universidade candido mendes pós-graduação em gestão ... · 2.1 – os Óculos no brasil com o...
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Universidade Candido Mendes
Campus Tijuca
Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Vendas e Nogociação
Monografia
Grandes redes de ópticas X ópticas independentes. Como ajudar as ópticas independentes a se
posicionar adequadamente para seus clientes. Por: Hugo Grimaldi
Fevereito de 2009
Sumário
1.0 – Introdução
2.0 – O mercado Óptico
2.1 – Histórico – Os Óculos no Brasil
2.2 - O mercado atual
2.3 - Ópticas Independentes X Redes de Ópticas
3.0– Conceitos
3.1 – O Marketing de Relacionamento e o Mercado Óptico
3.2 – Segmentação de Mercado e Posicionamento
4.0 – Programa de Gerenciamento no Varejo Óptico
4.1 – A empresa míope
4.2 – O Norte das Empresas
4.2.1 – As etapas do Norte Único Compartilhado
5.0 – Conclusão
6.0 - Bibliografia
7.0 - Anexos
1 - Introdução
Este estudo tem como objetivo demonstrar a dificuldade encontrada pelos proprietários de óticas
independentes ou pequenas redes de óticas no estado do Rio de Janeiro para se posicionar perante o seu
cliente e oferecer o atendimento e produto adequado para o mesmo. A falta de identidade das óticas é
clara, não existe na grande maioria dos casos, um público alvo específico, os ópticos querem vender tudo
para todos. Inclusive consideram as grandes redes de ópticas como principais concorrentes,
demonstrando claramente falta de um posicionamento adequado no mercado onde está inserido.
Através dos conceitos de marketing, pretende-se criar formas de preparar a equipe de vendedores e o
proprietário para atender o cliente certo com o produto certo.
O autor pretende com este TCC enriquecer o mercado óptico, tornando-o ético e competitivo, evitando
que tantas lojas (empresas), fechem as portas por falta de um posicionamento adequado. Beneficiando o
consumidor que receberá o atendimento e o produto adequado para a sua necessidade e disponibilidade
financeira
2.0 - O Mercado Óptico
2.1 – Os Óculos no Brasil
Com o início do processo de colonização portuguesa no Brasil durante a primeira metade
do século XVI, temos a introdução dos primeiros óculos. Estes vinham junto com os religiosos,
principalmente os jesuítas, funcionários da coroa Portuguesa, colonos abastados e homens de
letras.
O valor dos chamados “óculos do reino” era alto. Somente representantes da elite colonial
poderiam ter acesso ao bem, que era encomendado à Metrópole como verdadeira jóia.
A transição do século XVIII para o século XIX marca a crise do sistema colonial e o
desgaste político da relação metópole-colônia. E justamente após a separação política do Brasil
em relação à Portugal, justamente com a formação da nação a óptica brasileira começa a se
desenvolver. Os primeiros óculos começam a ser fabricados no país, ainda totalmente artesanais,
produzidos pelos chamados “técnicos oculistas”, que chegavam vindos da Europa,
principalmente da Alemanha e da França.
Durante todo o período monárquico, a óptica no Brasil ficou restrita à algumas grandes
cidades brasileiras: começou no Recife, depois expandiu-se para Salvador, Rio de Janeiro, São
Paulo, Rio Grande e por fim Porto Alegre. O mercado consumidor era muito restrito, o país
possuía um sistema econômico agrário, e até a primeira metade do século XIX não existiam
fatores favoráveis à industrialização brasileira. A política livre-cambista e a concorrência das
manufaturas inglesas impediam a industrialização do país.
A abertura das ópticas ou das seções de óptica nas joalherias deu-se principalmente no
início do período republicano. A transição do século XIX para o século XX marca a formação de
um estado burguês no país. A transferência da capital rural para o meio urbano remodela várias
cidades brasileiras.
O sistema econômico continuava com sua estrutura baseada na exportação do café, mas
sem dúvida o parque industrial do país e principalmente o comércio, que durante o século XIX
tinha ficado restrito ao ramo de secos e molhados, cresciam, apresentando já grande
diversificação. Neste contexto, surgem as primeiras ópticas no país, muito ligadas à rede de
oculistas práticos do século XIX e aos imigrantes, que começaram a chegar em maior número nas
primeiras duas décadas do século XX.
No Rio de Janeiro durante os primeiros anos republicanos e principalmente após a
reforma urbana do prefeito Pereira Passos, durante a presidência de Rodrigo Alves, o comércio
da capital federal irá passar por um período de grande crescimento. A chegada de imigrantes
árabes, judeus e portugueses contribui para o desenvolvimento do varejo carioca.
Em 1898, o oculista científico norte-americano A.Aronson recebe encomendas de óculos,
armações e lentes no quarto nº 6 do Grande Hotel Vitória. Após alguns meses ele abre uma
pequena óptica na rua Uruguaiana, onde passa a receitar e confeccionar óculos de grau e a
oferecer armações de oura, prata, níquel e celulóide, além de lentes de cristal de rocha da
Inglaterra. Inunda o Jornal do Comércio com dezenas de anúncios, e atende pela manhã no hotel
e à tarde na loja da rua Uruguaiana. Após fulminante sucesso, Aronson viajou para Campos e São
Paulo e depois saiu do país.
A óptica que revoluciona o segmento na capital federal, entretanto, foi inaugurada em
1890 pelo judeu francês Louis Levy, atingindo uma expressiva clientela por volta de 1895. Era a
óptica Ao Tesouro da Vista, localizada na rua do Hospício, 126. Oculista técnico conhecido,
Louis Levy representava no país fábricas francesas de instrumentos ópticos, tais como binóculos,
lunetas e telescópios. Trabalhava com vários tipos de armações, em ouro, tartaruga e aço, com
modelos italianos e lentes francesas.
A óptica Ao Tesouro da Vista foi sem dúvida uma das pioneiras do ramo no Rio de
Janeiro, pois no final do século XIX muitas de suas concorrentes eram seções dentro de um
comércio que envolvia relógios e jóias. A partir do início do século XX, muitas ópticas foram
sendo fundadas, e o segmento óptico entrou em uma fase de sólido crescimento.
2.2 – O Mercado Atual
O mercado óptico nacional evolui muito desde o pioneirismo da óptica Ao Tesouro da
Vista, e hoje existem cerca de 17.000 (dezessete mil) ópticas, 11.000 (onze mil)
oftalmologistas e 300 (trezentos) laboratórios/distribuidores. No atual mercado óptico
nacional existe uma forte relação entre ópticas, oftalmologistas e laboratórios.
Com exceção de grandes redes, as demais ópticas não possuem estoque de lentes e
equipamentos para fazer a montagem dos óculos, ficando isso a cargo dos
laboratórios/distribuidores que compram direto dos fabricantes de lentes e fazem a
distribuição para o mercado. Evitam assim que empresas como Essilor, Transitions, Hoya,
Zeiss, Macprado e outras, precisem de uma logística para distribuir para todo o varejo,
concentrado sua distribuição nos laboratórios/distribuidores.
Os laboratórios/distribuidores devido a intensa competitividade no mercada estão cada
vez mais investindo na qualidade do serviço prestado as óticas e na qualificação dos seus
profissionais, técnicos e força de vendas. Hoje em dia uma óptica recebe a visita de
representantes dos laboratórios/distribuidores, das empresas fabricantes de lentes e dos
fabricantes de armações e óculos solares, todos com a intenção de conquistar a preferência do
óptico.
Apesar de não ser uma relação oficializada, muitas ópticas possuem o apoio de alguns
oftalmologistas que “indicam” ou fazem exames de vista para estas ópticas., já que a não é
permitido o exame de vista na óptica.
Abaixo segue tabela com o faturamento do mercado óptico nos últimos anos:
Faturamento total do setor (em milhões de R$)
2000 2001 % 2002 % 2003 % 2004 % 2005 % 2006
Estimativa
900 905 -8,6 960 6 787 -18 850 8% 935 10% 1.215
Fontes: Secex / Abiótica
b) Evolução de vendas (em milhões de unidades)
Óculos de Prescrição
Ano (milhões de unidades) %
Óculos Solares
(nacionais + importados)
(milhões de unidades)
%
1996 15,2 - 18 -
1997 16,1 5,9 19,5 8,3
1998 17 5,6 21 7,7
1999 18,1 6,4 23 9,5
2000 19,5 7,7 25 8,7
2001 20 2,6 28,4 13,6
2002 21 5 30 5,6
2003 21,5 2,4 32 6,7
2004 22,5 4,6 35 9,3
2005 24 6,6 37 5,7
2006 - Estimativa 31,2 48,1
Fonte: Abiótica
2.3 – Ópticas Independentes X Redes de Ópticas
Das 17.000 (dezessete mil) ópticas do mercado nacional, as grandes redes representam cerca
de 4% do total destas lojas, onde podemos destacar algumas delas:
- Óticas Diniz – 197 lojas em 18 estados;
- Óticas Carol – 150 lojas (SP);
- Fotóptica – 88 lojas (SP, RJ, SC)
- Óticas do Povo – 72 lojas (RJ, ES, MG);
- Grupo Bukovisky – 71 lojas com várias bandeiras (RJ, ES, MG);
- Panoceanic – 48 lojas com as bandeiras: New Ótica, Fábrica de Óculos e Free Land (RJ);
- Centro Óptico – 22 lojas (MG).
E como as grandes redes possuem estrutura e volume de vendas que lhes proporciona um
grande poder de negociação junto aos seus fornecedores de lentes, armações e solares, com
isso, o resultado são produtos mais baratos para o consumidor.
Por outro lado às ópticas independentes que não possuem o mesmo poder de negociação
junto aos fornecedores tem o seu custo final de um óculos acrescido de outros custos, já que
os mesmos compram, no caso das lentes, de um laboratório/distribuidor que além do custo
das lentes incluem o custo da mão de obra para fazer a confecção das lentes e montagem dos
óculos.
Alguns ópticos criam diferenciais para conquistar e manter o seu cliente evitando a
migração para as redes que oferecem na maioria dos casos, somente um preço mais baixo.
Mas infelizmente essa é a grande minoria.
A maioria das ópticas independentes acham que tem o mesmo poder de negociação que as
redes e costumam pressionar, sem sucesso, os fornecedores para conseguir os mesmos valores
de compra. Alguns acabam entrando na briga de preços com as redes, só que devido ao seu
menor volume de vendas, não conseguem ter lucratividade suficiente para sustentar os preços
mais baixos e em alguns casos chegam até a fechar as portas.
E como ajudar a estas ópticas independentes a ter maior lucratividade no mercado ? Como
ajuda-las a conquistar e manter seus clientes ?
Para responder estas e outras perguntas, o autor sugere a criação de um programa de
gerenciamento no varejo para as ópticas independentes utilizando os conceitos de marketing.
Estas ópticas não possuem recursos próprios para pagar uma consultoria externa para
desenvolver este programa, então o mais adequado seria que esse programa de gerenciamento
no varejo fosse implementado por uma das empresas líderes no mercado de produtos ópticos,
pois desta forma ela estaria criando um diferencial para seus clientes no varejo e
conquistando a confiança do óptico.
3.0 - Conceitos
3.1 - O Marketing de Relacionamento e o Mercado Óptico
Após a promulgação do código de defesa do consumidor, as relações entre os clientes e as
empresas mudaram bastante no Brasil. Mas não foi somente isso que fez essa relação passar por
mudanças, as formas tradicionais de abordar o cliente estão sendo substituídas pelo MKT de
relacionamento e o CRM.
As variáveis humanas impedem a previsão do futuro nos negócios, mas as organizações precisam
traçar cenários favoráveis para seu negócio, atentos às ameaças e oportunidades do mercado onde está
inserido.
Para acompanhar as mudanças da sociedade, mais velozes que as empresas, estas precisam se
aproximar mais de seus clientes com a implementação do MKT de relacionamento e do CRM.
Nos últimos anos, as empresas cresceram de modo que as afastaram de seus clientes.
As grandes corporações, na busca pela modernidade e globalização, estão cometendo o equívoco
de deixar a intimidade com seus clientes diminuir progressivamente.
Os profissionais de MKT estão constantemente adequando suas estratégias a cada novo serviço
ou produto lançado. A facilidade de se criar produtos ou marcas, extensões de linha também torna o
mercado cada vez mais competitivo, onde os concorrentes estão sempre criando formas de chegar ao
topo. No mercado óptico, a Essilor foi a empresa que desenvolveu a primeira lente multifocal do mundo,
as lentes Varilux. E no atual mercado brasileiro e internacional, existem inúmeros concorrentes da
Essilor com marcas de lentes com o sufixo lux.
A pirataria também é responsável por perdas no mercado óptico, atingindo principalmente os
grandes fabricantes de armações e óculos solares, onde cópias são facilmente encontradas nos
ambulantes das principais capitais do país.
Com as mudanças na sociedade moderna, onde temos famílias cada vez menores, as mulheres
tendo cada vez mais participação nas empresas, e a valorização do individual, as empresas estão
adequando seus produtos e serviços para essas novas famílias.
No mercado óptico estas mudanças também podem ser notadas. Desde o lançamento da primeira
lente multifocal em 1959, o “Varilux I”, as lentes passaram por vários avanços tecnológicos, e hoje,
mesmo que ainda não acessível para a maioria, já se pode ter uma lente multifocal, também chamada de
progressiva, totalmente personalizada onde são considerados os movimentos de cabeça e dos olhos do
cliente, com campos de visão distribuídos de acordo com os vícios de postura de cada indivíduo, além do
cliente poder inserir na lente suas inicias como uma marca d´água na lente.
O cliente hoje tem consciência da sua importância e do seu poder de compra, sendo decisivo no
sucesso ou no fracasso das empresas.
E apesar das empresas estarem adequando seus produtos e serviços para atenderem melhor os
clientes de maneira individualizada, refeições congeladas em porções individuais, por exemplo, sabe-se
que a diversidade de clientes é muito grande. Mesmo que as empresas consigam separa-los em grupos
com características semelhantes para atende-los melhor, sabe-se que cada ser é único, com
características de comportamento e valores pessoais únicos.
A maioria dos relacionamentos entre empresa e cliente começa em desequilíbrio, pois este,
durante sua experiência de relacionamento, quase sempre se apresenta mais envolvido e participativo
com a empresa do que ela com ele. Por outro lado, é comum a companhia desconhecer a cor favorita de
seu cliente, a sua música predileta e a forma de comunicação que prefere, por exemplo. Esse
desequilíbrio é tão grande que faz com que os consumidores se contentem com pouca atenção recebida.
O cliente quando recebe um cafezinho é atendido com um sorriso e chamado pelo nome torna
este momento uma experiência fantástica. E este mesmo cliente pode perdoar uma empresa, quando este
comete algum erro, aceitando um simples pedido de desculpas. Mas por outro lado, quando o cliente
erra, são punidos severamente pelas empresas.
Como clientes e empresas comumente tem objetivos diferentes, acontece o inevitável
atrito entre ambos, e é nesse momento que o profissional de CRM deve agir. Ele precisa defender
o interesse dos clientes, que cada vez mais quer pagar menos e ter mais benefícios, mas também
defender os interesses da empresa para qual trabalha.
Como o consumidor vem mudando o seu comportamento e hábitos de consumo de maneira
veloz, as empresas precisam facilitar o acesso desse cliente a empresa, a comunicação precisa ser
facilitada, e a internet e o call center estão deixando de ser chamados de canais alternativos de
comunicação e sendo cada vez mais utilizados.
As empresas já reconhecem que certos negócios já não precisam ser realizados pessoalmente,
mas isso não significa que o vendedor tradicional vai ser substituído, pelo contrário, se ele passar a fazer
a venda de forma consultiva, identificando necessidades e desejos dos seus clientes, ele será cada vez
mais importante para a empresa. Quanto maior a necessidade de negociação entre as partes, maior será a
exigência de humanização e competência no relacionamento.
Portanto, quanto maior o contato humano com o cliente, maior o poder de negociação. Será
também necessário que os produtos e serviços apresentem mais margem de contribuição, pois os
contatos presenciais têm o custo mais elevado.
Todos os investimentos para se agregar valor aos produtos, gerar confiança e benefícios entre
clientes e empresa, tem como objetivo conseguir a lealdade deste cliente. Mas vários fatores estão
contribuindo para a queda de lealdade dos clientes e os gestores de relacionamento devem estar atentos a
eles:
- o comércio varejista deixou de ser fiel às grandes marcas e já produz ou dá preferência também
as marcas desconhecidas;
- os clientes estão menos dependentes de certos produtos, pois existem alternativas confiáveis,
como é o caso dos remédios genéricos;
- a concorrência vem encontrando formas de reduzir custos;
- as promoções equivocadas e quase intermináveis cansaram os clientes, que querem experimentar
novas marcas;
- muitas empresas apostaram na crença em pesquisas que revelam intenção de recompra por parte
dos consumidores, mas que nem sempre agem desse forma.
A lealdade não deve ser imposta e sim negociada, pois se isso acontecer, ao invés de ela ajudar, vai
acabar prejudicando a empresa. A fidelidade comporta uma série de estratégias para ganhar a preferência
e o coração do cliente. A queda da fidelidade ás marcas líderes é um fenômeno mundial provocado pelo
aumento de liberdade de escolha dos clientes conjugado com a sua insaciável vontade de experimentar
novos produtos e serviços.
3.2 - Segmentação de Mercado e Posicionamento
O que é Segmentação
Neste contexto, o processo de segmentação de mercado é de fundamental importância na
criação de estratégias de marketing efetivamente eficazes. Segundo Weinstein (1995:18), a
segmentação pode ser entendida como “o processo de dividir mercados em grupos de
consumidores potenciais com necessidades ou características similares, que, provavelmente,
exibirão comportamento de compra similar”. Portanto o primeiro passo para a otimização das
estratégias de marketing das empresas no contexto contemporâneo leva a reconhecer que nem
todos os produtos e serviços oferecidos são direcionados para todos os consumidores.
Objetivos da Segmentação
Dado o seu caráter estratégico nas decisões de marketing, Weinstein (1995) destaca que o
processo de segmentação possui, como objetivo geral, buscar melhor posicionamento
competitivo da empresa no mercado e gerar valor para os seus consumidores, ao atender de
maneira diferenciada as necessidades e os desejos destes.
São objetivos específicos da segmentação:
- Buscar constantemente o aumento das vendas da empresa, tanto em unidades de produtos
quanto em receita;
- Propiciar um aumento de market share;
- Possibilitar uma valorização da imagem da empresa, almejando respeitabilidade por parte
da sociedade e reputação por parte dos consumidores.
Benefícios e limitações da segmentação
A pesquisa de marketing e o estudo do comportamento do consumidor fornecem as
informações necessárias à seleção dos critérios de segmentação de mercado adotados pelas
empresas. Os benefícios principais da adoção de estratégias de segmentação podem assim ser
destacados:
- Permite a pesquisa e produção de produtos que atendem de maneira eficaz as
necessidades do mercado e dos consumidores;
- Auxilia na diminuição dos custos envolvidos na elaboração de estratégias promocionais
eficazes, posto que tais esforços são dirigidos para os canais adequados;
- Possibilita uma avaliação do estado do mercado, ao gerar uma imagem da posição da
empresa no mercado e de seus concorrentes;
- Oferece subsídios para a revisão constante das estratégias de marketing da empresa,
devendo ser levada em consideração na projeção de cenários competitivos de curto, médio
e longo prazo.
A segmentação tem algumas limitações, especialmente no que tange ao aumento dos
custos das estratégias de marketing (planejamento, introdução, acompanhamento e revisão),
além de necessitar de um comprometimento maior dos diferentes setores da empresa nos
esforços de uma orientação para o mercado. Entretanto, uma segmentação bem feita serve de
base para todos os esforços de marketing, como, por exemplo, reposicionamento de marcas e
orientação da comunicação. Um estudo de segmentação talvez se constitua no exemplo de
pesquisa de marketing mais perene que existe.
Opções de segmentação
A segmentação de mercado é uma prática quase imperativa no marketing contemporâneo.
No entanto, segmentar mercados não é algo homogêneo, tanto a estrutura dos mercados
quanto as características dos consumidores diferem em função do produto e do nicho que se
deseja atingir. Sendo assim, a empresa, ao adotar a segmentação, tem por escolha as seguintes
orientações:
- Marketing diferenciado: a segmentação por diferenciação busca atender dois ou mais
segmentos de mercado. Diferentes públicos-alvo necessitam de produtos com
especificações diversas, e uma parcela significativa das empresas busca ter em seu
portifólio diferentes produtos que atinjam segmentos diferenciados de consumidor.
- Marketing concentrado: ao contrário da anterior, sua estratégia é focalizar os esforços de
marketing em apenas um segmento. Sua vantagem está no custo mais baixo em relação a
diferenciação, sendo aconselhada para empresas iniciantes ou com recursos escassos
- Marketing individualizado: também conhecido como micromarketing, implica o
atendimento individualizado e especializado de cada consumidor por parte da empresa.
Para muitos especialistas, esta é uma das novas tendências do marketing, pelo fato de ser
compatível com uma era de “personalização em massa”, dada a complexidade das
necessidades, desejos, gostos e preferências dos consumidores. Além disso, é uma opção
significativa de diferenciação das empresas, dadas a crescente oferta de produtos e a
competitividade acirrada entre empresas nos mercados. Sua principal desvantagem é o
custo, muito mais elevado do que as estratégias anteriores.
Critérios de segmentação (consumo final, industrial e internacional)
Não há uma maneira única de segmentar um mercado. Os profissionais de marketing
devem testar diferentes variáveis de segmentação, isoladas e combinadas, para encontrar a
melhor forma de visualizar a estrutura do mercado.
No caso de consumidores finais, os critérios mais adotados pelas empresas na segmentação de
mercado são os seguintes:
- Segmentação geográfica: requer uma divisão do mercado em diferentes unidades
geográficas, como países, estados, regiões, municípios, cidades ou bairros. Uma empresa
pode decidir operar em uma área, em poucas ou em todas, mas dando especial atenção às
diferenças geográficas em termos de necessidade e preferência.
Muitas empresas hoje estão “regionalizando” seus programas de marketing –
posicionando seus produtos, propaganda, promoções e esforços de vendas para atenderem
às necessidades individuais de regiões, cidades e bairros.
- Segmentação demográfica: consiste na divisão do mercado em diferentes grupos, como
idade, sexo, tamanho da família, ciclo de vida familiar, renda, ocupação, nível de
instrução, religião, raça e nacionalidade. Os fatores demográficos são as bases mais
populares para a segmentação dos grupos de consumo, pois as necessidades, desejos e
índice de uso dos consumidores em geral variam conforme as mudanças demográficas e
por serem as mais fáceis de serem avaliadas do que a maioria dos outros tipos de
variáveis.
- Segmentação psicográfica: divide os consumidores em diferentes grupos baseados na
classe social, estilo de vida, características de personalidade, valores, gostos, preferências
e tendência de consumo dos indivíduos.
- Segmentação comportamental: divide os compradores em termos de seu conhecimento,
taxa de uso do produto (freqüência e variedade de uso), benefícios procurados (qualidade,
serviço e economia), grau de lealdade para com o produto (nenhum, leve, forte, absoluto),
envolvimento emocional do consumidor (entusiasta, positivo, indiferente, negativo,
hostil).
Já no caso de consumidores organizacionais, os critérios permanecem praticamente
inalterados, apenas sendo necessário alguns ajustes:
- Geodemográficos: setor, tamanho da empresa, localização geográfica;
- Operacionais: tecnologia, situação do usuário, capacidade dos clientes;
- Abordagem de compra: organização da função de compra, estrutura do poder, natureza
dos relacionamentos existentes, política geral de compra, critérios para compra;
- Fatores situacionais: urgência da compra, aplicação específica do produto, tamanho do
pedido;
- Fatores pessoais: semelhanças existentes entre vendedor e comprador, atitude perante o
risco, lealdade.
Os critérios podem ser utilizados de forma isolada, ou combinada, sendo mais usual esta
última. Como essa lista não é exaustiva, ela deve ser adequada à natureza do produto, bem
como às características dos compradores. O uso de critérios de segmentação agrupados é
chamado de segmentação intermercados.
Poucas empresas têm recursos ou desejo de operar nos países do mundo ou na maioria
deles. Operar em muitos países apresenta novos desafios. Os diferentes países do mundo,
mesmo sendo próximos, variam muito em termos econômicos, culturais e políticos. Portanto
da mesma forma que os mercados nacionais, as empresas internacionais precisam agrupar
seus mercados mundiais em segmentos com necessidades distintas e comportamentos de
compras diversos.
Os mercados internacionais podem ser segmentados através de uma única variável ou de
uma combinação delas. Podem ser segmentados por localização geográfica, agrupando os
países por regiões, como Europa Ocidental, Costa do Pacífico, Oriente Médio ou África. De
fato, muitos países já se organizaram geograficamente em grupos de mercados ou “zonas de
livre comércio”, como a União Européia. Essas associações reduzem as barreiras comerciais
entre os países membros, criando mercados maiores e mais homogêneos.
Realização do estudo de segmentação
Inicialmente, deve-se identificar, por meio de pesquisas anteriores e de dados secundários,
qual o público alvo a ser enfocado. É muito importante conhecer, qualitativamente, como os
consumidores se relacionam com o produto em estudo, segundo o(s) critério(s) escolhido(s),
ou seja, geodemográfico, socieconômico, psicográfico ou comportamental.
Os estudos mais completos são os que utilizam uma combinação de todos esses critérios,
com ênfase especial nos psicográficos e nos comportamentais, pois, por meio deles, é
possível segmentar os consumidores não apenas pelo comportamento de compra, mais
também pelo estilo de vida, pelos valores, pelos gostos e preferências.
Um estudo de segmentação eficaz deve compreender as seguintes etapas:
- Pesquisa qualitativa;
- Pesquisa quantitativa;
- Processamento e análise dos dados levantados;
- Targeting;
- Positioning paper da marca do produto
As três primeiras etapas levam à segmentação propriamente dita; as duas últimas
permitem estabelecer, finalmente, o posicionamento do produto.
A forma mais eficaz de se proceder ao estudo qualitativo, que pretende verificar, em
profundidade, como os consumidores agem, pensam e se relacionam com o produto objeto do
estudo, é a utilização da técnica de discussões em grupo, por meio da qual é possível detalhar,
entre outros aspectos, os likes e dislakes, isto é, os aspectos agradáveis e desagradáveis do
relacionamento do consumidor com o produto, bem como sua experiência de compra.
Concluída a primeira fase, há uma excelente fonte de informações, a qual permitirá
desenhar um detalhado questionário que servirá de base à pesquisa quantitativa, prevista na
segunda etapa, por meio da qual será possível obter os dados que serão processados e analisados,
a fim de gerar a descrição dos segmentos-alvo.
Nessa etapa é importante definir uma amostra suficientemente ampla para que se possa
cobrir todo o espectro dos diferentes clientes. É importante salientar que não se podem
desconsiderar as particularidades geográficas da região que estiver sendo estudada, tomando-se o
cuidado de estabelecer cotas de clientes a serem entrevistados pessoalmente, cobrindo as mais
importantes e significativas áreas geográficas.
Uma vez coletados todos os dados, inicia-se a fase mais delicada: a de processamento e
análise. Nesse momento, será necessária a utilização de técnicas estatísticas avançadas, por
exemplo, as análise discriminante, fatorial e canônica, pelas quais os consumidores serão
divididos em clusters (segmentos), em função da homogeneidade das respostas conferidas por
eles a determinados pontos. Com isso, busca-se aglutinar características semelhantes que dividam
as pessoas em grupos, de tal forma que elas sejam homogêneas dentro deles e heterogêneas entre
eles. Quanto mais heterogêneos entre si forem os segmentos, mais eles realmente dividem os
consumidores em grupos distintos.
Com isso, desenha-se o chamado screening, um questionário-filtro, que objetiva verificar,
em qualquer tempo, a pertinência da segmentação realizada. O screening deve ser composto por
poucas questões, capazes de demarcar, especificamente, o grupo a que um determinado
consumidor pertence. Essa é uma ferramenta de suma importância para estudos posteriores, pois
permite que se busquem consumidores no target correto.
Posicionamento estratégico do produto
Posicionamento de um produto é a forma como o produto é definido pelos consumidores
quanto aos seus atributos mais importantes – é o lugar que ocupa na cabeça dos consumidores
com relação aos produtos concorrentes.
Os consumidores vivem sobrecarregados de informações sobre produtos e serviços. Não
conseguem reavaliar os produtos toda vez que têm de tomar uma decisão de compra, e para
simplificar esse processo classificam-nos por categoria, isto é, “posicionam” na cabeça os
produtos, os serviços e as empresas. A posição do produto é um complexo grupo de percepções,
impressões e sentimentos do consumidor sobre um produto com relação aos concorrentes. Os
consumidores posicionam produtos com ou sem a ajuda dos profissionais de marketing, mas nem
por isso estes últimos devem deixar as posições ao sabor da sorte. Devem planejar as posições
que darão a maior vantagem possível aos seus produtos nos mercados-alvo selecionados, e
programar compostos de marketing para criar estas posições planejadas.
4.0 – Programa de Gerenciamento no Varejo Óptico
Este programa de gerenciamento tem como objetivo auxiliar o proprietário de ópticas
independentes, de maneira simples e com ferramentas de fácil aplicação, a (re)posicionar a sua
óptica para o seu cliente foco.
Como citado anteriormente, este programa deverá ser oferecido pela indústria, pois o
óptico não possuí recursos para pagar uma consultoria externa. Mas antes de ser oferecido o
programa de gerenciamento, o perfil do proprietário deverá ser analisado, pois para que as
ferramentas funcionem, o proprietário precisa ser uma pessoa que, além de gostar de pessoas,
deverá estar disposto a compartilhar seus sonhos, desejos e até frustrações com o consultor e
principalmente com a sua equipe.
As ferramentas propostas neste programa não exigem nenhuma tecnologia ou recursos
financeiros elevados, basta papel e lápis e a vontade do proprietário e da sua equipe em
desenvolver o seu negócio.
4.1 – A empresa míope.
Temos que alterar nosso campo de visão. Ser uma empresa focada no cliente, o que é isso
? A empresa míope pelo cliente tem uma maneira especial de ser e de pensar. E essa maneira
especial a leva a definir cada iniciativa de acordo com a “vontade do freguês”. Um dos principais
traços dessas empresas e contar como donos diferenciados, que sabem balancear entre economia
e burrice. Que sabem dosar o investimento em melhorias que vão destaca-los no campo de
batalha. Eles são pessoalmente voltados para os consumidores e possuem um conjunto de
habilidades especiais, entre elas o investimento na equipe e a capacidade de aprender
continuamente.
Organizações que não são voltadas para o cliente, mas que querem ser, precisam passar
por uma revisão fundamental de suas crenças e valores, isto é, por uma transformação
significativa na cultura organizacional.
Donos de negócios que adotaram os princípios do direcionamento para os clientes desde a
fundação descrevem suas companhias como centradas tonto no cliente quanto no funcionário. O
fator crítico do sucesso foi envolver cada funcionário na compreensão e na vivência das crenças e
valores.
Todas as organizações que adotam a qualidade voltada para o cliente tem donos com
algumas características comuns, aqueles que “vivem” a estratégia voltada para o cliente. O líder
precisa se entusiasmar, comprometer-se e investir seu próprio tempo no direcionamento para o
cliente. Andar por aí exalando entusiasmo.
Outro ponto importante é que os donos transmitam a filosofia a toda a organização. Eles,
de fato, assumem isso como sua tarefa número um.Tornam-se sua representação viva e usam
todas as formas de comunicação disponíveis para reforça-la. Deixam em evidência que acreditam
nessa filosofia, tanto com palavras quanto com ações. E dão exemplos, são exemplos.
A comunicação e o desenvolvimento da filosofia pró-cliente são um processo de duas
mãos. Ouvir o que os clientes e funcionários têm a dizer é o segredo do processo de
comunicação, mas nem sempre é fácil.
Mais uma característica: os donos de sucesso acreditam e investem na equipe. Eles
envolvem o pessoal na definição da direção a ser tomada, nas decisões e na solução de
problemas. Dão a profissionais de todos os níveis hierárquicos a oportunidade de participarem
ativamente na definição dos processos, e como direito de falhar. Esses donos descobriram que a
equipe quer de fato aprender a produzir mais.
O dono pode inspirar a equipe para coisas que ela não se sente capaz de fazer, pois ela
precisa ser envolvida não apenas no processo de solução de problemas, mas também no
gerenciamento de sua unidade de trabalho.
Não é suficiente acreditar na equipe, é preciso permitir que gerenciem e tomem decisões,
proporcionando-lhes estrutura para tanto. Dar o poder de decisão será um mero slogan se não lhes
forem oferecidos os recursos de que precisam – dinheiro, ferramentas, tempo e treinamento –
para tocar o trabalho.
Donos que são eternos estudantes fazem outra diferença. Os donos devem encarar o
aprendizado contínuo como uma de suas principais tarefas. E devem ser humildes para
desaprender. Eles buscam o conhecimento em todas as fontes possíveis. Ficam sintonizados com
as condições de mudança, e mudam. Donos que colocam o cliente em primeiro lugar admitem
que seu pessoal interrompa a conversa para atender – sem pedir licença – o cliente. Ouvir a
necessidade do cliente é o alicerce das decisões no mundo de negócios.
4.2 - O Norte das empresas
As ópticas – pequenas ou médias – possuem modelos ou posturas de referência onde a
equipe pode se espelhar, mas a grande maioria não tem nada definido claramente sobre o que
fazer e quando.
No varejo óptico atual, isso se torna muito mais problemático. Quem constrói o varejo são
pessoas. Seres vivos com seus modelos mentais e modelos de comportamento. Se a óptica não
tiver um guia de conduta claro, cada um vai atender o cliente como quiser. E isso não faz uma
empresa de varejo. Daí a necessidade de se determinar o “Norte” da empresa, onde o como ela
quer chegar.
“Varejo é um lugar onde você vende produtos que não voltam para pessoas que voltam”
(Stanley Marcus – cadeia de lojas de departamento Neiman Marcus). Isso parece simples e sem
muita profundidade, mas raras às vezes uma definição foi tão apropriada. Pessoas só voltam a
negócios muito estruturados. Com a competição enlouquecedora que está por aí, perder a
fidelidade de um cliente é simples função de se deixar de fazer alguma coisa. Como garantir que
as empresas vão fazer tudo o que tem que ser feito para que os clientes queiram voltar ?
Segundo Michel Porter, em Estratégia Competitiva, as perguntas a serem respondidas
para se ter um negócio de sucesso são:
Por que o cliente compra o que você vende? Se houver uma abundância de alternativas para a
resposta, significa que há gente demais que vai poder comprar os produtos que a empresa quer
vender. E no mercado óptico atual existem cerca de 17.000 opções para o consumidor escolher
onde comprar os seus óculos.
Por que o cliente compra de você? Já é um pouco mais difícil de responder. Ao criar o Norte da
empresa tenta-se criar essa resposta na cabeça do dono e ajuda-lo a ter condições de repassar para
a equipe. Só assim o cliente vai perceber.
A resposta também vem em três simples palavras. Com muita profundidade: Norte único
compartilhado. O que é exatamente isso?
O norte é a direção do negócio, é definir para onde a loja quer ir, como, com quem,
quanto querem ganhar. O Norte tem que ser único. Nortes não únicos geram miopia de foco e a
equipe fica sem saber o que é prioritário na loja. Nortes confusos geram vitrines confusas,
atendimentos confusos e clientes idem.
A cultura da empresa se manifesta na loja no momento em que ninguém está lá para dar
ordens ou controlar o que as pessoas estão fazendo. O que as pessoas da equipe fazem quando o
dono não está presente. Se o Norte não for único será igual à de qualquer concorrente. Neste caso
o que o dono terá a seu favor para que tanto funcionários quanto clientes o escolham? O Norte
tem que ser compartilhado porque não adianta nada o dono saber para onde o seu negócio deve ir,
e o seu pessoal não compartilhar do mesmo sonho. E sonho tem que ser bom para todos.
4.2.1 - As etapas do Norte Único Compartilhado
Para definir o Norte de uma óptica, devemos realizar cinco etapas, que são:
a) Valores
b) Visão
c) Posicionamento
d) Essência competitiva
e) Metas
Através de ferramentas simples o consultor junto como o proprietário da óptica e sua equipe
podem definir o Norte da óptica. Abaixo seguem as etapas e suas ferramentas:
a) Valores
São a alma da empresa, como ela age, como ela se relaciona. Ajudam a construir
relacionamentos. O norte único compartilhado começa pela discussão dos valores que vão reger a
conduta da óptica. Os valores do dono são determinantes nos valores da empresa, não dá para se
criar, de repente, os valores de uma empresa. Eles são a alma e estão totalmente ligados ao modo
como o dono atua. O dono por sua vez, aprendeu valores que pratica com seus pais, em casa. E
não vai ser porque há nas prateleiras mil livros sobre o assunto, que o dono vai mudar sua forma
de agir depois de maduro.
Mas os valores do dono não são os únicos encontrados na loja, e os valores do restante da
equipe, como eles agem, pensam em determinadas situações? Como é a postura deles diante das
dificuldades? Quais os princípios que os guiam desde a infância?
Ferramenta: GOSTO/NÃO GOSTO
Como aplicar:
- Em uma reunião com todos os funcionários da óptica, o proprietário ou o consultor, deve
pedir para que cada um escreva em uma folha de papel TUDO que gostam na óptica e
TUDO que não gostam;
- Depois um representante pré-escolhido ou o consultor, deverá ler primeiro o que todo
mundo GOSTA, e só o que gostam;
- Deverá ser anotado e reforçado tudo o que a óptica tem de bom, o porquê é bom trabalhar
ali, fazer parte da equipe, vender aqueles produtos etc;
Os GOSTOs devem ser praticados sempre, todos os dias, na óptica. Só a prática pode
fazer com que os valores permaneçam vivos dentro da loja.
- Depois que todos souberem o que a empresa tem de bom, deverá ser lido um NÃO
GOSTO de cada funcionário, é importante que somente um seja lido e resolvido no
momento. Pois caso o proprietário não esteja preparado para ouvir tantos pontos negativos
sobre a sua empresa ou sobre ele mesmo, poderá tornar a reunião que deve sempre se
manter em um clima amigável e descontraído em um campo de batalha, onde com certeza
a sua vontade acabará valendo perante a dos seus funcionários, evitando assim futuras
reuniões do tipo;
- Resolver na hora quer dizer:
o que vai mudar e PORQUE
o que mudar e QUANDO
o que NÃO vai mudar e PORQUE
Com a aplicação da ferramenta GOSTO/NÃO GOSTO o proprietário:
- Descobrirá quais são os valores da sua óptica, os dele mais o da sua equipe;
- Terá a chance de “limpar” os problemas de comunicação;
- Ganhará mais confiança da sua equipe e um relacionamento melhor na óptica;
Depois de definidos os valores da óptica o proprietário deverá coloca-los em um quadro
para que todos da equipe possam se lembrar sempre dos valores que eles mesmos ajudaram a
construir. A ferramenta deverá ser aplicada sempre que o proprietário perceber problemas na
equipe ou que a comunicação entre ele e a equipe não está fluindo muito bem.
Os chineses tem um ditado milenar que diz que se você não sabe sorrir não deveria ter
uma loja. Empresa com valores nobres e claros para todos têm a chance de gerar reputação de ser
boa empregadora e de conquistar e manter pessoas de qualidade.
b)Visão
Valores geram conforto. Mas para que uma empresa caminhe firme na direção do futuro,
só com muito desafio. Pessoas desafiadas produzem muito mais. Principalmente por um motivo:
produzem porque querem. Para fazer com que as pessoas andem com vontade na direção que o
dono deseja, aparece a necessidade de que a empresa mostre, para todos, aonde ela quer chegar
num futuro definido.
A visão é a energia propulsora da empresa, por isso impulsiona a liderança. É a energia
propulsora que define o escopo das ações. A visão é interna a empresa, se for comunicada para o
cliente, o nível de expectativa aumentará muito, e ele vai querer que a empresa chegue à visão
hoje, gerando muita frustração. A visão não é meio, é fim. Claro que a visão tem que ser boa para
todos, se não a causa não será igualmente defendida.
Visão é o que a óptica quer ser no futuro, que sonho ela quer realizar.
Ferramenta: Futuro Planejado
Como aplicar:
- O proprietário deverá responder a algumas questões antes de chegar no futuro planejado
para a sua óptica:
Presente: quais são os pontos do presente que o incomodam ou quais os sonhos não
realizados?
Imaginação: esqueça o medo, use a imaginação. Onde quer chegar daqui a 3 anos?
Medo: o que pode atrapalhar os planos?
Tensão criativa: quem pode ajuda-loa realizar tudo o que precisa fazer para chegar no seu
sonho?
Integração e Planejamento: qual o passo a passo que será necessário para que o sonho
aconteça? Como será a integração com os parceiros para a realização do sonho?
Futuro: Conte uma história, como ele quer se ver daqui a 3 anos...
Com esta ferramenta o proprietário:
- Terá revelada a situação atual como ela é (e não como gostaria que fosse);
- Libera a imaginação para construir o futuro;
- Antecipa obstáculos;
- Diz quem vai ajudar a superar estes obstáculos;
- Direciona as ações para alcançar novos objetivos.
Mas a visão precisa ser compartilhada com toda a equipe, e para que o caminho para o
crescimento da empresa seja o que todos queiram seguir, a visão tem que ser boa e causar
orgulho para toda a equipe, deve-se dar motivação no dia a dia dos funcionários e principalmente
tem que mostrar o caminho para o crescimento da empresa.
c) Posicionamento
Se os valores e a visão da empresa já estão definidos, e compartilhados, resta definir
claramente o que se vai vender, para quem e com que valor agregado. É a hora de começar a
encarar os clientes de frente, no momento de definir o posicionamento da empresa. Mas não basta
encarar o cliente de frente, a escolha do cliente vai fazer com que se olhe mais detalhadamente
para os que já são atendidos.
Al Ries já dizia que quem não tem a chance de ser o primeiro em alguma categoria de
negócios tem que inventar alguma em que seja o primeiro.
A palavra posicionamento tem tido várias abordagens. No varejo, posicionamento nada
mais é do que a maneira pela qual o cliente enxerga a loja, o que o cliente acha que ela é, com
tudo o que ela tem dentro. O sucesso de uma empresa está atrelado à definição de um
posicionamento competente.
Os passos para a checagem de um posicionamento eficaz são: o cliente tem que perceber o
que a loja quer ser, quem quer ser tudo para todos é nada para ninguém, um bom posicionamento
faz com que muitos consumidores eventualmente rejeitem a loja e o cliente tem que achar que a
loja é a melhor naquilo que quer ser.
É um pouco difícil transferir esses passos do papel para a loja, principalmente quando se
está iniciando um negócio e o caixa fala mais alto que todo o resto. Quando se colocam muitos
produtos a venda, a loja acaba não sendo bom em quase nenhum. Mas e aquele medo que a
retirada de algum produto provoque a perda de vendas? Há que se ter coragem para parar de
insistir em coisas que não tiram o cliente de casa para ir até a loja.
O posicionamento é uma questão muito técnica, que tem que ser estudada com cuidado.
Mas também tem que ser absolutamente compartilhada com a equipe.
Para simplificar as coisas, o posicionamento da empresa tem que estar ligado diretamente aos
produtos e serviços que ela oferece para um determinado grupo de consumidores como
comportamentos, expectativas e necessidades parecidas.
E o posicionamento é a cara da empresa para seus clientes
Ferramenta: Posicionamento
Como aplicar:
O proprietário deverá responder a 3 perguntas e deverá contar com a ajuda da sua equipe para
responde-las, mas a decisão dos caminhos e ações a tomar sempre serão dele.
- Quem é o seu cliente?
Neste caso o proprietário deverá definir o seu cliente foco, aquele realmente que lhe trás
lucratividade. Deverá ser o mais detalhista possível, definindo o sexo, a freqüência que
compra, a faixa etária, ocupação etc.
- Que produtos ele compra da sua óptica?
Neste caso o proprietário definirá quais os produtos mais vendidos para o cliente foco.
Lentes progressivas, lentes de visão simples, lentes com tratamento anti-reflexo, armações
de metal, de acetato, de parafusos, óculos solares. Qual o valor médio de compra, como
ele paga etc
- Porque ele compra da sua óptica e não na do concorrente?
Quais são os diferenciais da óptica. O cafezinho? O conforto? A facilidade de
estacionamento? A confiança? ????
Com a ferramenta aplicada o proprietário terá os seguinte benefícios:
- Vai vender muito mais para o seu cliente foco;
- Vai estreitar o relacionamento com os seus melhores clientes;
- Só vai comprar o que vai vender. Evitando assim que se crie estoque desnecessário na
loja, principalmente no caso de armações;
- Garantir melhor retorno nas ações promocionais. Fica mais fácil descobrir se vale a pena
fazer uma determinada ação comercial ou de marketing;
- A loja cria diferenciais e passa a ser reconhecida por eles.
d) Essência Competitiva
Chegou a hora de levar todos os conceitos para a prática, do contrário, eles não chegam
aos clientes. Em chinês, crise vem ao lado de oportunidade. Chega de pensar e falar das coisas
imutáveis. É preciso focar naquilo que se pode fazer para agir no que é mutável. Afinal, sempre
há mercado e sempre há compradores.
Sabendo qual é a vocação da empresa, fica mais fácil definir onde focar as energias. Como
decidir? O número de áreas de ação não pode passar de cinco. Empresas com mais de cinco
focos, na verdade, não tem nenhum. Para se pensar em quais são os cinco pontos a serem
estruturados, é importante pensar no porquê dos clientes escolherem a óptica para visitar. E,
principalmente, por que eles voltariam a comprar lá. Pensando nisso o proprietário decide os
focos e deve manter-se absolutamente fiel a eles. Só a consistência em realizar a essência
competitiva vai leva-lo à vitória na guerra do mercado.
A Disney se foca em quatro itens: segurança, cortesia, show e eficácia. E funciona. Como
funciona! Mais de cem mil funcionários dirigidos por um foco de quatro prioridades.
A essência competitiva é aquilo que o cliente foco espera encontrar na óptica diariamente.
Para se definir quais são as essências competitivas da óptica, o proprietário, assim como
feito para definir os valores, deve reunir sua equipe e pedir para que eles o ajudem a encontrar a
essência competitiva da loja. Eles devem sempre pensar no que o cliente foco da loja espera que
eles façam e fazer um ranking das essências. Deve ser feito na ordem que o cliente foco percebe o
quanto a loja é competente.
Podemos utilizar alguns exemplos de essências competitivas possíveis para uma óptica:
1 – Cortesia
2 – Conhecimento de produto
3 – pontualidade
4 – Variedade de produto
5 – Pós-venda
Neste exemplo, a óptica prioriza a cortesia no seu atendimento, depois o cliente percebe que
pode confiar no conhecimento técnico da equipe quanto ao produto que está comprando, a
pontualidade na entrega ou até mesmo no horário de funcionamento vem em seguida e variedade
dos produtos e serviço de pós-venda fecham as 5 essências competitivas da óptica. Agora a
equipe desta loja saberá qual a seqüência a seguir no seu atendimento para fidelizar ainda mais o
seu cliente foco, conquistar outros e ser reconhecido por eles.
Mas ao invés de CONHECIMENTO DE PRODUTO o melhor seria ”conhecer tudo sobre
produtos para educar os clientes”. Pois em um mercado tão competitivo e onde a grande maioria
dos vendedores tem somente o ensino médio, aquele vendedor ou loja que demonstrar mais
segurança e capacitação técnica ao informar as características e benefícios do produto que está
vendendo, sem dúvidas terá um grande diferencial quando este mesmo cliente visitar outra loja e
perguntar sobre o mesmo produto e receber no máximo 50% da informação passada
anteriormente.
e) Metas
Após definir os valores, a visão, o posicionamento e o que o cliente espera a loja, chegou
a hora de definir o quanto ganhar. Quando não se sabe para onde quer ir, qualquer caminho é
longe. Só atinge o sonho quem, além de definir a visão, quantifica os resultados a serem
atingidos. Não só em relatórios de fim de mês, mas em índices que possam ser repassados para
cada participante da óptica, do dono até o caixa. Todos têm possibilidade e obrigação de ajudar a
óptica a lucrar mais.
A definição dos objetivos da óptica deve ser sempre compartilhada. A equipe que
participa da definição de objetivos se torna proprietária deles e luta muito mais. Se o proprietário
tem medo de compartilhar as metas com a sua equipe, imagine compartilhar com ela o
atendimento dos clientes. É melhor mandar todos embora e fazer o atendimento sozinho.
Não custa repetir que os clientes são fãs de quem os atende melhor. E nunca de quem
insiste em vender. Mas, invariavelmente, os proprietários apenas fixam metas quantitativas para
nossa equipe. As metas devem avaliar resultados quantitativos sim, mas e a avaliação dos clientes
aos esforços de atendimento? Numa hipótese bem realista, o cliente pode comprar muitas coisas
na loja e sair completamente desanimado quanto ao atendimento. Olhando o número de vendas,
nota dez. Olhando o ânimo do cliente a voltar a comprar, nota zero. Na próxima vez, ele nem vai
cogitar em comprar na óptica em questão. Para medir, é fácil, basta pegar o verso de qualquer
cheque de qualquer cliente e ligar. Sinta a resposta, seja realista e se vierem respostas como
“nenhum problema”, pode começar a chorar. O negócio está ameaçado.
Jack Welch diz que as metas das quais cuida são: fluxo de caixa, satisfação do funcionário e
satisfação do cliente. Só.
Em Administrando para o futuro, Peter Drucker, afirma que a melhor maneira de prever o
futuro é cria-lo. Repensar continuamente o norte único compartilhado da óptica é uma maneira
genial de reconstruir o negócio continuamente.
Ferramenta: Metas
Antes de definir as metas o proprietário precisa estar atento a algumas questões:
- as metas precisam ser construídas em conjunto;
- devem ser desafiadoras;
- devem ser atingíveis;
- devem ser controladas;
- devem ser atingidas, superadas sem a necessidade de cobrança;
- devem ser priorizadas
O proprietário pode utilizar o seguinte filtro para definir suas metas qualitativas e quantitativas:
ESPECÍFICA (tempo, quantidade, qualidade)
MENSURÁVEL (unidade clara de medição)
ACEITÁVEL (por todos da equipe)
REALISTA (expectativas razoáveis)
“TRILHÁVÉL” (follow-up regular)
Após escrever as metas quantitativas e qualitativas utilizando os filtros acima o
proprietário deve fazer um mapa de avaliação de cada uma das metas específicas, acompanhar
este mapa (re)avaliando e (re)direcionando periodicamente e deve comemorar com sua equipe
todas as conquistas alcançadas.
5.0 - Conclusão
Atualmente não é mais possível que as ópticas tenham como público alvo a totalidade dos
mercados consumidores. Afinal, a meta de qualquer plano de marketing consiste e gerar valor
para os consumidores, no atendimento de suas necessidades e desejos.
Ao aplicar as ferramentas propostas, ao lado da identificação do público-alvo e do
posicionamento estratégico da óptica no mercado, espera-se, alcançar diferenciais competitivos
para que a óptica se destaque e seja a primeira opção para o seu cliente foco quando ele pensar
em óculos.
Portanto, em vez de tentarem concorrer em todos os concorrentes do mercado, muitas
vezes contra concorrentes mais fortes, as ópticas serão capazes de identificar as parcelas do
mercado que poderão atender melhor, garantido maior rentabilidade e sustentabilidade ao
negócio.
6.0 – Bibliografia
SAIANI, Edmur. Loja Viva, Revolução no pequeno varejo brasileiro. Rio de Janeiro:
Senac, 2001.
KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI. São Paulo: Futura, 1999.
KOTLER, Philip. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
MADRUGA, Roberto. Guia de implementação de Marketing de Relacionamento e CRM.
São Paulo: Atlas, 2004.
NETO, José Moraes dos Santos. A história da óptica no Brasil. São Paulo: Codex, 2005.
www.abiotica.com.br
www.essilor.com.br