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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA FRACASSO ESCOLAR Por: Marli Estevam dos Santos Azevedo Orientador Prof ª. Simone Ferreira Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

FRACASSO ESCOLAR

Por: Marli Estevam dos Santos Azevedo

Orientador

Prof ª. Simone Ferreira

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

FRACASSO ESCOLAR

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por: . Marli Estevam dos Santos Azevedo.

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AGRADECIMENTOS

....agradeço a a Deus, o que seria de mim

sem a fé que tenho Nele, aos meus filhos,

em especial a minha filha Nathália, que

com carinho e apoio não mediu esforços,

para que eu chegasse até essa etapa da

minha vida. A meu marido Carlos pela

paciência e contribuição,.......

.

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DEDICATÓRIA

...dedico este trabalho ao meu marido

Carlos Alberto, aos meus queridos

filhos Nathália e João Victor, meus

pais Inácio e Tecila (in memorian),

aos queridos mestres Marta Relvas

e Dirce Morrissy que tanto me

incentivaram....

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RESUMO

O presente estudo objetiva contextualizar o fracasso escolar e indicar

caminhos para encontrar novas pistas para o sucesso do aluno, apostando em

um processo de escolarização onde a aprendizagem se efetive. Por meio de

pesquisa bibliográfica, buscou-se identificar os fatores que contribuem para o

fracasso escolar existente, ainda hoje, na educação brasileira. Para além dos

fatores sociais, econômicos e até mesmo biológico, que interferem no

processo de escolarização, verificou-se que a escola, em seu cotidiano, tem

contribuído para a manutenção desse quadro, sobretudo através dos

preconceitos que ela mesma produz e mantém. Num tempo em que é

preconizada a educação para todos, a escola deve desenvolver seu papel de

instituição educadora e não rotular os seus alunos, possibilitando o acesso e

permanência para todos, na busca de um ensino de qualidade. Para isso, deve

oferecer aos profissionais melhores condições de trabalho, a fim de que

possam assumir a responsabilidade e o compromisso com a educação. Como

também, preocupar-se com a distância social existente no relacionamento, nos

dias atuais, entre escola, professores e alunos.

.

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METODOLOGIA

Segundo PATTO, o fracasso escolar encontra-se num quadro de

múltiplas negações; uma delas é a legitimidade e formas de vida construída

fora dos limites socialmente definidos como válidos. O que vem se tornar um

grande desperdício a falta de um processo escolar que atenda as

necessidades das classes populares, para que essas múltiplas vozes sejam

explicitadas e incorporadas ao ensino.

Pela necessidade de execução da pesquisa, bem como das próprias

características, a escolha do método será desenvolvida, à partir do

levantamento bibliográfico. Dentre os quais baseiam-se os dados.

Fundamentaram a pesquisa os seguintes autores.

Leny Magalhães Mrech- Pscicanálise, educação: novos operadores de leitura.

Pioneira Jhomson Learning, 2002.

Maria Tereza Estebam- O que sabe quem erra? Reflexões sobre o fracasso

Escolar. DP e A, 2001.

PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de

submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

A Escola Municipal Professor Evadyr Molina localizada na cidade de

São Gonçalo legitimou ao estudo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................8

CAPÍTULO I - Capitalismo exclusão..................................................................9

CAPÍTULO II - As múltiplas faces do fracasso escolar................................... 23

CAPÍTULO III – A auto- estima.........................................................................30

CAPÍTULO IV- O processo educativo no fracasso escolar...............................33

CONCLUSÃO...................................................................................................35

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................46

SITES CONSULTADOS...................................................................................48

ANEXOS...........................................................................................................36

ÍNDICE..............................................................................................................49

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INTRODUÇÃO

No cenário da rede de ensino público é notório que alunos repetentes

apresentam o rendimento escolar invejável, é perceptível que “passaram” pelos

conteúdos sem lhes haver dado devida atenção, pois só agora conseguem

compreendê-los. Por consequência, questionar o motivo pelo qual os alunos

repetiram é incontestável.

Na rotina escolar observamos um retorno positivo, é através da

satisfação transmitida por nossos alunos, dos conhecimentos que alcançam, o

almejo em aguçar cada vez mais o saber, é notório o quanto é importante

valorizar seus progressos e fortalecer sua auto-estima, principalmente do aluno

repetente que, por inúmeras vezes vem rotulado, sem compreender a razão

pelo qual foi retido por tal encontra-se desesperançoso com o que pode vir a

conhecer.

Diante de tal fato, procuramos analisar, a influência da auto-estima no

aluno repetente. São indagações que permeiam a pesquisa: Qual seria o papel

do professor na construção de sua auto-estima? Como promover a auto-estima

desse aluno dentro do ambiente escolar? E qual seria a relação professor /

aluno em sala de aula?

Tendo como pauta que o fracasso escolar nos dias atuais, é

considerado um dos problemas que mais afligem aos educadores, foram

realizados estudos que indicam algumas soluções para uma escolarização

mais eficiente e sem rupturas nas classes do sistema público do Ensino

Fundamental. Como base de estudo a instituição Escola Municipal Evadyr

Molina (ver Anexo 1), forneceu o material necessário para realização desse

estudo e análise.

Para tanto, elaboramos o presente texto a fim de diligenciar, na primeira

parte situar historicamente o fracasso escolar e suas múltiplas faces e na

segunda parte considerando as entrevistas realizadas e buscar explicar,

segundo alguns autores, a importância de uma auto-estima elevada para que o

processo de aprendizagem tenha êxito.

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CAPÍTULO 1:

CAPITALISMO EXCLUSÃO

Segundo Mrech (in Patto 2004), o fracasso escolar encontra-se num

quadro de múltiplas negações; uma delas é a legitimidade de conhecimentos e

formas de vida construída fora dos limites socialmente definidos como válidos.

O que vem se tornar um grande desperdício a falta de um processo escolar

que atenda as necessidades das classes populares, para que essas múltiplas

vozes sejam explicitadas e incorporadas ao ensino.

Contraditoriamente, há décadas, aprofunda-se a decadência do ensino

público, que tem se tornado espaço onde falta tudo. Paralelamente, nas

escolas particulares vem acontecendo a situação inversa. Esse descompasso

tem ocasionado uma permanente crise na educação brasileira. Com isso, esse

confronto vem nos mostrar que socialmente a educação pública em nosso país

torna-se desvalorizada pelo Estado.

1.1 – Reconstruindo a História...

Em se tratando das dificuldades de aprendizagem escolar, as mesmas

manifestam-se predominantemente entre as crianças de classes populares.

Segundo Patto (2000), quando tentamos reconstruir essas histórias,

necessitamos a priore o modo dominante de pensá-las que foi instituído

durante o século XIX na Europa e na América do Norte, influenciado pelas

ideias iluministas. Os primeiros pesquisadores brasileiros que se voltavam para

o estudo desta questão, o fizeram com base numa visão de mundo que se

consolidou nesse tempo e nesse espaço.

Na perspectiva de análise materialista histórico, a realidade social na

qual se engendrou uma determinada visão sobre as diferenças de rendimento

escolar que existem entre crianças de diferentes origens sociais, é inevitável o

encontro com o advento das sociedades industriais capitalistas, dos sistemas

nacionais de ensino e de ciências humanas, especialmente da psicologia.

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O surgimento de relações de produções capitalistas inéditas na história,

com a intenção de se elaborar justificativas para uma nova maneira de

organizar a vida social, deu-se no século XIX, legitimando a dupla revolução

que se deu na Europa Ocidental: A Revolução Política Francesa (1789-1792) e

a Revolução Industrial Inglesa, tendo como marco a construção, em 1780, do

primeiro sistema fabril do mundo moderno, afirma Patto.

Até o final do século XIX a instituição do capitalismo mudou, foram

destituídos a nobreza e o clero do poder econômico e político, inviabilizando a

relação servo-senhor feudal, enquanto relação de produção dominante,

empurrando grandes contingentes das populações rurais para os centros

industriais gerou os grandes centros urbanos com seus contrastes, veio coroar

o processo de constituição dos estados nacionais modernos e engendrou uma

nova classe dominante, a burguesia, e uma classe dominada, o proletariado.

As mudanças foram de tais proporções que alguns historiadores, como

Hobsbawm (in Patto 1982) consideram como “a maior transformação da

história humana desde os tempos remotos, quando o homem inventou a

agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado”.

Neste contexto, de revolução comercial foi consolidando uma categoria

social ativa e determinada que se beneficiou das novas oportunidades de

enriquecimento: o mercado percussor do capitalismo social, que comprava os

produtos dos artesãos para vendê-los num mercado mais amplo. Nesta nova

relação, o artesão transformou-se pouco a pouco num trabalhador pago por

artigo produzido, principalmente porque o mercador era o fornecedor da

matéria-prima e o arrendatário dos instrumentos de produção. Transforma-se

num empregador ou num subcontratador de mão-de-obra assalariada. Citando

Patto (2000), assim começou, por sua vez, a criar subcategorias de

trabalhadores semi qualificados entre os camponeses. A coexistência da

nobreza com este novo homem empreendedor, não se dava sem

antagonismos. À medida que a produção agrária diminuía seus rendimentos, a

aristocracia procurava ocupar os altos cargos governamentais, valendo-se de

seus privilégios hereditários de prestígio e posição social.

