universidade cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo em ... · por conseguinte desde quando nascemos fomos...

59
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA PROJETO “A VEZ DO MESTRE” AVALIAÇÃO E O PSICOPEDAGOGO Roberta Motta Fernandes Orientador Prof. Fabiane Muniz da Silva Rio de Janeiro 2009

Upload: nguyenthien

Post on 29-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

AVALIAÇÃO E O PSICOPEDAGOGO

Roberta Motta Fernandes

Orientador

Prof. Fabiane Muniz da Silva

Rio de Janeiro

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

AVALIAÇÃO E O PSICOPEDAGOGO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez

do Mestre – Universidade Cândido Mendes

como requisito parcial para obtenção do grau de

Especialista em Psicopedagogia.

Por: Roberta Motta Fernandes

Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, à minha família e a vida pela

oportunidade de lutar e alcançar meus objetivos.

Agradeço o carinho e dedicação da minha mãe,

pois esteve ao meu lado nas horas alegres e nas

horas de dificuldade, me apoiando sempre.

Agradeço a Professora Fabiane Muniz da Silva

pela orientação, desenvolvimento e montagem

deste trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha mãe pelo

carinho e dedicação.

Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

5

EPÍGRAFE

A duas fontes perenes de alegria pura: o bem

realizado e o dever cumprido.

Eduardo Girão

Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

6

RESUMO

O presente trabalho visa discorrer sobre a avaliação e o psicopedagogo

analisando, didaticamente, sobre o que é avaliação, as suas funções e os jeitos

mais comuns de se avaliar. Discorrendo, primeiramente, sobre a relação entre

ensino e aprendizagem e aprendizagem e motivação. Ao se falar sobre o

psicopedagogo o trabalho discorre sobre a área de atuação do mesmo e papel

do psicopedagogo na instituição escolar. Fazendo uma descrição das

dificuldades de aprendizagem, a teoria do desenvolvimento humano e a teoria

do desenvolvimento de Jean Piaget.

Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

7

METODOLOGIA

A metodologia utilizada no presente trabalho monográfico, foi a pesquisa

bibliográfica de obras relevantes as temáticas: Avaliação da Aprendizagem,

Distúrbios de Aprendizagem e sobre Psicologia. A pesquisa foi realizada em

diversas fontes como: livros, revistas especializadas e monografia etc.

Nessa pesquisa bibliográfica o embasamento teórico foi desenvolvido através

dos autores: Piletti, Rosa, Luckesi, Porto, Bossa, Olivier, Bock e Gadotti entre

outros profissionais preocupados em abordar as temáticas desenvolvidas neste

trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

A importância da Avaliação Para o Processo Ensino-Aprendizagem .............. 10

CAPÍTULO II

Dificuldades de Aprendizagem mais Freqüentes no Ambiente Escolar ........... 18

CAPÍTULO III

A Contribuição do Psicopedagogo Para as Práticas Avaliativas ...................... 35

CONCLUSÃO................................................................................................... 47

ANEXOS .......................................................................................................... 48

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 55

ÍNDICE ............................................................................................................. 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................. 59

Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

9

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa apresentar questões que permeiam o trabalho

do psicopedagogo.

O 1o capítulo, visa analisar a avaliação, o que é e as suas funções,

identificando primeiramente a sua importância par o processo ensino

aprendizagem e discorrendo sobre as questões que permeiam o processo

ensino-aprendizagem.

O 2o capítulo descreve sobre as dificuldades de aprendizagem, a

escola, o desenvolvimento humano e a teoria de desenvolvimento de Jean

Piaget.

No 3o capítulo discorre sobre a contribuição do psicopedagogo para as

práticas avaliativas e sobre o que é psicopedagogia na instituição escolar,

citando as funções do psicopedagogo na instituição escolar.

Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

10

CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA A AVALIAÇÃO NO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Como em qualquer atividade humana o homem está sempre

aprendendo ou ensinando algo, tanto que com o passar dos anos e,

principalmente, nos dias atuais aprender e ensinar é uma necessidade vital,

pois diante de tantas mudanças, somos obrigados a aprender em contato com

os produtos das tecnologias, em contato com as pessoas e com a natureza.

Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e

continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando se morre,

assim aprendemos a todo tempo não só na escola, que se constitui em um

espaço institucional de aprendizagem e ensino, sem esquecer que é uma

aprendizagem formal e um ensino sistematizado.

O ensino sistematizado está relacionado a escola, mas o que significa

ensino?

De acordo com Piletti (1997): “O conceito etimológico da palavra

“ensinar” (do latim signare) é “colocar dentro, gravar no espírito”. Por

conseguinte o conceito etimológico deu origem ao conceito tradicional de que

ensinar é transmitir conhecimentos”.

O conceito de ensino passou por mudanças com o passar dos anos e

com o surgimento de novas teorias educacionais.

Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

11

Principais concepções de ensino:

Segundo a concepção tradicional de ensino, a iniciativa cabe ao professor, que é, ao mesmo tempo, o sujeito do processo, o elemento decisivo e decisório no ensino. A questão pedagógica central é aprender. Segundo a concepção de ensino da Escola Nova, a iniciativa desloca-se para o aluno e o centro da ação educativa situa-se na relação professor-aluno. A questão pedagógica central é aprender a aprender. Segundo a concepção tecnicista de ensino, o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, e o professor e o aluno ocupam posição secundária [...]. A questão pedagógica principal é aprender a fazer. (PILETTI, 1997. p.31)

É sabido que todo ensino visa uma aprendizagem: mas o que é

aprendizagem? É um fenômeno, um processo de aquisição de conhecimento,

habilidades e conceitos. Existem muitas teorias que tentam explicar este processo.

De acordo com Piaget:

A aprendizagem é o resultado do processo de desequilíbrio-equilíbrio (“processo de equilibração”), análogo à situação do corpo quando na carência de água (desequilíbrio), provoca desconforto (sede) e a necessidade de voltar a situação de um novo equilíbrio e a satisfação da necessidade por ele provocada, há uma intensa atividade do indivíduo (processo de assimilação-acomodação), da qual resulta a ampliação dos recursos de entendimento (esquemas), (SANNY ROSA, 2002).

Existem vários tipos de aprendizagem, dentre os quais destacam os

três seguintes como básicos:

Aprendizagem Motora ou Motriz: Que consiste na aprendizagem de

hábitos, habilidades das mais simples como segurar um lápis, como as mais

complexas: como dirigir um carro por exemplo.

Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

12

Aprendizagem Cognitiva: Consiste na aquisição de informações e

conhecimentos.

Aprendizagem Afetiva ou Emocional: Diz respeito aos sentimentos e

emoções.

1.1 Relação entre ensino e aprendizagem

Há uma relação intrínseca entre o ensino e a aprendizagem. Não há

ensino quando não há aprendizagem. Desse modo para que a aprendizagem

ocorra não basta que o professor ensine, pois o professor é um agente externo.

Ele colabora na aprendizagem do aluno, é um mediador, facilitador da

aprendizagem, mas esta depende do próprio aluno, também. Neste processo

deve haver um outro processo perpassando-o, que é a avaliação. Segundo os

parâmetros curriculares nacionais em seu livro 1, “Introdução”, sobre avaliação

nos informa que:

A avaliação subsidia o professor com elementos para uma reflexão contínua sobre sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo de aprendizagem individual ou de todo grupo. Para o aluno, é um instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades para reorganização de seu investimento na tarefa de aprender. Para a escola, possibilita definir prioridades e localizar quais aspectos das ações educacionais demandam maior apoio (PCN, pág. 81).

1.2 Aprendizagem e motivação

Para que a aprendizagem ocorra é necessário que o aluno queira

aprender. Para isso torna-se necessário que o professor motive seus alunos,

ou seja, “dê motivos” para o interesse em aprender.

Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

13

E o professor pode conduzir, servir de mediador junto aos alunos,

através de recursos variados, métodos e procedimentos, promover uma

situação favorável à aprendizagem. Conhecendo os interesses dos alunos e

motivando-os para alcançar os objetivos da aprendizagem, para que a

aprendizagem ocorra é necessário, além da motivação outra condição: a

maturação. A maturação consiste em mudanças de estrutura, devidas em grande

parte à herança e ao desenvolvimento fisiológico e anatômico do sistema nervoso.

1.3 O que é avaliação: breves considerações

“A avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo oi transformá-lo. A definição mais comum adequada, encontrada nos manuais, estipula que a avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão.” (LUCKESI, 2006. p. 33)

Por conseguinte:

“De fato, a avaliação da aprendizagem deveria servir de suporte para a qualificação daquilo que acontece com o educando, diante dos objetivos que se têm, de tal modo que se pudesse verificar como agir para ajudá-lo a alcançar o que procura. A avaliação não deveria ser fonte de decisão sobre o castigo, mas de decisão sobre caminhos do crescimento sadio e feliz.” (LUCKESI, 2006. p. 58)

1.4 Funções da avaliação

A avaliação é um processo necessário em qualquer atividade,

precisamente na escola. Local do processo ensino-aprendizagem, de modo

Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

14

que a avaliação se desenvolve, nos diferentes momentos desse processo

ensino-aprendizagem e com objetivos distintos.

Pois a avaliação subsidia o professor com elementos para uma

reflexão contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos

de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos, ajustados ou

reconhecidos como adequados ao processo de aprendizagem individual ou

coletiva. Para o aluno é um instrumento de tomada de consciência de suas

conquistas, dificuldades e possibilidades para organização de seu investimento

na tarefa de aprender. Também propicia para a escola, definir propriedades e

localizar quais das ações educacionais demandam maior apoio.

1.5 Avaliação diagnóstica

No início do processo, temos a avaliação diagnóstica que é usada para

verificar: os conhecimentos que os alunos têm; pré-requisitos que os alunos

apresentam; particularidade dos alunos.

Fonte: PILETTI, 1997. p.191.

Normalmente este tipo de avaliação é realizado no início do ano letivo.

Neste tipo de avaliação o professor procura obter informações sobre os alunos

Identifica alunos com padrão aceitável de

conhecimentos.

Propõe atividades com vistas a superar as

deficiências.

Encaminha os que não têm padrão aceitável para

novas aprendizagens.

Individualiza o ensino.

Constata deficiências em termos de pré-requisitos.

Constata particularidades.

Função diagnóstica

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

15

para planejar o seu trabalho. As informações devem ser procuradas através de

vários meios possíveis entre as quais; entrevistas com os alunos, observação

do comportamento, entrevistas com pessoas que conheçam os alunos, leitura

de relatórios ou fichas informativas sobre o aluno, aplicação de atividades

escritas, etc. Os resultados da avaliação diagnóstica poderão ser utilizados

para o estabelecimento dos objetivos e planos de ensino.

1.6 Avaliação formativa

Ao longo do processo ensino-aprendizagem temos a avaliação

formativa que tem uma função controladora. Tem os seguintes propósitos:

informar o professor e o aluno sobre o rendimento da aprendizagem; localizar

as deficiências do ensino.

Fonte: PILETTI, 1997. p.192.

Os resultados da avaliação formativa servem para verificar se os

objetivos estabelecidos são adequados aos alunos e se estão sendo

alcançados.

1.7 Avaliação somativa

No fim do processo de ensino-aprendizagem temos a avaliação

somativa que tem uma função classificatória, isto é, classifica os alunos segundo

níveis de aproveitamento, no fim de um semestre ano letivo ou unidade.

Informa sobre o rendimento. Localiza deficiências.

Função controladora

Replanejamento

Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

16

Fonte: PILETTI, 1997. p.192.

Os resultados da avaliação somativa servirão para promover os alunos,

estabelecer objetivos e iniciar novos planejamentos. Por conseguinte, cada

função da avaliação tem uma modalidade correspondente.

MODALIDADE CORRESPONDENTE FUNÇÃO

Avaliação diagnóstica de diagnóstico

Avaliação formativa de controle

Avaliação somativa de classificação

Ao se avaliar torna-se necessário seguir alguns princípios básicos como:

estabelecer com clareza o que vai ser avaliado; selecionar as técnicas adequadas;

utilizar uma variedade de técnicas; ter consciência das possibilidades e limitações

das técnicas de avaliação; saber que a avaliação é um meio e não um fim.

E também, torna-se necessário seguir algumas etapas: determinar o

que vai ser avaliado; estabelecer os critérios e as condições para a avaliação;

selecionar as técnicas e os instrumentos de avaliação; realizar a aferição dos

resultados.

Função classificatória

Classificação final

Classifica segundo níveis de aproveitamento.

Curso Unidade Semestre Ano

Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

17

1.8 A avaliação conforme a LDB

A LDB dispõe no título V, capítulo II, artigo 24, inciso V sobre a

avaliação do rendimento escolar da educação básica:

V– A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a. Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e

dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais

provas finais;

b. Possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso

escolar;

c. Possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante

verificação do aprendizado;

d. De aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e. E obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência

paralelos ao período letivo para os casos de baixo rendimento

escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em

seus regimentos.

No inciso VI determina a freqüência:

O controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o dispositivo

no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida

freqüência de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para

aprovação.

No inciso VII, sobre a expedição de históricos escolares, declarações

de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de curso, com

as especificações cabíveis.

Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

18

CAPÍTULO II

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM MAIS

FREQUENTES NO AMBIENTE ESCOLAR

Ao falar sobre distúrbios de aprendizagem faz-se necessário conceituar

o que é aprendizagem, de acordo com a psicopedagogia segundo Nadia A.

Bossa (2007, p. 74).

O conceito de aprendizagem com o qual trabalha a psicopedagogia remete a uma visão de homem como sujeito ativo em um processo de interação com o meio físico e social. Nesse processo interferem o seu equipamento biológico, as suas condições afetivo-emocionais e as suas condições intelectuais. A psicopedagogia entende, ainda, que essas condições afetivo-emocionais e intelectuais são geradas no meio familiar e sociocultural no qual nasce e vive o sujeito. O produto de tal interação é a aprendizagem

Contudo, quando esta interação não fui plenamente ocorre as

dificuldades, os problemas e os distúrbios.

De acordo com Porto, 2007, p.56:

As dificuldades específicas de aprendizagem se referem àquela situação que ocorre com crianças que não conseguem acompanhar um grau de adiantamento escolar compatível com sua capacidade cognitiva. Muitas crianças em fase escolar apresentam certas dificuldades em realizar certas tarefas, que podem surgir por diversos motivos, como: proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares, déficits cognitivos entre outros motivos.

Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

19

Acrescentando ainda:

Dentro de uma análise contextual, há necessidade de compreender que, mesmo na presença de uma pedagogia eficaz e de professores competentes, as dificuldades de aprendizagem não desaparecem nem se extinguem. O enfoque das dificuldades de aprendizagem está no indivíduo que não rende ao nível do que se poderia supor e esperar a partir do seu potencial intelectual e, por motivo dessa especificidade cognitiva na aprendizagem, ele tende a revelar fracassos inesperados.

(PORTO, 2007, p.58)

De acordo com Lou de Olivier (2008, p. 39) as dificuldades, os

problemas e os distúrbios podem ocorrer basicamente, de três formas:

a) Causas psicológicas: Traumas, problemas familiares, financeiros etc.

b) Causas orgânicas: Desnutrição, anemia ou distúrbios, como dislexia, disgrafia etc..

c) Causas do sistema: Inadequação dos métodos aplicados em aprendizagem, despreparo dos professores e etc.

Lou de Olivier acrescenta também, que deve-se analisar todos estes

fatores, descritos acima para identificar o distúrbio.

Dislalia: caracteriza-se pela má pronúncia das palavras. A criança

omite, troca ou acrescenta fonemas as palavras. Como por exemplo: o

personagem de história em quadrinhos, Cebolinha, que troca o som da letra R,

pela L.

Dislexia: É a incapacidade de aprender a ler de um indivíduo que

possui a capacidade intelectual necessária.

Hiperlexia: É definida como desordem da linguagem com grande

habilidade para a leitura.

Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

20

Disortografia: É a dificuldade em apresentar uma escrita correta, a

criança omite letras, sílabas ou palavras dentro da frase.

Disgrafia: É a dificuldade na aquisição da escrita, utilização de

símbolos gráficos para expressar idéias. A criança apresenta dificuldade em

escrever.

Características:

• O indivíduo não possui dificuldades visuais nem motoras, mas não consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor. Deficiência de transmissão.

• Fala e lê,mas não encontra padrões motores para a escrita de letras, números e palavras.

• Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio. • Pode soletrar oralmente, mas não consegue escrever.

(LOU DE OLIVIER, 2008, p. 41)

Discalculia: É a dificuldade em matemática, como reconhecer números,

resolver problemas matemáticos etc.

De acordo com Olivier (2008, p. 88) entre os três e os seis anos, já

pode-se detectar uma possível discalculia, analisando os sintomas descritos

abaixo:

• Parece não reconhecer números nem distingui-los. • Confunde-se, achando que todos os números são iguais. • Não consegue dizer quantos anos tem nem mesmo mostrando nos dedos.

• Não sabe distinguir o número de sua residência nem a data de seu aniversário.

• Não consegue contar em seqüência lógica. • Não consegue fazer contas básicas mesmo usando objetos concretos.

• Não reconhece símbolos matemáticos. • Não consegue “escrever” os números. • Demonstra nervosismo, quando exposto às aulas de matemática.

Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

21

Limitografia:

“Caracteriza-se por dificuldades de concentração, falta de equilíbrio e/ou coordenação motora, problemas de articulação para a fala e dificuldade na aquisição de leitura.” (LOU DE OLIVIER, 2008, p. 43)

Distúrbio da fala:

a gagueira – Esses distúrbios prejudicam muito a aprendizagem, principalmente da leitura. A gagueira sempre foi muito discutida. É importante saber que uma criança por volta de quatro anos pode ou não apresentar o que chamamos de disfluência fisiológica, o que é anormal na sua idade. (PORTO, 2007,p. 72)

Distúrbios emocionais:

A angústia e a depressão podem aparecer desde a infância. É principalmente a sensação de insegurança que mais perturba as crianças. Estes sentimentos podem ser causados pela própria família ou pela escola. Os pais muito severos, exigentes ou ansiosos podem originar na criança medo do professor, fobia da escola ou insegurança. A escola, por sua vez, por seu ambiente de disciplina, de estudo obrigatório, de regras e ordens, pode ter uma influência negativa na criança, como, por exemplo, excessivo absenteísmo, ou seja, falta de atenção, alheamento, distração. (PORTO, 2007,p. 73)

Distúrbio de comportamento segundo com Drouet, apud Porto, 2007, p. 64:

“A criança tem um distúrbio de comportamento quando ela apresenta desvios da expectativa de comportamento do grupo etário a que pertence. Ou seja, quando ela não está ajustada aos padrões da maioria desse grupo e, portanto, seu comportamento é perturbado, diferente dos demais. Nesse caso a criança pode até sofrer punições

Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

22

por parte de seus companheiros ou de seus superiores. E muitas vezes seu comportamento pode se manifestar como um problema para a sua aprendizagem.”

Distúrbios da motricidade conforme Cool:

Os transtornos psicomotores compreendem as funções psíquicas e neurológicas, além de um atraso na maturação do sistema nervoso central. Sua principal característica é a falta de coordenação entre o que o indivíduo pretende fazer e a ação propriamente dita, o que dificulta a capacidade de expressar-se pelo corpo. Isso provoca distúrbios afetivos e, também, problemas de aprendizagem. (COLL, apud, PORTO, 2007,p. 68)

Hiperatividade segundo Porto, 2007:

“É um dos distúrbios mais freqüentes em crianças com transtornos motores. A hiperatividade é uma perturbação psicomotora. Esse comportamento não aparece apenas pelo excesso de atividade de “falta de parada” da criança, mas também nos seus movimentos em direção aos objetos e do seu próprio corpo.”

Desordem e déficit de atenção (DDA):

“Caracteriza-se por baixo desempenho escolar, deficiência ou ausência de memória ou ainda, tendo um aprendizado satisfatório o indivíduo pode ser disperso, desatento, meio alienado ou alternando hiperatividade com alienação.” (LOU DE OLIVIER, 2008, p. 43)

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

23

Principais sintomas:

1. Parece não ouvir ou não entende o que ouve.

2. Não consegue terminar uma tarefa, inicia uma atividade e logo

passa para outra, sem terminar nada do que começa.

3. Tem dificuldade em seguir regras, esperar a vez no grupo. Não lê

nem ouve um pergunta antes de respondê-la.

4. Não consegue brincar sozinho e, em grupo, pode tornar-se

agressivo.

5. Perde ou esconde materiais e instrumentos importantes para a

realização das tarefas.

6. Não mantém amizades por muito tempo ou não chega a iniciá-las.

7. Têm dificuldade em aceitar a perda em jogos, brincadeiras etc e

não consegue pensar em longo prazo.

8. Fala excessivamente, se for hiperativo, ou mostra-se retraído e

isolado, caso seja extremamente tímido, ou alterna estas duas

características.

9. Durante os primeiros anos escolares não consegue permanecer

ocupado com sua tarefa por, ao menos, uma hora.

10. Pode passar horas diante de uma tarefa sem conseguir completá-la.

11. Distrair-se com qualquer acontecimento alheio as suas atividades.

(Fonte: LOU DE OLIVIER, 2008, p. 73 e 74)

Como ajudar um portador de DDA. A Dra Lou de Olivier, informa que

além de procurar um bom profissional que possa oferecer acompanhamento

psicopedagógico e outros tratamentos caso haja necessidade, os pais e

professores podem ajudar da seguinte forma:

1. Acompanhar as tarefas do aluno, ajudando-o a identificar e resolver

suas dificuldades.

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

24

2. Fazer a criança entender e aceitar sua condição de aprendiz, sua

necessidade de aprender e para que tem que aprender, sentindo-

se incentivada. (...)

3. Escola e pais devem trabalhar em conjunto para orientar o aluno.

Em hipótese alguma, deve haver contradições entre escola e pais.

4. Deve haver, em casos mais severos, além do tratamento

multidisciplinar,o medicamentoso.

5. Treinar o aluno para dedicar-se a atividades cada vez mais longas

(jogos de memória, xadrez, ditados etc.). Estas atividades deverão

começar com curtos períodos e irem se estendendo aos poucos.

6. Estabelecer horários claros para o aluno dormir, estudar, brincar

etc.

7. Estimular o aluno a participar de esportes e de artes de acordo com

suas aptidões.

8. Incentivar sua alta-estima, elogiá-lo quando houver progresso,por

mínimo que seja.

(Fonte: OLIVIER, 2008, p. 77 e 78)

Síndrome de déficit de atenção em hiperativos conforme Porto (2007):

As crianças hiperativas e impulsivas são aquelas que se remexem na carteira, correm e pulam como se tivessem “um foguete” nas costas, falam sem parar e interrompem conversas. Impopulares e rejeitadas pelos colegas, acabam sendo encaminhadas para orientação psicopedagógica ou psicológica com mais freqüência. Os especialistas alertam que nem todas as crianças agitadas sofrem de hiperatividade. A importância de um diagnóstico médico com dados da escola, de casa e um histórico familiar é fundamental para diferenciar o TDAH de simples inquietações da infância.

Segundo Olivia Porto (2007, p. 70 e 71) saber se a criança é hiperativa,

desatenta e/ou impulsiva ela deve apresentar no mínimo seis dos sintomas

descritos nos itens abaixo, durante pelo menos seis meses, antes dos sete

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

25

anos de idade para que possa ser levantada hipótese e suspeita de

hiperatividade:

• Sintomas:

• Desatenção;

• Falta de atenção em detalhes ou erro por descuido;

• Dificuldade em manter a atenção em tarefas ou jogos;

• Desatenção quando lhe dirigem a palavra diretamente;

• Não segue instruções e falha em terminar os deveres de escola ou

tarefas rotineiras;

• Dificuldades em organizar tarefas e atividades;

• Relutância ou desgosto em desenvolver tarefas que exijam esforço

mental constante (como trabalhos escolares e lições de casa);

• Facilidade em perder objetos necessários para tarefas escolares ou

atividades (material escolar, brinquedos);

• Distração, esquecimento de atividades diárias;

• Inquietação: mexe-se na cadeira, balança os pés; movimenta as

mãos, levanta-se da cadeira com freqüência na sala de aula ou em

outras situações em que esperaria que permanecesse sentada;

• Corre ou pula excessivamente em situações inapropriadas;

• Dificuldade em participar de jogos ou atividades de lazer em silêncio;

• Parece estar sempre a “mil por hora” ou a “todo vapor”;

• Fala incessantemente;

• Costuma interromper conversas e não espera que terminem frases

para respondê-las.

• Não sabe esperar sua vez nos jogos, nas brincadeiras e nas filas;

• Interrompe assuntos e faz perguntas antes da hora;

TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) Olivier define TOC “como um

transtorno que faz o emocional sobrepor-se à razão. Desta forma mesmo o

paciente totalmente consciente do ridículo de suas atitudes, parece não ter

forças para controlar seus impulsos”. (2008, p. 103)

Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

26

Síndrome de Asperger:

“Segundo os estudos as pessoas com esse distúrbio possuem as dificuldades ou as falhas consideradas na tríade do autismo, mas não apresentam nenhum atraso significativo de desenvolvimento de fala ou no cognitivo, podendo ser consideradas apenas excêntricas ou estranhas para os padrões considerados normais de comportamentos.” (OLIVIER, 2008, p. 123)

Autismo de acordo com Olivier (2008, p. 111):

“Pode se definido como uma alteração cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo. Isso atrapalha ou impede a capacidade de estabelecer relacionamentos, reconhecer pessoas e/ou objetos, tornando o indivíduo alienado em relação ao ambiente. Alguns autistas apresentam normalidade na inteligência e fala, enquanto outros apresentam também retardo mental, mutismo ou outros retardos no desenvolvimento da linguagem.”

As características mais divulgadas do autismo são:

1. Olhos expressivos. Parece não enxergar ou não conseguir fazer

nenhum contato com o meio exterior por meio dos olhos.

2. Age como surdo, parece não ouvir nada e pode gritar

inesperadamente.

3. Não aprende a falar, chega aos cinco ou seis anos sem conseguir

nunca expressar-se verbalmente ou, então, pode começar a

desenvolver a linguagem falada, mas há uma interrupção desse

processo sem nenhum motivo aparente, e a linguagem adquirida

parece apagada irreversivelmente.

4. Age de forma alienada ou desatenta, parece não ver nem sentir

nada e age sem demonstrar interesse pelo que acontece à sua

volta, com ele mesmo ou com os outros.

Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

27

5. Pode tornar-se agressivo, inclusive atacando e/ou ferindo a si

mesmo ou a outras pessoas, sem nenhum motivo aparente.

6. Não responde a nenhum estímulo e é inacessível diante de

tentativas de comunicação das outras pessoas, mesmo sendo seus

pais ou parentes muito próximos.

7. Costuma passar longos períodos parado ou fixa-se em poucos

pontos e não como, normalmente, as crianças fazem querendo

tocar e conhecer tudo a sua volta.

8. Como já disse, parece desenvolver alguns rituais que repete

constantemente, principalmente o mais característico que é o gesto

de balançar as mãos e os braços ou balançar-se.

9. Ao invés de reconhecer e brincar com seus brinquedos, geralmente

os lambe, cheira, morde ou os atira longe.

(OLIVIER, 2008)

2.1 A escola

A escola apresenta-se, hoje, como local institucional de aprendizagem,

constituindo-se em espaço físico e socialmente aceito como local onde

crianças são educadas, ou seja, adquirem valores morais e comportamentos

socialmente desejados.

Na LDB, lei 9394/96 diz em seu art. 2o:

“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos idéias de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

28

Desse modo:

A escola constitui um importante local de troca, de obtenção de informação e de aprendizado da investigação. É na escola que formulamos grande parte das respostas e das perguntas necessárias à compreensão de nossas vidas, de nossa sociedade e de nosso cotidiano; é o espaço no qual podemos adquirir a idéia do tempo e da transformação que a humanidade produziu. (BOCK, et all, 2002, p. 270)

Inicialmente, os valores morais e os conhecimentos necessários para

se viver em sociedade eram transmitidos de geração em geração, pelo grupo

do qual o indivíduo fazia parte. A partir da Idade Média a educação passou a

ser produto da escola. Espaços específicos foram criados e pessoas foram

especializadas para tal intento. Contudo, poucos iam a escola, que era

destinada às elites. Inicialmente serviu aos nobres, depois a burguesia.

O material básico a ser transmitido eram a cultura da aristocracia e os

conhecimentos religiosos. Passavam a ser ensinados, cuidadosamente as

atividades desempenhadas pelos grupos dominantes na sociedade. Enfim, a

escola desenvolvia-se como uma instituição social especializada, que atendia

aos filhos das elites.

No século XIX, com as revoluções e o desenvolvimento das

industrializações provocaram mudanças na sociedade, nos espaços de

trabalho e nas famílias. Surgindo a necessidade das famílias de prepararem

seus filhos para o trabalho e para a vida social. Essa função foi entregue a uma

instituição que soubesse educar para o trabalho e para a sociedade.

Também, a Revolução Industrial com a sofisticação de máquinas e

novas tecnologias, obrigou a escola a assumir novas funções como a de

preparar o indivíduo para o trabalho, ensinando-lhe como lidar com essas

tecnologias. Ao longo dos anos movimentos sociais reivindicaram a

democratização do ensino, ou seja, universalização da escola. A escola,

Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

29

portanto, constitui-se como uma instituição da sociedade que forma cidadãos

para a sociedade. Cumprindo o papel de preparar crianças para viverem no

mundo dos adultos, estabelecendo uma mediação entre a criança e a

sociedade, ensinando-lhe valores, idéias, modelos de comportamento e

conhecimentos como: leitura, escrita, cálculos...

Cabe a escola ensinar a ler, escrever, contar... e outros saberes

acumulados pela sociedade. O saber-instrumento básico no trabalho de

desenvolver indivíduos.

Assim:

“A instituição escolar, a rigor, tem a função de preparar a criança para ingressar na sociedade, promovendo as aprendizagens tidas como importantes para o grupo social ao qual esse sujeito pertence.” (BOSSA, 2007, p. 91)

De maneira que:

A escola é, então, participante desse processo de aprendizagem que inclui o sujeito no seu mundo sociocultural. Ela é, com efeito, a grande preocupação da psicopedagogia em seu compromisso de ação preventiva e cada sujeito tem uma história pessoal, da qual fazem parte várias histórias: a familiar, a escolar entre outras, as quais, articuladas, se condicionam mutuamente. (BOSSA, 2007, p. 88)

Embora, para cumprir esta função a escola enfrenta vários problemas e

desafios como: a articulação desses saberes com a vida cotidiana e promover

aprendizagens significativas. Faz-se necessário, à escola adaptar-se as

demandas atuais da sociedade, tornando-se eficaz na sua tarefa de educar

para e/com a sociedade.

Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

30

Assim:

“A tradição burocrática da escola é um fardo pesado que limita os ideais de uma escola projetada para a liberdade e a autonomia. Mas é no interior dessa escola vivida que é possível construir outra escola.” (GADOTTI, 2003, p. 6)

2.2 O desenvolvimento humano e seus aspectos

O desenvolvimento humano é estudado por uma área de conhecimento

da Psicologia, que estuda-o em todos os seus aspecto-social, afetivo-

emocional, intelectual e físico-motor,desde o nascimento até a fase adulta.

Conforme esta área de conhecimento da Psicologia o desenvolvimento:

“O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais.” (ANA M. B. BOCK, et all, 2002, p. 98)

O estudo do desenvolvimento humano, faz-se importante para

compreender as características dos indivíduos, próprios de cada idade.

Mas também, estudar o desenvolvimento humano implica o estudo da

interação de vários fatores que determinam este desenvolvimento.

Os fatores que influenciam no desenvolvimento humano:

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo,

que pode ou não desenvolver-se. (...)

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

31

Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura

e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um

domínio do mundo que antes não existiam. (...)

Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão

de comportamento. (...)

Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os

padrões de comportamento dos indivíduo. (...)

(BOCK, et all, 2003, p. 99)

Para se entender o desenvolvimento humano como uma totalidade,

pois os aspectos integram-se, eles são abordados à partir de quatro aspectos

básicos, de acordo com (Bock, et all, 2003, p. 100)

“Aspecto físico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, a maturação neurofisiológica, a capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. (...) Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. (...) Afetivo-emocional – é a maneira como o indivíduo integra-se as suas experiências. (...)”

2.3 Teoria do desenvolvimento humano de JEAN PIAGET

Jean Piaget (1896-1980) biólogo e psicólogo suíço, construiu uma das

teorias do desenvolvimento humano que mais se destacam em psicologia.

Piaget durante muitos anos, estudou através de contínuas pesquisas, com rigor

científico para compreender como tem origem e como evolui o conhecimento,

realizando estudos sobre as funções do conhecimento (cognição). Sua

produção teórica servem de referência para a compreensão do

desenvolvimento humano.

Segundo a teoria de Piaget, o desenvolvimento psíquico apresenta os

seguintes estágios:

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

32

• Período sensório-motor (0 a 2 anos)

Este período é caracterizado pela conquista da criança através da

percepção e dos movimentos, do mundo que a rodeia.

As atividades mentais são marcadas pelos reflexos de fundo

hereditário, como o de sugar.

O desenvolvimento físico, permite que em poucos meses a criança

consiga coordenar seus movimentos permitindo-lhe pegar objetos e

gradativamente adquirir novos hábitos.

Neste período o rápido desenvolvimento físico, como sentar,

engatinhar e andar é que propiciam a criança um domínio maior do ambiente.

A criança nesta fase já possui esquemas mentais que lhe permitem

reconhecer a existência de um objeto, mesmo estando-o fora de seu campo

visual, como por exemplo: quando pede uma boneca que perdeu.

A fala neste período é imitativa.

No aspecto afetivo a criança já manifesta preferências por pessoas e

objetos como brinquedos.

• Período pré-operatório (2 a 7 anos)

Este período é caracterizado pelo aparecimento da linguagem. A

linguagem possibilita a interação e a comunicação entre a criança e as outras

pessoas.

Com o aparecimento da linguagem proporciona o maior

desenvolvimento de pensamento.

Page 33: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

33

Neste período aparece o jogo simbólico, onde a criança transforma

elementos do mundo real, em função de seus desejos e fantasias.

No aspecto afetivo a criança mantém um respeito pelas pessoas que

julga superiores a ela.

A criança neste período é egocêntrica.

Neste período, também, a criança já completou a maturação.

• Período das operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

Este período caracteriza-se pela construção da lógica, ou seja, a

capacidade da criança de estabelecer relações que permitam a coordenação e

pontos de vista diferentes e esquemas mentais.

Neste período surgem as operações, pois as crianças conseguem

realizar uma operação real ou no campo do imaginário, pois seu aspecto

intelectual já está mais desenvolvido.

Seu pensamento já lhe permite trabalhar com idéias, estabelecer

relações de causa e efeito etc.

No aspecto afetivo, a criança já é capaz de ter autonomia pessoal e ser

cooperativa com os outros.

Neurofisiológica, que permite o desenvolvimento de novas habilidades,

como a coordenação motora fina.

• Período das operações formais (a adolescência – 11 ou 12 anos em diante)

Este período caracteriza-se pela passagem do pensamento concreto

para o pensamento formal, abstrato.

Page 34: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

34

O adolescente neste período vive conflitos entre o que deseja e o que a

sociedade espera dele.

No aspecto intelectual é capaz de refletir sobre a família, a sociedade e

principalmente sobre as coisas em que gostaria de mudar na sociedade,

contestando-a.

Page 35: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

35

CAPÍTULO III

A CONTRIBUIÇÃO DO PSICOPEDAGOGO PARA AS PRÁTICAS

AVALIATIVAS

A questão da avaliação da aprendizagem escolar se constitui como um

tema essencial na educação, pois a avaliação da aprendizagem desempenha

importante função em qualquer processo de ensino-aprendizagem, pois

segundo Luckesi (2006, p. 81):

“Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que se possa avançar no seu processo de aprendizagem.”

Desse modo o psicopedagogo pode contribuir nas práticas avaliativas,

no sentido de orientar professores e alunos quanto a importância da avaliação,

pois o trabalho do psicopedagogo na instituição escolar auxilia no delineamento

dos objetivos a serem alcançados, levantando hipóteses nos casos de

rendimento insatisfatório dos alunos; verificado através das avaliações

realizadas pelos professores, traçando procedimentos e aspectos a serem

investigados e propondo possíveis soluções para sanar o rendimento

insatisfatório dos alunos e até mesmo detectando possíveis problemas de

aprendizagem.

Através da intervenção psicopedagógica, intervindo quanto ao que foi

ensinado e o que se espera que o aluno aprenda e mais ainda, orientando para

o que o educando é capaz de aprender em cada faixa etária, de acordo com

suas possibilidades neurofisiológicas.

Page 36: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

36

O psicopedagogo pode contribuir para detectar o que é realmente

problema de ensinagem e o que é problema de aprendizagem. Professores

despreparados, métodos inadequados aplicados em aprendizagem, avaliação

imprópria podem levar a maus resultados de aprendizagem.

Assim a avaliação da aprendizagem deve ser pensada a partir do que

se espera que o aluno aprenda, como aprendeu e o que poderá aprender. De

fato uma avaliação adequada e eficiente para se avaliar o que se espera que o

aluno tenha aprendido elimina riscos de julgamentos errôneos sobre as reais

potencialidades dos alunos.

Saber as características neurológicas, psíquicas e físicas do aluno,

fase da sua vida facilita e em conseqüência o de aprendizagem. Desse modo o

psicopedagogo como especialista em aprendizagem humana e em dificuldades

de aprendizagem sabe como intervir junto a professores e alunos quanto aos

processos de ensinar e aprender e de avaliar. Reconstruindo práticas

avaliativas mais coerentes e específicas para cada nível de estágio psíquico.

Assim o psicopedagogo torna-se importantíssimo para as práticas

avaliativas, pois este permite uma harmonia entre o que foi ensinado e o que é

possível aprender verificado através das avaliações, orientando a melhor forma

de ensinar e de se avaliar.

3.1 O que é psicopedagogia: breves considerações

Olívia Porto (2007) apresenta o psicopedagogo como:

“Um multiespecialista em aprendizagem humana, que congrega conhecimentos de diversas áreas, com a finalidade de intervir nos casos de crianças que apresentam um déficit no processo de aprender.”

Page 37: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

37

De modo que:

Historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e a psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças com “distúrbios de aprendizagem”, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional (...) no momento atual, à luz de pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive no nosso meio, e de contribuições da área da psicologia, sociologia, antropologia, lingüística, epistemologia, o campo da psicopedagogia passa por uma reformulação. De uma perspectiva puramente clínica e individual busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva. (SONIA MOOJEN KIGUEL Apud BOSSA, 2007. p. 20).

A psicopedagogia tem como objeto de estudo a aprendizagem

humana. Mais precisamente a dificuldade de aprendizagem.

A psicopedagogia busca embasamento do seu corpo teórico não só em

teorias da pedagogia e da psicologia, mas também em outras áreas o

conhecimento sobre o humano como nos diz Nadia A. Bossa (2007).

• a psicanálise encarrega-se do mundo inconsciente, das

representações profundas, operantes por meio da

dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e

símbolos, permitindo-nos levar em conta a face

desejante do homem:

• a psicologia social encarrega-se da constituição dos

sujeitos, que responde às relações familiares, grupais e

institucionais, em condições socioculturais e econômicas

específicas e que contextuam toda aprendizagem;

• a epistemologia e a psicologia genética encarregam-se

de analisar e descrever o processo construtivo do

conhecimento pelo sujeito em interação com os outros

e com os objetos;

Page 38: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

38

• a lingüística traz a compreensão da linguagem como um

dos meios que caracterizam o tipicamente humano e

cultural: a língua enquanto código disponível a todos os

membros de uma sociedade, e a fala como fenômeno

subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura

simbólica;

• a pedagogia contribui com as diversas abordagens do

processo ensino-aprendizagem, analisando-o do ponto

de vista de quem ensina;

• os fundamentos na neuropsicologia possibilitam a

compreensão dos mecanismos cerebrais que subjazem

ao aprimoramento das atividades mentais, indicando-

nos a que correspondem, do ponto de vista orgânico,

todas as evoluções ocorridas no plano psíquico.

Por conseguinte a psicopedagogia surge buscando formar seu corpo

teórico que lhe garanta um saber científico.

Para Bossa (2007, p. 26):

Esse saber exige do psicopedagogo que recorra a teorias que lhe permitam reconhecer de que modo se dá a aprendizagem, bem como as leis que regem esse processo: as influências afetivas e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que pode favorecê-lo. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e o que é aprender, como interferem os sistemas e métodos educativos; os problemas estruturais intervêm no surgimento dos transtornos de aprendizagem e no processo escolar.

Page 39: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

39

O objeto de estudo da psicopedagogia e a aprendizagem humana e

suas manifestações como nos informa Kiguel:

O objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influencia do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (KIGUEL apud BOSSA, 2007. p. 21).

De acordo com Neves (1991, p. 12):

A psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos. (NEVES Apud BOSSA, 2007. p. 21).

Pois para Golbert:

[o] objeto de estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois entoques: preventivo e terapêutico. O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo. Não deve se restringir a uma só agência como a escola, mas ir também à família e à comunidade. Poderá esclarecer, de forma mais ou menos sistemática, a professores, pais e administradores sobre as características das diferentes etapas do desenvolvimento, sobre o progresso nos processos de aprendizagem, sobre as condições psicodinâmicas da aprendizagem, sobre as condições determinantes de dificuldades de aprendizagem. O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e

Page 40: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

40

tratamento das dificuldades de aprendizagem. (GOLBERT Apud BOSSA, 2007. p. 22).

Para Alícia Fernández a formação do psicopedagogo deve se orientar

sobre três pilares:

a) prática clínica: ocorre em consultório individual-grupal-familiar, em instituições educativas e sanitárias;

b) construção teórica: é permeada pela prática de forma que, a partir desta, a teoria psicopedagógica possa ser tecida;

c) tratamento psicopedagógico-didático: segundo essa autora argentina, o tratamento psicopedagógico-didático é fundamental na formação do psicopedagogo, pois se constitui em um espaço para a construção do olhar e da escuta clínica – a partir da análise do seu próprio aprender –, que configuram a atitude psicopedagógica. (BOSSA, 2007. p. 26).

Logo:

Vale dizer que a psicopedagogia, enquanto área aplicada, implica o exercício de uma profissão (ainda que este fato não seja reconhecido legalmente), isto é, uma forma específica de atuação. Como sabemos, ela surge com o compromisso de contribuir para a compreensão do processo de aprendizagem identificação soa valores facilitadores e comprometedores desse processo, com vistas a uma intervenção. A grande necessidade de uma ação efetiva, nesse sentido fica evidenciada no interesse que tem havido pela psicopedagogia em nosso país. (BOSSA, 2007. p. 57).

Page 41: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

41

3.2 Área de atuação

A área de atuação do psicopedagogo pode ser: clínica, preventiva e

teórica. Como nos informa Olívia Porto (2007, p. 90).

“O campo de atuação do psicopedagogo refere-se não só ao espaço físico onde se dá esse trabalho, mas especialmente ao espaço epistemológico que lhe cabe, ou seja, o lugar deste campo de atividade e o modo de abordar o seu objeto de estudo. A forma de abordar o objeto de estudo pode assumir características específicas, a depender da modalidade: clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se às outras.”

Logo:

Pode-se concluir que o campo da atuação da psicopedagogia é a aprendizagem, e sua intervenção é preventiva e curativa, pois se dispõe a detectar problemas de aprendizagem e “resolvê-los”, além de preveni-los, evitando que surjam outros. (PORTO, 2007, p. 91)

Para Janine Nery (1985) o trabalho do psicopedagogo possui as

seguintes especificidades:

• o “transtorno de aprendizagem’’ é encarado como manifestação de uma perturbação que envolve a totalidade da personalidade;

• o desenvolvimento infantil é considerado a partir de uma perspectiva dinâmica e é dentro dessa evolução dinâmica que o sintoma “transtorno de aprendizagem” é estudado. Assim, se for oferecida uma forma de relação melhor e diferente à criança, ela deverá retomar a sua evolução normal;

• a neutralidade do papel de psicopedagogo é negada, e este conhece a importância da relação transferencial entre o profissional e o sujeito da aprendizagem;

• objetivo do psicopedagogo é levar o sujeito a reintegrar-se à vida escolar normal, respeitando as suas possibilidades e interesses.

(Fonte: BOSSA, 2007, p. 34 e 35)

Page 42: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

42

Segundo Bossa (2007, p. 33) na área preventiva o trabalho

psicopedagógico:

“é de orientação no processo ensino-aprendizagem, visando favorecer a apropriação do conhecimento pelo ser humano, ao longo da sua evolução. Esse trabalho pode se dar na forma individual ou na grupal, na área da saúde mental e da educação.”

Por conseguinte; na função preventiva cabe ao psicopedagogo:

• detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;

• participar da dinâmica das relações da comunidade educativa, a fim de favorecer processos de integração e troca;

• promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos;

• realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.

De acordo com Lino de Macedo (1990) o psicopedagogo ocupa-se das

seguintes atividades:

1) Orientação de estudos – Consiste em organizar a vida escolar da criança quando esta não sabe fazê-lo espontaneamente. Procura-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é necessário ao “como estudar” (como ler um texto, como escrever, como estudar para a prova, etc.).

2) Apropriação dos conteúdos escolares – O psicopedagogo visa propiciar o domínio de disciplinas escolares em que a criança não vem tendo um bom aproveitamento. Ele se diferencia do professor particular, pois o conteúdo escolar é usado apenas como uma estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio de si próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo.

3) Desenvolvimento do raciocínio – Trabalho feito com os processos de pensamento necessários ao ato de

Page 43: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

43

aprender. Os jogos são muito utilizados, pois são férteis no sentido de criarem um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. Este procedimento pode promover um desenvolvimento cognitivo maior do que aquele que as escolas costumam alcançar.

4) Atendimento de crianças – A psicopedagogia se presta a atender deficientes mentais, autistas ou crianças com comprometimentos orgânicos mais graves, podendo até substituir o trabalho da escola. Para Lino de Macedo, estas quatro atividades não são excludentes entre si nem em relação a outras. O atendimento psicopedagógico poderá, em determinados casos, recorrer a propostas corporais, artísticas, etc. De qualquer forma, está sempre relacionado com o trabalho escolar, ainda que com ele nado esteja diretamente comprometido. (BOSSA, 2007, p. 34)

3.2.1 A Psicopedagogia Institucional

Segundo Bossa (2007):

A psicopedagogia institucional se caracteriza pela própria intencionalidade do trabalho. Atuamos, como psicopedagogos, na construção do conhecimento do sujeito, que neste momento é a instituição, com sua filosofia, valores e ideologia. A demanda da instituição está associada à forma de existir do sujeito institucional, seja ele a família, a escola, uma empresa industrial, um hospital, uma creche, uma organização assistencial.

Dependendo da natureza da instituição, a psicopedagogia pode

contribuir trabalhando vários contextos:

• Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a família no papel educacional, complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas de aprender, respeitando as diferenças dos filhos.

• Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento, resgatando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a criatividade e os diferentes

Page 44: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

44

caminhos para buscar saídas, desenvolvendo o imaginário, a função humanística e dos sentimentos na empresa, ao construir projetos e dialogar sobre eles.

• Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e as oficinas psicopedagógicas com os internos.

• Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos. • Diagnostico da escola. • Busca da identidade da escola. • Definições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender.

• Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e diretores sobre práticas e reflexões diante de novas formas de aprender.

• Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avaliativos.

• Oficinas para vivências de novas formas de aprender. • Análise de conteúdo e reconstrução conceitual. • Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração do aluno no processo.

• O papel da escola no diálogo com a família. (HELOISE FOGALI apud BOSSA, 2007, p.87 e 88)

3.3 O psicopedagogo na instituição escolar

Considerando a escola como instituição responsável por socializar os

conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo dos anos, proporcionar

a assimilação de regras de conduta e valores morais aceitos pela sociedade e

de desenvolver cognitivamente crianças, jovens e adultos.

Por conseguinte o trabalho psicopedagógico, deve ser pensado a partir

da instituição escolar. Como afirma Nadia A. Bossa (2007, p. 89).

“A psicopedagogia, no âmbito da sua atuação preventiva, preocupa-se especialmente com a escola. Dedicando-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, colabora com os planos educacionais e sanitários no âmbito das organizações, atuando em uma modalidade cujo caráter é clínico, ou seja, realizando diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes. O campo de atuação da modalidade preventiva é muito amplo, mas pouco

Page 45: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

45

explorado. Sobre o trabalho psicopedagógico na escola muito se tem a fazer. Grande parte da aprendizagem acorre dentro da instituição escolar, na relação com o professor, com o conteúdo e com o grupo social escolar enquanto um todo. Devido ao lugar tão relevante na vida do ser humano, a instituição escolar, paradoxalmente, pode ser também muito prejudicial.

(...) Pensar a escola, à luz da psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo, conforme já dissemos, a participação da família e da sociedade.”

O trabalho realizado na instituição escolar deve ser focado, também na

formação do educador.

“Assim sendo, pensar a escola à luz da psicopedagogia implica nos debruçarmos especialmente sobre a formação do professor. Pode-se dizer, por conseguinte, que uma das tarefas mais importantes na ação psicopedagógica preventiva e encontrar novas modalidades para tornar essa formação mais eficiente (BOSSA, 2007, p. 92).

Pois:

Assim, pois, as propostas de formação docente devem oferecer ao professor condições para estabelecer uma relação madura e saudável com os seus alunos, e autoridades escolares, Investigar, analisar e realizar novas propostas para uma formação docente que considere esses aspectos constitui uma tarefa de extrema importância, da qual se ocupa a psicopedagogia (BOSSA, 2007, p. 92).

Portanto:

Na sua tarefa junto às instituições escolares, portanto, o psicopedagogo deve refletir sobre essas questões,

Page 46: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

46

buscando dar a sua contribuição no sentido de prevenir ulteriores problemas de escolaridade. A formação do professor, conforme podemos deduzir, é um aspecto que desperta, envolve, instiga e mobiliza grande parcela do interesse da psicopedagogia (BOSSA, 2007, p. 92).

A atuação do psicopedagogo na escola, deve ser pensada considerando

o trabalho de melhoria da relação tanto dos alunos, como de educadores com a

aprendizagem. Atuando para otimizar a aprendizagem com os sujeitos que com

ela se relacionam.

Page 47: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

47

CONCLUSÃO

Considerando os problemas de aprendizagem que a escola encontra de

educar. Todavia, no âmbito escolar, havendo uma avaliação da aprendizagem

coerente e adequada, torna-se mais fácil distinguir o que é realmente problema de

aprendizagem.

Contudo mesmo diante de uma pedagogia eficiente, há casos de alunos

com dificuldades de aprendizagem cabe ao psicopedagogo, profissional habilitado

à interferir nos casos de dificuldades de aprendizagem. Pois estes com estudos

sobre psicologia, entre outras disciplinas, sobre os enfoques da psicologia nas

questões da aprendizagem e as contribuições teóricas de Jean Piaget, auxilia a

compreender os aspectos que permeiam o desenvolvimento e a aprendizagem

humana.

O psicopedagogo saberá interferir nos casos de dificuldades de

aprendizagem. Assim o psicopedagogo torna-se um profissional necessário na

instituição escolar, para interferir nos casos de problemas de aprendizagem

Page 48: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

48

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Código de ética da ABPp

Anexo 2 >> Atividades Complementares

Page 49: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

49

ANEXO 1

CÓDIGO DE ÉTICA DA ABPp

Elaborado pelo Conselho Nacional do Biênio 91/92 e Reformulado pelo

Conselho Nacional e Nato do Biênio 95/96

Capítulo I – Dos princípios

Artigo 1o

A psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com

o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos,

considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu

desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia

Parágrafo único

A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento

relacionado com o processo de aprendizagem.

Artigo 2o

A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias

áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no

sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios.

Artigo 3o

O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter

preventivo e/ou remediativo.

Artigo 4o

Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os profissionais

graduados em 3o grau, portadores de certificados de curso de Pós-Graduação

em Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino oficial e/ou

Page 50: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

50

reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo indispensável submeter-se

à supervisão e aconselhável trabalho de formação pessoal.

Artigo 5o

O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i) promover a aprendizagem,

garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo

valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii)

realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia.

Capítulo II: Das responsabilidades dos psicopedagogos

Artigo 6o

São deveres fundamentais dos psicopedagogos:

a) Manter-se atualizado quanto aos conhecimentos científicos e técnicos que

tratem o fenômeno da aprendizagem humana;

b) Zelar pelo bom relacionamento com especialistas de outras áreas, mantendo

uma atitude crítica, de abertura e respeito em relação às diferentes visões de

mundo;

c) Assumir somente as responsabilidades para as quais esteja preparado

dentro dos limites da competência psicopedagógica;

d) Colaborar com o progresso da Psicopedagogia;

e) Difundir seus conhecimentos e prestar serviços nas agremiações de classe

sempre que possível;

f) Responsabilizar-se pelas avaliações feitas fornecendo ao cliente uma

definição clara do seu diagnóstico;

g) Preservar a identidade, parecer e/ou diagnóstico do cliente nos relatos e

discussões feitos a título de exemplos e estudos de casos;

h) Responsabilizar-se por crítica feita a colegas na ausência destes;

i) Manter atitude de colaboração e solidariedade com colegas sem ser

conivente ou acumpliciar-se, de qualquer forma, com o ato ilícito ou calúnia.

O respeito e a dignidade na relação profissional são deveres fundamentais

do psicopedagogo para a harmonia da classe e manutenção do conceito

público.

Page 51: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

51

Capítulo III: Das relações com outras profissões

Artigo 7o

O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boas relações com os

componentes das diferentes categorias profissionais, observando, para este

fim, o seguinte:

a) Trabalhar nos estritos limites das atividades que lhes são reservadas;

b) Reconhecer os casos pertencentes aos demais campos de especialização;

encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o

atendimento;

Capítulo IV: Do sigilo

Artigo 8o

O psicopedagogo está obrigado a guardar segredo sobre fatos de que tenha

conhecimento em decorrência do exercício de sua atividade.

Parágrafo Único

Não se entende como quebra de sigilo, informar sobre cliente a especialistas

comprometidos com o atendimento.

Artigo 9o

O psicopedagogo não revelará, como testemunha, fatos de que tenha

conhecimento no exercício de seu trabalho, a menos que seja intimado a depor

perante autoridade competente.

Artigo 10o

Os resultados de avaliações só serão fornecidos a terceiros interessados,

mediante concordância do próprio avaliado ou do seu representante legal.

Artigo 11o

Os prontuários psicopedagógicos são documentos sigilosos e a eles não será

franqueado o acesso a pessoas estranhas ao caso.

Page 52: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

52

Capítulo V: Das publicações científicas

Artigo 12o

Na publicação de trabalhos científicos, deverão ser observadas as seguintes

normas:

a) A discordância ou críticas deverão ser dirigidas à matéria e não ao autor;

b) Em pesquisa ou trabalho em colaboração, deverá ser dada igual ênfase aos

autores, sendo de boa norma dar prioridade na enumeração dos

colaboradores àquele que mais contribuir para a realização do trabalho;

c) Em nenhum caso, o psicopedagogo se prevalecerá da posição hierárquica

para fazer publicar em seu nome exclusivo, trabalhos executados sob sua

orientação;

d) Em todo trabalho científico deve ser indicada a fonte bibliográfica utilizada,

bem como esclarecidas as idéias descobertas e ilustrações extraídas de

cada autor.

Capítulo VI: Da publicidade profissional

Artigo 13o

O psicopedagogo ao promover publicamente a divulgação de seus serviços,

deverá fazê-lo com exatidão e honestidade.

Artigo 14o

O psicopedagogo poderá atuar como consultor científico em organizações que

visem o lucro com venda de produtos, desde que busque sempre a qualidade

dos mesmos.

Capítulo VII: Dos honorários

Artigo 15o

Os honorários deverão ser fixados com cuidado, a fim de que representem

justa retribuição aos serviços prestados e devem ser contratados previamente.

Page 53: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

53

Capítulo VIII: Das relações com saúde e educação

Artigo 16o

O psicopedagogo deve participar e refletir com as autoridades competentes

sobre a organização, implantação e execução de projetos de Educação e

Saúde Pública relativo às questões psicopedagógicas.

Capítulo IX: Da observância e cumprimento do código de ética

Artigo 17o

Cabe ao psicopedagogo, por direito, e não por obrigação, seguir este código.

Artigo 18o

Cabe ao Conselho Nacional da ABPp orientar e zelar pela fiel observância dos

princípios éticos da classe.

Artigo 19o

O presente código só poderá ser alterado por proposta do Conselho da ABPp e

aprovado em Assembléia Geral.

Capítulo X: Das disposições gerais

Artigo 20o

O presente código de ética entrou em vigor após sua aprovação em

Assembléia Geral, realizada no V Encontro e II Congresso de Psicopedagogia

da ABPp em 12/07/1992, e sofreu a 1a alteração proposta pelo Congresso

Nacional e Nato no biênio 95/96, sendo aprovado em 19/07/1996, na

Assembléia Geral do III Congresso Brasileiro de Psicopedagogia da ABPp, da

qual resultou a presente redação.

Page 54: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

54

ANEXO 2

ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Page 55: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

55

BIBLIOGRAFIA

BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologia: Uma introdução ao estudo de

psicologia / Ana Mercês Bahia Bock, Odair Furtado, Maria de Lurdes Trassi

Teixeira. 13a edição. Ed. Saraiva. São Paulo, 2002.

BOSSA, Nadia A. Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da

prática. 3a edição. Ed. Artmed. Porto Alegre, 2007.

CURY, Carlos Alberto Jamil. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação,

Lei 3.393/96. 6a edição. Editora DP&A. Rio de Janeiro, 2003.

GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã. 9a edição. Cortez editora. São Paulo, 2003.

LUCKESI, Cipriano Carlos. A Avaliação da Aprendizagem Escolar. 18a

edição. São Paulo. Cortez editora, 2006.

OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. 4a

edição. Editora WAK. Rio de Janeiro, 2008.

PCN. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ministério da

Educação, pág. 81 a 93.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. 21a edição. São Paulo. Editora Ática, 1997.

PORTO, Olívia. Bases da Psicopedagogia no Brasil: Diagnóstico e

intervenção nos problemas de aprendizagem. Editora WAK. Rio de Janeiro,

2007.

REVISTA NOVA ESCOLA, São Paulo. Fundação Victor Civita. Novembro de

2001.

Page 56: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

56

ROSA, Sanny S. da. Construtivismo e Mudança. 8a edição. Cortez editora.

São Paulo, 2002.

Page 57: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

57

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO............................................................................................ 2

AGRADECIMENTO............................................................................................ 3

DEDICATÓRIA................................................................................................... 4

EPÍGRAFE ......................................................................................................... 5

RESUMO............................................................................................................ 6

METODOLOGIA................................................................................................. 7

SUMÁRIO........................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

A importância da Avaliação Para o Processo Ensino-Aprendizagem.................... 10

1.1 Relação entre Ensino e Aprendizagem.................................................. 12

1.2 Aprendizagem e Motivação ................................................................... 12

1.3 O que é Avaliação: Breves Considerações............................................ 13

1.4 Funções da Avaliação............................................................................ 13

1.5 Avaliação Diagnóstica............................................................................ 14

1.6 Avaliação Formativa .............................................................................. 15

1.7 Avaliação Somativa ............................................................................... 15

1.8 A Avaliação conforme a LDB ................................................................. 17

CAPÍTULO II

Dificuldades de Aprendizagem mais Freqüentes no Ambiente Escolar................. 18

2.1 A Escola................................................................................................. 27

2.2 O Desenvolvimento Humano e seus Aspectos...................................... 30

2.3 Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget ............................ 31

CAPÍTULO III

A Contribuição do Psicopedagogo Para as Práticas Avaliativas ...................... 35

3.1 O que é Psicopedagogia: Breves Considerações.................................. 36

3.2 Área de Atuação .................................................................................... 41

Page 58: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

58

3.2.1 A Psicopedagogia Institucional.................................................... 43

3.3 O Psicopedagogo na Instituição Escolar ............................................... 44

CONCLUSÃO................................................................................................... 47

ANEXOS .......................................................................................................... 48

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 55

ÍNDICE ............................................................................................................. 57

Page 59: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO EM ... · Por conseguinte desde quando nascemos fomos aprendendo e continuamos nesse processo, ou seja, só se deixa de aprender quando

59

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Noma da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Avaliação e o Psicopedagogo

Autor: Roberta Motta Fernandes

Data da Entrega:

Avaliado por: Conceito: