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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO DE SOBRESSALENTES Por: Flavia Ramos Araújo Mariano Glória Orientador Profª. Mary Sue Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO DE SOBRESSALENTES

Por: Flavia Ramos Araújo Mariano Glória

Orientador

Profª. Mary Sue

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE<>

GESTÃO DE SOBRESSALENTES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Logística

Empresarial.

Por: Flavia Ramos Araújo Mariano Glória

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AGRADECIMENTOS

...Primeiramente, como tudo em

minha vida, gostaria de agradecer a Deus por ter permitido que eu concluísse

mais esta etapa em minha vida. Agradeço ao meu esposo Flavio e ao meu

filho João Vitor pelo cuidado e carinho que sempre me dedicaram e aos meus

familiares, amigos de turma e professores que foram indispensáveis para esta

conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista ao meu Grande

Amigo: Jesus Cristo

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RESUMO

Diante de uma conjuntura cada vez mais competitiva e globalizada,

respostas certas para questionamentos igualmente certos são de fundamental

importância para o sucesso de um negócio. Entretanto, temos observado que

poucas empresas têm resposta consistente para a pergunta aqui formulada:

quantos milhões sua empresa está perdendo? A razão é muito simples: não

existe resposta para uma questão que nem se quer é levantada.

De um modo geral, a gestão de estoques de peças sobressalentes na

indústria em todo o mundo exibe um desempenho marcadamente

insatisfatória. Existem várias causas, mas duas em particular podem ser

mencionadas: a primeira está relacionada com o uso da tecnologia há muito

ultrapassado, e a segunda com a falta de uso de ferramentas analíticas

apropriadas. Nessa conjuntura, como muito pouca coisa é efetivamente

medida e analisada, o processo como um todo não é gerenciado. Como

conseqüência, as empresas acabam no pior dos mundos, ou seja: perdas

operacionais elevadas por falta de materiais, a despeito de possuírem

excedentes nos estoques.

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METODOLOGIA

A fundamentação do desenvolvimento do trabalho foi baseada em

pesquisa à bibliografia técnica, revistas, artigos e internet. O objetivo

fundamental da pesquisa foi descobrir respostas para problemas específicos

do tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A HISTÓRIA DA LOGÍSTICA 10

CAPÍTULO II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA LOGÍSTICA 14

CAPÍTULO III – GESTÃO DE ESTOQUES 21

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

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INTRODUÇÃO

Os negócios têm assumido configurações cada vez mais complexas

nos últimos anos. Uma das razões para isso é o grande aumento na

diversidade de produtos e serviços que as empresas têm disponibilizado ao

mercado.

Os gestores desses negócios precisam continuamente desenvolver

suas ferramentas para tomada de decisão. Não basta o aprendizado ou a

experiência, são necessárias técnicas formais e eficientes que ajudem a

fundamentar as decisões.

Nesse contexto surgem as soluções analíticas para os mais diversos

problemas de gestão. No caso do gerenciamento dos estoques existem várias

técnicas, por exemplo, de determinação de pontos (ou momentos) a ressuprir

os estoques e quantidades a ressuprir, como os modelos de Lote Econômico,

de Revisão Periódica e Ponto de Reposição entre outros. Ocorre, entretanto

que esse tipo de técnica muitas vezes assume uma série de hipóteses sobre

as variáveis que trata. Por exemplo, o modelo de Lote Econômico considera

que a demanda é constante e que as variáveis envolvidas são determinísticas.

Em algumas situações práticas, essas hipóteses tornam os modelos distantes

da realidade, e portanto, seus resultados menos robustos e confiáveis para

tomada de decisão, chegando até a inviabilizar a utilização da técnica.

A combinação correta de peças sobressalentes – quantidade e

localização geográfica - è um ingrediente chave de suporte efetivo para a

operação de qualquer sistema. Isto é válido tanto para plataformas de petróleo,

plantas de processo, manufatura, mineração, geração de energia, ferrovias;

quanto para uma esquadrilha de aeronaves militares ou estações orbitais.

Com poucas exceções, até mesmo empresas de classe mundial

exibem um desempenho insatisfatória nesta especialidade. Existem várias

causas, das quais duas em particular aparecem em virtualmente todos os

casos: teorias primitivas de gestão de estoques e falta de ferramentas

analíticas apropriadas.

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Isto explica por que em todo o mundo grandes estoques de peças

sobressalentes são encontrados, muitos dos quais desbalanceados ou

desnecessários. È inteiramente normal que empresas sofram faltas de

determinados itens enquanto observa-se pouco ou nenhum movimento na

maioria. Como resultado, desempenho de estoques é um dos alvos favoritos

de consultores e auditores.

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA LOGÍSTICA

1.1 – EVOLUÇÂO DA LOGÌSTICA

Segundo Fleury, os professores John L. Kent Jr. Daniel J. Flint

pesquisaram a evolução do pensamento em logística em diversas

universidades americanas, identificaram fazes distintas mapearam essa

evolução até os dias atuais conforme a seguir:

Conforme pesquisa citada no parágrafo anterior, a evolução se deu em

cinco fases, sendo a primeira ocorrida no século XIX e foi até 1940, foi à

economia agrária que demandou tais serviços e o foco principal era o

transporte, o escoamento da produção até os mercados consumidores. A

segunda fase tem uma grande influência militar, começou em 1940 e foi até o

início dos anos 60, o temo logística está fundamentado na movimentação e na

garantia de abastecimento das tropas. A logística nesse período estava com o

pensamento voltado pra as soluções de problemas que envolviam a

identificação dos principais aspectos da eficiência no fluxo de materiais, em

especial a questão de armazenamento e transporte. “Funções Integradas”,

assim que é conhecida a terceira fase, que vai dos anos 60 até o início dos

anos 70. É o começo do ensino e da prática da integração das funções da

logística, de um gerenciamento consolidado de transporte, distribuição,

controle de estoque, armazenagem e manuseio. Também o custo total e

abordagem de sistemas foram considerados nessa fase. Não há mais somente

foco os meios físicos, mas sim, no aspecto mais abrangente e dinâmico da

atividade. Essa adaptação ocorreu em função da demanda da economia

industrial.

A quarta fase se destaca pela intensificação, nas escolas de

administração, do interesse pela pesquisa e ensino da Logística. Tem início

nos anos 70 e vai até meados dos anos 80. Nesse período de notamos o “foco

do cliente” e a aplicação de métodos quantitativos nas questões de logística. O

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foco dessa etapa estava voltado para as questões de produtividade e custo do

estoque.

Em meados dos anos 80 teve início a fase que tem por atributo a

Logística como elemento diferenciador. São tidas como fronteira empresarial

em que se podem explorar novas vantagens competitivas. Então surge o

conceito de “Supply Chain Managment”, que tem como fundamento à

globalização e o avanço na tecnologia da informação. Também há muita

ênfase, no período atual, nas interfaces entre as diferentes funções dentro de

uma empresa e maior destaque das considerações logísticas no mais alto nível

de planejamento estratégico das corporações.

A corrente mais atual do pensamento logístico verte em direção ao

“Supply Chain Management – SCM” esta corrente consolida os processos

logísticos que trabalham com o fluxo de material e informações dentro e fora

das empresas, e com os relacionamentos que ocorrem ao longo da cadeia

para garantir um melhor desempenho com relação de desperdícios e

agregação de valor. Dentro desses agregados são óbvias a parceria e alianças

estratégicas, essa estratégia promoveu a união e força de empresas, de

clientes e fornecedor de forma a buscarem vantagens.

1.2 - DESENVOLVIMENTO DA LOGÍSTICA NO BRASIL

Para Fleury, no Brasil ocorreu um atraso no desenvolvimento da

Logística em relação a outros países, enquanto no mundo eram dados os

primeiros passos na evolução dos conceitos modernos, entre o final da década

de 70 e toda a de 80, coincidentemente, nesta época, vivíamos um longo

período de turbulências políticas, econômicas e sociais, marcada pela

recessão e as elevadas taxas de inflação.

O protecionismo, que tornava nossa economia fechada, perdurou até a

década de 90 e nos levou ao isolamento de uma acirrada concorrência e das

inovações em tecnologia da informação, que nos países mais adiantados,

constituíram os principais motivadores para a adoção dos novos conceitos no

campo da Logística Como exemplo antagônico desse período, no Brasil as

empresas podiam ter uma receita maior com a posse de estoque, já nos

países avançados se buscava a sua redução de estoques. Para empresas

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brasileiras preocupadas em administrar os índices astronômicos de inflação,

não tinha sentido, pois isso mascarava quaisquer ganhos reais que pudessem

alcançar.

Os Serviços ao Cliente eram técnicas que existiam somente livros de

Marketing e em puras teorias acadêmicas, os consumidores não dispunham de

alternativas de fornecimento, pois as barreiras alfandegárias protegiam os

produtos nacionais diminuindo assim o poder do cliente.

Outro conceito fundamental para a coordenação da cadeia de

suprimentos e que demorou a chegar, foram as parcerias entre fornecedores e

compradores e ainda hoje é polêmica e com muitas controvérsias no ambiente

empresarial nacional, uma vez que conforme a divisão de Merli (1994), grande

parte do mercado nacional está no primeiro nível onde há prioridade nos

preços, causando assim um relacionamento adversário, em contraposição de

interesse, baseado em relações de força.

Segundo Kleber Figueiredo e Rebecca Arkader, - Outro grande

problema para a defasagem da Logística estava no próprio corpo docente no

ensino superior. A formação de professores estava tradicionalmente marcada

pela especialização em áreas funcionais específicas como: Marketing,

Produção, Sistemas de Informação.

Com o novo ambiente em meados dos anos 90, como a globalização,

desregulamentação da economia e a evolução comercial do Mercosul,

trouxeram mais competitividade, atrelado a esta evolução uma necessidade

cada vez maior de uma Logística moderna. Atento a esses fatos o corpo

docente passou a incluir nos programas alguns elementos da cadeia de

suprimento, mais os programas contemplavam disciplinas com visão funcional,

isoladas nos currículos dos cursos de Mestrados em Administração ou nos

cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia de Produção, tais como

Administração de Materiais, Distribuição Física, Marketing de Serviços, Layout

de Depósitos, Gerência de Suprimentos, Embalagem e Gestão de Estoque.

Hoje podemos observar no Brasil, muitos seminários e cursos de curta duração

aplicados por consultores e professores de mercados mais avançados como o

europeu e o norte americano em conjunto com profissionais de escolas e

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empresas nacionais de vanguarda em temas logísticos que, mediante casos

práticos, expõe as experiências de suas organizações no tratamento das

questões envolvidas na adoção dos modernos conceitos de Logística. Esta

situação tem possibilitado a ampliação da base conceitual de nossos mestres

que, ultimamente, tem proporcionado disciplinas com conteúdo mais

condizente com a atualidade.

As escolas e as empresas nacionais têm um grande desafio a ser

vencido que é acompanhar a evolução da Logística, em nível mundial,

adaptando-a a realidade brasileira e desenvolvendo melhorias que nos leve a

um alto padrão mundial, para que assim, a produção nacional tanto no

mercado interno quanto no externo, tenha esse diferencial competitivo a nosso

favor.

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CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA LOGÍSTICA

2.1- A LOGÍSTICA

Neste item, serão estudados os conceitos e funções básicas da

Logística, com objetivo de buscar ferramentas modernas que possam ser

adequadas ou ajustadas , de forma que venham dar sustentação teórica no

desenvolvimento deste trabalho.

2.2 – CONCEITO DE LOGÍSITCA

Em estudo desenvolvido por Rodriguez e Granemann, o temos logística

tem origem francesa, do verbo “loger” que significa alojar–teminologia utilizada

pelos militares que compreendia as atividades de transporte ao abastecimento

e alojamento das tropas. Inicialmente, a logística foi utilizada nas operações

militares, de forma a combinar da maneira mais eficiente, quanto a tempo e

custo , e com quais recursos disponíveis realizar o deslocamento de tropas e

supri-las com armamentos, munição e alimentação durante as campanhas

militares, expondo-as o mínimo possível ao inimigo. Bowersox, afirma que a 1ª

definição veio dos gregos e é a ciência de raciocínio correto que utiliza meios

matemáticos; Colin e Porras , realizaram um levantamento de evolução das

definições de logística e afirmam que uma das mais antigas foi fornecida pelo

American Marketing Association em 1948, que a Logística é a movimentação e

manutenção de mercadorias do ponto de produção até o ponto de consumo ou

de utilização; Plownman considera a logística como a combinação da missão

militar com a definição dos gregos, adaptada à realidade empresarial, onde se

objetiva atingir a coordenação ótima do fluxo de entrada de material, estoque

de matéria-prima, desempenho de atividades durante o processo e de

embalagem armazenamento e do fluxo da saída de material. Gattorna, adota a

seguinte definição: “Logística é definida como o processo de gerir

estrategicamente a aquisição, movimentação e estocagem de materiais, partes

e produtos acabados (com os correspondentes fluxos de informações) através

da organização e de seus canais de marketing, para satisfazer as ordens da

forma mais efetiva em custos”. De acordo com Moeller, a definição mais

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conhecida é chamada de 7R´s: Assure the Right product, in the Right quantity,

in Right condition, in the Right place, att the Right time, with the Right price for

the Right costumer, ou seja, assegurar a disponibilidade do produto certo, na

quantidade certa, em condições adequadas, no local certo, no momento certo,

para o cliente certo, no preço correto.Lambert e Stock, adotam a definição do

Council of Logistics Management (CLM): Logística é o processo de planejar,

implementar e controlar, com eficiência e a custos mínimos, o fluxo e a

estocagem das matérias-primas, materiais em processo, produtos acabados e

informações relacionadas, do ponto de origem até o ponto de consumo, com o

objetivo de se adequar aos requisitos dos clientes. Novaes e Alvarenga, não

definem explicitamente seu conceito de logística, mas a dividem em logística

de suprimento, logística no sistema industrial e logística de distribuição e

marketing, deixando claro que ela trata de identificação das necessidades do

cliente, através do marketing e da sua satisfação, indo busca as matérias-

primas nos fornecedores, processando os materiais através da produção

industrial, até suprir os clientes pela distribuição dos produtos acabados.

Christopher, após comentar que existem muitas maneiras de definir logística,

sugere que o conceito principal poderia ser: “A logística é o processo de

gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de

materiais, peças e produtos acabados através da organização, de modo a

poder maximizar as lucratividades presente e futura através da organização, de

modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do

atendimento dos pedidos a baixo custo”. A definição mais recente de logística

é dada pelo North American Council of Logistics Management (NACLM) onde

se tem que a Logística é o processo de planejar, implementar e controlar o

fluxo e o armazenamento, eficiente e eficaz em termos de custo de matérias-

primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações

correlatadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o

propósito de obedecer às exigências dos clientes. Os conceitos sustentados

pelo NACLM, estão fundamentados em Ballou, ao descrever as atividades

primárias da logística como transporte, manutenção de estoque e

processamento de pedidos, por contribuírem com a maior parcela de custo

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total da logística ou por serem essenciais para a coordenação e o cumprimento

da tarefa logística.

Segundo Santos, Logística é a parte da movimentação ou normalmente

chamado processo, onde se planeja, implementa e controla de maneira efetiva

e eficiente o fluxo e os estoques de produtos, serviços e informações

relacionadas desde o seu ponto de origem até o ponto de consumo, visando

basicamente atender aos requisitos dos clientes.

2.3 – LOGÍSTICA INTEGRADA

Houve um tempo em que a incerteza era mais controlável, os produtos

tinham um ciclo de vida mais longo, era pouco acirrada a concorrência e nem

se ouvia falar em globalização, então, havia razão em um modelo de gestão

isolada na Produção, na Armazenagem, no Desenvolvimento de Produtos, no

Transporte, em Compras e na Gerência e Distribuição. O desempenho dessas

áreas era medido por indicadores isolados onde a meta estava nos indicadores

de custo baixo. Portanto, não havia a preocupação se a redução no custo de

transporte iria afetar o planejamento de estoque ou se no desenvolvimento de

novos produtos, a forma da embalagem afetaria o transporte.

Segundo Fleury, a tradição logística por quase um século foi

fragmentada, as organizações produtivas estavam dominadas por paradigma

taylorista da especialização funcional, e que nessa visão, cada área da

organização funcionava com um silo especializado, ou seja, todos trabalham

com o objetivo de atingir metas funcionais que isoladamente podem fazer

sentido, mas que numa visão sistêmica criam conflitos e desperdícios.

No início da década de 80 duas mudanças, no ambiente, foram

fundamentais para impulsionar a Logística de forma a torná-la uma ferramenta

gerencial fundamental, a primeira foi de ordem econômica que demandou

exigências competitivas e a segunda tecnológica que deu condições para uma

gestão eficiente e eficaz das operações logísticas.

Para Fleury, a logística integrada despontou no começo da década de

80 e evoluiu rapidamente nos 15 anos que se seguiram e foi impulsionada

principalmente pela revolução da tecnologia de informações e pelas exigências

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crescentes de desempenho em serviços de distribuição, conseqüência

principalmente dos movimentos da produção enxuta e do Just in Time (JIT).

Para Figueiredo e Arkader, o mercado estava cada vez mais globalizado

e dinâmico e os clientes cada vez mais exigentes. Para satisfazê-los,

proliferam cada vez mais as linhas e modelos de produtos, com ciclos de vida

mais curtos. E a coordenação da gestão de material, da produção e da

distribuição passou a dar respostas mais eficazes aos objetivos de excelência

que os negócios exigiam. Surgiu então o conceito de Logística integrada. Isso

significou considerar como elemento ou componentes de um sistema todas as

atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo desde o

ponto de aquisição dos materiais até o ponto de consumo final, assim como os

fluxos de informações que controlam e comandam os produtos em movimento.

De acordo com Dornier et al, a logística é forçada a adaptar-se ao ambiente

competitivo e estratégico. I sistema logístico formado por todos os membros da

cadeia global de suprimentos encara pressões para integrar suas atividades.

Assim sendo, de acordo com Danesi, a maior responsabilidade e, por

conseqüência, o sucesso dos executivos de logística é coordenar e

desenvolver estratégias e planos operacionais, das diversas funções e

trabalhos, que concorrem para o esforço logístico, dentro e fora da

organização.

Uma estratégia logística consiste de planos de longo alcance para

comprometimentos financeiros e de recurso humanos, atendendo operações

nas áreas de distribuição física, suporte à manufatura e suprimentos, através

dos canais de marketing, com competência e responsabilidades integradas,

tendo como foco de todo o trabalho, o serviço ao cliente.

Para tanto, a integração logística é complementada por dois esforços

inter-relacionados: o fluxo de estoques e o fluxo de informações, estendendo-

se desde os fornecedores até os clientes finais. Consequentemente, além de

melhorar o fluxo de estoques, a integração melhora a utilização de ativos de

transporte e armazenagem, além de eliminar a duplicação de tarefas em

departamentos.

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È importante ressaltar que, conforme Lambert, a integração logística

pode ser dada pelos três tipos a seguir: geográfica, funcional e setorial.

Integração geográfica: refere-se ao fato de que as fronteiras geográficas estão

perdendo sua importância. As empresas enxergam suas redes de instalações

mundiais como única entidade. A implementação de compras globais, o

estabelecimento de instalações de manufatura em todos os continentes, e a

venda em múltiplos mercados, todos implicam a existência de uma visão de

operações e logísticas projetadas, tendo em mente mais que considerações

nacionais. Empresas já não encaram a produção como específica para o país,

mas a observma em escala global.

Integração funcional: as responsabilidades da gestão de operações e

logística já não se limitam a coordenar os fluxos físicos relacionados à

produção, distribuição ou serviços pós-vendas. Elas estão se expandindo para

incluir funções como pesquisa, desenvolvimento e marketing no projeto e

gestão dos fluxos.

Integração setorial: as empresas estão começando a estender a sua

visão para além das fronteiras da corporação e a trabalhar cooperativamente

com todas as partes da cadeia em um esforço para otimizar todo o sistema. E,

é essa cooperação além fronteira que se denomina integração setorial.

Portanto, as empresas devem definir métodos específicos de gestão e

organização para tornar possíveis os tipos de integração apresentados acima.

Ainda nesse contexto, Lambert afirma que a administração integrada da

logística significa o tratamento das diversas atividades como um sistema

integrado (marketing, análise do custo total, desempenho financeiro). Uma vez

que, sem a abordagem integrada, o estoque tende a se acumular em algumas

áreas do negócios, tais como: fornecedor – compras; compras – produção;

produção – marketing; marketing – distribuição; distribuição – intermediário;

intermediário – consumidor.

2.4 – SUPPLY CHAIN MANAGEMENT - SCM O conceito de “ Supply Chain Management “ (Gerenciamento da Cadeia

de Suprimento) surgiu como uma evolução natural do conceito de Logística

Integrada.

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Para Fleury, é necessário inicialmente entender o conceito de canal de

distribuição, que é um conjunto de unidades organizacionais, instituições e

agentes internos e externos, que executam as funções que dão apoio ao

marketing de produtos e serviços de determinada empresa. As funções de

apoio ao marketing incluem-se compras, vendas informações, transporte,

armazenagem, estoque, programação de produção e financiamento. Qualquer

agente, instituição ou unidade organizacional que exerça função de suporte ao

marketing é um membro do canal de distribuição, tais membros podem ser

classificados em primários e especializados. São primários os que assumem

risco pela posso pela posse do produto, ou seja, fabricante, atacadistas,

distribuidor e varejistas; são secundários os que participam indiretamente , por

meio de prestação de serviço, portanto não assumem risco, como exemplo:

empresas de transporte, armazenagem, processamento de dados e

prestadores de serviços logísticos integrados.

Com o advindo de estratégias de marketing, onde cada vez mais, se

implementa a segmentação de mercado e lançamento contínuo de novos

produtos somados aos novos e variados formatos de varejo vêm-se tornando

complexos os canais de distribuição. E também, o aumento da competição,

cada vez mais acirrada, levou o mercado a certa instabilidade, que os obrigou

a buscarem, por segurança e foco em sua competência central, uma crescente

tendência de especialização utilizando-se de “desverticalização” e

terceirização.

O crescente número de participantes trabalhando num ambiente de

competitivo e de pouca coordenação é a principal razão para o crescimento

dos custos Fleury, ou seja, ocorreu um aumento dos custos nos canais de

distribuição decorrente da combinação de uma maior complexidade e menor

controle, conseqüência da “desverticalização”.

Para Fleury, a solução para o problema de coordenação e conseqüente

aumento de custos foi um processo de cooperação e troca de informações,

aliados pelos avanços da informática somados a revolução nas

telecomunicações que propiciaram condições suficientes para o

desenvolvimento de processos eficientes de coordenação. È a coordenação

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nos canais de distribuição, orientada pelo alinhamento dos processos de

negócios que integram todos os participantes. Ou seja, o “Supply Chain

Management - SCM” representa o esforço de interação dos diversos

participantes do canal de distribuição por meio da administração compartilhada

de processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades

organizacionais e membros do canal, desde o consumidor final até o

fornecedor inicial de matéria-prima.

Segundo Figueiredo e Arkader, o SCM representa a integração externa,

incluindo uma série de processos de negócios que interligam os fornecedores

aos consumidores finais enquanto o conceito anterior de Logística Integrada

representa uma integração mais forte em nível interno de atividades.

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CAPÍTULO III

GERENCIAMENTO DE ESTOQUES

3.1 – INTRODUÇÃO

Segundo Santos, a Gestão de estoques é a função responsável pelo

planejamento e controle da formação e manutenção dos estoques, conforme a

disponibilidade orçamentária e o nível do serviço estabelecido dentro de uma

política de ressuprimento. Considera que o sucesso dessa função está no

equilíbrio entre os inventários baixos e o nível de atendimento aos clientes, de

forma a não causar ruptura na produção pela falta de produtos.

Conforme enfocam Martins e Campos, a área de Gestão de Estoques

de Materiais busca através de informações otimizar os resultados esperados

pelas empresas, no que tange a reestruturação das políticas e procedimentos

existentes, com a conseqüente redução de investimentos e aporte de capital,

definindo e desenvolvendo o modelo de gestão de estoque mais adequado ás

suas necessidades e particularidades.

Para Dias, as suas funções principais são: determinar “o que” dever

permanecer em estoque; “quando” reabastecer; “quanto” é necessário para um

dado período; acionar a aquisição para reposição; receber, armazenar, atender

com os materiais estocados; controlar os estoques em quantidade e valor e

fornecer informações sobre a posição do estoque; manter inventários

periódicos visando avaliar as quantidades e estados dos materiais e também,

identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados.

De acordo com Arnold, nas técnicas de planejamento e controle de

material, a decisão de o que, quando e quanto comprar é tomada com base

em modelos de estoque que procuram atender essas questões considerando,

basicamente, o fator custo e o fator capital minimizando um maximizando

outro.

Na abordagem de Slack, o conceito de gestão de estoques originou-se

ma função de compras em empresas que compreenderam a importância de

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integrar o fluxo de materiais a suas funções de suporte, tanto por meio do

negócio, como por meio do fornecimento aos clientes imediatos. Isso inclui a

função de compras de acompanhamento, gestão de armazenagem,

planejamento e controle de produção e gestão de distribuição física.

Na verdade, o que se verifica são comportamentos generalizados das

empresas, buscando um padrão organizacional que permita o estabelecimento

e desenvolvimento de técnicas modernas de gerenciamento logístico de

administração de materiais.

Há três aspectos básicos que devem ser considerados antes de se

montar um sistema de gerenciamento de estoque, o primeiro diz respeito aos

diferentes pontos de vista quanto ao nível adequado de estoque que deve ser

mantido para atender as necessidades da empresa, o segundo ponto é a

relação entre o nível do estoque que existem em uma matriz de produção.

Fazendo uma análise nas sabias colocações de Dias, se pode observar

que o terceiro ponto é fundamental ser percebido pelo gerente de estoques,

pois ele influenciará diretamente nos outros dois, ou seja, o gerente não pode

tratar os diferentes tipos e finalidades de aplicação dos materiais de uma

mesma maneira, cada um tem seu gerenciamento específico a ser

desenvolvido.

Matéria-prima é necessária à produção do produto acabado, sua

demanda é proporcional ao volume de produção; Produto em Processo que

consiste em todos os materiais que estão sendo utilizados no processo de

industrialização; Produto Acabado os que já foram produzidos e ainda não

forma vendidos e finalmente Peças de Manutenção, sendo o último o tipo de

material que está sendo proposto o modelo de gerenciamento.

3.2-GESTÂO DE ESTOQUES

Celulares com acesso a e-mail que tiram fotos e navegam pela internet;

carros com opções que vão de rádios embutidos integrados a satélites a

lâminas de limpadores de pára-brisa sensíveis à chuva; teclados de tecido sem

fio que o usuário pode enrolar e desenrolar dentro do bolso. Não passa um dia

sequer sem que surja um novo produto – ou sem que um produto antigo

incorpore novos recursos tornando-se mais poderoso, prático ou fácil de usar.

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Embora sejam todos uma bênção para o consumidor, esses milhões de

novos produtos que surgem regularmente tornam a gestão do estoque tão

arriscada quanto adivinhar o presente que uma adolescente deseja ganhar de

aniversário no ano que vem. “Ninguém sabe qual será a demanda para esse

tipo de coisa”. Contudo, com a crescente diminuição do ciclo de vida dos

produtos, hoje a gestão da cadeia de suprimentos é mais importante do que

nunca. Como exemplo, temos a indústria automobilística e de computadores.

Basta lembrar que, no passado, o Ford modelo T (Ford bigode) tinha uma cor

só: preto. Agora, veja o número de modelos e de opções – são milhões de um

mesmo carro. Como é que se estima quantos carros devem ser fabricados? Se

observarmos a indústria da computação, veremos que são vários os chips de

memória e os novos processadores lançados em um mesmo ano.

È natural, portanto, que a gestão de estoques de diferentes níveis tenha

se tornado uma operação altamente complexa. Se alguém mantém um

estoque elevado demais, as despesas aumentam. Mas se reduzirmos

exageradamente, não teremos nada para vender. Entretanto, apesar do papel

fundamental da gestão de estoque para o sucesso de uma empresa, ninguém

sabe mensurar a qualidade da gestão da cadeia de suprimentos. Todos sabem

que a Dell e o Wal-Mart são bons nisso, mas forma essas duas empresas,

ninguém sabe dizer se alguma outra saberia gerir sua cadeia de suprimentos

melhor do que o seu vizinho.

Decidido a descobrir se haveria um parâmetro legítimo de mensuração

da qualidade, Netessine (professor de Gestão de Operações e de Informações

da Wharton) juntou-se a Serguei Roumiantsev, doutorando da Wharton. Dessa

parceria resultou “uma metodologia estatística que associa decisões

administrativas de estoque a retornos contábeis” ,observam os autores em seu

novo estudo intitulado “A política de estoque deve ser rígida ou reativa?

Evidências para empresas americanas”

Uma das maiores surpresas com que Roumiantsev e Netessine

depararam foi que a adoção de estoques enxutos não está necessariamente

associada a lucros mais polpudos. Os níveis de estoque, por si sós, não estão

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relacionados de maneira significativa e negativa aos lucros atuais ou futuros.

Na verdade, em algumas indústrias, quanto maior o estoque, maior o lucro.

O que de fato afeta a lucratividade de uma empresa é a velocidade com

que o gestor ajusta o estoque para tender às mudanças do mercado. Ganhos

mais elevados estão relacionados à velocidade do binômio mudança/reação

observada na gestão de estoque. Em outras palavras, as empresas que

elevam os níveis dos estoques rapidamente para atender á maior demanda, ou

os reduzem quando a demanda decresce, são mais lucrativas.

Tais descobertas parecem respaldar as técnicas de fabricação “Just In

Time”, que enfatizam a preservação de níveis mínimos de estoque. Sá há

solicitação de novos itens quando o estoque de produto em questão atinge o

nível mínimo de atendimento á demanda real. Contudo, a pesquisa de

Netessine tira ênfase do estoque enxuto e o substitui pela velocidade,

atribuindo a esta maior importância.

Em estudo, Netessine e Roumiantsev analisaram dados de 722

empresas de capital aberto representando oito indústrias: petróleo e gás,

eletroeletrônicos, atacado, varejo, maquinário, hardware, alimentos, bebidas e

químicos. Foram utilizados dados trimestrais com 44 pontos no tempo entre

1992 e 2002 referentes a cada empresa utilizada na amostra. Nenhuma

atividade de setor de serviços foi incluída na amostra, uma vez que os

estoques não têm tanta importância nesse segmento. Foram também

excluídos os conglomerados, como General Electric, cujas operações são

diversificadas demais para serem fragmentadas. Em média, as empresas da

amostra totalizaram 396 milhões de dólares em estoque e contabilizaram um

total de vendas, por trimestre, de 572 milhões.

No primeiro momento, tentaram descobrir por que uma determinada

empresa mantém um nível x de estoque. Por que esta empresa tem esse nível

de estoque específico e aquela outra um nível diferente, sendo que as duas

fazem parte de uma mesma indústria? Os principais determinantes dos níveis

de estoque são conseqüências da demanda média, do grau de incerteza

próprio da demanda, do lead time (tempo de espera) e do custo do capital. Se

o item em questão for da Ásia, o estoque deve ser maior. Se o custo do capital

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for mais elevado, o estoque deve ser menor. Todos esses fatores somados

vão resultar no volume de estoque necessário para uma determinada empresa.

Também foi analisada a rapidez com que uma empresa adequava seu

nível de estoque em resposta às mudanças do ambiente. Para determinar o

grau de reação do estoque de uma companhia qualquer - ou a “elasticidade”

do estoque – forma medidas a velocidade da mudança observada no estoque

em relação ao lead time , as vendas, as prováveis vendas e a margem bruta.

Depois foram observadas as mudanças ocorridas nesses fatores de um

trimestre para o outro e como se davam as mudanças no estoque de um

trimestre para o outro. A elasticidade, por exemplo, mede a mudança de

estoque associada a 1% de mudança na demanda. Ela mostra com que

rapidez a empresa deve ajustar seus estoques em relação a outras variáveis

ambientais.

Por fim, foi examinado o impacto da gestão de estoques sobre o retorno

sobre os ativos (RSA) da empresa, tornando-o como medida de desempenho

financeiro. Resultado: As empresas que reagem mais rapidamente (ou que têm

maior elasticidade) às vendas , à demanda incerta e ao lead time, adequando

seus estoques, apresentam, em média, um RSA mais elevado. Essa

constatação se mostrou verdadeira não apenas para o RSA atual, mas

também para RSA futuro, com projeção de três a seis meses.

Os resultados de empresas específicas apresentaram uma variação

maior. Por exemplo, a capacidade de obter mais rapidamente um determinado

item mostrou um impacto maior sobre o RSA nos segmentos de varejo e de

produtos eletrônicos. Não é de surpreender, portanto, que o estudo tenha

demonstrado que as empresas de indústrias nas quais a demanda é menos

certa são, em média, menos rentáveis .

Devido à compreensão limitada da relação entre gestão de estoque e

desempenho financeiro, poucos analistas e gestores de fundos recorrem aos

estoques para predizer/explicar os retornos contábeis de qualidade superior.

Um resultado mais óbvio e importante do estudo é que ele proporciona

um meio de mensurar a capacidade da empresa de gerir seu estoque. A

análise da “elasticidade do estoque”, é um parâmetro mais relevante de

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excelência operacional do que a simples observação dos níveis de estoque. Na

verdade, é comum as empresas manipularem os níveis de estoque retardando

a aceitação das remessas ou dando descontos - reduzindo assim,

temporariamente, seu nível de estoque. È mais difícil manipular as

elasticidades de estoque , já que elas propiciam um quadro mais abrangente

da situação. Ao analisar a reação de uma empresa ao ambiente tomando-se

como referência seus ajustes de estoque, os conselhos de administração terão

como avaliar melhor a gestão da companhia.

Trata-se de um expediente que o Wal-Mart já incorporou. Não há dúvida

que o Wal-Mart monitora o comportamento do estoque em relação às vendas.

Tanto é que em seu relatório anual de 2004, a empresa ressalta que uma

medida fundamental para avaliação da nossa eficiência consiste em observar

se o crescimento do estoque se dá a uma taxa inferior a 50% de crescimento

das vendas. Os estoques do Wal-Mart se situavam em níveis muito reduzidos.

Contudo a empresa tem conseguido reagir com sucesso às variáveis

ambientais, a tal ponto que hoje pertence ao grupo de 25% das empresas com

melhor desempenho no que diz respeito à elasticidade do estoque em relação

às vendas. Já o Kmart apresentou níveis semelhantes de estoque, porém

mostrou-se “lento demais em geri-lo”. Com isso, conclui-se que as empresas

cuja gestão da cadeia de suprimentos é mais sofisticada sabem como é

importante reagir quando o assunto é gestão de estoques.

3.3 – GESTÃO DE PEÇAS SOBRESSALENTES

De um modo geral, há um consenso de que os estoques de peças

sobressalentes não podem ser gerenciados pelos mesmos modelos ou

métodos tradicionais, já que as condições para sua aplicação não são

satisfeitas. Isso porque o padrão de consumo é esporádico (ou seja, é irregular

e pequeno), os tempos de resposta do ressuprimento são longos e os custos

de aquisição são elevados. Mesmo assim, as perguntas básicas da gestão de

estoques ainda devem ser respondidas: quais itens devem ser estocados e o

quanto de cada item deve ser mantido em estoque.

A gestão das peças sobressalentes também pode ser entendida pelo

aspecto do serviço ao cliente e não apenas pelo aspecto financeiro e/ou de

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logística. Para muitas empresas que enfrentam um ambiente competitivo mais

acirrado, a satisfação dos clientes é crucial. Um meio bastante comum de

manter os clientes satisfeitos é na assistência pós-venda, através do rápido

reparo dos produtos e sistemas defeituosos. Para isso, uma quantidade

suficiente de peças de reposição deve ser mantida em estoque para atender a

determinados níveis de serviço ao cliente. Este pode ser normalmente medido

em termos de disponibilidade de produto, como nos indicadores de

probabilidade de não faltar produto em estoque e Fill Rate, e em termos de

prazo de entrega.

Sob o prisma da administração de materiais, as peças de reposição

podem ser divididas em duas principais categorias: itens reparáveis ou itens

consumíveis ou descartáveis. Os itens reparáveis englobam as peças de

reposição que são técnica e economicamente recuperáveis. Em caso de falha,

a peça antiga é substituída por uma nova e enviada para um centro de reparo,

sendo posteriormente disponibilizada em estoque. Já os itens consumíveis

correspondem às peças que não são técnica e economicamente recuperáveis .

Em caso de falha, a peça antiga é simplesmente descartada. No primeiro caso,

a possibilidade de recuperação de um item acarreta implicações na gestão de

estoques, uma vez que, em linhas gerais, as quantidades em processo de

recondicionamento devem ser deduzidas das quantidades a serem ressupridas

no futuro.

3.4 – ABORDAGEM CONVENCIONAL

A prática convencional de gestão de estoques, Abordagem Por Item

(Item Aproach), é focada em itens individuais, independentemente dos demais.

Os níveis de estoque dos itens são determinados de forma subjetiva ou, na

melhor das hipóteses, por fórmulas concisas que buscam manter a

probabilidade de ruptura no estoque abaixo de algum valor especificado. Essa

abordagem é preferida por seus seguidores por causa da sua simplicidade:

decisões sobre o número de unidades sobressalentes a ser adquirido de um

determinado item podem ser feitas sem considerar os outros itens.

O calcanhar-de-aquiles da Abordagem Por Item é simplesmente que o

fator de segurança (constante positiva que determina o grau de proteção

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desejado) é uma constante. È importante que o leitor raciocine por que um

fator de segurança variável seria melhor, mesmo assim se fosse o caso de que

nós pudéssemos determinar os valores apropriados para itens individualmente.

Suponhamos que existem dois itens com exatamente as mesmas

características de demanda e de tempo de ressuprimento, e igualmente

importantes para a operação de um sistema. Um custa R$ 100 e o outro R$

1000. Se nós estamos tentando alocar um orçamento fixo para obter a mais

elevada disponibilidade operacional possível para o sistema contendo os dois

itens, nós devemos presumivelmente adquirir relativamente mais do item mais

barato e menos do item mais caro.

Quando avançamos neste argumento, a tendência é haver muita

resistência. Profissionais de manutenção e de suprimentos dizem que se eles

necessitam do item, não importa quanto ele custa; é ainda mais barato do que

o custo de uma falta. (stockout). Eles estão certos. Quando ocorre uma falta ou

ruptura no estoque, nós fazemos o quer que seja para remediar a situação:

uso de material alternativo, canibalização, compras urgentes, fretes expressos,

etc. Mas isso é depois que a falha ocorre. Nosso problema é como fazendo

apostas numa próxima corrida de cavalos. Nós queremos alocar o orçamento

de sobressalentes para todo um grupo de itens antes que quaisquer falhas

ocorram e naquele ponto no tempo o custo unitário do item deverá ser

considerado. Portanto, o fator de segurança deverá ser menor para itens de

alto valor, sendo as demais variáveis iguais. Mas menor quanto?

Existem duas medidas principais de performance de item: nível de

serviço (fill rate, FR) e expectativa de atrasos (expected backorders, EBO).

Nível de serviço é percentagem de demandas que podem ser atendidas pelo

estoque físico no tempo em que são colocadas. Atraso (backorder) é uma

demanda não atendida; uma backorder para o item em questão persiste até

que a demanda seja atendida através de um ressuprimento ou reparo.

Profissionais de suprimento tendem a favorecer FR porque ele é fácil de ser

medido. Eles precisam somente considerar o que aconteceu no momento em

que cada demanda foi colocada – foi atendida ou não? Ademais, o valor

numérico tem significado para eles. Eles podem saber que um FR de 95% é

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aceitável em sua aplicação, mas que valores menores resultam em muitas

reclamações dos clientes. Uma visão preconceituosa que pode não estar muito

longe da realidade é que o objetivo da medida FR é simplesmente desviar

críticas dos gerentes de suprimento.

EBO é mais difícil de computar e seu valor numérico é menos

significativo para os profissionais de suprimento. Por exemplo, quão satisfatório

é um valor de, digamos, 0,5? Embora EBO tenda a ser menos intuitiva, é muito

mais útil porque disponibilidade é maximizada quando a soma dos atrasos

através de todos os itens é minimizada.

3.5 – ABORDAGEM REVOLUCIONARIA

A prática revolucionaria, Abordagem Por Sistema (System Aproach), ao

contrário da pratica convencional, é focada no sistema. Neste caso, a gestão

dos estoques é abordada de uma maneira mais abrangente e coerente.

Questionamentos feitos são do tipo: Como podemos assegurar que 96% do

tempo nossa planta não estará operando com carga reduzida ou parada por

falta de sobressalentes? Quanto mais dinheiro nós devemos gastar para

passar de 96 para 99%? No caso de itens reparáveis é mais econômico

mantê-los em estoque ou apenas seus componentes? É mais econômico ter

recursos de reparo (manutenibilidade) na própria empresa ou enviá-los para

reparo em terceiros? Em termos mais gerais, o que podemos fazer para mudar

nossa estrutura de suporte logístico para alcançar uma disponibilidade

desejada mais eficientemente?

Estoques devem-se pagar. Deve-se exigir que Investimentos em

estoques proporcionem os mesmos padrões de performance de outros

investimentos. Uma iniciativa de negócio (business case) para estabelecer ou

ajustar estoques deverá demonstrar claramente que a proposição de

abrangência e distribuição de pecas sobressalentes seja ótima e que ela

minimize o dreno de recursos escassos requeridos para alcançar um nível de

performance operacionalmente justificado do sistema.

Ao final do dia, a performance de um estoque de pecas sobressalentes

é seu sucesso em minimizar a perda de benefícios que resultam da operação

de um sistema. Por exemplo, o gerente de uma planta necessita que as

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instalações sejam mantidas num nível que assegure o cumprimento das metas

de produção. A partir da sua perspectiva, a única medida relevante de

efetividade de estoque é disponibilidade operacional (Ao).

Por outro lado, os profissionais de suprimento que fornecem pecas e

materiais para a manutenção da planta estão acostumados a ser julgados com

base na proporção de requisições de materiais que eles são capazes de

atender a partir do estoque disponível. Como foi dito anteriormente, sua

medida preferida de efetividade é FR.

Disponibilidade operacional, Ao, é uma medida de efetividade focada

em sistema. Mas porque a otimização de estoques a nível de sistema era

impraticável antes de os computadores se tornarem largamente disponíveis, o

pensamento por item se tornou profundamente entrincheirado. Fora da área

militar, com poucas exceções, isto permanece ate hoje.

O que mudou as coisas na área militar foi que metas muito altas de nível

de serviço para cada item (elas tinham que ser elevadas a fim de proporcionar

uma Ao resultante aceitável) conduziram a necessidades orçamentárias

exorbitantes em todo o sistema que raramente podiam ser bancadas.

Conseqüentemente, muitos itens tinham que ter níveis de estoque abaixo do

necessário. Mas a seleção de quais itens seriam estocados com níveis

menores tendia a estar relacionada mais a suas posições no ciclo de

ressuprimento do que com seus efeitos potenciais na disponibilidade do

sistema. Itens posteriores no ciclo ( quando o dinheiro estava acabando )

sofriam comparativamente mais do que os itens anteriores. O resultado a nível

do sistema como um todo era caótico.

Isto deu origem a vários esforços de pesquisas pesadamente

financiadas pelo governo americano, levando ao desenvolvimento de uma

sucessão de modelos cada vez mais potentes baseados na Abordagem Por

Sistema.

No final dos anos 1960 a força aérea americana (USAF) adotou a

Abordagem Por Sistema após um clássico caso comparativo em uma de suas

bases entre a Abordagem Por Item – até então usada pela USAF – e a

Abordagem Por Sistema. Com a nova prática foi possível reduzir os estoques

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em aproximadamente 42% e ao mesmo tempo foi obtido um aumento de cerca

de 8% na disponibilidade operacional da frota de aeronaves.

A Abordagem Por Sistema era virtualmente desconhecida fora da esfera

militar americana até os anos 1980, quando as primeiras ferramentas

baseadas em PC se tornaram disponíveis. Desde aquela época, as Forças

Armadas ( e seus fornecedores de sistemas e peças sobressalentes) da

maioria dos países desenvolvidos adotaram essa metodologia , inclusive a

NASA. Embora algumas mantenham seus modelos próprios, a maioria usa

softwares comerciais de otimização de peças sobressalentes. O uso comercial

é ainda bem menos avançado, mas crescendo rapidamente sobretudo na

aviação comercial e em usinas nucleares. Não é incomum empresas

concluírem que podem manter seus níveis de serviço e disponibilidades

operacionais com redução de estoques de 25 a 45%.

Algumas peças afetam a performance de um sistema mais do que

outras. Algumas custam mais do que outras. Algumas falham mais

frequentemente ou menos previsivelmente, e algumas levam mais tempo para

ser reparadas ou adquiridas. Algumas podem ser reparadas localmente, talvez

até mesmo sem a necessidade de remoção do sistema, e algumas têm que ser

enviadas para locais distantes. Algumas são adquiridas localmente e outras

importadas. O impacto na degradação da performance é maior em alguns

locais do que em outros e pode levar mis tempo para levar uma peça para o

ponto A do que para o ponto B.

Estes são somente alguns fatores que têm uma relação na performance

de uma determinada gama de sobressalentes. Uma solução de sobressalentes

em termos de qualquer medida de efetividade escolhida é complexa e

intensiva de cálculos computacionais.

Felizmente o problema de sobressalentes possui um atributo que

possibilita uma identificação rápida e precisa da solução ótima. Para uma

determinada peça numa determinada localidade é direto calcular a redução em

EBO que poderia ser alcançada mediante acréscimo de uma unidade o nível

atual de estoque. Assim, é possível construir uma seqüência de incrementos

de performance por dólar ou real adicional. Até mesmo quando há centenas de

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milhares de peças em locais diferentes, isto é, aplicações multi-escalão ou

multi-planta (multi-echelon or multi-plant applications), os cálculos necessários

podem ser executados em minutos usando um PC moderno.

3.6 – GESTÃO DE ESTOQUE DE MATERIAIS DE BAIXÍSSIMO GIRO

Os estoques de materiais de baixíssimo giro, normalmente são

compostos por peças usadas nas manutenções de equipamentos industriais,

aviões, navios, estações de tratamento de água e esgoto, etc. e caracterizam-

se pelo baixíssimo giro, o alto custo de obtenção e o elevado tempo para

reposição. Por se tratarem de peças de reposição, os processos de gestão de

manutenção podem influenciar diretamente no custo total do inventário,

elevando as requisições de materiais de forma preventiva, influenciando assim

diretamente nos resultados da organização. Este estudo concentra-se nos

itens de manutenção, avaliando os conceitos da metodologia TPM (

Manutenção Produtiva Total) e a teoria apresentada por Wanke que auxilia na

determinação de manter ou não um item em estoque. É apresentado um novo

método, que consiste em definir os níveis de serviço desejados a partir da

relevância dos processos para a empresa, estabelecendo uma relação entre

estes processos e os equipamentos que realizam as operações. O objetivo é

acrescentar elementos da visão estratégica da empresa ao processo de gestão

de materiais e desta forma atender a organização tanto no aspecto financeiro

quanto estratégico.

Organizações que atuam em setores como o naval, aéreo,

automobilístico e siderúrgico normalmente geram elevados estoques de itens

de reposição que eventualmente ou nunca são consumidos. Estes estoques,

por suas características de baixíssimo giro, normalmente geram elevados

custos, dentre eles: o custo de oportunidade (dinheiro que poderia estar

rendendo caso aplicado no negócio da organização ou no mercado financeiro),

custos de gestão, custos de armazenamento e inventário. Outro aspecto

importante é o impacto que causaria a ruptura de estoque, ocasionando, na

maioria das vezes, a parada de equipamento e/ou do processo a ele vinculado.

Gerir melhor este estoque é um grande desafio para a empresa,

podendo ser um diferencial competitivo quando se consegue garantir o nível de

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serviço desejado pelo cliente, gerenciando os riscos de ruptura de estoque e

investindo o menor volume de recursos financeiros possíveis. Assim surge o

problema: como realizar a gestão de materiais de baixíssimo giro, buscando

garantir o equilíbrio entre investimento financeiro no estoque, o nível de serviço

desejado pelos clientes e contribuir para o sucesso das estratégias definidas

pela organização de acordo com sua missão e metas?

Diversos métodos buscam minimizar os custos com o estoque e ao

mesmo tempo garantir um elevado nível de serviço considerando, na maioria

das vezes, apenas o aspecto financeiro, ignorando os aspectos estratégicos

para organização. Estes métodos não vinculam os equipamentos aos

processos que estão envolvidos, tornando assim todos os equipamentos iguais

para o gestor do estoque que, por sua vez, também tratam os itens de

reposição da mesma forma. O resultado é uma distorção, ou seja, peças de

manutenção de um equipamento considerado gargalo sendo tratadas da

mesma forma que um equipamento que é usado eventualmente e/ou possua

outros substitutos.

3.6.1 – OS PROCESSOS

As organizações são compostas por pessoas, informações, técnicas,

equipamentos, recursos materiais como: matérias-primas, energia, materiais

de apoio, dentre outros , que são utilizados de forma a gerar produtos e/ou

serviços que atendam as expectativas dos clientes internos, externos,

acionistas, empregados, governo e a sociedade. Para Harrington , processo é

qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera

uma saída (output) para um cliente interno ou externo. Os processos fazem

uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos.

Ainda Harrington define o processo como sendo qualquer processo que

entra em contato físico como o produto ou serviço que será fornecido a um

cliente externo, até o ponto em que o produto é embalado (por exemplo, a

manufatura de computadores, preparação de alimento para consumo em

massa, refinação de petróleo, conversão de minério de ferro em aço) e o

processo empresarial como sendo qualquer processo que gera serviço e que

proporciona apoio aos processos produtivos ( por exemplo, processos de

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atendimento de pedido, de mudança de engenharia , da folha de pagamento,

planejamento de processo de manufatura). Ainda, o processo empresarial é

composto de um grupo de tarefas interligadas logicamente, que fazem uso dos

recursos da organização buscando gerar resultados definidos, em apoio aos

objetivos da organização.

È fundamental que os processos sejam desenvolvidos a partir da missão

escolhida pela organização e não para tender a si próprios. Se a missão de

uma determinada organização é tornar a vida de seus clientes e funcionários

mais simples e conveniente, não é admissível um processo de entrega

extremamente complexo e sem flexibilidade de horários, mesmo que este seja

capaz de realizar seu objetivo com 100% de confiabilidade. Ao cliente que

trabalha durante todo o dia, o compromisso de entrega de uma encomenda ás

14hs não atende as expectativas.

Para conhecer uma organização é necessário compreender os seus

fluxos de trabalho que normalmente são horizontais ou verticais. Os processos

verticais recebem entradas e geram saídas dentro de um único departamento,

quase sempre são simples e normalmente são sub-processos empresariais

interfuncionais.

Os processos interfuncionais intermeiam a organização horizontalmente,

passando por várias funções ou departamentos sendo que raramente existe

uma pessoa específica como responsável pelo processo total.

As organizações, normalmente são compostas por macro-processos

que são atividades-chave necessárias para administrar e/ou operar uma

organização. Os macro-processos são divididos em sub-processos, que são

inter-relacionados de forma lógica por atividades seqüenciais que contribuem

para a missão do macro-processo. Estas atividades por sua vez normalmente

são compostas por conjunto de tarefas.

Para conseguir determinar quais são os processos críticos, a

organização deve identificar quais são fundamentais para sua operação. Nesta

fase, é fundamental o conhecimento profundo das necessidades dos clientes e

da missão da empresa. O resultado deste trabalho deverá tornar-se linha guia

para toda a organização. É também de vital importância que, cada processo,

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tenha muito bem definida a sua própria missão. Desta forma permitirá a

determinação das saídas desejadas para cumprir os objetivos de toda a

empresa.

São potencialmente processos críticos, além das atividades básicas da

empresa, os que causam reclamação ou problemas para os clientes externos

e internos, como processos de alto custo e de longo ciclo de duração. A partir

da lista dos processos e sub-processos críticos, deve-se definir os níveis de

serviço desejados, criando assim a base e definindo os parâmetros que

orientarão a gestão de estoque e manutenção da infra-estrutura da empresa.

Segundo Wanke, empresas e acadêmicos consideram itens de

baixíssimo giro, aqueles que apresentam consumo nédio inferior a uma

unidade por ano. São exemplos as peças de reposição de equipamentos

industriais, aviões, navios, estações de tratamento de água e esgoto.

Normalmente, os estoques formados por estes itens apresentam elevados

custos de oportunidade uma vez que a maioria das peças apresenta elevados

custos de aquisição e é comum manter sempre uma unidade de cada item em

estoque para evitar a ruptura do estoque.

Para Wanke apesar de todas as características especiais, os riscos de

uma má gestão dos estoques de baixíssimo giro são os mesmos encontrados

na gestão de produtos acabados, ou de matérias-primas. Podem ser citados:

EXCESSO DE ESTOQUE, resultado da aquisição de itens, de forma

antecipada com o objetivo de garantir a disponibilidade da peça quando

solicitado. Esta ação provoca elevados custos de oportunidades para manter o

estoque, bem como eleva os riscos e custos com obsolescências.

FALTA DE ESTOQUE, no outro extremo, resultante de uma política

conservadora, focada basicamente em reduzir os custos de oportunidade e

obsolescência, não considerando a taxa real de utilização do componente,

comprometendo assim a disponibilidade do mesmo.

Todas estas características dificultam a definição das políticas de

estoque, isto é, nível de estoque, quando realizar o pedido das peças , qual a

quantidade a ser requisitada. Para agravar a situação, muitas vezes, estes

custos, não são corretamente entendidos e avaliados pelos gestores da

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corporação, pois os custos de aquisição são embutidos nos projetos de

implantação dos equipamentos. È comum no ambiente empresarial, adquirir

peças sobressalentes junto à aquisição dos equipamentos, estas peças

eventualmente conhecidas como backup, são registradas como ativo fixo, não

configurando estoque e quando são realmente utilizadas não provocam o

respectivo impacto nos custos operacionais da organização uma vez que são

registrados como depreciação.

Extrapolando regras contábeis, o fato é que a organização está

alocando recursos financeiros onde eventualmente não é necessário. Outro

fator que estimula a elevação do estoque é a dificuldade de obter a peça de

reposição quando ou se for necessário , muitas vezes traduzida por um lead

time muito longo. A principal diretiva seguida pelos gestores é: equipamento

parado significa processos de manufatura paralisados gerando assim custos

para a organização.

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CONCLUSÃO

Podemos perceber que é impossível alcançar disponibilidade satisfatória

de sistema a um custo competitivo com a teoria focada em item embutida em

sistemas transacionais como ERP (sistemas corporativos de gestão), CMMS

(sistemas computadorizados de gerenciamento da manutenção) ou outros

pacotes de gerenciamento de estoque largamente usados na indústria.

O primeiro passo para melhoria é a adoção de uma ferramenta analítica

avançada de otimização de peças sobressalentes focada em sistema, para

cálculo de níveis de estoque iniciais e para os ajustes periódicos (recálculo

periódico dos níveis e parâmetros de controle de estoque). Na pratica, tal

ferramenta pode ser interfacetada com os pacotes existentes ( ERP, CMMS,

etc.). O tempo de retorno (payback period) para um investimento em um

arranjo como este é invariavelmente uma questão de meses.

È importante entender que virtualmente todos os pacotes de gestão de

estoque e ferramentas de otimização de estoque atualmente no mercado

operam de acordo com os conceitos falhos focados em item. Verdadeiras

ferramentas de otimização de estoques existem, mas são muito poucas e não

são baratas. Concomitantemente, a tarefa de seleção da ferramenta correta é

bastante arriscada e cheia de armadilhas.

Quando falamos a respeito da Abordagem Por Sistema, muitos

profissionais de manutenção e de suprimento pensam que estamos

simplesmente falando a respeito de uma perspectiva diferente do problema.

Eles não poderiam estar mais longe da verdade. Nós não estamos falando

apenas a respeito de evolução na tecnologia de gestão de estoques. A

Abordagem Por Sistema implica numa mudança revolucionária na maneira

como os estoques são gerenciados. Decisões ótimas de estocagem são

radicalmente melhores. Os excelentes resultados alcançados no últimos

quarenta anos oferecem prova decisiva da efetividade da abordagem que

defendemos. A menos que práticas convencionais sejam abandonadas, a

gestão de peças sobressalentes vai continuar a exibir uma performance ruim

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no futuro. A tecnologia está disponível para ajudar empresas iluminadas a

fazer a mudança necessária e alcanças os benefícios.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, Antonio Carlos; NOVAES, Antonio Galvão N. Logística Aplicada – Suprimento e Distribuição Física. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. AMMER, Dean S. Administração de Material. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos S/A, 1979. ARNOLD, J.R. Tony. Administração de Materiais . São Paulo: Atlas, 1999. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. BRONZO, Marcelo. Gestão da rede de suprimentos e segmentação estratégica de fornecedores. CARVALHO, Maria Cecília de. Construindo o saber: metodologia científica, fundamentos e técnicas. 8. ed. São Paulo: Papirus, 1998. CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Pioneira, 1997. CORRÊA, Henrique L; GIANESI, Irineu G.N.; e CAON, Mauro. Planejamento, Programação e Controle da Produção, MRPII/ERP conceitos, uso e implantação. São Paulo: Atlas, 2000. CORRÊA, Henrique L; GIANESI, Irineu G. N. Just in Time, MRPII e OPT: em Enfoque Estratégico. São Paulo: Atlas, 1993. DAVENPORT, Thomas H. Reengenharia de Processos: como inovar na empresa através da tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Campus, 1994. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1993. DORNIER, Philippe-Pierre et al. Logística e operações Globais. São Paulo: Atlas, 2000. FERNANDES, José Carlos de F. Administração de Material: uma abordagem básica. São Paulo: Atlas, 1987. FLEURY, Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber F. (org.), Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GARCIA, Eduardo Saggioro; LACERDA, Leonardo Salgado; BENÍCIO, Rodrigo Arozo. Gerenciando Incertezas no Planejamento Logístico: O papel do Estoque de Segurança. Disponível em: < http://www.cel.coppead.ufrj.br/frincertezas.htm >. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. GURGEL, Floriano do Amaral. Logística industrial. São Paulo: Atlas, 2000. HARRINGTON, j. Aperfeiçoando processos empresariais. São Paulo:

Makron Books, 1993.

WANKE, P. Gestão de Estoques de Peças de Reposição de Baixíssimo

Giro. Disponível em: http://www.cel-coppead.ufrj.br/fs-pesquisa.htm

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA LOGÍSTICA 10

1.1 – EVOLUÇÂO DA LOGÌSTICA

1.2 - DESENVOLVIMENTO DA LOGÍSTICA NO BRASIL

CAPÍTULO II

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA LOGÍSTICA 14

2.1- A LOGÍSTICA

2.2 – CONCEITO DE LOGÍSITCA

2.3 – LOGÍSTICA INTEGRADA

2.4 – SUPPLY CHAIN MANAGEMENT - SCM

CAPITULO III

GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 21

3.1 – INTRODUÇÃO

3.2 – GESTÂO DE ESTOQUES

3.3 – GESTÃO DE PEÇAS SOBRESSALENTES

3.4 – ABORDAGEM CONVENCIONAL

3.5 – ABORDAGEM REVOLUCIONARIA

3.6 – GESTÃO DE ESTOQUE DE MATERIAIS DE BAIXÍSSIMO GIRO

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA 39

ÍNDICE 40

FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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