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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL. AUTORA: Rosali Fernandes da Silva ORIENTADOR: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M. Sc. Rio de Janeiro, RJ fevereiro/2002

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … FERNANDES DA SILVA.pdfRosali Fernandes da Silva Trabalho Monográfico apresentado ... a criança para a vida em grupo. Brincando a

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL.

AUTORA: Rosali Fernandes da Silva

ORIENTADOR: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M. Sc.

Rio de Janeiro, RJ

fevereiro/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL AO ENSINO FUNDAMENTAL.

Rosali Fernandes da Silva

Trabalho Monográfico apresentado

como requisito parcial para obtenção

do Grau de Especialista em Psicopedagogia.

Rio de Janeiro, RJ

fevereiro/2002

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Agradeço a Deus, Rei e Senhor do

universo, porque Ele é meu pastor e, por

isso, nada tem me faltado; à minha família,

às colegas da escola, aos professores e às

crianças (fontes de eterna inspiração) pela

colaboração durante o curso, paciência,

companheirismo e solidariedade que,

sempre demonstraram-me, o que

possibilitou-me alçar mais este vôo que

sem dúvida alguma contribuirá para meu

crescimento profissional e enriquecimento

pessoal.

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Dedico este trabalho de

pesquisa aos meus pais, “in

memoriam”, que acreditaram,

como eu acredito, que o processo

de desenvolvimento da

aprendizagem requer amor,

paciência, dedicação e, pode

acontecer de forma lúdica, criativa

e significativa.

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(...)

“Houve um tempo em que a minha janela se abria

para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava

sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira,

passava quase todo dia sentada uma mulher cercada

de crianças. E contava histórias. Eu não a podia ouvir,

da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a

entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma

difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto,

e às vezes faziam com as mãos arabescos tão

compreensíveis, que eu participava do auditório,

imaginava os assuntos e suas peripércias, e me sentia

completamente feliz”.

Cecília Meireles

RESUMO

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O jogo tem um valor educacional muito grande porque jogar prepara

a criança para a vida em grupo. Brincando a criança aprende a conhecer-se, a

respeitar o colega, a relacionar-se com o mundo em que vive. A brincadeira

está presente na escola sob as mais variadas situações e diversas formas.

Neste contexto, os jogos podem ser introduzidos como recursos didáticos

importantes no processo de ensino-aprendizagem. Especialmente na pré-

escola, todo o trabalho pedagógico pode basear-se na brincadeira.

As atividades lúdicas são indispensáveis para a apreensão dos

conhecimentos artísticos e estéticos, pois possibilitam o desenvolvimento da

percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos. O brincar nas aulas

de arte pode ser uma maneira da criança experimentar novas situações (como

num jogo), ajudando a compreender e assimilar mais facilmente o mundo

cultural e estético. A prática artística é vivenciada pela criança pequena como

uma atividade lúdica, onde o fazer se identifica com o brincar, o imaginar com a

experiência da linguagem ou representação.

Nas experiências diárias da criança repousem as origens da

curiosidade.

O ato de brincar leva à conscientização e à descoberta, facilitando

assim, uma, aprendizagem ampla, segura, responsável e prazeirosa.

Como o ato de jogar supõe em geral, relações interpessoais, o êxito

do processo ensino-aprendizagem depende em grande parte, da interação

professor-aluno, pois, a postura do professor é fundamental como facilitador da

aprendizagem, criando condições para que o aluno explore o ambiente escolar,

manipule o material à disposição dele, os brinquedos, interaja com o grupo e

resolva satisfatoriamente situações problema.

Tendo em vista que brincar é sem dúvida alguma, uma forma

dinâmica de aprender, foram selecionados exemplos de atividades artísticas,

motoras e jogos que irão proporcionar momentos descontraídos àqueles que

deles participarem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

1. A importância do lúdico no desenvolvimento da criança.

2. Função dos jogos no desenvolvimento da criança.

2.1 Jogos simbólicos

2.2 Jogo de regras.

2.3 Jogo como recurso pedagógico.

2.4 A função educativa através de jogos e brinquedos.

3. O jogo como agente socializador e a atitude do educador no processo

de aprender brincando.

4. Brincando com a nossa cultura.

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ANEXO(S)

Anexo A

A.1 – Brincadeiras

A.2 – Os Jogos mais tradicionais

A.3 – Exemplo de brinquedos e jogos

Anexo B – Comprovantes Acadêmicos

B.1 – De estágio

B.2 – De participação em eventos culturais

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INTRODUÇÃO

Brincar e desenhar são atividades fundamentais para o

desenvolvimento da criança. Ela brinca e desenha na rua, em casa, na escola.

Pela brincadeira e pelo desenho, ela fala, pensa, elabora sentido para o

mundo, para as coisas, para as relações. Através deles, há o desenvolvimento

da linguagem, do pensamento e da atenção.

Pela brincadeira, objetos e movimentos são transformados. As

relações sociais em que a criança está envolvida são elaboradas, revividas,

compreendidas. Brincando de médico, de casinha, de roda, de amarelinha, a

criança relaciona-se com seus companheiros, e com eles, num movimento

compartilhado, dá sentido às coisas de vida.

A atividade lúdica supõe a ordenação da realidade subjetiva e

intuitiva, como no caso dos jogos de ficção ou imaginação ou objetiva e

consciente, como no caso dos jogos de regras.

Certas formas de jogos infantis – o futebol e o xadrez, por exemplo –

são executados dentro da mais profunda seriedade.

A essência do jogo reside no envolvimento emocional, no poder de

fascínio que envolve as crianças, pois é, através do lúdico, da brincadeira que

os seres humanos extravasam seus impulsos de criarem formas ordenadas.

Como consequência do desejo de superar-se surge o espírito de

competição, o desejo de afeiçoar-se e a vontade de vencer. Portanto, a

situação de jogo constitui o estímulo ao esforço pessoal tendo em vista sua

contribuição para a formação de hábitos e atitudes, solidariedade, cooperação,

obediência às regras, iniciativa pessoal, responsabilidade e respeito mútuo.

O lúdico se faz também presente na cultura brasileira, como um

elemento difusor da linguagem e tradição oral, através das cantigas de roda,

parlendas, trava-língua e outras atividades enriquecedoras que possibilitam a

interação da criança no meio social em que vive.

A autora, através das concepções e de Vygostsky e Piaget sobre a

brincadeira, sobre por que as crianças brincam e qual sua importância no

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processo de desenvolvimento procurou compreender a necessidade do lúdico

(desenho, jogo, brincadeira) como elemento integrador e facilitador de todo

trabalho pedagógico desenvolvido na Educação Infantil e Ensino Fundamental.

Para elaboração deste trabalho de monografia foram utilizadas

pesquisas documentadas, através da leitura sobre o tema proposto, periódicos,

observação do desenvolvimento de atividades lúdicas (desenhos, jogos,

brincadeiras) feita pela autora durante o período de estágio no decorrer do ano

letivo de 2001, e levando em consideração a sua experiência como educadora.

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CAPÍTULO 1

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

A criança é um ser em desenvolvimento e quanto mais estimulada

for, mais rico e completo será esse processo. Incentivá-la, colocá-la em contato

com oportunidades de experimentar, descobrir, manipular objetos e vivenciar

situações, enfrentar novas experiências, é fundamental nessa etapa de vida.

É importante que a criança aprenda a valorizar a cooperação e o

trabalho em conjunto e adquira uma imagem positiva de si mesma,

fundamental para sua interação social.

Nas brincadeiras e jogos há oportunidade para a interação social.

Brincando a criança experimenta, descobre, inventa, aprende e confere outras

habilidades. A atividade lúdica além de estimular a curiosidade, como já lemos

acima, proporciona o desenvolvimento da linguagem oral, do pensamento e da

concentração.

Brincar é um momento de desenvolvimento das potencialidades das

crianças, por isso faz parte das práticas escolares delas.

De acordo com Piaget, o desenvolvimento da inteligência está

voltado para o equilíbrio; a inteligência é adaptação. O homem estaria sempre

buscando uma melhor adaptação ao ambiente. Dessa forma podemos

entender a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.

A concepção “brincando a criança aprende” valoriza a brincadeira e

procura evitar uma distinção rígida entre o jogo e “tarefas sérias”, pois através

da brincadeira, a criança se apropria do conhecimento que possibilitará sua

ação sobre o meio em que se encontra.

“Para Piaget (1971), quando brinca, a criança assimila o mundo a

sua maneira, sem compromisso com realidade, pois sua interação com o objeto

não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui”.

[Kishimoto, org.(1999)].

