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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE A INFLUÊNCIA DO MARKETING NO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Por: Moacir Rosa do Nascimento Orientador: Prof. Ms. Marco A . Larosa Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO MARKETING NO

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Por: Moacir Rosa do Nascimento

Orientador:

Prof. Ms. Marco A . Larosa

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INFLUÊNCIA DO MARKETING NO

COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Marketing no Mercado Globalizado.

Por: Moacir Rosa do Nascimento

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer

sinceramente a todos aqueles

que direta ou indiretamente

contribuíram para a elaboração

deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

À minha família, pela ajuda nos

momentos de dificuldades quando

do início desta busca pelo

aperfeiçoamento profissional.

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RESUMO

A criatividade é muito empregada para vender produtos através

de mensagens éticas, ressaltando valores morais, humor, fé, patriotismo,

tolerância, compaixão e serviço ao próximo, caridade para com os

necessitados, promovendo o cuidado com a saúde e incentivando a

educação. O Brasil é um exemplo de como é possível fazer propaganda

engenhosa, com humor, vivacidade, bom gosto e sugestões que alegram a

vida dos ouvintes ou espectadores. Essa atitude edificante e animadora dos

criadores contribui, de fato, para a melhora da sociedade como um todo.

Campanhas valiosas têm ressaltado a contribuição de bancos, por exemplo,

para a elevação do nível sócio-cultural das camadas menos favorecidas do

Brasil com esportes, artes e música. A propaganda, por definição, é boa. É

eficaz como ferramenta de comunicação no composto mercadológico. O que

a torna ética ou responsável é a forma como ela é apresentada aos

consumidores. Seu poder deve ser usado para promover boas emoções e

contribuir para um mundo melhor. Afinal, é isso que a sociedade espera das

empresas e de seus profissionais.

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METODOLOGIA

Para a elaboração da presente monografia utilizou-se de uma

pesquisa bibliográfica, recorrendo-se a Internet na busca de informações

inerentes ao assunto abordado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 08 CAPÍTULO I DEFINIÇÃO DE MARKETING ............................................................... 10 CAPÍTULO II A CULTURA DO CONSUMO E A PUBLICIDADE ................................ 22 CAPÍTULO III O CONSUMIDOR E O MARKETING .................................................... 32 CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO DA PROPAGANDA DA COCA- COLA ................. 41 CONCLUSÃO ....................................................................................... 48 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50 ÍNDICE ................................................................................................... 52

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INTRODUÇÃO

O marketing é uma atividade humana dirigida para satisfação

de necessidades e desejos através do processo de troca. Não se pode fazer

um planejamento estratégico, sem pesquisar o consumidor e como a sua

mente funciona; e para isso é necessário analisar os fatores: social,

demográfico, geográfico, psicográfico e comportamental, dentro do

comportamento do consumidor.

No âmbito dessa busca pela necessidade do consumidor, a

tecnologia, as novas mídias, a globalização que multiplica a competitividade,

e a mudança do consumidor cada vez querendo mais saber a identidade das

marcas que compra, só pontencializaram a importância de um planejamento

estratégico em marketing, buscando a utilização de fatos e acontecimentos

sociais que venham a interferir, também, no processo de compra.

Nesse contexto, o caráter híbrido da publicidade consiste no

uso do discurso como um exercício do poder das palavras e das imagens

veiculadas na mídia, em benefício da representação de um determinado

produto, idealizando a “realidade” na propaganda.

Dessa forma, a persuasão, o convencimento do público-alvo,

ocorre sobretudo graças ao apelo emocional da retórica no texto e na

imagem da propaganda.

A persuasão é poderosa e freqüente em todos os fatores que

englobam a publicidade, levando conseqüentemente o indivíduo ao sonho e

a não realidade, logo, nesse exato momento é analisado, essa questão da

relação dos sonhos e o poder da verdade, que vai causar uma forte

influência na formação cultural da própria sociedade e da criança em

desenvolvimento.

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Assim, o público consome produtos, bem como utiliza-se de

serviços, conceitos, idéias e modelos de comportamento. O veículo no qual

se transmite a publicidade é de tal alcance que faz parte do cotidiano de

quase todas as pessoas do planeta. Tendo se tornado um referencial na vida

dos sujeitos, a televisão em sua forma e conteúdo é mensageira de padrões

que auxiliam na constituição dos modos de viver e pensar atualmente.

Através dos veículos de comunicação, observamos hoje uma

sociedade povoada de imagens condensadoras e veiculadoras de

significações efêmeras, versatéis, trazendo em seu bojo ideológico

propostas políticas de pouca densidade, fundamentadas em estratégias de

marketing, cujas principais metas, na maioria das vezes, são a busca da

comunicabilidade e reprodutibilidade de seus discursos dentro de um

universo poluído de signos.

Dessa forma, o que se pretende neste trabalho é fazer uma

abordagem de como o marketing, através dos meios de divulgação na

imprensa (revistas, jornais, TV) influencia no comportamento do consumidor

de maneira a persuadir ainda mais o público-alvo.

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CAPÍTULO I

DEFINIÇÃO DE MARKETING

Existe ainda muita confusão com relação ao marketing,

algumas organizações tem bons produtos mas não tem uma orientação

voltada para o marketing o que pode comprometer seu desempenho, muitas

vezes por desconhecimento, em decorrência de não investirem em um

departamento de marketing.

Theodore Levitt (apud Rocha e Christensen, 1987) escreveu

um artigo que ficou intitulado de "Miopia em Marketing", considerado um

clássico entre os clássicos, pois apontava que muitas empresas fecharam

porque confiavam demasiadamente em seus produtos, e não se

preocupavam com a satisfação das necessidades dos seus clientes não

tendo, nestes casos, uma orientação de seus produtos voltada para o

marketing, afim de criarem uma relação próxima com o consumidor final,

técnica essencial para este tipo de orientação.

Para Mcarthy (1997), se a maioria das pessoas tiverem que

definir marketing, até mesmo alguns administradores o definirão como

"venda" ou "propaganda", é verdade que estes são alguns dos elementos do

marketing mas, não os únicos.

Segundo Kotler (1994) esta pergunta foi feita para 300

administradores educacionais de faculdades que estavam enfrentando

diminuição no número de matrículas e custos crescentes. A maioria deles

responderam que marketing é uma mistura de venda, propaganda e

relações públicas. Outros responderam que era apenas uma destas três

atividades. Somente alguns sabiam que o processo de marketing tinha a ver

com avaliação de necessidades, pesquisa de mercado, desenvolvimento de

produto, preço e distribuição.

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A maioria das pessoas acha que marketing é somente venda e

promoção, alguém está sempre tentando vender alguma coisa, entretanto a

maioria das empresas ficam surpresas ao aprender que a venda não é a

parte mais importante do marketing. Quando uma instituição oferece

produtos, serviços e preços apropriados, distribui e promove-os eficazmente,

fica mais fácil a venda desses produtos e serviços.

Já para Stan Rapp e Tom Collins, autores de Maximarketing

(Cobra, 1992):

- Todo marketing deve conseguir satisfazer às necessidades e vontades dos

consumidores, seja consciente ou inconscientemente.

- Todo marketing deve efetivar a venda convertendo o interesse do

comprador em potencial em intenção de compra e compra real.

- E quase todo marketing deveria tentar desenvolver uma relação contínua

com o comprador após a primeira venda, para que haja novas compras e o

consumidor se torne fiel ao produto.

Há algumas orientações distintas sob os quais as organizações

e profissionais conduzem sua atividade de marketing. São elas: orientação

para Marketing, para Produção, para o Produto e orientação para a Venda.

Orientação é a ênfase dada há um dos elementos que compõe o marketing

ou sua totalidade.

Theodore Levitt (apud Kotler, 1998) nos mostra em seu

trabalho um claro contraste entre os conceitos de venda e de marketing.

A venda enfatiza as necessidades do vendedor: marketing, as necessidades

do comprador. A venda está preocupada com as necessidades do vendedor

transformar seu produto em dinheiro; marketing envolve a idéia de satisfazer

as necessidades do cliente através do produto e de um conjunto de valores

associados com a criação entrega e, finalmente, seu consumo. (apud Kotler,

1998 - p.34)

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O conceito de marketing é uma filosofia empresarial que

desafia os conceitos de Produção, de Produto e de venda. Segundo Kotler.

(1998):

”O conceito de venda parte de uma perspectiva de

dentro para fora. Começa com a fábrica, foca sobre os

produtos existentes na empresa e exige ênfase em

venda e promoção para gerar resultados rentáveis. O

conceito de marketing parte de uma perspectiva de fora

para dentro. Começa com um mercado bem definido,

foca as necessidades dos consumidores coordena

todas as atividades que afetarão estes consumidores e

produz lucros através da obtenção de satisfação dos

mesmos.” (Kotler,1998,p.34).

O conceito de venda parte da idéia de que os consumidores

não irão comprar se não forem estimulados, então o vendedor tentará induzir

o consumidor a comprar o seu produto, as vezes, sem se preocupar com a

satisfação posterior de seus clientes. Os principais objetivos perseguidos

pelo profissional e pelas empresas que se orientam pelo conceito de vendas

são:

- A tarefa principal da empresa é conseguir vendas substanciais para seus

produtos.

- Os consumidores normalmente não comprarão o suficiente se não forem

estimulados.

- Os consumidores podem ser levados a comprar através de várias

estratégias de estímulo de vendas.

- Se os clientes não comprarem novamente existem muitos outros que

comprarão.

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Há também o profissional e a empresa orientados para a

produção. Neste caso trabalham no sentido de aumentar a produção através

da redução de preço. Henry Ford foi o pioneiro desta filosofia no início do

século XX para expandir o mercado automobilístico. Ele empregou todo o

seu talento no aperfeiçoamento da produção em série (linha de montagem),

possibilitando baixar o custo de produção de automóveis e com isto

aumentando a venda de unidades.

Segundo Kotler (1998), o conceito de produção é há muito

tempo utilizado pelos vendedores, acredita-se que os clientes darão

preferência àqueles produtos que estão amplamente oferecidos no mercado,

e com preço baixo, portanto não há a preocupação com a satisfação do

cliente.

"Os administradores de organizações orientadas para a

produção são os que concentram-se em atingir alta eficiência produtiva e

ampla cobertura de distribuição." (Kotler 1998,p.32)

Ou seja a organização que tem uma boa capacidade produtiva,

atinge seus clientes colocando os seus produtos no maior número de pontos

de venda possíveis, em grande quantidade e a preços baixos, para que

sejam de fácil acesso.

Para Mcarthy, Perreault (1997), a orientação para o produto

considera que os consumidores irão preferir os produtos que puderem

oferecer algumas vantagens com relação a outros como por ex: qualidade,

desempenho ou características superiores com novidades. As organizações

voltadas para esses conceitos procuram se concentrar em fazer produtos

superiores e aprimorá-los com o passar do tempo.

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O conceito de marketing que será utilizado neste trabalho é o

de Philip Kotler (1996), considerado o "Papa do marketing", ele assume que

para atingir as metas de uma organização é necessário determinar as

necessidades e desejos do consumidor afim de oferecer a ele satisfações

desejadas mais eficazmente que os concorrentes.

Para este autor, marketing é um conjunto de técnicas que tem

por objetivo aprimorar o processo de troca e melhorar o desempenho da

organização em termos de resultado, através da satisfação das

necessidades e desejos das pessoas envolvidas no processo de troca.

Portanto, para compreender este conceito, precisamos entender também o

que seriam necessidades e desejos, que é o objetivo principal de um plano

de marketing:

Necessidades: Aquilo que é indispensável, essencial

(Melhoramentos, 1992), no caso de marketing refere-se a necessidade pura

e simples de um produto ou serviço, como por exemplo a troca de um carro

quando já estiver sem condições de uso (produto), ou o seu conserto

quando estiver apresentando algum defeito (serviço).

Desejo: Anseio ou vontade de se ter um produto ou serviço.

Algumas coisas são simplesmente desejadas e não realmente necessárias.

Comer é uma necessidade, mas ir jantar num restaurante é um desejo.

Quando um restaurante é especificamente escolhido, foi efetuada uma

decisão de compra.

Necessidades e desejos são conceitos simples de se entender

porém, difícil é ter-se a sensibilidade ou dominar as técnicas para saber

quais as formas que eles se expressam nos alunos(clientes).

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1.1 As ferramentas de marketing

Como visto no primeiro capítulo, a adoção do marketing na

realidade mercadológica brasileira ainda não é total e vai apenas um pouco

além da prática promocional. O marketing não é um fenômeno recente, pois

é entendido e praticado como tal no Brasil há quatro décadas.

Apesar do exposto, marketing ainda é confundido com

propaganda ou como venda, exclusivamente. Entende-se que o marketing

não cria hábitos de consumo, mas estimula a compra de produtos ou

serviços que satisfaçam a alguma necessidade latente. Maximizar a

qualidade de vida, esse é o pressuposto do marketing: estimular o consumo

de produtos que efetivamente constituam melhora na qualidade de vida das

pessoas.

No entanto, para a eficaz e eficiente prática de marketing é

necessário o uso de algumas ferramentas que serão apresentadas a seguir.

1.1.1 Composto de Marketing

O composto de marketing é o conjunto de elementos que

compõem o sistema integrado de marketing, em outras palavras, são as

ferramentas que devem ser consideradas pelos profissionais/empresas que

adotam a orientação para o marketing.

Jeromy Mcarthy (apud Cobra,1997), define o inter-

relacionamento dos elementos de marketing através de um sistema

integrado, os 4Ps que formam o composto de marketing, os produtos, o

preço, o ponto de distribuição e a promoção os 4ps, todos esses elementos

foram criados e estabelecidos para atender ao mercado-alvo, ou seja, o

consumidor.

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Esse esquema mostra que numa orientação para o marketing,

deve se observar o conjunto dos compostos de marketing (produto, preço,

ponto, promoção) todos eles são necessários para que se possa atender de

forma satisfatória ao consumidor final, e também para que se atinja a meta

da organização.

O primeiro elemento do composto de marketing é o produto,

para Kotler (1980) um produto é tudo aquilo capaz de atender a um anseio

ou necessidade. O mais importante em um produto é o serviço que ele

presta, isto é, como ele pode atender a uma necessidade ou desejo.

Portanto, todo objeto ou serviço pode ser considerado como um produto, isto

pode ser: pessoas que prestam serviços, lugares, organizações e idéias. Ou,

nas palavras de Rocha (1987): "A orientação para o produto, não olha para o

que o consumidor está querendo, se interessa no que o fabricante tem a

oferecer". (Rocha,1987 - p.30)

Cobra (1997), aponta a importância de um profissional de

marketing em uma organização voltada para este fim, para que esta

orientação seja bem definida e atinja o consumidor final. Ainda para este

autor um produto ou serviço é dito adequado para o consumo quando

atende às necessidades e desejos de seus consumidores alvo. Um produto

adequado deve ter:

a) Qualidade e padronização - em termos de características, desempenho e

acabamento.

b) Modelos e tamanho; que atendam às expectativas e necessidades

c) Configuração - a apresentação do produto em termos de apresentação

física, embalagem, marca e serviço.

O segundo elemento do composto de marketing é o ponto de

distribuição que é definido pelo lugar onde o produto ficará exposto. O

produto ou serviço precisam estar bem posicionados, o que significa estar

próximo ao seu mercado consumidor.

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O ponto também pode diminuir gastos com transporte,

funcionários que não precisaram de condução para ir ao trabalho, etc.

Portanto uma escolha certa para o ponto de distribuição é fundamental.

O terceiro elemento é o preço pois o produto deve estar na hora certa no

lugar certo e principalmente com o preço adequado para atender as

necessidades do consumidor.

Tem que ser realizada uma boa pesquisa de mercado para se

chegar a um preço ideal, para o cliente e para o fornecedor ou prestador de

serviço.

O quarto elemento é a promoção. Segundo Cobra (1997), o

elemento promocional do produto ou serviço, compreende a publicidade, as

relações públicas, a promoção de vendas, a venda pessoal e o

merchandising. Ou seja o produto precisa ser divulgado, todos precisam

saber da existência do produto que pretende ser vendido.

É importante também saber que as pessoas não fabricam o

que elas precisam, por isso produção também é uma atividade econômica

fundamental. Imagine-se fabricando um relógio digital, a partir de um

esquema. Precisamos comprar de quem o fabrica, para atender as nossas

necessidades e desejos. Dependemos também de outras pessoas ou

empresas que nos prestam serviços como assistência médica, academias e

empresas de entretenimento.

O marketing contribui para oferecer às pessoas aqueles

produtos que não são capazes de fabricar, de uma forma que este produto

seja útil e agrade o consumidor. Marketing influi em quase todos os aspectos

de nossa vida diária. Todos os bens e serviços que consumimos, as lojas

onde compramos e os programas de rádio e televisão pagos pelos

anunciantes existem em função do marketing.

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Mesmo um currículo pode fazer parte de uma campanha de

marketing pessoal para apresentar um profissional a algum empregador, e

para que isso ocorra precisa estar com uma boa apresentação e um bom

conteúdo.

Como se pode ver o estudo do marketing é fundamental para a

nossa vida profissional. Algumas disciplinas que cursamos ao longo de

nossa vida acadêmica são interessantes no início, mas não serão mais

relevantes após você concluí-las. No entanto, tratando-se de marketing, ela

é importante para a vida profissional.

No que se refere à importância do marketing Mcarthy e

Perreault (1997) afirmam:

“Ainda outra razão para estudar marketing, é que ele

oferece muitas oportunidades de carreira estimulantes

e recompensadoras em diferentes áreas. Mesmo se

você não pretende seguir carreira nessa área,

conhecer marketing o ajudará a realizar um melhor

trabalho. Marketing, é importante para o sucesso de

qualquer organização, mesmo as que não visam o

lucro. Os mesmos princípios básicos de marketing

utilizados pelas empresas são também empregados

para vender idéias, políticos, transporte de massa,

serviço de saúde, conservação, museus e até

faculdades.”“ (Mcarthy, Perreault, 1997,p.21).

Ainda, para Mcarthy e Perreault, (1997) um praticante de

marketing é alguém que busca um recurso de outra pessoa que esta

disposto a oferecer algo de valor em troca. O praticante de marketing, pode

ser um vendedor ou um comprador. Imaginem várias pessoas que desejam

comprar uma única casa que satisfaça seus desejos e está a venda.

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Cada comprador que estiver em condições tentará convencer o

vendedor para ser o escolhido. Estes compradores estarão praticando

marketing, mesmo que inconscientemente estarão fazendo uso de

ferramentas de marketing! Em uma negociação em que as duas partes

buscam concretizar uma troca, dizemos que as duas estão praticando

marketing e chamamos a situação de marketing recíproco.

No entanto em situações normais, o praticante de marketing é uma empresa

ou prestador de serviço que atende a um mercado de usuários finais frente

aos concorrentes.

Outro conceito que se destaca é o de mercado, que é o alvo

que uma campanha de marketing procura atingir. O mercado pode ser

definido como o grupo de compradores potenciais que necessitam, desejam

e estão habilitados a comprar um produto específico. O mercado pode ser

local (uma cidade, um bairro), regional (uma região), internacional (um ou

mais países) ou global (todos ou quase todos os países do globo).

De acordo com Campomar e Minciotti (1992):

“Os consumidores, que formam um mercado, precisam

saber que existe um produto, a um certo preço, em

certo lugar, e para que ele serve; caso contrário, não

saberão como ele tem a possibilidade de satisfazer

seus desejos e necessidades. Por isso, o primeiro

propósito da promoção, em marketing, é dar

informação, mas, ainda assim, os consumidores podem

hesitar em fazer a troca. Precisam ter garantia de que o

produto pode proporcionar o que querem ou de que

necessitam.” ( Campomar e Minciotti.1992, p. 9)

Um aspecto que pode estar direcionando o marketing para este

ou aquele cliente, é a demanda. Para Contursi (1996)

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"Demanda são desejos de produtos e serviços específicos

apoiados na habilidade e vontade de comprá-los. Muitas pessoas desejam

comprar um carro novo, porém alguns poucos podem comprar um."

(Contursi 1996, p. 40)

Portanto um dos elementos fundamentais para o profissional

ter idéia sobre a possibilidade de sucesso ou não do produto é conhecer

qual a demanda no mercado para este produto. Então, o marketing apenas

tenta enquadrar o produto dentro das necessidades do ser humano.

Quando estamos interessados em comprar ou vender, estamos querendo

fazer uma troca, o praticante de marketing deve fazer com que esta troca

agrade aos dois lados envolvidos, o profissional ou empresa e o cliente.

Segundo Kotler e Fox, (1994), o que vem surgindo como uma

tendência mas ainda não está bem definido, é o marketing societal que

busca definir a tarefa da organização como sendo determinar necessidades,

desejos e interesses de participação de mercado e proporcionar a satisfação

desejada mais efetiva e eficientemente do que a concorrência de forma a

preservar ou aumentar o bem-estar do consumidor e da sociedade.

Para Cobra (1997):

"Essa ação deve ser direcionada, para melhorar as

condições físicas e culturais da população, bem como

oferecer produtos e serviços de qualidade compatível

com as necessidades e expectativas de preço e de

acesso fácil." (Cobra, 1997, p.33)

Portanto, o marketing se preocupa não somente com a

satisfação individual mas com o atendimento à sociedade.

Percebe-se portanto, que a preocupação atual dos profissionais de

marketing, é a satisfação de seu cliente e das necessidades sociais, ou seja

conseguir atender aos desejos e necessidades do consumidor.

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É saber o que o consumidor esta necessitando, e poder

oferecer esse produto, que a idéia a respeito de marketing, é conquistar um

cliente, isso de forma que se obtenha uma fidelidade, convertendo-se assim

em uma estabilidade do produto no mercado.

Para que exista essa fidelidade o produto precisa ter uma boa

aceitação comercial e para isso é necessário uma boa campanha de

marketing. Consequentemente, diferente do que muitos pensam, marketing

não significa convencer as pessoas a comprarem o que elas não querem.

Praticar marketing significa ter bom senso, saber observar as tendências,

saber trabalhar de forma individualizada com seus (clientes), saber observar

quais são suas necessidades, o que eles pensam e esperam da atividade

que lhe é proposta, saber apresentar o produto e atingir a satisfação do seu

consumidor.

Marketing é um conjunto de ferramentas simples, fácil e prático

de se utilizar, capaz de direcionar e melhorar o posicionamento de qualquer

pessoa ou produto no mercado.

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CAPÍTULO II

A CULTURA DE CONSUMO E A PUBLICIDADE

A cultura de consumo define-se como o conjunto de práticas e

representações que estabelecem uma relação estetizada e estilizada com os

produtos. O seu nível de atuação mais decisivo é a difusão ampliada de um

certo modo de consumo.

Dois princípios que definem o modo de consumo predominante

nas sociedades contemporâneas.

O primeiro deles é a expansão da dimensão simbólica do

consumo, que podemos chamar de estilização do consumo, tomando por

base a definição de estilo de vida segundo Bourdieu. Para este autor, o

estilo de vida é “um conjunto unitário de preferências distintivas que

exprimem, na lógica específica de cada um dos subespaços simbólicos,

mobília, vestimentas, linguagem ou héxis corporal, a mesma intenção

expressiva, (...)” (Bourdieu, 1982, p. 84)

Sob este aspecto, o consumo moderno caracteriza-se pela

proeminência dos atributos simbólicos dos produtos em detrimento de suas

qualidades estritamente funcionais e pela sua manipulação na composição

de estilos de vida.

O segundo princípio do modo de consumo inerente à cultura de

consumo é a expansão da dimensão “imagética” do consumo, que podemos

tratar como estetização do consumo. Neste caso, destaca-se a construção

de universos imagéticos em torno dos produtos, através da conversão dos

‘ambientes’ voltados para o consumo em lugares mágicos onde a

experiência é envolvida por fantasias tecnologicamente produzidas.

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Porque, então, vincular a publicidade à cultura de consumo. A

principal razão para isto é o próprio papel desempenhado pela publicidade

na difusão dos princípios do consumo moderno, e na sua reconversão à

modalidade propriamente contemporânea, massiva, de consumo.

Nas fantasias dos consumidores, eles vão buscar o apelo para

as mercadorias, inaugurando a exploração dos sonhos pelo mundo dos

negócios de uma maneira tão intensa e explícita como nunca antes vista. A

publicidade e o modo de consumo a ela articulado inauguram também uma

modalidade de interação nos ‘ambientes’ dedicados à exposição dos

produtos.

Os consumidores agora andam mais livremente por estes

ambientes, penetrando no ‘mundo dos sonhos’ sem se sentirem tão

constrangidos a comprar.

O contato visual com os produtos em seus adornos fantásticos

passa a responder por uma parte substancial dos prazeres sensuais do

consumo. O apelo concentra-se no olho, este órgão elevado à condição de

principal elo de ligação entre os indivíduos e as fantasias, pelo movimento

de estetização de que participou o consumo. Mas o peso da estetização na

relação com o consumo não pára por aí. Ele se concretiza no próprio

discurso publicitário, no qual impera o desfile de formas e ritmos, muito mais

do que o modo argumentativo de produção do sentido. O discurso

publicitário enuncia encenando, entranhado que está na esfera da

estetização.

Do mesmo modo, muitas fantasias hoje encenadas pela

publicidade buscam fazer dos produtos um substituto convincente de todo

um estilo de vida, em seu conjunto, inacessível para boa parte daqueles

expostos aos anúncios. A estetização, ainda que contemple sonhos de teor

mais individual, também os atrela a estilos de vida desejados como um todo.

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Na publicidade oculta-se, então, o ato de persuadir, o poder de

convencer, veiculando-se uma realidade preparada como se fosse natural.

Realidade, portanto, idealizada pelos publicitários. Em que se reconhece um

mundo pensado, racionalizado, reapresentado para o público.

A publicidade é um misto composto pela prática não

representacionalista da retórica – a qual envolve a persuasão, o “desejo” de

consumo e a “ilusão” de satisfação – e pela iminente representação de um

estado de coisas –, sem que, entretanto, sejam privilegiados na propaganda

o binômio verdade-engano, os “conceitos” racionalizantes, o “erro” ou a

certeza.

Assim, os publicitários de fato não ocultariam ao público uma

verdade encoberta ideologicamente, mas antes o iludiriam, buscando

produzir nele o desejo de comprar, de seguir supostos modelos de

comportamento, fala e pensamento.

Armando Sant’Anna, em Teoria, técnica e prática da

propaganda, por exemplo, já menciona esse aspecto do forte apelo

emocional na publicidade, em detrimento da razão e da argumentação no

momento de compra (Sant’Anna, 1973, p. 26).

Desse modo, é possível dizer que erro e conceitos cabem ao

âmbito cognitivo do par ciência-ideologia e são passíveis de refutação,

enquanto ilusão e desejo remetem ao campo persuasivo da publicidade, por

exemplo, submetendo-se à crença do público antes que à refutação por

parte deste.

Em Mitologias, Roland Barthes nos fornece então um exemplo

de que a publicidade lida com crenças, de maneira que os preconceitos do

público não são corrigidos conscientemente, mas substituídos por outros tão

logo ofereçam alguma vantagem que incite desejos e não exponha motivos

de consumo absolutamente estranhos.

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25

É o caso de uma propaganda de margarina que a veicula –

contrariamente ao que a medicina apregoa – como “um alimento delicioso,

agradável, digestivo, econômico, útil em todas as circunstâncias” e que,

embora “não seja senão gordura”, possui a vantagem de que “o seu

rendimento é superior ao da manteiga”. (Barthes, 1993, p. 35).

Contudo, se a publicidade pode servir para iludir o público,

seria lícito perguntar por que ele se entrega ao seu jogo do desejo,

consumindo muito mais por fatores emocionais que por razões? Talvez

porque, conforme pensa Barthes, o público consuma a propaganda como

um mito, não vendo nela um sistema semiológico (de valores) preparado

para persuadi-lo como pseudo-natureza, mas um sistema indutivo,

causalista, factício, natural.

Porém, há outros semiólogos e teóricos da comunicação que

responderiam que esse caráter não representacional da publicidade

(retórica, persuasão e sistema semiológico) vincula-se à ideologia (do

consumo e do publicitário). Como forma de conduzir à representação de

uma suposta realidade verdadeira, a ser referendada pelos publicitários.

Para Zilda Knoploch (1973), o poder que os publicitários têm,

especialmente de difundir conceitos e idéias, é disputado por quatro

protagonistas centrais na atividade publicitária. Assim, os profissionais de

criação e atendimento serviriam à sistematização e racionalização de uma

“ideologia de consumo” – como a definida por Eco –, que os clientes

imporiam aos consumidores.

No entanto, a publicidade não se resume apenas à

representação da significação dominante visada pelos publicitários (ideologia

do publicitário). Ela é um misto. É o uso platônico do discurso, como

exercício do poder de impor modelos de idéias, conceitos e

comportamentos, supostamente melhores ou mais vantajosos que outros.

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26

A publicidade compreende fatores de apelo emocional, como a

retórica no texto e na imagem. Destina-se portanto a convencer, persuadir o

público. Está além da questão de uma verdade oculta por um discurso

meramente enganoso. O caráter híbrido da publicidade não se explica de

todo pela ideologia do consumo, tampouco do publicitário, consiste no uso

do discurso como um exercício do poder das palavras e das imagens

veiculadas na mídia, em benefício da representação.

Dessa maneira, ao mesmo tempo em que reforça o sentido já

estabelecido ou reconhecido, o publicitário idealiza a “realidade” na

propaganda, através de recursos que não são meramente argumentativos,

racionais.

A persuasão, o convencimento do público-alvo, ocorre

sobretudo graças ao apelo emocional da retórica no texto e na imagem da

propaganda. Entretanto, por mais idealizada que seja a realidade

anunciada, esta é sempre fechada, tornada natural, disfarçada como não

artifício, ou pseudo-natureza. Sempre apropriada ou familiarizada para a

burguesia consumidora.

Assim, o público consome produtos, bem como utiliza-se de

serviços, conceitos, idéias e modelos de comportamento. Mas, não é

propriamente enganado pelo publicitário. A questão é mais sutil. Ele é

seduzido por uma espécie de romance preparado para satisfazer suas

expectativas já existentes, quando muito re-elaboradas, reapresentadas.

2.1 O marketing, a publicidade e as ciências sociais

Para analisar o mercado e determinar as oportunidades de

vendas e de produção, é necessário estudar o consumidor em seu meio,

utilizando-se para tanto as contribuições da psicologia, da sociologia, da

antropologia, da psicologia social, da comunicação e da economia.

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27

O marketing está integrando às contribuições dessas ciências

todas e pondo em prática resultados derivados de pesquisas. Dá-se a esta

forma de abordagem o nome de abordagem interdisciplinar.

O Quadro I apresenta uma tentativa parcial mas sugestiva de

síntese entre as ciências sociais e o marketing.

QUADRO I - O marketing, a publicidade e as ciências sociais

PREÇO PRODUTO PROMOÇÃO DISTRIBUIÇÃO OBJETIVOS

Psicologia Adaptação do

preço

à psicologia

do

consumidor

Adaptação

de diversos

elementos à

percepção

do

consumidor

Apoio às

motivações

fundamentais

do

consumidor

Adaptação da

via de

distribuição à

imagem que o

consumidor

tem do produto

Motivo

De compra

Antropologia

Cultural

Negociação

crédito

Métodos

usuais de

transação

Imagem

social do

produto.

Influência de

cores,

aromas,

ilustrações,

etc

Análise dos

símbolos

Particularidad

es

culturais

Contato

pessoal,

tradição e

cultura

Atitude oposta

aos

intermediários

Análise dos

símbolos e

do estilo de

vida que

influem

na

aceitação

de um

produto

Sociologia Papel do

preço na

decisão de

compra

Importância

do produto

para o

status

social.

Importância

da marca, da

propaganda

Influência do

fornecedor na

compra

Influência

dos grupos

(trabalho,

família) na

compra

Comunicação Comunicação

direta e/ou

indireta do

preço

Informações

Difusão das

inovações

Informações

sobre preço,

qualidade,

característica

s,

durabilidade,

etc.

Comunicação

ao

longo das vias

de distribuição.

Redução dos

conflitos

Minimização

dos custos

de

comunicaçã

o e contatos

de mercado.

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28

Tomemos de início a célula Preço-Psicologia. Uma primeira

noção de psicologia é a de que o preço varia em função da qualidade, sendo

então necessário adaptar-se o preço às dimensões psicológicas do

consumidor.

Assim, se um perfume for caro, deve ele projetar uma imagem

de qualidade e de prestígio. Certos preços, como R$ 15.000,00 na indústria

automobilística, parecem constituir uma fronteira entre carros pequenos e

grandes. Entretanto, não é suficiente ter um preço inferior a R$ 15.000,00

para se obter a imagem de um carro pequeno e barato. É necessário

também que os clientes o percebam como tal. Nos Estados Unidos, por

exemplo, toda a primeira campanha publicitária do Ford Maverick se baseou

no fato de ser ele o único carro americano a custar menos de US$ 2.000,

mas os consumidores não parecem ter aceitado essa imagem.

A célula Promoção-Antropologia Cultural mostra a

importância dos símbolos na vida quotidiana. A colônia "Pinho Silvestre", por

exemplo, relacionava-se com o aroma que atrai o sexo feminino. Os

símbolos que representam o sucesso variam de uma cultura à outra: o

americano vê o sucesso no resultado dos negócios, já o ideal para o francês

será ser um alto funcionário, enquanto para o italiano tornar-se célebre como

diretor de cinema constitui um de seus maiores sonhos. Raça, religião,

língua, costumes alimentares, sexo, cores, aromas ... representam os

elementos essenciais para o desenvolvimento da estratégia promocional. A

análise dos símbolos e sua aceitação pelo público são de primordial

importância.

Quanto às relações Produto-Sociologia, é interessante notar

que a simples posse de certos produtos, como ar condicionado, televisão,

vídeo-cassette, DVD, Disc Player, TV a cabo, etc. confere status social.

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29

A célula Distribuição-Comunicação mostra como é

importante minimizar os conflitos na comunicação de informações, não

somente entre as instituições de distribuição, mas também entre os

consumidores. Os sistemas de informações, o desenvolvimento de

formulários, suas formas de emprego, as informações relativas aos pontos

de venda e os termos das comunicações são relevantes para a integração

dos sistemas de distribuição física e transporte. O marketing utiliza as

ciências sociais para alterar o estilo de vida da sociedade. Essas mudanças

podem às vezes criar problemas entre a sociedade e o marketing.

Um exemplo dessa situação é a controvérsia entre os estilos

de moda mídi e máxi. Os técnicos de marketing foram colocados à

disposição da alta costura para dar fim à moda mini. A alta costura serviu-se

da elite social como grupo de referência, acentuando-lhe as pressões,

ajudada por campanhas publicitárias que forçaram a venda quase exclusiva

da mídi em lojas de alta costura.

A necessidade de conformidade das mulheres estimulou o

desenvolvimento dessa moda, de certa forma, imposta. Enquanto isso,

brotava o descontentamento da totalidade dos homens e, em conseqüência,

de boa parte do sexo frágil. Eis aí um sistema de rejeição a uma tendência

que não corresponde às necessidades e desejos dos consumidores.

A célula Promoção-Psicologia indica como mensagens de

propaganda influem na motivação dos compradores, operando como fortes

indutores de estimulo às necessidades e geradores de desejos de compra,

consumo ou uso de produtos que estariam fora das cogitações individuais na

eventualidade dos compradores não estarem expostos às mensagens

promocionais.

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30

Um exemplo típico desta condição são as propagandas e

promoções de produtos novos tais como detergentes que reavivam cores de

tecidos de malha, modelos de transmissões automáticas do tipo " Tiptronic"

nas quais o motorista pode optar por mudanças automáticas ou comandadas

sem o uso de embreagem. É evidente que estes produtos poderiam estar

concebidos de forma "virtual" na mente dos compradores ma s o desejo e o

ato de compra-los somente surge mediante a ação e o impacto de apelos

psicológicos tais como facilidade de uso, segurança, conforto e economia.

As relações entre Preço-Antropologia Cultural, podem ser

observadas e utilizadas como estratégia de transações entre grupos étnicos

que costumam pedir descontos e fazer compras à prazo. Certos produtos

são comprados para servir de símbolos de religião ou origem racial não

importando seu nível de preço, acessíveis ou não serão sempre objeto de

procura por questões do que se define como "consumo simbólico e

cultural". Nesta categoria encontram alimentos importados como queijos,

condimentos árabes, e especiarias para a cozinha japonesa.

Com o processo de verticalização e integração nas canais de

distribuição que no momento atual é conhecido "administração da cadeia

de oferta" a interdependência entre o binômio Comunicação-Distribuição

ganha maior amplitude porque sua execução permitirá ganhos de

produtividade entre os diversos componentes do sistema distributivo,

redução nos custos de transporte, manutenção de estoques, falta de

produtos e mais precisão no planejamento de produção na indústria e nas

empresas de revenda sejam elas atacadistas ou varejistas.

Um bom exemplo desta esquema operacional é a informação

da previsão de vendas e a posição de estoque de produtos em um

supermercado para seus fornecedores, ou o plano de produção de um

confeccionista para as fabricas de tecidos ou estamparias antes das

mudanças de estação ou dos ciclos da moda que são curtos e dinâmicos.

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Deve-se notar que todas as células acima são relacionadas

entre si e que além disso podem ser aplicadas de forma simultânea nas

diversas fases de pesquisa, planejamento, gestão e controle do processo de

administração mercadológica.

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32

CAPÍTULO III

O CONSUMIDOR E A PUBLICIDADE

3.1 Segmentação e estratégias de marketing

A pergunta constante é: de que forma a segmentação auxilia

nas definições das estratégias de marketing?

A segmentação pode auxiliar de diversas formas. A mais visível

delas é com relação à comunicação. Se o consumidor de um produto ou o

consumidor que se quer atingir é um consumidor da classe A e B, entre 13 e

19 anos, residente na cidade de São Paulo, do sexo masculino; a mídia

selecionada será uma adequada a esse público, ou seja, revista para

dolescentes lida por pessoas do sexo masculino, programas de televisão

para jovens etc.

Se é do conhecimento que esse consumidor gosta de esportes

radicais, é moderno, aberto a novas mudanças, gosta de vestir-se de acordo

com a moda, gosta de animais; realiza-se uma campanha publicitária com

apelos do mesmo tipo, com jovens modernos consumindo o produto ao

praticarem esportes radicais, ao lado de seus cachorros, vestidos com

roupas esportivas da moda, falando uma linguagem própria deles e assim

por diante.

Posiciona-se o produto de acordo com essas características

importantes para o público-alvo, realiza-se a comunicação de acordo com

esse posicionamento e escolhe-se a mídia que tenha esse mesmo perfil

(que atenda esse grupo). Isso que vimos acima é, praticamente, o conceito

STP de Kotler (Segmentation Targeting, Positioning); ou seja, as etapas

necessárias para o desenvolvimento de uma comunicação eficiente devem

ser : segmentar, definir público-alvo, posicionar.

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33

Mas o estudo de segmentação também pode contribuir de

outras formas, no desenvolvimento de novos produtos, por exemplo. A

segmentação pode mostrar que há um segmento de mercado para o qual

uma empresa não tenha nenhum produto que o atenda e às suas demandas

específicas - esta é uma oportunidade de mercado: produzir um produto que

atenda a determinado segmento expandindo estrategicamente o portifólio . E

assim, como esse exemplo, há muitos outros.

Plummer (1974), há quase 30 anos, já afirmava que a

segmentação por estilo de vida (vamos assumir, aqui, que seja o mesmo

que segmentação psicográfica):

- auxilia na definição do público-alvo chave,

- auxilia no posicionamento de produto,

- auxilia na comunicação,

- auxilia no desenvolvimento das estratégias de marketing e mídia,

- sugere oportunidades para novos produtos e

- ajuda a explicar o por quê da situação de um produto ou marca.

Gunter e Furnham (1992), 20 anos depois, afirmam que a

informação estratégica coletada da análise psicográfica pode auxiliar em

várias áreas relacionadas a marketing, como:

- posicionamento de novos produtos ou reposicionamento dos já existentes,

- realização de melhorias nos produtos ou serviços para melhor atender os

segmentos,

- reconhecimento da importância do preço de mercado,

- realização de estratégias promocionais, especialmente com relação à

seleção de mídia,

- apelos de venda, mensagens publicitárias, escolha de veículos,

- exploração de novos métodos de distribuição ou melhoria dos canais já

existentes.

Sendo assim, podemos perceber que a utilidade dos estudos

psicográficos não é novidade, mas mesmo assim, continua sendo atual.

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Cabe, neste momento, um esclarecimento. Foi dito,

anteriormente, que segmentação psicográfica e segmentação por estilo de

vida significam a mesma coisa. Entretanto, segundo Wells (1974), no

primeiro livro específico sobre o assunto, apesar dos termos Lifestyle e

Psychographics serem usados como sinônimos, há uma distinção entre os

mesmos. Para o autor, há um certo consenso, embora não universal, de que

o termo psychographics refere-se aos estudos focados em traços de

personalidade enquanto os estudos de estilo de vida (lifestyle) focam

atividades, interesses, atitudes e valores específicos ligados ao

comportamento do consumidor.

Apesar das diferenças básicas originais, atualmente é comum

ouvir definições de segmentação psicográfica atrelada a termos como

valores, estilo de vida, interesses, opiniões e não somente à personalidade.

Como a intenção deste texto é tornar o assunto menos

complexo, consideraremos segmentação psicográfica e segmentação por

estilo de vida como sinônimos. Afinal, qual o objetivo de realizar uma

segmentação psicográfica? O objetivo é detectar disposições, percepções,

atitudes, possíveis identificações de determinados segmentos do mercado

em relação aos produtos/serviços disponibilizados por uma empresa.

Se a empresa utilizará traços psicológicos, estilo de vida,

valores ou outras variáveis de classificação e se os mesmos interagem entre

si, influenciam-se mutuamente, não é a preocupação do profissional de

marketing e comunicação. O que importa é a possibilidade de conseguir

identificar diferenciações que podem ser relacionadas às propostas

mercadológicas da empresa. Deixemos os aspectos técnicos aos

profissionais de pesquisa de mercado. Conseguir entender cada termo já é

uma grande conquista para os “comunicólogos” e “marqueteiros”.

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3.2 A publicidade, o consumidor e a persuasão

Publicidade e Propaganda, rigorosamente não significam a

mesma coisa. Publicidade deriva de público (do latim publicus) e designa a

qualidade do que é público, significa o ato de vulgariza, de tornar público um

fato, uma idéia. Propaganda é definida como a propagação de princípios e

teorias. Foi introduzida pelo Papa Clemente VII, em 195, quando fundou a

Congregação da Propaganda, com a finalidade de propagar a fé católica

pelo mundo. Deriva do latim propagare, que significa reproduzir por meio "de

enterrar o rebento de uma planta" no solo. Isto é propagare seria a

propagação de doutrinas religiosas ou princípios políticos de algum partido.

Sendo principalmente um meio de promover vendas em

massa, a publicidade visa três objetivos:

1) incutir uma idéia na mente da massa.

2) criar o desejo pela coisa anunciada.

3) levar a massa ao ato da compra.

Para isso, a publicidade tem de interessar, persuadir,

convencer e levar a ação, ou seja, tem de influir no comportamento das

massas consumidoras. Para influir no comportamento de alguém é preciso

conhecer este alguém, e este conhecer deve abranger:

a) a natureza humana: as necessidades básicas, desejos e paixões que

fazem agir o ente humano;

b) seus hábitos e motivos de compra.

Como o publicitário não tem contato com a clientela, não lhe é

possível o conhecimento do indivíduo, porém ele tem que conhecer o

comportamento da massa, como um todo, isto é, o conhecimento das

reações e gestos médios do conjunto de indivíduos, que formam o mercado

a atingir. Enquanto o vendedor pensa e age em termos de indivíduo, o

publicitário tem de faze-lo em termos de Massa.

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36

Este tem que discenir na massa o indivíduo típico, o

denominador comum, aquele que expressa em si a média das

necessidades, desejos, gostos, etc.,, da maioria. Para este conhecimento

conta-se com a pesquisa. O conhecimento do Mercado, a análise das

reações, hábitos e motivos de compra, do consumidor típico, seus hábitos de

leitura e audição de rádio, o conhecimento real do produto em relação aos

concorrentes são as bases do Planejamento Publicitário.

A Publicidade se baseia no conhecimento da Natureza

Humana. Quanto mais conhecermos sobre o valor das palavras, sobre

necessidades, desejos e impulsos humanos e as emoções que

desencadeiam, mais saberemos sobre a técnica de persuasão e seu modo

de operar.

O motivo imediato atual da ação humana é o desejo, pois o

desejo é a expressão consciente da necessidade. Quando percebemos da

necessidade e esta se manifesta em desejo por determinada coisa é que a

nossa conduta se põe em ação (vontade de beber - um vai e toma água -

outro aguarda a saída pra tomar cerveja. Cada qual satisfaz a necessidade a

sua moda.

A conduta de cada um foi ditada pelo desejo e não pela

necessidade). Assim, para o anúncio provocar uma reação, ou seja, para

levar o leitor ou o ouvinte a comprar o produto anunciado, é preciso que faça

apelo a uma necessidade (despertando com isso o desejo) ou existe um

desejo já manifesto no consciente. Para vender um batom, pode-se apelar

para a necessidade de atração sexual, através do desejo de ser bela, ou,

mais diretamente, através de atrair o marido.

Na publicidade oculta-se então o ato de persuadir, o poder de

convencer, veiculando-se uma realidade preparada como se fosse natural,

mas que não passa de uma “miragem naturalista” no dizer de Rosset.

Realidade, portanto, idealizada pelos publicitários.

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37

Em que se reconhece um mundo pensado, racionalizado,

reapresentado para o público – ou como diria Rosset, uma pseudo-natureza.

O logro romântico da publicidade, portanto, consiste mais nesse exercício do

poder (das palavras e imagens) em favor da representação, do que no

engano do público a convencer. Não se trata propriamente de ocultar-lhe

uma verdade encoberta pela ideologia do publicitário.

A publicidade é um misto composto pela prática não

representacionalista da retórica – a qual envolve a persuasão, o “desejo” de

consumo e a “ilusão” de satisfação – e pela iminente representação de um

estado de coisas –, sem que entretanto sejam privilegiados na propaganda o

binômio verdade-engano, os “conceitos” racionalizantes, o “erro” ou a

certeza.

Assim, os publicitários de fato não ocultariam ao público uma

verdade encoberta ideologicamente, mas antes o iludiriam, buscando

produzir nele o desejo de comprar, de seguir supostos modelos de

comportamento, fala e pensamento.

Armando Sant’Anna, em Teoria, técnica e prática da

propaganda, por exemplo, já menciona esse aspecto do forte apelo

emocional na publicidade, em detrimento da razão e da argumentação no

momento de compra.

A esse respeito, Clément Rosset, em A antinatureza, diferencia

erro, jogo de conceitos, de ilusão, jogo do desejo. Desse modo, é possível

dizer que erro e conceitos cabem ao âmbito cognitivo do par ciência-

ideologia e são passíveis de refutação, enquanto ilusão e desejo remetem

ao campo persuasivo da publicidade, por exemplo, submetendo-se à crença

do público antes que à refutação por parte deste.

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Em Mitologias, Roland Barthes nos fornece então um exemplo

de que a publicidade lida com crenças, de maneira que os preconceitos do

público não são corrigidos conscientemente, mas substituídos por outros tão

logo ofereçam alguma vantagem que incite desejos e não exponha motivos

de consumo absolutamente estranhos.

É o caso de uma propaganda de margarina que a veicula –

contrariamente ao que a medicina apregoa – como “um alimento delicioso,

agradável, digestivo, econômico, útil em todas as circunstâncias” e que,

embora “não seja senão gordura”, possui a vantagem de que “o seu

rendimento é superior ao da manteiga”.

Contudo, se a publicidade pode servir para iludir o público,

seria lícito perguntar por que ele se entrega ao seu jogo do desejo,

consumindo muito mais por fatores emocionais que por razões? Talvez

porque, conforme pensa Barthes, o público consuma a propaganda como

um mito, não vendo nela um sistema semiológico (de valores) preparado

para persuadi-lo como pseudo-natureza, mas um sistema indutivo,

causalista, factício, natural.

Porém, há outros semiólogos e teóricos da comunicação que

responderiam que esse caráter não representacional da publicidade

(retórica, persuasão e sistema semiológico) vincula-se à ideologia (do

consumo e do publicitário). Como forma de conduzir à representação de

uma suposta realidade verdadeira, a ser referendada pelos publicitários.

3.2.1 A ideologia de uma reapresentação de signos

Há semiólogos que parecem enfocar o aspecto não

representacional da publicidade, considerando que o trabalho simultâneo

pela representação incorre na noção de ideologia. Grosso modo, a ideologia

supõe que o discurso pode enganar, encobrir uma verdade a ser descoberta.

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Mas, notadamente, Marcel Detienne e Michel Foucault nos

mostraram que a verdade não é algo natural, universal, aí desde sempre.

Eles afirmaram que o discurso verdadeiro, oposto ao falso, ao enganoso, é

algo fabricado, fundamentado por Platão no século VI a.C.

Se a publicidade é algo que visa a levar o público ao consumo,

é sobretudo por elementos não representacionais, como a retórica verbal (do

texto) e não-verbal (da imagem), ao menos para uma persuasão bem

sucedida. Para além do conteúdo verdadeiro ou enganoso dos signos

verbais e não-verbais empregados, os publicitários buscam convencer.

Para tanto, eles terminam usando o discurso e a imagem de

modo platônico, ou seja, transmitindo idéias sugestivas, modelos de

comportamento social. Contudo, entre os semiólogos que tratam do aspecto

não representacional da publicidade, mas acabam relacionando o teor

representacional à ideologia, encontra-se Umberto Eco.

Em A estrutura ausente, Eco traça um verdadeiro “mapa

retórico da publicidade”. Entretanto, afirma que há uma ideologia em

qualquer comunicação, a “ideologia do consumo”, atrelada às “condições

econômicas que governam a existência da mensagem publicitária”.

Para Eco, o mapa retórico da publicidade, composto por

mensagens textuais e visuais codificadas, só faz repetir o que o público

espera e conhece. Enquanto a ideologia do consumo consiste em “convidar”

o público a consumir o que quer que seja, devido à qualidade emblemática –

não argumentativa ou irracional – da publicidade. Em outros termos, as

propagandas não tendem a expor razões claras para o consumo nem para a

adesão a comportamentos.

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Nem mesmo o publicitário pode ser considerado um

revolucionário, de acordo com Eco, porque não modifica efetivamente os

sistemas perceptivos, as expectativas do público. Seria antes um “persuasor

de encomenda” – à maneira de um sofista – que participa do lado econômico

da vida social.

Existem teóricos da comunicação que, entretanto, não reduzem

o papel do publicitário à determinação econômica. Mas também associam a

propaganda, produto do trabalho publicitário, a aspectos ideológicos.

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CAPÍTULO IV

ESTUDO DE CASO DA PROPAGANDA DA COCA-

COLA

Podemos identificar através das imagens e VTs relativos à

publicidade da Coca-cola o histórico de um produto no mercado nacional e

internacional. Pode-se verificar, por exemplo, pela sua apresentação

estética, formato, material, tamanho, entre outros, que a Coca era vendida,

um pouco depois do início de sua produção, em garrafinhas de 200ml. Por

volta dos anos 50 foi introduzida a garrafa de 290ml no Brasil.

Pode-se notar também que nos anos 60, pelo menos nos EUA,

já se consumia a lata com o diminutivo Coke. As publicidades têm a sua

própria história também e é quase impossível fazer-se uma dissociação clara

entre aquilo que é característica só do objeto ou só da publicidade.

Concentrando-me apenas no tocante ao discurso publicitário, gostaria de

interpretar algumas questões pertinentes à luz de algumas afirmações

propostas por Jean Baudrillard em O Sistema dos Objetos.

A observação da evolução dos três estágios da Coca nos conta

uma história que reflete os traços de seu protagonista (o refrigerante) e do

universo que o cercava. Como um romance que narra/constrói o percurso de

seu personagem central, suas trajetórias pessoais, suas transformações no

tempo, seu mundo social (infância, adolescência, namoro, casamento, etc.),

a publicidade humaniza um produto, criando e projetando junto a ele, além

das transformações intrínsecas ao objeto, todo um mundo de significações.

Temos, então, uma seqüência de slogans, trilhas-sonoras,

textos, logomarcas, entre outros, que vão repetindo, inovando, recuperando

traços, apresentando e estabelecendo um discurso próprio e periódico com

os consumidores.

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"...retorna integralmente ao sistema dos objetos, não

somente porque trata do consumo, mas porque se

torna objeto de consumo. É preciso distinguir direito

essa dupla determinação: é discurso sobre o objeto e

ela própria objeto" (Baudrillard, 1973, p.174)

Não há muitos espaços vazios de conotação, tenta-se

preencher o discurso publicitário com muitos elementos (em extensão e

intensidade) e praticar a sua renovação periódica, assim como se faz com o

objeto. Vale dizer também que, diferentemente do produto, a publicidade

ainda é ofertada ao consumidor, o que democratiza muito mais o seu acesso

a ele e confere ao seu discurso um caráter de "estar a serviço do indivíduo"

(Baudrillard, 1973, p.180-181).

Nos VTs institucionais, podemos identificar claramente essa

característica: "Boas Festas", "Copa de 86", "Olimpíadas", "Patrocinador

Oficial da Copa do Mundo" promovem a imagem da empresa com

homenagens a eventos de grande importância social.

Um outro aspecto da linguagem publicitária trabalhado por

Baudrillard fala-nos do processo de leitura do signo publicitário. Haja vista a

sua relativa autonomia e liberdade discursiva para emitir uma mensagem

que não esteja ligada à praxis do objeto que ele promove, o signo publicitário

tem que proporcionar a sua própria leitura, tem que ser legenda de si

mesmo. Não generalizando tal afirmação – pois temos a evidência de

diversas situações mais conectadas com a praxis do objeto (na propaganda

do "Piquenique", amigos tomam o refrigerante como acompanhamento de

sanduíches) –, mas considerando a sua importância, podemos afirmar que,

devido à sua múltipla possibilidade associativa e em sua intensa utilização

de figuras de linguagem, sons, imagens, símbolos, entre outros, o signo

publicitário venha crescentemente demonstrando um comportamento que o

aproxima do estatuto de "auto-referente".

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Principalmente, quando tratamos de publicidades de produtos

que alcançaram um estágio mais avançado na relação com o consumidor,

como pudemos observar na 3ª Fase da Publicidade da Coca-Cola, na qual é

evidente a desconexão entre a factualidade do objeto e os signos

publicitários que discursam sobre ele (ou sobre si mesmos). No VT "Sempre

Haverá", produzido em 27/05/93, temos a seguinte letra executada através

de locução:

"Sempre haverá líderes, seguidores, dever de casa,

projetos científicos, as sete maravilhas do mundo, seu

mundo, sua Coca-cola. Sempre vão existir meninos,

meninas, o movimento certo, as jogadas erradas, seu

encontro, nenhum encontro, sua identidade, sua Coca-

cola. Sempre vão existir, sempre."

Nesta campanha, foram editados vários takes de personagens,

ruídos de áudio, que, de alguma forma, remetiam ao texto. Há aqui, como já

analisei, a tentativa de aproximar a Coca-cola aos eventos universais e

colocá-la num nível de atemporalidade.

Mas nada nos indica, de antemão, qual seria a chamada dessa

campanha, o que lhe caberia melhor; nada antecipa esse signo. Tal qual o

"sempre", poderíamos ter um outro advérbio, um adjetivo ou a ausência de

algum deles simplesmente. Em relação ao sentido da descrição discursiva,

podemos entendê-lo, mas isto só é possível a partir da própria lógica que é

construída no texto, das comparações que ele cria, lógica que pode fazer

sentido com a realidade ou não.

Não há grande estranhamento por parte das pessoas se esse

sentido não criar uma correspondência factual com a realidade, pelo

contrário, na maioria das vezes é muito comum que esse sentido se

estabeleça depois; a partir da publicidade.

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Depois de inserido num contexto seqüencial de propagandas

de um produto e da própria campanha à qual pertence, é que será possível

estabelecer a sua "razão de ser" dentro da mensagem. E esse estatuto do

signo publicitário já se encontra incorporado na lógica do discurso

publicitário, tanto em nível de emissor quanto de receptor.

4.1 Aspectos de mito na publicidade da Coca-Cola

Sem querer adentrar no vasto campo do mito em suas

múltiplas abordagens, coisa que fugiria ao meu domínio e ao fôlego da

pesquisa, o que busquei foi apenas identificar alguns pontos de conexão

entre este tema e o material analisado.

Chamaram-me a atenção, de forma significativa, três aspectos

apresentados pelas imagens dos VTs da Coca na década de 90 (3a. Fase),

que revelaram afinidades conceituais com a questão do mito. A Coca-cola

aparece-nos em comerciais mais recentes como um objeto semi-deus,

venerado e amado pelo mundo.

Se, anteriormente, o refrigerante, assim como os seus

concorrentes, parecia se esforçar no sentido de seduzir e conquistar os

consumidores, na terceira fase os VTs retratam em suas imagens um

consumidor que, pelo contrário, se curva perante o produto.

A sua publicidade se dá ao luxo de simplesmente afirmar

"sempre Coca-cola" e não apresentar quase nenhuma justificativa sequer

para a sua escolha. Não quero dizer com isso que não existe(m)

mecanismo(s) de sedução nos VTs mais recentes do material, mas há uma

mudança de atitude – no lugar de centro das atenções não está mais o

consumidor e, sim, a Coca. Como um deus, um mito, uma peça

fundamental, que é adorada por todos.

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Algumas características dos mitos apontadas por Eliade (1994)

em seus relatos e estudos sobre os mitos nas sociedades primitivas em Mito

e Realidade e em Aspectos do Mito, foram de valor para as seguintes

aproximações entre as funções e significados sociais do mito e o status quo

projetado pela publicidade da Coca para a sua marca no período.

De modo geral, os mitos exerciam uma função de justificar as

convenções, a moral, as leis que regulamentavam as relações de cada

sociedade. A partir do relato dos mitos, de suas referências mitológicas

altamente respeitadas, principalmente por trazerem em si uma aura sagrada

e intocável, as gerações garantiam a manutenção de certos valores, a

conservação de padrões de comportamento para as próximas gerações.

O fato de um mito sustentar a manutenção de certos padrões

tem relação com o conteúdo de seu próprio relato (que endossa a lógica

desses padrões) e também com o aspecto de que a posição do mito é meio

intocável, altamente respeitada e, dessa forma, pouco vulnerável a

mudanças. Estar numa posição mitológica favorece, portanto, a manutenção

desse status quo.

É daí que podemos inferir que a Coca-cola, ao ter alcançado

um status de notável liderança mercadológica em seu setor, optou por uma

estratégia publicitária de coroação de sua marca, elevando-a a uma posição

de mito, de objeto aurático (o êxtase e a adoração dos ursos polares

mostram isso claramente).

Dessa forma, procura também mostrar ao público uma

condição de invulnerabilidade, uma posição de liderança absoluta,

incontestável e para sempre. Uma outra característica, que considero ser

ainda mais significativa, é a atemporalidade do mito. Eliade (1994) nos fala

que, na maioria dos casos, os mitos primitivos narram a origem de algo das

tribos, seja a respeito de suas próprias raças, sociedades, terras ou de

elementos que compõem seus universos.

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Eles narram uma origem situada num outro tempo cronológico,

mas não estão localizados ou presos àquele tempo. O mito não está situado

num tempo cronológico, ele pode ser reatualizado, revivido pelos seus

discípulos através de rituais que resgatam as suas condições de existência

e, com elas, o seu tempo sagrado.

Sendo assim, se existe em uma certa sociedade, por exemplo,

a crença em um deus da fertilidade, poderá haver um ritual no momento em

que será efetuado o plantio de um determinado alimento, no qual, sob

determinadas condições (através da narração de sua estória, oração, etc.),

aquele deus poderá ser novamente presentificado para produzir os mesmos

efeitos de sua presença em outros tempos (Eliade, 1994, p.21-23).

"Numa fórmula sumária, poderíamos dizer que, ao

viver os mitos, sai-se do tempo profano, cronológico,

ingressando num tempo qualitativamente diferente, um

tempo 'sagrado', ao mesmo tempo primordial e

indefinidamente recuperável" (Eliade, 1994, p.21).

Um aspecto enfatizado na referida fase da publicidade da Coca

é a atemporalidade de seu consumo. O slogan da campanha afirma isso,

com todas as letras: "Sempre Coca-cola". As imagens dos comerciais

projetam-na num futuro ficcional, resgatam-na no passado e, muito

freqüentemente, inserem o refrigerante num contexto em que não se pode

perceber exatamente a sua temporalidade.

A ação do tempo cronológico não ameaça a sua existência,

isso é o que podemos ver bem exprimido pelo VT intitulado "Neon". Em

apenas 15" de duração, a propaganda mostra parte da paisagem de uma

cidade à noite: no alto de um prédio de traços mais antigos, estão afixados

um outdoor com a logomarca da Coca-cola e, na lateral, suspende-se do

prédio um letreiro em neon que também divulga o refrigerante.

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O outdoor mostra a logomarca em um formato transitório, ou

seja: num primeiro momento, lembra um de seus formatos antigos – o disco

vermelho com as inscrições da Coca-cola (por volta dos anos 50), mas já

contendo em seu interior a garrafinha de 200ml da logomarca atual –, e, em

seguida, sofre o acréscimo da palavra "sempre", vazada no fundo azul,

transformando-se no verdadeiro formato atual.

O letreiro em neon informa, alternadamente, as promoções:

"sempre", "gostosa" e "beba". No áudio, um instrumental do início do século.

Ao final, o comercial mostra a imagem de um cometa passando pelo céu, ao

fundo da paisagem.

Vemos ali uma mistura de tempos cronológicos, pois, de certo

modo, se está no início do século, de certo modo, no tempo atual e, de outro

modo, em qualquer tempo ao qual não saberemos definir. O cometa passa;

as promoções do letreiro se alternam; e a Coca permanece – sempre. Qual

de nós tem essa capacidade ilimitada de transgredir a temporalidade?

Parece-me que isso pertence ao universo dos seres sobrenaturais, dos

objetos sagrados, dos mitos e, como nos mostra a Coca, dos símbolos de

consumo elevados à categoria de mito.

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CONCLUSÃO

O marketing é uma atividade humana dirigida para satisfação

de necessidades e desejos através do processo de troca. Não se pode fazer

um planejamento estratégico, sem pesquisar o consumidor e como a sua

mente funciona; e para isso é necessário analisar os fatores: demográfico,

geográfico, psicográfico e comportamental, dentro do comportamento do

consumidor. Já para conhecer o mercado é preciso saber como ele funciona

e por isso a pesquisa, data base são úteis.

O marketing tenta homogeneizar na forma de um grupo,

segmentar; mesmo sabendo que as pessoas são heterogêneas, e por isso

se tona um erro. Nós não " somos", nós "estamos". Este tenta homogeneizar

o mercado, agrupa-los de uma forma estratégica.

O planejamento estratégico ficou mais importante para decidir

posicionamento; para identificar necessidades internas e externas de uma

marca; para unir marketing com recursos humanos; estrategicamente

desenhando os caminhos da gestão para a mídia no desenho estratégico

das opções; para a criação que não fala mais com meros consumidores,

mais sim, com interlocutores, demonstrando" atitudes das marcas".

A tecnologia, as novas mídias, a globalização que multiplica a

competitividade, e a mudança do consumidor cada vez querendo mais saber

a identidade das marcas que compra, só pontencializaram a importância do

planejamento estratégico. Desapareceram profissões, nasceram outras, a

tecnologia alijou antigos profissionais e planejar só se destacou num cenário

mais amplo e complexo de oportunidades.

Entretanto, o caráter híbrido da publicidade consiste no uso do

discurso como um exercício do poder das palavras e das imagens

veiculadas na mídia, em benefício da representação.

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Dessa maneira, ao mesmo tempo em que reforça o sentido já

estabelecido ou reconhecido, o publicitário idealiza a “realidade” na

propaganda, através de recursos que não são meramente argumentativos,

racionais.

A persuasão, o convencimento do público-alvo, ocorre

sobretudo graças ao apelo emocional da retórica no texto e na imagem da

propaganda. Entretanto, por mais idealizada que seja a realidade

anunciada, esta é sempre fechada, tornada natural, disfarçada como não

artifício, ou pseudo-natureza. Sempre apropriada ou familiarizada para a

burguesia consumidora.

Assim, o público consome produtos, bem como utiliza-se de

serviços, conceitos, idéias e modelos de comportamento. Mas, não é

propriamente enganado pelo publicitário. A questão é mais sutil. Ele é

seduzido por uma espécie de romance preparado para satisfazer suas

expectativas já existentes, quando muito reelaboradas, reapresentadas.

Em resumo, com a finalidade da representação racional de

uma “realidade” suposta, a publicidade manifesta contudo o apelo a fatores

emocionais. Eis, ainda que em linhas gerais, o problema da representação

no discurso publicitário.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................ 03 DEDICATÓRIA ..................................................................................... 04 RESUMO ............................................................................................... 05 METODOLOGIA .................................................................................... 06 SUMÁRIO .............................................................................................. 07 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 08 CAPÍTULO I DEFINIÇÃO DE MARKETING ............................................................... 10

1.1 As ferramentas de marketing ...................................................... 15 1.1.1 Composto de Marketing ....................................................... 15

CAPÍTULO II A CULTURA DO CONSUMO E A PUBLICIDADE ................................ 22

2.1 O marketing, a publicidade e as ciências sociais ....................... 26 CAPÍTULO III O CONSUMIDOR E O MARKETING .................................................... 32

3.1 Segmentação e estratégias de marketing ................................... 32 3.2 A publicidade, o consumidor e a persuasão................................ 35 3.2.1 A ideologia de uma reapresentação de signos ........................ 38

CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO DA PROPAGANDA DA COCA- COLA ................. 41

3.1 Aspectos de mito na publicidade da coca-cola ........................... 44 CONCLUSÃO ....................................................................................... 48 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50 ÍNDICE ................................................................................................... 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Projeto A Vez do Mestre

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título da Monografia: A influência do marketing no comportamento do

consumidor

Data da entrega: _______________________________________

_____________________________________________________________

_____________________________________________________________

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Avaliadopor:_______________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

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ANEXOS