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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA Por: Flávia de Medeiros M. Sargo Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2014 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO

INFANTIL – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA

Por: Flávia de Medeiros M. Sargo

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2014

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA PARA O DESENVOLVIMENTO

INFANTIL – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Institucional.

Por: Flávia de Medeiros M. Sargo

AGRADECIMENTOS

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“.... a meu marido, por sua paciência, a

meu filho, pelas horas que deixei de

estar com ele para dedicar-me aos

estudos, aos professores que me

inspiraram a seguir em frente e

aprimorar minha prática e aos meus

alunos que me impulsionam e motivam

a sempre querer aprender mais.”

DEDICATÓRIA

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Dedico a meu filho, minha fonte constante de inspiração e a meu marido por

seu companheirismo e carinho nessa fase de estudo.

RESUMO

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Esse estudo teve o objetivo de destacar a importância da música para o

desenvolvimento infantil, apontando os benefícios dessa linguagem para a

formação integral do indivíduo em todos os aspectos (cognitivos, afetivos,

sociais e psicomotores). Visa também, apresentar a relevância da utilização de

atividades musicais nas intervenções psicopedagógicas, indicando essa

linguagem como uma ferramenta para auxiliar e prevenir problemas de

aprendizagem e como fonte de estímulo para crianças portadoras de

necessidades especiais, pois música lida com emoção, percepção, atividade

motora e, responde a várias necessidades do indivíduo.

METODOLOGIA

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Inicialmente foi feita uma abordagem sobre a presença da música na vida do

ser humano, sua importância e suas características.

Em seguida, o trabalho apresentou os benefícios da música para o

desenvolvimento infantil e, por fim, a exposição de ideias sobre a música e a

psicopedagogia, apresentando uma breve explicação do estudo dessa área e a

funcionalidade da música para o trabalho dos psicopedagogos.

Essa pesquisa buscou apresentar a abrangência do trabalho musical e de todo

seu potencial para um desenvolvimento global do individuo.

Suas principais etapas foram:

- seleção das fontes primárias como obras de JEANDOT, BRITO, SEKKEF,

GAINZA e o REFERENCIAL NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL;

- fontes secundárias como livros de Educação Infantil, psicologia, artigos de

revista de educação e trabalhos monográficos.

Após coleta de material foram selecionados os trechos sobre os assuntos

abordados para se iniciar o trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Música e o Homem 10

CAPÍTULO II - A música e o desenvolvimento infantil 16

2.1 – Desenvolvimento cognitivo

2.2 – Desenvolvimento sócio-afetivo

2.3 – Desenvolvimento psicomotor

CAPÍTULO III – A música e a psicopedagogia 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS 33

BIBLIOGRAFIA 35

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INTRODUÇÃO

A música é uma linguagem que permeia a vida do ser humano a

milhares de anos, se fazendo presente de diversas formas no decorrer da

história, através dos sons produzidos pela natureza na Idade da Pedra, nas

doces notas das liras ou no ressoar das trombetas do império romano, no

canto gregoriano dos monges da Idade Média, até o ambiente altamente

sonoro dos dias de hoje.

Considerada pelos povos antigos, uma poderosa força mágica, nos

dias de hoje, “a música constitui ferramenta auxiliar da educação, da mesma

forma que participa de diferentes tratamentos de recuperação, integrando

programas de desenvolvimento de condições físicas e mentais do indivíduo”

Sekeff (2007, p.69)

Na Grécia antiga, a música já era considerada uma aliada no

desenvolvimento do ser como um todo.

“Dotados de conhecimentos específicos, os gregos valorizavam sobremaneira a arte musical. Ela era usada para curar, para prevenir doenças, males físicos e mentais, para colaborar na educação dos jovens(...) Platão recomendava-a para a saúde da mente e do corpo, para a cura de angústias e fobias, para o desenvolvimento do caráter e da sensibilidade e como recurso para a educação e desenvolvimento do jovem.” (SEKEFF, 2007, p.100)

Apesar de a linguagem musical ser reverenciada há séculos como

sendo uma colaboradora na formação social e intelectual do homem, durante

décadas o trabalho musical na maioria das escolas foi negligenciado, tratado

como um elemento secundário, para não dizer “dispensável”

Vale destacar que a música globaliza naturalmente os diversos

aspectos a serem ativados no desenvolvimento da criança:

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cognitivo/linguístico, psicomotor, afetivo/social. Consequentemente, as

brincadeiras musicais ou os jogos cantados contribuem para reforçar todas as

áreas do desenvolvimento infantil, contribuindo para a formação e o equilíbrio

da personalidade da criança.

Segundo Jeandot (1997, p.20), música é linguagem. Sendo assim,

devemos seguir em relação à música, os mesmos procedimentos que

adotamos quanto à linguagem falada, ou seja, “devemos expor a criança à

linguagem musical e dialogar com ela sobre e por meio da música”.

Além de ser um recurso educacional, a música vem sendo utilizada

com êxito no desenvolvimento e na recuperação de pessoas com

necessidades especiais, sensoriais e motoras.

Em termos psicopedagógicos, Sekeff (2007, p.27) afirma que:

“A investigação e aplicação de conhecimentos psicopedagógicos dos recursos musicais são assim importantes para o educador, o educando e a comunidade. Para o educador no sentido de esclarecer, auxiliar e fortalecer sua ação formadora, possibilitando-lhe a adequação de programas musicais ao perfil psicológico, afetivo e intelectual do educando, favorecendo desse modo o seu alcance.”

Nesse contexto, a proposta desta monografia é explicitar a importância

da música para o desenvolvimento integral da criança, apresentando os

aspectos desenvolvidos a partir de um trabalho musical sério e consciente.

Visa também, apresentar a eficácia dessa linguagem nas intervenções

psicopedagógicas, apontando sua importância como um agente facilitador e

integrador do processo educacional.

CAPÍTULO I

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A MÚSICA E O HOMEM

A presença da música na vida do homem é incontestável. Ela tem

acompanhado a história da humanidade ao longo dos tempos, exercendo as

mais diferentes funções. Está presente em todas as culturas, em todas as

épocas e em todos os pontos do planeta, até nos mais longínquos. É uma

linguagem universal que perpassa as barreiras do tempo e do espaço.

“Existem muitas teorias sobre a origem da música na cultura humana. A linguagem musical tem sido interpretada, entendida e definida de várias maneiras, em cada época e cultura, em sintonia com o modo de pensar, com os valores e as concepções estéticas vigentes.” (BRITO, 2003, p.25)

Segundo dados antropológicos, as primeiras músicas foram usadas

em rituais como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e

fertilidade.

Na Grécia antiga, o ensino da música era obrigatório. Já naquela

época, o filósofo grego, Pitágoras de Samos, “demonstrou que a sequência

correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode mudar

padrões de comportamento e acelerar o processo de cura”. Bréscia (p. 31

2003)

Platão insistia em que a educação devia concentrar-se em duas

atividades: a ginástica e a música. Segundo esse famoso filósofo, uma

educação que excluísse a música não podia ser completa. A música é uma

parte intrínseca – consciente ou não de cada ser humano.

Com o desenvolvimento das sociedades a música foi tendo outras

funções sociais.

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Várias teorias tentam explicar ainda a importância da música para

as diferentes sociedades do planeta, principalmente se levarmos em

consideração o fato de essa linguagem estar presente em quase todas estas

culturas. Talvez sua principal função fosse a de facilitar a convivência e a

motivação para atividades em conjunto dos povos antigos.

“Uma das hipóteses mais aceitas hoje é a de que a música teve função primordial na formação e sobrevivência dos grupos e na amenização de conflitos. Se ela existe e persiste, é porque provoca respostas que agem como um forte fator de coesão social.” (GIRARDI, 2004, p,76).

Bréscia (2003, p. 41): “A investigação científica dos aspectos e

processos psicológicos ligados à música é tão antiga quanto às origens da

psicologia como ciência”. Dessa forma percebe-se que, a música não pode ser

tratada apenas como elemento recreativo, há muito que se explorar de suas

propriedades.

A linguagem musical tem a capacidade de despertar e expressar

sensações, frustrações, sentimentos, vontades, culturas e pensamentos.

A criança, ainda no ambiente uterino, já tem contato com o universo

sonoro que a cerca: sons produzidos pela mãe, pelos seres vivos e pelos

objetos. Ao nascer, convive com situações musicais por intermédio do acalanto

da mãe ou aparelhos sonoros, sons da natureza, brinquedos e outros sons

produzidos em seu cotidiano. Assim, a música dialoga com a constituição

interna do ser humano. A criança estabelece suas primeiras relações com o

mundo sociocultural por meio dos sentidos e dos laços afetivos, através da

exposição a essa linguagem. Encantados com o que ouvem, os bebês tentam

imitar e responder, criando momentos significativos no desenvolvimento afetivo

e cognitivo.

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“A música está presente em diversas situações da vida cotidiana e

com diferentes objetivos, pois há composições usadas para ninar, dançar,

brincar, relaxar, malhar ou simplesmente apreciar.” (UNESCO, 2005, p.20)

Para entender melhor essa linguagem deve-se conhecer os

elementos que constituem a linguagem musical.

“A música é uma sucessão de sons organizados ao longo do tempo. O ritmo, a melodia, o timbre e a harmonia, elementos constituintes da música, são capazes de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. Através de tais elementos, o receptor da música responde tanto afetiva quanto corporalmente.” (FERREIRA, 2005, p.18)

Ritmo

Palavra grega que significa fluir. Entendido como movimento

ordenado, o ritmo está presente em todo tipo de vida.

Todo universo auditivo poderia se resumir a este enunciado: entre

ruído e o silêncio nasce a música.

Parafraseando William Shakespeare, Jeandot (1997, p.26) resume

“Ser ou não ser: eis o ritmo. Ele é o elemento mais essencial da música;

determina seu movimento e sua palpitação e representa, em última análise, o

contraste entre o som e o silêncio.”

“Daí que o ritmo “mexe” fisiológica e psicologicamente com o indivíduo, até mesmo o tálamo, induzindo esquemas de movimento e mobilizando formas de comportamento. Por isso o seu uso no desenvolvimento e recuperação de deficientes motores normalmente se cobre de êxito.” SEKEFF (2007, p.44)

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Compreender o ritmo como algo interno e que pode ser alterado a

partir de estímulos externos, advindos do meio ambiente, é considerá-lo como

impulsionador de processos psíquicos, afetivos e emocionais.

Melodia

É a sucessão temporal de sons e silêncios, com sentido e

direcionalidade.

A melodia estimula a afetividade.

Para Sekeff (2007, p.47), “a melodia representa a fisionomia

sentimental de cada indivíduo.”

Harmonia

É a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons. A

harmonia contribui ativamente para a afirmação ou para a restauração da

ordem mental do homem. Som, ritmo e melodia se completam com a

harmonia.

Jeandot (1997, p.23) ressalta que “o som depende, entre outras

coisas, da densidade do ar, da distância em que o receptor se encontra da

fonte sonora e da ressonância.”

O som possui três qualidades fundamentais: altura, intensidade e

timbre.

• A altura (grave/agudo) é o parâmetro relacionado à criação de

linhas melódicas, melodias e harmonias.

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• A intensidade (forte/fraco) encontra correspondente musical na

expressão dinâmica e também no ritmo.

• O timbre personaliza, dá cor, caráter. É a qualidade que nos

permite distinguir a voz e o som dos instrumentos.

Sekeff (2007, p.49), faz uma reflexão sobre como cada elemento

musical afeta o ser humano:

“Refletindo sobre a ação dos parâmetros musicais infere-se que enquanto o ritmo possibilita ao indivíduo tomar consciência de seu corpo, enquanto a melodia enseja estados afetivos, a harmonia favorece, sobretudo, atividades intelectuais. Mas como somos um todo – um todo que pensa, sente e age simultaneamente - atividade, afetividade e intelectualidade estão sempre presentes no exercício da música, predominando, em diferentes momentos, a ação de um desses parâmetros.”

Gainza (1988, p.22) diz que cada um dos elementos da música

corresponde a um aspecto humano específico: “o ritmo musical induz ao

movimento corporal; a melodia estimula a afetividade; a harmonia contribui

ativamente para afirmação ou restauração da ordem mental do homem”.

“A música é linguagem universal, mas com muitos dialetos, que

variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de

organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos.” (JEANDOT,

1997, p.12)

Segundo o Referencial Curricular (1998, p.48), “aprender música

significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a

reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados”. Tal

documento prossegue apresentando resultados de pesquisas que

fundamentaram sua proposta para o trabalho musical na Educação Infantil:

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“Pesquisadores e estudiosos vêm traçando paralelos entre o desenvolvimento infantil e o exercício da expressão musical, resultando em propostas que respeitam o modo de perceber, sentir e pensar, em cada fase, e contribuindo para que a construção do conhecimento dessa linguagem ocorra de modo significativo.”

Na vida do homem, a música é muito importante por ser um

elemento que auxilia no seu bem-estar. “A criança que é estimulada a

desenvolver a apreciação sensorial aprende a gostar ou não de determinados

sons e passa a reproduzi-los e a criar novos, desenvolvendo sua imaginação e

criatividade.” (Mello, 2011, p.20)

Dessa forma pode-se afirmar que a música é considerada por vários

autores e pesquisadores, como elemento enriquecedor para o

desenvolvimento humano, que proporciona bem-estar e colabora para a

ampliação de outras áreas necessárias para a formação plena do indivíduo.

A educação musical não deve visar à formação de músicos, mas

sim a formação integral das crianças de hoje.

CAPÍTULO II

MÚSICA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

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A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes

de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio

da organização e relacionamento expressivo entre som e silêncio, sendo assim

um processo de construção envolvendo o perceber, o sentir, o emitir, o

experimentar, o criar e o refletir.

Gainza (1988, p.21), resalta que a música e o som, “estimulam o

movimento interno e externo do homem; impulsionam-no à ação e promovem

nele uma multiplicidade de condutas de diferente qualidade e grau.”

As atividades musicais são “um meio de expressão e de

conhecimento acessível aos bebês e às crianças, inclusive aquelas que

apresentam necessidades especiais, que por sinal são extremamente

sensíveis.” (UNESCO, 2005, p.20)

Segundo Sekeff (2007, p.19) “a música é um poderoso agente de

estimulação motora, sensorial, emocional e intelectual.”

Outra característica da música seria que ela atua em nossas

funções orgânicas, alterando o metabolismo, o ritmo cardíaco, a pressão

arterial, o volume sanguíneo, influenciando o estado de ânimo. Há relatos do

uso de música em pré e pós-operatórios, com o intuito de relaxar e reduzir a

sensibilidade, evitando a dor.

Sendo assim, pode-se afirmar que um trabalho musical bem

planejado e o repertório musical bem selecionado beneficiam a criança na fase

escolar, resultando em ganhos em seu desenvolvimento cognitivo, sócio-

afetivo e psicomotor.

2.1. Desenvolvimento cognitivo

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A fonte de conhecimento da criança é a variedade de situações que

ela tem a oportunidade de vivenciar em seu dia-a-dia. Consequentemente, a

riqueza de estímulos que a criança recebe por meio da diversidade de

experiências musicais contribui para o seu desenvolvimento intelectual.

O RCNEI (1998, p.48), afirma que a música é compreendida “como

linguagem e forma de conhecimento” e assinala que o trabalho musical deve

ser realizado de forma a garantir à criança possibilidades de vivenciar e refletir

sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo a fim de

oferecer condições para o desenvolvimento de habilidades, de formulação de

hipóteses e de elaboração de conceitos.

A educadora musical Elvira Drummond (2010) defende a

importância da música para o desenvolvimento dos hemisférios direito e

esquerdo do cérebro. Conforme a autora, essa prática ajuda a ativação dos

neurônios, promovendo desenvolvimento motor e social ao processo de

aquisição da linguagem. A educadora afirma que está cientificamente

comprovado que “a música amplia as redes neurais, o que ajuda o

desenvolvimento cognitivo.”

O aprendizado da música, segundo Gainza (1988, p.34), ajuda no

desenvolvimento cognitivo, auxiliando na memorização, na concentração,

facilitando a percepção auditiva, a atenção, estimulando a memória imediata, o

raciocínio abstrato, a imaginação e a criatividade.

Brito (2003, p. 53) através de seus estudos, constata que ampliam-

se o número de pesquisas sobre o pensamento e a ação musical que podem

orientar os educadores e gerar contextos significativos de ensino-

aprendizagem, que respeitem o modo de perceber, sentir e pensar de bebês e

crianças.

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Para Pfutzenreuter (1999, p.5), a música contribui para o

pensamento criativo, pois, ao ouvir uma melodia, a criança a interpreta de

forma única e pessoal. É uma leitura interna, onde ela internaliza sons e

expressa sentimentos. E complementa dizendo:

“A observação da espontaneidade da criança frente à música pode proporcionar excelente material de estudo de seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor, assim como a indiferença a uma estimulação musical pode ser uma reação concreta e significativa a uma situação insatisfatória. De uma forma ou de outra, a música produz um efeito que pode ser mental ou corporal A música provoca movimentação (interna ou externa). Se ela for trabalhada de forma criativa, maiores serão as respostas criativas das crianças.”

Estudos apontam que a iniciação musical estimula áreas do cérebro

da criança que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Este

tipo de trabalho possibilita melhorar a sensibilidade dos alunos, a capacidade

de concentração e a memória, beneficiando assim a alfabetização e o

raciocínio matemático.

A música, conforme Sekeff (2007, p.133):

“... não só favorece a “educação” dos sentimentos como

possibilita desenvolvimento cognitivo, particularmente por suas

relações lógicas e matemáticas, assim como a prática do

cálculo o faz em relação ao pensamento.”

Salles (1999, p.6) aponta a música como uma linguagem que ajuda

“a afinar a sensibilidade das crianças, aumenta a capacidade de concentração,

desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de desencadear

emoções diversas.”

Através dos estudos feitos conclui-se que a música contribui para o

desenvolvimento cognitivo, ao favorecer a recepção de informações e a

internalização das mesmas, de modo espontâneo, fácil e significativo. As

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vivências rítmicas e musicais podem também aprimorar os sentidos

perceptivos da criança.

2.2. – Desenvolvimento sócio-afetivo

A música é uma linguagem que está presente na vida do ser

humano antes mesmo de seu nascimento. Quando as futuras mães

conversam, cantam e contam histórias acariciando a barriga, estabelecem um

vínculo afetivo com uma vida embrionária. Depois, ao pegar no colo o seu

bebê nutrem sua “pequenina alma” com canções de ninar e melodias há muito

guardadas em sua memória. O prazer vai aumentando, pois ouvindo esses

sons sente-se reconhecido, identificado e amado.

Pesquisadores de vários países apontam a importância que a

música tem para o bem-estar do bebê, desde quando ele ainda é um feto e

está no ventre da mãe. A música traz tranquilidade para a mãe e a criança,

introduzindo-a na sensibilização aos sons, desde muito cedo.

De acordo com Jeandot (1997, p.18), ao nascer, a criança entra em

contato com o universo sonoro que a cerca: sons produzidos pelo meio

ambiente, pela natureza e pelos objetos. Sua relação com a música é

imediata, seja através do acalanto da mãe e do canto de outras pessoas, seja

através dos aparelhos sonoros de sua casa. A autora continua dizendo.

“Antes ainda de começar a falar, podemos ver o bebê cantar, gorjear, experimentando os sons que podem ser produzidos com a boca. Observando uma criança pequena, podemos vê-la cantarolando um versinho, uma melodia, ou emitindo algum som repetitivo e monótono, balançando-se de uma perna para a outra, ou ainda para frente e para trás, como que reproduzindo o movimento do acalanto. Essa movimentação bilateral desempenha papel importante em todos os meios de

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expressão que se utilizam o ritmo, seja a música, a linguagem verbal, a dança etc.” (JEANDOT, 1997, p.18)

Brito (2003, p. 35), concorda no que diz respeito ao envolvimento

das crianças com o ambiente sonoro em que vivem e completa explicando que

“o processo de musicalização dos bebês e crianças começa de forma intuitiva,

por meio do contato com toda a variedade de sons do cotidiano”, incluindo a

presença da música.

O Referencial Curricular (1998, p.51) descreve bem este processo,

quando diz que através das canções de ninar, rimas, parlendas e pequenas

melodias cantadas pelos adultos, os bebês sentem-se encantados com o que

ouvem, tentando imitar e responder inventam linhas melódicas ou ruídos.

Nestes momentos, ocorrem experiências significativas no desenvolvimento

afetivo e cognitivo da criança, “responsável pela criação de vínculos tanto com

os adultos quanto com a música”.

A música também tem o dom de aproximar as pessoas. A criança

que vive em contato com a música aprende a conviver melhor com outras

crianças e estabelece um meio de se comunicar muito mais harmonioso do

que aquela que é privada da música.

Para Ferreira e Caldas (1991, p.122), a música auxilia no

combate à agressividade, canalizando o excesso de energia. Essa linguagem,

segundo os autores, também oferece meios para enfrentar o isolacionismo,

desenvolve espírito de iniciativa, a autoexpressão, o desenvolvimento da

inteligência e habilidades motoras. Proporciona “oportunidades iguais a todos e

integra o indivíduo no seu meio ambiente”.

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Pode-se afirmar que tanto o som quanto o ritmo, elementos

básicos da música, empregados na plenitude da expressão musical, podem

despertar e refinar a sensibilidade da criança, provocar nelas reações de

cordialidade e entusiasmo, prender sua atenção e estimular sua vontade,

auxiliando a consolidar a ação educativa.

Jeandot (1997, p. 20) concorda e aponta a importância dos jogos

ritmados nos primeiros anos de vida da criança, devendo ser incentivados e

trabalhados na Educação Infantil, pois, eles proporcionam possibilidades da

criança expressar-se de forma espontânea, contribuindo assim, para sua

sensibilidade afetiva e sensorial.

Ao mostrar suas emoções, liberar seus impulsos e utilizar seu

corpo para criar música, a criança desenvolve o sentimento de autorrealização.

Bréscia (p.81, 2003) comenta que o aprendizado da música,

“além de favorecer o desenvolvimento afetivo da criança, amplia a atividade

cerebral, melhora o desempenho escolar e contribui para integrar socialmente

o indivíduo.”

A linguagem musical é um dos canais que desenvolve a expressão,

o autoconhecimento e o equilíbrio, sendo poderoso meio de interação social.

(UNESCO, 2005, p.21)

Quando a criança canta, toca ou interpreta sons em coletividade,

“sente-se integrada em um grupo e adquire a consciência de que seus

componentes são igualmente importantes”. Compreende a necessidade de

cooperação frente aos outros, pois da união de esforços dependerá o alcance

do objetivo comum. Nesses casos, a criança terá a possibilidade de aprender a

“respeitar o tempo e a vontade do outro, criticar de maneira construtiva, ter

disciplina, ouvir e interagir com o grupo” (INDOMUS, 2003, on-line).

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Sekeff (2003, p.145) ressalta que “o acesso à música, bem cultural

da humanidade, favorece o educando , integrando-o ao mundo e propiciando o

seu desenvolvimento como ser social.”

Para completar, Rizzo (1986, p.243) comenta que as atividades

musicais coletivas favorecem também a autoestima, proporcionando um

ambiente de compreensão, participação e cooperação entre as crianças.

Paralelamente, “a música contribui para o desenvolvimento afetivo e emocional

infantil, pois possibilita a expansão dos sentimentos”.

2.3. – Desenvolvimento Psicomotor

A música movimenta, mobiliza, e por isso contribui para a

transformação e para o desenvolvimento.

Segundo Brito (2003, p.93), “música é gesto, movimento, ação”.

Faz-se necessário, então, oferecer oportunidades às crianças de se

expressarem com espontaneidade, permitindo que criem gestos e

interpretações próprias, sem a obrigação de imitar gestos durante todo tempo,

modo como muitos educadores trabalham a música na Educação Infantil.

O desenvolvimento do senso rítmico dá maior agilidade e precisão

aos movimentos da criança. Através das experiências musicais ela aprende a

controlar melhor seu corpo, aprimorando sua coordenação motora grossa e

fina.

Rizzo (1986, p.243) aponta a importância dos brinquedos cantados,

relatando que estes “levam à criança, de forma espontânea, à marcação de

ritmo (com o uso do corpo ou de instrumentos), auxiliando o desenvolvimento

da coordenação de movimentos da criança como um todo.”

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Estudos indicam que a movimentação pela música gera na criança a

capacidade de escuta e de absorver informações, ou seja, propicia o

aprendizado. O indivíduo ao movimentar-se, apresenta respostas criativas ao

estímulo musical ou sonoro, e com essas aprendizagens, aplica novas ideias e

conteúdos em outras situações.

O RCNEI (1998, p.52) esclarece que, “os jogos com movimento são

fonte de prazer, alegria e possibilidade efetiva para o desenvolvimento motor e

rítmico da criança”, quando unidos à linguagem musical, já que na fase da

Educação Infantil seu modo de expressão integra gesto, som e movimento.

De acordo com Brito (2003, p.145), o ritmo se apreende através do

corpo e do movimento. Por meio de movimentos naturais, os bebês e as

crianças ampliam suas possibilidades de expressão corporal e movimento,

garantindo assim uma boa educação rítmica, equilíbrio, prazer e alegria.

Segundo a autora o ser humano pode ser considerado um ser dançante, pois

geralmente seu canto é acompanhado por movimentos.

Jeandot (1997, p.19) comunga da mesma opinião, quando se refere

ao movimento aliado com a música.

“As crianças gostam de acompanhar as músicas com movimento do corpo.(...) E é a partir dessa relação entre o gesto e o som que a criança - ouvindo, cantando, imitando, dançando – constrói seu conhecimento sobre música, percorrendo o mesmo caminho do homem primitivo na exploração e na descoberta dos sons.”

O ritmo musical é movimento, por isso é fácil compreender a

importância das experiências musicais para o psiquismo e a fisiologia da

criança, através dos efeitos psicomotores que provocam.

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Pode-se concluir que, as atividades musicais podem oferecer

inúmeras oportunidades para a criança aprimorar sua habilidade motora,

controlar os músculos e mover-se com maior desenvoltura.

Sekeff (2007, p.139), assinala que:

“Compor, ler, interpretar, improvisar ou simplesmente escutar um repertório musical culto é ganhar conhecimento, é expandir experiências, é articular sentidos. Por isso se diz que o exercício da música favorece a inteligência e o raciocínio hipotético-dedutivo. Se inteligência é plasticidade, flexibilidade de raciocínio, capacidade de resolver problemas novos, a prática musical alimenta essas habilidades assegurando ao mesmo tempo expressão, relações com o universo físico e social, autonomia e adaptabilidade às condições do meio.”

Enfim, entende-se que, para desenvolver um trabalho musical com

sucesso na fase da educação infantil, deve-se ser antes de tudo, um animador

e pesquisador, capaz de estimular e fornecer informações que irão enriquecer

e ampliar o conhecimento das crianças integralmente. Para que isso ocorra,

não é necessário que o profissional seja um “especialista” na área musical,

mas sim, que seja sensível, criativo e capaz de propor atividades que

favoreçam a aprendizagem da criança na fase em que ela se encontra.

CAPÍTULO III

A MÚSICA E A PSICOPEDAGOGIA

Segundo Mello (2011, p.1), a Psicopedagogia é entendida como uma

“área de estudo relacionada à aprendizagem escolar, tanto no que diz respeito ao

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seu desenvolvimento normal, quanto às dificuldades que possam apresentar no

percurso” .

A autora complementa ressaltando que tais dificuldades podem estar ou

não ligadas aos problemas de ordem neurológica. O trabalho do

psicopedagogo seria então, auxiliar na identificação das dificuldades de

aprendizagem, oferecendo opções de intervenção, com o objetivo de que haja

uma diminuição ou solução destes problemas, evitando assim consequências

indesejadas, como a multirrepetência, o fracasso escolar e a evasão.

Segundo Ciasca (2004) apud Mello (2011, p.4), são três áreas específicas

que envolvem as dificuldades de aprendizagem:

• fisiológica - são caracterizadas geralmente por déficits neurológicos,

problemas de ordem física que atrapalham no desenvolvimento

cognitivo, como paralisia cerebral, deficiência mental, epilepsia e

deficiências sensoriais;

• socioambiental - refere-se a inadequações socioeducacionais, e

também questões relacionadas com o ambiente familiar;

• desenvolvimentista - indica que uma falha no desenvolvimento poderia

ser a causadora da dificuldade de aprendizagem, como os quadros

psicológicos e/ou psiquiátricos: TDAH, depressão infantil, ansiedade,

estresse, bem como questões emocionais.

Rubinstein (1999, p. 20) define a psicopedagogia como “disciplina

que estuda e trabalha com as aprendizagens humanas, oferece um campo de

intervenção, cujos limites são amplos.”

Metodologicamente, a ação psicopedagógica é plural, baseada em

contribuições de diferentes áreas do conhecimento humano: os jogos

educativos e a brincadeira, a dramatização e a produção textual, as histórias,

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as músicas e muitas outras estratégias podem ser utilizadas pelos

psicopedagogos para descobrir (e compreender) as modalidades de cada

aprendente e auxiliar no que for preciso para superar suas possíveis

dificuldades.

Para que se possa entender o que são as dificuldades de

aprendizagem, é necessário, inicialmente, que haja uma compreensão do que

seja aprendizagem.

Segundo Fonseca (2007, p.3), a aprendizagem compreende um

processo funcional dinâmico que integra quatro componentes cognitivos

essenciais:

• input (auditivo, visual, tátil-cinestésico, etc.);

• cognição (atenção, memória, integração, processamento simultâneo e

sequencial, compreensão, autorregulação, etc.);

• output (falar, discutir, desenhar, observar, ler, escrever, contar, resolver

problemas, etc.);

• retroalimentação (repetir, organizar, controlar, regular, realizar, etc.).

O processo de ensino-aprendizagem requer uma integração entre

afetividade, cognição e ação e, nas pessoas que não apresentam dificuldades,

esta integração acontece, favorecendo assim a aprendizagem.

Segundo Beuclair (2004):

“As intervenções psicopedagógicas têm um caráter multidisciplinar devido à complexidade e diversidade dos problemas de aprendizagem, buscando conhecimento em diversas outras áreas de conhecimento, principalmente, na psicologia e na pedagogia. Sua proposta é integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de distintas ciências

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humanas, visando adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender.”

Para Joly (2003), a utilização da música na educação e no trabalho

do psicopedagogo não deve ficar restrita a ensinamentos técnicos e formais,

mas ser usada como elemento com potencial significativo no processo

pedagógico e psicopedagógico. E continua dizendo que:

“Deve-se procurar visualizá-la com possibilidades de contextualização, respeito, sensibilidade, troca de experiências, conhecimentos, dinâmicas, novas vivências etc. que podem proporcionar um posicionamento do sujeito frente à sua realidade sócio-econômico-cultural e na capacidade de compreensão e transformação da mesma.” (JOLY, 2003, p.69)

Sekeff (2003, p.89) comenta que a música além de ser um recurso

educacional, vem sendo utilizada com êxito “no desenvolvimento e

recuperação de pessoas com necessidades especiais sensórias e motoras,

doentes mentais entre outros.”

Para Brito (2003, p.53), “a música deve promover o ser humano

acima de tudo”, sendo assim as atividades musicais devem sempre incluir

todas as crianças.

Sekeff, (2003, p.82) afirma que “em termos psicopedagógicos, a

música age sobre a capacidade de atenção do educando, estimulando-o a

níveis insuspeitados.” E completa sua narrativa dizendo que investiga-se hoje,

“a possibilidade de que certas músicas prolonguem a atividade psicomotora

muito além do que o fazem determinadas drogas.”

Vários estudos comprovam que a música é uma indicação

fundamental no caso de indivíduos com dificuldades de comunicação verbal,

como autistas e catatônicos, promovendo a abertura de novos canais de

comunicação e facilitando dessa maneira, o trabalho do psicopedagogo e de

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outros profissionais da área de educação. É um veículo expressivo para o

alívio da tensão emocional, superando dificuldades de fala e linguagem.

Atividades envolvendo a música vêm sendo utilizadas como fator de

bem-estar no trabalho psicopedagógico e em diversas atividades terapêuticas,

como elemento auxiliar na manutenção e recuperação da saúde.

“As atividades de musicalização também favorecem a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo seu caráter lúdico e de livre expressão, não apresentam pressões, nem cobranças de resultados, são uma forma de aliviar e relaxar a criança, auxiliando na desinibição, contribuindo para o envolvimento social, despertando noções de respeito e consideração pelo outro, e abrindo espaço para outras aprendizagens.” (CHIARELLI; BARRETO, 2005)

Gainza (2003, p. 43) ressalta que toda atividade musical é uma

atividade projetiva, algo que o indivíduo faz e mediante a qual se mostra;

permite, portanto que possa ser observado, “tanto os aspectos que funcionam

bem no indivíduo, como aqueles aspectos mais incompletos ou em conflito,

seus bloqueios, suas dificuldades.”

Conforme Sekeff (2003, p.113) “os usos e recursos da música

envolvem uma ação terapêutica que beneficia grande número de deficientes,

sejam eles auditivos, motores, visuais e mentais.”

Mello, considera que:

“Ouvir música pode provocar sensações, emoções, lembranças de momentos vividos e sentimentos multiformes. Ela é uma arte muito valorizada e utilizada para autoexpressão e também com o intuito de despertar nos ouvintes emoções as mais diversas. Existem muitos estudos na área da musicoterapia que comprovam a eficácia de seu efeito terapêutico na cura de várias doenças, pois a música interfere na saúde física, mental e emocional do homem, podendo atuar melhorando o sono, o humor, atenuando a ansiedade e o stress, que são males muito recorrentes neste conturbado século XXI.”(MELO, 2011, p.11)

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Sekeff (2003, p.114) também diz que “os deficientes visuais se

beneficiam dos usos e recursos da arte musical porque seus contatos com o

mundo se dão exclusivamente mediante a percepção e a interpretação do

som.” Para eles, a música desempenha o papel de facilitadora da percepção e

de seu desenvolvimento.

A autora aborda ainda a importância da música para deficientes

motores, por se tratar de um estímulo que vem de dentro para fora e, não o

contrário, desempenhando dessa forma forte ação sobre o indivíduo.

A percepção da música, dos sons musicais e dos diversos timbres

que existem, é assimilada de forma bem individualizada, varia de pessoa para

pessoa, pois cada um traz suas próprias memórias e vivências, conforme

afirma Gainza (1988, p. 25):

“Um objeto sonoro ou instrumento musical qualquer tende a penetrar no campo auditivo dos sujeitos que se encontram dentro do seu raio de ação. As diferentes pessoas, segundo sua idade, educação e estado psicofísico, reagirão de maneira característica, mostrando menor ou maior atração ou apetite pelo “alimento” sonoro que está ao seu alcance ou lhes é oferecido, realizando o ato de absorção e internalização com diferentes graus de concentração, continuidade e finura.”

Considerada pelos antigos povos uma poderosa força mágica e

nos dias atuais, perante avançadas pesquisas científicas, uma força de ação

fisiológica e psicológica, a música constitui ferramenta auxiliar da educação, da

mesma forma que participa de diferentes tratamentos de recuperação,

integrando programas de desenvolvimento de condições físicas e mentais do

indivíduo.

Entende-se que ampliar a compreensão da música enquanto tipo

privilegiado de linguagem no processo ensino-aprendizagem favorecerá o

exercício da docência, bem como auxiliará a atuação psicopedagógica,

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influenciando para uma melhora cognitiva do educando, pois ao mexer com as

emoções, torna a aprendizagem mais prazerosa e eficaz.

Gainza (1988, p. 90), sugere que a educação musical nas escolas seja

elaborada de forma racional e criativa, objetivando uma ação profilática nos

seguintes aspectos:

§ Físico: promover alívio das tensões devidas à instabilidade emocional e

fadiga;

§ Psíquico: promover os processos de expressão e descarga emocional,

através do estímulo musical e sonoro;

§ Mental: proporcionar situações que possam contribuir para estimular e

desenvolver o sentido da ordem, da harmonia, a organização, a

capacidade de compreensão etc.

Barreto (2000, p.45), ressalta que:

“Ligar a música e o movimento, utilizando a dança ou a expressão corporal, pode contribuir para que algumas crianças, em situação difícil na escola, possam se adaptar (inibição psicomotora, debilidade psicomotora, instabilidade psicomotora, etc.). Por isso é tão importante a escola se tornar um ambiente alegre, favorável ao desenvolvimento.”

Estudos apontam a funcionalidade da música para crianças

portadoras de necessidades especiais ou com outros tipos de incapacitação.

Sacks comenta que pessoas com lesão no lobo frontal podem ficam

incapacitadas de praticar algumas ações básicas, como vestir-se por exemplo.

Nessas situações a música pode ser utilizada como recurso mnemônico ou

narrativo: na prática ela fornece uma série de comandos ou deixas na forma de

rimas ou canção. De acordo com o autor, o mesmo acontece com indivíduos

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autistas e com pessoas com sério quadro de retardo mental, que não

conseguem realizar sequências simples que envolvam quatro ou cinco

movimentos ou procedimentos, mas são capazes de executá-las,

acompanhando uma música. O autor afirma então que “a música tem o poder

de embutir sequências, e fazê-lo quando outras formas de organização

(inclusive a verbal) não tem êxito”. (Sacks, 2007, p.231)

Sekeff (2007, p.24) relata que, à luz da ciência contemporânea a música é

considerada “uma força capaz de exercer ação psicofisiológica, favorecendo desse

modo o indivíduo, mesmo o doente mental, desde que sua desagregação psíquica

não esteja em nível muito acentuado.”

Illari (2003, p.14) nos mostra algumas opções para estimular

determinadas áreas de inteligência por meio de atividades musicais; é

possível, por exemplo, trabalhar a inteligência espacial explorando o espaço do

entorno enquanto trabalhamos um fraseado musical, ou trabalhar a inteligência

verbal/linguística por meio de um jogo de improvisação musical com quadras e

rimas. Podemos, assim, auxiliar no desenvolvimento integral do aluno,

independente de suas dificuldades ou facilidades, pois se torna possível que

cada aluno encontre um equilíbrio e um caminho para diminuir suas

dificuldades.

Para Sekeff (2007, p.22)

“A investigação e a aplicação de conhecimentos psicopedagógicos dos recursos musicais são assim importantes para o educador, o educando e a comunidade. Para o educador no sentido de esclarecer, auxiliar e fortalecer sua ação formadora, possibilitando-lhe a adequação de programas musicais ao perfil psicológico, afetivo e intelectual do educando, favorecendo desse modo o seu alcance.”

Estudos apontam a importância das atividades lúdicas como suporte

psicopedagógico, vale ressaltar que, o desenvolvimento do aspecto lúdico

facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora

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para a saúde mental, facilita os processos de socialização, comunicação,

expressão e construção do conhecimento. Nesse rol de atividades lúdicas,

pode-se indicar a música como uma ferramenta para o trabalho do

psicopedagogo, pois essa linguagem permite uma contribuição muita rica no

processo de aprendizagem da criança que implica em componentes de vários

eixos de estruturação: afetivos, cognitivos, motores, sociais, econômicos,

políticos entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das pesquisas realizadas, pode-se afirmar que a música é

uma linguagem que favorece o desenvolvimento de várias áreas do

conhecimento, e por isso, não pode se remetida ao mero papel de coadjuvante

na vida das crianças na fase da educação infantil. Essa arte deve ser

vislumbrada como uma fonte de onde jorra várias possibilidades para auxiliar

crescimento físico, emocional, cognitivo e social de cada indivíduo, com ou

sem necessidades especiais.

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A linguagem musical deve ser vista e reconhecida como um recurso

para educadores e psicopedagogos por seu caráter revitalizador e prazeroso.

Pode-se ver, no decorrer desse trabalho, que as atividades musicais

favorecem a inclusão de crianças portadoras de necessidades especiais. Pelo

seu caráter lúdico, essa linguagem ou esse jogo musical, não apresenta

pressões nem cobranças de resultados, sendo uma maneira de aliviar e relaxar

a criança, ajudando a deixá-la mais desinibida, contribuindo com sua interação

social, despertando noções de respeito pelo próximo e abrindo passagem para

outras aprendizagens ou para novas descobertas. Sendo assim, não pode ser

deixada de lado, nem ter sua importância minimizada por profissionais da

educação.

Tendo em vista que a linguagem musical atende a diferentes

aspectos do desenvolvimento humano, é um recurso indicado a desempenhar

o papel de agente facilitador da aprendizagem.

A linguagem musical vem sendo apontada, por um número cada vez

maior de especialistas em todo o mundo, como uma das áreas do

conhecimento mais importantes a serem estudadas no desenvolvimento da

criança, pois a aprendizagem musical contribui para o desenvolvimento

cognitivo, psicomotor, emocional e afetivo e, principalmente, para a construção

de valores pessoais e sociais de crianças, jovens e adultos, melhorando a

agilidade cognitiva, a capacidade de administrar informações em conflito e de

escolher aquela que melhor se aplica a cada situação.

Por todo o seu alcance, verifica-se que a música é uma linguagem

dotada de um poder que beneficia a todos, principalmente às crianças, que são

indivíduos em crescimento. Por essa razão o trabalho musical bem planejado e

um repertório bem selecionado resultam em favorecer e enriquecer o

desenvolvimento de todas as áreas do conhecimento.

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Sendo assim, deve-se assinalar que a música é, além de uma

grande ferramenta educacional, uma das formas mais importantes de

expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da

educação.

Faz-se necessária a sensibilização dos educadores e

psicopedagogos para a conscientização quanto às possibilidades de a música

favorecer o bem-estar e o desenvolvimento das potencialidades das crianças,

ditas “normais” ou especiais, ao trabalhar diretamente com o corpo, a mente e

as emoções.

Segundo Brito (2003), o que importa prioritariamente é a criança, o

sujeito da música. Sendo assim, devemos levar em consideração necessidade

de cada criança, adequando nosso trabalho a ela.

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