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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA SEÇÃO DE ALMOXARIFADO NA GESTÃO DE MATERIAIS DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO Por: Felipe de Mello Santos Orientador Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA SEÇÃO DE ALMOXARIFADO NA GESTÃO

DE MATERIAIS DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO

DE JANEIRO

Por: Felipe de Mello Santos

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA SEÇÃO DE ALMOXARIFADO NA GESTÃO

DE MATERIAIS DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO

DE JANEIRO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão Pública

Por: . Felipe de Mello Santos.

Rio de Janeiro

2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que de alguma forma

se fizeram presentes no

desenvolvimento desta monografia.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha esposa

que me ajudou na realização deste

trabalho.

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RESUMO

O presente estudo visa ao entendimento de como a Seção de

Almoxarifado do Tribunal Regional Eleitoral pode contribuir para uma gestão

eficiente de materiais dentro de um contexto de racionalização dos custos,

através da redução dos gastos e do aumento da qualidade dos serviços

públicos, que predomina atualmente na administração pública brasileira.

Demonstra-se, inicialmente, como a área de materiais vem ocupar um

papel de grande relevância nas organizações privadas e públicas, diante da

existência materiais cada vez mais complexos e da necessidade de

coordenação específica das atividades ligadas a essa área.

Posteriormente, são apresentadas as atividades desempenhadas pelo

setor de almoxarifado, que contribuem para a gestão eficiente dos materiais e

que se encontram baseadas em técnicas e procedimentos modernos.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido a partir de levantamento bibliográfico e da

legislação existente acerca da área de administração de materiais, além de

consultas ao site da instituição objeto de estudo.

Na primeira parte desta pesquisa, é apresentado o surgimento da

administração de materiais no mundo e qual a sua importância nos dias atuais.

Logo em seguida, demonstra-se uma breve análise do desenvolvimento desse

ramo da administração no serviço público brasileiro. Para isso, recorreu-se a

autores como Renaud Silva e utilizou-se de dados constantes no Plano Diretor

da Reforma do Aparelho do Estado.

Nos capítulos seguintes, procurou-se demonstrar as atividades de

recebimento, armazenagem, controle, distribuição, e os procedimentos de

gerenciamento de estoque, que são desempenhados na Seção de

Almoxarifado do Tribunal Regional Eleitoral, contribuindo para uma gestão

eficiente dos materiais. Nesse caso, utilizou-se a experiência profissional vivida

pelo autor desta monografia nessa seção, o uso de dados existentes na

intranet do Tribunal, e a referência de conceitos de autores como Gerson

Santos e João José Viana.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A administração de material 10

CAPÍTULO II - A seção de Almoxarifado do

Tribunal Regional Eleitoral 19

CAPÍTULO III – Gestão de Estoque 33

CONCLUSÃO 45

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA 47

ÍNDICE 49

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

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INTRODUÇÃO

A administração de materiais é um ramo da administração que tem

ganhado destaque nos últimos anos por parte de organizações privadas e

públicas, uma vez que os recursos materiais pertencentes a essas entidades

geram custos e, consequentemente, interferem em seus resultados, ou melhor,

em suas atividades fim. Além disso, diante da complexidade de materiais

existentes no mercado, é fundamental que haja uma coordenação especifica

para esses itens, permitindo a racionalização na manipulação desses recursos,

que inclui as fases de aquisição, armazenamento e destinação final.

No caso de organizações públicas, é debatido, cada vez mais, que o

fundamental não é um Estado forte, e sim um Estado eficiente, que

desempenhe suas funções com qualidade, satisfazendo aos interesses da

sociedade. Uma das formas de alcançar essa eficiência seria através da

redução dos custos utilizados pelos órgãos públicos e do aumento da

qualidade dos serviços públicos prestados. Ressalta-se que essa concepção

de eficiência está pautada nos princípios do modelo gerencial de administração

pública, que avança em determinadas áreas do Estado brasileiro, com a

introdução de técnicas gerenciais modernas.

Neste sentido, a questão principal desse trabalho é demonstrar a

importância Seção de Almoxarifado na gestão de materiais do Tribunal

Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, através das atividades que esse setor

realiza, e como esse setor contribui para dar maior eficiência na administração

dos recursos materiais do Tribunal. São detalhadas as atividades de

recebimento, armazenamento, controle e distribuição dos materiais de

consumo adquiridos pelo Tribunal, além dos mecanismos utilizados,

atualmente, por essa seção para o gerenciamento de seus estoques, que, no

caso do setor público, representa, acima de tudo, dinheiro público imobilizado.

Com isso, pretendeu-se, também, desfazer o rótulo negativo atribuído a esse

setor e aos funcionários envolvidos no desempenho dessas atividades, que

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auxiliam o Tribunal em sua atividade fim, demonstrando que o Almoxarifado

não é um simples “depósito” de materiais, ou então, que os bens estão

“guardados” esperando para serem usados.

Propõe-se, também, enfatizar parte dos fatos que ocorrem

anteriormente ao uso pelos servidores dos recursos materiais existentes na

instituição, criando, assim, uma nova mentalidade no uso racional, cuidadosa,

com esses recursos que, além de serem patrimônio da instituição, são bens

públicos, pertencentes a toda a sociedade.

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CAPÍTULO I

A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL

1.1 – Histórico

A administração de materiais ainda é um ramo recente da

administração e que surgi como uma demanda das organizações privadas

quanto à solução dos problemas relacionados aos seus custos operacionais e

a garantia do lucro diante de um mercado cada vez mais diversificado.

De acordo com SANTOS, (pág.1, 2003), quando se falava em

Área de Material, o que vinha à mente era a figura de um velho de óculos,

sentado junto a uma mesa, tendo ao lado um fichário ou um ‘kardex’, e ao

fundo as prateleiras que guardavam os itens de estoque – era o Almoxarife,

exercendo uma das mais antigas profissões. Mas não se questionava se as

quantidades ali armazenadas estavam bem dimensionadas; se o capital

investido em estoque era grande ou pequeno; qual fora o critério adotado para

a compra dos materiais; se era feito um inventário periódico naquele

almoxarifado; se o espaço físico era suficiente; se o salário daquele

profissional era compatível com a sua função e a sua responsabilidade, etc.

Ainda de acordo com SANTOS, (pág.1, 2003), historicamente,

observa-se através dos tempos a presença de pessoas que, sem dúvida

alguma, eram os homens da Área de Material da sua época. Entre eles, temos:

- no Egito – José, provedor da Casa Real do Faraó Queóps (construtor da

maior das pirâmides), teve seu êxito em fazer o uso do conceito ‘prever para

prover’, evitando faltas de gêneros na casa do seu senhor nos ‘sete anos de

miséria’ que assolaram o Egito; - na Grécia – Licurgo, em Esparta, considerava

como base do seu sucesso contra Atenas dois fatores: a bravura dos seus

soldados e a conservação dos seus equipamentos, esta feita por homens

especializados; - na Antiga Romana – havia a figura do libripens que foi, sem

dúvida, um “precursor do administrador de material” e que era responsável

pela troca de mercadorias “por uma utilidade-padrão” (peles, metais, pedras

preciosas, etc.). Esta atividade era o mancipatio.

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A evolução da Administração de Material (AM) está intimamente ligada

às transformações sociais, econômicas e tecnológicas provocadas pela

Revolução Industrial – marco divisório fundamental da História do mundo

contemporâneo (SILVA, pág.2, 1986).

De acordo com SILVA, (pág.2, 1986), as empresa industriais, com o

advento da máquina e a conseqüente produção em massa, sofreram

mudanças significativas, não só nas atividades-fim como também nas

atividades-meio, derivadas principalmente dos seguintes fatores:

.crescimento do volume das necessidades em material.

.velocidade das mudanças no processo produtivo com influência nas

previsões de demanda.

.qualificação dos recursos humanos.

A área de material sofreu um grande impacto em face de sua

característica de atividade-meio, crítica para o processo industrial. Até então,

empresas consideradas de grande porte empregavam um número limitado de

itens de material. Subitamente, a diversificação e os estoques destes itens

subiram a níveis multiplicados e com velocidade de demanda que desafiava

qualquer método de previsão até então empregado (SILVA, pág.2, 1986).

Deste modo, o despreparo técnico-administrativo para enfrentar a nova

situação só foi neutralizado com o advento da chamada Administração

Científica, iniciada por Taylor e Fayol e desenvolvida por Urwick, Gulick,

Mooney, Newman, Ford, Gilbreth e outros, mais recentemente (SILVA,

pág.2,1986).

Os novos métodos de trabalho, a preocupação em otimizar o processo

produtivo e, principalmente, o desenvolvimento do elemento humano criaram a

primeira infra-estrutura gerencial que pôde ser aplicada às situações

particulares de administração de materiais (SILVA, pág.2,1986).

O esforço inicial concentrou-se na atividade de Compras, de tal forma

que, ainda hoje, não há uma distinção total sobre o seu campo de ação e o de

outras atividades da Administração de Material, com quem muitas vezes se

confunde(SILVA, pág.2,1986).

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Nos Estados Unidos e na Europa (particularmente na França),

surgiram os primeiros esforços no sentido de implantar padrões técnicos e

administrativos para melhor execução da atividade de Compras. Tais esforços

originaram a criação de associações profissionais especializadas, destacando-

se dentre elas, nos Estados Unidos, a tradicional NAPM – National Association

of Purchasing Management e, na Europa, a Compagnie des Ches

d’Approvisionement et Acheteurs de France e a European Federation of

Purchasing (SILVA, pág.2,1986).

Estabelecida e sedimentada a especialidade de Compras, voltaram-se

as atenções para as extremidades funcionais da mesma, ou seja, para a

Gestão de Estoque, de modo que, em 1939, Georges Bècquart publicou, na

França, um dos primeiros livros voltados exclusivamente para a resolução dos

problemas de estoque (SILVA, pág.2,1986).

A Segunda Guerra Mundial interrompeu o desenvolvimento dos

estudos sobre Compras e Estoques. Entretanto, os problemas logísticos

vividos durante o esforço bélico e o “boom” tecnológico do pós-guerra vieram

ratificar a necessidade e importância do estudo relativo aos assuntos de

aprovisionamento (SILVA, pág.2,1986).

Verifica-se que, a partir da Segunda Guerra Mundial, intensificaram-se

os estudos sobre Compras e Estoques, além do estudo de outras atividades,

que também estão vinculadas com o fluxo de material dentro de uma

organização, consolidando a administração de materiais como função

administrativa dessas atividades.

Segundo SILVA, (pág.11,1986), nos últimos anos, tem aumentado o

número de empresas que implementaram o conceito de Administração de

Material. Essa tendência, no futuro, é de aumentar essa taxa de adesão,

devido a três aspectos, que influenciam na gestão das empresas.

O primeiro aspecto é a tendência das indústrias a utilizarem, cada vez

mais, componentes e materiais altamente complexos e especializados, a fim

de atender às exigências de um mercado de crescente sofisticação. A

produção desses itens em pequena escala não permite alcançar preços

competitivos – formam-se empresas especializadas na fabricação de

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componentes comuns a diversos usuários. Deste modo, as indústrias tendem a

comprar mais e fabricar menos grande parte de suas necessidades de

material. Torna-se imperativo a montagem de um esquema adequado de

aquisição, controle e armazenamento dos materiais, implicando na possível

implantação da Administração de Material, (SILVA, pág.11,1986).

O segundo aspecto é relativo ao uso intensivo de sistemas

computadorizados para controle das funções administrativas das empresas. O

emprego efetivo dos modernos equipamentos de processamento eletrônico de

dados exige a integração de aplicações isoladas em sistemas de informação.

Isto significa que, na área de material, os arquivos de compras, controle de

estoques, identificação e armazenamento devem ser consolidados em um

único banco de dados. As saídas referem-se a níveis de estoques, ordens de

compra colocadas, materiais inativos, localização de materiais, descrição de

materiais etc, e devem ser estabelecidas segundo uma única orientação

funcional, no caso, da Administração de Material, (SILVA, pág.11, 1986).

Finalmente, o terceiro aspecto refere-se à tendência crescente da

automação fabril. Com o processo de fabricação cada vez mais automatizado,

as especificações dos materiais são mais estritas e a amplitude de aceitação

menor. Além disso, o processo automático depende de um fluxo ininterrupto de

materiais; caso haja falta de um único item na qualidade requerida e na

quantidade necessária, ocorrerá uma interrupção indesejável na produção,

(SILVA, pág.11,1986).

Atualmente, pode-se definir a área de administração de materiais como

o conjunto de atividades responsáveis pela coordenação das atividades de

aquisição, guarda e distribuição de materiais. Além disso, pode-se dizer que

todas as pessoas, certa forma, desempenham a função de administradores de

materiais quando realizam o abastecimento de suas residências como comprar

alimentos, produtos de higiene e limpeza, vestiários, dentre outros. Para isso,

realizam as seguintes tarefas: ao comprarem os materiais, observam a

qualidade, a quantidade do que vai ser consumido, e os preços oferecidos;

controlam as quantidades de materiais comprados para evitar desperdício ou a

falta de algum item; e armazenam os materiais em locais apropriados a fim de

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evitarem perdas. A administração de materiais é uma atividade semelhante a

essa, só que em proporção maior.

Segundo SILVA, (pág.3, 1986), administração de material corresponde

no seu todo ao planejamento, organização, direção, coordenação e controle de

todas as tarefas necessárias a definição de qualidade, aquisição, guarda,

distribuição e aplicação dos materiais destinados às atividades operacionais de

uma empresa, seja ela de natureza industrial, comercial ou de serviços.

Nota-se a ausência de uniformidade na terminologia adotada para

identificar a composição ou estrutura administrativa da Administração de

Material, uma vez que há vários fatores como o tipo de organização ou sua

finalidade influenciam o organograma. Adota-se, como exemplo, o modelo

adaptado, abaixo, conforme FRAGA, (pág.4, 2010).

São considerados como recursos materiais aqueles que englobam os

aspectos materiais e físicos que a empresa utiliza para produzir. (VIANA,

pág.39, 2008).

Além disso, a instrução normativa nº 205, de 8 de abril de 1988, define

material como designação genérica de equipamentos, componentes,

sobressalentes, acessórios, veículos em geral, matérias-primas e outros itens

empregados ou passiveis nas atividades das organizações públicas federais,

independente de qualquer fator, bem como, aquele oriundo de demolição ou

Orgãos Superiores

Serviços Gerais

Material Recursos Humanos

Finanças

Almoxarifado Compras Planejamento

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desmontagem, aparas, acondicionamentos, embalagens e resíduos

economicamente aproveitáveis.

É fundamental para o sucesso de uma boa administração de material

em uma determinada organização que todos os setores e funcionários, que

atuam nessa área, estejam interligados através de rotinas, de normas

padronizadas instituídas para suprir a organização dos meios necessários para

a realização de suas atividades.

Com a globalização da economia e seus efeitos, há a necessidade das

organizações de se tornarem mais dinâmicas e eficientes para reagirem às

sinalizações e às tendências do mercado, continuando a serem competitivas.

Dentro desse contexto, é fundamental a administração de materiais como

ferramenta essencial a qualquer organização, auxiliando na agilidade e

eficiência na gestão de seus recursos e alcance de seus objetivos.

1.2 – A administração de material no serviço público brasileiro

Pode-se afirmar que a administração de materiais no serviço público

brasileiro está intimamente ligada à evolução de três modelos de

administração pública: patrimonialista, burocrático e gerencial.

Do modelo de administração patrimonialista, em que havia confusão

do patrimônio do soberano e o patrimônio do Estado, ao modelo gerencial, que

prega, dentre outros preceitos, a redução de custos, pode-se afirmar que

esses três modelos apresentam características e princípios diferentes.

Ressalta-se que esses três modelos de administração pública se

sucederam no tempo, sem que, no entanto, qualquer uma delas seja

inteiramente abandonada (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO

DO ESTADO, pág.11, 1995).

Não há como definir o atual modelo de administração pública, pois o

Estado brasileiro ainda passa por uma transição do modelo burocrático para o

gerencial. Além disso, também encontramos resquícios do modelo

patrimonialista na administração pública como a utilização de bens públicos

para fins particulares.

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O modelo de administração pública gerencial é o que mais se aproxima

da regras e princípios adotados pela iniciativa privada atualmente quanto à

administração de material. Esse modelo está assentado em três pilares: a

eficiência da administração pública, a redução de custos e o aumento da

qualidade dos serviços prestados aos cidadãos.

Além disso, é importante ressaltar que a administração pública

gerencial inspira-se na administração de empresas, mas não pode ser

confundida com esta última. Enquanto a receita das empresas depende dos

pagamentos que os clientes fazem livremente na compra de seus produtos e

serviços, a receita do Estado deriva de impostos, ou seja, de contribuições

obrigatórias, sem contrapartida direta. Enquanto o mercado controla a

administração de empresas, a sociedade – por intermédio de políticos eleitos –

controla a administração pública. Enquanto a administração de empresas está

voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos

acionistas, esperando-se que, através do mercado, o interesse coletivo seja

atendido, a administração publica gerencial está explícita e diretamente voltada

para o interesse público (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO

DO ESTADO, pág.11, 1995).

O modelo de administração pública gerencial foi idealizado em 1995,

na gestão do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, através

de uma proposta de reforma administrativa do Estado, tendo como fundamento

o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Além disso, destaca-se a

promulgação das emendas constitucionais de nº19/98 e nº20/98, que

introduziram artigos baseados em princípios do modelo de gerencial.

Vale destacar que nesse período de implantação da reforma

administrativa, o Estado brasileiro encontra-se inoperante, não conseguindo

atender aos interesses da sociedade e prestar os serviços públicos de forma

eficiente. A impressão da sociedade era a de que tudo aquilo que era público

era ruim, ou melhor, que não prestava. Além disso, o Estado arca com uma

enorme quantidade de obrigações como encargos sociais gerando um grande

déficit fiscal.

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O objetivo da Reforma da Administração Pública iniciada em 1995 era

segundo o PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO,

(pág.11, 1995), permitir que a administração pública se torne mais eficiente e

ofereça ao cidadão mais serviços, com maior qualidade. Ou seja, fazer mais e

melhor com os recursos disponíveis. A redução de custos será perseguida ao

mesmo tempo em que se promove a contínua revisão a aperfeiçoamento das

rotinas e processos de trabalho, simplificando os procedimentos,

desburocratizando e estabelecendo metas e indicadores de desempenho e de

satisfação do cidadão.

Na administração pública gerencial a estratégia volta-se para a

definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em

sua unidade; para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos

recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à

disposição para que possa atingir os objetivos contratados; e para o controle

ou cobrança a posteriori dos resultados (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO

APARELHO DO ESTADO, pág.11, 1995).

Na área de materiais, buscou-se, com o modelo de administração

pública gerencial, a introdução de técnicas e mecanismos usados na iniciativa

privada, que reduzissem os custos e melhorassem a qualidade dos materiais

utilizados pelo Estado, desde a fase de aquisição até a fase de destinação dos

recursos materiais necessários ao seu funcionamento e à prestação de

serviços à sociedade. Alguns exemplos seriam: a flexibilização no momento de

aquisição e de alienação de materiais, sendo dispensável a licitação em

determinadas situações previstas em lei; a utilização do sistema de registro de

preços que evita a existência de grandes estoques de materiais; a exigência de

apresentação de certificados e laudos dos materiais a serem entregues pelas

empresas fornecedoras de bens; a busca por melhores especificações de

materiais recorrendo-se ao mercado; a implementação de uma cultura de uso

responsáveis dos materiais, combatendo o desperdício.

Infelizmente, verifica-se que, atualmente, a área de materiais de

algumas instituições públicas ainda sofre de certos problemas como a falta de

pessoal especializado ou sem treinamento adequado; a ausência de práticas

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modernas de planejamento, armazenamento; atraso e morosidade na

aquisição de materiais; baixa qualidade de determinados produtos; falta de

integração entre os setores das instituições publicas. Apesar disso, destaca-se

que outras instituições públicas estão desenvolvendo projetos e ações com o

intuito de chamar a atenção para a importância da área de materiais e a sua

eficiente utilização, envolvendo as fases de aquisição, de destinação e

recolhimento. Um desses projetos seria a meta 6 ,definida no 3º Encontro

Nacional do Judiciário, para o ano de 2010, tendo como objetivo a redução a

pelo menos 2% do consumo de papel, água, combustível, energia e telefone

pelos órgãos da justiça brasileira.

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CAPÍTULO II

A SEÇÃO DE ALMOXARIFADO DO TRIBUNAL

REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE JANEIRO

2.1 – Histórico e definições

Desde os mais remotos tempos, quando ocorreu a invasão árabe na

Península Ibérica (765 a 1031) e a palavra al-xarif designava a pessoa de

confiança do Sultão, responsável pela guarda dos bens do seu senhor, a

atividade de almoxarifado já era exercida. A própria origem da palavra

almoxarife vem daquele vocábulo que, através de metaplasmos de

transformação, chega assim até os nossos dias, gerando também o nome do

setor ou da atividade – Almoxarifado (SANTOS pág. 7, 2003).

Segundo FRAGA, (pág. 8, 2010), pode-se dizer, sob a ótica

administração de material, que o termo almoxarifado define o setor

responsável pelo recebimento, armazenamento e distribuição das matérias-

primas e materiais consumidos ou produzidos por uma empresa, utilizando

para tanto, técnicas adequadas e controles específicos.

Todavia, no setor público, a obrigatoriedade de se cumprir normas

legais e contábeis faz com que surja uma situação singular, ou seja, para ser

almoxarifado, os estoques de materiais resultantes das movimentações de

entrada e saída deverão possuir, ordinariamente, registros dos saldos

financeiros em evento contábil específico, dentro do plano de contas do órgão

(FRAGA, pág. 8,2010).

Quanto ao termo depósito, que ainda persiste em alguns órgãos

públicos, é o local utilizado para a guarda de materiais, sejam novos ou

usados, onde o objetivo principal é a segurança dos itens estocados, sem a

utilização de técnicas adequadas de armazenamento e o controle de entradas

e saídas em documentos oficiais.Além disso, só existe o estoque físico, e não

o contábil, o que não é aceito pelos órgãos de controle interno e externo das

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instituições públicas. Por essa razão, não se utilizou essa nomeclatura para

denominar os almoxarifados públicos.

Um almoxarifado, para ter um funcionamento perfeito, precisa de duas

características básicas de organização que são: ordem e precisão. Estas darão

sempre a sensação de um serviço perfeito. Para que esses atributos sejam

alcançados é necessário que os funcionários envolvidos colaborem a fim de

que este aspecto seja mantido, não se permitindo lançar papéis amarrotados

ao chão, conservando-se todo o material de transporte e limpeza perfeitamente

arrumado em seus lugares, mantendo as vias de acesso às prateleiras

desimpedidas e zelando para que o material em estoque esteja em ordem nos

seus escaninhos, prateleiras ou espaços reservados. A limpeza e a ordem

permitem maior trabalho, (SANTOS, pág. 25,2003).

Impedir divergências de inventário e perdas de qualquer natureza é o

objetivo primordial de qualquer Almoxarifado, o qual deve possuir condições

para assegurar que o material adequado, na quantidade devida, estará no local

certo, quando necessário, por meio da armazenagem de materiais, de acordo

normas adequadas, objetivando resguardar, além da preservação da

qualidade, as exatas quantidades. Para cumprir sua finalidade, o Almoxarifado

deverá possuir instalações adequadas, bem como recursos de movimentação

e distribuição suficientes a um atendimento rápido e eficiente, (VIANA, pág

381, 2008).

Dentro do contexto de administração de material, é inegável que as

atividades desempenhadas no setor de Compras têm grande importância para

a administração de materiais e que influenciam as atividades realizadas no

setor de Almoxarifado. Segundo FRAGA,( pág. 5, 2010), podemos afirmar, por

razões óbvias, que é a atividade de compras quem define a existência do

Almoxarifado, e mesmo, que impacta decisivamente sobre a sua eficiência ,

uma vez que responde diretamente pela questão custo, tempo e qualidade dos

materiais.

De acordo com FRAGA, (pág. 5, 2010), as conseqüências da influência

da atividade de Compras no Almoxarifado quando realizada com pouca ou

nenhuma eficiência são:

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. Recebimento de materiais de qualidade duvidosa, decorrentes de má

especificação ou ausência de análise de proposta;

. Atraso no ressuprimento de estoque que ocasiona desabastecimento

e interrupção da atividade produtiva;

. Valoração incorreta dos estoques em conseqüência de aquisições

com preços fora da realidade do mercado;

. Comprometimento da armazenagem em decorrência de não terem

sidos considerados fatores como: validade do produto, qualidade de

embalagem, acondicionamento, etc.

2.2 – A seção de Almoxarifado do Tribunal Regional Eleitoral

A Seção de Almoxarifado (Sealmo) está diretamente subordinada à

Coordenadoria de Material e Patrimônio, que por sua vez, encontra-se

subordinada a Secretaria de Administração do Tribunal Regional Eleitoral do

Rio de Janeiro (TRE).

O TRE é um órgão que junto com o Tribunal Superior Eleitoral, os

juízes eleitorais e as juntas eleitorais compõem a Justiça Eleitoral Brasileira. O

TRE-RJ é competente para cuidar das questões eleitorais no Estado do Rio de

Janeiro. Sua missão é garantir a legitimidade do processo eleitoral e o livre

exercício do direito de votar e ser votado, a fim de fortalecer a democracia,

(http://www.tre-rj.gov.br).

A Sealmo possui as seguintes competências, previstas no site do

Tribunal, (http://intranet.tre-rj.gov.br).:

.executar, orientar e controlar as atividades de recebimento,

cadastramento, classificação, codificação e administração dos materiais de

consumo adquiridos;

.administrar a entrada de material de consumo até que esteja em

condições de incorporação ao estoque;

.emitir mensalmente relatório de movimentação de materiais de

consumo;

.suprir as unidades do Tribunal com materiais de consumo;

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.auxiliar no levantamento das necessidades de materiais de consumo

para a elaboração da Proposta Orçamentária;

.estabelecer os níveis mínimo e máximo do estoque, para fins de

reposição, observando o consumo, os prazos de entrega, as condições e o

custo de armazenamento;

.solicitar a aquisição de materiais de consumo, fornecendo as

especificações mínimas;

.conferir periodicamente os materiais de consumo sob a sua guarda;

.receber e conferir os materiais de consumo adquiridos quanto à

especificação e à qualidade, solicitando o pronunciamento da comissão

nomeada para a sua análise e recebimento;

.informar à Coordenadoria sobre irregularidades observadas no

fornecimento de materiais de consumo;

.realizar inventário de bens de consumo ao final de cada exercício;

.realizar inventário de bens de consumo a qualquer tempo, a critério da

Coordenadoria de Material e Patrimônio.

É importante destacar que bem de consumo é aquele que, em razão

de se uso corrente, perde sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada

a dois anos, (http://intranet.tre-rj.gov.br).

Dentro das atribuições da Sealmo, passa-se a analisar quatro

atividades básicas realizadas por esse setor: recebimento, armazenagem,

controle e distribuição. Segundo FRAGA, (pág. 9, 2010), essas atividades bem

desenvolvidas representam não só a estrutura do almoxarifado, mas o nível de

organização de uma empresa.

Vale destacar que alguns autores da área de materiais costumam

classificar as atividades básicas do Almoxarifado em três: recebimento,

armazenagem e distribuição, sendo as atividades de planejamento de

materiais e de gestão de estoque desempenhadas por setores específicos.

Utiliza-se, atualmente, na Sealmo o programa informatizado

denominado ASIWEB – módulo Almoxarifado para a realização das operações

de recebimento, movimentação e distribuição dos materiais de consumo

existentes no Tribunal.

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2.2. 1 – Recebimento.

Segundo SANTOS, (pág. 26, 2003), recebimento é a execução, pelo

setor especifico, de um conjunto de operações que envolvem a identificação do

material recebido, o confronto do documento fiscal com o pedido, a inspeção

qualitativa e quantitativa do material e a aceitação formal do mesmo.

Destaca-se que o recebimento de materiais na Administração Pública é

regulado pelos artigos 15, 73, 74 e 76 da Lei 8666/93, conhecida como a lei de

licitações e contratos, e da instrução normativa 205/88.

Nessa atividade, os servidores lotados na Sealmo realizam as

seguintes atribuições: conferência documental, qualitativa e quantitativa. Para

isso, é fundamental que esses servidores tenham certas informações sejam

elas técnicas, legais ou administrativas com o intuito de receber os materiais

que serão entregues pelos fornecedores. Essas informações deverão constar

de documentos formais como a nota de empenho.

Segundo o artigo 61 da lei 4.320/64, nota de empenho é o documento

que indica o nome do credor, a representação e a importância da despesa bem

como a dedução desta do saldo da dotação própria.

Na conferência documental, o servidor da Sealmo deverá, inicialmente,

solicitar ao representante da empresa fornecedora a Nota Fiscal de venda e

verificar se o material entregue pelo fornecedor coincide com os dados de

compra constantes na nota de empenho.

Essa primeira etapa do recebimento de material é fundamental, pois

qualquer divergência verificada posteriormente poderá dificultar a regularização

daquela aquisição e do pagamento.

Após examinar a documentação, o servidor da Seção de Almoxarifado

deverá conferir o material, de modo a garantir que o fornecimento obedeça às

especificações relativas à quantidade, à qualidade, à embalagem, à

identificação, à unidade de fornecimento, ao estado do material, dentre outros.

Passa-se, então, a inspeção quantitativa, que segundo VIANA, (pág.

289, 2008), é a atividade que se verifica se a quantidade declarada pelo

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Fornecedor na Nota Fiscal corresponde à efetivamente recebida, portanto

típica de contagem.

Para a inspeção quantitativa, é adotado na Sealmo o método

conhecido como princípio da “contagem cega”, o qual consiste em um modelo

de conferência por acusação, no qual um estoquista realiza a inspeção,

apontando a quantidade recebida, desconhecendo o quantitativo descrito na

nota de empenho. A confrontação do recebido com o descrito na nota de

empenho é efetuada, posteriormente, por outro estoquista que analisa as

distorções detectadas e providencia recontagem, a fim de se dirimir as dúvidas

constatadas.

Por fim, realiza-se a conferência qualitativa que compreende a

verificação da qualidade do material entregue pelo fornecedor com base nas

especificações contidas na nota de empenho. Segundo FRAGA (pág. 20,

2010), no recebimento, a análise/inspeção do material entregue pelo

fornecedor torna-se imprescindível para perfeita identificação do material em

comparação com os requisitos técnicos exigidos.

São realizados pela Sealmo, dependendo do material a ser recebido,

dois tipos de inspeção:

.Inspeção 100%: Aquela em todos os materiais, um-à-um, devem ser

minuciosamente analisados, FRAGA, (pág. 20, 2010).

.Inspeção por amostragem: Utilizada quando o recebimento de grande

volume de um determinado material, onde faz-se necessário formar um lote de

inspeção, que se dará pela retirada aleatória de certa quantidade de unidades

para verificação de conformidade com o exigido e constante no contrato de

compras.A ABNT recomenda que uma análise por amostragem se dê em 5 a

10% do total de unidades entregues, FRAGA, (pág. 20, 2010).

Para o recebimento de materiais e dependendo de suas

características, são utilizados pela Sealmo os seguintes equipamentos:

estrados (paletes), estantes, caixas, câmara fria, empilhadeiras, carrinhos de

duas rodas, trena, estilete, balança, micrômetro, paquímetro, dentre outros.

A Sealmo possui dois locais denominados: sala de expedição e sala de

atesto. O primeiro é o local onde os materiais são descarregados quando da

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entrega pelos fornecedores para fins de conferência. Já o segundo, é o local

em que são colocados todos os materiais recebidos e que só serão

armazenados, após o respectivo registro de entrada no sistema ASIWEB. Esse

registro será efetuado quando for realizado o recebimento definitivo do

material, que se dará após a unidade solicitante aprová-lo.

Caso haja divergência na etapa de recebimento, essa irregularidade

deverá ser apontada por um dos servidores da Sealmo no canhoto da nota

fiscal e, imediatamente, será feita uma comunicação ao setor de Compras do

Tribunal, através de um documento denominado de memorando de não

conformidade, no qual constam informações referentes ao motivo da recusa de

recebimento de determinado material.

2.2. 2 – Armazenagem.

Armazenamento é a atividade que consiste na guarda do material

recebido através da utilização de técnicas especificas com o intuito de

abastecer as unidades requisitantes de determinado órgão.

Segundo VIANA, (pág. 308, 2008), o objetivo primordial do

armazenamento é utilizar o espaço nas três dimensões, da maneira mais

eficiente possível. As instalações do armazém devem proporcionar a

movimentação rápida e fácil de suprimentos desde o recebimento até a

expedição. Assim, alguns cuidados essenciais devem ser observados:

.determinação do local, em recinto coberto ou não;

.definição adequada do layout;

.definição de uma política de preservação, com embalagens

plenamente convenientes aos materiais;

.ordem, arrumação e limpeza, de forma constante;

.segurança patrimonial, contra furtos, incêndio etc.

Ao se otimizar a armazenagem, obtém-se:

.máxima utilização do espaço (ocupação do espaço);

.efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão-de-obra e

equipamentos);

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.pronto acesso a todos os itens (seletividade);

.máxima proteção aos itens estocados;

.boa organização;

.satisfação das necessidades dos clientes.

As áreas destinadas à armazenagem dos materiais denominam-se

instalações e de acordo com SANTOS. (pág. 33, 2003) apresentam-se em três

versões: armazém, galpão e área descoberta, sendo encontradas na Sealmo

as duas primeiras versões.

.Armazém: é a edificação dotada de piso, cobertura, paredes frontais e

laterais, com espaço útil dividido em áreas de serviços e armazenagem.

.Galpão: é a estrutura dotada de piso, cobertura e, quando necessário,

cercas de fechamento frontal e lateral, com espaço útil dividido em áreas de

serviço e armazenagem.

Área descoberta: também chamada de pátio. É aquela dotada de piso

nivelado, compactado, drenado e pavimentado, com cercas de fechamento

frontal e lateral, com todo seu espaço útil constituído em área de

armazenagem.

Ressalta-se que fazem parte da área de serviço, o escritório, vestiários,

banheiros, copa, rampas, etc.

Além disso, denominam-se de unidade de estocagem as estruturas

destinadas à arrumação, localização e segurança dos materiais em estoque.

Os principais equipamentos utilizados pela Sealmo na armazenagem de

materiais são: os paletes e as estantes. Segundo FRAGA, (pág. 26, 2010), o

primeiro é uma estrutura metálica, plástica ou de madeira tratada, de seção

retangular ou quadrada, destinada a estocagem de material que em face de

seu peso e/ou volume, características físicas e quantidade, não podem ser

estocados em estantes e armações, além de permitir a movimentação de um

número maior de unidades. O segundo é o conjunto estrutural desmontável,

metálico ou de madeira, destinado à estocagem de material com peso e/ou

volume relativamente baixos. As estantes poderão ser seccionadas

horizontalmente formando prateleiras, horizontal e vertical formando

escaninhos, bem como poderão comportar gavetas.

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A armazenagem pode ser simples ou complexa. Dependendo de

algumas características intrínsecas dos materiais, a armazenagem torna-se

complexa em virtude de: fragilidade; combustibilidade; volatização; oxidação;

explosividade; intoxicação; radiação; corrosão; inflamabilidade; volume; peso; e

forma, (VIANA, pág. 313,2008).

Além disso, nos procedimentos de armazenagem devem ser levados

em conta normas que façam o trabalho ser o mais racional possível e que

reduzam os custos.

Na Sealmo, realizam-se os seguintes procedimentos, mencionados por

SANTOS, (pág. 73,2003):

.concentração dos materiais de uma única classe em locais

adjacentes, a fim de facilitar as atividades de movimentação, inventário, etc.;

.separação dos estoques do mesmo material, em função de sua

condição (novo ou recuperado);

.arrumação dos estoques do mesmo material, de acordo com a data do

recebimento de cada um, de modo a permitir que os itens estocados há mais

tempo sejam fornecidos prioritariamente;

.estocagem dos materiais de movimentação constante em locais de

fácil acesso, proporcionando economia de tempo e de mão de obra;

.estocagem de materiais pesados e/ou volumosos nas partes inferiores

das unidades de estocagem, eliminando-se riscos de acidentes ou avarias e

facilitando as atividades de movimentação;

.uniformização do empilhamento de materiais, observando-se que as

pilhas devem ser formadas sempre do fundo para a frente e da esquerda para

a direita;

.conservação dos materiais nas embalagens originais, para efeito de

preservação, que somente devem ser abertas em ocasiões de fornecimento,

inspeção, etc.;

.posicionamento correto dos materiais, de modo a permitir fácil e

rápida leitura das informações registradas nas etiquetas de identificação do

material ou na codificação do material colocada na unidade de estocagem;

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.registro permanente dos espaços disponíveis, visando o planejamento

racional de novas arrumações dos estoques e reduzindo-se a necessidade de

constantes movimentações e relocalizações;

.estocagem dos materiais exclusivamente nos espaços úteis das

unidades de estocagem e áreas livres, mantendo livre o acesso a portas,

circulações e corredores de acesso;

.estocagem adequada dos materiais soltos em escaninhos, por meio

de empacotamento ou amarração uniforme e marcação externa dos dados de

identificação;

A localização dos materiais armazenados na Sealmo é realizada

através da codificação do almoxarifado, que consiste em atribuir códigos,

numérico e alfabético, aos armazéns, aos galpões, às estantes, às prateleiras,

aos paletes, a fim de identificar a localização dos materiais, no momento de

guarda, de separação, e de realização de inventário.

Segundo VIANA, (pág. 347, 2008), os materiais armazenados estão

sujeitos a determinados eventos, os quais poderão originar transformações

e/ou alterações que resultarão em inutilização causando sérios prejuízos às

empresas. Merecem destaque, entre outros:

a.Combustão espontânea: referem-se aos materiais, em particular aos

produtos químicos, que por sua natureza podem inflamar-se e entrar em

combustão.

b. Compressão ou achatamento: quando os materiais são colocados

em grandes pilhas ou, então, acondicionados em excesso nas prateleiras,

dado à fragilidade de suas embalagens, por exemplo, pode ocorrer

deformação, como ocorre com as caixas de papelão e outros envoltórios

similares.

c. Decomposição: quando os materiais ou matérias-primas alteram-se

em virtude de fenômenos específicos.

d. Empenamento: deformação em suas linhas originais.

e. Outros, como: evaporação, excessos de calor e luz, explosão,

oxidação, etc.

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Para evitar que esses eventos ocorram, a Sealmo adota os seguintes

procedimentos: definição de quais são os materiais explosivos ou altamente

inflamáveis, procedendo ao armazenamento especial desses materiais; quais

os materiais que devem ser armazenados em área de segurança como os

formulários de titulo de eleitor; inclusão da necessidade de proteção e de

embalagem de determinados materiais quando forem solicitadas suas

aquisições ao setor de Compras, fornecendo as especificações necessárias;

verificação dos itens proteção e embalagem na etapa de recebimento e

inspeção periódica dos materiais, a fim de verificar se há pontos de

deteriorização na embalagem ou na proteção do material; verificação de quais

os materiais que possuem data limite para permanecerem conservados; e

observância da capacidade de carga das unidades de estocagem.

Além disso, é importante que haja segurança na armazenagem dos

materiais, e segundo SANTOS, (pág.77, 2003), entende-se por segurança na

armazenagem o conjunto de operações e procedimentos promovidos

sistematicamente pelos grupos de empregados da armazenagem e grupos

específicos de segurança que envolvem medidas para prevenir incêndios,

furtos e roubos, acidentes pessoais, equipamentos e materiais, bem como

medidas que assegurem o patrimônio das empresas. São adotadas, dentre

outras, as seguintes medidas pela Sealmo:

.Restrição ao acesso e circulação de pessoas, que não são do quadro

da seção, nas instalações do Almoxarifado;

.Proibição ao uso do fumo nas dependências do Almoxarifado.

.Instalação de equipamentos contra incêndio e sua inspeção periódica;

.Utilização de equipamentos e acessórios de segurança por parte dos

estoquistas e servidores;

.Sinalização para orientar a estocagem, a movimentação e o transporte

dos materiais.

2.2. 3 – Controle.

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A atividade de controle consiste no conjunto de ações integradas que

registram e garantam a eficiência da movimentação de estoque, bem como de

ações relacionadas a sua gestão, manutenção e segurança, sempre baseadas

em técnicas especificas e acobertadas por documentos, FRAGA, (pág. 31,

2010).

O processamento da movimentação dos materiais na Sealmo é

realizado manualmente e por meio do programa ASIWEB. No primeiro caso,

há o documento denominado Ficha de Prateleira, em que são colocadas

informações como a data de entrada e de saída de determinado material e a

quantidade a ser estocada ou separada. Ressalta-se que qualquer

movimentação de material deverá ser precedida de registro nesse documento.

Por meio do programa ASIWEB, são lançadas as entradas e saídas de

materiais no Almoxarifado. No caso de entrada de material, denominada de

lançamento, são necessárias as seguintes informações: número da nota fiscal

e data de emissão, no caso de compra; número e data da nota de empenho;

número do processo de aquisição, quantidade e valor total do material

adquirido. Já no caso de saída, denominada de baixa, é necessário o

formulário de requisição de material devidamente preenchido com as seguintes

informações: a unidade requisitante, o material e a quantidade necessária, e a

identificação do responsável pela requisição. A partir do registro dessas

informações no sistema, são emitidos relatórios, denominados de nota de

recebimento de material, no caso de entrada, e guia de remessa de material,

no caso de saída de material. Além disso, as entradas podem ser classificadas

de acordo com sua origem em: compra, compra extra-orçamentária, doação,

permuta, transferência, transferência entre órgãos, incorporação, devolução.

Há ainda um importante documento de controle, utilizado pela Sealmo,

denominado de relatório de movimentação mensal do almoxarifado (RMMA),

que tem como objetivo a realização de um diagnóstico dos materiais

movimentados no mês, verificando o total de entradas, de saídas e o saldo no

mês em curso. As informações são colocadas no relatório na forma de valores

e esses são classificados de acordo com o elemento da despesa as quais

pertencem. A análise desse relatório permite verificar se há materiais, que não

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estão sendo “movimentandos’, ou seja, materiais que estão sem giro,

acumulando na área de armazenagem, tornando-se obsoletos, ou então, quais

são os materiais que são mais demandados pelas unidades requisitantes do

órgão.

2.2. 4 – Distribuição.

A distribuição é uma importante etapa dentro da gestão do

almoxarifado. Representa uma atividade que tem como fundamento principal o

fornecimento e entrega ao cliente do material certo, na hora certa e no local

certo. Caso não possua eficiência, pode colocar a perder todos os processos e

etapas anteriores da cadeia de material, FRAGA, (pág. 38, 2010).

Ressalta-se que na Sealmo, a atividade de distribuição refere-se ao

atendimento das solicitações das unidades requisitantes, através da análise do

formulário de requisição de material, da separação e da embalagem adequada

do material.

As solicitações de materiais de consumo à Sealmo deverão ser em

formulários específicos e enviados para o email da seção, com cópia para a

Coordenadoria de Material e Patrimônio, entre os dias primeiro e cinco do

respectivo mês. É atendido um formulário de requisição de material por mês

para as unidades da sede e bimestralmente para as zonas eleitorais. Para

preenchimento do formulário, é disponibilizado para os servidores do Tribunal,

um catálogo de materiais existentes na Sealmo.

Após a digitalizarem o formulário de solicitação de material no

programa ASIWEB, os servidores da Sealmo passam a analisar os materiais e

as quantidades, que foram requeridas, através dos seguintes critérios: a

disponibilidade do material em estoque; o histórico do consumo de

determinado material pela unidade requisitante; a função de determinado

material e a atribuição de determinada unidade do Tribunal; Nota-se que não

há uma regra geral para a definição da quantidade de material que a Sealmo

fornecerá às unidades requisitantes, sendo necessário o uso dos critérios

mencionados. Posteriormente, é realizada a baixa contábil no estoque, através

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do programa ASIWEB, emitindo-se duas vias da guia de remessa, sendo que

uma retornará assinada pelo setor requisitante ao Almoxarifado e a outra será

arquivada na unidade de destino do material. Por fim, essas guias de remessa

do material auxiliarão os estoquistas, através do endereço físico constante em

um de seus campos, a localizarem o material nas unidades de estocagem e a

quantidade a ser separada, fazendo-se o registro na ficha de prateleira. O

material, enfim, é deslocado para a sala de expedição, onde será conferido por

outro estoquista, que não participou da separação, e embalado de acordo com

as suas características.

A entrega dos materiais é realizada por outro setor do Tribunal

denominado Seção de Transportes, detentora de veículos. Após, o material ser

separado, conferido e embalado, é requisitado um veículo para a realização da

entrega ao setor requisitante. É importante destacar que as instalações da

Sealmo estão localizadas no Núcleo Administrativo do Caju, no bairro de

Benfica, distantes da sede do Tribunal, localizada na Avenida Presidente

Wilson, no Centro e das zonas eleitorais, que estão espalhadas por diversas

regiões do Estado do Rio de Janeiro.

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CAPÍTULO III

GESTÃO DE ESTOQUE

3.1 – Considerações iniciais

Estoques são fatores geradores de custo, ACCIOLY, (pág.25, 2008). A

manutenção dos estoques implica custos para qualquer organização como

despesas com segurança, energia elétrica, equipamentos de estocagem,

espaço físico, pessoal, dentre outros. E, uma vez que esses custos acabam

por afetar diretamente no resultado financeiro de uma organização, é

fundamental que o gerenciamento de estoque seja baseado em técnicas

cientificas em vez de palpites, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e o

consumo, além de evitar que haja excesso ou falta de material.

A Gestão de Estoque é uma das atividades desempenhadas pela a

área de administração de material, que compreende as fases de planejamento,

de verificação da demanda e de controle dos materiais existentes no estoque,

com o intuito de atender aos usuários na quantidade, na qualidade e no prazo

solicitados.

De acordo com VIANA, (pág. 109, 2008), pode-se definir estoque como

materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utilização posterior, de

modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a

continuidade das atividades da empresa, sendo o estoque gerado,

conseqüentemente, pela impossiblidade de prever-se a demanda com

exatidão.

Segundo SILVA, (pág.155, 1986), manter em níveis economicamente

satisfatórios o atendimento às necessidades em material de uma organização

para que as atividades-fim atinjam eficazmente os resultados planejados e

programados, constitui o seu mais amplo objetivo.

As razões para a manutenção do estoque seriam segundo FRAGA,

(pág.42, 2010):

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.impossibilidade de se ter os materiais em mãos quando as demandas

ocorrerem;

.redução da necessidade de acionar constantemente o serviço de

compra, que além de gerar custos é, por via de regra, moroso.

.segurança contra riscos de falta do material junto ao mercado

fornecedor;

.garantia quanto a variação dos custos unitários, comum em períodos

inflacionários.

O gerenciamento de estoque do TRE fica sob a responsabilidade da

Sealmo, que realiza os procedimentos descritos nas páginas seguintes.

3.2 – Formação e Dimensionamento de Estoque

Na formação e no dimensionamento de estoque, uma questão deve

ser respondida: o que, quanto e quando vamos consumir de determinados

materiais. Essa pergunta será equacionada através do planejamento,

identificando os materiais que serão necessários para cada unidade de uma

organização.

O planejamento das necessidades é ponto central para qualquer

gerencia de estoques. Estas necessidades são identificadas a partir da análise

das informações coletadas em períodos anteriores, mediante o emprego de

instrumentos estatísticos disponíveis e de quaisquer outros dados que possam

afetar tais determinações. Estes dados, por sua vez, podem ser influenciados

pelos fatores intrínsecos e extrínsecos. Os primeiros se referem ao

comportamento usual da movimentação dos itens de material estocado em

relação às operações normais da empresa. Quanto aos fatores extrínsecos,

devemos considerá-los como aqueles que modificam todo o comportamento

dos dados, em função de ocorrências externas da empresa, tais como:

medidas governamentais, guerras, intermitência de fornecimento. E são de

regra geral, de natureza aleatória, SILVA (pág. 159, 1986).

Além disso, a classificação de materiais é um processo utilizado para

auxiliar a organização no gerenciamento do estoque, além de auxiliar no

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processo de identificação e decisão de prioridades. Segundo VIANA, (pág.52,

2008), uma boa classificação deve considerar alguns atributos: abrangência,

deve-se tratar de uma gama de características em vez de reunir apenas

materiais para serem classificados; flexibilidade, deve permitir interface entre

os diversos tipo de classificação, de modo que se obtenha ampla visão do

gerenciamento de estoque; e praticidade, a classificação de ser direta e

simples. Para atender às necessidades do TRE, a Sealmo adota os seguintes

tipos de classificação: quanto ao valor, quanto à criticidade quanto ao

consumo, quanto à natureza.

3.2. 1 Quanto ao valor

Nesse tipo de classificação, utiliza-se o método denominado

Classificação ABC, que segundo, DIAS, (pág.76, 1993) permite identificar

aqueles itens que justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua

administração. Obtém-se a curva ABC através da ordenação dos itens

conforme a sua importância relativa.

A classificação ABC, de acordo com SILVA, (pág. 195, 1986), é

baseado nas conclusões de Pareto que, ao estudar a distribuição de renda

entre a população do sistema econômico em que vivia, estabeleceu um

princípio, segundo o qual, o maior segmento da renda nacional concentrava-se

em uma pequena parcela da população, enquanto a maioria desta absorvia a

menor parte da mesma renda. Nos últimos 30 anos, a partir dos esforços

iniciais da General Electric americana, o princípio de Pareto tem sido adaptado

ao universo de materiais, particularmente à gerência de estoques, com o nome

de Classificação ABC.

Esse método permite colocar em ordem de prioridade os materiais

estocados, através do agrupamento de todos os itens de consumo em três

classes diferentes, de acordo com o valor real de estoque ou consumo de cada

item.

Classe A: representa o grupo de maior valor de consumo e menor

quantidade de itens, que devem ser gerenciados com especial atenção.

Representam, normalmente, em conjunto, aproximadamente 70% a 75% do

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valor total de todos os itens do estoque,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Classe B: representa o grupo de situação intermediária entre as

classes A e C. Geralmente os itens B constituem aproximadamente 20% a

25% do valor do estoque, (http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Classe C: representa o grupo de menor valor de consumo e maior

quantidade de itens, portanto, financeiramente menos importantes que

justificam menor atenção no gerenciamento. Representam, geralmente,

aproximadamente, 5% do valor total do estoque,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html).

3.2. 2 Quanto à criticidade ou importância operacional

Os materiais são agrupados em duas categorias de acordo com a

importância operacional, levando-se em consideração os riscos decorrentes de

sua falta no estoque.

Alta: materiais imprescindíveis ao funcionamento do órgão, cuja falta

pode acarretar paralisação de serviços essenciais,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Baixa: materiais não imprescindíveis ao funcionamento do órgão, cuja

falta têm pouco impacto nas operações do órgão, não envolvendo riscos

relacionados à segurança pessoal e/ou patrimonial, possuindo ou não

equivalentes, (http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html).

3.2. 3 Quanto ao consumo

Os materiais são classificados em duas categorias:

Alta freqüência: materiais de consumo constante

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Baixa freqüência: há necessidade de seu estoque, mas não há

previsão de consumo, portanto seu estoque deve ser definido

separadamente, (http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html).

3.2. 4 Quanto à natureza

Os materiais são classificados em quatro categorias:

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Estocável: Quando o estoque é resultante de um planejamento prévio

e destinado a uma utilização conhecida,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Não- Estocável: material de consumo imediato,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Inativo em uso: material estocado, sem perspectiva de entrada futura,

decorrente principalmente de mudanças na política de estoques, mas que

pode ser requisitado até o fim do estoque,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html);

Inativo em desuso: material cujo uso foi suspenso – não pode ser

requisitado e nem comprado,

(http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html).

A tarefa de planejamento da demanda de materiais consumo do TRE é

realizada pelo Comap com o auxílio da Sealmo, que realiza os seguintes

procedimentos, dentre outros: buscas no sistema ASIWEB sobre a quantidade

atualizada dos materiais e o histórico de consumo de determinados materiais

pelas unidades requisitantes; a verificação da classificação dos materiais; a

análise do espaço existente para armazenamento nas instalações; a

verificação da possibilidade de deteriorização do material armazenado; o

cumprimento de prazo de entrega por parte dos fornecedores; a análise tempo

de aquisição, que inclui as fases de elaboração de edital, licitação, recursos; e

a realização de inspeções no estoque para verificar se há materiais sem

movimentação.

Além disso, em ano de eleição, são realizadas pesquisas junto aos

cartórios eleitorais com o intuito de descobrir a quantidade de determinados

materiais prefixados anteriormente pela Comap e que serão utilizados

especificamente para a preparação e a realização das eleições como canetas

para os eleitores assinarem o caderno de votação.

3.3 – Teoria do Estoque Zero

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Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, os japoneses copiaram na

íntegra e nos mínimos detalhes o modelo industrial americano. Arrasado pela

derrota na guerra, com falta de espaço e carente de recursos naturais, o

Japão, para poder competir com o mundo, industrializou-se, adotando a norma

de completa eliminação de qualquer tipo de perda, modelo esse absorvido por

sua farta mão-de-obra. Surge, assim, a filosofia de Perda Zero, alicerce das

técnicas de administração japonesas, fundamentada em que a perda eleva o

custo desnecessariamente, devendo-se produzir sem perdas, com a melhor

qualidade e ao menor custo, VIANA, (pág.48, 2008).

Dentro dessa filosofia, encontra-se o conceito “Just in time” que é

definido como a compra ou produção de determinado material na quantidade

estritamente necessária, no momento necessário para atender determinada

demanda, eliminando-se qualquer desperdício. Apoiado nesse conceito, surge

a Teoria do Estoque Zero, com o intuito de eliminar o estoque de uma

organização, transferindo para o fornecedor todos os custos advindos com a

sua manutenção.

Cabe observar que a aplicação da teoria do ESTOQUE ZERO se

restringe a determinados itens de estoque, geralmente aqueles significativos

em termos de valor operacional e financeiro, e ainda, aqueles que requerem

investimentos especiais de estocagem, FRAGA, (pág 43, 2010).

Ressalta-se que a meta é zero de estoque, mas, na prática, é difícil de

ser implantada essa teoria, devendo, então, o estoque ser o mínimo possível.

Além disso, acrescenta-se a dificuldade existente no mercado brasileiro de

fornecedores compromissados, ou então, com excelente padrão profissional

que atenda as organizações públicas e privadas sem que haja problemas no

fornecimento.

No âmbito do TRE, para a aquisição de bens, é adotado, dentre outros

instrumentos, o sistema de registro de preço, que é definido como conjunto de

procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços

e aquisição de bens, para contratações futuras, decreto nº 3. 931, de 19 de

setembro de 2001. Esse sistema é o que se aproxima da teoria do Estoque

zero, uma vez que determinado bem passa a ser adquirido em parcelas

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menores permitindo, assim, que se reduza parte do estoque. Outras vantagens

de utilização desse sistema podem ser apontadas como menor imobilização

orçamentária, uma vez que não é necessário empenhar todo o material;

diminuição no tempo de reposição do material; diminuição no uso de

equipamentos de estocagem; maior aproveitamento de materiais deterioráveis.

Um exemplo de utilização desse sistema seria a aquisição de água mineral,

que é fornecida pela empresa contratada à medida que as unidades da sede e

as zonas eleitorais solicitam esse material à Sealmo.

3.4 – O inventário

Inventário é o processo de contagem física de itens de estoque,

comparando-a com as quantidades indicadas no registro contábil das áreas de

Controle de Estoque com o objetivo de identificar e corrigir divergências,

SANTOS, (pág.109, 2003).

Além disso, é através do inventário que se podem avaliar as condições

de armazenamento e de conservação dos materiais, a forma de identificação

dos materiais nas instalações do Almoxarifado, a qualidade dos materiais, a

situação dos equipamentos de segurança existentes, e as deficiências nas

embalagens dos materiais.

Há três modalidades de inventário, conforme SANTOS, (pág.109,

2003): geral, rotativo e especifico.

Inventário geral: consiste na contagem num mesmo período, de 100%

dos itens estocados num determinado almoxarifado.

Inventário rotativo/cíclico: é a execução do inventário em períodos

definidos para grupos de itens escolhidos de forma aleatória, de modo que, ao

final de um determinado período, todo o universo de itens estocados seja

inventariado.

Inventário específico: é a execução do inventário para um item

especifico de material, o qual será realizado sempre que se constatar

divergências físico-contábeis que determinem a necessidade de contagem

física do item para se proceder aos devidos acertos.

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De acordo com SANTOS, (pág.110, 2003) há, também, os tipos de

inventário:

Inventário de portas abertas: Nesta modalidade a contagem é feita

simultaneamente às movimentações de materiais. Para os grupos de itens em

fase de contagem, faz-se uma paralisação do atendimento até o término da

contagem.

Inventário de portas fechadas: Nesta modalidade faz-se a contagem

física sem se permitir saídas ou entradas de qualquer material durante o

período de inventário, salvo nos casos de emergência.

Inventário de portas semifechadas: Recomenda-se a sua utilização

para inventários gerais em almoxarifados de grande porte. Nesta modalidade,

inventariam-se todos os itens do almoxarifado, mas fazendo paralisações de

partes para contagem, sob o sistema de portas fechadas para estes itens,

permitindo-se a movimentação dos demais.Essa modalidade permite minimizar

os problemas provocados aos usuários com a paralisação total dos itens no

inventário de portas fechadas.

Realizam-se na Sealmo as três modalidades de inventários e o tipo

portas fechadas, sendo que é realizado, anualmente, no final do mês de

dezembro o inventário físico, conforme determinação do Tribunal. Além desse,

podem-se realizar outros inventários por determinação da Coordenadoria de

Material e Patrimônio, por exemplo, quando houver a mudança de chefia da

Sealmo. A execução desses inventários é feita por uma comissão formada por

servidores do Tribunal de áreas diversas da Sealmo, com o intuito de dar maior

confiabilidade, credibilidade e transparência dessa atividade. Nesse período, o

Sealmo passa a ser dirigida e subordinada ao presidente dessa comissão.

Na contagem dos materiais realizada durante o inventário, a comissão:

efetua a contagem do material em estoque e depois, compara com os dados

constantes no relatório denominado estoque atual. Caso haja diferenças entre

a quantidade encontrada e a quantidade esperada, é realizada uma segunda

contagem, preferencialmente por outra pessoa e persistindo a diferença, essas

informações são registradas para posteriormente integrarem o relatório final do

inventário.

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Após a contagem, a comissão do inventário elabora um relatório final,

apontado diferenças, caso existiam, e outras informações que julgar serem

pertinentes. Destaca-se que são discutidas, entre os componentes da

comissão e os servidores da Sealmo, lições aprendidas durante a realização

do inventário, com o intuito de que evitar erros no futuro. Os acertos nos saldos

do estoque somente serão realizados com o término do inventário e mediante

aprovação da administração superior do Tribunal.

3.5 – Ressuprimento

As organizações utilizam-se de determinados parâmetros de

ressuprimento para manter seus níveis de estoque ajustados com o consumo,

com o prazo de reposição, e com o valor de cada material. Além disso, esses

parâmetros são necessários para impedir o excesso ou a falta de materiais no

estoque. Assim, o controle nos níveis de estoque e a decisão de quanto e

quando comprar ocorrerão a partir do uso desses parâmetros.

O controle dos níveis de estoque não deve ser feito pela experiência,

intuição ou observação visual, apesar da importância que essas análises

também possuem na pratica diária, mas sim, baseado em fórmulas

matemáticas que garantam maior precisão e segurança na definição de

parâmetros de ressuprimento, impedindo assim que haja falta ou estoque

ocioso no almoxarifado, FRAGA, (pág. 31,2010).

São adotados pela Sealmo os seguintes parâmetros, descritos em

FRAGA, (pág.50, 2010):

3.5.1- Consumo Médio (CM): é a media do consumo dentro de uma

unidade de tempo: dia, semana, quinzena, mês ou ano. Na Sealmo, adota-se o

consumo médio mensal no período de 12 meses.

CMM=Qc1+Qc2+....Qc12/ Pc onde Qc é a quantidade consumida a

cada mês e Pc é o período de consumo.

3.5.2- Tempo de Reposição (TR): é o tempo decorrido entre a data da

requisição de compra e a data do efetivo recebimento do material. O TR varia

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de item para item de acordo com a maior ou menor dificuldade de obtenção

junto ao mercado.No caso da Sealmo, a base de cálculo do TR é o mês.

3.5.3- Estoque de Segurança (ES): é a quantidade destinada a evitar o

desabastecimento decorrente do atraso de compra ou aumento do consumo.

Deverá ser o menor possível e para aqueles materiais de alta criticidade,

considerando a imobilização financeira e o seu caráter de proteção.

ES= CM x MS, onde MS é a margem de segurança.

3.5.4 – Ponto de Pedido ou Reposição (PR): é a quantidade de material

que ao ser atingida determina a emissão de um pedido de compra.

PR=CM x TR+ES

3.5.5 – Intervalo de Ressuprimento (IR): é o intervalo de tempo entre

dois ressuprimentos.

3.5.6 – Quantidade de Reposição (QR): é a quantidade de material a ser

solicitada a compra, sempre que o estoque atingir o ponto de reposição.

QR=CM x IR 3.5.7 – Estoque Máximo (EM): é a quantidade máxima de material

permitida para estoque.

EM= QR+ES

3.6 – Avaliação do estoque

Todas as formas de registro de estoque objetivam controlar a

quantidade de materiais em estoque, tanto o volume físico quanto o financeiro.

Contudo, a avaliação de estoque anual deverá ser realizada em termos de

preço, para proporcionar uma avaliação exata do material e informações

financeiras atualizadas. A avaliação dos estoques inclui o valor das

mercadorias e dos produtos em fabricação ou produtos acabados. Para se

fazer uma avaliação desse material, tomamos por base o preço de custo ou de

mercadoria, preferindo-se o menor entre os dois. O preço de mercadoria é

aquele pelo qual a matéria-prima é comprada e consta na nota fiscal do

fornecedor, DIAS, (pág.126, 1993).

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Destacam-se dois métodos normalmente usados para a avaliação dos

estoques: o custo médio e o método PEPS, sendo este primeiro método

adotado pela Sealmo.

3.6. 1 – Custo médio.

A avaliação feita através do custo médio é a mais freqüente. Tem por

base o preço de todas as retiradas, ao preço médio do suprimento total do item

em estoque. Age como um estabilizador, pois equilibra as flutuações de

preços; contudo, a longo prazo, reflete os custos reais das compras de

material. Exemplo: no estoque de uma empresa entraram, em 7/8, 500

unidades de determinada peça ao preço de $15 cada uma e no dia 23/9

saíram de estoque 150 unidades. Com a aquisição de 500 unidades a $15,

totalizando $7.500, o preço médio é o próprio preço unitário da primeira

aquisição. Com a compra de mais 200 unidades a $20 cada uma, que

totalizam $ 4.000,00, ficam 700 unidades em estoque, no valor de $11.500.

Como existiram duas entradas de material no estoque com preços unitários

diferentes, o custo médio vai alterar-se, senão vejamos: através da média

aritmética obtemos uma medida central (média) do custo das quantidades

adquiridas. Como houve a saída de 150 unidades, o preço médio é aquele da

última aquisição, ou seja, $16, 43, DIAS, (pág.123, 1993).

3.6. 2 – Método PEPS

Primeiro a entrar, Primeiro a sair (First in, First out). A avaliação por

esse método é feita pela ordem cronológica das entradas. Sai o material que

primeiro integrou o estoque, sendo substituído pela mesma ordem cronológica

em que foi recebido, devendo seu custo real ser aplicado. Quando o giro dos

estoques ocorre de maneira rápida ou quando as oscilações normais nos

custos podem ser absorvidas no preço do produto, ou quando se dispõe de

material que esteja mantido por longo prazo, esse tipo de avaliação serve

também para controlar os estoques. Consequentemente, os estoques são

mantidos em contas do ativo, com valores aproximados dos preços atuais de

mercado. Exemplo: numa empresa entraram em estoque, no dia 6/5, 100

unidades, de determinada peça, ao preço de $15 cada uma; no dia 7/5

entraram mais 150 unidades a $20 cada uma, no dia 8/5 saíram de estoque

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150 unidades.Com a saída do dia 8/5 de 150 unidades e como só entraram

100 unidades na primeira operação, damos saída a essas 100 unidades ao

preço de $15 e como faltam 50 unidades para completar a requisição das 150

unidades, damos saída a 50 unidades ao preço unitário de $20, ficando com

um saldo de 100 unidades no valor total de $2.000 no dia 8/5, DIAS,

(pág.123,1993).

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CONCLUSÃO

Atualmente, diante da necessidade do Estado brasileiro em caminhar

para um Estado operante, mais eficiente, é fundamental que suas despesas

sejam bem executadas e que os seus serviços sejam prestados com

qualidade. Para isso, uma das medidas utilizadas é o uso eficiente dos

recursos materiais utilizados pelos órgãos públicos para a realização de suas

atividades. Nesse sentido, a administração de materiais passa a desempenhar

um papel importante na dinâmica das instituições públicas, através da

introdução de técnicas e mecanismos utilizados pela área de material do setor

privado, contribuindo, assim, para a racionalização das despesas públicas.

Com este trabalho, visou-se apresentar o setor de Almoxarifado de um

órgão público, no caso a Seção de Almoxarifado do Tribunal Regional Eleitoral,

demonstrando, através das atividades realizadas rotineiramente, como esse

setor pode propiciar uma gestão eficiente dos materiais do Tribunal.

Verificou-se, por exemplo, que, quanto às atividades de guarda, os

materiais devem ser recebidos adotando determinadas normas de inspeção e

baseados em informações constantes em um documento específico

denominado nota de empenho, pois, caso haja divergência entre o que foi

comprado e o que foi recebido, não atenderá a unidade do Tribunal que

solicitou a compra desse material, prejudicando até mesmo a realização de

sua atribuição.

Já com relação às atividades de gerenciamento, demonstrou-se, por

exemplo, que não se devem armazenar todos os materiais no estoque para

futuramente serem utilizados, uma vez que há custos para manutenção desses

itens. Um dos procedimentos adotados pela Seção de Almoxarifado seria a

aquisição de determinados materiais pelo sistema de registro de preços, que

se assemelha com a Teoria do Estoque Zero, pois permite a redução do

estoque, além da aquisição de determinado material em parcelas menores.

Assim, é inegável o papel estratégico da Seção de Almoxarifado dentro

do Tribunal Regional Eleitoral, pois, além de realizar técnicas e procedimentos

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modernos, busca-se gerenciar os recursos materiais ao menor custo para os

cofres do Tribunal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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Gestão de Estoques. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

CARDOSO, Fernando Henrique. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do

Estado. .Brasília, 1995.

CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à administração de materiais..São Paulo:

Makron Books, 1991.

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística.

4ªedição.São Paulo: Atlas, 1993.

FRAGA, Renato Dias. Almoxarifado: Organização e Gestão no serviço

público.Rio de Janeiro, 2010.

SANTOS, Gerson dos. Gestão de Almoxarifados 2ªedição. Florianópolis:

Edição do autor, 2003.

SILVA, Renaud Barbosa da. Administração de Materiais: Teoria e prática.

2ªedição.Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Administração de Materiais,

1986.

VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São

Paulo: Atlas, 2008.

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48

Congresso Nacional. Lei 4320. Brasília-DF, 1964.

Congresso Nacional. Lei nº 8.666 de 1993, Lei de Licitações e Contratos

Administrativos. Brasília-DF: 1993.

Congresso Nacional. Instrução Normativa 205. Brasília-DF, 1988.

http://intranet.tre-rj.gov.br – Portal interno do Tribunal Regional Eleitoral,

acessado em 7 de dezembro de 2010.

http://rjasi01:8080/asi/apresentacao/IndexASI.html) – site do programa

ASIWEB módulo Almoxarifado acessado em 9 de dezembro de 2010.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Administração de material 10

1.1 – Histórico 10

1.2 – A administração de material no

no serviço público brasileiro 15

CAPÍTULO II - A Seção de Almoxarifado

do Tribunal Regional Eleitoral 19

2.1 – Histórico e definições 19

2.2 – A seção de Almoxarifado

do Tribunal Regional Eleitoral 21

2.2.1 - Recebimento 23

2.2.2 - Armazenagem 25

2.2.3 – Controle 29

2.2.4 – Distribuição 31

CAPÍTULO III - Gestão de Estoque 33

3.1 – Considerações iniciais 33

3.2 – A formação e o dimensionamento do estoque 34

3.2.1 - Quanto ao valor 35

3.2.2 - Quanto à criticidade

ou importância operacional 36

3.2.3 - Quanto ao consumo 36

3.2.4- Quanto à natureza 36

3.3 – Teoria do Estoque Zero 37

3.4 – O inventário 39

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3.5 – Ressuprimento 41

3.5.1 – Consumo médio 41

3.5.2 - Tempo de Reposição 41

3.5.3 – Estoque de Segurança 41

3.5.4 – Ponto de Pedido ou Reposição 42

3.5.5 – Intervalo de Ressuprimento 42

3.5.6 – Quantidade de Reposição 42

3.5.7 – Estoque Máximo 42

3.6 – Avaliação de Estoque 42

3.6.1 – Custo médio 42

3.6.2– Método PEPS 43

CONCLUSÃO 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 47

ÍNDICE 49

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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