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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TUTELA ANTECIPADA E MEDIDA CAUTELAR
Por: Nome Nivea Pinto da Silva
Orientador
Prof. Jean Almeida Alves
Niterói
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TUTELA ANTECIPADA E MEDIDA CAUTELAR
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Direito Processual Civil
Por: Nivea Pinto da Silva
.
3
AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo pelo entendimento e
colaboração, minha amiga Ana Carolina,
professores dessa Instituição e ao
Coordenador e orientador Jean.
4
DEDICATÓRIA
Dedica-se minha mãe, in memória.
5
RESUMO
O presente trabalho visa sanar algumas dúvidas fazendo um apanhado geral no
que tange a prestação jurisdicional do Estado aos que dela necessita.
No que se refere as tutelas de urgência constantemente nos dias atuais, e após o
implemento do artigo 273 no Código de Processo Civil, surgiram algumas dúvidas
da parte de quem busca solucionar os conflitos, e algumas divergências pelos
magistrados ao aplicar o rito e o procedimento ao caso concreto dessa natureza.
Diante disso, começou a surgir maiores estudos sobre o assunto, doutrinadores
se posicionando e assim, mais claro se torna a celeuma de que remédio usar
quando se tratar de tutelas de urgência.
6
METODOLOGIA
Os métodos que me levaram ao problema proposto, foram as dúvidas do dia-a-
dia, questionamentos levantados por alguns advogados e demais estudantes
que atuam nas diversas áreas do Direito. Como pesquisas foram utilizados,
leituras em obras em livros e leituras na legislação aplicável a matéria.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1.Objeto de estudo 10
PARTE I – AÇÃO JUDICIAL EM BUSCA DA TUTELA
CAPITULO I – Análise geral do processo
1. Breve análise histórico processual 11
2. Efetividade do processo 13
3. Entendimento jurisdicional em matéria de tutelas de
Urgência 15
4. O dever e o poder do análise geral do juiz frente a urgência
do objeto da causa 17
PARTE II – TUTELA ANTECIPADA
CAPITULO II – Antecipação dos efeitos da tutela – Ação Principal
1. Origem, conceito, fundamentação 18
2. Requisitos 19
2.1 Pedido da parte 19
2.2 Prova inequívoca 22
2.3 Verossimilhança da alegação 23
2.4 Fumus bini iuris e periculum in mora 23
2.5 Dano irreparável ou de difícil reparação 24
2.6 Abuso de direito de defesa ou propósito protelatório do réu 24
3. Pedido Incontroverso 25
3.1 Irreversibilidade do provimento 26
3.2 Direito de retorno 28
3.3 Prazo para cumprimento do despacho antecipatório – Multa 28
3.4 Revogação e modificação 34
3.5 Confirmação da antecipação 36
8
3.6 Indeferimento da antecipação dos efeitos da tutela - Agravo de
instrumento 36
3.7 Tutela antecipada nas obrigações de fazer, não fazer e dar
coisas - Pressuposto 41
4. Da Tutela Antecipada em fase de recurso 43
PARTE III – MEDIDA CAUTELAR
CAPITULO III – Teoria geral da tutela Cautelar
1. Tutela cautelar 44
1.2 Provas 45
2. Característica do Processo Cautelar 46
2.1 Preventiva 46
2.1 Provisória 46
2.2 Autônoma 46
2.3 Inexistência de coisa julgada 47
2.4 Fungibilidade 47
2.5 Cognição sumária 47
3.0 Liminar 47
4.0 Dever-poder geral de cautela 48
5.0 Casos de extinção 49
6.0 Breve esclarecimentos sobre a Intervenção de terceiros 50
7.0 Recursos Cabíveis 50
8.0 Medida Cautelar nominada 50
8.1 Arresto 51
8.2 Seqüestro 52
8.1 Busca e apreensão 52
8.2 Caução 53
8.3 Produção antecipada de provas 53
8.4 Justificação 54
8.5 Alimentos provisionais 54
9
8.6 Arrolamento de bens 55
8.7 Protesto, notificação e interpelações 55
8.8 Atentado 56
8.9 Homologação de penhor legal 57
8.10 Posse em nome do nascituro 58
9.0 Cautelar Inominada 58
CAPITULO IV – MEDIDA CAUTELAR X ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS
DA TUTELA
1. Fungibilidade entre a tutela antecipatória e a tutela cautelar 59
CONCLUSÃO 61
10
INTRODUÇÃO
A escolha do tema que será objeto do presente trabalho, Tutela de
Urgência - tutela antecipada e Tutela na Ação Cautelar, se deu pelo fato de haver
grande dúvida na aplicação do instituto na atualidade, e, principalmente, pelo fato
de que na maioria das vezes a Ação Cautelar é aplicada quando na verdade,
deveria ser aplicada a antecipação dos efeitos da tutela. Há procedência do
pedido em matéria satisfatória algumas vezes por partes dos juizes, portanto
própria a ser analisada no processo principal em sede de pedido de antecipação
dos efeitos da tutela, e ainda, a falta de urgência e muitas das vezes do análise
justo por parte dos magistrado em quando deferir pedido de antecipação, e a
definição da multa a ser aplicada caso a determinação não seja comprida no
prazo estipulado, assim termina por perder, em muitos casos, a sua natureza
acauteladora e urgente.
Em outras palavras, temos uma tendência, em nosso sistema judicial, a
retardar a efetivação da prestação jurisdicional de urgência, a que resta
submetida a vários obstáculos de cunho formal e burocratizantes, retardando
injustificadamente o deferimento e o cumprimento da medida.
Ponto fundamental nessa celeuma são os questionamentos sobre a
forma em que se deve efetivar a execução da tutela antecipada. Em quais casos
o Magistrado poderá adotar outro rito processual para implementar a tutela
antecipada concedida ao autor?
Analisaremos em seguida, o instituto das Ações Cautelares e a
fungibilidade entre as cautelares especiais e a liminar em processo principal,
ambos como medida de efetividade nos processos assegurando não apenas o
direito do autor, mas resguardando da mesma forma o direito do Réu na sua
reversibilidade de tutela.
11
CAPÍTULO I
AÇÃO JUDICIAL EM BUSCA DA TUTELA
Breve análise histórico processual
O homem sempre viveu em sociedade, seja ela mais rústica ou mais
civilizada, a vida em grupo veio se modificando ao longo dos séculos, nesse
convívio e constante mudanças houveram conflitos de interesses, o que
acarretava em soluções não muito amistosas, sendo na maioria das vezes pelo
uso da força. Certo que nos primórdios da sociedade não havia a presença do
Estado para compor litígios, esses se desenvolveram pelo uso da autotutela.
Com o passar dos séculos, os povos tornaram-se mais civilizados e assim
alterando a forma de dirimir os conflitos, deixando de lado a força bruta e
passaram a usar meios menos violentos. Tais mecanismos foram: composição
entre as partes, ou um terceiro escolhido entre os interessados para opnar,
surgiam então a figura da autocomposição e mediação.
A civilização evoluindo de forma contínua, a autocomposicao e mediação
já não surtia melhor efeito, surgindo assim, o Estado, que assumiu o controle
para solução dos conflitos, usando sua supremacia veio exercer ele próprio de
forma imparcial e coativa o poder de dizer o direito de cada interessado. Com o
Estado no poder, surgiu a jurisdição, que até os dias de hoje aperfeiçoa-se e
atualiza-se, sempre em busca de impor a tutela desejada e necessária para cada
uma das partes. O análise se torna ainda mais interessante ao verificarmos que
cada vez mais o conhecimento do direito abrangem maior número de pessoas, os
povos nos dias de hoje e cada vez mais, têm o conhecimento de seus possíveis
direitos e buscam assim a tutela inegável do Estado.
É dever do Estado prestar a jurisdição, não podendo, senão por força da
provocação da parte interessada que almeja a tutela.
Constata-se que cada vez mais o judiciário é provocado para compor
litígio, vale aqui mencionar o que apresenta o mestre e doutorando em Processo
Civil, Ricardo Alessandro Castagna, em sua obra Tutela de Urgência, 2008 p. 55,
“De acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geofísica e Estatística
12
(IBGE), em 1998 foram ajuizados 8,5 milhões de feitos novos, em número muito
superior aos 350 mil processos entrados apenas dez anos antes, em 1988”. Ou
seja, valendo-se do seu direito de Ação, no período de 10 anos, a populacão fez
crescer a propositura de ações em 25 vezes.
Utilizando-se do processo para alcançar o seu intento, a parte
interessada com a provocação do Estado, aparece a figura da triologia que forma-
se entre autor, réu e Estado. Cabe ressaltar que o processo iniciado pelo direito
de ação da parte interessada a principio, é essencial para eficiência da
jurisdição. Esse fato decorre do princípio da inafastabilidade da jurisdição
consagrada pela nossa Carta Magna, art. 5. XXXV de 1988.
Ao final do século XX, constatamos que a Ciência Jurídica passava por
inúmeras transformações. Seus princípios fixados ao longo dos anos atravessam
uma fase de reexame, em virtude da necessidade de adaptação com relação às
mudanças sociais, políticas, econômicas e tecnológicas, bem como os anseios da
sociedade contemporânea por essas mudanças, o judiciário analisando através
de seus estudiosos no direito, vem através de novas leis, jurisprudência e
entendimentos doutrinários modificando a visão de tutelar o direito.
Um dos membros da Comissão que promoveu a Reforma do CPC,
Kazuo Watanabe, considerava que toda a recente remodelação de nosso
ordenamento jurídico formal parte de uma tomada de consciência do que
realmente deve ser o acesso à Justiça, previsto em nossa Carta Magna como
garantia fundamental. Diante de tantas modificações judiciais, e movimentação
da máquina judiciária há de se ter efetividade nas Ações ajuizadas, verifica-se
todo um mecanismo sistematizado para que o litígio seja composto tendo como
objetivo, a justiça sendo feita pela imposição do Estado.
13
Efetividade do processo
A efetividade do processo é princípio constitucional decorrente da norma
imposta pela Constituição Federal artigo 5. XXXV, que formalmente garante a
todos acesso ao poder judiciário, que deve ser interpretada nos dias de hoje, não
só meramente ao acesso a justiça mas, de que o Estado obrigue o cumprimento
da prestação jurisdicional dentro de um prazo razoável, para que não se perca o
real objetivo do direito alcançado. O análise da efetividade do processo e o
princípio da segurança jurídica é estritamente ligado, tendo em vista que
também fundamentado no artigo 5. LIV da CFB, esse versa sobre o devido
processo legal, sendo conseqüência lógica do Estado Democrático de Direito,
adotado pela nossa Constituição Federal de 1988, deve assim ser entendido
como conseqüência também esse princípio em relação aquele.
A efetividade do processo segundo Ricardo Alessandro Castagna, “A
efetividade do processo é a prestação da tutela jurisdicional, por meio do
processo, de forma rápida, útil e proveitosa às partes, conferindo com eficiência
àquele que ostenta direito material pretensão deduzida em juízo”. Alessandro
Castagna, Ricardo, Tutela de Urgência, 2008, p. 64.
Vale destacar a intensificada busca pela efetividade do processo após
inúmeras alterações nas normas jurídicas com a finalidade de levar ao judiciário
meios de aplicar o direito de forma eficaz e com presteza, diante de cada
atualização necessária.
Como exemplo disso destaca-se atualmente as reformas processuais
com a criação dos Juizados Especiais Lei 9.099 de 1995, a Tutela de Urgência, a
qual será a mais analisada nos itens seguintes, por ser objeto principal desse
trabalho, temos ainda a execução provisória, decisão monocrática, bem como a
jurisprudência e entendimentos doutrinários especializados na matéria, cada uma
delas, para que seja o mais célere e eficaz possível a atuação do Estado no
poder e dever de aplicar a tutela aos seus jurisdicionando.
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Nesse mesmo sentido, a jurisprudência vem aplicando as teorias
doutrinárias que melhor atribuem o sentido que versam os princípios da
efetividade do processo e da segurança jurídica, princípios antes, vistos apenas
de um ponto de vista formal e, em muitos casos, deixando de aplicar dispositivos
legais em razão desses “novos” princípios consagrados em nosso ordenamento
jurídico, sempre tendo em vista a incansável busca pela efetividade da prestação
jurisdicional e, conseqüentemente, a pacificação pela justiça social.
Para o Mestre Ricardo Alessandro Castagna, “os graves problemas
sociais que batem à sua porta impõem, de maneira drástica e urgente, o reexame
de seus principais postulados, a fim de adaptá-los aos valores vigentes e
conceder-lhes efetividade, não apenas para o processo, mas a toda ciência
processual. Alessandro Castagna, Ricardo, Tutela de Urgência, 2008, p. 66.
Segundo Eurico Marco Diniz de Santi, citado por Ricardo Alessandro, “O
direito sempre se preocupou com o tempo: pensá-lo significa ocupar-se da
fugacidade das condutas, da efemeridade dos fatos e da inexorabilidade da
linguagem que os cristaliza, por meio das provas jurídicas que propiciam o
conhecimento e a manipulação dos acontecimentos relevantes para o direito. Há
tempos nos suportes físicos do direito”. Alessandro Castagna, Ricardo, Tutela de
Urgência, 2008, p. 69.
