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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA DE DIREITOS HUMANOS NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR Por: Marsuel Botelho Riani Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho Co-orientadora: Profª. Fernanda Sansão Ramos Mattos Vitória - ES 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA DE DIREITOS HUMANOS NOS

CURSOS DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR

Por: Marsuel Botelho Riani

Orientador: Prof. Vilson Sérgio de Carvalho

Co-orientadora: Profª. Fernanda Sansão Ramos Mattos

Vitória - ES

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA DE DIREITOS HUMANOS NOS

CURSOS DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA POLÍCIA MILITAR

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Docência do Ensino Superior.

Por: Marsuel Botelho Riani

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus,

criador de toda a existência, por me

possibilitar mais essa conquista; a

meus pais, Omar e Suely, pelos valores

morais e pelo incentivo em todas as

fases de minha vida; à minha esposa

Jacqueline e aos meus maiores

tesouros (Nathálya, Victória e Arthur)

por terem suportado minha ausência

nos momentos em que precisei me

dedicar ao aprimoramento profissional.

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha família, que

tem compreendido minhas limitações e

fraquezas humanas durante toda minha

existência; aos professores do Vez do

Mestre pela oportunidade e auxílio

durante o meu trabalho; às pessoas que

me ajudaram, de uma ou de outra forma;

e a todos os heróis que, anonimamente,

se dedicaram diuturnamente à

salvaguarda de vidas de pessoas que

sequer saberão de sua existência.

RESUMO

RIANI, Marsuel Botelho Riani. A importância da Filosofia de Direitos Humanos

no Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar. 2009, 49 f. Monografia

(Pós-Graduação Latu Sensu em Docência do Ensino Superior) – Instituto A

Vez do Mestre, Faculdade Candido Mendes, Vitória-ES.

Trata-se de pesquisa exploratória, baseada em pesquisa bibliográfica, sobre a

importância da filosofia de Direitos Humanos no Curso de Formação de Oficiais

da Polícia Militar. O presente trabalho faz um breve relato sobre a história da

Polícia Militar, o Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Espírito

Santo, desde a sua fundação até o encerramento das atividades e convênio

com a Polícia Militar de Minas Gerais. Discute os termos ética, cidadania e

Direitos Humanos e sua importância, cada vez maior, no âmbito da segurança

pública brasileira. Analisa a legislação internacional, regional e nacional de

Direitos Humanos, bem como os planos e programas desenvolvidos no país.

Discorre sobre ações preventivas e policiamento ostensivo, citando

experiências em locais de alta periculosidade e a redução da criminalidade.

Enfim, mostra que a população deve ser tratada com dignidade e cidadania,

não apenas por se tratar de um direito, mas para que haja uma reação

favorável por parte desses cidadãos e restaure a confiança nos policiais

militares.

Palavras-chave: Direitos Humanos. Segurança Pública. Cidadania.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi realizado pesquisas

bibliográficas em diversos livros, revistas e sites que tratam da questão dos

Direitos Humanos e sua importância para a atividade policial, conforme

indicado na Bibliografia Básica. Além disso, foi realizada uma pesquisa sobre a

Matriz Curricular Nacional, que é um referencial indicativo das Diretrizes

Pedagógicas e da Malha Curricular a serem usadas na formação de policiais

pelas instituições brasileiras.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 07

CAPÍTULO I - A Criação da Escola de Formação de Oficiais da PMES .............. 09

1.1 A Formação dos Oficiais antes de 1992 ......................................................... 09 1.2 A Criação da EsFO Capixaba ........................................................................ 11 1.3 A Paralisação das Atividades ......................................................................... 12 CAPÍTULO II - Direitos Humanos e Atividade Policial .......................................... 14

2.1 Direitos Humanos: O que é isso? ................................................................... 14 2.2 Resumo Histórico ........................................................................................... 17 2.3 Direitos Humanos e Segurança Pública ......................................................... 22 2.4 A importância desse conhecimento para o Policial ........................................ 24 CAPÍTULO III – A Disciplina Direitos Humanos na Formação de Policiais .......... 31

3.1 Os motivos da inserção .................................................................................. 31 3.2 Os resultados práticos .................................................................................... 38 3.3 Os reflexos para a população ......................................................................... 39 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 44

WEBGRAFIA ........................................................................................................ 49

INTRODUÇÃO

O assunto “Direitos Humanos” tem assumido importância cada vez maior no

cenário político mundial, nacional e conseqüentemente estadual. O desrespeito

às normas internacionais de Direitos Humanos gera as mais diversas crises,

ocasionando perda de empréstimos junto a organismos internacionais,

descrédito do Estado violador junto ao mercado internacional e afastamento de

investidores potenciais, acarretando prejuízos terríveis para o Estado.

Os Direitos Humanos passou por um processo de universalização permitindo a

formação de um sistema internacional de proteção desses direitos, por meio de

tratados que fixam parâmetros protetivos mínimos. Ao lado do sistema

normativo global, surgem os sistemas regionais de proteção, que buscam

internacionalizar os direitos humanos nos planos regionais, particularmente na

Europa, América e África.

Embora o assunto não seja totalmente novo, encontrando suas raízes na

“Declaração Universal dos Direitos do Homem”, durante a Revolução Francesa,

somente após a Constituição Federal de 1988 é que passou a ser discutido

mais abertamente no Brasil.

Ainda no Brasil, outro fator importante a ser considerado na análise histórica,

foi o período de ditadura militar que durou cerca de 25 anos, com torturas,

desaparecimentos e homicídios, período este que houve grande violação dos

direitos humanos, deixando marcas profundas nos operadores do sistema de

segurança.

Devido a esse e outros fatores, a formação do policial ainda é marcado por

uma visão autoritária, os policiais são impregnados de valores culturais, de

uma sociedade preconceituosa e hierarquizada socialmente.

Com a abertura dada pela Constituição Federal de 1988, os órgãos de

segurança pública começaram a ser questionados sobre as posturas adotadas

frente a esses direitos, o que os levou a inserir a disciplina “Direitos Humanos”

na grade curricular dos cursos de formação dos militares que atuam em nível

gerencial. A idéia é a formação de policiais dentro de uma nova concepção de

emprego que possa visualizar os cidadãos como portadores de direitos.

A primeira turma de oficiais a se formar na Escola de Formação de Oficiais

(EsFO) do Estado do Espírito Santo iniciou o curso no ano de 1992, tendo se

formado em 1994, a partir disso, várias outras turmas se formaram até a

presente data. Apesar de ser senso comum o fato de que a PMES não difunde

tal conhecimento e que perpetua uma cultura de desrespeito aos princípios

básicos preconizados pelos Direito Humanos (DDHH), todas as turmas tiveram

incluído em sua Grade Curricular a disciplina DDHH, ou similar.

Por meio de Diretrizes, Código de Conduta, baseados no Plano Nacional de

Educação em Direitos Humanos (PNEDH) e até mesmo na Constituição

Federal, são elaboradas e ministradas aulas, cursos, seminários para o

aperfeiçoamento de policiais militares na disciplina Direitos Humanos.

Com isso, a PMES conhecedora do Direito Internacional dos Direitos Humanos,

e, por se tratar de uma instituição governamental possui obrigação de tutelar e

garantir tais direitos aos cidadãos capixabas. Além disso, analisam-se quais

mudanças de comportamento institucional a difusão de tais conhecimentos

trouxe à PMES, nos níveis tático e operacional.

Dessa forma, deseja-se demonstrar a importância da inserção dessa disciplina

nos referidos cursos e subsidiar a instituição com informações a fim de que

continue realizando ações no sentido de buscar uma cultura organizacional

cada vez mais condizente com uma instituição responsável pela aplicação da

lei num estado democrático de direito.

CAPÍTULO I

A CRIAÇÃO DA ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS

DA PMES

1.1 - A Formação dos Oficiais antes de 1992

A história militar no Brasil iniciou-se com a chegada do primeiro governador

geral - Tomé de Souza, que desembarcou na Bahia trazendo aproximadamente

mil pessoas, dentre eles os primeiros seiscentos soldados portugueses em

uma frota de seis navios. Em 23 de maio de 1535, desembarcou no Espírito

Santo com o objetivo de administrar e colonizar a capitania o capitão - mor

Vasco Fernandes Coutinho com 60 tripulantes.

Durante o período regencial, várias revoltas e turbulências políticas ocorreram

no país. Diante dessas circunstâncias, o Presidente da Província do Espírito

Santo, Manoel José Pires da Silva Pontes, resolveu reorganizar sua força

militar criando a Companhia de Guarda de Polícia Provincial por intermédio da

Lei Provincial nº. 9, decretada pela Assembléia Legislativa em 06 de Abril de

1835, e por ele sancionada.

Essa Companhia era composta por três oficiais subalternos, um primeiro

sargento, dois segundos sargentos, um furriel, seis cabos, dois cornetas e cem

soldados. Sua regulamentação deu-se em julho do mesmo ano pelo Presidente

Dr. Joaquim José de Oliveira, nascendo assim a Polícia Militar.

A Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) é uma instituição permanente que se

aprimorou ao longo 171 anos de sua história de serviços à sociedade capixaba.

Passou por várias mudanças estruturais e após a Proclamação da República

(15/11/1889) foram essas as denominações: Corpo de Segurança (1892),

Corpo de Polícia (1898), Corpo Militar de Polícia (1908), Regimento Policial

Militar (1924), Força Policial (1933); Polícia Militar (1934), Força Policial Militar

(1940) e finalmente Polícia Militar (1946) denominação que permanece até os

dias atuais.

Assim como a instituição, os processos seletivos e a formação dos cadetes

passaram por várias mudanças visando atender as necessidades de cada

época.

Com a evolução, começou-se a exigir um maior profissionalismo de seus

integrantes e criou-se os cursos de formação, e entre eles o Curso de

Formação de Oficiais. Até algum tempo atrás, os cursos tinham o caráter de

testar a rusticidade daqueles que se propunham a seguir a carreira policial

militar. Atualmente a seleção possui critérios técnicos e objetivos que dão

ênfase às questões como o desenvolvimento de atributos, levando a uma

melhor interpretação dos fenômenos sociais.

No caso específico da PMES, seus oficiais eram selecionados e recebiam

formação nas Academias de outras instituições, tais como a PMERJ, a

PMESP, a PMMG, dentre outras. Isso gerava um conflito muito grande de

doutrinas e idéias, dada à diversidade de informações e procedimentos

técnicos que eram trazidos dos outros Estados.

Os cursos de formação dos policiais não possuíam uma matriz curricular

específica para a atuação no seguimento de segurança púbica. Com o passar

do tempo, as Academias de Formação de Oficiais sentiram a necessidade de

adaptar seus currículos às exigências do Ministério da Educação, obtendo a

equivalência de seus Cursos de Formação de Oficiais com os cursos

superiores de graduação, ministrados em entidades civis de ensino superior.

O Estado do Espírito Santo, por sua vez, também sentiu a necessidade de ter

sua própria Academia, e no ano de 1991 realizou o primeiro concurso público

para admissão de Cadetes, que recebeu o nome de Escola de Formação de

Oficiais (EsFO). O concurso foi realizado através de um convênio entre a

Polícia Militar e a Universidade Federal do Espírito Santo, tendo o Curso de

Formação de Oficiais sido um dos mais concorridos do Processo Seletivo

Vestibular por vários anos consecutivos.

Atualmente, os policiais militares recebem treinamentos que os preparam para

atender a demanda da população e possuem como missão o policiamento

ostensivo e a preservação da ordem pública, conforme preceituam os artigos

144 e 130 da Constituição Federal da Constituição Estadual, respectivamente.

1.2 - A criação da EsFO Capixaba

Com a necessidade de ter sua própria Academia, no ano de 1991 o Estado do

Espírito Santo em convênio com a Universidade Federal do Espírito Santo

realizou o primeiro concurso público para admissão de Cadetes, recebendo o

nome de Escola de Formação de Oficiais (EsFO).

O ano de 1992 foi o primeiro ano letivo da EsFO/PMES, cujo curso funcionava

em regime integral, por um período de três anos, tendo em sua grade curricular

disciplinas como: Sociologia, Filosofia, Direito Penal, Direito Penal Militar,

Direitos Humanos, Educação Física, Tiro Policial, Didática, Defesa Pessoal,

dentre outras.

O objetivo do curso era preparar o Aluno-Oficial ou Cadete para exercer as

funções de comando e coordenação das atividades inerentes à função policial-

militar. Dessa forma, buscava uma formação eclética, de forma que o

Aspirante-a-Oficial, depois de formado, tivesse condições de atuar em uma das

diversas áreas da instituição, entre elas: atividade de policiamento ostensivo,

formação de novos policiais, administração de pessoal, setor de logística, e

atividades de policiamento especializado como operações de controle de

distúrbios civis, resgate de reféns, busca e salvamento de pessoas feridas e

perdidas, socorro de acidentados, policiamento ambiental, montado, e atividade

de inteligência.

Em 2004 foi formulado um Plano Geral de Ensino – PGE/2004, com o intuito de

estruturar o Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Espírito Santo.

O PGE colocava em pauta a necessidade de colocar a garantia dos direitos do

cidadão como foco dos serviços a serem prestados pela polícia, descrevendo

um modelo de perfil desejado, abrangendo as competências básicas dos

oficiais de polícia e os princípios pedagógicos norteadores.

No entanto, após ter funcionado cerca de 12 anos, em virtude de problemas de

cunho político-estratégico, a EsFO interrompeu suas atividades com a

formatura da 9ª turma de Cadetes, no ano de 2004. E em 2007 deu-se início a

formação de oficiais na cidade de Belo Horizonte-MG.

1.3 - A paralisação das atividades

No ano de 2004, a EsFO interrompeu suas atividades após ter funcionado

cerca de 12 anos, em virtude de problemas de cunho político-estratégico. Em

2007 deu-se início a formação de oficiais na cidade de Belo Horizonte-MG.

O curso de formação de Oficiais Combatentes Policiais Militares (QOPM) da

PMES equivale ao Nível Superior do Sistema Civil de Ensino, sendo a sua

duração mínima de 03 (três) anos, em período de tempo integral e regime de

internato. As etapas de seleção são realizadas no Estado do Espírito Santo,

porém a formação atual está sendo realizada na Academia de Polícia Militar do

Estado de Minas Gerais.

Na cidade de Belo Horizonte – MG, o Centro de Ensino de Graduação (CEG)

tem tradicionalmente recebido em seu corpo discente membros das Polícias

Militares de outros Estados, mediante convênios firmados entre a PMMG e as

instituições co-irmãs, dentre elas o Curso de Habilitação de Oficiais (CHO) da

Policia Militar do Distrito Federal e o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da

Policia Militar do Espírito Santo.

A Academia de Polícia Militar é instituição de Ensino Superior, credenciada

junto ao Conselho Estadual de Educação, mediante Decreto de 29/11/2005,

conta com uma malha curricular com aproximadamente 100 disciplinas, dentre

elas: Sociologia do Crime, Defesa Pessoal, Pronto Socorrismo, Polícia

Comunitária, Direitos Humanos, Direito Constitucional, Direito Penal,

Policiamento Ambiental, etc. totalizando uma carga horária de 4.320 horas.

O Curso de Formação de Oficiais/Bacharelado em Ciências Militares – área de

Defesa Social, é reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação, mediante

Decreto de 03/01/2008 e tem como objetivo formar oficiais graduados em

ciências militares, na área de defesa social, para o desempenho dos cargos de

tenentes e capitães da Polícia Militar.

CAPÍTULO II

DIREITOS HUMANOS E ATIVIDADE POLICIAL

2.1 - Direitos Humanos: o que é isso?

O conceito de Direitos Humanos possui dois significados básicos, o primeiro é

que pelo simples fato de ser humano, o homem desfruta de direitos morais que

asseguram sua dignidade; o segundo refere-se aos direitos legais,

estabelecidos por normas jurídicas em vigor na sociedade, tanto a nível

nacional, quanto internacional.

Para ROVER (1998), “Um direito é um título. É uma reivindicação que uma

pessoa pode fazer para com outra de maneira que, ao exercitar esse direito,

não impeça que outrem possa exercitar o seu”. Seguindo esse raciocínio,

pode-se dizer que Direitos Humanos são títulos legais e universais que

pertencem a todos, independentemente de sexo, etnia, crença ou

nacionalidade. São direitos legais, ou seja, fazem parte da legislação, que

podem ser violados, mas jamais podem ser retirados de uma pessoa.

São três os sistemas de proteção dos direitos de uma pessoa na esfera

internacional: o primeiro possui fundamentação da carta da ONU de 1945,

trata-se da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948; o segundo

denomina-se regional e surgiu após a Segunda Guerra mundial com o objetivo

de assegurar um monitoramento mais eficaz dos direitos humanos nos

continentes americano, europeu e africano; o terceiro sistema, fundado nas

Convenções de Genebra, é o Direito Internacional Humanitário e destina-se à

proteção da pessoa nas situações de conflito armado.

Existem inúmeros instrumentos internacionais que garantem esses direitos

específicos e a compensação caso algum deles seja violado. Além disso, esses

direitos são protegidos pelas constituições e legislações nacionais da maioria

dos países do mundo.

Assim, podemos concluir que Direitos Humanos são um conjunto de normas

legais, oponíveis aos Estados, que constituem um ramo do Direito Internacional

Público, composto de Pactos, Declarações, Protocolos e Convenções, cujas

garantias – inviolabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à igualdade e à

integridade física, moral e psicológica – estende-se a todas as pessoas pelo

simples fato de terem nascido humanas.

Historicamente, o primeiro instrumento internacional a estabelecer os direitos

inerentes a todas as pessoas, independentemente de suas situações

particulares foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, pela

então recém fundada Organização das Nações Unidas, sendo hoje a principal

referência da evolução histórica do conceito de direitos humanos.

Os princípios fundamentais que constituem a legislação moderna dos direitos

humanos têm existido ao longo da história. No entanto, somente neste século

que a comunidade internacional se tornou consciente da necessidade de

desenvolver padrões mínimos para o tratamento de cidadãos pelos governos.

As razões para essa conscientização encontram-se melhor exprimidas no

Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela então

recém-fundada Organização das Nações Unidas, em 1948:

”Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão, ...”

Torna-se necessário contextualizar os direitos humanos para que se possa

explicar o papel que os encarregados da aplicação da lei devem desempenhar

para promover e proteger os direitos humanos. Isso pede a explicação da

origem, situação, âmbito e finalidade dos direitos humanos. Os encarregados

da aplicação da lei devem ser levados a compreender como o direito

internacional dos direitos humanos afeta o desempenho individual de seu

serviço. Isso, por sua vez, requer explicações adicionais sobre as

conseqüências das obrigações de um Estado perante o direito internacional

para a lei e prática nacionais.

Dois Pactos internacionais – o Pacto de Direitos Civis e Políticos e o Pacto de

Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – complementam a Declaração

Universal e conferem aos direitos nela estabelecidos a força de obrigação

jurídica que os respectivos Estados-partes se comprometem, voluntária e

solenemente, a implementar. O Brasil aderiu aos dois Pactos e a uma série de

outros instrumentos internacionais de proteção de direitos humanos, cujos

princípios têm sido crescentemente incorporados à legislação interna.

No Brasil, é a Constituição Federal que prevê os direitos de todos os cidadãos.

Os artigos referentes aos direitos humanos podem ser encontrados na parte

que trata ‘Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos’. Sobre isso, veja o

que diz o caput do Artigo 5º:

“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Norberto BOBBIO (1992), em A Era dos Direitos, afirma:

"O problema que temos diante de nós não é filosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos (humanos), qual é sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados." (p.11)

Devido a isso, verifica-se a importância do conhecimento dos Direitos Humanos

na formação de oficiais da Polícia Militar por tratar-se de um órgão de

segurança pública que lida diretamente com pessoas de toda natureza,

conhecedoras ou não dos seus direitos, a fim de não violar os direitos do

cidadão, bem como agir conforme sua função determinada pela Constituição

Federal e Constituição Estadual.

2.2 - Resumo histórico

De acordo com LEITE (2005), os Direitos Humanos surgiu de forma lenta e

gradativa no decorrer da história, fazendo emergir “[...] os valores sociais das

antigas civilizações, sectárias do sistema jurídico romano até o presente”.

(LEITE, 2005, p.81).

LEITE (2005) afirma ainda que, suas origens advêm da Instituição da

República Romana, que combinava as três formas de poder reconhecidas por

Platão e Aristóteles, monarquia, aristocracia e democracia, em junção com a

elaboração do conceito de Democracia Grega, com a participação direta da

população na eleição dos governantes, que deu início na cidade de Atenas.

Alguns autores afirmam que a história dos Direitos Humanos começou com o

balizamento do poder do Estado pela lei. Obscurecendo o legado de povos que

não conheceram a técnica de limitação do poder, mas privilegiaram

enormemente a pessoa humana nos seus costumes e instituições sociais.

Na Antiguidade, quaisquer direitos atribuídos a seres humanos, num sentido

próprio, pode ser conceituado como “direitos humanos”, tais como: o Código de

Hamurabi (Babilônia, século XVIII antes de Cristo), o pensamento de Amenófis

IV (Egito, século XIV a. C), a filosofia de Mêncio (China, século IV a. C), a

República de Platão (Grécia, século IV a. C.), o Direito Romano, dentre outros,

em inúmeras civilizações e culturas ancestrais.

Atenas, conhecida como o berço relevante do pensamento político, não

imaginava a possibilidade de um estatuto de direitos oponíveis ao próprio

Estado. A formação da Pólis foi precedida da formação de um território cultural,

como notou François de Polignae, que balizou os limites da cidade grega.

O respeito dos Direitos Humanos ficava na dependência da virtude e da

sabedoria dos governantes, pois não possuíam garantia legal havendo certa

precariedade na estrutura política. A essência dos direitos, a serem respeitados

pelos detentores do poder, teve uma longa gestação na História da

Humanidade. Porém, mesmo diante dessas circunstâncias, não exclui a

importante contribuição de culturas antigas na criação da idéia de Direitos

Humanos.

Em termos de antecedentes históricos, como um dos documentos normativos

mais importantes para a construção do Direitos Humanos, destaca-se a Magna

Carta Charta Libertatum, assinada na Inglaterra em 15 de junho de 1215, por

João Sem Terra, com imposição dos bispos e barões, com garantias relevantes

na preservação dos Direitos dos Cidadãos. (LEITE, 2005, p.84)

Sabe-se, contudo, que os documentos ingleses que deram origem ao

feudalismo não eram cartas de liberdade do homem comum. Pelo contrário,

eram contratos feudais os quais o rei, como suserano, comprometia-se a

respeitar os direitos de seus vassalos, com isso, não afirmavam direitos

”humanos”, mas direitos de “estamentos”. Entretanto, algumas das regalias

alcançadas beneficiaram, desde o início, não apenas os grupos dominantes,

mas também algumas categorias de súditos. Em tais declarações de direitos

não se cogitava de seu eventual sentido universal: os destinatários das

franquias, mesmo aquelas mais gerais, eram homens livres, comerciantes e

vilões ingleses.

Ainda como antecedente histórico, e, influenciador na elaboração da

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na França, destaca-se a

Declaração de Virginia, datada de 29 de junho de 1776, que proclama em seu

texto os direitos individuais limitadores do poder das autoridades políticas, dos

legisladores e dos juízes. (LEITE, 2005, p.84).

Em 26 de agosto de 1789, com dezessete artigos que declaravam, não

somente os direitos do cidadão (francês), mas também do Homem, do próprio

ser humano, em qualquer lugar e tempo, foi promulgada a Declaração dos

Direitos do Homem e do Cidadão pela Assembléia Nacional na França. Os

“direitos do homem e do cidadão”, proclamados nessa fase histórica, quer na

América, quer na Europa, tinham, entretanto, um conteúdo bastante

individualista, consagrando a chamada democracia burguesa.

Apenas na Segunda etapa da Revolução Francesa, sob a ação de Robespierre

e a força do pensamento de Rousseau, que foram proclamados os direitos

sociais do homem na Constituição de 1793, expressos pelos direitos relativos

ao trabalho e ao meio de existência, direito de proteção contra a indigência,

direito à instrução.

No ano de 1948, em resposta aos horrores e atrocidades cometidos pelo

holocausto nazista durante a Segunda Guerra Mundial, foi assinada em Paris a

Declaração Universal dos Direitos do Homem, datada de 10 de dezembro,

simbolizando a mais expressiva conquista dos direitos fundamentais em âmbito

internacional. (LEITE, 2005, p.85)

Porém, sob a ótica da legalidade estrita, a Declaração Universal não teve

reconhecimento jurídico no cenário mundial, por não ter sido concebido na

forma de tratado. Na tentativa de tornar exigível a proteção e defesa dos

direitos do homem, foram elaborados dois Pactos Internacionais – o Pacto

Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional dos Direitos

Econômicos, Sociais e Culturais, concluídos em 1966, resultando, em

conjugação com a Declaração de 1948 na Carta Internacional dos Direitos

Humanos. (LEITE, 2005, p.86).

Selim Abou defendeu nas conferências que proferiu no “Collège de France”,

em maio de 1990 a idéia de Direitos Humanos à relatividade das culturas. Com

a eliminação dos preconceitos, com o estabelecimento de pontes de

comunicação e diálogo, avanços poderão ser obtidos, trocas poderão ser

feitas, enriquecimento recíproco de culturas poderá ocorrer.

A Revolução Mexicana foi um acontecimento da mais alta importância no

pensamento político contemporâneo, conduzindo à Constituição de 1917. Com

a Constituição Mexicana, proclamaram-se, com pioneirismo, os direitos do

trabalhador.

Em 1917, a Constituição de Weimar, na Alemanha, representa o auge da crise

do Estado Liberal do séc. XVIII e a ascensão do Estado Social do séc. XX. Foi

o marco do movimento constitucionalista que consagrou direitos sociais e

reorganizou o Estado em função da Sociedade e não mais do indivíduo.

Em 1918, a Revolução Russa leva à declaração dos direitos do povo, dos

trabalhadores e dos explorados.

As ambições do proletariado encontram ressonância em alguns documentos

famosos, que buscaram ajustar o pensamento político à emergência de um

novo fator social, ao lado de direitos simplesmente individuais: a Proclamação

das Quatro Liberdades, de Rossevelt (1941); a Declaração das Nações Unidas

(Washington, 1942); as conclusões da Conferência de Moscou (1943); as

conclusões da Conferência de Dumbarton Oaks (1944); as conclusões da

Conferência de são Francisco (1945); e, finalmente, o mais importante,

conhecido e influente documento de “direitos humanos” da História: a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembléia

Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.

Em uma análise atual, verifica-se que a universalidade e a indivisibilidade,

aspectos que caracterizam a concepção contemporânea dos direitos humanos,

estão dispostas na Declaração de Direitos Humanos de Viena, assinada em

1993, ratificando as disposições previstas inicialmente na Declaração de 1948.

No Brasil, durante a Ditadura de 1964, Heleno Fragoso notabilizou-se não

apenas por suas primorosas obras, mas também por sua luta incansável em

favor dos Direitos Humanos e na defesa de presos políticos.

Apenas após o processo de democratização do país em 1985 que o Estado

brasileiro passou a ratificar relevantes tratados internacionais de direitos

humanos. Com a Constituição de 1988, estabeleceu-se a mais ampla carta de

direitos humanos da história brasileira, que incluía uma vasta identificação de

direitos humanos, subdivididos em direitos civis, políticos, econômicos, sociais

e culturais.

Em 1992, o Brasil aderiu aos Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos,

e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; às Convenções Americanas de

Direitos Humanos e Contra Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Desumanos ou Degradantes, que são os mais importantes instrumentos

internacionais de proteção aos direitos humanos.

Em 1996, o Presidente da República editou o Programa Nacional de Direitos

Humanos, constituído por um conjunto de ações do Governo, com a

mobilização da sociedade civil, que objetivava implementar no Brasil, a

promoção e proteção dos direitos humanos .

A visão dos Direitos Humanos, modernamente, não se enriqueceu apenas com

a justaposição dos “direitos econômicos e sociais” aos “direitos de liberdade”.

Ampliaram-se os horizontes, surgindo os chamados “direitos humanos da

terceira geração”, os direitos da solidariedade, que incluem: o direito ao

desenvolvimento; o direito a um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado;

o direito à paz; o direito de propriedade sobre o patrimônio comum da

humanidade.

Embora seja importante estabelecer em constituições e leis a limitação do

poder, isso por si só não assegura o direito aos Direitos Humanos. Ainda existe

o desrespeito dos Direitos Humanos em países de longa estabilidade política e

tradição jurídica.

Nota-se também que em alguns países do Primeiro Mundo há uma idéia de

Direitos Humanos apenas para consumo interno. Observa-se nesses casos

uma contradição inexplicável: no âmbito interno, vigoram os Direitos Humanos,

nas relações com os países dependentes, vigoram os interesses econômicos e

militares, justificados por meio do patrocínio da guerra, sob a bandeira de paz

da ONU.

Outra contradição é às vezes observada no interior de certas nações

poderosas: a plena vigência dos Direitos Humanos, quando se trata de

nacionais “puros”; o desrespeito aos Direitos Humanos, quando as pessoas

envolvidas são imigrantes ou clandestinos, minorias raciais e minorias

nacionais.

2.3 – Direitos Humanos e Segurança Pública

Durante muitos anos o tema direitos humanos foi considerado contrário ao de segurança pública. Esta antiga visão, fruto do autoritarismo vigente no país entre 1964 e 1984 e da manipulação dos aparelhos policiais, criou uma ruptura entre sociedade e polícia, como se a polícia não fizesse parte da sociedade. (Balestreri, 2008, p.2)

Essa afirmação está contida no curso de Direitos Humanos do Projeto SEAT,

ao qual todos os policiais e agentes de segurança pública podem ter acesso

através da internet. BALESTRERI (p.2) segue comentando que, se de um lado

os Direitos Humanos eram vistos pelos policiais como uma militância de

comunistas (embora nos países do bloco comunista fossem vistos como coisa

de capitalista), de outro lado, os “segmentos progressistas” viam a polícia como

órgão vinculado à “[...] repressão antidemocrática, à truculência, ao

conservadorismo.” (BALESTRERI, 2008, p.2).

Ao analisar o artigo 3º, da Declaração Universal dos Direitos Humanos

(DUDH), percebe-se que os raciocínios expostos por BALESTRERI não

encontram sentido, pois a DUDH é clara ao afirmar que “todo ser humano tem

direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.” (DUDH, art. 3º). No artigo 22

é exposto que “todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à

segurança social [...]” (DUDH, art. 22). A partir daí, pode-se afirmar que não há

como dissociar segurança pública de Direitos Humanos, visto que a própria

DUDH coloca a segurança social e a segurança pessoal como direitos

fundamentais e inalienáveis do ser humano.

Para uma melhor compreensão da importância da promoção dos Direitos

Humanos na elaboração de políticas de segurança pública e na sua execução,

é preciso analisar o conceito de Direitos Humanos.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha conceitua os Direitos Humanos como

sendo “[...] títulos legais que toda pessoa possui como ser humano.” (ROVER,

p.3). Ainda, no Capítulo 2 – que trata do Direito Internacional dos Direitos

Humanos - explica que os Direitos Humanos são direitos universais e não

podem ser retirados das pessoas, mesmo quando violados.

O Programa Nacional de Direitos Humanos, elaborado pelo Governo Federal e

publicado em 1996, explica e exemplifica os Direitos Humanos como sendo os

direitos que referem:

“[...] a um sem numero de campos de atividade humana: o direito de ir e vir sem ser molestado; o direito de ser tratado pelos agentes do Estado com respeito e dignidade, mesmo tendo cometido uma infração; o direito de ser acusado dentro de um processo legal e legítimo, onde as provas sejam conseguidas dentro da boa técnica e do bom direito, sem estar sujeito a torturas e maus tratos; o direito de exigir o cumprimento da lei e, ainda, de ter acesso a um Judiciário e a um Ministério Público que, ciosos de sua importância para o Estado democrático, não descansem enquanto graves violações de direito humanos estejam impunes, e seus responsáveis soltos e sem punição, como se estivessem acima das normas legais; o direito de dirigir seu carro dentro da velocidade permitida e com respeito aos sinais de transito e às faixas de pedestres, para não matar um ser humano ou lhe causar acidente; o direito de ser, pensar, crer, de manifestar-se ou de amar sem tornar-se alvo de humilhação, discriminação ou perseguição. São aqueles direitos que garantem existência digna a qualquer pessoa.” (BRASIL, 1996, p.7 e 8, grifo nosso)

Os Direitos Humanos são na verdade uma forma abreviada de se referir aos

direitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano, e, no âmbito do Direito,

estão classificados como Direito Internacional Público, pois estão previstos em

tratados, convenções e outros instrumentos internacionais que regulam, em

grande parte, as relações dos Estados-membros com seus cidadãos. Embora

os Direitos Humanos possam ser considerados um princípio “[...] tão antigo

quanto à própria humanidade.” (SILVA, 2007, p.25) só recentemente

adquiriram o status de ramo de direito.

Apesar de serem um ramo do direito, os Direitos Humanos possuem caráter

diferenciado diante dos demais ramos, podendo ser considerados o

fundamento para todos os outros, pela sua condição peculiar de imanência à

condição de ser humano e abrangência. Adquiridos e aprimorados ao longo da

história, os Direitos Humanos hoje não devem se restringir à proteção da

incolumidade física das pessoas, mas abrange “[...] seus direitos sociais,

econômicos, culturais, ambientais e demais necessidades que, possibilitem

uma melhor qualidade de vida e felicidade ao ser humano durante sua

existência.” (SILVA, 2007, p.25). Apesar dessa abrangência, não devem ser

vistos como um sistema acabado, visto que a sociedade é dinâmica e novas

realidades exigem a desconstrução e reconstrução constante das normas e

dos costumes, num continuo processo de adaptação dos seres humanos e das

sociedades.

Após a análise feita, não é difícil perceber o quanto esses conceitos estão

interligados e são importantes para o campo da segurança pública e para a

própria existência humana, e consequentemente, as razões pelas quais tiveram

tamanho destaque na Matriz Curricular Nacional e em outros documentos.

Além disso, percebe-se que, se as pessoas não absorverem esses conceitos,

não será possível uma mudança de mentalidade, e sem essa mudança cultural,

o Brasil não se aproximará de uma democracia verdadeira. E nesse processo

de mudança cultural, a polícia possui um papel chave, em virtude de sua

capilaridade na sociedade, de sua atuação diuturna, e de sua principal

autoridade, que é a possibilidade do uso da força, o que envolve a atuação

sobre a vida e a integridade física das pessoas, que são os principais e mais

elementares, entre os Direitos Humanos.

2.4 - A importância desse conhecimento para o policial

No contexto atual, na qualidade de agente do Estado, o policial deve conhecer

os direitos humanos para poder praticá-lo. Como força instituída para preservar

a ordem pública, o policial é o principal órgão de proteção dos direitos

humanos.

O policial deve estar familiarizado com as normas e padrões internacionais

sobre direitos humanos, estabelecidos na Declaração Universal de Direitos

Humanos, Convenção Internacional sobre Direitos Humanos Civis e Políticos,

dentre outros instrumentos internacionais, a fim de reforçar o respeito e a fé na

dignidade humana, agir com ética e legalidade, observar os padrões

internacionais, estar consciente dos direitos humanos e padrões humanitários,

norteando-se suas atitudes e seu comportamento, pois é no processo real da

atividade básica policial que os direitos humanos são violados ou respeitados.

O processo de policiamento é uma atividade prática que requer soluções

imediatas, ainda que temporárias, podendo haver falhas, porém o policial deve

sempre ter em mente a necessidade de proteger e promover os direitos

humanos.

O policiamento ético e legal baseia-se em três princípios fundamentais: o

respeito e a obediência às leis, o respeito pela dignidade da pessoa humana e

a proteção dos direitos humanos.

Tais princípios encontram-se expressos no Código de Conduta para policiais,

adotado através da Resolução 34.169 da Assembléia Geral das Nações

Unidas, em 17/12/1979.

Em 2003, com a formação do Comitê Nacional de Educação em Direitos

Humanos (CNEDH), iniciou-se o processo de elaboração do Plano Nacional de

Educação em Direitos Humanos (PNEDH), trazendo para a política pública a

dimensão pedagógica do tema.

Na condição de política publica, o PNEDH apresenta-se como um instrumento

orientador e fomentador de ações educativas, no campo da educação formal e

não-formal, nas esferas pública e privada.

O PNEDH consolida um conjunto de princípios e concepções que norteam a

educação superior na área de Direitos Humanos, e tem sido debatidos e

aprimorados nos anos que seguiram a sua elaboração.

De acordo com a Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Publica,

publicada em 2007 pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação de Belo

Horizonte:

“O policial deve ser um pedagogo da cidadania. Ele deverá, sempre que possível, mediante orientações ou palestras, informar pessoas corretamente sobre seus direitos para que possam desenvolver meios de uma cooperação mutua em rumo da construção de uma sociedade consciente de seus direitos”. (p.14)

Segundo BETO in ALENCAR (1998),

“Educação em direitos humanos deve humanizar, o que significa suscitar nos educando capacidade de reflexão crítica, bem como a aquisição do saber, o acolhimento do próximo, a sensibilidade estética, a capacidade de encarar os problemas da vida, o cultivo do humor etc.” (p.54)

FESTER in: BETO (ibidem, 1998) aborda o caráter pedagógico e crítico da

educação em direitos humanos, uma vez que reconhece nesta sua função

histórica, que implica em adotar a pedagogia da indignação e do

inconformismo, exercitando a participação, a crítica, a criatividade, o diálogo e

os vínculos comunitários.

A extensão e a complexidade dos objetos e do público da prática de educação

em direitos humanos implica em diferentes conteúdos temáticos, modos de

abordagem e recursos metodológicos.

O relatório do Primeiro Encontro de Educadores em Direitos Humanos (1997)

destaca como conteúdos norteadores da educação em direitos humanos:

§ A realidade social e política nacional e internacional;

§ Direitos Humanos e Cidadania: origem, conceito, classificação e

evolução histórica;

§ Instrumentos e mecanismos legais de proteção dos direitos humanos:

leis, protocolos, pactos, tratados internacionais e programas;

§ Ética, valores sociais e morais;

§ Direitos humanos e mídia;

§ Violência, marginalidade e sociedade;

§ Preconceitos, discriminações e suas diferentes formas de

manifestações;

§ Educação em Direitos Humanos na América Latina e no Brasil;

§ Cultura Política, Democracia e Participação;

§ Movimentos Sociais e Direitos Humanos;

§ Instituições de Defesa dos Direitos Humanos.

São conteúdos de várias áreas do conhecimento que tornam a prática de

educação em direitos humanos um processo coletivo e compartilhado, ao

mesmo tempo um processo complexo que demanda o olhar de diversos atores

e saberes. Como afirma LIMOEIRO in MINAYO (1993) “[...] o conhecimento se

faz à custa de muitas tentativas e da incidência de muitos feixes de luz,

multiplicando os pontos de vistas diferentes”.

O ensino de direitos humanos aos policiais militares tem sido uma das práticas

mais significativas em relação ao Estado, pois estes são visto como rivais dos

direitos humanos.

Para que os policiais promovam, protejam e respeitem os Direitos Humanos,

devem adquirir conhecimentos adequados sobre Direito interno e Direito

internacional dos Direitos Humanos, além disso, devem também adquirir certas

habilidades técnicas e táticas para assegurar a aplicação constante e

adequada das exigências impostas por lei, respeitando e protegendo os direitos

e liberdades individuais.

Durante o período de 1997 a 1999 foram realizadas experiências junto aos

cursos de formação de oficiais do Centro de Ensino da Polícia Militar do Estado

da Paraíba e Cursos de Gerenciamento em Polícia Comunitária. (ZENAIDE,

1999).

A partir das oficinas pedagógicas Direitos Humanos contando com a

experiência de histórias de vida dos policiais, foi possível desenvolver uma

metodologia de fazer aproximar os policiais da temática direitos humanos.

Em seu texto, ZENAIDE (1999) afirma:

“Como ensina Aguirre (1995), o processo de educação para os direitos humanos, começa por uma mobilização das nossas forças afetivas em

relação a um outro. Para que o policial possa se ver e ver o outro, precisa que no ato pedagógico possamos vê-los e senti-los como sujeitos de direitos e deveres. Se aproximarmos das suas dores vividas ao longo da sua história pessoal e profissional talvez possamos aproximá-los dos direitos humanos. A partir dessa vivência eles compreendem que direitos humanos não é algo externo, mais faz parte da vida e do cotidiano de cada um. Desse momento então é que podemos apresentar como a luta é de todos nós, e que o caminho é árduo, cheio de ganhos e perdas.” (p.7)

Durante o processo de ensino de Direitos Humanos para policiais são

construídos conceitos a partir das vivências e da interação colocam o policial

em contato com a bibliografia especializada, criando um diálogo entre o saber

vivencial e o saber formal e teórico.

ZENAIDE (1999) diz ainda que para o policial, reconhecer-se como pessoa de

direito é um processo ambíguo, pois é muito contraditório estar na posição de

agente da lei e de manutenção da ordem vigente, quando seus direitos básicos

não estão sendo reconhecidos e respeitados.

Na educação de Direitos Humanos para Falar das contradições, partilhar suas

dores coletivas recupera a dimensão cidadã do policial. Refletir e compartilhar

com os colegas como o respeito, a dignidade, a igualdade, a justiça, a paz, a

solidariedade ou sua negação, são vividos no seu dia a dia familiar, na

corporação e na prática profissional já constitui um novo caminho entre direitos

humanos e polícia.

Educar para os Direitos Humanos é, portanto, um processo constante de

relação entre vivências e processos mentais.

O policial que está na atividade de rua ou no sistema penitenciário, vive o

tempo todo na corda bamba. A qualquer momento, toda sua vida pessoal e

profissional pode mudar bruscamente de rumo.

Ao ensinar e aprender direitos humanos com o policial, enxerga-se a pessoa

policial e o cidadão policial. Primeiramente, aprende-se a vê-lo como pessoa

independente da farda, uma pessoa, com rosto, identidade, individualidade,

subjetividade e cidadania. Com isso, aprende-se também a rever posturas e

sentimentos em relação ao policial e a formar policiais como agentes públicos,

protetores dos direitos humanos e da democracia.

Ainda sobre o processo de ensino para policiais, ZENAIDE (1999) diz que:

“No processo de aprendizagem vamos aos poucos compreendendo, quanto é ambíguo para o policial nossos discursos de proteção e defesa dos direitos humanos, com a realidade social e institucional que vivência na prática cotidiana, repleta de tensão e contradições e ainda de desigualdades os transforma em rivais dos direitos humanos. Nossa polícia assim como os setores subalternizados, carecem de um conjunto de serviços sociais básicos, como, saúde, seguridade e assistência que garanta ao policial, como servidor público, garantias para poder exercer a defesa da ordem e da segurança pública. O processo de formação do educador em direitos humanos é essencialmente prático e permanente. Cada dia aprendemos e ensinamos, nossa ação pedagógica em promoção dos direitos humanos não começa nem termina dependendo dos cargos ou da posição funcional que ocupamos ou exercemos, ela acontece em todas as circunstâncias de nossas vidas, de modo informal e formal.” (p.9)

De acordo com o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos:

“Educar em direitos humanos é fomentar processos de educação formal e não-formal, de modo a contribuir para a construção da cidadania, o conhecimento dos direitos fundamentais, o respeito à pluralidade e à diversidade sexual, étnica, racial, cultural, de gênero e de crenças religiosas”. (p.7)

Ainda no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, é citado,

conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação:

“Educar em direitos humanos é fomentar uma prática educativa inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, com a finalidade do pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (p.11)

Para o processo de construção da cidadania ativa é fundamental a formação

de cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, e protagonistas da

materialidade das normas e pactos que os regulamentam, englobando a

solidariedade internacional e o compromisso com outros povos e nações.

A educação é tanto um direito humano em si mesmo, e torna-se, portanto um

meio indispensável para realizar outros direitos, constituindo-se em um

processo amplo que ocorre na sociedade.

Nessa perspectiva, a educação contribui também para a criação de uma cultura

universal dos direitos humanos direcionada ao fortalecimento do respeito aos

direitos e liberdades fundamentais do ser humano; ao pleno desenvolvimento

da personalidade humana e senso de dignidade; à prática da tolerância, do

respeito à diversidade de gênero e cultura, da amizade entre todas as nações,

povos indígenas e grupos raciais, étnicos, religiosos e lingüísticos; à

possibilidade de todas as pessoas participarem efetivamente de uma

sociedade livre.

CAPÍTULO III

A DISCIPLINA DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO

DE POLICIAIS

3.1 - Os motivos da inserção

De acordo com a literatura, o ideal de uma polícia voltada para servir a

população tem sua origem com a polícia inglesa do século XIX. A força policial

pública, criada pelo Parlamento Inglês era comprometida com os direitos civis e

a manutenção da paz.

Com o passar dos tempos, principalmente durante o período autocrático, esses

ideais foram modificados e a missão policial passou a ser de “vigiar e punir”,

tendo seu principal idealizador, o Sir Robert Pell, chefe da Metropolitan Police

of London.

No Brasil, nas duas últimas décadas, principalmente depois da Constituição da

República de 1988, com o processo de democratização da sociedade

brasileira, surgiu a necessidade de adequação do profissional de segurança

pública às novas exigências decorrentes da evolução social do país. (PIRES,

2005, p.53).

Respeitar, proteger e promover os direitos humanos, além de ser uma

relevante questão jurídica, é também uma questão da própria sobrevivência da

humanidade. A polícia, como instituição que zela pelo cumprimento da Lei,

deve primeiramente obedecer a lei, incluindo as leis que visam a promoção e

proteção aos direitos humanos.

Ao informar-se sobre os artigos da Declaração Universal dos Direitos

Humanos, percebe-se a importância dos órgãos policiais para a promoção e

garantia dos direitos ali instituídos, existindo uma estreita ligação entre direitos

humanos e a polícia.

Entre os direitos ali afincados, cita-se: da liberdade, da vida e da segurança

social; da integridade física das pessoas, dos maus-tratos e tortura; de não ser

preso ou detido arbitrariamente; da presunção de inocência; da proteção da lei;

da invasão da privacidade; da liberdade de consciência, pensamento ou

religião; da liberdade de opinião e expressão; da liberdade e da associação

política, dentre outros que demonstram a importância dos órgãos policiais para

a garantia desses direitos.

Graves crises são enfrentadas no país provocadas pela desigualdade social,

desemprego, violência, falta de saneamento, etc. todos esses fatores

contribuem para quadros de manifestações e desobediência civil, porém, na

atividade policial, deve-se saber discernir com precisão o cidadão infrator, que

destrói e viola constantemente as leis, do cidadão ordeiro, que se mobiliza pelo

reconhecimento de seus direitos.

Cabe ao policial o gerenciamento de manifestos de forma consciente e

profissional, privando-se de tratar o cidadão ordeiro da mesma forma que trata

o cidadão infrator, preservando, assim, a ordem pública.

Segundo PIRES (2005) o policial militar, para o bom desempenho de suas

atribuições profissionais, “[...] deve cumprir e fazer cumprir a lei, respeitar e

proteger a dignidade humana e ainda manter, defender e promover os direitos

humanos”. (Pires, 2005, p.54).

A sociedade contemporânea é composta por cidadãos mais exigentes em

relação à segurança, exigindo mais dos policiais. Estes, por sua vez, devem

exercer suas atividades nos domínios dos direitos fundamentais dos cidadãos,

tratando-os sem discriminação de qualquer natureza.

A relação entre polícia e direitos humanos está centrada nas noções de

proteção e respeito. O ato de violar os direitos humanos, desrespeitar as

normas legais com o propósito de aplicar a lei não é uma pratica policial

eficiente. Quando o policial militar viola a lei com o intuito de aplicá-la, acaba

por incrementar os índices das estatísticas criminais, além de se igualar ao

infrator. (PIRES, 2005, p.57)

O policial não deve se adaptar à sociedade onde vive e da qual faz parte,

dessa forma se tornará violento e insensível, mas se inserir nela, participando

como cidadão da emancipação de sua comunidade e orientando as pessoas a

conhecerem seus direitos e manifestarem sua indignação de forma

democrática e pacífica.

O policial militar é um profissional responsável pela promoção da paz social,

por isso de suma importância saber que sua profissão lhe dá condições de

oferecer o melhor ao ser humano, para ele exercer sua cidadania.

O mundo contemporâneo apresenta um quadro de miséria, desigualdade social

e fome, gerando violência e violação dos direitos humanos: direito a vida,

direito a liberdade e direito a segurança pessoal, abalando a confiança que os

cidadãos possuem nas instituições policiais e sua capacidade de pacificar

conflitos do Estado Democrático de Direito.

Quando o policial consegue enxergar a luta pela sobrevivência de grande parte

da população que sobrevive abaixo da linha da indigência, bem como dos

deficientes físicos, negros, homossexuais, idosos, mulheres, entre outros, que

se mobilizam a procura dos seus direitos, acaba por ostentar o título público de

Promotor de Direitos Humanos e Pedagogo da Cidadania. (MARTINS, 2005,

pg.72).

Segundo pesquisas, o Brasil apresenta altas taxas de violência e de

criminalidade, sendo que, em sua maioria, os autores e vítimas são jovens, do

sexo masculino, de cor negra ou parda e, pobres. Faz-se necessário e urgente

uma política pública permanente com caráter preventivo e educativo no

combate à violência em geral e ao crime, pois as instituições públicas se

mostram pouco eficientes para conter o crescimento dessa criminalidade.

Nesse contexto, o enfrentamento da violência e da criminalidade exige a

imediata atitude e responsabilidade do Estado e dos setores organizados da

sociedade. Ações emergenciais de caráter reativo e repressivo têm sido

reforçadas a fim de combater o aumento e a diversidade das formas atuais de

violência e criminalidade.

Contudo, o sistema penal e de segurança não têm sido capazes de inibir a

ação cada vez mais organizada e audaciosa das organizações criminosas

gerando um clima de insegurança da sociedade brasileira.

Além disso, a legislação processual penal brasileira é cheia de falhas as quais

possibilitam a prática de atos que levam à demora injustificada dos processos

criminais, tornando a justiça lenta, principalmente, quando envolve réus com

poder econômico elevado. Estes utilizam todos os instrumentos processuais

disponíveis para fugir da sanção. Penas alternativas ou restritivas de direitos e

pecuniárias são pouco utilizadas no sistema penal brasileiro e a maioria dos

crimes ficam sem receber a devida sanção penal por parte do Estado.

As ações de repressão e combate ao crime têm-se revelado ineficazes para

enfrentar a violência e a criminalidade, necessitando da construção de políticas

na área da justiça e segurança sob a ótica dos direitos humanos. Porém, é

necessário também que se faça uma interface com as demais políticas públicas

voltadas para a melhoria da qualidade de vida e de promoção da igualdade.

Verifica-se a necessidade das polícias e dos agentes da área de justiça atuar

como promotores e protetores dos direitos humanos e da cidadania. A

freqüente ocorrência da violência institucional em nosso cotidiano mostra a

urgência das ações de controle social, de formação dos agentes do estado e

de estruturação dos sistemas nacional, estaduais e municipais de Direitos

Humanos para o fortalecimento do processo democrático.

Por isso, o PNEDH indica fundamental importância da educação em direitos

humanos para as categorias profissionais ligadas à segurança e à justiça.

De acordo com o PNEDH, participam do Sistema de Justiça e Segurança

diversas categorias profissionais entre as quais se destacam agentes e

técnicos do sistema penitenciário; policiais civis; policiais militares; policiais

federais; policiais rodoviários; guardas municipais; ouvidores de polícias;

peritos legais; magistrados; defensores públicos; membros dos Ministérios

Públicos e agentes de segurança privada.

Para o PNEDH, “Esse amplo e diversificado conjunto de categorias é formado

por profissionais com atribuições, formações e experiências bastante

diferenciadas.” Portanto, é necessário no desenvolvimento das ações de

educação em direitos humanos, a adoção de enfoques e a realização de

capacitações diferenciadas para atender a cada uma dessas categorias.

Cada categoria profissional exerce junto à sociedade um papel essencial junto

a sociedade que deve ser destacada. As ações educacionais a elas

direcionadas devem incluir valores e procedimentos que possibilitem tornar os

profissionais dessas categorias como promotores de direitos humanos, o que

significa ir além do papel de apenas defensores dos direitos humanos.

No PNEDH, a educação em direitos humanos para profissionais de segurança

publica deve considerar os seguintes princípios:

§ A necessidade de construção de uma nova mentalidade junto aos

agentes das áreas de justiça e segurança em seus procedimentos e

ações no trato com as pessoas e com os movimentos sociais,

respeitando os direitos de todos, juridicamente assegurados;

§ O resgate da auto-estima dos profissionais da área de justiça e

segurança pública, particularmente das corporações policiais,

incentivando o protagonismo que exercem na construção de uma cultura

de paz e defesa dos direitos humanos;

§ Garantia de interdisciplinaridade nas ações de educação em direitos

humanos para além da abordagem segmentada, realizada unicamente

através de matérias isoladas. O objetivo é a inserção de conteúdos de

direitos humanos em todas as matérias da formação dos profissionais da

área;

§ Abordagem regionalizada nas ações educativas, respeitando saberes,

práticas e culturas locais, desde que não agridam os direitos humanos e

que garantam um núcleo básico mínimo de conhecimentos;

§ Os conteúdos e temas de direitos humanos a serem desenvolvidos na

formação e capacitação desses profissionais devem ser

permanentemente atualizados, de modo a garantir os princípios e

valores dos documentos internacionais dos quais o Brasil é signatário,

bem como os diplomas nacionais de direitos humanos;

§ As atividades de educação em direitos humanos para os profissionais da

área de justiça e segurança devem envolver todos os níveis

hierárquicos, bem como a participação de cidadãos não policiais, nas

ações de educação em direitos humanos direcionadas a policiais e

entidades de direitos humanos;

§ A formação desses profissionais deve reconhecer e explicitar as

contradições e conflitos próprios de cada categoria, de modo a abordá-

los sob a ótica dos direitos humanos.

O policial-militar desempenha sua função como legítimo representante do

Estado, investindo-se de autoridade e poder, para atingir o objetivo de

proporcionar à coletividade um clima de tranqüilidade pública. Qualquer ação

isolada que extrapole os ditames legais reflete diretamente na imagem e

confiança da corporação, por isso, deve haver uma conscientização por parte

da Policia Militar evitando que seus agentes violem os direitos e garantias

individuais dos cidadãos.

É necessário que os policiais militares sejam orientados e adaptados a respeito

da filosofia dos Direitos Humanos, facilitando o exercício de suas atribuições

constitucionais, como a aplicação da lei em defesa da sociedade e a proteção

dos direitos humanos e liberdades constitucionais.

A filosofia dos Direitos Humanos na prática policial também objetiva oferecer

aos integrantes da Instituição os padrões necessários à promoção e difusão

dos Direitos Humanos; Conhecer as conceituações necessárias à assimilação

dos princípios de Direitos Humanos; Consolidar os pressupostos básicos dos

Direitos Humanos para a atuação da Polícia Militar; Nortear procedimentos,

deveres e funções policiais-militares segundo a filosofia dos Direitos Humanos,

com base na conduta ética e legal; Conhecer os instrumentos internacionais,

nacionais e regionais de Direitos Humanos; Conscientizar os policiais-militares

a evitar a violação dos Direitos Humanos em intervenções policiais.

As normas de Direitos Humanos foram criadas para dar garantias de direitos a

todas as pessoas, eles estão garantidos na Constituição da Republica

Federativa do Brasil, nos arts. 5º, 6º e 7º, mais especificamente no art.5º, o

qual elenca direitos e liberdades individuais, fundados na Declaração Universal

dos Direitos Humanos.

Os Direitos Humanos são para todos, integram o cotidiano de todos os

cidadãos e principalmente o cidadão policial, que tem a nobre missão de servir

e proteger a sociedade da qual ele faz parte.

O policial tem papel fundamental na proteção dos Direitos Humanos, pois ele é

a autoridade mais comumente encontrada nas ruas simbolizando o Estado. É

no policial militar que as pessoas confiam e esperam a solução de seus

problemas. Devido a isso, o policial deve estar tecnicamente preparado para

agir com imparcialidade e humanismo, em todos os seus contatos com o

público.

De acordo com a Constituição Federal, os Direitos Humanos são de todos e

para todos, e a segurança publica e a proteção dos Direitos Humanos é de

responsabilidade do Estado. As entidades de Direitos Humanos,

governamentais ou não, apenas contribuem com o Estado, completando a sua

ação de proteção.

A existência de mecanismos de proteção dos direitos humanos é um efetivo

auxílio para a atividade de polícia ostensiva, a partir do momento em que

estabelece, não só através de normas legais existentes, mas também pelos

mecanismos informais de controle, parâmetros de conduta a força pública e

também a sociedade nas suas relações.

No treinamento básico do policial militar, os temas Ética Policial e Direitos

Humanos devem ser tratados com atenção especial, como forma de

conscientizar o profissional de segurança pública quanto a alternativas

pacíficas de conflitos que antecedem ao uso da força e das armas de fogo.

O treinamento com arma de fogo consiste em aprimorar o domínio técnico do

manejo e emprego do armamento, voltado para o tiro defensivo de preservação

da vida.

3.2 – Os resultados práticos

A filosofia de Direitos Humanos faz parte do currículo nos cursos da Polícia

Militar, sejam por meio de cursos, seminários, palestras, treinamentos, etc. a

fim de ampliar os conhecimentos e qualificações dos policiais na área de

Direitos Humanos e Segurança Pública, bem como superar os problemas da

criminalidade e violência. Todos os docentes possuem formação na área de

Direitos Humanos.

O papel exercido pela polícia em relação à sociedade está mudando. Uma

nova concepção da polícia e da organização policial tem sido formada, com

finalidades, treinamentos e métodos de ação que referenciam o respeito aos

direitos e garantias individuais. (PIRES, 2005, p.62)

A idéia de que os direitos humanos surgiram para proteger o criminoso e limitar

a ação da polícia, dificulta a conscientização dos integrantes das instituições

policiais, tratando-se de um desconhecimento acerca das questões ligadas aos

direitos humanos.

A inclusão da disciplina “Direitos Humanos” nos diversos cursos internos e

externos da polícia militar foi um grande avanço que vem quebrando

paradigmas e estabelecendo critérios e parâmetros legais para a ação policial,

condenando os excessos, abusos de poder, arbitrariedade e parcialidade nos

procedimentos investigatórios e desencadeamento das ações policiais.

Além disso, com a inclusão da disciplina de Direitos Humanos, a polícia deixa

de ser discriminada como instituição fechada, arcaica e passando a ser

observada como organização democrática em que a sociedade pode confiar,

buscando auxilio, melhorando as condições humanas e promoção da paz.

Os oficiais da polícia militar possuem treinamentos específicos que os habilitam

a realizar funções de comando e coordenação de atividades inerentes à função

policial-militar, na maioria das vezes não possuem tempo suficiente para

pensar nas decisões a serem tomadas, exigindo desses profissionais um bom

conhecimento e bom senso na hora da tomada de decisões, evitando assim

erros e insucessos, que possam prejudicar a sua carreira militar.

3.3 - Os reflexos para a população

Os resultados para uma política de segurança pública preventiva só serão

percebidos em longo prazo. Ao invés de se basear apenas nas instituições

clássicas de combate ao crime, sugerem-se também iniciativas na área da

educação, saúde, habitação, emprego, etc. Para isso é necessário a atuação

simultânea de instituições governamentais e sociedade civil, afim de tratar o

fenômeno da criminalidade de modo eficaz e respeitador dos direitos

fundamentais.

De acordo com as pesquisas de opinião, o tema segurança pública tornou-se

crucial para a nação brasileira. Isto porque a maioria da população se encontra

na orfandade em relação aos poderes públicos, vive em áreas de carência ou

quase total ausência de políticas públicas. (BALESTRERI, 2008, p.22).

Segundo BALESTRI (2008), a população é a maior vitima da insegurança

pública e de padrões de policiamento equivocados. Sugere-se com isso, a

proximidade com a polícia, ajudando a construir modelos alternativos de

policiamento e atendimento às comunidades, modelos com a cara da

democracia.

No Brasil, algumas experiências práticas fundamentadas no campo do controle

da criminalidade têm sido iniciadas, com a perspectiva de criar referências

concretas para a formulação de políticas públicas renovadas na área de

segurança. Tais iniciativas foram criadas vezes por iniciativa de órgãos

governamentais, vezes por organizações da sociedade civil, tendo em comum

a intensa cooperação entre esses dois setores, a implementação de programas

de policiamento e justiça e de políticas sociais centradas nos problemas

favorecedores da violência, além da participação da sociedade. (ZACCHI,

2002, p. 50)

Em São Paulo, foi realizada a experiência no distrito de Jardim Ângela,

considerado em 1996 como a região mais violenta do município de São Paulo.

Neste mesmo ano foi criado o Fórum em Defesa da Vida e Contra a Violência,

e em 1999 contou com a ação do Instituto Sou da Paz, desenvolvendo

programas de prevenção à violência. Ainda em 1996, o Jardim Ângela recebeu

as primeiras bases do Programa de Policiamento Comunitário do Estado,

responsável por uma profunda requalificação policial na região, e

especialmente do relacionamento entre policiais e moradores. (ZACCHI, 2002,

p. 50)

No Rio de Janeiro, está em experiência o Grupo de Patrulhamento de Áreas

Especiais (GPAE) no complexo de favelas do Cantagalo-Pavão-Pavãozinho. O

GPAE constitui um batalhão da Polícia Militar aliado a projetos sociais, criado

especialmente para atuar em áreas de risco sob a filosofia do policiamento

comunitário. (ZACCHI, 2002, pg. 51-52)

O Governo Federal, mediante as experiências anteriormente citadas, lançou o

Plano Nacional de Segurança Pública em julho de 2000, com medidas de

caráter preventivo e concentração de projetos sociais nas áreas de risco das

regiões metropolitanas mais violentas do país, tais como Vitória, Recife, São

Paulo e Rio de Janeiro. (ZACCHI, 2002, pg. 52)

Tais iniciativas, apesar de recentes para que haja uma avaliação definitiva dos

resultados gerados, revelam-se promissoras, em algumas áreas menores e de

menor população, houve redução nas taxas de homicídio e crimes violentos.

Nas áreas maiores os índices tendem a estabilizar-se mais lentamente para em

seguida iniciarem uma tendência à queda. Em todas as áreas houve uma

recuperação da confiança e do relacionamento entre a população e os policiais

militares. (ZACCHI, 2002, pg. 53).

A segurança é a maior preocupação da demanda popular, o povo compreende

que sem segurança é impossível expressar-se e organizar-se livremente,

reivindicar, criar, empreender, ou seja, sem segurança povo é refém.

A sociedade deve participar cada vez mais no processo de segurança pública e

ser conscientizada de que segurança não é apenas questão de polícia, para

que as organizações de defesas dos direitos humanos se esforcem a fim de

dar a população uma polícia atuante, cidadã e de resultados, cujo respeito às

garantias individuais do cidadão sejam praticadas e preservadas pelas

instituições policiais.

A segurança pública é de ver do Estado, mas direito e responsabilidade de

todos. Devido a isso, pode-se dizer que segurança pública não se resolve

apenas com ações policiais ou com o policiamento ostensivo, deve ter a

interação e participação efetiva da sociedade e dos demais órgãos de defesa

social.

CONCLUSÃO

O cerne do presente trabalho foi a verificação da importância da filosofia de

Direitos Humanos para a formação de policiais militares. Para obter as

informações necessárias foram realizados estudos bibliográficos a fim de obter

informações sobre a filosofia de Direitos Humanos, bem como sua aplicação na

segurança pública e nos cursos para policiais militares.

A presente pesquisa foi situada no eixo articulador “ética, cidadania, Direitos

Humanos e segurança pública”, e em conseqüência, cada um desses conceitos

foi analisado á luz de diversos autores. Constatou-se que a postura ética é

fundamental para o exercício da cidadania, sendo ambos os conceitos

imprescindíveis quando se deseja ter, efetivamente, uma política de respeito

aos Direitos Humanos, que é um dos principais pelos quais se rege a

República Federativa do Brasil, enquanto Estado Democrático de Direito.

No Capítulo I falou-se a respeito da Criação da Escola de Formação de Oficiais

da Polícia Militar do Espírito Santo, com relato da história militar no Brasil,

desde a chegada de Tomé de Souza, a administração da capitania hereditária

do Espírito Santo, a regulamentação da Polícia Militar no estado e sua

aprimoração ao longo de 171 anos de história. Falou-se ainda sobre a

necessidade de qualificação dos integrantes da Polícia Militar e a criação da

Escola de Formação de Oficiais (EsFO) capixaba em 1992. Verificou-se a

necessidade de adequar a matriz curricular conforme exigências do Ministério

da Educação para que o curso fosse reconhecido como superior de graduação.

Ainda no primeiro Capítulo, discorre-se sobre as disciplinas estudadas no

Curso de Formação de Oficiais, inclusive a disciplina de Direitos Humanos e a

prevalência dessa disciplina na Matriz Curricular do Curso de Formação de

Oficiais/Bacharelado em Ciências Militares – área de Defesa Social realizado

atualmente em Belo Horizonte-MG, mostrando que a grade curricular de ambos

cursos de Formação de Oficiais possuem semelhanças em termos curriculares

e objetivos em relação a atuação dos profissionais da área de segurança

pública.

O Capítulo II dá destaque aos Direitos Humanos, com definições de diversos

autores sobre o assunto, resumo histórico desde a antiguidade, mostrando a

evolução sobre os Direitos Humanos no cenário mundial, regional e nacional e

a importância desse conhecimento para profissionais da segurança pública.

Cita-se alguns documentos históricos que expressaram os direitos do homem,

a evolução e reconhecimento desses direitos. Faz-se uma breve reflexão a

respeito dos Direitos Humanos e a Segurança Pública. Afirma-se a respeito do

policial ser o principal órgão de proteção dos Direitos Humanos e a importância

desse conhecimento para atuação do profissional. Analisou-se o Comitê

Nacional de Educação em Direitos Humanos (CNEDH) e o Plano Nacional de

Educação em Direitos Humanos (PNEDH) e suas funções pedagógicas e

criticas na formação de policiais, citando experiências de ensinos de Direitos

Humanos para policiais militares do Estado da Paraíba.

O Capítulo III destacou-se os motivos da inserção da filosofia de Direitos

Humanos na vida profissional dos policiais militares, e a função que esse

profissional possui de respeitar, proteger e promover os Direitos Humanos,

fala-se ainda como essa disciplina seria aplicada no dia-a-dia, seus benefícios

tanto para os profissionais quanto para a população, citando algumas

experiências que estão sendo realizadas em algumas áreas metropolitanas do

país. Comenta sobre a desigualdade social, responsável por crises enfrentadas

no país, contribuindo para manifestações de desobediência civil, e a

necessidade do policial em diferenciar os cidadãos ordeiros que lutam por seus

direitos, dos cidadãos infratores.

Com a pesquisa pode-se verificar que a formação de policiais não baseia-se

somente no controle da criminalidade e violência. Os policiais militares, bem

como demais profissionais da segurança pública são mais do que isso, eles

precisam agir na prevenção do crime, conquistar a confiança da população e

agir com discernimento para que não prejudiquem a sua carreira.

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