universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · do decreto nº 2479/79. porém, atualmente, no...

44
<> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA <> <> <> <> <> O PODER DISCIPLINAR NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS REGIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO<> <> <> Por: Cesar Rodrigues Teixeira <> <> <> Orientador Prof. Anselmo Souza Rio de Janeiro 2012

Upload: hoanganh

Post on 11-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

<>

<>

<>

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

<>

<>

<>

<>

<>

O PODER DISCIPLINAR NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS

REGIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO<>

<>

<>

Por: Cesar Rodrigues Teixeira

<>

<>

<>

Orientador

Prof. Anselmo Souza

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

<>

<>

<>

<>

<>

O PODER DISCIPLINAR NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS

REGIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE

JANEIRO.<>

<>

<>

<>

<>

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito Público e Tributário.

Por: Cesar Rodrigues Teixeira

3

AGRADECIMENTOS

Aos colegas de trabalho Geraldo

Aymoré, Jorge Ricardo, Almir Calixto,

Eduardo Emery, Jupira de Castro e

Catia de Medeiros e aos colegas do

Curso de Pós-Graduação “Lato Senso”

em Direito Público e Tributário.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus e a meus

pais Silvino Cesar (in memorian) e Maria

Rodrigues, a minha amada Margareth

Veras, aos meus amados filhos

Guilherme Cesar e Lucas Cesar e ao meu

orientador Anselmo Souza pelo

conhecimento e críticas construtivas.

5

RESUMO

Este trabalho monográfico tem o escopo de elucidar o poder disciplinar dos

Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais do Poder Judiciário do Estado do Rio

de Janeiro, agentes políticos que atuam por designação do Presidente do

Tribunal de Justiça e por indicação do Corregedor Geral de Justiça. Ato

composto, portanto. Foi dissertado de maneira a elucidar o devido processo

legal da sindicância, procedimento sumário, instaurado mediante Portaria,dos

Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais, com o escopo de apurar

irregularidades praticadas por servidores lotados nas serventias judiciais de 1ª

Instância, integrantes de seu Núcleo. O procedimento da sindicância está

disciplinado nos artigos 61 a 63 do Decreto-Lei nº 220/75 e artigos 311 a 319

do Decreto nº 2479/79. Porém, atualmente, no Judiciário Fluminense, a

principal norma que rege a sindicância é o Provimento da Corregedoria nº

82/2009, que também disciplina o processo administrativo disciplinar, cuja

autoridade competente para deflagrá-lo é o Corregedor Geral da Justiça.

Buscou-se, de forma sucinta, estabelecer as diferenças entre a sindicância e o

processo administrativo disciplinar, bem como as penas disciplinares que

podem ser aplicadas pelos Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais.

6

METODOLOGIA

Este trabalho buscará apoio básico em pesquisas em livros e revistas na

área de referente ao tema proposto, bem como nas legislações e atos

normativos que disciplinam processo administrativo disciplinar no âmbito dos

Núcleos Regionais do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Os Poderes Administrativos. 10

CAPÍTULO II - Os Núcleos Regionais do Poder Judiciário do Estado do Rio de

Janeiro. 25

CAPÍTULO III – As Penas Disciplinares Cominadas no Âmbito dos Núcleos Regionais. 32

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

8

INTRODUÇÃO

O ordenamento jurídico confere à Administração Pública e aos agentes públicos um conjunto de prerrogativas, denominados de poderes (poderes públicos), e deveres administrativos, em decorrência do princípio da supremacia do interesse público sobre o privado e da indisponibilidade desse interesse. Assim, para o exercício de suas funções e consecução dos fins públicos, a Administração é detentora de certas prerrogativas especiais de direito público. Tais prerrogativas, como disse, denominam-se poderes administrativos. Nesses termos, por ser esse poder administrativo outorgado aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo, pode-se enumerar duas características básicas: são irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. Em razão desse duplo aspecto, os poderes administrativos impõem ao administrador o exercício das prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos anseios coletivos. Por isso, enquanto o particular como titular de uma prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o poder-dever de agir. É em razão disso que o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello diz que se trata de um dever e não um poder, ou seja, seria para ele um dever-poder Com efeito, quando esses poderes estão sendo utilizados de forma normal, ou seja, nos limites da lei, observando seus fins, diz-se que há o uso do poder. De outro lado, quando há o uso anormal, ou seja, fora dos limites legais ou não observando os fins estabelecidos, ocorre o chamado abuso de poder. Assim, o uso do poder é a utilização normal das prerrogativas públicas. E o abuso de poder é, conforme lição de José dos Santos Carvalho Filho "a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei". Por isso, podemos constatar que o poder administrativo pode sofrer de vício de duas espécies, sendo: por excesso ou por desvio de poder. Ocorre o excesso de poder quando o agente atua fora dos limites da competência que lhe foi atribuída, ou seja, extrapola os limites de sua competência ou invade competência que não é sua. Significa dizer que o agente não tem competência para praticar o ato. O desvio de poder ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de certo ato, ou seja, aqui o agente tem competência, porém a utiliza para alcançar fins que não os queridos pela norma.

9

O desvio de poder também é conhecido como desvio de finalidade, ou seja, conduta do agente público que dá finalidade ao ato administrativo diverso daquele previsto na lei. Pelo artigo 44, inciso XII do Código de Organização Judiciária do Estado do Rio de Janeiro (CODJERJ), o Corregedor-Geral de Justiça tem competência para remover servidor a pedido ou ex-offício, por imperiosa necessidade ou conveniência ao serviço. Destarte, se o Corregedor-Geral de Justiça, no sentido de punir um servidor, o remove ex-offício para uma Comarca distinta de seu domicílio, estará praticando um ato com desvio de poder, uma vez que a lei só autoriza a remoção por iniciativa da própria Administração para atender ao interesse público, como por exemplo carência funcional em determinada Comarca, por motivo de aposentadoria de determinado funcionário. Tanto quando há excesso de poder ou desvio de poder diz-se que houve abuso de poder. Assim agindo, o agente comete ilícito administrativo (além de ilícito penal, Lei n° 4.898/65), visto que o abuso de poder afronta o princípio da legalidade, sujeitando-se, portanto, ao controle administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por exemplo). Diante disso, podemos definir poderes administrativos como o conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins, conforme lição de José dos Santos Carvalho Filho. Segundo a doutrina, esse conjunto de prerrogativas conferidas aos agentes administrativas pode ser distinguido sob vários aspectos. Sendo, portanto, possível indicar as seguintes modalidades: a) poder discricionário b) vinculado; c) poder regulamentar; d) poder de polícia; e) poder hierárquico; f) poder disciplinar. Destarte, é nesse contexto, a presente monografia se propõe a estudar o processo administrativo disciplinar, reflexo do poder disciplinar, no âmbito dos Núcleos Regionais do Poder Judiciário, apresentando as hipóteses em que as penas disciplinares poderão ser aplicadas pelos Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais, bem como analisar o papel da sindicância como instrumento utilizado pela corregedoria para aplicar sanções disciplinares

.

10

CAPÍTULO I

TÍTULO DO CAPÍTULO

OS PODERES ADMINISTRATIVOS

A Administração Pública, conjunto de agentes, órgãos e entidade incumbidos do exercício da função administrativa, tem por finalidade última a busca do interesse comum, da coletividade.

Para atingir tal finalidade, o Poder Público recebe Público recebe do ordenamento jurídico uma série de prerrogativas denominadas poderes administrativos, que representam os instrumentos pelos quais o Estado manifesta a supremacia do interesse público sobre o interesse particular. Entretanto, o uso desses poderes só terá legitimidade se respeitar os limites que a lei impõe para o seu exercício, sob pena de ensejar abuso de poder e de responsabilidade patrimonial do Estado, porquanto o ato será ilegal.

Apesar de a doutrina costumar chamá-los de ‘’poderes administrativos’’, é importante lembrar que a expressão mais correta seria ‘’poderes-deveres administrativos’’. Isso porque a Administração Pública não pode renunciar ao interesse público que tutela nem aos mecanismos de ação que recebe para melhor atingi-lo. Segundo a lição de Hely Lopes Meirelles para quem ‘’o poder tem para o agente público o significado de dever para com a comunidade e para com os indivíduos, no sentido de que quem o detém está sempre na obrigação de exercitá-lo’’.

Uso e abuso de poder

O uso (normal) de poder é a utilização adequada à lei, pelos agentes públicos, das prerrogativas que lhes são dadas pelo ordenamento jurídico. Já o abuso de poder surge quando essas prerrogativas são empregadas em desacordo com a lei, fora dos limites da competência do agente ou com desvio da finalidade a ser atingida, de interesse público. A cada uma dessas duas hipóteses corresponde um tipo de abuso de poder:

. Excesso de poder - Ocorre quando o agente, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, a sua competência legal e, destarte, torna o ato invalido.

. Desvio de poder (ou desvio de finalidade) - Surge nas situações em que o agente pratica o ato visando a um fim diverso daquele previsto na lei. Na lei da Ação Popular, o desvio de finalidade vem definindo como sendo aquele que ‘’ se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explicita ou implicitamente, na regra de competência’’ (art.2º., parágrafo único, ‘’e’’, da Lei 4.717/65). O exemplo clássico de desvio de poder é a

11

desapropriação que, apesar de feita em nome do interesse público, na verdade tenha sido imposta para prejudicar um inimigo ou mesmo para beneficiar a própria autoridade expropriante.

É possível impugnar o abuso de poder tanto na esfera administrativa (por meio do direito de representação, por exemplo) como na judicial (cabendo até o mandado de segurança, nos termos do artigo 5º., LXIX, da Constituição Federal e da Lei nº 12016/2009), sendo o abuso considerado, em certos casos infração penal prevista na Lei 4.898/65,.

Espécies de poderes administrativos

Dentre os principais poderes administrativos, citamos os poderes hierárquico, disciplinar, normativo (ou regulamentar) e de polícia. Os poderes vinculado e discricionário, no entanto, para parte considerável da doutrina, não seria um poder em si, mas atributo de outros poderes, ou seja, estaria inserido em outros poderes, na realização dos atos concernentes a algumas atividades.

Poder Hierárquico

Há doutrina, como a do Prof. José dos Santos Carvalho Filho, que sequer entende que o poder hierárquico seja propriamente poder, mas sim um atributo ou característica da administração pública. Todavia, a maior parte o trata sob esta epígrafe de poder da administração, valendo manter assim o conceito.

Poder hierárquico é a capacidade de organizar, ordenar, fiscalizar, controlar a

administração, inclusive cabendo rever atos de subordinados, dentre outras capacidades. O controle exercido pelo agente superior sobre os atos do subordinado, justamente, se denomina controle hierárquico, ou controle por subordinação.

Este controle hierárquico é um controle automático, amplo, e de efeitos

permanentes. Isto significa que este controle independe de qualquer previsão legal específica: a autoridade superior tem, mais do que o poder, mas o dever de controlar os atos de seu subordinado. Assim, no âmbito dos Núcleos Regionais do Poder Judiciário, o Juiz Dirigente do Núcleo Regional é superior hierárquico dos Escrivães ou dos Responsáveis pelos Expedientes das serventias judiciais de 1ª instância do Poder Judiciário.

Não se deve confundir o controle hierárquico com o controle por vinculação, chamado

controle finalístico. Neste controle, não existe qualquer hierarquia entre quem controla e quem está sendo controlado, ao contrário do controle hierárquico. Além disso, a extensão do controle finalístico vai sempre depender da previsão legal específica para tal controle – o qual, portanto, não é automático.

12

Assim, o chamado recurso hierárquico, dirigido a agente superior na escala hierárquica, é cabido somente no âmbito do ente que tem estabelecida a hierarquia. Só teria cabimento, porém, o recurso hierárquico impróprio, dirigido à entidade alheia ao quadro hierárquico do ente em que se produziu a decisão impugnada se houver previsão legal específica neste sentido, pois do contrário se estará suscitando ordem hierárquica entre agentes que não são hierarquicamente dispostos, mas apenas vinculados para efeito de controle finalístico. O recurso hierárquico próprio, decorrente do poder hierárquico, não depende de qualquer previsão legal, pois é inerente ao controle hierárquico.

No que tange aos Núcleos Regionais, da decisão de seu Juiz Dirigente que

determinar o arquivamento de sindicância ou que, em decisão final de sindicância, aplicar pena de advertência, repreensão, ou multa ( conversão da suspensão), caso não reconsiderar a sua decisão, caberá a interposição de Recurso Hierárquico (Recurso Hierárquico Próprio) ao Corregedor Geral de Justiça, que será a última instância administrativa, quando estas forem as penas aplicadas, ou seja, os autos da sindicância só serão encaminhados ao Conselho da Magistratura se o Corregedor, na sua competência originária, em sede de processo administrativo disciplinar aplicar as penas de advertência, repreensão, e suspensão, independentemente do prazo. Delegação e avocação

O poder hierárquico engloba também as prerrogativas da delegação e avocação

pela administração pública, possibilitando que o Poder Público delegue ou avoque atribuições que entender cabíveis.

Em regra, delegar é transferir atribuições por si detidas a um outro agente

público, geralmente feita por superior hierárquico a um subordinado. É a hipótese dos Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais, que exercem as suas atribuições por delegação do Poder Judiciário. Contudo, pode haver delegação de atribuições para quem não seja subordinado.

Os atos que competem exclusivamente a determinado agente não são delegáveis,

pois assim o quis o legislador ou constituinte, ao prever a exclusividade. Quando o ato for delegável, partindo-se da premissa que é uma possibilidade

inerente ao próprio poder hierárquico, que é amplo e automático a delegação não precisaria ser prevista especificamente em lei. Porém, há uma discussão sobre esta delegabilidade, entendendo, alguns, que a possibilidade de delegação só existe quando houver, no ordenamento jurídico lato sensu, alguma previsão autorizativa expressa (tese do Prof. Jose dos Santos Carvalho Filho).

A Lei 9.784/99, que trata do processo administrativo em nível federal, traz no

seu artigo 13 alguns atos insuscetíveis de delegação:

“Art . 13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter normativo;

13

II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.”.

No âmbito do Estado do Rio de Janeiro, o artigo 11 da Lei nº 5427/2009 dispõe acerca da delegação de competência. O artigo 10 desta lei traz previsão que corrobora a corrente do Prof. Carvalho, que defende que é necessária autorização legal para a delegação:

“Art. 10. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, ressalvadas as hipóteses de delegação e avocação previstas nesta Lei ou em Leis específicass.” (grifo nosso)

Se não houver subordinação entre quem delega e quem será delegatário, ao

contrário, não há divergência: será sempre necessária a lei autorizativa. A possibilidade de delegação a entidades não-subordinadas se encontra no artigo 12 da Lei nº 9784/99:

“Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos Presidentes.” (grifo nosso).

A Lei n º 5427/2009 tem dispositivo semelhante no artigo 11 e parágrafos.

Questão interessante consiste em saber se a autoridade que delega atribuições para uma autoridade subordinada continua simultaneamente competente para decidir sobre o assunto delegado, ou esta competência lhe é limada enquanto estiver sob a ordem do delegatário. Há dois entendimentos: José Carvalho entende que ainda remanesce competente, simultaneamente, pois delegou apenas a execução do ato, e não a titularidade; outra corrente, como Diógenes Gasparinni, defende que ocorre uma suspensão da competência do delegante, em favor da competência do delegatário, cabendo somente a este o poder decisório.

No Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, o Juiz Dirigente do Núcleo

Regional tem competência concorrente com os Juízes de Direito da 1ª instância para deflagrar sindicância.

Além da Lei 9.784/99, o Decreto-Lei 200/67, nos artigos 11 e 12, trata da

delegação:

“Art. 11. A delegação de competência será utilizada como instrumento de descentralização administrativa, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.”

14

“Art . 12 . É facultado ao Presidente da República, aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades da Administração Federal delegar competência para a prática de atos administrativos, conforme se dispuser em regulamento. Parágrafo único. O ato de delegação indicará com precisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e as atribuições objeto de delegação.”

A autotutela também é uma manifestação do poder hierárquico, na medida em

que é por conta dela que se permite aos agentes promover a anulação ou revogação de atos praticados por subordinados, além dos próprios.

A avocação, por sua vez, é o movimento inverso: ocorre quando a autoridade

superior chama para si a competência que era de um subordinado, por motivos relevantes devidamente justificados e em caráter temporário, conforme o disposto no artigo 13 da Lei nº 5427/2009.

Poder Normativo (ou regulamentar)

A função de elaborar leis é típica do Poder Legislativo. A Administração Pública, entretanto, pode editar normas que facilitem a execução das leis. Daí o conceito de poder normativo como aquele que autoriza a Administração Pública a elaborar normas de efeitos gerais e abstratos que complementem e permitam a fiel execução das leis.

Enquanto as leis possuem natureza originária (pois criam obrigações e inovam a ordem jurídica), as normas da Administração Pública têm natureza derivada (ou secundária), uma vez que surgem para complementar as disposições de uma lei que já existe. É aqui que se percebe toda a força do artigo 5º., II, da Constituição Federal, que prevê que ‘’ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’’. Com isso a Constituição quer dizer que ninguém será compelido a cumprir obrigações a não ser que elas tenham surgido de uma lei (e não de uma norma da Administração Pública).

A justificativa decorre que as leis são editadas pelo Poder Legislativo, composto de um conselho de representantes do povo (câmara e Senado, por exemplo), democraticamente eleitos. As normas administrativas, por sua vez, são elaboradas por uma autoridade que não necessariamente foi eleita pela população (como um ministro de Estado). Quando o poder normativo extrapola os limites da mera regulamentação, aliás, o Congresso Nacional pode sustar tais atos, com base no artigo 49, V, da Constituição Federal.

O poder normativo é, em geral, exercido por meio de decretos e regulamentos (emanados do chefe do Poder Executivo), mas existem outros atos normativos que podem ser editados em complementação às leis, como instruções normativas, resoluções e portarias (feitas por outras autoridades da Administração Pública).

No âmbito dos Núcleos Regionais, os Juízes Dirigentes exercem o poder normativo por meio de Portaria. Esta consiste no ato administrativo normativo destinado a instaurar sindicância, a qual terá que ser publicada, para que os jurisdicionados tomem ciência de que tramita um procedimento apuratório em face de determinado servidor.

15

A título de ilustração, segue abaixo, modelo de Portaria:

MODELO DE PORTARIA QUE DEFLAGRA A INSTAURAÇÃO DE SINDICÂNCIA NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS REGIONAIS.

Ref. Processo nº XXXXX/2012

PORTARIA N.º XX/2012

O MM.. Juiz de Direito XXXXXXXXX, Dr. XXXXXXXX, Coordenador do XX Núcleo Regional, no uso de suas atribuições legais delegadas,

CONSIDERANDO a reclamação formulada por

XXXXXXXXXXX, noticiando irregularidades praticadas pelo Oficial de Justiça Avaliador, XXXXXXXXXXXXX, matrícula nº XXXXXXXXX, lotado na XXXXXXXXXXXXXXXXXX, no cumprimento de mandado de penhora, expedido nos autos do processo XXXXXXXXXXXXXXXX, em trâmite no XXXXXXXXXXXXXXXX;

CONSIDERANDO a assertiva da Reclamante

comunicando falta de urbanidade por parte do referido serventuário; CONSIDERANDO que as irregularidades acima

descritas são passíveis de caracterizar, em tese, infração funcional; CONSIDERANDO os depoimentos tomados em

audiência (fls. XX/XX) que corroboram as afirmações da reclamante;

16

RESOLVE instaurar SINDICÂNCIA em face do

Oficial de Justiça Avaliador, XXXXXXXXXXXXXXXX, matrícula nº XXXXXX, por violação, em tese, do art. 39, incisos III, V e VII, do Decreto-Lei 220/75.

Cumpra-se. Publique-se. Rio de Janeiro, de XXXXXXXXXXXX de

2012.

XXXXXXXXXXXXXX Juiz XXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Coordenador do XX Núcleo Regional

Portanto, o poder regulamentar seria apenas aquele atinente ao chefe do Poder Executivo, na expedição de decretos e regulamentos destinados à fiel execução das leis (cf. art. 84, IV, CF).

O decreto é o meio pelo qual o chefe do Poder Executivo pratica os atos de sua competência, podendo esses atos ter efeitos gerais ou individuais.

Quando possuem efeitos gerais, os decretos podem ser:

. Decretos regulamentares (ou de execução) – São aqueles indicados pela Constituição Federal em seu artigo 84, IV, destinados a promover a fiel execução das leis. Sua função, portanto, é apenas minudenciar o que a lei já prevê, sem criar novas obrigações.

. Decretos autônomos (ou independentes)- São os que cuidam de matéria que não tenha sido previamente tratada em lei.

A aceitação do decreto autônomo no Direito brasileiro sempre foi polêmica. Diante da redação original do artigo 84, IV, da Constituição, a maioria da doutrina defendia que não seria possível admitir sua existência em nosso ordenamento jurídico, pois o texto constitucional previa decretos/regulamentos apenas para a fiel execução da lei. Com a Emenda Constitucional 32/01, entretanto, o artigo 84 ganhou nova redação em outro inciso, o VI, alíneas ‘’a’’ e ‘’b’’. Antes da emenda, tal inciso trazia a possibilidade de o chefe do Poder Executivo ‘’dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal, na forma da lei’’. Após a emenda, a expressão ‘’na forma da lei’’ foi suprimida, com que o texto passou a contemplar, nos casos que indica, outra possibilidade de edição de decretos, mas sem a

17

exigência de que eles tomem como base uma lei. As hipóteses são as seguintes (art.84,VI, ‘’a’’ e ‘’b’’, CF) :

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.

Mesmo depois da modificação trazida pela EC 32/01, ainda há certa divergência doutrinária acerca da existência ou não do decreto autônomo no Brasil. O posicionamento daqueles que entendem existir, agora, o decreto autônomo foi reforçado pelo julgamento dado pelo STF na ADI 2564-3/ DF. Ainda que apenas no voto dos ministros Gilmar Mendes e Sepúlveda Pertence, a Suprema Corte reconheceu a existência do decreto autônomo nas hipóteses do artigo 84, VI, ‘’a’’ e ‘’b’’, da Constituição Federal, em sua nova redação.

Maria Sylvia Zanella di Pietro defende que só haverá regulamento autônomo na hipótese do artigo 84, VI, ‘’a’’, já que no caso da alínea ‘’b’’ estaríamos diante não de um ato regulamentar, mas sim de um típico ato de efeitos concretos, ‘’porque a competência do presidente da República se limitará a extinguir cargos ou funções, quando vagos, e não estabelecer normas sobre a matéria.’’ (Di Pietro Maria Sylvia

Poder de Polícia

‘’É a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público’’ (Di Pietro, Maria Sylvia Zanella). Decorrente do principio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, o poder de polícia surge para proteger os interesses da sociedade por meio do estabelecimento de restrições à liberdade e à propriedade dos indivíduos.

O interesse público que legitima o poder de polícia pode ser tanto a segurança como a saúde, o meio ambiente, o patrimônio histórico, dentre outras hipóteses. Como consequência, há também diversos ramos da polícia administrativa: a polícia de segurança, a sanitária, a das florestas, etc. (idem, ibidem).

Em nosso ordenamento jurídico encontramos uma definição legal do poder de polícia. É aquele trazido pelo Código Tributário Nacional (CTN) em seu artigo 78, caput:

Considera-se poder de polícia atividade Administrativa Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

18

Analisando o conteúdo do conceito de poder de polícia, Celso Antônio Bandeira de Mello vislumbra dois significados possíveis para o instituto, um amplo e outro estrito:

a) em sentido amplo, o poder de polícia corresponde à atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade, ajustando-as aos interesses coletivos, abrangendo os atos do Legislativo e os do Executivo;

b) em sentido estrito, ele se relaciona unicamente com as intervenções, quer gerais e abstratas (a exemplo dos regulamentos), quer concretas e específicas (tais como autorizações e licenças) do Poder Executivo. A esse conceito mais limitado, segundo o professor, corresponde o significado do poder de polícia administrativa.

Policia Judiciária e Polícia Administrativa

No estudo do tema, a doutrina costuma apontar as diferenças entre dois tipos de manifestações do poder de polícia do Estado: a polícia judiciária e a polícia administrativa

A polícia judiciária , lembremos, é a que procura provas de crimes e contravenções e se empenha em descobrir seus autores

As maiores distinções entre a polícia administrativa e a polícia judiciária são as seguintes:

. O caráter predominantemente preventivo da polícia administrativa em contraponto ao caráter repressivo da polícia judiciária - A polícia administrativa busca prevenir um dano ao interesse público por meio do condicionamento de um direito ou de uma liberdade. A polícia judiciária, por outro lado, é normalmente repressiva, uma vez que ela atua quando o ilícito penal já foi cometido, tentando apurar sua ocorrência e quem foi o autor da infração penal. Esse critério de diferenciação, entretanto, não é o mais seguro, pois a polícia administrativa nem sempre age preventivamente, como no exemplo da dissolução de um comício depois de ele ter sido iniciado (dissolução justificada pela perturbação causada à ordem ou à tranquilidade públicas).

. O tipo do ilícito que cada uma das polícias previne ou reprime - Álvaro Lazzarini defende que a linha de diferenciação entre a polícia administrativa e a judiciária está na ocorrência ou não do ilícito penal. Quando o ilícito combatido é puramente administrativo, a polícia será administrativa. Quando um ilícito penal tiver ocorrido, agirá a polícia judiciária.

. O objeto da ação de polícia - Um critério seguro para diferenciar os dois tipos de polícia é verificar qual o objeto de ação de cada uma delas. Isso porque a polícia administrativa, regida pelo Direito Administrativo, incide sobre bens, direitos e atividades, e a polícia judiciária, regida pelo Direito Processual Penal, sobre pessoas (os criminosos que a polícia investiga e contra quem ocorrerá o futuro processo penal).

19

. A titularidade de seu exercício - Um último fatos de distinção entre as duas polícias é o fato de a judiciária ser privativa de corporações específicas (a polícia civil, a polícia federal),ao passo que a polícia administrativa é exercida por diversos órgãos da Administração Pública, como a polícia de vigilância sanitária, a polícia florestal, a polícia de edificações, a política de trânsito, dentre outras.

ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA

As principais características do poder de polícia são:

.Discricionariedade – É a liberdade de agir dentro de um espaço legalmente delimitado. No exercício do poder de polícia, a regra é que a Administração Pública possua discricionariedade para escolher qual a medida, o momento de agir ou a sanção mais adequada a ser aplicada diante do caso concreto. É o que se dá na autorização para a distribuição de material bélico. Pode ocorrer, entretanto, que a lei descreva qual a única atitude possível a ser tomada pelo Poder Público diante do preenchimento de certos requisitos legalmente indicados. Nesses casos, estaremos diante de uma competência vinculada. A licença é um típico exemplo de poder de polícia vinculado, pois ela é concedida desde que o particular cumpra certas exigências indicadas na lei. Assim, embora a discricionariedade seja apontada como uma das principais características do poder de polícia, a verdade é que o ato de polícia administrativa tanto pode ser discricionário como vinculado.

. Auto-executoriedade – É a possibilidade de a Administração Pública executar sozinha as medidas de polícia, sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. A ordem de interrupção de um espetáculo teatral tido como obsceno, a apreensão de gêneros para o consumo e a demolição de construção que ameaça ruir são exemplos de atos de polícia que podem ser efetivados sem prévio ou posterior processo judicial. Para Celso Antônio de Bandeira de Mello, entretanto, a auto-executoriedade só existirá quando houver autorização expressa na lei, quando a adoção da medida for urgente para a defesa do interesse público e quando inexistir outra via capaz de assegurar a satisfação do interesse público que a Administração está obrigada a defender.

. Coercibilidade – É o atributo que obriga o particular a obedecer às medidas de polícia e que autoriza a Administração Pública a usar da força em caso de resistência a seu cumprimento.

ESPÉCIES DE SANÇÕES DE POLÍCIA

No exercício do poder de polícia, a Administração Pública poderá aplicar multas, apreender mercadorias, interditar atividades, fechar estabelecimentos, inutilizar gêneros, etc.

20

LIMITES AO PODER DE POLÍCIA

A Administração Pública deve sempre agir de acordo com os limites traçados na lei, respeitando os direitos assegurados aos indivíduos por nosso ordenamento jurídico. Como todo ato administrativo, as medidas de polícia devem obedecer ainda aos requisitos de validade típicos desses atos.

Além de tais considerações, a doutrina costuma salientar que o poder de polícia só será legítimo quando observar os princípios da proporcionalidade (que exige adequação dos meios aos fins na ação administrativa), da necessidade (a medida só deve ser adotada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbação ao interesse público)

O artigo 78, parágrafo único , do CTN estabelece que será regular o exercício do poder de polícia ‘’quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e , tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder’’.

Poder disciplinar

É o poder de impor sanções e punições àqueles que, de qualquer forma, se relacionam com a administração pública. Não se confunde com o poder de polícia: o poder disciplinar tem por fundamento uma supremacia especial em relação àquele relacionando com a administração pública, enquanto o poder de polícia existe fundamentado em uma supremacia geral da administração e todos os administrados.

A supremacia especial tem lugar quando existe um vínculo específico entre a administração e a pessoa que será afetada pelo ato administrativo. Se não existe este vínculo especial, a supremacia é geral, pelo quê só se sujeita ao poder de polícia.

Assim, estão sob efeitos desta supremacia especial os agentes públicos em geral, e os particulares que se imiscuem em relações específicas com a administração. Por exemplo, os alunos de escolas públicas, que são sujeitos à norma especial de disciplina, levado a efeito, o poder disciplinar, pelos agentes administrativos da escola.

É fato, porém, que normalmente o poder disciplinar se manifesta nas punições a agentes públicos, consubstanciado nas penas de advertência, suspensão, demissão e cassação de aposentadoria.

O ato de punição é um ato vinculado, na medida que a prática da infração deve, necessariamente, corresponder a uma punição. Mas dentre as punições previstas, se houver liberdade de escolha, há certa margem de discricionariedade, sendo sujeita à avaliação, pelo administrador, de qual será a sanção mais apropriada, de acordo com o princípio da adequação punitiva, subjugado à razoabilidade. Assim, é ato vinculado, pois o poder

21

disciplinar, em leitura mais moderna, é poder vinculado, pois a margem de avaliação dada ao administrador é restrita, quando não ausente: deve aplicar uma sanção – pelo quê é vinculado –, e a escolha da sanção, quando existe, ainda é restringida pela adequação punitiva e pela razoabilidade. Por exemplo, se há liberdade ao administrador em optar por uma advertência ou suspensão, será esta, apenas, a sua curta margem de discricionariedade.

O controle pelo Judiciário do poder disciplinar, portanto, hodiernamente, é bem mais amplo do que outrora. Isto porque além de controlar sua legalidade estrito senso, pode o Judiciário controlar a proporcionalidade da sanção aplicada, em face da infração cometida, podendo anular uma demissão, por exemplo, caso a suspensão pudesse ser adotada como sanção mais adequada, necessária ou proporcional em sentido estrito.

O exercício do poder disciplinar precisa sempre ser motivado, pois é imperativo, para o exercício de qualquer defesa, saber qual é a imputação a si apontada. A tendência, hoje, é que, de fato, todo e qualquer ato administrativo deva ser motivado – que dirá os atos disciplinares. A Lei 9.784/99, no artigo 50, estabelece as hipóteses em que a motivação é imposta na esfera federal:

“Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados.

22

§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito.”

Na Lei Estadual nº 5427/2009 a motivação das decisões proferidas em processos administrativos vêm disciplinadas no artigo 48.

Comunicabilidade das instâncias de responsabilidade do agente público

Aqui se aborda a repercussão da responsabilidade penal sobre a esfera administrativa, ou seja, os efeitos disciplinares oriundos da prática de ato ilícito criminal. A repercussão vai variar de acordo com o que se passou na seara penal. Vejamos.

Condenação por crime funcional

Quando um agente público pratica um ilícito penal, criminal, e é condenado, e este ilícito se caracteriza como crime funcional, a decisão criminal repercutirá necessariamente na esfera administrativa. Por exemplo, se o agente for condenado pelo crime de corrupção, do artigo 317 do CP, necessariamente sofrerá a punição administrativa da demissão, em decorrência do ilícito administrativo da corrupção.

Percebe-se que não se trata de bis in idem. As instâncias são autônomas, podendo cumular-se a responsabilidade penal e administrativa, e, quiçá, civil. O fundamento para esta cumulação vem do artigo 935 do CC, e mesmo constando ali apenas a responsabilidade civil e a criminal, se aplica o teor para a responsabilidade administrativa:

“Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”

Absolvição em crime funcional

A absolvição pode ser por ausência de provas ou por negativa de autoria ou materialidade. Esta diferenciação é relevante: se a absolvição for por negativa de autoria ou

23

materialidade, o servidor não poderá ser punido administrativamente por aquele fato que se caracterizaria como ilícito administrativo.

Se a absolvição ocorre por ausência de provas, nada impede que o agente público seja punido pelo quê se denomina resíduo administrativo: este consiste na falta residual, ilícito administrativo que restou comprovado, mesmo ante a inexistência de provas que o condenassem penalmente. No exemplo da corrupção, a absolvição por ausência de provas, neste crime, implica que na esfera administrativa não será possível discutir a corrupção, nem aplicar sanção por esta, mas se durante o processo administrativo disciplinar, pelo mesmo fato, foi constatada desídia – que é ilícito administrativo – nada impede que, mesmo absolvido no crime, seja punido pelo resíduo administrativo.

As sentenças absolutórias do processo penal que fundamentam a repercussão ou não na esfera administrativa são, respectivamente, aquelas previstas no artigo 386, I e VI do CPP:

“Art. 386.O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

(...)

VI - não existir prova suficiente para a condenação.

(...)”

Também pode ser mencionado, como fundamento, o artigo 65 do CPP:

“Art. 65.Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.”

Condenação ou absolvição em crime não-funcional

A absolvição em crime não-funcional, qualquer que seja seu fundamento, faz com que não haja responsabilização administrativa de nenhuma espécie.

A condenação em crime não-funcional, por sua vez, repercute na esfera administrativa com base nos critérios previstos no artigo 92, I, do CP:

24

“Art. 92 - São também efeitos da condenação:

I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:

a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.

II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado;

III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.

Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.”

Assim, a atividade administrativa, por natureza, é uma função instrumental de primeira importância, sendo a função que se opera para viabilizar o desempenho de todas as demais funções finalísticas (a atividade legiferante, a judicante e a executória). Sem a função administrativa, em curta síntese: não se alcança a sentença, não havendo jurisdição; não se presta o serviço publico, nem as atividades políticas, não havendo execução; e não se produzem leis, não havendo legiferação.

Os poderes administrativos são, assim, atividades claramente instrumentais, funções que se prestam à consecução de outras funções, as atividades finalísticas. Mas os poderes administrativos são um tipo de atividade administrativa que é designado como o “instrumento do instrumento”: a atividade administrativa, já é, per si, um instrumento, e os poderes administrativos se prestam a possibilitar que esta seja desempenhada, e por isso são instrumentos para viabilizar o instrumento.

25

CAPÍTULO II

TÍTULO DO CAPÍTULO

OS NÚCLEOS REGIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO - UNIDADE ORGANIZACIONAL DESCONCENTRADA.

A DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

A descentralização administrativa é um dos princípios fundamentais da Administração Pública, conformo o disposto no art. 6º, III do Decreto-lei nº 200/67. Caracteriza-se pela presença de duas pessoas jurídicas distintas: a entidade estatal e a entidade administrativa, que executará o serviço, por ter recebido do próprio Estado essa atribuição.

Sobre o tema, discorrem Marcelo Alexandrino e Paulo Vicente:

A descentralização administrativa, no entendimento de grande parte dos doutrinadores, pode ser efetivada através de outorga ou delegação. Ocorre a outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público, geralmente por prazo indeterminado. A delegação da descentralização administrativa, por sua vez, será efetiva quando o Estado transferir, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do serviço, para que o ente delegado o preste ao público em seu nome, sob a fiscalização do Estado, geralmente é estabelecido prazo determinado. ( Direito Administrativo, pág. 17).

Segundo o entendimento do Mestre Hely Lopes Meirelles:

A delegação é menos que outorga, porque esta traz uma presunção de definitividade e aquela de transitoriedade, razão pela qual os serviços outorgados o são, normalmente, por tempo indeterminado e os delegados por prazo certo, pra que ao seu término retornem ao delegante. ( Direito Administrativo Brasileiro, pág. 332)

26

Assim, tanto na outorga quanto na delegação, o serviço é somente

descentralizado, porém continua sendo público ou de utilidade pública, sujeito

a regulamentação e controle do poder público.

O Decreto-Lei nº 200/67, no seu art.10º, onde trata especificamente da

descentralização, prescreve:

Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente descentralizada.

Parágrafo 1º - A descentralização será posta em prática em três planos:

a) dentro dos quadros da Administração Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção do de execução;

b) da Administração Federal para a das unidades federas, quando estejam devidamente aparelhadas e mediante convênio ;

c) da Administração Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões.

Segundo a doutrina, a alínea “a” corresponde à descentralização por

serviços, também chamada de fundacional ou técnica; a alínea “b”, à

descentralização territorial ou geográfica e a alínia “c”, por sua vez,

corresponde à descentralização por colaboração.

Nas palavras da ilustre doutrinadora Maria Zanella Di Pietro:

Afirma não haver uniformidade entre os doutrinadores na classificação acerca da descentralização administrativa no direito brasileiro, porém, optou por acompanhar o entendimento do Decreto-Lei nº 200/67, adotando, dessa forma, as seguintes modalidades: descentralização por serviços, funcional ou técnica, descentralização territorial ou geográfica; e, por último, descentralização por colaboração. Descentralização por serviços, funcional ou técnica é a que se verifica quando o Poder Público ( União, Estado ou Municípios) cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público.No caso brasileiro, a criação somente pode acontecer em virtude de lei, o que em tese, só ocorreria nas autarquias, porém, é utilizada uma interpretação extensiva, que possibilita a abrangência também das fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas, que exerçam serviços públicos.Descentralização territorial ou geográfica é a que se verifica quando uma entidade local, geograficamente delimitada, é dotada de personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade administrativa genérica. O ente descentralizado enquadrado na modalidade acima, encontrado

27

freqüentemente nos Estados Unitários, possui as seguintes características: personalidade jurídica de direito público; capacidade de auto-administração; delimitação geográfica; capacidade genérica para exercer a maior parte dos encargos públicos de interesse da coletividade; sujeição a controle pelo poder central. (Direito Administrativo, pág. 350-351).

Cada unidade federada será capaz de reger os próprios interesses nos

limites da extensão geográfica, já que numa federação, como é o caso do

Brasil, existem as atribuições e competências, delimitadas pela própria

Constituição.

Descentralização por colaboração é a que se verifica quando por meio

de contrato ou ato unilateral, se transfere a execução de determinado serviço

público à pessoa jurídica de direito privado, previamente existente,

conservando o poder público a titularidade do serviço. Traçando um

comparativo entre essa modalidade de descentralização em análise, e a

descentralização por serviços, compreende-se que a primeira, se dá por

contrato ou ato unilateral, ao qual atribui-se uma pessoa de direito privado para

execução do serviço público, muito embora, o Estado permaneça com a

titularidade do mesmo.

Quanto a segunda modalidade, a descentralização ocorre por lei,

criando uma pessoa jurídica pública, para que assuma a titularidade e

execução do serviço a ela atribuído. Na descentralização por colaboração,

deveriam enquadrar-se as demais figuras, quer sejam as pessoas jurídicas de

direito pública, como as de direito privado. No entanto o Legislador preferiu

optar somente pelas pessoas de direito privado, conferindo a essas, a

execução dos serviços públicos, porém a titularidade dos serviços permanece

com o Estado.

Segundo José Cretella Junior, a descentralização por colaboração:

É a que ocorre sempre que o Estado transfere a pessoas, físicas ou jurídicas, não importa de que natureza, uma série de atribuições especiais, que ele próprio poderia desempenhar, por lhe serem inerentes, mas que encontra dificuldades pela progressiva

28

complexidade dos serviços e pela insuficiência da máquina administrativa, assoberbada de serviços públicos. Não importa se a pessoa seja física ou jurídica e, sendo jurídica, pode ser estatal ( empresa pública e sociedade de economia mista) ou privada através das concessões, permissões ou autorizações. ( Administração Indireta Brasileira, pág. 79).

Diversamente da descentralização, a desconcentração é uma técnica de delegação administrativa, no qual são atribuídas a outros órgãos integrantes da própria Administração a prestação dos serviços, de modo que os mesmos sejam prestados de forma mais eficiente.

Destarte, os Núcleos Regionais (NURs) são unidades desconcentradas do Poder Judiciário, que desempenham funções administrativas, constituindo um órgão subordinado, que exercem atividades definidas em atos normativos emanados do Egrégio Tribunal e pelo Corregedor-Geral de Justiça.

Neste contexto, os Núcleos Regionais é um órgão híbrido, pois, não obstante integrarem estrutura desconcentrada (outrora da Corregedoria), também executam as diretrizes traçadas pela alta cúpula do Poder Judiciário, na medida em que realizam uma interface entre as diversas Diretorias Gerais do Tribunal Justiça.

A criação dos Núcleos Regionais viabilizou a implementação de uma política de aproximação dos jurisdicionados com o Poder Judiciário. Assim o jurisdicionado não precisará se deslocar do interior (como por exemplo, Itaperuna, Comarca integrante do 10º NUR), para apresentar uma reclamação no Foro Central da Comarca da Capital, pois no próprio NUR, o Setor de Fiscalização poderá instaurar a devida sindicância, em face da serventia reclamada.

