departamento de taquigrafia revisÃo e redaÇÃo … · 2001-12-14 · ... mostrando que, diante...
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DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA
REVISÃO E REDAÇÃO
SESSÃO: 254.3.51.O
DATA: 04/12/01
TURNO: Vespertino
TIPO SESSÃO: Ordinária - CD
LOCAL: Plenário Principal - CD
HORA INÍCIO: 13hHORA TÉRMINO: 21h20min
DISCURSOS RETIRADOS PELO ORADOR(A) PARA REVISÃO
Hora Fase Orador Dt. Devol.
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Ata da 254ª Sessão, em 04 de dezembro de 2001
Presidência dos Srs. ...................................................................
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ÀS 13 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:
Aécio Neves
Efraim Morais
Barbosa Neto
Severino Cavalcanti
Nilton Capixaba
Paulo Rocha
Ciro Nogueira
Pedro Valadares
Salatiel Carvalho
Enio Bacci
Wilson Santos
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I - ABERTURA DA SESSÃO
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – A lista de presença registra
na Casa o comparecimento de 217 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro iniciamos nossos
trabalhos.
O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão anterior.
II - LEITURA DA ATA
O SR. DR. HÉLIO, servindo como 2° Secretário, procede à leitura da ata da
sessão antecedente, a qual é, sem observações, aprovada.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Passa-se à leitura do
expediente.
O SR. ..........................................................., servindo como 1° Secretário,
procede à leitura do seguinte
III - EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Finda a leitura do expediente,
vai-se passar ao
IV - PEQUENO EXPEDIENTE
Concedo a palavra ao Sr. Deputado Gastão Vieira.
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O SR. GASTÃO VIEIRA (PMDB-MA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o jornal Folha de S.Paulo, nas suas últimas
edições, tem dedicado uma parte substancial de suas matérias para analisar a
questão social do meu Estado, o Maranhão.
É claro que essas análises, denúncias e comentários têm tudo a ver com o
crescimento da Governadora do Maranhão, Roseana Sarney, nas pesquisas. Não
subo à tribuna, Sr. Presidente, para defender candidaturas. Sou um aliado da
Governadora Roseana, com ela trabalhei, conheço-a bem, sei das suas capacidades
administrativa, técnica e política.
Mas o faço como maranhense porque, ao ler reportagem como a de ontem
sobre trabalho infantil em que crianças do meu Estado ajudam a família a quebrar
coco para assim ter renda paralela na sua atividade cotidiana, sinto-me agredido
como técnico na medida em que sei que aquela é uma realidade prevalecente no
meu Estado.
Mas isso não ocorre somente em meu Estado. O trabalho infantil é ainda uma
das chagas, uma nódoa que não foi apagada pelo Governo brasileiro e por muitos
Governos estaduais.
Lembro de muitas discussões que tivemos sobre o trabalho do menor nas
minas de carvão do Estado de Santa Catarina ou nas atividades de produção de
ferro-gusa no Estado de Minas Gerais ou na mão-de-obra utilizada no corte de cana
nos canaviais do Nordeste.
No meu Estado, é comum a atividade da mulher que complementa a pequena
renda de seu marido na agricultura, quebrando coco de babaçu, vendendo a
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amêndoa ou trocando-a no escambo, que ainda nos envergonha, para poder dar o
melhor tipo de subsistência para toda sua família.
Sr. Presidente, neste momento político de tantos conflitos, invejas e
esperanças, espero ver reportagens também sobre boas realizações no meu
Estado, nos últimos sete anos.
No caso da educação, por exemplo, o Maranhão, desde 1995, executa alguns
projetos que podem ser considerados pioneiros, pela maneira como foram
implementados e pelos resultados obtidos. Projetos que podem servir de exemplo
para o Brasil, mostrando que, diante das dificuldades que enfrentamos,
apresentamos também soluções criativas para combatê-las e vencê-las. Refiro-me
ao Projeto de Aceleração de Estudo, criado em 1995, que tão bons resultados trouxe
à educação no Maranhão; ao Programa Escola Ativa, experiência colombiana de
ensino rural, também trazido ao meu Estado no Governo de Roseana Sarney, em
que eu era Secretário de Educação.
O Estado do Maranhão, que passa a imagem de que cuida tão mal de suas
crianças, é pioneiro em bibliotecas públicas — são quase 80 construídas — que
abrigam, em ambiente moderno do ponto de vista arquitetônico, milhares de
crianças, que ali pesquisam, fazem seus deveres de casa, muitas vezes oriundas de
lares muito pobres, sem ambiente para estudar. O Maranhão é um dos poucos
Estados do Brasil em que a questão da leitura é levada a sério, os faróis da
educação significam uma revolução efetiva no cuidado que o Governo tem para com
suas crianças.
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Sr. Presidente, é preciso dividir esse noticiário. Temos problemas e os
enfrentamos, mas temos muitos aspectos bons que precisam ser tornados públicos
para o conhecimento de todo o povo brasileiro.
Muito obrigado.
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O SR. EXPEDITO JÚNIOR (PSDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o modelo de atendimento à saúde dos
brasileiros sofreu grande transformação na última década. Passamos de um sistema
que atendia apenas aos trabalhadores com carteira assinada e seus dependentes
para um sistema universal, que atende a todos os que precisam. Passamos de um
sistema irracional, com diversos órgãos realizando as mesmas funções e ações, de
forma descoordenada e sem objetivos comuns, para um sistema único, com direção
única em cada esfera de governo. Passamos de um modelo fraudulento e
ineficiente, baseado no atendimento hospitalar, para um modelo de atendimento
integral, com ênfase nas ações de prevenção.
É certo que falta muito ainda para que o Sistema Único de Saúde se estruture
e concretize a atenção à saúde que sonhamos para todos os brasileiros. Sim, muito
temos de trabalhar para que essas diretrizes do SUS sejam efetivamente realizadas
em forma de ações e serviços de saúde a nossa população. Entretanto, seguimos
enfrentando os desafios, Sras. e Srs. Deputados.
Para regulamentar e fiscalizar um setor privado que agia na prestação de
assistência à saúde sem obedecer a regras e impondo interpretações unilaterais e
injustas aos pacientes, foi criada a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Hoje
os planos e seguros de saúde, que atendem a cerca de 35 milhões de brasileiros,
devem obedecer à legislação específica e estão sujeitos à contínua fiscalização
desse órgão.
Rompendo um círculo vicioso de precariedade e ineficiência na
regulamentação e no controle de produtos e serviços, foi criada a Agência Nacional
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de Vigilância Sanitária. Há agora condições muito melhores de cuidar da segurança
e da qualidade dos alimentos, dos medicamentos, dos serviços de média e alta
complexidade — como a hemodiálise —, que já causaram muitos danos à saúde de
nossa gente, inclusive muitas mortes.
A ANVISA busca preencher importante espaço de ação da saúde pública: o
da prevenção. Ela atua com a missão de identificar, eliminar ou diminuir os riscos à
saúde presentes na produção, na comercialização e no consumo de produtos ou
serviços.
Entretanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o SUS somente se
completará quando a missão de proteger a saúde e prevenir doenças e outros danos
for permanente e eficientemente realizada.
Há parte importantíssima da saúde pública — ações de promoção, proteção e
prevenção — que precisa se remodelar, se reestruturar para conseguir
desempenhar seu papel a contento. Refiro-me às funções de vigilância
epidemiológica, de vigilância das águas e do ambiente, hoje concernentes à
Fundação Nacional de Saúde.
Essa Fundação hoje é responsável pelo controle de doenças transmitidas por
vetores, como a malária e a doença de Chagas; pela implantação e operação de
unidades de saúde e de sistemas de saneamento, ação importantíssima à saúde
nos Municípios mais recônditos do nosso País; pelo Programa Nacional de
Imunizações, que erradicou a poliomielite de nosso território e está prestes a fazer o
mesmo com o sarampo; pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que
vigia as novas e velhas epidemias, e também o comportamento das cada vez mais
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importantes doenças crônico-degenerativas; pelo Sistema de Informações sobre
Mortalidade, que hoje nos proporciona estatísticas e outros dados valiosos para o
planejamento e acompanhamento de qualquer política na área de saúde; pelo
Sistema de Laboratórios de Saúde Pública; pelos Programas de Pneumologia
Sanitária e Dermatologia Sanitária, que incluem doenças ainda muito críticas do
nosso quadro nosológico, como a tuberculose e a hanseníase.
Pois bem, Sr. Presidente, a FUNASA não tem a estrutura necessária para
desempenhar essas funções de forma efetiva. Seu quadro de pessoal é mal
remunerado e está desmotivado, apesar da qualificação especial que possui.
Levantamento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão revelou que ela
possui uma das mais baixas escalas de vencimento da administração pública. A
faixa salarial dos servidores de nível superior, por exemplo, varia, em valores brutos,
de um piso de R$ 733,83 ao máximo de R$ 1.572,90.
Com a diretriz da descentralização, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a
Fundação Nacional de Saúde cedeu aos Estados e Municípios a quase totalidade
dos seus bens móveis e imóveis. Foram transferidas 427 unidades de saúde, 190
oficinas de saneamento e a administração de 250 serviços autônomos de água e
esgoto, passados aos Municípios.
Como resultado desse processo, a Fundação reduziu seu pessoal, efetivo e
contratado, de 44 mil e 800 para 7 mil e 45 servidores: 25 mil e 400 servidores foram
cedidos aos Estados, Distrito Federal e Municípios para as ações de controle de
endemias; 6.355 servidores foram cedidos aos Municípios, onde a Fundação tinha
unidades de saúde e oficinas de saneamento, e administrava os serviços de água e
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esgoto. Adicionalmente, o Governo Federal transferiu à FUNASA a responsabilidade
pela promoção, proteção e recuperação da saúde da população indígena, antes de
competência da FUNAI.
Toda a reestruturação já realizada nesse órgão, Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, deságua, agora, no desafio de transformá-la em uma agência de
excelência na promoção e proteção à saúde, mediante ações integradas de
educação e de prevenção, de controle de doenças e outros agravos à saúde, bem
como em atendimento integral à saúde dos povos indígenas, com vistas à melhoria
da qualidade de vida da população.
Nesse sentido, seguindo os ditames do Plano Diretor da Reforma do Aparelho
do Estado, advogamos a transformação da Fundação Nacional de Saúde em
Agência Executiva, de tal maneira que tenha as seguintes incumbências, entre
outras:
a) estruturação de carreira própria, com perfil de remuneração adequado
ao desempenho da missão institucional;
b) modelo gerencial da administração pública, voltado para resultados e
metas;
c) maior autonomia e flexibilidade de gestão orçamentária e financeira,
recursos humanos, aquisição de bens e contratação de serviços;
d) melhor agilidade e capacidade de respostas na aquisição,
armazenagem e distribuição — com o necessário controle de qualidade
— de insumos estratégicos, tais como vacinas, soros, inseticidas e kits
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para diagnóstico de doenças, com o suprimento das necessidades do
SUS em todo o País.
Assim, Sr. Presidente, é urgente a criação da Agência Federal de Proteção à
Saúde, que possa gerenciar e se responsabilizar com eficiência por todas as
competências antes apresentadas, com plena condição de exercício de todas as
atribuições federais daqueles programas e sistemas.
Esse é o pleito para o qual conclamo as forças vivas desta Casa,
independentemente dos partidos e das ideologias. O Sistema Único de Saúde é uma
conquista valiosa. Precisamos complementá-lo e dar-lhe estruturas e condições para
cumprir sua missão de proteger a saúde e prevenir as doenças da população
brasileira.
Assim, em nome da saúde pública da nossa Nação, da vigilância
epidemiológica, da saúde ambiental e da saúde indígena, encareço aos nobres
pares, Deputados desta insigne Casa Legislativa, o apoio à idéia da criação da
Agência Federal de Proteção à Saúde.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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A SRA. ANGELA GUADAGNIN (PT-SP. Sem revisão da oradora.) – Sr.
Presidente, mais uma vez está na pauta de hoje a votação do projeto de lei que
flexibiliza dispositivo da CLT.
Esta Casa e toda a população brasileira presenciaram a votação da semana
passada. O painel não apresentou o resultado e vários Parlamentares retiraram-se
do plenário quando da votação nominal. Com certeza, o Presidente da Casa
conduzirá bem a votação de hoje. Mais uma vez acho importante estarmos
conversando e tratando desse assunto.
Mas, Sr. Presidente, outro dia estava na praça de alimentação de um
shopping da minha cidade, com meus filhos e netos, e ouvi uma conversa entre pai
e filho na mesa ao lado, porque falavam alto. O menino estava pedindo dinheiro ao
pai, que lhe respondeu que só daria o dinheiro se ele, primeiro, lavasse o carro,
ajudasse a mãe a cuidar dos irmãos e executasse outras tarefas. O menino disse
que aquilo era uma sacanagem — usando expressão típica da adolescência. E o pai
disse-lhe que era pegar ou largar: se não fizesse as tarefas, não lhe daria o dinheiro.
Na mesma hora, lembrei-me da discussão da flexibilização da CLT que
estamos fazendo nesta Casa, em que alguns Parlamentares argumentam que não
haverá prejuízo para o trabalhador, que eles vão poder negociar com os patrões,
com liberdade, suas reivindicações e condições de trabalhos.
Estamos em dezembro. Todos os trabalhadores estão esperando receber o
13º salário para saldar dívidas, comprar presentes para os filhos, preparar a ceia de
Natal. Vamos imaginar todos os trabalhadores dividindo o 13º salário durante o ano.
Além do seu salário, vai receber um pouquinho a mais, ou seja, uma parcela do 13º
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salário. Chega o fim do ano e ninguém recebe nada, porque já foi flexibilizado em
acordo: o patrão propôs e foi aceito pelo sindicato. E o trabalhador não terá essa
complementação, que ele já esperava.
Vamos imaginar outra negociação: flexibilização dos 120 dias da licença-
maternidade. Ora, nós, mulheres, entramos em trabalho de parto uma só vez. Não
dá para flexibilizar o dia do parto ao longo do ano, do mesmo jeito que não dá, para
nós, mulheres que amamentamos, flexibilizarmos a licença-maternidade, porque
esse período é destinado para recuperarmos nosso corpo, para darmos a nossas
crianças o leite materno. Então, ficaríamos de licença alguns dias, voltaríamos ao
trabalho, trabalharíamos um mês, teríamos licença de mais quinze dias, e
voltaríamos ao trabalho por mais um mês.
Como fica, então, a licença-maternidade, que é para a mulher poder
amamentar sua criança? Como essa mãe trabalhadora terá condições de manter
seu seio produzindo leite, se ela vai e volta ao trabalho?
É inaceitável, é incompreensível um Parlamentar ocupar a tribuna para dizer
que dá para flexibilizar a licença-maternidade. Quer dizer que, a partir de agora, as
mulheres vão amamentar alguns meses, sim, alguns meses, não.
Provavelmente, hoje vamos discutir e votar a flexibilização da CLT. E quero
chamar a atenção dos Parlamentares desta Casa para o fato de que não dá para
voltar atrás em alguns direitos dos trabalhadores. Essa situação é igual à do pai que
estava negociando com o filho: é pegar ou largar.
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É assim que será a negociação dos patrões com os trabalhadores, que, por
serem mais fracos, ou terão de aceitar a imposição feita ou terão de largar e perder
seus empregos. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Esta Presidência informa aos
Srs. Parlamentares que o nobre Deputado Roland Lavigne estava inscrito para se
pronunciar antes da Deputada Angela Guadagnin.
Concedo a palavra a S.Exa. por 5 minutos.
O SR. ROLAND LAVIGNE (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, venho à tribuna desta Casa para registrar que a Bahia está em festa.
Depois de longos dez anos, temos um prelúdio de democracia no Estado:
ontem foi eleito, por 18 votos contra 10, novo Presidente do Tribunal de Justiça da
Bahia o Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra, que derrotou o Sr. Amadiz
Barreto, candidato imposto por Antonio Carlos Magalhães. Graças à coragem e à
dedicação dos desembargadores que compareceram à cerimônia, a Bahia saiu
vitoriosa depois de dez anos, o que revela a instituição da democracia em nosso
Estado.
O Poder Judiciário baiano, que, como os outros dois Poderes do Estado,
sempre teve representantes do Sr. Antonio Carlos Magalhães em sua direção, passa
a ter, pela primeira vez, um presidente desvinculado do carlismo. Trata-se de
homem independente, sério e digno que vai conduzir a Justiça na Bahia como
deveria há muito estar sendo conduzida.
Segundo os jornais de hoje e as notícias que recebi, a Bahia foi tomada de
verdadeira alegria ao anúncio do nome do novo Presidente do Tribunal de Justiça.
Juízes do interior do Estado presentes aclamaram o novo presidente, que se
revoltou contra a indicação de nomes para o cargo há mais de dez anos pelo
sistema carlista.
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A Bahia e todos nós estamos de parabéns. Quero crer que o povo baiano não
mais acredita na falácia do Governo implantado no Estado. Governo que só se
preocupa com a mídia, pois a Bahia apresenta hoje os piores índices sociais do
País, é recordista em trabalho escravo infantil e cujo Judiciário não tem mais à sua
frente um gerente imposto pelo Sr. Antonio Carlos Magalhães.
Por tudo isso, a mudança no Tribunal de Justiça da Bahia implica mudança no
Tribunal Regional Eleitoral, porque haveremos de ter eleições livres, soberanas, em
que o voto do povo será respeitado, o que no passado não acontecia.
Portanto, mudar não somente no Judiciário, mas no Executivo, na
representação popular à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados é
premissa fundamental. Se tivermos eleições livres no Estado, como teremos de fato
e de direito no próximo ano, o pleito terá nova feição e a representação oposicionista
nesta Casa e na Assembléia Legislativa crescerá, os juízes do interior terão ampla
liberdade para decidir os processos com justiça e não mais atenderão a pedidos
políticos, como acontecia anteriormente.
Estão de parabéns a Bahia e, principalmente, seus desembargadores, que
elegeram pela primeira vez, nos últimos dez anos, um presidente do Tribunal de
Justiça desvinculado do carlismo.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. GILMAR MACHADO (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero externar mais uma vez
minha posição contrária à "flexibilização", esse nome bonito que inventaram para
retirar direitos dos trabalhadores. A Argentina "flexibilizou" muito a legislação sobre
os direitos trabalhistas e vendeu tudo que podia em busca da tal "modernidade",
mas o que vemos hoje por lá é o caos absoluto.
No Brasil, se dependesse do Governo Fernando Henrique Cardoso, já
teríamos vendido tudo: a PETROBRAS, todo o sistema elétrico — grande parte já foi
entregue —, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco Central.
Felizmente, com a mobilização popular e a forte presença da Esquerda no
Congresso Nacional, evitamos que nosso País vivesse o drama da Argentina.
Hoje à tarde, Sr. Presidente, mais uma vez estaremos posicionando-nos
contrariamente a esse nome bonito, essa tal "flexibilização", que nada mais é do que
a retirada dos direitos trabalhistas inscritos na CLT.
Entendemos que é necessário modificar a CLT, mas essas modificações têm
de ser objeto de amplo debate, em seminários, em fóruns próprios. Não se pode
alterar em 45 dias uma legislação de 60 anos. A população precisa ser mobilizada.
Sr. Presidente, espero que o Senado Federal faça o que a Câmara dos
Deputados não foi capaz de fazer, ou seja, um amplo debate com centrais sindicais
e a população em geral, para, aí sim, propor um conjunto de mudanças da
legislação trabalhista no sentido de melhorar a vida do trabalhador brasileiro. Como
disse muito bem a Deputada Angela Guadagnin, não se pode apenas retirar
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conquistas e direitos, como licença-maternidade e outros benefícios dos
trabalhadores brasileiros.
Sr. Presidente, o segundo assunto que quero comentar é a greve dos
professores. O Deputado Dr. Hélio, pessoa ligada à universidade, que tem
acompanhando essa questão, sabe que na quinta-feira assinamos com o Ministério
da Educação e do Desporto um acordo que, se tivesse sido cumprido, os
professores ontem, segunda-feira, já estariam na sala de aula. Os professores
queriam apenas que esse acordo fosse assinado pelo Ministro da Educação e que o
Governo desse entrada ao projeto na Câmara dos Deputados. Apenas isso. Não
teríamos condições de votá-lo em regime de urgência porque estávamos discutindo
o projeto de "flexibilização" da CLT, mas ele seria apreciado nesta semana ou na
próxima.
O que fez o Governo? O Ministério da Educação até hoje não enviou a
proposição a esta Casa. Incompetência ou má-fé? O Governo quer que a greve
continue? Não entendo. A Comissão de Educação trabalhou e a Comissão de
Orçamento conseguiu os recursos. Por que o Executivo, se assinamos o acordo na
quinta-feira, até hoje não enviou esse projeto para ser votado aqui e para os
professores voltarem à sala de aula?
O Ministro Paulo Renato tem que parar de fazer campanha eleitoral e enviar o
tal projeto para que possamos ver a greve encerrada, os professores e os
estudantes voltando às suas atividades.
Sr. Presidente, como membro da Comissão de Educação e como educador,
faço um apelo ao Ministério da Educação no sentido de que envie o projeto a esta
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Casa e assim possamos ver o encerramento da greve. É só o que falta, Sr. Ministro
Paulo Renato.
É o que tenho a dizer.
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O SR. DR. HELENO (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna com um coração mais
verde e amarelo e cheio de ufanismo proclamar minha grande alegria pela vitória do
Brasil na Organização Mundial do Comércio, mostrando que o Presidente Fernando
Henrique estava certo quando defendeu o fim dos subsídios aos produtos agrícolas.
É claro que diante de certas resistências por parte de alguns países, a vitória
virá em algumas rodadas de negociações. O importante é que no final da 4ª
Conferência Mundial saiu um documento que abre as negociações a partir de janeiro
para liberalização do comércio mundial. A atuação dos Ministros José Serra, da
Saúde, Pratini de Moraes, da Agricultura e Celso Lafer, das Relações Exteriores foi
decisiva para o sucesso brasileiro.
Há muito tempo o País não registrava um desempenho diplomático tão
eficiente, reconhecido por outros países como tão relevantes em uma fórum global
da importância da OMC.
Desta tribuna já tínhamos denunciado essa situação com relação aos
remédios de combate à AIDS. O Brasil é o único país que distribui medicamentos
grátis aos necessitados de tratamento contra a AIDS. Por essa razão, nosso atuante
Ministro da Saúde, José Serra, lutou e lutou muito para ver reconhecida a posição
do Governo brasileiro para que, em prol da saúde pública, pudesse ocorrer a quebra
de patente.
A Organização Mundial do Comércio acaba de reconhecer a posição do
nosso País. Assim sendo, se houver necessidade, poderá acontecer a quebra de
patente.
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A questão dos subsídios agrícolas mereceu também uma atenção especial.
Após muitos debates o próprio Ministro Pratini de Moraes reconheceu que a posição
do Brasil melhorou consideravelmente.
Ficou acertado um acesso aos mercados, bem como uma eliminação
progressiva dos subsídios para a exportação e a previsão dos programas de apoio
interno quando eles provocarem uma queda dos preços internacionais.
Ainda no campo da saúde, o Ministro José Serra obteve outra grande vitória
que foi a flexibilização do TRIPS, sigla em inglês para o acordo “Aspectos da
Propriedade Intelectual”, relacionados ao comércio. Fechado em 1994, ele oferece
uma proteção de 20 anos às patentes de remédios, o que impediria a fabricação de
medicamentos genéricos. Com a decisão de que a TRIPS não deve se sobrepor à
proteção à saúde pública, o Brasil pode dar seqüência à produção dos remédios
genéricos que vêm ajudando nossa população mais carente.
Voltando ao comércio dos produtos agrícolas, o Brasil atualmente vende
produtos mais baratos e com melhor qualidade do que muitos países desenvolvidos,
que, para protegerem seus produtos, oferecem subsídios. Segundo o Ministro Pratini
de Moraes os países ricos gastam 1 bilhão de dólares por dia para subsidiar sua
agricultura ineficiente.
As barreiras tarifárias, as sobretaxas e restrições fitossanitárias, além dos
subsídios, dificultam a entrada dos nossos produtos nos mercados dos países ricos.
Daí a luta junto à Organização Mundial do Comércio e a abertura das rodadas de
negociações ser o grande caminho para a vitória final.
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Ao encerrar, Sr. Presidente, gostaria de parabenizar o Presidente Fernando
Henrique Cardoso, os Ministros José Serra, Pratini de Moraes e o Chanceler Celso
Lafer por essa conquista que passará para a história como um grande avanço do
nosso comércio no mercado exterior.
É o Brasil conquistando sua real posição no contexto internacional.
Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado.
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O SR. NILTON CAPIXABA (PTB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a não-realização de concurso público para
composição do quadro técnico da Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do
Estado de Rondônia — IDARON resultará em pesadas perdas para os pecuaristas e
para a economia do Estado.
Como ficou demonstrado no final do discurso que proferi no dia 27 de
novembro, as perdas poderiam ser de 92 milhões e 240 mil reais como resultado do
diferencial de preços da arroba de boi gordo em Rondônia (38 reais) e Mato Grosso
(46 reais).
De acordo com informações confiáveis, a minuta da lei com a proposta do
Plano de Cargos e Salários da IDARON foi encaminhada à Secretaria de Estado do
Planejamento, Coordenação Geral e Administração — SEPLAD para análise e
encaminhamento à Assembléia Legislativa. A minuta listava as categorias funcionais
e o numérico de pessoal indispensável, as referências salariais e outras normas
para a constituição do Quadro 1 da IDARON.
Quadro Funcional da IDARON
Categorias Funcionais Número
Veterinário 56
Agrônomo 25
Zootecnista 05
Engenheiro Florestal 02
Técnico Agrícola 121
Outros 195
Total 404
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O concurso é indispensável, pois é a principal garantia de continuidade das
atividades de defesa agropecuária perante as auditorias, principalmente as
internacionais, como a da Organização Internacional de Epizootias — a respeito de
doença contagiosa que atinge grande número de animais.
O salário do pessoal técnico de nível universitário — veterinário, agrônomo,
zootecnista e engenheiro florestal — ficará em torno de 2.500 reais, já incluída a
taxa de produtividade. O salário do pessoal de nível médio — técnico agrícola —
ficará ao redor de 1.500 reais com a produtividade. Os outros funcionários não terão
direito a auferir a taxa de produtividade.
Uma das razões da demora do fechamento da minuta da proposta do Plano
de Cargos e Salários, elaborado inicialmente e proposto ao Governador José de
Abreu Bianco, foi a alegação de que traria desequilíbrio salarial entre profissionais
de outras áreas técnicas, como a Secretaria de Agricultura, ITERON e EMATER. Os
servidores da IDARON, contudo, terão dedicação integral (jornada de trabalho de
oito horas ao dia) e dedicação exclusiva (trabalhar para um único empregador).
A saída encontrada para evitar as comparações, no sentido de que a IDARON
pagaria salários mais altos, foi fazer a composição salarial com uma parte básica,
fixa, e uma parte variável, chamada de taxa de produtividade. Os requerimentos
para aquisição da pontuação máxima da taxa de produtividade são rigorosos e
periódicos.
A remuneração global do quadro da IDARON alcançará 600 mil reais por
mês, do que resultará, com o 13º salário, o total de 7,8 milhões de reais anuais.
Quando se faz a comparação do desembolso anual com a remuneração do quadro
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da IDARON e o montante da arrecadação do ICMS (13%) incidente sobre o valor
das exportações de carne bovina, que alcança 360 milhões de reais, resulta uma
arrecadação de 46,8 milhões de reais.
Para uma análise pouca atenta da proposta do Dr. Irineu Barbieri, Presidente
da IDARON, alguns julgaram estar inflado seu orçamento anual. Na realidade, a
relação entre a arrecadação do ICMS incidente sobre as exportações de carne,
cotejado com o custo anual da folha de pagamento da IDARON, resulta numa
relação de seis vezes.
A arrecadação de ICMS incidente sobre a fração da carne exportada seria
suficiente para bancar estruturas técnico-gerenciais seis vezes maiores (46,80 reais
por 7,80 reais). Certo que não pode haver vinculação entre receita e despesa como
indicador, como pauta, é razoável e defensável a comparação.
É importante lembrar, mais uma vez, que a função de fiscalização da
sanidade animal pecuária não pode ser exercida por técnicos com uma relação de
trabalho de precária duração. Ou seja, todo o trabalho de elaboração do cadastro,
das sucessivas etapas de vacinação, que ao largo dos últimos três anos foi
duramente executado, poderá não ter continuidade caso não seja aprovado na
Assembléia Legislativa o concurso público proposto, realizadas as provas de
habilitação e os candidatos aprovados, contratados. Espero que as provas já tenham
sido elaboradas e tudo esteja pronto para a aplicação do concurso com a rapidez
devida.
A Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril do Estado de Rondônia foi
criada pela Lei Complementar nº 215, de 19 de julho de 1999. É entidade autárquica,
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com personalidade jurídica de direito público; tem autonomia técnica, administrativa
e financeira, além de patrimônio próprio. É vinculada à Secretaria de Estado da
Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social.
A Lei Complementar nº 215, em seu Capítulo II, Da Finalidade e Competência
da IDARON, diz:
“(...) é o órgão executor da política estadual de
defesa agrossilvopastoril e tem por finalidade promover a
fiscalização e execução das atividades de vigilância e
defesa sanitária animal e vegetal, inspeção e fiscalização
de produtos e suprodutos de origem animal, fiscalização e
classificação da produção vegetal e identificação de
essências florestais”.
A tarefa do pessoal técnico da IDARON é considerada função típica de
Estado, com atribuição e poderes, indo até o limite de poder de Polícia: efetivar
fiscalização no transporte de carnes e de frigoríficos, impor a vacinação de rebanho,
interditar áreas, promover sacrifício de animais (com a utilização do rifle sanitário),
entre outras tarefas.
Nunca é demais ser previdente e alertar as autoridades encarregadas da
efetivação do concurso, isso porque, sendo 2002 ano de eleições gerais, a partir do
dia 30 de junho não poderão ser contratados funcionários, ainda que concursados.
Quando fiz a leitura de uma entrevista do Sr. Vice-Governador e Secretário de
Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social, Dr.
Miguel de Souza, publicada no jornal Folha de Rondônia, caderno “Agrofolha”, do
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dia 18 de novembro — quando anunciou que o Plano de Cargos e Salários dos
servidores da Defesa Agropecuária do Estado de Rondônia seria encaminhado para
a Assembléia Legislativa na segunda-feira seguinte e que o concurso público seria
realizado em março do ano que vem —, fiquei muito preocupado.
E fiquei apreensivo porque, durante a realização da 1ª Reunião do Circuito
Pecuário Norte, nos dias 4 e 5 de outubro de 2001, a Dra. Denise Euclydes Mariano
da Costa alertou para a absoluta necessidade da contratação, via concurso público,
dos funcionários da IDARON. Por que tanta demora? Qual a razão da fastidiosa
tramitação do processo?
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, graças à estruturação da IDARON,
presente nos 52 Municípios do Estado, a taxa de vacinação na quarta etapa de
vacinação, de novembro de 1999, alcançou 91,5%, quando o rebanho bovino era de
6 milhões, 332 mil e 620 cabeças, tendo sido vacinados 5 milhões, 794 mil e 204
cabeças.
Na etapa de vacinação de maio de 2001, com a existência de 7,1 milhões de
cabeças, foram vacinados 6 milhões, 922 mil e 500 cabeças. É uma taxa de
vacinação maior do que a alcançada em 1999 — o índice foi de 97,5%. A etapa de
vacinação de dezembro, já iniciada, não está concluída e foi prorrogada até 20 de
dezembro de 2001, por falta momentânea de vacina em todo o País. Até essa data
deverá estar concluída a vacinação e a comunicação às Unidades Locais de Saúde
Animal e Vegetal — ULSAV da IDARON.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a capacidade de produção dos
laboratórios para novembro de 2001 foi de 140 milhões de doses, sendo que 20
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milhões de doses foram desviadas para o Rio Grande do Sul, em virtude de o
Estado ter voltado a vacinar seu rebanho. Outros 40 milhões de doses foram
reprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, causando um
déficit total de 60 milhões de doses, as quais deverão estar disponíveis nos Estados
até 5 de dezembro de 2001. Os laboratórios privados do País, além de atenderem à
demanda interna, exportam vacinas para outros países da América do Sul. A
capacidade instalada desse parque industrial é de 300 milhões de doses ao ano.
De acordo com informações prestadas no dia 21 de novembro pela Dra.
Denise Euclydes Mariano da Costa, Chefe do Departamento de Defesa Animal, a
sorologia deverá ser realizada a partir do mês de agosto de 2002, para a aprovação
da Organização Internacional de Epizootias, em maio de 2003. Mas para chegar a
essa etapa é imprescindível que outras etapas tenham sido cumpridas. E,
infelizmente, isso não está ocorrendo.
Concluo meu discurso, Sr. Presidente, anunciando que no próximo discurso
continuarei a tratar de tão importante assunto, que é a IDARON e a erradicação da
febre aftosa em nosso Estado.
Cuidarei de mostrar a importante contribuição dada pelo setor privado, tanto
pelo Fundo Emergencial da Febre Aftosa — FEFA, presidido pelo Sr. José Vidal,
quanto pela estruturação e instalação dos Comitês Municipais de Erradicação da
Febre Aftosa.
Muito obrigado.
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O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, gostaria de deixar claro para
toda a sociedade brasileira que não dá para fazer discussão de forma açodada
sobre projeto que busca alterar lei trabalhista que, se não é a melhor, é reconhecida
como satisfatória, até pelos empregadores de multinacionais no Brasil.
Nosso País ocupa o quarto lugar no mundo em termos de piores salários
pagos aos trabalhadores. Só ganha das Filipinas, do Equador e do México. Isso
significa dizer que nossos operários são os mais baratos para o sistema capitalista.
Não podemos aprovar essa matéria açodadamente, repito, sem ouvir os
sindicatos brasileiros, que são maduros, tanto os de empregados quanto os de
empregadores. Não podemos esquecer também a participação da sociedade civil.
Busca-se em 45 dias modificar alguns dos maiores direitos obtidos através da
CLT, como o décimo terceiro salário, as horas extras, a licença-maternidade, a
licença-paternidade e assim por diante. É preciso discutir mais. O tempo poderá
favorecer todos os setores da economia.
Não queremos assistir a exemplos como os citados pela Deputada Ângela,
em que o trabalhador vê o décimo terceiro, por conta da flexibilização, fracionado
durante o ano todo; em que o comércio, a indústria, o sistema de transportes,
alimentação, turismo, hotéis, todos aguardam esse período para obter ganho extra,
pagar seus empregados e também agilizar a roda da felicidade, do entretenimento,
lazer e cultura. Srs. Deputados, essa tal flexibilização poderá dar um ponto final ao
propósito de toda a família brasileira: determinados ganhos da sociedade por meio
de lei que é antiga, 60 anos, mas, para haver qualquer mudança, há que se
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melhorar a qualidade do atendimento ao trabalhador brasileiro, que é quem produz,
quem faz a riqueza do País, e não obedecer sempre aos ditames do FMI, dos
interesses internacionais, dos objetivos de determinados grupos que sempre se
colocam adiante dos interesses dos trabalhadores .
Passo agora, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a tratar de outro
assunto. No último dia 20 de novembro, faleceu em Campinas, Estado de São
Paulo, Renato Righetto. Para muitos dos jovens brasileiros, uma figura
desconhecida.
Todavia, para nossa cidade de Campinas e o Estado de São Paulo, uma
figura mais que ilustre. Uma personalidade multifacetada, que em todas as áreas
que atuou desempenhou suas tarefas com perfeição e denodo.
Arquiteto de formação, paisagista por disposição e árbitro de basquete por
determinação, teve sua carreira marcada pela abnegação ante os desafios.
Inegavelmente, seu destaque e projeção se deram na área de esportes, como
já mencionei, na arbitragem de basquetebol, chegando ele a apitar quase oitocentas
partidas internacionais, inclusive finais olímpicas, em seus quase 25 anos de “apito”.
Inteligente e contestador, foi considerado o melhor árbitro de basquete do
mundo em todos os tempos e, mesmo assim, conservou a modéstia de sempre,
ressaltando que “na verdade, tentou chegar a ser perfeito e justo, sem olhar a
camisa de ninguém”, sentenciou.
Talvez por isso uma de suas principais atuações tenha sido num jogo decisivo
nas Olimpíadas de Munique, 1972, onde, por não aceitar pressões e recuar a
cronometragem do jogo para beneficiar os norte-americanos em detrimentos dos
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russos que venciam a partida, jamais assinara a súmula, retirando-se da quadra,
cuja partida até hoje não fora oficializada pela Federação Internacional de Basquete.
Além dessa final, outras três foram dirigidas por Righetto nos jogos olímpicos
de Roma, Tóquio e da Cidade do México.
Em nossa Campinas, sua marca indelével ficará para sempre expressa no
Parque do Taquaral e no Largo do Rosário.
Como um homem de marcas na nossa história, manifesto desta Casa nossa
homenagem de reconhecimento e de agradecimento.
Aproveito para, em meu nome, em nome do Brasil e, de forma especial, do
ex-Deputado Federal Chico Amaral, solicitar ao Governador Geraldo Alckmin, que
em breve estará inaugurando o trevo de acesso a Campinas, Dom Pedro à SP-340,
que liga Mogi-Mirim ao Sul de Minas Gerias, que preste homenagens a essa ilustre
figura, nominando essa obra de, simplesmente, Renato Righetto.
Com toda certeza, essa será uma justa homenagem, que deverá permanecer
em nossa história e em nossa lembrança.
Desejo a sua família nossas condolências e, ao mesmo tempo, nossos
agradecimentos por um filho tão digno, justo e ilustre.
Outro assunto, Sr. Presidente. Ontem, dia 3 de dezembro, comemorou-se o
Dia Internacional dos Portadores de Deficiência Física.
Esse dia, consagrado para refletir sobre as lutas e buscas para melhoria da
qualidade de vida desses cidadãos, faz-nos também refletir sobre nossas políticas e
programas de apoio a eles e a suas famílias.
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Conforme aqui mencionou nosso colega Deputado Flávio Arns, cerca de 17
milhões de deficientes se fazem presente em nosso meio. Pelo envolvimento de
suas famílias, atingem quase 70 milhões de pessoas diretamente interessadas
nesses programas e projetos que os beneficiem e os diferenciem positivamente por
suas necessidades tão especiais.
Assim, mais uma vez, solicito apoio da Mesa da Casa para que, num esforço
conjunto, possamos progredir nesse aspecto, apreciando um conjunto de não mais
de duas dezenas de propostas que tratam diretamente do assunto.
Inúmeras são as contribuições dos colegas que aqui se encontram, inclusive
de minha parte, que mereceriam estar numa discussão, quem sabe, até dentro do
próprio Estatuto proposto pelo Deputado Paulo Paim, cuja Comissão Especial já
está criada.
Mais do que compaixão, é preciso respeito, que só se traduzirá a partir do
momento em que esta Casa tomar uma decisão política sobre como encaminhar
essa importante questão.
Não podemos assistir a um corte de verbas pela metade, a cada ano, no
orçamento destinado aos portadores de necessidades especiais, prejudicando não
somente seu tratamento, mas seu aprendizado, sua profissionalização e sua
inserção social.
O momento é este, Sras. e Srs. Deputados, não podemos frustrar essa
parcela importante da sociedade com protelações e postergações de direitos.
Um exemplo prático poderá partir desta Casa mesmo, onde nem mesmo suas
instalações permitem aos deficientes o pleno acesso e, quiçá, até mesmo nossos
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servidores ainda não tenham seu local de trabalho plenamente adaptado às suas
necessidades e conforto.
Por isso, volto a repetir, mais do que palavras, precisamos de ações,
especialmente as que traduzam em ganho efetivo e real na qualidade de vida
desses cidadãos.
Aqui nesta Casa fomos chamados a grandes desafios. Certamente, esse é
um deles. E, mais uma vez, solicito apoio dos Líderes partidários desta Casa, de sua
Mesa Diretora, para que possamos priorizar essas discussões em torno das reais
necessidades do portador de deficiências.
Para finalizar, gostaria de deixar registrado nos Anais da Casa o símbolo
brasileiro deste ano para esse dia tão especial. Trata-se da Sra. Georgette Vidor,
treinadora da brasileirinha Daniele Hipólyto, que recentemente conquistou várias
medalhas na ginástica olímpica.
Até aí, nada demais, não fosse sua superação, que após um acidente de
ônibus a deixara paraplégica e, nem por esse extremo desafio que a vida lhe impôs,
deixou faltar garra e determinação para desempenhar suas funções de forma
exemplar e fazer a estrela da ginasta brilhar. Parabéns à Daniele e de forma
muitíssimo especial à Sra. Georgette Vidor.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
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O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, uma desagradável mistura de omissão
governamental, corrupção policial e crime organizado pavimenta a estrada da
vergonha em que se transformou a BR-040, a principal rodovia que interliga a
Capital da República à Região Sudeste, servindo também à ligação do Planalto
Central com o Triângulo Mineiro e os Estados do Nordeste. Tais ingredientes
maléficos são percebidos pelos motoristas que trafegam na estrada e, numa rotina
mórbida, colocam suas vidas em risco. Não há como não responsabilizar o Governo
Federal pelo quadro de insegurança e ameaça constante que predomina naquele
trecho rodoviário.
Tendo de trabalhar em Paracatu, durante o feriado de 15 de novembro, pude
constatar de perto a gravidade da situação. Por coincidência, o jornal Estado de
Minas publicou no domingo seguinte, dia 18 de novembro, matéria de três páginas,
assinada pela jornalista Maria Clara Prates, sobre as agruras da “Rota do Terror”,
detalhando os assaltos — “Reféns do Medo” — e os buracos na pista — “Retrato do
Descaso”.
Os levantamentos apresentados pela Polícia Rodoviária Federal são
estarrecedores. Crimes como roubo de cargas e assaltos a ônibus tiveram aumento
de 950% e 375%, respectivamente, nos últimos dois anos. As quadrilhas, bem
equipadas e organizadas, infiltram-se na Polícia e beneficiam-se do imobilismo do
Poder Judiciário para promover saques contra caminhoneiros e passageiros,
ameaçando também a população das cidades localizadas às margens da estrada. E
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o pior de tudo é que a Polícia Rodoviária não possui estrutura capaz de combater
esse estado de coisas.
No trecho mais crítico, na confluência da BR-040 com a BR-365, que faz a
ligação entre São Paulo e o Nordeste, os postos rodoviários mais próximos ficam a
pelo menos sessenta quilômetros de distância, impossibilitando uma ação mais
eficaz dos policiais. Já no percurso de aproximadamente setecentos quilômetros
entre Brasília e Belo Horizonte, a fiscalização está a cargo de apenas trinta
patrulheiros, que são obrigados a enfrentar problemas estruturais como falta de
viaturas, sistema de comunicação inadequado e computadores quebrados.
Some-se a isso, evidentemente, a pista esburacada, que força o motorista a
andar em marcha lenta e facilita a vida dos assaltantes. Mesmo aqueles que
escapam ilesos da mira dos criminosos sofrem com o péssimo estado da rodovia.
Entre Três Marias e o trevo de Curvelo, levei quatro horas para percorrer um trecho
de pouco mais de cem quilômetros. Caminhões carregados não andam a mais de 20
quilômetros por hora, sob pena de sofrerem acidentes e perderem suas cargas. Os
gastos com combustível, freios e pneus, em certos casos, passam de mil reais por
viagem. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, 90% dos acidentes são provocados
pelas crateras espalhadas na pista, que impressionam como se estivéssemos num
cenário de guerra.
O mais assombroso é que a precariedade da BR-040 não é de agora, mas
tornou-se problema crônico que esbarra no descaso governamental. Imaginem os
Srs. Deputados e as Sras. Deputadas que todo final de ano, no início do período de
chuvas, a situação vem à tona a partir de denúncias na imprensa, especialmente no
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período das férias escolares, que tornam a pista ainda mais movimentada e
perigosa. Este ano, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais já
anunciou recursos da ordem de 1,4 milhão de reais para realizar a operação tapa-
buraco. É medida necessária, sem dúvida. Mas queremos que os recursos
viabilizem obras definitivas, que resolvam de vez o problema.
O Ministério dos Transportes lidera o ranking das obras federais irregulares,
segundo levantamento apresentado pelo Tribunal de Contas da União. Das 121
obras com suspeitas graves, como superfaturamento, licitação dirigida ou desvio de
dinheiro, 55 estão sob responsabilidade da Pasta. Não é possível mais assistirmos à
degradação da malha viária brasileira sem que o Governo tome as providências
reclamadas pela sociedade. A BR-040, um marco na estratégia de interiorização do
desenvolvimento nacional, explicita o desmando e a impunidade que estão
arrastando o Brasil para o abismo do atraso, da falta de compromisso social e da
corrupção.
Sr. Presidente, solicito a divulgação deste pronunciamento nos órgãos de
comunicação da Casa.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pronuncia o seguinte discurso.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi realizada esta semana sessão solene
em comemoração ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.
Essa é uma data que tem a importantíssima função de nos lembrar o quanto a
mulher ainda é vítima corriqueira e cotidiana de maus-tratos e de violência no mundo
inteiro.
O último relatório da Organização das Nações Unidas sobre o assunto revela
dados impressionantes. Segundo o documento, uma em cada três mulheres do
mundo já foi espancada, coagida a ter relações sexuais ou vítima de algum outro ato
violento, quase sempre cometido por alguém de suas relações próximas, muitas
vezes o próprio marido ou outro homem da família.
Embora aterradores, esses dados não são propriamente surpreendentes. Se
formos fazer um breve exercício de reflexão, todos lembraremos de casos e mais
casos de mulheres do nosso círculo de conhecidos que foram ou são vítimas de atos
violentos sistemáticos ou eventuais, muito freqüentemente praticados dentro das
quatro paredes do que deveria ser um lar.
Por isso afirmei no início do meu discurso, Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Deputados, que essa sessão solene cumpriu o relevante papel de lembrar a cada
um de nós e a toda a sociedade este fenômeno cruel e covarde que é a violência
suscitada e estimulada pelo gênero da vítima.
A despeito de todas as enormes conquistas femininas nas sociedades
ocidentais, nas últimas cinco décadas, a violência contra a mulher carrega o
agravante de causar pouca ou nenhuma indignação social. O relatório da ONU
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revela que muitas sociedades ainda consideram que bater na esposa é um direito
marital, e as próprias mulheres acham que as agressões físicas são justificáveis em
certas circunstâncias.
Os mais universais padrões de civilidade e de respeito ao indivíduo são
muitas vezes ignorados quando o alvo é a mulher e em algumas sociedades do
planeta a violência contra as mulheres chega a ser institucionalizada.
A guerra contra o regime dos talibãs expôs ao mundo as barbaridades a que
as mulheres foram submetidas no Afeganistão nos últimos anos. Proibidas de
estudar, de trabalhar e até mesmo de andar pelas ruas sem a companhia do pai,
marido ou irmão, as mulheres afegãs foram privadas dos direitos mais fundamentais.
Milhões de mulheres em 26 países africanos e em diversos países islâmicos
são submetidas a alguma forma de mutilação genital. A castração feminina ocorre
entre os 4 e os 8 anos de idade e, em geral, é realizada sem anestesia e sob
precárias condições de assepsia, o que resulta em graves seqüelas físicas,
psicológicas e não raro provoca a morte das meninas que a ela são submetidas.
No Brasil, o estupro e a violência doméstica contra as mulheres são crimes
extremamente freqüentes e de muito difícil quantificação, já que a absoluta maioria
das vítimas ainda prefere guardar silêncio a se expor à acusação perversa de ser a
verdadeira "culpada" pela agressão.
Sr. Presidente, nobres colegas, a humanidade nunca alcançará um
desenvolvimento harmônico, fraterno e equilibrado enquanto a violência contra a
mulher for tida como algo natural e inevitável. Quero, pois, em nome do PSL,
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reafirmar nosso pleno apoio às iniciativas que representem um efetivo combate a
todas as formas de violência e de opressão contra as mulheres.
Também quero dizer a todas as mulheres que são ou já foram violentadas
que não tenham medo de denunciar, seja quem for, pois se assim o fizerem
certamente contarão com o apoio e assistência do Poder Público e de diversas
entidades não governamentais.
Era o que tinha a dizer.
Obrigado.
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O SR. CARLITO MERSS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, leio nos jornais que os militares
não receberam o pagamento de novembro. Segundo consta, o problema ocorreu por
falta de recursos orçamentários. O Ministério do Planejamento encaminhou a esta
Casa proposta de crédito suplementar para contornar a dificuldade, mas o mesmo
ainda não foi votado em face da obstrução provocada pela urgência constitucional
do projeto que muda a Consolidação das Leis do Trabalho.
A situação difícil para os militares é decorrência da obtusidade do Governo
em votar, açodadamente, as mudanças da CLT, intransigindo na sua determinação
de flexibilizar o já precariíssimo mercado de trabalho brasileiro.
Outra conseqüência da urgência constitucional é a falta de votação de
projetos importantes como o do que trata das dívidas rurais, do que cria a taxa de
iluminação pública e do que propõe mudanças na tabela do Imposto de Renda. O
primeiro diz respeito à viabilidade do setor rural; o segundo poderá prejudicar os
Municípios brasileiros, transferindo apenas para 2003 a cobrança da contribuição,
decisiva não só para a segurança pública, mas também para viabilizar o equilíbrio
financeiro das combalidas Prefeituras; o terceiro — e várias teses justificam a
urgência constitucional a partir deste problema — poderá inviabilizar a negociação
que visa atualizar, já em 2002, a tabela do Imposto de Renda e impedir a seqüência
de confisco sobre os assalariados.
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O Governo diz que vai perder R$ 3,5 bilhões com a correção de 20%. Não diz
que o valor é, na realidade, o que ele ganhou a mais congelando a tabela por anos
sucessivos. De fato, a situação dos militares, que ocorre no rol dos R$ 42 bilhões de
créditos enviados pelo Executivo, faltando quarenta dias para terminar o ano, e a
situação do Imposto de Renda desnudam a crise fiscal de governo seriamente
vulnerável por política monetária que nos torna reféns da movimentação de capitais.
Comemorar o superávit fiscal de novembro, a queda do câmbio e nosso
afastamento do fator de risco, especialmente diante da bancarrota argentina, não
chega a ser festa completa quando analisamos a estagnação econômica e os
números da execução do Orçamento fiscal e da seguridade. Estamos em dezembro
e percebemos que apenas 52% do Orçamento foram aplicados, sendo que R$ 46
bilhões foram usados para o pagamento de juros e encargos da dívida e apenas R$
3,3 bilhões para investimentos ou 17% dos valores autorizados, sem falar no
impasse do reajuste do salário mínimo e dos servidores públicos, condenados por
FHC à reposição de míseros 3,5% após 7 anos sem aumentos.
Essa difícil situação contamina os relatórios setoriais em debate para o
Orçamento de 2002. Para Santa Catarina — e anexo, para conhecimento da Casa,
quadro demonstrativo —, os Relatores Setoriais não chegaram a aprovar 10% das
emendas solicitadas. Apesar do crescimento nominal do Orçamento, as emendas
coletivas catarinenses aprovadas não lograram sequer o patamar de 50% do
aprovado para 2001. Desse jeito, confirma-se a encenação do projeto de lei
orçamentária e do Orçamento público como peça de planejamento.
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Da mesma forma, verificamos que várias emendas coletivas de 2001, cujos
Municípios encontram-se em permanente mobilização porque dependem dos
recursos para operar investimentos, estão com zero de empenho. Cito como
exemplo catarinense as emendas para melhoria de condições de habitabilidade,
ações de desenvolvimento urbano, estímulo à produção agropecuária e ações
sociais de enfrentamento à pobreza. Do total das emendas coletivas de 2001,
apenas 17,65% foram pagas até o dia 16 de novembro.
Por isso, Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, precisamos debater sistema
mais eficiente e transparente para as contas públicas, fazendo do Orçamento peça
impositiva de planejamento, não permitindo a liberação discricionária e a política de
empenhos como peças de barganha para persuasão da bancada parlamentar.
É hora de acabar com a hipocrisia e fazer Orçamento público de fato e de
direito. A verdadeira responsabilidade fiscal é fazer Orçamento público transparente
e respeitado, livre das manipulações políticas.
DOCUMENTO A QUE REFERE O ORADOR
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DOCUMENTO REFERIDO PELO DEPUTADO
CARLITO MERSS
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Concedo a palavra ao nobre
Deputado Mauro Benevides.
O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Universidade Vale do Acaraú, no meu
Estado, situada no Município de Sobral e com cursos que funcionam
descentralizadamente em outras áreas do território cearense, desfruta hoje de sólido
prestígio e conceito merecido, graças a uma atuação das mais profícuas, sob a
clarividente e lúcida direção do Prof. José Theodoro Soares, figura preeminente nos
círculos intelectuais do País, por seu talento e determinação, já exuberantemente
comprovados diante da opinião pública nordestina.
Em artigo publicado recentemente, na edição de 30 de setembro do jornal O
Povo, o Reitor da UVA destaca que “... preparou quadros com formação avançada
para administração pública municipal e estadual do Ceará, contribuindo para a
modernização dos três Poderes”.
Disse mais o Prof. Theodoro:
A relevância deste papel da UVA deve ser recebida, e
estimulada sua intensificação, pelo fato de que ela reforça
a missão de interiorizar sua competência e modernizar
quadros superiores gerenciais das duas esferas
administrativas: Estado e Municípios.
Antes de guindar-se à condição de Reitor da UVA, o Magnífico Reitor dirigira,
com aprumo e descortino invejáveis, a Universidade Regional do Cariri, ali
empreendendo gestão das mais dinâmicas, representada pela execução de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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programas que alcançaram ressonância bastante favorável dentro e fora daquela
faixa territorial do Ceará.
Um dos marcos significativos da atuação da UVA foi a parceria estabelecida
internacionalmente, de modo particular com Portugal, conforme ressalta a Profa.
Maria Helena Carvalho Santos, de Lisboa, em trabalho agora divulgado no meu
Estado, no qual vai mencionado que “professores doutores portugueses, de
reconhecidos méritos acadêmicos e científicos, passaram a pôr o Ceará nas suas
agendas de trabalho”.
Foi a partir de 1999 que se implantou a primeira turma do Curso de Pós-
Graduação Master Of Science em Gestão e Modernização Municipal e Estadual e,
logo a seguir, o de Gestão Educacional.
Ressalte-se que um dos temas focalizados no intercâmbio entre a UVA e
outras entidades internacionais foi o do programa de privatização, levado a efeito em
nosso Pais, de que se incumbiram o francês Jahyr Philipe Bichara e o nosso
compatrício Joaquim Neto, numa valiosa troca de impressões sobre a nossa
realidade, com enfoque particularizado para essa polêmica política, que tem
suscitado divergências teóricas nos meios acadêmicos, com reflexos junto a
importantes segmentos da sociedade civil do nosso País.
Presentemente, a Universidade Vale do Acaraú promove um ciclo de debates
em torno de “Cenários para o Futuro”, com a cooperação da Prefeitura Municipal de
Sobral, a cuja frente acha-se o Prefeito Cid Gomes, que se tem valido do proficiente
concurso daquela entidade de ensino superior para a elucidação de questões
relativas ao desenvolvimento socioeconômico da Princesa do Norte.
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Em janeiro vindouro, a UVA realizará seu vestibular, quando serão oferecidas
615 vagas em dezoito áreas, esperando-se que haja uma demanda significativa, em
razão do renome que conseguiu alicerçar aquela instituição dentro e fora do Pais.
Ao ressaltar desta tribuna o fecundo trabalho levado a efeito pela UVA em
prol do nosso aprimoramento educacional, desejo cumprimentar o Reitor José
Theodoro Soares e sua notável equipe pelos êxitos até aqui consignados e que se
desdobrarão, certamente, em outras iniciativas, como a recente formação de trinta
mestres, numa parceria internacional das mais proveitosas e louváveis.
A UVA passou a ser uma autêntica legenda de seriedade em nosso mosaico
universitário, recolhendo a cada dia novos e expressivos triunfos em sua trajetória
de efetivas realizações em favor de formação técnica e cultural de nossa gente,
revelando quadros de abalizados conhecimentos, dispostos a servir às causas
intrinsecamente vinculadas ao nosso crescimento econômico e bem-estar social.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A SRA. MARINHA RAUPP (PMDB-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo do Estado de Rondônia está
inadimplente no SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira), inscrito pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária — INCRA, por não ter
executado totalmente o objeto pactuado no Convênio nº CRT/DF/28.003/98,
celebrado em 2 de julho de 1998, no valor de 2 milhões, 959 mil, 473 reais, com o
objetivo de adquirir equipamentos rodoviários para dotar o DER/RO e de dar suporte
à estrutura viária de todos projetos de assentamentos fundiários do Estado.
Os equipamentos constantes do convênio são: motoniveladora, caminhão
basculante, retroescavadeira, trator de esteira com lâmina, pá carregadeira,
caminhão irrigador e rolo compactador pé de carneiro, para a execução de serviços
de terraplanagem em revestimento primário, com o objetivo de evitar o êxodo rural.
O referido convênio foi firmado na gestão do Exmo. Sr. Valdir Raupp, cujos
recursos ficaram em conta corrente para serem executados pelo Governo atual, na
gestão 1999/2002.
Está demonstrada claramente a irresponsabilidade da atual administração
estadual, que não executou corretamente o objeto pactuado. E aqui perguntamos:
qual o objetivo? Seria o de jogar a culpa na administração estadual anterior?
Sr. Presidente, os equipamentos rodoviários de responsabilidade do Governo
do Estado de Rondônia deveriam atender a programação constante do plano de
trabalho e atender a todos os assentamentos do INCRA, o que até o presente
momento não ocorreu. Podemos citar como exemplo reivindicação da Prefeitura do
Município de Espigão do Oeste de recursos para a recuperação de estradas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Portanto, sugerimos ao INCRA a adoção de medidas para que os
equipamentos adquiridos mediante o convênio fiquem sob a responsabilidade da
superintendência do órgão no Estado de Rondônia, a fim de que o mesmo preste
efetiva assistência a todos os projetos de assentamento existentes,
independentemente do partido a que pertençam os gestores dos Municípios,
contribuindo, assim, para melhorar as condições de vida das famílias assentadas.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PPS-ES. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade de Santa Cruz, no litoral
norte do Espírito Santo, ameaçada pela iminente instalação de uma empresa de
mineração marinha, vislumbrava a destruição de seu meio ambiente e, em
decorrência lógica, de sua qualidade de vida.
Em vez de adotar a passividade ou a contemporização, tomou a iniciativa de
pedir aos órgãos competentes a criação de uma Área de Proteção Ambiental —APA.
É importante notar a crescente mobilização da sociedade na luta por seus
direitos. Nem tão antigamente assim, o Estado encarregava-se da iniciativa de criar
áreas de proteção, enquanto era comum vermos a sociedade reclamar de eventuais
prejuízos econômicos com a medida. Ainda hoje, muitas comunidades ingênuas
receberiam de braços abertos qualquer empresa de mineração marinha, madeireira
ou indústria que acenasse com a ilusória promessa de geração de empregos.
A solicitação pública, feita ao IBAMA, para a criação da APA foi encabeçada
pela Associação dos Amigos do Piraquê-Açu — AMIP e apoiada por mais de vinte
entidades profissionais e comunitárias. Entre as entidades que apóiam o parque
temos desde a Associação de Empresas de Turismo até a Associação Indígena
Tupiniquim e Guarani, passando por colônias de pescadores e associações de
moradores. Os pescadores parecem ter percebido que sem a preservação de alguns
santuários naturais até mesmo a vastidão e prodigalidade do oceano torna-se estéril.
Iniciativas como essa devem ser exemplarmente apoiadas como marco da
ascensão da sociedade civil, por meio das ONGs, ao efetivo papel de agente
político. Folgo em dizer que esse apoio foi dado pela Comissão de Defesa do
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Consumidor, Meio Ambiente e Minorias da Câmara dos Deputados. Nossos colegas
tiveram papel importante em todo o processo, pois foi aqui que a proposta original
de criação de uma Área de Proteção Ambiental — APA foi transformada em
proposta de um parque nacional marinho.
A delimitação do parque foi feita a partir de estudos técnicos da região.
Propõe-se como núcleo central da futura área a região entre a foz do Rio Preto e a
do Rio Sahy, até uma profundidade de 45 metros, onde a proteção inclui a proibição
da pesca. Até a profundidade de 200 metros haverá uma área de transição ou de
amortecimento do impacto humano, na qual só se permitirá a pesca de subsistência,
realizada apenas pelos cerca de 700 pescadores e 150 barcos cadastrados na
região.
O processo de criação da APA foi, de forma suspeita, extraviado no Ministério
do Meio Ambiente e no IBAMA, durante a luta da comunidade capixaba contra a
instalação da mineradora marinha na região. Felizmente, as ONGs encontraram o
decidido apoio deste Legislativo e agora, provavelmente, vão receber mais do que
pediam, em benefício de sua comunidade e também do litoral brasileiro.
A paisagem da região em questão é extraordinariamente rica tanto em terra
quanto no mar. Sua fauna inclui golfinhos e outras espécies mais raras de animais.
O incentivo ao turismo, por meio da permissão do mergulho de observação e da
prática de alguns esportes náuticos, certamente beneficiará a economia de uma
forma mais intensa, distribuída e duradoura do que a mera instalação de uma
mineradora. O incentivo à pesquisa e à educação ambiental, como não poderia
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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deixar de ser, também consta da proposta do novo parque nacional marinho de
Santa Cruz.
O mapa do Brasil está mudando, senhoras e senhores, e exulto ao ver
mudanças para melhor, como neste caso de frutífera colaboração entre a sociedade
civil organizada e esta Casa.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. WELLINGTON DIAS (PT-PI. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o assunto que nos conduz a esta tribuna é a
decisão do Procurador da República no Piauí, Tranvanvan Feitosa, que protocolou
ontem, junto ao Tribunal Regional Eleitoral — TRE, pedido de cassação do mandato
do Governador do Piauí, Hugo Napoleão, por abuso de poder econômico.
O procurador alega em seu pedido que Hugo Napoleão cometeu as mesmas
práticas de corrupção eleitoral, ou seja, abuso do poder econômico, das quais
acusou o ex-Governador Mão Santa, que teve o mandato cassado recentemente
pelo Tribunal Superior Eleitoral — TSE.
Quero dizer que a prática de corrupção eleitoral não é novidade em nosso
Estado. Durante o processo eleitoral de 1998, ingressamos com representação na
Justiça Eleitoral do Piauí defendendo a tese de abuso de poder econômico e uso da
máquina administrativa por parte das chapas lideradas pelo ex-Governador Mão
Santa e pelo atual Governador Hugo Napoleão.
Na época, mostrávamos denúncias de compra de colégios eleitorais,
distribuição de medicamentos e cestas de alimentos do INCRA, com características
eleitoreiras, visto que os produtos eram distribuídos à população com a presença
dos candidatos.
Lamentavelmente, senhoras e senhores, sem que tivesse sido efetuada uma
investigação mais rigorosa dos fatos apontados, o processo foi arquivado pelo
Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. Havíamos pedido diligências, contávamos com
testemunhas, mas é preciso reconhecer que agora, de alguma forma, é mais difícil
fazer a devida averiguação. A denúncia fica prejudicada.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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De qualquer forma, quero elogiar a iniciativa e coerência do Procurador
Tranvanvan Feitosa e registrar que ninguém mais poderá dizer que um processo
não dá resultado. Como diz o ditado popular, água mole em pedra dura tanto bate
até que fura.
Entendo que a corrupção é a mãe de todos os crimes e a impunidade, o pai.
Não podemos, então, deixar a impunidade prosperar. Precisamos dar o exemplo
para nossos filhos e nossos jovens. A Justiça precisa fazer a sua parte, e este é o
caminho mais curto para o fim da impunidade e o início de um País mais justo.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. JOÃO GRANDÃO (PT-MS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, quero referir-me às comemoração do Dia Internacional das
Pessoas com Deficiência, como já o fez o competente Deputado Dr. Hélio.
Quero, neste momento, Sr. Presidente, com todo o respeito e contando com a
aquiescência desta Casa, lembrar uma pessoa que não está mais entre nós, mas
com certeza está no lugar que sempre mereceu. Refiro-me a uma companheira
portadora de deficiência, uma grande guerreira: a ex-Prefeita da cidade de Mundo
Novo, Mato Grosso do Sul, Dorcelina de Oliveira Folador, em nome de quem quero
fazer esta homenagem.
O Deputado Dr. Hélio lembrou com muita propriedade que em nosso País as
pessoas portadoras de deficiência não são assistidas nem respeitadas como
deveriam ser. Em algumas ocasiões não se respeita a situação dos deficientes, que
são submetidos a toda sorte de constrangimentos. Enfim, há uma total falta de
respeito em relação a essas pessoas.
Entretanto, a companheira Dorcelina Folador, do Partido dos Trabalhadores,
superou, além das limitações físicas, outros preconceitos. Além de ser portadora de
deficiência, era mulher, e, portanto, sofria discriminações, mas foi sempre um
exemplo de ser humano e de militante político. Sempre combateu a corrupção e
defendeu projetos de inclusão social.
Na administração da companheira Dorcelina em Mundo Novo, tivemos um
exemplo de administração que buscava incluir o cidadão na sociedade. O Programa
Bolsa-Escola, por exemplo, foi introduzido em Mato Grosso do Sul por Dorcelina, em
Mundo Novo. A assistência aos idosos continua sendo dirigida da forma como ela
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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pretendia. O trato, a forma e o respeito com que ela administrava essas políticas
renderam-lhe reconhecimento internacional, e tiveram continuidade com o Prefeito
Humberto Amaducci, também do Partido dos Trabalhadores.
Dorcelina Folador foi, sem sombra de dúvida, um exemplo de administração e
de resistência. Tanto é verdade que há aproximadamente dois anos ela foi
assassinada de forma covarde e brutal.
Repudiamos todo tipo de assassinato, evidentemente, mas a forma como
Dorcelina Folador foi executada deixou-nos estarrecidos, primeiro por conhecermos
a companheira, segundo por sabermos de sua luta em favor dos menos favorecidos,
e terceiro porque ela sempre se empenhou na luta pela reforma agrária, tendo sido
inclusive militante aguerrida do MST. Entre outras causas, talvez tenha sido essa a
que a levou a ter aquele fim.
Portanto, quero lembrar, no transcurso do Dia Internacional das Pessoas com
Deficiência, a companheira Dorcelina Folador, e em seu nome fazer um apelo no
sentido de que se concretizem políticas de inclusão social não só dos deficientes,
mas de todas as pessoas menos favorecidas, e vejamos implantada a reforma
agrária, a fim de que os cidadãos tenham respeitado seu direito ao alimento, à
escola, à dignidade e à segurança.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. OLIVEIRA FILHO (Bloco/PL-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, quero registrar nos Anais da Casa o 61º aniversário de Rubens de
Castro, Pastor da Terceira Igreja do Evangelho Quadrangular em Curitiba, ocorrido
ontem.
Sr. Presidente, passo a abordar outro assunto. Hoje o Estado do Paraná tem
a terceira economia mais importante do País, ultrapassando o Rio Grande do Sul e
até mesmo Minas Gerais.
Faço esta afirmação para dizer que o Paraná, Estado que tenho a honra de
representar, tem entre suas empresas lideranças de responsabilidade com o Estado.
Prova disso está no jornal Gazeta do Povo, publicação diária, com 83 anos de
tradição, lido por nove em cada dez leitores e dirigido pelo competente Dr. Francisco
da Cunha Pereira Filho. Homem de tradição jornalística e cuja família é ligada ao
Direito, a exemplo do seu pai, de saudosa memória, Francisco da Cunha Pereira e
que corretamente dirige os destinos do Grupo Rede Paranaense de Comunicação.
Este competente empresário e homem de visão está sempre em consonância
com os interesses do Paraná e freqüentemente lidera as grandes causas de
desenvolvimento e progresso do Estado, a exemplo das várias campanhas por ele
empreendidas com absoluto êxito — correríamos o risco de lapso de memória se
procurássemos enumerá-las.
Outro exemplo marcante que delineia as ações do jornal Gazeta do Povo
está na cobertura diária que o jornal dedica à atuação da nossa bancada federal, por
meio da coluna “Corredores do Poder”, escrita pelo dedicado e competente jornalista
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Paulo Cruz, que hoje completa dois anos de existência. Diariamente os leitores são
informados das nossas atuações nesta Casa.
Com larga experiência de mais de trinta anos cobrindo as atividades políticas
do Congresso Nacional, Paulo Cruz diariamente abre espaço para publicação dos
nossos trabalhos, reportando com fidelidade as ações, posições, opiniões,
coerências e divergências das coisas da política, informando com precisão aos mais
de 750 mil leitores do jornal Gazeta do Povo, que tem repercussão nos Estados de
Mato Grosso do Sul e Santa Catarina e — por que não dizer? — também aqui em
Brasília.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a coluna “Corredores do Poder”
ganhou do leitor paranaense o respeito do profissional. Prova disso está nos vários
convites, telefonemas, e-mails e correspondências, das mais variadas formas, que
os Parlamentares da bancada paranaense recebem diariamente em função de suas
opiniões, projetos e ações publicadas em sua coluna.
Vemos com muito orgulho o trabalho desse profissional que diuturnamente,
por meio de sua equipe, nos procura, consulta nossos gabinetes, nossos
assessores, em busca de uma informação honesta e construtiva.
Estão de parabéns o Dr. Francisco da Cunha Pereira Filho, o jornalista Paulo
Cruz e o povo paranaense.
Era o que tinha a dizer.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. CARLITO MERSS (PT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, hoje, depois de alguns dias de luta, talvez tenhamos neste
plenário a confirmação de que o Brasil, governado nos últimos sete anos pelo
triunvirato liberal de tucanos auxiliados por boa parte do PMDB e pelo malufista
PPB, voltará ao regime de escravidão ou não.
Toda a polêmica criada em relação a esse projeto que deverá ser votado na
tarde de hoje é muito estranha. É estranha principalmente a postura do Sr.
Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que se empenhou
pessoalmente para que esse projeto fosse votado a qualquer custo.
Os jornais de hoje trouxeram notícia que me deixou muito triste. De forma
arrogante, disseram que, se aprovada a flexibilização da CLT, os trabalhadores
brasileiros serão massacrados. Disseram também que já foi marcado para quinta-
feira jantar comemorativo, para o qual estão convidados todos os Deputados que
votarem a favor do Governo, concordando com a redução dos poucos direitos que
os trabalhadores formais têm no Brasil e com a flexibilização da Consolidação das
Leis do Trabalho como saída para gerar mais empregos.
Qualquer estudo mínimo prova, Sr. Presidente, que mais da metade dos
trabalhadores hoje vive na informalidade e que a razão do desemprego e da crise
em que vivemos não é a folha de pagamento das empresas, nem os poucos direitos
dos trabalhadores. Se fizermos uma análise sobre o que foi conseguido em 1943
pelo saudoso Presidente Getúlio Vargas, veremos que muito pouco foi incorporado,
como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, praticamente imposto aos
trabalhadores em 1966.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O trabalhador brasileiro nunca pôde, realmente, optar entre o FGTS e a
estabilidade. Não tenho notícia de nenhum emprego criado a partir de 1966 em que
o trabalhador não tivesse de “optar” — entre aspas — pelo FGTS. Sabemos que
nenhum empresário contratou qualquer empregado utilizando-se de legislação
anterior, que garantia estabilidade a partir de dez anos de serviço.
O pagamento de adicional pela hora noturna e pela hora extra são algumas
das poucas vantagens incluídas na legislação trabalhista.
Empresas multinacionais entendem que a legislação trabalhista brasileira é
muito boa. No entanto, estamos sofrendo pressão sem precedentes para
aprovarmos a proposta do Governo que retira os já mínimos direitos dos
trabalhadores. É importante, então, que todo trabalhador, todo sindicato, todo eleitor
fique atento ao voto dos Srs. Deputados, porque muitos deles procuram escondê-lo
de forma até covarde. Mas não se pode ficar contra o trabalhador e sair impune. É
muito fácil para alguns Deputados abraçar trabalhadores, presenteá-los, pagar uma
cerveja para eles e depois, quando já estão nesta Casa, eleitos, ajudar o Governo a
retirar direitos desses mesmos trabalhadores.
Sr. Presidente, a verdade é esta: a flexibilização trará como conseqüência a
retirada dos poucos direitos que os trabalhadores têm e ainda aumentará os índices
de trabalho informal e de desemprego, problemas que estariam resolvidos com uma
reforma tributária, que poderia reduzir juros. Isso, porém, não interessa ao Governo,
uma vez que mexeria com os interesses dos grandes especuladores. E o Governo
só se preocupa com o lucro dos bancos e com o pagamento das dívidas interna e
externa.
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Portanto, é fundamental observar o que acontecerá hoje nesta Casa. O
resultado da votação poderá trazer o passado de volta: a legalização da escravidão,
que ainda existe em muitas áreas do País, mesmo com a vigência da CLT. O povo
brasileiro, portanto, deve ficar de olho na sessão de hoje da Câmara dos Deputados,
para saber de que lado está cada um dos seus representantes.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Concedo a palavra ao nobre
Deputado Fernando Coruja, que permutou seu tempo com o nobre Deputado Carlito
Merss. S.Exa. dispõe de cinco minutos para o seu pronunciamento.
O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.
Srs. Deputados, será discutido hoje nesta Casa mais um capítulo da mudança da
CLT.
A proposta do Governo tem por finalidade, no exagero de expressão, revogar
a CLT, visto que, de acordo com o projeto, essa legislação só prevalecerá quando
não houver acordo ou convenção coletiva.
Temos de analisar primeiramente o aspecto jurídico e legal do projeto. Será
possível que convenção coletiva ou acordo possam ficar acima da lei em todos os
casos? Ora, pesquisando o novo Código Civil encontramos, no art. 2.049, que
nenhuma convenção poderá prevalecer sobre as normas públicas.
Se no Código Civil as regras obedecem à autonomia da vontade, uma
exceção, imaginemos então quando estivermos tratando de normas eminentemente
públicas, como as que dizem respeito ao Direito do Trabalho.
Nosso entendimento é o de que não podemos generalizar, determinando que
acordos e convenções coletivas prevaleçam sobre a legislação. Vários argumentos
são utilizados na tentativa de nos convencer do contrário. O primeiro, muito citado
nesta Casa, é relativo ao fato de que o Sindicato dos Metalúrgicos se utilizou do
acordo coletivo para explicar que, na Alemanha, a Volkswagen reduziu o salário dos
seus funcionários para permitir a manutenção do emprego de todos.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Estão explicitamente inseridas no texto constitucional essa e outras formas de
negociação. Mas, se o texto constitucional não previu, não se pode fazer. Se o maior
e mais forte sindicato da América Latina teve de se submeter à redução dos salários
dos seus funcionários em 25%, imaginem o que vai acontecer com os sindicatos
mais fracos, principalmente no interior do País!
Ora, à primeira vista, podem parecer pequenas as alterações que querem
fazer na CLT, mas não são. O art. 7º da Constituição é que determina o que é
relação de trabalho.
Contratos ou acordos que tentam disfarçar a relação de trabalho não podem
prevalecer, caso contrário, haverá muitas situações em que não se configurará
relação de trabalho. E, nesses casos, os direitos, mesmo os constitucionalizados,
como o FGTS e o 13º salário, poderão ser suprimidos por meio de acordo. Por
exemplo, a Justiça do Trabalho tem entendido que as cooperativas de mão-de-obra
devem obedecer à CLT. Inúmeras situações vão surgir em que a garantia de relação
de trabalho não será obedecida.
Infelizmente, em tão pouco tempo, não podemos discorrer sobre todos os
malefícios que se vão produzir para o trabalhador brasileiro. A aprovação desse
projeto de lei não visa melhorar a situação dos trabalhadores, pois, para isso, já
existe previsão na lei. Os acordos serão feitos somente para lhes retirar direitos.
Por isso, mais uma vez, usaremos todas as armas disponíveis para que não
se faça com o trabalhador brasileiro mais uma indignidade, entre tantas que este
Governo tem feito com sua política econômica .
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Um governo que não tomou qualquer providência, não praticou nenhum ato
que se traduza em benefício concreto para o povo, deve abster-se de atos que
castiguem a população e respeitar direitos já consagrados, para, ao menos, garantir
a paz em que vivemos.
Ninguém neste País está reclamando mudanças na CLT. No entanto, este
Governo apresenta projeto, para ser votado em regime de urgência, que modifica a
legislação trabalhista. Com isso, está bulindo em casa de marimbondo. O fato é que
as relações entre capital e trabalho estão pacíficas, ninguém está reclamando
alterações na legislação vigente. Apesar do desemprego em massa, o operariado
está quieto, cada desempregado se esforçando para levar o pão de cada dia à mesa
da família, pacificamente, sem protestos, sem violência.
De repente, sem mais nem menos, sem qualquer reclamação, aparece na
imprensa o Ministro do Trabalho defendendo projeto de lei do Governo destinado a
revogar direitos dos trabalhadores — inclusive férias e recebimento de horas extras
— e a parcelar, no curso do ano, o pagamento do 13º salário, acabando
praticamente com o benefício. Quer o Governo restringir os direitos dos
trabalhadores, quando todos vivem fase de sacrifícios imposta por uma política
econômica impopular. Este período de recessão e de desemprego que atinge
milhões de trabalhadores é resultante de causas conhecidas por todos nós. O
momento, Sr. Presidente, não é propício para afligir os aflitos.
Tudo o que disser respeito a direitos do cidadão, a direitos dos trabalhadores
— a parte fraca da relação trabalho versus capital — deve ser discutido
amplamente e de forma clara: sem subterfúgio nem pressa. Não há dúvida de que a
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CLT, que vem do Estado Novo de Vargas, com mais de 70 anos de vigência,
necessita de reformas.
Está claro que as relações trabalhistas mudaram, que o mundo mudou de
forma fantástica nesse período, e é justo que a legislação avance, mas não assim.
Não se trata tão-somente da Consolidação das Leis do Trabalho. O Código Civil
reformado ainda não foi aprovado no Congresso, e a legislação penal é
simplesmente piegas. Não atende à sociedade moderna e beneficia o criminoso. A
legislação penal é de tal sorte viciada que rico dificilmente cumpre as sentenças que,
às vezes, merece. Sempre há saídas e recursos que um advogado bem pago
encontra para libertar quem deveria estar na cadeia.
O que seria mais importante para a sociedade neste momento: revisão na
legislação penal para combater o crime e a violência ou uma briga para reformar a
CLT?
O Governo se perde com discussões como essa e fica cada vez mais feio no
retrato. A CLT precisa ser reformada, sim, e até de forma ampla. Mas numa
discussão aberta com a sociedade, para que seja feito o melhor para o trabalhador,
que, na briga com o capital, é a parte que não pode perder.
O Governo diz que as mudanças pretendidas são superficiais, que não
atingem nem fragilizam as conquistas dos trabalhadores. Há vários equívocos
políticos em torno da questão. Principalmente, há desconfianças. Senão, como se
concebe que, sendo as mudanças desejadas por FHC superficiais, nelas o
Presidente insista dando à matéria caráter de urgência? É mesmo para se
desconfiar.
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O projeto de lei que modifica a legislação trabalhista interfere no destino de
milhões de trabalhadores brasileiros. Este Governo parece viver procurando sarna
para se coçar. A modernidade exige a flexibilização da relação entre capital e
trabalho, mas atualmente ninguém está reclamando mudanças na CLT. Qualquer
mudança deve ser originada de discussão aberta com a sociedade para se fazer o
melhor para o trabalhador que, na briga com o capital, é a parte que não pode
perder.
Os direitos de empregadores e empregados estão reconhecidos e
estabilizados. Já vai longe na nossa memória a solução das divergências entre
empregados e empregadores por autoridades policiais e a dissolução de protestos e
passeatas a pata de cavalo. Hoje, patrões e empregados sentam-se à mesma mesa
para discutirem suas questões, pois se é reconhecido que o capital é indispensável
à geração de riqueza, o trabalho não é menos importante.
Desde 1907 os problemas trabalhistas constituem preocupação dos Governos
deste País. Já naquele ano, o Decreto Legislativo nº 1.637 atribuía aos sindicatos
“que se constituíssem com espírito de harmonia entre patrões e empregados”, bem
como aos “conselhos permanentes de conciliação e arbitragem”, a tarefa de dirimir
as divergências entre o capital e o trabalho.
A Revolução de 1930, entre outros avanços sociais, valorizou o trabalho com
uma legislação que acabou consolidada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de
1943, que conferiu aos trabalhadores, dentre outros direitos, a estabilidade, perdida
após a Revolução de 1964 na troca pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço,
iniciativa do então Ministro Roberto Campos.
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Volto a dizer que temos questões mais urgentes a tratar neste Parlamento. O
que seria mais importante no momento: uma revisão na legislação penal para
combater o crime e a violência ou uma briga para reformar a CLT?
Volto a dizer que é imprópria e afronta o direito dos trabalhadores à proteção
do Estado a alteração do art. 618 da Consolidação das Leis do Trabalho, para
admitir que os instrumentos de negociação coletiva entre sindicatos e empresas
prevaleçam sobre a lei, salvo em se tratando de preceito constitucional. Não
podemos ignorar que o Brasil é desigualmente desenvolvido. Temos regiões
plenamente desenvolvidas que convivem com outras em vias de desenvolvimento e
com algumas subdesenvolvidas. Sindicatos fortes, capazes de negociar em posição
de equilíbrio, só vamos encontrar onde há desenvolvimento econômico.
O Governo não pode jogar nas costas do trabalhador brasileiro a
responsabilidade por todas as desgraças deste País. Quando o Governo diz que os
encargos trabalhistas oneram a produção de tal modo que prejudicam o nosso
comércio exportador está mentindo. Os encargos incidem sobre salários
insignificantes. O que prejudica a exportação é a tributação em cascata, taxas
portuárias exorbitantes, carência de energia elétrica e baixo poder de consumo
nacional. Conciliar as teorias monetaristas e estruturalistas de maneira a propiciar o
desenvolvimento socioeconômico resultaria na redução das taxas de desemprego
dos milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza.
O Governo está politicamente vesgo!
Outro assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Para o ano de 2002, o
Governo FHC planeja gastar 48% a mais com publicidade, distribuindo as verbas
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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entre os Ministros que pretendem candidatar-se a algum cargo eletivo ou mesmo à
sucessão presidencial. Com esse aumento, as verbas que o Governo destina à
publicidade deverão chegar a cerca de 177 milhões de reais, 57,5 milhões de reais a
mais que o previsto para este ano.
Entendo que está havendo uma inversão de valores. Sobra dinheiro para
apregoar o quanto é “generoso” — afinal dá 15 reais a cada criança pobre mantida
na escola e outros 30 reais para a alimentação de famílias necessitadas —,
enquanto, por outro lado, este mesmo Governo diz não ter recursos para
proporcionar melhoria de salário para servidores e professores, que não têm
reajuste algum há sete longos anos. E não podemos esquecer que o dinheiro que o
Governo usa para se promover é o mesmo que sai do bolso do povo, sob vários
títulos, e que deveria ser aplicado em obras sociais para melhorar a vida dos
brasileiros, que ficam cada vez mais pobres.
Um dos Ministros deste Governo declarou publicamente que o Ministério da
Educação gastou este ano e até agora apenas 75% da verba a ele destinada pelo
Orçamento da União. O valor que ainda resta é mais que suficiente para o
atendimento das reivindicações dos professores e ainda sobraria alguma coisa, mas
o Ministro da Educação não quer nem ouvir falar em ceder. Enquanto isso, os
professores permanecem com o pires na mão, em situação humilhante, e os
universitários brasileiros pagam o pato, pois estão perdendo tempo e
comprometendo seu acesso ao mercado de trabalho. Muitos deles, que já estavam
estagiando, perderam suas vagas porque não conseguiram concluir o curso.
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O Governo, na sua teimosia, chega às raias do absurdo quando se recusa a
pagar o salário dos professores e edita medidas provisórias que se sobrepõem às
leis do nosso País, até mesmo contrariando decisões judiciais já expedidas. Quem
diria que chegaríamos a presenciar atos que causariam inveja a governo ditatorial,
em pleno exercício da democracia? Acorda, Brasil!
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O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sem dúvida o principal assunto em pauta nesta
Casa é o projeto que trata da flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho.
Argumenta-se falsamente que o projeto flexibilizará apenas a CLT e aqueles
que a ele são contrários defendem esta lei. Ora, o referido projeto coloca qualquer
acordo acima da lei trabalhista. Portanto, não se trata apenas da CLT. Aqueles que
se posicionam contrariamente ao projeto assim o fazem porque ele impede qualquer
outro tipo legislação trabalhista. Mesmo se houvesse proposta de modificação da
CLT, ela não teria sentido diante desse projeto.
Uns defendem a CLT; outros não. Alguns defendem a existência de legislação
no campo do trabalho; outros acreditam que não deve existir legislação alguma
nesse campo. O que impressiona é a insistência do Governo em manter o projeto
depois de tanto desgaste.
Por que o Governo insiste tanto na aprovação de um projeto como esse?
Parece-me ser premissa do Acordo de Livre Comércio das Américas, que seria
exatamente acabar com a legislação brasileira na área trabalhista para facilitar sua
aprovação. Se é assim, dever-se-ia debatê-lo corretamente e não enviesadamente
como no momento, afirmando-se ser questão trabalhista, quando, na realidade, o
motivo é outro.
O Governo precisa, portanto, explicitar se pretende de fato sinalizar para o
Acordo de Livre Comércio das Américas no que diz respeito à legislação trabalhista.
Outro aspecto importante é o painel de votação. Esperamos que o problema
tenha sido corrigido. Na última votação, impressionou-me especialmente o caso do
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Deputado Damião Feliciano que, no momento da votação nominal, manifestou o
voto “não”, mas o painel registrou “sim”. Outros Deputados não se pronunciaram
quando da votação nominal, mas haviam votado contra o projeto pelo sistema
eletrônico. Ou seja, há alguma relação misteriosa entre o Governo e sua base, a
qual, espero, seja efetivamente esclarecida. Hoje as pressões devem ter acontecido
em maior intensidade, já que estão até marcando jantar para comemorar — precisa-
se saber à custa de quem.
Sr. Presidente, temos hoje histórico dever com o povo brasileiro. O Brasil tem
o direito de legislar ou não sobre matéria trabalhista.
Os Estados Unidos pretendem que nenhum país da América Latina tenha
legislação trabalhista, porque a sua inexistência facilitaria o ingresso das empresas
norte-americanas e multinacionais nesses países, aos quais elas imporiam a
legislação de origem.
Temos de decidir: ou assumimos a soberania deste Parlamento para legislar
sobre matéria trabalhista ou renunciamos a essa prerrogativa.
Passei algum tempo refletindo sobre o assunto, mas está claro que não se
trata de interesse nacional, mas, sim, multinacional, do capital financeiro, da ALCA.
Essa é a questão chave. Pretende-se que os países da América Latina não tenham
legislação trabalhista. E, nesse caso, já sabemos o que vai acontecer. Todas as
empresas multinacionais vão operar em nosso País tendo como referência
legislação feita, sim, no Parlamento, só que no norte-americano.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. CORIOLANO SALES (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o III Congresso Brasileiro de Cooperativas de
Crédito, realizado na cidade de Belém, no Estado do Pará, nos dias 27 a 30 do mês
passado, promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito —
CONFEBRÁS, e pela Central das Cooperativas de Crédito do Estado do Pará —
CECRESPA, foi um excelente evento, do qual tive a satisfação de participar e
compartilhar experiências com ilustres personalidades do mundo do cooperativismo
geral e de crédito, dentre eles, Roberto Rodrigues, ex-Presidente da Aliança
Cooperativista Internacional e professor da UNESP, figura de escol no
cooperativismo internacional.
Naquele congresso foram realizadas inúmeras palestras e discussões acerca
do papel do banco cooperativo e das cooperativas de crédito, da evolução do
cooperativismo de crédito na Alemanha, da importância do cooperativismo de crédito
em uma pequena comunidade notadamente brasileira, da saga das cooperativas
Luzzatti no Brasil, do papel das cooperativas de crédito no sistema financeiro
nacional na ecologia e globalização, da supervisão das cooperativas de créditos
brasileiras e do papel dos agentes fiscalizadores. Foi igualmente discutido o papel
do Banco Central do Brasil e a relação das universidades com o cooperativismo de
crédito, numa relação de integração tecnológica e de desenvolvimento brasileiro; o
papel do cooperativismo de crédito na relação com as entidades que integram a
Frente Parlamentar do cooperativismo do Congresso Nacional e a própria
Confederação Brasileira de Cooperativas de Crédito.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Um dos momentos importantes daquele congresso foi a exaltação do papel
dos que organizaram e ajudaram a constituir o cooperativismo de crédito no Brasil. À
ocasião, foi entregue comenda, prêmio instituído pela Confederação Brasileira de
Cooperativas de Crédito, denominado “Edificador do Cooperativismo de Crédito
Padre Theodor Amistad”. Este foi o criador da primeira cooperativa de crédito do
Brasil, no Rio Grande do Sul, em 1902, ainda hoje existente, na localidade de Nova
Petrópolis, uma das mais importantes do País.
A comenda foi entregue à Sra. Maria Thereza Rosália Teixeira Mendes,
Therezita, que fundou a primeira entidade de 2º grau do cooperativismo de crédito
do Brasil, denominada FELEME, no Rio de Janeiro. É articuladora do cooperativismo
de crédito no Brasil por intermédio do Movimento de Crédito Desjardins, no Canadá,
e das Credit Unions dos Estados Unidos da América.
Também foram entregues comendas ao Sr. Mylton Mesquita, Presidente da
Cooperativa Luzzatti de Guarulhos, Estado de São Paulo; ao Sr. Célio Tavares
Ramos, Presidente da Cooperativa Luzzatti de Mendes, Estado do Rio de Janeiro —
primeira cooperativa Luzzatti a ser fundada no Brasil no ano de 1929; à Profa. Diva
Benevides Pinho, da Escola de Economia da Universidade de São Paulo, uma das
escritoras sobre cooperativismo no Brasil; à Dra. Alzira Silva, primeira Presidente da
primeira Central de Crédito do Brasil (CECRERJ), do Estado do Rio de Janeiro, e ex-
Presidente da Cooperativa dos Empregados de Furnas, também no Rio de Janeiro;
e ao Dr. Luiz Dias Thenório Filho, Presidente Honorário da Central de Crédito Mútuo
de São Paulo; e também a este orador, que foi um dos palestrantes daquele
importante congresso.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sr. Presidente, na oportunidade discutiu-se o papel das 1.302 cooperativas de
crédito existentes no Brasil que trabalham sob a liderança do Banco Cooperativo de
Crédito do Rio Grande do Sul e do Banco Cooperativo do Brasil, com sede em
Brasília.
Foi um importante momento para discutir a reestruturação do cooperativismo
de crédito em nosso País, que ainda tem papel significativo a desempenhar na
formação da poupança e do desenvolvimento local.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. AIRTON DIPP (Bloco/PDT-RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 22 de novembro último comemorou-se o
58º aniversário da independência do Líbano.
Destaco essa data pois são 58 anos da independência desse país que,
apesar de sua limitada superfície territorial, possui uma população de 3 milhões de
habitantes, além, é claro, dos cerca de 14 milhões de emigrantes libaneses
espalhados pelo mundo, fruto de inúmeras dominações e guerras que levaram sua
população a sofrer com a fome e diversos massacres, motivo de milhões de
libaneses terem se espalhado pelo mundo.
Nesse sentido, é sempre importante ressaltar o fato de o Líbano viver
pacificamente com uma democracia liberal, construída a partir de um pacto nacional
formado por cristãos maronitas e mulçumanos, mesmo estando localizado próximo à
Síria, Israel, Iraque, Jordânia, Irã, Kuwait, Catar, Emirados Árabes, Iemen, Omã e
Arábia Saudita.
Esse fato demonstra a possibilidade de participação do País na construção de
um diálogo capaz de viabilizar a solução para os conflitos que envolvem árabes e
judeus.
E quando parece-nos que o mundo caminha, de forma equivocada, para o
acirramento das relações entre ocidente e oriente, temos certeza que o Brasil
poderia, juntamente com o Líbano, com o estreitamento de relações culturais e
comerciais, demonstrar a possibilidade da convivência pacífica e harmônica de
nações de culturas diferentes.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Nesse sentido, ressalte-se a importância do Líbano como parceiro estratégico
do Brasil para incrementar as relações comerciais junto aos demais países árabes,
que têm demonstrado enorme resistência em consumir produtos importados dos
EUA e da Comunidade Européia por causa das ações militares em curso no
Afeganistão.
Assim, destacamos mais uma vez a passagem do aniversário deste País de
história e culturas tão ricas, reforçando sempre a importância do respeito ao direito
dos povos de terem autodeterminação, como forma de construirmos efetivamente
uma convivência pacífica e harmônica em todo o mundo.
O segundo assunto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, diz respeito ao
Projeto de Lei Complementar nº 4.147/2001, que institui as diretrizes nacionais para
o saneamento básico, que tramita nesta Casa desde fevereiro de 2001.
Esse projeto trás no seu bojo a proposta de transferir a titularidade dos
recursos hídricos dos Municípios para os Estados e é uma clara tentativa de iniciar o
processo de privatização da água no Brasil.
Esse assunto tem suscitado discussões acaloradas em diversos locais do
mundo, pois, de um lado, estão aqueles que defendem o interesse público e, de
outro, empresas multinacionais, sobretudo as francesas, que estão mapeando os
lugares onde a água ainda não foi privatizada.
Nesse ponto é importante esclarecer que a água é um direito humano e não
um recurso natural que possa ser explorado. Por isso a água é apontada como o
bem mais precioso do século XXI. E a disputa pelo controle de rios, nascentes,
lençóis subterrâneos e qualquer outra reserva de água, que possa gerar
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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sobrevivência e lucro, tem sido responsável pelo acirramento de diversos conflitos
armados no planeta, como podemos citar a disputa entre israelenses e palestinos.
Cientistas, ativistas, intelectuais e muitos políticos têm lutado contra a
possibilidade de privatização da água. Nesse sentido, algumas iniciativas devem ser
destacadas, como a criação, por parte da União Européia, do Comitê Científico para
a Convenção da Água, instituição presidida pelo ex-Presidente de Portugal Mário
Soares.
Esse comitê, preocupado com os caminhos da água na geopolítica mundial,
pretende incentivar o debate entre todos os governos do mundo sobre as condições
da venda da água, com o intuito de gerar resistência às propostas de privatização
dos recursos hídricos e de defesa da água como um direito humano e não como um
recurso natural. Essa diferença que, em princípio, parece insignificante, é na
verdade decisiva, pois não se compra nem se vende um direito humano. Essa
proposta contrasta com a visão difundida pelo Banco Mundial, que vê na água um
recurso natural negociável.
É oportuno também destacarmos o surgimento no Brasil de um forte
movimento, contrário a iniciativas que possam levar à privatização dos recursos
hídricos, que tem suscitado o aprofundamento de discussões sobre a atual situação
dos recursos hídricos no País, principalmente a respeito da escassez e de
problemas de poluição que têm comprometido e até impossibilitado o consumo de
água em algumas cidades brasileiras.
Problemas como o desperdício e a poluição devem ser enfrentados
imediatamente pelas autoridades públicas, com a implantação de políticas públicas e
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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programas que transformem as populações envolvidas nos principais parceiros de
nova relação a ser estabelecida entre as comunidades e seus mananciais hídricos.
De nossa parte cabe registrar, de forma enfática, nosso posicionamento entre
aqueles defensores da água como um direito essencial do homem e, como tal,
seremos contrários a qualquer projeto ou iniciativa que possa levar à sua
privatização.
Muito obrigado.
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O SR. EDMUNDO GALDINO (PSDB-TO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comemorou-se, ontem, o Dia Internacional da
Pessoa com Deficiência, e farei algumas considerações sobre o tema. Na verdade,
entre nós, não podemos falar exatamente de comemorações, no sentido de
celebrações, de festejos, quando o assunto é deficientes físicos.
No Brasil, cerca de dezesseis milhões de pessoas, ou seja, aproximadamente
10% da população, são portadoras de deficiências físicas, sensoriais ou mentais. É
um número impressionante, que mais se agrava quando se sabe das imensas
dificuldades enfrentadas por essas pessoas que apresentam necessidades
especiais quanto à sua plena integração no contexto social.
As leis existem para protegê-las, é verdade. A Lei Maior, em diversas
disposições, assegura direitos aos portadores de deficiências, como o acesso ao
mercado de trabalho, à educação especial e a facilidades de locomoção nos
logradouros públicos. No entanto, como é notório, há uma distância abissal entre a
lei e a prática, entre a teoria e a dura realidade dos fatos.
Na verdade, de nada adianta termos leis avançadas, que assegurem direitos
às minorias, aos excluídos, se tais diplomas não são cumpridos, transformando-se
em mera letra morta.
Sr. Presidente, a tendência contemporânea em todo o mundo é proporcionar
condições adequadas, por toda a sociedade, para que os portadores de deficiências
tenham uma vida digna, integrada e produtiva, mas infelizmente isso nem sempre
acontece em nosso País. Foi-se o tempo em que essas pessoas eram objeto de
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comiseração ou filantropia, atitude absurda que as impedia de se tornarem úteis a si
mesmas e à comunidade, resgatando sua auto-estima e sua plena cidadania.
No que diz respeito ao mercado de trabalho, há em todo o País
aproximadamente nove milhões de portadores de necessidades especiais em
condições de trabalhar, qualificados que estão para desempenhar atividade
laborativa compatível. Todavia, apenas um milhão dessas pessoas lograram
conseguir alguma colocação, ficando na ociosidade os outros oito milhões. Parece
ser um indicativo de que o sistema de "quotas", implantado entre nós, não está
funcionando a contento.
Aliás, como oportunamente recordou o Prof. José Pastore, pesquisador da
FIPE, muitos países usam as quotas, mas nenhum teve sucesso exclusivamente
com fundamento nesse sistema, pois muitas empresas não têm como cumprir essa
obrigatoriedade.
Como ressalta esse pesquisador, é muito mais eficaz o sistema de quota-
contribuição, pelo qual as empresas que deixam de contratar o número de
portadores de deficiência previsto recolhem, para um fundo especial, um percentual
do que gastariam com a respectiva contratação. Ou ainda, alternativamente, o
sistema em que contratariam, por intermédio de instituições especializadas, o que se
denomina "trabalho protegido", no qual os deficientes trabalham de forma produtiva
e bem acomodados.
Lembra ainda o Prof. Pastore que é fundamental que haja três tipos de
atividades: serviços de habilitação e reabilitação; manutenção de instituições de e
para os portadores de deficiências; e estimulação às empresas, por meio de
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empréstimos e doações, para fortalecer o seu interesse na contratação dessas
pessoas.
Aliás, no Brasil é essencial que haja um número significativamente maior de
programas de formação adequada para os portadores de deficiência física, sensorial
e mental.
Por sinal, informações da própria Secretaria de Educação Especial do
Ministério da Educação dão conta de que apenas trezentos mil portadores de
deficiências comparecem às salas de aula, abrangendo todas as séries das escolas
públicas e particulares, e, desse total, apenas três mil estão no ensino médio.
No entanto, a qualificação profissional é uma das chaves para que os
portadores de deficiências possam, efetivamente, ingressar no mercado de trabalho.
Por isso, afigura-se-nos da maior relevância que sejam instituídos programas, em
âmbito nacional, que objetivem a formação profissional dos portadores de
deficiências.
Então, no ensejo das comemorações do Dia Internacional da Pessoa com
Deficiência, apelamos desta tribuna aos órgãos federais, especialmente aos
Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego, para que seja implementada
política mais eficiente, que permita aos portadores de necessidades especiais terem
assegurado o acesso não apenas à educação, mas também ao emprego.
Todas essas pessoas querem, tão-somente, exercer seus inalienáveis
direitos de cidadania, estudando e trabalhando, como os demais brasileiros.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. CARLOS SANTANA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao desejar que o Ministro Interino de Estado dos
Transportes, Sr. Alderico Jefferson da Silva Lima, faça boa gestão à frente dessa tão
importante Pasta governamental, venho, desta tribuna, lembrar a S.Exa. que,
quando era Ministro o Sr. Eliseu Padilha, foram fechados vários acordos importantes
com os trabalhadores ferroviários que devem ser mantidos.
Um desses acordos é a questão dos imóveis residenciais da Rede Ferroviária
Federal S.A — RFFSA, onde residem milhares de companheiros. A Lei nº 8.693/93
já garante o direito de ocupação e prioridade na aquisição desses imóveis, mas
lutamos para que eles sejam doados.
Depois de muita negociação, garantimos a inclusão de artigo no Projeto de
Lei nº 1.615/99 — que trata da criação da Agência Nacional de Transportes
Terrestres — ANT —, que prevê a doação dos imóveis para os moradores que
residiam nos mesmos na data da publicação daquela lei.
O referido projeto de lei foi aprovado nas duas Casas do Congresso Nacional.
Mas o Presidente da República, demonstrando insensibilidade ao sancioná-lo, vetou
alguns artigos de suma importância para os ferroviários, dentre eles o que
autorizava a doação dos imóveis.
Também ficou acertado, Sr. Presidente, que todo o pessoal pertencente aos
quadros da ferrovia será transferido para a ANT, sem prejuízo de seus vencimentos,
e que o débito trabalhista da RFFSA com os aposentados, fruto de várias ações
ganhas na justiça, será pago antes da liquidação total da empresa que, até segunda
ordem, está prevista para acontecer ainda este ano.
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De acordo com a Assembléia-Geral Extraordinária, o próximo 8 de dezembro
será o prazo final para o encerramento da liquidação da RFFSA. Por isso, cobramos
do Ministro Interino dos Transportes o cumprimento desses compromissos
assumidos com os ferroviários pelo seu antecessor, já que até o presente momento
nenhuma dessas questões teve solução definitiva.
Além do pronunciamento que faço desta tribuna, que é um dos meios de
comunicação indireta de que dispomos para falar, ao mesmo tempo, com o povo e
com as autoridades constituídas, solicitei audiência com o Ministro Alderico
Jefferson para tratarmos, pessoalmente, das questões acordadas anteriormente.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. VALDECI PAIVA (Bloco/PSL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os grandes empresários serão os maiores
beneficiados, caso sejam aprovadas as mudanças na CLT propostas pelo Governo,
pois todas as garantias trabalhistas poderão ir por terra.
Por que em vez de arrasar com o trabalhador, tirando-lhe garantias, não se
faz uma revisão nos direitos do sistema financeiro nacional, que vem auferindo
lucros absurdos em detrimento de todos os trabalhadores brasileiros?
São mais de 50 milhões de brasileiros na miséria; os juros cobrados pelos
bancos, cartões de crédito, financeiras e o próprio Governo, são os maiores do
mundo; o desemprego tem aumentando assustadoramente; a saúde pública é um
massacre; e a educação, nem se fala, parece piada de mau gosto; a violência
urbana no Brasil é vergonhosa.
E agora querem acabar justamente com a CLT, os mais fundamentais direitos
dos trabalhadores.
Sr. Presidente, chamo a atenção dos nobres Pares da bancada do Rio de
Janeiro para que votem “não” ao projeto, honrando, assim, o nosso eleitorado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
encaminho à Mesa duas matérias publicadas na Folha de S.Paulo de hoje. Numa
delas o Presidente do Senado diz que só existe um fato que é consenso no Senado:
o projeto que altera a CLT não será aprovado. E que a matéria será discutida no
próximo ano.
Sr. Presidente, pergunto se a base do Governo vai se dispor a ter enorme
desgaste hoje na Câmara, mesmo sabendo que o projeto já está liquidado.
A própria Folha de S.Paulo salienta trecho em que digo: o Governo sabe que
está derrotado, não há mais espaço regimental, porque no Senado o prazo
regimental é de 45 dias. Então, a matéria não mais será implementada no próximo
ano, até porque as negociações dos dissídios coletivos se iniciam em maio.
Este projeto está, portanto, liquidado. Não estou alardeando a derrota do
Governo, mas ele tem de entender que esse resultado foi bom para todos.
O importante é que estamos praticamente em recesso parlamentar e a
matéria não será votada. Em abril ou junho próximos, as eleições serão o tema e
esta matéria não constará da pauta.
MATÉRIAS A QUE SE REFERE O ORADOR
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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MATÉRIAS CITADAS PELO DEPUTADO PAULO PAIM
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, na manhã do histórico dia 11 de setembro de
2001, enquanto assistia atônito ao dramático desabamento das torres gêmeas do
World Trade Center, o mundo parece ter tomado súbita consciência dos perigos que
ameaçam o futuro da humanidade. Refiro-me, em particular, aos perigos que
envolvem o uso de armas químicas e biológicas. Uma simples carta contendo pó
branco é hoje capaz de causar pânico generalizado e mobilizar todo o aparato de
segurança de um país.
Entretanto nos assustamos com a ameaça do antraz, esquecemo-nos de que
o campo vive uma guerra química e biológica que já dura décadas, com efeitos não
menos danosos do que aqueles anunciados pelo ato terrorista contra os Estados
Unidos.
O Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxicos de todo o mundo.
Toneladas e toneladas de venenos extremamente perigosos são lançados sobre o
território brasileiro todos os anos. Essas bombas químicas destroem número
imensurável de animais, plantas e microorganismos, contaminam o solo, poluem as
águas e comprometem a sanidade dos alimentos. Milhares de trabalhadores rurais
são intoxicados e centenas morrem todos os anos vítimas do uso de agrotóxicos. Os
danos indiretamente causados à saúde da população, na forma de câncer e outras
doenças degenerativas só vão se manifestar muito tempo depois. Sua mensuração
é difícil, mas o estrago é com certeza dramático.
O marketing das empresas agroquímicas é algo absolutamente sórdido e
criminoso. Estas empresas, cujo único propósito é auferir lucros astronômicos, se
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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auto-intitulam defensoras da vida, quando são, na verdade, promotoras obstinadas
da morte.
A propaganda de agrotóxicos, que as empresas agroquímicas chamam de
defensivos agrícolas, fazem sempre referência à natureza, à segurança alimentar, à
felicidade, quando, na verdade, promovem a destruição do ambiente e o sofrimento
de muita gente. Prometem o paraíso enquanto promovem o inferno. Não há dúvida
de que o marketing das empresas agroquímicas obedece a uma estratégia militar
de contrapropaganda. O objetivo é vender e lucrar, a verdade pouco importa.
Argumenta-se que o uso de venenos químicos possibilitou o aumento da
produtividade e da produção agrícola. Essa é uma meia verdade que, como toda
meia verdade, serve apenas para confundir o entendimento das pessoas e facilitar a
exploração e a opressão. Quase toda pesquisa científica agrícola, nas últimas
décadas, desenvolvida nas universidades e nas instituições de pesquisa
agropecuária, como a nossa EMBRAPA, vem servindo ao modelo de agricultura
baseado no uso de agrotóxicos. Mesmo assim podemos afirmar, com segurança,
que dispomos de conhecimento suficiente para produzir alimento necessário para
alimentar toda a população do planeta sem usar uma única gota de agrotóxicos.
Alimentos não apenas livres de venenos químicos, mas muito mais nutritivos do que
aqueles que encontramos hoje nos supermercados.
A agricultura dependente do uso de agrotóxicos é hoje apresentada, por todos
aqueles que se beneficiam desse modelo de produção agrícola, desde o grande
agricultor até às indústrias de alimentos, como sendo a mais moderna e avançada
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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forma de cultivar a terra. Conseqüentemente, aqueles que se opõem a esse modelo
são chamados de retrógrados, obscurantistas, inimigos da ciência e do progresso.
Ora, como uma agricultura que degrada o solo, polui as águas, destrói a flora
e a fauna, mata trabalhadores rurais e coloca em risco a saúde dos consumidores
pode ser considerada moderna e avançada? Se os custos dos danos causados ao
meio ambiente e à saúde de trabalhadores e consumidores por essa agricultura
fosse contabilizado no preço do produto, seria difícil até para os ricos comprar
comida.
Quem paga por esses custos? Toda a população, sobretudo a população
pobre, que não dispõe dos recursos à disposição dos ricos para enfrentar os perigos
da contaminação do ambiente e dos alimentos.
Na verdade, não existe agricultura mais atrasada do que a agricultura
baseada no uso de agrotóxicos. A agricultura verdadeiramente moderna é aquela
que copia a natureza, diversificada, que procura aproveitar de forma ótima e
integrada a fertilidade do solo, os recursos hídricos disponíveis, a insolação e outros
fatores ambientais. A agricultura moderna é aquela que intervém o mínimo possível
no ambiente, procurando se adaptar às condições ecológicas locais, em lugar de
procurar adaptar o ambiente às exigências da planta cultivada e das técnicas de
cultivo baseadas no uso pesado de máquinas agrícolas. A agricultura
verdadeiramente moderna exige conhecimento profundo e sofisticado dos processos
ecológicos, do funcionamento do solo e das plantas, em contraste com a agricultura
fundada no uso de agrotóxico, que trata o solo como se fosse um mero substrato
físico para a fixação da planta e a planta como se fosse apenas uma máquina
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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produtora de grãos. A agricultura moderna é aquela que produz sem degradar o
ambiente e não aquela que deixa atrás de si um rasto de destruição e morte.
Os beneficiários da agricultura química gostam de falar da importância dos
artigos que produzem para exportação, para o equilíbrio da balança comercial do
País, para a geração de riquezas e o progresso da nação. O que não dizem é que
esse modelo é responsável pela concentração da terra, pela expulsão do agricultor
do campo, pela favelização das cidades, pela miséria e pela fome. A riqueza gerada
por essa agricultura beneficia uma minoria de grandes fazendeiros e empresários do
agribusiness, às custas da miséria de grandes contigentes de trabalhadores. A
agricultura verdadeiramente moderna não é aquela que concentra a renda, é aquela
que beneficia os trabalhadores rurais.
Não se tente encontrar a agricultura moderna nas grandes propriedades
agrícolas. A agricultura moderna está sendo desenvolvida e praticada na pequena
propriedade, por milhares de agricultores de verdade, que realmente amam e vivem
da terra, que fazem da produção de alimentos sua vida, que produzem para
alimentar as pessoas e não apenas para ganhar dinheiro. A verdadeira agricultura
moderna responde pelos nomes de agricultura alternativa, ecológica, sustentável ou
orgânica e está sendo desenvolvida sem o apoio da pesquisa, da assistência técnica
e do crédito oficial.
Não bastasse o bombardeio químico cotidiano das áreas rurais brasileiras, o
campo está agora sob o risco de uma nova ameaça, desta feita sob a forma de
bombas biológicas. Refiro-me, Sras. e Srs. Deputados, à tentativa da indústria
agroquímica de bombardear o País com organismos geneticamente modificados.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Veja, Sr. Presidente, como as coisas se encaixam. Essas empresas
multinacionais agroquímicas vêm comprando as empresas de sementes e investindo
fortunas fabulosas na produção de organismos transgênicos. Com que objetivo?
Com o objetivo de controlar todo o sistema de produção de alimentos e aumentar
ainda mais a sua venda de agrotóxicos.
Nós, brasileiros, sentimo-nos razoavelmente seguros porque acreditamos que
o País não é um alvo prioritário para o terrorismo. Não nos damos conta, todavia, de
que nossa agricultura está sendo alvo de ataques terroristas todos os dias. Os
elementos de uma guerra contra a população brasileira são mais do que evidentes.
Enquanto o campo é bombardeado com armas químicas e biológicas, os agressores
se nos apresentam como defensores do meio ambiente, da vida, da saúde e do
progresso do País. Esse tipo de terrorismo disfarçado é muito mais perigoso, porque
enfraquece a capacidade de resistência da população. Na verdade, vários World
Trade Center são derrubados no Brasil todos os anos.
Está na hora de reagirmos e acabarmos com esses ataques terroristas.
Infelizmente, os fatos indicam que dificilmente poderemos contar com o apoio do
Governo brasileiro nesta luta, haja vista a atuação do Ministério da Agricultura, da
EMBRAPA, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança e outras instituições
que deveriam estar do lado do povo brasileiro e não das empresas multinacionais
agroquímicas. Mas, com o apoio, na retaguarda, do pequeno agricultor e, na linha de
frente, do consumidor brasileiro, vamos banir do País esta agricultura atrasada e
predatória e substituí-la por uma agricultura ecológica e socialmente justa.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar que ontem foi o Dia
Mundial de Combate ao Uso de Agrotóxicos. Estranhamente em nosso País a mídia
não registrou matéria alguma.
No mundo inteiro — Peru, Bolívia e Europa — diversas manifestações foram
registradas; pronunciamentos, manifestações de rua. Segmentos da sociedade
mundial alertaram dos riscos e perigos do uso desses agentes químicos.
Quero, hoje, deixar registrado meu apoio a esta luta e conclamar os
brasileiros a se engajarem na verdadeira guerra, a guerra contra os agrotóxicos e
seus similares.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o 1º Encontro Feminista Latino-Americano e
do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, em 1981, marca o dia 25 de
novembro como o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, em
homenagem às revolucionárias irmãs Mirabal — Patrícia, Minerva e Tereza —,
presas, torturadas e assassinadas em 1960 a mando do ditador da República
Dominicana Rafael Trujillo.
O movimento feminista organizado é responsável por muitas conquistas das
mulheres em todas as sociedades, em todos os tempos. Há, porém, muito que fazer,
muito que superar. O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas de
2000 vem confirmar a degradação das condições de vida das mulheres no cenário
internacional. Os dados comprovam que 70% do total de pessoas que vivem em
condições de miséria absoluta são mulheres; do total de analfabetos, elas
representam dois terços. A carga horária de trabalho diário da mulher é
aproximadamente 13% superior à do homem. Na zona rural essa diferença sobe
para 20%, e embora represente mais de 50% da mão-de-obra no campo, ela recebe
menos de 10% do crédito rural disponível. Em cada dez famílias brasileiras, três são
chefiadas por mulheres, que vivem sozinhas com seus filhos; no entanto, seus
salários são cerca de 25% menor do que os dos homens.
Vale ressaltar, neste momento, que o projeto de alteração do art. 618 da CLT,
enviado pelo Governo Federal à Câmara dos Deputados em regime de urgência,
ataca diretamente os direitos das trabalhadoras e trabalhadores deste País. O
número de mulheres chefes de família no Brasil varia entre 20% e 25% do total de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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núcleos familiares. Além disso, no trabalho assalariado, por exemplo, a diferença
entre o salário de homens e mulheres teve uma queda significativa, passando a ser
de 18%.
Pensar sobre homens e mulheres nesta sociedade é pensar sobre uma teia
de relações sociais na qual predomina a desigualdade entre os indivíduos,
desigualdade social, política e econômica, que define papéis socialmente
estabelecidos para homens e mulheres, sejam jovens, idosos, negros,
homossexuais, heterossexuais, portadores de necessidades especiais ou não.
A mortalidade materna é assustadora. O Brasil é um dos países latino-
americanos de maior número de óbitos. Em cada 100.000 crianças nascidas, temos
200 óbitos maternos. Por ano, no Brasil, morrem cerca de 5.000 mulheres por
complicações na gravidez, no parto ou no pós-parto. A esse fato somam-se de 1,5
milhão a 2 milhões de abortos clandestinos, praticados em condição de risco.
Problemas circulatórios, câncer de mama e câncer uterino ainda estão entre as
principais causas de morte entre as mulheres — problemas de fácil tratamento, cuja
cura, se diagnosticados a tempo, é garantida.
É válido ressaltar que a AIDS cresce entre as mulheres. Em 1995, houve uma
mulher infectada para cada três homens! Some-se a esse quadro os dados
referentes à violência física. A Deputada Jandira Feghali, em pronunciamento por
ocasião do Dia Internacional da Mulher, neste ano, registrou as estatísticas
levantadas pelo Comitê Latino-Americano e do Caribe para a defesa dos Direitos da
Mulher. Em escala mundial, um em cada cinco dias de falta ao trabalho é decorrente
de violência sofrida por mulheres em suas casas. A cada cinco anos, a mulher perde
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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um ano de vida saudável, caso sofra violência doméstica. Na América Latina a
violência atinge de 25% a 50% das mulheres. No Brasil, a cada quatro minutos uma
mulher é vítima de violência doméstica. Geralmente o agressor é o próprio marido
ou companheiro. No Ceará, segundo o Instituto Médico Legal — IML e a Delegacia
de Defesa da Mulher, em 1999 foram registrados 63 homicídios, 34 suicídios, 3.612
lesões corporais, 10.693 agressões e 480 estupros. É válido ressaltar que muitas
das ocorrências ainda não são registradas devido aos tabus sociais e morais que
impedem que as mulheres denunciem seus agressores.
Quero lembrar também à violência cotidiana a que as mulheres são
submetidas pela mídia. A vulgarização do comportamento e do corpo femininos,
acompanhada do estabelecimento de imagens que devam obedecer aos modelos de
beleza preestabelecidos, promovem discursos e práticas preconceituosas acerca da
figura da mulher, não se respeitando as diferenças e acirrando as desigualdades de
gênero.
Saúdo todas as mulheres anônimas e conhecidas de todos os tempos, de
todos os lugares, aproveitando para relembrar a afirmação de Karl Marx no sentido
de que o grau de desenvolvimento das sociedades se mede pela qualidade das
condições de vida da população feminina. Respeitar os direitos das mulheres é
respeitar os direitos de mais de 50% da população mundial. Garantir a participação
feminina, com eqüidade de direitos, em todos os setores da sociedade, é dever de
todos nós.
Reafirmo que as desigualdades de gênero serão superadas quando forem
superadas as desigualdades de classes.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Passo a outro assunto, Sr. Presidente.
Apesar da secular relutância das elites conservadora, a luta pelo direito à
terra em nosso País ganha progressivamente maiores proporções. A sociedade civil
organizada, o Movimento dos Sem Terra (MST), o Movimento de Luta pela Terra
(MLT), a Igreja, os partidos políticos e os Parlamentares comprometidos com as
causas do nosso povo vêm envolvendo-se, ao longo dos anos, em renhidos
embates para que o Brasil, um país dotado de generosas riquezas, possa alcançar a
prosperidade regiamente merecida.
Nosso povo luta para que o solo brasileiro seja produtivo, tanto quanto é
produtivo o solo dos países ricos, precavidos desde a colonização quanto à
necessidade de explorar bem suas riquezas, oferecendo uma base agrícola sólida
para o crescimento industrial. Essas potências possuem uma noção tão clara da
importância da terra como meio de expansão do capital que exercitam a apropriação
da riqueza alheia também no Brasil. É significativa a presença de grandes
propriedades multinacionais em nosso território, em especial na Amazônia,
ocupando vastas extensões de terras úteis, de modo que não se compreende, por
nenhum ângulo, a postergação das medidas que concederão a plena franquia do
solo para a prática laboriosa dos brasileiros.
A quem interessa ainda, após cinco séculos, barrar o processo de reforma
agrária em nosso País?
De Fernando Henrique partiram promessas juramentadas de modernização
do Brasil. E que modernização seria mais importante do que a da democratização da
propriedade da terra? Mas seus dois Governos introduziram uma imensa lista de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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sucessivas medidas que visam oferecer um tratamento de mercado à questão da
terra, incorrendo num atraso maior: a desarticulação da estrutura de apoio à reforma
agrária, no que vem trabalhando desde o Projeto de Lei Complementar nº 167/00,
que defende a estadualização da reforma agrária, transformado no atual Projeto de
Lei Complementar nº 135-B/00, que tramita nesta Casa em regime de urgência.
Esse projeto pretende decretar a desfederalização da reforma agrária, ou seja, as
responsabilidades na desapropriação por interesse social seriam transferidas da
União para os Estados, que estariam autorizados a "legislar especificamente sobre
vistoria de imóvel rural, assentamento de trabalhadores rurais e distribuição de
terras para fins de reforma agrária".
O art. 2º do projeto palaciano determina que "a União transferirá, mediante
instrumento de cooperação com os Estados e Distrito Federal, e tendo em vista os
arts. 23, parágrafo único, e 241 da Constituição, o encargo de declarar e promover a
desapropriação para fins de reforma agrária, nos termos do art. 184 da Constituição
Federal".
Para efetivar o atraso, o Presidente da República novamente compromete a
legalidade, atropelando a Carta Magna. Recorro ao art. 184 da Constituição
Brasileira para lembrar que "compete à União desapropriar por interesse social, para
fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei". Portanto, a
Constituição é clara quando coloca a União como responsável pela desapropriação
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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por interesse social. Mas o projeto do Executivo procura manipular os arts. 23 e 241
da Constituição Federal, que tratam da fixação de normas para a cooperação entre
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. O projeto utiliza-se do termo
"cooperação" para justificar o repasse de responsabilidades federais para os
Estados, fazendo uma interpretação oportunista de tais artigos como forma de, mais
uma vez, impedir a efetivação da reforma agrária em nosso País, e, no laboratório
do atraso neoliberal, construir a fórmula capaz de perpetuar o subdesenvolvimento.
A aprovação de tal projeto acarretaria vultosos prejuízos para o Brasil,
prejuízos que se somariam ao gigantesco déficit já acumulado em 500 anos, desde
as sesmarias e capitanias hereditárias. Os Estados, ainda subjugados, em sua
maioria, às oligarquias regionais, não têm condições objetivas de coordenação da
implementação da reforma agrária. Indiscutivelmente a reforma agrária será
enterrada, caso perca seu sentido unitário, centralizado pelo poder público federal.
A referência feita no projeto ao repasse anual de recursos orçamentários para
os Estados não garante a efetivação da reforma agrária; muito menos o ITR,
Imposto Territorial Rural, repassado para os Estados sob o pretexto de
financiamento da reforma agrária, serviria a esse objetivo, visto que o Governo FHC
extinguiu o critério da progressividade no tempo, fazendo com que o ITR perdesse a
natureza de instrumento auxiliar no processo. Além disso, esse objetivo não pode
estar submetido às conveniências políticas locais ou regionais, que ocasionariam um
significativo descompasso e a diluição de metas no plano nacional. Some-se a isso a
excludente elaboração do projeto no ambiente restrito dos gabinetes palacianos,
sem a participação decisiva dos setores interessados e da sociedade civil
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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organizada. Ressaltamos ainda o enfraquecimento institucional do INCRA, vítima de
uma forte ofensiva do Governo Federal; o Projeto de Lei Complementar nº 135-B/00
abre caminho para a extinção desse órgão.
É de suma importância registrar que a previsão orçamentária para a
execução da reforma em 2002 é 41% inferior ao que estava previsto para 2001. E
ressaltamos que até 24 de agosto de 2001 a execução orçamentária se encontrava
estagnada, ou seja, nada havia sido executado. E todos os sete programas do
INCRA ligados à reforma agrária sofreram forte redução de recursos.
O cenário desenhado reafirma o desprezo histórico das elites brasileiras
quanto à efetivação de políticas agrárias e agrícolas, iniciadas pela distribuição
fundiária, como um passo rumo à democratização da posse da terra. Não falamos,
portanto, de simples divisão de terrenos, mas do êxodo rural, que esvazia o campo e
arruína progressivamente as cidades brasileiras, da vida de homens e mulheres sem
teto ou expulsos de suas casas pela anacrônica persistência de obstáculos
estruturais que precisam ser removidos com decisão política — o que somente
ocorrerá pela via da efetiva participação popular.
Não há como admitir que ocorram novamente massacres, a exemplo de
Eldorado dos Carajás, nem que vidas sejam ceifadas nos inúmeros embates que
envolvem questões de terra em nosso País, do mesmo modo como não podemos
deixar de responsabilizar o Governo brasileiro pela reincidência no crime de
profunda ligação com o latifúndio.
Conclamo os membros desta Casa para rejeitarmos um projeto que não
contribui para melhorar o Brasil; serve apenas para torná-lo definitivamente atrasado
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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e sem perspectivas, coroando a seqüência de ataques aos direitos do nosso povo
com a supressão de qualquer possibilidade de desenvolvimento.
Finalmente, Sr. Presidente, um último assunto.
A crise que atinge a saúde pública no Brasil vem tomando vultosas
proporções. A redução de investimentos, aliada à precariedade do serviço oferecido,
configura um cenário de desmonte que atinge homens, mulheres e crianças, jovens,
adultos e idosos, das classes sociais menos favorecidas. O Sistema Único de
Saúde, SUS, conquista da sociedade brasileira, foi um importante passo na tentativa
de democratizar o acesso aos serviços, oferecendo à população atendimento de
qualidade e de caráter preventivo e curativo.
Registro nesta tribuna o Dia Nacional de Combate ao Câncer, doença tão
antiga quanto a humanidade, que sempre desafiou a medicina.
Em estimativa da Organização Mundial de Saúde, OMS, em 1999 eram
esperadas cinco milhões de mortes por câncer. Tal número corresponderia a 12%
dos óbitos daquele período, ocupando o câncer o terceiro lugar em causas de
óbitos.
No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer — INCA, do
Ministério da Saúde, as neoplasias representam a terceira causa de morte, com
11,3% do total. Estima-se que, em todo o País, neste ano serão registrados 305.330
casos novos e 117.550 óbitos por câncer. Entre os homens são esperados 150.450
casos e 63.330 óbitos, enquanto para o sexo feminino a estimativa é de 154.880
casos e 54.220 óbitos.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Dentre os variados tipos da doença, o principal a acometer a população
brasileira será o câncer de pele não melanoma, seguido pelas neoplasias malignas
da mama feminina. Com relação à mortalidade, estima-se que o câncer de pulmão
será a primeira causa de morte no sexo masculino, e entre as mulheres registra-se o
câncer de mama.
No Nordeste, vale ressaltar que a diferença se coloca na estimativa para os
homens, apontando o câncer de próstata como o maior causador de óbitos.
Tal cenário confirma a gravidade da doença nos mais diversos níveis e em
todos os cantos do País. No entanto, gostaria de remeter, neste momento, à
situação do Câncer de Mama no Ceará. Segundo o Presidente da Associação
Brasileira de Mastologia/CE, Dr. Fernando Melo, a doença tem quase 100% de cura,
caso seja detectada em fase inicial. A prevenção é simples, constituindo-se no auto-
exame e na mamografia, que podem diagnosticar o tumor em uma fase ainda
precoce.
Diante dessas informações, gostaria de tornar pública a falta de ações
efetivas da Prefeitura de Fortaleza e do Governo do Estado do Ceará no combate ao
câncer. Vale ressaltar que o próprio Ministério da Saúde apresenta um Programa
Nacional de Prevenção ao Câncer de Mama que não se desenvolve no mesmo ritmo
da gravidade dos dados. O programa somente agora encerrou a fase de
sensibilização e capacitação de profissionais de saúde.
Cito aqui os números do meu Estado. O INCA estima que em 2001 860
mulheres terão câncer de mama no Ceará, sendo 460 casos em Fortaleza, que
acarretarão a morte de 110 mulheres. Em todo o Estado serão 210 óbitos. Em
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601
Fortaleza, a quinta Capital do País, com população de 1.137.872 mulheres, de
acordo com o Censo IBGE/2000, temos, segundo o Dr. Fernando Melo, "255 mil
mulheres acima dos 40 anos que necessitariam anualmente de mamografia.
Considera-se que 80% dessas mulheres necessitem de exames através do SUS, o
que somaria 204 mil mulheres. Sendo realizada uma mamografia por ano, seriam
necessários 28 mamógrafos só em Fortaleza, que hoje dispõe de 6 aparelhos, com
apenas um mastologista no serviço de saúde do Município. No Ceará, nós temos
845 mil mulheres acima de 40 anos de idade, e temos no interior do Estado três
aparelhos, com apenas dois mastologistas. Concluímos então que essas mulheres
tendem a saber da existência do tumor já em fase mais avançada".
Em países do Primeiro Mundo os exames são realizados independentemente
de a mulher apresentar sintomas ou não. Tal fato permite que, por exemplo, nos
Estados Unidos, 80% das mulheres que desenvolvem a doença sejam submetidas
apenas à retirada do nódulo. Os outros 20% teriam a remoção completa da mama.
No Brasil a estatística é diametralmente oposta. A elevada incidência desses casos
dá-se por conta das dificuldades de acesso a consultas médicas com profissionais
especializados, bem como ao exame propriamente dito.
Outra grave denúncia feita pelo Presidente da Sociedade de Mastologia
revela que a Prefeitura de Fortaleza comprou três aparelhos de mamografia há
quatro anos. Um deles foi inaugurado um ano após a compra; os outros dois,
aproximadamente três, quatro meses atrás. Quando foram utilizados pela primeira
vez, esses equipamentos apresentaram defeito, por má conservação. Aliado a isso,
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faltam profissionais especializados, tanto radiologistas para a detecção do problema,
como mastologistas.
O quadro apresentado alia-se à gravidade na incidência de casos de câncer
de colo uterino, a segunda causa de morte entre as mulheres brasileiras. Para essa
modalidade existe um Programa Nacional de Prevenção em fase mais avançada. No
entanto, tal programa não é operacionalizado pelos Municípios e Estados em sua
capacidade. Muitas dessas cidades não disponibilizam o material necessário aos
profissionais responsáveis. Para se ter idéia, o exame papanicolau existe há 40
anos, e mesmo assim não consegue atingir a população feminina que necessitaria
do exame.
Conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará — SESA, o
INCA havia estimado para o ano 2000 150 óbitos por câncer invasivo (em estágio
avançado) em 540 casos. No entanto, os dados superaram as estimativas: tivemos
174 óbitos em 565 casos.
Quando avaliamos os dados destinados ao tratamento da doença, a situação
não é diferente. O tratamento inicial para casos de câncer invasivo custa, em média,
R$ 4.800,00. O Estado do Ceará gastou com tais procedimentos o equivalente a R$
2.701.361,00. Tal valor corresponde a 503 mil prevenções, ao custo de R$ 5,37
cada. Comprova-se com isso a inversão na utilização dos recursos: ou seja, gasta-
se mais com o tratamento da doença em estado avançado do que com ações
preventivas.
Neste dia que marca o Combate Nacional ao Câncer, denuncio a política
criminosa do Governo, que, no intuito de agradar o sistema financeiro internacional,
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subtrai recursos da saúde. E saúdo os profissionais de saúde do nosso País, o
Sindicato dos Médicos, a Sociedade Brasileira de Mastologia/CE e todos os
profissionais da área de saúde e funcionários do Instituto do Câncer do Ceará, ICC,
por sua dedicação, perseverança e defesa de uma saúde pública de qualidade em
nosso Estado.
É o que tenho a dizer.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se o Brasil tem muito viva a
consciência social da sua nacionalidade, falta-lhe ainda a plena consciência política
nacional dos seus problemas. E entre esses problemas está o da universidade
pública, que não pode continuar a estiolar-se em disputas estéreis dos seus corpos
docente e discente com a administração, muito menos restringir-se ao litoral ou aos
grandes centros urbanos interiores — São Paulo, Belo Horizonte e Brasília,
inclusive. Acho que poderíamos, ainda hoje, seguir a advertência de Gil Vicente num
dos seus "Autos", adaptada ao nosso País: "ó famoso Brasil, conhece bem o teu eu
profundo!"
Essa, a razão da minha proposta de interiorizar cada vez mais a Universidade
no Brasil, em particular no Nordeste, com os Projetos de Lei nºs 5.646 e 5.647, que
criam, respectivamente, as Universidades do Sertão e do Agreste — a primeira com
sede em Arcoverde e campi avançados em Serra Talhada, Afogados da Ingazeira,
São José do Egito, Salgueiro, Ouricuri e Araripina; a segunda com sede em Caruaru
e campi avançados em Belo Jardim, Pesqueira, Bezerros e Garanhuns.
Ambas as universidades seriam vinculadas ao Ministério da Educação,
funcionando como fundações, com recursos do Orçamento Geral da União, auxílios
e subvenções de entidades públicas e privadas, receita por serviços prestados,
operações financeiras e outras rendas.
Para o Orçamento de 2003, deverei apresentar emendas que permitam os
gastos iniciais de implantação, mas não excluo inseri-las na revisão orçamental de
2002.
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Com esses dois núcleos de ensino, estaremos, em Pernambuco, dando
condições para que a juventude, em busca de aprendizado técnico, de nível
superior, desfrute em seus Municípios de origem das condições para a sua
formação, a exemplo do que se observa no Sul e no Sudeste do País, com escolas
superiores de alto nível e laboratórios técnicos iguais ou comparáveis aos da Europa
e dos Estados Unidos (Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos).
Essas iniciativas inserem-se numa estratégia de ensino universitário público
no Brasil que passe a privilegiar núcleos populacionais e "cidades-pólos" do interior,
em lugar de continuar a concentrar investimentos e pessoal docente nas Capitais
dos Estados. A interiorização da universidade, "sociologicamente orientada", como
queria Gilberto Freyre, é uma dessas "utopias concretas" que, como político, venho
defendendo, na busca de um novo horizonte mobilizador para a juventude brasileira.
Muito obrigado!
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O SR. PAULO FEIJÓ (PSDB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, independentemente de estar filiado ao PSDB e
de integrar a base de apoio governista nesta insigne Casa de Leis, possuo
discernimento suficiente para, livremente, manifestar minhas opiniões sobre a
administração do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Assim tenho feito, Sr. Presidente, por compreender que, apesar de
necessitarmos de avanços em alguns pontos, nunca o País contou com uma
administração tão seriamente comprometida com o desenvolvimento social e
econômico, podendo citar como exemplo os investimentos feitos pelo Governo
Federal, em particular, em minha base parlamentar, o Estado do Rio de Janeiro.
Quero saudar, Sr. Presidente, que se tenha adotado, nestes últimos meses,
uma política mais contundente de divulgação dos êxitos da administração federal
nos mais diversos segmentos, como saúde, educação, habitação, saneamento e
infra-estrutura, expondo-se para a população, com a devida correção, a
responsabilidade por políticas públicas que têm radicalmente mudado o Brasil.
Várias foram as ocasiões em que apontei para um certo estado de letargia e
apatia da população para os principais avanços registrados após a conquista do
controle inflacionário, resultante da pauta definida pelo Plano Real, que se devia,
fundamentalmente, a uma certa inépcia do Governo Federal em assumir, de forma
ostensiva, os bônus do programa social-democrata coordenado pelo PSDB.
Não me refiro, colegas de Parlamento, à adoção de uma postura meramente
propagandista de atos, de típico caráter eleitoreiro, mas sim a uma questão de
justiça, porque nós, militantes aguerridos do PSDB, muitas das vezes, presenciamos
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até mesmo o desvincular da imagem do Governo Federal de obras e projetos que
levam a sua marca, recursos pela União destinados.
Se não agirmos com essa clareza, fica difícil passar para a sociedade
brasileira êxitos como o decorrente da prioridade atribuída à universalização do
ensino fundamental por parte do Governo Federal, que implicou a incorporação, por
exemplo, entre 1995 e 1999, de cerca de 3,4 milhões de novos alunos, alcançando-
se com essa expansão o índice de 97% das crianças entre 7 e 14 anos matriculadas
em escolas públicas.
Vários são os programas que hoje, bem divulgados, principiam a ser
entendidos como resultado da determinação e do rigor do Governo Federal em fazer
o Brasil avançar no campo social, em que se destacam áreas como a de educação e
saúde, brilhantemente coordenadas por seus respectivos Ministros, Sr. Paulo
Renato de Souza e Sr. José Serra.
Na esfera da educação, um dos pilares do projeto sustentado pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso, que agora também se torna mais conhecido em todo o
País, houve a alteração no financiamento do ensino fundamental, via implantação do
FUNDEF — Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério, um agente redistribuidor de receitas, permitindo que as
Prefeituras sustentem o incremento de ações em educação em seus Municípios.
Os impactos relevantes proporcionados pelo FUNDEF, em parceria com o
Projeto Toda Criança na Escola, podem ser mais bem definidos nas regiões mais
carentes do País, em que Estados que não atingiram, por exemplo, em 1998 e 1999,
o gasto mínimo de R$ 315,00 por aluno, receberam complementação de recursos
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transferidos pelo Governo Federal da ordem de R$ 424,9 milhões e R$ 674,9
milhões, respectivamente.
Um dos pontos importantes, também do leque de iniciativas englobadas pelo
Projeto de Educação levado a cabo pelo Governo Federal, é que o destina recursos,
via Programa Toda Criança na Escola, para a alimentação escolar. Somente no ano
de 2000 foi registrado o repasse automático de R$ 901,7 milhões, beneficiando
diretamente mais de 37 milhões de alunos, matriculados em 184.570
estabelecimentos de ensino, com 2001 devendo fechar na marca de mais R$ 920,2
milhões.
Ao término desta exposição, reitero que são informações como essa que dão
a dimensão da gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso e apontam sua
preocupação com a promoção da melhora da qualidade de vida do povo brasileiro,
que não pode ficar à margem dos acontecimentos que estão gradativamente
marcando a caminhada do País por uma trilha segura de crescimento
socioeconômico.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.
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O SR. ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PL-RR. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a imprensa de Roraima tem noticiado, com
freqüência, a presença de traficantes no Estado, com a maioria dos casos ocorrendo
no interior, principalmente nos Municípios que fazem fronteira com a Guiana Inglesa
e a Venezuela.
O que mais se tem visto nos últimos meses são registros policiais de assaltos
e crimes por todas as regiões do Estado e, em grande parte, tendo pessoas
envolvidas com drogas.
Um Estado até então tranqüilo, Roraima, ao que tudo indica, passou agora a
fazer parte da rota do tráfico internacional. Isso é muito perigoso e ruim para um
Estado que começa a ter um novo impulso em seu desenvolvimento com a presença
de empresários do Brasil e do exterior interessados em implantar suas empresas por
lá.
Recentemente, tivemos um caso que até hoje ainda não está bem
esclarecido. Trata-se do seqüestro de um avião da empresa Guiana Airway, que foi
seqüestrado na Guiana Inglesa com doze pessoas, inclusive uma Deputada, e
levado para Roraima, mais precisamente para a Fazenda São Paulo.
Já se sabe que entre os seqüestradores estavam um brasileiro, um uruguaio,
um colombiano e um venezuelano.
No mesmo dia em que o avião seqüestrado aterrissou na Fazenda São Paulo,
mais duas fazendas localizadas na região de Amajari foram invadidas por pessoas
desconhecidas.
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É uma coincidência muito estranha esse seqüestro e as invasões, que estão
intrigando a polícia de Roraima.
As autoridades policiais roraimenses acreditam que a mudança da rota
internacional do tráfico de drogas para Roraima esteja ocorrendo devido ao
desencadeamento das Operações Cobra, feita na Colômbia e no Brasil pela Polícia
Federal, e Orinoco, na Venezuela, liderada pela França, com a participação de mais
seis países.
Essas operações vêm apertando o cerco contra os traficantes na parte da
Amazônia e, com isso, eles passaram a se utilizar de Roraima como rota alternativa.
Para que em nosso Estado não tenhamos problemas com os traficantes e
mafiosos, solicito ao Ministério da Justiça que estenda a Operação Cobra a
Roraima, para acabar com o narcotráfico em sua fase inicial.
É necessário que as providências sejam tomadas agora que o problema está
iniciando. Se deixar para mais tarde, por certo, teremos conseqüências não muito
boas e o narcotráfico tomando conta do Estado.
Muito obrigado.
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O SR. MARÇAL FILHO (PMDB-MS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje venho à tribuna, para partilhar de uma
nova conquista do Município Dourados em Mato Grosso do Sul, a construção do
Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência.
A construção em Dourados do primeiro espaço físico destinado a oferecer
atendimento material e psicólogo específico para mulheres vítimas de violência foi
por mim viabilizado por meio de emenda parlamentar ao Orçamento Geral da União.
O Abrigo é uma alternativa segura para evitar os inúmeros casos de mulheres que
chegam a denunciar a violência e maus tratos a que são submetidas por parte de
seus companheiros e são novamente agredidas ao retornarem para suas casas. A
falta de mecanismos de amparo acentua o medo natural das vítimas de denunciar;
conscientes de que não terão onde se abrigar, as mulheres acabam por sujeitar-se,
omissas, às situações de violência.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero ressaltar que a viabilização da
construção desse Abrigo foi por mim articulada desde quando ainda exercia
mandato de Vereador em Dourados; por isso, muito me satisfaz esta sensação de
missão cumprida. A disponibilização de recursos que somam R$ 400.000,00, mais a
contrapartida do Governo estadual, foi-me comunicada pelo Presidente do Conselho
Nacional de Assistência Social, Marco Aurélio Santullo, que na mesma ocasião me
informou da liberação da primeira parcela do convênio, que garantirá recursos
anuais na ordem de R$ 146.000,00, para a implantação em Dourados do Programa
Sentinela, iniciativa do Governo Federal que já está oferecendo atendimento
diuturno a menores em risco de exploração sexual. Muito obrigado!
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O SR. FERNANDO GONÇALVES (PTB-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, conforme estimativas anunciadas pelo
Banco Central, as tarifas de energia elétrica deverão ter um aumento em torno de
30%, em 2002, com o objetivo de compensar perdas das empresas distribuidoras,
em face do racionamento.
Se considerarmos que, no presente ano, o reajuste médio acumulado, de
janeiro a outubro, chegou a 17,4%, devendo fechar 2001 com cerca de 20% de
majoração, teremos, então, um aumento de 56% ao longo do biênio 2001/2002.
Ora, Sr. Presidente, a se confirmarem tais números, o Governo estará
decretando um novo e pesado sacrifício à população, porque estaria elevando
demasiadamente para o consumidor o custo de um bem essencial: a energia
elétrica.
É importante enfatizar que, nesse período de desaquecimento econômico e
desemprego, a massa salarial tem sofrido quedas, porque não se reajustam salários,
muito menos a remuneração dos servidores, bem como os proventos pagos a
aposentados e pensionistas da Previdência Social. Portanto, em condições
absolutamente adversas, o povo brasileiro teria de arcar com um aumento
substancial na conta de energia, mesmo tendo atendido, com muito patriotismo, às
exigências do racionamento que o levou a abrir mão de certos itens de conforto do
mundo moderno.
O mais grave, Sr. Presidente, é que a já anunciada decisão do Governo tem o
propósito de garantir os polpudos lucros de empresas do setor de energia,
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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constituídas de capital privado após o processo de desestatização empreendido no
País nos últimos anos.
Ou seja, a crise de energia pune a população sob as formas mais diversas,
porque impõe privações no uso de eletrodomésticos, por exemplo; fez diminuir as
atividades econômicas, provocando mais desemprego; e ainda traz aumentos de
tarifas em níveis muito acima da inflação.
Mas para as empresas privatizadas, Sr. Presidente, sob o controle de grupos
estrangeiros, a crise de energia vem proporcionando verdadeiros prêmios, uma vez
que, embora ofereça menos serviços, garante faturamento e lucro até superiores
aos obtidos anteriormente.
Deixo aqui o meu apelo aos responsáveis pela política econômica brasileira,
para que reflitam sobre essa decisão de aumentar a conta de luz em 30% no
próximo ano. É preciso que seja evitada essa medida, pois ela seria injusta para
com o povo tão sofrido. Não é menos verdadeiro que o elevado desemprego e o
não-reajuste de salários impõem altíssimo custo social às classes trabalhadoras,
especialmente à classe média.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PEDRO VALADARES (Bloco/PSB-SE. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tem gente se dando bem e obtendo
grandes dividendos da crise econômica brasileira.
De acordo com minucioso estudo realizado por uma das maiores empresas
especializadas em análise de balanços de instituições financeiras, a Austin Asis, os
maiores beneficiários do Plano Real são os bancos. O estudo revelou que as trinta
maiores instituições financeiras mais que dobraram seus lucros na era FHC,
acumulando pouco mais de 21 bilhões de reais.
Para se ter uma vaga idéia, esse montante daria para construir 1 milhão de
casas populares ou sustentar a Previdência Social por quatro meses seguidos. E,
coincidentemente, essa soma é igual à concedida pelo Governo em socorro aos
bancos com problemas de caixa, o chamado PROER.
De dezembro de 1994 até dezembro do ano passado, os trinta maiores
bancos cresceram 313%. E 2001, pelos dados já divulgados nos nove primeiros
meses, será o melhor ano dos bancos.
Enquanto isso, Sr. Presidente, o brasileiro vai ficando cada vez mais pobre, a
classe média vai sendo cada vez mais comprimida com a elevação tributária, sem
falar na paralisação da tabela do Imposto de Renda e no aumento estrondoso das
taxas de juros.
Há poucos anos, os bancos lucravam com a ciranda inflacionária e agora
lucram principalmente por conta do desespero dos brasileiros ao contraírem
empréstimos.
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Segundo o autor dos estudos, Erivelto Rodrigues, boa parte do lucro dos
bancos pode ser justificada pela diferença entre o dinheiro que os bancos pegam do
mercado e o quanto ganham ao emprestar para empresários e pessoas físicas. O
ganho bruto dos bancos brasileiros com financiamentos para empresas é de 30% e
no caso das pessoas físicas é de 63%. Mais do que o dobro, Sr. Presidente! Em
países desenvolvidos, como nos Estados Unidos ou na Inglaterra, por exemplo, esse
ganho fica em torno de 5% ao ano.
O descomedido lucro bancário dos últimos anos também se justifica pelos
preços das tarifas dos serviços prestados, solução encontrada pelos bancos para
suprir as “perdas” da estabilização da economia, que jogou por terra a ciranda
financeira promovida pela inflação. Outra constatação dos analistas é que essa
performance dos bancos não veio de operações em si, mas principalmente de
ganhos com o câmbio e pelo não-pagamento do Imposto de Renda. Quando um
banco compra outra instituição que tem prejuízo, como aconteceu na incorporação
de vários bancos estaduais, é possível abater o pagamento do Imposto de Renda.
Além disso, Sr. Presidente, o Governo também é um grande responsável pela
engorda dos bancos. O consultor Carlos Coradi explica que houve uma grande
transferência de renda do setor produtivo para os bancos e, principalmente, para o
Governo. Para financiar suas dívidas, o Governo Federal, por meio do Tesouro e do
Banco Central, lança títulos no mercado, pagando uma determinada taxa de juros. A
cada aumento dos juros, o Governo desembolsa mais dinheiro para pagar os
investidores, que, em última análise, são os próprios bancos.
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O que quero ressaltar, Sr. Presidente, é a disparidade e o despropósito dos
lucros e ganhos bancários. Considero natural que os bancos trabalhem e recolham o
que lhes é devido, mas, convenhamos, alguma coisa está errada e passando dos
limites! Dessa forma, é possível constatar claramente a confirmação da famosa
máxima que diz que se alguém ganha demais, é porque alguém está perdendo
demais ou ganhando de menos.
E quem é esse alguém que perde ou deixa de ganhar, Sr. Presidente? São os
usuários dos serviços, os consumidores. Como se não bastasse a carga de deveres
e obrigações que lhes é imposta, são forçados a pagar altas tarifas pelos serviços e
a engolir juros absurdos sobre as transações financeiras. Esse alguém que perde
sempre é o povo sofrido, que paga dignamente seus impostos e acaba sendo
atingido pelos reflexos da ganância de uma classe que depende desses mesmos
usuários para sua subsistência.
Sr. Presidente, quando vamos ser testemunhas de uma inversão de valores
neste País? Até quando vamos conviver com a gritante desigualdade, com a
exploração, com o estímulo à riqueza ilícita e vergonhosa, em prejuízo sempre das
classes menos favorecidas e abandonadas?
Até quando, Sr. Presidente?
Muito obrigado.
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O SR. ARY KARA (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, comemorou-se no dia 10 de novembro último o Dia da
Indústria Automobilística. O Brasil, País emergente, já exibe uma estrutura
econômica invejável, não muito distante dos chamados países de Primeiro Mundo.
Por que razão, Srs. Deputados, destaca-se e privilegia-se o setor automotivo, dentre
tantos setores avançados da economia brasileira, dedicando-lhe um dia de nosso
calendário em sua homenagem?
A história do automóvel se confunde com a própria história recente da
humanidade, particularmente com o século XX. Se quisermos, podemos ir mais
longe e definir o início da era do automóvel como o ano de 1771, quando foi
construído o primeiro veículo — uma espécie de trator — capaz de autopropulsão,
movido a vapor. Mas não cheguemos a tanto. Foi a partir do final do século IX e
início do século XX que uma verdadeira revolução começou a se delinear, traçando
em seguida um caminho sem volta com a criação da Ford Motor Co., em 1903, nos
Estados Unidos. Daí, a indústria automobilística rapidamente se expandiu para a
Inglaterra, França, Itália, Alemanha.
O fenômeno demorou a chegar ao Brasil. Em 1950, existiam 205
estabelecimentos vinculados à indústria automobilística — empresas de autopeças,
fábricas de pneus, pequenas montadoras quase artesanais. Apenas a partir de
1956, no Governo JK, é que se criaram as facilidades para atrair essa importante
indústria para o parque industrial brasileiro. Em 1962, já conseguíamos alcançar
uma produção de quase 200 mil veículos e, a partir daí, dentro de uma política de
altos e baixos, ora de proibição, ora de incentivo às importações e à entrada de
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capital estrangeiro, chegamos, hoje, a uma posição em que apenas o Estado de São
Paulo já produz mais de um milhão de veículos por ano.
Não existiu, Sr. Presidente, em toda a história da humanidade, fenômeno
econômico de tão grande impacto sobre as sociedades quanto a indústria
automotiva. Do ponto de vista econômico e político, pode-se dizer que esta indústria
condicionou e reconfigurou toda nossa escala de valores a nível planetário. A
indústria automobilística praticamente consolidou a opção da humanidade pelo
capitalismo, ratificando uma opção pelo neoliberalismo, numa via de mão única,
conforme advogam alguns estudiosos. As implicações geopolíticas foram e são
enormes; o poder mundial sendo manipulado na direção de garantir o suprimento de
petróleo, com todas as conseqüências e atribulações que, até hoje, ditam as
políticas externas de todos os países desenvolvidos. Os países, praticamente todos
eles, remodelaram sua topografia com a necessidade de construir estradas, milhões
de quilômetros de asfalto, apenas para acomodar o produto revolucionário. As
cidades passaram a enfrentar desafios nunca antes imaginados, para também
acomodar os resultados de uma era — a era do automóvel.
No Brasil, com seu efeito altamente multiplicador, foi seguramente a indústria
automotiva a responsável pela promoção da sociedade brasileira a um estágio
econômico-social mais elevado, tirando-nos do barbarismo do terceiro-mundismo.
Milhões e milhões de empregos diretos e indiretos foram gerados, ajudando-nos a
emergir para um patamar mais aceitável em termos de civilização. Se podemos,
hoje, nos rejubilar de não sermos mais uma mera sociedade agrícola e pleitear uma
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posição menos humilde no concerto das nações, um dos fatores mais importantes
pode, sem dúvida, ser atribuído à nossa indústria automobilística.
Nada mais justo, portanto, Sr. Presidente, que dedicar um dia de nosso
calendário para comemorar o Dia da Indústria Automobilística. Comemorar quer
dizer relembrar, rememorar, reconhecer que o fenômeno do automóvel determinou o
destino da civilização moderna; cultuar aqueles brasileiros, grandes brasileiros que,
com seu descortino, permitiram e facilitaram ao nosso País sua imersão num
contexto inequívoco de tendência para a era do automóvel. Não fomos pegos de
surpresa.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.
Nesta oportunidade, gostaria de registrar o aniversário de uma das mais
queridas cidades de nossa região, que será comemorado neste dia 26 de novembro.
Trata-se de Tremembé, aprazível e aconchegante Município do Vale do Paraíba, às
margens do Rio Paraíba, já nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, que estará
festivamente comemorando os seus 105 anos.
Uma cidade eminentemente religiosa, Tremembé tem no Senhor Bom Jesus
seu padroeiro, recebendo, durante seus festejos no mês de agosto, milhares de fiéis
e visitantes de toda a região. Com imensa satisfação, quando exercia o cargo de
Deputado Estadual na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, tive a honra
de conseguir a transformação de Tremembé em estância turístico-religiosa, antiga
reivindicação de suas autoridades civis e religiosas, fato marcante para acelerar seu
desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida de sua população.
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Em reconhecimento ao nosso trabalho em prol do Município, fui agraciado,
com muito orgulho, com o Título de Cidadão Tremembense, outorgado pela sua
Câmara de Vereadores.
Tremembé, Sras. e Srs. Deputados, foi primitivamente ocupada por índios da
tribo dos guaianases, que falavam o tupi-guarani, do qual origina-se o nome da
cidade, Tremembé, que significa "margem do rio". No século XVI, junto às
expedições desbravadoras dos sertões do Brasil colônia, chegou àquelas paragens
o Capitão Jacques Félix, fundador de Taubaté, que fixou residência no sítio
denominado Tremembé, por ficar às margens do Rio Paraíba.
Juntamente com Jacques Félix, chegou um grande número de pessoas,
dentre as quais Manoel da Costa Cabral, considerado o fundador de Tremembé. Foi
ele quem mandou construir em suas terras uma capela, onde era venerada a
imagem do Senhor Bom Jesus. Mas o povoado somente iria florescer em 1672, com
a construção de um templo maior — a Basílica do Senhor Bom Jesus de Tremembé.
Da peregrinação ao local foi se formando gradativamente o povoado, em terras
doadas a Bom Jesus, conforme documentos da época.
Pela Lei Provincial nº 1, de 20 de fevereiro de 1866, o povoado foi elevado a
Freguesia. Em 19 de agosto de 1890 tornar-se-ia Distrito Policial e pelo Decreto
Estadual nº 132, de 3 de março de 1891, Distrito de Paz. Finalmente, o Distrito seria
elevado a Município pela Lei nº 458, de 26 de novembro de 1896, promulgada pelo
então Presidente da Província de São Paulo, Dr. Manuel Ferraz de Campos Sales,
desmembrando-se de Taubaté, graças aos esforços persistentes do Coronel
Alexandre Monteiro Patto.
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Tremembé conta com a sua basílica, construída em 1672 em estilo barroco, a
qual abriga a imagem milagrosa do Bom Jesus, que atrai fiéis de todo o Vale do
Paraíba e de outros pontos do Estado. Cidade turístico-religiosa, Tremembé sedia
muitas outras atrações importantes, como o histórico Convento dos Monges
Trappistas, na Fazenda Maristela. Os Rios Paraíba e Piracuama, sua vegetação
esfuziante, seu clima muito agradável, fazem de Tremembé um dos lugares mais
agradáveis e acolhedores do Vale do Paraíba.
Todo dia 6 de agosto, a cidade promove a Festa do Senhor Bom Jesus, uma
das mais tradicionais da região vale-paraibana. As cidades vizinhas param para
reverenciar o Bom Jesus, quando, ao lado da programação religiosa, ocorrem
diversas manifestações populares, shows com grandes artistas e as atrações do
parque de diversões.
Hoje Tremembé encontra-se em franco crescimento, abrigando um grande
número de empresas, com um comércio bastante variado e inúmeros
empreendimentos habitacionais. Essa fase de expansão deve-se à visão
administrativa de seu dinâmico Prefeito, nosso amigo Orozimbo Lúcio da Silva e de
seu competente Vice, Júlio Otanni, que conseguiram uma grande união política junto
à Câmara Municipal e demais lideranças e autoridades locais. Tudo tendo como
desiderato o desenvolvimento tremembeense e o bem-estar da população local.
Neste dia 26 de novembro, quando do 105º aniversário da querida e simpática
cidade de Tremembé, nossos cumprimentos a suas autoridades, lideranças e à
população em geral, que merecem todo nosso trabalho e consideração.
Parabéns, Tremembé!
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Outro assunto, Sr. Presidente.
É com grande satisfação que me dirijo a essa tribuna para festejar o Dia
Nacional do Hoteleiro, comemorado no último dia 9 de novembro.
Ninguém sabe precisar exatamente como e quando surgiu a atividade
hoteleira no mundo, mas tudo leva a crer que a atividade tenha se iniciado em
função da própria necessidade natural que os viajantes têm de procurar abrigo,
apoio e alimentação durante suas viagens.
A primeira notícia sobre a criação de um espaço destinado especificamente à
hospedagem, Srs. Deputados, vem de alguns séculos antes da era cristã, quando da
realização dos jogos olímpicos na Grécia Antiga. Para a realização dos jogos, foram
construídos o estádio e o pódio, onde se homenageavam os vencedores e ficava a
chama olímpica. Mais tarde, foram acrescentados os balneários e uma hospedaria,
com cerca de 10 mil metros quadrados, com o objetivo de abrigar os visitantes. Essa
hospedaria teria sido o primeiro hotel de que se tem notícia.
A evolução da hotelaria sofreu grande influência dos gregos e especialmente
dos romanos, que, tendo sido ótimos construtores de estradas, propiciaram a
expansão das viagens por todos os seus domínios e, conseqüentemente, o
surgimento de abrigos para os viajantes. Muitos povos europeus influenciados pelos
romanos seguiram essa tendência, multiplicando o número de pousadas por suas
estradas afora. Como naquela época os meios de transporte não percorriam mais do
que 60 quilômetros diários, as viagens quase sempre duravam alguns dias e isso
muito estimulava a criação de hospedarias.
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Com a queda do Império Romano, as estradas vieram a ser menos usadas,
em razão da falta de segurança. Esse fato diminuiu drasticamente o número de
hóspedes, prejudicando seriamente as pousadas. Desse modo, a hospedagem
passou a ser oferecida pelos monastérios e outras instituições religiosas, bem mais
seguras e confiáveis. Esse serviço oferecido pelos religiosos, que inicialmente era
um trabalho informal, tornou-se, mais tarde, atividade organizada, com a construção
de quartos e refeitórios separados e monges dedicados ao atendimento de viajantes.
Posteriormente, foram construídos prédios próximos aos monastérios, destinados
exclusivamente aos hóspedes, dando origem às pousadas.
No século XII as viagens na Europa voltaram a se tornar mais seguras e,
rapidamente, as hospedarias se estabeleceram ao longo das estradas. Aos poucos,
diversos países implantaram leis e normas para regulamentar a atividade hoteleira,
especialmente a França e a Inglaterra.
Em 1650 surgiu um novo meio de transporte que teve grande influência na
expansão da hotelaria: as diligências — carruagens puxadas por cavalos. Essas
carruagens circularam durante quase 200 anos pelas estradas européias, garantindo
um fluxo constante de hóspedes para as pousadas e hotéis. Mas, com a chegada
das ferrovias, as diligências praticamente desapareceram e a rede hoteleira que
delas dependia sofreu um duro golpe. As ferrovias eram um meio de transporte
muito mais rápido, o que resultava em viagens de menor duração. Muitos hoteleiros
não conseguiram se adaptar aos novos tempos e, dessa maneira, vários hotéis
fecharam suas portas ou reduziram seu tamanho, enquanto outros estabelecimentos
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conseguiram acompanhar as novas regras e se ambientar com o novo meio de
transporte.
No final do século XIX, os hóspedes tinham-se tornado mais exigentes e
surgiram, então, hotéis de grande luxo, acompanhando a tendência dos fabulosos
trens e navios de passageiros da época. Com isso, incrementavam-se os serviços
hoteleiros e, com eles, aumentava-se a oferta de empregos.
A partir daí, o serviço de hotelaria se tornou cada vez mais procurado e, nos
dias atuais, ostenta o importante título de coluna do turismo no nosso País,
destacando-se como uma das principais fontes de geração de emprego e de renda.
O faturamento global atual do setor já supera o de indústrias tradicionais, como a
automobilística e a eletroeletrônica e o investimento em turismo passou a ser
altamente considerado.
Nosso País, em particular, abriga um sem número de tipos de vegetação, com
belezas naturais inigualáveis, uma enorme riqueza cultural e um inegável potencial
turístico. Afinal, como nos disse Herculano Iglesias, Presidente da Associação
Brasileira da Indústria Hoteleira Nacional , "o nosso País tão gigante e ao mesmo
tempo tão contrastante tem destinos para todos os gostos". Dessa forma, a indústria
hoteleira exerce um papel fundamental para levar o Brasil a se transformar num dos
centros do turismo mundial. Condições naturais para isso nós temos e os hotéis
constituem-se, na verdade, nos equipamentos fundamentais para a incrementação
do turismo nacional. Cabe aos hoteleiros, nesse contexto, a responsabilidade de
criar infra-estrutura adequada e atrativos para os turistas, sendo que a implantação
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dessa infra-estrutura atrativa é empreitada difícil, que requer seriedade,
profissionalismo e vultosos investimentos.
Como bem disse o nobre colega Deputado Ronaldo Vaconcellos em seu
Projeto de Lei que institui o Dia do Hoteleiro, "cabe a esses profissionais a difícil
missão de abrir caminho para que os benefícios potenciais do turismo traduzam-se,
concretamente, em circulação de riqueza”.
É por essas razões, Srs. Deputados, que vimos, nessa oportunidade, registrar
a importância do ramo de hotelaria para nossa economia, bem como, vimos
cumprimentar todos os profissionais desse setor pelo excelente trabalho que vêm
desenvolvendo ao longo dos anos. Nossos parabéns a todos os hoteleiros!
Comemorou-se no último dia 2 de dezembro o Dia do Advogado Criminalista.
Para homenagearmos esses profissionais, sirvo-me da conhecida máxima do
saudoso mestre Rui Barbosa, que pauta a atuação desses operadores da Justiça:
“Por mais atroz que tenha sido o crime atribuído ao ser humano, ele não decai do
abrigo da legalidade”.
A origem da advocacia está diretamente ligada à questão criminal, cujo
fundamento preconiza que todos são inocentes até prova em contrário. O advogado
é , então, o último bastião de defesa da individualidade entre o cidadão e o Estado.
No entanto, nobres colegas, o criminalista muitas vezes é julgado pela opinião
pública, que confunde defensor e réu, sem levar em conta o preceito constitucional
de que todos têm direito à defesa. Quantas e quantas vezes pudemos escutar a
manifestação equivocada de pessoas que condenam a atuação de determinado
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profissional pelo fato de estar ele prestando assistência a pessoa acusada de
cometer algum tipo de crime?
Esquecem-se essas pessoas que o direito de defesa é um instituto amparado
pela Lei Maior e que o próprio Código de Ética dos Advogados pondera que na
matéria penal o advogado não deve levar em conta sua opinião sobre o caso,
embora muitos façam restrições a determinadas causas, por questões de foro
íntimo.
Falando sobre o tema à Folha de S. Paulo de 10/02/00, o ilustre advogado
Alberto Zacharias Toron disse: “As pessoas que consideram imoral a defesa de
pessoas acusadas (...) deveriam abandonar a própria idéia de Justiça. Seria o
mesmo que defender a priori a procedência das acusações, que às vezes são
meras suspeitas, em todos os episódios de crimes ignóbeis e ignorar o direito
alienável à defesa”
Ora , Sr. Presidente, não sendo a verdade atributo de uns poucos, nem da
opinião pública, conclui-se que o processo é um direito do cidadão e, com ele, o
direito à defesa, que há de ser exercido por um profissional habilitado e disposto a
esgotar todas as instâncias no patrocínio da causa. Não se trata apenas de um
direito, mas de um dever que atende não apenas aos interesses do indivíduo
acusado, mas de toda a sociedade, que só se sente tranqüila com a condenação de
alguém que tenha sido defendido suficientemente, como exige a Constituição.
Ao advogado criminalista estão destinados os grandes desafios, mas, a
despeito da magnitude de sua missão, ele trabalha de forma individual. Ao contrário
dos colegas civilistas, não dispõem de uma clientela fixa, mas sim de uma clientela
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erigida pelo acaso do delito, sempre dotado de muita carga emocional diante das
tragédias envolvendo as partes: vítima e criminoso.
Ele trabalha com as provas que lhe são fornecidas via inquérito e, como bem
ensinou Rui Barbosa, deve sempre apurar a prova, mesmo quando ela pareça ser
irrefutável, cuidando para dar regularidade ao processo na busca da verdade.
Não obstante sua batalha em cumprir o papel que lhe destina nossa
Constituição, a despeito de todas as críticas e recriminações, volta e meia se vê
vilipendiado pela atuação da mídia que, em algumas oportunidades, vem deturpando
o papel dos criminalistas, traçando-o como sendo de operadores do Direito
interessados em garantir a impunidade dos clientes.
A todos os advogados criminalistas os nossos cumprimentos pelo dia que
lhes foi dedicado e nossos sinceros desejos de que a mídia e a sociedade
abandonem o generalismo com que têm tratado essa classe de advogados e
perceba que, em se tratando de matéria criminal, não há crime indigno de defesa e
que esse é um pressuposto básico da justiça.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente.
É com grande satisfação que me dirijo à tribuna dessa Casa para dedicar
algumas palavras a todos os orientadores educacionais, felicitando-os pelo seu dia,
que será comemorado em 4 de dezembro.
Não é tarefa das mais fáceis, Srs. Deputados, estar na ponta de lança do
falido sistema educacional brasileiro, justamente quando tanto se fala sobre a má
qualidade do ensino e do alto índice de evasão escolar. Ao orientador educacional
cabe o papel de otimizar as relações do aluno com o processo ensino-
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aprendizagem, procurando amenizar esses tão discutidos problemas que levam o
aluno ao desestímulo.
Ele tanto pode atuar na avaliação de dificuldades de aprendizagem, como
pode intervir como mediador na díade aluno-ensino. Sua postura deve ser a de
permitir que o ensino se dê dentro de uma perspectiva que leve em conta o estilo de
vida, a cultura e as singularidades do aluno, admitindo que o aprendizado é um
processo.
O conhecimento, Sr. Presidente, é fruto de uma construção diária e não uma
matéria que se transfere de um a outro indivíduo. Nesse sentido, o orientador
educacional atua não somente com o aluno, mas, principalmente, diagnosticando e
intervindo na dinâmica proposta pela instituição de ensino. Quando um estudante
apresenta dificuldades de aprendizagem, o mais provável é que o modo de se
construir o conhecimento dele esteja em dificuldades. Ou seja, deve-se trabalhar,
em primeiro lugar, a maneira como a escola está lidando com as singularidades
desse aluno e com seu modo de aprender. É aí que entra a figura do orientador.
Em suma, a figura do orientador educacional é de extrema importância dentro
das instituições educativas, uma vez que seu trabalho eficiente pode reduzir em
muito os atuais números de evasão escolar e repetência. Aos poucos, eles tem
conseguido inserir na sociedade a cultura de que a criança deve ser respeitada no
seu ritmo e modo de aprender e que a escola não pode impor a essa criança seu
modo estático de transferir um suposto saber. Com isso, tornou-se imprescindível
para uma boa relação da criança com o conhecimento.
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A todos esses profissionais nossos sinceros cumprimentos pela passagem de
seu dia!
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. CUNHA BUENO (PPB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há pouco mais de um século, no dia 19 de
outubro de 1901, Alberto Santos Dumont inscreveu seu nome na história da aviação
mundial ao se tornar o primeiro homem a dirigir um balão numa rota prefixada, cinco
anos antes de fazer voar, também pela primeira vez, uma aeronave mais pesada do
que o ar, o 14 Bis.
O talento científico deste brasileiro genial começou a revelar-se muito
precocemente. Na infância, vivida na fazenda de café de seu pai, localizada a vinte
quilômetros do Município paulista de Ribeirão Preto, o garoto Santos Dumont dividia
o tempo entre as leituras de livros de Júlio Verne e o fascínio com as máquinas
beneficiadoras de café, que eram desmontadas e reconstruídas por ele
obsessivamente.
Seu primeiro invento foi uma engrenagem movida pelo vento, que
movimentava as peneiras das máquinas de beneficiar o café. Fascinado pela
mecânica, Santos Dumont também fazia pequenas rodas d´água, balões coloridos,
pipas de papel de seda e aviõezinhos de palha, que eram impulsionados por meio
de um estilingue.
Tanta inventividade conquistou a admiração e o apoio paternos. Quando
Santos Dumont completou 18 anos, seu pai o emancipou, dando-lhe uma pequena
fortuna, e o aconselhou a ir para Paris estudar Física, Química, Mecânica e
Eletricidade, porque acreditava que estas ciências guardavam a chave do
desenvolvimento tecnológico.
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Santos Dumont não poderia ter honrado de forma mais plena e genial a
confiança do pai. Ousado e imaginativo, protagonizou os dois maiores marcos da
história da aeronáutica, ao dirigir um balão ao redor da Torre Eiffel, durante meia
hora, proeza com que conquistou o Prêmio Deutsche, e ao tornar-se o primeiro
homem do mundo a decolar do chão pelos meios próprios de sua aeronave, ficar
determinado tempo no ar de forma controlada e pousar.
Ao contrário dos americanos Wright, que tinham um confesso interesse
comercial na aviação, Santos Dumont era um idealista. Wilbur e Orville Wright
voaram escondidos e patentearam todas as suas invenções. O brasileiro gostava de
voar em público e considerava-se suficientemente recompensado com a mera
difusão do novo invento pelos quatro cantos do mundo.
O primeiro vôo dos irmãos Wright foi realizado sem testemunhas, numa
fazendola no interior dos Estados Unidos, com um avião que não levantou vôo
livremente, mas com o auxílio de uma espécie de catapulta. Ainda assim, graças ao
enorme poder da indústria de informação americana, a maior parte da humanidade
ainda acredita que foram eles os verdadeiros inventores do avião, enquanto Santos
Dumont é muito pouco conhecido fora do Brasil.
Logo após a criação do 14 Bis, Dumont criou uma linda e diminuta aeronave,
batizada de Demoiselle, considerada sua obra-prima. A quem se apresentava com
interesse de comprar o projeto, o brasileiro, para surpresa geral, afirmava abrir mão
de todos os direitos de autoria do invento e chegou a publicar um detalhado
diagrama da aeronave na revista americana Popular Mechanics.
Depois dessa publicação, dezenas de pessoas em vários países do mundo,
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inclusive inventores, como Fokker, copiaram o projeto do Demoiselle, com pequenas
modificações e o patentearam como criações próprias. Mais de duzentos aparelhos
semelhantes foram produzidos nos anos seguintes.
Além do avião, inúmeras outras invenções que se incorporaram
definitivamente ao nosso cotidiano são da autoria de Santos Dumont, como o relógio
de pulso, o chuveiro e a garagem para os aviões, o hangar, com porta de correr.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é lamentável que as façanhas e
conquistas deste extraordinário brasileiro sejam tão pouco conhecidas entre nós.
Suas múltiplas virtudes, como o arrojo, a persistência, a sensibilidade, o pioneirismo,
a criatividade, a capacidade de realização, a engenhosidade, a coragem e a
generosidade, o tornam um exemplo admirável para todos os brasileiros, prova
inspiradora de como é possível superar obstáculos e dificuldades na busca de um
ideal.
Foi com grande satisfação, portanto, que tomei conhecimento da campanha
lançada pelo Comitê de Preservação da Memória Nacional, sob a coordenação do
Sr. Tonico Ramos, com o objetivo de tornar Santos Dumont conhecido e respeitado
por seus compatriotas, sobretudo das novas gerações.
Quero aproveitar a oportunidade para registrar meu pleno apoio a todas as
iniciativas que contribuam de alguma forma para resgatar das brumas do
esquecimento nacional as façanhas e conquistas do grande brasileiro que foi Alberto
Santos Dumont.
Era o que tinha a dizer.
Obrigado.
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O SR. FERNANDO ZUPPO (PSDC-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos prestes a votar assunto de grande
interesse do povo brasileiro. Trata-se da proposta de emenda constitucional que
permite o ingresso de capital estrangeiro em jornais, revistas e emissoras de rádio e
televisão em até 30%.
O assunto deve ser encarado com toda seriedade, pois os meios de
comunicação são de vital importância para todos os aspectos da vida nacional. Digo
isso porque há motivos de sobra para nos preocuparmos com a possibilidade de um
país estrangeiro vir a impingir os seus programas, suas idéias e seus interesses, de
forma a prevalecerem sobre os nossos valores culturais, deixando para trás todo o
trabalho de unificação da cultura e da língua que vem sendo proporcionado pela
televisão e demais meios de comunicação.
Assim entende a maioria dos nossos artistas, produtores, diretores e
pessoas ligadas à arte no País. Eles estão preocupados com a idéia de sofrermos
uma invasão de programas prontos, os “enlatados", sem maior valor cultural e a
conseqüente dispensa de inúmeros profissionais das artes que tanto têm lutado por
um lugar ao sol no Brasil.
Compartilho dessas preocupações. É preciso que examinemos a questão
com calma, sob o risco de, votando a proposta como atualmente se apresenta,
dispormos de valores intrinsicamente ligados à nossa identidade cultural e à nossa
soberania.
Não sou contra a modernização e a globalização. Não acho que o capital
estrangeiro nos nossos meios de comunicação seja, necessariamente, lesivo ao
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País. Entretanto, não posso deixar de me inquietar com a possibilidade de darmos
um passo em falso votando pela aprovação de dispositivo que altera a Carta Magna
e os destinos da comunicação no Brasil, tal como se encontra.
Tenho consciência da necessidade de revermos conceitos. Nosso País
precisa de uma mídia moderna, com capacidade de investimento, como disse
Henrique Alves, sócio minoritário de uma afiliada da TV Globo. A proposta
apresentada permitiria aos jornais, rádios, revistas e emissoras de televisão não
somente a participação do capital estrangeiro, mas igualmente o controle das
empresas por pessoas jurídicas, permitindo a captação de recursos nas bolsas de
valores, capitalizando essas empresas.
Acredito que a melhor solução para essa questão, salvo melhor juízo, seja a
exigência de controle sobre a programação e o conteúdo editorial nas mãos dos
brasileiros. Dessa forma, a grade de programação teria preservados os programas
atinentes à nossa cultura e origens, não permitindo a perda desses valores culturais
cristãos em detrimento de valores estranhos e indesejáveis.
Chamo os nobres colegas à reflexão sobre essa proposição, que julgo de
caráter delicado, pois como representantes eleitos pelo voto popular temos a
responsabilidade de zelarmos pelos interesses do cidadão brasileiro e da nossa
Nação.
Muito obrigado.
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O SR. RICARDO IZAR (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste 29 de novembro, como ocorre todos os
anos, a comunidade mundial de nações celebra o Dia Internacional de Solidariedade
ao Povo Palestino, data instituída pela ONU, em 1977, para lembrar a todos os
povos a vergonhosa injustiça que acomete os palestinos, em sua terra e fora dela.
Esse data não foi escolhida por acaso. Lembra o 29 de novembro de 1947,
quando a Assembléia Geral aprovou a partilha da Palestina em dois Estados: um
judeu e outro árabe. Para nós, brasileiros, essa histórica sessão da ONU é
especialmente memorável, visto que foi ela presidida pelo grande Chanceler
Osvaldo Aranha, que, assim, inscreveu o seu nome na própria história geopolítica do
Oriente Médio.
O nome de Osvaldo Aranha é sempre honrado pelo Estado de Israel, como
um de seus mais eminentes apoiadores e até fundadores, mas é injustamente
omitido quando se fala dos palestinos. Porém, é importante ressaltar que a célebre
sessão não aprovou apenas a criação do Estado de Israel, mas, também, a criação
de um Estado árabe independente. O correr dos acontecimentos e, sobretudo, o
apoio irrestrito americano à causa israelense fizeram com que a resolução então
aprovada se tornasse letra morta para o povo palestino, e o Estado independente,
um sonho distante.
E quando falo no correr dos acontecimentos, refiro-me especialmente à
política israelense, implantada continuamente após 1967, de judaização dos
territórios árabes, o que constitui verdadeira e bárbara violência contra a população
palestina, incluindo o assassinato de inúmeros de seus líderes, a repressão a
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demonstrações públicas de protesto, a destruição de lares, o bloqueio ao trânsito
livre, e, com mais eficiência ainda, a implantação das inúmeras colônias nos
territórios ocupados, na clara intenção de descaracterizar a região como árabe-
palestina, e, assim, justificar a invasão e a presença israelense como fato
consumado.
Na verdade, Sr. Presidente, a criação do Estado de Israel, se, por um lado,
deu um lar a um povo sem terra, então recém-oprimido pela barbárie do holocausto,
por outro, numa das injustiças mais gritantes que a História já testemunhou, marcou
o começo do sofrimento de um povo, que viu usurpada a terra onde já vivia há
séculos. E, isso, sobretudo, pela força do argumento bíblico de que aquela terra lhes
fora prometida por Deus a seus antecedentes.
Ora, trata-se, sem dúvida, de um dos mais graves casos de fundamentalismo
religioso de todos os tempos, termo hoje em dia quase que exclusivamente aplicado
à filosofia e método de ação dos extremistas muçulmanos, que pretendem justificar
ações terroristas injustificáveis e interpretações inaceitáveis das mensagens
sagradas, mas que, inevitavelmente, há de se aplicar à política israelense de
ocupação dos territórios palestinos.
Neste ano, Sr. Presidente, o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo
Palestino reveste-se de singular importância, dada a delicadíssima situação da
região. O mundo não pode tolerar o terrorismo, isso é verdade, mas verdade
também é que não pode tolerar a injustiça que gera a irracionalidade de tais atos.
Neste dia, não cabe elogiar nenhum Bin Laden, ou quem quer que promova a morte
de inocentes, mas, por outro lado, não nos podemos esquecer de um Ariel Sharon,
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que publicamente admite e justifica o assassinato de palestinos, pela simples razão
de serem líderes de seu povo — e esses assassinatos já ultrapassam as seis
dezenas, para mencionar apenas os mais recentes.
Ora, enquanto não houver respeito mútuo das partes envolvidas no conflito,
não haverá solução para a causa palestina. Em 1993, Yasser Arafat deu um passo
até então inimaginável, ao reconhecer o Estado de Israel e eliminar da carta da OLP
o dispositivo que determinava a sua destruição. Do outro lado, assistimos ao fato
também até então pouco provável, do reconhecimento, por Israel, da OLP, e da
criação da Autoridade Nacional Palestina. Porém, a verdade é que, mesmo assim,
não mudou em nada a política israelense de assentamentos em territórios
palestinos, ou, pior ainda, esta acabou por se acirrar, o que provocou uma nova
Intifada.
E é em meio à luta desigual entre tanques e pedras que se comemora mais
um Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Assim, não nos resta
senão juntar nossa voz àquela desse povo, que luta, com os parcos meios materiais
e políticos de que dispõe, pela sua verdadeira e definitiva independência, o que
inclui, sem dúvida, a soberania sobre todo o seu território.
Em meu nome e no do povo que aqui represento, uno-me ao povo palestino
em solidariedade à sua nobre causa, na esperança de que, em breve, este 29 de
novembro não mais precise ser comemorado apenas como solidariedade e
esperança.
Muito obrigado.
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O SR. LUIZ ANTONIO FLEURY (PTB-SP. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero consignar neste momento
homenagem à SORRI-BAURU, que faz parte do Sistema SORRI e está completando
25 anos de existência, ajudando a escrever, com seu trabalho e eficiência, a história
da cidade de Bauru.
Fazendo um breve relato de suas atividades, podemos dizer que não apenas
a homenageada SORRI-BAURU, bem como todo o Sistema SORRI estão voltados
para a prevenção de incapacidades e a inclusão social de pessoas portadoras de
deficiências e hansenianos.
Em 1972, iniciaram-se no Brasil estudos sobre a segregação de pessoas com
hanseníase, com o apoio da American Leprosy Mission, cujo contingente mundial
estava em torno de 15 milhões de pessoas.
Em 25 de setembro de 1976, foi fundada a Sociedade para Reabilitação e
Reintegração do Incapacitado — SORRI, para atender a pessoas com deficiências
física, mental, auditiva, visual e portadores de hanseníase a partir de 14 anos de
idade.
Em 1977, foi inaugurada a primeira sede da SORRI, em um pequeno prédio
escolar alugado, iniciando as atividades para oito clientes e contando com três
funcionários.
Em 1981, Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiências, foi
inaugurada a nova sede da SORRI, com capacidade de atendimento de 100
pessoas/dia.
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Em 25 de setembro de 1985, foi criado o Sistema SORRI, com o advento da
SORRI-BRASIL, com o objetivo de promover e incentivar a criação e funcionamento
de novas unidades e organizações similares: garantir o cumprimento da filosofia
SORRI; capacitar profissionais na área de reabilitação; desenvolver programas
educativos, sensibilizar e conscientizar a comunidade sobre os problemas e
potencialidades dos usuários do sistema, visando, ainda, cumprir sua missão
precípua, que é “apoiar pessoas com deficiências na sua justa luta para se
desenvolver material e espiritualmente e se incluir na sociedade como pessoas úteis
e dignas”.
Hoje, o Sistema SORRI conta com cinco centros de reabilitação profissional,
nos Municípios de Bauru, Campinas, São José dos Campos e Sorocaba, no Estado
de São Paulo, e, no Estado do Pará, com mais um centro, em Parauapebas.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a história de vida de uma
entidade que nasceu para mudar os destinos de seus usuários, incluindo-os na
sociedade para que usufruam de seus direitos e deveres de cidadãos, contribuindo,
desta forma, com seus esforços para a grandeza de nosso País.
Portanto, nada mais justo do que parabenizar o Presidente da SORRI-
BAURU, Sr. João Carlos de Almeida, e todos os funcionários e técnicos da unidade
aniversariante, pois é através deste valoroso corpo funcional que se alcança o
objetivo humanitário proposto pelo Sistema SORRI.
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O SR. PAUDERNEY AVELINO (Bloco/PFL-AM. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a recente divulgação dos
resultados do Censo 2001 merecem, ao meu ver, especial registro e comentário,
sobretudo porque estamos vivendo, e as pesquisas censitárias naturalmente
refletem, um momento de transição, marcado por uma série de mudanças,
experimentos e tentativas.
Ademais, estamos na etapa final de um governo, oportunidade em que
importa avaliar eventuais êxitos ou insucessos nas iniciativas que, no âmbito
político-administrativo, foram desencadeadas nos últimos anos.
Os números devem servir também como dados e referências para
implementação dos planos de governo que os potenciais candidatos já podem estar
elaborando para se apresentarem junto ao eleitorado em todo País.
De qualquer forma, vamos encontrar nos resultados do censo avanços,
desigualdades e aparentes contradições, que não nos devem surpreender, já que a
hora é realmente de transição, e os números não podem revelar mais do que a
conjuntura do momento histórico em que as pesquisas foram lançadas e
executadas.
Com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), que cresceu apenas 0,34% no
terceiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano passado, os dados
divulgados pelo IBGE deixam transparentes sinais de desaceleração econômica e
refletem desempenho que equivale ao de anos recentes de crise, ainda que a
expansão de 0,05%, em relação ao segundo trimestre, tenha um significado tanto
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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maior, em face de estimativas anteriormente formuladas, espelhando riscos de
recessão.
Segundo os especialistas, os índices traduzem, sem dúvida, a perda de ritmo
decorrente da conjugação de fatores negativos com os quais a economia nacional
se defrontou, tendo a atividade econômica retornado aos níveis de 1999, no período
pós-desvalorização do real.
Como em outros períodos, a taxa de expansão da economia, embora
pequena, só foi possível graças à agropecuária, ao setor de serviços e ao bom
resultado agrícola, graças ao aumento substancial da produtividade e das
exportações. Com uma área plantada de 37,3 milhões de hectares, o País vai colher
98,1 milhões de toneladas na safra 2000/2001, contra 82,8 milhões da anterior, o
que representa um crescimento de 18,5%, o maior de nossa história.
Mas vale a pena insistir em que os dados censitários devem sempre ser
analisados com cautela, muito especialmente quando se refiram à área social.
Nesse campo, as pesquisas precisam ser vistas num contexto de profundas
mudanças operadas no sistema educacional brasileiro, as quais vêm sendo
incorporadas de forma desigual, com mais ou menos sucesso, pelas redes de
ensino estaduais e municipais.
Assim, para podermos avaliar a qualidade do ensino, e não ter uma pálida
noção da evolução, em termos numéricos, do sistema, é, mais do que nunca,
indispensável checar os fatos que estão por trás dos novos números.
O Censo 2001, realizado em momento de grande expectativa com relação às
novas políticas públicas em educação, aponta para algumas contradições. Ou para o
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que, à primeira vista, por falta de análise minuciosa dos números, parece
contradição.
Comemorou-se, por exemplo, a redução da repetência nos últimos cinco
anos: a taxa baixou de 30,2% para 21,6%. Apenas no Rio de Janeiro ela cresceu de
20,3% para 24%, precisamente no Estado que, segundo rigoroso sistema de
avaliação ultimamente adotado, alcançou as maiores médias em quase todas as
séries, subindo da 23ª para a 4ª posição no ranking nacional e para a 1ª no
Sudeste.
Ora, se o desempenho dos fluminenses foi o melhor e, ao mesmo tempo, a
taxa de repetência cresceu, isso já não constitui um indicador muito claro da
qualidade de ensino.
Como se vê, é preciso uma revisão conceitual, e não se pode considerar
isoladamente um item da pesquisa censitária.
Igualmente, não dá mais para associar, sem maiores análises, os fenômenos
da evasão e da repetência.
Há índices curiosos, se não distorcidos. Um exemplo: a média nacional de
evasão é de 4,8%. Roraima, com um índice que pulou, em evasão, de 10,3% para
11,2%, passou, no entanto, a integrar o seleto grupo de Estados cuja taxa de
repetência está abaixo da média nacional, ao lado do Ceará, Minas Gerais, Espírito
Santo, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Em suma, a evasão encontra-se acima da média em 18 Estados, apesar de
terem eles reduzido a repetência. E os campeões da repetência não são campeões
da evasão.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Esta análise não vem, de forma alguma, em desabono da qualidade técnica
do desempenho do IBGE. Ela pretende apenas chamar a atenção para o cuidado
que é preciso na interpretação dos números revelados pelo Censo 2001.
E, como as estatísticas são um referencial valioso e irrecusável na
implementação do processo decisório, os números deste censo devem ser tomados,
antes de tudo, como ponto de partida para um auto-exame dos Governos e de suas
políticas, planos e programas, muito especialmente quando estiver em causa a área
social, que é um campo de estudo e de atuação muito mais vulnerável e mais
sensível.
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O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Plenário desta Casa, infelizmente, tem
conhecido fatos que demonstram a existência, na Bahia, de uma corrente política
que sobrevive ao tempo. Sua feição está estigmatizada como a do velho
coronelismo. Na prática, é a da corrupção pura e simples — o uso dos recursos
públicos, financeiros e materiais para usufruto pessoal.
Um dos casos mais recentes, divulgado pelo jornal A Tarde, a partir de
denúncia do Vereador do PT da Câmara Municipal de Amargosa, Valmir Sampaio, e
de colegas de oposição, é o do Prefeito da cidade, Rosalvinho Sales, do PTB.
Conforme documentos levantados pelo companheiro petista, o Prefeito
transferiu o equivalente a 20% da receita do Município para as contas dos seus
assessores e parentes. Isto é, 800 mil por mês estão indo para contas pessoais.
O Prefeito encontrou um jeitinho de se beneficiar dos recursos da Prefeitura.
Ao invés de pagar diretamente aos fornecedores, Rosalvinho renegocia com eles o
alongamento da dívida. Adia os pagamentos, mas os deposita de imediato na conta
de parentes e assessores. O dinheiro é aplicado e rende juros. Quando o fornecedor
é pago, a turma do Prefeito já levou seu pedaço nisso.
Para comprovar a denúncia, a jornalista de A Tarde localizou um dos
fornecedores da Prefeitura, Getúlio Sampaio, dono de supermercado na cidade,
citado pelo Vereador Valmir Sampaio como um dos que teriam sido usados na
armação. Getúlio mostrou um cheque pré-datado, recebido da irmã do Prefeito,
Karla Isabel Borges Safes, como comprovante de pagamento do fornecimento de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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alimentos para merenda escolar. A Prefeitura havia feito o pagamento na data certa,
mas o dinheiro só chegou ao fornecedor três meses depois.
Como isso acontece? Como o Prefeito consegue, com tanta tranqüilidade,
retirar um recurso público, jogá-lo numa conta particular — a de sua irmã —, que
aplica no mercado, e ainda adiar o pagamento ao fornecedor por três meses? Ora,
porque além de o Prefeito contar com uma equipe de absoluta confiança nessas
tramóias, a tesoureira da Prefeitura é sua irmã, Karla Sales! E isto é só um exemplo
do que está acontecendo.
A armação é antiga e opera no Município há muito tempo. O dono do
supermercado, Getúlio Sampaio, reconhece que só ele já recebeu "uns 200
cheques" da irmã do Prefeito, e não da Prefeitura. A Oposição apresentou
documento ao Tribunal de Contas do Município, questionando as contas no
exercício de 2000, apontando quarenta irregularidades.
Diante destes fatos, o que se indagaria nesta Casa e em todo o Brasil é se o
Prefeito de Amargosa, Rosalvinho Sales, já está na cadeia e se ele e sua turma, no
mínimo, já estão sendo alvo de uma investigação rigorosa. Afinal, tudo isso foi
divulgado na imprensa e o próprio Vereador Valmir Sampaio e outros três
Vereadores de oposição enviaram relatos do caso ao Banco Central, à Procuradoria
do Direito Público e ao Ministério da Fazenda. No entanto, conforme nos consta, até
o momento nada foi feito. Afinal, esta é a Bahia carlista que ainda sobrevive.
De nossa parte, porém, não aceitamos a omissão. Estamos ao lado dos
companheiros Vereadores e da população de Amargosa, que não aceitam a
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corrupção, oficiando aos Poderes Públicos para que intervenham e impeçam a
continuidade desses abusos.
Na oportunidade, queremos destacar a coragem do jornal A Tarde e, no caso,
da repórter Patrícia França, por denunciar estas tramóias diante de uma conjuntura
estadual que reprime a imprensa livre.
Obrigado.
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O SR. MAX ROSENMANN (PMDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna, hoje, para registrar nos
Anais desta Casa nossos mais sinceros votos de pesar pelo falecimento, na última
quarta-feira, dia 28, aos 73 anos, em Curitiba, do ilustre advogado Élio Narezi, ex-
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Paraná, e um dos mais
importantes advogados criminalistas do Estado.
Narezi foi presidente da Seccional paranaense da OAB em duas gestões, no
período de 1971 a 1975, além de ter sido conselheiro durante muitos anos.
O nome do advogado ficou marcado pela luta incansável na defesa das
liberdades democráticas e do Estado de Direito, contra o Ato Institucional nº 5, o AI-
5, na época da ditadura militar, quando estava à frente da Seccional.
Outro fato marcante na vida de Narezi foi a inauguração, junto com Salvador
de Maio, do Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Curitiba.
Narezi fez da advocacia uma profissão de fé na defesa das liberdades
democráticas, combatendo a ditadura militar através das idéias e ideais.
Como dirigente da OAB, defendeu os direitos e as prerrogativas dos
advogados e a responsabilidade social da profissão.
Seu falecimento representa um duro golpe e uma grande perda para os
paranaenses, só minorado pela certeza de que a história de vida, de profissional e
de pessoa, de Élio Narezi servirá de exemplo para muitas e muitas gerações.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação do meu
pronunciamento no programa A Voz do Brasil.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamento ter de comunicar o falecimento, em
Goiânia, na semana passada, do desembargador Elísio Taveira, ex-Presidente do
Tribunal de Justiça do meu Estado e uma das personalidades mais ilustres da
magistratura de Goiás. Juiz de alta categoria, formado na escola dos mais íntegros
aplicadores da lei, homem de impecável conduta social e respeitável portador de
exemplar cidadania, deixou um nome que, sem dúvida, perpetuado nas gerações
vindouras, será apresentado como um exemplo do servidor público, em particular da
magistratura forense.
Ingressando na magistratura goiana muito jovem, pouco depois de haver
deixado os bancos acadêmicos, o desembargador Elísio Taveira teve a
oportunidade de responder na titularidade de várias comarcas do interior, chegando
a Goiânia para ocupar uma das Varas Criminais. Durante alguns anos, ali exerceu
com peculiar maestria a sua função de julgar, colocando-se acima de quaisquer
injunções e cumprindo a sua missão com a mais absoluta imparcialidade, estribado
única e exclusivamente nos mandamentos da lei.
Como juiz, ao cabo de muitos anos de labuta, não se perdeu nas brumas do
tempo, pois sempre esteve a contribuir para a construção de uma sociedade livre,
justa e solidária, promovendo o bem de todos sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. No uso de suas
atribuições compreendeu que a independência do Judiciário, sem prejuízo da sua
atuação harmônica com os outros Poderes, é assegurada pela Constituição, que lhe
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dá autonomia financeira e estabelece as garantias da magistratura, na conformidade
do que dispõem os art. 95, 99 e 168 da nossa Carta Magna.
O desembargador Elísio Taveira colocou em prática, no tocante ao
procedimento do Judiciário como Poder político do Estado, o que se faz no Brasil de
hoje, isto é, a manutenção das mesmas regras e princípios que igualam ou até
mesmo superam em conquistas as já obtidas por outros importantes Estados
democráticos de Direito. Assim procedeu de maneira a tornar o exercício das
funções jurisdicionais menos moroso e mais eficiente, tendo em conta que o
Judiciário presta serviço público de alta relevância, qual seja, aquele de distribuir
justiça. Por assim dizer, também preconizou a era de um poder judicial criativo, que
atendeu, segundo conceito de Plauto Faraco de Azevedo, às exigências de justiça
perceptíveis na sociedade e compatíveis com a dignidade humana, um poder para
cujo exercício o juiz se abra ao fundo, ao invés do fechar-se nos códigos,
interessando-se pelo que se passa ao seu redor, conhecendo o rosto da rua, a alma
do povo, a fome que leva o homem a viver no limiar da sobrevivência biológica e a
própria exclusão social.
De tradicional família goiana, toda ela constituída de eminentes homens
públicos de formação liberal, inclusive médicos de alto conceito na pesquisa
científica e advogados de invejável cultura jurídica, o desembargador Elísio Taveira
presidiu o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás com muita altivez, incomparável
elegância moral, alto critério administrativo, cultura e eficiência no trato dos
problemas que eram adstritos à sua competência funcional. Por isso mesmo, seu
passamento consternou os membros da magistratura goiana, de todos as instâncias,
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que nele tinham um exemplo de dignidade e de modelar cidadania, abrindo também
uma lacuna de difícil preenchimento na sociedade e no mundo das letras jurídicas.
Consignando aqui o meu pesar, peço que se registre nos Anais da Câmara
Federal o triste evento, que enlutou mais de perto a família judicial do meu Estado.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. JOEL DE HOLLANDA (Bloco/PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso.)
- Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 17 de outubro o SEBRAE de
Pernambuco completou 33 anos de fundação. E só temos aplausos a dirigir a esse
órgão, que vem contribuindo, sobremaneira, para fortalecer o setor das micro e
pequenas empresas do Estado. Setor empresarial estratégico, engloba 98% dos
estabelecimentos pernambucanos, gera 60% dos empregos e responde por 20% do
PIB estadual.
Com esses números, a defesa de uma instituição que tem propiciado
condições de sobrevivência às micro e pequenas empresas não pode ser vista como
mera retórica, mas como um reconhecimento das ações que vêm sendo
empreendidas. Somente em Pernambuco existem aproximadamente 200 mil micro e
pequenas empresas formalizadas, e estima-se em 800 mil as pequenas empresas
informais. Não podemos ignorar que este universo vem garantindo a geração de
empregos e alavancando a atividade econômica, por sua audácia, baixíssimo
endividamento e criatividade permanente.
Antes visto como um segmento menor, sem expressividade no cenário
nacional, hoje não se discute a importância das micro e pequenas empresas.
Nenhuma ideologia questiona o papel que essas empresas desempenham, até
como base da economia de mercado, além de inovadoras de produtos e tecnologias.
Mas nem sempre foi assim. O reconhecimento da importância das suas
atividades, assim como a criação de um órgão de apoio, os micro e pequenos
empresários devem à SUDENE. Ao final da década de 70, a SUDENE detectou o
desamparo e a fragilidade desse setor, criando um programa — pioneiro na América
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Latina — de apoio às empresas de pequeno porte. Atuando como agências de
fomento, os denominados Núcleos de Apoio à Empresa (NAE) foram o embrião do
SEBRAE.
Vale registrar que, simultaneamente, em parceria com esses Núcleos, foi
criada, na Bahia e em Pernambuco, a União Nordestina de Pequenas Organizações
— UNO, voltada principalmente para as empresas informais.
A partir daí, foi criado o primeiro programa de crédito orientado, com juros,
prazos e mecanismos de garantia diferenciados e adequados ao tipo de cliente.
Nesse sentido, os bancos estaduais operavam com o microcrédito, experiência
retomada, ampliada e modernizada pelo sistema SEBRAE.
Para mensurar o valor do apoio do SEBRAE às pequenas e médias empresas
e os ganhos advindos desse apoio para a sociedade, quero me reportar a um dos
pronunciamentos feitos por mim, no Senado, onde defendi a necessidade de se criar
as condições básicas para que ao pequeno e médio empresário fossem oferecidas
melhores oportunidades de crescimento e manutenção de suas empresas.
Em meu discurso, afirmei que o grande capital, aquele capaz de investir na
alta tecnologia, iria empregar cada vez menos: as fábricas começariam a ser
dominadas pelos robôs, pelos computadores, pelas máquinas que fazem máquinas.
O caminho em busca do emprego estaria nas empresas de pesquisa ou no setor de
serviços, este dominado amplamente pelas pequenas e médias empresas.
Dentro da mesma linha de raciocínio, destaquei que antes a discussão sobre
incentivos aos pequenos empresários decorria da necessidade de dar a eles uma
condição de sobrevida, diante da impiedosa concorrência com os grandes. Naquele
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momento, além desse motivo justo, tratava-se de dar emprego aos brasileiros, que
estavam perdendo vaga para as máquinas. Ressaltei também que esse não era um
fenômeno brasileiro, mas nós tínhamos a obrigação de zelar pelo mercado de
trabalho do cidadão deste País.
Ainda conforme minhas palavras à época, a defesa da micro e pequena
empresa passava a ser uma necessidade de sobrevivência para milhares de
brasileiros. Era a hora de defender o trabalhador, o emprego e, como parte dessa
batalha, criar mecanismos de incentivo aos pequenos e médios empresários.
Essa preocupação foi externada quando exerci o meu mandato como
Senador, período de 1995 a 1998. De lá para cá, os problemas cresceram: temos
mais desemprego e permanecem as distorções na distribuição de renda. Mas este
cenário poderia ser ainda mais sombrio no Estado de Pernambuco se não existisse
o trabalho desenvolvido pelo SEBRAE.
Por isso, quero manifestar a minha admiração pela dedicação e competência
do presidente Josias Albuquerque, que, à frente do Conselho Deliberativo do
SEBRAE de Pernambuco, tem exercido um decisivo papel no fortalecimento das
micro e pequenas empresas do Estado. Papel também exercitado pelo
superintendente Matheus Antunes, na execução dos projetos e programas do
SEBRAE.
Criando incentivos que têm ampliado a instalação de empresas legalmente
constituídas, o SEBRAE possibilita a participação dessas empresas nos mercados
interno e externo, promove o acesso a tecnologias, viabiliza créditos, cria e distribui
o conhecimento e aprimora mecanismos de apoio à comercialização. Acrescente-se
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a isso que, ao oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento dos pequenos
negócios, o SEBRAE gera incentivos para a entrada dos micro e médios
empresários no mercado formal.
Ser responsável por 20% do PIB de Pernambuco não é um feito menor. Isto
requer competência, que vem sendo demonstrada pelos nossos pequenos e médios
empresários pernambucanos, com o decisivo apoio do SEBRAE, que tem sido a
mola propulsora desse canal gerador de empregos e de distribuição de renda.
Por todo esse acervo de realizações, quero parabenizar o SEBRAE de
Pernambuco, o seu presidente, seus diretores, seus técnicos, seus consultores,
enfim, todos os que compõem seu corpo técnico-administrativo, desejando que essa
modelar instituição continue contribuindo cada vez mais para o desenvolvimento do
nosso Estado.
Muito obrigado.
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A SRA. TETÉ BEZERRA (PMDB-MT. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de divulgar, desta tribuna, um exemplo
de cidadania e respeito pelo meio ambiente.
Artigo publicado no jornal Diário de Cuiabá, de 27 de novembro de 2001, diz:
Barra do Bugre — MT
O Município realizou mutirão do lixo com absoluto
sucesso
O lixo coletado nos rios Paraguai, Bugres e
Córregos foi exposto na Praça Ângelo Masson com
mostra da poluição que provoca o assoreamento.
Cerca de 12 toneladas de lixo foram recolhidas por
jovens, adultos, crianças e estudantes, que no período de
05 a 10 de novembro, vestiram a camisa, num trabalho de
preservação ambiental nas barrancas e leitos dos Rios
Bugres, Paraguai, Córrego da Ema e Córrego do Tanque,
em Barra do Bugres.
No Mutirão Limpa Rio/2001, voluntários enfrentam,
no limite, as inclemências da natureza para tirar
embalagens de plásticos, garrafas, latas de cerveja e de
óleo, e até móveis velhos, fogões e latões das águas.
É o quinto ano consecutivo que acontece o evento, numa feliz iniciativa da
Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, através do Departamento do Meio
Ambiente, em colaboração com entidades de classes, empresas, igrejas, escolas e a
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sociedade, com o fito de executar a limpeza, despoluição dos rios e formar a
consciência da população pela preservação ambiental, legando para as futuras
gerações uma natureza com vida.
O diretor do Departamento do Meio Ambiente, Luiz Boin, contou que, apesar
de esta campanha estar na sua quinta edição, pouco tem diminuído a quantidade de
lixo retirado em relação aos anos anteriores. “Urge a continuidade do processo de
ação porque temos coletado todos os anos a mesma quantidade de lixo”, disse.
“As pessoas precisam ainda refletir melhor sobre essa questão para
salvaguardar a qualidade da água. Se não se despertar para a preservação dos rios
e mananciais, logicamente, num futuro não distante, haverá falta do precioso
líquido”, alertou Boin.
Adianto que Barra do Bugres é privilegiada com tantas belezas naturais, haja
vista o espetáculo da congruência dos Rios Bugres e Paraguai, numa harmonia de
águas de cor diferentes, atraindo a atenção do visitante logo na chegada à cidade.
É para manter belezas vivas como estas que mais ações, como esta
campanha, precisam acontecer, levando à prática os rigores das leis ambientais,
coibindo o abuso dos vândalos e depredadores do patrimônio natural.
Nesta campanha, a conscientização de massa foi feita com a distribuição de
panfletos volantes, com inconteste apoio do Interact Club e de estudantes.
Só para ilustrar, aqui vão alguns dizeres das volantes: “O rio é nosso. As
plantas são nossas. A vida é nossa. Então vamos cuidar do que é nosso”. “Lugar de
lixo é no lixeiro”, lembrava um outro folheto. E mais: “Água é vida. Rio poluído é rio
sem vida. Junte-se a nós nesta campanha de preservação dos nossos rios.
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Colabore. Todas as vezes que seu lixo é jogado fora da lixeira, causará prejuízos à
natureza”.
Dessa forma a campanha tentou mostrar à população a necessidade e a
importância de se preservar o meio ambiente.
A adesão da sociedade foi sobremodo importante, como a participação da
FEMA, que marcou presença efetiva, com as Técnicas de Educação Ambiental Jane
Aparecida da Silva e Sayra Maria Silva Soares proferindo palestra nas escolas
públicas e particulares e fazendo o acompanhamento de toda a fase de execução do
evento.
Encerramento. Na noite do último dia 20, a praça Ângelo Masson ficou
literalmente tomada com as solenidades de encerramento do Mutirão Limpa Rio/
2001. No palco, a caráter, aconteceram atrações variadas, com danças típicas,
apresentações teatrais e shows com artistas locais. Uma carreta com as 12
toneladas de lixo, obviamente, foi a atração máxima, fruto da aludida campanha que
envolveu toda a sociedade. Segundo a Polícia Militar, seguramente 3 mil pessoas
prestigiaram o encerramento, que teve avaliação positiva. Na oportunidade, o
Prefeito Arnaldo Luiz Pereira enalteceu o trabalho da campanha, dizendo-se feliz
com a comunidade barra-bugrense, que está consciente e sensibilizada para uma
maior reflexão sobre o meio ambiente, que está sendo degradado a cada ano.
Há cinco anos consecutivos realizamos o Mutirão Limpa Rio, e neste ano
incluímos também o Córrego do Tanque e o Córrego da Ema, mananciais também
de relativa importância para a nossa comunidade.
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Parabenizo as equipes de trabalho e agradeço a participação à sociedade, na
certeza que Barra do Bugres está consciente da sua responsabilidade de legar para
as gerações futuras uma primavera com flores, água, vida e sazonados frutos.
Vamos continuar este trabalho com “tudo pela preservação ambiental”, como
arrematou o Prefeito Arnaldo.
Enfim, parabenizo o Prefeito e todas as pessoas envolvidas neste feliz
empreendimento de cidadania, e que continuem desenvolvendo iniciativas como
esta, que só dignificam e beneficiam a comunidade a que, com tanto empenho e
abnegação, servem.
Muito obrigada.
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O SR. JAQUES WAGNER (PT-BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em eleição ocorrida ontem, o candidato do
ex-Senador Antônio Carlos Magalhães à Presidência do Tribunal de Justiça da
Bahia perdeu por 18 votos a 10 para o Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra.
A vitória foi considerada acachapante. Analistas políticos avaliam que se
trata de um fato histórico no Judiciário baiano.
Nesse sentido, venho a esta tribuna para solicitar que conste dos Anais da
Câmara dos Deputados o brilhante artigo do jornalista Samuel Celestino, veiculado
pelo jornal A Tarde, que dá o tom do sentimento do povo da Bahia no que tange a
essa eleição.
Dentre outras coisas, escreveu Samuel: "Foi mais, muito mais, imensamente
mais do que uma vitória do Desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra. Foi uma
vitória da Bahia; da magistratura livre, do afinal desatrelamento do Poder Judiciário
baiano das forças políticas que comandam o Estado... A força não se sobrepôs ao
Direito, e sim o Direito a ela".
Que conste nos Anais desta Casa, para que no futuro os pesquisadores
possam constatar o momento em que novos ventos começaram a soprar em nosso
Estado, os ventos da democracia e de um novo horizonte para que mudanças
importantes ocorram e possam se materializar em cidadania e bem-estar para o
nosso povo.
Assim, ao tempo em que encaminho à Mesa da Câmara o artigo de Samuel
Celestino, saúdo esse novo tempo e esse novo alento democrático que começa a
soprar em meu Estado.
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Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.
MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR
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ARTIGO REFERIDO PELO DEPUTADO JAQUES WAGNER
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O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR. Pronuncia o seguinte discurso.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a instituição do Conselho de Comunicação
Social, como órgão auxiliar do Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no
Capítulo V – Da Comunicação Social, embora prevista no art. 224 da Constituição
Federal e regulamentada pela Lei nº 8.389, de 30 dezembro de 1991, até hoje não
foi concretizada, constituindo imperdoável omissão do Poder Legislativo Federal.
Por isso, é alvissareira a notícia de que a Câmara pretende definir ainda este
ano a data para instalação do Conselho, "que vai fiscalizar a programação de TV"
(Correio Braziliense, 3 de dezembro de 2001, p.3), confirmando compromisso
assumido em junho deste ano pelos Presidentes do Senado Federal e da Câmara
dos Deputados, na presença de 35 mulheres, entre Parlamentares da bancada
feminina no Congresso, de movimentos de mulheres e do Congresso Nacional dos
Direitos da Mulher — CNDM.
Diante do que dispõe o art. 221 da Carta Magna, uma das questões que
precisa ser avaliada é a da relação entre publicidade e crianças, principalmente com
o envolvimento de ídolos da população infantil, com a veiculação de matérias que se
transformam em verdadeira coação ou chantagem para a compra dos bens
anunciados, embora desnecessários, supérfluos ou até prejudiciais, além de
incompatíveis com a renda familiar.
Em alguns países é terminantemente proibido que a publicidade se dirija a
crianças e produza sua indução. Em outros, existem restrições importantes. Mas no
Brasil existe um liberalismo total em relação a esse tipo de prática. Esse é um tema
que mereceria debate, conforme acentuou o Sr. Daniel Herz, Coordenador do Fórum
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Nacional pela Democratização da Comunicação, na audiência pública realizada em
reunião conjunta da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática
e da Comissão de Direitos Humanos, em 27 de abril de 1999, manifestando a
convicção de que é possível equacioná-lo.
De minha parte, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, considero que esse é
um assunto que deveria ser estudado pelo Conselho de Comunicação Social, em
sua função de órgão auxiliar do Congresso Nacional, a fim de que pudéssemos
legislar adequadamente sobre a matéria, levando em conta, principalmente, os
princípios da preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas
e do respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família, que a produção e a
programação das emissoras de rádio e televisão devem atender, segundo o disposto
no art. 221 da Constituição Federal.
Portanto, espero que o Presidente Aécio Neves realmente adote as
providências requeridas para a efetiva instalação do Conselho de Comunicação
Social, pois, como também afirmou o Sr. Daniel Herz, na referida audiência pública:
"quando o Congresso Nacional desrespeita as próprias leis que criou, não há
mensagem mais óbvia para a sociedade e para o mercado de que a tolerância com
qualquer tipo de prática nos meios de comunicação está sendo admitida".
Muito obrigado.
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O SR. JOÃO SAMPAIO (Bloco/PDT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, mais uma vez, a Baía de Guanabara sofre as
conseqüências de um acidente ambiental em decorrência de vazamento de petróleo,
provocado pelo rompimento do oleoduto que serve à refinaria de Manguinhos. É o
terceiro acidente deste tipo em menos de três meses.
O petróleo, que é hoje a maior riqueza do Estado do Rio, é também uma
grande ameaça para as condições ambientais, não só da baía como também de
todo litoral fluminense.
Os acidentes acontecem com freqüência. As plataformas de produção e de
operação, os navios petroleiros e os oleodutos são pontos de riscos. E as operações
de carga, descarga, bombeamentos etc. são realizadas, a julgar pelos
acontecimentos, sem os necessários cuidados com o ambiente.
O acidente ocorrido na sexta-feira, dia 23 de novembro de 2001, teria sido
provocado pela colisão de uma embarcação com o duto, que deveria estar a dez
metros de profundidade e não a meio metro. Ao que parece, uma indevida
introdução de gás, ou de ar, teria feito com que o duto flutuasse. Ou seja, mais uma
vez, a falta de cuidados, a negligência operacional, o desrespeito ao meio ambiente
provocam mais um derramamento de óleo na nossa baía.
A empresa estima que vazaram 40 mil litros de óleo, enquanto que a
Fundação Estadual para o Meio Ambiente — FEEMA considera que vazaram cerca
de 100 mil litros.
Apesar de a empresa garantir que a situação está sob controle, técnicos
afirmam que novo vazamento poderá ocorrer, pois o duto ainda retém 300 mil litros
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de óleo. É que o reparo emergencial terá que ser substituído por conserto definitivo,
tarefa complexa e que envolve riscos.
A mancha de óleo já se espalhou pelas praias da baía, em particular no
Flamengo, no Rio, e nas praias das Flechas, Boa Viagem e Gragoatá, em Niterói.
Esse foi o segundo maior vazamento ocorrido na baía desde janeiro de 2000,
quando 1.3 milhões de litros vazaram durante o abastecimento da Refinaria Duque
de Caxias, da PETROBRAS, provocando o maior desastre ambiental da história da
Baía de Guanabara e cujas conseqüências até hoje se fazem presentes.
Sr. Presidente, a população do Estado do Rio não pode mais conviver com
essa situação de risco permanente. Não há como negar a importância do setor
petroleiro para a economia do Estado. Entretanto, é urgente que as autoridades
federais e estaduais, responsáveis pelo controle ambiental, executem com eficiência
permanente controle preventivo das operações, para que sejam evitados novos
acidentes. As elevadas multas aplicadas são parte importante do processo de
fiscalização, mas, aplicadas após os vazamentos, não cobrem os prejuízos
ambientais.
Vale lembrar que o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara,
assinado em 1994, pelo então Governador Leonel Brizola, com o Banco
Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Japonês para Cooperação
Internacional, no valor de US$ 600 milhões, triplicou a quantidade de esgotos
tratados e lançados na baía . Apesar do avanço, ainda é pouco e representa apenas
30% dos esgotos. A meta para 2003 é de 55% de tratamento, chegando a 100% de
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tratamento só depois de 2010. Entretanto, os efeitos positivos já se fazem sentir na
atividade pesqueira e na balneabilidade das praias.
Por isso mesmo é preciso antecipar metas de despoluição e evitar acidentes
nas atividades petroleiras, para depois não ter que chorar sobre o óleo derramado.
Muito obrigado.
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O SR. DIVALDO SURUAGY (Bloco/PST-AL. Pronuncia o seguinte discurso.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, política, no sentido de busca e construção
do bem comum, é atividade altamente enobrecedora. Das decisões políticas
dependem milhões de pessoas, cujos destinos estão em jogo. Daí decorre,
exatamente, a delicadeza da posição do político. Da mesma maneira que ele pode
influir na vida dos seus concidadãos, o seu trabalho, os seus atos, a sua existência,
em suma, são constante e sistematicamente fiscalizados e dissecados pela opinião
pública.
Essa análise, que do ponto de vista ideal deveria ser objetiva, pragmática,
condicionada apenas por fatores técnicos, faz-se, entretanto, muitas vezes pelo
sentimento. No Brasil, País em verdadeira ebulição de crescimento, que ostenta o
sentimentalismo decorrente da miscigenação como presença constante em tudo,
alguns políticos, inescrupulosos, lançam mão da passionalidade para fomentar
contestações e impor os seus interesses.
Em plena campanha eleitoral se acentua essa tendência entre nós. Para
muitos, não é o debate sério, construtivo que busca a otimização de soluções. Para
esses, a vitória do seu candidato está acima da verdade, e os sagrados interesses
da coletividade servem apenas de escudo à sua ganância pessoal ou do seu grupo.
Consideramos que a hora é propícia para que todos nós, que exercemos
atividades políticas, fixemo-nos nos objetivos maiores da nacionalidade. Em lugar de
ser período de lutas inglórias, de acentuação da política de campanário, o período
que antecede as grandes decisões deveria ser de afirmações maiores. A bandeira
das idéias deveria ser colocada acima do imediatismo, da vitória a todo custo. O
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respeito mútuo e o reconhecimento das virtudes recíprocas deveriam ter lugar de
destaque na vida de todo homem público.
Todo mundo lucraria com essa colocação superior, exceção apenas,
naturalmente, dos pescadores de águas turvas. A coletividade que se volta sempre
esperançosa e crédula para os seus líderes seria a mais beneficiada, criando-se,
assim, condição precípua à execução do bem comum.
Sob o ponto de vista mais restrito, os políticos conquistariam pontos positivos
junto ao povo, agindo com espírito de elevação, demonstrando, na prática, que
estão à altura dos que desejam toque de grandeza na direção dos seus destinos.
O que é incrível, o que parece mentira é que ainda existe quem pretenda
exercer atividade política pela retaliação pessoal, pelo insulto e pela negação dos
sadios princípios de convivência que desmoralizam e achincalham exatamente
quem os usa como instrumento de luta.
Deixamos aqui convite e desafio àqueles políticos que ainda teimam em não
perceber a nobreza de sua atividade, o sentido maravilhoso de sua ação: sejamos
todos dignos da oportunidade que nos foi oferecida de construir o progresso de
nossa terra e a felicidade do homem brasileiro. Não deixemos que as diferenças
ocasionais e de superfície sejam empecilho a que lutemos juntos na construção da
grande Pátria brasileira com que o futuro nos acena e que depende, exclusivamente,
da nossa capacidade de sentir a sua grandeza e de realizar a sua efetividade.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. AGNALDO MUNIZ (Bloco/PPS-RO. Pronuncia o seguinte discurso.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, desde sempre existem no Brasil reflexões e
muito debate sobre projetos na área de educação, mas os Governos nunca levaram
a sério o setor. Nunca houve projeto que tivesse sucesso. O déficit do setor
educacional resiste aos séculos.
Educação no Brasil continua a ser privilégio de poucos. No passado, faltavam
até escolas particulares. Hoje, ela está presente em todos os Municípios brasileiros.
O problema é que o povo não tem dinheiro para pagar a educação dos filhos.
Mesmo a classe média brasileira está tendo enormes dificuldades para pagar escola
particular. A inadimplência é enorme. A inadimplência existe na escola fundamental
e no ensino superior.
São os absurdos contrastes brasileiros. As universidades públicas atendem
aos filhos dos ricos e da classe média. Já os pobres têm que trabalhar e pagar a
universidade. Estudar à noite.
Convivemos, no inicio do novo milênio, com o grave e profundo problema da
educação. É fato. A sociedade forma os seus melhores quadros nas próprias
matrizes estáveis das classes. Temos que mudar esse quadro discriminatório.
Precisamos ensejar nova idéia na sociedade, para que o indivíduo possa buscar,
pela escola, sua posição na vida social. O cidadão se forma na escola.
A realidade verificada em nosso País é aquela onde os filhos dos ricos e da
classe média alta conseguem passar no vestibular para os cursos mais promissores
em termos profissionais e para as melhores instituições de ensino.
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Os poucos filhos das famílias de baixa renda que têm acesso ao ensino
superior estudam em instituições de reputação duvidosa. Portanto, menores serão
suas chances num mercado altamente competitivo.
Necessitamos alterar essa realidade proporcionando a cada indivíduo a
oportunidade de ter formação que permita seu sucesso profissional. Precisamos de
transformação mental. Necessitamos mudar o paradigma que não permite ao Brasil
vencer as dificuldades. Que não trate cidadãos brasileiros de forma diferenciada.
A educação escolar brasileira chegou ao fundo do poço. Nunca esteve tão
mal. Não é culpa só do Governo atual. O processo de deterioração do sistema
educacional brasileiro vem acontecendo nos últimos quarenta anos. É questão de
mentalidade, de descaso, de equívoco na interpretação das prioridades. É verdade
que o Brasil nunca investiu na educação como deveria, mas nas últimas décadas
houve descuido total com a educação escolar do nosso povo.
Novos conceitos e aspirações não se concretizam imediatamente. Mas
sabemos que para se construir esta Nação só existe um caminho: a educação
escolar do nosso povo. Para se tornar potência, o País tem que, obrigatoriamente,
investir na educação de seu povo. Esse é o caminho. Foi a trajetória de todos os
países que se tornaram respeitados no quadro internacional.
O nosso sistema ultrapassado de educação mantém o País sem condições de
competitividade e mesmo sem respeitabilidade internacional. É triste vermos o nosso
Brasil colocado nos últimos lugares em pesquisas internacionais no quesito
educação.
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Temos que ensejar política generosa para nosso povo e promover a
democracia educacional. Além de rico, o Brasil é, sem sombra de dúvida, uma das
nações mais ricas do planeta. Temos que oferecer ensino de forma gratuita. Temos
que estimular igualdade de oportunidades, polir a alma do povo por meio do ensino,
estimular a esperança nos nossos jovens, que querem transformar o mundo para
melhor. A transformação só ocorrera quando colocarmos todos os nossos jovens
nas escolas, oferecendo oportunidades para que tenham acesso a uma profissão e
anulem a distância que nos separa dos países desenvolvidos.
Sr. Presidente, outro assunto me traz à tribuna. A sociedade brasileira passa
por grande ameaça: trata-se do perigo do tráfico de drogas. O mercado avança em
decorrência da agressividade dos traficantes, hoje presente na maioria dos
Municípios brasileiros. São bandidos de alta periculosidade que buscam clientela em
todas as faixas de idade. Não respeitam as crianças nem os idosos. Tanto oferecem
drogas a crianças quanto a idosos ou os usam como vendedores.
A ousadia dos traficantes que exploram a vulnerabilidade das pessoas ricas,
da classe média ou pobres para aumentar a freguesia só encontra paralelo na
despreocupação com que as elites que estão sendo corrompidas pela droga
encaram o problema. Pesquisas sobre o consumo eventual ou constante de drogas
por adolescentes em idade escolar revelam números alarmantes. O vício começa
cada vez mais cedo. A droga psicotrópica não afeta só o usuário. Ela deixa o viciado
à mercê de seus instintos e prejudica de modo sensível o seu julgamento.
Governadores e Prefeitos não conseguem enfrentar o tráfico organizado. O
fracasso do sistema repressivo na pretensão de controlar a criminalidade
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relacionada com as drogas está presente em todas as nações. Basta observarmos
que os Estados Unidos têm fracassado em sua política de combate às drogas. E o
consumo aumenta assustadoramente. Se nações fortes que possuem recursos e
polícia preparada fracassam, imaginem nossas dificuldades.
Muitos países conseguiram avanços significativos no combate ao uso de
drogas ilícitas, mas não conseguiram reduzir o tráfico. Política de governo
consistente contra as drogas lícitas e ilícitas é realidade em todos os países, mas o
tráfico no planeta representa volume de recursos que chega a bilhões de dólares. O
custo social é imenso: o cidadão viciado é elemento contaminante do meio ambiente
em que se relaciona. O prejuízo causado pelas drogas pode ser medido com
eficiência. É muito caro tratar do viciado.
No nosso país milhares de jovens estão perdendo o melhor de suas vidas por
se dedicarem aos vícios. Os viciados não têm vontade. Engano. Eles têm uma única
vontade: consumir drogas. Vivem exclusivamente em virtude do vicio. O viciado é
ente digno de compaixão. Todas as vezes em que vejo um cidadão perdido no vício
percebo como é importante termos boa estrutura religiosa. A fé religiosa fortalece o
nosso espirito, pondo-nos em alerta e tirando-nos do mal caminho.
Os pais precisam manter o diálogo e o carinho com os filhos, principalmente
fornecer orientação. Por mais que protejam os filhos, não podem impedi-los de
freqüentar clubes e festas, de viajar, de ter amigos, mas podem fortalecer o seu
caráter, podem ensejar bons hábitos, a exemplo da prática de esportes. A droga é
problema que extrapola a casa e a família. Os pais não podem tirar a liberdade dos
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jovens, não podem mantê-los sob vigilância todo o tempo, mas podem protegê-los
mostrando-lhes o caminho do bem.
O Brasil é país continental e não está preparado, a julgar pelas notícias
divulgadas pelos meios de comunicação, para enfrentar o narcotráfico, apontado
hoje como um dos maiores problemas de países com polícias e sistemas judiciários
mais eficientes do que os do Brasil. Então, podemos verificar as enormes
dificuldades que temos pela frente. Com as nossas deficiências no setor de
segurança pública, como combater o narcotraficante? Organizações internacionais!
Organismos de combate ao tráfico têm freqüentemente falido no seu objetivo.
Os Estados Unidos gastam por ano US$ 75 bilhões de dólares para reprimir,
prevenir e curar os efeitos da droga. Embora apliquem grande volume de recursos, o
consumo de drogas aumenta todo os anos.
Qual será o futuro da juventude com tantas dificuldades? O jovem tem, hoje,
muito acesso a informações negativas pela TV, por jornais, revistas e Internet. Os
filhos dos ricos, da população da classe média, dos pobres, todos tornaram-se
vítimas de traficantes.
Muitas organizações trabalham para encontrar a solução do problema que
destrói cérebros, corpo, a vida, mas a solução ainda não foi encontrada. No Brasil,
não temos política antidrogas definida. As condições sociais subjacentes ao vício da
droga estão sem controle. Existe apreensão de grande quantidade de drogas;
assistimos à queima de toneladas de drogas, mas quanto mais a Polícia mostra
resultados, mais o traficante trabalha.
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Sr. Presidente, quero falar também sobre o déficit habitacional do Brasil. Este
País não financia nem constrói casas para o povo há décadas, promovendo déficit
habitacional assustador, pois leva milhares de brasileiros a se alojar em barracos
improvisados. Não é somente a população de baixa renda que vive em situação
precária: milhões de cidadãos da classe média enfrentam o constrangimento de
morar em locais impróprios.
O pior é que a classe média não dispõe de fontes de financiamentos. Não
existem programas viáveis na área habitacional; o crédito continua limitado. Para a
classe média, o sonho da casa própria continua distante.
No setor habitacional, como em qualquer outro, têm que existir programas
governamentais. A indústria da construção civil depende de iniciativas do Governo.
Não pode, sozinha, promover programas para a sociedade.
Em razão dessa realidade esdrúxula, a grande maioria da população fica sem
crédito e sem casa, vendo o fruto do seu trabalho, o salário, desaparecer no
pagamento de aluguéis. Triste realidade. Num país com tanta espaço, que não
precisa importar matérias-primas usadas na construção civil, que possui mão-de-
obra qualificada e tecnologia, não há financiamentos habitacionais.
Quando o cidadão não possui habitação digna, encontra-se em aflição, pois
morar com o mínimo de segurança e higiene é requisito básico para sermos
civilizados. No Estado de São Paulo, o mais rico da Federação, onde se paga os
melhores salários aos trabalhadores menos qualificados, 30% das habitações não
têm a mínima condição de moradia, segundo pesquisa do SEADE. São,
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aproximadamente, 2,3 milhões de residências consideradas inadequadas, sem
condições de habitabilidade.
Se no Estado mais rico do nosso País a questão da moradia não foi resolvida,
e, o que é muito mais grave, a crise se aprofundou, imaginem os problemas de
Estados pobres do Nordeste. Se essas são as condições atuais do Estado mais
poderoso da União, qual será a dos Estados pobres?
Essa questão social e política nos revela o descaso, a falta de sensibilidade
com o setor habitacional. Não possuímos projeto habitacional sério há décadas. A
culpa não é só deste Governo, temos que reconhecer. São anos e anos de
irresponsabilidade. Nossos governantes fazem política de intenções e não atendem
aos apelos do povo. E a população desamparada se vira como pode. Ocupa
latifúndios urbanos, prédios públicos abandonados e vai por absoluta falta de opção
morar nas ruas. Vez por outra invade prédios públicos. Já existem até grupos
organizados de sem-teto. A ocupação clandestina é o resultado da falta de
investimentos e do estágio de miserabilidade que atingimos. Antes, tínhamos
apenas pobres; hoje, temos miseráveis.
A falta de financiamento habitacional é decorrente de regras criadas pelo
próprio Governo, que incentiva as instituições a investir menos no crédito da casa
própria e até em projetos habitacionais. Não existem incentivos para a construção da
casa própria. Os recursos existem, mas falta vontade política.
Todos esses problemas afetam, de forma aguda, os mais fracos: logicamente,
os pobres e a classe média. Nas cidades, verificamos o resultado dessa política: o
aumento da construção de habitações inadequadas, de barracos e casebres, é a
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prova concreta. O crescimento desordenado não obedece a nenhum planejamento e
contribui para piorar o caos presente nas grandes e médias cidades. No futuro
teremos que reparar a falta de planejamento, e ficará muito caro.
As distorções e as carências vêm se acumulando há décadas. A cada ano
que passa sem a criação de projeto habitacional, mais difícil fica a solução. A
população continua a crescer, o nível de degradação também; os conflitos surgem e
os princípios que equilibram as relações sociais desaparecem.
O déficit habitacional, a falta de planejamento urbano e o aumento
desordenado de moradia vão levar algumas cidades a estado de desordem. Temos
favelas com mais de 250 mil habitantes sem água potável, sem saneamento, sem
energia elétrica — a não ser as ligações clandestinas —, sem coleta de lixo, sem
segurança, sem ordem e sem o ordenamento jurídico que ampara e protege os
cidadãos.
O curioso é que ninguém discorda de que temos, urgentemente, de resolver o
problema habitacional. Nem os cidadãos, nem os governantes. Mas onde estão as
ações?
Essa desordem urbana chegou a um tal grau de gravidade que só poderá ser
resolvida com o lançamento de projeto integrado do Poder Executivo Federal com
Estados e Municípios. Sem a participação do Governo Federal, não há solução. Os
últimos Presidentes foram omissos. E o atual não tem ânimo para resolver os
problemas que afligem a nossa sociedade. Só faz discursos, apresenta ao povo
alguns projetos e viaja muito.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Vai-se passar ao
V - GRANDE EXPEDIENTE
Concedo a palavra ao Deputado Osvaldo Biolchi, que disporá de 25 minutos
para o seu pronunciamento.
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O SR. OSVALDO BIOLCHI (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, antes de iniciar meu pronunciamento propriamente dito, requeiro a
V.Exa. sindicância para apurar a irregularidade que passo a relatar.
Na semana passada, o Exmo. Presidente Aécio Neves autorizou meu
afastamento desta Casa para que eu pudesse proferir palestras em nome da
Câmara dos Deputados. Nessas palestras eu me reportei ao Projeto de Lei nº 4.373,
que trata da recuperação da empresa brasileira. Para minha surpresa, concluo que
alguém votou em meu lugar.
Hoje tomei conhecimento do que está dito em folheto espalhado em meu
Estado pela Confederação Nacional do Comércio: “Vamos limpar a Câmara dos
Deputados. Esses Deputados não sabem o que é trabalho. São os feitores de
Fernando Henrique”. Do folheto também consta minha foto de quando era
seminarista, aos dezoito anos.
Portanto, Sr. Presidente, peço a esta Casa que apure se alguém tocou piano
em meu nome. Estou certo de que não dei procuração a ninguém para votar em
meu nome.
Quero dizer à Confederação Nacional dos Trabalhadores que é leviana a
acusação contida no folheto. Cheguei a esta Casa, pela primeira vez, com 40 mil e
43 votos. Na Legislatura passada, minha foto apareceu em outra listagem, mas não
limparam meu nome. No entanto, meus eleitores estão satisfeitos com meu trabalho.
A maior prova disso é que nesta Legislatura fui eleito com quase 57 mil votos, ou
seja, um aumento de 17 mil votos.
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Se, porém, sou considerado feitor de Fernando Henrique Cardoso — se feitor
é pai não posso sê-lo geneticamente, porque ele é mais velho do que eu —, eu me
sinto honrado por ter trabalhado muito pela Educação e pelo financiamento do
ensino superior, tema do meu discurso na tarde de hoje.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho hoje à tribuna para tratar de um
tema que me fala ao coração. No dia 28 de novembro de 2001, foi baixado o
Decreto nº 4.035, que regulamenta o art. 19 da Lei nº 10.260, de 12 de julho de
2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior
— FIES, e dá outras providências.
A Lei 10.260 foi resultado da longa trajetória da Medida Provisória n° 2.094 e
de suas antecessoras, as Medidas Provisórias de nºs 1.827/99, 1.865/99 e 1.972/99,
no Congresso Nacional, e da aprovação de projeto de lei de conversão de nossa
autoria.
A Frente Parlamentar do Crédito Educativo, da qual tenho a honra de ser
coordenador, é composta de mais de duzentos Deputados Federais. Há sete anos,
conseguimos avançar muito na questão do financiamento do ensino superior. Mas
agora, quase no fim do mandato, após análise de dados, sinto-me frustrado ao
concluir que realmente essa Frente Parlamentar pouco ou nada havia conseguido.
Em 1995, havia 1 milhão de estudantes em universidades particulares, e os
cursos de mais de 150 mil desses estudantes eram financiados pelo CREDUC. Em
1999, extinguiram o Crédito Educativo, o que foi lamentável. Tratava-se de programa
que ia ao encontro dos desejos dos estudantes, visto que para integrá-lo não era
necessário avalista, os juros cobrados eram de 3% ao ano e, muitas vezes, não
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havia correção monetária. Mas, em maio de 1999, com a edição da Medida
Provisória nº 1.827, foi criado o FIES, em substituição ao antigo Programa de
Crédito Educativo, tendo por objetivo a concessão de financiamento a estudantes
regularmente matriculados em cursos superiores não gratuitos. O Fundo permite o
financiamento de até 70% dos encargos educacionais cobrados dos estudantes
pelas instituições de ensino. Ressalto que os antigos diretores do Ministério da
Educação que cuidavam do FIES tiveram a capacidade de quase destruir esse plano
de financiamento.
De qualquer forma, em 1999, apenas no meu Estado, o Rio Grande do Sul,
foram financiados quase 30 mil estudantes. Foram cobrados juros altos, de 9% ao
ano. O grande agricultor se queixa, e com razão, de que é muito alta a cobrança de
juros de 8,75% ao ano para o custeio da lavoura, e o prazo máximo para tal
pagamento é de apenas um ano. Imaginem os Srs. Deputados o que significa, na
educação, a cobrança de juros de 9% ao ano, sendo que se trata de financiamento
de longo prazo — entre dez e quinze anos.
De 1999 até o 1° semestre de 2001, o FIES atendeu somente 126.455 alunos.
Neste semestre, foram selecionados 30 mil novos estudantes. Para a manutenção
desses alunos, haverá um desembolso de aproximadamente R$ 400 milhões em
2001.
Posso dizer aos Srs. Deputados que, nesses sete anos, por três vezes foi
elaborada legislação sempre indo ao encontro da inadimplência do CREDUC e do
FIES. Em julho deste ano, foi editada a Lei nº 10.260, que, em seu art. 2º, § 5º,
prevê que os devedores do CREDUC e do FIES podem procurar a Caixa Econômica
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Federal para refinanciar suas dívidas a longo prazo e securitizá-las, até mesmo sem
a cobrança de juros e devolvendo apenas o valor histórico. É muito fácil criticar a lei;
afinal, nenhuma lei é perfeita. E esta Casa trabalhou para ir ao encontro do desejo
de democratização do ensino superior no País.
No Rio Grande do Sul, o Governo Estadual, do PT, abriu mil créditos
educativos, por meio do PROCRED, com juros de 6% ao ano, não 9%. Entretanto, a
correção feita pelas universidades, que todos os anos acontece, foi de no mínimo
10% sobre o valor dos créditos.
Por isso, em nome da Coordenação da Frente Parlamentar do Crédito
Educativo, quero reconhecer que o Ministro da Educação e o Sr. Presidente da
República, nesses sete anos de Governo, tentaram de todas as maneiras criar
instrumentos e sancionar leis que corroborassem o crédito educativo.
A maior fonte de recursos do FIES é a Caixa Econômica Federal que,
somente em 2001 (até outubro), já repassou R$ 248 milhões oriundos da
arrecadação das loterias. Até dezembro, a Caixa deverá ter repassado cerca de R$
320 milhões.
Infelizmente, o FIES atende percentual muito pequeno dos alunos carentes
que estão matriculados nas instituições particulares de ensino superior.
Considerando-se o último censo do Ensino Superior realizado pelo MEC, havia
aproximadamente 1 milhão e 800 mil alunos matriculados nas instituições
particulares em 2000. Neste mesmo período, o FIES beneficiava menos de 100 mil
estudantes, o que representava cerca de 6% do universo de alunos das instituições
particulares. Desta forma, milhares de alunos foram obrigados a abandonar os seus
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cursos por falta de condições financeiras, o que nos motivou a apresentar um projeto
de lei de conversão introduzindo alterações que julgamos fundamentais para a
melhoria do ensino em nosso País.
Concedo aparte ao Deputado Mauro Benevides.
O Sr. Mauro Benevides - Nobre Deputado Osvaldo Biolchi, embora eu não
pertença formalmente a essa Frente Parlamentar a que V.Exa. alude e, pelo que sei,
lidera, também quero manifestar minha solidariedade a sua preocupação e dos
demais integrantes da Frente com relação ao crédito educativo. Na minha última
estada em Fortaleza, recebi grupo de universitários de uma escola superior
particular que foram favorecidos com o crédito educativo. Eles se encontram em
situação de inadimplência e buscam alternativas que signifiquem a recomposição da
dívida que os inibe de continuar o curso universitário. Portanto, V.Exa., com a mais
absoluta oportunidade, traz o tema a debate. Esperamos que a sua intervenção na
tribuna possa levar as autoridades responsáveis — a Caixa Econômica Federal e o
Ministério da Educação e do Desporto — a encontrar alternativa que viabilize a
continuidade dos estudos dessa legião de prejudicados.
O SR. OSVALDO BIOLCHI – Agradeço a V.Exa., Deputado Mauro
Benevides, o aparte.
A Lei 10.260, no seu art. 2º, prevê a possibilidade de renegociação das contas
do crédito educativo. O grande avanço do financiamento no ensino superior
aconteceu no dia 12 de julho do corrente ano, com a sanção da Lei 10.260, que
prevê que toda instituição de ensino fundamental e médio e especialmente de
ensino superior denominada filantrópica, isto é, que goze, pela Constituição, do
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privilégio de não pagar seus impostos e tributos, deverá dar a contrapartida através
da concessão de bolsas de estudo. Isso está previsto no art. 19 da citada lei. Muitas
instituições de ensino superior deste País que se consideram filantrópicas não
estavam fazendo isso e, por meio do corporativismo e do lobby, insistiram para que
o Presidente Fernando Henrique Cardoso vetasse o art. 19. Entretanto, quero
ressaltar o trabalho feito pelo Ministro Roberto Brant, do PFL de Minas Gerais, que
insistiu na manutenção de tal artigo.
Esse dispositivo estabelece que as instituições de ensino (básico, médio e
superior) enquadradas no art. 55 da Lei 8.212, de 1991, ficam obrigadas a aplicar o
equivalente à contribuição calculada nos termos do art. 22 da referida Lei (20% da
folha de pagamento) na concessão de bolsas de estudo para alunos carentes. Mais
uma vez, eu gostaria de destacar que esse artigo só foi viabilizado pelo apoio do
Ministro da Previdência, Deputado Federal Roberto Brant. A quem presto as minhas
homenagens e os meus agradecimentos.
Queremos, de público, em nome da Frente, manifestar nossa gratidão ao
Chefe de Gabinete do ex-Deputado, que muito nos ajudou para a manutenção do
art. 19. Queremos também agradecer ao Vice-Presidente da República, Marco
Maciel, que se preocupou em manter as bolsas de estudo. A partir de 12 de julho
próximo passado, como contrapartida, toda instituição de ensino superior de caráter
filantrópico deverá conceder bolsas de estudo no valor correspondente ao montante
que deixa de recolher aos cofres do Ministério da Previdência.
Como sabem V.Exas., Srs. Deputados, a grande despesa de uma instituição
de ensino, especialmente as universidades, é com folha de pagamento. No País
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existe uma isenção de quase 1 bilhão de reais para as universidades filantrópicas.
Só no Rio Grande do Sul, 250 mil universitários freqüentam instituições de ensino
comunitárias, todas consideradas instituições filantrópicas e que deixam de recolher
150 milhões de reais por ano em tributos. Quer dizer, essas instituições deverão
reverter o benefício em bolsa de estudo. A partir deste semestre elas serão
concedidas aos alunos carentes, o que representa mais de 70 mil estudantes no Rio
Grande do Sul.
Sabemos que os recursos destinados ao ensino superior são parcos. Quantos
Deputados não sobem diuturnamente a esta tribuna para lutar por mais verbas para
as universidades, especialmente as públicas, que atendem a 500 mil alunos, com
custo real de mais de 8 bilhões de reais ao ano! Essa obrigatoriedade de as
instituições privadas de ensino concederem bolsas integrais de estudo vai atingir
muita gente. Não é justo conceder a alguns a bolsa, isto é, ensino gratuito, e a
outros apenas o financiamento do estudo. Há pouco eu criticava a elevada taxa de
juros do FIES, mas é preciso conscientizar os beneficiários do financiamento de que
precisam devolver aos cofres da Caixa Econômica Federal o valor recebido. Bolsa
de 50% já é um grande passo, e o aluno carente ainda pode financiar a outra
metade.
Em todos os Estados brasileiros, especialmente no Rio Grande do Sul,
poucas são as universidades públicas no interior. No meu Estado, os jovens
precisam sair de cidades como Santa Maria, Pelotas e Rio Grande e ir morar em
Porto Alegre, se quiserem estudar, arcando com despesas de viagem, pensão ou
aluguel de apartamento. O apoio financeiro de 50% da mensalidade é importante,
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porque permitirá ao estudante trabalhar durante o dia. É uma maneira transparente
de promover a democratização do ensino superior neste País.
O Decreto n° 4.035, de 28 de novembro de 2001, regulamentou o art. 19 da
Lei n° 10.260, estabelecendo as condições para que os alunos sejam beneficiados.
No art. 1°, o decreto determina que a seleção dos estudantes carentes a
serem beneficiados pela bolsa deverá ser realizada por Comissão Permanente de
Seleção e Acompanhamento de Bolsas de Estudo constituída em cada instituição de
ensino, que terá as seguintes atribuições:
I – definir e tornar públicos os critérios de seleção
dos bolsistas, bem como as condições exigidas para
manutenção da bolsa de estudo;
II – receber as inscrições dos candidatos;
III – selecionar os candidatos;
IV – divulgar, afixando em local de grande
circulação de estudantes a lista dos candidatos inscritos
e, posteriormente, dos selecionados, com o respectivo
valor percentual da bolsa de estudo concedida.
Ouço com prazer o nobre Deputado Airton Dipp.
O Sr. Airton Dipp – Nobre Deputado Osvaldo Biolchi, cumprimento-o pelo
trabalho que vem desenvolvendo nesta Casa em defesa do crédito educativo. O
Governo Federal vem tentando resolver o problema do financiamento para os
estudantes das universidades privadas e comunitárias, porém suas ações são ainda
insuficientes. Além dos altos juros cobrados pelo FIES, os recursos não atendem a
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todos os necessitados — são cerca de 1 milhão de alunos matriculados nesses
estabelecimentos de ensino. Os recursos oriundos das loterias deveriam ser
destinados ao FIES, mas a alocação de recursos do Orçamento Geral da União, que
deveria ser feita pelo Ministério da Educação, não vem acontecendo nos últimos
anos. Gostaríamos que o Governo Federal se sensibilizasse com o caso, para que
pudéssemos aprovar, com a sua intermediação, Deputado Osvaldo Biolchi, vários
projetos que tramitam nesta Casa, como o de minha autoria que prevê a utilização
do FGTS no pagamento das mensalidades. Nada mais justo do que utilizar recursos
do próprio trabalhador para melhor qualificá-lo. A formação superior propicia maior
inserção na sociedade. Meus parabéns pelo pronunciamento.
O SR. OSVALDO BIOLCHI – Muito obrigado, Deputado Airton Dipp. Receba
meu reconhecimento público pelo trabalho que vem desenvolvendo.
Concordo com V.Exa. As novas 500 mil bolsas mais o FIES não são
suficientes para atender à demanda da nossa juventude. Precisamos, como bem
disse V.Exa., que os 30% correspondentes à receita líquida das loterias federais
sejam realmente destinados ao crédito educativo.
Se no fim deste mandato conseguirmos que esses 350 milhões de reais por
ano destinem-se ao financiamento do estudo de mais 100 mil alunos, teremos
avançado um passo nessa caminhada.
Deputado Airton Dipp, V.Exa. tem razão, precisamos aproveitar o Fundo de
Garantia. Conhecemos seu projeto. É realmente muito importante qualificar a mão-
de-obra, não só para inserir o jovem no mercado de trabalho, mas também para
melhor situar nossa economia no mundo globalizado.
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Ouço com prazer o Deputado Dr. Hélio.
O Sr. Dr. Hélio - Deputado Osvaldo Biolchi, cumprimento-o pelo incansável
trabalho que vem realizando na coordenação da Frente Parlamentar do Crédito
Educativo, de grande envergadura. Seu pronunciamento mostra não só a dificuldade
dos alunos matriculados nas escolas privadas, mas também os resultados
satisfatórios do financiamento. Entretanto, não podemos deixar de enfatizar a
necessidade de aumento no número de vagas nas escolas públicas deste País. Não
é possível que, com esse enorme contingente de vestibulandos, o Ministério da
Educação não tome providências para aumentar o número de vagas nas escolas
públicas, tanto federais quanto estaduais e municipais. Também é importante
ampliar a oferta de cursos noturnos, particularmente daqueles mais procurados pela
clientela que pode pagar cursos caros, como os de Engenharia e Medicina, entre
outros. Faço um apelo às autoridades, para que se dediquem a aumentar a oferta de
vagas em universidades públicas da mesma forma que se empenham na busca de
financiamento para as escolas privadas de ensino superior. Os cursos noturnos
merecem atenção especial, pois atenderiam àqueles que trabalham de dia e não
podem cumprir jornada integral na universidade. Obrigado pelo aparte.
O SR. OSVALDO BIOLCHI – Eu é que agradeço a V.Exa. a intervenção,
Deputado Dr. Hélio.
Sr. Presidente, precisamos aproveitar as instalações das nossas
universidades públicas, num grande mutirão. Nossas escolas são indispensáveis
para a pesquisa, para o avanço tecnológico do País, para o bom preparo da mão-de-
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obra, especialmente de professores. Concordo com o Deputado Dr. Hélio. Podemos
simplesmente duplicar o número de alunos.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, são muito importantes essas bolsas
de estudo. Comissão paritária, constituída por dois representantes do reitor — como
estabelece o Decreto-Lei nº 4.035 —, dois representantes dos professores e dois
representantes dos alunos, selecionará os alunos carentes. Pela primeira vez neste
País, de forma transparente e democrática, com a participação dos jovens, os
alunos mais carentes serão escolhidos. Trata-se de conquista não de um Deputado
ou da Coordenação da Frente Parlamentar do Crédito Educativo, mas de toda a
Casa. É uma conquista que vai democratizar o ensino no País, especialmente o
ensino superior. Repito: as bolsas de estudo são importantes, especialmente para
reitores, proprietários, fundadores e sócios dessas fundações.
Nas instituições de ensino que não ministrem ensino superior, caberão aos
pais ou responsáveis dos estudantes os assentos reservados à representação
discente. Nas instituições de ensino em que não houver representação estudantil ou
de pais e responsáveis organizada, caberá ao dirigente máximo da instituição
proceder à eleição dos membros da representação discente. Como se observa, Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o processo de seleção dos alunos é totalmente
transparente e democrático.
Após a conclusão do processo de seleção, a instituição de ensino deverá
encaminhar ao Ministério da Educação e ao Instituto Nacional do Seguro Social —
INSS a relação completa dos estudantes beneficiados.
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O Ministério da Educação e o Ministério da Previdência já estão
providenciando o modelo do formulário que deverá ser encaminhado pela Internet
com o nome dos alunos beneficiados no 2° semestre de 2001.
Acreditamos que neste semestre deverão ser beneficiados cerca de 100 mil
estudantes universitários e aproximadamente 60 mil alunos no ensino médio e
fundamental.
Com a regulamentação da Lei n° 10.260, através do Decreto n° 4.035, os
alunos já podem reivindicar seus direitos, exigindo das instituições a concessão das
bolsas. Agora não há mais desculpas para que as instituições não concedam as
bolsas.
Os alunos deverão ser beneficiados ainda neste semestre, motivo pelo qual
devem realizar uma grande movimentação para que as comissões sejam
constituídas com a máxima urgência.
O Ministério da Previdência vai exigir, até 31 de dezembro deste ano, a
relação de todos os alunos contemplados com bolsas de estudo. A entidade que não
apresentar essa relação poderá ter cassado o certificado de entidade filantrópica. O
Ministro Roberto Brant quer saber quem é quem nesse processo, para que quase 1
bilhão de reais investidos anualmente pela União na construção e expansão da rede
de ensino alcance especialmente os jovens carentes.
Por isso, precisamos nos empenhar para, nas nossas comunidades, a partir
de hoje, nessas duas semanas que restam para o encerramento do semestre, ajudar
os jovens carentes que estão inadimplentes, que nunca mais voltarão à sala de aula
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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se não lhes estendermos a mão, se não abrirmos os olhos, se não exigirmos das
universidades o cumprimento da lei.
Assim, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao encerrar gostaria de voltar
ao início do meu pronunciamento, dizendo que este tema — a educação — fala
profundamente ao coração. Toca-me profundamente saber que através da
regulamentação de uma lei estaremos dando oportunidade a milhares de jovens
carentes de realização de um grande sonho, o sonho de poder contribuir para a
construção de um País mais justo e com igualdade de oportunidades para todos.
Muito obrigado.
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O SR. PEDRO FERNANDES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PEDRO FERNANDES (Bloco/PFL-MA. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, apresentei a esta Casa
proposta que acrescenta dispositivo e altera a redação do caput do art. 320 da Lei
nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Nacional, e
dá outras providências. É dever do Estado buscar meios para integrar o deficiente
na vida social, sobretudo quando inviável sua recuperação pela Medicina.
É perceptível a dificuldade que os portadores de deficiência encontram para
conviverem dignamente na sociedade. A “indústria da multa”, conquanto venha
contribuindo para a educação no trânsito, tem movimentado cifras substanciais de
recursos que poderiam também ser destinados a programas de integração social da
pessoa portadora de deficiência.
Particularmente, tenho observado nas ruas de várias cidades do meu Estado,
especialmente nas proximidades dos semáforos, deficientes com faixas pedindo
ajuda financeira e um pouco de atenção, sensibilizando a tantos quantos observam
os dizeres contidos nas faixas e as condições daquelas pessoas, desintegradas do
convívio social.
A destinação de pequeno percentual da arrecadação das multas de trânsito,
na forma como prevista no projeto de lei — o projeto destina 2% do valor das multas
arrecadadas para programas de integração da pessoa portadora de deficiência, que
serão depositados mensalmente na conta de um fundo de âmbito municipal, para
posterior repasse a associações de deficientes —, além de não comprometer a
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aplicação da receita arrecadada em sinalização, engenharia de tráfego, de campo,
policiamento, fiscalização e educação de trânsito, reverterá em benefício às pessoas
portadoras de necessidades especiais.
Assim, contamos com o apoio dos nobres pares para o aprimoramento e a
aprovação desse alvitre legislativo.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PAULO GOUVÊA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO GOUVÊA (Bloco/PFL-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a comunidade que hoje
representa o Município de Ibirama foi fundada há 104 anos, como resultado da
colonização iniciada pela Sociedade Colonizadora Hanseática, uma das entidades
criadas na Alemanha para supervisionar as imigrações para o Brasil. Em 1912, a
colônia foi elevada a distrito de Blumenau, ocorrendo sua emancipação político-
admistritativa em 1934.
Dois nomes merecem ser citados na história de Ibirama: Paul Altinger e José
Deeke. O primeiro era pastor e professor, poeta, escritor, filósofo e conselheiro.
Fundou uma escola agrotécnica no seu “Palmenhof” (jardim das palmeiras) e o
jornal Hansabote (O mensageiro da Hansa), que circulou até 1913. José Deeke
(nome da principal praça da cidade) dirigiu durante 20 anos a Sociedade
Colonizadora Hanseática.
Desde o dia 1° de dezembro, até o dia 9 próximo, acontece no Município, pela
nona vez, o Mercado de Natal (Weihnachstsmarkt). A exemplo de eventos idênticos
que ocorrem na Alemanha, o Mercado baseia-se na venda de artesanato natalino,
apresentações folclóricas e gastronomia típica, preservando as tradições do Natal do
Município.
A Weihnachstsmarkt foi aberta no último sábado, no Pavilhão de Eventos da
cidade, com a caminhada natalina, conduzida pela Fanfarra Natalina, que culminou
com a formação da Grande Árvore da Integração e com a cantata natalina,
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apresentada por um coral de 200 vozes.
Durante os nove dias de festa, as programações giram em torno de diversos
temas: religioso (culto ecumênico campal e recital do advento), esportivo
(campeonato de rafting, rapel urbano e enduro de motovelocidade), cultural (noite de
danças natalinas, festival da canção, apresentação de grupos folclóricos e da
Orquestra Municipal de Indaial), integração regional (feira de negócios do Vale Norte
e encontro de Prefeitos e rainhas das festas regionais).
Desejo saudar a boa gente ibiramense e a administração municipal,
competentemente dirigida pelo Prefeito Genésio Ayres Marchetti e pelo Vice-Prefeito
Odórico de Andrade. O Mercado de Natal é uma excelente mostra das
potencialidades, das realizações e da criatividade do povo de Ibirama, a quem
cumprimento e envio meus parabéns.
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O SR. CARLOS NADER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CARLOS NADER (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o setor siderúrgico brasileiro
enfrenta um dilema. Esforça-se para crescer, modernizar-se, disputar de igual para
igual o mercado internacional cada vez mais acirrado. Entretanto, tão acirrada
quanto a disputa externa, são as barreiras comerciais enfrentadas pela siderurgia
brasileira no exterior, notadamente nos Estados Unidos da América.
A siderurgia brasileira é acusada da prática de dumping, justificativa que o
governo americano aceita para esconder as dificuldades que vive no setor. O
protecionismo descabido, justamente pela nação que mais prega a livre
concorrência, vem causando sérios danos às empresas brasileiras.
Hoje, a siderurgia mundial ganha novos contornos. Agora mesmo, a União
Européia autorizou uma fusão de empresas que criará a maior siderúrgica do
mundo. Uma gigante que produzirá 46 milhões de toneladas anuais. Só para se ter
uma idéia do que isso representa, equivale quase a dez vezes a produção da
Companhia Siderúrgica Nacional, com seus 5 milhões de toneladas por ano. E,
ressalte-se, a CSN é a maior produtora do Brasil e da América Latina. Sendo assim,
é importante observar o desafio do parque siderúrgico brasileiro para competir em
igualdade de condições no exterior. Desafio que as empresas vêm enfrentando com
coragem e ousadia: Gerdau e CSN já têm braços nos Estados Unidos, justamente
para amenizar as injustificadas barreiras que seus produtos enfrentam no exterior,
particularmente no território americano.
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O aço brasileiro é de excelente qualidade. Os investimentos feitos pelos
empresários e a qualificação dos metalúrgicos brasileiros são inegáveis. De 1994
até agora, o parque siderúrgico do Brasil investiu aproximadamente US$ 10 bilhões.
O custo de produção é um dos mais baixos do mundo. Enfim, o aço do Brasil é
competitivo. Portanto, nada justifica — ainda mais o argumento em voga — as
barreiras a ele impostas.
O Brasil já mostrou sua identidade no cenário internacional, no recente
episódio da quebra de patentes de medicamentos. Agora, chegou a vez do aço. Esta
Casa formou um grupo parlamentar para acompanhar a questão. Conclamo a todos
a nos unirmos em torno desta causa. Afinal, o Brasil deve produzir este ano 28
milhões de toneladas de aço. Ano passado, a siderurgia brasileira contribuiu com
US$ 2,1 bilhões para a balança comercial brasileira.
São mais de 60 mil empregos diretos e mais de 200 mil indiretos, cuja
manutenção do emprego depende, obviamente, de como as empresas vão resistir e
enfrentar a concorrência internacional.
Passo a abordar outro assunto, Sr. Presidente. Quero desta tribuna falar em
nome de 42 Municípios brasileiros e, em particular, em nome dos Municípios do
Estado do Rio de Janeiro que correm o risco de perder os chamados royalties do
petróleo.
Só no sul fluminense, são R$ 10 milhões que podem desaparecer do
Orçamento de Volta Redonda, Barra Mansa e Piraí. Há vários anos, estas cidades
eram contempladas com o repasse, em função de que em seus territórios estão
instalações e dutos que distribuem os produtos petrolíferos pelo País afora.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Durante todo este tempo, o dinheiro dos royalties ajudou a construir casas, a
pavimentar ruas, a dotar comunidades carentes de infra-estrutura. Durante todos
estes anos, os Prefeitos tiveram, com estes recursos, condições de atender aos
clamores de seus munícipes.
Surpreendentemente, a Agência Nacional do Petróleo anunciou este ano —
mais precisamente em fevereiro — o fim do repasse devido a “uma nova
interpretação da legislação federal”, o que levaria ao fim do repasse a partir de
janeiro de 2002. A ANP entende que só os Municípios onde ocorre embarque ou
desembarque de petróleo têm direito ao benefício. Gestões dos próprios Prefeitos
dos Municípios prejudicados conseguiram adiar esta suspensão para janeiro de
2003.
É curioso, Srs. Deputados, a ANP ter levado tanto tempo para entender a lei.
Será que, durante todo o período em que o benefício vigorou, a lei estava sendo mal
interpretada? Ou será que, sabe-se lá por que motivo, agora a ANP decidiu
interpretar de forma diferente a lei?
Volta Redonda, onde o Prefeito Antônio Francisco Neto vem fazendo uma
administração impecável, aplicando cada centavo arrecadado pelo Município no
bem-estar da população, corre o risco de perder R$ 5 milhões. Barra Mansa, Srs.
Deputados, um Município complexo, repleto de dificuldades que o jovem Prefeito
Roosevelt Brasil vem enfrentando com coragem e disposição exemplares, perde
R$ 3 milhões anuais se o plano da ANP se concretizar. E Piraí, também
administrada com competência por seu Prefeito, Luiz Fernando de Souza, que
inseriu a cidade no mapa do desenvolvimento econômico do Estado do Rio, recebe
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anualmente R$ 2 milhões. Luiz Fernando, carinhosamente tratado em sua cidade de
Pezão, é o Presidente da Associações de Prefeitos dos Municípios do Estado do Rio
de Janeiro. Perder uma verba deste valor, para um Município pequeno, que vem
gloriosamente buscando investimentos, é um desalento.
Por isso, Srs. Deputados, desejo que sejam solicitadas à Agência Nacional do
Petróleo explicações claras a respeito do assunto. O que mudou, a lei ou a
interpretação da lei? Não é justo que, passados tantos anos, da noite para o dia a
ANP descubra que se tenha equivocado e que o equívoco tenha perdurado por tanto
tempo.
Gostaria, também, de que esta Casa abrisse sua agenda para que os
Prefeitos pudessem detalhar o quanto é essencial esta verba e os prejuízos que sua
suspensão causará à população.
Muito obrigado.
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O SR. PAULO LESSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO LESSA (PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ao ocupar esta tribuna, quero,
em primeiro lugar, manifestar minha satisfação em fazer parte desta Casa e poder,
com minha participação, somar para o crescimento do Poder Legislativo nacional e
lutar pela defesa dos interesses daqueles que votaram em mim, na expectativa de
levar a termo meus compromissos de campanha.
Prometi aos eleitores do meu Estado, o Rio de Janeiro, mais especificamente,
aos eleitores da região norte do Estado, composta pelos Municípios de Macaé, Rio
das Ostras, Casimiro de Abreu, Carapebus, Campos, Bom Jesus do Itabapoana,
Itaperuna, Quissamã, Conceição de Macabu, que se eleito fosse seria incansável na
defesa de seus interesses e na busca da melhoria de suas condições de vida.
Assim, ao assumir o mandato como suplente, mesmo sabendo que o tempo
não será suficiente para que possa desenvolver um projeto em sua totalidade, esse
compromisso me motiva a trabalhar ainda mais incessantemente.
De forma particular, quero nesta oportunidade destacar a situação do
Município de Macaé. Antes do advento do petróleo, Macaé era uma cidade com
características interioranas e, em que pese o fato de ser uma cidade litorânea,
contava com aproximadamente 60 mil habitantes. Com o advento do petróleo, a
cidade cresceu desordenadamente e conta hoje com 200 mil habitantes.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sendo o Município o responsável por cerca de 75% da produção de petróleo
do País, gera empregos, arrecadação de impostos e divisas, porém, juntamente com
isso vêm os problemas do crescimento acelerado.
A produção, a prospecção e o beneficiamento de petróleo são feitos com
tecnologia de ponta e, assim sendo, exigem mão-de-obra super qualificada. Porém,
o Município não estava preparado para tal desenvolvimento e, em vez de ser
utilizada a mão-de-obra local, a cidade foi invadida por técnicos de outras regiões e
até mesmo de outros países, inflacionando a vida da cidade e dificultando ainda
mais a vida de seus munícipes.
Com esse pronunciamento, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não estou
me manifestando contrariamente ao desenvolvimento e muito menos à produção de
petróleo na região. Porém, se na geração de emprego o Município passou a exigir
alta tecnologia, na área da educação e de formação de mão-de-obra o Município
continua sendo aquele Município pacato, ou seja, não houve preocupação das
autoridades, quer federal, quer estadual, quer municipal, com a implantação de
cursos profissionalizantes e de universidades voltadas para a formação de mão-de-
obra qualificada para a exigência local.
Em conseqüência disso, o Município arrecada mais e mais impostos e
royalties, mas cresce desorganizadamente, com técnicos vindo de fora, os quais
modificam as condições de vida do povo, porque inflacionam o custo de vida, e isso
aumenta a pobreza da população, numa evidente demonstração de Município rico e
povo pobre, o que significa total inversão de valores.
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Diante dessa situação, não me resta outra alternativa, senão recorrer ao
Exmo. Sr. Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, para que visite o
Município de Macaé, certifique-se de sua situação e adote medidas urgentes e
concretas no sentido de suprir suas necessidades na área de educação e de
formação de mão-de-obra.
Sr. Presidente, peço que este pronunciamento seja divulgado pelo programa
A Voz do Brasil.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Themístocles Sampaio) – Concedo a palavra ao
Deputado Walter Pinheiro, que disporá de 25 minutos para o seu pronunciamento.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, trago a debate nesta tarde um balanço dos trabalhos
legislativos desenvolvidos nesse último período. A relação que o Parlamento
estabeleceu com o Executivo, permitindo-lhe pautar os trabalhos desta Casa, gerou
um fato perigoso: a completa ausência de debate sobre a peça orçamentária.
Estamos encerrando esta Sessão Legislativa. Entraremos agora numa fase
em que se torna real a necessidade de apreciação do Orçamento pelo Congresso
Nacional. Restam-nos apenas duas semanas, Deputado Adão Pretto, tempo muito
curto para a apreciação de matéria tão relevante.
O Orçamento deve ser da ordem de 1 trilhão de reais. Obviamente, se
separarmos a dívida, que neste Governo se multiplicou e anda em torno de 600
bilhões, restariam, entre investimentos e outras rubricas, de 300 bilhões a 320
bilhões. Mesmo com essa diferenciação, ainda é um valor extremamente elevado
para ser a peça orçamentária discutida dessa forma.
Assistimos à constituição de diversas Comissões Parlamentares de Inquérito
e à permanente busca, nas Comissões Temáticas, de apuração detalhada da
utilização das verbas orçamentárias. O maior exemplo do risco que se corre ao
destinar tão pouco tempo para a apreciação do Orçamento é o escândalo do TRT de
São Paulo.
Insisto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em que debater tema de
tamanha relevância em tão pouco tempo pode produzir novos casos como o do TRT
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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de São Paulo, cuja obra volta a figurar no Orçamento. Há um pleito de liberação de
recursos para a conclusão daquela obra e outro visando à conclusão das obras do
aeroporto de Salvador, que faz parte dessa constelação. Não seria nem
constelação, que pressupõe estrelas, com conseqüente beleza e luminosidade. Eu
diria mesmo que é um emaranhado de obras licitadas irregularmente. São 121
obras. O DNER é o campeão de obras irregulares. Das 86 obras tocadas por esse
órgão, 40 apresentam irregularidades graves.
Não podemos apreciar de forma tão açodada o Orçamento. Não discutimos
linha de investimento — agricultura, reforma agrária —, se devemos garantir crédito
aos pequenos e médios produtores rurais, massacrados pela política do Governo.
Hoje temos 1 milhão de famílias passando dificuldades no campo. No entanto, o
Governo liberou 19 bilhões de reais para os grandes produtores.
Por que a peça orçamentária não pode obedecer a um critério minimamente
lógico, com uma execução planejada para atender às carências, preencher as
lacunas? Talvez sirva a um outro tipo de intenção.
Chamo a atenção da Casa para essa prática de votação açodada de projetos,
o que já se está tornando rotineiro no Congresso Nacional. Por que os projetos são
votados dessa forma? Por que a CLT tem de ser aprovada, imediatamente? Que
resposta ela dará para a economia? Quais são as condições reais? Onde ela gerará
emprego? Essa forma de aprovar leis não só nos assusta como também nos deixa
extremamente preocupados.
Sr. Presidente — V.Exa. inclusive é Relator de uma medida provisória
importante que trata do crédito agrícola —, fico preocupado quando analiso a peça
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orçamentária e observo que até o mês de novembro só foram executados 16% dos
investimentos.
Em tese, o Orçamento tem de ser concluído no dia 31 de dezembro e
executado fase a fase. Então, Sr. Presidente, há 84% dos investimentos para serem
executados em um único mês ou, usando a velha manobra de anos anteriores, jogar
esses valores na rubrica Restos a Pagar para o próximo ano.
Talvez haja uma resposta muito clara sobre o porquê de tudo isso. Se
analisarmos os orçamentos anteriores, verificaremos o que aconteceu em 1998.
Lembro aos Srs. Deputados que em 1998 tivemos dois fatos importantes: o
processo eleitoral e também naquele ano se consagrou o princípio da reeleição.
Se compararmos o ano de 1998 com os anos de 1997 e de 1999,
verificaremos que os investimentos em 1998 foram superiores, Deputado Alceu
Collares. Alguém nos poderia dizer: “Então, em ano eleitoral, há possibilidade de os
investimentos serem executados”.
Por que isso aconteceu em 1998? Em relação a 1997, o aumento na rubrica
de investimentos de 1998 foi da ordem de 51,4%. Aí alguém poderia dizer: “Mas é
óbvio que crescemos, Deputado. Saímos de 1997 para 1998. V.Exa. queria que o
Orçamento fosse reduzido?” Em hipótese alguma; queremos crescimento. Mas,
segundo essa tese, o investimento em 1999 teria de ser maior que em 1998. A tese
não é ser maior o investimento no ano seguinte? Pois bem, os investimentos em
1998, comparados com os de 1999, foram superiores em 118%.
Isso tem explicação: 1998 era ano de processo eleitoral. Então explica-se
essa retenção hoje, a atual manobra de só ter executado 16% do total de
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investimentos. Para o ano, Deputado Alceu Collares, é necessário, com Restos a
Pagar, somar o investimento provável de 2001 com os investimentos projetados
para 2002. E nós teríamos a soma de dois volumes de investimentos para serem
gastos num ano de eleições. Portanto, é dessa forma que tratamos a peça
orçamentária.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje, a proposta orçamentária para
2002 já tem quantia prevista de 21,9 bilhões. Provavelmente, esse Orçamento será
acrescido de mais 6 bilhões, o que nos levaria para a casa de quase 28 bilhões para
2002. Com a história dos Restos a Pagar, que deve repetir-se, serão agregados a
esse valor a quantia de 3,6 bilhões de Restos a Pagar de 2001, mais 1,3 bilhão dos
anos anteriores. Portanto, teremos, em 2002, como costumamos dizer na Bahia, a
farra do boi. A festa está completa, há dinheiro suficiente.
Foi numa operação dessas, usando verbas do Orçamento, liberação de
Restos a Pagar, que o Governo fez uma intervenção para evitar a CPI da Corrupção
e aprovar o projeto da reeleição nesta Casa. É lamentável que tratemos nossa peça
orçamentária com esse tipo de prática. Isso não pode ser considerado como uma
peça orçamentária.
É muito comum dizer-se que a Oposição não quer ajudar na aprovação do
Orçamento. Nessas condições, não é possível votar o Orçamento. Qual é a espinha
dorsal do planejamento nessa matéria? A que rigor de planejamento e prioridade se
obedece? Onde serão concentrados os recursos para esses investimentos? Quais
as áreas mais carentes? Talvez obedeçamos ao critério da bancada que tem o
maior poder de pressão: a dos baianos, a dos cariocas, a dos paulistas, etc. E eu
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fico a me perguntar como vão se posicionar as bancadas dos Estados do Norte, que
são pequenas. Vai prevalecer a lógica dessa disposição quantitativa das bancadas
na Casa ou a lógica da disposição de uma relação estabelecida entre os partidos da
base do Governo e os partidos de oposição? A forma como vem sendo feita não
atende a uma lógica de planejamento. Isso não é tratar a peça orçamentária com
respeito, com a seriedade com que deveria ser tratada. Não se constrói o
Orçamento com esse tipo de maquiagem, de manobra.
O que vamos votar, Deputado Luciano Zica, até o dia 15? Prorrogaremos por
mais uma semana os trabalhos, até porque os relatórios na Comissão não ficaram
prontos. Invadiremos a chamada boca do Natal. Não será suficiente, porque este
Plenário vai votar simplesmente levantando ou abaixando a mão. Não haverá
discussão detalhada. Não será possível conhecer rubrica por rubrica, detalhe por
detalhe.
Talvez no ano 2002, ou adiante, nós vamos ter de conviver com matéria que
nos leve claramente à necessidade de consolidação de Comissões Parlamentares
de Inquérito. Vamos avaliar o que foi superfaturado ou não, qual foi o desvio e que
obra está parada. Isso é permanente em função das facilidades na construção da
peça orçamentária e na liberação de verbas. Talvez essas facilidades tenham
permitido que o APS — o lobista — circulasse nos corredores livremente. Aliás, essa
circulação não foi permitida aos dirigentes de sindicatos e de centrais sindicais que
gostariam de conversar com os Parlamentares sobre o malfadado projeto que altera
artigo da CLT. A esses a segurança, o rigor da vistoria da portaria; mas para aqueles
que transitam e orbitam em torno dessa peça orçamentária confusa, sem nitidez,
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todas as facilidades e condições de circulação. Diria até mais: os canais
permaneceram abertos, os contatos telefônicos firmados, todas as condições para
que obtivessem informação, desde a elaboração até a liberação da execução no
Palácio do Planalto.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, chama-me mais atenção o fato de o
Governo juntar à peça orçamentária algumas manobras neste momento final,
quando se encerra o período legislativo. Refiro-me ao projeto que altera o art. 618
da CLT. Poderiam dizer que defendemos a CLT, mas que a modernidade impõe
novas relações.
O Deputado Paulo Paim denunciou na Organização Mundial do Comércio a
possibilidade de alguns países abrirem completamente suas legislações, fragilizando
o mundo do trabalho. E a reclamação foi feita não com a intenção de proteger os
trabalhadores brasileiros, mas com a de garantir que nossos produtos tivessem
competitividade no exterior, pautados pelo custo da mão-de-obra. Se alguns países
flexibilizassem essas regras, seus produtos cairiam de preço.
Questionamos as medidas adotadas pelo Governo, nos últimos anos, o que
eles chamam de modernidade — as Medidas Provisórias nºs 1.053 e 1.523, a
aposentadoria especial, o contrato por tempo determinado, o banco de horas.
Quando essas medidas geraram emprego no País? Apontem-me um ramo da
atividade produtiva deste País que, por conta dessas medidas, aumentou a
quantidade de empregos gerados ou foi reaquecido. A quebradeira na indústria e no
comércio não é pautada pelos miseráveis 180 reais pagos aos trabalhadores; é
pautada por uma conduta de intervenção na economia que não favorece o mercado;
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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por um Orçamento que opta por investimentos atravessados que ficam parados,
como o aeroporto de Salvador, o TRT de São Paulo, as 40 obras do DNER.
O Estado poderia ser o impulsionador da economia, mas o Orçamento
obedece à lógica da troca e da pressão, para ganhar voto de Deputado. A execução
orçamentária é pautada nessa relação. É isso o que precisamos discutir, e não
colocar sobre o lombo dos trabalhadores a responsabilidade de uma crise.
Concedo um aparte ao Deputado Alceu Collares.
O Sr. Alceu Collares – Eminente Líder, estamos aqui mais porque temos
muita perseverança, muita persistência, muita fé e muita crença, pois o Governo
virou uma bagunça. Trata-se de um Governo totalmente irresponsável, que não tem
programa, a não ser o do comprometimento com o Fundo Monetário Internacional, a
não ser o do comprometimento com essa desgraçada, miserável e constrangedora
missão do neoliberalismo, que, felizmente, está chegando ao fim no mundo todo.
Estou pedindo a Deus que as Oposições tenham alternativas para a hora da
vingança, em 2002. O povo tem direito a essa vingança no próximo ano. Com
relação à CLT, quero dizer que o salário não é o único fator que entra no custo da
produção. Por que somente o trabalhador tem de carregar nas costas o sacrifício a
que se encontra hoje submetido? A nossa carga tributária é a maior do mundo,
34,5%; os nossos juros, os maiores do mundo; os combustíveis, a energia, a água e
o esgoto estão embutidos no preço do produto. O que mais me admira é que os
empresários que aí estão propondo a alteração da CLT não sejam capazes de sair
às ruas para pedir ao Governo, que perdeu sua compostura ou nunca a teve — e é
provável que nunca a tenha tido —, faça a reforma tributária. Se fizer a Reforma,
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reduzirá a carga tributária em cinco pontos percentuais. Ela passará dos 34,5% para
29%. Dá para dobrar o salário no País. Onde se viu, eminente Deputado Walter
Pinheiro, fazer essa pressão em cima do salário, como se fosse o único fator no
custo da produção? O debate está sendo lamentavelmente levado para o lado da
emoção, para o lado passional. O Deputado Ney Lopes apresentou um substitutivo
que é uma emenda pior que o soneto, uma tapeação. Será que imaginam sermos
tão ingênuos, tão abobados, tão botocudos, capazes de aceitar o substitutivo
oferecido pelo Deputado Ney Lopes? Exerci mandato no tempo da ditadura, e a
ARENA tinha muito mais vergonha na cara do que os partidos que hoje dão
sustentação política a Fernando Henrique Cardoso. Estão entregando o País! Essa
alteração, se a redação fosse dada numa escola infantil, não seria tão infeliz em
dizer que as condições acertadas entre trabalhadores e empregados prevalecem
sobre a lei. Onde já se viu isso no mundo? É uma violência nunca dantes praticada,
nem na época das mais ferrenhas ditaduras na América Latina. Por isso, eminente
Líder, quero dizer que, no custo da produção, entram outros fatores e que o
empresariado brasileiro, lamentavelmente, está de joelhos, pegando migalhas do
que sobra da alimentação e realimentação permanente do capital financeiro
internacional. (Palmas.)
O SR. WALTER PINHEIRO – Muito obrigado.
Ouço com prazer o Sr. Deputado Orlando Desconsi.
O Sr. Orlando Desconsi – Gostaria de cumprimentar meu Líder e
companheiro Walter Pinheiro pela brilhante exposição e pelo assunto que trouxe a
debate. Muito me estranha o Governo convocar na Granja do Torto uma festa com
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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os Parlamentares da base governista que serão fiéis no dia de hoje, votando pela
extinção dos direitos dos trabalhadores constantes da CLT. Repudio também outra
forma mesquinha que o Governo usa para chantagear Parlamentares. O Orçamento
é o imposto que cada um dos brasileiros paga ao comprar um quilo de feijão, e 63%
desses impostos ficam com o Governo Federal, que os usa dessa forma, trocando
dinheiro público por voto contra os trabalhadores nesta Casa. É vergonhoso.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, realizamos o Orçamento Participativo no
Governo Olívio Dutra. Em 1999, 190 mil pessoas participaram; em 2000, 281 mil
pessoas; e, em 2001, 378 mil pessoas nas 497 assembléias realizadas em todos os
Municípios de nosso Estado. Com isso, o fórum democrático composto pela
Assembléia Legislativa também pôde participar e discutir propostas com a
população, combinando democracia direta com democracia representativa. Lá não
há troca de dinheiro público por voto de Parlamentar. O dinheiro público é aplicado
em obras de que o povo precisa. Muito obrigado, nobre Deputado.
O SR. WALTER PINHEIRO – Ouço com prazer o aparte do Deputado
Luciano Zica.
O Sr. Luciano Zica – Deputado Walter Pinheiro, é com muito orgulho que
solicito este aparte para dizer que tenho muita esperança de que o Congresso
Nacional erga a cabeça e derrote o absurdo do Governo de restabelecer a
escravidão no Brasil. Esse projeto é absolutamente contrário aos interesses dos
trabalhadores. O que gera emprego é investimento, ação do Estado na geração de
investimento, incentivo às empresas para que possam investir e tudo o mais. Mas
assistimos hoje, no momento em que se impõe a reforma da CLT, ao anúncio de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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que o Governo vai arrecadar mais do que esperava com a PPE dos combustíveis —
8 bilhões de reais neste ano. Quatro bilhões eram o previsto. Hoje, o litro de gasolina
custa, no preço de realização, 39 centavos. Mas na PPE está a 55 centavos. É um
dinheiro que entra a mais para o Governo, em função da baixa dos preços
internacionais do petróleo, o que facilita ao Governo usá-lo para comprar votos na
Câmara dos Deputados. Portanto, meus parabéns ao meu Líder, Deputado Walter
Pinheiro, pelo brilhante pronunciamento. Vamos canalizar as energias para derrotar
esse projeto imoral e indecente apresentado ao Congresso Nacional contra os
trabalhadores brasileiros.
O SR. WALTER PINHEIRO – Obrigado, Deputado Luciano Zica.
Ouço com prazer o aparte do Deputado Adão Pretto.
O Sr. Adão Pretto – Deputado Walter Pinheiro, meu Líder, cumprimento-o
por usar a tribuna com tanta competência para tratar de assunto de tamanha
importância. Muitos Deputados ocuparam esta tribuna dizendo que nós, do PT,
estamos nos contradizendo, porque sempre combatemos a CLT e que agora a
estamos defendendo. Acontece que a situação está piorando de tal maneira que
aquilo que não prestava antes hoje é bom. Essa é a cara deste Governo que está
levando o Brasil para esse rumo. O mesmo está acontecendo com a reforma
agrária. Estamos defendendo o Estatuto da Terra apresentado pelo Presidente
Castello Branco, porque é melhor do que o programa de reforma agrária que o
Governo Fernando Henrique Cardoso está defendendo. É disto que os
Parlamentares deveriam tomar consciência: estamos defendendo aquilo que ontem
não prestava porque o atual Governo está ficando cada vez pior.
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O SR. WALTER PINHEIRO – Ouço com prazer o nobre Deputado Paulo
Paim.
O Sr. Paulo Paim – Nobre Líder Walter Pinheiro, em primeiro lugar, gostaria
de dizer que me honra muito ser liderado por V.Exa. O povo não só da Bahia, mas
também do País tem orgulho pela forma equilibrada, tranqüila, mas contundente
com que dirige nossa bancada. V.Exa. sempre procura o diálogo. Muitas vezes,
chamou este Deputado para dialogar dizendo o seguinte: “Tem que ser duro, sim,
mas nunca perca a ternura”. Isso me faz lembrar de grandes líderes ao longo da
nossa história. Quero contribuir com seu pronunciamento registrando episódio que
se passou num programa de televisão. Um dirigente do SEBRAE disse que o projeto
do Governo é ridículo e bobo, porque o problema das pequenas e microempresas é
a taxa de juros e os altos tributos e não o 13º salário, as férias do trabalhador ou
mesmo o salário mínimo. Outro depoimento foi o do Secretário Estadual de Emprego
e Relações do Trabalho, Walter Barelli, do PSDB de São Paulo. Ele disse que,
depois disso, só falta a revogação da Lei Áurea. Cito o exemplo da TRANSBRASIL.
Há cinco meses ela não paga salários nem rescisão de contrato e já está anunciado
que não pagará 13º salário dos seus funcionários. No entanto, é uma empresa
falida. Por aí se vê que não é retirando o dinheirinho do trabalhador que se vai
resolver o problema do emprego. É fundamental a base do Governo entender que
haverá desgaste desnecessário. Esse projeto já está liquidado. Não será mais
votado até por uma questão regimental e constitucional. Portanto, parabenizo V.Exa.
pelo pronunciamento, que orgulha não apenas o nosso partido, como também todo o
conjunto da classe trabalhadora deste País.
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O SR. WALTER PINHEIRO – Agradeço ao Deputado Paulo Paim e aos
demais companheiros que me honraram com seus apartes.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, lamento que esse projeto tenha
provocado verdadeira paralisação do Congresso Nacional. Não conseguimos votar
outras questões fundamentais e encerrar este período legislativo.
Fica registrada minha preocupação de entrarmos no debate final da peça
orçamentária de 2002 — nem sei se haverá debate — sem nenhum tipo de análise
mais criteriosa, mais detalhada. Talvez por conta disso é que tenhamos ainda pela
frente muitas greves como a dos professores, que necessitaram de mais de 100 dias
para fazer o Governo perceber que era fundamental promover um orçamento em
que a educação fosse tratada como prioridade, em que a universidade pública fosse
o ponto central. Assim também deveria ser com a Previdência Social e com a
Saúde, áreas que também vivenciaram longos dias de greve.
Portanto, o Orçamento não pode ser mero instrumento para pressionar esse
ou aquele Deputado, essa ou aquela bancada; não pode ser instrumento de
chantagem. Ele deve ser usado para o desenvolvimento da Nação e deve estar
completamente orquestrado com os interesses e as necessidades do Brasil e não do
Governo ou de determinados Parlamentares.
Esse é o alerta que faço a esta Casa nesta tarde.
Muito obrigado. (Palmas.)
Durante o discurso do Sr. Walter Pinheiro,
assumem sucessivamente a presidência os Srs. Confúcio
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Moura e Eurípedes Miranda, § 2º do art. 18 do Regimento
Interno, e Enio Bacci, 3º Suplente de Secretário.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. IÉDIO ROSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. IÉDIO ROSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não me restam dúvidas de que
o decreto-lei que aprovou, em 1º de maio de 1943, a Consolidação das Leis do
Trabalho — CLT precisava ser alterado, uma vez que esta é arcaica — pensem no
que mudou o mundo nos últimos 58 anos —, é demasiadamente dispendiosa para
as empresas, principalmente as médias, pequenas e micro — para comparação fácil
e aproximada, calculem o custo mensal dos encargos de apenas uma empregada
doméstica, sem seguro-desemprego, FGTS e auxílio-alimentação —, não concede
segurança ao emprego — relembrem as notícias sobre demissões em massa,
marcadamente nos períodos de recessão — e foi a principal responsável pelo
lançamento de 35 milhões de desempregados no mercado informal de trabalho, às
custas de benefícios constitucionais como aposentadoria, saúde, segurança,
transporte, alimentação, seguros etc.
No meu entender, conseqüentemente, veio a calhar o encaminhamento, pelo
Poder Executivo, de proposição que tem por escopo alterar o art. 618 da CLT, a fim
de permitir que negociação ou acordo coletivo, com prevalência sobre a lei, possa
estabelecer condições de trabalho, “desde que não contrariem a Constituição
Federal e as normas de segurança e saúde do trabalho”.
O texto, aprovado como Substitutivo ao PL nº 5.483, de 2001, cujo Relator foi
o Deputado Federal Ney Lopes, altera o art. 618 da CLT, que passa a vigorar, com
vigência de dois anos, com a seguinte redação:
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Art. 618. Na ausência de convenção ou acordo
coletivo firmados por manifestação expressa da vontade
das partes e observadas as demais disposições do Título
VI desta Consolidação, a lei regulará as condições de
trabalho.
Parágrafo único. A convenção ou acordo coletivo,
respeitados os direitos trabalhistas previstos na
Constituição Federal, não podem contrariar lei
complementar, as Leis nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e
nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, a legislação
tributária, a previdenciária e a relativa ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, bem como as
normas de segurança e saúde do trabalho.
Como membro da Comissão de Constituição, Justiça e de Redação, confesso
que, de imediato, apreciei o seu conteúdo, pois formo ao lado dos que consideram o
desemprego o maior pecado capital imposto à sociedade, e sou, portanto, favorável
a qualquer medida que venha amenizá-lo. Mas, ainda assim, resolvi mergulhar numa
reflexão mais profunda sobre o tema. Busquei, para tal, os exemplos americanos e
europeu e os comparei.
Observamos que enquanto a flexível legislação de Tio Sam permitia manter
invejável nível de emprego, mesmo nos períodos recessivos de sua economia, o
modelo europeu — mais rígido nas considerações trabalhistas — respondia com a
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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apresentação de dificuldades para manter seus trabalhadores empregados, até
mesmo nos momentos de crescimento econômico.
Analisamos estudos da PUC-Rio, instituição que se caracteriza por maior
isenção de considerações político-partidárias em suas análises e conclusões
acadêmicas, quando comparadas com suas congêneres, e notei que há
economistas que consideram a alteração um avanço, “pois hoje, em vez de a
negociação ocorrer com preservação do emprego e de parte dos direitos, ela
transcorre na justiça do trabalho e sem assistência do Sindicato”. E mais dizem eles:
“A possibilidade de reduzir custos durante as crises fará com que diminua a
informalidade ao longo do tempo”.
Estudei o posicionamento dos sindicatos e verifiquei que enquanto a CUT é
contrária — segundo sua teoria, os sindicatos fracos farão negociações em
desvantagem —, a Força Sindical é a favor e justifica que, além de a mudança
fortalecer os sindicatos com baixa representatividade, o emprego, bem maior, seria
mantido mesmo com alguma pequena redução de direitos. Vejam bem, quem assim
diz é um sindicato de trabalhadores, não do universo patronal.
Lembrei-me, ainda, do recente acordo “reservador de empregos” negociado
entre o Sindicato dos Metalúrgicos — berço do PT e da CUT — e a empresa
Volkswagen, na Alemanha, que garantiu emprego para a maior parte dos 3 mil
operários que seriam demitidos, em troca da redução dos salários e das horas de
trabalho. E, finalmente, não deixei de observar que aqueles que são contra a
mudança da lei, por conveniência político-eleitoral, e somente por isso, não
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demonstraram apoio, ou entusiasmo, ao acordo realizado no exterior, o que me
surpreendeu.
Essa falsa postura de “defensor do trabalhador” assemelha-se, na forma, à
enganosa informação divulgada pelos setores oposicionistas de que os Deputados
que são favoráveis à mudança teriam fugido do Plenário após a pane do seu painel,
temendo o anúncio do voto “a viva voz” nos microfones da Câmara.
Ora, nobres colegas, todos sabemos que o acesso a “quem votou como” é
livre a qualquer órgão da imprensa. E ninguém tem dúvidas de que as listas do “a
favor” e “contra” seriam fartamente divulgadas. Não houve medo, portanto, conforme
se desejou anunciar.
O que de fato aconteceu — e até as paredes desta Casa sabem — é que
muitos dos que votaram a favor da mudança retiraram-se após sufragar-lhe o voto. E
o que era maioria certa — conforme comprovação posterior do resultado eletrônico
da votação, 255 a 206 — transformou-se em dúvida. Não havia por que os
defensores da mudança correrem riscos. A verdade é que milhões de empregos
formais estão ameaçados pela rigidez da “atual” CLT, que não admite — apenas
para exemplificar os “terríveis direitos a serem usurpados dos trabalhadores” — o
pagamento mensal da participação nos lucros, a repartição das férias e o
parcelamento do 13º salário. Só posso imaginar que os que são contra a
modernização pretendida prefiram o desemprego, a informalidade e os acordos à
margem da lei. À vista do exposto, devem apreciar muito os verdadeiros direitos dos
trabalhadores.
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Enfim, conforme afirma o Relator do Projeto, nenhum direito está sendo
revogado. O projeto em análise, em momento algum, autoriza que sejam
estabelecidas condições de trabalho em prejuízo do trabalhador. Na realidade, ele
permite que a convenção e o acordo coletivo estabeleçam condições de trabalho
alternativas e complementares às previstas em lei ordinária. Amplia-se, dessa forma,
a matéria a ser negociada, sem prejuízos para o trabalhador. Outrossim, estabelece
limites para a negociação coletiva, determinando o respeito aos direitos trabalhistas
previstos na Constituição Federal e às normas de segurança e saúde do trabalho,
que são, por excelência, normas de ordem pública.
Por tudo isso, sou favorável à mudança, pois é melhor para o trabalhador.
Muito obrigado.
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O SR. EDINHO BEZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a violência e a criminalidade em
nossas cidades chegaram a um nível tão agudo que às vezes chamamos a isto de
guerra. Mas isto não é verdade.
Essa violência a que queremos nos referir não é macro, não se dá pelas
grandes organizações, nem por algum tipo de planejamento estratégico. Ela é micro.
Acontece no miudinho nos conflitos que se vão espalhando pela sociedade, na
família, na vizinhança, nas pequenas disputas de poder, no trânsito, nos controles
de certos interesses. É fenômeno micro que se espalha e vai ganhando volume até
criar ambiente que, às vezes, se torna tão letal quanto as guerras.
Mas, ao contrário das guerras, tudo se passa em um nível diminuto, no seio
dos pequenos conflitos, e, portanto, exige toda uma outra visão, toda uma outra
perspectiva no seu trato, na busca de paz para a sociedade.
A violência, tal como a de que estamos tratando aqui, é fruto de muitos
fatores que se combinam para esquentar esses pequenos conflitos que vão gerando
situações de violência explícita.
Por exemplo, é sabido que a urbanização é um fator importante na produção
do ambiente gerador dos conflitos e da violência. Isto acontece no mundo inteiro. É
uma tendência universal.
Sabemos que na América Latina — no Brasil em particular — passamos por
um processo brutal, aceleradíssimo, de urbanização nas últimas décadas, criando
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situações para as quais as cidades não estão preparadas. As cidades realmente não
têm como controlar todo o potencial de pequenos conflitos que se multiplicam no seu
interior. A urbanização se reveste, portanto, de importância quando se considera o
processo de criação e de multiplicação da violência.
A crise social, que afeta o coletivo, o desemprego, que afeta o indivíduo, as
desigualdades extremas em ambientes fechados, como é o caso de nossas
metrópoles, são outros aspectos decorrentes da urbanização que se evidenciam
como circunstâncias geradoras de violência. Não por acaso, encontramos os índices
mais explosivos de violência justamente nas regiões mais ricas do País.
Pesquisas recentes, publicadas pelo IBGE, atestam que as taxas
significativas de homicídios por 100 mil habitantes são encontradas nos 100 maiores
Municípios brasileiros. Aí, Sr. Presidente, essas taxas alcançam valores que são
verdadeiramente comparáveis a uma guerra.
Nas doze regiões metropolitanas pesquisadas, as taxas de homicídios por
100 mil habitantes vão de 13, em Natal, até 84, em Vitória, passando por 55 em São
Paulo, 59 no Rio de Janeiro, e 62 no Recife.
A propensão de a violência se concentrar nas grandes cidades é, portanto,
evidente, pois é aí onde estão as maiores desigualdades, onde a crise social é mais
intensa.
Ratificando esse entendimento, podemos constatar, ainda a partir da
pesquisa do IBGE, que, excluídos os 100 maiores Municípios, as taxas dos demais
5.400 caem para valores que são virtualmente nulos.
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A título de comparação, essas taxas são de apenas um homicídio no Japão,
na França e no Reino Unido; de cinco na Argentina; e de seis nos Estados Unidos.
Outro importante fator a ser considerado, no rastro desse processo galopante
de urbanização, é a questão da idade, pois a violência urbana tende a se concentrar
na juventude.
Isso é fácil de imaginar. As crianças, mal ou bem, estão protegidas pelo
ambiente familiar. Os adultos, depois que formam família, tendem a se proteger mais
e a evitar as situações de risco.
No entanto, é na faixa dos 15 aos vinte e poucos anos que, no mundo inteiro,
em todas as sociedades, percebe-se maior tendência de crescimento da violência.
E, no Brasil, vivemos justamente um período de expansão muito grande dessa faixa
etária. Estamos em uma bolha demográfica, na qual a juventude está
desproporcionalmente presente no conjunto da população.
Vivemos um tempo de grandes centros urbanos incapazes de lidar com todos
os problemas que surgem de desigualdades e crises sociais fortes e que aceleram
os conflitos, com a presença de uma juventude que sofre todos esses impactos e
está vivendo os dramas da violência.
Se fizéssemos um retrato falado da vítima da violência urbana e a
comparássemos com o retrato falado do agressor mais típico, veríamos que são a
mesma figura. Quer dizer, sociologicamente, quem mais sofre e quem mais comete
violência é a juventude pobre, do sexo masculino, que vive em grandes cidades. É
como se a juventude estivesse matando-se a si mesma em nossas metrópoles. É
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evidente, portanto, Sr. Presidente, que pensar em políticas públicas direcionadas
para a juventude é uma prioridade inadiável.
Já temos por tradição preocupar-nos com a infância. Bem ou mal, isso já é
parte do nosso discurso. Mas carecemos de políticas claras, de diálogo, de
interação, de promoção e de integração da juventude.
Seguramente, portanto, Sr. Presidente, a violência não é um assunto só de
polícia. E essa é apenas uma primeira conclusão. Não há polícia que, sozinha,
resolva o problema da violência. O problema tem de ser tratado por vários ângulos,
no trabalho conjunto de todas as instituições, públicas e privadas, que atuam de
alguma forma no controle e nas causas da violência.
A característica marcante da urbanização como fator de geração da violência
é a sua irreversibilidade, pois não se vislumbram meios democráticos de se
deportarem os novos cidadãos urbanos de volta para os sertões de onde vieram.
Cabe aos poderes públicos implementarem políticas públicas capazes de, numa
primeira fase, reduzir os danos e, numa segunda fase, absorver esta população
recente, assegurando-lhe todos os direitos inerentes à cidadania.
Identificada a urbanização acelerada e o conseqüente envolvimento da
juventude como fatores determinantes da violência, Sr. Presidente, queremos trazer
à discussão outro fator que contribui decisivamente para sua potencialização: a
arma de fogo.
Imaginar a arma de fogo como causa da violência seria uma bobagem,
porque é evidente que a arma, sozinha, não faz nada. Quem mata é a pessoa que
aciona o gatilho da arma que tem na mão. Se não tivesse a arma, essa pessoa
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extravasaria sua exasperação em palavrões, tapas, socos, pontapés, o que, ao fim
do conflito, não teria resultado em morte. Mas como tinha uma arma e não soube se
controlar, fez desabar a desgraça sobre sua cabeça, sobre a de seus familiares e
sobre a dos familiares da vítima.
A arma de fogo, portanto, Sr. Presidente, se não é uma das causas da
violência, é um transmissor, é um instrumento que tem a capacidade de
potencializar a violência, isto é, de aumentar a letalidade e o grau de violência. O
conflito com arma de fogo torna-se, imediatamente, muito mais letal e perigoso do
que o realizado com outros instrumentos.
A arma de fogo potencializa, gera mais condições e circunstâncias de
conflitos violentos, sobretudo quando mal usada, fora de controle, porque a posse da
arma incita as pessoas a agirem irracionalmente.
Mesmo nas circunstâncias costumeiras da cidade, o uso, o porte e a exibição
de arma de fogo são um símbolo claro do exercício da violência. A meu ver, a
questão da arma de fogo é estratégica. O Brasil é um dos países onde mais e pior
se usa arma de fogo, no mundo. O Brasil não tem mais armas de fogo por habitante
do que outros países, sequer é um país onde as pessoas sejam tão ligadas a arma
ou tenham uma cultura de arma. Mas no Brasil a participação da arma de fogo nos
homicídios é muito maior do que em países que se notabilizaram pela tradição de
uso de arma, acentuando o entendimento de que não é arma que mata, mas o seu
portador incivilizado.
O Brasil tem taxa de uso de arma de fogo em homicídios maior, hoje, do que
a da Colômbia, a dos Estados Unidos, a da Jamaica e a da África do Sul, todos
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países bem conhecidos pelos problemas em relação ao controle das armas de fogo.
Concluindo, Sr. Presidente, ao contrário do que havíamos constatado a
respeito da irreversibilidade da urbanização, a questão da arma de fogo pode e deve
ser revertida, mediante medidas legislativas e políticas eficazes no sentido de
reprimir e minimizar a posse de armas de fogo, tanto por parte dos chamados
"homens de bem", responsáveis por 25% dos homicídios praticados, quanto,
principalmente, dos bandidos que cometem os outros 75%.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. ADÃO PRETTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ADÃO PRETTO (PT-RS. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para repercutir os
milhões de manifestações que se vêm fazendo da parte de trabalhadores, de
especialistas e de parte da sociedade brasileira, contrariamente ao projeto criminoso
que institucionaliza o trabalho escravo no Brasil, constante da pauta da Ordem do
Dia de hoje da Câmara dos Deputados, em regime de urgência, revelando
claramente o que é de fato urgente para este Governo.
Curiosamente este Projeto está colado na pauta da Câmara com outro, a
medida provisória que legaliza o acordo das dívidas dos grandes fazendeiros. Digo
curiosamente, porque uma coisa parece que não tem nada a ver com a outra.
Aparentemente, um projeto (o da CLT) proposto pelo Governo tira deste mesmo
Governo o papel de garantidor dos direitos sociais, ao passo que a medida
provisória sobre as dívidas rurais mostra a extrema garantia e proteção da parte do
Governo pelo setor agrícola.
Mas olhando bem de perto nós vamos observar que não há nenhuma
contradição entre os dois projetos, porque revelam o caráter deste Governo e a cara
do modelo que ele implementou em nosso País, um modelo onde o papel do Estado,
do Governo, é o de garantidor do lucro e do sucesso dos negócios das empresas e
do sucesso dos negócios dos grandes fazendeiros no campo.
O projeto que altera a CLT dá para as empresas tudo aquilo que as empresas
sempre quiseram, mas que, graças às lutas dos trabalhadores, nenhum Governo
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teve a coragem de fazer. Ou seja, sob o pretexto de diminuir custos da folha de
pagamentos para que possa haver investimentos e geração de empregos, o
Governo mais uma vez põe o prejuízo na conta dos já usurpados até o limite, os
trabalhadores, que precisam trabalhar.
Exatamente como no caso das dívidas agrícolas. Para poder beneficiar uma
minoria que deve 29 bilhões, o Governo sacrificou e deixou 100 mil famílias de
assentados na penúria, pendurados nos bancos, sem crédito em lugar nenhum e
sem poder pegar novo crédito para plantar. São pequenos e médios agricultores que
não devem mais do que 3 bilhões. Como tenho dito sempre, o acordo de
renegociação das dívidas é como um banquete de luxo cujo cardápio tem tudo o que
de mais caro existe em comida e bebida, mas o anfitrião decidiu economizar no sal.
É por isso que os projetos, no fundo, são exatamente iguais e têm coerência.
Isso comprova aquilo sobre o que já vimos há muito alertando os agricultores: não
adianta apenas lutar para melhorar o PRONAF e o preço dos produtos se não
lutarmos para impedir o avanço deste modelo.
É por isso que em todos os Estados, na semana passada, assentados e
pequenos agricultores e agricultoras foram mais uma vez às ruas, para a frente dos
bancos, exigir do Ministério da Fazenda uma medida tal como a que prontamente
ofereceu para os fazendeiros para renegociar também as dívidas dos pequenos.
Embora tivesse acenado com alguma possibilidade, ainda não há nada de concreto,
e nós continuamos aguardando resposta do Ministério da Fazenda.
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Por tudo isso, nosso povo está-se organizando mais e mais, para derrotar
este modelo, pois do contrário não haverá saída para ninguém, nem para os
trabalhadores do campo nem para os trabalhadores da cidade.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. SILAS CÂMARA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SILAS CÂMARA (PTB-AM. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os estudiosos da administração
pública em nosso País são unânimes em afirmar que a Lei de Responsabilidade
Fiscal, a despeito de tratar e regular matérias mais afetas aos iniciados das finanças
públicas, extrapolou o interesse dos entendidos para se tornar familiar até mesmo
para o cidadão comum.
Por certo, colaborou para que tal fato se tornasse realidade o clamor coletivo
contra o abuso e a ausência de transparência na gestão dos recursos públicos, que,
no passado recente, acabaram por produzir escândalos e mais escândalos, cujos
protagonistas, em quase todas as instâncias da vida pública, nas três esferas de
governo, como no Judiciário e no Legislativo, ganharam o noticiário nacional em
manchetes que estariam mais apropriadas nas páginas policiais de nossos jornais.
Em meio aos anseios coletivos, observamos uma mudança de qualidade no
trato da coisa pública, com reflexo imediato no Parlamento, criando-se, então, o
ambiente ideal para a germinação e definição do conjunto de dispositivos que
acabaram transformando-se na Lei de Responsabilidade Fiscal, um dos mais
importantes textos legais de nossa história política.
Disse bem o Ministro Martus Tavares sobre o assunto: “A Lei de
Responsabilidade Fiscal traz uma mudança no trato com o dinheiro público, dinheiro
da sociedade... A sociedade não tolera mais conviver com administradores
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irresponsáveis e hoje está cada vez mais consciente de que quem paga a conta do
mau uso do dinheiro público é o cidadão, o contribuinte.”
A irresponsabilidade na gestão da coisa pública, sob a forma da improbidade
administrativa, ou sob a forma da imprudência na realização de gastos sem o devido
lastro factual dos recursos financeiros, acabará gerando mais impostos para o
cidadão, inconseqüentes endividamentos, como os praticados à exaustão no
passado, cujos efeitos estão ainda presentes em nosso cotidiano.
Desnecessário afirmar que o pagamento de juros em níveis elevados, fruto do
endividamento sem critério no passado, constitui ainda forte restrição aos
investimentos públicos, cujos montantes estão entre os mais baixos dos últimos
trinta anos.
Nada obstante a inegável contribuição da Lei de Responsabilidade Fiscal no
trato da coisa pública, somos de opinião que a sua adoção nos diferentes níveis de
governo trouxe sérios problemas de interpretação para os governantes, sobretudo
para os Prefeitos e Vereadores.
A Lei de Responsabilidade Fiscal reúne um conjunto de normas e práticas
inovadoras, sem precedentes entre nós, cujo teor, dada sua complexidade, somente
será absorvido no devido tempo, o que recomenda às autoridades públicas
responsáveis pela fiscalização dos atos de gestão alguma tolerância em relação a
possíveis equívocos cometidos pelos administradores públicos, desde que tais
equívocos, naturalmente, não se caracterizem como indícios de irregularidades
graves ou ilícitos (em qualquer tempo ou situação).
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Desse modo, consideramos que devem fazer parte da agenda do Congresso
Nacional, durante o próximo ano, eventos de avaliação da aplicação dos dispositivos
da Lei de Responsabilidade Fiscal, tendo como objetivo o ajuste daquela norma à
realidade e às especificidades de cada nível de governo.
Tais ajustes não puderam ser feitos com profundidade à época em que a
proposição que deu origem à Lei de Responsabilidade Fiscal foi apreciada no
Congresso Nacional, tendo em vista o seu papel naquele momento assaz
conturbado, que estava a exigir medidas fiscais de forte impacto, com o objetivo de
reverter as expectativas que se formavam, contrárias ao interesse do País, nos
planos interno e externo.
É, pois, chegado o momento de o legislador federal atentar para o que aqui
estamos propondo, sob pena de colocarmos em risco os inegáveis ganhos já
alcançados em todo o conjunto da administração pública com a adoção dos
preceitos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sr. Presidente, solicito que meu pronunciamento seja divulgado pelos órgãos
de comunicação da Casa.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, em função do baixo quorum e dos trabalhos nas Comissões,
pergunto se a Presidência poderia tomar alguma iniciativa no sentido de solicitar o
encerramento dessas reuniões para que o quorum seja atingido no Plenário.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Segundo o Regimento, as Comissões
param seus trabalhos no momento em que se iniciar a Ordem do Dia no plenário.
De qualquer forma, esta Presidência convoca os Srs. Parlamentares que
estejam nas dependências da Casa e nas Comissões para vir ao Plenário registrar
suas presenças, a fim de que seja atingido o quorum regimental para início da
Ordem do Dia.
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O SR. PEDRO VALADARES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PEDRO VALADARES (Bloco/PSB-SE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, a Folha de S.Paulo publica hoje matéria, no mínimo,
interessante para leitores mais desavisados. Diz a matéria que a expectativa de vida
do brasileiro subiu 2,6 anos na década. Para as mulheres, mais ainda: 2,8 anos no
período. Para os homens sobe 2,2 anos.
Os leitores mais desavisados poderiam até dizer: “Vamos comemorar, porque
a expectativa do povo aumentou em 2,6 anos”. No entanto, não há motivo para
comemorarmos. Apenas um exemplo: o fator previdenciário, aprovado pela base do
Governo nesta Casa, faz o brasileiro trabalhar mais para ter os mesmos direitos.
Se analisarmos este contexto por outro prisma, veremos que os homens
vivem menos em face de causas externas. Hoje, os jovens são alvo da criminalidade
e das drogas: os jovens têm morrido mais do que as jovens — decorre daí a idéia de
que as mulheres vivem mais. Entretanto, não podemos afirmar, porque as mulheres
vivem mais, que não existem problemas. Há, sim! A propósito, os índices de
mortalidade materna poderiam ser diminuídos se o Governo investisse no social.
No início do meu pronunciamento, afirmei que não havia motivo para
comemorarmos. Digo isso por constatar que, mesmo com essa elevação da
expectativa de vida, perdemos de todos os países da América do Sul, salvo da
Bolívia. Em se tratando de expectativa de vida, só ganhamos da Bolívia. Ficamos
atrás da Argentina, da Venezuela, cuja expectativa de vida é de 73 anos, da
Colômbia, 71, do Paraguai e do Equador, 70, e do nosso vizinho Peru, onde a
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expectativa é de 69 anos. Ficamos atrás até mesmo do Vietnã, cuja expectativa de
vida é de 68 anos. No Brasil, a expectativa de vida para quem nasce hoje é de 67
anos.
Falta ao Governo Federal política social que diminua os índices de
criminalidade e as enfermidades que acometem sobretudo a população nordestina.
O Estado de Alagoas, por exemplo, tem o pior índice de expectativa de vida do País:
61 anos. Está claro, portanto, que este Governo não tem aplicado recursos
suficientes para diminuir a mortalidade e, por conseguinte, aumentar a expectativa
de vida do brasileiro.
O Brasil é um País riquíssimo e, em termos econômicos, estamos de
parabéns. Tivemos extraordinário crescimento econômico, mas pífio crescimento
social. Não obtivemos nenhuma melhora em nossos índices de expectativa de vida,
item em que ficamos atrás de diversos países, muitos deles mais pobres que nós,
mas também mais decididos a investir em saúde e segurança pública. Não vamos
citar Cuba, cuja expectativa de vida é de 76 anos; tampouco vamos citar países
africanos como Cabo Verde, cuja expectativa de vida é de 71 anos.
A verdade, Sr. Presidente, é que a equipe econômica do Governo Federal
tem-se mostrado totalmente despreocupada com os índices sociais e muito
empenhada em proteger os banqueiros, aqueles que de fato ficam com os recursos
do povo brasileiro — durante este Governo, o patrimônio líquido dos 30 maiores
bancos do País cresceu 313%.
No Governo Fernando Henrique Cardoso, os bancos ganharam 26 bilhões de
reais. Se há pessoas ganhando muito, outras estão pagando por isso. E quem paga
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é o trabalhador brasileiro, que hoje assistirá à votação do projeto que altera a CLT,
que na verdade será jogada na lata do lixo. Aprovado o projeto, os acordos coletivos
prevalecerão sobre a lei, e o índice de desemprego aumentará, uma vez que os
trabalhadores serão obrigados a aceitar qualquer tipo de acordo. Com isso, o
sofrimento do povo aumentará cada vez mais no Governo Fernando Henrique.
Segundo índices da América do Sul, o Brasil ganhou apenas da Bolívia no
item expectativa de vida. Ninguém pode comemorar. A base do Governo não pode
comemorar o fato de a expectativa de vida do povo brasileiro ter aumentado em 2,6
anos no mandato do Presidente Fernando Henrique. Estamos perdendo para todos
os países da América do Sul, menos para a Bolívia. Trata-se de dado lastimável.
Quero que os Deputados governistas venham falar sobre esse índice.
Deputado Paulo Paim, estamos presenciando o maior contra-senso dos
últimos tempos. O fator previdenciário, contra o qual V.Exa. e eu votamos, foi
aprovado pelos Parlamentares da base governista. O Deputado Augusto Franco
votou contra a proposta, porque o empregado trabalhará mais, com os mesmos
direitos e mais deveres.
Sr. Presidente, deixo o alerta para este Governo insensível. A base governista
da Casa tem de explicar esses índices publicados pelo jornal Folha de S. Paulo.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. SIMÃO SESSIM – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SIMÃO SESSIM (PPB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu gostaria de registrar nos
Anais desta Casa votos de congratulações ao Exmo. Sr. Ministro Carlos Carmo
Andrade Melles, do Esporte e Turismo, pela realização do I Seminário Nacional
sobre a Indústria de Cruzeiros Marítimos, que se encerra hoje, no teatro do SESI do
Rio de Janeiro.
A brilhante iniciativa de Carlos Melles, que envolve ainda a Sociedade
Brasileira de Engenharia Naval — SOBENA e a EMBRATUR, tem o objetivo, Sr.
Presidente, de discutir a inserção do Brasil no mercado de cruzeiros marítimos,
oferecendo, portanto, amplas oportunidades de negócios em diversos segmentos de
nossa economia, contribuindo de forma significativa para a geração de empregos.
Como bem lembra o Ministro Carlos Melles, temos hoje 50 milhões de
brasileiros viajando pelo País. Em mais dois anos, esse número deve saltar para 65
milhões. Eis aí, portanto, o interesse do Ministério do Esporte e Turismo em
desenvolver cada vez mais ações que possibilitem melhor qualidade de vida aos
cidadãos brasileiros.
Ficamos felizes também, Sr. Presidente, com a informação de que os
cruzeiros marítimos já são considerados a vedete do turismo brasileiro para a alta
temporada do verão 2001/2002.
Com a realização do I Seminário Nacional sobre a Indústria de Cruzeiros
Marítimos, o Ministro Carlos Melles estimula a criação de condições para que este
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nicho da indústria do turismo seja explorado da melhor forma possível, envolvendo
aí também algumas ações por parte não só do Governo Federal, como também de
Estados e Municípios, além da iniciativa privada, é claro.
No Seminário foram debatidos temas tais como instalações próprias nos
portos brasileiros, mudanças na legislação, fim da obrigatoriedade de tripulantes
brasileiros — sem que seja preciso substituir as guarnições originais dos navios — e
capacitação de profissionais para o setor.
E os números referentes ao setor, Sr. Presidente, são para lá de otimistas. Só
para termos uma pequena idéia da importância do setor na economia nacional, já
neste verão os transatlânticos contam com 112 roteiros apenas na costa brasileira,
sendo sete deles confirmados em cruzeiros nacionais. Os navios belos, enormes,
oferecendo o que há de mais prazeroso, podem carregar mais de 11 mil e 600
passageiros por cruzeiro, em total segurança, atendendo a uma demanda natural,
depois do medo dos atentados terroristas em aviões.
O Ministro Carlos Melles lembra-nos também que o Brasil é considerado um
paraíso de tolerância racial, imune, portanto, a atentados terroristas. E com a
elevação do dólar e os conflitos mundiais, certamente as viagens para o exterior
sofreram reduções consideráveis, transformando os cruzeiros agora numa nova e
agradável opção de turismo para cerca de 28 milhões de brasileiros que estão
dispostos a viajar.
Por fim, Sr. Presidente, as estatísticas nos mostram ainda mais dados
promissores: no verão passado, por exemplo, o crescimento do número de
passageiros no Brasil foi de 30%, podendo atingir 100% agora, no verão 2001/2002.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Só para termos uma idéia, no mundo inteiro, navegam atualmente 235 navios
de cruzeiro, transportando 8 milhões de passageiros, movimentando 38 bilhões de
dólares, num setor que cresce 9,3% anualmente.
Está, portanto, explicada mais essa ação nobre do Ministro Carlos Melles, que
hoje encerra um evento que, certamente, trará bons frutos para a economia
brasileira num futuro breve.
Receba, Ministro Carlos Melles, minhas felicitações, certo de que esta Casa
estará sempre atenta aos reais interesses da Nação, principalmente se eles
estiverem navegando por mares de prosperidade.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. ARNON BEZERRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNON BEZERRA (PSDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro minha visita ao Município de Sobral,
oportunidade em que conheci de perto uma das belas administrações de que há
notícia não apenas no Estado, como também no Brasil. Lá, tudo funciona em virtude
da boa organização do Prefeito Cid Gomes.
Deixo meu abraço ao Prefeito e aos servidores da Santa Casa de
Misericórdia, do Instituto do Coração e da Universidade do Vale do Acaraú.
Merecem destaque o Deputado José Linhares, que serviu de anfitrião durante
a visita, e o reitor José Theodoro. Parabenizo todos pelo grande feito de integração
entre a Universidade, a Prefeitura e a Santa Casa de Misericórdia.
Era o que tinha a dizer.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre
Deputado José Lourenço.
O SR. JOSÉ LOURENÇO (PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, comunico à Casa e à Nação brasileira,
embora a imprensa já tenha noticiado hoje o assunto, a eleição do desembargador
Carlos Cintra para a Presidência do Tribunal de Justiça da Bahia.
Trata-se de fato da maior importância para a Bahia e para o Poder Judiciário
do País, uma vez que meu Estado era o único onde havia controle externo da
Justiça. Há trinta anos desembargadores vinham sendo eleitos por indicação de
personagem de grande densidade política.
Manifesto satisfação e alegria, uma vez que tal fato significa a reintegração do
Poder Judiciário baiano ao cenário nacional e, simultaneamente, o esquecimento do
passado. Hoje podemos olhar para a frente com a cabeça erguida, certos de que o
Poder Judiciário está à altura do que deseja o povo brasileiro e o povo baiano, em
particular.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. MANOEL VITÓRIO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MANOEL VITÓRIO (PT-MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de agradecer aos jornalistas do Mato
Grosso do Sul pela homenagem que prestaram a mim e a outras pessoas na cidade
de Corumbá, na última sexta-feira, conferindo-nos o troféu Oscar Pantaneiro.
Quero agradecer de coração o reconhecimento ao modesto trabalho que
realizo nesta Casa em prol do meu Estado. Agradeço também ao MJ6, grande
conjunto musical que, no mesmo dia, realizou importante evento para a juventude e
para as pessoas que viveram os bons tempos dos anos 70, pelo diploma que nos
deu em virtude do nosso trabalho a favor da cultura. Manifesto ainda minha gratidão
a Geraldo Alexandre e ao Presidente do Riachuelo Futebol Clube, da cidade de
Corumbá.
Participamos na última sexta-feira, em Campo Grande, de audiência pública
para tratar da aquisição de terras no Mato Grosso do Sul pelo Reverendo Moon e
seu grupo.
Cumprimentamos os Deputados Ary Rigo, Presidente da Assembléia
Legislativa de Mato Grosso do Sul; o Deputado Jerson Domingos, 2º Secretário; e o
Deputado Sandro Fabi, que representa o Pantanal naquela Assembléia, pela
importante iniciativa de dar continuidade ao debate sobre as ações do Reverendo
Moon no Estado. É bem provável que o próximo passo seja a instalação de
Comissão Parlamentar de Inquérito para que se apurem as irregularidades
praticadas pela Seita Moon.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Já encaminhamos várias propostas ao Conselho de Defesa Nacional, à
Receita Federal e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário. A este último
sugerimos, por meio de indicação, a desapropriação das áreas rurais pertencentes à
Associação das Famílias para a União e a Paz Mundial, braço do Reverendo Moon
no Brasil, por descumprimento da função social.
O Reverendo Moon afirma que sua luta é pela paz mundial e, para esse fim,
já teria adquirido 1,2 milhão hectares de terras na América do Sul. No Mato Grosso
do Sul, o que se pode comprovar é a aquisição de 60 mil hectares nos Municípios de
Jardim, Porto Murtinho, Guia Lopes da Laguna, Nioaque, Bonito, Corumbá, Miranda
e Bela Vista. Muitas transações não foram ainda registradas em cartório, o que
dificulta estabelecermos quadro mais preciso.
A estratégia do Reverendo Moon parece estar vinculada a projeto de
internacionalização de nossas fronteiras, que só se explicita nas suas falas no
exterior. Aqui o discurso é outro. Em discurso proferido no dia 18 de agosto de 2000,
na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, o Reverendo Moon
afirmou que para a superação dos conflitos no mundo se fazia necessária a criação
de “zonas de paz” — entre aspas —, que poderiam ser governadas diretamente
pelas Nações Unidas. No mesmo pronunciamento afirmou que já havia comunicado
aos líderes do norte e do sul da Coréia sua disposição de transferir parte das terras
adquiridas na América do Sul.
No Brasil, o discurso da Associação do Reverendo Moon é de que seu
objetivo é o de oferecer qualidade de vida às pessoas por meio da produção de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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alimentos e da preservação ambiental. Lá fora, as terras brasileiras são oferecidas
aos coreanos em nome da paz mundial.
Apelamos mais uma vez ao Governo Federal para que tome alguma iniciativa
diante de ofensiva desse porte contra a dignidade, a segurança e a soberania do
País.
É um absurdo termos de conviver e aceitar tais situações. O Reverendo Moon
falou na ONU como se fosse Chefe do Estado brasileiro, desrespeitando as nossas
instituições e violando princípios básicos da convivência pacífica entre pessoas de
diversas religiões. Em meu Estado, como fazem políticos corruptos, estão tentando
comprar consciências com a distribuição de camisetas de times de futebol, a
realização de churrascos e uma série de privilégios que visam unicamente
descaracterizar aquela região brasileira.
É importante estar alertas para defender a integridade e a soberania do nosso
País.
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O SR. EDINHO BEZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EDINHO BEZ (PMDB-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Juventude do PMDB de Santa Catarina
reuniu-se nos dias 1º e 2 de dezembro na cidade Joinville para escolher o seu novo
diretório e sua nova executiva. Foi eleito Presidente Edilberto Carlos Ferreira, de
Fraiburgo; 1ª Vice-Presidenta, Cátea Aparecida Pravato, de Pedras Grandes; 2º
Vice-Presidente, Wilson Pereira, de Canoinhas; 3º Vice-Presidente, Elimar Russi
Filho, de Blumenau; Secretário-Geral, Tufi Micheress Neto, de Joinville; Secretário-
Adjunto, Vereador Closmar Zagonel, de Concórdia; Tesoureiro-Geral, Luciano
Veloso Lima, de Videira; Tesoureiro-Adjunto, Vereador Milton Mathias Filho, de
Otacílio Costa; Secretário de Divulgação e Imprensa, Miguel Ângelo Herdy, de
Tubarão; Secretário de Formação Política, Jucemar Rampineli, de Criciúma;
Secretário para Assuntos Parlamentares, Vereador e Presidente da Câmara Rodrigo
da Silva Turati, de Araranguá; Secretário do Movimento Universitário, Alexandre
Saad Benedet, de Guaruva; Presidente de Honra, 1º Suplente de Deputado Estadual
Valdir Cabalchine, de Caçador.
Foram ainda eleitos Vice-Presidentes Regionais: AMUREL, Hilson da Silva,
de Braço do Norte; AMREC, Vereador Manoel Jades Izidoro, de Lauro Müller;
AMESC, Vereador Edson Jair Dagostim, de Turvo; e demais companheiros nas
outras funções da executiva.
Vale lembrar que a JPMDB de Santa Catarina é uma das mais organizadas
do Brasil, e no Estado é a mais organizada, e vem contando com o apoio maciço
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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deste Deputado, uma vez que tenho como princípio enaltecer os jovens em todos os
campos, em especial no político-partidário, pois, sem sombra de dúvida, a juventude
é o presente e o futuro.
O encontro contou com a presença de mais de 1.600 jovens de várias
lideranças e correntes da Juventude Nacional, entre elas a do Presidente da
Fundação Ulysses Guimarães no Estado de Santa Catarina, meu amigo Eduardo
Pinho Moreira; deste Deputado, que é Vice-Presidente da Fundação Nacional
Ulysses Guimarães; do Presidente do PMDB de Santa Catarina, Senador Casildo
Maldaner; e do nosso Líder maior, Prefeito de Joinville, meu amigo particular Luiz
Henrique da Silveira, que será nosso candidato e futuro Governador de Santa
Catarina. Disso temos convicção devido à sua história, sua índole, sua experiência e
seu apoio alavancado pelo maior partido de Santa Catarina, o PMDB, que conta com
114 Prefeituras, diretórios constituídos em todos os Municípios do Estado, além de
outras forças que estão, a cada dia, integrando-se à referida candidatura, a exemplo
do PMDB das Mulheres.
Ressalto que no encontro ficou evidenciado o apoio da Juventude do PMDB
ao candidato à Presidência da República, o Senador, Governador, grande liderança,
nosso companheiro e amigo Pedro Simon, do Rio Grande do Sul.
Vale ressaltar que, na grande confraternização, os jovens deliberaram pela
aprovação da Carta de Joinville, sendo uma das propostas o apoio à posição da
bancada federal do PMDB de barrar a proposta de modificação das leis trabalhistas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Encerro parabenizando a nossa brilhante juventude, em nome do ex-
Presidente Sérgio Antônio Bergamim, nosso Serginho, desejando também sucesso
ao novo Presidente.
Nobres companheiros, em nome da JPMDB de Joinville e de seu Presidente,
Alexandre Santos, parabenizo a organização do evento. O Presidente do PMDB
Municipal de Joinville, Jeová Amarante, e o nosso companheiro Luiz Henrique da
Silveira ali estiveram presentes. Prestigiou também a Juventude do PMDB do
Município de Joinville, Santa Catarina, o meu candidato à Presidência da República,
Senador Pedro Simon. Foi, sem sombra de dúvida, grande evento que enalteceu
ainda mais o PMDB de Santa Catarina, além de ter mobilizado representantes de
praticamente todos os Municípios daquele Estado.
Na última sexta-feira, realizamos reunião em Tubarão, minha cidade, na qual
contamos com a presença de Luiz Henrique da Silveira e de mais de duas mil
pessoas. A reunião foi considerada um dos primeiros encontros, mas já apresentou
forma e características de encerramento de campanha vitoriosa.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Concedo a palavra, pela ordem, ao nobre
Deputado Orlando Desconsi.
O SR. ORLANDO DESCONSI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos brasileiros, na qualidade de
membro da Comissão de Seguridade Social e Família, gostaria de registrar minha
indignação pela falta de cumprimento, por parte do Governo Federal, da Emenda nº
29, que destina 1 bilhão e 250 milhões de reais a mais à área de saúde de Estados
e Municípios. De 2001 a 2004, 5 bilhões de reais a menos serão repassados em
virtude do descumprimento da lei, passivo que fica para o próximo Presidente da
República.
Enquanto isso, diferente da administração anterior que aplicou apenas 5,9%
do seu Orçamento na saúde, o Governo Olívio Dutra, da Frente Popular, desde 1999
vem aplicando mais de 10% da receita tributária líquida na área. E no ano que vem,
por decisão do povo nas assembléias, o valor passará para 11,25%.
Além disso, por meio do Programa Municipalização Solidária, recursos não-
carimbados da ordem de 179 milhões de reais foram repassados do Estado para os
Municípios. O Programa Saúde Solidária, que repassa recursos a fundo perdido
para os hospitais, destinou até o momento 40 milhões de reais a 270 hospitais no
Estado do Rio Grande do Sul.
Com o esforço do Governo do Estado e da bancada parlamentar federal, foi
aprovada no ano passado emenda de 9,89 milhões de reais, cortada em 10% pelo
Governo Federal. Mas na semana passada foi protocolado projeto para construção
de dois laboratórios para produção de medicamentos: um na cidade de Santa Maria,
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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para 23 milhões de unidades de antibióticos; outro na cidade de Pelotas, para 249
milhões de unidades dos medicamentos da cesta básica mais consumidos. Os
recursos estão para ser liberados. Os dois laboratórios custarão 7 milhões e 260 mil
reais. Vinte por cento dos recursos serão repassados por intermédio do Tesouro do
Estado. Um milhão e 743 mil será destinado a laboratório em construção perto de
Porto Alegre.
Esses recursos e mais 1 milhão e 500 mil reais, destinados à nova fábrica de
medicamentos fitoterápicos — única no Estado —, na cidade de Panambi, serão
suficientes para produzir 46% dos itens da cesta básica de medicamentos em
laboratórios públicos, o equivalente a 86% dos medicamentos da cesta básica
distribuída pelos Municípios. À medida que começarem a funcionar, esses
laboratórios serão responsáveis por quase 100% da produção dos medicamentos.
Neste ano, novamente o Governo procurou apoio dos Parlamentares do
Estado para obter recursos destinados à construção ou à ampliação de laboratórios.
A articulação foi feita pelo Governo do Estado, pela bancada federal, pela Federação
dos Municípios, pela Associação dos Municípios e por universidades. Foi esforço
coletivo que, certamente, produzirá frutos para o Rio Grande do Sul. Portanto, está
de parabéns o povo gaúcho pela oportunidade.
Gostaria, para concluir, de informar a esta Casa que temos no Rio Grande do
Sul o Fundo de Apoio e Recuperação aos Hospitais Filantrópicos, único no País. No
segundo semestre de 1999, a instituição liberou 30 milhões de reais por intermédio
do BANRISUL, banco público que financiou, com 1% de juros mais TR, 86 hospitais
do Estado. Cem por cento desses recursos retornaram, mediante pagamento em
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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dezoito parcelas, com seis meses de carência. Está saindo agora em dezembro a
segunda etapa — mais 15 milhões —, com 1,3% de juros mais TR e 1% de juros
que o Estado está equalizando. Mais 70 hospitais estão sendo beneficiados. Essa é
uma das formas de um banco que não foi privatizado, em parceria com o Governo
Estadual, auxiliar os hospitais filantrópicos.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. NILSON MOURÃO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. NILSON MOURÃO (PT-AC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o jornal Folha de S.Paulo, em
sua edição de 14 de novembro último, divulgou matéria que deve merecer séria
reflexão.
Segundo o jornal, os bancos brasileiros obtiveram lucros extraordinários nos
primeiros nove meses deste ano. O Banco Itaú, que foi o recordista, obteve lucro de
R$ 2,156 bilhões no período de janeiro a setembro. O melhor resultado da história
do banco e do Sistema Financeiro Nacional havia ocorrido em 1999, quando os
lucros acumulados durante todo o ano pelo Itaú somaram R$ 1,869 bilhão.
O ano de 1999, que havia sido considerado excepcional para os bancos pela
desvalorização do real que favoreceu aplicações em dólar, foi facilmente superado
nos primeiros nove meses de 2001, nos quais o Itaú ganhou R$ 287 milhões a mais.
Em apenas três meses — julho, agosto e setembro de 2001 —, os lucros do Itaú
somaram R$ 699 milhões.
Estudo da Consultoria Financeira ABM mostra que os lucros de apenas
quatro bancos — BRADESCO, Itaú, UNIBANCO e BANESPA —, de janeiro a
setembro deste ano, superaram os R$ 5 bilhões, apresentando crescimento de 34%
em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse crescimento acelerado dos bancos apenas reforça a tese de que o atual
Governo está estruturado para garantir os interesses do grande capital financeiro. As
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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trinta maiores instituições financeiras do País mais que dobraram seus lucros no
Governo Fernando Henrique Cardoso.
Estudo encomendado pelo Jornal do Brasil, feito pela Austin Asis, uma das
maiores consultorias do País, especializada em análise de balanços de instituições
financeiras, mostra que os bancos já acumularam, na era FHC, mais de R$ 21
bilhões em lucros. A soma é, curiosamente, igual à concedida pelo Governo no
socorro a bancos pelo PROER. A empresa mostra que o lucro dos trinta maiores
bancos cresceu 313%, de dezembro de 1994 a dezembro do ano passado. Em
dezembro de 1994, após o lançamento do Plano Real, o lucro desses grupos
financeiros foi de R$ 2,17 bilhões, saltando para R$ 8,98 bilhões em dezembro de
2000.
Enquanto os bancos engordam suas fortunas, ampliam seu patrimônio, fazem
novos investimentos, demonstram sempre mais insensibilidade para com a tragédia
social que toma conta do País. Promovem demissões, pagam baixos salários a seus
funcionários e não contribuem com programas sociais. Parece até que desprezam o
povo e vão conduzindo seus interesses como se estivessem numa ilha da fantasia.
Mesmo no mundo capitalista as empresas bem sucedidas podem e devem
dar a sua parcela de contribuição para acabar com a pobreza, a miséria, o
analfabetismo. Os bancos vivem e prosperam desse modo no Brasil, acumulando
fortunas extraordinárias há anos seguidos, porque o modelo de desenvolvimento
implantado em nosso País tem em vista a minoria, destina-se a no máximo 20% da
população. A grande maioria do povo está excluída do consumo e, portanto, não
interessa aos bancos. Mas deve interessar, e muito, a qualquer governo que
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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pretenda construir nação mais justa e solidária. Dessa responsabilidade o Governo
Federal não pode se eximir.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Esta Presidência convoca os Srs.
Deputados que estão em seus gabinetes, nas Comissões e nas demais
dependências da Casa a virem ao plenário registrar a presença. Nas portarias, foi
registrada a presença de 357 Srs. Deputados, mas ainda não há quorum no painel
eletrônico para iniciar a Ordem do Dia.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PAULO PAIM – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO PAIM (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Deputado Enio Bacci, do PDT do Rio Grande do Sul, que muito orgulha
o nosso Estado, quero apresentar alguns dados para suporte do debate sobre a
matéria que esta Casa vai votar hoje.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o representante do SEBRAE
esteve no Programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, e disse que “o projeto do
Executivo, que retira direitos dos trabalhadores — décimo terceiro, férias, entre
outros direitos —, é uma bobagem, é ridículo”. Disse ainda que o problema das
pequenas e médias empresas não são os salários, mas, sim, os tributos e a alta taxa
de juros.
Walter Barelli, Secretário de Trabalho do Governo do Estado de São Paulo,
afirmou também no Programa Bom Dia Brasil que depois da aprovação do projeto
do Executivo só falta revogarem a Lei Áurea. S.Exa. já foi Ministro do Trabalho, e
tivemos muitas divergências.
Demonstração clara de que a proposta do Governo não vai resolver o
problema das empresas é a atual situação da companhia aérea TRANSBRASIL, que
não está efetuando o pagamento dos salários de seus trabalhadores há cinco meses
nem pensa em pagar o décimo terceiro salário e, muito menos, a rescisão dos
trabalhadores. Está falida. Desde janeiro, não paga a ninguém. A quem reclama diz
que procure seus direitos na Justiça. Os aviões estão todos no solo por falta de
dinheiro para abastecê-los. Então, não é o salário pago ao trabalhador que prejudica
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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as empresas. Como podemos ver não são os direitos sociais que criam problemas.
As companhias aéreas estão fazendo grande lobby em relação ao projeto.
Por que será? Tenho denúncia escrita de um dos comandantes da VASP. Diz ele
que a empresa está demitindo os que recebem salários médios e, em lugar deles,
contratando estagiários, que pagam 900 reais pelo curso de treinamento. Só depois
são admitidos e recebem salário igual ao que pagaram pelo treinamento. Na
realidade trabalham. Com isso, a empresa em breve terá nos seus quadros apenas
pessoas que recebem salários insignificantes.
Sr. Presidente, ontem o Senador Ramez Tebet me disse, de forma tranqüila,
que vai cumprir o Regimento. O Presidente do Senado, em entrevista ao jornal
Folha de S.Paulo, afirmou que “no Senado, o único consenso é que o projeto que
flexibiliza a Consolidação das Leis do Trabalho não será votado ainda em 2001,
mesmo que seja aprovado pela Câmara”.
Para mim, a base do Governo nesta Casa deve estar constrangida em votar
projeto que, se não for derrotado nesta Casa, será no Senado. Sr. Presidente, o
Governo sabe que perdeu todos os prazos. Na verdade, já está derrotado, só não
quer admitir. Está dando uma de avestruz, que enfia a cabeça na areia para não ver
a tempestade passar.
Sr. Presidente, não acreditamos que o projeto seja aprovado no Senado em
abril ou maio do ano que vem, quando ocorrem os principais dissídios e acordos
coletivos de trabalho. Então, perderá o sentido até para aquelas categorias que,
conforme o Governo, estariam nos pressionando para aprovar a matéria. O PMDB e
a Oposição formam a Maioria. Mas se por uma desgraça isso acontecer nós o
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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derrubaremos no Supremo Tribunal Federal, pois é ilegal, imoral, desumano e
inconstitucional.
Será que a base governista tem tendência suicida, de kamikaze? Como pode
votar por votar projeto tão impopular que não será posto em prática neste ano,
tampouco no próximo?
Os Senadores, de forma muito mais sábia e inteligente — e ano que vem
aquela Casa renova dois terços de seus membros —, estão conscientes disso.
Disseram S.Exas. que é bem possível o projeto ser derrotado naquela Casa.
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a transcrição nos Anais de matéria
publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de hoje, de autoria da jornalista
Claudia Rolli. São fontes do economista Marcio Pochmann, Secretário do
Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo. No que se
refere à flexibilização das leis de trabalho ocorrida nos países desenvolvidos, ele
afirma que “o que se verifica é que o nível de emprego não mudou”. O estudo
considera ainda alterações nos contratos e na organização do trabalho, além da
flexibilização de demissões, jornada e salários.
Novamente quero deixar registrado neste plenário que projeto de tamanha
importância deveria ter sido amplamente discutido com a classe trabalhadora, a
maior prejudicada com a sua aprovação. E ninguém melhor do que ela para decidir
se o projeto deve ser aprovado ou não. Por isso, antes de o Congresso Nacional
deliberar sobre o assunto, deveria ser realizado plebiscito nacional sobre a matéria,
conforme projeto de lei por mim protocolado nesta Casa.
MATÉRIA A QUE SE REFERE O ORADOR
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MATÉRIA REFERIDA PELO DEPUTADO PAULO PAIM
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Solicito aos Srs. Deputados que
registrem suas presenças no painel. Necessitamos de quorum regimental para
iniciar a Ordem do Dia.
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A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com muito orgulho e satisfação que
venho à tribuna comunicar aos colegas que, neste final de semana, realizou-se em
Brasília o 4º Congresso do Partido Socialista Brasileiro, o maior da história do PSB,
não apenas pelo número de militantes e filiados que compareceram ao evento, mas
pela decisão histórica de participar da eleição presidencial com candidatura própria.
É lamentável que, embora a imprensa tenha participado, os fatos relatados
não sejam fiéis aos acontecimentos. O partido saiu unido — e entusiasmado — em
torno da candidatura do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Anthony
Garotinho, à Presidência da República, não apenas por ser uma liderança jovem,
que já demonstrou e provou competência para administrar, ao longo de dois
mandatos, a Prefeitura de Campos, mas acima de tudo pelo brilhante Governo que
vem fazendo no Rio de Janeiro.
Fui Deputada Estadual no Rio de Janeiro no Governo anterior e posso afirmar
que o Sr. Marcello Alencar foi o primeiro Governador do País a adotar o projeto
neoliberal da globalização. Quando terminou o mandato, a administração estava
desmontada e o Estado falido e endividado. Vendeu todas as estatais; restou a
CEDAE. Em pouco tempo, o Governador Anthony Garotinho conseguiu negociar a
dívida de 26 bilhões e equilibrar as finanças do Estado.
É evidente a competência de Anthony Garotinho e sua capacidade de
resolver rapidamente os problemas. S.Exa. ressuscitou o interior do Estado,
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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transformou nossas rodovias e investiu como nunca na agricultura e em setores
estratégicos, como saúde e educação.
Estamos muito satisfeitos em defender a candidatura do Governador Anthony
Garotinho à Presidência da República. S.Exa. representa esperança para o País.
O nosso partido tem história. São 60 anos de luta pela democracia deste
País. E agora, aliado às bandeiras do nosso partido, temos também um candidato
com alto nível de expressão popular, um Governador que tem sido campeão de
popularidade. A aceitação do Governo de S.Exa. não se deu por meio de discursos,
mas de ações. O povo vem comprovando que o segredo de S.Exa. é não prometer,
mas fazer.
Suas realizações são a marca que levantaremos como bandeira para a
campanha em todo o País. Tenho certeza de que resgataremos a esperança do
povo na administração pública voltada para a solução dos nossos principais
problemas.
Não é à toa que hoje o salário mínimo do Rio de Janeiro está em torno de 220
reais e o piso salarial do funcionalismo público em 400 reais. Estamos vivendo
momentos de grande felicidade em nosso Estado.
Os problemas do País só serão solucionados se houver profunda mudança no
atual modelo econômico, que é a raiz de todos os males. O atual Governo apenas
preocupa-se em privilegiar cada vez mais os banqueiros. A votação de hoje
demonstra claramente que ele não tem compromisso com o povo.
Conclamamos, mais uma vez, todas as bancadas da Casa para profunda
reflexão. Não temos o direito de destruir toda uma história de luta da classe
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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trabalhadora, que resultou na Consolidação das Leis Trabalhistas. Na CLT, mesmo
rasgada como está, graças ao contrato temporário e a uma série de outros golpes,
ainda estão preservados os direitos mínimos, básicos e elementares. E eu não me
conformo, Sr. Presidente, que tais direitos sejam eliminados.
Esta Casa não pode cometer este crime, dar este golpe na classe
trabalhadora brasileira. Esta Casa não pode acreditar num discurso falso e
demagogo, alegando que dessa forma nós estaremos resolvendo o problema do
empresariado brasileiro.
A situação do País só será resolvida se se mudar o modelo econômico,
privilegiar investimentos na produção, baixar juros, os mais altos do mundo. Dessa
forma, sim, nós poderemos tirar o País da recessão e da crise em que se encontra e
resolver o problema como um tudo. Não é tentando sacrificar ainda mais os
trabalhadores brasileiros, que não suportam o arrocho salarial, que vamos resolvê-
lo.
E, daqui para a frente, fica uma grande interrogação: o que acontecerá?
Estamos vendo claramente a volta da escravidão. Por isso, conclamamos os
colegas Deputados a não aprovarem tal projeto de lei, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. IVAN PAIXÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci ) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. IVAN PAIXÃO (Bloco/PPS-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, no último dia 1º de dezembro transcorreu o Dia Mundial de Combate
à AIDS.
Nos últimos anos a epidemia de AIDS tem-se caracterizado pela
heterossexualização. As mulheres são atualmente um dos grupos mais vulneráveis.
Por outro lado, observa-se também um processo de interiorização (ainda que 80%
dos casos estejam em grandes centros urbanos) e a pauperização (num primeiro
momento, a doença foi relacionada a pessoas com padrão de vida elevado).
O sexo é a via de transmissão da AIDS mais comum no País, com 68% do
total de casos, cujas formas de transmissão são conhecidas. Em seguida, estão as
drogas injetáveis (25%). A transmissão por transfusão sangüínea foi reduzida
praticamente a zero. Uma das principais preocupações do Ministério da Saúde é
com a transmissão do vírus da mãe soropositiva para o bebê. Do total de casos em
crianças, notificados, 90% são em decorrência da transmissão vertical. Os exames e
o tratamento são disponibilizados nos serviços públicos de saúde. As maternidades
credenciadas realizam tratamento específico com AZT injetável, que reduz em até
75% a transmissão do HIV da mãe para o recém-nascido.
AIDS e os pobres com baixa escolaridade. A razão de a AIDS se estender
sobre a população de baixa escolaridade é clara: essas pessoas têm pouco acesso
à informação, situação que dificulta a prevenção e interfere na aderência ao
tratamento. Em 1991, 32,2% dos homens infectados eram analfabetos ou semi-
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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alfabetizados. Mulheres nessas condições totalizavam 50,5% das soropositivas. Em
2000, os homens com baixa escolaridade representavam 61,5% dos novos
portadores de HIV; as mulheres, 69,6%.
AIDS, as mulheres e a interiorização. Além de se expandir na base da
pirâmide social a AIDS se espalha entre os heterossexuais. Em 1995, pessoas com
este perfil respondiam por 255 dos novos casos. Em 2000, esse índice cresceu para
50% das transmissões notificadas. Nesse grupo, observa-se o crescimento cada vez
maior da contaminação de mulheres. De fato, em alguns pontos do País elas já
lideram as estatísticas. Em 1995, havia 38 cidades nessa situação. Hoje, em 160
Municípios, há mais mulheres contaminadas do que homens. Muitas foram
infectadas pelo parceiro.
AIDS e os homossexuais. Muitas pessoas, inclusive as já contaminadas,
estão menosprezando a gravidade da doença por ela ter deixado de ser a sentença
de morte para se tornar um mal crônico. Uma das conseqüências desse
afrouxamento na prevenção é o recrudescimento da infecção entre os homossexuais
masculinos. Embora ainda não apareça nas estatísticas, esse quadro já se insinua
em pesquisas. Levantamento recente, realizado em São Paulo pelo IBOPE, mostrou
que 88% dos gays asseguram se cuidar mais. Porém, 10% acreditam que há um
aumento da falta de cuidado entre os homossexuais mais jovens.
Os números. O último “Boletim Epidemiológico” sobre a AIDS revela uma
queda de 50% da mortalidade provocada pela doença, de 1995 a 1999, em todo o
Brasil. Ou seja, houve uma redução média de 12,5% ao ano no número de óbitos. O
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resultado coincide com a adoção da política de distribuição universal e gratuita do
coquetel anti-AIDS a partir de 1996.
A maior queda na taxa de mortalidade é registrada no Sudeste:
aproximadamente 79% nos cinco anos analisados. Já na Região Sul, esse índice foi
muito menor, com queda de 5% da mortalidade. O número de óbitos ano a ano vem
caindo quase duas vezes mais entre os homens que entre as mulheres. Enquanto
houve uma queda de 71% no número de mortes do sexo masculino, a redução foi de
37,3% entre as mulheres.
O “Boletim Epidemiológico” aponta uma queda no número de casos de
AIDS a partir de 1999, o que sinaliza um recuo da epidemia no País. Nos anos de
1996 a 1998 foram registrados 14 novos casos para cada 100 mil habitantes por
ano. Já em 1999, o índice caiu para 11 novos casos para cada 100 mil habitantes, o
que representa uma diminuição na notificação de 25%. A maior redução ocorre entre
homens: em média 1,68% ao ano. No entanto, o número de casos continua a
aumentar entre as mulheres, alcançando média anual de crescimento de 11,18%.
Os números mais animadores estão no Sudeste, onde a taxa de
incidência da AIDS entre os homens teve um crescimento negativo de –5,57% e
aumento de 7,4% entre as mulheres. Como a região concentra quase 70% dos
casos de AIDS no Brasil, a queda no crescimento, na região, reflete-se em todo o
País. Mas o estudo mostra também que a epidemia continua evoluindo nas Regiões
Sul (10,27% de aumento na taxa de incidência entre homens e 21% entre mulheres),
Nordeste (incremento de 2,95% entre homens e 25% entre mulheres) e Norte
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(3,16% entre homens e 19,12% em mulheres). No Centro-Oeste foi registrada queda
de –6,24% entre os homens e crescimento de 6,115% em mulheres.
Duzentos e três mil e trezentos e cinqüenta e três casos de AIDS foram
notificados no Brasil desde o início da epidemia, em 1980; 597 mil é a estimativa de
pessoas infectadas pelo HIV em 2000, no Brasil; 100 mil pacientes recebem hoje os
medicamentos de combate à AIDS em todo o País, em aproximadamente 420
unidades de distribuição.
Custos do Programa Brasileiro de Distribuição de Medicamentos.
Em 1999, foram gastos 336 milhões de dólares com medicamentos, para
atender uma média de 73 mil pacientes. No ano passado, esse valor foi de 303
milhões de dólares, mas a média de pacientes beneficiados subiu para 85 mil.
Cerca de 41% dos recursos são gastos na compra de medicamentos
produzidos nos laboratórios nacionais. Os 59% restantes são usados na aquisição
de remédios importados.
Os dois medicamentos protegidos pela Lei de Patentes (Nelfinavir e
Efavirenz) consumiram, no ano passado, cerca de 39% dos recursos, o equivalente
a 118,1 milhões de dólares.
Se o Brasil estivesse importando todos os medicamentos, o gasto saltaria
para cerca de 970 milhões de reais (530 milhões de dólares), o que tornaria o
Programa de Distribuição Gratuita e Universal inviável.
Financiamento. AIDS I. O primeiro acordo de empréstimo com o Banco
Mundial ocorreu em 1994. Foram investidos, até 1998, 250 milhões de dólares,
sendo 90 milhões de contrapartida nacional.
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AIDS II. Em 1998, um novo acordo foi assinado, no valor de 300 milhões de
dólares. Desse total, 165 milhões vêm do BIRD e 135 milhões são da contrapartida
nacional, incluindo recursos financeiros dos Governos Estaduais e Municipais.
Rede de Atendimento. Uma rede regionalizada conta com 900 serviços: 357
hospitais convencionais, 66 hospitais-dia, 50 serviços de assistência domiciliar
terapêutica, 145 ambulatórios e 282 hospitais-maternidades.
A rede pública oferece, gratuitamente, exames de carga viral e de CD4.
Vacina. Depois de mais de vinte anos de pesquisa, a vacina contra a AIDS
ainda não está disponível. Hoje existem no mundo mais de 70 estudos que já
avaliam a eficácia de vacinas em seres humanos.
Há poucos dias o Brasil entrou no circuito das pesquisas avançadas, ao
iniciar os testes das vacinas AIDS-Vax, do laboratório americano VaxGen, e da
Alvac, da francesa Aventis Pasteur. Os testes com as duas vacinas fazem parte do
Projeto Praça Onze, coordenado por Mauro Schechter, chefe do laboratório de
pesquisas em AIDS do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Lee
Harrison, pesquisador da Universidade de Pittsburgh, dos Estados Unidos. Os
produtos também estão sendo testados nos Estados Unidos, no Haiti e em Trinidad
e Tobago. No Rio de Janeiro, serão vacinados 40 voluntários. Alguns receberão as
duas vacinas, outros apenas uma e os demais receberão placebo (vacina sem
princípio ativo).
Patentes dos Remédios. A Reunião da OMC, ocorrida em Doha, Catar,
discutiu a junção dos direitos de propriedade intelectual com as políticas de relações
comerciais feita pelo acordo Aspectos Relacionados com o Comércio da
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Propriedade Intelectual, conhecido pela sigla em inglês, TRIPS. Fechado em 1994,
ele fornece uma proteção de 20 anos às patentes de remédios, o que entra em
oposição à fabricação de genéricos, possibilidade reclamada pelos países pobres
que se vêm rodeados pela propagação da AIDS, da malária ou da tuberculose.
Países como Estados Unidos, Japão e Suíça são contra a revisão do TRIPS.
Todos possuem uma poderosa indústria farmacêutica e consideram que as medidas
sobre o tema não devem ameaçar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento
de novos medicamentos.
De um lado, está o lucro da indústria farmacêutica, garantido em grande parte
pelas patentes, e que representa a principal fonte de recursos para pesquisas de
novos remédios no mundo. Do outro, está o acesso do ser humano, especialmente
os mais pobres, à medicação. Nenhum dos lados é contra uma coisa ou outra. A
diferença é que o grupo liderado pelos EUA vê a posição brasileira como muito
arriscada para a lucratividade da indústria farmacêutica, e o grupo liderado pelo
Brasil vê a posição americana como excessivamente limitadora da ação das
políticas de saúde dos países que não são ricos.
No final do encontro foi dada uma interpretação flexível ao Acordo de TRIPS
para quebra de patentes, em determinadas circunstâncias, na área da saúde. Os
países poderão conceder licença compulsória para proteger a saúde pública, mas
terão a liberdade de determinar o que constitui emergência ou outras circunstâncias
de extrema urgência na área da saúde.
A epidemia. A Política Nacional de Medicamentos foi aprovada pelo Ministério
da Saúde por meio da Portaria GM/MS nº 3.916, de 30/10/98. Considerando que a
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Central de Medicamentos foi extinta em julho de 1997, verifica-se que houve um
período de, aproximadamente, um ano e meio em que o País não dispunha de
política para o setor. Nesse período, de acordo com relatos de gestores estaduais e
municipais, o abastecimento de medicamentos passou a ser irregular e insuficiente.
A partir de 1999, o Ministério da Saúde, cumprindo a prioridade de
implementar a Política Nacional de Medicamentos e a deliberação da CIT,
estabeleceu um incentivo à assistência farmacêutica básica, o qual passou a ser
financiado pelos três gestores, onde a transferência dos recursos federais passou a
ficar condicionada à contrapartida dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
Uma série de avanços foi conseguida desde então, entre os quais a
definição do elenco de medicamentos básicos, estabelecidos conforme a realidade e
a necessidade de cada Estado; a tomada de decisões pactuadas entre Estado e
Municípios, com estabelecimento das competências; a definição de parâmetros
financeiros para custeio e organização da assistência farmacêutica, nos níveis
estadual e municipal, entre outros.
Durante este ano, todavia, a esfera federal vem conduzindo iniciativas
que, no mínimo, geram uma dificuldade no controle de estoques por parte das
demais esferas de gestão, tendo em vista que os mesmos insumos são fornecidos
pela esfera federal no kit de medicamentos do PSF, Programa de Assistência
Farmacêutica Básica, e na recém-anunciada Campanha de Diabetes e Hipertensão,
a qual sugere a entrega de medicamentos em casa, por meio do Correio (já foi feito
contrato com a ECT para distribuição em casa destes insumos). Sérios problemas
técnicos e administrativos poderão advir, como: o uso incorreto dos medicamentos;
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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dificuldades de logística de entrega; custo elevado de distribuição; perda de
medicamentos por alto índice de mudanças de domicílio; tratamento por tempo
prolongado sem monitoramento médico; quebra e desestímulo do vínculo do
paciente com sua UBS; não permite a dispensação orientada dos medicamentos;
incompatibilidade com a legislação sanitária vigente; impossibilidade de contemplar
a necessidade de um número elevado de padrões de tratamento, em função da
diversidade de combinações de medicamentos e doses recomendadas; e o risco de
contestação judicial por parte de pacientes portadores de outras patologias, exigindo
igualdade de tratamento.
Considerando-se os valores estimados para o programa de medicamentos
para hipertensão e diabetes proposto pelo Ministério da Saúde (aproximadamente
180 milhões de reais anuais), a incorporação destes recursos ao Programa de
Assistência Básica permitiria aumentar, no mínimo, em 100% o aporte de recursos
federais (de R$ 1,00 para R$ 2,00 per capita).
Além da sobreposição do elenco de medicamentos, tem sido feita, pela
esfera federal, a inclusão de medicamentos fora da RENAME, e o fluxo de
informações tem sido feito, freqüentemente, dos Municípios diretamente para o
Ministério da Saúde, desconsiderando-se que os Estados são instâncias obrigatórias
de participação tripartite nas ações de assistência farmacêutica.
Como se a estratégia de distribuição em casa de medicamentos não fosse
suficiente o Governo Federal apresentou, semana passada, uma minuta de medida
provisória que cria o Programa Auxílio-Medicamento.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Com esta iniciativa o Ministério da Saúde pretende alocar mais 560 milhões
de reais e assumir o dispêndio de cerca de 6 milhões com despesa de dispensação
para fornecer gratuitamente medicamentos em estabelecimentos comerciais. Além
do risco de retorno das compras centralizadas de medicamentos, parte destes
insumos sairiam da lista estadual de medicamentos básicos. De acordo com o
Ministério da Saúde, esta opção promoveria uma drástica redução de custos de
logística para os gestores (armazenagem, distribuição, administração da compra
etc.)
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. BABÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. BABÁ (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Srs. Deputados, companheiros trabalhadores, mais uma vez volto à tribuna para
demonstrar o que o Governo está querendo fazer com conquistas históricas dos
trabalhadores brasileiros. O discurso de que essas mudanças vão beneficiar a
classe trabalhadora do País é falso. Segundo o Governo, as alterações na CLT
poderiam gerar mais emprego e o trabalhador poderia obter mais conquistas nas
negociações paralelas.
Na verdade, o que está por trás de tudo isso é propósito de colocar abaixo a
Constituição do País e a Consolidação das Leis de Trabalho. Obviamente a CLT
precisaria aprofundar mais as conquistas dos trabalhadores, mas as que existem
não podem ser mexidas.
Os trabalhadores brasileiros têm de estar atentos, assim como os que estão
lá fora neste momento protestando, juntamente com os companheiros da Central
Única dos Trabalhadores, de outras federações e confederações. A Confederação
dos Trabalhadores no Comércio está-se posicionando e fazendo um apelo aos Srs.
Parlamentares para que votem contra o projeto.
Quanto à discussão na Argentina e em outros países, como disse o Deputado
Paulo Paim, se todo esse processo fosse verdadeiro, a Argentina não estaria
atravessando grave crise financeira. Se a flexibilização laboral fosse eficaz não teria
aumentado o índice de desemprego na Argentina, na Coréia do Sul e em países
europeus.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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No Brasil, os direitos dos trabalhadores são duramente atingidos, até mesmo
na Câmara dos Deputados. Sabe-se que os trabalhadores de empresas
terceirizadas que perdem o contrato, para permanecer na Casa ou em outra têm de
abrir mão dos 40% do FGTS. Se no Parlamento, que faz as leis, a direção da Casa
não fiscaliza suficientemente as empresas terceirizadas, imaginem V.Exas. no Pará,
onde ainda hoje há trabalho escravo nas fazendas. Com a flexibilização das leis
trabalhistas os trabalhadores serão brutalmente prejudicados.
Srs. Deputados, V.Exas. devem ficar atentos a essa discussão. O Sr.
Fernando Henrique Cardoso tem compromisso com os banqueiros e com o Fundo
Monetário Internacional. Aliás, um dos pontos assinados pelo Presidente Fernando
Henrique, no último acordo referendado pelo Ministro Pedro Malan, diz claramente
ser urgente a flexibilização laboral no Brasil.
Ainda há tempo de os Srs. Parlamentares pensarem em seus votos.
Conclamo os seguintes Deputados do Pará que votaram favoravelmente ao projeto
— os trabalhadores paraenses cobrem desses senhores seus votos —, Anivaldo
Vale; Deusdeth Pantoja; Gerson Peres; Haroldo Bezerra, do Município de Marabá,
onde há enorme quantidade de comerciários e trabalhadores de grandes fazendas
que serão atingidos pelas mudanças na CLT; Nicias Ribeiro, que atua no nordeste e
sul do Estado; Raimundo Santos, Vic Pires Franco e Zenaldo Coutinho a
reformularem seus votos. Espero que esses Deputados reflitam sobre seus votos,
votem com os trabalhadores e não contra eles. Votar favoravelmente a esse projeto
é estar votando contra eles.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Os trabalhadores paraenses têm de estar atentos. Por isso mesmo, faço, de
público, esta cobrança aos Deputados. Quando visitam as bases dizem estar
defendendo interesses dos trabalhadores, mas aqui se percebe que defendem os
interesses dos patrões, dos banqueiros e dos grandes latifundiários. Essa é a
composição deste Parlamento.
Os Parlamentares devem estar atentos, pois o próximo ano será eleitoral. Não
foi à toa que o Presidente do Senado disse claramente que não colocará o projeto
em regime de urgência porque ele prejudica os trabalhadores.
Espero que esta Câmara dos Deputados ainda reflita durante esta tarde e
vote contrariamente ao projeto, porque se sabe que o ataque à classe trabalhadora
do País será brutal. Sabe-se que conquistas históricas, como férias, 13º salário,
horas extras, serão colocadas abaixo. Querem obrigar os trabalhadores a falsos
acordos, os quais retiram direitos trabalhistas conquistados constitucionalmente. E o
Sr. Fernando Henrique Cardoso, que está prestando conta aos banqueiros, na
verdade quer economizar do salário do trabalhador para pagar juros absurdos das
dívidas externa e interna.
O povo está cansado disso. Por isso, a cobrança dos trabalhadores tem de
ser em cima do voto de cada Deputado, nesta tarde, no Parlamento.
Nós, da bancada do PT, votamos contra o projeto, porque entendemos ser
prejudicial à classe trabalhadora do País.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. LUIZ ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. LUIZ ALBERTO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, solicito a V.Exa. seja inserido nos Anais da Câmara dos Deputados
brilhante artigo do jornalista Samuel Celestino, a respeito da vitória do
desembargador Carlos Alberto Dutra Cintra para a Presidência do Tribunal de
Justiça da Bahia, publicado no jornal A Tarde.
A matéria é intitulada “Vitória que liberta a Justiça”, ou seja, as forças carlistas
foram derrotadas com a eleição do desembargador Carlos Cintra.
ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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DOCUMENTO CITADO PELO DEPUTADO LUIZ ALBERTO
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. LINCOLN PORTELA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. LINCOLN PORTELA (Bloco/PSL-MG. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Brasil tem ouvido nas emissoras de rádio, lido nos
jornais, assistido nas emissoras de televisão que o Presidente da República, Sr.
Fernando Henrique Cardoso, quer dar uma festa na Granja do Torto.
Lembra-me muito aquelas festas pagãs, quando as pessoas eram derrotadas,
seus filhos sacrificados, pessoas mortas, cabeças decepadas. Lembra-me muito
bem a história de um filho do Rei Nabucodonosor, da Babilônia, que se chamava
Beltsazar. E Beltsazar resolve dar uma festa para mil pessoas no seu reino, e se
embebeda publicamente, com muito vinho. Serviu vinho para as mil pessoas ali
presentes, usando utensílios e taças do templo sagrado de Jerusalém. No meio de
toda aquela festa, alguns dedos aparecem na parede e uma inscrição que dizia o
seguinte: Mene, Mene, Tequel, Peres. Ficaram sem entender tais palavras até que
alguém interpretou a inscrição. Mene significa “contou Deus o teu reino e deu cabo
dele”; Tequel, “pesado foste na balança e achado em falta”; e Peres, “dividido está o
teu reino e dado aos medos e persas”. Naquela mesma noite, o Rei Dario, dos
medos e persas, conquistou a Babilônia.
Por isso, digo ao Presidente da República, que fica brincando com o sangue e
o sacrifício do povo: Mene, Mene, Tequel, Peres. Dividido foi o teu reino, pesado
foste na balança e achado em falta. Ou seja, dividido foi o teu reino e dado às forças
que realmente querem um Brasil mais limpo e não-corrompido. O povo viverá melhor
e mais feliz, e haverá mais prosperidade para os trabalhadores. O sangue do povo e
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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dos trabalhadores não pode ser oferecido no culto pagão aos mecanismos
internacionais. Profetizo: caso essa festa do Presidente da República venha a
acontecer, pesado serás na balança e achado em falta. Deixo essa palavra ao Sr.
Fernando Henrique Cardoso.
Era o que tinha a dizer.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. CONFÚCIO MOURA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CONFÚCIO MOURA (PMDB-RO. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este será um discurso bem curto,
como se fosse um recado. Trata-se mais de um recado do que discurso. É dirigido
ao Banco do Brasil, ao Diretor de Crédito Rural.
Os pequenos agricultores dos assentamentos rurais e a Associação
Comercial do Município de Buritis, Rondônia, solicitam a liberação dos recursos do
PRONAF para cerca de 380 projetos apresentados à Agência do Banco do Brasil de
Ariquemes, no Estado de Rondônia, no valor aproximado de 3 milhões de reais.
Estamos no último mês do ano e até agora não houve nenhuma posição.
Aguarda-se o dinheiro, que em boa hora virá, para dar fôlego aos projetos, uma vez
que os agricultores amargam por lá a maior crise de renda que já tiveram na história.
Os preços do café não respondem nem pelos custos básicos de produção. O leite,
então, é assunto que nem merece ser comentado.
Há uma conversa de que o Banco teme a falta de garantias. Ora, o PRONAF
não foi criado justamente para o provimento e a viabilidade de projetos de
trabalhadores rurais nos assentamentos? Então, o argumento não se sustenta.
Conclusão: sem contraditório, os assentados da reforma agrária de Buritis
esperam pela liberação dos recursos ainda este mês. Que o Diretor de Crédito Rural
se mobilize junto ao Tesouro Nacional e à Secretaria Executiva do PRONAF e
atenda a esse justo pleito.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra à nobre Deputada
Socorro Gomes.
A SRA. SOCORRO GOMES (Bloco/PCdoB-PA. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderia deixar de mais uma
vez vir à tribuna para discutir a proposta do Governo que vem travando a pauta e
espraiando terror, principalmente entre os trabalhadores brasileiros.
Os trabalhadores entendem a perfídia do discurso governista. Esse projeto de
lei, que propõe prevalecer a negociação sobre a CLT, à exceção da segurança e da
saúde do trabalhador, acarreta perda de direitos fundamentais, explícitos na
Constituição. O discurso do Governo é no sentido de que o Brasil, um país moderno,
não comporta mais a atual Consolidação das Leis do Trabalho, da década de 40. Os
Deputados e Lideranças governistas dizem que temos que modernizar a CLT. Até o
Presidente da República diz que a medida vai fortalecer os sindicatos dos
trabalhadores.
Esse é um discurso extremamente falso e perverso, Sr. Presidente. Estamos
no século XXI, mas as relações de trabalho no Brasil são extremamente arcaicas.
Basta citar o Norte e o Nordeste do País, onde pessoas trabalham em troca de um
prato de feijão com farinha — isso quando há comida.
Sr. Presidente, por todo o Brasil são publicados retratos de homens e
mulheres morrendo de fome porque não há comida. Não se trata de força de
expressão. Na Região Norte, no meu Estado, especificamente, mais de mil
trabalhadores eram tratados como escravos até este ano. Não é filme de ficção; é o
Brasil real. Repito: mais de mil trabalhadores encontravam-se na condição de
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escravos. Lá existem lugares em que os trabalhadores não dispõem sequer de um
refeitório. Podemos citar o exemplo de uma fábrica de castanha no Pará, da família
Mutram, cujo representante recebeu a comenda de melhor e mais moderno
empresário do ano. Mas V.Exas. sabem como se alimentam as operárias daquela
fábrica? No meio da rua. E a comida vem dentro de um saco plástico.
Estamos falando da vida de brasileiros!
Ora, o Governo diz que precisa diminuir o Custo Brasil. Então, por que não
taxa as grandes fortunas? Por que não faz a reforma tributária? Por que não cobra
de quem enriquece à custa da miséria da maioria? Este é o País com a maior
desigualdade social, e também com a maior concentração de renda. Temos,
portanto, de onde buscar dinheiro.
Agora o Governo quer acabar com o pouco de proteção que o Estado dá aos
trabalhadores. E ainda vem com falsidade, dizendo que é para fortalecer o
trabalhador! O trabalhador fortalece-se é com comida, trabalho, salário, saúde, e não
com perda de direitos.
Além de espalhar terror e caos, o Governo alega: "Vamos acabar com o
protecionismo e o paternalismo do Estado. O Estado não tem que proteger
trabalhadores" — isso foi publicado em todos os jornais. Ele resolveu mostrar de que
lado está. Não quer proteger os trabalhadores, mas sim os banqueiros, a agiotagem
internacional, a banca dos Estados Unidos. Esse é um projeto para servir aos
Estados Unidos, ao FMI e à grande agiotagem.
Estão engordando os cofres da agiotagem internacional às custas da vida dos
trabalhadores brasileiros!
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Essa medida vai custar muito caro, não só a este Congresso, mas ao Estado,
que deixa de proteger os famélicos para enriquecer ainda mais os já ricos. Ele
responderá perante a História, porque, se não protege os trabalhadores brasileiros,
eles buscarão outras formas de garantir suas vidas. Irão à luta, e vão deitar por terra
esse projeto e esse Governo, que age de forma criminosa com os milhões de
brasileiros que estão passando fome e sendo ameaçados.
Por isso, peço aos Srs. Deputados que têm filhos, mãe, irmãos, e que não
nasceram em berço de ouro, mas que sabem o que é ter as mãos calejadas e não
ter certeza de que seus filhos terão alimento, que votem com consciência. Estão
querendo retirar direitos do trabalhador, transformar férias em folga, em feriado
prolongado, e ainda dizem que estão garantindo os direitos trabalhistas!
Não! Estão destruindo a esperança dos brasileiros!
É por isso que peço a V.Exas. que votem contra esse projeto.
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O SR. LUIZ MOREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. LUIZ MOREIRA (Bloco/PFL-BA. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, na última sessão deliberativa
apresentei nesta Casa projeto de lei que promove importantes alterações na Lei nº
9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que atualizou e consolidou a legislação sobre
direitos autorais no Brasil.
Chamo a atenção dos nobres colegas para o fato de que a proposição tem
por objetivo promover uma verdadeira reforma de mérito no caótico e frustrante
sistema de arrecadação e distribuição de direitos autorais que se estabeleceu no
País, com a lamentável e equivocada criação de uma das maiores caixas-pretas
aqui existentes, conhecida pela sigla de ECAD (Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição).
Fundamentalmente, o projeto propõe a criação do Conselho Federal dos
Compositores e Autores Musicais, com seus respectivos Conselhos Regionais, que,
além de promover a representação, a defesa e a fiscalização do exercício
profissional da classe, passarão a ser as únicas entidades competentes e
mandatárias de seus associados para exercer as atividades de cobrança,
arrecadação e distribuição dos valores correspondentes aos direitos autorais
devidos a seus representados.
A aprovação dessa iniciativa representará um passo decisivo para a
promoção da justa e merecida emancipação dos legítimos criadores das obras
musicais, verdadeiros responsáveis pela produção intelectual de letra e música, que
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hoje têm seus direitos administrados por pessoas estranhas à classe, que se
encastelaram no ECAD e passaram a tutelar e comandar todo o nebuloso labirinto
em que se transformou aquela entidade.
A proposição prevê também que os demais segmentos de autores ou titulares
de direitos autorais venham a organizar-se em entidades específicas para o mesmo
fim. O projeto autoriza ainda o Poder Executivo a criar um organismo de caráter
colegiado, preferencialmente vinculado ao Ministério da Justiça, para exercer a
função de órgão regulador dos direitos autorais e conexos no Brasil.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, estou convicto de que aprovação
desse projeto de lei será a única forma de corrigir as injustiças que há décadas vêm
sendo praticadas contra os legítimos autores e detentores de direitos autorais no
Brasil, e também contra os usuários ou consumidores de suas obras. Essas
providências conduzirão ao natural esvaziamento do ECAD e sua automática
extinção como Escritório Central, por absoluta desnecessidade, ineficiência, falta de
representatividade, e sobretudo pelo lamentável acervo de denúncias que conseguiu
acumular durante sua existência, objeto inclusive de CPI nesta Casa, cujas
conclusões, apontadas em seu relatório, lamentavelmente ainda não produziram os
efeitos esperados.
Peço, pois, aos nobres colegas que examinem com acuidade o alcance da
proposta que ora começar a tramitar nesta Casa, e que conta com o apoio da
principal classe interessada: os admiráveis autores e compositores musicais,
privilegiados por Deus com o dom da criação, e injustiçados por nós no
aproveitamento econômico de suas obras. Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Concedo a palavra, pela ordem, ao
Deputado Luiz Sérgio.
O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, a exigência do Governo de que tramite em regime de urgência
constitucional o Projeto de Lei nº 5.483, de 2001, é mais do que um equívoco, é um
desrespeito a esta Casa. O projeto revoga a CLT e agride a Constituição brasileira,
que, no inciso II de seu art. 5º, estabelece de forma muito clara que "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". O
Governo afronta esse dispositivo ao pretender que uma convenção prevaleça sobre
a lei.
Nenhuma Liderança do Governo consegue justificar o pedido de urgência
neste final de Sessão Legislativa. A matéria é polêmica, e precisaria de tempo para
ser discutida, porque provoca reação na sociedade, como a que estamos assistindo
neste plenário e lá fora, na rua.
E não me venham dizer que a Força Sindical é representante de sindicatos. A
Força Sindical é, isto sim, o único projeto político de Collor que se mantém de pé até
hoje. Criada com dinheiro de empresários, continua servindo à sua finalidade
original.
Sr. Presidente, é certo que a Oposição obstruiu votação dessa matéria, mas,
na maioria das vezes, foi o próprio Governo que impediu a votação, como na
semana passada, justamente quando a chamada seria nominal, ou seja, com voto
declarado ao microfone. Triste do país que tem em seu Parlamento homens com
vergonha de manifestar o voto ao microfone, preferindo votar às escondidas.
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Atitudes como essa só servem para confirmar a existência de um enorme fosso
entre o que os políticos dizem nas ruas e o que dizem e fazem neste Parlamento. É
esse distanciamento que faz a população brasileira ter uma visão cada vez mais
negativa do Parlamento.
Fico preocupado, Sr. Presidente, porque o trancamento da pauta começa a
ter reflexos na sociedade. Já está ameaçado o pagamento do salário de militares e
servidores civis das Forças Armadas. E a covardia do Governo é tão grande que,
segundo o colunista Ricardo Boechat, edição de hoje do Jornal do Brasil, o
Presidente desta Casa passou grande parte do dia telefonando para os Estados
para responsabilizar o Partido dos Trabalhadores e as oposições pelo atraso no
pagamento de novembro dos militares. Faltou-lhe coragem para assumir que o
atraso decorre do abuso de poder do Palácio do Planalto, que promoveu uma
grande bagunça com esse pedido de urgência, uma algazarra danada na pauta do
Legislativo. Nenhuma votação será realizada de acordo com o programado, e isso
porque o Palácio do Planalto nos vê apenas como Casa homologatória da sua
vontade.
Ora, Sr. Presidente, cabe a nós, Parlamentares, resgatar nossas
prerrogativas. Esta Casa é um Poder constituído e, como tal, não pode limitar-se a
dizer amém à vontade do monarca que se estabeleceu neste País.
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O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vivemos nesta Casa mais uma tarde de
confronto na definição de rumos para as relações de trabalho. Foi impressionante a
reação da sociedade à tentativa do Governo de aprovar a alteração na legislação
trabalhista sob o regime de urgência constitucional.
Diversos setores, independentemente de credo político, ideologia ou categoria
profissional, têm afirmado a impropriedade dessa iniciativa, que não tem lógica, não
tem sentido. Tenho em mãos declarações da Presidenta do Tribunal Regional do
Trabalho da 6ª Região, Pernambuco, a insuspeita Sra. Ana Maria Schuler Gomes,
que alerta para a irresponsabilidade de, em 45 dias, alterar-se praticamente 50 anos
de legislação trabalhista.
É bom que fique claro que nós do PT nunca defendemos a manutenção
integral da CLT. Defendemos o processo de modernização. Não acreditamos que
uma legislação elaborada há 60 anos sirva aos parâmetros atuais. Mas essas
mudanças têm de ser feitas com responsabilidade e com democracia. Não podemos
retroceder à barbárie, aos tempos da escravidão. Em toda a sua história, o PT
sempre defendeu a adoção das convenções da OIT e a liberdade sindical. Não
aceitamos a sistemática que se impõe.
Os membros do Governo sabem — não são burros — o que aconteceu na
Argentina, onde a chamada flexibilização dobrou o número de desempregados e
aumentou o lucro de banqueiros, agiotas e financistas. A flexibilização foi um
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desastre, um pesadelo para os trabalhadores argentinos. O mundo do trabalho
sofre.
Sr. Presidente, argumentam cinicamente que o acordo de São Bernardo do
Campo é uma mostra de livre negociação. Ora, o que se negociou em São Bernardo
do Campo foi a redução de salários para impedir o desemprego. Os trabalhadores
perderam, sim. Tiveram seus salários diminuídos. Não estou tentando justificar a
demissão de 2 mil, 3 mil pessoas, mas houve degradação da condição de vida
daquelas pessoas.
Sras. e Srs. Deputados, se um sindicato como o de São Bernardo do Campo
teve de aceitar um acordo como esse, o que não acontecerá com os menores, de
menor poder de fogo? O que será da informalidade? O que será dos trabalhadores
que estão num incipiente processo de organização?
O projeto que prevê a alteração na CLT é uma falácia, não tem sustentação
política nem lógica, não tem sentido; apenas submete os trabalhadores a mais
arrocho, a mais prejuízo. Este Governo claramente favorece o capital financeiro,
cumprindo para tanto um ritual de destruição dos direitos trabalhistas.
Sr. Presidente, por tudo isso, opomo-nos ao referido projeto de lei e apelamos
para os Srs. Deputados no sentido de que façam uma análise fria e consciente da
situação. Parlamentares estão sendo submetidos a constrangimentos. Ministros
chantageiam, barganham e até oferecem dinheiro pelo voto, como se estivessem
num cassino de negociações. Querem aprovar a qualquer custo a mudança nessa
legislação. Uma vergonha!
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A compra de votos não faz parte do processo democrático; é, isto sim, uma
demonstração da tirania do Palácio do Planalto. Sras. e Srs. Deputados, em nome
da dignidade, da decência, da consciência, da lógica e do bom senso de cada um,
apelo no sentido de que analisem com frieza a proposta do Governo. V.Exas.
concluirão que essa dita "flexibilização" não atende aos mais humildes, não cumpre
um papel social, apenas favorece o grande capital.
Por todas essas razões, Sr. Presidente, vamos oferecer a mais profunda
resistência ao Projeto de Lei nº 5.483, de 2001. Vamos denunciar em todo o País
quem participar disso, quem se submeter a essa chantagem, a esse jogo baixo, a
esse ataque vergonhoso contra os direitos trabalhistas.
Queremos reformular a CLT, debater mudanças na legislação trabalhista, mas
é preciso considerar as várias Regiões do País, as diferentes situações de
empresários e trabalhadores. Não aceitamos essa mudança que se quer fazer em
cima da perna, desmoralizando o ritual democrático. É baixar demais a cabeça.
Esta Casa não pode submeter-se ao tirano Fernando Henrique Cardoso, esse
marionete do capital internacional que ataca os direitos trabalhistas.
Muito obrigado.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Enio Bacci) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vamos votar o Projeto de Lei nº 5.483-C, do
Executivo, que altera a CLT — se o Governo conseguir quorum, obviamente.
Chamo a atenção dos meus colegas para algumas reflexões que farei desta
tribuna.
Por que o Governo submete sua base Parlamentar a esse desgaste, a esse
constrangimento político, se esse projeto não vai ser apreciado em tempo hábil pelo
Senado Federal?
Esse projeto nasceu na Confederação do Comércio, numa articulação com o
Ministro do Trabalho, que não tem se comportado à altura nas negociações e nos
impasses com os trabalhadores, transformando o Ministério do Trabalho num
verdadeiro bunker de articulação política para atropelar os trabalhos da Câmara dos
Deputados no final desta Sessão Legislativa.
Sras. e Srs. Deputados, essa urgência constitucional não tem sentido, trava a
pauta da Câmara dos Deputados e impõe ao País as conseqüências da não-votação
de créditos suplementares, da proposta de emenda à Constituição que regula a
imunidade parlamentar, do projeto que corrige a tabela do Imposto de Renda. E
ainda atrasa a votação do Orçamento. A culpa é do Governo, por ter enviado a esta
Casa um projeto tão polêmico com urgência constitucional.
A CLT precisa ser reformulada. O País precisa de um novo contrato social.
Mas é preciso uma negociação entre trabalhadores e empresários para que o
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Congresso Nacional e o Executivo tenham condições de apresentar um projeto
alternativo à CLT, que está ultrapassada e não incorpora as novas exigências do
mundo do trabalho. Nós não aceitamos que o Governo venha pinçar o art. 618 e
transformar o contrato coletivo, o acordo coletivo numa substituição de direitos.
Hoje há um debate — eu já falei sobre isso em artigo publicado pela imprensa
— no sentido de que alguns direitos sociais constituem cláusulas constitucionais
pétreas, igualados aos direitos fundamentais da pessoa humana. Refiro-me ao
repouso semanal, às férias, ao 13º salário, à previdência universal, à garantia
mínima contra a demissão. Os trabalhadores podem, sim, negociar, desde que
tenham, como cidadãos, uma base mínima de direitos garantidos.
Essa mudança pontual que o Governo pretende promover na CLT coloca os
trabalhadores numa situação em que não há negociação — negociação é quando as
duas partes fazem concessões. Os trabalhadores, com esse projeto, para manter o
emprego, abrirão mão de direitos sociais fundamentais.
O projeto é politicamente inconveniente. Além de travar a pauta da Câmara
dos Deputados e do Congresso Nacional, não produzirá os efeitos alegados pelo
Governo — não tirará o trabalhador da informalidade nem reduzirá o desemprego.
Para aumentar o nível de emprego o Governo deve reduzir os juros, promover as
reformas tributária e fiscal e uma política de crescimento econômico. O que pode
tirar os trabalhadores e os empresários da informalidade é uma reforma tributária e
fiscal séria, justa, funcional, e não essa bagunça que é o sistema tributário brasileiro.
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Os trabalhadores estão sendo chamados a negociar com o pescoço na
guilhotina. E esse é um caminho inadequado tanto para trabalhadores quanto para
empresários sérios.
Por isso, Sr. Presidente, esse projeto não é moderno, é perverso; é
antidemocrático, porque não pressupõe igualdade de condições entre as partes na
negociação e porque trava a agenda do Congresso Nacional, numa articulação de
segmentos do empresariado com o Governo. E o Presidente da República, num
gesto político inconveniente, diz tê-lo enviado a esta Casa por solicitação de
empresários.
Por isso, devemos derrotá-lo.
O Sr. Enio Bacci, 3º Suplente de Secretário, deixa
a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr. Pedro
Valadares, 1º Suplente de Secretário.
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O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, indago de V.Exa. se a Mesa está registrando a presença
dos Deputados que se manifestam e não registram a presença no painel, como
determina o Regimento Interno.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem, para
contraditar.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, estamos diante de uma sessão do Congresso Nacional,...
O SR. ARNALDO MADEIRA – Da Câmara dos Deputados.
O SR. JOSÉ GENOÍNO – Da Câmara dos Deputados, que é parte do
Congresso Nacional.
Talvez V.Exa. queira solicitar o auxílio do Líder do Governo no Congresso.
Sr. Presidente, quando o Deputado comunica a obstrução em plenário, está
exercendo um direito regimental e democrático. Estamos fazendo breves
comunicações que justificam a obstrução. Mas desafio o Líder do Governo,
Deputado Arnaldo Madeira, a trazer sua base parlamentar e assumir o compromisso
na tribuna de em meia hora votarmos esse projeto. A Oposição marcará presença,
não retirará seus Parlamentares do plenário, como aconteceu em oportunidades
anteriores.
Deputado Arnaldo Madeira, a sugestão de V.Exa. não procede. Os Deputados
podem usar o Pequeno Expediente sem ter a presença registrada em plenário. Em
consideração pessoal a V.Exa., posso registrar minha presença.
O SR. ARNALDO MADEIRA – Sr. Presidente, quero dizer ao Deputado José
Genoíno que não há fantasmas no plenário, há Deputados presentes ou ausentes.
Quem se pronunciou está presente, naturalmente, como V.Exa. já ia definindo
quando pedi a palavra.
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Quem define os tempos da Situação é a mesma. Ainda não chegamos à
situação em que o Deputado José Genoíno possa definir os tempos da Situação.
Nós definiremos nossos tempos de acordo com nossa conveniência política.
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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Deputado Arnaldo Madeira,
Deputado José Genoíno, a Mesa já se pronunciou sobre a matéria na semana
passada.
Faço parte da Oposição. Não registrei presença, não estava obrigado a fazê-
lo. Mas agora, no exercício da Presidência, por dever de ofício, terei de registrar
minha presença.
A Mesa não obriga nenhum Parlamentar a registrar sua presença. A partir do
momento que usa a palavra, claro, o Deputado está presente. Pressupõe-se que
S.Exa., pedindo a palavra, está registrando sua presença.
Assim como o nobre Deputado não registrou seu nome, eu também não
registrei, atendendo à orientação do meu partido. Mas, por dever de ofício, como
Presidente que agora estou, vou fazer o registro da minha presença.
Esta é uma matéria já vencida.
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O SR. JOSÉ GENOÍNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Eu
não vou contraditar a decisão de V.Exa., mas quero uma posição clara da Mesa.
Se a Mesa quer o registro da presença para efeito de quorum para iniciar a
Ordem do Dia, quando chegarmos ao número de 257 Deputados, a Ordem do Dia
será iniciada?
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – V.Exa. está correto. A partir do
momento em que cheguemos ao número de 257 Deputados, a Mesa vai
providenciar ...
O SR. JOSÉ GENOÍNO – Providenciar, não, automaticamente começa a
Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Exatamente, V.Exa. tem razão.
Esperamos que o Presidente Aécio Neves chegue e inicie a votação.
O SR. JOSÉ GENOÍNO – Quem estiver na sessão conduz a votação.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Exatamente.
O SR. JOSÉ GENOÍNO – Inclusive V.Exa. poderia conduzir muito bem.
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O SR. NELSON PELLEGRINO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. NELSON PELLEGRINO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente registro o resultado da
eleição, ontem, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. O Desembargador
Carlos Alberto Cintra foi eleito por dezoito votos a dez.
Sr. Presidente, a importância dessa eleição está no fato de que, apesar do
empenho pessoal do ex-Senador Antonio Carlos Magalhães na campanha do
Desembargador Amadiz Barreto, o Desembargador Carlos Alberto Cintra foi
vitorioso, manifestação clara de que o ex-Senador não manda no Tribunal de Justiça
e que seus membros querem ter independência para decidir seu destino e seu
presidente.
Espero que essa eleição signifique um novo rumo para o Tribunal de Justiça
do Estado da Bahia, que o Tribunal passe a trilhar uma postura de independência,
para estabelecer a república na Bahia com a separação dos Poderes, e seja o
indício da construção de uma Bahia livre, democrática, republicana e sem dono.
Portanto, não poderia deixar de registrar essa derrota fragorosa que o ex-
Senador Antonio Carlos Magalhães amargou ontem na eleição do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não poderia também deixar de
registar, mais uma vez, nossa opinião contrária à aprovação dessa matéria que está
em pauta em regime de urgência, que modifica a CLT, flexibilizando direitos
trabalhistas e permitindo que, a partir do momento em que for transformada em lei,
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as convenções e os acordos coletivos possam ter força superior ao que está
disposto minimamente na lei.
Sou advogado trabalhista há 15 anos. Se essa matéria vier a ser aprovada,
vamos viver, nos próximos anos, uma onda de greve como nunca assistimos neste
País. O que hoje está minimamente assegurado, e inclusive garante algum nível de
estabilidade na relação capital/trabalho, já é desfavorável ao trabalhador, porque os
salários estão arrochados e o desemprego serve como elemento de pressão. Mas
algumas relações já se estabilizaram, alguns pactos coletivos já foram mais ou
menos dimensionados. A introdução desse novo dispositivo na legislação trabalhista
brasileira provocará completo desequilíbrio na relação capital/trabalho, favorecendo
enormemente o capital. Sem uma única alternativa para conseguir, quem sabe até
manter esse mínimo já conquistado, os trabalhadores deverão buscar o caminho da
paralisação, o caminho da greve como forma de fazer valer seus legítimos direitos.
Sr. Presidente, esse projeto é inoportuno, não poderia tramitar em regime de
urgência. Todos os setores democráticos da sociedade têm-se manifestado contra
ele, os juízes trabalhistas, a Ordem dos Advogados do Brasil, as organizações de
trabalhadores, porque não é o momento de introduzir modificações dessa natureza
na legislação trabalhista.
Acabo de chegar de Buenos Aires, onde participei de Encontro Internacional
sobre Direitos Humanos. Pude verificar, então, a dramática situação da classe
trabalhadora na Argentina, que já fez tudo que o Brasil quer agora fazer. Aplicou
ipsis litteris a cartilha do Fundo Monetário Internacional, privatizou tudo, flexibilizou
os direitos trabalhistas, e a situação da classe trabalhadora argentina é a pior
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possível. Não conseguiu aumentar o número de empregos, já que tudo não passa
de engodo. É engodo do Governo afirmar que a flexibilização trará mais empregos
com carteira assinada.
Quem conhece o mundo do trabalho sabe que isso não é verdade, não dará
sequer competitividade à indústria brasileira. Não são os direitos trabalhistas que
reduzem a competitividade da indústria brasileira, mas, sim, a carga tributária
escorchante, a inexistência de infra-estrutura, a falta de investimentos em ciência e
tecnologia. Isso é que reduz a competitividade da indústria nacional, que impede os
empresários de exercerem suas atividades.
O que será retirado do trabalhador será tomado pelos juros bancários no dia
seguinte. Este País é tetracampeão em juros altos. Há quatro anos este País cobra
as maiores taxas de juros do planeta, remunerando o capital como em nenhum
outro. Na Europa e nos Estados Unidos, quando o capital financeiro quer ter
rentabilidade, tem de financiar a produção ou a aquisição de bens. No Brasil não.
Aqui a maioria dos bancos lucra de que forma? Especulando com títulos do
Governo, assim como os bancos estrangeiros. Isso aqui é um cassino, onde se
praticam as maiores taxas de juros do mundo.
Não podemos aceitar mais o falacioso argumento de que a quebra dos
direitos mínimos assegurados na CLT gerará mais empregos formais, aumentará o
nível de empregos. Isso não é verdade. No mundo inteiro, a aplicação de norma
como esta, imposta pelo Fundo Monetário Internacional, não resultou em maior
competitividade, não aumentou o emprego formal. Ao contrário, jogou o trabalhador
na desassistência, fazendo com que a renda e a riqueza nacionais se
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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concentrassem ainda mais. O grande problema deste País é a concentração da
renda e da riqueza.
Portanto, esta Casa não deve aprovar essa matéria.
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O SR. PAULO LESSA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO LESSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, colegas Deputados, mais uma vez defendo esta matéria enviada
pelo Governo.
É lamentável, Sr. Presidente, que continuemos a ouvir Deputados mentirem
para a população brasileira, a usarem a tribuna unicamente para tentar fazer com
que este País continue sem dar aos seus filhos as condições necessárias de
qualidade de vida, a fim de que a Oposição possa vencer as eleições no ano que
vem.
A lei é clara, Sr. Presidente. Nenhum direito está sendo tirado da CLT,
ninguém está tirando o 13º salário ou o Fundo de Garantia. Está no parágrafo único
do art. 618:
Art. 618...............................................................................
...........................................................................................
Parágrafo Único. A convenção ou acordo coletivo,
respeitados os direitos trabalhistas previstos na
Constituição Federal, não podem contrariar a lei
complementar, as Leis nº 6.321, de 14 de abril de 1976, e
nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, a legislação
tributária, a previdenciária e a relativa ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço — FGTS, bem como as
normas de segurança e saúde do trabalho.
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Em entrevista ao jornal O Globo de ontem, o economista José Márcio
Camargo, da PUC do Rio de Janeiro, disse que a CLT é fascista e que essa nova lei
devolverá poder aos sindicatos. Em nada se modifica.
O único momento político que está acontecendo nesta Casa é que,
infelizmente, alguns Deputados, já olhando o horizonte e levando desinformação ao
povo brasileiro, tentam passar para a Nação que o projeto de lei não visa atender
aos trabalhadores, Deputados apoiados pela CUT, central de trabalhadores que tem
como única finalidade apoiar o PT, que foi contra o acordo que garantiu a milhões de
trabalhadores o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que foi contra que o
Ministro do Trabalho aplicasse 1 bilhão de reais na construção de casas populares,
garantindo mais emprego na construção civil. É essa mesma CUT que coloca em um
panfleto foto dos Deputados que votaram a favor do projeto de lei que acaba com as
garantias previstas na CLT. Pedi desta tribuna que colocassem minha foto em um
outdoor, mas eles não conseguiram nenhuma foto minha. Então, peço ao
Presidente desta Casa que envie à Central Única dos Trabalhadores uma foto
minha, para que saia no outdoor o nome do Deputado Paulo Lessa pelo Estado do
Rio de Janeiro afora. E, no panfleto, ainda dizem que os Deputados não sabem o
que é trabalho.
Sou filho de um seleiro e de uma costureira, saí de uma Câmara de
Vereadores para chegar ao Congresso Nacional com mais de 38 mil votos. Se não
estou aqui desde o dia 1º é porque têm que existir outras leis para que os mais
votados cheguem a esta Casa, como o voto distrital misto, para que se tenham
verdadeiros representantes do povo.
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Tive mais votos que muitos Deputados da bancada do Rio de Janeiro. Não fui
eleito nem por empresários, nem por sindicais. Mas fui o Deputado que teve 50% de
votos da cidade que produz 75% do petróleo nacional, Macaé, no Rio de Janeiro. Fui
o Deputado que teve quase 50% de votos em todos os Municípios da minha
vizinhança, que compõe o complexo produtivo de petróleo nacional.
E agora vem o blabláblá que o Presidente deu dinheiro, que mandou convidar
para um almoço na Granja do Torto. Também ouvi dizer que Lula preparou um
churrasco ali na esquina. É assim que as coisas chegam a esta Casa, parece a
música da minha campanha, cheias de blablablá e de lero-lero.
Este País precisa é de ação. É por isso que o PT nunca irá chegar à
Presidência desta Nação, porque ele já ficou velho antes de crescer. O discurso é o
mesmo, seja na Câmara dos Deputados, seja na Câmara de Vereadores da minha
cidade.
É lamentável, Sr. Presidente, que falem em nome dos trabalhadores, quando
nunca ouvi dizer que o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva trabalhasse em qualquer lugar,
mas anda de aviãozinho para lá e para cá.
Muito obrigado. (Palmas)
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O SR. SERAFIM VENZON – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. SERAFIM VENZON (Bloco/PDT-SC. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com grande satisfação que
acrescento os meus comentários ao dos demais colegas Parlamentares,
homenageando o 8º aniversário da Lei Orgânica de Assistência Social, a conhecida
LOAS. Graças às mudanças trazidas pela Constituição de 1988, podemos estar
reunidos para dizer da importância dessa lei, em especial , para a Seguridade Social
e, sobretudo, para os pobres deste nosso País.
Foi o projeto LOAS que possibilitou a criação da Secretária de Assistência
Social — SEAS, para a qual foram transferidas as competências do extinto
Ministério do Bem-Estar Social e viabilizou a efetivação da própria Lei Orgânica de
Assistência Social.
Dessa maneira, a LOAS, através da SEAS, tem realizado um trabalho muito
forte no sentido de melhorar a qualidade de vida da população brasileira, em
especial àquela de baixa renda. A SEAS criou uma rede de atendimento social,
desenhando uma política pública de combate à exclusão, que tem como prioridade
aquela parcela da sociedade em situação de risco social. Há investimento na
construção de uma estrutura de serviços e programas com o fim de contribuir para a
erradicação da pobreza. O objetivo dessa Secretaria é formular programas
preventivos e de inclusão, que atendam a diferentes faixas etárias e a diferentes
situações de exclusão social.
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A partir disso, percebemos que a SEAS procura dar atenção especial às
crianças de 0 a 6 anos. São creches, brinquedotecas e projetos articulados de
combate à desnutrição infantil. Esses projetos atendem a crianças desnutridas,
vítimas de violência e portadoras de deficiência.
Além das crianças, há também uma preocupação com nossos idosos e
portadores de deficiência, cujo eixo é a inclusão na família e na comunidade,
obedecendo às prerrogativas da LOAS, dentre as quais se enquadram a proteção à
família, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes
carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação das
pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida
comunitária.
Seguindo essas premissas, a SEAS gerencia programas de erradicação do
trabalho infantil, na busca do rompimento do ciclo que gera a pobreza. Um árduo
trabalho, que tem como desafio consolidar uma política que possa estar combatendo
os fatores que produzem e reproduzem a pobreza e que afetam os indivíduos em
diferentes etapas de sua vida. O principal objetivo do projeto de erradicação da
pobreza é formular atividades que contribuam para a permanência, inserção ou
reinserção de crianças e adolescentes nas escolas brasileiras.
Inserção e participação são os objetivos mais indicados pelos projetos da
SEAS. A intenção é salvar toda uma geração que se vê sem expectativa, pois
carregam o peso de virem de uma família sem oportunidades socioeconômicas. Um
dos programas mais visíveis é o “Agente Jovem”, que capacita jovens de 15 a 17
anos para o mundo do trabalho e para atuar em suas comunidades nas áreas de
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saúde, cultura, meio ambiente, cidadania, esporte, turismo, e previdência social,
fazendo com que esses jovens possam contribuir para a melhora de alguns
indicadores sociais nos locais onde vivem, além de habilitá-los a desenvolver um
projeto pessoal de vida.
Hoje, o Brasil aplica cerca de 21% do Produto Interno Bruto, ou seja, mais de
R$20 bilhões em programas sociais, mas a população mais carente nem sempre
tem acesso a esses recursos, que muitas vezes estão pulverizados entre projetos
dos diferentes setores da área social, sem qualquer convergência. Portanto, o
Governo Federal tem alguns desafios, quais sejam focalizar as ações nas regiões
mais pobres de todas as unidades da Federação, montar uma verdadeira
engenharia que atenda à complexidade do fenômeno da pobreza, que coloca o
Brasil na contramão da história contemporânea.
Para isso conta com a ajuda da Secretaria de Estado de Assistência Social,
que tem como principal papel a garantia da implementação de uma política de
desenvolvimento social eficaz, que alcance realmente o público-alvo do atendimento
assistencial, e que busque otimizar a utilização dos recursos financeiros, materiais e
humanos.
Para tanto, faz-se necessária ação conjunta de todas as esferas de Governo
e uma interação de suas instituições com a sociedade civil, para efetivo e profícuo
trabalho em prol dos necessitados.
Portanto, precisamos ter em mente que os grandes problemas do Brasil não
são apenas de ordem econômica. Estão também ligados à ordem cultural,
educacional, habitacional, de segurança e de lazer. É fato que a pobreza está muito
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mais ligada à falta de acesso aos direitos básicos do que apenas a questões
econômicas.
Dessa maneira, a SEAS tem se esmerado em monitorar e avaliar todos os
procedimentos a fim de identificar melhor os destinatários da assistência social e
aperfeiçoar a priorização das ações, considerando os recursos orçamentários, e
disponíveis.
Além disso, deverá ser preocupação da SEAS identificar as necessidades de
aprimoramento dos recursos humanos e melhorar a articulação institucional com
maior envolvimento dos Conselhos Estaduais e Municipais, estabelecer parcerias
com ONGs e buscar integrar ações com outras áreas, como saúde, educação,
trabalho, esporte e lazer.
Somente com a ampliação do conceito da assistência social será possível
melhorar a condição dos brasileiros e torná-los cidadãos. O Brasil tem de deixar de
ser apenas a oitava economia do mundo, para ser o oitavo também em qualidade de
vida, em desenvolvimento humano e em igualdade social. É um verdadeiro disparate
essa atual situação em que o País se encontra. O Brasil é um país muito rico em
tudo, mas sua maior riqueza é seu povo. Mas ele tem amargado anos de sofrimento,
de incerteza e de humilhação.
Nesse momento em que comemoramos o 8º Aniversário da Lei Orgânica de
Assistência Social, precisamos pensar que muito mais poderá ser realizado, desde
que haja vontade política e participação da população brasileira.
Muito obrigado.
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A SRA. LUCI CHOINACKI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro novamente o meu repúdio ao projeto
de lei do Governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) que acaba com os direitos
conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras deste País com muita luta,
sacrifício e sangue.
Ontem, em Florianópolis, em ato público na Esquina Democrática, foi possível
sentir na pele o quanto o povo está angustiado e apreensivo com esse projeto.
Também não é para menos, senhoras e senhores, pois o que se pretende fazer
nesta Casa é antipopular, antidemocrático, um ato de terrorismo contra a classe
trabalhadora do Brasil.
Com a participação de representantes dos sindicatos dos eletricitários e dos
bancários da Capital de Santa Catarina, bem como dos diretórios municipais do PT e
do PCdoB, entregamos mais de 3 mil panfletos em menos de duas horas de
mobilização popular.
A rejeição do povo ao projeto de FHC e aliados, entre eles o Governador
Amin e o Senador Jorge Bornhausen, era imediata. Ninguém aceita perder direitos
sagrados.
O que percebemos também é que a população não está informada sobre
esse assunto, conforme constatou pesquisa da Folha de S.Paulo — 46% dos
entrevistados não sabem do que se trata essa mudança na Consolidação das Leis
do Trabalho. As pessoas não sabem que, se esse projeto passar, o trabalhador terá
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de optar entre continuar no emprego ou exigir o seu sagrado décimo terceiro salário,
muitas vezes usado para comprar um presente no final de ano ou para pagar
alguma conta pendente. As trabalhadoras, se esse regime de escravidão for criado
por essa lei de FHC, não terão direito à licença-maternidade. Eles querem que as
trabalhadoras dêem à luz dentro das fábricas?
Conclamo as pessoas que estão nos ouvindo, contrárias a esse projeto, que
telefonem a cobrar para os gabinetes de Deputados e Deputadas que votam com o
Governo — o povo não tem dinheiro para gastar em ligações telefônicas — e peça
que votem contra esse projeto que ele quer enfiar goela abaixo nesta Casa.
Espero que os representantes do povo nesta Casa usem o bom senso e
pratiquem justiça, não se vendendo, como o Presidente FHC e o Ministro Malan, ao
Fundo Monetário Internacional, ao sistema financeiro internacional e ao capitalismo
imperialista dos Estados Unidos.
O povo necessita de cidadania, moradia, comida, educação, trabalho, saúde,
terra para plantar... E mais uma vez o Presidente FHC tenta dar um golpe sujo, de
cima para baixo, sem debater democraticamente essa proposta perversa.
Lá fora, festivo, FHC fala do Brasil moderno. Aqui dentro, em seu Governo,
aumentou de 30 para 50 milhões o número de pessoas que estão abaixo da linha de
pobreza.
Basta de injustiça social.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. EURÍPEDES MIRANDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EURÍPEDES MIRANDA (Bloco/PDT-RO. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, neste final de semana, visitei a Ponta do Abunã, no meu
Estado de Rondônia, e percebi a decepção da população em virtude da total
intrafegabilidade da BR-364, que liga a cidade de Porto Velho a Rio Branco.
O trecho até Abunã está todo esburacado. E o pior, Sr. Presidente, é que há
Parlamentares do meu Estado anunciando construções de três grandes pontes. Se
não se consegue fazer a manutenção adequada da rodovia federal, imaginem
construir pontes de grande porte sobre o Rio Madeira: uma, que liga o Brasil à
Bolívia; outra, que liga o Estado de Rondônia ao Estado do Acre e outra que dá
acesso ao Estado do Amazonas. São obras da mais alta importância, da mais alta
relevância. Todos torcemos para que essas obras venham a acontecer, pois
ajudarão sobremaneira o desenvolvimento do Estado de Rondônia, mas a
população fica indignada ao utilizar a BR-364, trecho que liga Rio Branco a Guajará-
Mirim, e perceber a total falta de manutenção, o total descaso com aquela rodovia
federal.
Era o registro que gostaria de fazer, devido às enormes reclamações da
população do Estado de Rondônia.
Por outro lado, quando cheguei a Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova
Califórnia encontramos a população preocupada com a falta de atenção ao pequeno
produtor.
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Essas localidades, incluindo Fortaleza do Abunã, sobrevivem do extrativismo,
mas quem vive da atividade não está contando com o apoio das autoridades
competentes. Muitos estão vendendo sua propriedade ou abandonando sua terra
momentaneamente. Vão para a cidade procurar meios de sustento para a família, o
que é lamentável. Há farta propaganda sobre extrativismo, mas a prática mostra-nos
que se trata de grande mentira, pois o homem do campo que tenta sobreviver dessa
atividade está passando por grandes dificuldades.
Sr. Presidente, estive com presidentes de cooperativas e associações em
Nova Califórnia e Extrema e com pequenos proprietários rurais em Vista Alegre do
Abunã. Na oportunidade, recebi muitas reclamações. Eles disseram que o
extrativismo é muito bonito no papel, mas na prática não deixa de ser um engodo,
uma farsa, tanto que muitas famílias já abandonaram sua terra e foram morar na
periferia das cidades.
Sr. Presidente, se o extrativismo não está dando resultado para quem vive da
renda familiar no campo, a verdade é que os que plantaram café também não se
deram bem.
Tenho dito sempre nesta Casa que os produtores de café foram altamente
penalizados, pois seu produto não tem preço e muitos deles enfrentam dificuldades
enormes com os bancos oficiais.
Na mesma situação encontram-se os que produzem leite na nossa bacia
leiteira. Estão tendo de pagar para entregar seu produto aos laticínios.
Sr. Presidente, gostaria de lembrar que se falou muito em flexibilização na
época do plano de estabilidade. Hoje, fala-se em flexibilização da CLT. A
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flexibilização na reforma administrativa foi um grande desastre, apesar de dizerem
que era modernidade.
Esperamos que essa flexibilização que estão pregando tanto em relação à
CLT não venha a ser mais um engodo ou uma falsa modernidade.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. ENIO BACCI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ENIO BACCI (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. dissesse qual é o quorum neste exato
momento, pois há informação de que os Deputados da Oposição que não deram
presença, mas usaram da palavra terão seus nomes computados. Em função disso,
pelos meus cálculos, já teríamos 257 em plenário.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Todos os Parlamentares que
usaram da tribuna tiveram seus nomes registrados e serão somados ao número
registrado no painel. Registraram suas presenças 212 Deputados e usaram da
palavra 32. Faltam 13 Deputados para atingirmos o quorum regimental.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
– Sr. Presidente, diante disso, nós, do PDT, pedimos aos Srs. Deputados que
venham ao plenário.
Estamos numa discussão com as Lideranças dos partidos de Oposição para
começarmos a dar esse quorum e precipitar a votação, que esperamos seja
concluída com a rejeição do projeto.
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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Antes de dar prosseguimento à
sessão, esta Presidência dá conhecimento ao Plenário do seguinte ofício do Sr.
Presidente do Senado Federal:
Sr. Presidente,
Comunico a V.Exa. e, por seu alto intermédio, à
Câmara dos Deputados que esta Presidência convoca
sessão conjunta a realizar-se amanhã, dia 5 do corrente,
quarta-feira, às 10 horas, no plenário da Câmara dos
Deputados, destinada à apreciação do Projeto de Lei nº
18, de 2001, do Congresso Nacional, e dos Projetos de
Decreto Legislativo nºs 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,12 e 14, de
2001, do Congresso Nacional.
Na oportunidade, renovo a V.Exa. protestos de
estima e distinta consideração.
Senador Ramez Tebet
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Passo a ler, agora, comunicado do
Sr. Presidente Aécio Neves.
Srs. Deputados,
No dia 21 de novembro de 2001, esta Presidência,
através do Ofício-Circular nº 41/01, encaminhou a todos
os Srs. Líderes e Deputados as normas para a eleição de
dois Membros do Conselho da República, conforme
determina o artigo 89, VII, da Constituição Federal.
Como é do conhecimento de todos, o Conselho da
República constitui-se em órgão superior de consulta do
Presidente da República.
O prazo de inscrição foi encerrado no dia 3 de
dezembro do corrente ano.
Cumpriram, até aqui, as exigências estabelecidas
nos procedimentos para eleição de membros do Conselho
os seguintes candidatos, em ordem alfabética, cujos
currículos estarão à disposição de todos em avulsos
amanhã:
Deputado Alberto Goldman;
Deputado Antonio Kandir;
Deputado Chico Sardelli;
Deputado Claudio Cajado;
Deputado Edmar Moreira;
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Dr. Evandro Lins e Silva;
Deputado Itamar Serpa;
Deputado José de Abreu;
Dr. Marcelo Cerqueira;
Maria Lúcia Roberto Argenta;
Dr. Walter da Costa Porta;
Dra. Zilda Arns.
O mandato dos dois membros a serem eleitos pela
Câmara dos Deputados é de 3 anos. A eleição seguirá, no
que couber, o mesmo rito regimental previsto para eleição
dos membros da Mesa.
Esta Presidência convoca para amanhã, dia 5, na
sessão ordinária, o início da eleição dos dois membros do
Conselho da República pela Câmara dos Deputados e
seus suplentes.
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O SR. NELSON MARQUEZELLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna para
elogiar a empresa aérea TAM, que decidiu investir o montante de 100 milhões de
reais para criação de um centro de tecnologia no Município de São Carlos, Estado
de São Paulo.
Esse investimento, segundo o presidente da empresa, Sr. Daniel Mandelli
Martin, será realizado no período de 4 anos, com previsão de criar 4 mil novos
empregos para toda a região de São Carlos.
Na primeira fase do projeto estão sendo criados quinhentos empregos.
O Centro Tecnológico será construído em três etapas. A primeira foi
recentemente inaugurada e se refere ao hangar para manutenção de aeronaves,
onde foi feito um investimento inicial de R$22 milhões.
Hoje, as manutenções das aeronaves da companhia são realizadas no
Aeroporto de Congonhas, na Capital paulista, e também na França.
Com a transferência das operações de manutenção, a TAM vai economizar
cerca de U$2 milhões ao ano.
Na segunda etapa, constituída pela ampliação da pista e construção de
oficinas auxiliares, deverão ser absorvidos cerca de R$20 milhões. O projeto prevê
também a construção de um hangar com capacidade para dar manutenção a aviões
de grande porte, como o Airbus 330.
A inauguração dessa fase deve ocorrer em novembro de 2002.
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Ao final dos quatro anos, o projeto do Centro Tecnológico vai contar com a
pista ampliada, três hangares e um call center para reservas de vôos. Terá
também um centro de desenvolvimento na área de tecnologia da informação e um
site de contingência na área da informática.
Um museu do avião virá na terceira fase e deverá ser administrado pela
Fundação EducTAM.
A área total que a TAM adquiriu para esse projeto em São Carlos é de 182
alqueires e foi comprada da antiga Companhia Brasileira de Tratores — CBT.
Sem dúvida nenhuma, Sr. Presidente, esse investimento que a TAM está
fazendo irá contribuir em muito com o processo de desenvolvimento não só do
Município, como de toda a região de São Carlos.
Aproveitando esta oportunidade, Sr. Presidente e nobres Deputados, quero
deixar aqui registrado os meus votos de congratulações por esta iniciativa de
investimento da TAM e o meu reconhecimento pelo alto grau de competência e
qualidade demonstrados não só na prestação dos serviços de transporte aéreo
comercial, como também na modernidade das ações administrativas deste
segmento tão importante de nossa economia.
Passo a abordar outro assunto.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pela terceira vez consecutiva, a
Delegacia Federal da Agricultura no Estado de São Paulo é escolhida finalista do
Prêmio Qualidade do Governo Federal, que será entregue, hoje, no Palácio do
Planalto, com a presença do Exmo. Sr. Presidente da República, Fernando Henrique
Cardoso.
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Àqueles que, como eu, conhecem de perto o trabalho que vem sendo
desenvolvido, no âmbito da qualidade total, pela unidade do Ministério da Agricultura
no meu Estado, não surpreende a decisão dos avaliadores vinculados ao Programa
de Qualidade no Serviço Público.
O impacto das ações implementadas pela DFA de São Paulo no sentido de
fazer avançar o programa de qualidade que, desde março de 1996, vem sendo
executado, com esforço e dedicação, por seus funcionários, tem recebido o
reconhecimento de todos os que delas tomam conhecimento, se envolvem ou se
beneficiam.
Tanto que a Delegacia Federal da Agricultura em São Paulo foi escolhida,
desde o ano 2000, pelos seus próprios pares, como organização âncora do
Programa, ou seja, uma unidade responsável pela mobilização das demais
instituições públicas brasileiras em âmbito regional, com o objetivo de promover
adesões à qualidade no serviço público, apoiando-as, ao mesmo tempo, no
processo de transformação gerencial.
Dentre os dezessete finalistas do Programa de Qualidade do Governo
Federal, ciclo 2001, outra unidade do Ministério da Agricultura, além da delegacia
Federal no meu Estado, figura na relação de ganhadores. Refiro-me à DFA do
Estado do Mato Grosso do Sul, que, junto com São Paulo, tem sabido gerenciar
exemplarmente seu programa de qualidade total.
Por mais essa merecida vitória, Sr. Presidente, estão de parabéns as
representações da agricultura nos Estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo,
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personificadas nas atuações de seus delegados, o engenheiro agrônomo José
Antônio Roldão e o médico veterinário Francisco Sérgio Jardim, respectivamente.
Igualmente está de parabéns o Ministro Pratini de Moraes, que, mais uma
vez, demonstra preocupação com a melhoria crescente da qualidade total em sua
Pasta e principalmente com os funcionários das duas delegacias, de cujo esforço
emana a força transformadora que há de colocar este País no lugar de destaque que
ele tanto merece.
Muito obrigado.
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O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, peço a V.Exa. que me informe acerca do quorum desta sessão, já
que foi feito, pela Mesa, controle dos Srs. Deputados que usaram da palavra.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Estão presentes 272 Srs.
Deputados.
O SR. WALTER PINHEIRO – Sr. Presidente, solicito a V.Exa. seja iniciada a
Ordem do Dia neste exato momento, já que há quorum na Casa.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Vamos iniciá-la dentro de instantes.
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O SR. POMPEO DE MATTOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Pedro Valadares) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero fazer coro com outros Deputados que se
manifestaram não só contra o projeto sobre flexibilização da CLT, como também
sobre sua urgência.
Tal projeto não passa de desmonte da CLT. Sei que mentira dita mil vezes
vira verdade. Imagine a própria verdade repetida várias vezes.
É preciso que façamos a repetição dessa verdade para que fique calando
profundamente na consciência não só dos Parlamentares governistas, como na da
população brasileira, que tem conhecimento da verdade, daquilo que acontece.
Aliás, o que se quer com a aprovação desse projeto é simplesmente acabar
com as férias, com o décimo terceiro salário, com a insalubridade, com as horas
extras, com a garantia de salário, com a licença-maternidade, enfim, com os direitos
dos trabalhadores. É desculpa esfarrapada dizer que, com a flexibilização, haverá
aumento de emprego no País. Engane-se quem quiser.
Sr. Presidente, dá para enganar uma pessoa por um dia, muitas pessoas por
muitos dias e até todas as pessoas por toda a vida, pois a vida é tão curta que há
pessoas que morrem enganadas. Agora, há pessoas que não podemos enganar:
nós mesmos. Engane-se quem quiser com esse projeto do Governo.
Em nenhum país onde a tal flexibilização foi implantada houve geração de
emprego. Aliás, a Argentina, exemplo mais próximo, está numa derrocada
econômica. Se o Governo quer gerar emprego, é fácil: basta diminuir os juros, criar
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perspectiva de crescimento econômico, dar oportunidade às empresas de ter capital
de giro e de se expandir. Se não quer fazer isso, diminua o custo social do emprego.
Hoje o empregado vale o dobro, uma vez que parte ganha quem trabalha,
enquanto a outra o Governo recebe em impostos. Se a empresa contrata um
funcionário por 500 reais por mês, o Governo ganha outros 500 reais de COFINS,
INSS, enfim, de impostos e mais impostos — não conseguimos nem descrever.
Tudo isso, Sr. Presidente, gera na Casa tal situação de constrangimento que
a própria base do Governo não sabe o que fazer. Alguns Deputados adoeceram;
outros estão viajando, porque não conseguem sustentar sua posição. Sabem que o
projeto é contra o trabalhador; entretanto, não sabem como dizê-lo em face de
estarem comprometidos com o Governo até mesmo na liberação de verbas.
É tal o constrangimento que gostaria de registrar fato inusitado. O eminente
Líder da bancada do PTB, Deputado Roberto Jefferson, realizou uma façanha no
primeiro dia de votação. Encaminhava antecipadamente voto favorável ao projeto.
Na medida em que a bancada governista retirou-se do plenário, S.Exa. encaminhou
contra o projeto. Quer dizer, no mesmo dia, assumiu duas posições.
Em virtude da falta de quorum, no dia seguinte, a matéria voltou à votação. E
o eminente Deputado Roberto Jefferson anunciou a liberação da bancada.
Imediatamente, em decorrência de o painel não ter funcionado adequadamente e a
bancada governista ter saído do plenário, S.Exa. encaminhou pela obstrução. Ou
seja, primeiro era a favor; depois, contra; mais adiante liberou e, logo após, obstruiu.
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Sr. Presidente, jamais presenciei tal fato na Casa. Não estou querendo dizer,
contudo, que o Deputado agiu ou não corretamente, mas apenas demonstrar o
significado do projeto.
Qual o discurso que vale? A favor do projeto ou contra ele? O discurso que
liberou a bancada ou o que obstruiu a votação? Aliás, esse é o constrangimento que
as bancadas, especialmente a do Governo, passam à opinião pública. Deixo muito
claro o fato de não ser possível a esta Casa dobrar-se à vontade onipotente do
Presidente Fernando Henrique Cardoso.
É hora de estarmos com o povo trabalhador, que espera de nós voto contrário
ao projeto.
O Sr. Pedro Valadares, 1º Suplente de Secretário,
deixa a cadeira da presidência, que é ocupada pelo Sr.
Aécio Neves, Presidente.
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O SR. LAEL VARELLA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. LAEL VARELLA (Bloco/PFL-MG. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, poder saudar a Federação do
Comércio do Estado de Minas Gerais nesta oportunidade é, para nós, motivo de
orgulho e de satisfação pessoal. Com seus 63 anos de existência e de participação
nos assuntos mais relevantes e inerentes à economia de Minas e do Brasil, sem
perder de vista seu objetivo primeiro, a defesa dos empresários do comércio, sua
diretoria sempre se pautou pelos princípios éticos e morais, marca registrada de
seus dirigentes no passado e no presente. Já na sua fundação, nos idos de 1938,
época conturbada, em que o mundo estava à beira de uma nova catástrofe mundial,
a Federação do Comércio teve pela frente os desafios de administrar uma nova
legislação trabalhista, que impunha aos empresários e trabalhadores uma nova
situação nas relações de trabalho. Uma leitura das atas da entidade revela, desde
cedo, a preocupação de sua diretoria com os temas relevantes para o País.
Sobrepondo-se às dificuldades inerentes a uma entidade nova, a Federação
cresceu, se impôs, e nos dias de hoje sua abrangência regional lhe dá a obrigação
de atender a mais de 350 mil estabelecimentos espalhados por Minas Gerais,
independentemente de seu porte e de seu capital social.
Para cumprir essa difícil tarefa, a Federação conta com seus parceiros
naturais, os sindicatos do comércio localizados nos maiores e mais representativos
Municípios mineiros, propiciando ao empresariado consultoria e orientação técnica
nos diversos aspectos que envolvem a empresa. Ao longo dos anos, soube também
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exercer uma política de aproximação e de respeito mútuo com todas as entidades de
classe, procurando sempre fazer prevalecer o interesse coletivo da categoria
representada, por meio do diálogo constante, competente e convincente.
Ninguém melhor do que o pequeno e o médio empresários do comércio para
discorrer sobre as agruras e dificuldades para gerir seus negócios, cada vez mais
envolvidos pelo aparato de leis, decretos, medidas provisórias, portarias e um
infindável elenco de encargos, que fazem com que o dirigente da empresa perca-se
nesse emaranhado de obrigações. Se ele não dispuser de quem o ajude e o oriente
com seriedade, competência técnica e isenção, certamente ficará à mercê da
burocrática máquina administrativa oficial, sempre pronta para torturar o pequeno e
o médio empresário nacional. É nas suas respectivas entidades de classe que o
empresariado tem que se abrigar e buscar os conhecimentos que se fizerem
necessários para sobreviver nesse mar revolto que vem caracterizando a economia
brasileira ao longo de décadas.
Exatamente para ajudá-lo nesse mister, a Federação de Minas realiza
pesquisas objetivando levantar dados de relevância que possam servir de guia no
relacionamento dos empresários com o mercado. Pesquisando tendências,
sistematizando informações, orientando sobre oportunidades de investimentos e
identificando caminhos menos sujeitos a turbulências de mercado, municia os
empresários de valiosas informações sobre a realidade do comércio frente à
conjuntura nacional e internacional. Procedimento idêntico ocorre na área do
comércio externo, onde, além de orientações técnicas, presta apoio logístico, emite
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documentos, edita publicações específicas e promove o intercâmbio de informações
com vista a ampliar os horizontes do comércio exterior de Minas.
Se as paredes da Federação do Comércio pudessem falar, certamente teriam
histórias — e quantas — para contar a respeito do desespero de pequenos e — por
que não? — grandes empresários diante de malfadados planos econômicos, de
confisco de dinheiro, de tabelamento e congelamento de preços, de lojas fechadas,
de comerciantes simples e trabalhadores sendo presos em razão de uma
mercadoria sem etiqueta ou de uma mera divergência de preços afixados em um
simples grampo de cabelo ou em um sabonete de segunda categoria.
Quantos atropelos, incertezas e angústias as paredes daquela casa ouviram.
Quantos também foram os conselhos, as orientações e palavras de conforto que
permitiram a todos superar os momentos mais difíceis.
Há também páginas alegres, de grandes realizações e de pioneirismo, como
foi o caso do lançamento de publicações voltadas ao comércio exterior na década de
70 e que até hoje são demandadas por empresas e técnicos envolvidos na área.
Contribuições de fôlego foram dadas às reuniões nacionais de empresários,
denominadas de Conferência Nacional das Classes Produtoras, das quais partiram
muitas conquistas para os setores produtivos do País. Mais recentemente, por
ocasião das comemorações dos 100 anos de Belo Horizonte, a Federação do
Comércio lançou estupenda publicação contando a história do comércio e sua
importância para o crescimento econômico da Capital. Trata-se de documento
histórico, pioneiro, instigante, pelo seu conteúdo, e que ficará marcado na vida da
Capital mineira. A verdade é que ao longo dessas seis décadas, a Federação do
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Comércio do Estado de Minas Gerais acumulou um longo e vasto currículo por
serviços prestados à comunidade empresarial mineira. Com assento nos principais
conselhos empresariais geridos por órgãos públicos e privados, jamais deixou de dar
sua contribuição aos temas que sejam relevantes para o empresariado do comércio
mineiro e nacional, tanto no comércio interno quanto no externo.
Aqui mesmo, nesta Casa, a Federação do Comércio sempre teve presença
marcante junto aos Parlamentares, seja cobrando, seja contribuindo com idéias para
o aperfeiçoamento das nossas leis. Trabalho árduo e profícuo foi o desenvolvido
quando das discussões da Constituição de 1988, ocasião em que a Federação
acompanhou, de perto todo o processo, com apresentação de emendas e
sugestões. Enviando seus técnicos a Brasília, prestou até mesmo consultoria a
vários Parlamentares sobre assuntos específicos e de alta relevância para a vida
sindical brasileira. Filiada à Confederação Nacional do Comércio, entidade maior do
sistema sindical brasileiro no setor terciário, sempre se fez representar naquela
diretoria, ocupando cargos condizentes com sua dimensão regional e nacional.
Nesta oportunidade em que prestamos justa homenagem à Federação, não
devemos nos esquecer de dizer que homenageamos conjuntamente todo o
comércio mineiro e seus respectivos empresários, que atuam nos mais diversos
ramos de atividade e dão no dia-a-dia valiosa contribuição para a formação do PIB
mineiro. Responsável não só pela geração e circulação de riquezas no Estado
mineiro, o comércio é ainda o grande sorvedor de mão-de-obra, contribuindo
decisivamente para minorar o difícil quadro de desemprego que assola o País. Esta
questão deve ser, para todos nós, sempre motivo de grave preocupação, pelo
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esgarçamento do tecido social, provocado pela perda da dignidade humana, que se
dá quando alguém procura ganhar o pão de cada dia e não tem onde buscá-lo
honestamente. O papel do comércio é até mesmo estratégico, pois, dada sua
pulverização quanto às atividades e capilaridade quanto à distribuição espacial,
quanto mais pudermos incentivar e facilitar a criação de novos empreendimentos,
mais pessoas poderão estar empregadas e trabalhando regularmente, minimizando
as crueldades causadas em decorrência do desemprego.
Por meio de um trabalho continuado, exercido pela Federação do Comércio e
pelo SENAC de Minas, não só os empresários têm acesso às modernas técnicas de
gestão, como os empregados do comércio encontram o aprendizado necessário
para suas ações diárias junto ao consumidor. O mundo deste século será o mundo
do conhecimento, e educar, preparar e qualificar pessoas para essa nova era é uma
obrigação que envolve não só Governo, mas também todos aqueles dirigentes de
empresas ou entidades de classe que têm consciência da responsabilidade social.
Na outra ponta do sistema, o SESC mineiro proporciona o indispensável lazer ao
comerciário, promovendo a integração da família comerciária mineira em ambiente
acolhedor.
A grandeza dessas instituições em Minas não teria sido possível não fosse o
incansável trabalho de seus dirigentes, personificados hoje na figura de seu atual
Presidente, Renato Rossi. Homem que, por modéstia, se afasta do foco das luzes,
mas também não fica nas sombras, sabendo agir nas horas mais difíceis com
firmeza e bom senso, emprestando às entidades que dirige seu conhecimento,
adquirido na vitoriosa vida empresarial. Homenageando Renato Rossi, estamos
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homenageando todos os demais presidentes que o precederam nessa trajetória de
vida da Federação do Comércio, os quais deram valiosas contribuições pessoais
para que a entidade tivesse hoje o grau de respeitabilidade de que goza no cenário
nacional.
Portanto, homenagear a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais
e também o comércio mineiro é uma dívida que temos hoje a honrar e o prazer de
resgatar.
Tenho dito.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. FERNANDO GABEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FERNANDO GABEIRA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, proponho a V.Exa. seja feito sucinto relato sobre o problema
apresentado pelo painel semana passada.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Será feito. Atenderei V.Exa.
O SR. FERNANDO GABEIRA - Sr. Presidente, vai haver explicação técnica
sobre o ocorrido. Politicamente, o Congresso tem condições de dar resposta a esta
crise: votando abertamente, como deveria ter sido feito da última vez. Para a maioria
da população, a forma como votaremos é tão importante quanto o conteúdo.
Houve crise acerca do painel no Senado. Nossas circunstâncias foram
completamente diferentes, embora seja fundamental que os Líderes do Governo
considerem a questão política. Não há possibilidade de vitória técnica, numérica.
Vitória política, neste projeto, só seria obtida se os Deputados dissessem, clara e
transparentemente, como votam.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Oportunamente a Mesa se manifestará.
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O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MILTON TEMER (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o laudo da UNICAMP nos dá informação bastante preocupante, motivo
pelo qual peço providências a V.Exa. com respeito ao procedimento de votação.
Diz o item 3, letra “a”:
Ao constatar esse erro, o mecanismo de segurança
bloqueia novas ações, buscando, assim, preservar a
integridade da base de dados.
Isso impede — e chamo atenção de V.Exa. — que o resultado seja exibido no
painel, ainda que esteja preservado no sistema. O que quero dizer com isso — e
chamo a atenção de V.Exa. — é que, se o dado é preservado no sistema, sem que
se revele o grau de sigilo, algum funcionário pode ter acesso durante a votação,
independentemente de os Parlamentares não saberem como a votação está
transcorrendo; ou seja, alguém com acesso ao sistema conhece o pinga-pinga dos
votos.
Nesses termos, Sr. Presidente, no meu modo de ver, esse é o espaço de
quebra de sigilo durante a votação. V.Exa., para mim, não inspira a menor
desconfiança.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Obrigado a V.Exa.
O SR. MILTON TEMER – Mas muita coisa já foi votada nesta Casa com
variações brutais de tempo de espera de votação, o que — vou ser realista — pode
ser interpretado como espaços em que os Presidentes da Casa sabiam quem estava
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votando e como. Então, peço a V.Exa., a fim de que esse sigilo não seja perigoso,
que, ou se estabelece, desde já, tempo fixo para votação pelo painel,
independentemente da matéria, ou a votação estará permanentemente sob suspeita
de pressão durante o pinga-pinga dos votos.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vou responder a V.Exa. com todo
respeito que merece, Deputado Milton Temer. V.Exa. sempre foi Parlamentar zeloso
pela imagem desta Instituição, sem abrir mão da rigidez e da firmeza com que
defende seus pontos de vista.
Aproveito a oportunidade para responder de forma muito clara e objetiva a
sua indagação, até porque ela foi objeto de consulta aos Líderes e aos
representantes da UNICAMP. Aliás, em nome da Casa, agradecemos a presteza e
eficiência com que trabalharam durante todo o final de semana, para tentar sanar a
preocupação de V.Exa.
Deputado Milton Temer, sobre a possibilidade de os dados serem acessados
pelos terminais durante a votação antes de serem apresentados no painel, eles são
divulgados simultaneamente. E isso ocorre apenas no momento em que se acessa o
encerramento da votação.
Quero tranqüilizar V.Exa. de forma definitiva em sua natural preocupação.
Não há possibilidade de acesso ao painel durante o processo de votação. Além
disso, os técnicos constataram a eficiência do sistema. Estou providenciando a
distribuição desse relatório — aliás, já o fiz aos Líderes partidários — a cada
Parlamentar, uma vez que a informação final dos representantes da UNICAMP foi
pela eficiência do sistema da Câmara dos Deputados, que, com sobra, atende, e
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continuará atendendo com segurança, às necessidades desta Casa, Deputado
Milton Temer.
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O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
SR. MILTON TEMER (PT, RJ – Pela ordem) – O que peço a V.Exa. é algo
concreto, para que não haja nenhuma dúvida. Tenho um sobrinho de 17 anos que é
capaz de entrar nesse sistema e saber como está a votação. O que quero
estabelecer com V.Exa. é um comportamento de plenário: que as votações passem
a ter, a partir da determinação de sua abertura, um tempo fixo, independentemente
de a matéria ser votada. Pronto, está resolvido! Por exemplo, quinze minutos para
votar, qualquer que seja a matéria.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Antes de iniciar a Ordem do Dia e
tranqüilizando V.Exa., quero informar que seu sobrinho poderá, talvez, acessar o
Pentágono, mas não terá acesso à votação da Câmara dos Deputados, porque o
sistema é desconectado, criptografado e autônomo.
Tomarei como sugestão a proposta de V.Exa., até porque, em duas votações
distintas, adotei absolutamente o mesmo critério, mantendo o mesmo tempo para
ambas.
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VI - ORDEM DO DIA
PRESENTES OS SEGUINTES SRS. DEPUTADOS:
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A lista de presença registra o
comparecimento de 287 Srs. Deputados.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Vai-se passar à apreciação das
matérias sobre a mesa e das constantes na Ordem do Dia.
Item 1.
Continuação da votação, em turno único, do
Projeto de Lei nº 5.483-B, de 2001, que altera o
dispositivo da Consolidação das Leis do Trabalho,
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de
1943; tendo pareceres dos relatores designados pela
Mesa em substituição às Comissões: de Trabalho, de
Administração e Serviço Público, pela aprovação deste e
das emendas apresentadas em Plenário de nºs 1, 2, 3, 7,
8, 9 e 10, com substitutivo, conforme publicado.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa requerimento no
seguinte teor:
Requeremos, nos termos do art. 117, inciso VI, do
Regimento Interno da Câmara dos Deputados, que seja
retirado da Ordem do Dia o PL nº 5.483-C/01.
Assina o Bloco PSB/PCdoB, além do Líder Rubens Bueno.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado
José Antonio Almeida, como autor do requerimento.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) –
Retiro o requerimento, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está retirado o requerimento pelo autor.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Antes de iniciar a votação, a
Presidência esclarece que há apenas um destaque para a matéria, para a expressão
“ou acordo coletivo”, contida no art. 618 da CLT, art. 1º do Substitutivo.
Não foi acolhido destaque para a expressão “complementar”, contida no
parágrafo único do art. 618, art. 1º do Substitutivo, por alterar substancialmente o
teor da matéria aprovada.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa o seguinte requerimento:
Requeiro votação nominal para o Substitutivo do
PL nº 5.483/2001.
Sala de Sessões, 4 de Dezembro de 2001.
Assina o Deputado Fernando Coruja.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado
Fernando Coruja, como autor do requerimento.
O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, vamos retirar esse requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está retirado o requerimento.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o substitutivo oferecido
pelos Relatores designados pela Mesa, em substituição às Comissões de Trabalho,
de Administração e Serviço Público e de Constituição e Justiça e de Redação,
ressalvados os destaques.
Como vota o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB?
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB tem pleno
conhecimento da natureza da matéria que está sendo votada neste instante na
Câmara dos Deputados. Os Srs. Deputados que tiveram a oportunidade de ler o
best-seller “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, sabem muito bem qual o
caráter da matéria que votarão a partir de agora. Não adianta sofismar!
O Relator fez uma modificação dizendo que iria retirar possíveis
inconstitucionalidades. Que inconstitucionalidades eram essas? Em primeiro lugar,
era preciso proteger o FGTS e, em segundo, era preciso proteger a Previdência
Social.
Sras. e Srs. Deputados, não há nenhum tipo de proteção aos trabalhadores
com a aprovação dessa matéria. Tudo o que foi conquistado ao longo dos últimos 60
anos, por meio das grande lutas do movimento sindical e dos trabalhadores em
nosso País, será destruído pela força do rolo compressor que o Governo tem à
disposição: o farto emprego da mídia, o Orçamento da República e, ainda, o cinismo
de dizer que nada será alterado.
Sr. Presidente, esta é a única lei que será alterada, modificada de forma
absoluta, sem que precise ser revogada. Podemos dizer que chegamos ao cúmulo
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do cinismo neste País. Esta votação faz de nós recordistas em barbaridades!
O que existe de proteção na CLT, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é o
que faz a diferença entre o mercado livre do sistema capitalista, onde o trabalhador
pode vender sua força de trabalho, e a senzala. Isso é o que estamos discutindo
aqui. Lamento que estejamos votando esta matéria no início do Século XXI; lamento
que, a esta altura, Deputados e Senadores da base governista estejam abrindo
caminho para o retorno de nossos trabalhadores ao cativeiro.
Por isso, Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota “não”.
Precisamos derrotar essa política destruidora das conquistas do povo, enviada a
esta Casa por Fernando Henrique Cardoso!
Não terminamos aqui. Vamos votar sob condições lamentáveis. O Senado da
República anunciou que se posicionará contrariamente à matéria, e os Deputados
da base governista vão fazer esse tipo de serviço, que será barrado no Senado.
O povo deve se levantar e não permitir que esta matéria seja aprovada no
Congresso Nacional. A votação de hoje é apenas o começo do debate.
Repito, Sr. Presidente: o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB vota “não”.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco Parlamentar
PL/PSL?
O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, meu partido deixa claro que deseja discutir mais a matéria. Fomos
contra o regime de urgência desde o início. Realizamos outra reunião e decidimos
continuar firmes em nossa proposta, tentando convencer os companheiros que não
seguiram a orientação partidária.
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Encaminhamos o voto “não”.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o Bloco Parlamentar
PDT/PPS?
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é evidente que o Bloco Parlamentar PDT/PPS
encaminha o voto “não” à proposta do Poder Executivo que está sendo apresentada
na forma de Substitutivo ao Projeto nº 5.483/01.
O Governo usou a Constituição para estabelecer urgência na votação da
matéria nesta Casa. Há três semanas não deliberamos porque o Governo
determinou a urgência para a votação de um projeto que não pode ser apreciado de
forma precipitada, porque se trata de perda do trabalhador e da apropriação indébita
de direitos pelos empregadores, que teriam muito a dar ao empregado. No Brasil, o
que se deve flexibilizar é a renda acumulada durante décadas, que fez o País
chegar à situação de crise em que se encontra.
O Bloco Parlamentar PDT/PPS vota “não”, e, neste encaminhamento,
estabelece o compromisso maior com o trabalhador brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PTB?
O SR. ROBERTO JEFFERSON (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, estão aguardando, no gabinete da Liderança do PTB, o Presidente da
Força Sindical e Vice-Presidente do PTB, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e
outros presidentes de sindicatos brasileiros, em especial, os de São Paulo,
sindicatos de empresas privadas regidas pela CLT. Tais pessoas se reuniram com a
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bancada do PTB para pedir, em nome da Força Sindical, que votássemos a favor do
projeto.
Entendo que há autoridade política na posição de contestar o projeto, pois
esse é um modo de desgastar o Governo no início de ano eleitoral. Por outro lado,
não há autoridade maior que os Presidentes das centrais sindicais.
De um lado, há a CUT, que é contrária ao projeto, mas tem posição inspirada
no funcionalismo público e burocrático; afinal, hoje essa central sindical é mais
representativa dos funcionários públicos. A central sindical do trabalhador da
iniciativa privada é a Força Sindical. E, em todos os momentos, o Presidente da
Força Sindical esteve presente na Câmara dos Deputados para dizer que é a favor e
que o projeto é do interesse do trabalhador e dos sindicatos.
Dessa maneira, procurando pacificar o PTB, pois neste momento a bancada
ficou muito dividida, o nosso encaminhamento é no sentido de liberar o voto.
Pessoalmente, repito a minha posição, como venho fazendo desde o princípio
da discussão do projeto: sou favorável a sua aprovação. Acompanho a posição do
Vice-Presidente do PTB, Presidente da Força Sindical, Paulinho. Pessoalmente,
votarei favoravelmente, mas a bancada do Partido Trabalhista Brasileiro está
liberada para a votação.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A bancada do PTB, portanto, está
liberada.
Como vota o Partido Progressista Brasileiro, Deputado Odelmo Leão?
O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados, o Partido Progressista Brasileiro vai encaminhar o voto
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"sim", favorável ao projeto. Vamos dizer por quê.
O PPB quer modernidade na relação capital e trabalho. Os nossos
trabalhadores e trabalhadoras, por meio dos seus sindicatos e, se preciso,
recorrendo as suas centrais, estão bastante amadurecidos para as decisões que
tomarem nos seus acordos coletivos e nas assembléias. Caso não seja possível, Sr.
Presidente, a lei é clara: permanecerá a CLT, a Constituição Federal, a lei
complementar, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; ou seja, todas as
garantias dos trabalhadores brasileiros estão asseguradas pelo projeto.
Por isso o projeto é bom, moderniza a relação capital e trabalho e abre nova
perspectiva, inclusive, para investimentos externos e para criação de novos postos
de trabalho no nosso País.
Sr. Presidente, gostaria que o Plenário me desse um minuto de atenção.
Neste momento, relatarei acordo feito pelo Sindicato dos Empregadores do
Comércio de Uberlândia e Araguari, filiado à CUT, que diz o seguinte:
Acordo Coletivo de Trabalho
Que fazem, de um lado o Sindicato dos
Empregadores do Comércio de Uberlândia e Araguari,
com base territorial nos Municípios de Uberlândia e
Araguari-MG, CGC.25.649.153/0006-95, neste ato
representando os trabalhadores da empresa Goremar
Máquinas para Construção Ltda., conforme deliberação
de assembléia realizada em 30/05/2000 e especificado
em ata anexa; e de outro, a empresa Goremar Máquinas
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para Construção Ltda., com as seguintes cláusulas e
condições (...).
Vejam bem: o PPB defende que os trabalhadores, sem ferir a Constituição
Federal, sem ferir a CLT, sem ferir a lei complementar, sem ferir os direitos
garantidos ao trabalhador, possam fazer as discussões e seus acordos.
Vamos ver o acordo que esse sindicato filiado à CUT fez para os seus
trabalhadores:
I - Os trabalhadores ora representados resolvem dar por
quitadas as horas extras prestadas entre o dia 1º de janeiro
de 1999 e 30 de março de 2000.
Ora, o sindicato retirou dos trabalhadores o direito garantido a horas extras.
Este acordo o PPB não defende. O PPB defende aquele que realmente favorece o
trabalhador brasileiro.
II - Fica acordada a prorrogação da jornada de
trabalho por dois dias em até 06 (seis) horas, nos meses
de fevereiro e novembro, para elaboração de balanços da
empresa, restrita aos dias normais de trabalho, ou seja,
de Segunda a Sábado, mantidas as demais condições de
compensação ou pagamento das horas extras definidas
na Convenção Coletiva de Trabalho.
III - O presente instrumento vigorará durante o
mesmo prazo da atual Convenção Coletiva de Trabalho,
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sendo válido exclusivamente para os trabalhadores da
empresa acima citada.
O acordo vem assinado pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de
Uberlândia e Araguari e pela construtora.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Subdelegacia do Trabalho em
Uberlândia renegou esse acordo, remetendo-o ao Ministério Público do Trabalho,
em Minas Gerais, que determinou à empresa que o elaborou pagar as horas extras
aos seus trabalhadores e mais aquilo que lhes era devido em convenção, de acordo
com a CLT, com a Constituição e demais leis que regem o trabalho em nosso País.
Significa que esse acordo foi cancelado pela Delegacia do Trabalho, porque feriu a
Constituição brasileira. O próprio Ministério Público do Trabalho mandou elaborar
um termo de conduta — se repetisse, seria aquele sindicato penalizado.
Sr. Presidente, está claro agora: aqueles que dizem defensores dos
trabalhadores, retiram, em acordo coletivo, os seus direitos.
O PPB defende que, na sua plenitude, possa o trabalhador brasileiro discutir e
decidir o que é melhor para ele.
Por isso, o PPB, tranqüilamente, vota “sim” a este projeto que moderniza a
relação capital e trabalho no Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Como vota o PT?
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, creio que este Plenário ouviu agora o exemplo
nítido do que a Câmara dos Deputados pode produzir hoje ao aprovar este projeto.
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Esta votação, Deputado Odelmo Leão, não vai ferir a lei. Esta votação vai
matar a lei! Se foi possível em Uberlândia a DRT evitar que o acordo, que fere a lei,
continuasse prejudicando os trabalhadores, com o projeto do Governo não se vai
mais poder fazê-lo. É dessa forma que os acordos vão prejudicar os trabalhadores
do País.
E mais: o argumento de muitos Deputados é que a Força Sindical o estaria
apoiando integralmente. No Estado do Deputado Odelmo Leão, Minas Gerais, a
Força Sindical posicionou-se ao lado da Central Única dos Trabalhadores, da
Central Geral dos Trabalhadores, ao lado dos trabalhadores, esclarecendo que esta
matéria não criará em hipótese alguma condição favorável a eles, pelo contrário, sim
trará a precarização, a fragilização, a destruição no mundo do trabalho.
Quero chamar a atenção para o fato de que o Governo fala muito em
números, mas em momento algum, nem através das suas Lideranças, nem através
do Ministro do Trabalho, ele apresentou dados concretos
Que atividade da economia se beneficiará com geração empregos advinda
desta matéria?! E aí quero chamar os Srs. Deputados para uma reflexão. Vou falar
de uma empresa que aparentemente não tem crise, que é monopolista no Brasil
porque toda a infra-estrutura da comunicação lhe pertence e não tem competidor: a
EMBRATEL, empresa que controla todos os meios de comunicação do País, bem
como satélite e fibra ótica.
A EMBRATEL, no balanço recentemente aprovado e divulgado afirma que
mesmo se retirarem a despesa com os trabalhadores, os custos com mão-de-obra e
os pagamentos de salários, ainda fechará no prejuízo.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Portanto, não é a massa de salário que pesa. E não estou falando de uma
empresa qualquer em Chorrochó na Bahia, não estou falando de uma empresa
qualquer no Piauí ou onde quer que esteja; estou falando de um conglomerado, o
maior do mundo em comunicações, a MCI, que no Brasil chama-se EMBRATEL.
Ainda dizem que essa medida vai impulsionar. Impulsionar o quê? Na
realidade o problema não está na mão-de-obra. Não é flexibilizando essas relações
nem destruindo o conjunto de leis ordinárias, que esta Câmara aprovou para dar
eficácia aos dispositivos constitucionais, que se vai resolver o problema. Não se
trata de atacar a CLT nem de defendê-la.
O que a Câmara pode aprovar hoje é a destruição de todas as leis ordinárias
que aprovamos ao longo dos anos, dando eficácia e aplicabilidade aos dispositivos
constitucionais. A forma de pagar o décimo terceiro salário é garantida por lei, bem
como o direito de se gozar férias. O que esse projeto propõe é que a lei deixe de
valer, que seja ultrapassada, violada, que seja mais do que ferida: vire letra morta. É
isso o que esse projeto propõe. É isso o que está em jogo.
Não há outro caminho que não o de dizer claramente: não é aprovando
projeto desse porte que a economia brasileira vai sair do marasmo em que se
encontra, que o comércio ou a indústria voltarão a respirar. Já aprovamos contrato
por tempo determinado, banco de horas, a possibilidade de o comércio abrir aos
domingos. Contudo, isso não serviu, em hipótese alguma, para aumentar o nível de
emprego em Pernambuco ou para resolver a quebradeira de pequenas, médias e
mesmo grandes empresas no País.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sr. Presidente, mais do que a questão de rolo compressor do Governo, de
ameaça ou de troca de emendas ou cargos, peço aos Deputados reflexão. Por que
essa pressa toda?! Qual é o sentido de um projeto, que, saído daqui, vai para a
geladeira dos corredores desta Casa, aguardar votação no próximo ano? Se ele tem
essa eficácia, fundamental seria dizer exatamente onde ele se aplica, de que forma,
qual o quantitativo que vai atingir e que números trará para a economia. Mas quanto
a isso o Governo não sabe responder. Obviamente, a experiência tem apontado que
não é punindo a classe trabalhadora que nossa economia vai disparar.
Peço aos Deputados que olhem os nossos vizinhos. Na Argentina, os
trabalhadores começam a se matar por conta da flexibilização; a própria Europa, que
abriu em parte seu conjunto de regras no mundo do trabalho, está sofrendo por isso.
É de se perguntar: qual foi a aplicabilidade e a eficiência dessa medida? Qual a
eficácia concreta desse processo?
Sr. Presidente, o Partido dos Trabalhadores vota “não” a essa matéria.
O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é a terceira ou a quarta vez — nem sei
mais, já perdi a conta do número de vezes — que votamos esta matéria.
Em toda votação insistem em nos perguntar qual é o encaminhamento do
PMDB. Esta é a quarta, quinta vez, não sei, corrijam-me, se estiver equivocado, que
venho ao microfone dar as razões que motivaram nosso partido a encaminhar a
votação contrária à matéria.
Trata-se de projeto polêmico, que divide as opiniões. Se fosse, como do
nosso desejo, suspensa a urgência urgentíssima, certamente poderíamos a ele ter
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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adensado algumas sugestões para aprimorá-lo. No entanto, não foi possível.
O PMDB, por ter a convicção de que ele gera desconfiança para o
trabalhador, que vê na sua aprovação a possibilidade de o poder econômico forçar
acordos no sentido da supressão dos seus direitos, pela terceira, quarta, quinta vez,
vem à tribuna dizer que encaminha o voto "não" e solicita aos seus Deputados que
votem contra a aprovação do projeto.
O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) –- Sr.
Presidente, o PSDB tem absoluta convicção de que a Câmara dos Deputados vai
ratificar a votação da semana passada. Infelizmente, o painel, diante da pane, não
teve possibilidade de publicar aquele resultado.
Parabenizo o Presidente Aécio Neves pela forma absolutamente transparente
de agir diante daquela situação. S.Exa. teve o cuidado de manter a sociedade
tranqüila frente ao resultado a ser divulgado.
A prudência, a seriedade e a competência do Deputado Aécio Neves fazem
com que hoje o painel volte a ser utilizado. Cada Deputado votará de acordo com
sua consciência.
O PSDB tem absoluta convicção de que o projeto moderniza as relações do
trabalho e do capital. Participei da Constituinte de 1988. Não posso, por isso, deixar
de ler o art. 7º, inciso XXVI, da Constituição — Título II, Dos Direitos e Garantias
Fundamentais, Capítulo II, Dos Direitos Sociais, que diz:
Art. 7º..................................................................................
XXVI — reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho.
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Ou seja, o Constituinte de 1988 já previa a possibilidade de acordos coletivos
serem feitos, fazendo com que o interesse patronal dos trabalhadores pudesse estar
presente nas negociações entre capital e trabalho.
Por isso tudo, tenho certeza de que vamos ter a ratificação. Espero, inclusive,
que com quantidade ainda maior de votos do que na sessão anterior, quando esse
projeto alcançou 255 votos favoráveis. Agora a sociedade, participando das
discussões, teve a inteireza de toda a questão que estava sendo votada e sabe que
não há supressão alguma de direitos e garantias dos trabalhadores brasileiros.
O PSDB vota “sim” e recomenda aos seus Parlamentares que cheguem ao
plenário para termos uma votação rápida e eficiente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Esta Presidência agradece a V.Exa. as
palavras elogiosas.
O PSDB vota “sim”.
Como vota o Bloco Parlamentar PFL/PST? Líder Inocêncio, desejamos que
V.Exa. se recupere o mais breve possível dessa conjuntivite.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) -
Obrigado, Presidente.
Minhas palavras são para tranqüilizar o Líder Odelmo Leão.
Acordos daquela natureza, meu caro Líder Odelmo Leão, com essa nova lei,
não mais se repetirão, porque não se vai eliminar direito algum, seja constitucional,
seja de lei complementar, seja de FGTS, seja da saúde, seja da segurança do
trabalhador, seja referente a tíquete alimentação, vale-transporte, direitos tributários
ou previdenciários. Antes dessa lei, havia acordos em que não se pagavam horas
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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extras. Isso não mais acontecerá, pois será negociada a maneira de pagá-las,
ficando assim demonstrada a importância desse projeto.
Não recebi até agora manifestação alguma de sindicato contra o projeto. Não
houve até agora, repito, um único sindicato que se manifestasse. Sabem por quê?
Porque o projeto é bom, fortalece o sindicalismo. As centrais sindicais é que
protestaram. Essas, sim, poderão enfraquecer-se. É uma briga somente de poder e
não de defesa da classe trabalhadora do País.
A sociedade brasileira está convencida. São 70 milhões de trabalhadores.
Apenas 40%, ou seja, 28 milhões têm carteira assinada. Quarenta e dois milhões
vivem na informalidade. Com esse projeto, poderemos trazer os que estão na
informalidade para a formalidade, para a carteira profissional.
Os Estados Unidos da América, que têm população muito maior do que a do
Brasil, têm 75 mil causas trabalhistas. O Brasil tem 3 milhões de causas trabalhistas.
Sabem por quê? Porque não há legislação que permita flexibilização nas
negociações.
A Organização Internacional do Trabalho, que protege o trabalho no
sentimento de que o trabalhador é a parte mais frágil na relação entre capital e
trabalho, persegue o entendimento como tema fundamental para dirimir questões,
desde que os direitos do trabalhador sejam preservados.
Sr. Presidente, disseram que na Europa esse tipo de flexibilização não deu
certo. Na Europa foi onde mais deu certo. A Inglaterra, que optou pela flexibilização,
tem hoje os menores índices de desemprego de sua história. E a Espanha, que não
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fez a flexibilização, tem 18% de desempregados. Essa é a verdade que precisa ser
dita.
José Pastore, advogado conhecido, professor da USP, hoje respondeu a dez
questões demostrando a importância do projeto para melhorar não só as relações
entre patrão e empregado, mas, sobretudo, para a garantia do emprego.
Não precisamos de palavras — elas se somam —, mas sobretudo de ações.
No recente fato da Volkswagen, em que foram preservados 3 mil empregos, houve
flexibilização. E essa flexibilização pode ser contestada na Justiça. Por isso
precisamos de lei dessa natureza, para que seja preservada.
Sr. Presidente, por tudo isso e muito mais, o Brasil precisa se modernizar e
modernizar sua legislação; legislação que teve e tem grande mérito desde 1943.
Hoje, precisamos fazer com que seja preservada, mas permitindo avanços à
legislação. Os avanços são enormes.
Com essa lei que estamos votando agora, não se tira nenhum direito. Quem
disser que retira direitos está querendo enganar a opinião pública. Não serão
retirados direitos da classe trabalhadora. Pelo contrário, negociações poderão ser
feitas não só para preservar o emprego, mas para garantir certas condições de
manutenção da empresa e, ao mesmo tempo, de pagamento ao trabalhador.
Vou citar um caso. Por exemplo: uma empresa está em dificuldade; precisa
pagar o décimo terceiro salário. A legislação diz que só pode pagar em uma ou duas
parcelas. Se a empresa negociar, poderá pagar em maior número de parcelas.
Outra coisa que precisa ser dita: a negociação não pode ser feita entre patrão e
trabalhador. A negociação só pode ser feita entre patrão e sindicato. Não pode ser
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feita diretamente. E mais: pode ser revogada a qualquer instante por uma das
partes.
Se hoje se fez e amanhã o sindicato achar que não foi benéfica para a classe
trabalhadora, ele pode rescindir o contrato no mesmo momento. Outra observação:
a experiência é por dois anos. E eu tenho certeza de que daqui a dois anos, por
unanimidade, esta Casa vai votar novamente esta legislação, porque beneficia a
classe trabalhadora brasileira.
Sr. Presidente, o Brasil não pode andar na contramão da história. O Brasil
não pode andar na contramão daqueles que desejam um país moderno e eficiente.
O modernismo só pode ser feito se preservarmos direitos dos trabalhadores ao
mesmo tempo em que possibilitarmos às empresas negociar em igualdade de
condições com os trabalhadores.
Outrossim, não venham dizer que no interior os sindicatos são fracos, que
não podem e não têm condições de negociar porque o patrão pode fazer pressão.
Não, Sr. Presidente, os sindicatos, se forem fracos, podem pedir a aquiescência da
federação, da confederação, da central sindical.
Como vai haver flexibilização vai haver mais demissões. Não vai haver mais
demissões. Pastore mostra que vai evitar demissões. Por que não se vai demitir?
Porque a negociação não vai ser entre patrão e empregado, não vai ser entre patrão
e um grupo de funcionários da empresa, mas entre patrão e sindicato da categoria
correspondente.
Por tudo isso, temos certeza de que o Brasil vai ganhar, a classe trabalhadora
vai ganhar e vamos ter uma legislação à altura das necessidades do País, ao
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mesmo tempo em que reforçamos aquilo que a Organização Internacional do
Trabalho proclama como modernidade e como benefício para a classe trabalhadora.
O Bloco Parlamentar PFL/PST vota “sim”.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O Bloco Parlamentar PFL/PST vota
“sim”.
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O SR. ALEXANDRE CARDOSO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma
questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ALEXANDRE CARDOSO (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, assisti atentamente ao encaminhamento do Deputado
Inocêncio Oliveira, que mostrou a flexibilização do pagamento do décimo terceiro, do
adicional noturno, das horas extras. Como nosso partido vai argüir a
insconstitucionadade do projeto, caso seja aprovado, gostaria que a Mesa dirimisse
a questão.
As afirmações feitas pelo Líder Inocêncio Oliveira ferem de forma contundente
o financiamento da seguridade social. Todas as pessoas que estão neste plenário
sabem que se flexibilizarmos o pagamento em dez vezes, e não em uma, estaremos
alterando o financiamento da seguridade.
Quero que V.Exa., se incorporar a justificativa do Deputado Inocêncio
Oliveira, decida essa matéria. Ou consideramos sem efeito o encaminhamento do
Deputado Inocêncio Oliveira ou a matéria é inconstitucional. Evidentemente, o que
está sendo apresentado é a flexibilização da seguridade. Gostaria que V.Exa.
decidisse a questão de uma vez por todas. Ou estamos alterando o financiamento
da seguridade ou o que está sendo encaminhado fica sendo outro projeto.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Alexandre Cardoso,
certamente V.Exa. sabe que quem haverá de decidir a questão é o Plenário. Não
cabe à Presidência julgar o mérito da orientação do Líder Inocêncio. Obviamente
aqueles que a ouviram com a mesma atenção dada por V.Exa. é que haverão de se
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manifestar favorável ou contrariamente ao projeto, discordando ou não daquele
encaminhamento.
Não há questão de ordem, Deputado Alexandre Cardoso.
O SR. ALEXANDRE CARDOSO – Eu só quero deixar registrada a matéria.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, lamento muito que depois do encaminhamento do maior partido algum
Líder venha contestar nossa orientação. Isso é lamentável, é falácia de quem não
tem argumento.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. tem razão.
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O SR. ARNALDO MADEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, primeiramente quero fazer uma constatação.
Depois de todos esses prós e contras, de ânimos exaltados durante duas, três
semanas, nesta sessão chegamos ao tom adequado do debate.
Evidentemente há divergências sobre o entendimento do projeto, faz parte da
democracia, mas o tom do debate não é mais aquele ameaçador do caos, de depois
da votação haver dilúvio.
Sabemos — e creio que até a Oposição tem consciência disso — que o
projeto representa um passo muito tímido no sentido da modernização das relações
do trabalho.
Estamos dando um pequeno passo. O cuidado por parte do Congresso
Nacional e da Comissão é tanto que a vigência do projeto será de dois anos,
exatamente para permitir verificar o efeito positivo que se está esperando, pois o
projeto não quebra nenhum direito e está tão-somente confirmando que acordos
feitos em todo o Brasil, nas mais diferentes circunstâncias, têm validade e não
devem ser impugnados pelos Procuradores do Trabalho, como tem acontecido até
hoje. O Deputado Odelmo Leão mostrou isso claramente em sua exposição, quando
citou fato ocorrido em Uberlândia com o Sindicato dos Empregados no Comércio.
Sr. Presidente, a sociedade está esclarecida, as pesquisas em geral mostram
que a maioria é a favor da modernização das relações do trabalho. No mais é aquele
discurso político-eleitoral e ideológico que todos conhecemos.
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Portanto, com muita consciência do que estamos votando e certos da
soberania deste Plenário, que tem plena percepção do que está votando, o Governo
encaminha o voto "sim".
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - O Líder do Governo encaminha o voto
"sim".
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que forem pela
aprovação permaneçam como se encontram. (Pausa.)
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Vou inverter a votação, da mesma
forma que fizemos na última sessão.
Vou solicitar que se manifestem aqueles que forem favoráveis à matéria.
(Pausa.)
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Novamente reitero que na avaliação da
Presidência há claro equilíbrio no Plenário, o que dificulta a avaliação da
Presidência.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, sugiro votação nominal.
O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, V.Exa. pode decretar a votação
nominal.
A SRA. JANDIRA FEGHALI - Sr. Presidente, peço votação nominal de ofício.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Então, como há equilíbrio, tomarei a
iniciativa de, de ofício, fazer a votação nominal.
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O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma questão
de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Questão de ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o art. 185 do Regimento Interno estabelece:
Art. 185. Pelo processo simbólico, que será
utilizado na votação das proposições em geral, o
Presidente, ao anunciar a votação de qualquer matéria,
convidará os Deputados a favor a permanecerem
sentados e proclamará o resultado manifesto dos votos.
Sr. Presidente, na medida em que V.Exa. propõe de um lado e vai decidir,
estamos invertendo o processo. Peço a V.Exa. o restabelecimento do Regimento
Interno no sentido de que o inverso...
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Líder Rubens Bueno, não há o menor
problema.
Achei que havia o entendimento do Plenário — parecia-me, pelo menos, pela
manifestação dos Líderes — no sentido de fazermos diretamente a votação nominal,
até porque ouvi de todos os Líderes, inclusive dos da Oposição, até agora, que
gostariam que a votação fosse nominal.
V.Exa. sugere que a votação seja simbólica, Deputado Rubens Bueno?
O SR. RUBENS BUENO – Não, Sr. Presidente. É que V.Exa. inverteu a
votação. Não estou preferindo. Quero o restabelecimento do Regimento Interno.
Minha preferência é pelo Regimento Interno.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência tomou a seguinte
decisão, facultada pelo Regimento: havendo dúvida, de ofício, a Presidência
determinará que seja feita a votação nominal, em nome da transparência das
decisões desta Casa, tão cobrada por todas as Lideranças.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência solicita aos Srs.
Deputados que tomem os seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema
eletrônico.
Está iniciada a votação.
Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.
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O SR. WALTER PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra, pela ordem,
para falar sobre o processo de votação.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. anunciasse o critério adotado para a votação,
uma vez que nas votações anteriores foi adotado o mesmo critério de tempo para
essa matéria.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Líder Walter Pinheiro, V.Exa. conhece
bem este Presidente e sabe que, independentemente de posições políticas e
partidárias, quando me assento nesta cadeira sou o Presidente da instituição.
O SR. WALTER PINHEIRO – Claro.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Mas não tenha dúvidas de que
buscarei, nesta ou em qualquer outra votação, manter uma relação isonômica, sem
privilégio a essa ou àquela parte.
Apenas não me anteciparei agora, farei isso mais próximo do momento do
encerramento, para que possa fazer o que faço permanentemente. No momento em
que o fluxo diminuir, anunciarei o encerramento da votação.
O SR. WALTER PINHEIRO – Só gostaria de lembrar a V.Exa. que estou
fazendo esse pleito como uma questão de ordem, pois para a mesma matéria, nas
outras duas vezes, V.Exa. arbitrou o tempo em 43 minutos.
Então, partindo exatamente do princípio de que V.Exa. tem esse
comportamento íntegro, eu diria até de magistrado, sentado na cadeira na posição
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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de Presidente desta Casa, eu pediria a V.Exa. que desse seqüência a esse
comportamento e, portanto, determinasse o mesmo tempo.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. tenha certeza de que encerro
esse nosso precioso debate.
A Presidência não decepcionará V.Exa., assim como não decepcionará
nenhum Parlamentar. Apenas não criará o precedente de, a priori, definir aqui
quantos minutos a votação demandará, para que isso não seja utilizado no futuro em
outras votações. Mas a intenção da Mesa certamente é encaminhar da mesma
forma que encaminhou nas votações precedentes.
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O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. V.Exa.
me concede a palavra?
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. pode, Deputado Miro Teixeira,
usar da palavra. Peço apenas que o faça dentro de tempo razoável, para que outros
possam fazê-lo. Faça-o de onde V.Exa. achar melhor.
O SR. MIRO TEIXEIRA – Usarei a tribuna, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A tribuna é franqueada àquele que
consegue sufrágio necessário para aqui estar. E o povo do Rio de Janeiro, por
várias vezes, quis ver V.Exa. falando desta tribuna, Deputado Miro Teixeira. Pode
fazê-lo.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, esta sessão nos remete a uma posição de alívio no cenário de revolta
até em que nós vínhamos vivendo.
Digo isso, em primeiro lugar, porque V.Exa. comandou o que poderia ser uma
crise. Da maneira como o fez, gratificou a todos nós, dando transparência ao
processo.
Em segundo, porque os Senadores já se manifestam contra o projeto. Mesmo
que o resultado nesta Casa seja desfavorável, o Líder do PMDB, Deputado Geddel
Vieira Lima, já comunicou politicamente qual deverá ser o voto do partido no Senado
Federal.
Somados os votos do PMDB com os da Oposição, passaremos de 44 dos 81
votos, ainda com possibilidade de aumentar essa vantagem.
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Finalmente, vimos os Líderes da base governista acabarem com o
desemprego no mundo. Para S.Exas. o desemprego existe em conseqüência da lei.
A Consolidação das Leis do Trabalho é uma lei volumosa, criteriosa, que detalha os
direitos dos trabalhadores. Na sustentação que fiz na semana passada, exibi
anteprojeto encomendado pelo Governo Geisel a uma das maiores autoridades em
Direito do Trabalho, o grande advogado Arnaldo Sussekind.
Hoje, em meu gabinete, respeitosamente, recortei do avulso da Câmara dos
Deputados o projeto com o qual o Governo diz que vai acabar com o desemprego. A
Consolidação das Leis do Trabalho está sendo superada por esse projeto do
Governo. Esse é o tamanho da solução contra o desemprego. Aqui está a
Consolidação e aqui está o projeto de duas linhas e meia do Governo, que, segundo
os partidos da base governista, acaba com o desemprego.
Se acaba com o desemprego, por que o Governo Fernando Henrique
Cardoso não o fez antes? Se acaba com o desemprego, por que não fez desde o
primeiro ano? Se é tão simples acabar ou reduzir o desemprego, por que o mundo
não adota fórmulas dessa natureza?
A solução não passa exclusivamente pela lei. A solução passa por uma
política de desenvolvimento, por uma reforma tributária, pelo investimento em infra-
estrutura, para que os empresários brasileiros possam verdadeiramente ser
competitivos.
Esse projeto do Governo nos remete a uma realidade, descrita pelo Líder do
PPB. O Líder do PPB foi à tribuna e discorreu sobre a existência de um acordo
anulado pela Delegacia Regional do Trabalho. Os trabalhadores em questão, num
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cenário de pressão, de redução da curva de emprego, seguramente concordaram
em reduzir direitos sob coação, sob ameaça de desemprego. Fato semelhante
ocorre com pessoas que são seqüestradas e concordam em pagar resgate.
Sr. Presidente, essa é a situação do trabalhador hoje. O trabalhador está sob
ameaça de seqüestro de seus direitos por uma tira de papel que quer suplantar a
Consolidação das Leis do Trabalho. O mais grave é que a mesma base governista
que está votando dessa maneira, quando votou o Código Civil garantiu que não
haveria qualquer espécie de acordo, de entendimento, de convenção, capaz de
suplantar a norma pública, a lei. Não pode haver entendimento privado suplantando
a lei. Isso está no Código Civil, cuja redação final estaremos votando nos próximos
dias.
Sr. Presidente, não há argumentos para reverter a aprovação deste projeto ou
do substitutivo, que pura e simplesmente revogam todos os direitos constantes da
Consolidação das Leis do Trabalho.
Peço aos Srs. Deputados da base do Governo, chamados ao
constrangimento de votar matéria tão complexa sem que tivesse havido a devida
discussão, que reflitam até sobre a inutilidade do seu sacrifício neste plenário, uma
vez que no Senado Federal já está praticamente acertado que a posição contrária à
proposta será vitoriosa. Estamos diante de um medida inconcebível, pelo absurdo
que encerra.
Se fosse tão fácil acabar com o desemprego, por que o Governo não teria
apresentado este projeto antes?
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Para encerrar, Sr. Presidente, cumprimento-o mais uma vez por deixar
absolutamente clara a impessoalidade na administração da Presidência da Câmara
dos Deputados, como exige a Constituição Federal. Mas essa mesma Constituição
deve ser respeitada também pelo Plenário, e para isso temos de rejeitar o projeto do
Governo, dizendo “não” a essa tentativa de usurpação dos direitos trabalhistas,
conquistados a partir de Getúlio Dornelles Vargas, aquele que firmou a doutrina que
até hoje resiste ao neoliberalismo. Não é desta vez que ela será derrubada, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço a V.Exa., Deputado Miro
Teixeira, as referências a mim feitas. Tenha a certeza de que a impessoalidade não
é atributo nem privilégio, mas tão-somente uma obrigação de quem preside esta
Casa.
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O SR. CLOVIS ILGENFRITZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, peço a palavra com base no que estabelece o art. 74, inciso VII, do
Regimento Interno.
Ontem fui citado pelo Deputado João Almeida, do PSDB da Bahia, que
afirmou neste plenário e, por conseqüência, para todo o Brasil, que eu teria votado
"sim", a favor do projeto do Governo, na semana passada. Já foi feita a correção
pelo Deputado Nilson Mourão, do PT do Acre, mas espero que o próprio Deputado
João Almeida reconheça publicamente que se enganou, ou agiu de má-fé.
Na lista divulgada nos jornais, o Deputado que aparece logo abaixo do meu
nome votou "sim" . Seguramente a régua que o Deputado João Almeida usou estava
um tanto torta. Peço, portanto, a S.Exa. que se retrate neste plenário. Não pode
permanecer a dúvida gerada.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Clovis Ilgenfritz, aqueles que
conhecem sua seriedade entenderam a correção que V.Exa. acaba de fazer.
Entretanto, este Presidente que tanto o respeita faz questão de confirmar de público
o seu voto, fiel não apenas à orientação do seu partido, mas às suas próprias
convicções.
O Deputado Clovis Ilgenfritz votou com a bancada do PT, portanto votou
contrariamente ao projeto do Governo, em todos os momentos em que a matéria foi
submetida à deliberação desta Casa.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Presumo que deve ter havido um equívoco da parte do Deputado João
Almeida, um dos grandes Parlamentares desta Casa, com vários mandatos. S.Exa.
terá oportunidade de se manifestar.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A SRA. JANDIRA FEGHALI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (Bloco/PCdoB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) – Sr. Presidente, realmente há poucas vozes femininas no plenário, até
porque a sociedade brasileira ainda não deu às mulheres a oportunidade de ocupar
no poder espaços na proporção da sua representatividade.
Aproveito a condição de Parlamentar mulher a fim de chamar atenção para
questões de mérito deste projeto, na esperança de sensibilizar alguns colegas.
Foi muito pouco discutida a repercussão dessa mudança no mundo feminino
do trabalho, e são gravíssimas as conseqüências, uma vez que o trabalho feminino
está regulado na Consolidação das Leis do Trabalho. Há diretrizes gerais na
Constituição, mas toda regulação e operacionalização está na CLT, que perderá sua
força se for aprovado o Projeto de Lei nº 5.483, de 2001, patrocinado pelo Governo.
Posso dar alguns exemplos. Nós, Deputadas, não corremos o risco da
demissão, afinal exercemos o mandato em decorrência do voto popular, mas está
escrito na CLT, e não na Constituição, que uma mulher grávida não pode ser
demitida. Também é a CLT que estabelece o tempo para amamentação e não
permite a discriminação por gênero no momento da ascensão funcional.
Os argumentos do Governo nos deixam numa situação muito difícil, porque,
se soprados, desabam. O argumento da modernidade, por exemplo, Deputado José
Múcio Monteiro, amigo de tantas batalhas, remete-nos ao início do século, antes de
Getúlio Vargas. O do desenvolvimento do emprego já foi sobejamente enfrentado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A derrubada de direitos mínimos, Sras. e Srs. Deputados, não ensejará a
formalização do emprego. A propósito, é importante que se diga que os acordos
citados pelo Deputado Odelmo Leão não descumpriram a lei em vigência. A CLT
estabelece garantias mínimas. Não podemos é permitir a celebração de acordos que
não respeitem esses mínimos direitos.
Sr. Presidente, o Senado Federal já anuncia que não votará este projeto no
açodamento com que ele é votado hoje na Câmara dos Deputados. Não existe essa
possibilidade. Como muitos acordos coletivos se darão neste mês e em janeiro e
fevereiro próximos, os Deputados estão se expondo demais, sem garantia da
eficácia de seu voto.
Com uma única penada, quer o Governo derrubar conquistas mínimas dos
trabalhadores brasileiros. Só estamos tentando defender o parâmetro mínimo.
Estamos abertos para qualquer proposta de melhoria na CLT. Qualquer defasagem
da lei podemos consertar. Podemos reformular para mais, não para menos, como
pretendem com a aprovação deste projeto.
É bom que se diga que esse projeto não tem apoio de nenhuma base sindical,
de nenhuma central, de nenhuma confederação. O Presidente da Força Sindical
está vindo para cá sozinho, porque a base se posicionou contra o projeto, assim
como os movimentos dos trabalhadores ligados à Central Única, à Central Geral dos
Trabalhadores e às confederações não vinculadas a nenhuma central sindical.
Hoje tentaram usar a representação dos trabalhadores para justificar a
votação desse projeto. É mentira. Não há apoio da base do trabalhador nem de
sindicato algum a esse projeto.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Quero fazer aos Srs. Deputados um apelo final de quem vivencia a realidade
concreta do mundo do trabalho, como tantos outros: não cometamos essa
arbitrariedade; não utilizemos o argumento absolutamente falso de melhoria do
mercado de trabalho. O Ministro Francisco Dornelles sabe disso.
Esse projeto, na verdade, representa uma sinalização — por isso a pressa
para sua votação — ao capital estrangeiro, ao patronato, que precisa ser
compensado pelo mau acordo do FGTS; a votação desse projeto, que nenhum
benefício traz aos trabalhadores, não beneficiará o País a curto, médio e longo
prazos.
Por isso, apelamos para que o Plenário vote “não”, a fim de garantir os
direitos do trabalhador no Brasil.
Além disso, quero chamar a atenção para o fato de que esse projeto não virá
sozinho.
Preocupa-nos que na sua esteira venha a quebra da unicidade sindical —
porque só assim se pode viabilizar um projeto tão arbitrário, com sindicatos que não
representem suas categorias ou que representem poucos filiados —, bem como o
fim da contribuição sindical, um verdadeiro absurdo para a estrutura sindical
brasileira.
Então, não imaginem que esta seja uma medida isolada, vem aí um pacote de
medidas propondo o fim da unicidade e contribuição sindicais, o que desestruturará
a resistência dos trabalhadores no Brasil.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. BABÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Babá, primeiro vou conceder
a palavra ao Deputado Vivaldo Barbosa para uma reclamação. Depois, a V.Exa.
Com a palavra o Deputado Vivaldo Barbosa, para fazer uma reclamação,
O SR. VIVALDO BARBOSA – Sr. Presidente, se V.Exa. assim preferir, posso
formular minha reclamação após o encerramento da votação, tendo em vista que
muito tempo transcorreu desde o seu início.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, a
Presidência encerrará a votação dentro de poucos instantes, atendendo, inclusive, à
sugestão do ilustre Líder do PT. Até para que no futuro não haja cobranças à
Presidência, manterei em todas as votações praticamente o mesmo tempo de
espera.
Poderia até encerrá-la neste momento, mas, como nas votações anteriores
mantivemos um tempo mais elástico, levando em consideração não o interesse de
uma ou de outra corrente, mas da Casa, manterei o tempo previsto inicialmente, o
mesmo tempo das votações anteriores.
O SR. VIVALDO BARBOSA – Mas V.Exa. não revela qual é o tempo
previsto.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, não quero
criar o precedente de definir tempo certo para o encerramento das votações, mas
garanto a V.Exa. que o tempo desta votação será semelhante ao das votações
anteriores envolvendo a mesma matéria. Portanto, V.Exa. tem tempo para formular a
sua reclamação, se ainda não o fez.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. VIVALDO BARBOSA (Bloco/PDT-RJ. Reclamação. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, temos assistido nesses dias, especialmente hoje, a uma
presença exacerbada de policiais e seguranças dentro e fora desta Casa, criando
situações desagradáveis para Parlamentares e servidores.
A atitude dos seguranças desta Casa em relação aos líderes sindicais tem
sido de agressividade e de hostilidade sem precedentes.
Estamos acostumados a ver Parlamentares entrarem no plenário
acompanhados de outras pessoas, sem qualquer manifestação dos seguranças da
Casa. O mesmo não acontece se a pessoa que acompanha o Parlamentar for um
líder sindical.
Nunca vi tanta ostensividade na segurança interna, que recrudesceu sob a
Presidência de V.Exa., que sabemos ter outra orientação, outra postura. Isso tem
acontecido sob a Presidência de V.Exa., Sr. Presidente.
Sr. Presidente, apelo para que V.Exa. reverta essa tendência e não permita
tais atitudes da Segurança, a fim de que o ambiente parlamentar não sofra o
cerceamento próprio dos tempos do AI-5, incompatível com a democracia que, bem
sei, V.Exa. pretende impor nesta Casa — embora os fatos mostrem-nos que muita
coisa está acontecendo em sentido inverso.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Vivaldo Barbosa, esta
Presidência recebe a manifestação de V.Exa. como sugestão para aprimorarmos a
ação dos funcionários da Casa.
Na verdade, esta Presidência sempre se preocupou em garantir aos Srs.
Parlamentares, legítimos representantes da população brasileira, tranqüilidade para
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exercer o seu mandato. Se algum excesso houve, gostaria que fosse formalmente
comunicado à Presidência. Obviamente, nossa recomendação é a de que haja
tranqüilidade de ambas as partes, para não assistirmos a episódios como o que
houve há algumas semanas por ocasião da votação na Comissão, ou mais
recentemente, quando parte das galerias do plenário foi interditada.
Esta Presidência pretende, o mais rapidamente possível, restabelecer o livre
trânsito de todos nas dependências desta Casa, posição que sempre adotou. Mais
do que isso, muitas vezes, por sugestão de V.Exa., abrimos a Casa, em Comissões
Gerais, a debates com a participação de toda a sociedade. Esta tem sido a nossa
conduta.
Obviamente, em face dos atritos internos e da tensão provocada pela
complexidade da matéria, algumas medidas preventivas foram tomadas para
garantir a tranqüilidade de todos durante as votações. A Presidência, a partir de
hoje, restabelecerá a postura inicial, mantida ao longo dos últimos anos.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. BABÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. BABÁ (PT-PA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,
chamou-me atenção fotografia publicada no jornal Correio Braziliense de hoje.
Tirada na Argentina, a fotografia mostra um homem de idade próxima à do
Deputado Inocêncio Oliveira, provavelmente um trabalhador demitido ou um
aposentado, que, de óculos escuros, pede esmolas. Esse é o resultado da
flexibilização laboral implementada na Argentina, onde, antes do governo Menem,
seria impossível ver um homem dessa idade pedir esmolas.
Essa realidade argentina já começa a se fazer presente no Brasil e se
instalará definitivamente em nosso País, caso seja aprovada a flexibilização laboral
hoje em votação, defendida pelo Deputado Inocêncio Oliveira sob o falso argumento
de que vai beneficiar os trabalhadores.
A propósito, Sr. Presidente, chama atenção o fato de que, assim como o
homem que pede esmolas na fotografia, o Deputado Inocêncio Oliveira esteja de
óculos escuros. O homem da fotografia, obviamente, usa óculos escuros para
esconder a vergonha de pedir esmolas. O Deputado Inocêncio Oliveira usa óculos
escuros para não ter de encarar os trabalhadores que o vêem pela TV Câmara, os
trabalhadores que pretende enganar. Os óculos que usa o Deputado Inocêncio
Oliveira, certamente, são para evitar o olho a olho com os trabalhadores que
assistem à TV Câmara, que poderão perceber que ele não está dizendo a verdade.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a cena revelada por esta fotografia já
começa a se tornar normal no Brasil. E tende a se agravar com projetos como o que
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está sendo votado, que só trará desgraça à classe trabalhadora, muito ao contrário
do que afirmam os Líderes governistas.
A classe trabalhadora tem de anotar nome por nome, Estado por Estado, para
saber quem foi que votou favorável ou contrariamente ao trabalhador. Quem votar
“sim” ao projeto estará contra a classe trabalhadora, e quem votar “não” será
favorável à manutenção dos direitos do trabalhador, descartando o FMI e o plano
determinado pelo Governo brasileiro para massacrar ainda mais a classe
trabalhadora.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Babá, chamo a atenção de
V.Exa. para o fato de que tem o direito de externar sua posição, mas também o
dever de respeitar seus pares. O Deputado Inocêncio Oliveira está com problema de
saúde e, por isso, usa esses óculos. Não há sentido V.Exa. confundir defesa das
teses que apresenta, que são legítimas, com ataque a um dos mais experimentados
e respeitados Parlamentares do País.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, não responderei ao Deputado Babá, porque não preciso dirigir-me a
pessoa desse nível; o meu nível é outro. Muito piores do que aqueles que não vêem
são os que não querem ver. Muito piores do que os cegos da vista são os cegos de
idéia. Lamentamos pelos pobres de espírito.
Peço a Deus que inspire o Deputado Babá, a fim de que ele estude um pouco
mais para debater as idéias, sem agressões, que nada somam aos trabalhos
parlamentares e às quais o Plenário dará resposta.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Haroldo Lima, sei que V.Exa.
quer fazer uso da palavra, mas estou seguindo uma lista de inscrição. Concederei a
palavra, pela ordem, aos Deputados Ricardo Barros, Edir Oliveira, Haroldo Lima,
Aldo Arantes e João Almeida.
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O SR. RICARDO BARROS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RICARDO BARROS (PPB-PR. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, neste momento, estamos realizando uma
importante votação.
A favor da matéria pesa o apoio da Força Sindical, da SDS e de centrais
sindicais cuja base é formada por trabalhadores celetistas — pessoas que, portanto,
serão afetadas pela flexibilização e que poderão, a partir da autonomia que vão
receber, negociar a favor de seus interesses. A resistência tem vindo da CUT,
central sindical formada em sua maioria por servidores públicos estatutários. Tais
funcionários não serão afetados por essa flexibilização.
O debate está muito claro. Estamos discutindo as vantagens que a população
brasileira terá a partir da votação dessa matéria. Refiro-me à possibilidade de
negociar melhor a formalização de empregos. Não estamos discutindo o
desemprego, mas, sim, a formalização desses. Hoje há 35 milhões de brasileiros
que trabalham e não possuem carteira assinada. Após a votação dessa lei, tais
pessoas terão melhores oportunidades de conseguir essa notação mediante
negociação com seus sindicatos. Esses trabalhadores poderão dar às suas famílias
o benefício do seguro social que o Governo garante.
Deve ser levado em consideração o fato de que qualquer acordo somente é
bom quando o é para os dois lados. Se a proposta não for boa para o trabalhador,
que ele não assine o acordo, que permaneça com o previsto na CLT. Não há razão
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para a impressão de que alguém será obrigado a assinar um acordo caso entenda
que este não lhe traz vantagens.
Sr. Presidente, estamos defendendo de forma entusiasmada a flexibilização
da CLT. Tenho feito inúmeros discursos da tribuna desta Casa e nos meios de
comunicação a favor desta matéria.
Na semana passada, quando houve falha no painel e não pudemos
consolidar o resultado, tivemos um momento diferente neste plenário. Houve muita
discussão. Gostaríamos que o painel tivesse registrado, naquela oportunidade, a
vitória que teremos hoje. Naquele momento, de forma entusiasmada e exaltada,
acabei me posicionando contra a atitude de V.Exa., quando suspendeu a votação
pelo painel e optou pela votação nominal. Por esse motivo quero me desculpar junto
a V.Exa., pois tive aquela reação pelo afã de dar logo aos brasileiros a grande
vantagem que virá com a flexibilização da CLT.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Aceito as desculpas de V.Exa., que
merece todo o crédito e respeito desta Presidência.
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O SR. EDIR OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EDIR OLIVEIRA (PTB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente,
registro nossa posição contrária a este projeto, baseado fundamentalmente em dois
aspectos. Primeiro, a Convenção Estadual do PTB do Rio Grande do Sul, realizada
domingo último, quando — por unanimidade dos Deputados Estaduais, Prefeitos,
Vereadores, Delegados, Presidentes e dirigentes partidários — foi aprovada moção
apresentada por um integrante, estabelecendo a posição contrária do partido a este
projeto de lei.
Sendo eu o único Deputado do PTB daquele Estado, cabe-me votar de
acordo com a manifestação da base que represento neste Parlamento.
Por outro lado, Sr. Presidente, esse também é um posicionamento pessoal.
Nós já estamos na quarta sessão de debates a respeito deste projeto. Tenho ouvido
várias manifestações dos que o defendem dizendo como ele será bom para o
trabalhador, porque as férias poderão ser divididas, a carga horária poderá diminuir
e também o salário, o décimo terceiro poderá ser diluído durante todo o ano, dentre
outros procedimentos favoráveis ao empresariado. Ainda não ouvi nenhum
argumento que me convencesse de que há alguma vantagem para o trabalhador
assalariado. Por isso, não posso votar a favor. Nós temos de mudar a CLT, e não
extingui-la. Esse projeto joga por terra 60 anos de história, para recomeçar, a partir
do momento que for aprovado, com o poder do mais forte na relação do trabalho.
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Quero registrar nosso reconhecimento ao Líder Roberto Jefferson, que, na
sua forma democrática de condução da bancada, deixou-nos liberados para votar
com nossas consciências e com nossos compromissos de representação.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Quanto mais rápido se manifestarem os
nobres pares, maior número de Parlamentares poderá falar.
Comunico ao Plenário que encerrarei esta votação no momento em que se
completarem os 43 minutos que foram respeitados nas duas votações anteriores.
Portanto, às 18h45min.
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O SR. JOÃO COSER – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOÃO COSER (PT-ES. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, a
Câmara dos Deputados, na minha avaliação, hoje deixa um marco negativo na sua
história.
Lamentavelmente, apesar do período de debate, não percebemos um único
argumento legítimo para justificar a aprovação deste projeto. Não gera emprego, não
distribui renda, não cria segurança para o trabalhador, nem para a empresa. Para
produzir de forma correta, o trabalhador precisa ter segurança.
Esta Casa abre mão de legislar pontualmente sobre cada direito do
trabalhador, passando para a relação entre patrão e empregado. Nessa relação,
infelizmente, num período de recessão econômica, de desemprego, o setor
empresarial tem mais força do que as categorias e os trabalhadores. De forma muito
especial e deplorável, os mais atingidos serão aqueles trabalhadores mais simples,
da área de serviço e do comércio.
Portanto, este projeto só traz prejuízo para os trabalhadores brasileiros e,
conseqüentemente, à economia nacional. Somos radicalmente contra, porque temos
consciência que é um desserviço que esta Casa está prestando ao País.
Por isso, registramos o voto “não”.
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O SR. ALDO ARANTES – Peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra pela ordem ao
Deputado Aldo Arantes.
O SR. ALDO ARANTES (Bloco/PCdoB-GO. Sem revisão do orador. ) – Sr.
Presidente, a base governista tem tentado trazer uma argumentação falsa, na
medida em que não convence. Tenta argumentar que parte do movimento sindical
apóia essa proposta. Tudo falso! A Força Sindical como um todo não apóia essa
proposta; o Presidente da Força Sindical de São Paulo manifesta-se publicamente
contra essa proposta e a grande maioria das centrais sindicais também. A
Associação dos Magistrados do Trabalho é contra, a Associação dos Promotores do
Trabalho, a Associação dos Advogados do Trabalho também e a Ordem dos
Advogados do Brasil já manifestou o caráter inconstitucional dessa proposta.
Sr. Presidente, na verdade essa proposta atende aos patrões, àqueles que
querem a tal liberdade completa do capital através do mercado, a retirada do Estado
na regulação das relações sociais; atende ao Fundo Monetário Internacional, que no
último acordo firmado com o Brasil diz claramente que é necessária a chamada
flexibilização dos direitos trabalhistas.
Na realidade, por trás dessa proposta está a lógica de que os trabalhadores
conquistaram muitos objetivos. Querem, portanto, sepultar a CLT.
Todo mundo sabe que o Custo Brasil decorre dos altos juros, da quantidade
de impostos, que o custo do trabalho no Brasil é absolutamente pequeno. Na
realidade, o Governo pressionou sua base, mas é importante que se diga que hoje a
luta começa, não termina.
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Os trabalhadores brasileiros irão às ruas dizer quem votou a favor ou contra o
trabalhador, quem pede seu voto e, na hora de votar, vota contra.
Por isso, o PCdoB vota de forma decidida, ao lado do trabalhador, contra a
proposta do Governo.
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A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão da oradora.) – Sr.
Presidente, as mulheres estão sendo discriminadas — a Deputada Vanessa
Grazziotin e eu.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – De jeito nenhum. V.Exa. terá a palavra,
Deputada Miriam Reid. V.Exa. não é discriminada, ao contrário, é um privilégio ouvi-
la em todas as sessões, como temos feito costumeiramente.
A SRA. MIRIAM REID – Há muito tempo estamos pedindo a palavra.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra pela ordem ao
Deputado João Almeida.
O SR. JOÃO ALMEIDA (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
gostaria apenas de fazer uma justificativa. Não posso atender ao Deputado Clovis
Ilgenfritz, provando que S.Exa. votou contra.
Ontem, circulou uma lista na qual trocaram o voto do Deputado Darcísio
Perondi pelo de S.Exa., e usei o fato num debate no plenário. Mas logo foi
esclarecido. Não quero, de forma nenhuma, dizer que S.Exa. votou diferentemente.
Votou "não".
Peço desculpas, embora o episódio tenha sido esclarecido aqui no mesmo
momento. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. mostra a grandeza de caráter,
Deputado João Almeida. V.Exa. é um dos mais importantes e ilustres Parlamentares
desta Casa.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência tem uma lista de
oradores. Obviamente não é fácil seguir exatamente a ordem. São seis microfones.
A Presidência dará a palavra ao Deputado Avenzoar Arruda. Em seguida, se
V.Exas. não se opuserem, encerrarei esta votação.
É preciso que fique claro que teremos outras votações ainda nesta sessão,
independentemente do resultado desta votação. A Presidência irá convocar, se o
tempo permitir — e espero que o permita —, sessão extraordinária da Câmara dos
Deputados para esta terça-feira, quando votaremos projeto que limita as imunidades
parlamentares e também o que cria a taxa de iluminação pública.
Portanto, apelo aos Srs. Parlamentares para que fiquem em plenário, a fim de
que possamos correr atrás do prejuízo e votar as matérias que não pudemos votar
face ao trancamento da pauta.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra, pela ordem, o
Deputado Avenzoar Arruda.
O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, serei breve. Quero registrar que muitos debates que aconteceram neste
plenário sobre esse projeto poderiam ter tido lugar na Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público, se não houvesse regime de urgência
constitucional. Essa é a primeira observação.
A segunda é que existe um destaque muito importante, que é exatamente a
retirada do que se chama acordo coletivo. Convenção coletiva é quando se trata de
sindicato para sindicato. Mas existe um destaque que não é menos importante.
Por último, Sr. Presidente, quero chamar a atenção de todos os
Parlamentares para o fato de que não se trata simplesmente de fazer o jogo de
quem votou contra ou de quem votou a favor. Trata-se de estabelecer a verdade
para que a população, conscientemente, possa saber o que cada Parlamentar está
fazendo nesta Casa. Isto é fundamental, porque, neste momento, Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Parlamentares, o plenário não é só o que estamos vendo aqui. Ele é
muito maior. Em todas as Capitais, em todas as grandes cidades, em todo o País as
pessoas estão nos assistindo. Os Parlamentares não poderão mais dizer uma coisa
na base e fazer outra aqui. Agora terá que haver coerência, porque será com essa
mesma coerência que eles irão para a tribuna pedir voto aos seus eleitores no
próximo ano.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência vai encerrar a votação.
A Presidência pede desculpas àqueles Parlamentares que não puderam fazer
uso da palavra neste instante da sessão, mas teremos ainda um bom tempo esta
noite para que todos possam se manifestar.
A Presidência vai encerrar a votação. (Pausa.)
Está encerrada a votação. (Palmas.)
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência vai anunciar o resultado.
Votaram "sim", 264 Srs. Deputados; votaram "não", 213; abstenção, 2. Total, 479,
Parlamentares.
O substitutivo foi aprovado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Estão prejudicadas a proposição inicial
e as emendas de Plenário de nº 1, 2, 3, 7, 8, 9 e 10.
Esta Presidência não submeterá a voto as Emendas de Plenário de nº 4, 5, 6,
11 e 12, por terem recebido parecer pela injuridicidade da Comissão de Constituição
e Justiça e de Redação, nos termos do § 6º do art. 189 do Regimento Interno.
(Manifestações no plenário e nas galerias.)
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Alerto aos Srs. Parlamentares que em
seguida colocaremos em votação a Emenda de Plenário de nº 13 e depois destaque
relativo a essa matéria.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado
Inácio Arruda para uma Comunicação de Liderança, pelo Bloco Parlamentar
PSB/PCdoB.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Como Líder. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é uma votação muito
simbólica para todos nós. Sempre que votamos algo justo nesta Casa abrimos um
largo sorriso, porque há justiça e sabemos que é para o bem dos trabalhadores do
nosso País. Mas quando damos uma punhalada nos trabalhadores, traindo seus
interesses, ficamos de cara sisuda, calados, escondidos. Não há o que comemorar.
(Apupos em plenário. Muito bem. Palmas.)
Sr. Presidente, este Plenário ficou mudo, não consegue articular uma palavra.
Os que apunhalaram os trabalhadores não conseguem e não podem abrir um
sorriso. S.Exas. sabem disso. S.Exas. não têm o que comemorar. Não vão poder ir
ao almoço na Granja do Torto. Não têm como ir, porque conhecem o prato que
estará sendo servido. Sabem exatamente disso.
Não poderia deixar de fazer este pronunciamento, depois de esperar, Sr.
Presidente, porque eu esperei. Esperei que o painel abrisse, o que demorou um
pouco. Depois, aguardei a manifestação, o sorriso largo, os punhos erguidos, a
saudação de algo que beneficiasse os trabalhadores, tão enganados pela promessa
de aumentar empregos, melhorar relações de trabalho.
Sr. Presidente, este Congresso, embora não com nosso voto, aprovou o
chamado banco de horas, flexibilizou a legislação trabalhista. Todos sabiam que em
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tempo algum haveria melhoria das condições de trabalho. Quiseram mais.
Avançaram.
É preciso buscar a gênese dos senhores que estão votando contra os
trabalhadores brasileiros. É preciso, sim, buscar suas heranças genéticas para saber
de onde vêm. Por isso, cito, mais uma vez, o best seller de Gilberto Freyre. Cito
Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda. Buscando suas origens, talvez os
senhores sejam nada mais nada menos do que senhores de escravos dos séculos
XVI, XVII, XVIII e XIX, que querem que nosso povo trabalhador retorne à senzala.
Conclamo os trabalhadores a erguerem sua bandeira. Vamos nos manter
firmes, companheiros! A matéria ainda vai ao Senado. E talvez aquela Casa, até
para vergonha da Câmara, anuncie sua rejeição.
Concluo, conclamando os trabalhadores. Vamos nos manter mobilizados no
Brasil inteiro, vamos ao Presidente do Senado, vamos aos Senadores, vamos
buscar forças para derrotar a matéria naquela Casa.
Dando vida, portanto, aos trabalhadores, poderemos abrir um sorriso largo.
Aqueles que os apunhalam nunca poderão fazer isso.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda de Plenário nº
13, com parecer pela aprovação.
Os Srs. Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.)
Aprovada.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa requerimento de
destaque:
Requeremos, nos termos do artigo 161, inciso I, §
2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados,
destaque para votação em separado, com vistas à
supressão da expressão “ou acordo coletivo”, constante
do caput do artigo 618, em seu parágrafo único, do artigo
1º do Substitutivo apresentado ao Projeto de Lei nº 5.483,
de 2001.
Assina o Deputado Walter Pinheiro.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, creio que nessa votação ficou consubstanciada mais uma
vez a vontade da maioria, daqueles que desejam a flexibilização das leis
trabalhistas, sem mudar nenhum dispositivo da Constituição, lei complementar,
FGTS, sobre saúde, segurança do trabalhador, tíquete-alimentação, vale-transporte
e outros.
Foi aprovado o todo, o acordo coletivo ou convenção. Aceitar esse DVS é
perder mais da metade do projeto, a essência do que foi aprovado por 264
Parlamentares, que representam mais do que a maioria absoluta da Casa, que seria
um total de 257 votos.
Acredito que esse DVS não tem sentido. Com ele perde-se totalmente a
essência do projeto, que não é só convenção coletiva; é acordo ou convenção
coletiva. No momento em se que retira a palavra “acordo” o projeto praticamente
deixa de existir. E 264 Parlamentares disseram que gostariam do projeto na sua
integralidade.
É um absurdo que um DVS venha deturpar um projeto. Sem o acordo o
projeto praticamente não existe, perde sua essência maior, que é a possibilidade de
patrões e trabalhadores, com a presença do sindicato, da federação ou da central
sindical, chegarem a um entendimento. Se o projeto dizia acordo ou entendimento,
não há por que retirar a palavra “acordo”. Se o fizermos, Sr. Presidente, perderemos
a essência do projeto.
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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra para uma
questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Questão de ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o Regimento é claro em seu art. 162, inciso IV: não será
permitido destaque de expressão cuja retirada inverta o sentido da proposição ou a
modifique substancialmente.
Não há inversão. Pelo contrário, há reforço de uma opção. O texto da lei é
claro, ele fala em convenção ou acordo. Podemos fazer a opção pelo destaque, se
queremos convenção e acordo ou se queremos somente acordo ou convenção.
Se o nobre Deputado Inocêncio quer manter o “acordo” e retirar a
“convenção”, é um direito que lhe cabe, assim como a nós tem que ser dado o
direito de manter a “convenção” e retirar o “acordo”.
Portanto, não há como acatar essa questão de ordem.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência vai responder a questão
de ordem do Líder Inocêncio, compreendendo as razões que a motivaram.
Fizemos um estudo profundo de todos os destaques apresentados. Inclusive
deixamos de aceitar um que se referia à expressão “complementar”, porque, aí sim,
estaria desfigurado aquilo que foi aprovado.
Em relação à proposta, não obstante o arrazoado competente do Líder
Inocêncio, a Presidência compreende que é possível, sim, que o destaque seja
votado, até porque sua aprovação significaria a manutenção da expressão
“convenção”, o que ainda permitiria que o texto fizesse sentido.
Portanto, a Presidência, respeitosamente, não acata a questão de ordem.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em relação ao assunto, será votado
apenas esse destaque.
Tem a palavra o Deputado Avenzoar Arruda, por 5 minutos, para encaminhar
a votação.
O SR. AVENZOAR ARRUDA (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, no encaminhamento da questão eu já
chamava a atenção dos colegas para a importância desse destaque.
Existem duas opções de acordo entre empregados e empregadores. Uma
delas é a convenção coletiva de trabalho, que só pode ser firmada entre sindicatos,
do sindicato de empregados para o de empregadores. A outra opção é o acordo
coletivo de trabalho. Esse, sim, pode ser feito entre a empresa e o sindicato dos
empregados. Prestem atenção para essa importante mudança: ela impede que um
simples acordo prevaleça sobre a lei ou sobre a convenção coletiva. Da maneira
como foi proposto o projeto, Deputado Inocêncio Oliveira, o acordo coletivo
prevalecerá sobre a convenção. É verdade! Ou seja, mesmo se existir uma
convenção entre o sindicato dos empregadores e o dos empregados, determinada
empresa pode firmar acordo coletivo para obter vantagens, inclusive competitivas,
evidentemente, sobrepondo-se ao que havia sido acordado na convenção.
Precisamos ter absoluta clareza de que a retirada do acordo coletivo é
fundamental para institucionalizar a vontade de categorias profissionais. Do
contrário, a vontade da empresa será absoluta. É exatamente isso que o acordo
coletivo fará prevalecer. Entendo que a aprovação desse destaque trará menor
prejuízo, porque, na minha compreensão, o mal já foi feito; não vou mais debater
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matéria vencida. Digo apenas que há uma diferença fundamental entre convenção e
acordo coletivo. Aquela abrange empresas e empregados, ao passo que o acordo
envolve apenas uma empresa, um interesse privado em particular.
Faço um alerta àqueles Parlamentares que não querem que um amontoado
de acordos coletivos coloquem o interesse de algumas empresas não só acima do
interesse público — e o texto da lei que se aprovou já os coloca assim —, mas
também acima dos interesses das categorias como um todo. Ou seja, vamos permitir
até, Deputado Pauderney Avelino, a existência de dumping social. Por exemplo,
determinada empresa, instalada em determinado Município, pode reduzir seus
custos por meio de acordo para competir em melhores condições com outra
empresa, instalada em outro Município. Da forma como está o texto, isso será
permitido. Mas se prevalecer a convenção, não, porque os sindicatos terão de se
pronunciar a esse respeito, tanto do lado dos empregadores como do lado dos
empregados, e o sindicato teria de defender a categoria como um todo. Essa é
questão-chave.
Por isso, esse destaque merece atenção. Trata-se de um destaque de mérito
que minimiza, sem sombra de dúvida, os nefastos efeitos do projeto, e pode corrigir
ou evitar grandes distorções. Fazendo-se convenções coletivas, de sindicato para
sindicato, haverá pelo menos a atenuante de não se exporem determinadas
categorias mais frágeis, e até empresas mais frágeis, a interesses particulares de
uma ou outra determinada empresa. Portanto, trata-se de importante questão de
mérito.
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Alguém poderá dizer que a lógica do projeto já foi aprovada, e que, portanto,
acordo e convenção são a mesma coisa, mas digo que não são. Todos sabemos
que não se trata da mesma coisa; são processos absolutamente diferentes. Até a
forma de regulamentação é diferente.
Sr. Presidente, sou pela aprovação do destaque.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Alerto os ilustres pares para o fato de
que, após a conclusão da Ordem do Dia desta sessão ordinária, convocarei sessão
extraordinária, com votação nominal de matéria constitucional. Informo ainda que
esta sessão extraordinária certamente não ultrapassará o horário das 23h30min.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Concedo a palavra ao último orador
inscrito para encaminhar a matéria, o Deputado Fernando Coruja.
O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, acabamos de aprovar a revogação da CLT.
Segundo o dispositivo aqui aprovado, a CLT só prevalecerá quando não houver
convenção nem acordo coletivo. Isso significa que uma lei com inúmeros
dispositivos perderá força diante de acordo ou de convenção coletiva.
Argumentou-se aqui que a livre negociação trará empregados para a
formalidade e aumentará o número de empregos. Ora, não é bem assim. E se esse
projeto for aprovado no Senado, certamente será derrubado no Supremo Tribunal
Federal, pois a Oposição impetrará contra ele ação direta de inconstitucionalidade.
Sim, porque a aprovação dessa lei pode fazer, por exemplo, com que o art. 3º da
CLT, aquele que reconhece as próprias relações de trabalho, passe a não valer, em
face de determinado acordo. Ora, se as próprias relações de trabalho não forem
reconhecidas, o sindicato patronal e o dos trabalhadores poderão firmar acordo
estabelecendo que determinado grupo de funcionários não será regido pela CLT, o
que é possível. Dessa forma, eles vão perder inclusive aqueles direitos excetuados
na lei que aprovamos, como o FGTS e décimo terceiro salário.
Esse projeto, na verdade, retira direitos dos trabalhadores. Não se diz em
instante algum que será possível fazer acordos de outra ordem. Acordos que
beneficiam trabalhadores já são permitidos. Agora estamos votando um destaque
para suprimir a expressão "acordo coletivo". E por quê? Porque queremos limitar o
estrago.
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Alguns citaram o caso do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, que fez
um acordo para reduzir o salário, tomando esse exemplo como base para a
aprovação da lei. Uso o mesmo argumento, mas no sentido contrário. Vejam
V.Exas., se o sindicato mais forte da América Latina teve de submeter-se à redução
de salários em um acordo, o que vai acontecer com os sindicatos mais fracos, em
confronto com o poder patronal, ou com os sindicatos patronais? Se o sindicato mais
forte teve de reduzir o que é mais importante para o trabalhador, ou seja, o salário —
embora a Constituição já o permita —, o que não vão negociar os sindicatos mais
fracos, os sindicatos pelegos deste País? E existem muitos deles. O que não vão
fazer?
A supressão da expressão "acordo coletivo" é importante, por um lado, em
virtude de permitir a negociação apenas na forma de convenção entre os vários
sindicatos, e, por outro, por impedir a negociação da empresa com o sindicato da
categoria, o que fragilizaria ainda mais os trabalhadores. Embora não acreditemos
que esse projeto prospere no Senado nem que a Justiça lhe dê eficácia ou validade
jurídica, esse destaque é importante. A supressão da expressão "acordo coletivo"
minimizará os efeitos deletérios dessa lei. Portanto, neste instante, mesmo aqueles
que aprovaram o projeto de boa-fé devem refletir. Quem sabe podemos
experimentá-lo, só por dois anos, na forma de convenção coletiva, uma vez que
estragos feitos nesses dois anos na forma de acordos coletivos não poderão mais
ser sanados?
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Se queremos preservar seus direitos, devemos escutar o trabalhador, que
não quer a aprovação desse projeto. Vamos pelo menos minimizar seus efeitos
dizendo "não" ao acordo coletivo e votando favoravelmente ao destaque.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - S.Exa. encaminha o voto favorável ao
destaque.
Em votação o destaque.
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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem,
para orientar a bancada.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. está correto. Antes, permita-me
apenas dizer que deverão encaminhar o voto "sim" aqueles que queiram manter a
expressão "acordo coletivo", e aqueles que queiram retirá-la encaminharão o voto
"não".
Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, acabamos de ver a cesta de natal que o Governo Fernando Henrique
Cardoso está preparando para o conjunto dos trabalhadores brasileiros. Para que a
cesta não seja tão draconiana e violenta, propomos a supressão da expressão
"acordo coletivo", a fim de que os sindicatos possam defender as próprias indústrias,
como muito bem disse o Deputado Avenzoar Arruda.
Nesse sentido, somos contra a manutenção dessa parte do texto. Votamos
"não".
O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o
PPB vota "sim", pela manutenção do texto.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Solicito que sejam registradas no painel
as orientações dos partidos.
Para a manutenção do texto, recomende-se o voto "sim".
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB encaminha o voto "não".
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O SR. ROBERTO JEFFERSON (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Partido Trabalhista Brasileiro vota "sim".
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS vota "não".
O SR. JUTAHY JUNIOR (PSDB-BA. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PSDB votará "sim".
Informo aos Deputados do partido que provavelmente haverá votação
nominal, o que não estava previsto. Por isso, solicitamos que continuem na Casa.
Para mantermos a vitória da primeira votação, será novamente necessário o voto
"sim" no painel.
O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PL vota "não".
O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PMDB vota "não".
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o mérito do projeto é a negociação, e hoje não existe hierarquia entre
acordo coletivo e convenção. O acordo coletivo não é feito diretamente entre o
patrão e os empregados da empresa, mas com os sindicatos. O próprio projeto
estabelece que não pode haver esse entendimento direto entre o patrão e os
empregados, mas apenas entre os sindicatos. Já a convenção é feita entre o
sindicato dos patrões e o dos empregados. Ora, Sr. Presidente, hoje prevalece o
que for mais favorável ao trabalhador; é o que estará em vigor. Portanto, tanto faz se
é acordo coletivo ou convenção, prevalecerá o que for favorável ao trabalhador.
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É fundamental manter a expressão "acordo coletivo", porque a essência do
projeto é a negociação. Portanto, o Bloco Parlamentar PFL/PST recomenda o voto
"sim".
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Como vota o Governo?
O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Governo recomenda o voto "sim".
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação o requerimento.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem pela manutenção
da expressão permaneçam como se acham. (Pausa.)
Mais uma vez há um forte equilíbrio no Plenário.
Está mantida a expressão.
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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, peço verificação de votação.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A votação foi extremamente dividida.
Será feita a verificação, como prevê o Regimento da Casa.
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O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PT entra em obstrução e orienta todos os seus Deputados e
Deputadas a não votarem até que tenhamos quorum no Plenário.
O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o
PPB orienta sua bancada a vir ao plenário para votar "sim" e manter o texto da lei.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB entra em obstrução.
O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o PMDB está em obstrução, e pede aos Deputados que não manifestem
posição quanto ao projeto até que se alcance o quorum para deliberar.
O SR. BISPO RODRIGUES (Bloco/PL-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Bloco Parlamentar PL/PSL está em obstrução.
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS também está em obstrução.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Presidência solicita a todos os Srs.
Deputados que tomem seus lugares, a fim de ter início a votação pelo sistema
eletrônico.
Está iniciada a votação.
Queiram seguir a orientação do visor de cada posto.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa comunica aos Srs.
Parlamentares que logo a seguir teremos outras votações nominais de matérias
extremamente relevantes.
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O SR. DR. ROSINHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DR. ROSINHA (PT-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
quero fazer alguns comentários a respeito do projeto de lei que votamos, bem como
do destaque que está sendo votado agora.
Recentemente, no interior do Estado do Paraná, um jornalista perguntou-me
se sou contrário ao projeto de lei, e respondi que sim, ao que ele retrucou: "Então,
Deputado, o senhor é contra a modernidade". Achei interessante seu comentário, e
retribui com outra pergunta: "Então me diga: o que é ser moderno?" E ele não soube
responder.
Temos que saber o que é ser moderno. Fazer com que a CLT perca seu valor
de lei representa um retrocesso de mais de sessenta anos. Esse retrocesso é ser
moderno?
É fácil o discurso em favor da modernidade, mas não se pensa no que é ser
moderno.
Se o atual projeto for aprovado aqui e no Senado, temos certeza absoluta de
que os trabalhadores deste País serão massacrados, de que a exploração da mão-
de-obra aumentará. Que igualdade existe na relação entre o trabalho e o capital?
Nenhuma! Sabemos que hoje o capital, o grande empresariado tem grande poder de
força, de pressão e de opressão da classe trabalhadora. Essa relação pode ser
comparada a uma luta de boxe entre mim e Mike Tyson. Com absoluta certeza, já
sabemos quem perderia. Na luta entre o trabalho e o capital também já sabemos
quem perde: são os trabalhadores brasileiros, que perderão seus direitos, suas
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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férias, seu 13º salário, suas melhoras salariais e suas condições de trabalho. Tudo
isso está sendo enterrado nesta votação.
Temos certeza , Sr. Presidente, de que os trabalhadores brasileiros saberão
analisar quem é quem nesta Casa. Todos os votos que aqui foram dados correrão
este Brasil de norte a sul e de leste a oeste, e o comportamento de cada
Parlamentar será divulgado. Temos certeza de que a classe trabalhadora dará nas
urnas uma resposta à altura dos fatos, sabendo quem a está traindo, quem está
contra os direitos dos trabalhadores.
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O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ODELMO LEÃO (PPB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
estamos em processo de votação. Portanto, o Parlamentar que ocupar a tribuna tem
que marcar seu voto.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Essa é uma decisão que tem
jurisprudência na Casa. Para o quorum, o voto é contabilizado.
O SR. ODELMO LEÃO - Gostaria então que registrasse o voto do Deputado
Dr. Rosinha, por favor.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Será feito, pois há jurisprudência dessa
matéria. Portanto, fica o alerta: aqueles que usarem da tribuna obviamente terão
suas presenças registradas.
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O SR. AGNELO QUEIROZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. AGNELO QUEIROZ (Bloco/PCdoB-DF. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, a votação desse projeto, diferentemente de outros assuntos polêmicos
tratados nesta Casa, deixou claro para a sociedade brasileira qual é a real intenção
do Sr. Fernando Henrique Cardoso. O projeto que dizem ser tão bom, tão
modernizante, é temporário. Vale apenas por dois anos.
Esse projeto é tão bom, Sr. Presidente, que para defendê-lo é preciso afirmar
de forma sub-reptícia que não estão sendo alteradas as leis trabalhistas, que não se
está atingindo a CLT, quando na verdade isso é uma tremenda falsidade. Se não há
o objetivo de alterar a CLT, para que o projeto, Sr. Presidente?
Na verdade, a aprovação desse projeto num momento de crise, de recessão,
de dificuldade para o povo trabalhador brasileiro, acarretará rapidamente, numa
primeira rodada de negociações de acordos coletivos, a retirada dos direitos que
estão consagrados há sessenta anos na Consolidação das Leis do Trabalho. É esse
projeto, que tem a marca de uma exigência de fora do Brasil, do FMI, das indústrias
multinacionais, que esse Governo submisso e humilhado do Sr. Fernando Henrique
Cardoso, com sua política totalmente voltada para o interesse do sistema financeiro
internacional, quer, a toque de caixa, por força da urgência constitucional, ver
aprovado aqui nesta Casa.
Tenho certeza de que o Senado Federal terá maior rigor na análise dessa
matéria, não adotará uma posição tão submissa, e há de rejeitar esse projeto. Essa
é a nossa esperança, a nossa convicção. Os trabalhadores brasileiros já estão
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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totalmente desprotegidos neste País em que ainda existe o trabalho escravo, em
que a maioria dos trabalhadores não tem direito trabalhista algum, como é o caso
dos informais, que compõem 60% da força de trabalho. Quanto aos que estão no
sistema formal, grande parte deles já não percebe qualquer direito trabalhista. E
agora, sob o ponto de vista legal, haverá a possibilidade de não mais existirem os
direitos trabalhistas.
Um Parlamentar da base do Governo trouxe como exemplo inquestionável do
que vai ocorrer um caso de acordo coletivo desfavorável aos trabalhadores, um
acordo que lesou os seus direitos e conseqüentemente a lei. Levado o caso à
Justiça do Trabalho, o acordo foi anulado. Obviamente, se estivesse em vigor o
projeto que a Casa acaba de aprovar, a Justiça do Trabalho não poderia de forma
alguma revogar o acordo que prejudicava o interesse dos trabalhadores.
O interesse de quem mandou o projeto a esta Casa é desproteger os
trabalhadores, não lhes dando condições, nem mesmo na lei, de assegurarem os
mínimos direitos. O forte sempre agiu assim com o fraco. Somente a lei garante a
proteção do mais fraco. Mas, infelizmente, até o direito de ser protegido pela lei está
sendo-lhe retirado. Nada mais lhe garantirá os mínimos direitos.
Nesse sentido, os trabalhadores e todo o povo brasileiro têm de se mobilizar
para que o Senado, em atitude nobre, autônoma, de resistência, consiga barrar esse
projeto.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Convoco os Parlamentares dos
partidos que não estão em obstrução e que se encontram nas dependências da
Casa para virem ao plenário.
Neste instante, quero, publicamente, prestar agradecimento ao ilustre
tenente-brigadeiro-do-ar Carlos Almeida Batista, Comandante da Aeronáutica, e por
seu intermédio a toda a Força Aérea Brasileira, que atenderam prontamente à
solicitação do ilustre Deputado Euler Morais para prestar socorro a familiares de
Prefeito ligado ao Deputado em acidente ocorrido no Estado do Mato Grosso.
Faço questão de manifestar esses agradecimentos deste plenário. Não só
desta vez como de outras, a Aeronáutica foi pronta, rápida e eficiente. Deslocou
para a área aeronaves na busca do local do acidente e de eventuais sobreviventes,
o que, neste caso, infelizmente, não ocorreu.
A Aeronáutica mantém sua equipe vigilante 24 horas por dia e merece o
respeito e o cumprimento desta Casa pela presteza, eficiência e, sobretudo, pelo
espírito de cooperação que mantém com este Parlamento.
Ficam registrado, portanto, através da solicitação do Deputado Euler Morais e
de outros, os agradecimentos desta Instituição e desta Presidência à Força Aérea
Brasileira e, em particular, ao seu comandante tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de
Almeida Batista.
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O SR. JAIR BOLSONARO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JAIR BOLSONARO (PPB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, quero complementar as palavras de V.Exa., testemunhando que o
resgate realmente foi difícil e complicado. A Aeronáutica teve de lançar pára-
quedistas no local do acidente, de difícil acesso, durante seis horas. Eu e o
Deputado Paulo de Almeida, como pára-quedistas, sabemos da dificuldade e do
risco de vida que correm os militares nessas situações.
Quero também elogiar a Aeronáutica e agradecer o apoio a V.Exa. e ao
Parlamentar que providenciou o socorro. As Forças Armadas estão realmente
preparadas para o cumprimento de sua missão.
Em retribuição, Sr. Presidente, votaremos, amanhã, em regime de urgência,
verba suplementar para pagamento de pensão das Forças Armadas.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Vamos fazer isso, Deputado.
E, apenas para complementar o registro de V.Exa., os pára-quedistas
passaram a noite no local do acidente, em condições extremamente precárias, o
que, certamente, faz com que eles mereçam, em especial, o respeito do Parlamento
brasileiro.
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O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) – Sr. Presidente, V.Exa., há pouco, afirmou que havia jurisprudência
firmada na Casa para computar o voto do Deputado Dr. Rosinha. Parece-me, data
venia, que a questão é outra, é computada somente sua presença, não o seu voto.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. tem razão, Deputado José
Antonio Almeida, e a Mesa já havia providenciado a retificação na Secretaria-Geral.
Este é um caso distinto do outro. No momento da obstrução o Parlamentar deixa de
se manifestar.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – A obstrução é um direito e ela estaria
sendo impedida.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A decisão da Casa não foi no sentido
da votação. V.Exa. tem razão.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Vamos encerrar, então, Sr. Presidente, a
votação.
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O SR. WOLNEY QUEIROZ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WOLNEY QUEIROZ (Bloco/PDT-PE. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a regulamentação da
Consolidação das Leis do Trabalho surgiu no Brasil tendo como papel principal a
concessão e proteção dos direitos dos trabalhadores que viviam um estado de
semi-escravidão, em uma época em que as relações trabalhistas eram regidas por
contratos meramente pactuais que geravam situações cada vez mais prejudiciais à
classe de trabalhadores.
A árdua conquista desses direitos promoveu a melhoria na qualidade de vida
do cidadão brasileiro e garantiu aos trabalhadores direitos básicos como piso
salarial, férias anuais remuneradas, licença-maternidade, recolhimento de FGTS,
entre outros. A garantia desses direitos através da CLT assegura a esses
trabalhadores a certeza de que terão seus interesses respeitados.
Sr. Presidente, a aprovação do projeto de lei que altera dispositivo da CLT, de
autoria do Executivo, trará ao sistema trabalhista brasileiro um retrocesso sem
precedentes, condenando o trabalhador a uma posição desfavorável e fragilizada,
tendo em vista a lamentável situação do mercado de trabalho brasileiro.
Trata-se, Sr. Presidente, de um dos projetos de lei mais cínicos de que se tem
notícias neste Congresso Nacional.
Querer que uma maioria defina o direito de todos é algo profundamente
equivocado, pois, como o próprio nome diz, é o direito de todos que está em
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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questão. É flagrantemente inconstitucional sobrepor um acordo coletivo a uma
norma jurídica. É o mesmo que facultar o cumprimento da lei.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Governo Fernando Henrique
consegue superar-se na truculência do seu saco de maldades, e é, com certeza, o
Governo mais maléfico e que mais retirou direitos do povo e do trabalhador.
É bom que a sociedade acompanhe como se posicionam os seus Deputados
e seus partidos, afinal de contas 2002 é ano de acerto, é ano de eleições, e o povo
será informado das movimentações danosas feitas por Parlamentares da base do
Governo.
O trágico resultado da aprovação dessa proposição resultará no
fortalecimento do mais forte e no enfraquecimento do mais fraco, provocando uma
inominável exclusão social e estimulando a precarização dos postos de trabalho e
da vida do cidadão brasileiro.
Fazemos questão de registrar o nosso posicionamento contrário ao Projeto de
Lei nº 5.483, de 2001, do Governo, que rasga a CLT. O povo e a História nos
julgarão.
Era o que tinha a dizer.
Obrigado.
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O SR. RONALDO VASCONCELLOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RONALDO VASCONCELLOS (Bloco/PL-MG. Pela ordem. Sem
revisão do orador. ) - Sr. Presidente, eu queria deixar muito claro que votei “não”, na
primeira votação.
Sou favorável à flexibilização da CLT, mas não nos moldes e na forma que foi
feita. Portanto, nesta, votei “sim”, porque acho que é ponderável, é aceitável.
Mas quero aproveitar, Sr. Presidente, e dizer da minha satisfação — mineiro,
que comecei na vida pública junto com V.Exa. — pela maneira com que V.Exa. tem
conduzido esse difícil processo. V.Exa. chamou de isonômica a forma como
conduziu os trabalhos, mas, além de isonômica, eu a classifico como competente.
Parabéns ao Presidente da Instituição Câmara dos Deputados do Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Parabéns a V.Exa., ilustre Deputado
Ronaldo Vasconcellos.
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O SR. FIORAVANTE – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FIORAVANTE (PT-RS. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras.
e Srs. Parlamentares, nesta tarde, tivemos uma das mais importantes votações do
Brasil, uma das mais importantes para a classe trabalhadora brasileira.
Esta votação terá significado muito mais violento e perverso para as
trabalhadoras brasileiras, que possuem, diante da legislação trabalhista, proteção
especial no que respeita à maternidade, periculosidade e insalubridade no trabalho.
Esses benefícios poderão ser objeto de modificações mediante acordos e
convenções coletivas de trabalho.
Outro grupo importante a ressaltar é o formado pelos trabalhadores negros do
Brasil. Na maioria assalariados, percebendo salários mínimos, eles serão perversa e
extremamente violentados com esta legislação.
Por isso, chamo a atenção daqueles que muitas vezes elegem Deputados
negros para defender os seus interesses. É preciso que fiquem atentos ao painel
quando esses Deputados proferirem seus votos. Refiro-me particularmente aos
Deputados negros do PFL e do PPB. Quero ver se eles votaram contra os
trabalhadores que os elegeram, em especial os da raça negra.
Não nos esqueçamos, igualmente, de que é muito divulgada neste País a
idéia de que mulher tem de votar em mulher, máxima advogada por pessoas que
acreditam que as mulheres vão transformar o mundo, a sociedade.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Em votação como esta, cujo resultado influenciará, de forma violenta e
perversa, nas relações de trabalho das mulheres brasileiras, é preciso observar no
painel como as Deputadas do PFL votaram.
Perdoem-me aqueles que apostam na candidatura de Roseana Sarney pelo
fato de ser mulher. Trabalhadores e trabalhadoras brasileiros que se cuidem, pois
estivesse ela aqui, por ser do PFL, com certeza, daria mais um voto contra os
trabalhadores. Se, por alguma infelicidade, vier a ser ela a Presidenta do Brasil, os
trabalhadores que se cuidem.
Sr. Presidente, quero, mais uma vez, dizer à imprensa que observe os votos
dados pelas Deputadas e pelos Deputados negros nesta votação de grande
importância para as trabalhadoras e para os trabalhadores negros.
Obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. RAIMUNDO SANTOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RAIMUNDO SANTOS (Bloco/PL-PA. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, o Deputado Raimundo Santos votou “sim” na votação anterior.
Obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PAULO DELGADO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO DELGADO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, quero registrar que apresentei requerimento de informações ao
Ministro de Estado das Relações Exteriores, Chanceler Celso Lafer, para que
explique a esta Casa as razões pelas quais o Itamaraty está exigindo dos
convidados estrangeiros para o Congresso do PCdoB, a realizar-se no início da
próxima semana, na cidade do Rio de Janeiro, além do visto diplomático, passagem
de ida e volta, prova de recursos financeiros e sua direção no Brasil.
Tal legislação, se existe, é completamente inadequada, inoportuna, e não
condiz com o multilateralismo que se pratica no País. O Brasil mantém relações
diplomáticas com todos os países do mundo e, conseqüentemente, com os cidadãos
desses países, independentemente de partido.
Trata-se de discriminação. Espero que haja um equívoco na nota diplomática
do Itamaraty e que essa questão seja sanada o mais rápido possível, porque
conheço a formação e a índole do Chanceler Celso Lafer.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. AUGUSTO NARDES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. AUGUSTO NARDES (PPB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, na votação anterior, votei com o partido.
O SR. GERALDO MAGELA (PT-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, registro minha posição contrária ao projeto que altera ou, segundo os
Líderes do Governo, flexibiliza as leis trabalhistas.
Discordamos da ótica dos que dizem que o projeto aumentará a oportunidade
de emprego no País. Não há base científica nem política plausíveis que corroborem
tal afirmação. Percebemos que, em outros países, aliás, em alguns que foram berço
do neoliberalismo, esse projeto está ultrapassado.
O Brasil, com um modelo atrasado em vinte anos, adota políticas e medidas
que, segundo seus próprios mentores, poderiam gerar emprego e distribuir renda.
Não há qualquer base que justifique tais afirmativas.
Não poderíamos, de forma alguma, ter votado a favor desse projeto;
especialmente porque essa é uma tentativa de enfraquecer a luta dos trabalhadores
pela defesa de seus direitos.
Deixo claro que o nosso voto foi contrário à aprovação do projeto de lei. Em
todos os momentos, tentaremos derrotá-lo nesta Casa, no Senado Federal e no
Poder Judiciário.
Era o que tinha a dizer.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Solicito aos Srs. Deputados que
aguardem um pouco para falar, pois pretendo seguir a ordem prevista.
De acordo com a ordem de inscrição, a palavra será concedida à Deputada
Miriam Reid, a seguir aos Deputados Jovair Arantes, João Magno e Virgílio
Guimarães.
Não tinha visto a Deputada Miriam Reid porque os outros Parlamentares
ficaram na frente de S.Exa., impedindo-me de vê-la.
A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, tenho baixa estatura, mas não sou
invisível.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sei que V.Exa. é muito atuante, nobre
Deputada.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, antes que a palavra seja concedida à nobre Deputada Miriam Reid,
gostaria de falar a respeito do processo de votação.
Tendo sido atingido o quorum, o Partido dos Trabalhadores modifica seu voto
de obstrução para “não”.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Esta Presidência determina que seja
alterada a orientação do PT no painel para o voto “não”.
O SR. ALMEIDA DE JESUS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
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O SR. ALMEIDA DE JESUS (Bloco/PL-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, tendo sido atingido o quorum, o Bloco Parlamentar PL/PSL encaminha
o voto “não”.
O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, o Bloco Parlamentar PDT/PPS encaminha o voto “não”.
O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, o Bloco Parlamentar PCdoB/PSB encaminha o voto “não”.
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A SRA. MIRIAM REID – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Sem revisão da oradora.) – Sr.
Presidente, venho à tribuna como Deputada do Rio de Janeiro, cidadã macaense,
dedicar meu voto contrário ao Projeto de Lei nº 5.483-C a toda a classe trabalhadora
macaense.
Macaé é a base da PETROBRAS. De lá saem 80% do petróleo brasileiro.
Considero uma ofensa o voto do Deputado que assumiu o mandato como
suplente, que se arvora em represente da minha cidade para defender esta
indignidade, este golpe, este crime contra os trabalhadores de Macaé.
O povo pode errar uma vez, mas na eleição passada o povo macaense deu a
resposta que esse cidadão merecia, sendo fragorosamente derrotado nas urnas.
Neste momento, quero resgatar a honra da minha cidade, que não apóia esse
tipo de prática. Falo em nome da grande maioria de trabalhadores macaenses, que,
com o suor das suas camisas e, muitas vezes, com o próprio sangue, fornecem o
produto que hoje representa a base da economia brasileira: o petróleo.
Sr. Presidente, não poderia deixar de fazer este registro. Macaé é uma cidade
que tem classe trabalhadora combativa, digna. Um exemplo foi a última greve dos
trabalhadores macaenses da PETROBRAS, que demonstraram a sua força, a sua
união e exemplo de organização para o Brasil.
Por isso, está resgatado o voto "não", em nome do povo de Macaé.
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O SR. MENDES RIBEIRO FILHO (PMDB-RS. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, passada a obstrução, o PMDB vota “não”.
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, a bancada do nosso partido encaminha o voto “não”.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Peço aos Srs. Deputados que se
atenham ao encaminhamento do voto, pois teremos o mesmo tempo da votação
anterior para que os senhores possam se manifestar.
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A SRA. LAURA CARNEIRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. LAURA CARNEIRO (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) – Sr. Presidente, poucas vezes neste recinto ouvi declaração como a do
Deputado Fioravante.
Homem e mulher neste plenário são absolutamente iguais. Não vou admitir
que falem que a Deputada Laura Carneiro votou assim ou assado. Ela votou como
lhe autorizou seu partido e de acordo com a sua consciência. Não vou admitir
dizerem que a mulher do PFL, ou do PSDB, ou do PT votou assim ou assado.
Mulheres e homens nesta Casa têm o mesmo direito e votam de acordo com a
consciência.
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O SR. JOÃO MAGNO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. palavra.
O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, manifestei-me algumas vezes a respeito do Projeto nº 5.483 votado hoje
nesta Casa, mas, sendo a votação conclusiva, foi possível fazer a coleta do
resultado registrado no painel.
Quem realmente perdeu muito com o projeto foi o trabalhador brasileiro. O
Governo reuniu, mais uma vez, sua tropa de choque e ofereceu, lamentavelmente,
triste presente de Natal a milhões de trabalhadores brasileiros que produzem as
riquezas deste País, o que é lastimável.
Sou de região operária industrial: o Vale do Aço, em Minas Gerais. Ao longo
dos 25 dias em que o assunto ferveu nesta Casa, quando tentamos debatê-lo na
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público — da qual sou membro
—, pudemos perceber a indignação e o descontentamento dos trabalhadores do
Vale do Aço, amostra fiel do sentimento dos trabalhadores deste País.
É certo que sempre há dois lados em votação polêmica dessa natureza. A
Oposição optou pelos trabalhadores, pela preservação de conquistas históricas e de
direitos mínimos, sagrados para os trabalhadores, enfim, cumpriu seu papel cívico e
patriótico.
Preservamos e sempre quisemos preservar esses direitos, porque
reconhecemos que, nos chamados momentos de crise, não são prejudicados os
grandes empresários, os grandes banqueiros ou os grandes donos do capital do
País. Conforme diz o trabalhador, a corda sempre rebenta do lado mais fraco.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Lamentavelmente, esta Casa cometeu, mais uma vez, ato lesivo aos
trabalhadores e, certamente, algum preço haverá de pagar. Os trabalhadores
haverão de cobrar alto preço, logo à frente, no momento em que começarem a
perder direitos trabalhistas, ou seja, férias, décimo terceiro salário, salário-família e
tantas outras conquistas. A CLT não é lá tão boa mesmo, mas pelo menos sempre
garantiu esses direitos.
Hoje, cumprimos nosso dever. Denunciamos, protestamos e continuaremos
contrários a projeto dessa natureza, que certamente será rejeitado no Senado da
República.
Sr. Presidente, esta Casa deveria representar, de forma majoritária, os
interesses do povo e dos trabalhadores do País. No entanto, infelizmente, não
representou os cidadãos brasileiros, mais uma vez.
Certamente isso pesará na consciência dos Senadores da República no
momento da votação. S.Exas. têm a função constitucional de representar os
Estados. Espero que votem a favor dos trabalhadores. Tenho certeza de que projeto
dessa natureza, prejudicial aos trabalhadores, será rejeitado, a bem da maioria do
povo brasileiro.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
– Sr. Presidente, eu me dirijo aos milhões de trabalhadores que nos assistem no
momento. O resultado que vai aparecer no painel daqui a instantes vai confirmar o
quorum alcançado há poucos minutos, na primeira votação nominal.
Aos trabalhadores do Brasil que se empenharam nessa luta, que se
mobilizaram, que mandaram representantes a Brasília, que pressionaram os
Deputados, quero dizer que a luta continua. Até agora a luta valeu a pena, pois
conseguimos adiar a votação da matéria para o final deste período legislativo.
O Senado somente vai se reunir para discutir a matéria em 2002, ano eleitoral
no qual a voz das ruas vai pesar muito mais. E, se o Senado rejeitar a matéria, a luta
continuará, bem como a mobilização, a denúncia nas ruas e a formação de opinião
pública para pressionar os Senadores. Se, porventura, o Senado também capitular
diante das pressões do Palácio do Planalto, a lei, caso seja emendada, voltará à
Câmara dos Deputados no auge do período eleitoral. E eu não acredito que a
Câmara repetirá esta votação. Não acredito que terá continuidade o esbulho dos
direitos dos trabalhadores brasileiros.
Por isso, o texto que conquistamos valeu a pena. A luta continua no Senado.
Esta Legislatura terminará no próximo ano, quando também teremos novo Governo.
Podem ficar tranqüilos, mas mobilizados, vigilantes e atuantes, trabalhadores
brasileiros! A luta continua! E a vitória ainda está ao alcance das nossas mãos,
apesar do momento adverso em que se deu a votação.
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Vamos manter a mobilização e a denúncia. A vitória ainda pode ser
alcançada!
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Comunico ao Plenário que a votação
será encerrada exatamente no mesmo prazo em que encerramos as anteriores. No
caso desta, às 19h55min.
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O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO – Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou me remeter ao
tempo da Constituinte.
Em 1988, o Constituinte incluiu no Título II, Dos Direitos e Garantias
Fundamentais; Capítulo II, Dos Direitos Sociais, art. 7º, quatro incisos que deixam
claro que alguns dispositivos constitucionais podem ser resolvidos de forma
contrária, caso haja anuência, por meio de convenção ou acordo coletivo. E assim
foi com a irredutibilidade do salário; com a duração da jornada de trabalho normal,
não superior a oito horas diárias e 44 semanais; com a jornada de seis horas para o
trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento. E mais: dispôs de forma
clara o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.
Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, talvez aí resida a razão de o PT, na
ocasião, ter-se negado a assinar a Constituição. Sei que vieram a fazê-lo,
posteriormente. Na ocasião, firmou posição renegando o texto constitucional. É
preciso que isso fique bem claro para que a opinião pública, mais uma vez, não seja
iludida.
Parece-me, Sr. Presidente, que o Constituinte de 1988 era mais avançado, do
ponto de vista de confiar no País em que vivia, de confiar na capacidade de
discernimento do trabalhador, de confiar nas centrais sindicais, sobretudo nos
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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sindicatos dos trabalhadores, do que as Lideranças dos partidos de Oposição da
contemporaneidade, que parecem ainda não acreditar no trabalhador brasileiro.
Em atenção a muito do que ouvi neste plenário, quero informar a V.Exas. que
não sei quantos milhões de emprego resultarão da alteração do art. 618 da CLT que
aprovamos hoje. Confesso que não sei se resultará em um emprego que seja, mas
tenho convicção de que evitaremos perdas de postos de trabalho, o que,
conseqüentemente, vai diminuir o desemprego no País.
Se, com isso, conseguirmos poupar mil, dois mil, trinta mil, cem mil empregos
já terá valido a pena.
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O SR. FERNANDO FERRO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, quero dizer ao Deputado Antonio Carlos Pannunzio que, realmente,
o Partido dos Trabalhadores não assinou esta Constituição, mas sem sombra de
dúvida é o partido que mais zela pela Constituição, respeitando-a sempre, diferente
daqueles que a assinaram e a violam cotidianamente. Há diferença fundamental na
postura democrática do partido de zelar pela democracia e por esta Constituição.
Sr. Presidente, lamento que a base de sustentação do Governo tenha criado
novo tipo de projeto de lei. Talvez com saudade das medidas provisórias criaram o
projeto de lei provisório, que tem validade por dois anos. Seu funcionamento gera
suspeição. Não há segurança em mantê-lo por mais alguns anos. Talvez queiram
analisá-lo num laboratório por dois anos, para diminuir o drama de consciência
provocado pelo fato de estarem prejudicando tanto os trabalhadores.
Sr. Presidente, estão criando grande mal que vai durar dois anos. Ora, se a
proposta é boa, por que não a fizeram integralmente e não assumiram a
possibilidade de o projeto ter durabilidade? Porque não presta. Os seus autores têm
consciência disso e estão fazendo o mal mesmo assim.
Por isso, votamos contra o projeto e não aceitamos a justificativa
apresentada.
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O SR. ORLANDO DESCONSI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ORLANDO DESCONSI (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
– Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero manifestar minha profunda tristeza
com o resultado da votação ocorrida há pouco. Embora o respeite de forma
democrática, lamento o que vi no painel.
Efetivamente, começou a mudar o discurso. Antes da votação do projeto,
durante todas as semanas em que o debatemos, o objetivo era propiciar o ingresso
de maior número de pessoas no mercado de trabalho. Há pouco, o Líder do PSDB
disse que, se mantiver os empregos, já está bom. Já começou a mudança de
discurso minutos após a votação do projeto.
Vou proclamar ao povo gaúcho que nos assiste neste momento os nomes dos
Parlamentares que votaram contra os trabalhadores: o Deputado Darcísio Perondi,
do PMDB, votou contra a orientação do seu partido; Deputado Telmo Kirst, do PPB;
Deputada Yeda Crusius...
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado, os votos são públicos.
Qualquer um pode consultar o painel. Até por cortesia parlamentar, não há
necessidade de V.Exa. nominar os colegas, para evitar que venham a se manifestar,
discordando de V.Exa. Certamente, o cidadão interessado na questão poderá
consultar o painel eletrônico. E apelo a V.Exa. para que conclua seu
pronunciamento.
O SR. ORLANDO DESCONSI – Lamento não poder informar todos os nomes
neste momento.
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Da festa marcada para quinta-feira, na Granja do Torto, conforme noticiado
pela imprensa, estão convidados os 264 Deputados que votaram a favor do grande
capital e contra os trabalhadores e que querem comemorar. No ano que vem, os
trabalhadores não esquecerão os Parlamentares que traíram os interesses da classe
trabalhadora. Lamento que o Governo Federal tenha utilizado recursos públicos do
Orçamento da União para chantagear Deputados, a fim de votarem a favor dos seus
interesses.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço a V.Exa. a compreensão.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. MARCOS DE JESUS – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MARCOS DE JESUS (Bloco/PL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, na votação anterior, votei de acordo com a orientação do partido.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. EDISON ANDRINO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. EDISON ANDRINO (PMDB-SC. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, em nome do PMDB de Santa Catarina, que votou maciçamente a favor
do trabalhador e dos seus direitos, conquistados historicamente, lamento a decisão
desta Casa.
Veja V.Exa. Sr. Presidente, que a mesma pressa, a mesma urgência que o
Governo Federal teve para tirar direitos dos trabalhadores não teve para fazer a
reforma tributária no País.
Veja V.Exa. também que os trabalhadores que não possuem sindicato — e
essa é a realidade da grande maioria dos trabalhadores brasileiros — sentem-se
desprotegidos em face do desemprego que impera no País. Sentem-se temerosos
de enfrentar o empresário sem a proteção da CLT.
Por isso, Sr. Presidente, faço apelo a esta Casa para que pressione o
Executivo no sentido de realizar a reforma tributária. O grande problema dos
empresários nacionais não é a despesa com a folha de pagamentos, mas o valor
dos impostos, dos juros bancários, dos serviço dos bancos. Nos dez primeiros
meses deste ano, o lucro do UNIBANCO chegou a 1,5 bilhão de reais; o do
BRADESCO também ficou nessa faixa. E o Governo ataca exatamente o lado mais
fraco — o trabalhador —, retirando seus direitos.
Sr. Presidente, em nome do PMDB de Santa Catarina e em consonância com
o desejo dos trabalhadores do nosso Estado, registramos nosso protesto contra a
decisão tomada por esta Casa. Somos favoráveis à flexibilização da legislação
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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trabalhista, desde que faça parte de conjunto de medidas que inclua a reforma
tributária e, acima de tudo, a diminuição dos lucros do sistema financeiro. Essa é a
realidade nacional.
A reforma do Estado que esta Casa deve fazer é a que democratiza, facilita e,
principalmente, atende às necessidades do cidadão brasileiro.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Apenas peço aos nobres Deputados
que sejam breves porque, logo após os pronunciamentos, encerrarei a votação.
Concedo a palavra, pela ordem, ao Deputado Pedro Corrêa. Em seguida,
falará a Deputada Luci Choinacki.
O SR. PEDRO CORRÊA (PPB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, hoje pela manhã vários companheiros de partido, entre eles o Ministro
Francisco Dornelles, foram agredidos no aeroporto por manifestantes da Central
Única dos Trabalhadores.
O Ministro, que não usa o jato da FAB e viajou em avião de carreira, chegou
ao aeroporto e teve os pneus do seu carro oficial esvaziados. Então, dirigiu-se a um
táxi para ir ao Ministério. Os manifestantes cercaram o táxi e o danificaram,
prejudicando também o pobre motorista.
Sr. Presidente, quero parabenizar a Polícia Militar do Distrito Federal, que,
com muita consciência e tranqüilidade, evitou incidente semelhante ao que ocorreu
em Volta Redonda. Este é o grande sonho do PT neste momento que antecede as
eleições: criar uma vítima para explorar o cadáver. A postura parcimoniosa e
tranqüila da Polícia Militar certamente engrandece a categoria.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A SRA. LUCI CHOINACKI – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. LUCI CHOINACKI (PT-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, imaginem a gravidade da votação deste
projeto. Na Constituinte, o PT votou as propostas com restrições, mas hoje defende
a Constituição. Imaginem V.Exas. o retrocesso democrático que está ocorrendo
neste País; imaginem as perdas históricas que os trabalhadores estão sofrendo.
Sr. Presidente, disseram que o Partido dos Trabalhadores precisa de vítimas.
Neste País, onde a cada cinco minutos morre de fome uma criança, será que
querem mais vítimas e mais sofrimento para mudar a realidade econômica?
Estamos cheios de sofrimento, de dor e de lágrimas de tantas mães!
Depois de eliminar os direitos dos trabalhadores, será que os Deputados vão
fazer a ceia de Natal, mesmo sabendo que muitas famílias talvez só possam fazê-la
com o décimo terceiro, e que amanhã os patrões vão dizer: “Ou o emprego, ou o
décimo terceiro”? Esse será o resultado da votação de hoje. É muito grave.
A população ainda não entendeu a desgraça que foi iniciada. Talvez vá
entender quando perder seus direitos, quando os patrões disserem o que têm de
fazer. Dizer que os sindicatos vão resolver a questão e garantir as conquistas é
mentira, porque 60% dos recursos são negociados de acordo com a situação
econômica do País. E são milhões de desempregados.
Precisamos distribuir renda, garantir salários, deixar de encher os bolsos dos
banqueiros, dos ricos, dos que mais faturam no Brasil e no exterior. É necessário dar
um pouco de amor e ter compaixão diante de tanto sofrimento e miséria.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não queremos vítimas. Queremos
comida na mesa do povo e trabalho para os trabalhadores!
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. LUCIANO BIVAR – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. LUCIANO BIVAR (Bloco/PSL-PE. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, na última votação votei “sim”.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está encerrada a votação.
Anuncio o resultado: 269 votos “sim”; 182 votos “não”; abstenção, 4.
Total: 455 votos.
Fica mantida a expressão.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Passa-se à votação da redação final.
Os Srs. Deputados que me solicitaram a palavra poderão falar no próximo
intervalo, entre uma votação e outra.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Para encaminhar contrariamente à
matéria, concedo a palavra à Deputada Tânia Soares.
A SRA. TÂNIA SOARES (Bloco/PCdoB-SE. Sem revisão da oradora.) - Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não podemos aprovar a redação final deste
projeto. Ele foi enviado a esta Casa, que é a representação do povo brasileiro, a
mando do Fundo Monetário Internacional. Em 1998, o Presidente da República se
comprometeu, perante os interesses internacionais, a acabar com os direitos dos
trabalhadores, a vender o sangue e o suor dos trabalhadores, a fim de que os
investidores estrangeiros pudessem entrar em nosso País e aumentar a exploração
dos trabalhadores brasileiros.
Sr. Presidente, votar a favor deste projeto é votar a favor da exploração
daqueles que elegeram os que hoje estão nesta Casa.
Votar a favor deste projeto hoje é o mesmo que admitir como verdadeiras as
denúncias feitas esta semana pela imprensa de que o Presidente da República teria
usado instrumentos de manipulação econômica para fazer pressão. Vários
Deputados que votaram contra o projeto na semana passada votaram a favor dele
hoje. O Palácio do Planalto não respeita a autonomia do Poder Legislativo. Usa
meios impróprios para obrigar os representantes do povo a votar contra quem os
elegeu.
Sr. Presidente, precisamos dizer “não” à redação final deste projeto. Os
trabalhadores brasileiros precisam ter preservados os direitos mínimos assegurados
na CLT. Devemos avançar nas conquistas já obtidas, e não retroceder. Já somos
muito explorados pelo capital internacional e pela sanha do mercado interno, que
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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não defende, por exemplo, uma reforma tributária justa, que propicie o
desenvolvimento da nossa produção e incentive a abertura de novos postos de
trabalho.
Vamos derrotar este projeto, ou seremos cobrados pelos trabalhadores nas
próximas eleições. Na hora de pedir o voto, teremos de responder se defendemos
ou não seus direitos, se aprovamos ou não os acordos internacionais que o
Presidente assina e depois nos obriga a acatar.
Nosso voto é “não”, Sr. Presidente.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. RONALDO SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RONALDO SANTOS (PSDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, votei “sim” na votação anterior.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra o Deputado Haroldo
Lima, para encaminhar.
O SR. HAROLDO LIMA (Bloco/PCdoB-BA. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente eu gostaria de fazer um
esclarecimento. Os Deputados Roberto Jefferson, semana passada, e Antonio
Carlos Pannunzio, hoje, disseram que esta Constituição não havia sido assinada
pelo PT.
Não tenho procuração para defender o Partido dos Trabalhadores, mas
chamo a atenção desta Casa. Aqui está a assinatura de todos os Constituintes.
Nenhum Constituinte deixou de assinar a Constituição. O que houve foi que o PT,
assim como o PCdoB e outros partidos de oposição, apresentaram declaração de
voto restritivo, ao tempo em que assinavam o texto da Constituição. Aqui está, para
quem quiser ver, a assinatura do Líder do PT na época, o Deputado Luiz Inácio Lula
da Silva, e de toda a bancada do partido. A propósito, o PT tem-se notabilizado
nesta Casa como um dos partidos que mais defendem os interesses dos
trabalhadores salvaguardados nesta Constituição.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa cometeu hoje um grave
equívoco. É lamentável que estejamos agora na expectativa de que o Senado da
República corrija esta omissão, eu diria mesmo esta covardia da Câmara dos
Deputados. Conheço esta Casa há muito tempo e sei que, quando a matéria tramita
em regime de urgência constitucional, poucos Deputados lêem a íntegra do texto
submetido, acabam votando debaixo de pressão.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O Governo do Sr. Fernando Henrique Cardoso, desde que deliberou comprar
votos para garantir sua reeleição, perdeu a compostura. Sou testemunha de que,
sempre que há votação importante, o Palácio do Planalto se transforma num butim,
num mercado de compra de votos. Corrompe prometendo liberar verbas. Isso tem
acontecido inúmeras vezes. É um acinte à Nação.
É preciso que os Srs. Parlamentares tomem uma atitude firme e defendam
esta Casa. Estamos enxovalhados, desmoralizados perante o povo.
Alguém comentou há pouco que o Ministro Francisco Dornelles não
conseguiu tomar um táxi no aeroporto, nem pôde sair em seu carro oficial. Digo
mais: o Presidente Fernando Henrique Cardoso e seu Ministério não conseguem
atravessar uma rua de alguma cidade importante deste País sem a proteção firme
do Exército, da Marinha, da Aeronáutica ou da Polícia Militar. Se vão a um campo de
futebol, não conseguem se dirigir ao povo.
Srs. Parlamentares, V.Exas. têm sido insensíveis. O Deputado Antonio Carlos
Pannunzio disse, um minuto depois da votação da emenda, que não sabe se o
projeto resultará num único emprego. Sim, Deputado Antonio Carlos Pannunzio,
alguém já o alertou. Há cinco minutos, era isso o que os senhores afirmavam. Agora
não têm a mesma convicção, então dizem que ele ao menos não permitirá o
desemprego de milhões de trabalhadores. Como seria bom, Deputado Antonio
Carlos Pannunzio, se V.Exa. estivesse certo! Provavelmente V.Exa. sabe que
nenhum trabalhador terá o emprego garantido por conta do que se aprovou hoje.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Mas não é novidade o que pretende o Governo. Durante toda a década de 80,
a Europa transitou pela flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Na América
Latina, o mesmo aconteceu na década de 90. Estão aí os resultados.
O jornal Valor Econômico, edição de hoje, publica um balanço do que
significou essa flexibilização no mundo.
Diz que a mesma lei imposta pelo FMI e enviada a esta Casa pelo Palácio do
Planalto, com a complacência de tantos Deputados, quando aprovada na Alemanha,
significou o aumento do desemprego, de 4,8% para 8,7%. E notem que quem traz
esses dados é um jornal conservador.
Não quero me dirigir apenas ao Deputado Antonio Carlos Pannunzio. Até
peço-lhe desculpas, Deputado. Citei-o porque foi V.Exa. quem expressou esse ponto
de vista.
Diz ainda o mesmo jornal que havia no Brasil, há dez anos, 1,9 milhão de
desempregados e que, depois das mudanças, esse número subiu para 7,6 milhões.
Estejamos todos certos de que, com o que se aprovou aqui, nenhum emprego
estará garantido.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. JOSÉ GENOÍNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, essa questão me envolve pessoalmente e sinto-me na obrigação de
prestar um esclarecimento à Casa.
Os Deputados Roberto Jefferson e Antonio Carlos Pannunzio, antes de
fazerem tal afirmação, deveriam ter compulsado os Anais da Câmara para terem
certeza do que iriam dizer. Agradeço, neste particular, as palavras do Deputado
Haroldo Lima.
Eu estava aqui como Deputado Constituinte e posso afirmar que o PT assinou
a Constituição Federal. O partido fez declaração de voto, votou contra o projeto final,
mas assinou a Constituição Federal de 1988. Não é verdadeira a afirmação feita da
tribuna de que o PT não a assinou. Nós não rasgamos a Constituição, como o tem
feito o PSDB com as reformas neoliberais que tem patrocinado, como nos casos da
quebra dos monopólios e da introdução da reeleição no País.
Portanto, desculpem-me os Deputados Antonio Carlos Pannunzio e Roberto
Jefferson, mas, antes de fazerem uma afirmação como essa, pela nossa lealdade e
conhecimento, deveriam ter-se questionado se um partido com a responsabilidade
do PT teria ou não assinado a Constituição. Nós a assinamos, Deputado Pannunzio,
defendemos as conquistas dos trabalhadores juntamente com Mário Covas. V.Exas.
é que, ao aprovarem esse projeto que suprime todas as conquistas dos
trabalhadores, rasgaram a Constituição.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Sr. Presidente, solicito que esta minha reclamação seja registrada nos Anais
da Câmara dos Deputados.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sou testemunha disso, Deputado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. MAURÍLIO FERREIRA LIMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MAURÍLIO FERREIRA LIMA (PMDB-PE. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, na votação anterior, votei com o partido, ou seja, votei “não”.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. LUIZ SÉRGIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - V.Exa. quer se manifestar sobre a
matéria? Já houve encaminhamento.
O SR. LUIZ SÉRGIO – Sr. Presidente, os Deputados vão orientar suas
bancadas? O que houve foi defesa do voto contrário à emenda.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Os Líderes que quiserem podem
orientar suas bancadas. V.Exa. fala pela Liderança do partido? (Pausa.)
Pois bem, oriente a bancada do partido de V.Exa.
O SR. LUIZ SÉRGIO (PT-RJ. Sem revisão do orador.) – O Partido dos
Trabalhadores entende que esta Casa tem muitos poderes, só não tem o poder de
criar a falsa ilusão de que com essa agressão que se fez hoje, ao revogar a CLT,
estaremos criando emprego neste País. Isso não é verdadeiro e por essa razão o PT
vota “não”.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Há sobre a mesa e vou submeter a
votos a seguinte
REDAÇÃO FINAL:
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Os Srs. Deputados que a aprovam
permaneçam como se encontram.
APROVADA.
A matéria vai ao Senado Federal.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Haverá tempo para aqueles que ainda
não falaram e que queiram manifestar-se sobre assuntos alheios aos que estão
sendo discutidos.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Neste instante, comunico ao Plenário
que, por acordo entre os Srs. Líderes partidários, estaremos submetendo a votos o
item 2 da pauta desta sessão.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Item 2.
Discussão, em turno único, das Emendas do
Senado Federal ao Projeto de Lei nº 5.074-B, de 2001,
que estabelece normas de controle e fiscalização sobre
produtos químicos que direta ou indiretamente possam
ser destinados à elaboração ilícita de substâncias
entorpecentes, psicotrópicas ou que determinem
dependência física ou psíquica, e dá outras providências.
Pendente de pareceres das Comissões: de Relações
Exteriores e de Defesa Nacional; de Seguridade Social e
Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e
Justiça e de Redação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. JORGE ALBERTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JORGE ALBERTO (PMDB-SE. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, na votação anterior, quando o partido saiu da obstrução, votei de
acordo com a Liderança do PMDB.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
989
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do
Senado Federal, em substituição à Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional, concedo a palavra ao Sr. Deputado Professor Luizinho.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Para emitir parecer. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, estamos participando desta votação em razão de acordo,
mas não se trata de precedente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Certamente, Deputado.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO - Obrigado, Sr. Presidente. O Senado
apresentou oito emendas, que na sua maioria aprimoram o projeto de iniciativa do
Poder Executivo aprovado na Câmara dos Deputados. O projeto não sofreu nesta
Casa alterações significativas.
Analisarei as emendas individualmente.
A Emenda nº 3 dá ao inciso VII do art. 13 do projeto a seguinte redação:
Art. 13. ......................................................................
.............................................................................................
VII - deixar de informar qualquer suspeita de desvio
de produto químico controlado, para fins ilícitos;
Achamos que a emenda fortalece e aprimora o projeto; portanto, deve ser
aprovada.
A Emenda nº 4 dá ao inciso XI do art. 13 do projeto a seguinte redação:
Art. 13. ...................................................................
..........................................................................................
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
990
XI - adulterar laudos técnicos, notas fiscais, rótulos
e embalagens de produtos químicos controlados, visando
a burlar o controle e a fiscalização;
Da mesma forma, a emenda aprimora o controle da Polícia Federal e dá
instrumentos de garantia para uma excelente fiscalização.
Somos pela aprovação da emenda.
A Emenda de nº 5 dá ao inciso XII do art. 13 a seguinte redação:
Art. 13. ......................................................................
.............................................................................................
XII - deixar de informar no laudo técnico, ou nota
fiscal, quando for o caso, em local visível da embalagem e
do rótulo, a concentração do produto químico controlado;
Segue na mesma linha das demais emendas. Somos pela sua aprovação.
A Emenda nº 6 acrescenta o § 3º ao art. 15 do projeto, com a seguinte
redação:
Art. 15. ....................................................................
............................................................................................
§ 3º Das sanções aplicadas caberá recurso ao
Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal, na
forma e prazo estabelecidos em regulamento.
É justo dar garantia e prazo claro de recurso para que todos os interessados
tenham a sua disposição o ordenamento. Portanto, também fortalece o projeto.
Somos pela sua aprovação.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
991
A Emenda nº 7 corresponde às Emendas nºs 7 e 8 das Comissões de
Constituição e Justiça e de Assuntos Sociais; à Subemenda nº 13 da Comissão de
Assuntos Sociais; e à Emenda nº 9 da Comissão de Constituição e Justiça. A
Emenda nº 7 dá aos incisos do art. 20 do projeto a seguinte redação:
Art. 20. ................................................................................
.........................................................................................
I - no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para:
a) emissão de Certificado de Registro Cadastral;
b) emissão de segunda via de Certificado de Registro
Cadastral; e
c) alteração de Registro Cadastral;
II - no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para:
a) emissão de Certificado de Licença de Funcionamento;
b) emissão de segunda via de Certificado de Licença de
Funcionamento; e
c) renovação de Licença de Funcionamento;
III – no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) para:
a) emissão de Autorização Especial; e
b) emissão de segunda via de Autorização Especial.
Está claro que esta emenda procura dar condições não só de aplicação e
punição, mas também de desenvolvimento financeiro da Polícia Federal para poder
desenvolver suas atividades plenamente.
Somos pela aprovação da emenda.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
992
A Emenda de nº 8 corresponde às Subemendas nºs 3, da Comissão de
Constituição e Justiça, e 4, da Comissão de Assuntos Sociais, e acrescenta
parágrafo único ao art. 20 do projeto, com a seguinte redação:
Art. 20. ......................................................................
.............................................................................................
Parágrafo único. Os valores constantes dos incisos
I e II deste artigo são reduzidos de:
I - 40% (quarenta por cento), quando se tratar de
empresa de pequeno porte;
II - 50% (cinqüenta por cento), quando se tratar de
filial de empresa já cadastrada;
III - 70% (setenta por cento), quando se tratar de
microempresa.
Está claro que a Emenda nº 8 prevê, corretamente, a punição e sua aplicação
de acordo com o poder econômico da indústria, com sua possibilidade financeira e
também de desenvolvimento de ação no mercado.
Somos pela sua aprovação.
Por último, Sr. Presidente, deixamos para relatar as Emendas nºs 1 e 2, que
pretendem subtrair uma obrigatoriedade inicial do projeto enviado pelo Poder
Executivo e acatada por esta Casa. Não concordamos com essas duas emendas e,
portanto, não as acatamos.
A Emenda nº 1 suprime o art. 8º do projeto, que tem a seguinte redação:
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
993
Art. 8º O transporte de produtos químicos
controlados deverá ser acompanhado de Guia de
Trânsito.
Ora, consideramos ser fundamental essa guia de trânsito. E ela não precisa,
necessariamente, ser impressa em papel, pode ser feita por via eletrônica. Portanto,
a regulamentação é possível.
A Emenda nº 2 propõe a supressão do inciso IX do art. 13, que diz:
Art. 13. ...........................................................
..................................................................................
IX - realizar transporte sem Guia de Trânsito;
Somos contrários às Emendas nºs 1 e 2 e favoráveis às Emendas de nºs 3 a
8.
É este o nosso parecer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Muito bem. Está compreendido.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
994
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do
Senado Federal, em substituição à Comissão de Seguridade Social e Família,
concedo a palavra à ilustre Deputada Laura Carneiro.
A SRA. LAURA CARNEIRO (Bloco/PFL-RJ. Para emitir parecer. Sem revisão
da oradora.) - Sr. Presidente, conversei antes com o Deputado Professor Luizinho.
No que diz respeito à Emenda nº 3, na verdade, ela visa dar maior abrangência à
infração. A Emenda nº 4 amplia as modalidades de infração, como adulteração de
laudos técnicos e notas fiscais. A Emenda nº 5 amplia meios de identificação do
produto. A Emenda nº 6 amplia os direitos de defesa. A Emenda nº 7 modifica,
redimensiona, recompõe fontes de financiamento desse programa. A Emenda nº 8
diferencia juridicamente as microempresas e as empresas de pequeno porte.
Portanto, quanto às Emendas de nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8 não há discordância.
Quanto às Emendas nºs 1 e 2, uma é conseqüência da outra e, juntamente
com as demais, foram fruto de um grande acordo feito no Senado Federal. As
Emendas nºs 1 e 2 fazem parte do acordo, porque se chegou ao consenso de que a
guia de trânsito nunca foi criada, é nova, e, ao final, ela traria ônus para o
consumidor, na ponta. De alguma maneira, far-se-á esse mesmo controle por meio
de um sistema — conforme deseja o Deputado Professor Luizinho — integrado,
interligado, portanto, informatizado entre os postos da Polícia Rodoviária Federal, os
postos estaduais de fiscalização e os postos da Receita Federal. Hoje, as empresas
são obrigadas a apresentar mapas, tanto as que compram quanto as que vendem, o
que já possibilita absoluto controle.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
995
Tendo em vista a nova criação desse sistema interligado, a Comissão de
Seguridade Social e Família também acata as Emendas nºs 1 e 2. Portanto, o
parecer é favorável a todas as emendas apresentadas no Senado, a partir de um
acordo dos Srs. Líderes.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O parecer é favorável a todas as
emendas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. GLYCON TERRA PINTO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. GLYCON TERRA PINTO (PMDB-MG. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, nas votações anteriores, meu voto é pela aprovação do projeto.
O SR. GERSON GABRIELLI (Bloco/PFL-BA. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, meu voto é de acordo com a bancada.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Estamos em votação de uma matéria
distinta.
Após esta votação — e pelo que percebo será simbólica —, os Srs.
Deputados poderão justificar seus votos e fazer outras manifestações.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer às emendas do
Senado Federal, em substituição à Comissão de Finanças e Tributação, concedo a
palavra ao Deputado José Carlos Fonseca Jr.
O SR. JOSÉ CARLOS FONSECA JR. (Bloco/PFL-ES. Para emitir parecer.
Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em nome da
Comissão de Finanças e Tributação, também estou de acordo com o acatamento
das emendas recebidas por este projeto de lei no Senado Federal.
Obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
999
O SR. MARCELO TEIXEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MARCELO TEIXEIRA (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, na votação anterior, voto de acordo com o partido.
O SR. GERSON GABRIELLI (Bloco/PFL-BA. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, nas votações anteriores, voto de acordo com o partido.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1000
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para oferecer parecer em substituição
à Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, concedo a palavra ao
Deputado Ibrahim Abi-Ackel.
O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL (PPB-MG. Para emitir parecer. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, o Projeto de Lei nº 5.074-C, de 2001, recebeu no Senado
Federal 8 emendas.
A Emenda nº 1 pretende dispensar a guia de trânsito para o transporte de
produtos químicos controlados, o que é obviamente um absurdo, uma vez que sem
a respectiva guia de transporte não haveria controle algum no transporte dessa
mercadoria, sabidamente perigosa e de efeitos nocivos.
A Emenda nº 2 é uma conseqüência da primeira, porque também permite a
realização do transporte desses aditivos químicos sem a respectiva guia de
transporte.
As Emendas nºs 4 e 5 acrescentam alguns termos ao texto originário desta
Casa. Por exemplo, onde a Câmara dos Deputados proíbe que se deixe de informar,
em local visível da embalagem e do rótulo, a concentração do produto químico
controlado, a emenda do Senado quer acrescentar que também no laudo técnico e
na nota fiscal esses elementos sejam considerados. Não vejo, portanto, Sr.
Presidente, no que diz respeito às Emendas nºs 4 e 5, inconvenientes na aprovação.
A Emenda nº 6, da mesma forma, acrescenta parágrafo que outorga à parte
multada o direito de recurso ao Diretor-Geral da Polícia Federal. Como se trata da
imposição de uma sanção, é sempre prudente assegurar o direito ao recurso, dado
que a parte pode perfeitamente alegar e provar seja a injustiça da multa, seja o
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1001
excesso de seu quantitativo. O parecer quanto à Emenda nº 6, portanto, é também
pela aprovação.
As duas emendas finais alteram radicalmente o quadro dos quantitativos que
compõem a sanção correspondente à transgressão especificada. As quantias foram
severamente aumentadas, ao mesmo tempo em que se prevêem reduções, em
casos específicos, que praticamente tornam ineficazes as multas aplicadas.
Dessa forma, Sr. Presidente, o parecer do Relator pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Redação é pela rejeição das Emendas nºs 1 e 3, pela
aprovação das Emendas de nºs 4, 5 e 6 e pela rejeição das Emendas de nºs 7 e 8.
Creio que, com esses reparos, o projeto fica perfeitamente em condições de
atender ao propósito que o inspirou.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1002
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) – Sr. Presidente, gostaria de uma informação acerca do parecer do
Deputado Ibrahim Abi-Ackel sobre a Emenda nº 3. S.Exa. também a rejeitou? Não
percebi.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Mesa aproveita a oportunidade e faz
uma consulta ao ilustre Deputado Ibrahim Abi-Ackel: o parecer de V.Exa. quanto à
constitucionalidade é em relação a cada uma das emendas ou a todas elas?
O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL – Sr. Presidente, houve uma omissão de minha
parte: o parecer é pela rejeição da Emenda do Senado nº 1, pela rejeição da
Emenda do Senado nº 3...
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel, se
a rejeição de V.Exa. for devido à inconstitucionalidade, a emenda não vai a voto. O
parecer de V.Exa. deve se restringir à constitucionalidade ou não da matéria, não ao
mérito. Enfim, dependendo do parecer de V.Exa., a matéria será ou não submetida à
votação.
O SR. IBRAHIM ABI-ACKEL – Sr. Presidente, infelizmente não vejo como
dar parecer pela inconstitucionalidade, porque não vislumbro esse vício nas
emendas. Sou obrigado a tomar tempo à Casa com a necessidade da votação,
porque o parecer se referia ao mérito das emendas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1003
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O parecer, portanto, é pela
constitucionalidade das emendas.
A Mesa agradece a V.Exa., nobre Deputado Ibrahim Abi-Ackel.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1004
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) – Sr. Presidente, há pareceres divergentes. Pergunto como se dará a
votação, uma vez que há pareceres divergentes por parte das Comissões
substituídas pelos Deputados em plenário.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado José Antonio Almeida,
V.Exa. se antecipa à Mesa, que ia exatamente esclarecer esse ponto.
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1005
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, creio que houve entendimento entre o Relator, Deputado
Professor Luizinho, e a Deputada Laura Carneiro, aos quais cabia dar parecer
quanto ao mérito das emendas.
Quanto ao nosso colega jurista Deputado Ibrahim Abi-Ackel, por quem temos
muito apreço, S.Exa. disse que não tinha como dar parecer em substituição à
Comissão de Constituição e Justiça pela inconstitucionalidade. S.Exa. abordou o
mérito da matéria ciente de que não lhe cabia apreciá-lo. Portanto, não há parecer
divergente. A Deputada Laura Carneiro, com todo o seu conhecimento, mostrou a
importância dos pontos que defendia e negociou com o Deputado Professor
Luizinho, de modo que todas as oito emendas do Senado Federal foram aceitas,
salvo as de nºs 1 e 2. Os dois Deputados responsáveis pela apreciação da matéria
quanto ao mérito estão de acordo.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concordo com o Deputado Inocêncio
Oliveira, mas prestarei esclarecimento que pode dirimir dúvidas que ainda restam no
Plenário. Há pareceres divergentes das Comissões de Relações Exteriores e de
Defesa Nacional e de Seguridade Social e Família em relação às Emendas nºs 1 e 2.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, houve acordo entre as
Comissões para rejeitar as emendas.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA – Sr. Presidente, esse acordo não foi
anunciado.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Houve parecer divergente — e a Mesa
está anotando com cautela — em relação às Emendas nºs 1 e 2. O parecer do
Professor Luizinho foi pela rejeição e o da ilustre Deputada Laura Carneiro pela
aprovação.
A Mesa pretende fazer a votação, obviamente, se o Deputado Professor
Luizinho mantiver seu parecer.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Ouço o Deputado Professor Luizinho.
O SR. PROFESSOR LUIZINHO (PT-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, os pareceres das Emendas nºs 1 e 2 estão mantidos.
Somos pela rejeição e favoráveis às Emendas nºs 3 a 8.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Mesa orientará a votação,
respondendo, inclusive, ao Deputado José Antonio Almeida e ao ilustre Líder
Inocêncio Oliveira.
Serão votadas em bloco as Emendas nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8, sobre as quais o
parecer é coincidente. E votaremos separadamente as Emendas nºs 1 e 2, que têm
pareceres divergentes.
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1009
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem a palavra pela ordem o Deputado
Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, salvo engano, o Deputado Ibrahim Abi-Ackel ofereceu
parecer contrário à Emenda nº 3.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Não. O parecer que cabia ao ilustre
Deputado Ibrahim Abi-ackel foi favorável e pela constitucionalidade das matérias, já
que falava em nome da Comissão de Constituição e Justiça e de Redação. S.Exa.
não proferiu parecer de mérito. Fez a correção ao final, porque era o que lhe cabia.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Qual foi o parecer exarado pelo Prof.
Ibrahim Abi-ackel a respeito da matéria?
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – O Deputado Ibrahim Abi-ackel
expressou uma opinião sempre muito respeitada por esta Casa em relação ao
mérito. Mas, ao ser alertado sobre a inconstitucionalidade do parecer que, por
deferência a esta Mesa, está produzindo, S.Exa. deixou claro discordar do mérito da
matéria, contudo manteve o parecer pela constitucionalidade, pautado na correção
com que exprime suas opiniões.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação as Emendas nºs 3, 4, 5, 6,
7 e 8.
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1011
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, estou inscrito para encaminhar a matéria. A votação não
pode ser realizada, caso não tenha sido feito o encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – V.Exa. tem razão, nobre Deputado
Arnaldo Faria de Sá. Não havia chegado à Presidência a inscrição de V.Exa.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Para encaminhar contrariamente, está
inscrito o Deputado Arnaldo Faria de Sá; para encaminhar favoravelmente, o
Deputado Fernando Coruja.
Concedo a palavra ao nobre Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o relatório apresentado pelo Deputado
Professor Luizinho e pela Deputada Laura Carneiro e consubstanciado pelo parecer
do nobre jurista e Deputado Ibrahim Abi-Ackel tem a melhor das intenções, isto é,
caminha no sentido de que efetivamente possamos controlar e fiscalizar substâncias
entorpecentes e psicotrópicas que geram dependência física ou psíquica.
Encaminharei contrariamente apenas em relação à Emenda nº 7. Ao ser
aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto estabelecia, no seu art. 20, valores
para fixar as taxas de controle e fiscalização de tais produtos. No item I,
desprezados os centavos, havia sido estabelecido o valor de 319 reais para a
emissão do registro cadastral. A proposta do Senado Federal elevou
substancialmente tal valor, que passou a ser de aproximadamente 500 reais. No
item que dispõe sobre a emissão de certificado de licença, emissão de segunda via,
renovação de licença e alteração de registro, o valor era de 159 reais. A emenda do
Senado Federal eleva esse valor para cerca de mil reais, valor bastante elevado.
Logicamente, mesmo que esses valores venham a ser reduzidos pela Emenda nº 8,
quando se tratar de empresa de pequeno porte, de filial ou de microempresa, ainda
assim serão extremamente elevados.
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Acompanhei um dos comentários a respeito das taxas, que diziam que elas
seriam necessárias para que se pudesse manter o sistema de controle e de
fiscalização. Mas o Poder Público não pode, quando quer estabelecer sistemas de
controle e fiscalização, transferir para a sociedade a responsabilidade da
manutenção de todos os programas.
Na verdade, quando se chega a ter taxas que se tornam proibitivas, elas
acabarão permitindo que se encontre um sistema de fuga, uma rota alternativa que
não propiciará o verdadeiro controle que ser quer, porque se o valor for menor, como
aquele proposto inicialmente pela Câmara dos Deputados — valores de 319 reais,
159 reais, 100 reais, 21 reais, 10 reais —, as pessoas pagarão essas taxas. E, além
do pagamento da taxa, do dispêndio financeiro, elas cumprirão todas as exigências.
No entanto, quando esses valores são elevados, como os propostos pela emenda
do Senado Federal — valores de mil reais e de 500 reais —, a pessoa procurará
uma alternativa para não pagar e, não pagando, deixará de cumprir outros detalhes
extremamentes importantes para que possam ocorrer o controle e a fiscalização.
Sei que, a esta altura da sessão, o que se quer é aprovar o projeto, que se
encontra no regime de urgência — art. 64, § 3º, da Constituição — e se não for
votado acabará trancando a pauta novamente. Então, para evitar o trancamento da
pauta, vai-se votar o projeto de qualquer maneira, sem se discutir a emenda na sua
profundidade. Acredito que os valores elevados — e gostaria até de estar errado —
que se impõem a essas taxas acabarão fazendo com que as pessoas procurem
alternativas. Os valores anteriormente fixados por proposta da Câmara dos
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Deputados já estavam acertados, mas essa nova proposta do Senado,
lamentavelmente, tornará inviável o pagamento de certos valores.
Em relação ao acordo que estabeleceu a supressão do art. 8º do projeto e em
relação à Emenda nº 2, que suprimiu o inciso IX do art. 13, está se atendendo a
outro segmento do setor, no que diz respeito à guia de trânsito. A guia acaba sendo
um fator positivo, mas quando se colocam taxas que proíbem o seu cumprimento,
certamente os prejuízos acabarão sendo piores.
Esse é o encaminhamento, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Concedo a palavra ao nobre Deputado
Fernando Coruja, para encaminhar favoravelmente à matéria.
O SR. FERNANDO CORUJA (Bloco/PDT-SC. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, estamos votando as emendas do Senado ao Projeto de Lei nº 5.074,
que tem por finalidade aumentar a fiscalização sobre o transporte de substâncias
que podem ser utilizadas para a fabricação de psicotrópicos e entorpecentes.
Todo mundo conhece a necessidade que tem o País de controlar melhor o
tráfico de drogas, que se tem ampliado muito no País e no mundo. Temos de criar
mecanismos que coíbam o tráfico e, conseqüentemente, o uso. O projeto foi
aprovado aqui. Ele é importante, sem dúvida alguma. Mas queremos abrir um
parênteses para alertar sobre a urgência constitucional.
A Câmara dos Deputados está criando mecanismos de obstrução produzidos
pelo Governo para discussão de matérias tão ou mais importantes do que esta, em
função de o Governo fazer a nossa pauta, porque estabelece urgência para um
projeto dessa ordem. O fato de ser importante não quer dizer que seja urgente. Na
verdade, estamos apenas aumentando algumas taxas, criando mecanismos de
controle, que são importantes, mas não são urgentes no sentido do que a
Constituição previu. A urgência que a Constituição previu no art. 64 é diferente, não
é uma urgência pela vontade, pela importância, mas pela questão do tempo, com
limite de 45 dias. Queremos protestar contra isso.
Chamo atenção dos Parlamentares, também, porque o projeto cria taxas e
tarifas e acaba servindo mais como modelo arrecadatório — e dissemos isso aqui
por ocasião da votação do projeto — do que como mecanismo adequado de
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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fiscalização. Mas é claro que, como toda boa intenção neste País, caminha na
direção de encontrar mecanismos que possam coibir ou combater o tráfico de
drogas. Temos de dar a mão à palmatória e apoiar a proposta do Governo na
esperança de que essas ações do Executivo realmente ajudem a minorar o
problema.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação as Emendas de nºs 3, 4, 5,
6, 7 e 8 ao Projeto de Lei nº 5.074, de 2001, com pareceres favoráveis dos
Relatores.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo
permaneçam como se acham.
APROVADAS
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O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOSÉ ANTONIO ALMEIDA (Bloco/PSB-MA. Pela ordem. Sem revisão
do orador.) – Sr. Presidente, queria fazer um registro em nome da Liderança do
Bloco Parlamentar PSB/PCdoB.
Somos contrários às Emendas nºs 7 e 8. Não podemos votá-las
separadamente. Por isso, não manifestamos nosso voto contrário.
Portanto, registro que o Bloco Parlamentar PSB/PCdoB é contra as Emendas
nºs 7 e 8, porque entende que, no momento em que se aumentam demasiadamente
as taxas, facilita-se sua violação, como foi muito bem dito pelo Deputado Ibrahim
Abi-Ackel.
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação a Emenda nº 1, com
pareceres divergentes.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1021
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo
permaneçam como se acham.
APROVADA.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1022
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a Emenda nº 2, com
pareceres divergentes.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1023
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo
permaneçam como se acham.
APROVADA.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1024
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Há sobre a mesa e vou submeter a
votos a seguinte
REDAÇÃO FINAL:
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que estiverem de acordo
permaneçam como se acham.
APROVADA.
A matéria vai à sanção.
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O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (Bloco/PFL-PE. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, este foi um grande momento para a Casa. Votamos dois
projetos importantes que estavam trancando a pauta da Câmara.
Espero que, por um ajuste entre todos os partidos com assento nesta Casa,
possamos votar a urgência dos quatro projetos de lei que tratam do acordo para
acabar a greve dos servidores do INSS e das universidades públicas. Já há acordo
de todos os partidos para que amanhã possamos votar o mérito dessas matérias.
Acordos precisam ser cumpridos.
Sr. Presidente, a Câmara dos Deputados, mais uma vez, contribuiu para a
solução de uma greve. Ressalto o trabalho de V.Exa., que outra vez atuou como
moderador entre as partes, sem fugir do equilíbrio que deve ter o Presidente desta
instituição.
Louvo também a Casa por ter, por meio das várias Lideranças, participado
desse amplo entendimento que permitirá o fim da greve na Previdência Social e nas
universidades públicas.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – A Presidência cumprimenta o Líder
Inocêncio Oliveira e informa que estará preparada para votar, se for esse o
entendimento do Plenário, as urgências que possibilitarão o fim dessas greves.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. MIRO TEIXEIRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MIRO TEIXEIRA (Bloco/PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, o PDT também deseja votar essas urgências, porque
entende que é preciso encontrar solução para o problema dos servidores públicos
em greve, mas há sobre a mesa projeto com urgência urgentíssima aprovada sobre
a impressão do voto nas urnas eletrônicas. E, a rigor, ele tem prazo, porque, daqui a
pouco, não será possível mais o Tribunal Superior Eleitoral implementar sequer
parte desse projeto. Se V.Exa. considerar que hoje a sessão não comporta mais,
podemos votá-lo na sessão de amanhã como primeiro item da pauta.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Deputado Miro Teixeira, pela relevância
da matéria, ela já está previamente pautada para a sessão extraordinária de
amanhã. Não vou dizer que será o primeiro item da pauta porque pretendo votar
antes de qualquer outra coisa o segundo turno da imunidade parlamentar, que,
tenho certeza, contará com o apoio de V.Exa.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PAULO LESSA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PAULO LESSA (Bloco/PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, quero dizer que votei com minha consciência em relação ao projeto
da CLT. Mas já começamos a sentir o desespero. Uma Deputada da minha cidade
veio dizer que não represento o Município de Macaé. Recebi 18 mil votos em
Macaé, enquanto a Deputada a que me refiro teve 7 mil e poucos votos. Na cidade
de Carapebus, onde a Deputada nasceu, S.Exa. obteve 300 e poucos votos,
enquanto eu obtive 1.100 votos. Obtive 38 mil votos, e, portanto, estaria nesta Casa
como titular em qualquer outra legenda que não o PFL.
Sr. Presidente, há pessoas que não têm luz própria. É como a estrela
apagada que precisa do holofote de outro. É o caso da Deputada com o Governador
Anthony Garotinho. Sem o Governador para exigir dos Prefeitos do PDT do interior
que peçam voto para a Deputada, ela não estaria no Congresso Nacional.
Estou aqui há quinze dias, e, com certeza, o povo da minha região e da minha
cidade, Macaé, sabe que agora tem um representante no Parlamento. A Deputada
até hoje não disse o que veio fazer em Brasília. Quero ver como ela terá votos no
ano que vem sem a presença do Governador Anthony Garotinho na nossa região.
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A SRA. MIRIAM REID - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. MIRIAM REID (Bloco/PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, quero dizer que, com muita honra e muito orgulho,
continuo morando em Macaé, andando nas ruas de cabeça erguida e representando
com dignidade a classe trabalhadora que me elegeu.
Não tenho duas caras: uma lá e outra cá. O que falo em Macaé falo desta
tribuna.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. RUBENS BUENO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, somos contra as Emenda nºs 1 e 2 e favoráveis às
Emendas nºs 3, 4, 5, 6, 7 e 8. É importante deixar isso registrado.
Sr. Presidente, o Deputado Miro Teixeira levantou a questão do projeto sobre
as urnas eletrônicas. Precisamos resolver também a questão do lobby. Há
requerimento sobre a mesa já discutido e aprovado no Colégio de Líderes.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Está na pauta para ser votado amanhã.
Apenas estou antecipando a votação desses quatro pedidos de urgência, porque
são fundamentais para que as greves nas universidades públicas e no INSS sejam
superadas.
O SR. RUBENS BUENO – E têm todo o nosso apoio.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Portanto, apelo aos Srs. Deputados
que permitam sejam votados os requerimentos para a superação do impasse.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. OSMAR TERRA – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. OSMAR TERRA (PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) –
Sr. Presidente, chamo a atenção para uma questão de tempo que estamos vivendo
agora.
Se a PEC da iluminação pública não for votada logo, não haverá tempo para
tramitar no Senado Federal e ser aprovada nas Câmaras Municipais ainda este ano.
Portanto, ela não valerá para o ano que vem. Os Prefeitos estão ansiosos com
relação ao assunto. Não é culpa de ninguém, é claro, mas temos urgência em votar
essa PEC. Queria o compromisso do Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Considero adequada a lembrança de
V.Exa. Tive a iniciativa, ao lado de inúmeros Líderes partidários, de pôr essa matéria
em votação, em primeiro turno. Contudo, é preciso cautela, já que se trata de
emenda à Constituição, que requer a obtenção de quorum constitucional. Pior que o
atraso ou o adiamento por um dia — ela será votada impreterivelmente amanhã — é
o risco de que ela seja derrotada. Sugiro a V.Exa. que consulte os Líderes presentes
enquanto submeto à votação os requerimentos de urgência. Volto a essa matéria em
seguida.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Com a palavra, pela ordem, o Líder
Walter Pinheiro.
O SR. WALTER PINHEIRO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, assinamos quatro requerimentos de urgência que se encontram
sobre a mesa. Quanto ao projeto enviado pelo MEC, que esteve durante todo o dia,
até este momento, ainda em negociação, buscou-se resolver a pendência, já que
não havia sido inserido o que foi negociado. Resolvemos agora votar a urgência,
uma vez que há efetivo compromisso de o MEC inserir no projeto o que
concretamente foi negociado. Essa é nossa preocupação.
Então, a condição para se votar a matéria amanhã é que o teor do projeto
negociado seja inserido.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – É importante o alerta de V.Exa. Vamos
votar hoje a urgência, o que permitirá que a matéria seja inserida no bojo do projeto
para posterior deliberação.
O SR. WALTER PINHEIRO – Exatamente. Gostaria de registrar, portanto,
que o Partido dos Trabalhadores votará favoravelmente às urgências.
Por outro lado, há um aspecto que não pode passar sem registro: essa
negociação foi proposta por Parlamentares de diversos partidos desde o dia 26 de
setembro e gerou até incompreensão. Mas ainda é possível recuperar o acordo. A
Casa teve decisivo papel no assunto. Todavia, é importante registrar que já
poderíamos ter resolvido a questão da verba para as universidades desde o dia 26
de setembro.
Louvo a incansável e batalhadora atitude da Câmara dos Deputados, em
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1034
particular da Comissão de Educação, que teve destacado papel ao tentar remover
resistência de alguns.
Há ainda, Sr. Presidente, duas pendências: o acordo da Previdência, que é
importante ser fechado, e o da Saúde, que também fazia parte da greve. Tive hoje
conversa com o Ministro José Serra. S.Exa. me garantiu que honraria sua palavra —
e não seria diferente, uma vez que o Ministro honra os compromissos conosco
assumidos —, no sentido de que também o projeto dos servidores da Saúde seja
enviado o mais depressa possível, a fim de que esta Casa e o Senado votem a
matéria, e o problema seja solucionado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1035
A SRA. LAURA CARNEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PFL-RJ. Pela ordem. Sem revisão da
oradora.) - Sr. Presidente, quero apenas informar que, quanto à greve da
Previdência — hoje mesmo estive com o comando de greve —, não há nenhuma
pendência. O acordo do Governo Federal foi mantido.
Quanto à proposta da Saúde, o Ministro José Serra está tentando, junto ao
Ministério do Planejamento, a elaboração de projeto de lei a ser enviado a esta
Casa. Como ainda não existe projeto de lei, não há urgência a ser votada.
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1036
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, esses requerimentos de urgência, ainda que não tenham o
mérito fechado, são extremamente importantes, visto que já estamos na penúltima
semana dos trabalhos legislativos.
Por isso, há necessidade de superar não só as questões relativas aos
professores e aos servidores da Saúde, como bem lembraram os Parlamentares que
me antecederam, mas também as relativas aos servidores da Previdência,
extremamente importantes, haja vista que os postos da Previdência têm grande
acúmulo de pessoas que não regularizaram sua situação, e os funcionários esperam
que, com a aprovação do projeto, possam ter tratamento digno e coerente.
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1037
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Agradeço ao Plenário e aos Srs.
Líderes a contribuição no sentido de solucionar essas matérias importantíssimas
para os funcionários públicos brasileiros, notadamente da área da Previdência e da
Educação. Espero que eles possam regularizar sua situação e reiniciar de forma
adequada os trabalhos.
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1038
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Sobre a mesa o seguinte requerimento:
Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento
Interno, urgência para apreciação do Projeto de Lei nº
5.805, de 2001, que dá nova redação ao art. 4º da Lei nº
6.932, de 7 de julho de 1981, altera as tabelas de
vencimento básico dos professores de ensino de 3º grau
e dos professores de 1º e 2º graus, integrantes dos
quadros de pessoal das instituições federais de ensino, e
altera dispositivos da Lei nº 10.187, de 12 de fevereiro de
2001.
Assinam todos os Srs. Líderes partidários.
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1039
A SRA. TÂNIA SOARES – Sr. Presidente, peço a palavra para orientar a
bancada.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Tem V.Exa. a palavra.
A SRA. TÂNIA SOARES (Bloco/PCdoB-SE. Sem revisão da oradora.) –
Sr. Presidente, o voto do Bloco Parlamentar PSB/PCdoB é favorável à urgência.
Esta Casa desempenhou papel fundamental na negociação, notadamente a
Comissão de Educação, Cultura e Desporto, visto que conseguimos dar fim à greve.
Esperam ainda as universidades que votemos esse projeto, para que se retome o
normal funcionamento das instituições, inclusive a realização dos vestibulares.
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1040
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Em votação o requerimento de
urgência.
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1041
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua
aprovação permaneçam como se acham.
APROVADO.
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1042
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Requerimento sobre a mesa.
Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento
Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.299/01 — do
Poder Executivo —, que regulamenta o inciso X do art. 37
da Constituição, que dispõe sobre a revisão geral e anual
das remunerações e subsídios dos servidores públicos
federais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
da União, das autarquias e fundações públicas federais.
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1043
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1044
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua
aprovação permaneçam como se acham.
APROVADO.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1045
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Sobre a mesa o seguinte requerimento:
Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento
Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.493/01 — do
Poder Executivo —, “que dispõe sobre a criação da
Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-
Administrativa — GDATA, e dá outras providências.”
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1046
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1047
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua
aprovação, permaneçam como se acham.
APROVADO.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1048
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Reitero que as urgências estão
assinadas por todos os Srs. Líderes partidários.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1049
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) – Requerimento sobre a mesa:
Requeremos, nos termos do art. 155 do Regimento
Interno, urgência para apreciação do PL nº 5.703/01, que
dispõe sobre a Gratificação de Estímulo à Docência, de
que trata a Lei nº 9.678, de 3 de julho de 1998, e a
Gratificação de Incentivo à Docência, de que trata a Lei nº
10.187, de 12 de fevereiro de 2001.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1050
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Em votação a urgência.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1051
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Aqueles que forem favoráveis à sua
aprovação permaneçam como se acham.
APROVADO.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1052
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - A Mesa reitera que a Câmara dos
Deputados exerceu decisivo papel nas negociações, seja através da Comissão de
Educação, Cultura e Desporto, seja através da Comissão de Seguridade Social e
Família, seja através de cada uma das Comissões afeitas à matéria em discussão.
Portanto, como Presidente desta Casa, cabe a mim cumprimentar os Srs.
Líderes partidários e cada um dos Srs. Parlamentares. Além do papel constitucional
de legislar, esta Casa tem ido muito além ao dirimir dúvidas e muitas vezes superar
impasses, como no caso desta matéria, inclusive retirando de propostas de
emendas, cuja indicação caberia aos Srs. Parlamentares, recursos para fazer face
aos entendimentos tratados e acertados junto ao Poder Executivo.
Esta matéria volta à pauta para ser discutida no seu mérito e votada amanhã
em sessão extraordinária da Câmara dos Deputados.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1053
O SR. PINHEIRO LANDIM - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. PINHEIRO LANDIM (PMDB-CE. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, na votação anterior, nominal, votei de acordo com a orientação do
partido.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1054
O SR. RUBENS BUENO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RUBENS BUENO (Bloco/PPS-PR. Pela Ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, V.Exa. falou com muita propriedade, mas é preciso discutir
também a questão preliminar que diz respeito à urgência constitucional.
O art. 64 da Constituição Federal diz que o Poder Executivo poderá solicitar
urgência constitucional — e não comunicar —, e a Câmara dos Deputados,
preliminarmente, diz se aceita ou não. É este o debate que temos de travar.
Hoje estamos neste plenário com prejuízo de toda a ordem com relação à
pauta. Por exemplo, discussões e votações que deveriam estar sendo realizadas
sobre a correção da tabela do Imposto de Renda, do Orçamento Geral da União,
das urgências relativas às greves no serviço público, de fundamental importância
para a qualidade do serviço público e do atendimento à população, estão
suspensas, porque a pauta está trancada. Ou seja, um projeto é enviado a esta
Casa com pedido de urgência constitucional e paralisa toda a atividade do
Parlamento. Estamos paralisados, com a pauta trancada, com medidas importantes
a serem votadas, sem poder fazê-lo.
Sr. Presidente, temos de discutir a preliminar da urgência constitucional, e
essa preliminar significa passar pelo Plenário desta Casa para saber se ele aceita ou
não a urgência solicitada pelo Presidente da República. Esse é o debate que temos
de travar a partir deste momento.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1055
O SR. NICIAS RIBEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. NICIAS RIBEIRO (PSDB-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
na primeira votação da tarde, segui a orientação do PSDB.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1056
O SR. ALEX CANZIANI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Aécio Neves) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. ALEX CANZIANI (PSDB-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, inicialmente, registro que, na votação anterior, votei de acordo com a
recomendação do PSDB.
Gostaria também de fazer um importante registro referente ao Município de
Londrina, Estado do Paraná. Apresentamos emenda ao Orçamento no valor de 250
mil reais para fazer na região um grande centro cultural, mas até hoje, dia 4 de
dezembro, por falta de competência da administração do PT no nosso Município,
não estamos com a documentação necessária para que os recursos possam ser
liberados.
Esperamos que o Prefeito determine a sua equipe que viabilize a
documentação o mais rápido possível para que possamos oferecer ao querido
Município de Londrina essa obra de grande importância cultural.
Muito obrigado.
O Sr. Aécio Neves, Presidente, deixa a cadeira da
presidência, que é ocupada pelo Sr. Dr. Heleno, § 2º do
art. 18 do Regimento Interno.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1057
O SR. AGNALDO MUNIZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. AGNALDO MUNIZ (Bloco/PPS-RO. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero parabenizar o Deputado Aécio Neves pela forma
clara, tranqüila e ordeira como conduziu o processo de votação, em que pese o
resultado ter sido contrário ao que nós, defensores dos trabalhadores, esperávamos.
Gostaria ainda de registrar a presença do Sr. Isaías, da cidade de Cacoal,
integrante do SITRACOM — Sindicato dos Trabalhadores do Comércio do Interior
do Estado de Rondônia —, que veio acompanhar os trabalhos desta Casa.
Certamente S.Sa. observou que temos companheiros dignos, que lutaram com
veemência, clareza e muita determinação pelos direitos e garantias estabelecidos na
Constituição e na própria CLT.
Essas reformas trarão profundos problemas aos trabalhadores não só do
Estado de Rondônia, mas de todo o Brasil, porque hoje ficamos numa condição de
inferioridade para negociar com os grandes empresários, com as pessoas que
detêm o poder. Diante da crise econômica por que passa a Nação, da falta de
emprego, o empregado talvez terá de se humilhar perante o patrão para não perder
seu ganha-pão.
Quero também parabenizar os companheiros que levantaram essa bandeira
conosco, que lutaram contra esse monopólio. Apesar de termos sido derrotados
nesta Casa, esperamos por uma vitória no Senado. O mais importante é que
lutamos juntos pelos direitos e garantias constitucionais estabelecidos na
Constituição Federal. Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
1058
O SR. MILTON MONTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MILTON MONTI (PMDB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,
na votação anterior votei com o PMDB.
O SR. FRANCISCO GARCIA (Bloco/PFL-AM. Sem revisão do orador.) – Sr.
Presidente, na votação anterior votei com o PFL.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. CLOVIS ILGENFRITZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem para
apresentar proposição.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, esperei pacientemente o final da Ordem do Dia para, conforme
manda o Regimento, fazer o registro de proposição que considero de grande
importância.
Tal proposição foi assinada, no prazo de apenas dois dias, por mais de 220
Deputados e Deputadas desta Casa. Trata-se de incluir novo inciso no § 9º do art.
165 e alguns parágrafos ao mesmo artigo da Constituição Federal, a fim de instituir o
orçamento participativo nacional. Já há experiências nesse sentido em diversas
cidades do País, em especial no Estado do Rio Grande do Sul, onde fui Secretário
de Estado até dezembro de 2000 e coordenei o orçamento participativo pioneiro.
Neste momento de tantas dificuldades, quando se visa à democratização do
Estado, uma das peças que mais causa problemas à vida brasileira e à vida do
próprio Congresso é a elaboração da peça orçamentária e, muitas vezes, também a
do Plano Plurianual. O que proponho poderá evitar o que acontece atualmente nesta
Casa, ou seja, um verdadeiro leilão do Orçamento Público, no qual, em votações
importantíssimas como a que se realizou hoje, haja a barganha do Governo baseada
em emendas e não nas propostas feitas diretamente pela população.
Portanto, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, fica registrada a
apresentação dessa PEC para que se institua no Brasil a discussão do Orçamento-
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Geral da União em todos os Municípios, em todos os Estados, a fim de que se abra
caminho para a efetiva democratização do Poder Público neste País.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Apresentação de proposições.
Os Srs. Deputados que tenham proposições a apresentar queiram fazê-lo.
APRESENTAM PROPOSIÇÕES OS SENHORES:
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. VIRGÍLIO GUIMARÃES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, comunico à Casa que, neste final de sessão legislativa, a Comissão
Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização vai funcionar de manhã, à
tarde e à noite — ela já está convocada para sexta-feira e sábado desta semana —,
para que o Orçamento seja aprovado. Mas anuncio de público que o Partido dos
Trabalhadores vai vincular toda essa tramitação e esse esforço ao aumento real do
salário mínimo.
É inadmissível que se discutam tantas emendas sem se discutir um salário
mínimo decente para este País. É inaceitável que alguém possa pensar em dar um
aumento de dez reais para o salário mínimo, o que não cobre sequer a inflação
acumulada, sequer se aproxima da promessa do Governo Fernando Henrique
Cardoso de um salário de cem dólares, que, pela cotação de hoje, seria de 245
reais. Portanto, não se pode pensar em valor inferior aos 216 reais, que não
correspondem aos 100 dólares previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Sr. Presidente, deixo claro para esta Casa e para o País que participaremos
de todos os esforços; nos reuniremos sábado e domingo se necessário. Podemos
obstruir, jogar o Orçamento para o ano que vem, mas nada admitiremos sem que
haja a consignação de um salário mínimo decente, de, pelo menos, 216 reais.
Proporemos, inicialmente, 220 reais. Lutaremos por esse valor e, quem sabe,
conseguiremos a vitória.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. OLIVEIRA FILHO – Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. OLIVEIRA FILHO (Bloco/PL-PR. Pela ordem. Pronuncia o seguinte
discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, procurado por trabalhadores,
liderados por Ismael Alves dos Santos, motorista aposentado por invalidez, com
séria seqüela decorrente de assalto à mão armada, sofrido no exercício da sua
atividade, descrevo a grave situação que enfrentam motoristas e cobradores dos
ônibus urbanos no Estado do Paraná. Além da notória insegurança, pois são
assaltados diariamente, as empresas, ao arrepio das leis trabalhistas brasileiras,
desrespeitam, normalmente, seus empregados.
A seguir, vou mencionar alguns itens que demonstram as humilhações e
infortúnios a que são submetidos motoristas e cobradores urbanos paranaenses.
Se qualquer ônibus urbano for assaltado, quem paga a diferença da caixa,
sem direito a defesa, é o cobrador — alem da arbitrariedade, é um abuso contra o
trabalhador. A empresa faz do cobrador o responsável pelo roubo.
Se houver quaisquer tipos de acidentes (batidas) envolvendo um ônibus
(tenha ou não razão), a empresa sempre responsabiliza financeiramente o motorista,
até por danos contra terceiros e pelo valor da franquia, quando o seguro cobrir
outros valores.
O motorista é igualmente responsável pelo pagamento de multas, mesmo que
estas existam em razão de determinações das empresas (cumprimentos de quotas,
quantidades de viagens ou mínimos de passagens).
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A jornada de trabalho de cobradores e motoristas é de 6h por dia (36h por
semana). Não são respeitados, evidentemente, os intervalos para lanches, porque
eles têm de estar a postos nas viagens e nos pontos finais, e não podem levar
marmita, por não terem lugar para guardá-la ou aquecê-la.
Quando a empresa marca reunião com o pessoal (novas normas e diretrizes),
o faz sem observar o horário a ser cumprido pelos profissionais. Assim, motorista e
cobrador que começam (como exemplo) às 14h, são convocados para a reunião das
9h, ficam ociosos na empresa do término da reunião até o inicio da jornada (em
geral moram em bairros distantes, e não é viável irem até em casa), sem nenhum
retorno financeiro.
Os uniformes são custeados pelos próprios profissionais, embora sejam
equipamentos de trabalho.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ser motorista ou cobrador de
empresas de ônibus urbanos no Paraná é ser herói. É, além das dificuldades
naturais da atividade, viver à mercê de patrões insensíveis e espoliadores.
Solicito ao Sr. Francisco Dornelles, Ministro do Trabalho, que, por favor,
considere o meu Paraná, observe a situação de motoristas e cobradores, determine
que fiscais visitem as empresas e simplesmente exijam o cumprimento das leis
trabalhistas. Sei que não é pedir muito. Se for feito o mínimo, já será de grande
valia.
Se não forem tomadas as medidas necessárias, vou defender, desta tribuna
ou aonde for possível, o povo paranaense, sofrido, é verdade, mas honesto e
valoroso.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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Deus Abençoe o Paraná!
Deus Abençoe o Brasil!
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS – Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) – Tem V.Exa. a palavra.
O SR. RAIMUNDO GOMES DE MATOS (PSDB-CE. Pela ordem. Pronuncia o
seguinte discurso.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, realiza-se, nos dias 4 e
5 do corrente mês, em Washington, D.C., o Seminário “Participação,
Descentralização e Desenvolvimento Promovido pelas Comunidades”.
O evento, que ocorre na sede do Banco Mundial, com o apoio logístico do
Instituto Interamericano de Cooperação Agrícola, através do Centro Internacional
para o Desenvolvimento Rural e da PADECO — empresa de consultoria japonesa, é
a oportunidade para o debate e a reflexão sobre as experiências exitosas de
desenvolvimento rural e participação comunitária, implementadas com o apoio do
Banco Mundial, dentro de sua linha de ação de combate à pobreza e de melhoria da
qualidade de vida da população no meio rural.
É alvo de intenso debate, no plenário daquele Seminário, o Projeto São José,
criado pelo Governo do Estado do Ceará como instrumento de ação do Poder
Público para o fortalecimento das comunidades rurais, com a preocupação básica de
geração de emprego e renda.
A implementação e consolidação desse projeto se deram por meio de um
trabalho de parceria envolvendo o Governo do Estado, os Conselhos Municipais de
Desenvolvimento Sustentado e as organizações comunitárias que congregam os
pequenos produtores rurais.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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O Projeto São José foi executado em 177 Municípios do Estado do Ceará,
tendo como beneficiários 5.032 comunidades, com atendimento de 333.344 famílias,
em 5.089 projetos, e alocação de 211 milhões de reais.
Em função da avaliação favorável do projeto, cujos resultados positivos estão
explicitados nos relatórios do Banco Mundial, o Governo do Estado do Ceará
continua recebendo apoio daquela instituição financeira.
Para dar continuidade ao trabalho, foi celebrado, recentemente, acordo de
empréstimo entre o Banco Mundial e o Governo do Ceará, no valor de 50 milhões de
dólares. Desse total, 37,5 milhões advirão do BIRD e 12,5 milhões representarão a
contrapartida do Governo Estadual e das comunidades beneficiárias. Estes recursos
serão destinados à implementação de 2 mil subprojetos comunitários, beneficiando
120 mil famílias em 177 Municípios do Estado do Ceará.
A implementação do Projeto São José vem sendo acompanhada,
sistematicamente, por técnicos e especialistas do Banco Mundial que avaliam sua
eficácia em termos de geração de emprego e renda e como mecanismo de
fortalecimento das organizações comunitárias.
Hoje esse projeto é parte integrante da agenda do Governo do Estado do
Ceará, onde o espaço social foi ampliado de forma a incluir toda a população
marginalizada no processo de desenvolvimento, em especial os segmentos que
vivem em áreas castigadas pelas estiagens prolongadas.
A importância conferida ao trabalho de fortalecimento das organizações
comunitárias no Estado do Ceará é manifestada na relevância dada pelo Banco
Mundial à experiência do Projeto São José — tema de debate no Seminário que ora
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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se realiza em Washington e conta com a participação do Governador Tasso
Jereissati. O Governador, neste momento, está proferindo palestra no plenário
daquele conclave.
Ao evento estarão presentes, também, o Dr. Josias Farias Neto, Diretor da
Diretoria de Coordenação Técnica da Secretaria de Desenvolvimento Rural, e a Sra.
Josefa Sales Lima, representante da Associação Comunitária de Várzea do Gado,
do Município de Pentecoste.
É relevante ressaltar a importância dada pelo BIRD aos legítimos
representantes das comunidades rurais diretamente envolvidas no processo,
explicitada, aqui, no convite pessoal formulado à Presidente da Associação
Comunitária de Várzea do Gado de Pentecoste.
Na oportunidade, queremos enfatizar o trabalho desenvolvido pelo
Governador Tasso Jereissati e pelo Secretário de Desenvolvimento Rural, Dr. Pedro
Sisnando Leite, que, por meio de eficiente processo de descentralização das
políticas públicas, vêm lutando para superar as carências e déficits sociais elevados
que ainda se manifestam em níveis inaceitáveis de pobreza e de desigualdades
sociais.
O Governo do Estado vem, em parceria com o Governo Federal, montando
uma rede de proteção social, por meio da ação direta junto às populações com
carências especiais. E, no conjunto dos programas que formam esta rede de
proteção social, situa-se o Projeto São José, cuja eficácia é assegurada pela intensa
participação das comunidades envolvidas, assegurando, assim, que os recursos
alocados nos programas sociais cheguem efetivamente aos beneficiários finais.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ REDAÇÃO FINALNúmero Sessão: 254.3.51.O Tipo: Ordinária - CDData: 04/12/01 Montagem: Sérgio
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A participação social é o segredo do sucesso dos programas de
desenvolvimento local integrado e sustentável implementados pelo Governo do
Estado do Ceará.
Era o que tínhamos a dizer.
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1070
O SR. WILSON SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. WILSON SANTOS (PSDB-MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -
Sr. Presidente, quero registrar que meu voto na última votação seguiu a mesma
linha do primeiro, ou seja, “não”.
Aproveito a oportunidade para comunicar a todo o Brasil que hoje a Câmara
Municipal de Cuiabá aprovou, por 18 votos a 3, o passe livre para os estudantes de
1º, 2º e 3º graus daquela Capital, luta antiga que iniciou com o então Vereador
Antero Paes de Barros, hoje Senador da República, que conseguiu na época a
aprovação da meia passagem.
Depois de dezoito anos, aquela Casa aprova o passe livre integral para todos
os estudantes das redes pública e privada.
A luta pelo passe livre foi a principal proposta que apresentei, durante a
campanha de 2000 para a Prefeitura de Cuiabá, à juventude da minha cidade.
Acredito que, com o passe livre, diminuirá a evasão escolar, a repetência e sobrará
mais dinheiro para aplicação em livros, cultura, esporte e lazer.
Parabenizo a Câmara Municipal de Cuiabá por essa aprovação.
Quero parabenizar, de maneira especial, o ex-Vereador Antero Paes de
Barros, hoje Senador da República, que iniciou essa luta; o ex-Vereador Mário
Nadafi, do PSDB, que na legislatura passada apresentou a proposta do passe livre
em Cuiabá; os Vereadores Edmilson Prates, Milton Rodrigues e Totó Parente, que
apresentaram na atual legislatura projetos de lei propondo o passe livre em Cuiabá;
como também o Vereador Sérgio Ricardo, os ex-Vereadores Rinaldo Almeida,
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Douglas Energia, que também encamparam, ao longo dos últimos anos, a luta pelo
passe livre da juventude cuiabana.
Também está de parabéns a juventude cuiabana, que soube, através de
várias passeatas, manifestar-se, organizar-se. A juventude de Cuiabá dá a este País
uma lição: quando há organização, mobilização e principalmente consciência do que
se quer é possível mudar a realidade.
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O SR. JOÃO MAGNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. JOÃO MAGNO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, em que pese termos participado nesta noite de uma triste votação que
retirou os direitos dos trabalhadores contidos na CLT, trago notícia importante a
todos aqueles que querem defender as nossas águas, os rios brasileiros.
Na última sexta-feira, foi aprovada, na cidade de Aracaju, em Sergipe, em
reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a criação do Comitê de Bacias
do Rio Doce.
Esse comitê tem especial importância neste momento para um dos mais
importantes rios de Minas Gerais, sob o ponto de vista do desenvolvimento
econômico e social.
Sr. Presidente, o Rio Doce passa por um processo de desertificação. Houve
imensa mobilização de ambientalistas, militantes e ativistas do meio ambiente,
Prefeituras e Câmaras Municipais, para a criação do comitê. Conseguimos fazer
aliança com a Agência Nacional de Águas, com o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos e colocar em pauta a matéria, que foi aprovada por unanimidade.
Foi um ótimo presente de Natal para os três milhões de habitantes da Bacia
do Rio Doce, pois o Comitê facilitará uma política de investimento, especialmente na
área de recuperação dos mananciais e de tratamento de esgoto. Serão 220
Municípios, situados nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, beneficiados,
daqui para frente, de forma prioritária.
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Esse foi um grande presente para os mineiros e para todos que sabem
valorizar e preservar as águas deste País.
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O SR. DR. HÉLIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DR. HÉLIO (Bloco/PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr.
Presidente, esta Casa viveu e vive momentos de altos e baixos. Houve momentos
que a valorizaram, como o da aprovação do Código de Ética, o estabelecimento de
normas que restringem a imunidade Parlamentar, entre outros fatos que marcaram
com relevância a participação da Presidência da Mesa Diretora desta Casa.
Viveu também momentos de baixa, como o da decisão perversa adotada
contra o trabalhador brasileiro, com a retirada dos direitos estabelecidos na
Consolidação das Leis do Trabalho e privilegiando o capital. Mas não nos sentimos
vencidos, e o trabalhador brasileiro também não se deve sentir assim. O Senado há
de fazer justiça, derrotando o projeto, que se iniciou nesta Casa e foi contra os
interesses dos trabalhadores brasileiros. E se não conseguirmos que o Congresso
se posicione contrariamente, decerto buscaremos amparo na Justiça brasileira.
Faço um apelo ao Congresso Nacional para que vote com urgência as
emendas que concedem os soldos e benefícios aos militares ativos e inativos e
também aos pensionistas. Tenho recebido pedidos nesse sentido. Dizem na
imprensa que, por conta das urgências constitucionais desta Casa, houve problema
para aprovar essas emendas. O principal responsável é o Governo por ter colocado
de forma açodada esta urgência constitucional, querendo mudar a CLT com esta
posição equivocada.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. POMPEO DE MATTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. POMPEO DE MATTOS (Bloco/PDT-RS. Pela ordem. Sem revisão do
orador.) - Sr. Presidente, quero tão-somente registrar a apresentação na Casa de
três projetos de lei. O primeiro diz respeito à reserva de espaço para pessoas
portadoras de deficiência física nos bares e restaurantes. Os portadoras de
deficiência física não têm espaço adequado nesses ambientes. É preciso que a
legislação avance para atendê-los.
O segundo projeto, Sr. Presidente, refere-se à obrigatoriedade de
supermercados e similares disponibilizarem cadeiras de rodas para clientes
deficientes físicos, a fim que possam exercitar o direito elementar de fazer compras
nos supermercados. Assim como há hoje nos supermercados carrinhos para as
mães transportarem suas crianças, eles também devem dispor de cadeiras de rodas.
O terceiro projeto, Sr. Presidente, torna obrigatória a realização de exames
psicológicos periódicos para policiais civis e militares. O País vive grave drama em
relação à segurança pública e precisamos de agentes policiais psicologicamente
preparados para enfrentar o stress que vivemos nos grandes centros urbanos.
O exame psicológico atestará se o agente está apto a continuar nessa
atividade profissional ou se precisará de reciclagem.
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VII - ENCERRAMENTO
O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Nada mais havendo a tratar, vou encerrar
a sessão.
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O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - COMPARECEM MAIS OS SENHORES:
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DEIXAM DE COMPARECER OS SENHORES:
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O SR. PRESIDENTE (Dr. Heleno) - Encerro a sessão, designando para
quarta-feira, dia 5 de dezembro, às 13h, sessão ordinária. Convoco também sessão
extraordinária para logo após a sessão ordinária, ambas com a seguinte
ORDEM DO DIA
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(Encerra-se a sessão às 21 horas e 20 minutos.)