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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM GESTÃO DE DOCUMENTOS: ASPECTOS JURÍDICOS DOS DOCUMENTOS EM MEIO ELETRÔNICO Por: Jonnhy de Oliveira Carvalho Orientador Prof.ª Aleksandra Sliwowska Bartsch Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO DE DOCUMENTOS: ASPECTOS JURÍDICOS DOS

DOCUMENTOS EM MEIO ELETRÔNICO

Por: Jonnhy de Oliveira Carvalho

Orientador

Prof.ª Aleksandra Sliwowska Bartsch

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO DE DOCUMENTOS: ASPECTOS JURÍDICOS DOS

DOCUMENTOS EM MEIO ELETRÔNICO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Empresarial

Por: Jonnhy de Oliveira Carvalho

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter iluminado o

meu caminho até este momento.

4

DEDICATÓRIA

A minha esposa Janine, companheira especial, pelo apoio nos

difíceis e nos bons momentos.

Aos meus filhos Gabriel e Giovanna, símbolos de amor e

felicidade, que trouxeram serenidade a minha vida.

5

RESUMO

Analisam-se os aspectos diplomáticos e jurídicos vigentes que ampara

o registro e a emissão de documentos em meio eletrônico mostrando suas

deficiências e indicando sugestões para sua melhora; quando da ausência

desses aspectos propuser as características que deverão estar contidas no

diploma legal. Esses documentos, atualmente, passam a ser necessários para

o desenvolvimento e progresso da gestão de uma organização, pois facilita a

comunicação entre os vários atores de ambientes internos e externos a ela,

além de agilizar nos procedimentos para o alcance de sua missão. O

documento eletrônico é definido a partir de características próprias e nas

semelhanças que o mesmo mantém com o documento tradicional. Para que o

documento eletrônico contenha validade jurídica ou de prova é necessário que

mantenha a sua autenticidade e integridade. Por meio da assinatura digital

podemos certificar essa validade, pois essa assinatura é produzida por técnica

de criptografia assimétrica – formada por duas chaves, uma pública e outra

privada. Para conferir a legitimidade dessas chaves criptográficas é

necessário que uma autoridade certificadora as regule. Portanto, a legislação

é bastante tímida perante a atual avalanche de informações eletrônicas, é

indispensável que ela seja elaborada de acordo com as necessidades atuais,

seja qual for a sua natureza.

6

METODOLOGIA

O método utilizado para dar apoio na realização desta monografia foi o

bibliográfico, com base em livros, sites da Internet, revistas especializadas,

anais de seminários e congressos, onde pôde ser extraído vários pontos

importantes para a análise.

Procurou-se explorar o tema sob vários aspectos, tais como, jurídico,

social e tecnológico.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Da revisão da literatura 11

CAPÍTULO II – Do documento tradicional ao documento

eletrônico

23

CAPÍTULO III – A questão do valor probatório dos

documentos eletrônicos

28

CAPÍTULO IV – Os aspectos jurídicos dos documentos

eletrônicos

40

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

BIBLIOGRAFIA CITADA 53

ÍNDICE 55

8

INTRODUÇÃO

Para as organizações, sejam elas públicas ou privadas, o não controle

e a falta de registro do que fazem e como fazem, inviabiliza saber o que ocorre

nos processos administrativos internos, trazendo como conseqüência,

resultados desastrosos e às vezes irreversíveis.

Os registros de todas as atividades de uma organização são feitos nos

documentos. As informações representadas nesses documentos são

consideradas orgânicas, ou arquivísticas, pois estabelece uma relação natural

entre si em decorrência das atividades da entidade produto da (a organização).

Atualmente, a sociedade vive em um mundo globalizado, onde a

informação e a tecnologia são os principais agentes de sua mudança. A

informação para as organizações é um dos principais ativos para uma boa

gestão. A informação produzida e contida nos documentos sendo organizada é

fundamental para o crescimento delas. O estabelecimento de diretrizes e

estratégias, tomada de decisões importantes, atendimento ao cliente, entre

outros, também dependem da organização dos documentos/informações.

A explosão informacional e a Era Digital, a popularização do uso da

informática, seguida ainda mais rápida pela expansão da Internet, colocou em

evidência a expressão “documento eletrônico”, termo que passou a integrar o

vocabulário comum de todos nós, enquanto usuários de computador. Para o

Direito, entretanto, o “documento eletrônico” ainda é fonte de alguma

perplexidade: essencialmente alterável, por natureza, poderia ser comparado

ao documento tradicional?

A partir desta questão, no primeiro capítulo, iremos conceituar o

documento eletrônico e o documento tradicional, caracterizando-os pelas suas

9

particularidades, comuns e distintas. Verificando, assim, os itens que validam

juridicamente o documento eletrônico, mantendo a sua autenticidade,

integridade e confidencialidade.

No segundo capítulo, demonstra-se que para que um documento

eletrônico seja autêntico é necessário o uso de uma assinatura eletrônica

(certificação digital), que possibilita identificá-lo como sendo unicamente de

seu produtor, garantindo a fidedignidade de seu conteúdo. Essa assinatura é

um código digital feito através da técnica de criptografia e é o componente

chave de um sistema de autenticação digital. Assim, para conferir a

legitimidade desta é necessário que uma autoridade certificadora forneça

meios para a criação de chaves criptográficas (assimétricas), bem como, emita

certificados de assinatura.

Como ponto crucial, abordaremos sobre a regulamentação para

emissão e certificação de documentos eletrônicos. É preciso que se pense em

algo para que o registro do fato ocorrido no meio eletrônico possa ser

equiparado ao documento tradicional e a lei vem em nosso socorro fazer a

devida equiparação e assim permitir que o fato social possa ser aceito como

uma norma pacificadora dos conflitos por acaso existentes neste ambiente

novo, que é o virtual.

No terceiro capítulo, em meio a todas as características que envolvem

o assunto, analisa-se a legislação vigente que ampara o registro e a emissão

dos documentos em meios eletrônicos, com a finalidade de mostrar e

compreender suas deficiências e apontar sugestões para sua melhora. E na

ausência dessa regulamentação propor as características que deverão estar

contidas no diploma legal.

A pesquisa foi utilizada para verificar as características da legislação

acerca do processamento eletrônico de documentos. Foi feita uma revisão

bibliográfica e análise de ocorrências sobre o assunto, restringindo-se à

10

legislação vigente, aos projetos em trâmite, bem como experiências

documentadas.

11

CAPÍTULO I

DA REVISÃO DA LITERATURA

Revisão de literatura da monografia

Desde a década passada o mundo continuamente tem mudado com o

advento da globalização, por transformações de ordem política e econômica.

As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e

à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet.

Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites

da economia e comecem a provocar certa homogeneização cultural entre os

países.

A partir deste cenário, as organizações – públicas ou privadas –

dependem cada vez mais da informação em seus processos decisórios. A

informação passou a ser um capital essencial para a sobrevivência da

organização. Para ser utilizada estrategicamente é fundamental que ela seja

gerida em favor da sobrevivência e competitividade organizacional. Destaca-se

que a informação orgânica tem nos documentos a base de sua representação.

Com a expansão do uso da Internet e das Intranets nas organizações,

a efetivação de atividades e registros em documentos eletrônicos se tornou

usual. Tornou a gestão da empresa mais dinâmica, pois através da rede

podemos lidar com negociações internas e externas ao ambiente

organizacional. Porém temos problemas com a garantia da verdade das

informações eletrônicas que circulam nas comunicações, nas transações

comerciais e nos sistemas de informações. Como podemos creditar valor em

algo que pode ser passível de adulteração? O que tem sido feito,

juridicamente, para garantir a integridade e fidedignidade (segurança) dessas

informações que circulam em nano segundos? Quais as semelhanças e

diferenças entre um documento assinado fisicamente no papel e um

documento assinado digitalmente? Para um documento ser assinado

12

digitalmente qual a infra-estrutura que iremos precisar para garantir que isso

seja efetivado, isto é, com a segurança e tecnologia apropriadas? Há previsão

legal que garanta a validade de documentos eletrônicos?

Pretendeu-se com o trabalho responder a todas essas perguntas.

Porém as dúvidas ainda irão se perpetuar, pois o mundo tecnológico se

desenvolve de forma constante. Muitas das respostas são respondidas no

mundo jurídico, pois é onde as normas legais são produzidas, modificadas e

seguidas. E para endossar o trabalho buscou-se definir e caracterizar a

transformação de documento físico para o digital. A diplomática caracterizou

com o mínimo de funcionalidades necessárias para garantir que o documento

eletrônico seja autêntico e íntegro e que tenha valor de prova em qualquer

momento na sociedade. A legislação aspira necessidades de atualizações

constantes devido à contínua metamorfose que essa sociedade passa

tecnologicamente.

Abaixo apresentamos os diversos autores e obras que constituíram o

trabalho:

1) Felipe Luiz Machado Barros – Juiz de Direito, Especialista em Direito

Tributário e Mestre em Direito Constitucional.

O autor tem artigos publicados em algumas especialidades do Direito

(civil, tributário, internacional), dentre suas várias publicações pode-se

citar: Uma visão sobre a adoção após a Constituição de 1988; Denúncia

espontânea: pressupostos de admissibilidade, requisitos de forma e

impossibilidade de alteração do instituto pelas entidades tributantes;

ICMS e importação de bem pra composição do ativo permanente.

Em seu artigo “Dos contratos eletrônicos no Direito brasileiro”, ele trata

sobre a previsão legal para as negociações realizadas nos diversos

ambientes da Internet. Para isso ele analisa e discute sobre as

referências legais que possam embasar o assunto, tais como, o Código

Civil Brasileiro e projetos de leis sobre documentos eletrônicos.

Evidencia a necessidade da segurança das informações eletrônicas

13

como essencial para validar os documentos eletrônicos como fidedignos

e íntegros. Por ser um profissional do ramo do Direito, o autor contribui

para a monografia em relação ao aspecto jurídico necessário para

validar o documento eletrônico, este atualmente é uma ferramenta usual

para a estratégia de gestão para várias organizações.

2) Angela Bittencourt Brasil é membro do Ministério Público do Rio de

Janeiro, e a sua especialidade é Direito de Informática.

Ela mantém uma larga produção de conhecimento, com diversos artigos

na área de Direito de Informática, que tratam sobre crimes, direitos

autorais, direito do consumidor, comércio e contratos virtuais, tudo isso

envolve não só a Internet como também as redes corporativas, e a base

de todas essas relações geram naturalmente documentos eletrônicos.

Podem-se citar os seguintes artigos: O sonho utópico de uma rede sem

fronteiras; Os direitos autorais e a WWW; Difamação e injúria na web; O

consumidor e os contratos internacionais; Congresso sobre spam: a

verdade; etc.

Em sua comunicação sob o tema “Aspectos jurídicos dos documentos

eletrônicos”, realizada no evento “Fórum sobre arquivos e documentos

eletrônicos”, realizado em 2001 no Rio de Janeiro, o qual participei, e

que foi publicada em Anais, ela explicita a necessidade de haver

doutrinas e normas legais que possam regular e autenticar os diversos

documentos que são produzidos diariamente em meio digital, seja

através de uma simples comunicação por email, um contrato digital, ou

documentos digitais provenientes de negociações no ambiente

informático das organizações. Ela ainda expõe que os documentos

eletrônicos para terem credibilidade precisam ser autênticos e íntegros,

para isso, é necessário recursos tecnológicos em segurança da

informação. A autora, também, é uma profissional do ramo do Direito,

especializada em Direito de Informática, e seu trabalho contribuiu para a

monografia por embasar a necessidade de se existir legislação para

regular a emissão e a negociação em meio eletrônico, esclarece e

14

define o documento como suporte de informação qualquer que seja o

ambiente, e atenta que para um documento ser fiel e tem que ser criado

em ambiente seguro e com mecanismo que possa manter isso.

3) Legislação Federal

O Decreto 3.587/2000 foi publicado pelo Governo Federal e estabelecia

normas para a Infra-Estrutura de Chaves Públicas do Poder Executivo

Federal – ICP-Gov. Foi o primeiro diploma legal a indicar regras mínimas

para emissão de certificação digital, que é necessário para e produção

de assinaturas digitais, mas somente para uso nas relações no circuito

do próprio Governo Federal. Ele criou a Infra-estrutura de chaves

criptográficas assimétricas e que se mantém até hoje, mas no ano

seguinte foi revogado pelo Decreto 3996/2001, que dispõe sobre a

prestação de serviços de certificação digital na Administração Pública

Federal. Esse Decreto contribuiu para maior conhecimento e

embasamento da legislação acerca do tema monográfico.

Os Decretos 3.714/2001 e 3.779/2001, em conjunto, dispõem sobre a

remessa por meio eletrônico de documentos oficiais entre os Ministérios

e a Casa Civil da Presidência da República. Esses regulamentos

também contribuíram para melhor esclarecer os dispositivos legais

existentes e permitiram o inicio do uso da certificação digital e,

consequentemente, das assinaturas digitais de forma oficial, diminuindo,

assim, a emissão de documentos decisórios em suporte papel que

deram lugar aos documentos emitidos digitalmente. Isso permitiu uma

maior economia de tempo e de serviços para remessa e controle por

parte da administração pública.

A Medida Provisória 2.200-2/2001, instituiu a Infra-Estrutura de Chaves

Públicas Brasileiras – ICP-Brasil e transformou o Instituto Nacional de

Tecnologia da Informação (INT) em autarquia. Esse regulamento legal

foi criado para garantir a autenticidade, a integridade e a validade

15

jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte

e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como

a realização de transações eletrônicas seguras. Ela serve de base para

a criação de diversas normas específicas sobre a construção de

sistemas criptográficos assimétricos para fornecimentos de certificados.

Identifica as autoridades regulamentadoras, políticas, fiscalizadoras e de

fornecimento de registros de certificações digitais.

4) José Henrique Barbosa Moreira Lima Neto é advogado, membro efetivo

do Instituto dos Advogados Brasileiros, conferencista, e também,

membro da Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos do Arquivo

Nacional e da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual.

O autor é um pesquisador sobre relações jurídicas na Internet, tem

várias obras e artigos publicados sobre: Redes sociais, direitos autorais,

inviolabilidade de dados, contratos eletrônicos, aspectos jurídicos

documentos eletrônicos e a violação de leis em ambiente virtual.

Podem-se citar alguns de seus artigos, tais como: Violação de direitos

autorais na internet; Sociedade Internet: uma volta ao passado; Da

inviolabilidade de dados: inconstitucionalidade da lei 9296/96; O seguro

e o contrato eletrônico; etc.

Em seu artigo “Aspectos jurídicos do documento eletrônico” destaca o

revolucionário progresso do registro da informação desde o início da

escrita até hoje com a expansão da informação digital. A Internet e as

redes locais são ambientes de informação e comunicação virtuais, e

neles os documentos são criados eletronicamente para inúmeras

finalidades, desde apenas divulgação do conhecimento, registro de

notícias até negociações organizacionais, contratos, relacionamento

com clientes, E-commerce, dentre outras funções. E para garantir a

credibilidade das informações registradas nesses ambientes e

legitimando-as ele realiza uma comparação dos conceitos entre

documentos tradicionais, ou seja, físicos, e os documentos eletrônicos,

buscando demonstrar o que há de paralelos e contrastes de estruturas e

16

signos neles contidos. Os documentos eletrônicos são defendidos na

exposição de diferentes juristas citados pelo autor, onde a maioria deles

se baseia no Código de Processo Civil que identifica os preceitos

mínimos para utilização de documentos para prova jurídica.

5) Augusto Tavares Rosa Marcacini, Advogado, Doutor em Direito pela

USP, Presidente da Comissão da Sociedade Digital da OAB-SP,

Membro da Comissão de Estudos sobre a Reforma do Código de

Processo Civil da OAB-SP.

O autor é especialista em Direito de Informática, em seus artigos ele

dentre suas publicações pode-se citar: Urgência e relevância em

violentar a Internet brasileira; Primeiras linhas sobre o software livre; O

apagão no comércio eletrônico no Brasil; Intimações judiciais por via

eletrônica: riscos e alternativas; Duas óticas acerca da informatização

dos processos judiciais; etc.

Em seu artigo “Notas sobre o Projeto de Lei de Comércio Eletrônico,

Documento Eletrônico e Assinatura Digital”, ele evidencia o crescimento

vertiginoso do acesso a Internet e à luz do Direito analisa a proposta de

um Projeto de Lei sobre validade de documentos eletrônicos, as

questões jurídicas envolvidas nas novas relações entre pessoas físicas

e jurídicas decorrente da explosão informacional e comunicacional

virtual. No Projeto o comércio eletrônico é tratado de modo especial,

devido a importância de se garantir que sejam cumpridos os direitos e

obrigações das negociações virtuais em expansão. Afirma-se que os

documentos eletrônicos assinados por criptografia teriam o mesmo valor

probatório que os documentos físicos (assinados em papel) desde que

as chaves criptográficas fossem reguladas e fornecidas por uma

entidade idônea e fiscalizada.

Outro artigo de Marcacini que ajudou na pesquisa foi “O documento

eletrônico como meio de prova”, nele o autor indica que a evolução

tecnológica faz com que o Direito acompanhe essa mudança, pois onde

ocorrem relações entre pessoas, físicas e/ou jurídicas, os preceitos

17

jurídicos têm que acompanhar para a garantia de direitos multilaterais.

Analisa as definições de documento e indica que, atualmente, diferente

do século passado, a representação de conteúdo documental não se

baseia em apenas no registro físico sob a escrita, mas também se tem

que aceitar os registros digitais. Apresenta o mecanismo tecnológico da

criptografia que pode garantir a validade das relações virtuais, bem

como, a comparação da validação probatória dos documentos

tradicionais e os documentos eletrônicos. Ele também comprova que

para os documentos eletrônicos terem validade têm que ser

autênticos/fidedignos, origem fiel, e íntegros, ou seja, têm que manter a

mesma estrutura e conteúdo, sem alterações, conforme foram

produzidos. Ele indica que nas relações pactuadas em contratos

eletrônicos ainda tem que ser temerário por parte das empresas, pois as

fraudes também aumentaram nesse tipo de negociação comercial. Não

apenas as empresas, mas o consumidor também pode sofrer com as

fraudes na Internet.

6) Aires José Rover é Professor-doutor da Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC), nos cursos de Direito e Engenharia e Gestão do

Conhecimento. É um pesquisador dos seguintes assuntos: gestão do

conhecimento, governo eletrônico, informática jurídica, sistemas

especialistas, Internet, tecnologia e Direito.

Em seu artigo “Aspectos jurídicos do documento e processo digital”

7) Dos próximos autores citei trechos de suas obras, pois utilizei as

passagens para definir documento. A maioria deles definiu o documento

como objeto de prova processual no ramo do Direito Civil. Achei

plausível utilizar definições do ramo do Direito, pois nada melhor que

uma área que se embasa em normas e preceitos jurídicos, baseado em

leis, para melhor representar um tema. E é na lei que a organização tem

que seguir em sua relação com a sociedade. Foram citados dois autores

que viveram no início do século passado, Chiovenda, Americano e

18

Rezende Filho, para representar uma ideologia em uma época um

pouco mais conservadora, mas mesmo sendo publicações antigas,

ainda se mantém atual na epistemologia do Direito.

a. Arruda Alvim é professor titular de Direito Processual Civil da

PUC/SP e já foi desembargador do Tribunal de Justiça de São

Paulo, atualmente exerce, também, advocacia.

O autor é, também, um pesquisador e escritor do ramo do Direito,

especificamente, em Processo Civil. Com centenas de artigos

publicados, as quais a maioria dedicada ao Direito Processual

Civil.

Em uma passagem na sua obra “Manual de Direito Processual

Civil”, foi utilizado um trecho em que o autor conceitua o

documento como uma prova real e trata o mesmo como uma

coisa. Ou seja, como prova real ele define o documento como

algo “acima de qualquer suspeita, inatingível”. Já ao tratá-lo como

uma coisa, ele mantém a idéia de algo palpável, físico.

b. Jorge Americano foi professor, advogado, promotor público,

deputado estadual por São Paulo, jurista internacional e

memorialista da cidade de São Paulo. Foi autor de diversas

obras: Processo Civil e Comercial; Estudo teórico e prático da

ação rescisória; Aplicações do Direito; O novo fundamento do

Direito Internacional, dentre Outros.

O trecho utilizado de sua obra “Comentários ao Código do

Processo Civil do Brasil”, que mesmo tendo sido publicado em

1958, ainda se mantém atual no momento em que ele define

documento como “qualquer escrito utilizável como prova do ato

ou fato jurídico”. Nessa passagem de sua publicação ele limita o

documento como prova judicial, mas como percebemos

atualmente, não necessariamente o documento somente servirá

19

de prova em ambiente forense, mas em quase todas as relações

entre organizações e/ou consumidores.

c. Giuseppe Chiovenda, foi um jurista italiano, lecionou nas

Universidades de Parma, Bolonha, Nápoles e Roma.

Ele foi autor de diversos livros e sua principal contribuição deu-se

na área do Direito Processual, sendo conhecido como um dos

maiores expoentes da doutrina jurídica italiana. Defensor da

oralidade processual, seus pensamentos foram referências

importantes na elaboração do Código de Processo Civil italiano

de 1940. Para Chiovenda o sistema jurídico é o modo pelo qual

se deve interpretar a lei, preencher as lacunas e afastar as

antinomias.

Foi utilizada uma passagem da publicação de Chiovenda

“Instituições de Direito Processual Civil”, na qual ele define

documento como uma representação material e que reproduz a

vontade do pensamento por definitivo. Pode-se afirmar que tanto

os doutrinadores do início do século XX como os do final do

mesmo se referiam ao documento como uma representação por

meio de sinais de uma vontade, em um suporte físico.

d. Gabriel José Rodrigues de Rezende Filho, de uma família de

advogados, foi professor catedrático de Direito Judiciário Civil na

Faculdade de Direito de São Paulo. Foi membro da OAB, do

Instituto da Ordem dos Advogados e da União Brasil - Estados

Unidos. Publicou vários artigos na Revista da Faculdade de

Direito e na Revista dos Tribunais.

Em uma passagem de sua publicação ”Curso de Direito

Processual Civil” foi apresentada a sua versão para definir o

documento. Para ele o documento pode ser um instrumento

público ou um instrumento particular. O primeiro é escrito por

20

oficial público; já o segundo é o escrito originado de uma ou

várias pessoas sem a intervenção de um oficial público.

e. Moacyr Amaral Santos foi Ministro do Supremo Tribunal Federal,

Professor Catedrático e Professor Emérito da Faculdade de

Direito da USP, Professor Catedrático da Faculdade de Direito da

Universidade Mackenzie, membro titular da Academia Paulista de

Direito.

Em sua publicação, “Primeiras linhas de Direito Processual Civil”,

atualizada e ampliada por Aricê Moacyr Amaral Santos, se

destaca as informações precisas e de elevado rigor técnico. Em

uma linguagem clara, são analisados os inúmeros institutos do

processo de conhecimento e do processo de execução,

destacando detalhes de temas e seu respectivo tratamento

legislativo. Foi utilizado de sua obra, um trecho que Santos diz

que documento é uma coisa que reflete um fato ou acontecimento

e que seria íntegro e fiel, visando a prova forense. Mas quando se

volta ao documento como prova ele o caracteriza sob diversas

formas físicas, seja escrita, gráfica, plástica, bidimensional ou

tridimensional. A partir de sua idéia estaria longe da atual

característica dos documentos virtuais.

f. Rogério Lauria Tucci, Professor-doutor da Universidade de São

Paulo em Direito.

Ele também através de seu “Curso de Direito Processual Civil”

definiu o documento, mas diferentemente dos demais ele não

direciona para o documento físico, algo palpável, mas sim, para

algo que ensina, mostra e indica uma ação.

8) Heloísa Liberalli Bellotto é professora da USP, licenciada e doutora em

história e bacharel em biblioteconomia, tendo feito cursos de

21

especialização em arquivística na Espanha, na França e nos Estados

Unidos. Atua na área de arquivos no Brasil, em Portugal e em alguns

países da América do Sul, ministrando cursos e palestras, dentre outras

atividades.

No seu livro “Arquivos permanentes: tratamento documental”, o

tratamento dos arquivos permanentes é o seu principal objeto, a autora

focaliza o tema sem perder de vista os princípios fundamentais da

arquivologia. Destaca-se o ciclo vital dos documentos, a função

arquivística, a tipologia documental, a identificação diplomática dos

documentos e uma análise sobre os valores dos documentos da terceira

idade, ou seja, os históricos.

A definição que Bellotto dá para documento se difere dos outros autores

do ramo do Direito, pois ela define o documento como fruto das

atividades arquivísticas. Ela diz que documento de arquivo é o produzido

por uma pessoa jurídica ou física no decorrer de suas atividades,

estabelecidas as relações orgânicas. Então, podemos afirmar que a

linha de pensamento dela é mais generalista, ela não afirma que o

documento é apenas uma prova forense, mas que o documento serve

de prova e de base para a gestão das atividades de uma organização,

desde o momento em que é a base do registro de toda informação

produzida e/ou recebida por ela.

9) Marilena Leite Paes, e Coordenadora do Conselho Nacional de Arquivos

(CONARQ) ligado ao Arquivo Nacional.

O livro da autora “Arquivo: teoria e prática” se trata de um manual

técnico da área de arquivologia. Ele apresenta as técnicas arquivística

do ponto de vista de um prático, a linguagem é clara, indica desde

conceitos de documento de arquivo, sua finalidade e funções, a gestão

de documentos como subsídio para a gestão das organizações, o

aspecto dos arquivos históricos e os arquivos de suportes especiais.

22

10) Jean-yves Rousseau é diretor do Service des archives de I’Université

de Montréal e Carol Couture é professor titular da École de

bibliothéconomie et des sciences de I’information de I’Université de

Montreal.

Na publicação “Os fundamentos da disciplina arquivística” eles

defendem uma arquivística não baseada somente na gestão de

documentos para a gestão empresarial, e nem tão somente para

organização e divulgação de documentos histórico-informativos, mas

sim uma arquivística integrada. Os autores demonstram a função da

informação arquivística, ou seja, a informação gerada por uma

organização no decorrer de suas atividades, na gestão da informação. A

gestão da informação orgânica em uma organização é necessária para

suprir a administração de subsídios a fim de decidir, de agir e de

controlar as decisões e as ações empreendidas. Além de efetuar

pesquisas retrospectivas que põem em evidência decisões ou ações

passadas.

O livro contribuiu para indicar que o cruzamento entre a gestão de uma

organização pública ou privada junto à gestão dos documentos ou informações

arquivísticas, sejam tradicionais ou virtuais, contribuem para o seu progresso e

competitividade. Também, disserta sobre as características e funcionalidades

da disciplina arquivística.

23

CAPÍTULO II

DO DOCUMENTO TRADICIONAL AO DOCUMENTO

ELETRÔNICO

A expressão documento eletrônico vem se tornando popular entre

usuários de computador, bibliotecários, arquivistas, etc. As organizações

também são os maiores usuários desse recurso tecnológico, tanto nos

procedimentos administrativos como em sua relação com o ambiente externo a

elas. Entretanto, o que exatamente queremos dizer com isso e quais definições

lhe podemos dar? Em especial, é possível considerar o documento eletrônico

como documento, na acepção jurídica da palavra?

2.1 – Conceituando o documento tradicional

Será tratado aqui o documento como representação de registro de

informações orgânicas, ou seja, arquivísticas, consequente das atividades

organizacionais.

O termo “documento” na doutrina jurídica possui diversas acepções,

podemos verificar certa dificuldade inicial em nelas abranger o documento

eletrônico. Para Chiovenda (1969) “documento, em sentido amplo, é toda

representação material destinada a reproduzir determinada manifestação do

pensamento, como uma voz fixada duradouramente”.

O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística conceitua que

documento é “unidade de registro de informações, qualquer que seja o

suporte ou formato”.

24

Já para Heloísa Bellotto,

“documento de arquivo é o produzido por uma entidade

pública ou privada ou por uma família ou pessoa no

transcurso das funções que justificam sua existência

como tal, guardando esses documentos relações

orgânicas entre si” (BELLOTTO, 2004).

Bellotto direciona e define documento como fruto das atividades

arquivísticas, o que exclui os documentos bibliográficos, referenciais, e os

museológicos, “monumentos”.

Santos (1997) ensina que documento “é a coisa representativa de um

fato e destinada de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo”.

Alvim (1997) afirma ser o documento uma “prova real (do latim res, rei),

dado que todo documento é uma coisa”.

Todos estes ensinamentos, lançados desde o século passado, e que

ainda correspondem a uma definição corrente em nossos dias, conceituam o

documento como sendo uma coisa, algo material e fisicamente tangível.

Alimentadas pela realidade de então, não se separa, nestas conceituações, o

pensamento que se quis documentar da matéria onde está gravado, estando

um e outra inseparavelmente interligados.

Entretanto, é interessante mencionar que para alguns estudiosos a

expressão “documento” sempre veio atrelada a idéia de um escrito oficial que

identifica uma pessoa. No meio jurídico, representa um escrito que faz fé

daquilo que atesta, de forma que se apresentado em juízo, prova o que o

pleiteante alega. Assim, Americano (1958), após reproduzir a definição de

Chiovenda, atribuindo-a para documento em sentido lato, afirmava que “em

sentido restrito, é qualquer escrito utilizável como prova do ato ou fato jurídico”.

25

Rezende Filho (1957) ensinava que “instrumento público é o escrito lavrado por

oficial público, segundo suas atribuições e com as formalidades legais“,

enquanto “instrumento particular é o escrito emanado do interessado ou

interessados, sem a intervenção do oficial público”.

É evidente que não se quer, aqui, atribuir qualquer visão futurista a

estes dois autores. Augusto Marcacini diz que:

“O escrito, para eles, em meados do século passado, era

necessariamente lançado em algum meio físico.

Entretanto, ao definir o documento a partir do

pensamento lançado em algum meio (que à época só

poderia ser algo tangível), ao invés de privilegiar a coisa

onde o pensamento está lançado; estes últimos conceitos

permanecem atuais. Merecem, porém, alguns reparos, ao

restringir a representação do pensamento à forma

escrita.” (MARCACINI, 2001)

Neste sentido, Santos (1997) distingue os documentos em escritos,

gráficos, plásticos e estampados: “escritos são os em que os fatos são

representados literalmente (escritura); gráficos, os em que são por outros

meios gráficos, diversos da escrita (desenho, pintura, carta topográfica);

plásticos os em que a coisa é representada por meios plásticos (modelos de

gesso ou madeira, miniaturas); estampados são os documentos diretos

(fotografia, fonografia, cinematografia)”. Assim, nem apenas de palavras

escritas consiste o documento, vez que também um desenho, sons ou

imagens gravados, podem ser considerados documentos.

Dessa forma, documento é a escrituração de uma ação feita. Segundo

Tucci (1989), a palavra “documento” provém de “documentum, do verbo

docere, que significa ensinar, mostrar, indicar”. A característica de um

documento é a possibilidade de ser futuramente observado; o documento

26

narra, para o futuro, um fato ou pensamento presente. Daí ser também

definido como prova histórica. Diversamente, representações cênicas ou

narrativas orais, feitas ao vivo, representam um fato no momento em que são

realizadas, mas não se perpetuam, não registram o fato para o futuro. Se esta

é a característica marcante do documento, é lícito dizer que, na medida em

que a técnica evolui permitindo registro permanente dos fatos sem fixá-lo de

modo inseparável em alguma coisa corpórea, tal registro também pode ser

considerado documento. A tradicional definição de documento enquanto coisa

é justificada pela impossibilidade, até então, de registrar fatos de outro modo,

que não apegado de modo inseparável a algo tangível.

2.2 – Conceituando o documento eletrônico

Atualmente, o conceito de documento para abranger também o

documento eletrônico, deve privilegiar o pensamento ou fato que se quer

perpetuar e não a coisa em que estes se materializam. Isto porque o

documento eletrônico é totalmente dissociado do meio em que foi

originalmente armazenado. Um texto gravado inicialmente no disco rígido do

computador do seu produtor; não está preso a ele. Assumindo a forma de uma

seqüência de bits, o documento eletrônico não é outra coisa que não a

seqüência mesma, independentemente do meio onde foi gravado. Assim, o

arquivo eletrônico em que está o texto poderá ser transferido para outros

meios, sejam disquetes, CDs, discos rígidos de outros computadores, ou ainda

percorrer o mundo pela Internet, mas o documento eletrônico continuará sendo

o mesmo.

O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define documento

eletrônico como “gênero documental integrado por documentos em meio

eletrônico ou somente acessíveis por equipamentos eletrônicos, como cartões

perfurados, disquetes e documentos digitais.” Já os documentos digitais são

27

definidos como “documentos codificados em dígitos binários, acessível por

meio de sistema computacional”.

Dentro dessa nova conjuntura, surgiu então a conceituação do

Documento Eletrônico, que guarda as principais características do Documento

Tradicional, excetuando-se o meio no qual é celebrado e a questão atinente a

identificação de quem o produziu. Portanto, se a técnica atual, mediante a

assinatura digital, com o uso de criptografia assimétrica, permite registro

inalterável de um fato em meio eletrônico, a isto também podemos chamar de

documento.

Incluído o documento eletrônico no conceito jurídico de documento,

dadas as suas características peculiares mostra-se possível propor mais uma

classificação - além das que já são estabelecidas pela doutrina - para distinguir

o documento entre documento físico e documento eletrônico. Santos (1997) diz

que “documento físico bem pode continuar a ser definido como uma coisa

representativa de um fato”. Se documento, em sentido lato, é o registro de um

fato, o documento físico é o registro de um fato inscrito em meio físico e a ele

inseparavelmente ligado.

Com isso, o documento eletrônico, como dito acima, não se prende ao

meio físico em que está gravado, possuindo autonomia em relação a ele. O

documento eletrônico é, então, uma seqüência de bits que, traduzida por meio

de um determinado programa de computador, seja representativa de um fato.

Da mesma forma que os documentos físicos, o documento eletrônico não se

resume em escritos: pode ser um texto escrito, como também pode ser um

desenho, uma fotografia digitalizada, sons, vídeos, enfim, tudo que puder

representar um fato e que esteja armazenado em um arquivo digital.

28

CAPÍTULO III

A QUESTÃO DO VALOR PROBATÓRIO DOS

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS

Repensando e falando sobre o conceito de documento, mostra-se útil

relembrar alguns aspectos do valor probatório documental, antes de

prosseguirmos com o estudo sobre a regulamentação dos documentos

eletrônicos. Portanto, o fato de o documento ter sido gerado eletronicamente

tem levantado muitas indagações com relação à validade deste.

Para que um documento eletrônico possa ter força probante, é

necessário que algumas características comuns ao documento tradicional

estejam presentes. Passaremos, então, a analisar quais as características

necessárias para que um documento eletrônico possa ter valor de prova.

3.1 – Noções de diplomática

Conforme demonstra Leal (2008) “a palavra diplomática deriva do

Latim diploma, originalmente um escrito dobrado em dois, diplous (duplo);

portanto, é, etimologicamente, a ciência dos diplomas”.

Segundo Duranti (DURANTI, 1996 apud RONDINELLI, 2004),

“Diplomática é um corpo de conceitos e métodos,

originalmente desenvolvidos nos séculos XVII e XVIII,

com o objetivo de provar a fidedignidade e a

autenticidade dos documentos. Ao longo do tempo ela

evoluiu para um sistema sofisticado de idéias sobre a

29

natureza dos documentos, sua origem e composição,

suas relações com as ações e pessoas a eles conectados

e com o seu contexto organizacional, social e legal”

(DURANTI, 1996 apud RONDINELLI, 2004).

Os documentos, também, podem ser classificados como diretos ou

indiretos. Os documentos diretos representam o fato diretamente, sem

intervenção da subjetividade de alguém. É o caso, por exemplo, de uma

fotografia; ela representa o fato tal como ocorreu e não como visto por um

sujeito. Já nos indiretos o fato é representado no documento através de idéias

e pensamentos de um sujeito. Um texto escrito ou uma planta de um imóvel

retratam uma realidade tal qual foi vista e declarada pelo autor destes

documentos; para estes a identificação da autoria é fundamental para que

tenham valor probante.

Em se tratando de documento indireto - que é o tipo mais comum -

necessário se faz, para emprestar-lhe força probante, que: a) tenha autoria

identificável (autenticidade); b) que não possa ser alterado de modo

imperceptível (integridade). Autenticidade e integridade são, portanto, os

requisitos básicos que deve conter um documento, seja ele físico ou eletrônico,

para servir como prova.

Por autenticidade se entende a certeza de que o documento provém

do autor nele indicado; “autor do documento é a pessoa a quem se atribui a

sua formação, isto é, a quem se atribui a sua paternidade”. Quanto aos

documentos públicos, considera-se seu autor o notário público que os lavrou,

embora todos os que os subscrevam também possam ser assim considerados.

A autenticidade não se confunde com a veracidade do documento.

Já a integridade, que segundo o Dicionário Aurélio significa

perfectibilidade, fidedignidade, algo verdadeiro. Caracteriza-se pela

preservação do documento contra alterações que lhe modifiquem o conteúdo.

30

Não podemos esquecer de outros aspectos que contribuem na

validação dos documentos, tais como: a tempestividade, que é a identificação

e preservação da data em que foram manifestadas as declarações de vontade;

e a confidencialidade, que é a preservação contra o acesso por pessoas não

autorizadas.

Entretanto, como um escrito que pode ser reproduzido, se o

documento eletrônico for copiado na mesma seqüência de bits, ele será

sempre o mesmo, tal qual o documento físico que se reproduz por meio de

vários sistemas, tais como, cópia xerox ou a fotografia. Na verdade não há

cordão umbilical entre o trabalho feito eletronicamente e o meio onde foi

criado. A única diferença existente nesse aspecto é que não podemos falar

em original e cópia entre os dois se o autor não for identificado, sem poder

identificar o original, e sem a necessária autenticação. Portanto, é difícil

falarmos na fidedignidade do original de um documento eletrônico, sem que o

mesmo seja assinado eletronicamente, onde a assinatura do autor seria

reconhecida por uma Autoridade Certificadora ou por um “cibernotário” ou,

simplesmente, notário público; como veremos nos próximos capítulos.

3.2 – A assinatura digital

Atualmente, a segurança é a maior preocupação de todos aqueles que

negociam pelos meios eletrônicos. A credibilidade dos documentos eletrônicos

está ligada essencialmente à sua originalidade e à certeza de que ele não foi

alterado de alguma maneira pelos caminhos que percorreram até chegar ao

destinatário. Para tanto, existe a necessidade de uma assinatura

eletrônica/digital que mantivesse a autenticidade e a integridade do documento

eletrônico de natureza original.

A autoria de um documento é normalmente identificável por meio da

assinatura, salvo nos casos em que o documento não costume ser assinado.

31

Porém, em alguns casos, é evidente que algum elemento de prova deve nos

levar a identificar o seu autor, fato que não se presume. A questão que se

coloca, aqui, é a seguinte: quando a lei exige “assinatura” como prova de

autoria, estaria restringindo a possibilidade de uma “assinatura eletrônica”?

Como interpretar o significado de “assinatura”? Seria apenas o ato de escrever

à mão o nome ou alguns traços personalizados, ou pode o vocábulo ser

interpretado de forma abrangente para designar qualquer meio distintivo que

possa ser atribuído exclusivamente a uma dada pessoa?

Ao que se parece, a finalidade de uma “assinatura” em um documento

reside tão-somente em permitir identificar a sua autoria. Por isso,

independentemente de indagar o significado do vocábulo, para fins

estritamente jurídicos, não há porque distinguir a assinatura manuscrita de

qualquer outro distintivo que permita, com significativo grau de certeza, a

identificação do sujeito que o realizou.

Assim, por que não repensar o significado de “assinatura”? A palavra

assinatura, ademais, não se prende apenas ao sinal manuscrito. Se o clássico

Dicionário Jurídico, de Silva (1982), afirma que “a assinatura se entende do

próprio punho do assinante”, o quinto volume desta obra, elaborado a título de

atualização por Vitral (1982), já acrescenta entre os termos jurídicos as

expressões “assinatura impressa” e “assinatura mecanizada", para designar

“toda aquela que é colocada em documento através de máquinas apropriadas”.

O Dicionário Aurélio aponta que assinatura também pode ser a “marca,

desenho ou modelo próprio de alguém”.

Por estas razões, não afronta as tradições jurídicas, nem desonra a

língua portuguesa, atribuir à assinatura significado mais amplo do que apenas

o ato de escrever de próprio punho. Pode ser considerado como assinatura,

tanto na acepção vulgar como jurídica, qualquer meio que possua as mesmas

características da assinatura manuscrita, isto é, que seja um sinal identificável,

único e exclusivo de uma dada pessoa. Se, até recentemente, a escrita manual

32

era o único meio conhecido de gerar um sinal distintivo único e exclusivo, é

evidente que para o meio jurídico não se deixava margem para questionar o

que se entendia por “assinatura”. Na medida em que a evolução da técnica

permitiu uma “assinatura eletrônica” que possui características semelhantes,

possível se mostra dar-lhe o mesmo significado e eficácia jurídica da

assinatura manual.

Por outro lado, para servir como meio probante, um documento não

pode ser passível de alteração. Analisemos o documento eletrônico sob este

prisma.

Não estando presos aos meios em que foram gravados, os

documentos eletrônicos são prontamente alteráveis, sem deixar qualquer

vestígio físico. Textos, imagens ou sons, são facilmente modificados pelos

próprios programas de computador que os produziram, ou, senão, por outros

programas que permitam editá-los, “byte por byte”. A data e hora de

salvamento do arquivo é também editável, mediante o uso de programas

próprios. Isto é fato notório e relativamente fácil de realizar, mesmo pelo

usuário de computador menos experiente. E nenhum vestígio físico é deixado,

para permitir apurar que o documento eletrônico tenha sido adulterado.

Ao analisar sobre “a eficácia probatória dos instrumentos resultantes

dos contratos por computador”, Santolim, em sua obra pioneira, afirma que:

“Para que a manifestação de vontade seja levada a efeito

por um meio eletrônico (isto é, não dotado de suporte

cartáceo, que se constitui no meio tradicional de

elaboração de documentos), é fundamental que estejam

atendidos dois requisitos de validade, sem os quais tal

procedimento será inadmissível: a) o meio utilizado não

deve ser adulterável sem deixar vestígios, e; b) deve ser

33

possível a identificação do(s) emitente(s) da(s) vontade(s)

registrada(s)” (SANTOLIM, 1995).

Faremos, entretanto, algumas ressalvas ao primeiro destes requisitos.

O meio em que estão gravados os documentos eletrônicos é essencialmente

alterável sem deixar vestígios. E, principalmente, esta característica que têm os

documentos eletrônicos, de não estarem presos ao meio em que são

gravados, é justamente o que lhes dá a necessária flexibilidade, a permitir sua

transmissão por meio da Rede mundial. Esta é uma das grandes vantagens

do documento eletrônico, e que foi maximizada com a expansão da Internet: a

possibilidade de envio instantâneo, seja para outra cidade, para outro Estado,

ou para o outro lado do mundo, se preciso for.

Assim, ainda que alguma técnica venha a permitir gravá-lo em um

meio não adulterável, atrelar o documento eletrônico a um meio físico, seria

desnaturá-lo ou despi-lo de sua maior utilidade. A sua flexibilidade seria

anulada, pois o envio do documento demandaria a remessa da coisa em que

está gravado, sendo de se duvidar, no caso, da vantagem de se utilizar o

documento eletrônico ao invés dos meios físicos tradicionais. Tal técnica

serviria, apenas, para reduzir custos com armazenamento de papéis. Nenhuma

utilidade teria para solucionar o problema de dar autenticidade a documentos

remotamente transmitidos.

É evidente que um documento eletrônico, para ter força probante, não

pode ser passível de adulteração. Porém, o que se deve buscar preservar é a

manutenção da seqüência de bits, ou seja, manter a segurança da informação,

tal qual originalmente criada, não importando em que meio o documento está

gravado, ou se o meio é ou não alterável. Para isso, fala-se em assinatura

digital, que é um código digital feito através de técnica de criptografia, é o

componente chave de um sistema de autenticação digital capaz de garantir

eficácia jurídica e a integridade desse documento.

34

Entende-se por criptografia a mistura de dados ininteligíveis, seguros e

secretos para a realização das comunicações virtuais. Tratar-se-á aqui, sobre

a criptografia assimétrica, também conhecida por criptografia de chave pública.

A criptografia assimétrica permite assinar documentos eletrônicos e

assegurar sua integridade posterior. Ela é formada por uma série de letras,

números e símbolos e é feita em duas etapas. Neste processo é utilizado duas

chaves, uma chave pública e outra privada. Assinado um documento eletrônico

- o que é feito com o uso da chave privada - é possível conferir a assinatura

mediante o uso da chave pública. E, além disso, ao efetuar a assinatura, o

programa, utilizando fórmulas matemáticas sofisticadas, vincula a assinatura

digital ao documento assinado, de tal sorte que a assinatura digital só seja

válida para aquele documento. Qualquer alteração, por menor que seja, na

seqüência de bits que forma o documento eletrônico, invalida a assinatura. A

simples inserção de mais um espaço entre duas palavras, não obstante o

sentido do texto não ter sido modificado, já é bastante para que seja perdido o

vínculo com a assinatura digital.

Com o uso da criptografia assimétrica para gerar assinaturas

eletrônicas, vê-se que é possível criar um vínculo entre a assinatura e o corpo

do documento, impedindo a sua alteração posterior. Entretanto, o

direcionamento da proteção é outro: o documento, em si, continua podendo

ser alterado, sem deixar vestígios no meio físico; mas se isto for feito, ele

perderá o vínculo que mantém com a assinatura, tornando-se sem valor e, com

isso, perdendo todo o seu valor probante.

Outro ponto que se passa a considerar diz respeito à data do

documento. Além da data que pode estar mencionada no corpo do documento,

constam também da assinatura eletrônica a data e hora em que foi gerada.

Aqui não tem qualquer diferença em relação ao documento físico: tanto um

como outro podem ser falsamente datados pelos seus signatários. No caso da

data constante da assinatura eletrônica, basta modificar a data do sistema (i.e.,

35

a data assumida pelo computador que está sendo utilizado para gerar a

assinatura) e, em seguida, assinar o documento eletrônico.

Até que algum sistema seja juridicamente reconhecido como apto a

provar - também por vias eletrônicas - a data dos documentos eletrônicos,

pode-se pensar em publicar em jornal as suas assinaturas digitais. Ou, quem

sabe, imprimi-las em uma folha de papel a ser apresentada ao Registro de

Títulos e Documentos. Sendo as assinaturas únicas para aquele documento, a

certeza quanto à data daquelas prova a deste.

Se somente podemos assegurar a integridade do documento

eletrônico mediante sua conferência com a correspondente assinatura, disto

resulta que documentos não assinados são irremediavelmente suscetíveis de

alteração.

Os pontos fracos do sistema de chaves públicas residem basicamente

na eventual apropriação indevida da chave privada e na autenticidade da

chave pública. E isto traz repercussões no estudo da falsidade dos

documentos eletrônicos.

Quanto a este primeiro problema, ele pode ser evitado na medida em

que o titular da chave tome cautelas para sua proteção. Entretanto, nenhuma

cautela é suficiente para evitar situações em que, mediante alguma forma de

coação física, o sujeito seja obrigado a fornecer a sua chave privada e a “frase-

senha”. Mas o problema, aqui, é o mesmo do mundo físico: alguém poderia

coagi-lo a subscrever um documento ou um cheque. De qualquer modo, é

importante lembrar que se terceiros tiverem acesso à chave privada, poderão

subscrever documentos como se fossem o seu verdadeiro titular, sem que isto

deixe qualquer vestígio.

O agente encarregado de fornecer e autenticar os pares de chaves,

seguramente, é a Autoridade Certificadora e é uma entidade independente e

36

legalmente habilitada para exercer as funções de distribuidor das chaves e

pode ser consultado a qualquer tempo certificando que determinada pessoa é

a titular da assinatura digital, da chave pública e da respectiva chave privada.

3.3 - A autoridade certificadora

Analisando, agora, a questão da autoridade certificadora, é a que tem

a função de garantir a autenticidade da chave pública.

Por autenticidade da chave pública queremos dizer a certeza de que

ela provém do seu titular. Qualquer um poderia gerar um par de chaves e

atribuir-lhe o nome de qualquer pessoa, existente ou imaginária. A

autenticidade do documento eletrônico é conferida sem dificuldade por

qualquer usuário de computador, com o uso do programa de criptografia e de

posse da chave pública do seu subscritor.

Hoje já é possível vislumbrar o uso eficaz de assinaturas digitais, as

perspectivas que se abrem são ainda mais promissoras. O estabelecimento de

normas próprias que regulamentaram o uso de assinaturas digitais tornou seu

uso mais difundido.

Atualmente, um notário oficial certificado para isso, ou “cibernotário”,

pode certificar com a sua assinatura as chaves públicas de outras pessoas ou

certificar outros atos praticados em meio eletrônico.

Como a chave pública do notário é notória, ou facilmente aferível, fica

mais fácil certificar a autenticidade de chaves públicas. A expedição, pelo

notário, de um “certificado de autenticidade” confere a presunção de

autenticidade às chaves públicas que certificar, tornando mais seguras as

relações jurídicas travadas por meio eletrônico, principalmente, pela Internet.

Este “certificado de autenticidade” pode assumir diversas formas, na medida

37

em que a técnica utilizada o permitir. Neste caso, para conferir estas

certificações temos que possuir a chave pública dos signatários.

Para tecer algumas considerações mais sobre a certificação da chave

pública feita por “cibernotário”, faça-se, aqui, uma comparação com o

reconhecimento de firmas, feito pelo tabelião tradicional.

O reconhecimento de firma, feito apenas por semelhança, como é o

modo mais usual, não confere sequer presunção de autenticidade; alegada

como falsa a assinatura, mesmo reconhecida, compete a quem produziu o

documento fazer a prova de que é verdadeira. Só se confere presunção de

autenticidade do documento, “quando o tabelião reconhecer a firma do

signatário, declarando que foi aposta em sua presença”. Evidentemente, tal

presunção é relativa, e teria a virtude de, apenas, inverter o ônus da prova. É o

que diz Miranda:

“A despeito do que se lê no art. 369 do Código de

Processo Civil, que reputa autêntico o documento cuja

firma do signatário foi reconhecida pelo tabelião, de modo

nenhum se pode afastar a ação declaratória de falsidade

do documento se a ação que se propõe é para se

declarar a falsidade da assinatura do tabelião, ou mesmo

a falsidade da firma do signatário, a despeito de o

tabelião ter reconhecido a firma, que foi lançada em sua

presença. Dir-se-á que não seria fácil provar-se a

falsidade da firma do signatário, se o tabelião a

reconheceu, ou a falsidade da firma do tabelião. Se alega

a falsidade da firma reconhecida, pede-se a declaração

da falsidade, bem como a apuração da ilegitimidade do

ato do tabelião, ou mesmo da falsidade da assinatura do

tabelião. Não seria de admitir-se que o ato de fé pública

38

fosse inatacável. Nenhum órgão do Estado pode ficar

incólume às ações contra ele.” (MIRANDA, 1996)

Pode-se admitir que mesmo a firma sendo reconhecida seja possível

argüir a falsidade, mas, no caso, a prova competirá a quem a alegar.

Importa, aqui, distinguir que a função do cibernotário seria apenas de

certificar a autenticidade da chave pública, e não do documento eletrônico. De

posse de uma chave pública sabidamente autêntica, qualquer um, com o uso

do software correspondente, poderá conferir a autenticidade do documento

eletrônico.

Um certificado de autenticidade poderia, ainda, conter informações

juridicamente relevantes, fazendo com que a assinatura digital contenha um

valor a mais em relação à assinatura manuscrita. Pode-se pensar, por

exemplo, em fazer incluir no certificado que o titular da chave é representante

legal de tal ou qual pessoa jurídica, conforme consta dos estatutos sociais

exibidos ao cibernotário. Isto conferiria maior segurança a respeito da

capacidade daquele que age em nome de pessoas jurídicas. Como estes

certificados deverão especificar o seu prazo de validade - seria arriscado

produzirem-se certificados perpétuos -, espera-se que ao menos dentro deste

prazo a pessoa continue a exercer estes poderes de representação; em caso

contrário, o certificado ainda poderá ser revogado antecipadamente.

Paralelamente à certificação das chaves públicas, o cibernotário tem

poderes também de dar publicidade à revogação da chave. Neste caso,

eventual revogação da chave pelo seu titular pode ser considerada eficaz

apenas a partir de sua apresentação a um cibernotário, conferindo-se

presunção de certeza acerca da data em que tal ato ocorreu. É importante que

o rol de chaves revogadas esteja disponível online, para permitir que a outra

parte possa prontamente conferir se a chave pública utilizada ainda é válida e

eficaz.

39

Outro campo de atuação para o cibernotário é o de autenticar

documentos. A cópia física de um original eletrônico pode ser por ele

autenticada, após conferência com o original eletrônico. Mas talvez mais

interessante do que isso é a autenticação de cópias eletrônicas do original

físico - seja a imagem digitalizada, seja a transcrição do texto em meio

eletrônico. Isto permite que um documento físico seja transmitido

eletronicamente, e, autenticado, fornece ao destinatário maior grau de

confiança acerca da sua fidelidade.

Trataremos, a seguir, da regulamentação existente e a caminho, no

exterior e no Brasil, sobre os documentos eletrônicos.

40

CAPÍTULO IV

OS ASPECTOS JURÍDICOS DOS DOCUMENTOS

ELETRÔNICOS

Estamos passando por uma revolução informacional, onde uma

informação pode percorrer o mundo em frações de segundos. O comércio

eletrônico e o número de atos jurídicos feitos em meio eletrônico expandiram e

representam um grande desafio para os legisladores. Um número crescente

de documentos eletrônicos orgânicos são criados, porém existem falhas na

regulamentação ou ausência desta no Brasil. Em muitos outros países, de

primeiro mundo é claro, já existem normas para tais atos.

A necessidade de regras, normas legais que regulamentem as

matérias relativas às relações eletrônicas nos seus diversos âmbitos e que

sanariam a lacuna hoje existente, padronizariam e regulariam aspectos

essenciais para a adoção do novo modelo. Sem isto, mesmo que os

interessados venham a definir certas regras para sua adoção, é gerada

insegurança jurídica a partir de interpretações diversas para situações

semelhantes.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), através de

seu organismo UNCITRAL, “United Nations Commission on International Trade

Law”, foi feita a minuta de uma lei sobre as relações comerciais por meio da

Internet como suporte de aconselhamento para que os diversos países

possam seguir uma única diretriz. No projeto, a UNCITRAL sugere que as leis

nacionais sejam aproveitadas ao máximo, com o uso das leis civis que dão

validade e reconhecem a existência dos atos jurídicos, bem como a questão da

sua prova. Ela estabelece que para que o documento eletrônico tenha o

mesmo valor probatório dos documentos escritos é preciso que eles tragam o

41

mesmo grau de segurança contido nestes, sendo que para que isto aconteça é

necessário o uso de recursos técnicos, que logo vemos que se trata do método

cifrado.

Para o reconhecimento da assinatura no documento eletrônico a

UNCITRAL prescreve que ela deve estar de modo a identificar a pessoa por

algum método, e é obvio que esse método a que se refere é a Criptografia,

pois é a única forma segura, no estágio técnico em que nos encontramos, de

garantir a autenticidade desse documento.

Apresentaremos, então, a seguir os aspectos da regulamentação dos

documentos eletrônicos no exterior e no Brasil

4.1 – A regulamentação em outros países

A primeira Lei, no mundo, a regulamentar o uso de assinaturas

eletrônicas provém do Estado de Utah, nos Estados Unidos da América, tendo

entrado em vigor em 1995. Trata-se de uma lei extensa e extremamente

detalhista. Com estrutura e técnica diversas daquelas empregadas na nossa

legislação, esta Lei contém toda uma seção destinada a estabelecer definições

várias - são, ao todo, trinta e sete definições -, que vão desde conceitos

técnicos publicamente conhecidos, como bit ou criptografia assimétrica, até o

significado de assinatura digital. Em linhas gerais, a lei estabelece qual deve

ser o conteúdo dos “certificados de autenticidade” das chaves públicas, quem

pode exercer as funções de “certification authority”, como estes entes deverão

operar, seus deveres e responsabilidades, que critérios devem ser observados

para expedição do “certificado de autenticidade”, como se dá a suspensão,

revogação e expiração destes certificados, bem como quais são os efeitos de

uma assinatura digital, para destacar os temas mais relevantes.

Em seguida, também em 1995, entrou em vigor na Califórnia, no

mesmo país, lei regulamentando o uso de assinaturas eletrônicas. Menos

42

abrangente do que a do Estado de Utah, que se aplica a qualquer pessoa que

queira se utilizar de assinaturas digitais, a legislação da Califórnia é voltada

apenas ao uso de assinaturas eletrônicas em documentos apresentados a

órgãos públicos. Muito mais enxuta, esta lei define apenas o que se entende

por “assinatura digital”, atribuindo-lhe a mesma força e efeitos de uma

assinatura manual, e declarando que seu uso é opcional.

Hoje, em quase todos os cinqüenta estados norte-americanos existem

leis que oferecem uma sólida fundamentação para aceitação de documentos

em suporte eletrônico. Embora a base legal específica possa diferir de um

estado para o outro, na sua maioria existem menções nos regulamentos que

tratam de evidências. Essas leis estaduais têm somente validade dentro dos

territórios dos Estados, o que vale dizer que, se um sistema legal estadual vier

a dificultar o comércio eletrônico ou a segurança ágil e barata das

certificações, esse Estado estaria prejudicando o comércio eletrônico dentro de

suas fronteiras.

Portanto, não há nos EUA, ainda, nenhuma estipulação quanto à forma

oficial, seja pública, seja privada, pela qual se dará o reconhecimento jurídico

nacional das assinaturas eletrônicas, conferindo assim validade jurídica às

certificações eletrônicas em todo seu território.

Outro país que já está bem a frente na regulamentação desse assunto

é Portugal, com o Decreto-Lei n.º 290-D, de 2 de agosto de 1999, que trata

dentre outras disposições de relevo, dos documentos e atos jurídicos

eletrônicos, objetivando apenas e tão somente, regular a validade, eficácia e

valor probatório dos documentos eletrônicos e da assinatura digital, legislação

esta, que nasceu da Resolução do Conselho de Ministros de Portugal n.º 115,

de 1º de setembro de 1998.

Nos termos do artigo 2º desse Decreto-Lei, vieram as definições

necessárias a regulamentar as operações na rede mundial, quanto a validade

43

dos documentos eletrônicos, que são considerados como aqueles documentos

elaborados mediante processamento eletrônico de dados. Porém, só isto não

basta, de acordo com o artigo 3º, que cuida da forma e da força probatória, o

documento eletrônico satisfaz o requisito legal de forma escrita, nas seguintes

hipóteses: a) quando seu conteúdo for suscetível de representação como

declaração escrita; b) quando lhe seja aposta uma assinatura digital certificada

por uma entidade credenciada, de acordo com os requisitos e exigências

contidos na própria lei, assegurando-lhe a força probatória de documento

particular assinado (conforme o disposto no artigo 376º do Código Civil

Português); c) quando lhe seja aposta uma assinatura digital certificada por

entidade credenciada, ainda que o conteúdo não seja suscetível de

representação como declaração escrita, a força probante será preservada com

amparo na legislação portuguesa (artigo 368º do Código Civil e artigo 167º do

Código de Processo Penal).

O legislador andou bem, pois dentro do permissivo legal, admite

inclusive que mesmo o documento de natureza eletrônica, no qual não tenha

sido aposta assinatura digital, o valor probatório poderá ser objeto de

apreciação com lastro interpretatório nos princípios gerais de direito.

Ainda podemos mencionar a existência de recente legislação já

aprovada a este respeito, em 1997, na Alemanha, Itália e Malásia e, aqui na

América Latina, a Argentina. Esta já adotou norma a permitir o uso de

assinatura digital perante os órgãos públicos, a semelhança da legislação

californiana, que é o Decreto 427/98.

4.2 – A regulamentação no Brasil

Embora já existam normas a respeito de assinaturas digitais em

documentos eletrônicos nos ordenamentos jurídicos estrangeiros, no Brasil

pouco se trata da matéria. Vários projetos tramitam ou tramitaram no

44

Congresso Nacional, e já temos também regulamentos sobre alguns aspectos

do assunto.

Uma norma nacional que menciona este tipo de assinatura é a

Instrução Normativa n.º 17, de 11 de dezembro de 1996, editada pelo antigo

Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), atual

Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG). Ainda assim, tal ato

apenas se resume a determinar que “no prazo de 360 (trezentos e sessenta)

dias serão feitas aplicações que tratem da utilização de documentos

eletrônicos e do uso de assinatura digital” (artigo 4º, § 6º), no âmbito das

atividades governamentais.

O Projeto de Lei n.º 2.644/96, apresentado pelo deputado Jovair

Arantes, faz menção ao uso de documentos e assinaturas eletrônicos. O

projeto, porém, é bastante tímido, e, em apenas oito artigos praticamente se

resume a reconhecer a existência de documentos e assinaturas eletrônicos.

Em seu artigo 1º, o projeto diz que: “Considera-se documento

eletrônico, para os efeitos desta Lei, todo documento, público ou particular,

originado por processamento eletrônico de dados e armazenado em meio

magnético, optomagnético, eletrônico ou similar”. A disposição peca pelo

equívoco lógico de definir uma coisa a partir dela própria (“documento

eletrônico... é todo documento”). No artigo 2º, temos que “Considera-se

original o documento eletrônico autenticado por assinatura eletrônica,

processado segundo procedimentos que assegurem sua autenticidade e

armazenado de modo a preservar sua integridade”. Ao dizer que o documento

eletronicamente assinado é considerado “original”, pouco significado jurídico

contém o artigo. Seria mais preciso dizer que tal documento eletrônico, assim

assinado, terá a mesma eficácia do documento físico. Mesmo porque,

conforme exposto anteriormente, não há significado em buscar distinguir, entre

documentos eletrônicos, qual é o original. Os demais artigos nada

acrescentam ao tema, limitando-se a prescrever deveres do administrador do

45

sistema de computadores e a tipificar penalmente algumas condutas.

Já, no Projeto de Lei n.º 1.589/99, de autoria do Deputado Luciano

PFL/PR e outros, da Câmara dos Deputados, é mais uma iniciativa legislativa

tendente a diminuir o vazio normativo, que “dispõe sobre o comércio eletrônico,

a validade jurídica do documento eletrônico e a assinatura digital, e dá outras

providências.”. O referido projeto foi originalmente elaborado pela Comissão

Especial de Informática Jurídica da OAB-SP, contando com a colaboração de

diversos advogados; entregue na Câmara dos Deputados em meados de

agosto de 1999, iniciou sua tramitação ao final daquele mesmo mês.

Em poucas palavras, o projeto, em seus 53 artigos, prevê regras para

a oferta de produtos e serviços por meio eletrônico, de modo a conferir maior

segurança jurídica às transações realizadas, e, por outro lado, equipara o

documento eletrônico assinado por criptografia aos documentos físicos.

Encontramos aspectos de relevância, tais como: a) o caráter da originalidade

do documento eletrônico, que será levada a efeito, sempre que o documento

for assinado pelo seu autor, mediante sistema criptográfico de chave de

natureza pública (caput do artigo 14º); b) a emissão de cópia do documento

eletrônico, que assim será considerada, como resultante da digitalização de

documento físico, com a sua consequente materialização de documento

eletrônico original (§ 1º do artigo 14º).

Outro ponto que merece destaque neste projeto, no concerne a

questão da força probatória do documento eletrônico, se encontra previsto no

artigo 15º, qual seja as declarações constantes do documento eletrônico

(conteúdo), digitalmente assinado (autoria), presumir-se-ão verdadeiras em

relação ao signatário (autor), desde que sejam observados os seguintes

requisitos no tocante a própria assinatura digital: seja única e exclusiva para o

documento assinado; seja passível de verificação (identificação da validade);

seja gerada sob o exclusivo controle do signatário (acesso eletrônico

individual); esteja de tal modo vinculado ao documento, de sorte que na

46

possibilidade de posterior alteração, seja invalidada; e, não tenha sido gerada

em momento posterior à expiração, revogação ou suspensão das chaves

(cujos atos são decorrentes das entidades certificadoras, independentemente

do seu caráter Público ou Privado).

Convém mencionar que o Projeto de Lei n.º 1.589/99, recepcionou a

presunção de veracidade entre os signatários, quanto a data constante no

documento eletrônico, circunstância na qual será defeso a qualquer um deles,

apresentar prova inversa, admitindo-se para tanto, todos os meios probatórios

em direito permissíveis (artigo 19º). De outra parte, nos termos expressos no §

1º, do artigo 19º, depois de expirada ou revogada a chave de algum dos

signatários, cumpre à parte a quem a assinatura beneficiar, o ônus “probandi”

de que a assinatura foi gerada eletronicamente, em período anterior à

expiração ou revogação.

Além disto, outro aspecto que merece destaque se encontra no

Capítulo II, que trata da “Da falsidade dos documentos eletrônicos” (artigos 21º

a 23º do Projeto de Lei). Assim, o mesmo define bem sobre a validade dos

documentos eletrônicos, da assinatura digital e dos critérios probatórios de tais

documentos; porém, ele só reconhece o documento eletrônico como sendo

autêntico, desde que seja devidamente certificado por um tabelião na Internet,

é o que podemos chamar de “cartório virtual”.

Outro projeto surge, é o Projeto de Lei com a assinatura do então

Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Parente, que

foi publicado na edição de 11 de dezembro de 2000 do Diário Oficial da União.

O projeto “dispõe sobre a autenticidade e o valor jurídico e probatório de

documentos produzidos, emitidos ou recebidos por órgãos públicos federais,

estaduais e municipais, por meio eletrônico, e dá outras providências.”

O projeto de lei em questão apresenta um defeito grave. Com efeito,

trata dos documentos eletrônicos produzidos, emitidos ou recebidos por órgãos

47

públicos e pelas empresas públicas. Assim, os documentos utilizados nas

relações que envolvem tão somente particulares não se beneficiam do

regramento ora discutido. Este esquecimento das relações entre particulares,

afronta a necessidade de segurança jurídica nas relações comerciais por

meios eletrônicos, já significativas na Internet brasileira. No momento histórico

em que vivemos podemos afirmar, sem medo de errar, que um dos mais

relevantes instrumentos para o progresso ou desenvolvimento das atividades

econômicas consiste justamente na regulamentação dos documentos

eletrônicos.

Curiosamente, o artigo 5º desse último projeto de lei autoriza o

arquivamento de documentos particulares por meio magnético ou similar.

Impõe-se a indagação: se tratou do arquivamento por que não contemplou a

produção ou circulação dos mesmos? Por outro lado, para garantir valor

jurídico (e probatório) aos documentos eletrônicos, consagram os princípios

anunciados pelos mais abalizados estudos da problemática em foco:

autenticidade (identificação do autor) e integridade (não alteração do

documento). Assumindo, como pensamos, o não-repúdio como decorrência

da autenticidade.

O mesmo ainda adota uma das mais importantes e corretas diretrizes

firmadas: a não edição de norma com força de lei consagrando uma

determinada tecnologia, mesmo que dominante ou única naquele momento.

Considerando a constante, porque não dizer frenética, evolução tecnológica

não convém que o diploma legal sobre a matéria faça uma opção por esta ou

aquela técnica, que pode restar ultrapassada em curto lapso de tempo.

A publicação do Decreto n.º 3.587, de 5 de setembro de 2000, veio

iniciar a normatização dos documentos eletrônicos por intermédio de diplomas

legais restritos à Administração Pública, que “Estabelece normas para a Infra-

Estrutura de Chaves Públicas do Poder Executivo Federal – ICP-GOV, e dá

outras providências.” Esse Decreto define a organização do ICP-GOV, o

48

modelo operacional e a política de certificação das chaves criptográficas que

constituem as assinaturas eletrônicas para os órgãos da administração pública

federal. Ele também permitiu a criação da Autoridade Certificadora Raiz (AC

Raiz) e, ainda, a instituição da Autoridade de Registro (AR).

Em 2001, entrou em vigor o Decreto nº 3.996/01, que revogou o

Decreto 3.587/00. Ele apresenta novas disposições sobre a certificação digital

e a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil.

Finalmente, em 28 de junho de 2001 o Governo Federal sancionou a

Medida Provisória n.º 2.200, que institui a Infra-Estrutura de Chaves Públicas

Brasileira (ICP-Brasil), para garantir a autenticidade, a integridade e a validade

jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das

aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização

de transações eletrônicas seguras. Essa MP foi reeditada pela Medida

Provisória nº 2.200-1, de 27 de julho de 2001. E, em seguida, novamente,

reeditada pela Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.

A partir da MP 2.200, a criação da ICP-Brasil deve fornecer condições

essenciais para conceder validade jurídica aos documentos eletrônicos e

garanti-los autenticidade e integridade.

49

CONCLUSÃO

As dificuldades que encontramos na plena equiparação do documento

eletrônico ao documento tradicional residem na complexidade de

regulamentação, seja legislativa, seja meramente administrativa, de seu uso e

aceitação por parte de entes públicos. Assim, atos notariais como a elaboração

de instrumentos públicos em forma eletrônica, a autenticação de cópias físicas

de documentos eletrônicos - ou vice-versa -, o “reconhecimento” das chaves

públicas, a certificação da data dos documentos eletrônicos, ou outras

participações possíveis que o tabelião possa ter na formação ou comprovação

de documentos digitais deverão estar em contínuo desenvolvimento na

regulamentação, senão legislativa, ao menos administrativa.

Nenhum óbice, porém, existe a impedir o uso de documentos

particulares eletrônicos que permitam demonstrar a autenticidade da chave

pública e a intenção das partes em atribuir eficácia à assinatura digital. Neste

campo, a existência de prévia lei não se mostra um imperativo, mas,

certamente, um futuro tratamento legislativo será bem-vindo, para o fim de

definir com clareza qual a eficácia e a validade de assinaturas e documentos

eletrônicos, que requisitos eles deverão conter, ou quais os direitos e deveres

daqueles que criam, certificam, ou se utilizam de chaves eletrônicas.

Além de permitir um regime uniforme e de normatizar uma série de

novas situações que advirão do progresso de uso dos documentos eletrônicos,

uma futura lei ainda servirá para pôr abaixo eventuais resistências e

desconfianças que ainda possam subsistir quanto ao seu uso e valor probante.

Para isso, nos dias de hoje, existe técnica hábil a tornar esses documentos

algo no mínimo tão seguro quanto os documentos tradicionais; e,

principalmente, o uso de documentos eletrônicos e assinaturas criptográficas

pode ser plenamente recepcionado pela nossa ordem jurídica.

50

Finalmente, foram feitas algumas breves considerações que tínhamos

para fazer, dentre as muitas que poderiam ser feitas, restando aqui apenas a

ressalva de que o assunto está longe de se mostrar esgotado ou pacificado,

sendo necessária ainda a realização de muitos debates e discussões sobre o

tema, de forma a poder-se, assim, clarear um pouco mais esta área um tanto

quanto cinzenta para muitos profissionais que em suas organizações têm na

informação um dos principais ativos para desenvolvimento, eficácia e eficiência

das suas atividades.

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/buscalegis>. Acesso em:

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<http://www.planalto.gov.br> Acesso em: 17/06/2011.

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juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6495>.

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da 2ª edição italiana por J. Guimarães Menegale. 3ª ed. São Paulo:

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6. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio: o dicionário da língua

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ELETRÔNICOS, 2001, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, RJ:

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11. RONDINELLI, Rosely Curi. Gerenciamento arquivístico de documentos

eletrônicos: uma abordagem teórica da diplomática arquivística

contemporânea. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

12. SANTOLIM, Cesar Viterbo Matos. Formação e Eficácia Probatória dos

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13. SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil.

18ª ed. (revista atualizada e ampliada por Aricê Moacyr Amaral Santos).

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14. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 7ª edição. Rio de Janeiro:

Forense, 1982.

15. TUCCI, Rogério Lauria. Curso de Direito Processual Civil. São Paulo:

Saraiva, 1989.

16. VITRAL, Waldir. Vocabulário Jurídico. 28ª edição. Rio de Janeiro:

Forense, 1982.

55

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DA REVISÃO DA LITERATURA

11

CAPÍTULO II

DO DOCUMENTO TRADICIONAL AO DOCUMENTO ELETRÔNICO 23

2.1 – Conceituando o documento tradicional 23

2.2 – Conceituando o documento eletrônico 26

CAPÍTULO III

A QUESTÃO DO VALOR PROBATÓRIO DOS DOCUMENTOS

ELETRÔNICOS

28

3.1 – Noções de diplomática 28

3.2 – A assinatura digital 30

3.3 – A autoridade certificadora 36

CAPÍTULO IV

OS ASPECTOS JURÍDICOS DOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS 40

4.1 – A regulamentação em outros países 41

4.2 – A regulamentação no Brasil 43

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

BIBLIOGRAFIA CITADA 53

ÍNDICE 55