Há 13 (treze) Núcleos Regionais que são compostos por uma estrutura básica de um Juiz Dirigente, um Assistente, um Setor de Pessoal e um Setor de Fiscalização e Disciplina e um Síndico Regional, exceto os 1º, 12º e 13º Núcleos Regionais que não tem a figura do Síndico Regional, em razão da sua proximidade com o Foro Central da Comarca da Capital.

O Juiz Dirigente do NUR tem atribuição dirigir e administrar as atividades do Núcleo, assegurando a consecução dos objetivos propostos, com vistas a maior eficiência da prestação dos serviços administrativos, bem como decidir acerca dos procedimentos que tramitam no seu âmbito.

O Assistente do NUR gerencia as atividades do NUR e implementa as diretrizes traçadas pelo Juiz Dirigente.

O Encarregado pelo Setor de Pessoal tem atribuição de implementar a gestão de pessoas, sendo responsável pelo gerenciamento do processamento referentes às matérias de lotação, movimentação, freqüência, designações, licenças, férias, redução de carga horária, readaptação dos servidores, todas descritas na RAD-NUR 005 (Rotina Administrativa que disciplina a gestão de pessoas no âmbito dos Núcleos Regionais).

29

O Encarregado pelo Setor de Fiscalização e Disciplina atua nas áreas de fiscalização das serventias judiciais e extrajudiciais, bem como na esfera disciplinar referente ao controle de correições, procedimentos e instrução dos processos disciplinares.

O Síndico Regional tem suas atribuições disciplinadas na Resolução TJ nº 25/2011, do Orgão Especial, dentre as quais destacam-se:

- Auxiliar o juiz dirigente do NUR no atendimento à demanda por serviços, no âmbito das diretorias gerais responsáveis pela infraestrutura operacional, quanto ao processo de fiscalização e administração dos prédios do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro;

- Zelar pelos bens patrimoniais, permanentes e de consumo, do PJERJ, orientando, em especial, as solicitações de transferências e a devolução de bens não mais utilizados;

- Contribuir para a conscientização acerca da necessidade de uso adequado de materiais de consumo, de forma a evitar desperdícios;

- Supervisionar a fiscalização dos contratos de prestação de serviço, no âmbito dos Núcleos Regionais, dando suporte às comarcas para sua utilização no estrito cumprimento das cláusulas contratuais;

- Apoiar as comarcas pertencentes ao respectivo NUR, quando da ocorrência de situações emergenciais;

- Verificar os terminais de autoatendimento, observando o seu perfeito funcionamento e comunicando à DGTEC, em caso de defeito;

- Fiscalizar o cumprimento das normas administrativas do Tribunal de Justiça, junto aos Núcleos Regionais;

- Acompanhar as solicitações junto às diretorias gerais, controlando o tempo e a presteza do atendimento;

- Elaborar relatórios gerenciais mensais, com encaminhamento às diretorias gerais afins.

- Outras atribuições que, desde que compatíveis com a função, lhe sejam atribuídas pelo juiz dirigente do NUR.

Impende consignar, que a Resolução nº 38/2010 do Egrégio Órgão Especial alterou, recentemente, a estrutura Organizacional do Poder Judiciário Fluminense, e estabeleceu as atribuições administrativas de suas respectivas unidades organizacionais, a lotação de seus cargos comissionados e funções gratificadas e, no inciso XV, do artigo 2º dispôs acerca dos Núcleos Regionais como unidade desconcentrada.

Assim dispõe o artigo2º da aludida Resolução:

“A Estrutura Organizacional do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro inclui: I Tribunal Pleno e o seu Órgão Especial;

30

II Conselho da Magistratura;

III Presidência do Tribunal de Justiça;

IV Corregedoria Geral da Justiça;

V Vice Presidências do Tribunal de Justiça;

VI Seção Criminal;

VII Câmaras Julgadoras;

VIII Juízos de Primeiro Grau de Jurisdição;

IX Escola da Magistratura;

X Ouvidoria Geral do Poder Judiciário;

XI Centro de Estudos e Debates;

XII Órgãos Colegiados Não Jurisdicionais;

XIII Gabinete da Presidência do Tribunal de Justiça;

XIV Gabinete dos Juízes Auxiliares da Presidência do Tribunal de Justiça;

XV Núcleos Regionais; (grifo nosso)

XVI Fundo Especial do Tribunal de Justiça;

XVII Diretoria Geral de Controle Interno;

XVIII Diretoria Geral de Apoio aos Órgãos Jurisdicionais;

XIX Diretoria Geral de Gestão do Conhecimento;

XX Diretoria Geral de Tecnologia da Informação;

XXI Diretoria Geral de Planejamento, Coordenação e Finanças;

XXII Diretoria Geral de Logística;

XXIII Diretoria Geral de Gestão de Pessoas.

XXIV Diretoria Geral de Segurança Institucional;

XXV Diretoria Geral de Desenvolvimento Institucional;

XXVI Diretoria Geral de Engenharia”.

31

Destarte, os Núcleos Regionais são unidades desconcentradas do Poder Judiciário, criados para otimizar e implementar os serviços prestados pelo Judiciário Fluminense. Neste diapasão, os serviços serão prestados de forma mais célere e eficaz, em consonância com o disposto no inciso LXXVII, do Artigo 5º, da Constituição da República que dispõe: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº. 45/2004.

32

CAPÍTULO III

TÍTULO DO CAPÍTULO

AS PENAS DISCIPLINARES COMINADAS NO ÂMBITO

DOS NÚCLEOS REGIONAIS.

O Poder Judiciário no exercício da função atípica

O preceito legal para a atribuição atípica do Poder Judiciário na função normativa encontra-se explicitado no artigo 96, I, “a”, CF e na função administrativa no artigo 96, I, “a”, “b”, “c”; II, “a”, “b”,CF :

“Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;

c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;

II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:

a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores

b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

33

O Judiciário Fluminense e o Poder Disciplinar

Paralelamente ao exercício da jurisdição, o Judiciário Fluminense realiza função administrativa, realizando licitações para aquisição de materiais e serviços, organiza concursos públicos para provimento de seus cargos efetivos, concede férias e licenças a seus servidores, bem como aplica sanções aos servidores que violarem as suas normas internas.

O Judiciário Fluminense, em observância aos princípios do devido processo legal, contraditório

e amplo defesa, instaura sindicância e processo administrativo disciplinar em face de seus

servidores, para apurar responsabilidade disciplinar daqueles que violarem as suas normas

internas. O Provimento CGJ Nº 82/2009 da Corregedoria Geral de Justiça dispõe acerca do

devido processo legal a ser observado nos casos em que a apuração da responsabilidade

funcional de servidores da 1ª instância do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro resulte

a instauração de Sindicância ou a abertura de Processo Administrativo Disciplinar. Aquela

tramita no âmbito das serventias judiciais, se instaurada pela Autoridade Judiciária ou

Responsável pela Serventia, ou pelo Setor de Fiscalização e Disciplina dos Núcleos Regionais,

se instaurada pelo seu Juiz Dirigente.

AS PENAS DISCIPLINARES COMINADAS NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS REGIONAIS

A administração Pública, através do seu Poder Disciplinar, visa possibilitar a prevenção e a repressão de infrações disciplinares de seus subordinados, no âmbito interno.

Constitui infração disciplinar toda ação ou omissão do funcionário capaz de comprometer a dignidade ou o decoro da função pública, violar a disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiência do serviço ou causar dano à Administração Pública, conforme o disposto nos artigos 38 do Decreto-Lei nº 220/75 e artigo 305 de seu regulamento, Decreto nº 2479/79.

A aplicação de pena disciplinar decorrerá de sindicância ou de processo administrativo disciplinar, aos quais se aplicam as disposições do Decreto-Lei Estadual n.º 220/75 e seu Regulamento, o Decreto nº 2479/79, o Provimento nº 82/2009 da Corregedoria Geral de Justiça, que estabelece norma atinente ao procedimento apurador da responsabilidade disciplinar dos servidores do Poder Judiciário lotados nas serventias judiciais de 1ª Instância, nos Serviços Auxiliares oficializados e na estrutura administrativa da própria Corregedoria Geral da Justiça e da Lei Estadual nº 5.427/09 e, subsidiariamente, as disposições processuais penais e civis, assegurados os princípios do contraditório e da ampla de defesa.

Assim, o Juiz ou Responsável pela Serventia e Juiz Dirigente de Núcleo Regional não poderão aplicar pena no funcionário sem instaurar sindicância, pois estarão violando tais princípios. A título de exemplo, se houver uma discussão do funcionário com o Responsável do Cartório,

34

este não poderá, ao seu bel prazer, aplicar as penas de advertência ou repreensão ao servidor, sem a instauração da sindicância, e, após, oficiar ao Setor de Fiscalização e Disciplina do Núcleo Regional solicitando que anote nos seus assentos funcionais, a pena aplicada.

No quadro abaixo, buscou-se apresentar distinção básica entre as sindicâncias, que tramitam no âmbito dos Núcleos Regionais e o processo administrativo disciplinar, que tramita no âmbito da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, precisamente na Comissão Permanente de Processo Administrativo Disciplinar (COPPD) – órgão localizado Foro Central da Comarca da Capital.

SINDICÂNCIA - NÚCLEOS REGIONAIS PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD) - COPPD

Espécies de Pena: É o meio sumário para apurar irregularidades, podendo ensejar a aplicação de penas de advertência, repreensão, multa e suspensão de até 30 dias.

É instaurado mediante Portaria (que é um ato administrativo normativo que visa aplicar disposições legais ao caso concreto), podendo ensejar a aplicação de qualquer espécie de pena.

Citação: Em regra, na sindicância, não há citação, sendo o sindicado intimado, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência do interessado (por ofício ou via telefone), para tomar ciência do conteúdo da Portaria, que deflagrou a sindicância.

No Processo Administrativo, o indiciado, é obrigatoriamente citado para interrogatório e juntamente com o mandado, o Oficial de Justiça lhe entrega a cópia da Portaria.

Defesa Prévia: O Provimento CGJ nº 82 é omisso no que tange ao prazo da defesa prévia. Porém, na prática, concede-se-lhe um prazo de 10 dias em analogia ao prazo da defesa prévia do PAD.

A defesa prévia ou alegações preliminares é apresentada 10 dias após o interrogatório com a indicação de prova que pretenda produzir, e do rol de testemunhas, se houver (Art.20 do Provimento CGJ nº 82).

Nº de Testemunhas: O Provimento CGJ nº 82 também é omisso no que tange ao número de testemunhas. Porém, o sindicado poderá apresentar no máximo, 03 (três) testemunhas, para a prova de cada fato, em analogia ao PAD.

No máximo, 03 (três) testemunhas, para a prova de cada fato.

Obrigatoriedade de Advogado: Não há obrigatoriedade do advogado, pois o próprio sindicado apresenta a sua defesa escrita.

No próprio mandado citatório deverá ser instruído com cópia da Portaria, e dele constará a advertência de que o indiciado poderá constituir advogado ou solicitar

35

designação de Defensor Público. (Art.20, §2º do Provimento CGJ nº 82). Releva salientar que neste aspecto, após a edição da Súmula Vinculante nº 05 do STF, que dispõe: “a falta de defesa técnica por advogado em processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”, não é mais obrigatória a presença de advogado ou Defensor Público nos processo administrativo disciplinar, caindo por terra o enunciado da Súmula n 343 do STJ, que exigia tal obrigatoriedade em todas as fases do processo administrativo disciplinar.

Competência: A sindicância pode ser deflagrada início por ordem do Corregedor-Geral da Justiça, do Conselho da Magistratura, do Juiz de Direito em exercício no Juízo, do Juiz de Direito Dirigente do Núcleo Regional ou do Titular da Serventia oficializada (Art.14, Provimento CGJ nº 82/2009), ou representação de qualquer pessoa (Art. 1º, Provimento CGJ nº 82/2009). Exemplo: Ouvidoria do Tribunal de Justiça.

O Processo Administrativo Disciplinar só pode ser deflagrado exclusivamente pelo Corregedor Geral de Justiça.

Prazo de encerramento: O procedimento de sindicância deverá encerrar-se em, no máximo, 60 (sessenta) dias, sendo certo que a inobservância do prazo não implica em nulidade do processo. (Art. 14,§1º, Provimento CGJ 82/2009).

O prazo para o encerramento do processo administrativo disciplinar é de 90 (noventa) dias, prorrogável por mais 30 (trinta), mediante decisão fundamentada, sendo certo que a. inobservância do prazo também não é causa de nulidade do processo. (Art. 19 e Parágrafo único, Provimento CGJ 82/2009).

DAS PENAS EM ESPÉCIE E HIPÓTESES DE APLICAÇÃO NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS REGIONAIS.

ADVERTÊNCIA :

- Não obstante o artigo 48 do Decreto–Lei 220/75 dispor que a pena de advertência será aplicada verbalmente em casos de negligência, o artigo 7º do Provimento CGJ nº 82/99 dispõe que toda pena disciplinar decorrente de sindicância ou processo administrativo disciplinar será aplicada por escrito. Assim, o Provimento está de acordo com a nova ordem constitucional, pois sendo a pena aplicada por escrito, viabilizará o exercício do direito de defesa do sindicado, quer através do Pedido de Reconsideração, quer através de Recurso

36

Hierárquico, previstos nos artigos 134 a 137 da Consolidação Normativa Judicial da Corregedoria Geral da Justiça, editada por força do Provimento CGJ nº 11/2009.

REPREENSÃO:

A pena de repreensão será aplicada em 03 (três hipóteses): desobediência, falta de cumprimento dos deveres, bem como de reincidência específica em transgressão punível com pena de advertência (artigo 49 do Decreto–Lei 220/75.

SUSPENSÃO:

A pena de suspensão também será aplicada em 03 (três hipóteses): falta grave, desrespeito à proibições que, por sua natureza,não ensejarem pena de demissão e reincidência em falta já punida com repreensão (artigo 50, I, II e III do Decreto-Lei 220/75).

Questão tormentosa está prevista no artigo 50 § 2º do aludido dispositivo: “O funcionário suspenso perderá todos os direitos e vantagens decorrentes do exercício do cargo”, que tem reflexos na vida funcional.

Assim, se o funcionário estiver em gozo de férias e, se no curso destas lhe for aplicada pena de suspensão, interpretando-se literalmente o dispositivo, estas poderiam ser interrompidas pela Administração e gozadas ao término do cumprimento da pena. Porém entendemos que este não seria o melhor entendimento à luz da Constituição. Ou seja, aplicando-se a técnica de interpretação conforme a Constituição, considerando que as férias é um direito Constitucional, estas não poderiam ser interrompidas com a aplicação da pena. Nesta hipótese, o servidor só poderia cumprir a pena após o término das férias, caso contrário, seria punido duas vezes (bis in idem): uma pela interrupção das férias e outra pela aplicação da pena, com a perda de seus vencimentos, decisão, inclusive passível de impetração de mandado de segurança.

Outra questão seria a licença médica, que é uma vantagem do servidor. Se ele for suspenso no curso desta, o servidor não retornará ao serviço porque está doente e não receberá seus vencimentos em decorrência da suspensão. Contudo, entendemos que Administração somente poderia aplicar a pena, após o término da licença, em razão do princípio da dignidade

da pessoa humana (artigo 1º, III da CR/88,) sendo certo que, se o servidor for punido e interpuser recurso hierárquico, entendemos que o seu conhecimento deverá ser sobrestado até o término da licença.

37

A CONVERSÃO DA PENA DE SUSPENSÃO EM MULTA

Dispõe o Artigo 50 § 3º do Decreto-Lei 220/75: “Quando houver conveniência para o serviço, a pena de suspensão, por iniciativa do chefe imediato do funcionário, poderá ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, obrigado, nesse caso, o funcionário a permanecer no serviço durante o número de horas de trabalho normal”.

Desta forma, a conversão da suspensão em multa ocorre quando há conveniência para o serviço. Ex: Há poucos funcionários na serventia: um funcionário de licença-médica, outro de férias. O que é melhor para a Administração? Que a serventia fique sem o seu efetivo e funcione precariamente ou que se converta a suspensão em multa e mantém o funcionário na serventia? A segunda opção nos parece a mais razoável, em observância aos princípios da regularidade e continuidade dos serviços públicos, previstos no artigo 6º da Lei nº 8987/95. Caso contrário, comprometer-se-ia a prestação jurisdicional na serventia. Isto não quer dizer que seria um direito subjetivo do servidor a conversão. Ao revés; o efetivo da serventia e as suas peculiaridades (Ex: número de processos em tramitação) é que servirão de parâmetro para que a Administração decida acerca da conversão.

A vantagem para o servidor consiste que esta conversão não suspende o período de licença-prêmio, triênio, férias, porque estará em efetivo exercício, só que percebendo 50% dos seus vencimentos.

A SUSPENSÃO PREVENTIVA NA SINDICÂNCIA – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA.

A Suspensão preventiva não é pena, e sim medida acautelatória (artigo 60 do Decreto-Lei 220/75 c/c artigo 13 e parágrafos do Provimento CGJ nº 82/2009), para evitar que o indiciado intervenha na apuração dos fatos, na colheita de provas e poderá ser decretada por até 90 dias. Entretanto, prolongar-se-á até a decisão final do processo, se a imputação configurar malversação ou alcance de dinheiro ou valores públicos. (EX: Funcionário depositava, em sua conta-corrente funcional, cheques apropriados pelo seu colega, os quais eram para pagar o ICMS. O Promotor ao oferecer a denúncia, requereu que o Juizo oficiasse a Corregedoria. Instaurou-se o Processo Administrativo Disciplinar e na Portaria o Corregedor decretou a suspensão preventiva do servidor até o final do processo.

Releva salientar, que entendemos ser incabível a decretação de suspensão preventiva no âmbito da sindicância, porquanto esta visa apurar irregularidades no serviço públicos,que ensejam a aplicação de penas leves, as quais, segundo o legislador, seriam advertência, repreensão, multa e suspensão de até 30 (trinta) dias. Tal entendimento decorre da própria exegese do § 1º do artigo 56 do Decreto-Lei nº 220/75 (com a redação da Lei-complementar nº 96/2001 , que dispõe :

38

“A suspensão de que trata este artigo poderá ser ordenada, a qualquer tempo, no curso inquérito administrativo pela autoridade competente para instaurá-lo e estendida até 90 (noventa) dias”. (Grifo nosso).

Logo, não seria razoável que o Juiz Dirigente do NUR ao instaurar a sindicância, decretasse a suspensão preventiva do servidor, pois esta por ser medida excepcional, só pode ser decretada se deflagrado o processo administrativo disciplinar, cuja autoridade competente para deflagrá-lo é o Corregedor-Geral da Justiça.

Logo, faltaria razoabilidade ao Juiz Dirigente do NUR, se decretasse a suspensão preventiva, no âmbito da ( meio sumário), e competência, pois considerando que a suspensão preventiva só pode ser decretada em processo administrativo disciplinar.

Em síntese, os Juízes Dirigentes dos Núcleos Regionais só tem competência para aplicar as penas de advertência, repreensão, multa e suspensão de até 30 (trinta) dias (artigo 5º do Provimento CGJ nº 82/2009).

O Corregedor tem competência para aplicar as penas de advertência, repreensão, multa e suspensão acima de 30 (trinta) dias e propor ao Presidente do Tribunal de Justiça a aplicação da pena de demissão, de cassação de aposentadoria, destituição de função e cassação de disponibilidade (§1º, do artigo 5º do Provimento CGJ nº 82/2009).

DOS RECURSOS

Das decisões proferidas pelos dos Juizes Dirigentes dos Núcleos Regionais que aplicar as penas de advertência, repreensão, multa ou suspensão de até 30 (trinta) dias, admite-se Pedido de Reconsideração, que deverá ser interposto no prazo de 05 (cinco) dias, uma vez que o Provimento CGJ nº 82/2009, dispõe, no artigo 25, que, no que tange aos recursos, “deverão ser observadas todas as normas fixadas nos arts. 134 a 137 da Consolidação Normativa Judicial da Corregedoria Geral da Justiça, editada por força do Provimento CGJ nº 11/2009.”

Assim estatui o artigo 134 da Consolidação Normativa Judicial da Corregedoria Geral da Justiça, editada por força do Provimento CGJ nº 11/2009: “ Das decisões proferidas pelo Corregedor-Geral da Justiça caberá pedido de reconsideração, no prazo de 05 (cinco) dias.”

Não se deve olvidar, que o pagamento do preparo é requisito de admissibilidade da apreciação do pedido de reconsideração, o qual deverá ser apresentado juntamente no ato de interposição do recurso, sob pena do mesmo ser julgado deserto, conforme se depreende da leitura dos parágrafos 2º e 4º do artigo 134 da Consolidação Normativa. Ou seja, se o recorrente recolheu o preparo aquém do valor estabelecido na tabela de custas, a Administração deverá intimá-lo para complementar o valor no prazo de 05 (cinco) dias. Caso o

39

recorrente se mantiver inerte, e não complementar o valor, aí sim, o seu recurso será julgado deserto.

Caberá recurso hierárquico, no prazo de 05 (cinco) dias, ao Corregedor-Geral de Justiça, que será a última instância, quando se tratar de advertência, repreensão, ou multa (artigo 44, inciso XIX do Código de Organização e Divisão Judiciária do Estado do Rio de janeiro), se o Juiz Dirigente mantiver a sua decisão, quando do exame do pedido de reconsideração.

Em relação ao preparo no recurso hierárquico, aplicam-se as mesmas regras referentes ao pedido de reconsideração.

O recurso hierárquico somente será julgado pelo Conselho da Magistratura, na hipótese do artigo 135 da Consolidação Normativa. Isto é, se o Corregedor aplicar pena disciplinar no âmbito de sua competência originária, como por exemplo, advertência, repreensão, suspensão ou multa, em sede de processos administrativo disciplinar, e não reconsiderar a sua decisão, em razão do pedido de reconsideração, será o Conselho da magistratura o órgão competente para julgamento do recurso hierárquico.

40

CONCLUSÃO

Os Núcleos Regionais, unidades desconcentradas do Poder Judiciário,

são regidos pelos princípios da moralidade, legalidade, impessoalidade,

publicidade e eficiência. Seu Juiz Dirigente tem o poder-dever de apurar

irregularidades no âmbito das unidades organizacionais integrantes do seu

NUR, bem como de aplicar as devidas penalidades aos infratores, mediante a

instauração de sindicância, com base nos poderes hierárquico e disciplinar.

Em relação ao primeiro, o Juiz Dirigente do Núcleo Regional recebeu

delegação para, administrativamente, organizar, ordenar, fiscalizar e controlar,

as serventias judiciais de 1ª instância do Poder Judiciário, que estão no limite

territorial de seu Núcleo Regional, uma vez que é superior hierárquico dos

Escrivães ou dos Responsáveis pelos Expedientes destas as serventias.

Em relação ao segundo, o Juiz Dirigente do Núcleo Regional tem o

poder-dever de aplicar sanções àqueles servidores que violarem as normas

internas da Administração, uma vez que o ato de punir é um ato vinculado, na

medida em que a prática da infração deve, necessariamente, corresponder a

uma punição.

Contudo, o Juiz Dirigente de Núcleo Regional não poderá aplicar pena

no funcionário sem instaurar sindicância, procedimento sumário que visa para

apurar irregularidades, podendo ensejar a aplicação de pena de advertência,

repreensão, multa e suspensão de até 30 (trinta) dias.

No procedimento da sindicância deve-se observar as disposições do

Decreto-Lei Estadual n.º 220/75 e seu Regulamento, o Decreto nº 2479/79, o

Provimento nº 82/2009 da Corregedoria Geral de Justiça, e da Lei Estadual nº

5.427/09 e, subsidiariamente, as disposições processuais penais e civis,

assegurados os princípios do contraditório e da ampla de defesa, os quais

deverão ser observados em todas as fases do referido procedimento, sob pena

de nulidade dos atos praticados.

41

Portanto, diante do exposto, ainda que apresentados de forma sucinta,

os temas aqui abordados no que tange ao Poder Disciplinar No Âmbito Dos

Núcleos Regionais Do Poder Judiciário Do Estado Do Rio De Janeiro, sobre

questões referentes às penas disciplinares e as hipóteses de sua aplicação,

conclui-se que a sindicância é instrumento garantidor da manutenção da

ordem e da respeitabilidade no desempenho da Administração Pública. Por um

lado, garante uma administração proba e eficiente e, por outro, previne o

abuso dos que detém o poder.

42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Carvalho Filho, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 25ª Ed.

2012. Rio de Janeiro. Editora Atlas.

Marcelo Alexandrino e Vicente de Paulo. Direito Administrativo Descomplicado

Ed. Método.

Mirelles, Hely Lopes. Direito Admistrativo Brasileiro (teoria e prática). 23ª Ed. 2ª

tiragem Malheiros, 1988

Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19 ed. São Paulo,

Atlas, 2006.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10 CAPÍTULO II 25 CAPÍTULO III 32 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

44

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Título da Monografia: O PODER DISCIPLINAR NO ÂMBITO DOS NÚCLEOS REGIONAIS DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Autor: CESAR RODRIGUES TEIXEIRA Data da entrega: Avaliado por: Conceito: