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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DO COACHING Por: LETÍCIA PEREIRA SANTOS Orientador Prof. Luis Cláudio Lopes Alves D. Sc Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO COACHING

Por: LETÍCIA PEREIRA SANTOS

Orientador

Prof. Luis Cláudio Lopes Alves D. Sc

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO COACHING

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Letícia Pereira Santos

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, primeiramente, por

dar-me a força necessária para

enfrentar mais uma jornada, aos meus

familiares e amigos por sempre

estarem me incentivando a adquirir

novos conhecimentos e por fim

agradeço às minhas colegas de sala,

pois sempre ajudamos umas as outras

para chegarmos até aqui.

DEDICATÓRIA

4

Dedico esta monografia a Deus, o autor da minha

vida e da minha história. E em especial ao meu

marido, meu filho, minha avó e minha mãe que com

tanto carinho e dedicação me deram ajuda para que

eu chegasse até aqui, sem eles seria impossível este

sonho se tornar realidade.

RESUMO

5

Este presente trabalho visa mostrar a importância do coaching. Com a

instabilidade financeira que estamos vivendo; o mundo dos negócios oscilando

cada vez mais, empresas nascendo e desaparecendo como num “piscar de

olhos” onde não podemos prever se o empresário bem sucedido de hoje será o

mesmo num futuro próximo, o coaching, que é um exercício refinado de

liderança, pode ser uma ferramenta indispensável, pois tende desenvolver

talentos melhorando as relações entre os funcionários visando o sucesso total

nas organizações.

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para este trabalho acadêmico foi à pesquisa

bibliográfica, baseado em livros de autores renomados.

As bibliotecas visitadas eram ricas no tema abordado, sendo assim o

trabalho foi elaborado com certa facilidade.

SUMÁRIO

7

INTRODUÇÃO

08

CAPÍTULO I

LIDERANÇA

09

CAPÍTULO II

O QUE É COACHING

17

CAPÍTULO III

COACHING: UM EXERCÍCIO REFINADO DE LIDERANÇA

25

CAPÍTULO IV

O COACHING E SUA IMPLEMENTAÇÃO

35

CONCLUSÃO

40

ANEXO

41

BIBLIOGRAFIA

42

8

ÍNDICE

43

FOLHA DE AVALIAÇÃO

45

INTRODUÇÃO

No mundo de hoje, a visão de futuro, compreende ambientes de

trabalho e convivência em que pessoas aceitem e produzam toda e qualquer

mudança, necessária ou desejada, para que atinjam grande poder de

realização. As redes de cooperação são essenciais para dar Consistência a

esses novos ambientes.

Coaching é um processo que ativa essas redes de cooperação,

possibilitando que o capital humano (intelectual, emocional e energético)

circule livremente dentro das organizações (escola e empresa). É uma

ferramenta para lidar com a diversidade, tirando o máximo proveito das

similaridades e das diferenças.

Entendemos que todos que trabalham numa organização têm a

responsabilidade de desenvolver e fortalecer as redes internas e externas de

suporte mútuo para resultados e realização.

Como Coaching é um processo de empowerment, procuraremos

mostrar como a comunicação de coaching é voltada para dar poder a ambos,

coach e cliente. Essa comunicação especial está assentada no feedback

constante.

9

O objetivo desta pesquisa é apresentar o significado de coaching, os

papéis envolvidos e a diferença entre coaching e outros papéis, focalizando a

relação entre coaching e seu cliente.

CAPÍTULO I

LIDERANÇA

Até hoje nosso conhecimento a respeito de liderança é amplo e, ao

mesmo tempo deficiente para uma compreensão completa e utilizável na

prática. Muitas teorias têm sido elaboradas a respeito de liderança, a partir de

um foco de atenção e abordagem predominante.

Cabe fazer, inicialmente, uma distinção entre “líder” e “estilo de

liderança”. Um líder é a pessoa no grupo a qual foi atribuída, formal ou

informalmente, uma posição de responsabilidade para dirigir e coordenar as

atividades relacionadas à tarefa. Sua maior preocupação prende-se a

consecução de algum objetivo do grupo. A maneira pela qual uma pessoa

numa posição de líder influencia às demais pessoas no grupo é chamada

“estilo de liderança”.

Se o foco principal é a figura do líder, o estudo é feito em torno das

características pessoais, procurando-se uma diferenciação de atributos entre

“líderes” e “não-lideres”. Assim, a teoria do “grande homem”, do líder “nato” e a

10

decorrente teoria de “traços” de personalidade buscam determinar o conjunto

de traços que identificam “O líder”. Embora muitas pesquisas empíricas

tenham sido feitas, seus resultados são inexpressivos para o objetivo explícito

de distinguir seguramente líderes de seguidores.

Essa abordagem não levou a compreensão mais clara do líder nem

possibilitou aplicações práticas para identificar o potencial de liderança em

termos de traço de personalidade pela não-conclusividade dos traços

característicos do líder e pela exclusão de possibilidades de aprendizagem e

desenvolvimento/ aperfeiçoamento.

Em termos absolutos, os líderes carismáticos, dotados de grande poder

de influência pessoal, exemplificam uma posição extrema – ou se nasce líder

ou se é condenado a ser seguidor a vida inteira: uma fatalidade

pseudocientífico!

Sem dúvida, há algumas características pessoais que facilitam o

desempenho do líder em determinadas circunstâncias, e não em outras, e que

podem ser desenvolvidas para maior eficácia no seu desempenho.

Se o foco de atenção é deslocado para liderança, então, o objetivo

principal de estudo passa a ser a relação, o comportamento interpessoal entre

líderes e liderados, entre a pessoa que influencia e as pessoas que são

influenciadas. Esse aspecto dual indica a característica dinâmica da liderança,

pois sem liderados não há lideres, e enfatiza o cerne do problema como sendo

a relação entre pessoas.

1.1 - Estilos de Liderança

11

As concepções de comportamento interpessoal são exploradas pelos

psicólogos sociais e especialistas em dinâmica de grupo, indicando os dois

níveis de atividade de interação no grupo: o nível da tarefa e o nível sócio

emocional. A liderança se exerce em dois níveis, com predominância de um

deles para definição do estilo manifesto de liderança. Este admite duas

dimensões distintas de necessidades do líder: de controle e de participação,

que corresponderiam aos dois níveis de atividades do funcionamento grupal.

Sob esse ângulo é possível relacionar o estilo de liderança a estrutura de

grupo e avaliar a diferença entre as necessidades expressas pelo líder e as

oportunidades que ele tem de satisfazê-las na posição que lhe é atribuída

nessa estrutura. Pode-se, ainda, estudar a relação entre valores de líderes e

membros e a satisfação com a tarefa e a produtividade do grupo.

Os dois estilos de liderança são: orientados para controle/tarefa e

orientado para participação/manutenção e fortalecimento do próprio grupo.

Esses estilos receberam várias denominações, conforme os autores

enfatizaram alguma variável componente da dimensão em causa,

classificando-os de acordo com observações comportamentais ou diferenças

motivacionais inferidas.

Dessa orientação interpessoal fazem parte os estudos clássicos de Kurt

Lewin e colaboradores, mostrando a dicotomia dos estilos autocrático e

democrático de liderança. Tannenbaum e Schimidt indicam a existência de um

contínuo de liderança entre um contínuo de liderança entre um extremo e

outro, do autocrático (voltado para a tarefa) ao democrático (voltado para

relações), com posições intermediárias de graus de liberdade de grupo (de

liderados) e do líder (autoridade/poder). O estilo de liderança inoperante

(laissez-faire), também estudado por Lewin, situa-se além da posição extrema

democrática, constituindo uma abdicação da posição do líder, uma vez que o

grupo é abandonado inteiramente pelo líder, que nada faz para envolvê-lo nas

atividades que conduzem ao objetivo proposto.

12

As célebres pesquisas Ohio State Leadership Studies ao longo de trinta

anos, com uma variedade de líderes de diversos setores da sociedade, e as do

Research Center da Universidade de Michigan, também extensas, não

trouxeram os resultados desejados como retorno de tão grande investimento.

Ambas, contudo, apontam duas dimensões ou conceitos distintos que

caracterizam, genericamente, os estilos de comportamento de liderança:

“estrutura inicial” e “consideração”, na nomenclatura de Ohio State, e

“orientação para produção” e “orientação para subordinado”, na nomenclatura

de Michigan.

Alguns autores, mais ligados à administração, elaboraram teorias de

liderança em que os estilos autocráticos e democráticos aparecem conjugados

a dimensões ou preocupações organizacionais, tais como: pessoas

(satisfação) e tarefa (produtividade), caracterizando estilos

gerenciais/administrativos em grupos organizacionais.

R.Likert (1967) aponta os “sistemas administrativos”: I (autocrático

espoliativo), II (autocrático paternista), III (consultivo), IV (participativo),

enquanto Blake e Mouton (1964) indicam os estilos 9.1 (máxima orientação

para tarefa, mínima para pessoas); 1.9 (máxima orientação para pessoas,

mínima para tarefas); 1.1 (mínima para ambas); 9.9 (máxima para ambas); e

5.5 (conciliação de ambas) em sua teoria “GRID”. Essas teorias sugerem que o

estilo participativo (Sistema IV) ou a orientação 9.9 são ideais para o líder

(coordenador, gerente, chefe), pois enfatizam tanto a produtividade quanto as

pessoas, utilizando métodos de grupo para tomada de decisões e sua

implementação. Sugerem também que os estilos de liderança podem ser

desenvolvidos e modificados através de treinamento, a partir da

conscientização do estilo interpessoal de cada líder.

Um outro enfoque do problema de liderança consiste na adoção das

chamadas teorias situacionais ou de “contingência” da liderança. Com o

desenvolvimento da psicologia social e da dinâmica de grupo, em particular,

mais atenção começou a ser devotada ao contexto da dinâmica interpessoal,

isto é, a própria situação em que as atividades se desenrolam. Os fatores

13

situacionais de um contexto-tempo específico passaram a ser encarados com

a mesma importância, ou talvez maior que os fatores pessoais e interpessoais

dos modelos de traços e de grupo.

O principal autor das teorias situacionais de liderança é F. Fiedler

(1967). Seu modelo de contingência aponta três variáveis básicas da situação:

a) Relações membros-líder: como são as relações interpessoais.

b) Estrutura da tarefa: grau de estrutura da tarefa a executar.

c) Poder de posição: poder e autoridade inerente à posição do

líder.

Outros autores, especialmente Reddin (1976), com a teoria 3D

(tridimensional), e Hersey e Blanchard (1976), com a teoria Ciclo Vital da

Liderança, seguindo e desenvolvendo o enfoque de liderança situacional de

Fiedler, acrescentaram e estudaram uma terceira dimensão dos estilos de

liderança: a eficácia. Tanto os estilos autocráticos, voltados para

produtividade/tarefa, quanto os estilos participativos, voltados para as

pessoas/relações, podem ser eficazes ou ineficazes, a depender da

interelação de fatores situacionais, tais como a natureza da tarefa, a conjuntura

(rotina/emergência), o clima organizacional, a estrutura de recompensas, os

valores, motivações e expectativas do líder e dos liderados, a maturidade dos

membros do grupo.

A conceptualização mais atualizada das teorias situacionais é chamada

teoria “trilha-meta” de liderança, que utiliza o modelo de expectativa da teoria

motivacional de processo, no reconhecimento explícito da relação existente

entre liderança, motivação e poder. A teoria “trilha-meta” procura explicar o

impacto do comportamento do líder sobre a motivação, a satisfação e o

desempenho dos membros do grupo. O comportamento do líder será aceitável

para os liderados se for percebido como uma fonte de satisfação imediata ou

instrumental a satisfação futura, de acordo coma a teoria motivacional de

expectativa. Por outro lado, sempre haverá pressões e exigências ambientais

sobre os liderados e sobre o líder em qualquer situação de grupo.

14

No modelo “trilha-meta”, os esforços do líder são no sentido de tomar o

caminho para os objetivos o melhor possível para os liderados, e para isso é

preciso usar o estilo contingencial mais apropriado às variáveis situacionais.

Neste modelo são detectados quatro estilos principais de

comportamentos de liderança, a saber:

a) Liderança diretiva ou autoritária: em que os liderados recebem

ordens minuciosas e sabem exatamente o que se espera que

façam, sem opinar.

b) Liderança de apoio: o líder mostra interesse e amizade,

preocupa-se verdadeiramente com os liderados e procura

aproximar-se de todos.

c) Liderança participativa: o líder dialoga com os liderados,

solicitando e usando suas sugestões, mas ele é quem toma as

decisões finais.

d) Liderança orientada para a realização: o líder estabelece

objetivos desafiantes para os liderados e mostra confiança em

suas capacidades para atingi-los com bom desempenho.

Os modelos sugerem que vários estilos podem ser usados pelo mesmo

líder em diferentes situações. A eficácia de um estilo de liderança, autocrático

ou participativo, depende de vários fatores situacionais, incluindo a natureza da

tarefa, a estrutura de recompensas e o clima na organização, as habilidades,

personalidade e expectativas do líder e dos membros do grupo.

A situação e o grupo influenciam o estilo de liderança, encorajando mais

um estilo que outro. O líder precisa ter certa flexibilidade para usar estilos

diferentes, sem chegar a extremos de incongruência, da mesma forma como

atende as expectativas de diferentes papéis sociais, desempenhando-os com

comportamentos mais ou menos adequados resultantes de sua flexibilidade,

motivação e experiência. Nós nos comportamos diferentemente de acordo com

15

os papéis e as situações, sem deixarmos de ter consciência interna ou de

sermos “nós mesmos”.

Uma teoria abrangente de liderança tem que englobar,

necessariamente, o líder, situação ou contexto.

O modelo contingencial de Fiedler e a abordagem “trilha-meta” levam

em consideração as três variáveis mais importantes de liderança: o líder, o

grupo e a situação. De acordo com a concepção situacional, cada estilo de

liderança pode ser adequado em determinada situação, mas nenhum estilo é o

melhor para todas as situações, pois diferentes situações de trabalho em grupo

exigem estilos diferentes de liderança. Da mesma maneira, não existe um líder

“universal” que sirva para tudo e que seja eficaz em todas as situações.

Parece pouco provável, portanto, que se consiga estabelecer um

modelo ou padrão ideal de comportamento do líder, uma fórmula ou receita

infalível de estilo de liderança que funcione perfeitamente para qualquer grupo

ou em qualquer situação, a qualquer tempo.

As concepções de “liderança situacional” e de “estilo ideal” de liderança

exigem um exame bem mais detido e reflexões profundas de cada profissional,

quanto às características peculiares de sua organização, para chegar às suas

próprias conclusões fundamentadas, comparando teorias e experiências de

trabalho no dia-a-dia.

Por outro lado, Qualquer que seja a preferência de posicionamento

pessoal na controvérsia “estilo ideal versus liderança situacional”, os ocupantes

de posição de líder, em geral, não se satisfazem simplesmente com as teorias

de liderança e desejam algo mais concreto e útil. O velho e sempre atual

problema da aplicabilidade da teoria à prática, está presente nas indagações e

perplexidades de líderes em exercício: “Como posso desempenhar melhor

minha função de líder (e obter melhores resultados)?”; “Qual o estilo de

liderança mais adequado?”; “Como posso desenvolver meus próprios recursos

16

e adquirir o que me falta para exercer liderança eficaz?”. Estes são pontos

críticos de toda uma filosofia e tecnologia de treinamento e desenvolvimento

de líderes, de capacitação de recursos humanos para desempenho eficaz na

liderança de grupos nas organizações sociais.

O desenvolvimento de sua confiança básica por meio da utilização da

testada estrutura explicada nesta pesquisa; a inclusão do auxílio da sua

empresa numa parceria para o seu desenvolvimento da liderança; e o uso

discriminado do “feedback” que surgem de todas as fontes – de superiores,

colegas, membros de equipe, amigos e família – não são nada mais que três

formas práticas de você desenvolver sua liderança. Sem dúvida, você pode

pensar em outras formas. Isso leva tempo, pois não existe liderança

instantânea. Portanto, seja paciente com você mesmo. Assuma como meta dar

um passo, a cada dia. Portanto, seja paciente com você mesmo.

CAPÍTULO II

COACHING

17

2.1 - Definição de Coaching

O termo, proveniente do inglês, tem origem no mundo dos esportes e

designa o papel de professor, treinador, preparador, “o técnico” como

conhecemos. Devido a distorções que os próprios técnicos fazem deste papel,

usaremos o termo em inglês para evitar contaminações. E para enfatizar as

diferenças, chamaremos de cliente a pessoa a quem o coach atende. É o

coach que dá suporte ao cliente, serve o cliente, e não ao contrário. Mesmo

que seja um líder apoiando pessoas do seu time, ele esta a serviço do time, e

não ao inverso. Esta é uma das distorções às quais nos referimos acima.

Coach é o papel que você assume quando se compromete a apoiar

alguém a atingir determinado objetivo. Portanto, o processo de coaching

começa quando a pessoa procura o seu apoio para resolver um problema ou

realizar um projeto e você aceita comprometer-se com este papel. O processo

também pode começar por iniciativa sua: você oferece apoio a alguém, que

pode aceitar ou não.

Coaching não significa comprometer-se apenas com os resultados, mas

com a pessoa como um todo, com a sua realização e o seu desenvolvimento.

Por meio do processo de coaching, novas competências e possibilidades de

aprendizagem surgem, tanto para o coach quanto para seu cliente. Não

estamos falando só de competências técnicas ou capacidades específicas, das

quais um bom programa de treinamento poderia dar conta perfeitamente.

Coaching é mais do que treinamento, o coach permanece com a pessoa

até ela atingir o resultado. Sua função é lhe dar poder para que ela produza,

para que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se

traduzam em resultados. Coaching é essencialmente, “empowerment”. Dar

poder para que outro adquira competências, produza mudanças específicas

18

em qualquer área da vida ou até, e principalmente, transforme a si mesmo.

Lembra Krauss (2007, p. 27) que:

“O processo de coaching, quando adequadamente conduzido, pode ser comparado a uma enzima que provoca mudanças voltadas a si própria, uma espécie de fermento do crescimento e da superação pessoal e profissional. Dessa forma, desencadeia a ativa a autodescoberta e o aproveitamento do potencial até então não utilizado.”

Quando o seu cliente realiza algo que considera significativo, ele se

realiza, torna-se um vencedor. Apoiar alguém a transformar sua auto-estima

em sua força pessoal é parte fundamental do processo de coaching. Esse

compromisso com a pessoa, acompanhado sua evolução, dando suporte nos

momentos difíceis estimulando-a a avançar, vai produzindo no coach uma

transformação sutil; ele esta sendo útil para alguém.

2.2 - A versatilidade do coaching

A prática de servir ao desenvolvimento do outro cria um vínculo tão

poderoso que, quando a pessoa atinge seus objetivos, é como se o próprio

coach estivesse no “pódio”. E verdade que está, pois o objetivo do coach é

assegurar que o cliente produza resultados desejados.

No ambiente familiar e social, é caso de pais que apóiam os filhos na

escolha da carreira; um irmão que ajuda o outro a melhorar o desempenho de

uma matéria escolar; amigos casados que orientam os menos experientes em

questões de relacionamento. Os momentos do “pódio” são muito

emocionantes: a formatura do filho, o irmão que passou na prova de

matemática, o casamento dos amigos a quem demos apoio. É o sentimento de

participar e compartilhar o sucesso do outro.

19

No ambiente de trabalho, são colegas que facilitam a integração de

recém-contratados, o chefe que orienta em questões de carreira, alguém que

ajuda na preparação para o desempenho de uma nova competência ou

mesmo de um novo cargo. Trainees necessitam de coaching para garantir uma

evolução saudável dos seus planos de carreira. O pódio nesses casos é uma

boa integração, o bom desempenho do cargo, a passagem natural para uma

posição de chefia.

Portanto, coaching não é um processo novo. É tradicional nas relações

pais e filhos, professores e alunos, entre colegas de escola e amigos – e tão

natural que nem percebemos quando desempenhamos.

De casa para escola, no entanto, esse papel sofre transformações,

apresentando novas facetas - o mentor ou monitor – e encontrado certa

resistência dos alunos pelo controle nele explícito. Na vida acadêmica, passa a

ter importância ainda maior: é o orientador de tese, do qual o graduando

depende para maximizar o sucesso de sua futura vida profissional.

Depois, esse papel é transposto para a empresa da mesma forma como

foi desempenhado em casa ou na escola, sem os filtros ou adaptações

necessários. E pior: com as mesmas limitações. É natural que os gerentes

sobreponham a seu papel de coach o papel de pai que junto com a mãe são

os primeiros coaches que conhecemos), tratando o outro profissional como

fosse seu filho. Além de o contexto emocional ser diferente, a situação é

agravada pela estrutura de poder estabelecida, causando problemas para os

dois lados.

Em decorrência disso, gerentes, chefes e supervisores acabam por

reduzir o tempo destinado a essa atividade. Outra razão para tal redução é que

a prática de coaching exige dedicação e alto grau de compromisso. Além

disso, as etapas do processo podem não estar explícitas para todos os

envolvidos.

20

2.3 - Identificação da necessidade de coaching

• Fases de transição na vida

As fases de transição pelas quais uma pessoa passa no curso da vida

marcam os momentos mais importantes e exigem uma transformação pessoal.

Passagens da infância para a adolescência, desta para a fase adulta, a

escolha da carreira profissional, casamentos, nascimento dos filhos,

promoções durante a vida profissional, aposentadoria e velhice.

As sociedades tribais têm, como tradição secular, vários rituais de

passagem que auxiliam seus membros a completar com sucesso essas

transições. Esses rituais marcam, por meio de experiências simbólicas

profundas, a importância do papel social eu cada transição traz. É a

valorização do indivíduo e sua contribuição para a sociedade. Para que os

rituais funcionem, é necessária uma estrutura social forte, um sentido coletivo,

que garanta sua sustentação.

As sociedades ocidentais perseveram poucos rituais e, os que

sobraram, estão desprovidos do significado original. Talvez esta perda se deva

a fragmentação do tecido social que presenciamos hoje. As relações

existentes nas instituições pilares dessa estrutura, tais como família, escolas,

empresas, estão sofrendo enormes transformações e os vínculos ainda não

foram refeitos.

De qualquer forma, essas fases de transição são oportunidades para a

prática de coaching. Algumas transições querem coaches específicos. Por

exemplo, entrada na escola e a passagem da infância para a adolescência são

21

funções a ser desempenhadas, primordialmente, pelos pais e pelos

professores.

Agora, quando o adolescente atinge certo grau de desenvolvimento, ele

passa a querer escolher novos coaches, iniciativa que deve ser respeitada e

estimulada. Os pais necessitam, nem tampouco podem suprir todas as

necessidades dos filhos. Os novos coaches podem ser os amigos, a

namorada, o primeiro chefe. E é saudável que seja assim, pois ele estabelece

novos vínculos e ganham confiança através dos acertos e erros de suas

escolhas.

• Trainees

É praxe que, ao contratar um trainee, a organização já tenha elaborado

o seu programa de desenvolvimento. A definição de quem vai ser o coach deve

ser feita logo em seguida com a participação do próprio trainee. É muito

importante que o trainee escolha o seu coach, pois isso criará uma base de

aceitação para o contrato de trabalho entre eles. Tal prática, que ainda é

prerrogativa de trainees, deveria ser entendida como um direito e necessidade

de todos os funcionários da organização. E é o papel de seus chefes garantir-

lhes que tenham apoio suficiente para um desempenho bem-sucedido. Esse

tratamento diferenciado na contratação de trainee causa, muitas vezes,

sentimentos de inveja e injustiça, além de constrangimento na relação com os

outros.

• Miopia e retrabalho

Pessoas que estão constantemente esquecendo coisas, que precisam

revisar com freqüência seus esquemas de trabalho ou que não sabem lidar

22

adequadamente com informações estão sempre enfrentando situações de

retrabalho. Isso as deixa irritadas, assim como as pessoas que dependem

delas. Pessoas perfeccionistas, que gastam tempo excessivo com detalhes

pouco relevantes para o projeto, causando atrasos nos trabalhos dos outros,

são fortes candidatas a coaching. O coach precisa analisar junto com elas o

porque desses comportamentos: pode ser falta de organização, confusão de

papéis ou visão distorcida do projeto, uma espécie de miopia.

• Passado não resolvido

Transferências, promoções, expatriações e desligamentos são

movimentações significativas na vida de um profissional, são as tais fase de

transição. São os momentos que marcam as fases da carreira. O esquema de

condução dessas movimentações varia de uma organização para outra.

Algumas simplesmente movimentam a pessoa com base no histórico técnico

dela, sem analisar seu estilo, preferências e aspirações. Outras, mais

conscientes, tomam o cuidado de consultar a pessoa em questão, analisando

junto com ela seu histórico e a perspectiva da movimentação. Mesmo assim,

ainda falta uma estrutura de coaching que dê continuidade ao processo de

desenvolvimento, ou seja, que acompanhe nos percalços da carreira. É certa

que a gestão da carreira de um indivíduo é sua responsabilidade, mas um

apoio mais constante o ajudaria a aproveitar melhor as oportunidades.

2.4 - As quatro etapas do processo de Coaching

O processo de coaching se dá em quatro etapas. A primeira etapa, é a

mais crítica, consiste na construção de uma parceria sólida, consciente. Uma

23

parceria baseada em confiança mútua e maturidade para assumir e cumprir

todas as responsabilidades acordadas.

A abertura entre o coach e o cliente deve ser total; afinal, eles viverão

juntos vitórias e realizações, mas também compartilharão momentos de

fracassos e frustrações. Como precisam lidar honestamente com a realidade

dos fatos, devem adotar o feedback como prática freqüente. É importante que

a relação seja nutrida durante todo o processo, até o resultado final ser

atingido, pois constitui um trilho seguro para o percurso.

A segunda etapa diz respeito ao que o cliente deseja realizar: sua visão

de futuro. O coach pode ajudar a transformar a visão da empresa na visão da

equipe ou negócio e, finalmente, na visão pessoal do cliente. Pode ser também

que o cliente tenha uma visão mais ampla, que transcenda a visão da

organização de um projeto específico ou pessoal. O coach deve estimular o

cliente a sonhar... de olhos abertos, expressar quem ele é através dos sonhos

e manter a integridade consigo mesmo.

A terceira etapa consiste na análise da “bagagem de mão”, ou seja, a

trajetória de realizações de ambos. É muito importante que coach e cliente se

conheçam bem para que explorem com competência os talentos um do outro.

É valioso também que apontem suas dificuldades e limitações atuais e definam

aquelas que precisam ou desejam mudar.

Parte do papel do coach é ajudar o cliente a separar, na bagagem, o

que é seu do que é dos outros, o essencial do supérfluo, e liberta-se de

eventuais “pesos inúteis” da bagagem. Outra parte significativa reside em

ajudá-lo a valorizar o que tem: seus talentos, sua dedicação, enfim, seu

potencial de realização.

A quarta etapa do plano de ação. Conhecendo melhor o cliente, o coach

pode ajudá-lo a identificar o gap entre sua visão e a situação e competências

atuais. O coach precisa observar se essa distância não esta muito além do que

24

se pode cumprir, pois isso só causaria ansiedade. O próximo passo é construir

uma ponte firme para que a intenção se transforme em resultados. Estabelecer

e acordar um plano de ação é fundamental para que o coach possa

acompanhar bem o desenvolvimento do cliente, garantindo sucesso do projeto.

Coaching é uma estrutura de suporte ao compromisso que não só

mantém a disciplina e a determinação como também permite redirecionar

sempre que necessário. Ao atingir o resultado, deve-se celebrar ou aprender a

lição da jornada. Feito isso, a função do coach nessa viagem está completa.

CAPÍTULO III

COACHING: UM EXERCÍCIO REFINADO DE LIDERANÇA

3.1 - Todo coach é um líder

a) Coach não é chefe

25

Queremos fazer uma distinção: hoje nas empresas as pessoas ainda

são consideradas e registradas como diretor, gerente, chefe ou supervisor.

Mas o que se espera delas é que sejam, de fato, líderes ou coaches. E essa

demanda está aumentando a passos largos.

Uma das maiores diferenças entre esses papéis é o resultado o uso do

poder. No papel de diretor, gerente, chefe ou supervisor, o que o poder está

vinculado ao cargo ou posição: contratar, promover, transferir ou demitir, além

de punir ou premiar.

No papel de líder e no de coach, o poder é pessoal, está relacionado à

disposição de incentivar, alertar ou induzir a reflexão, dar e receber feedback

(elogios ou críticas). O coach não demite, é o chefe quem o faz. As

organizações não poderão manter ou atingir os padrões de excelência e

produtividade necessários se as pessoas não se libertarem do apego às

posições e da rigidez das estruturas hierárquicas.

b) Algumas sutilezas entre Coach e Líder

Conseguir que as pessoas produzam resultados é a competência central

do líder; portanto, todo coach é um líder, mas nem todo líder é coach. A

diferença é sutil, pois ambos precisam observar a dinâmica do processo de

realização: resultados x pessoas.

A maioria das pessoas dedicará mais tempo e energia a um dos dois

papéis, podendo dar excelentes contribuições à empresa. Hoje, poucos

26

coaches desempenham bem ambos os papéis com naturalidade. Não vamos

mistificar: não é um dom inato, requer treino, abertura pessoal. Quem já

trabalhou com alguém assim sabe que é uma experiência inesquecível.

3.2 - Mitos de Liderança

Nas últimas décadas muitas abordagens de liderança têm sido criadas

visando, basicamente, ajudar as organizações a enfrentar desafios de

sobrevivência e competitividade mercadológica. As mudanças que o papel do

líder vem sofrendo nos últimos tempos estão contribuindo para dissolver os

principais mitos acerca da liderança. Vejamos como alguns deles têm

contaminado o papel de coach:

3.2.1 – O Líder nasce feito

Este mito indica que a liderança seria inata, algo de genialidades com

que algumas pessoas são dotadas desde o nascimento. Haveria uma “aura”

com a qual o indivíduo supostamente teria sido brindado pela sorte, ou não.

Portanto, não seria passível de ser desenvolvida.

Ao entender a liderança como um papel social, assumimos que ela pode

ser desenvolvida como qualquer outro papel. Significa ser aprendida. Ou

melhor, apreendida na prática. É possível fracassarmos no exercício de

liderança em determinada empresa e funcionarmos muito bem em outra.

Pessoas em que não apostávamos mais descobrem, em um trabalho diferente,

sua possibilidade de expansão.

3.2.2 – Liderança de um talento novo

Este mito define a liderança como algo escasso, e não como um

potencial que qualquer pessoa pode ter e desenvolver, se quiser. Como

explicar então a realização de projetos imensos, que envolvem milhares de

27

pessoas? Teriam sido bem-sucedidos se dependessem, única e

exclusivamente, dos talentos de alguns poucos “leigos”?

Nosso olhar não é treinado para distinguir o exercício diário de liderança

e coaching nos mais variados níveis: professores que influenciam o

desenvolvimento das crianças, carnavalescos que coordenam o espetáculo

das escolas de samba, policiais que orientam o trânsito, babás que guiam

nossos filhos pelas ruas da cidade, garotos que lideram outros, etc. Em

decorrência dessa miopia, algumas organizações têm elitizado os papéis de

líder e coach, investindo recursos na identificação e no desenvolvimento de

altos potenciais. Os não aprovados terão duas chances: se jovens, poderão

ser reavaliados no futuro; se mais “velhos” (e este limite é variável segundo a

cultura da empresa), poderão ser mantidos, mas não vão obter a mesma

tensão/investimento que os demais.

3.2.3 – Líderes devem ser carismáticos

Quando somos apresentados a um profissional extremamente afetivo,

muitas vezes nos surpreendemos com sua simplicidade. Definitivamente, ele

não corresponde à imagem que fazemos de líderes: geniais, autocontrolados,

inspirados, perfeitos, infalíveis... quase super-heróis. Só essa imagem dificulta,

ao invés de facilitar, a prática efetiva e natural de liderança.

Os gerentes esforçam-se para moldar-se a tal perfil abrindo mão das

características próprias que são valiosas para estimular a equipe e atingir

resultados. Portanto, reprimem-se e frustam-se, frustrando os outros também.

Imaginam que precisam ser diferentes para ser percebidos e valorizados como

“líderes”. Com passar do tempo, isso resulta em baixa estima e ressentimento

em relação à organização.

3.2.4 - O Líder é quem detém a verdade

É ele quem sabe o que realmente está de fato ocorrendo, ou pelo

menos deveria saber. Este mito é muito perigoso, pois as opiniões ou posições

28

de uma única pessoa acabam por influenciar fortemente decisões importantes

que afetarão toda equipe.

Profundas transformações ocorrem quando todos podem expor sua

forma de perceber a realidade. Alguns fatores, ainda presentes em muitas

organizações, sinalizam as dificuldades para atingir um ambiente de abertura:

o feedback não é um hábito, a avaliação de desempenho não é via de mão

dupla, demissão comunicada pelo setor de RH, etc.

3.2.5 – O Líder detém o poder

A famosa frase, ainda hoje citada, “manda quem pode, obedece quem

tem juízo” revela que a liderança está diretamente associada ao poder, à

autoridade. Ao centralizar decisões, o líder “detém a força”, só ele escolhe o

caminho a seguir. Os outros (sua equipe) são fracos, não têm poder, são

totalmente dependentes de sua direção... e responsabilidade. Na realidade,

este é o maior espetáculo ao processo de empowerment, cuja implantação tem

sido objeto de atenção de muitas organizações.

Empowerment consiste em dar poder às pessoas, deixar que elas

controlem atividades, influenciem decisões e assumam responsabilidades.

“Isso atemoriza os gerentes porque eles pensam que vão perder o poder tão

duramente conquistado, como se fosse uma ‘humilhação”. Eles não estão

conscientes de que suas equipes que os legitimam, assim como um povo a

seu governante. A decisão de segui-los, como líderes, pertence a seus

seguidores. Esta é a profunda diferença entre seguidores passivos e ativos: a

consciência e prática da escolha e do poder responsável.

3.3 – Quando os mitos se transformam em fantasmas

Estes mitos, com suas arquetípicas e naturais implicações, ganham

intensidade nos processos de mudanças ou reestruturação organizacional: as

pessoas tentem salvar seu emprego. Ameaçadas desesperam-se como

29

sobreviventes, apegando-se a qualquer coisa para salvar a própria pele.

Inconscientemente ou não, omitem, distorcem ou maquiam informações

(especialmente as negativas). Os líderes também. Somos todos humanos,

temos medo de várias coisas, dentre elas o desemprego. Cada um disfarça

como pode sua insegurança.

Para empreender uma verdadeira mudança cultural na empresa,

precisamos criar e manter um ambiente aberto à aprendizagem. Para isso, é

fundamental desmistificar muitos papéis, especialmente o da liderança, que

consiste num dos principais resultados e viabilizar projetos.

3.3.1 – O coach não é ....

O papel de coach é confundido, muitas vezes, com os de conselheiro,

mentor e guru, o que dificulta seu desempenho e a obtenção de bons

resultados. Apesar de extremamente valiosos, nenhum desses papéis requer o

compromisso de apoiar pessoas a realizar metas. No papel de coach, esse

compromisso é fundamental, à medida que o coach atua no campo do

desempenho – resultado e realização pessoal - e influencia no

desenvolvimento de padrões éticos, comportamentais e de excelência.

• O Conselheiro

Fonte de consulta e recomendações, geralmente é respeitado pela

quantidade e qualidade das informações que detém. Pode ser interno ou

externo à organização, e o contato com ele é pontual. Você pede e recebe a

informação, e a relação termina aí. Não há continuidade na relação nem

responsabilidade alguma por parte do conselheiro em como você usará a

informação. Algumas empresas, durante o processo de downsizing, terceirizam

30

áreas de serviços, como o departamento jurídico, por exemplo, e seus

profissionais (no caso, advogados) passaram a funcionar como conselheiros

ou consultores externos.

• O Mentor intelectual

Trabalho de campo do conhecimento e da técnica. É que ele que tem as

idéias, por isso as pessoas se referem a ele como “mentor” ou professor,

aquele que idealizou o projeto, seja uma fábrica, seja um sistema de vendas.

Ele pode ensinar uma técnica, mas não necessariamente orienta as pessoas

na execução ou participa dela, que é o papel preponderante do coach. E

quanto o mentor é inspiração, o coach é transpiração. Nesse caso, a diferença

entre este papel e o que está sendo estabelecido aqui é realmente grande.

• O Mentor formador

Cada faraó, cada rei e cada lama tiveram um mentor que os

acompanhava durante toda a sua formação, até que pudessem assumir as

responsabilidades inerentes às suas funções. Esse papel, que vem desde a

antiguidade pela formação de Alexandre, O Grande, até que ele completasse

dezesseis anos. José Bonifácio foi o mentor formador de D. Pedro I.

As famílias abastadas, no desejo de prover para seus filhos uma

formação diferenciada, contratavam preceptores que funcionavam como

professores particulares e acompanhavam os membros da família desde a

infância até que se tornassem adultos.

Dentro de um escopo similar, existe também o papel de tutor, a quem é

delegada a responsabilidade de uma criança, quando da falta dos pais. O tutor

cuida de toda a formação e gerencia os bens da criança até sua maioridade.

31

Na sociedade atual, o papel do mentor formador cabe exclusivamente

aos pais, que deve, preparar seus filhos para o exercício de seus direitos e

deveres, ajudando-os a desenvolver uma estrutura pessoal e social que lhes

permita assumir seu papel no mundo.

Algumas empresas querem resgatar esse papel, outorgando a um

mentor previamente determinado a responsabilidade pelo desenvolvimento e

pela formação de pessoas, por meio de um processo formalmente

estabelecido. Entretanto, há uma contradição nessa iniciativa porque estamos

falando de capacitação, e não de educação de adultos. Parece que o problema

é a premissa com a qual interpretam o ser humano, o profissional.

A premissa, que parece predominar hoje no mundo profissional, é que

cada profissional é totalmente responsável por sua carreira e que o papel da

organização é capacitá-lo, prover condições para que ele explore seu poder de

realização (empowerment). A forma concreta de estimulá-lo é permitir que ele

assuma responsabilidades e corra riscos em projetos importantes, podendo ser

assessorado nas etapas desses projetos. Essa assessoria, que chamamos de

coaching, deve ser feita da forma mais natural possível (não quer dizer falta de

seriedade ou organização), e o ideal é que o coach seja escolhido pelo

profissional, que passa a ser seu cliente.

O coach se compromete com o desempenho, traduzido em resultados e

realização pessoal do cliente. Ele pode influenciar no desenvolvimento de

padrões de excelência e de comportamento éticos, ajudando o cliente a manter

a integridade consigo mesmo e com os outros. Mas não é o pai da carreira de

ninguém.

• O Guru

O guru, por sua vez, está concentrado em sabedoria e transcendência, e

não em desempenho. Até um guru técnico está mais preocupado com o

32

estado da área que com um desempenho individual específico. Todos esses

papéis são valiosos, mas apenas o líder e o coach têm o compromisso de

apoiar pessoas a realizar metas concretas.

• O Consultor Organizacional

Ele pode desempenhar vários papéis. Pode informar (conselheiro),

idealizar uma abordagem de negócio (mentor), apoiar o desenvolvimento de

líderes e seguidores (coach). Nos últimos anos, têm surgido várias profissões

de coaching especializado.

Mas, quanto aos gurus, duvido que algum de nós, consultores,

realmente o seja, embora o campo do auto-engano seja vasto.

3.4 – O Poder Pessoal e o Poder Hierárquico

Falar de liderança e coaching significa, necessariamente, falar em poder

pessoal. Significa diferencia-lo do poder da posição. Muitas pessoas em

posição de poder têm dificuldades no exercício da liderança por não conseguir

estabelecer esta distinção com clareza. Na teoria, não é difícil diferenciar um

do outro, mas na prática ....

O mais conhecido poder de posição é o poder do cargo, outorgado a

alguém que assume determinadas responsabilidades numa organização. É o

poder instituído, convencionado a um cargo específico, referendado

diariamente em todos os atos formais na estrutura organizacional. Claramente

delimitado e sustentado, não é menos difícil de ser aplicado, tornando-se um

apoio constante para que os dirigentes enfrentem os desafios de obter

resultados através das pessoas. Ao deixar o cargo, imediatamente, os seus

ocupantes deixam de ter direito a ele.

O poder pessoal, por sua vez, tem como base a estrutura de

funcionamento da própria pessoa e está presente e disponível em qualquer

33

atividade que a pessoa exerça. Nem sempre tem o suporte da instituição ou da

estrutura formal e está sempre inserido na estrutura das relações

interpessoais. Não tem limites claramente definido e sofre constantes

modificações à medida que as reações amadurecem e se transformam. Como

ele não está vinculado à posição ou cargo, a pessoa não o perde jamais. Em

compensação, é necessário esforço pessoal para adquiri-lo, conquistá-lo.

Líderes e coaches verdadeiros conhecem seu poder pessoal e sabem

utiliza-lo a favor do propósito das suas organizações, das suas equipes, dos

seus clientes e de si mesmos. Investem seu tempo e energia para desenvolvê-

los, assim como estimulam cada um dos seus parceiros a identificar e

fortalecer o próprio poder pessoal, de modo que eles não se tornem

dependentes de seu apoio e para que possam também se transformar em

líderes. É assim que líderes desenvolvem seus sucessores.

34

CAPÍTULO IV

O COACHING E SUA IMPLEMENTAÇÃO

4.1 – A matriz de responsabilidades x autonomia

Para que os coaches (sejam eles pais, professores, chefes) percebam

rapidamente o momento adequado para oferecer o sua apoio ao cliente (sejam

eles filhos, alunos, parceiros de trabalho) e que tipo de ação possibilitará maior

empowerment ao cliente, uma boa dica é observar o equilíbrio da relação

responsabilidade x competência.

Dessa análise ele deduz que grau de autonomia é adequado a cada

uma das ações do projeto do cliente. Quanto maior a competência, mais

chances seu cliente terá de atender às responsabilidades e a autonomia é

natural. Quanto menor a competência, mais necessidade de acompanhamento

constante, isto é, controle.

Quando a relação responsabilidade x competência não está equilibrada,

a resposta mais comum é o stress manifestado sob duas formas: ansiedade e

frustração. Com esses dois indicadores fica mais fácil observar quando os

35

indivíduos ou times entram em stress, que é o prenúncio da queda de

desempenho.

• Ansiedade: quando as pessoas assumem responsabilidade

superior às suas competências, elas podem duvidar de suas condições

de atingir o resultado – daí ansiedade. Perguntam com freqüência se o

trabalho está bom, ficam preocupadas demais com prazos e padrões de

qualidade, temem não conseguir o resultado desejado. Gerentes

centralizadores que se deixam ficar sobrecarregados também

necessitariam de um suporte para melhorar seu padrão de

desenvolvimento – eles não se desenvolvem e afetam o

desenvolvimento dos membros do seu time.

• Frustração: quando as pessoas não assumem toda a

responsabilidade que suas competências permitem, ficam frustradas e

tristes. Sentem-se pouco valorizadas e podem acomodar-se. É o caso

de talentos mal aproveitados que não dão certo numa empresa, mas

quando mudam de emprego, evoluem exuberantemente.

Outro fator a ser observado é o timing, isto é, o momento em que a

necessidade é identificada e atendida. Quando o potencial é tardiamente

identificado ou nem mesmo chaga a sê-lo, na maioria das vezes é por falta de

coaching.

Temos, como exemplo, o caso de um executivo que, apesar de

competente e dedicado, não conseguiu manter-se na organização. Ele foi

recomendado para um processo de coaching com um profissional dessa área,

mas após algumas sessões pediu demissão da empresa porque o apoio veio

tarde. Ele estava ressentido por já haver sido rotulado por pessoas de sua área

e de outras áreas da empresa.

36

Nesses casos, um bom coach ajuda a regular a situação, auxiliando as

pessoas a restabelecer seus contratos de resultados.

4.2 – As quatro competências da liderança

Como coach, é necessário estar atento para algumas competências que

assegurarão o bom desempenho. Warren Bennis & Burt Nannus, após anos de

pesquisa som sessenta líderes corporativos de vários segmentos, definiram

quatro competências de liderança que podem ser utilizadas como itens a

serem monitorados durante a execução de um Plano de Ação:

4.2.1 – Gerenciar a atenção

Significa manter o foco na visão e nos resultados pretendidos. Peça que

seu cliente registre o enunciado da visão e cada um dos resultados claramente

definidos, de tal maneira que não fique nenhuma dúvida do critério de

atendimento. Um atleta alcança seu objetivo quando, por exemplo, ganha uma

olimpíada. É preciso ser mais específico: o que é ganhar uma olimpíada? É o

primeiro lugar, é estar no pódio entre os três primeiros colocados ou

simplesmente completar a maratona, não importa que em último lugar.

4.2.2 – Gerenciar Significado

Consiste em apoiar o seu cliente a comunicar a sua visão de forma que

as pessoas saibam claramente o que ele deseja e o identifiquem fortemente

com a visão.

E, se seu cliente depender da colaboração das pessoas, é

imprescindível que eles a incluam no plano de ação e, como primeiro passo,

envolva-as no projeto.

37

4.2.3 – Gerenciar a Confiança

Diz respeito à credibilidade, a capacidade de prever o comportamento

do outro. Para merecer crédito é preciso manter compromisso, saber honrar a

palavra. Ser pontual, atender aos padrões de qualidade preestabelecidos,

cumprir prazos, ter um desempenho em constante evolução são alguns

exemplos de comportamento que cultivam credibilidade.

Faça com que seu cliente defina e registre, claramente, para cada um

dos objetivos (resultados pretendidos) os padrões de desempenho, prazos e

estratégias para atingi-los. Isso fará com que ele tenha em mente o panorama

global do projeto e as responsabilidades assumidas.

Para maioria dos empresários e executivos, o bem mais valioso de que

dispõem é o seu crédito. Com ele, conseguem se reerguer de um período de

dificuldade, conseguem suporte financeiro para seus projetos mais ousados.

Sem ele, só lhes resta fazer alianças complicadas e perigosas, pelas quais

podem ter de pagar um preço alto.

4.2.4 – Gerenciar o EU

Este é o patrimônio verdadeiro de cada pessoa, suas qualidades,

competências, talentos. Conhecer este patrimônio, saber administrá-lo e

desenvolvê-lo é a tarefa central. O coach precisa conhecer seu próprio

patrimônio e do cliente, assessorando-o a utilizar bem seus recursos e buscar

nos outros o que lhe falta no momento. Lembre-se: os indicadores para saber

se estamos usando bem todo o potencial de que dispomos são: entusiasmo,

determinação e autoconfiança baseada em consciência, e não em ilusões.

4.3 – Coaching não é avaliação de desempenho

Um grande erro é achar que coaching é avaliação de desempenho.

Coaching é suporte constante ao desempenho até que os resultados e a

38

realização sejam atingidos. Não é um apoio temporário, é um compromisso. O

cliente pode ter uma rede de apoios temporários, mas é com seu coach que

ele discute a evolução do seu desempenho.

É claro que isso implica avaliar o desempenho, mas o foco do processo

não é este: é apoiar e acompanhar o desempenho, não avaliá-lo numa

perspectiva cômoda. O principal responsável pelas conseqüências do bom ou

mau desempenho é o cliente.

Se o coach for o chefe do cliente, ele deverá ter acompanhado o

desempenho da pessoa o ano todo, e a avaliação de desempenho

propriamente dita não terá surpresas para nenhum dos dois. O chefe terá feito

sua parte, ajudando o cliente a utilizar bem seus recursos e redirecionar seu

desempenho sempre que necessário. O cliente conhecerá bem a percepção

do chefe e saberá quais são suas dificuldades e competências. A avaliação de

desempenho é apenas uma formalização.

Muitos dos problemas na avaliação de desempenho decorrem do fato

de o chefe não fazer o papel de coach. Sem acompanhar o funcionário, ele

não pode avaliar junto com ele sua evolução. Ele tem dívidas com este

funcionário. Este por sua vez, não pede coaching por medo de parecer

incompetente e passa o ano todo com dúvidas que comprometem o

desempenho. O coaching aumente significativamente a qualidade da avaliação

de desempenho, seja de uma pessoa, seja do time.

39

CONCLUSÃO

Neste trabalho monográfico, falamos a respeito de um verdadeiro

coach, profissional que pratica um exercício refinado de liderança. A boa

situação deste profissional influencia o desenvolvimento de padrões éticos,

comportamentais e de excelência nas organizações.

Provavelmente, por ser tão natural e presente em nosso cotidiano, o

processo de coaching não é percebido claramente e nem se dá o devido valor

ao impacto nos resultados e, em função dessa constatação, queremos

valorizar os coches que, ao longo da vida, nos ajudam a atravessar a ponte

entre nossos sonhos e sua realização: pais, avós, irmãos, professores, chefes,

colegas, amigos... é isso aí: os amigos.

Todo coach é, em última instancia, um amigo do sucesso do outro.

Acreditamos que podemos reconhecer melhor um amigo pela forma como ele

estimula e vibra com o nosso sucesso.

Essas pessoas formam uma rede invisível. Joseh Campbell, em “O

poder e o mito”, disse que “ é o invisível que sustenta o visível”. E é, através

dessa rede de cooperação e desse apoio, ao qual nem sempre damos a

devida atenção, que moram os verdadeiros estimuladores, molas propulsoras

das grandes realizações do mundo concreto.

Damos e recebemos coaching com mais freqüência do que supomos.

Então, já que é um processo tão presente na vida, vamos praticá-lo com

40

qualidade. O trabalho é o mesmo, aliás, o trabalho é bem mais produtivo

quando o processo é bem feito.

41

ANEXO

42

BIBLIOGRAFIA

ADIR, John. Como tornar-se um líder. Editora Nobel, São Paulo, 1997.

ARAÚJO, Ane. Coach: um parceiro para o sucesso. Editora Gente, São

Paulo, 1999.

DRUCKER, Peter F. Foudation (org). O líder do futuro – trad. Cynthia

Azeredo, São Paulo, Futura, 1996.

KOTTER, John P. O fator Liderança. Tard. Barbara Theoto Lambert, Ed.

Makron Books, São Paulo. 1992.

KRAUSZ, Rosa R. Coaching executivo. Editora Nobel, São Paulo, 2007.

LAROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma

monografia. 6ª ed, Editora Wak, 2005.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA

4

RESUMO

5

METODOLOGIA

6

SUMÁRIO

7

INTRODUÇÃO

8

CAPÍTULO I

09

LIDERANÇA

09

1.1 – Estilos de Liderança

10

CAPÍTULO II

17

O QUE É COACHING

17

44

2.1 – Definição de coaching

17

2.2 – A versatilidade do coaching

18

2.3 – Identificação da necessidade de coaching

20

2.4 – As quatro etapas do processo de coaching

23

CAPÍTULO III

25

COACHING: UM EXERCÍCIO REFINADO DE LIDERANÇA

25

3.1 – Todo coach é um líder

25

3.2 – Mitos de liderança

26

3.2.1 – O líder nasce feito

26

3.2.2 – Liderança de um talento novo

27

3.2.3 – Líderes devem ser carismáticos

27

3.2.4 – O líder é quem detém a verdade

28

3.2.5 – O líder detém o poder

28

3.3 – Quando os mitos se transformam em fantasmas

29

3.3.1 – O coach não é....

29

45

3.4 – O poder pessoal e o poder hierárquico

33

CAPÍTULO IV

35

COACHING E SUA IMPLEMENTAÇÃO

35

4.1 – A matriz responsabilidades x autonomia

35

4.2 – As quatro competências da liderança

36

4.2.1 – Gerenciar atenção

37

4.2.2 – Gerenciar significado

37

4.2.3 – Gerenciar confiança

37

4.2.4 – Gerenciar o EU

38

4.3 – Coaching não é avaliação de desempenho

38

CONCLUSÃO

40

ANEXO

41

BIBLIOGRAFIA

42 ÍNDICE

43

46

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia: O PAPEL DO COACHING

Autor: Letícia Pereira Santos

Data da entrega: 31/01/09

Avaliado por: Conceito: