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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA REVISÃO E REDAÇÃO SESSÃO: 254.3.51.O DATA: 04/12/01 TURNO: Vespertino TIPO SESSÃO: Ordinária - CD LOCAL: Plenário Principal - CD HORA INÍCIO: 13h HORA TÉRMINO: 21h20min DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR(A) PARA REVISÃO Hora Fase Orador Dt. Devol.

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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA

REVISÃO E REDAÇÃO

SESSÃO: 254.3.51.O

DATA: 04/12/01

TURNO: Vespertino

TIPO SESSÃO: Ordinária - CD

LOCAL: Plenário Principal - CD

HORA INÍCIO: 13hHORA TÉRMINO: 21h20min

DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR(A) PARA REVISÃO

Hora Fase Orador Dt. Devol.

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Ata da 254ª Sessão, em 04 de dezembro de 2001

Presidência dos Srs. ...................................................................

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...................................................................

ÀS 13 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:

Aécio Neves

Efraim Morais

Barbosa Neto

Severino Cavalcanti

Nilton Capixaba

Paulo Rocha

Ciro Nogueira

Pedro Valadares

Salatiel Carvalho

Enio Bacci

Wilson Santos

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I - ABERTURA DA SESSÃO

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – A lista de presença registra

na Casa o comparecimento de 217 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos

trabalhos.

O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.

II - LEITURA DA ATA

O SR. DR. HÉLIO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da

sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Passa-se à leitura do

expediente.

O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,

procede à leitura do seguinte

III - EXPEDIENTE

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Finda a leitura do expediente,

vai-se passar ao

IV - PEQUENO EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Sr. Deputado Gastão Vieira.

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O SR. GASTÃO VIEIRA (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o jornal Folha de S.Paulo, nas suas últimas

edições, tem dedicado uma parte substancial de suas matérias para analisar a

questão social do meu Estado, o Maranhão.

É claro que essas análises, denúncias e comentários têm tudo a ver com o

crescimento da Governadora do Maranhão, Roseana Sarney, nas pesquisas. Não

subo à tribuna, Sr. Presidente, para defender candidaturas. Sou um aliado da

Governadora Roseana, com ela trabalhei, conheço-a bem, sei das suas capacidades

administrativa, técnica e política.

Mas o faço como maranhense porque, ao ler reportagem como a de ontem

sobre trabalho infantil em que crianças do meu Estado ajudam a família a quebrar

coco para assim ter renda paralela na sua atividade cotidiana, sinto-me agredido

como técnico na medida em que sei que aquela é uma realidade prevalecente no

meu Estado.

Mas isso não ocorre somente em meu Estado. O trabalho infantil é ainda uma

das chagas, uma nódoa que não foi apagada pelo Governo brasileiro e por muitos

Governos estaduais.

Lembro de muitas discussões que tivemos sobre o trabalho do menor nas

minas de carvão do Estado de Santa Catarina ou nas atividades de produção de

ferro-gusa no Estado de Minas Gerais ou na mão-de-obra utilizada no corte de cana

nos canaviais do Nordeste.

No meu Estado, é comum a atividade da mulher que complementa a pequena

renda de seu marido na agricultura, quebrando coco de babaçu, vendendo a

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amêndoa ou trocando-a no escambo, que ainda nos envergonha, para poder dar o

melhor tipo de subsistência para toda sua família.

Sr. Presidente, neste momento político de tantos conflitos, invejas e

esperanças, espero ver reportagens também sobre boas realizações no meu

Estado, nos últimos sete anos.

No caso da educação, por exemplo, o Maranhão, desde 1995, executa alguns

projetos que podem ser considerados pioneiros, pela maneira como foram

implementados e pelos resultados obtidos. Projetos que podem servir de exemplo

para o Brasil, mostrando que, diante das dificuldades que enfrentamos,

apresentamos também soluções criativas para combatê-las e vencê-las. Refiro-me

ao Projeto de Aceleração de Estudo, criado em 1995, que tão bons resultados trouxe

à educação no Maranhão; ao Programa Escola Ativa, experiência colombiana de

ensino rural, também trazido ao meu Estado no Governo de Roseana Sarney, em

que eu era Secretário de Educação.

O Estado do Maranhão, que passa a imagem de que cuida tão mal de suas

crianças, é pioneiro em bibliotecas públicas — são quase 80 construídas — que

abrigam, em ambiente moderno do ponto de vista arquitetônico, milhares de

crianças, que ali pesquisam, fazem seus deveres de casa, muitas vezes oriundas de

lares muito pobres, sem ambiente para estudar. O Maranhão é um dos poucos

Estados do Brasil em que a questão da leitura é levada a sério, os faróis da

educação significam uma revolução efetiva no cuidado que o Governo tem para com

suas crianças.

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Sr. Presidente, é preciso dividir esse noticiário. Temos problemas e os

enfrentamos, mas temos muitos aspectos bons que precisam ser tornados públicos

para o conhecimento de todo o povo brasileiro.

Muito obrigado.

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O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PSDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o modelo de atendimento à saúde dos

brasileiros sofreu grande transformação na última década. Passamos de um sistema

que atendia apenas aos trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes

para um sistema universal, que atende a todos os que precisam. Passamos de um

sistema irracional, com diversos órgãos realizando as mesmas funções e ações, de

forma descoordenada e sem objetivos comuns, para um sistema único, com direção

única em cada esfera de governo. Passamos de um modelo fraudulento e

ineficiente, baseado no atendimento hospitalar, para um modelo de atendimento

integral, com ênfase nas ações de prevenção.

É certo que falta muito ainda para que o Sistema Único de Saúde se estruture

e concretize a atenção à saúde que sonhamos para todos os brasileiros. Sim, muito

temos de trabalhar para que essas diretrizes do SUS sejam efetivamente realizadas

em forma de ações e serviços de saúde a nossa população. Entretanto, seguimos

enfrentando os desafios, Sras. e Srs. Deputados.

Para regulamentar e fiscalizar um setor privado que agia na prestação de

assistência à saúde sem obedecer a regras e impondo interpretações unilaterais e

injustas aos pacientes, foi criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Hoje

os planos e seguros de saúde, que atendem a cerca de 35 milhões de brasileiros,

devem obedecer à legislação específica e estão sujeitos à contínua fiscalização

desse órgão.

Rompendo um círculo vicioso de precariedade e ineficiência na

regulamentação e no controle de produtos e serviços, foi criada a Agência Nacional

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de Vigilância Sanitária. Há agora condições muito melhores de cuidar da segurança

e da qualidade dos alimentos, dos medicamentos, dos serviços de média e alta

complexidade — como a hemodiálise —, que já causaram muitos danos à saúde de

nossa gente, inclusive muitas mortes.

A ANVISA busca preencher importante espaço de ação da saúde pública: o

da prevenção. Ela atua com a missão de identificar, eliminar ou diminuir os riscos à

saúde presentes na produção, na comercialização e no consumo de produtos ou

serviços.

Entretanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o SUS somente se

completará quando a missão de proteger a saúde e prevenir doenças e outros danos

for permanente e eficientemente realizada.

Há parte importantíssima da saúde pública — ações de promoção, proteção e

prevenção — que precisa se remodelar, se reestruturar para conseguir

desempenhar seu papel a contento. Refiro-me às funções de vigilância

epidemiológica, de vigilância das águas e do ambiente, hoje concernentes à

Fundação Nacional de Saúde.

Essa Fundação hoje é responsável pelo controle de doenças transmitidas por

vetores, como a malária e a doença de Chagas; pela implantação e operação de

unidades de saúde e de sistemas de saneamento, ação importantíssima à saúde

nos Municípios mais recônditos do nosso País; pelo Programa Nacional de

Imunizações, que erradicou a poliomielite de nosso território e está prestes a fazer o

mesmo com o sarampo; pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que

vigia as novas e velhas epidemias, e também o comportamento das cada vez mais

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importantes doenças crônico-degenerativas; pelo Sistema de Informações sobre

Mortalidade, que hoje nos proporciona estatísticas e outros dados valiosos para o

planejamento e acompanhamento de qualquer política na área de saúde; pelo

Sistema de Laboratórios de Saúde Pública; pelos Programas de Pneumologia

Sanitária e Dermatologia Sanitária, que incluem doenças ainda muito críticas do

nosso quadro nosológico, como a tuberculose e a hanseníase.

Pois bem, Sr. Presidente, a FUNASA não tem a estrutura necessária para

desempenhar essas funções de forma efetiva. Seu quadro de pessoal é mal

remunerado e está desmotivado, apesar da qualificação especial que possui.

Levantamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão revelou que ela

possui uma das mais baixas escalas de vencimento da administração pública. A

faixa salarial dos servidores de nível superior, por exemplo, varia, em valores brutos,

de um piso de R$ 733,83 ao máximo de R$ 1.572,90.

Com a diretriz da descentralização, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a

Fundação Nacional de Saúde cedeu aos Estados e Municípios a quase totalidade

dos seus bens móveis e imóveis. Foram transferidas 427 unidades de saúde, 190

oficinas de saneamento e a administração de 250 serviços autônomos de água e

esgoto, passados aos Municípios.

Como resultado desse processo, a Fundação reduziu seu pessoal, efetivo e

contratado, de 44 mil e 800 para 7 mil e 45 servidores: 25 mil e 400 servidores foram

cedidos aos Estados, Distrito Federal e Municípios para as ações de controle de

endemias; 6.355 servidores foram cedidos aos Municípios, onde a Fundação tinha

unidades de saúde e oficinas de saneamento, e administrava os serviços de água e

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esgoto. Adicionalmente, o Governo Federal transferiu à FUNASA a responsabilidade

pela promoção, proteção e recuperação da saúde da população indígena, antes de

competência da FUNAI.

Toda a reestruturação já realizada nesse órgão, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, deságua, agora, no desafio de transformá-la em uma agência de

excelência na promoção e proteção à saúde, mediante ações integradas de

educação e de prevenção, de controle de doenças e outros agravos à saúde, bem

como em atendimento integral à saúde dos povos indígenas, com vistas à melhoria

da qualidade de vida da população.

Nesse sentido, seguindo os ditames do Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado, advogamos a transformação da Fundação Nacional de Saúde em

Agência Executiva, de tal maneira que tenha as seguintes incumbências, entre

outras:

a) estruturação de carreira própria, com perfil de remuneração adequado

ao desempenho da missão institucional;

b) modelo gerencial da administração pública, voltado para resultados e

metas;

c) maior autonomia e flexibilidade de gestão orçamentária e financeira,

recursos humanos, aquisição de bens e contratação de serviços;

d) melhor agilidade e capacidade de respostas na aquisição,

armazenagem e distribuição — com o necessário controle de qualidade

— de insumos estratégicos, tais como vacinas, soros, inseticidas e kits

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para diagnóstico de doenças, com o suprimento das necessidades do

SUS em todo o País.

Assim, Sr. Presidente, é urgente a criação da Agência Federal de Proteção à

Saúde, que possa gerenciar e se responsabilizar com eficiência por todas as

competências antes apresentadas, com plena condição de exercício de todas as

atribuições federais daqueles programas e sistemas.

Esse é o pleito para o qual conclamo as forças vivas desta Casa,

independentemente dos partidos e das ideologias. O Sistema Único de Saúde é uma

conquista valiosa. Precisamos complementá-lo e dar-lhe estruturas e condições para

cumprir sua missão de proteger a saúde e prevenir as doenças da população

brasileira.

Assim, em nome da saúde pública da nossa Nação, da vigilância

epidemiológica, da saúde ambiental e da saúde indígena, encareço aos nobres

pares, Deputados desta insigne Casa Legislativa, o apoio à idéia da criação da

Agência Federal de Proteção à Saúde.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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A SRA. ANGELA GUADAGNIN (PT-SP. Sem revisão da oradora.) – Sr.

Presidente, mais uma vez está na pauta de hoje a votação do projeto de lei que

flexibiliza dispositivo da CLT.

Esta Casa e toda a população brasileira presenciaram a votação da semana

passada. O painel não apresentou o resultado e vários Parlamentares retiraram-se

do plenário quando da votação nominal. Com certeza, o Presidente da Casa

conduzirá bem a votação de hoje. Mais uma vez acho importante estarmos

conversando e tratando desse assunto.

Mas, Sr. Presidente, outro dia estava na praça de alimentação de um

shopping da minha cidade, com meus filhos e netos, e ouvi uma conversa entre pai

e filho na mesa ao lado, porque falavam alto. O menino estava pedindo dinheiro ao

pai, que lhe respondeu que só daria o dinheiro se ele, primeiro, lavasse o carro,

ajudasse a mãe a cuidar dos irmãos e executasse outras tarefas. O menino disse

que aquilo era uma sacanagem — usando expressão típica da adolescência. E o pai

disse-lhe que era pegar ou largar: se não fizesse as tarefas, não lhe daria o dinheiro.

Na mesma hora, lembrei-me da discussão da flexibilização da CLT que

estamos fazendo nesta Casa, em que alguns Parlamentares argumentam que não

haverá prejuízo para o trabalhador, que eles vão poder negociar com os patrões,

com liberdade, suas reivindicações e condições de trabalhos.

Estamos em dezembro. Todos os trabalhadores estão esperando receber o

13º salário para saldar dívidas, comprar presentes para os filhos, preparar a ceia de

Natal. Vamos imaginar todos os trabalhadores dividindo o 13º salário durante o ano.

Além do seu salário, vai receber um pouquinho a mais, ou seja, uma parcela do 13º

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salário. Chega o fim do ano e ninguém recebe nada, porque já foi flexibilizado em

acordo: o patrão propôs e foi aceito pelo sindicato. E o trabalhador não terá essa

complementação, que ele já esperava.

Vamos imaginar outra negociação: flexibilização dos 120 dias da licença-

maternidade. Ora, nós, mulheres, entramos em trabalho de parto uma só vez. Não

dá para flexibilizar o dia do parto ao longo do ano, do mesmo jeito que não dá, para

nós, mulheres que amamentamos, flexibilizarmos a licença-maternidade, porque

esse período é destinado para recuperarmos nosso corpo, para darmos a nossas

crianças o leite materno. Então, ficaríamos de licença alguns dias, voltaríamos ao

trabalho, trabalharíamos um mês, teríamos licença de mais quinze dias, e

voltaríamos ao trabalho por mais um mês.

Como fica, então, a licença-maternidade, que é para a mulher poder

amamentar sua criança? Como essa mãe trabalhadora terá condições de manter

seu seio produzindo leite, se ela vai e volta ao trabalho?

É inaceitável, é incompreensível um Parlamentar ocupar a tribuna para dizer

que dá para flexibilizar a licença-maternidade. Quer dizer que, a partir de agora, as

mulheres vão amamentar alguns meses, sim, alguns meses, não.

Provavelmente, hoje vamos discutir e votar a flexibilização da CLT. E quero

chamar a atenção dos Parlamentares desta Casa para o fato de que não dá para

voltar atrás em alguns direitos dos trabalhadores. Essa situação é igual à do pai que

estava negociando com o filho: é pegar ou largar.

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É assim que será a negociação dos patrões com os trabalhadores, que, por

serem mais fracos, ou terão de aceitar a imposição feita ou terão de largar e perder

seus empregos. (Palmas.)

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Esta Presidência informa aos

Srs. Parlamentares que o nobre Deputado Roland Lavigne estava inscrito para se

pronunciar antes da Deputada Angela Guadagnin.

Concedo a palavra a S.Exa. por 5 minutos.

O SR. ROLAND LAVIGNE (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, venho à tribuna desta Casa para registrar que a Bahia está em festa.

Depois de longos dez anos, temos um prelúdio de democracia no Estado:

ontem foi eleito, por 18 votos contra 10, novo Presidente do Tribunal de Justiça da

Bahia o Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra, que derrotou o Sr. Amadiz

Barreto, candidato imposto por Antonio Carlos Magalhães. Graças à coragem e à

dedicação dos desembargadores que compareceram à cerimônia, a Bahia saiu

vitoriosa depois de dez anos, o que revela a instituição da democracia em nosso

Estado.

O Poder Judiciário baiano, que, como os outros dois Poderes do Estado,

sempre teve representantes do Sr. Antonio Carlos Magalhães em sua direção, passa

a ter, pela primeira vez, um presidente desvinculado do carlismo. Trata-se de

homem independente, sério e digno que vai conduzir a Justiça na Bahia como

deveria há muito estar sendo conduzida.

Segundo os jornais de hoje e as notícias que recebi, a Bahia foi tomada de

verdadeira alegria ao anúncio do nome do novo Presidente do Tribunal de Justiça.

Juízes do interior do Estado presentes aclamaram o novo presidente, que se

revoltou contra a indicação de nomes para o cargo há mais de dez anos pelo

sistema carlista.

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A Bahia e todos nós estamos de parabéns. Quero crer que o povo baiano não

mais acredita na falácia do Governo implantado no Estado. Governo que só se

preocupa com a mídia, pois a Bahia apresenta hoje os piores índices sociais do

País, é recordista em trabalho escravo infantil e cujo Judiciário não tem mais à sua

frente um gerente imposto pelo Sr. Antonio Carlos Magalhães.

Por tudo isso, a mudança no Tribunal de Justiça da Bahia implica mudança no

Tribunal Regional Eleitoral, porque haveremos de ter eleições livres, soberanas, em

que o voto do povo será respeitado, o que no passado não acontecia.

Portanto, mudar não somente no Judiciário, mas no Executivo, na

representação popular à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados é

premissa fundamental. Se tivermos eleições livres no Estado, como teremos de fato

e de direito no próximo ano, o pleito terá nova feição e a representação oposicionista

nesta Casa e na Assembléia Legislativa crescerá, os juízes do interior terão ampla

liberdade para decidir os processos com justiça e não mais atenderão a pedidos

políticos, como acontecia anteriormente.

Estão de parabéns a Bahia e, principalmente, seus desembargadores, que

elegeram pela primeira vez, nos últimos dez anos, um presidente do Tribunal de

Justiça desvinculado do carlismo.

Muito obrigado.

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O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero externar mais uma vez

minha posição contrária à "flexibilização", esse nome bonito que inventaram para

retirar direitos dos trabalhadores. A Argentina "flexibilizou" muito a legislação sobre

os direitos trabalhistas e vendeu tudo que podia em busca da tal "modernidade",

mas o que vemos hoje por lá é o caos absoluto.

No Brasil, se dependesse do Governo Fernando Henrique Cardoso, já

teríamos vendido tudo: a PETROBRAS, todo o sistema elétrico — grande parte já foi

entregue —, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Central.

Felizmente, com a mobilização popular e a forte presença da Esquerda no

Congresso Nacional, evitamos que nosso País vivesse o drama da Argentina.

Hoje à tarde, Sr. Presidente, mais uma vez estaremos posicionando-nos

contrariamente a esse nome bonito, essa tal "flexibilização", que nada mais é do que

a retirada dos direitos trabalhistas inscritos na CLT.

Entendemos que é necessário modificar a CLT, mas essas modificações têm

de ser objeto de amplo debate, em seminários, em fóruns próprios. Não se pode

alterar em 45 dias uma legislação de 60 anos. A população precisa ser mobilizada.

Sr. Presidente, espero que o Senado Federal faça o que a Câmara dos

Deputados não foi capaz de fazer, ou seja, um amplo debate com centrais sindicais

e a população em geral, para, aí sim, propor um conjunto de mudanças da

legislação trabalhista no sentido de melhorar a vida do trabalhador brasileiro. Como

disse muito bem a Deputada Angela Guadagnin, não se pode apenas retirar

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conquistas e direitos, como licença-maternidade e outros benefícios dos

trabalhadores brasileiros.

Sr. Presidente, o segundo assunto que quero comentar é a greve dos

professores. O Deputado Dr. Hélio, pessoa ligada à universidade, que tem

acompanhando essa questão, sabe que na quinta-feira assinamos com o Ministério

da Educação e do Desporto um acordo que, se tivesse sido cumprido, os

professores ontem, segunda-feira, já estariam na sala de aula. Os professores

queriam apenas que esse acordo fosse assinado pelo Ministro da Educação e que o

Governo desse entrada ao projeto na Câmara dos Deputados. Apenas isso. Não

teríamos condições de votá-lo em regime de urgência porque estávamos discutindo

o projeto de "flexibilização" da CLT, mas ele seria apreciado nesta semana ou na

próxima.

O que fez o Governo? O Ministério da Educação até hoje não enviou a

proposição a esta Casa. Incompetência ou má-fé? O Governo quer que a greve

continue? Não entendo. A Comissão de Educação trabalhou e a Comissão de

Orçamento conseguiu os recursos. Por que o Executivo, se assinamos o acordo na

quinta-feira, até hoje não enviou esse projeto para ser votado aqui e para os

professores voltarem à sala de aula?

O Ministro Paulo Renato tem que parar de fazer campanha eleitoral e enviar o

tal projeto para que possamos ver a greve encerrada, os professores e os

estudantes voltando às suas atividades.

Sr. Presidente, como membro da Comissão de Educação e como educador,

faço um apelo ao Ministério da Educação no sentido de que envie o projeto a esta

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Casa e assim possamos ver o encerramento da greve. É só o que falta, Sr. Ministro

Paulo Renato.

É o que tenho a dizer.

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O SR. DR. HELENO (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna com um coração mais

verde e amarelo e cheio de ufanismo proclamar minha grande alegria pela vitória do

Brasil na Organização Mundial do Comércio, mostrando que o Presidente Fernando

Henrique estava certo quando defendeu o fim dos subsídios aos produtos agrícolas.

É claro que diante de certas resistências por parte de alguns países, a vitória

virá em algumas rodadas de negociações. O importante é que no final da 4ª

Conferência Mundial saiu um documento que abre as negociações a partir de janeiro

para liberalização do comércio mundial. A atuação dos Ministros José Serra, da

Saúde, Pratini de Moraes, da Agricultura e Celso Lafer, das Relações Exteriores foi

decisiva para o sucesso brasileiro.

Há muito tempo o País não registrava um desempenho diplomático tão

eficiente, reconhecido por outros países como tão relevantes em uma fórum global

da importância da OMC.

Desta tribuna já tínhamos denunciado essa situação com relação aos

remédios de combate à AIDS. O Brasil é o único país que distribui medicamentos

grátis aos necessitados de tratamento contra a AIDS. Por essa razão, nosso atuante

Ministro da Saúde, José Serra, lutou e lutou muito para ver reconhecida a posição

do Governo brasileiro para que, em prol da saúde pública, pudesse ocorrer a quebra

de patente.

A Organização Mundial do Comércio acaba de reconhecer a posição do

nosso País. Assim sendo, se houver necessidade, poderá acontecer a quebra de

patente.

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A questão dos subsídios agrícolas mereceu também uma atenção especial.

Após muitos debates o próprio Ministro Pratini de Moraes reconheceu que a posição

do Brasil melhorou consideravelmente.

Ficou acertado um acesso aos mercados, bem como uma eliminação

progressiva dos subsídios para a exportação e a previsão dos programas de apoio

interno quando eles provocarem uma queda dos preços internacionais.

Ainda no campo da saúde, o Ministro José Serra obteve outra grande vitória

que foi a flexibilização do TRIPS, sigla em inglês para o acordo “Aspectos da

Propriedade Intelectual”, relacionados ao comércio. Fechado em 1994, ele oferece

uma proteção de 20 anos às patentes de remédios, o que impediria a fabricação de

medicamentos genéricos. Com a decisão de que a TRIPS não deve se sobrepor à

proteção à saúde pública, o Brasil pode dar seqüência à produção dos remédios

genéricos que vêm ajudando nossa população mais carente.

Voltando ao comércio dos produtos agrícolas, o Brasil atualmente vende

produtos mais baratos e com melhor qualidade do que muitos países desenvolvidos,

que, para protegerem seus produtos, oferecem subsídios. Segundo o Ministro Pratini

de Moraes os países ricos gastam 1 bilhão de dólares por dia para subsidiar sua

agricultura ineficiente.

As barreiras tarifárias, as sobretaxas e restrições fitossanitárias, além dos

subsídios, dificultam a entrada dos nossos produtos nos mercados dos países ricos.

Daí a luta junto à Organização Mundial do Comércio e a abertura das rodadas de

negociações ser o grande caminho para a vitória final.

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Ao encerrar, Sr. Presidente, gostaria de parabenizar o Presidente Fernando

Henrique Cardoso, os Ministros José Serra, Pratini de Moraes e o Chanceler Celso

Lafer por essa conquista que passará para a história como um grande avanço do

nosso comércio no mercado exterior.

É o Brasil conquistando sua real posição no contexto internacional.

Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.

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O SR. NILTON CAPIXABA (PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a não-realização de concurso público para

composição do quadro técnico da Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do

Estado de Rondônia — IDARON resultará em pesadas perdas para os pecuaristas e

para a economia do Estado.

Como ficou demonstrado no final do discurso que proferi no dia 27 de

novembro, as perdas poderiam ser de 92 milhões e 240 mil reais como resultado do

diferencial de preços da arroba de boi gordo em Rondônia (38 reais) e Mato Grosso

(46 reais).

De acordo com informações confiáveis, a minuta da lei com a proposta do

Plano de Cargos e Salários da IDARON foi encaminhada à Secretaria de Estado do

Planejamento, Coordenação Geral e Administração — SEPLAD para análise e

encaminhamento à Assembléia Legislativa. A minuta listava as categorias funcionais

e o numérico de pessoal indispensável, as referências salariais e outras normas

para a constituição do Quadro 1 da IDARON.

Quadro Funcional da IDARON

Categorias Funcionais Número

Veterinário 56

Agrônomo 25

Zootecnista 05

Engenheiro Florestal 02

Técnico Agrícola 121

Outros 195

Total 404

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O concurso é indispensável, pois é a principal garantia de continuidade das

atividades de defesa agropecuária perante as auditorias, principalmente as

internacionais, como a da Organização Internacional de Epizootias — a respeito de

doença contagiosa que atinge grande número de animais.

O salário do pessoal técnico de nível universitário — veterinário, agrônomo,

zootecnista e engenheiro florestal — ficará em torno de 2.500 reais, já incluída a

taxa de produtividade. O salário do pessoal de nível médio — técnico agrícola —

ficará ao redor de 1.500 reais com a produtividade. Os outros funcionários não terão

direito a auferir a taxa de produtividade.

Uma das razões da demora do fechamento da minuta da proposta do Plano

de Cargos e Salários, elaborado inicialmente e proposto ao Governador José de

Abreu Bianco, foi a alegação de que traria desequilíbrio salarial entre profissionais

de outras áreas técnicas, como a Secretaria de Agricultura, ITERON e EMATER. Os

servidores da IDARON, contudo, terão dedicação integral (jornada de trabalho de

oito horas ao dia) e dedicação exclusiva (trabalhar para um único empregador).

A saída encontrada para evitar as comparações, no sentido de que a IDARON

pagaria salários mais altos, foi fazer a composição salarial com uma parte básica,

fixa, e uma parte variável, chamada de taxa de produtividade. Os requerimentos

para aquisição da pontuação máxima da taxa de produtividade são rigorosos e

periódicos.

A remuneração global do quadro da IDARON alcançará 600 mil reais por

mês, do que resultará, com o 13º salário, o total de 7,8 milhões de reais anuais.

Quando se faz a comparação do desembolso anual com a remuneração do quadro

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da IDARON e o montante da arrecadação do ICMS (13%) incidente sobre o valor

das exportações de carne bovina, que alcança 360 milhões de reais, resulta uma

arrecadação de 46,8 milhões de reais.

Para uma análise pouca atenta da proposta do Dr. Irineu Barbieri, Presidente

da IDARON, alguns julgaram estar inflado seu orçamento anual. Na realidade, a

relação entre a arrecadação do ICMS incidente sobre as exportações de carne,

cotejado com o custo anual da folha de pagamento da IDARON, resulta numa

relação de seis vezes.

A arrecadação de ICMS incidente sobre a fração da carne exportada seria

suficiente para bancar estruturas técnico-gerenciais seis vezes maiores (46,80 reais

por 7,80 reais). Certo que não pode haver vinculação entre receita e despesa como

indicador, como pauta, é razoável e defensável a comparação.

É importante lembrar, mais uma vez, que a função de fiscalização da

sanidade animal pecuária não pode ser exercida por técnicos com uma relação de

trabalho de precária duração. Ou seja, todo o trabalho de elaboração do cadastro,

das sucessivas etapas de vacinação, que ao largo dos últimos três anos foi

duramente executado, poderá não ter continuidade caso não seja aprovado na

Assembléia Legislativa o concurso público proposto, realizadas as provas de

habilitação e os candidatos aprovados, contratados. Espero que as provas já tenham

sido elaboradas e tudo esteja pronto para a aplicação do concurso com a rapidez

devida.

A Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do Estado de Rondônia foi

criada pela Lei Complementar nº 215, de 19 de julho de 1999. É entidade autárquica,

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com personalidade jurídica de direito público; tem autonomia técnica, administrativa

e financeira, além de patrimônio próprio. É vinculada à Secretaria de Estado da

Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social.

A Lei Complementar nº 215, em seu Capítulo II, Da Finalidade e Competência

da IDARON, diz:

“(...) é o órgão executor da política estadual de

defesa agrossilvopastoril e tem por finalidade promover a

fiscalização e execução das atividades de vigilância e

defesa sanitária animal e vegetal, inspeção e fiscalização

de produtos e suprodutos de origem animal, fiscalização e

classificação da produção vegetal e identificação de

essências florestais”.

A tarefa do pessoal técnico da IDARON é considerada função típica de

Estado, com atribuição e poderes, indo até o limite de poder de Polícia: efetivar

fiscalização no transporte de carnes e de frigoríficos, impor a vacinação de rebanho,

interditar áreas, promover sacrifício de animais (com a utilização do rifle sanitário),

entre outras tarefas.

Nunca é demais ser previdente e alertar as autoridades encarregadas da

efetivação do concurso, isso porque, sendo 2002 ano de eleições gerais, a partir do

dia 30 de junho não poderão ser contratados funcionários, ainda que concursados.

Quando fiz a leitura de uma entrevista do Sr. Vice-Governador e Secretário de

Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social, Dr.

Miguel de Souza, publicada no jornal Folha de Rondônia, caderno “Agrofolha”, do

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dia 18 de novembro — quando anunciou que o Plano de Cargos e Salários dos

servidores da Defesa Agropecuária do Estado de Rondônia seria encaminhado para

a Assembléia Legislativa na segunda-feira seguinte e que o concurso público seria

realizado em março do ano que vem —, fiquei muito preocupado.

E fiquei apreensivo porque, durante a realização da 1ª Reunião do Circuito

Pecuário Norte, nos dias 4 e 5 de outubro de 2001, a Dra. Denise Euclydes Mariano

da Costa alertou para a absoluta necessidade da contratação, via concurso público,

dos funcionários da IDARON. Por que tanta demora? Qual a razão da fastidiosa

tramitação do processo?

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, graças à estruturação da IDARON,

presente nos 52 Municípios do Estado, a taxa de vacinação na quarta etapa de

vacinação, de novembro de 1999, alcançou 91,5%, quando o rebanho bovino era de

6 milhões, 332 mil e 620 cabeças, tendo sido vacinados 5 milhões, 794 mil e 204

cabeças.

Na etapa de vacinação de maio de 2001, com a existência de 7,1 milhões de

cabeças, foram vacinados 6 milhões, 922 mil e 500 cabeças. É uma taxa de

vacinação maior do que a alcançada em 1999 — o índice foi de 97,5%. A etapa de

vacinação de dezembro, já iniciada, não está concluída e foi prorrogada até 20 de

dezembro de 2001, por falta momentânea de vacina em todo o País. Até essa data

deverá estar concluída a vacinação e a comunicação às Unidades Locais de Saúde

Animal e Vegetal — ULSAV da IDARON.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a capacidade de produção dos

laboratórios para novembro de 2001 foi de 140 milhões de doses, sendo que 20

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milhões de doses foram desviadas para o Rio Grande do Sul, em virtude de o

Estado ter voltado a vacinar seu rebanho. Outros 40 milhões de doses foram

reprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, causando um

déficit total de 60 milhões de doses, as quais deverão estar disponíveis nos Estados

até 5 de dezembro de 2001. Os laboratórios privados do País, além de atenderem à

demanda interna, exportam vacinas para outros países da América do Sul. A

capacidade instalada desse parque industrial é de 300 milhões de doses ao ano.

De acordo com informações prestadas no dia 21 de novembro pela Dra.

Denise Euclydes Mariano da Costa, Chefe do Departamento de Defesa Animal, a

sorologia deverá ser realizada a partir do mês de agosto de 2002, para a aprovação

da Organização Internacional de Epizootias, em maio de 2003. Mas para chegar a

essa etapa é imprescindível que outras etapas tenham sido cumpridas. E,

infelizmente, isso não está ocorrendo.

Concluo meu discurso, Sr. Presidente, anunciando que no próximo discurso

continuarei a tratar de tão importante assunto, que é a IDARON e a erradicação da

febre aftosa em nosso Estado.

Cuidarei de mostrar a importante contribuição dada pelo setor privado, tanto

pelo Fundo Emergencial da Febre Aftosa — FEFA, presidido pelo Sr. José Vidal,

quanto pela estruturação e instalação dos Comitês Municipais de Erradicação da

Febre Aftosa.

Muito obrigado.

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O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, gostaria de deixar claro para

toda a sociedade brasileira que não dá para fazer discussão de forma açodada

sobre projeto que busca alterar lei trabalhista que, se não é a melhor, é reconhecida

como satisfatória, até pelos empregadores de multinacionais no Brasil.

Nosso País ocupa o quarto lugar no mundo em termos de piores salários

pagos aos trabalhadores. Só ganha das Filipinas, do Equador e do México. Isso

significa dizer que nossos operários são os mais baratos para o sistema capitalista.

Não podemos aprovar essa matéria açodadamente, repito, sem ouvir os

sindicatos brasileiros, que são maduros, tanto os de empregados quanto os de

empregadores. Não podemos esquecer também a participação da sociedade civil.

Busca-se em 45 dias modificar alguns dos maiores direitos obtidos através da

CLT, como o décimo terceiro salário, as horas extras, a licença-maternidade, a

licença-paternidade e assim por diante. É preciso discutir mais. O tempo poderá

favorecer todos os setores da economia.

Não queremos assistir a exemplos como os citados pela Deputada Ângela,

em que o trabalhador vê o décimo terceiro, por conta da flexibilização, fracionado

durante o ano todo; em que o comércio, a indústria, o sistema de transportes,

alimentação, turismo, hotéis, todos aguardam esse período para obter ganho extra,

pagar seus empregados e também agilizar a roda da felicidade, do entretenimento,

lazer e cultura. Srs. Deputados, essa tal flexibilização poderá dar um ponto final ao

propósito de toda a família brasileira: determinados ganhos da sociedade por meio

de lei que é antiga, 60 anos, mas, para haver qualquer mudança, há que se

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melhorar a qualidade do atendimento ao trabalhador brasileiro, que é quem produz,

quem faz a riqueza do País, e não obedecer sempre aos ditames do FMI, dos

interesses internacionais, dos objetivos de determinados grupos que sempre se

colocam adiante dos interesses dos trabalhadores .

Passo agora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a tratar de outro

assunto. No último dia 20 de novembro, faleceu em Campinas, Estado de São

Paulo, Renato Righetto. Para muitos dos jovens brasileiros, uma figura

desconhecida.

Todavia, para nossa cidade de Campinas e o Estado de São Paulo, uma

figura mais que ilustre. Uma personalidade multifacetada, que em todas as áreas

que atuou desempenhou suas tarefas com perfeição e denodo.

Arquiteto de formação, paisagista por disposição e árbitro de basquete por

determinação, teve sua carreira marcada pela abnegação ante os desafios.

Inegavelmente, seu destaque e projeção se deram na área de esportes, como

já mencionei, na arbitragem de basquetebol, chegando ele a apitar quase oitocentas

partidas internacionais, inclusive finais olímpicas, em seus quase 25 anos de “apito”.

Inteligente e contestador, foi considerado o melhor árbitro de basquete do

mundo em todos os tempos e, mesmo assim, conservou a modéstia de sempre,

ressaltando que “na verdade, tentou chegar a ser perfeito e justo, sem olhar a

camisa de ninguém”, sentenciou.

Talvez por isso uma de suas principais atuações tenha sido num jogo decisivo

nas Olimpíadas de Munique, 1972, onde, por não aceitar pressões e recuar a

cronometragem do jogo para beneficiar os norte-americanos em detrimentos dos

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russos que venciam a partida, jamais assinara a súmula, retirando-se da quadra,

cuja partida até hoje não fora oficializada pela Federação Internacional de Basquete.

Além dessa final, outras três foram dirigidas por Righetto nos jogos olímpicos

de Roma, Tóquio e da Cidade do México.

Em nossa Campinas, sua marca indelével ficará para sempre expressa no

Parque do Taquaral e no Largo do Rosário.

Como um homem de marcas na nossa história, manifesto desta Casa nossa

homenagem de reconhecimento e de agradecimento.

Aproveito para, em meu nome, em nome do Brasil e, de forma especial, do

ex-Deputado Federal Chico Amaral, solicitar ao Governador Geraldo Alckmin, que

em breve estará inaugurando o trevo de acesso a Campinas, Dom Pedro à SP-340,

que liga Mogi-Mirim ao Sul de Minas Gerias, que preste homenagens a essa ilustre

figura, nominando essa obra de, simplesmente, Renato Righetto.

Com toda certeza, essa será uma justa homenagem, que deverá permanecer

em nossa história e em nossa lembrança.

Desejo a sua família nossas condolências e, ao mesmo tempo, nossos

agradecimentos por um filho tão digno, justo e ilustre.

Outro assunto, Sr. Presidente. Ontem, dia 3 de dezembro, comemorou-se o

Dia Internacional dos Portadores de Deficiência Física.

Esse dia, consagrado para refletir sobre as lutas e buscas para melhoria da

qualidade de vida desses cidadãos, faz-nos também refletir sobre nossas políticas e

programas de apoio a eles e a suas famílias.

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Conforme aqui mencionou nosso colega Deputado Flávio Arns, cerca de 17

milhões de deficientes se fazem presente em nosso meio. Pelo envolvimento de

suas famílias, atingem quase 70 milhões de pessoas diretamente interessadas

nesses programas e projetos que os beneficiem e os diferenciem positivamente por

suas necessidades tão especiais.

Assim, mais uma vez, solicito apoio da Mesa da Casa para que, num esforço

conjunto, possamos progredir nesse aspecto, apreciando um conjunto de não mais

de duas dezenas de propostas que tratam diretamente do assunto.

Inúmeras são as contribuições dos colegas que aqui se encontram, inclusive

de minha parte, que mereceriam estar numa discussão, quem sabe, até dentro do

próprio Estatuto proposto pelo Deputado Paulo Paim, cuja Comissão Especial já

está criada.

Mais do que compaixão, é preciso respeito, que só se traduzirá a partir do

momento em que esta Casa tomar uma decisão política sobre como encaminhar

essa importante questão.

Não podemos assistir a um corte de verbas pela metade, a cada ano, no

orçamento destinado aos portadores de necessidades especiais, prejudicando não

somente seu tratamento, mas seu aprendizado, sua profissionalização e sua

inserção social.

O momento é este, Sras. e Srs. Deputados, não podemos frustrar essa

parcela importante da sociedade com protelações e postergações de direitos.

Um exemplo prático poderá partir desta Casa mesmo, onde nem mesmo suas

instalações permitem aos deficientes o pleno acesso e, quiçá, até mesmo nossos

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servidores ainda não tenham seu local de trabalho plenamente adaptado às suas

necessidades e conforto.

Por isso, volto a repetir, mais do que palavras, precisamos de ações,

especialmente as que traduzam em ganho efetivo e real na qualidade de vida

desses cidadãos.

Aqui nesta Casa fomos chamados a grandes desafios. Certamente, esse é

um deles. E, mais uma vez, solicito apoio dos Líderes partidários desta Casa, de sua

Mesa Diretora, para que possamos priorizar essas discussões em torno das reais

necessidades do portador de deficiências.

Para finalizar, gostaria de deixar registrado nos Anais da Casa o símbolo

brasileiro deste ano para esse dia tão especial. Trata-se da Sra. Georgette Vidor,

treinadora da brasileirinha Daniele Hipólyto, que recentemente conquistou várias

medalhas na ginástica olímpica.

Até aí, nada demais, não fosse sua superação, que após um acidente de

ônibus a deixara paraplégica e, nem por esse extremo desafio que a vida lhe impôs,

deixou faltar garra e determinação para desempenhar suas funções de forma

exemplar e fazer a estrela da ginasta brilhar. Parabéns à Daniele e de forma

muitíssimo especial à Sra. Georgette Vidor.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma desagradável mistura de omissão

governamental, corrupção policial e crime organizado pavimenta a estrada da

vergonha em que se transformou a BR-040, a principal rodovia que interliga a

Capital da República à Região Sudeste, servindo também à ligação do Planalto

Central com o Triângulo Mineiro e os Estados do Nordeste. Tais ingredientes

maléficos são percebidos pelos motoristas que trafegam na estrada e, numa rotina

mórbida, colocam suas vidas em risco. Não há como não responsabilizar o Governo

Federal pelo quadro de insegurança e ameaça constante que predomina naquele

trecho rodoviário.

Tendo de trabalhar em Paracatu, durante o feriado de 15 de novembro, pude

constatar de perto a gravidade da situação. Por coincidência, o jornal Estado de

Minas publicou no domingo seguinte, dia 18 de novembro, matéria de três páginas,

assinada pela jornalista Maria Clara Prates, sobre as agruras da “Rota do Terror”,

detalhando os assaltos — “Reféns do Medo” — e os buracos na pista — “Retrato do

Descaso”.

Os levantamentos apresentados pela Polícia Rodoviária Federal são

estarrecedores. Crimes como roubo de cargas e assaltos a ônibus tiveram aumento

de 950% e 375%, respectivamente, nos últimos dois anos. As quadrilhas, bem

equipadas e organizadas, infiltram-se na Polícia e beneficiam-se do imobilismo do

Poder Judiciário para promover saques contra caminhoneiros e passageiros,

ameaçando também a população das cidades localizadas às margens da estrada. E

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o pior de tudo é que a Polícia Rodoviária não possui estrutura capaz de combater

esse estado de coisas.

No trecho mais crítico, na confluência da BR-040 com a BR-365, que faz a

ligação entre São Paulo e o Nordeste, os postos rodoviários mais próximos ficam a

pelo menos sessenta quilômetros de distância, impossibilitando uma ação mais

eficaz dos policiais. Já no percurso de aproximadamente setecentos quilômetros

entre Brasília e Belo Horizonte, a fiscalização está a cargo de apenas trinta

patrulheiros, que são obrigados a enfrentar problemas estruturais como falta de

viaturas, sistema de comunicação inadequado e computadores quebrados.

Some-se a isso, evidentemente, a pista esburacada, que força o motorista a

andar em marcha lenta e facilita a vida dos assaltantes. Mesmo aqueles que

escapam ilesos da mira dos criminosos sofrem com o péssimo estado da rodovia.

Entre Três Marias e o trevo de Curvelo, levei quatro horas para percorrer um trecho

de pouco mais de cem quilômetros. Caminhões carregados não andam a mais de 20

quilômetros por hora, sob pena de sofrerem acidentes e perderem suas cargas. Os

gastos com combustível, freios e pneus, em certos casos, passam de mil reais por

viagem. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 90% dos acidentes são provocados

pelas crateras espalhadas na pista, que impressionam como se estivéssemos num

cenário de guerra.

O mais assombroso é que a precariedade da BR-040 não é de agora, mas

tornou-se problema crônico que esbarra no descaso governamental. Imaginem os

Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que todo final de ano, no início do período de

chuvas, a situação vem à tona a partir de denúncias na imprensa, especialmente no

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período das férias escolares, que tornam a pista ainda mais movimentada e

perigosa. Este ano, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais já

anunciou recursos da ordem de 1,4 milhão de reais para realizar a operação tapa-

buraco. É medida necessária, sem dúvida. Mas queremos que os recursos

viabilizem obras definitivas, que resolvam de vez o problema.

O Ministério dos Transportes lidera o ranking das obras federais irregulares,

segundo levantamento apresentado pelo Tribunal de Contas da União. Das 121

obras com suspeitas graves, como superfaturamento, licitação dirigida ou desvio de

dinheiro, 55 estão sob responsabilidade da Pasta. Não é possível mais assistirmos à

degradação da malha viária brasileira sem que o Governo tome as providências

reclamadas pela sociedade. A BR-040, um marco na estratégia de interiorização do

desenvolvimento nacional, explicita o desmando e a impunidade que estão

arrastando o Brasil para o abismo do atraso, da falta de compromisso social e da

corrupção.

Sr. Presidente, solicito a divulgação deste pronunciamento nos órgãos de

comunicação da Casa.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi realizada esta semana sessão solene

em comemoração ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Essa é uma data que tem a importantíssima função de nos lembrar o quanto a

mulher ainda é vítima corriqueira e cotidiana de maus-tratos e de violência no mundo

inteiro.

O último relatório da Organização das Nações Unidas sobre o assunto revela

dados impressionantes. Segundo o documento, uma em cada três mulheres do

mundo já foi espancada, coagida a ter relações sexuais ou vítima de algum outro ato

violento, quase sempre cometido por alguém de suas relações próximas, muitas

vezes o próprio marido ou outro homem da família.

Embora aterradores, esses dados não são propriamente surpreendentes. Se

formos fazer um breve exercício de reflexão, todos lembraremos de casos e mais

casos de mulheres do nosso círculo de conhecidos que foram ou são vítimas de atos

violentos sistemáticos ou eventuais, muito freqüentemente praticados dentro das

quatro paredes do que deveria ser um lar.

Por isso afirmei no início do meu discurso, Sr. Presidente, Sras. e Srs.

Deputados, que essa sessão solene cumpriu o relevante papel de lembrar a cada

um de nós e a toda a sociedade este fenômeno cruel e covarde que é a violência

suscitada e estimulada pelo gênero da vítima.

A despeito de todas as enormes conquistas femininas nas sociedades

ocidentais, nas últimas cinco décadas, a violência contra a mulher carrega o

agravante de causar pouca ou nenhuma indignação social. O relatório da ONU

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revela que muitas sociedades ainda consideram que bater na esposa é um direito

marital, e as próprias mulheres acham que as agressões físicas são justificáveis em

certas circunstâncias.

Os mais universais padrões de civilidade e de respeito ao indivíduo são

muitas vezes ignorados quando o alvo é a mulher e em algumas sociedades do

planeta a violência contra as mulheres chega a ser institucionalizada.

A guerra contra o regime dos talibãs expôs ao mundo as barbaridades a que

as mulheres foram submetidas no Afeganistão nos últimos anos. Proibidas de

estudar, de trabalhar e até mesmo de andar pelas ruas sem a companhia do pai,

marido ou irmão, as mulheres afegãs foram privadas dos direitos mais fundamentais.

Milhões de mulheres em 26 países africanos e em diversos países islâmicos

são submetidas a alguma forma de mutilação genital. A castração feminina ocorre

entre os 4 e os 8 anos de idade e, em geral, é realizada sem anestesia e sob

precárias condições de assepsia, o que resulta em graves seqüelas físicas,

psicológicas e não raro provoca a morte das meninas que a ela são submetidas.

No Brasil, o estupro e a violência doméstica contra as mulheres são crimes

extremamente freqüentes e de muito difícil quantificação, já que a absoluta maioria

das vítimas ainda prefere guardar silêncio a se expor à acusação perversa de ser a

verdadeira "culpada" pela agressão.

Sr. Presidente, nobres colegas, a humanidade nunca alcançará um

desenvolvimento harmônico, fraterno e equilibrado enquanto a violência contra a

mulher for tida como algo natural e inevitável. Quero, pois, em nome do PSL,

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reafirmar nosso pleno apoio às iniciativas que representem um efetivo combate a

todas as formas de violência e de opressão contra as mulheres.

Também quero dizer a todas as mulheres que são ou já foram violentadas

que não tenham medo de denunciar, seja quem for, pois se assim o fizerem

certamente contarão com o apoio e assistência do Poder Público e de diversas

entidades não governamentais.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.

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O SR. CARLITO MERSS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, leio nos jornais que os militares

não receberam o pagamento de novembro. Segundo consta, o problema ocorreu por

falta de recursos orçamentários. O Ministério do Planejamento encaminhou a esta

Casa proposta de crédito suplementar para contornar a dificuldade, mas o mesmo

ainda não foi votado em face da obstrução provocada pela urgência constitucional

do projeto que muda a Consolidação das Leis do Trabalho.

A situação difícil para os militares é decorrência da obtusidade do Governo

em votar, açodadamente, as mudanças da CLT, intransigindo na sua determinação

de flexibilizar o já precariíssimo mercado de trabalho brasileiro.

Outra conseqüência da urgência constitucional é a falta de votação de

projetos importantes como o do que trata das dívidas rurais, do que cria a taxa de

iluminação pública e do que propõe mudanças na tabela do Imposto de Renda. O

primeiro diz respeito à viabilidade do setor rural; o segundo poderá prejudicar os

Municípios brasileiros, transferindo apenas para 2003 a cobrança da contribuição,

decisiva não só para a segurança pública, mas também para viabilizar o equilíbrio

financeiro das combalidas Prefeituras; o terceiro — e várias teses justificam a

urgência constitucional a partir deste problema — poderá inviabilizar a negociação

que visa atualizar, já em 2002, a tabela do Imposto de Renda e impedir a seqüência

de confisco sobre os assalariados.

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O Governo diz que vai perder R$ 3,5 bilhões com a correção de 20%. Não diz

que o valor é, na realidade, o que ele ganhou a mais congelando a tabela por anos

sucessivos. De fato, a situação dos militares, que ocorre no rol dos R$ 42 bilhões de

créditos enviados pelo Executivo, faltando quarenta dias para terminar o ano, e a

situação do Imposto de Renda desnudam a crise fiscal de governo seriamente

vulnerável por política monetária que nos torna reféns da movimentação de capitais.

Comemorar o superávit fiscal de novembro, a queda do câmbio e nosso

afastamento do fator de risco, especialmente diante da bancarrota argentina, não

chega a ser festa completa quando analisamos a estagnação econômica e os

números da execução do Orçamento fiscal e da seguridade. Estamos em dezembro

e percebemos que apenas 52% do Orçamento foram aplicados, sendo que R$ 46

bilhões foram usados para o pagamento de juros e encargos da dívida e apenas R$

3,3 bilhões para investimentos ou 17% dos valores autorizados, sem falar no

impasse do reajuste do salário mínimo e dos servidores públicos, condenados por

FHC à reposição de míseros 3,5% após 7 anos sem aumentos.

Essa difícil situação contamina os relatórios setoriais em debate para o

Orçamento de 2002. Para Santa Catarina — e anexo, para conhecimento da Casa,

quadro demonstrativo —, os Relatores Setoriais não chegaram a aprovar 10% das

emendas solicitadas. Apesar do crescimento nominal do Orçamento, as emendas

coletivas catarinenses aprovadas não lograram sequer o patamar de 50% do

aprovado para 2001. Desse jeito, confirma-se a encenação do projeto de lei

orçamentária e do Orçamento público como peça de planejamento.

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Da mesma forma, verificamos que várias emendas coletivas de 2001, cujos

Municípios encontram-se em permanente mobilização porque dependem dos

recursos para operar investimentos, estão com zero de empenho. Cito como

exemplo catarinense as emendas para melhoria de condições de habitabilidade,

ações de desenvolvimento urbano, estímulo à produção agropecuária e ações

sociais de enfrentamento à pobreza. Do total das emendas coletivas de 2001,

apenas 17,65% foram pagas até o dia 16 de novembro.

Por isso, Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, precisamos debater sistema

mais eficiente e transparente para as contas públicas, fazendo do Orçamento peça

impositiva de planejamento, não permitindo a liberação discricionária e a política de

empenhos como peças de barganha para persuasão da bancada parlamentar.

É hora de acabar com a hipocrisia e fazer Orçamento público de fato e de

direito. A verdadeira responsabilidade fiscal é fazer Orçamento público transparente

e respeitado, livre das manipulações políticas.

DOCUMENTO A QUE REFERE O ORADOR

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DOCUMENTO REFERIDO PELO DEPUTADO

CARLITO MERSS

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Concedo a palavra ao nobre

Deputado Mauro Benevides.

O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Universidade Vale do Acaraú, no meu

Estado, situada no Município de Sobral e com cursos que funcionam

descentralizadamente em outras áreas do território cearense, desfruta hoje de sólido

prestígio e conceito merecido, graças a uma atuação das mais profícuas, sob a

clarividente e lúcida direção do Prof. José Theodoro Soares, figura preeminente nos

círculos intelectuais do País, por seu talento e determinação, já exuberantemente

comprovados diante da opinião pública nordestina.

Em artigo publicado recentemente, na edição de 30 de setembro do jornal O

Povo, o Reitor da UVA destaca que “... preparou quadros com formação avançada

para administração pública municipal e estadual do Ceará, contribuindo para a

modernização dos três Poderes”.

Disse mais o Prof. Theodoro:

A relevância deste papel da UVA deve ser recebida, e

estimulada sua intensificação, pelo fato de que ela reforça

a missão de interiorizar sua competência e modernizar

quadros superiores gerenciais das duas esferas

administrativas: Estado e Municípios.

Antes de guindar-se à condição de Reitor da UVA, o Magnífico Reitor dirigira,

com aprumo e descortino invejáveis, a Universidade Regional do Cariri, ali

empreendendo gestão das mais dinâmicas, representada pela execução de

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programas que alcançaram ressonância bastante favorável dentro e fora daquela

faixa territorial do Ceará.

Um dos marcos significativos da atuação da UVA foi a parceria estabelecida

internacionalmente, de modo particular com Portugal, conforme ressalta a Profa.

Maria Helena Carvalho Santos, de Lisboa, em trabalho agora divulgado no meu

Estado, no qual vai mencionado que “professores doutores portugueses, de

reconhecidos méritos acadêmicos e científicos, passaram a pôr o Ceará nas suas

agendas de trabalho”.

Foi a partir de 1999 que se implantou a primeira turma do Curso de Pós-

Graduação Master Of Science em Gestão e Modernização Municipal e Estadual e,

logo a seguir, o de Gestão Educacional.

Ressalte-se que um dos temas focalizados no intercâmbio entre a UVA e

outras entidades internacionais foi o do programa de privatização, levado a efeito em

nosso Pais, de que se incumbiram o francês Jahyr Philipe Bichara e o nosso

compatrício Joaquim Neto, numa valiosa troca de impressões sobre a nossa

realidade, com enfoque particularizado para essa polêmica política, que tem

suscitado divergências teóricas nos meios acadêmicos, com reflexos junto a

importantes segmentos da sociedade civil do nosso País.

Presentemente, a Universidade Vale do Acaraú promove um ciclo de debates

em torno de “Cenários para o Futuro”, com a cooperação da Prefeitura Municipal de

Sobral, a cuja frente acha-se o Prefeito Cid Gomes, que se tem valido do proficiente

concurso daquela entidade de ensino superior para a elucidação de questões

relativas ao desenvolvimento socioeconômico da Princesa do Norte.

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Em janeiro vindouro, a UVA realizará seu vestibular, quando serão oferecidas

615 vagas em dezoito áreas, esperando-se que haja uma demanda significativa, em

razão do renome que conseguiu alicerçar aquela instituição dentro e fora do Pais.

Ao ressaltar desta tribuna o fecundo trabalho levado a efeito pela UVA em

prol do nosso aprimoramento educacional, desejo cumprimentar o Reitor José

Theodoro Soares e sua notável equipe pelos êxitos até aqui consignados e que se

desdobrarão, certamente, em outras iniciativas, como a recente formação de trinta

mestres, numa parceria internacional das mais proveitosas e louváveis.

A UVA passou a ser uma autêntica legenda de seriedade em nosso mosaico

universitário, recolhendo a cada dia novos e expressivos triunfos em sua trajetória

de efetivas realizações em favor de formação técnica e cultural de nossa gente,

revelando quadros de abalizados conhecimentos, dispostos a servir às causas

intrinsecamente vinculadas ao nosso crescimento econômico e bem-estar social.

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A SRA. MARINHA RAUPP (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo do Estado de Rondônia está

inadimplente no SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira), inscrito pelo

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária — INCRA, por não ter

executado totalmente o objeto pactuado no Convênio nº CRT/DF/28.003/98,

celebrado em 2 de julho de 1998, no valor de 2 milhões, 959 mil, 473 reais, com o

objetivo de adquirir equipamentos rodoviários para dotar o DER/RO e de dar suporte

à estrutura viária de todos projetos de assentamentos fundiários do Estado.

Os equipamentos constantes do convênio são: motoniveladora, caminhão

basculante, retroescavadeira, trator de esteira com lâmina, pá carregadeira,

caminhão irrigador e rolo compactador pé de carneiro, para a execução de serviços

de terraplanagem em revestimento primário, com o objetivo de evitar o êxodo rural.

O referido convênio foi firmado na gestão do Exmo. Sr. Valdir Raupp, cujos

recursos ficaram em conta corrente para serem executados pelo Governo atual, na

gestão 1999/2002.

Está demonstrada claramente a irresponsabilidade da atual administração

estadual, que não executou corretamente o objeto pactuado. E aqui perguntamos:

qual o objetivo? Seria o de jogar a culpa na administração estadual anterior?

Sr. Presidente, os equipamentos rodoviários de responsabilidade do Governo

do Estado de Rondônia deveriam atender a programação constante do plano de

trabalho e atender a todos os assentamentos do INCRA, o que até o presente

momento não ocorreu. Podemos citar como exemplo reivindicação da Prefeitura do

Município de Espigão do Oeste de recursos para a recuperação de estradas.

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Portanto, sugerimos ao INCRA a adoção de medidas para que os

equipamentos adquiridos mediante o convênio fiquem sob a responsabilidade da

superintendência do órgão no Estado de Rondônia, a fim de que o mesmo preste

efetiva assistência a todos os projetos de assentamento existentes,

independentemente do partido a que pertençam os gestores dos Municípios,

contribuindo, assim, para melhorar as condições de vida das famílias assentadas.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PPS-ES. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade de Santa Cruz, no litoral

norte do Espírito Santo, ameaçada pela iminente instalação de uma empresa de

mineração marinha, vislumbrava a destruição de seu meio ambiente e, em

decorrência lógica, de sua qualidade de vida.

Em vez de adotar a passividade ou a contemporização, tomou a iniciativa de

pedir aos órgãos competentes a criação de uma Área de Proteção Ambiental —APA.

É importante notar a crescente mobilização da sociedade na luta por seus

direitos. Nem tão antigamente assim, o Estado encarregava-se da iniciativa de criar

áreas de proteção, enquanto era comum vermos a sociedade reclamar de eventuais

prejuízos econômicos com a medida. Ainda hoje, muitas comunidades ingênuas

receberiam de braços abertos qualquer empresa de mineração marinha, madeireira

ou indústria que acenasse com a ilusória promessa de geração de empregos.

A solicitação pública, feita ao IBAMA, para a criação da APA foi encabeçada

pela Associação dos Amigos do Piraquê-Açu — AMIP e apoiada por mais de vinte

entidades profissionais e comunitárias. Entre as entidades que apóiam o parque

temos desde a Associação de Empresas de Turismo até a Associação Indígena

Tupiniquim e Guarani, passando por colônias de pescadores e associações de

moradores. Os pescadores parecem ter percebido que sem a preservação de alguns

santuários naturais até mesmo a vastidão e prodigalidade do oceano torna-se estéril.

Iniciativas como essa devem ser exemplarmente apoiadas como marco da

ascensão da sociedade civil, por meio das ONGs, ao efetivo papel de agente

político. Folgo em dizer que esse apoio foi dado pela Comissão de Defesa do

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Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados. Nossos colegas

tiveram papel importante em todo o processo, pois foi aqui que a proposta original

de criação de uma Área de Proteção Ambiental — APA foi transformada em

proposta de um parque nacional marinho.

A delimitação do parque foi feita a partir de estudos técnicos da região.

Propõe-se como núcleo central da futura área a região entre a foz do Rio Preto e a

do Rio Sahy, até uma profundidade de 45 metros, onde a proteção inclui a proibição

da pesca. Até a profundidade de 200 metros haverá uma área de transição ou de

amortecimento do impacto humano, na qual só se permitirá a pesca de subsistência,

realizada apenas pelos cerca de 700 pescadores e 150 barcos cadastrados na

região.

O processo de criação da APA foi, de forma suspeita, extraviado no Ministério

do Meio Ambiente e no IBAMA, durante a luta da comunidade capixaba contra a

instalação da mineradora marinha na região. Felizmente, as ONGs encontraram o

decidido apoio deste Legislativo e agora, provavelmente, vão receber mais do que

pediam, em benefício de sua comunidade e também do litoral brasileiro.

A paisagem da região em questão é extraordinariamente rica tanto em terra

quanto no mar. Sua fauna inclui golfinhos e outras espécies mais raras de animais.

O incentivo ao turismo, por meio da permissão do mergulho de observação e da

prática de alguns esportes náuticos, certamente beneficiará a economia de uma

forma mais intensa, distribuída e duradoura do que a mera instalação de uma

mineradora. O incentivo à pesquisa e à educação ambiental, como não poderia

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deixar de ser, também consta da proposta do novo parque nacional marinho de

Santa Cruz.

O mapa do Brasil está mudando, senhoras e senhores, e exulto ao ver

mudanças para melhor, como neste caso de frutífera colaboração entre a sociedade

civil organizada e esta Casa.

Muito obrigado.

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O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o assunto que nos conduz a esta tribuna é a

decisão do Procurador da República no Piauí, Tranvanvan Feitosa, que protocolou

ontem, junto ao Tribunal Regional Eleitoral — TRE, pedido de cassação do mandato

do Governador do Piauí, Hugo Napoleão, por abuso de poder econômico.

O procurador alega em seu pedido que Hugo Napoleão cometeu as mesmas

práticas de corrupção eleitoral, ou seja, abuso do poder econômico, das quais

acusou o ex-Governador Mão Santa, que teve o mandato cassado recentemente

pelo Tribunal Superior Eleitoral — TSE.

Quero dizer que a prática de corrupção eleitoral não é novidade em nosso

Estado. Durante o processo eleitoral de 1998, ingressamos com representação na

Justiça Eleitoral do Piauí defendendo a tese de abuso de poder econômico e uso da

máquina administrativa por parte das chapas lideradas pelo ex-Governador Mão

Santa e pelo atual Governador Hugo Napoleão.

Na época, mostrávamos denúncias de compra de colégios eleitorais,

distribuição de medicamentos e cestas de alimentos do INCRA, com características

eleitoreiras, visto que os produtos eram distribuídos à população com a presença

dos candidatos.

Lamentavelmente, senhoras e senhores, sem que tivesse sido efetuada uma

investigação mais rigorosa dos fatos apontados, o processo foi arquivado pelo

Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. Havíamos pedido diligências, contávamos com

testemunhas, mas é preciso reconhecer que agora, de alguma forma, é mais difícil

fazer a devida averiguação. A denúncia fica prejudicada.

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De qualquer forma, quero elogiar a iniciativa e coerência do Procurador

Tranvanvan Feitosa e registrar que ninguém mais poderá dizer que um processo

não dá resultado. Como diz o ditado popular, água mole em pedra dura tanto bate

até que fura.

Entendo que a corrupção é a mãe de todos os crimes e a impunidade, o pai.

Não podemos, então, deixar a impunidade prosperar. Precisamos dar o exemplo

para nossos filhos e nossos jovens. A Justiça precisa fazer a sua parte, e este é o

caminho mais curto para o fim da impunidade e o início de um País mais justo.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, quero referir-me às comemoração do Dia Internacional das

Pessoas com Deficiência, como já o fez o competente Deputado Dr. Hélio.

Quero, neste momento, Sr. Presidente, com todo o respeito e contando com a

aquiescência desta Casa, lembrar uma pessoa que não está mais entre nós, mas

com certeza está no lugar que sempre mereceu. Refiro-me a uma companheira

portadora de deficiência, uma grande guerreira: a ex-Prefeita da cidade de Mundo

Novo, Mato Grosso do Sul, Dorcelina de Oliveira Folador, em nome de quem quero

fazer esta homenagem.

O Deputado Dr. Hélio lembrou com muita propriedade que em nosso País as

pessoas portadoras de deficiência não são assistidas nem respeitadas como

deveriam ser. Em algumas ocasiões não se respeita a situação dos deficientes, que

são submetidos a toda sorte de constrangimentos. Enfim, há uma total falta de

respeito em relação a essas pessoas.

Entretanto, a companheira Dorcelina Folador, do Partido dos Trabalhadores,

superou, além das limitações físicas, outros preconceitos. Além de ser portadora de

deficiência, era mulher, e, portanto, sofria discriminações, mas foi sempre um

exemplo de ser humano e de militante político. Sempre combateu a corrupção e

defendeu projetos de inclusão social.

Na administração da companheira Dorcelina em Mundo Novo, tivemos um

exemplo de administração que buscava incluir o cidadão na sociedade. O Programa

Bolsa-Escola, por exemplo, foi introduzido em Mato Grosso do Sul por Dorcelina, em

Mundo Novo. A assistência aos idosos continua sendo dirigida da forma como ela

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pretendia. O trato, a forma e o respeito com que ela administrava essas políticas

renderam-lhe reconhecimento internacional, e tiveram continuidade com o Prefeito

Humberto Amaducci, também do Partido dos Trabalhadores.

Dorcelina Folador foi, sem sombra de dúvida, um exemplo de administração e

de resistência. Tanto é verdade que há aproximadamente dois anos ela foi

assassinada de forma covarde e brutal.

Repudiamos todo tipo de assassinato, evidentemente, mas a forma como

Dorcelina Folador foi executada deixou-nos estarrecidos, primeiro por conhecermos

a companheira, segundo por sabermos de sua luta em favor dos menos favorecidos,

e terceiro porque ela sempre se empenhou na luta pela reforma agrária, tendo sido

inclusive militante aguerrida do MST. Entre outras causas, talvez tenha sido essa a

que a levou a ter aquele fim.

Portanto, quero lembrar, no transcurso do Dia Internacional das Pessoas com

Deficiência, a companheira Dorcelina Folador, e em seu nome fazer um apelo no

sentido de que se concretizem políticas de inclusão social não só dos deficientes,

mas de todas as pessoas menos favorecidas, e vejamos implantada a reforma

agrária, a fim de que os cidadãos tenham respeitado seu direito ao alimento, à

escola, à dignidade e à segurança.

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O SR. OLIVEIRA FILHO (Bloco/PL-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, quero registrar nos Anais da Casa o 61º aniversário de Rubens de

Castro, Pastor da Terceira Igreja do Evangelho Quadrangular em Curitiba, ocorrido

ontem.

Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Hoje o Estado do Paraná tem

a terceira economia mais importante do País, ultrapassando o Rio Grande do Sul e

até mesmo Minas Gerais.

Faço esta afirmação para dizer que o Paraná, Estado que tenho a honra de

representar, tem entre suas empresas lideranças de responsabilidade com o Estado.

Prova disso está no jornal Gazeta do Povo, publicação diária, com 83 anos de

tradição, lido por nove em cada dez leitores e dirigido pelo competente Dr. Francisco

da Cunha Pereira Filho. Homem de tradição jornalística e cuja família é ligada ao

Direito, a exemplo do seu pai, de saudosa memória, Francisco da Cunha Pereira e

que corretamente dirige os destinos do Grupo Rede Paranaense de Comunicação.

Este competente empresário e homem de visão está sempre em consonância

com os interesses do Paraná e freqüentemente lidera as grandes causas de

desenvolvimento e progresso do Estado, a exemplo das várias campanhas por ele

empreendidas com absoluto êxito — correríamos o risco de lapso de memória se

procurássemos enumerá-las.

Outro exemplo marcante que delineia as ações do jornal Gazeta do Povo

está na cobertura diária que o jornal dedica à atuação da nossa bancada federal, por

meio da coluna “Corredores do Poder”, escrita pelo dedicado e competente jornalista

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Paulo Cruz, que hoje completa dois anos de existência. Diariamente os leitores são

informados das nossas atuações nesta Casa.

Com larga experiência de mais de trinta anos cobrindo as atividades políticas

do Congresso Nacional, Paulo Cruz diariamente abre espaço para publicação dos

nossos trabalhos, reportando com fidelidade as ações, posições, opiniões,

coerências e divergências das coisas da política, informando com precisão aos mais

de 750 mil leitores do jornal Gazeta do Povo, que tem repercussão nos Estados de

Mato Grosso do Sul e Santa Catarina e — por que não dizer? — também aqui em

Brasília.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a coluna “Corredores do Poder”

ganhou do leitor paranaense o respeito do profissional. Prova disso está nos vários

convites, telefonemas, e-mails e correspondências, das mais variadas formas, que

os Parlamentares da bancada paranaense recebem diariamente em função de suas

opiniões, projetos e ações publicadas em sua coluna.

Vemos com muito orgulho o trabalho desse profissional que diuturnamente,

por meio de sua equipe, nos procura, consulta nossos gabinetes, nossos

assessores, em busca de uma informação honesta e construtiva.

Estão de parabéns o Dr. Francisco da Cunha Pereira Filho, o jornalista Paulo

Cruz e o povo paranaense.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, hoje, depois de alguns dias de luta, talvez tenhamos neste

plenário a confirmação de que o Brasil, governado nos últimos sete anos pelo

triunvirato liberal de tucanos auxiliados por boa parte do PMDB e pelo malufista

PPB, voltará ao regime de escravidão ou não.

Toda a polêmica criada em relação a esse projeto que deverá ser votado na

tarde de hoje é muito estranha. É estranha principalmente a postura do Sr.

Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que se empenhou

pessoalmente para que esse projeto fosse votado a qualquer custo.

Os jornais de hoje trouxeram notícia que me deixou muito triste. De forma

arrogante, disseram que, se aprovada a flexibilização da CLT, os trabalhadores

brasileiros serão massacrados. Disseram também que já foi marcado para quinta-

feira jantar comemorativo, para o qual estão convidados todos os Deputados que

votarem a favor do Governo, concordando com a redução dos poucos direitos que

os trabalhadores formais têm no Brasil e com a flexibilização da Consolidação das

Leis do Trabalho como saída para gerar mais empregos.

Qualquer estudo mínimo prova, Sr. Presidente, que mais da metade dos

trabalhadores hoje vive na informalidade e que a razão do desemprego e da crise

em que vivemos não é a folha de pagamento das empresas, nem os poucos direitos

dos trabalhadores. Se fizermos uma análise sobre o que foi conseguido em 1943

pelo saudoso Presidente Getúlio Vargas, veremos que muito pouco foi incorporado,

como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, praticamente imposto aos

trabalhadores em 1966.

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O trabalhador brasileiro nunca pôde, realmente, optar entre o FGTS e a

estabilidade. Não tenho notícia de nenhum emprego criado a partir de 1966 em que

o trabalhador não tivesse de “optar” — entre aspas — pelo FGTS. Sabemos que

nenhum empresário contratou qualquer empregado utilizando-se de legislação

anterior, que garantia estabilidade a partir de dez anos de serviço.

O pagamento de adicional pela hora noturna e pela hora extra são algumas

das poucas vantagens incluídas na legislação trabalhista.

Empresas multinacionais entendem que a legislação trabalhista brasileira é

muito boa. No entanto, estamos sofrendo pressão sem precedentes para

aprovarmos a proposta do Governo que retira os já mínimos direitos dos

trabalhadores. É importante, então, que todo trabalhador, todo sindicato, todo eleitor

fique atento ao voto dos Srs. Deputados, porque muitos deles procuram escondê-lo

de forma até covarde. Mas não se pode ficar contra o trabalhador e sair impune. É

muito fácil para alguns Deputados abraçar trabalhadores, presenteá-los, pagar uma

cerveja para eles e depois, quando já estão nesta Casa, eleitos, ajudar o Governo a

retirar direitos desses mesmos trabalhadores.

Sr. Presidente, a verdade é esta: a flexibilização trará como conseqüência a

retirada dos poucos direitos que os trabalhadores têm e ainda aumentará os índices

de trabalho informal e de desemprego, problemas que estariam resolvidos com uma

reforma tributária, que poderia reduzir juros. Isso, porém, não interessa ao Governo,

uma vez que mexeria com os interesses dos grandes especuladores. E o Governo

só se preocupa com o lucro dos bancos e com o pagamento das dívidas interna e

externa.

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Portanto, é fundamental observar o que acontecerá hoje nesta Casa. O

resultado da votação poderá trazer o passado de volta: a legalização da escravidão,

que ainda existe em muitas áreas do País, mesmo com a vigência da CLT. O povo

brasileiro, portanto, deve ficar de olho na sessão de hoje da Câmara dos Deputados,

para saber de que lado está cada um dos seus representantes.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Concedo a palavra ao nobre

Deputado Fernando Coruja, que permutou seu tempo com o nobre Deputado Carlito

Merss. S.Exa. dispõe de cinco minutos para o seu pronunciamento.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Srs. Deputados, será discutido hoje nesta Casa mais um capítulo da mudança da

CLT.

A proposta do Governo tem por finalidade, no exagero de expressão, revogar

a CLT, visto que, de acordo com o projeto, essa legislação só prevalecerá quando

não houver acordo ou convenção coletiva.

Temos de analisar primeiramente o aspecto jurídico e legal do projeto. Será

possível que convenção coletiva ou acordo possam ficar acima da lei em todos os

casos? Ora, pesquisando o novo Código Civil encontramos, no art. 2.049, que

nenhuma convenção poderá prevalecer sobre as normas públicas.

Se no Código Civil as regras obedecem à autonomia da vontade, uma

exceção, imaginemos então quando estivermos tratando de normas eminentemente

públicas, como as que dizem respeito ao Direito do Trabalho.

Nosso entendimento é o de que não podemos generalizar, determinando que

acordos e convenções coletivas prevaleçam sobre a legislação. Vários argumentos

são utilizados na tentativa de nos convencer do contrário. O primeiro, muito citado

nesta Casa, é relativo ao fato de que o Sindicato dos Metalúrgicos se utilizou do

acordo coletivo para explicar que, na Alemanha, a Volkswagen reduziu o salário dos

seus funcionários para permitir a manutenção do emprego de todos.

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Estão explicitamente inseridas no texto constitucional essa e outras formas de

negociação. Mas, se o texto constitucional não previu, não se pode fazer. Se o maior

e mais forte sindicato da América Latina teve de se submeter à redução dos salários

dos seus funcionários em 25%, imaginem o que vai acontecer com os sindicatos

mais fracos, principalmente no interior do País!

Ora, à primeira vista, podem parecer pequenas as alterações que querem

fazer na CLT, mas não são. O art. 7º da Constituição é que determina o que é

relação de trabalho.