CAPÍTULO 2

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FUNÇÃO DOS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Nos primeiros meses de vida, o bebê estica e encolhe os braços e

as pernas, agita as mãos e os dedos, toca objetos, sacode produzindo ruídos

ou sons.

É o caso das atividades em que a criança manipula objetos,

tocando, deslocando, superpondo, montando e desmontando.

A atividade lúdica surge, primeiramente, sob a forma de simples

exercícios motores, dependendo para sua realização apenas da maturação do

aparelho motor.

Sua finalidade é tão somente o próprio prazer do funcionamento.

Esses exercícios motores consistem na repetição de gestos e movimentos

simples, com um valor exploratório, porque a criança os realiza para explorar e

exercitar os movimentos do próprio corpo, se ritmo, cadência e desembaraço,

ou então para ver o efeito que sua ação vai produzir. (Piaget, 1969)

As operações sensório-motoras e a tensão são partes integrantes do

comportamento. A fala certamente irá introduzir mudanças significativas na

forma com que a criança se relacionará com as outras funções sensoriais. A

criança começa a perceber o mundo que a cerca através da voz, também.

Anteriormente o seu único instrumento eram os olhos. Por meio da palavra a

criança pode se expressar e, é importante percebermos que, mesmo usando a

linguagem verbal às vezes não consegue exprimir o que deseja; aí ela

experimenta o uso da linguagem gestual, facilitando a sua comunicação.

A fala, a linguagem, segundo Vygotsky (1991) ‘é parte essencial do

desenvolvimento cognitivo da criança”.

As pesquisas realizadas por ele apontam para o fato de que a

linguagem e a percepção estão intimamente ligadas desde os estágios iniciais

do desenvolvimento humano.

2.1 O Jogo Simbólico

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Até os dois anos aproximadamente, a criança passa por uma série

de transformações que a dotam dos pré-requisitos para aquisição e elaboração

da linguagem como foi sintetizado por Vygotsky no item anterior.

No período compreendido entre (2 a 6 anos) a tendência lúdica se

manifesta, predominando sob a forma de jogo simbólico, isto é, brincadeira do

faz-de-conta, jogos de ficção ou imaginação e de imitação.

Nessa fase estão incluídas as metamorfoses de objetos (por

exemplo: um caixote passa a ser um trem, um cabo de vassoura passa a

simbolizar um cavalo; desempenham vários papéis como, brincar de médico,

de mãe e filho, etc.).

O jogo simbólico se desenvolve a partir de esquemas sensório-

motores que, à medida que são interiorizados, dão origem à imitação e,

posteriormente à representação. Através do jogo a criança pode assimilar o

mundo externo de acordo com seus desejos e necessidades com uma limitada

acomodação. Também pode exteriorizar situações conflitivas da vida real, com

efeito catártico, passando assim a constituir um meio de adaptação tanto

intelectual como afetiva.

A psicologia vem mostrando que a brincadeira tem um papel

importante no desenvolvimento da criança e que ela satisfaz algumas de suas

necessidades. Mas que necessidades são essas?

Segundo Piaget (1969) a brincadeira infantil é uma assimilação

quase pura do real ao eu, não tendo nenhuma afinidade adaptativa. De acordo

com ele a criança não consegue satisfazer todas as suas necessidades

afetivas e intelectuais nesse processo de adaptação ao mundo adulto.

A brincadeira é, então, uma atividade que transforma o real, por

assimilação quase pura às necessidades da criança, em razão dos seus

interesses afetivos e cognitivos.

Assim, o jogo simbólico se desenvolve na direção de uma atividade

mais construtiva, com finalidade de adaptação ao real. Os jogos de construção

(em que a criança constrói maquetes), os jogos dramáticos (teatrinhos,

dramatização) e também os jogos com regras (bola de gude, cartas,

amarelinhas, etc.) todos eles se devem ao jogo simbólico.

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2.2 Jogo de Regras

Começa a se manifestar por volta dos cinco anos, mas, se

desenvolve principalmente na fase que vai dos 7 aos 12 anos, predominando

durante toda a vida do indivíduo. (Como nos esportes, nos jogos de cartas,

etc.)

Os jogos com regras aparecem possibilitados pela crescente

socialização do pensamento da criança, que conduz à substituição do símbolo

lúdico individual pelas regras. Ao contrário do simbolismo, a regra supõe

relações interindividuais, pois é, “uma regularidade imposta pelo grupo, e de tal

sorte que sua violação representa uma falta” (Piaget, 1978).

Estes jogos são elaborados por combinações sensório-motoras

(corridas, bolas de gude, etc.) ou intelectuais (cartas, xadrez, etc.). Quase

sempre há entre os indivíduos competições que são reguladas por regras

estabelecidas pelo grupo, por acordo momentâneo ou por regras transmitidas

de uma geração a outra.

O jogar com normas, o brincar com regras são mais praticados na

idade em que a criança ingressa no pré-escolar e continua daí em diante, no

seu dia-a-dia.

Pelo uso do brinquedo, a criança aprende a agir de forma cognitiva;

os objetos tem um aspecto motivador para as ações da criança, desde a mais

tenra idade. A percepção é um motivo para a criança agir. Mais tarde a ação

começa a se desvincular da percepção : o pensamento começa a se separar

do que a criança imagina ser o objeto e do que o objeto é, realmente; a criança

vai fantasiando o que ela gostaria de que determinado objeto fosse. Essa

transição é gradual no desenvolvimento de cada uma. É importante notar

também que, no brinquedo, a criança transforma a regra em desejos seus.

É interessante a situação descrita por Vygotsky (1991).

“Pode-se propor que não existe brinquedo sem regras. A situação

imaginária de qualquer forma de brinquedo já contém regras de

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comportamento, embora possa não ser um jogo com regras formais

estabelecidas a priori. A criança imagina-se como mãe e a boneca como

criança e, dessa forma, deve obedecer as regras do comportamento maternal...

o que na vida real passa despercebido pela criança torna-se uma regra de

comportamento no brinquedo.”

2.3 Jogo como recurso pedagógico

O jogo é uma excelente oportunidade para que a criança viva

experiências que irão ajudá-la a amadurecer emocionalmente e a aprender

uma forma de convivência mais enriquecedora. O jogo corresponde a um

impulso natural da criança.

Várias são as razões que levam os educadores a recorrerem ao jogo

e a utilizá-lo como um dos recursos no processo ensino-aprendizagem.

A brincadeira se faz presente na escola nas variadas situações e

sob as mais diferentes formas. Por exemplo: na hora do recreio, as crianças

pulam, correm, jogam bola. Na aula de Educação Física, praticam algum

esporte.

Na Pré-escola, as crianças brincam na areia, imitam bichos, etc.

Enfim, passam boa parte do tempo brincando.

Em virtude desta atmosfera de prazer dentro da qual se desenvolve,

o jogo é portador de um interesse intrínseco, canalizando as energias no

sentido de um esforço total para execução de seu objetivo, daí ser uma atitude

liberadora da espontaneidade, pois impulsiona à ação. Logo, a atividade de

brincar é essencial para o desenvolvimento da criança em idade pré-escolar.

Na escola, já na idade escolar, os jogos com regras e os esportes

tornam-se mais importantes. Estes tem um papel específico no

desenvolvimento, mas não são tão fundamentais como o faz de conta na idade

pré-escolar. A instrução formal, culturalmente valorizada e estimulada, passa a

ocupar então o papel central no desenvolvimento da criança do Ensino

Fundamental.

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Quando a brincadeira está vinculada a objetivos didáticos, diz-se

que brincar é uma forma de aprender, privilegiando-se assim a atividade

cognitiva implícita na brincadeira, em detrimento algumas vezes de seu caráter

lúdico.

Vista de perto, com enfoque na criança que brinca, a brincadeira na

escola se revela mais complexa, múltipla e contraditória do que leva em conta

o privilégio didático-pedagógico que associa o brincar a aprender.

Na escola, a brincadeira, a despeito dos objetivos e princípios

pedagógicos não envolve apenas a atividade cognitiva da criança; envolve-a

toda.

2.4 A função educativa dos jogos e brinquedos através dos

tempos

Muitas são as concepções sobre o lugar do s jogos e brinquedos na

prática pedagógica no desenvolvimento da criança.

Para algumas pessoas “criança vai à escola para aprender e não

para se divertir” outras acham que “brincando a criança aprende”. Nesse caso,

os jogos podem ser introduzidos como recursos didáticos importantes.

Os jogos e brinquedos já são por si mesmo uma forma de ordenação

do tempo, do espaço e dos movimentos sendo que esta ordenação se

expressa principalmente através das regras.

Através do jogo há aglutinação da personalidade afetiva, motora e

cognitiva.

Atualmente, prestar atenção à brincadeira infantil e buscar

explicações (de senso comum ou científico) para ela faz parte do cotidiano de

professores e pedagogos. Parece-lhes natural que a brincadeira faça parte das

práticas escolares das crianças.

No entanto foi apenas a partir dos séculos XV e XVI que as crianças

foram afastadas das atividades adultas, nas sociedades ocidentais.

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No século XVII a idéia da infância como um período particular

consolidou-se, e uma teoria filosófica sobre a especificidade infantil foi

elaborada.

Nesse século (XVII), Rousseau e Pestalozzi, afirmavam que a

educação não deveria ser um processo artificial e repressivo, mas, um

processo natural, de acordo com o desenvolvimento mental da criança e

levando em consideração seus interesses e tendências inatas. Destacavam a

importância dos jogos como instrumentos formativos, pois além de exercitarem

o corpo, os sentidos e as aptidões, também preparavam para a vida e para as

relações sociais (Schmidt, 1969).

Frederick Fröbel (1837), pedagogo alemão, seguidor de Rousseau e

Pestalozzi, pregava uma pedagogia de ação e mais particularmente do jogo.

Pôs em prática a teoria do valor educativo do brinquedo e jogos principalmente

no Jardim da Infância onde a criança devia agir livremente e ao ar livre; para

isso elaborou um curriculum centrado em jogos para desenvolvimento da

percepção sensorial, da expressão e para iniciação à matemática.

No começo do século XX iniciou-se efetivamente o estudo científico

da criança e do comportamento infantil. Importantes sistemas teóricos foram

construídos e têm servido de base às reflexões sobre seu desenvolvimento,

sua afetividade e sua educação.

Vygotsky (1991) atribuiu também grande importância ao ato de

brincar, pois a criança toma conhecimento do mundo adulto através da

brincadeira antevendo seus papéis sociais e valores futuros. Na função

imitativa ela aprende a conviver com as atividades culturais. Por meio da

brincadeira seu desenvolvimento será estimulado absorvendo as regras dos

mais velhos.

“A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados

desde o primeiro dia de vida da criança.” (Vygotsky)

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CAPÍTULO 3

O JOGO COMO AGENTE SOCIALIZADOR E A POSTURA DO EDUCADOR

NO PROCESSO DE APRENDER BRINCANDO

Brincar, correr, cantar são atividades naturais que dão prazer à

criança e trazem em si mesmas a recompensa desejada.

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Ao analisar a evolução das atividades lúdicas na criança, constata-

se que inicialmente egocêntricas e espontâneas elas tornam-se agentes de

socialização e integração da criança no mundo em que vivem e participam.

A criança de 4 a 6 anos só consegue seguir regras simples. Muita

das vezes ao quebrar as regras no jogo, o faz, não intencionalmente, mas, sim

por não tê-las memorizadas na sua totalidade. Nesse estágio a criança não tem

ainda uma idéia definitiva do que seja ganhar ou perder. A competição não é

significativa para ela. Brincar sim. O prazer de participar é o bastante. Para a

criança de outra faixa etária, os jogos embora altamente motivadores criam

situações competitivas expondo as potencialidades dos participantes, afetando

suas emoções e pondo à prova seus limites.

O jogo pode ocasionar sentimentos de oposição, causados pela

frustração do perdedor ou pelo estresse de quem teve que esforçar-se demais

para vencer. A motivação é sem dúvida um aspecto positivo na competição.

Nos “jogos de cooperação” o desafio é para todos os participantes

como um só grupo; nesse caso, a vitória ou a derrota pertencerá a todos.

Os jogos assim como os brinquedos, expressam valores e

proporcionam oportunidades para assimilação de idéias e a formação de

princípios. As situações vivenciadas no jogo envolvem ações que desnudam o

caráter e a personalidade dos jogadores. Por tudo isto, são excelentes

oportunidades para que a criança (e o adulto) viva experiências que irão ajuda-

lo a amadurecer emocionalmente e aprender uma forma de convivência mais

enriquecedora.

Para que a criança possa amadurecer e socializar-se, o educador

deve procurar selecionar jogos adequados à faixa etária de seu aluno e com

objetivos bem definidos. Incentivá-lo a participar, criar, e a ser natural em suas

brincadeiras.

A atuação do professor junto aos alunos é fundamental para levá-los

a observarem detalhes significativos e para ajudá-los a estabelecerem relações

de causa e efeito. O papel do professor é de facilitador da aprendizagem.

Para isso é necessário que não haja uma liderança tão forte na condução da

atividade que sufoque as manifestações espontâneas, porque investido no

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papel social de animador do processo de conscientização de seus alunos há

muita responsabilidade.

“Se um pinguinho de tinta cair no pedacinho azul do papel, num

instante imagino uma linda gaivota a voar no céu...” . (Toquinho e Vinícius)

CAPÍTULO 4

BRINCANDO COM A NOSSA CULTURA

Todos os brinquedos cantados conduzem a criança

espontaneamente à marcação do ritmo com batidas de palmas, pés,

instrumentos de percussão, e isso auxilia o desenvolvimento de movimentos da

criança como um todo.

Muito de nossa cultura pode ser transmitida através do ensino de

músicas e canções.

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As letras dos brinquedos cantados e cantigas folclóricas devem fazer

parte do acervo de conhecimento de um povo, elas representam um traço de

união entre indivíduos de uma mesma sociedade.

O folclore, ou seja, folk = cultura e lore = povo; que é representado

pelo universo onipresente e transitório formado pelos mitos, contos, versos,

festas, comidas, danças, rezas, simpatias, crendices, anedotas, adivinhas,

cantigas, ditados, parlendas, frases feitas e suas brincadeiras de palavras,

inventadas pelo povo, são do tamanho do infinito.

Tem pelo menos um pouco, a poesia, o encanto, o mistério, a

sabedoria, a malicia e a alegria de um dos inúmeros aspectos do folclore: a

“literatura” popular.

Segundo Luís da Câmara Cascudo (apud Hoeltgebaum, 1995), um

dos principais folcloristas brasileiros, as tradições, os costumes e as crenças

constituem a alma de um povo. Por isso são importantes sua difusão e sua

valorização.

Do folclore brasileiro fazem parte:

Mitos e lendas, como a da Mula-Sem-Cabeça, do Saci-Pererê, do

Boitatá, da Porca e dos Sete Leitõezinhos.

Músicas de roda (“A canoa virou”, “Ciranda, cirandinha”); cantigas de

acalentar (“Boi da cara preta”,”Nana neném”); modas de viola; serenatas;

instrumentos musicais, como o agogô, o cavaquinho, o chocalho, a maracá, o

pandeiro, a sanfona, o reco-reco, o tamborim, o berimbau, etc.

Jogos, brincadeiras e atividades lúdicas, como a víspora, o correio

elegante, o truco, a cabra-cega, o pau-de-sebo, o pião, o palitinho, o estilingue,

a peteca, as pipas, o esconde-esconde, a bola de gude, a briga de galos, e

muitos outros.

Tradições orais, como trava-línguas, adivinhações, histórias e

anedotas.

Alguns elementos enriquecedores da nossa cultura serão

destacados, pois são sempre atuais através da forma de pensar, do lúdico, do

corporal e estão em permanente estado de recriação.

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CONCLUSÃO

O tema escolhido para monografia, é abrangente,

complexo e ao mesmo tempo enriquecedor, porque permite ao pesquisador

vislumbra novos horizontes e possibilidades favoráveis ao lúdico no processo

ensino-aprendizagem.

A atividade de brincar é essencial para o

desenvolvimento da criança em idade escolar, pois, tem um papel fundamental

no desenvolvimento do seu pensamento.

Percebe-se que o professor como facilitador do

processo ensino-aprendizagem não tem contribuído para que haja

efetivamente uma mudança na educação como um todo. A educação só vai

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melhorar quando o professor dedicar mais horas a treinamentos, fizer cursos

de especialização, aperfeiçoar-se sempre. Através desses cursos o professor

entraria em contato com novas maneiras de lançamento e fixação dos

conteúdos, tornando-os mais prazeirosos à criança que aprenderia brincando.

Ao educador compete realizar a tarefa importante de

integrar-se ao processo educativo, pois não é só o aluno que tem que

desenvolver competências, o professor precisa dominar seu ofício, propondo

situações e servindo de alavanca ao processo de construção e descoberta.

Assim sendo estimulará seu aluno a aprender, a pensar, ser participativo e

criativo.

A atividade lúdica não se esgota em si mesma está

sempre renovando-se e as exigências do século 21 são inúmeras e a educação

tem que se adaptar a elas.

Faz-se necessário, portanto, mais estudos e um

maior aprofundamento do tema que não está esgotado, ficando pois, em aberto

para futuras pesquisas que trarão novas fontes de conhecimento e

questionamento.

“(...) o mundo se transforma, e as brincadeiras

também, porém de uma coisa tenho certeza: de que

criança é criança em qualquer época, de que

eletrônico ou artesanal, o brinquedo continua sendo

o eterno companheiro do mundo encantado da

imaginação.” (Matiucci, 2001)

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BIBLIOGRAFIA

BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos da Psicologia do

Desenvolvimento, 3ª ed. São Paulo: Atica, 1998.

BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil, 2ª ed. Porto

Alegre: Artemed, 2000.

CONDEMARIN, Mabel et alli. Maturidade Escolar: Manual de

avaliação e desenvolvimento das funções básicas para o

aprendizado escolar, 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

CUNHA, Nylse Helena. Brincar, Pensar e Conhecer, São Paulo:

Maltese,1997.

FONTANA, Roseli A e Cruz, Maria Nazaré. Psicologia e Trabalho

Pedagógico, Atual, 1997.

HOELTGEBAUM, Marli Moura. Calendário Cívico, São Paulo:

Scipione, 1995.

MARANHÃO, Diva. Ensinar Brincando, Rio de Janeiro: Walk,

2001.

MATIUCCI, Marta. Texto, Redação Crítica, Linguagem Crítica,

Curitiba: Arco-Íris, 2001.

MEIRELES, Cecília. Escolha Seu Sonho, 24ª ed. Rio de Janeiro:

Record, 2001.

PELLEGRINI, Denise. A vez da Creche e da Pré-escola Revista

Nova Escola, São Paulo, nº 200, pg 16 - 21, maio, 2000.

PIAGET, Jean. A Formação do Símbolo na Criança, Rio de

Janeiro: Zahar, 1971.

RUIZ, Corina M.Peixoto. Didática do Folclore, 7ª ed. Curitiba: Arco-

Íris, 1995.

ANEXO A

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BRINCADEIRAS

1. Cantigas de ninar

Ü Boi-da-cara-preta

Ü Gato Preto

Ü Sapo Cururu

2. Brinquedos cantados

Ü Atirei o pau no gato

Ü O cravo brigou com a rosa

Ü Terezinha de Jesus

Ü Capelinha de melão

3. Trovas

Ü SAUDADE:

Quem quiser comprar saudade

Eu tenho semente e dou

Um caminho tenho cheio

Que aquele ingrato deixou

Ü INGRATIDÃO:

Você me chamou de fera

Chamou-me de coisa má

Agora, quer agradinho,

Acabou-se, já não há

4. Provérbios

Ü Quem canta seus males espanta.

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Ü O bom bocado não é para quem o faz e sim para quem o

come.

Ü Quem apanha de mulher, não se queixa ao delegado.

5. Travalínguas

Ü “O rato roeu a roupa de rei de Roma.”

Ü “O padre Pedro tem um prato de prata.”

Ü “O prato de prata não é de Pedro”

6. Brinquedos de salão, de correr (quem nunca brincou de...)

Ü DE SALÃO:

• Passar anel

Ü DE SALTAR:

• Amarelinha

• Corda

Ü DE CORRER:

• Pique

• Cabra-cega

• Coelho na toca

Ü COM OBJETOS:

• Pião

• Peteca

• Bambolê

OS JOGOS MAIS TRADICIONAIS

7. JOGO DE DOMINÓ:

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Ü Características: 28 peças que representam os seis lados

de um lado, acrescidos dos espaços que representam o

número “0”. As peças são divididas ao meio porque o

conteúdo de um dos lados deve ser anexado ao dominó

que está na mesa; o outro lado indica qual deve ser a

próxima peça a ser anexada.

Ü Número de jogadores: basicamente 4

Ü Dinâmica: cada jogador pega sete dominós entre as

peças, que deverão estar todas viradas para baixo, e as

organiza de forma a esconde-las dos parceiros. Começa o

jogo quem tiver a maior peça. O primeiro jogador coloca a

peça no centro da mesa e o próximo deverá colocar uma

outra que tenha lado igual a um dos lados da que está na

mesa, e assim por diante. Quem não tiver um dominó que

possa ser colocado perde a vez. Vence o jogo quem

terminar suas peças primeiro.

8. JOGO DE LOTO:

Ü Características: Cartelas contendo números e pecinhas

com os números para serem sorteados. O número de

peças pode variar com o número de jogadores.

Ü Número de jogadores: pode ser estabelecido de acordo

com o número de cartelas.

Ü Dinâmica: distribuem-se as cartelas entre os jogadores.

Alguém vai sorteando as peças. Quem tiver o número

sorteado coloca a peça em cima de sua cartela, ou então

marca a cartela usando alguma outra pecinha para

marcar. O primeiro que conseguir preencher a cartela fala

“loto” ou então “bingo”, para avisar que completou e,

portanto, ganhou o jogo. No lugar de números, as cartelas

podem conter letras ou figuras que também estarão nas

pecinhas para serem sorteadas.

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EXEMPLOS DE BRINQUEDOS E JOGOS

9. BOLICHE DE LATAS:

Ü Estimula: motricidade, coordenação motora ampla,

coordenação viso-motora, arremesso ao alvo, controle de

força e direção.

Ü Descrição: bolas de meia feitas com algumas meias

juntas, que são enfiadas no fundo de uma meia comprida.

Para arrematar, torcer e desvirar o cano da perna da meia

várias vezes, recobrindo a bola para, posteriormente

costura-la. Latas vazias com números colados.

Ü Possibilidades de exploração:

• Empilhar latas fazendo um castelo

• Jogar como boliche: cada jogador arremessa três

bolas tentando acertar todas as latas.

• Contar os pontos de acordo com os números

escritos nas latas derrubadas.

• Vai ganhar quem tiver feito mais pontos.

10. ÁUDIO:

Ü Estimula: percepção auditiva, discriminação dos sons

diferentes, atenção e concentração.

Ü Descrição: 10 embalagens de fermento, forradas com

papel-fantasia, e em cada duas embalagens os seguintes

materiais: feijões, sementes secas de abóbora, em pedaço

de 3cm de um cabo de vassoura, três tampas de

refrigerantes e três pregos. A tampa está revestida com

um circulo de papelão para dificultar sua abertura.

Ü Possibilidades de exploração:

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• Balançar as embalagens procurando as que

produzem sons iguais, e agrupa-las duas a duas.

• Utilização como jogo: cada participante escolhe

uma embalagem e tem duas ou três chances de

achar o som igual.

• Caso encontre, recebe uma ficha.

• Ganha quem tiver mais fichas

11. BONECO ARTICULADO:

Ü Estimula: Noção do esquema corporal, conscientização

sobre as partes do corpo e suas posições, habilidade

manual.

Ü Descrição: As partes do corpo são recortadas em

cartolina (conforme modelo anexo): cabeça, pescoço,

tronco, dois braços, dois ante-braços, duas mão, duas

coxas, duas pernas e dois pés. Para juntar as partes

fazendo as articulações, podem ser feitos furos com

furador de papel e colocadas tachas, que se abrem depois

e perfurar o papel. Outra alternativa é furar as articulações

com agulha grossa e barbante e depois dar um nó de cada

lado do barbante.

Ü Possibilidades de exploração:

• Recortar e montar o boneco articulado.

• Pedir a uma pessoa que sirva de modelo,

assumindo diferentes posições que os alunos

procurarão reproduzir com seus bonecos.

• Fazer o exercício contrário, colocar o boneco em

posições que as pessoas deverão representar.

• Descobrir quais as posições que podem ser feitas

com o boneco mas que são impossíveis de serem

realizadas pelos seres humanos.

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12. QUEBRA-PALAVRAS:

Ü Estimula: Interesse por letras e palavras, composição de

figuras e palavras, reconhecimento de letras, ordenação

de letras na palavra.

Ü Descrição: Pedaços de papel-cartão de 15cm de altura e

comprimento de acordo com a extensão da palavra, nas

quais são desenhadas (ou coladas) figuras, e abaixo das

mesmas, a palavra correspondente, em letra de forma. As

cartelas são cortadas em tiras verticais de forma que a

cada letra corresponda um pedaço da figura.

Ü Possibilidades de exploração:

• Entregar para criança um conjunto de tiras de

cada figura.

• Sugerir que descubra qual palavra poderá ser

formada.

• A composição da figura também é composição da

palavra.