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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” ADOLESCENTES INFLUENCIADOS PELO ÁLCOOL E PERSUADIDOS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO FLÁVIA CRUZ JARDIM ORIENTADOR: PROFESSOR MARCO ANTONIO CHAVES Rio de Janeiro, RJ, abril/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ADOLESCENTES INFLUENCIADOS PELO ÁLCOOL E PERSUADIDOS

PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

FLÁVIA CRUZ JARDIM

ORIENTADOR: PROFESSOR MARCO

ANTONIO CHAVES

Rio de Janeiro, RJ, abril/2002

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

ADOLESCENTES INFLUENCIADOS PELO ÁLCOOL E PERSUADIDOS

PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

FLÁVIA CRUZ JARDIM

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Marketing Globalizado

Rio de Janeiro, RJ, Abril /2002

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................ 05 1. O ÁLCOOL E SEU FASCÍNIO SOBRE OS ADOLESCENTES........................ 071.1 Álcool: uma droga muita antiga ......................................................................... 091.1.1 O que é o álcool? ............................................................................................. 111.1.2 Efeitos físicos do álcool................................................................................... 111.1.3 Conceitos de alcoolismo como doença............................................................ 121.2 O Mundo Adolescente ....................................................................................... 131.2.1 A incidência das drogas nos adolescentes........................................................ 151.3 Álcool: caminho para outras drogas .................................................................. 161.3.1 Tipos de usuários ............................................................................................ 171.3.2 Classificação das drogas .................................................................................. 17 2. O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE APOIO................. 202.1 O Trabalho de Assessoria de Imprensa nas Instituições de Apoio...................... 24 3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO: AGENTES FAVORÁVEIS DO ÁLCOOL....... 323.1 A Magia da Publicidade....................................................................................... 333.1.1 O poder da persuasão........................................................................................ 353.1.2 Persuasão gera alienação ................................................................................. 363.2 A Ética Publicitária.............................................................................................. 37 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 42

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RESUMO

É fato que o álcool está sendo cada vez mais utilizado precocemente na

sociedade; pesquisas confirmam, que crianças de 14 anos já consomem bebidas

alcoólicas com freqüência a que, inclusive, já ficaram embriagados.

Esta monografia tem como principal intenção, mostrar de que forma os

meios de comunicação exercem fascínio sobre os adolescentes - alvos fáceis de

persuasão. E apontar o verdadeiro papel das instituições de apoio aos dependentes de

álcool a sua filosofia.

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INTRODUÇÃO

O ato de beber está historicamente ligado a encontros sociais, rituais para

inspirar bons sentimentos, propiciar boa sorte e coragem contra o medo, a timidez e as

adversidades. O álcool, porém, é depressivo do sistema nervoso, e não estimulante,

como muitos supõem. O álcool, sob as suas mais diversas formas (cerveja, vinho,

uísque, cachaça etc) é a droga de mais amplo uso e abuso – no mundo.

O alcoolismo é considerado, pela Organização Mundial da Saúde, como

uma doença, caracterizada pelo uso descontrolado e progressivo da bebida alcoólica. O

doente bebe cada vez mais e pode ser levado à loucura ou à morte. É a terceira doença

que mais mata no mundo, perde apenas para o câncer e para as doenças de coração.

Porém, muitas vezes, o próprio alcoolismo é a causa de vários tipos de doenças ou até

mesmo o pivô de acidentes. Acredita-se que, 50% dos acidentes de trânsito envolvem

pessoas que beberam; é a principal causa de mortes nos adolescentes.

Uma das grandes preocupações dos últimos tempos é o aumento do número

de jovens envolvidos com bebidas. Numa pesquisa do Centro Brasileiro de Informações

sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) revela que mais de 18% dos alunos de 1° e 2°

graus consomem bebidas alcoólicas com freqüência. Por ser uma droga lícita, a priori

não causa espanto num ambiente familiar.

Quando a situação se torna alarmante, as vítimas e seus familiares procuram

ajuda em diferentes grupos de apoio, onde as experiências pessoais são contadas,

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principal componente do tratamento. O registro de seus membros confirma a grande

demanda dos adolescentes.

O objetivo desta monografia é levantar, junto a estes grupos de apoio

dedicados aos alcoólatras, a presença do papel da comunicação num ambiente interno e

externo. Ou seja, se estas instituições possuem um setor de comunicação; saber como

funciona e identificar a participação dos meios de comunicação de massa, apontando a

ética ditada para este profissional.

Adolescente, álcool e meio de comunicação: são as palavras chaves para o

discurso ao longo do trabalho. Cada uma delas serão discriminadas, associando suas

respectivas definições e peculiaridades.

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1. O ÁLCOOL E SEU FASCÍNIO SOBRE OS ADOLESCENTES

O álcool, que já foi instrumento de rituais para abrir o apetite ou honrar

deuses, é hoje considerado um elemento freqüente em encontros sociais ou até mesmo

em momentos de solidão. Conhecida desde as eras mais ancestrais, consumida desde os

tempos bíblicos, a bebida alcoólica tornou-se um hábito para milhões de pessoas.

É difícil imaginar uma reunião de pessoas alegres, numa mesa de um bar,

em clima de verão, sem a presença da tão cobiçada "Loura Gelada", ou seja, a cerveja.

Mas, o que há de errado num hábito tão saudável? Em princípio, nada. Na verdade, a

grande maioria, bebe até moderadamente – ou apenas socialmente, como se diz. A

grande preocupação que nos rodeia, neste final do século, é a ingestão demasiada de

bebidas alcoólicas por parte dos adolescentes. Sabe-se que, o álcool começa a ser

consumido à medida que a adolescência avança. Numa pesquisa feita pela Escola

Paulista de Medicina, revelada na revista Claudia (edição de setembro de 1994), já

demonstrava que os jovens começam a beber no fim do 1° grau e início do 2°, isto é, em

torno dos 13 a 14 anos. Praticamente, nessa idade todos os jovens já experimentaram

algum tipo de bebida alcoólica e muitos conheceram, inclusive, o estado de embriaguez.

Se antes era discutível os programas de boêmia aos que possuíam 16 anos,

por serem menores de idade. Hoje, é cada vez mais comum depararmos com grupinhos

de adolescentes, com 13 aos 16 anos, freqüentando os bares à noite. Muitos já se sentem

íntimos desta situação, bebem à vontade, conversam enamoram.

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"Há uns 10 ou 15 ano atrás os jovens começavam a beber por volta dos 16 anos, hoje a faixa etária dos adolescentes que consomem álcool nas festas, bares ou danceterias já reduziu para 12 e 14 anos. Os fatores que explicam isto são vários, assim como o amadurecimento precoce destas crianças e a forte participação do estímulo da mídia." (1)

As teorias em psicologia, afirmam que, a adolescência é o período

fundamental do desenvolvimento do ser humano, marca a transição da infância para a

maturidade. É caracterizada pelo aumento da liberdade e por major mobilidade social. É

nesta fase que o indivíduo percebe que, finalmente, cresceu, e como seu pai ou sua mãe,

já está bem "grandinho" para determinados atos.

Os adultos, em contrapartida, começam a esperar atitudes mais responsáveis

por parte das pessoas que deixam de ser crianças. Os próprios adultos esperam que os

adolescentes os imitem. E imitar o comportamento dos adultos, inclui, indiretamente,

beber.

É particularmente importante saber os motivos que levam os adolescentes a

abusar do álcool, pois a major parte dos alcoólatras começa a beber nessa idade.

Estudiosos em alcoolismo afirmam que existem cinco razões principais são:

• Os modelos dos adultos: como os adolescentes querem ser adultos, eles imitam

os mais velhos a dão atenção especial às formas pelas quais estes últimos obtêm

prazeres, que lhes pareçam mais intensos que os das crianças (jogos,

brincadeiras etc).

• Curiosidades e experimentação: as crianças, em geral, conhecem as bebidas

alcoólicas por vê-las sendo consumidas pelos adultos em eventos sociais ou

festas familiares. Muitos adolescentes sentem curiosidade de experimentar o

sabor da bebida. Além de experimentar o sabor, os adolescentes são curiosos e

querem explorar os efeitos da bebida, por meio do abuso: Eles querem saber

como é estar embriagado.

• Pressão dos colegas: todos os grupos humanos são vulneráveis à pressão social,

que determina os padrões do comportamento de seus membros. Mas a

adolescência é, sem dúvida, a mais sensível a esse tipo de pressão. Nesse estágio

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eles se encontram psicologicamente imaturos para exercer o senso crítico e a

capacidade de julgamento, absorvendo influências sem refletir sobre elas.

• Prazer: a crença de que uma reunião social possa não ser agradável sem que

inclua consumo do álcool é comum em nossa sociedade. Muitos adolescentes

acham que beber os estimula para a diversão e para o namoro, isto é, para os

prazeres da vida.

• Problemas emocionais: um dos efeitos imediatos do álcool é o de tranqüilizante

ou de causador de euforia e bem-estar. Um indivíduo que esteja enfrentando

momentos de tensão, nervosismo, conflitos com a família ou com os amigos

pode entregar-se ao álcool para suprir temporariamente a depressão, a ansiedade

e os sentimentos de medo.

Outro fator relevante é que a existência da indústria da bebida, com suas

conseqüentes estratégias de marketing e publicidade, induz as pessoas a fazer uso do

álcool, pelo menos em festas e ocasiões especiais. O álcool existe, é enaltecido pela

publicidade e encontra-se à venda em qualquer lugar. Isso facilita o consumo dessa

droga nos rituais sociais e cria grupos de pressão, principalmente entre os jovens. Mas,

sobre este assunto, será abordado com maior ênfase no capítulo 3 – "Meios de

comunicação: agentes favoráveis do álcool".

1.1. Álcool: uma droga muito antiga

As mais antigas provas arqueológicas do uso de bebidas alcoólicas até hoje

encontradas têm quase oito mil anos. Acredita-se que, uma das mais antigas bebidas, o

vinho, já era fabricado em regiões do Oriente Médio seis mil anos antes de Cristo. A

Bíblia, no Antigo Testamento, afirma que Noé fez a primeira plantação de videiras no

monte Ararat (atual Turquia). Com o vinho que fabricava, o bom Noé deixou-se

embriagar em algumas ocasiões.

No início das civilizações o álcool tinha diversas funções. Documentos

comprovam que entre os sumérios o vinho e a cerveja eram usados com fins medicinais

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– isso, cerca de dois mil anos antes de Cristo. De fato, sabe-se que a cerveja é nutritiva e

tem forte ação diurética, podendo ser utilizada para expelir cálculos renais, em certos

casos. Sabe-se, também, que os açucares da cerveja e do vinho podem ter virtudes

medicinais.

O estado de embriaguez fazia também parte dos ritos e cerimônias

religiosas. Festas em honra dos deuses da agricultura no Egito e na Assíria incluíam

bebedeiras coletivas que duravam diversos dias. Mas os alertas contra os perigos do

excesso do uso de álcool já constavam em antigos documentos dos povos da

Antigüidade. A tumba de um faraó egípcio que morreu há aproximadamente cinco mil

anos traz o mais antigo epitáfio de um alcoólatra: "Sua estada terrestre foi devastada

pelo vinho e pela cerveja. E o espírito lhe escapou antes que fosse chamado".

Vários textos arqueológicos egípcios, escritos em ideogramas sagrados (os

hieróglifos), comprovam a existência de alcoólatras e de incidência maior de alcoolismo

entre os escravos e a população de camponeses pobres, embora ocorressem também

casos na elite dominante.

A primeira bebida alcoólica que se tornou popular nas cidades-Estados da

Grécia Antiga foi o hidromel, obtido a partir da fermentação do mel diluído na água. O

hidromel logo foi substituído pelo vinho das parreiras locais e ele se tornou famoso em

todo o mundo antigo por sua qualidade e sabor. Como aconteceu entre os povos

vizinhos, os gregos usaram o vinho com finalidades medicinais, religiosas e

hedonísticas. O vinho era remédio, fonte de embriaguez que inspirava a alma e motivo

de prazer, principalmente na vida social.

A presença do álcool sobre os adolescentes não é um fato novo, desde as

mais antigas civilizações encontra-se registro de jovens iniciando seu paladar por

bebidas alcoólicas. Na cultura grega, existia a cerimônia de embriaguez das crianças,

aos 14 anos, que tratava de um rito de passagem, onde introduzia os garotos nos

prazeres do simpósio (encontro entre homens da aristocracia para uma noite de

conversa, diversão e bebida).

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1.1.1 O que é o álcool?

O álcool pertence a uma família de substâncias químicas que contém átomos

de carbono (C) a hidrogênio (H), além de grupos de hidroxilas (OH), que consistem na

união de um átomo de oxigênio (O) com um hidrogênio. O álcool etílico, ou etanol

(C2H5OH) é a forma de álcool geralmente contida nas bebidas. Ele é também usado em

pílulas para dormir e em remédios para resfriados.

O álcool etílico é um produto que pode ser obtido por dois processos:

fermentação (frutas, batatas, grãos de cereais, como trigo, milho, cevada) e destilação.

Pela fermentação pode-se obter algumas bebidas como a cerveja e o vinho. Cada uma

dessas bebidas tem uma percentagem de álcool. A cerveja, por exemplo, tem de 3% a

6% de álcool por litro. Outro processo é a destilação, que foi descoberta na Arábia, mais

ou menos no ano 800 aC. Este processo é usado para as bebidas fortes ou destiladas,

como: conhaque, gim, uísque, rum, vodca e a cachaça. Estas bebidas tem de 40% a 50%

de álcool puro.

1.1.2 Efeitos físicos do álcool

Há relação entre a quantidade do álcool ingerida (alcoolemia – concentração

de álcool no sangue) e o comportamento do indivíduo. Sendo que, esta relação pode ser

diferente de uma pessoa para outra. Os principais fatores são idade, peso corporal,

padrão anterior de uso do álcool, situação alimentar no momento do consumo da bebida

alcoólica, tolerância individual, uso associado a outra droga, estado emocional entre

outros.

O corpo é afetado pelo álcool por duas formas. Primeiro, essa substância

entra em contato direto com o palato, a língua, o esôfago, o estômago e os intestinos;

em todas essas partes do corpo age ao mesmo tempo, prejudicando o paladar e causando

insensibilidade à dor.

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O segundo grupo de efeitos ocorre depois que o álcool é absorvido pela

corrente sangüínea através dos intestinos. As moléculas do álcool penetram em todas as

células do corpo e, por serem solúveis em água, concentram-se mais nos órgãos que

contêm maior quantidade desse líquido.

O excesso do álcool que o fígado não consegue destruir é bombeado pelo

coração para o corpo todo. O órgão mais sensível a essa substância é o cérebro,

responsável pela coordenação dos movimentos voluntários e involuntários dos outros

órgãos do corpo, permitindo assim a própria vida.

"Quando os efeitos imediatos do uso do álcool tornam-se mais intensos, caracteriza-se um caso de embriaguez, cujas peculiaridades essenciais são as mudanças de comportamento, que podem incluir agressividade, incapacidade de julgamento, euforia, depressão, habilidade emocional e outras manifestações de comprometimento social ou ocupacional do indivíduo".(2)

Além dos efeitos físicos e químicos que o álcool exerce sobre o organismo,

existem também outros fatores que são considerados pertinentes a vida de um

adolescente: o social. Dentre eles destacam-se: acidentes de trânsito; falta e baixa

produtividade na escola; morbidade e mortalidade associadas ao uso do álcool;

violência; gravidez não desejada; procura por outras drogas, entre outros problemas.

1.1.3 Conceitos de alcoolismo como doença

O alcoolismo é definido pelos médicos como “consumo compulsivo de

bebidas alcoólicas em excesso”, que constitui uma patologia crônica, tanto

comportamental quanto fisiológica. A compulsão pelo álcool característica do viciado é

anormal, e o vício afeta sua saúde física e mental. Assim como muitas outras doenças, o

alcoolismo é causado por uma interação de fatores biológicos, patológicos,

psicológicos, sociais e existenciais.

"Alcoolismo é uma doença característica pela ingestão repetitiva de qualquer droga sedativas, o etanol representando apenas uma deste grupo, de maneira tal a resultar na interferência em algum aspecto da vida do paciente, seja ele saúde, o estado civil, a carreira, os relacionamentos interpessoais, ou outras adaptações sociais

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necessárias. Como em qualquer doença, o alcoolismo representa uma disfunção ou uma inadaptção às necessidades da vida cotidiana". (3)

À medida que o álcool se torna progressivamente importante para os

alcoólatras, ele exerce uma influência sutil nos estilos de vida, assim como evitar

pessoas e lugares que não permitam o uso de bebida.

Livres de seu constrangimento sobre o seu próprio consumo de álcool, eles

podem relatar honestamente que não bebem mais que seus amigos.

Perguntas que exploram os passatempos e as atividades podem, portanto, ser

reveladoras, pois os alcoólicos podem estar inconscientes de que, gradativamente,

selecionaram seus amigos e suas atividades com o propósito de beber.

A maioria dos alcoólatras têm algum controle de sua bebida a maior parte

do tempo, mas o que eles acham difícil é beber quantidades limitadas regularmente.

Eles podem ver-se ficando embriagados quando tinham decidido firmemente que não

ficariam.

Por muitos anos, o alcoolismo foi explicado como resultante de desordens

psicológicas. Os alcoólatras foram caracterizados como pessoas de personalidade

problemática. Recentemente, contudo, os cientistas têm concluído que não existe uma

personalidade característica do alcoólatra. Mas, há evidências de que um número

significativo de alcoólatras já enfrentava problemas psicológicos antes de se entregar ao

álcool.

1.2. O Mundo Adolescente

O adolescente sempre foi objeto de estudo de psicólogos, educadores e

estudiosos do comportamento humano em geral. Este interesse em estudar o adolescente

advém do desejo de conhecê-lo melhor para, assim, poder compreender as atitudes e os

ideais tão característicos desta primeira fase de transição da vida do homem.

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"Enquanto as palavras infante, infância (do latim infans) remetem à idéia originária de "não falar" (infari) a palavra adolescente vem do latim adulescens, particípio presente do adulescere (crescer), cujo particípio passado é adultus (crescido). Os romanos reconheciam o fato de um caráter específico no adolescente, havendo mesmo um estado intermediário entre a criança e o adolescente (adolescentulus). Entre os gregos, adolescente era o efebo (que etimologicamente também implica “infância”, "não falar"), sendo a fase etária de passagem valorizada por rituais iniciáticos." (4)

Adolescência é propriamente o estado de passagem, logo em seguida à

puberdade, para a vida adulta. É uma etapa considerada difícil em todas as sociedades

tradicionais, ritualizam a entrada na puberdade, ou seja, na mutação física e psíquica do

jovem.

A Organização Mundial de Saúde define adolescência como "o período de

transição entre a infância e a fase adulta, caracterizado por intenso crescimento e

desenvolvimento que se manifesta por marcantes transformações anatômicas,

fisiológicas, mentais e sociais." (5)

Considero este o melhor conceito que define esta fase por abranger todos os

aspectos que fazem parte de um ser humano (físico, psicológico e social) e por

caracterizar esta fase como de mudanças (crescimento e desenvolvimento) dentro de um

contato mais amplo quando fala do social.

O adolescente como um ser em desenvolvimento global, está numa

sociedade que impõe limitações. Estas, aliadas às naturais da fase, provocam

sentimentos e comportamentos como a impaciência, a agressividade, a instabilidade, o

desalento e até a depressão.

A verdade é que o adolescente vive num conflito entre o papel de criança

que está sendo "obrigado" a abandonar e o novo papel de adulto que está sendo

construído, gradativamente, por muitas vezes com resistência. É um período de perdas,

no qual a primeira é a perda do corpo infantil e a aquisição do corpo adulto, que

inicialmente intriga muito o adolescente, devido aos diversos incômodos.

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Embora as diversas teorias sobre a adolescência não encontrem uma

concordância geral no que se refere a delimitação, determinantes, características e

influências dessa fase, todos os teóricos asseguram que ela representa uma das etapas

mais marcantes no desenvolvimento do ser, constituindo-se num período de transição

entre a infância e a vida adulta. Essa transição requer uma avaliação da relação de cada

um com o mundo social externo e com o mundo interno psíquico.

1.2.1 A incidência das drogas nos adolescentes

Numa pesquisa realizada pela filósofa a mestra em Educação, Tânia Zagury,

Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi constatado que a

droga mais utilizada pelos adolescentes é o álcool, atingindo mais da metade dos jovens

entre quatorze e dezoito anos. Desses, 10,2% usam-no com freqüência. Em segundo

lugar, vêm os calmantes, com quase 10% de usuários, e em terceiro a maconha, seguida

bem perto dos remédios para emagrecer. (anexo 1)

Um fator importante a ser destacado é que a maioria absoluta dos jovens que

utiliza algum tipo de droga iniciou seu use aos quatorze anos ou antes ainda, como

confirma a pesquisa. Entretanto, este percentual não seja constante, pois o número dos

usuários vai, paulatinamente, diminuindo com o aumento da idade. Aos dezoito anos,

apenas 0,9% e aos dezessete, somente 3,2% consomem drogas. (anexo 2)

No que diz respeito ao fator social do jovens, a pesquisa demonstrou que o

álcool é usado pelas cinco classes sociais, mas com diferença significativa nas classes

mais altas. Isto é, os jovens das classes mais favorecidas economicamente utilizam

mais, havendo um índice decrescente até chegarmos à classe E. A maconha e os

calmantes são usados pelos jovens das cinco classes sociais, também.

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1.3 Álcool: caminho para outras drogas

Droga, no sentido científico do termo, significa todo e qualquer

medicamento. Daí o termo drogaria (local onde se adquirem drogas). Entretanto, no

sentido leigo, passou aos poucos a designar as substâncias tóxicas que produzem

alterações psíquicas ou de comportamento, pelos efeitos fabricados no sistema nervoso

central. Em geral, para quem as utiliza, levam a uma sensação de prazer tais como

sedação (acalmam), excitação, alucinações e volúpia. Essas sensações podem alterar a

percepção, a inteligência, a memória, o raciocínio e o autocontrole.

O descontrole ou o abuso está ligado a uma série de fatores como tipo de

droga utilizado, dosagem, forma de administração, estado de saúde física e mental do

indivíduo e motivações de uso, entre outros.

O uso das drogas não é uma novidade da sociedade moderna. Muito pelo

contrário. Recorrer às drogas psicoativas foi, através dos tempos, utilizado na prática

pelos mais diversos grupos com fins religiosos, culturais, medicinais ou de prazer.

Hábitos e costumes sociais ditavam seu use em cerimônias coletivas, rituais ou festas.

De modo geral, nesses contextos, não representavam perigo major para a comunidade,

pois seu consumo estava sempre sob controle.

O problema atual é justamente o uso indiscriminado, como forma de

auto-afirmação, alienação (fuga) da realidade, de relaxamento das tensões da vida

moderna ou como tentativa de superação de problemas não-resolvidos. As grandes

mudanças sociais e econômicas, não tendo trazido paralelamente bem-estar para a

maioria da população, são também fatores que levam ao uso das drogas. A insatisfação

e o estresse constantes a que o homem moderno vive submetido, bem como o estímulo

crescente ao consumo e à posse de mais e mais bens materiais, incentivam a busca de

novos produtos e prazeres – e as drogas costumam ser um deles.

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1.3.1 Tipos de usuários

É preciso distinguir aqui os tipos de usuários de drogas. Segundo a Unesco,

são quatro:

• o experimentador (aquele que usa uma ou poucas vezes vários tipos de droga,

por curiosidade, pressão do grupo de amigos, em geral logo abandonando-as.

Muitos adolescentes estão neste caso);

• o usuário ocasional (usa somente quando tem a droga disponível. Numa festinha,

por exemplo, ou na casa de um amigo. Não é dependente);

• o usuário habitual (já apresenta dependência, precisa da droga, mas ainda não

apresenta rupturas sociais importantes. Ainda trabalha, estuda, namora etc. A

ruptura social importante significa justamente deixar de ter essas atividades

habituais), e

• o usuário dependente (vive apenas para o consumo da ou das drogas que utiliza.

Apresenta o rompimento forte dos vínculos sociais, tendendo à marginalização e

ao isolamento. Em geral, já começa a apresentar sintomas de decadência física e

moral. É a fase em que todos os métodos são válidos para se conseguir a droga).

1.3.2 Classificação das drogas

Além do álcool, existem vários tipos de drogas, os mais consumidos e,

também, conhecidos, são:

• CANNABIS î Seus efeitos físicos são substancial aumento da taxa cardíaca,

olhos injetados, boca e garganta seca e o aumento do apetite. Seu use pode

prejudicar ou reduzir a memória a curto prazo, alterar o senso de tempo e reduzir

a capacidade de cumprir tarefas que requeiram concentração e coordenação.

Causa dano aos pulmões e ao sistema pulmonar. Pode adquirir dependência

psicológica.

Tipo: maconha, tetraidrocanabinol, haxixe e óleo de haxixe.

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• INALADORES î Os efeitos negativos imediatos incluem náuseas, espirros,

sangramento pelo nariz, tosse, fadiga, falta de coordenação e de perda de apetite.

O uso por longo tempo, pode resultar em hepatite ou hemorragia cerebral. Causa

perda de peso, fadiga, desequilíbrio eletrolítico, fadiga muscular e dano

permanente ao sistema nervoso, assim como dependência química e psíquica.

Tipo: óxido nitroso, nitrito de amilo, nitrito de butilo, clorohidrocarbono e

hidrocarboneto.

• COCAÍNA î Estimula o sistema nervoso central, seus efeitos imediatos

incluem pupilas dilatadas e elevada pressão sangüínea, taxa cardíaca, taxa

respiratória e temperatura do corpo. O use ocasional pode causar entupimento ou

escorrimento do nariz. A injeção de cocaína com o equipamento não esterilizado

pode causar AIDS, hepatite e outras doenças. Produz dependência psicológica e

física. Seu uso pode causar morte ao romper do cérebro sobre o coração e a

respiração.

Tipo: cocaína e crack.

• SEDATIVOS î Seus efeitos são similares aos do álcool. Pequenas quantidades

podem produzir calma e relaxamento muscular, mas doses um pouco maiores

podem causar fala indistinta, andar cambaleante e alteração da percepção. Doses

muito grandes podem causar depressão respiratória, coma a morte. Pode causar

tanto dependência física como psicológica.

Tipo: barbituratos, metaqualona, tranqüilizantes.

• ALUCINÓGENAS î Seus efeitos variam, mas quem a usa, freqüentemente;

acusa uma sensação de distância e alheamento. O tempo e os movimentos do

corpo são retardados. A coordenação muscular piora e os sentidos são

embotados. A fala é bloqueada e incoerente. As sensações e os sentimentos

podem mudar rapidamente. O usuário pode experimentar pânico, confusão,

dúvidas, angústia e perda de controle. Podem ocorrer efeitos retardados, ou

flashbacks, mesmo depois de cessado o uso.

Tipo: fenciclidina, dietilamida de ácido lisérgico, mescalina e peiote.

• NARCÓTICO î Inicialmente, produzem uma sensação de euforia que, com

freqüência, em seguida de sonolência, náuseas e vômitos. Aqueles que o usam

podem experimentar pupilas contraídas, olhos acosos e coceira. Uma dose

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excessiva pode produzir respiração lenta e curta, pele úmida, condições, coma e,

possivelmente, a morte. A tolerância aos narcóticos desenvolvem-se

rapidamente.

Tipo: heroína, metadona, codeína, morfina, meperidina, ópio e outros narcóticos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Entrevista realizada com a pedagoga Raquel Menezes da Silva, responsável pelo

Setor de Atendimento Primário do NEPAD (Núcleo de Estudos a Pesquisas em Atenção

ao Uso de Drogas), no dia 09/05/99.

(2) BRASIL, Ministério da Saúde. Normas e procedimentos na abordagem do

alcoolismo, 2ª edição, Brasília: Ministério da Saúde, 1994, p. 16.

(3) GITLOW, Stanley E. Alcoolismo: um guia prático de tratamento, 1ª edição, Porto

Alegre, Editora Artes Médicas, 1991, p. 15.

(4) SODRÉ, Muniz, O social irradiado: violência urbana, neogrotesco e mídia, 1ª

edição, São Paulo, Editora Cortez, 1992, p. 67.

(5) ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Programa de Saúde Materno

Infantil. O marco conceptual da saúde integral do adolescente e de seu cuidado. Trad.

OAS/OMS, Washington DC., 1990.

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20

2. O PAPEL DA COMUNICAÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE APOIO

Sabe-se que, a comunicação é uma necessidade básica do ser humano. A

comunicação não existe por si mesma, como algo separado da vida da sociedade. Não

poderia existir comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação.

"Não há sociedade, por mais arcaica que seja, sem um sistema de

comunicação, ou seja, sem um sistema de circulação de informações baseado num

código comum."(6)

Todas as teorias da comunicação vistas no decorrer do curso de

Comunicação Social, demonstraram com clareza sua importância, seja desde uma

simples conversa até as que são exercida nas grandes empresas. Esta última, conhecida

como assessoria de imprensa, que é o tema deste capítulo.

A assessoria de imprensa é o serviço de administração das informações

jornalísticas e de seu fluxo das fontes para os veiculo de comunicação e vice-versa.

Trata-se de serviço especializado privativo dos jornalistas. A ABRP - Associação

Brasileira de Relações Públicas - define oficialmente Relações Públicas como a

"atividade e o esforço deliberado, planejado e continuo para estabelecer e manter a

compreensão mútua entre uma instituição pública ou privada a os grupos de pessoas a

que esteja direta ou indiretamente ligada".(7)

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Esta definição é comumente aceita pelos profissionais da área e reproduzida

nos cursos universitários. Dela podemos captar pressupostos e objetivos da atividade.

Ou seja, a atividade de Relações Públicas requer que seus programas sejam

cuidadosamente planejados e que não devem ser feitas ocasionalmente, mas como um

processo que exige continuidade, objetivando estabelecer e manter a compreensão

mútua entre a instituição e os grupos de pessoas a ela ligados.

Estes são pontos-chaves da teoria das Relações Públicas, porque são uma

atividade que tem por base atuar sobre a mente das pessoas na busca de harmonizar

interesses entre instituições e seus públicos. Assim, as Relações Públicas se realizam em

empresas privadas e públicas, nos demais organismos da sociedade civil (escola, igreja,

meio de comunicação de massa, associações, instituições etc) e no Estado.

As funções básicas das Relações Públicas de acordo com a CIPERP -

Comisión Interamericana para la Ensenanza de Ias Relaciones Públicas - e aceitas pelas

entidades filiadas à FIARP - Federação Interamericana de Associações de Relações

Públicas – são assessoramento, pesquisa, planejamento, execução (comunicação) e

avaliação.(8)

Vamos ver, sumariamente, o que compreende cada uma dessas funções

oficiais das Relações Públicas:

a) Assessoramento: "As funções de assessoria abrangem o atendimento, em termos de

consultoria, às políticas de Relações Industriais, de Mercadologia, de Propaganda, de

Relações Públicas e à política administrativa em geral. ( ... ) O relator público deve agir

como conselheiro da alta administração, a fim de tentar moldar as políticas e diretrizes

da instituição de acordo com os anseios e interesses legítimos da comunidade. Ele é o

responsável pela harmonia entre o interesse privado e o interesse público".(9)

b) Pesquisa: Compreende pesquisa de opinião pública, pesquisa institucional (dentro da

empresa), pesquisa de mídia, investigação junto a arquivo e levantamento dos públicos

da instituição.(10)

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c) Planejamento: "As funções de planejamento alcançam as programações gerais e

específicas de Relações Públicas, com observância da política e metas estabelecidas

pela Administração, envolvendo aspectos de orientação e formalização. Cuida da

elaboração do orçamento e custos dos programas de Relações Públicas. Prepara pianos,

projetos e programas, básicos e específicos, de periodicidade anual ou plurianual.(11)

d) Execução (Comunicação): "Abarca a produção de material informativo e de todas as

etapas e ações a serem desenvolvidas nos setores de Divulgação (Publicidade),

informações e contatos".(12)

d.1 - Setor de Divulgação (Publicidade): Preparação e envio de notas ou

boletins à imprensa; preparação e acompanhamento de entrevistas coletivas aos

jornalistas; elaboração de filmes e de campanhas publicitárias, internas ou externas;

elaboração de manuais, periódicos de empresa, relatório anual, folhetos, etc.;

organização e instalação de exposições e amostras.(13).

d.2 - Setor de Informações: Atendimento ao público (informações, sugestões

e reclamações); supervisão de correspondência e do atendimento telefônico; orientação

do sistema de comunicação do pessoal, elaboração e distribuição de auxílios

audiovisuais; organização de cadastro de autoridades e entidades; leitura e recorte de

jornais; coleta de dados e preparação de resumos para reuniões, palestras e aulas;

redação de discursos e declarações públicas.(14)

d.3 - Setor de Contatos: Relações com a imprensa e com os líderes da

comunidade; representação da instituição em cerimônias e atos públicos; organização e

execução dos sistema de visitas à instituição; preparação de eventos especiais

(inauguração de instalações, aniversário da empresa ou cidade onde ela atua, visita de

altas autoridades etc); colaboração com o cerimonial em atos oficiais; elaboração e

acompanhamento da política de donativos, subvenções, prêmios a bolsas de

estudos.(15)

e) Avaliação: Compreende as mesmas tarefas consignadas nas funções de pesquisa,

sendo porém realizadas posteriormente e todas as outras funções, abrangendo também o

controle do desenvolvimento das atividades da função execução.(16)

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A boa comunicação com funcionários é condição essencial para a criação de

uma cultura sólida, produtiva, capaz de dar conta dos desafios e dificuldades pelas quais

as empresas vêm passando devido às mudanças dos últimos tempos. Cada vez mais sua

força estratégica é reconhecida, cada vez mais se investe em sua melhoria.

Ciente da necessidade de comunicação com o seu público interno, uma

empresa poderá utilizar-se de diversos meios para transmitir informações aos

funcionários, como: quadros de avisos, murais, comunicados oficiais, boletins internos,

jornal interno, sistema de rádio ou televisão dentro da empresa, enfim até mesmo de

chefias e lideranças, através de reuniões formais.

Comunicação empresarial é coisa séria que não pode e nem deve ficar a

cargo de pessoas que não estejam preparadas para exercê-la, principalmente porque o

grau de informação geral do cidadão comum hoje é muito grande, em virtude das

facilidades de acesso aos meios de comunicação de massa. As pessoas que nos dias

atuais possuem um grau de informação maior do que imaginamos, já têm também suas

opiniões formadas a respeito de muitos assuntos e, portanto, não aceitam qualquer

explicação como verdadeira.

"Diante da nova realidade a necessidade das empresas, ávidas em busca da excelência, da qualidade a da competitividade, mais do que nunca os meios a as formas pelas quais a empresa moderna se comunica, interna e externamente, são parcialmente responsáveis pelo seu fracasso ou sucesso perante o mercado. Não dá mais para camuflar; é preciso adequar a linguagem, com mensagens claras, diretas, incentivadoras, verdadeiras, uma vez que esta é a única maneira de conseguir e garantir a adesão de seus públicos aos seus interesses".(17)

Os profissionais de assessoria de imprensa são, antes de tudo, jornalistas.

Eles vieram preencher uma lacuna atendida indevidamente por profissionais de outros

setores, entre eles recursos humanos, marketing e promoções.

Seu trabalho visa contribuir para o aperfeiçoamento da comunicação entre a

instituição, seus funcionários e a opinião pública. Dentro de uma perspectiva social que

privilegia essa última, a assessoria de imprensa agiliza e complementa o trabalho do

repórter, subsidia-o e lhe oferece alternativas adequadas, garantindo o fluxo de

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informações para os veículos de comunicação e, conseqüentemente, para a sociedade

como um todo.

2.1 O Trabalho de Assessoria de Imprensa nas Instituições de Apoio

Quando o quadro se torna alarmante, ou seja, o indivíduo passa a não ser

mais o sociável acompanhante de um copo de bebida e sim um alcoólatra compulsivo, o

primeiro passo a ser feito é a procura de um profissional da área de Psicologia. Para isto,

existem hoje instituições de apoio que prestam serviços à comunidade, algumas sem

custo, com o objetivo de livrar o dependente do consumo da droga (álcool).

"No atendimento dos alcoolistas há duas fases: a de desintoxicação ou afastamento da bebida e a de recuperação ou manutenção da abstinência. Na primeira, a síndrome de abstinência, se existente, deve-se procurar motivar o paciente para a fase seguinte. Na segunda, busca-se reorganizar a vida do paciente, sem o uso prejudicial da bebida."(18).

A equipe profissional deve estar preparada para fornecer total apoio ao

paciente, compreendendo suas dificuldades iniciais decorrentes da interrupção do uso

do álcool. Não havendo grandes riscos, esse processo pode ser tentado em atendimento

ambulatorial.

O tratamento pode constar de atendimento individual, grupo de orientação

familiar, grupo de ajuda mútua, uso de aversivos, vitaminas e psicotrópicos.

Tendo em vista esta forte participação que as instituições de apoio exerce na

vida de um alcoólatra, precisamos saber agora, seu verdadeiro papel social, ou seja o

que elas realmente fazem em prol destes dependentes.

Sabendo que existem vários tipos de instituições de apoio, neste trabalho

será concedido mais atenção apenas aos de ajuda aos dependentes do álcool, que sejam,

também, gratuitos. Os principais, localizados na cidade do Rio de Janeiro, são: NEPAD

(Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas), CONEN (Conselho

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Estadual de Entorpecentes) a AA (Alcoólicos Anônimos). Veremos, um pouco, sobre

cada uma delas:

a) NEPAD (Núcleo de Estudos a Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas):

É uma instituição vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro e

credenciada pelo Conselho Federal de Entorpecentes como Centro de Referência

Regional para Prevenção e Tratamento no campo das toxicomanias no Estado do Rio de

Janeiro. É também credenciado pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência

Nacional para Drogas e DST/AIDS.

"Nossa proposta é a abordagem integral à questão do uso abusivo de drogas, oferecendo

atendimento às pessoas com problemas relacionados ao abuso de substâncias psicoativas e que buscam

auxílio para modificar esta situação".(19)

O NEPAD presta assessoria fornecendo subsídios para instituições,

empresas e a comunidade, em geral a busca ampliar as fronteiras do conhecimento sobre

a questão através do desenvolvimento de pesquisas. O NEPAD funciona em

conformidade com os seguintes princípios: gratuidade do atendimento, preservação do

sigilo e voluntariedade daqueles que o procuram.

Dentre seus trabalhos realizados, dividem-se especificamente em três:

• Setor de Atenção Primária: oferecendo atendimento individual ou em grupo para

informação e reflexão ampla sobre o consumo de drogas e estudantes, profissionais

de educação a saúde, agentes comunitários e a instituições públicas ou privadas,

visando a prevenção primária do uso abusivo de drogas. Promove curso, de extensão

universitária Sobre educação para a saúde, assessora instituições e comunidades em

projetos preventivos.

• Setor de Epidemiologia e Pesquisa Médica: desenvolve linhas de trabalho visando o

estudo epidemiológico de drogadição, abordando diversos comportamento de risco e

seus desdobramentos, além de priorizar o registro e a análise da disseminação do

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HIV/AIDS entre usuários de drogas. Realiza pesquisas permanentes do perfil da

população que caminha para o tratamento ou que procura seus serviços, através da

organização de um banco de dados dos pacientes atendidos. São efetuados estudos

na comunidade em articulação com instituições de pesquisa nacionais e

internacionais.

• Setor de Assistência Terapêutica: uma equipe formada por médicos, psiquiatras,

psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e assistentes

terapêuticos, promove tratamento de curta ou longa duração para os indivíduos que

apresentem dependência em drogas lícitas ou ilícitas. O objetivo é que a pessoa

adquira e mantenha uma existência saudável sem abuso de substâncias. O setor

atende adultos adolescentes e com base nas necessidades individuais do paciente

oferece: terapia individual; terapia de grupo; terapia de família; terapia ocupacional;

acompanhamento médico; orientação aos pais, responsáveis ou pessoas próximas;

acompanhamento aos familiares; intervenção em crises; acolhimento; centro de

convivência e hospitalização. O setor também oferece estágios regulares para

estudantes da área e curso de Extensão Universitária sobre a clínica das

toxicomanias.

O núcleo não possui um setor específico para os trabalhos de comunicação

social, ou seja não possui uma assessoria de imprensa. O que mais se aproxima dos

trabalhos de divulgação, promoções de eventos e assessoramentos científico é o de

Atenção Primária.

Qualquer tipo de informação que é veiculada pela mídia, que diz respeito ao

NEPAD, é feito através de uma busca por parte dos jornalistas. Isto significa que, como

o NEPAD é um núcleo de estudo e pesquisa os profissionais da comunicação que

desejam fazer uma matéria sobre o tema -droga- procuram o núcleo. Desta forma, é

divulgado o núcleo, sem que eles precisem elaborar um release sobre um artigo

pertinente à instituição.

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b) COVEN (Conselho Estadual de Entorpecentes):

É o responsável por formular a política para a questão das drogas - proibidas

ou não, inclusive remédios a bebidas alcoólicas - no estado do Rio de Janeiro. Sua

finalidade é reunir todos os recursos à disposição da sociedade para enfrentar a questão

das drogas, em todos os níveis.

O COVEN foi criado a partir de uma lei federal (lei 6.368), que ordena para

todos os estados um conselho que determine a política de drogas. O COVEN/RJ foi o

primeiro a ser instituído, surgiu em 1980. É um órgão coordenador, ou seja, dita normas

e políticas, mas não as executam.

"Para formulação de uma política de drogas, o CONENIRJ busca realizar junto à sociedade uma discussão esclarecedora da realidade concernente às drogas e o estabelecimento de princípio sólidos para uma reflexão, sobre as reais condições propiciadoras deste fenômeno social".(20)

Resumidamente, os recursos disponíveis do COVEN com a comunidade,

estão distribuídos em quatro coordenações:

• Coordenação de Avaliação Clínica: avaliação médica e psicológica visando

orientar e encaminhar para o tratamento, quando necessário, os usuários de

drogas e seus familiares.

• Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Humanos: informar ao público

geral, por meio de palestras, debates, seminários e artigos em geral; formar

cursos humanos especializados na questão através de cursos sobre as

dependências químicas.

• Coordenação de Serviço Social: orientar, de forma preventiva, ao uso indevido

de drogas, os jovens e suas famílias, privilegiando os contatos através de rede de

ensino e esporte e lazer; auxiliar na reintegração às atividades sociais com

oportunidades de trabalho e ensino.

• Coordenação de Estudos e Pesquisas: videoteca com mostra de vídeos,

biblioteca, auditório e teatro; grupo de estudo e realização de pesquisas;

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estabelecer convênios com diferentes instituições visando facilitar o

enfrentamento coordenado da questão das drogas.

O CONEN, ao contrário do NEPAD, possui uma pessoa responsável pela

assessoria de comunicação, é a Luciana Salgado Meireles. Seu trabalho é direcionado,

diretamente, a presidência e vice-presidência e as demais coordenações.

É importante destacar que Luciana é uma estagiária da Assessoria de

Comunicação da Secretaria de Estado de Justiça e Interior; no qual o CONEN é

subordinado. Então, todo e qualquer tipo de serviços da área de comunicação social no

CONEN é ela quem exerce, como: releases, clipping, divulgação, jornal interno (Nosso

Boletim), promoção de eventos, contatos com a imprensa, preparação de propagandas

televisivas e, inclusive, penetração na mídia gratuitamente.

c) A.A. (Alcoólicos Anônimos):

É uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas

experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar

outros a se recuperar do alcoolismo. O único requisito para tornar-se membro é o desejo

de parar de beber, não há necessidade de pagar taxas e nem mensalidades.

O A.A. começou em 1935 por um corretor da bolsa de valores de Nova

Iorque e um médico cirurgião de Ohio (ambos já falecidos) que tinham sido bêbados

"desesperados". Eles fundaram A.A. num esforço para ajudar outros que sofriam da

doença do alcoolismo a se recuperarem. A.A. cresceu primeiramente com a formação de

grupos autônomos nos Estados Unidos e depois ao redor do mundo.

"A.A. não está ligado a nenhuma seita a religião, nenhum partido político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia a nem combate quaisquer causas. Nosso propósito primordial é o de manter-nos sóbrios a ajudar outros alcoólicos a alcançar a sobriedade".(21)

A irmandade funciona através de mais de 90.000 grupos locais em mais de

51 países. Várias centenas de milhares de alcoólicos tem alcançado a sobriedade em

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A.A., mas seus membros reconhecem que seu programa não é sempre eficaz com todos

os alcoólicos e que alguns necessitam de aconselhamento e tratamento profissional.

O A.A. preocupa-se unicamente com a recuperação pessoal e a continua

recuperação individual dos alcoólicos que procuram socorro na irmandade. O

movimento não se dedica a pesquisas sobre alcoolismo ou ao tratamento médico ou

psiquiatra e não apóia quaisquer causas, embora os membros do A.A. possam participar

como indivíduos. O movimento adotou a política de "cooperação mas não a filiação"

com outras organizações que se dedicam ao problema do alcoolismo.

"O Alcoólicos Anônimos é auto-suficiente através de seus membros e grupos, recusando

contribuições de fonte externas. Os membros de A.A. preservam seu anonimato à nível de imprensa,

filmes a outros meios de comunicação".(22)

O anonimato é o alicerce espiritual de A.A. Ele leva a irmandade a

governar-se mantendo os princípios acima das personalidades. Eles se empenham em

tornar conhecido o seu programa de recuperação, não os indivíduos que dele participam.

O anonimato à nível de "public mídia" – imprensa, rádio, televisão a cinema, é a

segurança para A.A. Como um todo, especialmente para o recém-chegado, garantindo

que sua ligação com A.A. não seja revelado.

"A primeira coisa que aprendemos sobre o alcoolismo é que constituem um dos problemas

mais antigos da humanidade. Apenas recentemente começamos a nos beneficiar com novas maneiras de

tratar o problema".(23)

A irmandade do A.A. possui também dois grupos específicos: o ALATEEN,

para adolescentes de 11 à 19 anos que tenham familiares ou amigos alcoólatras; e o

ALANON, para familiares e amigos de alcoólatras.

Como já foi dito, anteriormente, o A.A. não tem como filosofia a divulgação

dos seus trabalhos. Isto significa que, de forma alguma, esta organização possui um

setor de assessoria de imprensa, mas também, não, negam prestar informação para

mídia, com tanto que seja em anonimato.

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Com relação aos trabalhos de divulgação interna, o A.A. possui uma vasta

gama de materiais gráficos editados por eles próprios. Esta responsabilidade é incluída a

Comissão de Literatura e Publicação da JUNTA NACIONAL DE ALCOÓLICOS

ANÔNIMOS DO BRASIL - JUNAAB.

"A JUNAAB foi criada em 29 de fevereiro de 76, em S.P (durante o III Conclave Nacional), que já constava com 29 Delegados Estaduais, representando 15 Estados e o Distrito Federal, oriundos do antigo Conselho Diretor do CLAAB, a JUNAAB, com a ajuda dos Delegados, vem desenvolvendo um sistema de prestar informações, que resulta em enorme ajuda para os Delegados e Comitês que estejam desejosos de manter os Grupos de Distritos plenamente inteirados das atividades da conferência".(24)

O Comitê de Literatura é o encarregado da revisão da literatura aprovada

pela Conferência e do aconselhamento da edição de títulos novos, propiciando à Junta

editar e distribuir literatura de A.A. para o Brasil. Seus trabalhos são distribuídos em

livros, livretos, folhetos, literatura de serviços, periódicos (Revista Vivência - bimestral)

e os Boletins Internos (Bob Mural a Jornal do CTO).

A Junta, por sua vez, tem a responsabilidade de resguardar em todo o

território nacional os direitos autorais da literatura de A.A. do Brasil, bem como a de ser

depositária desses mesmos direitos deferidos por "Alcohiolics Anonymous World

Services, Inc".

É importante destacar que os eventos realizados são de total

responsabilidade de cada setor, ou seja, do comitê regional. Desta forma, todos os

materiais de divulgação são confeccionados por empresas terceirizadas, de acordo com

o patrocinador do evento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(6) SODRÉ, Muniz. A Comunicação do Grotesco, 11a edição, Rio de Janeiro, Editora

Vozes, 1988, p. 11.

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(7) PERUZZO, Cicilia Krohling. Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista,

2a edição, São Paulo, 1.986, p.33.

(8) IDEM, p. 43.

(9) IBIDEM, p. 43.

(10) IBIDEM, p. 43.

(11) IBIDEM, p. 44.

(12) IBIDEM, p. 44.

(13) IBIDEM, p. 44.

(14) IBIDEM, p. 44.

(15) IBIDEM, p. 44.

(16) IBIDEM, p. 45.

(17) ROSA, José Maria a LEÓN, Maria Lenilde Plá de. Jornal de empresa na prática, 1a

edição, São Paulo, 1992, p. 16.

(18) Entrevista realizada com José Marcus Mattos, o Coordenador de Estudos,

Pesquisas e Recursos Humanos do CONEN (Conselho Estadual de Entorpecentes), no

dia 27/05199.

(19) Entrevista realizada com a pedagoga Raquel Menezes da Silva, responsável pelo

Setor de Atendimento Primário do NEPAD, no dia 09/05/99.

(20) Entrevista realizada com Aurélio Sento Sé, Vice-Presidente e Coordenador de

Interiorização e Programas Comunitários do CONEN (Conselho Estadual de

Entorpecentes), no dia 03/06199.

(21) Entrevista realizada com Luete, funcionário do A.A., (na condição de manter em

sigilo o seu sobrenome), no dia 06106/99.

(22) Entrevista realizada com Nonato, funcionário do A.A., (na condição de manter em

sigilo o seu sobrenome), no dia 06106/99.

(23) Entrevista realizada com um alcoólico anônimo, G.A.L., 23 anos, no dia 06/06/99.

(24) JUNAAB - Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos do Brasil. Manual de Serviços

do A.A., 2a edição, São Paulo, p 15.

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3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO: AGENTES FAVORÁVEIS DO

ÁLCOOL

A comunicação – entendida como algo que um indivíduo concebe, codifica

e emite intencionalmente para obter uma reação – é por natureza, um fenômeno

dinâmico, uma vez que exige dos seus agentes uma permanente atividade psicossocial,

no sentido de se adaptarem às mudanças que o processo opera no ambiente; entre o

discurso interno do sujeito e a relação com o outro.

Como foi dito anteriormente, a comunicação não é um fenômeno isolado,

nem contemporâneo. Ela é uma necessidade básica do ser humano, do homem social.

Como atividade humana tem desempenhado um papel vital na transformação das

sociedades. Sendo assim, é preciso pensá-la sempre como um fenômeno estritamente

integrada aos processos culturais: através da comunicação os homens compartilham o

conhecimento, a informação, a experiência e assim podem compreender, persuadir,

converter, controlar, eliminar ou se irmanar...

Não se pode esquecer, porém, que a comunicação é um processo que

depende, para sua efetivação, de um "emissor" e de um "receptor". É, por isso mesmo,

um processo que marca a necessidade humana de expressão e relacionamento, e

portanto, sujeito aos contextos simbólicos de toda uma sociedade. Conseqüentemente, a

comunicação é ao mesmo tempo um fenômeno e uma função social.

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Dentro do processo de evolução, o homem desenvolveu e/ou aperfeiçoou

formas de adquirir novos conhecimentos, inventou instrumentos cada vez mais flexíveis

e eficientes para utilizá-los. Tanto é assim, que hoje, as sociedades, de maneira geral,

estão ligadas a uma vasta e complexa rede de comunicações: através do rádio, da

televisão, do telefone etc.

"O desenvolvimento do modo de produção capitalista trouxe consigo o alargamento das forças produtivas; o avanço técnico empurrou os sistemas de comunicação a um estágio tão sofisticado quanto já vinham experimentando os meios de produção material clássico. E, nesse contexto, a informação revela-se, então, um poderoso instrumento político de poder e, os meios de produção a distribuição da informação, por decorrência, como pilares fundamentais à sustentação a ao exercício desse poder."(25)

Todas as civilizações de todos os tempos tiveram suas formas de expressão

cultural. Hoje, contudo, fala-se em produção de cultura – o que pressupõe, assim, a

existência de uma indústria cultural. Sob esse ponto de vista, a cultura é tida não como

um instrumento de crítica, expressão ou conhecimento, mas como um produto a ser

consumido.

A grande preocupação dos estudiosos da comunicação social e/ou da

antropologia social é verificar a forte influência que a mídia exerce sobre a sociedade. É

fato, seja qual for o veículo, o homem está cada vez mais preso as informações que são

ditadas por elas.

"Os meios de comunicação possuem um poder enorme, que é a formação da opinião pública. Normalmente, o que é vinculado tem muita repercussão, mas geralmente não desperta no público a discussão crítica, porque a opinião da mídia é passada como informação, como sendo a verdade". (26)

3.1 A Magia da Publicidade

No capítulo anterior, foi concedida maior preocupação à área do jornalismo,

mas, especificamente, com assessoria de imprensa. Neste, será centrado mais a

publicidade, fonte propulsora para o estímulo à bebida nos adolescentes, terra da

pesquisa.

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A publicidade, conforme sugere Everardo Rocha (1990), é o instrumento

que permite re-humanizar o produto industrial, situando-o na sua última plataforma –

uma espécie de altar de sacrifício, de onde será finalmente imolado e destruído na

vertigem do consumo.

A função manifesta da publicidade é aquela de "vender um produto",

"aumentar o consumo" e "abrir mercados". O discurso publicitário fala sobre o mundo,

sua ideologia é uma forma básica de controle social, categoriza e ordena o universo.

Hierarquiza e classifica produtos e grupos sociais. Faz do consumo um projeto de vida.

É importante destacar que o "consumo" de anúncios não se confunde com o

"consumo" de produtos. Podemos até pensar que o que menos se consome num anúncio

é o produto. Em cada anúncio "vende-se" "estilos de vida", "sensações", "emoções",

"visões de mundo", "relações humana" etc. Na verdade, o que interessa, é a

interpretação dos anúncios sobre a sociedade.

O anúncio, como moldura de acontecimentos mágicos, faz do produto um

objeto que convive e intervém no universo humano. O anúncio projeta um estilo de ser,

uma realidade, uma imagem das necessidades humanas que encaixa o produto na vida

cotidiana. A verdadeira magia da publicidade é incluir o produto nas relações sociais

dos receptores. O produto é introduzido e interpretado para o público pelo anúncio.

Desta forma, pode-se entender melhor o fascínio que os anúncios

publicitários exercem, principalmente, sobre os adolescentes. No capítulo 1, foi visto

que os jovens ainda não estão munidos de segurança, auto-controle e opinião própria,

implicando assim, ser alvos fáceis para a persuasão. Ou seja, na medida em que aparece

na televisão um determinado ator ou atriz degustando um tipo de bebida alcoólica, os

adolescentes absorvem esta informação como sendo positiva.

É importante lembrar que a preocupação desta pesquisa não é, de forma

alguma, criticar a bebida alcoólica, mas sim o seu uso demasiado. Vimos, que é neste

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período que se iniciam, inconscientemente, a dependência pelo álcool. Não seria, então,

exagero afirmar que o marketing persuasivo induz ao uso do álcool, já que não é comum

assistir a qualquer anúncio de bebidas alcoólicas, aparecendo tristeza, pessoas feias,

doentes, guerras etc. Ao contrário, os anúncios em geral possuem um conotação

bastante positiva, todos são emitidos com muita cor, alegria, reunião com amigos,

sucesso profissional ou emocional, aventura, entre outros aspectos que as pessoas

almejam para vida.

3.1.1 O poder da persuasão

De início, é bom lembrar que persuadir não é sinônimo imediato de coerção

ou mentira. Pode ser apenas a representação, do desejo de se prescrever a adoção de

alguns comportamentos, cujos resultados finais apresentem saldos socialmente

positivos. Por exemplo, uma campanha de vacinação infantil.

Falar em persuasão implica, de algum modo, retomar uma certa tradição do

discurso clássico, na qual podem ser lidas muitas das formulações que marcaram,

posteriormente, os estudos da linguagem. E recuperação do espaço cultural e lingüístico

do mundo clássico necessária, visto que a preocupação com o domínio da expressão

verbal nasceu entre os gregos. E não poderia ser diferente, pois, praticando um certo

conceito de democracia, e tendo de expor publicamente sua idéia, ao homem grego

cabia manejar com habilidade as formas de argumentação.

O problema não era apenas o de falar, mas fazê-lo de modo convincente e

elegante, unindo arte e espírito, bem ao gosto da cultura clássica. A disciplina que

cuidava especialmente de buscar tal harmonia era a retórica. Cabe a retórica mostrar o

modo de constituir as palavras visando a convencer o receptor acerca de dada verdade.

De acordo com o dicionário, a retórica é a arte de persuadir, exprimir-se

facilmente através das palavras. Segundo Aristóteles, retórica não é persuasão, mas

através dela é que iremos descobrir os meios próprios para persuadir.

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Portanto persuadir, é antes de mais nada, sinônimo de submeter, daí sua

vertente autoritária: quem persuade, leva ao outro a aceitação de uma idéia. É possível

que o persuador não esteja, realmente, trabalhando com uma verdade, mas tão somente

como algo que se aproxime de uma certa verossimilhança.

3.1.2 Persuasão gera alienação:

Embora o processo de alienação sempre implique uma alteração da

consciência, já que o ser humano é facilmente persuadido, isto não significa dizer que a

alienação seja produto da consciência humana e sim, da influência dos "donos da

verdade".

E através da alienação, o homem é levado a ver o consumo como algo

desligado da produção. O ato do consumo, aparece quase como mágico solto no ar,

deslocado de sua própria origem. Separa a produção do consumo, é parte do próprio

processo de alienação. O consumo alienado provoca uma fantasia, ou seja, provoca a

necessidade de comprar a fantasia que ela própria criou.

O que pretende-se mostrar com isso, é como a mídia, pode utilizar em seus

textos, a retórica e a persuasão, podendo ser observado, freqüentemente, em textos

publicitários, em discursos políticos etc. A sociedade moderna está fortemente

impregnada desse tipo de discurso.

Sabe-se que, a mídia é manipulada não só pelos grandes empresários como

pelo próprio governo. Por causa do seu poder esses homens se utilizam da mídia para

através de suas mensagens, procurar modificar comportamentos, idéias, hábitos,

consumo de produtos etc, visando sempre atingir seus interesses a objetivos.

Dia-a-dia, mensagens e informações invadem as casas, os trabalhos, enfim

todos os lugares possíveis através os meios de comunicação. Infelizmente, a persuasão

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se faz presente na maioria das vezes e cabe ao receptor a aceitar, analisar ou até mesmo,

ignorar estas mensagens que desta forma são impostas sobre a sociedade.

3.2 A Ética Publicitária

Entende-se por moral o conjunto de comportamentos do homem em

sociedade, numa determinada época. E por ética, a teoria, ou ciência, deste conjunto de

comportamentos. Os princípios, as normas e os juízos de uma moral não apresentam

caráter científico; nem rigor, nem coerência, nem fundamentação nas suas proposições.

Não poderia finalizar esta pesquisa, sem citar alguns princípios da ética

publicitária, no que diz respeito a bebidas alcoólicas. Consta no artigo 44, que "pela sua

importância econômica ou social, pelo seu volume, pelas suas repercussões no

indivíduo ou na sociedade, determinadas categorias de anúncios devem estar sujeitas a

cuidados especiais e regras específicas, além das normas gerais previstas pelo Código

de Ética, ditas como Anexos".

O Anexo A - Bebidas Alcoólicas - diz que se faz necessário a distinção entre

as bebidas de baixo teor alcoólico, como é o caso do vinho e da cerveja e as bebidas de

alto teor alcoólico, seja elas fermentadas, destiladas ou retificadas. As normas

específicas que se seguem tratam apenas destas últimas a complementam as normas

gerais deste Código:

1. Crianças, não devem figurar nos anúncios, a não ser em situações que tornem

natural e espontânea a sua presença - como é o caso das cenas de família - e

contanto que fique bem claro que não estão bebendo e, ainda, quando sua

presença for necessária para enfatizar temperança e moderação.

2. Os anúncios não deverão ser endereçados a menores de idade nem tampouco

encorajá-los a beber. Qualquer pessoa que apareça bebendo, em um anúncio,

deverá ser a parecer maior de idade.

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3. A propaganda não deve tornar a bebida um desafio, nem tampouco menosprezar

aqueles que não bebem.

4. A propaganda não deve dar a impressão de que a bebida está sendo

recomendada principalmente por seu efeito intoxicante.

5. O teor alcoólico de uma bebida não deve ser utilizado como terra principal de

um anúncio o que todavia, não impede a inclusão de informações factuais no

tocante a esse detalhe.

6. As situações apresentadas na propaganda jamais devem associar positivamente a

bebida como a direção de veículos automotores.

7. Os anúncios não devem encorajar o consumo excessivo ou irresponsável, nem

induzir ao consumo em locais ou situações ilegais, perigosas, impróprias ou

socialmente condenáveis.

8. Nenhum anúncio deve ser inserido em qualquer Veículo dirigido basicamente a

menores de idade.

9. Na publicidade pela televisão atender-se-á especialmente aos seguintes

requisitos:

a) os comerciais e mensagens de outra natureza, inclusive o chamado

"merchandising" pela televisão, só serão transmitidos nos horários que

vão das 21 às 6 horas, exceção feitas aos eventos especiais patrocinados

cuja determinação de horário independa do controle de veículo ou do

anunciante;

b) no caso de "chamadas" para programações patrocinadas, será permitida,

em qualquer horário, a simples menção do produto, sua marca e seu

fabricante, acompanhada apenas de um "slogan" ou frase promocional

desde que tais mensagens não firam os preceitos e o espírito do presente

Código.

10. A veiculação de anúncios em cinemas, teatros e salões só serão permitida a

partir das 20 horas, salvo quando o espetáculo for proibido a menores de 18

anos.

"O terra álcool a embriaguez apresenta preocupação bastante relevante ao âmbito legislativo, tendo assim, diversas disposições na lei a alguns projetos tramitando pelo congresso. Um bom exemplo, para isto, é que nos rótulos das garrafas de bebidas alcoólicas, a exemplo que acontece como os maços de cigarro, deverá

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haver advertências sobre os riscos do consumo daquela droga à saúde. Além disso, fica estabelecida uma seqüência de sanções judiciais a quem vender bebida alcoólica a menores de idade: advertência, multa e, finalmente, suspensão da atividade comercial de quem descumprir a lei. ".(27)

Fica evidente, então, a preocupação centrada aos menores de 18 anos, tanto

para o consumo da bebida quanto para a absorção das mensagens publicitárias.

Ratificando a teoria da pesquisa, que o jovem é de fato alvo fácil de manipulação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

(25) PERUZZO, Cecilia Krohling Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista,

2a edição, São Paulo, Editora Summus, 1986, p.96.

(26) Entrevista realizada com a publicitária, Fátima Pérez, no dia 03/06/97.

(27) Entrevista realizada com o advogado, Luiz Felippe Chelles, no dia 05/06/97.

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CONCLUSÃO

Após a elaboração desta monografia acadêmica, foi constatado que a lei

existe, a preocupação nos acompanha, mas o dever só será cumprido com a devida

consciência da sociedade. Isto significa que, pesquisas afirmam a incidência cada vez

maior dos adolescentes consumindo bebidas alcoólicas nas noites do Rio de Janeiro,

mas que em princípio não desperta qualquer espanto, a menos quando o quadro se torna

desesperador.

De fato, o que precisa ser feito, ao nível dos meios de comunicação de

massa, é um trabalho intenso de divulgação, informação, levando estes jovens à

discussão do problema; não os reprimindo, como muitos fazem. E não seria arriscar

muito, dizer que, também, é necessário que haja uma parceria da mídia com as

instituições de apoio, tendo em vista que estes últimos detêm as melhores informações

para o assunto, mas que, devido sua filosofia, não se propagam.

Cabe ressaltar, que devido a polêmica do tema - drogas -, os deputados da

Assembléia Legislativa do Rio já aprovaram o projeto de lei que determina a

obrigatoriedade de inclusão no currículo escolar de 1° e 2° graus, matéria referente à

dependência química e ao uso de drogas e sua conseqüência na disciplina de ciências.

Mas, esta é apenas uma medida de solução para o problema, muito ainda pode se fazer

para amenizar a questão do uso (discriminado) de drogas.

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No que diz respeito ao profissional de comunicação, existem algumas

providências que podem ser tomadas, como informar nas propagandas de bebidas

alcoólicas, num efeito de tarja, a advertência do Ministério da Saúde, assim como nos

anúncios de cigarro. E baseando-se na ética ditada aos publicitários, ter mais atenção na

escolha de garotos-propaganda para o álcool; um bom exemplo para isto é o anúncio da

cerveja Brahma com o Ronaldinho, que tem gerado muita discussão, uma vez que ele já

virou um ídolo das crianças.

Ao iniciar este trabalho, tinha como princípio básico que este consumo do

álcool tão precoce em nossa sociedade, devia-se à enxurrada de mensagens dirigidas aos

adolescentes, superando em volume, as mensagens de alerta veiculadas pelas

instituições de apoio ao alcoólatra, visando livrar o jovem do vício. Hoje, após o

término da pesquisa, posso afirmar que de fato os trabalhos das instituições de apoio são

irrisórios diante dos incentivadores do vício.

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