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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM OS REFLEXOS DA CRISE FINANCEIRA AMERICANA NAS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS Por: Fabiana Lopes de Carvalho Orientador Prof. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS REFLEXOS DA CRISE FINANCEIRA AMERICANA NAS

ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS

Por: Fabiana Lopes de Carvalho

Orientador

Prof. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS REFLEXOS DA CRISE FINANCEIRA AMERICANA NAS

ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa.

Por: Fabiana Lopes de Carvalho

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família e amigos que

sempre me auxiliaram a seguir meus

planos. Agradeço aos meus colegas de

classe que me ajudaram e

incentivaram a concluir este estudo e

agradeço também a Deus que me

ajudou a ter perseverança a finalizar tal

estudo.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia primeiramente a

Deus, cujo sempre confie e ajudou-me a

atingir meus objetivos, aos meus pais e

irmãs que são meu porto seguro.

Finalizando, dedico também aos meus

amigos que estão sempre ao meu lado

em todos os momentos e representam a

família que escolhi.

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RESUMO

Este estudo apresenta quais foram os reflexos da crise financeira

americana para as organizações brasileiras, quais os históricos da crise e suas

origens. Quais os segmentos que mais foram afetados, as conseqüências que

a crise trás para o Brasil e principalmente para as organizações que possui

suas transações cotadas em dólar. Expõe os impactos que elas sofreram com

suas aplicações em derivativos cambiais e em quanto é calculado o seu

prejuízo.

Esta monografia aborda o caso da Sadia S.A e Aracruz Celulose,

sólidas organizações, que diante a crise passaram por fortes turbulências e

foram vendidas. Assim, mostra como as empresas com altos valores de

mercado foram bastante sensíveis a crise que assola o mundo.

PALAVRAS-CHAVE: crise financeira, Sadia, Aracruz, derivativos, prejuízo,

flutuação cambial, dólar, perdas.

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METODOLOGIA

Os métodos a que levam ao problema proposto são leituras de livros,

artigos acadêmicos, reportagens de jornais e revistas, sites de pesquisas,

assim como relatórios de estudos de instituições de pesquisas. É importante

incluir os créditos às instituições que cederam o material ou que foram o objeto

de observação e estudo.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Páginas

FIGURA 1 - Ciclos viciosos da crise financeira 20

FIGURA 2 - Setores mais impactados com a crise financeira americana 22

FIGURA 3 - Indicadores Aracruz Celulose 33

FIGURA 4 – Indicadores Sadia 37

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Breve histórico das principais crises 11

CAPÍTULO II - A crise econômica de 2008 no Brasil 20

CAPÍTULO III - Reflexos da crise financeira americana para

Organizações brasileiras – Aracruz e Sadia 20

CAPITULO IV - Conseqüências da crise para organizações

Financeiras 7

CONCLUSÃO 04

REFERÊNCIAS 52

ÍNDICE 59

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem como tema: os reflexos da crise financeira americana

nas empresas brasileiras, o qual teve como base para o seu desenvolvimento

duas sólidas organizações brasileiras, em que diante a crise tiveram grandes

perdas, o caso da Sadia S/A, hoje pertencendo ao Grupo Brasil Foods e

Aracruz Celulose S/A.

O mundo acompanha passo a passo a degradação da economia

mundial. Iniciou-se em 2007, por meio do crédito imobiliário nos Estados

Unidos, resultando a quebra do mercado de crédito para baixa renda. Seu

ápice ocorreu em agosto de 2008, com a falência de um dos maiores bancos

de investimentos dos EUA: Lehman Brother’s. Desta forma dando inicio a uma

grande crise financeira internacional.

Inicialmente a recessão americana não afetaria o Brasil. Nosso cenário

é estável e nossa economia encontra-se forte, se comparada a outras crises já

enfrentada. Entretanto, não é isto que aconteceu, os reflexos da crise

economia americana já é sentido em diversas atividades, principalmente as

que possuíam altas transações cambias, posto que com a crise o valor do

dólar em relação ao real subiu rapidamente, despencando o faturamento de

organizações. Seguindo o ritmo de queda das bolsas americanas, as bolsas

brasileiras foram as que mais despencaram, assim preocupando seus

investidores. A instabilidade econômica, que aparentemente estava longe

chegou ao Brasil.

A queda do valor das ações cotadas no Ibovespa era também o vestígio

de que a crise financeira americana não estava tão longe como pensávamos.

Logo após isto empresas exportadoras de commodities, começaram a divulgar

reduções dos seus lucros, mostrando-as quão vulneráveis a estes abalos elas

estavam.

O tema abordado tem como questionamento central responder: “Quais

as principais conseqüências da crise financeira americana no desempenho das

organizações brasileiras?”

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10 Este estudo visou compreender como a crise financeira americana

influenciou no desempenho e desenvolvimento das organizações brasileiras,

quais os seus reais reflexos, bem como identificar os principais setores que

mais sofrem com isto. Por intermédio deste projeto tentaremos entender como

poderíamos nos portar diante das próximas crises, além de fortalecer a

economia brasileira.

Em 2007, já se especulava sobre como a crise americana chegaria e

afetaria o Brasil. Filgueiras (2007)1, afirmou que os impactos de uma crise

global, oriunda da crise do mercado imobiliário americano, na economia

brasileira têm duas portas de entrada. A primeira é o mercado financeiro, por

intermédio da livre mobilidade dos fluxos de capitais, como a compra e venda

de ações. Seus efeitos são sentidos de maneira amena, se comparado às

crises anteriores, primeiramente a bolsa caiu, subiu o Risco Brasil e o câmbio

foi desvalorizado, em razão da venda de papeis brasileiros. A partir da

intervenção dos bancos centrais dos países desenvolvidos, com o aumentando

da liquidez nos mercados financeiros e a redução da volatilidade, assim

revertendo os efeitos. Já a segunda porta é o comércio internacional, caso a

crise se aprofunde. Nesse caso os impactos no balanço de pagamentos serão

de médio a longo prazos, com a queda dos preços internacionais das

commodities (agrícolas e industriais), as quais representam parte majoritária

das exportações. Assim, pelas duas portas de entrada a vulnerabilidade

externa da economia brasileira voltará a se manifestar, com impactos na

trajetória da inflação e da dívida pública, logo restringirá a capacidade de

crescimento a partir do mercado interno.

O objetivo geral identificou os reflexos da crise financeira americana

para as empresas brasileiras. Assim foi estudado os seguintes pontos: verificar

os reais reflexos disto para as organizações brasileiras, identificar os

segmentos, que mais foram prejudicados com a crise americana e analisar os

1 Luiz Filgueiras, professor e membro do Núcleo de estudos conjunturais (NEC) da Faculdade de Ciências econômicas da Universidade Federal da Bahia (FCE/UFBA). Disponível em Disponível em <http://www.fieb.org.br/bahia_industria/Arquivos/novembro_2007/Ideias.pdf>. Acesso em 30/jun/2011.

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11impactos disto para as organizações brasileiras e as conseqüências para o seu

desempenho.

Esta monografia tem como relevância, identificar os principais reflexos da

crise financeira americana para as organizações brasileiras, quais suas

conseqüências, os setores que mais se prejudicaram, quais os resultados da

crise dentro das organizações e os impactos disto para o crescimento

econômico e social do Brasil.

Para classificação desta pesquisa foi utilizada a metodologia proposta

por Vergara (2006). Segundo esta classificação, as pesquisas podem ser

classificadas quanto aos fins e quanto aos meios.

Quanto aos fins, a pesquisa elaborada foi classificada em descritiva e

estudo de caso. Descritiva, pois estudou os reflexos da crise americana para

as empresas brasileiras. E estudo de caso, já que ela foi realizada usando o

caso da Sadia S/A e Aracruz Celulose.

Quanto aos meios, esta pesquisa foi bibliográfica, través de estudo

sistematizado, desenvolvido com base em material publicado em livros, artigos,

reportagens e sites na internet, os quais eram atualizados constantemente.

O presente estudo foi dividido em quatro capítulos, no primeiro capítulo

foi desenvolvido o histórico sobre as principais crises financeiras, que tiveram

reflexos na economia brasileira, com seus respectivos motivos, conseqüências

e soluções.

No segundo capitulo foram identificados os segmentos que mais foram

prejudicados com a crise e, por conseguinte, diminuíram sua produção,

acarretando em demissões e encolhimento do faturamento. Isto é apresentado

por uma pesquisa realizada pela PriceWaterHouseCoopers (PWC, 2008).

Já no terceiro capitulo é verificado os reais reflexos da crise financeira

americana para as organizações brasileiras. Naquele capitulo é aprofundada

as análise dos casos da Sadia S/A e da Aracruz Celulose S/A, mostrando as

perdas que as empresas sofreram com transações cambiais.

No último capitulo o quarto, foi analisado os impactos da crise financeira

americana para estas organizações e as conseqüências para o seu

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12desenvolvimento e desempenho, comparando suas estratégias diante do

cenário desfavorável para economia brasileira e mundial.

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CAPITULO I – BREVE HISTÓRICO DAS PRINCIPAIS CRISES

1.1- A crise de 1929 – A Grande Depressão

A maior crise enfrentada pelo mundo foi a de 1929, que deu inicio ao

período conhecida como a Grande Depressão. Conforme afirma Lopes (2008,

p.13) ela teve mesma origem que a atual: um colapso no sistema financeiro. O

mesmo autor, afirmar ainda que a recessão americana propaga

internacionalmente através de quatro mecanismos principais:

1. Contração de crédito produzida pelo processo de redução da alavancagem no sistema financeiro global e conseqüente fragilização dos bancos; 2. Destruição de riqueza, como resultado da queda nos preços de ativos financeiros, como imóveis e ações; 3. Deterioração das expectativas sobre a evolução futura da atividade econômica, afetando decisões de dispêndio de empresas e famílias; 4. Redução no crescimento das exportações e do comércio mundial.

Parafraseando Chancellor (2001), a Grande Recessão foi associada ao

capitalismo desenfreado e a expansão gigantesca das vendas a crédito, isto na

década de 1920, na época chamadas de “compras a prazo”, em que desde

rádio até roupas eram compradas a prazo. No fim da década a divida em

crediário foi calculado em 6 bilhões de dólares, em que aproximadamente um

oitavo das vendas em varejo eram realizadas em crediário. Isto é confirmado

em 1926, por Allen (1957, p.168): “65% dos automóveis eram comprados a

prestação. As lojas de departamento vendiam mais de 40% das mercadorias a

crédito.”

Chancellor (2001), afirma ainda que havia um elemento

inquestionavelmente especulativo no crescimento do financiamento a prazo: o

consumo presente estava sendo financiado pelos rendimentos futuros

esperados. Ou seja, os consumidos da década de 1920 estavam devorando

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14seu futuro, logo com a chegada do futuro, eles descobriram que a despensa

estava vazia. Porém, na época as compras a prazo eram vistas como mais um

avanço benéfico para a nova era.

Como é citado por Chancellor (2001, p. 250), em 1929 Warburg2, alertou

os leitores do Commercial and Financial Chronicler:

A história, que tem o doloroso costume de se repetir, ensinou à humanidade que o excesso de expansão [...] Se for permitido que as orgias especulativas se disseminem demais, porém, o colapso final certamente não apenas afetará os especuladores, mas também acarretará uma depressão geral envolvendo todos os países (CHANCELLOR, 2001. p.205)

Warbung não era o único preocupado com o possível resultado da

mania especulativa, Herbert Hoover, secretario do Comércio no governo

Coolidge, advertia que desde 1926 a especulação exagerada e a concessão

de crédito em forma de financiamento a longo prazo, prejudicaria a

prosperidade futura da economia (CHANCELLOR,2001).

O dia mais marcante para esta crise foi a 24 de Outubro de 1929,

popularmente conhecido como: Quinta-Feira Negra foi o inicio da desordenada

liquidação de ativos financeiros pelas bolhas precedentes. Na segunda-feira

(28 de outubro de 1929), abateu o maior desastre, O índice da Média Industrial

Dow Jones registrou a maior queda. O dia seguinte a Terça-Feira Negra,

chamado de: “o dia do massacre dos milionários” , algumas ações tiveram

queda de até 75% relacionadas ao seu pico. Após a Terça-Feira Negra, o

mercado acionário voltou a estabilizar-se. No mês seguinte, o índica Dow

Jones subiu aproximadamente 50% em relação ao seu nível mais baixo pós-

craque (CHANCELLOR,2001).

Entretanto, a “recuperação dos otários”, posteriormente nomeada,

chegou ao fim na primavera de 1930, e o mercado retomou sua trajetória de

declínio até o verão 1932. Neste período o produto nacional bruto americano

caiu 60% em relação ao seu nível de 1929, o desemprego aumentara para

12,5 milhões e mais de um terço da força de trabalho não agrícola estava

desempregado (CHANCELLOR, 2001).

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15 A economia estava caótica, o governo americano seguia o liberalismo

econômico de Adam Smith e mantinha-se de braços cruzados, logo afundando

a cada dia. Em 1932, Franklin Delano Roosevelt, foi eleito o presidente dos

Estados Unidos, o qual propunha o abandono do liberalismo. Roosevelt guiou-

se pela receita do inglês John Maynard Keynes, que era simples: para salvar o

capitalismo da crise era preciso botar o Estado intervindo fortemente na

economia. Seu plano foi batizado de New Dea l(Novo Tratamento), isto em

1933. (SCHIMIDT,2000).

Conforme Schimidt(2000), primeiramente o governo tentou planejar um

pouco a economia. O Estado passou a vigiar de perto [...] as loucuras

especulativas da bolsa de valores. O New Deal criou leis sociais que protegiam

os trabalhadores e desempregados, inicialmente este ponto foi encarado pelos

empresários como uma tolice, na verdade Rooselvelt percebeu que para

superar a crise era necessário assegurar um consumo mínimo por parte dos

trabalhadores.

As conseqüências para o Brasil desta crise foram sentidas com a crise

do café. No final do século XIX, o Brasil era o principal exportador de café,

correspondendo a três quartos das exportações mundiais. Devido à extrema

importância que a produção e a exportação de café haviam assumido na

economia brasileira desde 1840, as conseqüências da crise do café nos 1930

foram gravíssimas. (LACERDA et al, 2004).

Krugman (2009) afirma que as dificuldades remanescentes da Grande

Depressão, haviam pipocado em vários países, como foi o caso do Brasil e

Japão.

Conforme Baer (2002), no inicio da Depressão o café era responsável

por 71% das exportações brasileiras. O governo tinha grande preocupação em

apoiar os cafeicultores. A forte queda da demanda mundial em virtude da

Grande Depressão coincidiu com super produção dele, resultado do plantio de

1920. O governo para proteger este setor criou em 1931 o conselho Nacional

2Paul M. Warburg eminente banqueiro e figura destacada pela criação do Federal Reserve System.

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16do Café, em que comprou todo o café e destruiu a maioria que não podia ser

armazenada.

Lacerda et al (2004, p.74) faz a mesma afirmação:

Assim, o governo tomou a decisão de utilizar uma solução econômica lógica, embora aparentemente absurda: a diminuição da oferta de café pela queima de excedentes, o equivalente a um terço da produção obtida entre 1931-1939.

Até a década de 1930, a estrutura econômica do Brasil se baseava na

agricultura e as oligarquias rurais detinham o poder, principalmente em São

Paulo e Minas Gerais. A participação do Estado na economia, através do

modelo nacional-desenvolmentista, iniciou um novo modelo de

desenvolvimento. O capitalismo brasileiro nas décadas de 1930 e 1940

enfrentou uma fase conturbada agravada em decorrência da crise mundial. A

crise do café em 1929, a Grande Depressão da economia mundial decorrente

da quebra da Bolsa de Nova York, provocou enormes problemas na situação

política nacional provocando a revolução de 1930. (FURTADO, 2000).

O mercado internacional estava em queda e o governo não podia mais

sustentar a política de defesa do café em função de uma política cambial entre

mil- réis e ouro, e na liberdade movimento de capitas. Assim, as reservas de

ouro que em 1919 eram de 31 milhões de libras, chegaram na estaca zero em

1930. (LACERDA et al, 2004).

Lacerda et al (2004) afirma que a Grande Depressão de 1930 ocasionou

a perda da hegemonia política pela burguesia cafeeira em favor a classe

industrial ascendente. O avanço do processo de industrialização no país

intensificou-se a partir de então.

De acordo com Pereira (1996), um dos fatortes fundamentais para

explicar o início da decolagem da economia brasileira encontra-se no

surgimento inesperado e paradoxal de uma imensa oportunidade de

investimentos industriais devido a Depressão Mundial de 1930.

1.2- A Crise da Segunda Guerra Mundial

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17A Segunda Guerra Mundial para o Brasil proporcionou o aumento da

produção, porém pouca capacidade produtiva. Durante esse período as

exportações de produtos manufaturados brasileiros cresciam rapidamente,

período em que os produtos têxteis somavam em 20% do total das receitas de

exportações. (BAER, 2002).

Consoante Lacerda et al (2004), somente após o início da Segunda

Guerra em 1941, o Brasil apresentou balança comercial superaviária, com o

aumento das exportações para os países aliados, e recuperação do preço do

café em um momento de redução das importações.

Pereira (1996), indaga se a Segunda Guerra Mundial foi estimulo para o

desenvolvimento industrial do Brasil. Sua resposta é afirmativa, comprovando o

grande guichê de que a Segunda Guerra foi um poderoso estimulo para o

desenvolvimento do país. Por outro lado, conforme observa Celso Furtado: “a

política seguida durante anos de guerra foi, na essência, idêntica à que se

havia adotado imediatamente depois da crise”. De fato foi exatamente isto que

ocorreu, embora os saldos no balanço de pagamentos pressionassem a taxa

de câmbio para baixo, o governo não deixou que o cruzeiro se valorizasse.

Constituindo novamente proteção ao setor cafeeiro.

1.3- Crise no Japão e Crise Asiática

Segundo Krugman (2009), o fim da década de 1980 foi época de

prosperidade para o Japão, caracterizada pelo rápido crescimento, baixo

desemprego e altos lucros. Contudo, nenhum fundamento econômico

justificava as triplicações dos preços das terras e das ações.

Krugman (2009) afirma ainda que os investimentos especulativos em

imóveis, ou seja, a bolha imobiliária; quase provocou uma crise bancaria na

década de 1970, situação evitada apenas por meio de um surto inflacionário,

que reduziu o valor real da dívida dos especuladores e possibilitou a liquidação

de empréstimos, até então impagáveis. Todos esses surtos tinham

características comuns de serem financiados principalmente por empréstimos

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18bancários. As instituições financeiras, inicialmente quase sempre comedidas,

começavam a oferecer crédito a investidores propensos ao risco e, não raro,

até de honestidade questionável, em troca de taxas de juros um pouco acima

das vigentes no mercado.

Chancellor (2001) comenta que na metade da década de 1980, os

lucros da especulação das empresas, as chamadas “bolhas no mercado

financeiro”, elevaram-se acentuadamente junto com o mercado acionário

japonês. Isto criou uma perigosa circularidade no sistema financeiro: a zaitech3

fabrica lucros gerando a alta no preço das ações, o que aumentava ainda mais

os ganhos da zaitech. Logo, ao fim da década a maioria das indústrias

registradas na Bolsa de Valores de Tóquio estava praticando o zaitech.

Para Krugman(2009), os bancos japonêses haviam concedido muitos

créditos de liquidação duvidosa nos anos da economia de bolha e a longa

estagnação subseqüente também tornara incobráveis vários outros

empréstimos. Assim, uma das teorias sobre a prostração japonesa era a de

que o país caíra na armadilha da liquidez principalmente porque seus bancos

padeciam de debilidade financeira aguda; bastava reconstruir os bancos para

promover a recuperação da economia.

Já Chancellor (2001) apresenta que a bolha da economia, foi o boom no

mercado imobiliário. Os japoneses acreditavam que as propriedades de terras

conferiam-lhes uma posição especial; continuara a dar status em uma

sociedade que se libertou da servidão feudal não faz muito tempo.

O Japão foi salvo pelas exportações, em que no meado da década, os

Estados Unidos incorriam enormes déficits, importando grandes quantidades

de produtos manufaturados. Ele também foi beneficiado pelas exportações

oriundas da China, a qual importava componentes fabricados no Japão.

Portanto, a recuperação da economia do país, deu-se pelo crescimento das

exportações (KRUGMAN,2009).

O continente asiático também passava por uma crise no mesmo período

que o Japão e com aspectos similares ao do Japão. Krugman (2009) observou

3 Zaitech : Significa especulação empresarial.

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19que o resultado do ingresso crescente de empréstimos externos na economia

tailandesa, foi a expansão maciça do crédito, que deflagrou uma onda de

novos investimentos. No inicio da de 1996, as economias do sudeste da Ásia

estavam começando a apresentar fortes semelhanças com a “bolha

econômica” do Japão.

Um dos suspeitos da crise asiática de 1997 é a taxa de câmbio entre

iene e o dólar, no período de 1995 a 1997, o iene dispara para níveis

estratosféricos e muitas moedas asiáticas estavam atreladas ao dólar,

conseqüentemente enfraqueceu as exportações desses países, tanto para o

mercado japonês quanto para outros mercados.

1.4-Ciclos econômicos- Eles existem

Conforme Lucas4, citado por Krugman (2009) os ciclos econômicos, a

alternância irregular de recessões e expansões com as quais vivemos há

aproximadamente um século e meio não chegaram ao fim. Todavia, ele

efetivamente sustentou que os ciclos econômicos haviam apenas sido

amansados, ao ponto de os benefícios de qualquer tentativa de domesticá-lo

ainda mais já não serem significativos.

Krugman (2009) cita ainda que após um ano do pronunciamento de

Lucas, ou seja, em 2004, Ben Bernanke5 proferiu um titulado de “A Grande

Depressão Moderna”, em que coincidia com a linha de pensamento de Lucas.

Argumentou que a política macroeconômica moderna havia resolvido o

problema dos ciclos econômicos – ou mais, exatamente, reduzido a magnitude

da questão que, agora, seria apenas um contratempo ao invés de alta

prioridade.

4 Robert Lucas (2003), professor da Universidade de Chicago e ganhador do Nobel Memorial Prize in Economics de 1995. 5 Ben Bernanker, foi ex-professor de Princeton e atuante do Conselho do Federal Reseve.

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20

Ciclos viciosos da crise financeira(Fig. 1)

Krugman (2009, p.92) apresenta na figura acima, o ciclo econômico de

forma simples e clara, onde o cada fator esta diretamente ligado ao outro, em

que quem encabeça este ciclo é a perda de confiança.

Conforme artigo divulgado em site, produzido por Murilo Prado Badró, a

atual crise é conseqüência da inflexão de mais um ciclo econômico, gerado

pela prosperidade na década de 90. Define-se por ciclo econômico a variação

periódica para cima e para baixo nas variáveis econômicas. O ciclo é inerente

de mercados livres, capitalistas, entretanto alguns autores abordam a questão

das influências exógenas e endógenas no comportamento dos ciclos.

Ainda de acordo com Murilo Prado Badró, um ciclo poderia ser

simplesmente expansão, contração, retração, recessão, ou depressão por

diversas causas. Os ciclos econômicos já foram estudados anteriormente por

diversos autores, em que desenvolveram suas teorias com base no período de

Problemas financeiros para empresas, bancos e famílias

Perda de Confiança

Desvalorização cambial, aumento das taxas de juros, quedas da atividade econômica

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21cada ciclo. Apresentando como os principais ciclos: Juglar, com ciclos de 7 a

10 anos, J. Kitchin, apresenta ciclos mais curtos de 3 a 4 anos. Simon Kunets,

apresenta ciclos de 15 a 20 anos e Nicolai Kondrantieff, em que possui ciclos

mais extensos de 40 a 60 anos.

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CAPÍTULO II – CRISE ECONÔMICA DE 2008 NO BRASIL

Neste capítulo destacamos a pesquisa realizada pela

PriceWaterHouseCooper (PWC), em Novembro de 2008, que foram

entrevistados cem executivos de empresas de capital aberto e grandes

corporações.

A pesquisa apresenta como setores que mais sofreram a crise

financeira. Dentre os dezoito mais abalados, três se destacam: o setor

automobilístico, representando índice de 86%, em segundo o financeiro,

arrematando 81% e em terceiro a construção civil com 62%.

Setores mais impactados com a crise financeira americana (Fig.2)

Automotivo ; 86%

Financeiro; 81%

Construção Cívil; 62%Bens de Capital; 43%Mineração; 34%

Agronegócios; 34%

Siderugia; 33%

Comércio; 32%

Energia, Petróleo e Gás; 24%

Serviços; 13%

Eletroeletrônicos; 12%

Alimentos; 12%

Eletrodomésticos; 10%

Transporte; 8%

Química e Petroquímica; 5%

Têxtil; 5%

Calçados; 5%

Mídia e Entreterimento; 2%

Automotivo Financeiro Construção Cívil Bens de Capital Mineração

Agronegócios Siderugia Comércio Energia, Petróleo e Gás Serviços

Eletroeletrônicos Alimentos Eletrodomésticos Transporte Química e Petroquímica

Têxtil Calçados Mídia e Entreterimento

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23Fonte: PriceWaterHouseCooper(PWC).

É observado que os setores, em que este estudo propõe, um está no

topo dos itens mencionados, conforme a o gráfico anterior. Para os executivos

entrevistados pela PWC (2008), o segmento de alimentos aparece em décimo

segundo lugar. Todavia, o caso da Aracruz Celulose S.A, encontra-se em

situação complicada, destacando-se em quinto lugar, além de ser um setor,

cujo dependerá de ajuda governamental para se reestruturar.

Parafraseando a pesquisa da PWC (2008), o setor automobilístico, ficou

em primeiro lugar devido à retração do crédito, desvalorização cambial,

redução do consumo e queda de renda, todos esses fatores somados atacam

diretamente as montadoras automobilísticas. Já o financeiro sofreu efeitos

diretos da conjuntura internacional da aversão ao risco. Ficando em quinto

lugar o agronegócio e mineração, que foram fortemente afetados devido à

queda do valor das commodities, retração das linhas de crédito ao comércio

exterior.

Para o economista Paulo Mol6 todos os segmentos industriais serão

afetados pela crise do segundo semestre de 2009. Já Julio Sérgio Gomes de

Almeida7, afirmar que os setores que mais ajudaram o Brasil a se desenvolver

foram os mais afetados com a crise, sendo esse: máquinas e equipamentos e

o automobilístico. Almeida alega que a produção de automóveis foi afetada

pela redução na disponibilidade de crédito, o fator principal que impulsionava

este setor. Já a produção de maquinas e equipamentos é afetada pela

expectativa dos empresários,e ainda, pelo aumento da percepção de risco,

pelos bancos, na concessão de crédito a pessoas jurídicas.

Mol (2008), afirma que a indústria já esta em desaceleração, ele

acredita que segmentos que perderam muito mercado externo, como é o

exemplo do calçado, podem voltar a conquistar mercado a longo prazo.

Conforme a sondagem realizada pela PWC (2008), os problemas que

impactaram a indústria automobilismo, assim como os bens de capital,

6 Paulo Mol: economista da Confederação Nacional da Industria (CNI). http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=1157>. Acesso em: 29 de maio de 2011.

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24financeiro e comércio, somente serão revertidos a longo prazo. Neste cenário é

permitido visualizar um quadro mais prolongado da escassez do crédito,

aumento de desemprego e consequentemente queda do poder aquisitivo.

De acordo com Bedê8 (2009), os segmentos mais prejudicados foram os

que dependem de crédito para financiar capital de giro e os que dependem das

vendas a prazo. Como é o caso do metal, insumos industriais básicos, ou seja,

borracha, plástico, química, madeira, metalurgia básica, máquinas e

equipamentos, aparelhos e matérias elétricos, autopeças e comercialização de

veículos.

A pesquisa da PWC (2008) mostra que assim, como os países onde a

crise iniciou-se, o Brasil também deveria apoiar a recuperação de alguns

setores, por intermédio da ação do governo. A indústria automobilística e o

segmento financeiro encabeçam a lista, com 71% e 68%, respectivamente.

O setor financeiro e a construção civil, tiveram ajuda do Governo

Federal, que em outubro de 2008 criou a Medida Provisória 443; em que

permite ao Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal (CEF) adquirirem

participações em instituições financeiras e empresas de construção civil.

Neste caso a CEF, por meio da Caixa Investimentos S.A (CaixaPar).

O agronegócio cotado em 4° lugar para investimentos governamentais

se depreciou bastante com a queda nos preços internacionais, retração de

mercados compradores e escassez de recursos para o Adiantamento de

Contratos de Câmbio (ACC’s), diante a desta situação o Governo Federal está

analisando a ampliação do crédito.

Conforme a pesquisa da PWC (2008), os que mais demitiram estão

concentrados nos grandes pólos urbanos. O campo automobilístico é

novamente apontado em primeiro lugar com 85%, em que mantém suas

indústrias de produção em cidades de pequeno porte, normalmente no interior.

Ocupando o segundo lugar está a construção civil, representando 75%, é a

7 Julio Sérgio Gomes de Almeida é consultor do Instituto para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Unicamp. 8 Marco Aurélio Bedê é economista do Sebrae – São Paulo. Disponível em : http://economia.dgabc.com.br/default.asp?pt=secao&pg=detalhe&c=3&id=5733443&titulo=Pequenas+e+medias+empresas+%3Cbr%3Esofrem+com+a+crise+financeira . Acesso em 02 de maio de 2011.

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25indústria que mais contrata mão-de-obra, entretanto vem registrando os

menores índices de contratação do mercado. A área de serviços, soma 36%

na redução do quadro de funcionários. O setor de alimentos representa 7%

das demissões, em contra partida, o agronegócio apresente índices mais

elevados, totalizando 18%.

Gonzaga e Salles (2009), afirmam que a indústria automobilística, a qual

já cresceu 50 % em dezembro, hoje responde isoladamente por quase 20% da

queda da indústria esse ano.

A crise potencializou a tendência a concentração do setor bancário.

Adicionando uma crescente exigência de maior escala, uma rarefação dos

fluxos financeiros internacionais e desalavancagem dos ativos. Isso afetou as

instituições gerando ambiente propicio a fusões e aquisições.(PWC, 2008)

Consoante a pesquisa da PWC (2008), os setores que mais sofreram

com perdas cambiais foram os financeiros, siderurgia, automotivo, energia,

petróleo e gás e agronegócio, com 51%, 48%, 47%, 45%,e 43%

respectivamente. Esta ação é decorrente de transações cambiais mal

sucedidas de hedge cambial com derivativos, encarecimento das exportações

por causa da desvalorização do câmbio e aumento dos custos de dívidas em

dólar. O agronegócio, assim como o financeiro assumiu parte do risco dos

contratos de hedge, em que resultaram em perdas por causa da

desvalorização do real. O setor de alimentos também foi impactado devido as

suas transações em hedge, aparece em sétimo lugar, com 37% dos votos.

Quando as heranças negativas para o próximo ano a pesquisa da PWC

(2008), revela que a redução do crescimento do Brasil é consenso entre os

cem executivos da soldagem da PWC, de acordo com eles o é inevitável que o

país sofra uma brusca queda no Produto Interno Bruto. Este cenário também é

adverso na área social, em que ocupa o segundo lugar, o terceiro lugar é a

retração dos investimentos, ponto preocupante, posto que este impacto será

mais sentido no inicio do próximo governo. O quarto lugar nesta pesquisa é a

elevação da taxa de jutos, cuja tem relação direta com a escassez de crédito

nacional e internacional, esta ocupando o oitavo lugar no ranking. É importante

destacar que previsão da balança comercial brasileira sofrerá até o fim do atual

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26governo, os efeitos da queda no preço internacional das commodities,

identificada em sexto lugar na herança negativa.

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27

CAPÍTULO III- REFLEXOS DA CRISE FINANCEIRA

PARA ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS – ARACRUZ E

SADIA

As altas transações financeiras em dólar fizeram com que sólidas

organizações, tivessem prejuízos significativos, como os divulgados pela Sadia

em setembro de 2008, que tivera perdas de 760 milhões de reais. Um mês

após, a Aracruz expõe que seu prejuízo é calculado em 1,95 bilhões de reais.

Como foi abordado no capitulo anterior um dos principais impactos para as

organizações brasileiras foram suas aplicações malsucedidas em hedge

cambial com derivativos.

A operação de “hedge” pode ser realizada em bolsas de valores,

mercadorias e futuros, ou no mercado de balcão; é destinada à proteção

contra riscos inerentes às oscilações de preços ou de taxas; é contratada para

proteger direitos ou obrigações da empresa; os contratos protegidos devem ser

relacionados às atividades operacionais da empresa (Lei 8.981/1995).

Para Krugman (2009), os fundos de hedge não fazem hedge. Na

verdade, eles fazem mais ou menos o oposto. Fazer hedge, como cita

Webster’s, é “tentar evitar ou reduzir perdas, diante as operações

compensatórias de após, de investimentos etc.” Ou seja, significa garantir que

as flutuações do mercado não afetem a própria riqueza.

Os fundos de hedge, ao contrário, visam exatamente o oposto, que é

extrair o máximo das flutuações do mercado. Logo, quase sempre assumem

posições vendidas em, alguns ativos, ou seja prometem entregá-los a um

determinado valor, em alguma data futura. Os lucros decorrem da queda nos

preços dos ativos vendidos (para serem adquiridos a preço mais baixo que o

valor da venda), da alta nos preços dos ativos compradores, ou de ambas as

situações (KRUGMAN, 2009).

A vantagem do hedge é o alto retorno aos acionistas, além de assumir

posições muito maiores que o seu patrimônio, ou o total aplicado pelos

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28cotistas. A única razão para que o hedge precise de capital próprio é

convencer a outra ponta das posições vendidas de que de fato terão condições

de cumprir com as promessas. O hedge, usado de maneira bem sucedida,

assume valor correspondente até 100 vezes o capital próprio, assim

aumentando em 1% o preço dos ativos ou redução de igual proporção no

preço dos passivos dobra o capital (KRUGMAN, 2009).

O mesmo autor afirma ainda que umas das principais desvantagens do

hedge é a perda de dinheiro com muita eficiência. Movimentos de mercado

que talvez não apareçam para os investidores comuns podem enxugar

rapidamente o capital de hegde.

Conforme Prado9 (2008), para o jornal Valor Econômico, a utilização do

hedge como proteção cambial é prática corriqueira por parte de companhias

expostas a variações do câmbio, em geral são importadoras e exportadoras.

Assumir posições em derivativos é uma forma diligente de a empresa se

defender, no futuro, quando no pagamento de contratos indexados em dólar,

de oscilações cambiais bruscas que podem vir a comprometer a sua liquidez e

o seu fluxo de caixa.

Conforme o Portal Exame10, as transações com base na cotação do

dólar foram cruciais para perdas devastadoras das organizações.

Principalmente as que usavam o mercado de derivativos de maneira

especulativa. Em 26 de setembro de 2008, com o anúncio de prejuízo em 760

milhões as ações da Sadia responderam rapidamente, despencando 35%.

Diante a esta perda a Sadia demitiu o diretor financeiro. Enquanto as ações da

Aracruz recuavam 18%, posto que eles não haviam divulgado ainda em

números o tamanho do prejuízo, era sabido que havia uma perda, como foi

divulgado pela própria empresa

As perdas da Aracruz, por conta dos derivativos começaram a ser

sentidos, na cidade de Aracruz, Espírito Santo. O corte no quadro de

funcionários foi em torno de 1150 funcionários. Estes impactos também são

9 Roberta Nioac Prado, doutora em Direito Empresarial pela USP e professora da Escola de Direito da FGV.

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29sentidos na Prefeitura de Aracruz, em que prevê queda de 15% na

arrecadação de impostos do seu maior contribuinte. As demissões também

foram no quadro gerencial do grupo. Divulgado no jornal Valor Econômico na

edição de 19 de novembro de 2008, executivo da direção financeira da

Aracruz, Valdir Roque, cortou elos profissionais com a instituição, cogita-se,

que isto deu-se ao seu forte temperamento e a pouca habilidade de

negociação.

Em outubro, a disparada do dólar surpreendeu cerca de 200 empresas

brasileiras que firmaram contratos de derivativos, em que não apenas

buscavam proteção contra variações cambiais, mas dobravam a aposta de que

o real não haveria de se desvalorizar acima de R$ 1,80. Grande parte das

empresas tem caixa para assumir o compromisso e absorver o prejuízo. O

braço industrial da Votorantim, que divulgou perdas financeiras de R$ 2,2

bilhões, afirmou que a exposição cambial decorrente de operações de swap foi

totalmente eliminada (VALOR ECONÔMICO. Aposta em derivativos expõe em

falha de comunicação. São Paulo, 16 out 2008).

O episódio dos derivativos (contratos alavancados que trouxeram

perdas a empresas abertas e fechadas) deixou lições mesmo para quem não

teve prejuízo. Há uma tendência de as companhias incorporarem à sua rotina

uma gestão mais cuidadosa dos riscos. Na visão de Haroldo Levy11 (2008), as

empresas industriais e de serviços darão mais importância a essa questão, a

exemplo do que já fazem os bancos. A avaliação de riscos deverá ser

incorporada à administração do negócio, como parte dele. “No Brasil, as

companhias não tinham essa cultura”

Para Elorrieta12 a crise global provou que a quebra de instituições

antes sólidas como rochas, a grande surpresa para os assustados atores do

mercado de capitais brasileiro foi descobrir que alguns executivos financeiros

10 Disponível em : <http://portalexame.abril.com.br/agencias/reuters/reuters-negocios/detail/sadia-aracruz-mostram-crise-aportou-brasil-115305., acessado em 07 de junho de 2011. 11 Haroldo Levy, coordenador da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais (Apimec). Disponível em: <http://www.consultoresjuridicos.com.br/noticias_detail.asp?id_noticias=72>. Acesso em 07 de junho de 2011.

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30estavam brincando com fogo na terra árida dos derivativos, assumindo altos

riscos para as organizações (VALOR ECONÔMICO. Aposta em derivativos

expõe em falha de comunicação. São Paulo, 16 out 2008).

3.1- Aracruz Celulose S.A

De acordo com os dados em seu site a Aracruz Celulose, foi fundada

em 1972, é uma empresa brasileira, líder mundial na produção de celulose

branqueada de eucalipto. Responde por 24% da oferta global do produto,

destinado à fabricação de papéis de imprimir e escrever, papéis sanitários e

papéis especiais de alto valor agregado.

Suas operações florestais alcançam os Estados do Espírito Santo,

Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com mais de 286 mil hectares de

plantios renováveis de eucalipto, intercalados com cerca de 170 mil hectares

de reservas nativas, que são fundamentais para assegurar o equilíbrio do

ecossistema. Sua capacidade nominal de produção, é de aproximadamente

3,2 milhões de toneladas anuais de celulose branqueada de fibra curta de

eucalipto.

Em associação com o grupo Weyerhaeuser dos Estados Unidos, a

Aracruz detém um terço da Aracruz Produtos de Madeira, uma unidade

industrial de alta tecnologia localizada no extremo-sul da Bahia, que fornece

produtos sólidos de madeira de alta qualidade provenientes de plantios

renováveis de eucalipto, destinados às indústrias de móveis e design de

interiores, do Brasil e do exterior. O complexo fabril, com capacidade de 900

mil toneladas anuais, trata-se de uma parceria da Aracruz com o grupo sueco-

finlandês Stora Enso, no qual cada empresa detém de 50 % das participações.

Desde janeiro de 2009, após o reconhecimento das perdas decorrentes

da grande exposição vendida em derivativos de câmbio, o controle acionário

da Aracruz passou a ser exercido pelos grupos Votorantim (84% do capital

12 Ana María Elorrieta, diretora de assuntos técnicos do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).

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31votante) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social-

BNDS (12,5%). As ações preferenciais da Aracruz são negociadas nas Bolsas

de Valores de São Paulo (Bovespa), Madri (Latibex) e Nova York (NYSE). A

Aracruz integra o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI World) 2008,

que destaca as melhores práticas em sustentabilidade corporativa no mundo.

A crise afetou bastante as organizações, cujas transações apostavam

fortemente em derivativos, acreditando na “estabilidade do dólar” como é o

caso da Aracruz. Conforme foi publicado no Valor Econômico, em 08 de

outubro de 2008.

As operações em target forward, que tem como objetivo garantir a taxa

de conversão do dólar, gerado com a exportação, para reais e ainda obter um

ganho. O problema é que expõe a receita das vendas externas a um risco

duas vezes maior que a posição em dólar efetivamente detida. Assim, para

honrar o contrato, a companhia precisa comprar dólar caro no mercado e, em

seguida, vendê-lo mais barato ao banco – é daí que vem a perda. Trata-se de

um contrato de ganho limitado e perda ilimitada, a partir duma taxa de câmbio

predeterminada (VALOR ECONOMICO. Mercado aguarda a estimativa de

prejuízos da Aracruz. São Paulo, 01 out 2008)

Para Almeida13, uma alavancagem equivalente a uma vez o faturamento

poderia ser considerada como razoável. Por meio do instrumento, a Aracruz

fixou o dólar em R$ 1,75 e combinou com os bancos que, se a moeda

americana viesse para baixo desse valor, teria ganhos, limitados a um

decréscimo de R$ 0,40 ou até R$ 0,50, dependendo do contrato. O ganho da

empresa seria, portanto, limitado. Em contra partida, se o câmbio superasse

R$ 1,76, a perda da empresa equivaleria ao dobro da diferença atingida pela

cotação da moeda, sem qualquer fixação de limite – ou seja, a perda seria

ilimitada. A função principal do “target forward” era travar a conversão dos

dólares recebidos pela exportadora numa taxa mais vantajosa, uma vez que a

tendência era de queda do dólar frente ao real, e ainda ganhar dinheiro com a

valorização da moeda brasileira. Para isso, porém, a empresa se expunha a

um risco dobrado, caso o dólar invertesse a tendência.

13 Ricardo Almeida, professor do IBMEC-SP.

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32 A Aracruz vem se utilizando de instrumentos desse tipo desde 2004.

Em seu relatório, a empresa afirma ser predominantemente exportadora, com

quase totalidade da receita em dólares, enquanto 15% de seu endividamento e

cerca de 75% de seu custo são atrelados ao real. Dessa forma, a valorização

da moeda nacional fazia com que as vendas pagassem cada vez menos os

custos. Dede que começou a fazer esse tipo de operação, em 2004, a

companhia ganhou com elas R$ 630 milhões, o que equivale a mais de 13%

do lucro líquido realizado até junho de 2008, antes que esses contratos se

transformassem na perda de R$ 1,95 bilhão. (VALOR ECONÔMICO.

Congresso americano vai apertar regras para derivativos, São Paulo, 20 out

2008 ).

Conforme foi divulgado pelo jornal Valor Econômico as transações ultra

turbinadas realizadas pela Aracruz Celulose em target forward, acarretaram em

perdas substanciais totalizando R$1,95 bilhões de reais. No “target forward”

feito pela Aracruz e provavelmente também pela Sadia, no entanto, a empresa

realiza também outra transação acoplada: vende de novo o dólar para o banco

no futuro e por meio de arriscada venda de opção de compra. Nesse

instrumento, o banco paga um valor à empresa para ter o direito de comprar o

dólar a uma cotação pré estabelecida futuramente (VALOR ECONOCÔMICO.

Alavancagem de empresas puxa dólar a R$ 2,311. São Paulo, 08 out 2008).

De acordo com dos dados fornecidos pela Aracruz em seu site,

observamos que a sua situação financeira no primeiro semestre fechou

positiva, entretanto não houve crescimento no lucro liquido entre o primeiro

trimestre e o segundo trimestre, apresentando uma retração de

aproximadamente 39,3%. No comparativo entre o primeiro e segundo

trimestre, a receita líquida de vendas, apresentou ganhos, passando a valer

U$$ 538 milhões. Porém esta receita vem declinando a cada semestre, assim

fechando o primeiro semestre de 2009 com 370 milhões de dólares. O período

de maior perda do lucro líquido foi no quarto trimestre de 2008, em que a crise

financeira americana refletiu nas organizações brasileiras, neste período o seu

lucro liquido amargurou perdas de -891% , ou seja U$$ 749 milhões,

representando o maior prejuízo obtido no ano de 2008. Seu ciclo de

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33fechamento trimestral estava em queda desde o terceiro trimestre de 2008,

que mostravam que suas operações financeiras já não estavam bem, este

fechando um prejuízo de U$$ 540,00 milhões. O primeiro trimestre deste ano

fechou com um prejuízo menor ao trimestre anterior, totalizando uma perda de

U$$ 50 milhões. Sua receita líquida de produção foi a menor entre os cinco

trimestre observados.

Indicadores Aracruz Celulose

484 538 481408 370

117 71

(749,00)

(50,00)

(546,00)

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

400

600

800

1°Trim/08 2°Trim/08 3°Trim/08 4°Trim/08 1°Trim/09

Receita Liquida de Vendas Lucro Liquido

Figura 3. Fonte: http://aracruz.infoinvest.com.br/ptb/pi_planilha_3-ptb.html,

acessado em 09 de junho de 2011.

Assim, conforme é citado por Daniel Camba, a principal lição que fica

dos casos de perdas de companhias com derivativos cambiais é que é preciso

esmiuçar absolutamente todas as informações para se obeter o mínimo de

confiança no que se está investindo. A Aracruz é o melhor exemplo de como o

que parecia regra perdeu importância. A companhia, que exporta praticamente

toda a sua produção, teve uma perda relevante com a recente valorização do

dólar. Isso porque ela tinha operações de derivativos que apostavam

exatamente no contrário, na queda da moeda americana (VALOR

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34ECONÔMICO. Nem tão fácil decidir quanto parecia ser. São Paulo, 03 nov

2008).

3.2 - Sadia S.A

Fundada em 1944 por Attilio Fontana, no oeste catarinense, ao longo dos anos

a Sadia firmou sua excelência no segmento agroindustrial e na produção de

alimentos derivados de carnes suína, bovina, de frango e de peru, além de

massas, margarinas e sobremesas. Nos últimos anos, a Sadia se especializou,

cada vez mais, na produção e distribuição de alimentos industrializados

congelados e resfriados diferenciados. Uma das preocupações da companhia

é desenvolver, constantemente, novos produtos.

Líder nacional em todas as atividades em que opera, a Sadia também é

uma das maiores empresas de alimentos da América Latina e uma das

maiores exportadoras do País. No mercado brasileiro tem um portifólio de

cerca de 680 itens, que são distribuídos para mais de 300 mil pontos-de-

venda. Para o mercado externo exporta perto de mil produtos para mais de

100 países. As primeiras exportações da companhia foram realizadas nos

anos 60.

Companhia aberta desde 1971, a Sadia lançou, em 2001, seus ADRs -

American Depositary Receipts na Bolsa de Nova York e aderiu ao Nível 1 de

Governança Corporativa da BOVESPA. Em 2004, a empresa passou a fazer

parte do Latibex, índice de empresas latino-americanas da Bolsa de Madrid.

Por quatro vezes consecutivas (2001, 2003, 2004 e 2005) a Sadia foi

eleita a marca mais valiosa do setor de alimentos brasileiro, em pesquisa

divulgada pela Interbrand – consultoria inglesa conhecida pela tradicional lista

das 100 marcas mais valiosas do mundo –, que avalia companhias nacionais

listadas na CVM e, dentre elas, elege as marcas brasileiras de maior valor no

mercado.

A empresa mantém um parque fabril com 14 unidades industriais, duas

unidades agropecuárias e centros de distribuição espalhados por sete Estados

brasileiros. No exterior, tem representações comerciais em 11 países, a

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35exemplo do Panamá, Chile, Uruguai, Argentina, Alemanha, Inglaterra, Rússia,

Turquia, Emirados Árabes, China e Japão.

A Sadia emprega hoje aproximadamente de 52 mil funcionários e, por

meio de seu Sistema de Fomento Agropecuário, mantém parceria com cerca

de 10.000 granjas integradas de aves e de suínos.

Entre as primeiras empresas latino-americanas a anunciar perdas

cambiais esteve a processadora de porcos e frangos Sadia S/A, que viu sua

ação cair 45% desde que anunciou perdas cambiais de R$ 760 milhões.

Marcos de Callis, administrador do fundo Schroder Investment capital

Management, afirma: “Quando você compra ações duma empresa industrial,

espera que ela não se desvie de seus negócios”. Desde então, mais de uma

dezena de empresas latino-americanas anunciaram grandes perdas cambiais

(VALOR ECONÔMICO. Goldman indica venda de ação da Aracruz. São Paulo,

21 nov 2008).

Conforme informações divulgadas no jornal Valor Econômico, o risco

cambial assumido pela Sadia deu um salto de 360% entre dezembro e junho.

As notas explicativas referentes ao balanço de 2007 relatam uma posição

vendida em dólar de US$ 854,5 milhões, e comprada de US$ 522,5 milhões.

Já em junho, a exposição havia aumentado para US$ 3,9 bilhões e US$ 1,0

bilhão, respectivamente. Dessa forma, a exposição excedente à política de

risco está no balanço aprovado pelos administradores da empresa. A nota de

junho também afirma que a situação era controlada pela área de gestão de

riscos e monitorada “permanentemente pelo Comitê Financeiro e pelo Comitê

de Commodities e Gestão de Riscos”. Na ocasião, a Sadia afirmava ainda que

o risco dos ativos e passivos operacionais e instrumentos financeiros “expostos

às oscilações da taxa de câmbio para um ano com 95% de confiança” era de

R$ 241,7 milhões, ou 7,68% do patrimônio líquido. O ponto central para o

problema foi com o grau mínimo de 5%, que não contava com a forte

desvalorização da moeda nacional num curto espaço de tempo (VALOR

ECONÔMICO. Cresce expectativa por dados da Sadia sobre derivativos. São

Paulo. 24 out 2008).

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36De acordo com o Valor Econômico a Sadia tinha uma posição vendida

em dólar – entre os chamados “target forward” e opções – de US$ 8,4 bilhões

antes de divulgar os prejuízos financeiros ao mercado. Desse total, encerrou

setembro com uma exposição de US$ 6,4 bilhões. Os valores são bastante

superiores aos US$ 3,6 bilhões estimados pela empresa logo após a

divulgação dos problemas com derivativos, quando afirmou que estava exposta

entre US$ 3,2 bilhões e US$ 3,6 bilhões. O total também é substancialmente

maior que a posição vendida de US$ 3,9 bilhões apresentada nas notas

explicativas do balanço de junho, indicando aumento de exposição durante o

próprio 3o trimestre. Parte das operações foi liquidada antecipadamente, e

parte foi mantida, pois tem prazo de 12 meses. A parcela liquidada trouxe uma

perda de R$ 544,5 milhões. Entretanto, todo o prejuízo com a crise, incluindo

perda com aplicações em títulos do Lehman Brothers, calculado em R$ 239,5

milhões e outros ajustes, levaram a perda financeira líquida de R$ 1,2 bilhão

no balanço de setembro, cuja foi a maior já registrada pela organização.

(VALOR ECONÔMICO. Sadia tem o maior prejuízo da história depois de

derivativos. São Paulo, 30 out 2008).

O Valor Econômico divulga os resultados da Sadia em suas aplicações

em “hedge”, assumiu posições compradas em dólar, no valor de US$ 4,0

bilhões, sua posição líquida vendida é em US$ 2,37 bilhões. O “hedge” não é

perfeito, porque as posições compradas são de prazo mais curto, e precisam

ser constantemente renovadas. Se tivesse liquidado as posições em aberto em

30 de setembro, com o câmbio a R$ 1,91, a companhia estima que teria

registrado perdas adicionais de R$ 637 milhões, além dos R$ 893 milhões de

perdas financeiras registradas no 3o trimestre. Sua dívida a curto prazo saltou

334% num ano, atingindo R$ 3,8 bilhões. Conforme agência de “rating”

Standard & Poor’s, a Sadia tomou cerca de R$ 2 bilhões (US$ 1 bilhão) em

empréstimos de curto prazo para equilibrar seu caixa, diante das perdas com

derivativos A Sadia argumenta que suas posições compradas em câmbio e

suas receitas com exportações também subiriam com o dólar mais alto, e

seriam mais do que suficientes para cobrir essas perdas adicionais.(VALOR

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37ECONÔMICO. Sadia promete enquadrar risco de câmbio em 6 meses. São

Paulo, 31 out 2008).

Com bases nas informações prestadas pela Sadia em seu site, é

observado que o a sua receita operacional bruta nos últimos cinco anos está

em crescimento e apresenta bons patamares, posto que esse aumento é de

aproximadamente 108,2%. Entretanto, o lucro líquido fechou o ano de 2008 no

negativo, provocando um grande rombo, totalizando um prejuízo de

R$2.484.834,00, este prejuízo dar-se-á aos abalos sofridos pela crise e suas

aplicações em derivativos. Seu valor de mercado também obteve forte queda

impulsionada pela crise financeira, em que comparado ao ano de 2007, em

2008 caiu mais da metade, calculado em aproximadamente 62,9%.

Proporcionalmente ao seu valor de mercado, o lucro por ação caiu, que em

cinco anos manteve-se praticamente estável, teve uma alta entre 2007,

valendo um pouco mais que a metade, em 2008 fechou com uma brusca que,

passando a dar um prejuízo de R$ -3,69.

Indicadores Sadia

1,000,65 0,64 0,96 0,55 1,14 (3,69)

12.191.896,00

9.909.973,007.940.480,008.327.999,00

5.855.435,00

7.316.546,00

(2.484.834,00)

768.348,00376.588,00657.339,00438.736,00446.763,002.561.250,00

6.911.960,00

4.890.282,004.507.802,00

2.719.340,00

4.084.340,00

(4.000.000,00)

(2.000.000,00)

0,00

2.000.000,00

4.000.000,00

6.000.000,00

8.000.000,00

10.000.000,00

12.000.000,00

14.000.000,00

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Receita Operacional Bruta Lucro Liquido Lucro por ação Valor de mercado

Figura 4. Fonte: http://ri.sadia.com.br/static/ptb/principais_indicadores.asp?language=ptb,

acessado em 01 de junho de 2011

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38

CAPÍTULO IV- CONSEQUENCIAS DA CRISE PARA

ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS

No capitulo três vimos que devido às apostas mal sucedidas das

organizações elas obtiveram prejuízos milionários. Confiando que o real

permanecia “forte” frente ao dólar, fizera com que muitas empresas

investissem em transações financeiras atreladas ao dólar. Como cita Prado no

capitulo anterior, um dos pecados cometidos pelos executivos financeiros é

“mau” uso desta, usando tais transações como especulativas, ao contrário do

seu conceito fundamental, que é financeiro.

Como foi mencionado no capitulo II, o ambiente de crise é propicio a

fusões e aquisições. Tal fato comprovou-se pela: aquisição da Sadia pela

Perdigão, maior concorrente da Sadia, em que tornaram publico sua “fusão”,

originando o Grupo Brasil Foods; e Aracruz Celulose, que passa a ser

controlada pelo Grupo Votorantim Celulose e Papel (VCP).

4.1- Para Sadia

De acordo com Hamer14 (2009), o resultado de operações desastrosas

da Sadia na área financeira e da natural estratégia de reação frente às crises

econômicas fizeram com que se concretizasse uma das mais esperadas

fusões de 2009, com características claras de aquisição da Sadia pela

Perdigão, no setor de alimentos do país.

Conforme Hamer (2009) Com base nos dados de market share da

Perdigão e Sadia e da pesquisa conjuntural da ABIA – Associação Brasileira

das Indústrias da Alimentação pode-se perceber a dimensão da importância da

14 Eleri Hamer14

- Diretor de Relações com o Mercado IBG - Instituto Business Group

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39nova empresa, devendo ser responsável por quase 90% das massas prontas,

70% das pizzas, mais de 65% das margarinas, 60% da oferta de carne

industrializada de frango e suíno e mais de 30% do abate de aves.

Hamer (2009) também destaca que mercado especula um aumento em

torno de 23,4% , ou seja aproximadamente 2,2 bilhões de reais, no valor de

mercado das duas empresas juntas. A Brasil Foods caminha para se

consolidar como a 4ª maior empresa aberta do país, com R$ 22 bilhões de

faturamento anual, atrás apenas da Petrobras, Vale e Oi, o que dá uma

dimensão aproximada do potencial impacto que uma operação dessa natureza

pode gerar no mercado.

A Sadia15 informou, na sexta-feira, que vendeu para sua sócia russa

Miratorg, a participação de 60% na fábrica de processados de carne em

Kaliningrado, na Rússia, por US$ 77,5 milhões. A decisão de vender o ativo foi

tomada após as perdas com derivativos cambiais, em setembro do ano

passado. Com a queda de demanda na Rússia, tormou-se mais vantajoso

fornecer os produtos processados no Brasil. A decisão de vendar a fabrica de

Rússia foi tomada pela Sadia antes da fusão com a Perdigão. Além da fabrica

na Rússia, a Sadia colocou venda unidades de bovinos de Várzea Grande

(MT), terras reflorestadas, centros de distribuição e fabricas de ração. Todas

essas ações foram conseqüências de suas perdas em derivativos cambiais.

Conforme dados divulgados pela Folha Online16, a aquisição da Sadia

pela Perdigão fará com que sua receita liquida praticamente dobre, já que a

receita liquida apresentada pela Sadia é superior a da Perdigão. No entanto, a

Sadia amargurou forte queda em 2008, com um prejuízo de 2,5 bilhões de

reais ao contrario da Perdigão que teve um ótimo desempenho com lucros de

R$ 54 milhões. Em relação ao Ebitida (Lucro antes das despesas financeiras,

imposto de renda, amortizações e depreciações) ambas apresentaram os

15Disponível em: <http://www.valoronline.com.br/ValorOnline/MateriaCompleta.aspx?codmateria=5609525&dtmateria=2009-6-8&codcategoria=43&tp=3>. Acesso em 15 de julho de 2011. 16 Diponivel em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u567452.shtml>. Acesso em 06 de julho de 2011 .

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40mesmos indicadores, no valor de R$ 1,2 bilhões. As exportações da Sadia

totalizam R$ 5,6 bilhões enquanto as da Perdigão apresentam R$ 5,1 bilhões.

A Perdigão possui mais tempo de mercado que a Sadia. A variação de

funcionários entre as duas é pequena, porém a Sadia emprega mais que a

Perdigão, com 60.580 e 59.008, respectivamente. Ambas atuam nas mesmas

segmentações de mercado. Sadia junto com Perdigão ficaram em décimo

lugar no ranking de faturamento em dezembro de 2008 das maiores empresas

exportadoras de alimentos das Américas, com o faturamento de 9,47 bilhões

de dólares. A Sadia só apresenta maior participação de mercado que a

Perdigão em alguns produtos, como é o caso da margarina, em que a Sadia

detém 47,5% do mercado, contra 18% da Perdigão. A área de congelados a

Sadia possui uma parcela de mercado maior que a Perdigão com 35,5% e a

Sadia com 45,7%. A Perdigão tem maior parcela de mercado nos seguintes

produtos: pratos prontos (massas), com 37,4%; pizzas congeladas (34,5%);

indústria de carnes representando 25,7% e processados lácteos em 14,0%.

4.2- Na Aracruz

A fusão entre a Votorantim Celulose e Papel (VCP)17 com a Aracruz

criou a maior fabricante mundial de celulose de fibra curta. O negócio era

considerado interessante pelo governo brasileiro, que aposta no setor de

celulose como um dos que apresentam as maiores vantagens competitivas em

todo o país. Juntas as duas companhias teriam sinergias de 4,5 bilhões de

reais, segundo estimativas do grupo Votorantim, e teriam ainda mais condições

de ganhar mercados no exterior

A VCP pagou 2,7 bilhões de reais pela participação na Aracruz detida

pela família Lorentzen, o equivalente a 28% das ações ordinárias (com direito a

voto). O valor é o mesmo oferecido antes da revelação de perdas, por causa

17 Disponível em <http://portalexame.abril.com.br/carreira/mercado-critica-compra-aracruz-pela-vcp-416327.html>. Acesso em 08 de junho de 2009).

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41dos derivativos cambiais, sofrido pela Aracruz, somando aproximadamente 2,1

bilhões Conforme apurado pelo Portal EXAME(2009)18, a oferta foi mantida

para que a VCP não tivesse que arcar com uma multa de cerca de 1 bilhão de

reais estabelecida no acordo fechado entre os acionistas de VCP e Aracruz em

meados do ano passado.

Como é divulgado em seu site No dia 05 de março de 2009, a

Votorantim Celulose e Papel (VCP) informou que adquiriu da Família Safra

28% do capital votante da Aracruz Celulose. Com a aquisição, a VCP passou a

deter o controle acionário da Aracruz, abrindo caminho para a criação de uma

líder global brasileira no setor de celulose e papel. A empresa que resultou da

união entre a Aracruz e a VCP tem capacidade produtiva de quase 6 milhões

de toneladas anuais de celulose, somando mais de 1 milhão de hectares de

áreas florestais - dos quais quase a metade destinada a preservação

permanente - em seis diferentes estados. Foram cerca de 15 mil empregos

(próprios e terceirizados) e receita líquida anual da ordem de R$ 7 bilhões.

Com escala e presença globais, 37% do mercado de celulose de eucalipto,

22% do mercado de fibra curta e 12% do mercado mundial de celulose.

O BNDES19 injetou R$ 580 milhões na Aracruz colocados na forma de

debêntures (dívidas) emitidas pelo BNDES e permutáveis por ações com

direito a voto da VCP. O BNDES também colocou outro R$ 1,2 bilhão para

completar o aumento de capital. No total, o gasto do BNDES na operação

poderá chegar a R$ 2,4 bilhões.

Com a aquisição das ações, antes pertencentes as famílias Safra (28%)

e a Lorentzen (28%), o Grupo Votorantim Celulose e Papel, que já possuía

28% da ações da Aracruz, passa a ser o maior acionário da companhia, com

84% das ações. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDS), possui 12,5% e os 3,5% são referentes às ações cotadas na bolsa.

18 Disponível em <http://portalexame.abril.com.br/carreira/mercado-critica-compra-aracruz-pela-vcp-416327.html>. Acesso em 08 de junho de 2009). 19Disponível em

<http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=26307

. Acesso em 07 de junho de 2011.

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42

CONCLUSÃO

A crise financeira americana, que teve seu inicio em setembro de 2008,

com a quebra do Lehman Brother’s e o anuncio de grandes perdas por parte

de uma das maiores seguradoras do mundo AIG, desencadeou logo em

seguindo uma crise de desconfiança no mercado financeiro global.

As conseqüências disto foram fortemente sentido pelas Bolsas, que teve

a maior queda desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

Os vestígios de que a economia americana não ia bem já era

especulado. A concessão de crédito imobiliário em larga escala (bolha

imobiliária), principalmente para pessoas com perfil de potencial inadimplência,

ou seja, acabou criando o ambiente para a chamada crise do subprime. Desde

2007 era registrada inadimplência por parte do setor imobiliário, ou seja, a

atual crise já era prevista.

Os Estados Unidos, como maior potencia global dita às regras da

economia mundial, qualquer alteração em seu sistema financeiro proporciona

agravos na econômica dos outros países, em forma de um efeito domino.

Todas as suas crises anteriores tiverem conseqüências mundiais. A situação

dos Estados Unidos atingiu tanto os países desenvolvidos da Europa, como os

emergentes. Ninguém ficou imune a sua “depressão”.

O Brasil que inicialmente anunciou que não sofreria conseqüências da

crise americana acabou sofrendo seus efeitos fortemente. Um desses sinais a

alta do dólar. Outro efeito foi sentido no índice Ibovespa, que é composto pelas

maiores organizações brasileiro, como a Vale e Petróbras, que teve forte

queda. O último trimestre de 2008 foi de bruscas quedas da bolsa, que tiveram

suas negociações paralisadas automaticamente, o chamado “circuit breaket”.

No Brasil, quem mais teve prejuízo foram as organizações que possuem

transações financeiras em operações de derivativos atrelados ao dólar. Como

foi o da Sadia e da Aracruz, que tiveram fortes perdas motivadas pela

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43oscilação do dólar. Esses prejuízos afetaram negativamente o balanço destas

organizações.

Prejuízos também foram sentidos em outros setores, principalmente nos

que comercializam commodities, financeiro e automobilístico. Grandes

empresas reduziram seu poder de produção para se adequarem ao novo

cenário. É a lei da oferta X demanda.

O crescimento do Brasil também foi outro ponto impactado, como

comprova o Produto Interno Bruto (PIB) que recuou 3,6% no último trimestre

de 2008.

Como entender que sólidas organizações não pensaram nos riscos que

corriam nas operações de derivativos cambiais? Como elas não se atentaram

para a atual crise, posto que os indícios de que ela chegaria começaram a

surgir em 2007 nos Estados Unidos com o “boom” imobiliário?

Responder a estas perguntas não é simples, pois até mesmo os

Estados Unidos, que já sentia rumores de uma futura crise e nada fizera para

que ela não acontecesse. As empresas que acreditavam na forte estabilidade

do real frente ao dólar, jamais imaginariam esta virada na cotação dólar X real.

Mediante as suas perdas decorrentes das oscilações cambiais, a Sadia

foi adquirida pela sua maior concorrente a Perdigão. A Sadia em 2001 tentou

comprar a Perdigão, mas não teve sucesso. A junção das duas companhias

formou o maior grupo alimentício do Brasil: A BRF Brasil Foods S.A.

A Aracruz Celulose foi a empresa que mais teve prejuízos decorrentes

das flutuações cambiais. Assim vendo os valores dos seus papeis

despencarem, consequentemente tornou bastante plausível a compra pelo

Grupo Votorantim Papel e Celulose, em que comprou as ações pelo valor

menor do que realmente valia. A Votorantim Celulose e Papel já detinham 28%

das ações da Aracruz. Após a sua aquisição ela passou a representar 84%.

Entretanto mediante este cenário de crise, podemos perceber o

fortalecimento desses setores através de fusões tais como: Itaú e Unibanco,

assim tornado – se o nono maior banco das Américas.

Assim, é sabido que os ciclos econômicos existem, eles sempre voltam

em períodos de super produção. As organizações devem avaliar

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44cautelosamente os derivativos e suas aplicações atrelados ao dólar, para que

quando foram pegas de surpresa como na atual crise, não sofram tantos

prejuízos em seu lucro liquido, valor de mercado e valor das ações. Evitando

com que sejam adquiridas pelos seus concorrentes.

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REFERÊNCIAS

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Brasil. Rio de Janeiro; IEPE, 2008

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2009.

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nov 2008.

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21 nov 2008.

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comunicação. São Paulo, 16 out 2008.

VALOR ECONOMICO. Mercado aguarda a estimativa de prejuízos da Aracruz.

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VALOR ECONÔMICO. Cresce expectativa por dados da Sadia sobre

derivativos. São Paulo. 24 out 2008.

VALOR ECONOCÔMICO. Alavancagem de empresas puxa dólar a R$ 2,311.

São Paulo, 08 out 2008.

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Disponível em: <http://portalexame.abril.com.br/agencias/reuters/reuters-

negocios/detail/sadia-aracruz-mostram-crise-aportou-brasil-115305.>. Acesso

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47

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48

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

LISTA DE ILUSTRAÇÃO 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

Breve histórico das principais crises 13

1.1 – A crise de 1929 – A grande depressão 13

1.2 – A Segunda Guerra Mundial 16

1.3 – Crise no Japão e crise e crise asiática 17

1.4- Ciclos econômicos – Eles existem 19

CAPÍTULO II

A crise econômica de 2008 no Brasil 22

CAPÍTULO III

Reflexos da crise financeira americana para organizações

Brasileiras – Aracruz e Sadia 27

3.1 – Aracruz S.A 30

3.2 – Sadia S.A 34

CAPÍTULO IV

Conseqüências da crise para organizações brasileiras 38

4.1 – Na Sadia 38

4.2 – Na Aracruz 40

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49CONCLUSÃO 42

REFÊRENCIAS 45

ÍNDICE 48