universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo lato … telles freitas corrÊa de matos.pdf · ......

55
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A PSICOMOTRICIDADE NA SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL Por: MARISETE TELLES FREITAS CORRÊA DE MATOS ORIENTADOR Prof: UILSON SÉRGIO DE CARVALHO Rio de Janeiro 2007

Upload: nguyentruc

Post on 12-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A PSICOMOTRICIDADE

NA SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL

Por: MARISETE TELLES FREITAS CORRÊA DE MATOS

ORIENTADOR

Prof: UILSON SÉRGIO DE CARVALHO

Rio de Janeiro

2007

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A PSICOMOTRICIDADE

NA SÍNDROME DA RESPIRAÇÃO BUCAL

OBJETIVOS

Sensibilizar os profissionais de saúde e páis, no sentido de alerta-los a

prevenção, e evitando assim que apenas uma obstrução na via aérea

nasal, venha desencadear tantos transtornos na criança e no seu

desenvolvimento.

3

Agradecimentos

Agradeço à Deus e Nossa Senhora, por estarem na minha vida tão

presentes, nas minhas atitudes, palavras, confiança, renovando-me todos

os dias, enchendo meu coração de esperança e alegria de viver.

Agradeço com um carinho muito especial, aos meus filhos e meu marido,

pela compreensão dos momentos, de minha ausência em que tive que

deixá-los para vencer mais esse desafio. Por todo apoio e incentivo que

me foi dado.

Agradeço minha mãe e por todos os familiares pelo incentivo que me

deram pela nova etapa de minha vida.

E agradeço ainda ao corpo docente, pelos momentos de apoio e

orientação para atingir meu objetivo.

4

Dedicatória

Dedico esta obra ao meu marido Carlos Alberto, aos meus filhos Felipe

Flávio e Frederico e a minha nora Priscila que tanto colaborou para a

confecção e o aperfeiçoamento desse trabalho. Também aos colegas e

amigos que com seus incentivos foram determinantes para chegar ao seu

término.

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------- 06

CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DA RESPIRAÇÃO BUCAL ------------------ 09

CAPÍTULO II

PROCESSOS QUE INTERVÉM NA

MUSCULATURA E NA ESTRUTURA

DOS MOVIMENTOS----------------------------------------------------------- 11

CAPÍTULO III

FUNÇÕES DO SISTEMA ESTOMAGNÁTICO------------------------- 22

CAPÍTULO IV

DESENVOLVIMENTO DA RESPIRAÇÃO BUCAL

ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE ---------------------------------- 33

POSTURAR A RESPIRAÇÃO --------------------------------------------- 47

CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------ 49

BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------- 53

6

A PSICOMOTRICIDADE NA RESPIRAÇÃO BUCAL

Introdução

A respiração é a base da vida, tanto o homem, com a maioria dos

animais irracionais bem como todos os tipos de aves, tem a necessidade vital

do oxigênio, com a finalidade de mover o sistema circulatório de onde o sangue

incorpora a sua hemoglobina, o oxigênio que o organismo necessita.

Assim mediante a essa necessidade, todos profissionais que se

propõe a trabalhar no campo da reabilitação, deverá obrigatoriamente estar

apto a perceber em todos os aspectos os meios necessários para a respiração,

tornando-o capaz de identificar o “respirador BUCAL”.

Uma pessoa em que apresenta uma dificuldade respiratória,

devemos sempre levar em consideração o relatório do diagnóstico feito pelo

otorrinolaringologista, que nos dará uma real colocação da obstrução das vias

aéreas superiores, como também a avaliação feita por um odontólogo.

A respiração bucal, não poderá ser considerada apenas como

um hábito bucal, este termo é “módico”, pela gravidade que se apresenta em

todo o organismo.

O hábito geralmente é prazeroso e a qualquer momento poderá

ser retirado.

Já no caso do respirador bucal, em que a pessoa se utiliza da

respiração por total necessidade de vida durante as 24 horas do dia, este por

via oral, mas de maneira viciosa, até mesmo em situações de relaxamento ou

descanso. O respirador bucal é obrigado a fazer em seu próprio organismo

algumas modificações para melhor adaptação, tornando com isto, o seu

7

tratamento mais longo e em até certos casos tendo que sofrer ato cirúrgico

para sua correção.

Conforme foi dito acima, a criança sofre modificações no próprio

corpo buscando uma adaptação melhor.

O desenvolvimento psicomotor da criança é prejudicado, pois

sabemos que nosso organismo é inteiro e total, e que interage com outros

sistemas como: Corpo, Cérebro, Ecossistemas, Corpo-Fatores, psicomotores,

tonicidade, equilíbrio, lateralização, somatognosia, praxia global e fina.

Cérebro: Unidades funcionais- atenção, processamento,

planificação;

Ecossistema: desenvolvimento intra- uterino: parto;

Desenvolvimento na família próxima: postura, linguagem falada;

Desenvolvimento na família distante: praxia e jogo;

Desenvolvimento na escola: leitura e escrita;

Desenvolvimento cognitivo e cultural

Portanto esse trabalho tem por finalidade, mostrar a importância e

a necessidade de se ter uma respiração correta e alertar para a Síndrome da

respiração bucal.

Apresentação dos capítulos:

No capítulo I, buscou-se mostrar o desenvolvimento crânio-facial

e a importância da respiração correta.

No capítulo II foi detalhado os músculos faciais ,obstruções nasais

e as alterações no organismo do respirador bucal.

No capítulo III, buscaram-se detalhadamente as Funções do

sistema Estomatognático.

No capítulo IV, buscou-se detalhar elementos básicos da

psicomotricidade e dos processos cognitivos.

8

RESUMO

Este trabalho, procura mostrar a importância e a

necessidade de se ter uma respiração correta, e alertar para a Síndrome

do RESPIRADOR BUCAL. O profissional deve buscar um diagnóstico

precoce, visto que sua origem simples, como uma obstrução nasal não

solucionada, poderá trazer problemas de má disposição dentária,

crescimento de face irregular, deficiência respiratória, dificuldade na

fala, alteração na postura e marcha e perturbação no equilíbrio,

tonicidade, praxia global e fina atenção, planificação, cognitivo, leitura,

escrita.A responsabilidade cresce para os profissionais da área de

saúde, especialmente para os Pediatras, Otorrinolaringologista,

Odontólogo, Fonoaudiólogo, Psicomotricista, havendo o inter-

relacionamento destes profissionais evitando o crescimento a

perduração desse padrão respiratório, estorvando a instalação desta

levando a uma síndrome.

9

CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DA RESPIRAÇÂO BUCAL

A partir do nascimento o desenvolvimento crânio-facial, é

gradativo expandindo-se mediante as suas necessidades, preenchendo

estruturas, espaço e delineando suas funções.

No recém nascido, o pescoço e a cabeça representam a metade

do tamanho total de seu corpo, e essa percentagem vai decrescendo na

medida em que a criança cresce até chegar a sua adolescência.

O crânio e o cérebro triplicam o seu volume nos primeiros dois

anos de vida e decrescem até mais ou menos os sete anos, e o seu volume

total acontece até aos dez anos de idade.

O desenvolvimento facial é gradativo a partir do nascimento,

crescendo em relação ao crânio que se expande em três dimensões: Altura,

Largura e Profundidade, sendo que a sua maturidade é obtida primeiro que as

estruturas faciais.

Existe uma constante relação angular do plano palatal, plano

oclusal e o plano da borda inferior da mandíbula, no desenvolvimento facial que

poderá variar, pois esses estão em contínuo crescimento desde o nascimento

até a fase adulta.

Assim é necessário um bom desempenho dos sistemas para que

haja um desenvolvimento crânio-facial harmonioso.

Do ponto de vista exposto na década de 60, por “MOSS”, em sua

teoria Matriz Funcional do crescimento em que diz:

10

“O crescimento da face ocorre como uma resposta para as

necessidades funcionais, e é mediado pelos tecidos moles, nos quais os

maxilares estão envolvidos. (Proffit,1995)

No 5º mês de gestação já esta presente o reflexo de sucção,

preparando o bebê após o nascimento, como uma garantia da alimentação no

seio materno.

A língua tem grande desempenho neste ato, com a posição de

canelamento transversal, havendo um vácuo dentro da boca formado pelo

selamento labial e contração dos bucinadores e mais a compressão do mamilo,

o leite é extraído sendo deglutido.

A mandíbula durante esse ato movimenta elevando e abaixando

no sentido Antero posterior. Com esse sincronismo das estruturas envolvidas,

juntamente com a respiração nasal, acelera o desenvolvimento do sistema

estomatognático (boca e seus elementos), e toda a região oronasofaringeana e

como resposta um desenvolvimento harmonioso da face.

Cabe assinalar a importância da respiração nasal, visto que, o

vedamento labial na amamentação obrigatoriamente o bebê desenvolve este

padrão correto, estimulando os sensores da mucosa nasal, filtrando,

aquecendo e umidificando o ar antes deste chegar aos pulmões cumprindo a

sua função de hematose.

E, quando uma patologia provoca uma obstrução temporária do

padrão respiratório, havendo um mecanismo compensatório e providencial da

respiração através da via oral, modifica todo o equilíbrio e sincronismo das

estruturas. A criança busca uma adaptação na postura da cabeça, língua e

mandíbula para a respiração.

Com este tipo de alteração respiratória, a criança permanece

sempre com a boca aberta, diminuindo a pressão da língua sobre o palato. A

11

língua fica solta no assoalho da boca, ocorrendo assim, uma modificação na

tonicidade e no padrão de movimentação, aumentando o volume. Como

conseqüência há uma hipotonia, causando uma morfogênese das arcadas

dentárias e o palato duro ogivado.

CAPÌTULO II

PROCESSOS QUE INTERVÉM NA MUSCULATURA E NA

ESTRUTURA DOS MOVIMENTOS

Os músculos orofaciais são determinados em relação à região, inervação

craniana ou função, sua origem é de acordo com sua inserção, ação, inervação

e irrigação. Para a deglutição estão envolvidas os músculos da face como a

mandíbula, a língua, o palato mole, os pilares faríngeos, a faringe e a laringe.

Os músculos faciais são responsáveis pelo seu desempenho de

expressar os estados afetivos e para a manutenção das posturas faciais.

Citamos:

Orbicular do olho

Orbicular da boca

Levantadores do lábio superior

Levantadores da asa do nariz

Levantadores do ângulo da boca

Zigomático maior

Zigomático menor

Risório

Depressor do ângulo da boca

Depressor do lábio inferior

Mental

12

A mandíbula envolve estruturas podendo se estender para a

cabeça e com uma relação dos ossos e também do músculo contrário,

proporcionando este movimento voluntário e harmonioso.

Os músculos mandibulares são titulados como elevadores e

depressores, atuando nesta função como uma sinergia, regulando a postura da

língua e do hióide, executando um equilíbrio harmonioso dessas estruturas e

funções. Seu movimento é sustentado pelo tono da musculatura mandibular e

determinado pela tensão na articulação têmporo mandibular.

Os músculos responsáveis por esse movimento são: masseter

(eleva a mandíbula); temporal (eleva e retrai a mandíbula); pterigóideo

interno (eleva e protrui a mandíbula); pterigóideo externo (protrui, abre e

lateraliza a mandíbula).

O palato divide-se em palato duro e palato mole, é móvel abrindo

e fechando a entrada das fossas nasais.

Os músculos envolvidos no palato mole são o palatoglosso, o

músculo da úvula, eleva a úvula, o levantador do véu palatino eleva o palato

mole e desloca em direção posterior durante a fonação e sucção dos líquidos,

este tem íntima relação com a tuba auditiva. O tensor do véu palatino tenciona

o palato mole abrindo a tuba auditiva.

Os movimentos da língua são executados pelos músculos

intrínsecos e extrínsecos.

O estiloglosso, palatoglosso, hioglosso são extrínsecos

participando na retração elevação do dorso e na depressão da mesma.

13

O genioglosso é intrínseco e participa na elevação do osso

hióide, protrusão, retração e depressão da língua.

O movimento do soalho da boca e do osso hióide é controlado

pelos músculos digástrico, geniohiódio, estilohióideo, milohióideo atuam na

elevação do osso e soalho da boca e o pteregóideo lateral atua na abertura na

abertura da boca e também na elevação do soalho da boca.

O milohióide, esterno hióideo, tirohióideo, omohióideo

participam na depressão da mandíbula, laringe e do osso hióide.

O movimento dos lábios e das bochechas tem a ação dos

músculos: orbiculares da boca que fecha e protrui os lábios, o bucinador retrai

o ângulo da boca e mantém as bochechas contraídas durante a mastigação,

mantendo o alimento em contato com os dentes, o Risório e Zigomático juntos

retraem e eleva o ângulo nos cantos da boca, o Mentalis eleva e protrui o lábio

inferior.

O restante dos músculos da face, o próprio nome já mostra sua

ação.

Os músculos envolvidos para uma postura ereta da coluna

vertebral (face posterior).

Trapézio (eleva e gira a escápula)

Rombóide

Serrateis posteriores

As inervações que envolvem os músculos faciais:

Nervo facial: músculos ao redor da boca estilohióideo e o ventre

posterior do digástrico.

14

Nervo trigêmeo: envolve o músculo da mastigação e tensor do

seu palato.

Ramo milohióide do trigêmeo: milohióide e ventre anterior do

digástrico.

Nervo espinhal: músculo do palato mole.

2.1-Etiologia da obstrução nasal

As causas da obstrução nasal são muitas, mas a hipertrofia

das vegetações adenóides é sempre descrita como o grande causador

desta patologia.

Existem obstruções mais comuns como, de fundo alérgico,

inflamatório e traumatismo sendo todas atingindo o estágio nasal,

entravando a respiração nasal.

2.2- Classificação pela faixa etária

Recém nato:

Atresia das coanas

- Ë uma obstrução por uma membrana mucosa ou placa óssea,

poderá ser unilateral ou bilateral. Neste último com risco de vida para a criança,

e o tratamento neste caso é cirúrgico.

15

Tumores Nasais

- Estão normalmente visíveis, os mais comuns são: Cisto dermoíde,

Hemangioma, Tumores neurogênico (gliomas e encefaloceles).

Infância:

Hipertrofia das vegetações adenóides

-Amídala de Luska, é constituída por uma hipertrofia do tecido

Linfóide, naso faríngeo, podendo variar desde um simples espessamento da

mucosa, até formação de verdadeiros tumores que enche por completo todo

espaço naso faríngeo ocasionando uma insuficiência nasal completa. Acomete

mais em criança entre três a cinco anos diminuindo na medida em que a

criança avança sua idade.

Hipertrofia Amígdaleana

Infecções repetidas das Amígdalas palatinas podendo gerar

hipertrofia do tecido linfóide comprimido a úvula.

Rinite Hipertrófica / Muco Purulenta

É uma inflamação da mucosa Pituitária, caracterizada por uma

secreção exagerada, obstruindo as vias nasais. As causas que podem

ocasioná-las são várias. Entre outras as causas agudas de repetição, a ação

constante sobre a pituitária, por poeira e vapor irritantes. Secreção em maior

quantidade e especialmente modificada na qualidade; são espessas e

purulentas levando a hipertrofia dos cornetos.

16

Desvio de septo nasal

O septo é uma lâmina óssea cartilaginosa que divide a cavidade

nasal em duas partes iguais. Sua posição deve ser central e sua direção

completamente retilínea.

Este pode ser desviado por traumatismo ou até mesmo em

procura de melhor adaptação em relação a estruturas com ele relacionado.

Como exemplo, podemos citar o palato atrésico, o septo tende a desviar por

falta de espaço.

Hematoma do septo nasal

É causado por um trauma, o tratamento é drenagem cirúrgica e

quando não acontece esta o hematoma poderá se transformar em abscesso,

destruindo a cartilagem septal, levando ao nariz em sela.

Fratura Nasal

É um traumatismo seguido de fratura do osso próprio nariz. O

tratamento é feito após a redução do edema.

Corpos estranhos

É muito comum a criança introduzir no nariz, corpos estranhos

como exemplo caroço de feijão e outros. A secreção é fétida e a retirada

deverá ser com instrumentos adequados, acompanhado com a radiografia para

sua localização.

17

Puberdade:

Angiofibroma Juvenil

É um tumor benigno com obstrução progressiva e sangramento

de repetição. Acomete mais os meninos. O tratamento cirúrgico.

Pólipo Nasal

São tumores benignos, constituindo uma lesão orgânica muito

comum na patologia nasal e causam transtorno muito importante, tanto

mecânico (obstrução nasal) como reflexo de ordem nervosa. É causado por

processo inflamatório crônico da Pituitária, podendo atingir o Etmóide anterior,

ou conseqüência de superações vizinhas como nos casos de sinusites

maxilares, frontais, e outros. Quando não regride com medicamentos é

indicada a cirurgia.

Rinite Medicamentosa

É desencadeada pelo uso abusivo de vasos constritores nasais

tópicos, causando hipertrofia dos cornetos é irreversível.

Desvio de septo nasal

Já foi citada, nesta fase a incidência é maior.

Hipertrofia das vegetações Adenóides

Nesta fase é mais difícil a obstrução, pois existe uma

proporcionalidade da vegetação ao dos ossos da face crânio.

18

Hipertrofia Amigdaleana

É como nas vegetações adenóides.

Adulto:

Todas as causas de obstrução nasal citadas poderão ocorrer no

adulto com exceção da hipertrofia adeno-amigdaliana.

2.3- Sinais e sintomas

Todas as Etiologias citadas no parágrafo anterior, os sinais e os

sintomas são variados, cada um específico para sua patologia. Uma resposta

certa para essas variadas etiologias, é que o paciente em todos os casos

procura a respiração bucal. A continuidade deste hábito levará a

vulnerabilidade e predisposição de respirar as impurezas do ar, bactérias,

microorganismo, como por exemplo, é comum acharmos em respirador bucal a

presença de Cândida Albicans e anticorpos, anti-cândida na saliva. Além de

produzir alterações morfo funcionais em todos os organismos por esta nova

postura respiratória.

2.4- Alterações no organismo do respirador bucal

Segunda pesquisa pelo professor e chefe de clínica de ortopedia

dos maxilares da ABOM. Dr. Wilson Aragão.

Alterações na região Oro-Naso-Faringeana

Narinas: perdem volume e elasticidade pelo desuso

19

Naso faringe: proliferação de adenóides devido a falta de

ventilação.

Cavidade Bucal: estreitamento do maxilar, devido ao

estreitamento da musculatura peri-bucal (a boca está sempre aberto para

coletar ar), o palato torna-se profundo e ogival, pois não existe a ação da língua

e a pressão do ar nas narinas. As gengivas sangram com facilidade, por

estarem expostas constantemente, há um acúmulo de placa bacteriana, devido

ao excesso de muco aderido aos dentes.

Respiração: o ar, ao entrar diretamente pela boca, sem a

ação das narinas de filtragem, aquecimento e umidificação, é ingerido, pois

parte dele é deglutida e vai para o sistema digestivo. A outra parte consegue

chegar aos pulmões, mas como chega “frio” e “sujo”, provoca complicações

pulmonares e a hematose fica reduzida.

Maxilar e Mandíbula: hipodesenvolvimento devido à

musculatura estar estirada e a direção das exigências funcionais musculares

estarem alteradas (Dal Pont, 1973).

Dentição: devido ao hipodesenvolvimento do maxilar e da

mandíbula, há um espaço menor para a irrupção dentária adequada no tempo

e no espaço. Com isto ficam alterados os movimentos teleológicos dentários

normais.

Ouvido: é freqüente a obstrução das trompas de Eustáquio

por secreção e falta de aeração das vias respiratórias, ocasionando alterações

timpânicas.

Alterações da face

Aspecto facial: a face da criança RB é reportada na literatura

médica (Recamier, 1985; M. Rubin,1985), como a Síndrome da Face Longa

(long face syndrome), que se caracteriza pela boca aberta, olhar embaçado,

20

lábios com tônus inadequado, sendo que o lábio superior é curto e o inferior

evertido e geralmente maior que o superior. O aspecto geral é de uma criança

abobalhada, distraída e ausente.

Alteração no traçado do EEG

O EEG (Eletroencefalograma) normal é feito com um teste

de hiperventilação, no qual o paciente é obrigado a fazer uma respiração rápida

e com volume de ar bem grande pela boca, durante três minutos.

O RB como já tem uma deficiência de ar no seu dia-a-dia, ao ser reforçado a

um exercício contínuo de hiperventilação, o seu cérebro entra em alcalose

muito rapidamente, originando um traçado inadequado, podendo apresentar

pontas, que traduzem, à interpretação do profissional, uma doença que muitas

vezes a criança não tem, pois quem analisa o EEG geralmente não vê o

paciente e mesmo o que o visse, teria que estar alertado para este problema.

2.5- Postura Corporal

Cabeça: a criança RB, para conseguir respirar melhor, flete o

pescoço para frente, retificando o trajeto das vias respiratórias, fazendo o ar

chegar mais rápido da boca aos pulmões.

Pesco e Tórax: ao fletir o pescoço para frente, toda musculatura

do pescoço e cintura escapular fica comprometida. Com esta posição anômala,

a coluna cervical fica edificada, perdendo a sinuosidade natural. Num

encadeamento, as omoplatas ficam elevadas e a região anterior do tórax fica

deprimida. Com todo este comportamento muscular, a criança passa a fazer

uma respiração mais rápida e curta, criando uma deficiência de oxigenação.

Neste processo, a ação do diafragma é pequena, levando-a ao relaxamento, o

mesmo acontecendo com o músculo reto-abdominal, que associado a ingestão

constante de ar, leva a criança RB a ter uma “barriguinha”.

21

Membros Superiores e Inferiores: com todo este comprometimento

muscular, a postura dos braços e das pernas também fica comprometida, pois

para equilibrar o corpo, que tende a ir para frente e para baixo, ela cria

compensações que afetam o equilíbrio geral do corpo. Como exemplo,

observamos uma criança RB ao correr. Se ela tropeçar e cair, fatalmente

baterá com o rosto no chão, pois os braços estão para trás, mantendo o

equilíbrio corporal.

Metabolismo Basal: desde a mastigação até a exoneração do bolo

fecal, encontramos alterações. A mastigação é praticamente, só vertical, não

fazendo movimentos de lateralidade e, por conseguinte não conseguimos

macerar folhagens, fibras e outros alimentos que requerem a ação de

maceração. Com isso, é difícil encontrar uma criança RB que goste de

folhagem e fibras. Em geral alimentam-se mal e pouco, porque ao deglutir o

bolo alimentar tem que competir com a respiração, que também é bucal.

A absorção dos alimentos a nível intestinal é prejudicada pela flatulência e a

ausência de celulose que prejudica a exoneração do bolo fecal.

2.6- Diagnóstico

O diagnóstico se fundamenta na Anamnese e nos exames

complementares podendo ser feito inicialmente pelo pediatra, ficando bem

dentro a todas as características que apresentam um paciente portador da

Síndrome da RB para ser tratado previamente.

Se as características estiverem bem evidentes o pediatra deverá

encaminhar a criança ao Otorrinolaringologista, Odontólogo, Fonoaudiólogo.

Os laudos de cada profissional são importantes para chegar a

uma definição científica da patologia e orientar para o tratamento que se faça

necessário, podendo ser mediante o uso de aparelho; realização de cirurgia; e,

ainda a terapia, conforme sua necessidade

22

CAPÍTULO III

FUNÇÕES DO SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO

3.1- Mastigação

Entende-se por mastigação o conjunto de fenômenos

estomatognáticos que visa à degradação mecânica dos alimentos, isto é, a

trituração e moagem degradando-os até partículas menores que, logo após,

ligam-se entre si pela ação misturadora da saliva, obtendo-se o bolo alimentar

apto para ser deglutido.

3.1.1- Fases da mastigação

1ª Fase: Incisão

- Abertura bucal

- Movimento protrusivo mandibular.

- Posição de topo –

- Apreensão do alimento entre as bordas incisais.

- Contração da musculatura elevadora.

- Retorno da mandíbula para a posição anterior.

-Presença de secreção salivar em grande quantidade.

- A língua recebe o alimento e leva-o até a fase oclusal dosdentes

posteriores.

2ª Fase:Trituração

-Degradação do alimento em partículas menores.

- Ação conjunta dos músculos bucinadores de fora para dentro.

- Ocorre principalmente nos pré-molares.

- Pressão intercuspidiana.

23

- Salivação intensa.

-Participação da musculatura da mímica facial.

3ª Fase: Pulverização

-Transformação do alimento em partículas cada vez menores.

- Movimentos mandibulares variados.

- Pré-molares e molares se alternam nas duas últimas fases.

-Parte do alimento, já pulverizado, migra para a parte posterior da

boca, pela ação da língua e dos bucinadores que tocarão os pilares anteriores

da faringe, ocorrendo deglutições reflexas.

- O restante do alimento continua sendo pulverizado e deglutido

simultaneamente.

3.1.2- Movimentos Mandibulares

Os movimentos determinados pela mandíbula são decorrentes da

movimentação por deslizamento do côndilo dentro da cavidade condilar. Esses

movimentos variam segundo a conformação anatômica da articulação

(Douglas-1994).Dentre as diversas espécies animais,podemos verificara

relação anatômica das articulações temporo-madibulares com as respectivas

características funcionais:

3.1.3 Músculos importantes que participam dos

processos mastigatórios.

- Temporal (feixe anterior, médio e posterior).

- Masseter (porções superficiais e profundas).

-Pterigóideo lateral (possui dois feixes: superior e inferior).

- Pterigóideo medial.

- Supra-hióideos

(ventre anterior do digástrico).

24

- Infra-hióideos.

- Musculatura da língua.

- Bucinadores.

- Musculatura da mímica facial.

Estes músculos atuam de forma conjunta durante os contínuos e

sincrônicos movimentos mandibulares. São necessárias contrações

musculares de alguns, enquanto outros se relaxam para poder efetuar os

diversos movimentos. Portanto, não há definição precisa de determinado grupo

muscular para determinado movimento mandibular.

3.1.4 Ciclo Mastigatório

Ao analisarmos os movimentos mandibulares desenvolvidos

durante a mastigação, necessitamos observar os ciclos mastigatórios. Cada

ciclo correspondente a um movimento mandibular completo, desde a abertura

bucal até a quebra do alimento que se encontra entre os dentes. Os

movimentos mandibulares são altamente adaptativos, especialmente nas

crianças, devido à instabilidade oclusal que pode se estabelecer por ocasião

das trocas dentárias. Caracteriza-se, a partir daí, um continuo potencial de

mudanças, a medida que se acrescentam mais dentes ao arco dentário e,

consequentemente,modificam-se os componentes músculos- esqueléticos em

função do crescimento e maturação neurológica.

25

3.2- Fases do Ciclo Mastigatório

3.2.1- Fases de abertura da boca

- Relaxamento reflexo dos músculos levantadores.

- Contração isotônica, simultânea, dos depressores da mandíbula.

- Desloca-se para o lado de trabalho.

3.2.2- Fase de fechamento da boca

- Contração isotônica dos músculos levantadores.

- Relaxamento reflexo, concomitante,dos músculos depressores

da mandíbula.

3.2.3- Fase Oclusal

- Contração isométrica dos músculos levantadores.

- Oclusão cêntrica

- Pressão interoclusal.

3.2.4- Duração e Freqüência do Ciclo Mastigatório

- Tipo e consistência dos alimentos.

- Qualidade neuromuscular.

- Tipo facial

- Crescimento horizontal.

- Crescimento vertical.

- Tipo de dentição.

- Idade.

- Saúde bucal.

26

- Estabilidade e saúde da ATM

-Maturação neuromuscular.

3.2.5- Padrões Mastigatórios

A função mastigatória é importantíssima no crescimento do crânio

e da face, pois atua como estímulo de erupção dentária e aumento das

dimensões dos arcos osteodentários. Uma mastigação equilibrada deve

produzir estímulos alternados nas diversas estruturas que compõem o sistema

estomatognático.

3.2.6- Padrão Bilateral Alternado

- Distribuição da força mastigatória

- Equilíbrio funcional e muscular.

- Desenvolvimento e manutenção dos arcos dentários.

- Estabilidade oclusal.

- Trabalho e balanceio intercalados.

- Desenvolvimento crânio-facial.

3.2.7- Padrão Unilateral

- Estimula inadequadamente o crescimento facial.

- Excitação neural do lado de balanceio.

- Desenvolvimento postero – anterior do lado de balanceio.

- Maior desenvolvimento da maxila do lado de trabalho para fora e

para dentro

- Musculatura mais potente do lado de trabalho (masseter

temporal e bucinador)

27

- Musculatura do lado de balanceio encontra-se mais alongada e

com tonos rebaixados.

- Assimetria muscular da face.

3.2.8- Etiologia

- Perdas dentárias ou cáries.

- Interferências oclusais ou contatos prematuros.

- Mordida cruzada unilateral.

- Doenças periodontais em um dos lados.

- Distúrbios da articulação temporo-mandibular.

-Assimetria esquelética.

-Alterações respiratórias.

3.2.9- Características da Mastigação Vertical

- Cúspides pronunciadas.

-Tubérculo articular pronunciado.

Côndilo e fossa alta.

- Percurso condilar inclinado.

- Atividade isométrica.

- Masseter profundo.

- atividade isotônica do temporal.

- Pterigóideo lateral: tanto a contração isotônica quanto a

isométrica são reduzidas.

3.2.10- Características da Mastigação Horizontal

- Cúspide com abrazão.

- Mordida em topo.

28

-Côndilo de abóboda plana.

- Tubérculos articulares pouco acentuados.

- Ação equilibrada da fibra posterior do temporal.

3.2.11- Deglutição

Definição:

Deglutição é a coordenação neuromuscular rápida dos

componentes da cavidade bucal, faringe, durante uma interrupção breve da

respiração, visto que ambas são funções recíprocas.

3.2.12- Preparação Bucal

- Fechamento labial (V par)

- Movimentos rotatórios e laterais da mandíbula (VII par)

- Tonos bucais e faciais (VII par)

- Movimentos rotatórios e laterais da língua (XII par)

- Elevação do palato mole (X par)

3.2.13- Etapa Bucal

- Movimento da língua para um lado e para o outro, para cima e

para trás, fazendo contacto com o palato duro, com uma seqüencial de

espremer e rodar e impulsionar o bolo para a faringe.

- Posicionamento do alimento sobre a língua,

-Elevação da ponta da língua, tocando as rugas palatinas.

- Iniciação do movimento ondulatório.

-Contato do bolo alimentar e do dorso da língua nos pilares

anteriores.

29

Surgimento do reflexo da deglutição (IV par).

3.2.14- Etapa Faríngea

- Fechamento do palato mole (IX e X par)

Deslocamento da parede posterior da faringe para frente

espremendo o bolo alimentar contra o dorso da língua.

- Descida da epiglote

- Fechamento da glote

- Fechamento das pregas vocais

- Elevação da laringe concomitante com a abertura do músculo

cricofaríngeo

- Entrada do bolo alimentar no esôfago

3.2.15- Etapa Esofágica

- Contrações musculares

- Propulsão do bolo através do esfíncter superior esofágico até o

estômago

3.2.16- Classificação das Deglutições

- Deglutição infantil

- Deglutição adulta

- Deglutição atípica

- Deglutição adaptada

30

3.2.17- Deglutição Infantil

-Visceral ou infantil (de 0 a 6 meses)

- Fisiológica (na infância)

-Língua localizada entre almofadinhas gengivais;

- Antes da erupção dos incisivos laterais;

- Estímulos sensoriais originados pelos receptores labiais e

linguais iniciam e orientam a deglutição;

- Maturação da musculatura orofacial;

-Inicia o aprendizado da deglutição adulta ou madura;

- Os músculos inervados pelo trigêmeo (V par) assumem o papel

de estabilizador da mandíbula durante a deglutição;

- Através do processo de maturação os músculos faciais

selecionam e assumem posturas e funções mais especializadas, como a

fonoarticulação e a voz;

3.2.18- Deglutição Normal ou Adulta

Inicia-se com a erupção dos incisivos;

Movimento mandibular;

Língua mais retruída;

Início do aprendizado da mastigação Erupção dos primeiros

molares decíduos;

3.2.19- Deglutição Atípica

Interposição interdental;

Interposição labial;

31

3.2.20- Deglutição Adaptada

Má oclusão;

Respiração bucal;

Atresia;

Palato profundo;

Mordida cruzada;

Mordida aberta;

Postura corporal alterada;

Atrofia de corneto;

Alterações do aparelho respiratório;

3.3- Dados importantes relacionados à deglutição

Objetivos: transporte do bolo alimentar e limpeza do trato

respiratório;

Tempos: ciclo completo- 3 a 8 segundos; fase preparatória e

bucal-1 segundo;

Pares cranianos que atuam na deglutição: trigêmios (V); facial

(VII); glossofaríngeo (I X); vago (X); acessório espinhal (XI); hipoglosso (XII) e

mais 30 músculos;

Está presente desde a oitava semana de gestação;

É a coordenação entre ações: voluntária e consciente ( bucal ),

involuntária e consciente ( faríngea ) e involuntária e inconsciente ( esofágica );

Freqüência da deglutição: crianças- de 600 a1000; adultos- de

2400 a 2600;

Produção diária de saliva: em torno de 1,5 litros

32

Todas as alterações que compro metem também a

fonoarticulação e deglutição;

A transição da deglutição infantil para a adulta é em torno de 12

a15 meses.

Na mastigação estão envolvidas: língua, dentes, lábios, palato e

respiração. Os grupos musculares atuam na deglutição com um mecanismo

sinérgico e o respirador bucal quebra esta sinergia, desencadeando a

deglutição atípica. E, a permanência dessa postura traz sérios distúrbios

articulatórios, desencadeando uma dislalia, apresentando alterações nos

fonemas; como por exemplo:

- bilabiais (pela hipotonia dos lábios)

- sigmatismo (protrusão anterior ou lateral de língua)

- linguo-palatais (hipotonia de dorso de língua)

- linguo-dentais (hipotonia da língua)

- omissão [r] brando (falha da mobilidade de ponta de

língua )

Em nível do sistema nervoso central, há uma hipóxia (baixo teor

de oxigênio), visto que, a respiração pela cavidade oral, o oxigênio não é

totalmente aproveitado deixando esta criança desatenta, com reduzido

rendimento escolar.

A presença de secreção e a falta de aeração na trompa de

eustáquio, além de provocar uma acuidade auditiva a criança fica vulnerável

as enfermidades com exemplo a otite.

Devido à postura de fletir, a criança posiciona o pescoço para

frente em busca de ar, assim, toda a musculatura do pescoço e cintura

escapular, ficam comprometidas alterando os membros superiores e inferiores

e, isso modifica a sua marcha não existindo um padrão cruzado ao correr.

33

CAPÍTULO IV

DESENVOLVIMENTO DA RESPIRAÇÃO BUCAL

ATRAVÉS DA PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade é uma ciência que tem como objetivo, o

estudo do homem através do seu corpo em movimento em relação a seu

mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber,atuar agir

com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionado com o

processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitiva

afetiva e orgânica.

Psicomotricidade, portanto é um termo empregado para uma

concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências

vividas pelo sujeito, cuja ação é o resultante de sua individualidade e sua

socialização. Ela centra-se na importância da qualidade relacional, práxica

expressiva do indivíduo. Privilegia a total idade do ser, sua dimensão

prospectiva de evolução e unidade psicossomática; por isso, está mais próxima

da neurologia, psicologia, psiquiatria.

A psicomotricidade é baseada numa visão voltada para o ser

humano, sendo assim, ela atua de forma integrada nas funções cognitivas,

sócio-emocionais, simbólicas, psicolingüísticas e motoras, promovendo a

capacidade de ser e agir num contexto psicossocial. Possui as linhas de

atuação educativa, reeducativa, terapêutica e relacional.

A psicomotricidade reflete um estado da vontade, que

corresponde à execução de movimentos. Os movimentos podem ser

voluntários ou involuntários: dos movimentos involuntários temos os

automatismos elementares inatos e os adquiridos. Os inatos são aqueles que

34

nascem conosco e são representados pelos reflexos, que são respostas

caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução.

Estes reflexos podem ser antagonistas ou reflexos (alternantes) que são mais

hierarquizados que os reflexos puros, permitindo certo grau de variabilidade,

conforme a adaptabilidade individual. Refere-se a necessidades orgânicas.

Influindo nestas respostas temos os instintos, responsável pela auto-

conservação individual. No homem, ele é misturado com o afeto produzindo

tendências ou inclinações.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que

ocorrem devido à aprendizagem e nos forma hábitos, que, quando bons, nos

poupam tempo e esforço, porém se exagerados, eliminam nossa criatividade e

nos deixam embotados. Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica

ao seu ecossistema) ou ativos (comer, andar, tocar instrumentos e etc). Os

reflexos condicionados são produzidos desde as primeiras semanas de vida.

Esses reflexos condicionados geralmente começam como atividade

voluntária, e depois, por já estarem aprendidos, é mecanizada.

Os atos voluntários estão relacionados e dependem da inteligência e do afeto.

O ato volitivo envolve quatro etapas:

1- intenção ou propósito- inclinações e tendência que fazem com que surja

interesse em determinado objeto;

2- deliberação- onde ponderamos os motivos (razões intelectuais) e os móveis

(atração ou repulsão, vindas do plano afetivo);

3- decisão- demarca o começo da ação, inibindo os móveis e motivos vencidos;

4- execução- há os movimentos físicos;

35

O Psicomotricista

É o profissional da área de saúde e educação que pesquisa, avalia,

previne e trata do Homem na aquisição, no desenvolvimento e nos transtornos

da integração somato-psíquica e da retrôgenese.

A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento

afetivo estão intimamente ligados na criança: a psicomotricidade quer

justamente destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a

afetividade e facilitar a abordagem global da criança por meio de uma técnica.

4.1- Quanto à incidência

Corporal: dispraxia, tônico – emocional, estruturação, instabilidade postural,

perturbações do esquema corporal e da lateralidade, estruturação espacial e

temporal, perturbações da imagem corporal problemas psicossomáticos.

Relacional: hiperatividade, dificuldade de comunicação e de contato, agressivo.

Cognitiva: no plano do processamento informacional: déficit is de atenção, de

memória de organização perceptiva, simbólica e conceptual.

Educativa: na propedêutica das aprendizagens escolares e no afinamento das

praxias coordenativas.

36

4.2- Elementos básicos da psicomotricidade

O Esquema Corporal

O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a

formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global,

científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.

A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe oferece,

em que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-

se mas também para agir.

Exemplos:

Domínio Corporal: uma criança corre durante o recreio e choca-se

constantemente contra seus companheiros. Em pouco tempo não se sentirá à

vontade; não ousará mais correr por não dominar bem seu corpo.

Conhecimento Corporal

Uma criança quer passar por baixo de um banco mas, esquecendo-

se de dobrar as pernas, acaba batendo as nádegas contra o banco.

Passagem para a Ação

A criança não transfere líquidos de uma vasilha para outra para

brincar, mas entorna um copo de limonada para beber.

Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de

situar seus membros uns em relação aos outros fará uma transposição de suas

descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os

acontecimentos em relação a si, depois entre eles.

37

A Lateralidade

Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância

lateral na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado

esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é

influenciada por certos hábitos sociais.

Diferença entre a lateralidade e o conhecimento "esquerda-direita"

Não devemos confundir lateralidade (dominância de um lado em

relação ao outro, ao nível de força e da precisão) e conhecimento "esquerda-

direita" (domínio dos termos "esquerda" e "direita").

O conhecimento "esquerda-direita" decorre da noção de dominância

lateral. É a generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a

criança; esse conhecimento será mais facilmente apreendido quanto mais

acentuada e homogênea for à lateralidade da criança. Com efeito, se a criança

percebe que trabalha naturalmente "com aquela mão", guardará sem

dificuldade que "aquela mão" é à esquerda ou à direita.

Estruturação Espacial

É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se

primeiro ao eu referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição

estática ou em movimento.

Lembremos que o esquema corporal é a tomada de consciência, pela

criança, de possibilidades motoras e de suas possibilidades de agir e de

expressar-se.

38

A tomada de consciência da situação de seu próprio corpo em um

meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode ter em relação às

pessoas e coisas;

A tomada de consciência da situação das coisas entre si;

A possibilidade, para o sujeito, de organizar-se perante o mundo que

o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de

movimentá-las.

Orientação Espacial

Quando a criança domina os diversos termos espaciais, ensinamos-

lhe a orientar-se, isto é: poder virar-se, ir para frente, para trás, para a direita,

para a esquerda, para o alto, poder ficar em fila.

Orientação Temporal

A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função: da

sucessão dos acontecimentos: antes, após, durante; da duração dos intervalos:

noções de tempo longo, de tempo curto (uma hora, um minuto); noções de

ritmo regular, de ritmo irregular (aceleração, freada); noções de cadência

rápida, de cadência lenta (diferença entre a corrida e o andar); da renovação

cíclica de certos períodos: os dias da semana, os meses, as estações; do

caráter irreversível do tempo: “já passou... não se pode mais revivê-lo”, “você

tem cinco anos... vai indo para os seus seis anos... quatro anos, já passaram!”,

noção de envelhecimento (plantas, pessoas).

As noções temporais são muito abstratas, muitas vezes bem difíceis

de serem adquiridas por nossas crianças.

39

Pré-escrita

Domínio do gesto, estruturação espacial e orientação temporal são os

três fundamentos da escrita. Com efeito, a escrita supõe: uma direção gráfica:

escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita; as noções dêem cima

e embaixo (n e u), de esquerda e direita, de oblíquas e curvas (g); a noção de

antes e depois, sem o que a criança não inicia seu gesto no lugar correto.

Portanto os exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários

para a aprendizagem das letras e dos números: sua finalidade é fazer com que

acriança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a

compreensão da imagem a reproduzir. Esses exercícios dividem-se em:

exercícios puramente motores; exercícios de “grafismo”: exercícios

preparatórios para a escrita na lousa e no papel.

4.3- Quanto à incidência

Corporal: dispraxia, desarmonia tônico-emocional, instabilidade

postural, perturbações do esquema corporal e da lateralidade, estruturação

espacial e temporal, perturbações da imagem corporal, problemas

psicossomáticos.

Relacional: hiperatividade, dificuldade de comunicação e de

contato, agressivo.

Cognitiva: no plano do processamento informacional: défices de

atenção, memória de organização perceptiva, simbólica e conceptual.

Educativa: na propedêutica das aprendizagens escolares e no

afinamento das praxias coordenativas.

40

4.4- Espaço Temporal sob o ponto de vista Motor e

Sensório Motor

Quando a criança já sabe nomear as partes do corpo devemos

apurar os sentidos.

-Reconhecimento olfativo:

-Reconhecimento gustativo

Reconhecimento auditivo

-Reconhecimento tátil

-Reconhecimento interno ou proprioceptivo

4.5- Atenção

Atenção é um processo cognitivo pelo qual o intelecto focaliza e seleciona os

estímulos, estabelecendo uma relação entre eles. A todo instante recebemos

estímulos, provenientes das mais diversas fontes, porém só atendemos a

alguns deles, pois não seria possível nem necessário responder a todos. É um

processo de extrema importância em determinadas áreas, como por exemplo,

na educação, pois o aluno é exigido a prestar atenção nas aulas, ignorando

os outros estímulos visuais e sonoros, como o que se está a passando fora da

sala de aula (estando, neste caso, relacionado também com o problema da

disciplina). Além da atenção concentrada, em que se seleciona e processa

apenas um estímulo, também pode existir a atenção dividida, em que são

selecionados e processados diversos estímulos simultaneamente - como

quando se conduz um automóvel e se ouvem as notícias do rádio

simultaneamente.

Para que a atenção atue são necessários três fatores básicos:

• Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também da

situação material em que o indivíduo se encontra;

41

• Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e

provoca interesse;

Concentração: depende do grau de solicitação e atuação do

estímulo, levando a uma melhor focalização da fonte de estímulo.

4.6- Memória

É a capacidade de reter, recuperar, armanezar e evocar informações

disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja

externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).

A memória humana focaliza coisas específicas, requer grande

quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que

conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias,

ajudando a tomar decisões diárias.

Os psicólogos e neurologistas distinguem memória declarativa de

memória não-declarativa (ou memória procedural). A grosso modo, a memória

declarativa armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o

como isto se deu.

De maneira geral, tendem a ocupar-se da memória declarativa,

enquanto neurobiólogos tendem a se ocupar da memória procedural.

Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória

episódica e a memória semântica. São instâncias da memória episódica as

lembranças de acontecimentos específicos. São instântias da memória

semântica as lembranças de aspectos gerais.

Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento.

Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos

significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida.

42

Tipos de memória:

Memória declarativa. É a capacidade de verbalizar um fato.

Classifica-se por sua vez em:

o Memória imediata. É a memória que dura de frações a poucos

segundos. Um exemplo é a capacidade de repetir imediatamente

um número de telefone que é dito. Estes fatos são após um

tempo completamente esquecidos, não deixando "traços".

o Memória de curto prazo. É a memória com duração de algumas

horas. Neste caso existe a formação de traços de memória. O

período para a formação destes traços se chama de Período de

consolidação. Um exemplo desta memória é a capacidade de

lembrar do que se vestiu no dia anterior, ou com quem se

encontrou.

o Memória de longo prazo. É a memória com duração de meses a

anos. Um exemplo é a capacidade de aprendizado de uma nova

língua.

Memória de procedimentos. É a capacidade de reter e

processar informações que não podem ser verbalizadas, como tocar um

instrumento ou andar de bicicleta. Ela é mais estável, mais difícil de ser

perdida.

Memória operacional: Compreende um sistema de controle de

atenção (executivo central), auxiliado por dois sistemas de suporte (de

natureza vísuo-espacial e outro de natureza fonológica) que ajudam no

armazenamento temporário e na manipulação das informações.Ja no

Fonológico, a articulação subvocal auxilia na manutenção da informação;

lesões nos giros supramarginal e angular do hemisfério esquerdo geram

dificuldades na Memória explícita:

Depende de estruturas do lobo temporal medial (incluindo o

hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal) e do diencéfalo.

43

Além disso, o septo e os feixes de fibras que chegam do prosencéfalo

basal ao hipocampo também parecem tem importantes funções. Embora tanto

a memória episódica como a semântica dependam de estruturas do lobo

temporal medial, é importante destacar a relação dessas estruturas com outras.

Por exemplo, pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais têm mais

dificuldades para a memória episódica do que para a memória semântica. Já

lesões no lobo parietal esquerdo apresentam prejuízos na memória semântica.

Memória implícita:

A aprendizagem de habilidades motoras depende de aferências

corticais de áreas sensoriais de associação para o corpo estriado ou para os

núcleos da base. Os núcleos caudado e putâmen recebem projecções corticais

e enviam-nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema extra-

piramidal, constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. O

condicionamento das respostas da musculatura esquelética depende do

cerebelo, enquanto o condicionamento das respostas emocionais depende da

amígdala. Já foram descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do

cerebelo e reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma

habilidade. Já ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi

aumentado. O neo-estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no

planeamento das acções, constituindo, então, através de conexões entre o

cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema

implícito e o explícito.

4.7- Coordenação

É a capacidade que o indivíduo tem de planejar, direcionar e

executar movimentos isolados e independentes de outros movimentos por ele

determinado. E para que haja dissociação destes é fundamental a maturação

44

fisiológica, neurológica e a evolução das potencialidades do indivíduo na

aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva.

É necessário também que os grupos musculares estejam com o

tônus em equilíbrio e harmonia para desempenhar qualquer atividade em

repouso e em movimento.

Sabemos que é necessária a integridade destes para

desempenhar a: Coordenação Estática, Dinâmica e as Coordenações Motoras:

Finas; Amplas; Visomotoras; Audiomotoras; Faciais.

4.8- Equilíbrio

É um estado de repouso em que se acham os corpos solicitados

por forças iguais ou contrárias.

Capacidade de assumir e manter qualquer posição corporal,

contra a força da gravidade. O equilíbrio correto é a base primordial de toda

coordenação motora geral, assim como de ação diferenciada dos membros

superiores e a manutenção do equilíbrio resulta da interação dos músculos,

trabalhando para sustentar o corpo e sua base.

Quando a criança cai com regularidade, choca-se contra seus

companheiros, anda com os pés afastados, corre com o tronco para frente.

-Causas Motoras: a falta de equilíbrio pode encontrar sua origem

no vestíbulo da orelha interna ou no cerebelo;nesses dois casos vem

acompanhada de perturbações da coordenação. A falta de equilíbrio pode

também provir da sensibilidade proprioceptiva.

Psicológicas: a falta de confiança em si mesma, em suas

possibilidades, que se traduz por falta de equilíbrio estático ou dinâmico. Essas

crianças são instáveis do ponto de vista psicomotor, tem necessidade de

movimentar-se, que mudam de atividade constantemente e tem dificuldade de

concentração.

45

Existem três categorias básicas de equilíbrio:

Estático: capacidade de manter uma posição durante certo

tempo.

Dinâmica: controle do corpo em movimento.

Com objetos: sustentar objetos sem deixá-los cair, parado ou em

movimento.

4.9 Ritmo: a palavra grega “rhytmós” significa movimentos

ondulares. Indica uma alternância regular de força, velocidade e duração que

pode ser motora, visual ou auditiva.

É uma sucessão de movimentos regulares de elementos fortes e

elementos fracos; harmoniosa correlação das partes; cadência.

Os sentidos: audição, tato e visão têm grande cooperação.

A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta,

silabada, com pontuação e entonação inadequadas.

Na parte gráfica, as dificuldades de ritmo contribuem para que a

criança desencadeie uma aglutinação, adicione letras nas palavras ou omissão

de letras e sílabas.

Como a psicomotricidade pode favorecer no

desenvolvimento da Respiração Bucal.

A partir do nascimento, todas as estruturas estão formadas

necessitando de maturação de cada parte: sistema nervoso, ossos, órgãos,

articulações, sentidos, (visão, olfato, gustação, audição e tato) e todo o

desenvolvimento intelectual. Este deverá acontecer dentro dos parâmetros

normais com desejos e estímulos externos quantitativamente e

qualitativamente para um bom desenvolvimento.

46

Um bebê quando nasce passa por um processo de

desenvolvimento motor natural na amamentação, com o movimento de

ordenha na sucção havendo um vedamento labial e respiração via aérea nasal

desenvolvendo uma face harmoniosa. Não só na face, mas todo o seu corpo

está se desenvolvendo gradativamente, conforme os estímulos recebidos, e

todo este processo começa com a sustentação de cabeça, o rolar, os

movimentos dos membros superiores e inferiores sustentação do tronco até

engatinhar e, posteriormente, sentar e andar.

Quando acontece uma interrupção em qualquer fase da criança

há um atraso no desenvolvimento motor podendo trazer no futuro

conseqüências.

A criança nesta fase quando acometida de resfriado repetitivo,

com obstrução nasal, alergias, sinusites, adenóides são obrigados para sobre

vida desenvolver uma respiração bucal, tomando postura totalmente errada no

tipo respiratório, fletindo a cabeça, tronco, para frente em busca do ar. Sendo

assim, não só esta postura fica errada, mas todo o seu corpo. Sabemos que

nossos músculos têm conecção uns com os outros e, quando sentimos

desconfortáveis procuramos posições, mesmo tendo consciência que estamos

com a postura errada. Imaginem uma criança que não tem entendimento do

que está acontecendo com ela, inconscientemente procura uma postura de

adaptação levando o que está errado para o lugar mais errado. Não podemos

deixar de citar o desenvolvimento de todas as capacidades perceptivas que é

de suma importância para a evolução das potencialidades do indivíduo na

aprendizagem cognitiva, psicomotora e afetiva. Nesta, também fica

prejudicada, porque quando enferma não tem condições, nem vontade de

desenvolver atividades, ficando assim dependente da durabilidade e da cura de

sua enfermidade.

Muitas vezes, um paciente chega ao consultório com uma Queixa

Principal de Dislalia, Deglutição Atípica, Déficit de Atenção, Cai sempre para

frente, esbarra com facilidade nos objetos, Coordenação Motora prejudicada,

então devemos olhar este num todo avaliando seu corpo por inteiro. Sendo

assim, a psicomotricidade tem muito que trabalhar neste indivíduo.

47

O primeiro passo do trabalho da psicomotricista é:

POSTURAR A RESPIRAÇÃO.

O terapeuta deve ter o conhecimento e segurança ao

orientar o paciente com a linguagem de acordo com a idade do

paciente,sinalizando a importância da respiração via aérea nasal.

Estimulação do tipo respiratório conveniente:

Estimulação da respiração nasal

- Capacidade respiratória;

- Conscientização do mecanismo respiratório;

- Conscientizar a pessoa para que seja seu próprio;

Após esta etapa começamos a terapia, apenas com três atos

respiratório. Sempre observando se ele terá condições de fazer mais vezes.

Sabemos que como terapeuta terá que observar os olhos se

estão lacrimejados e vasos estão salientes, se isto acontecer, devemos dar

uma pausa com uma conversa informal,evitando assim que haja um

desequilíbrio no sangue(+ oxigênio) alcalose desencadeando uma convulsão.

A terapia respiratória deverá ser nas primeiras sessões com o

paciente deitado a seguir sentado.

Quando o terapeuta sentir que o paciente automatizou a

respiração está no momento de passar para outras etapas da terapia.

A seguir podemos dar seguimento a todo o trabalho para

reeducação deste indivíduo.

- Tônus orofacial - massagem manual facial;

- Estimulação térmica (quente e fria);

- Exercícios para mastigação e deglutição;

- Exercícios de Postura;

48

- Esquema corporal, orientação espacial, temporal,

estruturação espacial;

- Estimulação das funções receptivas;

- Estimulação das funções intelectivas;

- Mastigação

- Deglutição

- Sucção

49

CONCLUSÃO

Sabe-se que a respiração é a base da vida e, para que seja

qualitativa, são necessários vários fatores, como por exemplo, o ar que

respiramos;

A integridade do aparelho respiratório com a sua anatomia e

fisiologia.

A permanência da respiração bucal, alergias, rinites devem ser

investigadas como fatores etiológicos contribuintes.

Leech, em 1958, apresentou a seguinte síndrome, realizando um

estudo em 500 pacientes de uma clínica de doenças respiratórias:

-posturas anormais, não só corporais como orofaciais;

-aumento das infecções próprias do aparelho respiratório;

-estrutura facial alterada. A face torna-se marcantemente

alongada (faces adenóides);

-estreitamento da arcada superior, do palato e das narinas pelo

desuso;

-lábio superior hipotônico, curto e elevado com alteração, dada a

pouca irrigação sangüínea;

-gengiva hipertrófica;

-língua com postura anormal, deixando de exercer sua função

modeladora do palato e também com sua tonicidade prejudicada;

-o olfato é prejudicado e frequentemente acompanhado pela

diminuição gustativa e redução de apetite;

-hiperplasia dos tecidos linfóides ao redor da trompa de

Eustáquio, podendo obstruí-la e contribuir para a perda auditiva;

-má oxigenação cerebral ocasionando dificuldade de atenção e

concentração e consequentemente problemas de aprendizagem.

50

Outros cientistas tais como Johnson(1936), Leinder, Aronson e

Blacktrom(1960) realizaram estudos similares desta patologia.

O importante é que o paciente seja assistido por uma equipe com

médico, fonoaudiólogo e odontológico, nas especialidades que se fazem

necessária, numa terapia prematura e oportuna.

Neste trabalho, detalhei separadamente para maior

esclarecimento dos profissionais da área de Fonoaudiologia, Psicomotricista,

na certeza da compreensão deste para a reeducação:

-Como é desenvolvida a respiração bucal,

-Funções do Sistema Estomatognático,

-Equilíbrio,

-Coordenação,

-Memória,

-Atenção,

Elementos da Psicomotricidade,

Sabemos que existem complicações respiratórias, como por

exemplo, de causas primárias (hereditária, congênita, enfermidades

embrionárias), sendo que nesses casos, pouco pode ser feito, mas muito

podemos fazer no caso de prevenção, incluindo os profissionais de saúde,

como Pediatra, Otorrinolaringologista, Odontólogo e Fonoaudiólogo,

Psicomotricista dedicando-se num trabalho corretivo e de reeducação, não

permitindo que um padrão respiratório incorreto se instale.

A respiração realizada pela via oral traz conseqüências

agravantes de nível pulmonar, ficando também a criança com este hábito de

ingerir o ar sem que passe pela área de filtragem e purificação (que acontece

nos cornetos e meatos), ficando assim vulnerável a deglutir bactérias e

microorganismos.

Deverá haver uma preocupação muito grande dos profissionais

para que não haja instalação da Respiração Bucal, desencadeando uma

51

Síndrome, visto que esta desorganiza as estruturas de todo o organismo

procurando uma nova adaptação sem que a criança perceba.

A complicação deste quadro segue um ciclo anormal se

externando visualmente percebível, como foi relatado, necessitando esta

criança posteriormente de vários profissionais. São eles:

- Odontólogo: fazendo correção das estruturas, dos arcos

dentais, através de aparelhos.

- Fonoaudiólogo: atuando na reeducação respiratória, nas

estruturas envolvidas nos distúrbios das palavras (falada, escrita, lida e

ouvida), na deglutição e na mastigação.

-Psicomotricista: atuando na reeducação do desenvolvimento

motor, na estruturação Espacial,desenvolvimento psicomotor.

Além dos profissionais já citados, incluímos conforme as

necessidades do paciente, Psicopedagógico, Pedagógico, Psicólogo e

Musicoterapeuta.

Existem algumas providências que poderão ser tomadas

inicialmente pelos Pais e Professores:

- Criança dormindo: observe a posição da face, não permitindo

uma pressão no travesseiro, mudando de posição sempre que possível. A

postura costumeira, da mão comprimindo a mandíbula, poderá modificar as

estruturas, levando a obstrução em relação ao septo nasal e

conseqüentemente a uma dificuldade respiratória.

É muito comum a criança na escola apoiar o queixo com a mão

fechada, modificando e causando pressão desnecessária, na posição da

mandíbula, e com esta postura, as outras estruturas que fazem parte do ciclo,

procuram se adaptar a esta nova posição.

Encerrando esta síntese, os Pais, e os profissionais deverão se

preocupar para que os hábitos não sejam adquiridos, orientando corretamente

desde as primeiras fases da vida.

Se o hábito já estiver se instalado, deverá ser bloqueado o quanto

antes, com a conscientização e ética dos profissionais que atuarão, no sentido

52

de evitarem o avanço. E, quando você profissional da área de saúde, estiver

avaliando um paciente, em que o mesmo apresente as características do

Respirador Bucal, não retarde o tratamento e direcione aos especialistas

específicos.

53

BIBLIOGRAFIA

AZEREDO C.A.C . Fisioterapia Respiratória.

1ª edição . ed. Panamed. São Paulo, 1994.

BOONE, Daniel R. & FARLANE Stephem C. Mc. A voz e a

Terapia Vocal. Porto Alegre. 5ª edição. ed. Artes Médicas. 1994.

CHATEAU, Michael. Orthopédu Dento Faciale Diagnostic et

Traitement. éditeur Jullien Prélat . Paris, 1975. v.2

DÂNGELO e FATTINE. Anatomia Humana Sistêmica e

Segmentar. RJ/SP. livraria Atheneu, 1988.

GUYTON, Arthur C. M.D. Fisiologia Humana. 6ª edição. RJ. 1988.

ed. Guanabara Koogan.

GARDNER, Ernest, MD,Gray,Donald M.S PHD e O’rahilly, Ronan.

Anatomia. 4ª edição. RJ, 1988. ed. Guanabara Koogan.

HAROLDO, Miquel Guida. Saúde Bucal e Prevenção. RJ, 1ª

edição. ed. Zem Gráfica. Teresópolis RJ.

HOUSSAY. A. Bernardo. Fisiologia Humana. 4ª edição. Buenos

Aires. ed. El ateneu, 1969.

54

LINO, Alael de Oaiva. Ortodontia Preventiva básica S.P - ed Artes

Médica, 1990.

MOYERS, Robert E. Ortondontia Preventiva. RJ, 4ª edição. ed.

Guanabara Koogan, 1991.

PETRELLY, Eros. Ortodontia para Fonoaudiologia. 2ª edição. Ed.

Lovize Científica. SP, 1994.

PICCOLOTO, Léslie. Tema de Fonoaudiologia. 5ª edição. ed.

Loyola. SP, 1993.

PROFITTI, Willian R. D.DS, PHD. Ortodontia Contemporânia. 2ª

edição RJ, 1995. ed. Guanabara Koogan

.

TABITH, Alfredo Jr. Foniatria. SP. 6ª edição. ed. Cortez, 1993.

Douglas, Carlos Roberto. Patofisiologia Oral.

Planas ,Pedro.Reabilitação Neuro- Oclusal.

Dal Pont, Giorgio. Anatomia Funcional dos Maxilares.

Peixto, Flriano. As Bases Fisiológicas da ortopedia Maxilar.

Madeira, Miguel Carlos. Anatomia da Face.

Marchesa, Irene Queiroz. Fundamentos em Fonoaudiologia.

Alves Fátima.Psicomotricidade: Corpo< Ação e Emoção.3ª

Edição.

55

JORNAL

ARAGÃO, Wilson. Tratamento da Deficiência com o Regulador de

Função Aragão. J.P. Ortodontia e Ortopedia. N.2,

março/abril,1996.