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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PEDAGOGIA EMPRESARIAL INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A PEDAGOGIA EMPRESARIAL COMO FATOR DE SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES Por: Vanessa dos Santos Couto Moura Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PEDAGOGIA

EMPRESARIAL

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A PEDAGOGIA EMPRESARIAL COMO FATOR DE SUCESSO NAS

ORGANIZAÇÕES

Por: Vanessa dos Santos Couto Moura

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM PEDAGOGIA

EMPRESARIAL

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A PEDAGOGIA EMPRESARIAL COMO FATOR DE SUCESSO NAS

ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pedagogia Empresarial.

Por: Vanessa dos Santos Couto Moura.

3

AGRADECIMENTOS

A conclusão do presente trabalho foi

possível devido às pessoas que colaboraram

e estiveram presentes no meu caminho, me

possibilitando concretizar mais uma etapa.

Agradeço imensamente ao meu marido pelo

incentivo e por me motivar nos momentos de

desânimo e incerteza.

Em especial ao meu orientador pelo seu

profissionalismo e compartilhamento de

conhecimentos que viabilizou a

concretização deste trabalho.

Agradeço, por fim e principalmente, a Deus

por propiciar o privilégio da vida e por me

conceber a oportunidade em compartilhar

tamanha experiência.

4

DEDICATÓRIA

Dedico a Deus por sua constante presença.

As nossas mães pela vitória.

Aos nossos irmãos pela ajuda.

Aos nossos amigos e parentes pela força e

encorajamento.

A todos aqueles que direta e indiretamente

contribuíram para a realização deste

trabalho.

Ao nosso orientador por sua paciência e

simplicidade.

5

RESUMO

O presente trabalho enfoca algumas questões acerca da Pedagogia

Empresarial, discutindo a nova configuração empresarial pegando o enfoque do

Pedagogo no novo campo de trabalho. Diante de alguns processos de mudança

organizacional baseados em modelo de gestão onde resultado é igual a

oportunidade ao que enfoca novamente na educação, pois, um funcionário

interessado em aprender visa sempre crescer e é isso que as empresas têm

buscado, funcionários motivados. A pesquisa visa discutir a importância e a prática

do Pedagogo na empresa. Trata-se de um trabalho que além das investigações

relacionado ao problema, procura defender e mostrar o vasto campo que um

pedagogo pode atuar hoje, desde que esteja formada criticamente onde sua

principal missão é formar o indivíduo desenvolvendo suas potencialidades e fazendo

com que ele descubra os seus caminhos.

PALAVRA-CHAVE: Educação no Trabalho, Conhecimento, Aprendizagem,

Transformação.

6

METODOLOGIA

Nossa pesquisa será de cunho qualitativo, pois, este tipo de pesquisa

responde por questões muito particulares, pois aspectos sociais são difíceis de

serem quantificados que na visão de Kalhmeyer-Mertens & Toffano (2007, p.54) nos

afirmam que este tipo de pesquisa “tem por objetivo maior trazer veracidade aos

fatos elencados no trabalho. Esse estudo é sistematizado e desenvolvido com base

em material publicado”.

Para tanto a metodologia que será utilizada nesta pesquisa será a

bibliográfica, utilizando essa referência para construção deste plano. A pesquisa

bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos,

documentos mineografados ou xerocopiados, etc. Todo material recolhido será

submetido a uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de

leitura. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de

anotações e fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação

teórica do estudo.

Escolhemos para o nosso presente estudo o método hipotético que segundo

os autores, é o caminho que deve levar à formulação de uma teoria. O cientista, na

sua hipótese, tem dois objetivos: explicar um fato e prever outros acontecimentos

dele decorrentes (deduzir as consequências). Após algumas constatações, muitas

dessas experiências, os resultados obtidos pelos pesquisadores, não contrariarem a

hipótese, então ela será aceita como uma lei e integrada à uma teoria e/ou sistema

teórico. Para realizarmos tal investigação, buscaremos sustentação teórica nos

estudos que tangem à questão de Pedagogia Empresarial, que tem como base

estudos em Chiavenato (2003), Libâneo (1997), Ribeiro (2003) entre outros.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................8

CAPÍTULO I - A PEDAGOGIA..................................................................................10

1.1 História da Pedagogia – sua evolução até os dias atuais..............................11

1.2 Pedagogia no Brasil e sua identidade............................................................13

1.3 Educação no Trabalho...................................................................................16

1.4 O Pedagogo...................................................................................................17

CAPÍTULO II - O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL19

2.1 O que difere a Pedagogia da Escola da Pedagogia Empresarial?................21

2.2 A atuação do Pedagogo.................................................................................23

CAPÍTULO III – O PEDAGOGO EMPRESARIAL.....................................................25

3.1 Prática da Pedagogia Empresarial..................................................................27

3.2 A importância da Pedagogia Empresarial.......................................................29

CONCLUSÃO ...........................................................................................................32

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................33

FOLHA DE AVALIAÇÃO...........................................................................................35

8

INTRODUÇÃO

Sabendo que a Pedagogia empresarial designa as atividades de estímulo ao

desenvolvimento profissional e pessoal realizada dentro das empresas, buscamos

nesta pesquisa respostas sobre a importância da Pedagogia Empresarial e como os

Pedagogos atuam nas empresas.

Se a empresa é também um espaço educativo, constatamos que este é o

papel da Pedagogia, atuando com estratégias e metodologias para informações,

conhecimentos e realizações de objetivos, tendo como resultado um melhor

aprimoramento, qualificação profissional e pessoal dos funcionários.

Procuramos identificar nesta pesquisa o papel que o pedagogo empresarial

cumpre dentro das empresas e organizações articulando as necessidades junto da

gestão de conhecimentos. Onde buscamos; através de estudos bibliográficos, de

caráter qualitativo, construída através de leituras, resumos e fichamentos; subsídios

a esta questão. O instrumental de coleta de dados utilizado nesta pesquisa é a

análise de conteúdo. Para realizarmos tal investigação, buscamos sustentação

teórica nos estudos que tangem à questão de Pedagogia Empresarial, que tem

como base estudos em Chiavenato (1999, 2004, 2003), Libâneo (1996,1997, 1998,

1999, 2002, 2003), Pimenta (1996, 1997), Ribeiro (2003), Saviani (1994) entre

outros.

Assim, este trabalho justifica-se pela minha inquietação quanto a importância

deste profissional numa Empresa onde se observa que geralmente as empresas dão

qualificação a outro profissional para atuar na mesma.

Procuraremos elucidar, de forma sucinta, questões, como o que representa

essa Pedagogia e em que ela se diferencia da escolar? Como as práticas

9

pedagógicas podem ser desenvolvidas na empresa? Qual a importância desta

pedagogia para as empresas?

O presente trabalho divide-se em três capítulos. No primeiro capítulo

procuraremos identificar o que é Pedagogia buscando entender como a mesma é

um tema muito rico, e por ser muito extenso e requer muito estudo e pesquisa, assim

discutiremos a educação no trabalho e o Pedagogo.

O segundo capítulo discutiremos sobre o Pedagogo, a sua qualificação e

atuação profissional, assim como a Pedagogia da Escola difere da Pedagogia

Empresarial. Buscamos explicar que o pedagogo tem-se caracterizado como

profissional responsável pela docência e especialidades da educação, como:

Direção, Supervisão, Coordenação e Orientação Educacional, entre outras

atividades específicas da escola. E indagamos porque o profissional da educação

encontra-se desvinculado da escola propriamente dita, e está inserido em outras

atividades do mundo do trabalho, como em empresas, ainda que esse trabalho

refira-se à educação, mas em uma perspectiva extra-escolar.

No terceiro e último capítulo abordaremos o Pedagogo Empresarial, as suas

práticas e a importância da Pedagogia Empresarial. Neste capítulo procuramos

entender o novo cenário da educação que se abre no século XXI com novas

perspectivas para o profissional que se insere no mercado de trabalho, sob diversas

abrangências, como nos mostra a própria sociedade, que vive um momento

particular discussões sobre globalização, neoliberalismo, terceiro setor, educação

on-line, enfim, uma nova estrutura se firma na sociedade, a qual exige profissionais

cada vez mais qualificados e preparados para atuarem neste cenário competitivo

que é a Pedagogia Empresarial. Assim, começaremos o primeiro capítulo

identificando a Pedagogia, o Pedagogo e sua atuação no mercado de trabalho.

10

CAPÍTULO I

A PEDAGOGIA

(...) com efeito, algumas plantinhas assemelham-se

estranhamente à salsa e a cebolinhas mais que a

flores. Todos os dias me vem a tentação de podá-las

um pouco para ajudar a crescer, mas permaneço na

dúvida entre as duas concepções de mundo e da

educação: se deixar agir de acordo com Rousseau

e deixar obrar a natureza que nunca se equivoca e é

fundamentalmente boa ou ser voluntarista e forçar a

natureza introduzindo na evolução a mão esperta do

homem e o princípio da autoridade (...).

(GRAMSCI, 1978, p.128)

Esta epígrafe expressa aquele que tem sido o dilema fundamental da

pedagogia, associado, ao fato de ter a infância como objeto e a sociedade como

meta. A intervenção pedagógica tem oscilado permanentemente entre o

“desabrochar”, a disciplinação e a conformação a regras e modos sociais

dominantes, das quais resultam diferentes formas de transgressão.

Primeiramente explicaremos a origem da palavra Pedagogia, que é originária

da Grécia Antiga, etimologicamente significa paidós (criança) e agogé (condução).

Pedagogia é uma ciência ou disciplina do ensino que começou a se desenvolver no

século XIX. Estuda diversos temas relacionados à educação, tanto no aspecto

teórico quanto no prático.

11

Segundo Libâneo, Pedagogia é “o campo do conhecimento que se ocupa do

estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa

concreta que se realiza na sociedade como configuração da atividade humana”

(1998, p. 30).

Então, a prática educativa é um fato social, cuja origem está ligada à da

própria humanidade. A compreensão do fenômeno educativo e sua intervenção

intencional fez surgir um saber específico que modernamente associa-se ao termo

pedagogia. Assim, a indissociabilidade entre a prática educativa e a sua teorização

elevou o saber pedagógico ao nível científico. Com este caráter, o pedagogo passa

a ser, de fato e de direito, investido de uma função reflexiva, investigativa e,

portanto, científica do processo educativo.

1.1 História da Pedagogia – sua evolução até os dias atuais

A pedagogia é a teoria crítica da educação, é a ação do homem guando transmite ou

modifica a herança cultural. A educação não é um fenômeno neutro, mas, sofre os efeitos da

ideologia por estar de fato envolvida na política.

Saviani (2007) nos afirma que o curso de pedagogia foi criado no Brasil como

conseqüência da preparação de docentes para a escola secundária. Em 1930, Fernando de

Azevedo, um dos pioneiros do movimento escolanovista e então diretor geral de instrução

do Distrito Federal, criou a escola normal do Distrito Federal elevada, em 1932, a condição

de primeira escola de formação de professores em nível universitário do Brasil, pelo,

também pioneiro Anísio Teixeira , que o substituirá no cargo.

O curso surgiu com as licenciaturas, instituídas ao ser organizada a antiga Faculdade

Nacional de Filosofia, da universidade do Brasil, pelo decreto - lei n.º1190 de 1939. Essa

faculdade visava à dupla função de formar bacharéis e licenciados para várias áreas, entre

elas, a área pedagógica, seguindo a fórmula conhecida como “3+1”, em que as disciplinas de

natureza pedagógica, cuja duração prevista era de um ano, estavam justapostas às

disciplinas de conteúdo, com duração de três anos. Formava-se então, o bacharel nos

12

primeiros três anos e, posteriormente, após concluir o curso de didática, conferia-se lhe o

diploma de licenciado no grupo de disciplinas que compunham o curso de bacharelado.

Como Bacharel, o pedagogo poderia ocupar cargo técnico de educação, do Ministério da

Educação, campo profissional muito vago quanto às suas funções (MINISTÉRIO DA

EDUCAÇÃO, 2010).

Como licenciado, seu principal campo de trabalho era o curso normal, um campo não

exclusivo dos pedagogos, uma vez que, pela lei orgânica do ensino normal, para lecionar

nesse curso era suficiente o diploma de ensino superior.

Apesar de alguns retoques feitos na sua estrutura em 1962, esse quadro do curso de

pedagogia perdurou até 1969, quando este foi reorganizado, sendo então, abolida a

distinção entre bacharelado e licenciatura, e criadas as “ habilitações” cumprindo o que

acabava de determinar a lei n.º 5540/68. A concepção dicotômica presente no modelo

anterior permaneceu na nova estrutura, assumindo apenas uma feição diversa. O curso foi

dividido em dois blocos distintos e autônomos, desta feita, colocando de um lado as

disciplinas dos chamados fundamentos da educação e, de outro, as disciplinas das

habitações especificas. O curso de pedagogia passou então, a ser predominantemente

formador dos denominados “especialistas” em educação como supervisor, orientador

educacional, administrador escolar e inspetor escolar (SAVIANI, 2007).

A pedagogia do século XX, além de ser tributária da psicologia, da sociologia e de

outras, como economia, a lingüistica e a antropologia; tem-se acentuado a exigência que

vem desde a idade moderna, a inclusão da cultura científica como parte do conteúdo a ser

ensinado.

A pedagogia contemporânea, trabalha com um processo fundamental para vida

individual e social, o processo de educação; é uma ciência da maior relevância para o

progresso da humanidade, incumbida de refletir, criticar, ordenar e sistematizar a educação,

sua participação na interpretação da época atual e de épocas futuras torna-se indispensável.

O mundo atual é palco de intensas e rápidas transformações, que afetam de modo

direto e imediato à educação, formando sucessivos e constantes apelos à pedagogia.

13

Nenhuma ciência possui tarefa tão grandiosa quanto a pedagogia e a expectativa de

uma resposta à problemática que quotidianamente à educação sugere, como resultado das

mutações em curso. Trata-se, assim, de criar instrumentos e métodos à altura das

necessidades. Por isso, amplia-se cada vez mais o campo de pesquisa pedagógica e

multiplicam - se as especializações no domínio da pedagogia.

Falar sobre o curso de Pedagogia no Brasil, hoje, exige uma reflexão de que sua

história é permeada pelos constantes questionamentos referentes ao seu campo de estudo,

no que diz respeito a estrutura do conhecimento pedagógico e a identidade profissional do

pedagogo, resultando numa complexidade de abordagens conceituais que o

descaracterizam como ciência da educação e o identificam como formador de “tecnólogos

da prática” (FRANCO, 2002).

Neste sentido, faz-se necessário traçar a sua trajetória reconhecendo duas fases

distintas: com a promulgação da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional; e a

segunda diz respeito ao momento que estamos vivendo, ou seja, sobre os rumos que se

querem dar ao curso de Pedagogia, a partir das mudanças deflagradas por esta Lei.

1.2 Pedagogia no Brasil e sua identidade

A educação caracteriza-se por sua vasta amplitude, cada vez mais presente

na dinâmica das práticas sociais, compreendendo extensa variedade de processos,

sejam eles do âmbito da educação formal ou informal, intencional ou não intencional.

São bastante diversificados os campos de estudos que se aplicam à

investigação do imenso universo educacional. Daí o desenvolvimento das

denominadas ciências da educação, que, quanto mais possam se debruçar,

intencionalmente, ao estudo de facetas que compõem o fenômeno educativo, mais

ampliarão seu reconhecimento enquanto suporte indispensável aos estudos e

pesquisas educacionais em geral.

14

Na segunda metade da década de 70 que essas questões começaram a

ganhar mais clareza no âmbito das discussões a respeito da reformulação dos

cursos de formação de educadores no Brasil.

As reflexões de Saviani (1976) a respeito da definição de pedagogia podem

ser consideradas como um marco para a retomada dos estudos sobre as mesmas.

Nessa época, Saviani, a partir da recuperação dos múltiplos enfoques com os quais

pedagogia vinha sendo conceituada - ciência da educação, arte de educar, técnica

de educar, filosofia da educação, história da educação, teologia da educação e

teoria da educação -, concluiu por considerá-la como “teoria geral da educação, isto

é, como sistematização a posteriori da educação” e, portanto, “construída a partir e

em função das exigências da realidade educacional” (SAVIANI, 1976, p.19).

Para Saviani, as bases histórica, filosófica, científica e tecnológica deveriam

ser consideradas apenas e tão-somente na medida em que permitissem a

compreensão da educação, de modo sistematizado, e, portanto, coerente, uma vez

que “se articulam dialeticamente a partir das exigências da realidade educacional”

(SAVIANI, 1976, p.20).

Mas, foi apenas na década de 90, que alguns estudos, acompanhando as

tendências das discussões ocorridas, sobretudo em países como França, Espanha e

Portugal, passaram a fundamentar uma concepção de pedagogia enquanto ciência

da prática educativa. Salientam-se, nesse caso, trabalhos como os de Mazzotti

(1996), Pimenta (1996, 1997) e Libâneo (1997, 1998). A apresentação de algumas

das conclusões a que chegaram estes dois últimos pesquisadores poderá dar uma

idéia das atuais tendências sobre o assunto no Brasil.

Libâneo definiu pedagogia como “teoria e prática da educação” (1998, p.89) e

apontou a prática educativa como o “objeto peculiar de estudo da ciência

pedagógica, que dá unidade aos aportes das demais ciências da educação” (1998,

p.61) e estuda “o fenômeno educativo na sua globalidade” (1998, p.89).

15

As conclusões, ainda de caráter preliminar, apresentadas por Pimenta

guardam algumas aproximações com as de Libâneo. Pimenta define a Pedagogia

como ciência da educação que tem a prática como ponto de partida e de chegada.

Compete a ela, diz a autora, “articular os diferentes aportes/discursos das ciências

da educação e significá-los no confronto com a prática da educação e frente aos

problemas colocados pela prática social da educação” (PIMENTA, 1997, p.70). É na

idéia da educação como “objeto inconcluso, histórico, que constitui o sujeito que o

investiga e é por ele constituído” (PIMENTA, 1997, p.70) que a autora encontra os

elementos para afirmar que o mesmo não pode ser captado na sua integralidade e

sim em sua dialeticidade, tal como Saviani já havia entendido anteriormente. A partir

daí, defende a idéia desse objeto ser estudado por diferentes mediações que

revelem diferentes representações sobre si e aponta para a necessidade da

realização de “investigações e análises integradas, em equipes multidisciplinares,

interdisciplinares e transdisciplinares” (PIMENTA, 1997, p.71).

A autora foi bastante cautelosa, e com razão, ao qualificar suas conclusões

como preliminares, pois, embora de inestimável valor para os rumos da pedagogia,

elas não se encontram ainda suficientemente amadurecidas no meio acadêmico

para suportar a complexidade que caracteriza o tema investigado. Até que se possa

dispor de uma vigorosa resposta às questões envolvidas na definição do estatuto

teórico da pedagogia, esta área se manterá fragilizada quando se tratar de sua

tradução para o campo prático-institucional. Como consequência, permanecerá

bastante vulnerável às disputas oriundas de outras esferas, sobretudo as

desencadeadas pelas políticas públicas referentes à formação de educadores.

É o que tem acontecido, no Brasil, com o curso de pedagogia e mesmo com a

formação pedagógica de professores nas licenciaturas em geral. No caso do curso

de pedagogia, os reflexos dos impasses quanto ao estatuto teórico da pedagogia

têm se feito sentir em sua história de mais de sessenta anos. As sempre presentes

discussões a respeito de suas funções e os contínuos conflitos no que se refere à

sua organização curricular resultaram no que se convencionou denominar como a

sua questão de identidade. Portanto, a atual celeuma em torno do estabelecimento

das diretrizes curriculares para o curso de pedagogia no Brasil pode ser considerada

simplesmente como uma exacerbação do que sempre nele esteve presente. É

16

importante, pois, para a sua melhor compreensão reconstituir, em linhas gerais, a

história da questão de sua identidade.

1.3 Educação no trabalho

Já passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da educação

infantil. A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui, além de

instituições de ensino, empresas dos mais diversos setores. O trabalho constitui-se

um fenômeno básico para se compreender a educação. Há uma íntima relação entre

o trabalho e a educação.

Percebe-se que, pelo trabalho, o homem se auto-produz, alterando sua visão

de mundo e de si mesmo: do mundo cultural-educativo, do mundo econômico,

político, social, com perspectivas éticas e com direitos econômicos da humanização,

como prática do capital global. Com o trabalho o homem se afirma e se nega.

Aliena-se e liberta-se. Segundo Dermeval Saviani (1994), percebe-se que:

“A educação coincide com a própria existência humana (�) as

origens da educação se confundem com as origens do próprio

homem. À medida em que determinado ser natural se destaca

da natureza e é obrigado, para existir, a produzir sua própria

vida, é que ele se constitui propriamente enquanto homem (�)

O ato de agir sobre a natureza, adaptado-a às necessidades

humanas, é o que conhecemos pelo nome de trabalho. Por

isto, podemos dizer que o trabalho define a essência humana.

Portanto, o homem, para continuar existindo, precisa estar

continuamente produzindo sua própria existência através do

trabalho. Isto faz com que a vida do homem seja determinada

pelo modo como ele produz sua existência”.

Assim, o autor afirma que com o efeito do homem com a natureza, o homem

consegue compreender o mundo, quando o transforma pelo trabalho, descobrindo

outro sentido a continuar existindo e continuar produzindo.

17

1.4 O Pedagogo

Os cursos de pedagogias no Brasil hoje forma professores de Educação

Infantil e séries iniciais de Ensino Fundamental, bem como pedagogos. Diante desse

vasto e contraditório campo de atuação desse profissional, pergunto: o que é

realmente ser pedagogo?

Utilizando Libâneo e Pimenta (1999, p.252), onde relatam, "A ação

pedagógica não se resume a ações docentes, de modo que, se todo trabalho

docente é trabalho pedagógico, nem todo trabalho pedagógico é trabalho

docente". Cabe a esse profissional bem mais que os saberes técnicos, políticos. É

necessário também os saberes pedagógicos. Esse profissional estará realizando

assim, uma ação na prática, pela prática e através da prática. É o profissional "do

Saber" e não apenas "do Fazer". Um profissional portador de um saber "do" saber-

fazer, "para" o saber-fazer, " a partir" do saber-fazer. É da formação desse tipo

profissional que os cursos de pedagogia precisam se apoderar. Um profissional

detentor de saberes pedagógicos, pois quando se faz o saber se produz

conhecimento. Como nos afirma Libâneo:

“É quase unânime entre os estudiosos, hoje, o entendimento

de que as práticas educativas estendem-se às mais variadas

instâncias da vida social não se restringindo, portanto, à escola

e muito menos a docência, embora estas devam ser a

referência do pedagogo escolar. Sendo assim, o campo de

atuação do profissional formado em Pedagogia é tão vasto

quanto são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar

onde houver uma prática educativa com caráter de

intencionalidade, há aí uma pedagogia” (IN. PIMENTA, 1999,

p.116).

Quando Libâneo (1999) afirma que o campo de atuação do pedagogo é vasto,

pontua se uma análise do panorama social em que esse profissional está inserido e

18

por tanto, compreende-se conhecimentos específicos da Pedagogia, enquanto

ciência da educação em sua formação.

A proposta do autor, apesar de sua coerência, não teve a aceitação das

associações dos profissionais da educação, que defendem um curso de Pedagogia

que forme o bacharel e o licenciado concomitantemente. Diferente do que vem

sendo defendido por Libâneo, a idéia da Pedagogia enquanto ciência da prática

ainda não agrega tanta força científica no meio acadêmico.

Para os gregos o “pedagogo” era o escravo que levava a criança para o local

da relação ensino-aprendizagem, era um condutor, um responsável para melhorar a

conduta geral do estudante. O pedagogo é o profissional formado para atuar na área

pedagógica. Porém, todos aqueles que atuam no processo educativo (professores,

pais, monitores, orientadores, psicólogos, etc.) também devem conhecer os

princípios básicos de pedagogia.

Dessa forma, o pedagogo desenvolve o trabalho educativo que engloba todas

as práticas, inclusive o trabalho docente que é uma forma peculiar do trabalho

educativo. Mas, Libâneo (1998) ressalta que o trabalho educativo não se resume ao

trabalho docente, porque o processo educativo está em vários espaços da

sociedade, não somente na escola.

Desde sempre, o pedagogo tem se caracterizado como o profissional

responsável pela docência e especialidades na educação, tais como: Direção,

Coordenação e Supervisão, entre outras atividades específicas da escola.

Dificilmente, encontra-se o profissional da educação desvinculado da escola

propriamente dita e inserido em outras atividades, como empresas, mesmo que este

trabalho refira-se à educação.

A qualificação profissional do Pedagogo, quanto a sua atuação nas escolas e

empresas serão discutidos nos capítulos seguintes.

19

CAPÍTULO II

O PEDAGOGO E A QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação

filosófica, humanística e técnica sólida a fim de

desenvolver a capacidade de atuação junto aos

recursos humanos da empresa. Via de regra sua

formação inclui disciplinas como: Didática Aplicada

ao Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais,

Administração do Conhecimento, Ética nas

Organizações, Comportamento Humano nas

organizações, Cultura e Mudança Nas

Organizações,

Educação e Dinâmica de Grupos, Relações

Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento

organizacional e Avaliação do Desempenho.

(RIBEIRO, 2003, p. 10)

Os processos produtivos têm sofrido profundas transformações, na atual

sociedade capitalista, no que se refere ao modo como está organizada a produção,

devido, sobretudo, ao avanço tecnológico, bem como a própria necessidade de

manutenção do capitalismo.

A qualificação profissional inserida nesse contexto de transformação é

alterada e ampliada havendo maior valorização do componente intelectual em

detrimento do manual. As exigências do mercado de trabalho apontam para uma

maior qualificação e, para tanto, o pedagogo pode contribuir, nesse processo, na

qualificação do trabalhador. Assim como Ribeiro (2003) cita, que a formação

20

adequada ao profissional da pedagogia empresarial exige algumas habilidades e

capacidades para desenvolver sua atuação junto a empresa.

O costume do trabalho desenvolvido pelo profissional da educação (o

pedagogo) refere-se a oferecer instrumentos para que o sujeito aprenda a

desvendar a realidade. Para que o conhecimento aconteça por parte do sujeito, o

educador tem um papel fundamental que é o de oferecer subsídios de cunho teórico-

prático para que a partir da ação o sujeito interfira na realidade.

Como diferencial do Pedagogo nas organizações, podemos dizer que o

mesmo é aquele que desperta a consciência de que educar é questionar e criar um

processo que resulta na emergência de algo novo e original, é um empreendedor e é

a partir dessa capacidade e de outros saberes humanos que o pedagogo

empresarial se apropria para realizar a sua tarefa em um ambiente de acelerada

transformação e crescente complexidade do mundo global. De acordo com Ribeiro

(2003, p. 10):

“As atividades do pedagogo Empresarial relacionam-se ao

campo das atividades pedagógicas, sociais, burocráticas e

administrativas que permitem a atuação em escolas e

empresas em funções de natureza técnico-pedagógicas e

administrativas através da proposição de objetivos e metas a

serem alcançadas a partir de diagnósticos da realidade

institucional, da coordenação e utilização de profissionais em

empresas e órgãos ligados as áreas educacionais; da

organização de serviços no campo das relações interpessoais;

do planejamento; do controle e avaliação do desempenho

profissional dos seus subordinados e no assessoramento no

entendimento de assunto pedagógicos atuais”.

Nesse sentido, o educador não é um mero transmissor de conhecimento,

mesmo porque o processo pelo qual consolida-se o conhecimento pressupõe a

interação entre sujeito estruturante e objeto a ser estruturado, assim, faz-se

21

imprescindível notar que a função essencial do educador está em oferecer além dos

conteúdos, os instrumentos que possibilitem e estimulem a busca do conhecimento

por parte do sujeito. A qualificação profissional tem sofrido evoluções históricas

delineadas pelas diferentes concepções e modos de organizar a produção.

2.1 O que difere a Pedagogia da Escola da Pedagogia Empresarial?

Reconhece-se a necessidade do profissional pedagogo não somente nas

escolas, mas em todas as instâncias em que há ensino e aprendizagem. Como

ciência que estuda a educação, a Pedagogia parte de observações e reflexões

sobre a educação, avanços, alternativas e discursos educacionais, paradigmas e

possibilidades de atuação, gerando conceitos que se convertem em teorias

pedagógicas.

O fato educativo é o objeto de estudo da Pedagogia. A partir dele, é tecida

uma rede de informações necessárias ao entendimento de como esse fato se dá. A

Pedagogia preocupa-se não apenas com o fato educativo, dissociado do contexto

onde ocorre, mas interpreta e analisa a realidade social.

Numa visão empreendedora, Holtz (2010) diz que uma empresa sempre é a

associação de pessoas, para explorar uma atividade com objetivo definido, liderada

pelo empresário, pessoa empreendedora, que dirige e lidera a atividade com o fim

de atingir os objetivos também definidos.

Embora o ato educativo tenha uma natureza não-material e os objetivos da

empresa e escola não sejam os mesmos, pode-se dizer que uma escola também

agrega pessoas para o desempenho de atividades com objetivos definidos. Existe

também um líder, o Pedagogo, gestor e administrador, que a dirige e lidera para a

consecução de seus objetivos educacionais.

Não podemos afirmar que a escola pode se guiar pelos pressupostos da

empresa e vice-versa, mas sim que existe, na prática do Pedagogo, algo que pode

22

ser feito em benefício do trabalho da empresa, embora a existência de poucas obras

sobre o assunto Pedagogia Empresarial mostre que são recentes as reflexões sobre

esta questão. Holtz (2010) acredita que “Pedagogia e Empresa fazem um

casamento perfeito”, e em pesquisa ela comprova a necessidade dos trabalhos

pedagógicos dentro das empresas e a admiração dos empresários por esses

trabalhos e seus resultados.

Para o autor o perfil do pedagogo desejado pelas empresas baseia-se nas

seguintes habilidades: criatividade, espírito de inovação, compromisso com os

resultados, pensamento estratégico, trabalho em equipe, capacidade de realização,

direção de grupos de trabalho, condução de reuniões, enfrentamento e análise em

conjunto das dificuldades cotidianas das empresas, bem como problemas

profissionais.

O perfil do pedagogo nos dias de hoje tem sido a preocupação constante de

educadores comprometidos com o trabalho pedagógico. Selma Garrido Pimenta e

José Carlos Libâneo têm debatido a respeito da temática do papel do pedagogo e da

pedagogia e são parâmetros de análise para as discussões iniciais (LIBÂNEO;

PIMENTA, 2002, p. 12-15).

É urgente que pedagogos e empresários se unam na concepção de propostas

de intervenção pedagógica nas várias esferas do educativo, uma vez que hoje, a

educação aparece como um desafio não só ligado à intelectualidade do funcionário,

mas também à evolução harmônica da raça humana. Libâneo (1998) afirma que:

“Pensar e atuar no campo da educação, como atividade social

prática de humanização das pessoas, implica a

responsabilidade social e ética de dizer não apenas porque

fazer, mas o quê e como fazer. Isso envolve necessariamente

uma tomada de posição pela pedagogia, na qualidade de

dispositivo teórico e prático de viabilização das práticas

educativas” (p.16).

23

Com base na afirmação de Libâneo sobre o papel da educação pensamos

que a formação integral do pedagogo é essencialmente necessária para a

construção de práticas educativas que contribuam para a melhoria da educação.

2.2 A atuação do Pedagogo

Segundo Libâneo (1998), o aparecimento do pedagogo, no Brasil, origina-se

na institucionalização do sistema público de ensino advindo dos movimentos em prol

da educação escolar na década de 1930. Os primeiros pedagogos assumem as

tarefas de técnicos em educação junto aos órgãos públicos.

O autor afirma que é partir de 1960, com a expansão da escola que o

pedagogo especialista/técnico assume atuação intensa atendendo a demanda do

capital, num dado momento em que a dominação econômica necessitava da

contribuição da escola para a reprodução das relações sociais na manutenção das

posições de cada classe social.

Evidenciando a preocupação com o destino que os educadores dariam à

Pedagogia, Libâneo (1996) apresentou uma proposta no VI Encontro Nacional da

ANPOFE (Associação Nacional pela formação dos Profissionais da Educação). O 4°

item da proposta dizia o seguinte:

“O pedagogo (escolar ou não), (...) seria considerado um

profissional especializado em estudos e ações relacionados

com a ciência pedagógica, pesquisa pedagógica e

problemática educativa, abordando o fenômeno educativo em

sua multidimensionalidade. Nesse sentido, o curso de

Pedagogia ofereceria formação teórica, científica e técnica para

sua atuação em diferentes setores de atividades: nos níveis

centrais e intermediários do sistema de ensino, (...) na escola,

(...) nas atividades extra-escola, (...) nas atividades ligadas à

formação e capacitação de pessoal nas empresas”. (p. 109)

24

Os profissionais da educação, em nosso caso o Pedagogo, agora precisa

aprender os vários processos para que possa atuar na escola nas várias funções de

acordo com as necessidades do dia-a-dia, que conforme aponta Oliveira (2004,

p.77) que está a exigir “um trabalhador que aprende vários processos e que é capaz

de ser deslocado para as várias tarefas de acordo com a necessidade da produção

diária. O que significa que todos devem estar tentos para resolver os problemas”. Na

visão de Ribeiro:

“O pedagogo que atua na empresa precisa ter sensibilidade

suficiente para perceber quais estratégias podem ser usadas

em que circunstâncias para que não se desperdice tempo

demais aplicando numerosos métodos e com isso perca de

vista os propósitos tanto da formação quanto da empresa. Ao

planejar um programa de formação/treinamento a seleção de

métodos obedece ao princípio do desenvolvimento

concomitante de competências técnicas e de relacionamento

social”. (2003, p. 20).

O pedagogo tem como desafio constituir sua identidade profissional como

intelectual orgânico das massas e como cientista da educação, ou seja, um

profissional comprometido com a maioria da população dos trabalhadores, com a

promoção do acesso à educação. Para tal investiga, propõe estratégias e

alternativas para a melhoria do processo ensino e aprendizagem. Assim, como o

Pedagogo Empresarial também tem essas habilidades, que será discutido no

capítulo seguinte.

25

CAPÍTULO III

O PEDAGOGO EMPRESARIAL

A Pedagogia Empresarial se ocupa basicamente

com os conhecimentos, as competências, as

habilidades e as atitudes consideradas como

indispensáveis/ necessários à melhoria da

produtividade. Para tal, implanta programa de

qualificação/requalificação profissional, produz e

difunde o conhecimento, estrutura o setor de

treinamento, desenvolve programas de

levantamentos de necessidades de treinamento,

desenvolve e adequa metodologias de informação e

da comunicação às práticas de treinamento.

(RIBEIRO, 2003, p.10)

Conforme Ribeiro (2003) nos dia de hoje as empresas estão investindo na

capacitação profissional de seus funcionários, deixando de preocupar-se só com a

venda dos produtos, preocupando-se também com os processos que envolvem as

pessoas, relacionamentos, informações e a busca do sucesso das próprias

empresas.

Assim, visando os lucros ampliou-se a necessidade do trabalho pedagógico

na Educação Corporativa com programas de educação voltados para esse mercado

competitivo e com muitas mudanças tecnológicas nessa prática de gestão de

pessoas e conhecimento, e é o Pedagogo que nesse momento procura benfeitorias

por meio dos projetos e cursos de qualificação profissional para o crescimento da

empresa.

26

Desta forma Chiavenato (2004), enfatiza que se vive em uma sociedade de

organizações, pois nela que se nasce, nelas que servimos, nelas trabalhamos e

passamos a maior parte de nossas vidas dentro delas.

Com isso, fica claro que sem organizações e sem pessoas não haveria a

Gestão de Pessoas. Uma completa a outra por meio do cumprimento de suas

missões e alcance de seus objetivos, sejam pessoais ou organizacionais.

Boldrin (2000) denomina pedagogo empresarial àquele que se ocupa dos

processos de ensino-aprendizagem no âmbito das organizações de qualquer

segmento ou dimensão, no setor público ou privado, cuidando do caráter educativo

das ações ligadas ao desenvolvimento do trabalhador nas empresas.

O pedagogo empresarial cumpre um importante papel dentro das empresas e

organizações articulando as necessidades junto da gestão de conhecimentos.

Assim, cabe a este profissional provocar mudanças comportamentais nas pessoas

envolvidas, favorecendo os dois lados: o funcionário que quando motivado e por

dentro dos conhecimentos necessários, sente-se melhor e produz mais e a empresa

que quando se mantém com pessoas qualificadas obtém melhores resultados e

maiores lucratividades.

A tendência de se aproveitar os conhecimentos dos pedagogos nas empresas

só tomou força a partir da década de 1980. Talvez pela grande necessidade das

empresas de capacitarem seus profissionais diante da globalização ou também pelo

grande fluxo de informações que necessitava de gerenciamento correlato. Como

afirma Chiavenato (2003):

“As décadas de 1980 e 1990 foram caracterizadas por uma

intensa onda de reorganizações nas maiores organizações do

mundo todo. (...) Nessa onda de reestruturações e

reorganizações, as pessoas deixaram de ser um recurso

produtivo ou mero agente passivo para se tornar o agente ativo

e proativo do negócio. Os ativos tangíveis – como capital

financeiro, instalações, maquinário – perderam espaço para

27

ativos intangíveis – como conhecimentos, habilidades e

competências”. (CHIAVENATO, 2003, p.32).

Contudo, o pedagogo e a empresa fazem uma ótima combinação, pois em

tempos modernos ambos têm o mesmo objetivo de formar cidadãos críticos com

competências para tal função.

3.1 Prática da Pedagogia Empresarial

Passou a época em que o pedagogo ocupava-se somente da educação

infantil. A pedagogia hoje dispõe de uma vasta área de atuação, que inclui além de

Instituições de Ensino, Empresas dos mais diversos setores. É necessário separar o

que é escolar do que é educativo. O pedagogo pode atuar em todas as áreas que

requerem um trabalho educativo.

O papel do pedagogo é fundamental, pois todo processo de mudança exige

uma ação educacional e gerir o conhecimento é uma tarefa, antes de tudo, de

modificação de valores organizacionais.

Conforme Chiavenato (1999), a globalização tomou tamanha proporção em

função de a humanidade ter ingressado na era da informação. Conectando e

desconectando em redes as organizações se tornam mais abrangentes, envolvendo

todo tipo de serviços prestados e as pessoas que nela operam. Contudo, o

crescimento de cada organização será consequência do fruto de suas habilidades

em criar situações adequadas para o futuro, transformando esta visão em realidade,

desenvolvendo e gerenciando os recursos estratégicos e necessários.

O Pedagogo Empresarial surge como uma nova ferramenta para este

desenvolvimento nas organizações que caminham para serem empresas

aprendentes. Nas empresas há atividades de supervisão do trabalho, orientação de

estagiários, formação profissional de serviços, recrutamento e seleções, treinamento

de funcionários que relacionam-se as ações pedagógicas.

28

As empresas reconhecem a necessidade de formação geral e continuada

como requisito para enfrentamento da intelectualização do processo produtivo. Nos

dias de hoje com a velocidade de intensas transformações e inovações tecnológicas

em vários campos acabam levando a introdução no processo produtivo, de nossos

sistemas de organização do trabalho, mudança no perfil profissional e novas

exigências de qualificação dos trabalhadores, que acabam afetando os sistemas de

ensino.

De fato com a "intelectualização" do processo produtivo, o trabalhador não

pode ser mais improvisado. São requeridas novas habilidades, mais capacidade de

abstração, um comportamento profissional mais flexível. Verifica-se, pois uma ação

pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico repassa toda a sociedade,

extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da

educação informal e não-formal. Quanto a formação pedagógica, segundo Libâneo

(2002):

“O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto senso,

isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos

educativos para atender demandas socio-educativas de tipo

formal e não-formal e informal, decorrentes de novas

realidades - novas tecnologia, novos atores sociais, ampliação

das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença

dos meios de comunicação e informação, mudanças

profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação

ambiental - não apenas da gestão, supervisão e coordenação

pedagógicas de escolas, como também na pesquisa, na

administração dos sistemas de ensino, no planejamento

educacional, na definição da políticas educacionais, nos

movimentos sociais, nas empresas, nas várias instancias de

educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia e

orientação educacional, nos programas sociais, nos serviços

para terceira idade, nos serviços de lazer e animação cultural,

na televisão, no rádio, na produção de vídeos, filmes,

29

brinquedos, nas editoras, na requalificação profissional etc.”

(p.54).

3.2 A importância da Pedagogia Empresarial

Muitas já são as empresas que reconhecem a importância de se ter um

pedagogo no setor de recursos humanos e das empresas que ainda não possuem.

O progresso é muito maior, cresce o marketing, a estabilidade da empresa e dos

funcionários, porque essas empresas estão investindo em conhecimento e

acompanhando o avanço tecnológico que o mercado tem exigido hoje.

Cada vez mais se verifica a importância da socialização no ambiente

profissional como fator gerador do crescimento coletivo. A educação, então, surge

como proposta de desenvolvimento humano para que haja desenvolvimento

organizacional. Respeitando o ritmo individual de inteligência e de linguagem, a

Pedagogia Empresarial contribui na geração da criatividade e da auto-estima.

A educação é um processo amplo que permite ao indivíduo desenvolver-se

como um todo e em todas as dimensões, cujos objetivos buscam muito mais do que

acumular técnicas. Portanto, segundo Chiavenato:

“Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação para

que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e

destrezas e se tornem mais eficientes naquilo que fazem. É,

sobretudo, dar-lhes a formação básica para que elas aprendam

novas atitudes, soluções, idéias, conceitos e que modifiquem

seus hábitos e comportamentos e se tornem mais eficazes

naquilo que fazem. Formar é muito mais do que simplesmente

informar, pois representa um enriquecimento da personalidade

humana” (1999, p. 290).

30

Neste sentido, torna-se imprescindível a atuação do Pedagogo, seja no

interior das empresas, órgãos, instituições educativas e escolares, gestão,

organização, planejamento, avaliação, seleção, recrutamento e treinamento de

recursos humanos.

Qualificar profissionais para atuarem no âmbito empresarial, visando os

processos de planejamento, capacitação, treinamento, atualização e

desenvolvimento do corpo funcional da empresa é o foco da Pedagogia Empresarial.

O reflexo mutatório na escola deixa claro a exigência urgente do mercado de

trabalho que não abriga mais o trabalhador mecanizado, mero executor de tarefas.

O ambiente organizacional contemporâneo solicita o trabalhador pensante, criativo,

pró-ativo, analítico, com habilidade para resolução de problemas e tomada de

decisões, capacidade de trabalho em equipe e em total contato com a rapidez de

transformação e a flexibilização dos tempos atuais.

O Pedagogo na empresa produz e difunde o conhecimento, exercendo o seu

papel de educador. A maneira de atuar na empresa deve buscar modificar o

comportamento dos trabalhadores de modo que estes melhorem tanto suas

qualidades no desempenho pessoal e profissional. A atuação do Pedagogo na

empresa é ampla e extrapola a aplicação de técnicas visando estabelecer políticas

educacionais no contexto escolar, tais como: indústrias, construção civil, órgãos

municipais, estaduais e federais, escolas, hotéis, ONGs, instituições de capacitação

profissional e assessorias de empresas.

O Pedagogo Empresarial tem o domínio de conhecimentos, técnicas e

práticas que, somadas à experiência dos profissionais de outras áreas, constituem

instrumentos importantes para atuação na gestão de pessoas: coordenando equipe

multidisciplinares no desenvolvimento de projetos; evidenciando formas

educacionais para aprendizagem organizacional significativa e sustentável; gerando

mudanças culturais no ambiente de trabalho; na definição de políticas voltadas ao

desenvolvimento humano permanente; prestando consultoria interna relacionada ao

treinamento e desenvolvimento das pessoas nas organizações. O desafio desse

novo profissional, diferentemente do que podem pensar alguns, não se resume a

conduzir dinâmicas de grupo e preparar material de treinamento para o qual as

31

pessoas não estão engajadas ou enxergando uma necessidade imediata. Isto requer

muito trabalho. É preciso estudo e observações cuidadosas do que está

acontecendo dentro da empresa e entender o seu ecossistema, como ele funciona e

por que existe um desequilíbrio dentro dele. Tal diagnóstico requer do Pedagogo

Empresarial perspicácia, observação, envolvimento, desprendimento, coragem,

preparo técnico, ousadia, vontade, criatividade e desejo efetivo pela descoberta dos

pontos de desequilíbrio dentro da corporação.

32

CONCLUSÃO

A presente pesquisa realizada constatando o avanço da atuação do

Pedagogo nas Empresas. Muitas já são as empresas que reconhecem a

importância de se ter um Pedagogo por ser uma formação com prática social da

educação.

A Pedagogia na condição de ciência para a educação sintetiza as

contribuições das demais ciências da educação, dando unidade à multiplicidade dos

enfoques analíticos do fenômeno educativo. Com isso, reconhece-se que os

processos educativos ocorrentes na sociedade são complexos e multifacetados, não

podendo ser identificado à luz de apenas uma perspectiva e, muito menos, reduzida

ao âmbito escolar. Ao mesmo tempo, é em razão da multiplicidade das dimensões

do educativo que se torna necessário o enfoque propriamente educativo da

realidade educacional, mediante uma reflexão problematizadora que integre os

enfoques parciais providos pelas demais ciências sociais.

A prática educativa é um fenômeno constante e universal inerente à vida

social, é um âmbito da realidade possível de ser investigado, é uma atividade

humana real, ela se constitui como objeto de conhecimento, pertencendo a

Pedagogia.

Faz-se notório também que o Pedagogo hoje está preparado e capacitado

para assumir cargo numa Empresa, com uma bagagem mai completa abordado a

vários campos e conceitos que levam ao senso crítico de estar sempre mudando,

transformando e planejando.

Contudo acredita-se que unindo forças e conhecimentos dos Pedagogos

construiremos empresas e competências de grande porte formando cidadãos

críticos para tal.

33

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A PEDAGOGIA EMPRESARIAL COMO FATOR DE

SUCESSO NAS ORGANIZAÇÕES

Autor: Vanessa dos Santos Couto Moura

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