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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR: MEDIADOR OU FISCALIZADOR? Por: Daiana Lourenço Victorino dos Santos Orientador Prof. Mary Sue Niterói 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR: MEDIADOR OU FISCALIZADOR?

Por: Daiana Lourenço Victorino dos Santos

Orientador

Prof. Mary Sue

Niterói

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR: MEDIADOR OU FISCALIZADOR?

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Administração e Supervisão Escolar.

Por: Daiana Lourenço Victorino dos Santos

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AGRADECIMENTOS

"Agradeço todas as dificuldades que

enfrentei; não fosse por elas, eu não teria

saído do lugar. As facilidades nos impedem

de caminhar. Mesmo as críticas, nos

auxiliam muito”.

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DEDICATÓRIA

“Dedico esta monografia aos meus pais que me

deram muito apoio nos momentos mais difíceis

da minha vida, ao meu noivo que esteve ao

meu lado, aos meus professores que me

ensinaram que por mais que achamos que o

nosso conhecimento já está bem profundo,

estamos enganado pois o conhecimento é algo

que está sempre se renovando.”

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RESUMO

O presente trabalho possui como tema o papel do supervisor escolar,

intitulando-se: “O papel do supervisor escolar: mediador ou fiscalizador?” A escolha

pelo tema se deu pelo fato de observar que ainda hoje há uma dúvida sobre o papel

do supervisor escolar. Se este se apresenta como mediador ou fiscalizador. Qual

será o papel do supervisor escolar nos dias de hoje é a questão central da pesquisa.

Parte-se da hipótese de que o papel do supervisor escolar não se apresenta hoje

como fiscalizador dentro da escola e sim como o mediador.

A pesquisa tem início com um breve histórico da supervisão escolar, onde

vimos que a supervisão é uma das atividades mais antigas, sendo percebida já na

Grécia Antiga. No Brasil, antes de surgir no cenário educacional, a supervisão surgiu

com a industrialização, tendo em vista a melhoria quantitativa e qualitativa da

produção. Durante várias décadas a função supervisora foi se configurando de

formas diferentes. A função de fiscalizar é a que aparece inicialmente no cenário

educacional brasileiro, próprio termo supervisor escolar já nos remate ao fato de que

se espera do supervisor escolar a ação de controlar, vigiar, inspecionar. Mas,

mudanças ocorreram e o supervisor pedagógico não pode agir meramente como

fiscalizador e revisor de trabalhos, mas sim como parceiro, articulador, reflexivo,

provocador, coordenador e líder de sua equipe de professores.

Também vimos a dificuldade de entendimento em relação à nomenclatura

usada para designar a função da supervisão escolar, onde usa-se nomenclaturas

diferentes para fazer referência a uma mesma função. E pode-se afirmar que a partir

da promulgação da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – Lei n.9.394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs), documentos do Ministério da Educação e Desporto (BRASIL,1998) o

trabalho de supervisão escolar passou a ter outros papéis.

Hoje a função supervisora se mostra bem mais ampla, o supervisor de hoje

sabe que precisa ser um constante pesquisador e com isso poderá contribuir para o

trabalho docente, pois sua equipe conta com a sua orientação e apoio. Por isso,

pode-se afirmar que resultado da pesquisa aponta para o fato de que mediador é o

atual papel do Supervisor Escolar.

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METODOLOGIA

O presente trabalho será desenvolvido través de uma pesquisa bibliográfica,

onde no primeiro capítulo foram pesquisados autores que escreveram a cerca do

histórico da supervisão escolar. No segundo capitulo, buscou-se autores que falaram

sobre o papel do supervisor escolar como fiscalizador e como mediador. E no

terceiro capítulo foi pesquisada a questão do papel do supervisor hoje. Isso foi

possível através de pesquisa bibliográfica sobre o assunto em questão. Livros e

artigos de diversos autores foram consultados.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Um Breve Histórico da Supervisão Escolar 10

CAPÍTULO II - O Papel do Supervisor escolar 22

CAPÍTULO III - O Papel do Supervisor Hoje 30

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico possui como tema “O papel do supervisor

escolar” e como título: O papel do supervisor escolar: mediador ou fiscalizador?

Teremos como questão central o problema que se apresenta como qual será o papel

do supervisor escolar nos dias de hoje?

A escolha pelo tema se deu pelo fato de observar que ainda hoje há uma

dúvida sobre o papel do supervisor escolar, se este se apresenta como mediador ou

fiscalizador. Este deve ser um fiscalizador do processo de ensino aprendizagem,

vigiando o professor ou apresentando-se como mediador e sendo assim, como um

facilitador do processo de ensino-aprendizagem?

Antes mesmo de ingressar na pós-graduação em Administração e Supervisão

Escolar eu já apresentava dúvida e interesse em saber qual é o papel do supervisor

dentro da escola, uma vez que sempre trabalhando em escola pude observar um

distanciamento e até mesmo uma apreensão por parte dos professores. Estes

ficavam receosos em suas ações e não podiam trocar experiências, sanar suas

dúvidas e menos ainda falar de suas dificuldades com o supervisor. Hoje vejo que

isso já não é o que espera-se de um supervisor, porém, muitos ainda acham que

esse é o papel do supervisor escolar, por isso, julgo pertinente a escolha do tema.

Sabemos que a que a Supervisão Educacional continua buscando um novo

significado em sua ação que atente de forma mais atualizada, em um agircoletivo

com o professor, visando à melhoria da qualidade de ensino ao aluno e uma escola

mais eficaz aos novos tempos. Por isso o objetivo geral é analisar qual é o papel do

supervisor escolar. Os objetivos específicos são: analisar o papel do supervisor

escolar como fiscalizador, analisar o papel do supervisor escolar como mediador e

buscar a compreensão sobre o que mudou em relação ao papel do supervisor

escolar e o que é esperado para esta função hoje.

Mary Rangel (2003) afirma que a supervisão educacional tem um sentido

mais amplo, ultrapassando as atividades da escola. Por sua vez, Naura Syria

Carapeto (2002) considera o supervisor educacional um agente articulador de

práticas educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno exercício

da cidadania. Portanto, a hipótese principal é a de que o papel do supervisor escolar

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não se apresenta mais hoje como fiscalizador dentro da escola e sim como o

mediador. Sendo o objeto de estudo da presente pesquisa o supervisor escolar e

seu papel dentro da escola.

No primeiro capítulo teremos um breve histórico da supervisão escolar, visto

que sabemos que muita coisa mudou no âmbito educacional e junto com tais

mudanças os papéis dos diversos atores da escola também mudaram.

No segundo capítulo veremos o papel do supervisor escolar e em específico o

papel do supervisor escolar como fiscalizador e como mediador.

E por fim, no terceiro capítulo teremos o papel do supervisor escolar nos dias

de hoje, buscando analisar o que mudou em sua função dentro da escola e como é

sua relação com o processo de ensino-aprendizagem, tendo o supervisor escolar

como um mediador.

Para isso, o presente trabalho será desenvolvido través de uma pesquisa

bibliográfica sobre o assunto em questão, citando autores importantes da área da

supervisão escolar, tais quais: Mary Rangel e Naura Syria Carapeto. Serão

consultados livros e artigos que exploram o tema da supervisão escolar e o papel do

supervisor escolar, ressaltando a importância do supervisor escolar ao longo dos

tempos.

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CAPÍTULO I

UM BREVE HISTÓRICO DA SUPERVISÃO ESCOLAR

Muitas indagações são feitas ao longo do tempo a respeito do surgimento e

das transformações ocorridas na ação supervisora e no papel do supervisor escolar

no cenário educacional brasileiro. Desde o período de industrialização até os dias

atuais, muito foi pensado e repensado em relação à supervisão educacional. Porém,

antes de começarmos a falar especificamente sobre o histórico da supervisão,

falaremos brevemente sobre o conceito de supervisão.

CORRÊA vem contribuir, afirmando que a supervisão vem como função de

controle e complementa dizendo que:

Etimologicamente, supervisão significa "visão sobre": função de, ação ou efeito de supervisionar. Nesse sentido, aparece no cenário sócio-político-econômico e educacional como função de controle, em que a racionalidade é o princípio que fundamenta a garantia da execução do que foi planejado (CORRÊA, 2009).

Por sua vez, CARAPETO (apud CORRÊA, 2009) considera o supervisor

educacional um agente articulador de práticas educativas visando à qualidade da

formação humana para o pleno exercício da cidadania.

Vimos um pouco sobre o conceito de supervisão, agora passaremos para o

histórico dessa prática. Buscando o histórico de supervisão escolar, pode-se

perceber que é uma das atividades mais antigas no acompanhamento da educação

escolar.

Segundo BOETTCHER (2009), a supervisão escolar corresponde a uma das

atividades mais antigas, sendo percebida desde a Grécia Antiga, onde os escravos

eram acompanhados diariamente por intendentes que os ensinavam aquilo que era

de interesse dos senhores proprietários de terras. Havendo castigo quando os

escravos faziam alguma coisa que não fosse do agrado dos senhores.

Vamos nos deter agora ao histórico da supervisão escolar no cenário

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educacional brasileiro.

Diversos modelos de supervisão foram desenvolvidos por diversas partes do

mundo, mas de acordo com VASCONCELLOS (2007), o modelo de supervisão que

terá maior incidência sobre o nosso é o dos Estados Unidos, que surgiu no século

XVIII como Inspeção Escolar, no bojo do processo de industrialização. Pois, com o

intuito de uma melhoria na qualidade e na quantidade da produção, nasceu na

indústria a ideia de supervisão.

É o que afirma LIMA (apud OLIVEIRA e NUNES, 2009), quando diz que a

ideia da supervisão surgiu com a industrialização, tendo em vista a melhoria

quantitativa e qualitativa de produção, antes de ser assumida pelo sistema

educacional, em busca de um melhor desempenho da escola em sua tarefa

educativa.

De acordo com CORRÊA (2009) a supervisão, espelhando-se na indústria,

estendeu-se para outros segmentos, chegando assim ao âmbito educacional. E a

prática do supervisor educacional esteve ao longo dos anos, voltada para a

coordenação e controle da prática educativa. Além do controle da prática educativa,

houve também a interpretação dos significados das políticas públicas educacionais,

assegurando assim o cumprimento dos fins da educação.

De acordo com CORRÊA, 2009:

A partir do século XVIII, ocorreram inúmeras inovações tecnológicas, que modificaram substancialmente a vida das sociedades humanas, ocasionando mudanças significativas na organização econômica, com a passagem de um modelo de economia agrária e artesanal para um modelo de economia industrial. Como consequência, consolidaram-se novas formas de organização do trabalho produtivo em grandes centros urbanos, gerando a necessidade de um trabalho supervisionado, de modo a garantir a qualidade e o sucesso da produção.

Ainda em relação à necessidade do trabalho supervisionado, LIMA (apud

OLIVEIRA e NUNES, 2009) acrescenta, afirmando que durante o século XVIII e

princípio do século XIX, a supervisão manteve-se dentro de uma linha de

inspecionar, reprimir, checar e monitorar ações e dimensionamentos dos

profissionais das empresas. Em 1930 a supervisão passou a assumir um caráter de

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liderança, de esforço cooperativo para o alcance dos objetivos, com a valorização

dos processos de grupo na tomada de decisões.

Conforme afirma SILVA (apud SOUSA), decorrem do sistema social,

econômico e político a caracterização e compreensão da função supervisora no

contexto educacional brasileiro. A supervisão escolar se justifica como um meio de

garantir a execução do que foi planejado. O autor ainda esclarece que a

responsabilidade do supervisor, sendo especialista da educação é trabalhar em

função do desenvolvimento do homem assim como a promoção humana.

A introdução da Supervisão Educacional traz para o interior da escola a

divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam, decidem,

mandam (e se apropriam dos frutos), e os que executam. Até então, o professor era,

em muito maior medida, o ator e autor de suas aulas, e a partir disso passa a ser

expropriado de seu saber, colocando-se entre ele e o seu trabalho a figura do

técnico (VASCONCELLOS, 2007).

Além de fatores históricos que influenciaram nas diferentes configurações que

apresentou a ação supervisora no contexto da educação brasileira, tivemos a

promulgação de decretos que também influenciaram diretamente na roupagem da

ação supervisora. CORRÊA (2009) os descreve e faz relação com esse cenário que

foi supracitado.

Por meio do Decreto-Lei n° 1.190, de 4 de abril de 1939 veio a primeira

regulamentação do curso de pedagogia, que organizou a Faculdade Nacional de

Filosofia da Universidade do Brasil. Foi criado assim, o chamado “Esquema 3+1”,

onde a duração em cursos era de três anos, dentre eles se incluía o de Pedagogia.

Após os três anos, o educando poderia obter o bacharelado, apenas concluindo

mais um ano do “Curso de didática” que era acrescentado ao seu diploma de

licenciatura. O curso de bacharel em pedagogia, sem a formação complementar do

Curso de Didática, era apenas reconhecido como técnico em educação. Por meio

desse Decreto, o licenciado em pedagogia tinha direito de lecionar em Escolas

Normais.

CORRÊA, 2009, complementa que, em 1942, com a promulgação do

Decreto-Lei nº 4.244, houve uma preocupação implícita com a ação supervisora em

nível escolar, voltada para o âmbito pedagógico, direcionada à análise e melhoria do

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currículo e melhor desempenho no processo ensino-aprendizagem. Nessa

perspectiva, o papel do supervisor educacional passa a constituir-se, de um modo

geral, num conjunto de ações voltadas para a assistência pedagógica ao professor

no sentido de ajudá-lo a desenvolver uma metodologia que promovesse a melhoria

do processo ensino-aprendizagem. E o autor afirma que:

Ao final dos anos 50 e início dos anos 60, foi introduzido no Brasil o Programa Americano Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar – o Pabaee –, que tinha como finalidade treinar professores brasileiros em cursos nos Estados Unidos, na perspectiva de trazer ao Brasil inovações metodológicas, com o objetivo de influir na prática pedagógica das escolas da rede pública (CÔRREA, 2009)

No início dos anos 60, o país passa por mudanças radicais e a educação

também sofre significativas mudanças. Assim, a política do governo pós 64 tornou a

educação explicitamente assunto de interesse econômico e de segurança nacional.

De acordo com BOETTCHER (2009), por volta dos anos 60 devido a muitas

mudanças, a supervisão assume a função de controlar a qualidade do ensino. A

supervisão passa a função de assistência técnico-pedagógica e de inspeção

administrativa com a Lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1º e 2º graus

(5.692/71). Mas a ação/função da supervisão dentro da escola, não passava a de

um fiscalizador e burocrata, mesmo com a supervisão escolar passando à

assistência técnico-pedagógica. Sua presença era somente para assegurar o

controle da instituição, esporadicamente.

No processo educacional, a supervisão escolar passou a exercer, nos

diversos sistemas educacionais das unidades federadas, a função de controlar a

qualidade de ensino, bem como a de criar condições que promovessem sua real

melhoria ao mesmo tempo em que se exigia do supervisor uma formação em nível

superior (MINAS GERAIS, apud OLIVEIRA e NUNES, 2009).

OLIVEIRA e NUNES (2009) afirmam que no cenário nacional pretendia-seque

a supervisão configurasse um serviço técnico, independente de qualquer opção

política e ideológica, ou seja, um serviço “neutro”.

De acordo com CORRÊA, 2009:

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Em 1961, um novo acordo reformulou os objetivos do Pabaee, estendendo o treinamento aos administradores e supervisores escolares. Tal reformulação aconteceu atendendo às demandas do campo educacional brasileiro relativas à influência do programa e à necessidade de assistir professores já treinados em outras escolas. Assim, os supervisores, fundamentados no modelo americano, passaram a exercer suas funções, enfatizando o trabalho tecnoburocrata educacional e tornando a prática educativa extremamente maçante, rotineira e pouco criativa. Seu trabalho estava voltado não para uma análise ampla dos problemas que atingiam a escola primária, mas para a supervalorização dos métodos de ensino, adotando como solução para ensinar apenas a teoria e a técnica.

Conforme citado anteriormente, na década de 60 devido às demandas do

campo educacional, supervisores passaram a exercer suas funções de forma que a

prática supervisora se tornasse extremamente burocrática e o ensino voltado para

teoria e técnica. Todavia, a atividade supervisora começa a ser reconhecida no final

da década de 60.

Nesse contexto descrito abaixo, foi aberto o caminho para o reconhecimento

profissional da atividade do supervisor no sistema de ensino.

De acordo com o que descreve CORRÊA (2009), foi aprovado pelo Conselho

Federal de Educação o Parecer nº 252, de 1969, no final da década de 60. Este

reformulou os cursos de pedagogia. Por meio dessa reformulação, o curso de

pedagogia foi organizado na forma de habilitações, que, seguido de um núcleo

comum centrado nas disciplinas de fundamentos da educação, deveriam oferecer

uma parte diversificada de acordo com a habilitação, garantindo, assim, uma função

específica para atuar na área educativa.

Por outro lado, FERREIRA (apud MALDONADO, 2003), ao interpretar o

Parecer 252, afirma que a ênfase no tecnicismo era uma forma de “desviar a

atenção dos reais problemas, enquanto mostra que as deficiências de aprendizagem

são unicamente um problema de método, técnicas e recursos”.

A divisão do trabalho promove o distanciamento entre as etapas de

concepção e execução do ensino, assim como a hierarquização das funções no

meio educacional, colocando o supervisor num lugar de controle. A utilização da

técnica, na escola, de forma descontextualizada, mais serviu ao supervisor como

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forma de controle, do que como um meio de orientação e atuação pedagógica, junto

ao professor (MALDONADO, 2003).

De acordo com CORRÊA (2009), nos anos 70, a supervisão ganhou força

institucional com a lei que reformulou o ensino de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/71),

após constatação do Conselho Federal de Educação de que era necessário

promover mudanças na Lei nº 4.024/61. No Art. 33,citou-se a formação exigida para

a atuação dos supervisores em instituições educacionais, valorizando, assim, a

função.

No contexto da Lei nº 5.692/71, sentiu-se a necessidade da ação de um

supervisor voltado para o pensar e agir com inteligência, equilíbrio, liderança e

autoridade no que diz respeito aos conhecimentos técnicos e de relações humanas,

ou seja, um trabalho tecnicista voltado para o processo didático e o controle da

qualidade.

De acordo com CORRÊA, 2009, na década de 80, a prática do supervisor educacional foi vista sob o aspecto funcionalista, voltado para concepções tecnoburocráticas do ensino, ou seja, o especialista que apenas percebia a escola de modo passivo, negando-se a estimular o caráter dinâmico e evolutivo das instituições educacionais. Nesse sentido, o supervisor foi concebido como o profissional que não aceitava a mudança para não haver desequilíbrio, que não permitia o caráter criativo que levava à transformação, chegando a ponto de acentuarem-se posições em favor de excluí-los do sistema educacional.

Entretanto, de acordo com que afirma CORRÊA (2009), os fatos do cotidiano

escolar, as transformações do processo educacional,assim como as inovações

metodológicas, mostraram que a função do supervisor tinha uma atuação necessária

e importante à organização e ao encaminhamento do trabalho pedagógico.

De acordo LIMA (apud OLIVEIRA e NUNES, 2009), chegando aos anos 90,

houve um reconhecimento que a supervisão poderia fazer uso da técnica, sem a

conotação de “tecnicismo”. É uma função, que se contextualizada, se insere nos

fundamentos e nos processos pedagógicos, para auxiliar e promover a coordenação

das atividades desse processo e sua atualização, pelo estudo e pelas práticas

coletivas dos professores.

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Na década de 90 temos a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Essa promulgação veio e contribuiu no sentido de a ação

supervisora agora promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. E o autor

ainda complementa afirmando que:

Em 20 de dezembro de 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96. Contudo, em sua redação, não deixou claras as reais incumbências do supervisor educacional nas instituições de ensino, mas, de forma implícita, valorizou a atuação desse profissional no sentido de articular ações voltadas para a garantia da qualidade do ensino. Em última análise, o papel do supervisor passa a constituir-se num somatório de esforços e ações contextualizadas com sentido de promover a melhoria do processo ensino-aprendizagem. E esse esforço volta-se constantemente ao professor, no sentido de auxiliá-lo e coordenar suas ações (CORRÊA, 2009).

Segundo OLIVEIRA e NUNES (2009), com a aprovação da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – Lei n. 9.394,de 20 de dezembro de 1996, a

supervisão escolar passou a incluir e/ou envolver todos os esforços para prover, na

escola, as melhores condições para que o aperfeiçoamento pessoal,profissional e

social possa ser efetivado em todos os contextos e situações da escola.

Nas últimas décadas, capitaneadas pelas leis mais democráticas, a

supervisão escolar, passou a refletir mais consistentemente a filosofia de educação,

para as mudanças e os objetivos do homem atual, os seus problemas e situações, a

luta pela sobrevivência, os seus novos valores e perspectivas. Isso significa como

afirma NUNES (apud OLIVEIRA e NUNES, 2009), que os profissionais de educação,

bem como os supervisores escolares, assimilaram uma nova postura. A educação

passa a ser para que os indivíduos desempenhem novos papéis e novas funções

em uma sociedade que se renova, tornando-se eles mesmos fatores conscientes da

renovação da sociedade.

Segundo OLIVEIRA e NUNES (2009), seguindo o pensamento da autora,

mediante as transformações decorrentes da evolução sistêmica das comunicações,

da integração econômica global e dos avanços tecnológicos, sistematicamente a

educação também deve evoluir, tanto na dinamização de suas atividades, nos

aspectos teóricos, técnicos como do âmbito das relações interpessoais, tão

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importantes no contexto escola, alunos, pais e comunidade.

Dessa forma, portanto, como afirma NUNES:

A supervisão escolar adquire integralmente a missão de fazer interagir, de promover relacionamentos interpessoais com vista ao atingimento de objetivos comuns. Nestes aspectos, pode-se afirmar que o processo decisório, o fluxo da comunicação e de integração, promovidos pelos especialistas nas escolas terão características bem particulares quando se objetiva especificamente a colaboração, fatores que invariavelmente levam os supervisores e os professores a um reposicionamento integral de suas funções, desde a postura, percepções até aos objetivos culturais, políticos e sociais – fatores que são indispensáveis ao crescimento pessoal e a adaptação ao ambiente escolar NUNES (apud OLIVEIRA e NUNES, 2009, p. 7).

E GARRIDO (apud REGO, 2011) complementa que a luta dos supervisores

para conquistar o seu espaço em prol de uma educação de qualidade contemplou

um período de duro e longo prazo, justamente porque as mudanças na educação

necessitam de tempo para acontecer. Segundo GARRIDO (apud REGO, 2011), a

educação é algo que requer tempo, não é algo que se muda de uma hora para

outra. É necessário um tempo para desconstruir o que muitas vezes, já era rotina

diária. Daí surgiu a necessidade também de refletir a sua prática para que o

supervisor pudesse atingir um grau de desequilíbrio e desapropriasse de si mesmo

para compreender o outro. Compreender o outro em sua totalidade. A autora ainda

complementa dizendo que “mudar práticas implica o enfrentamento inevitável e

delicado de conflitos entre os participantes”.

Buscando explicar a evolução da ação supervisora e do conceito de

supervisão RODRIGUES apresenta três concepções distintas.

Segundo RODRIGUES (2004) o conceito e a ação supervisora sofreram

singular evolução ao longo dos anos, até chegar à atual consideração. Pode-se dizer

que as fases distintas que orientaram o trabalho do Supervisor Educacional o fez

conduzir suas inferências na Escola, no sistema educacional e junto ao professor

sob a forma de distintas concepções: fiscalizadora, construtiva e criativa, conforme

NÉRICI (apud RODRIGUES, 2004), a fase fiscalizadora, interessada mais no

cumprimento das leis de ensino, condições do prédio, situação legal dos

professores, cumprimento de prazos de provas, transferências, documentação dos

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alunos, férias, matrículas, etc., foi a primeira a se confundir com inspeção escolar.

Esta modalidade de Supervisão (também considerada inspeção escolar)

seguia padrões rígidos, inflexíveis e padrão para todo o país, não havendo

consideração para as peculiaridades e necessidades de cada região do Brasil e

muito menos as diferenças individuais dos educandos. Sobre a segunda fase

destacada por NÉRICI (apud RODRIGUES, 2004): a fase construtiva, também

conhecida como supervisão orientada foi a segunda na evolução do conhecimento

de supervisão escolar. Esta vem reconhecer a necessidade de melhorar a atuação

dos professores. Os cursos de aperfeiçoamento e atualização dos professores eram

promovidos pelos inspetores escolares.

De acordo com RODRIGUES (2004), o Supervisor Escolar deste período era

imbuído e responsabilizado por examinar as falhas na atuação dos professores e

essas falhas serviram como motivo para a realização de trabalhos e estudos visando

à remoção e à solução das mesmas.

A concepção que orientou a terceira fase, a criativa – também reconhecida

como a atual – é aquela em que a Supervisão Educacional se separa da inspeção

para montar um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o processo

ensino-aprendizagem, envolvendo todas as pessoas implicadas no mesmo, em

sentido de trabalho cooperativo e democrático.

Daí o surgimento da caracterização de Supervisão Educacional “Autocrática”

ou “Democrática”, conforme NÉRICI (apud RODRIGUES), na qual a supervisão

Escolar autocrática é a que enfatiza a autoridade do supervisor, que é quem tudo

prevê e providencia para o funcionamento da ação da Escola. A atuação

democrática do supervisor, pelo contrário, modifica o panorama sombrio antes

caracterizado, criando um ambiente de compreensão, liberdade, respeito e

criatividade que muito facilita o trabalho da supervisão Escolar e do professor,

consequentemente. Sendo assim, a supervisão se enfeixa nas mãos do supervisor,

de quem emanam todas as ordens, sugestões e direções para a melhoria do

processo de ensino.

Por isso justifica-se considerar que a Supervisão Educacional, hoje, urge ser

criativa, democrática, inovadora, compartilhada e atualizada, a fim de romper com

paradigmas e ações fiscalizadoras, autoritárias, alienantes e conservadoras.

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Hoje o supervisor escolar passou a ser o agente dos processos de mudanças,

essencialmente o desenvolvimento profissional, no que diz respeito aos talentos

individuais, o desenvolvimento de habilidades, de conhecimentos e experiências que

possam beneficiar aos alunos, nos processos de desenvolvimento, de aprendizagem

e de interação social (BRASIL apud OLIVEIRA e NUNES, 2009).

Vimos diversos momentos da supervisão escolar no Brasil. Desde o seu

surgimento até sua configuração mais recente. E para que se possa saber mais

detalhadamente sobre cada fase, veremos a seguir cinco momentos pela qual a

ação supervisora adotou diferentes enfoques e concepções. Estes momentos foram

citados e destacados por MEDINA (apud RODRIGUES, 2004).

No primeiro momento, a Ação Supervisora era voltada para o ensino primário.

Tinha competências de inspeção, encarregada de fiscalizar o prédio Escolar, a

frequência de alunos e professores. Já no segundo momento a Ação Supervisora

com referências da primeira fase da Revolução Industrial, emerge com o

crescimento da população, indicando a necessidade de mais professores. Assim a

Escola passa a ser uma instituição complexa e hierarquizada, assemelhando-se

pouco a pouco, às empresas. Por Consequência, a Supervisão realizada no trabalho

da Indústria e do Comércio estendeu-se para outros segmentos da sociedade,

chegando assim ao âmbito da educação Escolar.

No terceiro momento, a Ação Supervisora se configura como forma de

treinamento e orientação. Neste momento, a Supervisão é influenciada pelas teorias

administrativas e organizacionais que assinalam uma etapa importante na história da

Supervisão Escolar no Brasil. Surgem muitas literaturas sobre Supervisão, que ainda

hoje são proclamadas pelos supervisores quando se referem ao desenvolvimento de

sua ação baseada em novas orientações. Agora, além de assegurar o sucesso das

atividades docentes de seus colegas professores regentes de classe o supervisor

não perde o vínculo com o poder administrativo da Escola – pois o Supervisor

geralmente era um professor que se habilitara para a função supervisora – deve

também controlá-los, administrativa e pedagogicamente.

Já no quarto momento a Ação Supervisora apresenta-se questionadora das

últimas décadas. O Supervisor, não conseguindo reagir ao conflito, devido ao fato de

estar acostumado ao pensamento linear e doutrinário, justifica sua permanência na

Escola refugiando-se em atividades burocráticas. Este momento coincide com o final

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da década de 70 e início da década de 80, que é quando começam a surgir

questionamentos acerca da Escola, da Educação, do Ensino e, consequentemente,

da validade da Supervisão Escolar.

Segundo o autor, a Ação Supervisora no quinto momento é configurada como

repensada, a Escola passa a ser o local onde todos aprendem e ensinam, cada um

ocupando o seu lugar e onde o Supervisor tem uma contribuição específica e

importante a dar no processo de “Ensinar e Aprender”. O último momento ocorreu no

final da década de 80 e início dos anos 90, quando os autores enfatizam a Escola

como local de trabalho, onde o sucesso do aluno não depende exclusivamente do

conhecimento de conteúdos, métodos e técnicas.

Nos dias atuais, a ação supervisora não se detém apenas em fiscalizar o

trabalho do professor, diferentemente do que ocorreu inicialmente. E em relação às

qualidades do supervisor escolar dentro dos novos paradigmas da sociedade atual,

PIRES afirma que:

O supervisor escolar, efetivamente deve ser capaz de promover a interação entre os grupos que atuam na escola, zelar pela qualidade do ensino, colaborar diretamente com os professores, com os alunos e suas famílias, e acima de tudo, se transformar em instrumentos capazes de facilitar mudanças. PIRES (apud OLIVEIRA e NUNES, 2009 p. 8)

Entretanto, segundo LIMA (2006)os próprios fatos da realidade falam mais

alto, mostrando que o serviço de supervisão tem na sua especificidade, uma

atuação necessária à organização e ao encaminhamento do trabalho pedagógico.

A profissão de Supervisão Pedagógica permanece, neste início de século,

ainda carente de regulamentação e de fundamentação teórica. Na prática, os

profissionais enfrentam, entre outros, o desafio de transformar as relações de

trabalho e, por meio delas, contribuir para sua qualificação enquanto agentes do

processo do trabalho pedagógico (MALDONADO, 2003).

Após termos visto um breve histórico da ação supervisora, vamos no capítulo

que se segue falar um pouco do papel do supervisor escolar, como fiscalizador da

ação pedagógica e como mediador da ação pedagógica e veremos o que é

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esperado do supervisor.

Conclui-se que a ação supervisora, independentemente do seu enfoque

apresenta extrema importância para o trabalho pedagógico. Mas, a realidade, ainda

não apresenta respostas para as perguntas feitas nas décadas passadas.

Considerando que a escola é uma instituição social, questiona-se: como deve ser a

relação do professor com um supervisor para uma ação docente coerente com as

demandas de professores e de alunos? É o que se pretende buscar nos próximos

capítulos.

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CAPÍTULO II

O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR

O papel do supervisor escolar sempre foi motivo de discussão, vimos no

capítulo anterior que foram diversas as fases da supervisão e estas foram

influenciadas diretamente por características de cada período e contexto da história.

Historicamente a atuação do coordenador/supervisor pedagógico tem sofrido

mudanças, principalmente em relação ao acompanhamento do processo ensino-

aprendizagem. Nesse capítulo abordaremos as discussões a cerca do papel do

supervisor escolar como fiscalizador e como mediador, por isso, buscou-se

inicialmente tais conceitos.

Segundo o dicionário Informal, fiscalização é a pratica de vigilância constante

sobre determinada atividade que tenha seu procedimento regulado por lei

específica. Já a mediação configura-se como o ato através do qual ocorre a

interferência de um mediador para a busca de entendimento e composição entre

partes em conflito.

2.1 O Supervisor Escolar como fiscalizador

A função supervisora configurou-se de diversas formas ao longo dos anos. No

presente tópico, buscaremos entender e contextualizar o papel do supervisor escolar

como fiscalizador da ação pedagógica.

Etimologicamente, supervisão significa "visão sobre": função de, ação ou efeito

de supervisionar. Nesse sentido, de acordo com que CORRÊA (2009) a função

supervisora aparece no cenário sócio-político-econômico e educacional como função

de controle, em que a racionalidade é o princípio que fundamenta a garantia da

execução do que foi planejado. Assim, o supervisor escolar não era visto como

alguém que pudesse ser um facilitador da ação docente e sim alguém que vigiava e

controlava o que estava sendo feito, bem como se o planejamento estava sendo

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cumprido.

Voltando ao histórico da supervisão escolar, pode-se perceber que o que a

função de fiscalizar é a que aparece inicialmente no cenário educacional brasileiro. É

o que afirma SOUSA, quando diz que inicialmente a supervisão escolar foi praticada

no Brasil em condições que produziam o ofuscamento e não a elaboração da

vontade do supervisor. Pretendia-se com essa atitude ter um supervisor controlado

para ser controlador, obtendo dessa forma uma educação controlada e

consequentemente uma sociedade controlada. Sendo assim, para que esse

supervisor se fizesse possível foi lhe sugerido que o controle, a decisão é sempre

atributo dos que detêm o poder, e que a melhor maneira de servir aos homens seria

ensiná-los a submeterem-se ao poder, uma forma de dominação do dominante

nesse caso o supervisor.

De acordo com o que LEAL e HENNING (2009) percebe-se o mesmo solo

epistêmico, nas diferentes funções e práticas da ação supervisora mesmo que, para

tais referências bibliográficas, anunciem-se dois tempos distintos: um marcado pela

fiscalização exacerbada do trabalho do supervisor escolar e outra, que se e

envergonha de tal fase, buscando compor o trabalho do supervisor como parceria

político-pedagógica da ação docente. Assim, dizemos que pertencendo a ordens

discursivas diferentes, essas duas fases atendem a mesma estratégia de ação

reguladora. Se na primeira fase, o professor era obrigado a seguir as determinações

do supervisor, na fase tida como renovada, ele pode escolher como fazer, ainda que

devendo seguir as orientações, recomendações e prescrições da Supervisão

Escolar.

O próprio termo supervisor escolar já nos remate ao fato de que se espera do

supervisor escolar a ação de controlar, vigiar, inspecionar. É o que afirma e

acrescentam GIMENES e MARTINS (2010), mostrando que quando se fala em

supervisor escolar temos a ideia de que seja um profissional contratado para

supervisionar o trabalho de outras pessoas, subordinado a outro profissional,

formando assim uma hierarquização organizacional, uma cadeia que se sustenta

com o poder exercido por quem está no topo, no caso o gestor escolar. Dessa

maneira, pode-se levar a ideia de que não somente o supervisor controla, bem como

também é controlado por alguém que está acima dele. E por sua vez, não se vê uma

ação conjunta e de parceria entre as partes, mas sim um controle das mesmas.

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Diversos autores também apresentam colocações diferenciadas a cerca do

papel do supervisor escolar, segundo OLIVEIRA e NUNES, a supervisão escolar ou

pedagógica atua como gerenciadora das atividades da escola, essencialmente no

fortalecimento das articulações entre os diversos setores da instituição, nos

aspectos pedagógicos, nas relações intersociais e principalmente nos

relacionamentos em sala de aula no que diz respeito a aprendizagem e interação

social dos alunos. Ao citar a palavra gerenciar, nos leva a pensar que a ação

supervisora parece para OLIVEIRA e NUNES como função de vigiar e fiscalizar.

Agora, analisando a ação supervisora no cotidiano da escola, pode-se

perceber que esta pode ser entendida de variadas formas e muitas vezes, sendo

mal interpretada. PLACCO (2006) alerta que o cotidiano do supervisor escolar “é

marcado por experiências e eventos que o levam, com frequência, a uma atuação

desordenada, ansiosa, imediatista e reacional, às vezes até frenética.” Essa

realidade pode ser consequência das inúmeras atribuições, que por sua vez, gera

mal estar e impactos negativos na atuação do supervisor escolar.

Neste sentido, segundo TEIXEIRA (2009), o entendimento que o supervisor

escolar tem sobre sua função pode fazer a diferença ou contribuir para que a ação

primordial de sua prática não seja concretizada, o que torna importante que os

supervisores escolares tenham clareza quanto ao papel que desempenham no

âmbito escolar para que possam superar o imediatismo. Para isso, é necessário

interromper as urgências e organizar as rotinas, tendo o cuidado de reservar tempo

para o próprio estudo.

O supervisor escolar visto, apenas como fiscalizador não é apenas um dos

problemas enfrentado na trajetória da supervisão. Sendo assim, MEDINA apud

REGO (2008), explicita que a multiplicidade das tarefas desempenhadas pelo

supervisor é em suma, a razão maior de sua dificuldade em compartilhar com os

demais educadores a grande tarefa da organização coletiva do trabalho na escola.

Percebe-se que ainda perpetua aquele estigma do supervisor/coordenador visto

como o “faz tudo” principalmente dos trabalhos da secretaria e o “apagador de

incêndios” dos problemas surgidos no dia-a-dia da escola, não lhe sobrando muito

tempo para cuidar do pedagógico.

A ação supervisora se configura como uma prática que é autorizada a regular

e disciplinar a ação docente, visto que isso se justifica pela sociedade de normas em

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que está inserida. É o que LEAL e HENNING afirmam:

Essa regulação é anunciada como uma prática que encontra legitimidade no âmbito educacional. A presença da Supervisão Escolar justifica-se pelas suas ações de acompanhamento, assessoramento, pesquisa e orientação sobre o trabalho de seus próprios colegas. É uma prática autorizada a regular e, por isso mesmo, a disciplinar a ação docente que, por sua vez, também se justifica pela sociedade de normalização em que vivemos. (LEAL E HENNING, 2009. p. 253)

O supervisor escolar exerce uma função de poder, mas não é apenas o

supervisor que controla a ação do professor, o próprio professor em sua ação,

produz uma autorregulação. LEAL e HENNING afirmam que esse poder não age

somente na produção de professores disciplinados pela ação supervisora, mas

também os seus efeitos encontram-se na interioridade destes mesmos sujeitos,

produzindo a sua autorregulação. Isso significa dizer que a Supervisão Escolar, além

de atuar na regulação do corpo docente, através da ordem discursiva vigente, incita

cada professor a fazer esta regulação consigo mesmo, caracterizando o que

Foucault chama de autorregulação.

Por sua vez, conforme afirmam LEAL E HENNING (2009), sabendo que está

sob o olhar de um constante examinador, o professor limita suas ações ao que dele

é esperado, agindo conforme suas atribuições. Além disso, autoriza sobre si mesmo

o efeito duplo desta relação de poder: a regulação do seu trabalho e,

consequentemente, a sua autorregulação. É, pois, o poder disciplinar atingindo o

interior de cada sujeito, marcando e direcionando as suas condutas. Um poder

silencioso, contínuo e direto que poupa imposições e confrontos externos, mas que

nem por isso deixa de alcançar a autodisciplina que persegue sutilmente.

Mesmo que atualmente esse profissional seja visto como um aliado do

docente, como alguém que busca ajudar no trabalho pedagógico de acordo com

HENNING, LEAL e WILBERT (2007) é possível ainda pensarmos nessas ações

como uma constante vigilância, um olhar observador permanente ao trabalho

docente, pois ainda é mais eficiente e menos dispendioso colocar um profissional na

tentativa de observar o professorado e fazê-lo interiorizar a importância do agir

pedagógico correto.

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Até o momento, muito se discute sobre o papel destinado a esse profissional

e sua função nas escolas, uma vez que muitos autores, entre eles RANGEL (2003),

já propõem nova postura do profissional com o objetivo de tirar a imagem

fiscalizadora atribuída ao supervisor. A ideia e o princípio de que o supervisor não é

um "técnico" encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um "controlador"

de "produção"; sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente

maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão –

contextualizada e crítica - de suas ações e, também, de seus direitos.

GIMENES e MARTINS (2010) afirmam que a atuação do supervisor escolar

presenciada por nós dentro da escola está distante das atribuições dispostas em lei.

O cenário vivido por este profissional está preso a questões burocráticas e

disciplinares, sendo que o ideal é que ele se envolvesse no desenvolvimento do

processo ensino-aprendizagem, ou seja, fosse parceiro de sua equipe de

professores; articulador de ideias; reflexivo; provocador; alguém que motivasse e

promovesse a formação continuada do grupo.

No caso, os supervisores já não se reconhecem fiscalizadores, controladores

do trabalho docente, situação que nos leva a considerar a possibilidade deste

profissional estar constituindo nova identidade. Essa possibilidade pode ser

explicada por RANGEL apud TEIXEIRA (2009) ao afirmar que “uma das mais

relevantes atividades supervisoras das que mais a identifica e define, é a

coordenação, ou seja, a organização comum do trabalho.”

Seguindo por essa linha de raciocínio, ZIEGER apud (GIMENES e MARTINS,

2010) concorda que o supervisor educacional não pode agir meramente como

fiscalizador e revisor de trabalhos, mas sim como parceiro, articulador, reflexivo,

provocador, coordenador e líder de sua equipe de professores.

2.2 O Supervisor Escolar como mediador

Após termos visto o supervisor escolar como um agente fiscalizador da ação

docente, veremos a seguir o papel do supervisor escolar como mediador e facilitador

da ação docente.

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Toda a ação que tenha ligação direta do professor com o aluno e com o

processo de ensino-aprendizagem pode ser facilitada pelo supervisor escolar. Nesse

sentido, como afirma RANGEL apud OLIVEIRA e NUNES os objetivos da escola,

sejam administrativos, didático-pedagógicos e até os relacionamentos interpessoais

na escola e mesmo entre as famílias dos alunos, serão facilitados à medida que o

supervisor pedagógico desempenhe suas tarefas objetivamente, quando ele facilita

aos professores a aquisição de informações relativas a conteúdos e metodologias,

quando ele permanece como centro irradiador de todas as ações desenvolvidas na

escola.

Muitas são as atribuições do supervisor escolar, dentre elas temos o

supervisor como corresponsável pela gestão é o que afirmam GIMENES e

MARTINS, porém, não deixam claro dentre tais atribuições que a função principal do

supervisor escolar é a mediação das ações pedagógicas. Eles afirmam que:

O supervisor da escola de educação básica ocupa um lugar de destaque dentro desta estrutura organizacional, pois é corresponsável pela gestão e qualidade do processo pedagógico, influenciando direta ou indiretamente, o trabalho diário da equipe de professores. (GIMENES e MARTINS, 2010. p. 380).

Não somente como corresponsável pela gestão, o supervisor escolar ou

coordenador pedagógico é o profissional da educação que atua no espaço escolar

como um agente mediador e facilitador do processo ensino-aprendizagem. De

acordo com GIMENES e MARTINS (2010), ele está diretamente ligado aos

professores subsidiando suas ações e contribuindo para a evolução de todo o

processo que envolve a aprendizagem, devendo ser dinâmico e competente em e no

exercício de suas funções.

LIBÂNEO apud GIMENES e MARTINS (2010), destaca algumas

características para o ato de coordenar/supervisionar: A coordenação é um aspecto

da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada

integrante de um grupo visando a atingir os objetivos. Quem coordena tem a

responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de

diversas pessoas. E ainda, elenca algumas atribuições para o profissional

responsável por esta área: “responde pela viabilização, integração e articulação do

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trabalho pedagógico-didático em ligação direta com os professores, em função da

qualidade do ensino”.

A mediação da ação pedagógica também se estende à sala de aula, onde o

supervisor pedagógico irá assistir às aulas dos professores e assim poderá junto

com os mesmos, buscar soluções para eventuais dificuldades que possam ser

encontradas. Discutir a melhor forma de abordar um conteúdo ou outro de acordo

com as características de cada turma. Ou seja, o supervisor pedagógico atua como

um mediador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem. É o que afirma

GEGLIO:

É importante que o coordenador pedagógico concretize sua ação no acompanhamento das atividades dos professores em sala de aula, pois isto lhe dá oportunidade de discutir e analisar os problemas decorrentes desse contexto, com uma perspectiva diferenciada e abrangente (GEGLIO apud BOETTCHER, 2009, p. 31).

Para complementar o que foi dito por GEGLIO, CARAPETO apud CORRÊA

afirma que considera o supervisor educacional um agente articulador de práticas

educativas visando à qualidade da formação humana para o pleno exercício da

cidadania.

Ainda sobre a função da ação supervisora, configurada como mediação da

ação pedagógica, CORRÊA afirma que uma das funções dos supervisores

educacionais é estimular os professores a tornarem-se motivadores na pesquisa de

novos conhecimentos, selecionadores dos saberes oferecidos aos alunos e

reformuladores do conteúdo e da prática de ensino. Pode-se perceber inserida

nesse contexto, a mediação ao trabalho docente.

Segundo CORRÊA como prática educativa, a supervisão educacional,

independentemente da formação específica em uma habilitação no curso de

pedagogia, em cursos de pós-graduação ou como conjunto de conteúdos

desenvolvidos no curso de pedagogia, constitui-se num trabalho profissional que tem

o compromisso de garantir os princípios de liberdade e solidariedade humana, no

pleno desenvolvimento do educando, no seu preparo para o exercício da cidadania e

sua qualificação para o trabalho e, para isso, assegurar a qualidade do ensino, da

educação, da formação humana.

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Como vimos anteriormente, ZIEGER apud GIMENES e MARTINS, (2010)

concorda que o supervisor educacional não pode agir meramente como fiscalizador

e revisor de trabalhos, mas sim como parceiro, articulador, reflexivo, provocador,

coordenador e líder de sua equipe de professores. Assim, indo além da organização

de um espaço de estudo e corroborando para esta mudança de paradigma na ação

supervisora, FREITAS apud BOETTCHER (2009) destaca que: É preciso que o

supervisor, juntamente com os professores, problematizem e disponham-se a

reconstruir sua identidade profissional à medida que pensem sobre o que fazem e

porque fazem, sobre os significados que atribuem às suas práticas, discutindo a

intencionalidade de seu trabalho, em permanente diálogo com a realidade, bem

como lutando para a transformação das condições institucionais que limitam suas

possibilidades de reinventar sua atuação profissional.

VASCONCELLOS, (apud OLIVEIRA e LIMA, 2011) complementa, retratando

a supervisão pedagógica, atual, com uma fidelidade impar e faz as seguintes

indagações: Afinal de contas, qual o papel da supervisão? Diversas são as

reclamações que emergem do cotidiano dos coordenadores: sentem-se sozinhos,

lutando em muitas frentes, tendo que desempenhar várias funções. Qual seria sua

efetiva identidade profissional? A sensação que têm com frequência, é de que são

“bombeiros” a apagar os diferentes focos de “incêndios” na escola, e no final do dia

vem o amargo sabor de que não se fez nada de muito relevante. Sentem ainda o

distanciamento em relação aos professores, a desconfiança, a competição, a disputa

de influência e de poder, etc.

Para concluir, pode-se afirmar que diante das mudanças ocorridas no âmbito

educacional, o supervisor educacional passa a ser visto não mais como um agente

controlador e fiscalizador da prática educativa, e, sim, como um facilitador, mediador,

investigador e, algumas vezes, dificultador em situações de acomodação. Esse

profissional da educação exerce funções diferenciadas e diversificadas nas

instituições escolares. No momento atual, algumas atividades são indissociáveis ao

seu trabalho na perspectiva de acompanhar e inserir no contexto escolar os novos

paradigmas presentes na sociedade.

Vimos o supervisor como fiscalizador e com mediador e facilitador da ação

docente. No próximo capítulo, veremos qual é o papel do Superviso Escolar hoje.

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CAPÍTULO III

O PAPEL DO SUPERVISOR HOJE

Vimos um breve histórico da supervisão escolar no Brasil e o papel do

supervisor como fiscalizador e como mediador e facilitador do processo de ensino-

aprendizagem. Muitas funções são delegadas a este profissional dentro da escola, e

agora, vamos buscar o entendimento acerca do papel do supervisor hoje.

Fala-se muito da dificuldade de entendimento em relação à nomenclatura

usada para designar a função da supervisão escolar. Encontramos o supervisor

educacional, o orientador pedagógico, o inspetor escolar e o coordenador

pedagógico, atuando de maneiras semelhantes, de acordo com as exigências locais.

Assim, alguns autores caracterizam a função do orientador pedagógico por meio de

diversos prismas: aquele que coordena, supervisiona e acompanha, com a

responsabilidade de integrar, reunir esforços e liderar o trabalho da equipe docente.

CÔRREA afirma que em virtude da falta de uma análise mais ampla do

significado das funções do supervisor educacional, inspetor escolar, orientador

pedagógico e coordenador pedagógico e da omissão das reais competências e

campo de atuação desses profissionais na Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional –, é possível notar nomenclaturas diferenciadas

utilizadas pelos sistemas de ensino em nosso país.

Segundo CÔRREA o Art. 64 da Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – utiliza-se apenas das nomenclaturas inspeção, supervisão e

orientação educacional para referir-se ao profissional da educação atuante nas

funções de orientador e coordenador pedagógico. Nesse contexto, RAMOS (apud

BOETTCHER, 2009, p. 18) traz uma relevante contribuição quando afirma que não

existe um único nome para designar a ação supervisora, e, sim um conjunto de

termos que associa vários modos de identificá-la, onde se incluem expressões como

supervisão, supervisão educacional, supervisão escolar, supervisão pedagógica,

coordenação, coordenação pedagógica, coordenação de turno, coordenação de

área ou disciplina.

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Na definição de RANGEL (apud RODRIGUES, 2004), a supervisão passa de

Escolar, como é freqüentemente designada, a pedagógica e caracteriza-se por um

trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento, acompanhamento,

coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento do processo

ensino aprendizagem. Ainda segundo RODRIGUES (2004), constata-se que a

Supervisão voltada para a Educação já se constitui em “Escolar”, mas, atualmente,

intitula-se “Pedagógica” ou “Educacional”, por dirigir-se ao ensino e à aprendizagem,

cujo objeto principal de seu trabalho é a qualidade do ensino ministrado e a

obtenção de conhecimentos e habilidades pelo aluno.

Conforme a análise das concepções históricas e das ações que

historicamente realizavam no contexto social, profissional, pode-se afirmar que a

partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional – Lei n.9.394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs), documentos do Ministério da Educação e Desporto (BRASIL,1998) o

trabalho de supervisão escolar passou a ter outros papéis. De acordo com

OLIVEIRA E NUNES (2011), além da conotação fiscalizadora da supervisão, os

profissionais estão mais comprometidos com o ensino e com a valorização da

aprendizagem dos alunos, com melhorias dos aspectos pedagógicos.

Visivelmente se percebe, nas escolas, que mesmo ainda muito

comprometidos com a administração escolar, com trabalhos burocráticos das

escolas, os supervisores estão mais preocupados com as melhorias do ensino e da

aprendizagem, como na promoção do crescimento individual e coletivo da clientela

escolar. Além disso, o supervisor deve integrar todos os integrantes da equipe

pedagógica em prol de objetivos comuns. É o que afirma LIBÂNEO:

LIBÂNEO destaca algumas características para o ato de coordenar/ supervisionar: a coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir os objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas. (LIBÂNEO apud GIMENES E MARTINS, 2010, p.381)

Nos capítulos anteriores, vimos que a ação supervisora foi sofrendo ao longo

dos anos muitas modificações e configurações distintas, o que hoje se apresenta de

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uma maneira diferente. De acordo com GIMENES E MARTINS (2010) na década de

sessenta o supervisor era visto apenas como aquele que tinha uma supervisão em

relação ao trabalho do professor em sala de aula, hoje lhe são atribuídas novas

funções e responsabilidades no sentido de colaborar com o bom andamento da

escola em que atua, bem como a busca por ações que atenda toda comunidade

escolar e que favoreça a participação de todos.

Como afirma MELCHIOR (2001), é nesse contexto que está situado o novo

supervisor escolar, não mais aquele supervisor de antigamente, da década de 70,

por exemplo, controlador, que causava temor a todos os professores, com funções

mais burocráticas do que pedagógicas. Atualmente, o supervisor escolar é mais

educador do que um profissional técnico e burocrático. (OLIVEIRA E NUNES, 2011)

Vimos que a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.9.394/96 e dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs), documentos do Ministério da Educação e Desporto

(BRASIL,1998) o trabalho de supervisão escolar passou a ter outros papéis. Mas se

tratando da regulamentação da profissão, um grande desafio ainda enfrentado, era o

fato da função supervisora já ser reconhecida e mesmo assim não ser

regulamentada, é importante salientar, pois é muito comum confundir

regulamentação profissional com o reconhecimento da profissão e a garantia de

direitos, quando, na verdade, regulamentar significa impor limites, ordenar

competências, atribuições e fixar responsabilidades.

Assim, segundo ROSA e ABREU (apud RODRIGUES 2004), legalmente

constituído conforme o projeto de Lei No 4412 de 2001, que regulamenta o exercício

da profissão de Supervisor Educacional, em seu Art. 2º, O Supervisor Educacional

tem como objetivo de trabalho articular crítica e construtivamente o processo

educacional, motivando a discussão coletiva da comunidade Escolar, acerca da

inovação da prática educativa, a fim de garantir o ingresso, a permanência e o

sucesso dos alunos, através de currículos que atendam às reais necessidades da

clientela Escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais federal, estadual e

municipal, em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições

públicas ou privadas.

CÔRREA afirma que, visto que, com o intuito de regulamentar essa profissão

o Senado aprovou, no dia 18 de outubro de 2007, o projeto de lei oriundo da Câmara

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com o n° 132/05, que regulamentou a profissão de supervisor educacional. Os

profissionais que atuam no ramo, normalmente como supervisores, coordenadores

ou orientadores pedagógicos, agora têm sua situação regulamentada através desta

lei.

Conforme com que afirma CÔRREA, com fundamentação na legislação

vigente e por meio da análise evolutiva ao longo da história da educação e da

supervisão em nosso país, acredita-se que as ações do supervisor educacional

estariam voltadas para o planejamento, a avaliação e a reformulação das diversas

etapas do processo ensino aprendizagem, buscando o melhor desempenho da

escola em sua tarefa educativa. É o profissional que atua junto ao professor no

desenvolvimento metodológico com o objetivo de melhorar o rendimento escolar do

aluno.

VASCONCELOS (2002) considera que, para dar conta dos desafios

presentes no contexto educacional, o supervisor escolar precisa “[...] estar

capacitado em três dimensões básicas da formação humana: conceitual,

procedimental e atitudinal”. Segundo este autor, a dimensão conceitual, diz respeito

à capacidade de o supervisor escolar demonstrar conhecimento no trato das

questões pedagógicas, é saber argumentar, ou seja, cabe ao supervisor escolar

conhecer, colaborar na construção de conhecimentos. Conforme argumenta

VASCONCELOS (apud TEIXEIRA, 2009), “[...] o que está em questão não é só o

domínio crítico das diferentes teorias que informam contemporaneamente a ação

educativa, mas ajudar o professor a ser produtor teórico, a ser tutor, a perceber os

pressupostos da sua ação educativa [...], a teorizar sobre ela”.

VASCONCELOS (apud TEIXEIRA, 2009) complementa, afirmando que a

dimensão procedimental está relacionada à capacidade de transformar as ideias em

ações concretas, é buscar caminhos para efetivar os propósitos, aquilo que se

deseja. Assim, o autor alerta que, mais do que ter domínio sobre os pressupostos

teóricos, é necessário saber usá-los frente às situações do dia-a-dia. Já a dimensão

atitudinal é considerada pelo autor como uma das mais difíceis de ser trabalhada,

pois envolve valores, sentimentos, disposição para ouvir o outro, especialmente

quando este é o professor, significa ainda, que ser e estar na profissão de supervisor

escolar exige formação que prestigie o respeito pelo outro e a crença na

possibilidade de mudança do outro. Assim, embora a formação exerça papel

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essencial na constituição da identidade profissional, ela não é o único aspecto que a

define.

FALCÃO FILHO (2007) nos ensina que o coordenador pedagógico dentro da

dimensão humana compreende as diversas maneiras de como todos os

profissionais se relacionam entre si e o papel desenvolvido por eles dentro e fora da

escola. Destaca ainda que, “a competência humana do coordenador pedagógico

baseia-se na sua capacidade de trabalhar de maneira eficiente e eficaz com

professores e alunos, individualmente ou em grupo”.

Complementando o que foi dito por FILHO (2007), VIEIRA (2006) afirma que

o coordenador poderá criar um clima de parceria, de troca e crescimento, para, a

partir desse vinculo, identificar os sentimentos dos professores, favorecer a

expressão pensada e verbalizada desses sentimentos e criar situações que possam

se tornar fatores impulsionadores de novas buscas, crescimento e mudanças no

processo de ensino-aprendizagem.

E ainda é o supervisor/coordenador que de acordo com que afirma HUNTER

(2004), no que se refere ao clima de respeito e liberdade, o saber ouvir os colegas é

de extrema importância, uma vez que o ouvir ativo requer esforço consciente e

disciplinado para silenciar toda a conversação interna enquanto ouvimos outro ser

humano. Isso exige sacrifício, uma doação de nós mesmos para bloquear o mais

possível o ruído interno e de fato entrar no mundo da outra pessoa – mesmo que por

poucos minutos.

Muito se fala das mudanças de postura dos supervisores hoje. Este não deve

ser um mero fiscalizador das ações docentes e sim um facilitador, um mediador

dessas ações. Então este não se encontra mais acima do professor, mas sim ao seu

lado como alguém que está na escola para o ajudar e não para procurar seus erros

e puni-los. Para ALONSO (2003, p. 180), ao Supervisor Escolar é necessário despir-

se do autoritarismo que o caracterizou em épocas passadas e assumir o verdadeiro

papel de estimulador e organizador de um projeto de mudança necessária que

envolva, de forma responsável, toda a comunidade escolar.

MENEGOLLA (2005), contribui quando defende o fato dos supervisores não

poderem limitar-se ao trabalho burocrático da escola, para ele os supervisores:

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São organizadores dessa ação didática e pedagógica, juntamente com os professores, e são co-responsáveis pelo processo de gerar, nos professores, o gosto em planejar o trabalho pedagógico, já que são eles os atores que trabalham diretamente com os professores e buscam uma educação mais democrática. (MENEGOLLA, 2005, p. 27)

Até o momento, muito se discute sobre o papel destinado a esse profissional

e sua função nas escolas, uma vez que muitos autores, entre eles RANGEL (2001,

2003), já propõem nova postura do profissional com o objetivo de tirar a imagem

fiscalizadora atribuída ao supervisor. A ideia e o princípio de que o supervisor não é

um "técnico" encarregado da eficiência do trabalho e, muito menos, um "controlador"

de "produção"; sua função e seu papel assumem uma posição social e politicamente

maior, de líder, de coordenador, que estimula o grupo à compreensão –

contextualizada e crítica – de suas ações e, também, de seus direitos (RANGEL

apud CÔRREA). FERREIRA (2007), complementa afirmando que o supervisor atual

sabe que precisa se dividir em muitas habilidades e criar elos entre as atividades de

supervisionar, orientar e coordenar, desenvolvendo relações verdadeiramente

democráticas.

A função supervisora nos dias atuais se mostra através de profissionais

maduros, capacitados para melhor executar propostas de resolução de problemas e

enfrentar os desafios na escola, e existem muitos desafios para o profissional da

Supervisão Escolar, já que hoje se especializa para exercer essa função.

Apesar de ainda existir muita negatividade dentro das escolas e muitas vezes

o supervisor ter que se deparar com situações de descrédito por parte da equipe

escolar, resistências e banalização do seu trabalho, ele tende a não desistir porque

já entendeu que é capaz de transformar, já se vê como político, como um articulador

e extrapola a esfera pedagógica, criando uma onda de relacionamento mais estreito

com os docentes, as famílias, a comunidade, o sistema e outros elementos que

possam se integrar à escola.

Para OLIVEIRA E LIMA o Supervisor Pedagógico é de extrema importância

hoje. Segundo os mesmos, este é o profissional que, na Escola, possui o importante

papel de desenvolver e articular ações pedagógicas que viabilizem a qualidade no

desempenho do processo ensino-aprendizagem. Essas ações iniciadas com sua

participação no PDE - Plano de Desenvolvimento da Escola - são desencadeadas a

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partir da elaboração de uma Proposta Pedagógica e adoção de um Currículo

Escolar, ambas coerentes com os princípios sócios filosóficos da escola dentro do

seu contexto real.

FORMOSINHO descreve três funções principais da supervisão escolar:

O melhoramento da prática, o desenvolvimento do potencial individual para a aprendizagem e a promoção da capacidade de auto-renovação da organização. Relativamente ao melhoramento da prática, este pode ser reflexo da motivação dos professores para a mudança e surge em três áreas distintas: a instrução do professor no âmbito do seu estilo pessoal, a sua prática global e a prática do ensino em geral (FORMOSINHO apud ALVES, 2008, p.41).

Percebe-se então, de acordo com o que afirma RAMOS (apud BOETTCHER,

2009) que a evolução histórica da supervisão escolar traz as peculiaridades e as

representações dos diferentes momentos sociais, culturais, políticos e econômicos

vividos pela sociedade e que sustentaram e ainda sustentam a mentalidade

dominante que, de certa forma, refletem na ação/função supervisora. Assim, a

Formação de Professores e mais especificamente a Supervisão Pedagógica,

segundo ALVES E AYRES (2008) devem ser essencialmente motivadas e movidas

por processos de participação ativa, de reflexão conjunta, de colaboração

entusiasmada, de espírito democrático e aberto à mudança.

RANGEL (apud RODRIGUES, 2004) destaca, como atribuições / funções a

serem cumpridas pelo supervisor educacional, o que se refere à política –

coordenação da interpretação / implementação e da “coleta” de subsídios para o

desenvolvimento de novas políticas mais comprometidas com as realidades

educacionais; ao planejamento – coordenação, construção e elaboração coletiva do

projeto acadêmico / educacional, implementação coletiva, coordenação do

acompanhamento sobre seu desenvolvimento e necessárias reconstruções; à

gestão – coordenação, propriamente dita, de todo o desenvolvimento das políticas,

do planejamento e da avaliação do projeto pedagógico da Escola, construído e

desenvolvido coletivamente; à avaliação – análise e julgamento das práticas

educacionais em desenvolvimento com base em uma construção coletiva de

padrões que se alicercem em três princípios / posturas intimamente relacionados: a

avaliação democrática, a crítica institucional e a criação coletiva, e a investigação

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participante e contínua com o fim na melhoria e da qualificação do processo ensino-

aprendizagem. A todos esses elementos – estudar muito e continuamente, individual

e coletivamente, discutindo conceitos e formas de elaboração prática de estratégias

de ação pedagógica.

RANGEL (apud RODRIGUES 2004) afirma que o importante é transformar e,

para que isso ocorra, de forma a acompanhar a realidade social em que o aluno se

insere é preciso, acima de tudo, que o Supervisor Educacional reafirme-se como

agente de mudanças, pela sua liderança por competências (e não de forma

impositora) e vença alguns preconceitos que ainda persistem. RODRIGUES (2004)

completa sua contribuição, afirmando que Supervisão Educacional, de certa forma, é

liderança para conduzir à mudança de comportamento das pessoas comprometidas

com o processo ensino-aprendizagem, a fim de torná-lo mais conseqüente e eficaz.

Liderança deve ser vista como habilidade para exercer influência interpessoal, por

meio da comunicação, para a consecução de um objetivo comum: a aprendizagem

do aluno. É o que afirma TEIXEIRA:

Considerando que o novo contexto exige cada vez mais educação qualificada, o supervisor escolar passa a ser visto como profissional essencial no contexto escolar, tendo em vista que a ação supervisora tem compromisso com o processo de ensino-aprendizagem. Esse compromisso refere-se à coordenação e orientação pedagógica que o supervisor escolar realiza junto aos professores e, que, por sua vez, irá contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos. Nestes termos, podemos inferir que a especificidade da ação supervisora é caracterizada como ação mediadora, integradora e, portanto, coordenadora. (TEIXEIRA, 2009, p. 19)

Segundo RANGEL (apud SOUSA, 2002) o objeto especifico da função

supervisora em nível escolar é o processo de ensino aprendizagem. E a

abrangência do processo de ensino aprendizagem inclui: a supervisão do currículo,

a supervisão dos programas, a supervisão da escola de livros didáticos, a

supervisão do planejamento de ensino, a supervisão dos métodos de ensino, a

supervisão da avaliação, supervisão da recuperação, supervisão e projeto da escola,

supervisão e pesquisa.

Para SOUSA, é também função do supervisor escolar construir o Projeto

Político Pedagógico da escola, envolvendo direção, orientação, comunidade,

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funcionários e professores, pois todos serão responsáveis pela educação dos

futuros cidadãos que constituirão uma nova concepção de mundo. E para que isso

aconteça é preciso que o setor pedagógico seja assumido por pessoas qualificadas

para se ter qualidade no serviço oferecido; qualidade essa merecida pela educação,

como nos aponta VASCONCELLOS (2002): é preciso ter pessoas altamente

qualificadas neste âmbito a fim de ajudar na coordenação da travessia, não como o

“iluminado”, dono da verdade, mas naquela perspectiva que apontamos do

intelectual orgânico: alguém que ajuda o grupo na tomada de consciência do que

está vivendo para além das estratégias.

Para SOUSA o planejamento também é de extrema importância e o

supervisor será o mediador de sua construção. Para ele o objetivo do supervisor é

orientar critérios e conceitos, procurando, uma vez mais garantir oportunidades de

sua construção coletiva é orientar, supervisionar e avaliar o planejamento. O

planejamento de ensino prevê as ações didáticas, inclui-se nele: os objetivos, o

conteúdo, os procedimentos, a avaliação, a bibliografia. O plano é um

encaminhamento de ações refletidas em conjunto. SOUSA complementa afirmando

que técnicas e métodos de ensino são meios didáticos que na aprendizagem

encontram sentido e finalidade e se fazem de acordo com conteúdos, previstos no

currículo escolar. Logo, a função supervisora deve estar atenta às técnicas e

métodos aplicados nas aulas pelos professores e, no momento em que observar a

monotonia, a forma tradicional de ensino, disponibilizar cursos, palestras, reuniões

interativas para relatos e trocas de experiências a fim de reciclar e de uma formação

continuada ao professor. Assim procedendo pode-se verificar alunos motivados e a

aprendizagem mais significativa.

No cenário proposto, podemos avançar alguns princípios reguladores de uma

prática supervisiva de natureza transformadora e orientação emancipatória. É o que

aponta VIEIRA (2006):

• cArticulação entre prática reflexiva e pedagogia para a autonomia, com

reflexos na definição das finalidades, conteúdos e tarefas da supervisão;

• Indagação de teorias, práticas e contextos como condição de criticidade,

necessária a que o professor se torne consumidor crítico e produtor criativo do seu

saber profissional;

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• Desenho, realização e avaliação de planos de intervenção, onde o professor

desafie os limites da sua liberdade e explore campos de possibilidade no ensino e

na aprendizagem, por referência a uma visão transformadora da educação escolar;

• cCriação de espaços de decisão do professor e de condições para que este

assuma papéis potencialmente emancipatórios, por referência a critérios como a

reflexividade, a (inter) subjetividade, a negociação e a regulação;

• Promoção da comunicação dialógica através do cruzamento de

experiências, interesses, expectativas, necessidades e linguagens, num processo

interativo que se caracteriza por um elevado grau de contingência, simetria e

democraticidade, facilitador da construção social do saber;

• cAvaliação participada dos processos e resultados do desenvolvimento

profissional e da ação pedagógica, mediante critérios de qualidade definidos à luz de

uma visão transformadora da educação.

Essa postura da nova supervisão escolar também é esperada pela sociedade,

pois os grupos sociais esperam que as transformações sociais sejam iniciadas a

partir das salas de aula. MACHADO (apud OLIVEIRA E NUNES, 2011), afirma que a

sociedade em geral, os sistemas de ensino, as escolas e a práxis pedagógica dos

educadores necessitam de uma transformação para o urgente resgate da qualidade

das relações humanas e com a natureza, do mundo do trabalho e das condições

sociais, bem como para buscar a realização de um ensino com qualidade.

Nesse processo formativo, ressaltamos a importância da atuação do

supervisor escolar, como profissional capaz de contribuir com o processo de

formação dos professores. Conforme aponta GEGLIO (apud TEIXEIRA, 2009, p.53),

os supervisores exercem papel fundamental na formação continuada dos

professores, já que a natureza de seu trabalho consiste essencialmente em “[...]

planejar e acompanhar a execução de todo o processo didático-pedagógico da

instituição [...]” em parceria com o professor.

Nesta perspectiva, MEDEIROS (apud TEIXEIRA 2009), considerando que o

supervisor é, antes de tudo, professor, em razão de que sua função nasce no seio

do curso de Pedagogia, logo, antes de ser supervisor escolar, este recebeu

formação para ser professor. Destaca que a formação deste profissional, [...] deve

ser encarada como processo permanente e contínuo de preparação para o exercício

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profissional que visa emancipar os docentes, dando-lhes condições para que

desenvolvam sua atividade de forma crítica e reflexiva, possibilitando, assim, o

aprendizado significativo dos educandos.

Conforme afirma TEIXEIRA (2009), autores como GEGLIO (2006), GARRIDO

(2002) e CHRISTOV (2002), consideram que hoje a atividade essencial do

supervisor escolar é a formação continuada dos professores. Isto nos leva a

considerar que o desenvolvimento dessa ação envolve a compreensão da realidade

escolar, e os desafios que são inerentes a este contexto.

MEDEIROS (apud TEIXEIRA 2009) aponta a re-significação da ação

supervisora nesse contexto, que exige cada vez mais da escola a função de

socializadora do saber sistematizado e, nesta perspectiva, torna-se precípuo que o

supervisor assuma a postura de provocador, de questionador da ação docente e de

parceiro político-pedagógico do professor. E indaga se há, portanto, nesse atual

contexto, nova identidade pressuposta para o supervisor escolar, a questão é saber:

os supervisores estão reconhecendo (repondo) essa nova identidade? De acordo

com esse contexto, RODRIGUES afirma que:

Um Supervisor Educacional que realmente tenha consciência da importância de ser e agir como um agente de mudanças saberá buscar formas e aspectos que precisam de transformação, de inovação, porém não basta versar em planejamentos bem elaborados, se não se prestarem a ser praticadas tais mudanças visando a melhoria da educação ministrada. (RODRIGUES, 2004, p. 55)

Segundo RODRIGUES (2004), embora sejam comprovadas as constantes

preocupações dos Supervisores Educacionais com o trabalho do professor, no

sentido de buscar efetivas melhorias para a aprendizagem do aluno, os poucos

Supervisores Educacionais que ainda hoje atuam como burocratas fazem com que a

imagem deste profissional seja desacreditada quando busca ser eficaz, ativa e

atualizada no contexto educacional.

Podem-se citar ainda nos dias de hoje, outros desafios que se mostram

bastante visíveis, como: a falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino, os

recursos escassos, a má vontade de alguns educadores, alguns alunos, por parte de

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alguns funcionários administrativos, enfim, uma série de coisas que dificultam o

trabalho do supervisor, mas que não o impedem de criar na sua atividade

profissional meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara,

e se transforme na escola de nossos sonhos.

BRUM e ZUZE afirmam que a supervisão moderna só pode ser justificada em

termos de sua relação com a situação ensino-aprendizagem. Ela não tem um fim em

si mesma e só será positiva enquanto seus efeitos sobre o ensino e a aprendizagem

forem positivos, enquanto estiver conseguindo melhoria nesses aspectos. A

supervisão moderna implica bom relacionamento humano, comunicação e liderança

para que haja interação mútua e contínua. É importante que o supervisor seja aceito

pelo grupo com o qual trabalha, pois supervisão é uma atividade cooperativa. A

eficiência da supervisão não se mede pelo esforço e competência do supervisor e

sim, pelas modificações verificadas no comportamento do grupo.

De acordo com BRUM e ZUZE, o trabalho em Supervisão visa, como produto

final, à melhoria do processo ensino-aprendizagem, atuando através do professor.

Quanto melhor o trabalho do professor, melhores serão os resultados do processo.

A supervisão deve coordenar as atividades pedagógicas da escola, aperfeiçoá-las

de forma constante, evitando assim, uma defasagem entre a comunidade escolar e

a realidade educacional.

Hoje a função supervisora se mostra bem mais ampla e o profissional dessa

área entende a verdadeira essência desse termo: “supervisor”, aquele que vê o

geral, que vê além e articula ações entre os elementos que envolvem a educação. O

supervisor de hoje sabe que precisa ser um constante pesquisador e com isso

poderá contribuir para o trabalho docente, pois sua equipe conta com a sua

orientação e apoio.

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CONCLUSÃO

Vimos que a ideia da supervisão surgiu com a industrialização, tendo em vista

a melhoria quantitativa e qualitativa de produção, antes de ser assumida pelo

sistema educacional, em busca de um melhor desempenho da escola em sua tarefa

educativa. Hoje, a supervisão escolar assumiu novos papéis.

Portanto, podemos concluir a partir do que foi observado na pesquisa

bibliográfica, que as questões a cerca da supervisão escolar e do papel do

supervisor são bastante complexas e exigem muito dos profissionais que estão

envolvidos com a mesma. Vimos também que historicamente a atuação do

coordenador/supervisor pedagógico tem sofrido mudanças, principalmente em

relação ao acompanhamento do processo ensino-aprendizagem.

Qual será o papel do supervisor escolar nos dias de hoje?, foi a situação

problema da presente pesquisa e pode ser respondido de forma resumida por: hoje,

são atribuídas aos supervisores novas funções e responsabilidades no sentido de

colaborar com o bom andamento da escola em que atua, bem como a busca por

ações que atenda toda comunidade escolar e que favoreça a participação de todos,

atuando como um mediador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem,

diferentemente da década de sessenta, onde o supervisor era visto apenas como

aquele que tinha uma super visão em relação ao trabalho do professor em sala de

aula.

Conclui-se também que ainda há uma dificuldade de entendimento em

relação à nomenclatura usada para designar a função da supervisão escolar,

podemos encontrar o supervisor educacional, o orientador pedagógico, o inspetor

escolar e o coordenador pedagógico, atuando de maneiras semelhantes, de acordo

com as exigências locais. Por isso, leva também ao difícil entendimento da real

função do supervisor dentro da escola.

Durante anos, a política educacional brasileira conduziu à supervisão funções

no âmbito burocrático e técnico, retirando a dimensão educativa da atuação do

supervisor, transformando-o em um dos principais agentes da ação centralizadora

do poder público. Assim, a função supervisora vem constituindo-se com o passar do

tempo, por meio de poucas conquistas no que diz respeito à legislação, encontros

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de profissionais da área e aprofundamento dos conceitos da prática supervisora.

Contudo, vimos que a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, da Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.9.394/96 e dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs), documentos do Ministério da Educação e Desporto

(BRASIL,1998) o trabalho de supervisão escolar passou a ter outros papéis.

Hoje, diante da crescente mudança na área educacional, observa-se que os

educadores se preocupam com a reestruturação do processo ensino-aprendizagem.

E para que esse processo seja desenvolvido nas unidades escolares, a presença do

supervisor educacional é de extrema relevância para a dinamização das ações.

Diante das mudanças ocorridas no âmbito educacional, o supervisor passa a

ser visto não mais como um agente controlador e fiscalizador da prática educativa,

e, sim, como um facilitador, mediador e investigador. Por isso, pode-se afirmar que

nossa hipótese inicial de que o papel do supervisor escolar não se apresenta mais

hoje como fiscalizador dentro da escola e sim como o mediador foi confirmada.

Contudo, por meio da análise das funções primordiais à supervisão, verifica-

se, ainda, uma lacuna entre a função atual dos supervisores educacionais voltada

para as inovações e transformações no plano social, educacional, tecnológico,

científico e a prática cotidiana de alguns profissionais, que direcionam seu trabalho

para atividades voltadas para o burocrático de forma controladora e fiscalizadora.

Por fim, pode-se afirmar que o presente trabalho monográfico possui

relevância a partir do momento em que o papel do supervisor é tema de grandes

discussões na área da educação. Contudo, faz-se necessário que outras pesquisas

com o assunto em questão sejam realizadas.

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2012.

http://www.dicionarioinformal.com.br/fiscaliza%C3%A7%C3%A3o/

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · da promulgação da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.9.394/96 e dos

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 0 2

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Um Breve Histórico da Supervisão Escolar 10

CAPÍTULO II - O Papel do Supervisor escolar 22

2.1 O Supervisor Escolar como Fiscalizador 22

2.2 O Supervisor Escolar como Mediador 26

CAPÍTULO III - O Papel do Supervisor Hoje 30

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 44

ÍNDICE 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 48