Economicamente ameaçada, a nobreza procurava recuperar o controle

político e econômico da situação, ocupando os postos oficiais na administração

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central e provinciana. Análises históricas indicam que, nos vinte anos que

precederam a revolução, a situação do homem do campo francês piorou

sensivelmente (Patto, 2000).

A revolução francesa foi uma reação política da burguesia, cujos os

líderes mais radicais, militantes e instruídos, os jacobinos; tornaram-se porta

vozes dos interesses dos trabalhadores pobres das cidades e de um

campesinato insatisfeito e revolucionário.

Conforme o historiador Eric Hobsbawn (in Patto 2000) na transição de

modo de produção feudal para o capitalista, os artesãos e camponeses vão

perdendo suas condições anteriores de produtores independentes e de

agricultores, a peste e eventos climáticos contribuíram para tornar o quadro

mais dramático. São eles que vão integrar os grandes contigentes famintos

que se acumularam nas cidades e contribuíram para o surgimento de um tipo

de trabalhador inédito na história da humanidade: o trabalhador assalariado,

que vende no mercado de trabalho a energia do seu corpo, formando o

contigentes de trabalhadores da indústria e as populações pobres das cidades,

submetidos a um regime de trabalho que podiam fugir, em troca de salários no

limite da sua sobrevivência.

A sociedade real foi a do triunfo da alta burguesia, à custa do sacrifício

das classes trabalhadoras, que através de seu esgotante trabalho cotidiano

produziam sua própria miséria e o enriquecimento crescente dos empresários.

No final do século XIX, o mundo foi atingido direta ou indiretamente pela

economia capitalista que estava basicamente dividida em perdedores e

vencedores, tanto dentro quanto fora das fronteiras nacionais os perdedores

era, sobretudo os grandes contigentes de trabalhadores assalariados, no

campo e nas cidades, que se dedicavam à produção agrícola e a variedade

crescente de serviços braçais mal remunerados.

O aperfeiçoamento da economia mundial do período pós 1948,

provocou nova expulsão de grandes massas camponesas que se dirigia às

cidades do continente. Nesta segunda metade de século o início da maior

migração dos povos na história, que assumiria proporções ainda maiores nos

primeiros anos do século XIX.

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O que era a cidade, a indústria e classe trabalhadora a partir do meados

do século XIX?

A cidade industrial típica neste período era uma cidade superpovoada, carente

de infra-estrutura, centro de comércio e de serviços antagônicos com os

bairros que abrigavam a burguesia. A insegurança era o fator que dominava a

vida dos trabalhadores; a miséria era uma ameaça constante. O empresariado

e até mesmo a classe operária faziam uma distinção entre o “trabalhador

respeitável” e o “pobre sem respeito; estes últimos, não especializados e

sempre à beira do desemprego e da não sobrevivência (...)” (Patto, 2000).

O século XIX foi o apogeu da sociedade burguesa, segrega cada vez

mais o trabalhador braçal e se torna inflexível na admissão dos que vem de

baixo. A vida era pesada para os operários especializados; que conseguiram

as duras penas, manter fachada de respeitabilidade, que guardava

semelhanças remotas com o estilo de vida burguês. Segundo Hobsbawm (in

Patto 1979), “à distância que os separava do mundo burguês era imensa e

intransponível”.

Se a crença de que a divisão social em classes superiores e inferiores

teria como relevância o talento individual, o que poderá nos ajudar a

compreender os caminhos trilhados pela psicologia e pelas explicações do

fracasso escolar, cuja primeira expressão é obra da burguesia de 1789.

1.2 – Capitalismo e políticas educacionais

Historicamente a política educacional, desenvolvida no século XIX

decorre de três vertentes, presentes na visão de mundo dominante da nova

ordem social e política do capitalismo liberal.

a) A crença no poder da razão e da ciência;

b) O projeto liberal de um mundo aonde a igualdade de oportunidades

viesse substituir a indesejável desigualdade baseada na herança

familiar;

c) A luta pela consolidação dos estados nacionais, meta do nacionalismo

que impregnou a vida política européia no século passado.

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A ideologia nacionalista parece ter sido a principal propulsora de uma

política ofensiva de implantação de rede pública de ensino em partes da

Europa e da América do Norte no final do século XIX.

A crença generalizada de que chegará o momento de uma vida social

igualitária e justa era o cimento ideológico que unia as forças e elevava a

necessidade de instituir mecanismos sociais que garantissem a transformação

dos súditos e cidadãos; o aparelho judiciário; determinaria direitos e deveres

que garantiriam a cada cidadão a defesa dos seus direitos, a imprensa livre

viria encarregada da denúncia e da crítica dos desvios. Para garantir a

soberania nacional e popular, a educação escolar recebe, segundo Zanotti

(1972) uma fundamental missão: “a ilustração do povo, instrução pública

universal obrigatória, a alfabetização como instrumento-mãe que atingirá o

resultado procurado” ao contrário do final do século XVIII até meados do

século seguinte a presença social da escola é muito mais intenção de um

grupo de intelectuais da burguesia do que da realidade. A existência de uma

efetiva política educacional segundo análises histórias deve-se as diversas

circunstâncias:

a) A pequena demanda de qualificação de mão-de-obra;

b) A desnecessidade de acionar a escola nos anos que se seguem à

revolução francesa;

c) As pressões inexpressivas das classes populares por escolarização, nos

primeiros anos da nova ordem social;

d) A própria marcha do nacionalismo e suas contradições.

A industrialização beneficiou-se deste contigente de camponeses

erradicados que se amontoavam nos centros industriais e se transformavam,

segundo Iglesias (in Patto 1981), em “farta mão-de-obra disponível, que se

sujeita a qualquer salário, vivendo em condições de miséria, promiscuidade,

falta de conforto e higiene, em condições sub-humanas...todo operário tinha

que aprender a trabalhar de uma maneira adequada à indústria, ou seja, num

ritmo regular de trabalho diário ininterrupto”.(Hobsbawn, in Patto 1982). Neste

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período, a escola também não é necessária enquanto instituição destinada a

fixar um determinado modo de sociabilidade.

Entre 1780 e 1848, conhecido como período das revoluções burguesas, os

trabalhadores compartilham da ilusão da chegada de um mundo novo, livre de

opressão e pleno de oportunidades, com desejo de ascensão social que fazia

parte deste sonho igualitário e libertário.

Finalmente, análises históricas do nacionalismo têm permitido concluir que

os movimentos nacionalistas conscientes praticamente inexistiram antes de

1830. Até então, os sistemas nacionais de ensino são muito mais anseio da

pequena e média burguesia e da pequena nobreza. As classes empresariais,

nesta época, preferiam os grandes mercados em expansão; os aparatos

ideológicos por excelência ainda eram a Igreja e a família. A partir de 1848, a

escola adquire significados diferentes para diferentes grupos e segmentos de

classes, em função do lugar que ocupam nas relações sociais de produção.

Neles, a escola é valorizada como instrumento real de ascensão e de prestígio

social pelas classes médias e pelas elites emergentes; almejada pela grande

massa de trabalhadores com o sonho de vencer a vida. Foi levando em conta

todos estes aspectos que Zanotti (1972), ao periodizar a história em três

etapas, coloca como marco do primeiro ano de1870, quando até, 1914, se

atribui à escola a missão de redimir a humanidade.

A partir de 1870 vigora, em várias partes do mundo, o ideário nacionalista

em sua segunda versão: o da construção de nações unificadas, independentes

e progressistas; e a aquisição da consciência de nacionalidade, será a primeira

missão da escola no mundo capitalista do século passado. O tema da

igualdade dos cidadãos era visto como algo que precisa ser construído; nesta

construção, a escola, como instituição estratégica, expandiu-se como sistema

nos países mais desenvolvidos.

A crença no poder da escola foi fortemente abalada pela Primeira Guerra

Mundial. O século XX tem início desmentindo a ideia de que a escola

obrigatória e gratuita viera para transformar a humanidade, para redimi-la da

ignorância e da opressão. A posse do alfabeto, da constituição e da imprensa,

da ciência e da moralidade não havia livrado os homens da tirania, da

desigualdade social e da exploração.

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As primeiras escolas novas são de 1918 a 1936, a segunda etapa da

política educacional, segundo Zanotti (1972), que ela se propaga com uma

clara intenção: rever os princípios e as práticas da educação, a fim de fazer da

escola uma instituição a serviço da paz e da democracia. Seus propositores

partem da crítica à escola tradicional que se expandira no decorrer do século

XIX e a responsabilizam pelos desastres sociais; se a escola não estava

formando democratas isto se devia ao fato de ela mesma não ser democrática.

Os pedagogos liberais, no início do século XX acreditavam na possibilidade de

a escola realizar uma sociedade de classes igualitária, ou seja, uma sociedade

na qual os lugares sociais seriam ocupados com base no mérito pessoal.

