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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE UM PLANO DE CURSO TÉCNICO EM INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Por: Laércio Gomes Dantas Orientador Professora Maria Poppe Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE UM PLANO DE CURSO TÉCNICO EM INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Por: Laércio Gomes Dantas

Orientador

Professora Maria Poppe

Rio de Janeiro

2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

2

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE UM PLANO DE CURSO TÉCNICO EM INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar

Por: Laércio Gomes Dantas.

3

AGRADECIMENTOS

A todos que, direta e indiretamente,

colaboraram na elaboração deste

trabalho, especialmente a professora

Maria Poppe.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho às pessoas mais

importantes da minha vida. Minha esposa

Cristiane; cujo companheirismo sempre

se faz presente; minha mãe Geralda cuja

dedicação foi responsável pela minha

formação, aos meus filhos; Alyne, Juliana,

João Victor e José Renato.

RESUMO

5

O presente trabalho descreve a Gestão para um plano de Curso Técnico em

Instrumentação e Automação Industrial com o intuito de suprir as necessidades

de uma demanda na industria naval, petroquímica e derivados do Estado do

Rio de Janeiro, identificando os aspectos formativos necessários à aplicação

da tecnologia para a formação de técnicos, principalmente para alunos egresso

do ensino médio da Rede Pública Estadual.

6

METODOLOGIA

Os métodos empregados neste trabalho foi o de pesquisas que foram

divulgadas pelo SENAI, SESI, FIRJAN E KUENZER, ACÁCIA E OUTROS,

além do Projeto Político Pedagógico, baseado na Lei Federal n° 9394/96, no

Decreto Federal n° 5154/04 e Deliberação CEE/RJ n° 295/05.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - TÉCNICOS EM INSTRUMENTAÇÃO E AUTOMAÇÃO

INDUSTRIAL 12

CAPÍTULO II - MODALIDADE DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL 22

CAPÍTULO III – ALUNOS DO PÓS-MÉDIO REDE PÚBLICA ESTADUAL 36

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

ÍNDICE 51

FOLHA DE AVALIAÇÃO 53

8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar o atendimento, a demanda da Indústria

Naval, Petroquímica no estado do Rio de Janeiro, nos segmentos de

Instrumentação e Automação Industrial através de cursos técnicos.

Destacamos os aspectos formativos necessários à aplicação da tecnologia

para a formação de técnicos nas áreas supracitadas, as modalidades de

tecnologia industrial de uma forma bastante abrangente, numa linguagem

estreitamente técnica e atual levando-se em consideração com que o

processo de globalização por meio da rede mundial de computadores,

encurtando distâncias entre os mais variados pontos do planeta, a rápida

divulgação de novos inventos e descobertas, bem como, suas utilizações

imediatas.

Sendo assim, observamos uma necessidade urgente no aumento da

qualificação da mão-de-obra, a demanda ainda insuficiente de profissionais,

técnicos qualificados, treinados e preparados para serem rapidamente

absorvidos pelo mercado.

Apesar de tratarmos de um aspecto técnico, não podemos deixar de criticar,

apresentando sugestões aplicáveis à dualidade do ensino profissional e

ensino geral, presente no Ensino Médio, enraizada na diferença entre

trabalho manual e intelectual. O sistema dual de educação se manifesta

na oferta de educação conforme diferença de classe prevalecente na

sociedade capitalista. A diferença entre trabalho manual e trabalho

intelectual não pode ser suprimida no sistema capitalista, sendo contrário à

lógica da acumulação. Por isso, inferimos, que esperar o rompimento da

dualidade existente no Ensino Médio através das reformas educacionais é

mera ideologia, e simultaneamente vamos denunciar o caráter ideológico de

9

muitos autores que ao compreender a democracia como valor universal,

acreditam que no capitalismo essa superação possa ser possível. A escola

está organizada para atender aos interesses do capital, logo, permite com

que o trabalhador contraditoriamente se aproprie do saber historicamente

acumulado, logo, não poderemos perder de vista que a concepção de

trabalho como princípio educativo não se realizam no capitalismo. Nesse

sentido, a educação na modalidade de Ensino Médio, na sociedade

capitalista, jamais romperá com a dualidade, uma vez que ela é um dos

princípios que garante a reprodução do sistema. Se a divisão entre trabalho

manual e intelectual não será suprimida no capitalismo, é ilusório ou

idealista achar que ela pode ser suprimida a partir das reformas

educacionais voltadas para o Ensino Médio, principalmente na Década de

1990. Essa interpretação está presente em várias obras de autores

marxistas que tem o Ensino Médio como objetivo de estudo, principalmente

as reformas da década de 1990.

As diversas reformas no nosso sistema de ensino leiam-se LDB, promovidas

por nossos governantes, ainda não foram suficientes para diminuir a enorme

distância entre o alto grau de intelectualidade, o melhor preparo acadêmico

e profissional da elite dominante e a imensa massa de estudantes oriundas

de escolas públicas A defesa de escola pública de qualidade e gratuita para

todos, passa a ser perseguida como possibilidade de ascensão social pelas

classes médias, enquanto as classes populares dificilmente passam pelo

funil que selecionava e impedia o seu acesso. A até então o Ensino médio

era apenas um substrato que conduzia a inserção daqueles que o cursavam

ao Ensino Superior. Com a Reforma Francisco Campos sustentado no

discurso da necessidade de produzir a especialização técnica profissional,

institui paralelamente ao Ensino médio cursos profissionalizantes.

Essa reforma foi o marco da dualidade do Ensino Médio no Brasil quando

legitimou dessa forma a preparação intelectual e humanista para aqueles

que iam conduzir os rumos da nação, e educação profissional e específica

10

para aqueles que iam impulsionar a industrialização, seja na qualidade de

vendedor de força de trabalho, de disciplina para as novas relações imposta

ou consumidor da produção industrial. Essa reforma veio de encontro aos

interesses das classes médias que sedentas por afastar-se do trabalho

manual, e diante da demanda educacional por preparação daqueles que e

executariam esse tipo de trabalho, estariam disponíveis para sua

concretização.

Não obstante, compreendemos a dualidade estrutural do Ensino Médio

como manifestação da diferença entre trabalho manual e intelectual, uma

característica peculiar ao modo de produção capitalista, que segundo

Martorano (2002) foi decisiva para o fracasso tanto da experiência do

socialismo real da antiga URSS, quanto da revolução cultural da China. O

autor constatou ao estudar a burocracia do Estado nas experiências

socialistas, que de nada adianta estatizar os meios de produção se não

houver a supressão da diferença entre trabalho manual e intelectual.

Conforme citamos no início dessa introdução, teceríamos críticas, como já

está relatado, porém apresentaríamos sugestões, identificando os aspectos

formativos necessários a formação de técnicos em instrumentação e

automação industrial, principalmente, para suprir as necessidades de uma

demanda de profissionais qualificados, para atuar na industria naval,

petróleo e derivados, logo, é preciso a inclusão e manutenção de cursos

técnicos, entre eles, o tema central deste trabalho: a formação de

profissionais de nível técnico no segmento de Instrumentação e Automação

Industrial, que será distribuídos em três capítulos, onde o primeiro vai falar

sobre aplicação da tecnologia para a formação desses profissionais, o

segundo vai descrever sobre modalidade de tecnologia industrial e o terceiro

vai falar sobre mercado, qualificação e inclusão de cursos técnicos para

atender, principalmente, os alunos do pos-médio da rede pública estadual.

11

CAPÍTULO I

Técnicos em Instrumentação e Automação Industrial

12

O Técnico em instrumentação e Automação é um profissional a serviço

da modernização das técnicas de produção utilizadas no setor industrial,

atuando no planejamento, instalação, e supervisão de sistemas de integração

e automação industrial. Esse profissional atua na automatização dos

chamados processos contínuos que envolvem a transformação ininterrupta de

materiais por meio de operação Bio-Físico-Quimicas. Na sua atividade de

execução de projetos, instalação e supervisão de sistemas de instrumentação

e automação industrial, são bastante empregados tecnologias como

controladores lógicos programáveis, transdutores, redes industriais, controles

de temperaturas, pressão, vazão, atuadores eletropneumaticos, sistemas

supervisores, entre outros; para tanto, precisamos de profissionais altamente

qualificados.

Conforme, vamos descrever as tecnologias envolvidas no campo da

instrumentação e automação industrial, os alunos tem que adquirir formação

nas áreas de mecânica, eletrônica, informática, instrumentação e automação

industrial, para se tornar um profissional com capacidade de aplicar os

conhecimentos tecnológicos do século XXI, esses conhecimentos, serão

alcançados através de professores altamente qualificados, escolas bem

estruturadas, com laboratórios de instrumentação, automação, mecânica,

informática e sala de multimídia para simulações.

1.1- Aplicação da tecnologia para a formação desses

profissionais.

No início do século XX os instrumentos eram mecânicos, na metade do

século eles eram pneumáticos e a partir da década de 60 passaram a ser

eletrônicos analógicos e no final do século passaram a ser eletrônicos digitais.

13

Os instrumentos mecânicos eram aplicações simples, não envolvendo

transmissões de sinais. Um bom exemplo que temos até hoje é a bóia de

nossa caixa d'água.

Com o maior desenvolvimentos tecnológicos, seguindo o exemplo da

caixa d’água citado acima, a teoria de controle teve grande avanço, passando

a ser transmissor - > controlador - > válvula de controle, mas com sinais

pneumáticos. As equações mais complexas eram desenvolvidas em aparelhos

pneumáticos chamados relés computacionais pneumáticos e nos controladores

pneumáticos. Os algoritmos de controle que surgiram nessa época foram

posteriormente implementadas na forma eletrônica analógica e mais

recentemente na forma digital.

A eletrônica analógica trouxe maior precisão e maior facilidade para a

concentração das informações na sala de controle. Os sinais eletrônicos

passaram a ser o de 4 a 20 mA para sinais indo e vindo do campo e 1a 5 Vcc

para sinais dentro do painel controle.

A eletrônica digital trouxe uma grande simplificação dos equipamentos,

pois todas as operações matemáticas que eram executadas por hardware,

passaram a ser por software. Os sinais continuaram sendo de 4 a 20 mA,

havendo agora uma lenta migração para sinais digitais. Existem diversas

padronizações de sinais digitais - a que provavelmente dominará o mercado é

um "Field Bus", mantido pela "Field Bus Foundation". Agora, um só

equipamento pode abrigar várias (ou todas) malhas de controle de um

processo. Portanto a estrutura pode ser :

Vários transmissores - > controlador micro processado - > várias

válvulas de controle.

1.2- Tipos de sinais de instrumentação

14

Os sinais necessários, para que os alunos do curso técnico em

instrumentação e automação industrial venham adquirir, são aqueles aplicados

na área de pressão, temperatura, vazão e nível, que podem ser tanto analógico

como digital(discreto).

1.3- Tipos de tecnologia aplicada na área de instrumentação e

automação industrial:

Analógico - inicialmente pneumático (3a 15 psi) e depois eletrônico (4

a 20 mA e 1 a 5 Vcc). Outro tipo de sinal analógico bastante usado o sinal em

mV, obtido em termopares. Os termopares são um tipo de sensores de

temperatura que possui uma ponta com junção de dois tipos de metais. Esta

junção gera uma mile voltagem, proporcional à temperatura a que é submetida.

É comum, portanto, o envio destes sinais em cabos especiais, chamados

cabos de compensação ou extensão, até à sala de controle.

Digital – É aquela que processa o sinal digital, através dos circuitos

combinacionais e seqüencial, sempre com a finalidade de processar a

informação binária.

Também é comum um outro tipo de sensor de temperatura, chamado

termoresistência, que é constituído de um bulbo de platina, cuja existência a

zero centígrados é 100 ohms. Esta resistência varia proporcionalmente à

temperatura que é submetido sensor. Neste caso o cabo leva um sinal de

resistência e é constituído de três fios, sendo o terceiro fio usado para anular a

resistência ôhmica resultante do comprimento do cabo.

1.3.1- Sinais discretos – São sinais obtidos de contatos que só

tem duas possibilidades: aberto fechado.

Esses sinais são muito comuns e alarmes e sistema de segurança. Por

exemplo: um acesso chamado Pressostato abre um contato, quando a pressão

15

da descarga de um compressor exceder um determinado limite. Este sinal

pode ser usado para acionaram um alarme visual e sonoro (lâmpadas

piscando e buzina) ou para acionar o sistema de segurança, por exemplo –

desligar o compressor.

A agora estamos discutindo a outra face da instrumentação - que é

alarme e intertravamento. Neste caso os sensores que monitoram a variável de

processos (pressão, temperatura, vazão, nível) possuem um contrato, que se

abre (ou fecha), quando o valor monitorado ultrapassa um predeterminado

ponto.

1.3.2- Sinais digitais – Como já falado a cima existem diversas

padronizações de sinais digitais - a que provavelmente dominará o

mercado é “Field Bus”, mantido pela “Field Bus Foundation”

Um Cabo de rede percorre vários instrumentos no campo (todos eles

microprocessados), terminando num computador na sala de controle, onde

roda um software de supervisão e controle. A maior parte das funções de

controle antes executadas no controlador do SDCD são agora executadas

pelos transmissores e válvulas de controlejá que todos são microprocessados

interligados via rede digital.

1.4- A recepção destes sinais na sala de controle é feita por:

- Em anunciadores de Alarme - que são aparelhos eletrônicos que

geram saídas para as lâmpadas piscarem e soar alarme sonoro - recebem

sinais discretos.

16

- Sistema de intertravamento a relés - cuja saída em situações

anormais, pode provocar o imediato fechamento (abertura) de válvulas de

controle ou acionar o desligamento de um equipamento elétrico - uma bomba

por exemplo - recebe sinais discretos.

- Controladores Eletrônicos/ Digitais - de uma malha ou multimalhas

(single ou multiloops). Recebe os sinais analógico do campo , executam o

algoritmo de controle e devolvem o sinal de controle para válvula.

- CLPs (controladores lógicos programáveis - abreviatura em inglês:

PLC) - é um computador dedicado a executar as funções do sistema de

intertravamento a relés. Ele é programado por uma linguagem de alto nível , e

possui cartões de entrada e saída para receber e enviar sinais discretos. Os

CLPs evoluíram para também receber e processar os sinais analógico ,

podendo neste caso substituir os controladores eletrônicos no processamento

de sinais analógicos.

- SDCD (sistema digital de controle distribuiído - abreviatura em inglês

DCS)- possui um controlador com algumas similaridades com o CLP, porém já

na descida para supervisão e controle de variaveis analógica. O controlador é

interligados a computadores que rodam um softawe de supervisão, mostrando

em suas telas o fluxograma do processo animado com os valores das variáveis

do processo.

1.5- INSTRUMENTAÇÃO

Em uma indústria (independente de qual produto fabricado ou sua área

de atuação) é necessária a medição e o controle de uma série de Processos

Físicos ou simplesmente Processos (conjuntos de transformações físicas de

materiais e/ou de energia). Processo como uma operação ou desenvolvimento

natural, que evolui progressiva e continuamente, caracterizado por uma série

17

de mudanças graduais que se sucedem umas as outras, de um modo

particular ou meta um; ou uma operação artificial ou voluntária que evolui

progressivamente e se constitui de uma série de ações controladas ou de

movimentos sistematicamente dirigidos para se alcançar um determinado

resultado ou meta.

Genericamente, pode-se definir que: "Processo Industrial se

constituem na aplicação do trabalho e do capital para transformar a matéria-

prima em bens de produção e consumo, por meios e técnicas de controle,

obtendo o valor agregado ao produto, atingindo o objetivo de negócio". (

Natale, 2004).

Deste modo para controlar um Processo Industrial se faz necessária a

medição de uma série de parâmetros físicos/químicos. Para a área de

engenharia que desenvolve, projeta e especifica os equipamentos que

realizam essas medições é que chamamos de Instrumentação.

