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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE RECURSOS EM ESPÉCIE Por: Magali Chahaira da Rocha Orientador Prof. Jean Alves Pereira Almeida Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

RECURSOS EM ESPÉCIE

Por: Magali Chahaira da Rocha

Orientador

Prof. Jean Alves Pereira Almeida

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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RECURSOS EM ESPÉCIE

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Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

conclusão da pós-graduação lato sensu em Direito

Processual Civil.

Por: Magali Chahaira da Rocha

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, pelo incentivo e espera, em sinal de reconhecimento e eterna paixão.

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DEDICATÓRIA

A minha linda e muito querida família.

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RESUMO

O presente estudo pretende apresentar, de maneira objetiva e

sistemática, os meios de impugnação de decisões judiciais, no âmbito do

direito processual civil, que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério

Público e de terceiros prejudicados, com o fim de permitir àqueles que se

sentem inconformados com o resultado do julgado a reforma, invalidação,

esclarecimento ou integração da decisão insatisfatória.

O incorreto manejo pelos operadores do Direito das diversas

espécies de recursos existentes em nosso ordenamento dificulta a entrega da

tutela jurisdicional pelo Estado. O direito material que se busca torna-se,

muitas vezes, inatingível em razão do desconhecimento de noções

elementares sobre a teoria geral dos recursos, incluindo-se aí os pressupostos

e requisitos do remédio apropriado a cada situação.

Não se pretende, aqui, demonstrar erudição jurídica, mas

ressaltar os principais aspectos de cada espécie de recurso, a fim de, uma vez

observados, aumentar as chances de êxito à parte irresignada nas

rediscussões das decisões judiciais.

É fundamental que, além do direito material, o operador do Direito

conheça as peculiaridades de um dos recursos postos a sua disposição.

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METODOLOGIA

O presente estudo foi desenvolvido a partir da leitura de doutrina

especializada, com apoio nas referências bibliográficas, sempre à luz dos

dispositivos legais do vigente Código de Processo Civil que disciplinam o tema.

Foram também objeto de consulta as anotações de aula, não só do

presente curso, como também dos demais freqüentados pela autora, voltados

à aprovação em concursos públicos na área federal.

Imprescindíveis, ademais, freqüentes consultas à jurisprudência dos

Tribunais Superiores, para maior credibilidade das conclusões obtidas.

Por fim, deve ser ressaltado que o contato diário, por razões

profissionais, com processos judiciais e seus respectivos recursos, em muito

colaborou na escolha do tema e na elaboração do presente trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Os recursos nas ações judiciais 9

CAPÍTULO II - Efeitos do julgamento dos recursos 11

CAPÍTULO III – Juízo de admissibilidade 15

CAPÍTULO IV – Recursos em espécie 16

CONCLUSÃO 53

ANEXO 54

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

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INTRODUÇÃO

Os recursos constituem, sem dúvida, um dos temas nobres do

direito processual.

O inconformismo com o resultado de decisão judicial não

favorável legitima a parte vencida a recorrer, com o objetivo de obter

situação mais favorável, podendo também se valer dos recursos, como

veremos adiante, o Ministério Público e, ainda, o terceiro prejudicado, se

atendidos os pressupostos legais.

Observar-se-á que, embora tenha natureza de “ação”, isto é, de

exercício do direito de ação, o recurso não instaura uma nova relação

jurídica, apenas prolonga aquela já existente.

Enfrentando certas divergências doutrinárias e jurisprudenciais,

buscamos estabelecer alguns paralelos comparativos acerca dos efeitos dos

recursos, seus requisitos de admissibilidade, bem como de certas

especificidades, com o intuito de elaborar um resumo prático sobre o tema.

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CAPÍTULO I

OS RECURSOS NAS AÇÕES JUDICIAIS

A lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público e de terceiros prejudicados algumas espécies de remédios processuais, a fim de possibilitar, num mesmo processo, a impugnação de decisões judiciais, com vistas a sua reforma, invalidação, esclarecimento ou integração, bem assim para impedir a formação de preclusão ou da coisa julgada.

A legitimidade, portanto, é da parte vencida, já que é dela o inconformismo com o resultado que não lhe é favorável. A regra é que a legitimidade seja aferida pela sucumbência da parte, mas, poderá recorrer também o terceiro interessado que demonstrar o nexo de interdependência da relação jurídica, da qual é titular, e a decisão proferida no processo, do qual não faz parte. O Ministério Público pode recorrer como parte ou custo legis (art. 499, CPC).

Trata-se de um direito subjetivo processual, em abstrato, ou, quando houver sucumbência, em concreto. Assim, embora tenha natureza de “ação”, isto é, de exercício do direito de ação, deve-se ressaltar que o recurso não instaura uma nova relação jurídica, apenas prolonga a relação jurídica já existente.

Além disso, dos ensinamentos do Professor Jean Alves Pereira Almeida, impende ressaltar que o recurso é também um ônus perfeito, pois só gera prejuízo a quem deixa de recorrer.

O recurso é destinado àquele que não se conforma com o resultado de uma ação, e se configura num remédio voluntário e idôneo a ensejar a rediscussão/revisão de determinada decisão judicial, dentro do mesmo processo, visando a obtenção de situação mais favorável ao recorrente. Tal situação poderá advir de anulação da decisão (em casos de nulidade), de reforma (quanto ao mérito) ou de esclarecimento ou integração (quando houver contradição, obscuridade ou omissão).

Invalidada ou anulada a decisão impugnada, o processo será devolvido ao Juízo a quo para novo julgamento; se reformada, a decisão impugnada será substituída por outra, proferida pelo Tribunal ad quem. (art. 512 do CPC – efeito substitutivo) e, para obter esclarecimento ou integração da decisão judicial, somente por meio de embargos de declaração, que não

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tem por objeto impugnar a decisão, mas, apenas, suprir eventual vício de contradição, obscuridade ou omissão. Observe-se que boa parte da doutrina nem mesmo considera os embargos de declaração como recurso, estando mais próximo a um incidente processual, gerando um pedido de reconsideração.

Os recursos constituem, pois, matéria de processo, e não de

procedimento – este, mero auxílio ao processo, sendo importante observar que só legislatura da União pode criar ou alterar recursos (art. 22, I, Constituição Federal).

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CAPÍTULO II

EFEITOS DO JULGAMENTO DOS RECURSOS

Os efeitos do julgamento dos recursos são obstar a preclusão ou a coisa julgada (efeito obstativo); efeito devolutivo e efeito suspensivo. Além desses, preconizados pela corrente tradicional, há outra teoria (Luiz Guilherme Marinoni, e adotada no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal) que defende que a interposição de recurso também produz os seguintes efeitos: expansivo, translativo e efeito substitutivo.

O efeito devolutivo é o efeito típico dos recursos, qual seja, a transferência da matéria impugnada para o órgão ad quem. É a possibilidade de se transferir, normal, mas não necessariamente, para um órgão superior (tribunal ad quem) o reexame da matéria impugnada através do recurso1. O efeito devolutivo pode ser imediato, gradual ou diferido.

Imediato: quando o recurso devolve a matéria impugnada imediatamente ao órgão encarregado de seu exame, v.g., agravo de instrumento, embargos de declaração. Tal efeito não é a regra.

Gradual: é a regra. A transferência se dá gradualmente, até chegar ao órgão encarregado do julgamento do recurso, v.g., apelação. O recurso é apresentado ao órgão de 1º grau, que realiza o juízo de admissibilidade e abre oportunidade para contra-razões. O recurso, então, sobe ao Tribunal, e o relator realiza novo juízo de admissibilidade, antes de submeter o recurso à Turma/Câmara.

Diferido: a transferência fica sobrestada para um momento posterior, v.g., agravo retido, até eventual interposição de apelação.

Dimensões do Efeito Devolutivo:

Horizontal (extensão do efeito devolutivo): É a parte recorrente que estabelece a extensão do efeito devolutivo, pois somente a matéria impugnada poderá ser examinada. Dessa forma, o pedido do recorrente limita o tribunal (art. 515, caput, CPC).

1 Quem adota essa posição aceita os embargos de declaração como recursos, mas, para aqueles que adotam o entendimento de que o recurso tem que devolver a matéria, necessariamente, para um órgão superior, os embargos de declaração não são aceitos como recurso.

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Vertical (profundidade do efeito devolutivo): Com base nas causas de pedir, a devolução é ampla. Todas as causas de pedir que foram suscitadas no processo são automaticamente devolvidas ao tribunal para exame, ainda que não examinadas na decisão impugnada. Assim, v.g., se a sentença extingue o processo com base na prescrição e o Tribunal decide que a prescrição não ocorreu, pode passar ao exame dos demais argumentos deduzidos nos autos (pagamento e compensação, por exemplo). Mas, se o pagamento e a compensação são objeto de prova em primeiro grau, o tribunal terá que reformar a sentença de mérito, ao fundamento de que não ocorreu a prescrição, e devolver o processo para prosseguimento em primeiro grau. Este é um caso de reforma com devolução para primeiro grau, o que normalmente só ocorre com a anulação ou invalidação da sentença. Anulação pressupõe tornar sem efeito a decisão do Juízo a quo. O tribunal também pode não acolher a impugnação, mas, com base em fundamento diferente daquele adotado na sentença. Neste caso, o tribunal nega provimento à impugnação e confirma a sentença, ainda que com base em fundamento diverso.

Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

Efeito suspensivo: a regra é o duplo efeito, quando interposta a apelação2 (art. 520, CPC):

Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) III - julgar a liquidação de sentença; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) V - julgar improcedentes os embargos opostos à execução. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996) VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001).

Exceções:

1 – Sentença proferida em processo de interdição – art. 1.184 CC: o recurso contra ela interposto não terá efeito suspensivo.

