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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSUO PAPEL FUNDAMENTAL DO PSICOPEDAGOGO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E A RELAÇÃO ESCOLA, ALUNO E FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Autor: Débora Ferreira Garios Orientador: Caroline Kwee Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

O PAPEL FUNDAMENTAL DO PSICOPEDAGOGO NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO E A RELAÇÃO ESCOLA, ALUNO E

FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Autor: Débora Ferreira Garios

Orientador: Caroline Kwee

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

O PAPEL FUNDAMENTAL DO PSICOPEDAGOGO NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO E A RELAÇÃO ESCOLA, ALUNO E

FAMÍLIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Projeto de Monografia apresentada à

Universidade Cândido de Mendes, como

requisito parcial para obtenção de grau de

especialista em Psicopedagogia Institucional.

DÉBORA FERREIRA GARIOS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela força, pelos desafios, obstáculos a

serem superados. Após meses de sacrifício e conquistas cheguei ao fim de

mais uma etapa.

Não poderia esquecer-se de agradecer o apoio e incentivo do meu

esposo Daniel e da minha família.

Em especial a minha orientadora Caroline Kwee pela ajuda e confiança

durante todo o trabalho.

Muito obrigada a todos.

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RESUMO

Esta pesquisa bibliográfica tem como objetivo apresentar a importância

do psicopedagogo no recinto educacional, evidenciando o seu papel à

disposição do professor, aluno e pais que enfrentam os desafios que surgem

no cotidiano escolar. Portanto, foram levantados alguns estudos de autores

como: Beauclair (2008), Cortella (2009), Porto (2009), Piletti (1995), Sampaio

(2009), entre outros. A pesquisa objetiva levar ao conhecimento dos

profissionais que atuam na área de educação a importância da

Psicopedagogia, conhecer a sua trajetória na rede de ensino e como ela atua

no âmbito escolar. O trabalho ilustra o papel fundamental do psicopedagogo

na instituição de ensino e como este profissional atua diante dos problemas

que envolvem o processo de aprendizagem visando um trabalho de apoio aos

educadores em paralelo à família, esta como a principal mola propulsora no

auxilio do processo na educação do aluno como um todo.

Palavras chave: Psicopedagogia, família, escola, aprendizagem e intervenção.

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METODOLOGIA

Esta investigação é do tipo exploratório, que se dá através de consultas

em livros, artigos e sites especializados ao Psicopedagogo.

As principais referências autorais utilizadas na realização desta pesquisa

foram: Olívia, Beauclair, Porto, Drowet, Piletti, Sampaio, Cortella, Freire, Weiss,

Luckesi e Bossa.

A pesquisa irá apontar a importância da Psicopedagogia Institucional no

campo educacional e direcionar professores, diretores e coordenadores, que

frente aos desafios do processo de ensino, repensem o papel da escola frente

às dificuldades de aprendizagem. Uma vez que são avaliados os processos

didáticos-metodológicos e a dinâmica institucional que interferem no processo

de aprendizagem.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ..................................................................................... 3

RESUMO ........................................................................................................ 4

METODOLOGIA ............................................................................................. 5

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7

CAPITULO I .................................................................................................... 8

1.1. A história e a conceituação psicopedagógico. .................................... 10

1.1.1 A Psicopedagogia na Instituição Escola ........................................... 16

1.1.2 Competências e Habilidades ............................................................ 18

CAPÍTULO II ................................................................................................. 23

2.1. Fatores que Intervêm na aprendizagem ............................................. 25

2.2. A Metodologia em sala de aula .......................................................... 28

2.1.2. Relação Professor / Aluno ............................................................... 29

2.1.3. Contribuições Psicopedagógicos ..................................................... 32

CAPÍTULO III ................................................................................................ 34

3.1. O papel da família............................................................................... 36

3.1. O papel da escola ............................................................................... 39

3.2.1. A escola e seu efeito no desempenho de seus aluno...................... 41

Considerações finais ................................................................................. 42

Referencias bibliográficas .......................................................................... 45

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INTRODUÇÃO

A escolha do tema “A importância da Psicopedagogia no âmbito

educacional”, visa à importância do papel do psicopedagogo no recinto escolar à

disposição do professor/educador/ mediador frente aos desafios surgidos pelo “ser

que aprende”, evitando e vencendo o fracasso escolar em uma visão do aluno

como um todo, objetivando facilitar o processo de aprendizagem.

Ainda nesta mesma visão, veremos como o profissional psicopedagogo atua

na intervenção psicopedagógico na escola. E de que modo ele poderá intervir

individual em grupo e institucionalmente em situações que se interpõem no

processo significativo. De maneira que este possa sentir-se instrumentalizado

para o exercício das práticas psicopedagógicos nas e instituições que lhes

possibilitem trabalhar com o desenvolvimento no processo cognitivo.

Esta investigação bibliográfica é do tipo exploratório que se dá através de

consultas a livros e sites especializados ao psicopedagogo. Pois a pesquisa

visa conhecer, identificar e definir o papel psicopedagógico, uma vez que são

avaliados os processos didáticos- metodológicos e a dinâmica institucional que

interferem no processo de aprendizagem.

Autores como Cortella, Drowet, Freire, Porto, Piletti, Sampaio, Bossa,

Beaucler, Weiss e outros que serão a fonte de pesquisa para desenvolver,

fundamentar e apontar qual o melhor caminho para prática educacional com os

professores, diretores e coordenadores educacionais. De forma que repense a

maneira de agir da escola frente às dificuldades de aprendizagem do aluno,

criando-se vínculos com a família para juntos atuarem de forma simples e

consciente no desenvolvimento pleno do se que aprende.

Para tanto, a ação do psicopedagogo não atribui somente ao espaço

físico onde ele vai atuar, mas também ao modo de pensar a psicopedagogia e

a informação que este tem da área, ou seja, da sua atitude psicopedagógico.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA

NO ÂMBITO ESCOLAR

A psicopedagogia explica o trabalho com aprendizagem, com o

conhecimento, seus atos, desenvolvimentos e distorções. Ela atua através de

processos e estratégias que levam em conta a individualidade do aprendente.

É uma prática, portanto comprometida com a melhoria e boas condições de

aprendizagem do sujeito.

“... cabe ao psicopedagogo perceber eventuais

perturbações no processo aprendizagem, participar da

dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a

integração, promovendo orientações metodológicas de

acordo com as características e particularidades dos

indivíduos do grupo, realizando processos de orientação”.

(Bossa, 1994, p.23)

Como vimos é a psicopedagogia que cuida do ser que aprende, pois ela

atua de maneira que evite o fracasso e facilita os processos de aprendizagem.

Para Rubinstein (1996, p.127), “a Psicopedagogia tem como meta

compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos nesse

processo”.

Para entender melhor esta visão, os desafios que surgem para o

psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo

significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de

uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades,

habilidades e competências de atuação na instituição escolar.

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Isso significa colher conhecimentos de várias áreas como a Psicologia,

Pedagogia, Medicina, Fonoaudiologia e outras. Portanto, tem enfoque

transdisciplinar, ou seja, recebe influências de vários ramos.

A transdisciplinaridade para Assmann (1998), não pretende desvalorizar o

que cabe às disciplinas específicas, mas melhorar e ampliar o conhecimento

em todas. Para Vygotsky (1989), a aprendizagem da criança antecede a

entrada na escola e que o aprendizado escolar produz algo novo no

desenvolvimento infantil, evidenciando as relações interpessoais.

Visto que a psicopedagogia aliada a outras áreas do conhecimento, está

comprometida em resolver os problemas e melhorar as condições de

aprendizagem. É importante ressaltar que a psicopedagogia não é a

associação da Psicologia com a Pedagogia, pois ela se propõe a pesquisar e

resolver os problemas de aprendizagem através de um intercâmbio dos

conhecimentos de outras áreas.

Segundo Visca (1987), a psicopedagogia nasceu como uma ocupação

empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na

aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia.

Compreende-se que a Psicopedagogia no âmbito escolar se torna um campo com

conhecimentos amplos, seu objetivo central é o estudo do processo de aprendizagem

humana. Bem como a influência do meio família, escola e sociedade.

Alguns teóricos da Psicopedagogia justificam que “para que haja

aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e

do corpo” (Fernandez, 1991, p.74). É necessário que a psicopedagogia tenha

um olhar abrangente sobre as causas das dificuldades de aprendizagem,

procurando compreender mais profundamente como ocorre este processo de

aprender numa abordagem integrada, na qual não se toma apenas um aspecto

da pessoa, mas sua integridade.

Todavia as dificuldades escolares não podem deve ser explicadas apenas

de um fator, esteja ele na criança, no meio familiar e sim deve ser explicada

pela interação de vários fatores através da observação.

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1.1. A história e a conceituação psicopedagógica.

Um estudo sobre a história da Psicopedagogia nos remete à Europa do

século XIX. Segundo BOSSA (2000), as primeiras iniciativas para atender

crianças com dificuldades de aprendizagem se deram na França, onde o

atendimento era feito por profissionais da Medicina, Psicologia, Psicanálise e

Pedagogia. Esse atendimento alcança sucesso e se espalha por diferentes

países. Na Argentina, a Psicopedagogia se torna atividade popular e rotineira,

sendo desenvolvida na rede pública de ensino.

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as

ideias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua

vez, influencia a práxis brasileira) – encontra-se, entre

outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga

francesa que apresenta algumas considerações sobre o

termo psicopedagogia e sobre a origem dessas ideias na

Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do

primeiro centro médico psicopedagógico na França,...,

onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação

entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na

solução dos problemas de comportamento e de

aprendizagem.

(BOSSA, 2000, p. 37)

A Psicopedagogia no Brasil surge com a influência da Argentina, devido à

proximidade geográfica e à presença de psicopedagogos argentinos

ministrando cursos e desenvolvendo atividades no nosso país. Esse estudo

surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a

primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia.

A psicopedagogia no Brasil, há trinta anos, vem desenvolvendo um

quadro teórico próprio. “É uma nova área de conhecimento, que traz em si as

origens e contradições de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita

reflexão teórica e pesquisa” (Bossa, p.13).

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A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades

aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica

denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste

período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos. (Sampaio, 2009,

apud Bossa, 2000, p.48-49).

Segundo o autor Mario Sérgio Cortella, “Enxergar um significado maior na

vida aproxima o tema da espiritualidade do mundo do trabalho”. (Cortella, 2009,

p.13). O desejo a espiritualidade é sinal de descoberta, rumo a uma grande

situação que estão formando, é uma grande queixa. A espiritualidade vem

átona quando é preciso refletir sobre si. De maneira que a relação ao mundo e

ao trabalho seja separada de forma distinta. Hoje com a crise no conjunto

social, do qual o trabalho é apenas um pedaço. Mas não é só no trabalho; a

família também, o modo como se lida com os meios de comunicação, a relação

entre as gerações, à própria escola.

Então a sociedade como o autor Cortella (2009) aborda se encontra em

um momento de transição, de turbulência muito forte em relação aos valores.

Dessa forma, insisto, o mundo do trabalho do convívio em sociedade, é um

mundo no qual também cabe a alegria, a fruição.

Há um progresso no conceito de Psicopedagogia quando surge, tem uma

visão organizada é patológica da dificuldade de aprendizagem. Seu objetivo

era fazer a reeducação das crianças portadoras de deficiências.

Evoluiu ao considerar seu objeto de estudo o processo de aprendizagem

com todas as variáveis que nele interferem. Seu objetivo passou a ser a

investigação das causas de determinada doença da dificuldade, seu significado

para a criança e sua família, a sua modalidade de aprendizagem e reais

possibilidades para aprender.

Reconfigurando, Silva (2010) Atualmente, define-se a Psicopedagogia

como uma área cujo objeto de estudo é o ser cognoscente e que tem como

objetivo auxiliar a construção da aprendizagem e da autonomia deste ser,

identificando e ver com clareza os obstáculos que podem impedir que esta

construção se faça.

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O psicopedagogo é um profissional capacitado para atuar junto à

aprendizagem humana, considerando em sua ação todas as dimensões desse

processo. “Segundo as informações da ABPp, no Brasil há trinta anos vem

desenvolvendo um quadro teórico próprio”.

“É uma nova área de conhecimento, que traz em si origens e contradições

de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita reflexão teórica e

pesquisa” (Bossa, 2000, p.13).

Como se pode observar a Associação Brasileira de Psicopedagogia está

credenciando para atuar os psicopedagogos que se formaram em cursos de

pós-graduação reconhecidos por ela, que iniciam o atendimento sob a

supervisão de um psicopedagogo credenciado e que seja associado da Abpp.

No Brasil tal prática estava restrita aos consultórios e às clínicas onde se

tratava, individualmente, as crianças com problemas de aprendizagem. Esse

exercício se faz necessário onde às dificuldades já se instalaram. Após

cuidadoso diagnóstico, desenvolvido com instrumentos específicos da

Psicopedagogia, faz-se a intervenção com o objetivo de devolver no sujeito o

desejo e a possibilidade de aprender.

Atualmente este espaço se amplia. Cresce o número de instituições

escolares, hospitais e empresas que contam com a atuação do psicopedagogo.

Nessas instituições o atendimento é preferencialmente preventivo e se dirige a

grupos específicos ou à instituição como um todo.

A Psicopedagogia escolar tem como objetivo ampliar as

possibilidades de aprendizagem de todas as pessoas da escola. Como

assessor ou membro da equipe, o Psicopedagogo ouve e discute os

assuntos da escola, propõe mudanças, elabora propostas educativas, faz

mediação entre os diferentes grupos envolvidos na relação ensino-aprendizagem

(alunos, professores, famílias, funcionários), aprimora e cria metodologias e

estratégias que garantem melhor aprendizagem; colaboram na formação

dos professores, possibilitando a ampliação de seus conhecimentos sobre

o aluno, metodologias e estratégias de ensino adequadas; trabalha com

grupos específicos dentro da escola.

O fundamento da Psicopedagogia é o estudo e atuação junto ao sujeito

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em processo de aprendizagem. É uma atividade ampla e complexa, que exige

deste profissional, conhecimento interdisciplinar que o torna capaz de atuar na

compreensão da aprendizagem e do desenvolvimento integral do sujeito,

contribuindo para que cada um, a partir de sua originalidade, aprenda a ser, a

conhecer, a fazer e a conviver.

A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão

do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica que

busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo

(Bossa, 2000, p. 23).

Como se observa a psicopedagogia estuda as características da

aprendizagem humana, observando como esta aprendizagem evolui e estuda

as condições evolutivas da aprendizagem apontando caminhos para um

aprender mais eficiente de maneira que a mesma está condicionada por vários

fatores, de modo que atue como reconhecê-la, tratá-la e preveni-la. Pois este

objeto de estudo que se trata de um sujeito a ser estudado por outro sujeito,

adquire características especificas a depender do trabalho preventivo que é

fundamental.

Vejamos a definição de Bossa (2000) sobre o campo da atuação da

psicopedagogia: No enfoque preventivo a instituição, enquanto espaço físico e

psíquico da aprendizagem é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que

são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional

que interferem no processo de aprendizagem.

Compreende-se que o psicopedagogo tem como função identificar a

estrutura do sujeito, suas transformações no tempo, influências do seu meio

nestas transformações e seu relacionamento com o aprender. Este saber exige

deste profissional o conhecimento do processo de aprendizagem e todas as

suas inter-relações com outros fatores que podem influenciá-lo, das influências

emocionais, sociais, pedagógicas e orgânicas.

Conhecer os fundamentos da Psicopedagogia implica refletir sobre suas

origens teóricas e entender como estas áreas de conhecimento são

aproveitadas e transformadas num novo quadro teórico próprio, nascido de

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sementes em comum.

Todas essas correntes não são suficientes para embasar todo o

conhecimento necessário. Desta forma, foi preciso recorrer a outras áreas,

como a Filosofia, Neurologia, Sociologia, Psicolinguística e Psicanálise.

Examinados tais parágrafos, note-se que o campo de atuação da

psicopedagogia é focado no estudo do processo de aprendizagem, diagnóstico

e tratamento dos seus obstáculos, sendo o psicopedagogo responsável por

detectar e tratar possíveis obstáculos no processo de aprendizagem; trabalhar

o processo de aprendizagem em instituições de indivíduos ou grupos e realizar

processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma

individual ou em grupo. As áreas de estudo se traduzem na observação de

diferentes dimensões no processo de aprendizagem: orgânico, cognitivo,

emocional, social e pedagógico.

Sigmund Freud (1856-1939) é o benfeitor da psicanálise e reconhecido

do conceito de inconsciente. Segundo esse autor, o ser humano é regido por

forças que estão no seu interior, mas que esse desconhece. A vida psíquica

não se resume aos fatores conscientes (percepção, atenção, memória, etc.),

mas está apoiada em manifestações inconscientes, sendo esse o objeto de

estudo da psicanálise. Ao manifestar a existência dessa instância, Freud

afasta do ser humano a ideia de que este pode controlar totalmente seus

atos e pensamentos, afirmando que não somos donos absolutos de nossos

próprios procedimentos.

As áreas de estudo se traduzem na observação de diferentes dimensões

no processo de aprendizagem: orgânico, cognitivo, emocional, social e

pedagógico. “A interligação desses aspectos ajudará a construir uma visão

gestáltica da pluricausalidade deste fenômeno, possibilitando uma abordagem

global do sujeito em suas múltiplas facetas” (Weiss, 1992, p. 22).

De acordo com a linha de pensamento de Weiss, a dimensão emocional

está ligada ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do

conhecimento e a expressão deste através de uma produção gráfica ou escrita.

Neste caso, o não aprender pode expressar uma dificuldade na relação da

criança com seu grupo de amigos ou com a sua família, sendo o sintoma de

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algo que não vai bem nesta dinâmica.

A dimensão social está relacionada à perspectiva da sociedade, onde

estão inseridas a família, o grupo social e a instituição de ensino. A dimensão

cognitiva está relacionada ao desenvolvimento das estruturas cognoscitivas do

sujeito aplicadas em diferentes situações. No domínio desta dimensão,

devemos incluir a memória, a atenção, a percepção e outros fatores que

usualmente são classificados como fatores intelectuais.

A dimensão pedagógica está relacionada ao conteúdo, metodologia,

dinâmica de sala de aula, técnicas educacionais e avaliações aos qual o sujeito

é submetido no seu processo de aprendizagem sistemática. A Pedagogia

contribui com as diversas abordagens do processo ensino aprendizagem,

analisando-o do ponto de vista de quem ensina.

Para a pesquisadora linguística Cristófaro (1999), a linguagem enquanto

código atravessa várias extensões por meio tipicamente cultural do ser

humano. A língua é um código livre a todas as pessoas de uma determinada

sociedade. No entanto é a fala, este canal de comunicação que fornece meios

para refletir cientificamente e atuar no campo psicopedagógico.

Para Weiss, “a Psicopedagogia na escola desenvolve um trabalho em que

se busca a melhoria das relações com a aprendizagem” (1992, p.6). Noutros

termos a qualidade na construção da aprendizagem de alunos e educadores

também é parte do trabalho do psicopedagogo.

Weiss (1992), afirma que o papel da Psicopedagogia na escola não deve

ser encarado como recurso para evitar o fracasso escolar, nem mesmo para

melhorar o rendimento dos alunos, pois estes fatos implicam outros aspectos

como alunos, professores, técnicos e equipe de apoio refletir e buscarem um

denominador comum em relação à aprendizagem.

Em suma, o trabalho do psicopedagogo possibilita a reflexão, a adoção

de medidas e mudanças de atitudes sobre diferentes caminhos existentes na

produção do conhecimento em diferentes formas e níveis.

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1.1.1 A Psicopedagogia na Instituição Escolar

Diante do baixo rendimento e desempenho acadêmico, as escolas estão

cada vez mais preocupadas com os alunos que apresentam dificuldades de

aprendizagem, sentem-se perdidos e não sabem mais o que fazer com esses

alunos que não conseguem aprender de acordo com o processo considerado

normal e não possuem uma política de intervenção capaz de contribuir para a

superação dos problemas de aprendizagem. “Saber que ensinar não é

transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria

produção ou a sua construção.” (Freire, 1996, p.52).

Todavia a aprendizagem é um processo que garante a semelhança entre

a continuidade do coletivo e a transformação do indivíduo, vai além da

aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente a criança.

Envolve o diferente, o subjetivo, o individual que buscam as necessidades e os

desejos para generalizar, classificar e ordenar o cognitivo do individuo.

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional

qualificado está apto a trabalhar na área da educação, dando assistência aos

professores e a outros profissionais da instituição escolar para melhoria das

condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos

problemas de aprendizagem.

É por meio de técnicas e métodos adequados, o psicopedagogo torna

possível uma intervenção psicopedagógico visando à solução de problemas de

aprendizagem em espaços institucionais. Reunir com toda a equipe escolar,

mobilizar em novas construções e espaços adequado as condições de

aprendizado de forma a evitar comprometimentos. Escolher a metodologia e ou

a forma de intervenção com o objetivo de facilitar o processo.

Os desafios que surgem para este profissional dentro da instituição

escolar relacionam-se de modo significativo. “A esperança de que professor e

alunos juntos podem aprender ensinar, inquietar-nos, produzir e juntos

igualmente resistir aos obstáculos a nossa alegria.” (Freire, 1996, p.80).·.

Visto que, o papel da psicopedagogia é estudar e lidar com o processo de

aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Seria bom acreditar se

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todas as escolas tivessem estes profissionais atuando no dia-a-dia com essas

dificuldades, o número de alunos com problemas seria bem menor.

“Coloca-se para a escola a questão de como enfrentar o

conflito entre as suas normas e regras como instituição e

aqueles valores que cada um de seus membros traz

consigo. Tal conflito traduz-se frequentemente em

problemas que, são novos, tem se tornado cada vez mais

relevantes no espaço escola, como, por exemplo, a

indisciplina e a violência. A questão da indisciplina como

fator ético e queixa bastante comum dos educadores,

sendo que o aluno carece de parâmetros em maior ou

menor grau para situar-se.”

(Porto, 2009, p.27-28).

No que diz respeito ao parágrafo, a autora Olivia Porto é bastante objetiva

ao comentar sobre a indisciplina como fator ético citado pelos educadores. A

verdade é que a escolarização não pode ser vista com a responsabilidade de

educar e por limites para esses educandos. Neste sentido a organização

escolar não poderá ser pensada apartada da família. Na realidade são elas as

duas instituições responsáveis pelo que se denomina educação em sentido

pleno.

Noutros termos, o vínculo de ambos neste processo educacional se

fortalecerá a medida que estas articulações não se contrapõem mediante aos

seus respectivos papeis na educação.

A aprendizagem é um processo que garante a semelhança entre a

continuidade do coletivo e a transformação do individuo, vai além da

aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente a criança.

Envolve o diferente, o subjetivo, o individual que buscam as necessidades e os

desejos para generalizar, classificar e ordenar o cognitivo do indivíduo.

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“Conhecer é pensar, inventar, descobrir e conectar as qualidades e os

atributos dos objetos recompondo com a minha capacidade criadora o real

externo de minha mente.” (Saltini, 2002, p.58).

A aprendizagem é construir o seu significado próprio e não encontrar as

respostas certas dadas por alguém. E conhecer os modelos mentais que os

educandos utilizam na compreensão do mundo que os rodeia entender o seu

comportamento no sentido mais amplo.

Portanto tornar a aprendizagem mais eficiente é necessário que as

escolas e as tecnologias se aperfeiçoem a fim de que o indivíduo viva melhor,

mas indubitavelmente a viver de acordo com o que aprende.

1.1.2 Competências e Habilidades

O ato de escutar é fundamental para conhecer como o sujeito aprende,

seria um Inter jogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar. São

fundamentais na atuação psicopedagógica que, o psicopedagogo esteja

preparado para lidar com possíveis reações como resistências, bloqueios,

sentimentos, lapsos etc.

A busca incessante, de conhecer, de estudar para então compreender de

forma mais completa estas crianças e adolescentes tão criticados por não

corresponderem às expectativas dos pais e professores. Uma visão de acerto

desvinculada de erro é, portanto para este ser aprendente, um obstáculo

importante; e fica cada vez mais difícil romper o ciclo de inibição da

aprendizagem.

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações

no processo aprendizagem, participar da dinâmica da

comunidade educativa, favorecendo a integração,

promovendo orientações metodológicas de acordo com as

características e particulares dos indivíduos do grupo,

realizando processos de orientação. Já que no Carter

assistencial, o psicopedagogo participa de equipes

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responsáveis pela elaboração de planos e projetos no

contexto teórico/pratico das políticas educacionais, fazendo

com que os professores, diretores e coordenadores

possam repensar o papel da escola frente a sua docência

e as necessidades individuais de aprendizagem da criança

ou, da própria ensinagem.

(Bossa. 1994, p.23)

Por outras palavras, Bossa (1994) permite compreender que, o estudo

psicopedagógico atinge seus objetivos quando a compreensão sobre as

características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre

espaço para que a escola viabilize recursos para melhor atende-lo. Visto que o

fazer psicopedagógico se transforma em uma ferramenta poderosa no auxilio

do aprendizado.

Formular ideias sobre este olhar é levantar questões, propor caminhos de

reflexão é estabelecer algumas possibilidades de interlocução com diferentes

campos do conhecimento. Tal modo este deve estar atento as sua habilidades

e competências e deve desenvolver e construir uma escuta, um olhar vinculado

ao seu próprio processo de aprender, buscando sempre “o prender a conhecer,

o aprender a fazer, o prender a viver junto e o aprender a ser”. (Beaucler. 2008,

p.82)

Para se fazer teoria, é preciso tecer, é necessário ter fios.

Fios que nos conduzam pela tessitura, que vá se

construindo um corpo e assim ganhe uma corporeidade

significativa, que surja, apareçam, configura-se. É preciso,

para fiar a roca da teoria, conhecer os fios com os quais

se quer tecer, aproximar-se de sua essência, observar

suas particularidades, suas “consciências” e seus limites,

sem esquecer o todo.

(Beaucler. 2008, p.39)

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Assim sendo, podemos concluir que, metaforicamente a rede é o estudo

de diversas correntes que vão possibilitar o sujeito a pensar e refletir a partir de

uma sustentação de maneira que o leve a construir a sua autoria e também a

sua autonomia. Já o fio significa o conhecimento deste pensar.

Desta forma rede e fio estão interligados, a teoria é a rede que nos

sustentam teoricamente permitindo transitar pelo fio, este por sua vez é o

caminho do conhecimento construído no percurso diário. Um depende do outro

para criar novos recursos e descobrir novos instrumentos que possibilitarão

alcançar as possíveis dificuldades encontradas no caminho.

Desse modo, nasce o desfio de refletir criticamente sobre seu modo de

atuar, a formação sobre seus conhecimentos já adquiridos, sobre teorias e

saberes que fazem parte do seu campo conceitual.

Mobilização de competências implica a todo tipo de

aquisições cognitivas, desde os saberes e conhecimentos

tácitos, a contextualização do conhecimento coloca-se

como estratégias importantes na tessitura de uma rede de

significações a serviço das aprendizagens transferíveis.

(Ramos. 2002, p.258).

Sobre o olhar é importante observar que, a aprendizagem constitui-se do

aprender, relacionando especialmente para as crianças com seu padrão de

adaptação, com nível de desenvolvimento da sua personalidade, a condição

cognitiva refere-se às estruturas que permitem a organização dos estímulos e

do conhecimento; e a dinâmica do comportamento caracteriza-se como o

processo da realidade e a ação sobre o meio.

Assim com este observar, à didática do educador, o psicopedagogo

conduzirá este professor a incentivar os motivos dos alunos. O incentivar é

direcionar toda sua energia e sua motivação a enfrentar os desafios intelectuais

propostos pela escola, para a realização do trabalho de construção do

conhecimento. “cada aprendente constrói seu próprio caminho, apenas seu,

pois são muitos os modos, são diversos os modos de trilhá-lo”. (Beaucler.

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2008, p.37). O prazer não virá apenas do aprendizado em si do aluno, mas do

sentimento de competência pessoal da segurança de ter habilidade para

solucionar possíveis problemas.

É com esse olhar que o psicopedagogo atuando em uma área

multidisciplinar, busca a compreensão do contexto escolar para ter maior

entendimento sobre as dificuldades apresentadas no cotidiano escolar, que

possa intervir para garantir uma aprendizagem afetiva e significativa.

Habilidades e competências para o pesquisador Beaucler é um conjunto de

ideias que desenvolvidas poderão sofrer alterações com o passar do tempo e

da sua utilidade e discussão. Por isso que a atualização constante se faz

necessária para o psicopedagogo atuar na área do conhecimento psíquico e

cognitivo.

Então o autor define compreender competências e habilidades do

seguinte ponto de vista: “devo propor a articulação entre diferentes conceitos

oriundos de conhecimentos distintos as atividades relativas aos fazeres do

psicopedagogo”. Conclui-se que competências e habilidades são conceitos

totalmente distintos, cada um apresenta uma estrutura conceitual diferente e de

forma contínua, ou seja; o processo de cada uma é constante.

Veremos adiante a matriz como modelo para pensarmos como se

processam competências e habilidades básicas do psicopedagogo.

“Se eu pudesse deixar algum presente para você, deixaria

aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos

(...)”.

Lembraria os erros que foram cometidos como sinais para

que não mais se repetissem (...).

Deixaria para você, se pudesse o respeito, aquilo que é

indispensável:

Além do pão, trabalho e a ação.

“E quando tudo mais faltasse para você eu deixaria se

pudesse um segredo: o de buscar no interior de si mesmo

a resposta, a força para encontrar a saída”.

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(Gandhi).

O texto nos levar a refletir e pensar sobre a construção do olhar do

psicopedagogo. As palavras são bastante reflexivo, este aponta o afeto,

experiência, caráter, ética, responsabilidade, confiança e busca contínua. À

medida que crescemos neste sentido de construção, aprende-se a caminhar e

a criar autoria de nossos pensamentos, como também estimular a outros que

assim o façam.

A busca permanente da reflexão teórica e através das vivências e

pesquisas, cotidianas abertas aos novos paradigmas, que apontam para a

transdisciplinaridade e a complexidade. O uso deste movimento, nos leva a

conhecer mais adiante as competências e habilidades necessárias à prática

psicopedagógico.

Desse modo, este profissional necessita deste constante movimento de

olhar novos horizontes e traçar estratégias para melhor percorrer e abrir novos

espaços. Não só objetivos como também subjetivos, onde a autoria e a

autonomia de pensamento seja uma concreta possibilidade de atuação

significativa. Que busca compreender o processo de aprendizagem, onde

procura resignificar o aprendizado do ser que aprende.

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CAPÍTULO II

A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Fontes segundo a Psicopedagogia do Brasil (2009) relata o que é

fundamental na atuação psicopedagógica. A escuta é fundamental para que se

possa conhecer como é, e o que o sujeito aprende. Nádia Bossa, “perceber o

Inter jogo entre o desejo de conhecer e o de ignorar”. O psicopedagogo deve

estar preparado para lidar com possíveis reações frente a algumas tarefas tais

como resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos etc.

É necessário buscar, conhecer, estudar para compreender de forma mais

completa estas crianças ou adolescentes tão criticados por não

corresponderem às expectativas dos pais e professores.

“Para o bom andamento do processo ensino aprendizagem, é

essencial que as atividades sejam pensadas de forma que

façam com que o aluno se interesse e, principalmente,

encontre significado na realização das tarefas. Isto se dá para

todos os alunos, sem exceção”.

(Porto, 2009, p.127)

A proposta de trabalho estabelecida pela autora Porto mostra que as

atividades a serem desenvolvidas com os alunos devem ser interessantes.

Uma vez interessados, logo a motivação se tornará significativa de maneira

que este educando interaja com os conceitos presentes em sua estrutura

cognitiva.

Dados fornecidos pela Web artigos (2009), segundo a Pedagoga e

Psicopedagoga Sanzia Almeisa, ela explica que, a experiência de intervenção

junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem

muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem

especialistas nas suas disciplinas.

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Como se poder ver, o psicopedagogo por sua vez, tem a função de

observar e avaliar qual a verdadeira necessidade da escola e atender aos seus

anseios, bem como verificar junto ao Projeto Político Pedagógico, como a

instituição, conduz o processo ensino aprendizagem e como garante o sucesso

de seus alunos e como a família exerce o seu papel de parceria nesse

processo.

De acordo com Porto (2009), na escola, a investigação e a ação

psicopedagógica tem como foco a prevenção das dificuldades de

aprendizagem. Tal prevenção consiste buscar um vínculo sadio dentro do

espaço educativo. Assim a ação psicopedagógica institucional resgata a

verdadeira identidade local, possibilitando este o aprender seja ele no individual

ou coletivo. Criando assim um espaço para a inovação e estabelecendo

vínculos de relação com a aprendizagem.

Bossa (1994, p.13) define três níveis de prevenção no trabalho

psicopedagógico institucional: No primeiro nível, o psicopedagogo atua nos

processos educativos com o objetivo de diminuir a frequência dos problemas

de aprendizagem. Seu trabalho incide nas questões didático-metodológicas,

bem como na formação e orientação de professores, além de fazer

aconselhamentos aos pais.

No segundo nível, o objetivo é diminuir e tratar problemas de

aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da

realidade institucional e elaboram-se planos de intervenção baseados nesse

diagnóstico, a partir do qual se procura avaliar os currículos com os

professores para que não se repitam tais transtornos.

No terceiro nível, o objetivo é eliminar os transtornos já instalados, em um

procedimento clínico com todas as suas implicações.

Bossa definiu muito bem os três níveis de prevenção: “é o ponto- chave

da intervenção do psicopedagogo na escola, estratégias de ação pedagógica

ou psicopedagógica de sucesso, e o diagnóstico”.

Após a coleta de investigação no espaço institucional, o psicopedagogo

deverá agir, buscando identificar as necessidades expressas pelos sujeitos

(professores, alunos e pais), assim também as possibilidades da escola e do

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próprio profissional. São através das seguintes ferramentas técnicas como,

discursões, reuniões e diversas atividades que resgatem a ressignificação da

relação com o aprender, papel este do psicopedagogo na instituição.

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser

humano, o trabalho do psicopedagogo tem caráter preventivo no sentido de

procurar criar competências e habilidades para solução de problemas.

2.1. Fatores que Intervêm na aprendizagem

Diante vários problemas sociais que a nossa sociedade enfrenta no

mundo pós-moderno onde os valores e a ética já não fazem parte da grande

massa; principalmente nas comunidades urbanas. Os problemas se multiplicam

no campo da saúde, da educação, da estrutura familiar, do saneamento básico,

etc.

“Na situação atual, parece ser ponto político que a escola

ignora, quando não despreza e desvaloriza, a cultura e as

condições de vida da comunidade em que se insere.

Ainda que se pretendesse, apenas modificar tal cultura, o

único caminho correto seria o conhecimento e a

compreensão da mesma”.

(Piletti, 1995, p.87)

O professor muitas vezes ignora a realidade social do aluno, desvaloriza o

conhecimento de mundo. Nega-o muitas de ver, pensar e interagir em sociedade.

Tal atitude mostra que há no ambiente educacional muitos educadores que agem

desta forma, deixa de abrir novos espaços para troca e interação social através do

conhecimento que o aluno trás para o ambiente escolar.

A nossa sociedade é miscigenada, não se pode negar a cultura e os

valores de uma determinada sociedade ou povo. A instituição escolar precisa

ver o aluno como sujeito de sua própria história, abrir o espaço para o diálogo à

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troca de conhecimentos e a busca de uma nova visão de mundo respeitando

sempre a crítica e a opinião do sujeito num todo.

Sobre o olhar de Piletti (1995), a escola leva em consideração as condições

de vida dos alunos? Ou atribui as crianças à culpa pelo fracasso escolar? É

necessário a escola repensar como estar à sua prática educacional em sala de

aula. Cabe a Instituição junto com o psicopedagogo e toda a equipe educacional,

reverem o currículo escolar de modo que atenda à realidade local, analisar se o

seu recurso didático está de acordo com a realidade de sua clientela.

“A dificuldade de aprendizagem, comportamentos

divergentes, que podem levar o aluno ao fracasso,

causando grandes angústias nos professores, e a relação

que se dá entre alunos e professores, principalmente por

meio da “fala”, todos esses fatos não podem ser vistos

como peças enguiçadas que não tem mais conserto.

Importante é entender o que se passa em um processo

educativo e os motivos que levam essas dificuldades e

fracassos escolares, tornando-se muitas vezes fracassos

de vida”.

(Porto, 2009, p.97)

Segundo Piletti (1995) o primeiro passo para a interação positiva entre a

escola e a comunidade é, sem dúvida, o conhecimento da própria comunidade

por parte da escola. Neste aspecto, as escolas de hoje se encontram num

desiquilíbrio com relação ao social, quanto aos aspectos pedagógicos, advertir

que as dificuldades de aprendizagem as depressões, fobias, violências,

frustrações e somatizações desencadeiam sinais de mal estar.

“Na educação, sinais de enfermidade aparecem

diariamente, como à evasão a violência, a retenção, a

indisciplina e o que é pior, a recusa a aprender. Esse

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estado de causas jamais pode gerar nos educandos uma

predisposição para a aprendizagem”.

(Lima, 2000, p.51)

Entende-se que (Porto, 2009) as enfermidades podem ser levadas a

pratica educativa, caso os professores não considerem que o conhecimento

possa ser socialmente compartilhado, com possibilidades de mudança,

principalmente, para os alunos das camadas mais empobrecidas.

De fato, erradicar esta enfermidade dita por Lima, como a violência,

evasão escolar e desinteresse, não acontecerá de um dia para outro. É

necessário que se faça gradualmente as mudanças, seriam a quebra dos

paradigmas, para então se chegar ao início de um resultado positivo no âmbito

educacional. A mudança só acontece quando de fato toda instituição escolar se

encontra disposta a compartilhar sua prática pedagógica sem preconceitos e

medos de realizar novas estratégias no processo de ensino e aprendizagem.

É necessário que, a escola abra as portas para a comunidade local,

interagir com a família através de palestras, debates, gincanas e outros meios

que possibilitem a integração das mesmas. De modo que, as regras e limites

sejam estabelecidos de forma democrática por todos.

Porto (2009) a ausência de uma aprendizagem eficaz diz respeito às

circunstâncias econômicas familiares e emocionais vivenciadas pelos alunos. O

ato pedagógico atinge seus objetivos quando, ampliados a compreensão sobre

as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno,

abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades

de aprendizagem.

Para isto deve-se rever e analisar o Projeto Político Pedagógico;

sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado como

aprendizagem. “As diferenças culturais são vistas pelo educador como

deficiência de bagagem cultural, e o aluno não é visto como um sujeito

marcado pelo desejo de conhecer, o que é precípuo para uma relação com o

conhecimento”. (Porto, 2009, p.99)

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Cortella (2009) nos deixa uma reflexão a respeito de liderança, “Liderança

é uma virtude, e não um dom. É do ponto de vista filosófico, virtude é uma força

intrínseca. Por exemplo: a coragem, o destemor, a iniciativa são forças

intrínsecas”. O saber liderar diz respeito à forma de trabalho, de que forma vejo

o outro como “ser” e “sujeito” de sua própria história.

Diante deste olhar, que o profissional psicopedagogo atua diante dos

problemas e desafios que surgem no âmbito educacional. Visando melhorias e

criando estratégias de modo que supram as necessidades da mesma e que

esta por sua vez, esteja sujeita às grandes transformações.·.

Portanto o fazer psicopedagógico atua não apenas no interior do aluno ao

sensibilizar este para a construção do conhecimento, e sim, uma atividade

voltada para assessoria da escola, professores e demais educadores,

alertando-os para o papel que lhes competem como instituição de ensino.

2.2. A Metodologia em sala de aula

Freire (1996) ensina não é transferir, mas criar as possibilidades para a

sua produção ou a sua construção. Refletindo sobre a frase, a escola precisa

partir de onde o aluno estar, das suas preocupações necessidades,

curiosidades e construir um currículo que dialogue continuamente com a vida.

Seria uma escola centrada efetivamente no aluno e não apenas no conteúdo

em si. Mas inserir temas transversais que despertem curiosidade e interesse do

mesmo no processo de ensino e aprendizagem.

Segundo Freire (1996), “quem ensina aprende ao ensinar e quem

aprende ensina ao aprender”. Este “ser” que ensina, precisa organizar

atividades significativas do que aulas expositivas e que sejam efetivamente

mediadoras mais do que informadores. Pois se o receptor da informação

consegue “ancorar” o conhecimento novo no conhecimento velho de forma

interativa, ocorrerá uma “aprendizagem significativa”. De maneira interativa

entende-se que, novos e velhos conhecimentos influenciam-se mutuamente no

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processo no qual os conhecimentos antigos podem adquirir novos

significados.·.

Por outro lado surge a Psicopedagogia como resposta ao grande

problema do fracasso escolar. O seu papel é resignificar a aprendizagem, dar

outro sentido, seguir outros caminhos para se chegar a um aprendizado

significativo.

Ainda sobre o olhar de Freire (1996), “ensinar não é transferir

conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua

construção”. Visto que, motivação é interna, ou seja, de dentro para fora. O

mediador irá utilizar ferramentas que lhe sirvam de estratégia para facilitar e

interagir com o seu aluno.

O professor é figura principal no contexto do ensino. Não existe uma “bula

de receita” ou uma “receita pronta” para uma metodologia educacional. O que

existem são várias correntes e teorias conceituados por inúmeros

pesquisadores que nos permitem trabalhar e adaptar as diversas formas e

metodologias para então desenvolver um ótimo trabalho no processo ensino e

aprendizagem.

É importante ressaltar que, o professor é o principal agente educativo, é

evidente que melhorias no ensino terão mais chance de ocorrer se a ele forem

dadas condições adequadas de trabalho.

Dessa maneira, a Instituição Educacional buscará capacitá-lo, para que

possa desenvolver de modo mais eficiente e possível às atividades didático-

pedagógicas, incentivará o desenvolvimento de seu espírito crítico, para que

ele possa formar o aluno para esse fim; fornecerá a ele condições de trabalho

digno, tais como: salário plano de carreira e quaisquer outros benefícios

chamando-o a participarem ativamente em decisões importantes do processo

de ensino.

2.1.2. Relação Professor / Aluno

Seria impossível não abordar este assunto ao longo da pesquisa. A falta

de um triangulo amoroso entre professor, aluno e disciplina, são aspectos que

grande parte dos educadores expressam como desabafos: “– Os alunos não

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gostam da minha matéria!”, “– Eles não querem nada, com nada!”, “– Estão

desinteressados em fazer os deveres. E só fazem se valer ponto”.

Tais exemplos são comuns de ouvir na sala dos professores. É preciso

verificar e avaliar de forma construtiva o modo de ensinar, como estão as

relações intrapessoais entre professor e aluno.

Morais (1988), hoje está posto um desfio que precisa começar a ser

enfrentado no espaço da sala de aula. O de se recuperar o sentido da

autoridade nas relações pedagógicas, sem qualquer concessão a

autoritarismos.

Neste sentido, a falta de compreensão nas relações intrapessoais são

uma das causas que encontramos no ensino. Há professores sem didática e

totalmente despreparados para lidar com a conquista do dia-a-dia em uma sala

de aula.

Via de regra, a relação professor e aluno precisam ser estabelecidos na

escola por meio de afetividade e conhecimento. Ambos exercem influencia

decisiva, visto que cada um busca o atendimento de alguns de seus desejos.

Ou seja, é por meio desta interação que os dois vão construindo imagens um

do outro, atribuindo-lhe certas características, intenções e significados. Desta

forma criam-se então expectativas recíprocas entre professor e aluno, que

podem ser ou não harmoniosas.

O autor Morais (1988) diz: “abra os ouvidos e me escute, pois eu

conquistei o saber e você é um ignorante”. A ignorância da inteligência articula

de um saber, e leva a pratica da insensibilidade gerando este o medo.

Para Gadotti (1999), o educador para por em pratica o diálogo, não deve

colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição

de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador

do conhecimento mais importante: o da vida.

De acordo com o mesmo autor, o aprender para o aluno se completa a

partir do instante que este se sente motivado e seguro. A aprendizagem não

deve ser encarada como obrigação e sim uma satisfação de tarefa cumprida

pelo aluno.

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Ao contrario, o professor não deve se preocupar apenas com o número

de informações a serem lançadas, e sim com a absorção deste conhecimento a

ser assimilado de maneira que o processo se torne significativo. Porém para

que este processo se torne significativo, é necessário que o mediador deste

processo haja como o facilitador, aberto as novas experiências, procurando

compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas

de seus alunos e tentar leva-los a auto realização.

Abreu & Masetto (1990), afirma que “é o modo de agir do professor em

sala de aula, mais do que suas características de personalidade, que colabora

para uma adequada aprendizagem dos alunos. Fundamenta-se numa

determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores

e padrões da sociedade”, ou seja, o trabalho do professor, seu relacionamento

em sala com seus alunos são expressos pela relação que ele tem com a

sociedade e a cultura que ele carrega por meio de suas ações.

“O bom professor é o que consegue, enquanto falar, trazer o

aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua

aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus

alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham

as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas

pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.

(Freire, 1996, p.96)

De fato, o bom mestre é aquele que através da fala, consegue envolver o

aluno por meio de suas ações. Despertando a confiança, a importância da

existência da afetividade e respeito entre ambos.

Siqueira (2005), afirma que os educadores não podem permitir que tais

sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Assim,

situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como melhorar a

nota deste, e que ele não fique para recuperação), apenas norteadas pelo fator

amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de

opiniões”.

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Logo, a relação professor e aluno dependerá fundamentalmente do clima

estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua

capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da

criação de pontes entre o conhecimento. Indica também que o professor,

educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as

mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem

global, trabalhando o lado positivo dos alunos e levando-os a crescerem com

os erros e acertos. Para então futuramente serem formados cidadãos

conscientes de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

“A verdadeira escuta não diminui em mim, em nada, a

capacidade de exercer o direito de discordar, de me opor, de

me posicionar. Pelo contrário, é escutando bem que me

preparo para melhor me colocar, ou melhor, mesituar do ponto

de vista das ideias. Como sujeito que se dá ao discurso do

outro, sem preconceitos, o bom escutador fala e diz de sua

posição com desenvoltura. Precisamente porque escuta sua

fala discordante, em sendo afirmativa, porque escuta, jamais é

autoritária”.

(Freire, 1996, p.135).

2.1.3. Contribuições Psicopedagógicos

“A sala de aula, então, não é aquele espaço físico inerte da instituição

escolar, mas aquele espaço físico dinamizado prioritariamente pela relação

pedagógica”. (Morais, 1988, p.86).

Sobre o olhar psicopedagógico é importante observar que, a

aprendizagem constitui-se de aprender, relacionando especialmente para as

crianças, com seu padrão de adaptação, com o nível de desenvolvimento da

sua personalidade, a condição cognitiva refere-se às estruturas que permitem a

organização dos estímulos e do conhecimento, é a dinâmica do

comportamento caracteriza-se como o processo da realidade e a ação sobre o

meio.

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Ainda sobre o olhar da Psicopedagoga Sanzia (2009), revela que, “pensar

o sujeito que aprende conforme os princípios da Psicopedagogia é reconhecê-

lo como ser ativo e contextualizado onde a aprendizagem é um processo

inevitavelmente produzido e inter-relacionado pelas relações que estabelece

com a escola, a família, ou seja, do grupo social da qual é integrante”.

De fato não se pode contextualizar a aprendizagem sem estabelecer

vínculos entre escola e família. E mesmo com a Psicopedagogia, ela não

contribui sozinha, é preciso estabelecer relação entre os profissionais da

educação e juntos transferir segurança para o aluno logo também à família na

qual ele esteja inserido.

Bossa (2007), o trabalho psicopedagógico na instituição é essencialmente

preventivo, pois é na escola que se manifesta e tornam visíveis as chamadas

dificuldades de aprendizagem, sendo ainda o lugar onde estas podem se

ocasionadas, pois acreditamos que grande parte da dificuldade de

aprendizagem acontece devido às inadequadas pedagogias da escola.

A contribuição psicopedagógico é rever com a escola suas práticas, suas

metodologias, listar maneiras de atender ao aluno com dificuldades, e revelar-

se como aprendente numa relação de troca através do dialogo com os alunos.

Então o psicopedagogo deverá considerar o nível de aprendizagem do

aprendiz (aluno), compreendendo as etapas evolutivas como um processo que

é vivenciado por cada educando de maneira distinta.

O aluno em sua amplitude deve ser respeitado como o ser único em sua

plenitude, considerando sua forma de ser e estar no mundo. Orientando-o e

estabelecendo alternativas que ele possa escolher para desenvolver melhor

suas atitudes. Assim também as suas potencialidades que muitas vezes é

desconhecida pelo universo escolar e familiar.

Nesta perspectiva, a psicopedagogia contribui significativamente com

todos envolvidos no processo de aprendizagem, pois exerce seu trabalho de

forma multidisciplinar numa visão sistêmica. Rompendo com as velhas práticas

que não conduzem com o nível de formação do qual é portador. Este precisa

pensar qual o melhor caminho que possa seguir, pois é preciso buscar uma

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alternativa, o que não se aceita mais é ver o problema constatado e não

ocorrer mudanças.

Portanto, uma das alternativas desse problema é termos professores

reflexivos com o apoio psicopedagógico, levando estes a serem capazes de

mudar a história com alternativas cabíveis para que se possa compreender a

verdadeira bandeira de luta contra a não-aprendizagem. Para tanto, defender o

processo de formação constante e permanente para a construção de uma

prática e de uma postura essencialmente psicopedagógico.

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CAPÍTULO III

A RELAÇÃO ESCOLA, ALUNO E FAMÍLIA.

“Observamos, pois que a base se dá na família. É por meio

dela que o sujeito se estrutura, cria vínculos afetivos, inicia

seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Não é na

escola que o desenvolvimento começa como pensam,

erroneamente, muitos pais, e grande parte dos problemas e

conflitos entre escola e família reside aí, quando alguns pais

querem atribuir somente à escola o dever de ensinar e

educar, sem participar desta educação”.

(Sampaio, 2009, p.76)

De acordo com a autora, a primeira base do sujeito é o ambiente família,

é lá que se constroem os primeiros vínculos afetivos. É neste contato que o

sujeito conecta as emoções, os sentimentos e atitudes por meio do contexto

familiar. Por outro lado, a escola deveria ser o espaço em que este sujeito faria

a troca de conhecimentos que ele trás. Neste mesmo espaço como aluno, ele

traça uma relação comportamental de acordo com a sua bagagem de

construção por meio do convívio em família.

Em decorrência de conflitos familiares, existe hoje nas instituições de

ensino, grande número de crianças e adolescentes com dificuldades de

aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a própria área da

educação. Com isto, é preciso que a intervenção psicopedagógico ganhe

espaço nas redes de ensino. A sociedade de hoje vivem em tempos onde as

informações e atualizações, sofrem constantes mudanças. E muitas famílias

não dão conta de educar e se fazerem presentes no desenvolvimento pleno de

seus filhos, atribuindo então à responsabilidade de educar e por limites à

própria escola.

Sampaio (2009), manter um diálogo aberto é imprescindível para uma boa

relação familiar. Quando não há dialogo, impõe-se o antidiálogo, que, de

acordo com Freire “é desamoroso. É crítico e não gera criticidade, exatamente

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porque desamoroso é humilde. É desesperançoso. Arrogante. Autossuficiente.

No antidiálogo quebra-se aquela relação de “simpatia” entre seus polos, que

caracteriza o diálogo não comunica. Faz comunicação”. (1983, p.108).

A autora Sampaio completa dizendo: “fazer comunicados, aliás, é um

gesto próprio do autoritarismo”. Muitos pais se colocam neste patamar e não

conseguem modificar o comportamento do filho, porque não sabem fazer

combinados, acordos, trocas, porque tudo acontece de acordo com a vontade

dos pais, sem que a vontade dos filhos seja levada em consideração.

No tocante ao parágrafo anterior, a família é de exerce forte influencia no

desenvolvimento pleno e global do sujeito. A imposição autoritária sem o

dialogo recíproco, provoca desconforto e insegurança entre pais e filhos.

É a escola por outro lado, carrega um fardo que até então não era

pertinente a ela, como “educar”, "ensinar a respeita”, “partilhar” e “amar o

próximo”. Palavras simples, porém longe do contexto real de muitas famílias.

Pois esses valores não são tão importantes no mundo pós-moderno.

O espaço educacional nos tempos de hoje, precisa abrir o leque de

informações para interagir não apenas com aluno. E sim trazer a família para

esta fazer parte e sentir-se peça importante no contexto educacional do seu

filho. Juntos escola, aluno e família, irão tecer suas informações através do

diálogo harmonioso, onde todos poderão por seus questionamentos e

inquietações procurando estratégias para juntos desenvolverem seus papeis de

acordo com as suas responsabilidades.

É neste enfoque que a Psicopedagogia Institucional atua na melhora das

relações dentro da aprendizagem, direciona o aluno na construção de autonomia e

construção do saber. Da mesma forma a família ativa e presente neste processo do

desenvolvimento junto com a escola, estabelece uma comunicação clara e objetiva,

para que os interesses possam ser alcançados de forma única e plena.

3.1. O papel da família

A família por sua vez também é responsável pela aprendizagem da

criança, já que os pais são os primeiro ensinantes e as “atitudes destes frentes

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às emergências de autoria do aprendente, se repetidas constantemente, irão

determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos”. (Fernàndez, 2001,

p.43). Por isso, a autora propõe a presença da família no diagnóstico de

problemas de aprendizagem em crianças, o que permite observar mais

rapidamente a existência de “significações sintomáticas localizadas em

vínculos em relação ao aprender”. (Fernàndez, 1991, p.92).

Teixeira (1992), a frustração diante das dificuldades dos filhos na escola,

leva as famílias a procurarem explicações nas próprias crianças. Algumas

vezes, as explicações são de natureza médica (doenças de cabeça, fraqueza,

não enxergar bem). Outras vezes, buscam explicações na falta de interesse

dos filhos e essa falta de interesse são atribuídas a ele próprio, as suas

próprias características.

Para Gomes (1998), a prática clínica na qual a criança é desvinculada do

papel de doente da família e os pais passam a ser o foco e os destinatários do

tratamento. Costuma ser mais difícil. Isso porque “a criança não é mais o único

paciente e os pais, especialmente, necessitam ser ouvidos”. (Gomes, 1998,

p.80).

Desse modo, a estória da família torna-se primordial para entender o

sintoma do filho e com eles estruturarem sua dinâmica. Por outro lado a família

precisa ser preparada para mudar o foco, da criança, e deles próprios, na

tentativa de resolução do problema.

Na proposta clinica de Maria Lúcia Weiss (1994), para os casos de

fracasso e escolar levar em consideração, no diagnostico, os aspectos

orgânicos cognitivos, emocionais, sociais e pedagógicos que cercam o

problema de aprendizagem apresentado. Nas suas palavras, “a interligação

desses aspectos ajudará a construir uma visão gestaltica da pluricausalidade

desse fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito em suas

múltiplas facetas”. (Weiss, 1994, p.8).

Neste olhar o psicopedagogo deve trabalhar numa linha com dois eixos, o

primeiro numa visão presente, do aqui e agora. O segundo, traçar uma visão

do passado na construção do sujeito. Desta forma o foco nestes dois eixos

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será prático para se fazer uma investigação completa do aluno e por meio

desta, estabelecer estratégias de trabalho juntos com a escola.

O artigo Psicopedagogia (2004), define que o psicopedagogo busca

compreender a modalidade de aprendizagem do individuo e o que está

ocorrendo nesta modalidade para que não tenha sucesso ao investir na

aprendizagem. É preciso ressaltar que esta modalidade de aprendizagem é

construída na família e continuada ao longo de sua historia.

De nada valerá, se todo o trabalho global direcionado do sujeito não for

contínuo. Para tanto, é necessário que o individuo seja acompanhado ao longo

do processo psicopedagógico. O diagnostico não é definitivo, esta pode ser

modificada ao longo do processo psicopedagógico. Vale lembrar que:

“O diagnostico psicopedagógico é um processo, um

continuo sempre revisável, onde a intervenção do

psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa

atitude investigadora, até a intervenção. É preciso

observar que esta atitude investigadora, de fato,

prossegue durante todo o trabalho, na própria

intervenção, com o objetivo de observação ou

acompanhamento da evolução do sujeito”.

(Bossa, 1994, p.74)

Reformulando o pensamento de Bossa, a investigação é continua durante

todo o processo de desenvolvimento cognitivo do sujeito. A família se torna a

peça principal na atuação deste aprendizado no processo.

“Sabemos que o conhecimento do sujeito é construído na

interação com o meio, seja o familiar, o escolar ou mesmo

o bairro, e, deste meio, depende para se desenvolver

como pessoa. Entretanto, quando o meio é qualificado

como inadequado para o desenvolvimento sadio, tanto

físico, quanto psicológico, o sujeito poderá encontrar

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obstáculos, mas poderão ser superados à medida que

encontramos na família na escola e no próprio sujeito uma

porta, que nos permita entrar e (re) construir, junto a

estes, uma nova aprendizagem!”.

(Sampaio, 2009, p.17)

Em suma, o papel da família sobressai quando ela atua de forma sadia.

Sadia no aspecto da comunicação, saber por limites, regras sem autoritarismo.

O saber ouvir, de forma que pai e filho tenham diálogo e estabeleçam suas

inquietações e dúvidas. Para a nossa reflexão Sampaio deixa bem claro o real

papel da família neste contexto de educação.

“Um vínculo afetivo familiar não é criado de uma hora para outra. Deve

ser cultivado desde a infância, respondendo aos seus infindáveis porquês –

respondendo com paciência às inúmeras contra argumentações, quando se

proíbe de fazer algo, interessando-se pelo dia-a-dia escolar, e não só nas notas

do boletim. Deve-se colocar à disposição para ajudar nas tarefas escolares

sempre que o filho precisar, dizer “não” quando necessário e ser firme nesta

posição explicando, porém, as razões da negativa”.

3.1. O papel da escola

A escola deve ser um espaço de informação e formação, onde os

conteúdos sejam o elo entre o aluno no contexto social do seu universo

cultural. O ambiente educacional precisa criar uma construção de cidadania,

onde a cultura da comunidade seja valorizada e busquem ultrapassar seus

limites favorecendo aos alunos de diferentes grupos sociais, o acesso ao

saber, tanto aos conhecimentos relevantes da cultura brasileira, como no que

faz parte do patrimônio universal da humanidade.

Na visão do autor Libâneo, ele diz o seguinte: “A escola precisa oferecer

serviços de qualidade e um produto de qualidade, de modo que os alunos que

passam por ela ganhem melhores e mais efetivas condições do exercício da

liberdade politica e intelectual”.

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O bom ensino de qualidade requer à formação de cidadãos capazes de

interferir criticamente na realidade de sua formação dando condições e

alternativas de trabalho que hoje nos permeiam. Também contribuem para o

fracasso escolar e suas dificuldades a própria instituição educativa que muitas

vezes não levam em consideração a visão de mundo do aprendente. Ou seja,

muitas vezes o professor não consegue transpor o conhecimento, ao fazer um

paralelo com a realidade do aluno, tornando este o ensino complexo.

A formação escolar deve possibilitar aos alunos condições para o

desenvolvimento de competências e consciência profissional futura dos

educandos. E possibilitar ao ensino, habilidades demandadas pelo mercado de

trabalho.

Pois a pós-modernidade, não é apenas uma mudança ideológica, politica

ou até mesmo a quebra de paradigmas dentro de uma sociedade

transformadora. Pois a escola deve ser um local privilegiado de encontro, de

questionamento, de construção e transformação do conhecimento.

Conhecimento não são nos livros, mas nas experiências de cada um.

Encontro não são de saberes, mas principalmente de pessoas, nas suas

diversidades e nas suas riquezas pessoais e culturais Um contato amoroso

entre seres que preenchem a vida.

De acordo com o paragrafo anterior, a escola deve garantir um ambiente

de troca de saberes. As instruções conteudistas são necessários, porém

desenvolver pensadores críticos e questionadores diante de novos tempos é

preciso. Pois novas ideias devem ser cultivadas, que formem cidadãos capazes

de lidar com diferentes pontos de vista e ampliar as múltiplas e infinitas

diversidade do saber.

As professoras Hermínia e Verediana Martins, juntas publicaram na Web

artigos (2008), no Espaço Escolar sobre a psicopedagogia, ela nos auxilia

nesta organização, trazendo elementos terapêuticos que podem e devem ser

empregados pelo professor na sala de aula como meio de prevenção. Este

ambiente de caráter preventivo se torna um espaço lúdico que socializa os

alunos e aproxima o adulto da criança, adulto este, que na figura do professor

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faz o papel de mediador na sala de aula, sempre orientando e desfiando o

aluno a cada vez mais alcançar metas e vencer as dificuldades.

3.2.1. A escola e seu efeito no desempenho de seus alunos

Quando falamos da escola e seu efeito no desempenho de seus alunos,

logo enquadramos nesta linha de pensamento a “avaliação da aprendizagem”.

Tal avaliação deve seguir um parâmetro de pedagogia construtiva, e não uma

visão construtivista. Mas com a pedagogia da construção que leva em

consideração o movimento do ser humano. Luckesi (2002), o ato amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua

verdade (como ele é). Assim, manifesta-se o ato amoroso consigo mesmo e

com os outros. Segundo Luckesi, o ato amoroso envolve suporte, visão do

sujeito no sentido pleno, de acordo com a sua necessidade e descobertas. Pois

o ser humano é um ser em desenvolvimento. O que para o autor tal

desenvolvimento perpassa por dois princípios: Formativo e organizativo. Formativo, eixo que conduz a autonomia e construção do pensamento.

Organizativo, por que o sujeito não se transforma sozinho, ele precisa sentir-se

estimulado para assimilar e tornar significativo o que desenvolveu durante o

pensamento construtivo. A conduta da escola é sentir incomodado com aquilo que ela faz, com a

sua conduta. É isto que vai levá-la a mudar e trilhar novos caminhos. Para isto

é necessário o planejamento, ainda Luckesi diz: “o planejamento é um ato

consciente, este é um ato de ação e decisão”. O Projeto Politico Pedagógico é

necessário para nortear o caminho pedagógico traçado ao longo do processo

educacional.

Porém ela terá efeito se o seu olhar estiver direcionado ao tipo de

clientela social e local. Seus parâmetros curriculares deverão contextualizar

com a realidade do aluno e qual o objetivo deverá alcançar na construção do

conhecimento do sujeito. “A atividade de planejar, como um modo de

dimensionar politica, cientifica e tecnicamente a atividade escolar, deve ser

resultado da contribuição de todos aqueles que compõem o corpo profissional

da escola”. (Luckesi, 2002. P.115).

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A Lei do Estatuto da Criança e do Adolescente deixa bem claro sobre as

responsabilidades afins: Artigo 227: “É dever da família, da sociedade e do

Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito

à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de negligencia,

discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

A escola pós-moderna, deve direcionar o seu planejamento no sentido

amplo, visando atividades culturais, envolver os pais no processo de ensino,

ajudando-os a descobrir como em casa podem atuar para que seus filhos

aprendam melhor. Para isso, a escola compreende de fato o seu papel, dar ao

aluno plenas condições de inseri-lo ao meio social. É preciso atentar-se para a

evolução do mundo e orientar o estudante para a vida.

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CONCLUSÃO

A partir das pesquisas e consultas bibliográficas, trabalhos realizados em

artigos e entre outros, foi possível neste trabalho monográfico, conhecer o

papel fundamental do psicopedagogo na Instituição de Ensino. Identificar e

importância da intervenção psicopedagógico no ambiente educacional e definir

a influência da família no vinculo existente entre aluno e escola.

Fica evidente que o papel do Psicopedagogo é importante no âmbito

educacional de assessorar as escolas e desenvolver um trabalho em parceria

com os profissionais da área de educação, através da intervenção

psicopedagógico, direcionando o corpo docente a criarem uma melhor

metodologia de ensino e quais as ferramentas que ele deve instrumentalizar o

ensino.

À medida que a metodologia se modifica, o professor e aluno também

precisam avaliar as suas relações intrapessoais. De modo que ambos

estabeleçam vínculos de afetividade, respeito e ética na construção do

pensamento por meio da intervenção psicopedagógico. Pois o papel da escola

é buscar parceria com a família, para juntos numa sintonia comum atuarem de

forma significativa no desenvolvimento do aluno junto no processo de ensino e

aprendizagem.

Vygotsky (1989) diz que: “a aprendizagem da criança antecede a entrada

na escola e que o aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento

infantil, evidenciando as relações interpessoais”. De fato, a criança estabelece

os primeiros vínculos no seio de sua família. Lá este “ser” em desenvolvimento,

molda suas primeiras características, maneiras de agir de acordo com o seu

modo de pensar.

Tendo em vista o olhar psicopedagógico, este profissional deve se atentar

nos aspectos internos e externos: o interno seria observar como a criança estar

no contexto escolar e o externo, tentar sondar como ela se relaciona fora de

sala.

É como ilustríssimo educador Paulo Freire diz: “o bom professor é o que

consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu

pensamento...”. O fazer psicopedagógico deve ser assim, no movimento de

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sondagem, este deve transferir segurança ao aluno, de modo que este possa

sentir-se seguro na parceria do seu desenvolvimento.

Da mesma forma Porto (2009), comenta que, na escola a investigação e a

ação psicopedagogica tem o foco a prevenção das dificuldades de

aprendizagem. Tal prevenção consiste buscar um vínculo sadio dentro do

espaço educativo. Através desta ação e neste mesmo foco a psicopedagogia

institucional exerce uma função integradora no corpo educacional.

A ação do psicopedagogo não atribui somente ao espaço físico onde o

mesmo irá atuar. Mas este representa o melhor caminho para enfrentar os

desafios que interferem o processo de ensino e aprendizagem.

Em síntese, o processo educacional pode ser compreendido em duplo

parâmetro. Primeiramente, quando ela é bem administrada democraticamente,

proporciona o discernimento dos conhecimentos, a autonomia, a interação

social e a educação. Inserindo os indivíduos na sociedade de maneira

verdadeira, adequada, consciente e igualitária.

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por Sanzia Almeida. Publicado 19/10/2009.