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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL: A CONTRIBUIÇÃO DO CENTRO CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL À CULTURA CARIOCA Por: Silvia Regina Assenheimer Orientador Prof. Maria Poppe Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

RESPONSABILIDADE SOCIAL: A CONTRIBUIÇÃO DO CENTRO

CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL À CULTURA CARIOCA

Por: Silvia Regina Assenheimer

Orientador

Prof. Maria Poppe

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

RESPONSABILIDADE SOCIAL: A CONTRIBUIÇÃO DO CENTRO

CULTURAL DA JUSTIÇA FEDERAL À CULTURA CARIOCA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão Pública

Por: . Silvia Regina Assenheimer.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me inspirou e

me guiou até aqui. Às minhas amigas

de trabalho e estudos, Elaine e Sueli,

que me acompanharam durante essa

jornada. Aos colegas do CCJF que

contribuíram gentilmente com seu

tempo e material para a realização

desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho aos meus filhinhos

queridos, Carolina e Gabriel.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo discutir o tema da Responsabilidade

Social, sua importância na atualidade, sua face no campo da cultura, além do

papel das empresas e em especial da Administração Pública em buscar

alcançar resultados práticos voltados para o aprimoramento cultural da

coletividade tanto a curto, quanto a médio e longo prazos.

Nesse contexto, é levantada a hipótese de que a Justiça Federal tem

efetivamente cumprido seu papel social na cidade do Rio de Janeiro, ao

oferecer através do Centro Cultural da Justiça Federal um espaço para a

divulgação da arte e de suas diversas formas de expressão, de forma acessível

a todos.

O que observamos durante o avanço da pesquisa é que a hipótese

levantada estava correta, uma vez que o trabalho apresentado pelo CCJF é de

inquestionável valor cultural e artístico para a cidade.

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METODOLOGIA

Foi utilizado como método para a elaboração do presente trabalho

inicialmente a pesquisa a diversas revistas e livretos publicados pelo CCJF,

que contam a história da construção do prédio, sua reforma e posterior

utilização do mesmo para a criação do CCJF, bem como relatórios de

atividades executadas.

Foi utilizado também material de consulta disponível na Internet.

Diversos livros foram também utilizados como base do trabalho, dentre

os quais destacamos Práticas de Cidadania (PINSKY, 2004), Marketing

Cultural e Financiamento da Cultura (REIS, 2003) e Todas as cidades, a cidade

(GOMES, 1994). Foi utilizada também a Constituição da República Federativa

do Brasil de 1988.

Serviram ainda como base para consulta o site do CCJF, e a revista

Atrium, cuja produção é elaborada no próprio CCJF.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Responsabilidade Social 11

CAPÍTULO II - Patrimônio Histórico Arquitetônico 20

CAPÍTULO III – Área Cultural Dedicada À Cidade Do Rio De Janeiro,

Acessível A Todas As Pessoas 28

CAPÍTULO IV – Trabalhos Sociais propostos pelo CCJF 35

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ANEXOS 58

ÍNDICE 59

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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INTRODUÇÃO

“O sentimento de estar excluído da cultura legítima é a

expressão sutil da dependência e da vassalagem, pois

implica na impossibilidade de excluir o que exclui, única

maneira de excluir a exclusão” (CANCLINI, 2004, p. 27)

Ao receber o poder constituinte originário para elaborar a Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988, o legislador teve em suas mãos a

incumbência de nela expressar as reais necessidades do povo brasileiro,

baseando-se nas concepções modernas de Direitos Fundamentais, que são

garantias indispensáveis para que um povo possa subsistir com dignidade.

E no rol desses direitos mais elementares, inserido no mesmo patamar

que os direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, etc., foi incluído o

direito à cultura.

Conforme Andréa Castello Branco, Célio Cruz e Vilmar Oliveira in

www.arnaldogodoy.com.br/html_cores/hps/jornal_cultura_artigo02.htm (página

acessada em 12 de junho de 2008, vide anexo I), “o que antes era tido como

simples diversão, lazer e privilégio de eruditos, ganhou uma nova dimensão:

assumir cultura implica reconhecer que temos direitos de criar, produzir e

consumir cultura.”

A Constituição Brasileira de 1988 demonstra a preocupação efetiva em

garantir esses direitos entre os seus artigos, conforme se destaca a seguir:

“Art. 215, caput. O Estado garantirá a todos o pleno

exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da

cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a

difusão das manifestações culturais”.

“Art. 216, caput. Constituem patrimônio cultural brasileiro

os bens de natureza material e imaterial, tomados

individualmente ou em conjunto, portadores de referência

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à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos

formadores da sociedade brasileira, nos quais se

incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais

espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,

paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,

ecológico e científico.

Quando os novos conceitos de responsabilidade social se firmaram no

Brasil, logo se reconheceu que preservar o direito da cultura encontra-se

profundamente inserido nesse contexto, uma vez que a cultura é essencial

para que se possa preservar a identidade de um povo. Por esse motivo, o meio

empresarial atentou rapidamente para a oportunidade não apenas de se

adequar aos novos conceitos de gestão dos tempos atuais, mas também de

utilizar tal ferramenta, o que é chamado de marketing cultural. Desta forma, foi

unida a obrigação legal de que tais direitos sejam protegidos e incentivados,

visando o crescimento saudável do povo como povo, com a possibilidade de se

alcançar uma nova forma de melhorar a imagem das empresas.

Porém é indiscutível a necessidade da atuação nesse campo também

por parte do governo, através de recursos orçamentários e investimentos no

setor, não apenas em cumprimento ao seu dever legal, mas visando o

desenvolvimento do povo brasileiro.

Esta monografia objetiva tratar o tema da responsabilidade social

cultural, e de como um órgão da Administração Direta, como a Justiça Federal,

pode e deve atuar responsavelmente nessa área.

Na busca de tal objetivo, é levantada a hipótese, que se confirma ao

decorrer da exposição, de que a Justiça Federal tem efetivamente cumprido

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seu papel social na cidade do Rio de Janeiro, ao oferecer o Centro Cultural da

Justiça Federal à sociedade carioca, para através dele promover a cultura,

dedicando esse espaço para a divulgação da arte e de suas diversas formas de

expressão, e procurando torná-lo acessível a todos.

Para tanto, o trabalho se detém na conceituação de responsabilidade

social, e posteriormente busca demonstrar na prática o que foi e tem sido

efetuado no CCJF, como a obra de recuperação, restauração e preservação do

prédio que em outros tempos abrigou o Supremo Tribunal Federal, tombado

como patrimônio histórico, e seu oferecimento ao público, para que em seu

espaço possam ser expostas diversas formas de arte de qualidade

incontestável, em quase sua totalidade de forma gratuita.

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CAPÍTULO I

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Na primeira metade do século XX, o crescente aumento da população

e conseqüentemente o incremento da demanda fortaleceram as bases do

capitalismo, levando as empresas a suplantar o sistema de produção artesanal

dos períodos anteriores, e a criar modos de produção cada vez mais

eficientes. Surgem as linhas de montagem “fordistas”, nas quais a busca por

uma maior especialização na produção se dá através da divisão de tarefas,

fazendo com que o trabalho ganhe um caráter abstrato, e com que o

trabalhador perca a noção total de produto. O objetivo claro é gerar cada vez

maiores lucros, maximizando a produção e minimizando os custos. O gênio

Charles Chaplin, em seu filme “Tempos Modernos”, de 1936, critica com

brilhantismo essa visão capitalista, em que o homem deixa de ser livre, e

praticamente passa a ser parte da máquina, chegando a ser até engolido por

ela.

Sobre esse momento da história, Fernando Guilherme Tenório, em

seu livro Responsabilidade Social Empresarial – Teoria e Prática(2006),

menciona que “com a alteração do processo produtivo, substitui-se o trabalho

artesanal – no qual o trabalhador dominava todas as etapas da produção –

pela especialização da tarefa. Como resultado desse processo, surgiu a

administração científica, com o objetivo de aumentar a produtividade e diminuir

o desperdício na produção. Seus principais idealizadores foram Taylor, Ford e

Fayol.”

Com o avanço da tecnologia e o aparecimento de máquinas cada vez

mais complexas e dos robôs, que ajudam e até substituem o trabalho humano,

vai se configurando a face cada vez mais agressiva do capitalismo. Surge a

necessidade de se repensar o modelo que dissociava a produção (bem-

material) da cognição (bem-imaterial). Isto acontece no momento em que

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surge a “Sociedade da Informação”, que vem de encontro à ideologia das

“pessoas-máquinas”. Nesse contexto entra em cena uma nova cultura, mais

adequada aos novos conceitos tecno-econômicos, que leva a sociedade a uma

transição da escala industrial e massiva para a possibilidade de organizar as

pessoas por redes de afinidade e nichos de interesses comuns.

Culturas organizacionais focadas no futuro, valorizando o

conhecimento, lidando com as pessoas como seres humanos pró-ativos,

dotados de inteligência e habilidades, começam a despontar no meio

empresarial. Tomam forma novos conceitos, como os de Gestão da Qualidade,

Gestão do Meio Ambiente, Gestão da Segurança no Trabalho, Qualidade de

Vida no Trabalho, entre outros.

Esses enfoques são importantes e mantêm-se vivos, mas surge

nesse momento uma maior preocupação: Quais as conseqüências sociais e

materiais para a sociedade e o meio-ambiente que a evolução do consumo

estaria provocando? Estariam eles, pessoas e planeta, preparados para tais

impactos?

A prioridade do empresariado nesta etapa da história continua a ser

o aprimoramento da produção, porém tem início uma nova visão sobre esses

dois principais insumos, quais sejam, o material humano e o meio ambiente.

Vislumbra-se por um lado uma crescente preocupação das empresas com a

satisfação dos funcionários no trabalho, em reter e atrair talentos, captar

clientes e os manter. Por outro lado, diversos estudos indicam que o planeta já

se encontra em avançado estado de devastação do meio ambiente, uma vez

que foi ignorado durante muito tempo, de forma proposital ou não, que os

fatores da natureza, como matas, águas, terra, petróleo e todas as riquezas

naturais eram finitos.

A globalização, por sua parte, responsável pelo encurtamento de

distâncias promovido pelo desenvolvimento de tecnologias de comunicação e

transporte, provocou a diminuição dos custos operacionais e de transações.

Isso alavancou a internacionalização dos mercados, propiciando o alcance dos

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que até então eram excluídos, deslocando os recursos da esfera produtiva

para a financeira e de especulação, criando a necessidade de maior

produtividade nos países periféricos. Tudo isso terminou por aumentar as

desigualdades sociais e regionais, e obrigou as organizações a se

posicionarem perante a situação.

Também o fato de que nos países de economia aberta e globalmente

integrada, as empresas vêm cada vez mais assumindo o papel de conduzir

algumas ações assistencialistas, que anteriormente eram assumidas pelo

Estado, como de difusor do bem-estar e realizador de políticas sociais, levou

as mesmas a uma mudança de estratégias.

Essas preocupações fizeram surgir o conceito de Responsabilidade

Social. Há alguns anos algumas poucas empresas pioneiras se preocupavam

com a maneira de repor junto à sociedade e ao planeta aquilo que era por elas

utilizado para sua produção. Mas hoje, o tema “Responsabilidade Social” virou

um verdadeiro modismo entre as empresas. Seminários, debates, produção

bibliográfica e campanhas institucionais de diversas empresas e organizações

do terceiro setor sobre o referido tema comprovam isso abertamente.

Francesco Napoli cita no texto Responsabilidade Social, Lógica do Lucro &

Sensibilidade, que “todas as grandes empresas falam em programas, projetos e

ações no “social”. Inclusive investimentos dessa ordem já são exigências de

empresas estrangeiras para comprar de empresas nacionais, ou seja, investir

no “social” se tornou um diferencial na competição.” (in

www.overmundo.com.br/banco/responsabilidade-social-logica-do-lucro-

sensibilidade) (página acessada em 04 de junho de 2008, vide anexo II)

Responsabilidade Social é a maneira de a empresa conduzir seus

negócios de forma que a torne parceira e co-responsável pelo

desenvolvimento social. Um firma socialmente responsável é aquela que

entende o paradigma de que integrar questões sociais, econômicas, culturais e

ambientais em sua pauta de operações comerciais é parte de sua própria

sustentabilidade e sobrevivência, uma vez que as empresas, ao se

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relacionarem com os agentes econômicos próximos ou ao se inserir nos

mercados consumidores e fornecedores, afetam diretamente a oferta de mão-

de-obra, nível de salários e renda, montante de impostos recolhidos e em

conseqüência, a prosperidade, a estabilidade, a saúde, a cultura e o bem-estar

geral da sociedade.

Segundo Jaime Pinsky, em Práticas de Cidadania (2004), “A

Responsabilidade Social foca a cadeia de negócios da empresa e engloba

preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de

serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente),

cujas demandas e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar

em seus negócios”.

Existem vários campos em que se observam os contornos dessa

mudança de visão. Vemos que a “empresa-cidadã”, que busca alcançar o

gerenciamento responsável é antes de tudo uma empresa onde se busca a

máxima transparência em sua gestão financeira, não utilizando de recursos

artificiais para “inflar” seus lucros, e dando aos seus acionistas e à sociedade o

direito a informações fidedignas, bem como adotando práticas avançadas de

governança corporativa.

A responsabilidade também avança para o campo dos recursos

humanos, à medida que é tido como meta pela organização socialmente

responsável não apenas o completo cumprimento das obrigações trabalhistas,

mas também o pleno bem estar dos seus funcionários, através de diversas

maneiras, como no investimento em real qualificação por meio de cursos e

treinamentos eficientes e permanentes; investimentos na área de saúde não só

corretiva, mas também preventiva para os diversos tipos de males que podem

afetar o trabalhador; diminuição do nível de stress, buscando privilegiar o

equilíbrio entre o trabalho, a família e o lazer; perspectivas profissionais

efetivas para as mulheres; preocupação com questões educacionais com os

filhos dos funcionários, através de oferta de creches e afins; a não

discriminação de indivíduos que se constituem como membros de minorias,

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sejam étnicas, religiosas, sexuais ou de qualquer outro tipo; igualdade salarial

e estabilidade no trabalho; etc.

A empresa envolvida no campo da responsabilidade social ainda

busca oferecer ao público consumidor o aumento da qualidade e segurança

dos produtos oferecidos, informação completa e correta quanto à utilização dos

mesmos, e atendimento sério no que toca às reclamações. Em todas as suas

relações, inclusive com seus fornecedores e concorrentes, busca a ética e o

respeito aos contratos, e considera seriamente o impacto de sua atuação no

mercado. Busca implementar campanhas não-enganosas de publicidade,

investe em pesquisas rigorosas buscando a criação e/ou evolução de seus

produtos, preocupa-se com a segurança e a qualidade, cumpre as leis e

recolhe os tributos.

As empresas cidadãs ainda procuram incentivar a participação do

povo mediante a formação de associações comunitárias, patrocinam o lazer e

investem na educação da comunidade e de seus trabalhadores, além de

buscar eliminar a exploração do trabalho infantil, entre outros.

Também buscam a preservação do meio ambiente, tanto procurando

meios eficientes de não destruí-lo, como de recuperá-lo, ou renová-lo.

Procuram eliminar os desperdícios, reduzir o gasto energético, e se interessam

pelo uso alternativo de refugos da produção, através de programas de

reciclagem.

Enfim, a concepção do empresariado que antes era restrita ao objeto

da geração de lucros hoje ultrapassa esse limite, conduzindo a um movimento

de transição no modo de as empresas definirem seus comportamentos,

estratégias e missões. Observa-se assim que a responsabilidade social

abrange um conjunto de políticas, rotinas e programas de que a empresa se

utiliza para buscar uma harmonia com todo o conjunto de variáveis que

compõe o cenário de sua atuação, seja em relação à sua clientela, aos seus

fornecedores, à concorrência, aos funcionários, ao governo, à comunidade, e

ao meio ambiente.

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Então, agir com responsabilidade social representa um passo adiante,

muito além de simplesmente cumprir uma agenda, ou compromissos

contratuais para com terceiros. Significa na verdade o interesse explícito da

organização em preservar e aprimorar as diversas relações com os agentes

que a cercam, na intenção de tornar sustentáveis e duradouros tais vínculos.

Cabe ainda colocar que a responsabilidade social encontra-se em

constante estágio evolutivo, ultrapassando hoje os conceitos iniciais que

privilegiavam simples ações emergenciais e pontuais, mas sim se expressando

através de políticas voltadas não apenas para o auxílio, mas para uma visão

estratégica de continuidade das atividades das corporações com vistas ao

longo prazo.

Nesse sentido, Jaime Pinsky, ainda em Práticas de Cidadania (2004),

diz que “A busca de relações duradouras com a comunidade tem como origem

e conseqüência a justa escalada da responsabilidade social nos valores e nas

prioridades das empresas e pode ser motivada por objetivos complementares

de marketing e de aprimorar a qualidade de vida da sociedade em que se

inserem... não se trata de pura e simplesmente assumir um papel de filantropo

à moda antiga, assinando um contra-cheque com o valor que a empresa doa

para alguma instituição. Hoje, e cada vez mais, o envolvimento da empresa

com a sociedade se dá através de projetos dos quais ela é parte atuante –

quando não idealizadora – e envolve, por princípio básico, a avaliação dos

resultados dos projetos, comparados com os objetivos que se propunham

atender.”

Tal adequação e maturidade hoje se reveste de um caráter mais

refinado, passando a ser considerada como estratégia de marketing,

requerendo planejamento estratégico, acompanhamento, feedback e análise

de resultados.

Dentre as diversas extensões do que seria marketing empresarial, é

hoje destacado o que se chama de marketing cultural. Tal nomenclatura

encerra em seu conteúdo a busca da promoção de marcas e produtos das

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empresas utilizando atividades artísticas como ferramenta de comunicação. Ou

seja, é a prática corporativa que visa à promoção, à defesa, ao patrocínio e à

valorização de bens e padrões culturais, sejam de cunho literário, científico,

artístico, educacional, buscando vincular tais valores ao produto oferecido, no

afã de ampliar seu potencial mercadológico diante dos agentes econômicos.

Conforme menciona Ana Carla Fonseca Reis, em seu livro Marketing

Cultural e Financiamento da Cultura (2003), uma das mais abrangentes

definições desse novo conceito vem da “American Marketing Association, que

define marketing como “o processo de planejamento e execução da

concepção, da definição do preço, da promoção e da distribuição de idéias,

produtos, serviços, organizações e eventos para criar trocas que irão satisfazer

os objetivos das pessoas e empresas ... É nesse contexto que se enquadra o

marketing cultural, usando a cultura como base e instrumento para transmitir

determinada mensagem (e, a longo prazo, desenvolver um relacionamento) a

um público específico, sem que a cultura seja a atividade-fim da empresa.”

E esse comportamento vem a ser uma das faces em destaque da

responsabilidade social no Brasil. Os vínculos entre as organizações e as

atividades artísticas têm se aprofundado, tanto por interesse dos profissionais

do setor artístico, pressionados pela ausência de recursos que lhes dêem

suporte para a criação, produção e circulação de seus trabalhos, como por

interesse das empresas em utilizar-se das ferramentas artísticas como

ferramenta de comunicação, bem como de solidificação de uma imagem

institucional positiva. Isso sem levar em conta a questão dos incentivos fiscais.

Porém é importante que as empresas ao se utilizarem desses

recursos, buscando criar para si a imagem de uma instituição responsável, não

apenas utilizem essa estratégia de marketing buscando o próprio lucro, antes

que se utilizem de tais recursos como instrumento de política efetiva de busca

de resultados positivos para a sociedade. E que os processos cognitivo e

educativo objetivados pela arte e pela cultura na sociedade tenham seus

efeitos não apenas a curto, mas também a médio e a longo prazo, pois são

essenciais para que se possa alcançar uma sociedade mais justa.

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Como exemplo desse tipo de comportamento, Ana Carla Fonseca

Reis, ainda em seu livro Marketing Cultural e Financiamento da Cultura (2003),

cita que “A Sara Lee, multinacional americana atuante em 58 países, também

reconhece a importância da associação de suas marcas com as artes.

Conforme declaração de seu presidente, John Bryan, “Acredito que o

envolvimento com as artes é especialmente relevante para a Sara Lee, já que

nossa missão é construir marcas. As artes são a melhor expressão de

qualidade que a humanidade pode oferecer. Achamos que nosso envolvimento

com as artes expressa nosso comprometimento com a qualidade em todos os

níveis da operação de nossa empresa e que estamos servindo a empresa e a

nossos acionistas ao ajudar a fortalecer os valores centrais da sociedade,

através de nosso apoio às artes””.

Para alguns teóricos como Friedman (1985), a responsabilidade social

vai até o ponto de não alterar a lucratividade econômica, e não se deve levar

por discursos enganosos, pois para ele, nesta conjuntura econômica só existe

responsabilidade social do capital.

E as pesquisas mais diversas mostram que empresas voltadas e

direcionadas para a responsabilidade social, têm em seus balanços financeiros

um bom desempenho de curto e longo prazo. Isto se deve a imagem que se

cria da empresa. Para Milles e Govin (2000) a imagem da empresa que produz

produtos de qualidade e respeita o meio ambiente, traz consigo largas

vantagens competitivas.

Porém verifica-se que cabem ainda muitas mudanças no Brasil, que

sejam realmente motivadas pela real preocupação com o destino da

humanidade no futuro, e não apenas voltadas para a obtenção de vantagens

momentâneas.

Nesse contexto, é indiscutível a necessidade de planejamento e

execução de políticas públicas sérias e coerentes de valorização cultural por

parte do governo, com a garantia de recursos orçamentários para

investimentos no setor, não apenas para fazer cumprir o preceito

constitucional, mas para a construção de um futuro não apenas baseado no

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crescimento, mas no desenvolvimento, que contribua para a inclusão social, e

que leve o fim ao apartheid cultural vigente, e que quase determina um sistema

de castas.

Analisaremos a partir desse momento, como a Justiça Federal buscou

se adequar aos novos conceitos de responsabilidade social no campo da

cultura, através do restauro do prédio histórico que foi sede do Supremo

Tribunal Federal para nele fazer funcionar o Centro Cultural da Justiça Federal

(CCJF).

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CAPÍTULO II

PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO

Quando o Presidente da República Rodrigues Alves nomeou o

Engenheiro Francisco Pereira Passos como Prefeito da cidade do Rio de

Janeiro, em 1902, as péssimas condições sanitárias da cidade eram

conhecidas internacionalmente.

Neste momento, inicia-se a fase de maior transformação da cidade,

tendo como meta o alcance de dois objetivos principais, quais sejam, a

urbanização da cidade e a reforma no comportamento coletivo.

Visando à urbanização da cidade, inicia-se a pavimentação de ruas,

canalização de rios, bem como a abertura de novas avenidas, como a Beira-

Mar e a Avenida Central, o prolongamento e o alargamento de outras ruas, e a

reformulação do porto e seu cais.

Em relação à reforma no comportamento coletivo, foram criadas novas

leis, como as que proibiam a comercialização de aves e animais abatidos na

rua, bem como a criação de porcos em áreas urbanas, visando tornar a cidade

mais limpa.

Segundo Renato Gomes, em Todas as Cidades, a Cidade, “a

remodelação do Rio de Janeiro da Belle Époque que se preparava

urbanisticamente para entrar na era moderna, alterou não só o perfil e a

ecologia urbanos, mas também o conjunto de experiências de seus habitantes.

Lugar e metáfora, a cidade interessa, por conseguinte, enquanto espaço físico

e mito cultural. É de olho no moderno que os donos do poder geram para o Rio

de Janeiro o sonho da cidade racional, higiênica e controlável. São os tempos

eufóricos da visão oficial, que ocupam o centro da cena, das principais

encenações do Rio como capital federal”.

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Neste ínterim, na recém inaugurada Avenida Central, é posta em

andamento a construção de um prédio inicialmente projetado para ser a Mitra

Arquiepiscopal. Porém após intensas negociações, foi o mesmo adquirido pelo

Ministro da Justiça e Negócios Interiores do governo de Affonso Pena para

tornar-se a nova sede do Supremo Tribunal Federal.

Nesse momento, o projeto original assinado por Adolpho Morales de

Los Rios, arquiteto espanhol de renome, sofre a partir do 3º pavimento

modificações necessárias à descaracterização da fachada religiosa do prédio,

vindo a ganhar características mais marcantes do Renascimento francês, como

o acréscimo de dois torreões no local onde dois mirantes seriam construídos.

Porém as maiores modificações sofridas no projeto inicial foram as

internas. No segundo andar, foi necessário abrir o espaço que seria ocupado

pelo jardim interno e várias secretarias, para transformá-lo na Sala de Sessões.

Foram também modificadas as dimensões dos sanitários, além de instalados

dois elevadores, um privativo e outro para uso geral.

A temática de toda a decoração interna foi elaborada com base na

justiça, o que se nota ao observar toda a sua estrutura, desde o seu exterior

aos detalhes de cada andar.

A partir de 1960, com a mudança do STF para Brasília, o prédio foi

cedido para instalar o Supremo Tribunal Eleitoral, e posteriormente o Tribunal

de Alçada do Estado da Guanabara.

Na década de setenta, retornou à Administração Federal, passando a

ser ocupado pela Justiça Federal de 1ª Instância.

Em 04 de abril de 2001, após 7 anos de restauração e adaptação do

prédio, foi inaugurado o Centro Cultural da Justiça Federal.

Será tema de estudo desse capítulo as questões relacionadas à

recuperação desse prédio que se trata de um importante marco para a cultura

do Rio de Janeiro, devido à sua importância na história do referido Estado e do

Brasil.

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2.1 - Arquitetura do Palácio

O prédio do CCJF encontra-se hoje, após seu cuidadoso restauro,

entre os mais importantes representantes da arquitetura eclética em voga no

Brasil do início do Séc. XX.

A arquitetura eclética, ao juntar e adaptar vários estilos passados, sem

ser cópia fiel de qualquer deles, porém sem a intenção de se destacar como

“neo”, é basicamente uma aula sobre a história da arquitetura, trazendo

influência das ordens arquitetônicas Grega e Romana clássicas.

As marcas dessa arquitetura ainda podem ser observadas em algumas

construções cariocas. E destacam-se em especial em alguns dos elementos do

prédio, como as colunas, assim como as pequenas ogivas que se encontram

na decoração em relevo do andar térreo, e na rosácea verde-amarelo existente

em um dos vitrais. As grandes rosáceas, presentes no Gótico, representam

simbolicamente o Cristo, e eram feitas em vidro, ferro e chumbo.

Sua fachada, basicamente neoclássica, encontra sua inspiração no

Classicismo Francês. O formato das janelas, retangulares, guarda o gosto e o

ideal gótico, porém a sua disposição metrificada aponta para a retomada de

valores clássicos. Na escadaria, em ferro e mármore, e nas linhas de ferro das

prateleiras da biblioteca, observa-se um gosto art nouveau, estilo no qual

destacam-se as curvas sinuosas, baseadas em padrões lineares, com a

temática naturalista de flores e animais. Já as balaustradas remetem ao

Renascimento.

Porém, apesar de ser inspirada em tantos estilos, a junção de seus

elementos alcança um equilíbrio eclético, que nos remete ao equilíbrio buscado

pela justiça.

E, aliás, é a própria justiça que visivelmente inspira e que permeia

todos os detalhes da construção. Desde a fachada, com suas cúpulas

simétricas, separadas pela imponente estátua da Justiça, como em cada

pequeno detalhe do prédio, os vitrais, os entalhes, tudo aponta para a Justiça,

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e tudo buscava à época da construção afirmar o papel do Poder Judiciário na

República recém-instaurada.

2.2 - Os problemas

Após a mudança do STF para Brasília, o prédio passou a abrigar o

Superior Tribunal Eleitoral, e posteriormente algumas varas da Fazenda

Pública do Tribunal de Alçada do Estado da Guanabara. A partir de 1966,

foram nele instaladas varas da Justiça Federal de 1ª Instância, tendo esse

órgão posteriormente ocupado todo o prédio.

Por esse motivo, o edifício foi por diversas vezes sujeito a

descaracterizações, como a abertura de diversos vãos para instalação de ar

condicionado, lajes para dividir os pavimentos altos, aberturas e fechamento de

vãos, além de improvisações elétricas.

O crescimento do volume de processos, que significava um aumento

de peso imenso, causado pelo acúmulo de papel, tanto representava um risco

enorme de incêndio, como começou a causar uma rápida deterioração na

construção.

Na época, com o crescimento da especulação imobiliária, muitos

prédios antigos começaram a dar lugar a grandes edifícios, com subsolos e

estruturas volumosas. Isso, aliado à construção das galerias do Metrô, foi

também aos poucos prejudicando as estruturas da antiga construção.

Finalmente, no ano de 1988, devido à falta de uma política de

conservação, aliado à ação devastadora dos cupins, desgasta de tal maneira o

prédio, que ocorre o desabamento do teto de duas salas do 1º piso, levando-o

à desocupação imediata, e sua posterior interdição pela Defesa Civil.

Nesse período, houve muitos que se levantaram a favor da demolição

do histórico prédio, para dar lugar a um edifício moderno, onde seriam

colocados uma grande quantidade de varas.

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2.3 - Restauração

Em maio de 1994, após aproximadamente 5 anos de discussões e

negociações, foi assinado um convênio entre o Tribunal Regional Federal da 2ª

Região, a Caixa Econômica Federal e o Instituto Herbert Levy (IHL), visando o

restauro do prédio.

O plano diretor que definiu o projeto de recuperação do prédio foi feito

pelo arquiteto Glauco Campello. Os detalhes e o acompanhamento da obra

foram feitos pelo arquiteto Hermano Montenegro, e a autoria e supervisão do

projeto de restauro artístico e sua compatibilização com o projeto de arquitetura

foram elaborados pela arquiteta Maria Assumpção.

Em 1995 foram iniciadas as obras, seguidas paralelamente tanto de

um rigoroso registro do estado de conservação do prédio, quanto de uma

pesquisa histórica que buscava subsídios para que a reforma o tornasse o

mais perto possível da construção inicial.

A obra de reforma e restauração, considerada a mais profunda e

completa jamais levada a cabo na América Latina, teve seu início com a

escavação manual e progressiva do subsolo, a pá e picareta, pois a utilização

de maquinário pesado poderia abalar a estrutura já fragilizada da antiga

construção. Foram retirados cerca de 600 caminhões de terra; a fundação foi

refeita; foi efetuado o rebaixamento do lençol freático, construindo-se uma rede

de drenagem para o seu controle; foi ainda construída uma laje de compressão

e cortinas de estabilização ao longo dos alicerces antigos em alvenaria em

pedra.

Com a utilização cuidadosa de técnicas modernas foi elaborado o

reforço estrutural, bem como a remoção de madeiras enclausuradas,

substituídas por lajes plásticas especiais, o que reduz os riscos de infestações

de cupins. Foram demolidas lentamente e com muita atenção e cuidado as

lajes pré-moldadas e os jiraus que descaracterizavam as áreas nobres,

buscando a preservação ou resgatando a configuração original dos espaços.

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Foi re-executada a cobertura original buscando os desenhos

tradicionais de tesouras e mãos francesas em estrutura de metal, sendo as

mesmas recobertas com telha cerâmica. Utilizou-se ainda um material

chamado Isotec, importado da Itália, como garantia de proteção contra as

chuvas, tornando o telhado extremamente resistente às infiltrações, bem como

atuando como revestimento térmico, porém permitindo a entrada da iluminação

natural.

A restauração dos torreões e das fachadas foi feita com base em

pesquisas, que abrangeram um levantamento métrico, análises das estruturas

originais, e a busca de materiais e cores mais próximos o possível dos

originais.

Para a recuperação dos ornatos, foi instalada no prédio uma pequena

oficina de estucadores, que através de moldes baseados em peças originais

ainda íntegras, procuraram recompor o que havia se perdido, buscando a

máxima semelhança aos originais.

Foram ainda realizadas diversas prospecções estratigráficas nas

paredes, visando identificar as pinturas ou murais decorativos que se

encontravam escondidos por baixo de várias camadas de tinta que foram

utilizadas ao longo da história de ocupação do prédio, murais esses que são

raríssimos testemunhos do ecletismo ainda presente na antiga Avenida

Central.

Durante as obras de restauro, muitos elementos dos vitrais foram

mapeados cuidadosamente e removidos para evitar danos durante as obras, e

recolocados posteriormente. Em casas de comércio de peças antigas foram

buscados vidros similares, trabalho decisivo para o preenchimento de lacunas

existentes.

Buscando adequar o prédio às necessidades atuais para o

cumprimento de suas novas funções voltadas para a cultura, foram instalados

além de um moderno sistema de ar condicionado central de água gelada, pré-

requisito para a conservação do acervo expostos nas dependências, também

elevadores hidráulicos especiais de origem italiana, que não provocam

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vibrações que poderiam ser prejudiciais ao prédio quase secular. Foram ainda

acrescentados um sistema de iluminação para as exposições, câmeras de

televisão, sensores de fumaça, detectores de presença nas diversas

dependências e um sistema integrado de detecção e combate a incêndios.

Foram ainda criadas as instalações cenotécnicas necessárias ao

funcionamento do teatro construído sob o salão de sessões, onde

anteriormente ficava a garagem. Projetado para acomodar 142 pessoas,

inclusive com suporte para pessoas portadoras de deficiência física, o teatro é

âncora do projeto de restauro e adaptação do imóvel, e sua execução exigiu

muito arrojo nas soluções estruturais buscadas no intento de reforçar as

fundações e para se fazer possível a criação do subsolo. Essas intervenções

se fizeram indispensáveis para o total aproveitamento da área nobre para seu

uso como centro cultural.

Foi ainda aproveitado após a total restauração um espaço total de

95,80 metros quadrados para compor a biblioteca do CCJF, equipado com

estantes de ferro com estrutura vazada que permitem a circulação adequada

de ar, e cujo espaço é capaz de abrigar cerca de 30.000 títulos.

Segundo José Carlos Barbosa, um dos engenheiros e responsáveis

pelo trabalho de restauração, “Esse prédio poderá funcionar como se fosse

novo por ainda mais uns cem anos”

2.4 - Entrega do Espaço ao Público

Finalmente, após 7 anos de obras de recuperação, restauração e

adaptação do antigo prédio, foi inaugurado no dia quatro de abril de 2001 o

Centro Cultural da Justiça Federal, pequena jóia de arquitetura que é devolvida

à cidade do Rio de Janeiro, e hoje um espaço inteiramente dedicado à

divulgação da arte, da cultura e de diversas manifestações da criatividade

inerentes ao espírito humano inovador.

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A revista Atrium, publicada pelo CCJF, na edição nº 1/abril/2001,

apresenta ao público o novo espaço: “Avenida Rio Branco 241, Cinelândia,

coração da cidade. Esse é o endereço do Centro Cultural da Justiça Federal,

CCJF, para os mais íntimos. Um espaço para a divulgação da arte, da cultura

e de todas aquelas coisas que o espírito dos homens elabora em sua infinita

busca do Belo e do Bom”.(anexo III)

E o meticuloso cuidado na restauração de tal patrimônio veio a

contribuir de forma significante à cultura carioca, uma vez que preserva para a

posteridade a oportunidade de conhecer e se inserir no processo da formação

de sua cidade. E ainda oferece, como se observará adiante, a oportunidade

ímpar de utilizar desse espaço para entretenimento e inserção na programação

cultural atual.

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CAPÍTULO III

ÁREA CULTURAL DEDICADA À CIDADE DO RIO DE

JANEIRO, ACESSÍVEL A TODAS AS PESSOAS

Hoje, o Brasil tem mais de 61 milhões de crianças e adolescentes de

até 17 anos, porém segundo pesquisa da Unesco, 87% dos jovens brasileiros

nunca foram a teatros e museus e 60% não freqüentam cinemas.

A despeito das boas novas trazidas pela promulgação da nossa carta

magna em relação aos direitos culturais, que colocaram o Brasil no rol dos

países socialmente preocupados com seu próprio futuro, ainda vemos

inúmeras distorções nas políticas relacionadas à cultura.

Se for analisada a disparidade entre a quantidade de investimento

cultural realizado no Sudeste e em outras regiões do Brasil, ainda se terá mais

clara a grande deficiência que o País atravessa nesse setor, e ficam ainda mais

fortemente demonstradas as imensas desigualdades culturais nacionais.

Mesmo numa capital como a cidade do Rio de Janeiro, o problema da

diferenciação no acesso à cultura é facilmente percebido, uma vez que é

notória a concentração das salas cariocas de cinema e teatro nos bairros de

classe média/alta, em contraste com a sua ausência nos bairros de classes

economicamente desfavorecidas.

Soma-se a isso ainda a questão da exclusão cultural por carência

efetiva de recursos financeiros, uma vez que a maioria das programações

culturais de destaque tem seu ingresso a custos altos, o que impossibilita seu

acesso a grande parte da população.

Mas não é apenas no acesso da população em geral que se notam

deficiências. Em um país de proporções continentais como o nosso, em que há

uma imensa diversidade e abundância de artistas e projetos, expostos a

multifacetados estímulos e influências, vindos de todas as classes sociais, o

que se traduz em inúmeras propostas com formatos, estéticas e estilos

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diferenciados, a cada dia o desprestígio e a falta de incentivo ceifam uma

enorme gama de possibilidades de expressões culturais profícuas, que se

extinguem por vezes antes de terem seu efetivo início.

A mídia, por sua vez, privilegia equivocadamente com a fama alguns

projetos e artistas em detrimento de outros de inquestionável maior vigor e

qualidade, que muitas vezes acabam por serem sufocados ante a falta

completa ou tardia de reconhecimento.

Há ainda uma necessidade premente de que os artistas e intelectuais

sejam preparados e capacitados para lidar com projetos e editais, a fim de

poderem organizar e projetar suas formas de expressão de arte.

No meio destas questões e problemas, o CCJF apareceu no ano de

2001 como uma instituição sólida que se propõe a atuar procurando apoiar,

incentivar e abrir espaço para a produção da arte no Estado do Rio de Janeiro.

Instalado onde outrora fora o palco de decisões que garantiram a

liberdade de imprensa, a inviolabilidade do domicílio, a nacionalidade, entre

outras, a instituição, que é a primeira do gênero criada por órgão do Poder

Judiciário, busca com seriedade inserir-se através de sua programação

artística, institucional e educativa no concorrido circuito cultural do Rio com

grandes eventos.

Diversos fatores têm levado o CCJF a se consolidar perante o público

que busca adentrar no mundo da cultura. O fato de as instalações do prédio

serem confortáveis, a gratuidade na maior parte dos eventos, e o preço popular

dos ingressos de peças e shows, sem dúvida contribuem no incremento do

público. Mas certamente o cuidado na escolha de uma programação de

qualidade, e a permanência e diversificação da programação também são

decisivos para o alcance do sucesso nesse processo. Destaca-se ainda o fato

de que, para o artista, o espaço é cedido sem qualquer ônus, o que lança

oportunidade para artistas estreantes e os advindos de classes de baixo poder

aquisitivo.

Objetivando demonstrar como a responsabilidade social cultural tem

diversos ângulos de atuação, serão enumerados alguns dos diversos ramos de

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divulgação da cultura oferecidos através desse nobre espaço, demonstrando a

enorme importância que o CCJF tem tanto para a população em geral, como

para os artistas que tem nesse espaço a oportunidade de divulgar seus

projetos.

3.1 – Fotografia

Tendo como uma de suas prioridades a fotografia, o CCJF já expôs

trabalhos de artistas nacionais e internacionais belíssimos, como a mostra

“Chico Albuquerque um Olhar de Mestre”, a mostra em comemoração ao

centenário da Avenida Central (realizada em parceria com o Instituto Moreira

Salles), “Ma France” de André Kertész (húngaro naturalizado americano),

“Álbum de Viagem” de Pierre Verger (francês radicado no Brasil), “Metroart”, de

Marianne Ström, “Maias – Espaços da Memória”, de Javier Hinojosa, além de

recortes da obra de Manuel Alvarez Bravo, entre muitos.

Foi ainda cedido o espaço para que fosse realizada a bienal de

fotografia da cidade, a “FotoRio”, fruto de parceria com a Associação de

Repórteres Fotográficos e Cinematográficos. Resultados ainda de parcerias,

foram as mostras o “Pippi in Rio” (celebrada junto ao consulado Geral da

Suécia) e o “Quixote Ilustrado” e “Rastro de Olhar” (ambos por iniciativa do

Instituto Cervantes).

Em parceria com a ARFOC/RJ – Associação dos Repórteres

Fotográficos e Cinematográficos, foram lançadas ainda as mostras

“Fotojornalismo no Novo Milênio” e “Carnaval de Fotografias”.

Entre tantos projetos de destaque, temos ainda “Máscaras

Venezianas”, que traz o mistério e a sedução secular do carnaval de

Veneza(do pernambucano Henrique Pontual).

3.2 – Artes Plásticas

Das diversas mostras apresentadas, são destaques “Fiat Lux” (que

reuniu obras de Abraham Palatnik, Antônio Dias e Lygia Pape), “A Arte da

Gravura Mexicana” (que reuniu trabalhos de Leonora Carrington e José Luis

Cueva, dentre outros gravuristas, e exposta na ocasião pela primeira vez no

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Brasil), “Impressão Digital” (do pintor e desenhista Luis Carlos Chicarelli),

“Isvérie – Arte Sueca” (coleção de trabalhos dos artistas Mikael Genberg, Maria

Dalbord e Andrers Hultman), bem como “Trinta Artistas do Rio Grande do Sul”,

trabalho inspirado no Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul (com

obras de Iberê Camargo, Carlos Scliar, Glauco Rodrigues e outros)

Também foi apresentada a mostra “Justiça Seja Feita” que é um

encontro com a arte do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (por Célio Augusto

Ferreira, Evaristo Francisco, Josinaldo Vinnes, Paulo César Tostes e Suzana

Gonçalves).

3.3 - Teatro

Um dos maiores orgulhos do CCJF, o teatro já apresentou valiosas

montagens, como “As lágrimas amargas de Von Kant”, “Quem tem medo de

Kurt Weill”, “Soppa de letra”, “O pequeno Eyolf”, “Cora Coralina”, “Os Olhos

Verdes do Ciúme”.

Seguem ainda nessa lista, “Bodas de Ouro”, “Contando Estrelas”(peça

infantil), “Só os Doentes do Coração Deveriam ser Atores”, “Encontro com

Fernando Pessoa”, e tantas outras cujo espaço não permite sua citação.

Foram ainda realizadas leituras dramatizadas de Jean Genet, do

dramaturgo alemão Friedrich Schiller(Os Bandoleiros, Maria Stuart e Guilherme

Tell) e de B. Brechet, lidos por atores profissionais sob a direção de

consagrados diretores de teatro.

3.4 – Cineclube no Teatro

O espaço ainda funcionou como cineteatro na ocasião do Festival de

Cinema do Rio, o FestRio.

Em parceria com o CTAV – Centro Técnico Audiovisual, que é um

órgão do Ministério da Cultura, foi iniciado o projeto cineclube no teatro,

apresentando curtas e médias metragens brasileiras, programa disponível

gratuitamente ao público carioca todas as terças-feiras, no horário de 12h30.

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3.5 – Música

Quem freqüenta regularmente o espaço, já teve a oportunidade de

assistir aos shows que fizeram parte do projeto “Cartão Postal da MPB”,

apresentações que incluíram bandas de prestígio e músicos e cantores de

grande talento, como UFRJazz, Carlinhos Vergueiro, Ruy Faria, Karla Sabah,

Cristina Braga, Ana Zinger, Di Stéfano e muitos outros.

Também as “Quartas Instrumentais” abrilhantaram o teatro, assim

como o Festival Internacional de Violoncelo (Cello Encounter), que reuniu

artistas nacionais e estrangeiros em 14 concertos. Também encontra destaque

o projeto “Música no Museu”, apresentada em 17 concertos.

Porém vale destacar que o CCJF, além de abrigar shows e concertos

apresentados por músicos e cantores renomados, também tem o cuidado de

privilegiar a participação de iniciantes.

3.6 – Educação e Sociedade

Ministrado pela historiadora de Arte e professora da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro, Juliana Rodrigues, foi inaugurado em 2006 o

primeiro curso regular de História da Arte, com a duração de três meses, no

qual foram ensinadas a história, a beleza e a técnica da arte da renascença,

sendo que dos 42 alunos inscritos, todos encerraram o curso. No ano de 2007,

o curso prosseguiu no seu módulo II, contando a trajetória da arte ocidental.

No CCJF ainda tiveram espaço vários seminários sobre diversos

assuntos, dentre eles qualificação, geração de trabalho e renda e

sustentabilidade como fatores de integração social e fortalecimento da rede de

proteção à criança e ao adolescente.

3.7 – Resgate da Memória

Dois projetos de memória oral foram ainda realizados, que vem a ser

“Vida e Cultura, uma Questão de Justiça”, cujo objetivo foi contribuir para o

resgate da memória artística nacional, e “Projeto Memória Oral da Justiça

Federal”, que objetivou registrar depoimentos de ministros, magistrados,

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procuradores e servidores que participaram da recriação da Justiça Federal a

partir de 1966. Todos os dois projetos são de iniciativa do Diretor-Geral do

CCJF, Desembargador Federal Paulo Freitas Barata.

3.8 – Eventos Especiais

Foi apresentado ainda no ano de 2001, pelo INCA, em comemoração

ao Dia Nacional do Combate ao Câncer, a exposição interativa chamada “O

Voluntariado e o Combate ao Câncer”.

Também a mostra interativa “O Papel de Cada Um” foi exibido pelo

Projeto Asa, divulgando trabalhos elaborados por jovens da rede pública de

ensino de São Paulo, bem como por artistas e escritores, como Lygia

Fagundes Telles, Ignácio de Loyola Brandão, Sérgio Fingerman, Cláudio Tozzi,

Moacyr Scliar e outros. Essa mostra foi inspirada no Estatuto da Criança e do

Adolescente.

3.9 – Biblioteca

Com um espaço para acomodar cerca de 30 mil títulos, o acervo da

Biblioteca do CCJF é especializado nas diversas áreas das artes e da cultura, e

é formado por três coleções:

3.9.1 - Coleção Bibliográfica: composta de livros, catálogos

artísticos, folhetos, obras de referência e revistas especializadas;

3.9.2 - Coleção Iconográfica: composta de material audiovisual

e fotografias;

3.9.3 - Coleção Acervo Documental Histórico da Justiça

Federal: composta de variados documentos impressos que versam sobre a

criação, a história e a composição da Justiça Federal, principalmente sobre o

Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

Segundo o Desembargador Federal Paulo Freitas Barata, na revista

Atrium, nº 5(anexo IV), “a exemplo da recuperação e restauração do prédio,

promovidos na gestão de várias administrações e praticamente concluída na do

Desembargador Federal Alberto Nogueira, a implantação da biblioteca tem

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exigido trabalho longo, complexo e delicado, que mobilizou toda a equipe do

CCJF, composta de dedicados servidores”.

Conforme demonstrado acima, é vasta a diversidade de expressões da

cultura que esse valioso espaço oferece aos freqüentadores desse espaço. E

através dessa diversidade de oportunidades, a atuação da Justiça Federal na

formação cultural do povo do Rio de Janeiro tem se firmado como de suma

importância.

Mas o Centro Cultural ainda atua através de diversos projetos sócio-

educativos, visando dar oportunidade a seus freqüentadores de aprenderem e

se aprimorarem, independente de sua condição social, em diversos tipos de

atividades culturais, visando a o conhecimento e a formação dessas pessoas, o

que será apresentado a seguir.

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CAPÍTULO IV

TRABALHOS SOCIAIS PROPOSTOS PELO CCJF

Imbuído da sua missão de promotor da cultura, e em consonância

com os novos conceitos de responsabilidade social, o Centro Cultural da

Justiça Federal procura desenvolver sérios programas sócio-educativos,

inserindo-se no concorrido circuito cultural do Rio de Janeiro. Para isso, foi

criado o Setor de Arte-Educação, que tem como política ofertar a

oportunidade de participação ativa em variadas formas de arte, através de

programas totalmente gratuitos, buscando promover também entre o público

menos abastado o entretenimento e o conhecimento, tornando-os acessíveis

a todos sem distinção. Entre os diversos programas expostos, os

mencionados a seguir foram escolhidos para exemplificar como trabalhos

cuidadosamente elaborados funcionam buscando espargir gratuitamente a

cultura entre a população do Rio de Janeiro.

4.1 – Programa de Visitas Orientadas

São oferecidas aos estudantes do ensino fundamental, médio e

superior, das redes pública e privada, visitas orientadas às dependências do

CCJF. Nessas visitas, os alunos vêm a conhecer detalhes da construção da

antiga Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, aprendendo sobre a

chamada Belle Epóque da história carioca, época em que a cidade era a

capital do Brasil. Conhecem ainda sobre os detalhes do prédio em si, e são

levados a refletir sobre a preservação do patrimônio histórico, da cultura, da

justiça e da sociedade. Também tem a oportunidade de conhecer a sala de

sessões do antigo plenário do Supremo Tribunal Federal, com todo o seu

mobiliário original suntuoso e imponente, cedido pelo STF.

Ainda faz parte desse programa a visita monitorada a pelo menos

uma das exposições que estiverem em cartaz no CCJF.

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Esse programa é reconhecido pela Universidade Estácio de Sá, tendo

o Centro Cultural enviado à Instituição ao final de cada mês o cadastro dos

alunos visitantes, sendo as horas de visitas consideradas por ela como

“atividades complementares”, para fins de currículo.

4.2 – Visita Orientada “Especial”

Buscando promover a inclusão dos deficientes visuais nas visitas ao

CCJF, foi idealizado o projeto “Mãos que Vêem”. Nele é inicialmente dada

uma breve palestra sobre os detalhes históricos e arquitetônicos do prédio, e

na seqüência eles são levados a percorrer o espaço, e a identificar através

do tato os vários detalhes que pertencem aos diversos estilos arquitetônicos

que compõe a obra. Para isso, eles são convidados a apalpar e até abraçar

as colunas, que são cópia das colunas coríntias do século V(A.C.); a tocar as

escadarias feitas em ferro fundido, podendo reconhecer as formas e os

desenhos de flores e animais, predominantes do estilo art-noveau; a sentir os

trabalhos elaborados em estuque, que são encontrados nas diversas

paredes do prédio; a perceber os entalhes que foram elaborados nas portas.

É notório o encanto com que tais visitantes elogiam a obra restaurada.

Tais visitas são agendas normalmente para as tardes de terça-feira,

pois ao final delas os deficientes visuais são convidados a assistir a um

espetáculo musical muito apreciado, chamado “Cartão Postal da MPB”.

Caso prefiram, podem ainda optar por conhecer as oficinas do setor

de Arte-Educação, ou ainda aproveitar a sala de leitura com livros em braile,

especialmente conseguidos através de doações.

4.3 – Programa de Visita Orientada Específica

Têm sido oferecidas aos estudantes de Arquitetura visitas orientadas

com conteúdo específico voltado para a sua atividade. Nessas visitas, os

tópicos principais são o estudo dos diversos estilos arquitetônicos que

existem no CCJF, prédio que é referência para muitos especialistas como a

“supremacia do equilíbrio eclético”. Também são apresentados inúmeros

detalhes sobre as técnicas utilizadas na obra de reparo, restauração e

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conservação do prédio, obra essa que é considerada uma das mais

complexas e originais realizadas na América Latina.

Os alunos ainda visitam o subsolo, para nele observarem como foi

feita a cinta que é responsável hoje pelo escoramento das paredes, bem

como o reforço das estruturas, as centrais de ar condicionado, os camarins

construídos abaixo do teatro, para dar suporte ao mesmo, entre outros.

Tal projeto é vastamente elogiado pelos professores de Arquitetura,

pois proporciona um conhecimento prático de concepções modernas de

reparo em construções antigas e deterioradas.

4.4 – Programa de Visitas Continuadas

Tem sido efetuado pelo Setor de Arte-Educação do CCJF um

programa intitulado de “Voltem Sempre”, que vem a ser uma tentativa de

relacionamento constante com as instituições que visitam o espaço.

Diversas instituições já fazem parte desse programa, como o Centro

Presbiteriano Beneficente, o projeto Roda Viva, o Educandário Romão

Duarte e o Projeto PET, entre outros, e regularmente seus participantes tem

estado apreciando os projetos oferecidos pelo CCJF.

Os servidores e funcionários buscam oferecer aos visitantes um clima

cativante, procurando levar esses visitantes a apreciar e incorporar à sua

rotina os eventos oferecidos. Também buscam a participação ativa nas

oficinas, cursos e palestras, procurando demonstrar a grandeza e a

importância do trabalho cultural oferecido, para que tenham o interesse em

retornar outras vezes.

4.5 – Projeto “Educando para Cidadania”

É oferecido, através de parceria do setor de Arte-Educação do CCJF

com o IFEC - Instituto Interamericano de Fomento à Educação, Cultura e

Ciência, um programa de capacitação a professores e normalistas,

conhecido como projeto “Educando para Cidadania”, que visa capacitá-los e

conscientizá-los da importância de “ensinar fora da sala de aula”. Uma das

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intenções de tal esforço é tentar através desses profissionais multiplicar o

público visitante desse importante espaço.

Entre os diversos temas desse programa de capacitação, encontram-

se o conhecimento dos símbolos, hinos e valores indispensáveis à formação

do cidadão, bem como a valorização e a divulgação dos mesmos junto à

sociedade. Também é objetivado o reconhecimento da importância do

conhecimento histórico da legislação do nosso país, visando à defesa

permanente da democracia.

4.6 - Programa “Palestras para Estudantes”

Foi iniciado um programa de palestras a ser ministrado a alunos da

rede estadual de ensino, cujo tema é “Conselho Tutelar – Um Conselho

Amigo”. Tais palestras trazem aos estudantes esclarecimentos

importantíssimos sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA),

levando-os a vislumbrar os direitos a que fazem jus.

4.7 - Programas de Oficinas

O CCJF, procurando oferecer programas de qualidade, buscou

parcerias através das quais pudesse desenvolver tal programa, o que

inicialmente não foi conseguido. Porém demonstrando o nível de

engajamento e paixão com que os colaboradores do CCJF têm pelo trabalho

lá desenvolvido, duas servidoras e uma estagiária do setor Arte-Educação

resolveram por conta própria buscar capacitação e terminaram por

desenvolver a primeira oficina de Origami. Hoje, outras oficinas estão em

fase de andamento ou sendo projetadas.

4.7.1 – Oficina de Origami

Surgiu desta forma a Oficina de Origami, que é a arte japonesa de

dobrar o papel. A origem da palavra vem da junção das palavras japonesas

ori (dobrar) e kami (papel). Geralmente as dobraduras são feitas a partir de

um papel quadrado, cujas faces poder ser de cores diferentes, e que são

transformados em verdadeiras obras de arte.

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Oferecido tanto para crianças como para adultos, o curso ensina

inclusive modelos que possuem movimento, e que são os preferidos, pois

atraem a atenção pela possibilidade de se construir algo inusitado com um

simples pedaço de papel.

4.7.2 – Oficina do Papelão

O artista plástico Sérgio Cezar, conhecido no meio artístico como o

“Arquiteto do Papelão”, autor da exposição “De Santa à Central”, ofereceu

uma oficina que a princípio seria destinada à capacitação de professores,

ensinando a construção de maquetes, mas que foi tão bem sucedida que se

estendeu a mais de 170 participantes, dentre adultos e crianças, de idades

variadas.

4.8 – Treinamento de Vigilantes

Foi desenvolvido um programa em parceria com a UniverCidade, no

qual alunos do curso de letras tiveram a oportunidade de estagiar,

lecionando aulas de Inglês e Espanhol para os funcionários da empresa que

presta serviço de vigilância ao CCJF.

Esses funcionários ainda puderam estudar as disciplinas “Estrutura e

Funcionamento do CCJF e sua Inserção no Poder Judiciário”, a “História do

Prédio do CCJF e a Obra de Restauro” além de aprender sobre a exposição

“A Invenção da Sociedade”.

Tal projeto, além de dar oportunidade de inclusão a essas pessoas

que provavelmente não teriam acesso a tal conhecimento de outra maneira

tendo em vista seu baixo poder aquisitivo, visa também melhorar a qualidade

do atendimento ao público visitante do CCJF, uma vez que os vigilantes são

abordados constantemente pelos mesmos em busca de informação e auxílio.

No livro Marketing Cultural e Financiamento da Cultura, Ana Carla

Fonseca Reis destaca tal atitude dizendo que “O envolvimento das empresas

com o setor cultural gera oportunidades excepcionais de marketing interno,

voltado a seus funcionários, o chamado endomarketing. Algumas delas são:

estimular a criatividades dos funcionários; levantar seu moral; construir espírito

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de equipe; incentivar a busca de soluções diferentes para um mesmo

problema; aprimorar o relacionamento com funcionários atuais e potenciais;

inflar o orgulho dos funcionários em trabalhar para determinada empresa ou

ainda promover um tipo de treinamento totalmente distinto do oferecido pela

própria empresa, voltado à criatividade, ao pensamento multilateral, à forma de

lidar com o desconhecido, à necessidade de colocar os enunciados de um

problema em perspectiva e na devida proporção.”

4.9 – Programa “Conversando com o Índio”

Entre as diversas exposições oferecidas pelo CCJF, a exposição

“Índios em Movimento” ofereceu aos visitantes o programa “Conversando

com o Índio”, no qual um índio chamado Aporinã Chamakiri recepcionava os

visitantes falando em sua própria língua. Posteriormente, falando em Língua

Portuguesa, ele procurou despertar nas crianças o interesse pelo cuidado

pela natureza, contando histórias de seu grupo e cantando cantigas.

Também estendeu aos visitantes a oportunidade de efetuar perguntas, que

foram as mais diversas, como “Qual a sua religião?”; “Sua casa não tem

porta?”; “Entra barata na sua casa?”; “Você acredita em Deus?”; “É verdade

que em Brasília queimaram um índio?”; “E a Funai?”; “Você mata com seu

arco-e-flecha?”.

Foi uma oportunidade ímpar para que os visitantes tivessem contato

com a cultura mais antiga existente no Brasil.

4.10 – Programa “Teatro Gratuito para Escolas Públicas”

A peça teatral “Fábula dos Homens”, em parceria com o Setor de

Produção Cultural do CCJF, passou a oferecer nas sextas feiras o programa

“Teatro Gratuito para Escolas Públicas”, no qual além da peça, os visitantes

ainda podem assistir a uma enquete que os insere a platéia no contexto da

vida de La Fontaine, o grande escritor das fábulas encenadas no

espetáculo.

Através desses e de outros muitos projetos não citados nesse

trabalho, a Justiça Federal através do trabalho oferecido pelo CCJF tem

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procurado cumprir a sua missão de atuar com responsabilidade social na

área da cultura, buscando com afinco abrir a oportunidade à população

carioca de se integrar, conhecer, interagir e divertir-se com programas

educativos.

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CONCLUSÃO

Neste trabalho inicialmente buscamos dar uma visão histórica do

nascimento da idéia de responsabilidade social no mundo, conceituando-a

como sendo a maneira das empresas conduzirem seus negócios de forma que

as tornem parceiras e co-responsáveis pelo desenvolvimento social.

Procuramos mostrar a importância na atualidade de um comportamento

socialmente responsável para a manutenção da própria empresa, do meio

ambiente, da sociedade e dos diversos agentes econômicos que a cercam.

Destacamos o quanto a empresa cidadã contribui com a sociedade ao deixar

de preocupar-se exclusivamente com a obtenção de lucro e buscar investir no

campo social. A responsabilidade social leva a empresa a uma alteração nos

comportamentos, estratégias e missões através de um novo conjunto de

políticas, rotinas e programas adotados. Isso aumenta a qualidade e segurança

em todos os aspectos relacionados ao objeto de seus negócios, como também

a leva a preocupar-se com o impacto de sua atuação no mercado, inclusive no

que tange à transparência, ao cumprimento das leis e ao recolhimento de

tributos.

Em seguida, ainda no primeiro capítulo, foi inserido o conceito de

marketing cultural, que vem a ser a nova visão da responsabilidade social no

campo da cultura. Tal preocupação, já expressa na carta magna de 1988, tem

tido grande destaque hoje em dia, tendo visto o crescente interesse das

empresas em associar sua marca e seus produtos a eventos ou artistas de

renome, buscando maior reconhecimento e aprovação por parte do público

consumidor.

Porém é de se destacar que a preocupação da empresa socialmente

responsável deve ir além do simples interesse em vincular sua marca a um

padrão de comportamento. O objetivo deve ir além, fixando-se a mesma na

busca de uma sociedade melhor, através de programas voltados

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estrategicamente para o desenvolvimento de valores sociais a curto, médio e

longo prazo.

E foi destacado o papel do Estado não é apenas de fomentar a

responsabilidade social no mercado, mas tornar-se um agente atuante na

prática. Nesse aspecto, órgãos da Administração Pública têm buscado

desenvolver projetos de relevância, citando por exemplo a criação do Centro

Cultural da Justiça Federal, que visa cumprir essa tarefa ao oferecer à

sociedade a oportunidade de se beneficiar com o acesso à cultura.

Em seguida, este trabalho se deteve em demonstrar de que formas o

CCJF assumiu seu papel em valorizar e disseminar a cultura junto à sociedade

carioca.

No segundo capítulo, é dada uma visão geral da construção, da

deterioração pelo uso, e da restauração do prédio do CCJF, que é um marco

na história do Rio de Janeiro, tanto pelo fato de ter sido sede do Supremo

Tribunal Federal no momento em que o Poder Judiciário se firmava no Brasil,

quanto pelas características de sua arquitetura, uma vez que é um dos últimos

prédios conservados que retrata a fase da Belle Epóque da cidade.

Foi procurado expor no capítulo seguinte as formas através das quais

o CCJF tem se inserido no contexto cultural carioca, destacando-se pelo fato

de oferecer programações diversificadas e de qualidade a todos os tipos de

público, e tornando-se um espaço acessível às classes menos abastadas pela

quantidade de programações gratuitas ou a preços reduzidos.

No último capítulo foi dada ênfase às atividades sócio-educativas que

o CCJF tem oferecido, procurando não apenas entreter, mas também transmitir

conhecimento prático através de treinamentos, visitações orientadas, cursos,

seminários, oficinas e outros.

Segundo o Instituto Ethos, “A prática vem demonstrando que um

programa de responsabilidade social só traz resultados positivos para a

sociedade e para a empresa, se for realizado de forma autêntica. É necessário

que a empresa tenha a cultura da responsabilidade social incorporada ao seu

pensamento. Desenvolver programas sociais apenas para divulgar a empresa,

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ou como forma compensatória, não traz resultados positivos, sustentáveis ao

longo do tempo. Porém, nas empresas que incorporarem os princípios e os

aplicarem corretamente, podem ser sentidos resultados como valorização da

imagem institucional e da marca, maior lealdade ao consumidor, maior

capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade, capacidade de

adaptação e longevidade”.

Diante do exposto, concluímos através dessa pesquisa que a

preocupação primordial da Justiça Federal na criação e na manutenção do

CCJF como espaço dedicado efetivamente à disseminação da cultura no Rio

de Janeiro demonstra a sua disposição em buscar um compromisso real com a

sociedade, não apenas voltado para o momento atual, mas tendo uma atuação

voltada para o processo de formação cultural contínua do povo carioca.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 Cultura como Direito Fundamental

Anexo 2 Responsabilidade Social, Lógica do Lucro & Sensibilidade Anexo 3 E o Rio de Janeiro Amanheceu Mais Lindo

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

PINSKY, Jaime. Práticas de Cidadania. 1ª. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2004. REIS, Ana Carla Fonseca. Marketing Cultural e Financiamento da Cultura. São Paulo: Cengage Learning Editores, 2003 TENÓRIO, Fernando Guilherme. Responsabilidade Social Empresarial – Teoria e Prática. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2006. FRIEDMAN, Milton. Capitalismo e Liberdade. 2ed. São Paulo- SP, Nova Cultura, 1985 GOMES, Renato, Todas as cidades, a cidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1994

CANCLINI, Nestor G. Consumidores e cidadãos: Conflitos multiculturais da Globalização. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1995.

MILES, Morgan. GOVIN, Jeffrey. Environmental Marketing: A source of Reputational, competitive and financial advantage, Vol. 23, p. 299-311, 2000. INSTITUTO ETHOS. Ferramentas de gestão 2002: responsabilidade social empresarial. São Paulo-SP, 2002. Constituição da República Federativa do Brasil. Série Legislação Brasileira, Editora Saraiva, 1988.

http://www.arnaldogodoy.com.br/html_cores/hps/jornal_cultura_artigo02.htm

(acessada em 12 de junho de 2008)

http://www.overmundo.com.br/banco/responsabilidade-social-logica-do-lucro-

sensibilidade (acessada em 04 de junho de 2008)

CCJF. Revista Atrium, edição nº 1, 2004.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

RESPONSABILIDADE SOCIAL 11

CAPÍTULO II

PATRIMÔNIO HISTÓRICO ARQUITETÔNICO 20

2.1 – Arquitetura do Palácio 22

2.2 – Os Problemas 23

2.3 – Restauração 24

2.4 – Entrega do Espaço ao Público 26

CAPÍTULO III

ÁREA CULTURAL DEDICADA À CIDADE DO RIO DE JANEIRO, ACESSÍVEL

A TODAS AS PESSOAS 28

3.1 – Fotografia 30

3.2 – Artes Plásticas 30

3.3 – Teatro 31

3.4 – Cineclube no Teatro 31

3.5 – Música 32

3.6 – Educação e Sociedade 32

3.7 – Resgate da Memória 33

3.8 – Eventos Especiais 33

3.9 – Biblioteca 33

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3.9.1 – Coleção Bibliográfica 33

3.9.2 – Coleção Iconográfica 34

3.9.3 - Coleção Acervo Documental Histórico da Justiça

Federal 34

CAPÍTULO IV

TRABALHOS SOCIAIS PROPOSTOS PELO CCJF 35

4.1 – Programa de Visitas Orientadas 35

4.2 – Visita Orientada “Especial” 36

4.3 – Programa de Visita Orientada Específica 36

4.4 – Programa de Visitas Continuadas 37

4.5 – Projeto “Educando para Cidadania” 37

4.6 – Programa “Palestras para Estudantes” 38

4.7 – Programas de Oficinas 38

4.7.1 – Coleção Bibliográfica 38

4.8.2 – Coleção Iconográfica 39

4.8 - Treinamento de Vigilantes 39

4.9 – Programa “Conversando com o Índio” 40

4.10 – Programa “Teatro Gratuito para Escolas Públicas” 40

CONCLUSÃO 42

ANEXOS 45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 47

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Responsabilidade Social: A Contribuição Do Centro

Cultural Da Justiça Federal À Cultura Carioca

Autor: Silvia Regina Assenheimer

Data da entrega: 29/07/2008

Avaliado por: Prof. Maria Poppe

Conceito: