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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: uma contribuição para
o comprometimento e responsabilidade socioambiental da
empresa
Por: Clélia Márcia Fernandes Rennó
Orientadora
Profª. Jacqueline Guerreiro
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: uma contribuição para
o comprometimento e responsabilidade socioambiental da
empresa
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental.
Por: Clélia Márcia Fernandes Rennó
3
AGRADECIMENTO
À professora e orientadora
Jacqueline Guerreiro, por suas
tão pertinentes intervenções a
este trabalho, que só contribuíram
para enriquecê-lo;
e ao professor Alexandre de
Gusmão Pedrini, pela gentileza
de seu aconselhamento.
4
DEDICATÓRIA
A todos os colegas e professores
deste curso, pelo nosso convívio
durante um período de troca de
saberes e experiências.
5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a contribuição de um Projeto de
Educação Ambiental para o comprometimento e responsabilidade
socioambiental da empresa, mediante a criação e implantação de sua Política
Ambiental. Para tanto, faz-se necessário abordar como um Projeto de
Educação Ambiental Empresarial se tornará motivador, participativo e
contextualizado, capaz de proporcionar à empresa a inserção da variável
ecológica em suas atividades, processos e produtos, bem como preparar, os
atores envolvidos em sua implantação, para a vivência em uma sociedade
sustentável.
6
METODOLOGIA
A metodologia aplicada foi a de pesquisas bibliográfica e eletrônica, através de
consultas a publicações referentes ao assunto, como também sites, artigos e
trabalhos monográficos pertinentes à temática do trabalho aqui desenvolvido.
7 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................09
CAPÍTULO I - DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL À SOCIEDADE
SUSTENTÁVEL.................................................................................................12
1.1 - Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade.....................................12
1.2 - A inserção da variável socioambiental na empresa..................................22
CAPÍTULO II - EDUCAÇÃO AMBIENTAL e GESTÃO AMBIENTAL................31
2.1 - Sistema de Gestão Ambiental (SGA)........................................................31
2.2 - Ecoeficiência e Produção Mais Limpa (PmaisL).......................................34
2.3 - Política Ambiental da Empresa..................................................................38
CAPITÚLO III – A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A
INSERÇÃO DA VARIÁVEL SOCIOAMBIENTAL NA EMPRESA..................... 41
3.1 - O Conceito de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis
(EASS) e os Indicadores de Qualidade Conceitual (IQCs)................................41
3.2 - Proposta para a inserção da variável socioambiental na empresa...........46
3.2.1 - Projeto de Educação Ambiental para a implantação da política
ambiental empresarial (PEA-pae)...........................................................48
3.2.2 - Quadro-Resumo das fases do PEA-pae................................61
8 3.3 - Discussão: alguns pontos a serem destacados para um Projeto de
Educação Ambiental..................................................................................64
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................68
REFERÊNCIAS.................................................................................................71
ANEXO 1 – As cinco etapas do Sistema de Gestão Ambiental (SGA).............76
9
INTRODUÇÃO
A atenção à problemática ambiental veio num crescendo a partir da década de
70, e juntamente a ela muitos questionamentos foram se tornando inevitáveis:
o sistema hegemônico capitalista, a desigual distribuição de riquezas, o
consumismo desenfreado, a injustiça ambiental. Tornou-se quase que
imperativo repensar os valores éticos planetários em busca de um crescimento,
principalmente econômico, que fosse capaz de continuar utilizando os recursos
naturais para sua continuidade, de uma maneira equilibrada e responsável. A
partir daí começam a surgir movimentos e atitudes que sejam capazes de
possibilitar o então sonhado “Desenvolvimento Sustentável”.
Por volta dos anos 80/90, as empresas começam a ser influenciadas pelas
pressões da sociedade, que passam a cobrar mudanças de atitudes e posturas
responsáveis diante das questões ambientais. Estas começam a perceber que
conciliar desenvolvimento econômico com preservação do meio ambiente pode
ser uma questão que lhes traga ganhos efetivos, competitividade, credibilidade
e em última instância, sobrevivência, sendo seu pensamento inicial voltado
para uma estratégia de negócio.
Mas uma vez decidida a trabalhar com consciência sócio-ambiental, muitos
benefícios se reverterão para a empresa, força de trabalho, direção, se
estendendo até às comunidades em seu entorno. Seja através de uma
motivação para reformular todas as etapas de seu funcionamento, desde seus
processos, a produtos e serviços como na implantação de um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA), seja por inserir a variável ambiental em seus
procedimentos, seja por decidir adotar o conceito de eco-eficiência e as
práticas da Produção Mais Limpa (PmaisL), que a empresa poderá desenvolver
o seu funcionamento em comprometimento tanto com o meio ambiente quanto
10 com a sociedade, manifestando este comprometimento pela criação e
publicação da sua política ambiental.
O objeto deste trabalho considera que, para que este processo seja consistente
e participativo, havendo a motivação de todas as partes envolvidas, que seja
reflexivo e capaz de promover ações transformadoras, e não um mero
treinamento é fundamental que a intervenção da Educação Ambiental na
empresa seja realizada dentro de uma estratégia pedagógica em comunhão
com o conceito da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (EASS),
realizada sob os moldes do Programa Nacional de Educação Ambiental
(ProNEA), cujos princípios são orientados pelo Tratado de Educação Ambiental
para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS) 1,
conforme diz Pedrini2 (2008) com suas palavras: “Pelo menos oito
pressupostos conceituais precisam ser adotados numa prática de EA para que
esta seja considerada, minimamente, como de acordo com o ProNEA (2005),
e, assim, com a EASS nos seus variados contextos de aplicação”. Conforme os
signatários do TEASS, a EASS é “[...] um processo educativo transformador de
nossas comunidades e nações, através de envolvimento pessoal, para criar
sociedades sustentáveis e eqüitativas”, e consideram que “[...] a educação
ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de
aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal
educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação
humana e social e para a preservação ecológica” (TEASS, p.1).
Para este entendimento, importante se faz a abordagem dos conceitos de
Desenvolvimento Sustentável, Sustentabilidade e Sociedade Sustentável,
assim como um breve desenvolvimento do que sejam SGA, eco-eficiência e
Produção mais Limpa (P+L), para que se faça compreender e adotar, no
momento da implantação da política ambiental da empresa, a proposta aqui
1 TEASS - Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho das Organizações Não-Governamentais, reunido para este fim, no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992. Disponível em: <http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/TratadoEA.pdf >Acesso em: 20/12/2008 2 Ler PEDRINI em: Educação Ambiental Empresarial no Brasil. (2008, p. 10)
11 colocada como a contribuição da EA por um Projeto de Educação Ambiental
(PEA) que adote Indicadores de Qualidade Conceitual (IQCs) referentes ao
conceito de qualidade da EASS, para que promovam a EA como
emancipatória, transformadora, participativa, abrangente, permanente,
contextualizadora, ética e interdisciplinar.
12
CAPÍTULO I - DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
À SOCIEDADE SUSTENTÁVEL
1.1 – Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade
Para compreender os mecanismos e aspirações de uma sociedade
sustentável, faz-se necessário a abordagem da evolução do desenvolvimento
sustentável, bem como seus princípios, objetivos, finalidades e posteriores
efeitos, mediante sua implementação em busca de uma economia justa,
harmônica e saudável.
Em fins do século XVIII e meados do século XIX, o modelo de desenvolvimento
baseado no uso de recursos naturais não renováveis começa a ser
considerado um modelo de desenvolvimento destruidor, apresentando sinais
de exaustão. As principais sociedades do planeta começam a repensar suas
metas e possíveis mudanças em seus sistemas de desenvolvimento
econômico, até então calcados na exploração da natureza em busca de mais
poder e mais lucro. Aos poucos foram surgindo movimentos de proteção à
natureza e que acabaram por implantar as bases do ambientalismo, recebendo
várias influências que refletiram as idéias e conflitos da época, dando ênfase à
crítica do modelo capitalista e sua dinâmica.
A partir dos anos 60, os movimentos ambientalistas começaram a ampliar seu
enfoque sobre uma perspectiva sistêmica em escala planetária, contestando os
valores da sociedade e enfatizando transformações necessárias na economia e
em seus estilos de vida, analisando a relação homem/natureza por uma
perspectiva moral, com a necessidade de haver uma nova ética nas relações
internacionais. Caracterizava-se assim o socioambientalismo. Adquirindo maior
13 diversidade, dinamismo e apoio popular, o socioambientalismo foi se firmando,
cujos princípios fortalecedores foram:
- a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável;
- um novo modelo de sociedade baseada nos princípios da cidadania,
equidade, participação e autonomia;
- um sistema de valores baseado na não violência.
Emerge daí a necessidade de uma reformulação da sociedade de consumo, já
que a sociedade atual era considerada insustentável em seus modelos de
desenvolvimento econômico, sistemas de valores e instituições. A noção de
ecodesenvolvimento, termo criado por Ignacy Sanches3, surgiu em 1972, na
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano ocorrida em
Estocolmo, colocando a dimensão ambiental na agenda internacional, que
passa a clamar por “mudança”.
Em 1980, foi utilizada pela primeira vez a expressão Desenvolvimento
Sustentável pela União Internacional para a Conservação da Natureza, e a
partir daí começa a ganhar força, diante da amplitude dos problemas
ambientais e do fortalecimento dos movimentos ambientalistas, passando a
figurar como eixo da política de desenvolvimento e meio ambiente promovida
pelas Nações Unidas. Em 1987, o relatório Nosso Futuro Comum faz uma
revisão de suas vertentes, até então mais consideradas como uma tentativa de
unir desenvolvimento com proteção ambiental.
No ano de 1992, quando acontece a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento – também conhecida como Rio-92, é
3 Ignacy Sachs (Varsóvia, 1927) é um economista polonês, naturalizado francês. Também é referido como "ecossocioeconomista" por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem-estar social e preservação ambiental. Para saber mais acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ignacy_Sachs
14 inserido na questão o apelo à ética, propondo à definição de Desenvolvimento
Sustentável a idéia de duração e permanência dos recursos naturais, que seja
capaz de assegurar as condições de reprodução das futuras gerações, e que
garanta uma distribuição mais justa dos frutos do seu crescimento.
Obedecendo a cinco dimensões – social, econômica, ecológica, espacial e
cultural, o desenvolvimento sustentável estabelece como objetivos
estratégicos, o favorecimento do crescimento econômico com mais qualidade;
a satisfação às necessidades essenciais para a melhoria das condições de vida
das populações desfavorecidas; a valorização das tecnologias poupadoras de
recursos naturais e a reorientação da gestão dos riscos evitando impactos
ambientais.
Interessante aqui ressaltar a diferença entre Desenvolvimento Sustentável e
Desenvolvimento Sustentado, já que a definição do primeiro é suficientemente
abrangente para que seja empregada tanto para uma proposta de reorientação
do desenvolvimento econômico como indicar um crescimento economicamente
sustentado, como se pode perceber no trecho a seguir (Avas)4:
A diferença principal reside no fato de que se considera um
desenvolvimento economicamente sustentado aquele que pode
ocorrer independentemente dos impactos ambientais, dos efeitos de
repartição dos frutos desse crescimento e da democratização do
acesso aos recursos naturais, financeiros e tecnológicos. O
desenvolvimento sustentado baseia-se, prioritariamente, na dimensão
econômica, e não inclui uma perspectiva a longo prazo. Portanto,
diferencia-se da proposta de desenvolvimento sustentável, em que a
preocupação com as condições de sobrevivência e reprodução das
gerações futuras está invariavelmente presente.
Mas não caberia refletir se este “Desenvolvimento Sustentável” é realmente o
caminho para se alcançar um desenvolvimento que possibilite diminuir a
4 AVAS – Bloco temático 1. O desenvolvimento sustentável como solução (p. 21).
15 injustiça social e ambiental, incluir a efetiva participação social em decisões
políticas e econômicas e semear a fraternidade entre os povos? Não seria ele a
continuidade do mesmo hegemônico sistema capitalista, ora “maquiado” por
um novo conceito?
Desenvolvimento econômico poderá caminhar de mãos dadas com as
restrições necessárias para que o mesmo se considere sustentável? Em que
ele se difere, então, do conceito de Sustentabilidade? Para Leonardo Boff5, o
caminho é “deslocar o eixo do desenvolvimento para o da sustentabilidade”, e
ainda complementa:
Uma sociedade é sustentável quando se organiza e se comporta de tal
forma que ela, através das gerações, consegue garantir a vida dos
cidadãos e dos ecossistemas na qual está inserida. Quanto mais uma
sociedade se funda sobre recursos renováveis e recicláveis, mais
sustentabilidade ostenta. Isso não significa que não possa usar de
recursos não renováveis. Mas ao fazê-lo, deve praticar grande
racionalidade especialmente por amor à única Terra que temos e em
solidariedade para com as gerações futura (BOFF, 2006).
Sustentabilidade é um conceito sistêmico6, relacionado com a continuidade dos
aspectos econômicos sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.
Propõe uma reconfiguração da civilização e de suas atividades, de tal forma
que possa proporcionar à sociedade, a seus membros e às suas economias,
exercerem suas potencialidades no presente sem, no entanto, inviabilizar que
outros, no futuro, também a exerçam. A Sustentabilidade objetiva a
preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, com planejamento
e ações pró-ativas (Wikipédia, 2008)7. Por uma concepção sistêmica, visa uma
perspectiva de compreensão da realidade, utilizando um método que permite a 5 Ler BOFF, em: Desenvolvimento ou sociedade sustentável. Disponível em: <http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=24513> 6 Para o físico Fritof Capra, “o pensamento sistêmico é “contextual”, o que é oposto do pensamento analítico. A análise significa isolar alguma coisa a fim de entendê-la; o pensamento sistêmico significa colocá-la no contexto de um todo mais amplo” (CAPRA, 2006, p.41). 7 WIKIPÉDIA - Sustentabilidade. Disponível em: < http://pt.wikipédia.org/wiki/Sustentabilidade >
16 compreensão das partes (ou sistemas), de seus vários componentes e de suas
interações, em um determinado contexto. Através deste entendimento - das
partes e de suas inter-relações - pode-se melhor alcançar uma visão do “todo”,
facilitando a identificação de possíveis problemas em níveis mais abrangentes
e, consequentemente, se chegar a soluções otimizadas. Indo um pouco mais
além, Morin comenta:
O global é mais que o contexto, é o conjunto de diversas partes ligadas
a ele de modo inter-retroativo ou organizacional. Dessa maneira, uma
sociedade é mais que um contexto: é o todo organizador de que
fazemos parte. O planeta Terra é mais do que um contexto: é o todo
ao mesmo tempo organizador e desorganizador de que fazemos parte.
O todo tem qualidades ou propriedades que não são encontradas nas
partes, se estas estiverem isoladas umas das outras, e certas
qualidades ou propriedades das partes podem ser inibidas pelas
restrições provenientes do todo (MORIN, 2007, p.37).
Assim, a Sustentabilidade abrange tanto o Local quanto o Global, e, para que
um empreendimento humano seja considerado como sustentável, colaborando
para uma sociedade sustentável, deverá atender a requisitos como: ser
ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo, e ainda,
ser culturalmente aceito.
Por este raciocínio, de que “Desenvolvimento Sustentável” seria mais aplicado
a um desenvolvimento econômico continuado, parece adquirir, então, o
conceito de “Sustentabilidade”, uma visão mais ampla de um desenvolvimento
que tenha em suas principais premissas a capacitação do ser humano para a
transformação e vivência em uma sociedade sustentável, onde possa ele
exercer sua cidadania plena, oferecendo participação e adquirindo qualidade
de vida.
17
E o conceito de Sustentabilidade se transforma num elemento chave no
movimento global para que se possa constituir uma sociedade sustentável,
procurando conciliar a necessidade de desenvolvimento econômico com a
promoção do desenvolvimento social e respeito ao meio-ambiente. Este passa
a assumir uma visão multidisciplinar, sistêmica e holística, exigindo de juristas,
economistas, pedagogos, sociólogos, psicólogos, arquitetos, urbanistas,
economistas e formuladores de políticas públicas uma nova postura e um novo
enfoque no trato da questão ambiental.
Ainda corroborando com as palavras de Leonardo Boff8 , o que está em crise
hoje é o modelo de sociedade imperante no mundo, e a elaboração do
desenvolvimento se dá em seu interior. O que se busca para que seja
sustentável é um desenvolvimento econômico que produza, simultaneamente,
um desenvolvimento social. E conclui: “a sociedade decide acerca do
desenvolvimento que ela quer para si” (BOFF, 1993).
Sendo o eixo estruturador da sociedade moderna a economia - que gera
riquezas mediante a exploração da natureza e do homem, será na
reformulação de sua estrutura que poderá ocorrer a mudança do curso daquele
crescimento que visa apenas o privilégio de poucos, para um outro, pautado
nas justiças social e ecológica. Exige, portanto, um novo paradigma tecnológico
e econômico, em todos os níveis de governo e em todos os setores da
economia, deslocando o eixo do desenvolvimento para o eixo da
sustentabilidade, percebendo a diferença entre crescimento e desenvolvimento,
que aqui se faz compreender pelas palavras de Marina Ceccato Mendes9 :
8 Ler BOFF, em: Ecologia: Um Novo Paradigma, p.10. Avas – Bloco Temático 2 9 MENDES, Marina Ceccato. Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt2.html>
18 O crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça
sociais, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da
qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas
mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento,
por sua vez, também preocupa-se com a geração de riquezas sim,
mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de
toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade
ambiental do planeta (MENDES).
Para viabilizar este crescimento sustentável, de acordo com as exigências da
natureza, é necessário garantir um vínculo entre a política ambiental e
econômica, e, torna-se fundamental para a construção da sociedade
sustentável, como diz Paulo Roberto Pereira de Souza10, “uma integração da
variável ambiental às políticas públicas, às políticas internas das empresas e,
sobretudo, da participação popular efetiva, capaz de assegurar a certeza de
que a lei será cumprida e a infração às normas de Direito Ambiental serão séria
e prontamente reprimidas”.
Esta equação perpassa pelo diálogo, levando em consideração as contradições
que permeiam a sociedade e os projetos antagônicos de mundo que marcam
as visões que se têm deste, como diz Carlos Frederico B. Loureiro11, que ainda
complementa: “É preciso, para atuar no sentido da participação e da
democracia, que sejam estabelecidos processos efetivos de inclusão, de
reforço da sociedade civil, de transparência nas informações e de
compartilhamento de poder”.
10 Ler SOUZA, em: O Direito Ambiental e a Construção da Sociedade Sustentável, p.7. Disponível em: < http://www.oab.org.br/comissoes/coda/files/artigos/%7B2FCF3577-28EA-45A8-96D0-EF6C446B8CEB%7D_construSociedadesustentavel.pdf > 11 Ler LOUREIRO, em: O Ambientalismo (p. 20).
19 Conforme prevê a Constituição Federal Brasileira em seu art. 225, o qual se
refere às questões relativas ao meio ambiente, pode-se compreendê-lo como
um direito e como um dever, pelo exposto a seguir:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (Art. 225 – CF/88)
Caberá, então, à sociedade, adquirir a aptidão para olhar o meio ambiente com
olhos mais críticos, promover a reflexão para a mudança de atitudes,
reaprender a aprender para o resgate de valores e desenvolver uma nova
postura com envolvimento diante da vida, exercendo a sociedade o papel tanto
de expectadora quanto autora do seu próprio destino. Sob este novo enfoque,
sendo o homem ao mesmo tempo observador e intérprete, aprendiz e
professor, sujeito e objeto, que as palavras de Edgar Morin12 se apresentam
valiosas, como nesta passagem a seguir:
Devemos compreender que, na busca da verdade, as atividades auto-
observadoras devem ser inseparáveis das atividades observadoras, as
autocríticas, inseparáveis das críticas, os processos reflexivos,
inseparáveis dos processos de objetivação.
Portanto, devemos aprender que a procura da verdade pede a busca e
a elaboração de metapontos de vista, que permitem a reflexividade e
comportam especialmente a integração observador-conceptualizador
[...] (MORIN, 2007, p.31).
Assim, para que a sociedade possa, gradativamente, se transformar em uma
sociedade sustentável, a economia deve caminhar de braços dados com a
ecologia, sendo "necessária uma combinação viável entre economia e
12 MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro (2007, p. 31).
20 ecologia, pois as ciências naturais podem descrever o que é preciso para um
mundo sustentável, mas compete às ciências sociais a articulação das
estratégias de transição rumo a este caminho” (Ignacy Sanches, p.9)13.
Compreende-se como princípios da sociedade sustentável o respeito e cuidado
da comunidade com os seres vivos; a melhoria da qualidade de vida humana; a
conservação da vitalidade e diversidade do Planeta Terra. Para a
implementação desse novo modelo de desenvolvimento e de sociedade é
preciso ferramentas adequadas para que se torne fato consumado; é
necessário fortalecimento de órgãos competentes para garantir a fiscalização
ambiental; é necessário vontade e explicitação das políticas públicas; é
fundamental a educação da população em todos os níveis de ensino para
adquirir conscientização da importância da preservação ambiental; e é
necessária a participação da população na formulação dos planos e políticas
governamentais, podendo-se citar, para tanto, o processo de implantação da
Agenda 2114, especialmente em nível local, pois não se pode falar em solução
global sem solução local.
Inspirada por estes princípios, a contribuição da Educação se mostra de grande
valia para o enfrentamento deste período de transição, se apresentando como
instrumento facilitador para o entendimento da relação do todo e das partes,
inter-dependentes e interativos em sua complexidade, capacitando o homem
para a promoção da cidadania planetária, vital para a vivência em uma
sociedade sustentável.
13 SACHS, em: Pensando sobre o Desenvolvimento na Era do Meio Ambiente (p. 9). 14 A Agenda 21 é um processo de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade, compatibilizando a conservação, a justiça social e o crescimento econômico. Trata-se de um instrumento fundamental para a construção da democracia participativa e da cidadania ativa no País, um eficiente guia para processos de união da sociedade, compreensão dos conceitos da cidadania e de sua aplicação, sendo hoje um dos grandes instrumentos de formação de políticas públicas no Brasil. Para saber mais: Agenda 21. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18
21 9. Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a
construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura,
uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres
humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade
deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em
nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos
cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com
sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos,
compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida
cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que
aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas
vidas cotidianamente (CARTA DA ECOPEDAGOGIA).15
Cabe então a todos, seres humanos, não somente a responsabilidade dos
problemas ambientais que hoje se apresentam, bem como a atribuição para
encontrar soluções que levem ao equilíbrio planetário, mas também o desafio
de transformar e encontrar o novo caminho, este, capaz de revelar ao ser
humano o verdadeiro sentido da sua existência.
15 CARTA DA ECOPEDAGOGIA. Em defesa de uma Pedagogia da Terra (princípio 9). Disponível em:
< http://www.mettaolhar.com.br/bra/manifesto/CARTA%20DA%20ECOPEDAGOGIA.pdf >
22 1.2 – A inserção da variável socioambiental na empresa
Para discorrer sobre a demanda empresarial em inserir a variável ambiental em
seus procedimentos, parece oportuno abordar a relação entre Mercado e
Governo, tão bem comentada por Layrargues16. Para o autor:
[...] além do visível desafio da continuidade material das condições de
produção capitalista, o setor produtivo se depara também com outro
desafio imposto pela crise ambiental, mas dessa vez de caráter
político: a manutenção do princípio liberal da não intervenção do
estado no Mercado, no contexto democrático, que no cenário de uma
crise ambiental, fica exposto à intervenção governamental para gerir o
metabolismo industrial moderno, que apresenta sinais de não
conseguir controlar seu ímpeto voraz (LAYRARGUES, 2003).
Como expõe o mesmo autor, podem ser compreendidas, no cenário brasileiro,
três fases distintas de internalização da variável ambiental na empresa, a
saber:
a) a fase da integração compulsória, de 1975 a 1992, quando
predominou a tendência das normas ambientais compulsórias
estabelecidas unilateralmente pelo estado para a adequação das
empresas ao constrangimento ambiental;
b) a fase transitória, de 1992 a 1997, quando ocorreu o processo
de diálogo e negociação entre empresariado e órgãos governamentais
em busca de estratégias mais realistas para a iniciativa privada
adequar-se ao constrangimento ambiental;
c) e a fase da integração voluntária, de 1997 em diante, quando
predomina a tendência das normas ambientais voluntárias para a
empresa assumir a pauta ambiental. (LAYRARGUES, 2003).
16 Ler LAYRARGUES em: O desafio empresarial para a Sustentabilidade e as oportunidades da Educação Ambiental. Disponível em: <http://material.nerea-investiga.org/publicacoes/user_35/FICH_PT_38.pdf> Acesso em: 30/12/2008
23 Não mais ocorrendo a internalização da pauta ambiental de “fora” para “dentro”
(entende-se “de fora” - a legislação imposta pelo Estado e a interferência de
grupos de pressão; e “para dentro” - a lógica do Mercado) como na fase da
integração compulsória que demonstrava uma postura reativa por parte do
Mercado, será elucidada, para o entendimento deste trabalho, a fase em que o
Mercado adota uma postura pró-ativa, mesmo que esta seja, ainda, em
decorrência de pressão por parte de novos consumidores (os denominados
consumidores “verdes”), ou por acionistas, ou por cobrança de seguradoras,
como também pelo próprio entendimento pela empresa de ser este um fator
competitivo e estratégico.
Ultrapassando o período em que o Estado exercia o papel de agente regulador
da economia (fase compulsória) e aquele em que o Mercado busca soluções
para se adequar a esta demanda e articulação da pauta ambiental (fase
transitória), é apresentada a proposta, em 1992 – ano em que acontece a
Conferência Rio-92, da criação de um grupo de trabalho da International
Organization for Standartization (ISO)17 para estudar a elaboração de normas
de gestão ambiental empresarial. Consolidada e oficializada no ano de 1996, a
série de normas ISO18 14000 demonstra novas perspectivas de enfrentamento
da crise ecológica de uma forma não mais impositiva pelo ajustamento de
conduta ambiental, mas voluntária, com o intuito de sanar problemas
ambientais no âmbito produtivo, unindo viabilidade econômica e internalizando
adequadamente a pauta ambiental. A série NBR ISO14000 é um conjunto de
normas que formam um modelo de gestão ambiental, fazendo com que a
variável ambiental esteja presente no planejamento da empresa.
17 ISO – “International Organization for Standartization” é uma organização sediada em Genebra, na Suíça. Foi fundada em 1946. Cerca de 111 países integram esta importante organização internacional, especializada em padronização, cujos membros são entidades normativas de âmbito nacional. O Brasil é representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. 18 A sigla ISO, neste caso referindo-se à norma, foi originada da palavra ISONOMIA, pelo propósito de desenvolver e promover normas que possam ser utilizadas igualmente por todos os países do mundo.
24 No mesmo ano de 1992, é introduzido pelo WBCSD19, através da publicação
de seu livro "Changing Course" - endossado pela Conferência do Rio (Eco 92),
o conceito de ecoeficiência, como uma forma das organizações implementarem
a Agenda 21 no setor privado, que desde então tem se tornado um sinônimo de
uma filosofia de gerenciamento capaz de levar à sustentabilidade. Este
conceito descreve uma visão para a produção de bens e serviços que possuam
valor econômico enquanto reduzem os impactos ecológicos da produção. Em
outras palavras, "ecoeficiência significa produzir mais com menos", e ainda,
insere a questão da reciclagem procurando combater ao desperdício industrial
através de práticas e metodologias mais ecologicamente eficientes, surgindo
daí novos produtos e mercadorias.
Mas não caberia aqui questionar até que ponto estas medidas seriam
consideradas como uma nova postura por parte do Mercado em busca de um
novo paradigma que sustente uma viabilidade econômica + ecológica, ou se
meramente uma estratégia para a continuidade da mesma lógica de mercado.
A intenção é demonstrar que, a partir destes acontecimentos, a internalização
da variável ambiental no âmbito da empresa vai se tornando cada vez mais
necessária, podendo constituir caminhos variados, seja adotando o conceito de
Ecoeficiência e a metodologia da Produção Mais Limpa, seja pela escolha da
implementação de um Sistema de Gestão Ambiental. E, para ambos os casos,
inevitável para que atinjam sucesso, será o real comprometimento de todas as
partes envolvidas, sendo o passo inicial a ser dado para trilhar o caminho
desse processo a criação da política ambiental da empresa.
19 WBCSD - World Business Council for Sustainable Development é uma coalizão de mais de 100 companhias multinacionais que compartilham valores de comprometimento com o ambiente, princípios de crescimento econômico e desenvolvimento sustentável. Seus membros representam 34 países e mais de 20 setores industriais, e através de sua rede, compartilham suas experiências em aplicar o conceito de ecoeficiência, bem como suas idéias com a comunidade dos negócios no mundo todo.
25 E, complementando-se ao que já fora exposto com as palavras de Layrargues:
Desponta nesta conjuntura, a pauta ambiental como sinônimo de
competitividade, onde o ambientalismo empresarial frisa que a
empresa que não assumir essa idéia como princípio corporativo, estará
fora do mercado, seja porque o consumidor exigiria cada vez mais a
responsabilidade ambiental das empresas; seja porque os acionistas e
as seguradoras não estariam mais dispostos a assumirem riscos que
comprometam a rentabilidade nos investimentos efetuados, por causa
do passivo ambiental ou do caráter poluidor da empresa, prejudicando
sua imagem.
Neste sentido, as matrizes discursivas do ambientalismo empresarial
revelam as táticas assumidas para a concretização da estratégia:
“aquele que não assumir a pauta ambiental, invariavelmente cedo ou
tarde será excluído do mercado”, e “o verde é negócio, ou seja, a
pauta ambiental deixa de ser um risco aos negócios para se tornar
critério de vantagem competitiva perante a concorrência”
(LAYRARGUES, 2003).
E ainda com as palavras de Donaire20:
Tradicionalmente, as exigências referentes à proteção ambiental eram
consideradas um freio ao crescimento da produção, um obstáculo
jurídico legal e demandante de grandes investimentos de difícil
recuperação e, portanto, fator de aumento de custos de produção.
Começa a ficar patente que a despreocupação com os aspectos
ambientais pode traduzir-se no oposto: em aumento de custos, em
redução de lucros, perda de posição no mercado e, até, em privação
da liberdade ou cessação de atividades. Meio ambiente e sua proteção
estão se tornando oportunidades para abrir mercados e prevenir-se
contra restrições futuras quanto ao acesso a mercados internacionais
(DONAIRE, 1995).
20Ler DONAIRE, em: Gestão Ambiental na Empresa. (2008, p.35).
26 Nos tempos de hoje, a relação entre a empresa e o meio ambiente é
considerada de uma forma mais complexa. A própria sociedade já estabelece
maiores pressões no funcionamento e postura da empresa em relação às
questões ambientais e sociais. Isso acaba por promover que a empresa
adquira uma visão sociopolítica, estabelecendo mudanças que possam
acompanhar estes fatores, tanto internas como em empreendimentos pró-
ativos, percebendo e considerando suas explícitas influências ao meio
ambiente e à sociedade.
A sociedade adquiriu nos últimos anos, um novo olhar ecológico e, portanto,
uma nova demanda para a preocupação e cobrança socioambiental à
empresa, bem como uma maior atenção ao seu comportamento ético.
Preocupações como produção e defesa dos consumidores, qualidade do
produto, prevenção da poluição, segurança do trabalhador, defesa das
minorias, são alguns dos fatores que se intensificaram, pressionando as
organizações a incorporarem novos valores em seus procedimentos
administrativos e operacionais. A mídia também exerce papel relevante para a
iniciativa da empresa em obter uma postura que não seja meramente reativa
em cumprimento à legislação, já que poderá exercer uma função de denúncia
daquelas empresas que possuem más práticas, caracterizando-se em maus
exemplos.
Por estes e ainda outros fatores, que as regras do jogo mudaram. Não basta a
empresa se preocupar com a maximização dos lucros e minimização dos
custos, devendo ir além se quiser adquirir longevidade. A empresa/organização
exerce interferência e poder sobre a sociedade (criação de ofertas de trabalho,
ligação direta com a qualidade de vida da comunidade,...) e, em contrapartida,
a sociedade já exerce influência para a viabilidade ou não de seu
funcionamento (cobrança pelos custos sociais e/ou deteriorização física do
ambiente, intervenção da sociedade através de ação popular,...). Assim,
empresa e sociedade estão em mútua interação, tornando-se evidente quando
a atuação da empresa é somente em benefício próprio e em detrimento da
27 coletividade. Donaire considera que, “uma organização só tem razão de existir
se desempenhar um papel socialmente útil e o contrato social existente entre
as empresas e sociedade puder ser refeito ou revogado, caso elas falhem em
atender as expectativas da sociedade. Se as organizações pretendem
sobreviver a longo prazo, elas devem atender a essas aspirações e realizar o
que a sociedade pretende” (DONAIRE, 2008, p.22).
A empresa, adquirindo uma visão estratégica, em que adota novas posturas e
práticas, poderá desenvolver atividades onde o ganho será para todos. Há que
se observar, no entanto, que sua proposta deverá ser exeqüível para que
assim não corra o risco de virar apenas retórica. A responsabilidade
socioambiental implica um sentido de obrigação para com a sociedade e tem
sido assumida de diversas formas como a proteção ambiental, projetos
filantrópicos e educacionais, planejamento de comunidades, equidade na
oportunidade de emprego, serviços sociais e de interesse público, entre outros.
A seguir, alguns ganhos efetivos quando da adoção de exercício empresarial,
mediante os conceitos e princípios da responsabilidade socioambiental:
1º) Com o alargamento do mercado mundial, as empresas, mesmo as de
menor porte, acabam sofrendo influências pela competição existente de
multinacionais domiciliadas no país ou até por produtos advindos de países
que possuem vantagens comparativas. Assim, a empresa sendo capaz de
antecipar possíveis concorrências e reagir frente às mudanças sociais e
políticas que ocorrem em seu ambiente de negócio, poderá fortalecer sua
lucratividade e rentabilidade e, com isso, adquirir maior COMPETITIVIDADE e
LONGEVIDADE;
2º) Outro fator a ser considerado é que, trabalhando com consciência para a
adoção de medidas de prevenção da poluição e preocupação com a utilização
dos recursos naturais de forma sustentável, buscando tecnologias mais limpas
de produção, redução e tratamento de resíduos, conservação de energia e
28 água, a empresa além de reduzir custos, poderá ter efetivos ganhos com a
elaboração de novos produtos que poderão surgir pela análise destes
processos, além de melhorar consideravelmente a sua imagem institucional,
adquirindo assim mais CREDIBILIDADE, traduzindo este fator em mais
consumidores, mais vendas, fidelização de seus clientes, melhores
empregados, melhores fornecedores;
3º) Pode-se considerar também a percepção pela empresa, da importância de
seu papel para a sociedade como agente de transformação. Isso acarreta uma
mudança no ambiente de negócios, já que a empresa é tanto geradora de
recursos econômicos e de emprego, como passível de ocasionar impactos para
a sociedade e para o meio ambiente. Assim, participando de várias tarefas
sociais e ambientais, alarga-se o seu envolvimento com os conceitos não
voltados somente para o aspecto econômico, para outros, como segurança e
qualidade de vida, se tornando assim agentes transformadores em busca de
uma sociedade com base na Sustentabilidade, e contabilizando a seu favor o
que talvez tivesse que ser obrigada a pagar, mais à frente, por uma imposição
legal. Portanto, se torna um aspecto de ECONOMIA, na medida da possível
não perda futura, a partir de uma administração com mais cunho social e
político;
4º) A adoção de uma postura pró-ativa em relação às questões
socioambientais torna-se, nos dias de hoje, quase que condição vital para que
a empresa adquira ganho de mercado. Caberá à empresa perceber esta
oportunidade de negócio, já que sua atuação ética será avaliada e poderá ser
um FACILITADOR PARA AQUISIÇÃO DE FINANCIAMENTOS;
5º) Pela atitude em reduzir riscos, a empresa poderá conhecer melhor seus
procedimentos operacionais, podendo realizar uma análise de seus aspectos
ambientais e os que são possíveis geradores de impactos. Desta forma poderá
ter uma visão mais clara do que deve ser melhorado e prevenido,
disseminando informações não somente para o seu corpo de trabalho como
29 também para a sua comunidade de entorno. Sendo assim, a cooperação de
todos em caso de algum eventual acidente será maior e mais efetiva.
6º) Importante destacar que a valorização das questões de caráter social e
político prometem intensificar-se para o futuro. Assim, quanto mais antecipada
for a administração da empresa considerando sua adaptabilidade aos
mecanismos internos a estes novos fatores, maior será a sua capacidade de
responder às expectativas e pressões da sociedade. Quanto melhor for a
percepção do que está ocorrendo no mundo dos negócios, maior será a
conscientização social da empresa, adotando uma POSTURA INOVADORA E
ESTRATÉGICA para a antecipação às mudanças que, inevitavelmente, irão
surgir.
Já é sabedor que, para a empresa realizar tais diretrizes, é necessário que a
mesma esteja realmente comprometida e ciente de que sua postura em relação
à sociedade deverá ser transparente e fiel aos princípios mencionados,
disponibilizando tempo para que haja um processo de diálogo entre as partes
interessadas, tornando seu funcionamento (processos e produtos) aberto a
todos, com informações claras e acessíveis, exercendo a capacidade de ouvir
e aceitar opiniões e assim proporcionar uma auto-avaliação e melhoria
contínua de seus resultados. Vale lembrar que há que se saber das reais
possibilidades monetárias para que a empresa realmente possa atualizar suas
práticas à luz dos avanços tecnológicos, já que por vezes estas mudanças
poderão demandar custos mais altos, contribuindo e realizando possíveis
mudanças na medida de suas possibilidades.
Para que todo este processo seja iniciado, avaliado e adotado no
funcionamento da empresa, apresenta-se neste trabalho a contribuição da
Educação Ambiental no momento da criação da Política Ambiental,
considerada a sua implantação como um primeiro passo para o encontro de
medidas e alternativas que caracterizem a inserção da variável ecológica no
âmbito da empresa.
30
A Política Ambiental é parte do planejamento estratégico da empresa.
Não deve concorrer nem com os objetivos do negócio nem com os da
qualidade, mas ser parte de uma estratégia comum da empresa. Deve
ser encarada como uma ferramenta importante para o sucesso da
empresa, para o efetivo cumprimento das leis ambientais e para a
construção de uma boa imagem corporativa (VILMAR BERNA21).
21 BERNA, Vilmar. Como administrar com consciência ecológica. Universidade Federal Fluminense.
31
CAPÍTULO II – EDUCAÇÃO AMBIENTAL E GESTÃO
AMBIENTAL
2.1 - SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
Inicialmente, para entender a eficácia e relevância de um SGA e que justifique
a decisão de sua implantação pela empresa, faz-se aqui, o uso das palavras de
Andreoli22:
A implementação de um SGA constitui uma ferramenta para que o
empresário identifique oportunidades de melhorias que reduzam os
impactos das atividades de sua empresa sobre o meio ambiente,
orientando de forma otimizada os investimentos para a implementação
de uma política ambiental eficaz, capaz de gerar novas receitas e
oportunidades de negócio.
As principais vantagens do SGA são a minimização de custos, de
riscos, a melhoria organizacional e a criação de um diferencial
competitivo.
A Gestão Ambiental é um aspecto funcional da gestão de uma empresa, que
desenvolve e implanta as políticas e estratégias ambientais. É crescente a
preocupação das organizações empresariais em atingir e demonstrar, cada vez
mais, um desempenho ambiental correto, controlando suas atividades,
produtos ou serviços, passíveis de causar impactos no meio ambiente. A esse
contexto se insere uma legislação cada vez mais exigente, a demanda pelo
desenvolvimento de políticas econômicas e ambientais, e ainda outras medidas
destinadas à estimulação da proteção do meio ambiente e de um
desenvolvimento que tenha em suas premissas a Sustentabilidade. No entanto,
22 ANDREOLI, Cleverson V. Gestão Ambiental. Disponível em: <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/empresarial/6.pdf>
32 para que tais medidas sejam eficazes, é necessário que seus procedimentos
sejam conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado e integrado ao
conjunto das atividades de gestão.
As Normas Internacionais de gestão ambiental, fazendo parte a estas a ISO
14000, têm por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema
de gestão ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de
gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e
econômicos. Esta Norma especifica os requisitos de tal sistema de gestão
ambiental, podendo ser aplicável a todos os tipos e portes de organizações. O
SGA é a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional,
atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política ambiental da organização/empresa. Vale, no
entanto, lembrar que, o sucesso do sistema depende de todos os níveis e
funções, especialmente da alta administração.
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) consiste em cinco elementos básicos:
1 - Política Ambiental
2 - Planejamento
3 - Implementação e Operação
4 – Verificação e Ações Corretivas
5 – Revisão Gerencial pela Alta Administração
33
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)23:
PLANEJAMENTO• Aspectos Ambientais
• Legislação e outros requisitos
• Objetivos e Metas
• Programa de Gestão Ambiental
IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO• Estrutura e Responsabilidade
• Treinamento, Conscientização eCompetência
• Procedimentos de Comunicação
• Documentação Ambiental
• Controle da Documentação
• Controle Operacional
• Planos de Controle deEmergência
VERIFICAÇÃO E AÇÕES CORRETIVAS• Acompanhamento e Medição• Não conformidades e Ações Preventivas/Corretivas• Registros
• Auditorias de Sistemas de
• Gestão Ambiental
REVISÃO GERENCIALPELA ALTA
ADMINISTRAÇÃO
POLÍTICA AMBIENTALSGA
23 O desenvolvimento de todas as cinco etapas do SGA se encontra no Anexo 1 deste trabalho.
34 2.2 – Conceito de Ecoeficiência e Produção Mais Limpa
Criado em 1997, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (CEBDS), um respeitado interlocutor no processo de negociação
das estratégias de internalização da pauta ambiental na empresa, tem como
missão integrar os princípios e práticas do desenvolvimento sustentável no
contexto de negócio, conciliando as dimensões econômica, social e ambiental.
Exercendo também um papel de comunicador, dissemina melhores práticas
que demonstram a contribuição das empresas para o desenvolvimento
sustentável e a sociedade em geral, de forma simples e compreensível. Sendo
assim, esclarece-se aqui a definição do conceito de ecoeficiência e possíveis
práticas a serem adotadas, conforme os critérios do CEBDS:
Ecoeficiência24
A ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e
serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades
humanas e tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que reduz
progressivamente o impacto ambiental e o consumo de recursos ao
longo do ciclo de vida, a um nível, no mínimo, equivalente à
capacidade de sustentação estimada da Terra (conceito elaborado
pelo World Business Council for Sustainable Development – WBCSD,
em 1992).
Este conceito sugere uma significativa ligação entre eficiência dos
recursos (que leva a produtividade e lucratividade) e responsabilidade
ambiental. Portanto, ecoeficiência é o uso mais eficiente de materiais e
energia, a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos
ambientais.
Também pode-se dizer que ecoeficiência é saber combinar
24CEBDS. Ecoeficiência. Disponível em: <http://www.cebds.org.br/cebds/eco-rbe-ecoeficiencia.asp> Para saber mais
sobre a Rede Brasileira de Ecoeficiência, benefícios, publicações e outros assuntos relativos acesse: www.cebds.org.br
35 desempenho econômico e ambiental, reduzindo impactos ambientais;
usando mais racionalmente matérias-primas e energia; reduzindo os
riscos de acidentes e melhorando a relação da organização com as
partes interessadas (stakeholders).
ELEMENTOS DA ECOEFICIÊNCIA
• Reduzir o consumo de materiais com bens e serviços.
• Reduzir o consumo de energia com bens e serviços.
• Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas.
• Intensificar a reciclagem de materiais.
• Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis.
• Prolongar a durabilidade dos produtos.
• Agregar valor aos bens e serviços.
Produção Mais Limpa25
(PmaisL)
Produção mais Limpa é a aplicação contínua de uma estratégia
técnica, econômica e ambiental integrada aos processos, produtos e
serviços, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,
água e energia, pela não geração, minimização ou reciclagem de
resíduos e emissões, com benefícios ambientais, de saúde
ocupacional e econômica.
25CEBDS. Produção Mais Limpa. Disponível em: http://www.cebds.org.br/cebds/eco-pmaisl-conceito.asp
Para saber mais sobre PmaisL, barreiras na implementação, estudo de casos, acesse: www.cebds.org.br ou visite o
site da Rede Brasileira de Produção Mais Limpa (www.pmaisl.com.br).
36 A Produção Mais Limpa, com seus elementos essenciais, (ver Figura a
seguir), adota uma abordagem preventiva, em resposta à
responsabilidade financeira adicional trazida pelos custos de controle
da poluição e dos tratamentos de final de tubo.
Figura1. Elementos essenciais da estratégia de PmaisL
Fonte: UNIDO/UNEP, 1995a, p. 5.
A Produção Mais Limpa, relativamente ao desenho dos produtos,
busca direcionar o design para a redução dos impactos negativos do
ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até a disposição final.
Em relação aos processos de produção, direciona para a economia de
matéria-prima e energia, a eliminação do uso de materiais tóxicos e a
redução nas quantidades e toxicidade dos resíduos e emissões. Em
relação aos serviços, direciona seu foco para incorporar as questões
ambientais dentro da estrutura e entrega de serviços.
O aspecto mais importante da Produção Mais Limpa é que a mesma
requer não somente a melhoria tecnológica, mas a aplicação de know-
how e a mudança de atitudes. Esses três fatores reunidos é que fazem
o diferencial em relação às outras técnicas ligadas a processos de
produção.
37 A aplicação de know-how significa melhorar a eficiência, adotando
melhores técnicas de gestão, fazendo alterações por meio de práticas
de housekeeping ou soluções caseiras e revisando políticas e
procedimentos quando necessário. Mudar atitudes significa encontrar
uma nova abordagem para o relacionamento entre a indústria e o
ambiente, pois repensando um processo industrial ou um produto, em
termos de Produção Mais Limpa, pode ocorrer a geração de melhores
resultados, sem requerer novas tecnologias. Com isso, a estratégia
geral para alcançar os objetivos é de sempre mudar as condições na
fonte em vez de lutar contra os sintomas.
38 2.3 – Política Ambiental da empresa:
A Política Ambiental é a declaração do comprometimento da empresa com as
questões ambientais. Quando da sua criação, é muito importante que todos
realmente entendam sua importância e seu conteúdo, e mais, que também se
sintam parte integrante da política. É neste momento que, força de trabalho e
direção, assim como outras partes interessadas (comunidades do entorno,
familiares dos funcionários, ONGs e Instituições Públicas,...) terão a
possibilidade de pensar em dois aspectos: onde estamos e onde queremos
chegar. A proposta da Educação Ambiental, neste momento, é a de
potencializar a política ambiental e envolver os participantes para a
sensibilização e promoção do equilíbrio entre ser humano/natureza, levando a
um compromisso de responsabilidade social e ambiental por todos.
Desenvolvida e publicada no início do processo de implantação do SGA na
organização, a Política Ambiental expõe princípios e intenções que irão nortear
todos os seus procedimentos daí em diante. É o elemento motor para a
implementação e o aprimoramento do SGA da empresa, permitindo que seu
desempenho ambiental seja mantido e potencialmente aperfeiçoado, como
também constitui a base para o estabelecimento dos objetivos e metas da
organização, devendo ser apropriada à sua natureza, tamanho dos impactos
das atividades, produtos e/ou serviços, contemplando o cumprimento da
legislação ambiental pertinente às suas operações e, inclusive, o
comprometimento com a prevenção da poluição.
Toda a empresa que inicia a estruturação de um SGA percebe a necessidade
do comprometimento e envolvimento de todos os funcionários, portanto a
participação ativa e responsável caracteriza-se como importante elemento para
que o processo de aprendizagem tenha êxito, “afinal, o que se busca é a
transformação da cultura para a mudança da gestão e das práticas, tecnologias
39 e opções de negócios da empresa como um todo, rumo à sustentabilidade”
(PEDRINI, 2008, p.176) 26.
Para tanto, é fundamental que haja o envolvimento manifestado pela alta
administração na formulação da política ambiental, no estabelecimento de suas
prioridades e na ação de seu cumprimento, bem como apresenta-se, de igual
importância, que a mesma seja suficientemente clara para seu entendimento
pelas partes interessadas (internas e externas). Cabe aqui ressaltar que,
como bem diz Berna27, “o sucesso de longo prazo da Política Ambiental
está intimamente ligado a sua capacidade de envolver o pessoal de
escalões inferiores na consecução de seus objetivos. Isso só pode
acontecer se o interesse da alta direção for autêntico e contínuo”.
Assim, antes mesmo de ser um fator para o sucesso da implementação de
um SGA, o processo de desenvolvimento da política ambiental se torna
uma oportunidade de reflexão sobre as práticas da empresa, podendo
contribuir para o aumento de visibilidade e revisão de valores de seus
negócios, inserindo a causa ecológica como um princípio básico de seu
funcionamento. Neste sentido, a Educação Ambiental contribui sendo um
instrumento facilitador para este processo, na medida em que oferece
ferramentas para o desenvolvimento da sensibilidade e conseqüente
conscientização ambiental a favor da sustentabilidade, e a este
entendimento complementa-se com simples e adequadas palavras de
GENEBALDO FREIRE DIAS28:
Acredito que a Educação Ambiental seja um processo por meio do
qual as pessoas apreendam como funciona o ambiente, como
dependemos dele, como o afetamos e como promovemos a sua
sustentabilidade (DIAS, 2004, p.100).
26 Ler PEDRINI, A.G. em: Educação Ambiental Empresarial no Brasil. (2008, p. 176). 27 BERNA, Vilmar. Como administrar com consciência ecológica. Universidade Federal Fluminense. 28 DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. – 9. ed. – São Paulo: Gaia, 2004(p.100).
40
Considera-se, portanto, neste trabalho, a intervenção da Educação
Ambiental mediante o conceito de Sustentabilidade, um planejamento
estratégico para o desenvolvimento da política ambiental, uma contribuição
valiosa para o auxílio e adoção de uma postura pró-ativa em relação ao
desempenho ambiental da empresa, transformando-a em uma empresa
consciente. Para Ribeiro29 (2008) empresas conscientes buscam:
[...] mudanças de mentalidade, não medindo esforços na busca de
ações metodológicas para envolver a comunidade em projetos cujo
objetivo é a melhoria de vida da própria comunidade [...] conseguem
vislumbrar retornos financeiros e/ou de imagem para suas empresas,
pois não sonham simplesmente com um mundo melhor, mas em sua
visão mercadológica são capazes de perceber a intrínseca relação
entre mercado, sociedade e ambiente (RIBEIRO em PEDRINI, 2008,
p.120).
29 Ler RIBEIRO, em: PEDRINI, A.G. Educação Ambiental Empresarial no Brasil (2008, p. 120).
41 CAPÍTULO III – A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA A INSERÇÃO DA VARIÁVEL SÓCIOAMBIENTAL NA
EMPRESA
3.1 – Abordagem sobre o conceito de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis (EASS) e Indicadores de Qualidade Conceitual
(IQCs)
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um
processo pedagógico participativo permanente que procura incutir
no educando uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar
a gênese e a evolução de problemas ambientais.
(AmbienteBrasil) 30
Esta definição do conceito de educação ambiental é uma dentre várias
outras definições que procuram desenvolver a idéia da educação e seu
processo pedagógico aplicado no contexto das questões relativas ao meio
ambiente.
Pedrini31 (2008) na obra “Educação Ambiental Empresarial no Brasil”,
apresenta que, no contexto empresarial, a definição adequada do conceito
de EA para a sua aplicabilidade ainda é tema obscuro. Segundo o autor,
“sem a percepção e adoção de um conceito de qualidade fica impossível
desenvolver atividades que consigam atingir as mesmas metas nos
30 AMBIENTEBRASIL. Educação Ambiental – Conceito. Disponível em: < www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index.php3&conteudo=./educacao/educacao.html > 31 PEDRINI, Alexandre de Gusmão. Educação Ambiental Empresarial no Brasil. – São Carlos: Rima Editora, 2008.
42 diferentes contextos”, e comenta que a educação ambiental empresarial no
Brasil é limitada a:
[...] atividades soltas, sem organicidade entre elas e usadas como
fim e não como meio para atingir a EA, como: gincanas, hortas,
trilhas, distribuição de mudas de plantas, reciclagem de papel,
desfiles, cartilhas, distribuição de camisas e brindes, realização de
churrasco, passeios em trilhas ‘ecológicas’, oficinas, etc. E, nesse
caso, sem que haja prévia identificação de conceitos e a tentativa
de uniformizá-los para criar uma unidade de trocas pedagógicas,
torna-se impossível um trabalho sério em termos educativos
(PEDRINI, 2008, p.10).
Seguindo este raciocínio, PEDRINI completa dizendo que as características
conceituais da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global (EASS), “estão sendo adequadas a cada contexto
de sua aplicação” (Pedrini, 2008, p. 10). Portanto, algumas considerações
são feitas para que uma EASS seja considerada de qualidade, sendo
aplicáveis inclusive no contexto empresarial, e consideradas como
indicativos para que as ações e atividades da Educação Ambiental tenham
como objetivo final a construção de sociedades sustentáveis.
Foi feito um amplo trabalho de pesquisa sobre o conceito da Educação
Ambiental aplicável na área empresarial do Brasil, até meados de 2006, por
PEDRINI e PELLICCIONE32 (2007), sendo construída uma proposta para
identificá-lo utilizando como referencial teórico a EASS prevista pelo
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
32 PEDRINI, A. G.; PELLICCIONE, N. B. B. Educação Ambiental Empresarial no Brasil: uma análise exploratória sobre sua qualidade conceitual. Disponível em: < http://www.portaldomeioambiente.org.br/JMA-txt_importante/Pedrini_edit.pdf >
43 Responsabilidade Global (TEASS)33, que serve de arcabouço conceitual
para o Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA)34.
Desta proposta foram selecionados indicadores mínimos de
qualidade conceitual da EASS, e que fossem possíveis de serem
identificados na sua prática, devendo a Educação Ambiental
Empresarial no Brasil (EAEB) ser: a) emancipatória; b)
transformadora; c) participativa; d) abrangente; e) permanente; f)
contextualizadora (PEDRINI e PELLICCIONE, 2007).
Pedrini conclui que “é essencial que a qualidade do conceito de EAEB seja
conhecida, pois seu processo deriva da sua concepção inicial e, sendo esta
diferente do que prevê o ProNEA, poderá comprometer todo o trabalho
pedagógico” (PEDRINI, 2008, p.12).
Assim apresenta oito pressupostos conceituais para serem adotados em
uma prática de Educação Ambiental no contexto empresarial, denominados
Indicadores de Qualidade Conceitual (IQCs) da EASS, e os descreve:
33O Tratado de Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global (TEASS), foi
organizado e assinado por ONGs que participaram do Fórum Global, uma reunião paralela à Rio-92. Sua publicação
representou referência para a EA, tornando-se a Carta de Princípios da Rede Brasileira de Educação Ambiental
(REBEA) e das demais redes de EA a ela entrelaçadas, subsidiando também o Programa Nacional de Educação
Ambiental (ProNEA), do Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (MMA e MEC).
34 PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – ProNEA. Para saber mais acesse: www.mma.gov.br
44 IQCs da Educação Ambiental e descrição para aplicação
no contexto empresarial no Brasil:
IQC Descrição do indicador
1. EA emancipatória Capaz de possibilitar ao
indivíduo/coletividade a aquisição de
conhecimentos, valores, habilidades,
experiências e a determinação para o
cidadão enfrentar e participar da solução
de problemas ambientais.
2. EA transformadora Capaz de possibilitar a mudança de
atitudes para o desenvolvimento de
sociedades sustentáveis.
3. EA participativa Capaz de estimular a participação em
mobilizações coletivas.
4. EA abrangente Capaz de envolver a totalidade dos
grupos sociais (públicos internos e
externos).
5. EA permanente Capaz de ser uma atividade continuada.
6. EA
contextualizadora
Capaz de agir diretamente na realidade da
coletividade e por meio dela alcançar a
dimensão planetária.
7. EA ética Capaz de promover o respeito às todas as
formas de vida do planeta.
8. EA interdisciplinar Capaz de integrar diferentes saberes, pois
a questão ambiental agrega variados
conhecimentos.
(PEDRINI, 2008, p. 11)
45 É neste sentido que, demonstra-se neste trabalho, a importância da
qualidade conceitual da educação ambiental para alcançar uma estratégia
pedagógica capaz de levar à reflexão de atitudes e decisões, através de um
processo crítico, aprimorando o alcance dos reais objetivos da EASS,
sendo considerado o mais importante deles a prática de uma EA que
promova a emancipação do cidadão e sua participação democrática em
uma sociedade sustentável.
46 3.2 – Proposta para a inserção da variável socioambiental na
empresa:
O desafio desta proposta de contribuição da Educação Ambiental para a
implantação da política ambiental na empresa, aqui denominada como
Projeto de Educação Ambiental para a Implantação da política ambiental
empresarial (PEA-pae), está em ser, ele, um incentivador para a condição
primária da alta direção em redimensionar o foco de seus
interesses para além de seus processos lucrativos e
organizacionais, e conseguir enxergar através de seu círculo fechado,
alcançando dimensões maiores, se abrindo e se envolvendo com a EA; um
motivador para que a força de trabalho se desarme e encontre, na EA, uma
parceira na melhoria não só de seu trabalho como de sua própria vida
cotidiana; e ainda, que a EA seja mobilizadora e integradora da política de
gestão ambiental da empresa.
A educação Ambiental, como parte dessa engrenagem pró-
sustentabilidade, assume então um novo desafio. O desafio com
que nos defrontamos nesses últimos anos é fazer com que
diferentes setores da sociedade sejam envolvidos, comprometidos
e atuem em seus espaços próprios de produção e criação como co-
responsáveis pela preservação da qualidade socioambiental.
Alguns setores já assumiram tais compromissos com um novo
modelo de desenvolvimento, ao incorporarem, os modelos de
gestão, a dimensão ambiental. A gestão de qualidade empresarial
passa, neste novo século, pela obrigatoriedade de que sejam
implantados sistemas organizacionais e de produção que valorizem
os bens naturais, as fontes de matérias-primas, as potencialidades
do quadro humano criativo, as comunidades locais e devem iniciar
o novo ciclo, onde a cultura do descartável e do desperdício sejam
coisas do passado. Atividades de reciclagem, incentivo à
diminuição do consumo, controle de resíduos, capacitação
permanente dos quadros profissionais em diferentes níveis e
47 escalas de conhecimento, fomento ao trabalho em equipes e às
ações criativas são desafios chaves neste novo cenário.
Esses processos de produção de conhecimentos tem oportunizado
o desabrochar de práticas positivas e pró-ativas que sinalizam o
desabrochar de métodos e de experiências que comprovam,
mesmo que em um nível ainda pouco disseminado, a possibilidade
de fazer acontecer e tornar real o novo, necessário e irreversível,
caminho de mudanças (COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO
AMBIENTE – CPRH)35.
Inspirados nos pressupostos conceituais dispostos anteriormente, os quais
se apresentam como Indicadores de Qualidade Conceitual da educação
ambiental para sociedades sustentáveis (IQCs), avalia-se as propostas do
PEA-pae para a contribuição da educação ambiental no contexto
empresarial, e fundamentando-se a sua importância.
35 COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE – CPRH. Fazendo Educação e vivendo a Gestão Ambiental. Disponível em: < http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/livreto-cprh.pdf >
48 3.2.1 - Projeto de Educação Ambiental para a implantação da
política ambiental empresarial (PEA-pae):
IQCs
1. EA emancipatória 5. EA permanente
2. EA transformadora 6. EA contextualizadora
3. EA participativa 7. EA ética
4. EA abrangente 8. EA interdisciplinar
(PEDRINI, 2008)
Iniciar o projeto com o estudo do meio, através de um
processo participativo, onde todos os atores poderão expor idéias e
impressões do que enxergam dentro e fora da empresa, provocando um
incômodo inicial necessário a um processo de transformação. Realizar a
explanação da problemática ambiental atual por uma discussão mais ampla,
para então se chegar à importância de inserção da variável ecológica na
empresa e no cotidiano dos participantes, surgindo daí, temas a serem
discutidos e escolhidos como prioritários pelos próprios participantes.
Serão chamados a participar, direção e força de trabalho da empresa, seus
familiares, professores de escolas circunvizinhas, associação de
moradores, instituições públicas, integrantes de ONGs, fornecedores e
consumidores, bem como quaisquer outras partes interessadas
(stakeholders).
1ª FASE
49 Fundamentação:
(IQC 3) EA participativa, estimulando o envolvimento de todos, mediante
um processo dialógico.
A EA se torna participante quando os grupos envolvidos em seu processo
saem do seu silêncio e do espaço de opressão que a sociedade lhes impõe,
para participar de um processo onde aprendem a descobrir, compreender e
analisar a sua realidade. E isso verdadeiramente ocorre através de um
processo dialógico. A solução da questão é o objetivo principal e a tomada
de decisão é adquirida de forma compartilhada, tornando-se um ponto de
partida para que os cidadãos exerçam a cooperatividade e se tornem
parceiros ativos para a resolução dos problemas que estejam em questão.
FRITZEN e MOLON36 (2008), em relação às possibilidades da EA no
contexto das empresas, dizem que:
A participação ativa e responsável caracteriza-se como importante
elemento para que o processo de aprendizagem alcance êxito. É
preciso que os sujeitos envolvidos [...] contribuam com suas
experiências, opiniões críticas e, assim, ajudem a criar e recriar o
percurso educativo (FRITZEN/MOLON em PEDRINI, 2008, p. 27).
Complementando com as palavras de PEDRINI (2008), “para um trabalho
de EA nas empresas, faz-se agregar princípios de tendências pedagógicas
mais atuais e inovadoras, que integram educando e educador em um
processo contínuo e de participação mútua”.
36 Ler FRITZEN e MOLON em: PEDRINI, A.G. Educação Ambiental Empresarial no Brasil (2008, p.27).
50
(IQC 4) EA abrangente, sendo um processo voltado não somente ao público
interno da empresa, mas estendendo-se a seus familiares e comunidade do
entorno e outras partes interessadas.
A temática da problemática ambiental poderá ser utilizada para fins
educacionais que extrapolem o público interno da empresa, favorecendo
assim um processo de sinergia entre saberes e ações. “As empresas
devem se enxergar como parte de um todo, onde podem e devem
compartilhar experiências e iniciativas de forma a contribuir na construção
conjunta de processos educacionais, otimizando oportunidades e
resultados” (BUSATO e ARIGONI, 2008) 37, e complementam:
Não há outro caminho para a busca de processos de EAE eficazes
que não seja uma sinergia de ações. [...] cidadão, estado, ONGs e
empresas possuem competências distintas – não antagônicas –
com relação ao processo de formação de uma sociedade
transformadora e realmente sustentável. É preciso abandonar a
postura sectária, “de um lado só”, seja ele qual for, e escancarar o
debate em nome da construção de um mundo melhor
(Busato/Arigoni, em PEDRINI, 2008, p. 213).
(IQC 8) EA interdisciplinar, integrando diferentes saberes e contextos de
vida.
Havendo harmonia e versatilidade entre diferentes contextos e saberes,
aumenta a capacidade da educação ambiental para assimilação de novos
conhecimentos tão necessários para a compreensão do presente e
37 Ler BUSATO e ARIGONI em: PEDRINI, A.G. Educação Ambiental Empresarial no Brasil (2008, p.213).
51 preparação para o futuro. E a este pensar complementa-se com as palavras
de Thereza Cristina Bordoni38, mestre em Políticas Educacionais:
Interdisciplinaridade é um termo que não tem significado único,
possuindo diferentes interpretações, mas em todas elas está implícita
uma nova postura diante do conhecimento, uma mudança de atitude
em busca da unidade do pensamento. [...] não estou me referindo ą
interdisciplinaridade como uma teoria geral e absoluta do
conhecimento, nem a compreendo como uma ciência aplicada, mas
sim como o estudo do desenvolvimento de um processo dinâmico,
integrador e, sobretudo, dialógico. O ponto de partida e de chegada de
uma prática interdisciplinar está na ação. Desta forma, através do
diálogo que se estabelece entre as disciplinas e entre os sujeitos das
ações, a interdisciplinaridade "devolve a identidade as disciplinas,
fortalecendo-as" e evidenciando uma mudança de postura na prática
pedagógica.
Elaborar a criação de um breve curso sobre meio ambiente,
com o cuidado na escolha dos temas a serem abordados, apresentando um
referencial teórico que leve tanto a uma visão sistêmica quanto holística do
meio ambiente. Utiliza-se o método da ecoalfabetização ecológica, levando
em consideração tanto o contexto global quanto o local, proporcionando
reflexões sobre sustentabilidade.
38 FÓRUM EDUCAÇÃO – Uma Postura Interdisciplinar - Thereza Cristina Bordoni. Disponível em: < http://www.forumeducacao.hpg.ig.com.br/textos/textos/didat_7.htm >
2ª FASE
52 Fundamentação:
(IQC 6) EA contextualizadora, tratando a problemática ambiental
empresarial como um tema-gerador, alcançando tanto ao entendimento da
problemática global quanto ao encontro de boas soluções para a realidade
local.
O conhecimento dos problemas-chave, das informações-chave
relativas ao mundo, por mais aleatório e difícil que seja, deve ser
tentado sob pena de imperfeição cognitiva, mais ainda quando o
contexto atual de qualquer conhecimento político, econômico,
antropológico, ecológico... é o próprio mundo. A era planetária
necessita situar tudo no contexto e no complexo planetário
(MORIN, 2007, p.35).
Os conhecimentos sobre nós próprios, sobre o outro, sobre o mundo, são
processos em constante evolução e transformação. No encontro de
diferentes formas de abordar e conhecer o meio ambiente, utilizando-as
como um ponto de partida para seu entendimento, pode-se construir novas
possibilidades de se compreender o mundo e os fatores condicionantes
para seu equilíbrio. Desta forma, os sujeitos, sendo conhecedores das
raízes do problema em si, poderão mais facilmente interpretar seus
sentidos, e assim promover novas atitudes sustentáveis. Seguindo este
raciocínio, entende-se que a EA, partindo de um contexto sistêmico do meio
ambiente para a compreensão de sua complexidade, torna-se capaz de
englobar não somente uma visão local da problemática, como também
alcançar dimensões maiores, para uma nova visão do mundo como um
todo, de partes integradas.
53 Para Filipe Freitas C. M. Carvalho39 (2008), “essa visão de mundo
pressupõe uma série de novas percepções que ampliam e redefinem a
cultura empresarial. Dizem respeito à nossa concepção de natureza, de
organismo humano, de sociedade e, portanto, também de nossas
concepções acerca de uma organização de negócios”, e ainda
complementa:
As próprias empresas tornam-se sistemas vivos cuja compreensão
não é possível apenas pelo prisma econômico. Devem-se enxergar
as organizações como sistemas interligados e interdependentes à
complexa teia de relações que caracteriza a vida no planeta.
(CARVALHO, em PEDRINI, 2008, p. 104).
CAPRA40 (2006) propõe pelo método alfabetização ecológica, a
possibilidade de se formular um conjunto de princípios de organização, que
sirvam de diretrizes para a construção de comunidades humanas
sustentáveis por uma perspectiva do entendimento dos ecossistemas, já
que durante mais de três bilhões de anos de evolução, os ecossistemas do
planeta têm se organizado de maneiras sutis e complexas, a fim de
maximizar a sustentabilidade. Para o autor, os princípios norteadores
seriam a interdependência, estando todos os membros de uma comunidade
interligados numa vasta e intrincada rede de relações; a reciclagem, pela
natureza cíclica dos processos ecológicos, demonstrando que os laços de
realimentação dos ecossistemas são as vias ao longo das quais os
nutrientes são continuamente reciclados, assim, resíduos produzidos por
um determinado ecossistema servirá de alimento para outro; a parceria,
sendo uma característica essencial das comunidades sustentáveis, e, num
ecossistema, os intercâmbios cíclicos de energia e de recursos são
sustentados por uma cooperação generalizada; a flexibilidade,
demonstrando ser este um fator do ecossistema, através da conseqüência 39 Ler CARVALHO em: PEDRINI, A.G. Educação ambiental empresarial no Brasil (2008, p.213). 40 CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.
54 de seus múltiplos laços de realimentação, a tendência para levar o sistema
de volta ao seu equilíbrio, quando houver um desvio da sua normalidade
pelas condições ambientais mutáveis; a diversidade, exercendo um papel
estreitamente ligado com a estrutura de rede do sistema, pois tanto mais
diversificado o sistema, mais flexível ele será, já que contendo muitas
espécies com funções ecológicas sobrepostas poderão, parcialmente, ser
substituídas umas às outras; e por fim, a sustentabilidade, pelo
entendimento da eficiência da própria organização dos ecossistemas.
Desenvolver os temas escolhidos na 1ª fase, através de
textos, vídeos e debates, aproveitando a oportunidade para a definição do
que seja a matriz de aspectos e impactos da empresa, a qual será
desenvolvida na 4ª fase;
Fundamentação:
(IQC 1) EA emancipatória, possibilitando às partes interessadas e
envolvidas com a empresa, através do desenvolvimento de conhecimentos
e habilidades, sua determinação no enfrentamento e resolução de
problemas concretos do meio ambiente.
Para MORIN41 (2007) “Indivíduo e Sociedade existem mutuamente. A
democracia favorece a relação rica e complexa indivíduo/sociedade, em
que os indivíduos e a sociedade podem ajudar-se, desenvolver-se, regular-
se e controlar-se mutuamente”.
41 Ler MORIN, Edgar em: Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro (2007, 12. ed. p. 107).
3ª FASE
55
Através da ação coletiva e da oportunidade dos atores envolvidos
adquirirem habilidades e competências para a resolução de problemas
ambientais, a EA pode exercer uma papel de estímulo para o exercício da
cidadania. Ela se torna um instrumento que induz a articulação de
iniciativas entre diversos campos com o intuito da melhoria da qualidade de
vida, e, para alcançar seus objetivos, amplia as oportunidades dos
indivíduos tornando-os participativos e situando-nos na arena política,
promovendo a cidadania através da democracia.
A EA, na perspectiva da emancipação humana, contribui para o
desenvolvimento de uma percepção ambiental crítica da realidade nos
indivíduos, na medida em que relaciona as diferentes causas e
conseqüências dos seus modos de produzir e de viver, atribuindo condições
necessárias para o conhecimento da realidade com significado social e
ambiental, para o enfrentamento e transformação desta mesma realidade
socioambiental.
TOZONI-REIS42 (2007) destaca que uma educação ambiental política traz
diferenças conceituais em relação a outras reflexões e ações educativas,
que podem ser sintetizadas por alguns grupos como:
[...] a educação ambiental como produtora das mudanças de
comportamento ambientalmente inadequados; a educação
ambiental para a sensibilização ambiental; a educação ambiental
centrada na ação para a diminuição dos efeitos predatórios das
relações dos sujeitos com a natureza; a educação ambiental
centrada na transformação de conhecimentos técnico-científicos
sobre os processos ambientais que teriam como consequência
42 Ler TOZZONI-REIS em: LOUREIRO, Carlos Frederico B. (org.). A questão ambiental no pensamento crítico (2007, p. 179).
56 uma relação mais adequada com o meio ambiente; e a educação
como um processo político de apropriação crítica e reflexiva de
conhecimentos, atitudes, valores e comportamentos que tem como
objetivo a construção de uma sociedade sustentável do ponto de
vista ambiental e social (TOZZONI-REIS em LOUREIRO, 2007, p.
179).
E a esta última EA citada acima - como um processo político - percebe-se
sua relevância para a construção de uma sociedade sustentável, podendo
ser definida como uma verdadeira educação ambiental transformadora e
emancipatória.
(IQC 2) EA transformadora, promovendo a reflexão-ação para a tomada de
decisões, como também a mudança de valores e atitudes.
Na medida em que a EA atua, compartilhando saberes produzidos pelos
diferentes atores envolvidos no seu processo, estes, passam a ser produtores
de conhecimentos de sua própria realidade. Promovidos pela reflexão-ação, os
sujeitos se tornam capazes de alcançar uma visão sensibilizadora da realidade
socioambiental em que vivem, e desta forma caminhar para a transformação e
mudança de valores e de atitudes.
Pelas palavras de FREIRE43 (2005), compreende-se que o homem deve se
deixar “mover pelo ânimo de libertar o pensamento pela ação dos homens uns
com os outros na tarefa comum de refazerem o mundo e de torná-lo mais e
mais humano”. Para o autor:
43 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.
57 A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como
produto da ação dos homens, também não se transforma por acaso.
Se os homens são os produtores desta realidade e se esta, na
“inversão da práxis, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a
realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens" (FREIRE,
2005, p.41).
FREIRE (2005) considera que para se alcançar a “práxis libertadora”, aquela
capaz de motivar ações transformadoras onde haja a inserção crítica, só
haverá sua possibilidade através da “reflexão e ação dos homens sobre o
mundo”. Isso ocorre através de um convívio entre as pessoas que tenham uma
abertura para comunicação. Para FREIRE, “conviver, simpatizar, implicam
comunicar-se [...] somente na comunicação tem sentido a vida humana.”
“Quanto mais as massas populares desvelam a realidade objetiva sobre a qual
elas devem incidir sua ação transformadora, tanto mais se “inserem” nela
criticamente” (FREIRE, 2005, p. 44, p.74, p.75).
Definição e desenvolvimento da matriz de aspectos e
impactos da empresa (abrangendo o contexto comunitário), promovendo a
reflexão-ação para a tomada de decisões e servindo de parâmetros para a
revisão de valores e atitudes de cada um. Neste momento promove-se um
repensar de “onde estamos” e “onde queremos chegar”, levando a um
questionamento sobre escolhas e possibilidades, servindo como base
preparatória para a criação da Política Ambiental da empresa. São
realizadas a definição conceitual da política ambiental; a abordagem da
importância do seu comprometimento por todos os atores envolvidos; a
reflexão das conseqüências esperadas e quais as que poderão advir a
partir dos resultados das ações proporcionadas pela mudança de valores e
atitudes em prol do meio ambiente – por uma visão ética planetária. Desta
forma, pode-se fomentar a formação e capacitação de agentes
multiplicadores/colaboradores que possam dar continuidade ao
4ª FASE
58 desenvolvimento dos princípios da EASS e da política ambiental da
empresa;
Fundamentação:
(IQC 5) EA permanente, promovendo a aprendizagem contínua e
interessada, orientando e incentivando a criação de agentes multiplicadores
dos princípios da EASS.
Importante que o processo de EA, neste caso sócio educativo, seja capaz
de ser um processo contínuo, já que requer constantemente ações que o
alimentem. Seu desenvolvimento tem como desafio oportunizar as inter-
relações entre homem/natureza, contribuindo para a construção de uma
nova ética baseada no respeito a todas as formas de vida, proporcionando
assim um novo caminho, este, deseja-se, sem volta. Contribuindo para a
transformação socioambiental, de responsabilidade individual e coletiva,
local e planetária, espera-se alcançar um patamar de envolvimento para a
criação de multiplicadores/colaboradores com a questão ambiental,
envolvidos para levar adiante o conceito da sustentabilidade.
(IQC 7) EA ética, promovendo um sentimento de afetividade e respeito pelo
outro, não somente indivíduos (colaboradores da empresa e outros atores),
mas todas as formas de vida no planeta.
Pelas palavras de CARVALHO44 (2004), eis o desafio que a EA enfrenta: o
de encontrar um caminho que seja possível a reunião das expectativas da
44 CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. - 3ª ed. - São Paulo: Cortez, 2008.
59 felicidade humana e da integridade dos bens ambientais. “Trata-se de
construir uma cultura ecológica que compreenda natureza e sociedade
como dimensões intrinsicamente relacionadas e que não podem mais ser
pensadas – seja nas decisões governamentais, seja nas ações da
sociedade civil – de forma separada, independente ou autônoma”
(CARVALHO, 2004, p.141). E a autora preconiza:
A EA deve ter um ideal de convívio solidário dos sujeitos como
parte dessa teia de relações naturais, sociais e culturais que
constroem os modos individuais e coletivos de olhar, perceber,
usar e pensar o ambiente. O grande desafio da EA é, pois, ir além
da aprendizagem comportamental, engajando-se na construção de
uma cultura cidadã e na formação de atitudes ecológicas. Isso
supõe a formação de um sentido de responsabilidade ética e
social, considerando a solidariedade e a justiça ambiental faces de
um mesmo ideal de sociedade justa e ambientalmente orientada. A
formação de atitude orientada para a cidadania ecológica vai gerar
novas predisposições para ações e escolhas por parte das
pessoas. Nesse caso, mais do que apenas comportamentos
isolados, estaremos em face de um processo de amadurecimento
de valores e visões de mundo mais permanentes. (CARVALHO,
2004, p.181)
Finalizar com a elaboração da política ambiental,
mediante a participação de todos os atores da empresa, incentivando para
que os outros envolvidos nas fases anteriores também participem.
Aplicar um novo estudo do meio, proporcionando uma comparação com os
dados do mesmo estudo realizado na 1ª fase, demonstrando a evolução da
percepção ambiental e um novo olhar ecológico adquirido por cada
FINALIZAÇÃO
60 participante. É deixada como sugestão final, a cada um dos participantes, a
promoção de suas próprias políticas ambientais, seja em sua casa, sua
escola, sua comunidade, desenvolvendo, assim, um novo olhar ecológico
para o meio ambiente.
61 3.2.2 - Quadro-Resumo das fases do PEA-pae:
FASE PEA-pae IQCs
1ª
F
A
S
E
• São chamados a participar direção, força
de trabalho, familiares, comunidades do
entorno, professores, associação de
moradores, integrantes de ONGs,
instituições públicas, fornecedores e
consumidores, bem como quaisquer outras
partes interessadas;
• Início do projeto através de um estudo do
meio (sendo o foco a ser trabalhado a
empresa em questão), por um processo
participativo - quando todos terão a
oportunidade para exposição de impressões
e idéias do que enxergam dentro e fora da
empresa, cujos dados deverão ser
registrados para posterior comparação;
• Explanação da problemática ambiental
atual e da importância de inserção da
variável ecológica na empresa e no
cotidiano dos participantes;
• Escolha de temas a serem discutidos na 3ª
fase, definidos como prioritários mediante o
grau de interesse dos participantes.
IQC 3
EA participativa
IQC 4
EA abrangente
IQC 8
EA interdisciplinar
62
2ª
F
A
S
E
• Aplicação do curso de meio ambiente, com
referencial teórico vinculado a uma
abordagem sistêmica e holística, através do
método da ecoalfabetização ecológica.
IQC 6
EA
contextualizadora
3ª
F
A
S
E
• Desenvolvimento dos temas escolhidos na
1ª fase, através de textos, vídeos e posterior
debate sobre os assuntos abordados,
promovendo a reflexão-ação para a tomada
de decisões;
• Definição do que seja a matriz de aspectos
e impactos da empresa, a qual será
desenvolvida na 4ª fase.
IQC 1
EA emancipatória
IQC 2
EA transformadora
4ª
F
A
S
E
• Elaboração da matriz de aspectos e
impactos ambientais causados pela
empresa ao meio ambiente e à sociedade,
promovendo, através de sua abordagem, a
sensibilização e preparação para a criação e
implantação da Política Ambiental da
empresa;
• Explicação do conceito e criação da
política ambiental empresarial e a
importância do seu comprometimento por
todos os atores envolvidos;
IQC 5
EA permanente
IQC 7
EA ética
63 • Escolha de agentes multiplicadores, que
darão continuidade ao desenvolvimento dos
princípios da EASS, seja na empresa ou
fora dela, bem como para que os processos
empresariais continuem comprometidos com
a política ambiental da empresa.
F
I
N
A
L
I
Z
A
Ç
Ã
O
• Criação da Política Ambiental da Empresa,
com a participação de todos os atores
envolvidos;
• Finalização com um breve estudo do meio,
realizando uma comparação com os dados
do mesmo estudo realizado na 1ª fase,
demonstrando a evolução da percepção
ambiental e um novo olhar ecológico
adquirido por cada participante;
• Sugestão para a promoção e elaboração
de políticas ambientais a serem criadas
pelos próprios participantes, implantadas em
suas casas, escolas, comunidades,...
64 3.3 – Discussão: alguns pontos a serem destacados para um
Projeto de Educação Ambiental
É de grande importância que a Educação Ambiental esteja atrelada ao
comprometimento da empresa e inserida à sua Política Ambiental, para que
assim não cesse sua valiosa contribuição, e que seus princípios e valores
continuem relacionados aos propósitos de uma educação ambiental
comprometida com uma sociedade sustentável, sendo um ponto de partida
para a introdução de outros programas que levem a uma melhoria contínua
para a empresa e para a sociedade;
Cabe ressaltar aqui sobre o cuidado em procurar elaborar uma política
transparente e de fácil entendimento, pois “frequentemente tem-se recorrido
à retórica de pouco conteúdo, sem apoio em ações concretas e eficazes.
São abundantes os exemplos de políticas ambientais formais e inúteis que,
tendo muitas vezes comprometido recursos [...] dormem nas gavetas dos
encarregados de sua implementação” (DONAIRE, 2008, p. 30);
Necessária se faz a efetiva divulgação da política ambiental da empresa,
interna e externamente, para que seus objetivos e metas sejam conhecidos
por todos;
É recomendada que seja feita constante avaliação da qualidade
conceitual e operacional do PEA no decorrer de sua implantação na
empresa, através dos IQCs. No entanto, deve-se manter o cuidado para
que não seja uma avaliação subjetiva e tendenciosa, estabelecendo
critérios para a mesma, complementando-se este raciocínio pelas palavras
de Ribeiro:
65 “Sugere-se um mínimo de padronização em termos do tipo de
instrumentos a serem utilizados (relatórios, formulários de
observação, fichas de comunicação, questionários entrevistas,
escalas de avaliação, manuais de operação...). Vale lembrar que
todos os instrumentos são úteis na medida em que obedeçam aos
critérios de objetividade, validade e fidedignidade inerentes a um
instrumento cientificamente elaborado. Assim, torna-se possível
garantir a articulação entre objetivos, meios e resultados”
(RIBEIRO, 2007, p.131).
Em relação à elaboração de um projeto, Ribeiro alerta para o “cuidado
especial que se deve ter com a linguagem utilizada e com a precisão
quanto ao que se pretende alcançar” (RIBEIRO, 2007, p. 121). É sugerido
que o PEA seja elaborado e implementado por profissionais da área
acadêmica e/ou agregando “princípios e tendências pedagógicas
inovadoras, que integrem educando e educador, em um processo contínuo
de participação mútua” (Adams e Genlen, em PEDRINI, 2008, p. 20);
Estabelece-se uma carga horária mínima de 30/40 horas, para
implementação de um PEA quando da criação da política ambiental da
empresa, sendo de utilidade a elaboração de um fluxo de trabalho (um
roteiro) que garanta o atendimento das metas e objetivos a que o projeto se
propõe, facilitando assim o seu monitoramento e possíveis alterações;
De grande valia serão os registros e anotações de todas as etapas do
projeto, detalhando as ações a serem implementadas e explicações para a
execução das tarefas, constituindo um prático guia a ser utilizado quando
da tomada de decisão. A comunicação dos resultados e fases do projeto
proporciona maior engajamento dos participantes e abre possibilidades
para possíveis mudanças. “É essencial que todos os envolvidos no
processo e no contexto desencadeador do projeto percebam-no como um
instrumento de trabalho, passível de ser reestruturado sempre que
66 necessário. Há de se entender que o projeto é um meio e não um fim”
(RIBEIRO, 2007, p.132).
Vale ressaltar atenção ao escolher os temas abordados na fase do curso
de meio ambiente para que também sejam questionadores da cultura e da
sociedade atual. Tal característica poderá proporcionar “excelente nível de
engajamento dos funcionários, motivando-os a incorporar a variável
ambiental” (Danciguer, Carvalho e Macarini, em PEDRINI, 2008, p. 172);
Importante a percepção, pelo educador, do envolvimento da força de
trabalho nas etapas do projeto, na medida em que não seja esta
participação apenas em cumprimento de uma obrigatoriedade imposta pela
empresa, mas sim uma oportunidade para que também se possa exercer a
criatividade em um processo participativo, considerando-se um aspecto
importante para o sucesso empresarial sua vinculação “ao uso criativo da
energia humana e ao envolvimento das pessoas na canalização e no
aproveitamento dessa energia” (RIBEIRO, 2007, p. 17), melhorando assim
a qualidade do trabalho em equipe;
Recomenda-se a sugestão de uma proposta, a ser oferecida à empresa,
de ação educativa a ser implementada em sua rotina empresarial,
proporcionando a participação efetiva com críticas, opiniões e manifestação
de experiências, formalizando um material enriquecedor para o próprio
funcionamento da empresa;
É bom frisar que o processo de conscientização ambiental, para que
tenha eficácia, deve ser focado na SENSIBILIZAÇÃO dos participantes para
o ambiente empresarial, para assim provocar uma ação integrada como um
todo.
67 Espera-se que, sendo realizada a implementação do Projeto de Educação
Ambiental para a implantação da política ambiental, que esta intervenção
da educação ambiental tenha contribuído para “plantar a semente” da
participação e do diálogo entre as pessoas, e que isso não se perca, não se
dilua; que seja contínuo, evolutivo, e ainda, voluntário.
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A incorporação da variável ambiental nas empresas é, hoje, uma
decorrência do mercado, que não tolera mais empresas poluentes,
agressoras do meio ambiente e desconformes a um modelo de
desenvolvimento sustentável. (Paulo Roberto P. de Souza). 45
A contribuição da Educação Ambiental na empresa, realizada com qualidade
conceitual e operacional, pode se tornar um valioso caminho para a criação da
política ambiental, sendo sua implantação um processo consistente e
participativo, capaz de atingir e envolver toda a hierarquia organizacional, seja
em empresas que optem por implementar um SGA, seja em empresas
motivadas a implantar sua política ambiental introduzindo a variável ecológica
em seus procedimentos, exercendo suas atividades com consciência e
responsabilidade socioambiental.
Que este caminhar seja capaz de levar ao repensar de uma nova ética em
direção à Sustentabilidade e que prepare a todos os envolvidos – estes, atores,
não mais expectadores - para suas vivências em uma sociedade sustentável.
Que seja revelada a busca do conhecimento do meio ambiente como um
projeto de vida, por uma percepção de que somos todos parte de um todo, e
que por isso, temos a responsabilidade pelo equilíbrio tanto do meio ambiente
quanto da sociedade em que vivemos, desafiando assim, o nosso pensar sobre
o paradigma que guia todas as nossas atitudes e pensamentos.
45 Ler SOUZA, Paulo R. P. em: O direito Ambiental e a construção da sociedade sustentável. Disponível em: < http://www.oab.org.br/comissoes/coda/files/artigos/%7B2FCF3577-28EA-45A8-96D0-EF6C446B8CEB%7D_construSociedadesustentavel.pdf >
69 Uma mudança paradigmática implica numa mudança de percepção e
de valores, e isto deve orientar de forma decisiva para formar as
gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro, mas
para gerar um pensamento complexo e aberto às indeterminações, às
mudanças, à diversidade, à possiblidade de construir e reconstruir num
processo contínuo de novas leituras e interpretações, configurando
novas possibilidades de ação (JACOBI, 2006) 46.
Que seja a empresa, neste caso, a incentivadora para adoção de uma postura
pró-ativa em relação às questões socioambientais, em busca de uma
sociedade mais ética, onde haja equidade e justiça social.
Neste sentido, este trabalho buscou contribuir para o desenvolvimento de
um Projeto de Educação Ambiental, a ser implantado na empresa, para que
se desenvolva um olhar ecológico, ético e generoso para as questões
ambientais e, para que tenha a empresa, daí para frente, um novo
caminhar, lado a lado com um comprometimento socioambiental e com uma
melhoria contínua, tanto para seus próprios processos, produtos e serviços,
como também contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de seus
funcionários, de seu ambiente de negócios e da sociedade.
Que este Projeto de Educação Ambiental (PEA) seja mais um caminho a
ser seguido, e ainda, uma sugestão para aqueles que desejem aprimorá-lo.
46 Ler JACOBI, Pedro em: Educação Ambiental e o desfio da Sustentabilidade sócioambiental. Disponível em: <http://www.teia.fe.usp.br/Biblio02/EA%20Desafio%20da%20Sustentabilidade.pdf>
70
“Atender ao presente e gerar
respostas setoriais e estanques passou
a não ser suficiente;
olhar o futuro, horizontalizar a análise
e planejar corporativamente passou a
ser o caminho natural”.
Denis Donaire
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVAS – Bloco Temático 1. Sociedade, natureza e desenvolvimento. O
ambientalismo como resposta à crise II; O desenvolvimento sustentável como
solução. (p. 15 a 22)
AVAS – Bloco Temático 1. Sociedade, natureza e desenvolvimento. A
importância da Educação Ambiental para o desenvolvimento sustentável. (p. 55
a 57)
AVAS - Bloco Temático 1. Texto complementar – SACHES, Ignacy. Pensando
sobre o Desenvolvimento na Era do Meio Ambiente.
AVAS - Bloco Temático 2. Texto complementar – BOFF, Leonardo. Ecologia:
Um Novo Paradigma.
AVAS - Bloco Temático 2. Texto complementar – LOUREIRO, Carlos Frederico
B. Loureiro. O Ambientalismo.
AVAS – Bloco Temático 4. Educar para a sustentabilidade. A
institucionalização da Educação Ambiental no Brasil (p. 228 a 231).
ANASTÁCIO FILHO, Sérgio. Sistema de Gestão Ambiental. Apontamentos
do profº. da disciplina Gestão Ambiental do curso de pós graduação em
GESTÃO AMBIENTAL da Universidade Cândido Mendes – R.J.
72 CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos
sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 2006.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Educação Ambiental: a formação do
sujeito ecológico. - 3ª ed. - São Paulo: Cortez, 2008.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. – 9. ed.
– São Paulo: Gaia, 2004.
DONAIRE, Denis. Gestão Ambiental na Empresa. 2ª ed. – 10. reimpr. – São
Paulo: Atlas, 2008.
Encontros e Caminhos: formação de educadoras (es) ambientais e
coletivos educadores / Luiz Antonio Ferraro Junior, organizador. – Brasília:
MMA, Diretoria de Educação Ambiental, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005.
LOUREIRO, Carlos Frederico B. (org.). A questão ambiental no pensamento
crítico. Rio de Janeiro: Quartet, 2007.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro. 12.
ed. – São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2007.
PEDRINI, Alexandre de Gusmão. Educação ambiental empresarial no
Brasil. – São Carlos: Rima Editora, 2008.
73 RIBEIRO, Améllia Escotto do Amaral. Pedagogia Empresarial: atuação do
pedagogo na empresa. - 4ª ed. – Rio de Janeiro, 2007.
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<www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./educacao/index.php3&co
nteudo=./educacao/educacao.html > Acesso em: 24/07/2008.
ANDREOLI, Cleverson V. Gestão Ambiental. Disponível em:
< http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/empresarial/6.pdf > Acesso em:
10/05/2008.
BERNA, Vilmar. Como administrar com consciência ecológica. Cursos
Online Universidade Federal Fluminense. Disponível em:
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74 CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO
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CONSELHO EMPRESARIAL BRASILEIRO PARA O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL – CEBDS. Produção Mais Limpa. Disponível em:
<http://www.cebds.org.br/cebds/eco-pmaisl-conceito.asp> Acesso em:
05/01/2009
COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE – CPRH. Fazendo
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< http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/livreto-cprh.pdf > Acesso em:
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LAYRARGUES, Philippe Pomier. O desafio empresarial para a
Sustentabilidade e as oportunidades da Educação Ambiental. Disponível
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75
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TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL – TEASS. Disponível em:
<http://www.ufpa.br/npadc/gpeea/DocsEA/TratadoEA.pdf> Acesso
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< http://pt.wikipédia.org/wiki/Sustentabilidade > Acesso em: 22/09/2008.
YAHOO. Ecoeficiência. Disponível em:
<http://www.geocities.com/Heartland/Valley/5990/ecoeficiencia.html> Acesso em: 10/01/2009
76 ANEXO 1 – AS CINCO ETAPAS DO SISTEMA DE GESTÃO
AMBIENTAL (SGA)
O conceito de Gestão Ambiental está ligado à administração do exercício de
atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os
recursos naturais, renováveis ou não. Seu princípio é o da PREVENÇÃO:
cuidar para não ter maior custo, maior impacto e maior conseqüência. As
Normas Internacionais de gestão ambiental (ISO 14000) tem por objetivo
prover às organizações os elementos de um sistema de gestão, de forma a
auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos.
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) consiste em cinco elementos básicos:
PLANEJAMENTO• Aspectos Ambientais
• Legislação e outros requisitos
• Objetivos e Metas
• Programa de Gestão Ambiental
IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO• Estrutura e Responsabilidade
• Treinamento, Conscientização eCompetência
• Procedimentos de Comunicação
• Documentação Ambiental
• Controle da Documentação
• Controle Operacional
• Planos de Controle deEmergência
VERIFICAÇÃO E AÇÕES CORRETIVAS• Acompanhamento e Medição• Não conformidades e Ações Preventivas/Corretivas• Registros
• Auditorias de Sistemas de
• Gestão Ambiental
REVISÃO GERENCIALPELA ALTA
ADMINISTRAÇÃO
POLÍTICA AMBIENTALSGA
77 1. POLÍTICA AMBIENTAL
→ É a declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em
relação ao seu desempenho ambiental global, assegurando que ela seja
apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de sua atividade,
produtos ou serviços, incluindo:
- o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da
poluição;
- o comprometimento com o atendimento à legislação e normas ambientais
aplicáveis, e demais requisitos subscritos pela organização;
- o fornecimento de estrutura para o estabelecimento e revisão dos
objetivos e metas ambientais;
- que a política seja documentada, implementada, mantida e comunicada a
todos os empregados;
- e por fim, que esteja disponível para o público.
2. PLANEJAMENTO
→ Aspectos Ambientais: a organização deve estabelecer e manter
procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades,
produtos ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais
presume-se que ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham
ou possam ter impacto significativo sobre o meio ambiente.
→ Legislação e outros requisitos: a organização deve estabelecer,
implementar e manter procedimentos para identificar e ter acesso à legislação
e outros requisitos por ela subscritos, relacionados aos aspectos ambientais de
suas atividades, produtos ou serviços.
→ Objetivos e metas: a organização deve estabelecer, implementar e
manter objetivos e metas ambientais documentados, nas funções e níveis
relevantes na organização, bem como considerar os requisitos legais, seus
aspectos ambientais significativos, suas opções tecnológicas, requisitos
financeiros, operacionais e comerciais, e considerar a visão das partes
78 interessadas. Os objetivos e metas devem ser mensuráveis, quando exeqüível,
e coerentes com a política ambiental.
→ Programa de Gestão Ambiental: a organização deve estabelecer,
implementar e manter programa(s) para atingir seus objetivos e metas,
incluindo a atribuição de responsabilidade para atingir os objetivos e metas de
cada função e nível pertinente da organização e definir os meios e prazos no
quais estes devem ser atingidos.
3. IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO
→ Estrutura e Responsabilidade: a organização deve assegurar a
disponibilidade de recursos essenciais para estabelecer, implementar, manter e
melhorar o sistema de gestão ambiental; definir as funções, responsabilidades
e autoridades, sendo estas documentadas e comunicadas a fim de facilitar uma
gestão eficaz; indicar representante específico da administração, que,
independentemente de outras responsabilidades, deverá assegurar que um
sistema de gestão ambiental seja estabelecido, implementado e mantido
conforme a norma NBR ISO 14001, bem como relatar à alta administração o
desempenho do sistema de gestão ambiental para análise, incluindo sugestões
para melhoria.
→ Treinamento, conscientização e competência: a organização deve
identificar as necessidades de treinamento apropriado para o pessoal cujas
tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente; deve
estabelecer e manter procedimentos que façam com que seus empregados ou
membros, em cada nível e função pertinentes, estejam conscientes da
importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os
requisitos do SGA, dos reais ou potenciais impactos ambientais significativos
associados com seu trabalho e dos benefícios ambientais provenientes da
melhoria do desempenho pessoal, de suas funções e responsabilidades em
atingir a conformidade com os requisitos do SGA e ainda, que estejam
79 conscientes das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos
operacionais especificados.
→ Comunicação: com relação aos seus aspectos ambientais e sistema de
gestão ambiental, a organização deve estabelecer, implementar e manter
procedimentos para que haja comunicação interna entre vários níveis e
funções da organização, e para o recebimento, documentação e resposta à
comunicação pertinente, oriunda das partes interessadas, inclusive externas.
→ Documentação do sistema de gestão ambiental: a organização deve
estabelecer e manter informações, em papel ou meio eletrônico, para
descrever os principais elementos do sistema de gestão e interação entre eles,
e fornecer orientação sobre a documentação relacionada.
→ Controle de documentos: a organização deve estabelecer e manter
procedimentos para o controle de todos os documentos exigidos pela norma
NBR ISO 14001, assegurando que:
- possam ser localizados;
- aprovados quanto à sua adequação;
- analisados, atualizados e re-aprovados conforme necessário;
- que suas versões relevantes de documentos estejam disponíveis em seu
ponto de uso;
- que documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis;
- que os documentos de origem externa requeridos pela organização sejam
identificados sendo sua distribuição controlada, assegurando que documentos
obsoletos sejam adequadamente identificados, removidos de todos os pontos
de missão e uso, prevenindo contra o uso não-intencional.
→ Controle operacional: a organização deve identificar aquelas
operações e atividades associadas aos aspectos ambientais significativos
identificados de acordo com sua política, objetivos e metas, para que as
mesmas sejam realizadas sob condições especificadas por meio de:
- estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos
documentados para controlar situações onde sua ausência possa acarretar
desvios em relação à sua política e aos objetivos e metas ambientais;
- determinação de critérios operacionais nos procedimentos;
80 - e estabelecimento e manutenção de procedimentos relativos aos aspectos
ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela
organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a
fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço.
→ Preparação e atendimento a emergências: a organização deve
estabelecer, implementar e manter procedimentos para identificar potenciais
situações de emergência e potenciais acidentes que possam ter impacto sobre
o meio ambiente, bem como para prevenir e mitigar os impactos ambientais
que possam estar associados a eles; analisar e revisar, onde necessário, seus
procedimentos de preparação e atendimento às emergências, em particular,
após a ocorrência de acidentes ou situações emergenciais; e testar,
periodicamente, tais procedimentos, quando exeqüível.
4. VERIFICAÇÃO E AÇÕES CORRETIVAS
→ Monitoramento e medição: a organização deve estabelecer,
implementar e manter procedimentos documentados para monitorar e medir,
regularmente, as características principais de suas operações e atividades que
possam ter impacto significativo. Os procedimentos devem incluir a
documentação de informações para monitorar o desempenho, os controles
operacionais pertinentes e a conformidade com os objetivos e metas
ambientais da organização; deve assegurar que os equipamentos de
monitoramento e medição estejam calibrados e mantidos, devendo-se reter os
registros associados.
→ Não-conformidade e ações corretivas e preventivas: a organização
deve estabelecer, implementar e manter procedimentos para definir
responsabilidade e autoridade para tratar e investigar as não-conformidades,
adotando medidas para mitigar quaisquer impactos e para iniciar e concluir
ações corretivas e preventivas; qualquer ação corretiva ou preventiva adotada
para eliminar as causas das não-conformidades, reais ou potenciais, deve ser
adequada à magnitude dos problemas e proporcionais ao impacto ambiental
81 verificado. A organização deve assegurar que sejam feitas as mudanças
necessárias na documentação do sistema de gestão ambiental.
→ Auditoria do sistema de gestão ambiental: a organização deve
estabelecer e manter programas e procedimentos para auditorias periódicas do
sistema de gestão ambiental a serem realizadas de forma a determinar se o
sistema de gestão ambiental está em conformidade com os arranjos planejados
para a gestão ambiental, incluindo-se os requisitos da norma NBR ISO 14001,
se foi adequadamente implementado e é mantido e, se fornece informações à
administração sobre os resultados das auditorias.
5. REVISÃO GERENCIAL PELA ALTA ADMINISTRAÇÃO
→ Análise crítica pela administração: a alta administração da
organização, em intervalos por ela predeterminados, deve analisar criticamente
o sistema de gestão ambiental, para assegurar sua conveniência, adequação e
eficácia contínuas. O processo de análise crítica deve assegurar que as
informações necessárias sejam coletadas, de modo a permitir à administração
proceder a esta avaliação. Essa análise crítica deve ser documentada.
A análise crítica pela administração deve abordar a eventual necessidade de
alteração da política, objetivos e outros elementos do sistema de gestão
ambiental à luz dos resultados de auditorias do sistema de gestão ambiental,
da mudança das circunstâncias e do comprometimento com a melhoria
contínua.
Esclarecendo-se o funcionamento de um SGA, conforme abordado
anteriormente, pode-se agora compreender os seus princípios básicos,
conforme disposto no site da Companhia Pernambucana de Recursos Hídricos
(CPRH) 47, a saber:
47 COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE – CPRH. Fazendo Educação e vivendo a Gestão Ambiental. Disponível em: < http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/livreto-cprh.pdf >
82 1 – Desenvolver e publicar uma política ambiental
2 – Preparar um programa de ação
3 – Organizar a empresa e seu pessoal incluindo a representação do conselho
4 – Alocar os recursos adequados
5 – Investir em ciência e tecnologia ambiental
6 – Educar e treinar
7 – Monitorar, fazer auditoria e relatar
8 – Monitorar a evolução da agenda ambiental
9 – Contribuir para programas ambientais e parcerias com as partes
interessadas
Obs.: O conteúdo abordado acima, descrevendo o funcionamento de um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) foi elaborado a partir dos apontamentos
do prof. Sérgio Anastácio Filho, da disciplina Gestão Ambiental do curso de pos
graduação em GESTÃO AMBIENTAL da Universidade Cândido Mendes – R.J.
83