Contratos ou acordos que tentam disfarçar a relação de trabalho não podem

prevalecer, caso contrário, haverá muitas situações em que não se configurará

relação de trabalho. E, nesses casos, os direitos, mesmo os constitucionalizados,

como o FGTS e o 13º salário, poderão ser suprimidos por meio de acordo. Por

exemplo, a Justiça do Trabalho tem entendido que as cooperativas de mão-de-obra

devem obedecer à CLT. Inúmeras situações vão surgir em que a garantia de relação

de trabalho não será obedecida.

Infelizmente, em tão pouco tempo, não podemos discorrer sobre todos os

malefícios que se vão produzir para o trabalhador brasileiro. A aprovação desse

projeto de lei não visa melhorar a situação dos trabalhadores, pois, para isso, já

existe previsão na lei. Os acordos serão feitos somente para lhes retirar direitos.

Por isso, mais uma vez, usaremos todas as armas disponíveis para que não

se faça com o trabalhador brasileiro mais uma indignidade, entre tantas que este

Governo tem feito com sua política econômica .

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Um governo que não tomou qualquer providência, não praticou nenhum ato

que se traduza em benefício concreto para o povo, deve abster-se de atos que

castiguem a população e respeitar direitos já consagrados, para, ao menos, garantir

a paz em que vivemos.

Ninguém neste País está reclamando mudanças na CLT. No entanto, este

Governo apresenta projeto, para ser votado em regime de urgência, que modifica a

legislação trabalhista. Com isso, está bulindo em casa de marimbondo. O fato é que

as relações entre capital e trabalho estão pacíficas, ninguém está reclamando

alterações na legislação vigente. Apesar do desemprego em massa, o operariado

está quieto, cada desempregado se esforçando para levar o pão de cada dia à mesa

da família, pacificamente, sem protestos, sem violência.

De repente, sem mais nem menos, sem qualquer reclamação, aparece na

imprensa o Ministro do Trabalho defendendo projeto de lei do Governo destinado a

revogar direitos dos trabalhadores — inclusive férias e recebimento de horas extras

— e a parcelar, no curso do ano, o pagamento do 13º salário, acabando

praticamente com o benefício. Quer o Governo restringir os direitos dos

trabalhadores, quando todos vivem fase de sacrifícios imposta por uma política

econômica impopular. Este período de recessão e de desemprego que atinge

milhões de trabalhadores é resultante de causas conhecidas por todos nós. O

momento, Sr. Presidente, não é propício para afligir os aflitos.

Tudo o que disser respeito a direitos do cidadão, a direitos dos trabalhadores

— a parte fraca da relação trabalho versus capital — deve ser discutido

amplamente e de forma clara: sem subterfúgio nem pressa. Não há dúvida de que a

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CLT, que vem do Estado Novo de Vargas, com mais de 70 anos de vigência,

necessita de reformas.

Está claro que as relações trabalhistas mudaram, que o mundo mudou de

forma fantástica nesse período, e é justo que a legislação avance, mas não assim.

Não se trata tão-somente da Consolidação das Leis do Trabalho. O Código Civil

reformado ainda não foi aprovado no Congresso, e a legislação penal é

simplesmente piegas. Não atende à sociedade moderna e beneficia o criminoso. A

legislação penal é de tal sorte viciada que rico dificilmente cumpre as sentenças que,

às vezes, merece. Sempre há saídas e recursos que um advogado bem pago

encontra para libertar quem deveria estar na cadeia.

O que seria mais importante para a sociedade neste momento: revisão na

legislação penal para combater o crime e a violência ou uma briga para reformar a

CLT?

O Governo se perde com discussões como essa e fica cada vez mais feio no

retrato. A CLT precisa ser reformada, sim, e até de forma ampla. Mas numa

discussão aberta com a sociedade, para que seja feito o melhor para o trabalhador,

que, na briga com o capital, é a parte que não pode perder.

O Governo diz que as mudanças pretendidas são superficiais, que não

atingem nem fragilizam as conquistas dos trabalhadores. Há vários equívocos

políticos em torno da questão. Principalmente, há desconfianças. Senão, como se

concebe que, sendo as mudanças desejadas por FHC superficiais, nelas o

Presidente insista dando à matéria caráter de urgência? É mesmo para se

desconfiar.

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O projeto de lei que modifica a legislação trabalhista interfere no destino de

milhões de trabalhadores brasileiros. Este Governo parece viver procurando sarna

para se coçar. A modernidade exige a flexibilização da relação entre capital e

trabalho, mas atualmente ninguém está reclamando mudanças na CLT. Qualquer

mudança deve ser originada de discussão aberta com a sociedade para se fazer o

melhor para o trabalhador que, na briga com o capital, é a parte que não pode

perder.

Os direitos de empregadores e empregados estão reconhecidos e

estabilizados. Já vai longe na nossa memória a solução das divergências entre

empregados e empregadores por autoridades policiais e a dissolução de protestos e

passeatas a pata de cavalo. Hoje, patrões e empregados sentam-se à mesma mesa

para discutirem suas questões, pois se é reconhecido que o capital é indispensável

à geração de riqueza, o trabalho não é menos importante.

Desde 1907 os problemas trabalhistas constituem preocupação dos Governos

deste País. Já naquele ano, o Decreto Legislativo nº 1.637 atribuía aos sindicatos

“que se constituíssem com espírito de harmonia entre patrões e empregados”, bem

como aos “conselhos permanentes de conciliação e arbitragem”, a tarefa de dirimir

as divergências entre o capital e o trabalho.

A Revolução de 1930, entre outros avanços sociais, valorizou o trabalho com

uma legislação que acabou consolidada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de

1943, que conferiu aos trabalhadores, dentre outros direitos, a estabilidade, perdida

após a Revolução de 1964 na troca pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,

iniciativa do então Ministro Roberto Campos.

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Volto a dizer que temos questões mais urgentes a tratar neste Parlamento. O

que seria mais importante no momento: uma revisão na legislação penal para

combater o crime e a violência ou uma briga para reformar a CLT?

Volto a dizer que é imprópria e afronta o direito dos trabalhadores à proteção

do Estado a alteração do art. 618 da Consolidação das Leis do Trabalho, para

admitir que os instrumentos de negociação coletiva entre sindicatos e empresas

prevaleçam sobre a lei, salvo em se tratando de preceito constitucional. Não

podemos ignorar que o Brasil é desigualmente desenvolvido. Temos regiões

plenamente desenvolvidas que convivem com outras em vias de desenvolvimento e

com algumas subdesenvolvidas. Sindicatos fortes, capazes de negociar em posição

de equilíbrio, só vamos encontrar onde há desenvolvimento econômico.

O Governo não pode jogar nas costas do trabalhador brasileiro a

responsabilidade por todas as desgraças deste País. Quando o Governo diz que os

encargos trabalhistas oneram a produção de tal modo que prejudicam o nosso

comércio exportador está mentindo. Os encargos incidem sobre salários

insignificantes. O que prejudica a exportação é a tributação em cascata, taxas

portuárias exorbitantes, carência de energia elétrica e baixo poder de consumo

nacional. Conciliar as teorias monetaristas e estruturalistas de maneira a propiciar o

desenvolvimento socioeconômico resultaria na redução das taxas de desemprego

dos milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza.

O Governo está politicamente vesgo!

Outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Para o ano de 2002, o

Governo FHC planeja gastar 48% a mais com publicidade, distribuindo as verbas

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entre os Ministros que pretendem candidatar-se a algum cargo eletivo ou mesmo à

sucessão presidencial. Com esse aumento, as verbas que o Governo destina à

publicidade deverão chegar a cerca de 177 milhões de reais, 57,5 milhões de reais a

mais que o previsto para este ano.

Entendo que está havendo uma inversão de valores. Sobra dinheiro para

apregoar o quanto é “generoso” — afinal dá 15 reais a cada criança pobre mantida

na escola e outros 30 reais para a alimentação de famílias necessitadas —,

enquanto, por outro lado, este mesmo Governo diz não ter recursos para

proporcionar melhoria de salário para servidores e professores, que não têm

reajuste algum há sete longos anos. E não podemos esquecer que o dinheiro que o

Governo usa para se promover é o mesmo que sai do bolso do povo, sob vários

títulos, e que deveria ser aplicado em obras sociais para melhorar a vida dos

brasileiros, que ficam cada vez mais pobres.

Um dos Ministros deste Governo declarou publicamente que o Ministério da

Educação gastou este ano e até agora apenas 75% da verba a ele destinada pelo

Orçamento da União. O valor que ainda resta é mais que suficiente para o

atendimento das reivindicações dos professores e ainda sobraria alguma coisa, mas

o Ministro da Educação não quer nem ouvir falar em ceder. Enquanto isso, os

professores permanecem com o pires na mão, em situação humilhante, e os

universitários brasileiros pagam o pato, pois estão perdendo tempo e

comprometendo seu acesso ao mercado de trabalho. Muitos deles, que já estavam

estagiando, perderam suas vagas porque não conseguiram concluir o curso.

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O Governo, na sua teimosia, chega às raias do absurdo quando se recusa a

pagar o salário dos professores e edita medidas provisórias que se sobrepõem às

leis do nosso País, até mesmo contrariando decisões judiciais já expedidas. Quem

diria que chegaríamos a presenciar atos que causariam inveja a governo ditatorial,

em pleno exercício da democracia? Acorda, Brasil!

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O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sem dúvida o principal assunto em pauta nesta

Casa é o projeto que trata da flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho.

Argumenta-se falsamente que o projeto flexibilizará apenas a CLT e aqueles

que a ele são contrários defendem esta lei. Ora, o referido projeto coloca qualquer

acordo acima da lei trabalhista. Portanto, não se trata apenas da CLT. Aqueles que

se posicionam contrariamente ao projeto assim o fazem porque ele impede qualquer

outro tipo legislação trabalhista. Mesmo se houvesse proposta de modificação da

CLT, ela não teria sentido diante desse projeto.

Uns defendem a CLT; outros não. Alguns defendem a existência de legislação

no campo do trabalho; outros acreditam que não deve existir legislação alguma

nesse campo. O que impressiona é a insistência do Governo em manter o projeto

depois de tanto desgaste.

Por que o Governo insiste tanto na aprovação de um projeto como esse?

Parece-me ser premissa do Acordo de Livre Comércio das Américas, que seria

exatamente acabar com a legislação brasileira na área trabalhista para facilitar sua

aprovação. Se é assim, dever-se-ia debatê-lo corretamente e não enviesadamente

como no momento, afirmando-se ser questão trabalhista, quando, na realidade, o

motivo é outro.

O Governo precisa, portanto, explicitar se pretende de fato sinalizar para o

Acordo de Livre Comércio das Américas no que diz respeito à legislação trabalhista.

Outro aspecto importante é o painel de votação. Esperamos que o problema

tenha sido corrigido. Na última votação, impressionou-me especialmente o caso do

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Deputado Damião Feliciano que, no momento da votação nominal, manifestou o

voto “não”, mas o painel registrou “sim”. Outros Deputados não se pronunciaram

quando da votação nominal, mas haviam votado contra o projeto pelo sistema

eletrônico. Ou seja, há alguma relação misteriosa entre o Governo e sua base, a

qual, espero, seja efetivamente esclarecida. Hoje as pressões devem ter acontecido

em maior intensidade, já que estão até marcando jantar para comemorar — precisa-

se saber à custa de quem.

Sr. Presidente, temos hoje histórico dever com o povo brasileiro. O Brasil tem

o direito de legislar ou não sobre matéria trabalhista.

Os Estados Unidos pretendem que nenhum país da América Latina tenha

legislação trabalhista, porque a sua inexistência facilitaria o ingresso das empresas

norte-americanas e multinacionais nesses países, aos quais elas imporiam a

legislação de origem.

Temos de decidir: ou assumimos a soberania deste Parlamento para legislar

sobre matéria trabalhista ou renunciamos a essa prerrogativa.

Passei algum tempo refletindo sobre o assunto, mas está claro que não se

trata de interesse nacional, mas, sim, multinacional, do capital financeiro, da ALCA.

Essa é a questão chave. Pretende-se que os países da América Latina não tenham

legislação trabalhista. E, nesse caso, já sabemos o que vai acontecer. Todas as

empresas multinacionais vão operar em nosso País tendo como referência

legislação feita, sim, no Parlamento, só que no norte-americano.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CORIOLANO SALES (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o III Congresso Brasileiro de Cooperativas de

Crédito, realizado na cidade de Belém, no Estado do Pará, nos dias 27 a 30 do mês

passado, promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito —

CONFEBRÁS, e pela Central das Cooperativas de Crédito do Estado do Pará —

CECRESPA, foi um excelente evento, do qual tive a satisfação de participar e

compartilhar experiências com ilustres personalidades do mundo do cooperativismo

geral e de crédito, dentre eles, Roberto Rodrigues, ex-Presidente da Aliança

Cooperativista Internacional e professor da UNESP, figura de escol no

cooperativismo internacional.

Naquele congresso foram realizadas inúmeras palestras e discussões acerca

do papel do banco cooperativo e das cooperativas de crédito, da evolução do

cooperativismo de crédito na Alemanha, da importância do cooperativismo de crédito

em uma pequena comunidade notadamente brasileira, da saga das cooperativas

Luzzatti no Brasil, do papel das cooperativas de crédito no sistema financeiro

nacional na ecologia e globalização, da supervisão das cooperativas de créditos

brasileiras e do papel dos agentes fiscalizadores. Foi igualmente discutido o papel

do Banco Central do Brasil e a relação das universidades com o cooperativismo de

crédito, numa relação de integração tecnológica e de desenvolvimento brasileiro; o

papel do cooperativismo de crédito na relação com as entidades que integram a

Frente Parlamentar do cooperativismo do Congresso Nacional e a própria

Confederação Brasileira de Cooperativas de Crédito.

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Um dos momentos importantes daquele congresso foi a exaltação do papel

dos que organizaram e ajudaram a constituir o cooperativismo de crédito no Brasil. À

ocasião, foi entregue comenda, prêmio instituído pela Confederação Brasileira de

Cooperativas de Crédito, denominado “Edificador do Cooperativismo de Crédito

Padre Theodor Amistad”. Este foi o criador da primeira cooperativa de crédito do

Brasil, no Rio Grande do Sul, em 1902, ainda hoje existente, na localidade de Nova

Petrópolis, uma das mais importantes do País.

A comenda foi entregue à Sra. Maria Thereza Rosália Teixeira Mendes,

Therezita, que fundou a primeira entidade de 2º grau do cooperativismo de crédito

do Brasil, denominada FELEME, no Rio de Janeiro. É articuladora do cooperativismo

de crédito no Brasil por intermédio do Movimento de Crédito Desjardins, no Canadá,

e das Credit Unions dos Estados Unidos da América.

Também foram entregues comendas ao Sr. Mylton Mesquita, Presidente da

Cooperativa Luzzatti de Guarulhos, Estado de São Paulo; ao Sr. Célio Tavares

Ramos, Presidente da Cooperativa Luzzatti de Mendes, Estado do Rio de Janeiro —

primeira cooperativa Luzzatti a ser fundada no Brasil no ano de 1929; à Profa. Diva

Benevides Pinho, da Escola de Economia da Universidade de São Paulo, uma das

escritoras sobre cooperativismo no Brasil; à Dra. Alzira Silva, primeira Presidente da

primeira Central de Crédito do Brasil (CECRERJ), do Estado do Rio de Janeiro, e ex-

Presidente da Cooperativa dos Empregados de Furnas, também no Rio de Janeiro;

e ao Dr. Luiz Dias Thenório Filho, Presidente Honorário da Central de Crédito Mútuo

de São Paulo; e também a este orador, que foi um dos palestrantes daquele

importante congresso.

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Sr. Presidente, na oportunidade discutiu-se o papel das 1.302 cooperativas de

crédito existentes no Brasil que trabalham sob a liderança do Banco Cooperativo de

Crédito do Rio Grande do Sul e do Banco Cooperativo do Brasil, com sede em

Brasília.

Foi um importante momento para discutir a reestruturação do cooperativismo

de crédito em nosso País, que ainda tem papel significativo a desempenhar na

formação da poupança e do desenvolvimento local.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. AIRTON DIPP (Bloco/PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 22 de novembro último comemorou-se o

58º aniversário da independência do Líbano.

Destaco essa data pois são 58 anos da independência desse país que,

apesar de sua limitada superfície territorial, possui uma população de 3 milhões de

habitantes, além, é claro, dos cerca de 14 milhões de emigrantes libaneses

espalhados pelo mundo, fruto de inúmeras dominações e guerras que levaram sua

população a sofrer com a fome e diversos massacres, motivo de milhões de

libaneses terem se espalhado pelo mundo.

Nesse sentido, é sempre importante ressaltar o fato de o Líbano viver

pacificamente com uma democracia liberal, construída a partir de um pacto nacional

formado por cristãos maronitas e mulçumanos, mesmo estando localizado próximo à

Síria, Israel, Iraque, Jordânia, Irã, Kuwait, Catar, Emirados Árabes, Iemen, Omã e

Arábia Saudita.

Esse fato demonstra a possibilidade de participação do País na construção de

um diálogo capaz de viabilizar a solução para os conflitos que envolvem árabes e

judeus.

E quando parece-nos que o mundo caminha, de forma equivocada, para o

acirramento das relações entre ocidente e oriente, temos certeza que o Brasil

poderia, juntamente com o Líbano, com o estreitamento de relações culturais e

comerciais, demonstrar a possibilidade da convivência pacífica e harmônica de

nações de culturas diferentes.

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Nesse sentido, ressalte-se a importância do Líbano como parceiro estratégico

do Brasil para incrementar as relações comerciais junto aos demais países árabes,

que têm demonstrado enorme resistência em consumir produtos importados dos

EUA e da Comunidade Européia por causa das ações militares em curso no

Afeganistão.

Assim, destacamos mais uma vez a passagem do aniversário deste País de

história e culturas tão ricas, reforçando sempre a importância do respeito ao direito

dos povos de terem autodeterminação, como forma de construirmos efetivamente

uma convivência pacífica e harmônica em todo o mundo.

O segundo assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diz respeito ao

Projeto de Lei Complementar nº 4.147/2001, que institui as diretrizes nacionais para

o saneamento básico, que tramita nesta Casa desde fevereiro de 2001.

Esse projeto trás no seu bojo a proposta de transferir a titularidade dos

recursos hídricos dos Municípios para os Estados e é uma clara tentativa de iniciar o

processo de privatização da água no Brasil.

Esse assunto tem suscitado discussões acaloradas em diversos locais do

mundo, pois, de um lado, estão aqueles que defendem o interesse público e, de

outro, empresas multinacionais, sobretudo as francesas, que estão mapeando os

lugares onde a água ainda não foi privatizada.

Nesse ponto é importante esclarecer que a água é um direito humano e não

um recurso natural que possa ser explorado. Por isso a água é apontada como o

bem mais precioso do século XXI. E a disputa pelo controle de rios, nascentes,

lençóis subterrâneos e qualquer outra reserva de água, que possa gerar

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sobrevivência e lucro, tem sido responsável pelo acirramento de diversos conflitos

armados no planeta, como podemos citar a disputa entre israelenses e palestinos.

Cientistas, ativistas, intelectuais e muitos políticos têm lutado contra a

possibilidade de privatização da água. Nesse sentido, algumas iniciativas devem ser

destacadas, como a criação, por parte da União Européia, do Comitê Científico para

a Convenção da Água, instituição presidida pelo ex-Presidente de Portugal Mário

Soares.

Esse comitê, preocupado com os caminhos da água na geopolítica mundial,

pretende incentivar o debate entre todos os governos do mundo sobre as condições

da venda da água, com o intuito de gerar resistência às propostas de privatização

dos recursos hídricos e de defesa da água como um direito humano e não como um

recurso natural. Essa diferença que, em princípio, parece insignificante, é na

verdade decisiva, pois não se compra nem se vende um direito humano. Essa

proposta contrasta com a visão difundida pelo Banco Mundial, que vê na água um

recurso natural negociável.

É oportuno também destacarmos o surgimento no Brasil de um forte

movimento, contrário a iniciativas que possam levar à privatização dos recursos

hídricos, que tem suscitado o aprofundamento de discussões sobre a atual situação

dos recursos hídricos no País, principalmente a respeito da escassez e de

problemas de poluição que têm comprometido e até impossibilitado o consumo de

água em algumas cidades brasileiras.

Problemas como o desperdício e a poluição devem ser enfrentados

imediatamente pelas autoridades públicas, com a implantação de políticas públicas e

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programas que transformem as populações envolvidas nos principais parceiros de

nova relação a ser estabelecida entre as comunidades e seus mananciais hídricos.

De nossa parte cabe registrar, de forma enfática, nosso posicionamento entre

aqueles defensores da água como um direito essencial do homem e, como tal,

seremos contrários a qualquer projeto ou iniciativa que possa levar à sua

privatização.

Muito obrigado.

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O SR. EDMUNDO GALDINO (PSDB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemorou-se, ontem, o Dia Internacional da

Pessoa com Deficiência, e farei algumas considerações sobre o tema. Na verdade,

entre nós, não podemos falar exatamente de comemorações, no sentido de

celebrações, de festejos, quando o assunto é deficientes físicos.

No Brasil, cerca de dezesseis milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente

10% da população, são portadoras de deficiências físicas, sensoriais ou mentais. É

um número impressionante, que mais se agrava quando se sabe das imensas

dificuldades enfrentadas por essas pessoas que apresentam necessidades

especiais quanto à sua plena integração no contexto social.

As leis existem para protegê-las, é verdade. A Lei Maior, em diversas

disposições, assegura direitos aos portadores de deficiências, como o acesso ao

mercado de trabalho, à educação especial e a facilidades de locomoção nos

logradouros públicos. No entanto, como é notório, há uma distância abissal entre a

lei e a prática, entre a teoria e a dura realidade dos fatos.

Na verdade, de nada adianta termos leis avançadas, que assegurem direitos

às minorias, aos excluídos, se tais diplomas não são cumpridos, transformando-se

em mera letra morta.

Sr. Presidente, a tendência contemporânea em todo o mundo é proporcionar

condições adequadas, por toda a sociedade, para que os portadores de deficiências

tenham uma vida digna, integrada e produtiva, mas infelizmente isso nem sempre

acontece em nosso País. Foi-se o tempo em que essas pessoas eram objeto de

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comiseração ou filantropia, atitude absurda que as impedia de se tornarem úteis a si

mesmas e à comunidade, resgatando sua auto-estima e sua plena cidadania.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, há em todo o País

aproximadamente nove milhões de portadores de necessidades especiais em

condições de trabalhar, qualificados que estão para desempenhar atividade

laborativa compatível. Todavia, apenas um milhão dessas pessoas lograram

conseguir alguma colocação, ficando na ociosidade os outros oito milhões. Parece

ser um indicativo de que o sistema de "quotas", implantado entre nós, não está

funcionando a contento.

Aliás, como oportunamente recordou o Prof. José Pastore, pesquisador da

FIPE, muitos países usam as quotas, mas nenhum teve sucesso exclusivamente

com fundamento nesse sistema, pois muitas empresas não têm como cumprir essa

obrigatoriedade.

Como ressalta esse pesquisador, é muito mais eficaz o sistema de quota-

contribuição, pelo qual as empresas que deixam de contratar o número de

portadores de deficiência previsto recolhem, para um fundo especial, um percentual

do que gastariam com a respectiva contratação. Ou ainda, alternativamente, o

sistema em que contratariam, por intermédio de instituições especializadas, o que se

denomina "trabalho protegido", no qual os deficientes trabalham de forma produtiva

e bem acomodados.

Lembra ainda o Prof. Pastore que é fundamental que haja três tipos de

atividades: serviços de habilitação e reabilitação; manutenção de instituições de e

para os portadores de deficiências; e estimulação às empresas, por meio de

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empréstimos e doações, para fortalecer o seu interesse na contratação dessas

pessoas.

Aliás, no Brasil é essencial que haja um número significativamente maior de

programas de formação adequada para os portadores de deficiência física, sensorial

e mental.

Por sinal, informações da própria Secretaria de Educação Especial do

Ministério da Educação dão conta de que apenas trezentos mil portadores de

deficiências comparecem às salas de aula, abrangendo todas as séries das escolas

públicas e particulares, e, desse total, apenas três mil estão no ensino médio.

No entanto, a qualificação profissional é uma das chaves para que os

portadores de deficiências possam, efetivamente, ingressar no mercado de trabalho.

Por isso, afigura-se-nos da maior relevância que sejam instituídos programas, em

âmbito nacional, que objetivem a formação profissional dos portadores de

deficiências.

Então, no ensejo das comemorações do Dia Internacional da Pessoa com

Deficiência, apelamos desta tribuna aos órgãos federais, especialmente aos

Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego, para que seja implementada

política mais eficiente, que permita aos portadores de necessidades especiais terem

assegurado o acesso não apenas à educação, mas também ao emprego.

Todas essas pessoas querem, tão-somente, exercer seus inalienáveis

direitos de cidadania, estudando e trabalhando, como os demais brasileiros.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao desejar que o Ministro Interino de Estado dos

Transportes, Sr. Alderico Jefferson da Silva Lima, faça boa gestão à frente dessa tão

importante Pasta governamental, venho, desta tribuna, lembrar a S.Exa. que,

quando era Ministro o Sr. Eliseu Padilha, foram fechados vários acordos importantes

com os trabalhadores ferroviários que devem ser mantidos.

Um desses acordos é a questão dos imóveis residenciais da Rede Ferroviária

Federal S.A — RFFSA, onde residem milhares de companheiros. A Lei nº 8.693/93

já garante o direito de ocupação e prioridade na aquisição desses imóveis, mas

lutamos para que eles sejam doados.

Depois de muita negociação, garantimos a inclusão de artigo no Projeto de

Lei nº 1.615/99 — que trata da criação da Agência Nacional de Transportes

Terrestres — ANT —, que prevê a doação dos imóveis para os moradores que

residiam nos mesmos na data da publicação daquela lei.

O referido projeto de lei foi aprovado nas duas Casas do Congresso Nacional.

Mas o Presidente da República, demonstrando insensibilidade ao sancioná-lo, vetou

alguns artigos de suma importância para os ferroviários, dentre eles o que

autorizava a doação dos imóveis.

Também ficou acertado, Sr. Presidente, que todo o pessoal pertencente aos

quadros da ferrovia será transferido para a ANT, sem prejuízo de seus vencimentos,

e que o débito trabalhista da RFFSA com os aposentados, fruto de várias ações

ganhas na justiça, será pago antes da liquidação total da empresa que, até segunda

ordem, está prevista para acontecer ainda este ano.

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De acordo com a Assembléia-Geral Extraordinária, o próximo 8 de dezembro

será o prazo final para o encerramento da liquidação da RFFSA. Por isso, cobramos

do Ministro Interino dos Transportes o cumprimento desses compromissos

assumidos com os ferroviários pelo seu antecessor, já que até o presente momento

nenhuma dessas questões teve solução definitiva.

Além do pronunciamento que faço desta tribuna, que é um dos meios de

comunicação indireta de que dispomos para falar, ao mesmo tempo, com o povo e

com as autoridades constituídas, solicitei audiência com o Ministro Alderico

Jefferson para tratarmos, pessoalmente, das questões acordadas anteriormente.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. VALDECI PAIVA (Bloco/PSL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os grandes empresários serão os maiores

beneficiados, caso sejam aprovadas as mudanças na CLT propostas pelo Governo,

pois todas as garantias trabalhistas poderão ir por terra.

Por que em vez de arrasar com o trabalhador, tirando-lhe garantias, não se

faz uma revisão nos direitos do sistema financeiro nacional, que vem auferindo

lucros absurdos em detrimento de todos os trabalhadores brasileiros?

São mais de 50 milhões de brasileiros na miséria; os juros cobrados pelos

bancos, cartões de crédito, financeiras e o próprio Governo, são os maiores do

mundo; o desemprego tem aumentando assustadoramente; a saúde pública é um

massacre; e a educação, nem se fala, parece piada de mau gosto; a violência

urbana no Brasil é vergonhosa.

E agora querem acabar justamente com a CLT, os mais fundamentais direitos

dos trabalhadores.

Sr. Presidente, chamo a atenção dos nobres Pares da bancada do Rio de

Janeiro para que votem “não” ao projeto, honrando, assim, o nosso eleitorado.

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O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

encaminho à Mesa duas matérias publicadas na Folha de S.Paulo de hoje. Numa

delas o Presidente do Senado diz que só existe um fato que é consenso no Senado:

o projeto que altera a CLT não será aprovado. E que a matéria será discutida no

próximo ano.

Sr. Presidente, pergunto se a base do Governo vai se dispor a ter enorme

desgaste hoje na Câmara, mesmo sabendo que o projeto já está liquidado.

A própria Folha de S.Paulo salienta trecho em que digo: o Governo sabe que

está derrotado, não há mais espaço regimental, porque no Senado o prazo

regimental é de 45 dias. Então, a matéria não mais será implementada no próximo

ano, até porque as negociações dos dissídios coletivos se iniciam em maio.

Este projeto está, portanto, liquidado. Não estou alardeando a derrota do

Governo, mas ele tem de entender que esse resultado foi bom para todos.

O importante é que estamos praticamente em recesso parlamentar e a

matéria não será votada. Em abril ou junho próximos, as eleições serão o tema e

esta matéria não constará da pauta.

MATÉRIAS A QUE SE REFERE O ORADOR

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MATÉRIAS CITADAS PELO DEPUTADO PAULO PAIM

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O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, na manhã do histórico dia 11 de setembro de

2001, enquanto assistia atônito ao dramático desabamento das torres gêmeas do

World Trade Center, o mundo parece ter tomado súbita consciência dos perigos que

ameaçam o futuro da humanidade. Refiro-me, em particular, aos perigos que

envolvem o uso de armas químicas e biológicas. Uma simples carta contendo pó

branco é hoje capaz de causar pânico generalizado e mobilizar todo o aparato de

segurança de um país.

Entretanto nos assustamos com a ameaça do antraz, esquecemo-nos de que

o campo vive uma guerra química e biológica que já dura décadas, com efeitos não

menos danosos do que aqueles anunciados pelo ato terrorista contra os Estados

Unidos.

O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos de todo o mundo.

Toneladas e toneladas de venenos extremamente perigosos são lançados sobre o

território brasileiro todos os anos. Essas bombas químicas destroem número

imensurável de animais, plantas e microorganismos, contaminam o solo, poluem as

águas e comprometem a sanidade dos alimentos. Milhares de trabalhadores rurais

são intoxicados e centenas morrem todos os anos vítimas do uso de agrotóxicos. Os

danos indiretamente causados à saúde da população, na forma de câncer e outras

doenças degenerativas só vão se manifestar muito tempo depois. Sua mensuração

é difícil, mas o estrago é com certeza dramático.

O marketing das empresas agroquímicas é algo absolutamente sórdido e

criminoso. Estas empresas, cujo único propósito é auferir lucros astronômicos, se

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auto-intitulam defensoras da vida, quando são, na verdade, promotoras obstinadas

da morte.

A propaganda de agrotóxicos, que as empresas agroquímicas chamam de

defensivos agrícolas, fazem sempre referência à natureza, à segurança alimentar, à

felicidade, quando, na verdade, promovem a destruição do ambiente e o sofrimento

de muita gente. Prometem o paraíso enquanto promovem o inferno. Não há dúvida

de que o marketing das empresas agroquímicas obedece a uma estratégia militar

de contrapropaganda. O objetivo é vender e lucrar, a verdade pouco importa.

Argumenta-se que o uso de venenos químicos possibilitou o aumento da

produtividade e da produção agrícola. Essa é uma meia verdade que, como toda

meia verdade, serve apenas para confundir o entendimento das pessoas e facilitar a

exploração e a opressão. Quase toda pesquisa científica agrícola, nas últimas

décadas, desenvolvida nas universidades e nas instituições de pesquisa

agropecuária, como a nossa EMBRAPA, vem servindo ao modelo de agricultura

baseado no uso de agrotóxicos. Mesmo assim podemos afirmar, com segurança,

que dispomos de conhecimento suficiente para produzir alimento necessário para

alimentar toda a população do planeta sem usar uma única gota de agrotóxicos.

Alimentos não apenas livres de venenos químicos, mas muito mais nutritivos do que

aqueles que encontramos hoje nos supermercados.

A agricultura dependente do uso de agrotóxicos é hoje apresentada, por todos

aqueles que se beneficiam desse modelo de produção agrícola, desde o grande

agricultor até às indústrias de alimentos, como sendo a mais moderna e avançada

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forma de cultivar a terra. Conseqüentemente, aqueles que se opõem a esse modelo

são chamados de retrógrados, obscurantistas, inimigos da ciência e do progresso.

Ora, como uma agricultura que degrada o solo, polui as águas, destrói a flora

e a fauna, mata trabalhadores rurais e coloca em risco a saúde dos consumidores

pode ser considerada moderna e avançada? Se os custos dos danos causados ao

meio ambiente e à saúde de trabalhadores e consumidores por essa agricultura

fosse contabilizado no preço do produto, seria difícil até para os ricos comprar

comida.

Quem paga por esses custos? Toda a população, sobretudo a população

pobre, que não dispõe dos recursos à disposição dos ricos para enfrentar os perigos

da contaminação do ambiente e dos alimentos.

Na verdade, não existe agricultura mais atrasada do que a agricultura

baseada no uso de agrotóxicos. A agricultura verdadeiramente moderna é aquela

que copia a natureza, diversificada, que procura aproveitar de forma ótima e

integrada a fertilidade do solo, os recursos hídricos disponíveis, a insolação e outros

fatores ambientais. A agricultura moderna é aquela que intervém o mínimo possível

no ambiente, procurando se adaptar às condições ecológicas locais, em lugar de

procurar adaptar o ambiente às exigências da planta cultivada e das técnicas de

cultivo baseadas no uso pesado de máquinas agrícolas. A agricultura

verdadeiramente moderna exige conhecimento profundo e sofisticado dos processos

ecológicos, do funcionamento do solo e das plantas, em contraste com a agricultura

fundada no uso de agrotóxico, que trata o solo como se fosse um mero substrato

físico para a fixação da planta e a planta como se fosse apenas uma máquina

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produtora de grãos. A agricultura moderna é aquela que produz sem degradar o

ambiente e não aquela que deixa atrás de si um rasto de destruição e morte.

Os beneficiários da agricultura química gostam de falar da importância dos

artigos que produzem para exportação, para o equilíbrio da balança comercial do

País, para a geração de riquezas e o progresso da nação. O que não dizem é que

esse modelo é responsável pela concentração da terra, pela expulsão do agricultor

do campo, pela favelização das cidades, pela miséria e pela fome. A riqueza gerada

por essa agricultura beneficia uma minoria de grandes fazendeiros e empresários do

agribusiness, às custas da miséria de grandes contigentes de trabalhadores. A

agricultura verdadeiramente moderna não é aquela que concentra a renda, é aquela

que beneficia os trabalhadores rurais.

Não se tente encontrar a agricultura moderna nas grandes propriedades

agrícolas. A agricultura moderna está sendo desenvolvida e praticada na pequena

propriedade, por milhares de agricultores de verdade, que realmente amam e vivem

da terra, que fazem da produção de alimentos sua vida, que produzem para

alimentar as pessoas e não apenas para ganhar dinheiro. A verdadeira agricultura

moderna responde pelos nomes de agricultura alternativa, ecológica, sustentável ou

orgânica e está sendo desenvolvida sem o apoio da pesquisa, da assistência técnica

e do crédito oficial.

Não bastasse o bombardeio químico cotidiano das áreas rurais brasileiras, o

campo está agora sob o risco de uma nova ameaça, desta feita sob a forma de

bombas biológicas. Refiro-me, Sras. e Srs. Deputados, à tentativa da indústria

agroquímica de bombardear o País com organismos geneticamente modificados.

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Veja, Sr. Presidente, como as coisas se encaixam. Essas empresas

multinacionais agroquímicas vêm comprando as empresas de sementes e investindo

fortunas fabulosas na produção de organismos transgênicos. Com que objetivo?

Com o objetivo de controlar todo o sistema de produção de alimentos e aumentar

ainda mais a sua venda de agrotóxicos.

Nós, brasileiros, sentimo-nos razoavelmente seguros porque acreditamos que

o País não é um alvo prioritário para o terrorismo. Não nos damos conta, todavia, de

que nossa agricultura está sendo alvo de ataques terroristas todos os dias. Os

elementos de uma guerra contra a população brasileira são mais do que evidentes.

Enquanto o campo é bombardeado com armas químicas e biológicas, os agressores

se nos apresentam como defensores do meio ambiente, da vida, da saúde e do

progresso do País. Esse tipo de terrorismo disfarçado é muito mais perigoso, porque

enfraquece a capacidade de resistência da população. Na verdade, vários World

Trade Center são derrubados no Brasil todos os anos.

Está na hora de reagirmos e acabarmos com esses ataques terroristas.

Infelizmente, os fatos indicam que dificilmente poderemos contar com o apoio do

Governo brasileiro nesta luta, haja vista a atuação do Ministério da Agricultura, da

EMBRAPA, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e outras instituições

que deveriam estar do lado do povo brasileiro e não das empresas multinacionais

agroquímicas. Mas, com o apoio, na retaguarda, do pequeno agricultor e, na linha de

frente, do consumidor brasileiro, vamos banir do País esta agricultura atrasada e

predatória e substituí-la por uma agricultura ecológica e socialmente justa.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar que ontem foi o Dia

Mundial de Combate ao Uso de Agrotóxicos. Estranhamente em nosso País a mídia

não registrou matéria alguma.

No mundo inteiro — Peru, Bolívia e Europa — diversas manifestações foram

registradas; pronunciamentos, manifestações de rua. Segmentos da sociedade

mundial alertaram dos riscos e perigos do uso desses agentes químicos.

Quero, hoje, deixar registrado meu apoio a esta luta e conclamar os

brasileiros a se engajarem na verdadeira guerra, a guerra contra os agrotóxicos e

seus similares.

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O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o 1º Encontro Feminista Latino-Americano e

do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, em 1981, marca o dia 25 de

novembro como o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, em

homenagem às revolucionárias irmãs Mirabal — Patrícia, Minerva e Tereza —,

presas, torturadas e assassinadas em 1960 a mando do ditador da República

Dominicana Rafael Trujillo.

O movimento feminista organizado é responsável por muitas conquistas das

mulheres em todas as sociedades, em todos os tempos. Há, porém, muito que fazer,

muito que superar. O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de

2000 vem confirmar a degradação das condições de vida das mulheres no cenário

internacional. Os dados comprovam que 70% do total de pessoas que vivem em

condições de miséria absoluta são mulheres; do total de analfabetos, elas

representam dois terços. A carga horária de trabalho diário da mulher é

aproximadamente 13% superior à do homem. Na zona rural essa diferença sobe

para 20%, e embora represente mais de 50% da mão-de-obra no campo, ela recebe

menos de 10% do crédito rural disponível. Em cada dez famílias brasileiras, três são

chefiadas por mulheres, que vivem sozinhas com seus filhos; no entanto, seus

salários são cerca de 25% menor do que os dos homens.

Vale ressaltar, neste momento, que o projeto de alteração do art. 618 da CLT,

enviado pelo Governo Federal à Câmara dos Deputados em regime de urgência,

ataca diretamente os direitos das trabalhadoras e trabalhadores deste País. O

número de mulheres chefes de família no Brasil varia entre 20% e 25% do total de

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núcleos familiares. Além disso, no trabalho assalariado, por exemplo, a diferença

entre o salário de homens e mulheres teve uma queda significativa, passando a ser

de 18%.

Pensar sobre homens e mulheres nesta sociedade é pensar sobre uma teia

de relações sociais na qual predomina a desigualdade entre os indivíduos,

desigualdade social, política e econômica, que define papéis socialmente

estabelecidos para homens e mulheres, sejam jovens, idosos, negros,

homossexuais, heterossexuais, portadores de necessidades especiais ou não.

A mortalidade materna é assustadora. O Brasil é um dos países latino-

americanos de maior número de óbitos. Em cada 100.000 crianças nascidas, temos

200 óbitos maternos. Por ano, no Brasil, morrem cerca de 5.000 mulheres por

complicações na gravidez, no parto ou no pós-parto. A esse fato somam-se de 1,5

milhão a 2 milhões de abortos clandestinos, praticados em condição de risco.

Problemas circulatórios, câncer de mama e câncer uterino ainda estão entre as

principais causas de morte entre as mulheres — problemas de fácil tratamento, cuja

cura, se diagnosticados a tempo, é garantida.

É válido ressaltar que a AIDS cresce entre as mulheres. Em 1995, houve uma

mulher infectada para cada três homens! Some-se a esse quadro os dados

referentes à violência física. A Deputada Jandira Feghali, em pronunciamento por

ocasião do Dia Internacional da Mulher, neste ano, registrou as estatísticas

levantadas pelo Comitê Latino-Americano e do Caribe para a defesa dos Direitos da

Mulher. Em escala mundial, um em cada cinco dias de falta ao trabalho é decorrente

de violência sofrida por mulheres em suas casas. A cada cinco anos, a mulher perde

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um ano de vida saudável, caso sofra violência doméstica. Na América Latina a

violência atinge de 25% a 50% das mulheres. No Brasil, a cada quatro minutos uma

mulher é vítima de violência doméstica. Geralmente o agressor é o próprio marido

ou companheiro. No Ceará, segundo o Instituto Médico Legal — IML e a Delegacia

de Defesa da Mulher, em 1999 foram registrados 63 homicídios, 34 suicídios, 3.612

lesões corporais, 10.693 agressões e 480 estupros. É válido ressaltar que muitas

das ocorrências ainda não são registradas devido aos tabus sociais e morais que

impedem que as mulheres denunciem seus agressores.

Quero lembrar também à violência cotidiana a que as mulheres são

submetidas pela mídia. A vulgarização do comportamento e do corpo femininos,

acompanhada do estabelecimento de imagens que devam obedecer aos modelos de

beleza preestabelecidos, promovem discursos e práticas preconceituosas acerca da

figura da mulher, não se respeitando as diferenças e acirrando as desigualdades de

gênero.

Saúdo todas as mulheres anônimas e conhecidas de todos os tempos, de

todos os lugares, aproveitando para relembrar a afirmação de Karl Marx no sentido

de que o grau de desenvolvimento das sociedades se mede pela qualidade das

condições de vida da população feminina. Respeitar os direitos das mulheres é

respeitar os direitos de mais de 50% da população mundial. Garantir a participação

feminina, com eqüidade de direitos, em todos os setores da sociedade, é dever de

todos nós.

Reafirmo que as desigualdades de gênero serão superadas quando forem

superadas as desigualdades de classes.

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Passo a outro assunto, Sr. Presidente.

Apesar da secular relutância das elites conservadora, a luta pelo direito à

terra em nosso País ganha progressivamente maiores proporções. A sociedade civil

organizada, o Movimento dos Sem Terra (MST), o Movimento de Luta pela Terra

(MLT), a Igreja, os partidos políticos e os Parlamentares comprometidos com as

causas do nosso povo vêm envolvendo-se, ao longo dos anos, em renhidos

embates para que o Brasil, um país dotado de generosas riquezas, possa alcançar a

prosperidade regiamente merecida.

Nosso povo luta para que o solo brasileiro seja produtivo, tanto quanto é

produtivo o solo dos países ricos, precavidos desde a colonização quanto à

necessidade de explorar bem suas riquezas, oferecendo uma base agrícola sólida

para o crescimento industrial. Essas potências possuem uma noção tão clara da

importância da terra como meio de expansão do capital que exercitam a apropriação

da riqueza alheia também no Brasil. É significativa a presença de grandes

propriedades multinacionais em nosso território, em especial na Amazônia,

ocupando vastas extensões de terras úteis, de modo que não se compreende, por

nenhum ângulo, a postergação das medidas que concederão a plena franquia do

solo para a prática laboriosa dos brasileiros.

A quem interessa ainda, após cinco séculos, barrar o processo de reforma

agrária em nosso País?

De Fernando Henrique partiram promessas juramentadas de modernização

do Brasil. E que modernização seria mais importante do que a da democratização da

propriedade da terra? Mas seus dois Governos introduziram uma imensa lista de

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sucessivas medidas que visam oferecer um tratamento de mercado à questão da

terra, incorrendo num atraso maior: a desarticulação da estrutura de apoio à reforma

agrária, no que vem trabalhando desde o Projeto de Lei Complementar nº 167/00,

que defende a estadualização da reforma agrária, transformado no atual Projeto de

Lei Complementar nº 135-B/00, que tramita nesta Casa em regime de urgência.

Esse projeto pretende decretar a desfederalização da reforma agrária, ou seja, as

responsabilidades na desapropriação por interesse social seriam transferidas da

União para os Estados, que estariam autorizados a "legislar especificamente sobre

vistoria de imóvel rural, assentamento de trabalhadores rurais e distribuição de

terras para fins de reforma agrária".

O art. 2º do projeto palaciano determina que "a União transferirá, mediante

instrumento de cooperação com os Estados e Distrito Federal, e tendo em vista os

arts. 23, parágrafo único, e 241 da Constituição, o encargo de declarar e promover a

desapropriação para fins de reforma agrária, nos termos do art. 184 da Constituição

Federal".

Para efetivar o atraso, o Presidente da República novamente compromete a

legalidade, atropelando a Carta Magna. Recorro ao art. 184 da Constituição

Brasileira para lembrar que "compete à União desapropriar por interesse social, para

fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,

mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de

preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do

segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei". Portanto, a

Constituição é clara quando coloca a União como responsável pela desapropriação

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por interesse social. Mas o projeto do Executivo procura manipular os arts. 23 e 241

da Constituição Federal, que tratam da fixação de normas para a cooperação entre

União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O projeto utiliza-se do termo

"cooperação" para justificar o repasse de responsabilidades federais para os

Estados, fazendo uma interpretação oportunista de tais artigos como forma de, mais

uma vez, impedir a efetivação da reforma agrária em nosso País, e, no laboratório

do atraso neoliberal, construir a fórmula capaz de perpetuar o subdesenvolvimento.

A aprovação de tal projeto acarretaria vultosos prejuízos para o Brasil,

prejuízos que se somariam ao gigantesco déficit já acumulado em 500 anos, desde

as sesmarias e capitanias hereditárias. Os Estados, ainda subjugados, em sua

maioria, às oligarquias regionais, não têm condições objetivas de coordenação da

implementação da reforma agrária. Indiscutivelmente a reforma agrária será

enterrada, caso perca seu sentido unitário, centralizado pelo poder público federal.

A referência feita no projeto ao repasse anual de recursos orçamentários para

os Estados não garante a efetivação da reforma agrária; muito menos o ITR,

Imposto Territorial Rural, repassado para os Estados sob o pretexto de

financiamento da reforma agrária, serviria a esse objetivo, visto que o Governo FHC

extinguiu o critério da progressividade no tempo, fazendo com que o ITR perdesse a

natureza de instrumento auxiliar no processo. Além disso, esse objetivo não pode

estar submetido às conveniências políticas locais ou regionais, que ocasionariam um

significativo descompasso e a diluição de metas no plano nacional. Some-se a isso a

excludente elaboração do projeto no ambiente restrito dos gabinetes palacianos,

sem a participação decisiva dos setores interessados e da sociedade civil

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organizada. Ressaltamos ainda o enfraquecimento institucional do INCRA, vítima de

uma forte ofensiva do Governo Federal; o Projeto de Lei Complementar nº 135-B/00

abre caminho para a extinção desse órgão.

É de suma importância registrar que a previsão orçamentária para a

execução da reforma em 2002 é 41% inferior ao que estava previsto para 2001. E

ressaltamos que até 24 de agosto de 2001 a execução orçamentária se encontrava

estagnada, ou seja, nada havia sido executado. E todos os sete programas do

INCRA ligados à reforma agrária sofreram forte redução de recursos.

O cenário desenhado reafirma o desprezo histórico das elites brasileiras

quanto à efetivação de políticas agrárias e agrícolas, iniciadas pela distribuição

fundiária, como um passo rumo à democratização da posse da terra. Não falamos,

portanto, de simples divisão de terrenos, mas do êxodo rural, que esvazia o campo e

arruína progressivamente as cidades brasileiras, da vida de homens e mulheres sem

teto ou expulsos de suas casas pela anacrônica persistência de obstáculos

estruturais que precisam ser removidos com decisão política — o que somente

ocorrerá pela via da efetiva participação popular.

Não há como admitir que ocorram novamente massacres, a exemplo de

Eldorado dos Carajás, nem que vidas sejam ceifadas nos inúmeros embates que

envolvem questões de terra em nosso País, do mesmo modo como não podemos

deixar de responsabilizar o Governo brasileiro pela reincidência no crime de

profunda ligação com o latifúndio.

Conclamo os membros desta Casa para rejeitarmos um projeto que não

contribui para melhorar o Brasil; serve apenas para torná-lo definitivamente atrasado

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e sem perspectivas, coroando a seqüência de ataques aos direitos do nosso povo

com a supressão de qualquer possibilidade de desenvolvimento.

Finalmente, Sr. Presidente, um último assunto.

A crise que atinge a saúde pública no Brasil vem tomando vultosas

proporções. A redução de investimentos, aliada à precariedade do serviço oferecido,

configura um cenário de desmonte que atinge homens, mulheres e crianças, jovens,

adultos e idosos, das classes sociais menos favorecidas. O Sistema Único de

Saúde, SUS, conquista da sociedade brasileira, foi um importante passo na tentativa

de democratizar o acesso aos serviços, oferecendo à população atendimento de

qualidade e de caráter preventivo e curativo.

Registro nesta tribuna o Dia Nacional de Combate ao Câncer, doença tão

antiga quanto a humanidade, que sempre desafiou a medicina.

Em estimativa da Organização Mundial de Saúde, OMS, em 1999 eram

esperadas cinco milhões de mortes por câncer. Tal número corresponderia a 12%

dos óbitos daquele período, ocupando o câncer o terceiro lugar em causas de

óbitos.

No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer — INCA, do

Ministério da Saúde, as neoplasias representam a terceira causa de morte, com

11,3% do total. Estima-se que, em todo o País, neste ano serão registrados 305.330

casos novos e 117.550 óbitos por câncer. Entre os homens são esperados 150.450

casos e 63.330 óbitos, enquanto para o sexo feminino a estimativa é de 154.880

casos e 54.220 óbitos.

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Dentre os variados tipos da doença, o principal a acometer a população

brasileira será o câncer de pele não melanoma, seguido pelas neoplasias malignas

da mama feminina. Com relação à mortalidade, estima-se que o câncer de pulmão

será a primeira causa de morte no sexo masculino, e entre as mulheres registra-se o

câncer de mama.

No Nordeste, vale ressaltar que a diferença se coloca na estimativa para os

homens, apontando o câncer de próstata como o maior causador de óbitos.

Tal cenário confirma a gravidade da doença nos mais diversos níveis e em

todos os cantos do País. No entanto, gostaria de remeter, neste momento, à

situação do Câncer de Mama no Ceará. Segundo o Presidente da Associação

Brasileira de Mastologia/CE, Dr. Fernando Melo, a doença tem quase 100% de cura,

caso seja detectada em fase inicial. A prevenção é simples, constituindo-se no auto-

exame e na mamografia, que podem diagnosticar o tumor em uma fase ainda

precoce.

Diante dessas informações, gostaria de tornar pública a falta de ações

efetivas da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará no combate ao

câncer. Vale ressaltar que o próprio Ministério da Saúde apresenta um Programa

Nacional de Prevenção ao Câncer de Mama que não se desenvolve no mesmo ritmo

da gravidade dos dados. O programa somente agora encerrou a fase de

sensibilização e capacitação de profissionais de saúde.

Cito aqui os números do meu Estado. O INCA estima que em 2001 860

mulheres terão câncer de mama no Ceará, sendo 460 casos em Fortaleza, que

acarretarão a morte de 110 mulheres. Em todo o Estado serão 210 óbitos. Em

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Fortaleza, a quinta Capital do País, com população de 1.137.872 mulheres, de

acordo com o Censo IBGE/2000, temos, segundo o Dr. Fernando Melo, "255 mil

mulheres acima dos 40 anos que necessitariam anualmente de mamografia.

Considera-se que 80% dessas mulheres necessitem de exames através do SUS, o

que somaria 204 mil mulheres. Sendo realizada uma mamografia por ano, seriam

necessários 28 mamógrafos só em Fortaleza, que hoje dispõe de 6 aparelhos, com

apenas um mastologista no serviço de saúde do Município. No Ceará, nós temos

845 mil mulheres acima de 40 anos de idade, e temos no interior do Estado três

aparelhos, com apenas dois mastologistas. Concluímos então que essas mulheres

tendem a saber da existência do tumor já em fase mais avançada".

Em países do Primeiro Mundo os exames são realizados independentemente

de a mulher apresentar sintomas ou não. Tal fato permite que, por exemplo, nos

Estados Unidos, 80% das mulheres que desenvolvem a doença sejam submetidas

apenas à retirada do nódulo. Os outros 20% teriam a remoção completa da mama.

No Brasil a estatística é diametralmente oposta. A elevada incidência desses casos

dá-se por conta das dificuldades de acesso a consultas médicas com profissionais

especializados, bem como ao exame propriamente dito.

Outra grave denúncia feita pelo Presidente da Sociedade de Mastologia

revela que a Prefeitura de Fortaleza comprou três aparelhos de mamografia há

quatro anos. Um deles foi inaugurado um ano após a compra; os outros dois,

aproximadamente três, quatro meses atrás. Quando foram utilizados pela primeira

vez, esses equipamentos apresentaram defeito, por má conservação. Aliado a isso,

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faltam profissionais especializados, tanto radiologistas para a detecção do problema,

como mastologistas.

O quadro apresentado alia-se à gravidade na incidência de casos de câncer

de colo uterino, a segunda causa de morte entre as mulheres brasileiras. Para essa

modalidade existe um Programa Nacional de Prevenção em fase mais avançada. No

entanto, tal programa não é operacionalizado pelos Municípios e Estados em sua

capacidade. Muitas dessas cidades não disponibilizam o material necessário aos

profissionais responsáveis. Para se ter idéia, o exame papanicolau existe há 40

anos, e mesmo assim não consegue atingir a população feminina que necessitaria

do exame.

Conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará — SESA, o

INCA havia estimado para o ano 2000 150 óbitos por câncer invasivo (em estágio

avançado) em 540 casos. No entanto, os dados superaram as estimativas: tivemos

174 óbitos em 565 casos.

Quando avaliamos os dados destinados ao tratamento da doença, a situação

não é diferente. O tratamento inicial para casos de câncer invasivo custa, em média,

R$ 4.800,00. O Estado do Ceará gastou com tais procedimentos o equivalente a R$

2.701.361,00. Tal valor corresponde a 503 mil prevenções, ao custo de R$ 5,37

cada. Comprova-se com isso a inversão na utilização dos recursos: ou seja, gasta-

se mais com o tratamento da doença em estado avançado do que com ações

preventivas.

Neste dia que marca o Combate Nacional ao Câncer, denuncio a política

criminosa do Governo, que, no intuito de agradar o sistema financeiro internacional,

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subtrai recursos da saúde. E saúdo os profissionais de saúde do nosso País, o

Sindicato dos Médicos, a Sociedade Brasileira de Mastologia/CE e todos os

profissionais da área de saúde e funcionários do Instituto do Câncer do Ceará, ICC,

por sua dedicação, perseverança e defesa de uma saúde pública de qualidade em

nosso Estado.

É o que tenho a dizer.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se o Brasil tem muito viva a

consciência social da sua nacionalidade, falta-lhe ainda a plena consciência política

nacional dos seus problemas. E entre esses problemas está o da universidade

pública, que não pode continuar a estiolar-se em disputas estéreis dos seus corpos

docente e discente com a administração, muito menos restringir-se ao litoral ou aos

grandes centros urbanos interiores — São Paulo, Belo Horizonte e Brasília,

inclusive. Acho que poderíamos, ainda hoje, seguir a advertência de Gil Vicente num

dos seus "Autos", adaptada ao nosso País: "ó famoso Brasil, conhece bem o teu eu

profundo!"

Essa, a razão da minha proposta de interiorizar cada vez mais a Universidade

no Brasil, em particular no Nordeste, com os Projetos de Lei nºs 5.646 e 5.647, que

criam, respectivamente, as Universidades do Sertão e do Agreste — a primeira com

sede em Arcoverde e campi avançados em Serra Talhada, Afogados da Ingazeira,

São José do Egito, Salgueiro, Ouricuri e Araripina; a segunda com sede em Caruaru

e campi avançados em Belo Jardim, Pesqueira, Bezerros e Garanhuns.

Ambas as universidades seriam vinculadas ao Ministério da Educação,

funcionando como fundações, com recursos do Orçamento Geral da União, auxílios

e subvenções de entidades públicas e privadas, receita por serviços prestados,

operações financeiras e outras rendas.

Para o Orçamento de 2003, deverei apresentar emendas que permitam os

gastos iniciais de implantação, mas não excluo inseri-las na revisão orçamental de

2002.

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Com esses dois núcleos de ensino, estaremos, em Pernambuco, dando

condições para que a juventude, em busca de aprendizado técnico, de nível

superior, desfrute em seus Municípios de origem das condições para a sua

formação, a exemplo do que se observa no Sul e no Sudeste do País, com escolas

superiores de alto nível e laboratórios técnicos iguais ou comparáveis aos da Europa

e dos Estados Unidos (Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos).

Essas iniciativas inserem-se numa estratégia de ensino universitário público

no Brasil que passe a privilegiar núcleos populacionais e "cidades-pólos" do interior,

em lugar de continuar a concentrar investimentos e pessoal docente nas Capitais

dos Estados. A interiorização da universidade, "sociologicamente orientada", como

queria Gilberto Freyre, é uma dessas "utopias concretas" que, como político, venho

defendendo, na busca de um novo horizonte mobilizador para a juventude brasileira.

Muito obrigado!

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O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, independentemente de estar filiado ao PSDB e

de integrar a base de apoio governista nesta insigne Casa de Leis, possuo

discernimento suficiente para, livremente, manifestar minhas opiniões sobre a

administração do Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Assim tenho feito, Sr. Presidente, por compreender que, apesar de

necessitarmos de avanços em alguns pontos, nunca o País contou com uma

administração tão seriamente comprometida com o desenvolvimento social e

econômico, podendo citar como exemplo os investimentos feitos pelo Governo

Federal, em particular, em minha base parlamentar, o Estado do Rio de Janeiro.

Quero saudar, Sr. Presidente, que se tenha adotado, nestes últimos meses,

uma política mais contundente de divulgação dos êxitos da administração federal

nos mais diversos segmentos, como saúde, educação, habitação, saneamento e

infra-estrutura, expondo-se para a população, com a devida correção, a

responsabilidade por políticas públicas que têm radicalmente mudado o Brasil.

Várias foram as ocasiões em que apontei para um certo estado de letargia e

apatia da população para os principais avanços registrados após a conquista do

controle inflacionário, resultante da pauta definida pelo Plano Real, que se devia,

fundamentalmente, a uma certa inépcia do Governo Federal em assumir, de forma

ostensiva, os bônus do programa social-democrata coordenado pelo PSDB.

Não me refiro, colegas de Parlamento, à adoção de uma postura meramente

propagandista de atos, de típico caráter eleitoreiro, mas sim a uma questão de

justiça, porque nós, militantes aguerridos do PSDB, muitas das vezes, presenciamos

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até mesmo o desvincular da imagem do Governo Federal de obras e projetos que

levam a sua marca, recursos pela União destinados.

Se não agirmos com essa clareza, fica difícil passar para a sociedade

brasileira êxitos como o decorrente da prioridade atribuída à universalização do

ensino fundamental por parte do Governo Federal, que implicou a incorporação, por

exemplo, entre 1995 e 1999, de cerca de 3,4 milhões de novos alunos, alcançando-

se com essa expansão o índice de 97% das crianças entre 7 e 14 anos matriculadas

em escolas públicas.

Vários são os programas que hoje, bem divulgados, principiam a ser

entendidos como resultado da determinação e do rigor do Governo Federal em fazer

o Brasil avançar no campo social, em que se destacam áreas como a de educação e

saúde, brilhantemente coordenadas por seus respectivos Ministros, Sr. Paulo

Renato de Souza e Sr. José Serra.

Na esfera da educação, um dos pilares do projeto sustentado pelo Presidente

Fernando Henrique Cardoso, que agora também se torna mais conhecido em todo o

País, houve a alteração no financiamento do ensino fundamental, via implantação do

FUNDEF — Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério, um agente redistribuidor de receitas, permitindo que as

Prefeituras sustentem o incremento de ações em educação em seus Municípios.

Os impactos relevantes proporcionados pelo FUNDEF, em parceria com o

Projeto Toda Criança na Escola, podem ser mais bem definidos nas regiões mais

carentes do País, em que Estados que não atingiram, por exemplo, em 1998 e 1999,

o gasto mínimo de R$ 315,00 por aluno, receberam complementação de recursos

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transferidos pelo Governo Federal da ordem de R$ 424,9 milhões e R$ 674,9

milhões, respectivamente.

Um dos pontos importantes, também do leque de iniciativas englobadas pelo

Projeto de Educação levado a cabo pelo Governo Federal, é que o destina recursos,

via Programa Toda Criança na Escola, para a alimentação escolar. Somente no ano

de 2000 foi registrado o repasse automático de R$ 901,7 milhões, beneficiando

diretamente mais de 37 milhões de alunos, matriculados em 184.570

estabelecimentos de ensino, com 2001 devendo fechar na marca de mais R$ 920,2

milhões.

Ao término desta exposição, reitero que são informações como essa que dão

a dimensão da gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso e apontam sua

preocupação com a promoção da melhora da qualidade de vida do povo brasileiro,

que não pode ficar à margem dos acontecimentos que estão gradativamente

marcando a caminhada do País por uma trilha segura de crescimento

socioeconômico.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.

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O SR. ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PL-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa de Roraima tem noticiado, com

freqüência, a presença de traficantes no Estado, com a maioria dos casos ocorrendo

no interior, principalmente nos Municípios que fazem fronteira com a Guiana Inglesa

e a Venezuela.

O que mais se tem visto nos últimos meses são registros policiais de assaltos

e crimes por todas as regiões do Estado e, em grande parte, tendo pessoas

envolvidas com drogas.

Um Estado até então tranqüilo, Roraima, ao que tudo indica, passou agora a

fazer parte da rota do tráfico internacional. Isso é muito perigoso e ruim para um

Estado que começa a ter um novo impulso em seu desenvolvimento com a presença

de empresários do Brasil e do exterior interessados em implantar suas empresas por

lá.

Recentemente, tivemos um caso que até hoje ainda não está bem

esclarecido. Trata-se do seqüestro de um avião da empresa Guiana Airway, que foi

seqüestrado na Guiana Inglesa com doze pessoas, inclusive uma Deputada, e

levado para Roraima, mais precisamente para a Fazenda São Paulo.

Já se sabe que entre os seqüestradores estavam um brasileiro, um uruguaio,

um colombiano e um venezuelano.

No mesmo dia em que o avião seqüestrado aterrissou na Fazenda São Paulo,

mais duas fazendas localizadas na região de Amajari foram invadidas por pessoas

desconhecidas.

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É uma coincidência muito estranha esse seqüestro e as invasões, que estão

intrigando a polícia de Roraima.

As autoridades policiais roraimenses acreditam que a mudança da rota

internacional do tráfico de drogas para Roraima esteja ocorrendo devido ao

desencadeamento das Operações Cobra, feita na Colômbia e no Brasil pela Polícia

Federal, e Orinoco, na Venezuela, liderada pela França, com a participação de mais

seis países.

Essas operações vêm apertando o cerco contra os traficantes na parte da

Amazônia e, com isso, eles passaram a se utilizar de Roraima como rota alternativa.

Para que em nosso Estado não tenhamos problemas com os traficantes e

mafiosos, solicito ao Ministério da Justiça que estenda a Operação Cobra a

Roraima, para acabar com o narcotráfico em sua fase inicial.

É necessário que as providências sejam tomadas agora que o problema está

iniciando. Se deixar para mais tarde, por certo, teremos conseqüências não muito

boas e o narcotráfico tomando conta do Estado.

Muito obrigado.

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O SR. MARÇAL FILHO (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje venho à tribuna, para partilhar de uma

nova conquista do Município Dourados em Mato Grosso do Sul, a construção do

Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência.

A construção em Dourados do primeiro espaço físico destinado a oferecer

atendimento material e psicólogo específico para mulheres vítimas de violência foi

por mim viabilizado por meio de emenda parlamentar ao Orçamento Geral da União.

O Abrigo é uma alternativa segura para evitar os inúmeros casos de mulheres que

chegam a denunciar a violência e maus tratos a que são submetidas por parte de

seus companheiros e são novamente agredidas ao retornarem para suas casas. A

falta de mecanismos de amparo acentua o medo natural das vítimas de denunciar;

conscientes de que não terão onde se abrigar, as mulheres acabam por sujeitar-se,

omissas, às situações de violência.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero ressaltar que a viabilização da

construção desse Abrigo foi por mim articulada desde quando ainda exercia

mandato de Vereador em Dourados; por isso, muito me satisfaz esta sensação de

missão cumprida. A disponibilização de recursos que somam R$ 400.000,00, mais a

contrapartida do Governo estadual, foi-me comunicada pelo Presidente do Conselho

Nacional de Assistência Social, Marco Aurélio Santullo, que na mesma ocasião me

informou da liberação da primeira parcela do convênio, que garantirá recursos

anuais na ordem de R$ 146.000,00, para a implantação em Dourados do Programa

Sentinela, iniciativa do Governo Federal que já está oferecendo atendimento

diuturno a menores em risco de exploração sexual. Muito obrigado!

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O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, conforme estimativas anunciadas pelo

Banco Central, as tarifas de energia elétrica deverão ter um aumento em torno de

30%, em 2002, com o objetivo de compensar perdas das empresas distribuidoras,

em face do racionamento.

Se considerarmos que, no presente ano, o reajuste médio acumulado, de

janeiro a outubro, chegou a 17,4%, devendo fechar 2001 com cerca de 20% de

majoração, teremos, então, um aumento de 56% ao longo do biênio 2001/2002.

Ora, Sr. Presidente, a se confirmarem tais números, o Governo estará

decretando um novo e pesado sacrifício à população, porque estaria elevando

demasiadamente para o consumidor o custo de um bem essencial: a energia

elétrica.

É importante enfatizar que, nesse período de desaquecimento econômico e

desemprego, a massa salarial tem sofrido quedas, porque não se reajustam salários,

muito menos a remuneração dos servidores, bem como os proventos pagos a

aposentados e pensionistas da Previdência Social. Portanto, em condições

absolutamente adversas, o povo brasileiro teria de arcar com um aumento

substancial na conta de energia, mesmo tendo atendido, com muito patriotismo, às

exigências do racionamento que o levou a abrir mão de certos itens de conforto do

mundo moderno.

O mais grave, Sr. Presidente, é que a já anunciada decisão do Governo tem o

propósito de garantir os polpudos lucros de empresas do setor de energia,

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constituídas de capital privado após o processo de desestatização empreendido no

País nos últimos anos.

Ou seja, a crise de energia pune a população sob as formas mais diversas,

porque impõe privações no uso de eletrodomésticos, por exemplo; fez diminuir as

atividades econômicas, provocando mais desemprego; e ainda traz aumentos de

tarifas em níveis muito acima da inflação.

Mas para as empresas privatizadas, Sr. Presidente, sob o controle de grupos

estrangeiros, a crise de energia vem proporcionando verdadeiros prêmios, uma vez

que, embora ofereça menos serviços, garante faturamento e lucro até superiores

aos obtidos anteriormente.

Deixo aqui o meu apelo aos responsáveis pela política econômica brasileira,

para que reflitam sobre essa decisão de aumentar a conta de luz em 30% no

próximo ano. É preciso que seja evitada essa medida, pois ela seria injusta para

com o povo tão sofrido. Não é menos verdadeiro que o elevado desemprego e o

não-reajuste de salários impõem altíssimo custo social às classes trabalhadoras,

especialmente à classe média.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PEDRO VALADARES (Bloco/PSB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tem gente se dando bem e obtendo

grandes dividendos da crise econômica brasileira.

De acordo com minucioso estudo realizado por uma das maiores empresas

especializadas em análise de balanços de instituições financeiras, a Austin Asis, os

maiores beneficiários do Plano Real são os bancos. O estudo revelou que as trinta

maiores instituições financeiras mais que dobraram seus lucros na era FHC,

acumulando pouco mais de 21 bilhões de reais.

Para se ter uma vaga idéia, esse montante daria para construir 1 milhão de

casas populares ou sustentar a Previdência Social por quatro meses seguidos. E,

coincidentemente, essa soma é igual à concedida pelo Governo em socorro aos

bancos com problemas de caixa, o chamado PROER.

De dezembro de 1994 até dezembro do ano passado, os trinta maiores

bancos cresceram 313%. E 2001, pelos dados já divulgados nos nove primeiros

meses, será o melhor ano dos bancos.

Enquanto isso, Sr. Presidente, o brasileiro vai ficando cada vez mais pobre, a

classe média vai sendo cada vez mais comprimida com a elevação tributária, sem

falar na paralisação da tabela do Imposto de Renda e no aumento estrondoso das

taxas de juros.

Há poucos anos, os bancos lucravam com a ciranda inflacionária e agora

lucram principalmente por conta do desespero dos brasileiros ao contraírem

empréstimos.

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Segundo o autor dos estudos, Erivelto Rodrigues, boa parte do lucro dos

bancos pode ser justificada pela diferença entre o dinheiro que os bancos pegam do

mercado e o quanto ganham ao emprestar para empresários e pessoas físicas. O

ganho bruto dos bancos brasileiros com financiamentos para empresas é de 30% e

no caso das pessoas físicas é de 63%. Mais do que o dobro, Sr. Presidente! Em

países desenvolvidos, como nos Estados Unidos ou na Inglaterra, por exemplo, esse

ganho fica em torno de 5% ao ano.

O descomedido lucro bancário dos últimos anos também se justifica pelos

preços das tarifas dos serviços prestados, solução encontrada pelos bancos para

suprir as “perdas” da estabilização da economia, que jogou por terra a ciranda

financeira promovida pela inflação. Outra constatação dos analistas é que essa

performance dos bancos não veio de operações em si, mas principalmente de

ganhos com o câmbio e pelo não-pagamento do Imposto de Renda. Quando um

banco compra outra instituição que tem prejuízo, como aconteceu na incorporação

de vários bancos estaduais, é possível abater o pagamento do Imposto de Renda.

Além disso, Sr. Presidente, o Governo também é um grande responsável pela

engorda dos bancos. O consultor Carlos Coradi explica que houve uma grande

transferência de renda do setor produtivo para os bancos e, principalmente, para o

Governo. Para financiar suas dívidas, o Governo Federal, por meio do Tesouro e do

Banco Central, lança títulos no mercado, pagando uma determinada taxa de juros. A

cada aumento dos juros, o Governo desembolsa mais dinheiro para pagar os

investidores, que, em última análise, são os próprios bancos.

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O que quero ressaltar, Sr. Presidente, é a disparidade e o despropósito dos

lucros e ganhos bancários. Considero natural que os bancos trabalhem e recolham o

que lhes é devido, mas, convenhamos, alguma coisa está errada e passando dos

limites! Dessa forma, é possível constatar claramente a confirmação da famosa

máxima que diz que se alguém ganha demais, é porque alguém está perdendo

demais ou ganhando de menos.

E quem é esse alguém que perde ou deixa de ganhar, Sr. Presidente? São os

usuários dos serviços, os consumidores. Como se não bastasse a carga de deveres

e obrigações que lhes é imposta, são forçados a pagar altas tarifas pelos serviços e

a engolir juros absurdos sobre as transações financeiras. Esse alguém que perde

sempre é o povo sofrido, que paga dignamente seus impostos e acaba sendo

atingido pelos reflexos da ganância de uma classe que depende desses mesmos

usuários para sua subsistência.

Sr. Presidente, quando vamos ser testemunhas de uma inversão de valores

neste País? Até quando vamos conviver com a gritante desigualdade, com a

exploração, com o estímulo à riqueza ilícita e vergonhosa, em prejuízo sempre das

classes menos favorecidas e abandonadas?

Até quando, Sr. Presidente?

Muito obrigado.

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O SR. ARY KARA (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, comemorou-se no dia 10 de novembro último o Dia da

Indústria Automobilística. O Brasil, País emergente, já exibe uma estrutura

econômica invejável, não muito distante dos chamados países de Primeiro Mundo.

Por que razão, Srs. Deputados, destaca-se e privilegia-se o setor automotivo, dentre

tantos setores avançados da economia brasileira, dedicando-lhe um dia de nosso

calendário em sua homenagem?

A história do automóvel se confunde com a própria história recente da

humanidade, particularmente com o século XX. Se quisermos, podemos ir mais

longe e definir o início da era do automóvel como o ano de 1771, quando foi

construído o primeiro veículo — uma espécie de trator — capaz de autopropulsão,

movido a vapor. Mas não cheguemos a tanto. Foi a partir do final do século IX e

início do século XX que uma verdadeira revolução começou a se delinear, traçando

em seguida um caminho sem volta com a criação da Ford Motor Co., em 1903, nos

Estados Unidos. Daí, a indústria automobilística rapidamente se expandiu para a

Inglaterra, França, Itália, Alemanha.

O fenômeno demorou a chegar ao Brasil. Em 1950, existiam 205

estabelecimentos vinculados à indústria automobilística — empresas de autopeças,

fábricas de pneus, pequenas montadoras quase artesanais. Apenas a partir de

1956, no Governo JK, é que se criaram as facilidades para atrair essa importante

indústria para o parque industrial brasileiro. Em 1962, já conseguíamos alcançar

uma produção de quase 200 mil veículos e, a partir daí, dentro de uma política de

altos e baixos, ora de proibição, ora de incentivo às importações e à entrada de

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capital estrangeiro, chegamos, hoje, a uma posição em que apenas o Estado de São

Paulo já produz mais de um milhão de veículos por ano.

Não existiu, Sr. Presidente, em toda a história da humanidade, fenômeno

econômico de tão grande impacto sobre as sociedades quanto a indústria

automotiva. Do ponto de vista econômico e político, pode-se dizer que esta indústria

condicionou e reconfigurou toda nossa escala de valores a nível planetário. A

indústria automobilística praticamente consolidou a opção da humanidade pelo

capitalismo, ratificando uma opção pelo neoliberalismo, numa via de mão única,

conforme advogam alguns estudiosos. As implicações geopolíticas foram e são

enormes; o poder mundial sendo manipulado na direção de garantir o suprimento de

petróleo, com todas as conseqüências e atribulações que, até hoje, ditam as

políticas externas de todos os países desenvolvidos. Os países, praticamente todos

eles, remodelaram sua topografia com a necessidade de construir estradas, milhões

de quilômetros de asfalto, apenas para acomodar o produto revolucionário. As

cidades passaram a enfrentar desafios nunca antes imaginados, para também

acomodar os resultados de uma era — a era do automóvel.

No Brasil, com seu efeito altamente multiplicador, foi seguramente a indústria

automotiva a responsável pela promoção da sociedade brasileira a um estágio

econômico-social mais elevado, tirando-nos do barbarismo do terceiro-mundismo.

Milhões e milhões de empregos diretos e indiretos foram gerados, ajudando-nos a

emergir para um patamar mais aceitável em termos de civilização. Se podemos,

hoje, nos rejubilar de não sermos mais uma mera sociedade agrícola e pleitear uma

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posição menos humilde no concerto das nações, um dos fatores mais importantes

pode, sem dúvida, ser atribuído à nossa indústria automobilística.

Nada mais justo, portanto, Sr. Presidente, que dedicar um dia de nosso

calendário para comemorar o Dia da Indústria Automobilística. Comemorar quer

dizer relembrar, rememorar, reconhecer que o fenômeno do automóvel determinou o

destino da civilização moderna; cultuar aqueles brasileiros, grandes brasileiros que,

com seu descortino, permitiram e facilitaram ao nosso País sua imersão num

contexto inequívoco de tendência para a era do automóvel. Não fomos pegos de

surpresa.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.

Nesta oportunidade, gostaria de registrar o aniversário de uma das mais

queridas cidades de nossa região, que será comemorado neste dia 26 de novembro.

Trata-se de Tremembé, aprazível e aconchegante Município do Vale do Paraíba, às

margens do Rio Paraíba, já nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, que estará

festivamente comemorando os seus 105 anos.

Uma cidade eminentemente religiosa, Tremembé tem no Senhor Bom Jesus

seu padroeiro, recebendo, durante seus festejos no mês de agosto, milhares de fiéis

e visitantes de toda a região. Com imensa satisfação, quando exercia o cargo de

Deputado Estadual na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, tive a honra

de conseguir a transformação de Tremembé em estância turístico-religiosa, antiga

reivindicação de suas autoridades civis e religiosas, fato marcante para acelerar seu

desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de sua população.

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Em reconhecimento ao nosso trabalho em prol do Município, fui agraciado,

com muito orgulho, com o Título de Cidadão Tremembense, outorgado pela sua

Câmara de Vereadores.

Tremembé, Sras. e Srs. Deputados, foi primitivamente ocupada por índios da

tribo dos guaianases, que falavam o tupi-guarani, do qual origina-se o nome da

cidade, Tremembé, que significa "margem do rio". No século XVI, junto às

expedições desbravadoras dos sertões do Brasil colônia, chegou àquelas paragens

o Capitão Jacques Félix, fundador de Taubaté, que fixou residência no sítio

denominado Tremembé, por ficar às margens do Rio Paraíba.

Juntamente com Jacques Félix, chegou um grande número de pessoas,

dentre as quais Manoel da Costa Cabral, considerado o fundador de Tremembé. Foi

ele quem mandou construir em suas terras uma capela, onde era venerada a

imagem do Senhor Bom Jesus. Mas o povoado somente iria florescer em 1672, com

a construção de um templo maior — a Basílica do Senhor Bom Jesus de Tremembé.

Da peregrinação ao local foi se formando gradativamente o povoado, em terras

doadas a Bom Jesus, conforme documentos da época.

Pela Lei Provincial nº 1, de 20 de fevereiro de 1866, o povoado foi elevado a

Freguesia. Em 19 de agosto de 1890 tornar-se-ia Distrito Policial e pelo Decreto

Estadual nº 132, de 3 de março de 1891, Distrito de Paz. Finalmente, o Distrito seria

elevado a Município pela Lei nº 458, de 26 de novembro de 1896, promulgada pelo

então Presidente da Província de São Paulo, Dr. Manuel Ferraz de Campos Sales,

desmembrando-se de Taubaté, graças aos esforços persistentes do Coronel

Alexandre Monteiro Patto.

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Tremembé conta com a sua basílica, construída em 1672 em estilo barroco, a

qual abriga a imagem milagrosa do Bom Jesus, que atrai fiéis de todo o Vale do

Paraíba e de outros pontos do Estado. Cidade turístico-religiosa, Tremembé sedia

muitas outras atrações importantes, como o histórico Convento dos Monges

Trappistas, na Fazenda Maristela. Os Rios Paraíba e Piracuama, sua vegetação

esfuziante, seu clima muito agradável, fazem de Tremembé um dos lugares mais

agradáveis e acolhedores do Vale do Paraíba.

Todo dia 6 de agosto, a cidade promove a Festa do Senhor Bom Jesus, uma

das mais tradicionais da região vale-paraibana. As cidades vizinhas param para

reverenciar o Bom Jesus, quando, ao lado da programação religiosa, ocorrem

diversas manifestações populares, shows com grandes artistas e as atrações do

parque de diversões.

Hoje Tremembé encontra-se em franco crescimento, abrigando um grande

número de empresas, com um comércio bastante variado e inúmeros

empreendimentos habitacionais. Essa fase de expansão deve-se à visão

administrativa de seu dinâmico Prefeito, nosso amigo Orozimbo Lúcio da Silva e de

seu competente Vice, Júlio Otanni, que conseguiram uma grande união política junto

à Câmara Municipal e demais lideranças e autoridades locais. Tudo tendo como

desiderato o desenvolvimento tremembeense e o bem-estar da população local.

Neste dia 26 de novembro, quando do 105º aniversário da querida e simpática

cidade de Tremembé, nossos cumprimentos a suas autoridades, lideranças e à

população em geral, que merecem todo nosso trabalho e consideração.

Parabéns, Tremembé!

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Outro assunto, Sr. Presidente.

É com grande satisfação que me dirijo a essa tribuna para festejar o Dia

Nacional do Hoteleiro, comemorado no último dia 9 de novembro.

Ninguém sabe precisar exatamente como e quando surgiu a atividade

hoteleira no mundo, mas tudo leva a crer que a atividade tenha se iniciado em

função da própria necessidade natural que os viajantes têm de procurar abrigo,

apoio e alimentação durante suas viagens.

A primeira notícia sobre a criação de um espaço destinado especificamente à

hospedagem, Srs. Deputados, vem de alguns séculos antes da era cristã, quando da

realização dos jogos olímpicos na Grécia Antiga. Para a realização dos jogos, foram

construídos o estádio e o pódio, onde se homenageavam os vencedores e ficava a

chama olímpica. Mais tarde, foram acrescentados os balneários e uma hospedaria,

com cerca de 10 mil metros quadrados, com o objetivo de abrigar os visitantes. Essa

hospedaria teria sido o primeiro hotel de que se tem notícia.

A evolução da hotelaria sofreu grande influência dos gregos e especialmente

dos romanos, que, tendo sido ótimos construtores de estradas, propiciaram a

expansão das viagens por todos os seus domínios e, conseqüentemente, o

surgimento de abrigos para os viajantes. Muitos povos europeus influenciados pelos

romanos seguiram essa tendência, multiplicando o número de pousadas por suas

estradas afora. Como naquela época os meios de transporte não percorriam mais do

que 60 quilômetros diários, as viagens quase sempre duravam alguns dias e isso

muito estimulava a criação de hospedarias.

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Com a queda do Império Romano, as estradas vieram a ser menos usadas,

em razão da falta de segurança. Esse fato diminuiu drasticamente o número de

hóspedes, prejudicando seriamente as pousadas. Desse modo, a hospedagem

passou a ser oferecida pelos monastérios e outras instituições religiosas, bem mais

seguras e confiáveis. Esse serviço oferecido pelos religiosos, que inicialmente era

um trabalho informal, tornou-se, mais tarde, atividade organizada, com a construção

de quartos e refeitórios separados e monges dedicados ao atendimento de viajantes.

Posteriormente, foram construídos prédios próximos aos monastérios, destinados

exclusivamente aos hóspedes, dando origem às pousadas.

No século XII as viagens na Europa voltaram a se tornar mais seguras e,

rapidamente, as hospedarias se estabeleceram ao longo das estradas. Aos poucos,

diversos países implantaram leis e normas para regulamentar a atividade hoteleira,

especialmente a França e a Inglaterra.

Em 1650 surgiu um novo meio de transporte que teve grande influência na

expansão da hotelaria: as diligências — carruagens puxadas por cavalos. Essas

carruagens circularam durante quase 200 anos pelas estradas européias, garantindo

um fluxo constante de hóspedes para as pousadas e hotéis. Mas, com a chegada

das ferrovias, as diligências praticamente desapareceram e a rede hoteleira que

delas dependia sofreu um duro golpe. As ferrovias eram um meio de transporte

muito mais rápido, o que resultava em viagens de menor duração. Muitos hoteleiros

não conseguiram se adaptar aos novos tempos e, dessa maneira, vários hotéis

fecharam suas portas ou reduziram seu tamanho, enquanto outros estabelecimentos

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conseguiram acompanhar as novas regras e se ambientar com o novo meio de

transporte.

No final do século XIX, os hóspedes tinham-se tornado mais exigentes e

surgiram, então, hotéis de grande luxo, acompanhando a tendência dos fabulosos

trens e navios de passageiros da época. Com isso, incrementavam-se os serviços

hoteleiros e, com eles, aumentava-se a oferta de empregos.

A partir daí, o serviço de hotelaria se tornou cada vez mais procurado e, nos

dias atuais, ostenta o importante título de coluna do turismo no nosso País,

destacando-se como uma das principais fontes de geração de emprego e de renda.

O faturamento global atual do setor já supera o de indústrias tradicionais, como a

automobilística e a eletroeletrônica e o investimento em turismo passou a ser

altamente considerado.

Nosso País, em particular, abriga um sem número de tipos de vegetação, com

belezas naturais inigualáveis, uma enorme riqueza cultural e um inegável potencial

turístico. Afinal, como nos disse Herculano Iglesias, Presidente da Associação

Brasileira da Indústria Hoteleira Nacional , "o nosso País tão gigante e ao mesmo

tempo tão contrastante tem destinos para todos os gostos". Dessa forma, a indústria

hoteleira exerce um papel fundamental para levar o Brasil a se transformar num dos

centros do turismo mundial. Condições naturais para isso nós temos e os hotéis

constituem-se, na verdade, nos equipamentos fundamentais para a incrementação

do turismo nacional. Cabe aos hoteleiros, nesse contexto, a responsabilidade de

criar infra-estrutura adequada e atrativos para os turistas, sendo que a implantação

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dessa infra-estrutura atrativa é empreitada difícil, que requer seriedade,

profissionalismo e vultosos investimentos.

Como bem disse o nobre colega Deputado Ronaldo Vaconcellos em seu

Projeto de Lei que institui o Dia do Hoteleiro, "cabe a esses profissionais a difícil

missão de abrir caminho para que os benefícios potenciais do turismo traduzam-se,

concretamente, em circulação de riqueza”.

É por essas razões, Srs. Deputados, que vimos, nessa oportunidade, registrar

a importância do ramo de hotelaria para nossa economia, bem como, vimos

cumprimentar todos os profissionais desse setor pelo excelente trabalho que vêm

desenvolvendo ao longo dos anos. Nossos parabéns a todos os hoteleiros!

Comemorou-se no último dia 2 de dezembro o Dia do Advogado Criminalista.

Para homenagearmos esses profissionais, sirvo-me da conhecida máxima do

saudoso mestre Rui Barbosa, que pauta a atuação desses operadores da Justiça:

“Por mais atroz que tenha sido o crime atribuído ao ser humano, ele não decai do

abrigo da legalidade”.

A origem da advocacia está diretamente ligada à questão criminal, cujo

fundamento preconiza que todos são inocentes até prova em contrário. O advogado

é , então, o último bastião de defesa da individualidade entre o cidadão e o Estado.

No entanto, nobres colegas, o criminalista muitas vezes é julgado pela opinião

pública, que confunde defensor e réu, sem levar em conta o preceito constitucional

de que todos têm direito à defesa. Quantas e quantas vezes pudemos escutar a

manifestação equivocada de pessoas que condenam a atuação de determinado

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profissional pelo fato de estar ele prestando assistência a pessoa acusada de

cometer algum tipo de crime?

Esquecem-se essas pessoas que o direito de defesa é um instituto amparado

pela Lei Maior e que o próprio Código de Ética dos Advogados pondera que na

matéria penal o advogado não deve levar em conta sua opinião sobre o caso,

embora muitos façam restrições a determinadas causas, por questões de foro

íntimo.

Falando sobre o tema à Folha de S. Paulo de 10/02/00, o ilustre advogado

Alberto Zacharias Toron disse: “As pessoas que consideram imoral a defesa de

pessoas acusadas (...) deveriam abandonar a própria idéia de Justiça. Seria o

mesmo que defender a priori a procedência das acusações, que às vezes são

meras suspeitas, em todos os episódios de crimes ignóbeis e ignorar o direito

alienável à defesa”

Ora , Sr. Presidente, não sendo a verdade atributo de uns poucos, nem da

opinião pública, conclui-se que o processo é um direito do cidadão e, com ele, o

direito à defesa, que há de ser exercido por um profissional habilitado e disposto a

esgotar todas as instâncias no patrocínio da causa. Não se trata apenas de um

direito, mas de um dever que atende não apenas aos interesses do indivíduo

acusado, mas de toda a sociedade, que só se sente tranqüila com a condenação de

alguém que tenha sido defendido suficientemente, como exige a Constituição.

Ao advogado criminalista estão destinados os grandes desafios, mas, a

despeito da magnitude de sua missão, ele trabalha de forma individual. Ao contrário

dos colegas civilistas, não dispõem de uma clientela fixa, mas sim de uma clientela

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erigida pelo acaso do delito, sempre dotado de muita carga emocional diante das

tragédias envolvendo as partes: vítima e criminoso.

Ele trabalha com as provas que lhe são fornecidas via inquérito e, como bem

ensinou Rui Barbosa, deve sempre apurar a prova, mesmo quando ela pareça ser

irrefutável, cuidando para dar regularidade ao processo na busca da verdade.

Não obstante sua batalha em cumprir o papel que lhe destina nossa

Constituição, a despeito de todas as críticas e recriminações, volta e meia se vê

vilipendiado pela atuação da mídia que, em algumas oportunidades, vem deturpando

o papel dos criminalistas, traçando-o como sendo de operadores do Direito

interessados em garantir a impunidade dos clientes.

A todos os advogados criminalistas os nossos cumprimentos pelo dia que

lhes foi dedicado e nossos sinceros desejos de que a mídia e a sociedade

abandonem o generalismo com que têm tratado essa classe de advogados e

perceba que, em se tratando de matéria criminal, não há crime indigno de defesa e

que esse é um pressuposto básico da justiça.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.

É com grande satisfação que me dirijo à tribuna dessa Casa para dedicar

algumas palavras a todos os orientadores educacionais, felicitando-os pelo seu dia,

que será comemorado em 4 de dezembro.

Não é tarefa das mais fáceis, Srs. Deputados, estar na ponta de lança do

falido sistema educacional brasileiro, justamente quando tanto se fala sobre a má

qualidade do ensino e do alto índice de evasão escolar. Ao orientador educacional

cabe o papel de otimizar as relações do aluno com o processo ensino-

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aprendizagem, procurando amenizar esses tão discutidos problemas que levam o

aluno ao desestímulo.

Ele tanto pode atuar na avaliação de dificuldades de aprendizagem, como

pode intervir como mediador na díade aluno-ensino. Sua postura deve ser a de

permitir que o ensino se dê dentro de uma perspectiva que leve em conta o estilo de

vida, a cultura e as singularidades do aluno, admitindo que o aprendizado é um

processo.

O conhecimento, Sr. Presidente, é fruto de uma construção diária e não uma

matéria que se transfere de um a outro indivíduo. Nesse sentido, o orientador

educacional atua não somente com o aluno, mas, principalmente, diagnosticando e

intervindo na dinâmica proposta pela instituição de ensino. Quando um estudante

apresenta dificuldades de aprendizagem, o mais provável é que o modo de se

construir o conhecimento dele esteja em dificuldades. Ou seja, deve-se trabalhar,

em primeiro lugar, a maneira como a escola está lidando com as singularidades

desse aluno e com seu modo de aprender. É aí que entra a figura do orientador.

Em suma, a figura do orientador educacional é de extrema importância dentro

das instituições educativas, uma vez que seu trabalho eficiente pode reduzir em

muito os atuais números de evasão escolar e repetência. Aos poucos, eles tem

conseguido inserir na sociedade a cultura de que a criança deve ser respeitada no

seu ritmo e modo de aprender e que a escola não pode impor a essa criança seu

modo estático de transferir um suposto saber. Com isso, tornou-se imprescindível

para uma boa relação da criança com o conhecimento.

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A todos esses profissionais nossos sinceros cumprimentos pela passagem de

seu dia!

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. CUNHA BUENO (PPB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há pouco mais de um século, no dia 19 de

outubro de 1901, Alberto Santos Dumont inscreveu seu nome na história da aviação

mundial ao se tornar o primeiro homem a dirigir um balão numa rota prefixada, cinco

anos antes de fazer voar, também pela primeira vez, uma aeronave mais pesada do

que o ar, o 14 Bis.

O talento científico deste brasileiro genial começou a revelar-se muito

precocemente. Na infância, vivida na fazenda de café de seu pai, localizada a vinte

quilômetros do Município paulista de Ribeirão Preto, o garoto Santos Dumont dividia

o tempo entre as leituras de livros de Júlio Verne e o fascínio com as máquinas

beneficiadoras de café, que eram desmontadas e reconstruídas por ele

obsessivamente.

Seu primeiro invento foi uma engrenagem movida pelo vento, que

movimentava as peneiras das máquinas de beneficiar o café. Fascinado pela

mecânica, Santos Dumont também fazia pequenas rodas d´água, balões coloridos,

pipas de papel de seda e aviõezinhos de palha, que eram impulsionados por meio

de um estilingue.

Tanta inventividade conquistou a admiração e o apoio paternos. Quando

Santos Dumont completou 18 anos, seu pai o emancipou, dando-lhe uma pequena

fortuna, e o aconselhou a ir para Paris estudar Física, Química, Mecânica e

Eletricidade, porque acreditava que estas ciências guardavam a chave do

desenvolvimento tecnológico.

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Santos Dumont não poderia ter honrado de forma mais plena e genial a

confiança do pai. Ousado e imaginativo, protagonizou os dois maiores marcos da

história da aeronáutica, ao dirigir um balão ao redor da Torre Eiffel, durante meia

hora, proeza com que conquistou o Prêmio Deutsche, e ao tornar-se o primeiro

homem do mundo a decolar do chão pelos meios próprios de sua aeronave, ficar

determinado tempo no ar de forma controlada e pousar.

Ao contrário dos americanos Wright, que tinham um confesso interesse

comercial na aviação, Santos Dumont era um idealista. Wilbur e Orville Wright

voaram escondidos e patentearam todas as suas invenções. O brasileiro gostava de

voar em público e considerava-se suficientemente recompensado com a mera

difusão do novo invento pelos quatro cantos do mundo.

O primeiro vôo dos irmãos Wright foi realizado sem testemunhas, numa

fazendola no interior dos Estados Unidos, com um avião que não levantou vôo

livremente, mas com o auxílio de uma espécie de catapulta. Ainda assim, graças ao

enorme poder da indústria de informação americana, a maior parte da humanidade

ainda acredita que foram eles os verdadeiros inventores do avião, enquanto Santos

Dumont é muito pouco conhecido fora do Brasil.

Logo após a criação do 14 Bis, Dumont criou uma linda e diminuta aeronave,

batizada de Demoiselle, considerada sua obra-prima. A quem se apresentava com

interesse de comprar o projeto, o brasileiro, para surpresa geral, afirmava abrir mão

de todos os direitos de autoria do invento e chegou a publicar um detalhado

diagrama da aeronave na revista americana Popular Mechanics.

Depois dessa publicação, dezenas de pessoas em vários países do mundo,

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inclusive inventores, como Fokker, copiaram o projeto do Demoiselle, com pequenas

modificações e o patentearam como criações próprias. Mais de duzentos aparelhos

semelhantes foram produzidos nos anos seguintes.

Além do avião, inúmeras outras invenções que se incorporaram

definitivamente ao nosso cotidiano são da autoria de Santos Dumont, como o relógio

de pulso, o chuveiro e a garagem para os aviões, o hangar, com porta de correr.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é lamentável que as façanhas e

conquistas deste extraordinário brasileiro sejam tão pouco conhecidas entre nós.

Suas múltiplas virtudes, como o arrojo, a persistência, a sensibilidade, o pioneirismo,

a criatividade, a capacidade de realização, a engenhosidade, a coragem e a

generosidade, o tornam um exemplo admirável para todos os brasileiros, prova

inspiradora de como é possível superar obstáculos e dificuldades na busca de um

ideal.

Foi com grande satisfação, portanto, que tomei conhecimento da campanha

lançada pelo Comitê de Preservação da Memória Nacional, sob a coordenação do

Sr. Tonico Ramos, com o objetivo de tornar Santos Dumont conhecido e respeitado

por seus compatriotas, sobretudo das novas gerações.

Quero aproveitar a oportunidade para registrar meu pleno apoio a todas as

iniciativas que contribuam de alguma forma para resgatar das brumas do

esquecimento nacional as façanhas e conquistas do grande brasileiro que foi Alberto

Santos Dumont.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.

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O SR. FERNANDO ZUPPO (PSDC-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos prestes a votar assunto de grande

interesse do povo brasileiro. Trata-se da proposta de emenda constitucional que

permite o ingresso de capital estrangeiro em jornais, revistas e emissoras de rádio e

televisão em até 30%.

O assunto deve ser encarado com toda seriedade, pois os meios de

comunicação são de vital importância para todos os aspectos da vida nacional. Digo

isso porque há motivos de sobra para nos preocuparmos com a possibilidade de um

país estrangeiro vir a impingir os seus programas, suas idéias e seus interesses, de

forma a prevalecerem sobre os nossos valores culturais, deixando para trás todo o

trabalho de unificação da cultura e da língua que vem sendo proporcionado pela

televisão e demais meios de comunicação.

Assim entende a maioria dos nossos artistas, produtores, diretores e

pessoas ligadas à arte no País. Eles estão preocupados com a idéia de sofrermos

uma invasão de programas prontos, os “enlatados", sem maior valor cultural e a

conseqüente dispensa de inúmeros profissionais das artes que tanto têm lutado por

um lugar ao sol no Brasil.

Compartilho dessas preocupações. É preciso que examinemos a questão

com calma, sob o risco de, votando a proposta como atualmente se apresenta,

dispormos de valores intrinsicamente ligados à nossa identidade cultural e à nossa

soberania.

Não sou contra a modernização e a globalização. Não acho que o capital

estrangeiro nos nossos meios de comunicação seja, necessariamente, lesivo ao

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País. Entretanto, não posso deixar de me inquietar com a possibilidade de darmos

um passo em falso votando pela aprovação de dispositivo que altera a Carta Magna

e os destinos da comunicação no Brasil, tal como se encontra.

Tenho consciência da necessidade de revermos conceitos. Nosso País

precisa de uma mídia moderna, com capacidade de investimento, como disse

Henrique Alves, sócio minoritário de uma afiliada da TV Globo. A proposta

apresentada permitiria aos jornais, rádios, revistas e emissoras de televisão não

somente a participação do capital estrangeiro, mas igualmente o controle das

empresas por pessoas jurídicas, permitindo a captação de recursos nas bolsas de

valores, capitalizando essas empresas.

Acredito que a melhor solução para essa questão, salvo melhor juízo, seja a

exigência de controle sobre a programação e o conteúdo editorial nas mãos dos

brasileiros. Dessa forma, a grade de programação teria preservados os programas

atinentes à nossa cultura e origens, não permitindo a perda desses valores culturais

cristãos em detrimento de valores estranhos e indesejáveis.

Chamo os nobres colegas à reflexão sobre essa proposição, que julgo de

caráter delicado, pois como representantes eleitos pelo voto popular temos a

responsabilidade de zelarmos pelos interesses do cidadão brasileiro e da nossa

Nação.

Muito obrigado.

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O SR. RICARDO IZAR (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste 29 de novembro, como ocorre todos os

anos, a comunidade mundial de nações celebra o Dia Internacional de Solidariedade

ao Povo Palestino, data instituída pela ONU, em 1977, para lembrar a todos os

povos a vergonhosa injustiça que acomete os palestinos, em sua terra e fora dela.

Esse data não foi escolhida por acaso. Lembra o 29 de novembro de 1947,

quando a Assembléia Geral aprovou a partilha da Palestina em dois Estados: um

judeu e outro árabe. Para nós, brasileiros, essa histórica sessão da ONU é

especialmente memorável, visto que foi ela presidida pelo grande Chanceler

Osvaldo Aranha, que, assim, inscreveu o seu nome na própria história geopolítica do

Oriente Médio.

O nome de Osvaldo Aranha é sempre honrado pelo Estado de Israel, como

um de seus mais eminentes apoiadores e até fundadores, mas é injustamente

omitido quando se fala dos palestinos. Porém, é importante ressaltar que a célebre

sessão não aprovou apenas a criação do Estado de Israel, mas, também, a criação

de um Estado árabe independente. O correr dos acontecimentos e, sobretudo, o

apoio irrestrito americano à causa israelense fizeram com que a resolução então

aprovada se tornasse letra morta para o povo palestino, e o Estado independente,

um sonho distante.

E quando falo no correr dos acontecimentos, refiro-me especialmente à

política israelense, implantada continuamente após 1967, de judaização dos

territórios árabes, o que constitui verdadeira e bárbara violência contra a população

palestina, incluindo o assassinato de inúmeros de seus líderes, a repressão a

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demonstrações públicas de protesto, a destruição de lares, o bloqueio ao trânsito

livre, e, com mais eficiência ainda, a implantação das inúmeras colônias nos

territórios ocupados, na clara intenção de descaracterizar a região como árabe-

palestina, e, assim, justificar a invasão e a presença israelense como fato

consumado.

Na verdade, Sr. Presidente, a criação do Estado de Israel, se, por um lado,

deu um lar a um povo sem terra, então recém-oprimido pela barbárie do holocausto,

por outro, numa das injustiças mais gritantes que a História já testemunhou, marcou

o começo do sofrimento de um povo, que viu usurpada a terra onde já vivia há

séculos. E, isso, sobretudo, pela força do argumento bíblico de que aquela terra lhes

fora prometida por Deus a seus antecedentes.

Ora, trata-se, sem dúvida, de um dos mais graves casos de fundamentalismo

religioso de todos os tempos, termo hoje em dia quase que exclusivamente aplicado

à filosofia e método de ação dos extremistas muçulmanos, que pretendem justificar

ações terroristas injustificáveis e interpretações inaceitáveis das mensagens

sagradas, mas que, inevitavelmente, há de se aplicar à política israelense de

ocupação dos territórios palestinos.

Neste ano, Sr. Presidente, o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo

Palestino reveste-se de singular importância, dada a delicadíssima situação da

região. O mundo não pode tolerar o terrorismo, isso é verdade, mas verdade

também é que não pode tolerar a injustiça que gera a irracionalidade de tais atos.

Neste dia, não cabe elogiar nenhum Bin Laden, ou quem quer que promova a morte

de inocentes, mas, por outro lado, não nos podemos esquecer de um Ariel Sharon,

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que publicamente admite e justifica o assassinato de palestinos, pela simples razão

de serem líderes de seu povo — e esses assassinatos já ultrapassam as seis

dezenas, para mencionar apenas os mais recentes.

Ora, enquanto não houver respeito mútuo das partes envolvidas no conflito,

não haverá solução para a causa palestina. Em 1993, Yasser Arafat deu um passo

até então inimaginável, ao reconhecer o Estado de Israel e eliminar da carta da OLP

o dispositivo que determinava a sua destruição. Do outro lado, assistimos ao fato

também até então pouco provável, do reconhecimento, por Israel, da OLP, e da

criação da Autoridade Nacional Palestina. Porém, a verdade é que, mesmo assim,

não mudou em nada a política israelense de assentamentos em territórios

palestinos, ou, pior ainda, esta acabou por se acirrar, o que provocou uma nova

Intifada.

E é em meio à luta desigual entre tanques e pedras que se comemora mais

um Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Assim, não nos resta

senão juntar nossa voz àquela desse povo, que luta, com os parcos meios materiais

e políticos de que dispõe, pela sua verdadeira e definitiva independência, o que

inclui, sem dúvida, a soberania sobre todo o seu território.

Em meu nome e no do povo que aqui represento, uno-me ao povo palestino

em solidariedade à sua nobre causa, na esperança de que, em breve, este 29 de

novembro não mais precise ser comemorado apenas como solidariedade e

esperança.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ ANTONIO FLEURY (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero consignar neste momento

homenagem à SORRI-BAURU, que faz parte do Sistema SORRI e está completando

25 anos de existência, ajudando a escrever, com seu trabalho e eficiência, a história

da cidade de Bauru.

Fazendo um breve relato de suas atividades, podemos dizer que não apenas

a homenageada SORRI-BAURU, bem como todo o Sistema SORRI estão voltados

para a prevenção de incapacidades e a inclusão social de pessoas portadoras de

deficiências e hansenianos.

Em 1972, iniciaram-se no Brasil estudos sobre a segregação de pessoas com

hanseníase, com o apoio da American Leprosy Mission, cujo contingente mundial

estava em torno de 15 milhões de pessoas.

Em 25 de setembro de 1976, foi fundada a Sociedade para Reabilitação e

Reintegração do Incapacitado — SORRI, para atender a pessoas com deficiências

física, mental, auditiva, visual e portadores de hanseníase a partir de 14 anos de

idade.

Em 1977, foi inaugurada a primeira sede da SORRI, em um pequeno prédio

escolar alugado, iniciando as atividades para oito clientes e contando com três

funcionários.

Em 1981, Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiências, foi

inaugurada a nova sede da SORRI, com capacidade de atendimento de 100

pessoas/dia.

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Em 25 de setembro de 1985, foi criado o Sistema SORRI, com o advento da

SORRI-BRASIL, com o objetivo de promover e incentivar a criação e funcionamento

de novas unidades e organizações similares: garantir o cumprimento da filosofia

SORRI; capacitar profissionais na área de reabilitação; desenvolver programas

educativos, sensibilizar e conscientizar a comunidade sobre os problemas e

potencialidades dos usuários do sistema, visando, ainda, cumprir sua missão

precípua, que é “apoiar pessoas com deficiências na sua justa luta para se

desenvolver material e espiritualmente e se incluir na sociedade como pessoas úteis

e dignas”.

Hoje, o Sistema SORRI conta com cinco centros de reabilitação profissional,

nos Municípios de Bauru, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, no Estado

de São Paulo, e, no Estado do Pará, com mais um centro, em Parauapebas.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a história de vida de uma

entidade que nasceu para mudar os destinos de seus usuários, incluindo-os na

sociedade para que usufruam de seus direitos e deveres de cidadãos, contribuindo,

desta forma, com seus esforços para a grandeza de nosso País.

Portanto, nada mais justo do que parabenizar o Presidente da SORRI-

BAURU, Sr. João Carlos de Almeida, e todos os funcionários e técnicos da unidade

aniversariante, pois é através deste valoroso corpo funcional que se alcança o

objetivo humanitário proposto pelo Sistema SORRI.

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O SR. PAUDERNEY AVELINO (Bloco/PFL-AM. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a recente divulgação dos

resultados do Censo 2001 merecem, ao meu ver, especial registro e comentário,

sobretudo porque estamos vivendo, e as pesquisas censitárias naturalmente

refletem, um momento de transição, marcado por uma série de mudanças,

experimentos e tentativas.

Ademais, estamos na etapa final de um governo, oportunidade em que

importa avaliar eventuais êxitos ou insucessos nas iniciativas que, no âmbito

político-administrativo, foram desencadeadas nos últimos anos.

Os números devem servir também como dados e referências para

implementação dos planos de governo que os potenciais candidatos já podem estar

elaborando para se apresentarem junto ao eleitorado em todo País.

De qualquer forma, vamos encontrar nos resultados do censo avanços,

desigualdades e aparentes contradições, que não nos devem surpreender, já que a

hora é realmente de transição, e os números não podem revelar mais do que a

conjuntura do momento histórico em que as pesquisas foram lançadas e

executadas.

Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu apenas 0,34% no

terceiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado, os dados

divulgados pelo IBGE deixam transparentes sinais de desaceleração econômica e

refletem desempenho que equivale ao de anos recentes de crise, ainda que a

expansão de 0,05%, em relação ao segundo trimestre, tenha um significado tanto

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maior, em face de estimativas anteriormente formuladas, espelhando riscos de

recessão.

Segundo os especialistas, os índices traduzem, sem dúvida, a perda de ritmo

decorrente da conjugação de fatores negativos com os quais a economia nacional

se defrontou, tendo a atividade econômica retornado aos níveis de 1999, no período

pós-desvalorização do real.

Como em outros períodos, a taxa de expansão da economia, embora

pequena, só foi possível graças à agropecuária, ao setor de serviços e ao bom

resultado agrícola, graças ao aumento substancial da produtividade e das

exportações. Com uma área plantada de 37,3 milhões de hectares, o País vai colher

98,1 milhões de toneladas na safra 2000/2001, contra 82,8 milhões da anterior, o

que representa um crescimento de 18,5%, o maior de nossa história.

Mas vale a pena insistir em que os dados censitários devem sempre ser

analisados com cautela, muito especialmente quando se refiram à área social.

Nesse campo, as pesquisas precisam ser vistas num contexto de profundas

mudanças operadas no sistema educacional brasileiro, as quais vêm sendo

incorporadas de forma desigual, com mais ou menos sucesso, pelas redes de

ensino estaduais e municipais.

Assim, para podermos avaliar a qualidade do ensino, e não ter uma pálida

noção da evolução, em termos numéricos, do sistema, é, mais do que nunca,

indispensável checar os fatos que estão por trás dos novos números.

O Censo 2001, realizado em momento de grande expectativa com relação às

novas políticas públicas em educação, aponta para algumas contradições. Ou para o

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que, à primeira vista, por falta de análise minuciosa dos números, parece

contradição.

Comemorou-se, por exemplo, a redução da repetência nos últimos cinco

anos: a taxa baixou de 30,2% para 21,6%. Apenas no Rio de Janeiro ela cresceu de

20,3% para 24%, precisamente no Estado que, segundo rigoroso sistema de

avaliação ultimamente adotado, alcançou as maiores médias em quase todas as

séries, subindo da 23ª para a 4ª posição no ranking nacional e para a 1ª no

Sudeste.

Ora, se o desempenho dos fluminenses foi o melhor e, ao mesmo tempo, a

taxa de repetência cresceu, isso já não constitui um indicador muito claro da

qualidade de ensino.

Como se vê, é preciso uma revisão conceitual, e não se pode considerar

isoladamente um item da pesquisa censitária.

Igualmente, não dá mais para associar, sem maiores análises, os fenômenos

da evasão e da repetência.

Há índices curiosos, se não distorcidos. Um exemplo: a média nacional de

evasão é de 4,8%. Roraima, com um índice que pulou, em evasão, de 10,3% para

11,2%, passou, no entanto, a integrar o seleto grupo de Estados cuja taxa de

repetência está abaixo da média nacional, ao lado do Ceará, Minas Gerais, Espírito

Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Em suma, a evasão encontra-se acima da média em 18 Estados, apesar de

terem eles reduzido a repetência. E os campeões da repetência não são campeões

da evasão.

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Esta análise não vem, de forma alguma, em desabono da qualidade técnica

do desempenho do IBGE. Ela pretende apenas chamar a atenção para o cuidado

que é preciso na interpretação dos números revelados pelo Censo 2001.

E, como as estatísticas são um referencial valioso e irrecusável na

implementação do processo decisório, os números deste censo devem ser tomados,

antes de tudo, como ponto de partida para um auto-exame dos Governos e de suas

políticas, planos e programas, muito especialmente quando estiver em causa a área

social, que é um campo de estudo e de atuação muito mais vulnerável e mais

sensível.

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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Plenário desta Casa, infelizmente, tem

conhecido fatos que demonstram a existência, na Bahia, de uma corrente política

que sobrevive ao tempo. Sua feição está estigmatizada como a do velho

coronelismo. Na prática, é a da corrupção pura e simples — o uso dos recursos

públicos, financeiros e materiais para usufruto pessoal.

Um dos casos mais recentes, divulgado pelo jornal A Tarde, a partir de

denúncia do Vereador do PT da Câmara Municipal de Amargosa, Valmir Sampaio, e

de colegas de oposição, é o do Prefeito da cidade, Rosalvinho Sales, do PTB.

Conforme documentos levantados pelo companheiro petista, o Prefeito

transferiu o equivalente a 20% da receita do Município para as contas dos seus

assessores e parentes. Isto é, 800 mil por mês estão indo para contas pessoais.

O Prefeito encontrou um jeitinho de se beneficiar dos recursos da Prefeitura.

Ao invés de pagar diretamente aos fornecedores, Rosalvinho renegocia com eles o

alongamento da dívida. Adia os pagamentos, mas os deposita de imediato na conta

de parentes e assessores. O dinheiro é aplicado e rende juros. Quando o fornecedor

é pago, a turma do Prefeito já levou seu pedaço nisso.

Para comprovar a denúncia, a jornalista de A Tarde localizou um dos

fornecedores da Prefeitura, Getúlio Sampaio, dono de supermercado na cidade,

citado pelo Vereador Valmir Sampaio como um dos que teriam sido usados na

armação. Getúlio mostrou um cheque pré-datado, recebido da irmã do Prefeito,

Karla Isabel Borges Safes, como comprovante de pagamento do fornecimento de

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alimentos para merenda escolar. A Prefeitura havia feito o pagamento na data certa,

mas o dinheiro só chegou ao fornecedor três meses depois.

Como isso acontece? Como o Prefeito consegue, com tanta tranqüilidade,

retirar um recurso público, jogá-lo numa conta particular — a de sua irmã —, que

aplica no mercado, e ainda adiar o pagamento ao fornecedor por três meses? Ora,

porque além de o Prefeito contar com uma equipe de absoluta confiança nessas

tramóias, a tesoureira da Prefeitura é sua irmã, Karla Sales! E isto é só um exemplo

do que está acontecendo.

A armação é antiga e opera no Município há muito tempo. O dono do

supermercado, Getúlio Sampaio, reconhece que só ele já recebeu "uns 200

cheques" da irmã do Prefeito, e não da Prefeitura. A Oposição apresentou

documento ao Tribunal de Contas do Município, questionando as contas no

exercício de 2000, apontando quarenta irregularidades.

Diante destes fatos, o que se indagaria nesta Casa e em todo o Brasil é se o

Prefeito de Amargosa, Rosalvinho Sales, já está na cadeia e se ele e sua turma, no

mínimo, já estão sendo alvo de uma investigação rigorosa. Afinal, tudo isso foi

divulgado na imprensa e o próprio Vereador Valmir Sampaio e outros três

Vereadores de oposição enviaram relatos do caso ao Banco Central, à Procuradoria

do Direito Público e ao Ministério da Fazenda. No entanto, conforme nos consta, até

o momento nada foi feito. Afinal, esta é a Bahia carlista que ainda sobrevive.

De nossa parte, porém, não aceitamos a omissão. Estamos ao lado dos

companheiros Vereadores e da população de Amargosa, que não aceitam a

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corrupção, oficiando aos Poderes Públicos para que intervenham e impeçam a

continuidade desses abusos.

Na oportunidade, queremos destacar a coragem do jornal A Tarde e, no caso,

da repórter Patrícia França, por denunciar estas tramóias diante de uma conjuntura

estadual que reprime a imprensa livre.

Obrigado.

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O SR. MAX ROSENMANN (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna, hoje, para registrar nos

Anais desta Casa nossos mais sinceros votos de pesar pelo falecimento, na última

quarta-feira, dia 28, aos 73 anos, em Curitiba, do ilustre advogado Élio Narezi, ex-

presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraná, e um dos mais

importantes advogados criminalistas do Estado.

Narezi foi presidente da Seccional paranaense da OAB em duas gestões, no

período de 1971 a 1975, além de ter sido conselheiro durante muitos anos.

O nome do advogado ficou marcado pela luta incansável na defesa das

liberdades democráticas e do Estado de Direito, contra o Ato Institucional nº 5, o AI-

5, na época da ditadura militar, quando estava à frente da Seccional.

Outro fato marcante na vida de Narezi foi a inauguração, junto com Salvador

de Maio, do Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba.

Narezi fez da advocacia uma profissão de fé na defesa das liberdades

democráticas, combatendo a ditadura militar através das idéias e ideais.

Como dirigente da OAB, defendeu os direitos e as prerrogativas dos

advogados e a responsabilidade social da profissão.

Seu falecimento representa um duro golpe e uma grande perda para os

paranaenses, só minorado pela certeza de que a história de vida, de profissional e

de pessoa, de Élio Narezi servirá de exemplo para muitas e muitas gerações.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu

pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamento ter de comunicar o falecimento, em

Goiânia, na semana passada, do desembargador Elísio Taveira, ex-Presidente do

Tribunal de Justiça do meu Estado e uma das personalidades mais ilustres da

magistratura de Goiás. Juiz de alta categoria, formado na escola dos mais íntegros

aplicadores da lei, homem de impecável conduta social e respeitável portador de

exemplar cidadania, deixou um nome que, sem dúvida, perpetuado nas gerações

vindouras, será apresentado como um exemplo do servidor público, em particular da

magistratura forense.

Ingressando na magistratura goiana muito jovem, pouco depois de haver

deixado os bancos acadêmicos, o desembargador Elísio Taveira teve a

oportunidade de responder na titularidade de várias comarcas do interior, chegando

a Goiânia para ocupar uma das Varas Criminais. Durante alguns anos, ali exerceu

com peculiar maestria a sua função de julgar, colocando-se acima de quaisquer

injunções e cumprindo a sua missão com a mais absoluta imparcialidade, estribado

única e exclusivamente nos mandamentos da lei.

Como juiz, ao cabo de muitos anos de labuta, não se perdeu nas brumas do

tempo, pois sempre esteve a contribuir para a construção de uma sociedade livre,

justa e solidária, promovendo o bem de todos sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. No uso de suas

atribuições compreendeu que a independência do Judiciário, sem prejuízo da sua

atuação harmônica com os outros Poderes, é assegurada pela Constituição, que lhe

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dá autonomia financeira e estabelece as garantias da magistratura, na conformidade

do que dispõem os art. 95, 99 e 168 da nossa Carta Magna.

O desembargador Elísio Taveira colocou em prática, no tocante ao

procedimento do Judiciário como Poder político do Estado, o que se faz no Brasil de

hoje, isto é, a manutenção das mesmas regras e princípios que igualam ou até

mesmo superam em conquistas as já obtidas por outros importantes Estados

democráticos de Direito. Assim procedeu de maneira a tornar o exercício das

funções jurisdicionais menos moroso e mais eficiente, tendo em conta que o

Judiciário presta serviço público de alta relevância, qual seja, aquele de distribuir

justiça. Por assim dizer, também preconizou a era de um poder judicial criativo, que

atendeu, segundo conceito de Plauto Faraco de Azevedo, às exigências de justiça

perceptíveis na sociedade e compatíveis com a dignidade humana, um poder para

cujo exercício o juiz se abra ao fundo, ao invés do fechar-se nos códigos,

interessando-se pelo que se passa ao seu redor, conhecendo o rosto da rua, a alma

do povo, a fome que leva o homem a viver no limiar da sobrevivência biológica e a

própria exclusão social.

De tradicional família goiana, toda ela constituída de eminentes homens

públicos de formação liberal, inclusive médicos de alto conceito na pesquisa

científica e advogados de invejável cultura jurídica, o desembargador Elísio Taveira

presidiu o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás com muita altivez, incomparável

elegância moral, alto critério administrativo, cultura e eficiência no trato dos

problemas que eram adstritos à sua competência funcional. Por isso mesmo, seu

passamento consternou os membros da magistratura goiana, de todos as instâncias,

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que nele tinham um exemplo de dignidade e de modelar cidadania, abrindo também

uma lacuna de difícil preenchimento na sociedade e no mundo das letras jurídicas.

Consignando aqui o meu pesar, peço que se registre nos Anais da Câmara

Federal o triste evento, que enlutou mais de perto a família judicial do meu Estado.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. JOEL DE HOLLANDA (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.)

- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 17 de outubro o SEBRAE de

Pernambuco completou 33 anos de fundação. E só temos aplausos a dirigir a esse

órgão, que vem contribuindo, sobremaneira, para fortalecer o setor das micro e

pequenas empresas do Estado. Setor empresarial estratégico, engloba 98% dos

estabelecimentos pernambucanos, gera 60% dos empregos e responde por 20% do

PIB estadual.

Com esses números, a defesa de uma instituição que tem propiciado

condições de sobrevivência às micro e pequenas empresas não pode ser vista como

mera retórica, mas como um reconhecimento das ações que vêm sendo

empreendidas. Somente em Pernambuco existem aproximadamente 200 mil micro e

pequenas empresas formalizadas, e estima-se em 800 mil as pequenas empresas

informais. Não podemos ignorar que este universo vem garantindo a geração de

empregos e alavancando a atividade econômica, por sua audácia, baixíssimo

endividamento e criatividade permanente.

Antes visto como um segmento menor, sem expressividade no cenário

nacional, hoje não se discute a importância das micro e pequenas empresas.

Nenhuma ideologia questiona o papel que essas empresas desempenham, até

como base da economia de mercado, além de inovadoras de produtos e tecnologias.

Mas nem sempre foi assim. O reconhecimento da importância das suas

atividades, assim como a criação de um órgão de apoio, os micro e pequenos

empresários devem à SUDENE. Ao final da década de 70, a SUDENE detectou o

desamparo e a fragilidade desse setor, criando um programa — pioneiro na América

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Latina — de apoio às empresas de pequeno porte. Atuando como agências de

fomento, os denominados Núcleos de Apoio à Empresa (NAE) foram o embrião do

SEBRAE.

Vale registrar que, simultaneamente, em parceria com esses Núcleos, foi

criada, na Bahia e em Pernambuco, a União Nordestina de Pequenas Organizações

— UNO, voltada principalmente para as empresas informais.

A partir daí, foi criado o primeiro programa de crédito orientado, com juros,

prazos e mecanismos de garantia diferenciados e adequados ao tipo de cliente.

Nesse sentido, os bancos estaduais operavam com o microcrédito, experiência

retomada, ampliada e modernizada pelo sistema SEBRAE.

Para mensurar o valor do apoio do SEBRAE às pequenas e médias empresas

e os ganhos advindos desse apoio para a sociedade, quero me reportar a um dos

pronunciamentos feitos por mim, no Senado, onde defendi a necessidade de se criar

as condições básicas para que ao pequeno e médio empresário fossem oferecidas

melhores oportunidades de crescimento e manutenção de suas empresas.

Em meu discurso, afirmei que o grande capital, aquele capaz de investir na

alta tecnologia, iria empregar cada vez menos: as fábricas começariam a ser

dominadas pelos robôs, pelos computadores, pelas máquinas que fazem máquinas.

O caminho em busca do emprego estaria nas empresas de pesquisa ou no setor de

serviços, este dominado amplamente pelas pequenas e médias empresas.

Dentro da mesma linha de raciocínio, destaquei que antes a discussão sobre

incentivos aos pequenos empresários decorria da necessidade de dar a eles uma

condição de sobrevida, diante da impiedosa concorrência com os grandes. Naquele

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momento, além desse motivo justo, tratava-se de dar emprego aos brasileiros, que

estavam perdendo vaga para as máquinas. Ressaltei também que esse não era um

fenômeno brasileiro, mas nós tínhamos a obrigação de zelar pelo mercado de

trabalho do cidadão deste País.

Ainda conforme minhas palavras à época, a defesa da micro e pequena

empresa passava a ser uma necessidade de sobrevivência para milhares de

brasileiros. Era a hora de defender o trabalhador, o emprego e, como parte dessa

batalha, criar mecanismos de incentivo aos pequenos e médios empresários.

Essa preocupação foi externada quando exerci o meu mandato como

Senador, período de 1995 a 1998. De lá para cá, os problemas cresceram: temos

mais desemprego e permanecem as distorções na distribuição de renda. Mas este

cenário poderia ser ainda mais sombrio no Estado de Pernambuco se não existisse

o trabalho desenvolvido pelo SEBRAE.

Por isso, quero manifestar a minha admiração pela dedicação e competência

do presidente Josias Albuquerque, que, à frente do Conselho Deliberativo do

SEBRAE de Pernambuco, tem exercido um decisivo papel no fortalecimento das

micro e pequenas empresas do Estado. Papel também exercitado pelo

superintendente Matheus Antunes, na execução dos projetos e programas do

SEBRAE.

Criando incentivos que têm ampliado a instalação de empresas legalmente

constituídas, o SEBRAE possibilita a participação dessas empresas nos mercados

interno e externo, promove o acesso a tecnologias, viabiliza créditos, cria e distribui

o conhecimento e aprimora mecanismos de apoio à comercialização. Acrescente-se

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a isso que, ao oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento dos pequenos

negócios, o SEBRAE gera incentivos para a entrada dos micro e médios

empresários no mercado formal.

Ser responsável por 20% do PIB de Pernambuco não é um feito menor. Isto

requer competência, que vem sendo demonstrada pelos nossos pequenos e médios

empresários pernambucanos, com o decisivo apoio do SEBRAE, que tem sido a

mola propulsora desse canal gerador de empregos e de distribuição de renda.

Por todo esse acervo de realizações, quero parabenizar o SEBRAE de

Pernambuco, o seu presidente, seus diretores, seus técnicos, seus consultores,

enfim, todos os que compõem seu corpo técnico-administrativo, desejando que essa

modelar instituição continue contribuindo cada vez mais para o desenvolvimento do

nosso Estado.

Muito obrigado.

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A SRA. TETÉ BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de divulgar, desta tribuna, um exemplo

de cidadania e respeito pelo meio ambiente.

Artigo publicado no jornal Diário de Cuiabá, de 27 de novembro de 2001, diz:

Barra do Bugre — MT

O Município realizou mutirão do lixo com absoluto

sucesso

O lixo coletado nos rios Paraguai, Bugres e

Córregos foi exposto na Praça Ângelo Masson com

mostra da poluição que provoca o assoreamento.

Cerca de 12 toneladas de lixo foram recolhidas por

jovens, adultos, crianças e estudantes, que no período de

05 a 10 de novembro, vestiram a camisa, num trabalho de

preservação ambiental nas barrancas e leitos dos Rios

Bugres, Paraguai, Córrego da Ema e Córrego do Tanque,

em Barra do Bugres.

No Mutirão Limpa Rio/2001, voluntários enfrentam,

no limite, as inclemências da natureza para tirar

embalagens de plásticos, garrafas, latas de cerveja e de

óleo, e até móveis velhos, fogões e latões das águas.

É o quinto ano consecutivo que acontece o evento, numa feliz iniciativa da

Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, através do Departamento do Meio

Ambiente, em colaboração com entidades de classes, empresas, igrejas, escolas e a

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sociedade, com o fito de executar a limpeza, despoluição dos rios e formar a

consciência da população pela preservação ambiental, legando para as futuras

gerações uma natureza com vida.

O diretor do Departamento do Meio Ambiente, Luiz Boin, contou que, apesar

de esta campanha estar na sua quinta edição, pouco tem diminuído a quantidade de

lixo retirado em relação aos anos anteriores. “Urge a continuidade do processo de

ação porque temos coletado todos os anos a mesma quantidade de lixo”, disse.

“As pessoas precisam ainda refletir melhor sobre essa questão para

salvaguardar a qualidade da água. Se não se despertar para a preservação dos rios

e mananciais, logicamente, num futuro não distante, haverá falta do precioso

líquido”, alertou Boin.

Adianto que Barra do Bugres é privilegiada com tantas belezas naturais, haja

vista o espetáculo da congruência dos Rios Bugres e Paraguai, numa harmonia de

águas de cor diferentes, atraindo a atenção do visitante logo na chegada à cidade.

É para manter belezas vivas como estas que mais ações, como esta

campanha, precisam acontecer, levando à prática os rigores das leis ambientais,

coibindo o abuso dos vândalos e depredadores do patrimônio natural.

Nesta campanha, a conscientização de massa foi feita com a distribuição de

panfletos volantes, com inconteste apoio do Interact Club e de estudantes.

Só para ilustrar, aqui vão alguns dizeres das volantes: “O rio é nosso. As

plantas são nossas. A vida é nossa. Então vamos cuidar do que é nosso”. “Lugar de

lixo é no lixeiro”, lembrava um outro folheto. E mais: “Água é vida. Rio poluído é rio

sem vida. Junte-se a nós nesta campanha de preservação dos nossos rios.

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Colabore. Todas as vezes que seu lixo é jogado fora da lixeira, causará prejuízos à

natureza”.

Dessa forma a campanha tentou mostrar à população a necessidade e a

importância de se preservar o meio ambiente.

A adesão da sociedade foi sobremodo importante, como a participação da

FEMA, que marcou presença efetiva, com as Técnicas de Educação Ambiental Jane

Aparecida da Silva e Sayra Maria Silva Soares proferindo palestra nas escolas

públicas e particulares e fazendo o acompanhamento de toda a fase de execução do

evento.

Encerramento. Na noite do último dia 20, a praça Ângelo Masson ficou

literalmente tomada com as solenidades de encerramento do Mutirão Limpa Rio/

2001. No palco, a caráter, aconteceram atrações variadas, com danças típicas,

apresentações teatrais e shows com artistas locais. Uma carreta com as 12

toneladas de lixo, obviamente, foi a atração máxima, fruto da aludida campanha que

envolveu toda a sociedade. Segundo a Polícia Militar, seguramente 3 mil pessoas

prestigiaram o encerramento, que teve avaliação positiva. Na oportunidade, o

Prefeito Arnaldo Luiz Pereira enalteceu o trabalho da campanha, dizendo-se feliz

com a comunidade barra-bugrense, que está consciente e sensibilizada para uma

maior reflexão sobre o meio ambiente, que está sendo degradado a cada ano.

Há cinco anos consecutivos realizamos o Mutirão Limpa Rio, e neste ano

incluímos também o Córrego do Tanque e o Córrego da Ema, mananciais também

de relativa importância para a nossa comunidade.

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Parabenizo as equipes de trabalho e agradeço a participação à sociedade, na

certeza que Barra do Bugres está consciente da sua responsabilidade de legar para

as gerações futuras uma primavera com flores, água, vida e sazonados frutos.

Vamos continuar este trabalho com “tudo pela preservação ambiental”, como

arrematou o Prefeito Arnaldo.

Enfim, parabenizo o Prefeito e todas as pessoas envolvidas neste feliz

empreendimento de cidadania, e que continuem desenvolvendo iniciativas como

esta, que só dignificam e beneficiam a comunidade a que, com tanto empenho e

abnegação, servem.

Muito obrigada.

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O SR. JAQUES WAGNER (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em eleição ocorrida ontem, o candidato do

ex-Senador Antônio Carlos Magalhães à Presidência do Tribunal de Justiça da

Bahia perdeu por 18 votos a 10 para o Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra.

A vitória foi considerada acachapante. Analistas políticos avaliam que se

trata de um fato histórico no Judiciário baiano.

Nesse sentido, venho a esta tribuna para solicitar que conste dos Anais da

Câmara dos Deputados o brilhante artigo do jornalista Samuel Celestino, veiculado

pelo jornal A Tarde, que dá o tom do sentimento do povo da Bahia no que tange a

essa eleição.

Dentre outras coisas, escreveu Samuel: "Foi mais, muito mais, imensamente

mais do que uma vitória do Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra. Foi uma

vitória da Bahia; da magistratura livre, do afinal desatrelamento do Poder Judiciário

baiano das forças políticas que comandam o Estado... A força não se sobrepôs ao

Direito, e sim o Direito a ela".

Que conste nos Anais desta Casa, para que no futuro os pesquisadores

possam constatar o momento em que novos ventos começaram a soprar em nosso

Estado, os ventos da democracia e de um novo horizonte para que mudanças

importantes ocorram e possam se materializar em cidadania e bem-estar para o

nosso povo.

Assim, ao tempo em que encaminho à Mesa da Câmara o artigo de Samuel

Celestino, saúdo esse novo tempo e esse novo alento democrático que começa a

soprar em meu Estado.

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Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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ARTIGO REFERIDO PELO DEPUTADO JAQUES WAGNER

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O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a instituição do Conselho de Comunicação

Social, como órgão auxiliar do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no

Capítulo V – Da Comunicação Social, embora prevista no art. 224 da Constituição

Federal e regulamentada pela Lei nº 8.389, de 30 dezembro de 1991, até hoje não

foi concretizada, constituindo imperdoável omissão do Poder Legislativo Federal.

Por isso, é alvissareira a notícia de que a Câmara pretende definir ainda este

ano a data para instalação do Conselho, "que vai fiscalizar a programação de TV"

(Correio Braziliense, 3 de dezembro de 2001, p.3), confirmando compromisso

assumido em junho deste ano pelos Presidentes do Senado Federal e da Câmara

dos Deputados, na presença de 35 mulheres, entre Parlamentares da bancada

feminina no Congresso, de movimentos de mulheres e do Congresso Nacional dos

Direitos da Mulher — CNDM.

Diante do que dispõe o art. 221 da Carta Magna, uma das questões que

precisa ser avaliada é a da relação entre publicidade e crianças, principalmente com

o envolvimento de ídolos da população infantil, com a veiculação de matérias que se

transformam em verdadeira coação ou chantagem para a compra dos bens

anunciados, embora desnecessários, supérfluos ou até prejudiciais, além de

incompatíveis com a renda familiar.

Em alguns países é terminantemente proibido que a publicidade se dirija a

crianças e produza sua indução. Em outros, existem restrições importantes. Mas no

Brasil existe um liberalismo total em relação a esse tipo de prática. Esse é um tema

que mereceria debate, conforme acentuou o Sr. Daniel Herz, Coordenador do Fórum

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Nacional pela Democratização da Comunicação, na audiência pública realizada em

reunião conjunta da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática

e da Comissão de Direitos Humanos, em 27 de abril de 1999, manifestando a

convicção de que é possível equacioná-lo.

De minha parte, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, considero que esse é

um assunto que deveria ser estudado pelo Conselho de Comunicação Social, em

sua função de órgão auxiliar do Congresso Nacional, a fim de que pudéssemos

legislar adequadamente sobre a matéria, levando em conta, principalmente, os

princípios da preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas

e do respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família, que a produção e a

programação das emissoras de rádio e televisão devem atender, segundo o disposto

no art. 221 da Constituição Federal.

Portanto, espero que o Presidente Aécio Neves realmente adote as

providências requeridas para a efetiva instalação do Conselho de Comunicação

Social, pois, como também afirmou o Sr. Daniel Herz, na referida audiência pública:

"quando o Congresso Nacional desrespeita as próprias leis que criou, não há

mensagem mais óbvia para a sociedade e para o mercado de que a tolerância com

qualquer tipo de prática nos meios de comunicação está sendo admitida".

Muito obrigado.

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O SR. JOÃO SAMPAIO (Bloco/PDT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, a Baía de Guanabara sofre as

conseqüências de um acidente ambiental em decorrência de vazamento de petróleo,

provocado pelo rompimento do oleoduto que serve à refinaria de Manguinhos. É o

terceiro acidente deste tipo em menos de três meses.

O petróleo, que é hoje a maior riqueza do Estado do Rio, é também uma

grande ameaça para as condições ambientais, não só da baía como também de

todo litoral fluminense.

Os acidentes acontecem com freqüência. As plataformas de produção e de

operação, os navios petroleiros e os oleodutos são pontos de riscos. E as operações

de carga, descarga, bombeamentos etc. são realizadas, a julgar pelos

acontecimentos, sem os necessários cuidados com o ambiente.

O acidente ocorrido na sexta-feira, dia 23 de novembro de 2001, teria sido

provocado pela colisão de uma embarcação com o duto, que deveria estar a dez

metros de profundidade e não a meio metro. Ao que parece, uma indevida

introdução de gás, ou de ar, teria feito com que o duto flutuasse. Ou seja, mais uma

vez, a falta de cuidados, a negligência operacional, o desrespeito ao meio ambiente

provocam mais um derramamento de óleo na nossa baía.

A empresa estima que vazaram 40 mil litros de óleo, enquanto que a

Fundação Estadual para o Meio Ambiente — FEEMA considera que vazaram cerca

de 100 mil litros.

Apesar de a empresa garantir que a situação está sob controle, técnicos

afirmam que novo vazamento poderá ocorrer, pois o duto ainda retém 300 mil litros

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de óleo. É que o reparo emergencial terá que ser substituído por conserto definitivo,

tarefa complexa e que envolve riscos.

A mancha de óleo já se espalhou pelas praias da baía, em particular no

Flamengo, no Rio, e nas praias das Flechas, Boa Viagem e Gragoatá, em Niterói.

Esse foi o segundo maior vazamento ocorrido na baía desde janeiro de 2000,

quando 1.3 milhões de litros vazaram durante o abastecimento da Refinaria Duque

de Caxias, da PETROBRAS, provocando o maior desastre ambiental da história da

Baía de Guanabara e cujas conseqüências até hoje se fazem presentes.

Sr. Presidente, a população do Estado do Rio não pode mais conviver com

essa situação de risco permanente. Não há como negar a importância do setor

petroleiro para a economia do Estado. Entretanto, é urgente que as autoridades

federais e estaduais, responsáveis pelo controle ambiental, executem com eficiência

permanente controle preventivo das operações, para que sejam evitados novos

acidentes. As elevadas multas aplicadas são parte importante do processo de

fiscalização, mas, aplicadas após os vazamentos, não cobrem os prejuízos

ambientais.

Vale lembrar que o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara,

assinado em 1994, pelo então Governador Leonel Brizola, com o Banco

Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Japonês para Cooperação

Internacional, no valor de US$ 600 milhões, triplicou a quantidade de esgotos

tratados e lançados na baía . Apesar do avanço, ainda é pouco e representa apenas

30% dos esgotos. A meta para 2003 é de 55% de tratamento, chegando a 100% de

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tratamento só depois de 2010. Entretanto, os efeitos positivos já se fazem sentir na

atividade pesqueira e na balneabilidade das praias.

Por isso mesmo é preciso antecipar metas de despoluição e evitar acidentes

nas atividades petroleiras, para depois não ter que chorar sobre o óleo derramado.

Muito obrigado.

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O SR. DIVALDO SURUAGY (Bloco/PST-AL. Pronuncia o seguinte discurso.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, política, no sentido de busca e construção

do bem comum, é atividade altamente enobrecedora. Das decisões políticas

dependem milhões de pessoas, cujos destinos estão em jogo. Daí decorre,

exatamente, a delicadeza da posição do político. Da mesma maneira que ele pode

influir na vida dos seus concidadãos, o seu trabalho, os seus atos, a sua existência,

em suma, são constante e sistematicamente fiscalizados e dissecados pela opinião

pública.

Essa análise, que do ponto de vista ideal deveria ser objetiva, pragmática,

condicionada apenas por fatores técnicos, faz-se, entretanto, muitas vezes pelo

sentimento. No Brasil, País em verdadeira ebulição de crescimento, que ostenta o

sentimentalismo decorrente da miscigenação como presença constante em tudo,

alguns políticos, inescrupulosos, lançam mão da passionalidade para fomentar

contestações e impor os seus interesses.

Em plena campanha eleitoral se acentua essa tendência entre nós. Para

muitos, não é o debate sério, construtivo que busca a otimização de soluções. Para

esses, a vitória do seu candidato está acima da verdade, e os sagrados interesses

da coletividade servem apenas de escudo à sua ganância pessoal ou do seu grupo.

Consideramos que a hora é propícia para que todos nós, que exercemos

atividades políticas, fixemo-nos nos objetivos maiores da nacionalidade. Em lugar de

ser período de lutas inglórias, de acentuação da política de campanário, o período

que antecede as grandes decisões deveria ser de afirmações maiores. A bandeira

das idéias deveria ser colocada acima do imediatismo, da vitória a todo custo. O

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respeito mútuo e o reconhecimento das virtudes recíprocas deveriam ter lugar de

destaque na vida de todo homem público.

Todo mundo lucraria com essa colocação superior, exceção apenas,

naturalmente, dos pescadores de águas turvas. A coletividade que se volta sempre

esperançosa e crédula para os seus líderes seria a mais beneficiada, criando-se,

assim, condição precípua à execução do bem comum.

Sob o ponto de vista mais restrito, os políticos conquistariam pontos positivos

junto ao povo, agindo com espírito de elevação, demonstrando, na prática, que

estão à altura dos que desejam toque de grandeza na direção dos seus destinos.

O que é incrível, o que parece mentira é que ainda existe quem pretenda

exercer atividade política pela retaliação pessoal, pelo insulto e pela negação dos

sadios princípios de convivência que desmoralizam e achincalham exatamente

quem os usa como instrumento de luta.

Deixamos aqui convite e desafio àqueles políticos que ainda teimam em não

perceber a nobreza de sua atividade, o sentido maravilhoso de sua ação: sejamos

todos dignos da oportunidade que nos foi oferecida de construir o progresso de

nossa terra e a felicidade do homem brasileiro. Não deixemos que as diferenças

ocasionais e de superfície sejam empecilho a que lutemos juntos na construção da

grande Pátria brasileira com que o futuro nos acena e que depende, exclusivamente,

da nossa capacidade de sentir a sua grandeza e de realizar a sua efetividade.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. AGNALDO MUNIZ (Bloco/PPS-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde sempre existem no Brasil reflexões e

muito debate sobre projetos na área de educação, mas os Governos nunca levaram

a sério o setor. Nunca houve projeto que tivesse sucesso. O déficit do setor

educacional resiste aos séculos.

Educação no Brasil continua a ser privilégio de poucos. No passado, faltavam

até escolas particulares. Hoje, ela está presente em todos os Municípios brasileiros.

O problema é que o povo não tem dinheiro para pagar a educação dos filhos.

Mesmo a classe média brasileira está tendo enormes dificuldades para pagar escola

particular. A inadimplência é enorme. A inadimplência existe na escola fundamental

e no ensino superior.

São os absurdos contrastes brasileiros. As universidades públicas atendem

aos filhos dos ricos e da classe média. Já os pobres têm que trabalhar e pagar a

universidade. Estudar à noite.

Convivemos, no inicio do novo milênio, com o grave e profundo problema da

educação. É fato. A sociedade forma os seus melhores quadros nas próprias

matrizes estáveis das classes. Temos que mudar esse quadro discriminatório.

Precisamos ensejar nova idéia na sociedade, para que o indivíduo possa buscar,

pela escola, sua posição na vida social. O cidadão se forma na escola.

A realidade verificada em nosso País é aquela onde os filhos dos ricos e da

classe média alta conseguem passar no vestibular para os cursos mais promissores

em termos profissionais e para as melhores instituições de ensino.

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Os poucos filhos das famílias de baixa renda que têm acesso ao ensino

superior estudam em instituições de reputação duvidosa. Portanto, menores serão

suas chances num mercado altamente competitivo.

Necessitamos alterar essa realidade proporcionando a cada indivíduo a

oportunidade de ter formação que permita seu sucesso profissional. Precisamos de

transformação mental. Necessitamos mudar o paradigma que não permite ao Brasil

vencer as dificuldades. Que não trate cidadãos brasileiros de forma diferenciada.

A educação escolar brasileira chegou ao fundo do poço. Nunca esteve tão

mal. Não é culpa só do Governo atual. O processo de deterioração do sistema

educacional brasileiro vem acontecendo nos últimos quarenta anos. É questão de

mentalidade, de descaso, de equívoco na interpretação das prioridades. É verdade

que o Brasil nunca investiu na educação como deveria, mas nas últimas décadas

houve descuido total com a educação escolar do nosso povo.

Novos conceitos e aspirações não se concretizam imediatamente. Mas

sabemos que para se construir esta Nação só existe um caminho: a educação

escolar do nosso povo. Para se tornar potência, o País tem que, obrigatoriamente,

investir na educação de seu povo. Esse é o caminho. Foi a trajetória de todos os

países que se tornaram respeitados no quadro internacional.

O nosso sistema ultrapassado de educação mantém o País sem condições de

competitividade e mesmo sem respeitabilidade internacional. É triste vermos o nosso

Brasil colocado nos últimos lugares em pesquisas internacionais no quesito

educação.

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Temos que ensejar política generosa para nosso povo e promover a

democracia educacional. Além de rico, o Brasil é, sem sombra de dúvida, uma das

nações mais ricas do planeta. Temos que oferecer ensino de forma gratuita. Temos

que estimular igualdade de oportunidades, polir a alma do povo por meio do ensino,

estimular a esperança nos nossos jovens, que querem transformar o mundo para

melhor. A transformação só ocorrera quando colocarmos todos os nossos jovens

nas escolas, oferecendo oportunidades para que tenham acesso a uma profissão e

anulem a distância que nos separa dos países desenvolvidos.

Sr. Presidente, outro assunto me traz à tribuna. A sociedade brasileira passa

por grande ameaça: trata-se do perigo do tráfico de drogas. O mercado avança em

decorrência da agressividade dos traficantes, hoje presente na maioria dos

Municípios brasileiros. São bandidos de alta periculosidade que buscam clientela em

todas as faixas de idade. Não respeitam as crianças nem os idosos. Tanto oferecem

drogas a crianças quanto a idosos ou os usam como vendedores.

A ousadia dos traficantes que exploram a vulnerabilidade das pessoas ricas,

da classe média ou pobres para aumentar a freguesia só encontra paralelo na

despreocupação com que as elites que estão sendo corrompidas pela droga

encaram o problema. Pesquisas sobre o consumo eventual ou constante de drogas

por adolescentes em idade escolar revelam números alarmantes. O vício começa

cada vez mais cedo. A droga psicotrópica não afeta só o usuário. Ela deixa o viciado

à mercê de seus instintos e prejudica de modo sensível o seu julgamento.

Governadores e Prefeitos não conseguem enfrentar o tráfico organizado. O

fracasso do sistema repressivo na pretensão de controlar a criminalidade

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relacionada com as drogas está presente em todas as nações. Basta observarmos

que os Estados Unidos têm fracassado em sua política de combate às drogas. E o

consumo aumenta assustadoramente. Se nações fortes que possuem recursos e

polícia preparada fracassam, imaginem nossas dificuldades.

Muitos países conseguiram avanços significativos no combate ao uso de

drogas ilícitas, mas não conseguiram reduzir o tráfico. Política de governo

consistente contra as drogas lícitas e ilícitas é realidade em todos os países, mas o

tráfico no planeta representa volume de recursos que chega a bilhões de dólares. O

custo social é imenso: o cidadão viciado é elemento contaminante do meio ambiente

em que se relaciona. O prejuízo causado pelas drogas pode ser medido com

eficiência. É muito caro tratar do viciado.

No nosso país milhares de jovens estão perdendo o melhor de suas vidas por

se dedicarem aos vícios. Os viciados não têm vontade. Engano. Eles têm uma única

vontade: consumir drogas. Vivem exclusivamente em virtude do vicio. O viciado é

ente digno de compaixão. Todas as vezes em que vejo um cidadão perdido no vício

percebo como é importante termos boa estrutura religiosa. A fé religiosa fortalece o

nosso espirito, pondo-nos em alerta e tirando-nos do mal caminho.

Os pais precisam manter o diálogo e o carinho com os filhos, principalmente

fornecer orientação. Por mais que protejam os filhos, não podem impedi-los de

freqüentar clubes e festas, de viajar, de ter amigos, mas podem fortalecer o seu

caráter, podem ensejar bons hábitos, a exemplo da prática de esportes. A droga é

problema que extrapola a casa e a família. Os pais não podem tirar a liberdade dos

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jovens, não podem mantê-los sob vigilância todo o tempo, mas podem protegê-los

mostrando-lhes o caminho do bem.

O Brasil é país continental e não está preparado, a julgar pelas notícias

divulgadas pelos meios de comunicação, para enfrentar o narcotráfico, apontado

hoje como um dos maiores problemas de países com polícias e sistemas judiciários

mais eficientes do que os do Brasil. Então, podemos verificar as enormes

dificuldades que temos pela frente. Com as nossas deficiências no setor de

segurança pública, como combater o narcotraficante? Organizações internacionais!

Organismos de combate ao tráfico têm freqüentemente falido no seu objetivo.

Os Estados Unidos gastam por ano US$ 75 bilhões de dólares para reprimir,

prevenir e curar os efeitos da droga. Embora apliquem grande volume de recursos, o

consumo de drogas aumenta todo os anos.

Qual será o futuro da juventude com tantas dificuldades? O jovem tem, hoje,

muito acesso a informações negativas pela TV, por jornais, revistas e Internet. Os

filhos dos ricos, da população da classe média, dos pobres, todos tornaram-se

vítimas de traficantes.

Muitas organizações trabalham para encontrar a solução do problema que

destrói cérebros, corpo, a vida, mas a solução ainda não foi encontrada. No Brasil,

não temos política antidrogas definida. As condições sociais subjacentes ao vício da

droga estão sem controle. Existe apreensão de grande quantidade de drogas;

assistimos à queima de toneladas de drogas, mas quanto mais a Polícia mostra

resultados, mais o traficante trabalha.

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Sr. Presidente, quero falar também sobre o déficit habitacional do Brasil. Este

País não financia nem constrói casas para o povo há décadas, promovendo déficit

habitacional assustador, pois leva milhares de brasileiros a se alojar em barracos

improvisados. Não é somente a população de baixa renda que vive em situação

precária: milhões de cidadãos da classe média enfrentam o constrangimento de

morar em locais impróprios.

O pior é que a classe média não dispõe de fontes de financiamentos. Não

existem programas viáveis na área habitacional; o crédito continua limitado. Para a

classe média, o sonho da casa própria continua distante.

No setor habitacional, como em qualquer outro, têm que existir programas

governamentais. A indústria da construção civil depende de iniciativas do Governo.

Não pode, sozinha, promover programas para a sociedade.

Em razão dessa realidade esdrúxula, a grande maioria da população fica sem

crédito e sem casa, vendo o fruto do seu trabalho, o salário, desaparecer no

pagamento de aluguéis. Triste realidade. Num país com tanta espaço, que não

precisa importar matérias-primas usadas na construção civil, que possui mão-de-

obra qualificada e tecnologia, não há financiamentos habitacionais.

Quando o cidadão não possui habitação digna, encontra-se em aflição, pois

morar com o mínimo de segurança e higiene é requisito básico para sermos

civilizados. No Estado de São Paulo, o mais rico da Federação, onde se paga os

melhores salários aos trabalhadores menos qualificados, 30% das habitações não

têm a mínima condição de moradia, segundo pesquisa do SEADE. São,

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aproximadamente, 2,3 milhões de residências consideradas inadequadas, sem

condições de habitabilidade.

Se no Estado mais rico do nosso País a questão da moradia não foi resolvida,

e, o que é muito mais grave, a crise se aprofundou, imaginem os problemas de

Estados pobres do Nordeste. Se essas são as condições atuais do Estado mais

poderoso da União, qual será a dos Estados pobres?

Essa questão social e política nos revela o descaso, a falta de sensibilidade

com o setor habitacional. Não possuímos projeto habitacional sério há décadas. A

culpa não é só deste Governo, temos que reconhecer. São anos e anos de

irresponsabilidade. Nossos governantes fazem política de intenções e não atendem

aos apelos do povo. E a população desamparada se vira como pode. Ocupa

latifúndios urbanos, prédios públicos abandonados e vai por absoluta falta de opção

morar nas ruas. Vez por outra invade prédios públicos. Já existem até grupos

organizados de sem-teto. A ocupação clandestina é o resultado da falta de

investimentos e do estágio de miserabilidade que atingimos. Antes, tínhamos

apenas pobres; hoje, temos miseráveis.

A falta de financiamento habitacional é decorrente de regras criadas pelo

próprio Governo, que incentiva as instituições a investir menos no crédito da casa

própria e até em projetos habitacionais. Não existem incentivos para a construção da

casa própria. Os recursos existem, mas falta vontade política.

Todos esses problemas afetam, de forma aguda, os mais fracos: logicamente,

os pobres e a classe média. Nas cidades, verificamos o resultado dessa política: o

aumento da construção de habitações inadequadas, de barracos e casebres, é a

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prova concreta. O crescimento desordenado não obedece a nenhum planejamento e

contribui para piorar o caos presente nas grandes e médias cidades. No futuro

teremos que reparar a falta de planejamento, e ficará muito caro.

As distorções e as carências vêm se acumulando há décadas. A cada ano

que passa sem a criação de projeto habitacional, mais difícil fica a solução. A

população continua a crescer, o nível de degradação também; os conflitos surgem e

os princípios que equilibram as relações sociais desaparecem.

O déficit habitacional, a falta de planejamento urbano e o aumento

desordenado de moradia vão levar algumas cidades a estado de desordem. Temos

favelas com mais de 250 mil habitantes sem água potável, sem saneamento, sem

energia elétrica — a não ser as ligações clandestinas —, sem coleta de lixo, sem

segurança, sem ordem e sem o ordenamento jurídico que ampara e protege os

cidadãos.

O curioso é que ninguém discorda de que temos, urgentemente, de resolver o

problema habitacional. Nem os cidadãos, nem os governantes. Mas onde estão as

ações?

Essa desordem urbana chegou a um tal grau de gravidade que só poderá ser

resolvida com o lançamento de projeto integrado do Poder Executivo Federal com

Estados e Municípios. Sem a participação do Governo Federal, não há solução. Os

últimos Presidentes foram omissos. E o atual não tem ânimo para resolver os

problemas que afligem a nossa sociedade. Só faz discursos, apresenta ao povo

alguns projetos e viaja muito.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Vai-se passar ao

V - GRANDE EXPEDIENTE

Concedo a palavra ao Deputado Osvaldo Biolchi, que disporá de 25 minutos

para o seu pronunciamento.

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O SR. OSVALDO BIOLCHI (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, antes de iniciar meu pronunciamento propriamente dito, requeiro a

V.Exa. sindicância para apurar a irregularidade que passo a relatar.

Na semana passada, o Exmo. Presidente Aécio Neves autorizou meu

afastamento desta Casa para que eu pudesse proferir palestras em nome da

Câmara dos Deputados. Nessas palestras eu me reportei ao Projeto de Lei nº 4.373,

que trata da recuperação da empresa brasileira. Para minha surpresa, concluo que

alguém votou em meu lugar.

Hoje tomei conhecimento do que está dito em folheto espalhado em meu

Estado pela Confederação Nacional do Comércio: “Vamos limpar a Câmara dos

Deputados. Esses Deputados não sabem o que é trabalho. São os feitores de

Fernando Henrique”. Do folheto também consta minha foto de quando era

seminarista, aos dezoito anos.

Portanto, Sr. Presidente, peço a esta Casa que apure se alguém tocou piano

em meu nome. Estou certo de que não dei procuração a ninguém para votar em

meu nome.

Quero dizer à Confederação Nacional dos Trabalhadores que é leviana a

acusação contida no folheto. Cheguei a esta Casa, pela primeira vez, com 40 mil e

43 votos. Na Legislatura passada, minha foto apareceu em outra listagem, mas não

limparam meu nome. No entanto, meus eleitores estão satisfeitos com meu trabalho.

A maior prova disso é que nesta Legislatura fui eleito com quase 57 mil votos, ou

seja, um aumento de 17 mil votos.

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Se, porém, sou considerado feitor de Fernando Henrique Cardoso — se feitor

é pai não posso sê-lo geneticamente, porque ele é mais velho do que eu —, eu me

sinto honrado por ter trabalhado muito pela Educação e pelo financiamento do

ensino superior, tema do meu discurso na tarde de hoje.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje à tribuna para tratar de um

tema que me fala ao coração. No dia 28 de novembro de 2001, foi baixado o

Decreto nº 4.035, que regulamenta o art. 19 da Lei nº 10.260, de 12 de julho de

2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

— FIES, e dá outras providências.

A Lei 10.260 foi resultado da longa trajetória da Medida Provisória n° 2.094 e

de suas antecessoras, as Medidas Provisórias de nºs 1.827/99, 1.865/99 e 1.972/99,

no Congresso Nacional, e da aprovação de projeto de lei de conversão de nossa

autoria.

A Frente Parlamentar do Crédito Educativo, da qual tenho a honra de ser

coordenador, é composta de mais de duzentos Deputados Federais. Há sete anos,

conseguimos avançar muito na questão do financiamento do ensino superior. Mas

agora, quase no fim do mandato, após análise de dados, sinto-me frustrado ao

concluir que realmente essa Frente Parlamentar pouco ou nada havia conseguido.

Em 1995, havia 1 milhão de estudantes em universidades particulares, e os

cursos de mais de 150 mil desses estudantes eram financiados pelo CREDUC. Em

1999, extinguiram o Crédito Educativo, o que foi lamentável. Tratava-se de programa

que ia ao encontro dos desejos dos estudantes, visto que para integrá-lo não era

necessário avalista, os juros cobrados eram de 3% ao ano e, muitas vezes, não

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havia correção monetária. Mas, em maio de 1999, com a edição da Medida

Provisória nº 1.827, foi criado o FIES, em substituição ao antigo Programa de

Crédito Educativo, tendo por objetivo a concessão de financiamento a estudantes

regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos. O Fundo permite o

financiamento de até 70% dos encargos educacionais cobrados dos estudantes

pelas instituições de ensino. Ressalto que os antigos diretores do Ministério da

Educação que cuidavam do FIES tiveram a capacidade de quase destruir esse plano

de financiamento.

De qualquer forma, em 1999, apenas no meu Estado, o Rio Grande do Sul,

foram financiados quase 30 mil estudantes. Foram cobrados juros altos, de 9% ao

ano. O grande agricultor se queixa, e com razão, de que é muito alta a cobrança de

juros de 8,75% ao ano para o custeio da lavoura, e o prazo máximo para tal

pagamento é de apenas um ano. Imaginem os Srs. Deputados o que significa, na

educação, a cobrança de juros de 9% ao ano, sendo que se trata de financiamento

de longo prazo — entre dez e quinze anos.

De 1999 até o 1° semestre de 2001, o FIES atendeu somente 126.455 alunos.

Neste semestre, foram selecionados 30 mil novos estudantes. Para a manutenção

desses alunos, haverá um desembolso de aproximadamente R$ 400 milhões em

2001.

Posso dizer aos Srs. Deputados que, nesses sete anos, por três vezes foi

elaborada legislação sempre indo ao encontro da inadimplência do CREDUC e do

FIES. Em julho deste ano, foi editada a Lei nº 10.260, que, em seu art. 2º, § 5º,

prevê que os devedores do CREDUC e do FIES podem procurar a Caixa Econômica

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Federal para refinanciar suas dívidas a longo prazo e securitizá-las, até mesmo sem

a cobrança de juros e devolvendo apenas o valor histórico. É muito fácil criticar a lei;

afinal, nenhuma lei é perfeita. E esta Casa trabalhou para ir ao encontro do desejo

de democratização do ensino superior no País.

No Rio Grande do Sul, o Governo Estadual, do PT, abriu mil créditos

educativos, por meio do PROCRED, com juros de 6% ao ano, não 9%. Entretanto, a

correção feita pelas universidades, que todos os anos acontece, foi de no mínimo

10% sobre o valor dos créditos.

Por isso, em nome da Coordenação da Frente Parlamentar do Crédito

Educativo, quero reconhecer que o Ministro da Educação e o Sr. Presidente da

República, nesses sete anos de Governo, tentaram de todas as maneiras criar

instrumentos e sancionar leis que corroborassem o crédito educativo.

A maior fonte de recursos do FIES é a Caixa Econômica Federal que,

somente em 2001 (até outubro), já repassou R$ 248 milhões oriundos da

arrecadação das loterias. Até dezembro, a Caixa deverá ter repassado cerca de R$

320 milhões.

Infelizmente, o FIES atende percentual muito pequeno dos alunos carentes

que estão matriculados nas instituições particulares de ensino superior.

Considerando-se o último censo do Ensino Superior realizado pelo MEC, havia

aproximadamente 1 milhão e 800 mil alunos matriculados nas instituições

particulares em 2000. Neste mesmo período, o FIES beneficiava menos de 100 mil

estudantes, o que representava cerca de 6% do universo de alunos das instituições

particulares. Desta forma, milhares de alunos foram obrigados a abandonar os seus

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cursos por falta de condições financeiras, o que nos motivou a apresentar um projeto

de lei de conversão introduzindo alterações que julgamos fundamentais para a

melhoria do ensino em nosso País.

Concedo aparte ao Deputado Mauro Benevides.

O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputado Osvaldo Biolchi, embora eu não

pertença formalmente a essa Frente Parlamentar a que V.Exa. alude e, pelo que sei,

lidera, também quero manifestar minha solidariedade a sua preocupação e dos

demais integrantes da Frente com relação ao crédito educativo. Na minha última

estada em Fortaleza, recebi grupo de universitários de uma escola superior

particular que foram favorecidos com o crédito educativo. Eles se encontram em

situação de inadimplência e buscam alternativas que signifiquem a recomposição da

dívida que os inibe de continuar o curso universitário. Portanto, V.Exa., com a mais

absoluta oportunidade, traz o tema a debate. Esperamos que a sua intervenção na

tribuna possa levar as autoridades responsáveis — a Caixa Econômica Federal e o

Ministério da Educação e do Desporto — a encontrar alternativa que viabilize a

continuidade dos estudos dessa legião de prejudicados.

O SR. OSVALDO BIOLCHI – Agradeço a V.Exa., Deputado Mauro

Benevides, o aparte.

A Lei 10.260, no seu art. 2º, prevê a possibilidade de renegociação das contas

do crédito educativo. O grande avanço do financiamento no ensino superior

aconteceu no dia 12 de julho do corrente ano, com a sanção da Lei 10.260, que

prevê que toda instituição de ensino fundamental e médio e especialmente de

ensino superior denominada filantrópica, isto é, que goze, pela Constituição, do

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privilégio de não pagar seus impostos e tributos, deverá dar a contrapartida através

da concessão de bolsas de estudo. Isso está previsto no art. 19 da citada lei. Muitas

instituições de ensino superior deste País que se consideram filantrópicas não

estavam fazendo isso e, por meio do corporativismo e do lobby, insistiram para que

o Presidente Fernando Henrique Cardoso vetasse o art. 19. Entretanto, quero

ressaltar o trabalho feito pelo Ministro Roberto Brant, do PFL de Minas Gerais, que

insistiu na manutenção de tal artigo.

Esse dispositivo estabelece que as instituições de ensino (básico, médio e

superior) enquadradas no art. 55 da Lei 8.212, de 1991, ficam obrigadas a aplicar o

equivalente à contribuição calculada nos termos do art. 22 da referida Lei (20% da

folha de pagamento) na concessão de bolsas de estudo para alunos carentes. Mais

uma vez, eu gostaria de destacar que esse artigo só foi viabilizado pelo apoio do

Ministro da Previdência, Deputado Federal Roberto Brant. A quem presto as minhas

homenagens e os meus agradecimentos.

Queremos, de público, em nome da Frente, manifestar nossa gratidão ao

Chefe de Gabinete do ex-Deputado, que muito nos ajudou para a manutenção do

art. 19. Queremos também agradecer ao Vice-Presidente da República, Marco

Maciel, que se preocupou em manter as bolsas de estudo. A partir de 12 de julho

próximo passado, como contrapartida, toda instituição de ensino superior de caráter

filantrópico deverá conceder bolsas de estudo no valor correspondente ao montante

que deixa de recolher aos cofres do Ministério da Previdência.

Como sabem V.Exas., Srs. Deputados, a grande despesa de uma instituição

de ensino, especialmente as universidades, é com folha de pagamento. No País

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existe uma isenção de quase 1 bilhão de reais para as universidades filantrópicas.

Só no Rio Grande do Sul, 250 mil universitários freqüentam instituições de ensino

comunitárias, todas consideradas instituições filantrópicas e que deixam de recolher

150 milhões de reais por ano em tributos. Quer dizer, essas instituições deverão

reverter o benefício em bolsa de estudo. A partir deste semestre elas serão

concedidas aos alunos carentes, o que representa mais de 70 mil estudantes no Rio

Grande do Sul.

Sabemos que os recursos destinados ao ensino superior são parcos. Quantos

Deputados não sobem diuturnamente a esta tribuna para lutar por mais verbas para

as universidades, especialmente as públicas, que atendem a 500 mil alunos, com

custo real de mais de 8 bilhões de reais ao ano! Essa obrigatoriedade de as

instituições privadas de ensino concederem bolsas integrais de estudo vai atingir

muita gente. Não é justo conceder a alguns a bolsa, isto é, ensino gratuito, e a

outros apenas o financiamento do estudo. Há pouco eu criticava a elevada taxa de

juros do FIES, mas é preciso conscientizar os beneficiários do financiamento de que

precisam devolver aos cofres da Caixa Econômica Federal o valor recebido. Bolsa

de 50% já é um grande passo, e o aluno carente ainda pode financiar a outra

metade.

Em todos os Estados brasileiros, especialmente no Rio Grande do Sul,

poucas são as universidades públicas no interior. No meu Estado, os jovens

precisam sair de cidades como Santa Maria, Pelotas e Rio Grande e ir morar em

Porto Alegre, se quiserem estudar, arcando com despesas de viagem, pensão ou

aluguel de apartamento. O apoio financeiro de 50% da mensalidade é importante,

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porque permitirá ao estudante trabalhar durante o dia. É uma maneira transparente

de promover a democratização do ensino superior neste País.

O Decreto n° 4.035, de 28 de novembro de 2001, regulamentou o art. 19 da

Lei n° 10.260, estabelecendo as condições para que os alunos sejam beneficiados.

No art. 1°, o decreto determina que a seleção dos estudantes carentes a

serem beneficiados pela bolsa deverá ser realizada por Comissão Permanente de

Seleção e Acompanhamento de Bolsas de Estudo constituída em cada instituição de

ensino, que terá as seguintes atribuições:

I – definir e tornar públicos os critérios de seleção

dos bolsistas, bem como as condições exigidas para

manutenção da bolsa de estudo;

II – receber as inscrições dos candidatos;

III – selecionar os candidatos;

IV – divulgar, afixando em local de grande

circulação de estudantes a lista dos candidatos inscritos

e, posteriormente, dos selecionados, com o respectivo

valor percentual da bolsa de estudo concedida.

Ouço com prazer o nobre Deputado Airton Dipp.

O Sr. Airton Dipp – Nobre Deputado Osvaldo Biolchi, cumprimento-o pelo

trabalho que vem desenvolvendo nesta Casa em defesa do crédito educativo. O

Governo Federal vem tentando resolver o problema do financiamento para os

estudantes das universidades privadas e comunitárias, porém suas ações são ainda

insuficientes. Além dos altos juros cobrados pelo FIES, os recursos não atendem a

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todos os necessitados — são cerca de 1 milhão de alunos matriculados nesses

estabelecimentos de ensino. Os recursos oriundos das loterias deveriam ser

destinados ao FIES, mas a alocação de recursos do Orçamento Geral da União, que

deveria ser feita pelo Ministério da Educação, não vem acontecendo nos últimos

anos. Gostaríamos que o Governo Federal se sensibilizasse com o caso, para que

pudéssemos aprovar, com a sua intermediação, Deputado Osvaldo Biolchi, vários

projetos que tramitam nesta Casa, como o de minha autoria que prevê a utilização

do FGTS no pagamento das mensalidades. Nada mais justo do que utilizar recursos

do próprio trabalhador para melhor qualificá-lo. A formação superior propicia maior

inserção na sociedade. Meus parabéns pelo pronunciamento.

O SR. OSVALDO BIOLCHI – Muito obrigado, Deputado Airton Dipp. Receba

meu reconhecimento público pelo trabalho que vem desenvolvendo.

Concordo com V.Exa. As novas 500 mil bolsas mais o FIES não são

suficientes para atender à demanda da nossa juventude. Precisamos, como bem

disse V.Exa., que os 30% correspondentes à receita líquida das loterias federais

sejam realmente destinados ao crédito educativo.

Se no fim deste mandato conseguirmos que esses 350 milhões de reais por

ano destinem-se ao financiamento do estudo de mais 100 mil alunos, teremos

avançado um passo nessa caminhada.

Deputado Airton Dipp, V.Exa. tem razão, precisamos aproveitar o Fundo de

Garantia. Conhecemos seu projeto. É realmente muito importante qualificar a mão-

de-obra, não só para inserir o jovem no mercado de trabalho, mas também para

melhor situar nossa economia no mundo globalizado.

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Ouço com prazer o Deputado Dr. Hélio.

O Sr. Dr. Hélio - Deputado Osvaldo Biolchi, cumprimento-o pelo incansável

trabalho que vem realizando na coordenação da Frente Parlamentar do Crédito

Educativo, de grande envergadura. Seu pronunciamento mostra não só a dificuldade

dos alunos matriculados nas escolas privadas, mas também os resultados

satisfatórios do financiamento. Entretanto, não podemos deixar de enfatizar a

necessidade de aumento no número de vagas nas escolas públicas deste País. Não

é possível que, com esse enorme contingente de vestibulandos, o Ministério da

Educação não tome providências para aumentar o número de vagas nas escolas

públicas, tanto federais quanto estaduais e municipais. Também é importante

ampliar a oferta de cursos noturnos, particularmente daqueles mais procurados pela

clientela que pode pagar cursos caros, como os de Engenharia e Medicina, entre

outros. Faço um apelo às autoridades, para que se dediquem a aumentar a oferta de

vagas em universidades públicas da mesma forma que se empenham na busca de

financiamento para as escolas privadas de ensino superior. Os cursos noturnos

merecem atenção especial, pois atenderiam àqueles que trabalham de dia e não

podem cumprir jornada integral na universidade. Obrigado pelo aparte.

O SR. OSVALDO BIOLCHI – Eu é que agradeço a V.Exa. a intervenção,

Deputado Dr. Hélio.

Sr. Presidente, precisamos aproveitar as instalações das nossas

universidades públicas, num grande mutirão. Nossas escolas são indispensáveis

para a pesquisa, para o avanço tecnológico do País, para o bom preparo da mão-de-

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obra, especialmente de professores. Concordo com o Deputado Dr. Hélio. Podemos

simplesmente duplicar o número de alunos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são muito importantes essas bolsas

de estudo. Comissão paritária, constituída por dois representantes do reitor — como

estabelece o Decreto-Lei nº 4.035 —, dois representantes dos professores e dois

representantes dos alunos, selecionará os alunos carentes. Pela primeira vez neste

País, de forma transparente e democrática, com a participação dos jovens, os

alunos mais carentes serão escolhidos. Trata-se de conquista não de um Deputado

ou da Coordenação da Frente Parlamentar do Crédito Educativo, mas de toda a

Casa. É uma conquista que vai democratizar o ensino no País, especialmente o

ensino superior. Repito: as bolsas de estudo são importantes, especialmente para

reitores, proprietários, fundadores e sócios dessas fundações.

Nas instituições de ensino que não ministrem ensino superior, caberão aos

pais ou responsáveis dos estudantes os assentos reservados à representação

discente. Nas instituições de ensino em que não houver representação estudantil ou

de pais e responsáveis organizada, caberá ao dirigente máximo da instituição

proceder à eleição dos membros da representação discente. Como se observa, Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o processo de seleção dos alunos é totalmente

transparente e democrático.

Após a conclusão do processo de seleção, a instituição de ensino deverá

encaminhar ao Ministério da Educação e ao Instituto Nacional do Seguro Social —

INSS a relação completa dos estudantes beneficiados.

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O Ministério da Educação e o Ministério da Previdência já estão

providenciando o modelo do formulário que deverá ser encaminhado pela Internet

com o nome dos alunos beneficiados no 2° semestre de 2001.

Acreditamos que neste semestre deverão ser beneficiados cerca de 100 mil

estudantes universitários e aproximadamente 60 mil alunos no ensino médio e

fundamental.

Com a regulamentação da Lei n° 10.260, através do Decreto n° 4.035, os

alunos já podem reivindicar seus direitos, exigindo das instituições a concessão das

bolsas. Agora não há mais desculpas para que as instituições não concedam as

bolsas.

Os alunos deverão ser beneficiados ainda neste semestre, motivo pelo qual

devem realizar uma grande movimentação para que as comissões sejam

constituídas com a máxima urgência.

O Ministério da Previdência vai exigir, até 31 de dezembro deste ano, a

relação de todos os alunos contemplados com bolsas de estudo. A entidade que não

apresentar essa relação poderá ter cassado o certificado de entidade filantrópica. O

Ministro Roberto Brant quer saber quem é quem nesse processo, para que quase 1

bilhão de reais investidos anualmente pela União na construção e expansão da rede

de ensino alcance especialmente os jovens carentes.

Por isso, precisamos nos empenhar para, nas nossas comunidades, a partir

de hoje, nessas duas semanas que restam para o encerramento do semestre, ajudar

os jovens carentes que estão inadimplentes, que nunca mais voltarão à sala de aula

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se não lhes estendermos a mão, se não abrirmos os olhos, se não exigirmos das

universidades o cumprimento da lei.

Assim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao encerrar gostaria de voltar

ao início do meu pronunciamento, dizendo que este tema — a educação — fala

profundamente ao coração. Toca-me profundamente saber que através da

regulamentação de uma lei estaremos dando oportunidade a milhares de jovens

carentes de realização de um grande sonho, o sonho de poder contribuir para a

construção de um País mais justo e com igualdade de oportunidades para todos.

Muito obrigado.

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O SR. PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO FERNANDES (Bloco/PFL-MA. Pela ordem. Pronuncia o

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apresentei a esta Casa

proposta que acrescenta dispositivo e altera a redação do caput do art. 320 da Lei

nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Nacional, e

dá outras providências. É dever do Estado buscar meios para integrar o deficiente

na vida social, sobretudo quando inviável sua recuperação pela Medicina.

É perceptível a dificuldade que os portadores de deficiência encontram para

conviverem dignamente na sociedade. A “indústria da multa”, conquanto venha

contribuindo para a educação no trânsito, tem movimentado cifras substanciais de

recursos que poderiam também ser destinados a programas de integração social da

pessoa portadora de deficiência.

Particularmente, tenho observado nas ruas de várias cidades do meu Estado,

especialmente nas proximidades dos semáforos, deficientes com faixas pedindo

ajuda financeira e um pouco de atenção, sensibilizando a tantos quantos observam

os dizeres contidos nas faixas e as condições daquelas pessoas, desintegradas do

convívio social.

A destinação de pequeno percentual da arrecadação das multas de trânsito,

na forma como prevista no projeto de lei — o projeto destina 2% do valor das multas

arrecadadas para programas de integração da pessoa portadora de deficiência, que

serão depositados mensalmente na conta de um fundo de âmbito municipal, para

posterior repasse a associações de deficientes —, além de não comprometer a

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aplicação da receita arrecadada em sinalização, engenharia de tráfego, de campo,

policiamento, fiscalização e educação de trânsito, reverterá em benefício às pessoas

portadoras de necessidades especiais.

Assim, contamos com o apoio dos nobres pares para o aprimoramento e a

aprovação desse alvitre legislativo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PAULO GOUVÊA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO GOUVÊA (Bloco/PFL-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade que hoje

representa o Município de Ibirama foi fundada há 104 anos, como resultado da

colonização iniciada pela Sociedade Colonizadora Hanseática, uma das entidades

criadas na Alemanha para supervisionar as imigrações para o Brasil. Em 1912, a

colônia foi elevada a distrito de Blumenau, ocorrendo sua emancipação político-

admistritativa em 1934.

Dois nomes merecem ser citados na história de Ibirama: Paul Altinger e José

Deeke. O primeiro era pastor e professor, poeta, escritor, filósofo e conselheiro.

Fundou uma escola agrotécnica no seu “Palmenhof” (jardim das palmeiras) e o

jornal Hansabote (O mensageiro da Hansa), que circulou até 1913. José Deeke

(nome da principal praça da cidade) dirigiu durante 20 anos a Sociedade

Colonizadora Hanseática.

Desde o dia 1° de dezembro, até o dia 9 próximo, acontece no Município, pela

nona vez, o Mercado de Natal (Weihnachstsmarkt). A exemplo de eventos idênticos

que ocorrem na Alemanha, o Mercado baseia-se na venda de artesanato natalino,

apresentações folclóricas e gastronomia típica, preservando as tradições do Natal do

Município.

A Weihnachstsmarkt foi aberta no último sábado, no Pavilhão de Eventos da

cidade, com a caminhada natalina, conduzida pela Fanfarra Natalina, que culminou

com a formação da Grande Árvore da Integração e com a cantata natalina,

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apresentada por um coral de 200 vozes.

Durante os nove dias de festa, as programações giram em torno de diversos

temas: religioso (culto ecumênico campal e recital do advento), esportivo

(campeonato de rafting, rapel urbano e enduro de motovelocidade), cultural (noite de

danças natalinas, festival da canção, apresentação de grupos folclóricos e da

Orquestra Municipal de Indaial), integração regional (feira de negócios do Vale Norte

e encontro de Prefeitos e rainhas das festas regionais).

Desejo saudar a boa gente ibiramense e a administração municipal,

competentemente dirigida pelo Prefeito Genésio Ayres Marchetti e pelo Vice-Prefeito

Odórico de Andrade. O Mercado de Natal é uma excelente mostra das

potencialidades, das realizações e da criatividade do povo de Ibirama, a quem

cumprimento e envio meus parabéns.

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O SR. CARLOS NADER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CARLOS NADER (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o setor siderúrgico brasileiro

enfrenta um dilema. Esforça-se para crescer, modernizar-se, disputar de igual para

igual o mercado internacional cada vez mais acirrado. Entretanto, tão acirrada

quanto a disputa externa, são as barreiras comerciais enfrentadas pela siderurgia

brasileira no exterior, notadamente nos Estados Unidos da América.

A siderurgia brasileira é acusada da prática de dumping, justificativa que o

governo americano aceita para esconder as dificuldades que vive no setor. O

protecionismo descabido, justamente pela nação que mais prega a livre

concorrência, vem causando sérios danos às empresas brasileiras.

Hoje, a siderurgia mundial ganha novos contornos. Agora mesmo, a União

Européia autorizou uma fusão de empresas que criará a maior siderúrgica do

mundo. Uma gigante que produzirá 46 milhões de toneladas anuais. Só para se ter

uma idéia do que isso representa, equivale quase a dez vezes a produção da

Companhia Siderúrgica Nacional, com seus 5 milhões de toneladas por ano. E,

ressalte-se, a CSN é a maior produtora do Brasil e da América Latina. Sendo assim,

é importante observar o desafio do parque siderúrgico brasileiro para competir em

igualdade de condições no exterior. Desafio que as empresas vêm enfrentando com

coragem e ousadia: Gerdau e CSN já têm braços nos Estados Unidos, justamente

para amenizar as injustificadas barreiras que seus produtos enfrentam no exterior,

particularmente no território americano.

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O aço brasileiro é de excelente qualidade. Os investimentos feitos pelos

empresários e a qualificação dos metalúrgicos brasileiros são inegáveis. De 1994

até agora, o parque siderúrgico do Brasil investiu aproximadamente US$ 10 bilhões.

O custo de produção é um dos mais baixos do mundo. Enfim, o aço do Brasil é

competitivo. Portanto, nada justifica — ainda mais o argumento em voga — as

barreiras a ele impostas.

O Brasil já mostrou sua identidade no cenário internacional, no recente

episódio da quebra de patentes de medicamentos. Agora, chegou a vez do aço. Esta

Casa formou um grupo parlamentar para acompanhar a questão. Conclamo a todos

a nos unirmos em torno desta causa. Afinal, o Brasil deve produzir este ano 28

milhões de toneladas de aço. Ano passado, a siderurgia brasileira contribuiu com

US$ 2,1 bilhões para a balança comercial brasileira.

São mais de 60 mil empregos diretos e mais de 200 mil indiretos, cuja

manutenção do emprego depende, obviamente, de como as empresas vão resistir e

enfrentar a concorrência internacional.

Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Quero desta tribuna falar em

nome de 42 Municípios brasileiros e, em particular, em nome dos Municípios do

Estado do Rio de Janeiro que correm o risco de perder os chamados royalties do

petróleo.

Só no sul fluminense, são R$ 10 milhões que podem desaparecer do

Orçamento de Volta Redonda, Barra Mansa e Piraí. Há vários anos, estas cidades

eram contempladas com o repasse, em função de que em seus territórios estão

instalações e dutos que distribuem os produtos petrolíferos pelo País afora.

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Durante todo este tempo, o dinheiro dos royalties ajudou a construir casas, a

pavimentar ruas, a dotar comunidades carentes de infra-estrutura. Durante todos

estes anos, os Prefeitos tiveram, com estes recursos, condições de atender aos

clamores de seus munícipes.

Surpreendentemente, a Agência Nacional do Petróleo anunciou este ano —

mais precisamente em fevereiro — o fim do repasse devido a “uma nova

interpretação da legislação federal”, o que levaria ao fim do repasse a partir de

janeiro de 2002. A ANP entende que só os Municípios onde ocorre embarque ou

desembarque de petróleo têm direito ao benefício. Gestões dos próprios Prefeitos

dos Municípios prejudicados conseguiram adiar esta suspensão para janeiro de

2003.

É curioso, Srs. Deputados, a ANP ter levado tanto tempo para entender a lei.

Será que, durante todo o período em que o benefício vigorou, a lei estava sendo mal

interpretada? Ou será que, sabe-se lá por que motivo, agora a ANP decidiu

interpretar de forma diferente a lei?

Volta Redonda, onde o Prefeito Antônio Francisco Neto vem fazendo uma

administração impecável, aplicando cada centavo arrecadado pelo Município no

bem-estar da população, corre o risco de perder R$ 5 milhões. Barra Mansa, Srs.

Deputados, um Município complexo, repleto de dificuldades que o jovem Prefeito

Roosevelt Brasil vem enfrentando com coragem e disposição exemplares, perde

R$ 3 milhões anuais se o plano da ANP se concretizar. E Piraí, também

administrada com competência por seu Prefeito, Luiz Fernando de Souza, que

inseriu a cidade no mapa do desenvolvimento econômico do Estado do Rio, recebe

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anualmente R$ 2 milhões. Luiz Fernando, carinhosamente tratado em sua cidade de

Pezão, é o Presidente da Associações de Prefeitos dos Municípios do Estado do Rio

de Janeiro. Perder uma verba deste valor, para um Município pequeno, que vem

gloriosamente buscando investimentos, é um desalento.

Por isso, Srs. Deputados, desejo que sejam solicitadas à Agência Nacional do

Petróleo explicações claras a respeito do assunto. O que mudou, a lei ou a

interpretação da lei? Não é justo que, passados tantos anos, da noite para o dia a

ANP descubra que se tenha equivocado e que o equívoco tenha perdurado por tanto

tempo.

Gostaria, também, de que esta Casa abrisse sua agenda para que os

Prefeitos pudessem detalhar o quanto é essencial esta verba e os prejuízos que sua

suspensão causará à população.

Muito obrigado.

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O SR. PAULO LESSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO LESSA (PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao ocupar esta tribuna, quero,

em primeiro lugar, manifestar minha satisfação em fazer parte desta Casa e poder,

com minha participação, somar para o crescimento do Poder Legislativo nacional e

lutar pela defesa dos interesses daqueles que votaram em mim, na expectativa de

levar a termo meus compromissos de campanha.

Prometi aos eleitores do meu Estado, o Rio de Janeiro, mais especificamente,

aos eleitores da região norte do Estado, composta pelos Municípios de Macaé, Rio

das Ostras, Casimiro de Abreu, Carapebus, Campos, Bom Jesus do Itabapoana,

Itaperuna, Quissamã, Conceição de Macabu, que se eleito fosse seria incansável na

defesa de seus interesses e na busca da melhoria de suas condições de vida.

Assim, ao assumir o mandato como suplente, mesmo sabendo que o tempo

não será suficiente para que possa desenvolver um projeto em sua totalidade, esse

compromisso me motiva a trabalhar ainda mais incessantemente.

De forma particular, quero nesta oportunidade destacar a situação do

Município de Macaé. Antes do advento do petróleo, Macaé era uma cidade com

características interioranas e, em que pese o fato de ser uma cidade litorânea,

contava com aproximadamente 60 mil habitantes. Com o advento do petróleo, a

cidade cresceu desordenadamente e conta hoje com 200 mil habitantes.

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Sendo o Município o responsável por cerca de 75% da produção de petróleo

do País, gera empregos, arrecadação de impostos e divisas, porém, juntamente com

isso vêm os problemas do crescimento acelerado.

A produção, a prospecção e o beneficiamento de petróleo são feitos com

tecnologia de ponta e, assim sendo, exigem mão-de-obra super qualificada. Porém,

o Município não estava preparado para tal desenvolvimento e, em vez de ser

utilizada a mão-de-obra local, a cidade foi invadida por técnicos de outras regiões e

até mesmo de outros países, inflacionando a vida da cidade e dificultando ainda

mais a vida de seus munícipes.

Com esse pronunciamento, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não estou

me manifestando contrariamente ao desenvolvimento e muito menos à produção de

petróleo na região. Porém, se na geração de emprego o Município passou a exigir

alta tecnologia, na área da educação e de formação de mão-de-obra o Município

continua sendo aquele Município pacato, ou seja, não houve preocupação das

autoridades, quer federal, quer estadual, quer municipal, com a implantação de

cursos profissionalizantes e de universidades voltadas para a formação de mão-de-

obra qualificada para a exigência local.

Em conseqüência disso, o Município arrecada mais e mais impostos e

royalties, mas cresce desorganizadamente, com técnicos vindo de fora, os quais

modificam as condições de vida do povo, porque inflacionam o custo de vida, e isso

aumenta a pobreza da população, numa evidente demonstração de Município rico e

povo pobre, o que significa total inversão de valores.

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Diante dessa situação, não me resta outra alternativa, senão recorrer ao

Exmo. Sr. Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para que visite o

Município de Macaé, certifique-se de sua situação e adote medidas urgentes e

concretas no sentido de suprir suas necessidades na área de educação e de

formação de mão-de-obra.

Sr. Presidente, peço que este pronunciamento seja divulgado pelo programa

A Voz do Brasil.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Concedo a palavra ao

Deputado Walter Pinheiro, que disporá de 25 minutos para o seu pronunciamento.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, trago a debate nesta tarde um balanço dos trabalhos

legislativos desenvolvidos nesse último período. A relação que o Parlamento

estabeleceu com o Executivo, permitindo-lhe pautar os trabalhos desta Casa, gerou

um fato perigoso: a completa ausência de debate sobre a peça orçamentária.

Estamos encerrando esta Sessão Legislativa. Entraremos agora numa fase

em que se torna real a necessidade de apreciação do Orçamento pelo Congresso

Nacional. Restam-nos apenas duas semanas, Deputado Adão Pretto, tempo muito

curto para a apreciação de matéria tão relevante.

O Orçamento deve ser da ordem de 1 trilhão de reais. Obviamente, se

separarmos a dívida, que neste Governo se multiplicou e anda em torno de 600

bilhões, restariam, entre investimentos e outras rubricas, de 300 bilhões a 320

bilhões. Mesmo com essa diferenciação, ainda é um valor extremamente elevado

para ser a peça orçamentária discutida dessa forma.

Assistimos à constituição de diversas Comissões Parlamentares de Inquérito

e à permanente busca, nas Comissões Temáticas, de apuração detalhada da

utilização das verbas orçamentárias. O maior exemplo do risco que se corre ao

destinar tão pouco tempo para a apreciação do Orçamento é o escândalo do TRT de

São Paulo.

Insisto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em que debater tema de

tamanha relevância em tão pouco tempo pode produzir novos casos como o do TRT

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de São Paulo, cuja obra volta a figurar no Orçamento. Há um pleito de liberação de

recursos para a conclusão daquela obra e outro visando à conclusão das obras do

aeroporto de Salvador, que faz parte dessa constelação. Não seria nem

constelação, que pressupõe estrelas, com conseqüente beleza e luminosidade. Eu

diria mesmo que é um emaranhado de obras licitadas irregularmente. São 121

obras. O DNER é o campeão de obras irregulares. Das 86 obras tocadas por esse

órgão, 40 apresentam irregularidades graves.

Não podemos apreciar de forma tão açodada o Orçamento. Não discutimos

linha de investimento — agricultura, reforma agrária —, se devemos garantir crédito

aos pequenos e médios produtores rurais, massacrados pela política do Governo.

Hoje temos 1 milhão de famílias passando dificuldades no campo. No entanto, o

Governo liberou 19 bilhões de reais para os grandes produtores.

Por que a peça orçamentária não pode obedecer a um critério minimamente

lógico, com uma execução planejada para atender às carências, preencher as

lacunas? Talvez sirva a um outro tipo de intenção.

Chamo a atenção da Casa para essa prática de votação açodada de projetos,

o que já se está tornando rotineiro no Congresso Nacional. Por que os projetos são

votados dessa forma? Por que a CLT tem de ser aprovada, imediatamente? Que

resposta ela dará para a economia? Quais são as condições reais? Onde ela gerará

emprego? Essa forma de aprovar leis não só nos assusta como também nos deixa

extremamente preocupados.

Sr. Presidente — V.Exa. inclusive é Relator de uma medida provisória

importante que trata do crédito agrícola —, fico preocupado quando analiso a peça

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orçamentária e observo que até o mês de novembro só foram executados 16% dos

investimentos.

Em tese, o Orçamento tem de ser concluído no dia 31 de dezembro e

executado fase a fase. Então, Sr. Presidente, há 84% dos investimentos para serem

executados em um único mês ou, usando a velha manobra de anos anteriores, jogar

esses valores na rubrica Restos a Pagar para o próximo ano.

Talvez haja uma resposta muito clara sobre o porquê de tudo isso. Se

analisarmos os orçamentos anteriores, verificaremos o que aconteceu em 1998.

Lembro aos Srs. Deputados que em 1998 tivemos dois fatos importantes: o

processo eleitoral e também naquele ano se consagrou o princípio da reeleição.

Se compararmos o ano de 1998 com os anos de 1997 e de 1999,

verificaremos que os investimentos em 1998 foram superiores, Deputado Alceu

Collares. Alguém nos poderia dizer: “Então, em ano eleitoral, há possibilidade de os

investimentos serem executados”.

Por que isso aconteceu em 1998? Em relação a 1997, o aumento na rubrica

de investimentos de 1998 foi da ordem de 51,4%. Aí alguém poderia dizer: “Mas é

óbvio que crescemos, Deputado. Saímos de 1997 para 1998. V.Exa. queria que o

Orçamento fosse reduzido?” Em hipótese alguma; queremos crescimento. Mas,

segundo essa tese, o investimento em 1999 teria de ser maior que em 1998. A tese

não é ser maior o investimento no ano seguinte? Pois bem, os investimentos em

1998, comparados com os de 1999, foram superiores em 118%.

Isso tem explicação: 1998 era ano de processo eleitoral. Então explica-se

essa retenção hoje, a atual manobra de só ter executado 16% do total de

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investimentos. Para o ano, Deputado Alceu Collares, é necessário, com Restos a

Pagar, somar o investimento provável de 2001 com os investimentos projetados

para 2002. E nós teríamos a soma de dois volumes de investimentos para serem

gastos num ano de eleições. Portanto, é dessa forma que tratamos a peça

orçamentária.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, a proposta orçamentária para

2002 já tem quantia prevista de 21,9 bilhões. Provavelmente, esse Orçamento será

acrescido de mais 6 bilhões, o que nos levaria para a casa de quase 28 bilhões para

2002. Com a história dos Restos a Pagar, que deve repetir-se, serão agregados a

esse valor a quantia de 3,6 bilhões de Restos a Pagar de 2001, mais 1,3 bilhão dos

anos anteriores. Portanto, teremos, em 2002, como costumamos dizer na Bahia, a

farra do boi. A festa está completa, há dinheiro suficiente.

Foi numa operação dessas, usando verbas do Orçamento, liberação de

Restos a Pagar, que o Governo fez uma intervenção para evitar a CPI da Corrupção

e aprovar o projeto da reeleição nesta Casa. É lamentável que tratemos nossa peça

orçamentária com esse tipo de prática. Isso não pode ser considerado como uma

peça orçamentária.

É muito comum dizer-se que a Oposição não quer ajudar na aprovação do

Orçamento. Nessas condições, não é possível votar o Orçamento. Qual é a espinha

dorsal do planejamento nessa matéria? A que rigor de planejamento e prioridade se

obedece? Onde serão concentrados os recursos para esses investimentos? Quais

as áreas mais carentes? Talvez obedeçamos ao critério da bancada que tem o

maior poder de pressão: a dos baianos, a dos cariocas, a dos paulistas, etc. E eu

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fico a me perguntar como vão se posicionar as bancadas dos Estados do Norte, que

são pequenas. Vai prevalecer a lógica dessa disposição quantitativa das bancadas

na Casa ou a lógica da disposição de uma relação estabelecida entre os partidos da

base do Governo e os partidos de oposição? A forma como vem sendo feita não

atende a uma lógica de planejamento. Isso não é tratar a peça orçamentária com

respeito, com a seriedade com que deveria ser tratada. Não se constrói o

Orçamento com esse tipo de maquiagem, de manobra.

O que vamos votar, Deputado Luciano Zica, até o dia 15? Prorrogaremos por

mais uma semana os trabalhos, até porque os relatórios na Comissão não ficaram

prontos. Invadiremos a chamada boca do Natal. Não será suficiente, porque este

Plenário vai votar simplesmente levantando ou abaixando a mão. Não haverá

discussão detalhada. Não será possível conhecer rubrica por rubrica, detalhe por

detalhe.

Talvez no ano 2002, ou adiante, nós vamos ter de conviver com matéria que

nos leve claramente à necessidade de consolidação de Comissões Parlamentares

de Inquérito. Vamos avaliar o que foi superfaturado ou não, qual foi o desvio e que

obra está parada. Isso é permanente em função das facilidades na construção da

peça orçamentária e na liberação de verbas. Talvez essas facilidades tenham

permitido que o APS — o lobista — circulasse nos corredores livremente. Aliás, essa

circulação não foi permitida aos dirigentes de sindicatos e de centrais sindicais que

gostariam de conversar com os Parlamentares sobre o malfadado projeto que altera

artigo da CLT. A esses a segurança, o rigor da vistoria da portaria; mas para aqueles

que transitam e orbitam em torno dessa peça orçamentária confusa, sem nitidez,

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todas as facilidades e condições de circulação. Diria até mais: os canais

permaneceram abertos, os contatos telefônicos firmados, todas as condições para

que obtivessem informação, desde a elaboração até a liberação da execução no

Palácio do Planalto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, chama-me mais atenção o fato de o

Governo juntar à peça orçamentária algumas manobras neste momento final,

quando se encerra o período legislativo. Refiro-me ao projeto que altera o art. 618

da CLT. Poderiam dizer que defendemos a CLT, mas que a modernidade impõe

novas relações.

O Deputado Paulo Paim denunciou na Organização Mundial do Comércio a

possibilidade de alguns países abrirem completamente suas legislações, fragilizando

o mundo do trabalho. E a reclamação foi feita não com a intenção de proteger os

trabalhadores brasileiros, mas com a de garantir que nossos produtos tivessem

competitividade no exterior, pautados pelo custo da mão-de-obra. Se alguns países

flexibilizassem essas regras, seus produtos cairiam de preço.

Questionamos as medidas adotadas pelo Governo, nos últimos anos, o que

eles chamam de modernidade — as Medidas Provisórias nºs 1.053 e 1.523, a

aposentadoria especial, o contrato por tempo determinado, o banco de horas.

Quando essas medidas geraram emprego no País? Apontem-me um ramo da

atividade produtiva deste País que, por conta dessas medidas, aumentou a

quantidade de empregos gerados ou foi reaquecido. A quebradeira na indústria e no

comércio não é pautada pelos miseráveis 180 reais pagos aos trabalhadores; é

pautada por uma conduta de intervenção na economia que não favorece o mercado;

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por um Orçamento que opta por investimentos atravessados que ficam parados,

como o aeroporto de Salvador, o TRT de São Paulo, as 40 obras do DNER.

O Estado poderia ser o impulsionador da economia, mas o Orçamento

obedece à lógica da troca e da pressão, para ganhar voto de Deputado. A execução

orçamentária é pautada nessa relação. É isso o que precisamos discutir, e não

colocar sobre o lombo dos trabalhadores a responsabilidade de uma crise.

Concedo um aparte ao Deputado Alceu Collares.

O Sr. Alceu Collares – Eminente Líder, estamos aqui mais porque temos

muita perseverança, muita persistência, muita fé e muita crença, pois o Governo

virou uma bagunça. Trata-se de um Governo totalmente irresponsável, que não tem

programa, a não ser o do comprometimento com o Fundo Monetário Internacional, a

não ser o do comprometimento com essa desgraçada, miserável e constrangedora

missão do neoliberalismo, que, felizmente, está chegando ao fim no mundo todo.

Estou pedindo a Deus que as Oposições tenham alternativas para a hora da

vingança, em 2002. O povo tem direito a essa vingança no próximo ano. Com

relação à CLT, quero dizer que o salário não é o único fator que entra no custo da

produção. Por que somente o trabalhador tem de carregar nas costas o sacrifício a

que se encontra hoje submetido? A nossa carga tributária é a maior do mundo,

34,5%; os nossos juros, os maiores do mundo; os combustíveis, a energia, a água e

o esgoto estão embutidos no preço do produto. O que mais me admira é que os

empresários que aí estão propondo a alteração da CLT não sejam capazes de sair

às ruas para pedir ao Governo, que perdeu sua compostura ou nunca a teve — e é

provável que nunca a tenha tido —, faça a reforma tributária. Se fizer a Reforma,

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reduzirá a carga tributária em cinco pontos percentuais. Ela passará dos 34,5% para

29%. Dá para dobrar o salário no País. Onde se viu, eminente Deputado Walter

Pinheiro, fazer essa pressão em cima do salário, como se fosse o único fator no

custo da produção? O debate está sendo lamentavelmente levado para o lado da

emoção, para o lado passional. O Deputado Ney Lopes apresentou um substitutivo

que é uma emenda pior que o soneto, uma tapeação. Será que imaginam sermos

tão ingênuos, tão abobados, tão botocudos, capazes de aceitar o substitutivo

oferecido pelo Deputado Ney Lopes? Exerci mandato no tempo da ditadura, e a

ARENA tinha muito mais vergonha na cara do que os partidos que hoje dão

sustentação política a Fernando Henrique Cardoso. Estão entregando o País! Essa

alteração, se a redação fosse dada numa escola infantil, não seria tão infeliz em

dizer que as condições acertadas entre trabalhadores e empregados prevalecem

sobre a lei. Onde já se viu isso no mundo? É uma violência nunca dantes praticada,

nem na época das mais ferrenhas ditaduras na América Latina. Por isso, eminente

Líder, quero dizer que, no custo da produção, entram outros fatores e que o

empresariado brasileiro, lamentavelmente, está de joelhos, pegando migalhas do

que sobra da alimentação e realimentação permanente do capital financeiro

internacional. (Palmas.)

O SR. WALTER PINHEIRO – Muito obrigado.

Ouço com prazer o Sr. Deputado Orlando Desconsi.

O Sr. Orlando Desconsi – Gostaria de cumprimentar meu Líder e

companheiro Walter Pinheiro pela brilhante exposição e pelo assunto que trouxe a

debate. Muito me estranha o Governo convocar na Granja do Torto uma festa com

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os Parlamentares da base governista que serão fiéis no dia de hoje, votando pela

extinção dos direitos dos trabalhadores constantes da CLT. Repudio também outra

forma mesquinha que o Governo usa para chantagear Parlamentares. O Orçamento

é o imposto que cada um dos brasileiros paga ao comprar um quilo de feijão, e 63%

desses impostos ficam com o Governo Federal, que os usa dessa forma, trocando

dinheiro público por voto contra os trabalhadores nesta Casa. É vergonhoso.

Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, realizamos o Orçamento Participativo no

Governo Olívio Dutra. Em 1999, 190 mil pessoas participaram; em 2000, 281 mil

pessoas; e, em 2001, 378 mil pessoas nas 497 assembléias realizadas em todos os

Municípios de nosso Estado. Com isso, o fórum democrático composto pela

Assembléia Legislativa também pôde participar e discutir propostas com a

população, combinando democracia direta com democracia representativa. Lá não

há troca de dinheiro público por voto de Parlamentar. O dinheiro público é aplicado

em obras de que o povo precisa. Muito obrigado, nobre Deputado.

O SR. WALTER PINHEIRO – Ouço com prazer o aparte do Deputado

Luciano Zica.

O Sr. Luciano Zica – Deputado Walter Pinheiro, é com muito orgulho que

solicito este aparte para dizer que tenho muita esperança de que o Congresso

Nacional erga a cabeça e derrote o absurdo do Governo de restabelecer a

escravidão no Brasil. Esse projeto é absolutamente contrário aos interesses dos

trabalhadores. O que gera emprego é investimento, ação do Estado na geração de

investimento, incentivo às empresas para que possam investir e tudo o mais. Mas

assistimos hoje, no momento em que se impõe a reforma da CLT, ao anúncio de

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que o Governo vai arrecadar mais do que esperava com a PPE dos combustíveis —

8 bilhões de reais neste ano. Quatro bilhões eram o previsto. Hoje, o litro de gasolina

custa, no preço de realização, 39 centavos. Mas na PPE está a 55 centavos. É um

dinheiro que entra a mais para o Governo, em função da baixa dos preços

internacionais do petróleo, o que facilita ao Governo usá-lo para comprar votos na

Câmara dos Deputados. Portanto, meus parabéns ao meu Líder, Deputado Walter

Pinheiro, pelo brilhante pronunciamento. Vamos canalizar as energias para derrotar

esse projeto imoral e indecente apresentado ao Congresso Nacional contra os

trabalhadores brasileiros.

O SR. WALTER PINHEIRO – Obrigado, Deputado Luciano Zica.

Ouço com prazer o aparte do Deputado Adão Pretto.

O Sr. Adão Pretto – Deputado Walter Pinheiro, meu Líder, cumprimento-o

por usar a tribuna com tanta competência para tratar de assunto de tamanha

importância. Muitos Deputados ocuparam esta tribuna dizendo que nós, do PT,

estamos nos contradizendo, porque sempre combatemos a CLT e que agora a

estamos defendendo. Acontece que a situação está piorando de tal maneira que

aquilo que não prestava antes hoje é bom. Essa é a cara deste Governo que está

levando o Brasil para esse rumo. O mesmo está acontecendo com a reforma

agrária. Estamos defendendo o Estatuto da Terra apresentado pelo Presidente

Castello Branco, porque é melhor do que o programa de reforma agrária que o

Governo Fernando Henrique Cardoso está defendendo. É disto que os

Parlamentares deveriam tomar consciência: estamos defendendo aquilo que ontem

não prestava porque o atual Governo está ficando cada vez pior.

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O SR. WALTER PINHEIRO – Ouço com prazer o nobre Deputado Paulo

Paim.

O Sr. Paulo Paim – Nobre Líder Walter Pinheiro, em primeiro lugar, gostaria

de dizer que me honra muito ser liderado por V.Exa. O povo não só da Bahia, mas

também do País tem orgulho pela forma equilibrada, tranqüila, mas contundente

com que dirige nossa bancada. V.Exa. sempre procura o diálogo. Muitas vezes,

chamou este Deputado para dialogar dizendo o seguinte: “Tem que ser duro, sim,

mas nunca perca a ternura”. Isso me faz lembrar de grandes líderes ao longo da

nossa história. Quero contribuir com seu pronunciamento registrando episódio que

se passou num programa de televisão. Um dirigente do SEBRAE disse que o projeto

do Governo é ridículo e bobo, porque o problema das pequenas e microempresas é

a taxa de juros e os altos tributos e não o 13º salário, as férias do trabalhador ou

mesmo o salário mínimo. Outro depoimento foi o do Secretário Estadual de Emprego

e Relações do Trabalho, Walter Barelli, do PSDB de São Paulo. Ele disse que,

depois disso, só falta a revogação da Lei Áurea. Cito o exemplo da TRANSBRASIL.

Há cinco meses ela não paga salários nem rescisão de contrato e já está anunciado

que não pagará 13º salário dos seus funcionários. No entanto, é uma empresa

falida. Por aí se vê que não é retirando o dinheirinho do trabalhador que se vai

resolver o problema do emprego. É fundamental a base do Governo entender que

haverá desgaste desnecessário. Esse projeto já está liquidado. Não será mais

votado até por uma questão regimental e constitucional. Portanto, parabenizo V.Exa.

pelo pronunciamento, que orgulha não apenas o nosso partido, como também todo o

conjunto da classe trabalhadora deste País.

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O SR. WALTER PINHEIRO – Agradeço ao Deputado Paulo Paim e aos

demais companheiros que me honraram com seus apartes.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamento que esse projeto tenha

provocado verdadeira paralisação do Congresso Nacional. Não conseguimos votar

outras questões fundamentais e encerrar este período legislativo.

Fica registrada minha preocupação de entrarmos no debate final da peça

orçamentária de 2002 — nem sei se haverá debate — sem nenhum tipo de análise

mais criteriosa, mais detalhada. Talvez por conta disso é que tenhamos ainda pela

frente muitas greves como a dos professores, que necessitaram de mais de 100 dias

para fazer o Governo perceber que era fundamental promover um orçamento em

que a educação fosse tratada como prioridade, em que a universidade pública fosse

o ponto central. Assim também deveria ser com a Previdência Social e com a

Saúde, áreas que também vivenciaram longos dias de greve.

Portanto, o Orçamento não pode ser mero instrumento para pressionar esse

ou aquele Deputado, essa ou aquela bancada; não pode ser instrumento de

chantagem. Ele deve ser usado para o desenvolvimento da Nação e deve estar

completamente orquestrado com os interesses e as necessidades do Brasil e não do

Governo ou de determinados Parlamentares.

Esse é o alerta que faço a esta Casa nesta tarde.

Muito obrigado. (Palmas.)

Durante o discurso do Sr. Walter Pinheiro,

assumem sucessivamente a presidência os Srs. Confúcio

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Moura e Eurípedes Miranda, § 2º do art. 18 do Regimento

Interno, e Enio Bacci, 3º Suplente de Secretário.

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O SR. IÉDIO ROSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IÉDIO ROSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não me restam dúvidas de que

o decreto-lei que aprovou, em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do

Trabalho — CLT precisava ser alterado, uma vez que esta é arcaica — pensem no

que mudou o mundo nos últimos 58 anos —, é demasiadamente dispendiosa para

as empresas, principalmente as médias, pequenas e micro — para comparação fácil

e aproximada, calculem o custo mensal dos encargos de apenas uma empregada

doméstica, sem seguro-desemprego, FGTS e auxílio-alimentação —, não concede

segurança ao emprego — relembrem as notícias sobre demissões em massa,

marcadamente nos períodos de recessão — e foi a principal responsável pelo

lançamento de 35 milhões de desempregados no mercado informal de trabalho, às

custas de benefícios constitucionais como aposentadoria, saúde, segurança,

transporte, alimentação, seguros etc.

No meu entender, conseqüentemente, veio a calhar o encaminhamento, pelo

Poder Executivo, de proposição que tem por escopo alterar o art. 618 da CLT, a fim

de permitir que negociação ou acordo coletivo, com prevalência sobre a lei, possa

estabelecer condições de trabalho, “desde que não contrariem a Constituição

Federal e as normas de segurança e saúde do trabalho”.

O texto, aprovado como Substitutivo ao PL nº 5.483, de 2001, cujo Relator foi

o Deputado Federal Ney Lopes, altera o art. 618 da CLT, que passa a vigorar, com

vigência de dois anos, com a seguinte redação:

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Art. 618. Na ausência de convenção ou acordo

coletivo firmados por manifestação expressa da vontade

das partes e observadas as demais disposições do Título

VI desta Consolidação, a lei regulará as condições de

trabalho.

Parágrafo único. A convenção ou acordo coletivo,

respeitados os direitos trabalhistas previstos na

Constituição Federal, não podem contrariar lei

complementar, as Leis nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e

nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, a legislação

tributária, a previdenciária e a relativa ao Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, bem como as

normas de segurança e saúde do trabalho.

Como membro da Comissão de Constituição, Justiça e de Redação, confesso

que, de imediato, apreciei o seu conteúdo, pois formo ao lado dos que consideram o

desemprego o maior pecado capital imposto à sociedade, e sou, portanto, favorável

a qualquer medida que venha amenizá-lo. Mas, ainda assim, resolvi mergulhar numa

reflexão mais profunda sobre o tema. Busquei, para tal, os exemplos americanos e

europeu e os comparei.

Observamos que enquanto a flexível legislação de Tio Sam permitia manter

invejável nível de emprego, mesmo nos períodos recessivos de sua economia, o

modelo europeu — mais rígido nas considerações trabalhistas — respondia com a

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apresentação de dificuldades para manter seus trabalhadores empregados, até

mesmo nos momentos de crescimento econômico.

Analisamos estudos da PUC-Rio, instituição que se caracteriza por maior

isenção de considerações político-partidárias em suas análises e conclusões

acadêmicas, quando comparadas com suas congêneres, e notei que há

economistas que consideram a alteração um avanço, “pois hoje, em vez de a

negociação ocorrer com preservação do emprego e de parte dos direitos, ela

transcorre na justiça do trabalho e sem assistência do Sindicato”. E mais dizem eles:

“A possibilidade de reduzir custos durante as crises fará com que diminua a

informalidade ao longo do tempo”.

Estudei o posicionamento dos sindicatos e verifiquei que enquanto a CUT é

contrária — segundo sua teoria, os sindicatos fracos farão negociações em

desvantagem —, a Força Sindical é a favor e justifica que, além de a mudança

fortalecer os sindicatos com baixa representatividade, o emprego, bem maior, seria

mantido mesmo com alguma pequena redução de direitos. Vejam bem, quem assim

diz é um sindicato de trabalhadores, não do universo patronal.

Lembrei-me, ainda, do recente acordo “reservador de empregos” negociado

entre o Sindicato dos Metalúrgicos — berço do PT e da CUT — e a empresa

Volkswagen, na Alemanha, que garantiu emprego para a maior parte dos 3 mil

operários que seriam demitidos, em troca da redução dos salários e das horas de

trabalho. E, finalmente, não deixei de observar que aqueles que são contra a

mudança da lei, por conveniência político-eleitoral, e somente por isso, não

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demonstraram apoio, ou entusiasmo, ao acordo realizado no exterior, o que me

surpreendeu.

Essa falsa postura de “defensor do trabalhador” assemelha-se, na forma, à

enganosa informação divulgada pelos setores oposicionistas de que os Deputados

que são favoráveis à mudança teriam fugido do Plenário após a pane do seu painel,

temendo o anúncio do voto “a viva voz” nos microfones da Câmara.

Ora, nobres colegas, todos sabemos que o acesso a “quem votou como” é

livre a qualquer órgão da imprensa. E ninguém tem dúvidas de que as listas do “a

favor” e “contra” seriam fartamente divulgadas. Não houve medo, portanto, conforme

se desejou anunciar.

O que de fato aconteceu — e até as paredes desta Casa sabem — é que

muitos dos que votaram a favor da mudança retiraram-se após sufragar-lhe o voto. E

o que era maioria certa — conforme comprovação posterior do resultado eletrônico

da votação, 255 a 206 — transformou-se em dúvida. Não havia por que os

defensores da mudança correrem riscos. A verdade é que milhões de empregos

formais estão ameaçados pela rigidez da “atual” CLT, que não admite — apenas

para exemplificar os “terríveis direitos a serem usurpados dos trabalhadores” — o

pagamento mensal da participação nos lucros, a repartição das férias e o

parcelamento do 13º salário. Só posso imaginar que os que são contra a

modernização pretendida prefiram o desemprego, a informalidade e os acordos à

margem da lei. À vista do exposto, devem apreciar muito os verdadeiros direitos dos

trabalhadores.

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Enfim, conforme afirma o Relator do Projeto, nenhum direito está sendo

revogado. O projeto em análise, em momento algum, autoriza que sejam

estabelecidas condições de trabalho em prejuízo do trabalhador. Na realidade, ele

permite que a convenção e o acordo coletivo estabeleçam condições de trabalho

alternativas e complementares às previstas em lei ordinária. Amplia-se, dessa forma,

a matéria a ser negociada, sem prejuízos para o trabalhador. Outrossim, estabelece

limites para a negociação coletiva, determinando o respeito aos direitos trabalhistas

previstos na Constituição Federal e às normas de segurança e saúde do trabalho,

que são, por excelência, normas de ordem pública.

Por tudo isso, sou favorável à mudança, pois é melhor para o trabalhador.

Muito obrigado.

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O SR. EDINHO BEZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a violência e a criminalidade em

nossas cidades chegaram a um nível tão agudo que às vezes chamamos a isto de

guerra. Mas isto não é verdade.

Essa violência a que queremos nos referir não é macro, não se dá pelas

grandes organizações, nem por algum tipo de planejamento estratégico. Ela é micro.

Acontece no miudinho nos conflitos que se vão espalhando pela sociedade, na

família, na vizinhança, nas pequenas disputas de poder, no trânsito, nos controles

de certos interesses. É fenômeno micro que se espalha e vai ganhando volume até

criar ambiente que, às vezes, se torna tão letal quanto as guerras.

Mas, ao contrário das guerras, tudo se passa em um nível diminuto, no seio

dos pequenos conflitos, e, portanto, exige toda uma outra visão, toda uma outra

perspectiva no seu trato, na busca de paz para a sociedade.

A violência, tal como a de que estamos tratando aqui, é fruto de muitos

fatores que se combinam para esquentar esses pequenos conflitos que vão gerando

situações de violência explícita.

Por exemplo, é sabido que a urbanização é um fator importante na produção

do ambiente gerador dos conflitos e da violência. Isto acontece no mundo inteiro. É

uma tendência universal.

Sabemos que na América Latina — no Brasil em particular — passamos por

um processo brutal, aceleradíssimo, de urbanização nas últimas décadas, criando

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situações para as quais as cidades não estão preparadas. As cidades realmente não

têm como controlar todo o potencial de pequenos conflitos que se multiplicam no seu

interior. A urbanização se reveste, portanto, de importância quando se considera o

processo de criação e de multiplicação da violência.

A crise social, que afeta o coletivo, o desemprego, que afeta o indivíduo, as

desigualdades extremas em ambientes fechados, como é o caso de nossas

metrópoles, são outros aspectos decorrentes da urbanização que se evidenciam

como circunstâncias geradoras de violência. Não por acaso, encontramos os índices

mais explosivos de violência justamente nas regiões mais ricas do País.

Pesquisas recentes, publicadas pelo IBGE, atestam que as taxas

significativas de homicídios por 100 mil habitantes são encontradas nos 100 maiores

Municípios brasileiros. Aí, Sr. Presidente, essas taxas alcançam valores que são

verdadeiramente comparáveis a uma guerra.

Nas doze regiões metropolitanas pesquisadas, as taxas de homicídios por

100 mil habitantes vão de 13, em Natal, até 84, em Vitória, passando por 55 em São

Paulo, 59 no Rio de Janeiro, e 62 no Recife.

A propensão de a violência se concentrar nas grandes cidades é, portanto,

evidente, pois é aí onde estão as maiores desigualdades, onde a crise social é mais

intensa.

Ratificando esse entendimento, podemos constatar, ainda a partir da

pesquisa do IBGE, que, excluídos os 100 maiores Municípios, as taxas dos demais

5.400 caem para valores que são virtualmente nulos.

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A título de comparação, essas taxas são de apenas um homicídio no Japão,

na França e no Reino Unido; de cinco na Argentina; e de seis nos Estados Unidos.

Outro importante fator a ser considerado, no rastro desse processo galopante

de urbanização, é a questão da idade, pois a violência urbana tende a se concentrar

na juventude.

Isso é fácil de imaginar. As crianças, mal ou bem, estão protegidas pelo

ambiente familiar. Os adultos, depois que formam família, tendem a se proteger mais

e a evitar as situações de risco.

No entanto, é na faixa dos 15 aos vinte e poucos anos que, no mundo inteiro,

em todas as sociedades, percebe-se maior tendência de crescimento da violência.

E, no Brasil, vivemos justamente um período de expansão muito grande dessa faixa

etária. Estamos em uma bolha demográfica, na qual a juventude está

desproporcionalmente presente no conjunto da população.

Vivemos um tempo de grandes centros urbanos incapazes de lidar com todos

os problemas que surgem de desigualdades e crises sociais fortes e que aceleram

os conflitos, com a presença de uma juventude que sofre todos esses impactos e

está vivendo os dramas da violência.

Se fizéssemos um retrato falado da vítima da violência urbana e a

comparássemos com o retrato falado do agressor mais típico, veríamos que são a

mesma figura. Quer dizer, sociologicamente, quem mais sofre e quem mais comete

violência é a juventude pobre, do sexo masculino, que vive em grandes cidades. É

como se a juventude estivesse matando-se a si mesma em nossas metrópoles. É

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evidente, portanto, Sr. Presidente, que pensar em políticas públicas direcionadas

para a juventude é uma prioridade inadiável.

Já temos por tradição preocupar-nos com a infância. Bem ou mal, isso já é

parte do nosso discurso. Mas carecemos de políticas claras, de diálogo, de

interação, de promoção e de integração da juventude.

Seguramente, portanto, Sr. Presidente, a violência não é um assunto só de

polícia. E essa é apenas uma primeira conclusão. Não há polícia que, sozinha,

resolva o problema da violência. O problema tem de ser tratado por vários ângulos,

no trabalho conjunto de todas as instituições, públicas e privadas, que atuam de

alguma forma no controle e nas causas da violência.

A característica marcante da urbanização como fator de geração da violência

é a sua irreversibilidade, pois não se vislumbram meios democráticos de se

deportarem os novos cidadãos urbanos de volta para os sertões de onde vieram.

Cabe aos poderes públicos implementarem políticas públicas capazes de, numa

primeira fase, reduzir os danos e, numa segunda fase, absorver esta população

recente, assegurando-lhe todos os direitos inerentes à cidadania.

Identificada a urbanização acelerada e o conseqüente envolvimento da

juventude como fatores determinantes da violência, Sr. Presidente, queremos trazer

à discussão outro fator que contribui decisivamente para sua potencialização: a

arma de fogo.

Imaginar a arma de fogo como causa da violência seria uma bobagem,

porque é evidente que a arma, sozinha, não faz nada. Quem mata é a pessoa que

aciona o gatilho da arma que tem na mão. Se não tivesse a arma, essa pessoa

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extravasaria sua exasperação em palavrões, tapas, socos, pontapés, o que, ao fim

do conflito, não teria resultado em morte. Mas como tinha uma arma e não soube se

controlar, fez desabar a desgraça sobre sua cabeça, sobre a de seus familiares e

sobre a dos familiares da vítima.

A arma de fogo, portanto, Sr. Presidente, se não é uma das causas da

violência, é um transmissor, é um instrumento que tem a capacidade de

potencializar a violência, isto é, de aumentar a letalidade e o grau de violência. O

conflito com arma de fogo torna-se, imediatamente, muito mais letal e perigoso do

que o realizado com outros instrumentos.

A arma de fogo potencializa, gera mais condições e circunstâncias de

conflitos violentos, sobretudo quando mal usada, fora de controle, porque a posse da

arma incita as pessoas a agirem irracionalmente.

Mesmo nas circunstâncias costumeiras da cidade, o uso, o porte e a exibição

de arma de fogo são um símbolo claro do exercício da violência. A meu ver, a

questão da arma de fogo é estratégica. O Brasil é um dos países onde mais e pior

se usa arma de fogo, no mundo. O Brasil não tem mais armas de fogo por habitante

do que outros países, sequer é um país onde as pessoas sejam tão ligadas a arma

ou tenham uma cultura de arma. Mas no Brasil a participação da arma de fogo nos

homicídios é muito maior do que em países que se notabilizaram pela tradição de

uso de arma, acentuando o entendimento de que não é arma que mata, mas o seu

portador incivilizado.

O Brasil tem taxa de uso de arma de fogo em homicídios maior, hoje, do que

a da Colômbia, a dos Estados Unidos, a da Jamaica e a da África do Sul, todos

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países bem conhecidos pelos problemas em relação ao controle das armas de fogo.

Concluindo, Sr. Presidente, ao contrário do que havíamos constatado a

respeito da irreversibilidade da urbanização, a questão da arma de fogo pode e deve

ser revertida, mediante medidas legislativas e políticas eficazes no sentido de

reprimir e minimizar a posse de armas de fogo, tanto por parte dos chamados

"homens de bem", responsáveis por 25% dos homicídios praticados, quanto,

principalmente, dos bandidos que cometem os outros 75%.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. ADÃO PRETTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para repercutir os

milhões de manifestações que se vêm fazendo da parte de trabalhadores, de

especialistas e de parte da sociedade brasileira, contrariamente ao projeto criminoso

que institucionaliza o trabalho escravo no Brasil, constante da pauta da Ordem do

Dia de hoje da Câmara dos Deputados, em regime de urgência, revelando

claramente o que é de fato urgente para este Governo.

Curiosamente este Projeto está colado na pauta da Câmara com outro, a

medida provisória que legaliza o acordo das dívidas dos grandes fazendeiros. Digo

curiosamente, porque uma coisa parece que não tem nada a ver com a outra.

Aparentemente, um projeto (o da CLT) proposto pelo Governo tira deste mesmo

Governo o papel de garantidor dos direitos sociais, ao passo que a medida

provisória sobre as dívidas rurais mostra a extrema garantia e proteção da parte do

Governo pelo setor agrícola.

Mas olhando bem de perto nós vamos observar que não há nenhuma

contradição entre os dois projetos, porque revelam o caráter deste Governo e a cara

do modelo que ele implementou em nosso País, um modelo onde o papel do Estado,

do Governo, é o de garantidor do lucro e do sucesso dos negócios das empresas e

do sucesso dos negócios dos grandes fazendeiros no campo.

O projeto que altera a CLT dá para as empresas tudo aquilo que as empresas

sempre quiseram, mas que, graças às lutas dos trabalhadores, nenhum Governo

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teve a coragem de fazer. Ou seja, sob o pretexto de diminuir custos da folha de

pagamentos para que possa haver investimentos e geração de empregos, o

Governo mais uma vez põe o prejuízo na conta dos já usurpados até o limite, os

trabalhadores, que precisam trabalhar.

Exatamente como no caso das dívidas agrícolas. Para poder beneficiar uma

minoria que deve 29 bilhões, o Governo sacrificou e deixou 100 mil famílias de

assentados na penúria, pendurados nos bancos, sem crédito em lugar nenhum e

sem poder pegar novo crédito para plantar. São pequenos e médios agricultores que

não devem mais do que 3 bilhões. Como tenho dito sempre, o acordo de

renegociação das dívidas é como um banquete de luxo cujo cardápio tem tudo o que

de mais caro existe em comida e bebida, mas o anfitrião decidiu economizar no sal.

É por isso que os projetos, no fundo, são exatamente iguais e têm coerência.

Isso comprova aquilo sobre o que já vimos há muito alertando os agricultores: não

adianta apenas lutar para melhorar o PRONAF e o preço dos produtos se não

lutarmos para impedir o avanço deste modelo.

É por isso que em todos os Estados, na semana passada, assentados e

pequenos agricultores e agricultoras foram mais uma vez às ruas, para a frente dos

bancos, exigir do Ministério da Fazenda uma medida tal como a que prontamente

ofereceu para os fazendeiros para renegociar também as dívidas dos pequenos.

Embora tivesse acenado com alguma possibilidade, ainda não há nada de concreto,

e nós continuamos aguardando resposta do Ministério da Fazenda.

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Por tudo isso, nosso povo está-se organizando mais e mais, para derrotar

este modelo, pois do contrário não haverá saída para ninguém, nem para os

trabalhadores do campo nem para os trabalhadores da cidade.

Muito obrigado.

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O SR. SILAS CÂMARA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SILAS CÂMARA (PTB-AM. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os estudiosos da administração

pública em nosso País são unânimes em afirmar que a Lei de Responsabilidade

Fiscal, a despeito de tratar e regular matérias mais afetas aos iniciados das finanças

públicas, extrapolou o interesse dos entendidos para se tornar familiar até mesmo

para o cidadão comum.

Por certo, colaborou para que tal fato se tornasse realidade o clamor coletivo

contra o abuso e a ausência de transparência na gestão dos recursos públicos, que,

no passado recente, acabaram por produzir escândalos e mais escândalos, cujos

protagonistas, em quase todas as instâncias da vida pública, nas três esferas de

governo, como no Judiciário e no Legislativo, ganharam o noticiário nacional em

manchetes que estariam mais apropriadas nas páginas policiais de nossos jornais.

Em meio aos anseios coletivos, observamos uma mudança de qualidade no

trato da coisa pública, com reflexo imediato no Parlamento, criando-se, então, o

ambiente ideal para a germinação e definição do conjunto de dispositivos que

acabaram transformando-se na Lei de Responsabilidade Fiscal, um dos mais

importantes textos legais de nossa história política.

Disse bem o Ministro Martus Tavares sobre o assunto: “A Lei de

Responsabilidade Fiscal traz uma mudança no trato com o dinheiro público, dinheiro

da sociedade... A sociedade não tolera mais conviver com administradores

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irresponsáveis e hoje está cada vez mais consciente de que quem paga a conta do

mau uso do dinheiro público é o cidadão, o contribuinte.”

A irresponsabilidade na gestão da coisa pública, sob a forma da improbidade

administrativa, ou sob a forma da imprudência na realização de gastos sem o devido

lastro factual dos recursos financeiros, acabará gerando mais impostos para o

cidadão, inconseqüentes endividamentos, como os praticados à exaustão no

passado, cujos efeitos estão ainda presentes em nosso cotidiano.

Desnecessário afirmar que o pagamento de juros em níveis elevados, fruto do

endividamento sem critério no passado, constitui ainda forte restrição aos

investimentos públicos, cujos montantes estão entre os mais baixos dos últimos

trinta anos.

Nada obstante a inegável contribuição da Lei de Responsabilidade Fiscal no

trato da coisa pública, somos de opinião que a sua adoção nos diferentes níveis de

governo trouxe sérios problemas de interpretação para os governantes, sobretudo

para os Prefeitos e Vereadores.

A Lei de Responsabilidade Fiscal reúne um conjunto de normas e práticas

inovadoras, sem precedentes entre nós, cujo teor, dada sua complexidade, somente

será absorvido no devido tempo, o que recomenda às autoridades públicas

responsáveis pela fiscalização dos atos de gestão alguma tolerância em relação a

possíveis equívocos cometidos pelos administradores públicos, desde que tais

equívocos, naturalmente, não se caracterizem como indícios de irregularidades

graves ou ilícitos (em qualquer tempo ou situação).

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Desse modo, consideramos que devem fazer parte da agenda do Congresso

Nacional, durante o próximo ano, eventos de avaliação da aplicação dos dispositivos

da Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo como objetivo o ajuste daquela norma à

realidade e às especificidades de cada nível de governo.

Tais ajustes não puderam ser feitos com profundidade à época em que a

proposição que deu origem à Lei de Responsabilidade Fiscal foi apreciada no

Congresso Nacional, tendo em vista o seu papel naquele momento assaz

conturbado, que estava a exigir medidas fiscais de forte impacto, com o objetivo de

reverter as expectativas que se formavam, contrárias ao interesse do País, nos

planos interno e externo.

É, pois, chegado o momento de o legislador federal atentar para o que aqui

estamos propondo, sob pena de colocarmos em risco os inegáveis ganhos já

alcançados em todo o conjunto da administração pública com a adoção dos

preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado pelos órgãos

de comunicação da Casa.

Muito obrigado.

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O SR. FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, em função do baixo quorum e dos trabalhos nas Comissões,

pergunto se a Presidência poderia tomar alguma iniciativa no sentido de solicitar o

encerramento dessas reuniões para que o quorum seja atingido no Plenário.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Segundo o Regimento, as Comissões

param seus trabalhos no momento em que se iniciar a Ordem do Dia no plenário.

De qualquer forma, esta Presidência convoca os Srs. Parlamentares que

estejam nas dependências da Casa e nas Comissões para vir ao Plenário registrar

suas presenças, a fim de que seja atingido o quorum regimental para início da

Ordem do Dia.

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O SR. PEDRO VALADARES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PEDRO VALADARES (Bloco/PSB-SE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, a Folha de S.Paulo publica hoje matéria, no mínimo,

interessante para leitores mais desavisados. Diz a matéria que a expectativa de vida

do brasileiro subiu 2,6 anos na década. Para as mulheres, mais ainda: 2,8 anos no

período. Para os homens sobe 2,2 anos.

Os leitores mais desavisados poderiam até dizer: “Vamos comemorar, porque

a expectativa do povo aumentou em 2,6 anos”. No entanto, não há motivo para

comemorarmos. Apenas um exemplo: o fator previdenciário, aprovado pela base do

Governo nesta Casa, faz o brasileiro trabalhar mais para ter os mesmos direitos.

Se analisarmos este contexto por outro prisma, veremos que os homens

vivem menos em face de causas externas. Hoje, os jovens são alvo da criminalidade

e das drogas: os jovens têm morrido mais do que as jovens — decorre daí a idéia de

que as mulheres vivem mais. Entretanto, não podemos afirmar, porque as mulheres

vivem mais, que não existem problemas. Há, sim! A propósito, os índices de

mortalidade materna poderiam ser diminuídos se o Governo investisse no social.

No início do meu pronunciamento, afirmei que não havia motivo para

comemorarmos. Digo isso por constatar que, mesmo com essa elevação da

expectativa de vida, perdemos de todos os países da América do Sul, salvo da

Bolívia. Em se tratando de expectativa de vida, só ganhamos da Bolívia. Ficamos

atrás da Argentina, da Venezuela, cuja expectativa de vida é de 73 anos, da

Colômbia, 71, do Paraguai e do Equador, 70, e do nosso vizinho Peru, onde a

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expectativa é de 69 anos. Ficamos atrás até mesmo do Vietnã, cuja expectativa de

vida é de 68 anos. No Brasil, a expectativa de vida para quem nasce hoje é de 67

anos.

Falta ao Governo Federal política social que diminua os índices de

criminalidade e as enfermidades que acometem sobretudo a população nordestina.

O Estado de Alagoas, por exemplo, tem o pior índice de expectativa de vida do País:

61 anos. Está claro, portanto, que este Governo não tem aplicado recursos

suficientes para diminuir a mortalidade e, por conseguinte, aumentar a expectativa

de vida do brasileiro.

O Brasil é um País riquíssimo e, em termos econômicos, estamos de

parabéns. Tivemos extraordinário crescimento econômico, mas pífio crescimento

social. Não obtivemos nenhuma melhora em nossos índices de expectativa de vida,

item em que ficamos atrás de diversos países, muitos deles mais pobres que nós,

mas também mais decididos a investir em saúde e segurança pública. Não vamos

citar Cuba, cuja expectativa de vida é de 76 anos; tampouco vamos citar países

africanos como Cabo Verde, cuja expectativa de vida é de 71 anos.

A verdade, Sr. Presidente, é que a equipe econômica do Governo Federal

tem-se mostrado totalmente despreocupada com os índices sociais e muito

empenhada em proteger os banqueiros, aqueles que de fato ficam com os recursos

do povo brasileiro — durante este Governo, o patrimônio líquido dos 30 maiores

bancos do País cresceu 313%.

No Governo Fernando Henrique Cardoso, os bancos ganharam 26 bilhões de

reais. Se há pessoas ganhando muito, outras estão pagando por isso. E quem paga

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é o trabalhador brasileiro, que hoje assistirá à votação do projeto que altera a CLT,

que na verdade será jogada na lata do lixo. Aprovado o projeto, os acordos coletivos

prevalecerão sobre a lei, e o índice de desemprego aumentará, uma vez que os

trabalhadores serão obrigados a aceitar qualquer tipo de acordo. Com isso, o

sofrimento do povo aumentará cada vez mais no Governo Fernando Henrique.

Segundo índices da América do Sul, o Brasil ganhou apenas da Bolívia no

item expectativa de vida. Ninguém pode comemorar. A base do Governo não pode

comemorar o fato de a expectativa de vida do povo brasileiro ter aumentado em 2,6

anos no mandato do Presidente Fernando Henrique. Estamos perdendo para todos

os países da América do Sul, menos para a Bolívia. Trata-se de dado lastimável.

Quero que os Deputados governistas venham falar sobre esse índice.

Deputado Paulo Paim, estamos presenciando o maior contra-senso dos

últimos tempos. O fator previdenciário, contra o qual V.Exa. e eu votamos, foi

aprovado pelos Parlamentares da base governista. O Deputado Augusto Franco

votou contra a proposta, porque o empregado trabalhará mais, com os mesmos

direitos e mais deveres.

Sr. Presidente, deixo o alerta para este Governo insensível. A base governista

da Casa tem de explicar esses índices publicados pelo jornal Folha de S. Paulo.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. SIMÃO SESSIM – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu gostaria de registrar nos

Anais desta Casa votos de congratulações ao Exmo. Sr. Ministro Carlos Carmo

Andrade Melles, do Esporte e Turismo, pela realização do I Seminário Nacional

sobre a Indústria de Cruzeiros Marítimos, que se encerra hoje, no teatro do SESI do

Rio de Janeiro.

A brilhante iniciativa de Carlos Melles, que envolve ainda a Sociedade

Brasileira de Engenharia Naval — SOBENA e a EMBRATUR, tem o objetivo, Sr.

Presidente, de discutir a inserção do Brasil no mercado de cruzeiros marítimos,

oferecendo, portanto, amplas oportunidades de negócios em diversos segmentos de

nossa economia, contribuindo de forma significativa para a geração de empregos.

Como bem lembra o Ministro Carlos Melles, temos hoje 50 milhões de

brasileiros viajando pelo País. Em mais dois anos, esse número deve saltar para 65

milhões. Eis aí, portanto, o interesse do Ministério do Esporte e Turismo em

desenvolver cada vez mais ações que possibilitem melhor qualidade de vida aos

cidadãos brasileiros.

Ficamos felizes também, Sr. Presidente, com a informação de que os

cruzeiros marítimos já são considerados a vedete do turismo brasileiro para a alta

temporada do verão 2001/2002.

Com a realização do I Seminário Nacional sobre a Indústria de Cruzeiros

Marítimos, o Ministro Carlos Melles estimula a criação de condições para que este

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nicho da indústria do turismo seja explorado da melhor forma possível, envolvendo

aí também algumas ações por parte não só do Governo Federal, como também de

Estados e Municípios, além da iniciativa privada, é claro.

No Seminário foram debatidos temas tais como instalações próprias nos

portos brasileiros, mudanças na legislação, fim da obrigatoriedade de tripulantes

brasileiros — sem que seja preciso substituir as guarnições originais dos navios — e

capacitação de profissionais para o setor.

E os números referentes ao setor, Sr. Presidente, são para lá de otimistas. Só

para termos uma pequena idéia da importância do setor na economia nacional, já

neste verão os transatlânticos contam com 112 roteiros apenas na costa brasileira,

sendo sete deles confirmados em cruzeiros nacionais. Os navios belos, enormes,

oferecendo o que há de mais prazeroso, podem carregar mais de 11 mil e 600

passageiros por cruzeiro, em total segurança, atendendo a uma demanda natural,

depois do medo dos atentados terroristas em aviões.

O Ministro Carlos Melles lembra-nos também que o Brasil é considerado um

paraíso de tolerância racial, imune, portanto, a atentados terroristas. E com a

elevação do dólar e os conflitos mundiais, certamente as viagens para o exterior

sofreram reduções consideráveis, transformando os cruzeiros agora numa nova e

agradável opção de turismo para cerca de 28 milhões de brasileiros que estão

dispostos a viajar.

Por fim, Sr. Presidente, as estatísticas nos mostram ainda mais dados

promissores: no verão passado, por exemplo, o crescimento do número de

passageiros no Brasil foi de 30%, podendo atingir 100% agora, no verão 2001/2002.

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Só para termos uma idéia, no mundo inteiro, navegam atualmente 235 navios

de cruzeiro, transportando 8 milhões de passageiros, movimentando 38 bilhões de

dólares, num setor que cresce 9,3% anualmente.

Está, portanto, explicada mais essa ação nobre do Ministro Carlos Melles, que

hoje encerra um evento que, certamente, trará bons frutos para a economia

brasileira num futuro breve.

Receba, Ministro Carlos Melles, minhas felicitações, certo de que esta Casa

estará sempre atenta aos reais interesses da Nação, principalmente se eles

estiverem navegando por mares de prosperidade.

Muito obrigado.

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O SR. ARNON BEZERRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNON BEZERRA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro minha visita ao Município de Sobral,

oportunidade em que conheci de perto uma das belas administrações de que há

notícia não apenas no Estado, como também no Brasil. Lá, tudo funciona em virtude

da boa organização do Prefeito Cid Gomes.

Deixo meu abraço ao Prefeito e aos servidores da Santa Casa de

Misericórdia, do Instituto do Coração e da Universidade do Vale do Acaraú.

Merecem destaque o Deputado José Linhares, que serviu de anfitrião durante

a visita, e o reitor José Theodoro. Parabenizo todos pelo grande feito de integração

entre a Universidade, a Prefeitura e a Santa Casa de Misericórdia.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre

Deputado José Lourenço.

O SR. JOSÉ LOURENÇO (PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comunico à Casa e à Nação brasileira,

embora a imprensa já tenha noticiado hoje o assunto, a eleição do desembargador

Carlos Cintra para a Presidência do Tribunal de Justiça da Bahia.

Trata-se de fato da maior importância para a Bahia e para o Poder Judiciário

do País, uma vez que meu Estado era o único onde havia controle externo da

Justiça. Há trinta anos desembargadores vinham sendo eleitos por indicação de

personagem de grande densidade política.

Manifesto satisfação e alegria, uma vez que tal fato significa a reintegração do

Poder Judiciário baiano ao cenário nacional e, simultaneamente, o esquecimento do

passado. Hoje podemos olhar para a frente com a cabeça erguida, certos de que o

Poder Judiciário está à altura do que deseja o povo brasileiro e o povo baiano, em

particular.

Muito obrigado.

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741

O SR. MANOEL VITÓRIO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MANOEL VITÓRIO (PT-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de agradecer aos jornalistas do Mato

Grosso do Sul pela homenagem que prestaram a mim e a outras pessoas na cidade

de Corumbá, na última sexta-feira, conferindo-nos o troféu Oscar Pantaneiro.

Quero agradecer de coração o reconhecimento ao modesto trabalho que

realizo nesta Casa em prol do meu Estado. Agradeço também ao MJ6, grande

conjunto musical que, no mesmo dia, realizou importante evento para a juventude e

para as pessoas que viveram os bons tempos dos anos 70, pelo diploma que nos

deu em virtude do nosso trabalho a favor da cultura. Manifesto ainda minha gratidão

a Geraldo Alexandre e ao Presidente do Riachuelo Futebol Clube, da cidade de

Corumbá.

Participamos na última sexta-feira, em Campo Grande, de audiência pública

para tratar da aquisição de terras no Mato Grosso do Sul pelo Reverendo Moon e

seu grupo.

Cumprimentamos os Deputados Ary Rigo, Presidente da Assembléia

Legislativa de Mato Grosso do Sul; o Deputado Jerson Domingos, 2º Secretário; e o

Deputado Sandro Fabi, que representa o Pantanal naquela Assembléia, pela

importante iniciativa de dar continuidade ao debate sobre as ações do Reverendo

Moon no Estado. É bem provável que o próximo passo seja a instalação de

Comissão Parlamentar de Inquérito para que se apurem as irregularidades

praticadas pela Seita Moon.

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Já encaminhamos várias propostas ao Conselho de Defesa Nacional, à

Receita Federal e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. A este último

sugerimos, por meio de indicação, a desapropriação das áreas rurais pertencentes à

Associação das Famílias para a União e a Paz Mundial, braço do Reverendo Moon

no Brasil, por descumprimento da função social.

O Reverendo Moon afirma que sua luta é pela paz mundial e, para esse fim,

já teria adquirido 1,2 milhão hectares de terras na América do Sul. No Mato Grosso

do Sul, o que se pode comprovar é a aquisição de 60 mil hectares nos Municípios de

Jardim, Porto Murtinho, Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Bonito, Corumbá, Miranda

e Bela Vista. Muitas transações não foram ainda registradas em cartório, o que

dificulta estabelecermos quadro mais preciso.

A estratégia do Reverendo Moon parece estar vinculada a projeto de

internacionalização de nossas fronteiras, que só se explicita nas suas falas no

exterior. Aqui o discurso é outro. Em discurso proferido no dia 18 de agosto de 2000,

na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, o Reverendo Moon

afirmou que para a superação dos conflitos no mundo se fazia necessária a criação

de “zonas de paz” — entre aspas —, que poderiam ser governadas diretamente

pelas Nações Unidas. No mesmo pronunciamento afirmou que já havia comunicado

aos líderes do norte e do sul da Coréia sua disposição de transferir parte das terras

adquiridas na América do Sul.

No Brasil, o discurso da Associação do Reverendo Moon é de que seu

objetivo é o de oferecer qualidade de vida às pessoas por meio da produção de

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alimentos e da preservação ambiental. Lá fora, as terras brasileiras são oferecidas

aos coreanos em nome da paz mundial.

Apelamos mais uma vez ao Governo Federal para que tome alguma iniciativa

diante de ofensiva desse porte contra a dignidade, a segurança e a soberania do

País.

É um absurdo termos de conviver e aceitar tais situações. O Reverendo Moon

falou na ONU como se fosse Chefe do Estado brasileiro, desrespeitando as nossas

instituições e violando princípios básicos da convivência pacífica entre pessoas de

diversas religiões. Em meu Estado, como fazem políticos corruptos, estão tentando

comprar consciências com a distribuição de camisetas de times de futebol, a

realização de churrascos e uma série de privilégios que visam unicamente

descaracterizar aquela região brasileira.

É importante estar alertas para defender a integridade e a soberania do nosso

País.

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O SR. EDINHO BEZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Juventude do PMDB de Santa Catarina

reuniu-se nos dias 1º e 2 de dezembro na cidade Joinville para escolher o seu novo

diretório e sua nova executiva. Foi eleito Presidente Edilberto Carlos Ferreira, de

Fraiburgo; 1ª Vice-Presidenta, Cátea Aparecida Pravato, de Pedras Grandes; 2º

Vice-Presidente, Wilson Pereira, de Canoinhas; 3º Vice-Presidente, Elimar Russi

Filho, de Blumenau; Secretário-Geral, Tufi Micheress Neto, de Joinville; Secretário-

Adjunto, Vereador Closmar Zagonel, de Concórdia; Tesoureiro-Geral, Luciano

Veloso Lima, de Videira; Tesoureiro-Adjunto, Vereador Milton Mathias Filho, de

Otacílio Costa; Secretário de Divulgação e Imprensa, Miguel Ângelo Herdy, de

Tubarão; Secretário de Formação Política, Jucemar Rampineli, de Criciúma;

Secretário para Assuntos Parlamentares, Vereador e Presidente da Câmara Rodrigo

da Silva Turati, de Araranguá; Secretário do Movimento Universitário, Alexandre

Saad Benedet, de Guaruva; Presidente de Honra, 1º Suplente de Deputado Estadual

Valdir Cabalchine, de Caçador.

Foram ainda eleitos Vice-Presidentes Regionais: AMUREL, Hilson da Silva,

de Braço do Norte; AMREC, Vereador Manoel Jades Izidoro, de Lauro Müller;

AMESC, Vereador Edson Jair Dagostim, de Turvo; e demais companheiros nas

outras funções da executiva.

Vale lembrar que a JPMDB de Santa Catarina é uma das mais organizadas

do Brasil, e no Estado é a mais organizada, e vem contando com o apoio maciço

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deste Deputado, uma vez que tenho como princípio enaltecer os jovens em todos os

campos, em especial no político-partidário, pois, sem sombra de dúvida, a juventude

é o presente e o futuro.

O encontro contou com a presença de mais de 1.600 jovens de várias

lideranças e correntes da Juventude Nacional, entre elas a do Presidente da

Fundação Ulysses Guimarães no Estado de Santa Catarina, meu amigo Eduardo

Pinho Moreira; deste Deputado, que é Vice-Presidente da Fundação Nacional

Ulysses Guimarães; do Presidente do PMDB de Santa Catarina, Senador Casildo

Maldaner; e do nosso Líder maior, Prefeito de Joinville, meu amigo particular Luiz

Henrique da Silveira, que será nosso candidato e futuro Governador de Santa

Catarina. Disso temos convicção devido à sua história, sua índole, sua experiência e

seu apoio alavancado pelo maior partido de Santa Catarina, o PMDB, que conta com

114 Prefeituras, diretórios constituídos em todos os Municípios do Estado, além de

outras forças que estão, a cada dia, integrando-se à referida candidatura, a exemplo

do PMDB das Mulheres.

Ressalto que no encontro ficou evidenciado o apoio da Juventude do PMDB

ao candidato à Presidência da República, o Senador, Governador, grande liderança,

nosso companheiro e amigo Pedro Simon, do Rio Grande do Sul.

Vale ressaltar que, na grande confraternização, os jovens deliberaram pela

aprovação da Carta de Joinville, sendo uma das propostas o apoio à posição da

bancada federal do PMDB de barrar a proposta de modificação das leis trabalhistas.

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Encerro parabenizando a nossa brilhante juventude, em nome do ex-

Presidente Sérgio Antônio Bergamim, nosso Serginho, desejando também sucesso

ao novo Presidente.

Nobres companheiros, em nome da JPMDB de Joinville e de seu Presidente,

Alexandre Santos, parabenizo a organização do evento. O Presidente do PMDB

Municipal de Joinville, Jeová Amarante, e o nosso companheiro Luiz Henrique da

Silveira ali estiveram presentes. Prestigiou também a Juventude do PMDB do

Município de Joinville, Santa Catarina, o meu candidato à Presidência da República,

Senador Pedro Simon. Foi, sem sombra de dúvida, grande evento que enalteceu

ainda mais o PMDB de Santa Catarina, além de ter mobilizado representantes de

praticamente todos os Municípios daquele Estado.

Na última sexta-feira, realizamos reunião em Tubarão, minha cidade, na qual

contamos com a presença de Luiz Henrique da Silveira e de mais de duas mil

pessoas. A reunião foi considerada um dos primeiros encontros, mas já apresentou

forma e características de encerramento de campanha vitoriosa.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre

Deputado Orlando Desconsi.

O SR. ORLANDO DESCONSI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos brasileiros, na qualidade de

membro da Comissão de Seguridade Social e Família, gostaria de registrar minha

indignação pela falta de cumprimento, por parte do Governo Federal, da Emenda nº

29, que destina 1 bilhão e 250 milhões de reais a mais à área de saúde de Estados

e Municípios. De 2001 a 2004, 5 bilhões de reais a menos serão repassados em

virtude do descumprimento da lei, passivo que fica para o próximo Presidente da

República.

Enquanto isso, diferente da administração anterior que aplicou apenas 5,9%

do seu Orçamento na saúde, o Governo Olívio Dutra, da Frente Popular, desde 1999

vem aplicando mais de 10% da receita tributária líquida na área. E no ano que vem,

por decisão do povo nas assembléias, o valor passará para 11,25%.

Além disso, por meio do Programa Municipalização Solidária, recursos não-

carimbados da ordem de 179 milhões de reais foram repassados do Estado para os

Municípios. O Programa Saúde Solidária, que repassa recursos a fundo perdido

para os hospitais, destinou até o momento 40 milhões de reais a 270 hospitais no

Estado do Rio Grande do Sul.

Com o esforço do Governo do Estado e da bancada parlamentar federal, foi

aprovada no ano passado emenda de 9,89 milhões de reais, cortada em 10% pelo

Governo Federal. Mas na semana passada foi protocolado projeto para construção

de dois laboratórios para produção de medicamentos: um na cidade de Santa Maria,

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para 23 milhões de unidades de antibióticos; outro na cidade de Pelotas, para 249

milhões de unidades dos medicamentos da cesta básica mais consumidos. Os

recursos estão para ser liberados. Os dois laboratórios custarão 7 milhões e 260 mil

reais. Vinte por cento dos recursos serão repassados por intermédio do Tesouro do

Estado. Um milhão e 743 mil será destinado a laboratório em construção perto de

Porto Alegre.

Esses recursos e mais 1 milhão e 500 mil reais, destinados à nova fábrica de

medicamentos fitoterápicos — única no Estado —, na cidade de Panambi, serão

suficientes para produzir 46% dos itens da cesta básica de medicamentos em

laboratórios públicos, o equivalente a 86% dos medicamentos da cesta básica

distribuída pelos Municípios. À medida que começarem a funcionar, esses

laboratórios serão responsáveis por quase 100% da produção dos medicamentos.

Neste ano, novamente o Governo procurou apoio dos Parlamentares do

Estado para obter recursos destinados à construção ou à ampliação de laboratórios.

A articulação foi feita pelo Governo do Estado, pela bancada federal, pela Federação

dos Municípios, pela Associação dos Municípios e por universidades. Foi esforço

coletivo que, certamente, produzirá frutos para o Rio Grande do Sul. Portanto, está

de parabéns o povo gaúcho pela oportunidade.

Gostaria, para concluir, de informar a esta Casa que temos no Rio Grande do

Sul o Fundo de Apoio e Recuperação aos Hospitais Filantrópicos, único no País. No

segundo semestre de 1999, a instituição liberou 30 milhões de reais por intermédio

do BANRISUL, banco público que financiou, com 1% de juros mais TR, 86 hospitais

do Estado. Cem por cento desses recursos retornaram, mediante pagamento em

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dezoito parcelas, com seis meses de carência. Está saindo agora em dezembro a

segunda etapa — mais 15 milhões —, com 1,3% de juros mais TR e 1% de juros

que o Estado está equalizando. Mais 70 hospitais estão sendo beneficiados. Essa é

uma das formas de um banco que não foi privatizado, em parceria com o Governo

Estadual, auxiliar os hospitais filantrópicos.

Muito obrigado.

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O SR. NILSON MOURÃO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o jornal Folha de S.Paulo, em

sua edição de 14 de novembro último, divulgou matéria que deve merecer séria

reflexão.

Segundo o jornal, os bancos brasileiros obtiveram lucros extraordinários nos

primeiros nove meses deste ano. O Banco Itaú, que foi o recordista, obteve lucro de

R$ 2,156 bilhões no período de janeiro a setembro. O melhor resultado da história

do banco e do Sistema Financeiro Nacional havia ocorrido em 1999, quando os

lucros acumulados durante todo o ano pelo Itaú somaram R$ 1,869 bilhão.

O ano de 1999, que havia sido considerado excepcional para os bancos pela

desvalorização do real que favoreceu aplicações em dólar, foi facilmente superado

nos primeiros nove meses de 2001, nos quais o Itaú ganhou R$ 287 milhões a mais.

Em apenas três meses — julho, agosto e setembro de 2001 —, os lucros do Itaú

somaram R$ 699 milhões.

Estudo da Consultoria Financeira ABM mostra que os lucros de apenas

quatro bancos — BRADESCO, Itaú, UNIBANCO e BANESPA —, de janeiro a

setembro deste ano, superaram os R$ 5 bilhões, apresentando crescimento de 34%

em relação ao mesmo período do ano passado.

Esse crescimento acelerado dos bancos apenas reforça a tese de que o atual

Governo está estruturado para garantir os interesses do grande capital financeiro. As

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trinta maiores instituições financeiras do País mais que dobraram seus lucros no

Governo Fernando Henrique Cardoso.

Estudo encomendado pelo Jornal do Brasil, feito pela Austin Asis, uma das

maiores consultorias do País, especializada em análise de balanços de instituições

financeiras, mostra que os bancos já acumularam, na era FHC, mais de R$ 21

bilhões em lucros. A soma é, curiosamente, igual à concedida pelo Governo no

socorro a bancos pelo PROER. A empresa mostra que o lucro dos trinta maiores

bancos cresceu 313%, de dezembro de 1994 a dezembro do ano passado. Em

dezembro de 1994, após o lançamento do Plano Real, o lucro desses grupos

financeiros foi de R$ 2,17 bilhões, saltando para R$ 8,98 bilhões em dezembro de

2000.

Enquanto os bancos engordam suas fortunas, ampliam seu patrimônio, fazem

novos investimentos, demonstram sempre mais insensibilidade para com a tragédia

social que toma conta do País. Promovem demissões, pagam baixos salários a seus

funcionários e não contribuem com programas sociais. Parece até que desprezam o

povo e vão conduzindo seus interesses como se estivessem numa ilha da fantasia.

Mesmo no mundo capitalista as empresas bem sucedidas podem e devem

dar a sua parcela de contribuição para acabar com a pobreza, a miséria, o

analfabetismo. Os bancos vivem e prosperam desse modo no Brasil, acumulando

fortunas extraordinárias há anos seguidos, porque o modelo de desenvolvimento

implantado em nosso País tem em vista a minoria, destina-se a no máximo 20% da

população. A grande maioria do povo está excluída do consumo e, portanto, não

interessa aos bancos. Mas deve interessar, e muito, a qualquer governo que

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pretenda construir nação mais justa e solidária. Dessa responsabilidade o Governo

Federal não pode se eximir.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Esta Presidência convoca os Srs.

Deputados que estão em seus gabinetes, nas Comissões e nas demais

dependências da Casa a virem ao plenário registrar a presença. Nas portarias, foi

registrada a presença de 357 Srs. Deputados, mas ainda não há quorum no painel

eletrônico para iniciar a Ordem do Dia.

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O SR. PAULO PAIM – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Deputado Enio Bacci, do PDT do Rio Grande do Sul, que muito orgulha

o nosso Estado, quero apresentar alguns dados para suporte do debate sobre a

matéria que esta Casa vai votar hoje.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o representante do SEBRAE

esteve no Programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, e disse que “o projeto do

Executivo, que retira direitos dos trabalhadores — décimo terceiro, férias, entre

outros direitos —, é uma bobagem, é ridículo”. Disse ainda que o problema das

pequenas e médias empresas não são os salários, mas, sim, os tributos e a alta taxa

de juros.

Walter Barelli, Secretário de Trabalho do Governo do Estado de São Paulo,

afirmou também no Programa Bom Dia Brasil que depois da aprovação do projeto

do Executivo só falta revogarem a Lei Áurea. S.Exa. já foi Ministro do Trabalho, e

tivemos muitas divergências.

Demonstração clara de que a proposta do Governo não vai resolver o

problema das empresas é a atual situação da companhia aérea TRANSBRASIL, que

não está efetuando o pagamento dos salários de seus trabalhadores há cinco meses

nem pensa em pagar o décimo terceiro salário e, muito menos, a rescisão dos

trabalhadores. Está falida. Desde janeiro, não paga a ninguém. A quem reclama diz

que procure seus direitos na Justiça. Os aviões estão todos no solo por falta de

dinheiro para abastecê-los. Então, não é o salário pago ao trabalhador que prejudica

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as empresas. Como podemos ver não são os direitos sociais que criam problemas.

As companhias aéreas estão fazendo grande lobby em relação ao projeto.

Por que será? Tenho denúncia escrita de um dos comandantes da VASP. Diz ele

que a empresa está demitindo os que recebem salários médios e, em lugar deles,

contratando estagiários, que pagam 900 reais pelo curso de treinamento. Só depois

são admitidos e recebem salário igual ao que pagaram pelo treinamento. Na

realidade trabalham. Com isso, a empresa em breve terá nos seus quadros apenas

pessoas que recebem salários insignificantes.

Sr. Presidente, ontem o Senador Ramez Tebet me disse, de forma tranqüila,

que vai cumprir o Regimento. O Presidente do Senado, em entrevista ao jornal

Folha de S.Paulo, afirmou que “no Senado, o único consenso é que o projeto que

flexibiliza a Consolidação das Leis do Trabalho não será votado ainda em 2001,

mesmo que seja aprovado pela Câmara”.

Para mim, a base do Governo nesta Casa deve estar constrangida em votar

projeto que, se não for derrotado nesta Casa, será no Senado. Sr. Presidente, o

Governo sabe que perdeu todos os prazos. Na verdade, já está derrotado, só não

quer admitir. Está dando uma de avestruz, que enfia a cabeça na areia para não ver

a tempestade passar.

Sr. Presidente, não acreditamos que o projeto seja aprovado no Senado em

abril ou maio do ano que vem, quando ocorrem os principais dissídios e acordos

coletivos de trabalho. Então, perderá o sentido até para aquelas categorias que,

conforme o Governo, estariam nos pressionando para aprovar a matéria. O PMDB e

a Oposição formam a Maioria. Mas se por uma desgraça isso acontecer nós o

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derrubaremos no Supremo Tribunal Federal, pois é ilegal, imoral, desumano e

inconstitucional.

Será que a base governista tem tendência suicida, de kamikaze? Como pode

votar por votar projeto tão impopular que não será posto em prática neste ano,

tampouco no próximo?

Os Senadores, de forma muito mais sábia e inteligente — e ano que vem

aquela Casa renova dois terços de seus membros —, estão conscientes disso.

Disseram S.Exas. que é bem possível o projeto ser derrotado naquela Casa.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a transcrição nos Anais de matéria

publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de hoje, de autoria da jornalista

Claudia Rolli. São fontes do economista Marcio Pochmann, Secretário do

Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo. No que se

refere à flexibilização das leis de trabalho ocorrida nos países desenvolvidos, ele

afirma que “o que se verifica é que o nível de emprego não mudou”. O estudo

considera ainda alterações nos contratos e na organização do trabalho, além da

flexibilização de demissões, jornada e salários.

Novamente quero deixar registrado neste plenário que projeto de tamanha

importância deveria ter sido amplamente discutido com a classe trabalhadora, a

maior prejudicada com a sua aprovação. E ninguém melhor do que ela para decidir

se o projeto deve ser aprovado ou não. Por isso, antes de o Congresso Nacional

deliberar sobre o assunto, deveria ser realizado plebiscito nacional sobre a matéria,

conforme projeto de lei por mim protocolado nesta Casa.

MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR

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MATÉRIA REFERIDA PELO DEPUTADO PAULO PAIM

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Solicito aos Srs. Deputados que

registrem suas presenças no painel. Necessitamos de quorum regimental para

iniciar a Ordem do Dia.

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A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muito orgulho e satisfação que

venho à tribuna comunicar aos colegas que, neste final de semana, realizou-se em

Brasília o 4º Congresso do Partido Socialista Brasileiro, o maior da história do PSB,

não apenas pelo número de militantes e filiados que compareceram ao evento, mas

pela decisão histórica de participar da eleição presidencial com candidatura própria.

É lamentável que, embora a imprensa tenha participado, os fatos relatados

não sejam fiéis aos acontecimentos. O partido saiu unido — e entusiasmado — em

torno da candidatura do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony

Garotinho, à Presidência da República, não apenas por ser uma liderança jovem,

que já demonstrou e provou competência para administrar, ao longo de dois

mandatos, a Prefeitura de Campos, mas acima de tudo pelo brilhante Governo que

vem fazendo no Rio de Janeiro.

Fui Deputada Estadual no Rio de Janeiro no Governo anterior e posso afirmar

que o Sr. Marcello Alencar foi o primeiro Governador do País a adotar o projeto

neoliberal da globalização. Quando terminou o mandato, a administração estava

desmontada e o Estado falido e endividado. Vendeu todas as estatais; restou a

CEDAE. Em pouco tempo, o Governador Anthony Garotinho conseguiu negociar a

dívida de 26 bilhões e equilibrar as finanças do Estado.

É evidente a competência de Anthony Garotinho e sua capacidade de

resolver rapidamente os problemas. S.Exa. ressuscitou o interior do Estado,

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transformou nossas rodovias e investiu como nunca na agricultura e em setores

estratégicos, como saúde e educação.

Estamos muito satisfeitos em defender a candidatura do Governador Anthony

Garotinho à Presidência da República. S.Exa. representa esperança para o País.

O nosso partido tem história. São 60 anos de luta pela democracia deste

País. E agora, aliado às bandeiras do nosso partido, temos também um candidato

com alto nível de expressão popular, um Governador que tem sido campeão de

popularidade. A aceitação do Governo de S.Exa. não se deu por meio de discursos,

mas de ações. O povo vem comprovando que o segredo de S.Exa. é não prometer,

mas fazer.

Suas realizações são a marca que levantaremos como bandeira para a

campanha em todo o País. Tenho certeza de que resgataremos a esperança do

povo na administração pública voltada para a solução dos nossos principais

problemas.

Não é à toa que hoje o salário mínimo do Rio de Janeiro está em torno de 220

reais e o piso salarial do funcionalismo público em 400 reais. Estamos vivendo

momentos de grande felicidade em nosso Estado.

Os problemas do País só serão solucionados se houver profunda mudança no

atual modelo econômico, que é a raiz de todos os males. O atual Governo apenas

preocupa-se em privilegiar cada vez mais os banqueiros. A votação de hoje

demonstra claramente que ele não tem compromisso com o povo.

Conclamamos, mais uma vez, todas as bancadas da Casa para profunda

reflexão. Não temos o direito de destruir toda uma história de luta da classe

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trabalhadora, que resultou na Consolidação das Leis Trabalhistas. Na CLT, mesmo

rasgada como está, graças ao contrato temporário e a uma série de outros golpes,

ainda estão preservados os direitos mínimos, básicos e elementares. E eu não me

conformo, Sr. Presidente, que tais direitos sejam eliminados.

Esta Casa não pode cometer este crime, dar este golpe na classe

trabalhadora brasileira. Esta Casa não pode acreditar num discurso falso e

demagogo, alegando que dessa forma nós estaremos resolvendo o problema do

empresariado brasileiro.

A situação do País só será resolvida se se mudar o modelo econômico,

privilegiar investimentos na produção, baixar juros, os mais altos do mundo. Dessa

forma, sim, nós poderemos tirar o País da recessão e da crise em que se encontra e

resolver o problema como um tudo. Não é tentando sacrificar ainda mais os

trabalhadores brasileiros, que não suportam o arrocho salarial, que vamos resolvê-

lo.

E, daqui para a frente, fica uma grande interrogação: o que acontecerá?

Estamos vendo claramente a volta da escravidão. Por isso, conclamamos os

colegas Deputados a não aprovarem tal projeto de lei, Sr. Presidente.

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O SR. IVAN PAIXÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci ) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. IVAN PAIXÃO (Bloco/PPS-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, no último dia 1º de dezembro transcorreu o Dia Mundial de Combate

à AIDS.

Nos últimos anos a epidemia de AIDS tem-se caracterizado pela

heterossexualização. As mulheres são atualmente um dos grupos mais vulneráveis.

Por outro lado, observa-se também um processo de interiorização (ainda que 80%

dos casos estejam em grandes centros urbanos) e a pauperização (num primeiro

momento, a doença foi relacionada a pessoas com padrão de vida elevado).

O sexo é a via de transmissão da AIDS mais comum no País, com 68% do

total de casos, cujas formas de transmissão são conhecidas. Em seguida, estão as

drogas injetáveis (25%). A transmissão por transfusão sangüínea foi reduzida

praticamente a zero. Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde é

com a transmissão do vírus da mãe soropositiva para o bebê. Do total de casos em

crianças, notificados, 90% são em decorrência da transmissão vertical. Os exames e

o tratamento são disponibilizados nos serviços públicos de saúde. As maternidades

credenciadas realizam tratamento específico com AZT injetável, que reduz em até

75% a transmissão do HIV da mãe para o recém-nascido.

AIDS e os pobres com baixa escolaridade. A razão de a AIDS se estender

sobre a população de baixa escolaridade é clara: essas pessoas têm pouco acesso

à informação, situação que dificulta a prevenção e interfere na aderência ao

tratamento. Em 1991, 32,2% dos homens infectados eram analfabetos ou semi-

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alfabetizados. Mulheres nessas condições totalizavam 50,5% das soropositivas. Em

2000, os homens com baixa escolaridade representavam 61,5% dos novos

portadores de HIV; as mulheres, 69,6%.

AIDS, as mulheres e a interiorização. Além de se expandir na base da

pirâmide social a AIDS se espalha entre os heterossexuais. Em 1995, pessoas com

este perfil respondiam por 255 dos novos casos. Em 2000, esse índice cresceu para

50% das transmissões notificadas. Nesse grupo, observa-se o crescimento cada vez

maior da contaminação de mulheres. De fato, em alguns pontos do País elas já

lideram as estatísticas. Em 1995, havia 38 cidades nessa situação. Hoje, em 160

Municípios, há mais mulheres contaminadas do que homens. Muitas foram

infectadas pelo parceiro.

AIDS e os homossexuais. Muitas pessoas, inclusive as já contaminadas,

estão menosprezando a gravidade da doença por ela ter deixado de ser a sentença

de morte para se tornar um mal crônico. Uma das conseqüências desse

afrouxamento na prevenção é o recrudescimento da infecção entre os homossexuais

masculinos. Embora ainda não apareça nas estatísticas, esse quadro já se insinua

em pesquisas. Levantamento recente, realizado em São Paulo pelo IBOPE, mostrou

que 88% dos gays asseguram se cuidar mais. Porém, 10% acreditam que há um

aumento da falta de cuidado entre os homossexuais mais jovens.

Os números. O último “Boletim Epidemiológico” sobre a AIDS revela uma

queda de 50% da mortalidade provocada pela doença, de 1995 a 1999, em todo o

Brasil. Ou seja, houve uma redução média de 12,5% ao ano no número de óbitos. O

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resultado coincide com a adoção da política de distribuição universal e gratuita do

coquetel anti-AIDS a partir de 1996.

A maior queda na taxa de mortalidade é registrada no Sudeste:

aproximadamente 79% nos cinco anos analisados. Já na Região Sul, esse índice foi

muito menor, com queda de 5% da mortalidade. O número de óbitos ano a ano vem

caindo quase duas vezes mais entre os homens que entre as mulheres. Enquanto

houve uma queda de 71% no número de mortes do sexo masculino, a redução foi de

37,3% entre as mulheres.

O “Boletim Epidemiológico” aponta uma queda no número de casos de

AIDS a partir de 1999, o que sinaliza um recuo da epidemia no País. Nos anos de

1996 a 1998 foram registrados 14 novos casos para cada 100 mil habitantes por

ano. Já em 1999, o índice caiu para 11 novos casos para cada 100 mil habitantes, o

que representa uma diminuição na notificação de 25%. A maior redução ocorre entre

homens: em média 1,68% ao ano. No entanto, o número de casos continua a

aumentar entre as mulheres, alcançando média anual de crescimento de 11,18%.

Os números mais animadores estão no Sudeste, onde a taxa de

incidência da AIDS entre os homens teve um crescimento negativo de –5,57% e

aumento de 7,4% entre as mulheres. Como a região concentra quase 70% dos

casos de AIDS no Brasil, a queda no crescimento, na região, reflete-se em todo o

País. Mas o estudo mostra também que a epidemia continua evoluindo nas Regiões

Sul (10,27% de aumento na taxa de incidência entre homens e 21% entre mulheres),

Nordeste (incremento de 2,95% entre homens e 25% entre mulheres) e Norte

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(3,16% entre homens e 19,12% em mulheres). No Centro-Oeste foi registrada queda

de –6,24% entre os homens e crescimento de 6,115% em mulheres.

Duzentos e três mil e trezentos e cinqüenta e três casos de AIDS foram

notificados no Brasil desde o início da epidemia, em 1980; 597 mil é a estimativa de

pessoas infectadas pelo HIV em 2000, no Brasil; 100 mil pacientes recebem hoje os

medicamentos de combate à AIDS em todo o País, em aproximadamente 420

unidades de distribuição.

Custos do Programa Brasileiro de Distribuição de Medicamentos.

Em 1999, foram gastos 336 milhões de dólares com medicamentos, para

atender uma média de 73 mil pacientes. No ano passado, esse valor foi de 303

milhões de dólares, mas a média de pacientes beneficiados subiu para 85 mil.

Cerca de 41% dos recursos são gastos na compra de medicamentos

produzidos nos laboratórios nacionais. Os 59% restantes são usados na aquisição

de remédios importados.

Os dois medicamentos protegidos pela Lei de Patentes (Nelfinavir e

Efavirenz) consumiram, no ano passado, cerca de 39% dos recursos, o equivalente

a 118,1 milhões de dólares.

Se o Brasil estivesse importando todos os medicamentos, o gasto saltaria

para cerca de 970 milhões de reais (530 milhões de dólares), o que tornaria o

Programa de Distribuição Gratuita e Universal inviável.

Financiamento. AIDS I. O primeiro acordo de empréstimo com o Banco

Mundial ocorreu em 1994. Foram investidos, até 1998, 250 milhões de dólares,

sendo 90 milhões de contrapartida nacional.

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AIDS II. Em 1998, um novo acordo foi assinado, no valor de 300 milhões de

dólares. Desse total, 165 milhões vêm do BIRD e 135 milhões são da contrapartida

nacional, incluindo recursos financeiros dos Governos Estaduais e Municipais.

Rede de Atendimento. Uma rede regionalizada conta com 900 serviços: 357

hospitais convencionais, 66 hospitais-dia, 50 serviços de assistência domiciliar

terapêutica, 145 ambulatórios e 282 hospitais-maternidades.

A rede pública oferece, gratuitamente, exames de carga viral e de CD4.

Vacina. Depois de mais de vinte anos de pesquisa, a vacina contra a AIDS

ainda não está disponível. Hoje existem no mundo mais de 70 estudos que já

avaliam a eficácia de vacinas em seres humanos.

Há poucos dias o Brasil entrou no circuito das pesquisas avançadas, ao

iniciar os testes das vacinas AIDS-Vax, do laboratório americano VaxGen, e da

Alvac, da francesa Aventis Pasteur. Os testes com as duas vacinas fazem parte do

Projeto Praça Onze, coordenado por Mauro Schechter, chefe do laboratório de

pesquisas em AIDS do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Lee

Harrison, pesquisador da Universidade de Pittsburgh, dos Estados Unidos. Os

produtos também estão sendo testados nos Estados Unidos, no Haiti e em Trinidad

e Tobago. No Rio de Janeiro, serão vacinados 40 voluntários. Alguns receberão as

duas vacinas, outros apenas uma e os demais receberão placebo (vacina sem

princípio ativo).

Patentes dos Remédios. A Reunião da OMC, ocorrida em Doha, Catar,

discutiu a junção dos direitos de propriedade intelectual com as políticas de relações

comerciais feita pelo acordo Aspectos Relacionados com o Comércio da

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Propriedade Intelectual, conhecido pela sigla em inglês, TRIPS. Fechado em 1994,

ele fornece uma proteção de 20 anos às patentes de remédios, o que entra em

oposição à fabricação de genéricos, possibilidade reclamada pelos países pobres

que se vêm rodeados pela propagação da AIDS, da malária ou da tuberculose.

Países como Estados Unidos, Japão e Suíça são contra a revisão do TRIPS.

Todos possuem uma poderosa indústria farmacêutica e consideram que as medidas

sobre o tema não devem ameaçar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento

de novos medicamentos.

De um lado, está o lucro da indústria farmacêutica, garantido em grande parte

pelas patentes, e que representa a principal fonte de recursos para pesquisas de

novos remédios no mundo. Do outro, está o acesso do ser humano, especialmente

os mais pobres, à medicação. Nenhum dos lados é contra uma coisa ou outra. A

diferença é que o grupo liderado pelos EUA vê a posição brasileira como muito

arriscada para a lucratividade da indústria farmacêutica, e o grupo liderado pelo

Brasil vê a posição americana como excessivamente limitadora da ação das

políticas de saúde dos países que não são ricos.

No final do encontro foi dada uma interpretação flexível ao Acordo de TRIPS

para quebra de patentes, em determinadas circunstâncias, na área da saúde. Os

países poderão conceder licença compulsória para proteger a saúde pública, mas

terão a liberdade de determinar o que constitui emergência ou outras circunstâncias

de extrema urgência na área da saúde.

A epidemia. A Política Nacional de Medicamentos foi aprovada pelo Ministério

da Saúde por meio da Portaria GM/MS nº 3.916, de 30/10/98. Considerando que a

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Central de Medicamentos foi extinta em julho de 1997, verifica-se que houve um

período de, aproximadamente, um ano e meio em que o País não dispunha de

política para o setor. Nesse período, de acordo com relatos de gestores estaduais e

municipais, o abastecimento de medicamentos passou a ser irregular e insuficiente.

A partir de 1999, o Ministério da Saúde, cumprindo a prioridade de

implementar a Política Nacional de Medicamentos e a deliberação da CIT,

estabeleceu um incentivo à assistência farmacêutica básica, o qual passou a ser

financiado pelos três gestores, onde a transferência dos recursos federais passou a

ficar condicionada à contrapartida dos Estados, Municípios e Distrito Federal.

Uma série de avanços foi conseguida desde então, entre os quais a

definição do elenco de medicamentos básicos, estabelecidos conforme a realidade e

a necessidade de cada Estado; a tomada de decisões pactuadas entre Estado e

Municípios, com estabelecimento das competências; a definição de parâmetros

financeiros para custeio e organização da assistência farmacêutica, nos níveis

estadual e municipal, entre outros.

Durante este ano, todavia, a esfera federal vem conduzindo iniciativas

que, no mínimo, geram uma dificuldade no controle de estoques por parte das

demais esferas de gestão, tendo em vista que os mesmos insumos são fornecidos

pela esfera federal no kit de medicamentos do PSF, Programa de Assistência

Farmacêutica Básica, e na recém-anunciada Campanha de Diabetes e Hipertensão,

a qual sugere a entrega de medicamentos em casa, por meio do Correio (já foi feito

contrato com a ECT para distribuição em casa destes insumos). Sérios problemas

técnicos e administrativos poderão advir, como: o uso incorreto dos medicamentos;

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dificuldades de logística de entrega; custo elevado de distribuição; perda de

medicamentos por alto índice de mudanças de domicílio; tratamento por tempo

prolongado sem monitoramento médico; quebra e desestímulo do vínculo do

paciente com sua UBS; não permite a dispensação orientada dos medicamentos;

incompatibilidade com a legislação sanitária vigente; impossibilidade de contemplar

a necessidade de um número elevado de padrões de tratamento, em função da

diversidade de combinações de medicamentos e doses recomendadas; e o risco de

contestação judicial por parte de pacientes portadores de outras patologias, exigindo

igualdade de tratamento.

Considerando-se os valores estimados para o programa de medicamentos

para hipertensão e diabetes proposto pelo Ministério da Saúde (aproximadamente

180 milhões de reais anuais), a incorporação destes recursos ao Programa de

Assistência Básica permitiria aumentar, no mínimo, em 100% o aporte de recursos

federais (de R$ 1,00 para R$ 2,00 per capita).

Além da sobreposição do elenco de medicamentos, tem sido feita, pela

esfera federal, a inclusão de medicamentos fora da RENAME, e o fluxo de

informações tem sido feito, freqüentemente, dos Municípios diretamente para o

Ministério da Saúde, desconsiderando-se que os Estados são instâncias obrigatórias

de participação tripartite nas ações de assistência farmacêutica.

Como se a estratégia de distribuição em casa de medicamentos não fosse

suficiente o Governo Federal apresentou, semana passada, uma minuta de medida

provisória que cria o Programa Auxílio-Medicamento.

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Com esta iniciativa o Ministério da Saúde pretende alocar mais 560 milhões

de reais e assumir o dispêndio de cerca de 6 milhões com despesa de dispensação

para fornecer gratuitamente medicamentos em estabelecimentos comerciais. Além

do risco de retorno das compras centralizadas de medicamentos, parte destes

insumos sairiam da lista estadual de medicamentos básicos. De acordo com o

Ministério da Saúde, esta opção promoveria uma drástica redução de custos de

logística para os gestores (armazenagem, distribuição, administração da compra

etc.)

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. BABÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BABÁ (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Srs. Deputados, companheiros trabalhadores, mais uma vez volto à tribuna para

demonstrar o que o Governo está querendo fazer com conquistas históricas dos

trabalhadores brasileiros. O discurso de que essas mudanças vão beneficiar a

classe trabalhadora do País é falso. Segundo o Governo, as alterações na CLT

poderiam gerar mais emprego e o trabalhador poderia obter mais conquistas nas

negociações paralelas.

Na verdade, o que está por trás de tudo isso é propósito de colocar abaixo a

Constituição do País e a Consolidação das Leis de Trabalho. Obviamente a CLT

precisaria aprofundar mais as conquistas dos trabalhadores, mas as que existem

não podem ser mexidas.

Os trabalhadores brasileiros têm de estar atentos, assim como os que estão

lá fora neste momento protestando, juntamente com os companheiros da Central

Única dos Trabalhadores, de outras federações e confederações. A Confederação

dos Trabalhadores no Comércio está-se posicionando e fazendo um apelo aos Srs.

Parlamentares para que votem contra o projeto.

Quanto à discussão na Argentina e em outros países, como disse o Deputado

Paulo Paim, se todo esse processo fosse verdadeiro, a Argentina não estaria

atravessando grave crise financeira. Se a flexibilização laboral fosse eficaz não teria

aumentado o índice de desemprego na Argentina, na Coréia do Sul e em países

europeus.

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No Brasil, os direitos dos trabalhadores são duramente atingidos, até mesmo

na Câmara dos Deputados. Sabe-se que os trabalhadores de empresas

terceirizadas que perdem o contrato, para permanecer na Casa ou em outra têm de

abrir mão dos 40% do FGTS. Se no Parlamento, que faz as leis, a direção da Casa

não fiscaliza suficientemente as empresas terceirizadas, imaginem V.Exas. no Pará,

onde ainda hoje há trabalho escravo nas fazendas. Com a flexibilização das leis

trabalhistas os trabalhadores serão brutalmente prejudicados.

Srs. Deputados, V.Exas. devem ficar atentos a essa discussão. O Sr.

Fernando Henrique Cardoso tem compromisso com os banqueiros e com o Fundo

Monetário Internacional. Aliás, um dos pontos assinados pelo Presidente Fernando

Henrique, no último acordo referendado pelo Ministro Pedro Malan, diz claramente

ser urgente a flexibilização laboral no Brasil.

Ainda há tempo de os Srs. Parlamentares pensarem em seus votos.

Conclamo os seguintes Deputados do Pará que votaram favoravelmente ao projeto

— os trabalhadores paraenses cobrem desses senhores seus votos —, Anivaldo

Vale; Deusdeth Pantoja; Gerson Peres; Haroldo Bezerra, do Município de Marabá,

onde há enorme quantidade de comerciários e trabalhadores de grandes fazendas

que serão atingidos pelas mudanças na CLT; Nicias Ribeiro, que atua no nordeste e

sul do Estado; Raimundo Santos, Vic Pires Franco e Zenaldo Coutinho a

reformularem seus votos. Espero que esses Deputados reflitam sobre seus votos,

votem com os trabalhadores e não contra eles. Votar favoravelmente a esse projeto

é estar votando contra eles.

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Os trabalhadores paraenses têm de estar atentos. Por isso mesmo, faço, de

público, esta cobrança aos Deputados. Quando visitam as bases dizem estar

defendendo interesses dos trabalhadores, mas aqui se percebe que defendem os

interesses dos patrões, dos banqueiros e dos grandes latifundiários. Essa é a

composição deste Parlamento.

Os Parlamentares devem estar atentos, pois o próximo ano será eleitoral. Não

foi à toa que o Presidente do Senado disse claramente que não colocará o projeto

em regime de urgência porque ele prejudica os trabalhadores.

Espero que esta Câmara dos Deputados ainda reflita durante esta tarde e

vote contrariamente ao projeto, porque se sabe que o ataque à classe trabalhadora

do País será brutal. Sabe-se que conquistas históricas, como férias, 13º salário,

horas extras, serão colocadas abaixo. Querem obrigar os trabalhadores a falsos

acordos, os quais retiram direitos trabalhistas conquistados constitucionalmente. E o

Sr. Fernando Henrique Cardoso, que está prestando conta aos banqueiros, na

verdade quer economizar do salário do trabalhador para pagar juros absurdos das

dívidas externa e interna.

O povo está cansado disso. Por isso, a cobrança dos trabalhadores tem de

ser em cima do voto de cada Deputado, nesta tarde, no Parlamento.

Nós, da bancada do PT, votamos contra o projeto, porque entendemos ser

prejudicial à classe trabalhadora do País.

Muito obrigado.

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O SR. LUIZ ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, solicito a V.Exa. seja inserido nos Anais da Câmara dos Deputados

brilhante artigo do jornalista Samuel Celestino, a respeito da vitória do

desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra para a Presidência do Tribunal de

Justiça da Bahia, publicado no jornal A Tarde.

A matéria é intitulada “Vitória que liberta a Justiça”, ou seja, as forças carlistas

foram derrotadas com a eleição do desembargador Carlos Cintra.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

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DOCUMENTO CITADO PELO DEPUTADO LUIZ ALBERTO

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O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o Brasil tem ouvido nas emissoras de rádio, lido nos

jornais, assistido nas emissoras de televisão que o Presidente da República, Sr.

Fernando Henrique Cardoso, quer dar uma festa na Granja do Torto.

Lembra-me muito aquelas festas pagãs, quando as pessoas eram derrotadas,

seus filhos sacrificados, pessoas mortas, cabeças decepadas. Lembra-me muito

bem a história de um filho do Rei Nabucodonosor, da Babilônia, que se chamava

Beltsazar. E Beltsazar resolve dar uma festa para mil pessoas no seu reino, e se

embebeda publicamente, com muito vinho. Serviu vinho para as mil pessoas ali

presentes, usando utensílios e taças do templo sagrado de Jerusalém. No meio de

toda aquela festa, alguns dedos aparecem na parede e uma inscrição que dizia o

seguinte: Mene, Mene, Tequel, Peres. Ficaram sem entender tais palavras até que

alguém interpretou a inscrição. Mene significa “contou Deus o teu reino e deu cabo

dele”; Tequel, “pesado foste na balança e achado em falta”; e Peres, “dividido está o

teu reino e dado aos medos e persas”. Naquela mesma noite, o Rei Dario, dos

medos e persas, conquistou a Babilônia.

Por isso, digo ao Presidente da República, que fica brincando com o sangue e

o sacrifício do povo: Mene, Mene, Tequel, Peres. Dividido foi o teu reino, pesado

foste na balança e achado em falta. Ou seja, dividido foi o teu reino e dado às forças

que realmente querem um Brasil mais limpo e não-corrompido. O povo viverá melhor

e mais feliz, e haverá mais prosperidade para os trabalhadores. O sangue do povo e

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dos trabalhadores não pode ser oferecido no culto pagão aos mecanismos

internacionais. Profetizo: caso essa festa do Presidente da República venha a

acontecer, pesado serás na balança e achado em falta. Deixo essa palavra ao Sr.

Fernando Henrique Cardoso.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. CONFÚCIO MOURA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CONFÚCIO MOURA (PMDB-RO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este será um discurso bem curto,

como se fosse um recado. Trata-se mais de um recado do que discurso. É dirigido

ao Banco do Brasil, ao Diretor de Crédito Rural.

Os pequenos agricultores dos assentamentos rurais e a Associação

Comercial do Município de Buritis, Rondônia, solicitam a liberação dos recursos do

PRONAF para cerca de 380 projetos apresentados à Agência do Banco do Brasil de

Ariquemes, no Estado de Rondônia, no valor aproximado de 3 milhões de reais.

Estamos no último mês do ano e até agora não houve nenhuma posição.

Aguarda-se o dinheiro, que em boa hora virá, para dar fôlego aos projetos, uma vez

que os agricultores amargam por lá a maior crise de renda que já tiveram na história.

Os preços do café não respondem nem pelos custos básicos de produção. O leite,

então, é assunto que nem merece ser comentado.

Há uma conversa de que o Banco teme a falta de garantias. Ora, o PRONAF

não foi criado justamente para o provimento e a viabilidade de projetos de

trabalhadores rurais nos assentamentos? Então, o argumento não se sustenta.

Conclusão: sem contraditório, os assentados da reforma agrária de Buritis

esperam pela liberação dos recursos ainda este mês. Que o Diretor de Crédito Rural

se mobilize junto ao Tesouro Nacional e à Secretaria Executiva do PRONAF e

atenda a esse justo pleito.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra à nobre Deputada

Socorro Gomes.

A SRA. SOCORRO GOMES (Bloco/PCdoB-PA. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderia deixar de mais uma

vez vir à tribuna para discutir a proposta do Governo que vem travando a pauta e

espraiando terror, principalmente entre os trabalhadores brasileiros.

Os trabalhadores entendem a perfídia do discurso governista. Esse projeto de

lei, que propõe prevalecer a negociação sobre a CLT, à exceção da segurança e da

saúde do trabalhador, acarreta perda de direitos fundamentais, explícitos na

Constituição. O discurso do Governo é no sentido de que o Brasil, um país moderno,

não comporta mais a atual Consolidação das Leis do Trabalho, da década de 40. Os

Deputados e Lideranças governistas dizem que temos que modernizar a CLT. Até o

Presidente da República diz que a medida vai fortalecer os sindicatos dos

trabalhadores.

Esse é um discurso extremamente falso e perverso, Sr. Presidente. Estamos

no século XXI, mas as relações de trabalho no Brasil são extremamente arcaicas.

Basta citar o Norte e o Nordeste do País, onde pessoas trabalham em troca de um

prato de feijão com farinha — isso quando há comida.

Sr. Presidente, por todo o Brasil são publicados retratos de homens e

mulheres morrendo de fome porque não há comida. Não se trata de força de

expressão. Na Região Norte, no meu Estado, especificamente, mais de mil

trabalhadores eram tratados como escravos até este ano. Não é filme de ficção; é o

Brasil real. Repito: mais de mil trabalhadores encontravam-se na condição de

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escravos. Lá existem lugares em que os trabalhadores não dispõem sequer de um

refeitório. Podemos citar o exemplo de uma fábrica de castanha no Pará, da família

Mutram, cujo representante recebeu a comenda de melhor e mais moderno

empresário do ano. Mas V.Exas. sabem como se alimentam as operárias daquela

fábrica? No meio da rua. E a comida vem dentro de um saco plástico.

Estamos falando da vida de brasileiros!

Ora, o Governo diz que precisa diminuir o Custo Brasil. Então, por que não

taxa as grandes fortunas? Por que não faz a reforma tributária? Por que não cobra

de quem enriquece à custa da miséria da maioria? Este é o País com a maior

desigualdade social, e também com a maior concentração de renda. Temos,

portanto, de onde buscar dinheiro.

Agora o Governo quer acabar com o pouco de proteção que o Estado dá aos

trabalhadores. E ainda vem com falsidade, dizendo que é para fortalecer o

trabalhador! O trabalhador fortalece-se é com comida, trabalho, salário, saúde, e não

com perda de direitos.

Além de espalhar terror e caos, o Governo alega: "Vamos acabar com o

protecionismo e o paternalismo do Estado. O Estado não tem que proteger

trabalhadores" — isso foi publicado em todos os jornais. Ele resolveu mostrar de que

lado está. Não quer proteger os trabalhadores, mas sim os banqueiros, a agiotagem

internacional, a banca dos Estados Unidos. Esse é um projeto para servir aos

Estados Unidos, ao FMI e à grande agiotagem.

Estão engordando os cofres da agiotagem internacional às custas da vida dos

trabalhadores brasileiros!

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Essa medida vai custar muito caro, não só a este Congresso, mas ao Estado,

que deixa de proteger os famélicos para enriquecer ainda mais os já ricos. Ele

responderá perante a História, porque, se não protege os trabalhadores brasileiros,

eles buscarão outras formas de garantir suas vidas. Irão à luta, e vão deitar por terra

esse projeto e esse Governo, que age de forma criminosa com os milhões de

brasileiros que estão passando fome e sendo ameaçados.

Por isso, peço aos Srs. Deputados que têm filhos, mãe, irmãos, e que não

nasceram em berço de ouro, mas que sabem o que é ter as mãos calejadas e não

ter certeza de que seus filhos terão alimento, que votem com consciência. Estão

querendo retirar direitos do trabalhador, transformar férias em folga, em feriado

prolongado, e ainda dizem que estão garantindo os direitos trabalhistas!

Não! Estão destruindo a esperança dos brasileiros!

É por isso que peço a V.Exas. que votem contra esse projeto.

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O SR. LUIZ MOREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUIZ MOREIRA (Bloco/PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última sessão deliberativa

apresentei nesta Casa projeto de lei que promove importantes alterações na Lei nº

9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que atualizou e consolidou a legislação sobre

direitos autorais no Brasil.

Chamo a atenção dos nobres colegas para o fato de que a proposição tem

por objetivo promover uma verdadeira reforma de mérito no caótico e frustrante

sistema de arrecadação e distribuição de direitos autorais que se estabeleceu no

País, com a lamentável e equivocada criação de uma das maiores caixas-pretas

aqui existentes, conhecida pela sigla de ECAD (Escritório Central de Arrecadação e

Distribuição).

Fundamentalmente, o projeto propõe a criação do Conselho Federal dos

Compositores e Autores Musicais, com seus respectivos Conselhos Regionais, que,

além de promover a representação, a defesa e a fiscalização do exercício

profissional da classe, passarão a ser as únicas entidades competentes e

mandatárias de seus associados para exercer as atividades de cobrança,

arrecadação e distribuição dos valores correspondentes aos direitos autorais

devidos a seus representados.

A aprovação dessa iniciativa representará um passo decisivo para a

promoção da justa e merecida emancipação dos legítimos criadores das obras

musicais, verdadeiros responsáveis pela produção intelectual de letra e música, que

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hoje têm seus direitos administrados por pessoas estranhas à classe, que se

encastelaram no ECAD e passaram a tutelar e comandar todo o nebuloso labirinto

em que se transformou aquela entidade.

A proposição prevê também que os demais segmentos de autores ou titulares

de direitos autorais venham a organizar-se em entidades específicas para o mesmo

fim. O projeto autoriza ainda o Poder Executivo a criar um organismo de caráter

colegiado, preferencialmente vinculado ao Ministério da Justiça, para exercer a

função de órgão regulador dos direitos autorais e conexos no Brasil.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estou convicto de que aprovação

desse projeto de lei será a única forma de corrigir as injustiças que há décadas vêm

sendo praticadas contra os legítimos autores e detentores de direitos autorais no

Brasil, e também contra os usuários ou consumidores de suas obras. Essas

providências conduzirão ao natural esvaziamento do ECAD e sua automática

extinção como Escritório Central, por absoluta desnecessidade, ineficiência, falta de

representatividade, e sobretudo pelo lamentável acervo de denúncias que conseguiu

acumular durante sua existência, objeto inclusive de CPI nesta Casa, cujas

conclusões, apontadas em seu relatório, lamentavelmente ainda não produziram os

efeitos esperados.

Peço, pois, aos nobres colegas que examinem com acuidade o alcance da

proposta que ora começar a tramitar nesta Casa, e que conta com o apoio da

principal classe interessada: os admiráveis autores e compositores musicais,

privilegiados por Deus com o dom da criação, e injustiçados por nós no

aproveitamento econômico de suas obras. Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra, pela ordem, ao

Deputado Luiz Sérgio.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a exigência do Governo de que tramite em regime de urgência

constitucional o Projeto de Lei nº 5.483, de 2001, é mais do que um equívoco, é um

desrespeito a esta Casa. O projeto revoga a CLT e agride a Constituição brasileira,

que, no inciso II de seu art. 5º, estabelece de forma muito clara que "ninguém será

obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". O

Governo afronta esse dispositivo ao pretender que uma convenção prevaleça sobre

a lei.

Nenhuma Liderança do Governo consegue justificar o pedido de urgência

neste final de Sessão Legislativa. A matéria é polêmica, e precisaria de tempo para

ser discutida, porque provoca reação na sociedade, como a que estamos assistindo

neste plenário e lá fora, na rua.

E não me venham dizer que a Força Sindical é representante de sindicatos. A

Força Sindical é, isto sim, o único projeto político de Collor que se mantém de pé até

hoje. Criada com dinheiro de empresários, continua servindo à sua finalidade

original.

Sr. Presidente, é certo que a Oposição obstruiu votação dessa matéria, mas,

na maioria das vezes, foi o próprio Governo que impediu a votação, como na

semana passada, justamente quando a chamada seria nominal, ou seja, com voto

declarado ao microfone. Triste do país que tem em seu Parlamento homens com

vergonha de manifestar o voto ao microfone, preferindo votar às escondidas.

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Atitudes como essa só servem para confirmar a existência de um enorme fosso

entre o que os políticos dizem nas ruas e o que dizem e fazem neste Parlamento. É

esse distanciamento que faz a população brasileira ter uma visão cada vez mais

negativa do Parlamento.

Fico preocupado, Sr. Presidente, porque o trancamento da pauta começa a

ter reflexos na sociedade. Já está ameaçado o pagamento do salário de militares e

servidores civis das Forças Armadas. E a covardia do Governo é tão grande que,

segundo o colunista Ricardo Boechat, edição de hoje do Jornal do Brasil, o

Presidente desta Casa passou grande parte do dia telefonando para os Estados

para responsabilizar o Partido dos Trabalhadores e as oposições pelo atraso no

pagamento de novembro dos militares. Faltou-lhe coragem para assumir que o

atraso decorre do abuso de poder do Palácio do Planalto, que promoveu uma

grande bagunça com esse pedido de urgência, uma algazarra danada na pauta do

Legislativo. Nenhuma votação será realizada de acordo com o programado, e isso

porque o Palácio do Planalto nos vê apenas como Casa homologatória da sua

vontade.

Ora, Sr. Presidente, cabe a nós, Parlamentares, resgatar nossas

prerrogativas. Esta Casa é um Poder constituído e, como tal, não pode limitar-se a

dizer amém à vontade do monarca que se estabeleceu neste País.

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O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vivemos nesta Casa mais uma tarde de

confronto na definição de rumos para as relações de trabalho. Foi impressionante a

reação da sociedade à tentativa do Governo de aprovar a alteração na legislação

trabalhista sob o regime de urgência constitucional.

Diversos setores, independentemente de credo político, ideologia ou categoria

profissional, têm afirmado a impropriedade dessa iniciativa, que não tem lógica, não

tem sentido. Tenho em mãos declarações da Presidenta do Tribunal Regional do

Trabalho da 6ª Região, Pernambuco, a insuspeita Sra. Ana Maria Schuler Gomes,

que alerta para a irresponsabilidade de, em 45 dias, alterar-se praticamente 50 anos

de legislação trabalhista.

É bom que fique claro que nós do PT nunca defendemos a manutenção

integral da CLT. Defendemos o processo de modernização. Não acreditamos que

uma legislação elaborada há 60 anos sirva aos parâmetros atuais. Mas essas

mudanças têm de ser feitas com responsabilidade e com democracia. Não podemos

retroceder à barbárie, aos tempos da escravidão. Em toda a sua história, o PT

sempre defendeu a adoção das convenções da OIT e a liberdade sindical. Não

aceitamos a sistemática que se impõe.

Os membros do Governo sabem — não são burros — o que aconteceu na

Argentina, onde a chamada flexibilização dobrou o número de desempregados e

aumentou o lucro de banqueiros, agiotas e financistas. A flexibilização foi um

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desastre, um pesadelo para os trabalhadores argentinos. O mundo do trabalho

sofre.

Sr. Presidente, argumentam cinicamente que o acordo de São Bernardo do

Campo é uma mostra de livre negociação. Ora, o que se negociou em São Bernardo

do Campo foi a redução de salários para impedir o desemprego. Os trabalhadores

perderam, sim. Tiveram seus salários diminuídos. Não estou tentando justificar a

demissão de 2 mil, 3 mil pessoas, mas houve degradação da condição de vida

daquelas pessoas.

Sras. e Srs. Deputados, se um sindicato como o de São Bernardo do Campo

teve de aceitar um acordo como esse, o que não acontecerá com os menores, de

menor poder de fogo? O que será da informalidade? O que será dos trabalhadores

que estão num incipiente processo de organização?

O projeto que prevê a alteração na CLT é uma falácia, não tem sustentação

política nem lógica, não tem sentido; apenas submete os trabalhadores a mais

arrocho, a mais prejuízo. Este Governo claramente favorece o capital financeiro,

cumprindo para tanto um ritual de destruição dos direitos trabalhistas.

Sr. Presidente, por tudo isso, opomo-nos ao referido projeto de lei e apelamos

para os Srs. Deputados no sentido de que façam uma análise fria e consciente da

situação. Parlamentares estão sendo submetidos a constrangimentos. Ministros

chantageiam, barganham e até oferecem dinheiro pelo voto, como se estivessem

num cassino de negociações. Querem aprovar a qualquer custo a mudança nessa

legislação. Uma vergonha!

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A compra de votos não faz parte do processo democrático; é, isto sim, uma

demonstração da tirania do Palácio do Planalto. Sras. e Srs. Deputados, em nome

da dignidade, da decência, da consciência, da lógica e do bom senso de cada um,

apelo no sentido de que analisem com frieza a proposta do Governo. V.Exas.

concluirão que essa dita "flexibilização" não atende aos mais humildes, não cumpre

um papel social, apenas favorece o grande capital.

Por todas essas razões, Sr. Presidente, vamos oferecer a mais profunda

resistência ao Projeto de Lei nº 5.483, de 2001. Vamos denunciar em todo o País

quem participar disso, quem se submeter a essa chantagem, a esse jogo baixo, a

esse ataque vergonhoso contra os direitos trabalhistas.

Queremos reformular a CLT, debater mudanças na legislação trabalhista, mas

é preciso considerar as várias Regiões do País, as diferentes situações de

empresários e trabalhadores. Não aceitamos essa mudança que se quer fazer em

cima da perna, desmoralizando o ritual democrático. É baixar demais a cabeça.

Esta Casa não pode submeter-se ao tirano Fernando Henrique Cardoso, esse

marionete do capital internacional que ataca os direitos trabalhistas.

Muito obrigado.

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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vamos votar o Projeto de Lei nº 5.483-C, do

Executivo, que altera a CLT — se o Governo conseguir quorum, obviamente.

Chamo a atenção dos meus colegas para algumas reflexões que farei desta

tribuna.

Por que o Governo submete sua base Parlamentar a esse desgaste, a esse

constrangimento político, se esse projeto não vai ser apreciado em tempo hábil pelo

Senado Federal?

Esse projeto nasceu na Confederação do Comércio, numa articulação com o

Ministro do Trabalho, que não tem se comportado à altura nas negociações e nos

impasses com os trabalhadores, transformando o Ministério do Trabalho num

verdadeiro bunker de articulação política para atropelar os trabalhos da Câmara dos

Deputados no final desta Sessão Legislativa.

Sras. e Srs. Deputados, essa urgência constitucional não tem sentido, trava a

pauta da Câmara dos Deputados e impõe ao País as conseqüências da não-votação

de créditos suplementares, da proposta de emenda à Constituição que regula a

imunidade parlamentar, do projeto que corrige a tabela do Imposto de Renda. E

ainda atrasa a votação do Orçamento. A culpa é do Governo, por ter enviado a esta

Casa um projeto tão polêmico com urgência constitucional.

A CLT precisa ser reformulada. O País precisa de um novo contrato social.

Mas é preciso uma negociação entre trabalhadores e empresários para que o

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Congresso Nacional e o Executivo tenham condições de apresentar um projeto

alternativo à CLT, que está ultrapassada e não incorpora as novas exigências do

mundo do trabalho. Nós não aceitamos que o Governo venha pinçar o art. 618 e

transformar o contrato coletivo, o acordo coletivo numa substituição de direitos.

Hoje há um debate — eu já falei sobre isso em artigo publicado pela imprensa

— no sentido de que alguns direitos sociais constituem cláusulas constitucionais

pétreas, igualados aos direitos fundamentais da pessoa humana. Refiro-me ao

repouso semanal, às férias, ao 13º salário, à previdência universal, à garantia

mínima contra a demissão. Os trabalhadores podem, sim, negociar, desde que

tenham, como cidadãos, uma base mínima de direitos garantidos.

Essa mudança pontual que o Governo pretende promover na CLT coloca os

trabalhadores numa situação em que não há negociação — negociação é quando as

duas partes fazem concessões. Os trabalhadores, com esse projeto, para manter o

emprego, abrirão mão de direitos sociais fundamentais.

O projeto é politicamente inconveniente. Além de travar a pauta da Câmara

dos Deputados e do Congresso Nacional, não produzirá os efeitos alegados pelo

Governo — não tirará o trabalhador da informalidade nem reduzirá o desemprego.

Para aumentar o nível de emprego o Governo deve reduzir os juros, promover as

reformas tributária e fiscal e uma política de crescimento econômico. O que pode

tirar os trabalhadores e os empresários da informalidade é uma reforma tributária e

fiscal séria, justa, funcional, e não essa bagunça que é o sistema tributário brasileiro.

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Os trabalhadores estão sendo chamados a negociar com o pescoço na

guilhotina. E esse é um caminho inadequado tanto para trabalhadores quanto para

empresários sérios.

Por isso, Sr. Presidente, esse projeto não é moderno, é perverso; é

antidemocrático, porque não pressupõe igualdade de condições entre as partes na

negociação e porque trava a agenda do Congresso Nacional, numa articulação de

segmentos do empresariado com o Governo. E o Presidente da República, num

gesto político inconveniente, diz tê-lo enviado a esta Casa por solicitação de

empresários.

Por isso, devemos derrotá-lo.

O Sr. Enio Bacci, 3º Suplente de Secretário, deixa

a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Pedro

Valadares, 1º Suplente de Secretário.

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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, indago de V.Exa. se a Mesa está registrando a presença

dos Deputados que se manifestam e não registram a presença no painel, como

determina o Regimento Interno.

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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem, para

contraditar.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, estamos diante de uma sessão do Congresso Nacional,...

O SR. ARNALDO MADEIRA – Da Câmara dos Deputados.

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Da Câmara dos Deputados, que é parte do

Congresso Nacional.

Talvez V.Exa. queira solicitar o auxílio do Líder do Governo no Congresso.

Sr. Presidente, quando o Deputado comunica a obstrução em plenário, está

exercendo um direito regimental e democrático. Estamos fazendo breves

comunicações que justificam a obstrução. Mas desafio o Líder do Governo,

Deputado Arnaldo Madeira, a trazer sua base parlamentar e assumir o compromisso

na tribuna de em meia hora votarmos esse projeto. A Oposição marcará presença,

não retirará seus Parlamentares do plenário, como aconteceu em oportunidades

anteriores.

Deputado Arnaldo Madeira, a sugestão de V.Exa. não procede. Os Deputados

podem usar o Pequeno Expediente sem ter a presença registrada em plenário. Em

consideração pessoal a V.Exa., posso registrar minha presença.

O SR. ARNALDO MADEIRA – Sr. Presidente, quero dizer ao Deputado José

Genoíno que não há fantasmas no plenário, há Deputados presentes ou ausentes.

Quem se pronunciou está presente, naturalmente, como V.Exa. já ia definindo

quando pedi a palavra.

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Quem define os tempos da Situação é a mesma. Ainda não chegamos à

situação em que o Deputado José Genoíno possa definir os tempos da Situação.

Nós definiremos nossos tempos de acordo com nossa conveniência política.

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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Deputado Arnaldo Madeira,

Deputado José Genoíno, a Mesa já se pronunciou sobre a matéria na semana

passada.

Faço parte da Oposição. Não registrei presença, não estava obrigado a fazê-

lo. Mas agora, no exercício da Presidência, por dever de ofício, terei de registrar

minha presença.

A Mesa não obriga nenhum Parlamentar a registrar sua presença. A partir do

momento que usa a palavra, claro, o Deputado está presente. Pressupõe-se que

S.Exa., pedindo a palavra, está registrando sua presença.

Assim como o nobre Deputado não registrou seu nome, eu também não

registrei, atendendo à orientação do meu partido. Mas, por dever de ofício, como

Presidente que agora estou, vou fazer o registro da minha presença.

Esta é uma matéria já vencida.

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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Eu

não vou contraditar a decisão de V.Exa., mas quero uma posição clara da Mesa.

Se a Mesa quer o registro da presença para efeito de quorum para iniciar a

Ordem do Dia, quando chegarmos ao número de 257 Deputados, a Ordem do Dia

será iniciada?

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – V.Exa. está correto. A partir do

momento em que cheguemos ao número de 257 Deputados, a Mesa vai

providenciar ...

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Providenciar, não, automaticamente começa a

Ordem do Dia.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Exatamente, V.Exa. tem razão.

Esperamos que o Presidente Aécio Neves chegue e inicie a votação.

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Quem estiver na sessão conduz a votação.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Exatamente.

O SR. JOSÉ GENOÍNO – Inclusive V.Exa. poderia conduzir muito bem.

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O SR. NELSON PELLEGRINO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente registro o resultado da

eleição, ontem, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. O Desembargador

Carlos Alberto Cintra foi eleito por dezoito votos a dez.

Sr. Presidente, a importância dessa eleição está no fato de que, apesar do

empenho pessoal do ex-Senador Antonio Carlos Magalhães na campanha do

Desembargador Amadiz Barreto, o Desembargador Carlos Alberto Cintra foi

vitorioso, manifestação clara de que o ex-Senador não manda no Tribunal de Justiça

e que seus membros querem ter independência para decidir seu destino e seu

presidente.

Espero que essa eleição signifique um novo rumo para o Tribunal de Justiça

do Estado da Bahia, que o Tribunal passe a trilhar uma postura de independência,

para estabelecer a república na Bahia com a separação dos Poderes, e seja o

indício da construção de uma Bahia livre, democrática, republicana e sem dono.

Portanto, não poderia deixar de registrar essa derrota fragorosa que o ex-

Senador Antonio Carlos Magalhães amargou ontem na eleição do Tribunal de

Justiça do Estado da Bahia.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderia também deixar de

registar, mais uma vez, nossa opinião contrária à aprovação dessa matéria que está

em pauta em regime de urgência, que modifica a CLT, flexibilizando direitos

trabalhistas e permitindo que, a partir do momento em que for transformada em lei,

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as convenções e os acordos coletivos possam ter força superior ao que está

disposto minimamente na lei.

Sou advogado trabalhista há 15 anos. Se essa matéria vier a ser aprovada,

vamos viver, nos próximos anos, uma onda de greve como nunca assistimos neste

País. O que hoje está minimamente assegurado, e inclusive garante algum nível de

estabilidade na relação capital/trabalho, já é desfavorável ao trabalhador, porque os

salários estão arrochados e o desemprego serve como elemento de pressão. Mas

algumas relações já se estabilizaram, alguns pactos coletivos já foram mais ou

menos dimensionados. A introdução desse novo dispositivo na legislação trabalhista

brasileira provocará completo desequilíbrio na relação capital/trabalho, favorecendo

enormemente o capital. Sem uma única alternativa para conseguir, quem sabe até

manter esse mínimo já conquistado, os trabalhadores deverão buscar o caminho da

paralisação, o caminho da greve como forma de fazer valer seus legítimos direitos.

Sr. Presidente, esse projeto é inoportuno, não poderia tramitar em regime de

urgência. Todos os setores democráticos da sociedade têm-se manifestado contra

ele, os juízes trabalhistas, a Ordem dos Advogados do Brasil, as organizações de

trabalhadores, porque não é o momento de introduzir modificações dessa natureza

na legislação trabalhista.

Acabo de chegar de Buenos Aires, onde participei de Encontro Internacional

sobre Direitos Humanos. Pude verificar, então, a dramática situação da classe

trabalhadora na Argentina, que já fez tudo que o Brasil quer agora fazer. Aplicou

ipsis litteris a cartilha do Fundo Monetário Internacional, privatizou tudo, flexibilizou

os direitos trabalhistas, e a situação da classe trabalhadora argentina é a pior

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possível. Não conseguiu aumentar o número de empregos, já que tudo não passa

de engodo. É engodo do Governo afirmar que a flexibilização trará mais empregos

com carteira assinada.

Quem conhece o mundo do trabalho sabe que isso não é verdade, não dará

sequer competitividade à indústria brasileira. Não são os direitos trabalhistas que

reduzem a competitividade da indústria brasileira, mas, sim, a carga tributária

escorchante, a inexistência de infra-estrutura, a falta de investimentos em ciência e

tecnologia. Isso é que reduz a competitividade da indústria nacional, que impede os

empresários de exercerem suas atividades.

O que será retirado do trabalhador será tomado pelos juros bancários no dia

seguinte. Este País é tetracampeão em juros altos. Há quatro anos este País cobra

as maiores taxas de juros do planeta, remunerando o capital como em nenhum

outro. Na Europa e nos Estados Unidos, quando o capital financeiro quer ter

rentabilidade, tem de financiar a produção ou a aquisição de bens. No Brasil não.

Aqui a maioria dos bancos lucra de que forma? Especulando com títulos do

Governo, assim como os bancos estrangeiros. Isso aqui é um cassino, onde se

praticam as maiores taxas de juros do mundo.

Não podemos aceitar mais o falacioso argumento de que a quebra dos

direitos mínimos assegurados na CLT gerará mais empregos formais, aumentará o

nível de empregos. Isso não é verdade. No mundo inteiro, a aplicação de norma

como esta, imposta pelo Fundo Monetário Internacional, não resultou em maior

competitividade, não aumentou o emprego formal. Ao contrário, jogou o trabalhador

na desassistência, fazendo com que a renda e a riqueza nacionais se

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concentrassem ainda mais. O grande problema deste País é a concentração da

renda e da riqueza.

Portanto, esta Casa não deve aprovar essa matéria.

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O SR. PAULO LESSA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO LESSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, colegas Deputados, mais uma vez defendo esta matéria enviada

pelo Governo.

É lamentável, Sr. Presidente, que continuemos a ouvir Deputados mentirem

para a população brasileira, a usarem a tribuna unicamente para tentar fazer com

que este País continue sem dar aos seus filhos as condições necessárias de

qualidade de vida, a fim de que a Oposição possa vencer as eleições no ano que

vem.

A lei é clara, Sr. Presidente. Nenhum direito está sendo tirado da CLT,

ninguém está tirando o 13º salário ou o Fundo de Garantia. Está no parágrafo único

do art. 618:

Art. 618...............................................................................

...........................................................................................

Parágrafo Único. A convenção ou acordo coletivo,

respeitados os direitos trabalhistas previstos na

Constituição Federal, não podem contrariar a lei

complementar, as Leis nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e

nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, a legislação

tributária, a previdenciária e a relativa ao Fundo de

Garantia do Tempo de Serviço — FGTS, bem como as

normas de segurança e saúde do trabalho.

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Em entrevista ao jornal O Globo de ontem, o economista José Márcio

Camargo, da PUC do Rio de Janeiro, disse que a CLT é fascista e que essa nova lei

devolverá poder aos sindicatos. Em nada se modifica.

O único momento político que está acontecendo nesta Casa é que,

infelizmente, alguns Deputados, já olhando o horizonte e levando desinformação ao

povo brasileiro, tentam passar para a Nação que o projeto de lei não visa atender

aos trabalhadores, Deputados apoiados pela CUT, central de trabalhadores que tem

como única finalidade apoiar o PT, que foi contra o acordo que garantiu a milhões de

trabalhadores o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que foi contra que o

Ministro do Trabalho aplicasse 1 bilhão de reais na construção de casas populares,

garantindo mais emprego na construção civil. É essa mesma CUT que coloca em um

panfleto foto dos Deputados que votaram a favor do projeto de lei que acaba com as

garantias previstas na CLT. Pedi desta tribuna que colocassem minha foto em um

outdoor, mas eles não conseguiram nenhuma foto minha. Então, peço ao

Presidente desta Casa que envie à Central Única dos Trabalhadores uma foto

minha, para que saia no outdoor o nome do Deputado Paulo Lessa pelo Estado do

Rio de Janeiro afora. E, no panfleto, ainda dizem que os Deputados não sabem o

que é trabalho.

Sou filho de um seleiro e de uma costureira, saí de uma Câmara de

Vereadores para chegar ao Congresso Nacional com mais de 38 mil votos. Se não

estou aqui desde o dia 1º é porque têm que existir outras leis para que os mais

votados cheguem a esta Casa, como o voto distrital misto, para que se tenham

verdadeiros representantes do povo.

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Tive mais votos que muitos Deputados da bancada do Rio de Janeiro. Não fui

eleito nem por empresários, nem por sindicais. Mas fui o Deputado que teve 50% de

votos da cidade que produz 75% do petróleo nacional, Macaé, no Rio de Janeiro. Fui

o Deputado que teve quase 50% de votos em todos os Municípios da minha

vizinhança, que compõe o complexo produtivo de petróleo nacional.

E agora vem o blabláblá que o Presidente deu dinheiro, que mandou convidar

para um almoço na Granja do Torto. Também ouvi dizer que Lula preparou um

churrasco ali na esquina. É assim que as coisas chegam a esta Casa, parece a

música da minha campanha, cheias de blablablá e de lero-lero.

Este País precisa é de ação. É por isso que o PT nunca irá chegar à

Presidência desta Nação, porque ele já ficou velho antes de crescer. O discurso é o

mesmo, seja na Câmara dos Deputados, seja na Câmara de Vereadores da minha

cidade.

É lamentável, Sr. Presidente, que falem em nome dos trabalhadores, quando

nunca ouvi dizer que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva trabalhasse em qualquer lugar,

mas anda de aviãozinho para lá e para cá.

Muito obrigado. (Palmas)

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O SR. SERAFIM VENZON – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. SERAFIM VENZON (Bloco/PDT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com grande satisfação que

acrescento os meus comentários ao dos demais colegas Parlamentares,

homenageando o 8º aniversário da Lei Orgânica de Assistência Social, a conhecida

LOAS. Graças às mudanças trazidas pela Constituição de 1988, podemos estar

reunidos para dizer da importância dessa lei, em especial , para a Seguridade Social

e, sobretudo, para os pobres deste nosso País.

Foi o projeto LOAS que possibilitou a criação da Secretária de Assistência

Social — SEAS, para a qual foram transferidas as competências do extinto

Ministério do Bem-Estar Social e viabilizou a efetivação da própria Lei Orgânica de

Assistência Social.

Dessa maneira, a LOAS, através da SEAS, tem realizado um trabalho muito

forte no sentido de melhorar a qualidade de vida da população brasileira, em

especial àquela de baixa renda. A SEAS criou uma rede de atendimento social,

desenhando uma política pública de combate à exclusão, que tem como prioridade

aquela parcela da sociedade em situação de risco social. Há investimento na

construção de uma estrutura de serviços e programas com o fim de contribuir para a

erradicação da pobreza. O objetivo dessa Secretaria é formular programas

preventivos e de inclusão, que atendam a diferentes faixas etárias e a diferentes

situações de exclusão social.

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A partir disso, percebemos que a SEAS procura dar atenção especial às

crianças de 0 a 6 anos. São creches, brinquedotecas e projetos articulados de

combate à desnutrição infantil. Esses projetos atendem a crianças desnutridas,

vítimas de violência e portadoras de deficiência.

Além das crianças, há também uma preocupação com nossos idosos e

portadores de deficiência, cujo eixo é a inclusão na família e na comunidade,

obedecendo às prerrogativas da LOAS, dentre as quais se enquadram a proteção à

família, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes

carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação das

pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida

comunitária.

Seguindo essas premissas, a SEAS gerencia programas de erradicação do

trabalho infantil, na busca do rompimento do ciclo que gera a pobreza. Um árduo

trabalho, que tem como desafio consolidar uma política que possa estar combatendo

os fatores que produzem e reproduzem a pobreza e que afetam os indivíduos em

diferentes etapas de sua vida. O principal objetivo do projeto de erradicação da

pobreza é formular atividades que contribuam para a permanência, inserção ou

reinserção de crianças e adolescentes nas escolas brasileiras.

Inserção e participação são os objetivos mais indicados pelos projetos da

SEAS. A intenção é salvar toda uma geração que se vê sem expectativa, pois

carregam o peso de virem de uma família sem oportunidades socioeconômicas. Um

dos programas mais visíveis é o “Agente Jovem”, que capacita jovens de 15 a 17

anos para o mundo do trabalho e para atuar em suas comunidades nas áreas de

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saúde, cultura, meio ambiente, cidadania, esporte, turismo, e previdência social,

fazendo com que esses jovens possam contribuir para a melhora de alguns

indicadores sociais nos locais onde vivem, além de habilitá-los a desenvolver um

projeto pessoal de vida.

Hoje, o Brasil aplica cerca de 21% do Produto Interno Bruto, ou seja, mais de

R$20 bilhões em programas sociais, mas a população mais carente nem sempre

tem acesso a esses recursos, que muitas vezes estão pulverizados entre projetos

dos diferentes setores da área social, sem qualquer convergência. Portanto, o

Governo Federal tem alguns desafios, quais sejam focalizar as ações nas regiões

mais pobres de todas as unidades da Federação, montar uma verdadeira

engenharia que atenda à complexidade do fenômeno da pobreza, que coloca o

Brasil na contramão da história contemporânea.

Para isso conta com a ajuda da Secretaria de Estado de Assistência Social,

que tem como principal papel a garantia da implementação de uma política de

desenvolvimento social eficaz, que alcance realmente o público-alvo do atendimento

assistencial, e que busque otimizar a utilização dos recursos financeiros, materiais e

humanos.

Para tanto, faz-se necessária ação conjunta de todas as esferas de Governo

e uma interação de suas instituições com a sociedade civil, para efetivo e profícuo

trabalho em prol dos necessitados.

Portanto, precisamos ter em mente que os grandes problemas do Brasil não

são apenas de ordem econômica. Estão também ligados à ordem cultural,

educacional, habitacional, de segurança e de lazer. É fato que a pobreza está muito

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mais ligada à falta de acesso aos direitos básicos do que apenas a questões

econômicas.

Dessa maneira, a SEAS tem se esmerado em monitorar e avaliar todos os

procedimentos a fim de identificar melhor os destinatários da assistência social e

aperfeiçoar a priorização das ações, considerando os recursos orçamentários, e

disponíveis.

Além disso, deverá ser preocupação da SEAS identificar as necessidades de

aprimoramento dos recursos humanos e melhorar a articulação institucional com

maior envolvimento dos Conselhos Estaduais e Municipais, estabelecer parcerias

com ONGs e buscar integrar ações com outras áreas, como saúde, educação,

trabalho, esporte e lazer.

Somente com a ampliação do conceito da assistência social será possível

melhorar a condição dos brasileiros e torná-los cidadãos. O Brasil tem de deixar de

ser apenas a oitava economia do mundo, para ser o oitavo também em qualidade de

vida, em desenvolvimento humano e em igualdade social. É um verdadeiro disparate

essa atual situação em que o País se encontra. O Brasil é um país muito rico em

tudo, mas sua maior riqueza é seu povo. Mas ele tem amargado anos de sofrimento,

de incerteza e de humilhação.

Nesse momento em que comemoramos o 8º Aniversário da Lei Orgânica de

Assistência Social, precisamos pensar que muito mais poderá ser realizado, desde

que haja vontade política e participação da população brasileira.

Muito obrigado.

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A SRA. LUCI CHOINACKI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro novamente o meu repúdio ao projeto

de lei do Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) que acaba com os direitos

conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras deste País com muita luta,

sacrifício e sangue.

Ontem, em Florianópolis, em ato público na Esquina Democrática, foi possível

sentir na pele o quanto o povo está angustiado e apreensivo com esse projeto.

Também não é para menos, senhoras e senhores, pois o que se pretende fazer

nesta Casa é antipopular, antidemocrático, um ato de terrorismo contra a classe

trabalhadora do Brasil.

Com a participação de representantes dos sindicatos dos eletricitários e dos

bancários da Capital de Santa Catarina, bem como dos diretórios municipais do PT e

do PCdoB, entregamos mais de 3 mil panfletos em menos de duas horas de

mobilização popular.

A rejeição do povo ao projeto de FHC e aliados, entre eles o Governador

Amin e o Senador Jorge Bornhausen, era imediata. Ninguém aceita perder direitos

sagrados.

O que percebemos também é que a população não está informada sobre

esse assunto, conforme constatou pesquisa da Folha de S.Paulo — 46% dos

entrevistados não sabem do que se trata essa mudança na Consolidação das Leis

do Trabalho. As pessoas não sabem que, se esse projeto passar, o trabalhador terá

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de optar entre continuar no emprego ou exigir o seu sagrado décimo terceiro salário,

muitas vezes usado para comprar um presente no final de ano ou para pagar

alguma conta pendente. As trabalhadoras, se esse regime de escravidão for criado

por essa lei de FHC, não terão direito à licença-maternidade. Eles querem que as

trabalhadoras dêem à luz dentro das fábricas?

Conclamo as pessoas que estão nos ouvindo, contrárias a esse projeto, que

telefonem a cobrar para os gabinetes de Deputados e Deputadas que votam com o

Governo — o povo não tem dinheiro para gastar em ligações telefônicas — e peça

que votem contra esse projeto que ele quer enfiar goela abaixo nesta Casa.

Espero que os representantes do povo nesta Casa usem o bom senso e

pratiquem justiça, não se vendendo, como o Presidente FHC e o Ministro Malan, ao

Fundo Monetário Internacional, ao sistema financeiro internacional e ao capitalismo

imperialista dos Estados Unidos.

O povo necessita de cidadania, moradia, comida, educação, trabalho, saúde,

terra para plantar... E mais uma vez o Presidente FHC tenta dar um golpe sujo, de

cima para baixo, sem debater democraticamente essa proposta perversa.

Lá fora, festivo, FHC fala do Brasil moderno. Aqui dentro, em seu Governo,

aumentou de 30 para 50 milhões o número de pessoas que estão abaixo da linha de

pobreza.

Basta de injustiça social.

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O SR. EURÍPEDES MIRANDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EURÍPEDES MIRANDA (Bloco/PDT-RO. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, neste final de semana, visitei a Ponta do Abunã, no meu

Estado de Rondônia, e percebi a decepção da população em virtude da total

intrafegabilidade da BR-364, que liga a cidade de Porto Velho a Rio Branco.

O trecho até Abunã está todo esburacado. E o pior, Sr. Presidente, é que há

Parlamentares do meu Estado anunciando construções de três grandes pontes. Se

não se consegue fazer a manutenção adequada da rodovia federal, imaginem

construir pontes de grande porte sobre o Rio Madeira: uma, que liga o Brasil à

Bolívia; outra, que liga o Estado de Rondônia ao Estado do Acre e outra que dá

acesso ao Estado do Amazonas. São obras da mais alta importância, da mais alta

relevância. Todos torcemos para que essas obras venham a acontecer, pois

ajudarão sobremaneira o desenvolvimento do Estado de Rondônia, mas a

população fica indignada ao utilizar a BR-364, trecho que liga Rio Branco a Guajará-

Mirim, e perceber a total falta de manutenção, o total descaso com aquela rodovia

federal.

Era o registro que gostaria de fazer, devido às enormes reclamações da

população do Estado de Rondônia.

Por outro lado, quando cheguei a Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova

Califórnia encontramos a população preocupada com a falta de atenção ao pequeno

produtor.

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Essas localidades, incluindo Fortaleza do Abunã, sobrevivem do extrativismo,

mas quem vive da atividade não está contando com o apoio das autoridades

competentes. Muitos estão vendendo sua propriedade ou abandonando sua terra

momentaneamente. Vão para a cidade procurar meios de sustento para a família, o

que é lamentável. Há farta propaganda sobre extrativismo, mas a prática mostra-nos

que se trata de grande mentira, pois o homem do campo que tenta sobreviver dessa

atividade está passando por grandes dificuldades.

Sr. Presidente, estive com presidentes de cooperativas e associações em

Nova Califórnia e Extrema e com pequenos proprietários rurais em Vista Alegre do

Abunã. Na oportunidade, recebi muitas reclamações. Eles disseram que o

extrativismo é muito bonito no papel, mas na prática não deixa de ser um engodo,

uma farsa, tanto que muitas famílias já abandonaram sua terra e foram morar na

periferia das cidades.

Sr. Presidente, se o extrativismo não está dando resultado para quem vive da

renda familiar no campo, a verdade é que os que plantaram café também não se

deram bem.

Tenho dito sempre nesta Casa que os produtores de café foram altamente

penalizados, pois seu produto não tem preço e muitos deles enfrentam dificuldades

enormes com os bancos oficiais.

Na mesma situação encontram-se os que produzem leite na nossa bacia

leiteira. Estão tendo de pagar para entregar seu produto aos laticínios.

Sr. Presidente, gostaria de lembrar que se falou muito em flexibilização na

época do plano de estabilidade. Hoje, fala-se em flexibilização da CLT. A

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flexibilização na reforma administrativa foi um grande desastre, apesar de dizerem

que era modernidade.

Esperamos que essa flexibilização que estão pregando tanto em relação à

CLT não venha a ser mais um engodo ou uma falsa modernidade.

Muito obrigado.

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O SR. ENIO BACCI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ENIO BACCI (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. dissesse qual é o quorum neste exato

momento, pois há informação de que os Deputados da Oposição que não deram

presença, mas usaram da palavra terão seus nomes computados. Em função disso,

pelos meus cálculos, já teríamos 257 em plenário.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Todos os Parlamentares que

usaram da tribuna tiveram seus nomes registrados e serão somados ao número

registrado no painel. Registraram suas presenças 212 Deputados e usaram da

palavra 32. Faltam 13 Deputados para atingirmos o quorum regimental.

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814

O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

– Sr. Presidente, diante disso, nós, do PDT, pedimos aos Srs. Deputados que

venham ao plenário.

Estamos numa discussão com as Lideranças dos partidos de Oposição para

começarmos a dar esse quorum e precipitar a votação, que esperamos seja

concluída com a rejeição do projeto.

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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Antes de dar prosseguimento à

sessão, esta Presidência dá conhecimento ao Plenário do seguinte ofício do Sr.

Presidente do Senado Federal:

Sr. Presidente,

Comunico a V.Exa. e, por seu alto intermédio, à

Câmara dos Deputados que esta Presidência convoca

sessão conjunta a realizar-se amanhã, dia 5 do corrente,

quarta-feira, às 10 horas, no plenário da Câmara dos

Deputados, destinada à apreciação do Projeto de Lei nº

18, de 2001, do Congresso Nacional, e dos Projetos de

Decreto Legislativo nºs 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,12 e 14, de

2001, do Congresso Nacional.

Na oportunidade, renovo a V.Exa. protestos de

estima e distinta consideração.

Senador Ramez Tebet

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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Passo a ler, agora, comunicado do

Sr. Presidente Aécio Neves.

Srs. Deputados,

No dia 21 de novembro de 2001, esta Presidência,

através do Ofício-Circular nº 41/01, encaminhou a todos

os Srs. Líderes e Deputados as normas para a eleição de

dois Membros do Conselho da República, conforme

determina o artigo 89, VII, da Constituição Federal.

Como é do conhecimento de todos, o Conselho da

República constitui-se em órgão superior de consulta do

Presidente da República.

O prazo de inscrição foi encerrado no dia 3 de

dezembro do corrente ano.

Cumpriram, até aqui, as exigências estabelecidas

nos procedimentos para eleição de membros do Conselho

os seguintes candidatos, em ordem alfabética, cujos

currículos estarão à disposição de todos em avulsos

amanhã:

Deputado Alberto Goldman;

Deputado Antonio Kandir;

Deputado Chico Sardelli;

Deputado Claudio Cajado;

Deputado Edmar Moreira;

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Dr. Evandro Lins e Silva;

Deputado Itamar Serpa;

Deputado José de Abreu;

Dr. Marcelo Cerqueira;

Maria Lúcia Roberto Argenta;

Dr. Walter da Costa Porta;

Dra. Zilda Arns.

O mandato dos dois membros a serem eleitos pela

Câmara dos Deputados é de 3 anos. A eleição seguirá, no

que couber, o mesmo rito regimental previsto para eleição

dos membros da Mesa.

Esta Presidência convoca para amanhã, dia 5, na

sessão ordinária, o início da eleição dos dois membros do

Conselho da República pela Câmara dos Deputados e

seus suplentes.

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O SR. NELSON MARQUEZELLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para

elogiar a empresa aérea TAM, que decidiu investir o montante de 100 milhões de

reais para criação de um centro de tecnologia no Município de São Carlos, Estado

de São Paulo.

Esse investimento, segundo o presidente da empresa, Sr. Daniel Mandelli

Martin, será realizado no período de 4 anos, com previsão de criar 4 mil novos

empregos para toda a região de São Carlos.

Na primeira fase do projeto estão sendo criados quinhentos empregos.

O Centro Tecnológico será construído em três etapas. A primeira foi

recentemente inaugurada e se refere ao hangar para manutenção de aeronaves,

onde foi feito um investimento inicial de R$22 milhões.

Hoje, as manutenções das aeronaves da companhia são realizadas no

Aeroporto de Congonhas, na Capital paulista, e também na França.

Com a transferência das operações de manutenção, a TAM vai economizar

cerca de U$2 milhões ao ano.

Na segunda etapa, constituída pela ampliação da pista e construção de

oficinas auxiliares, deverão ser absorvidos cerca de R$20 milhões. O projeto prevê

também a construção de um hangar com capacidade para dar manutenção a aviões

de grande porte, como o Airbus 330.

A inauguração dessa fase deve ocorrer em novembro de 2002.

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Ao final dos quatro anos, o projeto do Centro Tecnológico vai contar com a

pista ampliada, três hangares e um call center para reservas de vôos. Terá

também um centro de desenvolvimento na área de tecnologia da informação e um

site de contingência na área da informática.

Um museu do avião virá na terceira fase e deverá ser administrado pela

Fundação EducTAM.

A área total que a TAM adquiriu para esse projeto em São Carlos é de 182

alqueires e foi comprada da antiga Companhia Brasileira de Tratores — CBT.

Sem dúvida nenhuma, Sr. Presidente, esse investimento que a TAM está

fazendo irá contribuir em muito com o processo de desenvolvimento não só do

Município, como de toda a região de São Carlos.

Aproveitando esta oportunidade, Sr. Presidente e nobres Deputados, quero

deixar aqui registrado os meus votos de congratulações por esta iniciativa de

investimento da TAM e o meu reconhecimento pelo alto grau de competência e

qualidade demonstrados não só na prestação dos serviços de transporte aéreo

comercial, como também na modernidade das ações administrativas deste

segmento tão importante de nossa economia.

Passo a abordar outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pela terceira vez consecutiva, a

Delegacia Federal da Agricultura no Estado de São Paulo é escolhida finalista do

Prêmio Qualidade do Governo Federal, que será entregue, hoje, no Palácio do

Planalto, com a presença do Exmo. Sr. Presidente da República, Fernando Henrique

Cardoso.

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Àqueles que, como eu, conhecem de perto o trabalho que vem sendo

desenvolvido, no âmbito da qualidade total, pela unidade do Ministério da Agricultura

no meu Estado, não surpreende a decisão dos avaliadores vinculados ao Programa

de Qualidade no Serviço Público.

O impacto das ações implementadas pela DFA de São Paulo no sentido de

fazer avançar o programa de qualidade que, desde março de 1996, vem sendo

executado, com esforço e dedicação, por seus funcionários, tem recebido o

reconhecimento de todos os que delas tomam conhecimento, se envolvem ou se

beneficiam.

Tanto que a Delegacia Federal da Agricultura em São Paulo foi escolhida,

desde o ano 2000, pelos seus próprios pares, como organização âncora do

Programa, ou seja, uma unidade responsável pela mobilização das demais

instituições públicas brasileiras em âmbito regional, com o objetivo de promover

adesões à qualidade no serviço público, apoiando-as, ao mesmo tempo, no

processo de transformação gerencial.

Dentre os dezessete finalistas do Programa de Qualidade do Governo

Federal, ciclo 2001, outra unidade do Ministério da Agricultura, além da delegacia

Federal no meu Estado, figura na relação de ganhadores. Refiro-me à DFA do

Estado do Mato Grosso do Sul, que, junto com São Paulo, tem sabido gerenciar

exemplarmente seu programa de qualidade total.

Por mais essa merecida vitória, Sr. Presidente, estão de parabéns as

representações da agricultura nos Estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo,

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personificadas nas atuações de seus delegados, o engenheiro agrônomo José

Antônio Roldão e o médico veterinário Francisco Sérgio Jardim, respectivamente.

Igualmente está de parabéns o Ministro Pratini de Moraes, que, mais uma

vez, demonstra preocupação com a melhoria crescente da qualidade total em sua

Pasta e principalmente com os funcionários das duas delegacias, de cujo esforço

emana a força transformadora que há de colocar este País no lugar de destaque que

ele tanto merece.

Muito obrigado.

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O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que me informe acerca do quorum desta sessão, já

que foi feito, pela Mesa, controle dos Srs. Deputados que usaram da palavra.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Estão presentes 272 Srs.

Deputados.

O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, solicito a V.Exa. seja iniciada a

Ordem do Dia neste exato momento, já que há quorum na Casa.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Vamos iniciá-la dentro de instantes.

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O SR. POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero fazer coro com outros Deputados que se

manifestaram não só contra o projeto sobre flexibilização da CLT, como também

sobre sua urgência.

Tal projeto não passa de desmonte da CLT. Sei que mentira dita mil vezes

vira verdade. Imagine a própria verdade repetida várias vezes.

É preciso que façamos a repetição dessa verdade para que fique calando

profundamente na consciência não só dos Parlamentares governistas, como na da

população brasileira, que tem conhecimento da verdade, daquilo que acontece.

Aliás, o que se quer com a aprovação desse projeto é simplesmente acabar

com as férias, com o décimo terceiro salário, com a insalubridade, com as horas

extras, com a garantia de salário, com a licença-maternidade, enfim, com os direitos

dos trabalhadores. É desculpa esfarrapada dizer que, com a flexibilização, haverá

aumento de emprego no País. Engane-se quem quiser.

Sr. Presidente, dá para enganar uma pessoa por um dia, muitas pessoas por

muitos dias e até todas as pessoas por toda a vida, pois a vida é tão curta que há

pessoas que morrem enganadas. Agora, há pessoas que não podemos enganar:

nós mesmos. Engane-se quem quiser com esse projeto do Governo.

Em nenhum país onde a tal flexibilização foi implantada houve geração de

emprego. Aliás, a Argentina, exemplo mais próximo, está numa derrocada

econômica. Se o Governo quer gerar emprego, é fácil: basta diminuir os juros, criar

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perspectiva de crescimento econômico, dar oportunidade às empresas de ter capital

de giro e de se expandir. Se não quer fazer isso, diminua o custo social do emprego.

Hoje o empregado vale o dobro, uma vez que parte ganha quem trabalha,

enquanto a outra o Governo recebe em impostos. Se a empresa contrata um

funcionário por 500 reais por mês, o Governo ganha outros 500 reais de COFINS,

INSS, enfim, de impostos e mais impostos — não conseguimos nem descrever.

Tudo isso, Sr. Presidente, gera na Casa tal situação de constrangimento que

a própria base do Governo não sabe o que fazer. Alguns Deputados adoeceram;

outros estão viajando, porque não conseguem sustentar sua posição. Sabem que o

projeto é contra o trabalhador; entretanto, não sabem como dizê-lo em face de

estarem comprometidos com o Governo até mesmo na liberação de verbas.

É tal o constrangimento que gostaria de registrar fato inusitado. O eminente

Líder da bancada do PTB, Deputado Roberto Jefferson, realizou uma façanha no

primeiro dia de votação. Encaminhava antecipadamente voto favorável ao projeto.

Na medida em que a bancada governista retirou-se do plenário, S.Exa. encaminhou

contra o projeto. Quer dizer, no mesmo dia, assumiu duas posições.

Em virtude da falta de quorum, no dia seguinte, a matéria voltou à votação. E

o eminente Deputado Roberto Jefferson anunciou a liberação da bancada.

Imediatamente, em decorrência de o painel não ter funcionado adequadamente e a

bancada governista ter saído do plenário, S.Exa. encaminhou pela obstrução. Ou

seja, primeiro era a favor; depois, contra; mais adiante liberou e, logo após, obstruiu.

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Sr. Presidente, jamais presenciei tal fato na Casa. Não estou querendo dizer,

contudo, que o Deputado agiu ou não corretamente, mas apenas demonstrar o

significado do projeto.

Qual o discurso que vale? A favor do projeto ou contra ele? O discurso que

liberou a bancada ou o que obstruiu a votação? Aliás, esse é o constrangimento que

as bancadas, especialmente a do Governo, passam à opinião pública. Deixo muito

claro o fato de não ser possível a esta Casa dobrar-se à vontade onipotente do

Presidente Fernando Henrique Cardoso.

É hora de estarmos com o povo trabalhador, que espera de nós voto contrário

ao projeto.

O Sr. Pedro Valadares, 1º Suplente de Secretário,

deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.

Aécio Neves, Presidente.

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O SR. LAEL VARELLA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LAEL VARELLA (Bloco/PFL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, poder saudar a Federação do

Comércio do Estado de Minas Gerais nesta oportunidade é, para nós, motivo de

orgulho e de satisfação pessoal. Com seus 63 anos de existência e de participação

nos assuntos mais relevantes e inerentes à economia de Minas e do Brasil, sem

perder de vista seu objetivo primeiro, a defesa dos empresários do comércio, sua

diretoria sempre se pautou pelos princípios éticos e morais, marca registrada de

seus dirigentes no passado e no presente. Já na sua fundação, nos idos de 1938,

época conturbada, em que o mundo estava à beira de uma nova catástrofe mundial,

a Federação do Comércio teve pela frente os desafios de administrar uma nova

legislação trabalhista, que impunha aos empresários e trabalhadores uma nova

situação nas relações de trabalho. Uma leitura das atas da entidade revela, desde

cedo, a preocupação de sua diretoria com os temas relevantes para o País.

Sobrepondo-se às dificuldades inerentes a uma entidade nova, a Federação

cresceu, se impôs, e nos dias de hoje sua abrangência regional lhe dá a obrigação

de atender a mais de 350 mil estabelecimentos espalhados por Minas Gerais,

independentemente de seu porte e de seu capital social.

Para cumprir essa difícil tarefa, a Federação conta com seus parceiros

naturais, os sindicatos do comércio localizados nos maiores e mais representativos

Municípios mineiros, propiciando ao empresariado consultoria e orientação técnica

nos diversos aspectos que envolvem a empresa. Ao longo dos anos, soube também

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exercer uma política de aproximação e de respeito mútuo com todas as entidades de

classe, procurando sempre fazer prevalecer o interesse coletivo da categoria

representada, por meio do diálogo constante, competente e convincente.

Ninguém melhor do que o pequeno e o médio empresários do comércio para

discorrer sobre as agruras e dificuldades para gerir seus negócios, cada vez mais

envolvidos pelo aparato de leis, decretos, medidas provisórias, portarias e um

infindável elenco de encargos, que fazem com que o dirigente da empresa perca-se

nesse emaranhado de obrigações. Se ele não dispuser de quem o ajude e o oriente

com seriedade, competência técnica e isenção, certamente ficará à mercê da

burocrática máquina administrativa oficial, sempre pronta para torturar o pequeno e

o médio empresário nacional. É nas suas respectivas entidades de classe que o

empresariado tem que se abrigar e buscar os conhecimentos que se fizerem

necessários para sobreviver nesse mar revolto que vem caracterizando a economia

brasileira ao longo de décadas.

Exatamente para ajudá-lo nesse mister, a Federação de Minas realiza

pesquisas objetivando levantar dados de relevância que possam servir de guia no

relacionamento dos empresários com o mercado. Pesquisando tendências,

sistematizando informações, orientando sobre oportunidades de investimentos e

identificando caminhos menos sujeitos a turbulências de mercado, municia os

empresários de valiosas informações sobre a realidade do comércio frente à

conjuntura nacional e internacional. Procedimento idêntico ocorre na área do

comércio externo, onde, além de orientações técnicas, presta apoio logístico, emite

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documentos, edita publicações específicas e promove o intercâmbio de informações

com vista a ampliar os horizontes do comércio exterior de Minas.

Se as paredes da Federação do Comércio pudessem falar, certamente teriam

histórias — e quantas — para contar a respeito do desespero de pequenos e — por

que não? — grandes empresários diante de malfadados planos econômicos, de

confisco de dinheiro, de tabelamento e congelamento de preços, de lojas fechadas,

de comerciantes simples e trabalhadores sendo presos em razão de uma

mercadoria sem etiqueta ou de uma mera divergência de preços afixados em um

simples grampo de cabelo ou em um sabonete de segunda categoria.

Quantos atropelos, incertezas e angústias as paredes daquela casa ouviram.

Quantos também foram os conselhos, as orientações e palavras de conforto que

permitiram a todos superar os momentos mais difíceis.

Há também páginas alegres, de grandes realizações e de pioneirismo, como

foi o caso do lançamento de publicações voltadas ao comércio exterior na década de

70 e que até hoje são demandadas por empresas e técnicos envolvidos na área.

Contribuições de fôlego foram dadas às reuniões nacionais de empresários,

denominadas de Conferência Nacional das Classes Produtoras, das quais partiram

muitas conquistas para os setores produtivos do País. Mais recentemente, por

ocasião das comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, a Federação do

Comércio lançou estupenda publicação contando a história do comércio e sua

importância para o crescimento econômico da Capital. Trata-se de documento

histórico, pioneiro, instigante, pelo seu conteúdo, e que ficará marcado na vida da

Capital mineira. A verdade é que ao longo dessas seis décadas, a Federação do

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Comércio do Estado de Minas Gerais acumulou um longo e vasto currículo por

serviços prestados à comunidade empresarial mineira. Com assento nos principais

conselhos empresariais geridos por órgãos públicos e privados, jamais deixou de dar

sua contribuição aos temas que sejam relevantes para o empresariado do comércio

mineiro e nacional, tanto no comércio interno quanto no externo.

Aqui mesmo, nesta Casa, a Federação do Comércio sempre teve presença

marcante junto aos Parlamentares, seja cobrando, seja contribuindo com idéias para

o aperfeiçoamento das nossas leis. Trabalho árduo e profícuo foi o desenvolvido

quando das discussões da Constituição de 1988, ocasião em que a Federação

acompanhou, de perto todo o processo, com apresentação de emendas e

sugestões. Enviando seus técnicos a Brasília, prestou até mesmo consultoria a

vários Parlamentares sobre assuntos específicos e de alta relevância para a vida

sindical brasileira. Filiada à Confederação Nacional do Comércio, entidade maior do

sistema sindical brasileiro no setor terciário, sempre se fez representar naquela

diretoria, ocupando cargos condizentes com sua dimensão regional e nacional.

Nesta oportunidade em que prestamos justa homenagem à Federação, não

devemos nos esquecer de dizer que homenageamos conjuntamente todo o

comércio mineiro e seus respectivos empresários, que atuam nos mais diversos

ramos de atividade e dão no dia-a-dia valiosa contribuição para a formação do PIB

mineiro. Responsável não só pela geração e circulação de riquezas no Estado

mineiro, o comércio é ainda o grande sorvedor de mão-de-obra, contribuindo

decisivamente para minorar o difícil quadro de desemprego que assola o País. Esta

questão deve ser, para todos nós, sempre motivo de grave preocupação, pelo

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esgarçamento do tecido social, provocado pela perda da dignidade humana, que se

dá quando alguém procura ganhar o pão de cada dia e não tem onde buscá-lo

honestamente. O papel do comércio é até mesmo estratégico, pois, dada sua

pulverização quanto às atividades e capilaridade quanto à distribuição espacial,

quanto mais pudermos incentivar e facilitar a criação de novos empreendimentos,

mais pessoas poderão estar empregadas e trabalhando regularmente, minimizando

as crueldades causadas em decorrência do desemprego.

Por meio de um trabalho continuado, exercido pela Federação do Comércio e

pelo SENAC de Minas, não só os empresários têm acesso às modernas técnicas de

gestão, como os empregados do comércio encontram o aprendizado necessário

para suas ações diárias junto ao consumidor. O mundo deste século será o mundo

do conhecimento, e educar, preparar e qualificar pessoas para essa nova era é uma

obrigação que envolve não só Governo, mas também todos aqueles dirigentes de

empresas ou entidades de classe que têm consciência da responsabilidade social.

Na outra ponta do sistema, o SESC mineiro proporciona o indispensável lazer ao

comerciário, promovendo a integração da família comerciária mineira em ambiente

acolhedor.

A grandeza dessas instituições em Minas não teria sido possível não fosse o

incansável trabalho de seus dirigentes, personificados hoje na figura de seu atual

Presidente, Renato Rossi. Homem que, por modéstia, se afasta do foco das luzes,

mas também não fica nas sombras, sabendo agir nas horas mais difíceis com

firmeza e bom senso, emprestando às entidades que dirige seu conhecimento,

adquirido na vitoriosa vida empresarial. Homenageando Renato Rossi, estamos

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homenageando todos os demais presidentes que o precederam nessa trajetória de

vida da Federação do Comércio, os quais deram valiosas contribuições pessoais

para que a entidade tivesse hoje o grau de respeitabilidade de que goza no cenário

nacional.

Portanto, homenagear a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais

e também o comércio mineiro é uma dívida que temos hoje a honrar e o prazer de

resgatar.

Tenho dito.

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O SR. FERNANDO GABEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO GABEIRA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, proponho a V.Exa. seja feito sucinto relato sobre o problema

apresentado pelo painel semana passada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Será feito. Atenderei V.Exa.

O SR. FERNANDO GABEIRA - Sr. Presidente, vai haver explicação técnica

sobre o ocorrido. Politicamente, o Congresso tem condições de dar resposta a esta

crise: votando abertamente, como deveria ter sido feito da última vez. Para a maioria

da população, a forma como votaremos é tão importante quanto o conteúdo.

Houve crise acerca do painel no Senado. Nossas circunstâncias foram

completamente diferentes, embora seja fundamental que os Líderes do Governo

considerem a questão política. Não há possibilidade de vitória técnica, numérica.

Vitória política, neste projeto, só seria obtida se os Deputados dissessem, clara e

transparentemente, como votam.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Oportunamente a Mesa se manifestará.

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O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MILTON TEMER (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o laudo da UNICAMP nos dá informação bastante preocupante, motivo

pelo qual peço providências a V.Exa. com respeito ao procedimento de votação.

Diz o item 3, letra “a”:

Ao constatar esse erro, o mecanismo de segurança

bloqueia novas ações, buscando, assim, preservar a

integridade da base de dados.

Isso impede — e chamo atenção de V.Exa. — que o resultado seja exibido no

painel, ainda que esteja preservado no sistema. O que quero dizer com isso — e

chamo a atenção de V.Exa. — é que, se o dado é preservado no sistema, sem que

se revele o grau de sigilo, algum funcionário pode ter acesso durante a votação,

independentemente de os Parlamentares não saberem como a votação está

transcorrendo; ou seja, alguém com acesso ao sistema conhece o pinga-pinga dos

votos.

Nesses termos, Sr. Presidente, no meu modo de ver, esse é o espaço de

quebra de sigilo durante a votação. V.Exa., para mim, não inspira a menor

desconfiança.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Obrigado a V.Exa.

O SR. MILTON TEMER – Mas muita coisa já foi votada nesta Casa com

variações brutais de tempo de espera de votação, o que — vou ser realista — pode

ser interpretado como espaços em que os Presidentes da Casa sabiam quem estava

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votando e como. Então, peço a V.Exa., a fim de que esse sigilo não seja perigoso,

que, ou se estabelece, desde já, tempo fixo para votação pelo painel,

independentemente da matéria, ou a votação estará permanentemente sob suspeita

de pressão durante o pinga-pinga dos votos.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou responder a V.Exa. com todo

respeito que merece, Deputado Milton Temer. V.Exa. sempre foi Parlamentar zeloso

pela imagem desta Instituição, sem abrir mão da rigidez e da firmeza com que

defende seus pontos de vista.

Aproveito a oportunidade para responder de forma muito clara e objetiva a

sua indagação, até porque ela foi objeto de consulta aos Líderes e aos

representantes da UNICAMP. Aliás, em nome da Casa, agradecemos a presteza e

eficiência com que trabalharam durante todo o final de semana, para tentar sanar a

preocupação de V.Exa.

Deputado Milton Temer, sobre a possibilidade de os dados serem acessados

pelos terminais durante a votação antes de serem apresentados no painel, eles são

divulgados simultaneamente. E isso ocorre apenas no momento em que se acessa o

encerramento da votação.

Quero tranqüilizar V.Exa. de forma definitiva em sua natural preocupação.

Não há possibilidade de acesso ao painel durante o processo de votação. Além

disso, os técnicos constataram a eficiência do sistema. Estou providenciando a

distribuição desse relatório — aliás, já o fiz aos Líderes partidários — a cada

Parlamentar, uma vez que a informação final dos representantes da UNICAMP foi

pela eficiência do sistema da Câmara dos Deputados, que, com sobra, atende, e

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continuará atendendo com segurança, às necessidades desta Casa, Deputado

Milton Temer.

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O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

SR. MILTON TEMER (PT, RJ – Pela ordem) – O que peço a V.Exa. é algo

concreto, para que não haja nenhuma dúvida. Tenho um sobrinho de 17 anos que é

capaz de entrar nesse sistema e saber como está a votação. O que quero

estabelecer com V.Exa. é um comportamento de plenário: que as votações passem

a ter, a partir da determinação de sua abertura, um tempo fixo, independentemente

de a matéria ser votada. Pronto, está resolvido! Por exemplo, quinze minutos para

votar, qualquer que seja a matéria.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Antes de iniciar a Ordem do Dia e

tranqüilizando V.Exa., quero informar que seu sobrinho poderá, talvez, acessar o

Pentágono, mas não terá acesso à votação da Câmara dos Deputados, porque o

sistema é desconectado, criptografado e autônomo.

Tomarei como sugestão a proposta de V.Exa., até porque, em duas votações

distintas, adotei absolutamente o mesmo critério, mantendo o mesmo tempo para

ambas.

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VI - ORDEM DO DIA

PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A lista de presença registra o

comparecimento de 287 Srs. Deputados.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Vai-se passar à apreciação das

matérias sobre a mesa e das constantes na Ordem do Dia.

Item 1.

Continuação da votação, em turno único, do

Projeto de Lei nº 5.483-B, de 2001, que altera o

dispositivo da Consolidação das Leis do Trabalho,

aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de

1943; tendo pareceres dos relatores designados pela

Mesa em substituição às Comissões: de Trabalho, de

Administração e Serviço Público, pela aprovação deste e

das emendas apresentadas em Plenário de nºs 1, 2, 3, 7,

8, 9 e 10, com substitutivo, conforme publicado.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa requerimento no

seguinte teor:

Requeremos, nos termos do art. 117, inciso VI, do

Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que seja

retirado da Ordem do Dia o PL nº 5.483-C/01.

Assina o Bloco PSB/PCdoB, além do Líder Rubens Bueno.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

José Antonio Almeida, como autor do requerimento.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) –

Retiro o requerimento, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está retirado o requerimento pelo autor.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Antes de iniciar a votação, a

Presidência esclarece que há apenas um destaque para a matéria, para a expressão

“ou acordo coletivo”, contida no art. 618 da CLT, art. 1º do Substitutivo.

Não foi acolhido destaque para a expressão “complementar”, contida no

parágrafo único do art. 618, art. 1º do Substitutivo, por alterar substancialmente o

teor da matéria aprovada.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa o seguinte requerimento:

Requeiro votação nominal para o Substitutivo do

PL nº 5.483/2001.

Sala de Sessões, 4 de Dezembro de 2001.

Assina o Deputado Fernando Coruja.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

Fernando Coruja, como autor do requerimento.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, vamos retirar esse requerimento.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está retirado o requerimento.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o substitutivo oferecido

pelos Relatores designados pela Mesa, em substituição às Comissões de Trabalho,

de Administração e Serviço Público e de Constituição e Justiça e de Redação,

ressalvados os destaques.

Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB?

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB tem pleno

conhecimento da natureza da matéria que está sendo votada neste instante na

Câmara dos Deputados. Os Srs. Deputados que tiveram a oportunidade de ler o

best-seller “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, sabem muito bem qual o

caráter da matéria que votarão a partir de agora. Não adianta sofismar!

O Relator fez uma modificação dizendo que iria retirar possíveis

inconstitucionalidades. Que inconstitucionalidades eram essas? Em primeiro lugar,

era preciso proteger o FGTS e, em segundo, era preciso proteger a Previdência

Social.

Sras. e Srs. Deputados, não há nenhum tipo de proteção aos trabalhadores

com a aprovação dessa matéria. Tudo o que foi conquistado ao longo dos últimos 60

anos, por meio das grande lutas do movimento sindical e dos trabalhadores em

nosso País, será destruído pela força do rolo compressor que o Governo tem à

disposição: o farto emprego da mídia, o Orçamento da República e, ainda, o cinismo

de dizer que nada será alterado.

Sr. Presidente, esta é a única lei que será alterada, modificada de forma

absoluta, sem que precise ser revogada. Podemos dizer que chegamos ao cúmulo

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do cinismo neste País. Esta votação faz de nós recordistas em barbaridades!

O que existe de proteção na CLT, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é o

que faz a diferença entre o mercado livre do sistema capitalista, onde o trabalhador

pode vender sua força de trabalho, e a senzala. Isso é o que estamos discutindo

aqui. Lamento que estejamos votando esta matéria no início do Século XXI; lamento

que, a esta altura, Deputados e Senadores da base governista estejam abrindo

caminho para o retorno de nossos trabalhadores ao cativeiro.

Por isso, Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota “não”.

Precisamos derrotar essa política destruidora das conquistas do povo, enviada a

esta Casa por Fernando Henrique Cardoso!

Não terminamos aqui. Vamos votar sob condições lamentáveis. O Senado da

República anunciou que se posicionará contrariamente à matéria, e os Deputados

da base governista vão fazer esse tipo de serviço, que será barrado no Senado.

O povo deve se levantar e não permitir que esta matéria seja aprovada no

Congresso Nacional. A votação de hoje é apenas o começo do debate.

Repito, Sr. Presidente: o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota “não”.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco Parlamentar

PL/PSL?

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, meu partido deixa claro que deseja discutir mais a matéria. Fomos

contra o regime de urgência desde o início. Realizamos outra reunião e decidimos

continuar firmes em nossa proposta, tentando convencer os companheiros que não

seguiram a orientação partidária.

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Encaminhamos o voto “não”.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco Parlamentar

PDT/PPS?

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é evidente que o Bloco Parlamentar PDT/PPS

encaminha o voto “não” à proposta do Poder Executivo que está sendo apresentada

na forma de Substitutivo ao Projeto nº 5.483/01.

O Governo usou a Constituição para estabelecer urgência na votação da

matéria nesta Casa. Há três semanas não deliberamos porque o Governo

determinou a urgência para a votação de um projeto que não pode ser apreciado de

forma precipitada, porque se trata de perda do trabalhador e da apropriação indébita

de direitos pelos empregadores, que teriam muito a dar ao empregado. No Brasil, o

que se deve flexibilizar é a renda acumulada durante décadas, que fez o País

chegar à situação de crise em que se encontra.

O Bloco Parlamentar PDT/PPS vota “não”, e, neste encaminhamento,

estabelece o compromisso maior com o trabalhador brasileiro.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PTB?

O SR. ROBERTO JEFFERSON (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, estão aguardando, no gabinete da Liderança do PTB, o Presidente da

Força Sindical e Vice-Presidente do PTB, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e

outros presidentes de sindicatos brasileiros, em especial, os de São Paulo,

sindicatos de empresas privadas regidas pela CLT. Tais pessoas se reuniram com a

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bancada do PTB para pedir, em nome da Força Sindical, que votássemos a favor do

projeto.

Entendo que há autoridade política na posição de contestar o projeto, pois

esse é um modo de desgastar o Governo no início de ano eleitoral. Por outro lado,

não há autoridade maior que os Presidentes das centrais sindicais.

De um lado, há a CUT, que é contrária ao projeto, mas tem posição inspirada

no funcionalismo público e burocrático; afinal, hoje essa central sindical é mais

representativa dos funcionários públicos. A central sindical do trabalhador da

iniciativa privada é a Força Sindical. E, em todos os momentos, o Presidente da

Força Sindical esteve presente na Câmara dos Deputados para dizer que é a favor e

que o projeto é do interesse do trabalhador e dos sindicatos.

Dessa maneira, procurando pacificar o PTB, pois neste momento a bancada

ficou muito dividida, o nosso encaminhamento é no sentido de liberar o voto.

Pessoalmente, repito a minha posição, como venho fazendo desde o princípio

da discussão do projeto: sou favorável a sua aprovação. Acompanho a posição do

Vice-Presidente do PTB, Presidente da Força Sindical, Paulinho. Pessoalmente,

votarei favoravelmente, mas a bancada do Partido Trabalhista Brasileiro está

liberada para a votação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A bancada do PTB, portanto, está

liberada.

Como vota o Partido Progressista Brasileiro, Deputado Odelmo Leão?

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Deputados, o Partido Progressista Brasileiro vai encaminhar o voto

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"sim", favorável ao projeto. Vamos dizer por quê.

O PPB quer modernidade na relação capital e trabalho. Os nossos

trabalhadores e trabalhadoras, por meio dos seus sindicatos e, se preciso,

recorrendo as suas centrais, estão bastante amadurecidos para as decisões que

tomarem nos seus acordos coletivos e nas assembléias. Caso não seja possível, Sr.

Presidente, a lei é clara: permanecerá a CLT, a Constituição Federal, a lei

complementar, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; ou seja, todas as

garantias dos trabalhadores brasileiros estão asseguradas pelo projeto.

Por isso o projeto é bom, moderniza a relação capital e trabalho e abre nova

perspectiva, inclusive, para investimentos externos e para criação de novos postos

de trabalho no nosso País.

Sr. Presidente, gostaria que o Plenário me desse um minuto de atenção.

Neste momento, relatarei acordo feito pelo Sindicato dos Empregadores do

Comércio de Uberlândia e Araguari, filiado à CUT, que diz o seguinte:

Acordo Coletivo de Trabalho

Que fazem, de um lado o Sindicato dos

Empregadores do Comércio de Uberlândia e Araguari,

com base territorial nos Municípios de Uberlândia e

Araguari-MG, CGC.25.649.153/0006-95, neste ato

representando os trabalhadores da empresa Goremar

Máquinas para Construção Ltda., conforme deliberação

de assembléia realizada em 30/05/2000 e especificado

em ata anexa; e de outro, a empresa Goremar Máquinas

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para Construção Ltda., com as seguintes cláusulas e

condições (...).

Vejam bem: o PPB defende que os trabalhadores, sem ferir a Constituição

Federal, sem ferir a CLT, sem ferir a lei complementar, sem ferir os direitos

garantidos ao trabalhador, possam fazer as discussões e seus acordos.

Vamos ver o acordo que esse sindicato filiado à CUT fez para os seus

trabalhadores:

I - Os trabalhadores ora representados resolvem dar por

quitadas as horas extras prestadas entre o dia 1º de janeiro

de 1999 e 30 de março de 2000.

Ora, o sindicato retirou dos trabalhadores o direito garantido a horas extras.

Este acordo o PPB não defende. O PPB defende aquele que realmente favorece o

trabalhador brasileiro.

II - Fica acordada a prorrogação da jornada de

trabalho por dois dias em até 06 (seis) horas, nos meses

de fevereiro e novembro, para elaboração de balanços da

empresa, restrita aos dias normais de trabalho, ou seja,

de Segunda a Sábado, mantidas as demais condições de

compensação ou pagamento das horas extras definidas

na Convenção Coletiva de Trabalho.

III - O presente instrumento vigorará durante o

mesmo prazo da atual Convenção Coletiva de Trabalho,

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sendo válido exclusivamente para os trabalhadores da

empresa acima citada.

O acordo vem assinado pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de

Uberlândia e Araguari e pela construtora.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Subdelegacia do Trabalho em

Uberlândia renegou esse acordo, remetendo-o ao Ministério Público do Trabalho,

em Minas Gerais, que determinou à empresa que o elaborou pagar as horas extras

aos seus trabalhadores e mais aquilo que lhes era devido em convenção, de acordo

com a CLT, com a Constituição e demais leis que regem o trabalho em nosso País.

Significa que esse acordo foi cancelado pela Delegacia do Trabalho, porque feriu a

Constituição brasileira. O próprio Ministério Público do Trabalho mandou elaborar

um termo de conduta — se repetisse, seria aquele sindicato penalizado.

Sr. Presidente, está claro agora: aqueles que dizem defensores dos

trabalhadores, retiram, em acordo coletivo, os seus direitos.

O PPB defende que, na sua plenitude, possa o trabalhador brasileiro discutir e

decidir o que é melhor para ele.

Por isso, o PPB, tranqüilamente, vota “sim” a este projeto que moderniza a

relação capital e trabalho no Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PT?

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que este Plenário ouviu agora o exemplo

nítido do que a Câmara dos Deputados pode produzir hoje ao aprovar este projeto.

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Esta votação, Deputado Odelmo Leão, não vai ferir a lei. Esta votação vai

matar a lei! Se foi possível em Uberlândia a DRT evitar que o acordo, que fere a lei,

continuasse prejudicando os trabalhadores, com o projeto do Governo não se vai

mais poder fazê-lo. É dessa forma que os acordos vão prejudicar os trabalhadores

do País.

E mais: o argumento de muitos Deputados é que a Força Sindical o estaria

apoiando integralmente. No Estado do Deputado Odelmo Leão, Minas Gerais, a

Força Sindical posicionou-se ao lado da Central Única dos Trabalhadores, da

Central Geral dos Trabalhadores, ao lado dos trabalhadores, esclarecendo que esta

matéria não criará em hipótese alguma condição favorável a eles, pelo contrário, sim

trará a precarização, a fragilização, a destruição no mundo do trabalho.

Quero chamar a atenção para o fato de que o Governo fala muito em

números, mas em momento algum, nem através das suas Lideranças, nem através

do Ministro do Trabalho, ele apresentou dados concretos

Que atividade da economia se beneficiará com geração empregos advinda

desta matéria?! E aí quero chamar os Srs. Deputados para uma reflexão. Vou falar

de uma empresa que aparentemente não tem crise, que é monopolista no Brasil

porque toda a infra-estrutura da comunicação lhe pertence e não tem competidor: a

EMBRATEL, empresa que controla todos os meios de comunicação do País, bem

como satélite e fibra ótica.

A EMBRATEL, no balanço recentemente aprovado e divulgado afirma que

mesmo se retirarem a despesa com os trabalhadores, os custos com mão-de-obra e

os pagamentos de salários, ainda fechará no prejuízo.

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Portanto, não é a massa de salário que pesa. E não estou falando de uma

empresa qualquer em Chorrochó na Bahia, não estou falando de uma empresa

qualquer no Piauí ou onde quer que esteja; estou falando de um conglomerado, o

maior do mundo em comunicações, a MCI, que no Brasil chama-se EMBRATEL.

Ainda dizem que essa medida vai impulsionar. Impulsionar o quê? Na

realidade o problema não está na mão-de-obra. Não é flexibilizando essas relações

nem destruindo o conjunto de leis ordinárias, que esta Câmara aprovou para dar

eficácia aos dispositivos constitucionais, que se vai resolver o problema. Não se

trata de atacar a CLT nem de defendê-la.

O que a Câmara pode aprovar hoje é a destruição de todas as leis ordinárias

que aprovamos ao longo dos anos, dando eficácia e aplicabilidade aos dispositivos

constitucionais. A forma de pagar o décimo terceiro salário é garantida por lei, bem

como o direito de se gozar férias. O que esse projeto propõe é que a lei deixe de

valer, que seja ultrapassada, violada, que seja mais do que ferida: vire letra morta. É

isso o que esse projeto propõe. É isso o que está em jogo.

Não há outro caminho que não o de dizer claramente: não é aprovando

projeto desse porte que a economia brasileira vai sair do marasmo em que se

encontra, que o comércio ou a indústria voltarão a respirar. Já aprovamos contrato

por tempo determinado, banco de horas, a possibilidade de o comércio abrir aos

domingos. Contudo, isso não serviu, em hipótese alguma, para aumentar o nível de

emprego em Pernambuco ou para resolver a quebradeira de pequenas, médias e

mesmo grandes empresas no País.

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Sr. Presidente, mais do que a questão de rolo compressor do Governo, de

ameaça ou de troca de emendas ou cargos, peço aos Deputados reflexão. Por que

essa pressa toda?! Qual é o sentido de um projeto, que, saído daqui, vai para a

geladeira dos corredores desta Casa, aguardar votação no próximo ano? Se ele tem

essa eficácia, fundamental seria dizer exatamente onde ele se aplica, de que forma,

qual o quantitativo que vai atingir e que números trará para a economia. Mas quanto

a isso o Governo não sabe responder. Obviamente, a experiência tem apontado que

não é punindo a classe trabalhadora que nossa economia vai disparar.

Peço aos Deputados que olhem os nossos vizinhos. Na Argentina, os

trabalhadores começam a se matar por conta da flexibilização; a própria Europa, que

abriu em parte seu conjunto de regras no mundo do trabalho, está sofrendo por isso.

É de se perguntar: qual foi a aplicabilidade e a eficiência dessa medida? Qual a

eficácia concreta desse processo?

Sr. Presidente, o Partido dos Trabalhadores vota “não” a essa matéria.

O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a terceira ou a quarta vez — nem sei

mais, já perdi a conta do número de vezes — que votamos esta matéria.

Em toda votação insistem em nos perguntar qual é o encaminhamento do

PMDB. Esta é a quarta, quinta vez, não sei, corrijam-me, se estiver equivocado, que

venho ao microfone dar as razões que motivaram nosso partido a encaminhar a

votação contrária à matéria.

Trata-se de projeto polêmico, que divide as opiniões. Se fosse, como do

nosso desejo, suspensa a urgência urgentíssima, certamente poderíamos a ele ter

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adensado algumas sugestões para aprimorá-lo. No entanto, não foi possível.

O PMDB, por ter a convicção de que ele gera desconfiança para o

trabalhador, que vê na sua aprovação a possibilidade de o poder econômico forçar

acordos no sentido da supressão dos seus direitos, pela terceira, quarta, quinta vez,

vem à tribuna dizer que encaminha o voto "não" e solicita aos seus Deputados que

votem contra a aprovação do projeto.

O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) –- Sr.

Presidente, o PSDB tem absoluta convicção de que a Câmara dos Deputados vai

ratificar a votação da semana passada. Infelizmente, o painel, diante da pane, não

teve possibilidade de publicar aquele resultado.

Parabenizo o Presidente Aécio Neves pela forma absolutamente transparente

de agir diante daquela situação. S.Exa. teve o cuidado de manter a sociedade

tranqüila frente ao resultado a ser divulgado.

A prudência, a seriedade e a competência do Deputado Aécio Neves fazem

com que hoje o painel volte a ser utilizado. Cada Deputado votará de acordo com

sua consciência.

O PSDB tem absoluta convicção de que o projeto moderniza as relações do

trabalho e do capital. Participei da Constituinte de 1988. Não posso, por isso, deixar

de ler o art. 7º, inciso XXVI, da Constituição — Título II, Dos Direitos e Garantias

Fundamentais, Capítulo II, Dos Direitos Sociais, que diz:

Art. 7º..................................................................................

XXVI — reconhecimento das convenções e acordos

coletivos de trabalho.

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Ou seja, o Constituinte de 1988 já previa a possibilidade de acordos coletivos

serem feitos, fazendo com que o interesse patronal dos trabalhadores pudesse estar

presente nas negociações entre capital e trabalho.

Por isso tudo, tenho certeza de que vamos ter a ratificação. Espero, inclusive,

que com quantidade ainda maior de votos do que na sessão anterior, quando esse

projeto alcançou 255 votos favoráveis. Agora a sociedade, participando das

discussões, teve a inteireza de toda a questão que estava sendo votada e sabe que

não há supressão alguma de direitos e garantias dos trabalhadores brasileiros.

O PSDB vota “sim” e recomenda aos seus Parlamentares que cheguem ao

plenário para termos uma votação rápida e eficiente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Esta Presidência agradece a V.Exa. as

palavras elogiosas.

O PSDB vota “sim”.

Como vota o Bloco Parlamentar PFL/PST? Líder Inocêncio, desejamos que

V.Exa. se recupere o mais breve possível dessa conjuntivite.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) -

Obrigado, Presidente.

Minhas palavras são para tranqüilizar o Líder Odelmo Leão.

Acordos daquela natureza, meu caro Líder Odelmo Leão, com essa nova lei,

não mais se repetirão, porque não se vai eliminar direito algum, seja constitucional,

seja de lei complementar, seja de FGTS, seja da saúde, seja da segurança do

trabalhador, seja referente a tíquete alimentação, vale-transporte, direitos tributários

ou previdenciários. Antes dessa lei, havia acordos em que não se pagavam horas

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extras. Isso não mais acontecerá, pois será negociada a maneira de pagá-las,

ficando assim demonstrada a importância desse projeto.

Não recebi até agora manifestação alguma de sindicato contra o projeto. Não

houve até agora, repito, um único sindicato que se manifestasse. Sabem por quê?

Porque o projeto é bom, fortalece o sindicalismo. As centrais sindicais é que

protestaram. Essas, sim, poderão enfraquecer-se. É uma briga somente de poder e

não de defesa da classe trabalhadora do País.

A sociedade brasileira está convencida. São 70 milhões de trabalhadores.

Apenas 40%, ou seja, 28 milhões têm carteira assinada. Quarenta e dois milhões

vivem na informalidade. Com esse projeto, poderemos trazer os que estão na

informalidade para a formalidade, para a carteira profissional.

Os Estados Unidos da América, que têm população muito maior do que a do

Brasil, têm 75 mil causas trabalhistas. O Brasil tem 3 milhões de causas trabalhistas.

Sabem por quê? Porque não há legislação que permita flexibilização nas

negociações.

A Organização Internacional do Trabalho, que protege o trabalho no

sentimento de que o trabalhador é a parte mais frágil na relação entre capital e

trabalho, persegue o entendimento como tema fundamental para dirimir questões,

desde que os direitos do trabalhador sejam preservados.

Sr. Presidente, disseram que na Europa esse tipo de flexibilização não deu

certo. Na Europa foi onde mais deu certo. A Inglaterra, que optou pela flexibilização,

tem hoje os menores índices de desemprego de sua história. E a Espanha, que não

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fez a flexibilização, tem 18% de desempregados. Essa é a verdade que precisa ser

dita.

José Pastore, advogado conhecido, professor da USP, hoje respondeu a dez

questões demostrando a importância do projeto para melhorar não só as relações

entre patrão e empregado, mas, sobretudo, para a garantia do emprego.

Não precisamos de palavras — elas se somam —, mas sobretudo de ações.

No recente fato da Volkswagen, em que foram preservados 3 mil empregos, houve

flexibilização. E essa flexibilização pode ser contestada na Justiça. Por isso

precisamos de lei dessa natureza, para que seja preservada.

Sr. Presidente, por tudo isso e muito mais, o Brasil precisa se modernizar e

modernizar sua legislação; legislação que teve e tem grande mérito desde 1943.

Hoje, precisamos fazer com que seja preservada, mas permitindo avanços à

legislação. Os avanços são enormes.

Com essa lei que estamos votando agora, não se tira nenhum direito. Quem

disser que retira direitos está querendo enganar a opinião pública. Não serão

retirados direitos da classe trabalhadora. Pelo contrário, negociações poderão ser

feitas não só para preservar o emprego, mas para garantir certas condições de

manutenção da empresa e, ao mesmo tempo, de pagamento ao trabalhador.

Vou citar um caso. Por exemplo: uma empresa está em dificuldade; precisa

pagar o décimo terceiro salário. A legislação diz que só pode pagar em uma ou duas

parcelas. Se a empresa negociar, poderá pagar em maior número de parcelas.

Outra coisa que precisa ser dita: a negociação não pode ser feita entre patrão e

trabalhador. A negociação só pode ser feita entre patrão e sindicato. Não pode ser

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feita diretamente. E mais: pode ser revogada a qualquer instante por uma das

partes.

Se hoje se fez e amanhã o sindicato achar que não foi benéfica para a classe

trabalhadora, ele pode rescindir o contrato no mesmo momento. Outra observação:

a experiência é por dois anos. E eu tenho certeza de que daqui a dois anos, por

unanimidade, esta Casa vai votar novamente esta legislação, porque beneficia a

classe trabalhadora brasileira.

Sr. Presidente, o Brasil não pode andar na contramão da história. O Brasil

não pode andar na contramão daqueles que desejam um país moderno e eficiente.

O modernismo só pode ser feito se preservarmos direitos dos trabalhadores ao

mesmo tempo em que possibilitarmos às empresas negociar em igualdade de

condições com os trabalhadores.

Outrossim, não venham dizer que no interior os sindicatos são fracos, que

não podem e não têm condições de negociar porque o patrão pode fazer pressão.

Não, Sr. Presidente, os sindicatos, se forem fracos, podem pedir a aquiescência da

federação, da confederação, da central sindical.

Como vai haver flexibilização vai haver mais demissões. Não vai haver mais

demissões. Pastore mostra que vai evitar demissões. Por que não se vai demitir?

Porque a negociação não vai ser entre patrão e empregado, não vai ser entre patrão

e um grupo de funcionários da empresa, mas entre patrão e sindicato da categoria

correspondente.

Por tudo isso, temos certeza de que o Brasil vai ganhar, a classe trabalhadora

vai ganhar e vamos ter uma legislação à altura das necessidades do País, ao

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mesmo tempo em que reforçamos aquilo que a Organização Internacional do

Trabalho proclama como modernidade e como benefício para a classe trabalhadora.

O Bloco Parlamentar PFL/PST vota “sim”.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O Bloco Parlamentar PFL/PST vota

“sim”.

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O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma

questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, assisti atentamente ao encaminhamento do Deputado

Inocêncio Oliveira, que mostrou a flexibilização do pagamento do décimo terceiro, do

adicional noturno, das horas extras. Como nosso partido vai argüir a

insconstitucionadade do projeto, caso seja aprovado, gostaria que a Mesa dirimisse

a questão.

As afirmações feitas pelo Líder Inocêncio Oliveira ferem de forma contundente

o financiamento da seguridade social. Todas as pessoas que estão neste plenário

sabem que se flexibilizarmos o pagamento em dez vezes, e não em uma, estaremos

alterando o financiamento da seguridade.

Quero que V.Exa., se incorporar a justificativa do Deputado Inocêncio

Oliveira, decida essa matéria. Ou consideramos sem efeito o encaminhamento do

Deputado Inocêncio Oliveira ou a matéria é inconstitucional. Evidentemente, o que

está sendo apresentado é a flexibilização da seguridade. Gostaria que V.Exa.

decidisse a questão de uma vez por todas. Ou estamos alterando o financiamento

da seguridade ou o que está sendo encaminhado fica sendo outro projeto.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Alexandre Cardoso,

certamente V.Exa. sabe que quem haverá de decidir a questão é o Plenário. Não

cabe à Presidência julgar o mérito da orientação do Líder Inocêncio. Obviamente

aqueles que a ouviram com a mesma atenção dada por V.Exa. é que haverão de se

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manifestar favorável ou contrariamente ao projeto, discordando ou não daquele

encaminhamento.

Não há questão de ordem, Deputado Alexandre Cardoso.

O SR. ALEXANDRE CARDOSO – Eu só quero deixar registrada a matéria.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, lamento muito que depois do encaminhamento do maior partido algum

Líder venha contestar nossa orientação. Isso é lamentável, é falácia de quem não

tem argumento.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. tem razão.

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O SR. ARNALDO MADEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, primeiramente quero fazer uma constatação.

Depois de todos esses prós e contras, de ânimos exaltados durante duas, três

semanas, nesta sessão chegamos ao tom adequado do debate.

Evidentemente há divergências sobre o entendimento do projeto, faz parte da

democracia, mas o tom do debate não é mais aquele ameaçador do caos, de depois

da votação haver dilúvio.

Sabemos — e creio que até a Oposição tem consciência disso — que o

projeto representa um passo muito tímido no sentido da modernização das relações

do trabalho.

Estamos dando um pequeno passo. O cuidado por parte do Congresso

Nacional e da Comissão é tanto que a vigência do projeto será de dois anos,

exatamente para permitir verificar o efeito positivo que se está esperando, pois o

projeto não quebra nenhum direito e está tão-somente confirmando que acordos

feitos em todo o Brasil, nas mais diferentes circunstâncias, têm validade e não

devem ser impugnados pelos Procuradores do Trabalho, como tem acontecido até

hoje. O Deputado Odelmo Leão mostrou isso claramente em sua exposição, quando

citou fato ocorrido em Uberlândia com o Sindicato dos Empregados no Comércio.

Sr. Presidente, a sociedade está esclarecida, as pesquisas em geral mostram

que a maioria é a favor da modernização das relações do trabalho. No mais é aquele

discurso político-eleitoral e ideológico que todos conhecemos.

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Portanto, com muita consciência do que estamos votando e certos da

soberania deste Plenário, que tem plena percepção do que está votando, o Governo

encaminha o voto "sim".

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - O Líder do Governo encaminha o voto

"sim".

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que forem pela

aprovação permaneçam como se encontram. (Pausa.)

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Vou inverter a votação, da mesma

forma que fizemos na última sessão.

Vou solicitar que se manifestem aqueles que forem favoráveis à matéria.

(Pausa.)

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Novamente reitero que na avaliação da

Presidência há claro equilíbrio no Plenário, o que dificulta a avaliação da

Presidência.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, sugiro votação nominal.

O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, V.Exa. pode decretar a votação

nominal.

A SRA. JANDIRA FEGHALI - Sr. Presidente, peço votação nominal de ofício.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Então, como há equilíbrio, tomarei a

iniciativa de, de ofício, fazer a votação nominal.

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O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão

de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Questão de ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o art. 185 do Regimento Interno estabelece:

Art. 185. Pelo processo simbólico, que será

utilizado na votação das proposições em geral, o

Presidente, ao anunciar a votação de qualquer matéria,

convidará os Deputados a favor a permanecerem

sentados e proclamará o resultado manifesto dos votos.

Sr. Presidente, na medida em que V.Exa. propõe de um lado e vai decidir,

estamos invertendo o processo. Peço a V.Exa. o restabelecimento do Regimento

Interno no sentido de que o inverso...

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Líder Rubens Bueno, não há o menor

problema.

Achei que havia o entendimento do Plenário — parecia-me, pelo menos, pela

manifestação dos Líderes — no sentido de fazermos diretamente a votação nominal,

até porque ouvi de todos os Líderes, inclusive dos da Oposição, até agora, que

gostariam que a votação fosse nominal.

V.Exa. sugere que a votação seja simbólica, Deputado Rubens Bueno?

O SR. RUBENS BUENO – Não, Sr. Presidente. É que V.Exa. inverteu a

votação. Não estou preferindo. Quero o restabelecimento do Regimento Interno.

Minha preferência é pelo Regimento Interno.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência tomou a seguinte

decisão, facultada pelo Regimento: havendo dúvida, de ofício, a Presidência

determinará que seja feita a votação nominal, em nome da transparência das

decisões desta Casa, tão cobrada por todas as Lideranças.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência solicita aos Srs.

Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema

eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra, pela ordem,

para falar sobre o processo de votação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. anunciasse o critério adotado para a votação,

uma vez que nas votações anteriores foi adotado o mesmo critério de tempo para

essa matéria.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Líder Walter Pinheiro, V.Exa. conhece

bem este Presidente e sabe que, independentemente de posições políticas e

partidárias, quando me assento nesta cadeira sou o Presidente da instituição.

O SR. WALTER PINHEIRO – Claro.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Mas não tenha dúvidas de que

buscarei, nesta ou em qualquer outra votação, manter uma relação isonômica, sem

privilégio a essa ou àquela parte.

Apenas não me anteciparei agora, farei isso mais próximo do momento do

encerramento, para que possa fazer o que faço permanentemente. No momento em

que o fluxo diminuir, anunciarei o encerramento da votação.

O SR. WALTER PINHEIRO – Só gostaria de lembrar a V.Exa. que estou

fazendo esse pleito como uma questão de ordem, pois para a mesma matéria, nas

outras duas vezes, V.Exa. arbitrou o tempo em 43 minutos.

Então, partindo exatamente do princípio de que V.Exa. tem esse

comportamento íntegro, eu diria até de magistrado, sentado na cadeira na posição

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de Presidente desta Casa, eu pediria a V.Exa. que desse seqüência a esse

comportamento e, portanto, determinasse o mesmo tempo.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. tenha certeza de que encerro

esse nosso precioso debate.

A Presidência não decepcionará V.Exa., assim como não decepcionará

nenhum Parlamentar. Apenas não criará o precedente de, a priori, definir aqui

quantos minutos a votação demandará, para que isso não seja utilizado no futuro em

outras votações. Mas a intenção da Mesa certamente é encaminhar da mesma

forma que encaminhou nas votações precedentes.

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O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. V.Exa.

me concede a palavra?

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. pode, Deputado Miro Teixeira,

usar da palavra. Peço apenas que o faça dentro de tempo razoável, para que outros

possam fazê-lo. Faça-o de onde V.Exa. achar melhor.

O SR. MIRO TEIXEIRA – Usarei a tribuna, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A tribuna é franqueada àquele que

consegue sufrágio necessário para aqui estar. E o povo do Rio de Janeiro, por

várias vezes, quis ver V.Exa. falando desta tribuna, Deputado Miro Teixeira. Pode

fazê-lo.

O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, esta sessão nos remete a uma posição de alívio no cenário de revolta

até em que nós vínhamos vivendo.

Digo isso, em primeiro lugar, porque V.Exa. comandou o que poderia ser uma

crise. Da maneira como o fez, gratificou a todos nós, dando transparência ao

processo.

Em segundo, porque os Senadores já se manifestam contra o projeto. Mesmo

que o resultado nesta Casa seja desfavorável, o Líder do PMDB, Deputado Geddel

Vieira Lima, já comunicou politicamente qual deverá ser o voto do partido no Senado

Federal.

Somados os votos do PMDB com os da Oposição, passaremos de 44 dos 81

votos, ainda com possibilidade de aumentar essa vantagem.

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Finalmente, vimos os Líderes da base governista acabarem com o

desemprego no mundo. Para S.Exas. o desemprego existe em conseqüência da lei.

A Consolidação das Leis do Trabalho é uma lei volumosa, criteriosa, que detalha os

direitos dos trabalhadores. Na sustentação que fiz na semana passada, exibi

anteprojeto encomendado pelo Governo Geisel a uma das maiores autoridades em

Direito do Trabalho, o grande advogado Arnaldo Sussekind.

Hoje, em meu gabinete, respeitosamente, recortei do avulso da Câmara dos

Deputados o projeto com o qual o Governo diz que vai acabar com o desemprego. A

Consolidação das Leis do Trabalho está sendo superada por esse projeto do

Governo. Esse é o tamanho da solução contra o desemprego. Aqui está a

Consolidação e aqui está o projeto de duas linhas e meia do Governo, que, segundo

os partidos da base governista, acaba com o desemprego.

Se acaba com o desemprego, por que o Governo Fernando Henrique

Cardoso não o fez antes? Se acaba com o desemprego, por que não fez desde o

primeiro ano? Se é tão simples acabar ou reduzir o desemprego, por que o mundo

não adota fórmulas dessa natureza?

A solução não passa exclusivamente pela lei. A solução passa por uma

política de desenvolvimento, por uma reforma tributária, pelo investimento em infra-

estrutura, para que os empresários brasileiros possam verdadeiramente ser

competitivos.

Esse projeto do Governo nos remete a uma realidade, descrita pelo Líder do

PPB. O Líder do PPB foi à tribuna e discorreu sobre a existência de um acordo

anulado pela Delegacia Regional do Trabalho. Os trabalhadores em questão, num

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cenário de pressão, de redução da curva de emprego, seguramente concordaram

em reduzir direitos sob coação, sob ameaça de desemprego. Fato semelhante

ocorre com pessoas que são seqüestradas e concordam em pagar resgate.

Sr. Presidente, essa é a situação do trabalhador hoje. O trabalhador está sob

ameaça de seqüestro de seus direitos por uma tira de papel que quer suplantar a

Consolidação das Leis do Trabalho. O mais grave é que a mesma base governista

que está votando dessa maneira, quando votou o Código Civil garantiu que não

haveria qualquer espécie de acordo, de entendimento, de convenção, capaz de

suplantar a norma pública, a lei. Não pode haver entendimento privado suplantando

a lei. Isso está no Código Civil, cuja redação final estaremos votando nos próximos

dias.

Sr. Presidente, não há argumentos para reverter a aprovação deste projeto ou

do substitutivo, que pura e simplesmente revogam todos os direitos constantes da

Consolidação das Leis do Trabalho.

Peço aos Srs. Deputados da base do Governo, chamados ao

constrangimento de votar matéria tão complexa sem que tivesse havido a devida

discussão, que reflitam até sobre a inutilidade do seu sacrifício neste plenário, uma

vez que no Senado Federal já está praticamente acertado que a posição contrária à

proposta será vitoriosa. Estamos diante de um medida inconcebível, pelo absurdo

que encerra.

Se fosse tão fácil acabar com o desemprego, por que o Governo não teria

apresentado este projeto antes?

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Para encerrar, Sr. Presidente, cumprimento-o mais uma vez por deixar

absolutamente clara a impessoalidade na administração da Presidência da Câmara

dos Deputados, como exige a Constituição Federal. Mas essa mesma Constituição

deve ser respeitada também pelo Plenário, e para isso temos de rejeitar o projeto do

Governo, dizendo “não” a essa tentativa de usurpação dos direitos trabalhistas,

conquistados a partir de Getúlio Dornelles Vargas, aquele que firmou a doutrina que

até hoje resiste ao neoliberalismo. Não é desta vez que ela será derrubada, Sr.

Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço a V.Exa., Deputado Miro

Teixeira, as referências a mim feitas. Tenha a certeza de que a impessoalidade não

é atributo nem privilégio, mas tão-somente uma obrigação de quem preside esta

Casa.

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O SR. CLOVIS ILGENFRITZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, peço a palavra com base no que estabelece o art. 74, inciso VII, do

Regimento Interno.

Ontem fui citado pelo Deputado João Almeida, do PSDB da Bahia, que

afirmou neste plenário e, por conseqüência, para todo o Brasil, que eu teria votado

"sim", a favor do projeto do Governo, na semana passada. Já foi feita a correção

pelo Deputado Nilson Mourão, do PT do Acre, mas espero que o próprio Deputado

João Almeida reconheça publicamente que se enganou, ou agiu de má-fé.

Na lista divulgada nos jornais, o Deputado que aparece logo abaixo do meu

nome votou "sim" . Seguramente a régua que o Deputado João Almeida usou estava

um tanto torta. Peço, portanto, a S.Exa. que se retrate neste plenário. Não pode

permanecer a dúvida gerada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Clovis Ilgenfritz, aqueles que

conhecem sua seriedade entenderam a correção que V.Exa. acaba de fazer.

Entretanto, este Presidente que tanto o respeita faz questão de confirmar de público

o seu voto, fiel não apenas à orientação do seu partido, mas às suas próprias

convicções.

O Deputado Clovis Ilgenfritz votou com a bancada do PT, portanto votou

contrariamente ao projeto do Governo, em todos os momentos em que a matéria foi

submetida à deliberação desta Casa.

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Presumo que deve ter havido um equívoco da parte do Deputado João

Almeida, um dos grandes Parlamentares desta Casa, com vários mandatos. S.Exa.

terá oportunidade de se manifestar.

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A SRA. JANDIRA FEGHALI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. JANDIRA FEGHALI (Bloco/PCdoB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) – Sr. Presidente, realmente há poucas vozes femininas no plenário, até

porque a sociedade brasileira ainda não deu às mulheres a oportunidade de ocupar

no poder espaços na proporção da sua representatividade.

Aproveito a condição de Parlamentar mulher a fim de chamar atenção para

questões de mérito deste projeto, na esperança de sensibilizar alguns colegas.

Foi muito pouco discutida a repercussão dessa mudança no mundo feminino

do trabalho, e são gravíssimas as conseqüências, uma vez que o trabalho feminino

está regulado na Consolidação das Leis do Trabalho. Há diretrizes gerais na

Constituição, mas toda regulação e operacionalização está na CLT, que perderá sua

força se for aprovado o Projeto de Lei nº 5.483, de 2001, patrocinado pelo Governo.

Posso dar alguns exemplos. Nós, Deputadas, não corremos o risco da

demissão, afinal exercemos o mandato em decorrência do voto popular, mas está

escrito na CLT, e não na Constituição, que uma mulher grávida não pode ser

demitida. Também é a CLT que estabelece o tempo para amamentação e não

permite a discriminação por gênero no momento da ascensão funcional.

Os argumentos do Governo nos deixam numa situação muito difícil, porque,

se soprados, desabam. O argumento da modernidade, por exemplo, Deputado José

Múcio Monteiro, amigo de tantas batalhas, remete-nos ao início do século, antes de

Getúlio Vargas. O do desenvolvimento do emprego já foi sobejamente enfrentado.

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A derrubada de direitos mínimos, Sras. e Srs. Deputados, não ensejará a

formalização do emprego. A propósito, é importante que se diga que os acordos

citados pelo Deputado Odelmo Leão não descumpriram a lei em vigência. A CLT

estabelece garantias mínimas. Não podemos é permitir a celebração de acordos que

não respeitem esses mínimos direitos.

Sr. Presidente, o Senado Federal já anuncia que não votará este projeto no

açodamento com que ele é votado hoje na Câmara dos Deputados. Não existe essa

possibilidade. Como muitos acordos coletivos se darão neste mês e em janeiro e

fevereiro próximos, os Deputados estão se expondo demais, sem garantia da

eficácia de seu voto.

Com uma única penada, quer o Governo derrubar conquistas mínimas dos

trabalhadores brasileiros. Só estamos tentando defender o parâmetro mínimo.

Estamos abertos para qualquer proposta de melhoria na CLT. Qualquer defasagem

da lei podemos consertar. Podemos reformular para mais, não para menos, como

pretendem com a aprovação deste projeto.

É bom que se diga que esse projeto não tem apoio de nenhuma base sindical,

de nenhuma central, de nenhuma confederação. O Presidente da Força Sindical

está vindo para cá sozinho, porque a base se posicionou contra o projeto, assim

como os movimentos dos trabalhadores ligados à Central Única, à Central Geral dos

Trabalhadores e às confederações não vinculadas a nenhuma central sindical.

Hoje tentaram usar a representação dos trabalhadores para justificar a

votação desse projeto. É mentira. Não há apoio da base do trabalhador nem de

sindicato algum a esse projeto.

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Quero fazer aos Srs. Deputados um apelo final de quem vivencia a realidade

concreta do mundo do trabalho, como tantos outros: não cometamos essa

arbitrariedade; não utilizemos o argumento absolutamente falso de melhoria do

mercado de trabalho. O Ministro Francisco Dornelles sabe disso.

Esse projeto, na verdade, representa uma sinalização — por isso a pressa

para sua votação — ao capital estrangeiro, ao patronato, que precisa ser

compensado pelo mau acordo do FGTS; a votação desse projeto, que nenhum

benefício traz aos trabalhadores, não beneficiará o País a curto, médio e longo

prazos.

Por isso, apelamos para que o Plenário vote “não”, a fim de garantir os

direitos do trabalhador no Brasil.

Além disso, quero chamar a atenção para o fato de que esse projeto não virá

sozinho.

Preocupa-nos que na sua esteira venha a quebra da unicidade sindical —

porque só assim se pode viabilizar um projeto tão arbitrário, com sindicatos que não

representem suas categorias ou que representem poucos filiados —, bem como o

fim da contribuição sindical, um verdadeiro absurdo para a estrutura sindical

brasileira.

Então, não imaginem que esta seja uma medida isolada, vem aí um pacote de

medidas propondo o fim da unicidade e contribuição sindicais, o que desestruturará

a resistência dos trabalhadores no Brasil.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

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O SR. BABÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Babá, primeiro vou conceder

a palavra ao Deputado Vivaldo Barbosa para uma reclamação. Depois, a V.Exa.

Com a palavra o Deputado Vivaldo Barbosa, para fazer uma reclamação,

O SR. VIVALDO BARBOSA – Sr. Presidente, se V.Exa. assim preferir, posso

formular minha reclamação após o encerramento da votação, tendo em vista que

muito tempo transcorreu desde o seu início.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, a

Presidência encerrará a votação dentro de poucos instantes, atendendo, inclusive, à

sugestão do ilustre Líder do PT. Até para que no futuro não haja cobranças à

Presidência, manterei em todas as votações praticamente o mesmo tempo de

espera.

Poderia até encerrá-la neste momento, mas, como nas votações anteriores

mantivemos um tempo mais elástico, levando em consideração não o interesse de

uma ou de outra corrente, mas da Casa, manterei o tempo previsto inicialmente, o

mesmo tempo das votações anteriores.

O SR. VIVALDO BARBOSA – Mas V.Exa. não revela qual é o tempo

previsto.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, não quero

criar o precedente de definir tempo certo para o encerramento das votações, mas

garanto a V.Exa. que o tempo desta votação será semelhante ao das votações

anteriores envolvendo a mesma matéria. Portanto, V.Exa. tem tempo para formular a

sua reclamação, se ainda não o fez.

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O SR. VIVALDO BARBOSA (Bloco/PDT-RJ. Reclamação. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, temos assistido nesses dias, especialmente hoje, a uma

presença exacerbada de policiais e seguranças dentro e fora desta Casa, criando

situações desagradáveis para Parlamentares e servidores.

A atitude dos seguranças desta Casa em relação aos líderes sindicais tem

sido de agressividade e de hostilidade sem precedentes.

Estamos acostumados a ver Parlamentares entrarem no plenário

acompanhados de outras pessoas, sem qualquer manifestação dos seguranças da

Casa. O mesmo não acontece se a pessoa que acompanha o Parlamentar for um

líder sindical.

Nunca vi tanta ostensividade na segurança interna, que recrudesceu sob a

Presidência de V.Exa., que sabemos ter outra orientação, outra postura. Isso tem

acontecido sob a Presidência de V.Exa., Sr. Presidente.

Sr. Presidente, apelo para que V.Exa. reverta essa tendência e não permita

tais atitudes da Segurança, a fim de que o ambiente parlamentar não sofra o

cerceamento próprio dos tempos do AI-5, incompatível com a democracia que, bem

sei, V.Exa. pretende impor nesta Casa — embora os fatos mostrem-nos que muita

coisa está acontecendo em sentido inverso.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, esta

Presidência recebe a manifestação de V.Exa. como sugestão para aprimorarmos a

ação dos funcionários da Casa.

Na verdade, esta Presidência sempre se preocupou em garantir aos Srs.

Parlamentares, legítimos representantes da população brasileira, tranqüilidade para

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exercer o seu mandato. Se algum excesso houve, gostaria que fosse formalmente

comunicado à Presidência. Obviamente, nossa recomendação é a de que haja

tranqüilidade de ambas as partes, para não assistirmos a episódios como o que

houve há algumas semanas por ocasião da votação na Comissão, ou mais

recentemente, quando parte das galerias do plenário foi interditada.

Esta Presidência pretende, o mais rapidamente possível, restabelecer o livre

trânsito de todos nas dependências desta Casa, posição que sempre adotou. Mais

do que isso, muitas vezes, por sugestão de V.Exa., abrimos a Casa, em Comissões

Gerais, a debates com a participação de toda a sociedade. Esta tem sido a nossa

conduta.

Obviamente, em face dos atritos internos e da tensão provocada pela

complexidade da matéria, algumas medidas preventivas foram tomadas para

garantir a tranqüilidade de todos durante as votações. A Presidência, a partir de

hoje, restabelecerá a postura inicial, mantida ao longo dos últimos anos.

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O SR. BABÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. BABÁ (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,

chamou-me atenção fotografia publicada no jornal Correio Braziliense de hoje.

Tirada na Argentina, a fotografia mostra um homem de idade próxima à do

Deputado Inocêncio Oliveira, provavelmente um trabalhador demitido ou um

aposentado, que, de óculos escuros, pede esmolas. Esse é o resultado da

flexibilização laboral implementada na Argentina, onde, antes do governo Menem,

seria impossível ver um homem dessa idade pedir esmolas.

Essa realidade argentina já começa a se fazer presente no Brasil e se

instalará definitivamente em nosso País, caso seja aprovada a flexibilização laboral

hoje em votação, defendida pelo Deputado Inocêncio Oliveira sob o falso argumento

de que vai beneficiar os trabalhadores.

A propósito, Sr. Presidente, chama atenção o fato de que, assim como o

homem que pede esmolas na fotografia, o Deputado Inocêncio Oliveira esteja de

óculos escuros. O homem da fotografia, obviamente, usa óculos escuros para

esconder a vergonha de pedir esmolas. O Deputado Inocêncio Oliveira usa óculos

escuros para não ter de encarar os trabalhadores que o vêem pela TV Câmara, os

trabalhadores que pretende enganar. Os óculos que usa o Deputado Inocêncio

Oliveira, certamente, são para evitar o olho a olho com os trabalhadores que

assistem à TV Câmara, que poderão perceber que ele não está dizendo a verdade.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cena revelada por esta fotografia já

começa a se tornar normal no Brasil. E tende a se agravar com projetos como o que

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está sendo votado, que só trará desgraça à classe trabalhadora, muito ao contrário

do que afirmam os Líderes governistas.

A classe trabalhadora tem de anotar nome por nome, Estado por Estado, para

saber quem foi que votou favorável ou contrariamente ao trabalhador. Quem votar

“sim” ao projeto estará contra a classe trabalhadora, e quem votar “não” será

favorável à manutenção dos direitos do trabalhador, descartando o FMI e o plano

determinado pelo Governo brasileiro para massacrar ainda mais a classe

trabalhadora.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Babá, chamo a atenção de

V.Exa. para o fato de que tem o direito de externar sua posição, mas também o

dever de respeitar seus pares. O Deputado Inocêncio Oliveira está com problema de

saúde e, por isso, usa esses óculos. Não há sentido V.Exa. confundir defesa das

teses que apresenta, que são legítimas, com ataque a um dos mais experimentados

e respeitados Parlamentares do País.

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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, não responderei ao Deputado Babá, porque não preciso dirigir-me a

pessoa desse nível; o meu nível é outro. Muito piores do que aqueles que não vêem

são os que não querem ver. Muito piores do que os cegos da vista são os cegos de

idéia. Lamentamos pelos pobres de espírito.

Peço a Deus que inspire o Deputado Babá, a fim de que ele estude um pouco

mais para debater as idéias, sem agressões, que nada somam aos trabalhos

parlamentares e às quais o Plenário dará resposta.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Haroldo Lima, sei que V.Exa.

quer fazer uso da palavra, mas estou seguindo uma lista de inscrição. Concederei a

palavra, pela ordem, aos Deputados Ricardo Barros, Edir Oliveira, Haroldo Lima,

Aldo Arantes e João Almeida.

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O SR. RICARDO BARROS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RICARDO BARROS (PPB-PR. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento, estamos realizando uma

importante votação.

A favor da matéria pesa o apoio da Força Sindical, da SDS e de centrais

sindicais cuja base é formada por trabalhadores celetistas — pessoas que, portanto,

serão afetadas pela flexibilização e que poderão, a partir da autonomia que vão

receber, negociar a favor de seus interesses. A resistência tem vindo da CUT,

central sindical formada em sua maioria por servidores públicos estatutários. Tais

funcionários não serão afetados por essa flexibilização.

O debate está muito claro. Estamos discutindo as vantagens que a população

brasileira terá a partir da votação dessa matéria. Refiro-me à possibilidade de

negociar melhor a formalização de empregos. Não estamos discutindo o

desemprego, mas, sim, a formalização desses. Hoje há 35 milhões de brasileiros

que trabalham e não possuem carteira assinada. Após a votação dessa lei, tais

pessoas terão melhores oportunidades de conseguir essa notação mediante

negociação com seus sindicatos. Esses trabalhadores poderão dar às suas famílias

o benefício do seguro social que o Governo garante.

Deve ser levado em consideração o fato de que qualquer acordo somente é

bom quando o é para os dois lados. Se a proposta não for boa para o trabalhador,

que ele não assine o acordo, que permaneça com o previsto na CLT. Não há razão

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para a impressão de que alguém será obrigado a assinar um acordo caso entenda

que este não lhe traz vantagens.

Sr. Presidente, estamos defendendo de forma entusiasmada a flexibilização

da CLT. Tenho feito inúmeros discursos da tribuna desta Casa e nos meios de

comunicação a favor desta matéria.

Na semana passada, quando houve falha no painel e não pudemos

consolidar o resultado, tivemos um momento diferente neste plenário. Houve muita

discussão. Gostaríamos que o painel tivesse registrado, naquela oportunidade, a

vitória que teremos hoje. Naquele momento, de forma entusiasmada e exaltada,

acabei me posicionando contra a atitude de V.Exa., quando suspendeu a votação

pelo painel e optou pela votação nominal. Por esse motivo quero me desculpar junto

a V.Exa., pois tive aquela reação pelo afã de dar logo aos brasileiros a grande

vantagem que virá com a flexibilização da CLT.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aceito as desculpas de V.Exa., que

merece todo o crédito e respeito desta Presidência.

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894

O SR. EDIR OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDIR OLIVEIRA (PTB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,

registro nossa posição contrária a este projeto, baseado fundamentalmente em dois

aspectos. Primeiro, a Convenção Estadual do PTB do Rio Grande do Sul, realizada

domingo último, quando — por unanimidade dos Deputados Estaduais, Prefeitos,

Vereadores, Delegados, Presidentes e dirigentes partidários — foi aprovada moção

apresentada por um integrante, estabelecendo a posição contrária do partido a este

projeto de lei.

Sendo eu o único Deputado do PTB daquele Estado, cabe-me votar de

acordo com a manifestação da base que represento neste Parlamento.

Por outro lado, Sr. Presidente, esse também é um posicionamento pessoal.

Nós já estamos na quarta sessão de debates a respeito deste projeto. Tenho ouvido

várias manifestações dos que o defendem dizendo como ele será bom para o

trabalhador, porque as férias poderão ser divididas, a carga horária poderá diminuir

e também o salário, o décimo terceiro poderá ser diluído durante todo o ano, dentre

outros procedimentos favoráveis ao empresariado. Ainda não ouvi nenhum

argumento que me convencesse de que há alguma vantagem para o trabalhador

assalariado. Por isso, não posso votar a favor. Nós temos de mudar a CLT, e não

extingui-la. Esse projeto joga por terra 60 anos de história, para recomeçar, a partir

do momento que for aprovado, com o poder do mais forte na relação do trabalho.

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895

Quero registrar nosso reconhecimento ao Líder Roberto Jefferson, que, na

sua forma democrática de condução da bancada, deixou-nos liberados para votar

com nossas consciências e com nossos compromissos de representação.

Muito obrigado.

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896

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Quanto mais rápido se manifestarem os

nobres pares, maior número de Parlamentares poderá falar.

Comunico ao Plenário que encerrarei esta votação no momento em que se

completarem os 43 minutos que foram respeitados nas duas votações anteriores.

Portanto, às 18h45min.

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897

O SR. JOÃO COSER – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO COSER (PT-ES. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a

Câmara dos Deputados, na minha avaliação, hoje deixa um marco negativo na sua

história.

Lamentavelmente, apesar do período de debate, não percebemos um único

argumento legítimo para justificar a aprovação deste projeto. Não gera emprego, não

distribui renda, não cria segurança para o trabalhador, nem para a empresa. Para

produzir de forma correta, o trabalhador precisa ter segurança.

Esta Casa abre mão de legislar pontualmente sobre cada direito do

trabalhador, passando para a relação entre patrão e empregado. Nessa relação,

infelizmente, num período de recessão econômica, de desemprego, o setor

empresarial tem mais força do que as categorias e os trabalhadores. De forma muito

especial e deplorável, os mais atingidos serão aqueles trabalhadores mais simples,

da área de serviço e do comércio.

Portanto, este projeto só traz prejuízo para os trabalhadores brasileiros e,

conseqüentemente, à economia nacional. Somos radicalmente contra, porque temos

consciência que é um desserviço que esta Casa está prestando ao País.

Por isso, registramos o voto “não”.

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898

O SR. ALDO ARANTES – Peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado Aldo Arantes.

O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Sem revisão do orador. ) – Sr.

Presidente, a base governista tem tentado trazer uma argumentação falsa, na

medida em que não convence. Tenta argumentar que parte do movimento sindical

apóia essa proposta. Tudo falso! A Força Sindical como um todo não apóia essa

proposta; o Presidente da Força Sindical de São Paulo manifesta-se publicamente

contra essa proposta e a grande maioria das centrais sindicais também. A

Associação dos Magistrados do Trabalho é contra, a Associação dos Promotores do

Trabalho, a Associação dos Advogados do Trabalho também e a Ordem dos

Advogados do Brasil já manifestou o caráter inconstitucional dessa proposta.

Sr. Presidente, na verdade essa proposta atende aos patrões, àqueles que

querem a tal liberdade completa do capital através do mercado, a retirada do Estado

na regulação das relações sociais; atende ao Fundo Monetário Internacional, que no

último acordo firmado com o Brasil diz claramente que é necessária a chamada

flexibilização dos direitos trabalhistas.

Na realidade, por trás dessa proposta está a lógica de que os trabalhadores

conquistaram muitos objetivos. Querem, portanto, sepultar a CLT.

Todo mundo sabe que o Custo Brasil decorre dos altos juros, da quantidade

de impostos, que o custo do trabalho no Brasil é absolutamente pequeno. Na

realidade, o Governo pressionou sua base, mas é importante que se diga que hoje a

luta começa, não termina.

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899

Os trabalhadores brasileiros irão às ruas dizer quem votou a favor ou contra o

trabalhador, quem pede seu voto e, na hora de votar, vota contra.

Por isso, o PCdoB vota de forma decidida, ao lado do trabalhador, contra a

proposta do Governo.

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900

A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão da oradora.) – Sr.

Presidente, as mulheres estão sendo discriminadas — a Deputada Vanessa

Grazziotin e eu.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – De jeito nenhum. V.Exa. terá a palavra,

Deputada Miriam Reid. V.Exa. não é discriminada, ao contrário, é um privilégio ouvi-

la em todas as sessões, como temos feito costumeiramente.

A SRA. MIRIAM REID – Há muito tempo estamos pedindo a palavra.

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901

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra pela ordem ao

Deputado João Almeida.

O SR. JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

gostaria apenas de fazer uma justificativa. Não posso atender ao Deputado Clovis

Ilgenfritz, provando que S.Exa. votou contra.

Ontem, circulou uma lista na qual trocaram o voto do Deputado Darcísio

Perondi pelo de S.Exa., e usei o fato num debate no plenário. Mas logo foi

esclarecido. Não quero, de forma nenhuma, dizer que S.Exa. votou diferentemente.

Votou "não".

Peço desculpas, embora o episódio tenha sido esclarecido aqui no mesmo

momento. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. mostra a grandeza de caráter,

Deputado João Almeida. V.Exa. é um dos mais importantes e ilustres Parlamentares

desta Casa.

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902

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência tem uma lista de

oradores. Obviamente não é fácil seguir exatamente a ordem. São seis microfones.

A Presidência dará a palavra ao Deputado Avenzoar Arruda. Em seguida, se

V.Exas. não se opuserem, encerrarei esta votação.

É preciso que fique claro que teremos outras votações ainda nesta sessão,

independentemente do resultado desta votação. A Presidência irá convocar, se o

tempo permitir — e espero que o permita —, sessão extraordinária da Câmara dos

Deputados para esta terça-feira, quando votaremos projeto que limita as imunidades

parlamentares e também o que cria a taxa de iluminação pública.

Portanto, apelo aos Srs. Parlamentares para que fiquem em plenário, a fim de

que possamos correr atrás do prejuízo e votar as matérias que não pudemos votar

face ao trancamento da pauta.

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903

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra, pela ordem, o

Deputado Avenzoar Arruda.

O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, serei breve. Quero registrar que muitos debates que aconteceram neste

plenário sobre esse projeto poderiam ter tido lugar na Comissão de Trabalho, de

Administração e Serviço Público, se não houvesse regime de urgência

constitucional. Essa é a primeira observação.

A segunda é que existe um destaque muito importante, que é exatamente a

retirada do que se chama acordo coletivo. Convenção coletiva é quando se trata de

sindicato para sindicato. Mas existe um destaque que não é menos importante.

Por último, Sr. Presidente, quero chamar a atenção de todos os

Parlamentares para o fato de que não se trata simplesmente de fazer o jogo de

quem votou contra ou de quem votou a favor. Trata-se de estabelecer a verdade

para que a população, conscientemente, possa saber o que cada Parlamentar está

fazendo nesta Casa. Isto é fundamental, porque, neste momento, Sr. Presidente,

Sras. e Srs. Parlamentares, o plenário não é só o que estamos vendo aqui. Ele é

muito maior. Em todas as Capitais, em todas as grandes cidades, em todo o País as

pessoas estão nos assistindo. Os Parlamentares não poderão mais dizer uma coisa

na base e fazer outra aqui. Agora terá que haver coerência, porque será com essa

mesma coerência que eles irão para a tribuna pedir voto aos seus eleitores no

próximo ano.

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904

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência vai encerrar a votação.

A Presidência pede desculpas àqueles Parlamentares que não puderam fazer

uso da palavra neste instante da sessão, mas teremos ainda um bom tempo esta

noite para que todos possam se manifestar.

A Presidência vai encerrar a votação. (Pausa.)

Está encerrada a votação. (Palmas.)

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905

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência vai anunciar o resultado.

Votaram "sim", 264 Srs. Deputados; votaram "não", 213; abstenção, 2. Total, 479,

Parlamentares.

O substitutivo foi aprovado.

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906

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Estão prejudicadas a proposição inicial

e as emendas de Plenário de nº 1, 2, 3, 7, 8, 9 e 10.

Esta Presidência não submeterá a voto as Emendas de Plenário de nº 4, 5, 6,

11 e 12, por terem recebido parecer pela injuridicidade da Comissão de Constituição

e Justiça e de Redação, nos termos do § 6º do art. 189 do Regimento Interno.

(Manifestações no plenário e nas galerias.)

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907

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Alerto aos Srs. Parlamentares que em

seguida colocaremos em votação a Emenda de Plenário de nº 13 e depois destaque

relativo a essa matéria.

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908

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

Inácio Arruda para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar

PSB/PCdoB.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Como Líder. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma votação muito

simbólica para todos nós. Sempre que votamos algo justo nesta Casa abrimos um

largo sorriso, porque há justiça e sabemos que é para o bem dos trabalhadores do

nosso País. Mas quando damos uma punhalada nos trabalhadores, traindo seus

interesses, ficamos de cara sisuda, calados, escondidos. Não há o que comemorar.

(Apupos em plenário. Muito bem. Palmas.)

Sr. Presidente, este Plenário ficou mudo, não consegue articular uma palavra.

Os que apunhalaram os trabalhadores não conseguem e não podem abrir um

sorriso. S.Exas. sabem disso. S.Exas. não têm o que comemorar. Não vão poder ir

ao almoço na Granja do Torto. Não têm como ir, porque conhecem o prato que

estará sendo servido. Sabem exatamente disso.

Não poderia deixar de fazer este pronunciamento, depois de esperar, Sr.

Presidente, porque eu esperei. Esperei que o painel abrisse, o que demorou um

pouco. Depois, aguardei a manifestação, o sorriso largo, os punhos erguidos, a

saudação de algo que beneficiasse os trabalhadores, tão enganados pela promessa

de aumentar empregos, melhorar relações de trabalho.

Sr. Presidente, este Congresso, embora não com nosso voto, aprovou o

chamado banco de horas, flexibilizou a legislação trabalhista. Todos sabiam que em

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tempo algum haveria melhoria das condições de trabalho. Quiseram mais.

Avançaram.

É preciso buscar a gênese dos senhores que estão votando contra os

trabalhadores brasileiros. É preciso, sim, buscar suas heranças genéticas para saber

de onde vêm. Por isso, cito, mais uma vez, o best seller de Gilberto Freyre. Cito

Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda. Buscando suas origens, talvez os

senhores sejam nada mais nada menos do que senhores de escravos dos séculos

XVI, XVII, XVIII e XIX, que querem que nosso povo trabalhador retorne à senzala.

Conclamo os trabalhadores a erguerem sua bandeira. Vamos nos manter

firmes, companheiros! A matéria ainda vai ao Senado. E talvez aquela Casa, até

para vergonha da Câmara, anuncie sua rejeição.

Concluo, conclamando os trabalhadores. Vamos nos manter mobilizados no

Brasil inteiro, vamos ao Presidente do Senado, vamos aos Senadores, vamos

buscar forças para derrotar a matéria naquela Casa.

Dando vida, portanto, aos trabalhadores, poderemos abrir um sorriso largo.

Aqueles que os apunhalam nunca poderão fazer isso.

Muito obrigado.

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910

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº

13, com parecer pela aprovação.

Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram.

(Pausa.)

Aprovada.

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911

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa requerimento de

destaque:

Requeremos, nos termos do artigo 161, inciso I, §

2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,

destaque para votação em separado, com vistas à

supressão da expressão “ou acordo coletivo”, constante

do caput do artigo 618, em seu parágrafo único, do artigo

1º do Substitutivo apresentado ao Projeto de Lei nº 5.483,

de 2001.

Assina o Deputado Walter Pinheiro.

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912

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, creio que nessa votação ficou consubstanciada mais uma

vez a vontade da maioria, daqueles que desejam a flexibilização das leis

trabalhistas, sem mudar nenhum dispositivo da Constituição, lei complementar,

FGTS, sobre saúde, segurança do trabalhador, tíquete-alimentação, vale-transporte

e outros.

Foi aprovado o todo, o acordo coletivo ou convenção. Aceitar esse DVS é

perder mais da metade do projeto, a essência do que foi aprovado por 264

Parlamentares, que representam mais do que a maioria absoluta da Casa, que seria

um total de 257 votos.

Acredito que esse DVS não tem sentido. Com ele perde-se totalmente a

essência do projeto, que não é só convenção coletiva; é acordo ou convenção

coletiva. No momento em se que retira a palavra “acordo” o projeto praticamente

deixa de existir. E 264 Parlamentares disseram que gostariam do projeto na sua

integralidade.

É um absurdo que um DVS venha deturpar um projeto. Sem o acordo o

projeto praticamente não existe, perde sua essência maior, que é a possibilidade de

patrões e trabalhadores, com a presença do sindicato, da federação ou da central

sindical, chegarem a um entendimento. Se o projeto dizia acordo ou entendimento,

não há por que retirar a palavra “acordo”. Se o fizermos, Sr. Presidente, perderemos

a essência do projeto.

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913

O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma

questão de ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Questão de ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o Regimento é claro em seu art. 162, inciso IV: não será

permitido destaque de expressão cuja retirada inverta o sentido da proposição ou a

modifique substancialmente.

Não há inversão. Pelo contrário, há reforço de uma opção. O texto da lei é

claro, ele fala em convenção ou acordo. Podemos fazer a opção pelo destaque, se

queremos convenção e acordo ou se queremos somente acordo ou convenção.

Se o nobre Deputado Inocêncio quer manter o “acordo” e retirar a

“convenção”, é um direito que lhe cabe, assim como a nós tem que ser dado o

direito de manter a “convenção” e retirar o “acordo”.

Portanto, não há como acatar essa questão de ordem.

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914

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência vai responder a questão

de ordem do Líder Inocêncio, compreendendo as razões que a motivaram.

Fizemos um estudo profundo de todos os destaques apresentados. Inclusive

deixamos de aceitar um que se referia à expressão “complementar”, porque, aí sim,

estaria desfigurado aquilo que foi aprovado.

Em relação à proposta, não obstante o arrazoado competente do Líder

Inocêncio, a Presidência compreende que é possível, sim, que o destaque seja

votado, até porque sua aprovação significaria a manutenção da expressão

“convenção”, o que ainda permitiria que o texto fizesse sentido.

Portanto, a Presidência, respeitosamente, não acata a questão de ordem.

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915

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em relação ao assunto, será votado

apenas esse destaque.

Tem a palavra o Deputado Avenzoar Arruda, por 5 minutos, para encaminhar

a votação.

O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, no encaminhamento da questão eu já

chamava a atenção dos colegas para a importância desse destaque.

Existem duas opções de acordo entre empregados e empregadores. Uma

delas é a convenção coletiva de trabalho, que só pode ser firmada entre sindicatos,

do sindicato de empregados para o de empregadores. A outra opção é o acordo

coletivo de trabalho. Esse, sim, pode ser feito entre a empresa e o sindicato dos

empregados. Prestem atenção para essa importante mudança: ela impede que um

simples acordo prevaleça sobre a lei ou sobre a convenção coletiva. Da maneira

como foi proposto o projeto, Deputado Inocêncio Oliveira, o acordo coletivo

prevalecerá sobre a convenção. É verdade! Ou seja, mesmo se existir uma

convenção entre o sindicato dos empregadores e o dos empregados, determinada

empresa pode firmar acordo coletivo para obter vantagens, inclusive competitivas,

evidentemente, sobrepondo-se ao que havia sido acordado na convenção.

Precisamos ter absoluta clareza de que a retirada do acordo coletivo é

fundamental para institucionalizar a vontade de categorias profissionais. Do

contrário, a vontade da empresa será absoluta. É exatamente isso que o acordo

coletivo fará prevalecer. Entendo que a aprovação desse destaque trará menor

prejuízo, porque, na minha compreensão, o mal já foi feito; não vou mais debater

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matéria vencida. Digo apenas que há uma diferença fundamental entre convenção e

acordo coletivo. Aquela abrange empresas e empregados, ao passo que o acordo

envolve apenas uma empresa, um interesse privado em particular.

Faço um alerta àqueles Parlamentares que não querem que um amontoado

de acordos coletivos coloquem o interesse de algumas empresas não só acima do

interesse público — e o texto da lei que se aprovou já os coloca assim —, mas

também acima dos interesses das categorias como um todo. Ou seja, vamos permitir

até, Deputado Pauderney Avelino, a existência de dumping social. Por exemplo,

determinada empresa, instalada em determinado Município, pode reduzir seus

custos por meio de acordo para competir em melhores condições com outra

empresa, instalada em outro Município. Da forma como está o texto, isso será

permitido. Mas se prevalecer a convenção, não, porque os sindicatos terão de se

pronunciar a esse respeito, tanto do lado dos empregadores como do lado dos

empregados, e o sindicato teria de defender a categoria como um todo. Essa é

questão-chave.

Por isso, esse destaque merece atenção. Trata-se de um destaque de mérito

que minimiza, sem sombra de dúvida, os nefastos efeitos do projeto, e pode corrigir

ou evitar grandes distorções. Fazendo-se convenções coletivas, de sindicato para

sindicato, haverá pelo menos a atenuante de não se exporem determinadas

categorias mais frágeis, e até empresas mais frágeis, a interesses particulares de

uma ou outra determinada empresa. Portanto, trata-se de importante questão de

mérito.

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Alguém poderá dizer que a lógica do projeto já foi aprovada, e que, portanto,

acordo e convenção são a mesma coisa, mas digo que não são. Todos sabemos

que não se trata da mesma coisa; são processos absolutamente diferentes. Até a

forma de regulamentação é diferente.

Sr. Presidente, sou pela aprovação do destaque.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Alerto os ilustres pares para o fato de

que, após a conclusão da Ordem do Dia desta sessão ordinária, convocarei sessão

extraordinária, com votação nominal de matéria constitucional. Informo ainda que

esta sessão extraordinária certamente não ultrapassará o horário das 23h30min.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao último orador

inscrito para encaminhar a matéria, o Deputado Fernando Coruja.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acabamos de aprovar a revogação da CLT.

Segundo o dispositivo aqui aprovado, a CLT só prevalecerá quando não houver

convenção nem acordo coletivo. Isso significa que uma lei com inúmeros

dispositivos perderá força diante de acordo ou de convenção coletiva.

Argumentou-se aqui que a livre negociação trará empregados para a

formalidade e aumentará o número de empregos. Ora, não é bem assim. E se esse

projeto for aprovado no Senado, certamente será derrubado no Supremo Tribunal

Federal, pois a Oposição impetrará contra ele ação direta de inconstitucionalidade.

Sim, porque a aprovação dessa lei pode fazer, por exemplo, com que o art. 3º da

CLT, aquele que reconhece as próprias relações de trabalho, passe a não valer, em

face de determinado acordo. Ora, se as próprias relações de trabalho não forem

reconhecidas, o sindicato patronal e o dos trabalhadores poderão firmar acordo

estabelecendo que determinado grupo de funcionários não será regido pela CLT, o

que é possível. Dessa forma, eles vão perder inclusive aqueles direitos excetuados

na lei que aprovamos, como o FGTS e décimo terceiro salário.

Esse projeto, na verdade, retira direitos dos trabalhadores. Não se diz em

instante algum que será possível fazer acordos de outra ordem. Acordos que

beneficiam trabalhadores já são permitidos. Agora estamos votando um destaque

para suprimir a expressão "acordo coletivo". E por quê? Porque queremos limitar o

estrago.

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Alguns citaram o caso do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, que fez

um acordo para reduzir o salário, tomando esse exemplo como base para a

aprovação da lei. Uso o mesmo argumento, mas no sentido contrário. Vejam

V.Exas., se o sindicato mais forte da América Latina teve de submeter-se à redução

de salários em um acordo, o que vai acontecer com os sindicatos mais fracos, em

confronto com o poder patronal, ou com os sindicatos patronais? Se o sindicato mais

forte teve de reduzir o que é mais importante para o trabalhador, ou seja, o salário —

embora a Constituição já o permita —, o que não vão negociar os sindicatos mais

fracos, os sindicatos pelegos deste País? E existem muitos deles. O que não vão

fazer?

A supressão da expressão "acordo coletivo" é importante, por um lado, em

virtude de permitir a negociação apenas na forma de convenção entre os vários

sindicatos, e, por outro, por impedir a negociação da empresa com o sindicato da

categoria, o que fragilizaria ainda mais os trabalhadores. Embora não acreditemos

que esse projeto prospere no Senado nem que a Justiça lhe dê eficácia ou validade

jurídica, esse destaque é importante. A supressão da expressão "acordo coletivo"

minimizará os efeitos deletérios dessa lei. Portanto, neste instante, mesmo aqueles

que aprovaram o projeto de boa-fé devem refletir. Quem sabe podemos

experimentá-lo, só por dois anos, na forma de convenção coletiva, uma vez que

estragos feitos nesses dois anos na forma de acordos coletivos não poderão mais

ser sanados?

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Se queremos preservar seus direitos, devemos escutar o trabalhador, que

não quer a aprovação desse projeto. Vamos pelo menos minimizar seus efeitos

dizendo "não" ao acordo coletivo e votando favoravelmente ao destaque.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - S.Exa. encaminha o voto favorável ao

destaque.

Em votação o destaque.

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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem,

para orientar a bancada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. está correto. Antes, permita-me

apenas dizer que deverão encaminhar o voto "sim" aqueles que queiram manter a

expressão "acordo coletivo", e aqueles que queiram retirá-la encaminharão o voto

"não".

Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, acabamos de ver a cesta de natal que o Governo Fernando Henrique

Cardoso está preparando para o conjunto dos trabalhadores brasileiros. Para que a

cesta não seja tão draconiana e violenta, propomos a supressão da expressão

"acordo coletivo", a fim de que os sindicatos possam defender as próprias indústrias,

como muito bem disse o Deputado Avenzoar Arruda.

Nesse sentido, somos contra a manutenção dessa parte do texto. Votamos

"não".

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o

PPB vota "sim", pela manutenção do texto.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Solicito que sejam registradas no painel

as orientações dos partidos.

Para a manutenção do texto, recomende-se o voto "sim".

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB encaminha o voto "não".

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O SR. ROBERTO JEFFERSON (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Partido Trabalhista Brasileiro vota "sim".

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS vota "não".

O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PSDB votará "sim".

Informo aos Deputados do partido que provavelmente haverá votação

nominal, o que não estava previsto. Por isso, solicitamos que continuem na Casa.

Para mantermos a vitória da primeira votação, será novamente necessário o voto

"sim" no painel.

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PL vota "não".

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PMDB vota "não".

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o mérito do projeto é a negociação, e hoje não existe hierarquia entre

acordo coletivo e convenção. O acordo coletivo não é feito diretamente entre o

patrão e os empregados da empresa, mas com os sindicatos. O próprio projeto

estabelece que não pode haver esse entendimento direto entre o patrão e os

empregados, mas apenas entre os sindicatos. Já a convenção é feita entre o

sindicato dos patrões e o dos empregados. Ora, Sr. Presidente, hoje prevalece o

que for mais favorável ao trabalhador; é o que estará em vigor. Portanto, tanto faz se

é acordo coletivo ou convenção, prevalecerá o que for favorável ao trabalhador.

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É fundamental manter a expressão "acordo coletivo", porque a essência do

projeto é a negociação. Portanto, o Bloco Parlamentar PFL/PST recomenda o voto

"sim".

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Como vota o Governo?

O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Governo recomenda o voto "sim".

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação o requerimento.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem pela manutenção

da expressão permaneçam como se acham. (Pausa.)

Mais uma vez há um forte equilíbrio no Plenário.

Está mantida a expressão.

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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, peço verificação de votação.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A votação foi extremamente dividida.

Será feita a verificação, como prevê o Regimento da Casa.

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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PT entra em obstrução e orienta todos os seus Deputados e

Deputadas a não votarem até que tenhamos quorum no Plenário.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o

PPB orienta sua bancada a vir ao plenário para votar "sim" e manter o texto da lei.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB entra em obstrução.

O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o PMDB está em obstrução, e pede aos Deputados que não manifestem

posição quanto ao projeto até que se alcance o quorum para deliberar.

O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PL/PSL está em obstrução.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS também está em obstrução.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência solicita a todos os Srs.

Deputados que tomem seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema

eletrônico.

Está iniciada a votação.

Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa comunica aos Srs.

Parlamentares que logo a seguir teremos outras votações nominais de matérias

extremamente relevantes.

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O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

quero fazer alguns comentários a respeito do projeto de lei que votamos, bem como

do destaque que está sendo votado agora.

Recentemente, no interior do Estado do Paraná, um jornalista perguntou-me

se sou contrário ao projeto de lei, e respondi que sim, ao que ele retrucou: "Então,

Deputado, o senhor é contra a modernidade". Achei interessante seu comentário, e

retribui com outra pergunta: "Então me diga: o que é ser moderno?" E ele não soube

responder.

Temos que saber o que é ser moderno. Fazer com que a CLT perca seu valor

de lei representa um retrocesso de mais de sessenta anos. Esse retrocesso é ser

moderno?

É fácil o discurso em favor da modernidade, mas não se pensa no que é ser

moderno.

Se o atual projeto for aprovado aqui e no Senado, temos certeza absoluta de

que os trabalhadores deste País serão massacrados, de que a exploração da mão-

de-obra aumentará. Que igualdade existe na relação entre o trabalho e o capital?

Nenhuma! Sabemos que hoje o capital, o grande empresariado tem grande poder de

força, de pressão e de opressão da classe trabalhadora. Essa relação pode ser

comparada a uma luta de boxe entre mim e Mike Tyson. Com absoluta certeza, já

sabemos quem perderia. Na luta entre o trabalho e o capital também já sabemos

quem perde: são os trabalhadores brasileiros, que perderão seus direitos, suas

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férias, seu 13º salário, suas melhoras salariais e suas condições de trabalho. Tudo

isso está sendo enterrado nesta votação.

Temos certeza , Sr. Presidente, de que os trabalhadores brasileiros saberão

analisar quem é quem nesta Casa. Todos os votos que aqui foram dados correrão

este Brasil de norte a sul e de leste a oeste, e o comportamento de cada

Parlamentar será divulgado. Temos certeza de que a classe trabalhadora dará nas

urnas uma resposta à altura dos fatos, sabendo quem a está traindo, quem está

contra os direitos dos trabalhadores.

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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

estamos em processo de votação. Portanto, o Parlamentar que ocupar a tribuna tem

que marcar seu voto.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Essa é uma decisão que tem

jurisprudência na Casa. Para o quorum, o voto é contabilizado.

O SR. ODELMO LEÃO - Gostaria então que registrasse o voto do Deputado

Dr. Rosinha, por favor.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Será feito, pois há jurisprudência dessa

matéria. Portanto, fica o alerta: aqueles que usarem da tribuna obviamente terão

suas presenças registradas.

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O SR. AGNELO QUEIROZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AGNELO QUEIROZ (Bloco/PCdoB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, a votação desse projeto, diferentemente de outros assuntos polêmicos

tratados nesta Casa, deixou claro para a sociedade brasileira qual é a real intenção

do Sr. Fernando Henrique Cardoso. O projeto que dizem ser tão bom, tão

modernizante, é temporário. Vale apenas por dois anos.

Esse projeto é tão bom, Sr. Presidente, que para defendê-lo é preciso afirmar

de forma sub-reptícia que não estão sendo alteradas as leis trabalhistas, que não se

está atingindo a CLT, quando na verdade isso é uma tremenda falsidade. Se não há

o objetivo de alterar a CLT, para que o projeto, Sr. Presidente?

Na verdade, a aprovação desse projeto num momento de crise, de recessão,

de dificuldade para o povo trabalhador brasileiro, acarretará rapidamente, numa

primeira rodada de negociações de acordos coletivos, a retirada dos direitos que

estão consagrados há sessenta anos na Consolidação das Leis do Trabalho. É esse

projeto, que tem a marca de uma exigência de fora do Brasil, do FMI, das indústrias

multinacionais, que esse Governo submisso e humilhado do Sr. Fernando Henrique

Cardoso, com sua política totalmente voltada para o interesse do sistema financeiro

internacional, quer, a toque de caixa, por força da urgência constitucional, ver

aprovado aqui nesta Casa.

Tenho certeza de que o Senado Federal terá maior rigor na análise dessa

matéria, não adotará uma posição tão submissa, e há de rejeitar esse projeto. Essa

é a nossa esperança, a nossa convicção. Os trabalhadores brasileiros já estão

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totalmente desprotegidos neste País em que ainda existe o trabalho escravo, em

que a maioria dos trabalhadores não tem direito trabalhista algum, como é o caso

dos informais, que compõem 60% da força de trabalho. Quanto aos que estão no

sistema formal, grande parte deles já não percebe qualquer direito trabalhista. E

agora, sob o ponto de vista legal, haverá a possibilidade de não mais existirem os

direitos trabalhistas.

Um Parlamentar da base do Governo trouxe como exemplo inquestionável do

que vai ocorrer um caso de acordo coletivo desfavorável aos trabalhadores, um

acordo que lesou os seus direitos e conseqüentemente a lei. Levado o caso à

Justiça do Trabalho, o acordo foi anulado. Obviamente, se estivesse em vigor o

projeto que a Casa acaba de aprovar, a Justiça do Trabalho não poderia de forma

alguma revogar o acordo que prejudicava o interesse dos trabalhadores.

O interesse de quem mandou o projeto a esta Casa é desproteger os

trabalhadores, não lhes dando condições, nem mesmo na lei, de assegurarem os

mínimos direitos. O forte sempre agiu assim com o fraco. Somente a lei garante a

proteção do mais fraco. Mas, infelizmente, até o direito de ser protegido pela lei está

sendo-lhe retirado. Nada mais lhe garantirá os mínimos direitos.

Nesse sentido, os trabalhadores e todo o povo brasileiro têm de se mobilizar

para que o Senado, em atitude nobre, autônoma, de resistência, consiga barrar esse

projeto.

Obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Convoco os Parlamentares dos

partidos que não estão em obstrução e que se encontram nas dependências da

Casa para virem ao plenário.

Neste instante, quero, publicamente, prestar agradecimento ao ilustre

tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Almeida Batista, Comandante da Aeronáutica, e por

seu intermédio a toda a Força Aérea Brasileira, que atenderam prontamente à

solicitação do ilustre Deputado Euler Morais para prestar socorro a familiares de

Prefeito ligado ao Deputado em acidente ocorrido no Estado do Mato Grosso.

Faço questão de manifestar esses agradecimentos deste plenário. Não só

desta vez como de outras, a Aeronáutica foi pronta, rápida e eficiente. Deslocou

para a área aeronaves na busca do local do acidente e de eventuais sobreviventes,

o que, neste caso, infelizmente, não ocorreu.

A Aeronáutica mantém sua equipe vigilante 24 horas por dia e merece o

respeito e o cumprimento desta Casa pela presteza, eficiência e, sobretudo, pelo

espírito de cooperação que mantém com este Parlamento.

Ficam registrado, portanto, através da solicitação do Deputado Euler Morais e

de outros, os agradecimentos desta Instituição e desta Presidência à Força Aérea

Brasileira e, em particular, ao seu comandante tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de

Almeida Batista.

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O SR. JAIR BOLSONARO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JAIR BOLSONARO (PPB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, quero complementar as palavras de V.Exa., testemunhando que o

resgate realmente foi difícil e complicado. A Aeronáutica teve de lançar pára-

quedistas no local do acidente, de difícil acesso, durante seis horas. Eu e o

Deputado Paulo de Almeida, como pára-quedistas, sabemos da dificuldade e do

risco de vida que correm os militares nessas situações.

Quero também elogiar a Aeronáutica e agradecer o apoio a V.Exa. e ao

Parlamentar que providenciou o socorro. As Forças Armadas estão realmente

preparadas para o cumprimento de sua missão.

Em retribuição, Sr. Presidente, votaremos, amanhã, em regime de urgência,

verba suplementar para pagamento de pensão das Forças Armadas.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vamos fazer isso, Deputado.

E, apenas para complementar o registro de V.Exa., os pára-quedistas

passaram a noite no local do acidente, em condições extremamente precárias, o

que, certamente, faz com que eles mereçam, em especial, o respeito do Parlamento

brasileiro.

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O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) – Sr. Presidente, V.Exa., há pouco, afirmou que havia jurisprudência

firmada na Casa para computar o voto do Deputado Dr. Rosinha. Parece-me, data

venia, que a questão é outra, é computada somente sua presença, não o seu voto.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. tem razão, Deputado José

Antonio Almeida, e a Mesa já havia providenciado a retificação na Secretaria-Geral.

Este é um caso distinto do outro. No momento da obstrução o Parlamentar deixa de

se manifestar.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – A obstrução é um direito e ela estaria

sendo impedida.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A decisão da Casa não foi no sentido

da votação. V.Exa. tem razão.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Vamos encerrar, então, Sr. Presidente, a

votação.

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O SR. WOLNEY QUEIROZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WOLNEY QUEIROZ (Bloco/PDT-PE. Pela ordem. Pronuncia o

seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a regulamentação da

Consolidação das Leis do Trabalho surgiu no Brasil tendo como papel principal a

concessão e proteção dos direitos dos trabalhadores que viviam um estado de

semi-escravidão, em uma época em que as relações trabalhistas eram regidas por

contratos meramente pactuais que geravam situações cada vez mais prejudiciais à

classe de trabalhadores.

A árdua conquista desses direitos promoveu a melhoria na qualidade de vida

do cidadão brasileiro e garantiu aos trabalhadores direitos básicos como piso

salarial, férias anuais remuneradas, licença-maternidade, recolhimento de FGTS,

entre outros. A garantia desses direitos através da CLT assegura a esses

trabalhadores a certeza de que terão seus interesses respeitados.

Sr. Presidente, a aprovação do projeto de lei que altera dispositivo da CLT, de

autoria do Executivo, trará ao sistema trabalhista brasileiro um retrocesso sem

precedentes, condenando o trabalhador a uma posição desfavorável e fragilizada,

tendo em vista a lamentável situação do mercado de trabalho brasileiro.

Trata-se, Sr. Presidente, de um dos projetos de lei mais cínicos de que se tem

notícias neste Congresso Nacional.

Querer que uma maioria defina o direito de todos é algo profundamente

equivocado, pois, como o próprio nome diz, é o direito de todos que está em

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questão. É flagrantemente inconstitucional sobrepor um acordo coletivo a uma

norma jurídica. É o mesmo que facultar o cumprimento da lei.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo Fernando Henrique

consegue superar-se na truculência do seu saco de maldades, e é, com certeza, o

Governo mais maléfico e que mais retirou direitos do povo e do trabalhador.

É bom que a sociedade acompanhe como se posicionam os seus Deputados

e seus partidos, afinal de contas 2002 é ano de acerto, é ano de eleições, e o povo

será informado das movimentações danosas feitas por Parlamentares da base do

Governo.

O trágico resultado da aprovação dessa proposição resultará no

fortalecimento do mais forte e no enfraquecimento do mais fraco, provocando uma

inominável exclusão social e estimulando a precarização dos postos de trabalho e

da vida do cidadão brasileiro.

Fazemos questão de registrar o nosso posicionamento contrário ao Projeto de

Lei nº 5.483, de 2001, do Governo, que rasga a CLT. O povo e a História nos

julgarão.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.

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O SR. RONALDO VASCONCELLOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO VASCONCELLOS (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Sem

revisão do orador. ) - Sr. Presidente, eu queria deixar muito claro que votei “não”, na

primeira votação.

Sou favorável à flexibilização da CLT, mas não nos moldes e na forma que foi

feita. Portanto, nesta, votei “sim”, porque acho que é ponderável, é aceitável.

Mas quero aproveitar, Sr. Presidente, e dizer da minha satisfação — mineiro,

que comecei na vida pública junto com V.Exa. — pela maneira com que V.Exa. tem

conduzido esse difícil processo. V.Exa. chamou de isonômica a forma como

conduziu os trabalhos, mas, além de isonômica, eu a classifico como competente.

Parabéns ao Presidente da Instituição Câmara dos Deputados do Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Parabéns a V.Exa., ilustre Deputado

Ronaldo Vasconcellos.

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O SR. FIORAVANTE – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FIORAVANTE (PT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras.

e Srs. Parlamentares, nesta tarde, tivemos uma das mais importantes votações do

Brasil, uma das mais importantes para a classe trabalhadora brasileira.

Esta votação terá significado muito mais violento e perverso para as

trabalhadoras brasileiras, que possuem, diante da legislação trabalhista, proteção

especial no que respeita à maternidade, periculosidade e insalubridade no trabalho.

Esses benefícios poderão ser objeto de modificações mediante acordos e

convenções coletivas de trabalho.

Outro grupo importante a ressaltar é o formado pelos trabalhadores negros do

Brasil. Na maioria assalariados, percebendo salários mínimos, eles serão perversa e

extremamente violentados com esta legislação.

Por isso, chamo a atenção daqueles que muitas vezes elegem Deputados

negros para defender os seus interesses. É preciso que fiquem atentos ao painel

quando esses Deputados proferirem seus votos. Refiro-me particularmente aos

Deputados negros do PFL e do PPB. Quero ver se eles votaram contra os

trabalhadores que os elegeram, em especial os da raça negra.

Não nos esqueçamos, igualmente, de que é muito divulgada neste País a

idéia de que mulher tem de votar em mulher, máxima advogada por pessoas que

acreditam que as mulheres vão transformar o mundo, a sociedade.

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Em votação como esta, cujo resultado influenciará, de forma violenta e

perversa, nas relações de trabalho das mulheres brasileiras, é preciso observar no

painel como as Deputadas do PFL votaram.

Perdoem-me aqueles que apostam na candidatura de Roseana Sarney pelo

fato de ser mulher. Trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que se cuidem, pois

estivesse ela aqui, por ser do PFL, com certeza, daria mais um voto contra os

trabalhadores. Se, por alguma infelicidade, vier a ser ela a Presidenta do Brasil, os

trabalhadores que se cuidem.

Sr. Presidente, quero, mais uma vez, dizer à imprensa que observe os votos

dados pelas Deputadas e pelos Deputados negros nesta votação de grande

importância para as trabalhadoras e para os trabalhadores negros.

Obrigado.

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O SR. RAIMUNDO SANTOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RAIMUNDO SANTOS (Bloco/PL-PA. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o Deputado Raimundo Santos votou “sim” na votação anterior.

Obrigado.

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O SR. PAULO DELGADO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO DELGADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, quero registrar que apresentei requerimento de informações ao

Ministro de Estado das Relações Exteriores, Chanceler Celso Lafer, para que

explique a esta Casa as razões pelas quais o Itamaraty está exigindo dos

convidados estrangeiros para o Congresso do PCdoB, a realizar-se no início da

próxima semana, na cidade do Rio de Janeiro, além do visto diplomático, passagem

de ida e volta, prova de recursos financeiros e sua direção no Brasil.

Tal legislação, se existe, é completamente inadequada, inoportuna, e não

condiz com o multilateralismo que se pratica no País. O Brasil mantém relações

diplomáticas com todos os países do mundo e, conseqüentemente, com os cidadãos

desses países, independentemente de partido.

Trata-se de discriminação. Espero que haja um equívoco na nota diplomática

do Itamaraty e que essa questão seja sanada o mais rápido possível, porque

conheço a formação e a índole do Chanceler Celso Lafer.

Muito obrigado.

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O SR. AUGUSTO NARDES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei com o partido.

O SR. GERALDO MAGELA (PT-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, registro minha posição contrária ao projeto que altera ou, segundo os

Líderes do Governo, flexibiliza as leis trabalhistas.

Discordamos da ótica dos que dizem que o projeto aumentará a oportunidade

de emprego no País. Não há base científica nem política plausíveis que corroborem

tal afirmação. Percebemos que, em outros países, aliás, em alguns que foram berço

do neoliberalismo, esse projeto está ultrapassado.

O Brasil, com um modelo atrasado em vinte anos, adota políticas e medidas

que, segundo seus próprios mentores, poderiam gerar emprego e distribuir renda.

Não há qualquer base que justifique tais afirmativas.

Não poderíamos, de forma alguma, ter votado a favor desse projeto;

especialmente porque essa é uma tentativa de enfraquecer a luta dos trabalhadores

pela defesa de seus direitos.

Deixo claro que o nosso voto foi contrário à aprovação do projeto de lei. Em

todos os momentos, tentaremos derrotá-lo nesta Casa, no Senado Federal e no

Poder Judiciário.

Era o que tinha a dizer.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Solicito aos Srs. Deputados que

aguardem um pouco para falar, pois pretendo seguir a ordem prevista.

De acordo com a ordem de inscrição, a palavra será concedida à Deputada

Miriam Reid, a seguir aos Deputados Jovair Arantes, João Magno e Virgílio

Guimarães.

Não tinha visto a Deputada Miriam Reid porque os outros Parlamentares

ficaram na frente de S.Exa., impedindo-me de vê-la.

A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, tenho baixa estatura, mas não sou

invisível.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sei que V.Exa. é muito atuante, nobre

Deputada.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, antes que a palavra seja concedida à nobre Deputada Miriam Reid,

gostaria de falar a respeito do processo de votação.

Tendo sido atingido o quorum, o Partido dos Trabalhadores modifica seu voto

de obstrução para “não”.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Esta Presidência determina que seja

alterada a orientação do PT no painel para o voto “não”.

O SR. ALMEIDA DE JESUS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

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O SR. ALMEIDA DE JESUS (Bloco/PL-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, tendo sido atingido o quorum, o Bloco Parlamentar PL/PSL encaminha

o voto “não”.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS encaminha o voto “não”.

O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, o Bloco Parlamentar PCdoB/PSB encaminha o voto “não”.

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A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão da oradora.) – Sr.

Presidente, venho à tribuna como Deputada do Rio de Janeiro, cidadã macaense,

dedicar meu voto contrário ao Projeto de Lei nº 5.483-C a toda a classe trabalhadora

macaense.

Macaé é a base da PETROBRAS. De lá saem 80% do petróleo brasileiro.

Considero uma ofensa o voto do Deputado que assumiu o mandato como

suplente, que se arvora em represente da minha cidade para defender esta

indignidade, este golpe, este crime contra os trabalhadores de Macaé.

O povo pode errar uma vez, mas na eleição passada o povo macaense deu a

resposta que esse cidadão merecia, sendo fragorosamente derrotado nas urnas.

Neste momento, quero resgatar a honra da minha cidade, que não apóia esse

tipo de prática. Falo em nome da grande maioria de trabalhadores macaenses, que,

com o suor das suas camisas e, muitas vezes, com o próprio sangue, fornecem o

produto que hoje representa a base da economia brasileira: o petróleo.

Sr. Presidente, não poderia deixar de fazer este registro. Macaé é uma cidade

que tem classe trabalhadora combativa, digna. Um exemplo foi a última greve dos

trabalhadores macaenses da PETROBRAS, que demonstraram a sua força, a sua

união e exemplo de organização para o Brasil.

Por isso, está resgatado o voto "não", em nome do povo de Macaé.

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O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, passada a obstrução, o PMDB vota “não”.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, a bancada do nosso partido encaminha o voto “não”.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Peço aos Srs. Deputados que se

atenham ao encaminhamento do voto, pois teremos o mesmo tempo da votação

anterior para que os senhores possam se manifestar.

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A SRA. LAURA CARNEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LAURA CARNEIRO (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) – Sr. Presidente, poucas vezes neste recinto ouvi declaração como a do

Deputado Fioravante.

Homem e mulher neste plenário são absolutamente iguais. Não vou admitir

que falem que a Deputada Laura Carneiro votou assim ou assado. Ela votou como

lhe autorizou seu partido e de acordo com a sua consciência. Não vou admitir

dizerem que a mulher do PFL, ou do PSDB, ou do PT votou assim ou assado.

Mulheres e homens nesta Casa têm o mesmo direito e votam de acordo com a

consciência.

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O SR. JOÃO MAGNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. palavra.

O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, manifestei-me algumas vezes a respeito do Projeto nº 5.483 votado hoje

nesta Casa, mas, sendo a votação conclusiva, foi possível fazer a coleta do

resultado registrado no painel.

Quem realmente perdeu muito com o projeto foi o trabalhador brasileiro. O

Governo reuniu, mais uma vez, sua tropa de choque e ofereceu, lamentavelmente,

triste presente de Natal a milhões de trabalhadores brasileiros que produzem as

riquezas deste País, o que é lastimável.

Sou de região operária industrial: o Vale do Aço, em Minas Gerais. Ao longo

dos 25 dias em que o assunto ferveu nesta Casa, quando tentamos debatê-lo na

Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público — da qual sou membro

—, pudemos perceber a indignação e o descontentamento dos trabalhadores do

Vale do Aço, amostra fiel do sentimento dos trabalhadores deste País.

É certo que sempre há dois lados em votação polêmica dessa natureza. A

Oposição optou pelos trabalhadores, pela preservação de conquistas históricas e de

direitos mínimos, sagrados para os trabalhadores, enfim, cumpriu seu papel cívico e

patriótico.

Preservamos e sempre quisemos preservar esses direitos, porque

reconhecemos que, nos chamados momentos de crise, não são prejudicados os

grandes empresários, os grandes banqueiros ou os grandes donos do capital do

País. Conforme diz o trabalhador, a corda sempre rebenta do lado mais fraco.

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Lamentavelmente, esta Casa cometeu, mais uma vez, ato lesivo aos

trabalhadores e, certamente, algum preço haverá de pagar. Os trabalhadores

haverão de cobrar alto preço, logo à frente, no momento em que começarem a

perder direitos trabalhistas, ou seja, férias, décimo terceiro salário, salário-família e

tantas outras conquistas. A CLT não é lá tão boa mesmo, mas pelo menos sempre

garantiu esses direitos.

Hoje, cumprimos nosso dever. Denunciamos, protestamos e continuaremos

contrários a projeto dessa natureza, que certamente será rejeitado no Senado da

República.

Sr. Presidente, esta Casa deveria representar, de forma majoritária, os

interesses do povo e dos trabalhadores do País. No entanto, infelizmente, não

representou os cidadãos brasileiros, mais uma vez.

Certamente isso pesará na consciência dos Senadores da República no

momento da votação. S.Exas. têm a função constitucional de representar os

Estados. Espero que votem a favor dos trabalhadores. Tenho certeza de que projeto

dessa natureza, prejudicial aos trabalhadores, será rejeitado, a bem da maioria do

povo brasileiro.

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O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

– Sr. Presidente, eu me dirijo aos milhões de trabalhadores que nos assistem no

momento. O resultado que vai aparecer no painel daqui a instantes vai confirmar o

quorum alcançado há poucos minutos, na primeira votação nominal.

Aos trabalhadores do Brasil que se empenharam nessa luta, que se

mobilizaram, que mandaram representantes a Brasília, que pressionaram os

Deputados, quero dizer que a luta continua. Até agora a luta valeu a pena, pois

conseguimos adiar a votação da matéria para o final deste período legislativo.

O Senado somente vai se reunir para discutir a matéria em 2002, ano eleitoral

no qual a voz das ruas vai pesar muito mais. E, se o Senado rejeitar a matéria, a luta

continuará, bem como a mobilização, a denúncia nas ruas e a formação de opinião

pública para pressionar os Senadores. Se, porventura, o Senado também capitular

diante das pressões do Palácio do Planalto, a lei, caso seja emendada, voltará à

Câmara dos Deputados no auge do período eleitoral. E eu não acredito que a

Câmara repetirá esta votação. Não acredito que terá continuidade o esbulho dos

direitos dos trabalhadores brasileiros.

Por isso, o texto que conquistamos valeu a pena. A luta continua no Senado.

Esta Legislatura terminará no próximo ano, quando também teremos novo Governo.

Podem ficar tranqüilos, mas mobilizados, vigilantes e atuantes, trabalhadores

brasileiros! A luta continua! E a vitória ainda está ao alcance das nossas mãos,

apesar do momento adverso em que se deu a votação.

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Vamos manter a mobilização e a denúncia. A vitória ainda pode ser

alcançada!

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Comunico ao Plenário que a votação

será encerrada exatamente no mesmo prazo em que encerramos as anteriores. No

caso desta, às 19h55min.

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O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO – Sr. Presidente, peço a palavra

pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem

revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou me remeter ao

tempo da Constituinte.

Em 1988, o Constituinte incluiu no Título II, Dos Direitos e Garantias

Fundamentais; Capítulo II, Dos Direitos Sociais, art. 7º, quatro incisos que deixam

claro que alguns dispositivos constitucionais podem ser resolvidos de forma

contrária, caso haja anuência, por meio de convenção ou acordo coletivo. E assim

foi com a irredutibilidade do salário; com a duração da jornada de trabalho normal,

não superior a oito horas diárias e 44 semanais; com a jornada de seis horas para o

trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento. E mais: dispôs de forma

clara o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.

Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, talvez aí resida a razão de o PT, na

ocasião, ter-se negado a assinar a Constituição. Sei que vieram a fazê-lo,

posteriormente. Na ocasião, firmou posição renegando o texto constitucional. É

preciso que isso fique bem claro para que a opinião pública, mais uma vez, não seja

iludida.

Parece-me, Sr. Presidente, que o Constituinte de 1988 era mais avançado, do

ponto de vista de confiar no País em que vivia, de confiar na capacidade de

discernimento do trabalhador, de confiar nas centrais sindicais, sobretudo nos

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sindicatos dos trabalhadores, do que as Lideranças dos partidos de Oposição da

contemporaneidade, que parecem ainda não acreditar no trabalhador brasileiro.

Em atenção a muito do que ouvi neste plenário, quero informar a V.Exas. que

não sei quantos milhões de emprego resultarão da alteração do art. 618 da CLT que

aprovamos hoje. Confesso que não sei se resultará em um emprego que seja, mas

tenho convicção de que evitaremos perdas de postos de trabalho, o que,

conseqüentemente, vai diminuir o desemprego no País.

Se, com isso, conseguirmos poupar mil, dois mil, trinta mil, cem mil empregos

já terá valido a pena.

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961

O SR. FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, quero dizer ao Deputado Antonio Carlos Pannunzio que, realmente,

o Partido dos Trabalhadores não assinou esta Constituição, mas sem sombra de

dúvida é o partido que mais zela pela Constituição, respeitando-a sempre, diferente

daqueles que a assinaram e a violam cotidianamente. Há diferença fundamental na

postura democrática do partido de zelar pela democracia e por esta Constituição.

Sr. Presidente, lamento que a base de sustentação do Governo tenha criado

novo tipo de projeto de lei. Talvez com saudade das medidas provisórias criaram o

projeto de lei provisório, que tem validade por dois anos. Seu funcionamento gera

suspeição. Não há segurança em mantê-lo por mais alguns anos. Talvez queiram

analisá-lo num laboratório por dois anos, para diminuir o drama de consciência

provocado pelo fato de estarem prejudicando tanto os trabalhadores.

Sr. Presidente, estão criando grande mal que vai durar dois anos. Ora, se a

proposta é boa, por que não a fizeram integralmente e não assumiram a

possibilidade de o projeto ter durabilidade? Porque não presta. Os seus autores têm

consciência disso e estão fazendo o mal mesmo assim.

Por isso, votamos contra o projeto e não aceitamos a justificativa

apresentada.

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962

O SR. ORLANDO DESCONSI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ORLANDO DESCONSI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero manifestar minha profunda tristeza

com o resultado da votação ocorrida há pouco. Embora o respeite de forma

democrática, lamento o que vi no painel.

Efetivamente, começou a mudar o discurso. Antes da votação do projeto,

durante todas as semanas em que o debatemos, o objetivo era propiciar o ingresso

de maior número de pessoas no mercado de trabalho. Há pouco, o Líder do PSDB

disse que, se mantiver os empregos, já está bom. Já começou a mudança de

discurso minutos após a votação do projeto.

Vou proclamar ao povo gaúcho que nos assiste neste momento os nomes dos

Parlamentares que votaram contra os trabalhadores: o Deputado Darcísio Perondi,

do PMDB, votou contra a orientação do seu partido; Deputado Telmo Kirst, do PPB;

Deputada Yeda Crusius...

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado, os votos são públicos.

Qualquer um pode consultar o painel. Até por cortesia parlamentar, não há

necessidade de V.Exa. nominar os colegas, para evitar que venham a se manifestar,

discordando de V.Exa. Certamente, o cidadão interessado na questão poderá

consultar o painel eletrônico. E apelo a V.Exa. para que conclua seu

pronunciamento.

O SR. ORLANDO DESCONSI – Lamento não poder informar todos os nomes

neste momento.

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963

Da festa marcada para quinta-feira, na Granja do Torto, conforme noticiado

pela imprensa, estão convidados os 264 Deputados que votaram a favor do grande

capital e contra os trabalhadores e que querem comemorar. No ano que vem, os

trabalhadores não esquecerão os Parlamentares que traíram os interesses da classe

trabalhadora. Lamento que o Governo Federal tenha utilizado recursos públicos do

Orçamento da União para chantagear Deputados, a fim de votarem a favor dos seus

interesses.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço a V.Exa. a compreensão.

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964

O SR. MARCOS DE JESUS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCOS DE JESUS (Bloco/PL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.

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965

O SR. EDISON ANDRINO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. EDISON ANDRINO (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, em nome do PMDB de Santa Catarina, que votou maciçamente a favor

do trabalhador e dos seus direitos, conquistados historicamente, lamento a decisão

desta Casa.

Veja V.Exa. Sr. Presidente, que a mesma pressa, a mesma urgência que o

Governo Federal teve para tirar direitos dos trabalhadores não teve para fazer a

reforma tributária no País.

Veja V.Exa. também que os trabalhadores que não possuem sindicato — e

essa é a realidade da grande maioria dos trabalhadores brasileiros — sentem-se

desprotegidos em face do desemprego que impera no País. Sentem-se temerosos

de enfrentar o empresário sem a proteção da CLT.

Por isso, Sr. Presidente, faço apelo a esta Casa para que pressione o

Executivo no sentido de realizar a reforma tributária. O grande problema dos

empresários nacionais não é a despesa com a folha de pagamentos, mas o valor

dos impostos, dos juros bancários, dos serviço dos bancos. Nos dez primeiros

meses deste ano, o lucro do UNIBANCO chegou a 1,5 bilhão de reais; o do

BRADESCO também ficou nessa faixa. E o Governo ataca exatamente o lado mais

fraco — o trabalhador —, retirando seus direitos.

Sr. Presidente, em nome do PMDB de Santa Catarina e em consonância com

o desejo dos trabalhadores do nosso Estado, registramos nosso protesto contra a

decisão tomada por esta Casa. Somos favoráveis à flexibilização da legislação

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trabalhista, desde que faça parte de conjunto de medidas que inclua a reforma

tributária e, acima de tudo, a diminuição dos lucros do sistema financeiro. Essa é a

realidade nacional.

A reforma do Estado que esta Casa deve fazer é a que democratiza, facilita e,

principalmente, atende às necessidades do cidadão brasileiro.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Apenas peço aos nobres Deputados

que sejam breves porque, logo após os pronunciamentos, encerrarei a votação.

Concedo a palavra, pela ordem, ao Deputado Pedro Corrêa. Em seguida,

falará a Deputada Luci Choinacki.

O SR. PEDRO CORRÊA (PPB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, hoje pela manhã vários companheiros de partido, entre eles o Ministro

Francisco Dornelles, foram agredidos no aeroporto por manifestantes da Central

Única dos Trabalhadores.

O Ministro, que não usa o jato da FAB e viajou em avião de carreira, chegou

ao aeroporto e teve os pneus do seu carro oficial esvaziados. Então, dirigiu-se a um

táxi para ir ao Ministério. Os manifestantes cercaram o táxi e o danificaram,

prejudicando também o pobre motorista.

Sr. Presidente, quero parabenizar a Polícia Militar do Distrito Federal, que,

com muita consciência e tranqüilidade, evitou incidente semelhante ao que ocorreu

em Volta Redonda. Este é o grande sonho do PT neste momento que antecede as

eleições: criar uma vítima para explorar o cadáver. A postura parcimoniosa e

tranqüila da Polícia Militar certamente engrandece a categoria.

Muito obrigado.

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A SRA. LUCI CHOINACKI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, imaginem a gravidade da votação deste

projeto. Na Constituinte, o PT votou as propostas com restrições, mas hoje defende

a Constituição. Imaginem V.Exas. o retrocesso democrático que está ocorrendo

neste País; imaginem as perdas históricas que os trabalhadores estão sofrendo.

Sr. Presidente, disseram que o Partido dos Trabalhadores precisa de vítimas.

Neste País, onde a cada cinco minutos morre de fome uma criança, será que

querem mais vítimas e mais sofrimento para mudar a realidade econômica?

Estamos cheios de sofrimento, de dor e de lágrimas de tantas mães!

Depois de eliminar os direitos dos trabalhadores, será que os Deputados vão

fazer a ceia de Natal, mesmo sabendo que muitas famílias talvez só possam fazê-la

com o décimo terceiro, e que amanhã os patrões vão dizer: “Ou o emprego, ou o

décimo terceiro”? Esse será o resultado da votação de hoje. É muito grave.

A população ainda não entendeu a desgraça que foi iniciada. Talvez vá

entender quando perder seus direitos, quando os patrões disserem o que têm de

fazer. Dizer que os sindicatos vão resolver a questão e garantir as conquistas é

mentira, porque 60% dos recursos são negociados de acordo com a situação

econômica do País. E são milhões de desempregados.

Precisamos distribuir renda, garantir salários, deixar de encher os bolsos dos

banqueiros, dos ricos, dos que mais faturam no Brasil e no exterior. É necessário dar

um pouco de amor e ter compaixão diante de tanto sofrimento e miséria.

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não queremos vítimas. Queremos

comida na mesa do povo e trabalho para os trabalhadores!

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O SR. LUCIANO BIVAR – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. LUCIANO BIVAR (Bloco/PSL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na última votação votei “sim”.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está encerrada a votação.

Anuncio o resultado: 269 votos “sim”; 182 votos “não”; abstenção, 4.

Total: 455 votos.

Fica mantida a expressão.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da redação final.

Os Srs. Deputados que me solicitaram a palavra poderão falar no próximo

intervalo, entre uma votação e outra.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Para encaminhar contrariamente à

matéria, concedo a palavra à Deputada Tânia Soares.

A SRA. TÂNIA SOARES (Bloco/PCdoB-SE. Sem revisão da oradora.) - Sr.

Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não podemos aprovar a redação final deste

projeto. Ele foi enviado a esta Casa, que é a representação do povo brasileiro, a

mando do Fundo Monetário Internacional. Em 1998, o Presidente da República se

comprometeu, perante os interesses internacionais, a acabar com os direitos dos

trabalhadores, a vender o sangue e o suor dos trabalhadores, a fim de que os

investidores estrangeiros pudessem entrar em nosso País e aumentar a exploração

dos trabalhadores brasileiros.

Sr. Presidente, votar a favor deste projeto é votar a favor da exploração

daqueles que elegeram os que hoje estão nesta Casa.

Votar a favor deste projeto hoje é o mesmo que admitir como verdadeiras as

denúncias feitas esta semana pela imprensa de que o Presidente da República teria

usado instrumentos de manipulação econômica para fazer pressão. Vários

Deputados que votaram contra o projeto na semana passada votaram a favor dele

hoje. O Palácio do Planalto não respeita a autonomia do Poder Legislativo. Usa

meios impróprios para obrigar os representantes do povo a votar contra quem os

elegeu.

Sr. Presidente, precisamos dizer “não” à redação final deste projeto. Os

trabalhadores brasileiros precisam ter preservados os direitos mínimos assegurados

na CLT. Devemos avançar nas conquistas já obtidas, e não retroceder. Já somos

muito explorados pelo capital internacional e pela sanha do mercado interno, que

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não defende, por exemplo, uma reforma tributária justa, que propicie o

desenvolvimento da nossa produção e incentive a abertura de novos postos de

trabalho.

Vamos derrotar este projeto, ou seremos cobrados pelos trabalhadores nas

próximas eleições. Na hora de pedir o voto, teremos de responder se defendemos

ou não seus direitos, se aprovamos ou não os acordos internacionais que o

Presidente assina e depois nos obriga a acatar.

Nosso voto é “não”, Sr. Presidente.

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O SR. RONALDO SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RONALDO SANTOS (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, votei “sim” na votação anterior.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra o Deputado Haroldo

Lima, para encaminhar.

O SR. HAROLDO LIMA (Bloco/PCdoB-BA. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente eu gostaria de fazer um

esclarecimento. Os Deputados Roberto Jefferson, semana passada, e Antonio

Carlos Pannunzio, hoje, disseram que esta Constituição não havia sido assinada

pelo PT.

Não tenho procuração para defender o Partido dos Trabalhadores, mas

chamo a atenção desta Casa. Aqui está a assinatura de todos os Constituintes.

Nenhum Constituinte deixou de assinar a Constituição. O que houve foi que o PT,

assim como o PCdoB e outros partidos de oposição, apresentaram declaração de

voto restritivo, ao tempo em que assinavam o texto da Constituição. Aqui está, para

quem quiser ver, a assinatura do Líder do PT na época, o Deputado Luiz Inácio Lula

da Silva, e de toda a bancada do partido. A propósito, o PT tem-se notabilizado

nesta Casa como um dos partidos que mais defendem os interesses dos

trabalhadores salvaguardados nesta Constituição.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa cometeu hoje um grave

equívoco. É lamentável que estejamos agora na expectativa de que o Senado da

República corrija esta omissão, eu diria mesmo esta covardia da Câmara dos

Deputados. Conheço esta Casa há muito tempo e sei que, quando a matéria tramita

em regime de urgência constitucional, poucos Deputados lêem a íntegra do texto

submetido, acabam votando debaixo de pressão.

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O Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, desde que deliberou comprar

votos para garantir sua reeleição, perdeu a compostura. Sou testemunha de que,

sempre que há votação importante, o Palácio do Planalto se transforma num butim,

num mercado de compra de votos. Corrompe prometendo liberar verbas. Isso tem

acontecido inúmeras vezes. É um acinte à Nação.

É preciso que os Srs. Parlamentares tomem uma atitude firme e defendam

esta Casa. Estamos enxovalhados, desmoralizados perante o povo.

Alguém comentou há pouco que o Ministro Francisco Dornelles não

conseguiu tomar um táxi no aeroporto, nem pôde sair em seu carro oficial. Digo

mais: o Presidente Fernando Henrique Cardoso e seu Ministério não conseguem

atravessar uma rua de alguma cidade importante deste País sem a proteção firme

do Exército, da Marinha, da Aeronáutica ou da Polícia Militar. Se vão a um campo de

futebol, não conseguem se dirigir ao povo.

Srs. Parlamentares, V.Exas. têm sido insensíveis. O Deputado Antonio Carlos

Pannunzio disse, um minuto depois da votação da emenda, que não sabe se o

projeto resultará num único emprego. Sim, Deputado Antonio Carlos Pannunzio,

alguém já o alertou. Há cinco minutos, era isso o que os senhores afirmavam. Agora

não têm a mesma convicção, então dizem que ele ao menos não permitirá o

desemprego de milhões de trabalhadores. Como seria bom, Deputado Antonio

Carlos Pannunzio, se V.Exa. estivesse certo! Provavelmente V.Exa. sabe que

nenhum trabalhador terá o emprego garantido por conta do que se aprovou hoje.

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Mas não é novidade o que pretende o Governo. Durante toda a década de 80,

a Europa transitou pela flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Na América

Latina, o mesmo aconteceu na década de 90. Estão aí os resultados.

O jornal Valor Econômico, edição de hoje, publica um balanço do que

significou essa flexibilização no mundo.

Diz que a mesma lei imposta pelo FMI e enviada a esta Casa pelo Palácio do

Planalto, com a complacência de tantos Deputados, quando aprovada na Alemanha,

significou o aumento do desemprego, de 4,8% para 8,7%. E notem que quem traz

esses dados é um jornal conservador.

Não quero me dirigir apenas ao Deputado Antonio Carlos Pannunzio. Até

peço-lhe desculpas, Deputado. Citei-o porque foi V.Exa. quem expressou esse ponto

de vista.

Diz ainda o mesmo jornal que havia no Brasil, há dez anos, 1,9 milhão de

desempregados e que, depois das mudanças, esse número subiu para 7,6 milhões.

Estejamos todos certos de que, com o que se aprovou aqui, nenhum emprego

estará garantido.

Muito obrigado.

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O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, essa questão me envolve pessoalmente e sinto-me na obrigação de

prestar um esclarecimento à Casa.

Os Deputados Roberto Jefferson e Antonio Carlos Pannunzio, antes de

fazerem tal afirmação, deveriam ter compulsado os Anais da Câmara para terem

certeza do que iriam dizer. Agradeço, neste particular, as palavras do Deputado

Haroldo Lima.

Eu estava aqui como Deputado Constituinte e posso afirmar que o PT assinou

a Constituição Federal. O partido fez declaração de voto, votou contra o projeto final,

mas assinou a Constituição Federal de 1988. Não é verdadeira a afirmação feita da

tribuna de que o PT não a assinou. Nós não rasgamos a Constituição, como o tem

feito o PSDB com as reformas neoliberais que tem patrocinado, como nos casos da

quebra dos monopólios e da introdução da reeleição no País.

Portanto, desculpem-me os Deputados Antonio Carlos Pannunzio e Roberto

Jefferson, mas, antes de fazerem uma afirmação como essa, pela nossa lealdade e

conhecimento, deveriam ter-se questionado se um partido com a responsabilidade

do PT teria ou não assinado a Constituição. Nós a assinamos, Deputado Pannunzio,

defendemos as conquistas dos trabalhadores juntamente com Mário Covas. V.Exas.

é que, ao aprovarem esse projeto que suprime todas as conquistas dos

trabalhadores, rasgaram a Constituição.

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Sr. Presidente, solicito que esta minha reclamação seja registrada nos Anais

da Câmara dos Deputados.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sou testemunha disso, Deputado.

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O SR. MAURÍLIO FERREIRA LIMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MAURÍLIO FERREIRA LIMA (PMDB-PE. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido, ou seja, votei “não”.

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O SR. LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. quer se manifestar sobre a

matéria? Já houve encaminhamento.

O SR. LUIZ SÉRGIO – Sr. Presidente, os Deputados vão orientar suas

bancadas? O que houve foi defesa do voto contrário à emenda.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Os Líderes que quiserem podem

orientar suas bancadas. V.Exa. fala pela Liderança do partido? (Pausa.)

Pois bem, oriente a bancada do partido de V.Exa.

O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) – O Partido dos

Trabalhadores entende que esta Casa tem muitos poderes, só não tem o poder de

criar a falsa ilusão de que com essa agressão que se fez hoje, ao revogar a CLT,

estaremos criando emprego neste País. Isso não é verdadeiro e por essa razão o PT

vota “não”.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há sobre a mesa e vou submeter a

votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que a aprovam

permaneçam como se encontram.

APROVADA.

A matéria vai ao Senado Federal.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Haverá tempo para aqueles que ainda

não falaram e que queiram manifestar-se sobre assuntos alheios aos que estão

sendo discutidos.

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986

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Neste instante, comunico ao Plenário

que, por acordo entre os Srs. Líderes partidários, estaremos submetendo a votos o

item 2 da pauta desta sessão.

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987

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Item 2.

Discussão, em turno único, das Emendas do

Senado Federal ao Projeto de Lei nº 5.074-B, de 2001,

que estabelece normas de controle e fiscalização sobre

produtos químicos que direta ou indiretamente possam

ser destinados à elaboração ilícita de substâncias

entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem

dependência física ou psíquica, e dá outras providências.

Pendente de pareceres das Comissões: de Relações

Exteriores e de Defesa Nacional; de Seguridade Social e

Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e

Justiça e de Redação.

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988

O SR. JORGE ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JORGE ALBERTO (PMDB-SE. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, na votação anterior, quando o partido saiu da obstrução, votei de

acordo com a Liderança do PMDB.

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989

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do

Senado Federal, em substituição à Comissão de Relações Exteriores e Defesa

Nacional, concedo a palavra ao Sr. Deputado Professor Luizinho.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Para emitir parecer. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, estamos participando desta votação em razão de acordo,

mas não se trata de precedente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Certamente, Deputado.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Obrigado, Sr. Presidente. O Senado

apresentou oito emendas, que na sua maioria aprimoram o projeto de iniciativa do

Poder Executivo aprovado na Câmara dos Deputados. O projeto não sofreu nesta

Casa alterações significativas.

Analisarei as emendas individualmente.

A Emenda nº 3 dá ao inciso VII do art. 13 do projeto a seguinte redação:

Art. 13. ......................................................................

.............................................................................................

VII - deixar de informar qualquer suspeita de desvio

de produto químico controlado, para fins ilícitos;

Achamos que a emenda fortalece e aprimora o projeto; portanto, deve ser

aprovada.

A Emenda nº 4 dá ao inciso XI do art. 13 do projeto a seguinte redação:

Art. 13. ...................................................................

..........................................................................................

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XI - adulterar laudos técnicos, notas fiscais, rótulos

e embalagens de produtos químicos controlados, visando

a burlar o controle e a fiscalização;

Da mesma forma, a emenda aprimora o controle da Polícia Federal e dá

instrumentos de garantia para uma excelente fiscalização.

Somos pela aprovação da emenda.

A Emenda de nº 5 dá ao inciso XII do art. 13 a seguinte redação:

Art. 13. ......................................................................

.............................................................................................

XII - deixar de informar no laudo técnico, ou nota

fiscal, quando for o caso, em local visível da embalagem e

do rótulo, a concentração do produto químico controlado;

Segue na mesma linha das demais emendas. Somos pela sua aprovação.

A Emenda nº 6 acrescenta o § 3º ao art. 15 do projeto, com a seguinte

redação:

Art. 15. ....................................................................

............................................................................................

§ 3º Das sanções aplicadas caberá recurso ao

Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal, na

forma e prazo estabelecidos em regulamento.

É justo dar garantia e prazo claro de recurso para que todos os interessados

tenham a sua disposição o ordenamento. Portanto, também fortalece o projeto.

Somos pela sua aprovação.

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A Emenda nº 7 corresponde às Emendas nºs 7 e 8 das Comissões de

Constituição e Justiça e de Assuntos Sociais; à Subemenda nº 13 da Comissão de

Assuntos Sociais; e à Emenda nº 9 da Comissão de Constituição e Justiça. A

Emenda nº 7 dá aos incisos do art. 20 do projeto a seguinte redação:

Art. 20. ................................................................................

.........................................................................................

I - no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:

a) emissão de Certificado de Registro Cadastral;

b) emissão de segunda via de Certificado de Registro

Cadastral; e

c) alteração de Registro Cadastral;

II - no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para:

a) emissão de Certificado de Licença de Funcionamento;

b) emissão de segunda via de Certificado de Licença de

Funcionamento; e

c) renovação de Licença de Funcionamento;

III – no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) para:

a) emissão de Autorização Especial; e

b) emissão de segunda via de Autorização Especial.

Está claro que esta emenda procura dar condições não só de aplicação e

punição, mas também de desenvolvimento financeiro da Polícia Federal para poder

desenvolver suas atividades plenamente.

Somos pela aprovação da emenda.

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A Emenda de nº 8 corresponde às Subemendas nºs 3, da Comissão de

Constituição e Justiça, e 4, da Comissão de Assuntos Sociais, e acrescenta

parágrafo único ao art. 20 do projeto, com a seguinte redação:

Art. 20. ......................................................................

.............................................................................................

Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos

I e II deste artigo são reduzidos de:

I - 40% (quarenta por cento), quando se tratar de

empresa de pequeno porte;

II - 50% (cinqüenta por cento), quando se tratar de

filial de empresa já cadastrada;

III - 70% (setenta por cento), quando se tratar de

microempresa.

Está claro que a Emenda nº 8 prevê, corretamente, a punição e sua aplicação

de acordo com o poder econômico da indústria, com sua possibilidade financeira e

também de desenvolvimento de ação no mercado.

Somos pela sua aprovação.

Por último, Sr. Presidente, deixamos para relatar as Emendas nºs 1 e 2, que

pretendem subtrair uma obrigatoriedade inicial do projeto enviado pelo Poder

Executivo e acatada por esta Casa. Não concordamos com essas duas emendas e,

portanto, não as acatamos.

A Emenda nº 1 suprime o art. 8º do projeto, que tem a seguinte redação:

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Art. 8º O transporte de produtos químicos

controlados deverá ser acompanhado de Guia de

Trânsito.

Ora, consideramos ser fundamental essa guia de trânsito. E ela não precisa,

necessariamente, ser impressa em papel, pode ser feita por via eletrônica. Portanto,

a regulamentação é possível.

A Emenda nº 2 propõe a supressão do inciso IX do art. 13, que diz:

Art. 13. ...........................................................

..................................................................................

IX - realizar transporte sem Guia de Trânsito;

Somos contrários às Emendas nºs 1 e 2 e favoráveis às Emendas de nºs 3 a

8.

É este o nosso parecer, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Muito bem. Está compreendido.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do

Senado Federal, em substituição à Comissão de Seguridade Social e Família,

concedo a palavra à ilustre Deputada Laura Carneiro.

A SRA. LAURA CARNEIRO (Bloco/PFL-RJ. Para emitir parecer. Sem revisão

da oradora.) - Sr. Presidente, conversei antes com o Deputado Professor Luizinho.

No que diz respeito à Emenda nº 3, na verdade, ela visa dar maior abrangência à

infração. A Emenda nº 4 amplia as modalidades de infração, como adulteração de

laudos técnicos e notas fiscais. A Emenda nº 5 amplia meios de identificação do

produto. A Emenda nº 6 amplia os direitos de defesa. A Emenda nº 7 modifica,

redimensiona, recompõe fontes de financiamento desse programa. A Emenda nº 8

diferencia juridicamente as microempresas e as empresas de pequeno porte.

Portanto, quanto às Emendas de nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8 não há discordância.

Quanto às Emendas nºs 1 e 2, uma é conseqüência da outra e, juntamente

com as demais, foram fruto de um grande acordo feito no Senado Federal. As

Emendas nºs 1 e 2 fazem parte do acordo, porque se chegou ao consenso de que a

guia de trânsito nunca foi criada, é nova, e, ao final, ela traria ônus para o

consumidor, na ponta. De alguma maneira, far-se-á esse mesmo controle por meio

de um sistema — conforme deseja o Deputado Professor Luizinho — integrado,

interligado, portanto, informatizado entre os postos da Polícia Rodoviária Federal, os

postos estaduais de fiscalização e os postos da Receita Federal. Hoje, as empresas

são obrigadas a apresentar mapas, tanto as que compram quanto as que vendem, o

que já possibilita absoluto controle.

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Tendo em vista a nova criação desse sistema interligado, a Comissão de

Seguridade Social e Família também acata as Emendas nºs 1 e 2. Portanto, o

parecer é favorável a todas as emendas apresentadas no Senado, a partir de um

acordo dos Srs. Líderes.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O parecer é favorável a todas as

emendas.

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O SR. GLYCON TERRA PINTO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. GLYCON TERRA PINTO (PMDB-MG. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, nas votações anteriores, meu voto é pela aprovação do projeto.

O SR. GERSON GABRIELLI (Bloco/PFL-BA. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, meu voto é de acordo com a bancada.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Estamos em votação de uma matéria

distinta.

Após esta votação — e pelo que percebo será simbólica —, os Srs.

Deputados poderão justificar seus votos e fazer outras manifestações.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do

Senado Federal, em substituição à Comissão de Finanças e Tributação, concedo a

palavra ao Deputado José Carlos Fonseca Jr.

O SR. JOSÉ CARLOS FONSECA JR. (Bloco/PFL-ES. Para emitir parecer.

Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em nome da

Comissão de Finanças e Tributação, também estou de acordo com o acatamento

das emendas recebidas por este projeto de lei no Senado Federal.

Obrigado.

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O SR. MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MARCELO TEIXEIRA (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, voto de acordo com o partido.

O SR. GERSON GABRIELLI (Bloco/PFL-BA. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, nas votações anteriores, voto de acordo com o partido.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer em substituição

à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, concedo a palavra ao

Deputado Ibrahim Abi-Ackel.

O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL (PPB-MG. Para emitir parecer. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, o Projeto de Lei nº 5.074-C, de 2001, recebeu no Senado

Federal 8 emendas.

A Emenda nº 1 pretende dispensar a guia de trânsito para o transporte de

produtos químicos controlados, o que é obviamente um absurdo, uma vez que sem

a respectiva guia de transporte não haveria controle algum no transporte dessa

mercadoria, sabidamente perigosa e de efeitos nocivos.

A Emenda nº 2 é uma conseqüência da primeira, porque também permite a

realização do transporte desses aditivos químicos sem a respectiva guia de

transporte.

As Emendas nºs 4 e 5 acrescentam alguns termos ao texto originário desta

Casa. Por exemplo, onde a Câmara dos Deputados proíbe que se deixe de informar,

em local visível da embalagem e do rótulo, a concentração do produto químico

controlado, a emenda do Senado quer acrescentar que também no laudo técnico e

na nota fiscal esses elementos sejam considerados. Não vejo, portanto, Sr.

Presidente, no que diz respeito às Emendas nºs 4 e 5, inconvenientes na aprovação.

A Emenda nº 6, da mesma forma, acrescenta parágrafo que outorga à parte

multada o direito de recurso ao Diretor-Geral da Polícia Federal. Como se trata da

imposição de uma sanção, é sempre prudente assegurar o direito ao recurso, dado

que a parte pode perfeitamente alegar e provar seja a injustiça da multa, seja o

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excesso de seu quantitativo. O parecer quanto à Emenda nº 6, portanto, é também

pela aprovação.

As duas emendas finais alteram radicalmente o quadro dos quantitativos que

compõem a sanção correspondente à transgressão especificada. As quantias foram

severamente aumentadas, ao mesmo tempo em que se prevêem reduções, em

casos específicos, que praticamente tornam ineficazes as multas aplicadas.

Dessa forma, Sr. Presidente, o parecer do Relator pela Comissão de

Constituição e Justiça e de Redação é pela rejeição das Emendas nºs 1 e 3, pela

aprovação das Emendas de nºs 4, 5 e 6 e pela rejeição das Emendas de nºs 7 e 8.

Creio que, com esses reparos, o projeto fica perfeitamente em condições de

atender ao propósito que o inspirou.

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O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) – Sr. Presidente, gostaria de uma informação acerca do parecer do

Deputado Ibrahim Abi-Ackel sobre a Emenda nº 3. S.Exa. também a rejeitou? Não

percebi.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Mesa aproveita a oportunidade e faz

uma consulta ao ilustre Deputado Ibrahim Abi-Ackel: o parecer de V.Exa. quanto à

constitucionalidade é em relação a cada uma das emendas ou a todas elas?

O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL – Sr. Presidente, houve uma omissão de minha

parte: o parecer é pela rejeição da Emenda do Senado nº 1, pela rejeição da

Emenda do Senado nº 3...

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel, se

a rejeição de V.Exa. for devido à inconstitucionalidade, a emenda não vai a voto. O

parecer de V.Exa. deve se restringir à constitucionalidade ou não da matéria, não ao

mérito. Enfim, dependendo do parecer de V.Exa., a matéria será ou não submetida à

votação.

O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL – Sr. Presidente, infelizmente não vejo como

dar parecer pela inconstitucionalidade, porque não vislumbro esse vício nas

emendas. Sou obrigado a tomar tempo à Casa com a necessidade da votação,

porque o parecer se referia ao mérito das emendas.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O parecer, portanto, é pela

constitucionalidade das emendas.

A Mesa agradece a V.Exa., nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel.

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1004

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) – Sr. Presidente, há pareceres divergentes. Pergunto como se dará a

votação, uma vez que há pareceres divergentes por parte das Comissões

substituídas pelos Deputados em plenário.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado José Antonio Almeida,

V.Exa. se antecipa à Mesa, que ia exatamente esclarecer esse ponto.

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1005

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, creio que houve entendimento entre o Relator, Deputado

Professor Luizinho, e a Deputada Laura Carneiro, aos quais cabia dar parecer

quanto ao mérito das emendas.

Quanto ao nosso colega jurista Deputado Ibrahim Abi-Ackel, por quem temos

muito apreço, S.Exa. disse que não tinha como dar parecer em substituição à

Comissão de Constituição e Justiça pela inconstitucionalidade. S.Exa. abordou o

mérito da matéria ciente de que não lhe cabia apreciá-lo. Portanto, não há parecer

divergente. A Deputada Laura Carneiro, com todo o seu conhecimento, mostrou a

importância dos pontos que defendia e negociou com o Deputado Professor

Luizinho, de modo que todas as oito emendas do Senado Federal foram aceitas,

salvo as de nºs 1 e 2. Os dois Deputados responsáveis pela apreciação da matéria

quanto ao mérito estão de acordo.

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1006

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concordo com o Deputado Inocêncio

Oliveira, mas prestarei esclarecimento que pode dirimir dúvidas que ainda restam no

Plenário. Há pareceres divergentes das Comissões de Relações Exteriores e de

Defesa Nacional e de Seguridade Social e Família em relação às Emendas nºs 1 e 2.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, houve acordo entre as

Comissões para rejeitar as emendas.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, esse acordo não foi

anunciado.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Houve parecer divergente — e a Mesa

está anotando com cautela — em relação às Emendas nºs 1 e 2. O parecer do

Professor Luizinho foi pela rejeição e o da ilustre Deputada Laura Carneiro pela

aprovação.

A Mesa pretende fazer a votação, obviamente, se o Deputado Professor

Luizinho mantiver seu parecer.

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1007

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Ouço o Deputado Professor Luizinho.

O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, os pareceres das Emendas nºs 1 e 2 estão mantidos.

Somos pela rejeição e favoráveis às Emendas nºs 3 a 8.

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1008

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Mesa orientará a votação,

respondendo, inclusive, ao Deputado José Antonio Almeida e ao ilustre Líder

Inocêncio Oliveira.

Serão votadas em bloco as Emendas nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8, sobre as quais o

parecer é coincidente. E votaremos separadamente as Emendas nºs 1 e 2, que têm

pareceres divergentes.

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1009

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem a palavra pela ordem o Deputado

Arnaldo Faria de Sá.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, salvo engano, o Deputado Ibrahim Abi-Ackel ofereceu

parecer contrário à Emenda nº 3.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não. O parecer que cabia ao ilustre

Deputado Ibrahim Abi-ackel foi favorável e pela constitucionalidade das matérias, já

que falava em nome da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação. S.Exa.

não proferiu parecer de mérito. Fez a correção ao final, porque era o que lhe cabia.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Qual foi o parecer exarado pelo Prof.

Ibrahim Abi-ackel a respeito da matéria?

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O Deputado Ibrahim Abi-ackel

expressou uma opinião sempre muito respeitada por esta Casa em relação ao

mérito. Mas, ao ser alertado sobre a inconstitucionalidade do parecer que, por

deferência a esta Mesa, está produzindo, S.Exa. deixou claro discordar do mérito da

matéria, contudo manteve o parecer pela constitucionalidade, pautado na correção

com que exprime suas opiniões.

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1010

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação as Emendas nºs 3, 4, 5, 6,

7 e 8.

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1011

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, estou inscrito para encaminhar a matéria. A votação não

pode ser realizada, caso não tenha sido feito o encaminhamento.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. tem razão, nobre Deputado

Arnaldo Faria de Sá. Não havia chegado à Presidência a inscrição de V.Exa.

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1012

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para encaminhar contrariamente, está

inscrito o Deputado Arnaldo Faria de Sá; para encaminhar favoravelmente, o

Deputado Fernando Coruja.

Concedo a palavra ao nobre Deputado Arnaldo Faria de Sá.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o relatório apresentado pelo Deputado

Professor Luizinho e pela Deputada Laura Carneiro e consubstanciado pelo parecer

do nobre jurista e Deputado Ibrahim Abi-Ackel tem a melhor das intenções, isto é,

caminha no sentido de que efetivamente possamos controlar e fiscalizar substâncias

entorpecentes e psicotrópicas que geram dependência física ou psíquica.

Encaminharei contrariamente apenas em relação à Emenda nº 7. Ao ser

aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto estabelecia, no seu art. 20, valores

para fixar as taxas de controle e fiscalização de tais produtos. No item I,

desprezados os centavos, havia sido estabelecido o valor de 319 reais para a

emissão do registro cadastral. A proposta do Senado Federal elevou

substancialmente tal valor, que passou a ser de aproximadamente 500 reais. No

item que dispõe sobre a emissão de certificado de licença, emissão de segunda via,

renovação de licença e alteração de registro, o valor era de 159 reais. A emenda do

Senado Federal eleva esse valor para cerca de mil reais, valor bastante elevado.

Logicamente, mesmo que esses valores venham a ser reduzidos pela Emenda nº 8,

quando se tratar de empresa de pequeno porte, de filial ou de microempresa, ainda

assim serão extremamente elevados.

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1013

Acompanhei um dos comentários a respeito das taxas, que diziam que elas

seriam necessárias para que se pudesse manter o sistema de controle e de

fiscalização. Mas o Poder Público não pode, quando quer estabelecer sistemas de

controle e fiscalização, transferir para a sociedade a responsabilidade da

manutenção de todos os programas.

Na verdade, quando se chega a ter taxas que se tornam proibitivas, elas

acabarão permitindo que se encontre um sistema de fuga, uma rota alternativa que

não propiciará o verdadeiro controle que ser quer, porque se o valor for menor, como

aquele proposto inicialmente pela Câmara dos Deputados — valores de 319 reais,

159 reais, 100 reais, 21 reais, 10 reais —, as pessoas pagarão essas taxas. E, além

do pagamento da taxa, do dispêndio financeiro, elas cumprirão todas as exigências.

No entanto, quando esses valores são elevados, como os propostos pela emenda

do Senado Federal — valores de mil reais e de 500 reais —, a pessoa procurará

uma alternativa para não pagar e, não pagando, deixará de cumprir outros detalhes

extremamentes importantes para que possam ocorrer o controle e a fiscalização.

Sei que, a esta altura da sessão, o que se quer é aprovar o projeto, que se

encontra no regime de urgência — art. 64, § 3º, da Constituição — e se não for

votado acabará trancando a pauta novamente. Então, para evitar o trancamento da

pauta, vai-se votar o projeto de qualquer maneira, sem se discutir a emenda na sua

profundidade. Acredito que os valores elevados — e gostaria até de estar errado —

que se impõem a essas taxas acabarão fazendo com que as pessoas procurem

alternativas. Os valores anteriormente fixados por proposta da Câmara dos

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Deputados já estavam acertados, mas essa nova proposta do Senado,

lamentavelmente, tornará inviável o pagamento de certos valores.

Em relação ao acordo que estabeleceu a supressão do art. 8º do projeto e em

relação à Emenda nº 2, que suprimiu o inciso IX do art. 13, está se atendendo a

outro segmento do setor, no que diz respeito à guia de trânsito. A guia acaba sendo

um fator positivo, mas quando se colocam taxas que proíbem o seu cumprimento,

certamente os prejuízos acabarão sendo piores.

Esse é o encaminhamento, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado

Fernando Coruja, para encaminhar favoravelmente à matéria.

O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, estamos votando as emendas do Senado ao Projeto de Lei nº 5.074,

que tem por finalidade aumentar a fiscalização sobre o transporte de substâncias

que podem ser utilizadas para a fabricação de psicotrópicos e entorpecentes.

Todo mundo conhece a necessidade que tem o País de controlar melhor o

tráfico de drogas, que se tem ampliado muito no País e no mundo. Temos de criar

mecanismos que coíbam o tráfico e, conseqüentemente, o uso. O projeto foi

aprovado aqui. Ele é importante, sem dúvida alguma. Mas queremos abrir um

parênteses para alertar sobre a urgência constitucional.

A Câmara dos Deputados está criando mecanismos de obstrução produzidos

pelo Governo para discussão de matérias tão ou mais importantes do que esta, em

função de o Governo fazer a nossa pauta, porque estabelece urgência para um

projeto dessa ordem. O fato de ser importante não quer dizer que seja urgente. Na

verdade, estamos apenas aumentando algumas taxas, criando mecanismos de

controle, que são importantes, mas não são urgentes no sentido do que a

Constituição previu. A urgência que a Constituição previu no art. 64 é diferente, não

é uma urgência pela vontade, pela importância, mas pela questão do tempo, com

limite de 45 dias. Queremos protestar contra isso.

Chamo atenção dos Parlamentares, também, porque o projeto cria taxas e

tarifas e acaba servindo mais como modelo arrecadatório — e dissemos isso aqui

por ocasião da votação do projeto — do que como mecanismo adequado de

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fiscalização. Mas é claro que, como toda boa intenção neste País, caminha na

direção de encontrar mecanismos que possam coibir ou combater o tráfico de

drogas. Temos de dar a mão à palmatória e apoiar a proposta do Governo na

esperança de que essas ações do Executivo realmente ajudem a minorar o

problema.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação as Emendas de nºs 3, 4, 5,

6, 7 e 8 ao Projeto de Lei nº 5.074, de 2001, com pareceres favoráveis dos

Relatores.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo

permaneçam como se acham.

APROVADAS

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O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão

do orador.) – Sr. Presidente, queria fazer um registro em nome da Liderança do

Bloco Parlamentar PSB/PCdoB.

Somos contrários às Emendas nºs 7 e 8. Não podemos votá-las

separadamente. Por isso, não manifestamos nosso voto contrário.

Portanto, registro que o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB é contra as Emendas

nºs 7 e 8, porque entende que, no momento em que se aumentam demasiadamente

as taxas, facilita-se sua violação, como foi muito bem dito pelo Deputado Ibrahim

Abi-Ackel.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda nº 1, com

pareceres divergentes.

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1021

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo

permaneçam como se acham.

APROVADA.

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1022

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a Emenda nº 2, com

pareceres divergentes.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo

permaneçam como se acham.

APROVADA.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Há sobre a mesa e vou submeter a

votos a seguinte

REDAÇÃO FINAL:

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo

permaneçam como se acham.

APROVADA.

A matéria vai à sanção.

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1026

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, este foi um grande momento para a Casa. Votamos dois

projetos importantes que estavam trancando a pauta da Câmara.

Espero que, por um ajuste entre todos os partidos com assento nesta Casa,

possamos votar a urgência dos quatro projetos de lei que tratam do acordo para

acabar a greve dos servidores do INSS e das universidades públicas. Já há acordo

de todos os partidos para que amanhã possamos votar o mérito dessas matérias.

Acordos precisam ser cumpridos.

Sr. Presidente, a Câmara dos Deputados, mais uma vez, contribuiu para a

solução de uma greve. Ressalto o trabalho de V.Exa., que outra vez atuou como

moderador entre as partes, sem fugir do equilíbrio que deve ter o Presidente desta

instituição.

Louvo também a Casa por ter, por meio das várias Lideranças, participado

desse amplo entendimento que permitirá o fim da greve na Previdência Social e nas

universidades públicas.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência cumprimenta o Líder

Inocêncio Oliveira e informa que estará preparada para votar, se for esse o

entendimento do Plenário, as urgências que possibilitarão o fim dessas greves.

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1028

O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, o PDT também deseja votar essas urgências, porque

entende que é preciso encontrar solução para o problema dos servidores públicos

em greve, mas há sobre a mesa projeto com urgência urgentíssima aprovada sobre

a impressão do voto nas urnas eletrônicas. E, a rigor, ele tem prazo, porque, daqui a

pouco, não será possível mais o Tribunal Superior Eleitoral implementar sequer

parte desse projeto. Se V.Exa. considerar que hoje a sessão não comporta mais,

podemos votá-lo na sessão de amanhã como primeiro item da pauta.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Miro Teixeira, pela relevância

da matéria, ela já está previamente pautada para a sessão extraordinária de

amanhã. Não vou dizer que será o primeiro item da pauta porque pretendo votar

antes de qualquer outra coisa o segundo turno da imunidade parlamentar, que,

tenho certeza, contará com o apoio de V.Exa.

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1029

O SR. PAULO LESSA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PAULO LESSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, quero dizer que votei com minha consciência em relação ao projeto

da CLT. Mas já começamos a sentir o desespero. Uma Deputada da minha cidade

veio dizer que não represento o Município de Macaé. Recebi 18 mil votos em

Macaé, enquanto a Deputada a que me refiro teve 7 mil e poucos votos. Na cidade

de Carapebus, onde a Deputada nasceu, S.Exa. obteve 300 e poucos votos,

enquanto eu obtive 1.100 votos. Obtive 38 mil votos, e, portanto, estaria nesta Casa

como titular em qualquer outra legenda que não o PFL.

Sr. Presidente, há pessoas que não têm luz própria. É como a estrela

apagada que precisa do holofote de outro. É o caso da Deputada com o Governador

Anthony Garotinho. Sem o Governador para exigir dos Prefeitos do PDT do interior

que peçam voto para a Deputada, ela não estaria no Congresso Nacional.

Estou aqui há quinze dias, e, com certeza, o povo da minha região e da minha

cidade, Macaé, sabe que agora tem um representante no Parlamento. A Deputada

até hoje não disse o que veio fazer em Brasília. Quero ver como ela terá votos no

ano que vem sem a presença do Governador Anthony Garotinho na nossa região.

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1030

A SRA. MIRIAM REID - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, quero dizer que, com muita honra e muito orgulho,

continuo morando em Macaé, andando nas ruas de cabeça erguida e representando

com dignidade a classe trabalhadora que me elegeu.

Não tenho duas caras: uma lá e outra cá. O que falo em Macaé falo desta

tribuna.

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1031

O SR. RUBENS BUENO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) – Sr. Presidente, somos contra as Emenda nºs 1 e 2 e favoráveis às

Emendas nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8. É importante deixar isso registrado.

Sr. Presidente, o Deputado Miro Teixeira levantou a questão do projeto sobre

as urnas eletrônicas. Precisamos resolver também a questão do lobby. Há

requerimento sobre a mesa já discutido e aprovado no Colégio de Líderes.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está na pauta para ser votado amanhã.

Apenas estou antecipando a votação desses quatro pedidos de urgência, porque

são fundamentais para que as greves nas universidades públicas e no INSS sejam

superadas.

O SR. RUBENS BUENO – E têm todo o nosso apoio.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Portanto, apelo aos Srs. Deputados

que permitam sejam votados os requerimentos para a superação do impasse.

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O SR. OSMAR TERRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. OSMAR TERRA (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –

Sr. Presidente, chamo a atenção para uma questão de tempo que estamos vivendo

agora.

Se a PEC da iluminação pública não for votada logo, não haverá tempo para

tramitar no Senado Federal e ser aprovada nas Câmaras Municipais ainda este ano.

Portanto, ela não valerá para o ano que vem. Os Prefeitos estão ansiosos com

relação ao assunto. Não é culpa de ninguém, é claro, mas temos urgência em votar

essa PEC. Queria o compromisso do Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Considero adequada a lembrança de

V.Exa. Tive a iniciativa, ao lado de inúmeros Líderes partidários, de pôr essa matéria

em votação, em primeiro turno. Contudo, é preciso cautela, já que se trata de

emenda à Constituição, que requer a obtenção de quorum constitucional. Pior que o

atraso ou o adiamento por um dia — ela será votada impreterivelmente amanhã — é

o risco de que ela seja derrotada. Sugiro a V.Exa. que consulte os Líderes presentes

enquanto submeto à votação os requerimentos de urgência. Volto a essa matéria em

seguida.

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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra, pela ordem, o Líder

Walter Pinheiro.

O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, assinamos quatro requerimentos de urgência que se encontram

sobre a mesa. Quanto ao projeto enviado pelo MEC, que esteve durante todo o dia,

até este momento, ainda em negociação, buscou-se resolver a pendência, já que

não havia sido inserido o que foi negociado. Resolvemos agora votar a urgência,

uma vez que há efetivo compromisso de o MEC inserir no projeto o que

concretamente foi negociado. Essa é nossa preocupação.

Então, a condição para se votar a matéria amanhã é que o teor do projeto

negociado seja inserido.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – É importante o alerta de V.Exa. Vamos

votar hoje a urgência, o que permitirá que a matéria seja inserida no bojo do projeto

para posterior deliberação.

O SR. WALTER PINHEIRO – Exatamente. Gostaria de registrar, portanto,

que o Partido dos Trabalhadores votará favoravelmente às urgências.

Por outro lado, há um aspecto que não pode passar sem registro: essa

negociação foi proposta por Parlamentares de diversos partidos desde o dia 26 de

setembro e gerou até incompreensão. Mas ainda é possível recuperar o acordo. A

Casa teve decisivo papel no assunto. Todavia, é importante registrar que já

poderíamos ter resolvido a questão da verba para as universidades desde o dia 26

de setembro.

Louvo a incansável e batalhadora atitude da Câmara dos Deputados, em

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particular da Comissão de Educação, que teve destacado papel ao tentar remover

resistência de alguns.

Há ainda, Sr. Presidente, duas pendências: o acordo da Previdência, que é

importante ser fechado, e o da Saúde, que também fazia parte da greve. Tive hoje

conversa com o Ministro José Serra. S.Exa. me garantiu que honraria sua palavra —

e não seria diferente, uma vez que o Ministro honra os compromissos conosco

assumidos —, no sentido de que também o projeto dos servidores da Saúde seja

enviado o mais depressa possível, a fim de que esta Casa e o Senado votem a

matéria, e o problema seja solucionado.

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A SRA. LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. LAURA CARNEIRO (PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da

oradora.) - Sr. Presidente, quero apenas informar que, quanto à greve da

Previdência — hoje mesmo estive com o comando de greve —, não há nenhuma

pendência. O acordo do Governo Federal foi mantido.

Quanto à proposta da Saúde, o Ministro José Serra está tentando, junto ao

Ministério do Planejamento, a elaboração de projeto de lei a ser enviado a esta

Casa. Como ainda não existe projeto de lei, não há urgência a ser votada.

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1036

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, esses requerimentos de urgência, ainda que não tenham o

mérito fechado, são extremamente importantes, visto que já estamos na penúltima

semana dos trabalhos legislativos.

Por isso, há necessidade de superar não só as questões relativas aos

professores e aos servidores da Saúde, como bem lembraram os Parlamentares que

me antecederam, mas também as relativas aos servidores da Previdência,

extremamente importantes, haja vista que os postos da Previdência têm grande

acúmulo de pessoas que não regularizaram sua situação, e os funcionários esperam

que, com a aprovação do projeto, possam ter tratamento digno e coerente.

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1037

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço ao Plenário e aos Srs.

Líderes a contribuição no sentido de solucionar essas matérias importantíssimas

para os funcionários públicos brasileiros, notadamente da área da Previdência e da

Educação. Espero que eles possam regularizar sua situação e reiniciar de forma

adequada os trabalhos.

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1038

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Sobre a mesa o seguinte requerimento:

Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento

Interno, urgência para apreciação do Projeto de Lei nº

5.805, de 2001, que dá nova redação ao art. 4º da Lei nº

6.932, de 7 de julho de 1981, altera as tabelas de

vencimento básico dos professores de ensino de 3º grau

e dos professores de 1º e 2º graus, integrantes dos

quadros de pessoal das instituições federais de ensino, e

altera dispositivos da Lei nº 10.187, de 12 de fevereiro de

2001.

Assinam todos os Srs. Líderes partidários.

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1039

A SRA. TÂNIA SOARES – Sr. Presidente, peço a palavra para orientar a

bancada.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.

A SRA. TÂNIA SOARES (Bloco/PCdoB-SE. Sem revisão da oradora.) –

Sr. Presidente, o voto do Bloco Parlamentar PSB/PCdoB é favorável à urgência.

Esta Casa desempenhou papel fundamental na negociação, notadamente a

Comissão de Educação, Cultura e Desporto, visto que conseguimos dar fim à greve.

Esperam ainda as universidades que votemos esse projeto, para que se retome o

normal funcionamento das instituições, inclusive a realização dos vestibulares.

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1040

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o requerimento de

urgência.

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1041

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua

aprovação permaneçam como se acham.

APROVADO.

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1042

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Requerimento sobre a mesa.

Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento

Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.299/01 — do

Poder Executivo —, que regulamenta o inciso X do art. 37

da Constituição, que dispõe sobre a revisão geral e anual

das remunerações e subsídios dos servidores públicos

federais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

da União, das autarquias e fundações públicas federais.

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1043

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.

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1044

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua

aprovação permaneçam como se acham.

APROVADO.

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1045

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa o seguinte requerimento:

Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento

Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.493/01 — do

Poder Executivo —, “que dispõe sobre a criação da

Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-

Administrativa — GDATA, e dá outras providências.”

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1046

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.

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1047

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua

aprovação, permaneçam como se acham.

APROVADO.

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1048

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Reitero que as urgências estão

assinadas por todos os Srs. Líderes partidários.

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1049

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Requerimento sobre a mesa:

Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento

Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.703/01, que

dispõe sobre a Gratificação de Estímulo à Docência, de

que trata a Lei nº 9.678, de 3 de julho de 1998, e a

Gratificação de Incentivo à Docência, de que trata a Lei nº

10.187, de 12 de fevereiro de 2001.

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1050

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.

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1051

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua

aprovação permaneçam como se acham.

APROVADO.

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1052

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa reitera que a Câmara dos

Deputados exerceu decisivo papel nas negociações, seja através da Comissão de

Educação, Cultura e Desporto, seja através da Comissão de Seguridade Social e

Família, seja através de cada uma das Comissões afeitas à matéria em discussão.

Portanto, como Presidente desta Casa, cabe a mim cumprimentar os Srs.

Líderes partidários e cada um dos Srs. Parlamentares. Além do papel constitucional

de legislar, esta Casa tem ido muito além ao dirimir dúvidas e muitas vezes superar

impasses, como no caso desta matéria, inclusive retirando de propostas de

emendas, cuja indicação caberia aos Srs. Parlamentares, recursos para fazer face

aos entendimentos tratados e acertados junto ao Poder Executivo.

Esta matéria volta à pauta para ser discutida no seu mérito e votada amanhã

em sessão extraordinária da Câmara dos Deputados.

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1053

O SR. PINHEIRO LANDIM - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. PINHEIRO LANDIM (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, na votação anterior, nominal, votei de acordo com a orientação do

partido.

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1054

O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela Ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, V.Exa. falou com muita propriedade, mas é preciso discutir

também a questão preliminar que diz respeito à urgência constitucional.

O art. 64 da Constituição Federal diz que o Poder Executivo poderá solicitar

urgência constitucional — e não comunicar —, e a Câmara dos Deputados,

preliminarmente, diz se aceita ou não. É este o debate que temos de travar.

Hoje estamos neste plenário com prejuízo de toda a ordem com relação à

pauta. Por exemplo, discussões e votações que deveriam estar sendo realizadas

sobre a correção da tabela do Imposto de Renda, do Orçamento Geral da União,

das urgências relativas às greves no serviço público, de fundamental importância

para a qualidade do serviço público e do atendimento à população, estão

suspensas, porque a pauta está trancada. Ou seja, um projeto é enviado a esta

Casa com pedido de urgência constitucional e paralisa toda a atividade do

Parlamento. Estamos paralisados, com a pauta trancada, com medidas importantes

a serem votadas, sem poder fazê-lo.

Sr. Presidente, temos de discutir a preliminar da urgência constitucional, e

essa preliminar significa passar pelo Plenário desta Casa para saber se ele aceita ou

não a urgência solicitada pelo Presidente da República. Esse é o debate que temos

de travar a partir deste momento.

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1055

O SR. NICIAS RIBEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. NICIAS RIBEIRO (PSDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

na primeira votação da tarde, segui a orientação do PSDB.

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1056

O SR. ALEX CANZIANI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. ALEX CANZIANI (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, inicialmente, registro que, na votação anterior, votei de acordo com a

recomendação do PSDB.

Gostaria também de fazer um importante registro referente ao Município de

Londrina, Estado do Paraná. Apresentamos emenda ao Orçamento no valor de 250

mil reais para fazer na região um grande centro cultural, mas até hoje, dia 4 de

dezembro, por falta de competência da administração do PT no nosso Município,

não estamos com a documentação necessária para que os recursos possam ser

liberados.

Esperamos que o Prefeito determine a sua equipe que viabilize a

documentação o mais rápido possível para que possamos oferecer ao querido

Município de Londrina essa obra de grande importância cultural.

Muito obrigado.

O Sr. Aécio Neves, Presidente, deixa a cadeira da

presidência, que é ocupada pelo Sr. Dr. Heleno, § 2º do

art. 18 do Regimento Interno.

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1057

O SR. AGNALDO MUNIZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. AGNALDO MUNIZ (Bloco/PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero parabenizar o Deputado Aécio Neves pela forma

clara, tranqüila e ordeira como conduziu o processo de votação, em que pese o

resultado ter sido contrário ao que nós, defensores dos trabalhadores, esperávamos.

Gostaria ainda de registrar a presença do Sr. Isaías, da cidade de Cacoal,

integrante do SITRACOM — Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Interior

do Estado de Rondônia —, que veio acompanhar os trabalhos desta Casa.

Certamente S.Sa. observou que temos companheiros dignos, que lutaram com

veemência, clareza e muita determinação pelos direitos e garantias estabelecidos na

Constituição e na própria CLT.

Essas reformas trarão profundos problemas aos trabalhadores não só do

Estado de Rondônia, mas de todo o Brasil, porque hoje ficamos numa condição de

inferioridade para negociar com os grandes empresários, com as pessoas que

detêm o poder. Diante da crise econômica por que passa a Nação, da falta de

emprego, o empregado talvez terá de se humilhar perante o patrão para não perder

seu ganha-pão.

Quero também parabenizar os companheiros que levantaram essa bandeira

conosco, que lutaram contra esse monopólio. Apesar de termos sido derrotados

nesta Casa, esperamos por uma vitória no Senado. O mais importante é que

lutamos juntos pelos direitos e garantias constitucionais estabelecidos na

Constituição Federal. Muito obrigado.

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1058

O SR. MILTON MONTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. MILTON MONTI (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,

na votação anterior votei com o PMDB.

O SR. FRANCISCO GARCIA (Bloco/PFL-AM. Sem revisão do orador.) – Sr.

Presidente, na votação anterior votei com o PFL.

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1059

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem para

apresentar proposição.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, esperei pacientemente o final da Ordem do Dia para, conforme

manda o Regimento, fazer o registro de proposição que considero de grande

importância.

Tal proposição foi assinada, no prazo de apenas dois dias, por mais de 220

Deputados e Deputadas desta Casa. Trata-se de incluir novo inciso no § 9º do art.

165 e alguns parágrafos ao mesmo artigo da Constituição Federal, a fim de instituir o

orçamento participativo nacional. Já há experiências nesse sentido em diversas

cidades do País, em especial no Estado do Rio Grande do Sul, onde fui Secretário

de Estado até dezembro de 2000 e coordenei o orçamento participativo pioneiro.

Neste momento de tantas dificuldades, quando se visa à democratização do

Estado, uma das peças que mais causa problemas à vida brasileira e à vida do

próprio Congresso é a elaboração da peça orçamentária e, muitas vezes, também a

do Plano Plurianual. O que proponho poderá evitar o que acontece atualmente nesta

Casa, ou seja, um verdadeiro leilão do Orçamento Público, no qual, em votações

importantíssimas como a que se realizou hoje, haja a barganha do Governo baseada

em emendas e não nas propostas feitas diretamente pela população.

Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fica registrada a

apresentação dessa PEC para que se institua no Brasil a discussão do Orçamento-

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1060

Geral da União em todos os Municípios, em todos os Estados, a fim de que se abra

caminho para a efetiva democratização do Poder Público neste País.

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1061

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Apresentação de proposições.

Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.

APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:

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1062

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)

- Sr. Presidente, comunico à Casa que, neste final de sessão legislativa, a Comissão

Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização vai funcionar de manhã, à

tarde e à noite — ela já está convocada para sexta-feira e sábado desta semana —,

para que o Orçamento seja aprovado. Mas anuncio de público que o Partido dos

Trabalhadores vai vincular toda essa tramitação e esse esforço ao aumento real do

salário mínimo.

É inadmissível que se discutam tantas emendas sem se discutir um salário

mínimo decente para este País. É inaceitável que alguém possa pensar em dar um

aumento de dez reais para o salário mínimo, o que não cobre sequer a inflação

acumulada, sequer se aproxima da promessa do Governo Fernando Henrique

Cardoso de um salário de cem dólares, que, pela cotação de hoje, seria de 245

reais. Portanto, não se pode pensar em valor inferior aos 216 reais, que não

correspondem aos 100 dólares previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Sr. Presidente, deixo claro para esta Casa e para o País que participaremos

de todos os esforços; nos reuniremos sábado e domingo se necessário. Podemos

obstruir, jogar o Orçamento para o ano que vem, mas nada admitiremos sem que

haja a consignação de um salário mínimo decente, de, pelo menos, 216 reais.

Proporemos, inicialmente, 220 reais. Lutaremos por esse valor e, quem sabe,

conseguiremos a vitória.

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1063

O SR. OLIVEIRA FILHO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. OLIVEIRA FILHO (Bloco/PL-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte

discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, procurado por trabalhadores,

liderados por Ismael Alves dos Santos, motorista aposentado por invalidez, com

séria seqüela decorrente de assalto à mão armada, sofrido no exercício da sua

atividade, descrevo a grave situação que enfrentam motoristas e cobradores dos

ônibus urbanos no Estado do Paraná. Além da notória insegurança, pois são

assaltados diariamente, as empresas, ao arrepio das leis trabalhistas brasileiras,

desrespeitam, normalmente, seus empregados.

A seguir, vou mencionar alguns itens que demonstram as humilhações e

infortúnios a que são submetidos motoristas e cobradores urbanos paranaenses.

Se qualquer ônibus urbano for assaltado, quem paga a diferença da caixa,

sem direito a defesa, é o cobrador — alem da arbitrariedade, é um abuso contra o

trabalhador. A empresa faz do cobrador o responsável pelo roubo.

Se houver quaisquer tipos de acidentes (batidas) envolvendo um ônibus

(tenha ou não razão), a empresa sempre responsabiliza financeiramente o motorista,

até por danos contra terceiros e pelo valor da franquia, quando o seguro cobrir

outros valores.

O motorista é igualmente responsável pelo pagamento de multas, mesmo que

estas existam em razão de determinações das empresas (cumprimentos de quotas,

quantidades de viagens ou mínimos de passagens).

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1064

A jornada de trabalho de cobradores e motoristas é de 6h por dia (36h por

semana). Não são respeitados, evidentemente, os intervalos para lanches, porque

eles têm de estar a postos nas viagens e nos pontos finais, e não podem levar

marmita, por não terem lugar para guardá-la ou aquecê-la.

Quando a empresa marca reunião com o pessoal (novas normas e diretrizes),

o faz sem observar o horário a ser cumprido pelos profissionais. Assim, motorista e

cobrador que começam (como exemplo) às 14h, são convocados para a reunião das

9h, ficam ociosos na empresa do término da reunião até o inicio da jornada (em

geral moram em bairros distantes, e não é viável irem até em casa), sem nenhum

retorno financeiro.

Os uniformes são custeados pelos próprios profissionais, embora sejam

equipamentos de trabalho.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ser motorista ou cobrador de

empresas de ônibus urbanos no Paraná é ser herói. É, além das dificuldades

naturais da atividade, viver à mercê de patrões insensíveis e espoliadores.

Solicito ao Sr. Francisco Dornelles, Ministro do Trabalho, que, por favor,

considere o meu Paraná, observe a situação de motoristas e cobradores, determine

que fiscais visitem as empresas e simplesmente exijam o cumprimento das leis

trabalhistas. Sei que não é pedir muito. Se for feito o mínimo, já será de grande

valia.

Se não forem tomadas as medidas necessárias, vou defender, desta tribuna

ou aonde for possível, o povo paranaense, sofrido, é verdade, mas honesto e

valoroso.

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Deus Abençoe o Paraná!

Deus Abençoe o Brasil!

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) – Tem V.Exa. a palavra.

O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o

seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, realiza-se, nos dias 4 e

5 do corrente mês, em Washington, D.C., o Seminário “Participação,

Descentralização e Desenvolvimento Promovido pelas Comunidades”.

O evento, que ocorre na sede do Banco Mundial, com o apoio logístico do

Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola, através do Centro Internacional

para o Desenvolvimento Rural e da PADECO — empresa de consultoria japonesa, é

a oportunidade para o debate e a reflexão sobre as experiências exitosas de

desenvolvimento rural e participação comunitária, implementadas com o apoio do

Banco Mundial, dentro de sua linha de ação de combate à pobreza e de melhoria da

qualidade de vida da população no meio rural.

É alvo de intenso debate, no plenário daquele Seminário, o Projeto São José,

criado pelo Governo do Estado do Ceará como instrumento de ação do Poder

Público para o fortalecimento das comunidades rurais, com a preocupação básica de

geração de emprego e renda.

A implementação e consolidação desse projeto se deram por meio de um

trabalho de parceria envolvendo o Governo do Estado, os Conselhos Municipais de

Desenvolvimento Sustentado e as organizações comunitárias que congregam os

pequenos produtores rurais.

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O Projeto São José foi executado em 177 Municípios do Estado do Ceará,

tendo como beneficiários 5.032 comunidades, com atendimento de 333.344 famílias,

em 5.089 projetos, e alocação de 211 milhões de reais.

Em função da avaliação favorável do projeto, cujos resultados positivos estão

explicitados nos relatórios do Banco Mundial, o Governo do Estado do Ceará

continua recebendo apoio daquela instituição financeira.

Para dar continuidade ao trabalho, foi celebrado, recentemente, acordo de

empréstimo entre o Banco Mundial e o Governo do Ceará, no valor de 50 milhões de

dólares. Desse total, 37,5 milhões advirão do BIRD e 12,5 milhões representarão a

contrapartida do Governo Estadual e das comunidades beneficiárias. Estes recursos

serão destinados à implementação de 2 mil subprojetos comunitários, beneficiando

120 mil famílias em 177 Municípios do Estado do Ceará.

A implementação do Projeto São José vem sendo acompanhada,

sistematicamente, por técnicos e especialistas do Banco Mundial que avaliam sua

eficácia em termos de geração de emprego e renda e como mecanismo de

fortalecimento das organizações comunitárias.

Hoje esse projeto é parte integrante da agenda do Governo do Estado do

Ceará, onde o espaço social foi ampliado de forma a incluir toda a população

marginalizada no processo de desenvolvimento, em especial os segmentos que

vivem em áreas castigadas pelas estiagens prolongadas.

A importância conferida ao trabalho de fortalecimento das organizações

comunitárias no Estado do Ceará é manifestada na relevância dada pelo Banco

Mundial à experiência do Projeto São José — tema de debate no Seminário que ora

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se realiza em Washington e conta com a participação do Governador Tasso

Jereissati. O Governador, neste momento, está proferindo palestra no plenário

daquele conclave.

Ao evento estarão presentes, também, o Dr. Josias Farias Neto, Diretor da

Diretoria de Coordenação Técnica da Secretaria de Desenvolvimento Rural, e a Sra.

Josefa Sales Lima, representante da Associação Comunitária de Várzea do Gado,

do Município de Pentecoste.

É relevante ressaltar a importância dada pelo BIRD aos legítimos

representantes das comunidades rurais diretamente envolvidas no processo,

explicitada, aqui, no convite pessoal formulado à Presidente da Associação

Comunitária de Várzea do Gado de Pentecoste.

Na oportunidade, queremos enfatizar o trabalho desenvolvido pelo

Governador Tasso Jereissati e pelo Secretário de Desenvolvimento Rural, Dr. Pedro

Sisnando Leite, que, por meio de eficiente processo de descentralização das

políticas públicas, vêm lutando para superar as carências e déficits sociais elevados

que ainda se manifestam em níveis inaceitáveis de pobreza e de desigualdades

sociais.

O Governo do Estado vem, em parceria com o Governo Federal, montando

uma rede de proteção social, por meio da ação direta junto às populações com

carências especiais. E, no conjunto dos programas que formam esta rede de

proteção social, situa-se o Projeto São José, cuja eficácia é assegurada pela intensa

participação das comunidades envolvidas, assegurando, assim, que os recursos

alocados nos programas sociais cheguem efetivamente aos beneficiários finais.

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A participação social é o segredo do sucesso dos programas de

desenvolvimento local integrado e sustentável implementados pelo Governo do

Estado do Ceará.

Era o que tínhamos a dizer.

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O SR. WILSON SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. WILSON SANTOS (PSDB-MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -

Sr. Presidente, quero registrar que meu voto na última votação seguiu a mesma

linha do primeiro, ou seja, “não”.

Aproveito a oportunidade para comunicar a todo o Brasil que hoje a Câmara

Municipal de Cuiabá aprovou, por 18 votos a 3, o passe livre para os estudantes de

1º, 2º e 3º graus daquela Capital, luta antiga que iniciou com o então Vereador

Antero Paes de Barros, hoje Senador da República, que conseguiu na época a

aprovação da meia passagem.

Depois de dezoito anos, aquela Casa aprova o passe livre integral para todos

os estudantes das redes pública e privada.

A luta pelo passe livre foi a principal proposta que apresentei, durante a

campanha de 2000 para a Prefeitura de Cuiabá, à juventude da minha cidade.

Acredito que, com o passe livre, diminuirá a evasão escolar, a repetência e sobrará

mais dinheiro para aplicação em livros, cultura, esporte e lazer.

Parabenizo a Câmara Municipal de Cuiabá por essa aprovação.

Quero parabenizar, de maneira especial, o ex-Vereador Antero Paes de

Barros, hoje Senador da República, que iniciou essa luta; o ex-Vereador Mário

Nadafi, do PSDB, que na legislatura passada apresentou a proposta do passe livre

em Cuiabá; os Vereadores Edmilson Prates, Milton Rodrigues e Totó Parente, que

apresentaram na atual legislatura projetos de lei propondo o passe livre em Cuiabá;

como também o Vereador Sérgio Ricardo, os ex-Vereadores Rinaldo Almeida,

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Douglas Energia, que também encamparam, ao longo dos últimos anos, a luta pelo

passe livre da juventude cuiabana.

Também está de parabéns a juventude cuiabana, que soube, através de

várias passeatas, manifestar-se, organizar-se. A juventude de Cuiabá dá a este País

uma lição: quando há organização, mobilização e principalmente consciência do que

se quer é possível mudar a realidade.

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O SR. JOÃO MAGNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, em que pese termos participado nesta noite de uma triste votação que

retirou os direitos dos trabalhadores contidos na CLT, trago notícia importante a

todos aqueles que querem defender as nossas águas, os rios brasileiros.

Na última sexta-feira, foi aprovada, na cidade de Aracaju, em Sergipe, em

reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a criação do Comitê de Bacias

do Rio Doce.

Esse comitê tem especial importância neste momento para um dos mais

importantes rios de Minas Gerais, sob o ponto de vista do desenvolvimento

econômico e social.

Sr. Presidente, o Rio Doce passa por um processo de desertificação. Houve

imensa mobilização de ambientalistas, militantes e ativistas do meio ambiente,

Prefeituras e Câmaras Municipais, para a criação do comitê. Conseguimos fazer

aliança com a Agência Nacional de Águas, com o Conselho Nacional de Recursos

Hídricos e colocar em pauta a matéria, que foi aprovada por unanimidade.

Foi um ótimo presente de Natal para os três milhões de habitantes da Bacia

do Rio Doce, pois o Comitê facilitará uma política de investimento, especialmente na

área de recuperação dos mananciais e de tratamento de esgoto. Serão 220

Municípios, situados nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, beneficiados,

daqui para frente, de forma prioritária.

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Esse foi um grande presente para os mineiros e para todos que sabem

valorizar e preservar as águas deste País.

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O SR. DR. HÉLIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.

Presidente, esta Casa viveu e vive momentos de altos e baixos. Houve momentos

que a valorizaram, como o da aprovação do Código de Ética, o estabelecimento de

normas que restringem a imunidade Parlamentar, entre outros fatos que marcaram

com relevância a participação da Presidência da Mesa Diretora desta Casa.

Viveu também momentos de baixa, como o da decisão perversa adotada

contra o trabalhador brasileiro, com a retirada dos direitos estabelecidos na

Consolidação das Leis do Trabalho e privilegiando o capital. Mas não nos sentimos

vencidos, e o trabalhador brasileiro também não se deve sentir assim. O Senado há

de fazer justiça, derrotando o projeto, que se iniciou nesta Casa e foi contra os

interesses dos trabalhadores brasileiros. E se não conseguirmos que o Congresso

se posicione contrariamente, decerto buscaremos amparo na Justiça brasileira.

Faço um apelo ao Congresso Nacional para que vote com urgência as

emendas que concedem os soldos e benefícios aos militares ativos e inativos e

também aos pensionistas. Tenho recebido pedidos nesse sentido. Dizem na

imprensa que, por conta das urgências constitucionais desta Casa, houve problema

para aprovar essas emendas. O principal responsável é o Governo por ter colocado

de forma açodada esta urgência constitucional, querendo mudar a CLT com esta

posição equivocada.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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O SR. POMPEO DE MATTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do

orador.) - Sr. Presidente, quero tão-somente registrar a apresentação na Casa de

três projetos de lei. O primeiro diz respeito à reserva de espaço para pessoas

portadoras de deficiência física nos bares e restaurantes. Os portadoras de

deficiência física não têm espaço adequado nesses ambientes. É preciso que a

legislação avance para atendê-los.

O segundo projeto, Sr. Presidente, refere-se à obrigatoriedade de

supermercados e similares disponibilizarem cadeiras de rodas para clientes

deficientes físicos, a fim que possam exercitar o direito elementar de fazer compras

nos supermercados. Assim como há hoje nos supermercados carrinhos para as

mães transportarem suas crianças, eles também devem dispor de cadeiras de rodas.

O terceiro projeto, Sr. Presidente, torna obrigatória a realização de exames

psicológicos periódicos para policiais civis e militares. O País vive grave drama em

relação à segurança pública e precisamos de agentes policiais psicologicamente

preparados para enfrentar o stress que vivemos nos grandes centros urbanos.

O exame psicológico atestará se o agente está apto a continuar nessa

atividade profissional ou se precisará de reciclagem.

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VII - ENCERRAMENTO

O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar

a sessão.

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O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - COMPARECEM MAIS OS SENHORES:

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DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:

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O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Encerro a sessão, designando para

quarta-feira, dia 5 de dezembro, às 13h, sessão ordinária. Convoco também sessão

extraordinária para logo após a sessão ordinária, ambas com a seguinte

ORDEM DO DIA

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(Encerra-se a sessão às 21 horas e 20 minutos.)