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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE COMO ALTERNATIVA
PARA UM MELHOR APROVEITAMENTO NO
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
POR:
PAULA DOS SANTOS VEIGA
PROF° ORIENTADOR:
CELSO SANCHES
RIO DE JANEIRO
2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A PSICOMOTRICIDADE COMO
ALTERNATIVA PARA UM MELHOR
APROVEITAMENTO NO PROCESSO
ENSINO APRENDIZAGEM
OBJETIVO:
Refletir sobre a importância da reeducação
motora para o desenvolvimento da criança.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus, por estar sempre presente em minha vida, à meus
Pais, que sempre me deram força para nunca desistir, à meu irmão, que
com os “puxões de orelha” não teria conseguido concluir o meu trabalho,
e a minha família e amigos que sempre torceram por mim.
DEDICATÓRIA
4
Dedico este trabalho a meus Pais, que sempre acreditaram em mim, que
me deram força para que eu não desistisse. Também a meu irmão e
minha cunhada, Fabrícia, pelo apoio que me deram e ao meu sobrinho
que esta para chegar. E não posso esquecer da minha avó Irene, que sem
a ajuda dela não teria conseguido terminar o meu curso.
RESUMO
5
Este estudo tem como objetivo geral refletir sobre a importância da
reeducação motora para o desenvolvimento da criança, enquanto sujeito do processo
e para a humanização do homem.
Para tanto, utilizam-se como fontes primárias de obras versadas por diversos
autores, dentre os Almeida, Alves, Bomtempo, Le Boulch, D’Iancao, Gomes,
Macedo, Pain, Lück, Lopez, dentre outros; como fontes secundárias de matérias em
jornais e revistas da área de educação.
Evidentemente não se tem a pretensão de esgotar o tema, nem tampouco criar
regras de condução prática - até mesmo porque há que ser considerada a
inexperiência das autoras no desenvolvimento de técnicas específicas - pretende-se,
sim, dar aos estudantes e aos profissionais da área de educação uma visão teórica e
sintetizada sobre o tema, e levá-los à conclusão de que o processo educacional, em
sua maioria, está cada vez mais voltado para os valores sociais, padronizando o
comportamento da criança para que esta se adeque ao sistema imposto pela
sociedade.
Este trabalho foi subdividido em duas partes fundamentais: a primeira, fará
uma avaliação sobre os fatores que intervém no não-aprender, no intuito de fornecer
subsídios teóricos para que o leitor possa avaliar a educação psicomotora de uma
maneira mais globalizada; a segunda irá discorrer sobre a psicomotricidade em seus
aspectos fundamentais, avaliando sua aplicabilidade no desenvolvimento
psicopedagógico do educando.
Neste estudo, a psicomotricidade é vista como uma das alternativas mais
efetivas para o desenvolvimento psicopedagógico do educando, principalmente no
que se refere aos processos de aprendizagem. Verifica-se que cabe aos educadores
dar mais atenção ao aluno enquanto pessoa e ao processo de sua aprendizagem do
que aos conteúdos a serem transmitidos em um período de tempo determinado.
Torna-se necessário, então, que se reflita sobre a relação contraditória que existe
entre a liberdade de ação e a escolha, que vivem os educandos ao brincar e a
intervenção dos educadores, além da necessidade de se inserir o jogo ou a
brincadeira infantil no dia-a-dia da construção do conhecimento e da estruturação do
ser humano.
7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 9
O PROCESSO EDUCATIVO: CONCEPÇÕES E PROPOSIÇÕES PARA O
PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 9
CAPÍTULO II 20
PSICOMOTRICIDADE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 54
ÌNDICE 56
ANEXOS 58
INTRODUCÃO
8
Este estudo tem como pretensão questionar os vários fatores que intervém no
aprender e verificar a multiplicidade de fatores que interferem no desempenho dos
educandos, dificultando o seu desenvolvimento emocional, cognitivo, afetivo e
psicomotor.
É um trabalho de características didáticas, que procura destacar a importância
de uma metodologia específica de trabalho como alternativa para facilitar a vivência
de situação permissivas, arcaicas de um desenvolvimento emocional. Serão proposta
situações que atualizem a necessidade do grupo, quer a nível corporal, quer a nível
de propostas de mesa. Será dado enfoque à reeducação psicomotora, cuja função é ler
o simbólico, para interpretar as necessidades que o grupo precisa, e agir, isto é, ser
ativo, consciente e escolher propostas adequadas ao momento emocional do grupo.
No intuito de evidenciar seu caráter teórico, foi feita uma revisão da
bibliografia num âmbito mais geral, destacando vários autores, dentre os quais Le
Boulch, Almeida e Lück, cujas posições esclarecem os diferentes elementos
envolvidos no processo aprendizagem.
Trata-se de um estudo importante, tendo em vista que a ação pedagógica não
pode prescindir dessas informações que, articuladas, levam à sua meta: ter condições
de um diagnóstico esclarecedor para intervir e propiciar favoráveis condições para a
retomada da aprendizagem tanto em relação à escola como no trabalho individual ou
em grupo.
9
CAPÍTULO I
O PROCESSO EDUCATIVO: CONCEPÇÔES E
PROPOSIÇÔES PARA O PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM
1.1 - Significado do não - aprender
A transmissão da cultura , normas, valores, de uma época se dá pelo processo
de aprendizagem, que se denomina socialização.
10
Quando o indivíduo, por influência da educação, se identifica com o grupo,
se submete ao conjunto de normas aceito pela maioria - caracteriza-se aqui a ação
socializadora da educação - permite a sua sobrevivência e a sobrevivência do sistema
que rege a sociedade na qual está inserido - destaca-se aqui a função controladora da
educação - a internalização pura e simples do conjunto de normas que faz possibilitar
a ação desse indivíduo e sua conseqüente adaptação à realidade em que vive.
Entretanto a educação não reprime totalmente a ação, as contradições
existentes nesse mesmo sistema fazem permitir a reação, criação e inovação,
caracterizando, dessa forma, a ação transformadora da educação.
PAIN (1986, p.16) assinala duas funções comuns à vida e ao conhecimento: a
da conservação da informação e a antecipação, com a conseqüente construção desse
conhecimento.
A construção, embora prolongue a modalidade associativa de toda conjunção,
implica simultaneamente um aspecto de experiência ou de manipulação do meio e
um aspecto de funcionamento endógeno do sujeito, que tem relação com a
progressiva estruturação e coordenação de suas ações.
O não aprender, provocando a repetência, evasão, são dois grandes problemas
que afligem a maioria dos que questionam o sistema educativo. Além de problemas
econômicos, sociais e políticos provocados pelo não aprender, tem-se que destacar a
grande perda para o sujeito que não aprende; não realizando nenhuma das funções
citada acima, acusa com este comportamento o fracasso da educação e a sua
submissão ao mesmo.
Mais grave ainda, segundo PAIN (1986,p.13)
(...) não é o daquele sujeito que não cumpre a norma estatística, mas sim daquele
que constitui a dicotomia social, que produz sujeitos cuja atividade cognitiva pobre,
mecânica e passiva, se desenvolve muito aquém daquilo que lhe é estruturalmente
possível. A função da ignorância é aqui analisada na situação individual patológica,
mas através desta análise é possível recuperar articulações que nos colocam no
caminho de uma interpretação mais ampla do problema do desconhecimento, o que
11
nos permitirá encarar transformações mais efetivas no campo da programação
psicopedagógica e estabelecer as condições de sua viabilidade.
A autora também diferencia, nos problemas de aprendizagem, tanto os
problemas de nível, como os exclusivamente escolares, considerando perturbações
na aprendizagem aquelas que fogem a normalidade desse processo, qualquer o nível
cognitivo do sujeito.
Outra diferenciação necessária quanto aos problemas de aprendizagem são
aquelas que acontecem dentro da instituição escolar como resistência às normas
disciplinares, dificuldades de integração no grupo, desqualificação do professor, que
refletem uma transição inadequada do grupo familiar para este grupo social.
O educador, ao estabelecer uma perspectiva psicopedagógica - se preocupado
apenas com as funções cognitivas, colocando o sujeito apenas no lugar que o sistema
determinou, estará viabilizando uma psicopedagogia meramente adaptativa, ou
atuando de forma a permitir ao indivíduo que não aprende concientizar-se dessa sua
situação, ajudando-o na sua transformação com a sua conseqüente integração social -
psicopedagogia transformadora incrementando os meios técnicos, constituindo
situações de ensino que vão favorecer a correção destas dificuldades.
Parente & Ranna In: Scoz (1990, p.48), preocupados com os distúrbios de
aprendizagem, realçam os determinantes sociais, culturais, pedagógicos, psicológicos
e médicos, destacando a importância do trabalho interdisciplinar no tratamento dos
mesmos.
Para os autores o conceito dificuldade de aprendizagem ou não aprender tem
sido definido de formas diferentes, dependendo muito da formação profissional de
que os caracteriza, mas que na sua opinião são usados para designar situações
freqüentemente parecidas, criando confusão na classificação e avaliação de crianças
com esses problemas.
• diagnóstico de DCM - encobre problemas pedagógicos e sociais encontrados nas
instituições educacionais - a criança passa a ser vista como doente, sem se
considerar as condições onde o processo ensino aprendizagem está acontecendo.
12
• desnutrição e dificuldade de aprendizagem geralmente quando a criança provém
de grupos sociais de baixa renda - Segundo os autores há grandes divergências
entre aquelas que pesquisam o assunto, sendo difícil separar a desnutrição da
carência de estimulação e carência afetiva - aconselham a avaliação médica para
que seja objetivada sua real influência nos casos de dificuldade de aprendizagem.
• diferenciar as dificuldades de aprendizagem das dificuldades escolares - a
maioria das dificuldades são reveladoras da incompetência das instituições
educacionais no desempenho do papel social. (p. 49-50)
O problema de aprendizagem, ainda na ótica dos autores é
(...) considerando sintoma que expressa algo e possui uma mensagem. Assim, o não-
aprender tem uma função tão integradora quando o aprender. A aprendizagem é um
processo dialético, que se dá através da presença de um objeto e envolve o que
Piaget (1983) denominou de assimilação e acomodação. Portanto a aprendizagem
se desenvolve dentro de um campo de relações. (p. 51)
O vínculo pode ser definido como relação particular com o objeto, que tem
como conseqüência uma conduta mais ou menos fixa com este objeto, formando uma
pauta de conduta que tende a se repetir automaticamente tanto na relação interna
como na relação externa com o objeto.
A origem da disfunção do comportamento, pode estar relacionada com o
modelo de relação que cada criança estabeleceu com o grupo familiar. Muitas vezes,
o não aprender tem a ver com a patologia da família. O educando desempenha um
papel de porta voz da situação familiar; é o depositário da disfunção da mesma,
transformando-se em “bode expiatório”, que o leva à conseqüente segregação - é o
emergente de uma situação grupal enferma.
O educador deve estar atento a mais esta situação, para não agir ou interferir
de forma inadequada diante desse não-aprender, causando mais dificuldades para
aquela que na verdade resiste e denuncia através de sua conduta uma sintomatologia
de âmbito familiar.
Os primeiros sintomas do não-aprender ocorrem logo que a criança entra na
escola.
13
Quase não aproveitam as experiências vividas e acumulam, ao longo dos anos,
lacunas e defasagens que aos poucos as afastam totalmente da vida escolar ou
quando não terminam a escolaridade de forma precária e com grande atraso.
BARONE In: SCOZ, 1990, Op. Cit. p.17)
De acordo com Barone, a instituição privada preocupa-se com a preparação
precoce dos alunos para enfrentar um mercado de profissionais competitivo, através
de desempenho para os quais a criança ainda não tem recursos, e a acusa dessas
dificuldades. É colocada como portadora de “distúrbios de aprendizagem”.
A abordagem dos problemas de aprendizagem, preconizada por Fernandes,
divide-se em duas categorias: o sintoma e o problema de aprendizagem reativo.
No sintoma, o problema de aprendizagem se encontra na estrutura do sujeito,
ou seja, diz respeito às questões internas, sem excluir a influência do grupo familiar e
da escola.
O problema da aprendizagem Reativo apresenta uma reação à determinadas
situações externas ao sujeito e é conseqüência de sua não adaptação ao meio
educativo - métodos de ensino, relações professor X aluno, grupo, família.
Tanto a escola como as famílias funcionam como autoras do saber, controladoras
do corpo, da fala e manifestadora do Eu (Lane, 1985) preocupando-se
excessivamente com o produto final sem ter consciência do processo: o quê
predominando sobre o como. (PERES, 1984, p.12)
1.2 - A prática da avaliação na escola
As situações apresentadas anteriormente levam à consideração sobre como se
desenvolve a prática da avaliação da aprendizagem na escola. A seleção de uma
técnica de avaliação expressa uma opção educativa, assim como estabelece uma
relação entre os procedimentos de avaliação e a proposta pedagógica da escola - ela
pode desvendar uma incoerência entre a opção educativa da escola e sua prática
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avaliativa cotidiana. Uma proposta construtivista pode ser desvirtuada por
procedimentos avaliativos que apelam apenas para a memorização.
Os autores que têm analisado a avaliação dentro de uma visão crítica dizem
que a avaliação pode exercer duas funções: a diagnóstica e a classificatória.
Da primeira se supões que permite ao professor e ao aluno detectar os pontos fracos
deste e extrair as conseqüências pertinentes sobre onde colocar posteriormente a
ênfase no ensino e na aprendizagem. A segunda tem por efeito hierarquizar os
alunos, estimular competição, distribuir desigualmente as oportunidades escolares e
sociais e assim sucessivamente. A escola prega em parte a avaliação com base na
primeira função, mas a emprega fundamentalmente para a segunda.( FERNANDES,
1989, p.209 )
Machado (1984) cita três as concepções que precisam ser examinadas para
atingir-se o núcleo dos problemas com a avaliação educacional: conhecimento,
medida e avaliação.
A avaliação educacional refere-se a alguma forma de verificação do
conhecimento em algum nível. Quando se concebe o conhecimento como um bem
que se acumula, avaliar pode ser associado a uma operação de medição. O prestígio
de tal idéia é cada vez menor, ainda que alguns utilizem expressões como
“apropriação do saber” ou “aquisição do conhecimento”.
Essa idéia entra em choque com concepção do conhecimento como
“construção”, que revela uma incompatibilidade com a idéia de avaliação como
medida.
Conhecer, cada vez mais, se aproxima da idéia de conhecer o significado - o
significado de A constrói-se através de múltiplas relações que podem ser
estabelecidas entre A, B., C, X, P, I, O, etc. e as fontes de relação situam-se cada vez
menos no interior de uma disciplina ou mesmo no interior da escola. Aos poucos,
através de um processo de abstração, os objetos tornam-se mais simples, porque
simplificados, ao mesmo tempo em que as relações percebidas tornam-se mais ricas,
mais densas. Esse processo conduz a que, paulatinamente, os objetos passem a ser
caracterizados por feixes de relações, no passo seguinte, esses feixes transformem-se
em novos objetos.
15
De fato, como avaliar redes de significações, com seus nos, seus fios
multiplamente relacionados, constituindo malhas irregulares, instáveis, em
permanente formação e transformação? Como medir uma rede? Como estimar seu
valor? Questões como estas transcendem em muito as considerações técnicas de
processos de medida ou de avaliação institucional.
A tarefa do professor ao avaliar é bastante complexa e exige um desempenho
competente, uma vez que envolve projetos, aspirações, realidades, sonhos, fantasias
de seres delicados, em formação. Mais do que preocupações técnicas, com quaisquer
medidas associadas ao homem, de suas capacidades, de seu desempenho, é preciso
situar o homem como medida de todas as ações, de todas as metas, de todos os
projetos: nele e através dele consubstanciam-se e expressam-se todas as grandezas,
todos os valores.
Portanto, cabe à escola e a todos que estão envolvidos com a produção a
discussão de respostas a quatro questões: o quê? Como? Porque? Para que? avaliar.
Responder a essas perguntas é tentar estabelecer relação entre a avaliação estrutural e
a avaliação funcional - para Macedo, podem se apresentar ora irredutíveis entre si,
ora complementares, ora indissociáveis.
O que é avaliação? Como fazê-la? Porque fazê-la? Para que fazê-la? (...) É esse o
trabalho. Se o professor esteva atento a essas questões, se a escola dispuser de
tempo e valorizar esse lema: se as crianças, os pais e outros agentes educacionais
forem envolvidos nesse processo muito há que se fazer e compreender. E avaliar.
( 1994, p. 95-102 )
Em outro texto, o mesmo autor destaca algumas das reações das crianças
diante das tarefas escolares. Propõe que se considere assim a avaliação não mais da
perspectiva do adulto e sim da criança.
Como reage a criança diante do trabalho escolar? Piaget (1926-1947), em seu
clássico trabalho sobre método clinico indica como reações principais canonizando
duas delas como as representativas de uma conduta significativa da aprendizagem
ou desenvolvimento da criança. As reações indicadas por ele são as seguintes: 1.
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não importismo; 2. fabulação; 3. crença sugerida; 4. crença espontânea; e 5. crença
desencadeada. (1994, p.104)
1.3 - Valorização do desenvolvimento afetivo do aluno
Proposto como uma das finalidades da Educação Nacional pela Lei das
Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( Lei 9.394/96, Art. 22, p. 13), assegura o
objetivo principal das Escolas de 1° e 2° graus de proporcionar ao educando “
formação comum e indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios
para progredir n trabalho e em estudos posteriores.”
Como decorrência natural de tais proposições, necessário se faz dar uma
atenção especial ao desenvolvimento afetivo do educando, tendo em vista que o
funcionamento total do organismo, em qualquer momento e circunstância, envolve
uma significativa e inadiável parcela de sentimentos e emoções.
Portanto, a fim de que cumpra seu papel na promoção do desenvolvimento
integral do educando, a escola deve ajudá-lo a aprender em todos os sentidos, isto é,
não somente quanto a conhecimentos e habilidades sociais, pessoais, atitudes,
valores, idéias e seu mundo interior.
No entanto, a realidade escolar brasileira vem sendo marcada por uma
tradição de ênfase e valorização de desenvolvimento de comportamentos do domínio
de maneiras significativas, em seu contexto, de mecanismos necessários à
valorização e promoção do desenvolvimento afetivo do educando de uma maneira
eficaz.
Verifica-se, então, a necessidade de se desenvolver um trabalho que
possibilite a “orientação e o direcionamento do processo educativo no sentido de
aproximar suas ações (valores reais) e suas concepções em proposições legais
(valores formais)”. (LUCK & CARNEIRO, 1983, p.13)
Daí se concluir que o tipo de educação que os educandos vêm recebendo é
parcial, limitada e incompleta, educação esta que não incorpora em seu processo as
“novas proposições e mecanismos necessários para promover a formação integral
do indivíduo de acordo com as exigências do contexto em que vive como ser social
em constante troca de relacionamentos.” (LUCK & CARNEIRO, 1983, p.15)
17
É preciso ter sempre em mente o entendimento que o homem é um ser uno,
indiviso e que seus comportamentos conscientes traduzem, ao mesmo tempo, os três
aspectos: cognição, afetividade e psicomotricidade; isto é, eles resultam de processos
diversos de que fazem parte:
a tomada de consciência de um estímulo que é submetido a processos de análise,
síntese, dedução, indução, interferência, etc. (domínio cognitivo); o estabelecimento
de emoção, sentimento, interesse, apreciação ou atitude (domínio afetivo); e a
ocorrência de uma tensão neuromuscular (domínio psicomotor). (LUCK &
CARNEIRO, 1983, p.20)
Quanto às diretrizes e procedimentos a serem estabelecidos para que se possa
realizar a medida e a avaliação adequadas como meio de reforço da aprendizagem, é
preciso que as escolas estabeleçam uma relação entre os comportamentos do domínio
afetivo, cognitivo e psicomotor em função do processo de socialização, muito
embora sejam encaminhados separadamente uns dos outros. O que se percebe é que
funcionam interligadamente na determinação ao comportamento humano, uma vez
que cada pessoa responde às situações que lhe apresentam como um todo, um ser
indiviso e inteiro. Conseqüentemente, a fim de que o desenvolvimento do aluno seja
equilibrado, o processo educativo deve buscar harmonizar, em cada momento, as três
dimensões estudadas, tanto com vista à promoção de desenvolvimento a longo
prazo, como com vistas à aprendizagem de efeito imediato.
Torna-se então necessário que se passe a estudar, juntamente com
comportamentos dos dois domínios afetivo e cognitivo, outras variáveis que
participam concomitantemente do processo de seu desenvolvimento, uma que estas
talvez possam explicar a relação e o desenvolvimento dos mesmos.
Cada comportamento tem um equivalente de comportamento cognitivo de
algum tipo. Além do mais, a resposta a um objeto, seja ela positiva ou negativa, é
acompanhada de uma estrutura cognitiva, que carrega sobre si crenças e opiniões que
irão estabelecer as potencialidades que se espera em relação à satisfação ou não das
expectativas que se tem do objeto. Daí se afirmar que “tudo aquilo que se aprende,
que se deixa de aprender ou mesmo que se esquece, é enormemente influenciado por
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emoções e sentimentos diretamente ligados ao processo de aprendizagem” (LUCK
& CARNEIRO, 1983, p.25)
Assim, verifica-se a necessidade do processo educativo dar especial atenção
ao domínio afetivo, não só como meio de facilitação de aprendizagens cognitivas,
como também e, acima de tudo com o objetivo de promover no aluno o
desenvolvimento de aspectos fundamentais para sua participação social, relacionado
com sua afetividade; de buscar o equilíbrio pessoal quanto ao binômio dependência -
independência; o reconhecimento das necessidades emocionais e sentimentos
próprios e de outras pessoas; a prontidão para arriscar-se em áreas novas e para
correr o risco do fracasso; a capacidade para o uso construtivo do poder, etc.
Quando se encaminha o conceito significativo com relação ao domínio
afetivo verifica-se a inter-relação e interdependência dos comportamentos ao
domínio afetivo, cognitivo e psicomotor, de modo a ficar evidente que em cada
momento do pronome educativo deve-se dar atenção a todos eles, com o simples
propósito de se promover o desenvolvimento integral e harmonioso do educando.
Quando a aprendizagem de comportamentos ocorre de maneira intencional,
consciente e explicitamente social é chamada educação. Diante dessa afirmativa no
entender de Elkind,
o processo educativo por meio de suas três funções básicas - transmissão de cultura,
preparação para o desempenho de papéis e provação da herança cultural pelo
desenvolvimento de novos conhecimentos - constitui-se eminentemente em processo
de socialização. (LUCK & CARNEIRO, 1983, p.36)
Portanto, na ocorrência de um comportamento considerado em desacordo
com atitudes socialmente desejáveis, conforme é estabelecido na escola, devem os
educadores analisar o comportamento do aluno, considerando-se as circunstâncias
em que o mesmo seguiu, as condições familiares do aluno, o que poderia iniciar a
causa do procedimento. Somente então, a partir desta análise é que seriam
programadas novas situações próprias para a promoção de novas atitudes, mais
adequadas ao convívio social, em vez de se agir estabelecendo sanções ou rotulando
o aluno para seu comportamento.
19
Paralelamente, caberia orientar-se no sentido de dar mais atenção ao aluno
enquanto pessoa e ao processo de sua aprendizagem, do que aos conteúdos a serem
transmitidos em um período de tempo indeterminado e para regulamentos a serem
cumpridos, bem como, a analisar as atitudes pessoais em relação aos efeitos que
exercem sobre a formação do educando, para, controlando-os empregá-los
positivamente.
Torna-se necessário também compreender como as influências que o
relacionamento com os pais e as pessoas do meio em que vivem são marcantes no
desenvolvimento da aprendizagem, principalmente devido ao fato de absorverem e
refletirem as diferenças de cultura e classe social.
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CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 – Desenvolvimento Motor
O desenvolvimento motor é o resultado da maturação de certos tecidos
nervosos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central,
crescimento dos ossos e músculos. São, portanto, comportamentos não aprendidos
que surgem espontaneamente, desde que as crianças tenham condições adequadas
para exercitar-se. Esses comportamentos não se desenvolverão caso haja algum tipo
de distúrbio ou doença. Pode-se notar que crianças que vivem em creches e que
ficam presas em berços sem qualquer estimulação não desenvolverão o
comportamento de sentar, andar na época adequada, que, futuramente, apresentarão
problemas de coordenação e motricidade.
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Le Boulch (1988, p. 23) coloca que um perfeito desenvolvimento do corpo
ocorre não somente mecanicamente, mas sim que são aprendidos e vivenciados junto
à família, onde a criança aprende a formar a base da noção de seu “eu corporal”.
Salienta-se a importância dos sentimentos da criança na fase do
conhecimento do seu próprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado pode
determinar na criança um certo desajeitamento e falta de coordenação, se sentindo
insegura, o que poderá desencadear uma série de reações negativas como:
agressividade, mau humor, apatia, que às vezes, parece ser algo tão simples, poderá
originar sérios problemas de motricidade que serão manifestados através do
comportamento.
2.2 – Psicomotricidade: Conceituação
A Psicomotricidade se preocupa com o desenvolvimento neuro-muscular, que
mais tarde a inteligência e a motricidade se tornam independentes rompendo sua
simbiose, que só reaparecerá nos casos de retardo mental.
Esquema corporal é estudado pela Psicomotricidade, aonde representa ser a
imagem do corpo um intuitivo que a criança tem de seu próprio corpo. Dentro do
esquema corporal a psicomotricidade estuda o surgimento de alguns distúrbios com a
esquematia que é a perda da percepção topológica do corpo; parasquematia é a
confusão de diferentes regiões do corpo ou a representação de partes do corpo que
não existem.
O esquema postural para a psicomotricidade é a imagem tridimensional do
corpo e a imagem do corpo humano é a imagem do próprio corpo que forma no
espírito, que, por outras palavras, é o modo como o corpo se apresenta a si mesmo. A
psicomotricidade interessa-se pelo movimento que certo comportamento tônico
subentende, quanto pela relação. A diminuição do tono trará a descontração
muscular.
As manifestações emocionais que implicam a problemática da emoção
pertencem a uma ordem de preocupações muito antiga da Psicologia Clássica. Toda e
qualquer emoção tem sua origem no domínio postural.
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A comunicação é a uma função essencial na reeducação psicomotora, uma
vez que a psicomotricidade leva em conta o aspecto comunicativo do ser humano, do
corpo, da gestualidade. Ela resiste a ser uma educação mecânica do corpo. Assim,
graças a língua, o homem vive num mundo de significações, os gestos querem dizer
alguma coisa, o corpo tem um sentido que ele pode sempre interpretar e traduzir.
Existem os comportamentos inatos que a criança manifesta, pois variadas
formas, desde o seu nascimento. Por exemplo, o grito pode ser interpretado como dor
que pode também não ser de sofrimento. O bocejo, o espirro, a salivação, que são
manifestações primitivas, também de emoções que devem ser orientadas e educadas
no sentido de controle das próprias modalidades do meio-familiar e social da criança.
Comportamentos aprendidos são aqueles que se aprende no decurso das
aprendizagens básicas, como higiene pessoal, alimentação. Essa aquisição formará
toda a personalidade. O corpo dá a ler, coloca em cena tanto a personalidade como o
meio onde ela foi educada.
Perturbação da Comunicação na reeducação Psicomotora é caracterizada
pelos distúrbios vocais, defeitos de pronúncia e a troca do S por CH, etc.; gestos:
cacoetes. O corpo traduz as palavras para traduzir os desejos.
O desenvolvimento (psicomotor) da criança é de fundamental importância
para a psicomotricidade. É preciso que a criança possa integrar cada um de seus
progressos antes de adquirir um novo
A lateralidade é um problema também estudado pela psicomotricidade, é um
elemento importante da adaptação psicomotora.
A falsa sinistralidade, trata-se de um acidente sendo o sinitrismo (também
chamado de manismo), conseqüente de uma paralisia, de uma amputação, que tornou
impossível a utilização do braço direito, para o indivíduo destro, foi originalmente
impedido de ser, para Coste (1992 p. 23) indivíduo canhoto – principais comandos
do hemisfério direito.
Dominância lateral ocorre a partir do momento em que os movimentos se
combinam e se organizam numa intenção motora. É aí que se impõe e justifica a
presença de um lado predominante que irá ajustar a motricidade.
23
Reconhecimento direito-esquerdo decorre da assimetria direita-esquerda e
constitui uma primeira etapa na orientação espacial. É precedida pela distinção
frente-atrás (conscientização do eixo corporal – 6 anos)
Evolução da lateralidade: a partir dos 7 anos a criança será capaz de projetar
em outra pessoa a partir de seu próprio corpo a direita e a esquerda já não dependem
somente uma da outra, mas sim do ponto de vista da pessoa que as considera. A
lateralização participa em todos os níveis de desenvolvimento da criança.
O objetivo da Reeducação Psicomotora – “É uma técnica que constitui em
torno de técnicos que têm por objetivo eliminar no indivíduo mecanismos e hábitos
cuja aquisição deu lugar a perturbações que conduziram a reeducação.” (Le
Boulch, 1988, p. 32)
Deve-se salientar a diferença entre os termos:
. Psicocinética – reserva-se àquelas atividades que utilizam o corpo humano como
sua principal fonte de material. E seu objetivo prioritário é o desenvolvimento e o
aprimoramento de mediadores, ou seja, elementos básicos que significantemente
influem na vida intelectual da criança e que se encontram subjacentes ao aprendizado
da leitura e da escrita. (Le Boulch, 1988, p. 13)
. Psicomotricidade – tem como objetivo desenvolver o aspecto comunicativo do
corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu corpo
aperfeiçoando o seu equilíbrio.
2.3 – Áreas de Abrangência
2.3.1 – As Áreas da Psicomotricidade
Para fins didáticos a psicomotricidade será subdividida em áreas que, embora
citadas isoladamente, agirão quase sempre vinculadas umas as outras; serão
entendidas por “Prática Psicomotora” todas as atividades que visão estimular as
várias áreas que serão mencionadas a seguir:
A) Áreas Psicomotoras
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Comunicação e Expressão
A linguagem é a função de expressão e comunicação do pensamento e função
da socialização. Permite ao indivíduo trocar experiências e atuar – verbal e
gestualmente – no mundo.
Por se a linguagem verbal intimamente dependente da articulação e da
respiração, inclui-se nesta área os exercícios fono-articulatórios e respiratórios.
Percepção
Percepção é a capacidade de reconhecer e compreender estímulos recebidos.
A percepção esta ligada à atenção, à consciência e a memória.
Os estímulos que chegam provocam uma sensação que possibilita a
percepção e a discriminação. Primeiramente, sente-se através dos sentidos: tato ,
visão, paladar, audição e olfato. Em seguida, percebe-se a realização de uma
mediação entre o sentir e o pensar. E, por fim, discrimina-se – as diferenças e
semelhanças entre estímulos e percepções são reconhecidas. A discriminação é que
permite saber, por exemplo, o que é verde e o que é azul, e a diferença entre o 1 e o
7.
As atividades propostas para esta área devem auxiliar o desenvolvimento da
percepção e da discriminação.
Coordenação
A coordenação motora é a mais ou menos instintiva e ligada ao
desenvolvimento físico. Entendida como a união harmoniosa de movimentos, a
coordenação supõe integridade e maturação do sistema nervoso.
Subdivide-se a coordenação motora em coordenação dinâmica global ou
geral, visomanual ou fina e visual.
A coordenação dinâmica global envolve movimentos amplos com todo o
corpo (cabeça, ombros, braços, pernas, pés, tornozelos, quadris, etc.) e, desse modo,
“coloca grupos musculares diferentes em ação simultânea com vistas à execução de
movimentos voluntários mais ou menos complexos” (Le Boulch, 1988, p. 18)
25
A coordenação visomanual engloba movimentos dos pequenos músculos em
harmonia, na execução de atividades utilizando dedos, mãos e pulsos.
A coordenação visual refere-se a movimentos específicos com os olhos nas
mais variadas direções.
As atividades psicomotoras propostas para a área de coordenação estão
subdivididas nessa três áreas.
Orientação
A orientação ou estruturação espacial/temporal é importante no processo de
adaptação do indivíduo ao ambiente, já que todo corpo, animado ou inanimado,
ocupa necessariamente um espaço em um dado momento.
A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do
meio e está ligada à consciência, à memória e às experiências vivenciadas pelo
indivíduo.
Conhecimento Corporal e Lateralidade
A criança percebe seu próprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo
ocupa um espaço no ambiente em função do tempo, capta imagens, recebe sons,
sente cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo é o centro, o
referencial. A noção do corpo está no centro do sentimento de mais ou menos
disponibilidade e adaptação que se tem do corpo e está no centro da relação entre o
vivido e o universo. É o espelho afetivo-somático ante uma imagem de si mesmo, do
outro e dos objetos.
O esquema corporal, da maneira como se constrói e se elabora no decorrer da
evolução da criança, não tem nada a ver com uma tomada de consciência sucessivas
de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabeça, iriam pouco a pouco se
encaixar uns ao outros para compor um corpo completo, a partir de um corpo
desmembrado. O esquema corporal revela-se gradativamente a criança da mesma
forma que uma fotografia revelada na câmara escura mostra-se pouco a pouco para o
observador, tomando contorno, forma e coloração cada vez mais nítidos. A
elaboração e o estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo,
uma vez que a evolução está praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco
26
anos. Isto é, ao lado da construção de um corpo objetivo, estruturado e representado
como um objeto físico, cujos limites podem ser traçados a qualquer momento, existe
uma experiência precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar
muito no desenvolvimento interior da imagem e da representação de si.
O conceito corporal, que é o conhecimento intelectual sobre partes e funções;
e o esquema corporal, que na mente humana regula a posição dos músculos e partes
do corpo. O esquema corporal é inconsciente e se modifica com o tempo.
Quando se trata de conhecimento corporal, insere-se a lateralidade, já que é a
bússola do corpo, e, assim, possibilita a situação no ambiente. A lateralidade diz
respeito à percepção dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada um
desses lados, visto que sua distinção será manifestada ao longo do desenvolvimento
da experiência.
Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado que o outro
é o início da discriminação entre a esquerda e direita. De início , a criança não
distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que os
dois braços encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignorem que sejam
“direito” e “esquerdo”. Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mão da outra e um
pé do outro. Em seguida, passa a distinguir um pé do outro. Aos seis anos, a criança
tem noção de suas extremidades direita e esquerda e noção dos órgãos pares,
apontando sua localização em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas,
mamilos, etc.) . aos sete anos, sabem com precisão quais são as partes direita e
esquerda de seu corpo.
As atividades psicomotoras auxiliam a criança a adquirir boa noção de espaço
e lateralidade e boa orientação com relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas e aos
sinais gráficos.
Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como parte da
orientação espacial e não como parte do conhecimento corporal.
2.4 – Habilidades Conceituais
A matemática pode ser considerada uma linguagem cuja função é expressar
relações de quantidade, espaço, tamanho, ordem, distancia, etc.
27
A criança progride na medida do conhecimento lógico-matemático, pela
coordenação das relações que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se
construa o conhecimento físico (referente à cor, peso, etc.), a criança necessita Ter
um sistema de referencia lógico-matemático que lhe possibilite relacionar novas
observações com o conhecimento já existente. Por exemplo: para perceber que um
peixe é vermelho, ela necessita um esquema classificatório para distinguir o
vermelho de todas as outras cores e outro esquema classificatório para distinguir o
peixe de todos os demais objetos que conhece.
2.5 – Habilidades Psicomotoras e Processo de Alfabetização
As habilidades psicomotoras são essenciais ao bom desempenho no processo
de alfabetização. Segundo Gomes (1987, p. 09-10), a aprendizagem da leitura e da
escritura exige habilidades tais como:
• dominância manual já estabelecida (área de lateralidade);
• conhecimento numérico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas
existem nas letras m e n, ou quantas sílabas formam uma palavra (área de habilidades
conceituais);
• movimentação dos olhos da direita para a esquerda, domínio de movimentos
delicados adequados à escrita, acompanhamento das linhas de uma página com os
olhos ou os dedos, pressão adequada para segurar lápis e papel e para folhear (área
coordenação visual e manual);
• discriminação de sons (área de percepção auditiva);
• adequação da escrita às dimensões do papel, reconhecimento das diferenças dos
pares b/d, q/d, p/q, etc., orientação da leitura e da esquerda para a direita,
manutenção da proporção de altura e largura das letras, manutenção de espaço entre
as palavras e escrita orientada pelas pautas (áreas de percepção visual, orientação
espacial, lateralidade, habilidades conceituais);
• pronúncia adequada de vogais, consoantes, sílabas, palavras (área de comunicação
e expressão);
28
• noção de linearidade da disposição sucessiva de letras, sílabas e palavras (área de
orientação têmporo-espacial);
• capacidade de decompor palavras em sílabas e letras (análise);
• possibilidade de reunir letras e sílabas para formar novas palavras (síntese).
Sabemos que a Psicomotricidade é muito importante o processo de
aprendizagem da alfabetização. É por isso que na escola em que trabalhos dão uma
importância muito grande para este assunto.
O trabalho começa desde o jardim I, para que a criança quando chegar no CA
não ter tanta dificuldade para aprender a ler e escrever, e é também superimportante
começar o trabalho neste período, porque é quando a criança esta começando o seu
trabalho motor.
O nosso trabalho é feito em conjunto com a professora de sala e a professora
de Educação Física. A professora de sala dá o seu conteúdo letivo enquanto a
professora de Educação Física também dá o seu conteúdo e atividades psicomotoras.
Quando a professora de sala percebe que está tendo dificuldade em algum processo
de aprendizagem o professor de Educação Física entra com a atividade psicomotora
de uma forma mais lúdica para auxiliar no processo.
Podemos observar que este trabalho em conjunto que está sendo feito desde o
jardim I tem ajudado bastante não só a professora mas também à criança quando
chega no CA.
O aprendizado ficou mais fácil, não temos tido tanto problema na leitura e na
escrita. A criança chega mais atenta, afetiva, interessada.
A evolução do processo é vista claramente. O resultado tem sido muito
positivo.
2.6 – Teorias e Exercícios de Psicomotricidade
Para aplicação desses mediadores através de exercícios psicocinéticos é
preciso que o profissional lembre-se que as crianças não conseguem trabalhar no
início com excesso de informações e explicações. Deixe a criança buscar seus
próprios recursos, buscando soluções a seu nível, permitindo que a criança descubra
29
e sinta-se satisfeita com suas próprias descobertas. Conversar sempre com a criança
sobre o que foi sentido, sobre as suas impressões a respeito dos movimentos
executados. Sempre que o exercício permitir, orientar a criança a faze-lo de olhos
fechados, favorecendo assim a interiorizarão do que foi vivido, exigindo maior
atenção e concentração.
Quando realizado um exercício, elogiar todas as crianças igualmente, pois
aquelas que não atingiram o objetivo do exercício, e que não foi elogiada, pode leva-
la a um estado de ansiedade e frustração.
2.6.1 – Esquema Corporal
Conhecimento intuitivo imediato que a criança tem do próprio corpo,
conhecimento capaz de gerar as possibilidades de atuação da criança sobre as partes
do seu corpo, sobre o mundo exterior e sobre os objetos que a cercam.
Exercício 1
Reconhecendo as partes essenciais do corpo – o profissional diz os nomes das
seguintes partes do corpo: cabeça, peito, barriga, braços, pernas, pés, explorando
uma parte por vez. A criança mostra em si mesma a parte mencionada pelo
profissional, respeitando o nome que designa. Primeiramente o trabalho deverá ser
realizado de olhos abertos, e a seguir de olhos fechados.
Olhos abertos: aprendizado.
Olhos fechados: quando dominar as partes do corpo.
Exercício 2
A criança deverá reconhecer também as partes do rosto: nariz, olhos, boca,
queixo, sobrancelha, cílios , trabalhar também com os dedos: com a mão apoiada
sobre a mesa a criança deverá apresentar o pulso, o dedo maior e o dedo menor; os
nomes dos dedos são ensinados a criança pedindo que ela levante um a um dizendo
os respectivos nomes dos dedos.
Exercício 3
30
Trabalhar com os olhos – em pé ou sentado a criança acompanha com os
olhos sem mexer a cabeça a trajetória de um objeto que se desloca no espaço.
Exercício 4
Automatizando a noção de direita e esquerda – conhecendo a direita e a
esquerda do próprio corpo, mostrar à criança qual é a sua mão direita e qual é a sua
mão esquerda. Dominando este conceito, realizar o exercício em etapas:
- fechar com força a mão direita;
- depois a esquerda;
- levantar o braço direito;
- depois o esquerdo;
- bater o pé esquerdo;
- depois o direito;
- mostrar o olho direito;
- depois o esquerdo;
- levantar a perna esquerda;
- depois a direita.
Trabalhar com os olhos abertos, e quando a criança estiver dominando o exercício
trabalhar com os olhos fechados.
Exercício 5
Localizando elementos na sala de aula. A criança deverá dizer de que lado
está a porta, a janela, a mesa da sala de aula, etc. em relação a si mesma durante a
realização do exercício, não deixar a criança cruzar os braços pois isso dificulta sua
orientação espacial.
2.6.2 – Coordenação Óculo-manual
A finalidade dos exercícios de coordenação óculo-manual têm como
finalidade o domínio do campo visual, associado a motricidade fina.
Exercício 1
31
Realizar este jogo em duas etapas:
Primeira: a criança bate a bola no chão, apanhando-a inicialmente com as
duas mãos, e depois ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. No início a
criança deverá trabalhar livremente. Numa segunda etapa o professor determinará
previamente com qual das mãos a criança deverá apanhar a bola.
Segunda: a criança joga a bola para o alto com as duas mãos, apanhando-a
com as duas mãos também. Em seguida, joga a bola para o alto com uma só mão,
apanhando-a com uma só mão também.
Variar o uso das mãos. Ora com a direita ora com a esquerda.
Exercício 2 – Jogo de pontaria no chão
Desenhar um círculo no chão ou utilizar um arco. As crianças deverão
jogar a bola dentro do círculo. Aumentar gradativamente a distância. Variar jogando
a bola na frente, atrás, do lado esquerdo, do lado direito do círculo.
2.6.3 – Coordenação Dinâmica Geral
Estes exercícios possuem a função de equilíbrio, que é a base essencial da
coordenação dinâmica geral, que possuem a finalidade de melhorar o comando
nervoso, a precisão motora e o controle global dos deslocamentos do corpo no tempo
e no espaço. Constituem-se de exercícios de marchas e saltos. Serão apresentados
exercícios em que a criança, a nível de experiências vividas, manipula conceitos
espaciais importantes para o seu preparo para a alfabetização.
Os conceitos espaciais: direita, esquerda, atrás, na frente, entre, perto, longe,
maior, menor; são vivenciados através de movimentos específicos. A partir daí,
propõe-se exercícios com maior intensidade. Coloca-se a medição de um raciocínio,
de uma reflexão sobre dados vivenciados no primeiro nível. Dessa forma, permite a
criança passar para a etapa de estruturação temporal requerida para o aprendizado da
leitura e da escrita.
32
Exercício 1 – Andando, saltando e equilibrando
1. Andando de cabeça erguida
A criança anda com um objeto sobre a cabeça (pode ser um livro de capa dura).
Dominada esta etapa a criança levanta uma perna formando um ângulo de noventa
graus e coloca-se lentamente no chão. O mesmo trabalho deverá ser feito com a outra
perna.
2. Quem alcança?
O professor segura um objeto a uma determinada altura, a criança deverá saltar para
alcança-lo. Inicialmente fazer o exercício em pé, depois de cócoras.
2.6.4 – Motricidade Fina
Os exercícios de motricidade fina são muito importantes para a criança, na
medida em que educam é gesto referido para a escrita, evitando a apreensão e a
prisão inadequadas que tanto prejudicam o grafismo, tornando o ato de escrever uma
experiência aversiva à criança.
2.6.5 – Cuidado das mãos
Exercício 1 – Motricidade Fina
Trabalhando só com os braços – este exercício tem como objetivo
desenvolver a independência segmentar do braço em relação ao tronco, o que
beneficia e facilita o trabalho da mão no ato de escrever. Apresenta-se uma série de
gráficos (traçados) que o professor deverá reproduzir em tamanho grande no quadro
de giz ou programa-los em cartões. As crianças por sua vez deverão reproduzi-los
com gestos executados no ar.
Exercício 2
Amassar massinha.
Exercício 3 – Fazendo bolas de massa
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O professor distribui à classe bolas de massa de tamanhos variados (usar
massa de modelar). Sentada, com o cotovelo apoiado sobre a carteira, a mão para o
alto, a criança aperta as bolas de massa com força, amassando-as. Orientar a criança
para que trabalhe com dois dedos por vez. Trabalhar primeiro uma das mãos, depois
com a outra e, finalmente, com as duas juntas.
Exercício 4
Realizar o mesmo trabalho do exercício anterior, neste caso, porém, a massa é
apresentada em forma de disco, com a qual a criança deverá fazer uma bola.
2.6.6 – Organização e Estruturação Temporal
Esse mediador trabalha com noções importantes para o aprendizado da escrita
e particularmente da leitura, favorecendo o desenvolvimento da atuação da memória.
A estruturação temporal fornecerá as possibilidades de alfabetizar-se.
Exercício 1 – Reproduzindo ritmos com as mãos
O professor executa um determinado ritmo, seguindo algumas estruturas
rítmicas (.. ... ...) . Por exemplo: batendo a mão sobre a carteira durante um certo
tempo, a criança apenas escuta, depois reproduz o ritmo executado pelo professor,
batendo a mão sobre a carteira também. Variar o ritmo: lento, normal e rápido. Fazer
o exercício inicialmente com os olhos abertos e em seguida de olhos fechados.
2.6.7 – Exercício de Organização e Estruturação Espacial
Deslocando um objeto no espaço, a criança coloca um objeto qualquer ora a
sua frente, ora atrás, ora a direita, ora a esquerda, segundo o comando do professor.
2.7 – Distúrbios Psicomotores
34
Seus movimentos são desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apóiam
duramente o calcanhar no solo. Quando crianças, custam a aprender a subir e descer
escadas; nas escolas, evitam participar de jogos, nos quais geralmente são
ridicularizadas e afastadas: tê-las como parceiras é perder na certa.
Tal ser é uma questão e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres,
para todos. Como entendê-lo? Como ajuda-lo?
2.7.1 – Definição de Distúrbio Psicomotor
Pesquisas foram desenvolvidas com crianças que mostraram ser algumas
delas portadoras de um determinado distúrbio, cujos sintomas assemelhavam-se aos
adultos. Por outro lado mesmo existindo a lesão, ela incidia sobre um cérebro ainda
em desenvolvimento e portanto em condições diferentes a dos adultos.
A partir destas considerações e da preocupação em estabelecer-se uma
psicopatologia diferencial d acriança e do adulto passa-se a encontrar, na literatura, a
denominação de dispraxia ou apraxia de evolução quando se trata de distúrbios da
praxias na criança.
Andrade (1984, p.13) afirma que estas perturbações consistiam em perda ou
alterações do ato voluntário, como de lesão no sistema nervoso central.
Apraxia aparece referindo-se ao distúrbio infantil.
Classifica-se, segundo Andrade (1984, p. 16), em três variedades:
a) Apraxia sensório-cinética – que se caracteriza pela alteração da síntese
sensório-motora, como a desautomatização do gesto. Não há nela distúrbios de
representação do ato.
b) Apracto-somato-gnosia espacial – caracterizada por uma desorganização
do esquema corporal e do espaço.
c) Apraxia de formulação simbólica – que se caracteriza por uma
desorganização da atividade simbólica e da compreensão da linguagem.
2.8 – Estudos Iniciais Sobre o Distúrbio Psicomotor
35
Debilidade Motora é uma condição patológica da mobilidade, às vezes
hereditária e familiar, caracterizada pela exageração dos reflexos tendinosos, uma
perturbação do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntários
intencionais que levam à impossibilidade de realizar voluntariamente a ação
muscular.
Distúrbios Psicomotor significam um transtorno que atinge a unidade
indissociável, formada pela inteligência, pela afetividade e pela motricidade.
Paratonia é a possibilidade que certas crianças apresentam em relaxar
voluntariamente um músculo.
Sincinesias são fenômenos normais em crianças.
Catalepsia é uma aptidão anormal para a conservação de uma atitude.
Outros sinais são marcados, como certas epilepsias, espasmos dos músculos
lisos, alguns estados de excitação e de agitação e a instabilidade.
Assim, durante muitos anos, os distúrbios de psicomotricidade e portanto, as
dispraxias, foram visto sob o nome de debilidade motora que é uma insuficiência de
imperfeição das funções motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptação.
Os distúrbios da psicomotricidade são definidos sob o nome de Disfunções
Psicomotoras.
Pesquisas feitas com crianças deficientes mentais focalizando os processos
que estariam na base das deficiências da aprendizagem adotaram a classificação das
deficiências mentais, proposta por Straus (1933, citado por Andrade, 1984, p. 13):
endógenas – aquelas crianças com antecedentes familiares de distúrbios mentais; e,
exógenas – aquelas crianças portadoras de lesão cerebral.
Em qualquer escola encontramos crianças com estes problemas e sabemos
que são discriminadas pelos colegas, ficam com vergonha de participar de
brincadeiras, ficam isoladas e na escola em que trabalho não é diferente.
Trabalhamos estas crianças com carinho, atenção e toda ajuda necessária. Tentamos
sempre inclui-las nas atividades, dando brincadeiras em que elas têm um domínio,
procuramos trabalhar o que elas têm de melhor e ajudar nas dificuldades.
36
Mostramos sempre as outras crianças que elas sabem e tem muita coisa para
aprender e ensinar, que ninguém é igual cada um é bom em alguma coisa e que
devemos respeitar e nos unir para aprender coisas diferentes.
Trabalhamos muito o lado afetivo, que é o que essas crianças precisam muito
e tem dado certo, apesar de não ter muitas crianças com estes problemas, as poucas
que temos não são discriminadas muito pelo contrário, as outras crianças convivem
muito bem com elas são queridas e ajudadas.
2.9 – Taxionomia Motora Aplicada a Crianças de 2 a 6 Anos
A classificação psicomotora, conforme indica Andrade (1984,p. 26), refere-se
ao movimento voluntário observados em crianças de dois a seis anos.
2.9.1 – Movimentos reflexos
Ações reflexas são involuntárias e, portanto, servem como elemento
fundamental no desenvolvimento motor. O professor que atende a essa faixa deve
conhecer os movimentos reflexos para compreender a seqüência do desenvolvimento
motor. O amadurecimento neuro-muscular e o desenvolvimento postural são estágios
básicos que precedem a ação motora de andar e outros movimentos fundamentais.
Os cinco níveis do domínio do desenvolvimento motor são:
Movimentos Básicos
A criança em idade pré-escolar desenvolve movimentos básicos que serão
necessários para o desenvolvimento posterior de outras habilidades motoras. Essa
fase é o período mais critico para que as formas motoras básicas sejam desenvolvidas
corretamente. As crianças, em sua maioria, desenvolvem os movimentos por conta
própria. Uma forma motora natural desenvolve-se a medida em que a criança explora
ou pratica continuamente.
Um ambiente planejado adequadamente, seja no lar, num centro de
aprendizagem infantil ou num jardim de infância, pode assegurar o domínio das
formas motoras básicas num estágio ótimo. Mas se esse nível ótimo do
37
desenvolvimento não for alcançado, uma aprendizagem terapêutica terá que ser
planejada, conseqüentemente, não haverá garantia quanto ao comportamento motor
da criança em um ser tão completo quanto eficiente no futuro.
Movimento Perceptivo-Motor
Esse nível de desenvolvimento motor tem origem na aprendizagem dos
estágios anteriores, e acrescenta a percepção, que antecede à resposta motora.
Nesse nível motor, a criança recebe a informação sensorial aferente e a
interpreta antes de responder um movimento. Trata-se então de um nível muito
importante para o desenvolvimento de crianças em idade pré-escolar,já que é
importante para a aprendizagem simbólica e conceitual o excelente funcionamento
do cognitivo.
Habilidades Físicas
As habilidades físicas são movimentos que tornam possível a execução de
movimentos especializados complexos. São elementos que determinam a adequação
do desempenho de uma criança ou distinções entre os desempenhos das crianças.
Uma criança muito nova tem limitações nesse nível desenvolvimento motor se seus
movimentos forem restringidos. Programar oportunidades para o desenvolvimento
dessa área é essencial se a criança tiver em condições aprender movimentos
altamente especializados.
As crianças em idade pré-escolar possuem habilidades físicas para um
desenvolvimento adequado e essas habilidades motoras podem ser avaliadas, como
demonstram alguns estudos. Os movimentos especializados dependem das
habilidades físicas para que tenham funcionamento eficiente.
Movimentos Especializados
Um movimento especializado exige capacidade de executar uma ação
complexa ou uma forma motora com alto grau de eficiência, combina vários
elementos e incorpora todos os fatores relativos ao desenvolvimento motor
previamente aprendido.
38
São classificadas nesse nível de desenvolvimento motor as habilidades
relativas aos desportos e dança. É possível que crianças em idade pré-escolar estejam
aptas a atingir esse nível. Exemplos disso são encontrados em nadadores infantis de
idade pré-escolar. Uma criança nesta faixa etária pode ter o domínio máximo de uma
habilidade, porém se ela apresentar um alto nível de desenvolvimento motor básico
nos quatro níveis do domínio motor pode, entretanto, estar sujeita a ser destituída da
maturidade total do comportamento motor em habilidades complexas, quando
solicitada.
Movimentos Criativos
A comunicação por meio de movimento dá origem a essa categoria de
desenvolvimento motor. Ocorre nessa área o desenvolvimento motor expressivo e
interpretativo. Ao planejar movimentos criativos para crianças em idade pré-escolar,
podem ser aplicados estímulos ambientais como o desenho, a arte e a música por
serem motivadores e obterem bons resultados em crianças nessa faixa etária.
A arte utilizada como forma de linguagem e comunicação motiva o
desenvolvimento de respostas motoras criativas.
2.10 – Evolução Psicomotora dos 3 aos 6 Anos
O estagio dos 3 aos 6 anos é um período de mudanças tanto na estruturação
espaço-temporal quanto do esquema corporal. A evolução psicomotora deve iniciar a
criança no universo onde reina uma organização e estrutura, sem ter uma ruptura
com o mundo mágico no qual se projeta sua subjetividade.
Para Almeida (1994, p. 15), o jogo da função de ajustamento acontece por
dois lados: o primeiro está submetido a uma intencionalidade prática, que permite a
criança resolver problemas motores; e o segundo, ligado à expressão corporal, que
mostra experiências emocionais e afetivas, conscientes ou não. O jogo simbólico é
importante quando, agindo num outro mundo, imaginário, a criança satisfaz seus
desejos.
39
Para afirmar sua personalidade, como o confronto com o real, usa-se o
desenvolvimento das funções gnósicas.
Aos 3 anos a criança tem necessidade de interiorização, então começa a
reconhecer o próprio “eu” que irá permitir deslocar sua atenção para seu próprio
corpo e descobrir suas respectivas características. Começa o período de estruturação
do esquema corporal, etapa importante na evolução da imagem do corpo, sendo este
o instrumento de inserção na realidade.
Este período pré-escolar é formado por dois meios paralelos do plano afetivo:
1. A estruturação do espaço que permite a passagem do espaço topológico
para o espaço euclidiano;
2. Percepção das diferentes partes do corpo e estruturação do esquema
corporal.
2.11 – Educação Psicomotora Na Idade Pré-Escolar
2.11.1 – Os Princípios Diretivos da Educação Educativa
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma
experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa dos pais e do meio
escolar, tem a finalidade não de ensinar as crianças comportamento motores, mas sim
lhe permitir mediante o jogo, exercer uma função de ajustamento, individualmente
ou com outras crianças. No estágio escolar, a primeira prioridade constitui a
atividade motora lúdica, fonte de prazer, permitindo a criança prosseguir a
organização de sua “imagem do corpo” ao nível do vivido e de servir de ponto de
40
partida na sua organização prática em relação com o desenvolvimento das atitudes de
análise perceptiva.
2.11.2 – Atividade Motora Global
Embora numerosos autores tenham desenvolvido este tema, a maioria dos
educadores e muitos pais não têm compreendido que se poderá tolher a criança e
travar seu desenvolvimento e seus progressos escolares se abandonando este aspecto
essencial do comportamento.
Os mais audaciosos dos professores concedem um certo lugar, sempre
insuficiente à atividade de explorar o ambiente, à atividade lúdica e ao que eles
chamam de “expressão livre”. Mas estas atividades, com muita freqüência, são
associadas a exercícios “educativos” de tipo analítico, que correm o risco, para
aquelas crianças menos desenvolvidas, de questionar os benefícios destes
exercícios,aumentando sua insegurança e sua inibição. Esta informação é atenuada se
todas as crianças que entram na escola maternal tenham alcançado a idade
psicomotora de 3 anos,estando ávidas de explorar o ambiente e inquietas de exercer
sua influência no ambiente.
Entretanto, os problemas afetivos que a criança encontra no seu meio
familiar, ou simplesmente uma inabilidade educativa, ou o pouco tempo consagrado
pelos pais a participarem com os jogos da criança, a exigüidade do meio da criança,
podem conjugar-se, diminuindo a espontaneidade criadora que se traduz com um
empobrecimento gestual e mímico.
A repercussão desta experiência desvalorizante do corpo no equilíbrio
afetivo da criança é de tal magnitude que se traduz por dificuldades de estabelecer
um contato com os adultos e outras crianças. A expressão gestual, como a expressão
verbal, mantém-se pobre e limitada. Conclui-se a necessidade de uma reeducação
psicomotora ou ortofônica.
É necessário propiciar a cada criança a chance de poder desenvolver, da
melhor forma, suas próprias potencialidades. Isto é possível num ambiente onde se
beneficiará no contato com as crianças da mesma idade e com a possibilidade de
crescer junto a elas através das atividades coletivas alternadas com tarefas mais
41
individuais. Neste estágio, a atividade motora, em relação com o adulto ou com
outras crianças, traduz a expressão de uma necessidade fundamental do movimento,
de investigação e de expressão que deve ser satisfeita. Esta experiência expressiva do
corpo vivido, carregada de todo um conteúdo emocional, organiza-se a um nível de
comportamento sensório-motor global favorável à emergência da função de
ajustamento.
Esta concepção confere uma importância capital ao equilíbrio da pessoa, do
exercício de uma motricidade espontânea de domínio subcortical.
A espontaneidade criadora e a disponibilidade traduzem a possibilidade que o
organismo assim educado tem de reagir globalmente a uma situação de urgência em
função de sua vivência anterior. Se esta criatividade se expressa inicialmente a um
nível dos comportamentos motores e afetivos, ela se traduzirá mais tarde pela
afetividade do organismo de efetuar sínteses novas e explorar no plano mental o que
tem experimentado na vivência corporal.
2.11.3 – Da Expressão no Gesto à Expressão Verbal
Através de uma situação real de intercâmbio é que a criança fala e tem
vontade de falar. As crianças mais inibidas, que não tiveram uma experiência
corporal eficaz, apresentam prejuízo na linguagem.
Uma comunicação gestual e verbal estabelece-se entre as crianças e entre elas
e a professora. Isto constitui uma atividade normal da criança. No plano da
linguagem tem o mesmo significado que o desempenho motor nas praxias.
Confrontando-se com o desejo e a necessidade de expressar-se para poder participar
da vida em grupo, a criança vai por em prática e improvisar suas próprias formas de
expressão verbal. Trata-se da função de ajustamento que tem sido primeiro
experimentado no plano motor e que é necessário transportar ao plano da linguagem
expressiva.
42
2.11.4 – Do jogo da Função de Ajustamento à Laterização
Os problemas reais ou aparentas decorrentes da lateralização são, com freqüência,
fonte de ansiedade nos pais e em muitos professores da escola maternal. Se for verdade que
um certo número de dificuldades escolares está relacionado a problemas na lateralidade, a
atitude mais correta a este respeito, a fim de ajudar a criança a conquistar o consolidar sua
lateralidade, é uma ação educativa facilitadora permitindo-lhe exercer sua motricidade global.
A lateralidade é antes de tudo uma assimetria funcional que incide na prevalência motora
de um lado do corpo.
O suporte anatômico desta prevalência é a dominância hemisférica. Os trabalhos
sobre a afasia têm permitido concluir que o hemisfério esquerdo é dominante para as
funções simbólicas na pessoa destra.
As ações reeducativas específicas neste domínio devem se exercer no fim
do determinado período, depois que a própria criança tenha suas experiências em um
bom clima afetivo. A melhor ação preventiva para eventuais problemas de
escolarização será garantida através de uma educação psicomotora seguindo passo a passo as
leio do desenvolvimento.
2 . 1 1 . 5 . Importância de uma Educação Perceptiva Metódica na Escola
Maternal
A Passagem da Atividade Espontânea à Atividade Controlada
Quando o professor se encontra frente a uma criança com dificuldades
escolares, o fato de evidenciar c que vagamente se domina de transtornos espaço-temporais
associados a transtornos do esquema corporal faz com que se corra o risco de submetê-la a uma
reeducaçao psicomotora de tipo sintomática. Esta reeducação é feita através de exercícios
trabalhando nas diferentes formas perceptivas e ignorando, na maioria dos casos, o trabalho
motor. Os erros desta atividade psicomotora analítica e sofisticada têm revivido uma
corrente globalista, a qual trabalha a atividade motora global, a fim de chegar a um
desenvolvimento psicomotor compatível com desempenho escolar.
43
O desenvolvimento que precede tem permitido pôr emevidência o caráter
indispensável e prioritário da atividade motora intencional global da criança. É a
pedra fundamentai da primeira organização do Ego, da qual depende o equilíbrio interior
da evolução da criança. Este primeiro Ego representa essencialmente uma
estabilização técnico-emocional, propiciando um bem estar global e uma
espontaneidade motora cru e terá continuidade com a linguagem expressiva.
Se a relação da criança com seu meio familiar ou educativo tem permitido um
intercâmbio confiante e rico no plano afetivo, as frustrações que inevitavelmente a criança
sofrerá pelas proibições impostas serão facilmente aceitáveis. Na medida em que a
criança age plenamente no ambiente e que lhe facilita experiências gratificantes, as
limitações parciais são vivenciadas positivamente.
A Educação Metódica da Atenção Perceptiva
Graças à solicitação de um meio rico mobilizando sua vigilância difusa, a
criança pode satisfazer plenamente sua necessidade de movimento e investir na
atividade de exploração. A passagem da necessidade do prazer, provocada pela
satisfação, a faz oscilar entre um estado de tensão orgânica e um estado de
relaxação, sendo necessário para uma formação eficaz.
A capacidade de inibir permite à criança diferir momentaneamente seu
desejo de apropriação, pondo em jogo uma forma de exploração mais
concentrada nasa qualidades do objeto.
Da relação vivida no espaço, a criança tem acesso a um espaço percebido
e representado que lhe vai permitir ir mais longe no desempenho de sua função
de ajustamento.
Salienta-se que o exercício da função simbólica é o suporte da função
perceptiva. Os progressos da criança são função da possibilidade de prolongar a
experiência sensorial e perceptiva, através da verbalização, permitindo-lhe
associar um símbolo verbal a cada tributo perceptivo, assim como no domínio
do espaço e no domínio do espaço de seu próprio corpo.
A função simbólica é usada não só na verbalização, mas também no
grafismo, que permite traduzir os dados perceptivos do espaço e do corpo, no
desenho da família humana.
44
Quando a evolução da criança se efetua segundo esta cronologia, o
conjunto destas funções chega a maturidade. Uma ação educativa adequada
ajuda à evolução destas funções. Pode-se afirmar que as dificuldades escolares
serão atenuadas e que os problemas decorrentes do aprendizado da leitura, da
escrita e do cálculo não terão conseqüências gramaticais.
Apesar dos esforços educativos do desenvolvimento não se efetua
harmoniosamente, a indicação para uma reeducação eventual ou uma terapia
poderá ser tratada com muito mais precisão.
2 . 1 1 . 6 - Os Diferentes Aspectos do Trabalho Psicomotor na
Idade Pré-Escolar
Este período, compreendido entre os três e os sete anos,corresponde ao
estágio da "estruturação perceptiva", é uma etapa intermediária que deve responder a dois
grandes objetivos:
• permitir à criança alcançar seu desabrochamento no plano da vivência
corporal, alcançando, com bem-estar, o exercido da motricidade espontânea,
prolongada pela expressão verbal gráfica;
• assegurar a passagem à escola elementar tendo o papel prevenção, a fim de
evitar que a criança se depare, nessa época, com dificuldades na aquisição das
primeiras tarefas escolares.
Para isto, apoiando-se no trabalho essencialmente global, é necessário ajudar
a criança a estruturar o; perceptivos interno e externo.
Exercício Global Da Motricidade
1. Jogo e expressão livre
Junto as praxias que têm uma significação prática, o jogo expressivo não
finalizado tem uma profunda repercussão emocional e uma grande carga
afetiva, comprometendo totalmente a criança.
45
Pelo valor simbólico que representa, é, ao mesmo tempo, revelador das
frustrações da criança, de seu universo imaginário e terapêutico pelos desbloqueios
que permite. "O jogo constitui uma conduta através da qual trata-se de realizar um certo
equilíbrio entre o mundo exterior e o mundo interior”. (D’IANCÃO, 1987, p. 37)
Quanto mais jovem é a criança, mais dificuldade tem em organizar a imagem
do corpo, pelo que o aspecto expressivo do movimento reveste uma importância
fundamental.
É importante que o educador saiba respeitar a atividade da criança, a fim de
não interferir nos seus jogos, propondo-lhes seus próprios modelos.
2 . O aperfeiçoamento e o enriquecimento da atividade práxica mediante o
trabalho de coordenação dinâmica geral
Através dos jogos livres e das atividades de expressão, a experiência vivida
com o corpo em relação ao ambiente dos objetos garante a aquisição do bem estar
global do corpo.É, antes de tudo, o meio que fornece à criança material para sua
atividade de exploração; depois, a criança ou o grupo de crianças poderá eles
mesmos criar sua própria experiência durante os jogos funcionais espontâneos. Contudo,
a criança corre o risco de se conformar com um mesmo tipo de atividade e de evitar
confrontar-se com certo tipo de problemas. O adulto pode intervir propondo-lhe
situações que apresentem um vasto número de práxias. A plasticidade do ajustamento
implica que a criança, habituada ao exercido de sua espontaneidade, possa adaptar
também suas respostas motoras ao quadro proposto pelo meio sócio-cultural.
Esta posição não implica a justificação de nenhum autoritarismo, nem a
utilização de métodos estereotipada utilizados em certas concepções de educação
física centrada na montagem de estereótipos motora.
3. A coordenação viso-manual e o aperfeiçoamento da motricidade fina
A organização das reações combinadas dos olhos e da mão dominante
começa no primeiro ano e só completa no fim da escolaridade primária.
No período pré-escolar, o desenvolvimento global desta forma de coordenação
far-se-á durante as atividades práxicas escolhidas para desenvolver a destreza e a
46
coordenação fina; através da prática da expressão gráfica e do desenho se desenvolve,
ao mesmo tempo, a função simbólica.
4. Solicitação e uso da função de interiorização
De acordo com Lê Boulch ( 1 9 8 8 , p. 2 4 ) , por volta dos três anos, logo que a
criança tenha descoberto sua própria personalidade e teve acesso ao conhecimento de
seu Ego , vai entrar no período narcisista, no qua l , além de se interessar pêlos
objetos e o mundo exterior, va i , também se interessar pelo seu próprio corpo. É
importante aproveitar este período a fim de passar da experiência vivida do corpo à
tomada de consciência global e segmentar do corpo, associada à verbalização. O adulto muito
pragmático, fixando a atenção da criança exclusivamente no resultado objetivo de uma
ação, pode prejudicar o exercício da função de interiorização. O ideal é procurar o
equilíbrio entre a forma de atenção relacionada com o objeto, resultado de uma ação, e
a atenção ligada a seu “corpo próprio". As atividades lúdicas feitas pelo prazer e não
pela eficiência representa uma situação favorável para pôr em jogo a atenção
interiorizada.
O "trabalho de ritmo" como suporte de ajustamento ao tempo e a percepção temporal.
O primeiro trabalho rítmico consiste em deixar expressar o próprio tempo da criança
nos seus movimentos globais durante os jogos espontâneos e as atividades de expressão
livre.
Mas o ajustamento ao tempo implica que o tempo pessoal possa estar de acordo com
os ritmos exteriores à criança: o tempo das outras crianças ou o tempo de um tema
musical. As rodas infantis acompanhadas de cantos e o trabalho global de música
representam bons suportes para favorecer a plasticidade de ajustamento contrário à
fixação dos movimentos em tempos estereotipados.
A percepção temporal permite, além da consciência e da interiorização dos
ritmos motores corporais, a percepção dos ritmos exteriores. Esta passagem constitui um
estado indispensável para que a criança possa, em seguida, tomar conta de seus próprios
movimentos e organizá-los a partir da representação mental. Esta última possibilidade só se
realizará no estágio seguinte do desenvolvimento psicomotor.
5. Percepção e representação mental do espaço
47
Durante as atividades de exploração, a criança ajusta-se ao espaço de forma global
e organiza este espaço em relação aos objetos que ela descobre e nos quais ela exerce
sua função práxica. O uso da linguagem permitira à criança fixar suas referências e
relaciona-las em um espaço topológico.
Ela vai desenvolver progressivamente um tipo de representação figurativa para
entrar no pensamento operatório,etapa que começa em torno dos sete anos. Passa a
descobrir seu corpo e seu mundo exterior graças ao aperfeiçoamento perceptivo, mas
esta descoberta ainda não é suficiente para permitir-lhe introduzir-se no universo
objetivo dos adultos. Permanece, ainda, encerrada dentro de sua objetividade.
Salienta-se, de novo, a imponência que reveste para a criança a realização de suas
experiências em um clima de segurança e de permissividade criado pela atitude compreensiva
do adulto, que tem que agir com certa firmeza para impor certos limites às atividades da
criança.
2.11.7 – O Exercício Global da Motricidade na Idade Pré-Escolar
Jogos e Expressão Livre
Permitir brincar às crianças e uma tarefa essencial do
educador. (ALVES, 1984, p. 17) .
As atividades tomam a forma de jogos funcionais - exercendo a função de
ajustamento e ajustamento global ao espaço - ou de jogos de imaginação, permitindo a
confrontação das fantasias com a realidade material em contato com as outras crianças.
È importante ver na atividade lúdica da criança de 3 a 7 anos o tipo de atividade criadora
necessária para a expressão da personalidade e a evolução da imagem do corpo. Adquire
48
um valor catártico na medida em que esse suporte permite à criança liberar-se de certas
tensões.
Esta experiência corporal da criança através do jogo não deve ser
desvalorizada pelo adulto e também não pode tornar-se uma atividade regressiva que
repercuta no seu desenvolvimento. O jogo das crianças não pode ser avaliado com o
critério dos adultos .
O educador, mediante uma "atitude não diretiva" , garantindo uma certa liberdade no jogo
espontâneo, permite à criança realizar sua experiência do corpo, indispensável ao
desenvolvimento das funções mentais e sociais. A não-intervenção do adulto só está
limitada por medidas de segurança. Entretanto, a intervenção não deve ser automática,
quando manifestações agressivas se desenvolvem entre as crianças. Em outros termos, a
agressividade não deve ser controlada imediatamente pelo adulto; é necessário que a
criança agredida por outra tenha a possibilidade de assumir ela mesma o problema.
Contudo, uma proteção discreta deve ser exercida para aqueles casos que têm
dificuldades psicomotoras, traduzindo-se por insegurança e medo.
Resultado deste tipo de atividade: a criança vai adquirir pouco a pouco confiança
nela, e melhor conhecimento de suas possibilidades e limites, com freqüência imposta
pela presença da outra criança com quem ela deverá aprender a cooperar durante o jogo.
Resumindo, a atividade lúdica incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa
relação com o mundo.
Condições materiais e organização das atividades de expressão
Para brincar, seja só, ou com várias crianças, de forma espontânea ou organizada,
é preciso espaço. No apartamento, na cidade, na escola, a criança cada vez mais é limitada
nos seus movimentos; é difícil encontrar um lugar para brincar. A primeira necessidade é criar
espaços mais numerosos para o jogo das crianças.
O espaço reservado ao brinquedo – sala de jogos, canto das crianças – é tão necessário
quanto ao dormitório e a sala de jantar. Estes espaços devem permitir as crianças ter um máximo
de liberdade nos seus movimentos e possibilidades variada de “fazer de tudo” e pintar..
As áreas de jogos exteriores devem ser anexadas ao apartamento ou às salas de
atividade na escola maternal. O espaço de vida da criança deve obedecer a dois critérios: por um
lado, uma organização funcional dos locais, impondo uma certa estrutura geométrica,
49
favorecendo a passagem da criança no universo topológico ao universo euclidiano do
adulto; este aspecto não deve descuidar da criação de um espaço estético que
influenciará favoravelmente a sensibilidade da criança. Por outro lado é preciso que as
crianças disponham de espaços pouco estruturados, arrumados de forma sumária,
ocupada por espaços brutos, a fim de permiti-la alcançar uma organização de seu
próprio espaço e criar seus instrumentos de j o g o . Este tipo de espaço e necessário para o
desenvolvimento dos jogos livres.
A utilização da água e da areia nos espaços livres: estes elementos se revestem
de uma importância grande para a criança, mas, no Brasil, essa sugestão pode ser
considerada como utopia e ter muita resistência. As crianças apreciam muito brinquedo de
água e de areia associadas.
O material móvel variado: depende das dificuldades decorrentes das descrições
precedentes, da organização dos espaços livres e da utilização de um pequeno material para
permitir certas realizações.
Este material pode estar constituído por:
• bolas e balões de diferentes tamanhos;
• círculos c pneus;
• pedaços de madeira ou de plástico;
• troncos inteiros ou cortados peia metade;
• cordões de diferentes tamanhos;
• cordas de pular,etc. (BOMTEMPO,1988, p. 43)
O trabalho com crianças na idade pré-escolar é feito com todo cuidado, pois
elas estão começando o seu desenvolvimento psicomotor que no futuro será muito
importante para a sua evolução.
Como já falei o trabalho é feito em conjunto.São trabalhados em sala o corpo,
o espaço, lateralidade e outras habilidades através de atividades com figuras de
revistas, jornais, com desenhos feitos pelas crianças. Usamos a própria sala de aula
como instrumento para trabalhar o espaço.
Nas aulas de Educação Física são trabalhados as habilidades psicomotoras de
uma forma lúdica, com atividades musicais, bolas, arcos, fitas e outros materiais.
50
Também usamos materiais recicláveis para as crianças confeccionarem os seus
próprios brinquedos.
Tanto em sala quanto na aula de Educação Física, damos espaço para a
criança se expressar livremente, deixamos elas escolherem o que querem fazer,
brincar. A criança precisa deste momento para crescer, se sentir livre, criar confiança
nela mesma, começar a se socializar com o mundo.
A criança precisa brincar, já que hoje em dia elas quase não brincam mais.
Elas precisam deste espaço, pelo menos na escola, para colocar em prática a sua
criatividade.
Este trabalho em conjunto tem dado certo. Observamos as crianças mais
espertas, criativas, desenvolvendo muito bem. É claro que existem algumas crianças
com dificuldades, mas procuramos fazer um trabalho com elas até que a dificuldade
diminua.
A criança é a Psicomotricidade em pessoa. É essencial que deixemos a
criança brincar, correr, rolar, pular, cair, se expressar livremente, só assim ela irá
poder se desenvolver para que no futuro não tenha problemas. Cresça sendo uma
pessoa que sabe se expressar, conviver com o mundo.
Ficamos muito felizes com o resultado que estamos conseguindo. Para ser o
primeiro ano deste trabalho o resultado foi muito positivo e sabemos que
conseguiremos resultados ainda melhores.
51
COSIDERAÇÕES FINAIS
Verifica-se a necessidade do processo educativo dar especial atenção aos domínios
afetivos e motor, não só como meio de facilitação de aprendizagens cognitivas, como
também e, acima de tudo, com o objetivo de promover no aluno o
desenvolvimento de aspectos fundamentais para sua participação social,
relacionado com sua afetividade; de buscar o equilíbrio pessoal quanto ao binômio
dependência - independência; o reconhecimento das necessidades emocionais e
sentimentos próprios e de outras pessoas; a prontidão para arriscar-se em áreas
novas e para correr o risco ao fracasso; a capacidade para o uso construtivo ao poder, etc.
Quando se encaminha o conceito significativo com relação do
domínio afetivo verifica-se a inter-relação e interdependência dos
comportamentos ao domínio afetivo, cognitivo e psicomotor, de modo a ficar
evidente que em cada momento do processo educativo deve-se dar atenção a todos eles,
52
com o simples propósito de se promover o desenvolvimento integral e harmonioso do
educando.
Portanto, na ocorrência de um comportamento considerado em desacordo
com atitudes socialmente desejáveis, conforme é estabelecido na escola, devem os
educadores analisar o comportamento do aluno, considerando-se as circunstâncias
em que o mesmo surgiu, suas condições familiares, o que poderia iniciar a causa do
seu procedimento. Somente então, a partir desta análise é que seriam programadas novas
situações para a promoção de novas atitudes, mais social, em vez de se agir
estabelecendo sanções ou rotulando o aluno para seu comportamento.
Paralelamente, caberia aos educadores dar mais atenção ao aluno enquanto
pessoa e ao processo de sua aprendizagem, do que aos conteúdos a serem transmitidos
em um período de tempo determinado e para regulamentos a serem cumpridos, bem
como, levá-los a analisar as atitudes pessoais em relação aos efeitos que exercem sobre a
formação do educando, para, controlando-os emprega-los positivamente.
Torna-se necessário também compreender as influências que o
relacionamento com os pais e as pessoas do meio em que vivem são marcantes no
desenvolvimento da aprendizagem, principalmente devido ao fato de absorverem e
refletirem as diferenças de cultura e classe social. Procedimentos contrários aos
apontados levam a incorrer na censura prática de pré-julgamentos e da
doutrinação que se manifestam por uma tendência a não se considerar como
naturais diferenças de atitudes dos alunos.
Além do mais, é relevante que o educador reflita sobre a relação contraditória
existente entre a liberdade de ação e escolha que vivem os educandos ao brincar e a
intervenção do adulto.
Esta reflexão poderá auxiliar o educador a inserir o jogo ou a brincadeira
infantil no dia-a-dia de construção do conhecimento e de estruturação do ser humano.
Para tanto, deve-se detalhar melhor as dúvidas, começando por fazer os
seguintes questionamentos:
Valorizamos a brincadeira das crianças?
Quantos tempos permitem (ou não) que as crianças brinquem?
Como organizamos os espaços?
53
Quais objetos, entre brinquedos, livros, materiais de sucata,e tantos outros,
oferecemos ás crianças, e em que condições, para que os explorem e utilizem livremente?
Conhecendo nós mesmo, as brincadeiras e objetos com os quais as crianças
inventam, imaginam e vivenciam situações lúdicas?
Se a brincadeira das crianças for considerada como uma forma de fazer
cultura, inserindo-se no mundo dos adultos através de uma atividade que é livre e
imaginativa por excelência, os adultos também precisam refletir sobre sua inserção
cultural.
Compreender as imagens e representações que são construídas sobre a
infância e o brincar no decorrer de uma vida, podem auxiliar os educadores a se
inserirem na sociedade como pessoas que também podem brincar e criar sua prática
pedagógica.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Paulo: Loyola, 1994.
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C. R. Rappaport, São Paulo, E. P. U. , 1984.
54
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55
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2-12.
SCOZ, Beatriz Judith Lima et alli. Psicopedagogia: contextualização,
formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I - O PROCESSO EDUCATIVO: CONCEPÇÕES E
PROPOSIÇÕES PARA O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM 9
1.1. SIGNIFICADO DO NÃO APRENDER
10
1.2. A PRÁTICA DA AVALIAÇÃO NA ESCOLA 14
1.3. VALORIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO AFETIVO DO ALUNO 16
CAPÍTULO II - PSICOMOTRICIDADE: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20
2.1. DESENVOLVIMENTO MOTOR 21
2.2. PSICOMOTRICIDADE: CONCEITUAÇÃO 21
2.3. ÁREAS DE ABRANGÊNCIA 24
2.3.1. As Áreas da Psicomotricidade 24
2.4. HABILIDADES CONCEITUAIS 27
2.5. HABILIDADES PSICOMOTORAS E O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO 27
2.6. TEORIAS E EXERCÍCIOS DE PSICOMOTRICIDADE 29
2.6.1. Esquema Corporal 29
2.6.2. Coordenação Óculo-manual 31
2.6.3. Coordenação Dinâmica Geral 32
2.6.4. Motricidade Fina das Mãos e dos Dedos 32
2.6.5. Cuidando das Mãos 33
2.6.6. Organização e Estrutura Temporal 33
2.6.7. Exercício de Organização e Estruturação Espacial 33
2.7. DISTÚRBIOS PSICOMOTORES 34
2.7.1. Definição de Distúrbios Psicomotores 34
2.8. ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTÚRBIO PSICOMOTOR 35
57
2.9. TAXIONOMIA MOTORA APLICADA A CRIANÇAS DE 2 A 6 ANOS 36
2.9.1. Movimentos Reflexos 36
2.10. EVOLUÇÃO PSICOMOTORA DOS 3 AOS 6 ANOS 39
2.11. EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA IDADE PRÉ-ESCOLAR 40
2.11.1. Os Princípios Diretivos da Educação Educativa 40
2.11.2. Atividade Global 40
2.11.3. Da Expressão no Gesto à Expressão Verbal 42
2.11.4. Do jogo da Função de ajustamento à Laterização 42
2.11.5. Importância de uma Educação Perceptiva Metódica
na Escola Maternal 43
2.11.6. Os Diferentes Aspectos do Trabalho Psicomotor
na Idade Pré-Escolar 44
2.11.7. O Exercício Global da Motricidade na Idade Pré-Escolar 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 54
ÍNDICE 56
ANEXOS 58