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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
AVM FACULDADE INTEGRADA
MÚSICA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Maria Dalva Bernardino da Silva
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
RECIFE – PE
JUNHO/2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
AVM FACULDADE INTEGRADA
MÚSICA E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Maria Dalva Bernardino da Silva
Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Educação Infantil e Desenvolvimento.
RECIFE – PE
JUNHO/2014
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ser meu porto seguro, me dar a vida e a capacidade para sonhar e realizar meus sonhos.
A minha família parte tão importante da minha vida.
Ao meu noivo por sonhar junto comigo os meus sonhos.
Em especial a minha irmã Marly por dedicar seu tempo para me ajudar nesse longo processo de estudo que pela graça de Deus foi concluído.
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RESUMO
O presente trabalho acadêmico tem como temática é música e aprendizagem na Educação Infantil, ressaltando a realidade pedagógica de uma Instituição Municipal de ensino da cidade de Carpina-PE. É possível dizer que a música é uma ferramenta pedagógica que os professores podem utilizar em sala de aula como técnica metodológica na aprendizagem, visto que através da música os alunos poderão aprender de forma mais prazerosa e mais significativa, favorecendo uma educação de qualidade. Desse modo, utilizou-se uma pesquisa de campo de caráter exploratório e qualitativo, bem como a pesquisa bibliográfica de teóricos sobre o tema. Tendo como instrumento de coleta de dados a elaboração e aplicação de um questionário com questões abertas, tendo como objetivo analisar o uso da música no processo de ensino aprendizagem na educação infantil e na prática pedagógica do professor. De forma mais específica verificou-se a utilização da música no dia a dia da atuação docente, identificaram-se as mesmas e se descobriu a importância que as educadoras dão a música na aprendizagem infantil. Logo após a etapa de coleta de dados procedeu-se a etapa de análise dos resultados obtidos resultando na elaboração do relatório monográfico da pesquisa realizada. Diante dos resultados obtidos nesse estudo pode-se concluir que a música é parte indispensável para a educação infantil pois esta requer um ambiente lúdico e prazeroso para que a criança possa aprender. Ela favorece a interação de uns com os outros, o convívio pacífico, bem estar e se constitui uma ferramenta na construção do conhecimento.
Palavra-chave: Aprendizagem, significativa, prática pedagógica.
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ABSTRACT
This academic work has as theme music and is learning in kindergarten, emphasizing pedagogical reality of a Municipal Educational Institution City Carpina - PE. You can say that music is an educational tool that teachers can use in the classroom as a methodological technique in learning through music since students can learn more pleasurable and more meaningful way, favoring a quality education. Thus, we used a field study of exploratory and qualitative, as well as the theoretical literature on the topic. Having as an instrument of data collection and the preparation of a questionnaire with open questions, aiming to analyze the use of music in the teaching learning process in early childhood education and teacher's pedagogic practice. More specifically it was found the use of music in day to day teaching practice, identified the same and found the importance that teachers give music in children's learning. Shortly after the stage of data collection proceeded to the stage of analysis of the results resulting in the preparation of monographic report of the survey. Results obtained in this study it can be concluded that music is essential for early childhood education as this part requires a playful and enjoyable environment for the child to learn. She favors the interaction with each other, peaceful coexistence , wellness and provides a tool for knowledge construction. Keyword : Learning , significant pedagogical practice .
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METODOLOGIA
Este trabalho terá como instrumento uma pesquisa exploratória por meio de um
estudo bibliográfico sobre a música na educação infantil através do estudo de
BRITO, ANTUNES, REGO, KRAMER e também uma pesquisa por meio de um
questionário a ser respondido pelos professores atuantes na educação infantil
de uma instituição.
Serão aplicados questionários em uma escola pública de atendimento a
educação infantil. A aplicação deste questionário será feita pelo próprio autor
em dia e horário a serem combinados na escola. Ao término desta coleta, estes
dados serão avaliados de acordo com os objetivos geral e específico deste
trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................ 8
1. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ....................................... 10
1.1 Conceito de infância ................................................................................ 10
2. A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................... 15
2.1 A importância das cantigas de roda e parlendas na Educação Infantil ... 18
2.2 A importância da linguagem musical ....................................................... 28
3. O QUE DIZ A REALIDADE INVESTIGADA ................................................. 33
3.1 Metodologia ................................................................................................. 33
3.2 Perfil dos professores pesquisados ............................................................ 33
3.3 Análise dos dados coletados ....................................................................... 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 40 ANEXOS ............................................................................................................. 4
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INTRODUÇÃO
O tema dessa monografia é música e aprendizagem na educação infantil. Cujo
tema central é qual a importância da música na educação infantil?
Na educação infantil é importante que se trabalhe de forma lúdica e prazerosa.
A música está presente na vida das pessoas de todas as idades e classes
sociais. Desde cedo a criança entra em contato com a musica, quando bebê, é
acostumado a ouvir cantigas de ninar com o objetivo de acalmar e fazê-la
dormir, depois aprendem a unir a musica aos movimentos corporais. A voz
juntamente com os movimentos corporais é capaz de produzir sensações de
alegria, prazer e bem-estar, além de expressar sentimentos e emoções.
Ela está presente em todos os momentos da vida humana. Há músicas para
batizados, casamentos, e funerais. Os meios de comunicação costumam fazer
uso da música para alcançar as pessoas com apelos comerciais.
“As cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo
tipo de jogo musical tem grande importância pois é por meio
das interações que se estabelecem. (...) Os movimentos de
troca e comunicação sonoro-musicais favorecem o
desenvolvimento afetivo e cognitivo bem como a criação de
vínculos fortes tanto com os adultos quanto com a música.”
(BRITO, 1998, p. 49)
É importante usar esse recurso tão acessível às crianças para auxiliar na
motivação e socialização favorecendo o processo de aprendizagem.
São, portanto, objetivos desta pesquisa:
• Reconhecer a influência da música na aprendizagem de crianças na
Educação Infantil.
• Investigar tipos de músicas que visem desenvolver a atenção, a
concentração e a aprendizagem infantil.
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• Analisar os benefícios da música para a participação, a expressão oral e
corporal da criança.
• Conhecer a forma como os professores tem utilizado a música na
educação infantil.
O referencial curricular nacional para a educação infantil, apresenta a música
como área de conhecimento que deve ser integrada as demais áreas.
“A integração entre os aspectos sensíveis, afetivos estéticos e
cognitivos, assim como a promoção de interação e
comunicação social, conferem caráter significativo a linguagem
musical. Uma das formas importantes de expressão humana, o
que por si só justifica sua presença no contexto de educação
de um modo geral e na educação infantil, particularmente. ”
(RCNEI, 1998.p.45)
Este trabalho estrutura-se da seguinte forma:
No primeiro capitulo volta-se para um breve histórico da educação infantil, as
ideias de infância e sua importância para a compreensão do papel da escola
em determinados períodos da história.
O segundo capítulo aborda a música na educação infantil, a importância das
cantigas de roda e parlendas analisando a importância da linguagem musical.
No terceiro capítulo apresentamos a realidade investigada juntamente com o
perfil dos entrevistados e das análises dos dados coletados. Nesse momento
conheceremos sobre a vivência dos professores e a relação que relevância que
a música tem em sua prática pedagógica.
Finalmente as considerações finais apontam para os benefícios que a música
traz para a educação e aprendizagem no contexto da educação infantil.
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I. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
A criança nem sempre foi considerada como é hoje, um ser social, ela
antigamente era vista como um ser ingênuo, inocente e incompleto.
Hoje, a criança é vista como um ser social, ativo tendo uma natureza infantil
biológica e sociológica que é comum a todas as crianças e diferentes pelos
fatores socioculturais.
“A infância é constituída por uma sucessão de etapas. Cada
uma delas prepara a seguinte e os limites entre uma e outra
não são nítidos, nem precisos em relação a idade cronológica,
funcionam de maneira global e indissociável. O
desenvolvimento dos sentidos, da afetividade, da linguagem,
integra-se e completa-se num processo contínuo de interação.”
(SANTOS, 1999, p. 11)
Entre os registros mais antigos da relação homem com a música encontram-se
em Gênesis 4:21 ...Jubal: este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta
(Almeida,1994).
1.1 Conceitos de Infância
A ideia de uma infância universal foi divulgada pelas classes dominantes
baseada no seu padrão modelo de criança.
Entende-se comumente criança por oposição ao adulto, pela falta de idade ou
maturidade e de adequada integração social.
Mas a infância não está apenas nesses aspectos engloba também os aspectos
físicos emocionais.
“Sentimento de infância não significa o mesmo que afeição
corresponde, na verdade a consciência de particularidade
infantil, ou seja, aquilo que distingue a criança do adulto e faz
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com que a criança seja considerada um adulto em potencial,
dotado de capacidade de desenvolvimento. ” (KRAMER, 1995,
p.17)
A partir do século XVI a medicina conseguiu avançar fazendo com que fosse
reduzido o índice de mortalidade infantil. Dois sentimentos passaram a fazer
parte da vida dos adultos um de considerar a criança inocente e graciosa, outro
de vê-la como um ser imperfeito que precisa de moralização e regras aplicadas
pelos adultos.
Segundo KRAMER (1995), o sentimento de infância resulta pois, numa dupla
atitude com relação a criança: preserva-la da corrupção do meio, mantendo
sua inocência fortalece-la desenvolvendo seu caráter e sua razão.
Passa-se a crer que toda criança é igual e precisa de cuidados, educação e
preparação para a vida em sociedade. Esses argumentos continuam válidos
em nossa sociedade atual.
Na pedagogia tradicional a educação tem como objetivo disciplinar, aplicar
regras, e transmitir modelos prontos; enquanto que na pedagogia nova a
criança é vista em sua inocência, necessitando de cuidados para manter sua
pureza e a educação se dá na sua liberdade de expressão. Ela é vista como
um ser que já possui conhecimentos que precisam ser considerados e abertos
novos caminhos de construção de conhecimentos.
Na sociedade brasileira formada por tantos povos, tantas raças, onde sua
formação se dá em uma porcentagem tão alta de miscigenação, essas crianças
tem um modelo de vida diferente e cada grupo social possui diferentes formas
de valorização da criança. Mesmo assim algumas atitudes de cuidar, proteger,
educar moralmente são a base da educação voltada para as crianças.
Conforme KRAMER os dois aspectos do sentimento de infância a paparicação
e a moralização são aparentemente contraditórios, mas, na verdade, ambos se
completam na concepção de infância enquanto essência infantil.
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A criança é vista como um ser dependente e não produtivo, que de cuidados.
Porém, em algumas classes sociais a criança trabalha junto com a família.
Muitas vezes a família vê a educação algo que possa trazer ganhos
econômicos futuros. Por esse motivo a família tenta conciliar trabalho e
educação para seus filhos.
Para os adultos segundo KRAMER (1995), “a educação tem um valor de
investimento a médio e longo prazo e o desenvolvimento da criança
contribuirão futuramente para aumentar o capital da família”.
A citação acima representa o pensamento de muitos que creem que por meio
da educação seus filhos conseguiram crescer financeiramente e ter melhor
qualidade de vida.
As crianças de classes sociais econômicas pobres são consideradas carentes
culturalmente, por isso faz parte dos objetivos educativos desenvolver
determinadas atitudes ou conteúdos para que eles possam corresponder ao
padrão estabelecido.
Assim, o conceito de educação compensatória, enfatizado corretamente como
um antídoto para a civilização cultural teria se originado no pensamento de
PESTALOZZI e FROEBEL sendo mais tarde expandido por MONTESSORI.
(...) “A pré-escola era encarada por esses educadores, como uma forma de
suprir a miséria, a pobreza e a negligência da família.” KRAMER (1995, p.25)
Monocorvo Filho organizou a história de proteção a infância em 3 períodos:
-. Do descobrimento até 1874, pouco se fazia pelas crianças brasileiras tanto
com relação a proteção quanto em relação a atendimentos.
-De 1874 até 1889 havia apenas projetos por grupos particulares como os
médicos que cuidavam das crianças
-Durante as primeiras décadas desse século aumentaram os cuidados e
surgiram atendimento médicos, higiene e escolar.
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Em 1888, foi criado o instituto de proteção e assistência a infância do brasil que
atendia a menores de oito anos de idade. Nesse instituto eram realizadas
campanhas de vacinação, e festas. Em 1908, teve início a primeira creche que
era destinada a filhos de operários com idade até 2 anos. E em 1909, foi
inaugurado o jardim Campos Salles no Rio de Janeiro.
Vemos um atendimento mais voltado para a questão de preservação da vida e
entretenimento.
Nos dias atuais vivemos o paradoxo de possuir um conhecimento teórico
complexo sobre infância e ter muitos desafios para lidar com o processo
envolvendo a educação de crianças. “Ao longo do século XX cresceu o esforço
de estudar a criança em vários campos de conhecimento (...) A ideia de uma
infância universal foi divulgada pelas classes dominantes baseada no seu
padrão modelo de criança. ” (KRAMER,1992)
Assim para a autora (idem) a ideia de infância não existiu sempre da mesma
maneira. Ao contrário, a noção de infância surgiu com a sociedade capitalista,
urbano-industrial a medida que mudava a inserção e o papel social da criança
na sociedade. Por conta da necessidade do mercado, as mulheres passaram
de dona de casa a operárias de fábricas.
Segundo a autora a partir da década de 30 se intensificaram várias discussões
e estudos relativos a educação infantil. Pastalozzi criou um orfanato em Stanz,
propondo para as crianças atividades de contato com a natureza e linguagem
oral. Froebel se encarregou de incutir na educação pré-escolar as ideias de
Pastalozzi, propondo a criação de jardins de infância.
Entende-se comumente criança por oposição ao adulto, pela falta de idade ou
maturidade e de adequada integração social.
Mas a infância não está apenas nesses aspectos engloba também os aspectos
físicos emocionais.
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“Sentimento de infância não significa o mesmo que afeição
corresponde, na verdade a consciência de particularidade
infantil, ou seja, aquilo que distingue a criança do adulto e faz
com que a criança seja considerada um adulto em potencial,
dotado de capacidade de desenvolvimento. ” (KRAMER, 1992,
p.11)
A partir do século XVI a medicina conseguiu avançar fazendo com que fosse
reduzido o índice de mortalidade infantil. Dois sentimentos passaram a fazer
parte da vida dos adultos um de considerar a criança inocente e graciosa, outro
de vê-la como um ser imperfeito que precisa de moralização e regras aplicadas
pelos adultos.
O sentimento de infância resulta pois, numa dupla atitude com relação a
criança: preserva-la da corrupção do meio, mantendo sua inocência fortalece-la
desenvolvendo seu caráter e sua razão (KRAMER, 1992, p. 18).
Passa-se a crer que toda criança é igual e precisa de cuidados, educação e
preparação para a vida em sociedade. Esses argumentos continuam válidos
em nossa sociedade atual.
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II. A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Durante a colonização do Brasil os Jesuítas utilizaram a música, em especial o
canto, para fins de catequese.
Nas primeiras décadas do século XX, surgiu um movimento de educação
musical para o povo; onde lideraram Villa-Lobos, Fabiano Lozano, João Batista
Julião, Luiz Bile e outros. Elas criavam pequenos conjuntos e bandos musicais,
com alunos de escolas públicas, esses alunos se apresentavam em
festividades escolares.
As mudanças que ocorreram no ensino de música fizeram com que a Lei de
Diretrizes e bases de educação nacional (LDBEN) de 1961 substituísse a
disciplina de canto orfeônico por educação musical. O ensino de música se
expandiu não apenas no canto, mas ao sentir, tocar e dançar a musica.
Com a justificativa de entregar as 3 dimensões da arte (plástico, teatral e
musical) a LDBEN suprimiu a educação musical e introduziu a educação
artística.
Na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional (LDBEN) nº 9394/96. A
arte passa a ser uma disciplina obrigatória na educação básica, destacando a
música dentro dele, principalmente na educação infantil, onde o professor
polivalente desenvolve uma educação musical.
Os sistemas de ensino municipal adaptaram suas propostas os PCN’S, em
especial no que diz respeito a educação infantil onde a música passa a ser um
eixo indispensável para a linguagem musical, para a expressão e a
socialização do ser humano.
Os profissionais na área de educação reconhecem as vantagens da educação
musical, especialmente o canto, pois a voz é o instrumento acessível
contribuindo para a criatividade, a autodisciplina, autoestima, a descoberta, o
conhecimento rítmico, a discriminação dos sons, o movimento corporal, a
coordenação motora, a ampliação do vocabulário e a aquisição de cultura.
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Embora a maioria dos professores da educação infantil não seja especializados
em música, devemos buscar possibilitar ao aluno ver ouvir e sentir o mundo
dando oportunidades para que o aluno possa cantar, tocar, criar, modificar e
dançar música.
Os poderes da música estão em sua abrangência, além das barreiras
socioeconômicas religiosas, étnicas e de gênero. É gratuito e está disponível
em todos os momentos.
Muitos reconhecem que a música tem poder de acalmar, iluminar, nutrir e
fortalecer.
A música produz uma variedade de emoções, aumenta nosso bem estar,
ajuda-nos a relaxar estimula o pensamento e a reflexão, proporciona consolo e
nos torna mais impulsionados a agir.
As músicas precisam ser selecionadas antes de levada a nossos alunos. As
músicas oferecidas pela mídia têm valores pré-fabricados, transformando as
pessoas em simples consumidores.
Diante disso a escola precisa resgatar os valores humanos; a música precisa
favorecer o desenvolvimento de emoções positivas.
“Cantar pode ser um excelente companheiro de aprendizagem
na socialização, aprendizagem de conceitos e descobertas do
mundo tanto no ensino das matérias, quanto, por exemplo, nos
recreios, cantar pode ser um veículo de compreensão,
memorização ou expressão de emoções. O canto também
pode ser utilizado como instrumento para pessoas aprenderem
a lidar com a agressividade. ” (BRESCIA, 2003, p. 60)
Cada pessoa tem seu próprio gosto musical e esta pode ou não influencia-la na
maneira de vestir-se, de pensar e comportar-se.
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A música não é apenas combinação de sons, mas também instrumentos que
articulam com a cultura, ela influencia a vida, e determinam gostos e
peculiaridades de um país ou uma região.
“A música é uma expressão de linguagem. A partir dela,
podemos interagir com o meio, reviver lembranças e emoções.
A música e os efeitos sonoros servem como evocação de
situações passadas e de ilustrações associadas a situações
passadas e de ilustrações associadas a personagens do
presente como as telenovelas – e criação de expectativa,
antecipando informações, como, por exemplo a trilha sonora d
um filme de suspense. “ (MORAN,2000, p. 17)
Na sala de aula ela pode ser um instrumento para promover a concentração e
o relaxamento do corpo e da mente. Seja no decorrer ou no início de alguma
atividade. A harmonia dos sons faz com que as crianças se divirtam e
aprendam de forma natural.
“A música é uma excelente forma de trabalho escolar porque,
além de ser utilizada como terapia psíquica para o
desenvolvimento cognitivo, é uma forma de transmitir ideias e
informações, fazendo parte da comunicação social.”
(ALENCAR, 2010, 31)
Correia (2010) cita algumas sugestões e etapas para se trabalhar com a
música:
- Conseguir um aparelho de som portátil (para ser fácil de transportar e utilizar);
- Utilizar um CD ou pendrive com a música previamente selecionada;
- Criar expositores com a letra da música (cartazes, retroprojetor ou Datashow);
- Providenciar fotocópias da letra da música para entregar aos alunos;
- Elaborar um questionário abordando os vários temas citados no texto;
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- Reescrever a música em um outro tipo de texto ou representação plástica
(desenho, pintura, escultura, etc.) ou ainda construir um painel ilustrativo ou
uma dramatização da música escolhida - uma boa maneira de verificar se o
conteúdo foi bem compreendido pelo aluno.
A música fará fluir a espontaneidade da criança pois é um excelente material
para o desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo. É bom que seja trabalhado
uma variante de sons e estilos procurando compreender sons, letras,
instrumentos, sonoridades e seus sentidos.
“Mas a música, em sala de aula, pode ir além de apenas um
instrumento, ela é capaz de promover o desenvolvimento do
ser humano, torna-lo capaz de conhecer os elementos de seu
mundo para intervir nele, transformando no sentido de ampliar
a comunicação e a liberdade e a colaboração entre os seres.”
(LOUREIRO, 2007)
2.1 A importância das Cantigas de Roda e Parlendas na
Educação Infantil
É por meio da brincadeira que as crianças podem penetrar em textos e na
comunicação verbal.
As cantigas de roda e as parlendas são recursos eficazes para a leitura lúdica
pela sua forma, ritmo, desenvolvimento do aspecto psicossocial por sua
linguagem simples e atrativa.
O primeiro contato que a criança tem com a poesia ocorre no berço, através
das cantigas e de ninar e prossegue com as cantigas de roda e quadrinhos
populares. O jogo de palavras às onomatopeias as repetições e as rimas
contidas nas cantigas de rodas e parlendas agradam muito as crianças.
Através de repetição as crianças memorizam cantigas e quadrinhos inteiros
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mesmo sem entender o seu significado, pois o que lhe encanta nesse momento
é a sonoridade e o ritmo dessas composições.
As cantigas de roda conhecidas no Brasil tem sua origem em Portugal e na
Espanha. Está incluída no folclore brasileiro fazendo parte das brincadeiras
populares. Do ponto de vista musical, a simplicidade, o ritmo e a melodia
refletem traços típicos da etapa infantil.
Através desses passatempos muitas crianças de diferentes culturas, falaram a
mesma linguagem e compartilharam lendas e histórias.
• Conceito
Cantigas de roda e cirandas são brincadeiras infantis onde as crianças formam
uma roda, e dadas as mãos cantam melodias folclóricas, podendo ou não ter
coreografias referente a letra da música. É uma grande expressão folclórica e
acredita-se que pode ter origem em músicas modificadas de um autor popular
ou anonimamente na população.
Entre as cantigas de rodas mais conhecidas estão: roda pião, escravo de Jó,
Rosa Juvenil, sapo cururu, o cravo e a rosa e atirei o pau no gato. Neste
sentido Cascudo (1998) afirma que:
“Cantigas de roda referem-se a brincadeiras de folclore,
dançadas ou cantadas apresentando melodias simples. Grande
parte delas se apresentam com os participantes se colocando
em rodas e de mãos dadas, mas existem também variações,
como os brinquedos de roda assentada, de fileira, de marcha, de
palmas, de pegar, de esconder incluindo também chamadas
para brinquedos e cantigas para selecionar jogadores. As rodas
infantis que se apresentam no Brasil tem origem portuguesa,
espanhola e francesa. Porém, com a força do cantar e ouvir
abrasileirou-se muitos destes cantos, sendo eles hoje tão nossos
como se aqui nascidos. ” (Cascudo, 1998, p. 20)
• Da característica:
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Elas são canções populares relacionadas a brincadeiras de roda. Nesse
sentido, possui uma melodia de ritmo limpo e rápido que favorece a imediata
assimilação. Elas estão incluídas em diferentes culturas.
Na matriz cultural brasileira tem uma característica que é autoria coletiva (ou
anônima) pelo fato de passar de geração em geração e sofrer algumas
alterações. Consiste em formar grupos com várias crianças ou adultos e dadas
as mãos canta-se uma música.
Por meio das cantigas de roda conhecidas hoje no Brasil dá-se a conhecer a
cultura e os costumes, cotidiano das pessoas, festas típicas, comidas,
brincadeiras e crenças.
A esse respeito MOYLES,1998 afirma que no ato de brincar a criança
desenvolve várias habilidades.
“Equilíbrio, controle, agilidade, coordenação dos olhos, cérebro
e músculos, combinados com poder manipulativos sobre os
materiais, ou mesmo do próprio corpo e a competência nos
próprios movimentos levam a sentimentos ainda maiores de
confiança e valor pessoal. As crianças pequenas precisam
movimentar-se, de fato, acham quase impossível ficar parada.”
(Moyles, 1989 pág. 43)
• Cantigas de roda
Marcha soldado
Marcha soldado
Cabeça de papel
Se não marchar direito
Vai preso pro quartel.
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O quartel pegou fogo
A polícia deu sinal
Acuda, acuda, acuda
A bandeira nacional.
Terezinha de Jesus
Terezinha de Jesus deu uma queda
Foi ao chão
Acudiu três cavaleiros
Todos de chapéu na mão.
O primeiro foi seu pai
O segundo seu irmão
O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão.
Terezinha levantou-se
Levantou-se lá do chão
E sorrindo disse ao noivo
Eu te dou meu coração
Dá laranja quero um gomo
Do limão quero um pedaço
Da morena mais bonita
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Quero um beijo e um abraço.
(Adaptação Zeneide Silva)
Parlendas
• Do conceito
De acordo com o minidicionário Aurélio (2001, p. 516) parlendas tem origem
em parolar, parlar, que significa “falar muito” tagarelar, conversar bobagens,
falatório, palavreado, declamação infantil. Em Portugal é chamada de
“cantilena; lengalenga”, embora esses nomes também signifiquem narrações
monótonas, cantigas enfadonhas, ladainha.
É um conjunto de palavras com pouco ou nenhum nexo, de caráter lúdico,
muito usado em rimas infantis, em versos curtos, ritmo fácil, com a função de
divertir. Ajuda na memorização, fixação de números, dias da semana, cores,
dentre outros assuntos. São versos infantis com rimas criados para: divertir,
acalmar, ajudar a decorar um número, ajudar a escolher quem vai iniciar uma
brincadeira. Sua finalidade principal e entreter.
As parlendas são de origem espanhola e foram introduzidas no folclore
brasileiro fazendo parte das manifestações de cultura popular, assim como: as
lendas, os acalentos, as adivinhas e os contos.
• Da característica
As parlendas tem como principal característica suas formas literárias
tradicionais rimadas com caráter infantil e de forma rápida. Não são cantadas e
sim declamadas em forma de texto. São versos de cinco ou seis sílabas
recitadas para entreter.
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Hoje é domingo
Pede cachimbo
O cachimbo é de barro
Bate no jarro
o jarro é fino
Bate no sino
O sino é de ouro
Bate no Touro
é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo.
Cadê o toucinho daqui?
O gato comeu.
Cadê o gato?
Foi pro mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A agua apagou.
Cadê a agua?
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O boi bebeu.
Cadê o boi?
Foi amassar o trigo.
Cadê o trigo?
A galinha espalhou.
Cadê a galinha?
Foi botar ovo.
Cadê o ovo?
O padre comeu.
O tema de uma parlenda é apenas o ritmo como ela se desenvolve, fazendo
parte das manifestações reais da cultura popular, variam bastante, e cada
pessoa pode conhecê-la de um modo diferente.
A utilização das cantigas de roda na educação infantil, por sua riqueza de
ensinamentos que tornam indispensáveis sua utilização na educação infantil.
A cultura é transmitida através dos tempos de geração em geração, sendo
mantida de pai para filho. Acredita-se que ao trabalhar com a cantiga de roda,
além de educar, leva a criança a rever toda uma cultura.
Os adultos cantam melodias, cantigas de ninar e parlendas porque percebem
que esses sons despertam o interesse, a atenção do bebê, enquanto isso os
pequenos tentam imitar fazendo balbucios. Elas geralmente gostam de
brinquedos que produzem som. Uma música calma é capaz de acalmar o
choro de um bebê.
De uma a três anos de vida o bebê articula um maior número de sons,
reproduzem letras refrão e onomatopeias, isto, muitas vezes acompanhado de
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gestos como bater palminhas, bater os pezinhos no chão e se balançam ao
ouvir músicas. Nessa fase a expressão musical delas se dá nos aspectos
intuitivos e pela exploração de materiais sonoros.
“O trabalho na área de música pode (e deve) reunir grandes
variedades de fontes sonoras. Podem-se confeccionar objetos
sonoros com as crianças. (...) devem-se valorizar os
brinquedos populares, como a matraca, o rói-rói ou berra –boi,
os piões sonoros, além dos tradicionais chocalhos de bebês,
alguns dos quais com timbres muito especiais Pios de
pássaros, sinos de diferentes tamanhos, brinquedos que
imitam o som de animais, entre outros, (...) ” (BRITO,
2003.p.64)
Podemos ver o interesse de uma criança ao puxar a corda de um brinquedo
que emite um som, busca alcança-lo, tocá-lo e saber de onde vem e como
esse brinquedo emite som. Muitas vezes eles acabam por destruir ou
desmontar o brinquedo na tentava de descobrir de onde vem o som.
A Partir dos três anos, a música confere a eles alegria e momentos de
exploração motora e rítmica. Nessa fase, a criança já memorizou um número
maior de músicas. Ela mistura músicas e histórias recriando e inventando
músicas.
Conforme o RCNEI “se a produção musical veiculada pela mídia lhe interessa;
também se mostra receptiva a diferentes gêneros e estilos musicais, quando
tem possibilidade de conhecê-los. ”
Na educação infantil o aprender está fortemente ligado à música, nas
brincadeiras de roda, pular corda e amarelinha; temos ainda, as parlendas e
advinhas.
Nas parlendas as rimas ajudam a formar uma sonoridade atraente para a
criança como no exemplo: Rei, Capitão, soldado, ladrão moça bonita do meu
coração.
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Nas brincadeiras de roda há uma junção de poesia, música e dança: a moda
da carranquinha, Fui ao Tororó, a canoa virou, Terezinha de Jesus.
Atividades assim requer espaço para que as crianças possam movimentar-se
livremente.
“O movimento para a criança pequena significa muito mais do
que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A
criança se expressa e se comunica por meio dos gestos das
mímicas faciais e interagem utilizando fortemente o apoio do
corpo. ” (RCNEI, 1998, p.18)
A brincadeira de pular corda possui movimentos corporais intensos, tanto por
causa da alternância de movimentos leves ou rápidos como também em
relação ao espaço temporal; pois para “entrar” na corda é preciso analisar o
tempo do movimento da corda, ela observa o som das batidas que a corda faz
no chão, para então descobrir o momento exato de entrar. Muitas vezes ocorre
erro de cálculo até que ela acerte o tempo. Essas brincadeiras normalmente
são acompanhadas de músicas que indicam a hora de entrar, os movimentos
com um pé só, ou os dois, o esquerdo ou o direito.
“Brincando de roda a criança exercita o raciocínio, a memória e
a dimensão afetiva, estimula o gosto pelo canto e desenvolve
naturalmente os músculos ao ritmo das danças ingênuas. As
artes d poesia, da música e da dança unem-se nos brinquedos
de roda infantil, realizando as sínteses magníficas de
elementos imprescindíveis a educação escolar. ” (MELO
1948.p.165)
Todo tipo de arte favorece o desenvolvimento escolar, pois constam de um
caráter contextual totalmente contrário as atividades formais desenvolvidas em
sala de aula. O movimento é um item que envolve todas as brincadeiras de
roda e estimula a criança a participar dançando junto aos colegas de forma
espontânea e natural.
27
As atividades formais podem se tornar ricas e prazerosas se utilizar a poesia
das letras de músicas com linguagem simples a compreensão da criança. As
cantigas de roda possuem uma linguagem simples e fácil, porém rica em
complexidade de significados. Há muitas canções antigas que continuam
sendo cantadas pelas crianças, pois estas ouviram e aprenderam com seus
pais.
As cantigas de roda não podem ser vistas como formas superadas, tanto do
ponto de vista lúdico quanto ao que se refere a gênero textual. São tradições
orais que fazem parte da cultura de um povo. Trabalhando com as cantigas de
roda, além de educar leva a criança a ter acesso a cultura de seus
antepassados. Quanto a gênero textual, ela enfatiza a sonoridades das
palavras, percebemos que ao utiliza-la desenvolve o conhecimento prévio que
ajuda na consciência fonológica.
O Referencial Nacional para Educação Infantil, enfatizando a presença dos
brinquedos musicais na educação infantil afirma que:
“Em todas as culturas as crianças brincam com a música.
Jogos e brinquedos musicais são transmitidos por tradição oral,
persistindo nas sociedades urbanas, nas quais a força da
cultura de massa é muito intensa, pois são fontes de vivências
e desenvolvimento expressivo musical. Envolve o gesto, o
movimento, o canto, a dança e o faz de conta esses jogos e
brincadeiras são legítimas expressões da infância. Brincar de
roda, ciranda, pular corda, amarelinha etc. são maneiras de
estabelecer contato consigo próprio e com o outro, de se sentir
único e, ao mesmo tempo, parte de um grupo e de trabalhar
com as estruturas e formas musicais que se apresentam em
cada canção e em cada brinquedo. ” (RCNEI, vol.3, 1998.p.71)
Algumas cantigas de ninar são conhecidas em todo o Brasil:
Nana nenê
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Que a cuca vem pegar
Papai foi a roça
Mamãe volta já.
Boi, boi boi
Boi da cara preta
Pega esse menino
Que tem medo de careta.
Boi, boi boi
Boi do Piauí
Pega esse menino
Que tem medo de dormir.
É importante estimular a escuta de músicas diversas. Enquanto uma tem no
ritmo o seu elemento mais determinante levando a vontade de movimentar e
balançar o corpo, outras despertam sentimentos e emoções únicas para cada
um.
As crianças geralmente percebem a música de forma global: texto, melodia
ritmo, mas pode acontecer de ser atraídos por uma onomatopeia, uma palavra
diferente ou um som marcante.
2.2 A Importância da Linguagem Musical
Foi comprovada cientificamente que os animais, os seres humanos
considerados normais e até aqueles portadores de alguma deficiência sentem
e recebem o efeito de uma boa música.
29
A musicoterapia trabalha coma musica para fins terapêuticos. Desde as
sociedades tribais até as mais modernas a musica sempre foi utilizada e faz
parte de uma cultura.
Na época do cinema mudo a música fazia o papel de transmitir a mensagem
juntamente com a imagem.
Os filmes não dispensam as trilhas sonoras onde a música intensifica a
demonstrações das emoções.
Os hinos usam uma linguagem literária, como por exemplo, o hino nacional
onde são apresentados valores. Valores também são apresentados em hinos
de times de futebol ou de uma escola.
Os avanços tecnológicos têm ainda mais difundido e utilizado a música nos
efeitos sonoros e eletrônicos, as chamadas de celulares, campainhas das
residências, os computadores e videogames.
Segundo João Collares, “música surgiu para expressar oralmente e de forma
especial e criativa os sentimentos e as emoções de uma comunidade”.
A música cumpre o papel de disseminar determinada cultura tais como:
- No folclore – Por meio da dança e da música são apresentados fatos que
fazem parte das histórias e costumes de um povo.
- Na união da música e peça teatral são apresentadas ideias, valores e
sentimento, onde os movimentos em conjunto com a melodia e a pulsação
rítmica geram estímulos que aumentam a percepção das mensagens
apresentadas.
No Brasil existem várias festas folclóricas que são: carnaval, festa junina,
bumba-meu-boi, entre outras.
As músicas religiosas cantadas nos cultos, casamentos, batizados encontra-se
o canto e a dança. A mensagem é transmitida através do canto. No
cristianismo:
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“Em toda e qualquer música cantada o texto literário está
sempre dizendo alguma coisa. Portanto, vendo por esse
ângulo, acredita que aprender cantando aumenta os estímulos
e as possibilidades de uma agradável assimilação na fixação
de conteúdos, sejam eles educacionais ou não. ” (João
Collares, Revista Construir Notícias, pág. 58)
“Cantar é promover a emissão oral de uma mensagem em que
os sons ou fonemas das palavras são submetidos a nuances e
oscilações sonoras de uma melodia. ” (idem)
“O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa
ainda antes do nascimento, pois em fase intrauterina os bebês
já convivem com um ambiente de som pá convivem com um
ambiente de som provocado pelo corpo da mãe, como o
sangue que flui nas veias, a respiração e na movimentação dos
intestinos. A voz materna também constitui material sonoro
especial e referência afetiva para eles. ” (BRITO, 2003, pág.
27)
O contato da criança com a música continua ao longo do tempo começando
ainda no ventre materno, seguido pelas cantigas de ninar. Com o aumento da
tecnologia o contato com a música foi intensificado, seja escutando, dançando,
cantando ou tocando um instrumento. Até o fato de receber uma chamada no
celular leva a pessoa ao contato com a música. Algumas músicas possuem um
ritmo envolvente onde de repente nos vemos mexendo os pés, balançando a
cabeça.
As músicas nos falam da nossa história, de nossa cultura, de situações de
alegria ou tristeza, medo ou esperanças.
BRITO (2003), cita que durante os primeiros meses de vida, o bebê explora
grande quantidade de sons vocais, preparando-se para o exercício da fala.
As crianças acompanham as canções com movimentos lentos ou rápidos,
conforme os sons despertam.
31
“O processo de aquisição da linguagem também facilita a
comparação com a expressão musical: fase da exploração
vocal a etapa da reprodução, criação e reconhecimento das
primeiras letras, (...) existe um caminho que envolve a
permanente reorganização de percepções explorações,
descobertas, criações de hipóteses reflexões e sentido que
tornam significativas todas as transformações e conquistas de
conhecimento: a consciência em constante movimento. Isso
ocorre também com a música. ” (BRITO, 2013)
A música é capaz de imprimir no cérebro a compreensão da melodia das
próprias palavras.
Ao memorizar uma música a criança começa a relacionar o som com a grafia.
O professor deve atuar de forma a ajudar os alunos a tirarem proveito das
canções levando-as a refletirem sobre o que ouvem e cantam para que esta
não sirva apenas como uma forma de lazer ou entretenimento e sim como uma
fonte de formação de indivíduos.
Conforme Coll (1990), “a finalidade ultima da invenção pedagógica para que o
aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagem significativa por si
mesmo”.
Segundo CARVALHO (1997), “objetiva contribuir na formação e
desenvolvimento da personalidade de individuo, pela ampliação da cultura pelo
enriquecimento de inteligência e pela vibração da sensibilidade musical”.
Através da música a escola torna-se um ambiente alegre e familiar e a criança
aprende porque assimilam novas informações de forma natural. Conhecimento
que estarão presente em sua mente em situações vindouras.
De acordo com a Teoria de Piaget o cognitivo é desenvolvido por meio de um
ambiente rico em estímulos, a estimulação e a acomodação dos exercícios das
capacidades mentais da criança.
32
As músicas do folclore falam de uma cultura, da vida, costumes e sentimentos
de um povo por este motivo de vim fazer parte do repertório em sala de aula.
Elas nos falam de hábitos de um povo, mitos, comidas, utensílios, que vão
sendo repassados de geração em geração.
“Algumas canções, pelos temas que enfocam, podem servir ao
desenvolvimento de outras atividades. Musicais ou não. Às
vezes, é a canção que nos remetem a outros conteúdos, ao
passo que outras vezes ocorre o contrário. Algum projeto que
vem sendo desenvolvido pelo grupo pode estimular a
introdução de determinada canção” (BRITO, 2003, p.119)
Os referenciais curriculares nacionais para a educação infantil, volume 3
destaca que “a linguagem musical tem estrutura e características próprias,
devendo ser considerada como: reflexão, apreciação e produção”.
33
III.O QUE DIZ A REALIDADE INVESTIGADA
3.1 Metodologia
Com a finalidade de alcançar os objetivos da pesquisa, optamos por uma
metodologia que articulasse o referencial teórico e a pesquisa de campo. Por
isso além do levantamento bibliográfico de obras referentes a temática
abordada utilizamos a técnica de questionário. (vide anexo).
A aplicação dos questionários apresentou algumas dificuldades, alguns
professores não responderam ao questionário, o que leva-nos a interpretar tal
atitude como falta de interesse na temática. Outros apresentaram respostas
sucintas dificultando uma análise mais apurada. Os demais contribuíram de
forma muito significativa relatando suas experiências e citando referências de
teóricos sobre a temática abordada.
A pesquisa de campo foi realizada na rede pública de ensino localizada na Rua
Marechal Deodoro da Fonseca. Essa instituição é uma creche que atende a
crianças de 2 a 5 anos.
Nosso campo de estudo foi delimitado em 10(dez) professores que trabalham
com turmas de educação infantil.
Após a coleta de dados os mesmos foram avaliados de forma qualitativa.
3.2 Perfil dos professores pesquisados
A pesquisa contou com 10 professores que responderam as questões
previamente elaboradas, contemplando os objetivos da pesquisa.
Todos os professores investigados são do quadro permanente da prefeitura de
Carpina. Todos são do sexo feminino e possuem pós-graduação.
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Observamos que quanto ao tempo de serviço varia entre 10 a 24 anos de
serviços prestados a educação sendo que com relação ao tempo em que
trabalham com a educação infantil é de 4 a 10 anos.
3.4 Análises dos dados coletados
Nesta etapa do trabalho, serão realizadas as análises obtidas por meio dos
questionários Foi possível ver que os professores da educação infantil são na
sua maioria do sexo feminino, e que tem havido uma busca pela qualificação
profissional, pois todas as professoras são pós-graduadas.
Quando indagamos sobre quais músicas elas costumam utilizar em sala de
aula a maioria citou que trabalha com músicas infantis de acordo com a faixa
etária das crianças, foram citadas as cantigas de roda e as músicas folclóricas.
Outras relataram que usam músicas temáticas de acordo com os conteúdos
que deseja ensinar as crianças.
Verificamos, pois, que os professores veem a música como ferramenta para
facilitar a compreensão de conteúdos e para tornar o ambiente escolar mais
acolhedor.
De acordo com as respostas das professoras a música está intimamente ligada
à aprendizagem na educação infantil, contribuindo no desenvolvimento das
crianças, ajudando a desenvolver o raciocínio lógico, a percepção, a
memorização, sensibilidade e afetividade.
Quando questionamos com que frequência elas utilizam a música em sua
prática educativa chama atenção as seguintes citações:
“Diariamente, pois há músicas que fazem parte da rotina
escolar e outras que são utilizadas de acordo com os
conteúdos. “(E1)
“A música faz parte do universo educativo, pois através dela
podemos educar as crianças de forma lúdica e prazerosa.”(E2)
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Todas as professoras entrevistadas responderam que utilizam músicas
diariamente com seus alunos. No relato acima foi citado que há música que faz
parte da rotina diária, que são músicas usadas no início, da aula, na hora do
lanche, na saída da escola etc. Foi relatado ainda, que elas são trabalhadas de
forma a auxiliar na aquisição de algum conhecimento específico de conteúdos
trabalhados.
Ao serem questionadas sobre a finalidade da música para a educação infantil:
“São várias as finalidades, entre elas trabalhar a oralidade das
crianças, dar sentido aos conceitos, elaborar e aguçar seu
senso crítico, além de dar alegria a sala de aula.” (E3)
A respeito dos critérios usados para selecionar as músicas em sua prática
educativa as professoras revelam o seguinte:
“Seleciono músicas variadas como cantigas de roda, de ninar
religiosas, etc.” (E4)
“Sempre seleciono música que trabalhem valores e que tem
significado positivo para os meus alunos.” (E5)
”De acordo com os conteúdos que serão trabalhados.”(E6)
Vemos que as músicas que elas selecionam seguem critérios como transmitir
valores e auxiliar na apresentação de conteúdos. Propiciar momentos de
alegria com as cantigas de roda.
Perguntado sobre a opinião sobre as músicas que são vinculadas pela mídia,
temos os seguintes relatos:
“Na maioria das vezes são músicas que tem uma linguagem
forte, sem transmissão de valores morais.”(E7)
“Infelizmente muitas músicas que estão sendo lançadas pela
mídia, não contribuem para a educação de nossas crianças,
por isso é necessário fazer uma separação distinta entre as
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músicas que podem ser ouvidas e tocadas na escola e as que
não servem para um ambiente escolar.”(E8)
As professoras mostram preocupação com a escolha das músicas para a
escola, pois, reconhecem que a maioria das músicas lançadas pela mídia não
transmitem valores e não trazem contribuição positiva para a educação.
Ao ser solicitado uma experiência positiva com o uso de música no contexto
escolar relata:
“Ela (a música) me facilita trabalhar com os pequenos. No caso
o texto é a música escrita. Então está sendo ótimo pois canto
com eles a melodia, trabalho a letra da música e depois faço a
interpretação oral. ” (E8)
A respeito da relação positiva entre a educação e a música as professoras
demonstraram ter bastante conhecimento teórico sobre o tema e responderam
com citações.
“De acordo com os parâmetros curriculares Nacionais (PCN) o
ensino da música tem por objetivos gerais abrir espaço para
que os alunos possam se expressar e se comunicar através
dela, bem como promover experiência de apreciação e
abordagem em seus vários contextos culturais e históricos. ”
(E9)
“Não há como falar de educação sem remeter a música pois
esta permeia a vida do ser humano desde a gestação. ”(E10)
Além de associar a música com conteúdos a ser trabalhado, ela também é
usada para simplesmente propiciar momentos de alegria e descontração
tornando a sala de aula um espaço acolhedor e para favorecer a comunicação
e a expressão entre as crianças na educação infantil.
Referente às contribuições que a música oferece no processo de ensino
aprendizagem na educação infantil descrevem o seguinte:
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“São muitas as contribuições, como a desenvoltura tanto no
âmbito cognitivo como afetivo e psicomotor. Ressaltando a
importância da ludicidade na educação infantil que, para isto, a
música é primordial. “ (E11)
“Ela facilita a linguagem falada e contribui bastante na escrita e
principalmente aguça a vontade de aprender. ”(E12)
“É preciso preocupar-nos com a formação das crianças, não
apenas com o ensinar conhecimentos sistematizados, mas
também com o favorecer movimentos corporais e a
percepção.” (E13)
Do total de entrevistadas, a maioria das professoras utiliza a música
diariamente com as turmas de educação infantil; salientando principalmente o
início da aula e a apresentação de conteúdos novos. Desta forma a música tem
preparado os alunos a receber os colegas, professores e conteúdos de várias
disciplinas. Com a função introdutória para todo fazer pedagógico na educação
infantil, torna-se impossível imaginar a educação infantil sem a música.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música na educação infantil é essencial em todos os momentos, visto que ela
auxilia no desenvolvimento de aspectos físicos, psicológicos, intelectual e
social. Seu uso na sala de aula pode ser considerado como atividades sociais
privilegiadas de interação e construção do conhecimento. A inclusão da música
no planejamento escolar e nas atividades desenvolvidas na sala de aula
conduz a uma educação flexível direcionada para a qualidade de ensino
visando a dinamização das atividades realizadas e dos conteúdos trabalhados
favorecendo a significação e eficácia da aprendizagem.
A escola como sendo um ambiente social, deverá ser para todos os envolvidos
no processo educativo, um lugar promissor da troca de experiências
contribuindo no propiciar afetividade e ludicidade às crianças. Acredita-se que a
música resulta numa forma mais prática de transmitir um aprendizado, com
isso cabe a pedagogia encontrar meios para utiliza-la em sala de aula, pois a
música não deve ser vista apenas como um passatempo, mas como uma
forma de auxílio no desenvolvimento individual e coletivo das crianças. A
música irá favorecer em vários aspectos como: criatividade, movimentos
corporais, compreensão do mundo que o cerca, o desenvolvimento da
linguagem e do imaginário infantil.
Cabe aos professores, como mediadores do conhecimento, criar oportunidades
para que cada aluno possa se desenvolver conforme o seu ritmo, oferecendo
um ambiente alegre e que estimule as interações sociais. A música é
fundamental para que haja momentos de divertimentos, e proporcionar
momentos de prazer e auxiliar as práticas pedagógicas em sala de aula.
É interessante que o educador faça uma ponte entre as atividades vivenciadas
e as músicas, não apenas como mera brincadeira, mas como uma ferramenta
que propicie o ensino aprendizagem. Em outros momentos ela pode sim ser
usada apenas como recreação e entretenimento.
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As cantigas de roda e as parlendas constituem um excelente recurso na
educação infantil, pois estes gêneros literários caracterizam-se pelas rimas e
jogos com os significantes, favorecendo a relação brincar e educar que andam
juntas nos primeiros anos de escolarização além de fazer um resgate das
canções antigas e disseminar a cultura.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Livro Técnico 2004.
BRASIL, Lei De Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.9.394 de 20 de
dezembro de 1996.Editora do Brasil.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Brasília
MEC/SEF. 1998.
BRITO, T.A. Música na educação infantil-Proposta para a Formação integral da
criança. São Paulo Peirópolis, 2003.
Construir Notícias, ano 09, nº 53 – julho/agosto 2010.
Construir Notícias, ano 12.Maio/Junho 2013.
Kramer, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: A Arte do disfarce 5. ed. –
São Paulo: Cortez, 1995.
POSITIVO. Atividades e experiências. Março 2007, Ano 08 - nº 01.
42
Questionário
Sexo: M ( ) F ( )
Nível de formação: ______________________________________
Tempo de serviço: ____________________
Tempo em que leciona com a educação infantil: ________________
1 - Que músicas você costuma utilizar em sala de aula?
2 - Com que frequência você utiliza a música em sua prática educativa?
3 - Quais as finalidades da música na educação?
4 - Como você seleciona as músicas que irá utilizar em sala de aula?
5 - O que você acha das músicas vinculada pela mídia?
6 - Como você usa as cantigas de roda, parlendas e músicas folclóricas?
7-Relate alguma experiência positiva com a música em sala de aula.
8 - Qual a relação que você estabelece entre a educação e a música?
9 – Com que frequência você desenvolve atividades envolvendo música?
10 – Quais as contribuições, em sua opinião, que a música oferece no
processo de aprendizagem das crianças na educação Infantil?