2007, p.128)
O procedimento adotado, ou seja, a organização da pesquisa fica dividida em
três fases, visando à eficácia dessa, poderá ser subdividida para explicar o
detalhamento.
As etapas discriminadas:
1. A pré-analise;
2. A exploração do material;
3. O tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.
Para Bardin (2007), pré-análise (1), é a fase de organização, tem por objetivo
sistematizar as ideias iniciais:
61
Geralmente, esta primeira fase possui três missões: a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final. Estes três fatores não se sucedem, obrigatoriamente, [...] embora estejam estreitamente ligados (BARDIN, 2007, p. 125)
Neste aspecto buscamos reunir um material de análise:
A análise pode efetuar-se numa amostra desde que o material a isso se preste. A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte representativa do universo inicial. Neste caso, os resultados obtidos para a amostra serão generalizados ao todo [...] Para proceder à amostragem é necessário ser possível descobrir a distribuição dos caracteres dos elementos da amostra. Um universo heterogêneo requer uma amostra maior do que um universo homogêneo. (BARDIN, 2007, p. 127)
Desde que, os documentos da pré-análise foram devidamente concluído,
passaremos a exploração do material (2), fase onde consiste em codificar as regras
previamente formuladas.
Neste mapa conceitual, adaptado pelo autor, podemos ter ideia da dimensão
teórica da técnica procedimental do desenvolvimento da proposta.
62
Figura 8 - Desenvolvimento de uma análise
Fonte: adaptado (BARDIN, 2007, p. 132)
O tratamento dos resultados (3), são tratados de maneira a serem
significativos e válidos, operações estatísticas simples (percentagens), ou mais
complexas, permitem estabelecer quadro do resultado, segundo Bardin (2007).
6.1 Resultados do diagnóstico inicial
Para identificar o nível de aprendizagem e compreensão dos alunos sobre os
conceitos de geometria, o pesquisador partiu da hipótese em diagnosticar os alunos
63
para saber de que ponto poderia partir para preparar aulas de trigonometria com o
auxílio do computador.
O processo inicial para realização do diagnóstico foi fundamentado numa
avaliação dos conteúdos básicos aprendidos durante o Ensino Fundamental, tais
como:
Reconhecimento do tipo de classificação de triângulos;
Relação seno, cosseno e tangente;
Reconhecimento da hipotenusa e catetos;
Problemas envolvendo calculo trigonométrico.
Todos esses elementos são fundamentais para que os objetivos de ensino do
1º Ano referentes às relações trigonométricas em um triângulo qualquer, lei dos
cossenos e lei dos senos, e processo natural da grade curricular possam ser
compreendidos pelos alunos.
Na aplicação deste diagnóstico inicial (apêndice A), foi possível observar a
real condição após o quadro de resultados.
Dos 55 alunos que integravam as duas turmas do Ensino Médio, 42 (76%)
participaram da realização do diagnóstico inicial, por estarem presentes no dia da
aplicação do questionário, os demais alunos (13; 24%) faltaram à aula naquele dia
(tabela 1; gráfico 1).
Tabela 1 - Quantidade de alunos das duas turmas do Ensino Fundamental que participaram do diagnóstico inicial
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Participantes 42 76%
Ausentes 13 24%
TOTAL 55 100%
Fonte: Elaboração própria.
64
Gráfico 1 - Quantidade de alunos das duas turmas do Ensino Fundamental que participaram do diagnóstico inicial
Fonte: Elaboração própria
As respostas foram incorretas demonstrando falta de conhecimento dos
conteúdos abordados, que são básicos para o ensino médio.
O quadro 2 apresenta alguns exemplos das respostas dos alunos, que
demonstra a falta de compreensão dos mesmos sobre o que foi solicitado na
questão 1.
Quadro 2 - Exemplos de respostas incorretas da questão 1 do diagnóstico inicial
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DE ALGUNS ALUNOS
QUE FORAM SELECIONADAS COMO EXEMPLO DE RESPOSTA INCORRETA PARA A QUESTÃO 1 DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Exemplo 1
65
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DE ALGUNS ALUNOS
QUE FORAM SELECIONADAS COMO EXEMPLO DE RESPOSTA INCORRETA PARA A QUESTÃO 1 DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Exemplo 2
Exemplo 3
Exemplo 4
Fonte: Arquivo do professor
66
Somente 8 (19%) obtiveram êxito nas respostas, o que significa que 34 (81%)
alunos erraram (tabela 2; gráfico 2). A partir da correção desta primeira questão do
diagnóstico inicial, o pesquisador passou a considerar o fato de revisar os conteúdos
do Ensino Fundamental antes de avançar nos conteúdos Matemáticos do ensino
médio.
Tabela 2 - Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 1 do diagnóstico inicial
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Acertaram 8 19%
Erraram 34 81%
TOTAL 42 100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 2 - Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 1 do diagnóstico inicial
Fonte: Elaboração própria
A segunda questão do diagnóstico foi a seguinte: “Você pode relacionar as
três razões trigonométricas abaixo deste triângulo (figura 9)?”
67
Figura 9 - Triângulo
Fonte: Elaboração própria
Nesse exercício, o índice de acerto foi maior, e o erro mais comum foi não
colocar o número 5 como radicando, neste caso desprezaram o radical e 9 alunos
erraram por colocar apenas 5 em vez de 5 o equivalente a 21,5% dos alunos; 3
(7%) alunos não souberam ou não responderam; 13 (31%) acertaram todas as três
razões; outros 17 (40,5%) erraram uma ou mais respostas no exercício em análise.
Por hipótese levantada a princípio a linguagem matemática e seus símbolos
terão de ser reavaliada, apontando que a linguagem é possível caminho para
melhorar o aprendizado matemático, apenas 13 (31%) dos alunos responderam à
questão 2 corretamente (tabela 3; gráfico 3).
Tabela 3 - Quantidade de alunos que acertaram a resposta da questão 2 do diagnóstico inicial
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Acertaram 13 31%
Erraram 29 69%
TOTAL 42 100%
Fonte: Elaboração própria.
68
Gráfico 3 - Quantidade de alunos que acertaram as respostas da questão 2 do diagnóstico inicial
Fonte: Elaboração própria
A figura abaixo apresenta um exemplo de resposta da questão 2 por um dos
alunos participantes desta pesquisa.
Figura 10 - Exemplo de resposta de um aluno sobre a questão 2 do diagnóstico inicial
Fonte: Arquivo do professor
A terceira questão deste diagnóstico inicial serviu para identificar os
conhecimentos de medida de ângulos, muito presente no Ensino Fundamental e
importante para o estudo de trigonometria. O quadro abaixo apresenta alguns
exemplos de respostas dos alunos participantes do diagnóstico inicial.
69
Quadro 3 - Exemplos de respostas erradas da questão 3 do diagnóstico inicial
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS ERRADAS DE
ALGUNS ALUNOS QUE FORAM SELECIONADAS COMO EXEMPLO – QUESTÃO 3 DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
Fonte: Arquivo do professor
É importante observar no quadro acima, que nas respostas da questão 3, os
erros foram ainda maiores, 2 alunos não responderam e, todos os outros 40 alunos
erraram.
Não houve nenhuma resposta correta, portanto, nenhum aluno conseguiu
responder corretamente à questão 3, isto reforça a hipótese inicial da avaliação
diagnóstica, “Falta de compreensão da linguagem”.
70
Na questão de número 4, o fato acima também se repetiu – 100% de erro,
como é mostrado a seguir. Um dos alunos que errou seria o que mais se aproximou
do resultado correto se não tivesse trocado o cateto oposto pela hipotenusa. Estes
dados demonstram que os alunos têm dificuldades em reconhecer as razões
trigonométricas como demonstram os exemplos do quadro 4, abaixo.
Quadro 4 - Exemplos de respostas erradas da questão 4 do diagnóstico inicial
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS ERRADAS DE ALGUNS
ALUNOS QUE FORAM SELECIONADAS COMO EXEMPLO – QUESTÃO 4 DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Exemplo 1
Exemplo 2
71
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS ERRADAS DE ALGUNS
ALUNOS QUE FORAM SELECIONADAS COMO EXEMPLO – QUESTÃO 4 DO DIAGNÓSTICO INICIAL
Exemplo 3
Fonte: Arquivo do professor
Como é possível observar no quadro 4 acima, 39 dos participantes (93%) não
conseguiram responder, deixando a questão em branco ou respondendo errado, o
que reforça a não aprendizagem dos conteúdos da geometria agora aplicados nos
problemas, existe a necessidade de transpor o escrito para os cálculos, barreira
ainda no aprendizado. Apenas 3 (7%) conseguiram prosseguir com os cálculos
(tabela 4; gráfico 4).
Tabela 4 - Quantidade de alunos que conseguiram prosseguir com os cálculos na questão 4 do diagnóstico inicial, apesar de terem errado as respostas do
exercício
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Prosseguiram com os cálculos e erraram as respostas 3 7%
Erraram e não conseguiram prosseguir com os cálculos 39 93%
TOTAL 42 100%
Fonte: Elaboração própria.
72
Gráfico 4 - Quantidade de alunos que conseguiram prosseguir com os cálculos na questão 4 do diagnóstico inicial, apesar de terem errado as respostas do exercício
Fonte: Elaboração própria
Como ocorreu com as questões 3 e 4, a questão 5 do diagnóstico inicial
também apresentou 100% de erro. Os 42 alunos erraram, não sabiam nem o que
estavam procurando, segundo relato de duas alunas: “Professor falta o x, nesta
questão. Não dá para fazer!”.
O desempenho dos alunos demonstrou uma enorme dificuldade de interpretar
o que a questão pede. Desse modo, é importante auxiliar os alunos a interpretar
melhor o que está sendo pedido no exercício.
Frente às dificuldades dos alunos em responder às questões do diagnóstico
inicial, o pesquisador compreendeu que não seria o momento de entrar com um
conteúdo novo e sim revisar o todo o conteúdo do Ensino Fundamental pontual e
necessário para o novo conteúdo trigonométrico.
Existe claramente uma falta de pré-conteúdo, e o foco foi direcionado,
passando a preparar aulas para atingir a cobrir esta carência e realizar uma nova
avaliação.
A figura 11 abaixo, apresenta um exemplo de resposta incorreta na questão 5
do diagnóstico inicial.
73
Figura 11 - Exemplo de resposta incorreta da questão 5 do diagnóstico inicial
Fonte: Arquivo do professor
Uma análise dos erros observados neste diagnóstico inicial possibilitou que o
pesquisador elaborasse uma aula utilizando o GeoGebra, com o objetivo de facilitar
a compreensão dos conceitos de geometria que deveria ter sido aprendidos durante
o Ensino Fundamental.
Portanto, com os resultados obtidos a partir deste diagnóstico inicial, uma
nova estratégia foi implementada, pois o pesquisador passou a preparar aulas
voltadas para uma revisão dos conteúdos do Ensino Fundamental (razões
trigonométricas no triângulo retângulo), antes de iniciar o conteúdo de geometria do
Ensino Médio.
O arquivo do GeoGebra possibilitou a realização de aulas sobre razões
trigonométricas no triângulo retângulo, permitindo que os alunos tivessem um
primeiro contato com o software na aprendizagem desses conteúdos.
Neste diagnóstico inicial haviam 42 alunos, cada aluno tinha 5 questões,
perfazendo um total de 210 questões, houve 21 acertos, exatamente 10%. Esses
dados representam a realidade entre o ideal e o realizado no processo de ensino-
aprendizagem dos conteúdos matemáticos no Ensino Fundamental.
74
É importante destacar que, apesar de apenas 42 (76%) dos 55 alunos
estarem presentes no dia da aplicação do questionário de diagnóstico, todos os
alunos receberam as orientações para utilização do GeoGebra e as aulas com os
conceitos básicos de geometria do Ensino Fundamental foram ministradas para
todos os 55 alunos do Ensino Médio.
6.2 Resultados da pesquisa perfil/hábitos
No dia da aplicação do segundo questionário – perfil/hábitos – todos os 55
alunos estavam presentes e responderam ao questionário (apêndice B).
Com os resultados da pesquisa de perfil/hábitos (apêndice B) foi possível
perceber que do total de 55 alunos – do 1º ano do Ensino Médio da rede estadual de
São Paulo, em duas salas de aula, 38 (69%) alunos utilizam o computador com ou
sem internet, para programas, jogos e aplicativos. Um total de 14 alunos (25%)
fizeram menção que somente usam computadores se estiverem conectados na
internet, para redes sociais.
Ainda para completar, 3 alunos (6%) citaram que usam o computador sem
internet, sendo 1 por proibição dos pais e 2 que alegaram não ter acesso e não
gostar (tabela 5; gráfico 5).
Tabela 5 - Formas como os alunos utilizam o computador em sua rotina diária
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Utilizam o computador com ou sem internet, para programas, jogos e aplicativos
38 69%
Usam computadores se estiverem conectados na internet, para redes sociais
14 25%
Usam o computador sem internet 3 6%
TOTAL 55 100%
Fonte: Elaboração própria.
75
Gráfico 5 - Formas como os alunos utilizam o computador em sua rotina diária
Fonte: Elaboração própria
Deste total apresentado, foi necessário saber se os alunos já haviam tido
contato com aulas usando o computador para dar a dinâmica no ensino de
matemática, seja recentemente ou em anos anteriores.
As respostas demonstraram que 5 (9%) do total de 55 já haviam passado por
alguma experiência com uso de computadores em sala de aula para o ensino de
matemática, sendo que todos eles gostaram da experiência. A grande maioria dos
alunos (n= 48 – 87%) não havia tido qualquer contato com computadores no
ambiente escolar; e 2 (4%) alunos não responderam (tabela 6; gráfico 6).
Tabela 6 - Quantidade de alunos que já utilizaram o computador em aulas de matemática
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Já utilizaram o computador em sala de aula para ensino da matemática
5 9%
Não tiveram qualquer contato com computadores no ambiente escolar
48 87%
Não responderam 2 4%
TOTAL 55 100%
Fonte: Elaboração própria.
76
Gráfico 6 - Quantidade de alunos que já utilizaram o computador em aulas de matemática
Fonte: Elaboração própria
Estes resultados justificavam a intenção do pesquisador em continuar com as
aulas de auxílio do meio computacional, ainda por exceção de 4 alunos que não
responderam e 1 aluno relatou que “não seria legal”, pois não presta atenção
quando está no computador. Esses dados demonstraram que 9% dos alunos foram
resistentes ao uso de computadores para aprendizagem de conteúdos matemáticos,
enquanto 91% concordaram e quiseram utilizar este recurso (tabela 7; gráfico 7).
Tabela 7 - Quantidade de alunos que concordaram com o uso do computador para a aprendizagem de conteúdos matemáticos
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Concordaram com as aulas 50 91%
Ficaram resistentes 5 9%
TOTAL 55 100%
Fonte: Elaboração própria.
77
Gráfico 7 - Quantidade de alunos que concordaram com o uso do computador para a aprendizagem de conteúdos matemáticos
Fonte: Elaboração própria
Diante deste cenário, onde a grande maioria dos alunos (91%) se mostrou
favorável as aulas computacionais para aprendizagem dos conteúdos matemáticos,
foi realizado projeto desta pesquisa, pois todos os alunos teriam ‘condições’ de
acessar um computador, seja em casa, lan house ou na escola.
6.3 Resultados da efetividade do procedimento educacional após a revisão dos
conteúdos matemáticos – nas aulas computacionais com o geoGebra
Durante a fase diagnóstica inicial, foi demonstrado que apenas 10% das
questões foram respondidas corretamente pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio,
nas duas turmas pesquisadas.
Desse modo, o pesquisador dedicou as aulas no período de setembro/2014
para apresentar todo o conteúdo das relações métricas no triângulo retângulo e seus
cálculos trigonométricos. Para tanto, dedicou-se as aulas não somente para
cálculos, mas para apresentar todo o conceito das relações métricas no triângulo
retângulo, com o objetivo de realizar uma nova pesquisa diagnóstica na primeira
semana de outubro/2014.
Nesse caminho, foram realizadas as aulas computacionais para a
apresentação dos conteúdos citados, com o apoio do GeoGebra. Foram aulas
projetadas e dinâmicas, definindo os conceitos fundamentais (razão seno, cosseno e
78
tangente, Pitágoras, definição de triângulo retângulo ou outro qualquer, ângulos
internos de um triângulo e aplicações práticas em problemas, entre outros).
O pesquisador separou algumas atividades para exemplificar os resultados.
As atividades foram realizadas no caderno durante aulas no mês de setembro de
2014, com o acompanhamento do professor.
As figuras apresentadas a seguir, demonstram as atividades realizadas por
um aluno em seu caderno. Para que os alunos não pudessem ser identificados eles
foram tratados no presente estudo como Aluno 1, Aluno 2 e assim sucessivamente.
Figura 12 - Aluno 1 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Figura 13 - Aluno 1 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Nota-se uma evolução nos exercícios realizados pelos alunos. Essa evolução
no conhecimento por parte dos alunos permitiu uma maior integração com o
pesquisador (professor), algo que num primeiro momento não ocorreu: “Todos os
79
alunos presentes estavam tentando, com mais ou menos esforços, porém todos
participavam”. Isso demonstra que a apresentação dos conteúdos matemáticos com
o uso do GeoGebra promove uma maior participação do aluno em sala de aula.
As figuras abaixo representam os exercícios realizados pelo aluno 2 em seu
caderno de atividades.
Figura 14 - Aluno 2 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Figura 15 - Aluno 2 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
É importante observar que todos os alunos demonstraram-se participativos,
uns com maior intensidade outros com menos, mas todos participaram.
As figuras apresentadas a seguir, demonstram os exercícios realizados pelo
aluno 3 em seu caderno de atividades.
80
Figura 16 - Aluno 3 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Figura 17 - Aluno 3– Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
No exemplo acima, é possível observar que uma das maiores dificuldades
dos alunos é transpor o escrito para o figural, muitos alunos erram ainda, mas o
nível de abstração do que é para ser calculado subiu consideravelmente.
No exemplo abaixo, um quarto aluno (aluno 4) exemplificou o avanço também
na resolução de problemas. As figuras abaixo demonstram os exercícios resolvidos
pelos alunos 5 e 6.
81
Figura 48 - Aluno 4 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Figura 19 - Aluno 5 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
82
Figura 20 - Aluno 6 – Caderno atividades propostas
Fonte: Arquivo do professor
Após as aulas de apresentação dos conteúdos supracitados, com o uso do
GeoGebra e com a realização de exercícios pelos alunos em seus cadernos de
atividade, na primeira semana de outubro/2014 foram realizadas novas avaliações
com base no diagnóstico inicial (apêndice A) com o objetivo de investigar o a
evolução dos alunos no desempenho do ensino-aprendizagem dos conteúdos
matemáticos apresentados durante o mês de setembro/2014.
O primeiro diagnóstico realizado no mês de agosto/2014 não foi corrigido
junto com os alunos, por hipótese inicialmente, essa opção foi pelo fato do elevado
número de erros, em que apenas 10% das questões foram acertadas. Portanto, já
que não havia sido feita a correção do diagnóstico inicial, foi aplicado o mesmo
diagnóstico para uma avaliação da efetividade do procedimento educacional com o
uso do GeoGebra na primeira semana de outubro/2014.
Dos 55 alunos pertencentes às duas turmas do 1º ano do Ensino Médio que
participaram da pesquisa, 46 (84%) realizaram uma nova prova para avaliar a
83
efetividade do procedimento educacional (tabela 8; gráfico 8); os outros 9 (16%) não
estavam presentes no momento da aplicação do questionário (apêndice B).
Tabela 8 - Quantidade de alunos que realizaram o diagnóstico novamente
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Realizaram uma nova prova para avaliar a efetividade do procedimento educacional
46 84%
Não estavam presentes no momento da aplicação do 2º questionário
9 16%
TOTAL 55 100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 8 - Quantidade de alunos que realizaram o diagnóstico novamente
Fonte: Elaboração própria
A seguir são apresentados alguns exemplos das respostas dos alunos,
seguidos dos comentários do pesquisador.
O quadro 5, abaixo apresenta os exemplos de respostas de alguns alunos
sobre a questão 1 do diagnóstico que novamente respondido.
84
Quadro 5 - Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 1 no segundo diagnóstico realizado em outubro/2014
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A
QUESTÃO 1 NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 1
Exemplo 2
Fonte: Arquivo do professor
Nesta primeira questão, dentre os 46 alunos que realizaram a prova, houve
um acerto de 37 alunos, portanto, 80% de acerto, outras 9 avaliações foram
deixadas em branco, 20%. É importante ressaltar que não houve nenhuma resposta
errada, todos os alunos que responderam (80%) acertaram a questão (tabela 9;
gráfico 9).
85
Tabela 9 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Responderam e acertaram a questão 37 80%
Deixaram em branco 9 20%
TOTAL 46 100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 9 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
O quadro a seguir apresenta exemplos de respostas relacionadas à questão
2.
86
Quadro 6 - Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 1 no segundo diagnóstico realizado em outubro/2014
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 2
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
87
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 2
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 4
Fonte: Arquivo do professor
Nesta questão 2, houve dois casos em que os alunos calcularam as projeções
da hipotenusa e altura do triângulo, mesmo sem obrigatoriedade, pois não havia
relação com a resposta solicitada. Isso mostra que os alunos evoluíram na
assimilação dos conceitos apresentados e se sentiram confiantes para realizar os
cálculos, mesmo sem terem sido solicitados na questão.
Na questão 2, 13 (28%) alunos deixaram em branco, 4 (9%) erraram e 29
(63%) acertaram (tabela 10; gráfico 10).
Tabela 10 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 1 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Responderam e acertaram a questão 29 63%
Erraram 4 9%
Deixaram em branco 13 28%
TOTAL 46 100%
Fonte: Elaboração própria.
88
Gráfico 10 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 2 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
O quadro 7, abaixo apresenta exemplos de respostas dos alunos para a
questão 3 do diagnóstico realizado pela segunda vez na primeira semana de
outubro/2014. Nesta questão, houve alguns acertos, mas alguns alunos continuaram
errando as respostas.
Quadro 7 - Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 3 no segundo diagnóstico realizado em outubro/2014
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 3
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
Fonte: Arquivo do professor
89
No exercício 3 houve 31 (67%) acertos e 11 (24%) erros, sendo que 4 (9%)
alunos deixaram as respostas em branco (tabela 11; gráfico 11).
Tabela 11 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 3 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Responderam e acertaram a questão 31 67%
Erraram 11 24%
Deixaram em branco 4 9%
TOTAL 46 100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 11 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 3 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
O quadro 8, a seguir contém exemplos de respostas dos alunos para a
questão 4 da avaliação diagnóstica realizada novamente na primeira semana de
outubro/2014.
90
Quadro 8 - Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 4 no segundo diagnóstico realizado em outubro/2014
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 4
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
91
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 4
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 4
Fonte: Arquivo do professor
Na questão 4 houve uma maior dificuldade por parte de 26 (56%) que erraram
as respostas ou deixaram de responder, sendo: 8 (17%) alunos deixaram em branco
ou não souberam responder; 18 (39%) alunos erraram na interpretação do exercício
ou nos cálculos e 20 (44%) alunos acertaram (tabela 12; gráfico 12).
Tabela 12 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 4 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Responderam e acertaram a questão 20 44%
Erraram 18 39%
Deixaram em branco 8 17%
TOTAL 46 100%
Fonte: Elaboração própria.
92
Gráfico 12 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 4 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
O quadro 9, abaixo apresenta os exemplos de respostas dos alunos para a
questão 5 do diagnóstico aplicado novamente na primeira semana de outubro/2014.
Quadro 9 - Exemplos de respostas dos alunos referente à questão 5 no segundo diagnóstico realizado em outubro/2014
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 5
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 1
93
EXEMPLOS FIGURA DESCRITIVA DAS RESPOSTAS DOS ALUNOS A QUESTÃO 5
NO SEGUNDO DIAGNÓSTICO REALIZADO EM OUTUBRO/2014
Exemplo 2
Exemplo 3
Fonte: Arquivo do professor
Neste último exercício (questão 5), nota-se que a participação também foi a
maioria, mesmo em alguns casos terminando com erro na álgebra como no exemplo
3 do quadro 9. Os resultados do desempenho dos alunos nas repostas para a
questão 5 na segunda avaliação diagnóstica foram: 17 (37%) alunos deixaram em
branco; 11 (24%) alunos erraram; e 18 (39%) acertaram (tabela 13; gráfico 13).
94
Tabela 13 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 5 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
DESCRIÇÃO QUANTIDADE PERCENTAGEM
Responderam e acertaram a questão 18 39%
Erraram 11 24%
Deixaram em branco 17 37%
TOTAL 46 100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 13 - Resultados do desempenho dos alunos na questão 5 na segunda avaliação diagnóstica realizada em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
Os avanços no desenvolvimento do conhecimento dos alunos após a
realização das aulas com o GeoGebra foram claros, conforme demonstra gráfico 14.
95
Gráfico 14 - Evolução do desempenho dos alunos entre o diagnóstico realizado em agosto/2014 e o diagnóstico realizado em outubro/2014
Fonte: Elaboração própria
Como pode ser observado no gráfico acima, após a realização da revisão dos
conceitos matemáticos durante o mês de setembro/2014, com a utilização do
GeoGebra, houve uma clara evolução dos alunos na compreensão desses
conceitos, sendo que aqueles exercícios (3, 4 e 5) que não tiveram nenhum acerto
na primeira vez em que o diagnóstico foi realizado apresentaram 67%, 44% e 39%
de acertos respectivamente.
Como foi visto ao longo deste estudo, tanto na revisão de literatura como na
pesquisa de campo, o GeoGebra é um software de matemática dinâmica projetado
para o ensino e aprendizagem dos conceitos matemáticos desde o ensino
fundamental até o ensino superior. O software combina facilidade de uso de um
programa de geometria dinâmica, com certas características de um sistema de
álgebra computacional e, portanto, permite fazer a ponte entre as disciplinas de
matemática, geometria e álgebra, e até mesmo cálculos.
O GeoGebra pode ser utilizado no ambiente escolar para visualizar os
conceitos matemáticos bem como para criar materiais didáticos. Na presente
96
pesquisa, o GeoGebra foi utilizado para a revisão dos conceitos matemáticos do
Ensino Fundamental para os alunos do 1º ano do Ensino Médio, mostrando-se uma
ferramenta eficaz tanto no processo de ensino-aprendizagem quanto na motivação
dos alunos.
O GeoGebra tem o potencial de promover a aprendizagem ativa13 e centrada
no aluno, permitindo experimentos matemáticos, explorações interativas, bem como
descobertas de aprendizagem, por intermédio de simulações realizadas no
computador, considero uma poderosa ferramenta de ensino, em âmbito mundial, e a
escolha deste software para a realização da experiência com os alunos participantes
desta pesquisa demonstrou a importância do GeoGebra no processo de ensino-
aprendizagem dos conceitos matemáticos.
As vantagens do GeoGebra são as seguintes:
É um software multiplataforma, livre, e gratuito de matemática
dinâmica. Assim, devido à sua natureza de código aberto, não há
problemas de licenciamento associados ao seu uso, permitindo que os
alunos e professores tenham liberdade de usá-lo tanto dentro da sala
de aula como em casa.
O GeoGebra combina matemática dinâmica, geometria, álgebra e
cálculos, além das características de planilha em um único pacote de
fácil utilização, tornando-o adequado para o processo de ensino-
aprendizagem de matemática desde o nível básico até a universidade.
O GeoGebra tem uma grande comunidade internacional de usuários e
desenvolvedores com usuários em 190 países. O software está
traduzido em 55 idiomas e atrai aproximadamente 300 mil downloads
por mês.
A característica mais importante do GeoGebra é a ligação que esse
software estabelece entre Geometria, Álgebra, Cálculo e Estatística.
Trata-se de um sistema de geometria dinâmica no qual o usuário
trabalha com pontos, vetores, segmentos, linhas e seções cônicas.
Além disso, ele possui um sistema algébrico dinâmico onde as
13
Na aprendizagem ativa a expectativa é que o aluno não seja apenas um recebedor de informação de seu mediador, mas que seja proativo na busca de conhecimento.
97
equações e coordenadas podem ser inseridas diretamente. As funções
podem ser definidas algebricamente e depois modificadas
dinamicamente.
O GeoGebra apresenta uma dinâmica matemática simples, mas
otimizada, que tem a capacidade de lidar com variáveis para números,
vetores e pontos, encontrando derivadas e integrais de funções.
Outra vantagem do GeoGebra é a sua planilha, que foi acrescentada
recentemente, tornando possível inserir dados na planilha e visualizar
os gráficos na janela de geometria, mantendo a sua característica
dinâmica.
Embora o GeoGebra tenha sido destinado principalmente para o ensino da
matemática nas escolas em modalidade de ensino fundamental e médio, ele passou
a ser empregado também no ensino superior.
O GeoGebra foi utilizado como um recurso para incrementar o processo de
aprendizagem dos conteúdos de geometria.
No quadro 10, abaixo quadro 10, destaco os eixos cognitivos desenvolvidos
nos alunos em relação aos problemas da avaliação (Apêndice A) e que foram
alcançados satisfatoriamente, segundo a matriz de referência ENEM (BRASIL,
Ministério da Educação, 2009);
98
Quadro 10 – Matemática e suas Tecnologias – Eixos Alcançados
Fonte: adaptado pelo pesquisador, Enem (BRASIL, Ministério da Educação, 2009).
Foram desenvolvidas 13 competências de Matemática, um excelente índice,
ainda melhor que estes índices foram que os 5 Eixos Cognitivos do aluno foram
estimulados, ou seja todos os eixos cognitivos proposto pelo ENEM, foram atingidos,
são eles:
Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das
linguagens matemáticas, artísticas e científicas (H1; H6; H15)
Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a
compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-
geográficos, da produção tecnológicas e das manifestações artísticas.
(H2; H7)
Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações
representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar
situações problema (H3; H8; H12)
Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e
conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir
argumentações consistentes (H4; H9; H13)
Competência M1 - Construir significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e reais.
H1 - Utilizar no contexto social diferentes significados e representações dos números - naturais, inteiros, racionais ou reais.
H2 - Utilizar algum procedimentos de cálculos com números naturais, inteiros, racionais ou reais.
H3 - Resolver situação - problema com números naturais, inteiros racionais ou reais envolvendo significados da adição, subtração, multiplicação ou divisão, potenciação ou radiciação.
H4 - Avaliar a razoabilidade de um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas.
H5- Avaliar propostas de intervenção na realidade, utilizando conhecimentos numéricos.
Competência M2 - Utilizar o conhecimento geométrico para realizar leitura e a representação da realidade e agir sobre ela.
H6 – Interpretar a localização a movimentação de pessoas/objetos no espaço tridimensional e sua representação no espaço bidimensional.
H7 - Identificar características de polígonos ou sólidos (prismas, pirâmides, cilindros).
H8 - Resolver situação - problema que envolva noções geométricas (ângulo, paralelismo, perpendicularismo).
H9 - Utilizar o teorema de Pitágoras ou semelhança de triângulos na seleção de argumentos propostos como solução de problemas do cotidiano.
Competência M3 - Constuir e ampliar noções de grandezas e medidas para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H12 - Resolver situação - problema que envolva medidas de arcos ou ângulos (grau e radiano), utilizando teorema de Pitágoras ou razão trigonométrica (seno de um ângulo agudo).
H13 - Avaliar a razoabilidade do resultado de uma medição, na construção de um argumento consistente.
H14 - Avaliar propostas de intervenção na realidade utilizando cálculos de perímetros, área de superfícies planas ou volume de blocos retângulares.
Competência M4 - Construir e ampliar noções de variação dde grandeza para a compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
H15 - Identificar leis matemáticas que expressem a relação de dependência entre duas grandezas.
99
Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos para elaboração de
propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores
humanos e considerando a diversidade sociocultural (H5; H14)
Essa tecnologia contribuiu para despertar o interesse dos alunos, além de
facilitar a compreensão dos conceitos de geometria apresentados durante as aulas.
A compreensão dos conteúdos de geometria do Ensino Fundamental é importante
para que os alunos possam prosseguir com autonomia os conteúdos de geometria
durante o ensino médio. Deste modo, o uso do GeoGebra para os alunos
participantes da pesquisa foi essencial para facilitar a compreensão desses
conteúdos, facilitando o processo de aprendizagem dos alunos.
6.4 Resultados estatísticos
Para responder aos objetivos do estudo foram utilizadas, além de
metodologias básicas de análise exploratória como o cálculo da frequência absoluta
e relativa, o teste exato de Qui-Quadrado para Independência.
O teste de Qui-Quadrado foi utilizado para avaliar, estatisticamente, se há
alguma diferença entre a quantidade de acertos e erros entre os testes inicial e final.
Esse teste foi aplicado separadamente para cada uma das 05 questões abordadas
e, posteriormente, foi aplicado para a quantidade total de acertos e erros (soma dos
acertos e erros das 05 questões).
Todos os testes de hipóteses desenvolvidos nesse trabalho consideraram
uma significância de 5%, ou seja, a hipótese nula foi rejeitada quando p-valor foi
menor ou igual a 0,05 (destacados em vermelho ao longo das tabelas).
6.4.1 Teste de Exato de Qui-Quadrado para Independência
Para avaliar a dependência (relação) entre as categorias de duas variáveis,
utilizamos o teste de Qui-Quadrado, no entanto o p-valor do teste sofre distorções
em casos em que o cruzamento de pelo menos duas categorias apresenta
frequência muito baixa - geralmente utilizamos a frequência de 5 observações como
limiar de frequência muito baixa em uma categoria.
100
Em caso de baixa frequência de categoria utiliza-se testes exatos como, por
exemplo, o teste exato de Fisher para independência de variáveis com duas
categorias. Quando falamos em tabelas de RxC categorias é bastante comum o uso
do teste exato de Qui-Quadrado baseado no método de Radlow e Alf.
O método Radlow e Alf (1975) é baseado na permutação de diversos testes
Qui-quadrado para a tabela de contingência em análise. Primeiramente são
simuladas todas as possibilidades de tabelas de frequência com o número de
categorias e observações da tabela original, e para cada tabela gerada compara-se
o valor da estatística Qui-Quadrado com o valor da estatística da tabela original
(tabela observada). Se o valor da estatística Qui-Quadrado na tabela gerada for
maior ou igual ao valor da estatística da tabela observada, o p-valor exato é
incrementado pela probabilidade de ocorrência daquela tabela. A hipótese a ser
testada é:
H0: as categorias entre as duas variáveis são independentes
E a estatística teste é dada por:
Onde o valor estimado eij é dado por:
E nij é a frequência da ocorrência nas categorias i da variável I e categoria j
da variável J.
Dessa forma, rejeitar H0 significa que há dependência entre as categorias das
duas variáveis em estudo, ou seja, há uma relação estatisticamente significativa
entre as variáveis.
101
6.4.2 Resultados
Conforme apresentado, a análise iniciou com a aplicação do teste exato de
Qui-Quadrado para Independência separadamente para cada uma das 05 questões
abordadas. Em todos os 05 testes desenvolvidos, isto é, para as 05 questões
abordadas, detectou-se significância estatística a 95% de confiança, uma vez que p-
valor foi menor que 0,05 em todos os casos. Dessa forma podemos afirmar,
estatisticamente com 95% de confiança, que há diferença na quantidade de acertos
e erros entre os testes inicial e final. Também podemos tomar a mesma conclusão
com 99% de confiança (1% de significância), uma vez que p-valor foi, em todos os
casos, menor que 0,01.
Analisando os resultados da Tabela 1, temos que, em todas as questões, a
quantidade de acertos é maior no teste final. Na questão 1, temos 80% de acerto no
teste final versus 19% de acerto no teste inicial. Na questão 2, temos 63% de acerto
no teste final versus 31% de acerto no teste inicial. Na questão 3, temos 67% de
acerto no teste final versus 0% de acerto no teste inicial. Na questão 4, temos 43%
de acerto no teste final versus 0% de acerto no teste inicial. E na questão 5, temos
39% de acerto no teste final versus 0% de acerto no teste inicial. Em todos esses
casos podemos afirmar, tanto a 95% como a 99% de confiança, que houve um
aumento estatisticamente significativo na quantidade de acertos no teste final em
relação ao teste inicial.
Em relação ao poder do teste, temos nas questões 1, 3, 4 e 5 um poder de
aproximadamente 0,99. Já na questão 2 temos um poder de 0,6383 que, apesar de
ser um poder mais baixo, foi suficiente para rejeitar a hipótese testada. O poder do
teste é a chance de rejeitarmos uma hipótese quando, de fato, ela deve ser
rejeitada. Em todos os casos a hipótese nula foi rejeitada, o que nos faz concluir que
o poder do teste é suficientemente grande para tal rejeição e, consequentemente,
nos faz concluir que a amostra coletada é estatisticamente suficiente.
102
Tabela 14 - Frequência absoluta e percentual coluna, seguido da estatística qui-quadrado, p-valor exato e poder do teste, para cada uma das 05 questões,
nos testes inicial e final
Questão Acerto/Erro
Teste
Total Estatística
Qui-Quadrado
p-valor Poder
Inicial Final
Q1
Acerto 8 37
45
33,1104 <.0001 0,9984 19 80
Erro/Branco 34 9
43 81 20
Q2
Acerto 13 29
42
9,0626 0,0026 0,6383 31 63
Erro/Branco 29 17
46 69 37
Q3
Acerto 0 31
31
43,6979 <.0001 0,9999 0 67
Erro/Branco 42 15
57 100 33
Q4
Acerto 0 20
20
23,6317 <.0001 0,9997 0 43
Erro/Branco 42 26
68 100 57
Q5
Acerto 0 18
18
20,6609 <.0001 0,9998 0 39
Erro/Branco 42 28
70 100 61
Total 42 46 88
Fonte: Elaboração própria
Em relação à quantidade total de acertos, isto é, a soma da quantidade de
acertos entre as 05 questões abordadas, também foi detectada significância
estatística a 95% de confiança, uma vez que p-valor foi menor que 0,05 em todos os
casos. Dessa forma podemos afirmar, estatisticamente com 95% de confiança, que
há diferença na quantidade total de acertos e erros entre os testes inicial e final.
Também podemos tomar a mesma conclusão com 99% de confiança (1% de
significância), uma vez que p-valor foi menor que 0,01.
Analisando os resultados da Tabela 2, temos que no teste final a quantidade
total de acertos foi de 59%, enquanto no teste inicial essa quantidade foi de apenas
10%. Podemos afirmar, tanto a 95% como a 99% de confiança, que houve um
aumento estatisticamente significativo na quantidade total de acertos no teste final
em relação ao teste inicial. O poder do teste foi de 0,9912.
103
Tabela 15 - Frequência absoluta e percentual coluna, seguido da estatística qui-quadrado, p-valor exato e poder do teste, para o total de acertos e erros
entre todas as 05 questões, nos testes inicial e final
Total de Questões
Teste Total
Inicial Final
Acerto 21 135
156 10 59
Erro/Branco 189 95
284 90 41
Total 210 230 440
Estatística Qui-Quadrado 113,7463
p-valor
<.0001
Poder
0,9912
Fonte: Elaboração própria
A partir das análises desenvolvidas e dos testes de hipóteses realizados,
podemos concluir, estatisticamente, que as aulas com o software GeoGebra,
apresentou um resultado satisfatório, uma vez que pudemos concluir,
estatisticamente, que houve um aumento na quantidade de acertos no teste final em
relação ao inicial para todas as 05 questões abordadas, bem como para o total.
104
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração deste estudo demonstrou a evolução das TICs e sua
aplicabilidade para o processo de ensino-aprendizagem de Matemática, com ênfase
nos conceitos geométricos utilizando o GeoGebra.
A teoria histórico cultural de Vygotsky constitui uma importante contribuição
para a educação, uma vez que trouxe importante reflexões sobre o processo de
formação das funções intelectuais e psicológicas do ser humano sobre as relações
entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento.
Na aprendizagem mediada por computador e/ou software é importante que o
professor (mediador da aprendizagem) tenha acesso às informações de diversas
áreas de conhecimento, facilitando processo de mediação da aprendizagem.
Vygotsky postulou que os alunos podem aprender de forma colaborativa por
meio da aprendizagem mediada cujo objetivo é facilitar o desempenho e
desenvolver a competência, conforme foi demonstrado neste estudo com a
utilização do GEOGEBRA.
O GeoGebra pode ser influenciado diretamente pelo usuário (aluno e/ou
professor). Por um lado, a representação geométrica pode ser modificada
arrastando-o com o mouse, em que a representação algébrica é alterada de forma
dinâmica. Por outro lado, a representação algébrica pode ser alterada utilizando o
teclado fazendo com que o GeoGebra ajuste automaticamente a representação
geométrica relacionada. Estas características fazem do GeoGebra um software
importante para o ensino dos conceitos de geometria para os alunos do Ensino
Médio, pois motiva-os na utilização das TICs para o processo de aprendizagem de
matemática; é um software livre – gratuito e de fácil acesso na web; além de atender
às necessidades de aprendizagem dos alunos referente aos conceitos de geometria.
Enquanto o GeoGebra trivializa uma série de tarefas matemáticas
tradicionais, tais como funções gráficas, resolução de equações, reflexões
geométricas, ele abre uma porta para outras interessantes e motivadoras
105
explorações matemáticas e fornece uma plataforma para a concepção e
implementação de investigação com base na aprendizagem.
À medida que as TICs evoluem e passaram a fazer parte da vida dos alunos,
tanto no ambiente escolar como fora dele, a resolução de problemas de modo
tradicional pode ser considerada a partir de uma perspectiva de modelagem
matemática, incorporando a evolução das necessidades dos alunos e as
expectativas da sociedade.
Outro fator relevante está relacionado em função da natureza versátil do
GeoGebra e seu contínuo desenvolvimento, prestando-se a uma variedade de
referenciais teóricos para a educação matemática. Assim, como é possível
reconhecer a natureza dinâmica da compreensão matemática e a utilização do
GeoGebra no processo de ensino-aprendizagem dos conceitos geométricos,
procurou-se adotar uma compreensão dinâmica e diversificada da instrução e
aprendizagem de teorias, baseada na comunidade mundial que utiliza o GeoGebra e
outras TICs oferecendo novas oportunidades para a melhoria da qualidade na
educação matemática e na aprendizagem dos conceitos de geometria.
O GeoGebra combina a facilidade de uso, bem como as características de
construção de um software de geometria dinâmica com o poder e funcionalidade de
um sistema de álgebra computacional, abrindo uma ampla gama de possibilidades
de aplicação para o ensino da matemática. Sua versatilidade permite aos
professores usar o software em todos os níveis de ensino da escola secundária até
a faculdade, e para uma ampla gama de diferentes temas matemáticos. No caso do
presente estudo, o GeoGebra foi empregado para o processo de ensino-
aprendizagem de conceitos de geometria em duas turmas do Ensino Médio.
Devido às suas características, o GeoGebra pode ser utilizado como uma
ferramenta de apresentação de conceitos, bem como para a criação de materiais
didáticos, tais como notas ou fichas interativas de aula. Uma vez que o software foi
inicialmente desenvolvido para ser utilizado por alunos, promove a aprendizagem
ativa e a descoberta, e pode facilmente ser usado por eles para realizar
experimentos matemáticos.
106
A presente pesquisa, durante a realização do diagnóstico inicial, que incluiu
questões sobre razões trigonométricas no triângulo retângulo, conteúdo que deveria
ter sido aprendido e assimilado durante o Ensino fundamental, demonstrou que:
apenas 10% das respostas foram corretas, o que representa um ‘abismo’ entre o
ideal e o realizado em sala de aula no processo de ensino-aprendizagem de
conteúdos matemáticos.
Esses resultados implicaram na necessidade de revisão desses conteúdos,
fazendo com que o pesquisador elaborasse aulas sobre razões trigonométricas no
triângulo retângulo antes de iniciar com novos conteúdos. O GeoGebra possibilitou a
realização dessas aulas, sendo este o primeiro contato dos alunos com o software.
Os resultados da pesquisa de perfil/hábito dos alunos em relação ao uso de
computadores em sala de aula, demonstrou que 91% dos alunos concordaram e se
interessaram em utilizar o computador. Deste modo, o computador foi utilizado para
apresentar os conteúdos matemáticos relacionados às razões trigonométricas no
triangulo retângulo por intermédio do GeoGebra.
É importante destacar que, apesar dos conteúdos apresentados serem uma
revisão do que deveria ter sido aprendido e assimilado pelos alunos durante o
Ensino Fundamental, essa revisão foi totalmente necessária e pôde ser realizada
com o GeoGebra.
O conteúdo foi revisado durante o mês de setembro/2014 para todos os
alunos (55) das duas turmas do 1º ano do Ensino Médio na instituição pesquisada.
E, na primeira semana de outubro/2015, foi realizado um novo diagnóstico para
avaliar a evolução da aprendizagem dos alunos sobre os conteúdos apresentados
com o uso do GeoGebra.
A realização do novo diagnóstico na primeira semana de outubro/2014, após
a revisão dos conceitos matemáticos com a utilização do GeoGebra durante o mês
de setembro/2014, demonstrou uma clara evolução dos alunos na aprendizagem
dos conceitos apresentados.
Estes resultados demonstram que o GeoGebra é uma importante ferramenta
para o processo de ensino-aprendizagem dos conceitos de matemática e geometria.
107
Uma observação importante, é que o professor deve realizar um diagnóstico
de avaliação dos seus alunos para identificar quais são suas reais necessidades de
aprendizagem, pois como aconteceu na presente pesquisa, para os alunos do 1º
ano do Ensino Médio que participaram deste estudo, foi preciso realizar uma revisão
dos conteúdos matemáticos do Ensino Fundamental antes prosseguir com os
conceitos geométricos do Ensino Médio.
Essa revisão dos conceitos matemáticos do Ensino Fundamental foi essencial
para melhorar a compreensão dos alunos e facilitar a aquisição de conhecimentos
na sequência do processo de ensino-aprendizagem dos conceitos matemáticos e de
geometria, que também serão realizados por intermédio do GeoGebra.
Em resposta ao problema de pesquisa apresentado na introdução deste
estudo (como a tecnologia da informação e comunicação contribui na produção de
contextos de ensino de conteúdos da Geometria no Ensino Médio?), concluiu-se que
as TICs são importantes ferramentas para o processo de ensino-aprendizagem de
conteúdos de geometria e matemática no Ensino Médio, sendo que o GeoGebra é
um software livre, fácil de usar, utilizado em âmbito mundial, com resultados
positivos para a aquisição e assimilação dos conteúdos de matemática e geometria
pelos alunos. Esses dados descritos na revisão de literatura foram confirmados com
os resultados desta pesquisa.
Em síntese conclusiva, o GeoGebra mostrou-se uma ferramenta de fácil
acesso e de usar, por parte do professor e de seus alunos, além de ter contribuído
para maior assimilação dos conteúdos apresentados, mantendo os alunos
motivados no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos matemáticos e
geométricos apresentados.
108
REFERÊNCIAS
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109
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111
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO
Escola Estadual Maurício Nazar
Rua: João Dias, s/n – Parque Santos Dumont – Guarulhos, SP.
Matemática
Nome: ________________________________ Nº: ________ Série: ________
Avaliação de Reconhecimento
1) Nesta figura geométrica podemos chamar de triângulo retângulo ou triângulo
qualquer? Por quê? (O que define a sua resposta)
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Você pode relacionar as três razões trigonométricas abaixo deste triângulo?
Seno b : .cat oposto
hipotenusa= ______________
Cosseno b : .cat adjacente
hipotenusa = _________
112
Tangente b : .
.
cat oposto
cat adjacente = ________
3) Nas duas figuras acima quantos ângulos retos, agudos e obtusos possuem?
Ângulos agudos: _________ Ângulos retos: __________ Ângulos
obtusos: ________
4) Um menino está “empinando uma pipa”, a linha está a uma inclinação de 60° em
relação ao solo e o carretel tem 40 metros, o menino usou todo o carretel para subir
a pipa. Pergunta-se: A quantos metros do solo a pipa se encontra?
Cálculos: (será considerado como resposta apenas o que estiver nesta área)
113
5) No triângulo abaixo, podemos usar o teorema de Pitágoras para estabelecer uma
relação importante entre a altura (h) e os seus lados (l). Pergunta-se; Qual a altura
do triângulo?
Cálculos: (será considerado como resposta apenas o que estiver nesta área)
114
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE PERFIL
1º Ano Ensino Médio
Sexo: ( ) Masculino
( ) Feminino
Perfil / Hábitos
1) De que forma você utiliza o computador?
( ) Sem acesso à internet (usa-se programas instalados)
( ) Com acesso à internet
( ) Indiferente, uso das duas maneiras depende da minha necessidade
2) Marque o que mais usa no computador (pode ser mais de uma), considere como
exemplo que tenha acesso a internet.
( ) Pesquisas de trabalhos escolares em geral em diversos sites
( ) Redes sociais
( ) Notícias
( ) Youtube
( ) Filmes / Música
( ) Vídeos
( ) Programas educacionais
( ) Planilhas de Texto, Cálculo, Apresentação, Desenho, etc...
( ) Outros ; ___________________________________________________
3) Com qual frequência você usa o computador?
( ) Diariamente
( ) 2 a 4 vezes por semana
( ) 1 vez por semana
( ) Raramente
( ) Nunca
115
3) Você usa o computador como um meio para seu estudo?
( ) Frequentemente
( ) Raramente
( ) Nunca
4) Se você respondeu “Frequentemente/Raramente”, diga o nome de um aplicativo,
software ou apenas descreva (resumidamente), o que já usou ou usa no computador
para ajudar em seu estudo.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________________
5) Aonde você tem acesso a computador? Marque apenas uma resposta (considere
onde você fica a maior parte de seu tempo se houver mais de um lugar).
( ) Na escola
( ) Em casa
( ) Lan House
( ) Não tenho acesso
6) Nas aulas de Matemática os professores do Ensino Fundamental já usaram o
computador nas aulas para explicar um ou mais conteúdo?
( ) Sim
( ) Não
7) Só responda caso tenha respondido “Sim”, na questão anterior, caso contrário
pule para a 8.
Você gostou? Saberia dizer qual foi o conteúdo ou os conteúdos ensinados?
( ) Sim, gostei mas não me lembro qual foi o conteúdo ensinado
( ) Sim, gostei o conteúdo foi;
____________________________________________________
( ) Não gostei do uso de computador nas aulas
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8) Apenas responda, resumidamente, na sua opinião;
Computadores podem ser útil em que na sua opinião?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________
Obrigado!