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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” Orientador: JEAN ALVES PEREIRA ALMEIDA Rio de Janeiro ,19 de março de 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

Orientador: JEAN ALVES PEREIRA ALMEIDA

Rio de Janeiro ,19 de março de 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTR REFORMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E SEUS REFLEXOS NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO FISCAL JULIETTE CAVALCANTE ASSIS NUNES

Monografia apresentada perante a Comissão da Universidade CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE, versando sobre tema referente às recentes mudanças introduzidas no Código de Processo Civil e seus reflexos no regime jurídico da Execução Fiscal .

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DEDICATÓRIA

Dedico esta singela monografia à Rodrigo Rodrigues,

meu querido filho ,que apresenta grande interesse pelos

estudos..

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R E S U M O

Com o advento das Leis 11.232/2005 e 11.382/2006 ,substanciais modificações foram

introduzidas no Código de Processo Civil ,sobretudo no concernente à execução dos

chamados títulos judiciais e à dos títulos extrajudiciais. O presente trabalho pretende analisar

singelamente essas mudanças que, cuidando de aspectos procedimentais, também se

aplicam à tutela executiva cível de maneira genérica. Por outro lado faz-se igualmente uma

detida análise dos reflexos que estas mudanças trouxeram ao regime jurídico da Execução

Fiscal, muito embora as acima citadas Leis não tenham disciplinado expressamente a

Execução Fiscal – execução da Certidão da Dívida Ativa, conforme disciplina especial da Lei

nº. 6.830, de 22.09.1980 .

Decidiu-se dar ao trabalho uma conotação técnica-jurídica , não obstante reconheça-se a

importância de uma análise que contivesse, ainda que suscintamente , um teor político e

histórico das razões que antecederam as mudanças ora implementadas.Isto para que se

pudesse melhor aquilatar a potencialidade que tais mudanças terão para mudar a difícil

realidade enfrentada pelo credor , que depende do Poder Judiciário, para concretizar o seu

direito.

Concluindo, objetiva esse trabalho analisar de modo não exaustivo os institutos que

advieram com a Lei 11.382/2006, assim como sua aplicabilidade à Lei 6.830/80 , no que diz

respeito às novas regras da penhora na execução fiscal, aos parcelamentos da dívida

executiva fiscal , do parcelamento do valor da arrematação e aos embargos à execução fiscal.

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S U M Á R I O INTRODUÇÃO 6 CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA 6 HISTÓRICO- CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973 7 PROCESSO DE EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 8 UM NOVO PANORAMA NA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL SATISFATIVA 8 EMBARGOS DO EXECUTADO 10 Considerações Iniciais Natureza Jurídica dos Embargos 10 DO PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS 11 Legitimidade de Causa A Segurança do Juízo – Desnecessidade Distribuição e Autuação Prazos 12 Rejeição Liminar 12 Efeitos não Suspensivos 13 Questões Incidentais e seus Efeitos 14 EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO , ALIENAÇÃO OU ARREMATAÇÃO 16 REFORMAS NO CPC E SEUS REFLEXOS 19 NA LEI DE EXECUÇÃO FISCAL A NOVA DISCIPLINA DA FASE EXPROPRIATÓRIA DA EXECUÇÃO FISCAL 28 DOS EMBARGOS `EXECUÇÃO FISCAL 33 CONCLUSÕES 38

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INTRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA:

Diante de uma visão hodierna , verifica-se que o Processo de Execução ,nos

dias atuais, é objeto de uma intensa reforma não só dogmática como pragmática

visando ao seu aprimoramento e tentando distanciar-se do conceito que o

personificava como um veemente "ponto de estrangulamento de nosso modelo

processual, pois se encontrava divorciado dos tecidos sociais e econômicos pelos

quais se dá, em grande monta, a insatisfação diante do descumprimento do direito

material.”

Como bem apregoado por Antonio Pereira Gaio Júnior : “É de se depreender,

notoriamente, que as reformas processuais, neste particular, envolvendo a

satisfação do direito material, seja decorrente de título executivo extra judicial ou

mesmo judicial, leva também em conta os reflexos aduzidos pelos princípios da

especificidade e da utilidade da execução, vetorizando a efetividade , o que remete

ao conceito de processo como instrumento de inserção social, econômica, mas

também político e ideológico, a permitir tomar as pessoas mais felizes ou menos

infelizes, sintetizando na sempre atual e eterna lição de Chiovenda: “ processo deve

dare per quanto e possibile praticamente a chi há um diritto quelto e próprio quetIo

ch"egli há diritto di conseguire".( GAlO JR. Antônio Pereira. Direito Processual Civil. V 0.

Belo Horizonte: Del Rey, 2007.pg.204)

Nesse sentido , consigne-se , o direito serve ao desenvolvimento, e o Estado,

ao propugnar pela normatização da vida , deve se empenhar, virtuosamente, na

segurança jurídica com avanços tais que proporcione aos seus jurisdicionados a

certeza no cumprimento efetivo dos negócios jurídicos inadimplidos, tendo, por isso,

o Poder Judiciário como artífice deste processo, responsabilidade ímpar na

aplicabilidade do ordenamento dentro das expectativas por ele induzidas e na

sociedade sentidas.

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HISTÓRICO- Código de Processo Civil de 1973

Os fatos jurídicos, ocasionados pelas ácidas e constantes críticas formuladas pela

doutrina e pela enxurrada de leis extravagantes que ocasionaram um caos

nesse diploma processual, impuseram a reformulação do Código de Processo Civil

de 1939.

O governo Federal, premido pelos fatos criou uma comissão de notáveis incumbida

de elaborar um anteprojeto , que submetido ao Congresso Nacional foi aprovado e

promulgado pela Lei 5.869/73, surgindo assim o novo Código de Processo Civil

atualmente em vigor.

Ao longo do tempo inúmeras alterações foram realizadas desde que se tornou

vigente o código de 1973 buscando sempre à simplificação dos atos em geral, pelo

que enumeramos as mais importantes, tais como : I - Lei 7.347/85 (Ação Civil

Pública); II - Lei 8.009/90 (Impenhorabilidade do imóvel residencial do executado –

bem de família); III - Lei 8.078/90 (Código de defesa do Consumidor); IV - Lei

8.952/94 (disciplina a tutela antecipada e a tutela específica das obrigações de fazer

e não fazer); V - Lei 9.079/95 (Processo monitório); VI - Lei 9.099/95 (derroga a

antiga Lei de Pequenas Causas e disciplina os Juizados Especiais); VII - Lei

9.245/95 (altera significativamente o procedimento sumário); VIII - Lei 9.307/96 (Lei

da arbitragem); IX - Lei 9.868/99 (disciplinou o processo de ação direta de

constitucionalidade ou de constitucionalidade); X - Lei 10.444/02 (alterações

relativas à tutela antecipada, ao procedimento sumário, à execução forçada) e ainda

as Leis 11.262/2005 e 11.382/2006 (alterando o processo de execução ).

Contudo, mister se faz dizer, as reformas introduzidas nem sempre culminaram pelo

bom rendimento das pretensões dos juridicionados , pois a celeridade processual

não foi atingida como era de se desejar.

Aguarda-se que as inovações trazidas pelas últimas alterações sejam significativas

e delas se obtenham um resultado positivo, uma vez que estas modificações vêm

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incidir sobre vários pontos da execução que vinham emperrando a sua celeridade

processual , com alongamento da duração das ações executivas .

Processo de Execução e Cumprimento da Sentença

Com o intuito de se localizar o conteúdo ao qual incidirá a possibilidade de manejo

dos Embargos do Executado, fundamental se faz analisar, preambularmente, o

desenho das vias executivas moldadas pela Lei n. 11.232/2005, diante das quais

teremos que para a fase incidental ao processo de cognição, esta denominada

"Cumprimento da Sentença", respectivos títulos bem como a defesa do devedor-

executado (Impugnação) receberá tratamento diferenciado, se comparada à

necessidade de satisfação do direito material através de outros títulos executivos,

estes que, necessariamente, enfrentarão o. Processo de Execução autônomo,

incluso no Livro n do CPC e ainda, para o executado, abrir-se-á a oportunidade de

contrapor à execução através dos Embargos, nosso objeto de análise, justificando,

assim, a necessária abordagem abaixo, a fim de iluminar os caminhos pelos quais,

certamente, o processo de execução irá trilhar, dando ensejo ao correto manuseio

dos Embargos do Executado.

Um novo panorama na prestação jurisdicional satisfativa:

É contemplada pelo ordenamento processual civil pátrio uma variedade de

procedimentos no âmbito do Processo de Execução, tais como Execução por

Quantia Certa contra devedor solvente e insolvente; Execução de Obrigação de

Fazer e NãoFazer; Execução para Entrega de Coisa; Execução contra a Fazenda

Pública; Execução para Prestação de Alimentos; Execução Fiscal etc, ficando _bém

a cargo de legislações extravagantes outras matérias específicas com suas devidas

particularidades, como no caso da Falência, a qual contempla execução coletiva e

universal relativa ao patrimônio do devedor comerciante insolvente, através da Lei n.

11.101/2005; Execução Fiscal regulada pela Lei n. 6.830, de 22/09/1980; Execução

de Créditos resultantes de financiamentos de bens móveis junto ao Sistema

Fínánceiro de Habitação com previsão na Lei n. 5.741, de 01/12/1971; Execução de

Cédulas Hipotecárias, regulada pelo Decreto-Lei n. 70, de 21/11/1966, assim como a

Execução de Títulos de. Crédito Rural ou Industrial prevista nos Decretos-Leis n.

167, de 14/02/1967 e n. 413, de 09/01/1969. Com o advento da Lei n. 11.232, de

22/12/2005, alterou-se, substancialmente, a sistemática da execução dos títulos

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executivos judiciais com a instituição de um procedimento denominado

“cumprimento de sentença.

Teremos que, “para as execuções de títulos judiciais, regra geral, não haverá

necessidade da promoção de um processo autônomo - no caso, Processo de

Execução para satisfação do direito. Certo é que a sentença proferida em, processo

de conhecimento será satisfeita dentro deste, portanto, em uma mesma relação

jurídica processual, através de uma fase de execução (Cumprimento da Sentença)

posterior àquela de cognição.” (GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil

brasileiro. Vol.II 18ª ed. São Paulo:Saraiva, 2006.pg 68 )

Por tudo, dentro da. sistemática processual civil brasileira, no que tange à atividade

jurisdicional executiva, tem-se o seguinte quadro.a partir da Lei n. 11.232/2005:

1) Os títulos executivos extra judiciais de obrigações de pagar quantia certa,

fazer, não-fazer e entregar coisa serão executados em processo executivo

autônomo, regulados pelo Livro II do CPC;

2) a sentença condenatória ao pagamento de quantia proferida em processo

judicial civil (título executivo judicial) será executada dentro do próprio processo em

que foi proferida mediante uma fase posterior à cognitiva, sendo a aludida fase

denominada "Cumprimento da Sentença", possuindo procedimentos específicos,

mas no que refure a atos expropriatórios, caso necessários, aplicar-se-ão,

subsidiariamente, as disposições do Livro II pertinentes à execução por quantia certa

3) os títulos executivos judiciais que tenham por objeto obrigação de

pagamento de quantia cuja execução se dá por regras específicas , tais como

Execução por quantia certa contra a Fazenda Pública (arts. 730-731 do CPC),

Execução de Alimentos (arts.732-735 do CPC), Execução Fiscal (Lei n.6830/1980),

continuam submetendo-se às regras especificas de seus respectivos processos.

além daquelas subsidiárias acostadas no Livro lI, Capítulo IV do CPC;

4) as sentenças prolatadas em processo judicial civil que imponham o

cumprimento do dever de fazer, não-fazer ou entregar coisa, por não possuírem

somente eficácia condenatória, mas ainda e efetivamente eficácias executiva e/ou

mandamental, serão satisfeitas por meio dos regramentos expressos nos arts. 461

(Obrigações de Fazer e Não-Fazer) e 461-A (Execução para a Entrega de Coisa),

sendo, portanto, realizadas por um modelo próprio, aplicando-se, subsidiariamente,

o Livro TI do CPC (Art. 475

5) a sentença estrangeira, sentença arbitra!, os acordos extrajudiciais

homologados judicialmente etc (considerados títulos executivos judiciais pelo art.

475N) que contenham por objeto obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa,

para uma parte da doutrina, estarão submetidos ao Processo de Execução de

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Obrigação de Fazer, Não-Fazer e Entrega da Coisa, exatamente conforme o

regulado no Livro II.

EMBARGOS DO EXECUTADO

Considerações iniciais

Não obstante, notadamente, objetivar o estudo em tela, a análise de itens

considerados relevantes por nós, diante da reforma introduzida pela Lei n°

11.382/2006 e mesmo sem a pretensão de exaurir a temática, fundamental, ainda

que de início e em síntese apertada, traçar, de forma propedêutica, conteúdo relativo

à natureza jurídica dos Embargos, para, então, debruçarmos com maior solidez na

reforma acima operada.

Pelo menos, preambuIarmente, já insta dizer “que o procedimento dos Embargos,

indubitavelmente, como se verá, passou por importantes e necessárias

modificações, estas norteadas pelo escopo que visa impedir que o exercício do

supracitado instrumento jurisdicional do executado sirva de empeçilho ao

desenvolvimento regular da relação processual juris-satisfativa.”( ABELHA, Marcelo.

Manual de Execução Civil. 2 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária,2007.pg.206)

).

Natureza Jurídica dos Embargos

Possuem os embargos natureza jurídica de ação, decorrendo de seu exercício um

processo incidente de conhecimento, sendo segura a doutrina a este respeito.

Tipicamente, constitui em uma ação incidental cognitiva, constitutiva negativa,

objetivando desconstituir o título executivo ou mesmo declarar sua nulidade ou

inexistência, em oposição à pretensão executória articulada em sede de processo de

execução. O embargante na verdade ,assume posição ativa exercitando o seu

direito de ação contra o credor em busa de uma sentença que venha possibilitar

conforme já dito, extinguir o processo de execução ,seja desconstituindo o título

executivo ou mesmo declarando sua nulidade ou inexistência.

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Por tudo, os embargos têm a função de preservar o direito de defesa, sendo

tal estrutura a escolhida pelo legislador, ou seja,” oposição mediante ação própria,

geradora de um processo de conhecimento incidental ao de execução, onde o

executado, de maneira autônoma, se defende, propondo nova demanda em face do

credor.” ( ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução. 11 ed. São Paulo:

RT,2007.pg 126)

DO PROCESSAMENTO DOS EMBARGOS

. Legitimidade para embargar

Como legitimado natural para tal ação incidental de embargos, será sempre o

executado (art.763), no entanto não se pode olvidar daquelas pessoas que, de forma

legitima, podem usufruir de tal instrumento processual, tais como o terceiro que

garante a obrigação de outrem, sendo, por isso, atingido pela penhora. Ainda assim,

deve ser apto a embargar a execução o cônjuge não devedor, mas que, diante da

penhora atingindo bem imóvel do casal, toma-se litisconsorte na actio.

A segurança do juízo - desnecessidade

Observava-se no regramento anterior à Lei n.l1.382/2006 a exigência de

segurança do juizo que ocorria pela penhora na execução por quantia certa ou pelo

depósito na execução para entrega de coisa, sendo, portanto, indispensável para a

correta admissão dos embargos.

A Lei n. 11.38212006, ao que se vê, tentando propiciar ao executado uma

ampla defesa na execução, através a propositura da ação de embargos, alterou a

redação do artigo 736 do Código de Processo Civil, prevendo agora que "o

executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à

execução por meio de embargos.'"

Distribuição dos embargos e sua autuação

A distribuição dos embargos do devedor continua sendo por dependência junto

ao juízo da execução, notoriamente, motivada pela conhecida relação de conexão

por prejudicialidade que mantém com o processo de execução .

No que se refere à autuação dos embargos, disciplina o CPC em seu art. 736,

parágrafo único, que os mesmos serão autuados em apartado e instruídos com

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cópias das peças processuais que o embargante entenda sejam relevantes.

Prazo Para Embargar

A Lei nº11382/2006 promoveu alteração no prazo para oferta dos

embargos.Passou ele de dez (10) para quinze (15) dias ,referência esta ditada pelo

Art. 738 do CPC que diz :

“Art. 738- Os embargos serão apresentados no prazo de

quinze (15) dias , contados da juntada aos autos do

mandado de citação “

Rejeição Liminar dos Embargos

Mereceram novo tratamento as rejeições liminares dos embargos. O art. 739 foi

reformado ,dado que, antes da Lei 11.382/2006, dava tratamento não somente às

hipóteses de rejeição ,como também no que refere a questões relativas ao

recebimento e processamento da ação incidental de embargos.

Com nova redação ,resta ao artigo em tela tratar, especificamente, das idéias

relativas às possíveis rejeições liminares dos embargos do executado, cabendo

tratamentos relativos ao próprio processamento bem como aos efeitos dos

embargos , ao desmembrado Art. 739-A e ainda cobrança de multas e

indenizações oriundas da aplicação de litigância de má-fé ao Art. 739-B. .

Deve, portanto, o art. 739, em seu inciso II, ser entendido e aplicado de forma

e grau mais amplos, em consonância com a regularidade e em conteúdos, ainda que

formais, aptos à regularidade do sistema processual.

Por sua vez, encerra o art 739 com o inciso III, este que trata da rejeição liminar dos embargos quando estes forem, manifestamente, protelatórios.

Eis aqui real novidade. A despeito de certa subjetividade conceitual, deve-se, de

início, pontuar a estreita ligação que tem tal inciso III com os art. 16, 17 e 18, estes

que tratam da litigância de má-fé, dispostos no livro I - processo de conhecimento -

bem como com o art. 600 referente aos atos atentatórios à dignidade da justiça,

acostado ao Livro II - processo de execução, formando um harmônico sistema de

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repreensão à chicana processual.

Disso temos que por atos protelatórios devem ser entendidos aqueles atos

praticados com o propósito único de retardar o andamento processual, tendo a nítida

feição de obstaculizar a presteza da entrega satisfatória e efetiva do direito e que,

por nada acrescentarem ao esclarecimento da demanda, senão ao interesse de

travar a máquina jurisdicional do Estado, deve o magistrado diante de flagrante

ataque ao instrumento democrático que é o processo, rechaçar, liminarmente, os

embargos no exercício prático que lhe confere o presente inciso III.

Efeitos não Suspensivos

Conforme expressa o art. 739-A do CPC, "os embargos do executado não

terão efeito suspensivo." A título de remissão ao sistema anterior à Lei n°

11.382/2006 possuíam os embargos efeito suspensivo automático por força de

disposição legal, configurando-se como regra geral a suspensão do processo de

execução quando da interposição dos mesmos, o que, não poucas vezes, tornava-o

instrumento processual meramente protelatório, obstaculizando o desenvolvimento

efetivo do processo de execução.

Outra realidade agora se faz presente com o advento da supracitada lei, onde

o art. 739-A se encarrega de preceituar que os embargos do executado não mais

terão efeito suspensivo imediato, por isso, tomando-se como regra a não suspensão

do processo de execução.

Otimizar a relação processual executória, ensejando a realização efetiva dos

atos reais voltados à célere satisfação do direito material foi a intenção do legislador.

Apenas para relembrar, releva assinalar que a impugnação apresentada na fase de

execução forçada incidental (cumprimento de sentença) também não possui efeito

suspensivo, como se infere do preceito incluso no art. 475-A do ordenamento

processual civil pátrio, prevalecendo coerência ante situações que buscam a

satisfação de obrigação inadimplida por meio da jurisdição estatal.

Permanece, porém, ainda a possibilidade de ser atribuído efeito suspensivo

aos embargos com a paralisação temporária do processo de execução, conforme

dicção do § I ° do art. 739-A do CPC:

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"§ 1º O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo

aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da

execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de dificil ou

incerta reparação e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito

ou caução suficientes. "

Nota-se que o magistrado poderá atribuir efeito suspensivo aos embargos

apresentados, caso forem relevantes os seus fundamentos, somado ainda à

possibilidade de o prosseguÍmento do processo de execução vir a causar grave

dano de dificil ou incerta reparação ao executado.

Destarte, além dos requisitos supracitados, estipulou o legislador a segurança

do juizo como condição fundamental para que o juiz possa atribuir aos embargos a

qualidade suspensiva da marcha executiva.

Há de se afirmar que o deferimento ou não do efeito da suspensividade não

situa na esfera discricionária do magistrado, não podendo, por isso, através de ato

deliberado, ou seja, sem provocação do pedido suspensivo pelo executado,

conceder tal efeito.

Questões Incidentais e seus Efeitos no ato de Embargar

Expressa o CPC em seu art. 745-A :

" No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e

comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em

execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o

executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis)

parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1 %

(um por cento) ao mês.

§ 1º Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a

quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso

indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.

§ 2º O não-pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno

direito, o vencimento das subseqüentes e o prosseguimento do

processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao

executado multa de 10% (dez por cento) sobre o valor das prestações

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não pagas e vedada a oposição de embargos."

Observa-se a inovação da Lei 11.382/06 ao instituir, na nova redação do art.

745-A, caput, no prazo para os embargos, a possibilidade do executado reconhecer,

efetivamente, o crédito do exeqüente, pleiteando como isso a concessão do prazo

de 6 (seis) meses para o pagamento da divida, depositando, para tanto, de imediato,

30% (trinta por cento) do valor da dívida, mais custas e honorários advocatícios.

Poderá o pagamento da quantia restante ser parcelado em até 6 (seis)

parcelas mensais e consecutivas, acrescidas de correção monetária e juros de l(um)

por cento ao mês, operando-se, do não-pagamento de qualquer das prestações, o

vencimento antecipado das parcelas subseqüentes, com incidência de multa no

importe de 10% (dez por cento), sendo vedada a interposição de embargos.

Cumpre destacar aqui “ que vozes não faltarão a indicar o bom senso pelo qual se

deve trilhar a análise detida do magistrado acerca da relevância ou não dos motivos

que, possivelmente, poderão ensejar no não cumprimento pelo executado, das

parcelas subseqüentes comprometidas à satisfação, dado que ao impedimento de

se embargar por conta do aludido descumprimento e sendo este motivado,por

exemplo, por ausência de pecúnia suficiente, agravada por um caso fortuito,

ensejaria certamente a que suspeitassem de transgressão, in casu, a aspectos de

significância constitucional, como a liberdade de acesso ao Poder Judiciário (art. 5°,

inciso XXXV, da CF) -princípio da inafastabilidade da jurisdição, insurgindo daí

agressão ao direito de ação - no caso, de embargos do executado - defendendo tal

matéria ser discutida em sede dos próprios embargos.” (ALVIM, J. E Carreira;

CABRAL, Luciana G. Carreira Alvim. Nova Execução de Título Extrajudicial. Curitiba:

Juruá, 2007.pg. 193 ).

Há de se compreender o espírito do legislador ao consentir tal faculdade ao

executado que, em solicitando o respectivo. parcelamento, reconhece de pronto a

dívida, por isso, acatando a pretensão do mérito, ou seja, a veracidade da obrigação

acostada no título executivo, configurando-se, inequivocamente, em uma preclusão

lógica.

Por isso, diante do art. 745-A, que expressa e diretamente destaca: "No prazo

para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente(...)"e ainda "poderá o

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executado requerer(...)" , tem-se operado tanto na autonomia da vontade do

executado, que, reconhecendo o crédito e requerendo ao juiz o seu parcelamento,

em caso de deferimento, implementar-se-á a sua vontade.

Não se quer dizer, por outro lado, que restará imune o executado de situações

que poderão, de maneira voluntária ou não, impedir-lhe o cumprimento efetivo de

parcelas subseqüentes; afmal, quem não está sujeito a intempéries? Logicamente,

como em qualquer execução, não se pode ter garantia de que o executado possui

ou possuirá patrimônio suficiente para saldar, seja por mínimo ou por complete, a

dívida contraída e devida. Ao exeqüente também se operam ricos em menor e maior

grau.

Em caso de deferimento do parcelamento da dívida, caso haja o não

pagamento de quaisquer as parcelas, operar-se-á o vencimento das demais,

sujeitando-se o executado à multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas,

voltando o processo de execução ao seu andamento, ou como expressa o §2" :

"com o imediato inicio dos atos executivos".

Caso o pedido de parcelamento seja negado ao executado, conforme a parte final

do § 1° do art. em tela, dar-se-á continuidade ao processo e o depósito prévio de

30%, condicionante ao pedido de parcelamento, permanecerá nos autos, sendo

defeso ao executado a devolução da quantia ora já depositada, ficando ela como

garantia do juizo. Caso não haja tempo hábil para os embargos, será razoável o

levantamento da quantia pelo exeqüente, a fim de se amortizar o débito, este já

reconhecido pelo executado quando do pedido do parcelamento, restando ainda a

este e no seu interesse manejar exceções processuais, tais como as argüições à

penhora incorreta e avaliação errônea.

.EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO, ALIENAÇÃO OU ARREMATAÇÃO

Por derradeiro, o art. 746 acena_ para a possibilidade de o executado oferecer

embargos à adjudicação, alienação ou mesmo arrematação, denominados aqui

como Embargos de segunda fase.

Neste sentido, orienta o art. em tela:

"Art. 746. É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias,

contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer

embargos fundados em nulidade da execução, ou em causa

extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora,

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aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.

§ 1º Oferecidos embargos, poderá o adquírente desistir da

aquisição.

§ 2º No caso do § 1º deste artigo, o juiz deferirá de plano o

requerimento, com a imediata liberação do depósito feito pelo

adquirente (art. 694 § 1º, incisoIV )

§ 3º Caso os embargos sejam declarados manifestamente

protelatórios, o juiz imporá multa ao embargante, não superior a

20 % (vinte por cento) do valor da execução, em favor de quem

desistiu da aquisição."

A Lei n.11.382/2006 refletiu em mudanças nos denominados "embargos de

segunda fase", tanto suprimindo o seu efeito de suspensividade automática quanto

no que se refere ao prazo para sua interposição antes, 10 (dez)dias; agora, 5

(cinco) dias, a contar as adjudicação, alienação ou arrematação (art. 746).

No que toca às matérias ensejadoras a possibilitar ou mesmo justificar

impetração do presente instituto, não ocorreu diferenças entre os textos revogado e

revogador,pois que ambos continuam a permitir que os embargos de segunda fase

possam tratar de : (i) nulidade da execução, termo esse que abrange, de modo

genérico, qualquer vício que venha contaminar a via executiva; (ii) causa extintiva da

obrigação, sendo que, neste caso, o art. 746 ditava de maneira expressa o

"pagamento, novação ou prescrição", como causas extintivas lIXas, o que no novo

texto legal inexiste expressamente, visto não querer o legislador correr riscos de

elencar numerus ctausus de forma incompleta ou mesmo de conotação equivocada,

dado que, p. ex., a referida prescrição nem mesmo se configura causa extintiva da

obrigação, mas apenas de pretensão, tal qual demonstra o art. 189 do C. Civil.

Igualmente ao texto legal anterior, a novata redação permaneceu autorizando

expressamente o cabimento de embargos de segunda fase, desde que

supervenientes à penhora. Aliás, ponto importante continua sendo este do aspecto

temporal onde em entendimento jurisprudencial é pelo aceite de sua alegação,

sobretudo em se tratando das nulidades elencadas no art. 618 (v.g., ,se o título

executivo extra judicial não corresponde à obrigação certa, líquida e exigível; se o

devedor não for regularmente citado), portanto, não se sujeitando ao caráter

preclusivo da matéria.

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Por outro lado, caso a situação ventilada disser respeito à causa extintiva da

obrigação, esta ocorrida após a penhora, que terá dito argumento aptidão para

fundamentar a interposição dos embargos à adjudicação, alienação ou arrematação.

,Em termos diretos, o § 1 ° estabelece que, uma vez oferecidos tais embargos de

segunda fase, é facultado ao adquirente desistir da aquisição, hipótese em que, na

inteligência do §2°, o juiz, de plano, deferirá o requerimento de desistência desse

terceiro adquirente, liberando respectivo depósito por ele realizado. Importante aqui

é pontuar que a desistência do adquirente independe do sucesso dos embargos de

segunda fase proposto pelo executado, visto que o próprio legislador não previu

qualquer espera do resultado da interposição de tais embargos, conferindo, in casu,

o respectivo aceite e conseqüente ato liberatório do conteúdo depositado pelo

adquirente, devolvendo-o ao mesmo.

Insta relevar a possível incidência, ou seja, reconhecimento de carga

protelatória ao manejo dos embargos à adjudicação, alienação ou arrematação

(§3°).

Tal questão já foi por nós debruçada nos itens 4.5 e 4.9 respectivamente,

cabendo lembrar, portanto, que em outras disposições, impõe-se ao juiz, caso

reconheça a existência manifestamente protelatória dos embargos, a aplicação

sancionadora de multa, aqui no valor de 20% (vinte por cento) sobre o valor da

execução em favor daquele terceiro desistente da aquisição.

Cabe assinalar que, muito embora a parte final do §3° possa indicar que da

incidência de tal multa, seja ela aproveitada a quem desistiu da aquisição de coisa

expropriada, não parece razoável que a mesma pena só venha a ter incidência

quando houver desistência, tendo em vista que só a grave atitude manifesta

protelatória do executado-embargante já é motivo suficiente para empreender tal

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comportamento impositivo do magistrado na aplicação da necessária sanção. pelo

executado-embargante, com endereço certo em favor do exeqüente.

REFORMAS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ( LEI Nº 11.382 DE 06.12.2006 )

E SEUS REFLEXOS NA LEI DE EXECUÇÕES FISCAIS

Entre meados de 2006 e o início de 2007, as modificações sistemáticas que vêm

atingindo, desde o início dos anos 90, o Código de Processo Civil, alcançaram a

tutela executiva.

A Lei n. 11.232, de 22.12.2005 (em vigor desde 23.06.2006) e a Lei n. 11.382, de

06.12.06 (em vigor desde 20.01.2007) trataram de fazê-lo de modo muito profundo,

cuidando a primeira da execução dos chamados títulos judiciais e a segunda, por

sua vez, trazendo mudanças que tiveram por destinatária, especialmente, a ação de

execução de títulos executivos judiciais, mas cuidando de aspectos procedimentais

que se aplicam, em verdade, à tutela executiva cível de maneira genérica.

Muito embora as mencionadas Leis não tenham disciplinado expressamente a

Execução Fiscal – execução da Certidão da Dívida Ativa, conforme disciplina

especial da Lei n. 6.830, de 22.09.1980 – a interpretação sistemática do novo

panorama legislativo, no entanto, conduz à conclusão de que tal procedimento

especial de execução de pagar quantia certa, manejada exclusivamente pelo Estado

, não atravessou incólume as mudanças , especialmente aquelas introduzidas pela

Lei n. 11.382/2006 que resultaram , também, em mudanças no procedimento

adotado pelo Estado para a execução de sua Dívida Ativa. ( PACHECO, José da Silva.

Comentário à Lei de Execução Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2006 )

A extensão das modificações resultantes da Lei n. 11.382/06 está a exigir corte

metodológico que torne factível e suficientemente acurada a tarefa interpretativa que

ora se propõe, mais uma vez considerando a limitada dimensão do presente trabalho

.

Eis a razão para que sejam estabelecidas outras fronteiras para a pesquisa, cuja

delimitação se curvou a critérios como a extensão das mudanças do instituto ou fase

procedimental, o potencial de divergência doutrinária de sua interpretação e a

importância de sua repercussão para os resultados concretos que são a razão da

tutela jurisdicional que ora se analisa .

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Em vista de tais considerações, a presente monografia cuidará, especificamente, de

três pontos dentro do universo acima proposto: 1) A garantia da execução;

2) Fase de expropriação ; 3) Os embargos à execução fiscal .

Breves Considerações

Mesmo antes da vigência do Código de Processo Civil de 1973, a distinção

de tratamento para a execução de créditos da Fazenda Pública foi marca do direito

positivo brasileiro. Ao lado do procedimento para execução de títulos extrajudiciais

do Código de Processo Civil de 1939 (arts. 298 a 300), vigiam as disposições do

Decreto-lei n. 960, de 17.12.1938, que disciplinavam distintamente o então chamado

“executivo fiscal”.

O Código de Processo Civil de 1973, então, veio unificar o procedimento da

tutela executiva, tornando-a indistinta a despeito da natureza extrajudicial ou judicial

do título executivo. Mencionada unificação resultou na revogação do Decreto-lei

960/38, com o conseqüente fim do “processo executivo fiscal”.

Como que denunciando uma essencial predisposição – política e jurídica – para a

especialização procedimental da tutela executiva sob análise, já em 1976 os

Ministérios da Fazenda e da Justiça instituíram conjuntamente grupo de trabalho

para e elaboração de nova lei especial, que veio a resultar, finalmente, na vigente

Lei de Execuções Fiscais, a Lei n. 6.830, de 22.09.1980. A unidade procedimental

entre execução cível comum e a execução fiscal, portanto, sobreviveu apenas por

breves sete anos.

Os trabalhos da comissão interministerial declaradamente optaram pela elaboração

de lei especial, no lugar da alteração do Código de Processo Civil, pois “a par de não

revogar as linhas gerais e a filosofia do Código, disciplinaria a matéria no essencial,

para assegurar não só os privilégios e garantias da Fazenda Pública, como também

a agilização e racionalização da cobrança da Dívida Ativa” . Desde a sua gestação,

portanto, a Lei n. 6.830/80 foi pensada como disciplina especial, não exaustiva, que

tem no Código de Processo Civil, ao mesmo tempo, o seu parâmetro interpretativo e

a sua complementaridade.

Não é por outra razão que, já no seu artigo 1º, a Lei de Execuções Fiscais

estabelece:

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Art. 1º . A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União,

dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas

autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código

de Processo Civil. (grifamos).

1) A GARANTIA DA EXECUÇÃO FISCAL DIANTE DA LEI 11.382/06

São os artigos 9º a 15 da Lei de Execuções Fiscais que cuidam de disciplinar as

peculiaridades que assume a garantia nesta espécie de tutela executiva. Antes dos

citados dispositivos, no entanto, o art. 8º da LEF deixa claro que, no momento da

citação, abre-se ao executado, no prazo de cinco dias, duas opções processuais:

pagar o débito exeqüendo ou oferecer-lhe garantia.

“Segundo a redação que a Lei 11.382/06 imprimiu ao art. 652 – cuja interpretação

deve ser combinada com a dos artigos 600, IV e 656, § 1º –, a indicação à penhora

de bens passa a ser uma prerrogativa do credor – não mais do devedor –

constituindo-se para o executado um dever processual.” (BOTTESINI, Maury Ângelo

et al. Lei de Execução Fiscal comentada e anotada. 3ª.. ed. São Paulo: RT, 2006.pg.275 )

Por força da disposição especial, permanece para o executado fiscal a prerrogativa

de indicar, preferencialmente, os bens com que pretende garantir o juízo da

execução.

Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias,

efetuar o pagamento da dívida.

(...)

§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados. (art. 655). § 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora. Art. 600. Considera-se atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: .IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. Art. 656............................................................... § 1º É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua

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propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único).

Deve se destacar, no entanto, que – seja no antigo CPC, seja no bojo da Lei n.

6.830/80 – tal“prerrogativa” tanto está limitada pela ordem preferencial estabelecida

pelo art. 11 quanto pela possibilidade de substituição dos bens penhorados a pedido

da exeqüente – mesmo considerando que a aparente amplitude da regra contida no

art. 15, II (“em qualquer fase do processo será deferida pelo juiz[...] II – à Fazenda

Pública, a substituição dos bens penhorados por outros, independentemente da

ordem enumerada no artigo 11[...]”) tenha sido podada pela Jurisprudência,

adequando-a ao princípio da menor onerosidade da execução.

O princípio de que a execução deve se resolver da forma menos onerosa para o

devedor, aliás, é vetor interpretativo que relativiza as regras ora comentadas: de

quem quer que seja a preferência para a indicação, caberá ao órgão julgador o seu

controle diante dos fatos e da ordem legal de preferência.

Simultaneamente, deve-se ressaltar que a ausência da regra do art. 652, §2o do

CPC nunca foi obstáculo para que o exeqüente, querendo (e sendo possível) já

informasse ao juízo da execução, na sua inicial , bens do devedor hábeis à penhora.

O art. 9o da LEF inovou, à época, a disciplina da execução comum, acrescentando

às formas de sua garantia a fiança bancária e a penhora de bens de terceiro.

A Jurisprudência já vinha admitindo a utilização de tais institutos, por analogia, na

execução comum, tendência que foi confirmada, no caso da fiança bancária, por

alusão expressa, introduzida pela Lei n. 11.382/06, na nova redação do art. §2º do

art. 656 do CPC (que fala, ainda, no “seguro garantia judicial”). Neste caso, portanto,

“observa-se clara influência da norma especial sobre a nova disciplina da execução

comum. No que diz respeito à execução fiscal em si, no entanto, não há qualquer

alteração a se ressaltar, neste ponto. O art. 10 da LEF, por sua vez, referencia

expressamente a lei processual comum, ao excetuar à penhora os bens “que a lei

declare absolutamente impenhoráveis”. ( CAIS, Cleide Previtalli; O processo tributário

(Capítulo 9 - fls. 595/708). 5ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.)

A Lei n. 11.382/06 trouxe mudanças na redação do art. 649, muito embora elas,.

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A mudança que maior repercussão terá na prática encontra-se, certamente, no

inciso X, acrescido pela Lei n. 11.382/06: passa a ser considerada impenhorável a

quantia de até quarenta (40) salários mínimos depositada em caderneta de

poupança.

Penhora on line

O art. 11 da LEF, ao estabelecer ordem preferencial própria para os bens sobre

que recairá a penhora, afasta, sem dúvida, a disciplina comum, do art. 655 do CPC.

A análise da nova redação do art. 655, no entanto, não é tão simples quanto

aparentemente poderia se , isso se dá porque a Lei n. 11.382/06 traz algumas

inovações que repercutem, de todo modo, sobre a lei especial. Elas não introduzem,

entretanto, verdadeiras novidades, já que apenas corroboram tendências

jurisprudenciais que já haviam se consolidado, seja no âmbito da execução comum,

seja na Execução Fiscal.

O inciso I do art. 655, de início, apenas explicita que a expressão “dinheiro” refere-se

tanto às importâncias em espécie encontradas em mãos do devedor quanto as

identificadas “em depósito ou aplicação em instituição financeira”. O inciso deve ser

interpretado em consonância com o novo artigo 655-A do CPC, positivador da já

consagrada “penhora eletrônica”, ou “penhora on-line”, que se tornou, há algum

tempo, realidade na tutela executiva brasileira com o auxílio do Sistema de

Atendimento das Solicitações do Poder Judiciário ao Banco Central do Brasil (ou,

simplesmente, BACEN JUD). O sistema permite que os membros do Judiciário

acessem o sítio do Banco Central do Brasil na Internet e enviem ordens judiciais ao

Sistema Financeiro Nacional, a fim solicitar informações, proceder ao bloqueio e

desbloqueio de contas-correntes e aplicações financeiras e à comunicação de

decretação e de extinção de falência.

A nova redação do art. 655, I é, tão somente, resposta a um dentre os diversos

argumentos que foram levantados pelos devedores na tentativa de obstaculizar a

utilização do sistema. O legislador deixa clara, assim, a validade da constrição de

valores identificados em instituições financeiras em nome do executado, pela citada

via.

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Nesta medida, por óbvio, a nova redação estende seus efeitos sobre a Execução

Fiscal – corroborando, aliás, entendimento que a Jurisprudência já vinha

consolidando.

Especialmente em razão da ausência de norma processual civil a disciplinar o

assunto, a penhora eletrônica no âmbito da Execução Fiscal vinha sendo

interpretada dentro dos limites estabelecidos pelo art. 185-A do CTN. Este

dispositivo, por sua vez – que foi introduzido ao Código Tributário Nacional pela Lei

Complementar 118, de 09.02.2005 – , trata, em verdade, de hipótese autorizadora

de indisponibilidade de bens do devedor tributário, coincidente comunicada pelo juiz

da execução “preferencialmente por meio eletrônico”, aos órgãos e entidades que

promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de

imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado

de capitais” (Grifamos).

A penhora eletrônica não constitui, em verdade, nova figura jurídica, a inovar o

ordenamento processual. Está-se a falar simplesmente de penhora em dinheiro, cujo

modo de realização atualizou-se às inovações tecnológicas do nosso tempo,

especialmente por força da cada vez maior utilização da Internet como veículo de

comunicação. Se, em um passado já remoto, o Oficial de Justiça efetuava a penhora

dos valores encontrados no cofre residencial do devedor ou, já mais recentemente, o

juiz postava ao Banco Central, ou a determinada instituição financeira, ordem para

bloqueio de valores que garantissem o débito executado ( ou mesmo o próprio

Oficial de Justiça a ela comparecia pessoalmente, com o mandado de penhora em

mãos), hoje já é possível fazê-lo eletronicamente, de modo mais simples e eficiente.

Contra tal eficiência seria natural que se levantassem as mais diversas teses

“jurídicas”. Uma das principais linhas argumentativas contra a novidade residia na

ausência de dispositivo expresso que dela cuidasse (como haveria o legislador de

conseguir ser simultâneo às inovações tecnológicas de hoje? Como, então, o art.

185-A do CTN fazia referência expressa a “meio eletrônico”, ele vinha servindo de

esteio para a tese jurídica que prevaleceu, no sentido da possibilidade de ser

utilizado o sistema BACEN JUD nas execuções fiscais.

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“Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente

citado, não pagar nem apresentar bens à penhora

no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz

determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos,

comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico,

aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência

de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às

autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de

capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam

cumprir a ordem judicial.

§ 1o A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-

se-á ao valor total exigível, devendo o juiz determinar o imediato

levantamento da indisponibilidade dos bens ou valores que

excederem esse limite.

§ 2o Os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de

que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a

relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade

houverem promovido.

Repita-se, no entanto, que o art. 185-A não cuida de hipótese de penhora, mas

autoriza a “indisponibilidade” de bens e direitos do devedor, sempre que “citado não

pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens

penhoráveis”.

Não obstante, parecia prevalecer o entendimento de que, nessa mesma linha, a

penhora eletrônica somente seria possível depois de esgotadas todas as

possibilidades, disponíveis ao credor ou ao juízo, de localização de outros bens

penhoráveis.

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Os novos artigos 655, I e 655-A do CPC – combinados com o art. 11, I da LEF,

que também elege o dinheiro como primeiro bem na ordem preferencial da penhora

têm o condão de deitar por terra, portanto, quaisquer restrições que ainda

remanesciam contra a utilização da penhora eletrônica na execução fiscal.

Quotas societárias

O artigo 655, VI inova ao explicitar a penhorabilidade de “ações e quotas de

sociedades empresarias”. Mais uma vez, o legislador apenas ratifica entendimento

que já havia se consolidado jurisprudencialmente, admitindo a penhora da

participação societária mesmo no caso de sociedades por quotas de

responsabilidade limitada, tradicionalmente consideradas sociedades de pessoas.

A dúvida em torno do tema procedia especialmente no fato de que o Código de

Processo Civil de 1973 silenciava a respeito, enquanto o Código de 1939, no seu art.

931, explicitamente considerava “direitos e ações, para os efeitos da penhora (...) os

fundos líquidos que possua o executado em sociedade comercial ou civil”. Já vinha

sendo, de todo modo, majoritariamente rechaçada a tese de que haveria, nas

sociedades constituídas intuito personae, obstáculo à penhora das quotas,

direcionamento que ora parece se consolidar definitivamente.

O inciso IX do artigo 655, por sua vez, trouxe para a execução cível comum detalhe

que já constava do inciso II do art. 11 Lei n. 6.830/80: penhoráveis passam a ser

apenas os títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal “com

cotação em bolsa”. A mudança, por certo, visou a explicitar tese que também já

havia se consolidado nos tribunais, especialmente no ensejo de discussões

travadas, há alguns anos atrás, em torno do oferecimento de títulos da dívida pública

emitidos no início do século XX, obviamente prescritos, em manobra oportunista que

não chegou a ter verdadeiro êxito perante os tribunais brasileiros.

Faturamento da empresa

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A inovação de maior peso, contudo, identificada na relação do art. 655 está na nova

redação do seu inciso VII, com o que o CPC passa a admitir expressamente a

penhora sobre “percentual de faturamento de empresa devedora”.

O tema é – e por certo continuará – polêmico. Por força das alterações da Lei n.

11.382/06 o CPC lhe faz agora referência expressa tanto no art. 655, VII quanto no

art. 655-A,

§3o, onde se diz que “na penhora de percentual do faturamento da empresa

executada, será nomeado depositário, com a atribuição de submeter à aprovação

judicial a forma de efetivação da constrição, bem como de prestar contas

mensalmente, entregando ao exeqüente as quantias recebidas, a fim de serem

imputadas no pagamento da dívida”. A LEF, por sua vez, silencia a respeito.

O mesmo §3o do art. 655-A indica, no seu final, que o depositário entregará “ao

exeqüente as quantias recebidas, a fim de serem imputadas no pagamento da

dívida”. O texto causa espécie, especialmente considerando-se a eventualidade da

execução ter tido seu curso suspenso em razão dos embargos. Humberto Theodoro

Júnior chega a afirmar que “essa entrega pro soluto, porém, só será cabível se a

execução não estiver suspensa por embargos ou não estiver sendo afetada por

recurso processado com efeito suspensivo”. Sendo de outro modo, defende a

permanência dos valores em depósito judicial (2007, p. 79), opinião que parece

dotar de maior razoabilidade do texto legal.

Entendem da mesma forma Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim Wambier

e José Miguel Garcia Medina (Comentários à nova sistemática Processual Civil, III. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, pg.. 205.

É constante que a chamada penhora sobre faturamento represente para o credor

tributário, diante da ordinária dificuldade de contar com outros bens, imobilizados ou

não, uma via importante para a recuperação do crédito exeqüendo. Trata-se de

espécie sui generis, que por suas características e conseqüências não chega a ser

simplesmente uma penhora sobre dinheiro (como a primeira vista possa parecer),

mas que também não constitui constrição sobre a empresa propriamente dita, em

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correspondência exata com o que tratam os arts. 677 a 679 do CPC. A efetivação da

penhora sobre o faturamento já vinha sendo ensaiada há algum tempo, sem muito

sucesso. É nessa medida, portanto, que o §3o do art. 655-A inova. A penhora sobre

o faturamento, antes da Lei n. 11.382/06, vinha sendo regida por analogia.

2) A NOVA DISCIPLINA DA FASE EXPROPRIATÓRIA DA EXECUÇÃO.

Talvez neste ponto residam as mais profundas modificações que alcançaram a

execução cível. O legislador reformador introduziu grandes inovações ao sistema

original do Código de Processo Civil de 1973, todas justificadas pela busca de uma

maior efetividade da tutela executiva.

Diante do grande número de alterações pontuais, a presente análise resumir-se-á a

perscrutar a que ponto, em linhas gerais, o novo delineamento da expropriação

executiva tem aplicação sobre a disciplina especial da execução fiscal. Não há como

se pretender, por óbvio, nos limites espaciais desta exposição, esgotar o assunto.

Comparando-se a atual e a antiga versão do art. 647 do CPC, a primeira conclusão

a que se chega, de logo, é que a alienação em hasta pública, meio de expropriação

que ocupava lugar central no sistema revogado, passa a ocupar posição bem menos

privilegiada, agora correspondendo a opção do exeqüente que se apresenta tão

somente após a adjudicação e a nova figura da alienação por iniciativa por

particular. Após a alienação em hasta pública apenas se encontra o usufruto de bem

móvel ou imóvel, figura também renovada, como já se viu acima, substituta do antigo

usufruto de imóvel ou de empresa.

Até que ponto tal nova ordem aplicar-se-ía às execuções fiscais?

A primeira nota a se fazer é que a Lei de Execuções Fiscais é bastante econômica

na disciplina da fase de expropriação do procedimento executivo, o que já é

suficiente para indicar que muito da nova disciplina aplicar-se-á a esta execução

especial. Em verdade a LEF apenas reserva as regras dos seus arts. 22, 23 e 2413

para a disciplina do tema.

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A exigüidade da disciplina especial já era objeto do trabalho integrativo do intérprete

doutrinário e jurisprudencial.

O art. 21 faz menção à alienação antecipada dos bens penhorados. Embora, a

rigor, trate-se de ato processual de natureza expropriatória, não se cuidará do tema

nos limites deste trabalho, por suas características específicas.

O artigo, de todo modo, não conflita com as conclusões que serão extraídas da

análise que ora se inicia.

A primeira mudança que avulta à vista é a que atinge a ordem cronológica em que

aparece a adjudicação. Em verdade, as alterações que atingiram a adjudicação

excedem a sua simples localização no curso do procedimento, já que, pela nova

definição constante dos arts. 685-A e 685-B, tanto o que anteriormente se entendia

por “adjudicação em favor do credor” (“aquisição do bem penhorado pelo

exeqüente”, nas palavras de Araken de Assis [ASSIS, Araken de. Manual do Processo

de Execução. 11 ed. São Paulo: RT, 2007. p.739 ) quanto o que o Código denominava de

remição (figura anteriormente disciplinada pelos arts. 787 a 790, hoje revogados

pela Lei n. 11.382/06) passam a corresponder à definição, mais alargada, de

adjudicação.

Assim, a adjudicação, segundo o novo art. 685-A, passou a ser direito não só do

exeqüente, mas igualmente do credor com garantia real sobre o bem penhorado, do

credor que penhorou o mesmo bem em outra execução, do cônjuge, descendentes

ou ascendentes do executado. Tal direito não mais se exercerá, como antes, apenas

depois de “finda a praça sem lançador” (como determinava o art. 714, revogado),

mas é a opção que hoje inaugura a fase de expropriação da execução cível comum.

Neste aspecto, a disciplina do CPC, mais uma vez, tomou como inspiração a própria

execução fiscal. O art. 24 da Lei n. 6.830/80 sempre permitiu à Fazenda Pública a

adjudicação dos bens penhorados antes do leilão, “pelo preço da avaliação, se a

execução não for embargada ou se rejeitados os embargos”. A possibilidade de

adjudicação em momento posterior ao leilão, no entanto, concomitantemente existia,

com os condicionamentos do inciso II do art. 24.

A mudança é de todo salutar, já que a disciplina original acabava por tornar a

adjudicação prerrogativa utilizada em hipóteses excepcionalíssimas, geralmente

manejadas pelo menos experientes, provavelmente esquecidos da possibilidade do

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credor participar da hasta em igualdade de condições com os demais arrematantes,

com a vantagem de arrematar o bem penhorado, em segunda praça ou leilão, por

valor inferior ao estabelecido na avaliação (vide art. 690, na sua redação anterior à

Lei n. 11.382/06)

A única hipótese de adjudicação possível na execução comum, portanto, passou a

se realizar antes da hasta pública. Neste ponto afasta-se, contudo, a disciplina da

Execução

O art. 686, ao descrever os requisitos essenciais ao edital da hasta pública, inclui

entre eles “a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à

importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde logo

designados entre os dez e os vinte dias seguintes, a sua alienação pelo maior lanço

(692)”.

. Como já se destacou acima, além da adjudicação manejada antes da hasta, o art.

24, II da LEF prevê a possibilidade da Fazenda Pública exercer o direito de

adjudicação também posteriormente à ela, “se não houver licitante, pelo preço da

avaliação” e, “havendo licitantes, com preferência,em igualdade de condições com a

melhor oferta, no prazo de 30 (trinta) dias.” Em vista, assim, do princípio da lex

specialis derogat generalis, continua em vigor o art. 24, II da LEF.

O inciso I do mesmo art. 24 passa, por sua vez, a ser interpretado conjuntamente

com os novos arts. 685-A e 685-B do CPC – inclusive no que diz respeito ao

elastecimento da figura da adjudicação, com o fim da remição dos revogados arts.

787 a 790 do CPC. Frise-se que a LEF, em nenhum dos seus dispositivos,

disciplinou a remição, que sempre se aplicou ao procedimento em razão da

subsidiariedade do CPC.

Ainda quanto à adjudicação, válido, por fim, destacar que o CPC deixa de utilizar

a expressão “adjudicação de imóvel”, que levantava dúvida quanto à possibilidade

de adjudicação de outras classes de bens. A discussão, no entanto, já estiva

praticamente resolvida pela Doutrina e Jurisprudência no sentido de admitir a

aplicação mais abarcante do instituto. Frise-se, aliás, que, no caso do art. 24 da LEF,

sequer havia qualquer menção da legislação especial à limitação deste meio de

expropriação a bens imóveis, o que ratificava o acerto da interpretação mais

extensiva.

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O art. 647, II e o novo art. 685-C tratam, por sua vez, de uma novidade no orde-

namento processual brasileiro: a alienação por iniciativa particular. A figura só não

pode ser considerada inédita porque o art. 52, VII da Lei n. 9.099/95 já previa

instituto idêntico, assim como o próprio CPC já ensaiava algo semelhante, mas de

procedimento muito mais burocrático, no seu revogado art. 700.

Cuida-se, aqui, de modo de expropriação que precede preferencialmente à hasta

pública e que, em linhas gerais, constitui “forma de alienação que, ao contrário do

procedimento da alienação em hasta pública, é confiada a um particular, cuja

atividade é controlada pelo juiz”

A nova disciplina não conflita com a Lei n. 6.830/80 e, muito ao contrário, comunga

com seus ideais de efetividade e celeridade.

As limitações que parecem atingir o exeqüente fiscal na realização da “alienação por

iniciativa particular”, contudo, não decorrem de aspectos processuais do novo

instituto, mas das peculiaridades que conformam o ente estatal, pessoa de Direito

Público cuja atuação deve se curvar aos princípios da “legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência”, na forma do art. 37 da Constituição Federal.

Já no que diz respeito à hasta pública, além da secundariedade que ora assume,

como já se destacou, diante das formas expropriatórias precedentemente

analisadas, algumas novas regras procedimentais introduzidas pela Lei n. 11.382/06

serão de aplicação subsidiária à execução fiscal, especialmente em vista da

lacunosa disciplina especial.

Faremos delas, a seguir, menção pontual e aligeirada, já que sua aplicação à

execução provavelmente não será objeto de dúvidas ou maiores embates:

a) autorização expressa, do art. 687, §2o, para a utilização de “meios eletrônicos

de divulgação” na publicidade do edital do leilão;

b) a intimação do devedor a respeito da realização da hasta deixa de ser

necessariamente pessoal, admitindo-se que se realize por intermédio do advogado,

nos termos do art. 687, §5º do CPC; apenas quando ausente nos autos o

procurador, o ato de cientificação dar-se-á “por meio de mandado, carta registrada,

edital ou outro meio idôneo”; frise-se que, no que diz respeito à intimação da

Fazenda Pública exeqüente, permanece a exigência, contida no art. 22, §2o da LEF,

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de que ela se dê de modo pessoal, com antecedência prevista no §1o do mesmo

dispositivo .

c) a hasta pública (em verdade, fase expropriatória como um todo, incluindo-se aí

a própria adjudicação) deve ser precedida, agora, não só da intimação do “senhorio

direto e do credor hipotecário”, como dispunha o art. 698 do CPC, mas, de acordo

com a nova redação deste artigo, mostram-se obrigatórias as intimações do “credor

com garantia real”, de modo genérico, e, ainda, “do credor com penhora

anteriormente averbada” (esta última verdadeira e louvável inovação, que, aliás,

interessa às Fazenda Públicas não apenas no que diz respeito ao seu cumprimento

no âmbito das execuções fiscais, mas à medida que passa a constituir argumento

para invalidar atos processuais que se realizem em execuções de credores comuns

ao devedor tributário, reforçando e facilitando o exercício do privilégio do crédito

tributário, na fase do concurso especial de credores (art. 711 do CPC);

d) o art. 689-A, em mais uma tentativa de adequar o processo aos novos tempos e

às novas tecnologias hoje disponíveis, autoriza a substituição da versão “tradicional”

da hasta pública por alienação realizada por meio da rede mundial de

computadores, com uso de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por

entidades públicas ou privadas em convênio com eles firmado; a inovação, no

entanto, demandará, prévia regulamentação do Conselho da Justiça Federal e dos

Tribunais de Justiça e, por óbvio, (desejáveis) investimentos visando a implantação

dos respectivos sistemas;

e) autorização para o pagamento parcelado do preço de arrematação, cumpridos os

requisitos expostos na nova redação do art. 690 do CPC;

f) a lavratura do auto de arrematação dar-se-á de modo imediato, na forma do art.

693, não mais sendo intermediada do antigo prazo de 24 horas (que se justificava

em vista da possibilidade de remição dos bens, conforme a regra do revogado art.

788, I do CPC);

g) simplificação da previsão contida no art. 695, que pune o arrematante ou fiador

remisso com a perda da caução e desfazimento da transmissão, seguindo-se

imediatamente nova hasta pública (a redação revogada do art. 695 admitia, como

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opção do exeqüente, o prosseguimento da execução contra o arrematante ou fiador

remissos; a regra, por óbvio, não tinha efetiva utilidade prática);

h) novos requisitos formais exigidos para a carta de arrematação, nos moldes da

redação que a lei 11.382/06 imprimiu ao art. 703 do CPC.

Todas as regras acima destacadas, repita-se, aplicam-se, por subsidiariedade do

CPC, à execução fiscal.

3) DOS EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

Por último, como anunciado, algumas breves considerações serão desenvolvidas

sobre os reflexos das modificações introduzidas pela Lei 11.382/06 sobre o regime

dos embargos à execução fiscal.

A Lei n. 6.830/80 trata do tema, de modo expresso, nos artigos 16 a 20, estabe-

lecendo disciplina que, se antes coincidia quase totalmente com a que traz o CPC,

agora dela se afasta em maior proporção.

A mais fundamental distinção que ora avulta decorre do fato de que a nova

execução civil de título extrajudicial deixou de condicionar os embargos à prévia

penhora. A nova redação do art. 736 hoje diz, muito diretamente, que “o executado,

independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução

por meio de embargos.”

Em sentido oposto, o art. 16, §1o da Lei n. 6.830/80 continua afirmando que “não

são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução”.

O termo a quo da contagem do prazo para embargar (que, na execução fiscal é de

30 dias, mais alargado, portanto, que no Código de Processo Civil , que hoje prevê

prazo de 15 dias, nos termos do art. 738) continua sendo, portanto, a intimação da

penhora (ou o depósito, ou a juntada da prova da fiança bancária, se for o caso).

A sobrevivência da regra especial, portanto, parece não poder ser posta em dúvida.

A Jurisprudência já vem corroborando-a, igualmente: “A discussão tem se mostrado

acirrada, no entanto, no que diz respeito ao efeito que exercem os embargos sobre o

curso da execução fiscal. Os artigos 16 a 20 não tratam do assunto, em nenhum

momento. Conclui-se, portanto, que a disciplina é atribuída subsidiariamente ao

Código de Processo Civil” (PAVLOVSKY, Fernando Awnsztern. A suspensividade dos

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embargos à execução fiscal frente às alterações do Código de Processo Civil. Disponível no

site do CC-MF.org. 2008 )

Os arts. 736 a 740 do CPC cuidam “Das Disposições Gerais” aplicáveis aos

embargos do devedor. Como prenuncia o título do capítulo, a disciplina do Código,

neste trecho, aplica-se às diversas espécies de embargos (Embargos à Execução

fundada em título extrajudicial dos arts. 744 a 745, os Embargos da “segunda fase

da execução”16 (antigos Embargos à arrematação e à adjudicação) do art. 746, os

Embargos por retenção de benfeitorias do art. 745, §§1o e 2o, os Embargos à

Execução contra a Fazenda Pública do art. 741 do CPC e, finalmente, os Embargos

oponíveis contra a Execução Fiscal, nos termos do art. 16 da LEF).

Na sua redação revogada pela Lei n. 11.832/06, o §1o do art. 739 determinava, de

modo expresso, que “os embargos serão sempre recebidos com efeito suspensivo”.

Esta locução foi substituída pela atual redação do art. 739-A, cuja transcrição literal é

válida, a este ponto:

Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito

suspensivo.

§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito

suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus

fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente

possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta

reparação, e desde que a execução já esteja garantida por

penhora, depósito ou caução suficientes.

Assim, após a vigência da Lei n. 11.382/06, os Embargos do Devedor não possuem

mais o condão de, como regra, suspender o curso da execução. O efeito

suspensivo, todavia, será possível, excepcionalmente, uma vez reunidos os

requisitos legais: a) relevância dos fundamentos apresentados pelo embargante; b)

risco de produção de dano de difícil ou incerta reparação; c) prévia garantia da

execução por penhora, depósitos ou caução

suficientes.

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Diante da ausência de disciplina na lei especial acerca do tema, resta muito claro

que a nova disposição do art. 739-A do CPC aplica-se na sua totalidade à execução

fiscal.

Algumas vozes, no entanto, previsivelmente, tem se levantado contrariamente a

tal conclusão, lastreadas, entretanto, em argumentos de validade jurídica

obviamente questionável. Em primeiro lugar, não se há de confundir o

condicionamento da penhora prévia para os embargos com seus potenciais efeitos

sobre o curso da execução. Já se observou, inclusive, que a LEF cuida do primeiro

aspecto e silencia absolutamente quanto ao segundo.

Um outro destaque importante é que, para o novo art. 739-A do CPC, a existência

de garantia à execução não é requisito suficiente para a atribuição de efeito

suspensivo aos

embargos: mesmo diante de penhora válida, a inexistência de fundamentos

relevantes ou de

“risco de produção de dano de difícil ou incerta reparação” conduzirão ao

prosseguimento da

execução, concomitantemente ao processamento dos embargos.

Ignorando tais distinções, Fernando Awnsztern Pavlovsky (2007) fundamenta

suas conclusões:

Seria um enorme contra-senso infligir ao contribuinte, parte passiva no

executivo fiscal, um processo de execução mesclado, entre sistema antigo e novo,

aumentando significativamente seu ônus, pois, além de apenas poder opor-se à

execução após a garantia do juízo (requisito expresso na LEF), os seus embargos

não suspenderiam os atos executivos (atual sistemática do CPC).

Muito mais emotivo, que jurídico, o autor parece esquecer que é da natureza do

procedimento especial a combinação entre suas disposições e as do CPC, regra que

se lhe aplica subsidiariamente diante das (muitas) lacunas do procedimento da

execução fiscal.

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O que se não poderia admitir seria a vigência da versão revogada do art. 739 do

CPC, como que em uma sui generis repristinação.

Tem se utilizado, ainda, argumento que parte da interpretação do art. 151, II do

Código Tributário Nacional, que inclui entre as hipóteses de suspensão da

exigibilidade do crédito tributário “o depósito de seu montante integral”.

É a opinião, por exemplo, de Karen Gattás Correa Antunes de Andrade (2007): “A

questão da “garantia do juízo”, implica indiretamente na questão de “suspensão da

exigibilidade do crédito tributário”, onde o CTN elenca no art. 151, II a hipótese de

depósito do montante integral como causa de suspensão da exigibilidade do crédito

tributário.”

A autora comentada, por óbvio, confunde figuras de natureza bastante diversas,

atribuindo ao depósito mencionado no art. 151 do CTN dimensão desproporcional: a

existência de “garantia do juízo” não coincide exatamente com nenhuma figura

relacionada, pelo art. 151 do CTN, como hipótese de suspensão da exigibilidade do

crédito tributário.

O “depósito do montante integral do crédito tributário”, como já consagrado na

Doutrina e Jurisprudência, exige a reunião de características determinadas que o

afastam peremptoriamente da penhora ou outra garantia ordinária que se apresente

no curso do processo executivo.

Tal entendimento já foi objeto de súmula, inclusive, editada pelo Superior Tribunal

de Justiça:

‘Sumula 112 do STJ: O depósito somente suspende a

exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro"

(Súmula 112 do STJ).

Da redação do art. 151, II do CTN é possível concluir, sim, e tão somente, que na

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hipótese de depósito rigorosamente integral e em dinheiro, a suspensão da

execução resultará não do mandamento contido na norma processual, mas

diretamente do Direito Material Tributário, representado pelo referido dispositivo.

Tendo ocorrido simples penhora ou outro tipo de garantia que não contenha as

características acima apontadas, impossível a incidência da norma tributária.

Tal dispositivo garante ao sujeito passivo tributário o efeito negativo à certidão

positiva relativa a crédito tributário “em curso de cobrança executiva em que tenha

sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa”.

Em primeiro lugar, o próprio artigo cuida de deixar claro que a penhora não equivale

a hipótese de suspensão da exigibilidade do crédito tributário – em detrimento do

primeiro argumento lançado pela autora, acima comentado.

Em segundo, mais uma vez, confundem-se figuras de sentido e conseqüências

autônomas: nada impede que, não obstante prossiga a execução a que faltam os

requisitos autorizadores de sua suspensão (art. 739-A, §1o), permaneça o

executado com o direito de obter certidão positiva com efeito negativo, expedida

pela Fazenda exeqüente. Trata-se de coisas diferentes, que não guardam entre si

relação de dependência.

A Jurisprudência já vem se manifestando sobre o tema, reconhecendo o acerto da

tese ora defendida. Observe-se o acórdão a seguir transcrito, da lavra do Tribunal

Regional Federal da 4a Região:

Por fim, como último ponto a destacar, cumpre lançar luzes sobre a determinação do

§ 5o do art. 739-A que, acrescendo mais um específico requisito de procedibilidade

dos embargos, passou a exigir que:

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“quando o excesso de execução for funda-mento dos

embargos, o embargante deverá declarar na petição

inicial o valor que entende correto, apresentando memória

do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou

de não conhecimento desse fundamento.”.

A espécie, pelas mesmas razões já delineadas no que diz respeito às demais

disposições do art. 739-A, aplica-se subsidiariamente à execução fiscal. Será, por

certo, de grande utilidade prática, já que, para quem atua em nome do Estado nas

execuções fiscais, mesmo à falta dados estatísticos, fica muito claro que a hipótese

descrita no referido parágrafo é de ocorrência muito constante.

C O N C L U S Õ E S

À luz das recéns alterações havidas no Código tudo faz parecer que estamos

diante de uma nova execução fiscal. Muitas das novas disposições trazidas

pela Lei n. 11.382/06 aplicam-se subsidiariamente a esta execução especial,

conclusão a que se chega por meio da interpretação sistemática do Código de

Processo Civil e da Lei de Execuções Fiscais, especialmente tendo-se em vista

o contido no art. 1º da Lei n. 6.830/80 e o princípio da lex specialis derogat

generalis. Dentro dos pontos que foram escolhidos na presente pesquisa,

restaram propostas, especificamente, as seguintes conclusões:

1- por força da disposição especial do art. 8o da LEF, permanece para o

executado fiscal a prerrogativa de indicar, preferencialmente, os bens com que

pretende garantir o juízo da execução; a prerrogativa, porém, tanto está

limitada pela ordem preferencial estabelecida no art. 11, quanto pela

possibilidade de substituição dos bens penhorados a pedido da exeqüente,

não se deixando de ressaltar, por óbvio, o princípio da menor onerosidade da

execução;

2 -aplicam-se à Execução as modificações constantes do art. 649, a respeito do

limite à penhorabilidade de bens do devedor;

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3 -muito embora o art. 11 da LEF, ao estabelecer ordem preferencial própria

para os bens sobre que recairá a penhora, afaste a disciplina comum, alguns

aspectos da nova redação do art. 655 do CPC exercem reflexos sobre a

execução fiscal.

4- o art. 655, I do CPC ratifica o cabimento da denominada “penhora

eletrônica” no âmbito das execuções fiscais; o inciso VI do mesmo artigo,

consolida o entendimento de que é possível a penhora de ações e quotas de

sociedades empresariais no procedimento especial; o inciso VII, por fim, atesta

a possibilidade, também no âmbito da execução disciplinada pela LEF, da

“penhora sobre o faturamento de empresa devedora”, com a aplicação, ainda,

do novo art. 655-A do CPC;

5- compatível com a execução fiscal a regra do art. 655-B do CPC, que visa

afastar os obstáculos criados pelo cônjuge do devedor na penhora de bem

componente do patrimônio matrimonial, especialmente nas hipóteses em que

ao cônjuge não se atribua responsabilidade patrimonial pelo débito

exeqüendo; nestes casos, a penhora será expressamente admitida,

aguardando o cônjuge a fase posterior à expropriação, em que lhe será

devolvida a parte que lhe cabe;

6- não tem aplicação na execução fiscal a disciplina dos §§ 4o e 5 do art. 652

CPC, em vista da norma especial contida nos artigos 16, III e 12 da LEF

(intimação da penhora ao executado);

7- aplicável à execução fiscal o dispositivo contido no §5o ao art. 659 do CPC,

que trata da penhora de bens imóveis nas condições lá descritas; a regra do

§4o do mesmo artigo, no entanto (que cuida da averbação registral da penhora

sobre imóvel) conflita expressamente com o art. 7o, IV da LEF; de todo modo,

embora não seja a averbação um ônus processual da Fazenda Pública, não há

obstáculo a sua iniciativa de agir conforme o §4o do art. 659 do CPC, em

auxílio da máquina judicial;

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8 -as novas disposições dos arts. 652, §1o e 680 a 685 do CPC, que aproximam

a execução comum da execução fiscal (art. 7o, V da LEF), no que diz respeito

ao momento da avaliação do bem penhorado, serão úteis para o efetivo

cumprimento da regra especial, sobretudo diante do novo art. 143, V do CPC;

em vista do silêncio da Lei Especial, outrossim, aplicáveis à execução fiscal os

arts. 680 a 685 do CPC, que estabelecem regras complementares da fase de

avaliação;

9- de uma maneira geral, as mudanças na fase de expropriação da execução

comum aplicam-se ao microsistema da execução fiscal, com ele compatíveis

as figuras da nova adjudicação, da alienação por iniciativa particular e do

usufruto de bem móvel ou imóvel.

10 -aplicável à execução fiscal a nova definição de adjudicação trazida pelos

arts. 685-A e 685-B do CPC; mantém-se em vigor, no entanto, o art. 24, II da

LEF, autorizando o manejo da adjudicação pela Fazenda Pública tanto na etapa

anterior à hasta pública quanto no momento a ela posterior; consolida-se o

entendimento de que a adjudicação pode ter por objeto tanto os bens imóveis

quanto os móveis;

11- possível, na execução fiscal, a alienação por iniciativa particular trazida

pelos arts. 647, II e 685-C do CPC; no entanto, embora não se identifique

obstáculo à aplicação do instituto, as Fazenda Públicas deverão internamente

submeter a iniciativa de alienação ou de escolha do corretor a procedimento

administrativo que resguarde os princípios constitucionais que regem a

Administração Pública, ressaltando-se especialmente as imperiosas

impessoalidade e publicidade;

12- no que diz respeito à hasta pública, aplicam-se à execução fiscal as regras

contidas nos artigos: 687, §2o (utilização de “meios eletrônicos de divulgação”

na publicidade do edital do leilão); 687, §5o (intimação do devedor a respeito

da realização da hasta), ressaltando-se a aplicação concomitante do art. 22,

§2o da LEF (intimação da Fazenda Pública a respeito do mesmo ato); 698

(intimação da realização da hasta ao senhorio direto do bem penhorado,

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credores com garantia real e credor com penhora anteriormente averbada);

689-A, (hasta pública por “alienação realizada por meio da rede mundial de

computadores”); 690 (pagamento parcelado do preço da arrematação); 693

(momento de lavratura do auto de arrematação); 695 (sanção processual

aplicável ao arrematante ou fiador remissos); 703 (requisitos da carta de

arrematação);

13- compatível com a execução fiscal o usufruto de móvel ou imóvel hoje

disciplinado pelos arts. 716 a 724 do CPC, muito embora seja o instituto, por

sua própria natureza e características procedimentais, de escassa utilização

prática;

14- permanece como requisito do procedimento dos embargos à execução

fiscal a prévia garantia do juízo, pelos meios admitidos pela Lei especial;

15- no que diz respeito ao efeito exercido pelos embargos sobre o curso da

execução fiscal, aplicável, por subsidiariedade, a regra do novo art. 739-A do

CPC, que passou a estabelecer como regra geral a ausência de efeito

suspensivo dos embargos; tal efeito, no entanto, pode ser atribuído pela

autoridade judicial sempre que presentes os requisitos da a) relevância dos

fundamentos apresentados pelo embargante; b) risco de produção de dano de

difícil ou incerta reparação; c) prévia garantia da execução por penhora,

depósitos ou caução suficientes;

16- por força do quanto determina o art. 151, II do CTN, na hipótese de

depósito rigorosamente integral e em dinheiro do crédito tributário, a

suspensão da execução resultará não do mandamento contido na norma

processual, mas diretamente do Direito Material Tributário;

17- aplicável, por fim, à execução fiscal, a regra do § 5o do art. 739-A do CPC,

que, acrescentando mais um específico requisito de procedibilidade dos

embargos, passou a exigir que, “quando o excesso de execução for

fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o

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valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de

rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento.”

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