Ainda, merece ser mencionado o outro lado da visão do judiciário nos
dias atuais, vale destacar que, segundo Ricardo Alessandro, “a lentidão do
processo interessa a alguns. Primeiro, porque à margem da justiça social, os
grupos dominantes resolvem seus conflitos com maior efetividade mediante
poder econômico, atingindo procedimentos diferenciados e dirigidos a seus
interesses. Não bastasse, o abuso do direito de defesa serve de anteparo à
prestação jurisdicional tempestiva, transformando o processo em instrumento de
impunidade do réu que não tem razão”. A exemplo do citado acima, temos nos
dias de hoje o chamado expressinho Telemar, da Empresa atualmente
denominada Oi fixo, e o expresso da Empresa AMPLA, que tem com esses
“serviço administrativo”, objetivo de tentar compor o problema do consumidor, o
que não fez através de sua própria empresa, mas tenta fazê-la dentro do
judiciário, sem ao menos a parte ingressar com Ação judicial, o que muitas das
vezes, no caso de relação de consumo, faz com que o consumidor deixe de
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requerer alguns direitos, pela própria ignorância em achar que ali dentro do
judiciário a resposta recebida está de acordo com o direito que lhe pertence.
Diante disso, ficamos com o pensamento no que tange a esse tópico
analisando a seguinte frase: “JUSTIÇA TARDIA NÃO É JUSTIÇA, É
INJUSTIÇA!” (Ruy Barbosa). Certo é que, até nos dias de hoje com todas as
modificações que nosso ordenamento jurídico tem tido para melhor, muitas das
vezes, o Estado fica desprovido de meios para tutelar os anseios de quem
procura o judiciário, seja por meio das decisões do juízes ou pelos cartórios que
movimentam os processos. Seja essa tutela favorável ou desfavorável para quem
propõem as ações, o que importa é que o Direito tem que ser dito de forma que
transpareça a segurança necessária.
Entendimento jurisdicional em matéria de tutelas de urgência
O Direito que rege a forma e procedimentos de como deve transcorrer o
Processo, existe para garantir a eficácia do Direito material a ser aplicado
corretamente. De nada valeria direito material legislado se não houvesse o Direito
processual que regula os passos necessários a serem dados até alcançar com
segurança o bem tutelado. Nesse diapasão, o Processo Civil possui nas diversas
fases do processo, regulamentos, seja na fase de conhecimento ou na fase de
execução, ou ainda nos procedimentos especiais, determinados regulamentos
para cada fase do processo para que ao fim, seja alcançada da forma mais eficaz
e segura a esperada tutela.
O Processo Civil comporta alguns ritos, sendo assim, como é sabido o
rito ordinário, rito sumário e os ritos especiais. Diante de tantos procedimentos a
serem seguidos criteriosamente, o próprio legislador viu a necessidade de criar
uma forma que alcançasse de forma mais rápida uma resposta do juízo, resposta
que viria aquebrantar o sofrimento da parte que se requer, até a decisão final do
litígio ou ainda, nos procedimentos especiais, quando houvesse o perigo da perda
bem que seria tutelado futuramente.
Nasceu assim a Lei 8.952 de 1994, especificado-se o artigo 273, que
assim passa a vigorar:
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Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.
§ 1º Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e
preciso, as razões do seu convencimento.
§ 2º Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado.
§ 3º A execução da tutela antecipada observará, no que couber, o
disposto nos incisos II e III do art. 588.
§ 4º A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer
tempo, em decisão fundamentada.
§ 5º Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo
até final julgamento.
Portanto a demora no processo de conhecimento e a sua conseqüente
provável ineficácia, em alguns casos, dado o tempo de espera para dirimir os
conflitos, estaria sendo resolvida com a alteração do Código de Processo Cívil,
com a alteração do artigo 273. Da mesma forma, as Medidas Cautelares nos
procedimentos especiais, evita que se perca a satisfação do direito pelo decurso
do prazo na Ação principal.
As tutelas cautelares e a antecipação dos efeitos da tutela estão ligadas
no sentido de zelar pelo objetivo do processo, uma vez que o processo em si, é
incapaz de oferecer solução imediatas aplicando o Direito Material, portanto as
cautelares e a tutela antecipada, visa a eficácia e utilidade das demais tutelas a
serem futuramente no processo, seja ela cognitiva ou satisfativa.
O dever e o poder do análise geral do juiz frente a urgência do objeto
da causa
A partir do século XIX os poderes do juízes foram gradativamente
aumentando, transformando assim sua participação cada vez mais ativa,
impulsionando o processo, sendo inerte apenas até o ingresso da Ação. Agindo
17
dessa forma, demonstra interesse na causa, predisposição em dizer o direito,
dentre os quais são necessários também, a presença da preocupação social,
responsabilidade como na visão que exige a Constituição Federal. O papel do
magistrado em relação a demanda, não admite que o juiz seja um mero
expectador, é reconhecida a autonomia processual do juiz e consolidada a
natureza do direito público, a função jurisdicional torna-se um poder-dever do
Estado, no qual estão presentes o interesse do individuo e do próprio Estado.
A mudança social interfere no entendimento dos juízes quanto ao dizer o
direito para cada parte, o juiz move a máquina judicial de acordo com o seu
entendimento de justiça, muitas das vezes dando menos para quem tem menos e
dando mais para quem tem mais, o que foge totalmente do princípio da equidade.
Para o autor Scarpinella Bueno, Cassio, em sua obra Direito Processual
Civil, 4, sobre tutela de urgência, página 31, “Nenhum juiz concede ou indefere o
pedido de tutela antecipada (e, de resto, não prefere qualquer decisão ao longo
do processo) com base em juízos de conveniência ou de oportunidade”. Portanto
não há discricionariedade, não há liberdade para conceder ou deixar de
conceder, como ainda descreve o autor, “cabe a ele explicar e demonstrar quais
são os pressupostos que o conduziram à concessão da tutela antecipada”. Diante
do que dispõe o artigo 273 parágrafo 2, e ainda o artigo 165 do Código de
Processo Civil impõe a quaisquer decisões a necessidade de motivação, ou seja,
o juiz deverá ser motivado na forma da lei, dentro de cada caso concreto, aplicar
a lei, dentro do seu convencimento, não bastando para tal decisão apenas uma
questão de oportunidade ou entendimento.
O juiz deve acima de tudo prestar a tutela jurídica de forma segura e
precisa, de forma útil e necessária para que não se perca a esperança no Estado
como judiciário. Desde que analisado e estando presentes os requisitos que lhe
presta a tutelar com urgência, deverá o juiz deferir tal pedido, depois de
verificados que o seus efeitos não sejam irreversíveis, pois caso não seja
confirmado até o final do processo que a parte requerente fazia jus a tutela, ou
que os pressupostos necessários se faziam presentes durante todo o lapso do
processo, poderá o juiz revogar sua decisão e o estado do processo retornar ao
status a quo. Dessa forma, incumbi ao Estado através do juiz, exercer a
atividade jurisdicional, mesmo que de forma desfavorável ao autor, entretanto,
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estando o requisitos preenchidos, não sendo analisado corretamente pelo juiz o
feito, caberá a parte interessada recorrer através do Agravo de Instrumento sendo
a decisão interlocutória ou na fase de sentença o recurso cabível dentro de cada
rito processual, na maioria dos casos, o recurso de apelação ou ainda o Recurso
Inominado em sede Juizados Especiais.
Capítulo II
TUTELA ANTECIPADA
I - Antecipação dos efeitos da tutela – Ação Principal
Origem, conceito, fundamentação
O efetivo ingresso do instituto jurídico da tutela antecipada, chamada
também de "antecipação de tutela", ou "tutela antecipatória", na legislação
processual civil brasileira, passou a existir após a reforma do Código de Processo
Civil, em 1994, com a finalidade de dar maior efetividade à prestação jurisdicional
e outorgando maior celeridade à justiça, promovendo o anseio da sociedade com
credibilidade na jurisdição. Assim, esse instituto veio substituir em alguns casos
as Ações Cautelares, podendo assim ser requerido a antecipação do provimento
definitivo, parcial ou total, até o seu julgamento final, podendo ser requerida
incidentalmente no processo cognitivo. Ambas tentam evitar os males que o
tempo do processo até o seu final pode causar a parte que lhe requer, porém
aqui, esse instituto busca o amparo desde logo do direito ameaçado ou lesado de
forma satisfativa, mesmo que ainda de forma provisória e carecendo de
confirmação futura.
Denomina-se tutela antecipada, o deferimento provisório do pedido
inicial, no todo ou em parte, com força de execução, se necessário, por força do
art. 273 do Código de Processo Civil.
A tutela antecipada é, portanto, medida de caráter predominantemente
público, baseada na necessidade de estabilidade ou equilíbrio na situação de
fato, entre as partes, ante a ameaça à eficiência do processo principal.
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Os Fundamentos Constitucionais da tutela antecipada tem por base o
art. 5º inciso XXXV (acesso à justiça) e LIV também da Constituição Federal
(segurança jurídica). Ainda em relação aos fundamentos Infraconstitucionais: A
tutela antecipada como já mencionada acima, está prevista no artigo 273 do
Código de Processo Civil (CPC). O que já era para ser tutelado, agora se faz de
forma provisória diante do perigo iminente de que quando alcançado não lhe
restar presteza.
Requisitos para a concessão da antecipação da tutela
Pedido da Parte
Sendo claro, que somente o Autor da Ação pode requerer a antecipação
dos efeitos da tutela, diante do que pleiteia requer uma tutela provisória
antecipada, sabendo-se que, após o tramite da ação poderá ser revogado,
modificado ou confirmado tal concessão. Não cabendo assim deferimento ex
oficio pelo juiz, entretanto também poderá fazê-lo, exemplificativamente, o
assistente simples quando não se o opondo o assistido, e litisconsorcial, o
opoente, o denunciante, o réu quando da reconvenção, o réu nas ações dúplices
e de pedidos contrapostos e ainda, o Ministério Público na qualidade de parte e
de custus legis.
Dispõe o autor Cassio, “O Ministério Público, quando autor, tem
legitimidade para formular o pedido de tutela antecipada. Não há nenhuma
peculiaridade na hipótese, bastando que ele comprove a presença dos
pressupostos respectivos”. Scarpinella Bueno, Cassio, em sua obra Direito
Processual Civil, 4, sobre tutela de urgência, página 29.
Diante das lições do Autor Scarpinella Bueno, Cassio, em sua obra
Direito Processual Civil, 4, sobre Tutela de Urgência, p. 28. expõe que “ Há
situações, contudo, em que o réu pode formular pedido de tutela jurisdicional em
seu favor, no mesmo processo inaugurado pelo autor. É o que se dá com a
“reconvenção” ..... e com o “pedido contraposto”...... Em tais hipóteses, quando
presentes os respectivos pressupostos, não há como negar legitimidade ao réu
20
para requerer a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional – a pretendida com
a reconvenção”. Merece apontamento o caso da nomeação à autoria, instituto
exclusivo do réu, também da mesma forma como a figura simples do réu, impede
o requerimento por sua parte da antecipação dos efeitos da tutela.
Quanto ao opoente, narra a mesmo autor “ O opoente é verdadeiro autor
de uma nova demanda.... A legitimidade para a formulação do pedido da
antecipação do pedido de antecipação da tutela, destarte, é inegável”. Scarpinella
Bueno, Cassio, em sua obra Direito Processual Civil, 4, Tutela de Urgência, p. 30.
Temos ainda a figura do Assistente litisconsorcial. Nos casos em que o
assistente não tem legitimidade para a causa, como no caso de processo
coletivo, não há possibilidade de reconhecer a legitimidade para formular o
pedido da antecipação dos efeitos da tutela. Caso ocorra a substituição
processual, o assistente passa a ter legitimidade para formular o pedido em
estudo. De acordo com os ensinamentos do autor, Scarpinella Bueno, Cassio,
em sua obra Direito Processual Civil, 4, Tutela de Urgência, p.30.
Da denunciação a lide, discorre que a denunciação a lide é a cumulação
ulterior de pedido de tutela jurisdicional do autor e do réu, ou de um ou do outro,
em face de um terceiro no mesmo processo, “ o denunciante é, por isso mesmo,
considerado autor e, nessa condição, detém de legitimidade para formular o
pedido de tutela antecipada”. Ainda nas lições do mestre Scarpinella Bueno,
Bueno, em sua obra Direito Processual Civil, 4, Tutela de Urgência, p.30..
Como já vimos a Tutela antecipatória, é bem claro ao exigir, como um
dos requisitos para esse tipo de tutela, o requerimento da parte interessada,
proibindo, assim, a concessão ex officio da tutela antecipada.
Entretanto, no entendimento do ilustrer Luiz Fux , "não se pode excluir
situações excepcionais em que o juiz verifique a necessidade da antecipação,
diante do risco iminente do perecimento do direito cuja tutela é pleiteada e do
qual existam provas suficientes de sua verossimilhança". Fux, Luiz. Tutela
antecipada e locações. 1996. p. 104.
Nessa ordem de idéias, haverá momentos em que o juiz observará que,
se não for antecipada a tutela, a decisão não terá efetividade.
Não haverá, ainda, ofensa ao princípio do contraditório, pois como a
antecipação tem como característica a reversibilidade, haveria um contraditório
21
diferido, sem prejuízo para a parte ré, além do que, o juiz verificando o erro
poderá revogar a tutela.
A posição jurisprudencial, contudo, tem se mantido no sentido de não
conceder a antecipação de tutela ex officio.
A seguir ilustramos com jurisprudenciais sobre o assunto.
AGRAVO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONCESSÃO DE OFÍCIO.
DESCABIMENTO.
Se a parte autora não requereu antecipação dos efeitos da tutela, não
podem ser tais medidas concedidas de ofício pelo julgador.
. Consulta realizada em 02 de julho de 2009, página de acesso:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4064
AGRAVO PROVIDO.
(TJRS – 13ª Câmara Cível – AI n.º 70001165844, julgado em 31.08.2000,
rel. Des. Márcio Borges Fortes) . Consulta realizada em 02 de julho de 2009,
página de acesso:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4064
O douto magistrado argumenta que, "as medidas liminares atacadas
neste recurso não podem ser concedidas ex officio, motivo por que deve ser
acatada a inconformidade do réu". E ainda, que a decisão deve ser revogada por
ser extra petita, já que a antecipação não foi objeto de pedido na inicial.
Outra decisão que, vem a confirmar a posição jurisprudencial no sentido
de não conceder a tutela de ofício é a do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
TUTELA ANTECIPATÓRIA – Concessão de ofício, pelo Magistrado –
Inadmissibilidade – Necessidade de pedido expresso da parte autora –
Observância do princípio da adstrição do Juiz ao pedido – Inteligência dos arts.
2º, 128 e 273 do CPC. (TRF 1ª Região, 1ª Turma, AI n.º 1997.01.00.018994-8-DF
– rel Juiz convovado Velasco Nascimento – julgado em 18.08.98 – RT 760/425) .
Consulta realizada em 02 de julho de 2009, página de acesso:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4064.
A antecipação de tutela nos termos do caput do art. 273 do CPC, exige
pedido expresso da parte autora. Sua concessão de ofício traz ofensa expressa a
essa regra processual, além de hostilizar o princípio da adstrição do Juiz ao
pedido, conforme disposto nos arts. 2º e 128 do Diploma Processual.
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Prova inequívoca
A prova inequívoca refere-se ao fato, ou seja, a causa de pedir, prova
inequívoca é aquela que possibilita o convencimento do magistrado, não apenas
através de provas documental, mas que seja o argumento fundamentado pelo
autor seja também auto-verossímil.
Exige a lei que a antecipação de tutela esteja sempre fundada em "prova
inequívoca", significa mais do que a simples aparência do direito fumus boni iuris,
pois por se tratar de medida satisfativa tomada antes de completar-se o debate e
instrução da causa, a lei a condiciona a certas precauções de ordem probatória.
A antecipação não é para ser concedida com a simples alegações do
autor ou suspeitas de veracidade do alegado. Haverá de apoiar-se em prova
preexistente, que, todavia, não precisa ser necessariamente documental. Terá, no
entanto, que ser clara, evidente, portadora de grau de convencimento tal que a
seu respeito não se possa levantar dúvida razoável. É inequívoca, em outros
termos, a prova capaz, no momento processual, de autorizar uma sentença de
mérito favorável à parte autora que invoca a tutela antecipada, caso pudesse ser
a causa julgada desde logo, então, melhor seria decidir de vez a lide, encerrando-
se a disputa por sentença definitiva. Mas o julgamento definitivo do mérito não
pode ser proferido senão, depois de exaurido todo o debate e toda a atividade
instrutória. No momento, pode haver prova suficiente para a acolhida antecipada
da pretensão do autor. Depois, porém, da resposta e contraprova do réu o quadro
de convencimento pode resultar alterado e o juiz terá de julgar a lide contra o
autor, conforme for o caso.
Verossimilhança da alegação
Quanto à verossimilhança da alegação, refere-se ao juízo de
convencimento a ser feito em torno de todo o quadro invocado pela parte autora
que pretende a antecipação de tutela, não apenas quanto à existência de seu
direito subjetivo material, mas também, e, principalmente, que convença ao juízo
23
que os fatos narrados ao menos aconteceram, e que diante disso, merece que
seja apreciado pelo juiz da causa.
Fumus boni iuris e Periculum in mora
As cautelares têm como finalidade a garantia da efetividade da tutela
jurisdicional, diante de seus pressupostos básicos de concessão: periculum in
mora e fumus boni iuris. Na ausência desses pressupostos, o pedido deve ser
negado. Esses pressupostos devem estar presentes conjuntamente. Não basta
um para que se acautele um direito.
O fumus boni iuris corresponde à probabilidade do direito material
alegado realmente existir. Já o periculum in mora significa o fundado receio de
que a parte autora, antes do julgamento da lide, pela demora cause ao direito
dela grave lesão de difícil reparação, de modo que haja risco de ineficácia da
futura tutela jurídica. Sua função é, logo, meramente auxiliar e subsidiária, de
sorte que não busca a composição do litígio, mas apenas garantir o direito a um
resultado eficaz que será dado no próprio processo principal.
Dano irreparável ou de difícil reparação
Uma das hipótese de cabimento para concessão da tutela antecipada, o
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, como se pode
perceber, o autor tem que comprovar através de seus argumentos e provas, que
ao sofrer tal lesão o seu direito se tornaria irreparável sem a tutela antecipada.
Sendo pois, tardia a sentença de mérito não mais terá utilidade para o autor.
Citado por Alessandro Castagna, Ricardo, na lição de Teori Albino
Zavascki “ o risco de dano irreparável ou de difícil reparação e que enseja a
antecipação é o risco concreto (e não o hipotético ou eventual), atual (ou seja, o
que se apresenta iminente no curso do processo) e grave. (...) Se o risco, mesmo
grave, não é iminente, não se justifica a antecipação da tutela”. Alessandro
Ricardo Castagna, Tutela de Urgência, 2008. p. 247.
24
Segundo o mestre Cassio, abuso de direito de defesa ou propósito
protelatório do réu, “...ao elaborar a regra jurídica, que, diante do meu
comportamento processual do réu, seria conveniente a antecipação da tutela,
porque haveria uma “urgência presumida” a favorecer o autor que tivesse
condições de demonstrar ser o destinatário da tutela jurisdicional tal qual pedida”.
(Scarpinella Bueno, Cassio, em sua obra Direito Processual Civil, 4, Tutela de
Urgência, p.18).
A exemplo disso, demonstra o clássico pedido de antecipação para que
seja realizado internação em hospitais no qual o plano de saúde não autorizou o
atendimento e procedimentos médicos, diante do perigo de morte, claramente
difícil ou irreparável reparação no caso em tela, o exemplo aqui citado
compreende diversos pressupostos para a concessão da antecipação dos efeitos
da tutela, um deles é o presente requisito.
Abuso de direito de defesa ou propósito protelatório do réu
Abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu
Previsto no inciso II do art. 273 do Código de Processo Civil.
Nessa hipótese não é exigida a urgência como ocorre no inciso I.
Não há um consenso sobre o significado de abuso de direito de defesa e
manifesto propósito protelatório do réu.
O abuso de direito de defesa quando o réu apresenta resistência à
pretensão do autor, totalmente infundada, ou contra direito expresso, e ainda,
quando emprega meios ilícitos ou escusos para forjar sua defesa.
Por abuso de defesa seriam entendidos os atos protelatórios praticados
no processo.
Já o manifesto propósito protelatório seria decorrente do comportamento
do réu, abrangendo atos e omissões fora do processo, não obstante com ele
relacionados..
Duas correntes existem na doutrina brasileira. A primeira que entende
que só seria possível a antecipação da tutela com fundamento no inciso II do art.
273, após a citação do réu. A segunda corrente, a qual Humberto Theodoro Jr.
faz parte, admite a possibilidade da antecipação até mesmo antes da citação,
25
pois o abuso de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu "tanto pode
ocorrer na contestação como em atos anteriores à propositura da ação, como
notificação, interpelações, protestos ou troca de correspondência entre os
litigantes".
Segundo o mestre Cássio Scarpinella Bueno, “a incidência do art. 273, II,
não inibe que o magistrado sancione o comportamento temerário ou ímprobo do
réu nas condições repelidas pelo sistema. Assim, sem prejuízo de se admitir,
com base no dispositivo, a prestação antecipada da tutela jurisdicional em prol do
autor, o magistrado poderá também, se entender ser o caso, apenar o réu com as
penas do art. 14 parágrafo único, do artigo 18 ou do artigo 601, por exemplo”.
Pedido incontroverso
Não parece nem um pouco necessário fazer com que o demandante
aguarde até a prolação da sentença, se parte de seu pedido mostrou-se
incontroverso, tendo, pois, condições de ser atendido antecipado. Assim, se o
autor ajuíza ação pleiteando a religação de energia elétrica, por exemplo,
prestação de um serviço urgente, por não poder mais ficar a mercê da espera do
réu, e o réu, tendo oportunidade de se manifestar sobre o alegado, afirme que o
serviço não foi feito por falta de pedido do autor de forma administrativa, a
controvérsia continuará tão somente quanto ao eventual pedido de dano moral
sofrido pelo autor, caso o mesmo tenha pedido também em sua inicial tal pedido,
assim, o juiz poderá deferir o pedido para religar a energia antecipando parte da
tutela pleiteada, portanto parte do pedido que se mostra incontroverso.
Fundamentado pelo § 6º no art. 273, que permite ao juiz, na hipótese de
um ou mais pedidos cumulados, ou mesmo parte de um deles mostrar-se
incontroverso, antecipar a tutela.
Antes da reforma, o entendimento até então prevalecente era o de que, a
tutela antecipada, por se tratar de medida provisória, era concedida com base em
cognição sumária, realizando o magistrado um juízo de probabilidade acerca do
direito afirmado pelo autor. Com a recente modificação, a concessão passa a ser
26
feita através de cognição exauriente, sendo que o juiz antecipa parte do pedido
ou mesmo um dos pedidos cumulados.
Irreversibilidade do provimento - A reversibilidade dos efeitos práticos da antecipação
A irreversibilidade dos efeitos práticos da tutela há de ser analisada com
cautela pelos juízes, tendo em vista a amplitude dos bens jurídicos protegidos,
que são amparados pelos princípios do acesso à justiça x celeridade na entrega
da tutela jurisdicional. A decisão que antecipa a tutela é provisória razão pela qual
exigir-se como condição para sua concessão a possibilidade de reversão.
Cássio Scarpinella em sua recente obra dispõe que, “De acordo com o
artigo 273 parágrafo 2., “ não se concederá a antecipação da tutela quando
houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado.... é, uma situação
de fato que não deve estar presente para que a antecipação da tutela tenha
lugar. Toda vez que houver o perigo de “irreversibilidade do provimento
antecipado”, a tutela antecipada deve ser indeferida. É este o rigor da regra que
sugere a sua literalidade. Scarpinella Bueno, Cassio, em sua obra Direito
Processual Civil, 4, Tutela de Urgência, p. 21.
Discorre o mesmo autor que “A irreversibilidade de que trata o dispositivo
em comento diz respeito aos efeitos práticos que decorrem da decisão que
antecipa a tutela, que lhe são conseqüentes, que não são externos ao processo.
Trata-se propriamente, de irreversibilidade daquilo que a “tutela jurisdicional” tem
de mais sensível: seus efeitos práticos e concretos”.
Ainda, “Posta a questão nesses termos, a vedação do parágrafo 2. É
absolutamente justificável. O remédio a ser dado ao autor diante da presença dos
pressupostos dos incisos I e II do artigo 273 não pode causar a mesma doença
ao réu, tampouco seus efeitos colaterais. O retorno do status quo ante é, assim,
essencial. O dispositivo em foco representa forte incidência dos princípios da
“ampla defesa”, do “contraditório”, e do “devido processo legal”, a proteger o réu
mesmo nos casos em que a tutela jurisdicional tem de ser prestada
antecipadamente”.
27
O parágrafo 2. do artigo em análise, é evidente uma vedação a
concessão da antecipação dos efeitos da tutela, caso esteja presente um
impedimento genérico, ou seja, sem possibilidade de retorno ao status anterior o
objeto do pedido. Segundo Ricardo Alessandro, tal vedação “é opção política do
legislador, com o evidente propósito de resguardar os direitos do réu cuja defesa
ainda não foi amplamente examinada.
Cabe aqui ressaltar que nos dias atuais, muitas das vezes, e
principalmente nos processos que tramitam nos juizados especiais, o réu sequer
sabe da existência do processo, e já tem uma tutela para cumprir, tomando
conhecimento da obrigação e do prazo estipulado pelo juízo juntamente com o
recebimento da citação. Onde nem mesmo teve oportunidade de manifestar-se
sobre o objeto e já incorre em multa o seu descumprimento. No presente fato, tal
parágrafo é totalmente desrespeitado, o que para piorar os pressupostos
principais necessários para a concessão também nem sempre estão presentes.
Direito de Retorno
O direito de regresso preexiste à perda do bem ou direito, mas é dela que
decorre a exigibilidade. A perda decorre, via de regra, de sentença. Se por algum
deslize ou falsa prova produzida pelo autor, que no decorrer do processo ficar
demonstrado, caberá ao réu usando de forma subsidiária o seu direito de
regresso contra o autor, diante da fundamentação taxativa no Art. 186. Aquele
que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito,
ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.
Assim podemos apontar três características que são peculiares aos
processos com pedidos cautelares: a instrumentalidade, a provisoriedade e a
revogabilidade. São instrumentais porque são apenas um meio para que se
efetive o objetivo da prestação jurisdicional, não declarando o direito, apenas
assegurando. São provisórios porque têm uma duração limitada no tempo.
Revogáveis porque não fazem coisa julgada material, já que não decidem o
mérito da lide no momento da antecipação.
28
Prazo para cumprimento do despacho antecipatório - Multa
A tutela antecipada deferida por si só, não satisfaz o prejudicado que
obteve a apreciação do juiz de forma positiva para ele, para satisfazer o direito
antecipado, necessita que a determinação judicial seja cumprida pelo réu,
portanto, não devemos nos resumir apenas aos pressupostos que permitem o
deferimento e sim também as formas do seu cumprimento.
De acordo com nova redação dada pela lei 10.444 de 2002 a
nomenclatura para o cumprimento que antes era de execução passou a ser
redigida acertadamente como, efetivação, ou seja, de que forma na prática o juiz
reconhece os detalhes no caso concreto e como deverá ser praticado pelo réu tal
determinação fora do processo. Fundamentação dada no parágrafo 3 do artigo
273 do Código de Processo Cívil.
Dispõe o parágrafo terceiro do artigo 273 do Código de Processo Civil que
“A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua
natureza, as normas previstas nos artigos 588, 461, parágrafos 4 e 5, e d 461 – A.
Nas palavras do mestre Cassio Bueno, ensina ainda o mestre que recentemente
através da Lei 11.232 de 2005, veio revogar expressamente o artigo 588 do CPC,
substituindo-0 pelo artigo 475 – O, esse introduzido pela Lei 10.444 de 2002, o
dispositivo da Lei de 2005 trouxe algumas regras novas para a execução
provisória, embora sem alteração ao parágrafo 3 do artigo 273 do CPC, diante de
toda alteração realizada, o mestre Cassio deixa claro que o entendimento correto
deva ser que a remissão anteriormente feita pelo artigo 273 ao artigo 588, hoje
deve ser entendida como remissão feita ao artigo 475 – O. Scarpinella Bueno,
Cassio, em sua obra Direito Processual Civil, 4, Tutela de Urgência, p. 67.
Podemos concluir a respeito do cumprimento da Tutela antecipada
deferida pelo juiz que, deverá o réu ser intimado com a finalidade de cumprir tal
determinação, caso assim não o faça dentro do prazo estipulado pelo juiz, prazo
esse que veremos mais a frente como é analisado e imposto pelo juízo já que a lei
é omissa quanto ao prazo que deverá ser cumprida a decisão, já que deverá o juiz
analisar o caso concreto a necessidade imperiosa que se faz determinar a
urgência. Caso dentro do prazo estudado e imposto pelo juiz não seja cumprida
29
pelo réu a obrigação, deverá a parte interessada, assumindo o papel de
exeqüente, executar de forma provisória a tutela deferida.
A execução ou efetivação do mandamento realiza-se no mesmo processo
em que foi proferida a decisão.
Normalmente ao conceder a tutela antecipada, o juiz fixa Multa diária caso
tal determinação não seja cumprida, de forma ampla o assunto é debatido
doutrinariamente sobre a matéria quanto a execução da multa por parte do autor,
diante da omissão da lei sobre a matéria, os doutrinadores assegura na sua
maioria o seguinte entendimento.
Segundo Luiz Manoel Gomes Junior, a multa fixada por decisão
provisória teria força executiva que a sentença não tem, podendo ser exigida de
forma imediata, desde que decorrido o prazo fixado para o atendimento ao que
judicialmente determinado, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Execução e
antecipação de tuela: princípios comuns e sua aplicação visando a efetividade do
processo. In: SHIMURA, Sérgio & WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (org.).
Processo de execução v.2. p. 543.
E acrescenta: Ainda que improcedente o pedido inicial, deve o réu
obrigado efetuar o pagamento da multa fixada em favor do autor, pois o
fundamento de sua aplicação é a desobediência a uma decisão judicial, sendo
formado um título autônomo sem correlação com o que for decidido na sentença.
Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Execução e antecipação de tuela: princípios
comuns e sua aplicação visando a efetividade do processo. In: SHIMURA, Sérgio
& WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (org.). Processo de execução. v. 2, p. 543.
Por esse ponto de vista, alinha citações de renomados autores.
De Teori Albino Zavascki:
O título que autoriza a cobrança da multa é autônomo e independente em
relação ao que sustenta a obrigação de fazer ou de não fazer, aqui chamada
principal. Ele, formalmente, é representado pela decisão que impõe as astreintes,
fixando o seu valor e a data da sua incidência. E, substancialmente, é uma norma
jurídica individualizada nascida de um suporte fático próprio: o não cumprimento
da obrigação no prazo constante do mandado executivo;
De José Carlos Barbosa Moreira:
30
A multa pode ser exigida a qualquer tempo pelo interessado, não
havendo dependência do que vai ser decidido ao final. A partir do dia em que
comece a incidir a multa, faculta-se ao credor exigi-la, através do procedimento
da execução por quantia certa. Se o devedor, citado, pagar nas 24 horas a que se
refere o art. 652, mas permanecer inadimplindo no que tange à obrigação de
fazer ou não fazer, a multa continuará incidindo. Poderá o exeqüente, a qualquer
tempo, requerer a atualização do cálculo e promover nova execução pelo valor
acrescido;
De Paulo Enrique dos Santos Lucon:
A execução da multa nos casos de concessão de tutela antecipada de
obrigação de fazer e não fazer deve ser imediata. O legislador processual, ao
instituir a tutela antecipada, deseja a atuação imediata das decisões; nesses
casos, adiar a multa para o trânsito em julgado significa, em muitas situações,
denegar justiça.
Discordando de Eduardo Talamini que, corretamente, entende que, não
reconhecido o direito do autor, ficará este sem direito ao crédito representado na
multa, inclusive sendo obrigado a devolver o valor correspondente se já o tiver
recebido, Gomes Júnior assevera que “tenha ou não o autor o direito, quanto ao
cerne da controvérsia, o certo é que o fundamento que autoriza a exigência da
multa é a desobediência a uma decisão judicial. Luiz Manoel Gomes Junior,
Execução de multa – Art. 461, § 4º, do CPC – e a sentença de improcedência do
pedido. In: SHIMURA, Sérgio & WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (org.). Processo
de execução. v. 2.
Pesquisa realizada em 18 de junho de 2009, p.
http://www.tex.pro.br/wwwroot/artigosproftesheiner/execucaoprovisoria.htm
Decisão do Superior Tribunal de Justiça:
O juiz concedeu uma liminar, determinando que essa decisão fosse
cumprida e a parte não cumpriu. Se, posteriormente, chegou-se à conclusão que
não era caso de cumprimento, que a ação foi julgada improcedente, não importa
no momento. O importante é que o juiz deu uma liminar e a parte descumpriu,
quando tinha que cumprir, sob pena de prisão, porque estava desobedecendo a
uma ordem judicial (Resp 220.982-RS).
31
Gomes Junior concorda inteiramente com os argumentos de Sérgio Cruz
Arenhart:
A função, portanto, da multa é garantir a obediência a ordem judicial.
Pouco importa se a ordem se justificava ou não; após a sua preclusão temporal
ou, eventualmente, a análise do recurso contra ela interposto junto ao tribunal, só
resta o seu cumprimento, sem qualquer ulterior questionamento.
Joaquim Felipe Spadoni assim disserta sobre o tema:
Os valores da multa passam a ser devidos desde o momento em que for
constatado o não cumprimento do preceito judicial pelo réu, podendo, desde logo,
serem cobrados judicialmente, em execução definitiva, sem que haja a
necessidade de se aguardar o trânsito em julgado da eventual sentença de
procedência. Pesquisa realizada em 18 de junho de 2009, p.
http://www.tex.pro.br/wwwroot/artigosproftesheiner/execucaoprovisoria.htm
É bem verdade que o artigo 461 do CPC silencia sobre o momento a
partir do qual pode ser cobrada a multa. E, neste ponto, nossa posição não
encontra amparo na doutrina majoritária sobre o tema. Com efeito, afirma-se que
a multa, apesar de incidir a partir do momento em que a ordem judicial - liminar
ou definitiva - for violada, só pode ser cobrada após o trânsito em julgado da
decisão de mérito de procedência. É esta, aliás, a disposição do artigo 12,
parágrafo 2.°, da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85), aplicável a todas ações
coletivas, e do artigo 213, parágrafo 3.°, do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Arruda Alvim justifica este posicionamento no fato de não se poder
descartar a possibilidade de o réu ser vencedor na demanda, e de que a eventual
decisão de improcedência não pode deixar de ter a multa como não devida.
A exigibilidade da multa pecuniária não recebe nenhuma influência da
relação jurídica de direito material. É preciso se ter bem claro que o que autoriza
a incidência da multa é a violação da ordem do juiz, é a violação de uma
obrigação processual, e não da obrigação de direito material que o réu pode
possuir perante o autor.
Assim sendo, se o réu não atender à decisão eficaz do juiz, estará
desrespeitando a sua autoridade, ficando submetido ao pagamento da multa
pecuniária arbitrada, independentemente do resultado definitivo da demanda. Em
32
sendo a decisão que impôs a multa posteriormente revogada, seja por sentença
ou por acórdão, ou mesmo por outra decisão interlocutória, em nada restará
influenciado aquele dever que havia sido anteriormente imposto ao réu. As ordens
judiciais devem ser obedecidas durante o período em que são vigentes, e as
partes que não as obedecerem estarão sujeitas às sanções cominadas. Joaquim
Felipe Spadoni, A multa na atuação das ordens judiciais. In: SHIMURA, Sérgio &
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (org.). Processo de execução. v. 2. Pesquisa
realizada em 18 de junho de 2009, p.
http://www.tex.pro.br/wwwroot/artigosproftesheiner/execucaoprovisoria.htm
Cabem, embargos à execução da multa, mas a defesa é restrita às
matérias do artigo 741, porque se trata de execução de título judicial.
Da Execução provisória no provimento antecipado
A tutela antecipada conclui-se no limite do processo de conhecimento e no
processo de execução. Trata-se de executar provisoriamente uma decisão que,
através de uma cognição sumária, se pronunciou sobre o mérito. A decisão da
tutela visa, prioritariamente, dar efetividade ao direito, proteger o direito. O
legislador, então, procurou dar maior amplitude, a fim de que o juiz tivesse maior
liberdade de aplicação, estabeleceu parâmetros a serem seguidos, mas
estabeleceu que tais normas devem ser aplicadas "no que couber", a fim de que o
juiz possa ter maior elasticidade na sua aplicação, diante de cada caso concreto.
Diante disso, a execução da tutela antecipatória não pode seguir obrigatoriamente
as regras que tratam da execução, tendo em vista que a execução provisória se
realizará de acordo com o estado em que se encontra o processo de formas
distintas, dependendo de cada caso concreto.
A execução da tutela antecipada é um procedimento atípico, que nem
sempre poderá ser realizado de acordo com regras pré-constituídas e
desconectadas do direito material, objeto da lide. Ao Magistrado fora concedido
grande poder nesta seara, visando dar-lhe flexibilidade na sua atuação como
garante da prestação jurisdicional; a solução a ser adotada em cada caso
concreto sempre dependerá da natureza do provimento antecipatório almejado,
33
se declaratório, condenatório, constitutivo ou mandamental, bem como da
natureza peculiar de cada postulação engendrada pela parte demandante.
Devemos entender que a execução provisória antes da sentença, deverá
ser analisada de acordo com cada caso, sendo ele amparado pelo parágrafo 6
do artigo 273 do Código de Processo Civil, poderá assim, o juiz aceitar a
execução provisória antes da sentença estando presente a verossimilhança das
alegações e ainda o receio da difícil reparação, ressaltando-se que o juiz deverá
analisar cada caso concreto, e se por ventura tenha sido interposto algum
recurso sem efeito suspensivo segue a execução provisória da mesma forma
dentro dos pressupostos acima mencionados, e ainda, o caso mais típico
processual, após o transito em julgado da Ação, o processo alcança sua
efetividade após a execução definitiva, se até esta fase o réu ainda não cumpriu
sua obrigação, e ainda se não ingressou com algum recurso que da mesma
forma, não tenha tido efeito suspensivo, artigo 475 J e O do Código de Processo
Civil.
O artigo 475 O do CPC, expressamente determina que a execução
provisória seja completa, tenha começo, meio e fim, desta forma a alienação dos
bens pode ocorrer para satisfação do crédito do autor, caso seja obrigação de
pagar quantia certa, como exemplo. Desde a Lei n. 10.444 de 2002, a alienação
passou a ser possível e da mesma forma, o levantamento do deposito em favor
do exeqüente, conforme artigo 475 O III do CPC, mas a lei exige a contracautela,
é que o exeqüente preste caução na letra do artigo 475 O parágrafo 2,
entretanto poderá ser dispensada quando ocorrer os seguintes casos: crédito de
natureza alimentícia ou decorrendo de ato ilícito, sendo a caução limitada até o
valor de sessenta vezes o valor do salário mínimo, e o exeqüente demonstrar
estado de necessidade. Havendo ainda a possibilidade de estar pendendo de
agravo de instrumento junto ao STF ou ao STJ, o que da mesma forma poderá
ocorrer a execução provisória, tendo em vista que para esses órgãos não há
recurso com efeito suspensivo.
Revogação e modificação
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A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer
tempo, em decisão fundamentada, prescreve o parágrafo 4 do artigo 273 do
CPC.
A revogação de que trata o referido parágrafo estipula que a decisão que
nega efeitos a anterior decisão que antecipou a tutela, tira do mundo jurídico os
efeitos anteriormente concedidos.
Não é totalmente liberada a modificação ou revogação da tutela
antecipada concedida, sendo necessária mudança das circunstâncias para que o
juiz possa voltar atrás em seu prévio entendimento e reformar a decisão
concessiva de antecipação de tutela. Por mudança nas circunstâncias entende-se
tanto a modificação fática quando o aporte aos autos de nova fundamentação
jurídica, que tenha passado desapercebida pelo juiz em sua análise ao pedido
antecipatório. O juiz não pode, pura e simplesmente, mudar de idéia e voltar atrás
em sua decisão acerca da tutela antecipada somente por ter pensado melhor e
acreditar que errou ao conceder a tutela. A impossibilidade dessa mudança
encontra-se fundada no que a doutrina convencionou chamar de preclusão pro
iudicato. É claro que a retratação poderá ainda vir da interposição do recurso de
agravo de instrumento, situação em que se abre a possibilidade ao juiz de voltar
atrás em seu entendimento.
Nas palavras do autor Cassio , “Assim a “revogação” e a “modificação” a
que se refere o parágrafo 4 do art. 273 devem ser limitadas aos casos em que há
alguma oportunidade procedimental para o magistrado redecidir o que já decidiu;
coisa bem diferente de decidir de novo o mesmo pedido pelo mesmos
fundamentos.” Scarpinella Bueno, Cassio, Tutela de Urgência, 2008. p. 35.
Assim tanto a revogação como a modificação demandam provocação da
parte, não podendo o juiz, sem ser instado a tanto, alterar ou revogar a medida
ulteriormente concedida, em razão da preclusão pro judicato, bem como
alteração do quadro fático que possibilitou a concessão da tutela.
Tal ato procedimental para que ocorra a mudança processual, vem
através do recurso de agravo de instrumento com já mencionado acima, quando
os argumentos que se pleiteia requerer revisão, poderá assim ocorrer a
revogação ou modificação por mudança de visualização por parte do juiz dos
fatos existentes no momento de sua concessão. Quando restar modificado o
35
quadro fático que deu ensejo à concessão da tutela, ainda, a revogação ou
modificação poderão ser pleiteadas independentemente de agravo de
instrumento, isso também na hipótese de ser negada a concessão da tutela. A
respeito dessas novas circunstâncias.
Este sistema binário, para bem funcionar, deve supor que os
pressupostos para a revogação-modificação da tutela nada têm a ver com a
matéria que pode ser posta no agravo. As razões que permitem a revogação ou a
modificação da tutela, quando não interposto o agravo, são as "novas
circunstâncias", vale dizer, são "outras razões", no sentido de "razões" que antes
não podiam ter sido apresentadas.
Não é somente a alteração da situação de fato objeto da lide que permite
a modificação ou a revogação da tutela, mas também o surgimento, derivado do
desenvolvimento do contraditório, de uma outra evidência sobre a situação de
fato. É o caso da produção da prova que pode alterar a convicção do julgador
acerca da situação fática que o réu pode e deve trazer aos autos no momento
oportuno.
Confirmação da antecipação
Diante de leituras de renomados autores já nomeados, concluindo-se
que, a estabilização da tutela antecipada torna definitiva o estabelecido na
decisão da tutela antecipada, torna definitivamente aplicável no mundo jurídico os
efeitos anteriormente posto. Não deixando assim, margem de dúvida quanto a
apreciação dos direitos de quem teve o provimento antecipado, assim como não
restando outra alternativa senão ao réu, assumir definitivamente a obrigação do
cumprimento daquela que foi determinada, sob pena de multa pelo seu
descumprimento, como já analisamos no tópico próprio acima
É portanto medida em que prevê a estabilização da tutela antecipada,
que daria força de imutabilidade a uma decisão sob cognição sumária e possível
contraditório eventual, o juiz continua a afirmar que a decisão que antecipou a
tutela não desapareceu com o analise mais profundo do mérito, sendo portanto
verdadeiro o juízo de verossimilhança na época da concessão.
36
Indeferimento da antecipação dos efeitos da tutela.
Sem maiores obstáculos para um entendimento claro, o indeferimento
do pedido para se realizar a antecipação dos efeitos da tutela, resta claro que o
juiz no momento da sua apreciação não identificou os pressupostos que lhe
assegura o provimento. Em outras palavras, não estavam presentes no seu
entender os requisitos estipulados no artigo 273 do CPC. Diante da falta dos
requisitos do caso em análise, pode o juiz indeferir por hora o pedido, não sendo
precluso, pois poderá ser deferido a pedido da parte no decorrer de todo o
processo, com a juntada de novas provas, documentos ou ainda na audiência de
justificação nos casos das Ações de Obrigação de fazer, não fazer e dar coisas,
visualizando assim, que realmente se faz necessário o pleito do auto, poderá o
juiz diante de novas provas e situações antecipar a tutela.
Duas decisões a respeito de indeferimento do pedido da antecipação dos
efeitos da tutela nas Ações Declaratórias:
A primeira, do 2º Tribunal de Alçada Cível de São Paulo e a Segunda, do
Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
TUTELA ANTECIPATÓRIA – Concessão em ação declaratória –
Impossibilidade – Espécie de demanda que se destina a eliminação da incerteza
do direito ou da relação jurídica – Medida de antecipação que tem como
característica a provisoriedade e é admitida nos casos em que ocorra a
verossimilhança da alegação – Inteligência do art. 273 do CPC. (RT 793/306)
Trata-se do Agravo de Instrumento n.º 694.619-00/0 da 1ª Câmara do
2º Tribunal de Alçada Cível de São Paulo, julgado no dia 22/05/2001, em que
o autor agrava decisão que deferiu tutela antecipada para fazer cessar os
efeitos da fiança, nos autos da ação declaratória de exoneração que lhe
promove a fiadora-ré.
O relator, em seu voto, sustenta que, "a tutela antecipatória não se
harmoniza com a finalidade da ação declaratória e nãos e ajusta à natureza da
ação constitutiva. Como a tutela antecipatória tem como característica a
provisoriedade e é admitida nos casos em que ocorra a verossimilhança da
37
alegação, não pode ser concedida em ação declaratória, que objetiva a
eliminação da incerteza do direito ou da relação jurídica".
No mesmo sentido decidiu, em unanimidade, a 3ª Câmara do E. Tribunal
de Justiça de Minas Gerais, no Agravo de Instrumento n.º 000175797-0/00, em
que a agravante alegava que as cláusulas contidas no contrato de financiamento
habitacional são abusivas e ferem os dispositivos contidos no Código de Defesa
do Consumidor.
Ementa: Tutela. Antecipação. Sentença. Efeitos. Ação declaratória.
Impossibilidade. Não podem ser antecipados os efeitos da tutela que não seriam
concedidos na sentença de procedência do pedido. É inadmissível o pedido de
tutela antecipada em ação declaratória. (Revista de Jurisprudência ADCOAS vol.
24. p. 208/210)
Página consultada em 02 de julho de 2009.
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4064
Outra forma de ter o autor o pedido analisado novamente é pela
interposição do recurso de Agravo de Instrumento, em que o relator irá rever o
caso e seus fundamentos.
Entendimento jurisprudencial sobre o mesmo tema, voltado para o
análise da possibilidade de interposição do Agravo de Instrumento
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA SEM
OUVIDA DA PARTE CONTRÁRIA.
Para o deferimento de pedido de antecipação de tutela impõem-se
necessários a verossimilhança das alegações e fundado receio de dano
irreparável. No caso, não restou demonstrada a urgência da medida, sobretudo
sem a oitiva da parte contrária.
AGRAVO IMPROVIDO.
"Meu voto é no sentido de negar provimento ao agravo de instrumento.
O agravante visa, com o presente agravo de instrumento, seja revogada a
decisão que indeferiu o pedido de antecipação de tutela "inaudita altera pars",
para que fosse determinado ao agravado a entrega, no prazo de 10 dias, dos
motores de acionamento dos mecanismos dos portões em questão e realizasse
as obras necessárias para colocá-los em perfeitas condições de funcionamento e
segurança, sob pena de multa cominatória.
38
No caso em tela, não restaram demonstrados a verossimilhança das
alegações da recorrente e fundado receio de dano irreparável. Tenho que a
situação do agravante não possui urgência a indicar a necessidade de
antecipação de tutela imediata, sobretudo sem a ouvida da parte contrária.
Em nota nº 10 ao artigo 273 do Código de Processo Civil, manifestou-se
Nelson Nery Junior, assim:
"10. Liminar sem a ouvida do réu. Quando a citação do réu puder tornar
ineficaz a medida, ou, também, quando a urgência indicar a necessidade de
concessão imediata da tutela, o juiz poderá fazê-lo inaudita altera pars, que não
constitui ofensa, mas sim limitação imanente do contraditório, que fica diferido
para momento posterior do procedimento. Se para a concessão da liminar o juiz
entender necessário, designará audiência de justificação prévia. Para ela deverá
ser citado e intimado o réu, salvo se o conhecimento do réu puder tornar ineficaz
a medida. Neste caso, a audiência de justificação prévia será realizada apenas
com a presença do autor e seu advogado." in Código de Processo Civil- Nelson
Nery Junior e Rosa Maria Andrade Nery, 2ª Edição, Editora Revista dos Tribunais,
pág. 691)
Para o deferimento de pedido de antecipação de tutela impõem-se
necessários a verossimilhança das alegações e fundado receio de dano
irreparável. No caso, não restou demonstrada a urgência da medida, a ensejar o
deferimento da tutela antecipada "inaudita altera pars".
Ante o exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.
É o voto."
Página consultada em 02 de julho de 2009.
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4064
As decisões dos Tribunais de Justiça de São Paulo e do Rio Grande do
Sul, difere um pouco das decisões nos dias atuais na primeira instancia dos
tribunais do Rio de Janeiro, pois de acordo com o entendimento daqueles, que
estão em consonância com a doutrina que admite a antecipação sem oitiva do
réu somente quando a sua citação colocar em risco a eficácia da medida,
diferente porque, o somente em caso em que por risco não é aplicado a todo
tempo, sendo certo que na prática, estando presentes os requisitos imperioso da
concessão é concedida sem maiores análises.
39
É pacífico que o recurso de agravo de instrumento é o meio adequado
para atacar a decisão interlocutória proferida pelo juiz de 1º grau. A doutrina
afasta a possibilidade da utilização do mandado de segurança, afirmando que um
dos objetivos do novo regime do agravo de instrumento foi o de restringir a sua
utilização.
O mandado de segurança é incabível para impugnar decisões
interlocutórias; mesmo em caso de urgência é o agravo de instrumento o meio
adequado e não o mandado de segurança (RT-736/422; 732/456). Consulta em
02 de julho de 2009.
"Em sua nova sistemática, o recurso de agravo, que será
dirigido diretamente ao Tribunal (art. 524 do CPC), enseja que o
relator, a requerimento do agravante, desde que seja relevante a
fundamentação, suspenda o cumprimento da decisão agravada,
entre outros, nos casos dos quais possa resultar lesão grave e de
difícil reparação (art. 558 do CPC). Assim, mesmo em caso de
urgência, é o agravo de instrumento, e não a via autônoma da ação
de mandado de segurança, o meio processual adequado para
controlar decisão judicial que indefere pedido de antecipação da
tutela." (MS 96.04.31418-1/RS - 2ª T. - J. 20.06.96 - rel. Juiz Teori
Albino Zavascki - DJU 17.07.1996 - RT 736/422).
http://74.125.93.132/search?q=cache:P8kkRmVEcp4J:www.fig.br/ar
tigos/dir/n3/0003-
08.doc+agravo+de+instrumento+pelo+indeferimento+da+tutela+ante
cipada&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
Ainda, no estudo da interposição do agravo de instrumento para atacar
decisão interlocutória, a leitura literal do artigo 558 do CPC, observa-se que o
relator "poderá" suspender o cumprimento da decisão agravada e comunicar tal
decisão ao juiz da causa. Pode assim também acompanhando o entendimento
jurisprudencial, dar-lhe decisão positiva modificando uma decisão indeferida em
primeira instância, ou uma decisão agravava modificando para que não surta
efeitos a decisão que proferiu antecipação dos efeitos da tutela, com efeito
40
suspensivo em processo que pende de julgamento de outros recursos nos
tribunais.
A parte inconformada com a decisão do relator que aplicou a tese do
efeito ativo ou substitutivo, pela aplicação elástica do artigo 558 do CPC, resta o
caminho do mandado de segurança, uma vez que não há previsão de recurso
cabível contra a decisão do relator e por estar presente direito líquido e certo.
Tutela antecipada nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisas
A antecipação de tutela nas obrigações de fazer, não fazer e de entregar
coisa certa, contidos nos artigos 461 e 461-A está prevista no parágrafo 3º do
artigo 461, em que se apontam apenas os seguintes requisitos:
a) relevância do fundamento da demanda;
b) risco de ineficácia do provimento final.
Confrontados os artigos 273 e 461, parágrafo 3º, poder-se-ia concluir
que a antecipação de tutela, nas obrigações de fazer, não fazer e de entrega de
coisa certa:
a) dispensaria pedido;
b) dispensaria prova inequívoca da verossimilhança, exigida, porém, a
relevância do fundamento da demanda;
c) caberia apenas no caso de risco de ineficácia do provimento final; não
nos casos de abuso de direito, manifesto propósito protelatório do réu e ausência
de defesa;
d) dispensaria o requisito da irreversibilidade;
e) não poderia ter natureza cautelar, por aplicação do princípio da
fungibilidade.
Diante do que estipula a lei, a doutrina assim entende, Diz Luiz Fux:
“Trata-se de contemplação expressa da tutela antecipada nas denominadas
obrigações de conduta. Observam-se, de início, algumas diferenças entre esta
forma de antecipação judicial e a regra geral do artigo 273. No artigo 461, do
CPC, desaparece a interdição à concessão de tutela de efeitos irreversíveis, bem
41
como o requisito da prova inequívoca. Entretanto, substituiu o legislador a
expressão por 'relevante fundamento da demanda' e 'justificado receio de
inoperância do provimento final. Curso de Direito Processual Civil, Forense, 2001,
p. 70.
Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery: “É interessante notar
que, para o adiantamento da tutela de mérito, na ação condenatória em
obrigação de fazer ou não fazer, a lei exige menos do que para a providência da
ação de conhecimento tout court (CPC 273). É suficiente a mera probabilidade,
isto é, a relevância do fundamento da demanda, para a concessão da tutela
antecipatória da obrigação de fazer ou não fazer, ao passo que o CPC 273 exige,
para as demais antecipações de mérito: a) a prova inequívoca; b) o
convencimento do juiz acerca da verossimilhança da alegação; c) ou o periculum
in mora (CPC 2731) ou o abuso do direito de defesa do réu (CPC 273, II)".
Código de Processo Civil Comentado, RT, 7" ed., p. 782.
Pressupostos para concessão da tutela antecipada no que tange as
obrigações de fazer, não fazer e dar coisas, nas palavras do autor Scarpinella
Bueno, Cassio, em sua obra Curso sistematizado Direito Processual Civil, 2008,
p. 102 “ A tutela jurisdicional relativa ás obrigações de fazer e não fazer deverá
ser antecipada toda vez, cumulativamente, ocorrerem os seguintes pressupostos:
(a) relevância do fundamento em que se baseia o pedido e (b) justificado receio
de ineficácia do provimento final”. Sem maiores confusões de entendimento, rica
é a doutrina para determinar que embora com algumas diferenças nos requisitos
para proferir a decisão em relação ao que determina o artigo 273 do CPC, em
que pese a letra (a), deixa em aberto para observância do julgador as
característica do caso em tela para efetivar ou não a concessão da medida.
Ainda nos guiando pelos ensinamento do mestre Cassio, “O artigo 273 se
aplica subsidiariamente ao artigo 461 parágrafo 3. Como se tratasse de uma
“norma legal” de antecipação de tutela ou a norma que prevê, a exemplo do que
se dá para o “processo cautelar”, um “dever-poder geral de antecipação” Até
porque o dispositivo em comento é bastante lacunoso se comparado com aquele.
Diante disso, conclui-se que diretamente é usado o entendimento e alguns dos
pressupostos para concessão da antecipação da tutela no presente caso nos
42
termos do artigo 273 do CPC, no que couber o análise e necessidade do objeto.
Scarpinella Bueno, Cassio, 2008. Tutela de Urgência, p. 102.
Da Tutela Antecipada em fase de recurso
De nada valeria todo o esforço legislativo e do judiciário, doutrinário e
jurisprudencial para se arquitetar um instituto apto a antecipar a tutela almejada
com a prestação jurisdicional, se seus efeitos não pudessem ser concretizados e
sentidos também na fase recursal. Bastaria a interposição de um recurso dotado
de efeito suspensivo, orientada pelo intuito protelatório do réu, para frustrar o
gozo dos efeitos da tutela. As causas que são submetidas à apreciação do Poder
Judiciário, foi elemento motivador da criação da tutela antecipada de forma
genérica em nosso sistema processual, não esquecendo que o duplo grau de
jurisdição que é imprescindível, por outro lado é cristalino que, ao lado do grande
número de argumentos que lhe são favoráveis, encontra-se também um
agravamento do fato tempo.
Evidentemente que hoje o tempo do processo é ampliado pela
recorribilidade das decisões, recorribilidade esta, em grande parte dos casos,
desencadeada pelo propósito protelatório do réu.
Levando em consideração que o art. 273 do CPC não estabeleceu
momento ou momentos para o pedido de antecipação de tutela, autorizando-se
afirmar que pode ser deduzido a qualquer momento.
A efetividade da prestação jurisdicional, foi sendo dotado, ao longo de
anos, e especialmente com as reformas mais recentes, de inúmeros dispositivos,
cuja intenção é justamente viabilizar o gozo, o quanto antes, da tutela jurisdicional
deferida por cognição sumária ou exauriente, assim, por exemplo, a restrição das
hipóteses de concessão de efeito suspensivo ao recurso de apelação,
possibilitando-se a execução provisória da tutela deferida pela sentença, a
possibilidade de o relator conferir efeito suspensivo à decisão agravada ou
43
conceder a tutela jurisdicional negada pela decisão agravada, o denominado
"efeito ativo" do agravo de instrumento.
A cognição exauriente, integração do instituto da antecipação de tutela
no âmbito recursal, por vezes, terá o condão de proporcionar meios para se
usufruir a tutela prestada por uma sentença ou por um acórdão, cuja decisão
neles inserta restou fulcrada na mais ampla produção e exame de provas, mas
cujos efeitos ainda não se fizeram sentir. No âmbito recursal, pois, antecipação
de tutela nem sempre será sinônimo de cognição sumária, assim a tutela
antecipada tem cabimento: quando não existe o provimento definitivo (sentença
ou acórdão) ou; quando, embora já exista o provimento definitivo, este ainda não
gera efeitos. Circunstâncias essas, que ocorrem no âmbito recursal.
TUTELA CAUTELAR
CAPITULO III
Teoria geral da tutela Cautelar
Processo cautelar é o “de função auxiliar e subsidiária, servindo à tutela
do processo, onde será protegido o direito, a atividade jurisdicional cautelar
dirige-se à segurança e garantia do eficaz desenvolvimento e do profícuo
resultado das atividades de cognição e de execução, concorrendo, dessa
maneira, para o atingimento do escopo geral da jurisdição. Pode ser o processo
cautelar instaurado antes ou no curso do processo principal. Assim, o processo
cautelar é o meio ou a operação pela qual é pedida a prestação jurisdicional do
Estado, a fim de prevenir situações que podem causar danos à parte já em litígio
ou quando esse, pretende ingressar em juízo em defesa de seus direitos. O
processo cautelar pode ser instaurado como incidente ou preparatório.
Incidente, quando já em curso o processo principal, preparatório, quando a
pessoa necessitar ingressar em juízo para ajuizar o processo principal, mas, para
isso, tiver de prevenir situações que resguardem o objeto da ação ou reunir
44
provas que possam desaparecer ou tornar-se inoperantes, se não produzidas
prontamente.
São as seguintes as medidas cautelares que constituem o processo
cautelar: arresto, seqüestro, caução, busca e apreensão, exibição de
documentos, produção antecipada de provas, alimentos provisionais, arrolamento
de bens, justificação, protesto, notificações e interpelações, homologação de
penhor legal, posse em nome de nascituro, atentado e protesto e apreensão de
títulos.
Essas são as medidas cautelares cujos procedimentos específicos são
previstos no Código. O juiz face a necessidade momentânea em casos concretos
pode adotar outras medidas preventivas não previstas no Código, desde que haja
fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito
da outra lesão grave ou de difícil reparação. Além de outras que se tornarem
necessárias a critério do juiz, o Código, no artigo 888, indica outras formas.
Requisitos
O "fumus boni juris" (fumaça de bom direito) - Existência de uma
pretensão razoável, com probabilidade de êxito em juízo; aparência de um direito
justo. o "periculum in mora" (risco de dano com a demora processual) - risco de
ineficácia do provimento final, decorrente da demora do andamento e julgamento
da ação principal .
A produção antecipada de provas
Como regra geral, decorrente do princípio informativo lógico, as provas
tem momento próprio de produção.
Há certos casos que o risco de perecimento de determinadas provas
reclama a antecipação desse momento; é justamente nesse momento que surge
a ação cautelar de produção antecipada de provas, que pode consistir em
interrogatório da parte, inquirição de testemunhas, exame pericial, tudo
dependendo da demonstração inequívoca da existência de risco de perecimento
45
do respectivo objeto de prova, além, é obvio, da demonstração da utilidade e da
finalidade da prova que se quer produzir antecipadamente.
Dentro da estruturação procedimental dessa espécie de ação cautelar,
vale mencionar, a preocupação em manter-se intacto, aqui, o princípio do
contraditório. Isto por que as provas produzidas antecipadamente servirão para a
instrução de outro processo, o principal, descabendo falar, quando do aforamento
deste ultimo, em repetição do que foi feito na ação cautelar.
Principais características do processo cautelar
As principais características do processo cautelar são instrumentalidade,
provisoriedade, revogabilidade e autonomia.
Instrumentalidade significa que enquanto o processo principal serve à
tutela do direito, o processo cautelar serve à tutela do processo. Não faz atuar o
direito; contenta-se em proteger o simples interesse da parte, preparando o
terreno e os meios para que o provimento jurisdicional definitivo seja eficaz, útil e
operante.
Preventividade, é característica que deve ser relacionada diretamente
com o comando do artigo 5, XXXV da Constituição Federal. A tutela jurisdicional a
ser obtida no âmbito do processo cautelar pretende evitar o dano, imunizando,
destarte, à ameaça de uma afirmação de direito, impedindo que ela seja
convertida em lesão.
Provisoriedade, as medidas cautelares têm duração temporal limitada
àquele período de tempo que deverá transcorrer entre a sua decretação e a
superveniência do provimento principal ou definitivo.
Autonomia, o processo cautelar é autônomo, o processo cautelar tem
uma individualidade própria, uma demanda, uma relação processual, um
provimento final e um objeto próprio, que é a "ação acautelatória"; o "processo
cautelar" pressupõe sempre a existência de um processo principal, já que a sua
finalidade é resguardar uma pretensão que está ou será posta em juízo; mas a
sua finalidade e o seu procedimento são autônomos; as finalidades do "processo
cautelar" e do processo principal são sempre distintas, já que na cautelar não se
46
poderá postular a satisfação de uma pretensão; nada impede a prolação de
sentença favorável na "ação cautelar", e desfavorável na principal, e vice-versa;
esta autonomia é relativa, pois a extinção do processo principal implicará extinção
da "ação cautelar", que dele é dependente; já a extinção da "ação cautelar" não
repercutirá na ação principal, que poderá ter seguimento regular. 6.2
Instrumentalidade artigo 796, é o instrumento da jurisdição; a cautelar vem
sempre em apenso nos autos principais, servindo de instrumento deste. A "tutela
cautelar" é uma das espécies de tutela urgente, entre as quais inclui-se também a
"tutela antecipatória"; só há falar-se em cautelar quando houver uma situação de
perigo, ameaçando a pretensão.
Inexistência de coisa julgada material - o juiz não declara ou
reconhece, em caráter definitivo, o direito do qual o autor afirma ser titular, mas
limita-se a reconhecer a existência da situação de perigo, determinando as
providências necessárias para afasta-lo; apesar de a sentença cautelar não se
revestir da autoridade da coisa julgada material, não é possível renovar o pedido
com o mesmo fundamento - "non bis in idem" artigo 808, parágrafo único.
Fungibilidade, consiste na possibilidade de o juiz conceder a medida
cautelar que lhe pareça mais adequada para proteger o direito da parte, ainda
que não corresponda àquela medida que foi postulada.
Cognição sumária, assim como no processo em que há o deferimento
da antecipação dos efeitos da tutela, igualmente está presente a cognição
sumária no capítulo em estudo, a ação cautelar necessita dessa característica
frente as condições que enseja o objeto da causa na ação cautelar, o
posicionamento que o magistrado decide sem ânimos de definitividade, porém
com efetividade a lide, demonstra claramente que a cognição não é exauriente,
estando é claro, preenchidos os requisitos ensejadores que se faz necessário no
rito cautelar. Assim, a cognição sumária é um dos aspectos fundamentais do
processo cautelar é o fato de que a tutela jurisdicional nele concedida é baseada
em juízo de verossimilhança e não tendo juízo de certeza.
Liminar
47
Os usos e costumes consagraram a chamada liminar que vem
acompanhada da expressão inaudita altera pars, significando tal nomenclatura
em concessão daquela medida sem a oitiva da parte contrária, ou seja, sem o
contraditório na defesa ampla, que apenas futuramente irá ocorrer.
Mesmo ato praticado quando há a antecipação dos efeitos da tutela,
seja parcial ou total diante do pedido do autor, sendo assim, pode o juiz conceder
liminarmente ou após a justificação previa a medida cautelar, sem ouvir o réu em
sua defesa. Nesse caso, poderá dependendo do caso concreto que o autor
preste caução real ou fidejusória de ressarcir o réu pelos danos que porventura
lhe cause futuramente no decorrer do processo, danos esse que não esteja na
forma da lei permitida ou que não seja uma indenizatória que ao final o réu já iria
lhe prestar. Assim, na Contracautela pode o juiz determinar que a parte preste
caução real ou fidejussória no sentido de ressarcir os danos que o requerido
possa vir a sofrer.
No deferimento da cautelar, deverá o juiz fundamentar tal decisão,
deixando claro as razões de fatos e de direito que lhe convenceram
suficientemente para justificar tal determinação em liminar
Dever-poder geral de Cautela
As medidas cautelares específicas poderiam ser absorvidas e
unificadas em uma só, pelo poder geral de cautela conferido, de forma ampla, ao
juiz. Com efeito, se o princípio da fungibilidade já autoriza o juiz determinar que
as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de
uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e
de difícil reparação de acordo com o Código de Processo Civil artigo 798. Essa
convicção de unificação do Processo Cautelar ganhou fôlego com o implemento
do instituto da antecipação da tutela artigo 273, parágrafo 3º, do CPC, reforçada
pela edição do parágrafo 7º do mesmo diploma legal, que consagra o princípio da
fungibilidade entre medidas provisórias e definitivas.
Devem então ser mantidos todos os princípios, características e
peculiaridades que instruem a requerida tutela de urgência, como O fumus boni
48
iuris e periculun in mora que são os pressupostos basilares que deve orientar o
juiz.
Pressupostos: fumus boni iuri e periculun in mora
São históricos e universais os dois pressupostos que autorizam a
concessão da tutela cautelar: fumus boni iuris e periculun in mora A tutela
cautelar, por ser medida excepcional, deve passar por uma avaliação preliminar,
onde se pesquisa se o direito sobre o qual se busca a segurança merece ser
acautelado. O julgador deve perquirir “prima facie” se está presente o chamado
fumus boni iuris, que é a plausibilidade do direito material pretendido. Autoriza a
concessão da medida a simples “fumaça do bom direito”, que é a mera
probalidade, a simples aparência do direito. Essa mera probalidade da existência
do direito é constatada através da cognição sumária. O juiz tem que decidir
apenas com os elementos probatórios precários que lhes são apresentados. Para
um julgador experiente, da simples narração da petição inicial, é possível extrair-
se “prima facie” a plausibilidade do direito pleiteado. Essa aparência prévia
poderá converter-se em convicção, quando a inicial vem instruída com
documentos hábeis a demonstrar a verossimilhança do direito invocado. O perigo
da demora está intimamente vinculado ao risco de prejuízo irreparável ou de
difícil reparação, que pode ocorrer antes ou no curso do processo, com
possibilidade concreta de frustrar a eficácia do provimento definitivo
Convém observar que o poder geral de cautela não se limita ao artigo 798
do CPC. A legislação moderna, da qual o Código de Defesa do Consumidor é o
mais significativo exemplo, assegura ao juiz um poder genérico, com amplas e
ilimitadas possibilidades para determinar as medidas necessárias, tais como
busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra,
impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial.
Casos de extinção
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A extinção da medida cautelar pode ocorrer nos casos em que houver a
modificação; a revogação; a falta de ajuizamento da ação principal no prazo de
30 dias; a falta de execução da medida cautelar deferida dentro do prazo de 30
dias; a declaração do processo com o sem extinção do mérito.
Breve esclarecimentos sobre a Intervenção de terceiros
A Intervenção de terceiro, é possível na assistência, na nomeação à
autoria e o recurso de terceiro prejudicado. Admite-se também a denunciação da
lide, desde que cabível no processo principal.
Recursos Cabíveis
Os recursos cabíveis são a apelação; o agravo de instrumento; o
recurso extraordinário e recurso ordinário.
MEDIDA CAUTELAR NOMINADA
Arresto
O arresto é a apreensão e depósito judiciais de bens pertencentes ao
devedor, visando a garantir a obrigação por ele assumida e terá cabimento nos
seguintes casos;
a) Quando o devedor sem domicílio certo intentar ausentar-se ou alienar bens
que possua, ou deixar de pagar certa obrigação no prazo estipulado.
b) Quando o devedor que tem domicilio certo: ausentar-se ou tentar furtivamente
ausentar-se; caindo em insolvência, alienar ou tentar alienar bens que possua;
contrair ou tentar contrair dívidas extraordinárias, puser ou tentar por seus bens
50
em nome de terceiros, ou tentar outro meio fraudulento, a fim de frustar a
execução ou lesar credores.
c) Quando o devedor, que possuir bens de raiz, intenta-los aliena-los, hipoteca-
los ou da-los em anticrese, sem ficar com algum ou alguns, livres e
desembaraçados, equivalentes a divida.
d) Nos demais casos expressos em lei.
O arresto tanto pode ser requerido como medida incidente, como
preparatória, e julgada procedente a ação principal em que a medida foi
requerida, será ela transformada em penhora.
Requisito essencial para que a medida seja requerida é que haja prova
literal da divida. Havendo essa prova, o arresto pode ser requerido sobre quais
quer bens do devedor. Difere aí o seqüestro, que só pode recair na coisa litigiosa.
Os casos ensejados do arresto devem ser provados documentalmente,
ou por justificação prévia realizada em segredo e de plano pelo juiz, se não
houver prova documental. A medida será concedida, independentemente de
justificação, quando o requerida pela União, Estado ou Municípios, nos casos
previstos em lei, e também quando o credor prestar caução, no caso de alegar a
necessidade da decretação da medida sem previa do requerido.
Sequestro
Trata-se, também, de uma apreensão judicial para a garantia do
cumprimento de uma obrigação assumida pelo devedor, tal como o arresto.
Difere deste, porém, para que seja requerido, a lei não exige prova
literal da obrigação. Além disso, difere do arresto porque, enquanto este pode
recair em quaisquer bens do devedor, o seqüestro sé pode incidir nos bens
litigiosos.
O juiz, a requerimento das partes interessadas, pode decretar o
51
seqüestro:
a) De bens móveis, semoventes ou imóveis, quando lhes for disputada a
propriedade ou a posse, havendo fundado receio de rixas ou danificações;
b) Dos frutos e rendimentos do imóvel reinvidincado se o réu, depois de
condenado por sentença ainda sujeitas a recurso, os dissipar.
c) Os bens do casal, nas ações de separação e de divorcio, se o conjugue estiver
delapidando-os;
d) Nos demais casos expresso em lei.
O seqüestro pode ser requerido como incidente, como em caráter
preparatório. Decretado, o juiz nomeara um depositário dos bens. O
procedimento será igual ao indicado no modo geral para as medidas cautelares.
Busca e apreensão
Essa medida só é cabível em se tratando de móveis e pessoas, e deve
ser requerida por petição, onde o interessado, além de expor os fatos, indicará o
lugar onde deve estar a coisa ou a pessoa.
Em, termos procedimentais, deverá o requerente da busca e apreensão
expor, de já na inicial, os motivos, que justificam seu pedido e a ciência de estar a
pessoa ou a coisa objeto da medida no lugar designado, o que poderá ser
provado em sede de justificação prévia, a ser realizada em segredo de justiça se
indispensável.
Provadas suas alegações, expedisse-a então, o mandado de busca e
apreensão, nos moldes do artigo 841 do CPC e será cumprido de acordo com as
formalidades descritas no artigo 842 do CPC e seus parágrafos.
52
Caução
Nos casos em que a lei exigir prestação de caução, tanto poderá
requerer a efetivação da medida a pessoa que deve prestá-la, como aquela em
favor de quem deva ser feita a prestação. Em qualquer caso, o requerente, em
petição ao juiz, exporá os fatos e pedirá a citação do requerido para que no prazo
legal, preste a caução ou contestar o pedido.
Havendo contestação, será designada audiência de instrução e
julgamento, e o juiz decidirá em seguida.
Não havendo contestação ou se a matéria for apenas de direito, ou
ainda que seja de direito e de fato, não houver necessidade de produção de
provas, o juiz decidirá sem necessidade de audiência.
Julgado procedente o pedido, o juiz ordenará a sua prestação no prazo
que fixar. Se não for cumprida a determinação no prazo fixado o juiz declarará:
não prestada a caução, se o pedido era para a sua prestação; efetivadas a
sanção que for prescrita se o pedido era para que o caução fosse aceita.
A produção antecipada de provas
Como regra geral, decorrente do princípio informativo lógico, as
provas têm momento próprio de produção.
Há certos casos que o risco de perecimento de determinadas provas
reclama a antecipação desse momento, é justamente nesse momento que surge
a ação cautelar de produção antecipada de provas, que pode consistir em
interrogatório da parte, inquirição de testemunhas, exame pericial, tudo
dependendo da demonstração inequívoca da existência de risco de perecimento
do respectivo objeto de prova, além, é obvio, da demonstração da utilidade e da
finalidade da prova que se quer produzir antecipadamente.
Dentro da estruturação procedimental dessa espécie de ação
cautelar, vale mencionar, como nota de destaque, a preocupação em manter-se
intacto, aqui, o princípio do contraditório. Isto por que as provas produzidas
antecipadamente servirão para a instrução de outro processo, o principal,
53
descabendo falar, quando do aforamento deste ultimo, em repetição do que foi
feito na ação cautelar.
Justificação
Todo aquele que necessitar justificar a existência de algum fato ou
ralação jurídica, seja para simples documento ou para servir de prova em algum
processo, exporá o juiz, em petição circunstanciada, a sua intenção. Os
interessados na justificação deverão ser citados, salvo nos casos em que a lei,
expressamente, dispense essa situação, não sendo possível a citação dos
interessados, o Ministério Público obrigatoriamente deverá funcionar na
justificação.
O requerente da justificação arrolará, na petição inicial, as
testemunhas que devam depor, podendo também juntar documentos. Os
interessados que tiverem sido citados poderão intervir na inquirição, por meio de
Advogado, sendo lícito fazer perguntas e contraditar testemunhas.
Feita a justificação, será ela julgada por sentença, sem que o juiz
entre no mérito da prova, e os autos serão entregues ao requerente,
independentemente de translado.
Alimentos provisionais
Nos casos cabíveis, será lícito a parte requerer do juiz alimentos
provisionais, para que o exporá, em petição, as suas necessidades e as
possibilidades econômicas do alimentante.
O pedido de alimentos provisionais é admissível nos seguintes casos:
a) Nas ações de separação judicial, divorcio e de anulação de casamento;
b) Nas ações de alimentos, desde o despacho inicial;
c) Nos demais casos expressamente previsto em lei.
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Mesmo já estando o processo principal em grau de recurso, será
cabível o pedido de alimentos provisionais e, mesmo nesse caso, a petição será
dirigida ao juiz de 1ª instancia que tiver presidido a ação principal.
Arrolamento de bens
Sempre que houver fundado receio de extravio ou dissipação de
bens será licito requerer ao juiz a arrecadação, direito esse que assistirá a todo
aquele que tenha interesse na conservação dos bens. A arrecadação pode ser
com medida incidente, ou preparatória.
Para garantia de crédito não cabe o arrolamento de bens, pois, para
isso, já há medidas específicas, como o arresto, o seqüestro, a busca e
apreensão. O credor só poderá valer-se da medida nos casos em que caiba a
arrecadação da herança.
Exposto, em petição, os fatos que se fundar o receio do extravio ou
dissipação dos bens, o juiz procederá a uma justificação, ouvindo testemunhas e
partes, e definirá caso se convença que realmente corre um serio risco o
interesse do requerente.
O possuidor ou detentor dos bens só será ouvido se, com isso, não
ficar prejudicado o objetivo da medida. O juiz ao decidir favoravelmente o pedido,
nomeará o depositário dos bens, que lavrará auto circunstanciado ao recebê-los.
Protestos, notificações e interpelações
Quem desejar prevenir responsabilidades, promover a conservação
e ressalva de seus direitos, ou manifestar qualquer intenção de modo formal,
formulará por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, requerendo que o
mesmo seja intimado quem de direito.
O protesto e a interpelação não admitem defesa nem contra
protesto nos autos. O requerido poderá entretanto, fazer também o seu protesto
em petição a parte.
55
A intimação que é feita por mandado pelo oficial de justiça é
sempre pessoal. Far-se-á porem, entretanto, nos seguintes casos:
a) Se o protesto for para conhecimento do público em geral, nos casos previstos
em lei, ou quando a publicidade seja essencial para que o protesto, notificação ou
interpelação atinjam seus fins;
b) Se o citado for desconhecido, incerto ou estiver em lugar ignorado ou de difícil
acesso.
c) Se a demora da intimação pessoal puder prejudicar os efeitos da interpelação
ou do protesto.
Tratando-se de protesto contra alienação de bens, o juiz poderá
ouvir, em tempo hábil, aquele contra quem foi dirigido, desde que lhe pareça
haver pedido ato emulativo, tentativa de extorsão ou qualquer outro fim ilícito,
decidindo, em seguida, sobre o pedido de publicação de editais.
O juiz indeferirá o pedido quando o requerente não houver
demonstrado o legítimo interesse, e o protesto, dando causa a dúvida e
incertezas, possa impedir a formação de contrato ou a realização de negócio
ilícito. Feitas as intimações pessoalmente ou por edital e pagas as custas os
autos serão entregues ao requerente, independentemente de translado.
Atentado
Ação cautelar de atentado tem por finalidade recompor a situação
de fato alterada indevidamente por uma das partes.
O atentado, como processo cautelar e apesar de ser admitido
apenas sob a forma incidental, a figura-se cabível relativamente a qualquer ação,
desde que presentes os pressupostos, assim como uma das hipóteses de
cabimento a que alude o referido artigo 879 do CPC.
A sentença que julgar procedente o atentado ordenará o
restabelecimento do estado anterior, a suspensão da causa principal e a
proibição de o réu falar nos autos até que o estado anterior seja restabelecido. Na
56
mesma sentença, o juiz condenará o réu a ressarcir a parte lesada as perdas e
danos que sofreu em conseqüência do atentado.
Isto nos mostra que a sentença faz coisa julgada material, de sorte
que em processo por anterior já não será possível ao requerido voltar a discutir
nem o debeatur, nem o quantum debeatur que o juiz tenha definido, que vale
dizer que possui efeito devolutivo quando suspensivo.
Homologação de penhor real
É constituído pela própria lei para assegurar certas dividas que
por sua natureza reclamam uma prestação especial, tal como se verifica com a
hipoteca legal, sendo ele mais amplo que o simples direito da retenção e de
eficácia maior do que o privilegio pessoal. Uma vez constituído o penhor legal,
confere ele ao credor a posse da coisa, resultando desta o direito de alienar o
objeto de penhor e o privilégio de ser o credor pago pelo preço obtido.
O réu é citado para pagar. Se o fizer, encerra-se o processo,
devendo os bens ser tomados como penhor serem devolvidos. Devolvidos serão,
igualmente, se o juiz negar a homologação ao penhor.
O possuidor em decorrência da homologação de penhor legal pode
opor embargos de terceiros se arrestados os bens e ordenado o recolhimento no
deposito público.
Da sentença que homologa o penhor legal ou que o indefere,
caberá apelação, sem efeito suspensivo.
Posse em nome do nascituro
Vindo a falecer o pai das crianças, deixando está grávida do mesmo,
a lei assegura os direitos do filho nascituro, para isso, entretanto, é preciso que a
mulher requeira ao juiz a nomeação de um médico que a examine para constatar
seu estado de gravidez, deve ser ouvido o Ministério Público.
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O exame médico será dispensado se os herdeiros do falecido
aceitarem a declaração da requerente. Sendo incapaz a mulher o juiz nomeará
um curador para o nascituro.
A sentença caberá apelação com efeito somente devolutiva.
CAUTELAR INOMINADA
O Código de Processo Civil, disciplina todas as ações cautelares
específicas, deixando a cargo do Capítulo I as disposições gerais.
As ações cautelares são tratadas pela doutrina como ações cautelares
inominadas. São espécies do gênero ação cautelar. Têm a mesma função e
objetivo dessas e estão previstas de maneira genérica no artigo 799 do CPC.
Requisitos específicos da ação cautelar inominada são os mesmos das
cautelares típicas, quais sejam: o periculum in mora e o fumus boni iuris. Que
consistem como já sabemos em um receio de não se alcançar a tutela
pretendida no processo de conhecimento ou de execução, em razão do fator
tempo, aliado à verificação da possibilidade da existência de um direito, mesmo
que de forma prematura.
Na ação cautelar inominada, o direito material, objeto do processo de
cognição ou de execução não é discutido, somente se discute o direito à cautela,
à proteção processual, pois este que é o objeto da lide cautelar. É por isso que
em ação cautelar não existe a satisfatividade do direito material do processo dito
principal.
São exemplos da Ação em estudos: a suspensão de deliberações sociais;
sustação de protesto de títulos; medidas contra riscos de dilapidação de fortuna;
proibição de usar nome comercial; exercício provisório de servidão de passagem;
remoção de administradores.
As hipóteses não são limitadas, pois o instituto da ação cautelar
inominada é exatamente para que se pleiteiem várias medidas acautelatórias,
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em virtude de não haver procedimentos específicos. Obedece portanto, ao
procedimento geral cautelar.
A ação cautelar inominada tem o mesmo objetivo que as demais ações
cautelares. Tem natureza jurídica acautelatória, portanto, visa a proteção, a
cautela, a preservação e prevenção de um interesse sobre um provável direito
que será discutido futuramente em processo próprio.
Neste sentido, decidiu o Tribunal de Alçada de Minas Gerais:
EMENTA: A medida cautelar visa, tão-somente, resguardar a situação
de fato que garanta à parte a satisfação de seu direito a ser discutido na ação
principal, nela não podendo ser examinadas e decididas as questões pertinentes
ao processo principal. (ac. unân. da 2a Câm. do TAMG, j. 02/03/84, Ap.Cível no
24.279, Rel. Juiz Edelberto Lellis Santiago; TJTAMG 18/173).
CAPITULO IV
MEDIDA CAUTELAR X ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
Fungibilidade entre a tutela antecipatória e a tutela cautelar
Com o implemento do instituto da antecipação da tutela artigos. 273 e
461, do CPC. Tornava-se difícil a convivência com a anomalia processual
determinada pela adaptação do processo cautelar para atender tutelas de caráter
satisfativo. Para atender situações de urgência sacrificava-se a forma para
satisfazer o direito.
Embora combatida e criticada, foi sendo aceita pela doutrina a adoção do
processo cautelar como solução transversa para obter a antecipação do direito
material, por falta de outros instrumentos processuais hábeis a atender situações
de emergência. Para Teori Albino Zavascki essa fase traumática desse
desvirtuamento do processo cautelar Segundo ele: O que ocorreu nos tribunais,
de um modo geral foi a gradual passagem de uma linha de orientação
59
nitidamente radical, de rejeitar as medidas cautelares satisfativas, para outra
exatamente oposta. A ação cautelar passou a ser aceita, não apenas como
instrumento para obtenção de medidas para a garantia do resultado útil do
processo, mas também para alcançar tutela de mérito relativa a pretensão que
reclamassem fruição urgente. Com a implantação do instituto da antecipação da
tutela artigo 273 não se mostra mais processualmente adequada a utilização do
processo cautelar como instrumento de tutela do direito material.
A característica da fungibilidade das medidas cautelares
E, metodologicamente, a regra explícita da fungibilidade tem o mérito de sugerir a
visão unitária do grande gênero “ medidas urgentes”, que é o caminho aberto
para o enriquecimento da teoria das medidas antecipatórias, à luz das inúmeras
regras explícitas endereçadas pelo código de processo civil às cautelares,
(Dinamarco, Cândido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno 2000).
Esse princípio – ou característica – de fungibilidade de que desfrutam as
medidas cautelares, também servem para engrossar os fundamentos a justificar a
desnecessidade da manutenção de todos os procedimentos relacionados nas
medidas específicas.
Há muito que se discutia a possibilidade da cumulação de pedido de
natureza cautelar com a tutela principal, predominando o entendimento que, por
se tratarem de diferentes ritos a cumulação não era permitida.
A reforma processual acabou consagrando a fungibilidade das medidas
cautelares, permitindo a cumulação de pedido de natureza cautelar com a tutela
de direito material: Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer
providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos
pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo
ajuizado artigo 273, parágrafo 7º. Cândido Rangel Dinamarco entende,
classificando-a de “correta”, útil e oportuna. Reconhece a medida como ‘útil na
prática, porque permite superar essas divergências quanto à correta qualificação
de uma demanda ou de uma medida em uma dessas categoria, ou na outra o
que vem sendo causa de dificuldades e constrangimentos para as partes,
advogados e juízes”. O consagrado processualista nacional, ora citado, deixa
60
clara a idéia de uma unificação do processo cautelar. (DINAMARCO, Cândido
Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2000).
CONCLUSÃO
Nosso ordenamento possui duas possibilidades de antecipação para ter
analisado e deferida a tutela de urgência, sempre com a imparcialidade do
Estado, mas visando ver o direito evidente assegurado a quem pleiteia, essa
prestação jurisdicional no caso em estudo é sempre preventiva, porém passível
de revogação. Tanto o instituto da antecipação da tutela quanto os das Ações
cautelares, visa sempre a prestação do direito na mesma urgência que carece o
direito de quem o requer. Nesse aspecto a satisfação e efetividade do processo é
alcançado, mesmo que mais tarde no decorrer do procedimento aplicado em
cada caso, seja essa tutela modificada.
Ainda nesse caso prevalece o princípio basilar da Justiça de competir ao
juiz, como órgão do Estado, decidir, consoante seu convencimento, consciência e
conhecimento, se e quando deve deferir o que lhe é pedido, ou conceder a
antecipação requerida de algo postulado em juízo, ou seja, a tutela pretendida,
sabendo-se que provimento judicial definitivo não pode ser ministrado
instantaneamente, entretanto, diante de um convencimento suficiente do fumus
boni iuris e do periculum in mora, pode o juiz estar expressamente autorizado,
por lei, a conceder uma medida, inclusive logo no início do processo, mitigando o
prejuízo real ou latente daquele que lhe bate às portas respaldado por um
interesse legítimo e cuja pretensão esteja sendo, infundadamente, resistida ou
insatisfeita.
61
.
62
BIBLIOGRAFIA
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dos Tribunais, 2008.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do processo civil moderno. 3.
ed. São Paulo, Malheiros, 2000.
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2009.
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Junior, Luiz Guilherme da Costa Wagner, Curso completo de Processo Civil,
Belo Horizonte, Ed. DelRey, 2008.
Luiz Fux, Curso de Direito Processual Civil, São Paulo, Ed. Forense, 2001.
Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, Código de Processo Civil
Comentado, São Paulo, Revista dos Tribunais, 7 ed. 2008.
Silva, Edward Carlyle, Direito Processual Civil, São Paulo, 2. Ed. Impetus,
2008.
Scarpinella, Cassio Bueno, Direito Processual Civil, Ed. 4, São Paulo, Saraiva,
2009.
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63
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http://74.125.93.132/search?q=cache:P8kkRmVEcp4J:www.fig.br/artigos/dir/n3/00
03-
08.doc+agravo+de+instrumento+pelo+indeferimento+da+tutela+antecipada&cd=3
&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
ÍNDICE
64
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
Objeto de estudo 10
PARTE I – AÇÃO JUDICIAL EM BUSCA DA TUTELA
CAPITULO I – Análise geral do processo
Breve análise histórico processual 11
Efetividade do processo 13
Entendimento jurisdicional em matéria de tutelas de
Urgência 15
O dever e o poder do análise geral do juiz frente a urgência
do objeto da causa 17
PARTE II – TUTELA ANTECIPADA
CAPITULO II – Antecipação dos efeitos da tutela – Ação Principal
Origem, conceito, fundamentação 18
Requisitos 19
Pedido da parte 19
Prova inequívoca 22
Verossimilhança da alegação 23
Fumus bini iuris e periculum in mora 23
Dano irreparável ou de difícil reparação 24
Abuso de direito de defesa ou propósito protelatório do réu 24
Pedido Incontroverso 25
Irreversibilidade do provimento 26
Direito de retorno 28
Prazo para cumprimento do despacho antecipatório – Multa 28
Revogação e modificação 34
65
Confirmação da antecipação 36
Indeferimento da antecipação dos efeitos da tutela - Agravo de instrumento
36
Tutela antecipada nas obrigações de fazer, não fazer e dar coisas -
Pressuposto 41
Da Tutela Antecipada em fase de recurso 43
PARTE III – MEDIDA CAUTELAR
CAPITULO III – Teoria geral da tutela Cautelar
Tutela cautelar 44
Provas 45
Característica do Processo Cautelar 46
Preventiva 46
Provisória 46
Autônoma 46
Inexistência de coisa julgada 47
Fungibilidade 47
Cognição sumária 47
Liminar 47
Dever-poder geral de cautela 48
Casos de extinção 49
Breve esclarecimentos sobre a Intervenção de terceiros 50
Recursos Cabíveis 50
Medida Cautelar nominada 50
Arresto 51
Seqüestro 52
Busca e apreensão 52
Caução 53
Produção antecipada de provas 53
Justificação 54
Alimentos provisionais 54
Arrolamento de bens 55
66
Protesto, notificação e interpelações 55
Atentado 56
Homologação de penhor legal 57
Posse em nome do nascituro 58
Cautelar Inominada 58
CAPITULO IV – MEDIDA CAUTELAR X ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA
TUTELA
Fungibilidade entre a tutela antecipatória e a tutela cautelar 59
CONCLUSÃO 61