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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A PSICOPEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLA Por: Michele Maier da Silva Orientador Prof. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PSICOPEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLA

Por: Michele Maier da Silva

Orientador Prof. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU ”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A PSICOPEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLA

Objetivo: Trabalho apresentado ao projeto A Vez do Mestre da Universidade Candido Mendes, como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Tendo como orientadora a professora Mary Sue Pereira. Por: Michele Maier da Silva

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AGRADECIMENTOS

AGRADEÇO À DEUS POR ME DAR FORÇA E CORAGEM EM TODOS OS DIAS DE MINHA VIDA E POR ME DAR UMA EXISTÊNCIA CERCADA DE

BONS AMIGOS.

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DEDICATÓRIA

À MEMÓRIA DE ANIBAL LOPES DA SILVA , MEU PAI E MELHOR AMIGO, MEU PRIMEIRO PROFESSOR NA UNIVERSIDADE DA VIDA.

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RESUMO Minha proposta Psicopedagógica tem o objetivo de trabalhar em parceria com a escola, oferecendo um olhar diferenciado ao aluno, bem como, para com seu desempenho, potencialidades e dificuldades. Busquei através do contato com a família e com profissionais ligados a educação entender melhor a criança que apresenta dificuldades no processo de ensino e aprendizagem para com maior eficiência articular, redirecionar e sanar seus transtornos. Nosso trabalho entende que o psicopedagogo é o interlocutor entre as partes, pais e escola, e que através de encontros, relatórios e devolutivas, a escola, num trabalho de parceria, passa a participar ativamente no movimento de intervenção. Acreditamos que dentro desse trabalho de parceria o empenho da escola, dos pais , assim como do psicopedagogo será , melhor, compreendido pelas crianças e /ou jovens e os levará à um melhor posicionamento na escola, família e na sociedade.

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METODOLOGIA Esta monografia foi desenvolvida à partir de pesquisas bibliográficas trazendo a visão de alguns autores importantes permitindo uma maior reflexão do tema escolhido.

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SUMÁRIO RESUMO 5 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I - O QUE É A PSICOPEDAGOGIA? 12 CAPÍTULO II - A AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA E A TRANSFORMAÇÃO DA 17 REALIDADE ESCOLAR. CAPÍTULO III - O OBJETO DA PSICOPEDAGOGIA. 24 CAPÍTULO IV - A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR 36 CAPÍTULO V - DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM 53 CONCLUSÃO - 61 BIBLIOGRAFIA - 62 ATIVIDADES CULTURAIS - 64 ÍNDICE - 65 FOLHA DE AVALIAÇÃO - 66

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INTRODUÇÃO No início deste século, enquanto os médicos buscavam alguma anormalidade orgânica para justificar o fracasso das crianças com dificuldade de aprendizagem, os psicólogos, fortemente influenciados pela psicometria, se ocupavam dos testes psicológicos na tentativa de medir, com precisão e objetividade, as verdadeiras aptidões dos alunos, bem como os eu coeficiente de inteligência ( QI ). Contudo, na década de trinta, a incorporação de alguns conceitos psicanalíticos no meio escolar mudou não só a visão dominante de doença mental, mas também as concepções corrente sobre as causas das dificuldades de aprendizagem. A consideração da influência ambiental sobre o desenvolvimento da personalidade nos primeiros anos de vida e a importância atribuída à dimensão afetivo - emocional na determinação do comportamento e seus desvios provocou uma mudança terminológica no discurso da psicologia educacional. Dessa forma, a criança que apresentava problemas presentes no aprendiz, pois além das causas físicas e intelectuais, os distúrbios emocionais e de personalidade começaram a ser levados em consideração. Visitando escolas, observando, acompanhando seus modelos de ensino, me questionava como a escola não utiliza a criatividade como um processo do desenvolvimento humano. Agora que trabalho em escolas, percebo que há uma dificuldade em considerar o indivíduo como um ser cognitivo, emocional e criativo. Há uma ausência de uma proposta pedagógica comprometida com a aprendizagem, com a afetividade e a expressão criadora do indivíduo. Existe atualmente, uma tendência para homogeneizar a criação e não uma tendência para o conhecimento da pessoa na aprendizagem. Luz Borges ( 1992), apresenta como paradigma uma futura intitulada “O movimento natural do desenvolvimento e aprendizado de ser humano. Nesta figura, a autora apresenta o desenvolvimento humano, ou seja, como o sujeito se processa desde a formação inicial de estruturas simples, ou seja, como o sujeito se processa desde a formação inicial de estruturas simples( criança, mãe), até atingir gradativamente estruturas complexas ( trabalho, mundo, etc). Neste movimento o sujeito vive processo de reconhecimento/discriminação/ diferenciação/ separação/integração. Na construção do ser do saber o movimento da: liberdade, atividade, autoridade neste processo. Paradigma( anexo) O paradigma pode ser utilizado pelo psicopedagogo não apenas na apenas na aprendizagem assistemática, mas também na aprendizagem sistemática, sendo utilizada por todas as ciências para estruturar os conteúdos das disciplinas oferecidas na escola.

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9Nesta visão, podemos ver o sujeito mais globalizado, percebendo gradativamente o processo de desenvolvimento da ação, liberdade, criatividade e autoridade para a produção do conhecimento. Agir psicopedagogicamente na relação ensinante - aprendente a fim de desenvolver o processo criativo do sujeito é um desafio. No entanto, cabe a nós abrirmos os limites e superar possibilidades buscando uma intervenção interdisciplinar, Freud ( 1908) definiu criatividade como um desejo inconsciente. Deste modo, o criador( ensinante e/ou aprendente) é aquele que usa e aceita as idéias que surgem livremente das produções do seu inconsciente. Nesse contexto, desde a pré escola os modelos educacionais devem ser discutidos, visto que, a criatividade deve surgir de condições favoráveis de segurança e liberdade pessoal. Sabe-se que trabalhar com a criatividade do sujeito é suscitar o processo criativo do ensinante também, porque a produção criativa advém de idéias inconscientes e estas mexem com o outro ( ensinante, instituição), visto que, projeta idéias que podem ser admiradas ou rejeitadas, permitidas ou recusadas. Nesta visão, questiono se os educadores estão preparados à permitir a expressão da criatividade do sujeito ou apenas a reproduzir modelos. Talvez, muitos ensinantes e instituições não mudam suas práticas pedagógicas porque não sabem como fazê-lo. Vejo que esse é um dos papéis do psicopedagogo, mostrar o que se pode fazer nesta relação ensinante, aprendente e instituição sem nomear culpados, mas inserir conhecimento e possibilitar reflexões para diferir o que é o papel do ensinante, da instituição quanto provedora de conhecimento e do aprendente . O trabalho psicopedagógico na escola caracteriza-se em possibilitar conhecimentos, reflexões e geração de mudanças. Quando permite-se conhecer quem é a pessoa na aprendizagem, liberta-se o desejo de aprender e criar. Minha atuação como psicopedagogo na escola começaria em conhecer o processo educacional, ou seja, o conhecimento, a aprendizagem, as relações, enfim, os saberes que a instituição, o ensinante e o aprendente convivem, desejam e produzem. Analisar que relações mantém entre si, levantar necessidades e possibilidades de um agir voltado para o conhecimento de si, do outro e da instituição. Perceber os limites é fundamental e desenvolver possibilidades é primordial para a mudança. Discutir sobre os modelos educacionais muito valorizados pelos ensinantes, mas que implicam na repetição e acabam sufocando a expressão criadora do sujeito. Por exemplo, minha prima de 4 anos fazia o jardim I e veio como tarefa pra casa cobrir o nome pontilhado, minha prima não cobriu o nome, mas escreveu embaixo seu nome igual o da professora. A professora corrigiu a tarefa, dizendo que estava errada. Questiono como pode estar errado utilizar outras formas de produção para alcançar o objetivo. Não aceitar a criatividade do outro e mantê-lo em um processo repetitivo e sem alternativas não produz sujeitos criativos e nem prepara-o para a

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10vida. Poderíamos utilizar uma psicopedagogia do desenvolvimento e aprendizado, a qual reconhecendo os processos de desenvolvimento do sujeito utilizaríamos na aprendizagem assistemática e na sistemática os princípios de atividade, autoridade, liberdade e criatividade que o sujeito necessita em cada fase evolutiva. A não permissão da produção criativa vem mostrando que o sujeito sai as escola em sua arrasadora maioria despreparado para a vida. Formar indivíduos profissionais que pensem de maneira crítica e criadora para assim estarem um pouco mais preparados para a vida requer um ensino que compreeenda o ser humano dentro de uma visão mais globalizada. O quadro de Luz Borges sobre : Uma Psicopedagogia do desenvolvimento e aprendizado, mostra o processo do sujeito em busca do conhecimento em estreita interação com o interno, externo e a aprendizagem. Piaget afirmou que “o principal objetivo da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas e não repetir simplesmente o que outras gerações fizeram - homens criativos, inventivos e descobridores. O segundo objetivo é formar espíritos capazes de criticar, de verificar e de não aceitar tudo o que lhes propõe.” Também temos necessidade de alunos ativos, aprendendo a descobrir por eles próprios, em parte pela sua própria atividade espontânea e em parte através do material que colocamos a sua disposição. ( 1991, p.23 ) Observo que a teoria construtivista de Piaget foi banalizada e acabou tornando-se método pedagógico e não uma filosofia de aprendizagem. A pedagogia se organizou em modelos, refletindo nos alunos problemas de aprendizagem, fracasso escolar, evasão e falta de criatividade. Penso que a psicopedagogia pode atar os fios das linhas do ensino - aprendizagem, buscando lidar com o conhecimento, com as diversidades, com o outro, com a criatividade, a afetividade e a singularidade de cada sujeito. O trabalho psicopedagógico nesta escola deveria começar com um levantamento e análise das condições e necessidades nos diferentes níveis: institucional, educadores e aprendentes. Acredito que o ponto de partida está na reflexão individual e grupal sobre suas próprias aprendizagens e sobre o que a escola produz. Estudos teóricos sobre diversas áreas do conhecimento em suas diversas vias: afetiva, social, cognitiva, linguistica, e até conteúdos sistemáticos e de desenvolvimento. Formação de grupos de estudos como complemento e suporte da prática de mudança. A formação de grupos operativos faz-se necessário para que o educador possa vivenciar suas aprendizagens e saber separar o que é seu no fracasso do aluno, o que é da instituição e o que é do aluno propriamente dito. Se a escola continuar oferecendo espaço para a auto - avaliação, tanto a nível institucional, e educacional, a escola, os ensinantes e os aprendentes conseguiram produzir e gerar profissionais críticos e criativos dentro de um marco sócio - político - cultural. A constituição de uma intervenção psicopedagógica segue orientações específicas, porém não há modelos rígidos para tal. Importante ter em mente às finalidades traçadas ao processo, bem como uma visão bem exercitada. O

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11processo, uma vez iniciado pela apresentação de uma proposta de inclusão em educação, seguiu uma trajetória de grupo operativo e construção de um projeto político pedagógico. O presente trabalho toma este processo como exemplo, denotando o papel do psicopedagogo frente às demandas educacionais futuras. Para a implementação da proposta de trabalho, a articulação com a metodologia de pesquisa ação confiou maior produtividade ao mesmo, apontando a intervenção cotidiana como a mais eficaz. A psicopedagogia surgiu como norteadora dos procedimentos necessários ao trabalho com crianças que apresentam barreiras à sua aprendizagem. Através de estudos nas áreas da psicanálise, psicologia social e epistemologia genética, a psicopedagogia objetiva o reconhecimento das capacidades da criança visando retirar o obstáculo que a impede de aprender. O estudo da psicopedagogia demonstra que não há uma relação causa efeito sobre os fatores que obstacularizam a aprendizagem, mas sim, há um contexto que envolve o ser aprendente e o “objeto”a ser analisado e compreendido. Na análise do contexto, a aprendizagem e o ensino estão em consonância para a compreensão do processo de cada indivíduo. Ou seja, para cada sujeito haverá um processo singular, permeado por uma aprendizagem individual e social onde as estratégias de ensino estarão em acordo ou desacordo. A análise e compreensão do contexto referem-se a relação da própria criança com a aprendizagem (vínculo positivo/negativo), a sua modalidade de aprendizagem, a dinâmica da família a qual pertence e a instituição escolar que se encarrega de seu processo de aprendizagem sistematizado. À instituição escolar caberia trabalhar com o processo de aprendizagem, desenvolvendo habilidades de raciocínio lógico, solução de problemas, apropriação de conhecimentos vitais ao indivíduo e a coletividade...enfim, preparar o sujeito para o futuro, baseando nos saberes passíveis de adaptação e atualização que as incertezas provocam. Ou seja, trabalhar com o “como pensar” e não “ que pensar”. Através dos estudos realizados baseando-se na psicopedagogia institucional pode-se observar quais os aspectos que, pertencentes ao processo de “ensinagem”, estavam obstacularizando o processo de aprendizagem de muitas crianças. Torna-se difícil, num primeiro momento, citar os apectos que podem se efetivar como entraves à aprendizagem e à participação das crianças; pois cada processo é individual ( do ponto de vista do aluno), também será bastante particular a cada grupo ( do ponto de vista da instituição ).

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CAPÍTULO I

O que é a Psicopedagogia?

A psicopedagogia está intimamente ligada ao processo de aprendizagem humana. Tem como concepção olhar para o indivíduo e destacar suas singularidades e potencialidades enquanto sujeito. Compreendendo que aquele que participa do processo de aprendizagem é

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13composto por um corpo, que está além de suas funções biológicas, com disposições cognitivas e afetivas, bem como, inserido num contexto sócio cultural que interfere diretamente na sua relação com o objeto e com o outro, portanto no processo ensino aprendizagem. A área da psicopedagogia vem oferecer subsídios que possibilitem uma leitura mais minuciosa dos processos cognitivos e dos mecanismos psicológicos que estão atrelados ao sintoma do comportamento que se faz visível na situação de aprendizagem. Esta leitura dos processos de aprendizagem cria uma nova necessidade: a intervenção psicopedagógica, pois feita à leitura do que está por “ traz ” da cena apresentada na aprendizagem é que se possibilita a construção e a sistematização de uma metodologia que visa o desenvolvimento global da criança, na sua relação com o mundo, integrando os aspectos cognitivos e afetivos. Nossos fundamentos se sustentam pela epistemologia genética e pelas reflexões a cerca do homem, seus vínculos e desejos que o influenciam em suas modalidades de aprendizagem. Nosso trabalho tem como objetivo garantir a aplicação do raciocínio na manipulação do conteúdo escolar e cultural de maneira que a criança se identifique e se aproprie da utilização dos conceitos aprendidos em qualquer circunstância ou relação. Nosso olhar como psicopedagoga é um constante desvendar dos conteúdos específicos, sem deixá-los de lado, buscando abstrair dos mesmos, conceitos implícitos, mecanismos operatórios e sobretudo a maneira como se dá a construção desse conhecimento, assim como seus vínculos afetivos. Durante todo o processo de acompanhamento o psicopedagogo observará: • Distúrbios de leitura e escrita. • A Psicomotricidade. • Percepção e descriminação visual e auditiva • Coordenação global, fina e óculo - manual. • A função simbólica dentro do desenvolvimento psicomotor. • Percepção espacial. • Orientação e relação espaço - temporal. • Aquisição e articulação de sons e palavras novas. • Elaboração e organização mental. • Atenção e concentração. • Raciocínio lógico. • Percepção pessoal e familiar.

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• Construção cognitiva. • Construção de vínculos : afetivos, sociais e escolar. Objetivo • favorecer e auxiliar aqueles indivíduos que se sentem impedidos para o

saber. • Auxiliar indivíduos com transtornos de aprendizagem. • Reintegrar o sujeito da aprendizagem a uma vida escolar e social

tranquila, bem como, a uma relação mais afetiva consigo e com o outro. • Levar o indivíduo ao reconhecimento de suas potencialidades. • Auxiliar o indivíduo no reconhecimento dos limites e como interagir

diante deles. • Ajudar o indivíduo na busca de alternativas para alcançar o saber. • Resignicar conceitos que influenciam o indivíduo no momento do

aprender. O Trabalho Psicopedagógico O diagnóstico psicopedagógico permite-nos um trabalho amplo que abrange desde a intervenção específica e individual, no que se refere aos alunos com transtornos, até a reflexão sobre o processo de ensino - aprendizagem. Para tanto nosso trabalho psicopedagógico é construído em cinco movimentos: Movimento preventivo Consiste em : • Auxiliar professores, técnicos e pofissionais da área diante das complexidades

apresentadas no cotidiano, bem como, na busca da aplicabilidade de novas técnicas e conhecimentos com a intenção de eliminar as fraturas de aprendizagem.

• Orientar pais e responsáveis para melhor conduzir as crianças na construção das modalidades de aprendizagem.

• Analisar a situação do aluno com dificuldades dentro dos limites da escola e da sala de aula, a fim de proporcionar orientações e instrumentos de trabalho aos professores, para que sejam capazes de modificar o conflito estabelecido.

Movimento de Intervenção Escolar

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15Consiste em : • Avaliar o espaço físico e psíquico da aprendizagem quanto aos seus processos

didáticos - metodológicos e a dinâmica institucional utilizada. • Observar: o material didático e sua utilização, as aulas, os professores, os

alunos e as relações estabelecidas professor, aluno e escola. • Diagnosticar as rupturas e apresentar soluções contextualizadas à escola e

seus objetivos. Movimento de Acompanhamento Individual Consiste em : • Compreender o sujeito de maneira global, percebendo qual é a dimensão da

suas relações: família, escola e sociedade. • Como aprende, qual o transtorno de aprendizagem e qual a hipótese da fratura

do aprender. Esse movimento se dá diretamente com o sujeito num atendimento individualizado, buscando investigar, intervir e significar o que não vai bem com o sujeito, seja no âmbito da aprendizagem ou no âmbito social sempre numa perspectiva de resignificação dos conceitos. Movimento Psicomotor Consiste em : • Atender crianças com transtornos motores e dificuldade na construção da

imagem corporal. • O atendimento Psicomotor busca auxiliar o indivíduo na construção do

simbólico no qual se posicionam o corpo e a motricidade do indivíduo. Quando ocorre o fracasso da representação do próprio corpo é que o atendimento psico - motor se articula num processo que visa resgatar novamente o que está submerso a estrutura do sujeito. Movimento de Orientação Sistemática para pais e responsáveis Consiste em : • Atender os pais e responsáveis esclarecendo dúvidas, preparando e

organizando procedimentos de maneira sistemática afim de que a dinâmica familiar possa ser resignificada gradativamente com apoio, funfamentação

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16teórica e supervisão constante.

Movimento de Acompanhamento Individual O atendimento psicopedagógico individualizado é composto de duas etapas: a) Avaliação Na busca de um diagnóstico aplicamos testes e avaliações que nos darão subsídios e nos permitirão elaborar um parecer tanto para os pais como para os profissionais de educação diretamente ligados a criança ou jovem. A avaliação é composta por no mínimo cinco e no máximo sete encontros semanais. Desses encontros, dois são dedicados aos pais e/ ou responsáveis, bem como, com a criança. E no último encontro daremos a devolutiva devolvendo o resultado das avaliações e também do nosso parecer e indicações. Será entregue um relatório escrito para a escola com parecer do psicopedagogo, com o objetivo de criar parcerias no momento da construção do saber da criança ou jovem em questão. b) Intervenção Esse é o segundo momento do atendimento, posterior ao diagnóstico, em que passamos a desvendar e intervir junto ao sujeito da aprendizagem. A cada 15 atendimentos os pais ou responsáveis terão uma devolutiva do trabalho que vem sendo desenvolvido, bem como , dos progressos e resultados. Vale lembrar que o diagnóstico não é algo estanque, pelo contrário ele está submetido a dinâmica, atuação e desenvolvimento da criança. Durante a intervenção a escola também receberá nossos relatórios e visita como continuidade da parceria proposta na avaliação.

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CAPÍTULO II

Ação psicopedagógica e a transformação da realidade

escolar

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18 A atuação do psicopedagogo na instituição visa a fortalecer -lhe a identidade, bem como buscar o resgate das raízes dessa instituição , ao mesmo tempo em que procura sintonizá-la com a realidade que está sendo vivenciada no momento histórico anual, buscando adequar essa escola às reais demandas da sociedade. Durante todo o processo educativo, procura investir numa concepção de ensino aprendizagem que fomente interações interpessoais, incentive os sujeitos da ação educativa a atuarem considerando integradamente as bagagens intelectual e moral, estimule a postura transformadora detoda a comunidade educativa para, de fato, inovar a prática escolar, contextualizando-a, enfatize o essencial, conceitos e conteúdos estruturantes, com significado relevante, de acordo com a demanda em questão, oriente e interaja com o corpo docente no sentido de desenvolver mais o raciocínio do aluno , ajudando-o a aprender a pensar e a estabelecer relações entre os diversos contéudos trabalhados, reforce a parceria entre escola e família, lance as bases para orientação do aluno na construção de seu projeto de vida, com clareza de raciocínio e equilíbrio, incentive a implementação de projetos que estimulem a autonomia de professores e alunos, atue junto ao corpo docente para que se conscientize de sua posição de “ eterno aprendiz ”, de sua importância e envolvimento no processo de aprendizagem, com ênfase na avaliação do aluno, evitando mecanismos menores deseleção, que dirigem apenas ao vestibular e não `a vida. Nesse trabalho do prfessor e nunca como o único recurso de sua atuação docente. Com certeza, se almejamos contribuir para a evolução de um mundo que melhore as condições de vida da maioria da humanidade, nossos alunos precisam ser capazes de olhar esse mundo real em que vivemos, interpretá-lo, decifrá-lo e nele Ter condições de interferir com segurança e competência. Para tanto, juntamente com toda a equipe escolar, o psicopedagogo estará mobilizado na construção de um espaço concreto de ensino - aprendizagem, espaço este orientado pela visão de processo, através do qual todos os participantes se articulam e mobilizam na identificação dos pontos principais a serem intensificados e hierarquizados, para que não haja ruptura da ação, e sim continuidade crítica que impulsione a todos em direção ao saber que definem e lutam por alcançar. Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos chamar de psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar, contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende conteúdos, aprende a ensinar, a dilalogar e liderar, aprende a ser cada vez mais um cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é também de aprendente. Agindo assim, a maioria das questões poderão ser tratadas de forma preventiva, antes que se tornem verdadeiros problemas. Em sua obra “ A Psicopedagogia no Brasil - Contribuições a partir da Prática”, Nádia Bossa registra o termo

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19prevenção como referente à atitude do profissional no sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos nesse processo, partindo da criteriosa análise dos fatores que podem promover, como dos que têm possibilidade de comprometer o processo de aprendizagem, a Psicopedagogia Institucional elege a metodologia e/ou a forma de intervenção com o objetivo de facilitar e /ou descobrir tal processo, o que vem a ser sua função precípua, colaborando, assim, na preparação das gerações para viver plenamente a complexidade característica da época. Sabemos que o aluno de hoje deseja que sua escola reflita a sua realidade e o prepare para enfrentar os desafios que a vida social apresenta, portanto não aceita ser educado com padrões já obsoletos e ultrapassados. “A Psicopedagogia trabalha e estuda a aprendizagem, o sujeito que aprende, aquilo que ele está apontando como a escola em seu conteúdo sociocultural. É uma área das Ciências Humanas que se dedica ao estudo dos processos de aprendizagem. Podemos hoje afirmar que a Psicopedagogia é um espaço transdisciplinar, pois se constitui a partir de uma nova compreensão acerca da complexidade dos processos de aprendizagem e, dentro desta perspectiva, das suas deficiências”( Nívea M. C. Fabrício). Surgiu da necessidade de melhor compreensão do processo de aprendizagem, comprometida com a transformação da realidade escolar, na medida em que possibilita, mediante exercício, análise e ação reflexivas, superar os obstáculos que se interpõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo e atuação coerente com a evolução e progresso da humanidade, colaborando, assim, para transformar a escola extemporânea, que não está conseguindo acompanhar o aluno que chega a ela, em escola contemporânea, capaz de lidar com os padrões que os alunos trazem e de se contrapor à cultura de massas predominante, dialogando com essa cultura. Educação e Psicologia, como também Psicanálise, Linguística e Filososfia, dentre outras, se unem para participar na solução de problemas que possam surgir no contexto educativo, todas passam a levar em conta esse contexto, os fins da educação e a problemática dos meios para realizá- la , elevando o aluno à categoria de sujeito do conhecimento, envolvendo na solução as estratégias pedagógicas adequadas, considerando liderança, diálogo, visão, pensamento e ação como pilares de sustentação de uma organização dinâmica, situada, responsável e humana ( Isabel Alarcão ). Há necessidade de, não apenas conhecer a ação, mas orientá-la, integrando o trabalho de acompanhamento de procedimentos didáticos à resolução de problemas de adaptação escolar, que podem ser caracterizados como aqueles que emergem da relação , da interação entre as pessoas e entre elas e o meio, surgindo em função de desarmonias entre o sujeito e as circunstâncias do ambiente. Essas desarmonias podem até adotar modalidades patogênicas ou patológicas, que requerem encaminhamentos específicos que podem extrapolar o espaço escolar. Refletindo sobre a Práxis visando favorecer a apropriação do conhecimento pelo ser humano, ao longo de sua evolução, a ação psicopedagógica consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem, bem como da aplicabilidade de conceitos teóricos que lhe dêem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes, que

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20respeitem a singularidade de cada um e consigam lidar com resistências. A ação desse profissional jamais pode ser isolada, mas integrada à ação da equipe escolar, buscando, em conjunto, vivenciar a escola, não só como espaço de aprendizagem de conteúdos educacionais, mas de convívio, de cultura, de valores, de pesquisa e experimentação, que possibilitem a flexibilização de atividades docentes e discentes. Utilizando a situação específica de incorporação de novas dinâmicas em sala de aula, contemplando a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola, o Psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o estabelecimento de vínculos , a utilização de métodos de ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e das circunstâncias de produção do conhecimento. A prática psicopedagógica tem contribuído para a flexibilização da atuação docente na medida em que coloca questões que estimulam a reflexão e a confrontação com temáticas ainda insuficiente discutidas, de manejo delicado, que , na maioria das vezes, podem produzir conflito. Isto se deve, em geral, ao quadro de comprometimento do aluno/ instituição, que apresenta dificuldades múltiplas , envolvendo as competências cognitivas, emocionais, atudinais,relacionais e comunicativas almejadas e necessárias à sociedade. Em decorrência, ações específicas, integradas e complementares de diferentes profissionais devem compor um projeto de escola coerente e impulsionador de valores e relações humanas vividos no ambiente escolar. Projeto que envolva o recurso humano: professores, alunos, comunidade para, através dele, transformar não só a cultura que se vive na escola, mas na sociedade.

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Como o Psicopedagogo atua na Escola, no consultório, Psicoprofilaticamente, e Sistematicamente Podem ser muitas as razões que determinam o sucesso ou o fracasso escolar de uma criança, como: fatores fisiológicos, fatores psicológicos, mais precisamente de mobilização, condições pedagógicas e principalmente o meio sócio - cultural em que vive a criança. A práxis psicopedagógica é entendida como o o conhecimento dos processos de aprendizagem nos seus aspectos cognitivos, emocionais e corporais. Pressupõe também a atuação tanto no processo normal do aprendizado como na percepção de re-educação ( terapia psicopedagógica). • Vivenciar e construir projetos, buscando operar na prática clínica e grupal. • Desenvolver projetos institucionais, principalmente aqueles relacionados a

escola. • Aprimorar a percepção de si mesmo e do outro, enquanto se individual, social

e cultural e no seu papel de psicopedagogo. Clínica Diagnostica, orienta, atende em tratamento e investiga os problemas emergentes nos processos de aprendizagem. Esclarece os obstáculos que interferem para haver uma boa aprendizagem. Favorece o desenvolvimento de atitudes e processos de aprendizagem adequados. Realiza o diagnóstico - psicopedagógico, com especial ênfase nas possibilidades e pertubações da aprendizagem; esclarece e orientação daqueles que o consultam; a orientação de pais e professores, a orientação vocacional operativa em todos os níveis educativos. A psicopedagogia no campo clínico emprega como recurso principal a realização de entrevistas operativas dedicadas a expressão e a progressiva resolução da problemática individual e/ou grupal daqueles que a consultam. Institucional A Psicopedagogia vem atuando com muito sucesso nas diversas instituições, sejam escolas, hospitais e empresas. Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervem ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças, também psicoprofilaticamente. A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promovem modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem no manejo instrumental da realidade.

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22Na Argentina e na França ( Pólos Culturais ), este trabalho já vem sendo desenvolvido há anos, tendo o psicopedagogo papel indispensável nas equipes multidisciplinares destas instituições. Ana Maria Muniz, Alicia Fernàndez e Sara Pain são grandes exemplos do quanto a psicopedagogia institucional vem colaborando dentro destas instituições. A aprendizagem não só objetiva a criança ou adolescente, mas o adulto e profissionais na integração e reintegração grupal. Inspirando-nos em Pichon, um dos que se preocupou com a questão “ Grupo”, verificaremos a importância de se trabalhar estas situações: “a aprendizagem é uma apropriação instrumental da realidade para transformar-se e transformá-la. Essa apropriação possibilita uma intervenção que gera mudanças em si, e no contexto que se dá. Caracteriza-se também, por ser uma adaptação ativa, constante na realidade. Implica, portanto, em estruturação, desestruturação e reestruturação. Isso gera tensão a qual necessita não apenas ser descarregada, mas revitalizada, renovada, enriquecida. Partindo da Teoria do Vínculo de Pichon-Rivière, a investigação deveria se dar em três dimensões: Individual, grupal, institucional ou sociedade, que nos permitiria três tipos de análise: Psicossocial - que parte do indíviduo para fora; Sociodinâmica - que analisa o grupo como estrutura; e Institucional - que toma todo um grupo, toda uma instituição ou todo um país como objeto de investigação. O trabalho do psicopedagogo se dá numa situação de relação entre pessoas. Não é uma relação qualquer, mas um encontro entre educador e educando, em que o psicopedagogo precisa assumir sua função de educador, numa postura que se traduz em interesse pessoal e humano, que permite possibilidades muitas vezes desconhecidas dele mesmo e incentivando-o a procurar seu próprio caminho e a caminhar com seus próprios pés. O objetivo do psicopedagogo é o de conduzir a criança ou adolescente, o adulto ou a instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal e saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela. Psicoprofilático Estuda e cria condições para uma melhor aprendizagem individual e grupal nas instituições educativas ou em situações de aprendizagem ( nível individual, grupal, institucional e comunitário). Compreende a investigação, o assessoramento e o planejamento do aprendizado; o assessoramento em equipes interdisciplinares referentes a educação e/ou à saúde mental, a difusão comunitária de temas de sua especialidade, aulas de cursos de capacitação; cursos de orientação a pais; treinamento de professores de todos os níveis.

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Sistemática Intervem na investigação e planejamento das aprendizagens, segundo níveis evolutivos ou as características psicológicas de quem aprende. Escolha e assessoramento de metodologias que ajustem a ação educativa nas bases psicológicas da aprendizagem. Assessoramento institucional de projetos de aprendizagem.

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CAPÍTULO III

O Objeto da Psicopedagogia

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25 O Objeto da psicopedagogia que procuramos definir não surge como um dado a priori, mas ele é construído, primeiro, pela ruptura com os sistemas relativamente correntes do pré - saber psicopedagógico generalizados de modo artificial: definições súmarias,falta de nitidez conceitual, definições operacionais, utilitárias, opiniões sensíveis, etc: e depois , pela retificação pelo alargamento, pela complementação das características positivas desse pré saber psicopedagógico através da história da sua prática no Brasil. A psicopedagogia surge no Brasil como uma resposta ao grande problema do fracasso escolar e evoluiu de acordo com a natureza do seu objeto e dos seus objetivos. No início, seu objetos,são os sintomas das dificuldades de aprendizagem, desatenção, desinteresse, lentidão, astenia, etc, e assim, seu objetivo é remediar esses sintomas. A dificuldade de aprendizagem seria apenas um mau desempenho, um produto a ser tratado. Além disso, a psicologia e a pedagogia são vistas como elementos justapostos e dentro dessa perspectiva, a psicologia é apenas estimuladora, normativa e reguladora da vida intelectual. De acordo com essa visão, a psicopedagogia, na realidade, não seria um saber independente dotado de fundamentos próprios, mas uma síntese simplificada dos múltiplos conhecimentos psicológicos e pedagógicos. Entretanto, tratar os sintomas se revela insuficiente para o êxito escolar, e começa-se então a entender o sintoma como sinal, produto, emergência de uma desarticulação dos diferentes aspectos de aprendizagem, a saber: o aspecto afetivo, o aspecto cognitivo e o aspecto social. A partir do momento em que se considera os sintomas como valores relativos, a psicopedagogia muda de objeto. Não é mais o sintoma que se visa, não é mais o desempenho, os bons e os maus resultados que se considera, mas a gênese da aprendizagem. Assim, a psicopedagogia entra em uma nova fase, onde é possível dizer que seu objeto passa a ser o processo de aprendizagem, e seus objetivos, remediar ou refazer esse processo em todos os seus aspectos. Da mesma forma, a noção de psicopedagogia muda de qualidade e passa a ser percebida como um saber independente, tendo , é claro, seus próprios instrumentos corretivos e profiláticos. A experiência clínica, porém, irá nos levar à constatação de que a relação psicopedagógica nào se estabelece entre o psicopedagogo e o processo de aprendizagem, mas entre o psicopedagogo e o sujeito desse processo, o ser cognoscente.

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26A psicopedagogia, como saber, entra então em uma nova fase, marcada, porém, por uma falta de nitidez conceitual, o que vai exigir uma redefinição desse campo de estudo. Será preciso, agora, mudar a base de nossa reflexão teórica e considerar o problema sob um ângulo diferente, tomando em consideração o sujeito do processo de aprendizagem, colocando a questão: quem é o objeto da psicopedagogia? A reflexão teórica e a prática clínica nos levam então a definir esse objeto como sendo o ser cognoscente, ou seja, o ser em processo de construção do conhecimento. Pode-se considerar o ser cognoscente como uma unidade de complexidades, ou seja, como um ser pluridimensional tendo uma dimensão racional, uma dimensão afetiva/ desiderativa e uma dimensão relacional, esta tendo uma implicação interpessoal e uma implicação contextual. A implicação contextual teria duas especificidades: uma intríseca que seria a biológica e outra extrínseca que seria a sociológica. Deve-se observar que consideramos esse ser como tendo dimensões que se articulam e não simplesmente aspectos, pois “aspecto”nos parece insuficiente para exprimir o caráter constitutivo dessas dimensões no processo de construção do conhecimento e de organização do próprio sujeito. Isso implica que esse ser é sujeito na construção do seu próprio conhecimento e de sua autonomia, ao mesmo tempo em que le é determinado pelas dimensões que o constituem, o que o inscreve na dialética da mudança e da permanência, do equilíbrio e do desequilíbrio, da unidade e da diversidade e da autonomia e da determinação. A autonomia do sujeito corresponde a sua ação - quanto mais criativa e divergente em relação ao que já está instituído, mais autônoma ela será. Além disso, a atividade criadora associa e integra o que estava dividido, ao mesmo tempo em que ela desequilibra as formas já articuladas permitindo uma nova organização. Essa ação do ser cognoscente total, em todas as suas dimensões, pode ser mais bem especificada se a decompusermos em: • perceber • discriminar • organizar • conceber • conceituar • enunciar Na gênese da construção do conhecimento, a ação existe sempre com todas essas especificidades. O que muda é sua qualidade, sua organização e seu funcionamento. O sujeito percebe, discrimina, organiza, concebe, conceitua, enuncia de modo sensório - motor, em seguida de modo simbólico, pré - conceitual, pré - operatório, operatório. Assim, durante o estágio sensório - motor,

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27o sujeito concebe o objeto por imitação e depois pela reprodução diferida. Durante o estágio simbólico, a concepção se faz pelos jogos simbólicos. Voltando à inserção do sujeito na dialética da autonomia e da determinação, por sua vez, nos parece associada às próprias dimensões que constituem o sujeito. Assim, a dimensão relacional é constitutiva no processo, na medida em que o ser cognoscente é um ser contextualizado, ou seja, determinado pelas condições de sua existência em sociedade. Sua percepção do mundo e o modo como ele constrói seus conceitos. Além disso, seus julgamentos são também determinados por sistemas de valores socialmente construídos. A dimensão relacional é também constitutiva no processo na medida em que o ser cognoscente é um ser contextualizado, determinado pelas condições de sua existência orgânica. A dimensão relacional é ainda constitutiva do processo na medida em que o ser cognoscente é um ser de relação determinado pelas inter - relações, mediatizadas pela linguagem, que ele estabelece com outros sujeitos. A dimensão racional é constitutiva do processo, na medida em que o ser cognoscente, por meio de sua ação sobre o objeto, constrói suas próprias estruturas no prolongamento dessa ação interiorizada. E através da ação que a construção do conhecimento começa, mas ela só se faz através da estruturação do vivido, ou seja, por meio da formulação de conceitos pelo sujeito. Portanto, mesmo a autonomia da ação é determinada pelo vivido na construção das estruturas. A estruturação do vivido faz-se geneticamente em diferentes níveis, sempre dentro da dialética e dos erros, dos fracassos que permitem as contradições e nas sínteses que conduzem aos progressos. A dimensão afetiva/ desiderativa é constitutiva do processo, na medida em que o sujeito cognoscente é determinado por um saber do qual ele não tem consciência, instituído pelas moções do desejo que trabalham dinamicamente todas as suas dimensões. O sujeito cognoscente não é o senhor absoluto dos seus próprios pensamentos, pois o inconsciente é a própria essência de sua vida mental. As dimensões do ser cognoscente, portanto, estarão sujeitas ao jogo desses dois modos de funcionamento - princípio da realidade e princípio do prazer ou do desejo - com todas as suas especificidades. Assim, todas as diferentes dimensões do ser cognoscente se articulam em uma totalidade dinâmica - autonomia e determinação, unidade e diversidade - em uma ação que organiza e modifica o meio. Essa ação do sujeito possibilita a construção do conhecimento e, por seu caráter estruturante e totalizador, a construção do próprio sujeito cognoscente.

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28Essas articulações são processos conflitivos e complementares nos quais as dimensões tendo especificidades próprias não se fundem nem se excluem, mas se integram em sínteses provisórias. Para que haja síntese, porém, é preciso admitir a existência de um núcleo organizador capaz de unificar a diversidade e que poderia chamar de o EU cognoscente. E o Eu cognoscente que permite ao ser cognoscente tomar-se a si mesmo e, assim, construir e conservar sua autonomia. As vias do desenvolvimento do EU cognoscente na construção de sua autonomia, segundo a visão psicanalítica e piagetiana, seguiriam certos movimentos mais ou menos simultâneos: • desorganização - integração • indiferenciação - diferenciação • simbiose - individuação • dissociação - síntese • realismo - representação • centralização - descentralização Parece - nos, portanto, que, dentro dessa ótica, seria possível conceber a psicopedagogia como um saber tendo como objeto o ser cognoscente e como objeto facilitar a construção do Eu cognoscente desse ser pluridimensional, identificando os obstáculos que impedem que essa construção se faça, e ao mesmo tempo reconstituindo suas possibilidades de síntese e sua autonomia.

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Definição do objeto da Psicopedagogia, segundo autores brasileiros. Sonia Miguel - “o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos - bem como a influência do meio ( família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.” Maria Neves - “a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. ” Clarissa Golbert - “o objeto de estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêuticos. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. ” Edith Rubinstein - “Num primeiro momento a Psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que elhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remediação e desta forma promover o desaparecimento dos sintomas...a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a a mesma, o objeto da psicopedagogia passa a ser abrangente: o principal objetivo é a investigação da etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem como a compreensão do processamento da aprendizagem considerando todas as variáveis que intervém neste processo. ” Maria Lucia Weiss - “a Psicopedagogia busca a melhoria das condições das relações com a aprendizagem, assim como, a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores. ” Após esta breve descrição sobre Psicopedagogia , passaremos a falar sobre sua subdivisão: Psicopedagogia Institucional e psicopedagogia Clínica. Iniciaremos pela Institucional à qual é “recheada”de dúvidas e interrogações. O importante no momento é definirmos qual a representação que fazemos sobre a intervençào na isntituição escola. Partimos de um enfoque sistêmico, pois

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30 consideramos o espaço escola apto para transformações respeitando sua história, organização e características próprias. Uma das características de nosso sistema educacional nos aponta para uma proposta preocupada com o ato de ensinar, mas pouco comprometida com o ato de aprender, gerando, assim, uma convivência pouco estimulante em sala de aula e uma relação empobrecida entre professor - aluno. É neste cenário que se desenvolve progressivamente a identidade pessoal dos alunos. Para Mendes (1998) identidade pessoal é “o processo histórico de cada indivíduo, que se constrói a partir do conjunto de caracteres próprios e comportamentos adquiridos pelo estabelecimento de relações sociais, portanto, falar de identidade supõe transformações que inevitavelmente ocorrem no transcorrrer de uma trajetória histórica. ” A intervenção na instituição a princípio seria identificar a demanda da escola, isto é, o que a instituição apresenta como queixa que é observado em seu cotidiano: dificuldade com seus alunos, baixo rendimento em algumas disciplinas, falta de interesse e pouca participação nas atividades escolares. Falta de cooperação entre os professores e funcionários da instituição. Após essa primeira etapa a pesquisa sobre a instituição se faz necessária, sua estrutura física, estrutura social ou seja, a relação entre alunos, professores e funcionários, democracia interna, estrutura administrativa, gestão, tomada de decisão, entre outros. Levando-se em conta que as organizações escolares produzem uma cultura que lhes é própria que exprime valores e crenças comuns, essenciais para a formação da consciência das pessoas, devemos observar alguns fatores como: quais as expectativas dos professores em relação ao sucesso dos alunos, como se utilizam os resultados dos alunos como base de avaliação dos programas. Na etapa da intervenção a proposta seria a de criar oportunidades para se levantar alternativas para a melhoria da ação educativa enquanto processo contínuo e não produto fnal, mobilizando as pessoas rumo a cooperação. A proposta de atuação numa linha cooperativa leva a uma maior integração dos objetivos, estimulando o trabalho interativo entre as pessoas que compõem o quadro orgacional da instituição. Trançar pessoas para trançar aprendizagens. A contribuição da Psicopedagogia é levar a instituição escolar à vivência que permita aos personagens desse cotidiano dar-se conta do prazer de pensar, como uma forma de diluir dúvidas, atender nossa curiosidade como um degrau que nos conduz à aprendizagem. Esse tipo de vivência deságua na própria autorização do sujeito como autor de seus pensamentos, de sua elaborações, e a escola como espaço experimental para tal autorização.

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31 Permita-se aprender. Já o trabalho clínico acontece na relação entre a pessoa com a sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem da outra pessoa implícita no não aprender. O Psicopedagogo deve compreender o que a pessoa aprende, como aprende e porque. De acordo com Alicia Fernández ( 1990 ), “todo o sujeito tem sua modalidade de aprendizagem, meios, condições e limites para conhecer. Modalidade de aprendizagem significa uma maneira pessoal para aproximar-se do conhecimento e constituir o saber”. Na prática diagnóstica é necessário levar em consideração alguns aspectos ligados ao fracasso escolar, construindo, assim, uma visão gestáltica da pluricausalidade desse fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito e suas múltiplas facetas. Aspectos orgânicos - relacionados à construção biofisíológica do sujeito. Aspectos cognitivos - relacionados basicamente ao desenvolvimento e funcionamento das estruturas cognitivas, aspectos ligados à memória, atenção e antecipação. Em uma visão piagetiana, o desenvolvimento cognitivo é um processo de construção que se dá na “interação entre o organismo e o meio”. Aspectos emocionais - ligados ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através da produção escolar. Aspectos sociais - ligados à perspectiva da sociedade em que estão inseridas a família e a escola. Aspectos pedagógicos - ligadas à adaptação, a metodologia do ensino, a avaliação, dosagem de informações, entre outros. Indivíduo - Sujeito Aprendente ( aluno ) - Interação - Meio - Ensinantes: Família, Escola eSociedade Para Vigotsky, “a aprendizagem da criança começa muito antes da aprendizagem escolar, portanto esta nunca parte do zero. Toda aprendizagem da criança na escola tem uma pré - história. ”. Para que não haja qualquer distorção nas sábias palavras de Winnicott, resolvemos reproduzi-las e não interpretá-las, portanto, resolvemos destacar alguns pensamentos do autor sobre Educação. “A escola, que é um apoio, mas não uma alternativa para o lar da criança , pode fornecer oportunidade para uma profunda relação pessoal com outras pessoas que não os pais. Essas oportunidades apresentam-se na pessoa das professoras e das outras crianças, e no estabelecimento de uma tolerante, mas sólida

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32estrutura em que as experiências podem ser realizadas ”. “O que preocupa os professores não é tanto a variável capacidade intelectual de seus alunos, mas as suas distintas necessidades emocionais. Mesmo no tocante ao ensino, algumas crianças progridem absorvendo tudo o que lhes metem pela goela abaixo, enquanto outras, só aprendem segundo seu próprio ritmo e à sua própria maneira quase em segredo. Quanto à disciplina os grupos variam enormemente, e não há regra rígida que funcione. Se a gentileza de trato funciona com êxito numa escola, fracassa em outra, a liberdade, a gentileza e a tolerância podem causar tantas vítimas quanto uma atmosfera de severidade.” “As crianças vão para a escola para que se adicione algo a sua vida, querem aprender lições. Mesmo que o ensino seja tedioso, querem tantas horas diárias de trabalho árduo que as habilitem a passar nos exames, o que lhes proporcionará finalmente trabalharem num emprego com os pais. Em contraste, outras crianças vão para a escola com outros propósitos. Frequentam-na com a idéia de que a escola talvez lhes forneça o que o lar não logrou propiciar. Não vão à escola para aprender, mas para encontrar um lar fora de lar. ” Essa problemática levantada por Winnicott desaguará na função da Psicopedagogia , na mediação e na intervenção.

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33 O lúdico como parceria na Psicopedagogia Desde o século passado até os nossos dias, estudiosos têm-se voltado para a necessidade de explicar o brinquedo, a atividade lúdica ( do latim, Ludus = brinquedo ) ou, simplesmente, os jogos das crianças. Segundo Piaget, o brincar é um modo de aprender a respeito de objetos e eventos novos e complexos, de consolidar e ampliar conceitos e habilidades, uma maneira de integrar o pensamento com as ações. Os três tipos de estruturas que caracterizam o jogo infantil e fundamentam sua classificação são: o exercício, o símbolo e a regra. Jogos de exercício: Caracterizam a fase que vai desde o nascimento até o aparecimento da linguagem. Jogos simbólicos: Caracterizam a fase que vai desde o aparecimento da linguagem até os seis/sete anos. Jogos de regras: Caracterizam a fase que vai dos seis/sete em diante. Consultando alguns teóricos: Freud e Erickson " brincar auxilia no fortalecimento do ego, é uma fonte de gratificação diminuindo a tensão psíquica", Ajuriaguerra, " é pelo jogo que a criança exprime suas possibilidades, é por ele que ela se descobre e que revela ao outro"; Pikunas" brincar serve ao propósito de adaptação as situações frustadoras de vontades e de desejos não satisfeitos. Brincar é aprender a respeito das leis da natureza"; Klaparéde " a criança é antes de tudo , um ser feito pra brincar. O jogo, eis aí um artifício que a natureza encontrou para levar a criança a empregar uma atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental"; Rosamilha " é a atividade intelectual é intimamente tributária da atividade manual ou motora. A utilização de atividades lúdicas variadas e frequentes favorece o seu desenvolvimento ". Também entre os Psicólogos se manifesta o interesse em explicar o brinquedo. Para os da escola psicanalítica o jogo nada mais é do que a livre expansão de tendências ocultas, mais ou menos represadas. Melanie Klien, em Londres introduziu o uso de brinquedos entre os psicanalistas de crianças com a finalidade de descobrir as causas dos distúrbios apresentadas por seus pequenos pacientes e, assim , curá-los. Segundo Winnicott ( 1971 ) " a criança adquiri experiência brincando. A brincadeira é uma parcela importante da sua vida. As experiências tanto externas como externas podem ser férteis para o adulto, mas para a criança essa riqueza encontra-se, principalmente, na brincadeira e na fantasia. Tal como as

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34 personalidades dos adultos se desenvolvem através de suas experiências da vida, assim as das crianças evoluem por intermédio de suas próprias brincadeiras e das invenções de brincadeiras feitas por outras crianças e por adultos. A brincadeira é a prova evidente e constante da capacidade criadora, que quer dizer vivência". Definindo os termos: - Brincadeira: refere-se , basicamente, ação de brincar, ao comportamento espontâneo que resulta de uma atividade não estruturada; - Jogo: uma brincadeira que envolve regras; - Brinquedo: objeto de brincar. Vejamos como esses termos são definidos no dicionário Larousse: - Brincadeira : ação de brincar, divertimento, gracejo, zombaria. Festinha entre amigos ou imprudência, ou leviandade e que custa mais do que se esperava: aquela brincadeira custou-se caro. - Jogo: ação de jogar, folguedo, brinco, divertimento. - Brinquedo: objeto destinado a divertir uma criança. Realizaremos a seguir uma revisão conceitual quanto ao jogo, a brincadeira e o brinquedo, na visão de benjamim, Didonet, Froebel, Piaget, Vygotsky e Winnicott. Benjamim - Brinquedo e brincar, para ele estão associados e documenta, como o adulto se coloca em relação ao mundo da criança. É através do brincar que a criança se encontra com o mundo de corpo e alma, é brincando que a criança aprende que, quando se perde no jogo, o mundo não se acaba. Didonet - É uma verdade que o brinquedo é apenas o suporte do jogo, do brincar, e que é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade, também, que sem brinquedo é muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele que permite simular situações. Froebel [ in kishimoto, 98 ] - Brincar é a fase mais importante da infância, do desenvolvimento humano neste período, por ser auto-ativa representação do interno, a representação de necessidades de impulsos internos. Piaget - A origem do jogo está na imitação que surge da preparação reflexa. Imitar consiste em reproduzir um objeto na presença do mesmo. Em suas pesquisas ele mostra que a imitação passa por várias etapas até que, com o passar do tempo a criança é capaz de representar um objeto na ausência do mesmo. Quando isso acontece significa que há uma evocação simbólica de realidades ausentes. É uma ligação entre imagem ( significante ) e o conceito ( significado ), capaz de originar o jogo simbólico, também, chamado de faz de conta.

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35 Vygotsky - O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal ( capacidade que a criança possui), pois na brincadeira a criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionando como se fosse maior do que é. Do ponto de desenvolvimento da criança, a brincadeira traz vantagens sociais, cognitivas e afetivas. Winnicott - A brincadeira é universal e própria da saúde. O brincar conduz aos relacionamentos grupais. A brincadeira é a prova evidente e constante da capacidade criadora, as crianças têm prazer em todas as experiências de brincadeira física e emocional. Brincar é bom terapeuticamente porque aproxima o imaginário de real; experimenta livremente os acontecimentos da vida; elabora seus anseios e fantasias; diminui suas tensões e ansiedades; domina suas angústias; joga fora o que está adormecido; expressa seus impulsos e motivações; desenvolve regras, limites e disciplina. O brinquedo tem, portanto, uma função catártica, isto é, purificadora.

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CAPÍTULO IV

A Psicopedagogia na Instituição Escolar

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37 A Psicopedagogia surgiu como uma necessidade de compreender os problemas de aprendizagem , refletindo sobre as questões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo, implícitas nas situações de aprendizagem. A reflexão psicopedagógica ampliou as abordagens e atuações sobre diagnóstico e interferências na aprendizagem à luz do desenvolvimento da criança , contando principalmente com as contribuições oferecidas pela epistemologia genética e psicologia do desenvolvimento afetivo. Atualmente as construções psicopedagógicas extrapolam as questões relacionadas apenas aos “problemas ” e suas pesquisas , se dirigem para duas vertentes: a psicopedagogia curativa ou terapêutica e a psicopedagogia preventiva. A primeira tem como objetivo reintegrar ao processo de construção de conhecimento uma criança ou jovem que apresentem problemas de aprendizagem. A segunda tem como meta refletir e desenvolver projetos pedagógicos - educacionais, enriquecendo os procedimentos em sala de aula, as avaliações e planejamentos na educação sistemática e assitemática. A psicopedagogia curativa tem se desenvolvido nos consultórios onde o trabalho tem uma conotação clínica, geralmente individual. Mas estas práticas têm sido reformuladas para o trabalho em grupo, no contexto institucional como escolas, creches, centros de reabilitação e hospitais. Considerando o trabalho na instituição escolar, identificamos duas naturezas de trabalhos psicopedagógicos: O primeiro diz respeito a uma psicopedagogia curativa voltada para grupos de alunos que apresentam dificuldades na escola. Esta é uma interferência que dá um novo sentido à recuperação. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula possibilitando o respeito às suas necessidades e ritmos. Esta orientação tem como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem formal. Acompanhando de perto e supervisionando estes trabalhos temos observado que seus resultados têm sido muito satisfatórios, responsabilizando mais a instituição diante da problemática da aprendizagem escolar e instrumentalizando a equipe docente. O processo desenvolvido dentro da instituição escolar possibilita uma leitura mais próxima da realidade escolar da criança , identificando melhor os mecanismos presentes no aprender com o outro e desenvolvendo dinâmicas mais próximas da situação de sala de aula. Porém sabemos que há limites para este tipo de atendimento e que nem todos os casos se adequam a ele.

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38 O segundo tipo de trabalho refere-se à assessoria junto a pedagogos, orientadores e professores. Tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares professor- aluno e redefinir os procedimentos pedagógicos , integrando o afetivo e cognitivo, através da aprendizagem dos conceitos, nas diferentes áreas do conhecimento. Concentrando a nossa atenção nos trabalhos em nível preventivo para o aperfeiçoamento das construções pedagógicas , podemos destacar diferentes formas de intervenção da psicopedagogia: • Releitura e reelaboração no desenvolvimento das programações curriculares,

centrando a atenção na articulação dos aspectos afetivo-cognitivos, conforme o desenvolvimento integrado da criança e adolescente.

• Análise mais detalhada dos conceitos, desenvolvendo atividades que ampliem

as diferentes formas de trabalhar o conteúdo programático. Nesse processo busca-se uma integração dos interesses, raciocínio e informações de forma que o aluno atue operativamente nos diferentes níveis de escolaridade. Complementa-se a esta prática o treinamento e desenvolvimento de projetos junto aos professores.

• Criação de materiais , textos e livros para o uso do próprio aluno,

desenvolvendo o seu raciocínio, construindo criativamente o conhecimento , integrando afeto e cognição no diálogo com as informações.

À escola cabe ensinar , isto é, garantir a aprendizagem de certas habilidades e conteúdos/ conhecimentos que são necessários para a vida em sociedade. Oferecendo instrumentos de compreensão da realidade local e, também, favorecendo a participação dos educandos em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas. A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis, em grupos variados, facilitando a integração dos jovens no contexto maior. Para cumprir sua função social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, sejam elas de natureza econômica, política, social, cultural, ética ou moral. Tem que considerar também as relações diretas ou indiretas dessas práticas com os problemas específicos da comunidade local a que presta serviços. As escolas existem para agir no mundo, na sociedade e na história. Agir planejadamente, intencionalmente, e, por isto, com direção. A escola constitui-se em uma organização sistêmica aberta, conjunto de elementos, que interagem e se influenciam mutuamente, conjunto esse relacionado, na forma de troca de influências, ao meio em que se insere. Dessa forma, qualquer mudança em qualquer dos elementos da escola produz mudança nos outros elementos, mudança essa que provoca novas mudanças no elemento iniciador, e assim sucessivamente.

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39Tendo por linha de ação envidar todos os esforços para assistir a escola, os professores,os pais, não para resolverem o problema imediato, mas sim a desenvolverem, por meio da resolução desse problema, novas habilidades, percepções, entendimentos; o enfoque da consultoria é o desenvolvimento da escola como organização, pelo desenvolvimento dos seus recursos humanos, a fim de que, gradativamente, se torne mais eficiente na realização do processo educativo. O processo de consultoria se caracteriza por um: A. Relacionamento interpessoal em caratér profissional; B. Exame de alguma problemática ou necessidade educacional; C. Tomada de decisão e implementação de medidas necessárias à sua solução; D. Exame e utilização de percepções, conhecimentos e habilidades dos que implementarão as medidas. No entender deste trabalho, consultoria poder-se ia traduzir em agir com direção e, agir com direção refere-se ao papel do gestor educacional. " Gestão(...) é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e palnejamento de seu trabalho." ( LUCK, 2000 ) A participação de toda a comunidade escolar não depende de ordens ou de agrupamentos de pessoas; depende sim da ratificação e da necessidade de estudar, aprender, trocar experiências, exercitar a conviv~encia, para melhor interação de uns com os outros. Metodologia Trata-se de uma pesquisa - ação, "... um tipo de pesquisa social com base que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo" ( THIOLLENT, 1998, p.14) Pretendendo-se, além de levantar dados referentes ao contexto ensino-aprendizagem da escola, desenvolver ações com toda a comunidade escolar, objetivando identificar as principais barreiras à aprendizagem e a busca de como superá-las.

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40 A implantação de um programa de mudança consistiu em : * Realizar um diagnóstico preliminar * Coletar dados sobre a situação de organização de grupos específicos * Divulgar e explorar esses dados com o grupo * Planejar a ação * Implementar a ação Cada fase apresentada acima foi acompanhada de instrumentos para a coleta de dados, posterior análise e discussão dos resultados. As informações que nortearam esta pesquisa foram obtidas através de uma instituição escolar pública situada no município do Rio de Janeiro. Os critérios para a escolha dessa instituição residiam na dificuldade da comunidade escolar " aceitar " qualquer tipo de trabalho que tivesse como objetivo atender crianças com dificuldades de aprendizagem; e, a localização geográfica da mesma ser próxima a uma comunidade carente do Rio de Janeiro. Na fase de diagnóstico preliminar, o objetivo principal era identificar os aspectos do corpo docente e da direção deveriam apontar 5 questões que tornavam o processo ensino-aprendizagem difícil de ser alcançado com qualidade. Os aspectos poderiam estar relacionados desde a sala de aula e/ ou ao sistema educacional. As questões apontadas puderam ser englobadas em três aspectos: * Estrutrurais * Processuais * Contextuais Ao analisar os dados coletados, em conjunto com o grupo da instituição escolar, pôde-se observar como as questões relacionadas a barreiras à apendizagem não são absorvidas pelo grupo. A maioria das questões refere-se a fatores " externos" a comunidade escolar: sistema educacional, as famílias dos alunos e aos próprios alunos. Dessa forma, o trabalho voltou-se para a relação existente entre fatores " externos" e aprática pedagógica da instituição; traxendo a discussão o papel de cada elemento do grupo. O enfoque apresentado foi o de aprofundamento teórico das questões emergentes, pelo grupo, como barreiras à aprendizagem. Na fase de coleta de dados, após o diagnóstico preliminar, os instrumentos utilizados foram a observação e a entrevista. na observação, utilizou-se o papel de observador como participante, por não desvincular o trabalho do grupo estudado de seu objetivo principal e fazendo com que o pesquisador se insira no cotidiano.

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41Uma vez que o papel do psicopedagogo é fazer assinalamentos necessários ao (re)conhecimento e crescimento do grupo. Na entrevista, utilizou-se a semi-estruturada porque ao elaborar um roteiro, este serve a adaptações, ao mesmo tempo em que garante a continuidade do foco de investigação. Condiçaõ, esta, necessária para levantar as opiniões e idéias dos elementos do grupo. O período de observação compreendeu 16 meses, tendo os encontros variados entre uma a duas vezes por mês. Para as entrevistas, 80% delas foram gravadas em fitas cassete, para obtenção do maior número de dados para posterior análise. As fases de divulgação e exploração dos dados com o grupo, planejamento e implementação de ações ocorreu concomitantemente a fase anterior. Primeiro, pelo próprio procedimento da pesquisa - ação; e segundo por tratrar-se de um exercício psicopedagógico. Os resultados obtidos durante a fase de coleta de dados, foram analisados procurando estabelecer parâmetros entre as práticas pedagógicas, a filosofia adotada na instituição e a proposta de inclusão em educação. Tais parâmetros objetivam reconhecer a origem do fracasso ou sucesso, do ponto de vista institucional, do universo educacional. Exercício Psicopedagógico À proposta de Educação para Todos, a escola tem apresentado levantamento de diversas barreiras à aprendizagem e à participação que ocasionam o " fracasso" da mesma diante de sua tarefa educacional. A palavra -chave para que a escola consiga reverter o quadro de fracasso escolar é intervenção.Intervenção para que a escola potencialize ao máximo a capacidade de ensinar dos professores e a capacidade de aprender dos alunos. A escola, ao vislumbrar a potencialização das capacidades dos " agentes " no fazer escolar, têm como suporte a intervenção psicopedagógica terapêutica presencial, com elaboração de estratégias de ensino em conjunto com os professores, objetivando a construção de um referencial epistemológico. Também, foco de intervenção psicopedagógica a gestão escolar, trabalhando a liderança profissional do diretor e cada membro de sua equipe. A gestão escolar tendo como alvo projetos educativos, através de um processo participativo e com apoio positivo e contínuo aos agentes. A cada barreira à aprendizagem e à a participação ( indisciplina, agressividade, motivação para a aprendizagem...) relacionada pelo grupo, eram selecionados textos sobre os mesmos e, desenvolviam-se sessões de estudo em grupo. Os textos, na realidade, eram pretextos para desencadear diálogos, trocas de experiências, emoções, numa verdadeira ação de repensar a prática que temos e a prática que queremos, numa abordagem de educação de qualidade para todos, que nem expulse e nem segregue nenhum aluno. O papel do psicopedagogo sendo o de integrar os agentes.

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Plano de Trabalho * Potencializar a prática do grupo ( instituição ) por meio de duas dimensões: A) os conteúdos que o grupo é capaz de conceber e operacionalizar, isto é , o conjunto de opções, de valores, de conhecimentos que constituem para as pessoas envolvidas, a dialética entre o horizonte e o " aqui e agora"; B) a organização e a dinâmica de relações desses conteúdos, sustentadas por metodologias, procedimentos, modelos e técnicas de busca da coerência entre o discurso e a prática. * Períodos 1. Realidade global existente X Realidade global desejada 2. Realidade global desejada do campo de ação e da instituição em processo de planejamento 3. Diagnóstico das necessidades 4. Transformações propostas * Foco de cada período 1. Escola Inclusiva 2. Equipe de Trabalho 3. Sumário das barreiras apontadas 4. Projeto Político Pedagógico * Capacitação centros de Estudos - 2000 e 2001 * Avaliação Considerações finais: As atividades apresentadas foram reflexo de uma proposta estruturada, apresentada a uma escola que estava voltada para uma mudança; porém sem saber como iniciar. Percorrendo as realizações ocorridas nos 22 encontros, a questão da visão psicopedagógica foi fator de suma importãncia exercitar a observação, reconhecendo atitudes implícitas e explícitas ao grupo. Quando da apresentação da proposta de inclusão em educação, que aspectos giravam em torno do não conhecimento da proposta e, que aspectos giravam em torno da exclusão da mesma. A interação entre os membros do grupo promovendo a identificação de seus componentes: afiliação, cooperação, pertinência, comunicação e a aprendizagem. Quando da dificuldade de ser coordenador e observador, ao mesmo tempo; o que ocasionou na não profundidade do trabalho com grupo operativo, baseando-se somente no aspecto profissional. A trajetória que se seguiu, acredito, deva servir para reflexão sobre uma proposta

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43de intervenção psicopedagógica institucional. Como cada instituição constitui uma experiência singular, a vivência desse processo se concretiza como material de estudo e não de modelo a ser seguido. Através de técnicas, como observação, entrevista, dinâmicas de grupo, técnica de grupo operativo e observação sistemática;pôde-se vislumbrar a prática da psicopedagogia institucional revelando a complexidade dos aspectos existentes nas instituições , fundamentando a falta de modelos pré-fixados. Algumas atividades foram finalizadas no tempo da intervenção e, outras se encontram em andamento, sendo necessário explicitar que inclusão em educação é um processo permanente e, portanto , um processo de transformação que está sempre acontecendo. A intervenção psicopedagógica institucional, em seu processo, tem como fins últimos a auto-análise e a autogestão. Uma vez o grupo encontrando o caminho para localizar/identificar suas barreiras à aprendizagem e à participação e, promovendo sua superação, encontrar-se á finalizado o trabalho da intervenção psicopedagógica.

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O trabalho psicopedagógico e a aprendizagem segundo a abordagem Vygotskyana Resumo O presente artigo, teoricamente e através de pesquisa bibliográfica, a prática psicopedagógica dentro da teoria vygotskiana. O trabalho do psicopedagogo apresenta-se nos processos normais de aprendizagem, atuando de forma preventiva nas instituições educacionais, como também na percepção das dificuldades de aprendizagem que já se apresentarem instaladas, atuando no diagnóstico e nas terapias psicopedagógicas. O profissional da psicopedagogia tem assumido diariamente contornos diferenciados, pois toda criança antes de chegar na escola já possui uma pré história escolar. Palavras - chave Trabalho psicopedagógico; Processos de aprendizagem; Pré História escolar. Psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e na resolução dos problemas no processo do aprender. Este profissional está capacitado a lidar com as mais diversas dificuldades de aprendizagem, um dos fatores atuais que leva uma boa parcela de alunos à multirrepetência, ao fracasso escolar e, consequentemente, à evasão. “Weiss ( 2001) entende como fracasso escolar uma resposta insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola. Se o aluno não corresponde a esta demanda “exigida” pela unidade escolar, algo deverá ser investigado, num envolvimento global, onde todos os profissionais que fazem parte desta organização caminhem juntos ao encontro e no repensar de suas posturas pedagógicas. O fracasso escolar pode ocasionar problemas sociais, que também perpassam por esta trajetória de marginalização e exclusão social. A identificação dos problemas de aprendizagem escolar que nunca parte do zero. Toda aprendizagem da criança na escola tem uma pré história.” O profissional da psicopedagogia detém um conhecimento científico específico oriundo da articulação de várias áreas envolvidas nos processos e caminhos do aprender. Cabe a ele intervir, visando a solução dos problemas de aprendizagem e tendo como foco o aluno ou a organização educadora ( escola ). Realizar o diagnóstico e a intervenção psicopedagógica também é uma atitude que poderá ser efetivada através de métodos, instrumentos e técnicas próprias da psicopedagogia, sendo relevantes as questões ligadas à prevenção. Envolver-se em pesquisas e estudos científicos acerca dos problemas e

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45processos de aprendizagem é de fundamental importância no trabalho do psicopedagogo, pois é através de novos enfoques que poderão ser alcançados importantes considerações a respeito da aprendizagem, bem como obtidos argumentos concretos para o reconhecimento da profissão. O psicopedagogo deve ter a consciência de observar o indivíduo como um todo: coordenação motora ampla, aspecto sensório - motor, criatividade, evolução do traçado e do desenho, percepção espacial e viso - motora, orientação e relação espaço temporal, aquisição mental, atenção e coordenação, bem como, expressões, aquisição de conceitos, e, ainda, desenvolvimento do raciocínio lógico - matemático. Através destes complexos ambientes de observação, procuramos entender o processo de aprendizagem segundo a abordagem vygotskyana, partindo do pressuposto que são várias as razões que determinam o sucesso ou o fracasso escolar de uma criança. A prática psicopedagógica é entendida como o conhecimento dos processos de aprendizagem em seus mais diversos aspectos: cognitivos, emocionais ou corporais. O trabalho psicopedagógico está inserido no processo ensino aprendizagem, atuando primordialmente, junto aos profissionais comprometidos nas instituições escolares de forma preventiva, detectando os momentos de dificuldades e prevendo questões que seriam motivo de tratamento futuro na vida educacional dos aprendentes, como também, interagindo com o organograma escolar quando os problemas de dificuldades de aprendizagem já estiverem instalados, trabalhando nos diagnósticos e nas terapias psicopedagógicas. Segundo Vygotsky ( 1982), a atividade criadora é uma manifestação exclusiva do ser humano, pois só este tem a capacidade de criar algo novo a partir do que já existe. Através da memória, o homem pode imaginar situações futuras e formar outras imagens. Sendo assim, a ação criadora reside no fato da não adaptação do ser, isto é de não estar acomodado e conformado com uma situação, buscando através do imaginário e da fantasia, um equilíbrio, bem como a construção de algo novo. Ë mediante este pressusposto, que o trabalho psicopedagógico se faz atuante. Ë descobrindo no aprendente suas capacidades e desenvolvendo atividades que o auxiliam na ordenação e coordenação de suas idéias e manifestações intelectuais. A especificidade do tratamento psicopedagógico consiste no fato de que existe um objetivo a ser alcançado, a eliminação dos sintomas. Assim , a relação psicopedagogo/ aprendente é medida por atividades bem definidas cujo objetivo é solucionar os efeitos dos sintomas. Como exemplo, podemos apontar os casos de problemas de aprendizagem em relação à leitura, motivo bastante frequente de consultas psicopedagógicas. Ë possível que uma criança não aprenda a escrever porque lhe faltam recursos intelectuais para elaborar e testar suas hipóteses acerca desse novo objeto de conhecimento. Ë possível, também, que uma criança cercada de recursos possua dificuldades em relação à ordenação das idéias e não consiga organizar e construir seu conhecimento.

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46Ao psicopedagogo cabe, indiscriminadamente, trabalhar as duas variantes aprendentes: de forma preventiva para que sejam detectadas as dificuldades de aprendizagem antes que os processos se instalem, como também na elaboração do diagnóstico e trabalho conjunto com família e escola frente às intercorrências advindas das dificuldades no processo do aprender. Partindo da idéia de que toda criança aprende, o profissional da área psicopedagógica terá que encontrar entre as diversas teorias educacionais a que mais se enquadra em cada caso diagnosticado. Não se pode falar em aprendizagem sem, portanto, considerar todos os aspectos relevantes na vida desse sujeito que se relaciona e troca, a partir da criação de vínculos. No diagnóstico psicopedagógico, não se pode desconsiderar as relações entre produção escolar e as oportunidades reias que a sociedade dá as diversas classes sociais. Muitas vezes, os alunos de baixa renda ainda são classificados como deficientes nas questões do aprendizado. Na realidade , faltam-lhes oportunidades de crescimento cultural, de rápida construção cognitiva e desenvolvimento de linguagem, o que, certamente, aumentaria suas chances de êxito escolar. A escola não pode ser vista isolada da sociedade, pois o sistema de ensino, seja público ou privado, reflete sempre a sociedade na qual está inserido. Na verdade, não existem culpados, o que precisamos é trabalhar, concomitantemente, para amenizar a exclusão educacional e social. O trabalho de conscientização e de prevenção iniciado e proposto por um profissional da psicopedagogia é muito bem-vindo em instituições educacionais que possuem quadros de exclusão semelhantes ao acima citado. Portanto, pode-se afirmar que a absorção de conhecimento pelo aluno depende da maneira pela qual as informações lhes foram ensinadas, que , por sua vez, dependem das condições sociais que determinarão a qualidade deste mesmo ensino. Professores em unidades escolares desestruturadas e sem nenhum apoio material ou pedagógico não terão como tornar real e atraente um conhecimento. Ë preciso que o professor, competente e valorizado, encontre prazer para que possibilite o prazer de aprender. São abordagens como essas, que espelham nossas realidades educacionais, que o profissional da psicopedagogia considera diariamente. Quando um psicopedagogo chega à instituição escolar, muitas pessoas acreditam que ele vai solucionar todos os problemas da escola, sejam eles de aprendizagem, indisciplina, evasão, exclusão, desestímulo docente entre outros. O trabalho é minucioso e abrangente, pois o profissional da psicopedagogia não trabalha isolado. Toda estrutura educacional necessita estar envolvida e ciente das metas estabelecidas no Plano Político Pedagógico ( PPP ). Por isso o trabalho psicopedagógico se depara com teórico/ prático que determinarão o sucesso deste trabalho. Com o aluno ( aprendente ), o trabalho investigativo está em saber se este quer

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47aprender, se deseja ou não aprender, se deixa seu desejo se manifestar a partir da sua vontade e construir seu mundo de significados. Com a instituição educadora ( escola), a investigação perpassa desde o organograma disciplinares, sem esquecer de abordar o trabalho em conjunto onde todos queiram alcançar um único objetivo: o sucesso escolar dos alunos. A aprendizagem refere-se a um confrontamento objetivo e uma motivação: para aprender; é necessário um vínculo e para que este vínculo se instale ela passa também, pelo afeto. Segundo Pichon, ( 1980), a aprendizagem é uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, que funciona acionada ou movida por motivações psicológicas. Delors ( 1999), cita os quatro pilares essenciais para um novo conceito de educação quais sejam: aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Um desses pilares reflete uma postura amadurecida com relação ao aluno: ...aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o pensamento. O processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. A educação primária pode ser considerada bem sucedida se conseguir transmitir às pessoas o impulso e as bases que façam com que continuem a aprender ao longo de toda vida, tanto na escola como fora dela. ( DELORS, 1999, p.92). ë neste momento que a intervenção psicopedagógica alcança seu maior grau de desempenho, fazendo com que o aluno exercite, através de estímulos, a atenção, a memória e o pensamento lógico - crítico. Cabe ao profissional da educação proporcionar aos seus alunos oportunidades para que o conhecimento para a vida aconteça. Como o saber jamais se dará como acabado, o papel do psicopedagogo terá uma ampla área de atuação, fazendo com que seus aprendentes descubram qual a melhor forma de reconhecer e desenvolver suas capacidades intelectuais. Ë na prática psicopedagógica que a teoria vygotskyana pode ser vivenciada no enfoque sócio-histórico - cultural. Partindo - se do pressusposto que a criança, ao chegar à unidade educadora ( escola ), já possui uma vasta bagagem informativa proveniente do meio em que vive, é papel dos educadores orientar e conduzir o conhecimento a partir de uma prática vivenciada e correlacionada à realidade da criança. Para que o conhecimento se construa de fato, a relação do educador/ aprendente também passa pela afetividade e pelo vínculo. O educador que se compromete com a educação deseja que seu aluno ( aprendente ) construa o conhecimento para a vida> O professor é apenas um mediador de um processo muito maior, que é o aprendizado. Para Vygotsky, a relação entre o pensamento e a palavra é um processo contínuo. O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, mas , por meio delas, ele passa a existir. A prioridade no ensino diz respeito, também , às aptidões, às qualidades pessoais, à cultura, à comunicação, enfim à valorização do conhecimento que o aluno já

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48possui e , a partir da sua visão de mundo, o desenvolvimento de uma prática pedagógica que estimule a pensar, criar, dialogar e participar ativamente na construção de novos conhecimentos. Considerações Finais Na ótica vygotskyana, que nos fornece subsídios para uma prática fundamentada na construção do indivíduo como pessoa, é fundamental que ele se insira num determinado ambiente cultural, que tanto pode ser formado a partir do seu grupo familiar, como, escolar, religioso, esportivo, de manifestação folclórica etc., pois é esse grupo que fornece instrumentos que irão possibilitar sua maturidade intelectual. Poderíamos, então, observar que, a cada dia, o objeto de estudo da psicopedagogia tem assumido contornos diferenciados, específicos e amplos. Não se trata do sujeito epistêmico de Piaget, do sujeito do inconsciente de Freud, do sujeito cindido de Lacan, do sujeito e suas zonas de desenvolvimento de Vygotsky, entre tantos outros teóricos, da educação. Estamos tratando de resgatar um sujeito completo. Não apenas a soma, mas a articulação desses sujeitos em suas especificidades. Nesta variante de teorias educacionais, somos ainda aprendentes e, no caminhar de nossa especialização, vamos nos identificando com alguns autores sendo o sóciointeracionismo a corrente teórica que mais se assemelha ao nosso pensar, não deixando, por isso, analisar e conhecer todos os autores que contemplam a educação. Cabe a cada profissional a maturidade e a consciência de identificar qual teoria se enquadra a cada caso tratado.

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A Intervenção Psicopedagógica na parceria com os professores Historicamente, a intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, tanto no diagnóstico quanto na terapia. Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas que frequentam, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. A questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem não aprende. Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilize recursos que façam aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem. No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente dispendem na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades. Assim, se a instituição consagra o aramazenamento do conteúdo como fator de soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem compreendidos como a confirmação das incapacidades do aluno de fazer frente às exigências, acabando por referendar o processo de exclusão. Escolas conteudistas, porém menos " exigentes", recebem os resultados do estudo como uma necessidade de maior acolhimento afetivo do aluno. Tornam -se mais compreensivas, mais tolerantes com o baixo rendimento, sem, contudo, alterar seu projeto pedagógico. Mantém, assim, o distanciamento entre o aluno e o conhecimento. Nelas também ocorre o processo de exclusão. O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre todas as características e necessidades de aprendizagem daquele aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Desta forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no projeto terapêutico. No entanto, mudanças vem ocorrendo, sobretudo nos últimos anos. A ótica que privilegia a divisão acadêmica, que categoriza os alunos, valoriza o homogêneo, que considera o conteúdo como um fim, começa a sofrer um esvaziamento. Realoca-se o conceito de aprender, a função do ensinar. Dar conta da diversidade, do heterogêneo, possibilita o aprender coletivo, a riqueza da troca, o aprender com o outro. O professor deixa de ser apenas o difusor do conhecimento e vive o fazer pedagógico como o espaço para a estimulação da aprendizagem. E, é no desdobramento desta nova condição do professor, que o estudo psicopedagógico ( eu prefiro usar a palavra estudo no lugar de diagnóstico, dadas as implicações daí decorrentes) pode adquirir um novo recorte, ampliando sua

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50função, que não se finaliza mais no aluno. De objetivo, o aluno passa a ser um meio. De problema, ele se transforma numa oportunidade. Oportunidade de aprendizagem para o professor . Refletindo acerca dos resultados, numa ação conjunta com o psisopedagogo, o professor se sente desafiado a repensar a prática pedagógica, inscrevendo a possibilidade de novos procedimentos. Para o psicopedagogo, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito impostante e enriquecedora, sobretudo quando os professores são especialistas nas suas disciplinas. Uma experiência bem sucedida que tive na intervenção psicopedagógica em parceria com os professores, foi vivida numa escola regular, da rede particular de ensino, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. A escola encaminhou a família de A. para o estudo psicopedagógico. Os testes de avaliação adotados à ocasião da matrícula nem puderam ser considerados, devido ao aparente desinteresse de A. em participar. Acostumada aos desafios com alunos portadores de dificuldades, a escola condicionou a possibilidade de aceitá-lo, aos resultados do estudo, desde que realizado por uma profissional que estivesse familiarizada com as propostas de ensino da instituição. Visava, desta forma, avaliar a adequação entre suas possibilidades e as condições de aprendizagem daquele aluno. Como era de se esperar, os pais vieram muito ansiosos em busca de auxílio. Cansados de tantas mudanças, referiam ser aquela a sétima escola que o filho iria frequentar. Concluído o estudo, a matrícula foi confirmada na sétima série. Os resultados obtidos revelavam um quadro importante de dificuldades na aprendizagem, com indicação para terapia psicopedagógica. E virtude de outros atendimentos a que se submetia, não havia nenhuma possibilidade de se introduzir uma nova terapia. A solução encontrada foi intervir de se introduzir uma nova terapia. A solução encontrada foi intervir junto aos professores que iam atuar em sala de aula, sob forma de orientação psicopedagógica. Este seria o elo que vincularia todos os informes profissionais disponíveis sobre o aluno com as observações de classe feitas pelos professores. Visávamos favorecer a sustentação da parceria professor - aluno. A orientação psicopedagógica para os professores ocorreu através de reuniões mensais. Algumas condições foram consideradas fundamentais para o trabalho de orientação. As reuniões não deveriam ser individuais, mas com o grupo, favorecendo a troca de informações e possibilitando uma maior compreensão. O apoio dado não deveria ocorrer através da descrição das patologias que A. apresentava. Os nomes das dificuldades não ajudariam em nada. Do contrário, serviriam de rótulo, desestimulando os professores e o nosso objetivo era o oposto. Queríamos desafiá-los. Desafiá-los na descoberta das características específicas daquele aluno, sobretudo nas possibilidades preservadas para a aprendizagem. A fala dos professores representava, também, a possibilidade de ampliar a nossa compreeensão, como especialistas, sobre o caso, permitindo uma intervenção mais eficiente. Iniciamos o trabalho pela escuta. Todos tinham o que dizer daquele aluno tão fora do padrão do grupo, apesar da escola ter grande experiência no atendimento de

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51alunos com dificuldades de aprendizagem e dos professores passarem, frequentemente, por reciclagem. Nos relatos, havia pontos em comum: o aluno nada produzia, não fazia as lições, não se mobilizava para nada, e , para ter algum rendimento, precisava ser estimulado individuamente. Além da dificuldade na compreensão da leitura, seus colegas não entendiam o que ele dizia, em função de problemas na fala. Associada a esta queixas, a defasagem no conteúdo era constatada em todas as áreas. Assim, sugerimos a introdução de uma professora de apoio, que o auxiliaria fora do período escolar, mas no ambiente da escola. Este procedimento também atenderia a preservação da relação mãe-filho, desgastada sobretudo pelas questões escolares. Por isto, A. foi mantido em período integral na escola, voltando para casa com todas as tarefas cumpridas. Poder reconhecer e falar dos conflitos no lidar com a diferença, permitiu aos professores caminhar numa nova direção, na direção das possibilidades daquele aluno. Assim, no final da primeira reunião, diante de tantos naõs, combinamos relacionar, para o encontro seguinte, apenas os pontos positivos, isto é , os aspectos preservados no desempenho de A. Na reunião que se seguiu, todos os professores se mostravam muito ansiosos por falar. Além do reconhecimento de pontos positivos, eles tinham podido lidar com as diferenças no grupo de alunos, como eles próprios tinham vivido na reunião. Alguns já tinham desenvolvido novas estratégias de trabalho com sucesso. Analisando estas propostas, extraímos o que havia em comum e isto alavancou, durante a reunião, novos projetos. Alguns professores relatavam contatos estabelecidos com o aluno que tinham se processado de várias maneiras. Concluímos que estes vínculos seriam diferentes porque envolviam diferentes pessoas, de diferentes disciplinas. Empolgados com a análise e com as possibilidades de intervenção em classe, os professores se sentiram estimulados na direção das possibilidades de aprendizagem daquele aluno. Assim, a cada encontro eram relatadas novas conquistas até que, entre os professores, instalou-se a necessidade de um maior entendimento acerca do que explicava aquelas características tão particulares do aprendizado, que eles agora conheciam melhor. visavam, desta maneira, reconhecer o significado da dificuldade no processo da aprendizagem. Este era o ponto, que pode ser delimitado pela análise do desempenho do aluno, valorizando as habilidades que poderiam estar por detrás de cada situação bem sucedida. Ampliando o nível de compreensão entre tarefas e habilidades implicadas, os professores puderam associar sua experiência e criatividade com as necessidades de A. Foi um trabalho coletivo de criação. Como no processo de inclusão, o aprendizado era coletivo e o desafio, inscrito na diversidade. Um aprendia com o outro. Ninguém ficou confinado na sua disciplina e as propostas tinham uma característica comum: não eram as rotineiras. Através deste exercício, todos saíram da reunião dispostos a fazer novas experiências em sala de aula para relatar na reunião seguinte. Paralelamente ao trabalho de orientação, a intervenção psicopedagógica também

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52se propunha a incluir os pais no processo, através de reuniões , possibilitando o acompanhamento do trabalho realizado junto aos professores. Assegurada uma maior compreensão, os pais ocuparam um novo espaço no contexto do trabalho. Abandonando o papel de espectadores, assumiram a posição de parceiros, participando, opinando e cobrando. Incorporados ao trabalho de equipe, eles também tinham função e responsabilidades bem definidas. Decididamente, eles sabiam a quem recorrer em caso de necessidade. Ficaram menos ansiosos. na etapa que se seguiu com os professores, demos continuidade ao trabalho de ampliação da compreensão dos sucessos, compondo ,também, estratégias que pudessem diminuir o impacto das dificuldades instrumentais, mais especificamente na leitura e na escrita. Estavam, todos eles, francamente mobilizados para o ensino e, consequentemente, para a aprendizagem daquele aluno. Os insucessos eram pontuados sem necessidade de serem descritos. O problema não residia ali. O desafio era como conseguir . Achei, então, que era chegado o momento dos professores entenderem a dimensão dos resultados do trabalho que vinham fazendo, através do conhecimento dos diagnósticos realizados. Havia um interesse genuíno de todos, porque ninguém parecia querer procurar nas dificuldades, a justificativa para o insucesso. Assim, a cada diagnóstico referido, a reação era de surpresa, porque A. não era o descrito.A. era o vivido por eles e , em todos, senti uma sensação de vitória. Eles estavam conseguindo e reconheciam a importância do trabalho em parceria, que incluía, além dos professores de classe e da psicopedagogia, a professora de apoio que, através de um forte vínculo de confiança com o aluno estava conseguindo empolgá-lo na direção da aprendizagem significativa, mobilizando novos recursos. Após um ano e meio após início do trabalho ,os professores já se sentiam mais seguros, mais confiantes. Desta forma, decidimos interromper a intervenção psicopedagógica sistemática, deixando em aberto a recorrência e caso de necessidade. A. continua apresentando uma importante evolução global e está, cada vez mais, mobilizado para a aprendizagem. Atualmente, revela interesse por se apropriar de novas linguagens e escolheu a escultura como meio de expressão. Descentralizado do aluno e deslocado para os professores, o trabalho psicopedagógico ampliou a possibilidade de intervenção junto a quem ensina. Pais, professores, especialista uniram esforços na busca de soluções. Ninguém ficou esperando resultados. Ninguém foi excluído da equipe de trabalho. Somamos nossos conhecimentos e experiências. Todos aprendemos.

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CAPÍTULO V

Dificuldades na aprendizagem

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54 O psicopedagogo busca detectar aquilo que leva o sujeito ao não aprender, ou aquilo que o impede de pensar, despertando , no sujeito, o interesse pelo conhecimento e o prazer de conquistá-lo. A psicopedagogia possui uma perspectiva cínica voltada para o sujeito que desviou-se em determinado momento de sua trajetória escolar, por motivos diversos, do âmbito do aprender sistematizado. O problema de aprendizagem pode surgir em qualquer fase do processo educativo, por sua vez, não configurando um quadro permanente, mesmo para os portadores de déficits específicos. Alterações orgânicas, por si só , não definem o limite do sujeito, o que interessa ao trabalho psicopedagógico é o que a criança traz, o seu potencial. As prováveis causas para o problema de aprendizagem e consequentemente o fracasso escolar, são de ordem orgânica, cognitiva, afetiva e socio - ambiental. A psicopedagogia, historicamente, restrita aos aspectos mais orgânicos, amplia, por sua vez, a compreensão dessas questões, expressando melhor clareza conceitual na abordagem desses problemas. O papel, então, de escola e sobretudo da família, na relação da criança com a aprendizagem, é de enorme valor. Cada família dispõe de regras próprias e papéis definidos para cada membro de seu grupo e muitas vezes esses papéis assumem verdadeiros mandatos para a criança, impedindo - a de atender a suas aspirações e desejos, retirando o prazer do conhecer, do crescer e do aprender. Há, também, a exigência sócio- econômica atual impulsionando as mulheres para fora do lar. Esta saída, necessária, acarreta dificuldade de dar limite, de estabelecer rotinas, colocar parâmetros, o que acaba criando um grande vácuo na educação de seus filhos, pela pouca disponibilidade física e temporal dos pais de assistí-los. Muitos, são, portanto, os fatores que concorrem para o problema de aprendizagem, e a psicopedagogia dá aos profissionais que lidam com as crianças, em diferentes instituições, a possibilidade de criar situações, que ajudem essa criança a discriminar-se, que a façam lidar com a falha, que sejam continentes de seus medos e ansiedades, permitindo-lhe enfrentar melhor a realidade formalizada pela aprendizagem acadêmica. É o prazer de ensinar junto com o prazer de aprender que conduz a uma aprendizagem satisfatória, evitando o fracasso escolar.

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Dificuldades de Aprendizagem – um desafio para o educador Indagar, questionar, problematizar...são palavras sempre presentes na vida do educador. Estamos sempre indagando e questionando sobre as coisas que acontecem no cotidiano escolar. E, na escola pública, muitas dessas indagações parecem que ficam no ar: Porque o aluno não aprende apesar de todo esforço do professor? Como explicar o fracasso escolar ? Como ajudar aquele aluno que já repetiu a primeira série várias vezes e ainda não aprendeu a ler? Se por um lado temos alunos e suas possíveis dificuldades, por outro temos um contexto escolar que precisa ser alterado, ou seja, a escola precisa oferecer uma proposta mais estimulante para que a aprendizagem aconteça, favorecendo o avanço desses alunos. Mas, como transformar esses alunos ditos fracassados em alunos motivados, ativos, produtivos, com um bom rendimento escolar? É um desafio para a escola e de modo especial para os educadores. O aluno precisa ver sentido no que aprende na escola. Os conteúdos devem fazer parte de sua vivência, do seu cotidiano, da sua realidade. Deve haver uma ligação entre o que a escola “dita ” e a realidade do aluno, caso contrário não terá significado algum. Como uma criança pode ser alfabetizada num contexto escolar que exclui a realidade que ela vive? Da mesma forma: como aprender a matemática da escola sem que ela seja contextualizada, de modo que faça sentido para o aluno para o aluno ou que ele entenda que é a mesma matemática que ele usa no seu cotidiano? Terezinha Carraher, no seu livro “ Na vida dez, na escola zero”( 2001 ), destaca que, muitas vezes, os alunos não aprendem matemática na escola mas usam a matemática no seu dia a dia com sucesso. O livro analisa situações em que feirantes, cambistas, mestres de obras, entre outros, que pouco ou nunca frequentaram a escola, conseguem desenvolver estratégias que os ajudem a resolver problemas matemáticos. Daí vem a conclusão de que existe um contraste entre a matemática de rua e a da escola, cabendo ao professor aproximar as duas, ou seja, sistematizar seus conteúdos de forma que o aluno compreenda, que ele perceba que a matemática não é um “bicho de sete cabeças”, mas faz parte do seu cotidiano, deixando de ser memorização de coisas sem sentido. Não só na matemática mas em todas as outras disciplinas, o professor deve está preocupado em oferecer condições para que o aluno possa fazer um paralelo entre o que está aprendendo e a sua realidade e tal qual Rubem Alves ( 1981, p.89), desejar “criar condições para que cada indivíduo atualize todas as suas potencialidades”. E nosso aluno da Escola Pública tem um potencial muito grande.

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56O que está faltando é que o educador acredite nas possibilidades de avanço desse aluno, estimulando, desenvolvendo o espírito de persistência, os sentimentos de confiança e auto estima, respeitando as diferenças individuais de cada aluno, oferecendo ferramentas para que o aluno possa ampliar sua visão e da construção de uma realidade que garanta uma melhoria de vida. Que desafio! E que responsabilidade a de fazer diferença na história de vida dos alunos. Segundo Cláudia Davis, ( 1991), no ambiente escolar a criança sofre uma transformação radical em sua forma de pensar. Antes de chegar à escola, os conhecimentos são assimilados de modo espontâneo, a partir da experiência direta da criança. Quando ela chega à escola, existe uma intenção prévia de organizar situações que propiciem o aprimoramento dos processos de pensamento e da própria capacidade de aprender.O papel do educador nesse processo é funademntal. Por isso é importante que ele conheça as teorias de aprendizagem e tenha uma posição clara e definida sobre sua prática pedagógica. No dia a dia de sala de aula ele planeja, direciona e avalia a sua ação. Comete alguns erros, reflete sobre eles e enfrenta a possibilidade de corrigí-los. E ao longo desse processo não só o aluno aprende e avança mas o próprio professor tem a oportunidade de melhorar sua prática pedagógica. Não existem fórmulas prontas para vencermos as dificuldades de aprendizagem dos nossos alunos. Até porque essas dificuldades muitas vezes são um sintoma de que algo não vai bem e é tarefa do educador identificar o que não vai bem e ajudar o aluno a superar o problema. Mas, quando o educador pára no tempo, não se prepara, não busca uma melhor formação, quando ano após ano usa o mesmo planejamento para todas as suas turmas, não se envolve com o aluno e só se preocupa em “jogar” os conteúdos da sua disciplina, ele está empurrando seus alunos para o fracasso escolar. Mesmo o educador mais experiente precisa planejar e avaliar constantemente o seu trabalho, mas acima de tudo, ele deve ter consciência do seu papel, da sua importância como formador de opiniões e que seu trabalho não é somente um “ganha pão “, mas é uma verdadeira vocação. E ele estará no caminho para descobrir suas próprias estratégias para vencer as dificuldades de aprendizagem de seus alunos. Mas quando todas as estratégias falham ele pode contar com o apoio do psicopedagogo que vai investigar as causas dessas dificuldades e trabalhar com o aluno com o objetivo de vencê-las.

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Fracasso Escolar: De quem é a culpa? O fracasso escolar é hoje um grande problema para o sistema educacional. Muitas vezes, para se livrar da responsabilidade deste fracasso, busca-se um culpado, alguém que possa assumir sozinho esta situação. Este artigo vem questionar esta atitude e propõe discutir o fracasso escolar a partir de outras variáveis que também influenciam no processo de ensino aprendizagem. A partir disso, procura-se pensar no papel do psicopedagogo com relação ao fracasso escolar. A atuação deste profissional pode servir tanto para determinar o “culpado” que se procura , ou seja, patologizar o aprendente quanto para ampliar este foco, buscando outras variáveis que influenciam no processo de aprendizagem. PALAVRAS - CHAVE : Fracasso escolar, aprendizagem, intervenção psicopedagógica. O fracasso escolar aparece hoje entre os problemas de nosso sistema educacional mais estudados e discutidos. Porém, o que ocorre muitas vezes é a busca pelos culpados de tal fracasso e, a partir daí, percebe-se um jogo, onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um sistema econômico, político e social. Mas será que existe mesmo um culpado para a não aprendizagem? Se a aprendizagem acontece em um vínculo, se ela é um processo que ocorre entre subjetividades, nunca uma única pessoa pode ser culpada. Alicia Fernández nos lembra que “a culpa, o considerar-se culpado, em geral, está no nível imaginário”( FERNÁNDEZ, 1994) e coloca que o contrário da culpa é a responsabilidade. Para ser responsável por seus atos, é necessário poder sair do lugar. Não pretendo aqui, portanto, expurgar a responsabilidade de um fracasso escolar. O propósito é discutí-lo como um um elemento resultante da integração de várias “forças” que englobam o espaço institucional ( a escola), o espaço das relações ( vínculos do ensinante e aprendente), a família e a sociedade em geral. Quando se fala em fracasso, supõe-se algo que deveria ser atingido. Ele é definido por um mau êxito, uma ruína. Porém mau êxito em quê? De acordo com que parâmetro? O que a nossa sociedade atual define como sucesso? Daí a necessidade de analisar o fracasso escolar de forma mais ampla, considerando-o como peça resultante de muitas variáveis. A sociedade busca cada vez mais o êxito profissional, a competência a qualquer custo e a escola também segue esta concepção. Aqueles que não conseguem responder às exigências da instituição podem sofrer com um problema de aprendizagem. A busca incansável e imediata pele perfeição à rotulação daqueles que nào se encaixam nos parâmetros impostos. Assim, torna-se comum o surgimento em todas instituições educativas de “crianças problemas ”, de “crianças fracassadas ”, disléxicas, hiper-ativas, agressivas, etc. Esses problemas tornam-se parte da identidade da criança. Perde-se o sujeito, ele passa a ser sua dificuldade. Desta forma, ao passar pelo portão da escola, a criança asume o papel que lhe foi atribuído e tende a

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58correspondê-lo. Porém , ao conceder este rótulo à criança, não se observa em quais circunstâncias ela apresenta tais dificuldades ( ele está assim e não é assim , por exemplo). Isso não é apenas uma diferença terminológica, ela revela uma possibilidade de mudança. A sociedade do êxito educa e domestica. Seus valores, mitos relativos à aprendizagem muitas vezes levam muitos ao fracasso. Em nosso sistema educacional, o conhecimento é considerado conteúdo , uma informação a ser transmitida. As atividades visam a assimilação da realidade e não possibilitam o processo de autoria do pensamento tão valorizadas por Alicia Fernández. Ela define como autoria “o processo e o ato de produção de sentidos e de reconhecimento de si mesmo como protagonista ou participante de tal produção”( FERNÁNDEZ, 2001 p.90). Este caráter informativo da educação se manifesta até mesmo nos livros didáticos, nos quais o aprendente é levado a memorizar conteúdos e não a pensá-los , não ocorrendo de fato uma aprendizagem. É preciso distinguir aquilo que é próprio da criança, em termos de dificuldades, daquilo que ela reflete em termos do sistema em que se insere. A família, por sua vez, também é responsável pela aprendizagem da criança, já que os pais são os primeiros ensinantes e as “atitudes destes frente às emergências de autoria do aprendente, se repetidas constantemente, irão determinar a modalidade de aprendizagem dos filhos”( FERNÁNDEZ, 2001). Quando se fala em “possibilitadoras de aprendizagem”tem-se uma tendência a excluir as famílias de classes baixas já que estas não podem fornecer uma qualidade de vida satisfatória, uma alimentação adequada, acesso a diversas formas de cultura ( cinema, teatro, cursos, computador, etc). Entretanto é possível a exist6encia de facilitadores de autoria de pensamento mesmo convivendo com carências econômicas. Em seu livro, “O saber em jogo”, Alicia Fernández cita uma pesquisa com famílias é a criação de um espaço favorável para que cada membro possa escolher e responsabilizar-se pelo escolhido, propiciando um espaço para a autoria de pensamento. O perguntar é possível e favorecido, há facilidade de aceitar as diferentes problemas de aprendizagem. Além disso, segundo Maud Mannoni, um sintoma não deve ser considerado de forma única, isolado, mas sim dentro de um contexto muito mais amplo e repleto de significados. Assim acontece com o fracasso escolar, ele pode assumir, dentro da família, uma função. Daí a necessidade de buscar o significado do “não aprender”, analisando a história de vida do sujeito e buscando uma significação das fantasias relacionadas ao ato de aprender. Também contribuem para o fracasso escolar a própria instituição educativa que muitas vezes não leva em consideração a visão de mundo do aprendente. As discrepâncias entre o desempenho fora e dentro da escola são significativas. Ou seja, muitas vezes os profissionais da educação não conseguem transpor o conhecimento ensinado para a realidade do aprendente. Isso pode ser exemplificado no livro: “Na vida dez, na escola zero”que trata do ensino da matemática. Na escola os alunos vão mal, porém em situações naturais, cotidianas, e que necessitam de um raciocínio matemático eles vão muito bem. Outra questão referente à escola é que esta , ao valorizar a inteligência, se esquece da interferência afetiva na não aprendizagem.

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59O sujeito pode estar em dificuldades de aprendizagem por Ter ligado este fato a uma situação de desprazer. Esta situação pode estar ligada a algum acontecimento escolar. Claparéde diz que a escola pode provocar na criança conflitos que influenciarão seu gosto pelo aprender. APRENDIZAGEM X FRACASSO ESCOLAR: QUAL O LIMITE QUE OS SEPARA? Ao falarmos de fracasso escolar, além de tentarmos analisar os fatores que contribuem para seu surgimento, é necessário conceituar aquilo que viria a ser seu oposto: a aprendizagem. Já mencionamos que a aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vínculo entre ensinante e aprendente, ocorre portanto entre subjetividades. Para aprender, o ser humano coloca em jogo seu organismo herdado, seu corpo e sua inteligência construídos em interação e a dimensão inconsciente. A aprendizagem tem um caráter subjetivo pois o aprender implica em desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente. “O desejar é o terreno onde se nutre a aprendizagem”. ( FERNÁNDEZ, 2001 ). Aprender passa pela observação do objeto, pela ação sobre ele, pelo desejo. A aprendizagem é a articulação entre saber, conhecimento e informação. Esta última é o conhecimento objetivado que pode ser transmitido, o conhecimento é o resultado de uma construção do sujeito na interação com os objetos ( PIAGET ) e o saber é a apropriação desses conhecimentos pelo sujeito de forma particular, própria dele, pois implica no inconsciente. A partir disso, podemos definir aprendizagem como uma construção singular que o sujeito vai fazendo a partir de seu saber e assim ele vai transformando as informações em conhecimento, deixando sua marca como autor e vivenciando a alegria que acompanha a aprendizagem. Este processo se difere bastante do fracasso escolar que pode evidenciar um falha nesta relação vincular ensinante - aprendente. Alicia Fernández diferencia fracasso escolar, problema de aprendizagem e deficiência mental. Para ela no fracasso escolar “a criança não tem problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho um problema de ensinagem com ele”. ( FERNÁNDEZ, 1994 ). O problema de aprendizagem pode ser um sintoma de outros conflitos ou ainda uma inibição cognitiva, e a deficiência mental tem incidência pequena na população. A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: Considerando os fatores implicados no processo da aprendizagem, poderíamos pensar no papel de psicopedagogo com relação ao fracasso escolar. O psicopedagogo deve buscar o que significa o aprender para esse sujeito e sua família, tentando descobrir a função do não aprender. Conhecer como se dá a circulação de conhecimento na família, qual a modalidade de aprendizagem da criança, não perdendo de vista qual o papel da escola na construção do problema de aprendizagem apresentado, tentando também engajar a família no projeto de atendimento para ampliar seu conhecimento sobre a dificuldade, modificando seu modo de pensar e de agir com relação à criança. Alicia Fernández fala de um enfoque clínico que significa preocupar-se com os processos inconscientes e não somente com a patologia; é fazer uma escuta particular do sujeito que possibilite não só encontrar as causas do não

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60aprendizado mas também organizar metodologias para facilitar a aprendizagem e o desempenho escolar. CONCLUSÃO: No presente trabalho objetivei mostrar que não existe um único “culpado” pelo fracasso escolar. Muitas vezes a escola situa o problema do fracasso no indivíduo, considerando- o como portador de algum tipo de “desvio”ou “anormalidade”. Assim, o “ïnsucesso” é atribuído à debilidade das capacidades intelectuais, à cultura desviante e a outras categorias como: as dislexias ( para as dificuldades de leitura), as disortografias ( dificuldades em ortografia) e as discalculia( dificuldade em cálculos) que servem como rótulos. Estes levam aqueles que fracassam a tratamentos diversos em instituições especializadas e a classes especiais. Em face da criança que fracassa, muitas vezes a escola, a estrutura social e a inadequação dessa estrutura à situação real de vida da criança. Daí podem surgir os motivos do fracasso escolar: uma não aproximação e conhecimento do aluno e de suas necessidades. Principalmente se estes alunos apresentarem uma realidade diferente da realidade do ensinante. Portanto, buscar soluções para o fracasso escolar não consiste em patologizar o aprendente mas em ampliar este foco, abrindo espaço para outras variáveis que também influenciam no processo de aprendizagem como a instituição, o método de ensino, as relações ensinante - aprendente, os aspectos sócio- culturais, a história de vida do sujeito, entre outras.

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CONCLUSÃO

A Conclusão do trabalho se dá na interseção das psicopedagogias clínica e institucional, ressaltando o papel fundamental do psicopedagogo no momento de aprendizagem do aluno com dificuldades escolares, colaborando com a construção do conhecimento, identificando com isso obstáculos no processo de aprendizagem e desenvolvimento do sujeito aprendente, devolvendo à ele o prazer de aprender e resgatando a autonomia e possibilitando com isso, a elaboração do conhecimento sobre si mesmo melhorando a auto - estima e como conclusão a melhora escolar irá reacender o desejo de se apropriar do novo. Pois como diz Jacques Lacan “O que o terapeuta dá, é o que pertence ao outro “ . Ou seja, a psicopedagogia busca auxiliar o sujeito na construção de um modelo mais satisfatório, mais equilibrado, capaz de levá-lo ao domínio das aprendizagens impostas pelas instituições de saber formal.

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BIBLIOGRAFIA BARROS, Célia Silva Guimarães. Pontos de Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: Editora Ática, 1988. BARTHOLO, M. Helena. Relatos do fazer psicopedagógico. Rio de Janeiro: Ed. Noos, 2003. BENJAMIM, Walter. Reflexões: A criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Editora Summus, 1994. FAGALI, Eloísa Quadros & VALE, Zélia del Rio do. Psicopedagogia institucional aplicada. Rio de Janeiro: Editores Vozes, 2003. FERNANDES, Alicia. Inteligência aprisionada. Rio Grande do Sul: Editora Artes Médicas, 1990. FUNAYAMA, Carolina A. R. org. Problemas de aprendizagem. São Paulo: Editora Alínea, 2000. KISHIMOTO, M. Tizuko. O brincar e suas teorias. São Paulo: Editora Pioneira, 1998. LAROUSSE, K. Pequeno dicionário enciclopédico. Rio de Janeiro: Koogan Larousse. Rio de Janeiro. MENDES, M. H. A leitura psicopedagógica no contexto escolar. In: Psicopedagogia - Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia, número 23, volume 2, 1992. SILVA, M. Cecília Almeida. Psicopedagogia em busca de uma fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1998. TEIXEIRA, M. L. e Genescá, Maria. Psicopedagogia em busca de uma fundamentação teórica. WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Editora Guazzelli Ltda, 2000. WEISS, M. Lúcia L. Psicopedagogia clínica. Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2000. WINNICOTT, W. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1971.

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63 VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Editora Martins Fontes<

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE CAPÍTULO I - O QUE É A PSICOPEDAGOGIA? 12 1.1- OBJETIVO 14 1.2 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO 14 1.3 - MOVIMENTO PREVENTIVO 14 1.4 - MOVIMENTO DE INTERVENÇÃO ESCOLAR 15 1.5 - MOVIMENTO DE ACOMPANHAMENTO INDIVIDUAL 15 1.6 - MOVIMENTO PSICOMOTOR 15 1.7 - MOVIMENTO DE ORIENTAÇÃO SISTEMÁTICA PARA PAIS E

RESPONSÁVEIS 16 CAPÍTULO II - A AÇÃO PSICOPEDAGÓGICA E A TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR 17 2.1 - COMO O PSICOPEDAGOGO ATUA NA ESCOLA, NO CONSULTÓRIO, PSICOPROFILATICAMENTE E SISTEMATICAMENTE 21 CAPÍTULO III - O OBJETO DA PSICOPEDAGOGIA 24 3.1 - DEFINIÇÃO DO OBJETO DA PSICOPEDAGOGIA, SEGUNDO AUTORES BRASILEIROS. 29 3.2 - O LÚDICO COMO PARCERIA NA PSICOPEDAGOGIA 33 CAPÍTULO IV - A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR 36 4.1 - O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO EA APRENDIZAGEM SEGUNDO A ABORDAGEM VYGOTSKYANA 44 4.2 - A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA PARCERIA COM OS PROFESSORES 52 CAPÍTULO V - DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM 53 5.1 - UM DESAFIO PARA O EDUCADOR 55 5.2 - FRACASSO ESCOLAR - DE QUEM É A CULPA? 57 CONCLUSÃO 61 BIBLIOGRAFIA – 62 ATIVIDADES CULTURAIS – 64 ÍNDICE – 65 FOLHA DE AVALIAÇÃO - 66

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66 Folha de Avaliação UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE Título da Monografia: “A Psicopedagogia aplicada à Educação O Papel do Psicopedagogo na Instituição Escola” Autor: Michele Maier da Silva Identidade do professor versus aprendizagem Data de entrega: Avaliado por: Grau:

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