A escola inicialmente imposta como instrumento de unificação educacional

passa a ser desejada pelas classes trabalhadoras quando de alguma forma

tentam escapar, pelos caminhos socialmente aceitos, da miséria de sua

condição. A escolarização é umas das formas que estas tentativas assumem,

quer como luta individual, quer como luta coletiva.

A conseqüente expansão dos sistemas nacional de ensino trouxe consigo

dois problemas para os educadores, de um lado, a necessidade de explicar as

diferenças de rendimento da clientela escolar; de outro, a de justificar o acesso

desigual desta clientela aos graus escolares mais avançados sem ferir o

princípio essencial da ideologia liberal.

A explicação das dificuldades de aprendizagem articulou-se no conflito de

duas vertentes: das ciências biológicas e da medicina do século XIX; recebe a

visão organicista das aptidões humanas, carregada, de pressuposto racista e

elitista: da psicologia e da pedagogia, com a passagem do século herdam uma

concepção um pouco mais atenta as influências ambientais e mais

comprometidas com os ideais liberais democráticos.

1.3 – A educação no terreno brasileiro

Já no século XX em 1920 constitui um marco na história brasileira pela

ocorrência das discussões e das mudanças qualitativas ou quantitativas

caracterizou e exerceu decisiva influência sobre os rumos da educação no país

nas décadas subsequentes. Nesta década de vinte falar em Primeira

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República, significa período da história brasileira na qual à distância entre o

real e o proclamado não foi mito diferente da que se verificou no período

anterior, monarquista e escravocrata. A partir de um esboço dessas

concepções, é necessário examinar seus reflexos sobre a maneira

predominante de entender a escolarização das crianças de classes populares,

tendo em vista um objetivo mais amplo: o de fornecer elementos à

compreensão do modo atual de pensar e pesquisar esta questão.

As idéias liberais mais articuladas na vida do país ocorre com o advento

do Brasil Republicano, período da história brasileira que tem início em 1889.

Nesta época se encontra a maneira de explicar as diferenças entre as raças e

os grupos, as diferenças de rendimento escolar presentes entre as classes

sociais, para que a distribuição social dos indivíduos seja pautada apenas por

suas aptidões naturais. A psicologia das diferenças individuais, aliada aos

princípios da Escola Nova transplantou para os grandes centros urbanos

brasileiros a preocupação em medir estas diferenças e implantar uma escola

que as levasse em consideração.

É no marco dessas análises históricas que podemos contextualizar as

teorias que começam a ser formuladas neste período e que serviram de pano

de fundo às explicações do fracasso escolar durante a evolução da pesquisa e

da política educacionais no país.

De modo geral esta abordagem teve a intenção de contextualizar e explicar as

contradições do projeto social capitalista e seus reflexos na educação. No

próximo capítulo tratamos de analisar tal fenômeno no Brasil contemporâneo

1.4 - A Escola Nova e o Brasil urbano industrial: Exclusão Educacional e

“Escola desinteressante” para os filhos de trabalhadores.

Ainda no Império, vários princípios da Declaração dos Direitos do

Homem faziam eco no corpo das leis: a constituição de 1824 transcrevia vários

deles; garantia formalmente a gratuidade do ensino primário a todos os

cidadãos. Poucos anos depois (1827), uma lei determinava a criação de

escolas primárias em todas as cidades, vilas e lugarejos. O ensino secundário

e superior, garantindo aos mais ricos o diploma como passaporte para os altos

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cargos públicos e para as profissões liberais e o prestígio social que eles

conferiam, afirma Moreira (1960).

Na área educacional o quadro era também coerente a sociedade

brasileira: a educação escolar era privilégio de pouquíssimos; quando da

Proclamação da República, menos de 3% da população frequentava a escola,

em todos seus níveis, e 90% da população adulta, era analfabeta.

O “entusiasmo pela educação” e o “otimismo pedagógico” que, segundo

Nagle, caracterizaram a última década da Primeira República, não resultaram

de imediato em mudanças significativas no panorama escolar brasileiro:

apesar das várias reformas educacionais ocorridas no país durante as quatro

décadas desse período. A educação escolar das classes populares continuava

atingindo a muito poucos.

Não podemos, contudo, subestimar a importância destes anos para a

história brasileira, em geral, e para os destinos da educação escolar nas

décadas subsequentes. Tampouco se pode negar o papel positivo que as

ideias da vanguarda intelectual de outros países desempenhou na própria

década de vinte.

Embora tenha sido apenas a partir dos anos trinta que o crescimento de

uma rede pública de ensino tornou-se realidade (os historiadores da educação

no Brasil concordavam que até 1930 não dispunhamos de um sistema de

educação popular). A tradição pedagógica do liberalismo certamente foi a

influência mais visível que o pensamento oficial brasileiro sobre a

escolarização recebeu como herança da Primeira República.

Parece-nos importante salientar um aspecto da teoria escolanovista que

constitui uma das vertentes da pesquisa educacional sobre o fracasso escolar.

Neste sentido, podemos afirmar que a reflexão sobre a escola e sua eficiência

nasceu no âmbito do que mais recentemente se convencionou chamar de

fatores intra-escolares do rendimento escolar. Portanto, ter reconhecido a

especificidade psicológica da criança é um mérito que não pode ser negado

aos proponentes da Escola Nova, reconhecimento este que, surgiu

recentemente no Brasil.

Os precursores da Escola Nova preocupavam-se com o indivíduo no

processo de aprendizagem somente na medida em que atentar para os

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processos individuais facilitava uma tarefa pedagógica que se propunha a

desenvolver ao máximo as potencialidades humanas através de um trabalho

que acompanhasse o curso natural de seu desenvolvimento ao invés de

contrariá-lo. “Nos escritos, que incluía Rosseau, Pestalozzi, Herbart e Froebel,

evidencia-se uma alteração definida de interesse em relação à criança

individual. Os programas e métodos educacionais deveriam ser determinados

não por critérios externos, mas pela observação do indivíduo e de suas

capacidades. A ênfase, porém, continuou a ser na observação do indivíduo

como representativos de todos os indivíduos em geral, e não como distinto dos

outros indivíduos”.

A psicologia que se fazia desde o século XVIII até pouco depois da

metade do século seguinte não dava mostras de preocupação com as

diferenças individuais, detendo-se no estudo do indivíduo somente enquanto

meio para estudar os princípios gerais através dentre as quais os processos

sensoriais simples. Assim não havia, uma psicologia voltada para a natureza

da mente humana e uma pedagogia que se propunha a ensinar levando em

conta esta natureza.

Ao registrar que “os indivíduos diferem e sua educação deveria ser

adaptada a estas diferenças”, os precursores da pedagogia nova

prenunciavam a direção que o tratamento do tema das diferenças iria tomar no

decorrer do século XIX e que de alguma forma estava pré-determinada nas

concepções de homem e sociedade em que se baseavam.

Nos escritos dos filósofos e pedagogos que, no século XX, continuaram

a elaborar e a divulgar a proposta da Escola Nova, a importância da

metodologia e do conteúdo do ensino sobre o rendimento do aprendiz não

deixou de ser enfatizada. À medida que a psicologia se constitui como ciência

experimental e diferencial, o movimento escolanovista passou do objetivo

inicial de construir uma pedagogia afinada com as potencialidades dos

educandos, concebidos como indivíduos que diferem entre si quanto à

capacidade para aprender; os educadores sentiram a necessidade de avaliar

estas potencialidades, criando testes e medidas.

A psicologia no país; desenvolvia-se sobre tudo em laboratórios, com a

finalidade de estudar experimentalmente a mente humana. Por sua vez, a

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necessidade social de justificação das desigualdades sociais por meio da

ideologia das diferenças individuais de aptidão era ainda incipiente.

É a partir dos anos trinta que a psicologia começará a se configurar no

país como uma prática de diagnóstico e tratamento de desvios psíquicos,

passando assim, a justificar o fracasso escolar ou, no máximo, a tentar impedi-

lo através de programas de psicologia preventiva baseada no diagnóstico

precoce de distúrbios no desenvolvimento psicológico infantil.

Não se pode esquecer que a pedagogia nova e a psicologia científica

nasceram imbuídas do espírito liberal e propuseram-se, a identificar e

promover os mais capazes, independentemente de origem étnica e social. O

importante não é a realidade social no Brasil do Segundo Império e das

primeiras décadas republicanas, mas as contradições presentes, no próprio

mundo das ideias aceitas nesta época e a maneira como conviveram até a

atualidade.

1.5 – Brasil: estado novo e educação

A primeira iniciativa da Revolução de 30, no campo da educação foi à

criação do Ministério da Educação e das Secretarias de Educação dos

Estados. Com a criação do Ministério da Educação, no entender de Heládio

Antunha, o governo Federal procurou alcançar três objetivos:

1º) Ampliar sua faixa de participação no desenvolvimento da educação

nacional, marcando dessa forma o término de um período de quase total

alheamento dos problemas relacionados com a educação popular;

2º) Desenvolver os instrumentos destinados a unificar, disciplinar e

proporcionar a articulação e integração aos sistemas isolados estaduais;

3º) Estabelecer os mecanismos destinados a promover o relacionamento

federal com os diversos sistemas e suas relações com as Secretarias de

Educação Estaduais.

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A Constituição de 1934 incluiu um capítulo especial sobre a educação: a

educação como direitos de todos; a obrigatoriedade da escola primária

integral; a gratuidade do ensino primário; a assistência aos estudantes

necessitados, entre outros. A partir daí, o Governo Federal assumiu novas

atribuições educacionais, diz Antunha:

1. A função de integração e de planejamento global da educação brasileira.

Passou a ser competência da União “fixar o plano nacional de educação,

compreensivo do ensino de todos graus e ramos, comuns e

especializados; coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território

do País”.

2. A função normativa para todo o território nacional e para todos os níveis.

3. A função supletiva de estímulo e assistência técnica.

4. A função de controle, supervisão e fiscalização do cumprimento das

normas federais.

Tais atribuições constituíram o início da construção de um sistema

nacional de educação. A autonomia dos Estados e dos diversos sistemas

educacionais foi limitada; as funções de controle, supervisão e fiscalização

tornaram-se burocráticas.

Um grupo de educadores, comprometidos com a renovação da

educação nacional, resolveu marcar presença na orientação do ensino

brasileiro. Esse grupo julgou oportuno reunir suas ideias num manifesto ao

governo e à Nação, para que não pairassem dúvidas quanto à sua natureza e

aceitação entre os educadores. Redigido por Fernando Azevedo, o manifesto

A reconstrução Nacional do Brasil, foi assinado por mais de 25 educadores.

Entre as principais ideias defendidas no manifesto estão as seguintes:

1. A educação é vista como instrumento essencial de reconstrução da

democracia no Brasil, com a integração de todos os grupos sociais.

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2. A educação deve ser essencialmente pública, obrigatória, gratuita, leiga e

sem qualquer segregação de cor, sexo ou tipo de estudos.

3. A educação deve ser uma só, com vários graus articulados para atender às

diversas fases do crescimento humano.

4. A educação deve ser funcional e ativa e os currículos devem adaptar-se

aos interesses naturais dos alunos, que são o eixo da escola e o centro da

gravidade do problema da educação.

5. Todos os professores, mesmo os de ensino primário, devem ter formação

universitária.

Nós sabemos que, em relação à pedagogia nova, um elemento que está

muito presente nela é a proclamação da democracia. E hoje nós sabemos a

quem serviu essa democracia e quem se beneficiaram dela, quem vivenciou

esses procedimentos democráticos no interior das escolas novas. Não foi o

povo, não foram os operários, não foi o proletariado. Essas experiências

constituíram-se via de regra, em privilégios para os privilegiados, legitimando

as diferenças; os homens do povo continuaram a ser educados basicamente

segundo o método tradicional, e, mais que isso, não continuaram a ser

educados à revelia dos métodos novos.

Os pais de crianças pobres têm uma consciência muito clara que a

aprendizagem implica a aquisição de conteúdos mais ricos, tem uma

consciência de que a aquisição desses conteúdos não se dá sem esforço. De

que para se aprender é preciso disciplina e, em função disso, eles exigem

mesmo dos professores a disciplina. E o papel do professor é o de garantir que

o conhecimento seja adquirido, às vezes mesmo contra a vontade imediata da

criança.

O projeto educacional presente no manifesto dos pioneiros,

anteriormente mencionado, é produto de um debate sobre os rumos da

educação na sociedade brasileira, no contexto do industrialismo, do

nacionalismo desenvolvimentista que se inaugura no Brasil com a chegada e

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consolidação de Vargas no poder, em aliança com as classes dominantes, que

tinham como ponto de concordância à urgência de uma escola adaptada ao

novo momento do capitalismo nacional.

No próximo capítulo foram levantadas questões claras que vivenciamos

na vida escolar.

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CAPÍTULO 2:

AS MÚLTIPLAS FACES DO FRACASSO ESCOLAR

Refazer a escola. Avaliar seu desempenho. Discutir formas de

mudança. Questionar o resultado de sua atuação. Afinal, segundo Luzia de

Maria (2003) qual é o perfil dessa escola que hoje existe? Por que o índice de

reprovação é tão alto? E mais, por que esse índice não é enxergado pela

instituição escola como sendo a mais legítima prova de sua ineficiência? O que

os pais esperam da escola quando para ela encaminham seus filhos? O que a

sociedade espera de seu trabalho? Que tipo de cidadão deve a escola formar

para que seu desempenho possa ter sido ótimo?

Aprendemos, com Paulo Freire (2000), que “a leitura de mundo precede

sempre a leitura da palavra, e a leitura desta implica a continuidade da leitura

daquele”, diz Luzia de Maria, para que a leitura da palavra, seja uma

continuidade da leitura de mundo, é preciso que a escola esteja perfeitamente

ajustada à realidade do aluno. É preciso que o aluno não tenha, ali, o seu

direito de expressão sonegado, porque o indicativo do que ele sabe e já

vivenciou, a identificação do estágio de aprendizagem em que ele se encontra

só será possível a partir do movimento em que a escola se propuser a ouví-lo,

a partir do momento em que a fala do aluno, seu modo de ver o mundo e ler o

real tornar-se, na escola, componente do processo de construção da

aprendizagem.

A força da tradição, o despreparo de muitos professores resultando em

enorme insegurança e o exemplo do autoritarismo com o qual a sociedade

conviveu nas últimas décadas são três ingredientes suficientes para que

grandes arbitrariedades sejam cometidas, em nossa escola, em nome da

disciplina. Assim, em nome da disciplina, elege-se o silêncio em sala de aula

como condição indispensável para que a aprendizagem aconteça. Sabemos

que hoje é largamente comprovado que a linguagem e o pensamento se

organizam nos momentos de desafio que a interação com os adultos coloca

para a criança. Neste sentido a autora discute, que a escola precisa ter

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professores muito bem preparados, que tenham noções acerca de como a

aprendizagem se dá, para que, sabiamente, coloquem às crianças desafios ao

seu pensamento e, pacientemente, sejam capazes de ouvi-las. Mais que

ensinar, é preciso apenas que o professor não impeça as crianças de

aprender, que não deixe que se perca, no cotidiano escolar, a curiosidade

natural das crianças.

Quando os pais enviam seus filhos à escola, a expectativa primeira é de

que ali eles tenham acesso ao uso da leitura e escrita. Entretanto, o nível de

desenvolvimento das crianças que a escola recebe é extremamente

heterogêneo, à escola compete o reconhecimento de que o tempo necessário

para que crianças, social e culturalmente heterogênea, dominem a leitura e a

escrita podem não ser o mesmo. Mas que isso: à escola cabe a obrigação de

proporcionar a essas crianças o ambiente alfabetizador que não possuem em

casa.

Aqui, mais uma vez, vale observar, a história pessoal de cada um. E, é

essa realidade que a escola não tem direito de ignorar. É essa realidade que

os professores precisam ter em mente no início de cada aula, em cada contato

com as crianças. Uma vez que toda criança, ao chegar à escola, traz um

processo de aprendizagem iniciado, é indispensável que a escola procure dar

continuidade a esse aprendizado. Daí a importância de se respeitar o estágio

de conhecimento de cada um. Não para que se perpetue a injustiça social,

mas para que se dê, às crianças das classes populares as oportunidades que

elas não tiveram em casa.

A interação das crianças com os adultos e com outras crianças, através

de situações que estimulem o seu raciocínio e as levem a buscar soluções ou

respostas, é da maior importância no desenvolvimento cognitivo, como

confirma Vygotsky. Sabendo que muitas crianças, vivendo em situação de

extrema dificuldade, não contam muitas vezes com a presença paciente de pai

e mãe para lhes dar muita atenção, para ouvi-las e estimulá-las a falar. Chega

a escola em completo mutismo.

A pouca importância dada pela escola à expressão dos alunos fica

evidenciada pelo modo como o tempo curricular das aulas é ocupado, uma

verdadeira compulsão pelo uso de exercícios, material didático composto de

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atividades mecânicas. São extremamente oportunos para que o professor

possa manter os alunos ocupados e em silencio. Quando estes são solicitados

a falar, suas falas não constituem momentos de comunicação e diálogo.

Na analise produzida por Santiago (1990), “é comum e “natural” que os

alunos das camadas populares que frequentam a escola pública

“desconheçam” sua história de vida...” Este fato demonstra a pouca ou

nenhuma importância que a escola atribui ao conhecimento de si próprio, a

identidade dos sujeitos, para que possam situar-se na vida e na história e

relacionar-se com outros. Isso confirma a relação unilateral que é a tônica nas

escolas e comprova que “a linguagem do aluno não se articula nem se utiliza

como conteúdo, menos ainda como experiência”, diz Santiago.

É preciso que o professor tome consciência de que, assim agindo,

contribui para perpetuação do autoritarismo em nossa sociedade.

O papel do professor, hoje, repetindo palavras de Nidelcoff (in Patto), é

“ajudar as crianças a ver, compreender a realidade, expressar a realidade e

expressar-se, descobrir e assumir a responsabilidade de ser elemento de

mudança na realidade”. “Se estamos convencidos de que todo homem tem um

papel histórico a desempenhar, temos de desejar que o estudante o

desempenhar desde os bancos da escola. (...) Os estudantes têm que

aprender a organizar-se; organizando-se; e têm que aprender a ser livres,

libertando-se”. (Gutiérrez, 1980).

Se enquanto professoras, comprometida com a formação de homens

livres, verdadeiros cidadãos, conscientes de seus direitos sociais então é

preciso se preocupar, desde o primeiro momento em que cada criança chega a

escola, com as formas através das quais, ela poderá se apropriar da

linguagem, o exercício permanente da oralidade, acompanhado do olhar amigo

e confiante do professor estimulando o aluno a expressar-se, num clima de

compreensão e companheirismo, pode levar a criança a construir sua auto-

estima e sua autoconfiança e a fazer proveitoso uso da linguagem para o

exercício consciente de sua cidadania.

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2.1- O Currículo e a produção da desigualdade

Perrenoud (2001) aponta que, nem todos partem do mesmo ponto e não

dispõem dos mesmos recursos para avançar. Mas essa desigualdade,

constantemente recriada ao longo dos cursos, não é independente dos

conteúdos, do nível de dificuldade e de seletividade do currículo. Quando a

cultura escolar é elitista, muito distanciada da língua e dos saberes das classes

populares, aumentam os desvios. Muitas vezes, os programas (currículo

formal) são elitistas, devido especialmente a tradição escolar, que perdura para

além de estruturas e programas. O currículo real depende ainda mais da

arbitrariedade dos estabelecimentos de ensino e dos professores.

Uma das formas de fabricar desigualdades é por meio de escolhas de

currículo (nos texto ou nas práticas). “Há muitas maneiras de nadar. Ao instituir

uma delas como norma, privilegiamos todos os que estão familiarizados com

ela, penalizamos os outros. O mesmo acontece com a língua e os saberes”.

(Perrenoud, 2001). Para esse autor o momento e o modo de avaliação;

contribui para minimizar ou dramatizar as desigualdades bastante reais da

aprendizagem. As vezes a avaliação cria suas próprias desigualdades, quando

inclina a estimativa das competências a favor dos bons alunos ou de crianças

das classes ricas. O sucesso e o fracasso são realidades construídas pelo

sistema escolar, representações que pesam no destino dos alunos muito mais

que as desigualdades efetivas. (Perrenoud, 1984). Projetando para os dias

atuais evidenciamos no Anexo 2, em que as perspectivas de pobres e ricos

são semelhantes, apesar dessas desigualdades. Ele ainda destaca que, as

estratégias de luta contra o fracasso escolar não podem ir apenas no sentido

da diferenciação do ensino e das pedagogias de domínio. Seria melhor levar

em conta, simultaneamente, o currículo e a avaliação. No entanto, podemos

esperar mais da diferenciação dos alunos.

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2.2- As teorias justificadas do fracasso

Não é de hoje que o tema fracasso escolar encontra-se constantemente

em pauta nas discussões dos órgãos oficiais e dos especialistas responsáveis

pela educação, com o intuito de solucionar problemas referentes ao grande

número de crianças em idade escolar que estão fora da escola, seja porque

nela nunca ingressaram ou porque sofreram o processo de evasão ou

repetência.

Quase sempre, estes estudos e medidas, são elaborados a partir de

uma perspectiva calcada nos interesses da classe dominante, baseadas num

modelo liberal e colocam a escola e a educação formal como “redentores” e

equalizadores das desigualdades sociais, segundo De Luiza (2003).

Ao longo de nossa história as pesquisas sobre o fracasso escolar

estiveram em princípio marcadas por um discurso biológico em que as causas

do fracasso estavam relacionadas a fatores genéticos, raciais ou hereditários

dos indivíduos. Nos anos 70 essas teorias passaram a ser questionados e um

novo discurso a ser fazer presente, as explicações passaram a ser buscadas

na proveniência cultural dos alunos, dando origem as teorias de carência

cultural.

Entretanto, ainda se convive com a predominância dos aspectos

biológicos, emocionais, culturais e familiares para explicar as causas do

fracasso escolar. Como diz Patto (1996), o preconceito e a desvalorização

empregam toda a prática escolar “desde as discussões referentes à política

educacional até a relação diária de professores com seus alunos”.

Persistindo a tendência em se vincular o fracasso escolar à “deficiência”

do aluno, na escola, muitas vezes, as crianças são tratadas como

“incompetentes”, não tendo o direito de se expressarem, cabendo ao professor

incutir-lhes o “saber”. A não adaptação a esse saber é um problema exclusivo

do aluno, que por razões pessoais, emocionais, culturais, familiares, entre

outras, não consegue se sair bem.

Duas conseqüências, no plano pedagógico, decorrem deste papel

dominador da escola: a submissão ou a agressividade. Ambas dificultam a

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aprendizagem porque atingem a auto-estima da criança. Dessa forma, a

escola assume uma função estigmatizadora, criando o estereotipo do aluno

marginalizado, que é, na maioria das vezes, aquele proveniente das camadas

populares. Atribui-se ao próprio sujeito marginalizado a culpa pela exclusão

(Teixeira, 1992).Segundo Wallon, “Nunca há uma única causa para o fracasso

escolar, há sempre a conjunção de várias causas que, agindo umas sobre as

outras, interferem. Essa interação, com seus efeitos bumerangue lembram

uma espécie de círculo vicioso, com a dificuldade, quando não a

impossibilidade, de sair dele num determinado momento”.

Percebo que ainda há muito que se falar sobre a reprovação escolar,

pois se nota que está cercada de equívocos culturalmente autoritários e anti

educativos. Uma das formas de se entender a avaliação é como o processo de

acompanhamento, de correção e adequação dos meios aos fins. E não, o que

se sustenta na abordagem errônea da avaliação brasileira, em que se espera

um ano inteiro para perceber que tudo estava errado e, ao invés de corrigir os

erros, comete-se tudo novamente: os mesmos métodos, os mesmos

conteúdos...

Conforme alerta Vitor Paro (2004), “Mas, no momento de identificar a

razão do não aprendizado, apenas um elemento é destacado: o aluno. Só ele

é considerado culpado, porque só ele é diretamente punido com a reprovação.

Como se tudo, absolutamente tudo, dependesse apenas dele, de seu esforço,

de sua inteligência, de sua vontade”.

Percebemos que esse é outro fator que vem se perpetuando

culturalmente a identificação da origem do fracasso escolar: culpa-se o aluno

pelo seu fracasso. Mas, são vários os motivos que o levam à reprovação

escolar; além do conjunto de atividades pedagógicas estão envolvidas as

políticas públicas, as medidas ministeriais, condições de trabalho etc. Todavia

ignoram que a verdadeira motivação deve estar no próprio estudo que precisa

ser prazeroso e desejado pelo aluno. Nisso se resume o papel essencial da

escola: levar o aluno a querer aprender.

Paro afirma que, “Não existem fórmulas mágicas, que irão resolver

todas as nossas dificuldades num piscar de olhos, que farão desaparecer de

nossas classe “alunos problemas”. A pretensão é bem mais modesta, mas

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exige trabalho e boa vontade dos cidadãos, pois educar não é só ensinar a

pensar, a pensar é também transformar.”

Para tal, desenvolveremos no próximo capítulo uma das inúmeras

fórmulas para um desenvolvimento escolar transformador.

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CAPÍTULO 3:

A AUTO- ESTIMA

Partindo do ponto de vista que auto-estima é fator fundamental no

desenvolvimento equilibrado e harmônico do ser humano, evidenciamos a sua

grande relevância para a construção da personalidade.

Podemos dizer que auto-estima é a confiança em nossas capacidades

para pensar e enfrentar os desafios da vida e em nosso direito de ser feliz, de

termos a sensação de sermos merecedores, de expressarmos nossas

necessidades e desejos e de desfrutarmos das vitórias conquistadas através

de nossos esforços.

Entretanto, a auto-estima diz respeito a um sentimento do indivíduo em

relação a ele mesmo (auto=por si próprio, de si mesmo), o outro é o elemento

fundamental para o estabelecimento desse sentimento.

Partindo do pressuposto que, a auto-estima é uma poderosa

necessidade humana, que tem uma contribuição essencial para o processo da

vida, sendo assim considerada indispensável para um desenvolvimento

saudável e normal.

3.1 – A auto-estima na criança

A auto-estima na criança tem a função de uma mola que a impulsiona

ao êxito ou ao fracasso como ser humano. Em consequência, ajudar as

crianças a desenvolverem a auto-estima é a chave de uma relação bem

sucedida, afinal, o juízo que a criança faz de si mesma começa a surgir a partir

do juízo que outros fazem dela. E quanto mais a criança gosta de sua auto-

imagem, maior é sua auto-estima.

A criança, desde o inicio de sua relação com o mundo, desempenha um

papel ativo sobre o próprio desenvolvimento, pois ela além de ser estimulada

pelos que a rodeiam, é também capaz de estimulá-los. As suas reações, a

princípio, olhar, sorrir, tocar, chorar, vão gradativamente exercendo algumas

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influências sobre a forma das pessoas, em especial os pais, se relacionarem

com ela. Essa relação afetiva entre os pais e a criança fortalece a partir desses

contatos e também a partir do nível de exigência que mantem a seu respeito.

Esses elementos são de grande importância para auto-estima do ser, pois a

afeição faz com que ele se sinta amado e aceito e o nível de exigência faz com

que vivencie experiências de sucesso e fracasso, de acordo com a aceitação

da sua atuação no mundo.

Se as experiências acumuladas forem positivas, a criança se sentirá

capaz de empreender novas atitudes, modificando-as, porém, se forem

experiências de fracasso, ela se sentirá desencorajada em relação a novos

desafios, podendo chegar a ponto de impedir suas ações e experiências.

Ao entrar na escola, essas experiências de sucesso, ou de fracasso, se

intensificam e fortalecem o nível de autoconfiança e de auto-estima da criança.

Durante os anos escolares a criança está em uma fase em que a opinião dos

outros a seu respeito é muito importante para ela.

O resultado do seu desempenho contribui para que se sinta mais ou

menos valorizada pelos colegas, pelos professores e pela família, sendo um

julgamento muito significativo para ela.

Por outro lado, também nessa fase, ficam bem evidenciadas as

expectativas e tudo a seu respeito, pois o êxito ou fracasso escolar constitui-se

em um elemento observável aos olhos de todos; portanto podemos dizer que

auto-estima e aprendizagem estão intimamente relacionadas, ou seja, uma

interfere na outra.

Segundo Briggs (2006) “cada pai e cada professor é responsável pela

manutenção da curiosidade na criança. Todas as crianças devem saber que

perguntar compensa”, fazendo com que não se sinta menosprezado por querer

saber.

Como podemos perceber, os pais e professores são de extrema

importância para o aumento da capacidade mental de uma criança devido à

influência marcante no desejo de aprendizado.

É através do outro que o indivíduo capta sua própria imagem, sendo,

dessa forma, o papel do outro de grande importância na formação da

personalidade que se desenvolve de fora para dentro. No próximo capítulo fica

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evidente o papel unificado da escola em todo envolvimento de fracasso desse

aluno.

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CAPÍTULO 4:

O PROCESSO EDUCATIVO NO FRACASSO ESCOLAR

O processo educativo deve fundamentar nos princípios que levem a

montar a atuação de cada setor educacional. O ajustamento do aluno, tanto na

escola, como na sala de aula depende do relacionamento entre

professor/aluno. O Orientador Educacional deve ter funções que orientem,

assistam os professores, os pais e demais membros da escola levando-os a

atender as necessidades dos alunos, em suas dificuldades cognitivas

psicomotoras e afetivas.

Todos os setores e funções da escola devem tomar conhecimento do

seu papel no processo educativo. A execução de reuniões em que serão

trocadas ideias, definindo os papeis e funções que são mais proveitosas.

Atualmente o processo educativo tenta se unir, mas não consegue se integrar,

tornando uma parte de um todo, não se preocupando com os demais.

O processo de consultoria deve ser examinado pelo diretor, supervisor e

orientador, afim de que seja avaliado o seu potencial. Este processo alcança

as necessidades de estabelecer objetivos comuns de ação, facilitando a ação

integradora que desenvolverá as potencialidades com relação a todos os que

tomam parte no mesmo, dando-lhe maior objetividade e fornecendo resultados

mais significativos, a todos os participantes. Envolvendo assim suas bases a

alteração de condições, atitudes e situações .

Caracteriza pelo relacionamento, exame da problemática, tomada de

decisão e medidas de solução das mesmas, assim como utilização das

percepções, habilidades e conhecimento que nortearão tais medidas. O centro

de atenção da escola deve ser o aluno, e seu desenvolvimento em todos os

sentidos.

A democratização da sociedade vai ser construindo na prática cotidiana.

Dessa forma a eleição de representantes é um importante passo. Neste

sentido a escola cumpre papel importante num contexto democrático,

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assegurando a todos a qualidade de condições para permanência bem

sucedida.

A legislação aprovada sobre a vigência do regime democrático no Brasil

define que a gestão democrática é um principio básico da organização do

ensino público (depende das formas e deveres dos diferentes estados e

municípios). O grande desafio surge quando nos perguntamos como passar do

âmbito dos princípios para um projeto pedagógico que direcione as praticasse

ações dos educadores? Surge ai o grande desafio para gestores.

A ação administradora precisa enfrentar outros desafios tais como:

aprender a conhecer o mundo contemporâneo e relacioná-lo com cada escola,

aprender a planejar e fazer a escola que se quer, aprender a conviver com

tantas e diferentes pessoas, deferindo e partilhando com elas um projeto de

escola, aprender a utilizar, sem medos as próprias potencialidade de

crescimento e de formação continuada, levando-nos para um conceito

fundamental: a participação, a função social da educação conhecendo-a como

o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania a sua

qualificação para o trabalho, significa repensar a escola sua organização, sua

gestão, sua maneira de definir os tempos, os espaços, os meios e as formas

de ensinar, isto demanda esforço coletivo de todos (que fazem educação,

profissionais, governo e sindicatos)

Aprender a conhecer significa não tanto a aquisição de um vasto saber,

mas o domínio dos próprios instrumentos de conhecimento. Aprender a fazer

exprime a aquisições de uma qualificação profissional. Aprender a conviver

significa a participação em projetos comuns. Aprender a ser é contribuir para o

desenvolvimento total da pessoa espírito e corpo, inteligência, sensibilidade,

sentido estético, responsabilidade pessoal. Significa também a pessoa

aprender a elaborar pensamentos autônomos e críticos, formulando seus

próprios juízos de valor.

A democracia consensual entre os brasileiros é um conjunto de

procedimentos para se viver racionalmente, é uma sociedade cujo destino

aberto, porque acima do poder soberano ao povo, já não há nenhum poder.

São os cidadãos que determinam a si mesmos como indivíduos.

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CONCLUSÃO

Considerando, na prática da bibliografia consultada, um cenário notório

em que o fracasso escolar é um processo penoso de ser diagnosticado sob

única ótica, tendo como ponto de partida os diversos fatores que rodeiam o

mundo escolar, a comunidade destinada a ele e a sociedade englobada.

Destarte, há uma gama de fatores que impedem a criança de obter

“sucesso” na escola, uma verdadeira fortaleza em oposição a esse aluno , que

sofre por não conseguir ultrapassar tal grandeza e fracasso.

É perceptível neste estudo acadêmico que, a auto-estima elevada

fornece uma imensa contribuição para o processo ensino-aprendizagem.

Tornando- a, uma insubstituível necessidade humana, considerada

indispensável para um desenvolvimento saudável e moral.

Na criança, a auto-estima funciona como um trampolim que a

impulsiona ao êxito ou ao fracasso como ser humano. A auto-estima vem

permeada de elementos como o olhar, o sorrir, o tocar e o chorar, tornando-a

relevante para a construção de uma pessoa saudável, confiante e acima de

tudo capaz.

Na escola, cabe ao professor ofertar um ambiente em que a criança

sinta-se respeitada, aceita com suas limitações, para que possa ser um local

em que a mesma desenvolva-se em todas as dimensões.

O amor ofertado por pais e professores, servirá como base de uma

auto-estima elevada. Com essa base interior solidificada, a criança expandirá

seu potencial, sua motivação, a criatividade, fará com que se relacione bem

com os outros e com que tenha um objetivo na vida.

Durante o processo da aprendizagem, é evidente neste trabalho, que a

auto-estima é de grande relevância para que esse processo seja bem

sucedido.

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ANEXO 1

RELATÓRIO

A Escola Municipal Professor Evadyr Molina está localizada na rua

Doutor Porciúncula nº 215 – Venda da Cruz – São Gonçalo – R.J. Antes de

fazer parte da rede pública fez parte da rede privada com o nome de Sossego

da Mamãe, que por sinal ficou alguns anos.

Com a intenção de obter uma escola do Município de São Gonçalo

próximo aos limites do Município vizinho (Niterói) para oferecer aos moradores

da localidade mais oportunidades de opção de escolas públicas e chance de

suprir uma das carências do seu eleitorado, o ex-prefeito Edson Ezequiel, em

seu governo comprou o espaço, tornando-o público, de caráter municipal.

Inaugurada no dia 08 (oito) de março de 1999, recebeu o nome em

homenagem ao grande pedagogo Professor de Língua Portuguesa, Evadyr

Molina. A primeira e atual diretora é a professora Leila de Moura Sueth,

formada em Pedagogia pela Universidade Salgado de Oliveira. A escola é

situada em bairro residencial/comercial, que possui praça, mercados, padarias,

igrejas, farmácias, escolas particulares, entre outros.

Atende uma clientela de nível sócio econômico com predominância

carente. A maioria dos alunos reside próximo da escola.

A escola está composta de 09 salas de alunos e salas avulsas que

corresponde a: secretaria, diretoria, sala dos professores, SOE, sala

multimeios, almoxarifado, cantina, refeitório e cozinha. Possui um espaço na

frente para as crianças brincarem livremente. Atrás possui uma quadra

coberta, onde são realizadas as festividades ao longo do ano letivo.

Funcionando com 09 turmas em cada turno (manhã e tarde), com no

máximo 30 à 35 alunos cada, atendendo no seu total de 489 alunos

matriculados neste ano.

As salas de aula são todas do mesmo tamanho e conseguem acomodar o

número máximo de 34 alunos.

As carteiras não têm uma arrumação pré-determinada, pois dependendo

da forma de aplicação de cada matéria à professora arruma as carteiras: em

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círculos, duplas ou individuais; procurando possibilitar no mesmo ambiente

várias formas de se aprender e aplicar seu conteúdo da maneira que convém

um ambiente mais estimulador e aconchegante para o aprendizado

O corpo docente da Escola Municipal Professor Evadyr Molina busca

estar em contínua formação, alguns professores, têm curso superior; outros

pós-graduação e os que não tem estão se preparando para faze-la.

Perante as relações que se estabelecem em sala de aula e fora dela, é

preciso que o professor tenha certa competência para conduzir a

aprendizagem, utilizando-se de recursos cognitivos. Perrenoud, no livro 10

Novas Competências para Ensinar, relaciona o que é de suma importância o

professor saber para ensinar bem. Destaco aqui neste relatório, algumas:

• Organizar e dirigir situações de aprendizagem.

Exemplo: trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem,

superando-os e construindo novos saberes.

• Administrar progressão das aprendizagens.

Exemplo: Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de

acordo com uma abordagem formativa. Para que possa progredir em

diferentes formas de aprendizagem.

• Participar da administração da escola.

Exemplo: Elaborar, negociar um projeto da instituição e social.

• Trabalhar em equipe.

Exemplo: Administrar crises ou conflitos interpessoais, sabendo manter o seu

equilíbrio e auto-centragem, contribuindo para o seu auto-crescimento e do seu

entorno social.

A Secretaria Municipal de Educação de São Gonçalo oferece cursos de

capacitação periodicamente, onde os professores do município se encontram,

dando assim, a oportunidade de se aperfeiçoar, pedagogicamente e também

de trocar experiências, contribuindo para maior amplitude dos saberes. Os

trabalhos desenvolvidos nesta turma como também nas outras são

aproveitados, ou seja, cada professora troca seus trabalhos com as outras,

aperfeiçoando para faixa etária de sua classe, assim, o ambiente escolar

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mostra a troca de experiência com os alunos e professores de classes

diferentes, mantendo um ambiente invejável de interação e cooperação entre

eles.

Neste processo de produção de conhecimento e de interação, o sujeito

vai se autoproduzindo, dando condições: espaço de liberdade, tomada de

decisão, disponibilidade para o diálogo, para a negociação, espaço para erro,

para o sonho, para a expressão, para o novo respeito aos medos e anseios

que o processo de desenvolvimento e aprendizagem geram.

Nesta visão, impõe-se, portanto, a atuação do educador como elemento

provocador, desequilibrador, estimulador de grupo, no sentido que este rompa

seu estágio cognitivo em vista de um nível mais complexo e abrangente,

tornando-o aberto e sensível aos fatos da realidade que precisa compreender (

e intervir), afirma Vasconcellos (2004). O que se busca é que o sujeito domine

tanto o “porquê”, quanto o “para quê” e o “como”. No processo de

desenvolvimento, todo o sujeito deve chegar a ser capaz dessa abertura e

busca do conhecimento por si mesmo (autonomia).

O conselho de classe é realizado por ciclo, ao final de cada bimestre. Tem

com objetivo avaliar asa atividades durante o bimestre e acompanhar o

desenvolvimento do aluno, detectando seu crescimento e suas necessidades.

Na primeira parte do conselho, há leitura e um texto, seguido de comentários,

pós há a participação dos pais e alunos representantes de cada turma na

avaliação das atividades realizadas naquele período e a caracterização das

turmas pelos professores. Na segunda parte, os pais e alunos representantes

de cada turma, recebem os agradecimentos pela participação e se ausentam.

A equipe técno-pedagógica juntamente com os professores faz a avaliação

individual dos alunos, caracterizando os conceitos trabalhados, a metodologia

utilizada, os alunos que necessitam de encaminhamentos específicos e os

mais faltosos. No final o grupo sugere propostas para melhor aprendizagem

dos alunos.

As reuniões de pais acontecem no final do bimestre, a professora lê

uma mensagem para os pais, conversam sobre a turma, entrega as avaliações

realizadas naquele período e recolhe as assinaturas dos pais nos relatórios

individuais.

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É possível perceber que, o relacionamento entre a diretora e os

funcionários se dá de forma relativamente harmoniosa. Segundo a direção da

escola, “a união e a participação coletiva, são fundamentais e de suma

importância para o sucesso de toda ação educacional.”

Toda a equipe gestora (diretoras, coordenadores, supervisora, orientadora

educacional, corpo docente e os demais funcionários) teve participação na

organização do Projeto Político Pedagógico (PPP), na perspectiva de

melhorias do processo de ensino-aprendizagem, buscando sempre a

qualidade de ensino, tendo como foco principal o aluno e mais ofertas de

vagas.

Conforme Luck , o atendimento do conceito de gestão já pressupõe, em

si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando

situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em

conjunto. Isso porque, o êxito de uma organização depende da ação

construtiva de seus componentes, pelo trabalho associado, mediante

reciprocidade que se cria “todo” por uma vontade coletiva.

Diante disso, percebemos que a equipe gestora trabalha a educação escolar

de forma a contribuir para a democratização e pela formação do cidadão

crítico, autônomo, propiciando aos alunos o desenvolvimento dos seus

conhecimentos, a permanência e o sucesso integral de toda atividade escolar.

Percebemos que os supervisores trabalham numa perspectiva de coletividade,

visando sempre uma educação de qualidade e o desenvolvimento significativo

no processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

Observa-se que todo trabalho desenvolvido na escola é planejado com a

participação de todos os funcionários que fazem parte da área educacional.

Luck afirma que, “educação é um processo longo e contínuo”. Essa afirmação

é lugar-comum. É preciso, portanto, superar a tendência de agir

episodicamente, de modo centrado em eventos, em casuísmos, que resulta na

construção de rotinas vazias da possibilidade de superação das dificuldades

do cotidiano.

O planejamento dos professores e equipe gestora é realizado às

quartas-feiras, durante o período oposto, ou seja, o outro horário em que os

mesmo não estão em sala de aula.

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Conforme a fala da supervisora “sempre trabalhamos em conjunto nos

planejamentos, buscando colaborar com os professores e a direção”, percebe-

se que a gestão da escola trabalha de forma participativa, dando autonomia

para que os professores desenvolvam suas práticas pedagógicas de acordo

com as necessidades encontradas no dia a dia na escola.

Assim o gestor democrático deve se envolver em todos os segmentos

da instituição escolar, buscando juntamente com corpo técnico-pedagógico,

comunidade e outros parceiros, desenvolver trabalho coletivo, transparente,

em que vise uma gestão mais participativa.

Percebe-se que o Projeto Político Pedagógico (PPP) foi elaborado por

toda equipe gestora e nomeia todo trabalho pedagógico desenvolvido na

escola durante o ano letivo. O mesmo tem a missão de oferecer e assegurar

um ensino de qualidade, estimulando a criatividade e a participação dos alunos

para que esses possam atuar de forma consciente na sociedade.

O Projeto Político Pedagógico da escola tem como objetivos

desenvolver no educando a capacidade de aprender, através de um ensino

crítico, de qualidade e atualizando, condizente com as reais necessidades de

sua clientela, visando a formação de princípios e valores mais humanos

indispensáveis para o exercício da cidadania, além de garantir o acesso ao

ensino obrigatório e gratuito a todas as crianças de 07 a 14 anos e aqueles

que não tiveram acesso a escola, em idade própria, conforme o estabelecido

pela Constituição Federal.

Conforme o Projeto Político Pedagógico a escola tem como filosofia a

busca de um ensino capaz de formar cidadãos que interfiram na realidade para

transformá-la, e não apenas para interação no mercado de trabalho, através

dos objetivos definidos e com o compromisso de profissionais, proporcionando

ao aluno a construção do seu conhecimento com metodologia que favoreçam a

sua autonomia com sujeito.

Portanto, o projeto define a organização do trabalho pedagógico em sua

globalidade, resgatando a escola como espaço público, lugar de debate, do

diálogo fundamentado na reflexão coletiva. Reflexão esta que dá ênfase na

melhoria do processo ensino-aprendizagem dos alunos. Assim a escola tem

como meta a ser atingida: elevar o desempenho acadêmico dos alunos,

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modernizar a gestão escolar e fortalecer a participação da comunidade na

escola.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico a educação oferecida

nesta escola está fundamentada na responsabilidade e competência técnica,

pois a entrada do aluno no ensino fundamental requer um compromisso com a

consciente formação de novas gerações, implicando, inclusive, na definição de

uma linha filosófica que possa sustentar a práxis educativa.

O mesmo consiste metodologicamente em adorar uma linha pedagógica

que venha priorizar alternativas didáticas voltadas para os anseios da clientela

atendida e sua realidade cultural, política e social de forma que, cada professor

possa planejar seu trabalho em consonância com o crescimento

psicopedagógico dos alunos, numa perspectiva sócio-educativa.

Dessa forma acreditando estar cumprindo com sua tarefa enquanto

educadores e responsáveis pela educação, e para a garantia de uma

educação eficiente aos alunos, esta escola tem investido em formação

contínua dos professores e funcionários, através de círculos de estudos que

acontecem uma vez ao mês às quartas-feiras.

Nas perspectivas de melhorias nas aulas e consequentemente na

qualidade de ensino a escola desenvolve alguns Projetos Especiais, tais como:

Meio Ambiente, Identidade, Oficina Lúdica. A escola elabora os seus Projetos

Pedagógicos baseados nas necessidades da comunidade escolar, buscando

uma conscientização da realidade no mundo que o cerca.

Todas as ações pedagógicas desenvolvidas na escola vêm contribuir

influenciando, direta ou indiretamente na construção do Projeto Político

Pedagógico da escola com instituição educacional.

A escola desenvolve em um dos seus projetos o método de avaliação

que propicia o incentivo do aluno para estudar diariamente.

Vê-se que a escola está buscando uma avaliação contínua, no sentido de

formar o indivíduo, sem compará-lo ou mensurá-lo, mas sim, buscar meios de

diagnosticar e repensar o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

A escola segue os seguintes objetivos com relação a avaliação: analisar

o aproveitamento do aluno, os procedimentos e as estratégias de ensino:

identificar e diagnosticar as falhas para que se faça o replanejamento das

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ações e práticas educativas, buscar a interação entre professor, aluno e

conteúdo; conduzir o aluno a estudar e revisar continuamente o rendimento do

aluno na turma.

O método avaliativo dá-se das seguintes formas: trabalhos em grupos,

debates, pesquisas, atividades orais e escritas, atividades extra classe e

outros. Todos os métodos visam a qualidade de ensino, dando ênfase ao

qualitativo e não ao quantitativo de conteúdos assimilados pelos nosso a

alunos.

De acordo com a legislação brasileira de educação, Lei 9394/96 em seu artigo

24 expõe: “Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência

paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar e serem

disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos”.

Entretanto a escola trabalha o reagrupamento. Este projeto de

recuperação tem a função de resgatar os conteúdos não aprendidos de forma

eficaz pelo educando no decorrer das aulas semanais. Utilizando novas

técnicas facilitadoras para assegurar bons resultados na recuperação.

A partir das análises dos quadros de aprovação, reprovação, desistentes

e transferidos, cedido pela outra escola, nós verificamos que há pouca

reprovação na escola, porém a busca por um sistema de avaliação eficiente

torna-se uma prioridade deste estabelecimento de ensino.

Projetos da Escola

Oficina Lúdica:

Uma vez por mês ocorre a Oficina Lúdica. Neste dia, os alunos

participam de oficinas variadas: jogos, recreação, artes, história e etc. A oficina

lúdica ocorre em forma de rodízio, no fim de cada oficina para participar de

outra atividade.

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Meio ambiente:

Tem o objetivo de despertar nos alunos a importância da conscientização

ambiental para sua vida e o meio ambiente em que vive, estabelecendo uma

relação de sensibilização de conhecimento. É realizado durante todo o ano. O

tema é abordado nas diferentes disciplinas, além de ocorrer atividades

específicas do projeto.

Identidade:

Esse projeto tem a finalidade de despertar no aluno o conhecimento de si

mesmo e do local em que vive, levando-o a Ter um sentimento de confiança

em suas capacidades. Ocorre no início do ano.

Educação sexual – DST/AIDS

Projeto que visa contribuir para bem estar dos alunos na vivência de sua

sexualidade atual, alem de preservar problemas graves de abuso sexual, de

gravidez indesejada e das DST/AIDS.

Esses são os projetos fixos da escola. Durante o ano, outros projetos

específicos são desenvolvidos paralelamente, como leitura, ou algo que tenha

surgido de necessidade da turma.

Projeto valores:

Este projeto tem o objetivo de recuperar ou ensinar valores que devem fazer

parte de nosso dia a dia como: amizade, respeito, justiça, companheirismo,

educação, entre outros. Está sendo desenvolvido durante todo o ano letivo

com diversas atividades como: filme, textos, seminários trabalhos manuais.

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ANEXO 2

GRÁFICOS

Gráfico com os principais motivos da evasão escolar entre os ditos miseráveis e não miseráveis. Fonte:

http://www.fgv.br/cps/tpemotivos

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BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria C. A. História da Educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2004.

BOFF, Leonardo. Saber cuidar. Editora Vozes, 2003.

BRIGGS, Dorothy Corkille. A auto-estima de seu filho. 2ª ed. São Paulo: Marins

Fontes, 2006.

ESTEBAN, Maria Teresa. O que sabe quem erra? Reflexões sobre o fracasso

escola. Rio de Janeiro, DP&A, 2005

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artemed, 2005.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática

educativa. Coleção leitura. Paz e Terra, 2002.

LEMBO, John M. Porque falham os professores. Traduzido por Maria Pia Brito

de Macedo Charlier e René François Joseph Charlier. São Paulo: EPU,

Universidade de São Paulo, 1975.

MARIA, Luizade. O papel da escola na sociedade atual. São Paulo: Moderna,

2003.

OLIVEIRA, Inês Barbosa, A Democracia no cotidiano da Escola. Rio de

Janeiro, DP&A, 2005.

PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar: histórias de

submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

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PENIN, Sonia. Cotidiano e escola: a obra em construção. São Paulo: Cortez,

1989. (Biblioteca da educação série 1. Escola V. 2).

PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de

uma sociologia do fracasso; trad: Claudia Schilling. Porto Alegre: Artmed,

2001.

LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura para a Leitura do Mundo. São Paulo:

Ática, 2002.

LEITE, Maria Isabel; Registro e documentação: deixando marcas, fazendo

história, ressignificando o cotidiano, In: PRADO, Patrícia & FARIA, Ana Lúcia

Goulart (orgs).

O simplesmente complexo: a pedagogia da educação infantil na Itália

OSTETTO, Luciana E.; Registro: palavra, coração do pensamento, In:

OLIVEIRA, Eloisa R. de & MESSINA, Virgínia da S. Deixando marcas... a

prática do registro no cotidiano da educação infantil. Florianópolis: Cidade

Futura, 2004

OSTETTO, Luciana E.; É possível resgatar a palavra dos educadores?, In:

OLIVEIRA, Eloisa R. de & MESSINA, Virgínia da S. Deixando marcas...a

prática do registro no cotidiano da educação infantil. Florianópolis; Cidade

Futura, 2006

VASCONCELOS, Censo dos Santos. Planejamento Projeto de Ensino-

Aprendizagem. Projeto Político Pedagógico – elementos metodológicos para

elaboração e realização. São Paulo: Libertad, 2004.

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SITES CONSULTADOS

CARVALHO, Marilia Rintade. Sucesso e fracasso escolar: uma questão de

gênero. Disponível em www.scielo.br Março, 2004.

Gráfico com os principais motivos da evasão escolar entre os ditos miseráveis e não miseráveis. Disponível em www.fgv.br/tpemotivos, 2006 PARO, Vitor Henrique.Educação para a democracia: o elemento que falta na

discussão da qualidade de ensino. Disponível em portaldoprofessor.com.br

Março, 2004.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO...................................................................,........................2

AGRADECIMENTO............................................................................................3

DEDICATÓRIA...................................................................................................4

RESUMO............................................................................................................5

METODOLOGIA.................................................................................................6

SUMÁRIO...........................................................................................................7

INTRODUÇÃO....................................................................................................8

CAPÍTULO I

CAPITALISMO EXCLUSÃO...............................................................................9

1.1 – Reconstruindo a história............................................................................9

1.2 – Capitalismo e políticas educacionais.......................................................12

1.3 – A educação no território brasileiro...........................................................15

1.4 – A escola nova e o Brasil urbano industrial:..............................................16

Exclusão Educacional e “ escola desinteressante”

para os filhos de trabalhadores.

1.5 – Brasil: Estado Novo e Educação............................................................19

CAPITULO II

AS MÚLTIPLAS FASES DO FRACASSO ESCOLAR......................................23

2.1 – O curriculo e a produção da desigualdade..............................................26

2.2 – As teorias justificadas do fracasso...........................................................27

CAPITULO III

A AUTO ESTIMA..............................................................................................30

3.1 – A auto estima na criança.........................................................................30

CAPITULO IV

O PROCESSO EDUCATIVO NO FRACASSO ESCOLAR..............................33

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CONCLUSÃO...................................................................................................35

ANEXOS

Anexo 1 > Relatórios........................................................................................36

Anexo 2 > Gráficos...........................................................................................44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................45

SITES CONSULTADOS...................................................................................47