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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUDO A VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE NO AUXILIO DO DESENVOLVIMENTO PSICONEUROLOGICO, SOCIAL E LINGUISTICO DO AUTISMO.
POR: CAROLINA DA SILVA CARDOSO.
ORIENTADORA: Professora Maria Esther de Araujo.
RIO DE JANEIRO 2014.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUDO A VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE NO AUXILIO DO DESENVOLVIMENTO PSICONEUROLOGICO, SOCIAL E LINGUISTICO DO AUTISMO.
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em
Psicomotricidade. Por: Carolina Da Silva Cardoso.
RIO DE JANEIRO
2014
Agradecimentos:
Agradeço a conclusão deste trabalho, primeiramente Deus pela força e perseverança no momento de cansaço e pela fé, e ao meu marido Cid Pinheiro
Junior e minha filha Giovanna Cardoso Pinheiro, por apoiar meus estudos e compreensão.
Meu muito obrigada.
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Resumo:
Este estudo é um apanhado bibliográfico sobre como a psicomotricidade pode auxiliar no desenvolvimento psiconeurologico, social e lingüístico do autismo realizado por meio de pesquisa bibliográfica exploratória em livros e artigos científicos. Para isso, buscou-se primeiramente conhecer o autismo, suas características e as dificuldades apresentadas. Em seguida, relacionar a psicomotricidade para ajuda os indivíduos portadores de o autismo apreender conceitos básicos para se torna mais independentes melhorando sua qualidade de vida, ensinando a lidar com a sociedade que o cerca, mostrando que os indivíduos com autismo merecem serem tratados com carinho, amor e respeito.
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Metodologia
Para a realização deste trabalho a metodologia escolhida foi escolhida pesquisa bibliográfica, através do método qualitativo, objetiva-se discutir de forma exploratória, uma linguagem clara e prazerosa, no universo autista e a psicomotricidade como aliada do conjunto multidisciplinar que cerca o mundo dos autistas. Esta pesquisa busca adentrar em um campo que, de acordo com Grandin (2011), Tammet, (2007), Sacks (2006), Schwartzman (2012) e diversos outros autores, têm despertado um interesse crescente no que diz respeito a pesquisas.
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Sumário
Introdução ...................................................................................................pg 07
Capítulo I – A psicomotricidade no auxilio do desenvolvimento psiconerologico,
social e lingüístico do autismo......................................................................pg 09
Capítulo II – As características e as dificuldades encontradas no
desenvolvimento do Autista.........................................................................pg 23
Capitulo III - Como a psicomotricidade auxilia tratamento de pessoas com
autismo.........................................................................................................pg 27
Conclusão:....................................................................................................pg 30
Referencias Bibliográfica:..............................................................................pg34
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Introdução:
O presente trabalho visa um apanhado de bibliográfico sobre como a
psicomotricidade pode auxiliar no desenvolvimento psiconeurologico, social e
lingüístico do autismo.
Apresentando dados literários para auxiliar no estudo da síndrome do
Autismo, visando que esta síndrome é uma doença grave, crônica,
incapacitante que compromete o desenvolvimento normal. Se caracterizado por
lesar e diminuir o ritmo do desenvolvimento psiconeurologico, social e
lingüístico, assim na tentativa de organização de conceitos e hipóteses,
propostos por pesquisadores de diversas áreas que estudam o autismo sob
ponto de vista diferente entre si. A intenção é apresentar uma noção do
conjunto de idéias disponíveis, relacionando-as entre si. Para traçar uma
reflexão como melhorar o atendimento clinico as portadores da síndrome do
autismo, assim, melhorando a qualidade de vida.
Que possamos compreender quais os elementos básicos do
desenvolvimento psicomotor de uma criança, de como eles estão
prejudicados na criança autista e como esses elementos são
fundamentais p a r a um a v i d a d e f u n c i o n a l i d a d e e d e
r e l a ç õ e s e com a psicomotricidade ajuda os indivíduos portadores de o
autismo apreender conceitos básicos para que funcione o melhor possível ,
dando melhor qualidade vida ensinando a lidar com a sociedade que o cerca,
mostrando que os indivíduos com autismo merecem ser tratados com carinho,
amor e respeito, sendo assim, a psicomotricidade enquanto ciência, junto com
a ajuda de outros profissionais, que permite, através de atividades corporais e
lúdicas, despertarem o interesse e reconhecimento da existência do mundo
que o cerca.
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Para isso, o trabalho visou traçar um panorama do que, objetivamente,
significam o autismo, a psicomotricidade, através de histórico, relatos
importantes de diversos autores já publicados e descrevendo os principais
sinais da doença e o desenvolvimento e como a psicomotricidade pode auxiliar.
No primeiro capítulo serão abordadas questões relativas basicamente a
psicomotricidade no auxilio do desenvolvimento psiconerologico, social e
lingüístico do autismo , trazendo informações relevantes sobre as principais
definições desta Síndrome, as manifestações clínicas e os estudos
sobre a sua etiologia.Já no segundo capítulo enfoquei as características e
as dificuldades encontradas no desenvolvimento do Autista . E, finalmente, no
terceiro capítulo faz-se uma visão como a psicomotricidade pode ajudar no
tratamento do autismo no desenvolvimento psiconeurologico, social e
lingüístico do autismo, sob uma perspectiva da dinâmica do trabalho a
ser realizado com autistas, desde o entendimento do conceito de
corpo até a sua relação familiar. Na conclusão traço uma revisão bibliográfica
para buscar uma reflexão de como a psicomotricidade adequada nesse
distúrbio do autismo, pode levar a criança a grande desenvolvimento
psiconeurologico, social e lingüístico do autismo. Assim objetivamos propor
conhecimentos e reflexões que possamos funcionar como ponto de partida na
área da psicomotricidade.
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Capitulo I – A psicomotricidade no auxilio do desenvolvimento psiconerologico,
social e lingüístico do autismo
“Oração do autista”
"Bem aventurados os que compreendem o meu estranho
passo a caminhar.
Bem aventurados os que compreendem que ainda que
meus olhos brilhem, minha mente é lenta.
Bem aventurados os que olham e não vêem a comida que
eu deixo cair fora do prato.
Bem aventurados os que, com um sorriso nos lábios, me
estimulam a tentar mais uma vez.
Bem aventurados os que nunca me lembram que hoje fiz
a mesma pergunta duas vezes.
Bem aventurados os que compreendem que me é difícil
converter em palavras os meus pensamentos.
Bem aventurados os que me escutam, pois eu também
tenho algo a dizer.
Bem aventurados os que sabem o que sente o meu
coração, embora não o possa expressar.
Bem aventurados os que me amam como sou, tão
somente como sou, e não como eles gostariam que eu
fosse. (BREEDING MALESA, HOOD DANA &
WHITWORTH JERRY, 2012)
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Começou a ser falar de autismo Com Jean Itard, que em 1801 levou a
cabo uma descrição da criança selvagem, passando Eugen Bleuler, que em
1901 o relacionou com a esquizofrenia, até Leo Kanner, que realizou em 1943
o detalhamento minucioso dos itens característicos, e Hans Asperger, que se
centrou em outro tipo de autismo, às vezes chamado de autismo inteligente; os
traços característicos das crianças com autismo são em sua grande maioria os
mesmos. KANNER (1943).
Continuando com o autor acima, o autismo é um distúrbio do
desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis
décadas, mas sobre o qual ainda permanecem divergências e grandes
questões ainda indecifráveis. Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em
1943 pelo Dr. Leo Kanner (médico austríaco, residente em Baltimore, nos EUA)
em seu histórico artigo escrita originalmente em inglês: “Distúrbios Autísticos
do Contato Afetivo”. Em 1944, Hans Asperger, um médico também austríaco e
formado pela Universidade de Viena, escreve outro artigo com o título
“Psicopatologia Autística da Infância”, descrevendo crianças bastante
semelhantes às descritas por Kanner.
O autismo é uma síndrome que engloba múltiplas etiologias ainda não
comprovadas e em diferentes graus de severidade. Atinge cerca de 8 a cada
10 mil indivíduos e sua maior incidência ocorre no sexo masculino (CRAVEIRO
DE SÁ, 2003).
A mesma autora afirma ainda que na maior parte das vezes, a criança
autista tem uma aparência típica e ao mesmo tempo com um perfil irregular,
como problemas na interação social, na comunicação e no comportamento,
características fundamentais do autismo.
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O autismo foi descrito quase que simultaneamente por Leo Kanner e
Hans Asperger na década de 1940. De 10 acordos com o autor, o primeiro
parecia vê-lo como um desastre consumado, enquanto o segundo achava que
podia haver certos aspectos positivos e compensatórios – uma “originalidade
particular de pensamento e experiência, que pode muito bem levar a
conquistas excepcionais na vida adulta” (SACKS, 2006:192)
KANNER (1943), que publicou o artigo intitulado Distúrbios Autísticos de
Contato Afetivo na revista Nervous Child. Nesse artigo relata onze casos
clínicos de crianças com idades inferiores a onze anos. Segundo o autor, essas
crianças apresentavam uma característica determinante: “a incapacidade de
estabelecer relações de maneira normal com as pessoas e situações, desde o
princípio de suas vidas”. Além disso, aponta as dificuldades com a linguagem,
a alimentação, o sono, o desenvolvimento psicomotor. Há uma limitação na
variedade da atividade espontânea, ou seja, há uma dificuldade no brincar
criativo.
No entanto, segundo Kanner apresentam potencialidade cognitiva. Para
o psiquiatra, não se tratava de um retraimento em si, mas de um distúrbio
patognômico, de uma incapacidade inata em estabelecer contato afetivo,
principal sintoma do que inicialmente chamou de Distúrbio Autístico de Contato
Afetivo.
Segundo o autor MIRANDA (2009, p. 24) O autismo é uma desordem do
desenvolvimento que dura a vida toda que pode ocorrer em qualquer nível de
Q.I, mas costuma vir associada dificuldades de aprendizado (deficiência
mental), e que trata, finalmente de uma desordem de comunicação,
socialização e imaginação.
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Remetendo a Ferrari 2007, há quem evoque, sem argumentos decisivos,
uma “epidemia de autismo”, na qual estariam implicados diversos fatores
ambientais (poluição, vacinações, uso de antibióticos). Ainda para ele, a
atividade de pensar em vez de constituir uma fonte de prazer se torna fonte de
sofrimento. Esse sofrimento leva-o ao retraimento, negando a existência do
outro. Primeiramente culpavam-se as mães pela condição autística dos filhos,
essas eram denominadas de “mães geladeira”, pois se acreditava injustamente
que elas não forneciam o substrato afetivo necessário para o desenvolvimento
da personalidade dos filhos (MIRANDA, 2009).
Miranda (2009, p 41) ainda destaca: Delacato descarta,
convincentemente, a teoria inicialmente sugerida por Kanner e, mais tarde, por
Bruno Bettelheim, segundo os quais o autismo resulta do comportamento
indiferente ou frio dos pais, especialmente da mãe, na abordagem severamente
psicanalítica de Bettelheim. Daí a passada expressão “mãe-geladeira”, que
atormentou injustamente toda uma geração de mães.
Com a continuação dos estudos esse rótulo foi se desmistificando e o
autismo passou a ser compreendido como uma doença biológica com causa
provavelmente genética (MIRANDA, 2009).
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O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração
que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização
(estabelecer relacionamentos) e de comportamento. Origem: Wikipédia, a
enciclopédia livre.
Na década de 1970 começaram a diferenciação entre autismo e psicose.
RUTTER (1979) relata que o autismo como síndrome comportamental é
decorrente de um quadro orgânico, assim começou a mudar a abordagem do
autismo, visto até então, como psicose infantil. A prevalência começou a ser
dada aos déficits cognitivos, em relação aos déficits sociais, considerados
como primários, ainda que se destacassem os comprometimentos da
linguagem e comportamento social.
O conceito de autismo foi se modificando com base em estudos, os
quais identificaram diferentes etiologias, graus de severidade e características
específicas ou não usuais, deixando então de ser considerado um quadro único
e para ser visto como uma síndrome. A tendência nas definições atuais de
autismo é a de conceituá-lo como uma síndrome comportamental, de etiologias
múltiplas, que compromete o processo do desenvolvimento infantil (Facion,
Marinho & Rabelo, 2002; Gillberg, 1990; Rutter, Taylor & Hersov, 1996).
WING, L., & GOULD, J. (1979), o conceito de espectro autístico no qual
entendemos que existem diferentes graus de severidade para as pessoas com
sintomas do tripé descrito , estando em um extremo do espectro os quadros
severos (autismo não verbal) e no outro extremo os quadros leves (como a
desordem de Asperger ou de transtorno Invasivo não especificado que
explicaremos a seguir). Entre esses dois extremos são encontrados os graus
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intermediários de autismo. É de suma importância, entendermos que o autismo
hoje é considerado uma síndrome comportamental na qual encontramos um
leque de gravidade para o conjunto dos sintomas.
FERNANDES, FERNANDA DREUX Miranda (2012), A Associação
Americana Psiquiatria publicou a terceira edição revista de seu Manual
Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais em 1989, em que o autista
aparece como distúrbio global de desenvolvimento (DGD), o autismo infantil
passou a ser considerado um distúrbio de desenvolvimento que atinge as áreas
de interação social, linguagem e cognição. Seguindo essa mesma linha os
critérios para diagnostico do autismo são reajustados sistematicamente, e o
DSM-IV-TR sugere que o diagnóstico de autismo infantil seja feito quanto for
observado, antes dos 3 anos de idade, um desenvolvimento acentuado
anormal ou prejudicado nas áreas de interação social e comunicação, além de
repertório muito restrito de atividades e interesses.
Segundo a autora acima, na ultima versão do manual, ele apresenta
uma lista de 12 sintomas, divididos em três grupos, e indica que o diagnostico
seja feito quando observados, pelo menos, 6 deles, sendo pelo menos 2 no
grupo 1- prejuízo qualitativo na interação social-, pelo menos 1 no grupo 2 –
prejuízos qualitativos na comunicação – e 1 no grupo 3 – padrões restritos e
repetitivos de interesses e atividades.
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A organização Mundial da Saúde, na classificação internacional de
Doença, propõe critérios semelhantes para diagnostico de autismo.
Ainda seguindo FERNANDES, os DGD incluem ainda outros quadros
com estrutura semelhante à do autismo, mas com variações na quantidade e
na gravidade dos sintomas observados. Os principais deles são o autismo de
alto funcionamento e a síndrome de ASPERGER.
GAUDERER (1993) relata é comum no período de zero a seis meses, o
bebê autista não solicitar muito de seu meio social, não notando, por exemplo,
a saída ou chegada da mãe, custando a responder a sorrisos, ou simplesmente
ignorando-os. Os balbucios podem não aparecer, ou estar sensivelmente
atrasados Com quatro a cinco meses, a criança não apresenta os movimentos
antecipatórios quando alguém faz a menção de pegá-lo e quando levantado
apresenta uma rigidez ou flacidez muscular. Após o sexto mês de vida, é
comum o bebê mostrar certa resistência à introdução de alimentos sólidos,
tendo dificuldades em aceitá-los. Esse bebê autista, quando recolocado no
berço, dá a impressão de não se importar, parecendo que não é afetuoso.
Freqüentemente não revela ansiedade ou medo de estranhos, fenômeno
normal e saudável numa criança de oito meses.
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FOSTER (1960), Além da falta de comunicação verbal, a criança tem
também deficiência de comunicação não verbal, não olhando nem apontando
para os objetos, podendo ocorrer de maneira inesperada está criança pode
ficar agita e aflita, com os mesmos ruídos e sons que já conhecia e permanecia
alheia.
O estudioso GAUDERER (1993) chama atenção para os membros,
principalmente a mão, pois estes apresentam estereotipias e maneirismos
variados (flapping). Uma característica muito repetitiva na criança autista dessa
idade é o observar atento das mãos e os seus movimento de dedos (fenômeno
natural numa criança de seis meses). O bebê autista acrescenta a isto
movimentos de sacudir vigorosamente as mãos, ou rapidamente movimentar
os dedos como se estivesse batendo à máquina, observando este fenômeno
sem olhar diretamente para elas.
A criança autista pode transformar em permanente o comportamento de
caminhar nas pontas do pé, fenômeno normal quando a criança está
aprendendo a caminhar. Não mostra interesse por brinquedos e quando brinca
não considera a finalidade do brinquedo. Segundo GAUDERER (1993).
De acordo com as escalas de Shirley Apud Barros (1991), Erickson
(1976) e Piaget (1971), o desenvolvimento da criança ocorre de forma
evolutiva, dentro de um determinado tempo, respeitando a individualidade de
cada um, independente da raça, sexo ou grupo social ao qual pertença.
Contudo, não é assim que se sucede com a criança com autismo. Seu
desenvolvimento se dá de uma forma diferente e não padronizada.
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KLINGER & DAWSON (1992) definem para a identificação precoce de
crianças autistas os seguintes comportamentos: a criança autista apresenta
dificuldades na área da comunicação social, desenvolvimento atrasado na
atenção ao estímulo social e apresenta distúrbios no contato ocular, imitação
motora, atenção compartilhada e comunicação afetiva. Todavia, crianças
autistas apresentam reação auditiva, ainda que aparentem não estar reagindo
a alguns estímulos sonoros.
O autista isola-se no seu mundo, não desenvolve adequadamente o
mecanismo da comunicação verbal, foge ao contato físico com as pessoas que
o cercam e até o contato visual. Mesmo quando o olhar do autista se dirige
acidentalmente em nossa direção ele parece ver através da gente, como se
fossemos transparentes, invisível. (MIRANDA, 2009, p. 26)
Conjuntamente a criança autista apresenta constante temor e recusa ao
contato corporal, podendo levar ao surgimento de angústia e agressividade.
Necessidade de imutabilidade: manter o ambiente habitual instável e
sem alterações é uma necessidade da criança autista. Mudanças podem
causar manifestações de angústia e raiva. Eles estabelecem rituais que não
podem ser mudados sem causar forte agitação, perturbação extrema ou
manifestações de medo diante do barulho de objetos em movimento (KANNER,
1943, apud FERNANDES, 1996).
Como relata o autor acima essas crianças exploram o ambiente mais
com o paladar e olfato, cheirando e lambendo objetos. Se ouvirem algum
estímulo sensorial podem ter a reação de cobrir os ouvidos ao ouvir um ruído
ou tampar os olhos com estímulos luminosos.
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Resistência ao não entendimento: Ao ter dificuldade cognitiva em
entender o que se espera das crianças com autismo, apresentam
comportamento de resistência. É raro um autista desafiar ou provocar. Ele não
entende expressões faciais, palavras usadas, ou linguagem corporal.
Geralmente agem por fortes impulsos, e agem independente de regras e
consequências. Os estímulos sensoriais podem deixá-lo sobrecarregado.
(FERNANDES, 1996).
Na opinião de BAPTISTA E BOSA (2002), a forma como os autistas
comunicam suas necessidades e desejos não é imediatamente compreendida,
se adotarmos um sistema de comunicação convencional. Um olhar mais
cuidadoso e uma escuta atenta permitem-nos descobrir o grande esforço que
essas crianças parecem desprender para lançar mão de ferramentas que as
ajudem a ser compreendidas.
Ainda de acordo com BAPTISTA e BOSA (2002), os estudos de
observação minuciosas de crianças autistas (utilizando filmagens) mostram que
os olhares são mais freqüentes do que se imagina. O que ocorre é que são
breves e, por isso, muitas vezes imperceptíveis. Na verdade, a freqüência do
olhar muda com o contexto, e esse é mais comum, e tende a ser mais longo
naquelas situações em que a criança necessita da assistência do adulto do que
naquelas em que está, por exemplo, brincando com o adulto. Nesse caso, as
teorias sociocognitivas ajudam a compreender a pouca freqüência do olhar:
não olham porque não sabem a função comunicativa do olhar para
compartilhar experiências com as pessoas - uma habilidade que se desenvolve
ao longo do primeiro ano de vida do bebê. Essa suposição parece trivial, mas
faz uma diferença quando aplicada em um contexto de intervenção com os
pais: não olhar porque não compreende a extensão das propriedades
comunicativas do afeto e do olhar é diferente de não querer olhar.
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Para esses autores, existem várias teorias, desde a psicanálise,
ocupando-se do mundo interno da criança, passando pelas teorias da
linguagem, sociocognitivas (explicando a dificuldade em colocar-se no ponto de
vista do outro, em refletir sobre estados mentais) até as teorias
neuropsicológicas (dando conta das dificuldades de dividir a atenção entre os
eventos sociais e não sociais, habilidade de extrair significado de um contexto
perceptivo, capacidade de organização, flexibilidade e planejamento, enquanto
função dos lobos frontais). Nenhum modelo teórico, sozinho, explica de forma
abrangente e satisfatória a complexidade dessa síndrome - eis, a razão pela
qual há a necessidade do trabalho em equipe e o respaldo da pesquisa. A
experiência clínica, segregada da pesquisa, corre o risco de gerar mitos, pois
tende a cristalizar preconceitos. Da mesma forma, a pesquisa, desvinculada da
clínica, aprisiona o conhecimento cuja produção pode e deve trazer benefício à
comunidade.
Segundo Ferreira (2000), as experiências motoras da criança são
decisivas na elaboração progressiva das estruturas que aos poucos dão origem
às formas superiores de raciocínio, isto é, em cada fase do desenvolvimento,
ela consegue uma determinada organização mental que lhe permite lidar com o
ambiente. Pode-se assim dizer que, em termos de evolução, a motricidade é
uma condição de adaptação vital. Sua essência reside no fato de nela o
pensamento poder manifestar-se. A pobreza de seu campo de exploração irá
retardar e limitar a capacidade perceptiva do indivíduo.
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O autor explica que o equilíbrio ou desequilíbrio do tônus muscular, suas
variações ou seus bloqueios irão traduzir a maneira de ser da criança, suas
emoções, suas vivências psíquicas, além de participar também como elemento
na comunicação não-verbal. A atitude da mãe pesa muito no desenvolvimento
da criança, desde o período gestacional, quando há um aumento considerável
de medos, muitas vezes sem motivo aparente, de ansiedades, depressões,
enfim, uma gama de sentimentos que irão repercutir, mais tarde, no
desenvolvimento psicológico, intelectual, afetivo e psicomotor da criança.
Existe, portanto, uma comunicação constante, um diá-logo corporal entre mãe
e filho, na esfera do qual as modificações tônicas: acompanham não apenas
cada afeto, mas também cada fato da consciência
Seguindo na abordagem de Ferreira (2000), ele visualiza, então, que as
capacidades motoras, intelectuais e afetivas que facultam à criança estabelecer
relação com o mundo, estão sujeitas à sua carga tônica pessoal, a qual é, por
sua vez, construída a partir das estimulações que o meio e as pessoas lhes
impõem. Será pela percepção das diferentes experiências que a criança terá
possibilidade de criar a base para o desenvolvimento de sua independência e
autonomia corporal e sua maturidade socioemocional.
Esse autor mostra ainda que a criança desenvolve-se e matura-se no
contato com o mundo vivenciando e experimentando as relações, isso, a
princípio, via corpo, que é no início o seu único meio de comunicação. Todas
as suas inaugurações são corporais e estão intimamente ligadas à emoção e
ao prazer. A corporeidade é a linguagem mais primitiva desse indivíduo desde
a sua fase uterina. Assim, o movimento está em ligação direta com a criança,
pois é parte dela que se comunica com o mundo, e também é a partir dele que
irá organizar-se enquanto sujeito pensante e atuante para dar conta da sua
participação na sociedade.
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Quando se fala em corpo, segundo Ferreira (2000), tem-se que pensar
que ele é um organismo vivo, um ser desejante, atuante, emocional, inteligente,
enfim, não se pode esconder ou apenas renegar a história que ele carrega. É
preciso entender que o corpo muda com o passar do tempo dependendo dos
valores e das necessidades do local, da situação e, é necessário aceitar as
suas diferenças.
GAUDERER (1993), os sintomas do autismo podem ser divididos em
cinco grupos gerais: Distúrbios do Relacionamento: tanto o relacionamento
com pessoas quanto com objetos inanimados estão alterados no autismo. Esta
deficiência precoce inclui a falta do desenvolvimento de uma relação
interpessoal e de contato visual.
O mesmo autor acima relata os Distúrbios da Fala e da Linguagem: o
desenvolvimento da fala é caracterizado por um enorme atraso, com fixações e
paradas ou total mutismo. É comum a ecolalia (ou seja, a repetição automática
de sons ou palavras ouvidas) associada ao uso inadequado ou reversão do
pronome pessoal. Quando a fala comunicativa se desenvolve é atonal,
arrítmica, sem inflexão e incapaz de comunicar apropriadamente as emoções.
Distúrbios do Ritmo de Desenvolvimento: as crianças autistas mostram grande
irregularidade na idade em que desenvolvem as seqüências motoras ou de
linguagem. O ritmo mais comum é uma descontinuidade na seqüência normal
do desenvolvimento, por exemplo, a criança pode sentar-se precocemente sem
ajuda e depois mostrar um atraso significativo para se colocar em pé.
Distúrbios da Motilidade: o maneirismo e os padrões peculiares de motilidade
nessas crianças são os traços que lhes conferem em grande parte sua
aparência estranha e bizarra.
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Moraes (2002) cita que os movimentos corporais estereotipados são
comuns e apresentam-se sob a forma de balanceio da cabeça, movimentos
com os dedos, saltos e rodopios. Esses movimentos costumam ocorrer,
principalmente, entre os mais jovens e os que têm um funcionamento global
mais baixo. Distúrbios da Percepção: há uma incapacidade na criança de fixar
ou dedicar sua atenção a certos estímulos visuais, voltando-se quase que
exclusivamente a outros. A criança é incapaz de usar estímulos sensoriais para
discriminar o que é importante ou não. Em outras palavras, ocorre um erro de
seletividade. A criança autista pode ignorar estímulos visuais, até mesmo
pessoas e paredes, a ponto de chocar-se com estas como se o obstáculo não
existisse.
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Capitulo II - As características e as dificuldades encontradas no
desenvolvimento do Autista
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem
através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e
externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem
das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três
conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade,
portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja
ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.”
(Sociedade Brasileira de Psicomotricidade).
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma
concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências
vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua
linguagem e sua socialização (ABP, 2007).
Segundo NEGRINE (1998), a concepção de Wallon (1925) descrita na
sua tese de doutorado “El niño turbulento”, influenciou e contribuiu
significativamente para os psicomotricistas que estudavam o desenvolvimento
motor e mental da criança, tanto no aspecto intelectual quanto no motor e no
afetivo. Dentre as inúmeras implicações psicopedagógicas que Wallon (1925)
estudou, destaca-se o estudo da gestualidade. Para ele, o importante não é a
materialidade do gesto, mas o contexto em que se manifesta. Refere que o
gesto se inscreve na personalidade e serve para revelar sensibilidades
desconhecidas, evidenciando, assim, que o movimento é um grande
instrumento de manifestação do psiquismo.
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O Francês Le Camus (1986) é um autor fundamentalmente teórico. Em
suas obras analisa os autores teóricos e práticos e suas concepções. Sempre
coloca em destaque que o centro de tudo está no pensamento de Wallon. Para
Le Camus (1986), a psicomotricidade é em sua DORNELES & BENETTI, v(8),
nº 8, p. 1775 – 1786, AGO, 2012. (e-ISSN: 2236-1308) evolução, dividida por
três grandes impulsos: O primeiro nos anos 30 do século passado, quando se
trabalhava a reeducação psicomotora (os testes serviam como instrumento de
avaliação do perfil psicomotor, observados em um plano funcional). Sua
aplicação ficava restrita a clínicas, executada por professores de Educação
Física; O segundo grande impulso ocorreu por volta de 1960, quando se
trabalhava a reeducação psicomotora e a terapia psicomotora. Nessa época,
as concepções de Wallon entram em evidência; O terceiro, em torno de 1970,
quando, além da reeducação e terapia psicomotora, ocorre a inclusão da
educação psicomotora, pela qual há um deslocamento do corpo instrumental
(regido por aspectos funcionais), para o corpo relacional, que busca uma
abordagem mais global, contemplando o aspecto simbólico do movimento e
lúdico do comportamento. Para Le Camus, essa mudança de enfoque da
psicomotricidade se dá à luz dos trabalhos de Wallon.
“A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa,
que inclui as interações cognitivas, sensório motoras e psíquicas na
compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do
movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de
conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que
permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com
o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos
objetos e outros sujeitos.” (COSTA, 2002)
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Para COSTA, (2002), O autismo consiste em déficits em diversas áreas
da convivência humana como nas interações sociais, na comunicação, no
desenvolvimento cognitivo, nas percepções sensoriais entre outras. O
prognostico e tratamento precoce permite que no futuro a pessoa autista tenha
uma autonomia quase total em diversos aspectos da vida, bem como o
desenvolvimento psicomotor condizente com o padrão das pessoas não
portadoras do transtorno.
Segundo o autor citado acima, O desenvolvimento psicomotor é afetado
pelo autismo na medida em que a criança portadora do transtorno não possui
um discernimento amplo sobre sua linguagem, sobretudo a corporal. A
fragmentação do significado das partes do seu corpo torna difícil para o autista
criar uma associação do seu corpo com a sua personalidade. A adoção de
atividades sensório-motoras com diferentes abordagens pode influenciar a
criança no descobrimento do seu corpo como um todo, isto é, fazê-la acreditar
que cada ponto do seu corpo se interliga assim como a mente e o corpo. Rolar
no chão, por exemplo, é uma atividade que dimensiona bem para a criança
essa interligação sensorial.
LEVIN (1995), a linguagem verbal à corporal, não se pode opor, pois
estão interligadas no universo simbólico humano. “tanto gesto quanto a mímica
ou ação em seu caráter, são tomados com signos de uma idéia, como
movimentos comunicacionais e internacionais procurando que o significado
tente uma correspondência exata com o significante. No espectro do âmbito
psicomotor e corporal, o movimento e a postura também são formados
geralmente deste modo.
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O corpo é utilizado como principal instrumento psicomotor, principalmente
o “corpo em movimento”, procurando abranger ainda mais fatores. Dentro de
uma globalidade que será traduzida pelas expressões sendo o elo da pessoa
com o mundo externo. “Corpo e linguagem tornam-se os intermediários
existenciais do mundo e do indivíduo, ligação essencial no sentimento da
vivência e convivência”. (FONSECA,1996).
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Capitulo III: Como a psicomotricidade auxilia tratamento de pessoas com
autismo.
Objetivo da Psicomotricidade deve ser a estruturação da Motricidade da
criança, através de um programa educacional que verdadeiramente atenda
aos seus interesses, buscando o equilíbrio entre as necessidades individuais e
coletivas, por meio de atividades lúdicas, desenvolvendo a consciência corporal
e espaço-temporal, para que a criança possa perceber-se a si mesma e
perceber as relações com os outros e com o mundo. (POSITIVO, 2001, p.5)
“O desenvolvimento de uma criança autista é sempre um
desenvolvimento neuropsicomotor em atraso” (CAMARGO JR, 1996), fato que
nos faz unânimes em concordar com Belo (2003) que ao selecionar as
atividades a serem propostas, levas em “consideração a maturidade motora de
cada indivíduo, bem como as áreas específicas da psicomotricidade”. Ao longo
desse texto serão abordadas algumas características do autismo já vistas, mas
lembramos que nem todas as pessoas apresentam todas estas características
simultaneamente.
Para o autor acima a reeducação psicomotora é uma atividade
terapêutica através dos movimentos, tendo como objetivo o óbvio, a correção e
a adaptação das alterações do desenvolvimento psicomotor (debilidade
motora, atraso e instabilidade motora, dispraxias, distúrbios do tônus, postura,
equilíbrio e coordenação, deficiências percepto-motoras) facilitando o controle
mental sobre a atividade motora, desenvolvendo capacidades psíquicas.
BELO (2003) observou reduções de agressividade e dos movimentos
estereotipados quando são corretamente estimulados em sessões de
psicomotricidade dentro de um contexto interdisciplinar. Dentro da
exemplificação de movimentos que traduzem a agressividade temos: a
automutilação (arrancar cabelos, morder-se, e bater-se). Alguns distúrbios de
percepção são notados por Camargo Jr. (1996), tais como, dificuldades de
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olhar de forma fixa e com atenção a determinados estímulos visuais. Certa
dificuldade em “sintonizar” estímulos sensoriais também aparece com certa
freqüência, podendo causar reações exageradas ou uma falta de resposta, a
estímulos sensoriais.
O autor acima aponta melhoras proporcionadas pelo trabalho
psicomotor, como por exemplo, desenvolvimento da coordenação motora
global, diminuição da agressividade, estereotipias, espontaneidade da
comunicação, diminuição dos sintomas de isolamento, aumento da auto-
estima, e pontecializa a coordenação motora fina. E, também, propõe um maior
aprofundamento de estudos sobre os benefícios da psicomotricidade para
pessoas com autismo. A psicomotricidade vem atuar de forma efetiva com o
individuo e na relação do ambiente que vive, através de atividades que
envolvam a estimulação de sua percepção, da afetividade, interação social e
de sua comunicação.
Para SCHEUER (2002), nos primeiros anos de vida, a criança deve
estabelecer muitas e múltiplas relações entre pessoas e objetos, com ações
que as pessoas produzem com o seu corpo e com objetos, devendo atribuir
significado. Todos os estímulos são interessantes, pois para um bom
desenvolvimento da linguagem, a curiosidade pelo novo e a experiência são
informações que posteriormente resultam em comunicação e linguagem.
Para RENNÓ (2002), pela sua própria existência, as alterações
psicomotoras desencadeiam distúrbios secundários (relacionais e afetivos),
perturbando a adaptação da criança sem delimitar a etiologia mais ou menos
neurológica ou psicológica. A reeducação psicomotora pretende desenvolver o
aspecto comunicativo do corpo, isto é, permitir à criança a possibilidade de
expressão através de seu corpo: sentir-se no seu próprio corpo, viver
realmente nele, encontrar o que há nele e expressar-se através de sua
linguagem. O sintoma é abordado pela criança, ela inicia seu processo
29
reeducativo colocando-o à tona. Nas sessões ela busca situações onde ele
aparece.
Continuando com o autor acima a terapia psicomotora a criança vive
situações afetivas e emocionais que dizem respeito ao seu contexto, não
aborda os sintomas diretamente, mas revive situações passadas, exprime
emoções, coloca através dos jogos regressivos, no corpo a corpo com o
terapeuta (psicomotricista), através de atividades lúdicas diversas, através de
jogos simbólicos, todo o seu contexto relacional e afetivo.
A originalidade das terapêuticas psicomotoras, segundo RENNÓ (2002),
reside no fato de que elas se engajam essencialmente a partir da comunicação
corporal entre o sujeito (criança, adolescente ou adulto) e o terapeuta. Esta
comunicação se instaura num espaço dado e em um tempo dado, na presença
de objetos.
A terapia psicomotora com crianças, habitualmente é usado na clínica à
atividade espontânea em presença de objetos, num espaço de uma sala
ampla, não entulhada, semelhante a um espaço recreativo, que efetivamente
vai chamar a criança para o jogo, seu modo de expressão e de interação ao
mundo exterior mais espontâneo. RENNÓ (2002).
Segundo VALETIM (2005), apesar da necessidade dos exames serem
realizados é preciso deixar claro, que o diagnóstico de autismo, é um
diagnóstico clínico que se baseia no achado dos distúrbios, mais ou menos
característicos, nas áreas da relação interpessoal, comunicação e
comportamento. A anamnese é de suma importância, na medida em que
podem trazer dados que não apenas levantam a suspeita do autismo, mas
também informações que permitam fazer a suspeita da presença de alguma
outra condição associada ou pré-existente.
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Conclusão:
O presente trabalho teve como objetivo apresentar para os leitores uma
visão que é o autismo, como é o seu desenvolvimento e como a
psicomotricidade pode auxiliar no tratamento destes indivíduos portadores da
síndrome do Autismo.
É de suma importante ver o mundo através de seus olhos e usar esta
perspectiva para ajudá-los a funcionar inseridos em nossa cultura, da forma
mais independente possível. Embora não possamos curar os déficits cognitivos
subjacentes ao autismo, é através do seu entendimento das coisas que
poderemos planejar programas educacionais eficientes, com o objetivo de
vencer o desafio de um distúrbio do desenvolvimento tão singular, como é o
autismo.
As características diagnósticas do autismo, tais como déficits na área
social e problemas de comunicação, são úteis para distinguir o autismo de
outras deficiências, mas são relativamente imprecisos para a conceituação de
como um indivíduo com autismo entende o mundo, age com base nesta
compreensão, e aprende e de que modo como pais e profissionais da
educação lidam com o autista.
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A Psicomotricidade visa a modificabilidade das áreas que comprometem
a organização cerebral e, conseqüentemente, a aprendizagem, proporcionando
uma organização psicomotora adequada, nas suas dimensões motora,
perceptiva, cognitiva e comportamental. As sessões de Psicomotricidade
consideram um espaço de relação por excelência, apresentando-se também
como uma área de jogo que permite explorações psicomotoras e um novo
comprometimento corporal, onde se adquire uma progressiva autonomia
corporal e psíquica. É neste sentido que a intervenção junto de crianças com
Perturbação do Espectro do Autismo foi realizada.
O autismo é uma doença que mobiliza muito o ser humano. Certamente,
é muito doloroso para família do individuo autista lidar com essa patologia.
O tratamento para os portadores da síndrome do autismo geralmente é
um programa intenso e abrangente que envolve a família do individuo e um
grupo de profissionais. Visando isso, optei em mostrar como a psicomotridade
pode ajuda o individuo com autismo a se conhecer e achar o seu lugar no
mundo.
A psicomotricidade é um quesito para que se observe a relação do
individuo com o ambiente que o cerca e suas relações com o outro.
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A principal missão da psicomotricidade com os portadores de autismo é
dar uma maneira de ajudar, e inserir este individuo no mundo que cerca, e o
espaço que ocupa, conhecendo o seu corpo, sentindo, descobrindo seus
movimentos. É um instrumento capaz de facilitar a criança com autismo o
conhecimento do próprio corpo. Sendo assim, o autismo é uma síndrome com
um conjunto de características que afetam as áreas da comunicação, interação
social e comportamento. O individuo com essa patologia demonstra a ausência
de reconhecimento do outro enquanto ser, uma ausência de reconhecimento
dos limites do eu.
A interação multidisciplinar tentando trazer o autista para mais perto do
mundo exterior, fazendo com que ele atinja um pouco do contato social está
ocorrendo, assim como novas estratégias, novos caminhos e descobertas a
cada dia desmistificando conceitos de que o autista não é capaz de interagir
com o meio.
Verificou-se com base na pesquisa bibliográfica, que a intervenção
psicomotora, como a integração sensorial, pode ser positivamente no bem
estar do autista. Como a psicomotricidade é um instrumento capaz de facilitar
a criança com autismo o conhecimento do próprio corpo.
A partir da pesquisa literária realizada, concluiu-se que a síndrome do
autismo caracteriza-se pela dificuldade de relacionamento entre o autista e
outras pessoas, pela demonstração de atrasos no seu desenvolvimento no que
se refere à linguagem e a necessidade de manter o ambiente sem mudança, e
que para estas crianças é de extrema importância o trabalho psicomotor com
ênfase na constituição do esquema corporal, responsável pelo reconhecimento
que fazemos do nosso próprio corpo, do espaço e dos objetos que nos
rodeiam.
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A interação multidisciplinar tentando trazer o autista para mais perto do
mundo exterior, fazendo com que ele atinja um pouco do contato social está
ocorrendo, assim como novas estratégias, novos caminhos e descobertas a
cada dia desmistificando conceitos de que o autista não é capaz de interagir
com o meio.
Foi possível perceber que a criança autista não possui um corpo
vivenciado. A sensação que se tem é que o corpo é um objeto a parte, sem
significação, sem importância. Existe uma grande dificuldade por parte da
criança em compreender seu corpo como um todo. Ela não desenvolve de
maneira adequada as noções de Esquema Corporal, o que tem diversas
implicações, como foi possível observar ao longo desse artigo. Para uma
criança autista, o corpo pode ser um objeto de angústia e de pânico, sobretudo
se ele não é bem estimulado e compreendido. Por isso, é necessário que ele
se torne um pólo de segurança e estabilidade.
Concluindo-se que umas das maneiras de auxiliar no tratamento do
autismo são por meio do corpo, tentando estabelecer uma relação entre o
psíquico e o orgânico. A partir de experiências sensório-motoras, ele poderá
aumentar sua relação com o mundo, inicialmente impossível pela dificuldade
de entrar em contato com os outros, seja por meio do toque ou por meio do
olhar.
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