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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO: UMA VISÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA E SOCIAL Por: Vinicius José Teixeira Mouta Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO: UMA VISÃO

ECONÔMICO-FINANCEIRA E SOCIAL

Por: Vinicius José Teixeira Mouta

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO: UMA VISÃO

ECONÔMICO-FINANCEIRA E SOCIAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em

Finanças e Gestão Corporativa

Por: Vinicius José Teixeira Mouta

AGRADECIMENTOS

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Aos meus pais, Armando José dos S. Mouta e

Rosângela T. Mouta, por sempre me apoiarem

em todos os momentos.

As minhas avós, Celina e Tereza, pessoas de

extrema importância em minha vida.

A minha noiva Michelle Passos pelo apoio,

dedicação e compreensão em todos os

momentos.

DEDICATÓRIA

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São inúmeras as pessoas que gostaria de

agradecer, mas dedico estas homenagens

especialmente a duas pessoas.

Ao professor Luiz Cláudio Lopes Alves por

todo o apoio, profissionalismo e conselhos

que me ajudaram muito na execução deste

trabalho.

Ao professor Pedro Paulo, que sempre

esteve disposto a me ajudar e a me

incentivar durante o preparo deste trabalho.

E a todos que participaram dessa

monografia, os meus sinceros

agradecimentos.

RESUMO

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Este trabalho aborda um tema complexo e bastante polêmico: a privatização

brasileira. As duas características citadas decorrem da abrangência que a

venda das estatais proporciona, atuando no campo econômico-financeiro e no

campo social. Inicialmente, procura-se expor o cenário macroeconômico em

que se desenvolveu a desestruturação do setor público. Em seguida, tenta-

se identificar os objetivos do programa brasileiro. Por fim, avalia-se os

resultados obtidos, comparando-os com os objetivos identificados. Argumenta-se

que a desestruturação do setor público está associada a governos que utilizaram

as ex-estatais como instrumento de política econômica. Especula-se que a

maior eficiência das empresas privatizadas provocou um impacto fiscal

positivo para o governo. O estudo busca responder a estas questões e verificar

se houve um impacto social positivo, através da melhoria dos serviços

prestados e do aumento de emprego.

Palavras-chave: Privatização, desestruturação do setor público, impacto fiscal,

impacto social.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................6 1. PRECEDENTES............................................ ......................... ..................................8

1.1 PERÍODO – 1945-1969: O BRASIL E O MUNDO....... ....................................8

1.2 DÉCADA DE 70...............................................................................................11

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1.2.1 Cenário Externo...............................................................................11

1.2.2 Cenário Interno.................................................................................15

1.3 DÉCADA DE 80................................................................................................20

1.3.1 Cenário Externo...............................................................................20

1.3.2 Cenário Interno.................................................................................23

1.4 DÉCADA DE 90................................................................................................31

. 1.4.1 Cenário Externo................................................................................31

1.4.2 Cenário Interno..................................................................................36

2. A DESESTRUTURAÇÃO DO SETOR PÚBLICO..........................................................47 3. O CONCEITOPRIVATIZAÇÃO.....................................................................................50 4. A COMPLEXIDADE QUE ENVOLVE O PROCESSO...................................................51 5. POR QUÊ PRIVATIZAR?.............................................................................................52 6. O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NO BRASIL.........................................................55

6.1 PRIMEIRA FASE.................................................................................................56

6.2 SEGUNDA FASE.................................................................................................58

6.3 TERCEIRA FASE.................................................................................................63

6.4 QUARTA FASE.....................................................................................................63

6.4.1 Resultados Finais da Privat. na Década de 90.........................................71

6.5 QUINTA FASE..............................................................................................72 7. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO..............................77

7.1 ANÁLISE GERAL.................................................................................................77

7.2 IMPACTO FISCAL...............................................................................................80

7.2.1 Receita de Venda x Dívida Pública.....................................................80

7.2.2 Aumento de Eficiência x Maior Arrecadação de Tributos..................83

7.3 IMPACTO SOCIAL...............................................................................................88

7.4 INDICADORES DE EFICIÊNCIA .........................................................................92

8. A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO..............................................................................93

8.1 AVALIAÇÃO DA REGULAÇÃO NO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO............95

8.2 FORTALECIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E PULVERIZAÇÃO DE AÇÕES.............................................................................................................98

8.3 AVALIAÇÃO DO FORTALECIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E PULVERIZAÇÃO DE AÇÕES.........................................................99

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS SEBRE O PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO...............................................................................101

INTRODUÇÃO

A desestruturação do setor público está associada à adoção de políticas

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econômicas que, ao desenvolver do estudo, se mostrarão duvidosas quanto

ao seu compromisso com o desenvolvimento sustentável do Brasil. O excesso

de intervenção estatal na economia, a falta de disciplina fiscal (que promove a

deterioração da receita pública), além da responsabilidade atribuída as estatais

para os investimentos no país (que necessitavam ou de uma maior

poupança pública ou de um maior endividamento) foram determinantes para o

desequilíbrio das finanças públicas.

No final da década de 70, a criação da Secretaria Especial de Controle

das Estatais (SEST) evidenciou a preocupação do governo em conter os

gastos públicos. Em 1981, o primeiro passo para a concretização do processo

de privatização se deu com a formação da Comissão Especial de

Desestatização. O objetivo não era arrecadar receitas, mas evitar maior

participação governamental no setor produtivo.

A partir do lançamento do Programa Nacional de Desestatização (PND),

em 1990, é que o referido processo ganhou destaque no cenário nacional. O

argumento se fundamentava em relação a maior eficiência que as empresas

passariam a ter, já que estariam condicionadas às regras do mercado

(consideradas superiores às da administração pública), e ao alívio que

proporcionariam às contas públicas (somam-se às receitas de venda

propriamente dita, os impactos fiscais que as empresas, teoricamente mais

eficientes, produziriam em favor do governo e da sociedade).

O programa de privatização brasileiro deve ser considerado um marco

na quebra de paradigma do papel do Estado na economia do país. A ruptura

do modelo econômico até então vigente, fundamentado na estratégia de

substituição de importações, se deu com a adoção de princípios liberais,

desembocando numa abertura comercial e financeira.

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Faz-se necessário ressaltar que o modelo de substituição de importações

foi uma forma dos países, que não acreditavam na capacidade do livre-comércio

promover alocação eficiente de recursos (no nível interno e externo) nem

desenvolver “naturalmente” as economias, se industrializarem. Assim,

podemos definir os três pilares que norteavam tal modelo: (1) o Estado era

o indutor da industrialização através da concessão de crédito e do uso intensivo

de instrumentos cambiais, além de restrições tarifárias; (2) o Estado deveria

assumir o papel de empreendedor, visando eliminar os “pontos de

estrangulamento” da economia; (3) o Estado deveria gerenciar os escassos

recursos cambiais, a fim de evitar crises cambiais recorrentes.

CAPÍTULO I

1. Precedentes

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1.1 Período – 1945-1969: O Brasil E O Mundo

A década que separa o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e a

eleição de Juscelino Kubitschek à Presidência da República (1955)

assistiu, na economia mundial, à lenta transição na direção dos

princípios liberais acordados em Bretton Woods (1944). No Brasil, nesse

mesmo período, a ênfase nas virtudes do liberalismo econômico e

político coincidiu com o fim do Estado Novo (1937-45) e o início do

governo Dutra. Este último, porém, logo se deparou com os problemas

derivados do início da Guerra Fria e do período da economia

internacional conhecido como ‘escassez de dólares’. As sucessivas

crises do balanço de pagamentos por que passaria o Brasil nos

primeiros anos do pós-Guerra acarretaram o abandono do modelo

liberal e deram lugar a um modelo de desenvolvimento industrial

com crescente participação do Estado.1

Durante três semanas de julho de 1944, delegados de quarenta e

quatro países do mundo, então em guerra, se reuniram em Bretton Woods

para definirem a Nova Ordem Econômica Mundial. Esta teria sua base

fincada a um sistema baseado primeiramente no mercado, com um mínimo de

barreiras ao fluxo de comércio e capital privados.

Em contrapartida, o modelo econômico adotado pelo governo brasileiro

apostava na participação direta do Estado no suprimento de setores como o de

energia, mineração, transportes, petroquímico e siderúrgico. A elevada

proteção a indústria nacional, políticas econômicas expansionistas

(dependentes de endividamento), as constantes crises fiscais e uma certa

conivência com a inflação (o combate à inflação não podia ameaçar o

crescimento econômico do país) foram fundamentais para o contexto

conturbado apresentado pela economia nacional a partir dos anos 80 (quando

a oferta internacional de crédito se tornou

escassa). Em relação ao processo inflacionário, se faz necessária uma

menção especial.

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1 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.21.

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Em 1964, um sofisticado mecanismo de indexação da economia brasileira

entrou em vigor: a ORTN – Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional –, que

vigorou até 1986. No entanto, a economia seguiu indexada a outros índices,

como a OTN (Obrigação do Tesouro Nacional), a BTN-FISCAL etc.

Resumidamente, se por um lado a indexação de títulos da dívida pública

facilitou a emissão dos mesmos, por outro pode ser apontado como uma das

causas do endividamento excessivo do setor público.

Devemos atentar, também, para a relação entre correção monetária e

inflação, já que quando determinados indicadores são corrigidos e as políticas

econômicas seguem frouxas e / ou expansionistas, há uma necessidade,

constante, de correções. Partindo-se do princípio que os preços-chave da

economia estejam atrelados a determinados índices, ainda que haja uma perda

de valor real (proporcionada pelas políticas econômicas em vigência), o valor

nominal de tais preços tende a aumentar. Isto pode ser explicado pelo efeito

retroalimentador: parte da moeda indexada cresce com inflação mais os

juros, cabendo a política monetária redimensionar o valor da “moeda real”.

Logo, mesmo a adoção de mecanismos econômicos que provoquem preços

reais abaixo de preços nominais, a correção da moeda vigente provocará

inflação.

Torna-se fundamental ampliar o foco do estudo sobre situação econômica

brasileira a partir da década de 70, a fim de compreendermos o nível de

endividamento público do país, e como a privatização acabou se tornando a

saída ideal para corrigir distorções e consolidar uma mudança de diretrizes no

modelo econômico nacional.

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1.2 Década De 70

1.2.1 Cenário Externo

O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia

mundial². Este teve como sustentação o avanço do comércio internacional, que

decorreu da expansão do crédito bancário, garantindo, assim, que o aumento do

produto mundial estivesse relacionado com o aprofundamento dos fluxos

comerciais. Destacou-se, também, a existência de uma demanda mundial

superaquecida³.

Combinando-se a atuação desta força de demanda com a redução da

oferta de petróleo por parte dos países da OPEP4, o cenário propício para uma

grande crise estava constituído – a quadruplicação do preço do referido

produto (Gráfico 1) originou um período conhecido como Estagflação, onde se

evidencia uma onda generalizada de inflação e desemprego.

GRÁFICO 1

É interessante mencionar que se por um lado o primeiro choque do

petróleo provocou um alvoroço na economia mundial, por outro, tratou de

resolver a situação.

________________________

2Marcelo de Paiva ABREU (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.295, “(...) A economia mundial cresceu quase 7% em termos de produto (...)”.

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As receitas de exportação dos países membros da OPEP se canalizaram

aos países industrializados visando maior retorno financeiro. Desta forma, os

“petrodólares” geraram grande concentração de recursos nos bancos de tais

países, que buscando rentabilidade mais elevada, aplicavam em investimentos

de maior risco. Portanto, pode-se dizer que os “petrodólares” acabaram por

financiar os déficits em conta corrente de países endividados, como o Brasil.

No final da década, já em 1979, novamente o petróleo veio a ser o

destaque. A segunda crise adveio da paralisação da produção iraniana

(conseqüência da Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini que

derrubou o xá Reza Pahlevi do Irã), sendo esta afetada de tal maneira a nem

conseguir atender a própria demanda interna. A recessão econômica

mundial que se seguiu, trouxe a subida de indicadores como a inflação,

desemprego, e a alta das taxas de juros internacionais.

Foi a partir deste ano que o padrão de crescimento baseado no

financiamento externo entrou em colapso5. Países que se encaixavam nesta

condição “perderam o controle do seu destino”. Especificamente no caso do

Brasil, podemos dizer que três fatores foram decisivos para isso: a dívida

externa, as elevadas taxas de inflação e uma profunda crise do Estado (podendo

ser desmembrada em dois campos: o financeiro, se avaliarmos a crise fiscal

da época; e o estratégico, se considerarmos o excesso de intervenção estatal na

economia).

3 Marcelo de Paiva ABREU (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.295, “(...) as pressões de uma demanda mundial superaquecida desde a escalada dos gastos militares norte- americanos associados à guerra do Vietnã somavam-se às demandas de aumentos salariais em praticamente todo o mundo industrializado (...)”. 4 Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

Podemos analisar o período através do comportamento da prime rate

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– taxa de referência nos empréstimos domésticos e externos dos bancos

americanos (Tabela 1). Fica evidente que o novo patamar das taxas de juros

(aumentou de 6,50% em 13/05/77 para 20% em 02/04/80) contribuiu para a

piora das contas correntes brasileiras: parte da dívida externa fora contratada

com taxas flutuantes, indexadas à prime rate, o que gerava aumento de gastos

com o serviço da dívida.

5 O modelo de desenvolvimento adotado no Brasil, fundamentado na estratégia de substituição de importações, tendo o Estado como gestor, entrou em colapso, pois os investimentos públicos estavam atrelados à taxas externas.

TABELA 1

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Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do Federal Reserve Bank of St. Louis.

Convém mencionar que, ainda em 1979, os bancos credores

internacionais começaram a apresentar sinais de preocupação,

pressionando os devedores a adotarem políticas econômicas ortodoxas. O

Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, tinha como principais

recomendações: redução de despesas do Estado, visando o equilíbrio do

orçamento público; redução e controle da quantidade de moeda em circulação;

liberalização dos preços de quaisquer tabelamentos; liberalização da taxa de

juros; liberalização da taxa de câmbio; eliminação de todos os subsídios; além

da redução dos salários dos setores público e privado.

Faz-se interessante realizar uma análise mais detalhada de tais

recomendações: se a inflação e o desequilíbrio externo advêm do excesso

de procura no mercado interno, é necessária a contenção desta procura,

eliminando qualquer controle de preços existente. Assim, a redução das

despesas do Estado, aliada a redução da quantidade de moeda em

circulação e a elevação da taxa de juros (que reduz os investimentos),

propiciarão a condição necessária para a recessão da economia (aumento das

taxas de desemprego e diminuição dos níveis de produção). O resultado é que tal

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desaquecimento do mercado interno faria com que sobrassem mais mercadorias

destinadas à exportação, e a queda nos investimentos reduziria a procura por

bens importados, tornando possível atingir o equilíbrio do Balanço de

Pagamentos.

Como veremos no próximo tópico, os governos brasileiros postergaram,

ao máximo, os ajustes na economia, sendo o período marcado por forte

expansão monetária, intervenção estatal excessiva, além de pouca preocupação

com a dívida externa, já que os financiamentos internacionais deveriam garantir o

sucesso das contas correntes do país.

1.2.2 Cenário Interno

Com o fim do período conhecido como Milagre Econômico6, o Brasil saía

da mais autoritária fase da ditadura e entrava numa grave crise econômica

que perduraria até a segunda metade da década de 80.

Em 1974, o general Ernesto Geisel assumiu a presidência do país.

O seu maior objetivo era a abertura política, de forma gradual e segura, a fim de

minimizar as pressões por parte de seus opositores, visando desembocar numa

democracia política7.

O êxito de tal distensão estava claramente condicionado a um bom

desempenho econômico. No entanto, o que se viu, foram sucessivos erros de

avaliação das políticas econômicas (geralmente ocasionados por uma visão de

curto prazo).

Um dos erros mais notórios se deu em relação à gestão da crise do

petróleo, que necessitava de uma boa estratégia de ajuste para os países

dependentes da importação do óleo, posição em que o Brasil se encontrava no

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período8. Basicamente, podemos dizer que existiam duas opções para tal

ajuste9: a primeira seria a desvalorização do câmbio acompanhada de uma

rápida mudança nos preços, a fim de repassar os novos custos dos produtos

importados (risco de recessão prolongada); a segunda – estratégia adotada – se

dava em “comprar tempo” para ajustar a oferta com o crescimento, realizando

de forma gradual o repasse dos preços, enquanto houvesse financiamento

externo (risco de inflação e necessidade de uma política de subsídios).

______________________

6 O Milagre Econômico ocorreu no período 1967–1973, caracterizado por um intenso crescimento do PIB e

da produção industrial, além do crescimento de capital estrangeiro em forma de investimentos diretos. 7 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.101, “(...) A abertura política planejada por Geisel e seu ministro da Casa Civil, Golbery do Couto e Silva, não pretendia afastar os militares do poder, mas, sim, institucionalizar esse poder através de uma base partidária sólida, em vez de pela força”. 8 Ibid., p.95, “Em suma, a estrutura produtiva da economia brasileira a partir do ‘milagre’ contava com uma capacidade de produção permanentemente ampliada no setor de bens de consumo duráveis. Contudo, sua efetiva utilização dali em diante implicava uma demanda por bens de capital e petróleo que não podia ser atendida pelo parque industrial brasileiro”. 9 Marcelo de Paiva ABREU (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.299-300, “Diante desse quadro, havia basicamente duas opções para o governo brasileiro: a primeira seria desvalorizar o câmbio e mudar rapidamente os preços relativos a fim de sinalizar de imediato os novos custos dos produtos importados e a alteração do valor social das exportações”. “(...) A segunda seria comprar tempo para ajustar a oferta com crescimento mais rápido do que na alternativa anterior, realizando de forma gradual e calibrada o ajuste de preços enquanto houvesse financiamento externo abundante”.

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Percebendo a necessidade de um ajuste que atenuasse a

restrição externa ao crescimento de forma duradoura, foi proposto e aprovado

o II PND10 – o programa consistia em investimentos no parque industrial

brasileiro, nos setores de: infra-estrutura, energia e bens de produção (capital

e insumos). É importante salientar que os resultados do programa estavam

condicionados ao fator tempo (leia-se longo prazo).

Logo, se desenvolver o parque industrial nacional era interessante e

necessário, controlar a demanda interna até que o mesmo pudesse produzir

quantidade suficiente de mercadorias para atendê-la e garantir bons

resultados na exportação, também o era. Neste caso, num primeiro momento,

poderia ter sido considerada a idéia de provocar uma recessão na economia11,

afrouxando-a de acordo com o maior rendimento da indústria brasileira. Por

interesse do governo Geisel, além de pressões internas, esta hipótese foi

desconsiderada.

Em relação à viabilização do II PND, esta estava condicionada

a fontes de financiamento público e externo. O primeiro seria coordenado

pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), objetivando

financiar os investimentos privados. Já os investimentos públicos seriam

financiados basicamente por impostos e pela captação de empréstimos externos

pelas empresas estatais, que poderiam usufruir a ampla disponibilidade de

liquidez no mercado internacional proporcionada pelos “petrodólares”.

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Em 1976, adotou-se uma política monetária e fiscal contencionista,

contudo os investimentos das estatais andavam na direção oposta, em

franca expansão, elevando, inclusive, a participação do governo na FBCF12,

mesmo diante da queda dos investimentos realizados pela administração direta

(Tabela 2).

10 Programa Nacional de Desenvolvimento. 11 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.101, “(...) havia, internamente, uma pressão para a adoção de um modelo de ajuste não recessivo em 1974”. 12 Formação bruta de capital fixo – Valor total dos investimentos brutos (sem deduzir o uso devido à depreciação e obsolescência) em capital fixo (maquinas e equipamentos, estruturas e edificações) realizadas pelas empresas públicas e privadas, equivalente ao aumento bruto da capacidade produtiva do país.

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TABELA 2

Fonte: Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.103.

Neste período, as políticas econômicas de curto prazo foram

fundamentais para o fracasso de um crescimento sustentável, configurando o

quadro de desequilíbrios por que passaria a economia brasileira na década

seguinte. O agravamento do endividamento externo e interno (Tabela 3) e o novo

perfil de atuação do governo na economia (através das estatais) colaboraram

decisivamente para a desestruturação do setor público.

TABELA 3

Fonte: Luiz Roberto CUNHA. Crise e esperança – 1974/1979 ou as origens da crise da economia brasileira.

Em março de 1979, o general Figueiredo tomava posse tendo a

necessidade de comandar uma política restritiva eficiente. Mais uma vez, a questão

entre austeridade orçamentária e “desenvolvimentismo” se fazia presente.

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No início do seu governo, a tentativa de implementação de um conjunto de

medidas restritivas, necessárias devido ao segundo choque do petróleo, fora logo

criticado e rechaçado pelo setor privado e por um setor do próprio governo

(estatais). Assim, a possibilidade da geração de austeridade se foi em pouco

tempo, com a equipe econômica vigente prosseguindo o uso de políticas não-

recessivas.

Talvez seja possível afirmar que a grande diferença deste período para o

anterior é que os bancos internacionais deixaram de financiar a falta de

compromisso das políticas econômicas com um desenvolvimento sustentável.

O expansionismo elevou o consumo do mercado interno, originando a explosão

do Balanço de Pagamentos (Anexo A). A reversão da política macroeconômica se

tornou inevitável, ocorrendo no fim de 1980.

1.3 Década De 80

1.3.1 Cenário Externo

A década de 80 se inicia com uma profunda recessão econômica mundial

oriunda do segundo choque do petróleo, acompanhada de vultuosas taxas de

juros (comportamento da prime rate – Tabela 1).

Um grande exemplo se deu na economia estadunidense: o governo norte-

americano, dados os níveis insuportáveis a que chegou a inflação, se viu obrigado

a aumentar suas taxas de juros, diminuir suas ofertas de financiamento e suas

importações.

O México, que dispunha de uma economia extremamente dependente

dos EUA, assistiu a queda das exportações de suas principais commodities

(petróleo, prata, café, algodão e cobre), e acabou por suspender o pagamento de

suas dívidas, sem prévio acordo com os credores, em setembro de 1982.

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Este fato resultou na escassez da oferta de créditos internacionais,

que junto ao substancial endividamento das economias latino-americanas, deu

início a uma grande crise. Operações emergenciais entraram em vigor, sendo o

grande destaque, um programa que visasse reduzir as necessidades de divisas

dos países, sob observação do Fundo Monetário

Internacional.

Comprometidos a seguir as regras do acordo com o FMI, países como

México e Brasil conseguiram a rolagem de suas dívidas e a concessão de novos

empréstimos com os bancos credores.

Em 1984, o desempenho da economia mundial melhorou, puxada pelo vigor

da recuperação da economia norte-americana, enquanto o preço do petróleo caía

continuamente (Gráfico 1).

É notório ressaltar que o cenário conturbado em que se iniciou esta década

provocou algumas mudanças que condicionariam a economia mundial dos anos

posteriores.

Ainda em 1979, Margareth Thatcher foi eleita na Inglaterra, pretendendo

pôr em prática um programa neoliberal. A “onda de direitização” continuou quando

Reagan assumiu o governo dos EUA em 1980, Khol a Alemanha em 1982, Schluter

a Dinamarca (até então o Estado modelo do bem-estar escandinavo) em 1983,

dentre outros.

Destaca-se o modelo inglês de Thatcher, marcado pela contração monetária,

altas taxas de juros, diminuição de impostos sobre rendimentos altos, corte de

gastos sociais (disciplina orçamentária), além da imposição de uma nova

legislação anti-sindical. Iniciou-se, também, um amplo programa de privatização,

começando por habitação pública e passando em seguida a indústrias básicas

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como o aço, a eletricidade, o petróleo e a água.

Em 1989, surgem no cenário internacional o Consenso de Washington

e o Plano Brady, que vieram consolidar os ajustes ocorridos na primeira metade

dos anos 80, em decorrência da crise do período.

O Consenso de Washington tinha como objetivos diagnosticar os principais

problemas por que passavam os países da América Latina e formular um conjunto

de medidas em favor da economia de mercado, visando a recuperação de tais

países. Resumidamente, as propostas se davam na liberalização comercial e

financeira, com conseqüente redução do papel do Estado na economia, além de

maior disciplina fiscal.

Já no Plano Brady, o objetivo era a reestruturação da dívida externa, seja

através da redução do seu principal, seja pela diminuição na carga de juros. Para

que os países tivessem acesso a oferta abundante de poupança externa, havia a

necessidade de se realizar reformas e, principalmente, efetuar um profundo

ajuste fiscal – este plano fora fundamental para a consolidação da

estabilização brasileira proporcionada pelo Plano Real.

Do ponto de vista político-econômico, se faz notório ressaltar que o mundo

estava dividido em dois blocos: o capitalista e o socialista. Entretanto, foi no final

dessa década que o socialismo viveu sua maior crise, culminando na queda do

Muro de Berlim em 1989. Este relato se faz interessante, porque, em 1985, Mikhail

Gorbatchov propôs profundas reformas15 visando a reconstrução da economia da

URSS16, englobando diversas medidas liberais.

Percebe-se que nessa década houve um processo de reorganização

da economia mundial, onde os princípios neoliberais17 emergiam com vigor. A

globalização18, aos poucos, foi se materializando, com a transferência dos setores

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de produção para países que ofereciam mão-de-obra barata e insumos baratos.

1.3.2 Cenário Interno

Como conseqüência da explosão do balanço de pagamentos citado

anteriormente, os primeiros anos dessa década marcaram o início tardio da

recessão econômica brasileira. A lógica da economia se baseava, agora, na

redução da absorção interna com o intuito de aumentar as exportações. Em

linhas gerais, podemos dizer que as principais medidas se deram, na:

contenção salarial, controle de gastos do governo e no aumento de sua

arrecadação, além da elevação das taxas de juros internas.

Dentre as principais políticas econômicas adotadas, é importante citar a

diminuição do valor do salário real para as faixas de renda mais altas, o incentivo

fiscal do crédito-prêmio para a exportação de manufaturados, a liberação

das taxas de juros dos empréstimos dos bancos comerciais (exceto para o setor

agrícola, além das linhas especiais de créditos para os exportadores) e o aumento

da carga tributária (reajuste das tarifas públicas). No tocante as despesas públicas,

houve a limitação do crescimento dos investimentos das empresas estatais, com a

criação da SEST.

15 Em 1985, Mikhail Gorbatchov assume o governo da URSS, após a morte de Tchernenko. As

reformas propostas recebem o nome de Perestroika (reconstrução da economia, através da: redução

dos monopólios estatais, descentralização das decisões empresariais e criação de setores comerciais,

industriais e de serviços nas mãos de proprietários privados nacionais ou estrangeiros – na verdade, o

Estado continuava como principal proprietário, mas seria permitida a propriedade privada em setores

secundários de produção de bens de consumo, comércio-varejista e de serviços não-essenciais) e Glasnost

(política de transparência). 16 União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 17 As políticas neoliberais visam a redução gradativa do poder do Estado na economia. Evidenciam-se no processo conhecido como privatização, onde buscam o equilíbrio das finanças públicas e o aumento de eficiência por parte das empresas. 18 Processo de integração e interdependência das economias e sociedades.

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Todavia, nada disso foi suficiente para conter a inflação, que atingiu um

pico de 120% ao ano, em 1981. Por sorte, um aumento da safra de vários

produtos de abastecimento interno juntamente com a diminuição nos preços

internacionais dos produtos exportáveis, serviu de base para a desaceleração

da inflação, que fechou o ano num patamar de 100%.

Em 1982, a recessão mundial, acentuada pelo comportamento

defensivo dos países industrializados, fez com que o Brasil exportasse menos

US$ 3 bilhões em relação ao ano anterior (Anexo A). Houve, ainda, um

aumento de US$ 2,2 bilhões no pagamento de juros, colaborando para o déficit

em conta corrente.

Ainda nesse ano, o México declarou moratória, o que fez com que novas

restrições na economia se tornassem inevitáveis. Em novembro, o Brasil

anunciou um programa com o FMI, definindo um novo modelo para as

negociações da dívida externa. Basicamente, podemos dizer que o país

passou a se submeter às políticas macroeconômicas ditadas pelo Fundo.

Em 1983, já estavam em vigor as metas propostas pelo FMI para o

governo brasileiro. A combinação de fatores internos (recessão interna e

desvalorização cambial) e externos (recuperação da economia norte-

americana, além das quedas do preço do petróleo e das taxas de juros

internacionais) contribuiu para que quase todas as metas fossem atingidas. A

exceção se deu na (não) redução das despesas públicas.

Após algumas negociações entre o governo e o Fundo, chegou-se a um

novo critério de avaliação do setor público: o resultado operacional passaria a

ser considerado. Este novo conceito afirmava que seriam deduzidas das

necessidades de financiamento do setor, as parcelas correspondentes às

correções monetária e cambial do estoque da dívida, o que tornou possível

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distinguir o excesso de despesas sobre receitas e o aumento da dívida

decorrente da indexação (Tabela 4).

TABELA 4

Fonte: Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.104. NFSP = Necessidade de Financiamento do Setor Público. Sinal negativo indica superávit. DPMF = Dívida Pública Mobiliária Federal. Consumo = Inclui subsídios e transferências à Assistência e Previdência Social. Nd = Não disponível.

Quanto aos motivos que impediram a redução das despesas públicas,

começamos analisando o comportamento do consumo (despesas primárias) no

período, que mesmo com as políticas recessivas em vigor, aumentou. Isso pode

ser explicado pelos subsídios destinados à agricultura e exportação22.

Em relação ao resultado primário e operacional, o melhor desempenho a

partir de 1983 pode ser explicado pela adoção de uma política fiscal

restritiva, com elevação da carga tributária (Gráfico 2). Especificamente o

resultado primário nos revela que as empresas estatais, num cálculo simples

de receita menos despesas (considerando os subsídios e transferências),

obtinham saldo positivo. Como o resultado operacional inclui os juros reais

sobre a dívida, a política de juros altos afetava as despesas financeiras,

implicando em saldo negativo. 22 Um exemplo é o incentivo fiscal do crédito-prêmio para a exportação de manufaturados, citado na página 13 deste documento.

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GRÁFICO 2

Fonte: José Roberto Rodrigues AFONSO, et al. Uma análise da carga tributária do Brasil. 1998.

Já o resultado nominal (inclui correção monetária e cambial) necessita

ser melhor examinado. A indexação da dívida pública foi a estratégia utilizada

pelo governo para financiar os seus déficits, protegendo os rendimentos

dos títulos contra a corrosão inflacionária e contra as desvalorizações

cambiais. Pode-se dizer que tal estratégia tem início em 1964, com a criação da

correção monetária.

Com o clima instável do período 1979-83, o governo perdeu as rédeas da

situação e se viu numa armadilha. A aceleração da inflação, as correções cambiais

e a política de juros altos mantinham o déficit nominal em crescimento, ainda que

as políticas econômicas fossem restritivas. Percebemos, então, que o déficit

nominal e a dívida pública mobiliária federal23 subiram, respectivamente, de 13,3%

e 7,3% em 1981, para 24,6% e 14,3% no fim do período.

Em 1984, a retomada da atividade industrial proporcionou um aumento

significativo do PIB (Anexo B), ainda mais se levarmos em conta que vínhamos de

um período recessivo ( -2,9% em 1983 para +5,4% em 1984). Todavia, a

demanda interna – impulsionada pela elevação da renda rural, além dos reajustes

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oferecidos aos trabalhadores pelo setor industrial – colaborou para aumentar a taxa

de inflação, apesar da variação anual ter sido pequena. Outro dado importante foi

o recorde positivo da balança comercial, onde e ncontramos queda das

importações (US$ 15,4 bilhões em 1983 para US$ 13,9 bilhões 1984) e

crescimento das exportações (US$ 21,9 bilhões em 1983 para US$ 27,0 bilhões

em 1984)24.

23 Títulos emitidos pelo governo federal, normalmente destinados à cobertura de déficits orçamentários.

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O entusiasmo por tais resultados contagiou o governo. Acreditava-se que

logo o Brasil estaria apto a pagar a conta dos juros externos bem como equilibrar

sua conta corrente. Assim, diminuíram-se os esforços visando atender as

políticas econômicas do FMI, tendo como principal conseqüência o não

cumprimento das metas para o setor público.

A possibilidade de negociar um novo acordo com o Fundo, apontando para o

reescalonamento das amortizações, foi perdida. O descaso com os

desequilíbrios internos e alta taxa de inflação25 condicionariam o desempenho

da economia brasileira até o final da década.

Do ano seguinte em diante, o principal foco da política econômica foi o

controle da inflação. O Plano Cruzado26, o Plano Bresser27 e o Plano

Verão28 foram os principais programas de estabilização, que embora

frustrantes diante de seu objetivo, proporcionaram momentos de rápido

crescimento.

Mais uma vez, observar-se-á a gestão fiscal e seus impactos perante o setor

público. Durante o Plano Cruzado, por exemplo, o congelamento de algumas

tarifas públicas, e o aumento de gastos do governo com a folha salarial,

atuaram negativamente no resultado primário, que decresceu de 2,7 em 1985

para 1,6 em 1986 (Tabela 5).

24 Os dados podem ser encontrados no Anexo A. 25 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.118, “O problema mais visível da economia brasileira era, dessa forma, a inflação que, mesmo nos anos de fraco desempenho do PIB (1981/83), não cedia”. 26 Programa brasileiro de estabilização criado em 28 de fevereiro de 1986, que promoveu uma reforma monetária estabelecendo o cruzado como moeda nacional. Pode ser analisado em três períodos: no primeiro, percebe-se a queda da inflação e a existência de excesso de demanda na economia; o segundo compreende a imobilidade do governo diante da escassez de produtos e da deterioração das contas externas; o terceiro anuncia o seu fracasso, com o retorno das altas taxas de inflação. Para maiores informações, ver Marcelo de

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Paiva ABREU (org.). AOrdem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.357-362. 27 Apresentado em 12 de junho de 1987, foi considerado um programa híbrido, isto é, possuía características ortodoxas e heterodoxas visando combater a inflação. Dividiu-se em duas fases: a primeira diz respeito ao congelamento e flexibilização do Plano, garantindo seu sucesso inicial e o fracasso posterior; a segunda marca o renascimento da ortodoxia, e o cenário de hiperinflação. Para maiores informações, ver Marcelo de Paiva ABREU (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.366-371. 28 Em 14 de janeiro de 1989 o Plano Verão instituiu o cruzado novo, sendo considerado um programa híbrido. Para maiores informações, ver Marcelo de Paiva ABREU (org.). A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, p.375-381.

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TABELA 5

Fonte: Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.135. Sinal negativo do Resultado Primário indica déficit.

No Plano Bresser, os acordos salariais firmados com categorias do

funcionalismo minaram a tentativa de redução do déficit público. Novamente o

congelamento de preços fez parte da estratégia do plano, mas dessa vez, com

uma elevação das tarifas públicas poucos dias antes do mesmo ser anunciado.

O corte de investimentos públicos também esteve em pauta. Porém, o resultado

não foi o esperado, acarretando déficit primário.

Em janeiro de 1988, Maílson da Nóbrega substituiu Bresser-Pereira no

ministério da Fazenda. Propôs algumas medidas que ficaram conhecidas como

“Política do Feijão com Arroz”. O déficit operacional e o resultado primário

positivo, apesar da elevação dos juros reais em relação ao ano anterior,

demonstram uma ligeira recuperação do setor público.

Entretanto, no Plano Verão, todos os indicadores apresentaram um

desempenho negativo. O congelamento, novamente, foi antecedido de

aumentos prévios dos preços e tarifas públicas. Os juros reais, apesar de

bastante elevados, não conseguiram suster a demanda, movida pelo temor da

explosão de preços pós-congelamento. O ajuste fiscal pretendido, não ocorreu na

prática.

A carga tributária do período esteve em franca queda (Gráfico 2),

promovendo um resultado primário cada vez menor (salvo em 1988). As altas

taxas de juros aliadas ao resultado primário inexpressivo provocaram um

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efeito ascendente do déficit operacional (salvo em 1986 e 1988) chegando a

aproximadamente a 7% em 1989.

Ao final do período havia um certo consenso entre os economistas de que

a indexação no Brasil consistia, sim, num problema a ser solucionado, mas

que o congelamento definitivamente não era uma estratégia eficiente. O

Plano Real, como veremos, beneficiou-se do aprendizado resultante dos

sucessivos fracassos do combate à inflação do período 1985-89. A Nova

República é, portanto, uma época marcada pela esperança, pela frustração

e pelo aprendizado.29

Ainda se faz interessante mencionar um fato ocorrido na economia

contemporânea brasileira no dia 20 de fevereiro de 1987: sem reservas

cambiais, o Brasil suspendeu os pagamentos de sua dívida externa. O país só

voltou a honrá-los em setembro de 1988, porém apenas no dia 18 de abril de 2006,

podemos dizer que a moratória, enfim, terminou30.

1.4 Década De 90 1.4.1 Cenário Externo

A década se inicia com a continuação da desestruturação do socialismo.

Em 3 de outubro de 1990, acontece a reunificação da Alemanha. Em

setembro de 1991, a União Soviética é extinta. Oficialmente, ela deixa de existir

com a renúncia de Gorbatchov em 25 de dezembro do mesmo ano, dando origem a

Comunidade de Estados Independentes31.

O período é marcado pela criação e ampliação de blocos econômicos

nas mais variadas regiões. No caso da União Européia (UE), a missão não era

apenas promover um bloco de livre circulação de bens, serviços e capital,

mas garantir um desenvolvimento regional equilibrado. Acredita-se que os

desequilíbrios no desenvolvimento de determinados países afetam o ritmo de

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crescimento do bloco como um todo.

Assim, temos:

Em 1992, com o Tratado de Maastrich, a Europa passa a ser

unificada tanto política quanto economicamente. A União Européia

tem a sua estrutura fincada em três pilares: pilar central

comunitário (composto pelo: mercado único, União Econômica

e Monetária – o Euro existe na forma de notas e moedas desde

1º de Janeiro de 2002 –; reforma da Política Agrícola Comum;

Fundos Estruturais e o

Fundo de Coesão; além da ampliação da noção de cidadania dos

cidadãos da UE); e dois pilares intergovernamentais (Política

Externa e Segurança Comum; e cooperação em matéria de

Justiça e Assuntos Internos);

29 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.136. 30 Aline LIMA; Alexandre TEIXEIRA: Acabou a moratória. Istoé Dinheiro,“ (...) Com o resgate antecipado dos bradies – no valor de US$ 6,6 bilhões –, o Tesouro Nacional completa a faxina da dívida externa”. 31 BBC BRASIL: A URSS em seus dias finais, “Mas o golpe de misericórdia contra a URSS ocorre quando os presidentes da Ucrânia, Rússia e Belarus se reúnem no dia 8 de dezembro e decidem acabar com a União Soviética, criando a CEI (Comunidade de Estados Independentes). Grande parte das demais repúblicas soviéticas passaria a integrar a organização”.

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte (North

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American Free Trade Agreement – NAFTA) entrou em vigor, no

seu estado atual, no ano de 1994. Possui um prazo de 15

anos para a eliminação das barreiras alfandegárias entre

Canadá, México e os EUA, sendo aberto a todos os países da

América Central e do Sul;

Com o Tratado de Assunção em 1991, Brasil, Argentina, Paraguai

e Uruguai estabeleceram o Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL). A partir de 1º de janeiro de 1995, esta zona de

livre-comércio tornou-se uma união aduaneira, onde todos os

signatários poderiam cobrar as mesmas alíquotas nas

importações dos demais países (Tarifa Externa Comum). No

ano seguinte, Bolívia e Chile tornaram-se associados. Mais

recentemente, a Venezuela adquiriu a sua condição de país

integrante.

Contudo, a década também se caracteriza pelas inúmeras crises que

assolaram a economia mundial.

No dia 20 de dezembro de 1994, um clima de instabilidade tomou conta

do México. Em apenas 10 dias, a moeda mexicana foi desvalorizada em

aproximadamente 50% do seu valor, sendo os seus efeitos propagados a

outros países considerados “emergentes”, como Brasil e Argentina.

Uma análise simplista nos leva a crer que a fuga de capitais se deu pelo

agravamento da crise política mexicana, porém se ampliarmos o foco voltaremos

até meados da década de 80, quando o país perseguia a estabilização econômica,

apoiando-se numa abertura comercial e financeira.

Tal abertura gerou déficits comerciais crescentes, financiados

por capitais especulativos – por não possuir um parque industrial

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desenvolvido, aos poucos as vendas externas se tornaram menores do que o

volume importado.

Surge, então, o conceito de ataque especulativo: os investidores,

descrentes no futuro do país, e temendo uma desvalorização cambial, retiram o

seu capital aplicado em tal nação. O processo se dá com a interrupção imediata

do fluxo de entrada de capitais e com a fuga de capitais já incorporados. O

resultado é que o país sofre redução de suas reservas externas, perdendo a

capacidade de honrar os seus compromissos de curto prazo. É notório ressaltar

que este fenômeno estará presente nas principais crises da década de 90.

Em 1994, o governo mexicano foi obrigado a desembolsar cerca de US$ 30

bilhões, apenas para quitar as despesas com o serviço das dívidas interna e

externa, provocando um colapso em suas contas públicas32.

A crise asiática ocorrida entre 1997-1998 se deu numa região até

pouco tempo conhecida pelo seu crescimento rápido e sustentável. Os seus efeitos

foram devastadores e se propagaram em âmbito global. Os países mais afetados

foram: Coréia do Sul, Filipinas, Indonésia, Tailândia e Malásia.

A inversão de um fluxo positivo de US$ 93 bilhões em 1996 para um

negativo de US$ 12 bilhões em 1997 ocorreu com desinvestimentos em

carteira33 e fechamentos de créditos bancários externos.

Acredita-se que a vulnerabilidade que alguns indicadores financeiros

apresentavam um pouco antes da crise, como o nível de endividamento e de

concessão de crédito em relação ao PIB, além da proporção entre a dívida

externa de curto prazo e as reservas externas, já apontavam para a

profundidade que a mesma teria34.

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Já a crise russa pode ser considerada como um reflexo da crise asiática.

Se levarmos em consideração que a crise das Bolsas iniciada na Ásia provocou a

fuga de capitais (mesmo em menor proporção) no mercado financeiro russo e

somarmos com a diminuição do preço do petróleo (principal fonte de moeda forte

para a Rússia), teremos o cenário propício para turbulências.

Em agosto de 1998, o governo anunciou um pacote, onde se

destacavam a desvalorização do rublo e a moratória parcial da dívida externa.

32 DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS: A crise mexicana e a economia da América Latina. 33 Os desinvestimentos em carteira ocorrem quando os investidores retiram suas aplicações de fundos, e da Bolsa de Valores de determinado país. 34 Otaviano CANUTO. A crise asiática e seus desdobramentos, p.25-60.

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Dada a maior interdependência das economias mundiais, as dificuldades

enfrentadas pelo Brasil e o receio de sofrer ataques especulativos, fez com

que o então presidente Fernando Henrique Cardoso buscasse nas instituições

internacionais de crédito o suporte para que o país atravessasse tal período com

menos incertezas. O Brasil negociou um novo acordo com o FMI, além de ter

conseguido recursos junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento),

BIRD (Banco Mundial) e ao BIS (Banco de Compensações Internacionais).

1.4.2 Cenário Interno

A década se inicia com a posse de um presidente eleito pelo voto direto, fato

que não ocorria desde 1960. Em março de 1990, Fernando Collor de Mello

assumiu a presidência do país, encontrando a taxa de inflação superior aos

80% ao mês35, além de uma economia estagnada.

As reformas introduzidas pelo novo governo causaram uma ruptura do

modelo brasileiro de crescimento, caracterizado por elevada participação do

Estado e proteção tarifária. Dentre elas, é possível destacar o início de uma

abertura comercial e financeira e do processo de privatização. Em relação ao

comércio exterior, intensificou-se o programa de liberalização da política de

importações.

Os planos econômicos adotados Collor I36 e II37 não obtiveram êxito,

culminando em recessão e perda de credibilidade das instituições de poupança.

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O Plano Collor I, no tocante à gestão fiscal, promoveu aumento de

arrecadação (Gráfico 2), através da criação de novos tributos, aumento de

impostos, redução de prazos de recolhimentos etc. O ajuste fiscal se baseava no

aumento de receitas e não no corte de gastos. No Plano Collor II, pretendeu-se a

racionalização dos gastos na administração pública.

35 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.141. 36 Lançado no dia 15 de março de 1990, mesmo dia da posse do presidente da República Fernando Collor. Caracterizou-se pelo congelamento de preços e salários, pelo seqüestro, por 18 meses, das aplicações financeiras que ultrapassavam US$ 1.200 (valor referente ao câmbio da época), além da criação de novos tributos e aumento de impostos já existentes. 37 Lançado em primeiro de fevereiro de 1991, cujo os objetivos eram: reduzir as taxas de inflação, racionalizar os gastos públicos, acelerar o processo de modernização do parque industrial, e dar fim a qualquer tipo de indexação da economia.

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De fato, pode-se dizer que os dois planos tiveram efeito positivo sobre

as contas públicas, já que o resultado primário saiu de um déficit de 1% do PIB

em 1989 (Tabela 5), para um superávit de 2,3% e 2,7%, respectivamente, em

1990 e 1991 (Tabela 6). Levando-se em consideração a instabilidade política de

1992, embora haja uma queda no índice respectivo a esse ano, o resultado é

avaliado como satisfatório.

TABELA 6

Fonte: Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.160. Sinal negativo do Déficit Operacional indica superávit.

Após uma série de escândalos e revelação de esquemas de corrupção, o

presidente foi destituído do poder, no final de 1992.

O vice-presidente Itamar Franco assumiu o governo propondo como meta

uma gestão transparente, visando uma transição tranqüila para seu sucessor.

O novo presidente tinha como desafio finalizar o processo de abertura

iniciado por seu antecessor, aumentar a produção nacional e controlar a

inflação.

Foi em seu governo que tivemos a elaboração do mais bem-sucedido plano

de controle inflacionário, comandado pelo então ministro da Fazenda, Fernando

Henrique Cardoso.

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O Plano Real foi originalmente concebido como um programa em três

fases: a primeira tinha como função promover um ajuste fiscal

que levasse ao

‘estabelecimento do equilíbrio das contas do governo, com o objetivo de

eliminar a principal causa da inflação brasileira’; a segunda fase visava “a

criação de um padrão estável de valor denominado Unidade Real de Valor –

URV”; finalmente, a terceira concedia poder liberatório à unidade de conta e

estabelecia “as regras de emissão e lastreamento da nova moeda

(real) de forma a garantir a sua

estabilidade.38

38 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.151.

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É notório ressaltar que tal plano se diferenciava dos anteriores por

estipular como precondição para o fim da alta inflação, o ajuste fiscal39. A não

utilização de congelamento de preços para “zerar a memória inflacionária”

também foi fundamental40.

O ajuste fiscal teve suas metas definidas pelo PAI (Programa de Ação

Imediata) e pelo FSE (Fundo Social de Emergência). O primeiro tinha por

objetivo redefinir a relação da União com os estados e municípios, do Banco

Central com os bancos estaduais e federais, e executar amplo combate à

sonegação. Já o segundo desvinculava algumas receitas do governo federal

visando atenuar a rigidez dos gastos da União estabelecida pela Constituição de

1988.

As medidas fiscais propiciaram um incremento das contas primárias, que

alcançou um superávit de 5,2% em 1994 (Tabela 6), garantindo que, mesmo

com os juros reais mais elevados, não houvesse déficit operacional.

No final de 1994 ocorreu a crise do México. No quarto trimestre deste

mesmo ano houve uma explosão do consumo nacional, o que fez com que 1995

se iniciasse de maneira conturbada: o país passava por um efeito combinado de

crescimento de demanda e de redução da entrada de capitais externos. Em

junho de 1994, quando fora lançado o Plano Real, as reservas internacionais

chegavam a US$ 43 bilhões, enquanto que em abril de 1995, já

estavam em US$ 32 bilhões (Gráfico 3).

39 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.152. 40 Ibid., p.154, “(...) Mas, em vez da utilização de congelamento de preços, a desindexação seria feita de forma voluntária, através de uma quase moeda, que reduziria o período de reajustes de preços”.

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GRÁFICO 3

Fonte: ECEN <http://ecen.com/dados/statis/reservp.htm>.

A elevação da taxa de juros e uma desvalorização

controlada de cerca de 6% em relação à taxa de cambio da época, foram

algumas das medidas do governo brasileiro diante da crise. Estas foram bem

aceitas pelos investidores estrangeiros que retornaram atraídos pela rentabilidade

das aplicações em moeda local. As reservas fecharam o ano em aproximadamente

US$ 52 bilhões.

Apesar do Plano Real ter obtido êxito no combate a inflação,

o desequilíbrio externo e uma séria crise fiscal se faziam cada vez mais

evidentes.

O primeiro pode ser explicado pelo aumento substancial das

importações e um desempenho não-equivalente das exportações. Em 1994, o

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saldo da Balança Comercial era superavitário em aproximadamente US$ 10

bilhões, enquanto que, no período 1995-2000, o resultado foi deficitário em US$

24,3 bilhões (Anexo A).

Entretanto, outros dispositivos devem se fazer presentes:

para compensar o déficit das contas-correntes (que aumentou

significativamente a partir de 1995 – Anexo A), havia a necessidade de um

fluxo positivo de capitais, atraído pelas altas taxas de juros, que acabava por

aumentar as despesas financeiras com a dívida.

Em outras palavras, pode-se dizer que o

comportamento negativo da Balança Comercial aliado à degradação das

contas correntes, eram financiados com novos endividamentos externos e

investimentos diretos estrangeiros41.

A acumulação crescente desses passivos resultava num

maior pagamento de juros e de lucros e dividendos (Figura 1).

FIGURA 1

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Sobre a crise fiscal, esta foi composta pelos seguintes fatos: déficit

primário do setor público consolidado (Tabela 7); déficit público nominal de

nada menos que 6,7% do PIB (Tabela 8), na média de 1995-98; e dívida

pública crescente42. É evidente que as elevadas taxas de juros vigentes no

período pressionavam as contas públicas, além de impedir a melhora do

nível de atividade.

41 O comportamento dos investimentos diretos estrangeiros, por exemplo, evidencia um crescimento da entrada de recursos de US$ 4,4 bilhões em 1995 para aproximadamente US$ 28,8 bilhões em 1998 – ver Anexo A. 42 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p. 173.

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TABELA 7

Fonte: Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.175.

TABELA 8

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia brasileira contemporânea: 1945-2004, p.174.

É de suma importância ressaltar que, a combinação entre os déficits em

conta corrente, e as altas taxas de juros, só poderia ocorrer enquanto o

país pudesse ampliar o seu endividamento, tanto externo como público.

Diante das sucessivas crises internacionais do período (México; Ásia; Rússia),

cada vez mais escassa ficava a oferta de crédito, até que em 1998, o cerco se

fechou.

No intervalo compreendido entre a crise da Ásia e o segundo

semestre de 1998, quando o governo concluiu a privatização da Telebrás,

com as reservas internacionais atingindo US$ 74 bilhões (Gráfico 3), a

estratégia de continuar a financiar os desequilíbrios tencionava a prosseguir.

Contudo, com a eclosão da crise russa, os ajustes na economia se tornaram

indispensáveis e inadiáveis. O instrumento contra ataques especulativos – a

alta da taxas de juros43 – já não se fazia mais eficiente, além de deteriorar as

contas públicas.

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Receoso com o período conturbado que teria pela frente, o governo

brasileiro negociou um novo acordo com o FMI. Este coordenou os esforços de

apoio ao país, captando US$ 42 bilhões, dos quais 42,85% viriam do próprio

Fundo e o restante de organismos cidadãos da UE); e dois pilares

intergovernamentais (Política Externa e Segurança Comum; e cooperação

em matéria de Justiça e Assuntos Internos);

multilaterais e de diversos governos, como dos EUA, Alemanha e

Itália. O acordo estava condicionado a um rigoroso aperto fiscal, onde

passava a existir a necessidade de um superávit primário44.

43 A alta taxa de juros visa proporcionar um fluxo de entrada de capital internacional no país, entretanto, no caso brasileiro, a mesma chegou a um patamar em que não mais surtia efeito. No cenário interno, a mesma reduzia investimentos e elevava a dívida pública. Pode-se dizer, portanto, que uma taxa de juros extremamente elevada só vem a gerar perdas para o país.

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Mesmo com a negociação positiva com o FMI, o mercado acreditava que o

país não escaparia de uma desvalorização, que acabou se tornando inevitável

em meados de janeiro de 1999. A grande preocupação passava a ser evitar um

surto inflacionário, como o ocorrido no México, poucos anos antes.

O cenário só melhorou com a escolha de Armínio Fraga para assumir a

presidência do Banco Central. Suas primeiras medidas foram a elevação da

taxa básica de juros e o início de um estudo para a adoção do sistema de metas

de inflação45.

O país, então, renegociou o antigo acordo com o FMI. O panorama da

negociação já considerava uma dívida pública maior, tendo em vista que a

desvalorização afetou a parcela da mesma atrelada ao câmbio. O superávit

primário passou de 3,10% do PIB em 1999 para 3,35% do PIB em 2002,

implicando num forte aperto fiscal.

“A partir do começo de 1999, o país iniciou um processo de

retomada do crescimento que só viria a ser abortado pela combinação

de crises de 2001.”46

Dentre as crises de 2001, destacam-se: a crise da energia, o “contágio”

argentino e os ataques de 11 de setembro. Novamente a menor

disponibilidade de crédito, impediu um melhor desempenho da economia.

Sobre o ajuste fiscal que o país teve de fazer, após a crise russa em 1998,

podemos verificar uma melhora significativa dos resultados primários (Tabela

8), que saltaram de 0,02% em 1998 para quase 4% em 2002.

44 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p. 177, “(...) Esse primeiro acordo contemplava um importante aperto fiscal , com o superávit primário passando de 0,0% do PIB em 1998 para 2,6% do PIB em 199, 2,8% e 3,0% do PIB em 2000 e 2001, respectivamente. É importante registrar que o acordo não contemplava mudanças na política cambial, que seria mantida inalterada”. 45 Ibid., p. 178. 46 Ibid., p. 179.

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2. A DESESTRUTURAÇÃO DO SETOR PÚBLICO

Após a exposição do contexto político-econômico no qual o país esteve

inserido nas últimas décadas, é possível afirmar que um dos principais motivos que

levaram as empresas públicas a virarem sinônimos de “sucata” ou “âncoras do

desenvolvimento”, foi a falta de compromisso do governo com um crescimento

sustentável.

Nas décadas de 60 e 70, as empresas estatais desempenharam papel

importante na captação de recursos externos, geralmente destinados à

cobertura de déficits nas contas- correntes e à ampliação dos investimentos

públicos, visando o desenvolvimento nacional (exemplo do II PND já descrito

anteriormente). À época, havia ampla oferta de crédito e baixas taxas de juros.

Com o passar do tempo, o mercado internacional começou a demonstrar

sinais de turbulência, fazendo com que o ambiente, já no final da década de 70,

fosse desfavorável a financiamentos externos.

Como muitos empréstimos captados estavam atrelados a taxas

flutuantes, a cada aumento das taxas de juros internacionais, ocorria a ampliação

do grau de endividamento do país.

Quanto à dívida interna, basta lembrarmos da indexação iniciada em

1964. A cada desvalorização cambial ou correção monetária, maior a mesma se

tornava, obrigando as autoridades, inclusive, a adotarem um novo critério de

avaliação do resultado público, dividido, agora, em: primário, operacional e

nominal.

Podemos dizer que a situação se tornou caótica quando, nem a adoção

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de políticas fiscais restritivas, conseguia diminuir o déficit público. Isso se explica,

porque a elevação da carga tributária atua, efetivamente, sob o resultado

primário. Se imaginarmos um cenário nacional com elevadas taxas de juros e / ou

um cenário externo desfavorável, mesmo que a política fiscal consiga diminuir

gastos e aumentar arrecadação, o impacto negativo se dará sobre a dívida já

consolidada.

Outra questão a ser discutida se dá na utilização das estatais com objetivos

antiinflacionários (congelamento de preços e tarifas públicas), o que continha sua

capacidade de autofinanciamento. A conjuntura se agrava, se somarmos os

reajustes salariais ocorridos. Logo, tais empresas passaram a ter um déficit

operacional, às vezes até um déficit primário (como em 1987, 1989 e no período

1995-98) e um déficit externo. Resumidamente, a dívida de funcionamento

aumentava e os juros também.

A falta de reinvestimento acabava sendo óbvia, fazendo com que as

empresas públicas não avançassem do ponto de vista tecnológico, além de

comprometer significativamente o aumento de sua capacidade produtiva.

(...) ao longo de 30 anos, desde o final dos anos 60, o governo

freqüentemente usou as estatais para ‘segurar’ a inflação ou beneficiar

certos setores da economia, geralmente por serem considerados

‘estratégicos’ para o país. Como assim? Houve períodos em que o

governo evitou reajustes de preços e tarifas de produtos (como o aço) e

serviços fornecidos pelas estatais, na tentativa de reduzir as pressões e

controlar a taxa de inflação. Esses ‘achatamentos’ e ‘congelamentos’ de

preços foram os principais responsáveis por prejuízos ou baixos lucros

apresentados por algumas estatais, que passavam a acumular dívidas ao

longo dos anos – sofrendo então nova ‘sangria’ de recursos, representada

pelos juros que tinham de pagar sobre essas dívidas. Certo ou errado, as

estatais foram usadas como arma contra a inflação por governos que

achavam que o combate à carestia era a principal prioridade do país. O

mal é que nunca foi suficientemente explicado à população que essa

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decisão arruinava as empresas estatais, dando

motivo a falsas acusações de ‘incompetência’ e ‘sacos sem fundo’ contra elas.47

Assim, temos que as privatizações, a partir da década de 90, passam a ser

vistas como uma solução para a redução da dívida pública interna e externa,

elevação da eficiência das empresas, além de atenuarem o problema fiscal

brasileiro.

Em relação ao impacto fiscal, temos que as empresas privatizadas

proporcionariam um aumento de arrecadação por parte do governo, já que as

estatais desfrutavam de créditos- fiscais, dentre outras facilidades (como:

registrar prejuízo no exercício sem correr o risco de falência, já que o Tesouro

disponibilizaria recursos visando quitar os débitos).

47 Aloysio BIONDI. O Brasil Privatizado, p.30.

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3. O CONCEITO DE PRIVATIZAÇÃO

Segundo o parágrafo primeiro do artigo 2º da Lei 8.03148, de 12 de abril de

1990, considera-se como privatização: “a alienação, pela União, de direitos

que lhe assegurem, diretamente ou através de outras controladas,

preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos

administradores da sociedade”.

O termo “Privatização” pode, ainda, ser empregado para descrever

diferentes iniciativas destinadas a alterar o balanço entre os setores público e

privado.

O exemplo mais comum é o processo de venda das chamadas

empresas estatais, podendo se dar de maneira total ou parcial.

Entretanto, podemos considerar como privatização, a transferência do

fornecimento de uma mercadoria ou serviço do setor público para o privado, ainda

que a responsabilidade final desse produto / serviço seja do governo. Neste caso,

podemos dizer que o arrendamento de propriedades públicas constitui um exemplo

de privatização.

Ainda segundo a Lei 8.031, em seu artigo 4º, os projetos de

privatização serão executados conforme descritos em seus incisos: “I –

Alienação de participação societária, inclusive de controle acionário,

preferencialmente mediante a pulverização de ações junto ao público, empregados,

acionistas, fornecedores e consumidores; II – Abertura de capital; III – Aumento de

capital com renúncia ou cessão, total ou parcial, de direitos de subscrição; IV –

Transformação, incorporação, fusão ou cisão; V – Alienação,

arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e instalações; VI –

Dissolução de empresas ou desativação parcial de seus empreendimentos, com

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a conseqüente alienação de seus ativos”.

4. A COMPLEXIDADE QUE ENVOLVE O PROCESSO

O ato de privatizar determinada empresa costuma ser um processo nutrido

de muita polêmica.

Geralmente, inúmeros setores da sociedade tendem a se comprometer com

uma visão esquerdista, isto é, acreditam que a privatização envolve a transferência

de recursos do Estado para a iniciativa privada (que visa o lucro, e não o bem-estar

da população). Por outro lado, há aqueles que defendem a privatização, afirmando

que tais empresas se tornam mais eficientes, livres de corrupção e que seus

investimentos, para se tornar mais competitivas, acabam resultando em benefícios

à sociedade.

48 Revogada pela Lei. nº 9.491, de 1997.

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Durante a década de 90, realizou-se um enorme programa de

privatizações no Brasil, marcado pelas inúmeras denúncias, por parte da

imprensa e do Ministério Público, de desvio de verbas e leilões arranjados, além

de uma possibilidade de perda dos recursos do Estado, já que alguns grupos

adquiriram empresas com verbas do próprio governo, através do BNDES.

Para seus propositores e defensores, as privatizações foram consideradas

um marco na superação da ineficiência administrativa em setores-chave, como o

de telecomunicações, o de mineração e dos transportes. Afirmam que estas

possibilitam um alívio para as contas públicas, ao mesmo tempo em que

culminam na submissão das companhias às regras de mercado,

consideradas em geral superiores às da administração pública.

5. Por Quê privatizar?

Uma das maiores motivações para que se dê início a um processo de

privatização, é acreditar que o mesmo promoverá a eficiência econômica das

empresas (ambiente micro) e, proporcionalmente, da economia como um todo

(ambiente macro).

Sobre eficiência, entende-se como um nível esperado de produtividade e

de qualidade dos processos de determinado empreendimento. Logo, será que

uma empresa pública (possui estabilidade de funcionários; em caso de prejuízo,

pode contar com o aporte de recursos do Tesouro etc) é mais eficiente do que

uma privada (tem a necessidade de se adequar mais rapidamente aos sinais

do mercado, podendo vir a falir, se não fizer)?

Davies (Apud NUNES, p.10) realizou um estudo entre empresas públicas

e privadas, concluindo que as últimas são mais eficientes. Entretanto, Vickrers e

Yarrow (Apud NUNES, p.10) afirmam que é possível que uma empresa pública

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seja mais eficiente do que a privada em muitas situações, por exemplo, em

setores oligopolizados. Revelam, ainda, o caso da British Steel, onde, apenas

a ameaça de privatização, elevou consideravelmente sua produtividade.

Outro fator que entra em pauta, é que as estatais costumam atuar em

setores monopolizados, causando ausência de competição, o que acarretaria

numa menor necessidade de ser eficiente.

O caso brasileiro apresenta algumas particularidades, dada a utilização

das estatais com objetivos macroeconômicos, como fora relatado. Faz-se

importante, então, conhecer, através do dispositivo legal, os fatores que

levaram o governo brasileiro a realizar um programa de privatização no país.

O artigo 1º da Lei 8.031 revela os principais objetivos da privatização

iniciado em 1990: “I – Reordenar a posição estratégica do Estado na economia,

transferindo à iniciativa privada atividades indevidamente exploradas pelo

setor público; II – Contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo

para o saneamento das finanças do setor público; III – Permitir a retomada de

investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à

iniciativa privada; IV – Contribuir para modernização do parque industrial

do País, ampliando sua competitividade, e reforçando a capacidade empresarial

nos diversos setores da economia; V – Permitir que a administração pública

concentre seus esforços nas atividades em que a presença do Estado seja

fundamental para a consecução das prioridades nacionais; VI – Contribuir para

o fortalecimento do mercado de capitais, através do acréscimo da oferta de

valores mobiliários e da democratização da propriedade do capital das empresas

que integrarem o Programa”.

O impacto fiscal de um processo de privatização em larga escala

também deve ser considerado: supondo que as empresas privadas aumentem

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sua produtividade e lucratividade de forma significativa, o governo passaria a

arrecadar tributos de forma permanente. Deve-se ainda levar em conta que as

receitas oriundas do referido processo serviriam para amortizar a dívida pública.

Entretanto, devemos lembrar que a privatização não resolve os problemas

fiscais de natureza estrutural. As receitas provenientes das vendas das

empresas constituem, apenas, instrumentos auxiliares de política fiscal, isto é,

possibilita um equilíbrio das contas públicas até que as medidas estruturais

estejam prontas.

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6. O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO NO BRASIL

No processo de privatização, podemos destacar três fases. A primeira foi

em 1990, no início do governo Collor, quando o objetivo principal –

dentre os múltiplos que tínhamos, como eu disse – era o de reformar o

Estado, quebrar com o modelo antigo, onde o grande discurso era, de

fato, tirar o Estado das atividades produtivas e fazê-lo voltar às suas

atividades básicas, algo que agora é constantemente repetido, ou seja,

a necessidade de investimentos em educação, saúde, saneamento,

habitação, etc. Este, digamos, foi o programa básico de 1990 a

1992, em que a principal justificativa era a reforma do Estado brasileiro,

tentando acomodar os múltiplos objetivos na medida do possível,

dependendo de cada empresa que ia ser privatizada, num processo de

ajustes pouco a pouco, na medida em que as empresas iam sendo

vendidas e os problemas iam surgindo.

A segunda fase do programa de privatização – já com o presidente Itamar Franco

– eu diria que foi muito mais um processo que veio pela própria inércia e

que continuou a despeito de uma certa indefinição se era ou não era

uma grande meta do governo. Isso sem desmerecer o fato de que no

governo Itamar Franco o valor e o número total das privatizações

superaram os da primeira fase. Mas as próprias indefinições, digamos

assim, dos rumos e dos objetivos que deveriam ser atingidos com a

privatização, eu diria que foram os aspectos que caracterizaram o

período

1993/95. Talvez até por isso, as questões que envolviam a regulação da

economia acabaram ficando um pouco mais atrasadas em relação ao

próprio processo de privatização.

É a partir de 1996, com o governo Fernando Henrique Cardoso, que se

inicia a terceira fase e que realmente a privatização dá o grande salto e

começa a ser percebida como tendo um papel fundamental a

desempenhar em todo o processo de estabilização. De fato, é quando

se caminha para os serviços públicos, para a infra-estrutura, quando se

completa esta Lei de Privatização, que ficou sozinha durante muitos

anos, com a Lei de Concessões e, finalmente, quando há a quebra dos

monopólios constitucionais e os volumes da privatização começam a se

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tornar significativos macroeconomicamente, porque, antes, falava-se em

reduzir dívidas com rendas de valores pouco representativos em

relação aos desequilíbrios que a economia brasileira apresentava. Não

tenho qualquer dúvida de que foram os grandes déficits em conta

corrente, os grandes déficits fiscais, que ampliaram e aceleraram a

privatização em 1996, contribuindo para essa mudança neste

terceiro estágio49.

A despeito do texto citado, é possível inserirmos mais duas fases. A

primeira, na década de 80 (anterior ao Programa Nacional de

Desestatização), quando tivemos a privatização de trinta e oito empresas. A

outra, se dá após as reformas estruturais realizadas em 1999, portanto, a partir

do ano 2000.

De fato, o mais importante da primeira fase foi a criação de

mecanismos e procedimentos que vieram a servir de base para a

formulação da lei da privatização. Em relação a quinta fase, percebemos

que as privatizações deixam de ser consideradas como primordiais para a

estabilização da economia.

6.1 Primeira Fase

Buscando uma maneira de diminuir os gastos públicos, nasceu o Decreto

nº 84.128, de 29 de Outubro de 1979, que criou a Secretaria Especial de

Controle das Estatais (SEST). O seu objetivo principal era a imposição de limites

ao aumento de gastos das empresas estatais, conforme demonstra o artigo 4º,

em seu inciso III: “elaborar, com base nas informações fornecidas pelas

empresas estatais, propostas de fixação de limites máximos de dispêndios

globais a serem aprovados pelo Presidente da República, no âmbito do Conselho

de Desenvolvimento Econômico (CDE)”.

O inciso XIII deste mesmo artigo – “organizar de forma sistemática

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e manter atualizado o Cadastro Nacional de Empresas Estatais” – ajudou a

quantificar o número de instituições públicas, através de um censo, totalizando

duzentas e sessenta e oito empresas estatais. Deste montante, setenta e seis

eram originariamente privadas – sendo várias delas subsidiadas pelo BNDES,

que acabou se tornando acionista devido ao não pagamento dos empréstimos

concedidos outrora.

Em 1981, tivemos o primeiro passo concreto para a

privatização: foi criada a Comissão Especial de Desestatização50, que

identificou cento e quarenta empresas para serem privatizadas e inventariou

cinqüenta delas para venda. Ao longo da década, foram privatizadas

trinta e oito empresas, gerando US$ 723 milhões.

O foco do governo não era arrecadar receitas, porém evitar que a sua

participação no setor produtivo aumentasse. Sendo assim, é notório ressaltar

que este período foi marcado pela venda das empresas subsidiadas pelo

BNDES, que utilizou um leilão público em bolsa de valores, contando com uma

empresa de consultoria para propor um preço mínimo e com uma firma de

auditoria para supervisionar cada processo. Tal procedimento acabou

sendo incorporado pela lei de privatização agora em vigor.

49 Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.324-325. 50 Também recebe a alcunha de Comissão Especial de Privatização.

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É de suma importância ressaltar que muitas das empresas subsidiadas

pelo BNDES eram anteriormente privadas. Este acabou se tornando acionista

em virtude do não pagamento dos financiamentos concedidos. Como as

empresas seguiam obtendo prejuízos (mesmo sob o controle do BNDES),

decidiu-se por vendê-las, dando origem ao termo “reprivatização”.

6.2 Segunda Fase

No final da década de 80, o contexto caótico em que o Brasil estava

inserido, apenas confirmava o fracasso de um modelo desenvolvimentista que

tinha o Estado como gestor. O rompimento com tal modelo se tornava inevitável.

“O fracasso da SEST no controle dos gastos das EEs também ficou

evidente, como demonstrou o substancial aumento de despesas com

salários em 1989”51.

Assim, o presidente Collor apresentou reformas, onde se alternaria a

estratégia de substituição de importações por um modelo econômico

desregulamentado e aberto. Tais políticas de intensificação da abertura

econômica tiveram início com a nova Política Industrial e de Comércio Exterior

(PICE), onde, no âmbito interno, destacava-se o processo de privatização

enquanto que no âmbito externo, a reforma tarifária e de comércio exterior.

Em março de 1990, através da Medida Provisória 115, instituiu-se

o Programa Nacional de Desestatização (PND). Sua estrutura estava baseava

na experiência do BNDES

51 Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.21.

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na década anterior. Este era incumbido das tarefas de administração do

programa. Pretendia- se redesenhar o parque industrial, reduzir a dívida pública

e consolidar a estabilização.

Todavia, no período 1990-1994, apenas trinta e três empresas federais

foram privatizadas52, ficando aquém do cronograma realizado anteriormente. Os

principais motivos foram: a má situação financeira das empresas públicas; a

dificuldade na avaliação de ativos das estatais, após anos de alta inflação; a

resistência popular e a perda de credibilidade do governo; além de alguns

setores, como o elétrico, não poderem ser vendidos a estrangeiros, dada a

Constituição de 1988.

Outro fato que deve ser mencionado é que o PND permitiu que os

investidores pagassem pelas estatais com diversos títulos públicos, aceitos pelo

seu valor nominal, apesar de, geralmente, serem negociados no mercado

com deságios significativos. Os títulos advinham da dívida do governo não

paga, e ficaram conhecidos como “moeda podre”.

Faz-se fundamental uma maior reflexão para explicar os pressupostos do

relato acima: dada a economia conturbada com que Fernando Collor se deparou

ao assumir o poder, era evidente que uma ação enérgica precisava ser tomada.

Ainda assim, a opção escolhida surpreendeu a todos. Após um feriado bancário

de três dias, bloqueou-se aproximadamente US$ 40 bilhões, que deveriam

permanecer congelados por 18 meses, sendo posteriormente devolvidos em 12

prestações mensais. A justificativa era que o alto índice de liquidez da dívida

pública era uma causa importante da alta inflação vigente no período.

O governo acreditava na possibilidade de devolver essa poupança à

população, incentivando-a a comprar ações das estatais em processo de

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privatização. Torna-se evidente que o governo esperava privatizar as

empresas rapidamente, com a institucionalização do PND. Entretanto,

nenhuma empresa foi vendida naquele ano (1990), o que prejudicou a

ligação entre a privatização e o programa de estabilização. Pode-se mencionar,

ainda, que o último seria consolidado com a redução de moeda em circulação,

que a demanda por ações das estatais produziria.

Podemos afirmar que o processo fora demorado, por três motivos: os

dispositivos da Lei 8.031 para impedir desvios de conduta e garantir a

transparência do PND, por si só, faziam com que as vendas levassem meses;

a má situação financeira em que se encontravam as empresas, predispunham a

renegociação dos acordos com os acionistas e credores privados nacionais e

estrangeiros; além da necessidade de derrubar as inúmeras liminares que

suspendiam as vendas mais importantes.

52 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p.146.

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Quando se concretizou a venda da primeira estatal, a Usiminas, no

final de 1991, a poupança congelada já começava a se integrar novamente na

economia. Outro objetivo comprometido foi a pulverização das ações das

estatais. Ainda é possível observar que o governo não conseguiu arrecadar o

que vislumbrava anteriormente com os Certificados de Privatização – títulos

criados em março de 1990 que as seguradoras e instituições financeiras eram

obrigadas a adquirir e só poderiam ser usados como meio de pagamento nos

leilões de privatização.

As regras do PND, no início, apenas aceitavam o uso de cruzados novos

(moeda da época), Certificados de Privatização e títulos da dívida externa

como formas de pagamento pelas empresas. No entanto, alguns fatores

levaram a aceitação de outros títulos (dívidas de longo e médio prazo das

empresas estatais e do setor público federal) como meio de pagamento,

entre eles: a transferência de dívidas das Empresas Estatais para o

Tesouro Nacional tornavam-nas mais atrativas para o investidor privado; tais

títulos da dívida garantiam que as receitas não seriam usadas para financiar

o aumento de gastos; além da criação de mecanismos de financiamento à

longo prazo.

O desempenho da economia, abaixo das expectativas, ocorrido em 1991

e 1992, confirmou o fracasso da tentativa de estabilização, tendo a inflação

chegado ao patamar 1158% ao ano53. Talvez, fora justamente tal

desempenho, e a necessidade de aumentar a credibilidade do governo com

os investidores internacionais (desestimulados pela falta de acordo em

relação a dívida externa), que fez com que, após o impeachment de

Fernando Collor, Itamar Franco desse prosseguimento ao processo de

privatização no país.

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No período foram privatizadas 18 empresas gerando uma renda de

aproximadamente US$ 4 bilhões.

53 Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.24.

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6.3 Terceira Fase

De modo a permitir a participação estrangeira sem limites, a lei do PND

foi alterada sob a gestão do novo presidente. Deve-se ressaltar a adoção do

Plano Real, que reduziu a inflação, aumentou a renda, a oferta de crédito,

criando condições para que o Brasil pudesse captar substanciais fluxos de

capital, num momento propício, visto que a oferta mundial era abundante.

Entre 1991 e 1994, todas as empresas dos setores de siderurgia,

fertilizantes, a maioria do petroquímico, além de outras, foram vendidas54.

Em relação ao período especificamente, tivemos a conclusão da

desestatização do setor siderúrgico (iniciado no governo anterior), e um total de

15 empresas privatizadas, gerando um número próximo de US$ 4,6 bilhões.

6.4 Quarta Fase

Durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso tivemos a fase

mais longa e importante do programa de privatização. Caracterizaram o período:

a venda de empresas de mineração e infra-estrutura; além da ampliação do

programa, que passava a abranger estados e municípios.

Na gestão do novo governo, evidencia-se o contraste de desempenho

da economia brasileira pré e pós Plano Real. Enquanto no período anterior

vivíamos uma inflação estratosférica, porém com expressivos superávits

comerciais, agora tínhamos uma inflação anual controlada, com déficits

sucessivos nas contas correntes e na Balança Comercial.

É de suma importância ressaltar que nesta fase as privatizações

passaram a ser um instrumento de política econômica. O setor público

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apresentava déficit primário (Tabela 8) enquanto os déficits em conta corrente

eram cada vez mais expressivos (Anexo A). As vendas das estatais deveriam

permitir que os déficits públicos (primário + operacional + nominal) não

pressionassem a dívida pública, além de garantir financiamento para parte do

desequilíbrio das contas correntes.

54 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p. 146, “(...) o total de receita obtido foi de US$ 8,6 bilhões, com transferência ao setor privado de US$ 3,3 bilhões em dívidas”.

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Devemos lembrar que no início do período, houve críticas quanto ao

compromisso da nova equipe para com as privatizações:

De fato, o clima reinante em 1995 foi bem caracterizado pela crítica

pública do presidente Fernando Henrique à então diretora do BNDES,

encarregada da privatização, quando ela propôs a venda da Companhia

Vale do Rio Doce, e também pela falta de um compromisso claro

dos políticos com a venda da Telebrás.

Contudo, ressalta:

Para sermos justos, é preciso observar que, mesmo quando

aparentemente nada se fazia pela privatização, o governo estava dando

os primeiros passos para preparar as empresas para venda, atividade

nem sempre devidamente valorizada, mas sem a qual a privatização

seria simplesmente inviável. São exemplos: a cisão da Light em duas

empresas, as negociações com os governadores para privatizar as

empresas estaduais de serviços públicos e o projeto de lei de

regulamentação do setor de telecomunicações.55

À época, a dúvida quanto a intenção do governo sobre as

privatizações se fazia presente, porque no primeiro ano de seu mandato não

houve nenhuma afirmação pública de compromisso com a ampliação e

aceleração do programa. As reformas constitucionais resultariam na venda de

estatais ou apenas serviriam para investimentos privados nos setores? Por que

não houve rigor quanto à venda da Cia Vale do Rio Doce? Afinal, a privatização

da mineradora dispensava a burocracia com aparato regulatório (que precisava

ser criado para outras grandes estatais).

Posteriormente, já a partir de 1996, o panorama mudou, batendo-se

o recorde de receitas anuais com a venda de empresas públicas (as receitas

chegaram a US$ 5,5 bilhões – Tabela 9). Em 1997, as receitas provenientes

das privatizações superaram o valor somado arrecadado de todos os anos

anteriores (US$ 22,6 bilhões em 1997 contra somados US$ 15,1 bilhões até

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então). Em 1998, a privatização da Telebrás foi a maior do mundo, e

novos recordes foram batidos.

55 Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.29.

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TABELA 9

Fonte: Armando Castelar PINHEIRO. Privatização no Brasil: por quê? até onde? até quando?, p.165.

Para que isso pudesse ocorrer, em fevereiro de 1995, a promulgação

da Lei de Concessões – Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 – alterou o

artigo 175 da Constituição Federal, introduzindo novas normas para a concessão

e permissão da prestação de serviços públicos. Se antes a única sanção

aplicável era o término da concessão, agora passavam a vigorar: um sistema

de multas proporcionais à falta cometida pelas concessionárias; um prazo fixo

declarado para as concessões; a proibição de subsídios públicos às

concessionárias; dentre outras.

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Também foram importantes as emendas constitucionais de 1995, que

acabaram com os monopólios públicos nas telecomunicações –

medida necessária para permitir a privatização da Telebrás –, na

distribuição de gás por dutos e no setor petrolífero. Finalmente, foi

abolida a distinção entre empresas brasileiras de capital nacional e

estrangeiro, preparando o terreno para a privatização dos setores de

mineração e geração de eletricidade.56

O fim dos monopólios proporcionou maior competição no setor de

petróleo e propiciou a privatização da Telebrás, enquanto que a mudança de

tratamento do capital estrangeiro contribuiu para a elevação dos investimentos

estrangeiros.

Sobre a privatização da Telebrás, a necessidade de criação de um aparato

regulatório eficiente atrasou o processo de venda. Todavia, o governo realizou a

reforma necessária para que auferisse elevadas receitas e ainda aumentasse a

competição no setor. No dia 29 de julho de 1998, através de 12 leilões

consecutivos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, ocorreu a maior privatização

do mundo no ano, gerando receitas da ordem de US$ 22 bilhões.

O maior alcance do programa se deu com a inclusão das

privatizações em âmbito estadual, além da extensão a outros setores, tais como:

ferroviário, rodoviário, telecomunicações, bancos, águas e esgotos, eletricidade

e mineração. Especificamente em relação aos estados e municípios, a

privatização se fez importante tendo em vista a necessidade de

financiamento das empresas estatais não-federais (Tabela 10).

Enquanto as empresas federais apresentavam resultados

satisfatórios em todo o período, as empresas estaduais e municipais

impactavam negativamente o resultado do setor público. Sendo assim, a venda

das mesmas produziria um alívio fiscal imediato.

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TABELA 10

Fonte: Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.31. Sinal indicativo indica superávit.

A privatização em nível estadual ainda exerceu papel importante na

renegociação dos passivos estaduais. A “federalização” das dívidas estaduais

contratadas a taxas de juros do mercado, implicou no comprometimento dos

Estados junto à União de quitá-las em prestações mensais, durante 30 anos,

com taxas mais favoráveis. A contrapartida exigida foi a garantia das receitas

futuras dos estados, além da necessidade dos mesmos realizarem acordos

de reescalonamento da dívida; prevendo a quitação de 20% do principal

mediante a alienação de ativos, o que fez com que o processo de privatização

estadual fosse acelerado.

56 Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.30

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Sobre a extensão do programa a setores de menor lucratividade e que

poderiam ser mais bem avaliados pela população, o governo estabelecia metas

de produção e / ou um plano de investimentos que tinha que ser cumprido pelo

novo proprietário. Foi assim com os setores ferroviário, rodoviário e de águas e

esgotos, sendo que, com exceção do setor ferroviário, o licitante que propusesse

as menores tarifas para os consumidores saía vencedor.

Com o cenário internacional estremecido a partir da crise asiática em

1997, as privatizações se tornaram o diferencial brasileiro contra ataques

especulativos. O volume de capital estava se tornando realmente significativo, o

que proporcionava maior tempo para a execução de reformas estruturais

(desequilíbrio externo e crise fiscal). Efetivamente, a entrada de recursos

provenientes da venda das estatais, implicava em menor necessidade

de empréstimos e emissão de títulos da divida publica.

Quanto ao déficit público, as privatizações atuaram de maneira positiva,

coibindo o crescimento da dívida do governo (Tabela 11). Entretanto, a tabela

também evidencia que as mesmas não substituem um ajuste estrutural, já que,

apesar das maiores receitas de vendas em

1997, há, também, um crescimento da dívida fiscal.

TABELA 11

Fonte: Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.34.

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Durante o período, podemos destacar as seguintes privatizações:

Light – Até 1996, a maior companhia vendida;

Cia Vale do Rio Doce – Sem dúvida, a privatização mais difícil de

todas, já que a empresa, além de ser a maior exportadora do país,

era vista como a mais eficiente das estatais. Sem receber o mesmo

apoio político, presente em outras vendas, o governo precisou

responder e vencer 217 ações judiciais para concretizar o negócio;

Telebrás – A maior privatização do mundo em 1998

Quando em 1999, a desvalorização cambial e o ajuste fiscal condicionaram

um melhor desempenho da economia, a privatização deixou de ser urgente,

porém, ainda assim, registrou importantes cifras nos anos posteriores.

6.4.1 RESULTADOS FINAIS DA PRIVATIZAÇÃO NA DÉCADA DE 90

O total de privatizações na década de 90 foi de 115 empresas, sendo

28 estaduais e municipais e 87 federais. O setor de telecomunicações, com a

venda da Telebrás, registra a maior entrada de receitas do período (US$ 26

bilhões), enquanto que o setor de mineração, mesmo tendo apenas 2 empresas

incluídas no programa, apresenta o maior volume em transferências de dívidas

(US$ 3,5 bilhões) – Tabela 12.

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TABELA 12

Fonte: Kiichiro FUKASAKU; Armando Castelar PINHEIRO. A Privatização no Brasil: O Caso dos Serviços de Utilidade Pública, p.36.

A extensão do programa a setores de menor lucratividade, e que

ostentam maior grau de observação por parte da população, como o de

transportes e de infra-estrutura (águas e esgotos), pode explicar o fato de

que a privatização de 16 empresas tenha registrado uma entrada de receitas

tão baixa – US$ 1,4 bilhão. O governo, como já fora relatado, priorizava o

aumento de investimentos e não uma arrecadação expressiva.

6.5 QUINTA FASE

O ajuste das políticas econômicas (cambial, monetária e fiscal)

condicionou a desaceleração do programa de privatização. Entretanto, o período

apresenta algumas questões interessantes, como a utilização do fundo de

garantia dos trabalhadores para adquirir ações.

No ano 2000, o volume de receitas chegou a US$ 10,7 bilhões ao passo

que as dívidas transferidas totalizaram US$ 289 milhões57.

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Em âmbito federal, duas privatizações tiveram destaque: a da

Petrobrás e a do Banespa.

Faz-se interessante mencionar que a alienação das ações que

excediam o controle acionário, detido pela União, na Petrobrás se deu de

forma pioneira, com a aceitação de recursos do FGTS58 dos trabalhadores.

Estes atingiram US$ 898 milhões59, enquanto que a receita total foi de US$ 4

bilhões (Tabela 13). A operação ajudou a pulverizar as ações no mercado, tendo

em vista que 312.194 trabalhadores participaram do negócio.

A desestatização do Banco do Estado de São Paulo (Banespa)

também se destacou dado o ágio obtido na venda, de 288%. O banco

espanhol Santander Central Hispano obteve 60% do capital (com direito a voto)

por R$ 7 bilhões, sendo que o preço mínimo estabelecido era de R$ 1,8 bilhão.

57 BNDES. Histórico. 2002. 58 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 59 MDIC. Privatização no brasil. 2002.

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Em âmbito estadual, a receita de venda auferida com o leilão da Companhia

Energética de Pernambuco chegou a US$ 1 bilhão. No total, o resultado da

arrecadação estadual foi de US$ 3,04 bilhões60.

Em 2001, destaca-se nova oferta pública da Petrobrás, onde foram vendidas

aproximadamente 41 milhões de ações preferencias nominativas, totalizando a

captação de US$ 4,8 bilhões.

TABELA 13

Fonte: MDIC. Privatização no brasil. 2002.

Em 2002, o destaque veio a ser a oferta pública de 78 milhões de ações

ordinárias da Companhia Vale do Rio Doce – considerada a maior operação de

vendas em número de compradores (729.07861). A receita chegou a US$ 5,2

bilhões (Tabela 14).

TABELA 14

Fonte: MDIC. Privatização no brasil. 2002.

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7

No ano seguinte, em 23 de setembro de 2003, a Agência Nacional de

Energia Elétrica (ANEEL) realizou a licitação de concessão de linhas de

transmissão visando a expansão da Rede Básica do Sistema Interligado

Nacional.

Evidencia-se, assim, a característica de um leilão que propõe um plano

de metas e investimento em detrimento de grande geração de recursos (Tabela

15).

60 BNDES. Histórico. 2002. 61 MDIC. Privatização no Brasil. 2002.

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TABELA 15

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do: BNDES. Programa nacional de desestatização. 2003.

O ano de 2004 foi marcado pela desestatização do Banco do Estado do

Maranhão S.A. (BEM), além de ter sido dada continuidade ao programa de

licitações promovidas pela ANEEL.

Em relação ao BEM, o leilão realizado na Bovespa, no dia 10 de fevereiro

de 2004, teve o Bradesco S.A. como vencedor, que ofertou R$ 78 milhões,

correspondendo a um ágio de 1,1% sobre o preço mínimo de R$ 77,2 milhões62.

Em 2005, mais um banco foi privatizado: Banco do Estado do Ceará S.A.

(BEC). O vencedor do leilão ocorrido no dia 21 de dezembro de 2005 foi,

novamente, o Bradesco S.A, que dessa vez ofereceu R$ 700 milhões, valor que

presentou um ágio de 28,98% sobre o preço mínimo de R$ 543 milhões.

Neste ano ainda houve a alienação de participações societárias

minoritárias, auferindo uma receita de R$ 41.751.887,74. Os leilões ocorreram

entre o dia 28 de novembro e o dia 16 de dezembro, tendo como destaque as

vendas de ações da Companhia Vale do Rio Doce e da Tele Norte Leste

Participações S.A.

62 BNDES. Programa Nacional de Desestatização. 2004.

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7. AVALIAÇÃO DO PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO

7.1 Análise Geral

O resultado do período 1990-2002 superou os US$ 105 bilhões63,

divididos em US$ 87,2 bilhões oriundos de receitas de venda e US$ 18

bilhões em transferências de dívidas (Tabela 16).

TABELA 16

Fonte: MDIC. Privatização no brasil. 2002.

A medida em que o programa aumentava sua extensão, os

resultados cresciam de maneira significativa. No período entre 1995-2002,

que corresponde a 88,8% do resultado total, houve a inclusão de empresas

estaduais e municipais, além de reformas no aparato regulatório que

permitiram que o país tivesse a maior privatização do mundo em 1998, a

Telebrás.

A importância do programa de privatização na economia brasileira,

principalmente após o clima conturbado do cenário internacional a partir de 1997,

fez com que o governo priorizasse a entrada de receitas em moeda corrente.

Assim, os desequilíbrios fiscais e externos podiam ser controlados,

diminuindo a necessidade de financiamento. Os recursos provenientes das

vendas das estatais permitiam que o governo pudesse manter a estabilidade da

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economia e tivesse mais tempo para realizar os ajustes necessários.

Sobre os meios de pagamento, explica-se a predominância de moeda

corrente na quarta fase da privatização por dois motivos: o primeiro,

sem dúvida, é a maior atratividade que aquelas empresas privatizáveis

provocavam no setor privado, dados os seus potenciais de crescimento; o

segundo, também fundamental, foi a mudança de tratamento dado ao capital

estrangeiro, que agora podia participar ativamente do processo. Isso fez com

que o governo impusesse nos editais de privatização o uso de moeda corrente

como forma de pagamento.

Em relação aos investidores, a comparação dos períodos 1990-1994 e

1995-2000, evidencia que a mudança introduzida pelo governo na legislação

surtiu efeito. A participação estrangeira aumentou de modestos 5% no primeiro

intervalo para 53% em 1995-2000 (Tabela 17). A diferença fica ainda maior se

levarmos em consideração o montante negociado em cada período.

63 O resultado geral das privatizações até 2005 totalizou aproximadamente US$ 105,8 bilhões – BNDES. Programa Nacional de Desestatização. 2005.

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TABELA 17

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do: MDIC. Privatização no brasil. 2002.

Sobre os meios de pagamento, as moedas de privatização representaram

81% do total das receitas de venda entre 1990 e 1994, ao passo que esse valor

caiu para, apenas, 5%, entre 1995 e 2002 (Tabela 18). O resultado final

revela que os recursos em moeda corrente atingiram US$ 76 bilhões,

enquanto a renda auferida por títulos foi de US$ 11,2 bilhões.

TABELA 18

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do: MDIC. Privatização no brasil. 2002. Nd = Não disponível.

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Já as moedas de privatização (títulos), tão criticadas à época,

propiciaram maior demanda pelas empresas privatizáveis. Logo,

proporcionaram maiores preços de venda nos leilões, fazendo com que o

governo conseguisse compensar o deságio desses papéis no mercado com

o ágio nas vendas, em alguns casos. Revela-se, ainda, que a cada privatização,

o governo adquiria maior credibilidade, e, portanto, maior poder de

negociação, que se evidenciou na segunda metade da década.

7.2 IMPACTO FISCAL 7.2.1 Receita de Venda x Dívida Pública

A utilização de empresas estatais como instrumentos de políticas

macroeconômicas, tanto na captação de recursos externos, quanto nos

objetivos antiinflacionários, somada a indexação da dívida pública – que eleva o

déficit nominal ainda que o resultado primário seja positivo –, pressionou de

maneira excessiva as finanças públicas.

A dívida pública pode ser definida como a soma das obrigações de todos

os órgãos do Estado brasileiro. Divide-se em interna e externa. A primeira é

afetada pelo déficit público, pelas taxas de juros interna, pela taxa de câmbio

(parcela da dívida que estiver indexada ao câmbio) e pelas correções monetárias.

A segunda é basicamente influenciada pelo comportamento das taxas de juros

externas e pelas desvalorizações cambiais.

Neste tópico daremos ênfase a Dívida Interna Líquida do Setor Público

(DILSP). Esta dívida é líquida por excluir os créditos diversos do setor

público. Torna-se fundamental informar que grande parte da DILSP corresponde

a dívida mobiliária. Esta se refere a títulos emitidos pelas várias esferas do

governo, normalmente utilizados para cobertura de déficits orçamentários.

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Partindo-se do pressuposto que no caso brasileiro a dívida interna é

mais relevante do que a externa64, explica-se o aproveitamento da DILSP e da

DPMFi65 neste trabalho.

Apesar de significativas quantias provenientes das privatizações serem

destinadas à amortização da dívida pública interna, vemos que a DILSP

apresentou crescimento acelerado no final da década de 90 (Tabela 19). Para

Carvalho (2001, p.62), os desequilíbrios fiscais, a renegociação dos estados e

munícipios, o Programa de Reestruturação dos Bancos Estaduais, as altas taxas

de juros e a desvalorização cambial são os principais fatores que apontam para

o crescimento.

64 Para maiores informações sobre a dívida interna pública, ver Flávio Rabelo VERSIANI A dívida pública interna e sua trajetória recente. 2003. 65 Dívida Pública Mobiliária Federal interna.

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6

TABELA 19

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do Ipeadata. ª Dado atualizado até o mês de setembro de 2006.

Entretanto, a necessidade de financiamento das empresas estatais,

principalmente no conceito nominal, revela significativa melhora no período

1992-2006 (Tabela 20). O ganho fiscal com as estatais, provavelmente não

ocorreria com a ausência da privatização.

TABELA 20

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados do Ipeadata.

Sobre a efetiva participação dos recursos, provenientes das vendas

das estatais, procurar-se-à demonstrar a diferença de impacto fiscal provocada

pela utilização de moedas de privatização e moeda corrente, bem como o

destino das receitas auferidas.

Quando a receita é obtida através de títulos (moedas de privatização),

restringe-se o destino dos recursos à dívida securitizada, favorecendo a

renegociação de dívidas vencidas e não pagas. Em geral, pode-se dizer que há

o saneamento das finanças do setor público.

Todavia, se o governo quiser elevar o ganho fiscal, a entrada de receitas

em moeda corrente se torna a melhor opção, pois o custo da dívida

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mobiliária é superior ao da securitizada. Ainda haveria a melhoria do perfil da

dívida interna, com o resgate de títulos de forma antecipada.

De fato, até abril de 2002, R$ 67,9 bilhões66 foram abatidos da

Dívida Pública Mobiliária Federal interna, implicando em redução da dívida

interna (entende-se pela mesma não estar maior do que estaria sem as

privatizações), além de uma possível economia de juros no longo prazo.

Carvalho (2001, p.73) revela que:

“(...) no cenário com privatização, houve redução de 8,4% do PIB na DLSP e de

5,4% do PIB nas NFSP, em relação ao cenário sem privatização, entre 1995 e

1999”.

Portanto, fica evidente a interferência positiva do programa de

privatização sobre a dívida pública, ainda que a mesma tenha crescido durante

o período.

7.2.2 Aumento de Eficiência x Maior Arrecadação de Tributos

Hemming & Mansoor (Apud NUNES, p.12) apontam para outro fator

positivo de um programa de privatização: a possibilidade de o governo se

beneficiar do aumento da eficiência das empresas privatizadas, através da maior

lucratividade das mesmas.

Estudar-se-á a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), analisando a

evolução de seus indicadores financeiros desde 1996 até 2005.

Os índices escolhidos são o giro do ativo total67, a margem de lucro

operacional68 e a margem de lucro líquida69. Pretende-se constatar uma maior

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eficiência da empresa no período pós-privatização (Tabela 21).

66 Eduardo GUARDIA. A administração da dívida interna: resultados, desafios e perspectivas. 2002. 67 Mede a eficácia com que a empresa usa seus ativos para gerar vendas. 68 Mede a proporção de cada unidade monetária de receita de vendas que permanece após a dedução de todos os custos e despesas, desconsiderando os juros, impostos e dividendos. 69 Mede a proporção de cada unidade monetária de receita de venda restante após a dedução de todos os custos e despesas, incluindo os juros, impostos e dividendos de ações.

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TABELA 21

Fonte: Elaborado pelo autor.

O resultado dos índices comprova a maior eficiência da empresa:

exatamente 1 ano antes da iniciativa privada assumir o controle, a CVRD “girava

seu ativo” apenas 0,28 vez por ano, ao passo que em 2005, o índice chegou a

0,66, um aumento de eficiência de 135%.

A margem de lucro operacional, apesar de certa variação,

também apresenta significativa melhora, destacando-se os anos de 2000,

2003, 2004 e 2005. O lucro operacional, também conhecido como lucro

puro, vem crescendo no período.

Já a margem de lucro líquido saltou dos 10% em 1996 para 30%

em 2005. Isso significa que a empresa, mesmo após sofrer as tributações,

vem aumentando o lucro disponível aos acionistas. É notório ressaltar que

a destinação desse lucro a futuros investimentos tende a melhorar ainda mais

os resultados da empresa.

A avaliação da empresa citada pode ser considerada como extremamente

positiva, haja vista a evolução notória que ocorreu pós-privatização. Contudo,

será que a maior eficiência dessa e de outras empresas privatizadas provocam

um impacto fiscal positivo?

ANUATTI-NETO et al (2005) realizou um estudo visando responder a

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esta e outras questões. A amostra consiste de 102 empresas do setor produtivo

privatizadas e um grupo de controle de empresas listadas em bolsa formado por

20 estatais e 158 empresas privadas. A análise compreende o período 1987-

2000.

Apesar de constatar maior eficiência operacional e maior lucratividade, o

pagamento de impostos diminuiu. O possível questionamento da queda da

razão entre imposto de renda e receita líquida, é respondido pelos próprios

autores, quando revelam:

(...) Há duas explicações para esse resultado. O imposto devido é

apurado como a diferença entre os tributos calculados e as deduções

permitidas. Como estas últimas não constituem subsídios explícitos, é

conveniente descrevê-las detalhadamente, para interpretar os resultados

com maior precisão.

Três categorias gerais de deduções se aplicam: incentivos fiscais,

compensação para perdas prévias e créditos tributários. As perdas

incorridas em um ano podem ser deduzidas do imposto de renda ao

longo de vários anos. Em particular, as companhias altamente

endividadas em dólares foram afetadas pela desvalorização do real no

início de 1999. Perdas deste tipo foram responsáveis também por uma

queda nos impostos, mesmo para o grupo de controle, em 2000.

Para os créditos tributários é importante o ágio pago nos leilões e

efeitos patrimoniais decorrentes de incorporações e aquisições. A lei

societária brasileira prevê ajustes para esses casos. À companhia que

assume controle, é permitida a constituição de uma conta de reserva

correspondente ao ágio que pode ser amortizada sobre um período de

cinco a dez anos. Este benefício atinge fusões e aquisições em geral.

Todo o setor privado em reestruturação e as companhias privatizadas

foram beneficiários destes descontos.70

O relato acima nos faz acreditar que o valor dos impostos brutos

aumentou, todavia o valor recebido pelo governo diminuiu, logo o impacto fiscal

real, aparente, é negativo.

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Entretanto, devemos lembrar que os grupos privados aceitaram adquirir

empresas em situações financeiras calamitosas visando usufruir o estoque de

créditos-fiscais que as estatais detinham. Assim, o governo acabou por

receber antecipadamente o valor referente a tais créditos e, portanto, o

impacto fiscal real deve ser considerado positivo.

A desvalorização de 1999 proporcionou perdas nas empresas

privatizadas, que poderiam compensá-las, deduzindo-as do imposto de renda ao

longo de outros anos. Evidentemente, quando tais compensações chegarem ao

seu final, o governo aumentará a sua

arrecadação.

Conclui-se, assim, que o governo auferiu maiores receitas provenientes

de tributos, contudo, estas são de difícil percepção, se não considerarmos,

principalmente, o estoque de créditos-fiscais recebidos de maneira antecipada

e as perdas oriundas da desvalorização do real de 1999.

70 Francisco ANUATTI-NETO. et al. Os efeitos da privatização sobre o desempenho econômico e financeiro das empresas privatizadas, p.163.

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7.3 IMPACTO SOCIAL

O impacto social de um programa de privatização envolve itens

especificos como geração de empregos e qualidade dos serviços prestados.

Sobre o primeiro, compararemos o período pré e pós-privatização dos

setores de siderurgia, telefonia, energia elétrica, ferrovia, além das empresas

Embraer e Companhia Vale do Rio Doce. Em relação a qualidade dos serviços,

torna-se interessante avaliar os setores de energia elétrica e telecomunicações.

Partindo-se do pressuposto que um dos objetivos da terceirização é a

redução de custos, imaginamos que o valor do salário por empregado tenha

diminuído. Contudo, este trabalho não pretende explorar tal viés, apenas

mostrar que a privatização elevou o número de funcionários por setores.

O caso da Embraer também deve ser mencionado pela situação em que

se encontrava quando foi privatizada: à beira da falência. Os ajustes foram

realizados e hoje a empresa é a terceira maior fabricante de aviões do mundo.

O número de funcionários quase triplicou, passando de 6100 em 1994 para

17000 em 200572.

A Companhia Vale do Rio Doce é outro destaque. Em 1997, a empresa

tinha 11 mil funcionários enquanto que em 2005 apresentava 40 mil.

Estima-se, ainda, que seus investimentos poderão criar mais 33 mil

empregos diretos até 2010. Os números em questão não consideram a

aquisição da mineradora canadense Inco, senão o resultado poderia ser

ainda melhor. De fato, a companhia saltou da nona posição dentre as maiores

mineradoras do mundo para o segundo lugar.

O setor ferroviário foi o único a apresentar redução do número de

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empregados diretos dentre os avaliados. Isso pode ser explicado por um fato

curioso: parte da mão-de-obra foi incorporada pelas concessões (número

mínimo de funcionários suficientes para a execução das tarefas), enquanto a

outra parte, que dispunha de um número superior de contingência, seguiu

pertencendo ao governo. Esta, ociosa, aos poucos, foi diminuindo. Já a primeira,

aumentou ao longo dos anos, mas não o suficiente para cobrir o número efetivo

de saídas da segunda. Por isso encontramos um resultado no gráfico, onde

o setor registra menos empregados no período pós-privatização.

Na verdade, isolando-se os ativos privatizados, percebemos um

incremento na quantidade de funcionários no setor. Tal como em os outros

setores, a concessão de ferrovias apresentou um impacto positivo.

Se as empresas privatizadas possuem maior efetivo empregado (de

forma direta ou indireta), por que se associa privatização a desemprego?

72 Deve-se atentar para o fato de que, num primeiro momento, a empresa teve que passar por uma reestruturação, havendo redução do efetivo empregado. Com o melhor rendimento pós-reestruturação, o crescimento da Embraer proporcionou a contratação de um número considerável de empregados, registrando o triplo de funcionários em 2005, em relação a 1994.

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A resposta pode ser encontrada no fato de que as empresas,

logo depois de privatizadas, realizarem uma reestruturação visando sanar os

problemas internos. Entidades deficitárias, como a Embraer, precisaram

“começar de novo”. Daí, a necessidade de se ter uma menor quantidade de

trabalhadores.

Outro fator pode se dar na maior rotatividade dentre os empregados

hoje em dia. Se antes havia estabilidade do emprego, hoje há grande

competição entre os funcionários, pois sabem que se não estiverem produzindo

o que deles é esperado, poderão ser substituídos, logo, ficando

desempregados.

Em relação à qualidade dos serviços, dois setores merecem análise pela

distinção com que a população avaliou as respectivas privatizações: telefonia e

energia elétrica.

O primeiro caso a ser analisado é o das telecomunicações, haja vista a

diferença da prestação de serviços do período anterior para o atual.

Há pouco mais de uma década, a linha telefônica podia ser

considerada um ativo valioso, chegando a ser obrigatória sua declaração no

Imposto de Renda. Daí, dizer-se que a privatização da Telebrás promoveu a

inclusão social. A explicação se torna óbvia, já que apenas as classes A e B

dispunham de recursos para aquisição de linhas telefônicas, enquanto que hoje

em dia, estima-se que o serviço seja prestado a 141 milhões de brasileiros.

A telefonia-móvel merece uma menção especial, dada a intensa

competição que ocorre no setor. Os serviços de contas pré e pós-pagas

permitem que cada classe social possa adquirir o seu aparelho celular. Este,

aliás, também costuma ser alvo de constantes promoções, chegando ao

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valor simbólico de R$ 1 real73, dependendo do tipo de serviço que o cliente

escolher.

Em contrapartida, o setor de energia elétrica pode ser considerado

como o destaque negativo do processo de vendas implantado no país.

Após um bom desempenho da economia brasileira em 2000,

acreditava-se que em 2001 o ritmo de crescimento seria mantido. Porém, a

crise energética mudou a direção dos acontecimentos.

Faz-se interessante abordar o fato de que o governo havia

programado uma privatização completa das usinas hidrelétricas, que não

aconteceu. Assim, imaginando que as empresas seriam privatizadas, o setor não

registrou grandes investimentos nos anos anteriores. Como o consumo de

energia continuou a aumentar, somado a uma intensidade pluviométrica

particularmente baixa, um cenário conturbado se iniciou.

Foi necessário, então, ajustar a demanda para que o país não ficasse sem

energia em meados do ano, repercutindo negativamente em várias empresas,

que tiveram queda de faturamento e elevação de dívidas74.

Deve-se recordar que a privatização praticamente se limitou à área de

distribuição. A ausência de um aparato regulatório claro acabou sendo decisivo

para a falta de interesse do setor privado na área de geração de energia.

73 Huber BERNAL FILHO. et al. Claro celular a 1 real em Minas. 2005.

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7.4 INDICADORES DE EFICIÊNCIA

O aumento da eficiência será estudado com base em alguns indicadores

dos setores de ferrovia, portos, energia elétrica e da empresa Embraer.

O setor ferroviário obteve uma expansão extraordinária. A malha

ferroviária passou a responder por 24% do transporte de carga no país,

contra 16% no período pré-iniciativa privada. O volume transportado aumentou

de 21875 em 1992 para 392 em 2005.

Os portos aumentaram a movimentação de carga de 257 milhões de

toneladas por ano em 1993 para 411 milhões de toneladas em 2005.

Especificamente nos terminais privados do porto de Santos, a movimentação de

contêineres subiu de 1376 em 1993 para 29 em 2005, um aumento de 123%. Já

o preço de movimentação desses contêineres caiu de 600 dólares em

1993 para 288 em 2005.

O setor de energia elétrica aumentou o número total de residências

atendidas de 92% em 1997 para 97% em 2005. Entretanto, um indicador que

evidencia ainda mais a melhoria do setor de distribuição é a diminuição das

interrupções no fornecimento de luz por ano: em 1997

tínhamos 21 cortes de luz ao passo que em 2005, apenas, 12.

74 Fabio GIAMBIAGI, et al. Economia Brasileira Contemporânea: 1945-2004, p. 180. 75 Em milhões de toneladas por quilômetro. 76 Em toneladas por hora.

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A Embraer avançou no ranking mundial de forma significativa: em 1994 o número

de aviões entregues por ano totalizava 4. Em 2005, o número superou

os 140 aviões representando um aumento de 3400%. O resultado deficitário

de R$ 321 milhões de 1994 saltou para um superávit de R$ 709 milhões em

2005.

Os indicadores comprovam um aumento de eficiência notável dos setores

privatizados, com destaque para os portos e para a Embraer. Pode-se dizer que

o objetivo de modernização proposto pela Lei 8.031 foi alcançado e o aumento

da taxa de investimento, para que isso acontecesse também foi significativo77.

8. A IMPORTÂNCIA DA REGULAÇÃO

Quando a desestatização de empresas envolve serviços públicos

– atividades exploradas exclusivamente pelo Estado – temos que grupos

estranhos à estrutura da administração pública passam a ser responsáveis pela

qualidade e preço de tais operações, e, conseqüentemente, pela satisfação ou

descontentamento dos consumidores.

Sabendo-se que tais serviços são essenciais ao bem comum, criam-se

Agências Reguladoras, visando ditar as normas de condução entre o Poder

Público, a concessionária prestadora dos serviços e os usuários.

Geralmente, os contratos entre os prestadores e o governo são de longo

prazo, e estão sujeitos a mudanças drásticas no que tange a economia, a

política etc, podendo propiciar cenários positivos ou negativos à contratada. A

ação da regulação, portanto, deve priorizar a harmonia entre os interesses dos

usuários e dos fornecedores, dadas as circunstâncias em que estiverem

inseridas as atividades.

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Os órgãos reguladores surgiram no Brasil no fim dos anos 90, em

virtude da necessidade de se garantir o cumprimento dos contratos por parte

das privatizadas, onde destacamos a ANATEL (Agência Nacional de

Telecomunicações – Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997), a ANP (Agência

Nacional do Petróleo – Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997) e a ANEEL

(Agência Nacional de Energia Elétrica – Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de

1996).

A Lei de Concessões dos serviços públicos (regula a concessão das

atividades até então exercidas pelo Estado), protege os consumidores de tais

serviços, assegurando-lhes o fornecimento de quaisquer dados necessários

para a defesa dos seus interesses, além do direito de denunciar

irregularidades por parte das prestadoras, e de formar comissões e

conselhos para a fiscalização dos serviços prestados.

As agências reguladoras são pessoas jurídicas de direito público,

classificadas como autarquias especiais (a adjetivação especial lhe

concedeu independência financeira e autonomia administrativa). Possuem

função legislativa, executiva e judicial, em torno de sua especialidade técnica

para o setor regulado.

77 A Companhia Vale do Rio Doce passou os investimentos de US$ 0,4 bilhões em 1997 para US$ 4,6 bilhões em 2006.

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Conclui-se que os órgãos reguladores devem ser o ponto de equilíbrio entre

o governo, a sociedade e os grupos privados, não devendo sofrer nenhum tipo

de imposição, sob pena de perder sua finalidade.

8.1 AVALIAÇÃO DA REGULAÇÃO NO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO

A avaliação do aparato regulatório no processo de privatização será feita

com base nos setores de energia elétrica e telecomunicações.

O caso da energia elétrica vem a ser o mais problemático. A

privatização tem início com a venda da Light (Serviços de Eletricidade S.A.) e da

Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas S.A.), contudo o país ainda não

dispunha de regras e normas consolidadas, que viriam a serem estabelecidas

de maneira paralela ao processo.

O relato acima serve de explicação para que a participação de grupos

nacionais e internacionais, mesmo relevante, tenha ficado aquém do grande

interesse demonstrado anteriormente às vendas. O risco regulatório (a

possibilidade dos investidores incorrerem em riscos dada a ausência de regras

claras do funcionamento do empreendimento na legislação) condicionou a falta

de sucesso do programa.

No caso da Light e da Escelsa, uma das principais dificuldades da

privatização se deu na fixação de regras para o reajuste de tarifas. Isso ocorreu

porque o contrato para a prestação de serviço estava baseado no regime de

monopólio legal. Assim, o governo se reservava no direito de estabelecer o

valor máximo das tarifas, compensando a inexistência de um regime de livre

concorrência78.

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Por mais que o mecanismo citado seja uma forma de coibir abusos das

concessionárias perante os consumidores, explicita também certo grau de

interferência do governo na administração das empresas privatizadas.

Segundo Bajay (Apud CORREIA; COSTA; MELO, p. 3), o processo de

privatização do setor priorizou a entrada de recursos para o Tesouro

Nacional, não implementando os mecanismos regulatórios necessários. Sauer

(Apud CORREIA; COSTA; MELO, p. 3) revela que, como resultado, o setor

de energia não se consolidou de uma maneira favorável a realização de

investimentos visando a expansão da oferta.

A má gestão do governo, no que tange à regulação, culminou na crise

energética de 2001. O racionamento afetou a indústria de energia promovendo

uma crise financeira no ano seguinte.

Logo, ficam evidentes as falhas da reforma setorial ocorrida na década de

90, que não conseguiu adequar a complexa estrutura produtiva nacional a um

novo modelo de mercado, com elevado crescimento da demanda.

Os anos de 2004 e 2005 registraram debates à cerca do futuro

da energia, principalmente em relação à necessidade de maior capacidade de

oferta.

A partir de março de 2004, iniciou-se uma reforma institucional, que

objetivava propor e implementar as condições para o desenvolvimento

sustentado do setor elétrico brasileiro no futuro.

Quanto à avaliação das medidas adotadas para que o objetivo

citado acima se concretize, o autor opta por não realizar nenhum comentário,

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por dois motivos: o primeiro é falta de tempo adequado para que os novos

mecanismos surtam efeito; o segundo é que o trabalho não possui o tema

voltado para a área de regulação, não sendo cabíveis maiores

aprofundamentos.

Sobre o setor de telecomunicações, faz-se interessante salientar que a

privatização só ocorreu após a montagem de um aparato regulatório que

satisfazia condições adequadas de entrada no mercado, critérios tarifários

definidos, bem como a inclusão de uma agencia reguladora com grande

autonomia.

Pode-se dizer que normas foram criadas, visando: aumentar e melhorar a

oferta dos serviços prestados, bem como a sua qualidade; promover

oportunidades atraentes de investimento e de desenvolvimento tecnológico;

propiciar as condições necessárias para que o desenvolvimento do setor fosse

harmônico com as metas de desenvolvimento do país, buscando a redução

das diferenças de cobertura entre as regiões e as classes de renda

(regionalização) etc.

A regionalização aparecia como fundamental por possibilitar um maior foco

dos investimentos por regiões do país, além de facilitar a atuação do órgão

regulador, já que, havendo diversas companhias, poderia ser usado algum

modelo de competição comparativa.

78 Frederico Birchal de Magalhães GOMES; Suely Barbosa MONNERAT. A questão regulatória nas privatizações da light e da escelsa.

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Cita-se, ainda, a criação da Banda “B”, permitindo que, em uma

mesma região, o serviço de telefonia celular pudesse ser prestado por duas

empresas distintas (regime de concorrência), uma operando na Banda "A" e

outra na Banda "B". O resultado aparece no mercado competitivo do setor,

onde as empresas buscam oferecer, aos consumidores, melhores serviços

com tarifas mais baixas.

Afirma-se, então, que o modelo apontava para uma tendência de

universalização e competição. Evidentemente, o seu resultado foi

extremamente satisfatório, já que protagonizou a inclusão social de milhões

de brasileiros, além de uma melhora considerável em relação aos serviços.

8.2 FORTALECIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS E

PULVERIZAÇÃO DE AÇÔES

É notório que o Programa Nacional de Desestatização instituiu o objetivo

de, preferencialmente, pulverizar as ações das estatais visando o

fortalecimento do mercado de capitais brasileiro.

Todavia, é de suma importância considerarmos que a venda pulverizada

implica em um preço por ação inferior ao que poderia ser obtido com a venda do

controle acionário para determinado grupo.

A oportunidade de realizar o ágio nas transações seria deixada de

lado e nada impediria que um grupo privado promovesse aquisição

posteriormente. Assim, o Tesouro Nacional passaria a sua chance de obter

ganho de capital para outrem.

Segundo Werneck (2000), a experiência britânica de privatização

utilizou o mecanismo de venda pulverizada de forma proposital. O objetivo era

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suavizar a resistência da classe média quanto ao programa, oferecendo-lhe a

oportunidade de obter um ganho de capital fácil.

Acredita-se que se o governo quiser realmente desenvolver o mercado

de capitais, deve instituir um arcabouço legal moderno para a Lei das

Sociedades Anônimas, protegendo, efetivamente, os interesses dos sócios

minoritários e reforçando a capacidade de pressão dos acionistas sobre os

administradores e controladores.

Nos últimos anos, os conceitos de governança e transparência

ganharam evidência, proporcionando maior acesso às informações e

participação nas decisões, por parte dos investidores. A BOVESPA, no ano de

2000, criou o Novo Mercado e os Níveis Diferenciados de Governança

Corporativa 1 e 2.

As companhias listadas no Novo Mercado se comprometem, de modo

voluntário, a adotar práticas de governança corporativa adicionais às previstas

na legislação. Já as empresas do Nível 1, devem oferecer melhorias na

divulgação de informações ao mercado e na dispersão acionária, enquanto

que as empresas do Nível 2, necessitam estarem de acordo com o exigido no

Nível 1, além da necessidade de seguir um conjunto mais amplo de práticas de

governança e de maiores direitos para os acionistas minoritários.

8.3 AVALIAÇÃO DO FORTALECIMENTO DO MERCADO DE

CAPITAIS E PULVERIZAÇÃO DE AÇÕES

O modelo de privatização utilizado no país se apresentou como o correto

vide a necessidade de ágio nas transações para que o impacto fiscal imediato

pudesse ser maior. Fica implícito que o ganho de capital acabou por ser do

Tesouro e não dos grupos privados.

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A Tabela 17 evidencia que pessoas físicas não foram maioria dentre os

investidores das estatais nem no período 1990-1994 nem no período 1995-2000.

Entretanto, a participação destas somada a utilização dos recursos do FGTS

,destinados a compra de ações, a partir de 2000, pode ter proporcionado

sensível incremento do mercado de ações.

Albuquerque (2003) revela que a Bovespa divulgou no início de agosto

de 2003, que as pessoas físicas movimentaram 25,8% do total do volume

negociado (R$ 12,5 bilhões) no mês de anterior. Em outubro de 2006, essas

ocuparam a terceira posição no ranking dos investidores, representando

25,23% do total do volume negociado. Poderia-se dizer que houve queda de

participação, analisando financeiramente, se o volume fosse o mesmo,

entretanto, em neste mês, o volume totalizou R$ 41,8 bilhões. Isso demonstra

um aumento significativo de capital das pessoas físicas.

O trabalho não tem o interesse de avaliar as causas que levaram a este

aumento de participação, porém defende que a pulverização de empresas pode

ocorrer dentro do mercado de capitais e não num processo de privatização,

onde se perderia a oportunidade de realização de ágios, às vezes significativos.

Assim, condena-se a estratégia do presidente Fernando Collor de Mello,

de devolver a poupança aprisionada em forma de ações, o que acarretaria

em inchaço do mercado de capitais e não necessariamente em

desenvolvimento do mesmo (por desenvolvimento, entende-se a entrada de

pessoas dispostas a correr os riscos existentes; por inchaço, entende- se a

entrada de pessoas angustiadas, buscando uma oportunidade de recuperar o

capital capturado).

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PROGRAMA BRASILEIRO DE PRIVATIZAÇÃO

A necessidade de realizar mudanças nas diretrizes econômicas na

década de 80 resultou no processo de privatização iniciado na década seguinte.

O programa atuou primeiramente na área industrial, nos setores de

siderurgia, fertilizantes, e petroquímico, passando posteriormente a empresas de

serviço.

A dificuldade em criar aparatos regulatórios eficientes acabou por atrasar

a venda de algumas estatais, entretanto, estes foram fundamentais para que a

experiência fosse bem sucedida.

Se o setor de telecomunicações pode ser considerado como o

expoente de uma regulação apropriada, o setor elétrico, pela ausência de uma

legislação clara e específica, vem a ser considerado como a maior falha do

programa brasileiro. O custo dessa ausência foi a crise energética ocorrida em

2001.

Todavia, o impacto positivo das receitas de venda sobre a dívida pública,

além do aumento de eficiência das ex-estatais, faz com que possamos avaliar

positivamente as privatizações.

Ao contrário do que foi apresentado durante os debates presidenciais

na eleição de 2006, privatizar não significa doar o patrimônio da sociedade

a grupos privados, mas aproveitar a oportunidade de fazer com que

determinadas empresas possam apresentar um desempenho superior.

Acrescenta-se, ainda, que o governo não dispunha de condições de

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10

efetuar todos os investimentos realizados pelos grupos privados, já que o nível

de poupança pública é baixo no país.

Podemos, também, afirmar que o PIB seria afetado negativamente

sem a maior eficiência das empresas privatizadas.

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6

CONCLUSÃO

Em meados da década de 70, iniciou-se o processo de

democratização do país. O governo militar pretendia criar uma base

partidária sólida para que, ao final da ditadura, continuasse no poder.

O seu objetivo estava claramente condicionado a um bom desempenho

econômico. Entretanto, sua visão curto-prazista resultou em graves desequilíbrios

por que passaria a economia nacional na década de 80.

A opção por ajustes estruturais e políticas econômicas restritivas era

comumente descartada em detrimento do crescente endividamento público. A

curiosidade é que as estatais eram muitas vezes responsáveis por tais

financiamentos, seja com objetivos de contenção do déficit em conta corrente,

seja de investimentos para o desenvolvimento nacional.

Quando o cenário internacional se tornou desfavorável e as taxas de

juros externas aumentaram, as empresas públicas (haviam contraído

empréstimos muito acima das suas necessidades) viram suas despesas

financeiras crescerem rapidamente. Essas também foram agravadas pela

desvalorização cambial de 1981.

Destacam-se, ainda, os constantes congelamentos de preços e tarifas

públicas ao longo da década de 80, que diminuíram consideravelmente a

capacidade de autofinanciamento de tais empresas (evidencia-se o objetivo

antiinflacionário).

Entendendo que o setor público precisava de um modelo de

avaliação distinto, o governo juntamente com o FMI, chegou a um novo critério,

dividindo o resultado do setor em primário, operacional e nominal.

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7

É interessante mencionar que o uso de políticas fiscais restritivas,

visando o aumento de arrecadação e a diminuição de gastos, tinha impacto

muito reduzido sobre o resultado nominal. Este considerava qualquer

correção monetária e cambial sobre a dívida já consolidada. Assim, o

mecanismo de indexação da economia brasileira se mostrou nocivo quando o

clima ficou instável. A política de juros altos, a inflação acelerada e as correções

cambiais aumentaram significativamente o déficit público.

A utilização das estatais como instrumentos de política macroeconômica

ganham um novo contorno, se observarmos que um dos objetivos do programa

brasileiro de privatização era a modernização do parque industrial.

Evidencia-se, assim, que a desestruturação do setor público não se

deu apenas em âmbito fiscal e no endividamento externo, mas também em nível

de produtividade. A falta de reinvestimento promoveu a perda da qualidade de

seus serviços e a deterioração de seu desempenho.

O comportamento das empresas públicas em 1976 também deve ser

mencionado. Enquanto o governo adotava uma política monetária e fiscal

contracionista, e, logo, tinha um dispêndio menor de recursos sobre os

investimentos na FBCF, as estatais seguiam em direção oposta, elevando

significativamente seus investimentos neste indicador.

O que pode ser avaliado como uma nova forma de atuação do governo na

economia, também abre caminho para a formulação da seguinte questão: o

governo perdeu o controle sobre as estatais?

No ano citado, especificamente, tais empresas estavam financiando os

investimentos públicos aprovados pelo II PND. Logo, configurava-se uma

Page 106: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

8

nova forma de atuação do governo. Porém, quase 10 anos depois, as

estatais seguiam liderando os investimentos na FBCF. A própria criação da

SEST, confirma a intenção do governo em controlar gastos.

Se considerarmos a mudança do objetivo do governo brasileiro, no

que tange a economia, de uma década para outra (leia-se do crescimento

– década de 70 – para a estabilização – década de 80) e que as empresas

públicas eram responsáveis por parte significativa do investimento e do

consumo doméstico, seria difícil alcançar o objetivo da estabilização sem que

houvesse um controle sobre o ritmo de expansão das estatais.

Assim, a imposição de limites sobre os gastos correntes, de capital e de

investimentos, demonstravam a necessidade do governo em tomar as rédeas da

situação. E, revelando-se que apenas os gastos com investimentos foram

mantidos sob controle, o governo demonstrava enfrentar sérias dificuldades

em aliar as empresas públicas aos seus interesses, o que faz com que a

resposta da pergunta seja positiva.

Portanto, a desestruturação do setor público está intimamente ligada a

utilização das estatais como instrumentos de políticas macroeconômicas.

Quanto ao impacto fiscal, devemos considerar duas formas de

avaliação: receita de venda x dívida pública e eficiência x aumento da

arrecadação de tributos.

A primeira se mostrou positiva, apesar do crescimento considerável

da dívida pública. Pode-se dizer que sem os recursos provenientes das

privatizações, a dívida estaria em uma situação mais grave.

A segunda, apesar de aparentemente ser negativa, é positiva se levarmos

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9

em conta o estoque de créditos-fiscais das estatais, pagos

antecipadamente pelos grupos privados. Contudo, o resultado tende a ser

ainda melhor, com a diminuição das deduções que os impostos vêm

sofrendo. Em outras palavras, criou-se o conceito de impostos líquidos e

impostos brutos.

Sendo assim, o encurtamento de tais deduções tende a provocar um

impacto fiscal real positivo, além da maior lucratividade averiguada nas ex-

estatais propiciar constantes reinvestimentos, que deverão produzir incremento

de eficiência e, então, maior impacto fiscal. Um ciclo extremamente vantajoso

para o governo.

O estudo do caso brasileiro também evidencia a necessidade de aparatos

regulatórios coesos. Foi assim que o setor de telecomunicações se tornou um

grande sucesso e o setor elétrico um fracasso. É bem verdade que o governo

vem tentando aprimorar a legislação do último, entretanto, os resultados desse

ajuste ainda não se encontram evidentes.

Há que se destacar o impacto social promovido pelas privatizações. Além

do aumento do número de empregados em quase todos os setores estudados, a

melhoria da qualidade dos serviços também se faz presente. A inclusão social

proporcionada pelas telecomunicações pode ser avaliada como espetacular, se

considerarmos o curto espaço de tempo em que tudo ocorreu.

Quanto a um dos objetivos da Lei nº 8.031, o fortalecimento do mercado

de capitais e, preferencialmente, pulverização das ações, o resultado possui

duas vertentes: efetivamente, houve o ingresso de pessoas físicas em tal

mercado, porém talvez não em quantidade suficiente para que possamos

notar um desenvolvimento significativo do mesmo.

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10

Conclui-se que o programa brasileiro de privatização deve ser visto

de maneira positiva para o país. Os impactos fiscal e social foram expressivos,

apesar de não percebidos por parte da sociedade. O conceito de que a venda

de uma estatal representa a “doação do patrimônio público” necessita ser

reavaliado, em vista de que a maior eficiência dessas empresas (ambiente

micro) pode gerar efeitos benignos sobre a economia como um todo

(ambiente macro).

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6

ANEXO I

Balanço De Pagamentos - Brasil

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6

Balanço de pagam

entos

US$ milhões

Discriminação

1947

1948

1949

1950

1951

1952

1953

1954

1955

1956

1957

1958

1959

Balança comercial (fob)

96

207

139

414

44

-302

395

147

319

407

106

66

72

Exportação de bens

1152

1180

1096

1355

1769

1418

1539

1562

1423

1482

1392

1243

1282

Importação de bens

-1056

-973

-957

-942 -1725

-1720

-1145

-1415

-1104

-1075

-1285

-1177

-1210

Serviços e rendas (líquido)

-276

-315

-271

-319

-536

-421

-393

-378

-344

-419

-393

-327

-407

Serviços

-221

-210

-170

-209

-379

-300

-227

-243

-230

-278

-265

-219

-256

Receita

64

64

62

41

60

65

109

94

117

149

193

162

156

Despesa

-285

-274

-232

-250

-439

-365

-336

-337

-347

-427

-458

-381

-412

Rendas

-55

-105

-101

-110

-157

-121

-166

-135

-114

-141

-128

-108

-151

Receita

5 3

3 2

2 4

5 11

6 3

7 4

3 Despesa

-60

-108

-104

-112

-159

-125

-171

-146

-120

-144

-135

-112

-154

Transferências unilaterais correntes

1/

-24

-7

-3

-2

-2

-2

-14

-5

-10

-11

-13

-4

-10

TRANSAÇÕES CORRENTES

-204

-115

-135

93

-494

-725

-12

-236

-35

-23

-300

-265

-345

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

349

-52

72

-111

266

708

41

236

34

190

309

425

345

Conta capital 2

/ 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

Conta financeira

349

-52

72

-111

266

708

41

236

34

190

309

425

345

Investimento direto

55

67

44

39

63

94

60

51

79

139

178

128

158

Investimento brasileiro direto

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Participação no capital

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro direto

55

67

44

39

63

94

60

51

79

139

178

128

158

Participação no capital

55

67

44

39

63

94

60

51

79

139

178

128

158

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimentos em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento brasileiro em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Ações de companhias estrangeiras

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Ações de companhias brasileiras

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Derivativos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Ativos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Passivos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Outros investimentos

294

-119

28

-150

203

614

-19

185

-45

51

131

297

187

Outros investimentos brasileiros

0 -37

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Outros investimentos estrangeiros

294

-82

28

-150

203

614

-19

185

-45

51

131

297

187

ERROS E OMISSÕES

-9

100

96

-12

147

-10

-69

11

13

16

-170

-190

-25

RESULTADO DO BALANÇO

136

-67

33

-30

-81

-27

-40

11

12

183

-161

-30

-25

Page 111: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

Discriminação

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

Balança comercial (fob)

-24

111

-90

112

343

655

438

213

26

318

232

-344

-241

Exportação de bens

1269

1403

1214

1406

1430

1595

1741

1654

1881

2311

2739

2904

3991

Importação de bens

-1293

-1292

-1304

-1294

-1086

-941 -1303

-1441

-1855

-1993

-2507

-3247

-4232

Serviços e rendas (líquido)

-498

-389

-402

-326

-317

-446

-548

-566

-630

-713 -1092

-1300

-1452

Serviços

-304

-206

-203

-182

-129

-191

-271

-278

-333

-377

-473

-572

-743

Receita

187

130

79

91

113

147

126

157

185

256

313

359

404

Despesa

-491

-336

-282

-272

-242

-338

-398

-435

-519

-632

-786

-931 -1147

Rendas

-194

-183

-199

-144

-188

-255

-277

-288

-297

-337

-619

-729

-709

Receita

5 5

5 6

5 14

14

28

19

34

64

61

152

Despesa

-199

-188

-204

-150

-193

-269

-291

-316

-315

-371

-683

-790

-861

Transferências unilaterais correntes

1/

4 15

39

43

55

75

79

77

22

31

21

14

5 TRANSAÇÕES CORRENTES

-518

-263

-453

-171

81

284

-31

-276

-582

-364

-839 -1630

-1688

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

493

390

472

210

134

-35

47

49

680

936

1281

2173

3793

Conta capital 2

/ 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

Conta financeira

493

390

472

210

134

-35

47

49

680

936

1281

2173

3793

Investimento direto

138

147

132

87

86

154

159

115

135

207

378

448

441

Investimento brasileiro direto

0 0

0 0

0 0

0 0

-2

-12

-14

-1

-19

Participação no capital

0 0

0 0

0 0

0 0

-2

-12

-14

-1

-19

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro direto

138

147

132

87

86

154

159

115

137

219

392

449

460

Participação no capital

138

147

132

87

86

154

159

115

137

219

392

449

460

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimentos em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 53

30

40

139

Investimento brasileiro em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Ações de companhias estrangeiras

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro em carteira

0 0

0 0

0 0

0 0

0 53

30

40

139

Ações de companhias brasileiras

0 0

0 0

0 0

0 0

0 53

30

40

79

Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

60

Derivativos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Ativos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Passivos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Outros investimentos

355

243

340

123

48

-189

-112

-66

545

676

873

1685

3213

Outros investimentos brasileiros

-57

-26

-20

-15

78

-221

-217

-107

-69

-22

-127

-196

-247

Outros investimentos estrangeiros

412

269

360

138

-30

32

105

41

614

698

1001

1881

3460

ERROS E OMISSÕES

11

51

-137

-76

-217

-31

-25

-35

-1

-41

92

-7

433

RESULTADO DO BALANÇO

-14

178

-118

-37

-2

218

-9

-262

97

531

534

537

2538

Page 112: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

Discriminação

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

Balança comercial (fob)

7 -4690

-3540

-2255

97

-1024

-2839

-2823

1202

780

6470 13090

12486

Exportação de bens

6199

7951

8670 10128

12120

12659

15244

20132

23293

20175

21899

27005

25639

Importação de bens

-6192

-12641 -12210 -12383 -12023 -13683 -18084 -22955 -22091 -19395 -15429 -13916 -13153

Serviços e rendas (líquido)

-2119

-2814

-3461

-4172

-4923

-6030

-7880

-10059 -13094 -17039 -13354 -13156 -12877

Serviços

-1027

-1541

-1451

-1589

-1500

-1770

-2320

-3039

-2819

-3491

-2310

-1658

-1594

Receita

594

809

1032

969

1100

1243

1366

1665

2160

1740

1633

1870

2033

Despesa

-1621

-2350

-2484

-2558

-2600

-3012

-3687

-4704

-4979

-5230

-3943

-3528

-3627

Rendas

-1093

-1274

-2010

-2583

-3423

-4261

-5560

-7020

-10275 -13548 -11044 -11498 -11283

Receita

351

749

401

318

390

680

1285

1406

1382

1487

719

1257

1666

Despesa

-1443

-2023

-2411

-2901

-3813

-4941

-6844

-8426

-11658 -15035 -11763 -12755 -12949

Transferências unilaterais correntes

1/

27

1 2

1 0

71

11

143

186

-14

111

161

143

TRANSAÇÕES CORRENTES

-2085

-7504

-6999

-6426

-4826

-6983

-10708 -12739 -11706 -16273 -6773

95

-248

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

4111

6531

6374

8499

6151 11884

7624

9610 12746

12101

7419

6529

197

Conta capital 2

/ 0

0 0

0 0

0 7

25

13

6 -3

9 6

Conta financeira

4111

6531

6374

8499

6151 11884

7617

9585 12733

12095

7422

6520

190

Investimento direto

1148

1154

1095

1219

1685

2056

2210

1544

2315

2740

1138

1459

1337

Investimento brasileiro direto

-33

-54

-108

-172

-142

-124

-198

-367

-207

-376

-188

-42

-81

Participação no capital

-33

-54

-108

-172

-142

-124

-198

-367

-207

-376

-188

-42

-81

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro direto

1181

1208

1203

1391

1827

2180

2408

1910

2522

3115

1326

1501

1418

Participação no capital

1181

1208

1203

1391

1827

2180

2408

1910

2522

2910

1559

1598

1357

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 205

-233

-97

61

Investimentos em carteira

261

140

96

419

720

929

640

351

-3

-2

-288

-272

-231

Investimento brasileiro em carteira

-4

-4

-4

-11

-5

-1

3 0

-3

-3

-9

-5

-3

Ações de companhias estrangeiras

-4

-4

-4

-11

-5

-1

3 0

-3

-3

-9

-5

-3

Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro em carteira

265

144

100

430

724

930

637

351

1 2

-279

-268

-228

Ações de companhias brasileiras

194

119

100

161

6 -9

-2

-12

14

16

-3

-2

-11

Títulos de renda fixa

71

25

0 269

718

939

638

363

-14

-14

-276

-265

-217

Derivativos

0 0

0 0

0 0

32

43

48

18

17

38

27

Ativos

0 0

0 0

0 0

32

43

48

18

17

38

27

Passivos

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Outros investimentos

2702

5237

5183

6861

3746

8899

4735

7648 10373

9339

6555

5295

-944

Outros investimentos brasileiros

-590

-443

33

-544

-413

-1270

-711

-589

-1407

-454

-9

-6

779

Outros investimentos estrangeiros

3292

5680

5151

7406

4159 10169

5446

8237 11780

9793

6564

5302 -1723

ERROS E OMISSÕES

355

-68

-439

615

-611

-639

-130

-343

-415

-369

-670

403

-405

RESULTADO DO BALANÇO

2380

-1041

-1064

2688

714

4262

-3215

-3472

625

-4542

-24

7027

-457

Page 113: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

Discriminação

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

Balança comercial (fob)

8304

11173

19184

16119

10752

10580

15239

13299

10466

-3466

-5599

-6753

-6575

Exportação de bens

22349

26224

33789

34383

31414

31620

35793

38555

43545

46506

47747

52994

51140

Importação de bens

-14044 -15051 -14605 -18263 -20661 -21040 -20554 -25256 -33079 -49972 -53346 -59747 -57714

Serviços e rendas (líquido)

-13707 -12676 -15096 -15334 -15369 -13543 -11336 -15577 -14692 -18541 -20350 -25522 -28299

Serviços

-2557

-2258

-2896

-2667

-3596

-3800

-3184

-5246

-5657

-7483

-8681

-10646 -10111

Receita

1798

1947

2255

3124

3752

3296

4080

3954

4392

4929

5038

6876

7897

Despesa

-4356

-4204

-5151

-5791

-7348

-7096

-7264

-9200

-10049 -12412 -13719 -17522 -18008

Rendas

-11150 -10418 -12200 -12667 -11773 -9743

-8152

-10331 -9035

-11058 -11668 -14876 -18189

Receita

968

568

770

1310

1158

905

1115

1307

2261

3369

5235

5159

4599

Despesa

-12118 -10986 -12971 -13976 -12931 -10648 -9268

-11639 -11296 -14427 -16904 -20035 -22787

Transferências unilaterais correntes 1/

80

65

92

246

833

1555

2206

1602

2414

3622

2446

1823

1458

TRANSAÇÕES CORRENTES

-5323

-1438

4180

1032

-3784

-1407

6109

-676

-1811

-18384 -23502 -30452 -33416

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

1432

3259

-2098

629

4592

163

9947

10495

8692

29095

33968

25800

29702

Conta capital 2

/ 7

5 2

-3

1 0

37

83

174

352

454

393

320

Conta financeira

1425

3254

-2101

632

4591

163

9910

10412

8518

28744

33514

25408

29381

Investimento direto

174

1031

2630

607

364

87

1924

799

1460

3309

11261

17877

26002

Investimento brasileiro direto

-144

-138

-176

-523

-625

-1015

-137

-492

-690

-1096

469

-1116

-2854

Participação no capital

-144

-138

-176

-523

-625

-1015

-137

-492

-690

-1096

469

-1116

-2854

Empréstimo intercompanhia

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 Investimento estrangeiro direto

317

1169

2805

1130

989

1102

2061

1291

2150

4405

10792

18993

28856

Participação no capital

344

1225

2970

1266

901

972

1580

713

1972

4239

9893

16817

25479

Empréstimo intercompanhia

-27

-56

-165

-137

88

130

481

578

178

166

898

2176

3377

Investimentos em carteira

-475

-428

-498

-421

472

3808

14465

12325

50642

9217

21619

12616

18125

Investimento brasileiro em carteira

1 0

0 -30

-107

0 0

-605

-3405

-1155

-403

1708

-457

Ações de companhias estrangeiras

1 0

0 -30

-107

0 0

-602

-347

-244

-270

-361

20

Títulos de renda fixa

0 0

0 0

0 0

0 -3

-3058

-912

-132

2069

-477

Investimento estrangeiro em carteira

-476

-428

-498

-391

579

3808

14466

12929

54047

10372

22022

10908

18582

Ações de companhias brasileiras

-16

61

189

-58

104

578

1704

6651

7280

3243

6145

6871

995

Títulos de renda fixa

-460

-489

-687

-334

475

3230

12762

6279

46767

7129

15876

4037

17587

Derivativos

20

-11

1 1

2 3

3 5

-27

17

-38

-253

-460

Ativos

20

-11

1 1

2 3

3 7

4 280

99

164

257

Passivos

0 0

0 0

0 0

0 -1

-31

-263

-138

-416

-717

Outros investimentos

1706

2662

-4233

446

3753

-3735

-6482

-2717

-43557 16200

673

-4833

-14285

Outros investimentos brasileiros

1281

-442

3352

-736

-2055

-3250

29

-5404

-13010 -1819

-10316 -1987

-11392

Outros investimentos estrangeiros

426

3105

-7586

1181

5808

-486

-6510

2688

-30547 18019

10989

-2846

-2893

ERROS E OMISSÕES

56

-806

-833

-775

-328

875

-1386

-1111

334

2207

-1800

-3255

-4256

RESULTADO DO BALANÇO

-3836

1015

1249

886

481

-369

14670

8709

7215

12919

8666

-7907

-7970

Page 114: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

Discriminação

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Código Sistema Séries Tem

porais

no SST Nome das séries

Balança comercial (fob)

-1199

-698

2650

13121

24794

33641

44748

2302 Balança comercial (saldo)

Exportação de bens

48011

55086

58223

60362

73084

96475118308

2303 Exportação de bens (fob)

Importação de bens

-49210

-55783

-55572

-47240

-48290

-62835

-73560

2304 Importação de bens (fob)

Serviços e rendas (líquido)

-25825

-25048

-27503

-23148

-23483

-25198

-34113

8029 Serviços e rendas (líquido)

Serviços

-6977

-7162

-7759

-4957

-4931

-4678

-8146

2305 Serviços (líquido)

Receita

7194

9498

9322

9551

10447

12584

16095

7942 Serviços (receita)

Despesa

-14171

-16660

-17081

-14509

-15378

-17261

-24241

7943 Serviços (despesa)

Rendas

-18848

-17886

-19743

-18191

-18552

-20520

-25967

2385 Rendas (líquido)

Receita

3935

3621

3280

3295

3339

3199

3194

7944 Rendas (receita)

Despesa

-22783

-21507

-23023

-21486

-21891

-23719

-29162

7945 Rendas (despesa)

Transferências unilaterais correntes 1/

1689

1521

1638

2390

2867

3236

3558

2410 Transferências unilaterais correntes (líquido)

TRANSAÇÕES CORRENTES

-25335

-24225

-23215

-7637

4177

11679

14193

2301 Transações correntes (saldo)

CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

17319

19326

27052

8004

5111

-7523

-9593

8030 Conta capital e financeira (líquido)

Conta capital 2

/ 338

273

-36

433

498

371

663

2413 Conta de capital (líquido)

Conta financeira

16981

19053

27088

7571

4613

-7895

-10256

2420 Conta financeira (líquido)

Investimento direto

26888

30498

24715

14108

9894

8339

12550

2421 Investimento direto total (líquido)

Investimento brasileiro direto

-1690

-2282

2258

-2482

-249

-9807

-2517

2422 Investimento brasileiro direto - IBD (líquido)

Participação no capital

-1110

-1755

1752

-2402

-62

-6640

-2695

7960 IBD - participação no capital (líquido)

Empréstimo intercompanhia

-580

-527

505

-81

-187

-3167

178

7961 IBD - empréstimos intercompanhia (líquido)

Investimento estrangeiro direto

28578

32779

22457

16590

10144

18146

15066

2430 Investimento estrangeiro direto - IED (líquido)

Participação no capital

29983

30016

18765

17118

9320

18570

15045

7968 IED - participação no capital - inclui reinvestimento - total

(líquido)

Empréstimo intercompanhia

-1405

2763

3692

-528

823

-424

217971 IED - empréstimo intercompanhia - total (líquido)

Investimentos em carteira

3802

6955

77

-5119

5308

-4750

4885

2442 Investimento em carteira - total (líquido)

Investimento brasileiro em carteira

259

-1696

-795

-321

179

-755

-1771

2443 Investimento brasileiro em carteira - IBC (líquido)

Ações de companhias estrangeiras

-864

-1953

-1121

-389

-258

-121

-831

7976 IBC - ações de companhias estrangeiras - total (líquido)

Títulos de renda fixa

1123

258

326

67437

-633

-940

7981 IBC - títulos de renda fixa - LP e CP (líquido)

Investimento estrangeiro em carteira

3542

8651

872

-4797

5129

-3996

6655

2454 Investimento estrangeiro em carteira - IEC (líquido)

Ações de companhias brasileiras

2572

3076

2481

1981

2973

2081

6451

7987 IEC - ações de companhias brasileiras - total (líquido)

Títulos de renda fixa

971

5575

-1609

-6778

2156

-6076

204

7992 IEC - títulos de renda fixa - total (líquido)

Derivativos

-88

-197

-471

-356

-151

-677

-40

2471 Derivativos - total (líquido)

Ativos

642

386

567

933

683

467

508

2472 Derivativos - ativos (líquido)

Passivos

-730

-583

-1038

-1289

-834

-1145

-548

2473 Derivativos - passivos (líquido)

Outros investimentos

-13620

-18202

2767

-1062

-10438

-10806

-27650

2474 Outros investimentos - total (líquido)

Outros investimentos brasileiros

-4397

-2989

-6586

-3211

-9752

-2085

-5035

2475 Outros investimentos brasileiros - OIB - total (líquido)

Outros investimentos estrangeiros

-9223

-15213

9353

2150

-686

-8721

-22615

2484 Outros investimentos estrangeiros - OIE total (líquido)

ERROS E OMISSÕES

194

2637

-531

-66

-793

-1912

-280

2514 Erros e omissões

RESULTADO DO BALANÇO

-7822

-2262

3307

302

8496

2244

4319

8036 Resultado do balanço

1/ Até 1978, inclui as transferências unilaterais de capital. – 2/ Inclui transferências unilaterais de capital e cessão de marcas e patentes.

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6

ANEXO 2

EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO - 1950 A 2006*

*(JANEIRO/OUTUBRO)

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6

EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO - 1950 a

2006 (Janeiro/Outubro)

EXPORTAÇÃO

P I B B

RASIL

EXP BRASIL (FOB)

MUNDIAL (FOB)

Período

US$ bi

Tx. real

Abert.

US$ bi

Var.

Part.%

US$ bi

Var.

(A)

%

econ. /1

(B)

%

B/A

B/C

(C)

%

1950

15,0

6,7

15,3

1,4

23,6

9,0

2,37

57,2

- 1951

18,6

4,6

18,7

1,8

30,6

9,5

2,28

77,5

35,5

1952

21,9

7,6

14,3

1,4

-19,8

6,5

1,90

74,5

-3,9

1953

12,4

4,5

21,7

1,5

8,5

12,4

2,04

75,5

1,3

1954

11,2

7,9

26,5

1,6

1,5

13,9

2,01

77,8

3,0

1955

11,4

8,7

22,2

1,4

-8,9

12,5

1,68

84,8

9,0

1956

14,6

2,5

17,3

1,5

4,1

10,1

1,57

94,5

11,4

1957

21,1

8,4

12,7

1,4

-6,1

6,6

1,37

101,6

7,5

1958

12,2

10,5

19,8

1,2

-10,7

10,2

1,29

96,5

-5,0

1959

15,3

9,5

16,3

1,3

3,1

8,4

1,25

102,4

6,1

1960

17,1

9,6

15,0

1,3

-1,0

7,4

1,11

114,5

11,8

1961

17,2

8,7

15,6

1,4

10,6

8,1

1,17

119,7

4,5

1962

20,0

6,5

12,6

1,2

-13,5

6,1

0,97

125,1

4,5

1963

24,0

0,4

11,3

1,4

15,8

5,9

1,02

137,3

9,8

1964

21,7

3,6

11,6

1,4

1,7

6,6

0,93

153,9

12,1

1965

22,8

2,4

11,1

1,6

11,5

7,0

0,96

167,0

8,5

1966

28,5

6,8

10,7

1,7

9,2

6,1

0,95

183,5

9,9

1967

31,3

4,4

9,9

1,7

-5,0

5,3

0,86

192,6

5,0

1968

34,1

9,7

10,9

1,9

13,7

5,5

0,83

225,8

17,2

1969

37,4

9,4

11,5

2,3

22,9

6,2

0,89

258,4

14,4

1970

42,6

10,4

12,3

2,7

18,5

6,4

0,91

299,7

16,0

1971

49,2

11,4

12,5

2,9

6,0

5,9

0,86

335,9

12,1

1972

58,8

11,9

14,0

4,0

37,4

6,8

1,00

399,9

19,1

1973

84,1

13,9

14,7

6,2

55,3

7,4

1,11

556,1

39,1

1974

110,4

8,1

18,7

8,0

28,3

7,2

0,96

829,1

49,1

1975

129,9

5,2

16,1

8,7

9,0

6,7

1,02

850,7

2,6

1976

154,0

10,3

14,6

10,1

16,8

6,6

1,06

958,7

12,7

1977

177,2

4,9

13,6

12,1

19,7

6,8

1,12

1.086,3

13,3

Page 117: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

EXPORTAÇÃO

P I B B

RASIL

EXP BRASIL (FOB)

MUNDIAL (FOB)

Período

US$ bi

Tx. real

Abert.

US$ bi

Var.

Part.%

US$ bi

Var.

(A)

%

econ. /1

(B)

%

B/A

B/C

(C)

%

1978

201,2

5,0

13,1

12,7

4,4

6,3

1,01

1.257,6

15,8

1979

223,5

6,8

14,9

15,2

20,4

6,8

0,94

1.625,0

29,2

1980

237,8

9,2

18,1

20,1

32,1

8,5

1,04

1.940,8

19,4

1981

258,6

-4,3

17,6

23,3

15,7

9,0

1,21

1.924,2

-0,9

1982

271,3

0,8

14,6

20,2

-13,4

7,4

1,14

1.765,5

-8,2

1983

189,5

-2,9

19,7

21,9

8,5

11,6

1,26

1.734,5

-1,8

1984

189,7

5,4

21,6

27,0

23,3

14,2

1,47

1.840,6

6,1

1985

211,1

7,9

18,4

25,6

-5,1

12,1

1,37

1.872,0

1,7

1986

257,8

7,5

14,1

22,3

-12,8

8,7

1,09

2.046,4

9,3

1987

282,4

3,6

14,6

26,2

17,3

9,3

1,09

2.401,1

17,3

1988

305,7

-0,1

15,8

33,8

28,8

11,1

1,23

2.742,0

14,2

1989

415,9

3,2

12,7

34,4

1,8

8,3

1,15

2.981,5

8,7

1990

469,3

-4,4

11,1

31,4

-8,6

6,7

0,93

3.395,3

13,9

1991

405,7

1,0

13,0

31,6

0,7

7,8

0,90

3.498,5

3,0

1992

387,3

-0,5

14,5

35,8

13,2

9,2

0,97

3.708,0

6,0

1993

429,7

4,9

14,9

38,6

7,7

9,0

1,04

3.725,1

0,5

1994

543,1

5,9

14,1

43,5

12,9

8,0

1,04

4.204,0

12,9

1995

705,4

4,2

13,7

46,5

6,8

6,6

0,92

5.042,0

19,9

1996

775,5

2,7

13,0

47,7

2,7

6,2

0,90

5.308,0

5,3

1997

807,8

3,3

14,0

53,0

11,0

6,6

0,96

5.518,0

4,0

1998

787,9

0,1

13,8

51,1

-3,5

6,5

0,95

5.386,0

-2,4

1999

536,6

0,8

18,1

48,0

-6,1

8,9

0,86

5.583,0

3,7

2000

602,2

4,4

18,4

55,1

14,7

9,1

0,88

6.295,0

12,8

2001

509,8

1,3

22,3

58,2

5,7

11,4

0,97

6.031,0

-4,2

2002

459,4

1,9

23,4

60,4

3,7

13,1

0,96

6.306,0

4,6

2003

506,8

-0,2

24,0

73,1

21,1

14,4

0,99

7.365,0

16,8

2004

604,0

4,9

26,4

96,5

32,0

16,0

1,08

8.945,0

21,5

2005

796,3

2,3

24,1

118,3

22,6

14,9

1,16

10.186,0

13,9

2006

113,4

0,97

11.721,0

15,1

Page 118: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

SALDO

IMPORTAÇÃO

IMP BRASIL (FOB)

COMERCIAL

IMP BRASIL (CIF)

MUNDIAL (CIF)

Período

US$ bi

Var.

Part.%

US$ bi FOB

US$ bi

Var.

US$ bi

Part.%

(D)

%

D/A

(B - D)

(E)

%

(F)

E/F

1950

0,9

-1,6

6,3

0,4

1,0

-

59,6

1,68

1951

1,7

83,1

9,3

0,0

1,9

90,0

82,3

2,31

1952

1,7

-0,3

7,8

-0,3

1,9

0,0

81,4

2,33

1953

1,1

-33,5

9,2

0,4

1,2

-36,8

77,4

1,55

1954

1,4

23,7

12,6

0,1

1,5

25,0

80,4

1,87

1955

1,1

-22,0

9,7

0,3

1,2

-20,0

90,3

1,33

1956

1,0

-5,3

7,2

0,4

1,1

-8,3

99,4

1,11

1957

1,3

22,8

6,1

0,1

1,4

27,3

109,1

1,28

1958

1,2

-8,2

9,7

0,1

1,3

-7,1

101,8

1,28

1959

1,2

2,6

7,9

0,1

1,3

0,0

108,1

1,20

1960

1,3

6,9

7,6

0,0

1,4

7,7

121,1

1,16

1961

1,3

-0,1

7,5

0,1

1,4

0,0

126,8

1,10

1962

1,3

0,9

6,5

-0,1

1,4

0,0

133,9

1,05

1963

1,3

-0,6

5,4

0,1

1,4

0,0

145,8

0,96

1964

1,1

-16,2

5,0

0,3

1,2

-14,3

162,1

0,74

1965

0,9

-13,4

4,1

0,7

1,0

-16,7

176,1

0,57

1966

1,3

38,5

4,6

0,4

1,4

40,0

193,7

0,72

1967

1,4

10,6

4,6

0,2

1,7

21,4

213,2

0,80

1968

1,9

28,7

5,4

0,0

2,1

23,5

237,0

0,89

1969

2,0

7,4

5,3

0,3

2,3

9,5

269,4

0,85

1970

2,5

25,8

5,9

0,2

2,8

21,7

314,4

0,89

1971

3,2

29,5

6,6

-0,3

3,7

32,1

345,8

1,07

1972

4,2

30,3

7,2

-0,2

4,8

29,7

406,7

1,18

1973

6,2

46,3

7,4

0,0

7,0

45,8

561,3

1,25

1974

12,6

104,2

11,5

-4,7

14,2

102,9

824,6

1,72

1975

12,2

-3,4

9,4

-3,5

13,6

-4,2

869,9

1,56

1976

12,4

1,4

8,0

-2,3

13,7

0,7

975,2

1,40

1977

12,0

-2,9

6,8

0,1

13,3

-2,9

1.116,8

1,19

Page 119: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS …1.2 Década De 70 1.2.1 Cenário Externo O ano de 1973 foi marcado pelo crescimento significativo da economia mundial². Este teve como sustentação

6

SALDO

IMPORTAÇÃO

IMP BRASIL (FOB)

COMERCIAL

IMP BRASIL (CIF)

MUNDIAL (CIF)

Período

US$ bi

Var.

Part.%

US$ bi FOB

US$ bi

Var.

US$ bi

Part.%

(D)

%

D/A

(B - D)

(E)

%

(F)

E/F

1978

13,7

13,8

6,8

-1,0

15,1

13,5

1.292,0

1,17

1979

18,1

32,2

8,1

-2,8

19,8

31,1

1.630,3

1,21

1980

23,0

26,9

9,7

-2,8

25,0

26,3

2.006,3

1,25

1981

22,1

-3,8

8,5

1,2

24,1

-3,6

1.990,0

1,21

1982

19,4

-12,2

7,2

0,8

21,1

-12,4

1.860,3

1,13

1983

15,4

-20,4

8,1

6,5

16,8

-20,4

1.800,2

0,93

1984

13,9

-9,8

7,3

13,1

15,2

-9,5

1.918,4

0,79

1985

13,2

-5,5

6,2

12,5

14,3

-5,9

1.942,1

0,74

1986

14,0

6,8

5,4

8,3

15,6

9,1

2.121,3

0,74

1987

15,1

7,2

5,3

11,2

16,6

6,4

2.484,6

0,67

1988

14,6

-3,0

4,8

19,2

16,1

-3,0

2.834,7

0,57

1989

18,3

25,0

4,4

16,1

19,9

23,6

3.068,3

0,65

1990

20,7

13,1

4,4

10,8

22,5

13,1

3.491,6

0,64

1991

21,0

1,8

5,2

10,6

23,0

2,2

3.609,9

0,64

1992

20,6

-2,3

5,3

15,2

23,1

0,4

3.847,5

0,60

1993

25,3

22,9

5,9

13,3

27,7

19,9

4.021,2

0,69

1994

33,1

31,0

6,1

10,5

36,0

30,0

4.430,0

0,81

1995

49,8

50,5

7,1

-3,3

53,8

49,4

5.267,4

1,02

1996

53,3

7,1

6,9

-5,6

56,8

5,6

5.534,2

1,03

1997

59,7

12,0

7,4

-6,8

63,3

11,4

5.592,7

1,13

1998

57,7

-3,4

7,3

-6,6

61,0

-3,6

5.524,4

1,10

1999

49,3

-14,7

9,2

-1,3

51,8

-15,1

5.818,6

0,89

2000

55,8

13,3

9,3

-0,7

59,1

14,1

6.613,3

0,89

2001

55,6

-0,4

10,9

2,6

58,7

-0,6

6.438,8

0,91

2002

47,2

-15,0

10,3

13,1

49,9

-14,9

6.684,4

0,75

2003

48,3

2,2

9,5

24,8

51,0

2,2

7.806,9

0,65

2004

62,8

30,0

10,4

33,7

66,4

30,0

9.481,7

0,70

2005

73,5

17,1

9,2

44,8

77,7

17,1

10.797,2

0,72

2006

75,5

37,9

12.424,3

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6

COMÉRCIO MUNDIAL PIB MUNDO Período Em volume US$ bi Tx. real % % 1950 ... ... ... 1951 ... ... ... 1952 ... ... ... 1953 ... ... ... 1954 ... ... ... 1955 ... ... ... 1956 ... ... ... 1957 ... ... ... 1958 ... ... ... 1959 ... ... ... 1960 ... ... ... 1961 ... ... ... 1962 ... ... ... 1963 ... ... ... 1964 ... ... ... 1965 ... ... ... 1966 ... ... ... 1967 ... ... ... 1968 ... ... ... 1969 ... ... ... 1970 ... ... ... 1971 ... ... ... 1972 ... ... ... 1973 ... ... ... 1974 ... ... ... 1975 ... ... ... 1976 ... ... ... 1977 ... ... ... 1978 ... ... ... 1979 ... ... ... 1980 ... ... ... 1981 ... ... ... 1982 ... ... ... 1983 ... ... ... 1984 ... ... ... 1985 ... ... ... 1986 ... ... ... 1987 ... ... ... 1988 ... ... ... 1989 ... ... ... 1990 ... 22.489 2,6 1991 ... 23.888 1,8 1992 ... 24.041 2,0 1993 3,6 24.442 2,3 1994 10,1 26.261 3,7 1995 9,3 29.120 3,7 1996 7,2 29.870 4,1 1997 10,5 29.736 4,2 1998 4,5 29.508 2,8 1999 5,6 30.613 3,7 2000 12,1 31.436 4,9 2001 0,0 31.175 2,6 2002 3,4 32.357 3,1 2003 5,3 36.790 4,1 2004 10,6 41.304 5,3 2005 7,4 44.507 4,9 2006 8,9 47.827 5,1

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9BRASIL. Lei nº 8.031, de 12 de abril de 1990. Dispõe sobre a criação do

Programa Nacional de Desestatização, e dá outras providências. Casa civil

subchefia para assuntos jurídicos.

. Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997. Decreta e sanciona a legislação

sobre organização dos serviços de telecomunicações, a criação e

funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais,

nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995. Casa civil subchefia

para assuntos jurídicos.

. Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional de

Energia Elétrica - ANEEL, disciplina o regime das concessões de serviços

públicos de energia elétrica e dá outras providências. Casa civil subchefia

para assuntos jurídicos.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 2

DEDICATÓRIA 3

RESUMO 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

Precedentes 8

1. – Período – 1945-1969: O Brasil e o Mundo 8

2. – A desestruturação do setor público 47

3. – O conceito de privatização 50

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174. – A complexidade que envolve o processo 51

5. – Por que privatizar? 52

6. – Processo de privatização no Brasil 55

7. – Avaliação do programa brasileiro de privatização 77

8. - A Importância da Regulação 93

9. - Considerações finais sobre o programa brasileiro de privatização 101 CONCLUSÃO 103

ANEXOS 108

BIBLIOGRAFIA 121

ÍNDICE 131