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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O DESENVOLVIMENTO DE CUBA FRENTE AO AVANÇO GLOBAL Por: Viviane de Abreu David Orientador Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O DESENVOLVIMENTO DE CUBA FRENTE AO AVANÇO

GLOBAL

Por: Viviane de Abreu David

Orientador

Prof. Francis Rajzman

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O DESENVOLVIMENTO DE CUBA FRENTE AO AVANÇO

GLOBAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Internacional e

Direitos Humanos

Por:. Viviane de Abreu David

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AGRADECIMENTOS

Agradecimentos à Deus e aos pais são

essenciais e incontestáveis, mas

gostaria de agradecer em especial ao

meu Mestre, Coordenador do Curso e

Orientador, Francis Rajzman por ter

sido minha “bússula” e “lupa” e aos

amigos Stefan Muhlhofer pelo incentivo

inicial e Luiz Barcellos, pois sem ele

seria mais difícil minha freqüência no

curso.

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DEDICATÓRIA

Esta obra dedica-se a todos os

apaixonados pela vida, que primam pela

liberdade e possuem espírito

revolucionário, como eu.

RESUMO

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O desenvolvimento de Cuba frente ao avanço do mundo global

não pode ser entendido fora do contexto histórico da Ilha e de sua Revolução

Comunista, que são parte de um processo contínuo de luta pela formação da

identidade nacional cubana.

Os problemas levantados, tais como: as lutas democráticas, os

blocos econômicos, a crise financeira global, o comunismo e neoliberalismo

estão representados nesta monografia, contendo o contexto histórico e político

de Cuba perante a comunidade internacional e seus atores.

Ao traçar um panorama abrangente e intrínseco da Ilha de Castro

do período pré-revolucionário até os anos pós Guerra Fria, passando pela nova

ordem mundial, o mundo multipolar e o neoliberalismo atual, esta obra trás as

questões raciais, as rupturas políticas que marcaram a sociedade cubana, sua

revolução comunista, sua relação com os movimentos de independência da

America Latina e África, a estreita relação com a União Soviética, o constante

embargo comercial estadunidense e suas consequências, os aspectos internos

e externos da opção pelo regime comunista com abordagem dos direitos

humanos e estudo dos principais setores e da sociedade de forma técnica, a

crise do governo Castrista frente à nova organização mundial e seus novos

atores e os rumos do futuro da Ilha na posse do “novo” governo projetado por

Raúl castro.

Sem subestimar os grandes estudiosos, visto todo este

panorama, acredito que Cuba, por seu forte nacionalismo e espírito

empreendedor se tornará um país mais aberto e mais influenciado pelo

capitalismo, até como forma de tática política, mas nunca se submeterá aos

caprichos dos Estados Unidos, onde seu embargo vai acabar caindo por terra

através dos movimentos naturais de integração dos países, a importância cada

vez maior da atuação da ONU, sua influência e os surgimentos de novos

tratados e leis internacionais.

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Cuba não se renderá ao neoliberalismo, fazendo um exercício de

puxa e estica, conforme sua conveniência em favor de seu crescimento,

valorização e bem-estar de seu povo, mas nunca abrindo mão do controle

estatal no país. Assim, Cuba não se caracterizará totalmente dentro do modelo

socialista, comunista ou liberal, mas permeará todos sempre com a força do

nacionalismo e as rédeas da ditadura guiando o país, com um certo processo

democrático manchado, conflituoso ou tardio, quem sabe.

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METODOLOGIA

O que me levou ao assunto proposto foi um debate que assisti no

Manhattan Connection, programa exibido pela Globo News, onde falavam

sobre a crise econômica européia e seus reflexos, onde apostavam ser a

China o país que irá sustentar a economia mundial, e então citaram seu regime

comunista e falaram que são poucos os países no mundo que ainda adotam

este regime de governo e a partir daí o assunto se estendeu para outros

aspectos as quais não nos interessam no momento.

Foi a partir deste livre debate jornalístico que me fez parar para

pensar quais os países ainda comunistas e ditatoriais no mundo

contemporâneo, e assim me veio Cuba na memória e o filme “Dirty Dancing 2

– Noites de Havana”, as revoluções, os guerrilheiros, meu professor de História

Geral do segundo grau, que era muito parecido com Fidel Castro (e gostava

disso!) e tudo mais.

Meu coração palpitou e o sangue ferveu e depois destes

sintomas de paixão, tive a certeza que escreveria sobre Cuba, a pequena ilha

que sobrevive até hoje com o assombramento do autoritarismo e embargo

estadunidense.

Caindo em si fui me questionando: o que aconteceu

verdadeiramente com Cuba; como foi sua revolução; de onde surgiu Fidel

Castro; como tomou o poder e se manteve até a pouco nele; como se deu o

embargo econômico; como sua sociedade vive; quais são as expectativas para

o futuro; como será o novo governo e a posição de Cuba no cenário global,

hoje com tantos blocos formados e as crises econômicas que refletem do

Atlântico ao Pacífico.

Estas respostas foram extraídas de consultas bibliográficas,

textos retirados da web, revistas e jornais impressos e televisionados – que

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aliás tem sido um dos tópicos da pauta de programação dos principais

telejornais no momento, nesta virada de 2011 para 2012.

Pesquisando também descobri a incrível Yoani Sánchez, Cubana

e escritora de um dos blogs mais visitados do mundo – Generación Y – e

também eleita uma das mulheres mais influentes do mundo pela revista Time,

quando recebeu o prêmio Ortega y Gasset. Com ela tive a resposta do

cotidiano da sociedade cubana, seus sofrimentos e desejos em meio ao amor

pelo país.

Creio que nem todas as questões foram respondidas, pois a

fatores que dependem do curso da história, como a mudança de governo de

Fidel Castro para o comando de seu irmão e também o fim do primeiro ou

último mandato de Barack Obama.

Enfim, segue na bibliografia a relação da origem do conteúdo

pesquisado e exposto da melhor forma que pude apresentar.

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I - As Revoluções 12

CAPÍTULO II - A Relação dos Estados Unidos com Cuba 29

CAPÍTULO III - Retratos Socioeconômicos de Cuba e os Direitos Humanos

39

CAPÍTULO IV - Cuba Contemporânea 48 CONCLUSÃO 55 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 57 ÍNDICE 58 FOLHA DE AVALIAÇÃO 60

INTRODUÇÃO

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O tema escolhido surgiu de uma paixão latente em mim guardada

e desconhecida pelo País, vindo à tona neste cenário atual com os 51 anos

completos precisamente que o governo norte-americano rompeu oficialmente

relações com Cuba. Essa medida extrema foi resposta a uma série de

mudanças político-econômicas ocorridas na ilha caribenha entre os anos de

1960 e 1961 – como reflexo da radicalização da Revolução Nacionalista de

1959.

O objeto central desta monografia também tem sua importância

não só no registro do marco histórico de relações das duas nações em questão

– cubana e norte-americana – também no que concerne a retirada do “trono”

de Fidel Castro para entrar em cena seu irmão e sucessor, Raúl Castro e a

possível reeleição de Barack Obama este ano, o que já faz mudar e salientar a

história da sociedade de Cuba, a qual iremos estudar.

O tema “Cuba”, que tem como título “O desenvolvimento de Cuba

frente ao mundo global” surge com a problemática de como está Cuba com

tantos blocos econômicos, as lutas democráticas e a crise financeira global.

Este trabalho focará o país cubano, retratando o embargo pelos

Estados Unidos da América, sua política e regime socialista ditatorial e sua

participação frente ao mundo cada vez mais globalizado, onde as crises

sociais, políticas e financeiras abalam ou no mínimo interferem outros países.

O objetivo geral será apresentar Cuba em seus principais

aspectos e sua participação no plano internacional, tendo como específicos:

mostrar o impacto do embargo de Cuba frente a sua sociedade e a

internacional; retratar a resistência do socialismo cubano com relação à

democratização do mundo e refletir sobre os caminhos de Cuba ao meio a

crise financeira global, finalizando com a hipótese se renderá a democracia e

ao Capitalismo sem Fidel Castro no poder ou persistirá inabalável?

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O estudo se limitará à Ilha cubana, porém com enfoque nas suas

relações internacionais desde a década de sessenta até os dias atuais.

No primeiro capítulo falaremos sobre a evolução histórica de

Cuba, qual era o governo e como estava posicionado antes da Revolução

Comunista, seu processo contínuo de luta pela formação da identidade

nacional cubana, o período da guerra fria, sua ligação com a União Soviética e

as rupturas políticas constantes.

No segundo capítulo falaremos sobre o embargo comercial feito

pelos Estados Unidos da América, descrevendo o surgimento, evolução e

conseqüências deste, com enfoque na agressão aos Direitos Humanos e a

posição da ONU e demais entidades sobre o assunto.

No terceiro capítulo faremos uma abordagem sobre o cotidiano

da sociedade cubana, como vivem, o que pensam e o que desejam para seu

país, sua estatística no ranking mundial e alguns indicadores com abordagem

de Direitos Humanos, sociais e econômicos.

No quarto e último focaremos a situação contemporânea da Ilha,

como sua política se posicionou no século XXI, a transição de governo entre os

irmãos Castro e como se apresentará daqui em diante.

CAPÍTULO I

AS REVOLUÇÕES

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Revolução (do latim revolutìo,ónis: ato de revolver), segundo o

Dicionário Houaiss significa "grande transformação, mudança sensível de

qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira

repentina"; "movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa

promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais

e morais".

As revoluções variam muito em termos de métodos, duração e

motivação ideológica, podendo se dar de formas pacíficas ou violentas. Seus

resultados incluem grandes mudanças na cultura, economia, e drástica

mudança das instituições e ideários sócio-políticos.

Talvez mais frequentemente, a palavra revolução é empregada

para designar uma alteração na instituição sócio-políticas, onde Jeff Goodwin

possui um conceito amplo brilhante:

“qualquer e todas as instâncias em que um estado ou um

regime político é deposto e, assim, transformado por um

movimento social de forma irregular, extraconstitutional

e/ou violentos" (Goodwin, 2001, p.9).

1.1 - A revolução de Fugencio Batista (1934-1952)

Batista foi o árbitro da política cubana, o mais representativo de

seu povo do que qualquer outro governante no século XX em Cuba, com

exceção de Fidel Castro. Visto como líder revolucionário, presidente eleito,

ditador militar e milionário defensor da Máfia, ele deixou uma marca indelével

na história do país, a qual só foi obliterada pela revolução de 1959.

Suas manobras políticas começaram durante os governos civis

da década de 1930, onde em 1940 apresentou-se as eleições, com êxito.

Embora seus anos como presidente eleito de 1940 a 1944 tenha desfrutado de

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uma considerável popularidade, acabou na galeria dos ditadores latino-

americanos mais xingados do seu tempo.

Tudo começou com a manobra contra-revolucionária de janeiro

de 1934, onde mediante préstimos da embaixada dos Estados Unidos para

Mendieta (o presidente da época – Coronel advindo do partido liberal) aboliu a

Emenda Platt, em que o texto foi retirado formalmente da Constituição em 29

de janeiro de 1934 e num novo tratado foi assinado. Mesmo assim, os Estados

Unidos mantiveram uma salvaguarda, recusando-se a abandonar sua grande

base militar na Baía de Guantánamo.

Apesar do Golpe de Batista, Mendieta pouco podia com os

revolucionários. Guiteras, revolucionário aliado aos estudantes, reativou o

movimento clandestino, renomeado de “Jovem Cuba”, forjando um movimento

de guerrilha para derrubar Mendieta, através de paralisações e greves.

Contudo, Batista e Mendieta esmagaram o movimento, trazendo uma onda de

repressão que varreu toda Ilha, pondo os sindicalistas na ilegalidade, fecharam

universidades e transformaram a prisão e a tortura em norma para ativistas

políticos. A ilha ficou cada vez mais sobre o controle militar e o exército tornou-

se a força mais significativa da política.

Apesar disso, Medieta não sobreviveu muito como presidente e

foi seguido por uma sucessão de figuras políticas de menor vulto ao longo dos

cinco anos seguintes e todos confiando nos caprichos de Batista.

O Partido Comunista fechou um acordo com Batista, tendo

permissão para atuar legalmente, com a abertura de um jornal partidário

chamado Hoy (Hoje). Os comunistas tiveram permissão também para

organizar um novo movimento sindical, a Confederación de Trabajadores de

Cuba (CTC).

Uma nova Constituição foi produzida em 1940, por uma

Assembléia Constituinte a ser eleita desde a primeira Constituição republicana

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em 1902. As eleições para a Assembléia foram realizadas e novembro de

1939, onde em fevereiro de 1940 começaram os trabalhos e terminaram seis

meses depois.

A nova Constituição tinha uma importante formulação

progressista para época, tornando-se ponto de referência significativo nos

anos posteriores. Seu conteúdo social-democrata influenciado pelo modelo

norte-americano, favorecia um papel forte do Estado no desenvolvimento

econômico e social, tais como: os trabalhadores ganharam o direito

constitucional à jornada de trabalho de 8 horas diárias, 44 horas semanais, um

mês de férias remuneradas, direito á pensão, previdência social obrigatória e

indenização por acidente; liberdade de associação e o direito ao voto em

eleições e referendos foram concedidos a todos os adultos com mais de 20

anos; as mulheres ganharam pela primeira vez o direito de votar; proibição de

movimentos políticos com conotação racial; regulamentação do direito de

propriedade e obrigatoriedade de 8 anos de escolaridade para todas as

crianças.

Quando Batista foi eleito presidente, em meios aos

acontecimentos da Segunda Guerra Mundial, governou como um social-

democrata. A verba do governo era gasta com programas sociais e os

comunistas locais passaram a ser bem-vindos na administração pública. Nesta

época, Stalin era percebido como uma peça vital contra Hitler e relações

diplomáticas foram estabelecidas com a União Soviética.

Com a guerra, Cuba ganhou uma prosperidade inesperada com

exportação de açúcar, devido ao colapso do mercado asiático e europeu,

tornando-se anos abençoados para o Governo Batista.

O mandato de Fugencio Batista chegou ao fim e o povo escolheu

Grau San Martín e os auténticos para sucedê-lo. Este deu seguimento à via

reformista de Batista.

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Após veio Prío Socarrás, que concorreu pelo Partido Auténtico.

Seu governo foi de quatro anos, de 1948 a 1952, ficou gravado como um dos

políticos mais polarizado, violento, corrupto e não-democrático da história da

República Cubana.

Novos atores começaram a aparecer, um deles foi Fidel Castro,

que com cinqüenta pretensos revolucionários vindos da Universidade de

Havana, logo patrocinaria um novo movimento, o qual não escaparia dos ecos

do evento anterior.

Nesta época, as forças armadas cubanas estavam intimamente

envolvidas na política através de Batista. A corrupção e o gangsterismo, com o

estilo de vida luxuoso dos oficiais superiores provocavam indignação aos

jovens oficiais, quanto aos estudantes universitários.

Com este cenário, os jovens oficiais inferiores sondaram o

General Batista para saber se ele apoiaria o golpe que eles estavam por

planejar, que inicialmente se mostrou relutante, mas após descobrir que

aqueles estavam propensos a dar o golpe com ou sem seu apoio, resolveu

colocar-se a serviço deles.

Em 10 de março de 1952 Batista tomou o poder prendendo os

oficiais superiores em Camp Columbia, enquanto Prío pedia asilo na

embaixada mexicana. A queda de seu governo, que já estava nos últimos

meses, não gerou qualquer pesar na população, resposta disso foi ninguém

atender ao seu chamado de resistência e o governo desmoronou sem que

nenhum tiro fosse disparado.

O novo regime de Batista foi amplamente bem-vindo, onde

nomeou-se Chefe de Estado e associou-se à aspiração popular de progresso e

democracia, de paz e justiça. Seu governo foi reconhecido rapidamente pelos

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países europeus e latino-americanos, em quanto que os Estados Unidos

demoraram mais.

O golpe de Batista impediu a eleição presidencial e obrigou

políticos a refazerem seus planos, onde alguns se acomodaram e outros não,

vendo aí uma oportunidade de uma nova política, pois cogitavam o valor do

processo eleitoral em Cuba.

Embora o golpe de Batista ter recebido apoio inicial pelos

desgostosos com a corrupção do regime parlamentar anterior, suas ações

subseqüentes mostraram que não havia nenhuma ruptura com o passado, não

havia nenhuma nova receita além de si mesmo e de sua história, o que não

era suficiente.

1.2 - A revolução de Fidel Castro

1.2.1 – O perfil do grande revolucionário

Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu em 13 de agosto de 1926 na

província de Holguin, Birán. Filho de Angel Castro, imigrante colonizador

branco da Galícia e de Lina Ruz, natural de Pinar Del Rio. Seu pai tornou-se

um rico proprietário de terras em Oriente e teve vários filhos, mas apenas seu

irmão mais novo, Raúl, teve um papel importante em sua vida.

Castro foi educado em colégio jesuíta e formou-se advogado na

Universidade de Havana. Em 1948 casou-se com Mirta Diaz Balart, filha de

uma família rica.

Era visto na época como uma figura proeminente de sua geração,

estudante e orador brilhante, atleta bem sucedido e um homem destinado a

política. Tido como herói mundial nos moldes de Garibaldi, um líder nacional

cujos idéias e retórica ajudariam a conformar a história do continente. Tornou-

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se uma das figuras mais emblemáticas do século XX e a história de Cuba

restou muito tempo dominada por ele, dando um significado as lutas do

passado e transformando a periférica ilha caribenha num ator do cenário

mundial.

Se preparou para as eleições de 1952, como possível candidato

do Partido Ortodoxo, quando houve o golpe de Fugencio Batista tomando o

poder e impedindo as eleições.

Fidel Castro liderou por mais de 50 anos, passando por

sucessivas presidências das superpotências nucleares. Era o governante mais

carismático do Terceiro Mundo no seu apogeu e sua influência era sentida

além das costas da Ilha. Os russos foram seduzidos por ele desde o começo,

como Nikita Kruschev e Anastas Mikoyan; intelectuais europeus como Jean-

Paul Sartre e Simone de Beauvoir; revolucionários africanos: Ahmed Bem

Bella, Agostinho Neto e Kwane Nkrumah e revolucionários políticos latino-

americanos. Somente os nove presidentes sucessivos dos Estados Unidos e a

China se conservarão como eterno inimigo, reprovando seu comportamento

político.

Cuba tornou-se um país comunista, em que o nacionalismo era

mais importante que o socialismo, o que foi a chave de sua longevidade

política, mantendo estes em permanente movimento.

1.2.2 – Os caminhos da revolução Castrista

Fidel Castro possuía uma visão estratégica, talento de

organização, treinando 150 homens e levantando os fundos necessários para

sua revolução. A maioria da ala jovem vinha do Partido Ortodoxo, onde seu

primeiro ataque foi ao quartel de Moncada, com o propósito de derrubar o

governo de Batista, ação em que se mostrou um fracasso desastroso, porém

tornando seu nome conhecido em toda Ilha.

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Segundo embate logrou capturar o Palácio da Justiça, junto com

seu irmão caçula Raúl, plano que também desabou com a captura, julgamento

e prisão de ambos. As conseqüências desse episódio foram drásticas, com a

ordem de Batista de fuzilar cada dez prisioneiros por cada soldado morto, onde

somente a intervenção do arcebispo católico de Santiago foi capaz de parar a

matança.

Como advogado formado, Castro fez sua própria defesa, obtendo

muito sucesso e dizendo a lenda, que seu discurso durou duas horas,

contendo seu programa político as “cinco leis revolucionárias”, que após foi

publicado e virou manifesto de seu movimento. Seus argumentos com base na

ilegalidade do regime e direito do cidadão a se rebelar contra o governo ilegal

foi inspirado na figura de José Martí – o apóstolo da independência.

A primeira lei revolucionária era denominada “O retorno do povo

ao poder” e o restabelecimento da Constituição de 1940. A segunda versava

sobre o direito à terra; a terceira lei daria aos operários de grandes empresas

industriais e de mineração o direito de participação de trinta por cento nos

lucros; a quarta assegurava aos plantadores de açúcar cinqüenta e cinco por

cento dos lucros da sua produção e a quinta lei atacava a corrupção, com a

confiscação dos bens dos que fossem considerados culpados de fraude

durante governos anteriores.

Tinha como objetivo a promulgação dessas cinco leis, assim que

a insurreição acabasse e seriam acompanhadas por outras medidas, assim

como a reorganização da educação pública, a nacionalização dos serviços

públicos e de telefonia, o controle das rendas e a perseguição aos

sonegadores de impostos. Essas reformas liberais vieram vinculadas a uma

futura política de Cuba, solidária e estreita com os povos democráticos do

continente, não fazendo nenhuma menção específica aos Estados Unidos.

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Raúl foi condenado a 13 anos de prisão e Fidel a 15 anos, porém

só cumprindo menos de dois anos, sendo solto ambos por anistia concedida

pelo presidente então reeleito em 1954, Fugencio Batista.

Sem perspectiva de abertura política eleitoral, Castro viu apenas

como solução a insurreição armada, se unindo aos exilados da Guerra Civil

espanhola no México. Lá conheceu Ernesto Che Guevara e exilados cubanos.

A relação entre os dois revolucionários deu a Castro horizontes mais largos e a

Guevara uma causa política imediata, juntos eles derrubariam o governo

Batista e organizariam uma revolução cujas ondulações se espalhariam por

todo mundo. Mas para tanto lhe faltavam tantos adeptos quanto dinheiro para

a força guerrilheira invadir Cuba.

Tentaram angariar fundos vindos de contatos dos Estados

Unidos, Venezuela e até mesmo de Cuba, onde compraram uma fazenda na

Cidade do México para treinar e articular a guerrilha. Mesmo no amistoso

México, foram descobertos e presos. Pela intervenção do ex-presidente

mexicano Lázaro Cárdenas foram libertos e com a ajuda financeira do ex-

presidente cubano Prío Socarrás compraram um pequeno iate com motor

chamado Granma, onde reuniu os combatentes e partiram navegando para o

Golfo do México rumo a Cuba.

Granma seguiu com 82 voluntários guerrilheiros, visando um novo

ataque contra o Quartel de Moncada e o Quartel-General da Polícia, ação esta

também fracassada, pois a embarcação não passou despercebida pelas

autoridades, sendo muitos tripulantes capturados e julgados e outros mortos.

Porém Castro espirituoso e conhecedor do processo de prolongadas guerras

de independência do século anterior, respondeu a Frank País, competente

jovem líder do Movimento 26 de julho em Santiago, que mobilizou a cidade o

dia todo com uma rebelião no dia 30 de novembro com o pretexto de tirar a

atenção do barco de Castro que estava por vir:

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“Nós não temos pressa, continuaremos lutando pelo

tempo que for necessário.” (Citado em Quirk, Fidel

Castro, p.141).

A luta continuou com várias alianças: os camponeses,

concentrando-os nas encostas inferiores; Hebert Matthews, correspondente

estrangeiro veterano do New York Times, que enviou para o mundo a notícia

da existência de um exército rebelde; Faustino Pérez Hernández, guerrilheiro

do Granma junto com Haydée Santamaría, veterana do Moncava, Enrique

Oltuski, membros do Movimento 26 de julho e do partido Os Ortodoxos da

classe média formaram a milícia urbana com atuação em novas áreas de cada

província cubana.

Após vieram alguns simpatizantes do partido Os Autênticos,

trazendo sua capacidade organizacional, experiência e dinheiro, como também

o ex-presidente Prío Socarrás, que mesmo exilado em Miami, enviava dinheiro

para Castro e outros grupos rebeldes. Também contou com o apoio de um

grupo de jovens oficiais liderados por Dionísio San Roman e coordenado por

Emilio Aragonês, fizeram conexão com outros portos a fim de controlar a base

naval.

O Diretório Estudantil liderado por Faure Chomón também teve

grande participação, assim como a Frente Estudantil Nacional do Movimento,

formando uma resistência cívica.

Por fim, o Partido Comunista concordou em usar sua influência a

favor de Castro em 1958, o que levava a uma desconfiança dos principais

líderes dos movimentos aliados à Fidel. Mesmo assim este levou adiante,

pondo em prática a greve geral revolucionária, batizada de “Guerra Total

Contra a Tirania”.

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A greve fracassou, mas as lutas continuaram em todas as frentes,

com alguns balanços positivos. Com cada vez mais prováveis vitórias, os

Estados Unidos não quiseram mais ser o antagonista do futuro governante,

parando de fornecer armas ao Governo de Batista, pois acreditavam não ter

motivos para temer à vitória de Castro, que pensavam seguir a mesma

anarquia e disputa política. Já os britânicos e iugoslavos continuaram a

fornecer armamento a Batista até o último momento.

Vencido pelo cansaço e sem o apoio necessário para prosseguir

com o embate, o general Batista, se retirou da Ilha na véspera do ano novo

com a família e amigos, numa humilhante saída final. Agora era a vez de Fidel.

1.3 – Em berço esplêndido – os rumos do novo governo

Em Santiago de Cuba, Fidel Castro entrou marchando e fez seu

primeiro discurso à aurora da revolução, em 2 de janeiro de 1959. Logo neste

momento desafiou os Estados Unidos dizendo que desta vez não seria como

em 1898, quando os norte-americanos vieram e tomaram conta do país, que a

Revolução realmente chegaria ao poder.

Prosseguiu numa grandiosa peregrinação de Santiago para

Havana e viajou toda a extensão da Ilha ao longo de uma semana em jipe

aberto e em tanque de guerra saudando a multidão entusiasmada, chegando

em Havana em 8 de janeiro, onde desfrutou de festa prolongada, repleta de

hispânicos, negros e chineses.

Lá Castro falou da necessidade de unidade revolucionária e em

suas primeiras manobras nomeou presidente Manuel Urrutia e José Miró

Cardona primeiro-ministro. Fidel permaneceu na chefia das Forças Armadas

Rebeldes como Comandante-em-Chefe Militar, onde o novo poder realmente

estava. Raúl Castro tornou-se Comandante Militar de Oriente e sucessor oficial

de Fidel, passando a ser Ministro da Defesa e Che Guevara assumiu o

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comando de La Cabaña, fortaleza do quartel militar situado à entrada do porto

de Havana. Raúl e Guevara ficaram conhecidos como homens duros e

responsáveis pelas penas de morte de muitos soldados de Batista.

Agora a tarefa do novo governo era reordenar a sociedade e

suturar suas feridas. Cuba não era um país pobre neste ano, e sim,

relativamente rico, desfrutando da segunda renda per capita da América Latina

e estava entre os cinco primeiros em indicadores socioeconômicos. Também

os índices de serviço de saúde era um dos mais positivos das Américas.

O novo regime revolucionário agiu rápido e muitas medidas foram

tomadas para beneficiar partidários nos setores mais pobres da população,

marcando uma clara ruptura com o passado e de forte conotação moral:

bordeis e casas de jogos foram fechados; foi reduzido os salários do Ministros

de Estado e juízes, com aumento dos membros inferiores da burocracia

estatal; novos ministérios foram criados, como o de Recuperação de Bens

Malversados, para lidar com propriedades de Batista e seus amigos exilados e

os Ministérios do Bem-Estar Social e da Habitação; foi reduzido o aluguel de

moradias; corte nas taxas hipotecárias; proibido o despejo; os proprietários de

terras urbanas foram obrigados a vender os espaços vazios a baixo preço para

pessoas interessas a construir suas casas; foi controlado o preço da telefonia e

fornecimento de energia; feita intervenção nas companhias prestadoras de

serviço público, em principal a International Telephone and Telegraph

Company, de propriedade norte-americana; reduzido preço dos remédios;

criado salário mínimo para os cortadores de cana-de-açúcar.

O governo revolucionário buscou também lutar por todos os

cubanos, pela igualdade e contra a discriminação, com isso a velha elite

sentiu-se ameaçada economicamente, pois a revolução permitiu à população

negra emergir no cenário, em que aquela queria que esta se organizasse como

tal. Castro logo tomou consciência da questão racial dentro e fora do país,

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onde começou a lutar pelos direitos civis dos negros, tornando-se uma

importante ponte entre a América e a África.

Em destaque foi realizada uma grande reforma agrária, onde a

nova lei acabava com as grandes propriedades de terra, em que seus

proprietários só tinham permissão de conservar 402 hectares, restando às

áreas excedentes à expropriação. Os grandes criadores de gado, plantadores

de açúcar e tabaco foram isentos, reconhecida sua produtividade excepcional.

Foram criadas escolas para os camponeses, com instalações esportivas e

assistência médica.

A reforma agrária em si foi moderna, porém a lei causou especial

preocupação aos Estados Unidos, pois afirmava que no futuro somente os

cubanos poderiam ter posse de terra. Havia uma promessa de indenização aos

estrangeiros, contudo Fidel Castro começou a ser rotulado como comunista,

por essas ações.

O Instituto Nacional da Reforma Agrária (Inra), que logo se

tornaria o quartel-general do governo revolucionário, foi criado para organizar a

reforma agrária, dando origem ao Departamento da Indústria, conduzido por

Che Guevara e milícia de cem mil homens sob o comando de Raúl Castro e o

Departamento do Comercio. Castro assumiu como Diretor do Inra junto com

Antonio Nuñez Jiménez, o principal autor da lei da reforma agrária, que era um

economista e geógrafo marxista.

A lei da reforma agrária foi considerada comunizante e por ter

opinião anticomunista esboçada em várias entrevistas púbicas, Fidel Castro

forçou o presidente Urrutia renunciar ao poder, escolhendo então Oswaldo

Dorticós, advogado e comodoro do Yacht Club para presidir.

Após sucessivos governos, em 1976 promulgou-se em Cuba uma

nova constituição, pela qual Fidel Castro passou a ser presidente do Conselho

de Estado (chefe de estado) e do Conselho de Ministros, sem abandonar os

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cargos de chefe das Forças Armadas e Secretário-Geral do Partido Comunista

de Cuba, o único permitido.

1.4 – O impacto da revolução no estrangeiro

A revolução de Fidel teve um impacto quase imediato em países

de todo o mundo e foi percebida como a aurora de uma nova era. Os países

nascidos no século XIX, tidos como velho mundo, tal como Estados Unidos,

China, França, Grã-Bretanha, Alemanha, se tornaram verdadeiramente velhos,

saltando no novo cenário mundial os jovens guerrilheiros das montanhas

cubanas, que com todo fervor, prometiam abrir caminho para uma nova época

reformista.

O impacto inicial foi maior na própria América Latina, onde

escritores e intelectuais revigoraram-se com a idéia de o continente voltar a ser

o protagonista da história mundial, ocorrendo uma emergência cultural

desencadeada pela Revolução, principalmente os intelectuais norte-

americanos não ficaram imunes a forte atração dos levantes cubanos,

preocupando-se com a hostilidade do seu governo.

O entusiasmo da revolução inspirou mobilizações estudantis,

rebeliões negras, campanhas antinucleares e o movimento contra a Guerra do

Vietnã. Jean Paul Satre e Simone de Beauvoir comparou a Revolução Cubana

com a Libertação da França em 1944 e viu os guerrilheiros como reencarnação

dos maquisards franceses.

Os esquerdistas foram logo seguidos por jornalistas, acadêmicos

e jovens pesquisadores de todo o mundo, que caracterizavam a revolução

como um movimento para o desenvolvimento econômico, sendo a chave para

o progresso social e cultural. Já os liberais da nova administração Kennedy

em 1961 alarmavam tanto quanto a propensão de Castro para os comunistas.

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Os partidários da revolução Cubana nos Estados Unidos

fundaram um Comitê de Justiça para Cuba em Nova York em abril de 1960 e

Comitês subsidiários foram formados em muitas cidades nos Estados Unidos e

Canadá. O Comitê alcançou notoriedade mais ampla em 1963, com as

atividades de um de seus membros, Lee Harvey Oswald, assassino confesso

do presidente Kennedy.

A revolução estava plenamente consciente de seu potencial,

preparando eventos internacionais, tais como o Congresso Cultural de 1968,

que trouxe para Havana escritores, artistas e ativistas políticos subversivos da

Europa, das Américas e da África, tornando-se a Meca revolucionária, o

epicentro de um mundo mutante e otimista.

1.5 – A reação da União Soviética à Revolução

A Revolução Cubana pegou a União Soviética de surpresa, pois

estes não acompanharam a guerra de guerrilha desencadeada por Fidel castro

para tomar o poder em Cuba, devido ao rompimento das relações diplomáticas

com a Ilha em 1952 com o golpe de Batista a época.

Desde o fim da segunda guerra mundial o Estado Soviético via a

América Latina como parte integrante do hemisfério ocidental dominado pelos

Estados Unidos, onde após a Revolução foram obrigados a remediar sua

ignorância.

Como primeira medida, produziram especialistas em América

Latina em escala industrial para funcionarem como diplomatas, espiões,

jornalistas e conselheiros das indústrias cubanas. Com isso os russos não se

interessaram explicitamente por Cuba no primeiro ano da Revolução.

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A procura partiu mais de Cuba, que precisando as ações dos

Estados Unidos em derrubar seu governo, começou angariar apoios, buscando

novos mercados nos países do embrião do terceiro mundo como: Índia, Egito,

Indonésia e Iugoslávia, como também Japão e União Soviética estavam nos

seus planos. Em contato com a embaixada soviética em 1961, os laços foram

refeitos rapidamente através de Alexander Alexiev, diplomata soviético em

Havana e agente da KGB, onde fizeram um acordo inicial de comprar 500 mil

toneladas de açúcar e também levaram uma exposição comercial soviética

para Cuba para que o povo cubano perdesse a falsa idéia do atraso soviético

propagada pelos Estados Unidos.

Após, as condições foram melhorando e as relações comerciais

também, com a assinatura de uma acordo de cinco anos, em que o Estado

soviético iria comprar de Cuba um milhão de toneladas de açúcar por ano,

sendo pagos 20 por cento em dólar e 80 por cento em petróleo, maquinarias,

trigo, papel e vários produtos químicos e também concederiam crédito de 100

milhões de dólares para a aquisição de instalações e equipamentos. Acordos

similares foram firmados nos meses seguintes com vários países aliados

soviéticos – Alemanha, Polônia e Tchecoslováquia.

O bom relacionamento se deu na hora certa, pois Cuba e os

Estados Unidos travavam então uma batalha. Tudo foi indo bem, que por vinte

anos a USS deu apoio financeiro à experiência socialista cubana e fora a fonte

de sua segurança militar por três décadas, vinculando sua economia

estreitamente ao bloco soviético. O quadro geral foi relativamente positivo, com

um longo período de desenvolvimento econômico sustentado pelos russos, até

que desapareceu de vez com a chegada de Mikhail Gorbachev, um jovem líder

com reputação de reformista nomeado secretário-geral do Partido Comunista

Soviético. Sua mudança sísmica causou problemas na semicolônia cubana.

Devido ao fator geográfico e a impossibilidade prática de a União

Soviética manter linhas de comunicação tão extensas com Cuba em condições

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de guerra não teria mais como comprometer as forças armadas soviéticas na

defesa da Ilha, tendo Cuba que seguir só e se reprogramar econômica e

belicamente.

1.6 – A reação dos Estados Unidos à Revolução

A revolução de castro não foi bem-vinda ao presidente

Eisenhower, experiente em descartar regimes comunistas, apoiava ditadores

militares da América Latina.

Por pressão dos negociantes norte-americanos, do congressista

democrata negro de Nova York, Adam Clayton Powell e do novo embaixador

despachado em Havana, que era longo conhecido de Cuba, Philip Bonsal, que

os Estados Unidos deu seu reconhecimento diplomático oficial à Cuba.

Contudo, apesar da cordialidade de ambos os lados, havia uma desconfiança

considerável entre os governos, devido à história conflituosa desde 1898 e

pelos posicionamentos diversos, pois governos radicais e nacionalistas

causavam preocupação aos EUA, tanto quanto um governo digno radical não

teria ilusões sobre sua futura relação com estes, que mais cedo do que tarde

se convergiriam.

Logo no primeiro encontro de Castro em Washington, Eisenhower

o ignorou, sendo recebido por seu vice-presidente, Richard Nixon, que o

descreveu como incrivelmente ingênuo sobre o comunismo ou estava sob sua

disciplina. Semanas depois, com a entrada em vigor da Lei de Reforma

Agrária, os Estados Unidos enviaram uma nota oficial de protesto, como

esperado, apesar de outrora serem defensores moderados da reforma agrária

no Japão em 1945, que fora a mais radical do mundo, por que então criticaram

a reforma cubana?

A reforma Agrária Cubana foi o ponto crítico do relacionamento

entre EUA e Cuba, onde o Conselho de Segurança Nacional americano

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decidiu que castro deveria sair do poder e começaram a tomar medidas para

acelerar um movimento de oposição ao governo cubano que ocasionasse na

entrada de um novo governo favorável aos interesses estadunidense. Com

isso o Departamento de estado e a CIA desenvolveram um novo programa que

visava apoiar elementos opostos ao governo de Castro, de forma a parecer

que sua queda fosse resultado de seus próprios erros.

Tal decisão decorria mais da ameaça econômica do que

comunista, que Cuba causava aos Estados Unidos, com seis meses de

Revolução estes já tinham intenção de derrubá-la.

CAPÍTULO II

A RELAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS COM CUBA

Descrito em Cuba como el bloqueo, termo em castelhano que,

conforme as traduções oficiais em português, significa "embargo" é um

embargo econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos Estados

Unidos que se iniciou em 7 de Fevereiro de 1962. Foi convertido em lei em

1992 e em 1995. A medida está em vigor até os dias atuais, tornando-se um

dos mais duradouros embargos econômicos na história moderna. Apesar da

vigência do embargo, é importante notar que nem todo comércio entre Estados

Unidos e Cuba está proibido. Este embargo permanece uma questão

extremamente controversa em todo o mundo, e é formalmente condenado

pelas Nações Unidas.

2.1 – A sucessão de governos americanos e suas medidas em

relação à Cuba

Exatamente em 03 de janeiro de 1961, o governo norte-

americano rompeu oficialmente relações com Cuba. Esta situação foi

precedida por uma série de embargos do governo de Washington em relação

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ao governo de Fidel Castro. Em junho de 1960, teve inicio uma política de

redução de importação de açúcar produzido em Cuba, nesse sentido,

procurando afetar a economia cubana. Em 19 de outubro de 1960, o

presidente Dwight D. Eisenhower (1953-1961) impôs um embargo comercial

parcial. Medida que na prática significou a redução em terço da importação do

açúcar daquele país.

Entretanto, os problemas entre os dois países não ficaram

restritos as questões de caráter econômico. A chegada de John F. Kennedy

(1961-1963) representou mais um grave abalo nas estremecidas relações

diplomáticas entre os dois vizinhos. Sobretudo, depois do fracasso da tentativa

de invasão da “Baía dos Porcos”, em 1961. Esse acontecimento serviu para

alertar os norte-americanos de um fato definitivo: a ameaça comunista já havia

chegado ao seu “quintal”.

O definitivo alinhamento do governo cubano com Moscou foi

determinante para criar argumentos que justificaram a expulsão de Cuba da

Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1962. Posteriormente, foi

aprovado um bloqueio mais amplo ao país caribenho que também visava

atingir sua economia. Agindo como forma de prevenir que outros movimentos

semelhantes acontecessem no continente, o governo dos EUA passou a

direcionar sua política externa no sentido de criar obstáculos para atuação de

movimentos de caráter socialista, nacionalista e comunista na América Latina.

Nesse período foi resgatada a tese da defesa coletiva que havia

sido elaborada durante a administração Eisenhower. Essa proposta estava

centrada em duas frentes: a militar e a ajuda humanitária. No terreno militar

foram estabelecidas dezenas de acordos entra as forças armadas norte-

americanas e os países latinos que visavam aparelhar e treinar as forças de

segurança da região para combater possíveis “novas Cubas”.

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Por outro lado, também foi estabelecida a chamada “Aliança para

o progresso”, que pretendia ser o mais ambicioso projeto de colaboração dos

Estados Unidos com a América Latina, desde o fim da Segunda Guerra.

Lançada em março de 1961, esse projeto previa ações de incentivo ao

desenvolvimento econômico na região. Outro ponto deste projeto estabelecia a

criação de mecanismos de intervenção humanitária, tais como a presença de

“missionários” norte-americanos nas áreas mais carentes do continente. A

idéia de Washington era dar maior ênfase nas ações sociais e colocar em

segundo plano o caráter ideológico do acordo.

O trágico assassinato de Kennedy permitiu que seu vice, Lyndon

B. Johnson (1963-1969), tomasse acento na Casa Branca. O governo Johnson

deu segmento à “Aliança para o progresso”. Na contenção da ameaça

comunista o governo Johnson teve papel decisivo nos golpes militares do

Brasil e da República Dominicana. Durante esse período foi estabelecida a

“Doutrina Mann”, que consistia em apoiar e oferecer ajuda econômica e militar

a qualquer país, independente do regime político desde que se mantivessem

anticomunistas.

A “Doutrina Mann” continuou norteando as manobras norte-

americanas durante a administração de Richard Nixon (1969-1974). Durante o

governo de Jimmy Carter (1977-1981), período marcado em linhas gerais pela

aproximação com os países em desenvolvimento e de defesa dos direitos

humanos, houve certa distensão entre os dois países, inclusive, com o retorno

da permissão de viagens e envio de recursos financeiros.

Em 1981, assumiu a presidência dos EUA o político republicano e

ex-ator Ronald Reagan (1981-1989). Esse presidente marcou sua gestão como

um dos períodos mais conservadores da história contemporâneo do país. A

chamada “onda conservadora” teve como resultado a vitória norte-americana

na Guerra Fria e a derrota do bloco socialista da Europa Oriental e,

conseqüentemente, crescimento do isolamento político e econômico cubano.

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Para cumprir tal tarefa a “Doutrina Reagan” procurou prestar

apoio a todas as iniciativas que pretendiam atacar os governos, partidos e

movimentos políticos identificados como aliados ou simpatizantes de Cuba. As

práticas comuns durante as décadas anteriores voltaram a pautar essa nova

estratégia estadunidense. São exemplos na América Latina países como

Guatemala, El Salvador, Nicarágua e a ilha de Granada sofreram as

conseqüências da retomada do clima de “caça aos vermelhos”.

A desintegração da URSS e o fim da Guerra Fria fizeram com que

quase todas as questões ligadas à América Latina passassem a ocupar o

segundo plano na agenda geopolítica de Washington durante as décadas de

1990 e 2000: a única exceção continuou sendo Cuba.

Haja vista que os governos de George H. W. Bush (1989-1993),

Bill Clinton (1993-2001) e George W. Bush (2001-2009) mantiveram firmes os

embargos e restrições ao livre comércio cubano. Agora com base em

argumentos ligados a defesa dos direitos humanos e da democratização das

instituições cubanas, a política externa norte-americana procurou isolar o

regime de Havana das relações hemisféricas, como exemplo, podemos citar a

exclusão de Cuba da “Cúpula das Américas” e a resistência em aceitar o

retorno de Cuba a OEA, fato que ocorreu somente em 2009.

Até o momento, o governo de Barack Obama agiu de maneira

extremamente tímida em relação a Cuba, limitando-se, depois de muita

pressão internacional, a fechar as portas da base-prisão de Guantánamo.

Entretanto, temas como o bloqueio econômico, exclusão de Cuba de

organismos internacionais, acusações de espionagem e sabotagens,

restabelecimento das relações diplomáticas, entre outras questões não

sofreram nenhum avanço. Tal situação afeta diretamente a vida de milhões de

cubanos, de ambos os países, que ainda sofrem os efeitos da última batalha

da Guerra Fria.

2.2 – As várias ações de embargos

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O primeiro documento oficial de embargo à Cuba foi o

Memorando Nacional de Ação de Segurança nº 23 do dia 21 de fevereiro de

1961, constando a recomendação de que o restante das exportações de Cuba

para os EUA fosse embargado, como podemos visualizar no documento

abaixo:

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resposta a hospedagem de mísseis em Cuba. Desta forma os ativos cubanos

nos Estados Unidos foram congelados.

A restrição para os cidadãos norte-americanos em viagens para

Cuba foi suspensa em 19 de março de 1979 e reinstaurada em 19 de abril de

1982, juntamente com a restrição de gastos em dólares.

O embargo foi reforçado em outubro de 1992 pela Ata para a

Democracia Cubana (popularmente conhecida como lei Torricelli) e em 1996

pela Ata para a liberdade cubana e pela solidariedade democrática (Ata Helms-

Burton). Estas atas ou leis apresentavam muitos artigos que estabeleciam que

as filiais de empresas estadounidenses situadas em terceiros países, não

poderiam estabelecer nenhum tipo de relação comercial com Cuba.

Enquanto os Estados Unidos mantém relações comerciais

normais com outros estados comunistas, tais como a República Popular da

China, com a qual seu comércio aumentou de US$ 5 bilhões em 1980 para

US$ 231 bilhões em 2004, o que a tornou seu terceiro maior parceiro

comercial, sua segunda maior fonte de importações, e seu quinto maior

mercado exportador e tenha levantado seu embargo contra o República

Socialista do Vietnã, em fevereiro de 1994, o que fez seu comércio

internacional com aquele país comunista crescer de US$ 220 milhões em 1994

para US$ 6,4 bilhões em 2004, o mesmo não ocorre em relação a Cuba por

que existe o forte "lobby de Cuba", majoritariamente conservador, formado por

exilados cubanos, liderados pelo Comitê de Ação Política Democrática Cuba-

Estados Unidos, na sua maioria residentes no estado da Flórida, cujas

influências políticas nos Estados Unidos dificultam a normalização das

relações diplomáticas com Cuba. Esse comitê é uma pequena organização,

economicamente muito poderosa, de linha dura em matéria de isolamento e

embargo, e é apoiado pelos cubano-norte-americanos.

A partir de 2002, o clima de confronto entre os Estados Unidos e

Cuba, que nunca deixou de existir, assume novos contornos, no governo Bush.

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Em junho de 2004, surgiram ações que recrudesceram ainda

mais o bloqueio, agravando as ações contra o turismo e os investimentos em

Cuba, restringindo os fluxos financeiros e limitando as remessas familiares.

Além dessas, podemos citar tantas outras ações de embargos,

tais como as seguintes proibições impostas:

“É proibido empresas de terceiros países a exportação para os Estados Unidos de qualquer produto que contenha alguma matéria-prima cubana (A França não pode exportar para os Estados Unidos uma geléia que contenha açúcar cubano);

É proibido a empresas de terceiros países que vendam a Cuba bens ou serviços nos quais seja utilizada tecnologia estadunidense ou que precisem, na sua fabricação, produtos dessa procedência que excedam 10% do seu valor, ainda quando os seus proprietários sejam nacionais de terceiros países;

Proibe-se a bancos de terceiros países que abram contas em dólares norte-americanos a pessoas individuais ou jurídicas cubanas, ou que realizem qualquer transação financeira em essa divisa com entidades ou pessoas cubanas, em cujo caso serão confiscadas. Isso bloqueia totalmente Cuba de utilizar o dólar em suas transações de comércio exterior;

É proibido aos empresários de terceiros países levar a cabo investimentos ou negócios com Cuba, sob o suposto de que essas operações estejam relacionadas com prioridades sujeitas a reclamação por parte dos Estados Unidos da América. Os empresários que não se submetam a essa proibição serão alvo de sanções e represálias como o cancelamento, ou não renovação, de seus vistos de viagem aos Estados Unidos.” (Cuban Democracy Act of 1992 e LOWENFELD, 1996, pp. 419-434).

2.3 – Consequências do bloqueio

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Desde 1909, na Conferência Naval de Londres, ficou definido

como princípio do Direito internacional que o bloqueio é um ato de guerra e

nessa base, o seu emprego é possível unicamente entre os beligerantes. Por

esse motivo, o bloqueio contra Cuba é considerado como se fosse um ato de

guerra, mas um ato de guerra econômico. Assim como o Direito Internacional

classifica o bloqueio como genocídio, pois não haveria nenhuma norma

internacional que o justifique em tempos de paz.

Segundo relatório anual da ONU, realizado em 2005, o bloqueio

já causou desde o seu início até esta data, um prejuízo superior a 89 bilhões

de dólares para o país caribenho. Assembléia Geral das Nações Unidas

condenou o bloqueio pela 14ª vez, por uma larga margem de votos neste

mesmo ano. Apenas três países votaram contra a resolução que pedia o fim do

bloqueio: as Ilhas Marshall, Israel e os Estados Unidos.

Em 15 de outubro de 2005 em Salamanca, durante a XV Cimeira

Ibero-Americana, os líderes da comunidade ibero-americana aprovaram duas

resoluções sobre Cuba, cujo texto final inclui declarações que condenam o

embargo econômico, comercial e financeiro norte-americano e apoiam a

extradição do anticastrista Posada Carriles e que, segundo os chefes de

Estado e Governo, "em nada diferem de outras já aprovadas em cimeiras

anteriores ou nas Nações Unidas." O presidente da Comissão Europeia, Durão

Barroso, disse ser importante ficar claro que a condenação do embargo não

constitui "um sinal de tolerância sobre a violação de direitos humanos em

Cuba." 1

A Assembléia Geral da ONU de 2006 aprovou, por 183 votos a

favor, quatro contra (Israel, Ilhas Marshall, Palau e Estados Unidos) e uma

abstenção (Micronésia), a condenação do bloqueio imposto pelos Estados

Unidos a Cuba, pela 15ª vez consecutiva. Em 29 de outubro de 2008 a

1 SALVADOR, Susana. Salamanca 'desbloqueia' embargo dos Estados Unidos a Cuba. Lisboa: Diário de Notícias, 16 de Outubro de 2005.

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Assembléia de novo aprovou por ampla maioria a resolução contra o bloqueio

econômico imposto pelos Estados Unidos a Cuba. Dos 192 países, 185

votaram contra o bloqueio; três a favor do mesmo (Estados Unidos, Israel e

Palau). Houve duas abstenções (Ilhas Marshall e Micronésia) e dois países

não votaram (El Salvador e Iraque). O ministro das Relações Exteriores de

Cuba, Felipe Pérez Roque, apresentou à Assembléia o projeto de resolução

cubano intitulado "Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e

financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba". Pela 17ª vez, a

Assembléia votou sobre a questão, mas o ato da aprovação só tem efeito

simbólico. O mesmo em 2007, quando a Assembléia condenou a política dos

EUA, com 184 votos a favor do projeto que pedia a suspensão.

Para que o bloqueio seja suspenso, é necessária uma resolução

do Conselho de Segurança da ONU, em que os EUA têm direito a veto. A

discussão levanta a polêmica sobre a reforma da instituição. Para o ministro

cubano, o bloqueio constitui o principal obstáculo para o desenvolvimento

econômico e social do país. Pérez Roque ressaltou que agora o debate e a

votação da resolução ocorrem em um cenário diferente: a passagem de dois

furacões, as eleições nos EUA e a crise financeira internacional. O ministro

afirmou que o bloqueio é uma política genocida e ilegítima.

Organismos internacionais se solidarizaram com a luta de Cuba

pelo fim do bloqueio. A Comunidade Caribenha (Caricom), através de seu

representante George Talbot denunciou o bloqueio dizendo ser um

impedimento ao desenvolvimento do Caribe e não somente um castigo a Cuba

e que sua segurança e recuperação após a passagem dos furacões estão

comprometidas pelo bloqueio. O Movimento de Países Não Alinhados, que

agrupa 118 países, também se pronunciou em favor de Cuba por seu

representante o embaixador egípcio Maged Abdelaziz, afirmando que essa

política estadunidense impõe obstáculos para a total realização dos direitos

humanos do povo cubano.

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O Papa João Paulo II também condenou publicamente o bloqueio

durante suas visitas pastorais à ilha em 1979 e 1998.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos

(OEA), José Miguel Insulza, manifestou em 20 de janeiro de 2009 a esperança

de que, sob a presidência de Barack Obama, os Estados Unidos levantem o

embargo que mantêm há mais de 40 anos contra Cuba.2

CAPÍTULO III

RETRATOS SOCIOECONÔMICOS DE CUBA E OS

DIREITOS HUMANOS

2 OEA espera que Obama levante embargo a Cuba., TerraNews,20 de janeiro de 2009.

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Num país em que a liberdade é tolida, os bens são escassos, o

desenvolvimento tecnológico é retraído e o direito de ir e vir e se expressar fica

nas mãos de seu ditador, onde o acesso a rede de comunicação através da

internet é controlada e filósofos, escritores, literários, jornalistas e entusiastas

de um novo regime são vigiados constantemente por expor como uma forma

de desabafo suas idéias e relatos sobre a paixão por seu país e o

inconformismo com o governo, nos trás um pequeno retrato da realidade de

um povo iludido pela revolução, que se converteu em autoritarismo.

Neste mundo de proibições, pessoas como Yoani Sánchesz

conseguiu ecoar sua voz no mundo através da assinatura de um blog

Generación Y, com milhões de acessos mensais, mas que tem dificuldades de

ser lido em Cuba. Mesmo com tantas advertências da polícia política,

acusações, tais como por Fidel Castro, que afirmou ter ela recebido prêmios

que movem as águas do moinhos do imperialismo e bloqueios tecnológicos

não impediram a escritora de ser eleita pela revista Time uma das mulheres

mais influentes do mundo, quando recebeu o prêmio Ortega Y Gasset.

Num país em que as telenovelas brasileiras influenciaram o

comportamento dos cidadãos de Cuba, trazendo um lifestyle do mundo

ocidental capitalista para seus sonhos dourados e que 138 mastros com

bandeiras asteadas em frente à Seção de Interesses dos Estados Unidos em

Havana (embaixada americana em Cuba), traduz mais o acobertamento de de

um apinel luminoso que transmitia notícias, artigos, declarações de direitos

humanos e mensagens políticas do que seu objetivo de lembrar as vítimas do

terrorismo é que vemos o símbolo do grande confronto entre dois governos.

Neste capítulo irei relatar, mais do que em textos, mas em

números sobre a realidade do povo cubano, seus aspectos gerais, um

panorama socioeconômico de Cuba, com estudo de indicadores de

desenvolvimento humano feitos pela UNDP (Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento) de ano-base 2011, os quais seguem:

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3.1 - Índice de Desenvolvimento Humano

Posição 51

Ano Cuba Alto desenvolvimento humano

América Latina e no Caribe Mundo

2011 0,776 0,741 0,731 0,682

2010 0,773 0,739 0,728 0,679

2009 0,770 0,734 0,722 0,676

2008 0,767 0,733 0,720 0,674

2007 0,759 0,728 0,715 0,670

2006 0,745 0,721 0,708 0,664

2005 0,725 0,716 0,703 0,660

2000 0,681 0,687 0,680 0,634

1995 0,646 0,662 0,650 0,613

1990 0,677 0,648 0,624 0,594

1985 0,665 0,630 0,604 0,576

3.1.1 - Saúde

Expectativa de vida ao nascer (anos) 79,1 Indicadores Valor Notas Despesas de saúde pública (% do PIB) 9,9 Menores de cinco anos a taxa de mortalidade (por 1.000 nascidos vivos) 6

Expectativa de vida ao nascer (anos) 79,1 Saúde índice (expectativa de vida) 0,933

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3.1.2 - Educação Índice de educação (esperado e média de anos de escolaridade) 0,876

Indicadores Valor Notas Gastos públicos em educação (% do PIB) 13,6 Anos esperados de escolaridade (de crianças menores de 7) (anos) 17,5 1

Taxa de alfabetização de adultos, ambos os sexos (entre 15% e acima) 99,8

Média de anos de escolaridade (de adultos com mais de 25) (anos) 9,9 2

Índice de educação (esperado e média de anos de escolaridade)0,876 Combinado bruta de matrícula na educação (ambos os sexos) (%) 103,2

3.1.3 - Renda

RNB per capita em termos de PPP (constante Internacional 2005 $) 5.416 Indicadores Valor Notas PIB per capita em termos de PPP (constante Internacional 2005 $) nd

RNB per capita em termos de PPP (constante Internacional 2005 $) 5.416 3

Índice de rendimento (PIB per capita) 0,572

3.1.4 – Desigualdade

IDH Ajustado à Desigualdade nd Indicadores Valor Notas Coeficiente de Gini de Renda nd Perda devido à desigualdade na expectativa de vida (%) 5,4 Perda devido à desigualdade na educação (%) 12,3 4 Perda devido à desigualdade de renda (%) nd Ajustado à Desigualdade índice de educação nd Ajustado à Desigualdade índice de expectativa de vida 0,883 Ajustado à Desigualdade índice de rendimento nd IDH Ajustado à Desigualdade nd

3.1.5 - Pobreza

Índice de Pobreza Multidimensional (%) nd

Indicadores Valor Notas

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Índice de Pobreza Multidimensional (%) nd MPI: Intensidade de privação nd Efectivos da MPI pobres (% da população) nd População que vive abaixo $ 1,25 PPP por dia (%) nd

3.1.6 - Sexo

Índice de Desigualdade de Género 0,337 Indicadores Valor Notas População com pelo menos o ensino secundário (relação da mulher com as taxas do sexo masculino) 0,920

Taxa de fecundidade na adolescência (nascimentos por 1.000 mulheres com idades entre 15-19) 45,2

A taxa de actividade (Rácio mulheres às ações do sexo masculino) 0,612

Índice de Desigualdade de Género 0,337 Ações no parlamento, feminino-masculino relação 0,759 Taxa de mortalidade materna (óbitos de mulheres por 100.000 nascidos vivos) 53

3.1.7 - Sustentabilidade

Poupanças líquidas ajustadas (% do RNB) nd Indicadores Valor Notas Espécies Ameaçadas (% de todas as espécies) 18 Pegada ecológica do consumo (hectares globais per capita) 1,9 Poupanças líquidas ajustadas (% do RNB) nd Greenhouse gases per capita (tonnes of CO2 equivalente) 1,4 Frescas retiradas de água (% do total real dos recursos hídricos renováveis) nd

Esgotamento dos recursos naturais (em% do RNB) 3,3 Emissão de Dióxido de Carbono per capita (crescimento de 1970-2008) (%) 0,7

Floresta área (mil ha) 2.801 5 Mudança na área florestal (%) 36,1 6 Impacto dos desastres naturais: número de mortes (média por ano por milhão de pessoas) 0

Impacto dos desastres naturais: população atingida (por ano média por milhão de habitantes)

87.392

Índice de Desempenho Ambiental 78,1 Área florestal (% da área terrestre total) 26,3 Emissões de dióxido de carbono per capita (toneladas) 2,8

3.1.8 - Demografia

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Total de população, ambos os sexos (em milhares) 11,253.7 Indicadores Valor Notas

Total de população, ambos os sexos (em milhares) 11,253.7

População urbana (% da população) 75,2 7

População feminina, (milhares) 5,593.65

População, do sexo masculino (em milhares) 5,660.01

3.1.9 - Notas

1. Os dados referem-2011 ou o ano mais recente disponível. 2. Os dados referem-2011 ou o ano mais recente disponível.

3. PPP estimativa baseada em cross-country de regressão; taxa de crescimento projetada com base na CEPAL (2011) e UNDESA (2011) projetou taxas de crescimento.

4.

Ajuste a desigualdade é baseado em dados de pesquisas domiciliares, incluindo dados de Rendimento do Luxemburgo, Inquérito do Eurostat União Europeia, de renda e condições de vida, de banco de dados do Banco Mundial Distribuição Internacional de Renda, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) Inquérito de Indicadores Múltiplos, nos EUA Agência para o Desenvolvimento Internacional Demográfico e de Saúde, ea Organização Mundial da Saúde (OMS) Pesquisa Mundial de Saúde.

5.

O Global Forest Resource Assessment 2010 (FRA 2010) é a principal fonte de dados florestais da área na FAOSTAT. Os dados foram fornecidos pelos países para os anos 1990, 2000, 2005 e 2010. Os dados coletados a partir de fontes oficiais nacionais, através do questionário são complementados com informações de fontes oficiais de dados secundários. A tampa fontes secundárias: os dados oficiais do país a partir de sites de ministérios nacionais, publicações nacionais e os dados dos países relacionados relatados por diversas organizações internacionais. Dados para os anos intermediários foram estimados para FAO usando interpolação linear e apuramento.

6. A mudança é em relação ao período 1990-2008.

7. Como os dados são baseados em definições nacionais do que constitui uma cidade ou área metropolitana, a comparação cross country deve ser feita com cautela.

nd Dados não disponíveis

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3.2 - Índice de Desenvolvimento Humano: Tendências 1985 -

presente

Cada ano, desde 1990 o Relatório de Desenvolvimento Humano

publicou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que foi introduzido como

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uma alternativa às medidas convencionais de desenvolvimento nacional, tais

como nível de renda ea taxa de crescimento econômico. O IDH representa um

impulso para uma definição mais ampla de bem-estar e fornece uma medida

composta de três dimensões básicas do desenvolvimento humano: saúde,

educação e renda. IDH de Cuba é 0,776, o que dá ao país uma patente de 51

de 187 países com dados comparáveis. O IDH da América Latina e Caribe

como uma região aumentou de 0,582 em 1980-0,731 hoje, colocando Cuba

acima da média regional. As tendências do IDH contar uma história importante,

tanto a nível nacional e regional, e destacando as lacunas muito grandes

chances de bem-estar e à vida que continuam a dividir o nosso mundo

interconectado.

3.3 - O panorama da Ilha e seus aspectos econômicos

- Símbolo da Bandeira Cubana

Nome oficial: República de Cuba

Cidades: Havana, Santiago de Cuba, Camagüey, Holguím, Santa Clara,

Guantánamo, Cienfuegos.

Área Total: 110.860 km2

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População: 11.423.952

Sistema de Governo: Estado Comunista

Chefe de Estado/ Governo atual: Presidente RAÚL MODESTO CASTRO RUZ

Idioma: Espanhol (oficial)

Religião: Católicos Romanos e Protestantes

Principais portos: Havana, Matanzas, Santiago de Cuba, Santa Lucia

Principais produtos exportados:

• açúcar;

• níquel;

• tabaco;

• peixe;

• produtos médicos;

• café.

Principais parceiros de exportação:

• Holanda (21,8%)

• Canadá (21,6%)

• China (18,7%)

• Espanha (5,9%)

Principais produtos importados:

• petróleo;

• alimentos;

• máquinas e equipamentos;

• químicos.

Principais parceiros de importação:

• Espanha (9,8%)

• Venezuela (26,6%)

• China (15,6%)

• Brasil (4,2%)

Moeda: Peso Cubano (12/03/2012)

1 CUP = 0,763 EUR

1 CUP = 1USD

1 CUP = 1,788 BRL

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CAPÍTULO IV

CUBA CONTEMPORÂNEA

4.1 – O Período Especial em tempos de paz

Com o fim dos Estados Socialistas da Europa Oriental, no curso

de 1990, associado a desintegração da União Soviética e o fim da guerra fria

com a instauração da nova ordem mundial, Cuba sofreu grande abalo

econômico e sofreu diversas transformações para sua salvação, o que se deu

o nome a esta fase de “Período especial em tempos de paz”.

O golpe se deu em 12 de setembro de 1991, quando Gorbachev

cedeu à pressão dos EUA e anunciou que 7 mil soldados soviéticos

estacionados em Cuba seriam retirados. Anteriormente já haviam diminuído a

exportação de petróleo à Cuba, com isto sua economia doméstica foi

gravemente atingida, pois era totalmente dependente do subsídio soviético.

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Também havia uma forte dependência com relação à União Soviética na

importação de víveres, maquinaria, na compra de açúcar, cítricos e níquel.

Todo esse intercâmbio estava ameaçado e o prolongado subsídio soviético

deveria desaparecer. O próprio Gorbachev era pressionado pelos Estados

Unidos para suspender o apoio a Castro.

O futuro cubano parecia desanimador, sendo comparado ao Haiti,

vistos como países mais pobres do mundo ocidental. O triunfalismo da

comunidade cubana exilada em Miami não conhecia limites, mas Castro tinha

consciência que seu relacionamento econômico com o mundo sempre foi

afetado pelos caprichos da política e do comércio internacional.

A crise chegou antes do que se esperava. Em março de 1990 o

governo criou o “exercício de defesa econômica”, em que gás, água e

eletricidade foram cortados por períodos curtos em todas as áreas do país. Os

agricultores foram instados a usar tração animal, porém a educação e

assistência médica gratuitas foram preservadas. Alimento e roupas foram

racionados; indústrias fechadas e os trabalhadores urbanos foram mandados

para o campo, para se engajarem na tarefa de uso intensivo da mão-de-obra a

fim de produzir comida. O país estava diante da fome, a menos que fontes

alternativas de fornecimento pudessem ser encontradas. Várias iniciativas

foram implementadas: um programa de alimentação foi lançado para estimular

a produção local; escassos fundos foram investidos em pesquisa e

desenvolvimento de biotecnologia, com planos de tornar o país auto-suficiente

em produtos medicinais; introduziu-se uma campanha de reciclagem.

Cuba tinha de planejar um futuro em que o açúcar não seria mais

a sua principal fonte de renda. O Estado cubano investiu pesadamente na

indústria do turismo e o governo buscou parceiros internacionais,

principalmente na Espanha, França e Canadá para ajudar a financiar,

gerenciar e vender o projeto.

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A reestruturação do setor externo pareceu a alguns o começo de

um retorno ao capitalismo, com companhias estatais procurando a participação

de capitais privados estrangeiros. O monopólio do Estado sobre o comércio

exterior foi abolido em 1992 e a Constituição foi emendada para permitir a

transferência de propriedades do Estado a joint ventures com parceiros

internacionais. Uma nova lei sobre investimentos estrangeiros foi elaborada a

fim de atrair esses parceiros.

Apoiando o capitalismo no estrangeiro, mas o socialismo dentro

de casa, Cuba queria um enclave isolado de investimento estrangeiro e

turismo, que produzisse as divisas necessárias para manter a estrutura social

sem mudanças, porém as reformas econômicas introduzidas não eram

adequadas para enfrentar a dimensão da crise.

A primeira medida economicamente essencial e politicamente

significativa foi a legislação sobre o dólar americano, autorizada pelo Decreto-

Lei 140, de agosto de 93. Incapaz de lidar com o mercado negro de dólares,

autoridades cubanas se renderam ao realismo econômico. O peso cubano

continuou em uso para pagamento de salários, compras de mantimentos e

transações internas do governo. O retorno do dólar foi um sério golpe no

orgulho revolucionário.

A segunda reforma foi a introdução ao emprego autônomo, sob o

Decreto-Lei 141, de setembro de 93, onde pequenos negócios no setor de

serviços foram abertos pela iniciativa privada. Foi dada a permissão para

cabeleireiros, bombeiros hidráulicos e mecânicos trabalharem legalmente por

conta própria. Os pequenos negócios tinham de ser registrados e prontamente

taxados.

A terceira reforma significativa em 93 envolvia o estabelecimento

de cooperativas agrícolas para substituir as velhas fazendas estatais.

Conhecidas como Unidades Básicas de Produción Cooperativa (UBPC), elas

foram introduzidas pelo Decreto-Lei 142 de setembro de 93. As UBPCs

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ganharam o direito permanente de utilizá-las e possuíam inteiramente o que

nela produziam. Elas também tinham autonomia administrativa, elegiam as

próprias lideranças, controlavam as próprias contas bancárias e podiam

relacionar os salários com a produtividade.

Ao mesmo tempo que persistia as reformas, Castro mantinha a

retórica socialista como se nada tivesse acontecido. Repudiou incontinenti as

experiências de mercado livre que estavam sendo feitas na Europa Ocidental e

América Latina e começou a desenvolver argumentos que se desdobrariam em

encontros internacionais. O período especial tratava-se sem dúvida de uma

forma de democracia guiada, mas foi uma decisão política bem-sucedida

assegurar apoio para as reformas.

O próximo passo do governo era revigorar a Assembléia Nacional

com a nomeação de Ricardo Alarcón, uma das mais brilhantes estrelas da

Revolução, como o novo presidente. Alarcón ajudara a gerir a política externa

de Castro ao longo da década de 1980 – em geral a partir do seu posto como

representante de Cuba nas Nações Unidas em Nova York – e a sua nova

tarefa era presidir o que em essência ainda eram tentativas incipientes de

Cuba de instalar um novo tipo de “democracia participativa”, bem como

promover o programa do “período especial” entre os trabalhadores. A tarefa de

Alarcón era elaborar e propagar as novas idéias da Revolução sobre a

democracia.

A Constituição foi modificada e aprovada pela Assembléia

Nacional em julho de 1992, que permitia a eleição direta de deputados para a

Assembléia. Ao mesmo tempo, as referências ao marxismo-leninismo na

Constituição foram discretamente deixadas de lado e a proibição da adesão de

cristãos ao Partido também foi abandonada.

Muito lentamente a economia cubana começou a crescer, com o

PIB parando de cair e chegando de 0,7% em 1994 a 3,5% em 1996 ao ano. O

novo papel do exército nasceu da necessidade. Os gastos do Estado nas

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Forças Armadas foram drasticamente reduzidos, onde não podiam mais

adquirir novas armas nem modernizar as existentes. O exército cubano não

tinha mais nenhuma capacidade de projetar-se além das próprias fronteiras.

Cuba não foi o único país comunista a enfrentar a nova situação

dos anos 90, outros países comunistas tiveram que se ajustar ao mercado

mundial e muitos países de Terceiro Mundo que antes olhavam para a União

Soviética em busca de um modelo alternativo de desenvolvimento foram

obrigados a abraçar o sistema neoliberal, ou seja, a globalização. Vietnã,

China e Cuba estavam determinados a manter o socialismo. Os chineses

ofereceram gratuitamente tecidos para confecção de uniformes e mais de um

milhão de bicicletas e meios necessários para construção de cinco montadoras

desse produto. Em 1994, a China se tornou o terceiro maior parceiro comercial

de Cuba.

Com o fim da guerra fria, os Estados Unidos apertou o cerco

econômico, mas o regime reagiu e Castro perseverou obstinadamente. As

experiências de Cuba e da Europa Oriental foram muito diferentes. Cuba

experimentou uma revolução “Made in Cuba”, uma das grandes sublevações

do século XIX, enquanto que na Europa Oriental o socialismo foi levado pela

poderosa intermediação do exército soviético. Os cubanos tinham mais a

defender: sua história, sua identidade e amor próprio. A maioria dos cubanos

apoiava o seu governo, porque embora tivessem consciência de suas falhas,

também podiam identificar os seus sucessos. Apesar das muitas insuficiências,

eles estavam familiarizados com as sólidas realizações. Não obstante nem

todos os cubanos pensavam desse modo. Uma minoria nunca aceitou a

Revolução e sonhava partir. Com a situação deteriorada durante o “período

especial”, assim chamado por Fidel, muitos ficaram desesperados e buscaram

fugir atravessando as 90 milhas do canal da Flórida.

4.2 – A transição de governo entre os irmãos Castro

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Fidel afastou-se do poder em 1 de agosto de 2006, pela primeira

vez desde a vitória da insurgência, por problemas de saúde. Seu irmão, Raúl

Castro, assumiu interinamente as funções de Fidel (secretário-geral do Partido

Comunista Cubano, comandante supremo das Forças Armadas e presidente

do Conselho de Estado), exercendo-as até 19 de fevereiro de 2008 nessa

condição, quando Fidel Castro renunciou oficialmente. Raúl Castro foi eleito

novo presidente de Cuba no dia 24 de fevereiro de 2008 em eleição de

candidato único. Este assumiu o comando da ilha prometendo algumas

reformas econômicas, como o incentivo a mais investimentos estrangeiros e a

mudanças estruturais para que o país possa produzir mais alimentos e reduzir

a dependência das importações.

Entretanto, o regime segue fechado no campo político, reprimindo

brutalmente os dissidentes. Em 2006, apesar de uma redução substancial,

ainda havia, segundo a Anistia Internacional, entre oitenta mil e oitenta mil e

quinhentos prisioneiros políticos na ilha. Esse número continuou a cair

significativamente nos anos seguintes. Em 2007, era de 234 e, em 2008, era

de 205. O resultado óbvio é que segue a tendência, observada nos últimos

vinte anos, da diminuição gradual de pessoas condenadas por motivações

políticas, segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos, um grupo ilegal

embora tolerado. Mas a comissão também chama a atenção para as mais de

mil e quinhentas detenções rápidas, feitas de forma arbitrária.

Raúl prometeu "eliminar proibições" na ilha, mas reconheceu o

legado de seu irmão, que ficou mais de 49 anos a frente do poder: Nas

próximas semanas, começaremos a eliminar as (proibições) mais simples, já

que muitas delas tiveram como objetivo evitar o surgimento de novas

desigualdades em um momento de escassez generalizada, declarou durante

seu discurso de posse. Em março de 2008 Raúl Castro liberou a venda de

computadores pessoais (PC's) e DVD's em Cuba a venda de telefones

celulares e televisores a cidadãos comuns também foi liberada.

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No final de abril, Raul Castro convocou uma assembléia do

Congresso do Partido Comunista Cubano (PCC) para o segundo semestre de

2009, para redefinir os eixos políticos e econômicos do país. O VI Congresso

do PCC, quando ocorreu, passou-se onze anos sem que se tenha reunido o

órgão supremo de decisão política de Cuba.

Passados 12 meses desde sua posse na presidência, Raúl

Castro suplantou três furacões que castigaram a ilha, fortaleceu a diplomacia e

ativou uma reforma para impulsionar a produtividade das terras ociosas do

país aos camponeses com a condição de que as trabalhem para a produção

agrícola ou agropecuária com o objetivo de reduzir as importações de

alimentos.

Além dos pontos que Castro somou a Cuba internacionalmente, o

país teve de enfrentar três furacões que provocaram perdas de cerca de

10.000 milhões de dólares e cerca de 70.000 moradias destruídas, tudo isso

desacelerou as “mudanças estruturais” que se propusera a realizar.

Recentemente, Raúl Castro realizou o quarto movimento dentro

do executivo Nacional, designando vice-presidentes a três ministros e

membros do Birô Político do Partido Comunista de Cuba: o comandante

Ramiro Valdés (titular de Comunicações); o general Ulises Rosales

(Agricultura), e Jorge Luis Sierra (Transporte). As nomeações tiveram o

objetivo de distribuir de um modo mais efetivo entre os membros do Conselho

de Ministros (gabinete) a atenção, o controle e a coordenação dos organismos

da administração central do Estado.

Num governo que se caracterizou pela manutenção das políticas

que, nos 50 anos de Revolução foram postas em marcha em Cuba, Raúl

afinou a relação com alguns países - sobretudo da América Latina - relançou

as relações com a União Européia, e manteve vínculos particularmente fortes e

estreitos com a Venezuela e a China.

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Apesar de seus fracassos e de acordo com seus sucessos, a

Revolução Cubana é assim considerada um capítulo importante da história da

América Latina, por constituir o primeiro e único Estado socialista do continente

americano. Atualmente, Cuba é único país socialista do Ocidente, e um dos

poucos do mundo, ao lado da China, da Coréia do Norte, do Vietnã e do Laos.

CONCLUSÃO

Agora, passados mais de 50 anos da Revolução, Cuba encontra-

se em descompasso com o restante do mundo, Fidel Castro visto como herói e

ditador, mesmo após passar o poder do país para seu irmão Raúl, continua a

influenciar seu povo e adeptos.

Seu governo sobreviveu a nove presidentes americanos, desde

Eisenhower a Clinton e agora seu irmão enfrenta Obama e dentre seu antigo

aliado, a União Soviética, trabalhou com seis líderes, de Kruschev a

Gorbachev. Fidel também conheceu figuras eminentes do então chamado

“Terceiro Mundo”, por ser defensor da luta revolucionária e anticolonial.

Como líder cubano, belíssimo orador, Castro palestrou contra a

injustiça do capitalismo, defendeu sua bandeira comunista, combateu a

globalização, o neoliberalismo e o racismo, onde sua voz ecoou aos quatro

cantos do mundo em contra ponto com a redoma do embargo que abafa sua

Ilha. Fidel se fez presente e inflamou seguidores, conquistando aliados, tais

como o Coronel Hugo Chávez e trazendo para si uma nova geração de jovens

universitários para trabalhar no seu governo, jogada de bom estrategista que

era.

Para muitos americanos que acreditaram que o embargo

empurraria Cuba para a democracia e uma economia de mercado, se

enganaram profundamente, pois se esqueceram das implicações históricas do

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passado de Cuba, que sempre teve um povo revolucionário, com tradição

extremamente nacionalista, que se sobrepunha a qualquer coisa.

Ao longo deste período, a Revolução de Castro pôs Cuba no

mapa e registrou a Ilha como uma presença permanente no cenário mundial.

Visitantes estrangeiros podem olhar com tristeza a aparência abandonada e

negligenciada de grandes extensões de Havana, mas poucos deixarão de

perceber a alegria e otimismo de sua população saudável e adequadamente

vestida. Foi uma revolução que não acabou em lutas fratricidas, mas produziu

sem cessar novas gerações de cidadãos bem-educados, motivados pela

afeição ao governo e seu governante e que possuem um sentimento agudo de

patriotismo, orgulho da longa história do seu país e das realizações do seu

povo, apesar dos excessos do comunismo e algumas seduções do

capitalismo.

Fidel Castro será uma figura do passado de todos nós, a barba

encanecida, mas eternamente jovem, como uma estrela de rock que

envelhece. Presidiu um governo, que foi sua criação, mudando seu slogan de

“socialismo ou morte” ao início da revolução para “um mundo melhor é

possível” no final do seu mandato. Quando morrer haverá pouca mudança em

Cuba, pois enquanto pouca gente notava, a mudança já se operou.

Viva la Revolución!!!

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AYERBE, Luis Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo: Editora UNESP,

2004. (Coleção Revoluções do Século XX).

FICO, CARLOS. O Grande irmão: da Operação Brother Sam aos anos de

chumbo. O governo dos Estados Unidos e a ditadura militar brasileira. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

GOTT, Richard. Cuba – Uma nova história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,

2006.

http://pt.wikipedia.org. Embargo dos Estados Unidos à Cuba. 31 de outubro de

2011.

http://www.socialismo.org.br. Um ano de governo de Raúl Castro: três

furacões, diplomacia e reforma agrícola. Fonte: Agência Boliviana de Notícias.

Quarta-feira, 25 de Fevereiro de 2009, 12h39.

http://g1.globo.com/mundo. Raúl Castro pede fim de limites para construção de

moradias em Cuba. 01 de março de 2012, 12h30.

JAKOBSKIND, Mário Augusto. Cuba - apesar do bloqueio. Rio de Janeiro: Booklink Editora, 2010.

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KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século

XXI. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2007.

SÁNCHEZ, Yoani. De Cuba com carinho. São Paulo: Editora Contexto, 2009.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 9

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

As Revoluções 12

1.1 - A revolução de Fugencio Batista (1934-1952) 12

1.2 - A revolução de Fidel Castro 16

1.2.1 - O perfil do grande revolucionário 16

1.2.2 - Os caminhos da revolução Castrista 18

1.3 - Em berço esplêndido – os rumos do novo governo 21

1.4 - O impacto da revolução no estrangeiro 24

1.5 - A reação da União Soviética à Revolução 26

1.6 - A reação dos Estados Unidos à Revolução 27

CAPÍTULO II

A Relação dos Estados Unidos com Cuba 29

2.1 - A sucessão de governos americanos e suas medidas em relação à Cuba

29

2.2 - As várias ações de embargos 32

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58

2.3 - Consequências do bloqueio 36

CAPÍTULO III

Retratos Socioeconômicos de Cuba e os Direitos Humanos 39

3.1 - Índice de Desenvolvimento Humano 40

3.1.1 - Saúde 41

3.1.2 - Educação

41

3.1.3 - Renda 41

3.1.4 - Desigualdade 41

3.1.5 - Pobreza 42

3.1.6 - Sexo 42

3.1.7 - Sustentabilidade 42

3.1.8 - Demografia 43

3.1.9 - Notas 43

3.2 - Índice de Desenvolvimento Humano: Tendências 1985 – presente 44

3.3 - O panorama da Ilha e seus aspectos econômicos 45

CAPÍTULO IV

Cuba Contemporânea 48

4.1 – O período especial em tempos de paz

48

4.2 – A transição de governo entre os irmãos Castro 52

CONCLUSÃO 55

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 57

ÍNDICE 58

FOLHA DE AVALIAÇÃO 60

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · estatal no país. Assim, Cuba não se caracterizará totalmente dentro do modelo socialista, comunista ou liberal, mas permeará

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FOLHA DE AVALIAÇÃO