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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE BIOPIRATARIA E TRÁFICO DE ANIMAIS Por: Camila Costa da Silva Orientador Prof. Willian Rocha Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

BIOPIRATARIA E TRÁFICO DE ANIMAIS

Por: Camila Costa da Silva

Orientador

Prof. Willian Rocha

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TRÁFICO DE ANIMAIS E BIOPIRATARIA

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do título Pós

Graduado em Direito Ambiental por Camila Costa

da Silva sob a orientação do professor Willian Rocha

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me guiou nesta

trajetória e a todos os amigos que

encontrei nesta jornada.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha Mãe e ao

querido Osmar, que tornaram possível

este momento, e a todos os seres vivos

que se tornaram uma paixão em minha

vida .

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RESUMO

É necessário lutar contra o tráf ico de animais e a biopirataria

para que nossa fauna e f lora não sejam destruídas, e por

conseguinte nosso Planeta. E ainda para que as futuras gerações

tenham a oportunidade de conhecerem um meio ambiente

ecologicamente equilibrado. Porém para que isso aconteça, é

imprescindível que haja a aplicação de penas mais severas aos

transgressores em todas as esferas do ordenamento jurídico e

também ocorra à restauração do meio ambiente degradado. É

preciso que o Governo implante uma polít ica enérgica de educação

ambiental, para que, se conscientize os jovens, af im de que estes

em um futuro próximo se preocupem e atuem para a preservação

de nosso bioma. Simultaneamente é importante que se tenha uma

f iscalização intensa e ef icaz para coibir o agente degradador.

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METODOLOGIA

Nesta pesquisa será realizada uma reflexão sobre o que vem sendo

apresentado pelas referencias bibliográficas, direcionada ao tema, sob uma

ótica judicial e social. As fontes serão as mais diversas desde legislação,

jurisprudência, a doutrina e a pesquisa bibliográfica, e ainda nas aulas por esta

instituição ministrada.

Visando a ampla defesa e proteção, assim como, estabelecer justas

penas, com a consciência de que a Fauna e a Flora de nosso país são o

legado que devem ser preservados, através de uma conduta em relação ao

meio ambiente que não leve a uma destruição total, para presentes e futuras

gerações.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Origem da Biopirataria e do Tráfico de animais 10

CAPÍTULO II - Responsabilidade Penal 13

CAPÍTULO III – Biopirataria 19

CAPITULO IV – Trafico de Animais 26

CAPITULO V – Educação Ambiental e Fiscalização 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 45

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INTRODUÇÃO

O meio ambiente é conceituado como conjunto de fatores

f ísicos, biológicos e químicos, sendo assim, podemos dizer que é

um complexo de interações que compõem um sistema estruturado,

capaz de se auto-administrar.

O artigo 5º, LXXIII da Carta Magna dispõe que qualquer

cidadão é capaz de propor uma Ação Popular a f im de anular ato

lesivo ao meio ambiente. Consubstanciado com o art igo 225 da

Constituição da Republica Federativa do Brasil que versa que

todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e é

nosso dever preserva-lo e defendê-lo para as presentes e futuras

gerações. Por isso é de suma importância de se combater o traf ico

de animais e a biopirataria pois não sabemos se nossos herdeiros

terão acesso à nossa biosfera, portanto faz-se necessário à

aplicação de penalidades mais severas e instituir como Crime

Hediondo o tráf ico de animais e o tráf ico do patrimônio f lorístico

brasileiro.

A norma Constitucional é bastante clara quando considera

meio ambiente como bem de uso comum do povo, desse modo, a

preservação deste é essencial à sadia qualidade de vida. A

constituição impõe que a responsabilidade em relação aos

transgressores da norma não apenas civil ou administrativa, mais

também penal, e essa responsabilidade penal não se restringe

apenas às pessoas f ísicas, recaindo até sobre as pessoas

jurídicas, em razão do parágrafo 3º do artigo 225 da Carta Magna.

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9A idéia do presente estudo é buscar na legislação em vigor

a proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a

responsabilização do agente degradador, bem como a recuperação

do ecossistema prejudicado. E ainda questionar se a t ipif icação

legal é suf iciente para minimizar os atos de violência contra a

Fauna e a Flora e se as sanções aplicáveis realmente possuem

caráter punit ivo pedagógico.

É preciso que haja uma f iscalização mais intensa com o

aumento do efetivo de guardas ambientais. Cabe também ao

governo a promoção da educação ambiental em todas as escolas a

partir do ensino fundamental como reza o princípio da educação

ambiental que se faz presente na Lei da Polít ica Nacional do Meio

Ambiente nº 6938/81 em seu artigo 1º , inciso X, a f im de que haja

uma conscientização para desestimular o comércio i legal e a

biopirataria.

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CAPÍTULO I

A ORIGEM DA BIOPIRATARIA E DO TRAFICO DE

ANIMAIS

Podemos af irmar que a preocupação com o patrimônio

faunístico no mundo está presente nos mais antigos diplomas,

como por exemplo, nas Ordenações Afonsinas, editadas no reinado

de Don Afonso VI que tipif icava o corte de árvores de frutos como

crime de injuria ao Rei.

Com o passar do tempo surgem as Ordenações Manuelinas

que avançaram na matéria ambiental, proibindo por exemplo, a

caça de certos animais, com instrumentos capazes de causar a

morte inf l igindo dor e sofrimento.

Desde o seu descobrimento, o Brasil despertou a cobiça

mundial em face da sua fauna e f lora. A rica e preciosa

biodiversidade sempre esteve na mira dos que aqui aportaram. Até

hoje o país é representado pelo verde que emana de suas matas e

como bem descreve em seus versos nosso Hino Nacional, de

autoria de Joaquim Osório Duque Estrada e Francisco Manoel da

Silva, que “nossos bosques tem mais vida e nossos campos tem

mais f lores”. A cada ano entretanto os dados nos remetem para

uma realidade menos romântica do que a presente em nosso

símbolo patriótico. As matas já não são tantas, o verde está cada

vez menos intenso, sendo substituído pelo cinza das queimadas e

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11o marrom do desmatamento e nossos bosques estão cada vez mais

vazios.

O processo de desenvolvimento cultural da população foi

singular, possibil itando o encontro de povos conquistadores e

povos que mantinham uma relação íntima com a natureza e o meio

ambiente. O hábito de manter animais silvestres como mascotes

vem desde o tempo da colonização do Brasil. Quando os

Portugueses aqui aportaram e incorporaram práticas dos índios de

manter macacos e aves tropicais como animais de estimação, além

da util ização do colorido das penas para adorno de chapéus e

outras peças de vestuário, hábito mantido até os dias atuais. Já a

história da biopirataria no Brasil se deu na mesma época quando

os Portugueses roubaram o segredo de como extrair o pigmento

vermelho do Pau Brasil, vale ressaltar que atualmente esta

madeira que deu nome ao nosso país está sendo preservada em

alguns jardins botânicos, pois a mesma se encontra em extinção,

conforme lista do IBAMA na categoria vulnerável.

Durante os trinta primeiros anos da colonização as naus

portuguesas que deixavam nosso país, costumavam carregar seus

porões com peles de onça (Panthera onca) e papagaios (Amazona

sp.) e ao serem desembarcadas na Europa essas “mercadorias”

serviriam para enfeitar vestidos e palácios do Velho Mundo.

Infelizmente essa cobiça ocorre até hoje em razão de possuirmos a

maior reserva de biodiversidade do planeta.

No que diz respeito à legislação ambiental, se verif ica que a

menção é recente pois a tutela no ordenamento jurídico de nosso

País se inicia em 1934 com a elaboração do Decreto nº 23.793/34

que institui o Código Florestal (que posteriormente, em 1965 ganha

força e se torna a Lei 4771/65 que vigora atualmente), no mesmo

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12ano se faz presente o Decreto nº 24.645/34 que instituiu a primeira

idéia dos maus tratos aos animais.

Em 1972 acontece a Conferencia de Estocolmo, na Suécia,

que em seu princípio nº 4 versa:

Cabe ao Homem a responsabil idade especial de salvaguardar e de sabiamente gerir o patr imônio constituído pela f lora e fauna silvestre e pelos respectivos habitats , atualmente posto em perigo por um conjunto de fatores desfavoráveis. A conservação da natureza especialmente f lora e da fauna silvestre, deve portanto assumir lugar importante no planeamento do desenvolvimento econômico

A partir da Carta Magna de 1988, que tratou deliberadamente à cerca da

questão ambiental, artigo 225, o meio ambiente vem sendo tutelado cada vez

com mais vigor por ser um bem jurídico de natureza difusa, ligado à vida .

E finalmente em 1998 com o advento da Lei nº 9605/98, a chamada Lei

de Crimes Ambientais, surge dispondo de sanções penais e administrativas

aplicáveis a condutas consideradas nocivas ao Meio Ambiente.

O ordenamento jurídico brasileiro, no que tange ao meio ambiente, vem

tardiamente regulamentar uma situação de quase cinco séculos de exploração

maciça da nossa fauna e flora, levando a beira da extinção, diversas espécies,

ainda há muito que melhorar principalmente no que diz respeito à proteção e

preservação de um sistema ecológico equilibrado e saudável.

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CAPÍTULO II

RESPONSABILIDADE PENAL

A Constituição da Republica dispõe em um capítulo

especialmente voltado para a proteção do meio ambiente, a

questão da responsabilização, estabelecendo uma tríplice

responsabilidade: Administrativa, Civil e Penal, e, a ser aplicada

aos causadores de danos ambientais.Consoante se observa no

parágrafo 3º do artigo 225 da Constituição Federal in verbis:

§ 3º - As condutas e at ividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os inf ratores, pessoas f ísicas ou jurídicas, a sanções penais e administrat ivas, independente da obrigação de reparar os danos.

A Carta Magna demarca esta possibil idade também em seu

artigo 173, parágrafo 5º quando traz a t ipif icação penal de

condutas criminosas, em tese realizáveis por pessoas jurídicas.

Apesar deste artigo estar inserido no título da ordem econômica

f inanceira é cabível, como se pode observar:

§5º - A lei, sem prejuízo da responsabil idade individual dos dir igentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabil idade desta, sujeitando-a as punições compatíveis com sua natureza , nos atos prat icados contra a ordem econômica f inanceira e contra a economia popular

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14De acordo com José Afonso da Silva, a ordem econômica,

estabelecida de modo a permitir a todos os cidadãos uma

existência digna, possui como um de seus princípios basilares a

proteção do meio ambiente.

A responsabilidade criminal por danos causados ao meio

ambiente advem da conduta típica praticada pelo agente, seja ela,

crime ou contravenção penal f icando o infrator, sujeito à pena

privativa de liberdade ou multa.

Em relação à Pessoa Jurídica a punição deve f icar restrita a

esta, não se estendendo a Pessoa Física, já que ambas não

poderiam praticar ao mesmo tempo um só crime. À vontade

pretendida é do ente coletivo, pois a Pessoa Física não é um

representante da Pessoa Jurídica.

As Pessoas Jurídicas, portanto, são entidades que a lei

empresta personalidade dentro dos limites por ela especif icados,

isto é são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade

diversa dos individuas que a compõem. Sendo assim observa-se

que a Pessoa Jurídica é um organismo capaz de expressar

vontade, e passível de culpabilidade que não se perfaz meramente

com a soma das pretensões dos associados, muito menos o querer

dos administradores, tornando possível que a Pessoa Jurídica

venha a delinqüir.

É importante salientar que a Lei de Crimes Ambientais

(9065/98) já em seu terceiro artigo define que a Pessoa Jurídica

será responsabilizada por qualquer infração cometida, e ainda que

há possibil idade de que haja um concurso de pessoas no polo ativo

segundo o parágrafo único do referido artigo.

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15O artigo 4º prevê a possibil idade de desconsideração da

Pessoa Jurídica, sempre que for obstáculo ao ressarcimento do

prejuízo causado à saúde do meio ambiente, referindo-se à

punição individual daqueles que compõem a empresa, a f im de

atingir os culpados.

Ainda em relação ao artigo anterior deve ser comprovada a

fraude contra o credor, e que a personalidade jurídica esteja sendo

usada para salvaguardar os bens dos sócios. Provada a simulação

haverá a desconsideração.

2.1 – A responsabilidade penal da Pessoa

Jurídica no direito comparado

A responsabilização da Pessoa Jurídica vem sendo adotada

em diversos países como a seguir se observam alguns.

Em Portugal através de uma lacuna do Código Penal

Português, cabe como entendimento que a legislação

infraconstitucional dispusesse sobre outras formas de

responsabilidade penal que não a individual ou seja, a coletiva, a

objetiva e a responsabilidade penal da Pessoa Jurídica, versando

também sobre as formas penais aplicáveis.

Na Inglaterra, o princípio da responsabilidade criminal das

Pessoas Jurídicas vigora desde o século passado, pois houve o

crescimento da industria, por conseguinte proliferando as

corporações, então os Tribunais passam o princípio no caso de

infrações por omissão ou negligencia.

No Canadá e ainda em algumas Legislações Australianas, a

regra geral é a da responsabilização.

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O Direito Holandês admite a responsabilização do ente

jurídico, e a Corte Suprema denomina como teoria da autoria

funcional.

Já nos Estados Unidos é importante ressaltar que em função

do seu sistema federativo, alguns Estados não adotam a

orientação dominante que é a da responsabilização das

corporações.

Na França após a reforma do Código Penal, se consagra a

responsabilidade penal da Pessoa Jurídica.

O Japão por ser um país de inf luencia norte-americana adota

a teoria de Gierke, considera que o Estado, em lugar de criar

direito, apenas o garanta, sobre a real responsabilidade dos entes

coletivos.

A China por ser um país socialista, não admite qualquer ato

contra interesse comum do Estado, atualmente a legislação

consagrou a responsabilidade das empresas nos delitos de

contrabando e corrupção.

No Brasil o legislador constituinte previu expressamente o

instituto nos crimes contra a ordem econômica e ao meio ambiente.

2.2 – Da aplicação das penas à Pessoa Jurídica

Quanto à f ixação da pena é notório que não se pode aplicar

pena restrit iva de liberdade para a Pessoa Jurídica , então estas

serão substituídas por penas restrit ivas de direito, de acordo com o

disposto no artigo 7º da Lei de Crimes Ambientais.

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Dentre as modalidades de sanção aplicáveis às pessoas

f ísicas destacam-se:

• Prestação de serviços à comunidade tais como realização

de tarefas gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades

de conservação, e no caso de dano a coisa particular ou tombada a

restauração desta se possível;

• Interdição temporária de direitos como por exemplo a

proibição de contratar com o Poder Público, de receber incentivos

f iscais e outros benefícios, bem como participar de licitações pelo

prazo de 5 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos, e de 3 (três)

anos na hipótese de crime culposo;

• Suspensão parcial ou total de atividades quando não

obedecerem às determinações legais;

• Prestação pecuniária;

•Recolhimento domicil iar.

Quanto às Pessoas Jurídicas, a legislação ambiental prevê

as seguintes penas restrit ivas de direito:

• Suspensão total ou parcial das atividades;

• Interdição temporária do estabelecimento, obra ou

atividade, aplicável a hipótese do funcionamento:

a) Funcionar sem a devida autorização;

b) Em desacordo com a autorização concedida;

c) Com violação de disposição legal ou regulamentar.

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18• Proibição de contratar com o Poder Público e de obter

subsídios, subvenções ou doações pelo prazo de até 10

anos;

• Prestação de serviços à comunidade, que consiste em

custeio de programas e projetos ambientais, execução de

obras de recuperação de áreas degradada, manutenção de

espaços públicos e contribuições a entidades ambientais ou

culturais públicas.

Por f im insta ainda salientar a responsabilização da Pessoa

Jurídica , que para se concretizar, se faz necessário haver um rito

penal próprio, face às especif icidades destes entes.

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CAPÍTULO III

BIOPIRATARIA

A Biopirataria consiste na prática ilegal de exploração,

manipulação, exportação e comercialização de recursos biológicos,

atos que contrariam as normas da Convenção sobre Biodiversidade

Biológica de 1992, a qual foi aprovada pelo Brasil, através do

Decreto Legislativo nº 2/1994, e promulgada pelo Decreto

2519/1998 e este foi revogada pelo Decreto 4339/2002, que

atualmente vigora.

Com relação à Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais), o

artigo que dispunha sobre biopirataria foi vetado, porque dava

margem a interpretação de que a Lei, estava exigindo licença

mesmo das espécies que não fossem consideradas protegidas pela

mesma.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Direito do Comércio,

da Tecnologia da Informação e Desenvolvimento – CIITED a

biopirataria se define como:

O ato de aceder a ou transferir recursos genéticos (animal ou vegetal) e/ou conhecimento tradicional associado à biodiversidade, sem a expressa autorização do Estado de onde foram extraídos os recursos ou da comunidade tradicional que desenvolveu e manteve determinado conhecimento ao longo dos tempos (prát ica esta que infr inge as disposições vinculantes da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica). A biopirataria envolve ainda a não repart ição justa e eqüitat iva entre Estados,

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20corporações e comunidades tradicionais dos recursos advindos da exploração comercial ou não e de conhecimentos transferidos.

O Termo biopirataria é aparentemente atual, apesar desta

prática ser cometida contra o patrimônio f lorístico brasileiro há

muito tempo. É uma forma de pirataria moderna. Não sendo

apenas o contrabando de diversas formas de vida da fauna e da

f lora, porém especialmente a apropriação e monopolização da

cultura e dos saberes das comunidades que habitam os biomas, em

relação ao uso dos recursos naturais, e ainda na exploração

desordenada e descontrolada dos recursos.

A Industria da biopirataria é formada por uma rede

internacional de traf icantes, que furtam nossa madeira, surrupiam

nossas plantas e nossa fauna, causando devastação de f lorestas,

quebrado o equilíbrio de ecossistemas e colocando em rico toda a

comunidade de seres vivos e impedindo a continuidade do

processo evolutivo da vida no planeta.

Neste capítulo será abordado um assunto de suma

importância, que diz respeito à grandeza dos recursos naturais.

Este tema é de melhor conhecimento dentro da comunidade

internacional do que em nossa terrae mater, uma vez que estes

investem muito mais recursos em estudos dos nossos biomas, dos

nossos potenciais f lorístico, faunístico, minerais e minérios e

nossos recursos hídricos, enf im, no estudo de todas as fontes de

nossa biodiversidade, do que os centros de pesquisas e

universidades brasileiros.

3.1 – Biopirataria no Brasil

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21No Brasil, a biopirataria se concentra na Amazônia, no

Pantanal Mato-grossense e Mata Atlântica, que são áreas de

proteção ambiental conforme versa o artigo 225, §4º da

Constituição da Republica Federativa do Brasil, e ainda a Caatinga

sendo esta não abrangida pelo supra citado disposit ivo legal.

Essas áreas dão ao País o título de maior biodiversidade mundial,

o que atrai a ação dos biopiratas e de industrias estrangeiras

camufladas por traz dessa prática ilegal.

No Rio de Janeiro, no ano de 1992, foi anunciado e

assinado a Convenção da Diversidade Biológica que busca

regulamentar os recursos biológicos bem como a sua

comercialização. Estabelece-se então, um ponto de partida no

reconhecimento do caráter estratégico da biodiversidade e da

necessidade de regulamentar o seu uso em prol da humanidade e

em benefício de cada nação detentora. Desta forma, o Brasil,

possui o maior interesse em elaborar a legislação sobre este tema,

dada sua privilegiada natureza, pois, o mesmo, é historicamente

biopirateado e uma lei adequada, com severas sanções, é de vital

importância para começar a cessar esta tão vil e inefável prática.

A seguir é mostrado um pequeno resumo dos dois biomas

mais importantes do nosso território nacional e a prática da

biopirataria neles ocorridas.,

3.1.1 – Da Mata Atlântica

A biodiversidade da Mata Atlântica supera até mesmo a

Amazônia, haja vista que, há muitas variações de alt itude e

latitude, em razão de sua distribuição e seu espaço geográf ico.

Assim a Mata Atlântica é considerada uma das f lorestas mais ricas

em biodiversidade do planeta e também em endemismo, ou seja,

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22quando uma espécie, seja ela animal ou vegetal, passa a se

reproduzir em regiões diferentes, dando origem a espécies com formas

diferentes de evolução.

Conforme pesquisa da Comissão de Meio Ambiente e

desenvolvimento Sustentável (DECOM), há cerca de 355 (trezentos

e cinqüenta e cinco) espécies da fauna, que habitam a parte

central e da Serra do Mar da Mata Atlântica estão ameaçadas O

Bioma reúne mais de vinte mil espécies de animais, entre eles

destacam-se 83 (oitenta e três) de aves, 43 (quarenta e três) de

mamíferos e 14 (quatorze) de répteis entre os mais ameaçados.

O extrativismo desordenado da f lora Brasileira abriu um

período de saque dos recursos f lorestais da Mata Atlântica, esta

área está praticamente extinta, havendo apenas pequenas partes

da vegetação original a grandeza dos recursos naturais deste

bioma desperta a ganância de todas as partes do mundo o que vem

impulsionando a biopirataria no Brasil, inclusive traf icantes de

drogas passam a traf icar as espécies nativas, uma vez que, a pena

para está pratica é mais branda.

A proteção e conservação da Mata Atlântica, além de ser um

ato de preservar o Patrimônio Público Brasileiro, são de suma

importância para sobrevivência pessoal e econômica, visto que em

suas cercanias habitam em torno de 100 (cem) milhões de pessoas

e, pela, sua delimitação geográf ica, circulam cerca de oitenta por

cento do Produto Interno Bruto.

3.1.2 – Da Amazônia

No que diz respeito à Amazônia, maior f loresta do mundo, ocupando cerca de sessenta e um por cento do território nacional,

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23é o principal alvo da biopirataria em razão de sua f lora, para ser

usada em pesquisas cientif icas, para uso medicinal e cosmético e

ainda o conhecimento indígena sobre estes recursos, que possuem

mais de dois mil anos de tradição.

A Amazônia Brasileira, é um grande atrativo em época em

que a biotecnologia agrega valor a biodiversidade o rendimento

dos serviços de ecossistemas e capital natural representa cerca de

trinta e três tri lhões de Dólares, quase o dobro do PIB mundial . No

Brasil supõe-se que este valor atinja quarenta e cinco por cento do

PIB, sendo considerado tão somente a atividade agroindustrial, a

extração de madeira e pesca. A Amazônia ainda possui um terço

de todas as seqüências de ADN (Ácido Desoxirribunucleico),

contidas na natureza em nosso planeta. Estima-se ainda a

existência de cinco a trinta milhões de espécies nesta região sendo

apenas, 1.4 milhões desta catalogadas.

No site do Jornal O Estado de São Paulo publicou no dia

três de junho de 2009 um caso de biopirataria, sendo descoberto

um laboratório biológico em um hotel na Amazônia que tinha

equipamento importado sem licença, amimais silvestres em

cativeiro, madeira sem origem e uma draga para extração de areia,

além de dois besouros ameaçados de extinção embalados para

exportação de forma ilegal. O americano dono do laboratório nega

as acusações e se defendeu em uma Audiência Pública realizada

pela Comissão da Amazônia da Câmara.

3.2 – Água de lastro

A água de lastro é toda a água retirada do mar e

armazenada em tanques nos porões dos navios, objetivando dar

estabil idade às embarcações quando estas navegam sem ou com

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24pouca carga, esta coleta é de forma inversamente proporcional à

quantidade de carga.

Esta forma de balanceamento é uma das grandes ameaças

ao equilíbrio do ecossistema marinho, pois, transfere organismos é

causa dano ao equilíbrio da vida marinha, a saúde humana, a

biodiversidade e as atividades pesqueiras.

Há também o tráf ico de água doce, uma nova modalidade de

que vem sendo denominada como hidropirataria, e esta água

apesar de conter uma gama residual imensa, consiste sua maior

parte mineral podendo ser facilmente tratada, e ainda há de se

externar o roubo de organismos vivos, o que envolve diretamente a

soberania do País.

Vale lembrar que em todo globo temos dois terços ocupados

por oceanos, mares e rios. E apenas três por cento deste volume

são de água doce. Já as águas amazônicas reapresentam cerca de

sessenta e oito por cento, de todo volume hídrico existente no

Brasil, o que é vital para o futuro da humanidade.

A International Marít ime organization (IMO), da ONU, estima

que entre 1980 e 1998 mais de duas mil espécies foram

introduzidas em ecossistemas de todo o mundo os maiores

exemplos desta prática foram o transporte do bacilo da Cólera, que

ainda afeta a Índia até hoje e o mexilhão zebra que infesta mais de

quarenta por cento das águas continentais americanas e causam

severos impactos econômicos. Outro caso, embora não exista

evidencias, ocorreu no litoral do Paraná, em Guaraqueçaba, foi a

maré vermelha que causou grande mortandade de peixes, sendo

causada por uma espécie de micro alga que atingiu esta região

muito provavelmente por causa da água de lastro.

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No mundo são transferidas cerca de doze bilhões de

toneladas de água de lastro por ano, estima-se que sete mil

espécies de seres vivos são transportadas por dia. No Brasil cerca

de quarenta milhões de toneladas por ano de água de lastro são

lançadas em nosso bioma marinho. A cada nove semanas uma

espécie marinha invade um novo ambiente em algum lugar do

globo e as espécies marinhas exóticas são consideradas uma das

quatro ameaças aos nossos oceanos, conforme estudo da IMO.

Em virtude disso, algumas espécies exóticas se transformam

em verdadeiras pragas, quando estão distante de seu habitat

natural, pois alteram o equilíbrio ecológico local, incluindo a cadeia

alimentar que se desestabil iza, causando assim, impactos

negativos nas atividades econômicas.

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26

CAPÍTULO IV

TRÁFICO DE ANIMAIS

Atualmente o comércio i legal de animais consiste no terceiro

maior negócio clandestino, e está interligado a problemas culturais,

educacionais e f inanceiros da população, em face de falta de

opções econômicas, e assim fazem deste comércio uma renda

complementar.

Podemos dividir os animais em seis grandes classes:

• Nativos – São os animais originários de um determinado

lugar ou região;

• Silvestres – Conforme narra artigo 1º. da Lei nº. 5197/67

estes animais são todos aqueles em qualquer fase de seu

desenvolvimento que vive naturalmente fora do cativeiro;

• Exótico – Animais que têm o ciclo de vida no exterior e em

um determinado momento adentra o território Nacional;

• Domésticos – São os que convivem em harmonia com o

homem e do qual geralmente depende sua subsistência;

• Domesticados – São os animais de espécies não

domésticas, mais que passaram a ser através do convívio com o

homem;

• Asselvajado – São aqueles animais que fogem do seu

habitat e vão para a selva , adquirindo hábitos selvagens.

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A RENCTAS (Rede Nacional de Combate ao Tráf ico de

Animais Silvestres), desde do ano de 1999 atua no combate contra

está prática criminosa que tantos prejuízos causa a nossa

biodiversidade. Neste espaço de tempo acumularam grande

experiência e adotaram diversas estratégias em razão de obter

êxito nesta luta.

O que ocorre é que os recursos faunístico do Brasil

encontram-se seriamente ameaçados, face ao comércio i legal, a

RENCTAS estima ainda, que está pratica no país seja responsável

pela retirada anual de aproximadamente trinta e oito milhões de

espécimes da natureza. E de cada dez animais traf icados, apenas

um chega ao destino e os outros nove morrem no momento da

captura ou no transporte de péssimas condições. Os animais

traf icados ainda sofrem com o esquema montado, pois é de praxe

que os traf icantes arranquem dentes e garras de determinados

animais, outros são transportados anestesiados, embriagados e até

mesmo drogados, ou ainda são rodados a todo o momento pela

cauda até que f iquem completamente desnorteados, para que

assim passem uma imagem de animais domesticados e mansos, e

também chegam a furar os olhos das aves para que elas não

possam enxergar a luz do sol, e assim não cantem evitando

chamar a atenção da f iscalização.

Vale ressaltar que o Brasil é signatário da Convenção

Internacional sobre o Comércio de Espécies da Flora e Fauna

selvagens em Perigo de Extinção (CITES), que foi ratif icada

através do Decreto nº 3607/00. A CITES é administrada por um

programa das Nações Unidas que tem a adesão de 154 países, e

visa a proteção das espécies que foram classif icadas de acordo

com o grau de ameaça de extinção apresentado.

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28

Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente, cerca de cem espécies desaparecem da terra todos os

dias, em virtude da prática do comércio i legal dos animais

silvestres.

4.1 – Tráfico de Animais no Brasil

O Brasil é um país de extensão continental, e como já foi dito

possui uma rica biodiversidade, e em seu território é estimada a

existência de dez por cento de todas as espécies existentes no

planeta.

Segundo dados do IBAMA cerca de duzentas e dezoito

espécies de animais encontram-se ameaçadas de extinção, sendo

que sete delas já se pode considerar extinta por não existir mais

registro de sua passagem , observação e presença nas matas a

mais de cinqüenta anos

Pode-se af irmar que há uma divisão em duas modalidades

básicas:

• Tráf ico Interno – tem como característica a sua

desorganização, e vem sendo praticado por caminhoneiros,

motoristas de ônibus, pequenos comerciantes e a própria

população , que saem de suas cidades levando animais silvestres

que vão lhe garantir dinheiro.

• Tráf ico Internacional – sua característica é um sofisticado

esquema montado por pessoas importantes, de grande nome na

sociedade internacional que contam com a corrupção seja através

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29de suborno ou ainda, com a condescendência de funcionários do

próprio Governo ou de empresas aéreas.

A maioria dos animais silvestre são comercializados

ilegalmente são provenientes das regiões Norte e Nordeste do

país, e passam para as regiões Sul e Sudeste, uti l izando as

rodovias Federais.

Em relação ao comércio internacional esses animais têm

como destino a Europa, a Ásia, a América do Norte e também os

países fronteiriços do Brasil.

A fauna silvestre então terá como destino três objetivos

distinto:

• Colecionadores Particulares e Zoológicos - observa-se que

este destino é o mais terrível, visto que, os traf icantes aqui

priorizam aquelas espécies mais ameaçadas dce extinção, quanto

mais raro for o animal, maior será valorado. São alguns exemplos:

Arara Azul de Lear; Arara Canindé (azul e amarela); Papagaio Cara

Roxa; Mico Leão Dourado; Jaguatirica.

• Animais para Fins Científ icos – Neste grupo encontram-se

as espécies que possuem substância para a pesquisa e produção

de medicamentos, e ainda a vivissecção que é o ato de dissecar o

animal vivo com o propósito de realizar estudos, ou seja uma

intervenção invasiva em um organismo vivo, com motivações

científ ico-pedagógico. São alguns exemplos: Jararaca; Surucucu;

Sapos amazônicos; Aranhas, Escorpiões.

• Animais para Pet Shop’s – É a forma que mais incentiva o

tráf ico de animais silvestres no Brasil. Em virtude da grande

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30demanda. São alguns exemplos: Jibóia; Tartarugas; Tucanos;

Arara Vermelha, Sagüi.

Cumpre salientar que um animal em cativeiro perde a aptidão

de caçar o seu alimento, perde até a capacidade de reprodução, e

de se defender se seus predadores, ou ainda de se proteger de

situações adversas. E caso sejam libertados, voltando a interagir

com a natureza, provavelmente não conseguiram sobreviver, salvo

se houver um acompanhamento de em especialista.

O que se pode observar é que a maior parte das pessoas que

têm esses animais, não se atina que a compra, ou venda, ou

criação, e ainda qualquer outro negócio envolvendo animais

silvestres sem a devida permissão, l icença , ou autorização da

autoridade competente, constitui crime consoante o artigo 29 da

Lei nº 9605/98.

Cabe diferenciar de acordo com o parágrafo anterior,

Permissão de uso, que é concedida pelo Poder Público para

possibil itar a uti l ização privativa de bem público (no caso em tela ,

relacionado com os animais da fauna silvestre) por particular. A

Permissão de uso é def inida com ato administrativo unilateral,

discricionário, precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a

Administração Pública, faculta a uti l ização privada de bem público,

para f ins de interesse público. A Licença é ato administrativo

vinculado e def init ivo, pelo qual o Poder Público, verif icando que o

interessado atendeu todas as exigências legais, faculta-lhe. E a

Autorização é ato administrativo discricionário, pelo qual se faculta

a prática de um ato jurídico ou de atividade material, com a

f inalidade de atender diretamente o interesse público ou privado.

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No site A Tarde on line publicou no dia sete de junho deste

ano uma matéria apontando que a Bahia é a principal rota do

traf ico de animais, contendo seis das onze rodovias uti l izadas para

esta prática. Indica ainda que até o mês de abril deste ano, três mil

cento e vinte três animais silvestres foram apreendidos

ilegalmente, em estradas baianas, sendo mais de noventa por

cento das apreensões de pássaros, vale salientar que das mil e

setecentas espécies de aves, oitocentos e vinte seis ocorrem neste

estado, baseado em dados da Policia Federal.

A região do Raso da Catarina no norte do estado Baiano é

uma das fontes dos traf icantes, e é o único lugar do mundo onde

ocorre à presença da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), da qual ,

segundo a Fundação Parque Zoológico de São Paulo, restam apenas cerca de

quinhentos exemplares desta espécie livres na natureza, e trinta e oito em

cativeiro, sendo classificado pelo Ibama como criticamente ameaçada de

extinção. A raridade desta espécie a torna mais cara e portanto

mais cobiçada pelo tráf ico, podendo valer em torno de nove mil e

quinhentos dólares até doze mil dólares americanos.

4.2 – Do Transporte

Para que se possa transportar animais é necessário que se

tenha a Guia de Transporte de Animais (GTA), documento que é

expedido pelo Ministério da Agricultura, e é válido para todo tipo

de transporte, seja doméstico ou silvestre. E também quando se

adquire um animal silvestre, deve-se ter a nota f iscal de um

criadouro credenciado, dentro do território nacional, e ainda à

apresentação de Licença de Transporte de Animal Silvestre,

expedida pela Coordenação Geral do IBAMA.

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32O transporte de animais ainda deve obedecer outros

regulamentos emanados pelo Ministério da Agricultura como:

caixas de transportes com alça, trava para fechamento das portas,

fendas de ventilação, cantos arredondados para facil itar a l impeza

e espaço suf iciente para que o animal possa dar uma volta em

torno dele mesmo sem bater nas paredes. Para animais domésticos

menores de seis meses somente a GTA é obrigatória, para os

acima desta idade, a vacinação anti-rábica, com documento of icial

de controle, ou seja, expedido por veterinário cadastrado no

Ministério da Agricultura e do Abastecimento, é exigida. Para

outros espécimes de animais, dependendo da sanidade dos

rebanhos da região, poderão ser exigidos outras vacinas, exames e

documentos.

4.3 – Maus Tratos e Ato de Abuso

De acordo com o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais,

praticar maus tratos ou ato de abuso contra os animais é crime, e a

norma em evidencia não tutela apenas a fauna silvestre,

considerando também os animais domésticos ou domesticados,

nativos ou exóticos. Trata-se de preservar os últ imos de crueldade

e abandono e proteger os primeiros de uma captura,

comercialização desenfreada, e tudo que os torna particularmente

vulneráveis.

Em relação ao ato de abuso, pode-se observar que o tipo é

abrangente, podendo ter a hermenêutica como qualquer uso

indevido do animal, ou seja usar mal ou inconvenientemente como

por exemplo exigir trabalho excessivo do animal.

Já os maus tratos interpretam-se como: ferir (ofender, cortar,

lesionar); mutilar (priva-lo de algum membro); realizar experiência

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33dolorosa ou cruel em animais vivos, ainda que para f ins didáticos

ou científ icos. Com o intuito de proteger da forma mais ampla e

possível . Percebe-se então que há a idéia de crueldade, ou seja

l igado à satisfação em fazer o mal.

No parágrafo segundo do referido disposit ivo legal, verif ica-

se o evento preterdoloso, que ocorre quando a intenção não é de

matar o animal, mais havendo a morte do animal maltrato, será

atenuante, então a pena pode ser aumentada de um sexto a um

terço.

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CAPÍTULO V

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FISCALIZAÇÃO

5.1 – Educação Ambiental

Em nossa Carta Magna, no seu artigo 225, inciso VI

estabelece a obrigação do Estado de promover a educação

ambiental em todos os níveis do ensino, fazendo assim aplicar o

princípio fundamental do Direito Ambiental que é o da prevenção, e

nesse sentido José Rubens Morato Leite ensina que:

É importante salientar que esta tarefa de atuar preventivamente deve ser vista como uma responsabil idade compart i lhada, exigindo a atuação de todos os setores da sociedade, cabendo ao Estado criar instrumentos normativos, polít ica ambiental preventiva como já visto, abster-se de comportamentos nocivos ao meio ambiente e demais atuações pert inentes.

A educação ambiental foi normatizada pela Lei nº 9795 de

vinte e sete de Abril de 1999, que dividiu em quatro capítulos se

estendendo através de vinte e dois artigos. O capítulo I def ine o

conceito normativo da educação ambiental e os princípios que lhe

são próprios. O capítulo II trata da Polít ica Nacional de Educação

Ambiental (PNEA). Ao capítulo III compete elaborar os mecanismos

de execução da PNEA, e f inalmente o capítulo IV versa a respeito

das disposições f inais.

O tema em tela tem por objetivo a conservação ambiental,

que é a proteção do meio ambiente com a util ização racional dos

recursos naturais a f im de beneficiar a posteridade, assegurando

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35uma produção contínua de plantas , animais e matérias úteis,

mediante o estabelecimento de um ciclo equilibrado de colheita e

renovação, e não a preservação ambiental, que é a manutenção da

integridade e perenidade dos recursos ambientais.

Nos termos da Lei nº. 9795/99 a educação ambiental é

considerada um componente essencial e permanente da educação

nacional, devendo estar presente em todas as modalidades do

processo educativo em caráter formal e não-formal. Entende-se por

educação formal, todo o aprendizado lecionado em setores de

ensino público ou privado, ou seja, escolas e faculdades. E

educação não-formal é toda aquela recebida fora de entidades

escolares, ou seja, cursos, aulas particulares, sociedades sem f ins

lucrativos.

A educação é uma atividade constante que se faz diariamente

e em todos os locais, no processo de escolarização a preocupação

com as repercussões ambientais da atividade humana está sempre

presente.

Ainda no que tange a educação não-formal, os meios de

comunicação têm a incumbência de colaborar de maneira ativa e

contínua na disseminação de informações e praticas educativas

sobre o meio ambiente e os problemas ambientais.

A Lei nº. 9795/99 ainda impõe ao sistema nacional de

educação organizar ações que busquem desenvolver atividades,

que são consideradas necessárias para a Polít ica Nacional de

Educação Ambiental, tais como a capacitação de recursos

humanos, ou seja, a especialização e a atualização dos

prof issionais da educação de quaisquer níveis e modalidades de

ensino na dimensão ambiental; desenvolvimento de estudos,

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36pesquisas e experimentações, com o objetivo de difundir

conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão

ambiental; produção e divulgação de material educativo, apoiando

as iniciativas e experiências locais e regionais a respeito do meio

ambiente; e f inalmente acompanhamento e avaliação montando

uma rede de banco de dados e imagens que sirva de apóio às

iniciativas precedentes.

5.2 – Fiscalização

É através da f iscalização ambiental, atividade de proteção ao

meio ambiente, que os danos ambientais são evitados e se

consumados, reprimidos. Entretanto na maioria dos casos a

f iscalização não é exercida com a observância de suas normas,

com respeito aos cidadãos e de forma isenta, isso se deve ao não

conhecimento das regras pertinentes ao ato de f iscalizar, que são

desconhecidas pela população e inclusive o pelos próprios f iscais.

A f iscalização federal está mais bem estruturada e por tanto

será o objeto principal deste breve exame. A Lei nº. 10410/02, cria

e disciplina a carreira de especialista em meio ambiente, por esta

norma o cargo de analista ambiental tem as atribuições de regular,

controlar e f iscalizar o l icenciamento e auditoria ambiental;

monitorar o meio ambiente; gerir e proteger o controle da

qualidade ambiental; ordenar os recursos f lorestais e pesqueiros;

conservar os ecossistemas e as espécies neles inseridas, inclusive

seu manejo e proteção e f inalmente estimular a difundir as

tecnologias, informações e educação ambientais, conforme o artigo

4º. do mencionado disposit ivo. Cumpre ressaltar que conforme o

parágrafo único do artigo 6º. desta lei somente o analista

ambiental tem atribuição de f iscalizar, podendo somente o técnico

ambiental exercer esta função com expressa autorização emitida

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37por ato de designação da autoridade ambiental a qual estejam

vinculados.

Esta lei é a principal fonte normativa a ser observada, uma

vez que, o assunto em tela é disciplinado por portarias e atos

administrativos de menor hierarquia no âmbito federal.

Para que tal ato seja considerado legal há de se considerar

os princípios legais preceituados no caput do artigo 37 da

Constituição Federal, tais como legalidade, moralidade,

publicidade, impessoalidade e ef iciência. A f iscalização também

deve agir com respeito aos direitos e garantias individuais,

inclusive os referentes à privacidade do domicílio, conforme versa

o artigo 5º. de nossa Carta Magna.

A lei nº 11516 de vinte e oito de agosto de 2007, que era

medida provisória nº. 356, deste mesmo ano, cria o instituto Chico

Mendes de conservação da Biodiversidade, este Órgão é uma

autarquia Federal, dotada de autonomia administrativa e

f inanceira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e que além de

outras f inalidades também pode exercer o poder de polícia

ambiental para a proteção das Unidades de Conservação

instituídas pela União.

O Instituto Chico Mendes para f iscalizar os mais de cento e

cinco mil hectares da estação ecológica do Raso da Catarina,

situado ao norte do estado da Bahia, conta apenas com quatro

funcionários. O IBAMA para f iscalizar todo este estado conta com

apenas cem f iscais, vale ressaltar que esta região é uma das áreas

mais visadas pelos traf icantes de animais. Esta precária

quantidade de agentes f iscalizadores se espalha por todo o

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38território nacional, fazendo com que o traf ico de animais e a

biopirataria seja l ivremente praticado.

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39CONCLUSÃO

O mundo hoje enfrenta a preocupação de não deixar para as

gerações futuras um planeta saudável, com f lorestas, animais,

enf im um ambiente ecologicamente sustentável onde se possa

viver dignamente.

Há mais de quinhentos anos nosso País sofre com o tráf ico

de nossa fauna e f lora e com a biopirataria. Apenas no século

vinte, é que foram tomadas medidas para a proteção do meio

ambiente, ações estas que pouco suavizam o impacto causado no

ecossistema brasileiro.

A Lei de Crimes Ambientais, apesar de ser um começo, o

primeiro passo, pouco auxil ia no controle de práticas ilegais, dando

ao agente destruidor penas brandas, multas que quase sempre os

cofres públicos não recebem e tratando paternalmente os

biopiratas, l iteralmente dando a liberdade de extraírem de nosso

solo todas as riquezas que possuímos, com a mesma facil idade

que recebemos.

A biopirataria, apesar de ser um tema recente em nosso

mundo encontra, no Brasil, condições ideais para o seu

crescimento, um país que possui a maior f loresta do mundo, onde

se encontra também a maior cultura de util ização de plantas

medicinais e cosméticas, através dos povos indígenas, a principal

área de Mata Atlântica ainda existente no planeta, enf im a maior e

mais rica biodiversidade de todos os continentes. A passos largos

deixamos a Amazônia virar o quintal do mundo e nossos animais

silvestres, bichos de estimação para serem comprados nos pet

shops estrangeiros.

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40Chegará o dia em que o Homem conhecerá o íntimo de um animal.

E, nesse dia, todo o crime contra um animal será um crime contra a

humanidade. Com o pensamento acima extraído de Leonardo da Vinci

norteando nossas ações, devemos criar penas mais severas e quiçá enquadrar

o tráfico de animais e a biopirataria como crime hediondo, tendo em vista que

além der ser a terceira maior prática de atividade ilícita, só perdendo para o

comércio ilegal de drogas e armas e ganhando até do tráfico de mulheres,

nossos descendentes jamais poderão apreciar a beleza e a grandeza que

resplandece em nosso bioma.

A Educação Ambiental deve deixar tão somente a norma e realmente

entrar no currículo das escolas públicas e privadas, ao conscientizar o jovem

da suma importância da natureza, criaremos adultos preocupados com o meio

ambiente que farão mais do que nós para garantir a subsistência da nossa

biodiversidade e assim também as das gerações futuras.

Necessário se faz com que seja aumentado o efetivo que visa fiscalizar

as áreas de proteção ambiental, os equipamentos e técnicas necessárias para

tal. Combinando tecnologia, material humano e educação, seremos capazes

de diminuir ou quem sabe até acabar, com esta violenta agressão ao planeta e

por conseguinte a raça humana.

Ainda há muito o que se fazer para combater o Crime Ambiental e

cabe também a nós, operadores do Direito, enfrentar tal problema, que pode

ser considerado uma verdadeira guerra, e buscar melhores formas de legislar a

respeito do aludido tema e aplicar firmemente as sanções cabíveis a todos

aqueles que ao destruírem nossos recursos florestais e faunístico e ao

cometerem a biopirataria, destroem também nossa Terra Mater e em um futuro

próximo a humanidade.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A ORIGEM DA BIOPIRATARIA E O TRÁFICO DE ANIMAIS 10

CAPÍTULO II

RESPONSABILIDADE PENAL 13

2.1- A Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica no Direito Comparado 15

2.2- Da Aplicação das Penas à Pessoa Jurídica 16

CAPÍTULO III

BIOPIRATARIA 19

3.1-Biopirataria no Brasil 20

3.1.1- Da Mata Atlântica 21

3.1.2-Da Amazônia 22

3.2 –Água de Lastro 23

CAPÍTULO IV

TRÁFICO DE ANIMAIS 26

4.1-Tráfico de Animais no Brasil 28

4.2-Do Transporte 31

4.3-Maus Tratos e Ato de Abuso 32

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44CAPÍTULO V

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FISCALIZAÇÃO 34

5.1-Educação Ambiental 34

5.2-Fiscalização 36

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: Biopirataria e Tráfico de Animais

Autor: Camila Costa da Silva

Data da entrega: 13 de Agosto de 2009

Avaliado por: Willian Rocha Conceito: