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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O SERVIÇO SOCIAL EMPRESARIAL, O CÓDIGO DE
ÉTICA, SUAS DEMANDAS E POSSIBILIDADES.
Por: Karlla da Costa Oliveira
Orientador
Profª. Fabiana
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
O SERVIÇO SOCIAL EMPRESARIAL, O CÓDIGO DE
ÉTICA, SUAS DEMANDAS E POSSIBILIDADES.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de
Recursos Humanos.
Por: Karlla da Costa Oliveira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos grandes companheiros
de estudo que tive nesse ano de pós,
incluindo excelentes professores,
principalmente as mestres Janaína e
Mariana Baéz, pessoas que sem
dúvida marcaram minha vida
acadêmica e profissional.
4
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar a DEUS, por me dar
força de vontade e resistir ao sono no
horário das aulas. Após, agradeço a
minha família (mãe e irmão), ao meu
amor Vinícius e as minhas amigas,
Alessandra, Fernanda e Mariana que
sempre contribuíram para momentos
alegres na travessia de barca para
Niterói. Obrigada !!
5
RESUMO
O serviço social surgiu na década de 30 e foi institucionalizado em 1940
estas décadas foram de suma importância para o aumento de profissionais,
pois na mesma ocorreu a ampliação da questão social de acordo com a
generalização do trabalho livre que acontece na produção capitalista como o
processo de relações sociais entre classes.
O primeiro capítulo desta pesquisa trata sobre a questão social que se
assume nos grandes centros-urbanos industriais com crescimento do
proletariado e a implantação do serviço social como profissão na divisão sócio-
técnica do trabalho se dá no decorrer desse processo histórico, ao longo deste
período industrial inicia a atuação do profissional do serviço social nas
empresas.
No segundo capítulo trata-se do serviço social empresarial onde a
profissão ao atuar em uma certa instituição, possui determinadas
peculiaridades em função das justificativas e produtos imediatos para ação,
mas as entidades interessam-se pela manutenção da desigualdade por via
assistencial, sobrepondo-se as especificidades. A tarefa de manter e
administrar a desigualdade não é fácil, pois o cotidiano é permeado por
interesses antagônicos, por que exige formulação de estratégias para a
intermediação destas relações sociais capitalistas.
Pretende-se discutir no terceiro capítulo a contribuição dos códigos de
ética na atuação profissional nas entidades empresariais privadas.
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METODOLOGIA
A pesquisa será realizada no campo do serviço social e RH, a mesma
será fundamentada na metodologia qualitativa, buscando em resenhas,
monografias, dissertações, livros acadêmicos, ou seja, bases teóricas para sua
conclusão com previsão de início em janeiro e término em março.
7
SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo 1- O Surgimento e a Institucionalização do Serviço Social nas décadas
de 20, 30 e 40 10
Capítulo 2- O Serviço Social Empresarial: O início de uma nova fase 19
Capítulo 3-O Projeto Profissional do Serviço Social 31
Conclusão 36
Anexos 38
Bibliografia Consultada 55
Bibliografia Citada 57
Índice 58
8
INTRODUÇÃO
Presente trabalho nasceu do interesse pelas crescentes atribuições
dadas aos assistentes sociais na esfera privada.
Diante da proporção de vagas para serviço social em empresas estatais
e que o grande contratador de assistentes sociais é o Estado, em minha
graduação sempre estive atenta a valores contidos em meu código de ética
profissional.
Durante meu último semestre e escolha de qual especialização buscar,
observei que minha profissão no Rio de Janeiro dentro do âmbito privado era
pouco debatida, diante de suas dificuldades de atuação, pois o SESO surge a
partir da questão social.
Neste período de conclusão da graduação pesquisei em fontes na internet
sobre o curso de gestão de RH, durante minha busca por complementação
acadêmica debati com uma agora antiga colega de classe, onde a mesma
declarou que o serviço social não foi criado para trabalhar em esfera privada,
que eu seria uma assistente social que não poderia garantir o direito dos
colaboradores e sim garantiria os direitos da empresa, não utilizando assim o
código de ética. Durante este debate acadêmico evidenciei uma questão: O
SESO tem cunho assistencial mesmo estando em uma empresa privada?
Estamos sendo resguardados pelo código de ética para uma melhor atuação
profissional?
Diante das previsões de pesquisa pretendo me adequar a três capítulos:
1º O surgimento do Serviço Social e sua institucionalização, 2º O Serviço
Social empresarial e 3º O Código de Ética do Serviço Social.
Segundo pesquisas realizadas na busca por um tema, percebi que este
trabalho acadêmico será de grande utilidade pública para futuros
pesquisadores do âmbito social, onde também poderá complementar outras
pesquisas e assim modificando algumas atuações profissionais baseando-se
também no código de ética.
9
A mesma será realizada com base na metodologia qualitativa, onde
buscarei em resenhas, monografias, dissertações, livros acadêmicos, ou
seja, bases teóricas para sua conclusão.
10
CAPÍTULO I
CAPÍTULO 1: O SURGIMENTO E A
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS
DÉCADAS DE 20,30 E 40.
A inserção do Serviço Social na divisão social do trabalho e as novas
perspectivas são decorrentes e um produto histórico, que dependem da classe
subalterna e o bloco que mantêm o poder, ou seja, os donos dos meios de
produção, enfrentando a “questão social” inquirida no capitalismo. A partir das
políticas do Estado articuladas ao contexto internacional, foram atribuindo
especifidades ao Serviço Social na divisão social técnica do trabalho.
O Serviço Social afirma-se como uma especialização do trabalho no
coletivo, constituindo-se a partir das necessidades sociais e derivada da prática
histórica das classes sociais na produção e reprodução dos meios de vida e de
trabalho onde a prática profissional só se desvenda a partir de sua inserção na
sociedade.
Para apreender o significado social da prática profissional supõe inseri-la
no conjunto das condições e relações sociais que lhe atribuem um sentido
histórico e nas quais se torna possível e necessária, tendo assim que elucidar o
significado social da profissão na sociedade capitalista, buscando apreender as
implicações sociopolíticas deste exercício profissional inscrito na divisão social
do trabalho.
11
1.1) A base do Serviço Social.
Nas décadas de 20 e 30, surge a questão social, que segundo
Yamamoto e Carvalho,
“A questão social, seu aparecimento, diz respeito
diretamente à generalização do trabalho livre numa
sociedade em que a escravidão marca profundamente
seu passado recente. Trabalho livre que se generaliza
em circunstâncias históricas nas quais a separação entre
homens e meios de produção se dá em grande medida
fora dos limites da formação econômico-social brasileira”
(2008:125)
A questão social surge da necessidade do mercado de trabalho de se
adequar nos moldes de trabalho capitalista, nascendo a força de trabalho que
se torna em mercadoria. A exploração abusiva a que o trabalhador era
submetido afetava diretamente a sua capacidade de trabalho, diante disto os
mesmos começarão a se desenvolver em busca de direitos trabalhistas em
uma que seria sua eterna luta defensiva contra os donos dos meios de
produção e assim aparentemente tornam-se uma ameaça as maiores sagrados
valores que a sociedade tem “a moral, a religião e a ordem pública”, então
surge a necessidade da compra da força de trabalho.
“Na verdade, a exploração de uma classe sobre a outra é
condição para acumulação e reprodução do capital, de
um lado, e da reprodução da força de trabalho, por outro
lado. Entretanto, além de uma relação de
exploração/dominação, das relações de produção
capitalistas têm uma natureza dialética e, por isso mesmo,
somente podemos compreendê-las numa perspectiva
global, a partir do próprio conceito de modo de produção
12
como uma “totalidade histórica significativa”. (Mota
2008:106)
“A compra e venda dessa mercadoria especial sai da pura esfera
mercantil pela imposição de uma regulamentação jurídica de mercado de
trabalho através do Estado...” (Iamamoto e Carvalho 2008:126)
Toda a regulamentação jurídica da época eram chamadas de Leis
Sociais que surgem em conjunturas históricas e,
Segundo Iamamoto e Carvalho, “marcam o deslocamento
da “questão social” de um segundo plano da história cai
para, progressivamente, colocá-la no centro das
contradições que atravessam a sociedade. Ao mesmo
tempo, a “questão social” deixa de ser apenas
contradição entre abençados e desabençoados pela
fortuna, pobres ou ricos, entre dominantes e dominados,
para constituir-se essencialmente, na contradição
antagônica entre burguesia e proletariado...” (2008,126 e
127)
O grande desenvolvimento da sociedade urbano-industrial é marcado
por conflitos de classe, crescimento da classe urbano operário e lutas sociais
contra a exploração do trabalho e pela defesa dos direitos sociais e de
cidadania.
O implantação do Serviço Social acontece ao decorrer
deste processo histórico e segundo Yamamoto e
Carvalho, ”A pressão exercida pelo proletariado-presente
mesmos nas conjunturas específicas em que sua luta
não se faça imediata e claramente presente enquanto
manifestações abertas-permanece constantemente
como pano de fundo a partir do qual diferentes atores
sociais mobilizam políticas diferenciadas. Essas políticas
demarcarão os limites dentro dos quais irá surgir e atuar
13
o serviço social – a caridade e a repressão – limites em
relação aos quais deve se constituir uma alternativa”.
(2008;128)
A partir da década de 40 o Serviço Social foi reconhecida na divisão
social do trabalho estando vinculada a grandes instituições assistenciais,
estatais, paraestatais ou autárquicas, especialmente na década supracitada.
1.2) A Institucionalização do Serviço Social em São Paulo e no
Rio de Janeiro.
O Serviço Social surge como iniciativa particular de uns grupos e frações
de classe, com bases ideológicas bem delimitadas, e intermédio da igreja
católica, chamados de Movimento Católico leigo, responsáveis pela ação social
da Igreja Católica junto aos mais vulnerabilizados com crianças e mulheres,
onde se formavam por meio de fontes de recrutamento e formação para
agentes sociais. A partir dos anos 30/40, a época em que crescem as lutas
sociais dos trabalhadores e dos populares mais empobrecidos, vinham das
classes mais ricas, as ações assistenciais, religiosos e filantrópicos mostram-se
sem recursos para atender as necessidades sociais; neste mesmo espaço de
tempo o Estado vem assumindo a regulação das mediações entre as classes,
criando um conjunto de medidas em que legitimando a questão social também
a enquadra juridicamente, visando controlar os trabalhadores e tensões criadas
das classes sociais. Entre várias pesquisas entendemos que as formas de
enquadramento da população operária foi a criação da Consolidação das Leis
do trabalho (CLT), salário mínimo, a legislação sindical e outras de formas
controladoras e paternalistas.
14
“O Estado brasileiro transformou a questão social em problema de
administração, desenvolvendo políticas e agências de poder estatal nas mais
diversos setores da vida nacional”. (Yasbek, Martinei e Raicheis 2008; 5)
“Como profissão inscrita na divisão do trabalho, o Serviço
Social surge como parte de um movimento social mais
amplo, de bases confessionais, articulado à necessidade
de formação doutrinária e social do laicato, para uma
presença mais ativa da Igreja Católica no “mundo
temporal”, nos inícios da década de 30, na tentativa de
recuperar áreas de influência e privilégios perdidos, em
face da crescente secularização da sociedade e das
tensões presentes nas relações entre Igreja e Estado, a
Igreja procura superar a postura contemplativa.
Fortalece-se defensivamente, e, diretamente orientada
pela hierarquia, procura organizar e qualificar seus
quadros intelectuais laicos para uma missão missionária
e evangelizadora na sociedade...” (Iamamoto, 2007, 18)
No ano de 1932 foi criada em São Paulo o CEAS – Centro de Estudos e
Ação Social, a entidade que seria responsável pela primeira Escola de Serviço
Social do Brasil, este surge após um curso intensivo de formação social para
moças onde a direção do curso coube a Mlle. Adélle de Loneux, professra da
Escola Católica de Serviço Social da Bégica. O CEAS vem com objetivo de
difundir a doutrina e a ação social da Igreja Católica, cuja as moças tinham
noções de filosofia moral, religião, direito constitucional e administrativo,
higiene social e outros, visitando também instituições beneficentes, houve
grande aceitação dentre as jovens católicas da época, que após a conclusão
criam uma associação de ação social.
Segundo Iamamoto e Carvalho, “O objetivo central do
CEAS será de “promover a formação de seus membros
15
pelo estudo da doutrina social da igreja e fundamentar
sua ação nessa formação doutrinária e no conhecimento
aprofundado dos problemas sociais” e “adotar uma
orientação definida em reação aos problemas a resolver,
favorecendo a coordenação de esforços dispersos nas
diferentes atividades de caráter cai” 2008;169)
A igreja se torna uma força altamente influenciadora de
pensamentos e ações, diante disto segundo Iamamoto e
Carvalho, ”,,, Deus é a fonte de toda justiça, e apenas
uma sociedade baseada nos princípios da cristandade
pode realizar a justiça social ,,, a sociedade é vista pela
igreja como um todo unificado através das conexões
orgânicas existentes entre seus elementos, que se
sedimentam através das tradições, dogmas e princípios
morais de que ela é depositária”. (2008;158)
A igreja católica através do movimento laico trará para si a
responsabilidade de reunificar e recristianizar á sociedade burguesa, este era o
pensamento da Igreja católica e de seus membros que tinham como
perspectiva influir na vida social por meio de ações sociais.
Em 1934, acontece a primeira “Semana de Ação Católica”, que foi de
iniciativa de leigos na defesa de princípios religiosos e morais católicos.
No ano de 1936, diante de vários esforços de alguns grupos católicos é
fundada a 1ª Escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira a existir no
Brasil, a mesma se instituiria com visões francesa e belga, a partir de uma
perspectiva ética, social e técnica da formação profissional.
Segundo Yasbek, Martinelli e Raichellis, a visão do serviço social nesse
momento é da adaptação do indivíduo ao meio e do meio ao indivíduo, numa
perspectiva de “restauração e normalização da vida social”. (2008;11)
16
“Em 1938, será organizada a Seção de Assistência
Social, que, tendo por finalidade “realizar o conjunto de
indivíduos ou grupos às condições normas da vida”,
organizada para tal: o Serviço Social dos Casos
Individuais, a Orientação Técnica das Obras Sociais, o
Setor de Investigação e Estatística e o Fichário Central
de Obras e Necessitados. O método central a ser
aplicado é definido como sendo o Serviço Social de
Casos Individuais, devendo-se “estimular o necessitado,
fazendo-o participar ativamente de todos os processos
que se relacionam com seu tratamento (...) utilizar todos
os elementos do meio social que possam influenciá-lo no
sentido desejado, facilitando sua readaptação” e propiciar
uma auxílio material reduzido ao mínimo indispensável,
“para não prejudicar o tratamento” (Yamamoto e
Carvalho, 2008; 175).
Em 1937 foi fundada a 1ª Escola de Serviço Social do Rio de Janeiro e
2ª Escola de Serviço Social no Brasil, sua fundadora foi a Stella de Faro, junto
com o curso de formação familiar do Instituto Social do Rio de Janeiro. A
primeira semana de Ação Social do Rio de Janeiro foi considerada um marco
para a instalação do serviço social na república.
“..Surgem, cronologicamente, em 1937 o Instituto de
Educação Familiar e Social – composto das Escolas de
Serviço Social (Instituto Social) e Educação Familiar –
por iniciativa do Grupo de Ação Social (GAS), em 1938 a
Escola Técnica de Serviço Social, por iniciativa do Juízo
de Menores e, em 1940, é introduzido o curso de
preparação em Trabalho Social na Escola de
Enfermagem Ana Nery (escola federal)... “(Yamamoto e
Carvalho,2008; 181)
17
“Finalmente em 1940, é introduzido o Curso de
Preparação em Trabalho Social na Escola de
Enfermagem Ana Nery. Este curso, que dará origem à
Escola de Serviço Social da Universidade do Brasil, será
pouco significativo no período estudado, entre outros
fatores por sua interrupção durante o engajamento do
país na Segunda Guerra Mundial. Constituirá, no entanto,
a primeira iniciativa direta do governo federal para a
formação de Assistentes Sociais.” (Yamamoto e
Carvalho, 2008;186)
No decorrer da década de 40, no Estado Varguista, o trabalho com
famílias pobres foi priorizado, com o amparo e educação a famílias carentes,
sendo objetivado por três centros familiares criado pelo CEAS, sendo os
mesmos locais de estágio para alunas do curso de serviço social.
Neste contexto, no período Vargas, em 42, foi criada a Legião Brasileira
de Assistência – LBA, que foi a primeira instituição assistencial nacional para
atender famílias dos expedicionários brasileiros que foram chamados a
Segunda Guerra Mundial, ao término da mesma a LBA volta-se à filantropia e
benemerência, onde voltava-se para o trabalho com os mais pobres “movendo”
a sociedade civil e o trabalho feminino, surgindo assim o “primeiro-damismo”,
vinculada a primeira dama Darcy Vargas. Ainda neste período surgem as
instituições patronais como o Sistema S - SESI, SESC e SENAI.
Segundo Iamamoto, “Se o Serviço Social surge no seio
do movimento católico, o processo de profissionalização
e legitimação da profissão encontra-se estreitamente
articulado à expansão das grandes instituições sócio-
assistenciais estatais, paraestatais e autárquicas, que
surgem especialmente na década de 40...“ (2007; 30)
Em 1947 acontece o I Congresso Brasileiro de Serviço Social marcando
o início de valorização dos encontros nacionais, constituídos de polêmicas
profissionais, junto com influência norte-americana no Brasil e na América
18
Latina com novas abordagens profissionais de grupo e comunidade,
incorporando assim teorias estrutural-funcionalistas, difundida especialmente
por organizações internacionais por meio da criação da Organização das
Nações Unidas.
O Serviço Social foi reconhecido como profissão liberal pelo Ministério
do Trabalho em 1949 (Portaria nº 35 de 19/4/49), seu desempenho foi
vinculado a instituições públicas e privadas como responsáveis por
implementação de políticas e programas sociais e assim vai transformando o
perfil do serviço social em trabalho assalariado, mesmo com todas as
transformações a profissão mantinha fortes traços da doutrina católica, como
valorização de qualidades morais, pessoais, o discurso humanitário, altruísta e
desinteressado.
19
CAPÍTULO 2
O SERVIÇO SOCIAL EMPRESARIAL, O INÍCIO DE
UMA NOVA FASE.
Historicamente as empresas sempre usufruíram de serviços prestados
pelo assistente social, quando os contrata altera várias formas de assistência
aos trabalhados. (ver Iamamoto e Carvalho, 1982:83, 137-41,284-5)
A presença do assistente social nas empresas demonstra a necessidade
de expansão da responsabilidade social para com os funcionários, ou seja, o
assistente social seria requisitado para desenvolvimento dos trabalhos de
cunho assistencial e educativo junto ao empregado e sua família, este é de
importância fundamental, pois em unidade as decisões contribuem para
mudanças.
Justificando a escolha por assistentes sociais nas unidades
empresariais, se fundamenta pela preservação da qualidade de força de
trabalho dos empregados que pode ser influenciado por questões advindas
externamente, podendo ou não dificultar suas atividades laborais.
2.1) Novas idéias e novos pensamentos: o recomeço.
Este período iniciou-se na década de 60, especificamente no pós 64, no
golpe militar de Getúlio Vargas, acontecia à expansão do “fordismo à brasileira”
por meio do chamado Milagre Brasileiro, onde se iniciava a produção em
massa de automóveis e eletrodomésticos pra o consumo de massa restrito,
algo que já vinha acontecendo desde 1955, com Plano de Metas que era mais
agressivo neste período Varguista, um momento que havia mudanças nos
20
direitos sociais mas em meio a restrição dos direitos políticos e civis, se inicia
uma mudança ideopolítica para o Serviço Social chamando-se Movimento de
Reconceituação, onde assistentes sociais buscavam contestações sobre a
profissão, como expressão de condicionamentos históricos que colocam novas
exigências de ação profissional, diante da explicação de Mota, o movimento
era de natureza teórico-prática, defendendo assim uma nova postura do
Serviço Social em face da realidade social da América Latina, apresentando-se
como um processo que, embora não se excluindo de determinações históricas
objetivas, refuta o Serviço Social tradicional em prol de uma nova proposta de
prática que atenda prioritariamente ao projeto dos trabalhadores.
O Movimento de Reconceituação se cria a partir da
negação de uma prática conservadora, desenvolvendo
assim uma nova identidade política ideológica, afirmando
um compromisso político com a classe subalterna e
segundo Carvalho, “A constatação do conservadorismo
da ação profissional, da existência de projetos sociais
antagônicos e, finalmente, da impossibilidade de uma
prática profissional neutra levou o movimento a
constestar a organicidade do Serviço Social com o capital
e a postular a inversão do “nexo político no sentado de
uma vinculação com a classe dominada”. (1983, 14).
No período em que o Brasil vivenciava a Ditadura Militar, houve grande
repressão política, grupos crescentes de assistentes sociais questionavam e
assumiam inquietações e insatisfações profissionais, em dado momento que a
conjuntura sócio-histórica era de intenso movimento político-cultural e que
intelectuais, trabalhadores e a classe popular buscava, a defesa de projetos de
transformação social.
O processo de Reconceituação não era somente no Brasil e sim em toda
a América Latina, o movimento era em níveis: teórico, metodológico,
técnico/operativo e ideopolítico, buscando a construção de um novo projeto
21
profissional onde assistentes sociais comprometiam-se com demandas e
interesses dos trabalhadores e camadas mais populares nas políticas públicas.
Em dado momento desdobramentos históricos e diferentes tendências na
profissão se definem, incidindo assim nos fundamentos teóricos e
metodológicos da profissão diferenciando sua intervenção profissional.
2.2) O Serviço Social Empresarial.
Segundo Mota, “quando a empresa capitalista requisita
um assistente social legitima a ação profissional no limite
dos seus interesses, reconhecendo assim que os
serviços historicamente prestados pelos mesmos
atendem as suas necessidades, mesmo assim não
permite a identificação que as expectativas institucionais
se realizariam”. (2008;51)
Diante de alguns conceitos, a empresa é uma instituição cujo objetivo é
gerenciar capital e trabalho na produção de bens e serviços que se
transformam em mercadorias, assim assegura a valorização do capital,
acumulando-o e reduzindo-o e tendo na produção da mais-valia um
instrumento para obtenção de lucros, onde sua existência numa totalidade
histórica é permeada por pactos econômicos, políticos, sociais e ideológicos. A
empresa privada está completamente imersa na dinâmica social global e a
atuação do assistente social se torna delimitada, pois no momento em que é
requerido o profissional exige-se a criação de novas ações para atender
prerrogativas específicas como os problemas sociais dos empregados que
afetam a produtividade da força de trabalho.
22
Após a Constituição de 1934, no período chamado Estado Novo a
política econômica se coloca a disposição do serviço da industrialização, o
Estado busca incentivar a indústrias básicas organizando o mercado de
trabalho através de empresas estatais e de economia mista, apoiando a
acumulação de capital deste setor. Podem-se ver mecanismos de exploração
econômica e dominação política para um aprofundamento capitalista.
Segundo Netto (2001), “pode-se falar propriamente do
Serviço Social de empresa, a partir do desenvolvimento
industrial, principalmente nos anos do “milagre” mas não
exclusivamente pelo crescimento industrial mas
determinado também pelo pano de fundo sócio-político
em que ele ocorre e que instaura necessidades
peculiares de vigilância e controle de força de trabalho no
território da produção”.
Segundo Iamamoto e Carvalho, “... a nova fase de
aprofundamento do capitalismo sob uma conjuntura
política diferenciada e sua adesão às novas formas de
dominação e controle do movimento operário cuja
especificidade será dada pelo populismo e
desenvolvimentismo, onde a procura do consenso se
sobrepõe a simples coerção. O patronato, a burguesia
industrial que solidifica sua organização enquanto classe
no período em foco, estará firmemente ancorada nos
princípios do liberalismo do mercado de trabalho e
privatismo da relação de compra e venda da força de
trabalho, como pressuposto essencial de sua taxa de
lucro e acumulação. Toda a sua ação política –
principalmente nos momentos em que cresce a pressão
pela regulamentação social da exploração da força de
23
trabalho – estará voltada para a manutenção desse
estatuto. ( 2008,135 )
Anteriormente a este período o empresariado já interessado destaca
dois aspectos de sua prática que diretamente se relacionam com a implantação
e desenvolvimento do serviço social; a primeira relata sua crítica à falta de
mecanismos de socialização do proletariado, ou seja, instituições que
objetivassem ter trabalhadores integrados física e psiquicamente. Diante
destas questões citadas pelos donos dos meios de produção, foram criadas as
Leis Sociais, onde a lei de férias remuneradas, código de menores, limitação
da jornada de trabalho e etc., seriam um ”disciplinamento do tempo
conquistado pelo proletariado contra o capital”.
O outro aspecto é tratado no universo da política assistencialista
desenvolvida pelo empresariado no âmbito da empresa. Os mecanismos
assistenciais aplicados pelos empresários apresentam de forma mais
elaborada em grandes empresas, tendo um custo adicional reduzido ou quase
nenhum, buscando o controle social incrementando a produtividade e
aumentando assim a taxa de exploração.
Seguindo a década de 30, as legislações Sociais são revistas e
ampliadas para – 8 horas de trabalho, menores, mulheres, férias, juntas de
conciliação e julgamento, contrato coletivo de trabalho etc.
“O reconhecimento, ou melhor, a ampliação e
generalização do reconhecimento da cidadania do
proletariado se dá dentro de uma redefinição das
relações do Estado com as diferentes classes sociais e
se faz acompanhar de mecanismos destinados a integrar
os interesses do proletariado através de canais
dependentes e controlados.” (Iamamoto e Carvalho;
2008, 152)
24
No mesmo período o Ministério do Trabalho, organizado a partir do
Governo Provisório, apresentar-se-á como o “Ministério das Revoluções” pela
modernização e justiça social, após este acontecimento é decretada a “Lei dos
Dois Terços”, que estatui a obrigatoriedade de cada empresa mantendo aquela
proporção de empregados brasileiros.
Não podemos relatar que as empresas são tradicionalmente
empregadoras de assistentes sociais, isto é, tiveram sua porcentagem de
importância, pois a influência foi positiva na institucionalização da profissão na
década de 40, quando as primeiras experiências remontam à criação dos
Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPS), Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) e Serviço Social da Indústria (SESI), mas a
inclusão do serviço social na empresa foi notório a partir da década de 60,
quando avançam os processos de industrialização e expressão política da
classe trabalhadora, criando condições objetivas para o surgimento da
profissão no setor empresarial.
Em 1947 foi relatado pela Escola de Serviço Social de São Paulo 38
terceiranistas, 26 estavam realizando o estágio final, ocupando o cargo de
assistentes sociais, destas 12 restantes, 8 eram funcionárias dos IAPS.
Na Companhia Nacional de Estamparia em Sorocaba (SP) diante da
legislação trabalhista o assistente social passa a se associar a concessão de
benefícios, como a licença a maternidade, acidentes de trabalho,
aposentadoria , seguro de vida e etc. ; sempre articulados a conquista da
simpatia de uma parcela do operariado, consistindo assim para o controle do
fator humano da produção; seleção profissional, prevenção de acidentes,
“vigilância sobre a saúde dos funcionários”, vigilância sanitária e assistência às
gestantes e nutrizes. Ainda na mesma empresa havia uma unidade industrial
com creche, duas vilas operárias com igreja, grupo escolar, creche, escola
maternal, congregação mariana e instalações esportivas.
Nas primeiras experiências de Serviço Social empresarial, os assistentes
sociais atuarão na racionalização dos serviços assistenciais ou na sua
implantação, como cooperativismo, ajuda mútua e organização de lazeres
lucrativos, juntamente havia a interferência nos encaminhamentos para
25
obtenção dos benefícios da legislação social junto a Previdência, ao mesmo
tempo em que garantiria ao trabalhador e sua família um nível de vida moral,
físico e econômico, com correta aplicação das leis trabalhistas, combatendo o
absenteísmo, o relaxamento no trabalho, velar pela moralidade, promover a
conciliação nos dissídios trabalhistas e adaptar o trabalhador e sua função na
empresa.
“Será o “agente de ligação entre o patrão e o operário.
Atendendo a um e outro – atuando de forma autônoma e
independente – ele é o autêntico agente da justiça
social”, “agente de coordenação dos elementos humanos
da produção e da aproximação de classes”.(Iamamoto e
Carvalho, 2008; 209)
O discurso trabalhista do serviço social era de tônica educativa, pois a
classe operária era ignorante e despreparada, assim justificada era a tutela do
assistente social sobre a consciência dos mesmos despertando a visão sobre
responsabilidade social e individual para a compreensão dos seus direitos e
deveres.
Para melhor entendermos as razões do assistente social
empresarial, devemos tratar sobre a empresa, um
estudioso chamado Bravermann afirmou que a “empresa
é uma sociedade que realiza seu trabalho através da
divisão do trabalho. Na empresa existem funções básicas
que se subdividem em outras funções, formando um todo
de tarefas variadas e inter-relacionadas, que segundo o
mesmo autor, seriam mercadejamento, gerência e
coordenação social e sobre a função desta: a
complexidade da divisão do trabalho, que o capitalismo
desenvolveu (...) e a sociedade urbana, concentrada que
pretende manter massas imensas em equilíbrio, exigindo
enorme quantidade de coordenação social, como nunca
antes. Uma vez que a sociedade capitalista resiste e de
26
fato não tem meios para desenvolver um mecanismo
geral de planejamento social, muitas dessas funções
públicas passam a ser assunto interno nas empresas. O
(...) preenchimento de lacuna pela empresa é movido
simplesmente por motivações capitalistas”.
(1981;226:229)
O discurso do empresário é límpido quando o mesmo diz que as
motivações capitalistas são centradas na reprodução da força de trabalho e na
a cumulação e reprodução do capital como demonstra o depoimento que segue
relatado pela autora: Eu acho que se a empresa quiser se manter no mercado
a mesma tem que se preocupar com a qualidade de vida do empregado antes
de pensar em qualquer coisa que se queira fazer em termos de qualidade de
produto e expansão de atividades, no momento em que se têm o empregado
com boa qualidade de vida, se têm produção de qualidade e mercado em
expansão.
Ou seja, para o empresariado a qualidade de vida é importantíssima
para a reprodução da força de trabalho. Na realidade a empresa troca a força
de trabalho por lucro, isto é relação contratual de compra e venda, a compra da
força de trabalho pelo pagamento do salário mantendo as condições de
exploração do trabalhador.
Segundo Mota, “o contrato de venda e compra da força
de trabalho é fornecido por um conjunto de práticas
sociais, revestido por um manto ideológico que tenta não
somente esconder a dominação e exploração da classe
capitalista, como também, e principalmente, fazer passar
tal relação como justa e vantajosa para ambas as partes,
assim a questão social passa a ser assumida pela a
empresa dentro de um contexto que é permeado tanto
pela existência de “pactos de dominação”, isto é, com o
Estado, através de suas políticas de reprodução geral do
27
capital, como por uma tensão entre empregado-
empregador, identificada na pressão que a classe
trabalhadora exerce pela via dos “seus” problemas,
interferindo no processo organizativo da produção.
Diante destas questões o trabalhador submete-se ao capitalismo
trazendo seu destino individual e coletivo, com suas necessidades e
aspirações criadas pela empresa.
“A situação objetiva do trabalhador, que é evidenciada no
desequilíbrio entre o salário recebido e a precária
capacidade de consumo dos bens necessários à sua
manutenção e reprodução como força de trabalho,
demonstra claramente que o livre-mercado nada tem de
livre, pois o trabalhador, por possuir apenas uma
mercadoria, isto é, sua força de trabalho, é, de fato
obrigado a vendê-la ao preço médio estatuído pelo
capitalista, sob pena de não poder sobreviver.” (Ver Marx,
1978c: 80-4 e 88-95.)
Quando o trabalhador se torna vulnerável as exigências do capital, é
incontestável sua dominação, algo que resultou há décadas o processo de luta
entre classes, hoje, a crescente exploração trabalhista cria maiores condições
para a valorização do capital e também gera a pauperização dos trabalhadores
manifestando os “problemas do trabalhador ou problemas sociais” (chamados
por diversas empresas). Para que haja estas situações e manter o equilíbrio
empregado-empregador a empresa requisita o assistente social.
Primeiramente, a empresa solicita a ação do assistente social
entendendo que é um elemento capacitado para atuar nos setores de Recursos
Humanos desenvolvendo ações de caráter educativo mediante a prestação de
serviços sociais.
28
Em contrapartida a empresa ao colocar os serviços sociais, direciona
seus objetivos para a redução de custos, concentração de riqueza,
desemprego, desproteção social, terceirização, desmonte das políticas de
incentivo a independência econômica objetivando a maximização dos lucros.
Geralmente este é o discurso dos empresários quando justificam a ação
do assistente social na empresa, mediando interesses do empregador e do
empregado com finalidade de evitar interferências que prejudicassem o
processo produtivo, mesmo assim existem outras justificativas para contratação
do assistente social. Existe uma definição correta para a ação profissional mas
quando se é perguntado ao empresário sobre a contratação dos mesmos
responde que ora seria para resolver problemas dos empregados, ora para
objetivos da empresa, ora formas de intervenção da profissão, mas Mota cita
“...a necessidade de manutenção e reprodução material e espiritual da força de
trabalho”. (2008, 69)
Segundo a fala das empresas, o assistente social estaria administrando
os benefícios sociais. Antes um trabalho improvisado, empírico e desarticulado,
realizado por funcionários administrativos ou para modernizar o gerenciamento
de carências sociais do trabalhador, compondo as equipes técnicas de
recursos humanos, mas o mesmo também atua em questões como acidentes,
alcoolismo, absenteísmo, insubordinação, conflitos familiares, doenças,
dificuldades financeiras etc.
“Quando as carências são identificadas o profissional
intervêm de forma que se faz a triagem das mesmas
tendo como parâmetro disponibilidade de atendimento da
empresa, consequentemente, serão seus conhecimentos
sobre carência e objetos de suprimento que pautarão
qualitativa e quantitativamente a assistência prestada”.
(Mota 2008; 72)
Para Iamamoto (2001), “na atualidade, ocorre uma
ampliação das demandas: atuação dos assistentes
29
sociais nos Círculos de Controle de Qualidade – CCQ –
em equipes interprofissionais, nos programas de
qualidade total. Visando a qualidade do produto, é
imprescindível a adesão dos trabalhadores às metas
empresariais da produtividade da competitividade, sendo
relevante, paralelo ao discurso de valorização do
trabalhador os chamamentos à participação, o discurso
da qualidade, da parceria e da cooperação”.
Com todas estas questões para solucionar o Serviço Social deve
construir práticas passíveis a satisfazer exigências da empresa e assim firmar
seu lugar na divisão técnica do trabalho, sendo praticamente um agente
conciliador e apaziguador de conflitos de interesses entre empregador e
empregado, pautando-se nas habilidades do profissional e metodologia de
intervenção.
A descrição da intervenção do profissional, no que se percebe em tese,
é que o empresariado obtém a cumplicidade do serviço social para afirmar sua
dominação, o que é feito quando este fornece informações a cerca da vida ou
dilui a problematização que o trabalhador que o trabalhador faz de sua
realidade. Isso permite à empresa manter viva a força de trabalho,
reproduzindo-a material e espiritualmente e assegurando também, a disciplina
necessária ao processo de trabalho.
Neste sentido, as exigências institucionais são respondidas de forma a
consolidar uma identidade de objetivos entre a empresa e a profissão.
Para além do controle ou da difusão de valores, a empresa é
contundente ao dizer que o assistente social é necessário à instituição na
medida em que é o “ouvinte” da catarse do empregado carente, sobretudo
quando despolitiza a problematização do trabalhador acerca de suas condições
de vida e de trabalho, metamorfoseando num desabafo momentâneo,
emocional e individual.
30
“Segundo Carvalho o ideário profissional assume o
próprio projeto empresarial, ao desconsiderar os
trabalhadores enquanto classe e, conseqüentemente,
suas expressões de negação da exploração, o que auxilia
o capital na atualização se suas formas de manipulação
da desigualdade. Nesse sentido, o assistente social não
passaria de um agente intelectual em sua vinculação
orgânica com a classe dominante.” (1983: 78,86)
É importante salientar que as empresas têm valores éticos, mas com a
sua legitimidade com o lucro, utiliza-se da mais valia para maior crescimento
econômico, por isso é necessário fazer com que o projeto profissional do
serviço social seja efetivado e consolidado nas diversas empresas privadas.
31
CAPÍTULO 3
O PROJETO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL
E SUAS MUDANÇAS NECESSÁRIAS.
Em 1998, entre os dias 20 e 24 de Julho aconteceu na cidade de
Goiânia o IX CBAS com o tema de “Trabalho e Projeto Ético-Político
Profissional”, com o objetivo da necessidade de conhecer o projeto. Sem a
inserção da discussão abrem-se lacunas quanto à sociabilidade das idéias na
atuação do profissional. Este marcou o início de uma tendência de valorização
crescente dos encontros nacionais cada vez mais maciço e reveladores dos
debates e polêmicas profissionais.
O Projeto Ético Político é de importância coletiva, mas a princípio é
necessário ter clareza de suas particularidades.
A questão principal é: O que é o Projeto Ético-Político do Serviço Social?
3.1) O que è o Projeto Ético-Político Profissional?
O serviço social com o projeto ético-político trabalha a questão ética e
política como dimensões fundamentais na formação profissional, este é
designado como ético-político pois não se limite as questões morais e
prescrição de direitos e deveres, mas sim a ideologia e direção política
profissional.
Em 1947 surge o primeiro código de ética onde os eixos centrais seriam
a moral e posicionamento conservador, pois se vivia em um período que houve
32
uma forte influência norte-americana no Brasil e na América, com a
incorporação das teorias estrutural-funcionalista e de novas abordagens
profissionais (grupo e comunidade), no bojo da ideologia que foi difundida por
organismos internacionais com a criação da ONU em 1945.
O segundo código de ética surge em 1965, que teve como motivação a
regulamentação jurídica da profissão, onde ocorre um grande aumento do
número de escolas da profissão, interiorização das prefeituras de cidades
pequenas e médias; abertura para o campo industrial; incorporação de novas
funções, como coordenação, planejamento e administração de programas
sociais, que revelou maior sistematização teórico e técnica.
No ano de 1975, e nenhum debate sobre a ética foi privilegiado.
O quarto código é datado de 1986, onde acontece a devida inclusão do
serviço social na divisão sócio-técnico do trabalho cujo seu marco histórico e
documental foi à ruptura com a ética tradicional se opondo ao neotomismo e
buscando uma superação universal aos conceitos humanísticos de bem
comum.
Ainda nesta década de 70, em 1979, acontece o III Congresso Brasileiro
de Assistentes Sociais que ficou conhecido como o marco de rompimento com
a tradicionalidade, virando a página do Serviço Social brasileiro, este
congresso é evidenciado como o “Congresso da Virada”. Localiza-se então a
gênese do projeto ético-político, avançando nos anos 80 e consolidando-se nos
anos 90 estando em construção, fortemenete tencionado pelos rumos
neoliberais da sociedade e por uma nova reação conservadora no se4io da
profissão nesta década.
Na década de 90, especificamente em 1993, surge o atual código de
ética, trazendo um projeto profissional com propostas emancipatórias, base do
compromisso ético-político, com avanço teórico, com valores emancipatórios,
explicitando valores éticos fundamentais como: liberdade, equidade, justiça
social, articulando-se a democracia e cidadania. Este se compromete com os
interesses da classe trabalhadora, pois as idéias do movimento de
reconceituação estavam somando ao processo de redemocratização da
sociedade brasileira transitam para um serviço social renovador.
33
Este código implica também no compromisso com aprimoramento
intelectual do assistente social.
Mutafa apud Seixas, 2007: 27, afirma que o projeto ético–
político aponta: “Para um compormisso com o
aprimoramento intelectual, para possibilitar a
competência profissional. E esta competência se revela,
no cotidiano, na implementação de programas e políticas
sociais. Compete ao profissional desvendar a lógica, os
fundamentos e a direção de tais políticas e programas,
produzir um acúmulo de conhecimento sobre o seu
significado e repassar, para o usuário, tanto o serviço –
com boa qualidade – quanto à concepção nela contida”.
O Código de Ética de 1993 reafirma o processo de construção do projeto
ético-político quando afiram seus onze princípios:
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
[ Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas
políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos
indivíduos sociais;
[ Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo;
[ Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de
toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das
classes trabalhadoras;
[ Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da
participação política e da riqueza socialmente produzida;
[ Posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que assegure
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e
políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
34
[ Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o
respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à
discussão das diferenças;
[ Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais
democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o
constante aprimoramento intelectual;
[ Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de
uma nova ordem societária, sem dominaçãoexploração de classe, etnia e
gênero;
[ Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que
partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;
[ Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o
aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;
[ Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,
opção sexual, idade e condição física.
O projeto ético político se constitui a partir de três dimensões como:
• Dimensão da produção de conhecimentos no interior do serviço social: É
a esfera da sistematização das modalidades práticas da profissão, onde
se apresentam os processos reflexivos do fazer profissional e
especulativos e prospectivos em relação a ele, esta tem como parâmetro
a afinidade com as tendências teórico-críticas do pensamento social.
• Dimensão político-organizativa da profissão: Neste refere-se aos fóruns
de liberação quanto as entidades representativas da profissão, como
CFESS/CRESS (Conselhos Federal e Regionais de Serviço Social), a
ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
e as demais Associações político-profissionais, além do movimento
estudantil representado pelo conjunto de CA’S e DA’S (Centros e
Diretórios Acadêmicos das escolas de Serviço Social)) e pela ENESSO
(Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social. É através dos
35
fóruns consultivos e deliberativos destas entidades representativas que
são tecidos os traços gerais do projeto, quando são reafirmados (ou
não) determinados compromissos e princípios.
• Dimensão jurídico-política da profissão: Aqui se encontra o aparato
jurídico-político e institucional da profissão que envolve um conjunto de
leis e resoluções, documentos e textos políticos consagrados no seio
profissional, existe nesta duas dimensões articuladas entre si
complementando uma a outra , como o aparato político-jurídico
estritamente profissional e um aparato jurídico-político que é abrangente,
no primeiro existem componentes criados e legitimados pela categoria
como: o Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da
Profissão (Lei 8662/93) e as Novas Diretrizes Curriculares; a segunda
são as leis advindas da Ordem Social da Constituição de 1988 que foi
fruto de lutas que envolveram os assistentes sociais.
Todas são articuladas e compõe o corpo do material do projeto ético
político profissional que deve ser compreendido como construção coletiva
tendo uma determinação social envolvendo valores, compromissos sociais,
princípios que permanentemente são discutidos. Este projeto obtém análises
precisas da realidade para ações políticas coerentes com o compromisso
profissional.
36
CONCLUSÃO
Desde o início da profissão os assistentes sociais sempre discutiram a
cerca das novas configurações do mundo do trabalho que nos apontam várias
direções teóricas e dizem a respeito da questão social e seus impactos nas
políticas sociais do Brasil e os mesmos sempre foram requisitados pelas
empresas para atuar nas relações capital e trabalho buscando amenizar os
conflitos, criando condições para aumento da produtividade. No processo de
reestruturação produtiva, com globalização, inovações tecnológicas, com as
transformações societárias ocorre uma ampliação do espaço dos profissionais
na área de Recursos Humanos das empresas, por possuir habilidades e
competências para trabalhar com pessoas, formando vínculos, parcerias e
mediações, exercendo funções voltadas à implantação de programas de
qualidade. Esta se caracteriza por aumento de demandas para o serviço social,
as ações no âmbito empresarial sempre estiveram direcionadas a execução de
políticas das organizações, atualmente as ações se desdobram na área de
planejamento de políticas principalmente no desafio de qualidade de vida no
trabalho.
A história da profissão parece demonstrar que sua ação se tem
construído tendo em vista constatação de “problemas sociais” face a atuação
de políticas sociais do Estado e/ou de instituições particulares, pra quem é
chamado a intervir, portanto possui uma clientela composta de indivíduos
considerados “problemáticos”, dentro dos mais diversos contextos sociais, e
não podemos negar a existência do trabalhador na formação profissional dos
assistentes sociais, pois a consciência social se une a totalidade das relações
de produção com o modo de produção da vida material condicionando-os ao
processo de vida social, política e espiritual, fazendo com que os indivíduos
tenham uma posição distinta e contraditória diante de expressões capitalistas
de dominação e exploração.
37
Atualmente, existe uma mescla entre as demandas tradicionais e
atuais, diante disto os assistentes sociais devem apreender as mudanças no
âmbito empresarial e não perder seu espaço para outras profissões, não
devem ter visão endógena da profissão, mas sim entender as transformações
ocorrentes na classe proletária incluindo a categoria profissional.
O assistente social também é um trabalhador inserido na divisão sócio-
técnica do trabalho, que vende sua força de trabalho por salário, é requisitado
para atender tanto as necessidades do capital como as do trabalho, visando o
aumento do lucro e da produtividade das organizações.
Diante de trabalhos de conteúdo empresariais vários assistentes
sociais declararam que as empresas são unidades de produção que objetivam
lucros, a intervenção destes profissionais fazem notar problemas de cunho
social onde suas intervenções são essenciais.
No cenário nacional, o processo do mundo do trabalho expressa uma
série de transformações que afetam diretamente o conjunto da vida social,
mediadas pela inserção subalterna do Brasil no sistema capitalista mundial e
pelas particularidades de sua formação econômica, política e social.
Acredita-se que ainda existem brechas para desenvolver um bom
trabalho que procure respeitar os direitos dos trabalhadores, procurando não
perder o seu compromisso profissional com a classe trabalhadora, explicitando
o que consta no Código de Ética da Profissão.
38
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >>Código de Ética do Serviço Social;
ANEXO 1
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS
APROVADO EM 15 DE MARÇO DE 1993 COM AS ALTERAÇÕES
INTRODUZIDAS PELAS RESOLUÇÕES CFESS N.º 290/94 E 293/94
[ Introdução
[ Princípios Fundamentais
[ Título I - Disposições Gerais
[ Título II - Dos Direitos e Das Responsabilidades Gerais do Assistente Social
[ Título III - Das Relações Profissionais
[ Capítulo I - Das Relações com os Usuários
[ Capítulo II - Das Relações com as Instituições Empregadoras e Outras
[ Capítulo III - Das Relações com Assistentes Sociais e Outros Profissionais
39
[ Capítulo IV - Das Relações com Entidades da Categoria e Demais
Organizações da Sociedade Civil
[ Capítulo V - Do Sigilo Profissional
[ Capítulo VI - Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento
[ Título IV - Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento
[ RESOLUÇÃO CFESS N.º 273/93 DE 13 MARÇO 93
Institui o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais e dá outras
providências.
A Presidente do Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, no uso de
suas atribuições legais e regimentais, e de acordo com a deliberação do
Conselho Pleno, em reunião ordinária, realizada em Brasília, em 13 de março
de 1993; Considerando a avaliação da categoria e das entidades do Serviço
Social de que o Código homologado em 1986 apresenta insuficiências;
Considerando as exigências de normatização específicas de um Código de
Ética Profissional e sua real operacionalização; Considerando o
compromisso da gestão 90/93 do CFESS quanto à necessidade de
revisão do Código de Ética; Considerando a posição amplamento
assumida pela categoria de que asconquistas políticas expressas no
Código de 1986 devem ser preservadas; Considerando os avanços nos últimos
anos ocorridos nos debates e produções sobre a questão ética, bem como o
acúmulo de reflexões existentes sobre a matéria; Considerando a
necessidade de criação de novos valores éticos, fundamentados na
definição mais abrangente, de compromisso com os usuários, com base na
liberdade, democracia, cidadania, justiça e igualdade social; Considerando que
o XXI Encontro Nacional CFESS/CRESS referendou a proposta de
reformulação apresentada pelo Conselho Federal de Serviço Social;
40
RESOLVE:
Art. 1º - Instituir o Código de Ética Profissional do assistente social em anexo.
Art. 2º - O Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, deverá incluir
nas Carteiras de Identidade Profissional o inteiro teor do Código de Ética.
Art. 3º - Determinar que o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de
Serviço Social procedam imediata e ampla divulgação do Código de Ética.
Art. 4º - A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação no
Diário Oficial da União, revogadas as disposições em contrário, em especial, a
Resolução
CFESS nº 195/86, de 09.05.86. Brasília, 13 de março de 1993.
MARLISE VINAGRE SILVA
A.S. CRESS Nº 3578 7ª Região/RJ
Presidente do CFESS
INTRODUÇÃO
A história recente da sociedade brasileira, polarizada pela luta dos
setores democráticos contra a ditadura e, em seguida, pela consolidação das
liberdades políticas, propiciou uma rica experiência para todos os sujeitos
sociais. Valores e práticas até então secundarizados (a defesa dos direitos
civis, o reconhecimento positivo das peculiaridades individuais e sociais, o
respeito à diversidade, etc.) adquiriram novos estatutos, adensando o
elenco de reivindicações da cidadania. Particularmente para as categorias
profissionais, esta experiência ressituou as questões do seu compromisso
ético-político e da avaliação da qualidade dos seus serviços.
Nestas décadas, o Serviço Social experimentou no Brasil um
profundo processo de renovação. Na intercorrência de mudanças ocorridas na
sociedade brasileira com o próprio acúmulo profissional, o Serviço
Social se desenvolveu teórica e praticamente, laicizou-se, diferenciou-se
e, na entrada dos anos noventa, apresenta-se como profissão reconhecida
academicamente e legitimada socialmente.
41
A dinâmica deste processo - que conduziu à consolidação
profissional do Serviço Social - materializou-se em conquistas teóricas
e ganhos práticos que se revelaram diversamente no universo
profissional. No plano da reflexão e da normatização ética, o Código de Ética
Profissional de 1986 foi uma expressão daquelas conquistas e ganhos,
através de dois procedimentos: negação da base filosófica
tradicional, nitidamente conservadora, que norteava a "ética da neutralidade",
e afirmação de um novo perfil do técnico, não mais um agente subalterno e
apenas executivo, mas um profissional competente teórica, técnica e
politicamente.
De fato, construía-se um projeto profissional que, vinculado a um projeto
social radicalmente democrático, redimensionava a inserção do Serviço
Social na vida brasileira, compromissando-o com os interesses
históricos da massa da população trabalhadora. O amadurecimento deste
projeto profissional, mais as alterações ocorrentes na sociedade brasileira
(com destaque para a ordenação jurídica consagrada na Constituição
de 1988), passou a exigir uma melhor explicitação do sentido imanente do
Código de 1986. Tratava-se de objetivar com mais rigor as implicações dos
princípios conquistados e plasmados naquele documento, tanto para fundar
mais adequadamente os seus parâmetros éticos quanto para permitir uma
melhor instrumentalização deles na prática cotidiana do exercício profissional.
A necessidade da revisão do Código de 1986 vinha sendo
sentida nos organismos profissionais desde fins dos anos oitenta. Foi
agendada na plataforma programática da gestão 1990/1993 do CFESS.
Entrou na ordem do dia com o I Seminário Nacional de Ética (agosto de 1991)
perpassou o VII CBAS (maio de 1992) e culminou no II Seminário Nacional
de Ética (novembro de 1992), envolvendo, além do conjunto
CFESS/CRESS, a ABESS, a ANAS e a SESSUNE. O grau de ativa
participação de assistentes sociais de todo o País assegura que este novo
Código, produzido no marco do mais abrangente debate da categoria,
expressa as aspirações coletivas dos profissionais brasileiros.
42
A revisão do texto de 1986 processou-se em dois níveis. Reafirmando os
seus valores fundantes - a liberdade e a justiça social -, articulou-os a
partir da exigência democrática: a democracia é tomada como valor ético-
político central, na medida em que é o único padrão de organização político-
social capaz de assegurar a explicitação dos valores essenciais da
liberdade e da eqüidade. É ela, ademais, que favorece a
ultrapassagem das limitações reais que a ordem burguesa impõe ao
desenvolvimento pleno da cidadania, dos direitos e garantias individuais e
sociais e das tendências à autonomia e à autogestão social. Em
segundo lugar, cuidou-se de precisar a normatização do exercício
profissional de modo a permitir que aqueles valores sejam retraduzidos no
relacionamento entre assistentes sociais, instituições/organizações e
população, preservando-se os direitos e deveres profissionais, a qualidade dos
serviços e a responsabilidade diante do usuário.
A revisão a que se procedeu, compatível com o espírito do texto de
1986, partiu da compreensão de que a ética deve ter como suporte uma
ontologia do ser social: os valores são determinações da prática social,
resultantes da atividade criadora tipificada
no processo de trabalho. É mediante o processo de trabalho que o ser social se
constitui, se instaura como distinto do ser natural, dispondo de capacidade
teleológica, projetiva, consciente; é por esta socialização que ele se põe como
ser capaz de liberdade. Esta concepção já contém, em si mesma, uma
projeção de sociedade - aquela em que se propicie aos trabalhadores um
pleno desenvolvimento para a invenção e vivência de novos valores, o que,
evidentemente, supõe a erradicação de todos os processos de exploração,
opressão e alienação. É ao projeto social aí implicado que se conecta o
projeto profissional do Serviço Social - e cabe pensar a ética como pressuposto
teórico- político que remete para o enfrentamento das contradições postas à
Profissão, a partir de uma visão crítica, e fundamentada teoricamente, das
derivações ético-políticas do agir profissional.
43
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
[ Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das
demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena
expansão dos indivíduos sociais;
[ Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo;
[ Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa
primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais
e políticos das classes trabalhadoras;
[ Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da
participação política e da riqueza socialmente produzida;
[ Posicionamento em favor da eqüidade e justiça social, que
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos
programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;
[ Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito,
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente
discriminados e à discussão das diferenças;
[ Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes
profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e
compromisso com o constante aprimoramento intelectual;
[ Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de
construção de uma nova ordem societária, sem dominação-
exploração de classe, etnia e gênero;
[ Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que
partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;
[ Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população
e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;
[ Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar,
por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião,
nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.
44
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art.1º - Compete ao Conselho Federal de Serviço Social:
a) zelar pela observância dos princípios e diretrizes deste Código, fiscalizando
as ações dos Conselhos Regionais e a prática exercida pelos
profissionais, instituições e organizações na área do Serviço Social;
b) introduzir alteração neste Código, através de uma ampla participação da
categoria, num processo desenvolvido em ação conjunta com os Conselhos
Regionais;
c) como Tribunal Superior de Ética Profissional, firmar jurisprudência na
observância deste Código e nos casos omissos.
Parágrafo único - Compete aos Conselhos Regionais, nas áreas de
suas respectivas jurisdições, zelar pela observância dos princípios e diretrizes
deste Código, e funcionar como órgão julgador de primeira instância.
TÍTULO II
DOS DIREITOS E DAS RESPONSABILIDADES GERAIS DO ASSISTENTE
SOCIAL
Art. 2º - Constituem direitos do assistente social:
a) garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas,
estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios
firmados neste Código;
b) livre exercício das atividades inerentes à Profissão;
c) participação na elaboração e gerenciamento das políticas sociais, e na
formulação e implementação de programas sociais;
d) inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação,
garantindo o sigilo profissional;
e) desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional;
f) aprimoramento profissional de forma contínua, colocando-o a serviço dos
princípios deste Código;
g) pronunciamento em matéria de sua especialidade, sobretudo quando se
tratar de assuntos de interesse da população;
45
h) ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo obrigado a prestar
serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou
funções;
i) liberdade na realização de seus estudos e pesquisas, resguardados os
direitos de participação de indivíduos ou grupos envolvidos em seus trabalhos.
Art. 3º - São deveres do assistente social:
a) desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e
responsabilidade, observando a legislação em vigor;
b) utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da
Profissão;
c) abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que caracterizem
a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos
comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes;
d) participar de programas de socorro à população em situação de calamidade
pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades.
Art. 4º - É vedado ao assistente social:
a) transgredir qualquer preceito deste Código, bem como da Lei de
Regulamentação da Profissão;
b) praticar e ser conivente com condutas anti-éticas, crimes ou contravenções
penais na prestação de serviços profissionais, com base nos princípios deste
Código, mesmo que estes sejam praticados por outros profissionais;
c) acatar determinação institucional que fira os princípios e diretrizes deste
Código;
d) compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive nos casos de
estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos
profissionais;
e) permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em Instituições
Públicas ou Privadas que não tenham em seu quadro assistente social que
realize acompanhamento direto ao aluno estagiário;
f) assumir responsabilidade por atividade para as quais não esteja capacitado
pessoal e tecnicamente;
46
g) substituir profissional que tenha sido exonerado por defender os
princípios da ética profissional, enquanto perdurar o motivo da exoneração,
demissão ou transferência;
h) pleitear para si ou para outrem emprego, cargo ou função que
estejam sendo exercidos por colega;
i) adulterar resultados e fazer declarações falaciosas sobre situações ou
estudos de que tome conhecimento;
j) assinar ou publicar em seu nome ou de outrem trabalhos de terceiros,
mesmo que executados sob sua orientação.
TÍTULO III
DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
CAPÍTULO I
Das Relações com os Usuários
Art. 5º - São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários:
a) contribuir para a viabilização da participação efetiva da população
usuária nas decisões institucionais;
b) garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e
conseqüências das situações apresentadas, respeitando democraticamente
as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e
às crenças individuais dos profissionais, resguardados os princípios deste
Código;
c) democratizar as informações e o acesso aos programas
disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos
indispensáveis à participação dos usuários;
d) devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no
sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus
interesses;
e) informar à população usuária sobre a utilização de materiais de registro
audio-visual e pesquisas a elas referentes e a forma de sistematização dos
dados obtidos;
47
f) fornecer à população usuária, quando solicitado, informações concernentes
ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões,
resguardado o sigilo profissional;
g) contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a
relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços
prestados;
h) esclarecer aos usuários, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a
amplitude de sua atuação profissional.
Art. 6º - É vedado ao assistente social:
a) exercer sua autoridade de maneira a limitar ou cercear o direito
do usuário de participar e decidir livremente sobre seus interesses;
b) aproveitar-se de situações decorrentes da relação assistente social -
usuário, para obter vantagens pessoais ou para terceiros;
c) bloquear o acesso dos usuários aos serviços oferecidos pelas instituições,
através de atitudes que venham coagir e/ou desrespeitar aqueles que buscam
o atendimento de seus direitos.
CAPÍTULO II
Das Relações com as Instituições Empregadoras e outras Art. 7º- Constituem
direitos do assistente social:
a) dispor de condições de trabalho condignas, seja em entidade pública ou
privada, de forma a garantir a qualidade do exercício profissional;
b) ter livre acesso à população usuária;
c) ter acesso a informações institucionais que se relacionem aos programas e
políticas sociais e sejam necessárias ao pleno exercício das atribuições
profissionais;
d) integrar comissões interdisciplinares de ética nos locais de trabalho do
profissional, tanto no que se refere à avaliação da conduta profissional, como
em relação às decisões quanto às políticas institucionais.
Art. 8º - São deveres do assistente social:
48
a) programar, administrar, executar e repassar os serviços sociais
assegurados institucionalmente;
b) denunciar falhas nos regulamentos, normas e programas da
instituição em que trabalha, quando os mesmos estiverem ferindo os
princípios e diretrizes deste Código, mobilizando, inclusive, o Conselho
Regional, caso se faça necessário;
c) contribuir para a alteração da correlação de forças institucionais, apoiando
as legítimas demandas de interesse da população usuária;
d) empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos usuários, através dos
programas e políticas sociais;
e) empregar com transparência as verbas sob a sua responsabilidade, de
acordo com os interesses e necessidades coletivas dos usuários.
Art. 9º- É vedado ao assistente social:
a) emprestar seu nome e registro profissional a firmas, organizações ou
empresas para simulação do exercício efetivo do Serviço Social;
b) usar ou permitir o tráfico de influência para obtenção de emprego,
desrespeitando concurso ou processos seletivos;
c) utilizar recursos institucionais (pessoal e/ou financeiro) para fins partidários,
eleitorais e clientelistas.
CAPÍTULO III
Das Relações com Assistentes Sociais e outros Profissionais
Art. 10 - São deveres do assistente social:
a) ser solidário com outros profissionais, sem, todavia, eximir-se de denunciar
atos que contrariem os postulados éticos contidos neste Código;
b) repassar ao seu substituto as informações necessárias à continuidade do
trabalho;
c) mobilizar sua autoridade funcional, ao ocupar uma chefia, para a liberação
de carga horária de subordinado, para fim de estudos e pesquisas que visem
o aprimoramento profissional, bem como de representação ou delegação de
entidade de organização da categoria e outras, dando igual oportunidade a
todos;
49
d) incentivar, sempre que possível, a prática profissional interdisciplinar;
e) respeitar as normas e princípios éticos das outras profissões;
f) ao realizar crítica pública a colega e outros profissionais, fazê-lo sempre de
maneira objetiva, construtiva e comprovável, assumindo sua inteira
responsabilidade.
Art. 11 - É vedado ao assistente social:
a) intervir na prestação de serviços que estejam sendo efetuados por outro
profissional, salvo a pedido desse profissional; em caso de urgência,
seguido da imediata comunicação ao profissional; ou quando se
tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da
metodologia adotada;
b) prevalecer-se de cargo de chefia para atos discriminatórios e de abuso de
autoridade;
c) ser conivente com falhas éticas de acordo com os princípios deste Código e
com erros técnicos praticados por assistente social e qualquer outro
profissional;
d) prejudicar deliberadamente o trabalho e a reputação de outro profissional.
CAPÍTULO IV
Das Relações com Entidades da Categoria e demais Organizações da
Sociedade Civil
Art.12 - Constituem direitos do assistente social:
a) participar em sociedades científicas e em entidades representativas e de
organização da categoria que tenham por finalidade, respectivamente, a
produção de conhecimento, a defesa e a fiscalização do exercício profissional;
b) apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e organizações populares
vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e dos direitos
de cidadania.
Art. 13 - São deveres do assistente social:
a) denunciar ao Conselho Regional as instituições públicas ou
privadas, onde as condições de trabalho não sejam dignas ou
possam prejudicar os usuários ou profissionais.
50
b) denunciar, no exercício da Profissão, às entidades de organização da
categoria, às autoridades e aos órgãos competentes, casos de
violação da Lei e dos Direitos Humanos, quanto a: corrupção, maus
tratos, torturas, ausência de condições mínimas de sobrevivência,
discriminação, preconceito, abuso de autoridade individual e institucional,
qualquer forma de agressão ou falta de respeito à integridade física, social e
mental do cidadão;
c) respeitar a autonomia dos movimentos populares e das organizações das
classes trabalhadoras.
Art. 14 - É vedado ao assistente social valer-se de posição ocupada na direção
de entidade da categoria para obter vantagens pessoais, diretamente ou
através de terceiros.
CAPÍTULO V
Do Sigilo Profissional
Art. 15 - Constitui direito do assistente social manter o sigilo profissional.
Art. 16 - O sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo de que o assistente social
tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional.
Parágrafo único - Em trabalho multidisciplinar só poderão ser prestadas
informações dentro dos limites do estritamente necessário.
Art. 17 - É vedado ao assistente social revelar sigilo profissional.
Art. 18 - A quebra do sigilo só é admissível quando se tratarem de situações
cuja gravidade possa, envolvendo ou não fato delituoso, trazer prejuízo aos
interesses do usuário, de terceiros e da coletividade.
Parágrafo único - A revelação será feita dentro do estritamente necessário,
quer em relação ao assunto revelado, quer ao grau e número de pessoas
que dele devam tomar conhecimento.
CAPÍTULO VI
Das Relações do Assistente Social com a Justiça
Art. 19 - São deveres do assistente social:
51
a) apresentar à justiça, quando convocado na qualidade de perito ou
testemunha, as conclusões do seu laudo ou depoimento, sem
extrapolar o âmbito da competência profissional e violar os princípios
éticos contidos neste Código.
b) comparecer perante a autoridade competente, quando intimado a prestar
depoimento, para declarar que está obrigado a guardar sigilo profissional nos
termos deste Código e da Legislação em vigor. Art. 20 - É vedado ao assistente
social:
a) depor como testemunha sobre situação sigilosa do usuário de que tenha
conhecimento no exercício profissional, mesmo quando autorizado;
b) aceitar nomeação como perito e/ou atuar em perícia quando a
situação não se caracterizar como área de sua competência ou de sua
atribuição profissional, ou quando infringir os dispositivos legais relacionados a
impedimentos ou suspeição.
TÍTULO IV
Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento Deste Código
Art. 21- São deveres do assistente social:
a) cumprir e fazer cumprir este Código;
b) denunciar ao Conselho Regional de Serviço Social, através de
comunicação fundamentada, qualquer forma de exercício irregular da
Profissão, infrações a princípios e diretrizes deste Código e da legislação
profissional;
c) informar, esclarecer e orientar os estudantes, na docência ou supervisão,
quanto aos princípios e normas contidas neste Código.
Art. 22 - Constituem infrações disciplinares:
a) exercer a Profissão quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer
meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;
b) não cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou
autoridade dos Conselhos, em matéria destes, depois de regularmente
notificado;
52
c) deixar de pagar, regularmente, as anuidades e contribuições devidas ao
Conselho Regional de Serviço Social a que esteja obrigado;
d) participar de instituição que, tendo por objeto o Serviço Social, não esteja
inscrita no Conselho Regional;
e) fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, perante o
Conselho Regional ou Federal.
Das Penalidades
Art. 23 - As infrações a este Código acarretarão penalidades, desde a multa à
cassação do exercício profissional, na forma dos dispositivos legais e/ ou
regimentais.
Art. 24 - As penalidades aplicáveis são as seguintes:
a) multa;
b) advertência reservada;
c) advertência pública;
d) suspensão do exercício profissional;
e) cassação do registro profissional.
Parágrafo único - Serão eliminados dos quadros dos CRESS, aqueles que
fizerem falsa prova dos requisitos exigidos nos Conselhos.
Art. 25 - A pena de suspensão acarreta ao assistente social a interdição do
exercício profissional em todo o território nacional, pelo prazo de 30 (trinta) dias
a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - A suspensão por falta de pagamento de anuidades e taxas só
cessará com a satisfação do débito, podendo ser cassada a inscrição
profissional após decorridos três anos da suspensão.
Art. 26 - Serão considerados na aplicação das penas os
antecedentes profissionais do infrator e as circunstâncias em que ocorreu a
infração.
Art. 27 - Salvo nos casos de gravidade manifesta, que exigem aplicação de
penalidades mais rigorosas, a imposição das penas obedecerá à gradação
estabelecida pelo artigo 24.
53
Art. 28 - Para efeito da fixação da pena serão considerados especialmente
graves as violações que digam respeito às seguintes disposições: Art. 3º -
alínea c
Art. 4º - alínea a, b, c, g, i, j
Art. 5º - alínea b, f
Art. 6º - alínea a, b, c
Art. 8º - alínea b, e
Art. 9º - alínea a, b, c
Art.11 - alínea b, c, d
Art. 13 - alínea b
Art. 14
Art. 16
Art. 17
Parágrafo único do art. 18
Art. 19 - alínea b
Art. 20 - alínea a, b
Parágrafo único - As demais violações não previstas no "caput",
uma vez consideradas graves, autorizarão aplicação de penalidades
mais severas, em conformidade com o art. 26.
Art. 29 - A advertência reservada, ressalvada a hipótese prevista no art. 32
será confidencial, sendo que a advertência pública, suspensão e a cassação
do exercício profissional serão efetivadas através de publicação em Diário
Oficial e em outro órgão da imprensa, e afixado na sede do Conselho Regional
onde estiver inserido o denunciado e na Delegacia Seccional do CRESS da
jurisdição de seu domicílio.
Art. 30 - Cumpre ao Conselho Regional a execução das decisões proferidas
nos processos disciplinares.
Art. 31 - Da imposição de qualquer penalidade caberá recurso com
efeito suspensivo ao CFESS.
Art. 32 - A punibilidade do assistente social, por falta sujeita a processo ético e
disciplinar, prescreve em 05 (cinco) anos, contados da data da
verificação do fato respectivo.
54
Art. 33 - Na execução da pena de advertência reservada, não
sendo encontrado o penalizado ou se este, após duas convocações, não
comparecer no prazo fixado para receber a penalidade, será ela tornada
pública.
§Parágrafo Primeiro - A pena de multa, ainda que o penalizado compareça
para tomar conhecimento da decisão, será publicada nos termos do Art. 29
deste Código, se não for devidamente quitada no prazo de 30 (trinta) dias, sem
prejuízo da cobrança judicial.
§Parágrafo Segundo - Em caso de cassação do exercício profissional, além
dos editais e das comunicações feitas às autoridades competentes
interessadas no assunto, proceder-se-á a apreensão da Carteira e Cédula de
Identidade Profissional do infrator .
Art. 34 - A pena de multa variará entre o mínimo correspondente ao valor de
uma anuidade e o máximo do seu décuplo.
Art. 35 - As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão
resolvidos pelos Conselhos Regionais de Serviço Social "ad referendum" do
Conselho Federal de Serviço Social, a quem cabe firmar jurisprudência.
Art. 36 - O presente Código entrará em vigor na data de sua publicação no
Diário Oficial da União, revogando-se as disposições em contrário.
Brasília, 13 de março de 1993.
MARLISE VINAGRE SILVA Presidente do CFESS
Publicado no Diário Oficial da União N 60, de 30.03.93, Seção I, páginas 4004
a 4007 e alterado pela Resolução CFESS n.º 290, publicada no Diário Oficial
da União de 11.02.94.
55
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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mundo do trabalho. Programa de Capacitação Continuada para Assistentes
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BEHRING, Elaine Rossetti. Principais abordagens teóricas da política social e
da cidadania. Ética Programa de Capacitação Continuada para Assistentes
Sociais. Capacitação em Serviço Social. Módulo 03. Brasília: CEAD, 1999.
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Intervencao-Nas-Relacoes-Interpessoais/pagina1.html#ixzz13lDw37Ar
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O Surgimento e a Institucionalização do Serviço Social nas décadas de 20, 30
e 40 10
1.1 - As bases do Serviço Social 11
1.2 –A Institucionalização do Serviço social em São Paulo e no Rio de Janeiro
13
59
CAPÍTULO 2
O Serviço Social Empresarial: O início de uma nova fase 19
2.1 - Novas idéias e novos pensamentos: o recomeço 19
2.2 - O Serviço Social Empresarial 21
CAPÍTULO 3
O Projeto Profissional do Serviço Social 31
3.1 - O que é o Projeto Ético-Político Profissional? 31
CONCLUSÃO 36
ANEXOS 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55
BIBLIOGRAFIA CITADA 57
ÍNDICE 58