2 O Recurso Extraordinário e o Especial não possuem efeito suspensivo. Nos Embargos de Declaração, o efeito é interruptivo. Há projeto para que o efeito suspensivo seja exceção.

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2 – Sentença proferida com base no art. 58, V, Lei 1.545/91 – Lei das Locações.

3 – Sentença proferida em Mandado de Segurança (art. 12, parágrafo único, da Lei nº 1.533/51 - possibilidade de execução provisória). A finalidade do efeito suspensivo é o de impedir que a decisão impugnada produza efeitos imediatamente, isto é, que tenha eficácia imediata.

Nosso Código de Processo Civil, ao tratar dos efeitos dos recursos, trata do duplo efeito (suspensivo e devolutivo). Mas a doutrina vem examinando outros efeitos recursais. Nélson Nery Jr., com base na doutrina alemã, vem estudando outros efeitos, além dos já mencionados: efeito expansivo/extensivo - quando o reexame da matéria impugnada acarreta um resultado mais amplo do que o pretendido. Este efeito pode ser objetivo interno ou externo e expansivo subjetivo:

O efeito expansivo objetivo interno ocorre quando, dentro do recurso utilizado, o tribunal vai além da matéria que foi impugnada pelo recorrente. Assim, se o recorrente apela quanto ao mérito da decisão (ele quer a reforma do mérito para que a sentença seja de improcedência) e o tribunal identifica a existência de litispendência, não alegada no recurso, acolhe a apelação e extingue o processo por litispendência. Essa ampliação da atuação do tribunal se dá no próprio recurso.

No efeito expansivo objetivo externo, o exame acaba produzindo efeitos fora do recurso. Veja-se, na hipótese, o agravo de instrumento que não tem efeito suspensivo: o juiz continua praticando outros atos processuais. Posteriormente, o tribunal acolhe o agravo, e todos os atos que dependem do ato agravado também serão considerados inválidos, produzindo, assim, efeitos fora do próprio agravo, pois acaba invalidando outros atos processuais que não foram objeto daquele recurso. É o que se chama de nulidade derivada ou decorrente.

No caso do efeito expansivo subjetivo (art. 509, CPC), o recurso atinge uma pessoa que não recorreu.

Art. 509. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros, quando as defesas opostas ao credor Ihes forem comuns.

Efeito translativo: o recurso é uma manifestação de vontade das

partes, em que elas definem, por meio do pedido, o limite dentro do qual o tribunal atuará. Mas, há exceções:

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1 – No reexame necessário/duplo grau obrigatório, não há manifestação de vontade das partes. A remessa dos autos ao tribunal é obrigatória e, só após o exame do tribunal, é que a sentença poderá produzir efeitos. É condição de eficácia da sentença, não é recurso. Não existe efeito devolutivo, pois este pressupõe recurso, vontade das partes. No caso em tela, o efeito é translativo. Então, podemos afirmar que nos recursos, o efeito é devolutivo e, no exame necessário, o efeito é translativo.

2 – Questão de ordem pública é a que a lei considera tão importante que deve ser examinada em qualquer momento ou grau de jurisdição, ainda que as partes não as aleguem, podendo o tribunal conhecê-la de ofício. Não é o efeito devolutivo que leva a matéria ao tribunal, mas, sim, o translativo. Daí a liberdade do tribunal em conhecê-la, independentemente de menção.

Efeito substitutivo: art. 512, CPC:

Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso.

Error in procedendo – o tribunal rejeita o recurso: quando se recorrer para pleitear a anulação ou invalidação da sentença por error in procedendo; há efeito substitutivo, pois, a partir de então, é o acórdão que passa a ser a decisão que lhe nega o direito. A partir daí, é o acórdão que deve ser impugnado, caracterizando o efeito substitutivo, apesar de não ter o modificativo.

Error in procedendo – o tribunal acolhe o recurso: ele anula a decisão e devolve a matéria para nova decisão. Não há aqui efeito substitutivo, mas terá o modificativo.

Error in judicando – o tribunal acolhe3 o recurso: aqui também há efeito substitutivo. Quando o tribunal dá provimento ao recurso (a parte pleiteia a reforma da decisão – incorreta aplicação da lei), haverá efeito modificativo.

Para Cândido Rangel Dinamarco e José Carlos Barbosa Moreira, os efeitos translativo, substitutivo e expansivo são desdobramentos do efeito devolutivo, entretanto, o STF, Luiz Guilherme Marinoni e outros vêm utilizando esses desdobramentos.

3 Tecnicamente, a expressão correta é “negar provimento” ou “dar provimento”.

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CAPÍTULO III JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

É a primeira fase do julgamento do recurso. Nela, examina-se a presença dos chamados requisitos de admissibilidade e, somente se presentes esses requisitos, o tribunal conhece do recurso e passa ao exame do mérito. Assim, se ausente um deles, não se conhece do recurso, e, conseqüentemente, o exame de mérito não é realizado.

Os requisitos de admissibilidade recursal podem ser genéricos - aqueles que todos os recursos devem possuir - ou específicos - inerentes a cada recurso em particular.

São três as correntes relativas aos requisitos genéricos:

1ª) José Carlos Barbosa Moreira – majoritária: Intrínsecos (inerentes ao direito de recorrer): cabimento do recurso,

legitimidade, interesse e inexistência de fatos extintivos ou impeditivos do direito de recorrer

Extrínsecos (dizem respeito ao exercício do direito de recorrer - como ele vai ser exercido): tempestividade, regularidade formal do recurso, preparo.

2ª – Sérgio Bermudes: Objetivos (dizem respeito ao recurso propriamente dito):

cabimento, adequação, tempestividade, regularidade formal do recurso, inexistência de fatos extintivos ou impeditivos ao direito de recorrer

Subjetivos (dizem respeito à pessoa do recorrente): legitimidade e interesse

3ª – Ada Pellegrini Grinover/Alexandre Freitas Câmara: Como o recurso é uma manifestação do direito da ação, devemos

considerar as CONDIÇÕES RECURSAIS - possibilidade jurídica do recurso, legitimidade para recorrer, interesse para recorrer - e os PRESSUPOSTOS RECURSAIS - investidura do juiz na jurisdição, capacidade do recorrente, regularidade formal do recurso, inexistência de fatos extintivos ou impeditivos do direito de recorrer

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CAPÍTULO IV RECURSOS EM ESPÉCIE

1) APELAÇÃO (art. 513, CPC):

Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269).

O objeto da apelação é qualquer tipo de sentença proferida em qualquer processo, não sendo, no entanto, absoluta esta regra. O prazo para interposição da apelação, de 15 (quinze) dias, está previsto no art. 508 do CPC, fazendo-se remissão, quando for o caso, aos arts. 188 e 191 do CPC, observando-se que o prazo em dobro para a Fazenda Pública é para recorrer, sendo simples o prazo para apresentação de contra-razões.

Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

Fundamentos da apelação:

Error in procedendo: é vício no processamento/procedimento da causa. Gera pedido de anulação/invalidação da sentença e a conseqüente devolução da demanda. Não é pedido de reforma. O vício pode ser intrínseco ou extrínseco. É intrínseco quando ocorre dentro da própria sentença, caso das sentenças citra, extra ou ultrapetita, e é extrínseco quando ocorre fora e antes da sentença. A nulidade do ato anterior à sentença acarretará a nulidade da sentença também. A apelação se volta contra a sentença em razão de vício anterior e externo à sentença.

Error in judicando: é erro no julgamento da causa. É uma incorreta aplicação da lei. É um mau julgamento. Pede-se ao tribunal que realize um novo julgamento da causa.

Efeitos da apelação:

Efeitos do julgamento da Apelação: invalidação da sentença ou sua reforma.

Efeitos da Interposição da Apelação:

1 – Efeito Obstativo: impedimento da formação da coisa julgada.

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2 – Efeito Devolutivo: transferência da matéria impugnada para o órgão normalmente superior.

Dimensão Horizontal do Efeito Devolutivo (extensão do efeito devolutivo) – pedido da apelação (art. 515, caput, CPC):

Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001) § 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

Tantum Devollutum Quantum Appellatum: diz respeito somente à dimensão horizontal. É o recorrente que limita a atuação do tribunal, pois, se na demanda o autor pede 100 e, na apelação, pede 70, o tribunal fica limitado ao pedido de 70.

Dimensão vertical do efeito devolutivo (profundidade) – Alegações formuladas pelas partes (art. 515, §§ 1º e 2º, CPC)

A devolução é amplíssima. Todas as alegações apresentadas e discutidas pelas partes são devolvidas ao tribunal. Assim, o tribunal é limitado pelo pedido, mas é livre para utilizar qualquer das alegações suscitadas e discutidas no curso do processo, e não somente aquelas constantes da apelação.

A redação do art. 516, CPC, não é clara:

Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda não decididas. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Para Nélson Nery Jr., trata-se aqui de questões de ordem pública que já foram decididas, uma vez que as não decididas podem ser revistas a qualquer momento.

José Carlos Barbosa Moreira, em posicionamento anterior, defendia tratar-se de questões de ordem pública suscitadas e não decididas pelo juiz. Atualmente, Barbosa Moreira entende que são incidentes processuais que não foram objeto de decisão pelo juiz. O tribunal decide sem necessidade de devolução ao juízo a quo. Veja-se, por exemplo, no caso de incidente de impugnação do valor da causa - o tribunal decide, sem necessidade de fazer descer os autos para o Juízo a quo.

Para Nélson Luís Pinto, essas questões anteriores são diferentes argumentos de uma mesma causa de pedir. Veja-se, assim: juiz

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acolhe a alegação de culpado em face do réu porque este avançou o sinal, mas não examina que ele também estava alcoolizado, em alta velocidade etc. Na apelação, para fins de aumento da pena, todos esses argumentos não apreciados seriam transferidos ao tribunal.

A posição majoritária é a de Barbosa Moreira, isto é, incidentes que não foram decididos em 1º grau.

1.1) TEORIA DA CAUSA MADURA - ART. 515, § 3º, CPC:

§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Tem-se sentença que não soluciona o mérito da causa por força do art. 267, CPC. O tribunal, no exame da apelação, pode afastar a causa terminativa, podendo passar ao exame do mérito, se presentes as seguintes condições: (i) a causa versar sobre questão meramente de direito e (ii) estiver em condições de imediato julgamento (condição sine qua non).

Na verdade, há casos que envolvem questões de fato e, ainda assim, podem ser objeto de julgamento: fato incontroverso, fato notório e fato documentalmente comprovado de plano. Nesses casos, pode-se aplicar a TEORIA DA CAUSA MADURA. Ressalte-se que não há supressão de grau de jurisdição, pois já houve manifestação do juiz de 1º grau.

Assim, se a causa não estiver em condições de imediato julgamento, será devolvida ao 1º grau, para nova decisão.

Há quem defenda que, para que o tribunal aplique a teoria da causa madura, a parte deve pedir. O entendimento majoritário (Cândido Rangel Dinamarco), é no sentido de que o tribunal deve aplicar a teoria de ofício. Mas, se o apelante não quiser o imediato julgamento, deverá pedir ao tribunal que não julgue o mérito, se a sentença terminativa for anulada, pois pode querer produzir prova mais robusta no âmbito do 1º grau, caso em que deverá requerer a devolução do processo ao Juízo a quo.

ART. 515, § 4º, CPC

§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

Observe-se que o tribunal sempre teve a possibilidade de sanar eventual nulidade, sem que o processo fosse baixado ao 1º grau. Esse dispositivo veio para obstar que os tribunais, desnecessariamente, assim o fizessem.

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ART. 517 CPC: EXCLUSÃO DO IUS NOVORUM

Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior

São questões de fato novas, e não nova causa de pedir, como no caso de, v.g., investigação de paternidade em que não foi feito o exame de DNA por falta de dinheiro. Agora, a parte pode fazer o exame e quer juntar o resultado para exame no 2º grau.

ART. 518, §§ 1º E 2º, CPC

Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006)

§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)

O § 1º criou um requisito de admissibilidade específico para a apelação.

1.2) PROCESSAMENTO DA APELAÇÃO:

A apelação é apresentada ao juiz de 1º grau, que realiza um primeiro juízo de admissibilidade (requisitos genéricos e específicos).

Recebida a apelação, essa decisão é irrecorrível. Se não receber, caberá Agravo de Instrumento – art. 522, CPC.

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Recebendo a apelação, o juiz abre vistas para contra-razões; depois, o processo volta para o juiz para um segundo juízo de admissibilidade. Então, ele dá seguimento à apelação (decisão irrecorrível) ou nega seguimento à apelação (caberá agravo de instrumento).

Se ele der seguimento à apelação, remete-a ao tribunal. Lá, a apelação é distribuída a um relator, que realiza um terceiro juízo de admissibilidade (art. 557, CPC):

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Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 2o Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor.

(Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

O relator pode:

a) negar seguimento ao recurso pelo fato de ele ser:

• inadmissível (falta requisito)

• improcedente (mérito - leva ao julgamento desfavorável ao recorrente)

• prejudicado (recurso perde objeto por fato superveniente)

• em confronto (rectius: conflito) com súmula ou jurisprudência do respectivo tribunal, STJ ou STF.

b) dar provimento ao recurso se a decisão estiver em confronto (rectius: conflito) com súmula ou jurisprudência do respectivo tribunal, STJ ou STF.

c) se o relator não tiver segurança quanto a uma ou outra coisa, ele pode submeter ao órgão colegiado. Mesmo que o relator efetue a decisão individual do recurso, a parte que se sentir prejudicada poderá utilizar-se do agravo interno/regimental – art. 557, § 1º, CPC, para que a matéria chegue ao órgão colegiado, que realizará um 4º juízo de admissibilidade.

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2) AGRAVO

É gênero, pois abrange, segundo a posição majoritária, três espécies: retido; de instrumento; interno ou regimental.

Para uma corrente mais moderna, as espécies são: na forma retida ou por instrumento; interno ou regimental; de instrumento específico – art. 544, CPC:

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

2.1) AGRAVO RETIDO:

É a regra na forma de interposição dos agravos:

Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento. (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de

30.11.1995)

É a espécie de agravo em que, por vontade do agravante ou por imposição legal o seu conhecimento e julgamento é diferido para um momento posterior, qual seja, quando do conhecimento e julgamento de eventual apelação interposta por uma das partes. Entretanto, sua apreciação deve ser objeto de reiteração nas razões da apelação ou nas contra-razões, conforme o caso. É importante ressaltar que deve ser expressamente requerido (art. 523, § 1º, CPC), pois, se o pedido não for realizado, o agravo retido será considerado prejudicado e não será examinado.

A principal finalidade do agravo retido é propiciar o juízo de retratação em relação à decisão agravada.

Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) (grifei)

§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar sua decisão.(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 3o Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem como constar do

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respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do agravante.(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

O prazo para o agravo retido é de dez (10) dias. Na Audiência de Instrução e Julgamento, o agravo retido será na forma oral e imediata, por força do art. 523, § 3º, CPC. Se a decisão interlocutória agravável se der na Audiência Preliminar, não é caso obrigatório de Agravo Retido, pois deve-se interpretar o § 3º de forma restrita, podendo-se até ingressar com Agravo Retido, mas poderá ser no prazo de dez (10) dias. Fora da Audiência de Instrução e Julgamento, tem-se total liberdade.

Deve ser observado que, ainda que no curso da Audiência de Instrução e Julgamento, a decisão que representar lesão de difícil reparação poderá ser objeto de Agravo de Instrumento. Se o tribunal entender que não há risco de lesão de difícil reparação, converterá o Agravo de Instrumento em Agravo Retido. Dessa forma, conclui-se que o Agravo Retido (art. 522 do CPC) é a regra, mas há exceções, cabendo Agravo de Instrumento nos casos de:

• lesão grave e de difícil reparação

• inadmissão da apelação

• efeitos em que a apelação é recebida

2.2) AGRAVO DE INSTRUMENTO – art. 524 e SS, CPC

Requisitos:

Art. 524. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através de petição com os seguintes requisitos: (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

I - a exposição do fato e do direito; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

II - as razões do pedido de reforma da decisão; (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

III - o nome e o endereço completo dos advogados, constantes do processo.(Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

O Agravo de Instrumento é dirigido diretamente ao tribunal. É recurso de efeito devolutivo imediato, logo, é remetido diretamente ao relator que pode, na forma do art. 557, CPC:

A – negar seguimento (caput), quando for:

• manifestamente inadmissível

• improcedente

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• prejudicado

• estiver em confronto (rectius: conflito) com súmula ou jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do STJ ou do STF

B – dar provimento (§1º-A), quando a decisão estiver em manifesto confronto com súmula ou jurisprudência dominante, do STJ ou do STF.

C – levar a questão ao órgão colegiado.

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 2o Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Se o relator der ou negar seguimento ao recurso, tal decisão poderá ser objeto de impugnação por agravo interno/regimental, que é o meio de levar a decisão do relator ao colegiado.

Segundo entendimento do STF, não há inconstitucionalidade na decisão monocrática de recurso dirigido ao colegiado, pois o relator presenta o órgão colegiado. Ele é o órgão colegiado nessa hipótese. É o caso de presentação. Porém, é indispensável que a parte disponha de um meio para levar a decisão do relator ao órgão colegiado, que é o órgão natural competente para o exame da matéria. Para isso, pode se utilizar do Agravo Interno/Regimental (art. 557, § 1º, CPC).

Quanto à natureza jurídica do Agravo Interno Regimental, há duas correntes:

1ª corrente – Athos Gusmão Carneiro: natureza jurídica de recurso, já que está previsto no CPC.

2ª corrente – Nagib Slaib Filho; Min. José Néri da Silveira/STF: não possui natureza jurídica de recurso. É meio de integração da vontade

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do órgão colegiado, pois o relator presenta o órgão colegiado. Não se leva a questão para órgão superior, simplesmente leva-se a questão de parte de um órgão colegiado para o restante, para seus demais membros. Permite-se que o órgão colegiado examine o recurso.

Se constatado, pelo colegiado, que o agravo é manifestamente inadmissível ou improcedente, o tribunal deverá condenar o agravante a pagar ao agravado multa de 1% a 10% do valor corrigido da causa, nos termos do art. 557, § 2º, CPC.

§ 2o Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Esta condenação tem vínculo com o art. 18 CPC (litigância de má-fé), pois a multa favorece o agravado, e não o Estado. A imposição dessa multa é dever do Tribunal, sendo o encarregado da imposição da multa o órgão colegiado, quando do exame do Agravo, e não o relator.

Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. >(Redação dada pela Lei nº 9.668, de 23.6.1998)

§ 1o Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

§ 2o O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

O depósito do valor da multa condiciona a interposição de qualquer outro recurso. Esse depósito passa a ser um requisito de admissibilidade específico do recurso seguinte. Trata-se de multa de natureza punitiva, a parte tem que demonstrar que está agindo de boa-fé, depositando o exigido.

Entretanto, para parte da doutrina, a Fazenda, se condenada ao depósito da referida multa, deverá fazê-lo ao final, junto com todos os valores devidos, se for vencida, conforme os arts. 27 e 35 do CPC.

Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a requerimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido.

Art. 35. As sanções impostas às partes em conseqüência de má-fé serão contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas aos serventuários pertencerão ao Estado.

Atualmente, porém, prepondera o entendimento de que, mesmo a Fazenda é obrigada ao depósito, em razão do caráter punitivo dessa multa, por litigância de má-fé.

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O tribunal só imporá essa multa punitiva se o Agravo de Instrumento for manifestamente inadmissível, e não só inadmissível, caso em que não cabe multa. A avaliação sobre o cabimento da condenação por litigância de má-fé tem caráter puramente subjetivo.

2.3) Possibilidade de atribuição de efeito suspensivo no agravo de instrumento.

A regra é que o Agravo de Instrumento não tenha efeito suspensivo, que pode, entretanto, ser concedido com base nos arts. 527, III, e 558, CPC:

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

III - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558), ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

Segundo posição dominante da doutrina e da jurisprudência, essa concessão de efeito suspensivo não pode se dar de ofício, sendo necessário haver pedido da parte. Do indeferimento desse pedido, atualmente, não cabe Agravo Interno/Regimental (art. 527, parágrafo único, CPC), sendo cabível, apenas, pedido de reconsideração, que não é recurso, e, sim, sucedâneo recursal, não se sujeitando a prazos, requisitos de admissibilidade, nem de forma. Assim, não suspende ou interrompe qualquer prazo.

Indeferido o efeito suspensivo, e sendo proferida sentença, o Agravo de Instrumento receberá um dos seguintes processamentos:

1ª HIPÓTESE: NÃO HÁ APELAÇÃO:

Deve-se verificar quem agravou e quem venceu a demanda:

1 – Não há Apelação e o agravante é o vencedor: o Agravo de Instrumento está prejudicado, porque um fato superveniente à sua interposição, ou seja, sentença favorável, acabou por torná-lo sem objeto.

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2 – Não há Apelação e o agravado é o vencedor: neste caso, não ocorre o trânsito em julgado da sentença, que fica condicionada ao julgamento do Agravo (evento futuro e incerto). Se julgado procedente o Agravo de Instrumento, e anulada a decisão interlocutória por ele impugnada, todos os atos seguintes são considerados nulos, inclusive a sentença. O processo é devolvido ao 1º grau, para prosseguimento – art. 248, CPC – efeito expansivo da nulidade. O Juízo a quo declara a nulidade com base em decisão do tribunal no Agravo de Instrumento. Raramente a decisão no Agravo não reflete na sentença. Caso o juiz assim entenda, sua decisão poderá ensejar novo Agravo.

2ª HIPÓTESE: HÁ APELAÇÃO:

Verifica-se quem apelou:

1 – O agravante apelou, e a sentença lhe foi desfavorável. O tribunal deve reunir o Agravo de Instrumento e a Apelação para julgamento na mesma sessão, e julgar o Agravo antes da Apelação, pois o Agravo de Instrumento é prejudicial à Apelação - art. 559, CPC.

Art. 559. A apelação não será incluída em pauta antes do agravo de instrumento interposto no mesmo processo.

Parágrafo único. Se ambos os recursos houverem de ser julgados na mesma sessão, terá precedência o agravo.

2 – O agravado apelou, a sentença favoreceu o agravante, que não tem interesse em apelar. Portanto, só o agravado tem interesse na Apelação. Ainda assim, o tribunal terá que examinar o Agravo de Instrumento, pois se der provimento à Apelação, o agravante pode sair prejudicado, visto que a decisão interlocutória que poderia beneficiá-lo ficaria esquecida. Em razão disso, o tribunal examina primeiro o Agravo de Instrumento e, depois, a Apelação.

2.4) Conversão do agravo de instrumento em agravo retido

Art. 527, II, CPC

Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; (Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)

Trata-se, atualmente, de um dever e não de uma faculdade do relator. Verificando que não se trata de hipótese de Agravo de Instrumento, o Relator converte o Agravo de Instrumento em Agravo Retido, encaminhando-

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o ao 1º grau, onde ficará retido nos autos do processo. Contra essa decisão, não cabe Agravo Interno Regimental, cabendo somente pedido de reconsideração, que, normalmente, não é admitido. É comum que a parte inconformada impetre, nessa situação, Mandado de Segurança, por entender que não houve o adequado exame.

3) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Recurso que a lei coloca à disposição das partes, do 3º prejudicado e do Ministério Público, a fim de viabilizar, no mesmo processo, a impugnação de decisões judiciais, ao argumento de existência de obscuridade, contradição ou omissão, objetivando um novo pronunciamento judicial que possa suprir os vícios impugnados.

Atenção para as hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, que são apenas essas: obscuridade, contradição ou omissão, conforme dispõe o art. 535 do CPC:

Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) (g.n.)

Observe-se que o inciso I dispõe sobre obscuridade ou contradição na sentença ou no acórdão, e o inciso II refere-se à omissão sobre qualquer ponto, isto é, qualquer decisão.

Atualmente, é praticamente pacífico que cabem Embargos de Declaração quando obscuras ou omissas as decisões interlocutórias ou monocráticas de relator, pois o art. 93, I, CR/88, exige que todas as decisões judiciais sejam fundamentadas. Sua finalidade é (i) esclarecer obscuridade ou contradição porventura existente e (ii) integrar ponto omisso da decisão.

No que se refere à natureza jurídica:

1ª corrente - majoritária, Cândido Rangel Dinamarco, José Carlos Barbosa Moreira, Alexandre Freitas Câmara: Os Embargos de Declaração são espécie de recurso. Os recursos precisam estar previstos

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na legislação, e os Embargos estão listados no art. 496, IV, CPC. O efeito típico do recurso é o devolutivo, pelo qual se transfere a matéria impugnada a órgão superior, mas não necessariamente. Os Embargos Declaratórios possuem efeito devolutivo, embora a transferência da matéria se dê para o mesmo órgão.

2ª corrente - Ada Pellegrini Grinover e outros: O efeito devolutivo sempre se dá mediante transferência para órgão superior, logo, não há efeito devolutivo nos Embargos de Declaração, que, por isso, não se caracterizam como recurso.

Quanto aos efeitos, observam-se os seguintes:

Efeito Devolutivo – Para a doutrina majoritária, como visto, os Embargos de Declaração possuem efeito devolutivo, o que viabiliza a hipótese da natureza jurídica de recurso. Dessa forma, são RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA, pois suas únicas fundamentações são omissão, obscuridade ou contradição.

Para outros (segunda corrente, acima mencionada), não possuem efeito devolutivo, logo, não são recurso. Para essa tese, existe um outro tipo de efeito: o EFEITO REGRESSIVO, que devolve a matéria impugnada ao mesmo órgão prolator da decisão. Alguns chamam de EFEITO DE RETRATAÇÃO, que é típico do Agravo, já que permite, num primeiro momento, a retratação do juiz.

Efeito Suspensivo – Só é aplicado aos Embargos de Declaração no âmbito dos juizados especiais (art. 50, Lei 9.099/95), pois, no âmbito do CPC, o efeito é interruptivo.

Efeito Interruptivo – O prazo começa a contar do zero (art. 538, CPC). Interrompem o prazo para a apresentação de qualquer outro recurso, se forem conhecidos (segundo José Carlos Barbosa Moreira). Realizado o juízo de admissibilidade (presentes todos os requisitos, extrínsecos e intrínsecos) e admitidos os Embargos, pode-se passar a seu exame. Neste caso, há interrupção, caso contrário, não. O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que não ocorre o efeito interruptivo se os embargos de declaração forem intempestivos, isto é, apresentados fora do prazo.

O efeito interruptivo beneficia ambas as partes. Observe-se que tanto o autor quanto o réu podem embargar de declaração, no prazo comum de cinco dias.

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Art. 538. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Parágrafo único. Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.(Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

3.1) Embargos de Declaração com Efeitos Infringentes

A regra é que os Embargos de Declaração não acarretam alteração no teor do julgado. Só visam ao esclarecimento de omissão, obscuridade e contradição. Entretanto, na hipótese de embargos de declaração com Efeitos Infringentes ou com Efeitos Modificativos, a finalidade do embargante é a modificação da decisão judicial, e, nesse caso, o contraditório é necessário, pois a decisão do recurso poderá ser desfavorável à outra parte.

Observe-se que a obscuridade não permite efeitos infringentes, pois, uma vez sanado o vício, não enseja qualquer alteração na decisão.

Poderá haver efeitos infringentes, isto é, o reexame da matéria poderá acarretar a modificação do julgado, nas seguintes hipóteses:

1 – contradição – nesse caso, há incompatibilidade entre a fundamentação e o dispositivo, ou, ainda, na própria fundamentação, ou no próprio dispositivo. O juiz deve se manifestar num sentido, podendo acarretar a modificação do julgamento.

2 – omissão - o juiz deixa de se manifestar sobre fato relevante argüido pelas partes.

3 – matéria de ordem pública - o juiz deveria tê-la conhecido de ofício, e não o fez. Não é caso de omissão, pois, nessas situações, a parte alega a matéria. Na matéria de ordem pública, no entanto, a questão não foi alegada antes, está sendo ventilada pela primeira vez nos embargos, e, dessa forma, não há como se alegar omissão.

4 – erro evidente – erro clamoroso que pode ser visualizado de imediato. Exemplo típico é o do juiz que indefere o pedido, alegando ausência de documento que se encontra nos autos.

3.2) Processamento dos Embargos de Declaração – Art. 526 CPC

Art. 526. O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

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Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Os Embargos de Declaração, que independem de preparo, são

interpostos no prazo de 5 (cinco) dias, incidindo os arts. 188 e 191 CPC, e o

art. 5º da Lei de Assistência Judiciária Gratuita, e, se forem considerados

manifestamente protelatórios, há incidência de multa (art. 538, CPC).

Ressalte-se que, mesmo considerando protelatórios os

embargos de declaração, o efeito interruptivo do recurso persiste, pois é a lei

que determina seus efeitos, não podendo, portanto, ser alterado. O fato de

ser protelatório, por si só, não afasta seu conhecimento, se preenchidos os

demais requisitos. É indispensável que haja declaração expressa na decisão

quanto ao caráter protelatório dos embargos de declaração, para que a

multa possa ser aplicada.

Outro aspecto a ser considerado é que, na hipótese de vários

embargantes interporem somente um recurso de embargos, a multa de 1%

será rateada entre eles. Entretanto, se os vários embargantes ingressarem,

cada um, com embargos e todos foram declarados protelatórios, aplica-se a

multa de 1% para cada um. Frise-se que tal multa pode ser aplicada ex

officio, e será revertida para os embargados.

A reiteração dos embargos permite a elevação da multa.

Conseqüências: a reiteração eleva o valor da multa e gera o

condicionamento da interposição de outros recursos ao seu depósito. Esse

depósito diz respeito ao valor da multa dos segundos embargos, ou seja, ao

da elevação, ao qual fica condicionada a interposição dos demais recursos.

O valor da multa dos primeiros embargos não exige depósito.

Na reiteração dos embargos de declaração, outros argumentos

podem ser apresentados, mas se eles também forem considerados

protelatórios, acarretará elevação da multa.

Assim, o depósito acaba se transformando em requisito de

admissibilidade extrínseco para o próximo recurso.

Deve ser observado que essas regras aplicam-se à Fazenda,

não sendo, entretanto, entendimento unânime.

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3.2) Embargos de Declaração para fins de Prequestionamento

Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório. Súmula 98 STJ.

Pré-questionar é questionar antes. Para se dirigir aos Tribunais

Superiores, é preciso questionar anteriormente as questões que serão

levadas. É necessário que o tribunal a quo tenha se manifestado em relação

a elas (lei federal ou Constituição da República).

Para uma corrente, o pré-questionamento é atribuição da parte.

Já, para uma segunda corrente, é atribuição do tribunal, ao examinar a

matéria que acarreta violação de lei ou da Constituição Federal. Há uma

terceira corrente que defende que é atribuição dos dois. Trata-se de teoria

jurisprudencial (STF e STJ).

Como a matéria precisa ser discutida no curso do processo para

que seja examinada pelo STF/STJ, a natureza jurídica do

prequestionamento e, como defende Alfredo Buzaid, requisito de

admissibilidade do Recurso Extraordinário e do Especial.

Súmula 282 STF - É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber, na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

Súmula 356 STF - O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito de prequestionamento.

Corrente mais atual afirma, no entanto, que trata-se apenas de

uma etapa para o exame da admissibilidade.

PREQUESTIONAMENTO EXPLÍCITO (tradicional): tem-se a

afirmação expressa de qual dispositivo (de lei federal ou da Constituição) foi

violado por decisão judicial.

PREQUESTIONAMENTO IMPLÍCITO (surgiu no STF): não é

preciso referência ao dispositivo violado, mas, tão-somente à tese jurídica

que teria sido objeto de violação pela decisão judicial.

No âmbito do STJ, ainda não há adoção clara do

prequestionamento implícito, embora alguns Ministros já o adotem. No STF,

já é adotado. Na ausência do prequestionamento, o recurso não é

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conhecido. O prequestionamento enseja o conhecimento do Recurso

Especial e do Extraordinário.

Cumpre ressaltar que Embargos de Declaração pós-

questionadores não são admitidos. A questão deve ter sido ventilada antes,

pela parte.

Dessa forma, observe-se a seguinte situação: um acórdão

examina matéria de ordem legal e constitucional. A parte ingressa com

Embargos de Declaração para fins de pré-questionamento, que não são

acolhidos, por entender o tribunal ser desnecessário o pré-questionamento.

Neste acórdão, não há contradição, obscuridade ou omissão. Assim, tal

acórdão não esclarece, não pré-questiona a matéria, tal como necessitava o

embargante. Surge o problema, pois, segundo a Súmula 211 do STJ, é

inadmissível o Recurso Especial na hipótese, já que o STJ exige esse

exame.

Súmula 211 STJ - Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.

Para interpor Recurso Especial (STJ) desse acórdão, deve a

parte interpor um primeiro Recurso Especial, alegando violação ao art 535

do CPC (omissão, contradição, obscuridade). O Recurso é julgado pelo STJ,

que, então, determina o reexame da matéria pelo tribunal, anulando o

acórdão proferido nos Embargos de Declaração. O tribunal profere novo

acórdão, do qual caberá um segundo Recurso Especial, agora sim, por

força de violação à lei federal.

No âmbito do STF, porém, o procedimento é diferente. Para

Sepúlveda Pertence, o procedimento adotado pelo STJ é muito demorado e

complicado. Por isso, caso se trate de violação à Constituição, e os

Embargos de Declaração pré-questionadores não sejam acolhidos pelo

tribunal, entende o STF que houve um PREQUESTIONAMENTO FICTO.

Nessa hipótese, para a Suprema Corte, é cabível direta e imediatamente o

Recurso Extraordinário.

Quanto aos de Embargos de Declaração de Embargos de

Declaração, entende-se que são cabíveis. Assim, podemos opor Embargos

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de Declaração em face de decisão monocrática, alegando que esta contém

obscuridade, contradição ou omissão. Se o acórdão desses Embargos

também padecer de obscuridade, contradição ou omissão, pode-se opor

novo recurso de Embargos de Declaração, que não poderá discutir a decisão

anterior, mas tão-somente os primeiros Embargos.

4) EMBARGOS INFRINGENTES – Art. 530, CPC

Os Embargos Infringentes do art. 530, CPC, diferem

completamente dos Embargos Infringentes do art. 34 da LEF – Lei 6.830/80,

bem como dos Embargos Declaratórios com Efeitos Infringentes.

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Cabem Embargos Infringentes de acórdão não unânime, que houver:

• reformado *, em grau de Apelação, a sentença de mérito ou

• julgado procedente Ação Rescisória

* Mas, se o acórdão anular sentença de mérito por maioria, há

divergência quanto à questão:

1. Para uma corrente (Sérgio Shimura), o termo “reforma” é abrangente, e abarca a anulação.

2. Para outra corrente (José Carlos Barbosa Moreira, Luiz Rodrigues Wambier), como a lei alude à reforma, só se aplica à reforma.

A jurisprudência ainda não é pacífica, no entanto, a segunda

corrente deve prevalecer, pois a lei quis restringir a interposição de

Embargos Infringentes, devendo-se, por isso, adotar a interpretação

restritiva.

No 1º grau, a sentença terá que ter sido de mérito, não tendo

sido mantida no julgamento da apelação. Em caso de sentença terminativa

(extinguiu o processo sem resolução do mérito), também não caberão

Embargos Infringentes, ainda que o tribunal, com base na Teoria da Causa

Madura, venha a julgar, pois a sentença (1º grau) não era de mérito.

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4.1) Objetivo dos embargos infringentes e hipóteses de admissibilidade

Objetiva-se com os embargos infringentes alterar o acórdão não

unânime, a fim de que prevaleça o teor do voto vencido, sendo as seguintes

suas hipóteses de admissibilidade:

1) Art. 530 CPC – visto acima;

2) Agravo de Instrumento que extingue o processo com

resolução do mérito (acórdão não unânime), no caso, v.g., de

reconhecimento de prescrição.

1ª posição: seriam cabíveis os Embargos Infringentes, pois o

Agravo de Instrumento estaria atuando como se Apelação fosse.

2ª posição (que surgiu com a reforma do Código): os Embargos

Infringentes não seriam cabíveis, pois a lei procura restringir as hipóteses de

seu manejo, devendo a norma, então, ser interpretada restritivamente.

Todos os casos não previstos no art. 530 do CPC não autorizam a

interposição de Embargos Infringentes. Esta posição, mais adequada,

somente é abordada pela doutrina mais atual.

3) No julgamento do Agravo Retido, quando do julgamento da Apelação

Agravo Retido acolhido por maioria, dispondo sobre matéria de

mérito (incluindo prescrição e decadência): a Súmula 255 do STJ

expressamente admite Embargos Infringentes nesta hipótese.

Súmula 255 STJ - Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando se tratar de matéria de mérito.

Mesmo assim, há uma segunda corrente, mais atual, que prega

interpretação mais restritiva em razão das recentes reformas, a despeito da

citada Súmula (não revogada pelo STJ, que não foi ainda provocado a se

manifestar sobre a questão).

4) Reexame Necessário – Art. 475 do CPC

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

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II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Condição de eficácia da sentença. Antigamente, a posição

dominante era pelo cabimento dos Embargos Infringentes, se a decisão, por

maioria, reformasse sentença de mérito, pois o reexame necessário segue o

mesmo procedimento da apelação.

Há uma segunda posição, que defende interpretação mais

restritiva, não admitindo Embargos Infringentes, defendendo, ainda, que

reexame necessário não é recurso, não é manifestação de vontade das

partes, mas, sim, imposição da lei.

5) Julgamento de Embargos de Declaração

Em caso de o acórdão padecer de vício de omissão,

obscuridade ou contradição, sendo interpostos Embargos de Declaração,

que, julgados por maioria, alteram o teor do acórdão, este passa a ser por

maioria, e reformou sentença de mérito.

Neste caso, são cabíveis embargos infringentes, pois a

natureza da decisão dos Embargos de Declaração será sempre a da decisão

impugnada e, como foram manejados em face de acórdão, terão natureza

de acórdão. Os Embargos de Declaração amoldam-se, apóiam-se, fazem

parte da decisão impugnada, tendo, por isso, natureza híbrida. Portanto,

em face de sentença, a natureza dos Embargos de Declaração será de

sentença.

6) Julgamento de Procedência da Rescisória (por maioria)

Ação Rescisória (que não é recurso, é ação): no primeiro

momento, há o juízo de admissibilidade, e, no segundo momento, exame do

mérito.

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Se o acórdão, ao examinar a rescisória, a afasta por

decadência, há uma decisão de mérito. Como a rescisória é contra decisão

de mérito, cabe rescisória da rescisória.

Ultrapassada a fase de admissibilidade, o mérito, na rescisória,

se divide em duas partes: 1ª) a rescisão da decisão anterior -

desconstituição da coisa julgada judicium rescindens; 2ª) judicium

rescisorium, em que se decide se o mérito será julgado. Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: IV - ofender a coisa julgada;

1ª coisa julgada versus 2ª coisa julgada

Ingressa-se com Ação Rescisória contra ação que violou a 1ª

coisa julgada. Pergunta-se: passa-se a examinar o mérito (2ª fase)? Não.

Nesta Rescisória, o mérito termina na 1ª fase, pois já temos a 1ª coisa

julgada. Se, no exame dessa 1ª fase, a decisão for procedente por maioria,

CABEM EMBARGOS INFRINGENTES.

Se, na 1ª fase, a decisão é por maioria e, na 2ª, por

unanimidade, não cabem Embargos Infringentes, pois é a 2ª fase, a de

exame de mérito, que vai determinar se cabem ou não os embargos

infringentes.

A grande maioria da doutrina defende que cabem Embargos

Infringentes em Mandado de Segurança, uma vez que a sentença no

Mandado de Segurança é de mérito e cabe Apelação. Mas, a jurisprudência

entende que não cabem, a teor da Súmula 169 do STJ e da Súmula 597 do

STF.

Súmula 169 STJ - São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segurança.

Súmula 597 do STF - Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança, decidiu, por maioria de votos, a apelação.

Deve-se, desta forma, adotar a tese do descabimento dos

embargos infringentes, ressalvando-se que grande parte da doutrina entende

cabível.

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Quanto ao cabimento de Embargos Infringentes em face de

decisão monocrática de relator, entende-se que não são cabíveis, pois não

se trata de acórdão.

Não cabem, ainda, Embargos Infringentes de acórdão proferido

com base na Teoria da Causa Madura (art. 515, § 3º, CPC), mesmo que o

tribunal julgue o mérito por maioria, uma vez que a sentença no 1º grau não

foi de mérito.

4.2) Processamento dos embargos infringentes

Baseia-se sempre na conclusão dos votos, sendo despicienda

sua fundamentação. O que importa é saber a conclusão do voto,

excetuando-se a Ação Civil Pública e a Ação Popular, isto é, ações coletivas

em geral. Nestes casos, é relevante a fundamentação de negação de

provimento, se ela se escorar na falta de provas.

Assim, se, numa ação coletiva, 2 votos negam provimento por

falta de provas e 1 voto nega provimento pelo mérito: Se a parte desejar que

fique impossibilitada nova ação coletiva, deverá ingressar com Embargos

Infringentes para tentar alterar a fundamentação dos dois votos, trazendo-os

para o mérito. Neste caso, a fundamentação é importante. Nos demais

casos, é a conclusão que vai definir se cabem ou não os embargos

infringentes.

Nas ações tradicionais, a doutrina indica que os votos devem ser

contrários para se ingressar com os embargos infringentes, mas, há casos

em que basta que os votos sejam diferentes. Vejam-se os seguintes

exemplos:

Exemplo 1 - pensão alimentícia - O autor pede pensão

alimentícia de 1000 e a sentença concede 700. No tribunal, 2 votos

mantêm a condenação da sentença e o valor, e 1 voto mantém a

condenação da sentença, mas reduz valor, isto é, os votos são unânimes

quanto à condenação, mas não quanto ao valor. Neste caso, cabem

embargos infringentes, a serem manejados pelo réu, para tentar trazer os

outros votos para o valor de 700. Quanto à causa de pedir, a

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fundamentação é livre., estando vinculado apenas quanto ao pedido. Há

efeito devolutivo. O tribunal pode utilizar qualquer uma, ainda que não

veiculada nos embargos infringentes, desde que suscitada e discutida no

processo.

Exemplo 2 - Ação Rescisória - Aparentemente, temos uma conclusão unânime pela procedência de 3 X 0:

Voto 1 Voto 2 Voto 3

Procedente com base na causa de pedir A

Procedente com base na causa de pedir B

Procedente com base na causa de pedir C

Embora o Acórdão seja aparentemente unânime, há divergência. Cada causa de pedir dá ensejo a uma demanda, mesmo que em um só processo. Assim, na verdade, temos:

Em relação à causa de pedir A, há improcedência por maioria de 2X1.

Em relação à causa de pedir B, há improcedência por maioria de 2X1.

Em relação à causa de pedir C, há improcedência por maioria de 2X1.

Logo, embora a decisão tenha sido unânime pela procedência, cabem embargos infringentes em razão de divergência quanto à causa de pedir.

Assim, neste exemplo, o julgamento foi por maioria, sendo cabível:

1 – Embargos de Declaração para que seja esclarecida contradição entre a ementa do acórdão (que relata a divergência) e o dispositivo (que relata o julgamento unânime).

2- Embargos Infringentes.

Deve-se ingressar, primeiramente, com embargos de declaração, mas, também são admissíveis os embargos infringentes, diretamente.

Exemplo 3: divergência quantitativa

Voto 1

Voto 2

Voto 3

Condena a 700

Condena a 550

Condena a 300

Resolve-se o impasse através do voto médio, que é o voto intermediário, no caso, 550. Atenção: voto médio não é voto aritmético, não é média aritmética.

Neste exemplo, cabem embargos infringentes tanto em face do voto que condena pelo menor valor, no intuito de aumentar a condenação, como em face da condenação de valor maior, para tentar reduzi-lo. Assim, tanto o autor como o réu podem ingressar com embargos infringentes.

Exemplo 4: divergência qualitativa

Voto 1

Voto 2

Voto 3

Condena a 1 carro

Condena a 1 TV

Condena a 1 bicicleta

A qualidade dos bens é distinta. Aqui, o Presidente da Turma esclarece aos demais a divergência e abre para nova votação. Se todos mantiverem o mesmo voto, o Presidente suspende o julgamento e se socorre do Regimento Interno de seu tribunal, que poderá prever várias soluções: integração de dois novos desembargadores à Turma, remessa do processo a outra Turma, anulação do julgamento etc. - art. 534, do CPC .

Art. 534. Caso a norma regimental determine a escolha de novo relator, esta recairá, se possível, em juiz que não haja participado do julgamento anterior. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

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Quanto aos efeitos dos embargos infringentes, temos:

Efeito Devolutivo: em relação à dimensão horizontal, o tribunal

está vinculado. Em relação à dimensão vertical, o tribunal é livre para utilizar

qualquer causa de pedir suscitada e discutida no processo, ainda que não

suscitada nos embargos infringentes.

Efeito Suspensivo: em regra, seguem o efeito atribuído à

apelação. Se a apelação foi recebida no efeito suspensivo, os embargos

infringentes também terão efeito suspensivo. Entretanto, se apelação tiver

sido recebida sem o efeito suspensivo, não está afastado tal pedido para os

embargos infringentes, com base no art. 558, CPC. Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995) Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)

5) RECURSO ESPECIAL- Art. 105, III, CR

É o recurso de competência exclusiva do Superior Tribunal de

Justiça, interposto contra causas decididas1 em única ou última

instância2 pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de

Justiça3 dos Estados, Distrito Federal e Territórios.

1) Causa decidida: acórdãos que esgotaram todos os recursos

ordinários cabíveis, direcionados à proteção dos direitos subjetivos das

partes (diferente dos recursos extraordinários, voltados à proteção do direito

objetivo: Recurso Especial, Recurso Extraordinário e Embargos

Infringentes). Súmulas 207 e 211 STJ

Súmula 207 STJ - É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.

Súmula 211 STJ - Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.

Se não forem esgotados todos os recursos ordinários cabíveis, o

Recurso Especial será inadmitido. Esse acórdão poderá ter natureza de

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decisão interlocutória ou de sentença. Terá natureza de decisão

interlocutória quando não puser fim ao processo, não resolver o mérito da

causa. Veja-se o seguinte exemplo: sentença acolhe a alegação de

prescrição. Na apelação, o tribunal rejeita a alegação de prescrição, mas

como o processo não está em condição de ter as demais causas de pedir

examinadas, os autos são devolvidos ao 1º grau. Este acórdão tem natureza

de decisão interlocutória.

Um outro exemplo: o réu alega ilegitimidade ativa. O juiz

indefere. O réu agrava (AI). O tribunal acolhe o AI e julga extinto o processo

(art. 267, VI, do CPC). Este acórdão tem natureza de sentença, pois encerra

o processo por ilegitimidade ativa.

A regra é que os acórdãos com natureza de decisão

interlocutória podem ser objeto de Recurso Especial e de Recurso

Extraordinário na forma RETIDA. Já os de natureza de sentença, serão na

forma tradicional.

2) única ou última instância

Ações de competência originária dos tribunais ou, quanto à

competência recursal dos tribunais, só após esgotados todos os recursos

ordinários porventura cabíveis.

3) pelos TRFs e TJs

Ressalte-se que não cabe Recurso Especial contra decisão de

Turma Recursal, TRT, ou de decisão de juiz de 1º grau. Somente contra

decisões dos TRFs e TJs, a teor da Súmula 203 do STJ, verbis:

Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais.

Cabe frisar que trata-se de recurso de fundamentação vinculada,

uma vez que só se pode alegar algumas das situações previstas no art. 105,

III, alíneas a, b e c, da Constituição Federal.

6) RECURSO EXTRAORDINÁRIO

É recurso de competência exclusiva do Supremo Tribunal

Federal, interposto contra causas decididas em única ou última instância por

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quaisquer órgãos da Justiça, desde que incida em alguma das situações

previstas no art. 102, III, CR/88.

Causas decididas Nem sempre se trata de acórdão

Única ou última instância Única instância: ações de competência originária

Última instância: grau recursal, esgotados todos os recursos ordinários cabíveis

Quaisquer órgãos da Justiça Não há limitação quanto ao órgão prolator da decisão, desde que a causa seja proferida em única ou última instância: TST, TRT, Juiz de 1º grau*, Turma Recursal (este não é órgão de 2º grau, logo, não é passível de REsp, mas pode ser de RE).

* Decisão de juiz de 1º grau: hipótese de causas de alçada – art. 34, Lei 6.830/80 – Lei de Execução Fiscal. Se o juiz profere sentença inferior a 50 OTNs (equivalente a 300 UFIRs), o recurso cabível é o de Embargos Infringentes (iguais aos Embargos Infringentes do art. 530, CPC). Este recurso é dirigido ao próprio juiz de 1º grau, para que ele reexamine a própria sentença que prolatou. Se ele mantiver a sentença, cabe, no máximo, Embargos de Declaração, que podem ser pré-questionadores. Depois, o único recurso cabível é o Recurso Extraordinário (interposto em face de sentença de 1º grau, mantida após os embargos infringentes).

Súmula 640 STF - É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.

Súmula 207 STJ - É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.

Súmula 281 STF -É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

Neste ponto, é importante observar duas súmulas do STF, com especial cautela: 733 e 735.

Súmula 733 STF - Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.

Convém, aqui, o cotejo da referida súmula com o art. 730 do

CPC: Na execução por quantia certa contra a Fazenda Pública, citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras: (Vide Lei nº 9.494, de 10.9.1997) I - o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do tribunal competente; II - far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e à conta do respectivo crédito.

O encarregado de comandar o processamento de precatórios é

o Presidente do Tribunal, tratando-se, portanto, de competência unificada

na pessoa do Presidente, e suas determinações, em sede de

processamento de precatórios, são atos de natureza administrativa, logo,

contra elas não cabe recurso extraordinário, pois não são atos judiciais. É

cabível, em tese, Mandado de Segurança.

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Súmula 735 STF - Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

Porém, na hipótese de indeferimento, caberá Recurso

Extraordinário, dependendo da hipótese, se for manifesta a violação à

disposição constitucional. Medida liminar, seja de caráter antecipatório ou

cautelar; é concedida in limine, no início do processo, portanto, é o

momento que a caracteriza, não importando o teor do provimento de

urgência.

7) PROCESSAMENTO DO RECURSO ESPECIAL E DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

São espécies de recursos extraordinários (quanto ao objeto, os

recursos podem ser ordinários – tem por finalidade defender o direito

subjetivo das partes – ou extraordinários – tem por objeto defender o direito

objetivo).

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE:

1 – Legitimidade – art. 499, CPC Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público. § 1o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. § 2o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da lei.

Parte vencida - é a sucumbência que vai determinar o interesse;

3º prejudicado - se demonstrar que seu interesse foi atingido; ou MP – como

fiscal da lei ou como parte – sucumbência.

2 - Cabimento – art. 105, III, a, b, e c, CR, e art. 102, III, a, b, c, e d, CR Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

O recurso está vinculado à afirmação do recorrente de que

determinada decisão violou alguma dessas alíneas dos arts. 102 ou 105. A

simples afirmação de que a decisão judicial impugnada violou esses

dispositivos já propicia o requisito de admissibilidade de cabimento. Se

ocorreu ou não essa hipótese de fato, já é questão de mérito.

Dessa forma, não ultrapassado o juízo de admissibilidade, o

recurso não é conhecido. Quanto ao mérito, o respectivo tribunal poderá dar

ou negar provimento.

3 – Tempestividade – art. 508, CPC. Regra: 15 dias, c/c os arts. 188 e 191, CPC, quando aplicáveis.

Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Trata-se aqui de uma exceção ao princípio da

unirrecorribilidade/unicidade dos recursos (para cada decisão judicial cabe

um único recurso), pois o acórdão em questão deverá ser impugnado por

dois recursos: REsp e RE.

Súmula 126 STJ - É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Se a parte ingressou só com o REsp, o fundamento

constitucional não foi impugnado, logo, terá transitado em julgado. A não-

interposição de RE acarreta a inadmissibilidade do REsp. O STF utiliza esse

mesmo argumento ao contrário. Logo, é necessário ingressar com ambos

os recursos. Art. 498 CPC Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) Parágrafo único. Quando não forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão terá como dia de início aquele em que transitar em julgado a decisão por maioria de votos. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

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Tem-se um único acórdão com parte unânime e outra parte não

unânime. Da parte não unânime, a parte ou interpõe Embargos Infringentes

ou não. Da parte unânime, não cabem Embargos Infringentes. Cabem Resp

ou RE. Esses recursos ficam sobrestados (suspensos) se forem interpostos

Embargos Infringentes da parte não unânime, até o momento da intimação

da decisão nos EI. Aí, passa a correr o prazo para Resp e RE da parte

unânime e da não unânime em que se esgotaram todos os recursos

ordinários cabíveis.

4 – Preparo – art. 511, CPC

Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

No âmbito do Resp e RE, há uma distinção. No Resp, a matéria

é regulamentada no art. 112 do Regimento Interno do STJ. Ele prevê que,

na interposição do Resp, o recorrente está isento de pagamento de

custas. Ele não é isento de preparo, só de custas. Ele tem que pagar o

porte de remessa e de retorno. Se não o fizer, o recurso será considerado

deserto.

Súmula 187 STJ - É deserto o recurso interposto para o superior tribunal de justiça, quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos.

No RE, aplicam-se os arts. 57 a 67 do Regimento Interno do

STF, que exige o pagamento de custas e do porte de remessa e de

retorno, sendo o valor fixado por Resolução do STF.

Proferido o acórdão, apresentam-se petições distintas para cada

um, cada uma dirigida a um tribunal diferente. São apresentadas ao

Presidente ou Vice-Presidente do tribunal recorrido. Art. 541, CPC.

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Art. 541. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas, que conterão: (Revigorado e com redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) I - a exposição do fato e do direito; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) Il - a demonstração do cabimento do recurso interposto; (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia autenticada ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, em que tiver sido publicada a decisão divergente, mencionando as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

Os incisos do art. 541 indicam os requisitos necessários aos

recursos. No caso de o juiz proferir decisão em causa de alçada, o primeiro

juízo de admissibilidade é feito pelo próprio juiz de 1º grau, pois não há

tribunal recorrido, já que a matéria não chegou ao tribunal.

O recurso é automaticamente protocolado na secretaria do

tribunal, abrindo-se vista ao recorrido para apresentar contra-razões, em

quinze (15) dias. Art. 542, CPC. O Vice-Presidente não se manifestou.

Art. 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista, para apresentar contra-razões. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) § 1o Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, no prazo de 15 (quinze) dias, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 2o Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 3o O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as contra-razões. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

Apresentadas ou não as contra-razões, volta à secretaria do

tribunal, e só então o Vice-Presidente irá proferir o juízo de admissibilidade,

em decisão fundamentada (Súmula 123 STJ). Se admitido o recurso, os

autos são remetidos ao STJ, onde será distribuído ao relator, que realizará

um 2º juízo de admissibilidade.

Súmula 123 STJ - A decisão que admite, ou não, o recurso especial deve ser fundamentada, com o exame dos seus pressupostos gerais e constitucionais.

Se o Vice-Presidente não admitir o Resp e RE, alegando falta de

admissibilidade ou, equivocadamente, entender que não ocorreu violação à

lei federal ou à CR, o recurso cabível é o AGRAVO DE INSTRUMENTO

ESPECÍFICO (diferente do AI genérico, previsto no art. 525 e SS do CPC).

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A finalidade deste AI Específico é única: destrancar o Resp e o RE, para

que subam ao STJ/STF. Art. 544 CPC.

Art. 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo de instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Supremo Tribunal Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

§ 1o O agravo de instrumento será instruído com as peças apresentadas pelas partes, devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento, cópias do acórdão recorrido, da certidão da respectiva intimação, da petição de interposição do recurso denegado, das contra-razões, da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 2o A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não dependendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com cópias das peças que entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal superior, onde será processado na forma regimental. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

§ 3o Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula ou jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo para dar provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua conversão, observando-se, daí em diante, o procedimento relativo ao recurso especial. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de instrumento contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando, na mesma causa, houver recurso especial admitido e que deva ser julgado em primeiro lugar. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

O prazo é de dez (10) dias para STJ ou STF. O recurso é

dirigido a esses tribunais superiores, mas será apresentada à

Presidência/Vice-Presidência do tribunal de origem. As peças obrigatórias

podem ser declaradas autênticas pelo advogado e não depende de

pagamento de custas ou despesas processuais. Abrem-se vistas para

contra-razões ou contraminutas automaticamente, subindo o agravo ao

tribunal superior.

O Presidente ou Vice-Presidente não podem negar seguimento

ao Agravo de Instrumento Específico, pois seu exame é realizado pelo STJ

ou STF. Mas, se ocorrer a negativa de seguimento, cabe RECLAMAÇÃO

CONSTITUCIONAL, pela usurpação, pelo Vice-Presidente / Presidente, da

competência do STJ/STF (trata-se de ação e não de recurso). O AI

Específico sobe para o STJ (e não o Resp), sendo sorteado um relator, que

dispõe dos poderes do art. 557, CPC.

Art. 544, § 3º, CPC. O relator poderá:

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A – Se o acórdão impugnado estiver em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do STJ, conhecer do Agravo, para dar provimento ao Resp (embora este não tenha subido; ele será julgado dentro do Agravo, pois todos os elementos do Resp estão dentro dele) [contra essa decisão monocrática, cabe Agravo Interno ou Regimental para levar a matéria ao colegiado];

B – ou determinar a conversão do AI Específico em Resp e prosseguir no exame do Resp se o AI contiver os elementos necessários ao julgamento do mérito (aqui, o acórdão não está em confronto com súmula ou jurisprudência do STJ);

C1 – ou dar provimento ao AI Específico para destrancar o Resp e fazê-lo subir; cabe Agravo Interno/Regimental. Esta é a prática comum. As opções A e B são excepcionais;

C2 – ou negar provimento ao AI;

C3 – ou não conhecer do AI, negando-lhe admissibilidade.

Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o-A Se a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior, o relator poderá dar provimento ao recurso. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 1o Da decisão caberá agravo, no prazo de cinco dias, ao órgão competente para o julgamento do recurso, e, se não houver retratação, o relator apresentará o processo em mesa, proferindo voto; provido o agravo, o recurso terá seguimento. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

§ 2o Quando manifestamente inadmissível ou infundado o agravo, o tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre um e dez por cento do valor corrigido da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)

O Resp e o RE sobem, de início, para o STJ analisar o Resp,

que pode dar provimento ou negá-lo. Se der provimento, o RE só vai para o

STF se não estiver prejudicado, pois, se o STJ acolher o recurso e reformar

a decisão impugnada, o RE resta prejudicado (já que o recorrente obteve o

que queria). Art. 543 CPC. Se não estiver prejudicado, segue para o STF.

Art. 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. (Revigorado e com redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 1o Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) § 2o Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o julgamento do recurso extraordinário. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

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§ 3o No caso do parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Supremo Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial. (Revigorado e alterado pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

O Ministro-relator do Resp pode afirmar que o RE é prejudicial

ao Resp – art. 543, § 2º (não cabe recurso). Remete, então, os autos ao STF

(sobrestado o Resp). O Ministro-relator do STF pode entender o contrário,

prevalecendo, então, este entendimento, caso em que o STJ terá que

apreciar o Resp.

8) EFEITOS DO RESP E DO RE:

1 – EFEITO DEVOLUTIVO – Art. 542, § 2º, CPC

§ 2o Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)

A princípio, não possuem efeito suspensivo. Para se pleitear a

atribuição de efeito suspensivo ao Resp e ao RE, há jurisprudência no

sentido de utilização de Ação Cautelar Inominada.

Competência para julgamento - Súmulas 634 e 635 STF:

A – juízo de admissibilidade na origem + fumus boni iuris + periculum in mora. Se estiverem todos presentes, a competência é do relator do STF.

B – não há juízo de admissibilidade na origem + fumus boni iuris + periculum in mora: a competência é do Presidente/Vice-Presidente do tribunal recorrido.

Súmula 634 STF - Não compete ao STF conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem.

Súmula 635 STF -Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

9) RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO RETIDOS

Art. 105, III, CR

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

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“Causas decididas” dizem respeito a acórdãos, que podem ter

natureza de sentença ou de decisão interlocutória. A primeira põe termo

ao processo, a segunda não.

O Resp e o RE retidos são cabíveis contra acórdãos com

natureza interlocutória. Não cabem, entretanto, contra simples decisão

interlocutória de 1º grau. Neste caso, cabem Agravo de Instrumento ou

Agravo Retido, pois o Resp e o RE só são cabíveis após esgotados todos os

recursos ordinários.

Não são cabíveis Resp e RE retidos contra acórdão com

natureza interlocutória em processo de execução, porque, nesse caso,

como não há decisão de mérito, não há como ingressar com Resp e RE

principais, logo, não se poderá reiterar o pedido de exame dos recursos

retidos.

No processo de execução, há apenas uma sentença de

natureza formal que encerra o processo. Na execução, cabem: embargos do

devedor (do executado/à execução), de 3º, à arrematação, à adjudicação

(não existem embargos à penhora, e sim embargos à execução por excesso

de penhora). Não cabem, na execução, Resp ou RE.

O processamento do Resp e do RE Retidos se assemelha ao do

Resp e do RE tradicionais. São protocolados na secretaria, é aberta vista

para contra-razões, volta para a secretaria. O Presidente ou Vice-Presidente

não realiza o exame de admissibilidade, mas as contra-razões já estão

anexadas. Pára-se aqui e aguarda-se o Resp / RE Retidos.

Nas razões ou contra-razões, quando da interposição do Resp /

RE tradicionais, é indispensável a reiteração do pedido de exame do Resp e

do RE Retidos. Em hipóteses excepcionais, como no reexame de prova, não

cabe Resp, logo, a princípio, também não caberia Resp Retido, na dicção

das Súmulas 5 e 7 do STJ:

Súmula 5 - A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.

Súmula 7 - A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

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Releva destacar que Rodolfo de Camargo Mancuso, autor de

destacado livro sobre Resp/RE, defende que a parte interessada no

julgamento do Resp/RE Retidos, dentro do prazo de quinze (15) dias, pode

pleitear o exame do Resp/RE Retidos mediante simples petição. Escora sua

tese no fato de que a lei só fala do prazo para reiteração. Essa, porém, não

é a posição dominante. A doutrina e jurisprudência majoritárias entendem

que é obrigatório que a reiteração se dê no próprio Resp e/ou RE, pois, se

estes não são cabíveis, o Resp/RE Retidos não poderão ser examinados.

A regra é que o Resp/RE Retidos só são cabíveis contra

acórdão com natureza interlocutória. Há, contudo, exceções em que, a

despeito de o acórdão ter natureza interlocutória, os recursos cabíveis são o

Resp e o RE tradicionais (em razão de celeridade no exame do acórdão

decisório):

• Acórdão que decide provimentos de urgência: antecipação de tutela e medida cautelar.

• Acórdão que não conhece do Agravo de Instrumento (juízo de admissibilidade negativo). Segundo entendimento jurisprudencial, o AI não foi examinado em seu mérito; a decisão impugnada continua produzindo efeitos que podem ser gravosos.

• Decisões acerca de competência também devem ser objeto de Resp/RE na forma tradicional.

• Decisões acerca de impugnação ao valor da causa.

• Caso de negativa de intervenção de 3º.

Se o Presidente / Vice-Presidente determina a retenção indevida

do Resp/RE, defendem-se as seguintes soluções como meio cabível para

liberá-los:

• Art. 544 CPC : Agravo de Instrumento Específico (defendido pela doutrina);

• Reclamação Constitucional (defendido por Flávio Luís Yarshell);

• Medida Cautelar (defendida por vasta jurisprudência).

A solução mais técnica é o Agravo de Instrumento Específico,

mas o STF tem aplicado o princípio da fungibilidade dos recursos, acolhendo

o recurso interposto e determinando a subida dos REsp/RE.

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CONCLUSÃO

A análise dos procedimentos recursais demonstra a

complexidade e formalidade atinentes ao ato de recorrer, ato que, entretanto,

pode redundar em melhores resultados, se os remédios postos à disposição

forem corretamente utilizados pelos operadores do Direito.

Desta forma,vê-se que, atenta ao ordenamento jurídico, o correto

manejo dos recursos permite à parte inconformada com o resultado da decisão

judicial que não lhe foi favorável valer-se do recurso adequado, com o objetivo

de obter melhor situação.

Assim, devem as partes se valer de tais remédios, no momento

oportuno, não com o intuito de protelar o cumprimento de uma decisão judicial,

mas para obter situação mais favorável na busca do seu direito, utilizando-se

das técnicas legais, e apontando as questões pertinentes ao seu

inconformismo.

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ANEXO

ATIVIDADES CULTURAIS

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Anotações de aula. Direito processual civil. Prof. e Juiz Federal Edward CARLYLE. Curso Master Juris. Rio de Janeiro. 2006.

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PINTO, Nelson Luiz. Manual dos recursos cíveis. 3ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004.

SHIMURA, Sérgio. Embargos infringentes e seu novo perfil, in Aspectos Polêmicos e Atuais dos Recursos Cíveis De acordo com a Lei nº 10.352/2001. vol. 5. Coordenadores: Nelson Nery Júnior, Teresa Arruda Alvim Wambier. 1ª ed. SÃO PAULO: Revista dos Tribunais, 2002.

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WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.

YARSHELL, Flávio Luís. Tutela jurisdicional. 2ª Ed. São Paulo: DPJ, 2006.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Os recursos nas ações judiciais 9

CAPÍTULO II - Efeitos do julgamento dos recursos 11

CAPÍTULO III – Juízo de admissibilidade 15

CAPÍTULO IV – Recursos em espécie 16

1. APELAÇÃO 16 1.1 Teoria da causa madura 18 1.2 Processamento da apelação 19 2. AGRAVO 21 2.1 Agravo retido 21 2.2 Agravo de instrumento 22 2.3 Possibilidade de atribuição de efeito suspensivo 25 2.4 Conversão do agravo de instrumento em agravo retido 26 3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 27 3.1 Embargos de declaração com efeitos infringentes 29 3.2 Processamento dos embargos de declaração 30 4. EMBARGOS INFRINGENTES 33 4.1 Objetivo dos embargos infringentes e hipóteses de admissibilidade 34 4.2 Processamento dos embargos infringentes 37 5. RECURSO ESPECIAL 40 6. RECURSO EXTRAORDINÁRIO 41 7. PROCESSAMENTO DO RECURSO ESPECIAL E DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 42

8. EFEITOS DO RESP E DO RE 48 9. RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO RETIDOS 49

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CONCLUSÃO 52

ANEXO 53

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 56

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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