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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Brenda Marques Gaspar Orientador Prof. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Brenda Marques Gaspar

Orientador

Prof. Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Educação Infantil e

Desenvolvimento.

Por: Brenda Marques Gaspar

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a todos aqueles que me

ajudaram a chegar até aqui.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças para

lutar e a profª. Edla Trocoli por me orientar neste

trabalho que requer muita paciência, organização

e calma para conclusão do mesmo.

Não poderia deixar de agradecer também a

toda minha família por estar comigo em todas as

horas da minha vida, sem vocês eu não teria

concluído mais uma etapa da minha vida

acadêmica.

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RESUMO

Este trabalho abordará como as brincadeiras podem ajudar no

desenvolvimento infantil. A proposta é mostrar como a aprendizagem pode se

dar de forma prazerosa para as crianças quando estimuladas através de

brincadeiras e jogos.

As brincadeiras terão total importância no desenvolvimento infantil

pois, vão desenvolver várias capacidades como: a imaginação, a atenção, a

imitação, a memória e também algumas competências para a vida coletiva,

através da interação e da utilização e experiência de regras e papéis sociais.

As brincadeiras e os jogos serão instrumentos de muita importância para

que os professores utilizem como atividades em que as crianças participam de

várias situações sociais, ampliem sua capacidade cognitiva e corporal, se

defronte com desafios e problemas e assim precisem buscar meios para as

soluções.

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METODOLOGIA

Este trabalho de monografia foi realizado, através de pesquisa

bibliográfica, onde foram coletadas a informações em livros e revistas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I- A importância das brincadeiras no desenvolvimento infantil. 10

CAPÍTULO II - Teorias de Estudiosos sobre brincadeiras infantis. 18

CAPÍTULO III – Brincadeiras e Jogos na Educação infantil. 28

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40 ÍNDICE 42

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INTRODUÇÃO

As brincadeiras irão promover o desenvolvimento cognitivo e motor de

modo que a criança esteja preparada para enfrentar esses desafios.

A maneira como uma criança brinca, reflete sua forma de pensar e

sentir, nos mostrando, quando temos de olhar e ver, como está organizando

frente á realidade, construindo sua história de vida, conseguindo interagir com

as pessoas e situações de modo original.

Devemos ter uma melhor compreensão do comportamento no ato de

brincar que se incorpora a dinâmica do desenvolvimento infantil. A ação da

criança reflete, enfim sua estruturação mental, seu desenvolvimento cognitivo,

afetivo e emocional.

Para Vygotsky(1998) a essência da brincadeira de faz-de-conta é a

criação de uma nova relação entre o significado e a percepção, ou seja, entre o

pensamento e o real.

Segundo Oliveira(2007) Piaget reconhece a brincadeira como uma

alteração na forma de pensar da criança, que demonstra já ser capaz de

introjetar uma situação vivida através de imagens mentais e de projetá-la em

outro contexto, através de cenas imaginárias.

De acordo com Oliveira(2007) Winnicott vê o brincar de forma

universal, um facilitador do crescimento, conduz os relacionamentos grupais e

desta forma melhora a comunicação consigo mesmo e com os outros.

Na brincadeira a criança vai vivenciar o lúdico e irá aprender na

realidade, tornando-se capaz de desenvolve-se. Quando brinca, ela faz

construções sofisticadas da realidade e desenvolve seu potencial criativo,

transformando os objetos para atender seus desejos.

A brincadeira da a criança equilíbrio afetivo, contribui para uma

apropriação social, cria condições para uma transformação significativa da

consciência infantil para uma melhor relação com o mundo.

Para Alves(2011) o brincar é um espaço infantil e de superação da

infância, pela relação que estabelece com a representação e o trabalho adulto.

Na brincadeira, pode-se pensar e experimentar situações novas ou mesmo do

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seu cotidiano. O ato de brincar para o desenvolvimento infantil, vem contribuir

nas possibilidades de interação entre os pares, em situações imaginárias e nas

negociações de regras de convivência.

Com as brincadeiras, a criança constrói uma maior experiência

relacionando–se com o mundo de maneira ativa, principalmente nos momentos

de tomar decisões.

A criança dá sentido aos jogos e brincadeiras, a partir de sua própria

ação ou imaginação e estabelece uma maneira de produzir novos sentidos

para esta construção. A brincadeira é de fundamental importância para o

desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e

produzir novos significados.

Segundo Vygotsky(1998), ao reproduzir o comportamento social do

adulto em seus jogos, a criança está combinando situações reais com

elementos de sua ação fantasiosa. A fantasia surge da necessidade da criança,

em reproduzir o cotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode

participar. A construção do real parte então do social (da interação com

outros), quando a criança imita o adulto e é orientada por ele, e paulatinamente

é internalizada pela criança.

No jogo, a criança cria fantasias e abre o caminho para a autonomia,

criatividade, exploração de significados e sentidos, além de atuar na

imaginação e representação.

O professor poderá organizar atividades que ajudem a criança a

descobrir as possibilidades que certos materiais possuem, os jogos em grupos

para desenvolverem outros níveis de competência e procurar ter o de cuidado

de respeitar a brincadeira e o ritmo de cada aluno, com muita sensibilidade,

habilidade e bom nível de observação.

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CAPÍTULO I

A importância das brincadeiras no desenvolvimento

infantil

1.1 Como se aprende na educação infantil.

Para Valle (2008), A aprendizagem é uma função que ocorre a partir

de um processamento neurológico que envolve o ambiente e o aprendiz. A

criança aprende percebendo o mundo, experimentando-o, de acordo com os

recursos que estiverem à sua disposição. A criança pega em tudo que estiver ao

seu alcance, leva tudo até a boca para sentir o gosto da vida, pega e joga

para longe, inúmeras vezes, para com interesse diante de qualquer novidade

que apareça à sua frente.

As impressões colhidas do ambiente, por meio de seus recursos de

percepção, são conduzidas para o cérebro, onde as informações são

processadas e passam a integrar a memória. Somente se diz que houve um

aprendizado quando se reconhece uma mudança, ou seja, quando a

informação ficou registrada na memória (e nem sempre os dados são mantidos

na memória prolongada ou permanente... Algumas vezes, os dados não se

fixam, observados durante poucos instantes, sem permanecer na consciência).

Se um fato novo é aprendido de alguma forma, ele muda o comportamento

do indivíduo, por exemplo, se a criança reconhecer que um objeto é perigoso,

ela aprendeu que deve fugir dele; se ela descobriu, em vez disso, um jeito

divertido de deixar todos à sua volta preocupados, dando-lhe atenção, ela

aprendeu a desobedecer. A percepção que se tem das informações é ligada

experiências múltiplas, nem todas conscientes.

Quando você vê um objeto, você tem uma percepção de forma,cor e

outros aspectos visuais, tanto quanto uma representação de sua função (o que é,

para que serve), de sua aparência do ponto de vista tátil (é macio ou quente

etc.), das informações auditivas que ele transmite (se faz barulho ou é

silenciooso) e entre outras qualidades, que você nem reparou, às vezes,

percebem-se principalmente as informações emocionais (o objeto pode estar

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relacionado com um acontecimento bom ou não) Isso é importante para que se

entenda por que muitas crianças reagem a um mesmo estímulo. Enquanto

uma criança corre com os bracinhos abertos para um objeto estranho,outra

criança foge dele como se estivesse ameaçada de perigo.

A inteligência, assim como as demais habilidade humanas, não são

objetos de tamanho fixo, predeterminados por ocasião do nascimento.

Nascemos com um potencial a ser desenvolvido. Não se pode determinar a

capacidade de alguém. É possível perceber tendências, facilidades ou

dificuldades, até porque são múltiplas as possibilidades das pessoas e são

ilimitadas também. O aprendizado se dá a partir de um processo que ocorre no

cérebro. Às vezes, ocorrem falhas em determinadas áreas cerebrais (seja na

recepção do estímulo, no processamento ou nos mecanismos motores de

resposta). O fato é que o cérebro é cheio de “departamentos” que se interligam,

como uma central de serviços com vários"escritórios", onde cada um responde

por um setor , mas todos participam, de alguma forma, do mesmo

empreendimento. No cérebro, encontram-se áreas que respondem por aspectos

específicos, por exemplo, uma lesão na região occipital (parte posterior do

cérebro) pode ocasionar um distúrbio na visão. A percepção visual se interliga com

as áreas de memória, emoções, linguagem, controle motor, planejamento e assim

por diante e o comportamento será uma consequência de diversos processos que

acontecem em nível neuropsicológico, imperceptível para leigos, mas detectável

pelos especialistas, que trabalham com apoio de técnicas e recursos de

avaliação, ou seja, de dificuldades no aprendizado, uma avaliação

especializada precisa ser feita para que a criança se beneficie de suas

possibilidades e não para determinar se ela pode, ou não, se desenvolver.

A facilidade infantil para aprender é merecedora de toda atenção. A

experiência e o aprendizado desempenham um papel fundamental para a

integração das regiões cerebrais e podem promover alterações estruturais

celulares. Alimentar as células com informações e atividades eleva a

capacidadede fazer conexões entre as células nervosas, aumentando a

agilidade mental e portanto, a capacidadede aprender.

A aprendizagem é um processo que se caracteriza pela aquisição de conceitos

ou habilidades por meio de experiência. É o resultado de reestruturações internas

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ao indivíduo que leva ao conhecimento. É um tipo de adaptação que ocorre de

duas formas, fundamentalmente:

• Sensório- motora: por meio de percepções e movimentos relacionados.

• Conceitual: por representações mentais abstratas,não necessariamente ligadas à ação ou ao objeto.

Segundo Dias (1994), Foram grandes pensadores que chamaram a

atenção para o valor dos primeiros anos de vida do ser humano. Jean Piaget

apontou na infância as estruturas que permitem ao ser humano o

conhecimento e a interpretação do mundo, Sigmund Freud nos mostrou o

funcionamento do psiquismo infantil, a presença do inconsciente e o

relacionamento com os outros. Muitos outros teóricos merecem atenção por

trabalhos que foram fundamentais na Educação Infantil, entre eles, Freinet e

Vygotsky.

Freinet desenvolve uma Pedagogia diferente, que parte dos interesses dos

próprios alunos a fim de lhes propiciar relações mais autônomas, críticas e

democráticas. Ele questiona a eficiência das normas educacionais: filas,

horários e programas exigidos oficialmente. Para ele, fica claro que o interesse

das crianças estava fora da sala de aula, então, surge a ideia da aula-

passeio, onde era possível observar o trabalho de um marceneiro, as flores que

se abriam na primavera e assim por diante, até que, na volta dos passeios,

todos se comunicavam em um tom familiar, discorrendo sobre os

conhecimentos adquiridos. Dentre outras técnicas abordadas por Freinet,

destaca-se a imprensa escolar, onde o que as crianças escrevem, quando

voltavam dos passeios, passam a ser impressos e lidos por outras pessoas da

mesma escola ou até de outras escolas, motivando a produção de trabalhos.

Freinet e seus colaboradores buscam construir um nova Pedagogia, com bom

senso, valorizando princípios de cooperação e expressão livre.

A teoria de vygotsky gira em torno de três ideias essenciais, de acordo

com Valle (2008) : (a) o uso de um método genético ou evolutivo; (b) a

proposta de que as ações mentais individuais têm uma origem social; e (c) a

afirmação de que, para entender o funcionamento mental do indivíduo, é preciso

compreender os instrumentos e os signos que o mediam.

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O desenvolvimento humano, o aprendizado e as relações entre eles são

temas centrais nos trabalho de Vygotsky. É a partir da existência de dois

níveis de desenvolvimento (real e potencial) que Vygotsky define a zona de

desenvolvimento proximal como "a distância entre o nível de

desenvolvimento real, que se costuma determinar por meio da solução inde-

pendente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,

determinado por meio da solução de problemas sob a orientação de um

adulto ou em colaboração com companheiros mais capacitados".

A zona de desenvolvimento proximal refere-se ao caminho que o indivíduo

vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de

amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas, que, inicialmente,

estão estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. A zona de

desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em constante transformação.

O desenvolvimento da espécie humana e do indivíduo se baseia no aprendizado

que, para Vygotsky, sempre envolve a interferência, direta ou indireta, de outros

indivíduos e a reconstrução pessoal da experiência e dos significados. A interação

social é o espaço de constituição e desenvolvimento do ser humano, descrito

como histórico e cultural, sendo impossível dissociar as dimensões cognitivas e

afetivas dessas interações e os planos fisiológicos e psicológicos decorrentes.

A preocupação fundamental de Piaget é "o sujeito epistêmico", ou seja, o

estudo dos processos de pensamento presentes desde a infância inicial até a

idade adulta.

Piaget apresenta uma visão interacionista, que mostra um processo

ativo de contínua interação da criança com o ambiente, para que seja

possível entender quais os mecanismos mentais que o sujeito usa para poder

compreender o mundo. Piaget considera que a adaptação à realidade

externa depende basicamente do conhecimento e procurou estudar

cientificamente quais os processos que o indivíduo usa para reconhecer a

realidade. Considera que só o conhecimento possibilita ao homem um estado

de equilíbrio interno que o capacita a adaptar-se ao meio ambiente. Assim, sua

obra é de epistemologia genética e mostra como o conhecimento se

desenvolve, desde as rudimentares estruturas mentais do recém-nascido até

o pensamento lógico-formal do adolescente. Piaget chegou à formulação de

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inúmeros conceitos continuamente reavaliados em função de novos dados; os

conceitos são: hereditariedade, adaptação, esquema e equilíbrio.

Em relação à hereditariedade, Piaget diz que não herdamos a inteligência: o

que herdamos é um organismo que vai amadurecer em contato com o meio

ambiente. Desta interação entre organismo e ambiente, resultarão determinadas

estruturas cognitivas que vão funcionar de modo semelhante durante toda a vida

do sujeito. Este modo de funcionamento, que constitui para Piaget nossa herança

biológica, permanece essencialmente constante durante toda a vida.

Em relação à adaptação com o ambiente, estariam implicados dois

processos complementares: a assimilação e a acomodação. Assimilação significa

tentar solucionar uma situação nova com base nas estruturas antigas. A este

processo de modificação de estruturas antigas para solução de um novo proble-

ma, Piaget denomina acomodação, o que significa uma interação à nova

realidade.

Esquema é uma unidade estrutural básica de pensamento ou ação. O

equilíbrio é o resultado de processo de desenvolvimento que busca atingir formas

de equilíbrio cada vez melhor (processo de equilibração sucessiva, até a

aquisição do pensamento operacional formal).

Conforme Valle (2008) Freud concebe o indivíduo a partir de um sistema

dinâmico de forças que interagem em seu comportamento: id, ego e

superego. O id é a fonte da energia psíquica(libido), ligada ao princípio do

prazer. Essa energia se apresenta sob a forma de instintos inconscientes de

natureza biológica, ligados à sobrevivência (instintos de vida), como a fome,

por exemplo e a impulsos de destruição, agressividade (instintos de morte).O

ego tem a função de pensar e surge da necessidade de dirigir os impulsos do

id para que possam ser satisfeitos no ambiente, regido pelo princípio da

realidade. O superego resulta da interiorização das forças sociais de inibição

dos impulsos básicos e se torna o substituto interno das forças externas de

controle dos pais e da sociedade, a consciência moral. Esses três componentes

da personalidade existem em todas as pessoas. O processo de

desenvolvimento da personalidade é contínuo e passa por fases que são

decisivas na estruturação da personalidade é ocorrem durante os primeiros

anos de vida: são os estágios psicossexuais.

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No primeiro ano de vida, a criança obtém satisfação por meio da

sucção, isto é, as zonas erógenas se centralizam na boca, constituindo a

chamada fase oral. Durante o segundo e o terceiro anos de vida, o comando

muscular amadurece e o controle dos esfíncteres torna-se mais evidente,

juntamente com o sentido de propriedade relativo a seus pertences. Nessa

fase, a criança desenvolve as habilidades motoras de andar, falar, que

modificam sua relação com o ambiente, tendo de lidar com impulsos internos e

as imposições ambientais. O interesse da criança se centra mais na eliminação,

é a fase anal. Na fase fálica, o interesse da criança se volta para os órgãos

sexuais e para os prazeres ligados à exploração e ao manuseio deles. Nessa

etapa, ocorre o conflito edipiano (conforme o mito clássico do rei Édipo, que

matou o pai involuntariamente e se casou com a mãe). Nesse"romance

”infantil, a criança se liga fortemente ao genitor do sexo oposto, ou seja, o

menino dirige seus sentimentos para a mãe e compete com o pai para

conquistá-la, identificando-se com a figura do pai para disputar a atenção

materna; a menina volta seus sentimentos para o pai imitando a mãe para

agradá-lo. Assim, estabelecem-se identificações primárias masculina e

femininas.

O desenvolvimento nessas sucessivas fases de amadurecimento seguirá

seu curso normal, entrando na fase de latência, quando a criança irá

sublimar as atenções da área sexual e estará mais apta a adquirir novos

conhecimentos por meio do amadurecimento intelectual esperado neste

período, que irá até aproximadamente os doze anos, início da puberdade,

quando entra na fase genital, e os interesses voltam-se para as outras

pessoas.

É importante a compreensão dessas diversas etapas da construção da

sexualidade infantil, para que os adultos, especialmente pais e professores,

possam lidar com as diversas manifestações e os conflitos que surgem dessas

etapas, porque, segundo Freud, que deu origem aos estudos psicanalíticos, e

diversos outros pesquisadores que desenvolveram estudos com base nessa, a

insatisfação nessas etapas ocasionará fixação da energia da libido e dificultará

um desenvolvimento saudável da personalidade, que se estrutura na infância

para se consolidar na fase adulta.

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1.2 O papel do brincar para o desenvolvimento infantil.

De acordo com Macedo(2007), a palavra BRINCAR vem de brinco + ar.

Brinco vem do latim vinculu, que quer dizer laço. Brincar é, portanto uma

atitude, um gesto de ligação ou vínculo com algo em si mesmo ou com o outro.

As brincadeiras desenvolvem algumas capacidades como: a

imaginação, a atenção, a imitação, a memória e também algumas competências

para a vida coletiva, através da interação e da utilização e experiência de regras

e papéis sociais.

A brincadeira possui regras que são definidas e respeitadas por aqueles

que brincam. O grau de definição dessas regras é que é diferenciado.

O que difere brincadeira e jogo é que as brincadeiras são feitas por

regras livres, semi-estruturadas, com a ação definida pela fantasia. Já os jogos

são delimitados e utilizados como instrumentos que traçam rumos e a conduta

dos jogadores.

É necessário que a criança brinque:

• Para expressar suas fantasias, desejos e experiências, no mundo do

faz-de-conta, destruir o que a incomoda (sejam pessoas ou situações)

colocando no mundo externo a própria realidade interna;

• Para dominar suas angústias e medos;

• Para exprimir sua natural agressividade de forma tranquila e segura, de

modo socialmente aceito;

• Para aumentar suas experiências e aprender que é permitido errar e

que pode tentar de novo, sem críticas destrutivas;

• Para promover sua criatividade e favorecer toda a expressão de sua

responsabilidade;

• Para desenvolver de forma sadia sua própria sexualidade.

Brincar é uma atividade livre, imprevisível e espontânea, porém,

regulamentada. Maneira de apropriação do mundo de forma ativa,direta, e

também através da representação, ou seja, da fantasia e da linguagem.

Segundo Macedo(2007), o brincar e o jogar são modos de aprender e

se desenvolver. Daí porque se interessam em repeti-las e representá-las até

criarem ou aceitarem regras.

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Para Alves (2011) é necessário considerar o brincar como um ato de

importância, que possibilita a escolha entre os tipos de brinquedos e as

brincadeiras que ajudam a criança a desenvolver sua capacidade de

raciocínio e flexibilidade no contato com o mundo, dando asas à fantasia e à

sua criatividade.

A brincadeira é um meio pelo qual a criança constroe suas primeiras

realizações, por meio de prazer, ela expressa a si própria e as suas

emoções e fantasias.A fantasia está ligada à necessidade que a criança tem de

usar a brincadeira para ver o que acontece à sua volta.

O brincar é um espaço infantil e de superação da infância, pela relação

que estabelece com a representação e o trabalho adulto. Na brincadeira, pode-se

pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu cotidiano. O ato de

brincar para o desenvolvimento infantil, vem contribuir nas possibilidades de

interação entre os pares, em situações imaginárias e nas negociações de regras

de convivência.

A criança quando brinca abre seu canal de possibilidades e

potencialidades por meio das relações que estabelece durante esta atividade.

Assim, constroe as normas sociais que regem o comportamento humano e vai

adquirindo valores e crenças da sua cultura.

No desenvolvimento da criança, não é possível separar o lúdico da

criatividade. Sua liberdade de criação estará comprometida se as

manifestações lúdicas forem bloqueadas.

As brincadeiras e os jogos são a manifestações lúdicas, que rompem

padrões e posturas de mentes fechadas às mudanças, às transformações que

levam o ser humano a atingir o seu melhor na educação.

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CapÍtulo II

Estudiosos sobre as brincadeiras infantis

2.1 Vygotsky Para Vygotsky (1998), quando a criança brinca, ela cria uma situação

imaginária e imita um adulto observado.

Com a brincadeira de faz-de-conta, a criança executa uma tarefa mais

avançada, inclusive para a sua idade. Quando uma criança põe a mesa ao

brincar de casinha, ela está desenvolvendo uma habilidade que poderá ser útil

para a vida adulta. A brincadeira de faz-de-conta é importante e tem

desenvolvimento próprio. A criança transita nas situações imaginárias para ter

o domínio das regras. A essência da brincadeira de faz-de-conta é a criação de

uma nova relação entre o significado e a percepção, ou seja, entre o

pensamento e o real.

De acordo com Vygotsky (1998), o faz-de-conta é uma atividade

importante para o desenvolvimento cognitivo da criança, ajuda a estimular a

imaginação e na capacidade de planejar as regras para cada uma das

situações. Quando a criança brinca, não há apenas uma repetição de eventos

vistos ou ouvidos, ela cria combinando o antigo com o novo.

Quando ele fala no papel do brinquedo, refere-se especificamente à

brincadeira de "faz-de-conta", como brincar de casinha, brincar de escolinha,

brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz referência a

outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira "faz-de-conta" é privilegiada em

sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento.

Quando a criança coloca várias cadeiras uma atrás da outra dizendo ser

um trem, ela já é capaz de simbolizar, as cadeiras significam uma realidade

ausente,assim a criança separa o objeto do significado.Com isso ela se

desvincula da situações concretas, sendo capaz de abstrair.

A brincadeira é a “zona de desenvolvimento proximal”, que é o caminho

para que a criança possa desenvolver funções que estão em processo de

amadurecimento e serão consolidadas em um nível de desenvolvimento real.

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Utilizando a brincadeira cria-se uma “zona de desenvolvimento

proximal” A partir do momento que a criança se comporta além do

comportamento habitual para sua idade, o que vem criar uma estrutura básica

para as mudanças da necessidade e da consciência, originando um novo tipo

de atitude em relação ao real.

Ao brincar, a criança entra em contato com regras e acaba criando as

suas próprias normas e repetindo regras sociais do mundo adulto.

Os jogos com regras levam a criança à subordinação de seus impulsos,

ao autocontrole e desenvolvem sua autodeterminação. O brinquedo permite a

criança a viver situações imaginárias, que levam das limitações perceptivas até

situações concretas em que se encontra. Não há uma fronteira fechada entre a

fantasia e a realidade.

As crianças evoluem por conta de suas próprias brincadeiras e das

invenções das brincadeiras feitas por outras crianças e adultos. Assim,

ampliam sua capacidade de visualizar a riqueza do mundo real, no plano

simbólico procuram entender o mundo dos adultos, pois ainda que com

conteúdos diferentes, as brincadeiras tem características comuns nas

atividades do homem e suas relações sociais e de trabalho. Deste modo, elas

desenvolvem a linguagem e a narrativa e nesse processo.

Segundo Vygotsky(1998), ao reproduzir o comportamento social do

adulto em seus jogos, a criança está combinando situações reais com

elementos de sua ação fantasiosa. A fantasia surge da necessidade da criança,

em reproduzir o cotidiano da vida do adulto da qual ela ainda não pode

participar. A construção do real parte então do social (da interação com

outros), quando a criança imita o adulto e é orientada por ele, e paulatinamente

é internalizada pela criança. Ela começa com uma situação imaginária, que é

uma reprodução da situação real, sendo que a brincadeira é muito mais a

lembrança de alguma coisa que de fato aconteceu, do que uma situação

imaginária totalmente nova. Conforme a brincadeira vai se desenvolvendo

acontece uma aproximação com a realização consciente do seu propósito.

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2.2 Piaget

Para Oliveira(2007) Piaget dia que existe o brincar justamente quando há

um predomínio da assimilação sobre o esforço e a tensão da acomodação.

A brincadeira de exercício como é chamada a primeira forma de brincadei-

ra que aparece. Como seu nome diz, a criança brincando exercita seus

esquemas sensório-motores e os coordena cada vez melhor. É um buscar

através dos movimentos e sensações, que visa um retorno prático, funcional,

imediato, que quer sentir fisicamente o contato com o objeto.

Por volta do fim do primeiro mês (Fase I -Período Sensório Motor) e no

segundo e terceiro meses (Fase II - P.S.M.) já se pode falar em brincadeira,

através das reações circulares primárias com predomínio da assimilação,

que se caracterizam por ser um brincar repetitivo e funcional, com partes do

próprio corpo, como com a mãozinha, por exemplo. Por volta do quarto mês

(Fase III- P.S.M.), essas reações circulares são chamadas de secundárias,

crescendo em complexidade com a conquista da coordenação viso-manual,

já se podendo falar em uma relativa intencionalidade na ação. A criança

repete algo descoberto por acaso, já se descentralizando ligeiramente,

incluindo a interação com um objeto fora do próprio corpo, por exemplo o

balançar Com 8 meses (Fase IV - P.S.M.) seu universo cresce incrivelmente

em abertura e organização.

Quando já está assmilado, a criança consegue organizar suas ações,

inclusive lúdicas, determinando meios para alcançar os fins almejados.

Afirma-se a intencionalidade da ação, coordenam-se os esquemas

secundários, pontua-se a separação objeto-sujeito, o que dá condições de

aparecimento de uma forma ritual pré-simbólica de brincar, ainda com

características repetitivas e funcionais mas já esboçando as primeiras

tentativas de uma representação dramática. A consciência de si, do outro

e da representação simbólica se vão alicerçando de modo gradual,

complementar e recíproco.

Segundo Oliveira(2007) Piaget fala de uma crescente

coordenação, descentralização e flexibilidade dos esquemas sensório-

motores, agora intencionais e pré-simbólicos, propicia uma abertura cada

vez maior ao meio, gerando as reações circulares terciárias, que se

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caracterizam pela progressiva capacidade de inovação e exploração do

bebê de 12 a 18 meses (Fase V - P.S.M.). O novo agora o atrai muito e faz com

que ele vá mais perto do objeto, o examine mais, o imite, o sinta mais através

de novas formas de interação e combinação que vai criando, e lhe dando

condições de descobrir novas propriedades dos objetos. Mas, a toda abertura

do sistema corresponde um movimento recíproco, complementar e inverso de

fechamento, de circunscrição de si mesmo.

À medida que a criança vai crescendo e começa a explorar o meio, com

agilidade cada vez maior, mais forma uma ideia de si mesma como um todo,

separado do meio e em constante relação a ele. Desde o começo, portanto, há a

formação de uma consciência em relação a algo vivido. O sujeito se percebe dentro

de um contexto que diz respeito à sua história. O processo de estruturação

mental deve sempre ser visto em seus dois aspectos complementares, o lógico

e o biológico, onde o sujeito vai se organizando e tomando consciência de si mes-

mo,ele é o agente do próprio processo de desenvolvimento, em relação ao objeto

do conhecimento.

De acordo com Oliveira (2007) Piaget fala que a criança tem a

consciência elementar de si mesmo e do eu-corporal, não só eficiente, mas

criativo e realmente inserido num contexto histórico, espaço-temporal, é que dá

condições à criança de internalizar o vivido. Ela passa então a representar sua ação

internamente e a se utilizar de manifestações simbólicas para interagir com o

meio. Ela começa a falar, a imitar na ausência do modelo, a se lembrar de algo

sem precisar vê-lo.

A brincadeira é uma alteração na forma de pensar da criança, que

demonstra já ser capaz de introjetar uma situação vivida através de imagens

mentais e de projetá-la em outro contexto, através de cenas imaginárias.

Existem dois momentos decisivos na evolução do processo de

representação imagética simbólica: o primeiro, na passagem dos esquemas

sensório-motores aos representativos, quando a criança consegue simbolizar,

isto é, separar o significante do significado, ou seja, a representação do que é

representado; o segundo, no ingresso do período operatório, quando o

pensamento adquire descentralização e flexibilidade suficientes para lidar

também com imagens antecipatórias e não mais apenas reprodutoras.

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A brincadeira simbólica se desenvolve tanto em organização como em

dramatização. A criança revive situações que lhe foram significativas, como ela

as viu ou como gostaria que tivessem acontecido. Aprende ao brincar a

vivenciar e a diferenciar a realidade da fantasia, o eu do outro e a ressignificar

a realidade conforme sua capacidade de assimilá-la. Em toda representação

há um nível de simbolismo consciente para quem o cria e um inconsciente.

Piaget denomina de simbolismo primário a representação consciente, e de

secundário a inconsciente. Por exemplo, ao fazer de conta que uma vareta é

um carrinho, e movimentá-la pelo chão imitando o barulho do motor, a criança

está consciente que que está imitando um carrinho, mas pode estar

representando também, embora não o perceba, uma fantasia inconsciente.

Para Piaget o jogo é essencial na vida da criança, pois prevalece a

assimilação. No jogo, a criança se apropria daquilo que percebe da realidade.

Piaget classifica em fases o desenvolvimento do jogo na criança:

Primeira fase: adaptações reflexas. A criança age conforme os instintos

essenciais, como por exemplo, a sucção como refeição.

Segunda fase: as condutas adaptativas continuam, começam com uma

diferenciação: a dualidade. Como exemplo, temos os jogos da voz.

Um esquema jamais é por si mesmo lúdico, ou não-lúdico, e o seu caráter de

jogo só provem do contexto ou do funcionamento atual. Mas todos os

esquemas são suscetíveis de dar lugar a essa assimilação pura, cuja forma

extrema é o jogo.

Terceira fase ou fase das relações circulares secundárias: o processo se

mantém inalterado, mas a diferença entre jogo e assimilação intelectual é mais

nítida. Nesta fase a criança aprende a manipular objetos, descobre que eles

fazem barulho. O Jogo é compreendido e não oferece mais novidade.

Quarta fase ou fase da coordenação dos esquemas secundários:

prolongam-se as manifestações lúdicas, pois elas são executadas por pura

assimilação, por prazer e sem esforço, tendo em vista atingir uma finalidade.

Esta modalidade de esquema permite a formação de verdadeiras combinações

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lúdicas, passando de um esquema a outro para assegurar-se deles, e sem

esforço de adaptação. Consiste em repetir e associar os esquemas já

constituídos, com um fio não lúdico.

Quinta fase: acontece a transição entre as condutas rituais e o símbolo lúdico,

onde as manifestações aparecem com uma fertilidade muito maior de

combinações. O jogo se apresenta como uma ampliação da função de

assimilação, para além dos limites da adaptação atual.

Sexta fase: nesta fase o lúdico desliga-se do ritual, sob a forma de esquemas

simbólicos, graças ao progresso de sua representação. Isso se concretiza

quando a inteligência experimental passa a uma combinação mental, a

imitação externa à imitação interna. Há símbolos, e não apenas um jogo motor,

porque há assimilação fictícia de um objeto ao esquema, o seu exercício

resulta na acomodação.

Piaget classifica os jogos segundo sua evolução, em três grandes

estruturas: jogos de exercício, simbólicos e de regras.

Jogo de exercício: A principal característica deste estágio, que Piaget

classifica como período sensório-motor, é obter a satisfação de suas

necessidades. Com a ampliação dos esquemas, a criança vai cada vez se

tornando mais consciente de suas potencialidades, colocando em ação um

conjunto de condutas, sem modificar as estruturas, onde as ações ficam

dirigidas somente para atingir seu objetivo maior que é a prazer. Exemplo: O

bebê mama não apenas para sobreviver, mas porque descobre o prazer de

mamar, à medida que satisfaz sua fome. É isso que o faz chupar a chupeta,

mesmo que não saia alimento nenhum, esse exercício lhe dá um enorme

prazer.

O jogo de exercício é essencialmente sensório-motor, (aparece até mais ou

menos dois anos de idade) portanto, o primeiro a aparecer na criança, mas

também pode envolver as funções superiores de pensamento. Este jogo estará

presente em todos os estágios da nossa vida, inclusive adulta, pois o prazer

deve estar sempre presente em tudo que fazemos.

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Jogo simbólico: Segundo Piaget, estes jogos fazem parte da fase pré-

operatória (dos dois aos seis anos de idade), onde a criança, além do prazer,

começa a utilizar a simbologia. A função simbólica já está estruturada e

começa a fazer imagens mentais, já domina a linguagem falada. Exemplo: A

criança tem a possibilidade de vivenciar aspectos da realidade, muitas vezes

difícil de elaborar: a vinda de um irmãozinho, mudança de escola ou situações

boas como: ser um super-homem, imitar a mãe ou pai.

Jogo de regras: de acordo com Piaget, este jogo acontece a partir dos sete

anos de idade, no período operatório concreto - a criança aprende a lidar com

delimitações no espaço, no tempo, o que pode e o que não pode fazer. Ao

invés de símbolo, a regra supõe relações sociais, porque a regra é imposta

pelo grupo e sua falta significa ficar de fora do jogo. Exemplo: lidar com perdas

e ganhos, estratégia de ação, tomada de decisão, análise dos erros, replanejar

as jogadas em função dos movimentos dos outros.

Cada estágio do desenvolvimento descrito por Piaget tem uma seqüência que

depende da evolução da criança, do nascimento até o final da vida. Uma fase

se interliga com a outra de forma que o final de uma se confunde com o

começo de outra. A evolução começa com a fase puramente reflexiva,

passando pela assimilação, pelo simbolismo até chegar à acomodação.

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2.3 Winnicott

De acordo com Oliveira (2007) Winnicott fala que o brincar é universal,

facilita o crescimento, conduz os relacionamentos grupais e desta forma melhora

a comunicação consigo mesmo e com os outros. Principalmente em um espaço

potencial entre o eu e o não eu, entre o mundo interno e o externo, que

justamente vão se formando à medida em que o brincar se desenvolve de forma

criativa e original.

Winnicott não observava de forma passiva as crianças brincando, ele

brincava com elas, lidando com a superposição de duas áreas de brincar, a da

criança e a do terapeuta, salientando a necessidade de o terapeuta (ou quem

quer que seja) ter condições de realmente saber e poder brincar com. Foi

também um grande e sensível observador, conseguindo avaliar situações

complexas como a da criança brincando enquanto entrevistava a mãe.

Em seus estudos, se interessava em acompanhar a importância do

brincar no vital e doloroso processo de separação eu-não eu. Mostrando como o

lúdico, por ser essencialmente prazeroso, mesmo quando é do tipo

autocurativo, ajuda a fluir de forma mais criativa esse corte saudável do cordão

umbilical simbólico.

No início da vida, o bebê e o objeto são um só, fundidos um no outro. O

bebê vê sua mãe de forma subjetiva e esta busca concretizar aquilo que ele

procura. E nessa hora que a mãe, ou parte dela, fica numa constante oscilação

entre ser o que o bebê espera e ser ela própria. Quando a mãe consegue

alternar de forma equilibrada estes dois papéis, o bebê começa a experimentar

uma sensação boa, ao mesmo tempo de confiança na mãe e de controle

saudável do meio, lidando pouco a pouco com pequenas e suportáveis

frustrações.

O bebê experiência o fato de que o objeto continua a existir mesmo

quando ele o rejeita ou agride, e isso lhe dá condições de confiar nessa mãe

que tem vida própria. Esse processo o ajuda a elaborar sua onipotência inicial lhe

dando condições de ir circunscrevendo seu eu de forma menos mágica e mais

real.

Segundo Oliveira (2007)Winnicott introduz os termos "objetos

transicionais" e "fenómenos transicionais", para designar que os objetos não

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fazem parte do corpo do bebê e ainda não são reconhecidos como externos a si.

Ele já o reconhece como não-eu e já mantém um tipo de relação afetuosa com

ele.

Se tentarmos um paralelo com a epistemologia genética, vemos que

essa transição coincide com a construção da noção de objeto permanente. Não

poderia ser de outra forma, já que o objeto do conhecimento só é assimilado e

constituído enquanto significativo para o sujeito do ponto de vista lógico e

semântico. Há toda uma busca de continuidade e uma conquista do novo no

processo da adaptação cognitiva e afetivo-emocional.

Para Oliveira(2007) quando o simbolismo se forma, o bebê consegue

distinguir o que é fato do que é fantasia, o que é objeto interno do que é objeto

externo, o que é percepção do que é criatividade. Para Winnicott há uma evolução

direta dos fenómenos transicionais para o brincar, deste para o brincar compar-

tilhado e daí para as experiências culturais. O importante no brincar não é

tanto com o que a criança brinca, o conteúdo, mas sim como ela se envolve,

lidando de forma cada vez mais criativa e interativa com seu mundo interno e

externo. O brinquedo se aproxima do sonho, reestrutura conteúdos inconscientes,

adquirindo formas oníricas de lidar com a realidade interna sem perder o

contato com a realidade externa.

O corpo está muito presente em toda situação lúdica. Situações de grande

envolvimento podem se associar à excitação de zonas erógenas. Quando a

excitação é muito grande, ela compromete o brincar, pode fazer com que a

criança se ameaçada e insegura frente a situações daquilo que não consegue

controlar de forma ativa.

Esse comprometimento aparece sob a forma de uma desorganização

motora ou verbal, que pode ser acompanhada ou não de agressividade frente

aos objetos, quer através de um fechamento em si mesmo, inibindo a

atividade, quer através de um comportamento repetitivo e estereotipado, que

não ousa se arriscar ou se soltar ou ainda, de uma grande e compulsiva

preocupação com a ordem e a limpeza dos objetos, por projetar neles a desor-

dem e o "sujo" que sente em si. A criança perde a espontaneidade, enrijece-se

numa defesa contra impulsos ou fantasias que tem medo de não controlar,

deixando de se perceber como quem organiza o que faz.

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Mas, é justamente o se expor de formas simbólica a situações que a

ameaçam ou pressionam, e de experimentar a tensão e o desequilíbrio frente a

elas, que dá à criança a possibilidade de se reorganizar e de vir a controlá-las

de forma ativa.

A ansiedade é parte inerente a todo processo de crescimento. Crescer é

justamente aprender a lidar com a frustração, com a tensão da ausência do

outro, com o medo de não revê-lo, com risco de se expor e não ser aceito.

Dentro de um processo saudável de desenvolvimento, a criança vai

perdendo sua onipotência inicial e se assumindo como autora da própria

história.O brincar tem um papel insubstituível no processo vital de encontro

consigo mesmo e com o outro.

.

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CapÍtulo III

Brincadeiras e Jogos na Educação infantil.

3.1 As Brincadeiras e suas contribuições na educação Infantil.

Para Smole(2000) Ao observar as crianças, é possível perceber como

elas aprendem, buscando formas de tornar mais significativa e prazerosa sua

aprendizagem. As brincadeiras ajudam as crianças a se desenvolverem muito

mais. Enquanto brinca, o aluno amplia sua capacidade corporal, sua consciência

do outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço

que o cerca e de como pode explorá-lo.

Brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto.

Brincando ela imita gestos e atitudes do mundo adulto, descobre o mundo,

vivência leis, regras, experimenta sensações.

Antigamente, as crianças tinha mais espaço para brincar ,principalmente

em casa, nas ruas, nos parques. Hoje as crianças vêm perdendo o seu espaço,

especialmente para o brincar coletivo. Se eram comuns brincadeiras de corda,

bola, bola de gude. pegador e outras, atualmente elas já não têm lugar nos

condomínios e apartamentos.

Quando brinca, a criança se defronta com desafios e problemas,

assim precisa buscar meios para a soluções. O brincar está presente na

construção de si mesma, do outro e do mundo, ao mesmo tempo que

comportamentos e hábitos.

Nas escolas de educação infantil, o conteúdo é pensado e elaborado,

principalmente explorando as brincadeiras e o lúdico para que a atividade e a

aprendizagem se dê de forma prazeroza.

Segundo Smole(2000) a brincadeira, precida ter alguma coisa

interessante e desafiadora para que elas resolvam, permitir que todos os

participem ativamente e desencadear processos de pensamento nas crianças

possibilitando que elas possam se avaliar quanto a seu desempenho. Deve ter

um objetivo a ser alcançado e permitir que as crianças usem estratégias,

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estabeleçam planos, descubram possibilidades, isto é, a brincadeira deve ser

permeada por diversas situações-problema.

Há várias categorias de brincadeiras que poderiam ser feitas com os

alunos da Educação Infantil. Tais categorias se diferenciam pelo uso do material

ou dos recursos predominantemente envolvidos no ato de brincar.

As brincadeiras são apresentadas das variações mais simples até

as mais complexas e não precisam ser esgotadas as de um mesmo tipo

para se iniciar as de outro. O importante é que o professor leia o

trabalho todo e vá selecionando aquelas que são mais adequadas à

sua turma, podendo trabalhar com dois tipos de brincadeiras por

semana.Somole(2000).

O professor deverá abrir espaço para brincadeiras que as próprias

crianças ou ele mesmo conheçam ou queiram inventar. Pensando na

importância da comunicação nessa proposta de trabalho, é fundamental que o

professor sempre algum tem conversas e registro sobre as atividades

realizadas. Os registros usados nas brincadeiras têm um papel fundamental

como auxiliar na comunicação oral e escrita. Mais que isso, permitem às

crianças estabelecer relações entre suas noções informais e as noções

envolvidas na brincadeira.

Enquanto brincam, as crianças não têm consciência do que estão

aprendendo, do que foi exigido delas para realizar os desafios envolvidos na

atividade. Por isso, pedir que alguma forma de registro seja feita após a

brincadeira faz com que os alunos reflitam sobre suas ações e permite ao

professor perceber se eles observaram, aprenderam e se apropriaram dos

aspectos mais relevantes que foram estabelecidos como metas ao se planejar a

brincadeira escolhida.

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Sugestões de Brincadeiras

Brincadeira: Serra, Serra, Serrador

Estimular: Coordenação motora, Equilíbrio, Movimento e Ritmo.

Como brincar: Coloque a criança no colo. Segure os braços

estendidos e faça movimentos para frente e para trás cantando:

“Serra, serra, serrador

Serra o papo do vovô!

Quantas tábuas já serrou?

Uma, duas, três!”

Brincadeira: Teatrinho

Estimular: Criatividade, Expressão Corporal, Linguagem e

Imaginação e Cooperação.

Como brincar: Em parceria com as crianças, e com a ajuda de livros

infantis, crie adaptações para histórias consagradas ou invente seu próprio

conto.

Brincadeira: Partes do Corpo

Estimular: Linguagem

Como brincar: Quando são muito pequenas, faça perguntas sobre

onde estão as partes do corpo da criança e o adulto deve respondê-la

tocando na parte do corpo da criança. Conforme ficarem maiores, estimule-

as a apontar onde estão as partes do corpo.

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Brincadeira: Passar o Anel

Estimular: Atenção, Criatividade e Imaginação.

Como brincar: Antes da brincadeira começar, um dos participantes é escolhido para passar o anel. O restante do grupo forma uma fila e todos ficam com as mãos unidas e entre abertas, como uma concha fechada. O participante também posiciona as mãos em formato de concha, mas com o anel dentro. Ele deve passar as mãos dele por dentro das mãos de cada participante. Em um determinado momento ele escolhe um dos jogadores e deixa o anel cair nas mãos dele sem que o resto do grupo perceba. Depois ele deve passar pelo menos mais uma vez pela fila inteira novamente, para que ninguém desconfie onde está o anel.

Brincadeira: Amarelinha

Estimular: Equilíbrio, Mira e Agilidade.

Como brincar: Desenhe o diagrama com o giz sobre a calçada ou

asfalto. O traçado tradicional é um retângulo grande dividido em dez

retângulos menores – as ‘casinhas’ – numerados de 1 a 10. Na parte

superior do diagrama, faça uma meia-lua e escreva a palavra ‘Céu’.

Para jogar, fique atrás da linha do início do traçado – do lado oposto à

palavra ‘Céu’ – e atire o marcador na casinha que não poderá ser pisada,

começando pelo número 1. Atravesse o resto do circuito com pulos

alternados nos dois pés e em um pé só. Ao chegar no ‘Céu’, faça o caminho

de volta do circuito, pegue o marcador - sem pular na casa onde ele está – e

volte para trás do traçado. Depois jogue o marcador na próxima casinha e

assim sucessivamente. Se errar, será a vez do próximo jogador.

Brincadeira: De Roda

Estimular: Socialização, Lateralidade,Criatividade e Linguagem.

Como brincar: De mãos dadas, o grupo gira em sentido horário

cantando músicas folclóricas de roda. Por exemplo: Ciranda, Cirandinha.

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Ciranda Cirandinha

Vamos todos cirandar

Vamos dar a meia

volta e meia vamos dar

O anel que tu me destes

Era vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas

Era pouco e se acabou

Por isso dona/seu (fala-se o nome de uma das crianças participantes)

Entre dentro desta roda

Diga um verso bem bonito

Diga adeus e vá-se embora (aqui a criança escolhida vai para o meio da roda e

recita um versinho).

Brincadeira: Dança das Cadeiras

Estimular: Agilidade, Atenção, Movimento, Estratégia e Ritmo.

Como brincar: Disponha as cadeiras em círculo, sendo que o

número de assentos seja menor do que o de participantes.

Coloque uma música para tocar. Enquanto a música toca, todos os

jogadores dançam em volta das cadeiras. Quando a música parar, cada um

deve tentar ocupar um lugar. A criança que não conseguir lugar sai do jogo

levando uma cadeira.O vencedor será aquele que conseguir sentar na última

cadeira.

Brincadeira: Boliche

Estimular:Agilidade, Atenção, Destreza e Força.

Como brincar: É preciso uma bola e dez garrafas. As garrafas são

dispostas em formato de V. Cada participante na sua vez, joga a bola, a

partir de uma linha traçada, para ver quem derruba mais garrafas. Ganha

quem derrubar o maior número de garrafas.

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Brincadeira:Cabo de Guerra

Estimular: força, atenção,movimento e agilidade

Como brincar: Duas equipes com o mesmo número de crianças,

cada uma segurando em uma das extremidades de uma corda. No chão é

feita uma reta, significando o marco que estará dividido o campo de cada

grupo. Á frente do último aluno de cada equipe amarra-se um lenço. Quando

a ordem for dada, cada grupo deve puxar a corda para o seu lado. O grupo

vencedor será aquele que conseguir puxar a corda até que o lenço do

adversário passe para o seu campo.

Brincadeira:Vivo- morto

Estimular:atenção,agilidade e ritmo

Como brincar:Os participantes devem decidir quem será o

comandante da brincadeira.Em seguida, os demais deverão ficar

posicionados lado a lado,de frente para o comandante. Quando o

comandante disser”vivo”,os participantes devem ficar em pé. Quando disser

“morto”, os participantes deverão se agachar. A brincadeira termina quando

restar apenas um participante.

Brincadeira: Estátua

Estimular:atenção, movimento e agilidade.

Como brincar:Os participantes devem decidir quem será o”mestre”

que conduzirá a brincadeira,controlando o som da música. Os demais

participantes devem dançar ao som da música até que o “mestre” pare a

música e fale estátua. Quem se mexer ou rir primeiro sairá da brincadeira. O

ganhador será aquele que permanecer por último na brincadeira.

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3.2 Jogos como facilitadores na construção do conhecimento na

educação infantil.

De acordo com Leal (2005), o jogo é facilitador para o processo de

desenvolvimento das crianças, sua função mais importante e ajudar no

processo de assimilação da realidade, além de ser culturalmente rico para a

sociedade. O jogo passa a seu um fenômeno "antropológico", pois cada jogo

terá o seu significado dependendo do grupo sócio-cultural em que cada um

vive.

Kishimoto (2003, p.17) também corrobora com este pensamento,

quando menciona:

enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações distintas. Se o arco e a flexa hoje aparecem como brinquedos, em certas culturas indígenas representavam instrumentos para a arte da caça e da pesca. Em tempos passados, o jogo era visto como coisa não-séria. Já nos tempos do Romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança.

Então, conclui-se que o conceito de jogo como de infância são

estabelecidos culturalmente. Assim entendemos o jogo como uma atividade

em que crianças participam de uma situação social num tempo e espaços

determinados, como características próprias delimitadas pelas próprias regras

de participação na situação.

Na concepção de Leal (2005), os jogos são podem ser: jogo imaginativo,

de faz-de-conta, de papéis, simbólico ou jogo dramático. Segundo ela, a ênfase

é dada à simulação ou faz-de-conta, cujo principal benefício é promover o

desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança.

O jogo educativo tem como objetivo desenvolver, o raciocínio lógico-

matemático, a expressão oral e escrita e incentivo dos conhecimentos

científicos.

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Segundo Valle(2008) o jogo é integrador, ajudando a liberar e canalizar

as energias, desta forma, propicia condições de liberação da fantasia, há

sempre um caráter de novidade, o que é importante para despertar o

interesse da criança na medida em que joga, assim inicia a construção do

conhecimento. O corpo e o pensamento se preparam para os desafios que

irão desenvolver várias habilidades que envolvam identificação,

observação, comparação, análise, síntese e generalização, enquanto a cri-

ança vai conhecendo suas possibilidades e desenvolvendo cada uma.

Nos primeiros anos de vida, surgem os jogos de repetição, que são

funcionais porque transmitem ao cérebro as informações por meio dos

exercícios, desenvolvendo as funções intelectuais. No início, é um jogo de

exercício, em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer,

por ter apreciado seus efeitos.

A seguir, surgem os jogos de imitação, onde a criança repete os gestos, os

sons e os atos das pessoas à sua volta, que são os seus modelos. Em torno dos

2-3 e 5-6 anos, nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a

necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente acontecido,

mas de executar a representação. As funções e os papéis são representados do

jeito da criança. É a etapa das brincadeiras de faz-de-conta, onde os objetos e

as fantasias se personalizam, e a criança brinca de ser mamãe ou papai ou o

seu super-herói preferido.

Os jogos são situações em que a criança revela maneira própria de ver

e pensar o mundo, aprende a se relacionar com os companheiros, a trocar seu

ponto de vista, a raciocinar sobre o dia-a-dia, a aprimorar as coordenações de

movimentos variados. É uma conduta lúdica que supõe relações sociais,

construindo um ambiente onde haja reflexão a partir da observação, análise

da troca de opiniões e oportunidade de argumentar com o outro, os jogos

podem tornar-se uma atividade pedagógica indispensável às aprendizagens.

Para Lopes (2001) os jogos podem ser classificados de várias formas,no

entanto a melhor maneira de concebê-los é encarando-ma de crescimento

psicossocial. O jogo pode descrito de três grandes formas: jogos afetivos,

jogos afetivos,jogos cognitivos e jogos corporais

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JOGOS AFETIVOS: são aqueles que possibil itam que as

crianças tenham trocas afetivas durante a sua realização. A princípio, todos os jogos

podem desencadear estas concepções, no entanto há jogos em que estes

aspectos estão bem mais presentes.

É durante estes jogos que as crianças testam e vão por em prática

suas ações,assim o amadurecimento é mostrado. Neles, podemos perceber

o quanto há de imaturidade ou maturidade nas ações do indivíduo. O

professor deve intervir, quando necessário, buscando possibilitar à

criança práticas psicossociais próximas das atividades naturais de

desenvolvimento. Estes jogos podem ser atividades em duplas, trios ou

pequenos grupos. No entanto é importante que o professor tenha em mente

que as crianças possuem uma certa "naturalidade" que não deve ser

destruída: crianças brigam, crianças mordem,crianças se defendem.

Essa naturalidade deve ser observada a fim de possibilitar que as

crianças desenvolvam recursos próprios de defesa e de ligação com outros

seres. Assim, cabe ao professor dialogar, colocar questões, mas nunca tornar o

ambiente asséptico do ponto de vista dos conflitos emocionais e afetivos.

Pinturas em grupos, quebra- cabeças,tangrans,legos,construções de

maquetes em grupos são excelentes jogos para o desenvolvimento desta

habilidade pessoal.

Com o jogo, busca-se que a criança possa desenvolver a noção do

ser a partir da ideia do fazer e nunca a ideia do ser a partir do ter. Esse

princípio da posse é quase sempre muito prejudicial à criança nesta idade. E

necessário desenvolver a percepção do outro, da perda, da divisão e da

partilha. O crescimento pode também vir das perdas, e estas também

possibilitam o crescimento e a maturidade.

OS JOGOS COGNITIVOS: são aqueles que estão mais voltados ao

desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático. Nestes jogos, o aluno irá

testar e compor um raciocínio capaz de enfrentar todo o tipo de situações do

dia-a-dia. São estes jogos que ampliarão a percepção e o cálculo mental,

condições primárias de uma aprendizagem satisfatória. Estes jogos são

práticas que requerem grandes períodos de atenção e de concentração

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e, por isso, são excelentes exercícios para as crianças desenvolverem

esses comportamentos tão imprescindíveis à atividade académica, O

xadrez, as trilhas, as damas, os jogos com baralho, principalmente 21, 31 e

pife-pafe, são ótimos exemplos de jogos que podem desenvolver estas

habilidades.

OS JOGOS CORPORAIS: são aqueles que cobram uma boa dose

de atividade motora. Para estes, é necessário que a criança coloque

seu corpo à disposição da atividade que está sendo desenvolvida.

Crianças com bons desenvolvimentos motores costumam figurar entre

as lideranças das turmas ou dos grupos sociais a que pertencem.

A atividade corporal, como já dissemos, desenvolve múltiplas perspectivas da

criança em relação ao mundo e ao outro parceiro de descobertas e de

realizações. Para isso, é necessário que estes jogos cobrem não excelência,

virtuosismo, mas verdade de gestos e de linguagem corporal. Estátua, duro e

mole, mímica, expressão corporal, teatro, cirandas e danças são atividades que

não podem faltar nestas práticas.

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CONCLUSÃO

Nesta monografia procurei apresentar as questões em torno das diversas

ideias e das contribuições das brincadeiras na Educação Infantil.

O desafio dos professores é educar, propiciando-lhes um

desenvolvimento humano, cultural, cientifico e tecnológico de modo que

enfrentem os desafios de modo contemporâneo. Com este trabalho, espero

que traga reflexões, principalmente para a ação dos professores em relação

aos jogos e brincadeira em suas ações pedagógicas.

Foi possivel compreender como o cérebro recebe informações e o

conduz até chegar a memória e que a aprendizagem só ocorre quando

acontece alguma mudança, assim ele muda o comportamento do indivíduo.

Quando se fala em inteligência, podemos perceber que nascemos com um

potencial que será desenvolvido, principalmente por situações e inúneras

possibilidades.

Com a brincadeira a criança expressa emoções, sentimentos,

pensamentos, desejos e necessidades. Desde muito cedo elas interagem

com o mundo, participando de diversas brincadeiras que as levam a

argumentar sem perceber a importância deste ato.

Para além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia,

proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da

concentração e da atenção.

O brincar é uma ação mediada pelo contexto sociocultural e o

significado construído pela criança sobre a função de determinados objetos e

da sua participação em certas brincadeiras. De um lado existe o sistema de

significação coletivamente compartilhado pelo grupo a que a criança pertence,

envolvendo crenças e valores, por outro lado, existe a versão construída pela

criança sobre os padrões sociais, a partir dos referenciais transmitidos pelo

grupo a que pertence. Desta forma, a criança recria seu espaço de brincadeira,

com novos cenários, inventando funções para os objetos, dando-lhe um sentido

de acordo com os padrões aprovados socialmente.

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Ao brincar , a criança demonstra o prazer, expressa as suas

emoções e fantasias. Suas contribuições vão ajudar nas situações

imaginárias e principalmente para as regras de convivência. A criança

precisa ter tempo e espaço para brincar. É importante proporcionar um

ambiente rico para a brincadeira e estimular atividade lúdica no ambiente

familiar e escolar e fazer com que elas explorem as diferentes linguagens que a

brincadeira possibilita (musical, corporal, gestual, escrita), fazendo com que

desenvolvam a sua criatividade e imaginação.

O ato de brincar vai influenciar nos valores morais e culturais, as

atividades podem promover a auto-imagem, a auto-estima e a cooperação. O

lúdico conduz à imaginação, fantasia, criatividade entre outros aspectos que

ajudam a moldar a vida, como crianças e, futuramente, como adultos.

Conclui-se que através do brincar a criança experimenta, organiza-

se, regula-se, constrói normas para si e para o outro. Ela cria e recria, a

cada brincadeira, o mundo que a cerca. O brincar é uma forma de

linguagem que a criança usa para compreender e interagir consigo, com o

outro e com o mundo. É brincando que a criança se desenvolve, porque, no

ato de brincar a criança tem a possibilidade do aprender fazendo,

principalmente sem medo de errar, assim ela só demonstra muito prazer pelo

novo conhecimento.

O professor deve proporcionar aos seus alunos no ato de brincar várias

alternativas, para que a criança sinta-se de forma integrada e possam contribuir

para o desenvolvimento das capacidades infantis. A mente da criança é muito

receptiva aos novos conhecimentos, o professore deve buscar sempre estas

contribuições para a formação de crianças felizes e saudáveis.

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BIBLIOGRAFIA

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Ignez e Patrícia Cândido- Porto Alegre: Artes Médicas,2000.

Dias, R.J. O cotidiano na pedagogia de Freinet,Série Ideias,nº 2.São Paulo:FDE,1994.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 2003.

LEAL, Telma Ferraz. Jogos: alternativas didáticas para brincar alfabetizando (ou alfabetizar brincando?). In: MOURA (Org.) Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabética. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

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Oliveira,Vera Barros. Avaliação Psicopedagógica da Criança de zero a seis .16

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Valle, Luiza Elena Leite Ribeiro do.Brincar de aprender: uni-duni-tê: o escolhido foi vc ! Rio de Janeiro:Wak Ed, 2008. VYGOTSKY, Lev Semyonovitch. A formação social da mente. São Paulo, 6 ed, Martins Fontes, 1998.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2 DEDICATÓRIA 3

AGRADECIMENTO 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A importância das brincadeiras no desenvolvimento infantil 10

1.1 – Como se aprende na educação infantil 10

1.2 – O papel do brincar para o desenvolvimento infantil 16

CAPÍTULO II

Estudiosos sobre as brincadeiras infantis 18

2.1 - Vygotsky 18

2.2 - Piaget 20

2.3 - Winnicott

25

CAPÍTULO III

Brincadeiras e Jogos na Educação Infantil 28

3.1 – As Brincadeiras e suas contribuições na educação infantil 28

3.2 – Jogos como facilitadores na construção do conhecimento na educação

infantil 34

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

ÍNDICE 42