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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM DIÁLOGO ENTRE AFETIVIDADE E PROFISSIONALISMO Por: Liliam Rangel de Assis Orientadora Profª. Flavia Cavalcanti Rio de Janeiro 2009

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …No Brasil, vários educadores se destacaram após a divulgação do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. Os que se destacaram foram

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM DIÁLOGO ENTRE

AFETIVIDADE E PROFISSIONALISMO

Por: Liliam Rangel de Assis

Orientadora

Profª. Flavia Cavalcanti

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM DIÁLOGO ENTRE

AFETIVIDADE E PROFISSIONALISMO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Liliam Rangel de Assis

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, porque as suas

misericórdias não têm fim; renovam-se

cada manhã. Aos meus amigos pelo

carinho, apoio e compreensão.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu pai Geraldo (in

memorian), a minha mãe Carmelita (in

memorian) e a minha irmã Carmen Lucia

(in memorian), por me ensinarem que

amar é não esperar o amanhã. O amanhã

pode não existir.

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RESUMO

O trabalho tem como fundamento valorizar o profissional de ensino do século

XXI apresentando parte da trajetória da educação no Brasil, seus maiores

educadores e as influências recebidas durante todos esses anos, até os dias

atuais. Também traz algumas reflexões sobre a afetividade e o

profissionalismo mostrando através de pesquisa que para educar é preciso

conhecimento científico, mas sem afetividade a prática educativa se transforma

em transferência de conteúdos. Por sua vez, afetividade não é sinônimo de

sacrifício ou de um amor sem sentido, piegas, ou permissivo. Assim, o

equilíbrio dessa relação tão difícil entre o professor e o aluno exige preparo

técnico e equilíbrio emocional. O professor precisa ter o desejo de melhorar

sempre e esse desejo deve impulsioná-lo a buscar ajuda quando necessário,

buscar formação e informação sobre determinados assuntos, para que a sua

prática pedagógica seja alterada sempre que for preciso. Traz exemplos de

bons professores que no afã de melhorar a sua prática em sala de aula

obtiveram resultados positivos dos alunos, satisfação pessoal e

reconhecimento profissional. Nessa busca por conhecimentos, os professores

contam com a ajuda dos cursos de psicopedagogia, por ser esta uma área que

tem contribuído bastante com estudos e pesquisas relacionadas ao

desenvolvimento da aprendizagem do indivíduo. A psicopedagogia trouxe para

educação brasileira um olhar mais significativo para a aprendizagem e para as

possíveis dificuldades que possam ocorrer durante esse processo. Além disso,

através de um trabalho de prevenção e de intervenção o psicopedagogo é

capaz de identificar as dificuldades e os problemas e propor mudanças em prol

da melhoria do processo de desenvolvimento cognitivo do indivíduo.

PALAVRAS-CHAVE: afetividade, profissionalismo, formação docente,

psicopedagogia.

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METODOLOGIA

Este trabalho de conclusão de curso baseia-se na investigação e para tanto, foi

realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e bibliográfica. Foi

utilizada uma linha de pesquisa sobre as características da educação no

século XXI e a formação dos profissionais da educação: responsabilidade

social, cidadania, ética profissional e relações intra e interpessoais. Após

coleta de dados a pesquisa foi realizada através da leitura de diversos livros,

de textos da internet e de periódicos especializados sobre o assunto. O

trabalho teve como base os autores FREIRE (1996) e MOYSÉS (1994). A

pesquisa também contou com a observação das práticas pedagógicas de

alguns professores. Essas observações foram bastante produtivas, pois

mostraram os erros e os acertos de alguns profissionais da educação.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – Breve Histórico sobre a Educação no Brasil 11

CAPÍTULO II – Reflexões sobre Afetividade e Profissionalismo 20

2.1 – A afetividade no processo de ensino-aprendizagem 21 2.2 – Profissionalismo necessário 27 CAPÍTULO III – Bons Exemplos para a Educação 34

CAPÍTULO IV – A Importância da Psicopedagogia 37 4.1 – A psicopedagogia na relação professor-aluno 39 4.2 – A psicopedagogia e a família 40 4.3 – A psicopedagogia e a formação docente 41 CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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INTRODUÇÃO

É notória e necessária a mudança de perfil do professor no século XXI.

Pode-se constatar que a sociedade encontra-se degradada, pois a família que

é a geradora dessa sociedade, não se encontra preparada para lidar com os

desafios que surgem a cada dia. Mais uma vez, a escola é desafiada a intervir

de forma marcante e positiva nessa sociedade.

O fato de não existirem investimentos consistentes e contínuos na

educação, não exime a responsabilidade da escola, do educador e da

sociedade. Inúmeros professores mostram-se insatisfeitos com os resultados

obtidos no desenvolvimento de seu trabalho em sala de aula.

Essa insatisfação deve ser a mola propulsora para que o professor

identifique suas reais necessidades, entenda sua responsabilidade e busque

conhecimento científico e capacitação profissional para enfrentar o problema

de maneira inteligente e capaz.

O magistério, como em qualquer profissão, exige preparação,

investimento e dedicação constante. Dessa forma, o magistério não pode ser

encarado como um trabalho missionário e a relação professor-aluno não se

baseia apenas em amor incondicional ou sacrifícios e sofrimentos. Pelo

contrário, a base da função docente deve ser o profissionalismo, o

comprometimento e o amor pela profissão escolhida.

Segundo FREIRE (1996), o ato de cozinhar e de velejar exige

conhecimentos técnicos, habilidades específicas, domínio de algumas práticas

e desenvoltura para enfrentar eventuais transtornos da profissão. Essa

reflexão também deve fazer parte da relação teoria e prática no magistério.

Segundo MOYSÉS (1994), é de extrema importância que o bom

professor tenha compromisso político, que não compactue com o fracasso

escolar, que lute por uma escola de melhor qualidade, que reconheça o valor

pessoal e social de seus alunos e, sobretudo, que contribua para que esses

alunos usem o saber adquirido em defesa de uma vida mais humana e mais

digna.

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O bom professor deve ser o responsável pela formação de seus alunos,

deve possuir embasamento teórico necessário ao desenvolvimento do seu

trabalho, deve ter o foco no aluno, ou seja, na formação desse cidadão sem,

contudo, esquecer de si e de suas necessidades básicas para ter uma vida

saudável e equilibrada. Exigências pertinentes a qualquer profissão.

Há evidências de que o magistério é uma das profissões mais

importantes do século XXI. Um indivíduo pode viver por diversos anos sem ir

ao médico, ao dentista, mas não conseguirá viver sem um professor que lhe

apresente novas oportunidades.

Este trabalho tem por objetivo demonstrar que o papel do educador é de

fundamental importância na construção de uma sociedade mais justa.

Para o desenvolvimento do trabalho de conclusão foi realizada uma

pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo bibliográfica. O trabalho está

dividido em 4 capítulos. O primeiro capítulo apresenta um breve histórico sobre

a educação no Brasil, o segundo capítulo apresenta uma reflexão sobre

afetividade e profissionalismo na relação professor-aluno, o terceiro capítulo

busca apresentar exemplos bem sucedidos de professores que atuam no

magistério e o quarto capítulo apresenta a importância da psicopedagogia na

formação docente.

Como fundamentação teórica, a pesquisa baseia-se em FREIRE (1996)

que em toda a sua obra sinaliza que o educador deve estar preparado para os

novos desafios e que, portanto, esse educador precisa adquirir determinados

saberes que são essenciais à prática educativa. O educador precisa entender

definitivamente que ensinar não é simplesmente transferir conhecimentos ou

conteúdos. A troca de conhecimentos e experiências é primordial e

fundamental na relação professor-aluno. MOYSÉS (1994), afirma que ainda

hoje há quem pense que o magistério sobreviva com improvisação e

amadorismo. No entanto, o magistério exige preparação especializada e

formação sólida. Dessa forma, um professor bem preparado será capaz de

construir uma relação alicerçada no amor, na compreensão e no respeito às

diferenças.

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Sendo assim, o trabalho tem como objetivo apresentar que o magistério

é uma das profissões mais importantes do presente século e que, no momento

em que o professor entende o seu papel, sua responsabilidade na formação de

novos cidadãos, ele percebe que a mesma dedicação do cozinheiro, do

médico, do velejador ou do engenheiro, deve ser a mesma aplicada em sua

profissão – o magistério. Os profissionais acima citados, estudam, pesquisam,

buscam novas tecnologias, interagem com outros profissionais, aperfeiçoam

seus conhecimentos. Essa busca por conhecimento e aperfeiçoamento técnico

também precisa permear o magistério a fim de que o professor enfrente os

problemas apresentados em sala de aula, alterando, caso haja necessidade a

sua prática pedagógica e a sua relação com os alunos.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO NO BRASIL

No sentido de iniciar as reflexões faz-se necessário um breve

comentário sobre a história da educação no Brasil. Quando a economia

mundial deixou de ser artesanal e passou a ser industrial surgiu à necessidade

de se criar uma instituição que se responsabilizasse pela educação, pois a

mesma ocorria do seio familiar.

No século passado, sob a influência da Revolução Francesa, nasce o movimento pela escola pública liberal, que tem em Rui Barbosa o seu maior representante. Rui Barbosa propunha a adoção do modelo norte-americano para a educação brasileira. A Revolução Francesa defendia uma escola pública nacional, leiga, gratuita, obrigatória e para todos, isto é, universal. (GADOTTI, 2004, p. 59)

Como pode ser observado, somente em 1901 aconteceu a primeira

formação de professores em nível superior, no Brasil. Isso ficou sob a

responsabilidade da Ordem dos Beneditinos, em São Paulo. Apenas na

década de vinte, devido às mudanças no modelo econômico e nas classes

sociais, os problemas educacionais foram alterados, pois sofriam grandes

influências dos novos ideais pedagógicos.

No Brasil, vários educadores se destacaram após a divulgação do

Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. Os que se destacaram

foram Lourenço Filho (1897-1970), Anísio Teixeira (1900-1971), Fernando de

Azevedo (1894-1974) e a poetisa Cecília Meireles (1901-1964). Grandes

humanistas e nomes importantes na história da educação brasileira.

Sob a influência de John Dewey e dos novos ideais pedagógicos, Anísio

Teixeira propõe reformas na capacitação dos professores, elevando os cursos

superiores por iniciativa do poder público. A Escola de Professores do Instituto

de Educação do Rio de Janeiro, fundada em 1932, se incorporou à

Universidade do Distrito Federal e foi precursora na formação de professores

para todos os níveis.

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A Lei 4024/61 que apresentava inspiração liberalista foi substituída pelas

leis nº 5692/71 com tendência tecnicista e que regulamentava o 1º e 2º graus e

a Lei 5540/68 que validava a Reforma Universitária. As duas estavam

preocupadas apenas com o aprimoramento técnico, a eficiência e a

produtividade.

Atualmente, a Lei 9394/96 estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional e norteia em todas as instâncias do país a tomada de decisões

referentes aos processos educacionais. A Lei 8069/90 dispõe sobre o Estatuto

da Criança e do Adolescente e traz novas implicações nas relações

estado/família/escola/professor/aluno. Os Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) orientam a educação no Brasil e estão separados por disciplinas.

Recentemente, o governo federal aprovou o Plano Nacional de

Educação (PNE) que tem como objetivos e prioridades elevar o nível de

escolaridade da população, melhorar a qualidade do ensino em todos os

níveis, reduzir as desigualdades sociais e regionais e democratizar a gestão do

ensino público.

No século XX, a educação no Brasil recebeu influências de grandes

pensadores e também apresentou ao mundo, educadores que trabalharam

arduamente na construção e na busca de novos caminhos para a nossa

educação, ou seja, escreveram a nossa história.

Anísio Teixeira (1900-1971) propôs medidas para democratizar o

ensino. Para Teixeira (2008), a educação está em constante mudança e é

reconstruída a cada dia. Por isso, criou novos cursos de capacitação para

professores, pois na escola os alunos não se interessam apenas em aprender

os conteúdos simples, mas também em saber sobre as últimas contribuições

científicas e culturais. Anísio Teixeira influenciou Darcy Ribeiro (1922-1997) e

Florestan Fernandes (1920-1995).

Florestan Fernandes (1920-1995) foi um dos mais influentes sociólogos

brasileiros e lutou por uma educação igual para todos. Para Fernandes (2008),

as elites brasileiras do século XX queriam controlar a educação para manter a

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população alienada e longe das decisões políticas. Florestan Fernandes

elegeu-se deputado federal em 1986 e 1990 e, dessa forma, lutou

politicamente pela manutenção e ampliação do ensino público.

Paulo Freire (1921-1997) o maior educador brasileiro, defendia como

objetivo da escola, formar cidadãos, ensinar o aluno a ler o mundo e dessa

forma, transformá-lo. No ano de 1963, em Angicos (RN), Freire (2008)

alfabetizou 300 pessoas em um mês. Coordenou o Plano Nacional de

Alfabetização, criando dessa forma, o método Paulo Freire de alfabetização.

Exilou-se do país e em 1968, no Chile, escreveu o livro Pedagogia do

Oprimido, traduzido em diversos idiomas e o mais conhecido de todas as suas

obras. Organizou planos de alfabetização em países africanos e lecionou nos

EUA e na Suíça. De volta ao Brasil integrou-se à vida universitária, filiou-se ao

Partido dos Trabalhadores (PT) e foi secretário municipal de educação de São

Paulo. Por fim, foi nomeado doutor honoris causa em 28 universidades de

vários países. Suas obras foram traduzidas em mais de 20 idiomas. Paulo

Freire foi, certamente, o mais célebre dos educadores brasileiros.

A galeria dos pensadores que mais contribuíram e influenciaram na

construção da educação no Brasil é extensa. Cabe o registro de que,

atualmente, essas contribuições servem de base para o desenvolvimento da

prática educativa dos novos educadores. De acordo com a Revista Nova

Escola (2008), são eles:

ü Comte (1798-1857) – fundador do positivismo que influenciou o

Brasil e que tem como um dos fundamentos a ideia de que tudo

que se refere ao saber humano pode ser sistematizado.

ü Dewey (1852-1952) – conforme citado acima, defendia a

liberdade de pensamento para o desenvolvimento emocional das

crianças. Para Dewey (2008), o professor deve apresentar os

conteúdos em forma de problemas, sem antecipar as soluções.

ü Durkheim (1858-1917) – o professor tem a função de formar

cidadãos capazes de contribuir com a harmonia social.

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ü Decroly (1871-1932) – a criança apreende o mundo. Decroly

influenciou Célestine Freinet.

ü Wallon (1879-1962) – apresenta a criança como um todo, com

seu corpo e suas emoções. Valorizou a afetividade (emoções)

como sendo essencial para o desenvolvimento do indivíduo.

Qualquer que seja a emoção, ela deve ser valorizada: a raiva, a

alegria, o medo, a tristeza.

ü Gramsci (1891-1937) – atribuiu à escola a função de promover a

cidadania e o acesso à cultura. Teve grande influência no Brasil

nos anos 1970 e 1980.

ü Vygotsky (1896-1934) – o educador mais estudado pela

pedagogia contemporânea e seu pensamento originou a corrente

pedagógica chamada de sociointeracionismo ou

socioconstrutivismo. Afirmava que as relações sociais são

primordiais para o desenvolvimento intelectual da criança.

ü Freinet (1896-1966) – criou um projeto de escola popular,

moderna e democrática. Aulas-passeio, cantinhos temáticos,

jornal de classe, são algumas técnicas desenvolvidas por Freinet.

ü Piaget (1896-1980) – mostrou que as crianças não pensam como

os adultos e que elas constroem o próprio aprendizado

respeitando os estágios de desenvolvimento. Sensório-motor (0 a

2 anos), Pré-operacional (2 a 7 anos), Operatório Concreto (7 a

12 anos). Por volta dos 12 anos inicia-se o estágio das

Operações Formais.

ü Stenhouse (1926-1982) – mostra que o professor precisa

transformar a sala de aula em laboratório de experimentações e

utilizar estratégias diversificadas para que a aprendizagem da

turma seja garantida. Defendia a utilização da pesquisa por parte

do professor em prol de melhores resultados.

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Para Stenhouse (2008), o professor aprende enquanto ensina. Ele não

pode se comportar como autoridade e dono do saber. O professor pode

manter a autoridade, a liderança e a responsabilidade, sem, contudo, portar-se

como o “todo poderoso” em sala de aula. Uma de suas maiores preocupações

e de grande relevância é o direito do aluno ao saber, a conexão dos conteúdos

escolares com o conhecimento de mundo e a importância do diálogo como

método pedagógico.

Hoje, o professor precisa de algumas competências para ensinar, entre

essas competências estão incluídas uma postura reflexiva, a capacidade de

analisar a própria prática e a partir dessa análise efetuar ajustes e melhorias

no trabalho de sala de aula.

ü Foucault (1929-1984) – filósofo francês criticou a instituição

escolar e a comparou a prisões, quartéis, hospitais, ou seja, são

instituições que roubam o indivíduo da família por determinado

período para moldar suas condutas e comportamentos. Afirmou

que a disciplina é uma forma de adestrar e dominar o indivíduo.

ü Bourdieu (1930-2002) – sociólogo francês que passou a ser

observado quando se mostrou contrário a mídia, aos governos e

a globalização. Para Bourdieu (2008), a escola reproduz e reforça

as desigualdades sociais entre os alunos. O aluno mesmo que de

maneira inconsciente, incorpora a estrutura social que lhe é

transmitida. A escola não transforma a sociedade.

ü Morin (1921) – elaborou a pedido da Organização das Nações

Unidas uma relação de temas que não poderiam faltar para o

cidadão do século 21. Assim surge o texto Os Sete Saberes

Necessários à Educação do Futuro (1º estudo do conhecimento,

2º relevância dos conteúdos, 3º estudo da condição humana, 4º

ensinar a identidade terrena, abordando as relações humanas de

maneira global, 5º enfrentamento das incertezas, 6º aprendizado

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da compreensão, uma reforma da mentalidade para superar

males como o racismo, 7º ética global).

ü Gardner (1943) – psicólogo que causou grande impacto na área

educacional com sua teoria das inteligências múltiplas, pois

afirmou que o indivíduo possui várias aptidões intelectuais, além

do raciocínio lógico-matemático. Apresentou os sete tipos de

inteligência: lógico-matemática, linguística, espacial, físico-

cisnestésica, interpessoal, intrapessoal e musical.

No Brasil, muitas escolas se esforçaram para que através do trabalho de

Gardner (2008) se desenvolvesse uma visão completa do indivíduo. Dessa

forma, o professor valoriza a diversidade e a multiplicidade na sala de aula. O

indivíduo se desenvolve de acordo com a educação que recebe e as

oportunidades que lhes são apresentadas.

ü Ferreiro – psicolinguista argentina, revolucionou o processo de

alfabetização no Brasil. Seus estudos impactaram a educação

brasileira após a divulgação de suas obras em meados dos anos

1980. A área de alfabetização e todo o processo sofreram

influências significativas que podem ser observadas nos

Parâmetros Curriculares Nacionais.

Na obra Psicogênese da Língua Escrita, Ferreiro (1984) não apresenta

nenhum método pedagógico, mas revela os processos de aprendizado da

criança. O nome de Emilia Ferreiro está relacionado ao construtivismo, campo

de estudo que foi inaugurado por Piaget (1896-1980). A investigação desses

educadores se baseia em entender e compreender de que modo a criança

aprende.

De acordo com a teoria de Ferreiro (2008), toda criança passa por

determinadas etapas até que esteja alfabetizada.

- Pré-silábica – a criança não relaciona a letra com os sons.

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- Silábica – interpreta a letra a sua maneira e atribui valor de

sílaba a cada letra.

- Silábico-alfabética – começa a identificar algumas sílabas, mas

mistura as duas etapas.

- Alfabética – domina o valor das letras e sílabas.

Ferreiro (2008) propõe que a sala de aula se transforme em um

ambiente alfabetizador. Estimula a utilização de textos variados para que o

aluno se familiarize e entenda qual a função da escrita. O termo construtivismo

começou a ser utilizado no Brasil da década de 1980. O construtivismo afirma

que o aluno não aprende em partes e que, portanto, o professor precisa estar

atento ao que cada aluno já sabe, para fazer com que avance.

Foram grandes as influências recebidas durante todo o século XX.

Atualmente, é possível afirmar que os estudos feitos no passado continuam

sendo a base para o desenvolvimento do trabalho pedagógico dos educadores

no Brasil.

Infelizmente, alguns educadores teimam em utilizar técnicas tradicionais

e ultrapassadas em sala de aula. Esquecem que seus alunos e alunas já não

são mais as mesmas crianças do passado e nem poderiam ser, pois tudo está

em constante mudança.

Com o magistério não pode ser diferente, pois ele é responsável por

preparar pessoas que sejam capazes de inovar no mundo. O educador deve

entender os conceitos, os pensamentos e as contribuições do passado e

adaptá-los aos dias de hoje, pois certamente eles se conservam bastante

atuais e não podem ser esquecidos. A educação no Brasil vem sofrendo

grandes e significativas transformações, pois sua história ainda está sendo

construída.

Por todo esse período a função docente tem sido modificada e por

vezes descaracterizada, pois alguns profissionais buscam apenas o salário

mensal, outros se preocupam apenas com os resultados das pesquisas

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realizadas pelos governos e com isso, não se incomodam com o fracasso de

seus alunos. O processo histórico da educação também não pode ser

esquecido, ou seja, a dinâmica desse processo precisa ser valorizada pelos

educadores.

Como exemplos de descaracterização da função docente têm a

burocratização do trabalho, o controle excessivo nas mãos da minoria, o

isolamento ou individualismo do professor e os riscos psicológicos que nos

dias atuais tem atormentado a muitos, resultado de frustração profissional,

pessoal e da violência escolar.

Hoje, as condições de trabalho são precárias, a violência se multiplica e

as exigências feitas aos professores se acumulam. Aqueles que deveriam

preocupar-se apenas com os conhecimentos e com todo o processo

pedagógico passam a executar tarefas que lhes são atribuídas e designadas

por terceiros que, na maioria das vezes, desconhecem as exigências e

demandas de uma sala de aula.

Atualmente, o que é visto nas escolas nada mais é que uma repetição

das aulas tradicionais do passado. O professor ainda se comporta como se

fosse um ser superior, responsável pela transmissão dos conhecimentos

necessários aos seus alunos. Essa atitude demonstra o total despreparo de

alguns professores e o resultado são aulas descontextualizadas e

desestimulantes para os alunos.

A qualificação profissional dos professores só acontecerá quando estes

conscientes de suas responsabilidades, compreenderem que os

conhecimentos que eles possuem não estão completos, sendo necessária uma

busca diária por respostas aos seus questionamentos e suas inquietações.

A educação passa por uma crise sem precedentes e algumas

estratégias são necessárias no enfretamento dos problemas que surgem

diariamente. Os alunos e os professores são os maiores prejudicados com a

falta de investimentos governamentais, do apoio da família e de profissionais

especializados.

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Sendo assim, faz-se necessário uma reflexão e apresentação de

algumas considerações relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem.

Mostrar os entraves desse processo e apresentar propostas para que todos os

envolvidos no processo conheçam seus direitos e deveres e saibam que com

uma participação comprometida e efetiva, todos serão beneficiados.

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CAPÍTULO II

REFLEXÕES SOBRE AFETIVIDADE E

PROFISSIONALISMO

A chegada do século XXI trouxe mudanças para diversas profissões e

proporcionou o surgimento de outras que não existiam. O mesmo não se pode

dizer do magistério. Alguns profissionais de ensino não estão preparados para

as demandas do novo século. Pelo contrário, ainda não se conscientizaram

que o magistério é uma profissão que precisa renovar e inovar diariamente.

Segundo GADOTTI (2009), “provavelmente no futuro poderemos viver

sem médicos e dentistas. Mas, não se pode conceber um futuro sem os

professores.”

O magistério é uma das profissões mais antigas. Mesmo quando os

educadores ainda não eram organizados em classes, o ato de educar já estava

presente na sociedade. Por intermédio dos ensinamentos, regras, códigos de

ética, leis, surge a sociedade organizada. Por várias gerações, o trabalho

educacional realizado foi determinante na construção da nossa sociedade.

No século passado, educar significava transferir conhecimentos de um

indivíduo para outro indivíduo. O que detinha o conhecimento ensinava. Não

existia troca, mas sim, transferência. Infelizmente, muitos professores ainda se

utilizam dessa metodologia com seus alunos. Os professores, educados dessa

maneira, entendem e acreditam que dessa forma consigam algum resultado.

Atualmente, é premente que no processo educacional o professor atue

como um mediador na construção do conhecimento do aluno e na sua

formação.

Segundo Freire (1996), “o professor aprende ao ensinar e o aluno

ensina ao aprender.” Esse diálogo é fundamental para que a aprendizagem

aconteça.

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Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo. Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor cadenciado de frases e de idéias inertes do que um desafiador. O intelectual memorizador, que lê horas a fio, domesticando-se ao texto temeroso de arriscar-se, fala de suas leituras quase como se estivesse recitando-as de memória – não percebe, quando realmente existe, nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no seu país, na sua cidade, no seu bairro. Repete o lido com precisão mas raramente ensaia algo pessoal. Fala bonito de dialética mas pensa mecanicistamente. Pensa errado. (FREIRE, 1996, p. 27)

A educação no Brasil sempre se caracterizou por simples repetição de

conceitos e conteúdos pré-estabelecidos. As escolas recebem os alunos e os

devolve a sociedade, preparados apenas para passarem nas provas do

vestibular. Ao buscar inserção no mercado de trabalho esses mesmos alunos

são surpreendidos com uma seleção que não exige apenas conteúdos, mas

conhecimentos e habilidades que não foram apresentados na escola.

Segundo FREIRE (1996), “ensinar exige pesquisa sobre os assuntos

que serão trabalhados, exige ética, exige reflexão crítica sobre sua prática em

sala de aula, exige respeito aos saberes do educando, exige segurança,

competência profissional e generosidade por parte do professor.”

Portanto, existem alguns fatores que são fundamentais e que auxiliam o

professor na mediação dos conhecimentos que devem ser passados aos seus

alunos. A seguir, dissertaremos sobre a afetividade e o profissionalismo.

2.1 – A afetividade no processo de ensino-aprendizagem

Ao falar sobre afetividade é possível afirmar que, nos dias atuais, é

inadmissível que um professor não mantenha uma relação de afeto com seus

alunos, que não os influencie positivamente e que não se importe com o

processo educacional e de crescimento dos mesmos. Cabe ao professor

construir uma relação de afeto, baseada no diálogo e na aceitação do outro. A

criança está em processo de formação e é responsabilidade do professor

participar ativamente desse processo, para que este indivíduo cresça com

equilíbrio emocional e psicológico.

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Segundo FREIRE (1996), “o professor amoroso, ou autoritário,

competente, ou incompetente, não passa pelos alunos sem deixar marcas.” (p.

66)

Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se pode dar. Se discrimino o menino ou menina pobre, a menina ou o menino negro, o menino índio, a menina rica; (...) não posso evidentemente escutá-las e se não as escuto não posso falar com eles, mas a eles, de cima para baixo. (FREIRE, 1996, p. 120)

A construção da auto-estima dessa criança ocorrerá no seio familiar e

no ambiente escolar. Considerando que a célula mais importante da sociedade

é a família, ela será responsável pela formação do caráter desse indivíduo. Um

ambiente familiar acolhedor, para onde a criança retorna na esperança de

receber amor, orientação e respeito.

Com relação à criança, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),

em seu artigo 4º, apresenta e define as responsabilidades de todas as

instâncias da sociedade brasileira.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Infelizmente, isso não condiz com a nossa realidade e a escola, na

maioria das vezes, não pode contar com a família. O trabalho de parceria não

existe e a responsabilidade que seria da família recai sobre a escola. Além das

responsabilidades serem transferidas para a escola o professor também se

depara com crianças que sofrem abusos de todos os tipos no seio familiar. A

escola, nesse momento, tem papel preponderante na vida dessa criança e não

pode fingir que nada está acontecendo. O professor e toda a comunidade

escolar precisa se posicionar e tomar atitudes que ajudem a mudar esta

situação. O não cumprimento desse papel configura-se como omissão.

Portanto, esses assuntos também dizem respeito ao professor, pois algumas

crianças confiam muito mais nele do que nos próprios pais.

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As novas configurações de família também trouxeram para o professor a

tarefa de educar além da escola. Como exemplos, têm famílias comandadas

somente pela mãe ou pelo pai, famílias de pais ou mães homossexuais,

famílias ampliadas com avós morando juntos, família de pais separados com

filhos dos casamentos anteriores. Enfim, o professor precisa entender e apoiar

os seus alunos para que essas mudanças não tragam inquietações e

preocupações que prejudiquem sua aprendizagem. Querendo ou não, a escola

participa desse momento.

A relação professor-aluno deve estar alicerçada no amor e na

compreensão, mas em hipótese nenhuma isso pode transformar esse

professor em um profissional extremamente permissivo ou “piegas e meloso”

(1996, p. 10).

A tarefa de ensinar é uma tarefa profissional que, no entanto, exige amorosidade, criatividade, competência científica mas recusa a estreiteza cientificista, que exige a capacidade de brigar pela liberdade sem a qual a própria tarefa fenece. (FREIRE, 1993, p.10)

As relações humanas são fundamentais no processo educativo. Ensinar

exige relacionar-se. A afetividade deve ser a base na construção dessa relação

professor-aluno. Muitos educadores acreditam que afetividade significa

sacrifício, dor e permissividade. Amar não é sinônimo apenas de doação e

abnegação, mas também de troca de afetos, respeito mútuo e correção para o

bem do indivíduo.

O bom educador saberá que para se construir boas relações será

preciso escutar seus alunos, observar suas atitudes, respeitar suas limitações,

se sensibilizar com as suas dores e acreditar nas suas potencialidades. Sem

isso, a relação será quebrada e a comunicação não acontecerá.

É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógica-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica. (FREIRE, 1996, p. 120)

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Segundo GADOTTI (2009), “o abraço é mais importante que o amor,

pois o abraço representa o companheirismo. Ser companheiro é estar lado a

lado com o outro.”

As relações de afeto exigem respeito mútuo, comprometimento e

compreensão. O professor que procede dessa maneira torna-se mais criativo,

alegre e saudável. A falta de um relacionamento consistente e equilibrado

entre o professor e seus alunos causa desconforto, irritabilidade e instabilidade

e o resultado disso tudo é um profissional estressado, ou seja, um professor

doente. Esse desequilíbrio emocional compromete não só a vida do professor,

como também a de seus alunos.

O aumento da violência nas escolas que é fruto de uma sociedade

degrada tem ocasionado verdadeiros transtornos à escola, pois esse

comportamento é refletido nas brigas constantes entre os alunos e nos atos

violentos contra os professores. Não existe ninguém que esteja isento ou livre

de sofrimentos ou que não seja afetado pela violência. A alienação e omissão

não são as melhores atitudes da escola, pois ela participa da construção dessa

sociedade.

Hoje, muitos professores sofrem com doenças emocionais, psicológicas

ou psiquiátricas e alguns não procuram ajuda de um profissional, apenas

faltam demasiadamente ao trabalho, ou se licenciam. Isso compromete e

prejudica a aprendizagem dos alunos, pois o professor não soluciona o

problema, mas apenas prolonga o sofrimento. Para que este problema seja

resolvido e o professor tenha satisfação profissional é preciso que ele se

conscientize que está doente e que precisa de tratamento. Qualquer

profissional que sofra por algum motivo deve buscar ajuda qualificada.

A falta de investimentos governamentais em educação pode ser

observada na desqualificação de alguns profissionais de ensino, no

sucateamento das escolas, com instalações precárias e sem infraestrutura.

Outro fator prejudicial são os baixos salários dos professores que ridicularizam

a função, desmotivando qualquer indivíduo que queira seguir a carreira do

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magistério. A educação depende basicamente de um trabalho contínuo, sem

interrupções.

Hoje, mais do nunca, fica claro que os governos não investem em

educação, por saberem que esta atitude trará mudanças para o futuro político

do país. Porém, não podemos admitir que sejam apenas esses fatores os

responsáveis pelo despreparo dos professores.

De acordo com a Revista Nova Escola (2008), algumas medidas podem

ser tomadas a fim de solucionar determinados problemas e proporcionar um

salto qualitativo da educação no Brasil. Essas mudanças também promoverão

bem estar à vida do professor. São elas: gestão, formação, organização do

tempo, trabalho em equipe, relacionamento com os alunos, infraestrutura,

currículo e valorização social.

Em uma gestão democrática e participativa o professor sente que as

condições de trabalho na escola podem mudar, as informações circulam e

todos se ajudam mutuamente. Os diretores e a equipe técnico-pedagógica

auxiliam o professor no acompanhamento de sua prática pedagógica em sala

de aula.

Organizar o tempo é tarefa do professor e ele precisa planejar com

antecedência suas aulas, de tal forma, que sobre tempo para estudar e para se

divertir. Vida social e formação são muito importantes, pois a primeira renova

sua vida pessoal e a segunda renova sua vida profissional.

Trabalhar em equipe representa o momento da troca de experiências.

Essa troca é bastante produtiva, pois nessa hora um professor apresenta

novas ideias e novos materiais e o outro relata algum fato ocorrido em sala de

aula. Esse momento também pode ser de desabafo para aliviar as tensões do

dia-a-dia. O importante é que ao final dessas reuniões novas possibilidades e

alternativas surjam para o enfrentamento dos problemas.

O relacionamento com os alunos é outro fator causador de estresse

para o professor e essa relação pode melhorar a partir do momento que o

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assunto for tratado de maneira clara na escola. Discutir o assunto com os

alunos e explicar por que existem regras que precisam ser respeitadas, traz

bons resultados.

Um currículo bem elaborado é condição para o bom desempenho do

professor em sala de aula. Quando o caminho é delimitado fica mais fácil

escolher quais meios serão utilizados para atingir o objetivo pré-determinado.

Ao apresentar um currículo abrangente e que contemple as necessidades dos

alunos, o interesse será maior principalmente se for trabalhado de maneira

transdisciplinar, ou seja, as disciplinas se integram sem que as diferenças

entre elas sejam observadas.

A infraestrutura e a valorização social promovem satisfação ao

professor, pois em um ambiente propício para desenvolver seu trabalho e o

reconhecimento profissional, certamente ele se sentirá satisfeito em estar

naquele lugar.

Não podemos admitir, porém, que sejam apenas tais fatores os que respondem pelo despreparo dos professores. Há falhas na sua formação que não podem ser esquecidas. Os movimentos organizados que hoje se fazem presentes em todo o Brasil em torno da questão da formação do educador dão testemunho não só das falhas a que nos referimos, como também das soluções que estão sendo procuradas, quer no plano pedagógico, quer no político institucional. (MOYSÉS, 1994, p. 19)

Essas medidas devem ser aplicadas e colocadas em prática em

parcerias entre as secretarias de educação, as instituições escolares e os

educadores que buscam a melhoria de seu trabalho.

A família também é peça importante nessa engrenagem que é a

educação e deve contribuir positivamente para que a relação escola-aluno-

família se fortaleça.

Cabe informar, que a escola ainda é uma das únicas instituições

valorizadas e respeitadas pelas famílias, principalmente pelas famílias de

comunidades carentes. Essas pessoas, que na maioria das vezes vivem na

ilegalidade, encontram na escola a representação da legalidade na

comunidade local.

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Infelizmente, muitas famílias não conseguem entender que a educação

traz resultados em longo prazo. Talvez, pelo fato do próprio país não valorizar

a educação e não oferecer oportunidades aos membros dessas comunidades.

Quando essas três instituições, Estado, escola e família se relacionarem

harmoniosamente em busca de uma educação de qualidade, certamente, toda

a sociedade será beneficiada.

2. 2 – Profissionalismo necessário

De acordo com MOYSÉS (1994), “em função da humilhação que o

magistério vem sofrendo, os profissionais de ensino tem se mostrado mal-

preparados, desmotivados e descompromissados com a educação.” A

formação continuada pode não ser a única opção para a profissionalização do

professor, mas ainda é o caminho que permite melhorar o nível de

conhecimento científico dos professores.

Tradicionalmente o magistério tem se baseado em improvisações. O

educador que não respeita seus alunos, não se prepara previamente para

estar em sala de aula. Por diversas vezes, ele não sabe nem o conteúdo que

será aplicado no dia. O professor que acha que já aprendeu de tudo e não

precisa mais estudar, comete um erro gravíssimo. Os intelectuais, detentores

do saber que almejam transferir conteúdos aos seus alunos, não sobrevivem

mais nessa sociedade.

Em um mundo globalizado, o professor que não lê criticamente, que

não dialoga e não pesquisa sobre os diversos assuntos a serem abordados,

não conseguirá acompanhar o desenvolvimento de seus alunos.

Há quem pense que o magistério é algo que se improvise; no entanto, é uma atividade profissional que exige preparo especializado para atingir bons resultados. Requer formação com sólidas bases teóricas. Exige, por outro lado, que se conheça a realidade na qual e sobre a qual atua. (MOYSÉS, 1994, p.15)

Atualmente, o professor deve entender que a internet e toda a

tecnologia existente têm a capacidade de apresentar diariamente novas

informações e conhecimentos aos seus alunos. Independe se ele mora em

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uma comunidade carente ou mora nos bairros nobres da cidade. Quando a

casa onde o aluno mora não possui acesso à internet, ele busca esse acesso

nas LAN Houses1. Quanto mais os alunos interagem com os objetos do mundo

virtual, mais as suas possibilidades são ampliadas. Para que o professor

conheça o processo de ensino aprendizagem e entenda como ele ocorre, é

preciso que ele disponha de diversos conhecimentos.

Alguns professores, ainda hoje, acreditam que seus alunos não sabem e

não se interessam por nada. Por vezes, esses mesmos educadores são

surpreendidos por questionamentos inimagináveis feitos pela turma e por

estarem totalmente desatualizados, desconhecem o assunto.

Menosprezar os alunos e não estar preparado para entrar em sala de

aula pode ser uma armadilha que atingirá certamente o próprio professor. O

aluno sabe quando o professor não domina determinado assunto. Em

determinados momentos, quando esse mesmo professor é surpreendido por

seus alunos, ele desconversa, muda de assunto, diz que aquele não é o

momento ideal para tal pergunta. Isso demonstra insegurança e falta de

preparo.

Para ensinar é preciso dedicar-se a pesquisa, ao estudo, a favor do

educando. O importante é que o educador compreenda que sem pesquisa e

estudo não há ensino e que essa ausência degrada a educação e a reduz a

reprodução e imitação.

1O termo LAN foi extraído das letras iniciais de "Local Area Network", que quer dizer "rede local", traduzindo assim uma loja ou local de entretenimento caracterizado por ter diversos computadores de última geração conectados em rede de modo a permitir a interação de dezenas de jogadores. O conceito de LAN House foi inicialmente introduzido e difundido na Coréia em 1996, chegando ao Brasil em 1998. A tradução para o português poderia ser "casa de jogos para computador". O plural é LAN Houses. (http//www.kplus.com.br/materia) acesso em 20/06/2009.

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O livro didático pode ser uma ferramenta de auxílio ao professor. Ele

não deve ser o único objeto de ensino na aula, pois dessa forma o professor

perderá o seu significado, ou seja, a sua importância. Se o livro for mal

utilizado todo o trabalho sairá prejudicado. O professor precisa de muita

criatividade na utilização dessa ferramenta.

Para DEMO (2002), “o caminho é a biblioteca, onde é preciso munir-se

de leitura farta, para dominar posturas explicativas, entre elas escolher a mais

aceitável e a partir desta elaborar uma própria, mesmo que seja síntese.”

(p.64)

Segundo FREIRE (1996), “o professor que não se prepara

intelectualmente, não tem força moral para estar em sala de aula.” Ao agir

dessa maneira, o professor se desqualifica como pessoa, como profissional e

seus alunos não o respeitarão.

Quem educa precisa acreditar no potencial de seus alunos. O professor

deve aproveitar as experiências trazidas por eles e tentar transformá-las em

novos conhecimentos. O educador não pode subestimar seus alunos e se

superestimar, pois cada indivíduo carrega em si muitos saberes.

Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os de classes populares, chegam a ela saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos. (FREIRE, 1996, p. 30)

O professor que tem uma atitude conformista e fatalista prejudica o

desenvolvimento de seus alunos. Quando ele afirma que o aluno não sabe ou

não vai aprender, ele não resolve o problema, pelo contrário, apenas agrava a

situação de desmotivação e falta de credibilidade no processo educacional

brasileiro.

O mau educador é aquele que não se compromete com seus alunos e

ainda nega suas responsabilidades frente às necessidades da comunidade em

que está inserido. Ele culpa o governo por todas as mazelas da sociedade,

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mas não apresenta ideias inovadoras e transformadoras. Este é um educador

acomodado e o mais grave é que ele já se conformou com a situação.

Hoje, com o estudo concluído, podemos afirmar que, do nosso ponto de vista, competente é o professor que sentindo-se politicamente comprometido com seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes propiciar uma aprendizagem real e plena de sentido. Competente é o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidadão crítico e bem-informado, em condições de compreender e atuar no mundo em que vive. (MOYSÉS, 1994, p. 15)

Observa-se também na avaliação dos alunos, um verdadeiro equívoco,

pois os professores avaliam apenas os conteúdos trabalhados. Eles não

utilizam avaliações diárias e, tampouco, acompanham o desenvolvimento da

aprendizagem dos alunos. Grande parte deles colherá fracassos ao final de

mais um ano letivo. A situação se torna ainda mais grave quando esse

educador, por não se comprometer com a aprendizagem, avança esses

alunos, visto que sua única preocupação é apresentar resultados positivos nas

estatísticas elaboradas pelo governo.

Quando o professor trata seu aluno eticamente, ele respeita suas

individualidades, seus conhecimentos prévios, suas experiências pessoais. No

processo de ensino-aprendizagem uma ferramenta que pode prejudicar a

caminhada de alguns alunos, certamente, é a avaliação. Neste momento

alguns educadores se utilizam desse instrumento para atrapalhar o

desenvolvimento de determinados alunos, que normalmente são

indisciplinados, apresentando a eles provas e testes mal elaborados. Traumas

e frustrações podem ocorrer após a realização de uma avaliação equivocada.

Esse tipo de relação professor-aluno está fadado ao fracasso.

Ser avaliado é constrangedor para qualquer pessoa, por isso o educador

precisa sentir-se responsável pelos resultados obtidos por seus alunos. Esse

processo avaliativo precisa ocorrer diariamente e o aluno precisa ser informado

sobre os critérios dessa avaliação. De posse das avaliações o professor

acompanha o desenvolvimento dos alunos e aproveita para verificar se o

trabalho desenvolvido alcançou o objetivo.

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Parece com esse discurso que a responsabilidade pelo fracasso escolar

recai apenas sobre o professor, mas a falta de investimentos, o pouco

interesse das famílias e dos alunos pelos estudos, também contribuem

negativamente para o bom desenvolvimento da educação. O aluno e a família

também são responsáveis e precisam se comprometer e acompanhar todo o

processo de aprendizagem. Cada célula da sociedade tem deveres a serem

cumpridos e quando uma dessas células falha, ou seja, deixa de cumprir com

os seus compromissos, o resultado final estará prejudicado.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96), no título II, em seus artigos

2º e 3º definem os princípios e fins da educação nacional e as

responsabilidades de alguns setores da sociedade:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extra-escolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

De acordo com GADOTTI (2009), “a escola também é responsável pelo

processo de ensino aprendizagem. Ela deve preparar um ambiente educativo e

acolhedor, oferecer aos profissionais de ensino uma formação continuada e

precisa ter um Projeto Político Pedagógico de qualidade que proporcione aos

alunos acesso a diversos conhecimentos.”

Ao final de cada dia de trabalho uma auto-avaliação do professor

também se faz necessária, pois através dela e de posse dos resultados

alcançados será possível alterar as práticas pedagógicas utilizadas, até aquele

momento. Para que essa auto-avaliação produza o efeito desejado, o

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educador deve ser crítico consigo mesmo, deve acreditar no novo e deve se

despir de qualquer tipo de preconceito ou discriminação.

Ensinar exige um diálogo entre educador e educando e por diversas

vezes o processo avaliativo poderá proporcionar essa troca. O bom professor

saberá ouvir o que seu aluno tem a dizer, coisas boas ou coisas ruins e será

capaz de transformar tudo isso em novos conhecimentos.

Após avaliar todo o processo de ensino e aprendizagem o educador

lançará mão de técnicas pedagógicas mais apropriadas, buscará novidades e,

sem dúvida, saberá que todos são responsáveis pelo processo educativo. O

educador terá consciência que os resultados ruins não significam

incompetência profissional ou falta de compromisso dos alunos. Muitas vezes,

os resultados não são bons por falta de condições para realizar o trabalho

desejado.

A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, doar aos outro, tomado como paciente de seu pensar, (...). A tarefa coerente do educador que pensa certo, é exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem se comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado.(..) O pensar certo por isso é diálogo (...) (FREIRE, 1996, p. 38)

De acordo com GADOTTI (2009), “o bom professor precisa ter paixão

pelo que faz, precisa ter domínio técnico pedagógico e precisa ser ético. Ter

domínio técnico não significa apenas saber as disciplinas que serão dadas,

mas sim saber discorrer sobre os assuntos com propriedade. Para que o

educador seja ético ele precisa ser compromissado com seus alunos.”

Desta forma, se o educador consciente de suas responsabilidades não

as cumpre com seriedade, ele falta com a ética e o respeito ao educando. Com

relação à ética, o educador ao aplicar o que foi previamente elaborado, a sua

fala precisa ser coerente com suas práticas pedagógicas e com as suas

atitudes. Ao observar o professor, o aluno saberá se ele está sendo coerente.

Mesmo que o professor não concorde com isso, ele sempre será um exemplo

para determinados alunos.

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A ausência de ética pode ser observada no ambiente escolar de forma

aviltante. Os alunos possuem direitos e deveres que lhes são apresentados ao

iniciar o ano letivo da escola. No decorrer desse período esses mesmos alunos

são desrespeitados em seus direitos. Avaliações mal elaboradas, faltas do

professor sem comprovação legal, preferências por uns em detrimento de

outros, discriminações, berros e gritarias em sala de aula e nos corredores da

escola. Esses fatores prejudicam demasiadamente a aprendizagem dos

alunos. Assim, o professor recebe aquilo que dá ao seu aluno.

Segundo FREIRE (1996), “ensinar exige a corporeificação das palavras

pelo exemplo. Quem pensa certo está cansado de saber que as palavras a que

falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é

fazer certo” (p. 34).

É possível observar que em algumas instituições os maus exemplos

podem ser vistos em toda a comunidade escolar. Os gestores, os

coordenadores e toda a comunidade ridicularizam, menosprezam e se

mostram indiferentes aos problemas apresentados pelos alunos. Sem o apoio

de todos os profissionais envolvidos nesse processo o trabalho realizado não

trará resultados positivos.

Portanto, todos os participantes do processo de ensino-aprendizagem

são responsáveis pelos resultados obtidos pelos alunos. A família, a escola, o

Estado e toda a sociedade. Apesar de tantos problemas e maus exemplos é

possível observar que alguns profissionais aceitaram a tarefa e o desafio de

educar com qualidade e dedicação.

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CAPÍTULO III

BONS EXEMPLOS PARA A EDUCAÇÃO

Este capítulo tem por objetivo incentivar os professores na procura de

novos caminhos e novos direcionamentos para melhor desempenhar seu papel

perante seus alunos e a sociedade.

Para iniciar é necessário afirmar que bons professores possuem

características semelhantes e os resultados alcançados por eles são notórios,

ou seja, fazem a diferença na vida escolar de seus alunos e da instituição em

que trabalham.

O bom professor quando decide “ser professor” não escolhe a profissão

por falta de opção ou pela pouca exigência da mesma, mas o faz por ter a

certeza de que só dessa maneira se sentirá realizado enquanto profissional. O

bom professor, como em qualquer profissão, precisa amar e respeitar o que

faz.

O bom professor precisa estar preparado tecnicamente para exercer

essa função, mas só isso não basta, pois o conteúdo trabalhado precisa de

contextualização para que atinja o objetivo proposto. Outro fator importante é a

saúde desse profissional que também precisa de atenção, pois sem esse

equilíbrio físico e mental, além do professor, o aluno certamente será o maior

prejudicado e o processo de ensino-aprendizagem não acontecerá de maneira

satisfatória.

Segundo MOYSÉS (1994), “para a professora Kátia, o importante é criar

um clima de constante desafio. A base de seu trabalho é estimular o aluno a ir

sempre além do que já conhece e domina. Na turma da professora Alzira, o

lúdico tem seu espaço garantido.” (p. 92)

O bom professor deve despertar em seus alunos uma atitude crítica,

reflexiva e autônoma. Suas necessidades individuais precisam ser respeitadas

e dessa maneira, o objetivo que é formar para a cidadania, é alcançado.

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Quanto à interação professora/aluno, os dados demonstraram que ela se dá de forma intensa e calorosa. De um lado, há uma professora que respeita o aluno, acredita em sua capacidade, estimula sua autonomia e aposta em seu sucesso. De outro, há um aluno que por sentir-se amado, respeitado e acreditado, tudo faz para corresponder a isso. (MOYSÉS, 1994, p.93)

Para ser um bom professor não significa que os problemas não existam,

mas eles são enfrentados com conhecimento científico, com equilíbrio e com

determinação. O professor precisa conhecer sobre o assunto para poder tratá-

lo, ele precisa ter equilíbrio emocional para separar o profissional do pessoal e

precisa ter convicção naquilo que faz. A partir daí, o aluno desde os primeiros

dias na escola, respeitará o professor, confiará nele, nas suas palavras e nas

suas atitudes.

Observando essas palavras pode-se ter a impressão errada de que isso

nunca será possível e de que esse profissional não existe. Pelo contrário,

diversos professores no Brasil buscam soluções inteligentes no enfrentamento

de problemas que ocorrem diariamente em sala de aula. Essa busca por

soluções requer dedicação e desprendimento. Dedicação, pois o professor

deve ser incansável na pesquisa por melhores resultados e desprendimento,

pois algumas mudanças vão exigir do professor uma tomada de posição.

Muitas vezes, esse processo é doloroso, pois envolve mudança de atitude e

alguns sentimentos precisam ser colocados de lado.

De acordo com MOYSÉS (1994), “o compromisso político do professor

se expressa pela sua vontade de não compactuar com o fracasso escolar, pelo

espírito de luta por uma escola de melhor qualidade, pelo reconhecimento que

faz do valor pessoal e social de seus alunos e, sobretudo, por um profundo

desejo de contribuir para que eles possam fazer uso do saber escolar em

defesa de uma vida mais humana e mais digna.” (p.54)

Para que o trabalho do professor traga bons resultados uma parceria

entre a família e a escola deve ser almejada. Existem mecanismos que podem

e devem ser utilizados para que isso aconteça. A reunião de pais precisa ser

uma ferramenta mais bem aproveitada e a escola deve abrir as suas portas

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para a comunidade. Os responsáveis pelos alunos precisam sentir que todos

trabalham com a mesma finalidade, ou seja, o desenvolvimento desses alunos.

A escola precisa respeitar a comunidade na qual está inserida para que

a relação flua de forma produtiva, ou seja, que cada um trabalhe dentro das

suas possibilidades em busca de bons resultados e de melhorias para os

alunos.

Nessa empreitada a formação continuada é bem vinda, mas precisa ser

muito bem planejada e aplicada por profissionais capacitados que tenham

conhecimento técnico, que conheçam as necessidades dos professores e que

se interessem pela comunidade local. O diálogo entre os professores, equipe

técnica-pedagógica e equipe diretiva também pode ajudar na busca por

estratégias que melhorem a aprendizagem dos alunos.

Dessa forma, nesse contexto de formação docente a Psicopedagogia

tem sido um diferencial importante no entendimento do processo de ensino-

aprendizagem para o professor. Através de informações relevantes da área o

educador se sente mais preparado e qualificado para enfrentar os desafios e

ajudar aos alunos com dificuldades de aprendizagem.

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CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA

O que é psicopedagogia e como surgiu

Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia, a ABPP, “a

psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o

processo de aprendizagem humana.”

A psicopedagogia surgiu na Argentina, há mais de 30 anos, e chegou ao

Brasil na década de 70 onde as dificuldades de aprendizagem eram

associadas a distúrbios neurológicos. Ainda hoje, o que pode ser observado é

que a criança quando apresenta determinada dificuldade é encaminha pela

própria escola a um atendimento médico.

A psicopedagogia, por receber contribuições de algumas áreas como

Psicologia, Pedagogia, Psicanálise, surgiu da necessidade de compreender

melhor o processo de aprendizagem humana, para desmitificar o fracasso

escolar e trabalhar na linha das habilidades cognitivas.

A psicopedagogia é uma área do conhecimento que não procura os

culpados ou os responsáveis pelas dificuldades apresentadas pelo aluno, mas

busca intervir no processo de aprendizagem, interagindo com todos os

envolvidos.

Hoje, a psicopedagogia está além de uma junção entre a psicologia e a

pedagogia, ela diz respeito a uma prática e um conhecimento voltado para a

questão da relação do psiquismo com o processo da aprendizagem humana.

Nos estudos aplicados na psicopedagogia tanto a teoria de Piaget,

quanto a teoria de Vygotsky são fundamentais para compreensão e

entendimento do desenvolvimento infantil. Na teoria piagetiana a linguagem

avalia o desenvolvimento e na teoria de Vygotsky a linguagem reflete a

interação do indivíduo com o meio.

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Para Vygotsky (2008), o bom ensino é aquele que estimula a criança a

atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina. Ensinar

novos conteúdos implica em ampliação das estruturas cognitivas da criança.

Para Piaget (2008), transmitir conhecimentos a uma criança é limitado e

não se pode ensinar a essa criança o que ela não tem condições e nem

interesse em aprender.

A psicopedagogia busca conhecimentos que ajudem nas questões da

aprendizagem escolar, ou seja, a aprendizagem que exige domínio e

responsabilidades.

De acordo com o Código de Ética e o Estatuto da Associação Brasileira

de Psicopedagogia, no capítulo II, em seu artigo 6º, são deveres fundamentais

dos psicopedagogos:

a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que

tratem o fenômeno da aprendizagem humana;

b) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas,

mantendo uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes

visões do mundo;

c) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado

dentro dos limites da competência psicopedagógica;

d) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;

e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe

sempre que possível;

f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma

definição clara do seu diagnóstico;

g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e

discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;

h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;

i) Manter atitude de colaboração e solariedade com colegas sem ser conivente

ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia. O respeito e

a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais do

psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito público.

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4.1 – A psicopedagogia na relação professor-aluno

Ao considerar a aprendizagem, observa-se que o processo de ensino é

efetivado em função da interação na relação professor-aluno e que nessa

interação existem muitos sentimentos envolvidos.

Atualmente, percebe-se que alguns professores não estão preparados

cientificamente ou pedagogicamente para atuar em sala de aula. Preocupam-

se apenas em transmitir os conteúdos e que seus alunos aprendam o que foi

ensinado.

Para se falar em relação professor-aluno é preciso falar das relações

humanas, de alegrias, de tristezas, de angústia e até mesmo da falta de

interesse por parte dos alunos e de suas dificuldades. Cada indivíduo difere do

outro e dessa forma, cada situação de aprendizagem exige habilidades e

intervenções ou mediações de acordo com o cognitivo do aluno e o conteúdo a

ser ensinado.

Dessa forma, as relações entre professores e alunos, a maneira como

se comunicam, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica em sala de aula,

tudo deve fazer parte da organização do trabalho do professor.

O psicopedagogo institucional está qualificado e apto a dar assistência

aos professores e aos profissionais das instituições escolares em busca de

melhorias no processo de ensino-aprendizagem. Este profissional também

trabalha na prevenção dos problemas de aprendizagem e intervenção através

de metodologias e técnicas específicas da área.

O psicopedagogo prepara, com os professores, um ambiente

alfabetizador, propõem a melhor metodologia e a forma de intervenção a fim

de desobstruir o processo de aprendizagem dos alunos.

Em uma escola, a atuação psicopedagógica ocorre conforme as

necessidades dos alunos e pode abranger o fracasso escolar, o currículo, o

planejamento, a avaliação da aprendizagem, os conselhos de classe, as

reuniões de responsáveis, a indisciplina dos alunos.

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Através de um trabalho preventivo do psicopedagogo na escola e na

família os alunos que provavelmente apresentarão dificuldades poderão ser

identificados antecipadamente. Após a realização de uma investigação e da

elaboração de um diagnóstico o aluno precisa de acompanhamento e sua

evolução deve ser registrada.

Como a atuação do psicopedagogo tem caráter preventivo, ele também

pode orientar responsáveis, auxiliar professores nas questões pedagógicas,

buscar junto à direção entrosamento dos profissionais da escola e

principalmente, ajudar ao aluno que precise de auxílio individualizado ou em

grupo.

As áreas de atuação da psicopedagogia são bastante diversificadas,

pois também abrange a área social e comunitária, área organizacional ou

empresarial, área hospitalar e área clínica.

Na área clínica ela só pode ser exercida em locais específicos para um

atendimento individualizado. A psicopedagogia clínica também pode ser

desenvolvida em instituições de saúde, que mantenham atendimento a

crianças provenientes de comunidades carentes.

4.2 – A psicopedagogia e a família

Certamente o processo de aprendizagem não acontece apenas na

escola, ele é construído pela criança junto a sua família e todo o meio social

em que ela esteja inserida. Como a família é o primeiro vínculo de afeto dessa

criança ela se torna responsável pela preparação e inserção desse indivíduo

na sociedade. Também é responsabilidade dessa família educar e

acompanhar essa criança em todo o seu processo de desenvolvimento.

Nos dias de hoje, o que pode ser observado são famílias

desestruturadas e desajustadas que transferem para a escola as suas

responsabilidades. Mesmo assim, a escola não pode se omitir, pois muitos

fatores que ocorrem dentro de casa prejudicam demasiadamente a

aprendizagem do aluno. Nessa hora o psicopedagogo pode intervir junto à

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família, a fim entender o problema existente e auxiliar o aluno. Em alguns

casos, o fracasso escolar não está associado a fatores neurológicos, mas sim,

a falta de um vínculo afetivo desenvolvido no seio familiar.

Para ESCOTT e ARGENTI (2001), o psicopedagogo precisa se

comprometer com os alunos que possuem dificuldades de aprendizagem e

esse comprometimento deve ser para evitar que esse indivíduo sofra. Ele não

pode trabalhar apenas de maneira emergencial, mas precisa traçar metas a fim

de prevenir os problemas que certamente atrapalharão o seu desenvolvimento.

Quem mais sofre com as dificuldades no processo de aprendizagem é o

aluno. Conseqüentemente, o psicopedagogo precisará conhecer todos os

entraves que envolvem esse processo e trabalhar na prevenção, pois

antevendo os problemas será muito mais fácil tratá-los.

Às vezes, a escola deixa de ser um lugar prazeroso e se torna um lugar

ruim para o aluno, pois naquele momento ele pode estar enfrentando

problemas familiares, problemas com os professores ou com os colegas de

turma e o psicopedagogo precisa estar atento a esses fatores.

4.3 – A psicopedagogia e a formação docente

A psicopedagogia na formação docente é importantíssima, pois esta

área do conhecimento propõe um novo olhar para a aprendizagem humana e

os conhecimentos psicopedagógicos são necessários aos professores para

que os mesmos sejam capazes de identificar possíveis dificuldades de seus

alunos.

Alguns temas como desenvolvimento cognitivo, inteligência, transtornos,

dificuldades de aprendizagem e distúrbios precisam fazer parte dos cursos de

formação ou de atualização para os professores. Oficinas ou cursos de curta

duração que possam esclarecer os motivos de determinadas dificuldades de

aprendizagem também são válidos.

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As práticas pedagógicas atualizadas e a psicopedagogia devem fazer

parte da formação de professores, para que ele entenda como ocorre o

processo de desenvolvimento da aprendizagem do aluno.

Enfim, a psicopedagogia ajuda a compreender as dificuldades de

aprendizagem de determinados alunos, auxilia o professor em sua prática

pedagógica e viabiliza junto à escola recursos que promovam a melhoria dessa

aprendizagem. Quando esses fatores ocorrem a psicopedagogia consegue

atingir seus objetivos.

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CONCLUSÃO

A temática relação professor-aluno é bastante atual e tem sido

discutido por diversos profissionais da área de ensino. Conforme descrito

nessa pesquisa, a relação professor-aluno perpassa pela afetividade e pelo

profissionalismo. Nesse sentido, não é possível construir relações humanas

sem troca de sentimentos e afetos e sem um preparo intelectual na busca de

informações relevantes para a solução de problemas que possam surgir

durante o período desse relacionamento. Torna-se, então, necessário, a

existência de um diálogo produtivo entre o professor e o aluno. Nessa relação

o educador é o responsável pelo equilíbrio, pois ele é a parte adulta e a outra

parte é um indivíduo em processo de desenvolvimento.

É fundamental valorizar o profissional da educação no século XXI e

mostrar a importância do magistério na formação de novos cidadãos. Apesar

da falta de investimentos e do despreparo de alguns professores é possível

encontrarmos bons exemplos. Educadores que buscam ajuda especializada,

preparação contínua e de boa qualidade e que, com isso, demonstram que o

trabalho pode ser mais alegre e criativo.

A psicopedagogia tem desempenhado papel importante na formação

desses educadores, pois é um campo de atuação que trabalha com o processo

de aprendizagem do indivíduo. Esses conhecimentos são fundamentais para

que os educadores entendam todo o processo e saibam lidar com as

dificuldades apresentadas por seus alunos.

Portanto, o processo educacional é bem dinâmico e para que o

educador desempenhe suas atividades de forma produtiva e prazerosa, é

necessário que ele tenha conhecimento científico, equilíbrio emocional, ética

profissional e afetividade. Somente dessa forma os resultados serão positivos

e os objetivos serão alcançados.

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BIBLIOGRAFIA

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 7. ed. São Paulo:

Cortez, 2000.

ESCOTT, Clarisse Monteiro e ARGENTI, Patrícia Wollfenbutte. A Formação

em Psicopedagogia Clínica e Institucional: uma construção teórico-

prática. Nova Humburgo, RS: CEDIC, 2001.

FERRARI, Márcio. Grandes Pensadores: educadores que fizeram história.

IN: Revista Nova Escola, Rio de Janeiro, jul. 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

_____________. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 15.

ed. São Paulo: Olho d’Água, 1993.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

LOROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma

monografia: passo a passo siga o mapa da mina. 7. ed. Rio de Janeiro:

Wak Editora, 2008.

MOYSÉS, Lucia Maria. O desafio de saber ensinar. 12. ed. Campinas, SP:

Papirus, 1994.

POLATO, Amanda. Remédios para o professor e a educação. IN: Revista

Nova Escola, Rio de Janeiro, abr. 2008.

http://www.abpp.com.br/artigos. Acesso em 12/07/2009.

http://www.moderna.com.br/pnld2010. Acesso em 18/06/2009.

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http://www.neppi.org/anais/textos. Acesso em 10/05/2009.

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis. Acesso em 12/07/2009.

http://www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos. Acesso em 12/07/2009.

http://www.psicopedagogia.com.br/artigos. Acesso em 10/05/2009.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO 11

CAPÍTULO II

REFLEXÕES SOBRE AFETIVIDADE E

PROFISSIONALISMO 20

2.1 – A afetividade no processo de ensino-aprendizagem 21

2.2 – Profissionalismo necessário 27

CAPÍTULO III

BONS EXEMPLOS PARA A EDUCAÇÃO 34

CAPÍTULO IV

A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA 37

4.1 – A psicopedagogia na relação professor-aluno 39

4.2 – A psicopedagogia e a família 40

4.3 – A psicopedagogia e a formação docente 41

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: IVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UM DIÁLOGO

ENTRE AFETIVIDADE E PROFISSIONALISMO

Autora: Liliam Rangel de Assis

Data da entrega: 01/08/2009

Avaliado por: Flávia Cavalcanti Conceito: