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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA OS ASPECTOS PSICOMOTORES E SUA RELEVÂNCIA NA PRÁTICA DESPORTIVA DO JUDÔ NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Marilia Alves Henrique Pinto Moreira Orientadora Profa. Ms. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

OS ASPECTOS PSICOMOTORES E SUA RELEVÂNCIA NA

PRÁTICA DESPORTIVA DO JUDÔ NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Marilia Alves Henrique Pinto Moreira

Orientadora

Profa. Ms. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

OS ASPECTOS PSICOMOTORES E SUA RELEVÂNCIA NA

PRÁTICA DESPORTIVA DO JUDÔ NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade

Por: Marilia Alves Henrique Pinto Moreira

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, e ao meu Shihan Ricardo Ruffoni pela

amizade. Mais que um simples professor que me mostrou um osoto gari, ele

me ensinou a ser professora. Foi através do Ruffoni que obtive a oportunidade

de dar minha primeira aula no Colégio Municipal Vital Brasil,e desta forma,

apaixonar-me ainda mais pela Educação Física, com a certeza de estar no

caminho certo. Obrigada Shihan, por me ajudar desde sempre – a você, todo o

meu amor e respeito.

As minhas amigas que conheci na pós e levarei para o resto da vida.

Dani, Vanessa, Miriã, Bethania e Débora. Amo vocês.

E por último, contudo não menos importante, pois a mesma é de suma

importância na minha vida, Andressa. Obrigada por aturar o meu estresse

emocional e físico, por estar comigo nas horas difíceis sem reclamar e me

dando todo o suporte possível e impossível. Conhecer você foi uma das

melhores coisas que já aconteceu na minha vida, e ter você nela me faz muito

mais feliz do que já fui um dia. Te amo hoje e sempre.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta Monografia a minha amada EQUIPE RUFFONI DE JUDÔ,

mais que uma simples equipe, somos uma família, e cada integrante ajudou-

me a concluir este trabalho, mesmo de forma indireta. O que sou hoje devo a

todos os componentes que compõem a nossa agremiação: alunos, pais e

professores. Com vocês, aprendi a ser educadora, conheci o real sentido da

amizade, e me apaixonei pela Educação.

A minha família, minha mãe, Sonia, meu pai, Mario, meus irmãos,

Marcelo e Mariana, pela ajuda de sempre na formatação e nos estudos e por

fim, e meu tio Henrique. Obrigada pelo amor e compreensão. Apesar dos

contratempos de nossas vidas, vocês nunca mediram esforços para

proporcionar-me uma educação de qualidade. Família, sempre presente em

minha vida acadêmica e preocupados com o meu futuro.

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RESUMO

O judô, como conteúdo a ser utilizado na prática educativa das aulas de

Educação Física Escolar, tornou-se uma metodologia de ensino que vem

gerando bons resultados no que se diz respeito à educação integral do aluno.

Contudo, a sua prática desenvolve, além da dimensão procedimental, os

âmbitos conceituais e atitudinais que possuem um papel importante na prática

educativa e ficam em evidência no esporte, principalmente o judô, por ser

individual e estar contido dentro de um rico contexto cultural. Este trabalho,

tem como propósito relacionar o Judô e a abordagem psicomotora com os

objetivos educativos dos Parâmetros Curriculares Nacionais e sua atuação nas

três dimensões educativas, estudando suas formas e possibilidades,

promovendo uma prática do judô diferenciada e prazerosa que tem por objetivo

desenvolver as funções psicomotoras essenciais para um bom

desenvolvimento do educando como um todo, a fim de estreitar o leque de

conteúdos, e torná-los mais frequente dentro das escolas, nas aulas de

Educação Física. A metodologia empregada foi de natureza descritiva e conta

com a Revisão de Literatura de renomados pesquisadores da área do Judô e

da Psicomotricidade. No que concerne aos Parâmetros Curriculares

Nacionais, este trabalho fez uma revisão expondo de maneira crítica seu

histórico, abordagens e objetivos. Em suma, o judô deve ser trabalhado com o

intuito de desenvolver o aluno na Cultura Corporal do Movimento, não

objetivando, apenas o resultado, mas a sua formação moral, cognitiva e

motora. A repetição de um gesto motor para a mecanização de um movimento

tornando-o perfeito, não contempla a real necessidade de uma criança, sendo

assim, alguns recursos psicomotores foram propostos para que as aulas de

Judô dentro da Educação Física Escolar possam ser prazerosas e educativas

para os alunos, garantindo, desta forma, a educação integral do aluno.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada em uma metodologia de natureza descritiva

através da revisão de literatura de autores conceituados na área da

psicomotricidade e educação física escolar, e relacionados à temática das

lutas, especificamente o judô, buscando analisar e discutir referidos temas.

A fim de fundamentar o estudo, foram reunidos e comparados os

conceitos norteadores da educação física contemporânea e sua vertente

escolar, tendo como base a cultura corporal do movimento e as dimensões

pautadas pelos PCNs.

Como afirma Ludorf (2004), O método é um conjunto de procedimentos

que serão adotadas para fins específicos de uma pesquisa, incluindo algumas

técnicas ou instrumentos, os quais deverão ser descritos. O presente trabalho

é uma forma de pesquisa descritiva e objetiva uma compreensão maior por

meio de uma investigação aprofundada de transformação histórica da

educação física escolar, e o judô como um conteúdo eficaz na prática

educativa do educando.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

Breve Histórico do Judô 11

CAPÍTULO II

A Psicomotricidade 18

CAPÍTULO III

Judô e Psicomotricidade na Escola 32

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 61

ÍNDICE DE FIGURAS 62

ANEXOS 63

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INTRODUÇÃO

O judô, como instrumento pedagógico, reflete, valores, normas e

códigos difundidos e valorizados na educação contemporânea. A prática do

judô tem despertado interesse, não só pelo seu aspecto competitivo como,

também, pelos benefícios recreativo, afetivo-social, cognitivo e motor

(RUFFONI, 2004).

Este esporte de origem nipônica foi criado pelo professor Jigoro

Kano, com o objetivo de instituir uma luta para agregar benefícios mentais e

físicos ao praticante. Nos dias de hoje, os benefícios que essa prática

desportiva traz ao aluno são difundidos pelo mundo e conhecidos,

principalmente, pelos valores morais, éticos e formativos.

Segundo Mataruna (2004), o judô não é uma arte marcial e, sim, uma

metodologia de ensino da educação física, que provém de conhecimentos

pedagógicos organizados. O judô é tido como uma ferramenta enriquecedora

das aulas de Educação Física, por seus valores filosóficos, culturais e motores.

Por tratar-se de uma luta oriental, traz em sua bagagem cultural,

movimentos mecânicos, e possui a característica popular de um esporte

adestrador e disciplinador. É lógico, que durante sua prática o aluno aprende

sobre a cultura do Japão, e agrega para si, algumas características daquela

educação, porém esse sentido foi deturpado ao longo dos anos, fazendo com

que a prática do judô, fosse ministrada numa metodologia diretiva e

mecanicista.

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Ruffoni (2004) relata que a hierarquia exposta pelo professor através do

seu comando vocal, embasada em tal estilo de ensino, faz com que os alunos

se submetam ao seu domínio, onde o professor determina as condutas a

serem utilizadas durante a práxis. De acordo com esta afirmativa, Mesquita

(1994), diz, que ainda existem professores que acreditam que seus trabalhos

consistem apenas no adestramento físico-técnico, deixando de lado toda uma

abordagem educacional, que muito poderá auxiliar o aluno a compreender

criticamente a realidade social em que vive.

A educação passou por mudanças paradigmáticas ao longo dos anos,

principalmente, no campo da Educação Física, que era considerada, apenas,

como uma atividade extracurricular tendo, como objetivo, a valorização do

físico e da saúde, um preparo dos jovens para uma possível guerra. (DARIDO

e NETO, 2003). Ao longo dos anos, diversas reformas educacionais

aconteceram, e o verdadeiro sentido de educar, começou a ser modificado. As

concepções de ensino foram sendo criadas com o objetivo de transformar a

Educação Física tecnicista, na busca da valorização da educação integral do

aluno. Surgindo como pioneira na década de 80, a Psicomotricidade começou

a romper tais barreiras, estabelecendo a meta de desenvolver o aluno dentro

da sua cultura corporal, conforme Ruffoni e Beltrão (2004),

“Esse enfoque busca desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo das formas de representações do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal que podem ser identificadas como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas”. (p.01)

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A Psicomotricidade tem por característica ser uma ciência que estuda o

corpo em movimento, em suas relações com seu mundo interno e externo.

(Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora, 1987 apud Mello 1989). O judô

infantil baseado nesta concepção não foca apenas o aprendizado de golpes

institucionalizados, a criança desenvolve um grande domínio corporal que não

se diz respeito apenas à parte procedimental deste ato, mas de saber lidar

com a sua agressividade, medo, timidez, estes sentimentos que são internos,

além de desenvolver as funções essenciais na infância como equilíbrio,

lateralidade, coordenação motora global e fina, entre outros.

Ao decorrer desta Revisão de Literatura, iremos correlacionar o judô e a

psicomotricidade como conteúdo das aulas de Educação Física, a fim de

estreitar as possibilidades diversas existentes de metodologias de ensino

eficazes em pról da educação integral do aluno. O Judô na Educação Infantil,

não apresenta apenas benefícios motores, mas o reconhecimento como uma

estratégia motivacional de ensino que contempla as dimensões conceituais,

procedimentais e atitudinais.

O saber empírico nos leva a crer que a Psicomotricidade é uma rica

metodologia que auxilia no desenvolvimento integral da criança e que estudos

acerca dos benefícios que esta prática desportiva agrega aos seus praticantes

serão de grande relevância para um maior entendimento dos profissionais de

educação física, utilizando este recurso nas aulas dentro do contexto

educacional. Este estudo se limitará na base de revisão de literatura de

autores renomados da área, assim como artigos científicos referentes,

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destacando os itens que estão citados na pratica do judô e sua ação educativa

no contexto escolar.

Além disso, a questão investigativa propôs discutir os motivos relatados

para a não inclusão das metodologias ultrapassadas, com caráter tecnicista,

sem reflexão ao ato, desenvolvendo apenas a dimensão procedimental,

enfatizando então a abordagem Psicomotora, pois a Educação Física deve

acompanhar a era moderna, de concepções que visam o desenvolvimento do

aluno como um todo.

O presente estudo se limita a discutir o judô como ferramenta

pedagógica no contexto escolar, no entanto, ficará restrito na revisão de

literatura.

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CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DO JUDÔ

Em meados do século XVII, a arte marcial praticada no Japão era o

jujutsu, que consistia em uma luta de ataque e defesa. Eram utilizavadas

técnicas de chaves de articulações, estrangulamentos, projeções, chutes e

socos em seu repertório de técnicas. Era praticada no chão sem nenhum tipo

de equipamento para a segurança do praticante. Segundo Kano (1822) dizia

que “o propósito original do jujutsu era a prática de um método de combate [...]

a intenção era, principalmente, derrubar e matar o oponente por meio de

golpes em pontos vitais.” (p.18).

Esta arte marcial era praticada essencialmente pelos samurais, uma

casta nobre do Japão feudal. Jigoro Kano era um praticante muito empenhado

desta antiga arte marcial, quando jovem, tinha um porte físico muito franzino e

sofria nas mãos dos meninos que eram maiores, por isso o mesmo teve

interesse em aprender técnicas de defesa. Entretanto, ao longo dos anos que

praticava essa arte, ele percebeu que a luta ia muito além de uma atividade

meramente corporal, encontrou na luta benefícios que auxiliavam na

construção do caráter e de valores morais, como determinação, respeito e

solidariedade, considerando muito mais que um esporte, mas sim um princípio

de vida. Constatou então que deveria criar uma nova arte marcial, diferente

daquela antiga que deu a ele a base das técnicas, no qual o treinamento fosse

além do aspecto físico, pois a mente deveria ser praticada com a mesma

intensidade, porém a mesma estava longe de ser o ideal, ele almejava uma

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luta que pudesse ser uma metodologia de ensino e assim, objetivando o

beneficio mutuo, e que isto deveria ser ensinado ao mundo todo. (Kano,1882).

Depois da Era Meiji (1868-1912), o Japão, que era um país

economicamente atrasado em relação aos países ocidentais, foi obrigado a

abrir suas fronteiras para o comércio internacional, depois da invasão dos

Estados Unidos. A Restauração Meiji foi marcada pela extinção desse sistema

feudal, e a sociedade passou a ser igualitária nos diferentes sistemas de

classe. Por conseguinte, os Samurais foram aos poucos desaparecendo da

sociedade nipônica. Em vez do Jujutsu se aperfeiçoar e ajustar a nova

sociedade modernizada e ocidentalizada que estava surgindo, essa arte foi aos

poucos desaparecendo, e dessa forma, o Jigoro Kano fundou o chamado Judô

Kodokan que ganhou notoriedade e passou a ser reconhecida e praticada por

todos. (KANO, 1822).

Esse grande estudioso do Jujutsu descartou os golpes que botariam

em risco a integridade física dos praticantes e se aprofundou nas técnicas e

teorias, reformulando-as para torná-las aplicáveis à sociedade recém-

modernizada da época. Ele tinha por objetivo mostrar que o judô não era

apenas uma arte marcial, mas também uma ferramenta eficaz no processo de

ensino aprendizagem dos jovens da época, ele era professor e lecionava nas

escolas locais, mais tarde abriu a sua própria instituição educativa e tinha o

judô como matéria obrigatória dentro da sua grade curricular. De acordo com

Ruffoni (2004), o judô é mais que um esporte do físico; ele pretende, também,

ser uma filosofia que valoriza a Inteligência e o culto à verdade.

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A nação japonesa buscava substituir as velhas tradições por novas

filosofias e pensamentos, provavelmente este fato deve-se a influência que a

sociedade nipônica sofreu do ocidente. O Povo buscava iluminação cultural, e

o judô veio com ideias inovadoras de educação e filosofia. (MURATA, 2008).

O Judô então vem como um acréscimo para a sociedade moderna, e

seria um meio de instrução para o aperfeiçoamento físico, moral e mental. O

homem que praticasse o judô usaria esses poderes e ensinamentos para o

bem da sociedade. (KANO, 1822).

Nesta perspectiva, Mesquita (1994), afirma que o judô foi criado com o

objetivo de educar o homem de forma global. Em 1822, o professor Jigoro

Kano, criou o Instituto Kodokan, a primeira academia de judô. Conhecido

também como o pai da educação física no Japão, ele foi o diretor na escola de

treinamento de professores de Tóquio, ele era um educador e seus objetivos

como tal eram desenvolver integralmente o praticante de judô, mental e

fisicamente, trabalhando seus valores éticos e morais.

Mesquita (1994) destaca que Jigoro Kano preocupou-se em manter um

perfil filosófico e comportamental, traçando quatro pilares dos quais o aluno

não poderia abandoná-los, que são respeito, humildade, honestidade e a

lealdade. Essa é a essência do judô, e que a todo o momento, estão inseridas

na sua prática. Os judocas têm como características, a dignidade e o caráter.

Agregam em suas vidas uma filosofia de bem- estar e benefícios mútuos, onde

são empregados o mínimo de esforço. São estes os ensinamentos do

fundador dessa nobre luta.

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Em 1916, o professor Kano falou de forma comovente sobre a

satisfação de ter seguido uma carreira na área da Educação:

“Quando eu era jovem, após me graduar na universidade, pensei em me tornar primeiro-ministro ou milionário, mas achei que nenhuma dessas opções seria satisfatória. Eu concluí que a educação é a única coisa à qual um homem poderia devotar sua vida sem arrependimentos, e assim busquei uma carreira na área da educação.” (p. 120)

Embora o professor Jigoro Kano fosse um homem hodierno, pois criou o

judô como uma metodologia de ensino da educação física, em uma época que

não existiam estudos sobre aulas e métodos, o mesmo preocupava-se como

as aulas afetariam seus alunos, e dizia que a finalidade da educação física é

desenvolver um corpo forte e saudável e a mente deveria ser cultivada de

acordo. Discursava sobre o malefício de reproduzir movimentos mecanizados

sem nenhuma reflexão e que estes não trariam benefícios cognitivamente.

Kano por ter sido o autor de idéias inovadoras, foi reconhecido mundialmente,

e chegou a ser o primeiro asiático a ser nomeado para o Comitê Olímpico

Internacional, mostrando que o judô era muito mais que uma luta de ataque e

defesa, era uma metodologia de ensino da educação física, com seus

princípios que podem ser aplicados a todos os âmbitos da vida.

1.1. Judô no Brasil

A História do judô no Brasil apresenta diversas controvérsias, além de

ter poucos trabalhos publicados sobre essa questão, sendo, portanto difícil

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atestar a veracidade dos fatos. Contudo, o amazonense Rildo Heros (1997)

realizou uma pesquisa minuciosa sendo aprovada pelo Instituto Kodokan.

O referido trabalho constatou que em 1908, o barco Kasato Maru trouxe

uma grande leva de imigrantes japoneses com o propósito de trabalhar

principalmente nas lavouras de café, e o judô foi popularizado também por

eles, que se localizavam, principalmente, em São Paulo.

A prática de judô em terras brasileiras pelos imigrantes nipônicos foi

uma das formas de dar continuidade a sua rica cultura, criando laços com a

sua origem, amenizando assim as saudades do seu país. Registre-se,

entretanto, que alguns desses imigrantes marcaram seu nome na história por

terem tido uma maior atuação no sentindo da divulgação do esporte: Mitsuyo

Maeda, Sanshiro Satake, Laku, Omura e Shimitsu. Eles percorreram diversos

países, porém o mestre Maeda foi o que mais se destacou, sendo reconhecido

pelo Instituto Kodokan como o maior divulgador do judô, sobretudo no

Continente Americano.

Quando o mestre Maeda chegou ao Brasil, percorreu o caminho de

Porto Alegre, onde se exibiu pela primeira vez; depois rumou para o Rio de

Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, São Luiz, Belém (outubro de 1915) e

finalmente em Manaus, no dia 18 de dezembro do mesmo ano. (RUFFONI,

2004).

Esses grandes mestres do judô realizaram várias apresentações com o

intuito de divulgar o judô que continham técnicas de estrangulamento, chaves

de articulações e projeções, além do desafio ao público. O Judô ganhou

notoriedade pelas técnicas que utilizam pouco esforço e conseguiam superar

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os homens providos de mais força, estimulando o aumento do número de

desafiantes, que na época eram em sua maioria, boxeadores.

Em 1917, Conde Koma conheceu o empresário Gastão Gracie, o então

sócio do American Circus, este lugar que serviu de ringue para muitas lutas e

ensinamentos que Koma lecionou aos filhos de Gastão: Hélio e Carlos. Dos

vários alunos que freqüentaram a academia de Koma, restaram apenas à

família Gracie para dar continuidade ao seu trabalho, que progrediu e fundou

novas escolas em algumas capitais e projetou o judô no cenário esportivo

Brasileiro. (VIRGÍLIO, 1986 apud RUFFONI, 2004). Mais tarde, Conde Koma

firmou moradia em Belém do Pará, falecendo aos 63 anos em 1941.

Os registros mostram que o primeiro Campeonato Brasileiro foi realizado

em 1958, e tivemos a nossa primeira participação em um campeonato

internacional, em 1956, realizado em Tóquio.

Inicialmente, não tínhamos nenhum órgão central específico que

promovesse os eventos judoísticos, nosso esporte era apoiado pela

Confederação Brasileira de Pugilismo, hoje esse cenário mudou, contamos

com uma federação para cada estado e a CBJ (Confederação Brasileira de

Judô).

O judô tornou-se esporte olímpico em 1964 em Tóquio, já 1972 foi

incluído como modalidade oficial na olimpíada de Munique. (Lancellotti, 1996

apud Ruffoni, 2004).

Nos dias de hoje, somos reconhecidos mundialmente por nossos

resultados em campeonatos internacionais, o que reflete no judô educacional.

Possuímos uma federação regulamentada dentro de cada estado e uma

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confederação que atua dentro do país, garantindo assim um público fiel que

não se restringe apenas em atletas de alto rendimento que tem por objetivo

uma medalha olímpica. Os praticantes de Judô são dos mais variados,

contamos com um público infantil muito grande que apesar de sermos

conhecidos como o país do futebol e ainda ser o esporte mais praticado pelas

crianças, estamos crescendo dentro do país, pois o judô é reconhecido como

uma grande metodologia de ensino eficaz no processo de ensino

aprendizagem da criança, além dos inúmeros estudos a cerca do Judo Infantil,

o que vem aperfeiçoando os métodos de ensino e capacitando cada vez mais

o professor de Educação Física e Faixa preta em suas aulas. Além dos idosos

e mulheres adultas que praticam o judô para entender mais de sua historia,

filosofia e técnicas de autodefesa.

O judô difere-se dos demais esportes porque está inserido dentro de

uma cultura muito tradicional, e que continua sendo mantida desde 1882, ano

de sua criação. Podemos citar como exemplos, o cumprimento que é

realizado antes e depois das aulas, os golpes em japonês, que já se tornaram

uma linguagem universal e, desta forma, entendida por todos os praticantes do

mundo.

Em suma, esta nobre arte marcial está ao alcance de todos, mostrando

de varias formas para o praticante que a vitória não está somente no ato de

subir no lugar mais alto do pódium, ela é um acontecimento individual, de

superações, conquistas, aprendizagens, de situações que levamos para a

nossa vida, que podem ser das mais variadas e nosso dever é querer passar a

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cultura do judô adiante, neste momento então atingimos o grande objetivo do

fundador que é o fortalecimento espiritual.

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CAPÍTULO II A PSICOMOTRICIDADE

O conceito inicial da Psicomotricidade surgiu contrariando a idéia de

filósofos como Platão, Aristóteles e Descartes que falavam sobre a visão

espiritualizada que defendiam sobre a dualidade do corpo e alma, ou seja,

diziam que são dois elementos individualizados.

No século XIX, o americano chamado Bergson afirmou que o cérebro é

o responsável no envio das mensagens e o corpo em executá-las. Em 1909

surgiu como um método psiquiátrico, aplicado por um médico chamado Dupré,

onde o mesmo analisou que algumas enfermidades não possuíam sintomas

que necessitavam de tratamentos médicos e começou a pesquisar a

paralelismo encontrado entre ações motoras e psíquicas. (CARTAXO, 2011)

Posteriormente, inúmeros pesquisadores passaram a realizar estudos

acerca desse pensamento sobre corpo e mente, reconhecendo que as

mesmas não se dividem, fazendo parte de um único ser e devem ser

trabalhadas em conjunto.

Nos dias de hoje, elevada ao nível de ciência, a Psicomotricidade é

vinculada aos estudos do corpo em movimento e nas relações internas e

externas. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA PSICOMOTORA, 1987

apud Mello, 1989)

Neste estudo, abordaremos com mais ênfase a atuação da

Psicomotricidade na educação, pois os estudiosos como Fonseca (1976),

abordaram o movimento como uma ação inteligível e carregada de emoções,

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não restringindo apenas nos seus aspectos biomecânicos, mas também no

seu sentido educacional.

No Brasil, a Psicomotricidade começa a ganhar uma maior dimensão

depois da década de 80, pois ficou notória a necessidade de modificar a

educação, influenciada por um período histórico pós-ditadura.

A sociedade estava saturada da repreensão dos governos e a idéia de

liberdade, com um âmbito filosófico e sociológico se manifestou de tal forma

que teve um grande predomínio na área da Educação, com o intuito de

modificar este quadro. Segundo Darido (2004) esta concepção de ensino

buscou desvincular a atuação da escola com os pressupostos de uma

instituição desportiva, valorizando o processo de aprendizagem e não um

gesto técnico isolado. Desta forma, aproximando o professor das questões

educativas e tornando-o mais consciente sobre a sua importância na atuação

para com os alunos. Le Boulch (1982) analisou que a Educação Física estava

limitada apenas no aperfeiçoamento da execução de tal gesto e dessa forma

as funções psicomotoras que são essenciais, não eram contempladas nas

aulas, não correspondendo às necessidades de uma educação real do corpo.

A Psicomotricidade não está restrita somente na área da educação

física, podendo ser trabalhadas em todos os âmbitos escolares e educativos, e

por conseqüência de tal fato, não existem conteúdos fixos.

Lapierre (1980) discorre que:

"O corpo, o objeto, ação, pensamento, o outro o eu, percepção, a expressão, o afetivo, racional, real, imaginário estão estritamente ligados nesta idade e somente vão diferenciar-se pouco a pouco, opondo-se uns aos outros; o pensamento é apenas um momento da ação motora, o objeto é ao mesmo tempo real e

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imaginário, o corpo está ainda mal separado do mundo exterior, a expressão só é um prolongamento da ação. É a partir desta globalidade que precisamos trabalhar sem nos preocuparmos em querem delimitá-la arbitrariamente no início com atividades pedagógicas catalogadas." (p.04)

A criança deve ter a liberdade de se expressar, sem ser

coagida por um adulto, pois o movimento gera um significado de ensinamento

e a torna criativa. Dando-lhe certa autonomia sobre os seus próprios atos, não

a limitando em apenas um conteúdo, uma forma de expressão. Contudo, deve-

se trabalhar a educação física em sua totalidade e dando a criança um leque

de variedades em experiências enriquecedoras é nessa fase que construímos

a nossa personalidade, que está intimamente correlacionada aos

conhecimentos adquiridos por meio da vivência na infância. Se tivermos tido

uma experiência negativa em um esporte, provavelmente, na vida adulta,

teremos um grande receio, medo, não teremos a habilidade necessária para

agir dentro do jogo e sentiremos vergonha em realizar tal atividade, sendo

assim, afastando-se da prática desportiva.

Neste panorama, Piaget (1983), discorre sobre a importância de a

criança conviver em um grupo, e que a interação social permite o

desenvolvimento afetivo e cognitivo. Além disso, outra característica dessa

abordagem defende que a criança não deve reproduzir movimentos que o

professor demonstra nas aulas, pois dessa forma o processo de criação foi

substituído pela reprodução.

Segundo Piaget apud Mello (1989):

“A cada momento que alguém ensina prematuramente a uma criança algo que ela poderia descobrir por conta própria, essa criança estará perdendo a oportunidade de exercer sua

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criatividade e de compreender totalmente o que foi ensinado”. (p.83).

Em contrapartida, a imitação desenvolve o poder de interpretação

daquilo que está sendo mostrada a criança. Ela reproduzirá a informação de

acordo com a sua personalidade e contexto cultural que estiver inserida.

Outro fator importante diz respeito aos mecanismos de regulação entre

o sujeito e o meio, definidos dessa forma por Piaget. Segundo o autor a

criança passa por um processo para se adaptar as informações

desconhecidas. Em um primeiro momento, a criança passa pela fase de

assimilação, incorporando as novas situações, dessa forma, encontrando

estratégias para facilitar a aprendizagem de situações diferentes, logo após a

este; temos o processo de acomodação que consiste nas mudanças de nossas

estruturas para incorporar as informações recentes.

Esta abordagem pedagógica vem ganhando notoriedade no que diz

respeito á prática pedagógica, onde esta não se restringe apenas a Educação

Física. Sabemos que nossa área de ensino passou por constantes

modificações, ponto positivo para a evolução e valorização da Educação Física

dentro do currículo escolar. Nos dias de hoje possuímos uma gama de

abordagens e estilos de ensino com o intuito de modificar o quadro antigo que

tínhamos nas aulas, que eram vistas com um treinamento, objetivando apenas

o rendimento técnico.

2.1. Objetivos da Psicomotricidade

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A Abordagem Psicomotora foi a primeira que surgiu com o propósito de

não limitar os objetivos da Educação Física, que eram pautados apenas ao

tecnicismo. Desse modo, surgiram ideias relacionadas a desenvolver também

os aspectos cognitivos, afetivos, além do motor. Esse discurso influenciou a

prática pedagógica e professores, que passaram a ter responsabilidades

escolares. A visão limitada de realizar um ato motor sem reflexão do

movimento, que não trazia nenhum significado e poucas atribuições ao aluno

foram sendo substituídas por um discurso de desenvolvimento integral. Esta

abordagem é caracterizada por não ter conteúdos específicos, podendo ser

trabalhada em qualquer disciplina, ou seja, a Educação Física poderia ajudar

na assimilação de outras matérias do currículo escolar.

A Psicomotricidade surgiu com o propósito de romper a educação física

tecnicista e biologizante. Nessa perspectiva, a abordagem tem como objetivo a

formação integral do aluno, ou seja, o desenvolvimento das funções motoras,

afetivas e cognitivas, desenvolvendo as mesmas através de atividades lúdicas,

onde a criança deverá atuar de forma atuante na descoberta do movimento. Ao

longo do estudo, iremos abordar esses objetivos com a prática desportiva do

judô na educação infantil.

O autor elaborou a divisão dos estágios de desenvolvimento, facilitando

na escolha de conteúdos, e na definição de objetivos, aumentando-se o grau

de complexidade a partir do seu grau de desenvolvimento. E a partir de uma

revisão de literatura, chegou-se a uma classificação das funções psicomotoras

que devem ser desenvolvidas na infância, que são: esquema corporal, tônus

da postura, dissociação de movimentos, coordenações globais, motricidade

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fina, organização espacial e temporal, ritmo, lateralidade, equilíbrio e

relaxamento. (Mello, 1989). Perante a essa classificação, podemos estipular os

objetivos de modo que as funções psicomotoras sejam desenvolvidas.

2.2. Áreas de Atuação

A Psicomotricidade é uma ciência está vinculada em varias áreas de

atuação que são: Estimulação, Educação, Reeducação e Terapia.

2.2.1. Estimulação

Nesta área de atuação chamada Estimulação é destinada aos bebês de

0 á 2 anos cujo objetivo é que a criança comece entrar em contato com o

mundo e compreender as coisas ao seu redor através das experiências que lhe

são ricas em um sentido positivo. Tais vivências devem ser estimuladas e não

impostas, pois a descoberta por si mesma, é que lhe vai gerar o aprendizado.

De forma empírica, podemos constatar como exemplo, uma criança que

está aprendendo a andar, não deve ser forçada fisicamente como uma grande

parte de profissionais da educação e até mesmo os pais com sua ansiedade

de vê-lo se desenvolver, acabam fazendo com a criança e assim a mesma

pula etapas essenciais no seu processo de desenvolvimento, como o ato de se

rastejar e engatinhar, que lhe garantem a aprendizagem do seu próprio

equilíbrio, desenvolvendo seu esquema corporal e garantindo as noções

espaciais, assim então, o bebe vai adquirindo aos poucos um domínio do seu

controle corporal e mais tarde, movimentos voluntários e coordenados.

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Segundo Belém (2011):

“Neste período, a criança relaciona-se com o mundo por meio dos sentidos e da ação, podendo, pouco a pouco, formar relações com o objeto, o espaço e o outro. Ao longo dessa evolução, a criança se dá conta do resultado de suas ações, desenvolvendo a intencionalidade em seus movimentos.” (p.119)

Este período é chamado por Piaget de sensório-motor, sendo a fase

onde tem por característica as crianças apresentarem movimentos reflexos e

seu término é demarcado pelas representações internas.

2.2.2. Educação

A área da Educação é muito visionada dentro da Psicomotricidade, pois

é conhecida dentro da área da educação física escolar como uma abordagem

educacional, dirigida as crianças principalmente da educação infantil com a

finalidade de desenvolver funções que serão essenciais para um crescimento

saudável, atuando como base para as atitudes adaptativas dentro do meio e

ferramenta eficaz no processo de ensino-aprendizagem. Seus principais

pesquisadores são Le Boulch (1982) e Piaget (1983), pois o primeiro em suas

obras fazia críticas a Educação Física na época onde eram realizados

exercícios físicos intensos e mecanizados com pouco valor educativo e

alertava aos perigos de uma especialização esportiva precoce aonde poderiam

gerar graves problemas de personalidade. (Mello, 1989).

Entretanto, Piaget em seus estudos, falava sobre a importância do jogo.

Discorria sobre o desenvolvimento das valências físicas e psicomotoras dentro

da aula, das atitudes que devem ser tomadas quando está em situação de

jogo, individual ou coletivo, dos benefícios ao aspecto cognitivo que a criança

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desenvolve ao ouvir, compreender e executar regras, tudo isso por meio de um

ato: o brincar. Apesar de este autor ser conhecido pelo seu aspecto

biologizante, pois o mesmo acreditava que os indivíduos vão formando

pensamentos e estruturas a partir do seu processo maturacional, onde dividiu

em fases para identificar os estágios de desenvolvimento cognitivo do ser

humano que está correlacionado também com o motor e afetivo, ele

influenciou através dos seus estudos de forma enfática, nas mudanças

metodológicas das aulas na Educação Infantil e que a mesma é essencial em

seu crescimento e desenvolvimento. Em suma, esses dois autores

corroboraram para a aplicação da Psicomotricidade nas instituições educativas

com a finalidade de propor experiências prazerosas e lúdicas estimulando

ampliar o vivido corporal. De acordo com Mello (1989) “enfatiza que a falta de

adequada estimulação no decorrer da infância pode produzir inúmeras

perturbações psicomotoras.” (p.36). A Educação Psicomotora então é uma

abordagem educacional que auxilia na educação integral do aluno

2.2.3. Reeducação

Este campo de atuação psicomotora é direcionado aos grupos de

pessoas que por motivos que podem ser variados como: distúrbios

psicomotores, debilidade motora, doenças neurológicas, deficiências mentais,

ou psicológicas, entre outros, precisam então ser estimulados de forma correta

em clínicas especializadas a fim de atenuar os sintomas melhorando sua

qualidade de vida.

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2.2.4. Terapia

Para Mello (1989), “o terapeuta deve engajar-se no brincar da criança,

através do diálogo corporal e de uma vivencia emocional e afetiva.” (p. 35).

Envolve um trabalho de ordem emocional, onde é muito importante o

psicomotricista estabelecer uma relação de confiança e afeto com o indivíduo

que está se submetendo ao tratamento. Esta área não é somente direcionada

apenas as crianças, um grupo que vem realizando sessões de terapia

psicomotora e garantindo bons resultados são os idosos que passam por

diversos problemas de ordem emocional ao chegar a certa idade onde para

muitos, a vida acabou e nem sempre os sonhos e metas foram concretizados,

além de lidar com a solidão, com poucas atividades durante o dia, doenças e

diversos problemas. Na prática, os exercícios e objetivos são basicamente os

mesmos, contudo são enfatizados jogos que almejavam o desenvolvimento as

relações intrapessoais e interpessoais.

2.3 Psicomotricidade: Relacional E Funcional

2.3.1. Relacional

A Psicomotricidade fundamentada na questão relacional tem como base

auxiliar na construção de valores necessários as questões cotidianas,

pautando o trabalho na transformação social, canalizando ações, efetivando

seus sonhos e seus direitos. (Vieira, 2011)

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O Psicomotricista deve então prezar as manifestações sócio-afetivas do

seu aluno, tendo um enfoque do desenvolvimento e entendimento dos valores

morais, permitindo que o aluno se expresse e supere conflitos internos,

potencializando o seu desenvolvimento global.

O trabalho desenvolvido na psicomotricidade relacional com enfoque na

Comunicação deve-se potencializar seu aluno em descobrir novas formas de

se comunicar de forma criativa, ampliando os seus conhecimentos e

desenvolvendo na relação consigo mesmo e com o outro. Entretanto o trabalho

no enfoque da Expressão, é o momento que a criança brinca, imita, dança e

apropria-se do repertório da cultura corporal do qual faz parte, fortificando-se

como indivíduo ao mesmo tempo em que afirma a sua existência enquanto ser

social. (Toledo, 2011).

Durante uma aula de Expressão Corporal, podemos analisar a interação

dos corpos com o meio e com o outro, revelando sentimentos como

agressividade, afetividade, corporeidade, limite entre outros, possibilitando a

sua capacidade de comunicar-se e de atuar sobre o meio, tornando o seu

aluno em um ser ativo na sociedade, capaz de se expressar e se impor sobre

tudo que o cerca. Analisando os sentimentos que são transpassados durante a

expressão corporal, estudaremos então a afetividade e agressividade.

A primeira acontece na medida em que são estabelecidas relações

entre os seres, e dentro do meio escolar é primordial que sejam relações

positivas, pois estas serão de extrema importância no desenvolvimento das

funções intelectuais do indivíduo. (Piaget, 1986). Todavia, a agressividade está

presente em todos, e são expressas em situações em que seu desejo não foi

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concretizado, em situações de ciúme, raiva, entre outros. Contudo, cabe ao

professor saber canalizar esses sentimento do aluno e fazer com que o mesmo

reconheça essa sensação e se desenvolva com ela, nunca reprimindo o aluno,

mas fazendo com que o mesmo saiba se controlar e respeitar as pessoas e o

mundo em que está inserido.

Identificamos ao longo deste capítulo os sentimentos que são exaltados

nas aulas de psicomotricidade relacional no momento de expressão e

comunicação corporal. Todavia, é importante o estudo e a prática do Limite

para o aluno. É necessário que o mesmo compreenda seus direitos, que

comunique suas vontades, mas a aceitação das regras deve ser trabalhada

para a compreensão e desenvolvimento do aluno. E por meio das regras, o

aluno aprende a se organizar, a respeitar o próximo, a trabalhar em grupo e

por fim, a conviver em sociedade. (Alves, 2003). Por fim, a corporeidade é a

ação corporal, é tudo que o indivíduo utiliza corporalmente interagindo com o

mundo e a partir desta constatação, falaremos a seguir das funções

psicomotoras que são desenvolvidas no trabalho da psicomotricidade na

Educação Infantil.

2.3.3. Funcional

A partir de uma revisão da literatura, analisaremos as principais funções

psicomotoras que são desenvolvidas nas aulas para educação infantil com

intuito educacional. São elas: Esquema corporal, tônus da postura, dissociação

de movimentos, motricidade ampla, motricidade fina, organização espacial e

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temporal, ritmo, lateralidade, equilíbrio e por fim, relaxamento. Há uma gama

de funções a serem trabalhadas dentro da área da psicomotricidade,

entretanto, nesse estudo iremos nos limitar apenas a essas dez para enfocar o

trabalho educacional relacionado ao judô.

O esquema corporal envolve uma percepção e controle do próprio corpo

através da interiorização das sensações, conhecendo e diferenciando como

um todo em seus diferentes segmentos corporais. (Cartaxo, 2011). Conclui-se

então que a criança alcança o ápice dessa função quando compreende a

imagem e conceito do corpo e suas partes. O Tônus da postura então é a

função desenvolvida na criança para que a mesma possua o próprio controle

corporal em posições diversas, garantindo as posturas necessárias para as

atividades humanas do cotidiano. Segundo Le Boulch (1982) apud Mello

(1989), é uma atividade primitiva e permanente do músculo.

A dissociação de movimentos é a capacidade de individualizar os

segmentos corporais durante a execução motor de um ou mais gesto

intencionais. (Cartaxo, 2011). Essa função destaca de forma mais enfática a

independência dos segmentos corporais já estruturados e a junção destes de

forma mais rítmica e sincronizada para a ação de uma determinada tarefa.

A motricidade ampla então se faz necessária na aprendizagem de

movimentos mais complexos, pois exige o trabalho de diversos músculos e a

conscientização da função de cada um para conseguir organizar e executar

determinada tarefa. É definida como uma ação simultânea de grupos

musculares diferentes, envolvendo o trabalho principalmente de membros

inferiores, superiores e do tronco. (Mello, 1989)

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A motricidade Fina logo é a função que trabalha de forma ordenada os

pequenos músculos, exigindo maior perfeição de movimentos. Nela integra

todos os parâmetros em um nível mais complexo e diferenciado,

compreendendo a micromotricidade e a perícia manual. (Cartaxo, 2011).

A organização espacial e temporal segundo Mello (1989), “solicita a

associação de espaço e tempo conjuntamente, no desencadeamento de ações

num determinado espaço físico e numa sequencia temporal. (p.38)”.

Entretanto, a organização espacial é a capacidade de a criança conseguir se

orientar em relação ao espaço físico, objetos e de pessoas ao seu redor. Logo

na organização temporal, a criança compreende a relação do tempo que a

mesma leva para executar determinadas tarefas, em sucessões de

acontecimentos e intervalos fundamentais para o desenvolvimento dessa

função.

O ritmo que por muitas vezes é renegado nas aulas de educação física

com a justificativa que apenas com a dança essa função pode ser

desenvolvida, podemos explicá-la tendo uma relação com a organização

temporal, pois ela se caracteriza por ter uma ordem específica e sincronizada.

A lateralidade é a função responsável na vivencia dos lados direito e

esquerdo. De acordo com Fonseca (1995) apud Cartaxo (2011):

“A lateralidade como resultado da integração bilateral postural do corpo é peculiar no ser humano e está implicitamente relacionada com a evolução e utilização dos instrumentos, isto é, com integrações sensoriais complexas e com aquisições motoras unilaterais muito especializadas, dinâmicas e de origem social.” (p.91).

Sabe-se que na educação tradicionalista e mecanicista, o lado

esquerdo era proibido, forçando então a criança usar apenas o lado direito e

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gerando perturbações psicomotoras de lateralidade. Todavia, na educação de

hoje, é de extrema importância trabalhar ambos os lados, respeitando a

predominância da criança, contudo não se atendendo apenas a ela.

No que concerne o equilíbrio, que é a capacidade de se manter sobre

uma base reduzida de apoio para a sustentação do corpo. Essa função é a que

nos difere de outros animais, pois com ela conquistamos a postura bípede e

nos permite nos locomover em dois apoios. O equilíbrio é a função que vai

sendo mais desenvolvida na primeira infância, fase do sensório-motor ( 0 á 2

anos). (Piaget, 1986). A criança nessa fase vai tentando se equilibrar

almejando o equilíbrio para alcançar a marcha, facilitando a sua locomoção.

Por fim, o relaxamento é o fenômeno neuromuscular resultante de uma

redução de tensão da musculatura esquelética. (Mello, 1989)

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CAPÍTULO III

JUDÔ E PSICOMOTRICIDADE NA ESCOLA

De acordo com a discussão exposta sobre as perspectivas da Educação

Física baseada em uma metodologia de ensino voltada a educação integral do

aluno, torna-se necessário realizar uma ponte da pratica desportiva do judô e a

Psicomotricidade, além de fazer um paralelo com os Parâmetros Curriculares

Nacionais, onde dentro desse contêm as lutas como subsídio ao trabalho do

professor, oferecendo aos alunos características essenciais, que são únicas da

luta, proporcionando um melhor desenvolvimento na prática educativa do

aluno. Além de combater o tédio e sair da mesmice de ministrar aulas voltadas

apenas ao famoso “quadrado mágico” basquete, futsal, vôlei e handebol. As

aulas de Educação Física devem oferecer o máximo de experiências únicas e

diferentes entre si, proporcionando uma diversidade de movimentos, conceitos

e atitudes na vida do aluno.

Entende-se que o fato do conteúdo luta não ser incluído na prática

educativa do professor, é justificado na falta de experiência e entendimento da

maior parte dos educadores. Outro fato importante relaciona-se a

compreensão sobre lutas do senso comum que por muitas vezes é

correlacionada como geradores de violência. (NASCIMENTO & ALMEIDA,

2007).

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Em contrapartida, a tematização e pratica das lutas no contexto

educacional, não está ligada ao refinamento técnico e a busca de resultados.

As aulas são voltadas para a cultura corporal do movimento, ou seja, para o

entendimento de uma cultura que não faz parte do seu cotidiano, para a

valorização dos benefícios morais e éticos e também na sua prática que é

muito enriquecedora no aspecto motor do educando.

Segundo os PCN’S (1998):

“As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê”. (p.179)

Esta definição nos orienta e esclarece o conteúdo da luta, porém esta

monografia se detém apenas à prática desportiva do judô dentro do contexto

escolar. Fazendo uma relação com as dimensões dos conteúdos e a prática

desportiva do judô na prática educacional, podemos apresentá-las quanto as

suas possibilidades de utilização nas aulas de Educação Física desenvolvendo

as dimensões conceituais, atitudinais e por fim, procedimentais.

3.1 Judô na Dimensão Conceitual

Conforme os PCN’s (1998), a Educação Física não deve dar ênfase na

aptidão física e no rendimento padronizado. A prática educativa deve ser

abrangente, contemplando todas as dimensões envolvidas em cada vivência

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corporal, garantindo aos alunos os conhecimentos práticos e conceituais.

Segundo Junior e Silva (2010), os conceitos que devem ser entendidos pelos

educandos são: elaborar estratégias, construir e apropriar-se das regras de

funcionamento, avaliar, decidir, observar, reconhecer, comparar.

De acordo, Ruffoni (2004), a educação contemporânea é fundamental

para preparar o aluno não só no gesto esportivo, mas também a participação e

estimulação dos alunos em torno do conteúdo numa perspectiva crítica,

reflexiva, autônoma e participativa. Objetivando a formação de agentes

transformadores na sociedade.

Conclui-se a importância de contextualizar a prática esportiva dentro das

aulas para que a educação desenvolva de forma integral, correlacionando as

três dimensões e estabelecendo a meta de formas cidadãos atuantes e

reflexivos, não meros reprodutores de opiniões obtidas no senso comum.

No que concerne à dimensão conceitual, o judô é um esporte que

possui uma historicidade muito rica e que surgiu mediante a invasão dos

Estados Unidos no Japão, no período da Era Meiji. Esta compreensão pode

ser discutida e entendida pelos alunos, para que os mesmos analisem o fato

histórico da exploração de países sobre outros, impondo seus aspectos

culturais.

O entendimento por parte dos alunos sobre o aspecto cultural do judô

que advêm de uma cultura nipônica, regrada, de pessoas que valorizam muito

o respeito, a ética e a disciplina. Em virtude destas afirmativas, podemos

compreender algumas cerimônias do judô, tais como o cumprimento antes e

depois da luta, sinal de respeito ao oponente. Esses traços culturais devem ser

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entendidos pelos alunos para que os mesmos possam chegar á uma

conclusão e que utilizem em seu cotidiano, adaptando ao seu meio de

convívio.

Outro fator importante são as capacidades cognitivas a serem

desenvolvidas na luta de judô, pois a estratégia e tática são utilizadas para

poder desequilibrar seu oponente, sendo que a força nem sempre prevalece.

(Carreiro, 2005)

Nesta perspectiva, o aluno entende a técnica e sua utilização para o seu

benefício. Sabe-se que ao empurrar o oponente com força e de forma

constante, o mesmo estará vulnerável a ser projetado ao chão, pois seu

equilíbrio estará comprometido e a energia gasta em um único movimento será

utilizada pelo oponente. As técnicas devem ser compreendidas e não

decoradas, dessa forma a aprendizagem do judô terá sido integral para o

aluno.

Outro fator importante, diz respeito ao sentido que o judô possui em

nossa sociedade contemporânea. É relevante lembrar que este esporte

olímpico trouxe muitas medalhas para o nosso país, sendo assim, sua procura

para ser praticado aumentou, gerando um maior apelo da população. O debate

sobre como a mídia apresenta o judô deve ser um momento muito rico, onde o

aluno irá expor sua própria opinião, sem ser influenciado pelos canais de

comunicação, que trazem uma informação como certeza absoluta, gerando um

entendimento único, caindo no senso comum.

De acordo com Mesquita (1994)

“O Judô pode ser trabalhado com toda a sua riqueza de fundamentos educacionais e filosóficos que Jigoro Kano

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idealizou desde que o professor saiba adaptá-los aos padrões culturais de quem o pratica.” (p.01)

Nesta perspectiva, a apresentação e debate de um tema novo e

bastante polêmico se fazem necessário dentro de nossa prática educativa, pois

o mesmo gerou diversas opiniões, tanto prós como contras, que são as novas

regras do judô.

A Educação Física é entendida e ministrada de acordo com os

parâmetros, sendo adaptada por cada região. Essa afirmativa deve ser

debatida com os alunos, pois as novas regras se opõem á cultura corporal do

movimento, todavia, uma determinado local poderá favorecer em manter as

tradições e o judô kodokan continue sendo uma cultura dominante e única.

Afinal as atividades corporais são uma forma de expressar sentimentos e

emoções, e impor um rigor técnico será um meio de dominar e submeter

outras culturas a uma.

Nesta concepção, a lógica não favorece a mudança das técnicas

reformuladas por nosso Shihan Jigoro Kano, mas que o Judô Kihon seja

assimilado e familiarizado por cada criança, encontrando assim mais facilidade

na execução e adaptando os golpes de acordo com o seu biotipo e limites,

tornando-se único e criativo. (DELIBERADOR, 1996).

Os PCN’S (1998), afirmam que:

“A prática da Educação Física na escola poderá favorecer a autonomia dos alunos para monitorar as próprias atividades, regulando o esforço, traçando metas, conhecendo as potencialidades e limitações e sabendo distinguir situações de trabalho corporal que podem ser prejudiciais.” (p.175)

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Esta afirmativa evidencia os objetivos conceituais que podem compor

uma aula, onde os alunos não são meros ouvintes, e sim são participantes

ativos que devem expressar opiniões. Estamos vivenciando este período

educacional, onde a aprendizagem se torna verdadeira a partir da discussão e

participação de todos.

3.2 Judô na Dimensão Atitudinal

Dentro do contexto cultural e filosófico que o judô se insere, a dimensão

atitudinal é bastante relevante no sentido que apenas a educação moral irá

tornar uma criança em um verdadeiro ser humano e cidadão. Para Junior e

Santos (2010), os principais objetivos atitudinais a serem trabalhados com os

alunos são: dominar as suas emoções, canalizar a sua agressividade, respeitar

as regras, aceitar a derrota, respeitar o outro.

Kano (1938) defendia que a Educação Moral deve ser inserida no

aspecto do conhecimento, e que dessa forma, a pessoa distinguiria o certo do

errado intelectualmente. Nessa perspectiva, o aluno deve ser levado a

entender os motivos de não agir de forma errada, como falta de ética, respeito,

moralidade, compromisso, dentre outros aspectos, pois se esses

ensinamentos não forem contextualizados, a criança não perceberá os motivos

para agir de forma correta.

Em outro sentido, a Educação Moral também pode ser estabelecida no

aspecto das emoções, do qual a criança deverá ser educada para fazer o bem

e rejeitar qualquer atividade em que irá prejudicar á si mesmo ou á alguém,

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além de lidar com as emoções e obstáculos que qualquer pessoa irá passar,

sabendo confrontar as barreiras oferecidas e desse modo fortalecendo o

espírito e vivenciando de todas as formas o verdadeiro sentido do judô. Para

Kano (1938) o aprimoramento do caráter, o treinamento do intelecto e a

aplicação da teoria da luta nos aspectos da vida, são as três áreas trabalhadas

dentro do Judô Educativo.

De acordo com Rodrigues e Darido (2006).

“Em boa parte da história da Educação Física escolar os professores atribuíram maior valorização à dimensão procedimental dos conteúdos, sendo a dimensão conceitual e atitudinal, relegada ao acaso ou permanecendo no currículo oculto.” (p.01)

Na prática educativa, tais valores têm sido muitos valorizados pelos pais

e professores, pois a necessidade de uma educação moral para as crianças é

essencial para que o aluno se desenvolva com um todo e pratique o espírito de

unidade na sociedade.

Gama e Silva (1999) relatam que esta pratica desportiva confere um

sentido de grupo e pertencimento a um conjunto, originado os traços da

identidade apoiados na expressão técnica e nos códigos de comportamento

social preconizados por Jigoro Kano. O Judô é reconhecido por praticar e

valorizar aspectos éticos e morais, tanto em seus ensinamentos filosóficos

pregados por Jigoro Kano, tanto na própria execução procedimental, na qual o

primeiro ensinamento consiste em primeiro aprender a cair para depois

executar qualquer golpe.

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Nesse ponto de vista, o aluno aprende a humildade e a começar sempre

de baixo para depois almejar algo maior, proporcionando-nos um quadro real

da vida de qualquer ser humano.

De acordo com Ruffoni( 2004), o Judô é um princípio filosófico que se

aplica em todas as fases da vida humana, como os desafios, combates e

contratempos nas suas atividades, quer sejam esportivas, sociais ou

profissionais. As metas são alcançadas por pessoas que utilizam a humildade

no cotidiano e cada etapa das nossas vidas devem ser conquistadas para que

sonhos maiores possam ser realizados.

Para compreender e contribuir com a importância de desenvolver o

aluno na dimensão atitudinal dentro das aulas de judô, alguns ensinamentos

que Jigoro Kano pregava aos seus alunos serão citados.

“Quem teme perder já está vencido” “Á única vitória que perdura é a conquista sobre a própria ignorância” “Quando verificares com tristeza que não sabes nada, terás feito seu primeiro progresso no aprendizado” “Somente se aproxima da vitória quem procura com constância, sabedoria e sobretudo humildade” “Nunca se orgulhe de ter vencido um adversário, ao que venceste hoje, poderá derrotar-te amanha.” (http://www.judodaunicamp.hpg.com.br/frases.html) Acessado em: 03/07/2012

Esses valores não devem ser efetivados apenas na prática desportiva

do judô, os ensinamentos devem ser abordados em todos os conteúdos da

educação física e nos diversos setores da escola, dessa forma serão utilizados

pelos alunos em suas vidas.

Outro aspecto marcante consiste nas sensações causadas dentro do

esporte como um todo. A prática de qualquer gesto esportivo disponibiliza ao

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educando situações em que o mesmo vivenciará a falta de confiança, o medo,

ansiedade, nervosismo, ou até o orgulho exacerbado. Esses sentimentos

constantemente são sofridos por todos quer seja dentro da escola, no trabalho,

na rua, porém dentro da prática desportiva, estes ficam mais em evidência,

cabe ao professor debater e trabalhar dentro da aula esses pontos que

constituem a personalidade de criança e fará parte de suas vidas.

Núcleo Curricular Básico do Rio de Janeiro (1998) comprova que o

professor de educação física intervém na formação de seus alunos para ajudá-

los a tornarem-se cidadãos críticos, reflexivos, atuantes e autônomos. E que

experimentar a dor da derrota, alegria da vitória, superar seus limites e

respeitar regras, são sensações que fazem parte da vida humana, e que

dentro da aula emergem de uma maneira clara e forte, sendo assim, um

preparo para a vida adulta e a superação de obstáculos que cada criança terá

de enfrentar.

A aula de Educação Física torna-se então um momento muito rico para

fins educativos, lidar com a derrota e a vitória, saber trabalhar em equipe e

ajudar uns aos outros e dessa forma o Judô estará sendo praticado no

sentindo de aprimoramento do espírito e sendo efetivado com um todo.

Até o começo do século XX a sociedade acreditava que as crianças

raciocinavam e pensavam como adultos, que a diferença era de que, os

adultos possuíam uma maior capacidade mental e física, contudo os processos

cognitivos continuavam sendo os mesmos. Piaget (1980) observou e estudou,

chegando a conclusão que as crianças não são adultas em miniatura. A

criança não possui ainda a maturidade física, psicológica para ser um atleta.

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Com referência á competição infantil realizada na prática desportiva e

também dentro da escola, que deveriam ter um âmbito educacional. Porém o

sentido é permutado pela conquista de uma medalha, e para isto todo o

esforço de uma criança se faz necessário, havendo então uma cobrança

exacerbada de pais e professores, levando o educando a um stress tanto físico

como emocional.

Malina e Bouchard apud Cazzeto (2006) afirmam que o abandono por

parte dos jovens vem crescendo à medida que o nível de competição torna-se

mais difícil e se faz necessária ter uma maior habilidade, o esporte então se

torna exclusivo e seletivo.

Um educador que seguem teorias ultrapassadas, objetivando apenas o

rendimento técnico, acaba realizando treinos com níveis elevados que estão

além das capacidades emocionais do educando, provocando uma atitude

negativa para a competição, fazendo com que, muitos jovens abandonem o

esporte por não suportarem o desgaste, desmotivando-os a dar continuidade

em sua prática desportiva.

Para Ruffoni (2002) os professores devem buscar alternativas para

minimizar tais cobranças, e tornar a competição em um espaço de

experiências positivas no esporte, tornando-os grandes homens. Defende

também o sistema de rodízio, onde a criança poderá lutar pelo menos duas

vezes. A competição infantil não deve ser excludente, e sim motivadora e

educativa para a criança. Esse tema poderá ser mais desenvolvido em

trabalhos científicos que abordem a prática desportiva, pois tem como objetivo

expor o judô no contexto educacional.

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3.3 Judô na Dimensão Procedimental e sua relação com as Funções

Psicomotoras

A aula de Educação Física geralmente é um momento esperado pelos

alunos, pois ocupam um espaço diferente da sala de aula, permitindo uma

maior expressão corporal tornando as atividades educativas mais dinâmicas e

lúdicas.

Cabe ao professor aproveitar esse interesse e tornar a prática educativa

um momento valioso de aprendizagem e prazer ao educando. Corridas em

volta da quadra e jogos de bola sem orientação e objetivo, estão de contra a

nova ideologia que permeiam a prática educativa da educação física.

(NÚCLEO CURRICULAR BÁSICO,1998).

Com relação à revisão de literatura apresentada, torna-se possível à

compreensão e necessidade das aulas serem repensadas com o intuito de

valorizar e desenvolver o aluno na cultura corporal do movimento. Nos

Parâmetros Curriculares Nacionais é apresentado um leque de opções em

conteúdos a serem ministrados nas aulas. “Junior e Santos (2010) relatam que

os aspectos atitudinais que devem ser desenvolvidos são: “assegurar um bom

desenvolvimento da postura e base, controle do equilíbrio, coordenação dos

movimentos, tirar, empurrar, apreender, levar, tocar, arrastar, evitar, levantar,

imobilizar, voltar”.

Rodrigues e Darido (2006) esclarecem que existe um distanciamento

entre a produção acadêmica e a dificuldade apresentada pelos professores de

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Educação Física Escolar em desenvolver novas propostas que superem o

modelo tradicional de ensino.

Os educadores não devem ser deter apenas na prática desportiva

objetivando o adestramento técnico sem reflexão ao movimento. Vale ressaltar

que este trabalho científico se restringe ao estudo da influencia da prática

psicomotora do judô para crianças.

As lutas, especificamente o judô, propiciam ao aluno valores filosóficos

e culturais, possui movimentos complexos que aumentam o repertório motor

do aluno, além de desenvolver valências físicas e funções psicomotoras,

sendo uma prática dinâmica e lúdica, um conteúdo rico a ser utilizado na

prática educativa. Junior e Santos (2010) esclarecem que “Partindo deste

pressuposto, as lutas devem ser inseridas no contexto escolar, pois propicia

além do trabalho corporal, a aquisição de valores e princípios essenciais para a

formação do ser humano em um aspecto mais ampliado.”

No que concerne à prática propriamente dita do judô e de acordo com

as novas concepções da educação física, a repetição estereotipada de um

movimento não supre a real necessidade das aulas numa perspectiva da

cultura corporal do movimento.

Com base na afirmativa de Piaget apud Lipsitt e Reese apud Mello

(1989), se a criança aprende algo prematuramente podendo ter sido

descoberta por ela mesma, acaba perdendo uma oportunidade de exercer a

sua criatividade e de compreender o que foi ensinado.

O primeiro aprendizado do aluno deverá ser em como cair ao solo, sem

se machucar. Para isto, o professor poderá propor jogos e brincadeiras onde

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as crianças deverão cair no tatame, vivenciando essa experiência sem copiar

uma técnica, experimentando movimentos, introduzindo-o na própria

descoberta, realizando da forma que se sinta melhor.

Além disso, o professor poderá propor os rolos para frente, conhecidos

popularmente como cambalhotas, que irão ajudar neste processo de

descoberta de um novo movimento, ministrados em uma progressão

pedagógica e respeitando as características individuais do aluno. Esses rolos

podem ser abordados de uma forma bem lúdica priorizando o prazer e a

coordenação motora ampla, permitindo assim, uma maior facilidade futura em

aprender movimentos mais complexos. Podem ser executados individualmente

pelo aluno (Figura 1), proporcionando o erro e acerto, superando seus próprios

limites e encontrando estratégias para melhorar a execução, ou a mesma

atividade poderá ser feita junto ao educador, realizando movimentos

acrobáticos, dessa forma, perdendo o medo de cair.

Conforme o educando for se familiarizando com o ato de cair, o

professor poderá ensinar os educativos de queda, instituído por Jigoro Kano,

que são Ushiro Ukemi, Mae Ukemi, Yoko Ukemi e por último Zempo Kaiten

Ukemi.

Nas aulas de judô é possível ministrar diversos jogos psicomotores com

a finalidade de facilitar a aprendizagem de técnicas bem como estimular as

funções psicomotoras essenciais do aluno contribuindo nesse processo

educativo. Podemos exemplificar com exercícios de equilíbrio dinâmico e

estático, pois são brincadeiras que auxiliam no desenvolvimento desta função

que é muito importante na prática do judô, já que devemos ter um grande

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controle do nosso centro de gravidade para que dificulte o adversário na

projeção. Outro fator importante é o tônus muscular, desenvolvido o tempo

todo nas aulas de judô, pois devemos ter um controle postural para não perder

o equilíbrio e contextualizar que uma má postura onde há uma curvatura da

coluna, além de ser prejudicial para nossa saúde, é uma posição defensiva e

errônea.

Um terceiro aspecto marcante é em relação ao esquema corporal

desenvolvido nas aulas de judô, já que os golpes são alavancas humanas e

divididas por: Te waza (técnicas de braço); Ashi Waza (Técnicas de perna);

Koshi waza (técnicas de quadril) e por fim Sutemi Waza (Técnicas de

sacrifício). Este último é ensinado a partir dos 13 anos, porém os demais são

trabalhados em toda infância, proporcionando um grande conhecimento do seu

próprio corpo e compreendendo suas funções e limitações.

No que concerne à organização espacial e temporal, podemos

relacionar com o handori (luta). Pois o judoca deve respeitar o limite da área de

luta, desenvolvendo uma percepção do seu espaço, e até onde ele pode se

locomover realizando diversos movimentos ao mesmo tempo. Nas aulas para

crianças, podemos trabalhar tal função organizando brincadeiras como o pique

rabinho, que tem por objetivo tentar pegar a faixa do amigo presa em sua

calça, utilizando todo o espaço, objetivando conseguir o maior número de

faixas e protegendo a sua. Já na organização temporal, podemos destacar o

tempo da luta, onde o aluno deverá aprender a administrar de forma tática.

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De acordo com Virgilio (1994) apud Cazzeto (2006), o Judô é treinado

por meio de inúmeras repetições, como prévia ao método Kano, através do

Uchi Komi – entrada de golpes.

O Judô possui desde os seus primórdios, como principal treinamento

para adquirir a perfeição técnica, o Uchi Komi. Neste tipo de exercício, o

praticante deverá executar diversas vezes a entrada de um determinado golpe,

objetivando a sua perfeição técnica, mecanizando o movimento até torná-lo

inconsciente e natural para o praticante. Dentro da área de Aprendizagem

Motora, este tipo de memória chama-se Memória de Procedimento,

responsável pelo armazenamento de habilidades sensório-motoras. (Oliveira,

1993).

Esse tipo de treinamento pode ser utilizado na fase adulta do aluno,

priorizando a melhora da técnica, pois dessa forma o mesmo terá maturidade

motora e psicológica para refletir a aula, não sendo algo imposto e sim,

aprovado e concedido pelo aluno.

Na infância, este tipo de treinamento não traz benefícios para o

educando, pois o professor naturalmente passa de educador para técnico,

invertendo o sentindo da educação, Ruffoni (2004), em sua dissertação de

mestrado destaca em seus resultados com professores que trabalham com

judô a incidência do estilo comando, ou seja, a mecanização, padronização

dos movimentos e robotização. O que caracteriza a alienação da

conscientização dos alunos na busca formação integral. Porém de acordo com

todo estudo e as publicações de autores renomados, podemos concluir que a

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mecanização de movimentos não traz benefícios cognitivos, afetivos e

motores, limitando a capacidade criativa do aluno.

De acordo com (Daolio, 2002 apud Cazzeto, 2006) o movimento

caracterizado técnico é aquele quase sempre imitativo aos dos atletas de alto

rendimento, outros movimentos diferentes deste, são tidos como errôneos,

merecendo por parte da Educação Física Tradicional, intervenção no sentido

de corrigi-los.

Esse tipo de método encontra-se ultrapassado e sua finalidade é

contrária à cultura corporal do movimento. Além de não serem atrativas e

possuírem um caráter excludente, pois os menos aptos não irão obter êxito em

sua prática, os desmotivando a continuarem na prática desportiva.

Ruffoni (2004) esclarece que é de fundamental importância por parte

dos professores o conhecimento e a reflexão sobre a luta infantil para que o

mesmo não venha trabalhar de forma empírica. O professor de judô em sua

grande maioria possui um caráter autoritário e dominador, pois seus

ensinamentos sobre judô vieram de uma cultura regrada do Japão, onde estas

foram repassadas por instrutores que não possuem a graduação, formação

indispensável para ministrar aulas.

A Educação Física vem ganhando seu devido valor e importância dentro

do contexto educacional, as aulas de judô devem ter um caráter lúdico e

educacional, onde o aluno poderá se desenvolver em todas as dimensões,

garantindo assim uma educação integral, valorizando a cultura corporal do

movimento e suas manifestações e não apenas o aperfeiçoamento técnico e a

busca incessante de resultados.

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A Ludicidade ganhou notoriedade quando se firmou como uma

estratégia de ensino da Educação Física. Conforme Huizinga (1938), o jogo

surgiu antes da cultura, por que ela se manifestou entre os animais antes da

sociedade humana. O ato de brincar é inerente ao ser humano, e quando algo

é feito com prazer, os resultados obtidos serão mais positivos.

No que concerne à citação, fica esclarecido que a ludicidade é um

facilitador na aprendizagem, que não se restringe ao aspecto motor, também

ao cognitivo e afetivo.

Segundo os PCNs (1998), a Educação Física é a área do conhecimento

que introduz e integra o aluno na cultura corporal do movimento, com

finalidade de lazer, de expressão de sentimentos e de manutenção e melhoria

da saúde. Trabalhar as aulas de forma lúdica possibilita ao professor

desenvolver as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, de forma

que a prática pedagógica se torne um momento de prazer para o educando,

exaltando a criatividade, liberdade de expressão e cultura corporal do

movimento.

Utilizar a Ludicidade como estratégia para motivar os alunos dentro da

prática desportiva do judô dentro de um contexto educacional é uma forma

atrativa e gera alegria nos praticantes. É na brincadeira que a criança descobre

as regras, a socialização e a sua importância perante o grupo. (Deliberador,

1996).

O ato de brincar é a primeira representação do mundo real que a

criança tem, onde nela, terá que respeitar regras, conviver em grupo e agir e

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criar de forma autônoma. O brincar é indispensável nas aulas de educação

física e fazem parte do processo de formação do educando.

Através da brincadeira, a contemplação de conteúdos e o alcance de

alguns objetivos se tornam mais facilitada. Podemos citar a aprendizagem dos

golpes como de exemplo: o osoto gari. Em vez de o professor apresentar o

movimento para que os alunos reproduzam da mesma maneira, o professor

pode organizar brincadeiras de modo que a criança descubra sozinho o

movimento, de uma forma pedagógica. Como de exemplo: o Pique Mata

Barata, que consiste no Pegador tentar pisar no pé do amigo para que o

mesmo troque de lugar com ele, sendo assim este poderá ser o Fugitivo. Em

uma progressão pedagógica, o professor poderá estabelecer alguns Jogos de

Oposição (Figura 02), que são brincadeiras onde um aluno confronta o outro,

geralmente o objetivo é excluir o oponente de um determinado espaço,

desenvolvendo a lateralidade, organização espacial, equilíbrio e tônus da

postura.

Primeiramente o jogo inicial seria alunos em duplas, onde um tentaria

empurrar o outro, tirando de um espaço determinado. Depois o jogo mudaria

para tentar empurrar o seu amigo, mas agora de costas para ele, tirando o

mesmo do local determinado, por fim, o professor poderia estabelecer o

seguinte desafio, tentar projetar seu amigo ao solo, utilizando a perna como

alavanca humana (Figura 03), desenvolvendo a lateralidade e dissociação de

movimentos, e dessa forma também, o educando descobre o golpe sozinho,

tornando o ensinamento único e duradouro, fazendo com que o mesmo aplique

tal técnica da forma mais prazerosa e benéfica, adaptando-o de acordo com

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suas limitações. Posteriormente a apresentação dos golpes pelo professor

serviria de debate entre os educandos, no sentindo de comparar tais

movimentos e questionar a sua própria técnica.

Existem diversos jogos a serem utilizados dentro das aulas de judô, tais

como o cabo de guerra, desenvolvendo o tônus muscular relacionado à força e

a motricidade fina ao pegar na faixa utilizando a preensão palmar (Figura 04),

Pique Cola Judô, para a criança “descolar-se” e poder fugir, a outra deverá

aplicar um golpe e dessa forma a mesma poderá fugir.

As aulas de judô não precisam ser repetitivas e entediantes. O método

Lúdico deve ser empregado para uma maior participação e aprendizagem por

parte dos alunos, estimulando assim sua criatividade, descobrindo

movimentos, gerando um caráter autônomo e garantindo assim uma educação

integral. O judô é um valioso instrumento pedagógico na formação da criança,

seus ensinamentos não devem se limitar à aprendizagem técnica.

Seu aspecto cultural e caráter Lúdico devem ser priorizados. Neste

sentido, as aulas de judô devem estimular as três áreas na visão pedagógica

que são: Cognitivo, Afetivo e Motor. E trabalhar com os alunos na solução de

problemas, desenvolvendo integralmente o aluno. (Ruffoni, 2004).

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CONCLUSÃO

De acordo com objetivo deste estudo, que foi verificar a importância

formativa na pratica desportiva do judô no contexto da educação física escolar

e compreender o papel entre as múltiplas ações da psicomotricidade no campo

da educação.

O judô atua com uma grande ferramenta pedagógica na formação da

criança, principalmente na área da educação física escolar, pois as crianças

encontram-se em profundas transformações bio-psicossocial.

Neste estudo observamos a importância de atuarmos com as três

dimensões nas praticas corporais inseridas no bloco de conteúdos da

educação física.

A pesquisa sugere uma mudança paradigmática nas metodologias

desenvolvidas no contexto escolar, entretanto, é de fundamental importância

os professores que atuam neste segmento não atuem somente na área

procedimental, pois estaríamos na contramão da educação contemporânea,

que se propõe nos dias de hoje é formação holística do aluno.

A pesquisa caracterizou-se por uma revisão de autores da área da

educação, psicomotricidade e de lutas, portanto, sugerimos que sejam

aprofundados estudos nesta temática, e debates em nível de congresso,

competições e em agremiações para que possamos divulgar e discutir o papel

do judô na formação do aluno.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ................................................... 02 AGRADECIMENTOS ................................................. 03 DEDICATÓRIA .......................................................... 04 RESUMO ................................................................... 05 METODOLOGIA ........................................................ 06 SUMÁRIO .................................................................. 07 INTRODUÇÃO ........................................................... 08 CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DO JUDÔ ................................. 11

1.1. Judô no Brasil ..................................................... 15

CAPÍTULO II

A PSICOMOTRICIDADE ........................................... 18

2.1. Objetivos da Psicomotricidade ........................... 23 2.2. Áreas de atuação ............................................... 25 2.2.1. Estimulação ..................................................... 25 2.2.2. Educação ......................................................... 26 2.2.3. Reeducação ..................................................... 27 2.2.4. Terapia ............................................................. 28 2.3. Psicomotricidade: Funcional e Relacional .......... 28 2.3.1. Relacional ........................................................ 28 2.3.2. Funcional ......................................................... 30 CAPÍTULO III

JUDÔ E PSICOMOTRICIDADE NA ESCOLA ........... 32

3.1. Judô na Dimensão Conceitual ............................ 35 3.2. Judô na Dimensão Atitudinal ............................. 39 3.3. Judô na dimensão Procedimental e sua relação com as funções Psicomotoras ............................................................. 44 CONCLUSÃO ............................................................ 53 BIBLIOGRAFIA ......................................................... 54 ÍNDICE ....................................................................... 61 ÍNDICE DE FIGURAS ................................................ 62 FIGURAS ................................................................... 63

ÍNDICE DE FIGURAS

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Figura 01 – Rolo para frente p.46

Figura 02 – Jogos de oposição p.51

Figura 03 – Osoto gari (golpe) p.51

Figura 04 – Cabo de guerra p.52

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FIGURAS

Figura 01

Disponível em:

http://www.colorirgratis.com/desenhos-de-outros-esportes-e-jogos-para-

colorir.html

Acessado em: 01/08/2012

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Figura 02

Disponível em:

http://www.efdeportes.com/efd141/metodologia-de-ensino-dos-esportes-de-

combate.html

Acessado em: 02/12/2010

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Figura 03

Disponível em:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=7&

min=230&orderby=hitsD&show=10

Acessado em: 01/08/2012

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Figura 04

Disponível em:

http://www.brasilescola.com/educacaofisica/cabo-guerra.html

Acessado em: 02/12/2010