universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · prof. flávia cavalcanti rio de janeiro ......

48
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Projeto Autonomia Por: Sheila Jacqueline dos Reis e Silva Orientador Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro 2012 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Upload: haxuyen

Post on 30-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Projeto Autonomia

Por: Sheila Jacqueline dos Reis e Silva

Orientador

Prof. Flávia Cavalcanti

Rio de Janeiro

2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

2

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Projeto Autonomia

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Administração e Supervisão

Escolar.

Por: Sheila Jacqueline dos Reis e Silva

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

3

AGRADECIMENTOS

....à Deus, a mãe, filhas, aos amigos,

parentes e alunos ...

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

4

DEDICATÓRIA

...dedica-se a mãe, filhas, amigos...

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

5

RESUMO

Essa pesquisa apresenta uma breve história da educação, suas

mudanças históricas, econômicas, políticas e o reflexo dessas transformações

na sociedade que iniciou no período colonial, passando pelo período imperial,

período republicano até os dias de hoje.

Relata o interesse do governo em investir na Educação de Jovens e

Adultos com objetivo de alfabetizar a população nas bases eleitorais. Surgiram

os movimentos educacionais de orientação política com ideais de igualdade

social. O ministério da Educação descobre Paulo Freire com uma nova

proposta para educação e novos paradigmas que insere e consolida a

Educação de Jovens e Adultos como modalidade de ensino. O Plano Nacional

de Educação e a Lei de Diretrizes e Bases reconhecem a EJA como parte

integrante da Educação Básica, com função social de corrigir as desigualdades

causadas àqueles alunos, excluídos, reprovados e evadidos do ensino regular,

com distorção idade-série.

A diferença entre pedagogia e andragogia, sendo a primeira tem como

foco a educação de crianças, onde o professor escolhe a metodologia e o

material a ser trabalhado e a segunda trata da educação de adultos, estes já

têm uma historia de vida e sabem o que querem o que necessitam e como

querem aprende. A necessidade de valorização da cultura e da experiência de

vida que cada aluno trás. A importância na atuação e no bom desempenho de

todos envolvidos na aprendizagem do Gestor, do Professor e do aluno na

construção do conhecimento. A metodologia do Projeto Autonomia que busca

corrigir a distorção idade serie dos jovens e adultos matriculados na rede

estadual de ensino. A importância da ética e da política na educação, que

estabelecem uma relação entre o comportamento e praticas pedagógicas, os

valores históricos, culturais e sociais, provocando a transformação dos alunos

em cidadãos conscientes, mais racionais, críticos, reflexivos, expressivos e

autônomos, responsáveis pela construção de espaços sociais mais

democráticos, justos, com igualdade de oportunidades de acesso ao

conhecimento, a cultura e emancipação consciente.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 11

CAPÍTULO II

O PAPEL DE CADA ATOR

23

CAPÍTULO III

ÉTICA E POLÍTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 36

CONCLUSÃO 43

47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 49

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

7

INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe uma analise das praticas educativas e

pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos buscando compreender suas

especificidades além de relatar algumas experiências e propor uma

Administração e Supervisão Escolar de qualidade, de forma integrada,

participativa e democrática. Sendo o administrador escolar a autoridade

máxima da escola, cabe a ele buscar metodologias inovadoras e eficazes para

os problemas de evasão, reprovação, distorção idade série, exclusão,

preconceito, discriminação e elaboração do projeto político pedagógico e do

currículo.

O tema dessa pesquisa é o Projeto Autonomia, um projeto implantado

pela SEEDUC em parceria com a Fundação Roberto Marinho no inicio de

2009, com objetivo de resgatar a valorização do homem, de seus saberes e

sua cultura, estimulando à construção do conhecimento, levantando à auto-

estima, a autoconfiança, a capacidade de aprendizagem além de tentar corrigir

a distorção idade série dos alunos matriculados nas turmas de Ensino

Fundamental e Médio.

O objetivo principal é analisar praticas educativas e pedagógicas

utilizando uma metodologia diferenciada. Os professores passam por

capacitação periódica para atuarem como mediadores da aprendizagem, uma

proposta pedagógica na qual o professor não é o detentor do conhecimento,

ele facilita a construção do conhecimento se torna um mediador na troca de

informações, utilizando a metodologia e o material do novo telecurso.

O que justifica a realização dessa pesquisa é a busca da construção

de uma educação cidadã, em que a sala de aula se transforma num espaço

onde a complexa realidade cultural do aluno é reconhecida e valorizada, seus

saberes e seus fazeres são tomados como ponto de partida para reflexão,

releitura e construção do pensamento. Os alunos com distorção idade serie

apresentam alto índice de reprovação, resistência, baixa estima, insegurança e

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

8

bloqueios que desenvolveram durante a vida escolar e agora dificultam o

processo de construção do conhecimento.

A comunidade acadêmica, os educadores e gestores estão

constantemente buscando uma metodologia eficaz, que motive o aluno na

construção do conhecimento cientifico e não apenas no aumento da

escolarização sem aprendizagem. Essa é uma proposta de fortalecimento da

política de inclusão social para alunos jovens e adultos, que tiveram sua vida

voltada para o trabalho com uma possível historia de evasão e repetência

dentro da escola e agora busca o desenvolvimento de competências,

habilidades, para a formação da cidadania viabilizando a conclusão da

educação básica com qualidade de forma acelerada.

A metodologia dessa pesquisa é através de estudos bibliográficos,

pesquisas de campo e experiências vivenciadas em sala de aula como

professora e como aluna em cursos de formação e capacitação de

professores. Em 2010, iniciei um estudo especifico das obras de Paulo Freire,

fiz um curso de formação de professores e uma capacitação para desenvolver

a metodologia do projeto autonomia, utilizando como referencial os autores

Ferreiro(1996), Freire(1981), Gadotti(1979), Passos(1995), Crema(2009),

Fuck(2002), Paro (2001) e Vygotsky(1997).

A Fundação Roberto Marinho, a Secretaria Estadual de Educação, as

escolas Estaduais Dunshee de Abranches, Orlando Dantas e Mendes de

Moraes cederam o material que foram utilizados como objeto de observação e

estudo.

O referencial para essa pesquisa é a vivencia como professora de

telessala de ensino médio e fundamental de um Colégio Estadual no Rio de

Janeiro e os cursos de formação de professores para atuação neste projeto.

Os aspectos históricos da educação no Brasil apresentam variações ao

longo do tempo, mudança constante ligadas a transformações sociais,

econômicas e políticas que caracterizam os diferentes momentos históricos do

país, assim é na educação de jovens e adultos que delimitou seu espaço na

educação do Brasil, mesma pratica com finalidade distinta. Embora venha se

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

9

dando desde o período do Brasil Colônia, de uma forma mais sistemática, as

iniciativas governamentais no sentido de oferecer educação para os jovens

estão sempre se renovando. No Brasil Colônia, a referência à população adulta

era apenas de educação para a doutrinação religiosa, abrangendo um caráter

muito mais religioso que educacional hoje a educação

O Brasil se tornou uma das pátrias mais fecundas da

transdisciplinaridade, um encontro de etnias que nos favoreceu um espírito de

abertura, receptividade, e de fraternidade muito especial. O português

aprendeu a tomar banho com os índios e a sambar com os negros, e assim a

troca de saberes transcende ao automatismo, a rigidez e a unilateralidade de

olhar, de agir e resgatar todas as articulações do corpo e da inteligência.

A Andragogia significa “ensino para adultos”. Andragogia é a arte de

orientar adultos a aprender, que não são aprendizes sem experiência, pois o

conhecimento vem da realidade, da ”escola da vida”. O termo remete a um

conceito de educação voltada para o adulto, contrapondo a pedagogia, que se

refere à educação de crianças.

O papel do Gestor, do Educador e do Aluno na educação é

fundamental, tornam-se mediadores do aprendizado numa relação pedagógica

emancipadora. Construindo práticas pedagógicas, produzindo novos

paradigmas, pensando sempre nas possibilidades de transformar a escola em

um ambiente agradável, atrativo, uma instituição aberta, que valoriza o aluno,

seus interesses, conhecimentos, expectativas, favorecendo sua participação

na sociedade como cidadãos e não somente como objeto de aprendizagem. A

prática pedagógica de qualidade é inovadora, significativa, dinâmica e acima

de tudo feita com seriedade, compromisso e responsabilidade para fazer a

diferença no contexto educacional.

Formação ética e política da Educação estabelecem relações entre

questões filosóficas e a prática pedagógica, integrando-se no processo de

construção do conhecimento na perspectiva de uma educação libertadora.

A construção do conhecimento é uma interação entre as estruturas do

pensamento e o contexto social, num processo de reflexão da ação do sujeito

sobre o objeto a ser conhecido. Para ocorrer à aprendizagem é necessário

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

10

situações desafiadoras que propiciem ao aluno elaborar um conceito mais

elaborado, necessitando da intervenção de outros sujeitos. Esse conhecimento

é adquirido através da interação social, é constituído a partir da relação do

indivíduo com o meio social, considerando as experiências de vida, os valores,

as crenças, ou seja, a cultura do aluno. “A aprendizagem significativa se dará a

partir de um processo que proporcione uma análise crítica da prática social dos

homens, contribuindo para que estes repensem a forma de atuar no mundo”.

(Freire, 1987). O aluno quando se sente parte integrante do meio, onde seus

valores culturais são reconhecidos e valorizados, ele desenvolve conceitos e

busca solucionar problemas, conflitos, refletindo sobre suas concepções além

de respeitar e analisar as idéias do grupo, um aspecto social da aprendizagem

é o respeito aos valores e desejos coletivo.

Se educar é um ato político, o ambiente escolar, as atividades em

grupo, a troca de experiências, troca de saberes é fundamental na construção

do sujeito, como objeto de compreensão da estrutura social, de

conscientização e de transformação do homem e do meio. "Ninguém educa

ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,

mediatizados pelo mundo”( Freire,1987,p.13) Aprendemos o tempo todo,

homens se comunicam a todo momento, se educam, fazem novas

descobertas, aprendem com a diversidade cultural, com a convivência, de

maneira informal e formal, com a troca constante.

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE

JOVENS E ADULTOS

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

11

A História da Educação no Brasil tem uma longa trajetória, para

entender o momento atual com muitas pessoas excluídas do sistema

educacional, é importante ressaltar que tudo começou na colonização

portuguesa, quando os índios e os primeiros habitantes foram doutrinados para

uma educação restrita à conversão católica pela catequese e não para

instrução de conhecimentos. E com o passar dos tempos as necessidades e

os interesses foram se modificando, o governo apoiou a Educação de Jovens e

Adultos para erradicar com o analfabetismo, que se encontra integrada na LDB

como educação básica.

Andragogia é orientação educacional dada ao adulto, valorizando toda

a experiência vivida por ele, toda cultura onde ocorre a troca de

conhecimentos. O aluno sabe o que quer aprender, e participa da elaboração

do planejamento, da seleção de conteúdos e da metodologia adotada pelo

professor.

1. 1- História da Educação no Brasil

No inicio do século XVI iniciou a aprendizagem transdisciplinar, só não

se sabia ainda do que se tratava, aconteceu a partir desse momento troca de

conhecimentos no encontro de diferentes culturas e etnias, onde portugueses,

índios e negros transcenderam o automatismo, a rigidez e a unilateralidade de

olhar, de agir, de pensar, das articulações do corpo e da inteligência.

No período imperial, foi criada a primeira lei geral de educação no

País, que buscava construir um sistema nacional de educação com escolas

elementares, secundárias e superiores.

No período republicano, a educação não obteve progresso e,

gradativamente aumentou o número de pessoas não escolarizadas.

Muitos educadores apresentaram projetos para ampliar as condições

de educação, como o aumento de escolas e melhora na qualidade de ensino,

sendo que esqueceram que os problemas sociais não foram identificados

aumentando as grandes diferenças entre as classes sociais.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

12

O governo, por interesses pessoais, apoiou a Educação de Jovens e

Adultos para reduzir o analfabetismo, investiu nas bases eleitorais, uma

campanha criada para atender às exigências da cidadania, mas a necessidade

de educação era real. A população vivia praticamente sem educação formal,

era necessário educar o adulto, antes de tudo, para que o país pudesse ser

igualitário, mais coeso e mais solidário e para que existisse um equilíbrio da

vida social. Surgem então os movimentos educacionais de orientação política,

que apontavam para a necessidade de uma melhor comunicação entre

educador e educando, e a necessidade de adequação dos conteúdos e

métodos de ensino, e as características sócio-culturais das classes populares.

Surge então, o educador Paulo Freire com uma nova proposta, novos

ideais. O Ministério da Educação o encarregou de elaborar um programa

nacional de alfabetização. Naturalmente, surgiram muitas críticas à Campanha

de Educação de Adultos tanto às estruturas administrativas e financeiras

quanto à sua orientação pedagógica. Uma denuncia a de caráter superficial do

aprendizado que se efetivava no curto período da alfabetização, a

inadequação do método para a população adulta e para as diferentes regiões

do país. As críticas apontavam para uma nova visão sobre o problema do

analfabetismo e para a consolidação de um novo paradigma pedagógico para

a educação de adultos, onde referência principal foi o Paulo Freire. A partir dai

a Educação de Jovens e Adultos foi inserida num contexto formal e

reconhecida como modalidade de ensino.

Segundo Paulo Freire, a “Educação de Adultos era entendida como

uma extensão da escola formal, principalmente para a zona rural”. Mais tarde

foi entendida como educação de base, com desenvolvimento comunitário.

Surgindo, duas tendências: a educação libertadora, conscientizadora

pontificada e a educação funcional profissional.

O Plano Nacional de Educação tem como um dos objetivos e

prioridade a garantia de ensino fundamental a todos os que não tiveram

acesso na idade própria ou que não o concluíram. O controle do analfabetismo

faz parte dessa prioridade, considerando-se a alfabetização de jovens e

adultos como ponto de partida nesse nível de ensino. A alfabetização da

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

13

população colabora com a formação de um cidadão responsável e consciente

de seus direitos e deveres, absorvendo certos domínio dos instrumentos

básicos da cultura, das linguagens, da matemática elementar, da evolução

histórica da sociedade humana, da diversidade do espaço físico e político

mundial da constituição brasileira.

A Educação deve ser sempre multicultural, desenvolvendo o

conhecimento e a integração na diversidade cultural, uma educação para a

compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura e

outras formas de discriminação, cabe ao educador conhecer bem o próprio

meio do educando, pois somente conhecendo essa realidade haverá uma

educação de qualidade. Assim o educador conseguirá promover a motivação

necessária à aprendizagem, despertando interesses e entusiasmos, ampliando

horizonte e abrindo-lhes um maior campo para atingir o conhecimento. Os

alunos querem ver a aplicação imediata do que estão aprendendo e, precisam

de estímulos para resgatar a sua auto-estima, muitos apresentam certa

ansiedade, angústia e complexo de inferioridade. Esses jovens e adultos são

tão capazes como uma criança, exigindo somente mais sensibilidade do

professor, das técnicas e metodologias que precisam ser eficientes para esses

alunos que já tem uma experiência de vida.

A Educação de Jovens e Adultos, EJA está prevista na LDB

9.424/1996 e classificada como parte integrante da Educação Básica, deveria

ser vista com o mesmo compromisso presente no ensino fundamental regular.

Existem algumas dificuldades na execução deste trabalho na escola, no ponto

de vista pedagógico existe uma falta de profissionais habilitados para trabalhar

com adultos, a falta de capacitação para esses professores, falta de recursos

didáticos e, sobretudo, a falta de estratégias metodológicas direcionadas para

este público específico. São enumeras as dificuldades encontradas por

professores que já tiveram alguma experiência na Educação de Jovens e

Adultos. Mesmo com a importante função social desempenhada por esta

modalidade educativa, uma vez que se encarrega de reparar as desigualdades

causadas àqueles alunos, excluídos, reprovados e evadidos do ensino regular,

com distorção idade-série.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

14

A expansão da educação básica, e o quantitativo de vagas cada vez

mais crescente a fim de tornar real o princípio da obrigatoriedade toda criança

tem que esta na escola. Mesmo com todos os projetos assistenciais que o

governo oferece, as condições sociais adversas acabam condicionando o

sucesso de muitos alunos que permanecem no ensino fundamental, quando já

deveriam estar cursando o ensino médio. Os resultados desta realidade são a

repetência, a reprovação, e principalmente, a evasão que promovem a

manutenção da distorção idade serie atrasando o acerto no fluxo escolar que

continua a reproduzir excluídos. A Educação e Jovens e Adultos é uma

alternativa de inclusão social para os alunos que já estão fora da idade ou do

sistema de ensino. Diante desta realidade novos métodos de ensino precisam

ser experimentados, novos conteúdos, novas estratégias. De acordo com os

Parâmetros Curriculares Nacionais os conteúdos ministrados em sala de aula

precisam estar de acordo com um padrão mínimo, e ao mesmo tempo, estar

sintonizados com as particularidades e especificidades do lugar em que o

ensino está sendo desenvolvido. Precisam ser oferecidas condições para que

os alunos possam construir suas idéias a partir de suas experiências,

tornando-se sujeitos sócio-culturais aptos a conhecer diferentes épocas e

lugares, e poder compará-los com sua própria história de vida.

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base

nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e

estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas

características regionais e locais da sociedade.

De acordo como os estudos de Vygotsky, o desenvolvimento do

indivíduo é resultado de um processo sócio-histórico, sua teoria também é

conhecida como sócio interacionista, enfatizando o papel do contexto histórico

e cultural nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, no qual o aluno

aprende junto ao seu grupo social, ao passo que também constrói os

elementos integrantes do seu meio, como: valores, linguagem e até o próprio

conhecimento. Para Paulo Freire a prática pedagógica necessita estar

vinculada aos aspectos históricos e sociais para facilitar a compreensão das

questões que realmente importam para os envolvidos no processo educativo,

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

15

para ele se não ocorre uma reflexão sobre si mesmo, sobre seu papel no

mundo, não é possível ultrapassar os obstáculos que o próprio mundo impõe

por isso a ação do professor, tendo ele consciência ou não, estimula o aluno à

libertação ou à opressão, o autoconhecimento é primordial.

Cabe Gestor motivar os professores e estes buscarem estratégias que

provoque nos alunos uma visão mais crítica diante da realidade que cada um

vive, favorecendo sua conscientização. A formação do cidadão crítico é

fundamental para o desenvolvimento da sociedade, além de ser um direito. A

Educação de Jovens e Adultos precisa fortalecer o sistema educativo onde o

aluno e o meio social devem estar integrados e bem articulados. A elaboração

de projetos e de estratégias de ensino deverá ser desenvolvida com a

finalidade de instrumentalizar o com subsídios que lhe de garantia de maior

eficácia, através da combinação de métodos e técnicas em sala de aula

capazes de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, presentes nas

concepções culturais e ideológicas do modo de viver e agir dos alunos e

também dos professores. Os diversos saberes não podem ser ignorados no

processo de ensino-aprendizagem que tenham a humanização como princípio

já que a ausência de escolarização não pode e nem deve justificar uma visão

preconceituosa, negligenciando a cultura, a experiência e capacidade de

conhecimento prático.

Na historia que estamos escrevendo agora, o grande desafio é romper

com os limites que restringem à mera repetição de conteúdos, buscarem a

formulação de propostas que integram os conteúdos das diferentes disciplinas,

diferentes abordagens na explicação da realidade presente interna e

externamente à escola, selecionando as atividades que serão

desempenhadas, verificar a importância do papel desempenhado por cada

aluno na sua comunidade, ao passo que estas atividades sejam incluídas no

processo de construção do conhecimento.

1. 2 - A Andragogia e a Pedagogia

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

16

Andragogia é a arte e a ciência de orientar adultos a aprenderem.

Segundo Malcolm Knowles (1970), esse termo é um conceito de educação

voltado para aprendizagem do adulto, em contraposição à pedagogia, que se

refere à educação de crianças. Para educadores como Pierre Furter, a

andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer

idade.

A metodologia deve ser diferenciada, não se pode ignorar o

conhecimento, as experiências, a cultura e os saberes desse aluno, trata-se de

um adulto com algumas experiências de vida.

O homem faz a sua história intervindo em dois níveis: sobre a natureza e sobre a sociedade. O homem intervém na natureza e sobre a sociedade, descobrindo e utilizando suas leis, para dominá-la e colocá-la a seu serviço, desejando viver bem com ela. Dessa forma ele transforma o meio natural em meio cultural, isto é, útil a seu bem estar. Da mesma forma ele intervém sobre a sociedade de homens, na direção de um horizonte mais humano. Nesse processo ele humaniza a natureza e humaniza a vida dos homens em sociedade. O ato Pedagógico insere-se nessa segunda tipologia. É uma ação do homem sobre o homem, para juntos construírem uma sociedade com melhores chances de todos os homens serem mais felizes. (Gadotti,1998, p. 81)

Os conceitos da Pedagogia baseiam-se nos princípios de ensinar e

aprender, assim todo o sistema educacional, incluindo a educação de alto

nível. A pedagogia responsabiliza o professor para as decisões sobre o que

será ensinado, como será ensinado e se foi aprendido, o professor quem

seleciona conteúdos, elabora planejamentos, escolhe a metodologia e faz

avaliações. O trabalho é dirigido pelo professor e cabe ao aluno apenas o

papel de submissão as instruções, conhecer os outros alunos e saber somente

o que o professor tem a ensinar, se eles querem ser aprovados, não

questionam nem querem saber o como e onde aplicarão os ensinamentos em

suas vidas. A experiência do aprendiz tem pouco valor como fonte de

aprendizagem, a experiência considerada é a do professor, do livro didático, do

escritor e dos recursos audiovisuais, das técnicas de transmissão,

memorização, leituras, dever de casa, etc.

O papel social dos professores, que confiam esperançosos em um

futuro melhor para a educação brasileira.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

17

Ao novo educador compete refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação realmente democrática seja possível, criar uma alternativa pedagógica que favoreça o aparecimento de um novo tipo de pessoas, solidárias, preocupadas em superar o individualismo criado pela exploração do trabalho. Esse novo projeto, essa nova alternativa, não poderá ser elaborado nos gabinetes dos tecnoburocratas da educação. Não virá em forma de lei nem reforma. Se ela for possível amanhã é somente porque, hoje, ela está sendo pensados pelos educadores que se reeducam juntos. Essa reeducação dos educadores já começou. Ela é possível e necessária. (Gadotti, 1998, p. 90)

Preparados para aprender, os alunos são treinados para aprender o

que o professor determina que eles devam aprender se querem passar de ano

se esforçam e não questionam. Os alunos têm uma orientação de

aprendizagem voltada para disciplinas, o aprendizado se torna uma aquisição

de conteúdos, as experiências de aprendizagem são organizadas de acordo

com a lógica de conteúdo programático. Muitos alunos são motivados a

aprenderem através de provas, notas, aprovação, reprovação, pressões dos

pais.

O que diferencia a andragogia da pedagogia, são as estratégias

metodológicas orientadas para a otimização da formação específica de

professores e gestores responsáveis por esse modo de fazer educação, bem

como construir uma nova institucionalidade nos sistemas de ensino.

Os educadores precisam estar atentos para as demandas e

potencialidades dos sujeitos da educação, considerando-os sujeitos em todas

as esferas.

Os alunos são protagonistas no processo de aprendizagem, são os

maiores responsáveis pelo processo de construção do conhecimento. O

processo educativo que viabiliza tecer os saberes, que valoriza a troca de

experiências e a diversidade cultural. Cada aluno é valorizado responsável

pela própria aprendizagem, se tornando um ser mais crítico e reflexivo assim o

aprendizado tornará compreendido, aplicado, demonstrado e interiorizado de

forma natural.

A escola que merece ser preservada é aquela que conduz o aprendiz

ao autoconhecimento, a desenvolver seus dons orientando o coração a

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

18

aprender. Não apenas para conhecer o mundo exterior e para nele atuar, como

seres pensantes, reflexivos e decisivos, parte integrante e fundamental do

meio, desenvolvendo a consciência critica, com profissionais da educação que

educam para transformação social e não trata isso como utopia. Podemos

oferecer esse espaço desejado por Gadotti e Paulo Freire aos nossos alunos.

A utopia não tem imobilidade educacional, ela reafirma a necessidade de

transformação, que pode acontecer de forma lenta ou não, porém muito

criativa, para que professores, a partir do momento em que a criança ingressa

na escola, e esta a estimule da educação infantil até os níveis superiores, para

que o estudante não seja levado à submissão, que ele cresça e se torne uma

pessoa preparada para promover mudanças substanciais à humanidade,

acabando com as mazelas que a sociedade atual vem criando como: a fome, a

miséria, as injustiças sociais, o desrespeito aos mais básicos direitos humanos

Sem a utopia, não existiriam perspectivas, nem horizonte profundo; sem a ação, a utopia se desfaria em abstração e em sonho delirante. Portanto, a utopia deve tornar-se concreta. [...]. As raízes da utopia consistem no fato de que o homem ainda não é um ser satisfeito, porque ainda não é perfeito, porque o mundo ainda não é acabado. (Pierre Furter, 1976, p. 44- 45)

A experiência vivenciada pelo aluno é uma fonte rica para a

aprendizagem de adultos, que são motivados a aprender conforme vivenciam

necessidades e interesses que satisfará em sua vida. A andragógia baseia-se

em certos princípios como: A necessidade de saber, adultos precisam saber

por que precisam aprender algo e qual o ganho que terão no processo;

Autoconceito do aprendiz, adultos são responsáveis por suas decisões e por

sua vida, portanto querem ser vistos e tratados pelos outros como capazes de

se autodirigir; Para o adulto suas experiências são a base de seu aprendizado;

As técnicas metodologicas que aproveitam as diferenças individuais serão

mais eficazes, Prontidão para aprender, o adulto está disposto a aprender

quando a ocasião exige algum tipo de aprendizagem relacionado a situações

reais de seu dia-a-dia; Orientação para aprendizagem, o adulto aprende

melhor quando os conceitos apresentados estão contextualizados para alguma

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

19

aplicação e utilidade; Os adultos são mais motivados a aprender por certos

valores, autoestima, qualidade de vida, desenvolvimento psicossocial.

Os estudos de Karolczak sobre andragogia, relata que o

desenvolvimento do comportamento humano se da na construção da relação

do homem com o meio que está inserido, estes são igualmente valorizados.

O conhecimento é fruto de uma relação, e esta relação é o que queremos melhorar em sala de aula com o uso de ferramentas da administração para uma melhor liderança resultando numa melhor aprendizagem.(Karolczak,2009, p.34)

Para Karolczak é importante melhorar a ligação estabelecida entre o

aluno e o ambiente, estes conceitos são fundamentados em principios que

estão intimamente relacionados ao construtivismo e ao interacionismo, sendo

que o adulto diferente da criança vai construindo seu conhecimento atraves de

experiencias vivenciadas, motivações internas e externas.

Em muito podemos concordar com os principios do construtivismo e interacionismo sem deixar de colocar que a maturidade individual vai permear o comportamento do aluno. A andragogia requer muito mais que observação de principios, requer diagnosticar as diferentes realidades conjunturais dos alunos que são adultos. (Karolczak, 2009, p. 84)

Nos principios da andragogia, muitas vezes o poder que o aluno tem

de se posicionar diante de algumas realidades no contexto geral da vida requer

mais que a simples classificação de adulto, exige maturidade dos alunos. Cabe

ao professor usar varios mecanismos para diagnosticar as diferentes

realidades culturais, buscando um estilo de liderança que possa comtemplar

essa situação e crescer significativamente junto com os alunos.

Cada pessoa constroi ativamente seu modelo de mundo a partir de interação de suas condições maturacionais com o ambiente que a rodeia[...]. Uma reflexão geral em torno da natureza,etapas e limites do conhecimento humano. (Goulart, 2001, p. 52)

Em seus estudos de Goulart afirmou que o individualismo dominou o

pensamento filosoficos, que uma pessoa percebe o mundo em torno de si,

seleciona o que interessa, discrimina, julga, para melhorar e poder ser

responsabilizado por suas ações e punido pelas consequencias.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

20

A Andragogia poderá se tornar uma ótima ferramenta para nos ajudar

a atingir os objetivos educacionais, estimulando a responsabilidade social,

formando profissionais competentes, com auto-estima, seguros de suas

habilidades profissionais e comprometidos com a sociedade à qual deverão

servir estimular o autodidatismo, a capacidade de auto-avaliarão, a autocrítica,

as habilidades profissionais, a capacidade de trabalhar em equipes,

enfatizando a responsabilidade pessoal pelo próprio aprendizado e a

necessidade e capacitação para a aprendizagem continuada ao longo da vida.

Os adultos sentem a necessidade de serem vistos como independentes e se

ressentem quando obrigados a ceder ao desejo ou às ordens de alguém. Mas

devido a toda uma cultura de ensino onde o professor é o centro do processo

de ensino-aprendizagem, muitos ainda precisam de um professor para lhes

dizer o que fazer, alguns preferem participar do planejamento e execução das

atividades educacionais. O professor precisa se valer destas tendências para

conseguir mais participação e envolvimento dos estudantes. Isto pode ser

conseguido através de uma avaliação das necessidades do grupo. A

independência, a responsabilidade será estimulada, bem como os processos

de avaliação de grupo e auto-avaliação.

Os adultos têm experiências de vida mais numerosas e mais

diversificadas que as crianças, quando formam grupos, são mais heterogêneos

em conhecimentos, necessidades, interesses e objetivos. Apresentam uma

fonte de consulta presente nas experiências dos participantes.

A andragogia deve ser explorada através de abordagens e métodos

apropriados, produzindo uma maior eficiência das atividades educativas e no

desenvolvimento do aluno.

Segundo os estudos de Aquino, para que as competências possam ser

desenvolvidas, é preciso que haja um ambiente adequado, uma escola sólida

composta de habilidades intelectuais e qualidades pessoais. Ele coloca que

esse conjunto de habilidades deve ser dividido em três grupos: Habilidades

básicas, como ler bem, escrever corretamente, saber ouvir e ser capaz de se

comunicar de modo eficaz e eficiente; Habilidades de pensamento, como ter

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

21

pensamento crítico, ser capaz de tomar as melhores decisões, aprender a

aprender e a usar o conhecimento assimilado e as Habilidades desenvolvidas

para ter atitudes diferenciadas no campo profissional, ou seja, ser capaz de

analisar, sintetizar e avaliar a complexidade; e qualidades pessoais, como o

senso de responsabilidade, a auto-estima, a sociabilidade, a integridade e a

honestidade, que sem dúvida representam as características que todo aluno

deveria ter alem de desmistificar a lenda, muito difundida entre professores

dizem que:

Os alunos de hoje não são mais como os de antigamente, pois não gostam de ler, não sabem escrever e não gostam de estudar". Na realidade, temos de mudar o foco e dividir a responsabilidade pelo sucesso do aprendizado entre o professor (ou facilitador) e o aluno, preparando este último de modo melhor para enfrentar os desafios e as dificuldades da aprendizagem, ao mesmo tempo em que se lança mão de abordagens educacionais mais modernas e motivadoras que explorem o lado crítico e concreto dos aprendizes adultos. Tudo isso leva ao assunto do livro: a necessidade de desenvolver habilidades de aprendizagem, ou seja, de aprender a aprender. (Aquino, 2007,p. 38)

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

22

CAPÍTULO II

O PAPEL DE CADA ATOR

A aprendizagem proporciona reflexão e análise crítica da prática social

dos homens, contribuindo para que estes repensem a forma de atuar no

mundo, o aspecto social que apresenta valores e desejos coletivos, exige a

participação ativa de todos os envolvidos, que se tornam atores protagonistas

no processo de construção do conhecimento. É fundamental que seja

desempenhado um papel responsável e que gestor, professor, aluno e pais

estejam compromissados com o processo, sejam mediadores do aprendizado

numa relação pedagógica emancipadora. Construindo práticas pedagógicas,

produzindo novos paradigmas, nas possibilidades de transformar a escola em

um ambiente agradável, atrativo, uma instituição aberta, que valoriza o aluno,

seus interesses, conhecimentos, expectativas, favorecendo sua participação

na sociedade como cidadãos uma prática pedagógica de qualidade, inovadora,

significativa, dinâmica para fazer a diferença no contexto educacional.

2. 1 - O Papel do Gestor

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

23

O Gestor tem um papel de liderança no espaço escolar, deve ser

inovador, ousado, criativo, comprometido com o trabalho e com o grupo. É

importante conhecer e saber ouvir o grupo, garantir a proposta e ter sabedoria

para recuar e repensar as ações. É na administração escolar confrontamos

diretamente a teoria com a pratica. Um desafio é mudar a pratica, geralmente o

discurso muda, mas a pratica não, é necessário maturidade, sensibilidade e

firmeza para sabermos onde queremos chegar.

O gestor deve desenvolver um trabalho serio e de compromisso com

os princípios de liberdade e solidariedade humana no total desenvolvimento do

educando em seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o

trabalho, assegurando e garantindo a qualidade de ensino, a educação e a

formação humana que se processa nas instituições escolares. Todos na escola

são responsáveis pelo processo de construção do conhecimento, precisam

estar envolvidos com o desenvolvimento da educação.

A LDB destaca os princípios de liberdade e solidariedade humana

como valores em todas as concepções. A liberdade é o primeiro dos direitos

individuais, como expressão do direito à existência e do instinto de

conservação como conseqüência da autonomia, da suficiência racional, e na

busca da felicidade. A solidariedade é a coordenação de ações, construção do

conhecimento que se assenta numa nova ética coletiva e participativa que

possibilita a compreensão e o desenvolvimento científico na construção

coletiva do processo educacional.

Pensar, pensar, sem nunca deixar de sonhar, sonhar com um mundo

mais justo e humano a partir de nossa ação consciente e competente como

profissionais da educação que forma cidadão

A escola deve ser um lugar agradável, prazeroso, que facilite o

aprendizado e ao mesmo tempo com normas e regras estabelecidas.

Uma Gestão de qualidade é uma gestão participativa, de perspectiva

democrática, presente que valoriza a atuação de todos os segmentos da

comunidade escolar.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

24

Administrar uma escola não se reduz a aplicação de métodos e

técnicas importados.

A percepção de todos da realidade da escola, contribui muito para o

bom desempenho do trabalho. Neste caso a democracia proporciona poderes

a escola para pensar seus próprios dilemas, numa relação horizontal entre

todos os envolvidos no contexto escolar.

Gestão é um processo de coordenação da execução de ações

planejadas e avaliadas. O gestor é um colaborador que atua junto aos

professores nas políticas e formas de trabalho dentro da escola, deve estimular

o grupo à compreensão de suas ações, fazendo a leitura do ambiente escolar

na sua totalidade viabilizando o trabalho juntamente com todos os envolvidos.

A escola que merece ser preservada é aquela que conduz o aprendiz a

se conhecer a desenvolver os seus dons, realizando a promessa inerente a

sua existência. É importante orientarmos o coração a aprender, não apenas

para conhecer o mundo exterior, e para nele atuar, mas para aprender a estar

no mundo e navegar, florescer como seres humanos.

A escola é uma instituição onde acontece o desenvolvimento

psicossocial, a criação do espírito comunitário que provoca efeitos no

ambiente, pela percepção sensorial mais pelos sentimentos do que pelos

processos racionais. Todos os elementos envolvidos trabalham juntos para que

o educando interaja de maneira satisfatória. É fundamental respeitar a

singularidade do individuo, cada aluno é visto como único e capaz.

Estimulando o espírito cooperativo e participativo do aluno. Valorização e

coesão da comunidade escolar, cada, um é parte integrante no processo, e se

sentem compromissados e buscam o sucesso do trabalho. Ambiente agradável

dentro e fora da escola. Expectativas positivas, aprendizagem ocorre dentro de

todas as pessoas. A escola proporciona um ambiente acolhedor e carinhoso

onde o estudante possa se sentir confortável e crescer.

Na busca da criação de um mundo que seja mais fácil amar, “o amor é

ao mesmo tempo o fundamento do diálogo e o próprio diálogo “ ( Freire, 1980,

p.83) concentra-se nas condições econômicas e sociais opressivas que

dificultam as pessoas desenvolverem seus potenciais como seres humanos. A

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

25

escola pode ser opressiva se os gestores controlam todos os recursos,

promoções e reforços, não permitindo que o aluno tenha controle algum sobre

seu próprio aprendizado.

O aluno precisa se sentir capaz é protagonista no seu processo de

aprendizagem, na construção do conhecimento, desenvolvendo habilidades e

conceitos críticos, se sentindo seguro em expor suas idéias, suas duvidas,

seus anseios e desejos, a valorização do aluno, a elevação da auto-estima, a

autoconfiança favorece esse processo.

O gestor sozinho não faz uma escola de qualidade, é importante que o

grupo esteja motivado, movido por necessidades semelhantes em torno da

tarefa especifica, como participante ativo. Escolas com processos de

emancipação humana e participação efetiva na elaboração de currículos e

projetos político-pedagógico elaborados em equipe. A educação deve apontar

para a liberdade, para emancipação onde o perfil intelectual de alunos e

professores sejam traçados juntamente com um perfil ético, formados por

posturas dialógicas, afetivas, cooperativas, politicamente engajadas num

compromisso com a sociedade.

As escolas devem ser um espaço de excelência, de formação

intelectual e moral, que seja um lugar de realização da promessa de justiça, de

liberdade, de paz e alegria. Precisamos ser pesquisadores e aprendizes

permanentes, gestores, professores e alunos devem ter a visão de conjunto

para perceber e facilitar as interligações dos saberes, fortalecendo o

desenvolvimento de uma consciência de que a criança, o jovem e o adulto,

buscam na escola a autonomia, a escolarização e a formação.

A escola além do espaço físico, comporta a atual realidade, o mundo

globalizado em que vivemos, com sua complexidade, pluralidade, diferenças e

desafios, tornando-se um espaço multidisciplinar e transdisciplinar, ativadas

por múltiplas dimensões de inteligências, onde se encontram varias diferenças

étnicas e religiosas, um privilegio para o gestor é ter em um mesmo espaço,

pequeno como a escola a imensidão do planeta terra. A vantagem de ter o

mundo na escola é que nela o mundo pode ser transformado. Na escola o

mundo esta em aberto em constante processo de transformação.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

26

(FREIRE,1979,p.86) defendia que ”A educação não transforma o

mundo, a educação muda pessoas e as pessoas transformam o mundo”.

Um grande e belo desafio para o gestor é tornar a escola um lugar

onde se aprende o que é o bem e como realizá-lo através de praticas

pedagógica cotidianas.

Pensamos na escola como instituição que pode contribuir para a

transformação social, sendo que a escola só poderá desempenhar um papel

transformador se todos estiverem interessados e se organizarem para atender

aos interesses comuns. Quando o diretor atua sozinho e reivindica é fácil dizer

não se a reivindicação for de só uma pessoa, mas quando se trata de um

grupo, que representa outros grupos e este instrumentalizado pela

conscientização que sua própria organização oferece. Existe então a

necessidade da escola organizar-se democraticamente com objetivos

transformadores.

Não podemos pensar que gestão democrática na escola com efetiva

participação de país, educadores, alunos e funcionários da escola seja uma

coisa utópica. A palavra utopia significa um lugar que não existe, não quer

dizer que não possa existir. Queremos uma escola real, de muito valor,

desejável, consciente das condições concretas e das contradições que

viabilizam projetos de democratização das relações no interior da escola. O

diretor da escola é a autoridade máxima e isso não lhe da o poder de

autonomia ele se torna responsável pelo cumprimento da Lei e da Ordem na

escola, logo a importância da elaboração do projeto político pedagógico em

uma construção coletiva de toda equipe, para que todos se sintam

comprometidos com o desempenho do trabalho.

2.2 - O Papel do Professor

Precisamos da pedagogia do amor, esta é a primeira e a derradeira

lição de uma escola transdisciplinar, estamos envolvidos com pessoas dotadas

de sentimentos, quando aprendermos a amar total e incondicionalmente,

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

27

perceberemos a humanidade plena. “A educação é uma questão de coração. É

preciso demonstrar o afeto de maneira que o jovem o perceba.” Vecchi (2001,

p.23).

Uma utopia humana, religar conhecimento ao amor é o mais instigante

desafio do momento. É uma meta que pode orientar o processo de

aprendizagem do homem. O amor é a tecnologia mais sofisticada de todos os

universos, sem amor não é possível reinventar e reencantar nenhum mundo,

nenhuma sala de aula.

A educação precisa transgredir a normose, com suavidade e vigor,

com paciência e atrevimento, com flexibilidade e sem medo; educar para a

vida, educar para excelência, educar para ser.

É primordial que o professor tenha consciência da sua

responsabilidade e seja qualificado para ensinar jovens e adultos, além de

dominar a metodologia de ensino escolhida, é importante que tenha

capacidade de mobilizar e incentivar constantemente o aluno em sala de aula.

A educação de jovens e adultos desafia não só os educadores, pesquisadores,

gestores e todos os envolvidos na educação em diversas esferas políticas.

Educar a alma é desenvolver a inteligência emocional, que integra

corpo, alma, consciência e essência. Amar é oferecer ao outro o que ele

necessita, não, necessariamente, o que ele deseja. Educar é, sobretudo,

facilitar que o educando através de uma escuta aberta e ampliada, possa

chegar a sua própria palavra , com a uma consciência reflexiva e critica,

lapidando a sua condição de autoria, de sujeito da própria existência.

Alguns autores afirmam que é necessário que os educadores sejam

capacitados e comprometidos com sua formação continuada para o exercício

da docência. Os alunos buscam na escola a sua inclusão social, trazendo

consigo patrimônios culturais que dêem sentidos as suas vidas. A construção

de um saber novo não se realizará com eficiência se o professor não

considerar a realidade desses alunos, que é, não só econômica, mas também

social e, sobretudo, cultural.

A sala de aula em que se encontram inseridos os alunos estabelece

um contexto novo. Este precisa ser conhecido, analisado e sistematizado.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

28

Cabe aos gestores da criar condições necessárias para que os professores de

forma coletiva estudem e sistematizem as realidades presentes. Isso exige

tempo e espaços próprios, garantidos por políticas publicas que viabilize

recursos financeiros e condições de trabalho adequado. Promovendo ações

pedagógicas fundamentais para o processo formativo dos alunos que

necessitam avançar sua escolaridade e, consequentemente seu aprendizado,

considerando as condições sociais, históricas e culturais dos sujeitos.

Considerando que ninguém é excluído da escola por opção, mas é

como consequência das condições objetivas em que transcorreu e continua a

transcorrer em sua própria vida que configura a situação de exclusão social a

que está sendo submetido o aluno.

O analfabetismo, comum até o século XIX, é um desafio encontrado

por professores, educadores, gestores e poderes políticos no Brasil, porque

passou a ser inaceitável e deve ser eliminado em todas as culturas.

O conceito de analfabetismo é relativo ao domínio da leitura e da

escrita, o Brasil encontra se na fase final de superação desse problema.

Surgindo então o analfabeto funcional, esse termo passou a caracterizar todos

aqueles que tiveram acesso à escolarização mesmo não tendo o domínio da

leitura e da escrita. Uma vez que constituição garante o acesso à escola como

direito a todos, os índices de analfabetos funcionais se tornaram maiores, já

que é obrigatório matricular as crianças na escola em troca de benefícios.

O papel do professor é despertar a curiosidade, indagar a realidade,

problematizar, transformar os obstáculos em dados de reflexão para entender

o processo educativo, que, está relacionado com seu tempo, sua história e seu

espaço.

Com certa discriminação os alunos com distorção idade serie, são

tratados como uma massa de alunos, sem identidade, qualificados sob

diferentes nomes, relacionados diretamente ao chamado "fracasso escolar".

São tratados como “aluno problema”, repetentes, evadidos, defasados,

aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição humana, social e cultural

desses sujeitos, primordial para o desenvolvimento no processo educacional.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

29

Algumas concepções e propostas da educação comprometidas com a

formação humana que passam, necessariamente, por entender quem são os

sujeitos e que processos pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar

conta de suas necessidades e desejos.

Analisando a Educação de Jovens e Adultos, observamos que, longe

da democratização das oportunidades educacionais, ela se conforma no lugar

de inferioridade "podem menos e também obtém menos". Os olhares sobre a

condição social, política e cultural dos alunos está condicionado às diversas

concepções da educação que lhes é oferecida, os lugares sociais a eles

reservados no conjunto das políticas públicas oficiais, esses alunos são

considerados marginais, oprimidos, excluídos, empregáveis, miseráveis, etc.

No Brasil, as desigualdades raciais são também desigualdades sociais

e ficam flagrantes quando examinamos os dados relativos à Educação de

Jovens e Adultos. O pertencimento racial tem importância significativa na

estruturação das desigualdades sociais e econômicas. Os negros e pardos

com mais de 10 anos de idade têm menos anos de escolarização do que

brancos, sendo que nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste essas

diferenças se apresentam de forma mais acentuada

É fundamental olhar para os alunos, dar visibilidade e pensar na

prática pedagógica voltada para os seus sujeitos, em que a experiência

complexa da vida seja o ponto de partida para o processo de aprendizagem,

conjugando essa necessidade com a função da escola para socializar o saber

sistematizado que faz parte da herança cultural da humanidade.

Portanto, a educação básica deverá propiciar aos alunos condições

para construir seus conhecimentos, se desenvolverem de forma que possam

inserir-se na sociedade através do trabalho e do exercício da cidadania.

A educação precisa mudar construir estratégias para a produção de

oportunidades concretas, influenciando as políticas públicas destinadas

especificamente aos alunos.

O educador é peça fundamental no processo de aprendizagem, é

crucial que ele tenha clareza de sua função e de seus objetivos. Assumir a

autoridade de professor é assumir as responsabilidades da formação de cada

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

30

educando e do grupo, o grupo não se forma sem a presença de um educador.

É como um maestro rege uma orquestra, da coordenação sintonizada com

diferentes instrumentos, rege a música de todos, conhece todas as partituras e

sabe o que cada um pode oferecer a sintonia de cada um com o outro e com

todos.

O professor é um mediador na educação, sua função é reger as

diferenças socializando os saberes individuais para a construção do

conhecimento do grupo. Essa aprendizagem se da através da troca, da

pesquisa, da experiência vivenciada. Ninguém aprende sozinho, é no grupo, na

interação que se aprende a pensar, a construir conceitos, isso envolve o

exercício permanente da disciplina de falar, escutar, observar, ler, escrever,

estudar, agir tanto individualmente como em grupo. Pensado sempre com o

outro, e para o outro concordando ou não. Comunicamos-nos, interagimos,

aprendemos a conviver com o outro com as diferenças, com as idéias,

concepções, opções de relacionar o próprio pensamento com o do outro,

construindo o conhecimento do grupo e socializando os saberes.

No processo pedagógico a educação é entendida como promoção da

aprendizagem produtiva, e o professor é quem pode promover.

Promover significa: facilitar, acompanhar, possibilitar, recuperar, dar

espaço, compartilhar, inquietar, problematizar, relacionar, reconhecer,

envolver, comunicar, expressar, comprometer, entusiasmar, apaixonar, amar.

Para que essa promoção seja alcançada é preciso oferecer e compartilhar

recursos, caminhos, modos, práticas, meios e espaços pedagógicos.

Afirmando que somos essencialmente nossa vida cotidiana e a vida cotidiana é

o lugar no sentido das práticas de aprendizagem produtiva.

Essa promoção é a razão de ser a mediação pedagógica

entendida como tratamento dos conteúdos e das formas de expressão dos

diferentes temas afim de tonar possível o ato educativo. Rompendo moldes

estereotipados improdutivos e reprodutivos, buscando desenvolvimento do ser

humano, a transformação social, a formação da cidadania, a formação de uma

consciência integradora, mobiilizadora, que vai do individual ao coletivo. Mudar

o mundo é mudar o modo de olhar.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

31

A metodologia do Projeto Autonomia, é orientada por um fazer

pedagógico que valoriza diferentes saberes, estimula o conflito produtivo, o

dialogo e transforma o ensino em aprendizado. Os conteúdos são tratados de

forma que se valoriza a contextualização, leitura de imagens, fortalecimento da

linguagem oral e escrita, o ato de criação do aluno, a construção de um

ambiente prazeroso e incentivador da inventividade, da estética e da

sensibilidade. A prática e o exercício da atitude investigadora, cooperativa e

integradora fazem parte da construção do grupo de aprendizagem. Os limites

são enfrentados permitindo avanços e erros são vistos como inerentes ao

processo de aprendizagem, destacando as potencialidades e as qualidades de

cada individuo. Essa metodologia tem um compromisso com o

desenvolvimento da auto-estima, da autocrítica, da auto-avaliação, para que o

aluno tenha iniciativa, disciplina e organização.

O professor se torna mediador da relação aluno com objeto do

conhecimento, facilitador das relações interpessoais, orientador nas pesquisas,

agente de uma educação progressista, multicultural e libertaria que pratica

continuamente a observação, a construção da autonomia, a reflexão, o

planejamento e avaliação formativa. Com a visão do seu papel, o professor

pode avançar nas praticas educativas, desenvolvendo formas diferenciadas de

pensar, de sentir, de agir, investindo numa nova relação de aprendizagem

entre o aluno e o conhecimento. Uma metodologia diferenciada pelo uso

interativo de diversos meios ampliando e enriquecendo a pratica pedagógica

na diversidade e na realidade com um planejamento coletivo.

No planejamento coletivo, o cotidiano da sala de aula é pensado em

função de uma dinâmica que agrega a leitura critica a reflexão, o debate, a

expressão individual e coletiva. Com um caráter mobilizador, provocador,

facilitador do processo de construção do conhecimento, e os livros se tornam o

material que guardam possibilidades de aprofundamento e reflexão sobre os

conceitos e possibilidades de produção textual.

O aprendizado se desenvolve, a partir do fortalecimento da auto-estima

desses alunos, da construção do senso de coletividade, a equipe trabalha junto

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

32

de forma integrada e socializada para alcançar um objetivo comum, por meio

da cooperação para tornar mais afetiva e efetiva a aprendizagem.

O professor pode criar o seu e orientar os alunos na construção de um

memorial que registre diariamente os avanços, dificuldades e soluções de

ensino e aprendizagem, quanto à formulação de critérios, juízo de valor que

expressem o crescimento das pessoas envolvidas e possibilite ações

necessárias, avaliação e reflexão contínua, o crescimento da auto-estima, a

capacidade critica nas decisões para o aperfeiçoamento da aprendizagem e do

ensino.

2.3 - O Papel do Aluno

O Aluno deve assumir o papel de ator protagonista no seu processo de

aprendizagem, a construção do conhecimento se da a partir de experiências

vivenciadas em sua vida cotidiana. A melhor maneira de o aluno descobrir se

esta crescendo como aprendiz, como pessoa, como profissional é avaliar sua

caminhada em sala de aula, ele percebe o que vai indo bem, e o que ele

precisa melhorar, se conhecendo melhor e tornando co-gestor do seu processo

de aprendizagem.

A educação esta marcada pela questão do conhecimento, ato de

conhecer é fundamental para entender a si mesmo e a sociedade atual. O

aluno se interessa por um assunto e antes de conhecer, se é curioso, é

esperançoso, cabe ao professor seduzir e motivar a partir do encantamento, e

mostrar que aprender é gostoso, mas exige esforço.

Como dizia Paulo Freire “ninguém sabe tudo, ninguém ignora tudo.

Todos nós educamos em comunhão. Todos podem conhecer. Todos podem

ensinar e aprender”.

Conhecer é construir categorias de pensamento, é ler o mundo e

transformá-lo, ao conhecer o educando reconstrói o que conhece e forma um

conceito. Só é possível conhecer quando se deseja, quando se quer, quando

se envolve profundamente com o objeto de aprendizagem. É importante

gostar, sentir prazer descoberta, na aprendizagem, por isso a importância de

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

33

pesquisar metodologias de aprendizagens atrativas, fomentar as linguagens e

às línguas, e não focar somente nos conteúdos. A transversalidade e a

transdisciplinaridade do conhecimento deve ser mais valorizada do que os

conteúdos do currículo clássico. Conhecer é importante porque a educação se

fundamenta no conhecimento e atividade humana, não é adaptar-se ao

mundo, é a condição de sobrevivência do homem.

O aluno precisa sentir prazer em aprender, e saber que todo o

conhecimento que ele trás é muito importante, sua cultura, seus saberes, suas

vivencias e suas experiências. Aprendemos a vida toda, não há tempo próprio

para aprender, não se trata de acumular conhecimentos, datas, informações, e

sim entender como os homens fizeram a história para fazermos historia. É

importante que o aluno aprenda a pensar a realidade e não prontos, aprender

a aprender e criar um conceito, um censo critico e reflexivo. O aluno aprende

através de sua experiência, e da troca. Quem ensina aprende ao ensinar e

quem aprende ensina ao aprender.

O aluno chega cheio se sonhos e de esperanças e pode melhorar cada

vez mais o desempenho e sua auto-estima. Quando se trabalha em conjunto, a

ação se realiza em conjunção para conseguir alcançar o mesmo fim.

A aprendizagem é um ato cooperativo, necessita de reciprocidade

estimulando a comunicação, os alunos trabalham juntos para conquistar

objetivos comuns e compartilhado. Para tornar mais efetiva à aprendizagem,

cada um deve se responsabilizar tanto pela própria aprendizagem como para o

sucesso do grupo. Responsabilidade nas tomadas de decisões, na construção

de confiança, habilidade de comunicação, no incentivo, no apoio, em elogios

que contribuem para efetividade do grupo.

O aluno que individualmente compete com os outros para ganhar

elogios, e outras formas de recompensa, o sucesso desse individuo pode

representar o fracasso dos demais alunos. Na aprendizagem cooperativa,

todos os alunos se beneficiam do sucesso de uma conquista, certamente há

mais ganhadores em uma equipe, aprendem a enfrentar riscos, desafios,

buscam solucionar problemas, desenvolvem censo critico e reflexivo.

Ampliando o campo de visão se tornando capaz de ver, entender e aceitar

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

34

pontos de vista diferentes dos seus, contribuem para uma total satisfação do

aprendizado, os alunos trabalham com os colegas com diferentes habilidades,

diversos antecedentes culturais, atitudes e personalidades, a diferença e o

conflito enriquece o aprendizado. A cooperação é um conceito central no

pensamento de Freinet, para ele a escola é uma comunidade que se constrói

com a colaboração e cooperação de todos onde os alunos se ajudam

mutuamente para aprender os conteúdos apresentados com clareza e

precisão.

O aluno deve centrar-se em tomar as melhores decisões e não em

ganhar, incentivar todos a participar e a dominar toda informação relevante,

saber ouvir as idéias dos outros mesmo que sejam desagradáveis, reformular

as idéias que não tiverem muito claras, tentar compreender todos os aspectos

dos problemas, ser capaz de mudar o próprio pensamento quando a evidencia

indica claramente o que deve se fazer, ser critico com idéias e não com

pessoas, aceitar as criticas e ser capaz de refletir avaliar o processo

constantemente.

O ambiente de aprendizagem é radicalmente diferente de uma sala de

aula tradicional é centrada no desenvolvimento do aluno. Encontramos alunos

interdependentes; que entendem que o sucesso de cada um depende do

sucesso da equipe, e se esforçam para que cada um obtenha sucesso cada

um aprende com o outro. A diversidade apresenta ambientes mais

estimulados e produtivos, com um fluxo maior de informação. A identidade do

aluno também é o produto de suas relações com os outros, o

autoconhecimento é a tarefa pedagógica mais nobre e imprescindível.

CAPÍTULO III

ÉTICA E POLITICA NA EDUCAÇÃO

DE JOVENS E ADULTOS

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

35

A aprendizagem é um ato cooperativo, necessita de reciprocidade

estimulando a comunicação, os alunos trabalham juntos para conquistar

objetivos comuns e compartilhado. Para tornar mais efetiva à aprendizagem,

cada um deve se responsabilizar tanto pela própria aprendizagem como para o

sucesso do grupo, com ética, regras e normas estabelecidas. Educar é um ato

político.

Formação ética e política da Educação estabelecem relações entre

questões filosóficas e a prática pedagógica, integrando-se no processo de

construção do conhecimento na perspectiva de uma educação libertadora.

Educar é um ato político, é criação e recriação, uma ação coletiva e

solidária que não acontece isoladamente, a troca é fundamental na construção

do sujeito, como mecanismo de compreensão da estrutura social, de

conscientização e de transformação.

3.1 - A Ética na Educação

A educação é o processo de formação do homem, onde se forma a

personalidade, o caráter, a dignidade, a cidadania, conceitos, valores, a moral

e a consciência ética.

A ética substancia da condição humana e política, tema atual e premente, insere-se no processo educacional de desenvolvimento do ser humano, que passa, fundamentalmente pela formação de consciências cidadãs [...]. Os limites éticos e morais formam-se com e valores requeridos pela vida e convivência na sociedade promovidos pelas relações e instituições sociais e educativas, onde os limites são ampliações e não restrições dos espaços de ser, viver e conviver. (Mary Rangel, 2009, p. 8)

A educação de jovens e adultos apresenta valores, normas e princípios

que implicam diretamente no comportamento do aluno na escola e no meio

que estão inseridos. Um dos maiores problemas de nossa historia é a negação

a milhões de jovens e adultos do direito a alfabetização e a educação básica,

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

36

que vem associada à negação de outros direitos sociais que resultam numa

estrutura social muito desigual e injusta.

A educação de jovens e adultos busca garantir a todos o direitos ao

acesso a educação básica, reduzindo a desigualdade social. Esses alunos

possuem uma cultura rica, grandes historias de vida, e cabe-nos compreender

sua realidade, onde produzem seus saberes seus conceitos e visões de

mundo. A ética existe para promover o equilíbrio social, para que ninguém

seja prejudicado. Não trata de leis, porém provoca um sentimento de justiça

social.

Alguns alunos da educação de jovens e adultos foram mutilados no

seu direito a escolaridade formal quando criança, não são todos, mais uma

fração de pessoas que vivem de forma precária, no campo ou na cidade, com

particularidades socioculturais, teve inserção precoce no trabalho impedindo de

estudar. Não se trata de uma escolha, mas uma necessidade devido à origem

social, classe, cor, raça, gênero evidenciam um processo de adulteração

precoce no ponto de vista psicossocial, histórico e cultural.

A vida humana é reedificada e compreendida como um produto ligth, diet e soft, e destituída de seu valor intrínseco a tal ponto que a onda de violência, protagonizada por jovens de classes abastadas, e o abandono de recém nascidos em rios, lagos e lixeiras nos grandes centros, são conseqüência desse quadro. De um lado os avanços tecnológicos, os progressos da medicina, a energia nuclear, os factóides diários envolvendo jovens ricas, famosa e drogaditas e de outro lado as crianças sem acesso a escola e mulheres grávidas ou idosas que, diariamente caminham quilômetros com uma lata de água na cabeça para garantir a sobrevivência da família. O ser humano se encontra em um momento decisivo da historia da humanidade e do planeta. (Amorim Neto, 2009, p.23, 24.)

A ética é formada por uma sociedade com valores históricos e

culturais. Em seus estudos, Amorim Neto afirma que pela visão da filosofia, a

ética estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos,

buscando dissolução em diferentes áreas do conhecimento. Cada sociedade e

cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. E pela visão da psicologia

existem duas linhas teóricas e distintas para definir moral e ética, uma linha é

representada por Freud e Durkheim, dizem que a moralidade é explicada pela

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

37

afetividade, e que os indivíduos não têm autonomia moral, e esta, é

determinada pela obediência aos mandamentos da sociedade, e o

comportamento do ser humano foge do controle, da intenção, são atos

inconscientes. E a outra linha é representada por Piaget e Kohlberg, que

entende a moral humana a partir da racionalidade, possibilita autonomia. O ser

humano vai da anomia para autonomia passando pela heteronomia.

Relativismo antropológico, onde existem vários sistemas de valores e não há nenhum critério para legitimar um e outro, podendo haver moral universal[...]. Diversidade de sistemas morais onde o seu desenvolvimento tem como finalidade o ideal de justiça, pensada em termos universais. (Amorim Neto, 2009)

A educação é libertadora, emancipa e da autonomia ao homem que

passa a se sentir livre da coação externa, de impulsos que garante a formação

e propõe a valorização da Educação de Jovens e Adultos para educação

democrática, onde o sujeito torna-se ator protagonista na própria construção

do conhecimento.

Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social,

existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos.

Nenhum processo educativo e de construção do conhecimento é

neutro nas sociedades, o foco central da Pedagogia do Oprimido de Paulo

Freire é a construção de processos educativos que permite aos jovens das

classes mais pobres, auto afirmação e fazerem valer seus direitos, interesses e

valores. É o que leva à consideração dos direitos humanos não sistema moral,

mas como sistema que tende a evolução moral dos indivíduos e o

comportamento ético das sociedades.

Para entender e distinguir moral e ética; No plano moral, as pessoas

têm um sentimento de obrigatoriedade que é a expressão da moralidade

humana, cumprem os deveres prescritos por lei para evitar punições. No plano

ético, as pessoas buscam uma vida boa, feliz, realizada, no sentido muito

subjetivo, com avaliações pessoais a respeito de se estar vivendo uma vida

boa ou não.

A felicidade não pode ser compreendida por aglomerado de pequenos momentos de gozo, ela transcende aqui e agora, a

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

38

avaliação é dada pela consciência de direção que damos a nossa vida considerando passado, presente e futuro e não apenas os fulgazes e momentâneos instantes de prazer. (La Taille, 2006, p.46)

O inicio, o ponto de partida da construção do conhecimento é o saber e

as experiências, o censo comum, a cultura, a religião o bom-senso que cada

um vivenciou, e o ponto de chegada também são esses com a apropriação de

novos conhecimentos, experiências que permitem constituir-se em sujeitos

emancipados e protagonistas da transformação de si e do meio em que vivem.

Ao tratar da elevação cultural e do conhecimento das classes

populares, Gramsci, destaca duas estratégias metodológicas que se articulam

e se diferenciam em sua qualidade ao mesmo tempo, a luta pela elevação

moral e intelectual das classes populares e de seus interesses, variando as

formas e os argumentos de conhecimentos que compõem o patrimônio

intelectual a cultural da humanidade.

Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é

chamado de antiético, um sujeito membro do sistema educacional que não

cumpre a ética da educação se torna antiético, assim como o ato praticado. A

abordagem das questões éticas e morais constituem-se em "a favor de

alguém". Trata-se de somar esforços em prol da formação de um cidadão

consciente dos seus direitos e deveres. Surge um questionamento, que tipo de

indivíduo se quer efetivamente formar? O que é ser um sujeito ético?

Moral e ética são complementares no sentido de que somente merece receber o nome de ética um projeto de vida que inclua dimensão moral, com respeito pela dignidade alheia e pela justiça, da mesma forma que só faz sentido deveres e obrigações se estes estão implicados em um projeto de vida que permitam superação de seus limites. O plano moral esta ligado ao plano ético. (La Taille, 2007, p. 26,27).

Os PCNs (1999) fazem claramente a opção pelo sujeito ético, embora

afirmem que a moral é algo inerente à cultura, abrangendo todas as instâncias

da vida social.

A ética estabelece juízo de apreciação sobre as ações qualificada

como boas ou más. Para que os princípios morais sejam definidos como

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

39

conjunto de normas, num contexto social é suscetível às valorações humanas,

que se aplicam a fatos concretos relativos à conduta. A ética encontra-se

acima da moral, o que explicaria, no âmbito da filosofia, certa preferência pelo

estudo da ética.

Os valores e das formas de conduta é apontados nos PCNs e

identificados como metas a serem alcançadas pela ética na escola. A ética é

ato de pensar, refletir, construir. E, na escola, sua presença deve contribuir

para que os alunos possam tomar parte nessa construção, serem livres e

autônomos para pensar e julgar, para problematizar constantemente o pessoal,

o e coletivo, exercitando a cidadania, cidadania esta que apresenta a situação

desejável, embora não existente de fato na sociedade brasileira em razão das

desigualdades econômicas.

É a cidadania que torna o educando autônomo, dotado de livre

capacidade de escolha, se relaciona com outros nas mesmas condições. A

escola é apresentada como espaço formativo responsável pelo aprendizado

desses valores, mesmo que entre em conflito com os existentes nos grupos

sociais e familiares dos alunos. As desigualdades socioeconômicas do Brasil,

mas a extensão em que elas afetam os contextos dos indivíduos não

particularmente discutidos, embora a escola não seja vista como o único lugar

onde ocorre a aprendizagem e a hierarquização dos valores, seu papel de

liderança, na formação dos espíritos democráticos, é fundamental.

Os PCNs avançaram em relação às posturas ética e moral, mas à

educação escolar conscientiza o aluno tornando-o um cidadão mais crítico

numa construção de uma escola democrática. A realidade da sala de aula

modifica-se constantemente no exercício da cidadania, praticando uma critica

reflexiva, autônoma, e com liberdade de escolhas.

A partir da ética educacional, a política deve estar centrada no contexto

racional formação ideais políticos e fatores essenciais para a compreensão da

educação de jovens e adultos.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

40

3.2 - A Política na Educação

Política é a arte e a ciência de governar, é habilidade no trato de

relações humanas, é o uso do poder para defender os direitos de cidadania,

são práticas relativas ao estado e a sociedade, uma forma de organizar a

sociedade, em seus diversos âmbitos evitando a desordem ou a uma bagunça

tratando da convivência dos diferentes.

Estudante politizado é aquele que atua politicamente dentro e fora da escola. É um estudante que tem motivação pela qualidade, pela relevância social e teórica do que é ensinado. Passa a exigir do professor, tem interesse pelas relações humanas estabelecidas no interior da escola, discute a gestão da escola, o currículo, enfim, o projeto político-pedagógico da escola. (Gadotti,1998, p. 85)

A política é a liberdade de se expressar e de ter uma opinião, tem a

finalidade de manter a ordem pública e o bem social da população. É

fundamental na vida de todos, através da política se constrói a vida da

população. Não se faz educação em política.

Autonomia não é auto-suficiência, ela acontece na ação no mundo e

relacionamentos com os outros sujeitos, portanto, envolve a dimensão política.

É por meio da ação política que condições sociais mais favoráveis são

realizadas e estabelecidas.

A educação é libertadora, produz à autonomia, alfabetização critica

leitura da realidade e superação da realidade injusta. Realidade está que

oprime, desumaniza, e deve ser superada. A educação considera a vida como

um todo, nos seus aspectos éticos, estéticos, sociais, políticos. Paulo Freire

pensou a educação como uma ação política que ultrapassa a sala de aula,

engloba a historia de vida de educando. No processo de aprendizagem ocorre

um processo político, uma troca de saberes e experiências vividas fundamental

para a formação do conhecimento, do caráter social e da consciência dos

educandos.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

41

A educação busca formar um cidadão com autonomia, numa

democracia orientada pelos princípios da razão, das experiências vivenciadas

na escola nos momentos de aprendizagem, com exercício da reflexão critica,

racional e responsável pela liberdade, a pratica educativa deve ser

conscientizadora para construir espaços sociais mais democráticos e justos,

onde todos tenham igualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento e

a cultura para que os cidadãos sejam autônomos. A política educacional pode

construir um novo sentido de educação, feito com participação de todos

envolvidos, em colaboração, em comunidade, em que cada um possa ser

autêntico, seguro, independente e confiante, principalmente na modalidade de

Educação de Jovens e Adultos.

CONCLUSÃO

Ao realizar essa pesquisa, tive a oportunidade de conhecer

detalhadamente o Projeto Autonomia, sua metodologia, ações pedagógicas,

atividades, conteúdo, material formação de professores em fim de toda

estrutura e aplicação numa escola noturna com educação de jovens e adultos.

Uma metodologia que deve ser divulgada e aplicada nos demais

segmentos, por gestores e professores, uma vez que valoriza o aluno como ser

humano rico em conhecimentos, cultura, experiências, uma fonte histórica que

não pode ser desprezada. A valorização do homem o resgate da auto-estima

são fatores primordiais na construção do conhecimento.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

42

Pude constatar que na Administração escolar, a pratica ainda é muito

diferente da teoria, estas se encontram constantemente em conflitos. Fala-se

de gestão democrática, participativa e ativa, mais na realidade não acontece

assim, caminha-se para isso com muita dificuldade. O maior desafio do gestor

é conquistar a participação ativa e efetiva de toda a comunidade escolar,

professores, pais, alunos funcionários e comunidade para juntos formular

diagnostico e um planejamento mais eficaz. Não existe um modelo de

liderança, cabe ao gestor promover o bem-estar, a participação, a troca, e

valorização do grupo. “a liderança é a arte de se relacionar construtivamente

com outras pessoas e conseguir que se mobilizem para atingir determinados

objetivos comuns”. (Gomes, 2005 p. 126) É exatamente isso que gestores, e

professores devem buscar, para mobilizar de forma construtiva, atingir o

conhecimento que os alunos necessitam, numa relação viva, com afeto,

dinâmica, entre pessoas com diferentes vivencias, ricas experiências de vida,

baseada em valores, sentimentos, metas e objetivos.

O aluno não é um ser isolado do contexto social, assim como a escola

quanto instituição, existem inúmeras relações pessoais em diversos níveis, vi a

importância de facilitar a formação do espírito comunitário na globalidade da

escola, onde gestores e professores estimulam estudantes na solução de

desafios. Um argumento de Paulo Freire (1980, p.35) “Não há educação fora

das sociedades humanas e não há homem no vazio”. O potencial do aluno

nem sempre está visível, muitas vezes este não se sente seguro em expor

suas idéias, seus conceitos com medo da critica e da rejeição. Trata-se de

adultos com certos bloqueios, que se encontra na sala de aula com baixa

estima e depende da sensibilidade do professor para estimular a

autoconfiança, e lhe oferecer a oportunidade de aprender a crescer. A

aprendizagem vai muito além do conteúdo ministrado em sala de aula,

somente um gestor motivado, com exercício de liderança pode ser um agente

transformador, capaz de traspor os modelos educacionais. Os adultos

apresentam uma rica experiência de vida que deve ser valorizada, o

aprendizado se da na troca de conhecimento, nos conflitos e na busca de

soluções. Observei que nesta metodologia as aulas são baseadas em fatos

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

43

reais, na realidade da comunidade que estão inseridos, com recursos

audiovisuais, de forma dinâmica, atrativa e motivadora. Trabalham

constantemente integração social, socialização das produções, síntese dos

conteúdos trabalhados, avaliações e auto-avaliação, a construção individual e

coletiva do memorial do aluno, memorial da turma e memorial do professor,

relatando as experiências e aprendizagens, e registrando e fotografando todo o

processo tornando notório o crescimento do individuo e do grupo, o aluno se

torna mais confiante na construção do conhecimento com censo critico e

reflexivo.

Constatei a importância do gestor, trabalhar de forma democrática,

participativa e transparente provocando uma integração na escola,

promovendo uma ambiente agradável, prazeroso, acolhedor e afetuoso, onde

a cada um se sente importante, valorizado, e parte fundamental na formação

da equipe. Nessa escola eu vi de perto a possibilidade de se conquistar uma

escola publica com ensino de qualidade, onde o gestor não é autoritário nem

centraliza o poder, ele redistribui tarefas e responsabilidades que são

assumidas e cumpridas com compromisso e competência, por uma equipe

onde gestor, educadores, alunos, professores, funcionários e comunidade

elaboraram em conjunto as metas, o planejamento e têm como objetivo uma

administração de qualidade, qualidade de ensino e resultados satisfatórios.

Concordo com Vitor Paro (2001) quando diz que o gestor deve distribuir

responsabilidades e que “só assim a escola poderá se tornar um instrumento

de controle democrático do Estado á serviço da educação”

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AMORIM NETO, Roque do Carmo. Autotranscendência: um apelo à ética na

formação de jovens. Unilasalle – RJ, Niteroí, 2007

AMORIM NETO, Roque do Carmo. Ética e Moral na formação inicial de

professores. Universidade de São Paulo. 2008

AQUINO, Carlos Tasso Eira de. Como Aprender: Andragogia e as Habilidades

de Aprendizagem. São Paulo Makron Books (Grupo Pearson). 2007

ARROYO, Miguel. A Educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão.

Alfabetização e Cidadania. São Paulo: Rede de Apoio à Ação Alfabetizadora do

Brasil (RAAAB), n. 11, abril 2001.

BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação: conflitos/acertos. SP. 1985

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

45

BEISIEGEL, Celso de Rui. Considerações sobre a política da união para a

educação de jovens e adultos analfabetos. Revista da Educação, SP, 1999.

BION,W.R. Experienciais com grupos. RJ Imago, SP, EEDUSP

BLEGER, Jose. Temas de Psicologia: entrevista e grupos. SP, Martins Fontes.

BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em:

<http://www.mec.gov.br>. Acesso em: 12 outubro 2006.

BUORU, Anamelia Bueno. O olhar em construção. SP, Cortez, 1996

CALDART, R. Escola é mais que escola na pedagogia do movimento sem

terra. RJ, Vozes

CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: Leitura crítico-compreensiva: artigo a

artigo. Petrópolis: Vozes, 1998.

CREMA, Roberto. Pedagogia Iniciática – Uma Escola de Liderança. Petrópolis:

Vozes, 2009

CREMA, Roberto. Normose : A patologia da normalidade, em co-autoria com

Leloup e Weil. Campinas: Verus, 2003.

FERREIRO. Emilia. Reflexões sobre alfabetização. SP. Cortez 1996.

FREIRE,Madalena. A Paixão de Conhecer o Mundo.RJ Paz e Terra 1984.

FREIRE, Paulo. Alfabetização e conscientização. Porto Alegre: Editora

Emma.1963.

FREIRE, Paulo. Educação e mudança. RJ, Paz e Terra.1981 .

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. R.J. Paz e Terra, 1989.

FREIRE, Paulo. Alfabetização - Leitura do mundo, leitura da palavra. R.J. Paz

e Terra. 1990

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. SP, Cortez/ Autores Associados.

(26. ed., 1991).

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. RJ, Paz e Terra, (23 ed.1994)

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. RJ. Paz e Terra. 1996

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

46

FUCK, Irene Terezinha. Alfabetização de adultos :Relato de uma experiência

construtiva. Vozes , 2002

FURTER, Pierre. Educação e reflexão. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes,

1976.

GADOTTI, Moacir. Educação e mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian

Lopes Martin. Rio de. Janeiro: Paz e Terra, 1979.

GADOTTI, Moacir. Perspectivas Atuais da Educação. Porto Alegre, Anned.

2000.

GOULART, B, I. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro, Vozes, 2001.

GUTIERREZ, Francisco; PRIETO,Daniel. A Mediação pedagógica: educação a

distancia alternativa. Campinas. Papirus.1994.

LA TAILLE, Y. Entervistas, Contrapontos. Itajaí, 2006.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação, MEC, DFU, Departamento de

Documentação e Divulgação, Brasília, 1974.

KAROLCZAK, Maria Eloisa, KAROLCZAC, Marcio Martins. Andragogia:

Liderança, Administração e Educação. Curitiba, Juruá, 2009.

MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa.,Curriculo: Politicas e Praticas.

Campinas,Papirus. 1999.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Brasília: MEC /SEF, 1998__. Plano

Nacional de Educação. Disponível em: <http://www.mec.gov.br>. 2006.

PARO, Vitor Henrique, Gestão Democratica da Escola Publica. SP Atica, 2001

PASSOS, Ilma Alencastro Veiga,Projeto Politico Pedagógico. SP, Papirus

1995.

VECCHI, Juan E. Educadores na era da informática; tradução Fausto Santa Catarina. -São Paulo: Salesiana,2001.

VYGOTSKY ,L.S.A formação Social da Mente: interação entre aprendizagem e

desenvolvimento. São Paulo. Martins Fontes, 1998.

VYGOTSKY ,L.S. Estudos sobre a História do Comportamento. Porto Alegre,

ARTMED, 1997.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

47

VYGOTSKY ,L.S. Desenvolvimento Psicológico na Infância. SP, Martins, 1999.

VYGOTSKY ,L.S. Construção do Pensamento e da Linguagem. SP, Martins

Fontes, 2011.

YUS, Rafael..Educacao Integra Uma Educaco Holistica Para o Seculo XXI.SP.

Artmed, 2002.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 11

1.1- HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 11 1.2- ANDRAGOGIA E PEDAGOGIA 16

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Prof. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro ... Orlando Dantas e Mendes de Moraes cederam o material que foram ... entender o momento

48

CAPÍTULO II

O PAPEL DE CADA ATOR

23

2.1- O PAPEL DO GESTOR 23

2.2- O PAPEL DO PROFESSOR

27

2.3- O PAPEL DO ALUNO 33

CAPÍTULO III

ÉTICA E POLÍTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 36

3.1- A ÉTICA NA EDUCAÇÃO 36

3.2- A POLITICA NA EDUCAÇÃO 41

CONCLUSÃO 43

47

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46

ÍNDICE 49