universidade candido mendes projeto: avm - pós-graduação sergio domingos seixas.pdf · banco...
TRANSCRIPT
1
Universidade Candido Mendes Projeto: AVM – A Vez do Mestre
Pós-Graduação Curso: Marketing
Fundação Bradesco Uma questão de Responsabilidade Social e Marketing
Social
Mário Sérgio Domingos Seixas
Monografia apresentada no Curso de Pós-Graduação em Marketing. Sob orientação da professora Aleksandra
Sliwowska Bartsch, MSc
Niterói 2005
2
Universidade Candido Mendes
Projeto: AVM – A Vez do Mestre Pós-Graduação
Curso: Marketing
Fundação Bradesco Uma questão de Responsabilidade Social e Marketing Social
Mário Sérgio Domingos Seixas
Monografia apresentada no Curso de Pós-Graduação em Marketing. Sob orientação da professora Aleksandra Sliwowska
Bartsch, MCs
Banca Examinadora Aprovada em _______ / _____ / ________ _________________________________ _________________________________ _________________________________
3
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus por minha vida, pela minha família e
pela oportunidade de poder concluir este curso. Agradeço também pelos
obstáculos que sempre aparecem em nossos caminhos nos trazendo novos
aprendizados. E aos amigos de sempre que contribuíram direta e
indiretamente para conclusão deste trabalho. Aos professores que sempre
me deram atenção quando precisava. E eu sempre precisava. Enfim, muito
obrigado a todos de verdade.
4
Resumo
Os representantes do setor empresarial estão conscientes de que a
boa qualidade dos produtos e o baixo preço das ofertas não são suficientes
para sustentar a fidelidade dos consumidores. Por isso, suas preocupações
vêm se estendendo à esfera do social, por meio de estratégias que têm
proporcionado ganhos significativos tanto para o setor empresarial como
para a sociedade. Em meio a essas transformações, os conceitos de
“marketing social” e “responsabilidade social” adquirem novas dimensões,
sugerem novas leituras.
O presente trabalho visa abordar e a delimitar os conceitos de
“responsabilidade social” e de “marketing social”, a partir da análise do
trabalho desempenhado pela “Fundação Bradesco” e desenvolvido pelo
Banco Bradesco S. A.
5
Sumário
Introdução ............................................................................... 06 a 08
Capítulo l – O Surgimento do Terceiro Setor e o conceito de
Responsabilidade Social ................................................................ 09
Capítulo l – 1.1 – Conceituando Responsabilidade Social, Ética e
Cidanania .................................................................................. 09 a 11
Capítulo l – 1.2 – O Surgimento do Terceiro Setor ................... 11 a 13
Capítulo l – 1.3 – Responsabilidade Social ............................... 14 a 17
Capítulo l – 1.4 – O Papel das Fundações ............................... 17 a 18
Capítulo ll – Marketing e o Marketing Social ................................ 19
Capítulo II – 2.1 – O Princípio do Marketing ............................. 19 a 20
Capítulo ll – 2.2 – Marketing Contemporâneo ........................... 20 a 21
Capítulo ll – 2.3 – As Pré Condições do Marketing Social ................ 21
Capítulo ll – 2.4 – Marketing Social ou Marketing para Causas Sociais
................................................................................................... 22 a 26
Capítulo ll – 2.5 – A Essência do Marketing Social .......................... 27
Capítulo lll – Fundação Bradesco ................................................. 28
Capítulo lll – 3.1 – Banco Bradesco S/A ................................... 28 a 30
Capítulo lll – 3.2 – O Projeto da Fundação Bradesco ............... 31 a 33
Capítulo lll – 3.3 – O site ........................................................... 33 a 34
Conclusão ................................................................................ 35 a 36
Bibliografia ...................................................................................... 37
Bibliografia de Referência .............................................................. 38
6
Introdução
A ética, a filantropia, a preservação do meio ambiente, a educação, a
“transparência” e os valores empresariais são temas que vêm adquirindo
atenção especial por parte dos meios acadêmicos e empresariais brasileiros,
assim como um grande espaço na mídia local. Com base neste fato,
podemos perceber uma nova postura adotada por estes setores. Esta nova
atitude pode ser definida como sendo da ordem da responsabilidade social.
O caráter extremamente competitivo do setor empresarial leva as
empresas a adotarem novas estratégias para garantirem um destaque no
mercado. É o que os novos especialistas chamam de Marketing Social, que
vem fazendo a diferença nas campanhas publicitárias das empresas.
Este tipo de estratégia não é tão recente. Em Kotler (1978), temos
que:
“Acreditamos que o Marketing
Social forneça um sistema conceitual rico
para a solução dos problemas que
surgem com a introdução de mudanças
de idéias práticas de um público-alvo.”.
(...) “O Marketing Social geralmente
significa que o especialista de marketing
está agindo, primordialmente, de acordo
com o interesse do grupo-alvo ou da
sociedade”.1
É importante ressaltar que, além dos interesses voltados para a
obtenção de lucro, algumas empresas têm manifestado preocupações
relativas ao bem-estar social. Assim, muitas delas se unem e formam
parcerias para o desenvolvimento de um projeto comum.
1 KOTLER, Philip. Marketing para organizações que não visam o lucro. Tradução BARROS, H.. São Paulo, Ed. Atlas, 1978, pp. 287-289.
7
Ainda no que se refere ao desenvolvimento de projetos sociais, no
Brasil, o setor privado tem trabalhado em conjunto com o próprio Estado,
com a Sociedade Civil e Organizações Não-Governamentais.
No primeiro capítulo deste trabalho é apresentado o surgimento do
Terceiro Setor e o conceito de Responsabilidade Social. O Terceiro Setor e
as Organizações Não Governamentais (ONGs), enquanto peças integrantes
de uma dinâmica político social única, em constante transformação.
Na Sociedade Civil encontramos vários grupos de indivíduos
trabalham na concepção de idéias e na elaboração de novas políticas
públicas e campanhas sociais a serem apresentadas ao Estado e às
empresas.
Por sua parte o setor privado participa dessa dinâmica elaborando e
captando recursos que contribuem ao desenvolvimento e à manutenção de
projetos sociais, apresentados pelas ONGs.
No segundo capítulo são apresentados os conceitos de Marketing e
Marketing Social ou Marketing para Causas Sociais, no âmbito das atuais
tendências de formação de parcerias e a aproximação dos interesses das
organizações para com a sociedade. As novas ferramentas aplicadas nesta
nova vertente do Marketing. E como resultado dessa aproximação entre o
setor privado e sociedade, temos os esforços múltiplos para atingir metas
comuns.
No terceiro capítulo deste trabalho será realizado um estudo e uma
análise de caso, para ali delimitar o que seria da ordem de “responsabilidade
social”. Assim, temos como objeto de estudo o trabalho desenvolvido pelo
Banco Bradesco através da Fundação Bradesco. Análise esta realizada a
partir dos dados extraídos pelo site oficial da Fundação Bradesco e também
pelas publicações do Banco Bradesco.
O Banco Bradesco, por meio da Fundação Bradesco, elabora e
desenvolve uma série de trabalhos sociais voltados para a formação
educacional e profissional de crianças, adultos e portadores de deficiência.
Assunto este abordado no terceiro capítulo.
A questão social é um assunto que há tempos vem ganhando a
atenção do setor empresarial. A cada dia, são estabelecidos novos
8
programas e projetos que buscam solucionar problemas sociais de diversos
países. As empresas começam a perceber que seu trabalho junto a
sociedade precisa de um melhor posicionamento e que podem ser capazes
de dar maior contribuição para a melhoria de via para os grupos sociais que
as mantém ativas no mercado.
No caso do Brasil, as empresas vêm contribuindo com a sociedade,
junto à comunidade, através de trabalhos sociais elaborados em conjunto
com entidades e organizações não governamentais. Através da análise do
trabalho desenvolvido pela Fundação Bradesco, serão delimitados os
conceitos de Responsabilidade Social e Marketing Social. Em seguida,
tentar encontrar uma resposta pra a questão que se impõe quando se pensa
em qual dessas duas noções se aplica melhor ao perfil do projeto da
Fundação Bradesco, sendo ele um caso de responsabilidade social ou de
marketing social.
9
CAPÍTULO I
O Surgimento do Terceiro Setor o conceito de
Responsabilidade Social
Com o importante crescimento do terceiro setor, no Brasil, têm se
percebido a necessidade de uma melhor adequação das organizações sem
fins lucrativos ao mercado. Elas devem ajustar-se a este meio competitivo,
pois a concorrência por recursos e por apoio é um fato concreto. Assim,
essas organizações têm de elaborar ações para um comprometimento maior
e efetivo da sociedade.
1.1 – Conceituando Responsabilidade Social, Ética e
Cidadania
Na tentativa de delimitar o conceito de responsabilidade social,nos
deparamos com dois outros conceitos aos quais o primeiro encontra-se
diretamente ligado. São eles os de ética e cidadania.
Etimologicamente, a palavra responsabilidade deriva do latim
respondere, responder. No dicionário Michaellis2, o verbete responsabilidade
anuncia “a qualidade de responsabilidade anuncia “a qualidade de
responsável”, que “responde por atos próprios ou de outrem”, que “deve
satisfazer os seus compromissos ou de outrem”.
As diferentes significações atribuídas ao termo suscitam questões
ligadas ‘as noções de dever, de obrigação legal ou moral que, por sua vez,
nos fazem penetrar o campo da ética.
Discutir a ética e suas relações com a responsabilidade social é fato
que nos remete diretamente ao problema do costume – hábitos ligados ‘as
manifestações de cada coletividade através de suas tradições, vivências e
crenças. 2 MICHAELLIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo. Companhia Melhoramentos, 1998, p.1829.
10
De acordo com Solano Fleta3 , costume: “...é a criação normativa de
um grupo com tal competência jurídica que possibilita dar origem a ovas
regras mediante sua conduta uniforme”, e uso “é esta conduta, porém de um
grupo carente de poder normativo. Para que o uso tenha significado jurídico
precisa ser recebido de fora, do Estado ou de um grupo capacitado pelo
Direito.”
Basicamente podemos definir dois tipos de uso: aquele que, com o
passar do tempo, se transforma em costumes jurídicos (regulamentados),
pois cumprem todas as condições materiais e formais destes. E o uso que,
por não satisfazer determinados requisitos, não se caracteriza como
costume de Direito, isto é, norma exigida, ampliada pelos mecanismos
sancionadores correspondentes.
Seguindo este raciocínio Solano Fleta define responsabilidade social:
“Entende-se por responsabilidade social, o conjunto de obrigações inerentes
a evolução de um estado ou condição com força ainda não reconhecidas
pelo ordenamento jurídico positivo ou desconhecidas parcialmente, mas cuja
força que se vincula e sua prévia tipificação procedem da íntima convicção
social de que não segui-la constitui uma transgressão da norma da cultura.”4
Uma análise mais profunda do conteúdo dessa definição dá margem
a algumas ideais. Podemos conceber que a convicção social que determina
uma norma ou conjunto de obrigações, ainda que não reconhecidas pelo
ordenamento jurídico positivo, pertencem ao campo da ética, ou seja, os
valores morais e os princípios ideais de conduta humana. Assim sendo
podemos afirmar que responsabilidade social é o processo resultante de
determinados grupos ou organismos sociais.
Entrecruzando-se com o conceito de ética, posto que a ele
permanece estreitamente vinculado, vamos encontrar o conceito de
cidadania. Inúmeros fatos poderiam ser regatados a analisados numa
tentativa de pontuar historicamente os aspectos econômicos, políticos e
sociais que favoreceram o processar do conceito de cidadania nas diversas
sociedades. Acreditamos, no entanto, que esse resgate oferece conteúdo
3 FLETA, Luis Solano. Fundamentos de las relaciones públicas. Madri: Editorial Sínteses, 1995 4 FLETA, Luis Solano. Fundamentos de lãs relaciones públicas, Madri: Editorial Sínteses, 1995, p.14.
11
para um trabalho à parte. Partindo dessa constatação, nos limitaremos a
apontar apenas alguns fatos a título de introdução na área da cidadania
organizacional, em especial no contexto brasileiro.
1.2 - O Surgimento do Terceiro Setor
A palavra Filantropia vem do grego e significa “amor ‘a humanidade”,
implicando uma ação altruísta e desprendida. Assim, este termo já não cabia
mais a esta ação, as fundações, institutos e empresas desempenhavam
programas num momento em que a ótica de mercado já não permitia este
desprendimento, exigindo a previsão de retorno do investimento realizado
tanto em relação ao beneficiário como principalmente ao investidor. É claro
que este retorno não de traduz apenas em moeda, mais também em
desenvolvimento. Filantropia, no entanto, não é igual a desenvolvimento
social, que é uma ação tradicionalmente atribuída ao Primeiro Setor.
Sob o impacto de um Estado que vem diminuindo sua ação social e
de uma sociedade com necessidades cada vez maiores, cresce a
consciência nas pessoas, tanto físicas quanto jurídicas, de que é necessário
posicionar-se de maneira pró-ativa no espaço público, se o que deseja é um
desenvolvimento social sustentado. Trata-se portanto de um processo de
revolução no papéis sociais tradicionais e desta forma o Terceiro Setor
apresenta-se como um espaço de participação e experimentação de novos
modos de pensar agir sobre a realidade social. É o surgimento de uma
esfera pública não-estatal e de iniciativas privadas de sentido público como
um programa de ação que busca comprometer governo e sociedade civil
através de novos espaços e canais de interlocução.
Segundo alguns autores, como Rubem César Fernandes, por
exemplo, o Terceiro Setor é mais rico em sua eficácia simbólica que em
resultados quantitativos. Já para Lester Salamon vê esta realidade dotada
de uma grande força econômica, pois ao gerar capital social, o Terceiro
Setor, longe de ser eficiente, parece mais decisivo para o progresso
econômico e para a democracia que o capital humano ou físico.
12
O conceito de Terceiro Setor não se refere, no entanto, a uma massa
de instituições homogêneas. Cabem dentro do conceito tanto aquelas que
doam recursos como as que recebem. A idéia de independência é também o
que caracteriza esta realidade nova constituída pela emergência dos
cidadãos e de suas organizações como atores do processo de consolidação
da democracia e do desenvolvimento social. Recorre-se hoje a expressão
Terceiro Setor para distingui-lo do primeiro, que é o setor publico, e do
segundo, representado pelas atividades lucrativas. Com esta denominação
enfatíza-se o caráter autônomo e inédito desse algo novo que está mudando
a sociedade e que se define por não ser nem governo nem empresa, por
não querer submeter-se nem a lógica do mercado nem a lógica
governamental.
O Terceiro Setor, por sua vez, é um campo marcado por uma
diversidade de atores e formas de organização. Na década de 80 foram as
ONGs que , articulando recursos e experiências na base da sociedade,
ganharam visibilidade enquanto novos espaços de participação cidadã. Hoje,
percebe-se que o conceito de Terceiro Setor é bem mais abrangente. Inclui
o amplo aspecto das instituições filantrópicas dedicadas a prestação de
serviços nas áreas de saúde, educação e bem estar social. Compreende-se
também que as organizações voltadas para a defesa dos direitos de grupos
específicos da população, como as mulheres, negros e povos indígenas, ou
de proteção ao meio ambiente, promoção do esporte, da cultura e do lazer.
Engloba as múltiplas experiências de trabalho voluntário, pelas quais
cidadãos exprimem sua solidariedade através da doação de tempo, trabalho
e talento para causas sociais. Mais recentemente temos observado o
fenômeno crescente da filantropia empresarial, pelo qual as empresas
concretizam sua responsabilidade e compromisso com a melhoria da
comunidade.
No Brasil, como de resto em toda a América Latina, o Terceiro Setor
existe, está em processo de fortalecimento e tem um papel insubstituível na
mobilização de recursos humanos e materiais para o enfrentamento de
desafios como o combate à pobreza, à desigualdade e à exclusão social.
13
Existe ainda uma inegável dificuldade da burocracia governamental
para entender os objetivos e o tipo de atuação das entidades do Terceiro
Setor. Por outro lado, também em determinados setores persiste uma certa
desconfiança em relação a parcerias com o governo, entretanto, estas
reticências recíprocas tendem a ser superadas mediante o diálogo e o
desenvolvimento de iniciativas concretas de parceria.
O lugar das ações do governo está claramente demarcado. Cabe ao
governo garantir os direitos essenciais e universais dos cidadãos, os quais,
por sua vez, podem e devem exigir que isso se faça de modo eficiente. No
Brasil o papel da sociedade civil foi bastante significativo na defesa de
direitos básicos de cidadania quando eles não estavam garantidos. Hoje é
tarefa e responsabilidade dos ministérios governamentais assegurar o
acesso à educação, saúde, ao trabalho, e à cultura a todos os cidadãos
deste país. Isto, no entanto, não é suficiente em países como nosso, com
uma herança profunda de desigualdade e marginalização. O Brasil precisa
de ações diretas e pontuais visando a corrigir distorções e desequilíbrios que
se acumularam ao longo do tempo. O fortalecimento da sociedade civil e de
sua atuação no campo do desenvolvimento social é o caminho correto para
que possamos superar essa herança pesada de injustiça e exclusão. Este
caminho alivia a tarefa do governo, retirando de seus ombros uma parcela
de sua responsabilidade.
A grande contribuição que está sendo dada pelo Terceiro Setor é a
busca e experimentação, ainda que em escala pequena, de soluções
inovadoras para os problemas que ele se propõe a enfrentar. É essa
construção de novas formas de agir na área social que distingue a atuação
do Terceiro Setor da ação governamental. Organizações da sociedade civil
ganharam uma competência no modo de se relacionar e intervir junto a
grupos sociais específicos, como por exemplo, crianças em situação de
risco. Para serem bem-sucedidas, iniciativas voltadas para estes grupos
mais frágeis e vulneráveis requerem regras e modos de atuação que só se
constroem através da ação e experimentação. É essa eficácia que o governo
precisa aprender, daí a importância dessa integração entre atores diferentes.
14
1.3 - Responsabilidade Social
O movimento de responsabilidade social empresarial ganhou força no
Brasil principalmente a partir do final da década de 80. Segundo dados
recentes Ipea, órgão de estudos do governo, cerca de 59% das empresas
brasileiras realiza algum projeto ou ação social voltada para a comunidade.
Esta porcentagem representa 462 mil empresas com um ou mais
empregados. O Instituto Ethos, que congrega 666 empresas, prega a
responsabilidade social entendida como um conjunto de responsabilidades e
atitudes que uma empresa deve adotar frente a: funcionários, suas famílias,
fornecedores, governo, consumidores, meio-ambiente e comunidade. È o
aspecto de comunidade que trabalha e denomina o investimento social
privado para não confundir com os outros aspectos de responsabilidade
social que têm interesse privado diferentemente da ação comunitária que é
de interesse público.
Responsabilidade Social é, um resumo, uma filosofia e uma prática
empresarial voltadas para a viabilização de ações que levem a empresa ou
instituição comprometer-se com a comunidade em que se inserem. Isso
significa respeita sues funcionários, oferecendo-lhes um ambiente de
trabalho favorável, propiciando-lhes treinamento, possibilidade de ascensão
profissional e remuneração adequada, valorizando sempre a sua
participação no processo de tomada de decisões. Significa, também,
preservar o meio ambiente, praticar o consumo sustentável, desenvolver
projetos comunitários e mobilizar os seus colaboradores para o trabalho
voluntário. Esta consciência passa a ser gradativamente assumida pelas
empresas modernas e hoje já se constitui num indicador importante para os
profissionais que buscam trabalho e para os consumidores que anseiam por
produtos e serviços.
Uma empresa, que não é socialmente responsável, pelos critérios
atuais (a vigilância do consumidor e do cidadão é cada vez mais intensa)
jamais poderá ser considerada de excelência, ainda que fabrique produtos e
preste serviços de qualidade. A sociedade questionará sempre, movida por
esta nova consciência, a empresa que aufere novos lucros, mas agride o
15
meio ambiente, porque estes dois fatos são incompatíveis e uma empresa
líder não pode conviver com estas contradições.
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, do Brasil,
por exemplo, tem feito um amplo trabalho no sentido de difundir a nova
filosofia, encontrado gradativamente, um maior número de parceiros
engajados neste compromisso com a comunidade. Os eventos que realiza,
as publicações que elabora, o seu site atualizado e rico de informações,
além de sua competência em comunicação tem contribuído para sensibilizar
empresas, executivos e formadores de opinião que multiplicam esta filosofia.
Cada vez mais é necessário enfatizar o novo conceito da
“responsabilidade social das empresas”. No Brasil, ainda se entende e se
confunde a responsabilidade social empresarial ou a cidadania empresarial
com o investimento que a empresa faz na comunidade. É até muito comum
ouvirmos de uma organização: “somos uma empresa socialmente
responsável porque apoiamos determinado projeto ou fazemos doações
para a comunidade”.
Isso é altamente louvável e importante, mas o conceito de
responsabilidade social das empresas, enquanto relacionamento das
organizações com a comunidade e com a sociedade, é muito mais amplo.
O que é esse conceito, essa cultura da responsabilidade social das
empresas? Estamos tratando da relação ética, da relação socialmente
responsável da empresa em todas as sua ações, em todas as suas políticas,
em todas as suas práticas, em todas as suas relações. Isso significa
responsabilidade social da empresa em relação à comunidade, aos seus
empregados, aos seus fornecedores, aos fornecedores de seus
fornecedores, ao meio ambiente, ao governo, ao poder público, aos
consumidores, ao mercado, aos acionistas.
Quando nos propomos a abarcar todas essas relações estamos nos
referindo à forma de gestão empresarial. A responsabilidade social
empresarial é uma forma, uma filosofia de gestão das empresas. Nossa vida
assim como as organizações complexas podem ser administradas de várias
maneiras. A cada momento, a cada instante, cada um de nós,
pessoalmente, nas suas tarefas profissionais, toma decisões. Como agir
16
naquele momento; quais as conseqüências dessa ação; o que faremos no
futuro próximo ou distante?
Há muitos casos no Brasil de empresas que tem ações junto à
comunidade, investem em projetos de educação informal. E quando são
questionadas sobre o grau de escolaridade de seus empregados, muitas
vezes não sabem informar. Embora aquela empresa esteja destinando uma
verba para uma organização que atende crianças carentes, ela não
perguntou qual é a situação educacional dos filhos de seus empregados.
Em vários balanços sociais estão registradas ações que as empresas
fazem por obrigação legal. Para começo de conversa, no conceito de
responsabilidade social, está implícito o cumprimento da legislação. A
Responsabilidade Social Empresarial começa a partir disso, ou seja,
decisões que precisam ser tomadas não por que a lei obriga. A
responsabilidade social deve ser vista como ações de livre e espontânea
vontade. É uma decisão voluntária, calcada não na legislação, mas na ética,
nos princípios e nos valores.
Está passando o tempo onde se avalia a responsabilidade social de
uma empresa apenas pelo fato de ela destinar uma verba para o hospital da
comunidade. Dentro da visão de um novo mundo, é indispensável que se
tenha a visão global da responsabilidade social como forma de gestão
empresarial. As empresas estarão cada vez mais dependentes das pessoas.
Seu sucesso e seu fracasso estão diretamente relacionados ao desempenho
das pessoas.
Responsabilidade social é isso. As pessoas querem ser bem tratadas.
E na medida em que são bem tratadas, elas respondem positivamente,
apóiam, colaboram, participam, se relacionam bem, admiram e são os
motivos de sustentação da empresa. Se o consumidor percebe que esta
empresa é responsável, certamente ele vai preferir meus produtos.
Sendo uma empresa socialmente responsável se pode produzir maus
produtos. Uma empresa socialmente responsável fabrica produtos de
qualidade, seguros, e presta bons serviços. Isso faz parte do respeito ao
consumidor. Se o consumidor, além disso, souber que minha empresa
investe na comunidade, respeita o meio ambiente, que não se envolve em
17
corrupção, que é transparente, cada vez mais ele vai viabilizar ações
levando em conta essas qualidades.
A empresa depende da qualidade do compromisso, do
comprometimento e do talento dos seus empregados. E os bons
profissionais, quando podem escolher, preferem trabalhar em empresas
socialmente responsáveis. E não é apenas uma questão de trabalhar. Eles
estabelecem um outro relacionamento, um outro compromisso e esse
talento, esse compromisso, são fundamentas para o sucesso das empresas.
Para o Brasil de hoje, a grande contribuição das empresas é colaborar para
a construção de uma sociedade mais justa e ambientalmente saudável.
1.4 - O papel das Fundações
Historicamente, é evidente que a criação dessas fundações tem sido
altamente desejável, do ponto de vista das instituições de caridade ou
organizações voluntárias que têm sido beneficiárias. Entretanto, o ambiente
instável do consumidor em que os clientes buscam ainda mais transparência
nas organizações com quem fazem negócios, e numa época em que o
público espera que as corporações declarem sua posição na sociedade e
sua contribuição à comunidade, essas entidades ou fundações apresentam
um dilema.
Por um lado, as fundações são transparentes e podem ser vistas
como separadas da corporação. Mas na realidade, dada a grande
quantidade delas e o desinteresse dos consumidores por questões
complexas e talvez não essenciais, o relacionamento entre uma fundação e
uma corporação pode não ficar claro, principalmente se elas tiverem o
mesmo nome. O outro dilema – que talvez exerça mais pressão, o ponto de
profissional de marketing – é que se uma soma muito grande de dinheiro
proveniente dos lucros da empresa é dedicada a causas beneficentes, a
corporação não deveria ser beneficiária dessa generosidade. Uma opção
interessante seria a empresa destinar parte da verba destinada ‘as
comunicações de marketing para esclarecer o papel da fundação e deixar
claro que é uma organização separada, mas relacionada, que sta fazendo
18
um excelente trabalho, sem se deixar levar pelo motivo dos lucros. Embora
esta ação seja teoricamente possível, parece ser um procedimento indireto,
e é improvável que tenha um verdadeiro impacto no consumidor.
O principal aspecto é que hoje em dia os clientes estão esperando
que as empresas se envolvam em atividades altruístas ou “nobres” e cada
vez mais os consumidores exigem saber de que modo a empresa está
realizando um papel responsável dentro da sociedade. Se esse papel já
estiver sendo desempenhado por um representante, por meio de uma
fundação ou entidade filantrópica, então parece certo que a empresa deveria
ganhar crédito pelo trabalho beneficente que está realizando.
19
CAPÍTULO II
Marketing e o Marketing Social
2.1 – O princípio do Marketing
No século XIX, a preocupação básica do fabricante era vender e
distribuir o que já havia sido produzido. Ninguém se preocupava em atender
aos gostos, interesses e anseios particulares do mercado. A razão para tal
atitude era muito simples. Naquela época, o padrão de vida das massas,
mesmo nos países mais progressistas da Europa, estava estagnado em
níveis muito baixos. Quase ninguém se via com dinheiro sobrando no bolso,
para escolher livremente o que mais lhe agradasse, depois de satisfeitas as
necessidades básicas da vida. Evidentemente, o sentido do marketing,
naqueles tempos, teria de ser completamente diferente do que é hoje – se é
que o marketing chegava a ser considerado como uma atividade isolada.
Até o começo do século XX, em todos os países do mundo, o
problema crucial enfrentado pelo empresário foi, portanto, a produção. A
princípio tratava-se de improvisar os meios para produzir em larga escala
uns poucos bens e serviços básicos à vida, solicitados cada vez mais pelas
populações urbana em crescimento. Em seguida tratava-se de produzir os
itens mais sofisticados, solicitados por uma elite em evolução, ávida por
experimentar os mesmos prazeres até então reservados para uns poucos
nobres e burgueses milionários.
Respondendo a esta solicitação, a capacidade de produção começou
lentamente a expandir-se, a princípio nos Estados Unidos e em seguida nos
grandes países da Europa Ocidental. Quando a capacidade de produção
igualou à procura potencial, e começou em muitos ramos a superá-la, surgiu
a necessidade de técnicas de venda mais agressivas, propaganda e manejo
dos preços, como armas de competição. Pode-se situar a década de vinte
como o ponto a partir do qual o maior risco de uma empresa deixou de ser a
20
perda de seus fatores de produção, para tornar-se a eventual
impossibilidade de encontrar mercado para as mercadorias produzidas.
A etapa seguinte foi a percepção, pelos produtores, de que a única
maneira de minimizar este risco e garantir uma base de crescimento firme
para sua produção seria uma compreensão mais perfeita e profunda do que
realmente interessava ao mercado. Em outros termos, era preciso conhecer
melhor quais os verdadeiros anseios, interesses e necessidades concretas e
subjetivas dos consumidores aos quais se destinam as mercadorias
produzidas. Pouco a pouco, tomava forma o conceito básico de marketing
moderno: produz-se aquilo que os consumidores desejam.
2.2 - O Marketing Contemporâneo
Depois da primeira Revolução Industrial, o mundo passou por mais
duas “revoluções” – a segunda Resolução Industrial (que foi a revolução da
alta tecnologia aplicada à produção) e a Revolução da Informática, ainda em
pleno desenvolvimento.
Cada uma dessas revoluções influiu profundamente no contexto
socioeconômico e na natureza das transações comerciais. A segunda
Revolução Industrial alterou as escalas de bens e serviços, e acelerou a
mobilidade social e a conscientização do cidadão como consumidor ou
usuário de produtos e serviços. Graças a uma renda mais alta, as pessoas
passaram a comprar mais bens e serviços supérfluos. Mas, principalmente,
passaram a exercer mais poder de escolha das marcas e dos fornecedores.
Na razão direta em que se tornava mais afluente e bem informado, o
consumidor tornou-se também mais exigente e disputado. Ou seja, é como a
diferença que existe entre o antigo “freguês de cadernetas”, que comprava
tudo no armazém onde tinha crédito, e o atual cliente de supermercado, que
exerce em sua plenitude o direito de escolher o local e as marcas mais
vantajosas.
Em nível mundial, este panorama tornou-se ainda mais
impressionante pela abertura das fronteiras nacionais à concorrência de
produtos vindos do exterior. Agora o consumidor americano ou europeu
21
muda com facilidade a naturalidade para marcas importadas, obrigando os
fabricantes a trabalhar com padrões realmente globais de qualidade e
preços.
Hoje o marketing está direcionado e segmentado a diversas áreas
com o intuito de melhorar sua aplicabilidade. Neste sentido, apresenta-se a
seguir o Marketing Social, uma vertente recente do marketing
contemporâneo aplicado por diversas empresas de médio e grande porte.
2.3 – As Pré-Condições do Marketing Social
Durante a segunda metade do século, a intensa concorrência entre
fabricantes, o poder de vários varejistas e a rapidez dos avanços
tecnológicos dificultaram a comunicação das marcas, a sua clara posição
diferenciada no mercado e a sustentação dos altos preços necessários. Com
a “redução da intermediação” via Internet, esses problemas se tornarão
ainda mais complexos para as marcas.
Esse problema tem sido exacerbado pela fragmentação da mídia e do
perfil da audiência ao mesmo tempo, visto que um aumento fenomenal no
volume das comunicações comerciais dirigidas ao mercado. Os
consumidores reagiram, passando cada vez mais a “descartar” as
mensagens irrelevantes.
Muitos experientes observadores de mercados perceberam que
adquirir novos clientes é uma forma cada vez mais dispendiosa de se tentar
construir e aumentas sua participação, porque geralmente isso é feito à
custa da rentabilidade. Ao mesmo tempo a verdadeira conscientização do
valor do tempo de vida de um cliente fiel levou a uma preocupação muito
maior com a retenção deste consumidor. Por isso, foram lançados vários
programas de fidelidade nos últimos anos fazendo com que aparecessem
descontos constantes nas vendas dos produtos. Entretanto, há uma
percepção cada vez maior de que a verdadeira fidelidade não poder ser
“comprada”, ela precisa der “conquistada” pelas marcas.
“Comprar fidelidade não é apenas
dispendioso, está se tornando mais difícil
22
porque os consumidores nas economias
ocidentais adquiriram riquezas materiais
que não poderiam ter sido imaginadas
três gerações atrás.”5
Isso significa que a riqueza material está se tornando cada vez menos
relevante para a satisfação e felicidade pessoal, à medida que o desejo de
“pertencer” ou fazer parte, de “auto-estima” e de “auto-realização” se tornam
mais importantes.
Ao mesmo tempo, houve um declínio alarmante nos níveis de
confiança nas instituições tradicionais, nos pilares da comunidade, como a
Igreja, o governo e a política, às quais as pessoas se acostumaram a
“pertencer” ou fazer parte das quais muitas derivaram a noção de direção
social e autoridade moral. Assim, uma série de fatores combinaram-se para
questionar e ameaçar as marcas e , ao mesmo tempo, oferecer
oportunidades: a ameaça da competição global e mercados cada vez mais
com a oportunidade de atrelar uma nova forma de comunicação e de se
diferencias em meio a essas diversidades e multiplicidade existentes e
agregar novos valores desejáveis à marca por meio do Marketing para
Causas Sociais.
2.4 - Marketing Social ou Marketing para Causas
Sociais
Um dos aspectos mais interessantes o Marketing para Causas
Sociais (MCS) é que esta não é uma idéia totalmente nova. Mas chegou a
hora de essa idéia per posta em prática. As empresas que possuem o
melhor marketing já provaram para si mesmas o poder do MCS em termos
de imagem e de vendas. Agora é a vez de todos os profissionais de
marketing avaliarem o potencial do MCS para as marcas de suas empresas.
O Marketing Social não é “fogo de palha”, ou um simples modismo
passageiro de marketing. Ao rever a história da caridade e da filantropia, fica
5 PRINGLE Hamish e Thompson Marjorie – Marketing Social – Marketing para Causas Sociais e Construção de Marcas – Ed. Makron Books, pág.03 – Tradução: Maria Lúcia G. L. Rosa
23
claro que as motivações que levam ao comportamento altruísta, quando se
quer, ao mesmo tempo, obter ganhos comerciais, têm origens séculos atrás.
“O termo marketing social apareceu
pela primeira vez em 1971, para descrever o
uso princípios e técnicas de marketing para
a promoção de uma causa, idéia cu
comportamento social. Desde então, passou
a significar uma tecnologia de gestão da
mudança social, associada ao projeto,
implantação e controle de programas
voltados para o aumento da disposição e
aceitação de uma idéia, ou prática social,
em um ou mais grupos de adotantes
escolhidos como alvo”.6
Na medida em que inicia-se novos tempos e com o amadurecimento
da atividade econômica, há mias evidências de que os consumidores estão
procurando novos tipos de “valores de marca”. Estes valores vão além das
questões práticas do desempenho do produto, do ponto de vista funcional,
ou dos benefícios do produto, em termos racionais, e bem além dos
aspectos emocionais, psicológicos associados ‘a personalidade e a imagem
da marca. As pessoas estão questionando mais o papel das organizações
na sociedade e estão procurando demonstrações de boa cidadania
corporativa, com consciência das necessidades de todas as partes
envolvidas. Auditorias sociais e de sustentabilidade estão se tornando parte
do cenário de relatórios corporativos. Esse desenvolvimento apresenta
implicações profundas para nosso pensamento sobre marcas e a formação
da marca. A fim de permanecer competitivos, os profissionais de marketing
terão de visualizar novas formas de agregar valor as sua marcas, de modo a
satisfazer a demanda do consumidor emergente por atributos de imagens
superiores.
6 KOTLER, Philip e Roberto Eduardo. Marketing Social: Estratégia para Alterar o Comportamento Público. Rio de Janeiro, Campus, 1ª Ed., 1992, p.25.
24
Felizmente, para seus proprietários, há marcas de muito sucesso que
já possuem poderosos sistemas de crença ou ética corporativa que as
impulsionarão nessa nova era. Algumas empresas ou marcas possuem
tamanha clareza de missão e propósitos tão bem consolidados que serão
capazes de responder com facilidade ao desafio imposto pelos
consumidores nessa nova era. No entanto, há um número maior de
empresas e marcas que não têm credibilidade. Para essas empresas, uma
campanha de marketing associada a uma causa humanitária pode fornecer
um benefício a ser oferecido aos seus consumidores e acionistas. Embora
isso possa parecer um exercício potencialmente cínico de manipulação de
imagem, a verdade da questão é que se for abordado dessa forma, então
será. Para se realizar uma campanha de MCS é preciso haver um
compromisso profundo por parte da direção da empresa com a causa.
“Marketing para Causas Sócias
(MCS) pode ser definido como uma
ferramenta estratégica de marketing e de
posicionamento que associa uma
empresa ou marca a uma questão ou
causa social em benefício mútuo.”7
Um programa de Marketing para Causas Sócias pode ser
desenvolvido por meio de uma aliança estratégica entre uma empresa e uma
organização voluntária ou beneficente comprometida cm área de interesse
social definida ou diretamente em benefício de uma causa em si. Seja qual
for o procedimento escolhido, a adoção de uma causa pode dar a
determinada marca uma credibilidade e resultar numa percepção e intenção
de compra significativamente melhor, por parte do consumidor. O Marketing
Social pode também estabelecer relacionamentos valiosos com uma série
de outras partes importantes envolvidas numa empresa, como os
funcionários, fornecedores e órgãos do governo.
O MCS é uma forma efetiva de melhorar a imagem corporativa,
diferenciando produtos e aumentando tanto as vendas quanto a fidelidade.
7 PRINGLE Hamish e Thompson Marjorie – Marketing Social – Marketing para Causas Sociais e Construção de Marcas – Ed. Makron Books, Pág 23 –Tradução: Maria Lúcia G. L. Rosa
25
Entretanto, uma das chaves para se fazer sucesso é assegurar que a marca
e a causa compartilhem o mesmo território. Assim, a velha “promoção
beneficente”, por meio da qual uma marca simplesmente doava uma verba a
qualquer causa válida; ou por meio da qual o departamento de assuntos
corporativos de uma empresa patrocinava uma variedade de causas não
relacionadas estrategicamente, é vista cada vez mais como um patrocínio
sem sentido, mesmo com exploração, em vez de uma parceria viva,
altruísta, em benefício mútuo.
Assim, o entendimento e a interpretação que o marketing faz do
“território” de uma marca precisam ir além de desempenho funcional e da
imagem emocional ou dos anseios da marca, para abranger a “ética” e a
“credibilidade”. Uma forma de fazer isso é desenvolvendo-se um programa
de Marketing para Causas Sócias que combine com esses outros aspectos
essências da marca para criar uma personalidade verdadeiramente holística.
Uma questão interessante para os profissionais de marketing, no
desenvolvimento de suas idéias, é ponderar se seria melhor “ir direto” à
causa ou associar-se a uma instituição filantrópica relevante como “veículo”
para o envolvimento da marca. O benefício da abordagem “direta” é que a
propriedade da campanha de MCS é da empresa ou da marca, e isso fica
claro, o que é de inestimável valor para o ambiente cada vez mais sufocado
pela mídia em que os consumidores vivem.
“O marketing social cria e administra
o todo o processo, cujas ações e
resultados passa a constituir valores que
se agregam aos produtos. O
assistencialismo, mesmo se efetuado de
forma sistemática, pouco agrega ao
conceito da empresa, pois ela não
gerencia nem detém a autoria e o controle
do processo”.8
Construir e sustentar um relacionamento de Marketing nem sempre é
fácil, à medida em se constrói entre dois mundos diferentes _ o comercial e
8 KOZEL JÚNIOR, José. O Top do Marketing Brasileiro. São Paulo, Scipione, 1ª ed., 1997, pág 214.
26
o voluntário. Ambas as partes precisam se unir com transparência e com
intenção de assumir um compromisso de parceria de longo prazo, marcada
por metas adotadas publicamente. Nessa iniciativa conjunta, é vital que
todas as partes envolvidas se responsabilizem por uma agenda
compartilhada e por metas possíveis de serem alcançadas. O compromisso
da direção da empresa com a causa e a reserva de recursos significativos à
campanha é fundamental.
O Marketing Social deve ser encarado como uma fronteira de
negócios, uma das mais eficazes ferramentas de transformação
comportamental.
A sociedade está organizando-se e voltando-se para a melhoria da
qualidade de vida través de iniciativas que vêm transformando todo o mundo
a ação social, sendo que, uma ação social terá maior poder de mudança
quanto mais setores da sociedade conscientizar e mobilizar. O apoio a
projetos socialmente responsáveis é uma relação de troca, um investimento
e não uma doação. Portanto, o que as parcerias com o terceiro setor
propõem são “trocas”, a sociedade ganha com recursos mobilizados em
benefício do bem comum, focando a própria sociedade, e as empresas
contribuem para soluções sociais e definições políticas públicas.
Estes benefícios dizem respeito a uma imagem institucional positiva
da empresa, a um retorno de investimento em forma de reconhecimento
social, valor agregado ‘a imagem como diferencial competitivo e uma frente
de motivação interna e espírito de equipe, pois já existem pesquisas que
registram o alto grau de satisfação de funcionários quando ligados a uma
empresa socialmente ativa.
Num universo que qualidade e preço deixaram de ser um diferencial,
já que o avanço tecnológico praticamente une os concorrentes a
compatibilidade, as ações sociais das empresas passarão a ser o diferencial
na decisão de compra de produtos ou serviços, isto é, numa tendência
globalizada, a decisão de compra será cada vez mais influenciada pela
atitude social das empresas.
27
2.5 - A Essência do Marketing Social
Há diferenças importantes entre uma campanha genuína de
Marketing Social e a antiga campanha com fins beneficentes ou filantrópicos.
Talvez por mias interessantes que seja a campanha a curto prazo e
probabilidade de gerar vendas rápidas é cada vez menor pelo próprio
princípio motivacional da campanha. É por isso que os consumidores cada
vez mais exigentes e que conhecem propaganda analisam esses tipos de
campanhas e identificam após certo tempo a finalidade delas. Essas
tentativas superficiais de passar valores éticos e obter fidelidade do cliente
estão fadadas ao fracasso, numa era em que esses atributos tão valiosos
precisam ser conquistados e não vendidos.
Essa necessidade crescente de compromisso real e integridade no
envolvimento da empresa ou de sua marca com atividades beneficentes ou
filantrópicas apresentam inúmeras conseqüências. A principal delas é a
tendência à concentração maior de esforços localizada em área de atividade
de relevância para a empresa e mais adequação aos valores centrais da
marca. Assim, as empresas estão se associando a um número menor de
atividades beneficentes ou causas filantrópicas. Trata-se de uma rua de mão
dupla: as entidades beneficentes ou filantrópicas também se dispuseram a
aceitar doações e suporte relativamente menores de vários benfeitores ou
empresas. Isso significa um relacionamento menos intenso e a falta de
alavancagem verdadeira de pleno potencial das duas organizações num
trabalho conjunto para benefício mútuo. Muitas entidades beneficentes ou
filantrópicas são marcas poderosas e confiáveis por si mesma e precisam
cada vez mais garantir que seus parceiros comerciais reforcem sues caixas,
em vês de serem depreciadas por eles.
28
CAPÍTULO III
Fundação Bradesco
3.1 – Banco Bradesco S/A
O Banco Bradesco é um grande Banco e uma força importante para o
desenvolvimento econômico do País. Administra os recursos financeiros de
16 milhões de clientes dentro e fora do Brasil. Seu trabalho e administração
já lhes valeram vários prêmios e reconhecimento. Os mais recentes foram os
prêmios As Melhores Empresas na Gestão de Pessoas, do jornal Valor
Econômico, As 150 Melhores Empresas para se Trabalhar no Brasil e As 50
Melhores Empresas para a Mulher Trabalhar, das revistas Exame e Você
S/A.
O Compromisso com o Brasil é amplo, o Bradesco está entre as
empresas que mais investem em ações de responsabilidade social, na
educação de pessoas carentes, em programas de proteção ao meio
ambiente e prática esportiva, em projetos de inclusão digital e em eventos
que enriquecem a cultura.
“Não se trata de filantropia. Para
nós, responsabilidade social é um conceito
claro, bem definido, que faz parte da
estratégia empresarial. Integra nossa
concepção de futuro. O que queremos é
um País próspero, que desenvolva de
maneira sustentada, que garanta aos seus
cidadãos oportunidades de realização
pessoal. Este é o objetivo que dá sentido
ao trabalho de uma empresa moderna.”9
9 MÁRCIO Artur Laurelli Cypriano – Diretor-Presidente do Bradesco – Revista Trabalho Social / Dezembro 2004 / Publicação interna destinada aos colaboradores da Organização Bradesco e familiares.
29
O Bradesco estimula e premia o treinamento e o desenvolvimento
profissional de seus colaboradores, investindo num ambiente de harmonia e
ética profissional com o objetivo de aprimorar constantemente os serviços
que presta no país.
Em 2004 o Bradesco foi premiado pela pesquisa As Melhores
Empresas na Gestão de Pessoas, produzida pelo Hay Group e publicada no
anuário Valor Carreira, do jornal Valor Econômico. Recebeu a primeira
colocação no grupo de empresas com mais de 15 mil colaboradores. A
pesquisa capta vários aspectos do ambiente de trabalho, por meio de
entrevistas com funcionários e notas das por eles em vários quesitos. O
Bradesco foi eleito uma das 150 Melhores Empresas para de Trabalhar no
Brasil e uma das 50 Melhores Empresas para a mulher Trabalhar, segundo
pesquisa promovida pelas revistas Exame e Você S/A em parceria com a
empresa de consultoria Great Place to Work Institute.
O Bradesco oferece aos seus colaboradores, além dos benefícios
previstos em lei, um plano suplementar de Previdência e um seguro-saúde
diferenciado que, além da cobertura tradicional, permite tratamentos como
transplante, diálise e fisioterapia. Aos funcionários são oferecidas, também,
linhas de crédito com taxas subsidiadas.
O aprimoramento profissional é recompensado e estimulado de várias
maneiras. Uma das principais é o programa de treinamento, no qual o
Bradesco investiu, em 2004, cerca de R$ 55 milhões. Uma ferramenta
importante de difusão do conhecimento é o TreiNet. São diversos cursos
oferecidos na Intranet do Bradesco, acessíveis a todos os funcionários, em
qualquer ponto do País.
Em setembro de 2004 o Bradesco aderiu aos Princípios do Equador,
um conjunto de normas que fixa critérios ambientais e de responsabilidade
social para a concessão de créditos para o projeto com valor acima de US$
50 milhões. As normas foram estabelecidas pelo Internacional Finance
Corporation, órgão do Banco Mundial. O Bradesco passa agora a analisar,
no estudo de financiamentos e projetos acima desse valor, itens como
impacto sobre a fauna e a flora, sobre o patrimônio histórico e as
comunidades locais, entre outras coisas.
30
Além do estudo e da discussão das questões ambientais em sala de
aula, os alunos da Fundação Bradesco realizam pesquisas e projetos
ligados à preservação do meio ambiente. São ações que procuram envolver
as comunidades existentes nas imediações das escolas. Vários desses
projetos foram premiados ou adotados por governos municipais, como
políticas públicas. Em março de 2004 o Bradesco reforçou uma antiga
parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica. O Banco passou a vender o
título de capitalização “Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica”. Parte da
arrecadação foi repassada para a ONG e possibilitou o plantio de mais de
três milhões de mudas de espécies nativas de diversas regiões do País. Isto
equivale ao reflorestamento de uma área de 1.800 hectares, ou à proteção
das margens de um rio com 300 quilômetros de extensão.
O Bradesco também apóia grandes festas populares, como o
Carnaval em Salvador, o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, o
Círio de Nazaré, em Belém, e a Festa de São João do Caruaru, em
Pernambuco. São patrocinados também, todos os anos, centenas de
eventos locais, que têm importância para a preservação de tradições da
comunidade. É bastante eclética a atuação do Bradesco no campo cultural.
Em 2004, com o patrocínio da Bradesco Seguros, já foram realizadas seis
apresentações de música clássica. Patrocina ainda a Árvore de Natal
instalada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Com mais de 80
metros de altura, a árvore já se tornou uma das principais atrações turísticas
da cidade.
Um dos maiores acontecimentos culturais do Brasil, este ano, teve o
patrocínio integral do Bradesco. Foi a mostra Picasso na Oca – uma
Retrospectiva. Dezenas de telas, esculturas, peças de cerâmica e trabalhos
em papel do pintor espanhol, pertencentes ao acervo do Museu Pablo
Picasso, de Paris, estiveram em exposição no pavilhão da Oca, no Parque
do Ibirapuera, São Paulo, de janeiro a julho. Nesse período, 905 mil pessoas
visitaram o local. Mais de 280 mil estudantes tiveram acesso gratuito à
mostra, a maior já realizada na América Latina. Na área esportiva, o
Bradesco mantém, em Osasco-SP, o Programa Finasa Esportes, destinados
a meninas carentes. Em 79 núcleos de formação esportiva, 3.832 meninas
31
treinam vôlei e basquete e recebem uniforme, assistência médica e
odontológica gratuitamente.
3.2 – O Projeto da Fundação Bradesco
A Fundação Bradesco foi criada em 1956 por Amador Aguiar com o
objetivo de proporcionar educação e profissionalização às crianças, jovens e
adultos. Inaugurou sua primeira escola em 26.06.1962, na Cidade de Deus –
Osasco/SP, com 300 alunos e 7 professores. Hoje são mais de 40 escolas
em todo o país.
O Bradesco atua em diferentes frentes, possibilitando a realização de
projetos e eventos em benefício da sociedade e valorização da cidadania.
Entre eles, destaca-se o trabalho realizado pela Fundação Bradesco,
entidade voltada para a educação de crianças, jovens e adultos, que atende
gratuitamente a mais de 107 mil alunos em 40 escolas distribuídas por 26
Estados e Distrito Federal. É a maior rede privada de ensino gratuito do País
e atende, prioritariamente, comunidades carentes. O seu orçamento para
2004 é de cerca de R$ 150 milhões.
Além da educação básica, que compreende educação infantil, ensino
fundamental, ensino médio-profissionalizante, mais de 50,820 mil alunos
recebem gratuitamente uniforme, material, merenda escolar e assistência
médico odontológica. A Fundação Bradesco mantém ainda cursos de
educação profissional básica, especialização rápida, informática para
deficientes visuais e alfabetização de adultos.
Na educação de jovens a adultos, o programa atende a pessoas que
não tiveram oportunidade de concluir os estudos na época própria. Para
esse público (trabalhadores de baixa renda e donas-de-casa, em sua
maioria), a Fundação oferece cursos de alfabetização, ensino fundamental e
ensino médio.
No programa de educação profissional básica, o objetivo é atualizar e
qualificar trabalhadores com diferentes níveis de escolaridade. A Fundação
oferece 130 cursos, como Turismo, Informática, Agropecuária etc. Merece
32
destaque o curso de Informática para Deficientes Visuais. Até setembro de
2004, mais de 5 mil pessoas foram beneficiadas pelo programa.
Em trabalhos de parceria, a Fundação Bradesco participa do grupo de
empresas e fundações privadas que criou o Canal Futura, cuja programação
é elaborada pela Fundação Roberto Marinho. São cursos, documentários e
programas educativos, utilizados nas escolas da Fundação, como mais uma
forma de educação. Por meio de Programa Alfabetização Solidária, a
Fundação Bradesco adotou 19 municípios do Nordeste do País,
beneficiando anualmente milhares de alunos. Em seus 48 anos de
existência, a Fundação Bradesco formou mais de meio milhão de alunos.
A principal ação do Bradesco na área da democratização dos
recursos de informática, em 2004, foi a criação dos Centros de Inclusão
Digital (CIDs). São espaços próximos a escolas da Fundação Bradesco,
equipados com computadores conectados à Internet. Nesses centros,
professores e alunos da Fundação ensinam a pessoas de comunidades
carentes como lidar com máquinas e programas. Essas pessoas, por sua
vez, se transformam em monitoras e se encarregam de transmitir o
conhecimento recebido. Foram criados, este ano, 22 CIDs, que atenderam a
3.500 alunos. A meta do projeto para 2005 é incluir 10 mil pessoas carentes
no mundo digital. Este trabalho é realizado em parceria com a Microsoft, a
Intel e a Cisco Systems.
O trabalho da Fundação Bradesco já mereceu o reconhecimento de
várias instituições nacionais e internacionais, como a Universidade de
Harvard, que considera seu projeto referência mundial no Terceiro Setor e
tem como lema: “educar é transformar vidas e abrir caminhos”. Essa tarefa
demanda a afirmação de um conjunto de princípios educacionais e éticos
que orientam ações pessoais e coletivas na condução do projeto maior que
é a formação e profissionalização de muitos brasileiros, nos mais diversos
recantos do país. O que mantém seu trabalho vivo é o engajamento de seus
educadores. Desenvolve propostas pedagógicas que levam em conta as
reflexões contemporâneas sobre educação, nos segmentos de educação
básica, profissional e educação de jovens e adultos. Procura implantar infra-
estruturas que consideram os avanços tecnológicos modernos associados
33
aos recursos de cada região onde estão suas escolas. Na cidade de Deus,
em Osasco está seu núcleo administrativo/pedagógico que organiza,
encaminha e acompanha a dinâmica de todo o sistema educacional. Trata-
se de um grupo de educadores, técnicos, supervisores, compondo a diretoria
da Fundação e todo o corpo administrativo. São profissionais responsáveis
pela gestão de recursos, capacitação profissional e sobretudo pelo
desenvolvimento de todo o projeto educativo.
3.3 – O Site
O site da Fundação Bradesco surgiu como mais uma mídia de
divulgação do lado social da organização Bradesco e também como uma
ferramenta de interação e acompanhamentos dos recentes trabalhos por
eles desenvolvidos.
O site reúne várias informações sobre todos os projetos apoiados e
desenvolvidos pelo Banco Bradesco tornando-se uma ferramenta de suporte
e acesso a todos aqueles que desejam participar ou saber mais sobre a
Fundação Bradesco.
No site é possível encontrar informações sobre a Fundação e como
são desenvolvidos os seus projetos. Explicam como os alunos são
beneficiados pelos projetos, mostram o histórico da Fundação, a localização
da escola e centros de inclusão digital. Pelo site também é possível
consultar o método de ensino aplicado pela Fundação, os projetos de
educação básica, educação de jovens e adultos e educação profissional.
A página inicial do site dispõe de links para os projetos de educação
ambiental e também consulta dos exames de conclusão aplicados aos
jovens e adultos; uma área de pesquisa de conteúdo, os prêmios recebidos
e reconhecimento pelos trabalhos desenvolvidos, as parcerias,
oportunidades de trabalho, trabalhos desenvolvidos pelos ex-alunos e os
endereços das escolas.
É feito também uma espécie de balanço anual que é apresentado no
site com os números de alunos matriculados, com cursos concluídos,
34
escolas e colaboradores, além de valores de investimento anual, gasto e
projeções para os futuros anos.
Se o visitante tiver interesse pode visualizar a estrutura das escolas
em todo o país. Existe a possibilidade também de obter informações
periódicas dos trabalhos desenvolvidos, se cadastrando para o recebimento
de e-mails com novidades sobre os projetos.
35
Conclusão
Conclui-se que o presente trabalho realizou o objetivo inicial de
delimitar os aspectos dos conceitos de Responsabilidade Social e Marketing
Social. Além disso, considerando que foi de fundamental importância a
análise e abordagem dessa dinâmica que se estabelece envolvendo,
principalmente, o Terceiro Setor e as Organizações Não Governamentais;
bem como do modo como o setor empresarial se adequa e estabelece
relações de troca com essa mesma dinâmica.
É preciso destacar que este trabalho buscou abordar dados de
questões bastante atuais. E se essa novidade, por um lado, foi responsável
pelo aporte de uma certa dose de originalidade para tal perspectiva de
estudo, por outro, não nos livros de certos obstáculos. Assim, devido a
diversos fatores _ tais como uma bibliografia um pouco limita sobre o
assunto tratado _ , a análise aqui apresentada foi de difícil realização.
Assim, uma vez que instaurados os critérios da ética e da
responsabilidade social, estes se constituem em importantes guias para as
tomadas de decisão do Estado, ONGs, Sociedade Civil e ta mesmo do
cidadão comum _ considerando-se que estes setores,num trabalho em
conjunto, muito podem fazer pelo desenvolvimento de um país integrante do
sistema mundial de globalização.
Em todo o processo de realização do presente estudo, foi possível
perceber que nesta estrutura, resultante do entrecruzamento desses
diferentes setores, cada um destes tem um peso e um papel que são
fundamentais para a obtenção de um êxito na elaboração de políticas
públicas.
Desta forma observa-se que o projeto realizado pela Fundação
Bradesco, e desenvolvido pela Organização Bradesco, uma empresa
privada, é uma conjunção de estratégias de responsabilidade social e
promoção comercial, para fins da implementação de seus projetos sócias.
No caso do Bradesco, a ênfase está voltada para a estratégia de
responsabilidade social, não somente da empresa, mas principalmente da
36
marca Bradesco que se faz presente no nome da fundação. Isso sem levar
em conta as empresas que trabalham em parceria, como a Rede Globo, por
exemplo, e automaticamente elevando sua imagem institucional que já é
muito bem posicionada. Dessa forma, acontece um processo interessante de
responsabilidade social da marca e das sub-marcas como os projetos e as
parcerias com a Fundação SOS Mata Atlântica que já dispões de um mix de
produtos junto ao Banco Bradesco.
O Bradesco busca, por meio destas parcerias, captar recursos e
meios de investimento para a realização de seus projetos desenvolvidos
pela Fundação em todo o Brasil. No entanto, nem todo projeto e programa
social são necessariamente um trabalho de Marketing Social.
Para que ele cumpra os requisitos de Marketing Social, é necessário
que todos os esforços estejam direcionados para o engajamento dos
públicos a serem beneficiados ou convidados a adotar novos
conhecimentos, práticas e atitudes sociais. No entanto, muitos projetos
sociais apenas trabalham em uma ótica de oferta de serviços sociais. Esse é
o caso típico, por exemplo, da distribuição de cestas básicas de alimentação.
Este não é o objetivo da Fundação Bradesco, visto que este projeto
visa a realização de metas que vão além de uma estratégia de marketing.
Os recursos investidos nos projetos desenvolvidos pela Fundação Bradesco
beneficiam também outros projetos ligados a fundação e muitos deles estão
distantes de uma ótica de Marketing Social.
Pode-se então concluir que o trabalho desenvolvido pela Organização
Bradesco, através dos projetos realizados pela Fundação Bradesco, existe a
utilização de estratégias de Marketing Social, mas a ação de
Responsabilidade Social é predominante em sua estrutura.
37
Bibliografia
PINHO, J. B. O poder da marcas.São Paulo: Summus, 1996.
PRINGLE, Hamish and THOMPSON, Marjorie. Marketing Social.
Marketing para Causas Sociais e a Construção de Marcas.
MAKRON Books. 2000.
KOTLER, Philip e ARMOSTRONG, Gary. Princípios de Marketing,
LTC Editora, 7ª Edição. 1998.
STATION, Willian J. Fundamentos de Marketing. McGrawHill. 1980
OTTMAN, Jacquelyn A. Marketing Verde. Desafios e Oportunidades
para a Nova Era do Marketing. MAKRON Books. 1993
GRACIOSO, Francisco. Marketing: o sucesso em 5 movimentos. São
Paulo. Altas. 1997.
ESTEVES, João Pissarra. Mídia e Prodessos Socioculturais. Nova
Ordem dos Media e Identidades Sócias. 1990
PENTEADO, J. Roberto Whiaker. Marketing Best. São Paulo. Makron
Books.1999
GRAYSON, David e HODGES, Adrian. Compromisso Social e Gestão
Empresarial. PubliFolha. 2002
CARDOSO, Ruth. 3º Setor/Desenvolvimento Social Sustentado.
2ª Edição. Ed.: Paz e Terra.
38
Bibliografia de Referência
Sites
http://www.marketingsocialnobrasil.hpg.ig.com.br 28/08/2004 20:35h
http://www.comunicacaoempresarial.com.br 07/09/2004 17:20h
http://www.rits.org.br/legislação 03/10/2004 20:40h
http://www.ethos.org.br 22/08/2004 22:05h
http://www.bradesco.com.br 30/09/2004 22:00h
http://www.bradesco.com.br/institucional 17/09/2004 21:10h
http://www.fdb.com.br 06/12/2004 13:15h
Revistas
Você S.A. – Edição 50 / Ano 5 / Agosto 2002. Ed.: Abril. “O 3º Setor
informa: procuram-se profissionais do bem”.
Exame – Edição 826 / Ano 38, nº 18, 15 Setembro 2004 / Ed.: Abril.
“Funcionário Feliz = Lucro Maior”.
Trabalho Social – Dezembro 2004 / Publicação destinada aos
Colaboradores da Organização Bradesco e familiares.
Integração – Agosto 2004 / Publicação interna do Grupo Bradesco /
Integração Social. Aqui se faz inclusão digital