A instrumentação é definida como "a arte e ciência da medição e

controle". O termo instrumentação pode ser utilizado para fazer menção à área

de trabalho dos técnicos e engenheiros de processo (instrumentistas,

engenheiros de instrumentação), que lidam com os aparelhos de processo

produtivo, mas também pode referir-se aos vários métodos e as utilizações

possíveis para os instrumentos.

1.6- CONTROLE

Controlar um Processo Industrial pode parecer tão simples como pode

ser bastante complicada, isso depende da complexidade do comportamento do

sistema a ser controlado, ou seja, no sistema de Controle.

Os instrumentos são ligados ao sistema de controle, o qual analisa a

medição enviada pelo instrumento. A resposta programada no sistema de

18

controle vai atuar nos dispositivos de controle inseridos no processo. Este ciclo

de atualização dos valores das variáveis manipuladas, medida dos valores das

variáveis controladas para se gerada a resposta adequada é uma forma mais

simples de descrever os conceitos associados ao controle de processos. Os

dispositivos de controle utilizados são normalmente considerados como parte

integrante da instrumentação, e podem ir desde os mais simples CLPs até os

jamais avançados DCS's.

As entradas nestes dispositivos podem variar desde um pequeno

numero de variáveis medidas até à ordem dos milhares.

O instrumento controlador recebe um sinal de campo (VP) compara o

ponto de ajuste (SP) e saí um sinal de correção (MV), atualizando

constantemente em fração de milesegundo.

1.7- APLICAÇÃO

Os técnicos de Instrumentação são responsáveis pelo teste, a

instalação, condicionamento e reparação de instrumentos e sistemas de

instrumentação. Existe uma grande interação com eletricistas, soldadores,

engenheiros de sistemas de potência e companhias de engenharia em geral, o

que faz com que se possa trabalhar nos mais diversos cenários.

1.8- AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Automação Industrial é aplicações de técnicas, softwares e/ou

equipamentos específicos em uma determinada maquina ou processo

industrial, com objetivo de aumentar a sua eficiência, maximizar a produção

19

com menor consumo de energia e/ou matérias-primas, menor emissão e

resíduos de qualquer espécie, melhores condições de segurança, seja

material, humana ou das informações referentes a este processo, ou ainda, de

reduzir o esforço ou a interferência humana sobre esse processo ou maquina.

É um passo além da mecanização, onde operadores humanos são providos de

maquinário para auxiliá-los em seus trabalhos.

Entre os dispositivos eletroeletrônicos que podem ser aplicadas estão

os computadores ou outros dispositivos capazes de efetuar operações lógicas,

como controladores lógicos programáveis, micros controladores, SDCDs ou

CNCs). Estes equipamentos em alguns casos substituem tarefas humanas ou

realizam outras que o ser humano não consegue realizar.

É largamente aplicada nas mais variáveis áreas de produção industrial.

Alguns exemplos de máquinas e processos que podem ser

automatizados são listados a seguir:

Indústria Automobilística

- Processos de estamparia (moldagem de chapas ao formato desejado

do veículo)

- Máquinas de solda

- Processo de pintura

Indústria química

- Dosagem de produtos para misturas

- Controle de pH

- Estação de tratamento de efluentes

E a indústria e mineração

- Britagem de minérios

- Usinas de Pelotização

20

- Carregamento de vagões

Indústria de papel e celulose

- Corte e descascamento de madeira

- Branqueamento

- Corte embalagem

Embalagens em todas as indústrias mencionadas

- Etiquetado

- Agrupado

- Lacrado

- Ensacado

A parte mais visível da automação, atualmente, está ligada à robótica,

mas também é utilizada nas indústrias químicas, petroquímicas e

farmacêuticas, com uso de transmissores de pressão, vazão, temperatura e

outras variáveis necessárias para um SDCD (sistema digital de controle

distribuído) com ou CLP (controlador lógico programável. A Automação

Industrial visa, principalmente a produtividade, qualidade e segurança em um

processo. Em um sistema típico toda a informação dos sensores é

concentrado em um controlador programável o qual de acordo com o programa

em memória define o estado dos atuadores. Atualmente, com o advento de

instrumentação de campo inteligente, funções executados no controlador

programável tem uma tendência de serem migradas para este investimentos

do campo. A Automação Industrial possui vários barramentos de campo ( mais

de 10, incluindo vários protocolos como: CAN, OPEN INTERBUS-S, FIELD

BUSFOUNDATION, MODBUS, STD 32, SSI, PROFIBUS, DEVICENET etc)

específicos para a área industrial (em tese este barramentos se assemelham a

barramentos comerciais tipo ethernet, intranet, etc), mas controlando

equipamentos de campo como válvulas, atuadores eletromecânicos,

indicadores, e enviando estes sinais a uma central de controle conforme

descrito acima. A partir deste barramentos que conversam com o sistema

21

central de controle eles podem também conversar com o sistema

administrativo da empresa.

Embora nossa abordagem seja executada numa linguagem

estritamente técnica, ressaltamos que o trabalho desenvolvido pelos

profissionais da educação seja no ensino médio ou ensino superior, procura

despertar no aluno o ínicio de um raciocínio lógico e instrumental, porém de

forma gradativa de modo que ao final do período de aplicação dessas

disciplinas esses alunos sejam capazes de compreender tal linguagem.

.

CAPÍTULO II

Modalidade de Tecnologia Industrial

Diversas modalidades preparam pessoas para o mundo do trabalho: a

aprendizagem industrial, a habilitação profissional de nível médio e a

qualificação profissional são algumas delas. Outras, como o aperfeiçoamento

profissional, servem para atualizar ou complementar os conhecimentos que o

trabalhador já possui. É diferente da especialização, que aprofunda as

competências adquiridas e pode até mesmo transformar-se em uma nova

profissão.

As faculdades oferecem em nível superior, através de cursos de

formação tecnológica, graduação plena e também pós-graduação. Além disso,

também existem cursos de aperfeiçoamento e especialização em nível

22

superior, entretanto, a nível técnico o aluno tem que desenvolver atividade que

engloba busca, tratamento, organização e disseminação de informações,

possibilitando a solução de necessidades de natureza técnica e tecnológica

referente a produtos, serviços e processos, para promover a melhoria contínua

da qualidade e a inovação no setor produtivo.

Primeiramente devemos definir "Processo Industrial " e " Variáveis de

Processo"

Processo Industrial é um conjunto de equipamentos que, interligadas

compõe um sistema de fabricação de algum produto.

Exemplos:

- Uma unidade para produzir gasolina

- Uma planta para produzir celulose

- Uma fábrica de cimento

- Um salto forno em uma siderúrgica

Estes processos industriais para funcionarem corretamente possuem

várias variáveis de processo que precisam ser monitoradas e controladas.

Exemplos:

- O nível de líquido na base de uma coluna de destilação de petróleo

- Uma pressão na descarga de uma bomba ou compressor

- A temperatura dos gases que saem no alto forno

- A vazão de vapor que produzida por uma caldeira

Instrumentação é o conjunto de equipamentos que monitoram e

controlam as variáveis dentro de um processo industrial.

23

Exemplos:

- Para monitorar a pressão de descarga de uma bomba nós instalamos

um instrumento de indicação local chamado "manômetro".

- Para monitorar a temperatura em uma determinada tubulação, nós

instalamos um instrumento de indicação local chamado "termômetro"

Com a modernização, todas informações sobre um determinado

processo industrial é visualizada na sala de controle, onde ficam os operadores

que supervisionam o processo. Ou seja, o operador de processo não precisa

mais ir até o campo para verificar a pressão de descarga de uma determinada

bomba ou nível de um tanque.

Para tanto, existem os transmissores, que são instrumentos

conectados ao processo. Os transmissores medem a variável (pressão,

temperatura, nível, vazão) e convertem os valores encontrados em um sinal

eletrônico. Este sinal eletrônico enviado para a sala de controle, através de

cabos de sinais eletrônicos.

Na sala de controle existem os instrumentos receptores que convertem

os sinais eletrônicos vindo dos transmissores em indicações visuais para os

operadores. Na sala de controle também podem ficar os instrumentos que

controlam as variáveis de processo. Estes instrumentos recebem o sinal vindo

do campo (variáveis de processo), comparam com valor de controle (set point)

e estabelece uma saída, também um sinal eletrônico, com valor da correção a

ser aplicada ao processo, para que a variável do processo fique igual ou mais

próximo ao valor do set point. Na grande maioria das vezes, a correção do

processo é feita por um equipamento chamado "válvula de controle".

24

A válvula de controle é a versão industrial da torneira (bem mais sofisticado)

que temos em casa, acrescida de um a tomador, que permite a sua abertura

via um sinal eletrônico.

Ou seja, o sinal eletrônico contendo ação de controle do processo que vem

da sala de controle é conectado à válvula de controle via um cabo de sinal

eletrônico. Na válvula esse sinal possibilita abertura fechamento gradual, de

forma proporcionar a ação de controle deseja sobre variava de processa ser

controlado.

Na sala de controle também existe outro tipo de instrumento chamado de

registradores. os registradores gravam em papel os valores recebidos do

Campo, gerando gráficos das variáveis monitoradas.

Com instrução dos computadores todos os instrumentos da sala de controle

(Indicadores, Controladores e Registradores) foram substituídos. Agora o

computador executa todas as tarefas.

25

2.1- MECATRÔNICA

Uma Abordagem Voltada à Automação Industrial

O mundo vem presenciando nos últimos anos o avanço vertiginoso da

Microeletrônica, num ritmo que até o momento não tem dado sinais de

desaceleração. Como resultado, são obtidos circuitos e eletrônicos cada vez

mais rápidos e poderosos, mais paradoxalmente cada vez menores, mais

baratos e econômicos. Associados diretamente à Microeletrônica, o

computador digital e as ciências da Computação também se desenvolvem

rapidamente, no circulo virtuoso em que os computadores mais poderosos

favorecem o desenvolvimento de aplicações mais complexas, que por sua

vez exigem cada vez mais poder computacional.

Apesar desses resultados estarem causando uma ampla revolução

tecnológica na Engenharia e na sociedade em geral, quando são

associados à sistemas mecânicos é que se observa o maior impacto nos

sistemas produtivos e no cotidiano das pessoas.

Não é de hoje que componentes eletrônicos (tais como os sensores, a

tocadores é eletro mecânicos e circuitos de controle) são utilizados no

controle e acionamento de sistemas mecânicos. No entanto, foi o recente

desenvolvimento dos circuitos integrados que possibilitou a produção em

larga escala e baixo custo de microprocessadores dedicados conhecidos

como microcontroladores. Hoje esses dispositivos eletrônicos estão

presentes não apenas em máquinas e equipamentos industriais, mas

também nos automóveis, nas máquinas de lavar roupas, nos sistemas de

ar-condicionado, o aparelho de vídeo, etc. Os sistemas mecânicos sofreram

profundas modificações conceituais com as incorporações da capacidade

processamento o que permitiu torná-los mais rápidos, eficientes e

confiáveis, a custos cada vez menores.

26

No Japão, a combinação bem-sucedida da Mecânica, Eletrônica e

Processamento Digital em produtos de consumo define-se com automação

recebendo o cognome de Mecatronica no final da década de 70. A figura 1

representa de forma genérica o sistema automatizado. Os sensores captam

as informações do mundo físico que são processadas digitalmente,

resultando em ações de controle. O sistema de controle age sobre o sistema

físico através de atuadores. Disto resulte um sistema realimentado, que

pode representar sistemas com níveis variados de complexidade.

Essa combinação pode gerar uma gama muito ampla de aplicações, de tal

forma que o termo Mecatrônica pode ser interpretado de formas diferentes

dependendo da aplicação em questão. Este artigo tem seu foco na

Automação Industrial, com particular ênfase na indústria de manufatura.

Este é foco adotado nos cursos técnicos e Engenharia Mecânica com

habilitação em Automação e Sistemas.

Muitos especialistas consideram que a MECATRÔNICA surgiu com o

desenvolvimento dos robôs. Os projetos na área de Robótica impulsionaram

o desenvolvimento de outras áreas, tais como o controle realimentado a

partir da fusão de informações sensoriais, tecnologias de sensores e

atuadores, programação de alto nível, cinemateca e dinâmica. O grande

avanço na área da Robótica somente foi possível com o surgimento do

microprocessador, pois o controle de trajetória dos robôs articulados

envolvem cálculos complicados que devem ser realizados em tempo real.

Segundo Schweitzer da ETH de que o Zuritch (1996), Mecatronica é uma

área interdisciplinar que combina a Engenharia Mecânica, a Engenharia

Eletrônica e Ciências da Computação.

Van Brussel, da Universidade Católica de Leuven (1996), considera

Mecatrônica como a combinação de engenharia mecânica, Engenharia de

Controle, Microeletrônica e Ciências da Computação, numa abordagem de

27

engenharia concorrente, e isto é, deve-se ter uma visão simultânea das

possibilidades nas diferentes disciplinas envolvidas, em contraste com as

abordagens tradicionais que geralmente tratam os problemas

separadamente.

Salminem, da empresa FIMET da Finlândia (1992),define Mecatrônica como

sendo a combinação de mecânica e eletrônica para melhorar a operação

em vários aspectos, aumentar a segurança e reduzir custos de máquinas e

equipamentos. Presume-se que o autor considera a Computação como

parte da Eletrônica.

Acar, da Universidade Loughborough na Inglaterra (1996), considera a

Mecatrônica como uma filosofia de projeto, baseada na integração de

Microeletrônica, Computação e Controle de Sistemas Mecânicos, para se

28

obter a melhor solução de projeto e produtos com um certo grau de "

inteligência " e " flexibilidade ".

Existem vários outros artigos que discutem a definição de Mecatrônica

(Ashley 1997), porém verifica-se que o ponto comum à maioria das

abordagens é, mais que a simples soma, a integração de diferentes

tecnologias.

A partir de meados da década de 80, países como Austrália, Japão, Coréia

do sul, além de alguns países europeus, e iniciar a criação de cursos de

graduação e pós-graduação voltados ao ensino multidisciplinar de

Mecatrônica – (Acar 1997).

Nos Estados Unidos não foram criados cursos específicos de Engenharia

Mecatrônica, porém foram introduzidas, nos currículos dos cursos de

graduação, disciplinas que apresentam o conceito de Mecatrônica (Ashley

1997). Na grande maioria das Faculdades de Engenharia dos EUA, as

modificações foram feitas nos cursos de Engenharia Mecânica, com

disciplinas que abordam a integração de Mecânica, Eletrônica e

Computação, para desenvolvimento de componentes e máquinas.

Na Finlândia foi introduzido em 1987 um programa especial de pesquisa em

Mecatrônica com a participação de quatro universidades técnicas. Esse

programa contou com um orçamento de 6,5 milhões de dólares até 1990, e

a participação de aproximadamente 80 indústrias atuando em setores

estratégicos (máquinas para fabricação de papel, telefonia móvel, máquinas

florestais, robôs especiais) (Salminem, 1996). O programa atingiu o objetivo

de difundir os conceitos de Mecatrônica nas indústrias e em 1995 um novo

programa foi introduzido, com um horizonte de quatro anos e um orçamento

de 20 milhões de dólares, envolvendo o universidades, centros de pesquisa

e indústrias, com novos temas na área de Mecatrônica.

29

Na Inglaterra a comunidade envolvida com Mecatrônica só recebeu a

aceitação oficial em 1990 com a criação de um fórum de Mecatrônica

apoiado pelo IEE (Institute of Electrical Enginners) (Hewit1996).

No Brasil, o primeiro curso e graduação em Mecatrônica surgiu no final da

década de 80, como uma iniciativa pioneira da Escola Politécnica da USP. O

curso, denominado Automação e Sistemas, foi implementado no

departamento de Engenharia Mecânica, aproveitando-se o núcleo do curso

de Engenharia Mecânica, ao qual se introduziram disciplinas novas de

Eletrônica e Computação (Cozman, 2000). Este curso foi iniciado em 1988 e

já formou centenas engenheiros até os dias atuais, entretanto, não temos

cursos de técnicos em instrumentação e automação industrial, conhecido

como Mecatrônica.

Atualmente a Automação Industrial é entendida como uma filosofia

relacionada à aplicação combinada de conhecimentos de áreas tradicionais

como Mecânica Eletrônica e Computação de forma integrada e concorrente.

Uma combinação para ser concorrente deve extrair o que é de mais

adequado em cada uma dessas áreas, de tal forma que o resultado final é

mais do que o simples soma de tais especialidades, mas sim uma sinergia

entre elas.

2.2- Contribuição para o desenvolvimento dos alunos

O conceito de Automação representa a combinação adequada de materiais

(resistência dos materiais, o comportamento térmico, etc.), mecanismos

(cinemática, dinâmica), sensores, atuadores, eletrônica e processamento

digital (controle, processamento de sinais, simulação, projeto auxiliado por

computador), logo, é necessário que os alunos adquira conhecimentos

específicos e desenvolva habilidades tecnológicas, tais como, física,

matemática, química, desenho e outras para que sejam capazes de aplicar

na área tecnológica com as seguintes características:

30

a ) NO PROJETO:

- Simplificação do sistema mecânico;

- Redução de tempo e de custo de desenvolvimento;

- Facilidade se introduzir modificações ou novas capacidades;

- Flexibilidade para receber futuras modificações ou novas funcionalidades.

b) NO PRODUTO:

- Flexibilidade de operação: programabilidade;

- Inteligência: capacidade para sensoriar e processar informações para se

adaptar a diferentes condições de operação;

- Auto monitoração e prevenção ativa de acidentes;

- Auto diagnóstico em caso de falhas;

- Redução do custo de manutenção e consumo de energia;

- Elevado grau de precisão e confiabilidade.

Vejamos alguns exemplos de como esses resultados são possíveis, dentro

da área de Automação Industrial.

Sistemas tais como máquinas ferramentas e máquinas de manufatura em

geral eram compostas por mecanismos para sincronização de movimentos e

normalmente acionados por um só atuador (em geral, um motor elétrico). A

grande complexidade dos mecanismos e exigir precisão elevada para

diminuir folgas e dispositivos de lubrificação para reduzir atritos. Essas

máquinas sofreram um grande desenvolvimento, com a introdução do

controle numérico computadorizado (CNC) possibilitando a obtenção de

peças com formas tridimensionais complexas. Os Controladores Lógicos

Programáveis (CLP) possibilitaram grandes modificações na indústria com a

automação de processos, melhorando o desempenho e a qualidade dos

produtos.

31

A utilização de mecanismos elásticos tem se tornado uma realidade e

possibilita a eliminação de juntas articuladas, por exemplo. Estruturas

flexíveis podem ser controladas através de sensores e atuadores montados

ao longo dessas estruturas, passando a apresentar comportamentos

desejáveis, como por exemplo, maior rigidez e eliminação de modos de

vibração.

As aplicações de computação Engenharia Mecânica evoluíram a partir do

início da década de 80 com a evolução vertiginosa do poder de

processamento dos computadores, acompanhado por um imenso declínio

de preços. Antes disso, programas para análise estrutural, térmica ou fluida

eram rodados em computadores tipo main frame com a entrada de dados

em cartões perfurados e saídas em forma de listagens. Atualmente esses

programas de análise oferece excelentes interfaces e gráficas para

usuários, tanto relacionada a entrada de dados como apresentação de

resultados. Hoje, modelos matemáticos sofisticados e cada vez mais

complexos podem ser simulados mesmo em computadores pessoais.

2.3- NÍVEIS

Para alguns, Automação é o conceito de integrada que o utiliza CAD e CAM

para gerar um produto complexo como, por exemplo, um robô. Um técnico

de produção, por outro lado, pode entender a Automação como sendo a

implementação de um sistema flexível de manufatura. Um técnico, ao

projetar uma câmara de vídeo, pode entendê-la como a utilização de

eletrônica numa aplicação Mecânica. Já um técnico em química pode

entender a Automação como controle de um processo químico utilizando

sensores e atuadores, controlados por um processador digital.

Provavelmente todos estão corretos, pois a Automação está presente em

diferentes níveis.

32

A atuação profissional nos diferentes níveis está relacionada com o grau de

compreensão exigido dos fenômenos físicos envolvidos: quanto mais

próximo, maior deve ser o domínio sobre eles. O nível de componente exige

o maior o grau de domínio, enquanto que o nível de sistema requer o menor.

Desta forma, conforme nos distanciamos do nível físico, diminuí-se a

complexidade física envolvida devido ao aumento do nível de abstração. Por

outro lado aumenta também as complexidades lógicas do sistema, exigindo

maior poder de processamento para lidar com uma maior quantidade de

informação. É o que ilustra a figura abaixo.

No caso de um sensor de temperatura, por exemplo, precisamos ter

conhecimento dos fenômenos físicos que podem ser utilizados para realizar

a medida (variação de resistência, dilatação térmica, junção termo-par, etc.),

as vantagens e desvantagens de cada um, as condições em que a medida

deverá ser feita (tempo de resposta, faixa de temperatura, precisão e

condições ambientais adversas), e a eletrônica necessária para condicionar

o sinal e permitir a sua leitura. No caso extremo do projeto de um sensor

desse tipo, a informação desejada é o valor real de uma temperatura, e seu

processamento envolve a transdução para um sinal elétrico.

No noutro extremo, um sistema de automação de fábrica (FAS) deve lidar

com informações bastante abstratas, tais como adequação de estoques,

capacidade produtiva das máquinas, previsões de demanda, escalas de

manutenção, possibilidade de falhas, limite de consumo de energia, etc. A

geração de um planejamento otimizado de produção (o que produzir,

quando e como) e o posterior controle da produção (o que produzir, quando

e como) e o posterior controle da produção (com correções ocorrendo ao

longo do trabalho) exige o conhecimento preciso e instantâneo de todas

estas variáveis e de muitas outras mais, além de envolver algoritmos

sofisticados para tomada de decisões.

33

DISCUSSÃO

O ponto importante do conceito da filosofia de Automação é a combinação

concorrente da Mecânica, Eletrônica e Computação, de forma integrada

para se obter, no produto características, tais como, flexibilidade e

inteligência, e no projeto, sistemas mecânicos mais simples, redução de

custos e facilidade para se introduzir modificações.

Os grandes desafios impostos pela automação são: atualização constante e

projetos visando a integração de conhecimentos de diferentes áreas. Os

meios de comunicação têm acompanhado esta evolução e a Internet tem

34

possibilitado consulta rápida a fornecedores e fabricantes de componentes,

máquinas e sistemas.

A integração, sendo uma característica dos projetos em Automação, exige

do profissional não apenas um conhecimento técnico abrangente, mas

também a habilidade para trabalhar em equipe, uma vez que seria muito

difícil um único profissional ter domínio total sobre todas as áreas

envolvidas.

O rápido desenvolvimento científico e tecnológico que estamos

presenciando inviabiliza a formação de profissionais de instrumentação e

automação industrial com profundo domínio de todas as especialidades que

compõem a área de instrumentação e automação industrial,, exigindo que a

educação ocorra de forma continuada mesmo após a conclusão do curso de

técnico profissionalizante.

Embora possa parecer que estamos sendo repetitivos, o ensino técnico

profissionalizante que observamos no nosso dia a dia, a necessidade dos

profissionais desse ramo de ensino em garantir um bom nível de ensino-

aprendizagem, esbarra num ponto crucial: baixa remuneração oferecida. Por

mais que queiramos ser didáticos, éticos profissionais cuidadosos e outros

adjetivos, não podemos nos esquecer de frisar que tanto o governo, leia-se

escolas públicas, quantos os empresários, leia-se escolas privadas, pouco

ou nada fazem para garantir aos profissionais condições de reciclagem (no

melhor sentido da palavra) e de atualização em que os mesmos possam se

ausentar de sala de aula para conhecer novas metodologias e tecnologias

recentemente lançadas. Esse desafio cabe ao próprio profissional, ciente e

zeloso, procurar tempo e disponibilidade para garantir sua atualização,

melhorando, de tal maneira, esse triângulo: aluno – ensino – professor.

35

CAPÍTULO III

ALUNOS DO PÓS-MÉDIO DA REDE PÚBLICA

ESTADUAL

Como já citamos anteriormente na nossa introdução, a dualidade entre

ensino profissional ensino geral presente no Ensino Médio, particularmente

no que diz respeito às escolas públicas, mediante a dicotomia resultante de

diversas reformas de ajuste na LDB, culminaram por "criar" uma nova

categoria de estudantes; qual seja, adolescentes e adultos portadores de

certificado de conclusão do Ensino Médio sem qualquer qualificação

profissional.

Para justificar nossa posição, podemos citar várias citações das variadas

leis e decretos elaboradas a partir da 5692/71 e até o decreto 5154/04, isso

sem deixarmos de tecer comentários sobre FUNDEF e FUNCEB,

mecanismos criados pelo governo federal com aplicabilidade de recursos a

níveis estadual e municipal, cuja preocupação primordial é o quantitativo e

não o qualitativo, entretanto, é necessária uma política seria de inclusão de

cursos técnicos, principalmente na área tecnológica para alunos egressos

do ensino médio da rede publica estadual, para que os mesmos tenham

uma profissão e sejam inseridos no mercado de trabalhos, diminuindo a

oferta de “vagas” para profissionais especializados.

As mudanças das políticas para o Ensino Médio estão associadas a vários

fatores, como as estruturais e geopolíticas nos anos 1990, que

conseqüentemente trouxeram novas tecnologias de produção e organização

do trabalho, passando a exigir do trabalhador uma qualificação voltada para

36

a adaptação as novas transformações tecnológicas, bem como a

instabilidade empregatícia.

Decorrente desse fato tem-se em 1991 o aceleramento das taxas de

matrícula retomando o crescimento evidenciado em 1970 e diminuído nos

anos 1980.

Entre as mudanças ocorridas no decorrer de setenta anos Cury enfatiza a

inclusão do Ensino Médio como parte da Educação Básica fundamentada

no artigo 22 da LDB, que já havia sido tornada gratuita com a Constituição

de 1988, e com a LDB tornou-se progressivamente obrigatória.

Apesar da LDB 9394/96 evidenciar a obrigatoriedade do ensino médio a

emenda 14/96 tira o caráter de obrigatoriedade, na medida em que coloca

que essa modalidade de ensino passará se ofertada de forma progressiva.

As análises sobre a LDB 9394/96 e a sua respectiva implicação para o

Ensino Médio também é desenvolvida por Kuenzer (1997) que a demonstra

como representação da síntese entre produção científica e as demandas da

sociedade, constituída por meio de um amplo debate. Apesar da

transparência evidenciada na LDB que preconiza a organização do sistema

nacional de educação, partindo da concepção gramisciana de escola

unitária, ela não rompe com a dualidade quando permite a criação de um

sistema paralelo a educação básica com a oferta de cursos

profissionalizantes.

3.1 Mercados de trabalho: Formal X Informal

As análises sobre a ênfase da LDB 9394/96 em relação à formação do

trabalhador é discutida por vários autores com interpretações diferentes.

Para CÊA (2005) a LDB da centralidade a importância na formação do

37

trabalhador, quando inaugura uma nova modalidade denominada de

educação profissional. Conforme Cêa:

Além do destaque recebido no contexto de uma economia competitiva, a

importância da formação do trabalhador torna-se um dos mais importantes

temas requeridos e reivindicados por diferentes segmentos das classes

burguesas e trabalhadoras, a ponto de ser interpretada como um ponto

consensual (LEITE, 1995) e de ser tomada como objeto de ação de

diferentes setores governamentais ao longo dos anos 90, entre eles

principalmente o Ministério da Educação (MEC), o Ministério do Trabalho de

Emprego (TEM) e o Ministério da Saúde (MS) (CÊA, G.S .S . 1995)

A importância dada a essa nova modalidade de educação profissional

(qualificação profissional), através do decreto 2208/97, deu legitimidade a

oferta de cursos profissionalizantes sem a necessidade de promoção dos

níveis de escolaridade, havendo uma desarticulação entre formação para o

trabalho e níveis de ensino o que conseqüentemente segundo Cêa (1995)

estabilizou as baixas taxas de escolaridade da população, não alcançando

sequer 08 a 10 anos.

Já Ramos (2004) ressaltam, que historicamente a razão de ser do Ensino

Médio é a sua centralidade no mercado de trabalho, para que as pessoas

viessem a ocupá-lo logo após a sua conclusão, porém, com a nova LDB o

trabalho perdeu a sua centralidade. A crise do desemprego e a flexibilização

das relações de trabalho conduzem a necessidade de preparar o sujeito não

mais para trabalho, mas para sua adaptação as novas relações sociais;

desvia-se assim o foco da educação voltada para o trabalho, passando a

assumir a preparação para a vida que nada mais é que a sua adaptação às

novas relações imposta pela mundialização do capital.

Essa foi a nova tônica da LDB 9394/96, preparar para a vida segundo

Ramos significa preparar para a adaptação ao mundo contemporâneo, com

38

o desenvolvimento das competências genéricas e flexíveis compatíveis com

as novas relações de trabalho.

Nessa mesma concepção de adaptação Duarte (2003) revela que a

pedagogia do aprender a prender, presente na educação como um todo a

partir dos anos 1990, tem como núcleo fundamental a formação voltada

para adaptação do sujeito à sociedade regida pelo capital. A criatividade não

significa transformação da sociedade, mas adaptabilidade a ela. A expansão

das escolas profissionais segundo Kuenzer (1997) não representa avanço

no desenvolvimento democrático, mas perpetua a diferença de classe.

Os autores acreditavam que haveria nos anos de 1990 uma continuidade do

processo de democratização iniciado nos anos 1980 com a abertura

democrática que se efetivaria na universalização da educação e a garantia

da sua qualidade para todos. Como esses anseios não se efetivaram, e

simultaneamente se privilegiou o investimento em Educação básica,

somente como ampliação do acesso sem a garantia da qualidade, e a

ausência de investimentos em outras modalidades de ensino como o Médio

e Superior, os autores tendem a tecerem críticas considerando esse período

como antidemocrático como ressalta: "As políticas e os planos

educacionais, implementados em nível do Estado no Brasil, acompanham

as vicissitudes da sociedade brasileira na falência de não consolidar, até

hoje uma sociedade democrática e de não incorporar amplos setores

populares a um projeto superior de educação a sociedade" (FRIGOTTO:

CIAVATTA, 2003).

Contudo, tais críticas permanecem embasadas na concepção de

democracia como valor universal, pois ao desconsiderar a democracia como

forma de organização de Estado de classe, logo ingenuinamente se acredita

na possibilidade de efetivação de todas as demandas reivindicadas pela

classe trabalhadora com uma formação básica ou seja Informal..

39

3-2 Qualificação Profissional.

A expansão das escolas profissionais segundo Kuenzer (1997) não

representa avanço no desenvolvimento democrático, mas perpetua a

diferença de classe. .

Duarte nos chama a atenção para as mudanças que se processaram no

final do Século XX e início do século XXI, quais reestruturam o sistema

capitalista, mas nem por isso podem ser compreendidas como outro

capitalismo, ou outra sociedade. A chamada sociedade do conhecimento de

acordo com Duarte é uma ideologia produzida pelo capitalismo e tem função

de enfraquecer as críticas radicais de oposição a esse sistema, bem como

impedir a luta pela revolução.

Ao tratar do surgimento da pedagogia da competência, Batista (2006) afirma

que ocorre a negação e do conceito de qualificação e a sua substituição

pelo conceito de competência. Ressalta que essa substituição de conceitos

ocorre em um contexto neoliberal, que elege o indivíduo como sujeito

principal das relações sociais ao mesmo tempo que nega qualquer

possibilidade de afirmação do coletivo.

Para esse autor, a noção de competência atrelada ao conceito de

empregabilidade constitui-se em conceitos chaves da ideologia que norteia

as políticas públicas de formação profissional na era neoliberal que os

alunos estavam preparados para o mundo do trabalho, ou seja, sem uma

formação técnica (Formal).

3-3 Inclusão de Cursos Técnicos.

Há muito tempo já deveria ter se configurado uma nova postura dos

governos estaduais e do governo federal em relação ao Ensino Médio

40

Profissionalizante. Essa atenção restringiu-se a impor a separação entre a

formação profissional e a formação geral e a disseminar a idéia de que um

novo Ensino Médio estava em andamento, sem contudo prover as escolas

de uma infra-estrutura adequada (laboratórios, quadras, bibliotecas) e sem

garantir aos professores as condições materiais e não materiais para a

realização de um novo tipo de trabalho.

Por outro lado, não se pode desconhecer que o atual governo resgatou a

possibilidade da integração entre Ensino Médio e na Educação Profissional

e aponta para um maior investimento no Ensino Médio e na Educação

Profissional, via aumento do número de escolas técnicas federais. Como

muitas destas instituições devem promover o Ensino Médio e o Ensino

Profissional integrados, haverá um pequeno aumento no investimento do

governo federal em ambas as modalidades de ensino. Contudo, esse fato

não é superior à política de arrocho salarial e de pouco investimento nas

instituições federais de ensino que contribuem para a perda da qualidade

das instituições federais de educação tecnológica, logo, é importante e

necessária uma política seria de inclusão de cursos técnicos, principalmente

para os alunos egressos do ensino médio.

CONCLUSÃO

A história da educação brasileira é caracterizada pela dualidade

estrutural do Ensino, que dispõem de um sistema voltado para a formação

intelectual, destinado às elites dominantes que a utiliza para obter riqueza e

41

poder, e uma educação voltada para a formação da massa de trabalhadores,

especificamente para a preparação da força de trabalho e reprodução da

acumulação. A educação, portanto corresponde ao modelo de sociedade

vigente logo se esse modelo é o capitalismo que tem a sociedade incidida no

antagonismo de classes, conseqüentemente a educação seguirá essa lógica,

desenvolver-se-à de forma a corresponder os interesses pautados na diferença

de classes.

O Ensino Médio no Brasil segue essa lógica da dualidade e a

manifesta de forma contundente, isso porque expressa conflito e educacional

entre formação profissional ou específica e formação geral o intelectual.

Não é diferente com o Ensino Médio: apenas, neste nível, por seu

caráter intermediário, a elaboração da proposta pedagógica para cada etapa.

As raízes dessa dualidade estrutural ou desse conflito estão vinculadas

na diferença entre trabalho manual e trabalho intelectual que se faz presente

desde os primórdios do capitalismo e corresponde a forma de dominação

vigente.

A depreciação do trabalho manual, e a supremacia do trabalho

intelectual são fundamentais para garantir a acumulação na medida em que

desvaloriza a força de trabalho, garante a dominação ideológica e a

fragmentação da classe trabalhadora.

De acordo com Xavier (1990), as classes dominantes desde o Império

têm um desprezo pelo trabalho manual, o que leva a conduzir a produção

econômica somente para exportação, essa produção manual não requeria

escolarização, por isso, o acesso à escola pelas massas era considerado

irrelevante. Esse pensamento garantiu exclusividade do acesso à educação

para as elites por quatro séculos de predomínio da economia agro exportadora.

42

Pode-se inferir a segundo a história que as raízes da nossa dependência está

nesse desprezo pelo trabalho manual.

Essa realidade efetivou um estilo de educação humanista e elitista até

a consolidação do capitalismo no Brasil dado com a emergência, da

industrialização, que contribuiu para disseminar a valorização da escola e o

ideário pedagógico.

Xavier (1990) sustenta a tese de que o desenvolvimento da educação

no Brasil seguiu a lógica do caráter de economia dependente, em que a escola

não foi responsável pelo desenvolvimento do avanço técnico científico e

cultural. Essa produção de conhecimento e tecnologia foi importada dos países

centrais, o que dispersou a escola de produzi-la, sua função limitou formar um

homem passivo, cidadão, com a formação humanista capaz de corresponder à

lógica da economia dependente e simultaneamente contribuir para

desenvolvimento do mercado interno, através do consumo industrial.

O processo desenvolvimento do capitalismo no Brasil tem de a

cumprir uma demanda externa, porque está vinculado às necessidades

expansão do capital, ou seja é compatível com a sua lógica de reprodução em

escala mundial, em regiões que muitas vezes carecem de condições mínimas

para sua reprodução. Essa é a lógica imposta pela divisão internacional do

trabalho, que está ancorada na ampliação do capital a partir da exploração e

imposição das novas relações de produção aos países colonizados ou

periféricos, define quais os países serão produtores de conhecimento e

tecnologia, bem como quais serão produtores de matéria-prima e

consumidores dessa produção tecnológica e industrial, por sua vez isso

garante a reprodução da conservação do sistema. Os países periféricos

passam a ter sua economia dependente, e para eles não é necessária a

produção de conhecimento e tecnologia, pois isso inviabiliza com que essa

tecnologia seja importada e põem em xeque a dependência Xavier (1990).

43

Esse processo inviabilizou um projeto e desenvolvimentos culturais,

científicos, tecnológicos, modernos e autônomos, colocando limites para

educação no Brasil.

A dualidade do sistema educacional, especificamente do Ensino Médio

segundo Xavier (1990) passa a existir a partir do momento que as massas

passam a ter acesso à educação, haja vista que antes elas não estavam na

escola.

A Educação Básica brasileira tem como marca a pouca

responsabilização do Estado com seu financiamento. Tal fato tem se

materializado na realidade escolar, na falta de condições estruturais que

permitam aos docentes desenvolverem com melhor qualidade suas atividades

profissionais.

Os professores, cada vez mais, mostram-se insatisfeitos com

tratamento que recebem dos governantes. Os salários baixíssimos e as

condições precárias são estimulantes ao abandono da profissão ou ao

descaso no exercício do magistério.

Se já não fosse preocupante o baixo investimento na educação, torna-

se uma calamidade o descompromisso estatal em cumprir aquilo que está

posto na lei, no que diz respeito ao montante de recursos a serem investidos

na educação (Davies, 2006).

Juntando-se o pouco compromisso estatal com a educação e o seu

empenho subserviente em garantir o pagamento das dívidas internas e

externas (Ação Educativa, 1999), pouco pode vislumbrar de melhorias na

destinação de recursos à Educação Básica.

Em dezembro de 2006, quase sete anos depois de ter sido

apresentado enquanto projeto pelo partido dos trabalhadores, foi aprovado

44

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento de Educação Básica e Valorização

dos Profissionais da Educação (FUNDEB), cuja a duração será quatorze anos,

substituindo o FUNDEF (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério), extinto neste mesmo ano.

Como pode ser visto pela sua denominação, o FUNDEB pretende

ampliar o raio de ação do FUNDEF, na medida em que inclui além do Ensino

Fundamental a Educação Especial, a Educação Infantil, a Educação de Jovens

e Adultos, a Educação Indígena e Quilombola e o Ensino Médio.

Aparentemente, a aprovação desse fundo representaria a ampliação do

compromisso do Estado brasileiro com a educação, não fazendo distinção

entre todas as etapas da Educação Básica, particularmente entre o Ensino

Fundamental e o Ensino Médio. Entretanto, não é assim que avaliamos.

O valor por aluno no Brasil está muito aquém do necessário e

recomendado à garantia de uma educação que atenda ao minimamente e

exigido para formar um indivíduo de acordo com um conjunto de desafios e

necessidades da sociedade moderna.

Essa constatação é reforçada ao compararmos os valores de

referência para o aluno do Ensino Fundamental no Brasil com aqueles

praticados nos países da União Européia ou e em alguns dos nossos vizinhos

latino-americanos.

O valor por aluno estabelecido no âmbito do FUNDEF sempre ficou

muito aquém do valor médio praticado pelos países europeus, em torno de R$

9.600,00 no Ensino Fundamental, e de R$ 13.300,00 no Ensino Médio. Ao

mesmo tempo, bem abaixo do que deveria ser esse valor, caso o governo

brasileiro tivesse feito o cálculo da forma correta.

Não faltam argumentações defensoras de maior investimento no

Ensino Médio, principalmente quando a justificativa é a necessidade formar um

45

trabalhador capacitado para os desafios do mundo moderno. Entretanto esse

próprio argumento usado pelo governo não surte efeito na sua prática de

financiamento, uma vez que nos últimos anos tem se concretizado o

afastamento constante de União no financiamento do Ensino Médio. As verbas

para essa etapa da Educação Básica que sempre tiveram uma participação

pequena no montante de recursos gastos pelo governo federal com a

educação - tendo seu valor mais expressivo em 1997, 5% - vêm sofrendo

diminuição e chegando em 2003 e 2004 próximo a 1% e atingindo em 2005, o

percentual também irrisório de 2,15%.

O Ensino Médio, como destacou Bueno (2000), é uma "estrela fugidia".

Estrela, por ser visualizado ou destacado, em muitos momentos da história da

educação brasileira como destinado à formação de quadros para elevar O

nosso desenvolvimento econômico. Mas, ao mesmo tempo, gozando de pouca

atenção dos governantes quando a questão em pauta refere-se ao seu

financiamento. Ou seja, merece enquanto estrela, ser adjetivado de fugidia por

recorrentemente o Estado fugir do compromisso de financiá-lo.

O nosso descrédito em relação à vontade governamental de tornar o

Ensino Médio coerente com as mudanças societárias - mesmo discordando do

viés e economicista que buscar subordinar a escola ao processo econômico -

decorre do fato de entendermos que um dos grandes desafios postos à escola

de Ensino Médio diz respeito à garantia de um ensino de qualidade ao grande

contingente de alunos matriculados.

O governo federal, durante a gestão FHC, resumiu sua atenção ao

Ensino Médio a determinar que o mesmo deveria ser, enquanto última etapa

da Educação Básica, um momento de transição, seja para inserção na vida

produtiva, seja para a continuidade dos estudos. No entanto, não garantiu a

expansão matrículas acompanhada a um maior financiamento do governo

federal para que o Ensino Médio alcançasse, ao menos, um desses objetivos.

O governo Lula não tem postura diferente, mesmo aprovando o FUNDEB.

46

Entendemos haver evidências de que a preocupação em tornar Ensino

Médio um ponto de referência - para qualquer o direcionamento futuro da

juventude: inserção no mercado de trabalho ou continuidade dos estudos -

está relegada a um plano muito secundário. Cada vez mais, tem se tornado

claro o quanto as escolas públicas não foram e não estão sendo alvo de uma

atenção governamental no sentido de garantir às mesmas condições básicas e

indispensáveis para terem um Ensino Médio de qualidade.

Pode-se dizer que nenhum governo FHC, nem tão pouco, o governo

Lula foram capazes de garantir uma verdadeira democratização do acesso a

um Ensino Médio.

Como destacou Kuenzer (2000) democratizar não significa

simplesmente garantir o acesso. Trata-se, antes de tudo, da articulação entre

acesso, permanência e disponibilidade de condições para que no momento de

realização das atividades escolares sejam garantidas as condições estruturais

para uma aprendizagem de qualidade. E isto diz respeito não só às condições

infra-estruturais, mas Também aos profissionais capacitados e desejosos de

contribuírem no processo de formação da juventude, pois se sentem também

profissionalmente valorizados pelo poder público.

Diante desse cenário é importante destacar o quanto a questão do

financiamento é passível de discussão e o quanto - ainda que tenhamos

avançado no referente à ampliação da oferta de vagas nas redes públicas

estaduais - estamos longe de garantir que tal ampliação seja acompanhada da

qualidade do serviço ofertado.

As políticas efetuadas pelos governos estaduais, embora tenham

ampliado consideravelmente as suas oferta, não foram capazes ou não tiveram

interesse em conciliar o atendimento à crescente demanda com ações

voltadas para conjugar crescimento de oferta com crescimento de qualidade

47

com a implantação de cursos técnicos, principalmente, na área de

instrumentação e automação industrial, para alunos egressos do ensino médio

da rede publica estadual.

Durante todo o desenvolvimento do nosso trabalho destacamos o

ensino técnico á nível de ensino médio e pós – médio, conforme a proposta

inicial.

Não podemos nos furtar de tecer um breve comentário a respeito do

ensino superior tanto em relação aos cursos de área tecnológica oferecidos

quanto á docência superior.

Vale a pena destacar o grande interesse dos profissionais do ensino

superior em buscar, cada vez mais atualização, qualificação, principalmente

através de cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado nessa área,

aumentando muito o nível de ensino e tornando esses docentes cada vez mais

habilitados a exercer o magistério superior.

A procura, por parte desses profissionais, pela docência do ensino

superior só nos faz acreditar numa enorme melhoria no processo ensino-

aprendizagem na área tecnológica.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Márcia; BUENO, Marias. O Ensino Médio e a reforma da educação básica.

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7- FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Educação básica no Brasil na

década de1990: subordinação ativa e consentida a lógica do mercado.

Educação e Sociedade, vol. 24, Nº 82, abril de 2003.

8- MARTORANO, Luciano Caviani. A Burocracia e os desafios da transição

socialista. São Paulo: Xamã/Anita Garibaldi, 2002.

9- KUENZER, Acácia. Ensino Médio e profissional: As políticas do Estado

neoliberal.São Paulo: Cortez, 1997. (Questões da Nossa Época, vol. 63).

10- OLIVEIRA, Dalila. A. “o ensino médio no contexto das políticas para

educação básica” In. ZIBAS, Dagmar; AGUIAR, Márcia; BUENO, Marias.O

ensino médio e a reforma da educação básica. Brasília: Plano Editora, 2002.

11- RAMOS, Marise N.”O projeto unitário de Ensino Médio sob os princípios do

trabalho, da Ciência, e da cultura” In: FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA.

Maria. (Ogs). Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília:

MEC/SEMTEC, 2004.

12- ZIBAS, Dagmar; AGUIAR, Márcia; BUENO, Marias. O Ensino Médio e a

reforma da educação básica. Brasília: Plano Editora, 2002.

13- NATALE, Ferdinando. Automação industrial serie brasileira de tecnologia.

Erica Editora, 2004.

49

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

02

AGRADECIMENTO

03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Técnicos em Instrumentação e Automação Industrial 12

1.1 – Aplicação da tecnologia para a formação desses profissionais. 13

1.2 – Tipos de sinais de instrumentação 14

1.3 – Tipos de tecnologia aplicada na área de instrumentação e automação

industrial 14

1.3.1 - Sinais discretos 15

1.3.2 - Sinais digitais 15

1.4 – A recepção destes sinais na sala de controle. 16

1.5 – Instrumentação 17

1.6 – Controle 18

1.7 – Aplicação 19

1.8 – Automação Industrial 19

50

CAPÍTULO II

Modalidade de Tecnologia Industrial 22

2.1 – Mecatronica. 25

2.2 – Contribuição para o desenvolvimento dos alunos 30

2.3 – Níveis 32

CAPÍTULO III

ALUNOS DO PÓS-MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL 36

3.1 – Mercados de trabalho: Formal X Informal. 37

3.2 – Qualificação Profissional 40

3.3 – Inclusão de Cursos Técnicos 41

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 49

ÍNDICE 51

51

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto A Vez do

Mestre

Título da Monografia: Gestão de um Plano de Curso Técnico em

Instrumentação e Automação Industrial

Autor: Laércio Gomes Dantas

Data da entrega: 28 de setembro de 2009

Avaliado por: Conceito: