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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE TEORIA ALIADA À PRÁTICA: EDUCAÇÃO LIGADA À VIDA Por: Aline Pinho Mattos Orientador Prof. Dr. Fernando Gouvêa Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TEORIA ALIADA À PRÁTICA:

EDUCAÇÃO LIGADA À VIDA

Por: Aline Pinho Mattos

Orientador

Prof. Dr. Fernando Gouvêa

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

TEORIA ALIADA À PRÁTICA:

EDUCAÇÃO LIGADA À VIDA

Objetivos:

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Docência

Ensino Superior.

Por: Aline Pinho Mattos

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AGRADECIMENTOS

A Deus acima de todas as coisas; aos

meus pais e irmão, grandes

incentivadores na minha vida; aos

meus amigos, fonte de grande alegria e

esperança; aos meus companheiros de

curso e mestres, que viveram

intensamente esse ano comigo, em

especial à Elizabeth Araújo, Geralda

Melo e Prof. Ms. Cristie Campello; e ao

meu orientador, Prof. Dr. Fernando

Gouvêa, que com suas idéais e

paciência me ajudou imensamente na

construção desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai, Prof.

Alexandre Mattos, primeiro e grande

educador da minha vida, que com nossas

conversas sempre me mostra a

importância da educação e me dá

grandes estimulos para investir nela como

fonte de mudança em si próprio e no

próximo; e a todos os mestres que

estiveram presente no meu ciclo de

formação, e contribuíram de alguma

forma na minha vida pessoal e

profissional, muitos deles despertando em

mim o grande desejo de tornar-me

docente.

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RESUMO

Não há discussão de que o principal objetivo da educação é preparar o aluno para a vida. No entanto, na realidade atual brasileira, poucas vezes encontramos instituições e docentes que estão realmente dispostos a aliar a teoria à prática. A educação atual do nosso país visa apenas ao já tão falado sistema bancário, ou seja, o depósito incessante de informação, sem que os objetivos funcionais de tal aprendizagem para a vida cotidiana sejam demonstrados. Essa monografia tem como objetivo mostrar que é necessário e mais envolvente para o indivíduo, aprender qualquer assunto sabendo como utilizá-lo em sua própria vida. Atualmente, pouca literatura e poucos exemplos são encontrados no Brasil sobre educação que ensina a teoria através da prática, e mesmo os poucos exemplos que existem, acabam focados no ensino fundamental e médio. Mesmo assim, através da literatura existente e de possíveis idéias e propostas, esse trabalho pretende mostrar que é possível, mesmo no ensino superior, instituições e docentes ensinarem teoria junto com a prática diária, mostrando aos discentes os objetivos de tais conhecimentos para sua própria vida e para a melhoria de sua comunidade.

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METODOLOGIA

A profissão de turismólogo e guia de turismo levam à participação em

visitas guiadas pela sua própria cidade e em outras do mundo, e despertam

um grande interesse pelo que se aprende e se fixa melhor em cada

monumento ou lugar visitado, gerando a curisiodade e o estímulo de se visitar

outros lugares e conseqüentemente aprender mais.

Através do conhecimento da proposta de Celestin Freinet (1966), a

busca por propostas que incluem educação além dos muros da instituição foi

despertada, sendo aprofundada em trabalhos e projetos de Ricardo Semler,

Gilberto Dimenstein e Antonio Carlos da Costa.

Agregados ao conhecimento dos métodos pedagógicos já utilizados no

Brasil, e trabalhos de grandes nomes dessa área, que defendem tal prática de

ensino, como Rubem Alves, somados a propostas de desenvolvimento

sustentável da educação, pesquisas bibliográficas e webgráficas foram a base

da pesquisa sobre assunto tão recente e pouco explorado no Brasil.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA ALIADA À PRÁTICA 10

CAPÍTULO II

NAS ESCOLAS: AULA-PASSEIO; NAS UNIVERSIDADES: 20

VISITA-TÉCNICA

CAPÍTULO III

AS CONSEQUÊNCIAS SUSTENTÁVEIS DA TEORIA ALIADA 33

À PRÁTICA

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

WEBGRAFIA CONSULTADA 47

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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INTRODUÇÃO

A educação na Grécia Antiga se chamava paidéia. Era um conceito

educativo que englobava muito mais do que as lições passadas aos alunos

dentro de sala de aula. Ela era dividida em várias dimensões, da seguinte

maneira: logos (onde se estudava geometria, gramática, lógica e retórica),

teatro grego (onde os valores da sociedade eram transmitidos – a tragédia e a

comédia – e dimensão do pathos, a educação sentimental), educação do

corpo (onde era feita a ginástica – os jogos olímpicos) e mythos (onde se

tratava das questões misteriosas e espirituais – vida, morte, sofrimentos etc.).

Com todos esses elementos, a educação grega era uma educação

interdimensional que ensinava e preparava o indíviduo para todos os campos

de sua vida, e não apenas o campo intelectual.

A partir do Iluminismo, a educação muda o seu papel. Com a chegada

da burguesia ao poder, a educação passa a focar apenas o logos, por ser o

Iluminismo um movimento da razão e que deve preparar as pessoas para

serviços a favor do poder político, econômico e militar. E, assim, a educação se

mantém até hoje, e foi dessa proposta iluminista que surgiu a idéia da escola

pública, voltada para todos.

Assim, a educação se “engessou” e permaneceu com esse modelo de

supervalorização da lógica e da razão esquecendo-se de preparar o indíviduo

para todos os âmbitos de sua vida.

Educadores e psicólogos inovadores do século XX voltaram a propor a

educação para a vida, com significado, colocando o aluno como protagonista

do sistema, e não apenas um mero ouvinte e armazenador de conhecimentos.

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Defendiam que o educador deve ser um facilitador de conhecimentos e

estimular o aluno a buscar soluções para a vida com as ciências aprendidas na

escola.

Contudo, na prática, a educação continuou pouco propensa à

experimentação dessas ciências e manteve a valorização dos testes e

memorização mecânica, mantendo, assim, a ditadura curricular até os dias

atuais.

Visando ao mundo contemporâneo, que já não está mais interessado

em pessoas e, inclusive, em profissionais mecânicos, e sim criativos, ousados,

flexíveis e capazes de resolver problemas do dia-a-dia em qualquer lugar ou

situação e de aprender com o cotidiano, essa pesquisa visa mostrar melhores

opções de aulas no ensino superior, que envolvam a teoria – sempre muito

importante, já que não há prática correta sem o domínio da teoria – aliada à

prática diária dos aprendizes.

A proposta expressa nos capítulos a seguir é tornar a universidade

uma instituição além da sala de aula e do campus, explorando a comunidade

como objeto de ensino-aprendizagem, que ao se doar como instrumento de

prática, recebe de volta o zelo e grande atenção dos seus estudiosos.

Afinal, hoje o volume de informação que recebemos todos os dias é

tamanho, que não há como levá-lo para a sala de aula imediatamente,

principalmente quando há falta de recursos tecnológicos e de pessoas

habilitadas, e muito menos como delimitá-lo dentro de um campus

universitário.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA ALIADA À PRÁTICA

“A prática de pensar a prática é a melhor maneira de aprender a pensar certo. O pensamento que ilumina a prática é por ela iluminado tal como a prática que ilumina o pensamento é por

ela iluminada.” (Paulo Freire – 1978)

Ao analisarem-se as definições dos tipos de aprendizagem,

encontram-se os seguintes conceitos:

• Sub-aprendizagem – O sujeito entrou em contato com o assunto, mas

não prestou atenção, portanto não assimilou.

• Aprendizagem simples – O sujeito entrou em contato com o assunto,

prestou atenção, mas não memorizou.

• Super-aprendizagem ou aprendizagem ideal – O sujeito entrou em

contato com o assunto, prestou atenção e memorizou.

Obviamente, sabemos que o ideal é que o aluno, no processo de

aprendizagem, principalmente no ensino superior em que estamos trabalhando

com futuros profissionais, atinja a aprendizagem ideal a fim de fixar o conteúdo

aprendido, para utilizá-lo em seu campo de atuação.

Para que se obtenha essa super-aprendizagem é necessário que o

sujeito preste atenção ao assunto e o memorize, como definido acima.

Contudo, nem sempre é fácil e simples para o professor despertar o interesse

do aluno para o assunto ministrado.

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A aprendizagem ideal somente é obtida quando a mesma se torna

significativa, ou seja, quando o sujeito aprendiz passa a perceber a utilidade do

conceito visualizado em sua própria vida.

Para que esse processo significativo ocorra, é necessário que a

educação e o ensino sejam interativos, despertando no aluno o desejo de aliar

a teoria à prática. Para definir melhor esse conceito, podemos citar a definição

de conhecimento por Ernest Mandel, no livro de Moacir Gadotti:

“não é um fenômeno separado da vida e dos interesses dos homens. É uma arma para a conservação da espécie, uma arma que permite ao homem dominar as forças da natureza, uma arma para compreender (mais tarde) as origens da ‘questão’ e dos meios de as resolver. O conhecimento nasceu pois da prática social do homem; tem por função aperfeiçoar esta prática. A sua eficácia mede-se, em última análise, pelos seus feitos práticos. A verificação prática permanece a melhor arma de última instância contra os sofistas e os céticos.” (MANDEL, 1976, apud GADOTTI, 2006, p.143).

Especialmente no Ensino Superior, onde o aluno está aprendendo sua

futura profissão, teoria e prática deveriam ter a mesma importância no

processo de ensino-aprendizagem, pois as mesmas se renovam na medida em

que se relacionam; e assim sendo seria alcançada uma educação condizente

com o mercado de trabalho.

A teoria não perde e jamais perderá importância com essa ênfase da

prática, mas ela deixa de ser significativa quando quer dar respostas definitivas

sem que as mesmas tenham sido aplicadas na prática, pois a teoria só é

funcional se indica os caminhos que levam à prática.

Cabe ao sistema e aos professores universitários, mostrar sempre a

relação entre teoria e prática, tentando assim mostrar ao aluno que é possível

aplicar tal disciplina em sua vida e tornando o processo pedagógico dinâmico e

mais interessante.

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A prática sem a teoria se torna uma prática sem fundamentos,

podendo se tornar uma prática errônea; mas a teoria sem a prática cristaliza-

se, pois não evolui com a sociedade e, com isso, acaba perdendo sua

importância.

Nesse contexto, cabe ao professor universitário manter-se atualizado

com a disciplina que ministra e com o mercado de trabalho; assim como cabe

a ele também, buscar métodos e locais para que os alunos possam viver ‘in

loco’ o aprendido, colocando em prática e na sua vida o conteúdo aprendido.

1.1 – O processo de desenvolvimento do conhecimento

O conhecimento é um processo humano, histórico e incessante, que

busca compreensão, organização e transformação do mundo vivido, que vive

em profundo processo de mudança.

De fato, o saber não se transmite, mas sim se adquire coletivamente. É

também uma ação humana atrelada ao prazer, ao desejo. Apenas o ser

humano é um ser falante e pensante, o que lhe permite e desperta a vontade

de passar e adquirir conhecimento.

Nesse processo estão envolvidos simultaneamente vários fatores

como:

• Sujeito: Aquele que conhece;

• Objeto: Aquilo a ser conhecido e/ou investigado;

• Abordagem: Do sujeito para com o objeto;

• Transformação: Tanto do sujeito quanto do objeto.

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É importante destacar que aqui, devemos entender objeto como

realidade social a ser construída, compartilhada e/ou transformada, pois

conhecimento não é um conjunto de idéais prontas para serem consumidas,

sem se discutir a visão de classe e ordenamento do saber.

Destaca-se, então, a teoria dialética do conhecimento que pressupõe a

construção recíproca, entre sujeito e objeto, defendendo que é pela práxis do

homem no mundo, que se transformam e se recriam tanto homem quanto

mundo.

1.2 – A pedagogia que destaca a prática

Nota-se grande destaque em defesa da prática no processo de ensino-

aprendizagem, na obra do pedagogo francês Celestin Freniet (1886-1966), que

defende que a Escola deve proporcionar ao aluno uma visão real e prazerosa

do mundo, enfatizando ainda que o conhecimento não é adquirido sozinho,

mas sim no sistema de cooperação com os outros.

Segundo Freinet, a sala de aula deve ser ativa, pois o trabalho é um

excelente recurso para a pedagogia. O professor também tem grande

importância nesse processo prático, visto que para proporcioná-lo ao aluno,

faz-se necessário que o educador tenha a sensibilidade de manter-se

atualizado, constantemente.

Nesta prática pedagógica é defendido que o processo de

aprendizagem deve ser prazeroso ao aluno, através da experiência de se

experimentar o que se aprende, e o grande facilitador desse processo deve ser

o professor, já que o aluno como aprendiz provavelmente ainda não desfrutou

de tal experiência, enquanto que o professor já possui conhecimento

necessário para despertar no aluno o interesse pela matéria.

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É importante mencionar que Celestin Freinet defendia a idéia de que

essa prática deveria estar ligada ao contexto político e social em que se

encontra o estudante e a instituição de ensino, fazendo, assim, com que seja

mais fácil para o aluno aplicar o conteúdo em sua vida.

Para tal proximidade, faz-se necessário que a relação professor-aluno

seja estreita, a fim de que o educador conheça a realidade vivida pelo

educando, e que, se possível, o professor participe de alguma atividade na

comunidade para entender melhor seus problemas e necessidades, podendo,

assim, abordar pontos em suas aulas que possam ajudar na melhoria da

sociedade do aluno e da sua instituição.

Freinet não desvalorizava a teoria, mas acreditava que todo o

aprendizado deveria passar pela prática, pela experiência, pelo trabalho (no

significado mais amplo da palavra, que envolve toda pesquisa, documentação

e experimentação); pois, para ele, o trabalho desenvolve o pensamento lógico

e inteligente.

Para ele, a disciplina em classe é conseqüência desse trabalho de

experimentação, já que quando o aluno desenvolve uma atividade prazerosa a

ele, automaticamente prende sua atenção a mesma, tornado-se, assim,

disciplinado.

O professor aparece, nesse processo, como o organizador do trabalho,

sem precisar esforçar-se com imposições ou ameaças. É papel do educador

nessa teoria também, estudar e buscar soluções concretas para os problemas

que impedem as instituições de chegarem ao ideal almejado.

1.2.1 – Técnicas desenvolvidas por Freinet

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Durante seu estudo pedagógico, Freneit desenvolveu as seguintes

teorias:

• Aula das descobertas: aulas de campo, voltadas para os interesses do

estudantes;

• Auto-avaliação: fichas criadas por Freinet, preenchidas pelos alunos,

como forma de registrar a própria aprendizagem;

• Auto-correção: modalidade de correção de textos feita pelos próprios

autores, no caso os alunos, sob a orientação do educador;

• Correspondência Interescolar: atividade largamente utilizada por

Freinet, na qual os alunos se comunicavam com outros estudantes de

escolas diferentes;

• Fichário de consulta: fichas criadas por alunos e professores, para

suprir as lacunas deixadas pelos livros didáticos convencionais;

• Imprensa escolar: os textos escritos pelos alunos tinham uma função

social real, já que não serviam meramente como forma avaliativa, já que

eram publicados e lidos pelos colegas;

• Livro da vida: caderno no qual os alunos registram suas impressões,

sentimentos, pensamentos em formas variadas, o qual fica como um

registro de todo o ano escolar de cada classe;

• Plano de trabalho: atividade realizada em pequenos grupos e sob a

orientação do educador, com base em um dado tema, desenvolvem um

plano a ser realizado num certo intervalo de tempo.

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O trabalho de Freinet foi desenvolvido dentro do ambiente escolar na

década de 1920, mas ao analisarmos as idéias de suas técnicas, acima

citadas, podemos perceber que elas são bastante atuais e totalmente

possíveis de serem aplicadas à realidade universitária.

Nos próximos capítulos exploraremos melhor a técnica das “aulas-

passeio”, enfatizando o turismo como um excelente instrumento nesse

processo.

1.3 – O papel do professor na vivência da teoria

Já foi citado, anteriormente, que cabe ao professor, nesse processo de

ligação entre a teoria e a prática, o papel de organizador, tanto das atividades

quanto das idéias dos alunos. Além disso, é papel do educador também

respeitar a caminhada de cada indíviduo, e do grupo como um todo.

É fundamental também que o educador crie e proporcione aos

educandos uma perspectiva interdisciplinar, eliminando as barreiras que se

criam muitas vezes, entre as pessoas e as próprias disciplinas. Para tal, é

necessário que o professor saia da sua área de conforto, para buscar novas

técnicas pedagógicas e que proporcione o diálogo entre ele e seus alunos,

como podemos verificar na citação abaixo:

Na relação aluno-professor, o diálogo e as perguntas abrem o espaço novo das respostas que não foram preparadas. A pedagogia ‘bancária’, é verdade, dá maior segurança ao professor que pode estabelecer limites ao que será ‘transmitido’. A elaboração do saber, além dos puros conhecimentos, não se faz sem riscos, sem desafios, para além da segurança que nossas verdades prontas nos oferecem. Aliás, tanto na vida como na escola toda segurança é sempre precária, provisória, histórica. (GADOTTI, 2006, p.141).

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A opção pela concepção interdisciplinar do conhecimento possibilita

uma relação significativa entre conhecimento e realidade, pois faz com que o

educador se envolva de forma mais prática e ampla na construção do

currículo, determinando, assim, uma relação dialética entre a realidade local e

o contexto mais amplo.

Finalmente, cabe ao professor estimular o aluno a abordar o

conhecimento da realidade na qual se vive fora da sala de aula. Incentivando,

pois, a prática cotidiana, o professor estimulará o aluno a ser um agente

transformador, tornando-o um sujeito capaz de tomar decisões, intervir e

transformar a realidade do país.

1.4 – O papel do aluno na vivência da teoria

É fundamental que o aluno tome a sua comunidade e a sociedade

como objeto de investigação, durante o seu processo de aprendizagem,

aplicando, assim, os novos conceitos e conhecimentos adquiridos.

É necessário também que alguns alunos tornem-se representantes de

sua comunidade dentro da instituição de ensino, discutindo, elaborando e

decidindo sobre os trabalhos que serão implantados na comunidade do

entorno do centro universitário.

Dessa maneira, constrói-se a qualidade no ensino e a democracia na

instituição, estabelecendo uma relação dialógica entre aquilo que o educando

traz, sua bagagem, e a práxis dos profissionais da educação.

Chega-se, então, a uma elaboração coletiva de propostas político-

administrativo-pedagógicas críticas, pluralistas e inovadoras, não dogmáticas –

eficazes tanto na construção e reconstrução do conhecimento, como também

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na construção de novas relações de poder, entre todos os segmentos da

comunidade universitária.

Surgem novas relações interpessoais, profissionais e institucionais que

superam o autoritarismo e permitem a construção de relações democráticas

entre todos os envolvidos na organização da Universidade e na produção do

conhecimento: alunos, profissionais de educação, famílias, comunidade e

Estado, compondo uma nova ética nas relações sociais, culturais e

profissionais para construir uma nova estética na práxis social.

1.5 – O papel da instituição de ensino na vivência da teoria

Cabe a instituição de ensino, nesse processo, apoiar o professor nos

projetos que o mesmo desenvolva para aplicar na comunidade do entorno,

dando-lhe subsídios, não apenas financeiros, mas também de negociação com

a sociedade, caso haja necessidade.

É papel dela, também, estimular o aluno a desenvolver esses projetos

junto com os professores, enfatizando a importância da prática em sua

comunidade para a melhoria dos problemas que sejam apresentados por essa

sociedade e para sua experiência profissional.

A universidade pode ainda desenvolver métodos de avaliação para

verificar a presença dos seus alunos na prática dentro da comunidade,

avaliando, assim, os trabalhos elaborados em campo.

Finalizando este capítulo, vale ressaltar que as práticas cotidianas são

dependentes de um grande conjunto, difícil de delimitar, que envolvem todos

os elementos citados acima, desde o abecedário até a universidade,

continuando na vida profissional e tendo, como paralelo, à vida social de cada

pessoa.

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Por isso, não podemos definir nem teoria, mas principalmente prática

como responsabilidade apenas do aluno ou do professor, mas sim de uma

série de fatores, relatados neste capítulo.

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CAPÍTULO II

NAS ESCOLAS: AULA-PASSEIO; NAS

UNIVERSIDADES: VISITA-TÉCNICA

“É preciso ensinar a Física com as estrelas, pipas, piões, bolinhas de gude, a Química com a culinária, a Biologia com as hortas e aquários, a Política com o jogo de xadrez... prática de

pensar a prática é a melhor maneira de aprender a pensar certo. O pensamento que ilumina a prática é por ela iluminado

tal como a prática que ilumina o pensamento é por ela iluminada.”

(Rubem Alves – 1984)

Os sete códigos da modernidade para a aprendizagem foram

formulados por Bernardo Toro (1996) – Colombiano, professor universitário,

um dos grandes mentores dos movimentos “escolanovista” na Colômbia e

grande influenciador de um grupo de educadores aqui no Brasil – com base no

Relatório Jacques Delors e na Declaração de Jomtein. Estes sete códigos

discorrem sobre o que é básico e necessário para uma pessoa dominar. São

eles:

• Domínio da leitura e da escrita;

• Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;

• Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;

• Compreender e operar o seu entorno social;

• Receber criticamente os meios de comunicação, para não ser

manipulado;

• Acessar o conhecimento;

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• Trabalhar em grupo, aprender as didáticas cooperativas.

É claro que todos estes códigos devem ser introduzidos desde a

infância, nos primeiros anos escolares, e perpetuar por toda a vida; afinal todos

os indivíduos estão em constante processo de aprendizagem.

De fato, se analisarmos bem, no nosso modelo de educação, todos

estes códigos são introduzidos no processo escolar, mas pouquíssimos deles

são enfatizados ou bem exercitados nessa mesma fase de aprendizagem. Por

exemplo, é nítido que os dois primeiros códigos são bem dominados pela

escola, pois a grande maioria dos alunos conclui o ensino médio com domínio

da leitura e da escrita, e tendo capacidade de fazer cálculos e resolver

problemas. Contudo, os outros cinco não são tão explorados durante esta fase

da aprendizagem.

Os outros códigos poderiam ser bem mais trabalhados nas escolas se

a técnica da aula-passeio, introduzida por Freinet, fosse utilizada, afinal como

já foi um pouco debatido no capítulo anterior, é mais fácil aprender o que se

pratica. Muitos valores necessários a um indivíduo em fase de

desenvolvimento e propostos pelos sete códigos, como a cidadania, por

exemplo, não se aprendem no laboratório.

Sendo assim, o aluno sai com algumas deficiências da escola, que

cabem a universidade enfatizar o que já foi apenas introduzido, ou até mesmo,

em alguns casos, nunca foi visto. Porém, pensando desta forma, cabe aqui

uma pergunta: será que, na maioria das vezes, as faculdades conseguem

desempenhar este papel e desenvolver os códigos pendentes?

As faculdades, assim como as escolas, focam sempre no futuro, ou

seja, estão sempre interessadas no que o aluno será quando acabar o ensino

superior: médico, advogado, professor, jornalista, etc. E os alunos, por estarem

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no mesmo processo, também estão preocupados com o que serão no futuro e

com o diploma que receberão na conclusão do curso. No entanto, esquecem

de uma das partes mais importantes para o futuro, o presente. Não seria mais

fácil e mais sensato se os professores e as instituições se preocupassem com

o que o aluno é hoje, como, por exemplo, bom cidadão, bom aluno, bom

estagiário, etc., assim se teria a certeza de que ele seria bom profissional.

Contundo, as faculdades continuam presas às técnicas antigas e

muitas vezes obsoletas e muitas vezes também sem acompanhar o processo

acelerado dos tempos modernos, esquecendo-se de que o aluno acaba tendo

muito mais informação fora do que dentro dos muros dos ‘campi’. Com isso, o

aluno não consegue relacionar o que está aprendendo com sua vida e

algumas vezes o aprendizado acaba não fazendo sentido, e, em algumas

vezes no futuro, ele percebe que nem teve sentido aquele aprendizado, já que

nunca o utiliza na sua vida profissional ou pessoal.

As instituições e o corpo docente têm uma grande parcela de culpa

nesta falta de atualização. As instituições porque muitas vezes não se

atualizam na velocidade do mundo moderno, e o corpo docente por uma briga

de ego. Muitos professores estão anos ministrando aulas nas faculdades, mas

não se atualizam em relação à prática; alguns nem mesmo se atualizam em

relação à teoria.

O fazer diário do professor, dentro do âmbito universitário, acaba

sendo a aula expositiva, o escrever no quadro, o copiar, o fazer provas

cobrando do aluno que ele tenha decorado o que está em um livro. Além disso,

ao entrar na sala de aula, o professor acredita que aquela área é o seu próprio

“reino”, onde ele manda e desmanda em tudo o que quiser. Podemos observar

melhor essa definição por Antonio Carlos Gomes da Costa, no livro de Escola

sem sala de aula:

O professor fecha a porta da sala e acabou. Ninguém

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manda ali: nem o ministro da educação, nem o secretário, nem a diretora da escola – ali é ele naqueles 40 minutos. E ele vai agir a seu modo. (SEMLER, DIMENSTEIN & GOMES DA COSTA – 2004, p.59).

A educação moderna deve passar pela inter/pluridisciplinalidade, ou

seja, os professores têm que se relacionar entre si para que as matérias se

relacionem também no aprendizado geral do aluno. Também devem tornar-se

um facilitador, ajudando o aluno a se formar no campo profissional e não

impondo todos os conhecimentos que devem ser dominados porque fazem

parte do currículo disciplinar. Claro que o currículo deve ser mantido, mas deve

também se levar em conta o que acontece no mundo atualmente e relacionar

de alguma forma a matéria em pauta com os acontecimentos contemporâneos.

Para que esse processo educativo se reverta, o aluno tem que deixar

de ser o ator coadjuvante e deve passar a ser o ator principal, aquele que

realmente importa e que precisa ter o máximo de atenção na educação.

A educação também deve se modernizar, utilizando todo o entorno

social, político, econômico, profissional, e etc. para facilitar e despertar maior

interesse na aprendizagem. Por exemplo, ao invés de trazer toda a atualização

para dentro da universidade, instituição e corpo docente deveriam se mobilizar

e fazer convênios com empresas, escolas, indústrias e outros campos

profissionais a fim de levar os alunos para fora das paredes das salas de

aulas, para aprenderem de acordo com as realidades e necessidades dos

mercados de trabalho.

Além desses convênios, a comunidade em volta da faculdade também

deve ser utilizada para aulas mais atrativas, e outros espaços, como igrejas,

museus, escolas, hospitais, indústrias, entre outros, precisam fazer parte do

dia-a-dia dos cursos ligados a cada uma dessas instituições.

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Afinal, o grande propósito da educação é preparar a pessoa para a

vida e a vida acontece no presente e na comunidade de cada um. É ajudando

a pessoa a melhorar a sua própria vida e dando subsídios para ela melhorar

sua sociedade que a educação faz sentido. E o grande segredo para formar

profissionais melhores, conscientes, e principalmente, comprometidos com a

sua própria profissão é envolvê-los desde o início com a prática, mesclada com

a teoria, mostrando-lhes, assim, como é possível ajudar a sociedade através

da sua profissão e tirando-os de um mundo de faz-de-conta em que muitas

vezes se encontram os alunos quando estão nas faculdades.

Claro que já há muitos projetos em universidades que envolvem teoria

aliada à prática, mas é necessário que esse número aumente para que o

ensino torne-se algo bem mais próximo da realidade do aluno e para que o

ensino tenha grande razão e valia para o aluno, não se tornando algo

mecânico, sendo feito apenas por ser necessário.

2.1 – As visitas técnicas

Normalmente, cada tempo de aula tem entre 40 a 50 minutos. Chegou-

se a esse tempo específico depois de várias pesquisas e estudos que levaram

em conta o tempo máximo que uma pessoa conseguia se concentrar em

determinado assunto.

Alguns autores defendem que, com essa determinação de tempo exato

para cada matéria versus tempo de concentração máxima, incorporou uma

visão fordista – teoria elaborada por Fedrerick Winslow Taylor (1856-1915)

referente ao sistema de organização do trabalho que busca alcançar o máximo

de produção e rendimento com o mínimo de tempo e esforço – à educação.

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Hoje já se discute novamente esse tempo máximo atual. Já há estudos

que dizem não ser mais possível um aluno concentrado dentro de sala de aula

por esse tempo. No método comentado acima – do professor de aula

expositiva e decoração de livros – acredita-se que o tempo máximo de

concentração de uma pessoa é de 7 a 5 minutos.

Contudo, se analisarmos um aluno fora da faculdade em uma atividade

de que ele realmente gosta, como um esporte ou uma aula de música, ou

também, dentro da faculdade, na aula da matéria de que ele gosta, ou numa

aula que mostre a prática de sua profissão ou ainda com um professor

bastante interessante, percebemos que o tempo máximo de concentração

aumenta, e volta aos 40/50 minutos ou até mais.

Cabe ao professor então, buscar novo método de ensino que prenda

mais a atenção desse aluno, e um desses métodos pode ser a visita técnica,

ou seja, levar o aluno para ter uma aula onde ele possa mostrar, na prática, o

que está falando.

Por exemplo, será que não seria muito melhor para os alunos se as

aulas de belas artes, arquitetura e história acontecessem em museus, ou nas

praças com obras de arte ou nos prédios históricos da cidade? Não seria mais

interessante levar alunos de pedagogia e licenciatura em geral para

observações em escolas? Porque é necessário esperar até o estágio para que

o aluno tenha contato com a realidade?

Com toda certeza, aumentaríamos a concentração do aluno, pois ele

teria muito mais, ao seu redor, para perceber, entender e aprender e teríamos

muito menos alunos distraídos em sala de aula, pois as aulas teóricas seriam

totalmente necessárias para essa prática diária. Muitos alunos distraídos não

são pessoas que não têm capacidade de concentração, ou que não estão

ligando para a aula, como muitos professores definem. Eles são apenas

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alunos que não estão mais conseguindo prestar atenção naquele modelo de

aula e estão pensando em outra coisa que prenda mais a atenção deles.

Algumas carreiras necessitam dessa prática cotidiana que estamos

falando, pois são necessárias à vida profissional do aluno, e oferecem grande

quantidade de visitas técnicas a lugares ligados à disciplina, como exemplo, as

carreiras ligadas á área de saúde. Mas, carreiras que não dependem dessa

prática, como as licenciaturas, por exemplo, não oferecem nenhum tipo de

visita técnica ao aluno, e isso, além de prejudicar sua formação, muitas vezes

prejudica sua vida profissional, que será o reflexo dessas aulas que ele teve

durante todos a sua vida escolar e universitária, ou seja, aula expositiva.

A Alemanha desenvolveu muito bem esse projeto durante a fase da

sua industrialização, como podemos observar na citação abaixo:

O trabalhador alemão tem uma grande capacidade de unir a compreensão científica com o fazer, com a ação que ele está desenvolvendo, pois aprendeu os fundamentos na escola e a dimensão pragmática disso na fábrica. Quando a Alemanha estava se industrializando – tardiamente em relação à França e à Inglaterra -, Bismarck pediu a um educador que fosse conhecer alguns modelos educacionais e ver quais as vantagens de cada um deles. Havia o ensino vocacional inglês e havia o ensino politécnico francês, a politecnia. E com base no que ouviu teve a idéia de não fazer nem uma coisa nem outra. A Alemanha queria andar depressa e Bismarck não queria construir maquinários dentro de escolas, porque eles ficariam obsoletos rapidamente. Outro dia eu viajei com um amigo, colega de curso de pedagogia, que é o diretor do Cefet de Belo Horizonte, o Centro Federal de Educação Tecnológica. E ele me dizia que eles estavam com mais de 20 anos de atraso. O maquinário que há nas escolas técnicas está totalmente ultrapassado em relação às plantas industriais modernas. E os jovens continuam a ser capacitados naquilo. O que acontecia na Alemanha? Eles estavam sempre atualizados tecnologicamente, porque o que havia na indústria era usado na formação do jovem. Então, esse modelo dual alemão mostra uma convergência e uma intercomplementaridade entre a escola e o mundo do trabalho. Acredito que essa seja a única saída no caso brasileiro. Do contrário, como vamos profissionalizar milhões de jovens, uma

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vez que não é possível reproduzir maquinários caros dentro das escolas e muito menos mantê-los atualizados? (SEMLER, DIMENSTEIN & GOMES DA COSTA – 2004, p.42 e 43).

É neste processo de visitas técnicas, que entra também o turismo,

como facilitador da aprendizagem, pois através de excursões e viagens os

alunos podem vistar e conhecer outros destinos que proporcionem fontes de

ensino.

A seguir, algumas sugestões sobre tipos de visitas técnicas.

2.1.1 – Aulas Externas

Como já citado anteriormente, Celestín Freinet foi um grande difusor

das aulas externas nas França, em 1920. Ele saia pela rua com as crianças e

pedia a elas para que anotassem tudo que viam, estimulando, assim, sua

imaginação, criação, escrita e observação. Depois da aula passeio, os temas

anotados na rua se tornavam pautas em sala de aula.

Hoje em dia, também é possível utilizar o mesmo método no ensino

superior. O professor também pode propor aos alunos uma aula externa, em

pontos da cidade que tenham algo relacionado com a disciplina e pedir a eles

que relatem o que observaram e depois levar as anotações e os

questionamentos para discussão em sala da aula.

Com esse estilo de aula, o professor também conseguirá fazer uma

aula demonstrativa, utilizando os elementos das cidades para dar exemplos de

acordo com o assunto. Por exemplo, em uma aula de barroco no Rio de

Janeiro, pode ser muito melhor explorar o Mosteiro de São Bento que ficar

dentro de sala de aula. Um panorama geográfico da cidade pode ser visto bem

melhor do alto de um prédio do que dentro da universidade. Uma aula de

marketing pode ser mais rica em exemplos durante uma visita a um shopping

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ou até mesmo ao comércio popular. Os estudantes de artes plásticas podem

revitalizar estátuas e paredes pichadas nas ruas e praças. Alunos de

arquitetura e engenharia podem aprender muito mais com construções, obras

e mesmo com os prédios já existentes no seu próprio bairro, do que apenas

lendo e decorando técnicas dos livros.

E assim por diante. Em várias outras carreiras, é só olhar o entorno e

notar que sempre é possível explorar alguma coisa relacionada a todas as

carreiras no nosso próprio contexto social, e mostrar ao aluno que ele tem

muito o que fazer para ajudar em seu próprio bairro ou cidade, antes até

mesmo de se formar.

Não é necessário conquistar o “canudo” para começar a praticar, pelo

contrário, é melhor estar em contato durante todo o período de aprendizagem

para que ela seja útil e não seja esquecida, pois é isso que acontece com o

que apenas se decora, como acontece com muitos alunos, depois de um

tempo esquecemos.

Há também outros pontos que surgem quando se analisa o próprio

bairro ou cidade mais de perto. Passa-se a descobrir uma cidade que estava

ao nosso redor todos os dias, mas de repente nunca havíamos observado em

detalhes.

No livro “Aprendiz de Mim – Um bairro que virou escola”, Rubem Alves

conta a história de um projeto que fez de um bairro em São Paulo a extensão

das escolas. Lugar onde alunos encontram-se nas praças, no beco, nas

cafeterias, nos ateliês/oficinas com diversos tipos de aprendizado, mostrando e

provando que é possível utilizar todos os espaços, até mesmo os já

degradados para ensinar e aprender.

Este mesmo projeto pode ser implantado nas faculdades, mas para tal

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é necessário se deixar de lado os modelos formais e acreditar que a educação

está muito além das paredes de uma sala de aula, e até mesmo além do

campus universitário.

Neste mesmo livro, ele menciona o texto a seguir, de Octavio Paz (s/d),

que mostra como passamos a observar melhor nosso bairro, nossa cidade,

quando vivemos mais próximo dela, observando-a:

“Todos os dias atravessamos a mesma rua ou o mesmo jardim; todas as tardes nossos olhos batem no mesmo muro

avermelhado, feito de tijolos e tempo urbano. De repente, num dia qualquer, a rua dá para outro mundo, o jardim acaba de nascer, o muro fatigado se cobre de signos. Nunca os tínhamos visto e agora ficamos espantados por serem

eles assim: tantos e tão esmagadoramente reais. Sua própria realidade compacto nos faz duvidar: são as coisas assim ou de outro modo? Não, isso que estamos vendo pela primeira vez, já havíamos visto antes. Em algum lugar, onde nunca estivemos, já estavam o muro, a rua, o jardim. E à surpresa segue-se a nostalgia. Parece que nos recordamos e queríamos voltar para lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz antiquíssima e ao mesmo tempo acaba de nascer. Nós também somos de lá. Um sopro nos golpeia a fronte. Estamos encantados, suspensos no meio da tarde imóvel. Adivinhamos que somos de outro mundo. É a ‘vida anterior’ que retorna.”

2.1.2 – Visitas Guiadas

Aulas externas podem acontecer em lugares que tenham presença de

um guia, que não seja professor também, como nos casos de museus, igrejas,

ou pontos turísticos.

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Neste caso, o professor pode deixar o grupo vivenciar o passeio com

os comentários do guia, que pode dar uma visão diferenciada da acadêmica,

enquanto os alunos tomam nota dos pontos interessante do roteiro, para

depois os discutirem em sala de aula com a mediação do professor, que passa

a dar a posição acadêmica.

Neste caso, o turismo pode ajudar bastante no interesse pelas aulas,

visto que o passeio a um dos lugares mencionados acima pode ser algo mais

atrativo, interativo e dinâmico para os alunos.

Também é interessante essa troca de informações que vêm do guia

local com a posição acadêmica, pois faz com que os alunos discutam o que é

certo e o que é errado.

2.1.3 – Observações ‘in loco’

Algumas cadeiras não têm para onde fazer uma visita técnica pela

cidade. No entanto, os professores poderiam tentar fechar convênios para que

os alunos pudessem fazer algumas observações em locais que são

executadas suas futuras profissões.

Carreiras de licenciaturas poderiam fazer observações em escolas; as

tecnológicas e industriais poderiam fazer em fábricas e indústrias; alunos

ligados à alimentação poderiam visitar restaurantes, ou indústrias alimentícias.

Assim os alunos também poderiam fazer seus relatórios e

posteriormente levá-los para discussão em sala de aula, para posicionamento

e visão dos outros alunos e do professor.

2.1.4 – Aulas práticas em sala de aula

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Alguns professores poderiam, ainda, explorar alguns artifícios práticos

em sala de aula. No livro “Escola sem Sala de Aula”, Ricardo Semler cita o

seguinte exemplo:

Por exemplo, há uma professora, de química da USP que dá aula de culinária, porque a área de paixão dela é essa. Então ela quer dar química via culinária. Como também dá matemática via culinária. Porque ela diz para crianças de três ou quatro anos: ‘Mê de metade do açúcar’. No outro dia ela pede: ‘Me dê um terço do sal’. Ela está dando uma aula de matemática que, em sala de aula, não conseguiria que a criança entendesse. (SEMLER, DIMENSTEIN & GOMES DA COSTA – 2004, p.59).

Na citação acima, observamos exemplos práticos em sala de aula.

Claro que é citado também um exemplo através de crianças, mas é

perfeitamente possível encaixar esse tipo de aula há uma aula do ensino

superior.

Desse modo, professores conseguiriam atrair mais a atenção dos

alunos e, alunos, por conseqüência, de estarem mais envolvidos nas aulas,

ficariam mais focados e dedicados aos estudos.

2.2 – Currículo profissional

Os recém-formados geralmente têm dificuldade em elaborar o currículo

diante da falta de experiência profissional. Essa deficiência pode ser superada

com referência de todas as atividades realizadas durante o período de

formação, ou seja, estágios, empregos de meio período, participações em

atividades voluntárias, pesquisas e estudos realizados nas disciplinas do curso,

projetos experimentais e etc., além de indicar participação em eventos

específicos.

Nesse sentido, as aulas práticas podem ser grandes aliadas como

prova de experiência. Contudo, é necessário que a instituição, e as empresas

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parceiras, ofereçam comprovantes e/ou certificados de todas as atividades, no

caso do empregador exigir um currículo documentado.

A quantidade e a qualidade das atividades citadas são fundamentais

para a obtenção do emprego pretendido, e, muitas vezes, definem a opção por

um candidato em detrimento de outro, antes mesmo da entrevista pessoal.

É preciso, portanto, investir na carreira desde o momento em que se

iniciam os estudos de graduação, para se chegar a um currículo competitivo.

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CAPÍTULO III

AS CONSEQUÊNCIAS SUSTENTÁVEIS DA TEORIA

ALIADA À PRÁTICA

“Como pensar em mudar o mundo sem conseguir mudar a nossa própria rua?”

(Gilberto Dimenstein, 2004)

No capítulo anterior discutiram-se os benefícios das aulas práticas fora

dos limites da sala de aula. Já este capítulo visa comentar mais

especificamente as aulas no entorno da universidade e suas boas

conseqüências para a comunidade e para os próprios alunos.

Quando o aprendiz passa a observar mais o seu bairro ou cidade

através das aulas, ele passa a se envolver mais com a comunidade, e se sente

estimulado a cuidar desse território, pois percebe o seu valor. O jovem passa,

então, a transformar o ambiente, pois ele mesmo é o próprio beneficiário dessa

transformação, e criando, então, uma relação de responsabilidade consigo

mesmo, ajudando a manter sua comunidade num lugar bom e bem cuidado

para se viver. Não joga mais lixo no chão, não é a favor da pichação e gosta de

manter o seu bairro limpo e organizado.

O jovem passa também a preservar todo o patrimônio da cidade,

histórico, cultural, arquitetônico, entre outros. Ele já não acredita mais que

aquele monumento é da cidade e não precisa cuidar dele. Já que a cidade é

sua, o monumento conseqüentemente é seu, e por isso deve cuidar bem dele

e preservá-lo.

Rubem Alves conta um excelente exemplo de como os estudantes

passam a cuidar melhor do seu bairro, quando passam a utilizá-los para sua

aprendizagem, em seu livro “Aprendiz de Mim – Um bairro que virou escola”:

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O milagre das bolas de gude ficou mais incompreensível quando fiquei sabendo que, meses antes, uma intervenção semelhante acontecera. Uma artista plástica, sozinha, cobrira os muros de uma praça com centenas de bolas de gude. ‘O resultado ficou esteticamente estupendo’ comentou o Gilberto. ‘Mas politicamente foi um horror. Naquela mesma noite arrancaram bola por bola, deixando apena lições nas marcas vazias do cimento.’ A lição das marcas vazias do cimento, semelhantes a pequenas crateras: ‘As bolas de gude são maravilhosa. Mas um lugar melhor para elas é o meu quarto, a minha casa, o meu bolso... No meu espaço elas serão realmente minhas’. A intuição psicologia leva ao ato político: o canivete arranca as bolas de gude e as leva para o ‘meu espaço’, o meu ‘pequeno’ espaço... EU as levo para o ‘meu espaço’ porque o muro não é espaço meu. É espaço público, de todos. É de um Outro anônimo – espaço alienado. Lição fundamental de cidadania: somente cuidamos do espaço público quando o sentimos como uma extensão do nosso próprio espaço. A cidade, extensão do meu corpo. Somente assim eu cuido dela. Quem quebra o galho de uma árvore numa rua quebra o meu próprio braço; quem arranca uma bola de gude do muro arranca o meu próprio olho... (ALVES – 2008, p.35 e 36).

Com os alunos trabalhando em prol de sua comunidade, surgirão

também outras melhorias no entorno da universidade. Melhorando as

condições do bairro e a teia de relações humanas entre alunos, professores,

familiares e comunidade em geral, pelos cuidados com as áreas públicas, é

possível combater a violência e a deterioração urbana, e combatendo esses

dois fatores é possível em um futuro melhorar a qualidade de vida e o capital

social de uma comunidade.

Tais medidas também acarretarão no desenvolvimento sustentável do

bairro e pode servir como exemplo para esse tipo de desenvolvimento em

outros bairros próximos e conseqüentemente na cidade, criando, assim, uma

cadeia de melhorias para seus habitantes.

A seguir, discutiremos melhor o que é o desenvolvimento sustentável e

como os trabalhos acadêmicos externos podem colaborar para esse processo

em uma comunidade.

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3.1 – Desenvolvimento sustentável

Segundo a comissão mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD) da Organização das Nações Unidas, desenvolvimento sustentável é

o conjunto de processos e atitudes que atende às necessidades presentes

sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras satisfaçam a

suas próprias necessidades.

O conceito surgiu primeiramente do relatório elaborado pelo MIT

(Massachusetts Institute of Technology - Instituto Tecnológico de

Massachusetts, um centro universitário de educação e pesquisa privado

localizado em Cambridge, Massachusetts, nos EUA, um dos líderes mundiais

de ciência e tecnologia) para o Clube de Roma (Grupo de pessoas ilustres que

se reunem para debater assuntos relacionados à política, economia

internacional, ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável; fundado em

1968 por Aurelio Peccei, industrial e acadêmico italiano e Alexander King,

cientista escocês). Este relatório tinha o título de “Os Limites do Crescimento” e

vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre

meio ambiente mais vendido da história. O relatório tratava essencialmente de

problemas cruciais para o futuro desenvolvimento da humanidade tais como:

energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento

populacional, dentre outros.

Posteriormente, fundiu-se à primeira idéia o conceito de

ecodesenvolvimento, da Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento realizada em Estocolmo, em 1970, proposto por

Maurice Strong e Ignacy Sachs, surgindo então o PNUMA (Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente). E então em 1987, a Noruega adotou o

conceito de Desenvolvimento Sustentável em seu relatório “Our Common

Future (Nosso futuro comum)”, também conhecido como Relatório Brundtland.

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Contudo, foi apenas durante a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, no Rio de Janeiro que o

conceito foi definitivamente incorporado como um princípio.

Ficou definido que o desenvolvimento sustentável é um conjunto de

metas para um mundo equilibrado, através da busca pela proteção ambiental e

desenvolvimento econômico. Essa definição também serviu como base para a

formulação da “Agenda 21” (documento que estabeleceu a importância de

cada país se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela

qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os

setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os

problemas sócio-ambientais), com a qual mais de 170 países se

comprometeram, por ocasião da conferência.

Mais recentemente, em 2002, na Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, foi elaborada uma

declaração política que define e afirma que o desenvolvimento sustentável é

construído sobre “três pilares interdependentes e mutuamente sustentadores”:

• Desenvolvimento econômico;

• Desenvolvimento social;

• Proteção ambiental.

Também é reconhecido nessa declaração a complexidade e o

interrelacionamento de questões críticas como: pobreza, desperdício,

degradação ambiental, decadência urbana, crescimento populacional,

igualdade de gêneros, saúde, conflito e violência aos direitos humanos.

Surge por último então, o PII (Projeto de Implementação Internacional)

que apresenta os quatro elementos principais do Desenvolvimento

Sustentável:

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• Sociedade;

• Ambiente;

• Economia;

• Cultura.

Durante esse processo de definição, na década de 60, surgiram

então as primeiras comunidades sustentáveis, que se mantêm até hoje.

São chamadas de ecovilas, e são exemplos plenos de como aliar o

desenvolvimento sustentável ao desenvolvimento humano integral, dentro

dos paradigmas ecológicos e sociais definidos nas declarações

mencionadas anteriormente.

3.2 – Sustentabilidade no processo educacional

Como mencionado acima, sustentabilidade é um conceito

sistematizado, relacionado com a vitalidade e continuidade dos aspectos

econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

A proposta do desenvolvimento sustentável é, então, ser um meio de

configurar as necessidades da civilização e sociedades, de seus membros e

atividades humanas, e de sua economia para expressar seu maior potencial no

presente, e ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade e os ecossistemas

naturais, com planejamento e ações pró-eficientes na manutenção indefinida

destes ideais.

A sustentabilidade pode abranger desde uma comunidade/vizinhança

local até o planeta inteiro. Contudo, para um empreendimento humano ser

considerado sustentável é necessário considerar três requisitos básicos:

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• Ecologicamente correto;

• Socialmente justo;

• Culturalmente aceito.

A educação pode se fazer um grande instrumento para a propagação

deste tipo de desenvolvimento no mundo, visto que ela proporciona, em todas

as suas formas, a indíviduos e sociedades, habilidades, perspectivas,

conhecimentos e valores para se viver. É necessário, porém, que essa

educação passe a ter uma visão mais ampla do que a sala de aula e os

conceitos aplicados a cada disciplina/cadeira, passando a se preocupar mais

amplamente com a busca em equilibrar o bem-estar humano e econômico,

com as tradições culturais e o respeito aos recusros naturais do planeta e ao

próximo.

É possível aos educadores explorarem melhor esses conceitos em

todas as disciplinas, formando alunos mais interessados em cuidar do seu

ambiente vital. Para isso, faz-se necessário que o sistema educacional seja

transdiciplinar, ético e permanente, compatíveis com o uso dos recursos

naturais e necessidades do planeta.

Para que se chegue a uma educação sustentável e plena, é necessário

se ter uma nova visão para a educação. Há de se partir de um conceito

dinâmico, que pode ser plenamente desenvolvido através de aulas práticas e

externas, que envolvam o aluno com sua comunidade, e lhe despertem

interesse de cuidar do que lhe pertence.

Também é necessário que educadores reflitam criticamente suas

próprias comunidades, identifiquem elementos inviáveis em suas vidas, e

explorem tensões entre valores e objetivos conflitantes.

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Dessa maneira, surge uma nova motivação para o aprendizado, na

medida em que os educandos tornam-se imponderados para desenvolver e

avaliar visões alternativas de um futuro sustentável e concretizá-las

coletivamente, no presente, não sendo necessário esperar o diploma ou o

mercado de trabalho chegar.

O objetivo maior dessa educação tem que ser preparar cidadãos para

agir por mudanças sociais e ambientais positivas, implicando em ação

participativa em sua comunidade, bairro, cidade e assim por diante, integrando

conceitos e ferramentas para auxiliar pessoas a compreenderem melhor o

mundo em que vivem.

3.3 – A evolução do conceito de educação sustentável

O conceito de educação sustentável vem sendo explorado desde que

foi apoiado pela primeira vez, na Assembléia Geral das Nações Unidas, em

1987. Contudo, foi na Eco-92, com a elaboração da Agenda 21 (plano de ação

que fornecia uma série de princípios para auxiliar Governos e outras

instituições na implementação de políticas e programas para o

desenvolvimento sustentável) que o conceito foi melhor definido.

O capítulo 36 deste documento, afirma que a educação é essencial no

rumo ao desenvolvimento sustentável. E a partir da Eco-92, a Comissão para

o Desenvolvimento Sustentável indicou a UNESCO para ser o organismo

coordenador do capítulo 36, responsável por acelerar as reformas na

educação e coordenar as atividades dos parceiros. A UNESCO foi também

encarregada de fornecer apoio técnico e profissional aos Estados Membros,

desenvolvendo currículos experimentais e material de treinamento, e

disseminar políticas, programas e práticas inovadoras para a Educação para o

Desenvolvimento Sustentável.

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Não há como mensurar se na prática esse apoio e os currículos

experimentais realmente chegaram aos Estados Membros da conferência, mas

conhecendo melhor o que é a educação para o desenvolvimento sustentável,

os educadores podem explorar mais vezes esse conceito em suas aulas

teóricas e práticas.

3.4 – A educação para o desenvolvimento sustentável

Os elementos a seguir se encontram no Capítulo 36 e identificam

quatro grandes premissas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável:

• Promoção e Melhoria da Educação Básica: O acesso à educação

básica ainda é um problema para muitos – especialmente meninas e

adultos analfabetos. Aumentar simplesmente a alfabetização básica,

como no ensino atual, não desenvolverá significativamente sociedades

sustentáveis. Ao contrário, a educação básica deve focar na comunhão

de conhecimento, habilidades, valores e perspectivas que encorajem e

apóiem os cidadãos a levar vidas sustentáveis.

• Reorientar a Educação existente em todos os níveis em direção ao

Desenvolvimento Sustentável: Repensar e revisar a educação desde

a creche até a universidade para incluir mais princípios,

habilidades, perspectivas e valores relacionados à sustentabilidade em

cada uma das três esferas – social, ambiental e econômica – é

importante para as sociedades atuais e futuras;

• Desenvolver Entendimento Público e Consciência da

Sustentabilidade: Avanços na direção de sociedades mais sustentáveis

requerem uma população que seja ciente dos objetivos das sociedades

sustentáveis e que tenha conhecimento e habilidades para contribuir

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com esses objetivos. Cidadãos conscientes do voto e consumidores

informados podem auxiliar comunidades e governos a adotar medidas

para a sustentabilidade e caminhar em direção a sociedades mais

sustentáveis;

• Treinamento: Todos os setores trabalhistas podem contribuir para a

sustentabilidade local, regional e nacional. O desenvolvimento de

programas de treinamento especializado para garantir que todos os

setores tenham o conhecimento e habilidades necessários para realizar

seu trabalho de forma sustentável, tem sido identificado como um

componente importante para esse processo.

Diversas instituições de ensino superior, organizações não-

governamentais e agências de governo do mundo inteiro já fizeram esforços

significativos para incorporar o desenvolvimento sustentável em programas

acadêmicos, operações e comunidades locais.

A partir dessas experiências, ficou claro que embora haja consenso

nos objetivos gerais para ampliar e generalizar a educação sustentável, sua

criação e implementação nos níveis local, regional e nacional diferem, de

acordo com as diferentes condições sociais, econômicas e ambientais, de

forma relevante e culturalmente apropriada.

Além disso, iniciativas educacionais devem levar em consideração

outras iniciativas culturais, distintas das locais, que podem também estar

inseridas em sala de aula por uma minoria de alunos, como, por exemplo, as

culturas indígenas, por isso é necessário assumir e facilitar essas diferentes e

importantes contribuições para o processo do desenvolvimento sustentável.

Como já mencionado e explorado, o redirecionamento da educação

para o desenvolvimento sustentável deve ser apoiado pela cooperação

interdisciplinar, em vários níveis e por múltiplos parceiros locais.

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Cada educador e disciplina têm um aspecto que pode contribuir com o

conteúdo e pedagogia. As comunidades podem contribuir com o

desenvolvimento dos currículos de forma a garantir que estes reflitam o

conhecimento, as habilidades, perspectivas e prioridades das populações

locais. Líderes de governo devem dar passos para reorientar as políticas e

sistemas nacionais de educação para estabelecer metas para cumprir

compromissos internacionais. Finalmente, redes e parcerias entre governantes,

instituições e organizações, sociedade civil, setor privado e mídia podem

auxiliar na tradução de conceitos em objetivos e ações.

É papel da instuição de ensino superior então, organizar essa teia de

ferramentas e apoio à educação sustentável, e propocionar ao jovem a

possibilidade de produzir ou desenvolver um trabalho acadêmico que tenha

impacto sustentável em sua comunidade.

As visitas técnicas ganham grande destaque para despertar a ânsia

pela educação e pela aprendizagem, tanto nos aprendizes quanto nos

educadores. Apenas dessa maneira, sustentável e mostrando-lhes a

importância do que fazem para si próprios e para sua comunidade, é que

conseguiremos formar profissionais melhores, e mais comprometidos e

interessados em buscar um mundo melhor.

3.4.1 – O turismo sustentável x aulas práticas

O turismo é uma das áreas que mais se especializou e desenvolve o

desenvolvimento sustentável, devido à grande necessidade que tem de manter

os seus pontos principais de trabalho: os pontos turísticos.

Ele trabalha com quatro abordagens, em ordem cronólogica, sobre o

conceito de desenvolvimento sustentável, segundo Clarke:

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• Opostos polares: O turismo sustentável e o de massa eram vistos

como opostos polares. Teríamos de renunciar ao turismo de massa se

quiséssemos desenvolver o turismo sustentável.

• Um continuum: O turismo sustentável e o de massa não eram mais

vistos como opostos polares, mas reconhecia-se que havia diferentes

nuances de turismo sustentável e de massa, as quais se fundiram em

algum ponto central.

• Movimento: Abordagem cuja sugestão era de que uma ação positiva

poderia tornar o turismo de massa mais sustentável.

• Convergência: A idéia de que todos os tipos de turismo podem se

esforçar para serem sustentáveis.

Isso deve ocorrer na educação também. Todo e qualquer tipo de

ensino-aprendizagem deve ser sustentável, e principalmente aqueles que

abrangem o exterior da sala de aula. Como já visto anteriormente, a educação

pode se utilizar de excursões e viagens para levar os alunos a pontos turísticos

que tenham algo relacionado com a disciplina, mas, mais do que isso, a

instituição pode buscar por uma operadora que ofereça pacotes dentro desse

conceito de sustentabilidade e pacotes que enfoquem e mostrem como isso é

realizado em determinado destino. Desse modo, educação e sustentabilidade

se fundem e dá-se, entáo, o processo de convergência.

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CONCLUSÃO

É nítido para toda a sociedade, que não é possível transformar

décadas de políticas educacionais em apenas alguns anos. É necessário que a

transformação seja feita gradativamente, mas para que ela aconteça é preciso

que todos os envolvidos no processo educacional se tornem e se entendam

participantes desse processo. Governo, instituições de ensino, docentes,

discentes e até a própria comunidade precisam entender que a educação está

muito além do que se ensina e se aprende dentro de sala de aula. A educação

precisa ser um ato funcional que englobe todos os fatores da vida de um

indíviduo.

Atualmente a maioria das instituições no Brasil encontram-se presas à

ditadura curricular, e pouco dispostas a inovar no seu porcesso de ensino-

aprendizagem, mas através dessa pesquisa concluí que é essencial mostrar

aos alunos no processo da construção do saber, todas as possibilidades

existentes para determinado assunto abordado, criando uma excitação

tamanha que envolva o aluno de tal modo que ele, através de sua curiosidade,

comece a pesquisar o tema por sua conta própria e para que quando chegue o

momento de sua vida que ele necessite utilizá-lo, aflore tudo que já aprendeu

relacionado ao tema. Assim, a educação será uma ferramenta para a vida e

não apenas um simples ato mecânico de memorização, algumas vezes sem

função.

Talvez o que seja necessário no mundo contemporâneo, é esquecer os

antigos conceitos de educação para se entender um novo conceito, que busca

fazer do aluno o ator principal, que busca melhorar a sua vida e sua

comunidade, e que busca ainda ensinar através do prazer de aprender.

Afinal, vivemos hoje em um mundo globalizado em que as notícias e

inovações chegam aos alunos antes mesmo de chegarem à sala de aula, e

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muitas vezes esses alunos já estão mais familiarizados com as tecnologias do

mundo moderno do que o próprio porfessor, então cabe ao professor despertar

o interesse desse aluno para sua aula através de novos recursos e da

utilização do cotidiano, para oferecer-lhes uma educação real e funcional.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVES, Rubem. Aprendiz de mim: Um bairro que virou escola. 3ª Ed. Campinas – SP: Papirus, 2008.

COSTA, Antonio Carlos Gomes da; DIMENSTEIN, Gilberto; SEMLER, Ricardo. Escola sem sala de aula. Campinas – SP: Papirus, 2004.

GADOTTI, Moacir. Pensamento pedagógico brasileiro. 8ª Ed. São Paulo – SP: Ática, 2006.

RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo e planejamento sustentável. 14ª Ed. Campinas – SP: Papirus, 2008.

RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo no Brasil: Análise e tendências. Barueri – SP: Papirus, 2002.

SWARBROOKE, John. Turismo sustentável: Conceito e impacto ambiental. 3ª Ed. Tradução: PULIDO, Margarete Dias. São Paulo – SP: Aleph, 2000.

SILVEIRA, Elton José da. Walking Tour: Tursimo, Cultura e Educação. (Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção, UFSC) Florianópolis – SC: 2003.

Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional, no 9.394/96.

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WEBGRAFIA CONSULTADA

http://www.vivenciapedagogica.com.br

http://www.envolverde.com.br

http://pt.wikipedia.org

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

A IMPORTÂNCIA DA TEORIA ALIADA À PRÁTICA 10 1.1 - O processo de desenvolvimento do conhecimento 12 1.2 - A pedagogia que destaca a prática 13

1.2.1 - Técnicas desenvolvidas por Freinet 14 1.3 - O papel do profcessor na vivência da teoria 16 1.4 - O papel do aluno na vivência da teoria 17 1.5 - O papel da instituição de ensino na vivência da teoria 18

CAPÍTULO II 20

NAS ESCOLAS: AULA-PASSEIO; NAS UNIVERSIDADES: 20 VISITA-TÉCNICA 2.1 - As visitas técnicas 24

2.1.1 - Aulas Externas 27 2.1.2 - Visitas Guiadas 29 2.1.3 - Observações ‘in loco’ 30 2.1.4 - Aulas práticas em sala de aula 30

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2.2 - Currículo profissional 31

CAPÍTULO III 33

AS CONSEQUÊNCIAS SUSTENTÁVEIS DA TEORIA ALIDA 33 À PRÁTICA 3.1 - Desenvolvimento sustentável 35 3.2 - Sustentabilidade no processo educacional 37 3.3 - A evolução do conceito de educação sustentável 39 3.4 - A educação para o desenvolvimento sustentável 40

3.4.1 - O turismo sustentável x aulas práticas 42 CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

WEBGRAFIA CONSULTADA 47

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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Avaliado por: Conceito: