universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · elas estão a falta de confiança nos...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA LOGÍSTICA
COMO VANTAGEM COMPETITIVA NAS ORGANIZAÇÕES
Por: Marcelo do Couto
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO UTILIZADA NA LOGÍSTICA
COMO VANTAGEM COMPETITIVA NAS ORGANIZAÇÕES
Apresentação de monografia à
Universidade Cândido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Logística Empresarial.
Por: Marcelo do Couto
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a princípio a Deus, que me
permitiu a inteligência.
Ao meu orientador, pelas orientações
precisas em todos os momentos
solicitados.
4
DEDICATÓRIA
À minha família, pela base sólida que
sempre me deu força para encarar a vida
de frente.
À minha mãe por cumprir este papel
magistralmente e pelo amor intenso. Essa
monografia é uma homenagem ao seu
trabalho.
Ao meu pai por ser tão pai em minha vida,
pelos pés no chão e pelo carinho sempre.
À minha filha fonte de inspiração para
todas as minhas conquistas.
À minha esposa que soube tão bem
compreender os meus momentos de
ausência em função deste trabalho.
5
RESUMO
As grandes organizações utilizam estrategicamente as ferramentas de
Tecnologia da Informação (TI) para adquirir vantagem competitiva na logística
de seus produtos. Mas, como obter esse diferencial competitivo? O estudo
responde a esse problema, utilizando pesquisas bibliográficas em livros e
autores. Além disso, nas próximas linhas que se seguem relacionamos os
principais recursos tecnológicos disponíveis, a escolha das ferramentas de
gestão adequadas para aplicação logística, o benefício trazido pela decisão
dessa aquisição bem como histórias de sucesso de empresas que criaram
vantagem competitiva para si e todos os elos da sua cadeia de suprimentos. O
resultado dessa pesquisa foi que alinhando estrategicamente o negócio com as
ferramentas tecnológicas corretas, conseguir-se-á aumentar a eficácia /
eficiência e conseqüentemente alcançar os objetivos organizacionais.
6
METODOLOGIA
A investigação foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica em
livros, artigos de revistas e internet.
O Estudo de caso é uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto, pois este é especialmente adequado ao estudo de processos à medida que eles se desenrolam na organização. (Roesch, 1996, p.155).
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Ferramentas de TI 10
CAPÍTULO II - Como utilizar as ferramentas de TI 30
CAPÍTULO III – As estratégias de sucesso no uso
da TI como diferencial competitivo na Logísticas 33
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
8
INTRODUÇÃO
O Council of Supply Chain Management (1996) define a logística como
a parte do Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento que planeja,
implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de
matérias-primas, materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as
informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo,
com o propósito de atender às exigências dos clientes.
A logística é tudo aquilo que envolve o transporte de produtos (entre
clientes, fornecedores e fabricantes), estoque (em armazéns, galpões, lojas
pequenas ou grandes) e a localização de cada participante da cadeia logística
ou cadeia de suprimentos.
Para Ballou (1993), um dos objetivos da logística é melhorar o nível de
serviço oferecido ao cliente, onde o nível de serviço logístico é a qualidade do
fluxo de produtos e serviços e gerenciado. A logística, portanto, é um fator que
pode ser utilizado como estratégia para uma organização. Sua aplicação se dá
da escolha adequada de fornecedores, passando pela organização e chegando
ao cliente.
Para obter essa vantagem competitiva, as empresas estão recorrendo
aos sistemas integrados de informação, buscando automatizar seu processo
produtivo.
9
F á b r i c a
T r a n s p o r t eA r m a z e n a m e n to
C o n s u m id o r
F o r n e c e d o rT r a n s p o r t e
A r m a z e n a m e n t o
T r a n s p o r t e
T r a n s p o r te
I n f o r m a ç ã o
Figura 1: Gerenciamento da cadeia de suprimentos (adaptado de BALLOU, 2001, p:
30).
Apesar disso, ainda há algumas barreiras a serem superadas para o
maior crescimento do mercado de Supply Chain Management (SCM). Entre
elas estão a falta de confiança nos fornecedores desse tipo de solução, os
altos custos de implementação e a falta de um claro entendimento sobre os
benefícios dessa ferramenta. Além do medo por parte dos clientes desse tipo
de solução de implantar o sistema, pois ele compartilha as informações
internas com clientes, fornecedores e com os parceiros.
Visando superar esse problema cultural, evidenciamos as principais
tecnologias da informação utilizadas pelas empresas, incluindo vantagens e
desvantagens dessas ferramentas.
Contudo, apenas relacioná-la não é o suficiente. Precisamos analisar o
motivo pelo qual apenas algumas empresas conseguem vantagem em seu
nicho de negócio.
Logo, revelamos o segredo do sucesso das grandes organizações.
10
CAPÍTULO 1 – FERRAME�TAS DE TEC�OLOGIA DA
I�FORMAÇÃO
1. Sistemas de Informação
Os Sistemas de Informação são os sistemas ou práticas utilizadas pelas
empresas para melhorar o seu desempenho incluindo ter um custo operacional
adequado, processos logísticos inteligentes e integração com fornecedores e
clientes através de ferramentas que serão discutidas ao longo deste estudo.
Um dos fatores mais relevantes ao desenvolvimento dos processos administrativos é a aplicação de tecnologia de informação, proporcionando um grande aumento de eficiência. Tais sistemas abrangem todas as ferramentas que a tecnologia disponibiliza para o controle e gerenciamento do fluxo de informação de uma organização (BALLOU, 1993).
Existem, no mercado, alguns tipos de ferramentas que facilitam e
tornam a informação mais acurada para aplicação na cadeia de suprimentos,
alguns exemplos destes sistemas são: o código de barras, o EDI (Electronic
Data Interchange), o ECR (Efficient Consumer Response) e os ERPs que
integram todos os outros.
1.1 Sistemas Integrados de Gestão / ERP – Enterprise Resource
Planning
São sistemas de informação que integram todos os dados e processos
de uma organização em um único sistema. A integração pode ser vista sob a
perspectiva funcional (sistemas de: finanças, contabilidade, recursos humanos,
fabricação, marketing, vendas, compras, etc) e sob a perspectiva sistêmica
11(sistema de processamento de transações, sistemas de informações
gerenciais, sistemas de apoio à decisão, etc).
Os ERPs em termos gerais são uma plataforma de software
desenvolvida para integrar os diversos departamentos de uma empresa,
possibilitando a automação e armazenamento de todas as informações de
negócios.
1.1.1 A importância do ERP nas Organizações
Entre as mudanças mais palpáveis que um sistema de ERP propicia a
uma corporação, sem dúvida, está a maior confiabilidade dos dados, agora
monitorados em tempo real, e a diminuição do retrabalho. Algo que é
conseguido com o auxílio e o comprometimento dos funcionários, responsáveis
por fazer a atualização sistemática dos dados que alimentam toda a cadeia de
módulos do ERP e que, em última instância, fazem com que a empresa possa
interagir. Assim, as informações trafegam pelos módulos em tempo real, ou
seja, uma ordem de vendas dispara o processo de fabricação com o envio da
informação para múltiplas bases, do estoque de insumos à logística do produto.
Tudo realizado com dados orgânicos, integrados e não redundantes.
Para entender melhor como isto funciona, o ERP pode ser visto como
um grande banco de dados com informações que interagem e se realimentam.
Assim, o dado inicial sofre uma mutação de acordo com seu status, como a
ordem de vendas que se transforma no produto final alocado no estoque da
companhia.
Ao desfazer a complexidade do acompanhamento de todo o processo
de produção, venda e faturamento, a empresa tem mais subsídios para se
planejar, diminuir gastos e repensar a cadeia de produção. Um bom exemplo
de como o ERP revoluciona uma companhia é que com uma melhor
12administração da produção, um investimento, como uma nova infra-estrutura
logística, pode ser repensado ou simplesmente abandonado. Neste caso, ao
controlar e entender melhor todas as etapas que levam a um produto final, a
companhia pode chegar a ponto de produzir de forma mais inteligente, rápida e
melhor, o que, em outras palavras, reduz o tempo que o produto fica parado no
estoque.
A tomada de decisões também ganha uma outra dinâmica. Imagine
uma empresa que por alguma razão, talvez uma mudança nas normas de
segurança, precise modificar aspectos da fabricação de um de seus produtos.
Com o ERP, todas as áreas corporativas são informadas e se preparam de
forma integrada para o evento, das compras à produção, passando pelo
almoxarifado e chegando até mesmo à área de marketing, que pode assim ter
informações para mudar algo nas campanhas publicitárias de seus produtos. E
tudo realizado em muito menos tempo do que seria possível sem a presença
do sistema.
Considerando o exemplo acima, podemos dizer que um ERP consiste
basicamente na integração de todas as atividades do negócio, entre elas,
finanças, marketing, produção, recursos humanos, compras logísticas etc. Com
o benefício direto de facilitar, tornar mais rápido e preciso o fluxo de
informação permitindo assim o controle dos processos de negócios. Portanto, o
processo de tomada de decisão empresarial.
Segundo Souza (1999), existem características dos sistemas
integrados de gestão que os tornam diferentes de outros sistemas existentes,
permitindo-nos fazer uma análise de custo-benefício de suas aquisição, são
elas:
§ Os ERPs são pacotes comerciais;
§ São desenvolvidos através de modelos padrões de processos;
§ Integram sistemas de várias áreas das empresas;
13§ Utilizam um banco de dados centralizado;
§ Possuem grande abrangência funcional.
Antes mesmo de a empresa fazer as pesquisas de fornecedores ERPs
para aquisição dos pacotes comerciais, é recomendável que a mesma faça o
levantamento da real necessidade da implantação do ERP, quais são as metas
da empresa e o que ela espera do sistema. O próximo passo é consultar
fornecedores que satisfaçam as necessidades previamente definidas.
Existem alguns fornecedores de sistemas que geram solução na área
logística e em outros segmentos que exigem tecnologia de informação. O
mercado brasileiro de fornecedores de sistemas pode citar dentre outros: SAP
Brasil, Datasul, Manugustics, Promática, Scala e JDEdwards.
1.1.1 Sistemas de Informações Logísticas
Atualmente observa-se, uma significativa inclinação do
desenvolvimento de sistemas integrados de gestão para aplicação na cadeia
de suprimentos, visto que todos os processos de negócios internos já foram
integrados, restando apenas obter vantagem competitiva da integração da
cadeia de suprimentos (fornecedores, compradores etc).
Com isso, passa a ser possível à integração com as demais unidades
de um grupo empresarial por meio de EDI com compartilhamento (parcial) da
base de dados. Para tal, os maiores desafios encontrados são: sistemas
geograficamente distantes e distintos, com hardwares diversos, necessidade
intensiva de sistemas de telecomunicações, bases de dados diversas,
operando em estruturas organizacionais e culturas empresariais diversas.
A seguir comentaremos sobre algumas ferramentas integradas de
gestão aplicadas a cadeia de suprimentos.
14
1.1.1.1 WMS (Warehouse Management System)
O Sistema de Gerenciamento de Armazéns, chamado de WMS, é uma
tecnologia utilizada em armazéns onde ele integra e processa as informações
de localização de material, controle e utilização da capacidade produtiva de
mão-de-obra, além de emitir relatórios para os mais diversos tipos de
acompanhamento e gerenciamento.
O sitema prioriza uma determinada tarefa em função da disponibilidade
de um funcionário informando a sua localização no armazém. Com este
recurso ocorre um aumento na produtividade quando diferentes tipos de tarefas
são intercaladas.
Este sistema tem capacidade de controlar o dispositivo de
movimentação de material feito por Veículos Guiados Automaticamente (AGVs)
e fazer interface com um Sistema de Controle Automatizado do Armazém
(WACS) que tem a função de controlar equipamentos automatizados como as
esteiras e os sistemas de separação por luzes e carrosséis.
Com uma ferramenta desse porte a empresa passa a ter um ganho na
produtividade com a economia de tempo nas operações de embarque e
desembarque, transporte e estocagem de mercadoria e ainda controlar o
estoque de produtos no seu armazém. Podendo ainda permitir que o gerente
de logística controle as operações de armazém apenas de longe observando
apenas se o funcionamento do sistema está adequado às operações logísticas.
Em paralelo ao WMS existe o WCS que é um Sistema de Controle de
Armazém e não um gerenciador se diferenciando assim do WMS em alguns
aspectos. O WCS não oferece uma variedade de relatórios para auxiliar no
gerenciamento das atividades; não tem flexibilidade de hardware; a
customização é limitada a mudança de campos e nomes, e a instalação deste
sistema não pode ser feita de forma modular, somente integral. A contrapartida
de todos esses aspectos negativos é que ele oferece um ótimo
15acompanhamento e controle das atividades (se limitando a controle) e existe
um custo reduzido de software e hardware requerido para a implementação
dessa solução.
1.1.1.2 RFID – Radio Frequency Identification
Identificação via Radio Freqüência é, relativamente, uma das mais
novas tecnologias de coleta automática de dados. Inicialmente surgiu como
solução para sistemas de rastreamento e controle de acesso na década de 80.
A maioria dos tags RFID conter pelo menos duas partes. Um deles é
um circuito integrado para armazenar e processar informação, modulando e
desmodularem uma radiofreqüência (RF), e outras funções especializadas. A
segunda é uma antena para receber e transmitir o sinal.
Esses sistemas conseguem localizar em tempo real os estoques e
mercadorias, as informações de preço, o prazo de validade, o lote, enfim, uma
gama de informações que diminuem o processamento dos dados sobre os
produtos quando encontrados na linha de produção.
A figura 02 explica o diagrama esquemático básico de todos os
sistemas de RFID.
Figura 02 – Esquemática do Sistema Básico de RFID (Extraído do site:
www.hightechaid.com/tech/rfid/rfid_technology.htm)
16
1.1.1.2.1 Modelos de RFID
Há diversos modelos de RF existentes no mercado como chaveiros,
Smart Card, crachás, etc. O tipo de RF é definido conforme a aplicação,
ambiente de uso e performance.
Figura 03 - Modelos de RFID (Extraído do site:
http://www.hightechaid.com/tech/rfid/rfid_technology.htm)
As etiquetas inteligentes ou Smart Labes são encontradas em material
de papel (ou similar) tipo etiqueta para imprimir, com um Tag de RFID
encaixado nela. Os exemplos são mostrados na figura 04 – pág: 17.
Figura 04 - Modelos de Smart Labes (Extraído do site:
http://www.hightechaid.com/tech/rfid/rfid_technology.htm)
17
1.1.1.2.2 Vantagens e desvantagens de utilização da
identificação por radio freqüência - RFID
A principal vantagem do uso de sistemas RFID é realizar a leitura sem
o contato e sem a necessidade de uma visualização direta do leitor com o Tag.
É possível, por exemplo, colocar a RF Tag dentro de um produto e realizar a
leitura sem ter que desempacotá-lo, ou, por exemplo, aplicar o Tag em uma
superfície que será posteriormente coberta de tinta ou graxa. O tempo de
resposta é baixíssimo menor que 100 ms, tornando-se uma boa solução para
processos produtivos onde se deseja capturar as informações com o Tag em
movimento. O custo da RF Tag apresentou uma queda significativa nos últimos
anos, tornando-a viável em alguns projetos onde o custo do produto a ser
identificado não é muito alto.
1.1.1.2.2.1 Vantagens do Uso da Identificação por
Radiofreqüência
Como vantagens da Tecnologia RFID podemos destacar:
§ Capacidade de armazenamento, leitura e envio dos dados para
etiquetas ativas;
§ Detecção sem necessidade da proximidade da leitora para o
reconhecimento dos dados;
§ Durabilidade das etiquetas com possibilidade de reutilização;
§ Contagens instantâneas de estoque, facilitando os sistemas
empresariais de inventário;
§ Precisão nas informações de armazenamento e velocidade na
expedição;
18§ Localização dos itens ainda em processos de busca;
§ Prevenção de roubos e falsificação de mercadorias;
§ Melhoria no reabastecimento com eliminação de itens faltantes e
aqueles com validade vencida.
Percebemos que tais vantagens são significativas e que agregam
informações aos produtos que antes implicavam em mais tempo para serem
obtidas.
1.1.1.2.2.2 Desvantagens do uso da Identificação por
Radiofreqüência
Como desvantagens, podemos apresentar os seguintes itens:
§ O custo elevado da tecnologia RFID em relação aos sistemas de código
de barras é um dos principais obstáculos para o aumento de sua
aplicação comercial. Atualmente, uma etiqueta inteligente custa nos
EUA cerca de 25 centavos de dólar, na compra de um milhão de chips.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Automação, esse custo
sobe para 80 centavos até 1 dólar a unidade;
§ O preço final dos produtos, pois a tecnologia não se limita apenas ao
microchip anexado ao produto. Por trás da estrutura estão antenas,
leitoras, ferramentas de filtragem das informações e sistemas de
comunicação;
§ O uso em materiais metálicos e condutivos pode afetar o alcance de
transmissão das antenas. Como a operação é baseada em campos
magnéticos, o metal pode interferir negativamente no desempenho.
Entretanto, encapsulamentos especiais podem contornar esse problema
fazendo com que automóveis, vagões de trens e contêineres possam
ser identificados, resguardadas as limitações com relação às distâncias
19de leitura. Nesse caso, o alcance das antenas depende da tecnologia e
freqüência usadas, podendo variar de poucos centímetros a alguns
metros (cerca de 30 metros), dependendo da existência ou não de
barreiras;
§ A padronização das freqüências utilizadas para que os produtos possam
ser lidos por toda a indústria, de maneira uniforme.
§ A invasão da privacidade dos consumidores por causa da monitoração
das etiquetas coladas nos produtos. Para esses casos existem técnicas
de custo ainda elevado, que bloqueiam a funcionalidade do RFID
automaticamente quando o consumidor sai fisicamente de uma loja
(BOSS: 2004).
1.1.1.3 Rastreamento de Frotas com Tecnologia GPS – Global
Positioning System
Rastreamento é o processo de monitorar um objeto enquanto ele se
move. Hoje em dia é possível monitorar a posição ou movimento de qualquer
objeto, utilizando-se de equipamentos de GPS aliados a links de comunicação.
O casamento GPS + comunicação é necessário, pois o receptor GPS localiza
sua própria posição; esta deve ser transmitida via canal de comunicação para
uma central que fará efetivamente o monitoramento. Esta tecnologia é
comumente conhecida como AVL (Automatic Vehicle Location).
GPS é um sistema de posicionamento mundial formado por uma
constelação de 24 satélites que apontam a localização de qualquer corpo sobre
a superfície terrestre. Um aparelho receptor GPS recebe sinais desses satélites
determinando sua posição exata na Terra, com precisão que pode chegar à
casa dos centímetros.
A tecnologia GPS é bem conhecida hoje, e comercialmente viável,
tendo inclusive fornecedores de equipamentos consolidados e preços
20formados. As variáveis que efetivamente determinam o custo e o modo de
operação do rastreamento de veículos são canais de comunicação entre o
veículo e a central de monitoramento e o pacote de serviços oferecidos por
esta central.
A ligação feita entre a central de comunicação e o ponto rastreado
pode ser feito via telefonia celular que tem seus aparelhos baratos para a
solução que oferece, e tem restrições como qualquer outra solução que é estar
acessível apenas onde tem cobertura de telefonia celular e o custo da
comunicação ainda é alto.
Outra opção é a comunicação via rádio. Esta modalidade é muito
simples de implantar, tem um custo de implantação baixo, onde não há custo
de comunicação, tendo que fazer a regulamentação com a ANATEL (no Brasil).
Com a possibilidade de rastrear veículos a empresa pode saber onde
se encontra o veículo que está fazendo determinada entrega e fazendo um link
com o sistema via web a empresa pode colocar a disposição do cliente a
localização da entrega.
1.1.1.4 Código de Barras
O sistema surgiu da idéia de se criar um mecanismo de entrada de
dados mais rápida e eficiente, vendo que com o passar do tempo mais
microcomputadores estavam sendo fabricados com um grande potencial em
armazenamento e processamento de dados.
A leitura de código de barras exige que sejam utilizados alguns
aparelhos específicos e que são adotados conforme a necessidade da
empresa. Alguns desses aparelhos são os leitores (caneta ótica, slot reader,
leitor CCD, pistola laser, scanner omnidirecional e o leitor automático de
documentos), os decodificadores (decodificador para teclado, decodificador para
interface serial e decodificador para joystick) e impressoras especiais (software
21para impressão e impressoras profissionais). As impressoras matriciais não
têm funcionalidade para esse fim. As impressoras jato de tinta e laser não
estão adaptadas para comportar rolos de etiquetas e papel contínuo. Por isso
é que foram desenvolvidas impressoras profissionais para impressão de código
de barras.
Existe uma padronização mundial para a leitura de código de barras.
Para cada produto ou objetivo da identificação existe um tipo de código. Por
exemplo:
§ O EAN – 13, EAN – 8 e UPC são utilizados na unidade de consumo, ou
seja, na embalagem do produto que o consumidor final esta comprando.
Exemplo: 1 litro de leite em caixa;
§ O EAN/DUN – 14 (SCC - 14) / UCC/EAN 128 são utilizados nas caixas
que embalam as várias unidades desses produtos unitários. Exemplo:
um engradado contendo 12 litros de leite em caixa;
§ O UCC/EAN - 128 são usados nos pallets dentro dos galpões de
supermercados ou distribuidores. Estes levam no código de barras
Identificadores de Aplicação (AI).
O código de barras, comprovadamente, tem uma margem de erro
menor que a coleta de dados feita manualmente, sendo assim a maneira mais
eficaz de coletar dados em termos velocidade da informação, facilidade de
migração para o sistema de controle de estoque e facilidade da adoção da
prática do VMI.
1.1.1.5 EDI (Electronic Data Interchange)
O EDI (Eletronic Data Interchange) ou intercâmbio eletrônico de dados é
uma ferramenta tecnológica de informação, que tem sido utilizada pelas
22organizações para ligar seus componentes e parceiros, de modo a gerar
perfeita integração, rápida comunicação e agilidade na resposta.
No entender de Pizysieznig (2002) o EDI influência a cadeia de valor
quando a adoção de estratégias para uma vantagem competitiva em um
mercado globalizado.
O EDI é uma rede de acesso restrito aos clientes do provedor, que permite a conexão entre os sistemas eletrônicos de informação entre empresas, independentemente dos sistemas e procedimentos utilizados no interior de cada uma. A função principal de um provedor de EDI é, no momento de adesão de um cliente a rede, instalar o hardware e software para a tradução das informações da empresa em padrões já normatizados internacionalmente. Na operação do sistema, o provedor deve garantir, tanto o registro da transação (comunicação) entre dois parceiros na rede, quanto o sigilo em relação ao acesso de terceiros a estas informações. As empresas não entram em contato apenas com bancos, mas com todos os parceiros nos negócios. A troca de informação gera economias e maior eficiência para todos os participantes da rede. Assim, cada um é, ao mesmo tempo, cliente e fornecedor de informações. ( PIZYSIEZNIG 2002: 55)
Este conceito de comunicação entre empresas, o EDI compreende
todas as trocas de documentos e informações entre todos os participantes das
transformações, potencializando recursos de tempo e capital eliminando todo e
qualquer tipo de ineficiência da cadeia de valor.
A adoção do EDI implica em reconfigurar no sistema logístico,
englobando todos os parceiros comerciais, sejam eles fabricantes,
transportadores ou varejistas.
1.1.1.6 VMI – Vendor Managed Inventory
O VMI ou Estoque Administrado pelo Fornecedor é uma ferramenta
muito importante principalmente para a cadeia de suprimentos que pretende ou
já trabalha com o JIT (Just-in -Time). O principal objetivo desta técnica é fazer
com que o seu fornecedor, através de um sistema de EDI, verifique a sua real
23necessidade de produto, no momento certo e na quantidade certa. Este
recurso tem uma maior funcionalidade para as empresas que um grande
número de fornecedores e possui um amplo mix de produtos.
A integração permite que se faça, de acordo com o forecast uma
mudança de planejamento de reabastecimento, pois a informação chega ao
seu fornecedor em tempo real. O nível de detalhamento é tanto que, detectada
a demanda de produto acabado, o software se encarrega de traçar planos para
a produção, planejamento de abastecimento e distribuição para os depósitos.
1.1.1.6.1 Vantagens
Fornecedor e cliente
§ Falhas de comunicação são reduzidas e todo o processo é realizado em
menor tempo e com maior eficácia;
§ Redução de lead time na cadeia de abastecimento;
§ Atenuação de incerteza na gestão do estoque;
§ A estreita relação entre as partes permite a automatização de atividades;
§ Maior satisfação por parte do cliente final.
Cliente
§ Maior estabilidade na gestão do estoque e conseqüente redução de
probabilidade de rupturas;
§ Redução de custos de processamento de encomendas;
§ Melhoria do nível de serviço.
24
Fornecedor
§ Menor incerteza na previsão da procura;
§ Redução de custos de transporte, posse e de aprovisionamento.
1.1.1.6.2 Desvantagens
Alguns problemas relacionados com a implementação do VMI
(SIMCHI-LEVI et al., 2003, p. 158):
§ A necessidade de utilizar avançadas tecnologias o que traz um
acréscimo de custos;
§ A extrema confiança que terá que existir entre as duas partes;
§ A aceitação por parte dos funcionários de ambas as partes da sua
responsabilidade, assim como dos objetivos do VMI;
§ O aumento de custos para o fornecedor que poderá ser diretamente
proporcional ao aumento da sua responsabilidade com a gestão do
stock;
§ A inexistência de regras claras em relação aos custos com a gestão de
stocks, com incidência no fornecedor;
§ A implementação do EDI (Electronic Data Interchange) que deverá ser
testada para garantir a confiabilidade dos dados.
25
1.1.1.7 ECR (Efficient Consumer Response)
Recentemente, o varejo de massa (supermercados, lojas de
conveniência, farmácias, etc.) e o atacado (distribuidores, centros de
distribuição, etc.) ganharam um novo instrumento de relacionamento com as
indústrias. É a ECR - Efficient Consumer Response, ou Resposta Eficiente ao
Consumidor. Trata-se de uma filosofia que visualiza a cadeia de suprimentos
como um fluxo integrado e único de todas as funções do negócio.
No passado, e até hoje, muitos varejistas encaravam seus fornecedores
com certa suspeita, quase que como adversários. Pouca lealdade era
apresentada por parte do varejista e, conseqüentemente, o fornecedor jamais
estava seguro quanto ao seu futuro relacionamento com a organização.
Freqüentemente, o departamento de compras era cobrado no seu papel de
arrancar o melhor negócio possível de um fabricante. O nome dado a este jogo
era ganha-perde.
O elemento mais importante da ECR será levar ao mercado, no
momento certo, os produtos que o cliente realmente deseja, mais rapidamente,
numa qualidade mais elevada e com um custo menor.
A ECR foi uma iniciativa importante de mudança dentro das empresas
e, como em qualquer mudança, surgirão obstáculos e restrições, o que é
comum nestes casos.
Os requisitos para se por em prática a filosofia do ECR e fazer os check
outs nas saídas das mercadorias das lojas (PVs) e ter o controle do estoque no
fornecedor. Como o volume de produtos é muito grande, tanto o fornecedor
quanto o varejista, precisa utilizar uma coleta de informação que seja acurada e
rápida tendo a sua disposição o código de barras. E o controle do estoque do
ponto de venda feita pelo fornecedor é usada à ferramenta de VMI co
transmissão de dados via EDI, onde temos precisão e rapidez na operação.
A cadeia produtiva ideal passa por alguns sistemas de informação em
uma ordem lógica:
26
RespostaEficiente ao
Cliente
IntercâmbioEletrônico de
Dados
Entrada deDados
1.1.1.8 Geografhic Information Systens - GIS
A tecnologia da informação, que surgiu como ferramenta de redução
de custos e agilizadora do processamento de informação, tem sido cada vez
mais aplicada em todos os ramos da atividade humana, devido ao crescimento
exponencial de seus recursos e habilidades. O Sistema de Informação
Geográfica – GIS está ao alcance de pequenas, médias e grandes empresas,
proporcionando um melhor processo de analise dos clientes bem como a
utilização de um instrumento mais adequado na formação de zonas de vendas.
Diante desse cenário, milhares de transportadores ou varejistas compartilham
esses recursos para montar, formar e manter parcerias. O GIS está
relacionada com uma ferramenta que associa banco de dados a mapas
digitalizados.
Figura 5 – Resultado de um estudo de localização (Extraído de Nazário, 1998, p:2)
27Segundo Nazário (1998), o tratamento das informações espaciais no passado
era realizado basicamente através da utilização de mapas em papel. Hoje em dia,
existem softwares que permitem o uso de tais informações para auxiliar na tomada de
decisão.
Devido à importância que os dados espaciais ocupam na atividade
logística, o GIS possibilita inúmeras aplicações a partir da utilização de dados
georeferenciais para resoluções em problemas de localização, seja de pontos
comerciais ou de fábricas, no roteamento de veículo, na identificação do
potencial de vendas das diferentes regiões, identificação de anomalias, como
fluxos inadequados, desbalanceamento das regiões de entregas e outros. (vide
figura 6 – pág: 28).
Figura 6 – Resultado de um Estudo de Localização (Extraído de Nazário, 1998, p:2)
No Brasil existe uma grande disponibilidade de software de GIS,
capazes de executar tarefas, tais como: roteamento, estudo de localização,
obtenção de matriz de distancia, entre outras. Na tabela 1 – pág: 28/29
encontra-se os principais software e os sites de seus fabricantes.
28Tabela 1 – Lista de Software de GIS (Extraído de Nazário, 1998, p:2)
SOFTWARE SITE (FABRICANTES)
Arc-info, BusinessMap www.esri.com
Deskmapp www.gfmi.com.br
MapInfo www.mapinfo.com
Maptitude, TransCAD www.caliper.com
MaxiCAD www.maxidata.com.br
Tactician www.tactician.com
A interação entre as diversas áreas de trabalho da organização é de
vital importância para que este sistema funcione adequadamente, pois a
manutenção de dados depende de vários setores, já que a logística possui
interface com a área de marketing, finanças e produção.
Muitas organizações estão adotando os GIS na formulação do
planejamento estratégico, visto que o aumento do número de variáveis,
principalmente geográfica, tornam as decisões mais complexas. Assim, a
necessidade do uso de tal ferramenta para a competitividade da empresa, à
medida que facilita as tomadas de decisões com dados confiáveis e
atualizados.
1.1.1.9 Simulação de Informações em Logística
A simulação é outro aplicativo tecnológico que auxilia a gerencia na
identificação, avaliação e comparação de alternativas operacionais.
29Saliby (1999), a define como o suo de modelos para estudo de
problemas reais de natureza complexa, através da experimentação
computacional.
Segundo Saliby (1999) Assim, a simulação consiste no processo de construção de um modelo que replique o funcionamento de um sistema real ou idealizado (ainda a ser construído) e na condução de experimentos computacionais, com este modelo com o objetivo de melhor entender o problema em estudo, testar diferentes alternativas para sua operação e assim propor melhores formas de operá-lo.
A aplicação da simulação como ferramenta de apoio à tomada de
decisão, facilita e revela aos dirigentes a melhor maneira para realizar
determinada tarefa ou resolver alguns problemas. Através de softwares
poderão processar problemas complexos, obtendo economia de tempo e
exatidão das informações.
A tabela 2 - pág: 29 apresenta os principais softwares de simulação e
seus fornecedores.
Tabela 2 – Lista de Software de Simulação (Extraído do site:
www.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel)
PRODUTO EMPRESA ENDEREÇO DA HOME PAGE
ARENA Systems Modeling
Corporation
www.sm.com
AutoMod Autosimulations www.autosim.com
Extend Imagine That www.imaginethatinc.com
GPSS H Wolverine Software
Micro Saint Micro Analysis & Design www.madboulder.com
ProModel ProModel Corporation www.promodel.com
SIMPLE ++ AESOP (Alemanha) www.aesop.de
30
Simscrip II.5 e
MODSIM III
CACI Productos www.caciasl.com
TAYLOR II b F&H Simulations (Holanda) www.taylorii.com
VisSIM Visual Solutions www.vissim.com
CAPÍTULO II – COMO UTILIZAR AS FERRAMENTAS DE
TI
Nas páginas anteriores verificamos diversos tipos de tecnologias da
informação disponíveis no mercado. Contudo, o principal problema é como
utilizá-las de forma estratégica para a Organização.
Uma das formas mais simples de adquirir as ferramentas corretas será
alinhando estratégico o uso da TI com o negócio da empresa.
Mas, o que seria esse alinhamento estratégico?Como poderíamos
utilizar as ferramentas adequadas de TI na Logística a fim de conseguirmos
vantagem competitiva?
Primeiramente, precisamos entender que o alinhamento estratégico
corresponde à adequação estratégica e integração funcional entre os
ambientes externos(mercado, política, fornecedores, etc.) e internos(estrutura
administrativa e recursos financeiros, tecnológicos e humanos) para
desenvolver as competências e maximizar a performance organizacional.
O alinhamento entre negócio e TI é alcançado quando um conjunto de
estratégias de TI (sistemas, objetivos, obrigações e estratégias) são derivadas
do conjunto organizacional (missão, objetivo e estratégias).
31
Figura 7 – Modelo Operacional do Alinhamento Estratégico (Extraído de Brodbeck,
2001)
O modelo acima (vide figura 7 – pág: 32) adota uma visão espacial,
contendo um plano de frente representando a promoção do alinhamento entre
os itens do plano de negócios e de TI durante a etapa de formulação do
processo de planejamento estratégico e vários planos de fundo representando
a promoção do alinhamento contínuo durante os diferentes estágios da etapa
de implementação do processo de PE. Estes estágios podem ser comparados
à etapa de avaliação do modelo de planejamento estratégico de SI de King
(1988) e demonstram o dinamismo do alinhamento ao longo do tempo. Desta
forma, o modelo pode ser interpretado como um cubo formado pelo ciclo de
cada processo de planejamento (n ciclos), representando a continuidade da
promoção do alinhamento, expresso pelo:
§ Alinhamento circular (no plano) entre objetivos e estratégias de negócio
e de TI, indicando que o redirecionamento de alinhamento pode ser feito
por ambos, a qualquer instante;
32§ Alinhamento cíclico e crescente no tempo e espaço, indicando o
movimento dos itens planejados do estado presente para o estado
futuro, implementando-se a visão básica de processo em movimento
proposta por Boar (1994).
A promoção do alinhamento circular é representada pelo ajuste
contínuo dos objetivos e recursos organizacionais com os projetos de TI,
contemplando infra-estrutura, processos, pessoas e demais recursos
necessários para o suporte do negócio. Este ajuste deve ser mantido por todo
o horizonte de planejamento, independentemente da etapa do processo.
A promoção do alinhamento cíclico é representada pelo mesmo ajuste
dos itens organizacionais especificados para o alinhamento circular, mas
crescente no tempo. A manutenção desse alinhamento deve ser mantida por
meio de reuniões de avaliação contínuas das estratégias e dos objetivos
planejados, enquanto executados, e do seu conseqüente reajuste, evoluindo
para os próximos estágios da etapa de implementação e assim
consecutivamente.
Para processos de planejamentos com horizonte de longo prazo (3-5
anos), os objetivos estratégicos devem ser descritos por meio de projetos
estratégicos, por sua vez divididos em objetivos de curto prazo (até 01 ano),
possibilitando melhor controle operacional das metas estabelecidas e
garantindo ajuste mais apurado entre as partes e com relação ao todo.
Com relação aos objetivos estratégicos, o modelo propõe que sejam
estabelecidas metas fixas e variáveis, também subdivididas em períodos de
curto prazo, para seu melhor monitoramento e ajuste ao longo do processo de
planejamento. As metas fixas, consideradas estáticas, são aquelas propostas
no início do período de planejamento, contendo as proposições a serem
alcançadas no final do horizonte de planejamento. As metas variáveis,
consideradas dinâmicas são as alteradas à medida que o processo está sendo
executado e que os redirecionamentos estratégicos se realizam. O alinhamento
total será obtido quando as informações representativas do modelo de gestão
33estratégico da organização, fornecidas pelo SII e por outros sistemas
estratégicos, permitirem o ajuste permanente das metas executadas com
relação ao padrão estabelecido, favorecendo o seu atingimento integral.
Este modelo operacional poderá ser utilizado em todos os setores da
empresa. Contudo, ao utilizá-lo em setores estratégicos, tais como na cadeia
de suprimentos, transporte e distribuição de materiais, ocasionam resultados
estratégicos bastante significativos.
No próximo capítulo, verificaremos que as empresas que utilizaram
modelos de alinhamento estratégico e de TI obtiveram grandes vantagens
competitivas em seu nicho de negócio.
CAPÍTULO III – AS ESTRATÉGIAS DE SUCESSO NO
USO DA TI COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO NA
LOGÍSTICA
Para superar os concorrentes, a utilização da tecnologia da informação
na logística tornou-se crucial.
Veja abaixo as medidas que algumas grandes empresas tomaram para
melhorar a cadeia de suprimentos.
1. Dell Computadores
Muitos se perguntam como a Dell foi capaz de reinventar a indústria de
computadores e tornar-se um símbolo da nova economia. A resposta é
simples: soube vender de um modo inteligente, do jeito que o cliente quer.
Michael Dell fundou a empresa com apenas US$ 1 mil e uma idéia
revolucionária. Decidiu vender computadores pessoais sob medida,
diretamente para os seus clientes. A empresa provou que vale a pena tirar
34partido de oportunidades que os outros estão convencidos que não existem.
Enquanto outros fabricantes de computadores vendem seus produtos por meio
de revendedores, a Dell procura vendê-los diretamente para o consumidor final,
o que lhe permite um corte significativo de custos. Assim oferece o dinheiro
poupado em forma de preços mais atraentes para o público.
O interesse do americano Michael Dell por computadores começou
muito cedo, desde quando tinha sete anos e comprou a primeira máquina de
calcular. Aos 18 anos, ele já anunciava que bateria a IBM. Michael Dell fundou
a companhia em 1984, então com 19 anos, enquanto ainda estudava na
Universidade do Texas. A empresa foi fundada com o nome de PC´s Limited.
Para dar o pontapé inicial da empresa, precisava conseguir máquinas a preços
baixos. Entrou em uma loja de informática e comprou a prazo todo o estoque
de computadores encalhados. Começou a trabalhar no dormitório da faculdade,
desmontando os computadores que tinha comprado e adicionando
componentes mais sofisticados para vendê-los com algum lucro. Calibrou-os
com discos rígidos maiores, programas mais recentes e passou a vendê-los
por telefone, com preços em média 20% inferiores aos da concorrência,
através de anúncios colocados em revistas especializadas de informática. Sua
idéia era vender PCs direto aos clientes, trabalhando com estoques mínimos e
passando por cima dos canais de distribuição tradicionais: as lojas. Assim, a
Dell tornou-se uma das pioneiras no desenvolvimento de programas de
atendimento e suporte a clientes na área de TI.
Em 1985, a empresa fabricou seu primeiro computador com design
próprio, o Turbo PC, que continha processadores Intel 8088 com a velocidade
de 8MHz. Com os bons resultados de vendas, Michael Dell largou a faculdade
para administrar seu negócio em tempo integral. Somente no primeiro ano, a
empresa teve um faturamento de US$ 6 milhões. O sucesso foi tanto que
Michael começou a ser assediado para vender sua empresa. Poderia ter
aceitado a melhor oferta e deixado de trabalhar antes de completar a
maioridade. Em 1987, a PC´s Limited começou a operar também no Reino
Unido. Nos quatro anos seguintes, 11 outros países também foram alcançados.
35No ano de 1990, a Dell tentou vender seus produtos indiretamente
através de supermercados e lojas de computadores, porém o sucesso foi muito
tímido e a empresa voltou o foco no seu bem sucedido modelo de vendas
diretas ao consumidor. Em 1993, ingressou de vez na chamada "Guerra dos
computadores" ao baixar seus preços ainda mais. Uma das barreiras iniciais à
venda direta era a de que muitos compradores potenciais receavam adquirir
um computador de baixo preço a uma empresa desconhecida. Para contornar
esta desvantagem, foi criada a garantia de devolução total do dinheiro nos
primeiros 30 dias após a aquisição. Foram anos de uma obsessiva busca pela
redução de custos, que resultou numa empresa feita sob medida para a
Internet - anos antes de ela existir. Os produtos da Dell eram computadores
ideais para vender on-line.
A companhia liderou a migração comercial para a internet ao lançar,
em 1994, o site dell.com Os clientes que o visitassem podiam selecionar um
sistema, adicionar ou subtrair várias combinações de componentes - tais como:
memória, disco rígido, adaptadores de vídeo, modem - e obter o preço final do
sistema em tempo real. Quando a internet surgiu, foi como um presente para a
empresa, porque criou um caminho para qualquer companhia se comunicar
com qualquer outra. Em 1996 ingressou no comércio eletrônico. Os resultados
foram tão positivos que já no ano seguinte, a Dell se tornou à primeira empresa
a registrar um volume de vendas on-line no valor de US$ 1 milhão. Dois anos
depois ultrapassou a Compaq e se tornou a maior vendedora de computadores
pessoais do mercado americano.
No dia 4 de novembro de 1999, a Dell emitiu a sua primeira nota fiscal
no Brasil. Foi uma festa com a presença do próprio Michael Dell. Ele
desembarcou no país certo de que repetiria o sucesso de vendas entre os
consumidores domésticos, como conseguiu nos EUA. Assim como na matriz,
adotou aqui o sistema de encomendas por telefone ou pela internet. Nada de
vendedores ou showrooms que aumentassem custos. O primeiro ano foi gasto
na busca da liderança entre os consumidores comuns. Mas logo se deparou
com uma barreira difícil de ser ultrapassada. A Dell percebeu a força de um
36concorrente desconhecido nos Estados Unidos, uma infinidade de pequenas
lojas especializadas em montar o PC ao gosto do freguês. Conhecido como
mercado cinza, esse comércio representava 70% das vendas de PCs e
sobrevivia graças ao contrabando. "Como não é nosso hábito perder dinheiro e
tempo, mudamos o nosso foco", afirmou o então vice-presidente da Dell no
Brasil, Fernando Loureiro. Assim adotou a estratégia de curto prazo onde todas
as atenções se voltavam para os grandes consumidores. A Dell passou a
oferecer descontos generosos na venda de computadores e servidores para
empresas, a ponto de provocar protestos entre os concorrentes.
A partir de 2004 a companhia expandiu seus produtos para multimídia
e entretenimento com o lançamento de televisores, handhelds e jukeboxes
digitais. Em fevereiro de 2005, apareceu em primeiro lugar no ranking das
"Empresas mais admiradas", publicado pela revista Fortune. No ano seguinte
Inaugurou sua primeira loja própria em um centro de compra na cidade de
Dallas. O principal objetivo era proporcionar aos clientes uma maior interação
com os produtos da marca, permitindo assim que eles pudessem testar, tirar
dúvidas com a equipe de vendas e efetuar a compra.
Figura 8 - Fábrica da Dell em Hortolândia, SP(Extraído do site da DELL)
37A Dell é uma empresa que chama a atenção pelo padrão de vendas.
Para os executivos da companhia e para os clientes esse é o grande diferencial
da empresa. Enquanto outras companhias produzem em larga escala, a Dell
produz um produto diferenciado. É o que os executivos da empresa chamam
de "modelo direto de vendas". Essa idéia é baseada em alguns conceitos
simples e bem aplicados. O mais importante deles é que a Dell não tem
estoque de produto. A produção só começa quando o produto é encomendado
e de acordo com a especificação de cada cliente. Mas não é só o modelo direto
de vendas que é marca registrada da Dell. Outra característica da companhia é
que a Dell mantém uma equipe de assistência técnica própria. A empresa não
trabalha com assistência técnica autorizada porque já tem todos os dados do
computador do cliente no seu cadastro. Assim que o cliente entra em contato,
imediatamente tem todas as informações sobre sua máquina. A Dell sabe
exatamente o que o cliente tem no seu equipamento e por isso também pode
solucionar rapidamente possíveis problemas. Atualmente cerca de 80% das
complicações são resolvidas pelo telefone, aumentando a qualidade do produto
e diminuindo os problemas para seus clientes.
A utilização da TI foi fator preponderante para o sucesso estratégico da
Dell. Os sistemas ERP, VMI e WMS foram apenas algumas das ferramentas
que a levou diretamente para o topo no seu nicho de negócio.
A Dell é hoje a fabricante de sistemas de computadores que apresenta
o maior crescimento da indústria, ocupando a primeira posição no ranking
mundial das empresas do setor. A empresa vende mais de 10 milhões de
computadores anualmente.
2. Wal-Mart
Em termos de complexidade, a operação da Wal-Mart, a maior rede de
varejo do planeta, provavelmente não encontra rivais em nenhuma outra
empresa. Com seus mais de 70.000 fornecedores e 6.660 lojas, manter as
38gôndolas bem abastecidas é um tremendo desafio de logística. Para conseguir
organizar toda essa estrutura, a Wal-Mart foi pioneira no uso de uma das
principais ferramentas de controle de carga, as etiquetas de identificação por
radiofreqüência (RFID, a sigla em inglês). A quantidade de informações que
podem ser armazenadas por esse sistema é muito superior à dos tradicionais
códigos de barras. A identificação via rádio também faz com que não seja
necessário sequer abrir o caminhão para saber o que há dentro dele.
O sistema desenvolvido pela matriz americana da Wal-Mart foi aplicado
nos outros 15 países onde o grupo atua. No Brasil, algumas das inovações
mexeram com o mercado. Uma delas foi à introdução do agendamento para a
entrega de cargas. A Wal-Mart define um horário no qual o fornecedor tem
preferência para descarregar. Com isso, ganha agilidade de armazenamento.
Na outra ponta, o fornecedor fica com o caminhão menos tempo parado. Essa
tática tem impacto direto no custo do frete. Um caminhão que não pega fila
para descarregar tem um custo por tonelada de 75 reais para um frete de 300
quilômetros. Quando o tempo de espera é de um dia e meio, o valor chega a
250 reais.
Outra inovação logística desenvolvida pela Wal-Mart é o sistema "retail
link", uma plataforma de informações que processa nos Estados Unidos todas
as vendas da rede no mundo. Com uma senha, os fornecedores podem ter
acesso a dados que indicam o desempenho de seus produtos em cada uma
das lojas da Wal-Mart em qualquer lugar do planeta. Com base nesses
números, é possível reduzir ou aumentar o fornecimento de mercadorias para
uma determinada região -- e, se necessário, reestruturar completamente a
operação. A Wal-Mart é conhecida por puxar para baixo os preços dos
produtos expostos nas gôndolas, aspecto que tornou o fundador da companhia,
Sam Walton, um mito na história do capitalismo. A estratégia de preços baixos,
porém, não seria possível sem os enormes investimentos feitos em tecnologia
logística.
39A principal estratégia da direção do Wal-Mart é torná-la uma empresa
flexível e aberta a mudanças, tornando assim seus métodos de trabalho em
permanente processo de evolução.
CONCLUSÃO
A vantagem competitiva baseada em sistemas integrados de gestão
logística, ocorre com o entendimento da necessidade de aquisição de
tecnologia de informação para integração da cadeia produtiva, a fim de atender
o cliente final é atualmente a fonte de vantagem competitiva mais cobiçada no
mercado, porém devem ser repensados os processos organizacionais ,bem
como e seu redesenho.
Toda a tecnologia que hoje está à disposição da solução da logística
empresarial é capaz de gerar soluções que satisfaçam qualquer necessidade
de mercado. Podemos efetuar links através de um sistema integrado, ERP, o
aplicativo de código de barras que migra informações para um sistema de
estoque onde tem informações atualizadas a qualquer tempo por meio de um
outro aplicativo de EDI. Isso tudo pode estar disponível na intranet e extranet
para toda a cadeia de produção afim de otimizar o processo em termos de
eficiência de resposta ao cliente.
Em face todo o exposto, devemos ter consciência do enfoque sempre
nos negócios e não na tecnologia, servindo a mesma apenas como suporte a
tomada de decisões de forma mais rápida e eficiente. Para isso é necessário
aliar o sistema de informações logísticas ao sistema de informações gerenciais,
sendo fundamental para a definição e operacionalização do conceito de supply
chain management.
De um modo geral, o sucesso da implantação de sistemas logísticos
nas empresas e as vantagens advindas de sua aplicação, depende do
processo de amadurecimento empresarial. Dessa forma, todo o processo
logístico pode ser otimizado, permitindo a maior eficácia nos processos
40internos e de comunicação com a cadeia de suprimentos. Lee;Whang (2002)
indica que o segredo está em utilizar as informações e alavancar os recursos
disponíveis para coordenar ações, priorizando os fluxos de informações. A
palavra chave passa a ser a integração empresarial para obtenção de
vantagem competitiva.
41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos:
planejamento, organizações e logística empresarial. São Paulo:
BOOKMAN, pp 26, 2001.
BOWERSOX, D. J. Logistics Informations Systems; SECTION VIII
BRODBECK, A. F. Alinhamento estratégico entre os planos de negócio e
de tecnologia de informação: um modelo operacional para a
implementação. 2001. 332 f. Tese (Doutorado em Administração) —
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.
CHRISTOPHER, Martin. Logística e Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos - 1ª ed., 2002
FELIPINI, D. A internet na gestão dos fornecedores. Disponível em: http://www.guiadelogistica.com.br> Acesso em: 15 Dez 2009. FELIPINI, D. Gestão de distribuidores e desintermediação. Disponível em: <http://www.guiadelogistica.com.br. Acesso em: 15 Dez 2009.
FOX, T. Logistics Informations Systems Design; Chapter 3; pp 714-717
2002.
LAUDON, Kenneth C. Sistemas de Informação Gerenciais - 5ª ed., 2004.
LEE, Hau L; WHANG, Seungjin. Gestão da E-SCM, a cadeia de suprimentos
eletrônica. HSM management, São Paulo: HSM Management,n.30,pg 109-
116,jan-fev 2002.
SALIBY, Software de simulação. Disponível
em:<ww.coppead.ufrj.br/pesquisa/cel>. Acesso em 13 Dez 2009
ZAIDAN, P. Redes varejistas descobrem a TI. Disponível em:
<http://computerworld.terra.com.br/templ_textos/materias.asp?id=23037>
Acesso em 03 Jan 2010.
42ZAIDAN, P. Davene se rende ao mundo da TI. Disponível em:
<http://computerworld.terra.com.br/templ_textos/materias.asp?id=21768>
Acesso em 03 Jan 2010.
ZAIDAN, P. Setor de higiene investe em crescimento tecnológico.
Disponível em:
<http://computerworld.terra.com.br/templ_textos/materias.asp?id=20548>
Acesso em: 03 Jan 2010.