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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PREVENÇÃO PRIMÁRIA AO USO/ABUSO DE DROGAS Por: Antonio Carlos Costa Effren Orientadora Profª Maria Poppe Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PREVENÇÃO PRIMÁRIA AO USO/ABUSO DE DROGAS

Por: Antonio Carlos Costa Effren

Orientadora

Profª Maria Poppe

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PREVENÇÃO PRIMÁRIA AO USO/ABUSO DE DROGAS

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Terapia de Família.

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que, no Colégio Militar do Rio de

Janeiro ou na Diretoria de Assuntos Culturais do

Exército, de alguma forma contribuíram para a

confecção desse trabalho acadêmico.

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DEDICATÓRIA

A Todos aqueles que tenham algum interesse

na prevenção primária ao uso/abuso de drogas.

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RESUMO

Esta monografia é conseqüência de um trabalho de pesquisa e de

algumas ações que começaram na Escola de Material Bélico do Exército,

durante a realização de um curso de Capacitação em Prevenção Primária ao

Uso / Abuso de Drogas; passaram pela Seção de Orientação Educacional do

Colégio Militar do Rio de Janeiro; e, finalmente, pela Diretoria de Assuntos

Culturais, também do Exército.

Ela pretende discutir, refletir, esclarecer e, acima de tudo, apresentar

possíveis respostas para as principais dúvidas sobre o tema, apresentadas

pelos militares, professores, pais e responsáveis e pelos alunos, no que diz

respeito a: drogas e seus efeitos, principais causas de adicção,

dependência, implicações legais, papel da família, papel da escola,

tratamento e onde encontrar ajuda.

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METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho, após a definição do tema, passamos

a reunir todo o material disponível, e demos início à pesquisa bibliográfica,

com o objetivo de destacar aspectos relevantes das diversas leituras e

também aprofundar os conhecimentos adquiridos anteriormente.

Posteriormente, já com a devida fundamentação teórica, demos início

à fase escrita, onde procuramos ir ao encontro das dúvidas citadas no

resumo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – As Drogas e Seus Efeitos 9

CAPÍTULO II – As Principais Causas de Adicção 22

CAPÍTULO III – Dependência 29

CAPÍTULO IV – Implicações Legais 32

CAPÍTULO V – A Família e as Drogas 36

CAPÍTULO VI – A Escola e as Drogas 43

CAPÍTULO VII – Tratamento 47

CAPÍTULO VIII – Onde Encontrar Ajuda 50

CONCLUSÃO 55

BIBLIOGRAFIA 57

TERMINOLOGIA 59

ÍNDICE 63

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INTRODUÇÃO

O uso de drogas tornou-se um grave problema de saúde pública em

praticamente todo o mundo. Suas conseqüências e prejuízos não se

restringem ao usuário, espalhando-se por todas as áreas de funcionamento

do indivíduo: sua família, seus vizinhos, seu emprego e sua comunidade. Ao

mesmo tempo surgem três questões importantes: como lidar com alguém

conhecido com problema decorrente do uso de drogas, e, principalmente, o

que se fazer para prevenir o uso nas escolas ou em nossas próprias

famílias.

Após um trabalho de quase oito anos como psicólogo escolar do

Colégio Militar do Rio de Janeiro, foi possível constatar que o tema das

drogas ainda é um “tabu” para os pais e seus alunos. Em pesquisa realizada

com eles, foi observado que a principal fonte de insegurança e de

preocupação era o desconhecimento, a falta de informação.

A partir daí, foi possível desenvolver algumas atividades de pesquisa,

palestras, encontros, debates, concursos de cartazes e outras, no sentido de

procurar esclarecer sobre as drogas, acreditando, na medida do possível,

estar fazendo um trabalho de prevenção primária ao uso/abuso das

mesmas.

Com o objetivo de ir ao encontro das perguntas apresentadas, nos

capítulos que se seguem iremos abordar sobre as drogas e seus efeitos, as

principais causas de adicção, a dependência, as implicações legais, o papel

da família, o papel da escola, o tratamento, onde encontrar ajuda e,

finalmente, concluiremos reforçando a necessidade de implementar ações

que estejam ao alcance da escola e da família.

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CAPÍTULO I

As Drogas e seus Efeitos

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OS EFEITOS

Os efeitos de uma droga não são os mesmos para qualquer pessoa,

eles dependem fundamentalmente de três fatores:

X do tipo de droga

X do usuário; e

X do meio ambiente

As características químicas, a forma como uma substância é utilizada,

a quantidade consumida, bem como o grau de pureza da droga tem

influência direta no efeito produzido por ela.

Por outro lado, há de se considerar que as características biológicas

(físicas) e psicológicas de cada usuário são responsáveis por reações

diversificadas no indivíduo sob a ação da droga. É também importante

considerarmos o estado emocional do usuário e suas expectativas

relacionadas à droga no momento do uso.

Além disso, o meio ambiente também pode interferir nos efeitos

produzidos pela droga. Assim sendo, é mais provável que um indivíduo

apresente reações desagradáveis consumindo maconha em lugar público

agitado, do que consumindo a mesma droga na tranqüilidade de sua

residência.

Ainda, segundo Eduardo Kalina:

“O aparecimento em uma pessoa determinada da

dependência em relação a uma droga em particular

dependerá da ação conjugada de três fatores: 1) as

características pessoais e os antecedentes; 2) a

natureza de seu meio sociocultural geral e do mais

imediato; e 3) as características farmacodinâmicas da

droga em questão, levando-se em conta a quantidade

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utilizada, a freqüência do uso e a via de administração

(ingestão, inalação ou injeção)”. (KALINA, 2002, p.70)

CLASSIFICAÇÃO

No que diz respeito à ação das drogas no sistema nervoso central,

elas podem ser classificadas em:

Depressoras - São aquelas que fazem o cérebro funcionar de forma mais

lenta, diminuindo a atenção, a concentração, a tensão emocional e a

capacidade intelectual. Exemplos:

X álcool

X solventes ou inalantes

X ansiolíticos (tranqüilizantes)

X narcóticos (morfina, heroína)

Estimulantes – Fazem o cérebro funcionar de forma mais acelerada.

Exemplos:

X cocaína

X anfetamina

X cafeína

X tabaco

X crack

Perturbadoras – São aquelas que acarretam distúrbios no funcionamento

do cérebro, produzindo distorções da percepção, podendo causar delírios e

alucinações. Exemplos:

X LSD

X ecstasy

X maconha

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1.1 – Substâncias Depressoras do Sistema Nervoso Central.

1.1.1 – Álcool Etílico

O produto é consumido sob a forma de bebida, obtida a partir da cana-

de-açúcar, cereais ou frutas, através de um processo de fermentação ou

destilação.

É classificado como uma droga lícita, uma vez que seu consumo é

socialmente tolerado e legalmente permitido para maiores de idade, sendo

popularmente conhecido como álcool, “birita”, “me”, “mel”, “pinga”, “cerva”.

Seus possíveis efeitos são: desinibição, euforia, perda da capacidade

crítica, sensação de anestesia, sonolência e sedação. O uso excessivo pode

provocar náuseas, vômitos, tremores, suor abundante, dor de cabeça,

tontura, liberação de agressividade, diminuição da capacidade de

concentração, bem como dos reflexos, o que aumenta o risco de acidentes.

O uso prolongado pode ocasionar doenças do estômago (gastrite), do fígado

(cirrose), do pâncreas e do coração, além de distúrbios neurológicos e

alteração das células do sangue.

Existem alguns mitos em torno do álcool, tais como “o nosso

organismo precisa de um pouco de álcool”, “o álcool aquece no inverno”, “o

álcool é considerado nutritivo”, e outros. É possível que afirmações como

estas possam ser atribuídas ao interesse econômico das milhares de

empresas produtoras, uma vez que o nosso próprio organismo se encarrega

de produzir e manter uma pequena dose de álcool no sangue –0,03g por

litro; a sensação de calor atribuída ao álcool é devida aos efeitos

vasodilatadores cutâneos, paralelamente, ocorre o aumento da transpiração

e também a redução da temperatura interna, dissipando-se o calor com

maior facilidade; e, o álcool não possui nenhum tipo de nutriente (vitaminas,

proteínas, etc).

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1.1.2 – Solventes ou Inalantes

São produtos químicos industrializados ou elaborados por meio de

fórmula caseira e que podem ser introduzidos no organismo através da

respiração pelo nariz ou pela boca, em função da fácil evaporação.

São classificados como drogas lícitas, pois são facilmente adquiridos

no comércio e são conhecidos como cola de sapateiro, esmalte, benzina,

lança-perfume, “loló” (mistura de éter ou clorofórmio com essência

aromática), gasolina, acetona, éter, tiner, aguarrás e tintas.

As drogas voláteis são colocadas em lenços (molhando-os) ou em

sacos plásticos e levadas à boca e/ou nariz, aspirando-se os vapores

despendidos, fazendo com que eles cheguem ao cérebro de forma mais

rápida.

Seus possíveis efeitos são: euforia, sonolência, coriza, náuseas,

vômitos, dores musculares, visão dupla, fala enrolada, movimentos

desordenados e confusão mental. Em altas doses, pode haver queda da

pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos cardíacos,

podendo levar à morte. O uso continuado pode causar problemas nos rins e

destruição dos neurônios (sistema nervoso), podendo levar à atrofia

cerebral, bem como a tentativas de suicídio.

1.1.3 – Ansiolíticos, Tranqüilizantes, Sedativos e Soníferos

São substâncias químicas sintéticas que atuam no sistema nervoso

central para diminuir a ansiedade (ansiolíticos), induzir ao sono ou à

anestesia. São consideradas drogas lícitas, se adquiridas conforme receita

médica.

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Fazem parte deste grupo os barbitúricos, utilizados no tratamento da

insônia, e os benzodiazepínicos, utilizados na medicina como calmantes,

tranqüilizantes ou ansiolíticos.

Os principais nomes comerciais são: Valium, Lexotan, Diazepan,

Dienpax, Librium, Lorax, Rohypnol, Dalmadorn, Kiatrium, Somalium e outros.

Os possíveis efeitos são alívio da tensão e da ansiedade, relaxamento

muscular, sonolência, fala pastosa, descoordenação dos movimentos e falta

de ar. Em altas doses podem causar queda da pressão arterial e, quando

usadas com o álcool, aumentam os seus efeitos, podendo levar ao estado

de coma. Em grávidas podem causar má formação fetal.

1.1.4 – Narcóticos

É o grupo formado pelo ópio (suco retirado da planta chamada

papoula – papaver somniferum) e seus derivados: heroína, morfina e

codeína.

São utilizados como analgésicos, inibidores do reflexo da tosse

(xaropes) ou no tratamento da diarréia. Algumas dessas substâncias são

consideradas lícitas e outras são consideradas ilícitas.

São consumidos por via oral ou injetáveis e os nomes comerciais mais

conhecidos são: Elixir Paregórico, Belacolid, Gotas Binelli, Tylex,

Meperidina, Algafan, Demerol, Delantina, Eritós, Tursiflex e outros.

Seus possíveis efeitos são sonolência, estado de torpor, alívio da dor,

sedação da tosse, sensação de leveza e prazer, contração das pupilas,

queda da pressão arterial, diminuição da respiração e dos batimentos

cardíacos. A abstinência (suspensão) pode provocar bocejos,

lacrimejamento, coriza, suor abundante, dores musculares e abdominais,

febre, pupilas dilatadas e pressão arterial alta.

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1.2 – Substâncias Estimuladoras do Sistema Nervoso Central.

São drogas capazes de aumentar a atividade de um grupo de células

nervosas, o que traz como conseqüência um estado de alerta exagerado,

insônia e aceleração dos processos psíquicos. Fazem parte deste grupo as

anfetaminas, a cocaína, a nicotina (tabaco) e a cafeína.

1.2.1 – As Anfetaminas

São substâncias sintéticas obtidas em laboratório e que eram

utilizadas no tratamento de esquizofrenia, paralisia cerebral infantil e

bloqueamento coronário.

Também conhecidas como metanfetamina, bolinhas, rebite, ice e bola,

podem ser consumidas de forma injetável ou por via oral, e têm sido usadas

como moderadoras de apetite ou remédios de regime e como estimulantes.

Modrex, Hipofagin, Inibex, Desobesi, Reactivan, Pervertin e Preludin

são nomes comerciais de alguns remédios produzidos com base nas

anfetaminas.

Seus possíveis efeitos são a estimulação da atividade física e mental,

causando inibição do sono e diminuição do cansaço e da fome. Podem

causar taquicardia (aumento dos batimentos do coração), aumento da

pressão sangüínea, insônia, ansiedade e agressividade. Em doses altas

podem aparecer distúrbios psicológicos graves como paranóia (sensação de

ser perseguido) e alucinações. Alguns casos podem evoluir para

complicações cardíacas e circulatórias (derrame cerebral e infarto do

miocárdio), convulsões e coma, sendo que o uso prolongado pode levar à

destruição de tecido cerebral.

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1.2.2 – Cocaína

É uma substância extraída das folhas de coca, cujo nome científico é

Erythroxylon coca, planta que é cultivada na América do Sul. Ela pode ser

apresentada em forma de um sal (pó), o cloridrato de cocaína; sob a forma

de uma base, o “crack” (mistura de cocaína com bicarbonato de sódio); ou

ainda como pasta de coca, um produto menos purificado, conhecido como

merla. Quando apresentada em forma de sal, pode ser consumida por via

nasal ou injetável, podendo ser fumada, quando em forma de base ou de

pasta.

Os seus possíveis efeitos são uma sensação de poder, excitação e

euforia; estimulação da atividade física e mental, causando inibição do sono

e diminuição do cansaço e da fome; seus usuários vêem o mundo mais

brilhante, com mais intensidade. Pode causar taquicardia, febre, pupilas

dilatadas, suor excessivo, aumento da pressão sangüínea, insônia,

ansiedade, paranóia, sensação de medo ou pânico, irritabilidade e liberação

da agressividade. Em alguns casos podem aparecer complicações

cardíacas, circulatórias e cerebrais (derrame cerebral e infarto do miocárdio),

sendo que o seu uso prolongado pode levar à destruição de tecido cerebral.

1.2.3 – Tabaco (Nicotina)

É extraído da folha do fumo e consumido sob a forma de cigarro,

charuto e rapé (tabaco em pó para cheirar).

A nicotina é uma das substâncias presentes no tabaco, provoca a

dependência, mas não é a única responsável por todos os problemas de

saúde atribuídos ao fumo.

O tabaco costuma funcionar como estimulante transmitindo sensação

de prazer; reduz o apetite, podendo levar a estados crônicos de anemia,

sendo que o seu uso prolongado causa problemas cardiocirculatórios

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(infartos, morte súbita e acidente vascular cerebral ou derrames) ou

pulmonares (enfisema, asma e bronquite crônica).

O hábito de fumar está freqüentemente associado a câncer no

pulmão, na boca, na laringe, no esôfago, no estômago, no pâncreas, no rim,

na bexiga e no útero. Pode ainda provocar a redução da fertilidade, danos

ao desenvolvimento fetal, aumento de risco para a gravidez e ocorrência de

aborto espontâneo.

1.2.4 - Cafeína

É um estimulante do sistema nervoso central encontrado no café, no

mate, em refrigerantes, no cacau, no chocolate e em alguns medicamentos

como é o caso dos analgésicos, preparações antigripais, estimulantes e

supressores de apetite.

A síndrome clínica associada ao abuso agudo crônico de cafeína é

chamada de cafeísmo, caracterizado por ansiedade, alterações

psicomotoras, distúrbios do sono e mudanças de humor.

Doses acima de 250 mg/dia são consideradas, farmacologicamente

grandes; sendo que cada copo de refrigerante tem, em média, 25 a 55 mg

de cafeína.

1.3 – Substâncias Perturbadoras do Sistema Nervoso

Central.

São substâncias capazes de provocar alterações no funcionamento do

cérebro, produzindo distorções da percepção (alucinações) ou do

pensamento (delírios).

A alucinação ocorre quando o indivíduo tem uma percepção clara e

definida sem objeto, ou seja, ele vê, ouve ou sente algo que realmente não

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existe; enquanto que o delírio ocorre quando o indivíduo tem um falso juízo

da realidade – passa a atribuir significados anormais aos eventos que

ocorrem à sua volta. É o caso do chamado delírio persecutório, que se

manifesta por indícios claros, embora irreais, de perseguição.

Estão incluídas neste grupo a maconha, o LSD e o Ecstasy.

1.3.1 – Maconha

É preparada pela secagem das folhas, flores, sementes e partes

superiores da planta cannabis sativa, as quais são trituradas e

transformadas em cigarro, para serem fumadas, ou também podendo ser

ingeridas.

Quando suas folhas são comprimidas se extrai um outro tipo de droga

conhecida como Haxixe.

Vários são os nomes através dos quais a maconha é conhecida, tais

como: aliamba, bagulho, baseado, bengue, birra, danada, diamba, dirígio ou

dirijo, erva, fuminho, jamba, jererê, manga-rosa, marijuana, massa, mato,

pango, riamba, tabana-gira e outros.

O efeito da maconha depende da sensibilidade de cada pessoa e

também da quantidade de THC (tetrahidrocanabinol – substância

responsável pelas propriedades psicoativas) presente na droga.

Os possíveis sintomas são: excitação seguida de relaxamento,

euforia, problemas com o tempo e o espaço, falar em demasia, fome

intensa, palidez, taquicardia, olhos avermelhados, pupilas dilatadas e boca

seca. Também pode causar prejuízos da atenção e da memória para fatos

recentes, além disso, algumas pessoas podem apresentar alucinações,

sobretudo visuais. É comum a diminuição dos reflexos, aumentando o risco

de acidentes.

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Em altas doses, pode haver ansiedade intensa, pânico e quadros

psicológicos graves (paranóia). O uso contínuo prolongado pode levar a uma

síndrome amotivacional (desânimo generalizado).

Alguns autores também citam como possíveis efeitos a deformação e

a diminuição da produção (oligospermia) dos espermatozóides podendo cair

em até 40%; além disso, pode haver uma diminuição na produção do

hormônio sexual masculino (testosterona) em até 60% e podem provocar

alterações no ciclo menstrual.

Assim como no caso do álcool, existem vários mitos favoráveis à

utilização da maconha, tais como “a maconha é planta, sendo, portanto, um

produto natural pouco tóxico”; “não é droga tóxica, pois muita gente fuma e

não acontece nada”; “não provoca dependência”; “melhora a percepção e os

reflexos”; “aumenta a atividade sexual”; “é menos tóxica que o cigarro”; “o

álcool é mais danoso ao organismo do que a maconha e, no entanto, é

vendido livremente”; “a maioria dos usuários de maconha se mantém bem

nos estudos e no trabalho, pois a droga não os prejudica”. Todos esses e

outros mitos foram abordados e contra-argumentados pelo Dr. José Elias

Murad, na obra “Maconha” no Brasil: Ontem e Hoje. É bem provável que as

afirmativas acima possam ser atribuídas aos interessados em difundir a idéia

de liberação da Maconha, uma vez que elas não são verdadeiras.

1.3.2 – LSD, Psilocibina e Mescalina

O LSD (Lisergic Sour Diethylamid) é a Dietilamida de Ácido Lisérgico,

descoberta pelo químico suíço Albert Hoffman, do Laboratório Sandoz, em

1943, durante pesquisa com um fungo (ERGOT), que cresce nas plantas do

centeio e de outros cereais, a qual era utilizada para induzir e estudar a

psicose em animais. É conhecido como ácido lisérgico, “ácido”, “selo” ou

“microponto”.

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A Psilocibina é uma substância extraída de um cogumelo (Psylocibe

Mexicana), originário da América Central, o qual contém uma substância

ativa que provoca alucinações como o LSD, podendo ser consumida sob a

forma de chá ou de pó.

A Mescalina é uma substância encontrada no cacto Peyotl ou Mescal,

utilizado em rituais tribais dos índios que habitavam uma região do México

Central.

Estas drogas têm atuação semelhante à da maconha, porém com

mais intensidade. Os seus possíveis efeitos são alucinações, delírios,

percepção deformada de sons, imagens e do tato, podendo ocorrer as “más

viagens”, com ansiedade, pânico ou delírios.

Uma particularidade do LSD é o “flashback”, isto é, o retorno de

experiências vividas. Isso se dá quando, semanas ou meses depois do

consumo do LSD, o usuário volta a apresentar, repentinamente,

manifestações psíquicas da experiência anterior, sem ter consumido a droga

novamente.

1.3.3 – Ecstasy

É uma substância que se apresenta em forma de comprimido,

produzindo a partir da metileno-dióxi-metanfetamina (MDMA), um poderoso

psicoestimulante anfetamínico criado na Alemanha em 1914, no laboratório

alemão Merck, durante pesquisas para o desenvolvimento de

antidepressivos,a qual passou a ser utilizada por jovens freqüentadores de

clubes de dança (clubbers) da Europa e dos Estados Unidos. É usado como

combustível das “raves”, festas de longa duração, para que dê tempo de

seus efeitos passarem, sendo conhecido também como “êxtase” e “pílula do

amor”.

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Seus possíveis efeitos são: sensação de bem estar, plenitude e

leveza; aguçamento dos sentidos; aumento da disposição e resistência física

podendo levar à exaustão; alucinações, percepção distorcida de sons e

imagens; aumento da temperatura e desidratação podendo levar à morte.

Com o uso repetido, tendem a desaparecer as sensações agradáveis, que

podem ser substituídas por ansiedade, sensação de medo, pânico e delírios.

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CAPÍTULO II

As Principais Causas de Adicção

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POSSÍVEIS MOTIVOS

Seria muito difícil apontar um fator único capaz de levar um

indivíduo ao consumo de drogas (adicção), o mais recomendável é apontar

um somatório inferente de fatores sócio-econômico-culturais, psicológicos,

religiosos e outros, os quais podem levar a adicção, sendo que cada pessoa

tem seus próprios motivos.

Segundo Claude Olivenstein: “Tomar drogas significa responder a

uma falta que se situa em vários níveis: o corpo, o psiquismo, a lei, a

sociedade, a família, o prazer, a afetividade e o secreto”.

Dentre os possíveis motivos podemos destacar os que se seguem:

2.1 – Curiosidade e Busca do Prazer.

É na adolescência que a curiosidade e a busca do prazer estão mais

emergentes, sendo a etapa da vida em que a pessoa se abre para o mundo

e o caráter exploratório do ser humano se manifesta com mais vigor,

fazendo-o adentrar o desconhecido, movido pelo espírito de aventura, na

tentativa de materializar as suas fantasias, não importando os riscos

envolvidos. Muitas das vezes, são justamente os riscos que podem exercer

atração sobre os jovens, sendo esta uma das críticas que se faz às

campanhas antidrogas de caráter amedrontador, que exageram os riscos.

Assim sendo, ao se falar em risco, a informação deverá ser objetiva,

direta e precisa, caso contrário o efeito poderá até mesmo ser oposto do

desejado. Falar de outra forma, tentar exagerar os riscos e perigos pode ser

um estímulo ao uso de drogas, principalmente para os jovens. Negar ao

tóxico a sensação de prazer, no início, não é um bom caminho, mas cabe

mostrar que, a curto prazo esse prazer poderá ser trocado pela necessidade,

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pela ansiedade, pela dependência e por uma série de outros efeitos

desagradáveis.

Quando de forma clara, precisa e objetiva alertamos aos jovens sobre

os riscos de se consumir bebida alcoólica e depois sair dirigindo, isso é

muito mais educativo do que os discursos dramáticos e aterrorizantes sobre

o álcool.

2.2 – Pressões Grupais.

O ser humano é gregário, busca a integração grupal, quer tomar parte,

ser membro efetivo de um grupo de iguais. Os adolescentes exercem

influência uns sobre os outros, e destoar do grupo é “estar por fora”, “não

estar com nada”, “ser careta”, ser rejeitado.

É muito difícil resistir aos apelos que sugerem companheirismo e

solidariedade, o que leva o jovem a experimentar a droga para provar que

não é mais criança, ou mesmo que não é diferente dos seus supostos pares,

a fim de obter apoio, união e segurança frente às novas experiências. Uma

grande prova disso é que, segundo inúmeras pesquisas científicas, quem

inicia o jovem nas drogas é o amigo, o colega do dia a dia, o companheiro

escolar, e não o traficante.

Embora a pressão do grupo tenha influência, sabemos também que

uma boa parte dos grupos é saudável e tem um discurso contrário às

drogas. Por outro lado, podemos afirmar que não é o grupo que escolhe o

jovem, é o jovem que escolhe o grupo ao qual vai pertencer, um grupo

formado de pessoas com um perfil semelhante ao seu, com gostos,

costumes e problemas parecidos. Ou seja, se o jovem escolheu exatamente

um grupo que costuma fazer uso das drogas é porque ele percebeu alguma

identidade com aquele grupo.

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Portanto, devemos estar atentos aos problemas que o jovem já

carregava antes de escolher um grupo, uma vez que, mais importante do

que estar de acordo com um determinado tipo de grupo é estar bem consigo

mesmo, podendo não ser sempre verdadeira a afirmativa de que os jovens

acabam consumindo drogas pela influência de colegas e amigos, as ditas

“más companhias”.

2.3 – A Oportunidade Surgiu e o Jovem Experimentou.

O fato de um jovem experimentar drogas não faz dele um dependente,

porém, mesmo experiências aparentemente inocentes podem resultar em

problemas (com a lei, por exemplo). Um jovem que experimentou o uso de

drogas não deve ser já tratado com um “drogado” por seus pais e

professores. O excesso de preocupação com o uso experimental de drogas

pode tornar-se muito mais perigoso do que o uso da droga em si.

Diante dessa situação os pais devem procurar manter a tranqüilidade;

reagir com agressividade e com violência pode até mesmo empurrar o jovem

para o abuso e a dependência de drogas. Os pais devem aproveitar a

oportunidade para conversar francamente sobre o assunto e alertá-lo sobre

possíveis riscos.

2.4 – Problemas Familiares.

São freqüentemente apontados como desencadeantes,

mantenedores ou agravantes do problema de adicção.

Um ambiente com carência de amor, seja entre pais e filhos, seja

entre ambos os pais, são aspectos que podem levar o jovem à

experimentação, à busca de uma mudança ou à fuga da situação e,

posteriormente, ao vício.

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Pais muito autoritários ou omissos, muito exigentes ou superprotetores

também costumam ser apontados como responsáveis por desvios sociais,

físicos e personalógicos de seus filhos, podendo levá-los a fazer uso de

entorpecentes.

O exemplo; o afeto; o apoio e a compreensão na hora exata; a

informação; a firmeza na imposição de limites, sempre que necessário; a

amizade e o respeito, são as melhores armas que os pais podem usar para

manter seus filhos afastados das drogas.

2.5 – Tentativa de Amenizar Sentimentos de Solidão, de

Inadequação, Baixa Auto-Estima, Angústia ou Depressão.

As pesquisas e os livros têm mostrado que estes fatores são

freqüentemente apontados como causas de adicção. Kalina e Grynberg

assim se referem a esta questão:

“O jovem que não encontra em si as condições de

resolver as contradições pelas quais se vê assolado,

sem suportar as frustrações que o agridem por todos

os lados, pode apelar para a droga como quem apela

para o sonho. Sonhando realiza todos os desejos,

nega toda realidade inconveniente e dolorosa, afasta e

controla os perigos e as ameaças. A tentativa

inconsciente é a busca de um paraíso inexistente.”

(KALINA E GRYNBERG, 2002, p.50)

Em que pesem todos os obstáculos enfrentados pelo jovem durante a

“síndrome normal da adolescência”, é fundamental que eles se sintam

amados, respeitados e apoiados, apesar de seus defeitos ou de suas

dificuldades, para que estas possam ser superadas sem a necessidade de

recorrer às drogas.

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2.6 – Fatores Sócio-Econômico-Culturais.

Um dos pontos de partida para essa abordagem é fato de que todo

país – todo povo – tem uma droga eleita segundo os seus costumes e as

suas tradições, cabendo aqui ressaltar que uma mesma droga pode ser

aceita ou rejeitada por uma determinada raça, simplesmente em função de

sua cultura.

Existem países onde há tolerância com a cocaína, com a maconha ou

com o ópio, assim como outros são permissivos com o álcool, a cafeína e a

nicotina. Da mesma forma, há país onde o álcool é proibido pela religião e,

havendo violação das leis vigentes, o indivíduo pode ser condenado à pena

de morte.

Também é sabido que por trás das drogas existem fortes interesses

econômicos, os quais se utilizam freqüentemente dos meios de

comunicação, através de técnicas de propaganda extremamente bem

elaboradas e por meio de um bombardeio contínuo de informações, com o

objetivo de induzir ao “consumismo”, podendo até mesmo dificultar o

desenvolvimento do senso crítico e modificar os valores aceitos por uma

sociedade, tornando-a permissiva à aceitação da própria intoxicação.

Nossa sociedade tem como um de seus maiores objetivos a felicidade.

O grande problema é que a tristeza, descontentamento e solidão passam a

serem vistos como situações a serem eliminadas, quando na verdade, elas

fazem parte da vida e devem ser compreendidas e transformadas. Desde

muito cedo, as crianças tem um modelo de felicidade diretamente ligada ao

consumismo: o que podemos comprar poderá nos trazer satisfação e

felicidade. As propagandas de álcool, cigarro e chocolate veiculam esse

modelo, para vender seus produtos. A crença ingênua de que “podemos

comprar a felicidade” e de que “tristeza e solidão devem ser evitadas a

qualquer preço”, constitui o mesmo padrão de relação que os dependentes

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(consumidores) estabelecem com as drogas (produtos). Nesse sentido,

podemos dizem que os “drogados” estão apenas repetindo o modelo de

sociedade que lhes é oferecido.

Por outro lado, não podemos nos esquecer daqueles que se vêem

obrigados a ingressar no tráfico, simplesmente porque a sociedade não lhes

deu opção ou porque sucumbiram às pressões de traficantes. Da mesma

forma, cabe registrar os casos onde o indivíduo faz uso de drogas para inibir

a sua fome e para lhe aumentar a disposição, já que seu próprio organismo,

em face da carência alimentar nutricional, não encontra onde adquirir

energia para mobilizá-lo.

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CAPÍTULO III

Dependência

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

A dependência é o estado de intoxicação periódica ou crônica

produzida pelo consumo repetido de uma droga. Para a maioria dos autores

existem, basicamente, dois tipos de dependência: a psíquica e a física.

Na dependência psíquica a ingestão da droga produz uma sensação

de euforia, bem-estar, liberação, satisfação, e se faz acompanhar de um

impulso irreprimível, que leva o indivíduo a tomar a droga, contínua ou

periodicamente, com o objetivo de manter ou ampliar as sensações

experimentadas. A supressão abrupta da droga não causa síndrome grave

de abstinência (sofrimento do organismo) e, em geral, também não ocorre a

tolerância do organismo, o que não obriga o usuário a ir aumentando a dose

para obtenção das mesmas sensações experimentadas anteriormente. Os

sintomas mais comuns são ansiedade, sensação de vazio e dificuldade de

concentração, o que pode variar de pessoa para pessoa.

A dependência física é caracterizada por um estudo de adaptação em

nível celular, produzido pela administração repetida, a curtos intervalos, de

determinadas drogas, como por exemplo, os opiácios, o que dá origem a

uma necessidade compulsiva de usar a droga, o que leva o usuário a tentar

obtê-la a qualquer custo. A retirada brusca da droga provoca síndrome de

abstinência, ou seja, o organismo é quem sofre quando a droga falta; além

disso, é comum o aparecimento de tolerância, o que obriga o usuário a ir

aumentando a dose.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que o abuso de

drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e freqüência

de uso. Assim, uma pessoa somente será considerada dependente se o seu

padrão de uso resultar em pelo menos três dos seguintes sintomas ou

sinais, ao longo dos últimos doze meses:

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X Forte desejo ou compulsão de consumir drogas;

X Dificuldades em controlar o uso, seja em termos de início, término ou

de nível de consumo;

X Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência,

com plena consciência dessa prática;

X Estado fisiológico de abstinência;

X Evidência de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses

maiores da substância para alcançar os efeitos obtidos anteriormente

com doses menores;

X Estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo

passa, por exemplo, a consumir drogas em ambientes inadequados, a

qualquer hora, sem nenhum motivo especial;

X Falta de interesse progressivo de outros prazeres e interesses, em

favor do uso de drogas;

X Insistência no uso da substância, apesar de manifestações danosas

comprovadamente decorrentes do uso; e

X Evidência de que o retorno ao uso da substância, após um período de

abstinência leva a uma rápida reinstalação do padrão de consumo

anterior.

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CAPÍTULO IV

Implicações Legais

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AS LEIS

Os principais instrumentos legais que a sociedade brasileira possui

para coibir o uso e o tráfico ilícito de substâncias psicotrópicas (drogas

capazes de modificar a atividade mental) ou de drogas afins são: a Lei

6.368, de 21 de outubro de 1976; a Lei 8.072, de 25 de julho de 1990; e, a

Lei 10.409, editada em 11 de janeiro de 2002.

A lei 6.368/76 dispunha sobre medidas de prevenção e repressão ao

tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que

determinassem dependência física ou psíquica, e dava outras providências.

Ela foi quase que totalmente modificada pela Lei 10.409/2002, porém,

destaca-se que os Artigos 12 (e seus parágrafos) ao 19 ainda estão em

vigor. São os artigos que estabelecem os crimes e as penas.

Quanto a Lei 8.072/90, ela apenas mostra uma preocupação dos

nossos legisladores em equiparar o tráfico ilícito de substância psicotrópica

ou de drogas afins ao crime hediondo.

A Lei 10.409/2002 foi uma ampliação e um aprimoramento da Lei

6.368/76, utilizando-se ainda de expressões mais apropriadas para discorrer

sobre o assunto, dispondo dobre a prevenção, o tratamento, a fiscalização, o

controle e a repressão à produção, ao uso e ao tráfico ilícito de produtos,

substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica,

assim elencados pelo Ministério da Saúde, e dá outras providências.

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OS PRINCIPAIS ARTIGOS

Os principais artigos são:

Artigo 2º.(Lei 10.409/2002) – “É dever de todas as pessoas, físicas

ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras com domicílio ou sede no País,

colaborar na prevenção da produção, do tráfico ou uso indevido de produtos,

substâncias ou drogas ilícitas que causem dependência física ou psíquica”.

Esse artigo mostra que é dever jurídico a colaboração de toda pessoa

física ou jurídica na prevenção e repressão, havendo a necessidade de

participação de todos os segmentos sociais no combate ao tóxico.

O seu § 1º prevê o seguinte: “A pessoa jurídica que,

injustificadamente, negar-se a colaborar com os preceitos desta Lei terá

imediatamente suspensos ou indeferidos auxílios ou subvenções, ou

autorização de funcionamento, pela União, pelos Estados, pelo Distrito

Federal e pelos Municípios, e suas autarquias, empresas públicas,

sociedades de economia mista e fundações, sob pena de responsabilidade

da autoridade concedente”. Entretanto, para a pessoa física que se negar a

colaborar com as autoridades no combate ao uso e tráfico de drogas, a Lei

10.409/2002 não prevê nenhum tipo de sanção.

Artigo 12. (Lei 6.368/76) – “Importar ou exportar, remeter, preparar,

produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda

que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,

prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância

entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem

autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

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Pena – Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50

(cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa” .

Este artigo tem por objetivo tentar impedir a ação do tráfico. Ele lista

dezoito verbos, dezoito formas ou modalidades da prática do crime de

tráfico, incluindo também como crime até mesmo os casos em que a droga é

fornecida gratuitamente.

Artigo 16. (Lei 6.368/76) – “Adquirir ou trazer consigo, para uso

próprio, substância entorpecente ou que determine dependência física ou

psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou

regulamentar:

Pena – Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de

20 (vinte) e 50 (cinqüenta) dias-multa”.

Este é o artigo elaborado com vista a coibir o uso/consumo indevido

de substância psicotrópica ou de drogas afins.

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CAPÍTULO V

A Família e as Drogas

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O PAPEL DA FAMÍLIA

Eduardo Kalina, em seu livro Aos Pais de Adolescente – Viver sem

Drogas, afirma que:

“Toda dependência tem sua fonte inspiradora na

família ou no meio social imediato e/ou mediato. Nesta

Família, da qual um de seus membros ‘se desvia’ e ‘se

dedica’ às drogas, sempre há um ou vários modelos

de dependente, mesmo quando nenhum deles tenha

incursionado nos terrenos do ilegal.” (KALINA, 2002,

p.83)

Outrossim, em sua obra: Drogas – O que é preciso saber, o professor

e médico José Elias Murad comenta que em uma pesquisa realizada na

cidade de Belo Horizonte/MG, quase 80% de 1600 pacientes atendidos por

abuso de drogas têm narrado problemas familiares.

Por si só, as afirmativas acima vêm reforçar a certeza de que a família

exerce um papel fundamental no contexto das drogas. Entretanto, o contato

com os pais de adolescentes nos mostra que uma grande parcela deles se

sente insegura para tratar do assunto com seus filhos, seja por

desconhecimento e/ou por uma espécie de sentimento de culpa.

5.1 – A Ajuda

Através do exemplo, os pais podem ajudar seus filhos a terem uma

atitude adequada em relação às drogas. A maneira como os pais lidam com

a questão tem muito mais efeito sobre o jovem do que as informações que

são dadas. Ou seja, o que se faz é muito mais importante do que o que se

diz.

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As crianças começam a aprender o que é droga quando observam os

adultos em busca de tranqüilizantes, ao menor sinal de tensão ou

nervosismo. Aprendem também o que é droga quando ouvem seus pais

dizerem que precisam de três xícaras de café para se sentirem acordados,

ou ainda quando sentem o cheiro da fumaça de cigarros...

Somos uma sociedade de consumidores de produtos e a maioria de

nós estabelece relações complicadas com as drogas. Não é difícil encontrar

pessoas que, ao menor sinal de sofrimento, de desconforto, lançam mão de

um “remedinho”, de uma “cervejinha”, de um “cafezinho”, de um “cigarrinho”

ou de uma “dosezinha” para aplacar a ansiedade de forma quase

instantânea. Esse é o princípio básico de modelo de comportamento

dependente que observamos em um imenso número de adultos e pais que,

sem perceberem o que estão fazendo, “ensinam” aos filhos, alunos e jovens

em geral, que os problemas podem ser resolvidos, como que por um passe

de mágica, com a ajuda de algumas substâncias.

É muito importante que os jovens compreendam, por meio de nossas

atitudes, qual é a atitude adequada em relação às drogas. Esse processo de

aprendizagem começa na infância e continua até o final da adolescência.

5.2 – Sinais que Identificam

Com freqüência os pais querem saber quais os sinais que indicam que

um jovem esteja usando drogas. Não existe maneira fácil de confirmar

suspeita. Tentar identificar no jovem sinais ou efeitos das diferentes

substâncias só tende a complicar ainda mais as coisas. O clima de

desconfiança que se instala nessas situações prejudica muito o

relacionamento entre os familiares.

É normal e esperado que os jovens tenham segredos e que dificultem

o acesso de outras pessoas da família, sobretudo os pais, a questões de sua

vida pessoal. Eles tendem também a experimentar situações novas, a

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assumir atitudes desafiantes e de oposição e até mesmo a apresentar

comportamentos ousados que podem envolver riscos. Tais comportamentos

constituem traços característicos de uma adolescência normal. A grande

dificuldade dos pais é saber até que ponto essas atitudes e comportamentos

estão dentro do esperado ou se já significam que o jovem está passando por

problemas mais graves e necessitando de ajuda. O mais importante é que

os pais tentem sempre conversar com os filhos. Mesmo que o diálogo se

torne tenso e cheio de conflitos, ainda assim ele é uma via de comunicação

importante. Os pais devem também se preocupar mais em ouvir do que em

dar conselhos. Quando o jovem se isola e o acesso a ele se torna

impossível, é um sinal de que é necessário procurar algum tipo de ajuda

externa.

5.3 – Devemos conversar

Na medida em que os filhos se mostrarem interessados no assunto,

os pais devem conversar sobre drogas. Se o uso de drogas puder ser

discutido de forma adequada à idade da criança ou do adolescente, vai

deixar de ser algo secreto e misterioso, perdendo muito de seis atrativos.

Qualquer atividade vista como oculta do mundo dos pais e dos professores

tende a ser vista pelos jovens como instigante e excitante.

A maioria dos pais tende a conversar com os filhos sobre drogas

somente quando surgem problemas e conflitos. Entretanto, torna-se muito

mais fácil conversar com os filhos sobre esses problemas e conflitos quando

os pais já puderem superar no passado a barreira de falar sobre drogas. É

importante também lembrar que conflitos e rebeldia fazem parte da

adolescência normal e não indicam necessariamente o envolvimento com

drogas. Os conflitos dos jovens são necessários para que se tornem adultos,

sendo responsabilidade dos pais ensinar seus filhos a lidar com problemas.

Os pais não devem se apavorar com as discussões, mas compreender a

raiva e a revolta dos jovens e mostrarem-se seguros com relação às suas

próprias crenças e valores.

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5.4 – Como Conversar

O primeiro grande problema que se apresenta nessas situações é que

normalmente os jovens são mais informados a respeito das drogas do que

seus pais.

Quando falarem de drogas, os pais devem se basear em substâncias

que eles realmente conhecem (por exemplo, álcool ou tranqüilizantes). Os

pais em geral têm mais dificuldade em falar sobre as drogas ilegais, mas

grande parte das informações a respeito de drogas legalizadas (como álcool

e tranqüilizantes) tende a ser igualmente válida paras as ilegais. Seria

aconselhável que os pais pudessem adquirir conhecimentos básicos sobre

as principais substâncias de uso e abuso em nosso meio, para que não

transmitam informações sem fundamento ou preconceituosas, como são

habitualmente veiculados em jornais, revistas, televisão, etc. Não há

problema algum no fato de os pais admitirem perante os filhos o seu

desconhecimento a respeito de drogas, quando for o caso. Eles não

precisam ter conhecimentos detalhados para poder ajudar seus filhos.

Relacionamentos familiares sólidos são mais importantes do que o

conhecimento que os pais têm sobre as drogas. Se no decorrer de anos de

convivência, as relações familiares forem bem constituídas e solidificadas,

dificilmente o uso de drogas virá a se tornar um problema. Por outro lado, se

a qualidade dos relacionamentos for precária, os pais deverão ficar atentos

não apenas ao problema das drogas, mas também a outros aspectos da

vida familiar.

Infelizmente, quando isso acontece, os pais nem sempre têm

consciência do distanciamento que existem entre os membros da família. É

comum que nessas horas os pais assumam atitudes autoritárias perante os

filhos, aumentando ainda mais essa distância. Diante dessas dificuldades, os

pais devem recorrer a outras pessoas que possam realmente ajudá-los.

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5.5 – Como Exercer a Autoridade

A maioria das crianças e adolescentes aceita a autoridade dos pais,

sobretudo quando no ambiente familiar estão presentes a confiança e o

afeto. Porém, à medida que o adolescente vai se desenvolvendo, a

autoridade vai sendo transferida para eles mesmos até que se tornem

responsáveis por suas próprias ações. Muitos pais têm dificuldades para

abrir mão de sua autoridade conforme os filhos crescem, dificultando, assim,

que eles possam se tornar responsáveis por si mesmos.

A autoridade dos pais desempenha papel importante no sentido de dar

limites, como exigir que os filhos façam as lições de casa, fixar horários para

atividades de lazer, etc. Isso promove a organização interna do jovem,

permitindo que ele possa cuidar de si mesmo à medida que vai se tornando

adulto. Mas essa autoridade não deve ser confundida com autoritarismo,

arbitrariedade ou rigidez. Para todas as regras tem de haver alguma

flexibilidade a fim de que o jovem possa ir testando e sentindo seus limites.

Por exemplo, se foi fixado um determinado horário para o jovem chegar de

uma festa, um pequeno atraso não deve ser punido. Atitudes drásticas como

violência ou expulsar o jovem de casa não têm resultados positivos e nunca

devem ser consideradas solução para os problemas

5.6 – Quem Pode Ajudar

Grande parte dos jovens é capaz de se abrir quando os pais passam a

ouvir mais e falar menos. Mas quando os pais, apesar de tudo, não

conseguem mais se comunicar com os filhos, devem recorrer a outras

pessoas. Mas quais? Os pais, de preferência, devem procurar alguém que o

jovem admire ou respeite. Pode ser um parente, um amigo da família, um

professor, o médico da família ou um profissional especializado.

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5.7 – Seu Filho Está Usando Drogas. O Que Fazer?

Não há uma resposta simples para essa questão. Existem muitas

maneiras de se responder à pergunta. Alguns pontos devem ser destacados:

X Existe uma variedade muito grande de drogas.

X Drogas diferentes produzem diferentes efeitos nas pessoas; alguns

são perigosos, outros não.

X Existem formas mais e menos perigosas de se consumir drogas

(injetar drogas é geralmente muito mais perigoso do que usá-las de

outras maneiras).

X A lei é diferente para cada tipo de droga.

X O uso de algumas drogas, como o álcool, é socialmente mais

aceitável do que o de outras. Entretanto, o que é ou não socialmente

aceitável depende das características da comunidade em questão –

seus valores, sua cultura (o álcool não é socialmente aceitável em

comunidades muçulmanas) – e não do risco que a droga representa.

X Cada jovem é uma pessoa diferente e única e podem ser muitas as

razões pelas quais alguém se envolve com drogas. Da mesma forma,

existem variadas maneiras de ajudá-lo a interromper ou moderar o

uso de drogas.

X Os pais têm maneiras diferentes de lidar com um filho que esteja

usando drogas. Embora alguns sejam totalmente contra o uso de

qualquer droga, a maioria considera aceitável o uso de determinadas

substâncias (bebidas alcoólicas, cigarros, outras). Alguns pais são

tolerantes e outros se resignam com o fato de seus filhos usarem

drogas.

X Existem várias instituições de ajuda a pessoas com problemas

relacionados ao uso de drogas. O capítulo VIII mostra as principais.

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CAPÍTULO VI

A Escola e as Drogas

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O PAPEL DA ESCOLA

Diversas escolas têm adotado programas educativos com esse

objetivo. Eles podem ser de grande ajuda aos jovens, sobretudo a partir do

início da adolescência, desde que conduzidos de forma adequada, por um

grupo de professores selecionados, da própria escola, de preferência das

áreas de Ciências, Biologia, Química e Ciências Sociais e/ou profissionais

da Seção de Orientação Educacional. Como já foi explicado anteriormente,

informações mal colocadas podem aguçar a curiosidade dos jovens,

levando-os a experimentar drogas. Discursos antidrogas e mensagens

amedrontadoras ou repressivas, além de não serem eficazes, podem até

mesmo estimular o uso.

A conversa com os pais é uma das ações mais importantes, segundo

Içami Tiba: “O objetivo da conversa não é responsabilizar a família, para a

escola tirar o time de campo; é juntos encontrarem meios para ajudar o

adolescente em apuros”. Trata-se aqui de analisar a questão de forma

ampla, considerando os aspectos envolvidos no uso de drogas: a pessoa, a

droga e o contexto, onde a escola e a família são partes essenciais.

A escola deve ter definida uma Política Sobre o Uso de Substâncias: o

que fazer nas festas e confraternizações com relação às bebidas? Até

quando tolerar as recaídas de um aluno em tratamento? E os professores ou

funcionários em relação a este problema? Como tratar as drogas lícitas?

Nos programas de prevenção mais adequados, o uso de drogas deve

ser discutido de um contexto mais amplo de saúde. As drogas, a

alimentação. Os sentimentos, as emoções, os desejos, os ideais, ou seja, a

qualidade de vida entendida como bem-estar físico, psíquico e social, são

aspectos a serem abordados no sentido de levar o jovem a refletir sobre

como viver de maneira saudável.

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Os jovens devem aprender a conhecer suas emoções e a lidar com

suas dificuldades e problemas. Um modelo de prevenção deve contribuir

para que os indivíduos se responsabilizem por si mesmo, a fim de que

comportamentos de risco da sociedade como um todo possam ser

modificados.

Em se tratando de jovens que já usam drogas a escola deve ter

algumas regras bem estabelecidas, tais como não autorizar o uso de drogas,

sejam legais (álcool, fumo) sejam ilegais (maconha, cocaína), nas suas

dependências. Convém lembrar que o usuário não deve ser

sistematicamente expulso ou excluído da escola. Para o psiquiatra Içami

Tiba, expulsar não resolve o problema:

“Pelo contrário, agrava. A escola se vê teoricamente

livre do aluno, mas nada impede que ele volte a visitar

ex-colegas. E o que é pior: a escola perde uma chance

de ensinar seus alunos a lidar com amigos e colegas

usuários de drogas. Não basta afastar-se deles ou

afastá-los de si.” (TIBA, 1999)

A exclusão só irá diminuir as chances de os jovens serem

compreendidos e seus casos tratados de forma adequada. Nesse sentido,

se for detectado que alunos estão utilizando algum tipo de droga de forma

abusiva, e a escola não souber lidar com esse tipo de situação, ela deve

procurar apoio em serviços de saúde: neles os alunos receberão

atendimento especializado e, se for o caso, serão tratados.

O mais importante é estimularem-se atividades criativas que possam

absorver e entusiasmar os jovens. Para alguém afastar-se das drogas, é

necessário que existam outras opções mais interessantes e prazerosas, que

possam ocupar o tempo que seria utilizado com drogas, dentro de um

contexto muito mais saudável.

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46

Um excelente material para se trabalhar com os ensinos fundamental

e médio é o do Projeto Crescendo, da STTIMA. Editora e Distribuidora,

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Paulo – SP. CEP: 05690-010. Fones: 0800-165212 e (0xx11) 3758-6405 –

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CAPÍTULO VII

Tratamento

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

O Tratamento: deve ser dirigido basicamente às pessoas que se

tornaram dependentes de drogas. Existem diversos modelos de ajuda a

dependentes de drogas: tratamento médico; terapias cognitivas e

comportamentais; psicoterapias; grupos de auto-ajuda (do tipo Alcoólicos

Anônimos e Narcóticos Anônimos); comunidades terapêuticas; etc. Em

princípio, pode-se dizer que nenhum desses modelos de ajuda consegue dar

conta de todos os tipos de dependências e dependentes. Se alguns podem

se beneficiar mais de um determinado modelo, outros necessitam de

diferentes alternativas. É muito difundido o modelo que utiliza ex-

dependentes de drogas como agentes “terapêutico”, já que uma pessoa que

passou pelo mesmo problema pode ajudar o dependente a se identificar com

ela e compreender melhor seus problemas. É importante, porém,

observarmos que os efeitos positivos de uma abordagem dependem

essencialmente da capacitação técnica dos profissionais envolvidos. Deve-

se destacar que as abordagens medicopsicológicas (que associam ao

mesmo tempo os recursos da medicina e da psicologia) têm se mostrado

mais eficazes na maior parte dos casos.

O que deve ser tratado. A maioria dos modelos de tratamento

focaliza principalmente a dependência da droga. Embora esse seja

realmente o ponto central que leva a pessoas a procurar tratamento, os

dependentes freqüentemente apresentam outros problemas associados ao

uso abusivo das drogas. É extremamente importante que esses transtornos

recebam a devida atenção, pois se não forem também tratados haverá uma

grande probabilidade de a pessoa voltar a ser dependente. Por exemplo,

dependente de drogas que também apresenta depressão (o que é muito

comum) deverá receber tratamento não apenas da dependência, mas

também da depressão. Se o tratamento for dirigido apenas à dependência,

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sua depressão não tratada provavelmente o levará a abusar de drogas

novamente.

Quando recorrer à internação. Na maior parte dos casos, o

tratamento do dependente de drogas não requer internação. Nos casos em

que é necessária, ela deve ser decidida com base em critérios claros e

definidos, estabelecidos por um especialista. A internação de um

dependente de drogas sem necessidade poderá levar até mesmo ao

aumento do consumo. O aumento de consumo após uma internação

indevida pode se dar por diversas razões, como sentimentos de revolta de

um dependente ainda não suficientemente convencido da necessidade de

ajuda.

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CAPÍTULO VIII

Onde Encontrar Ajuda

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INSTITUIÇÕES DE APOIO OU DE TRATAMENTO

Este capítulo tem por objetivo permitir o contato com as principais

instituições de apoio e/ou tratamento e apresentar as características do

atendimento oferecido por cada uma delas. São elas:

Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD

É o órgão executivo do Sistema Nacional Antidrogas, subordinado ao

Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Compete-

lhe, dentre outras tarefas, a de “planejar, coordenar, supervisionar e

controlar as atividades de prevenção e repressão ao tráfico ilícito, uso

indevido e produção não autorizada de substâncias entorpecentes e drogas

que causem dependência física ou psíquica, e a atividade de recuperação

de dependentes”.

Para tal, ela promove atividades de informação e prevenção, como

palestras, fóruns, seminários, chats; cursos de qualificação de recursos

humanos que atuam na área, por meio de capacitação; e, a divulgação de

materiais informativos sobre drogas.

Seu endereço é: Anexo II – B do Palácio do Planalto, 2º andar, sala

201, Brasília – DF ; CEP: 70150-900

Seus telefones são: (0xx61) 411-2902 / 411-2903 e Fax: (0xx61) 411-

2110

Ligação gratuita: 0800-614321

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Conselho Estadual Antidrogas – CEAD-RJ

É o antigo CONEN – Conselho Estadual de Entorpecentes do Estado

do Rio de Janeiro. “É o responsável por formular a política para a questão

das drogas – proibidas ou não, inclusive remédios e bebidas alcoólicas – em

nosso Estado. Sua finalidade é reunir todos os recursos à disposição da

sociedade para enfrentar a questão das drogas”.

Possui uma Coordenação de Avaliação Clínica, que realiza a

avaliação médica e psicológica, visando orientar e encaminhar para

tratamento, quando necessário, os usuários de drogas e seus familiares.

À sua Coordenação de Estudos, Pesquisas e Capacitação de

Recursos Humanos, compete: informar ao público em geral, por meio de

palestras, debates, seminários e artigos em jornais; formar recursos

humanos especializados na questão, através de cursos sobre as

dependências químicas; disponibilizar atividades de mostra de vídeos,

biblioteca, auditório e teatro; promover a montagem de estudo e a realização

de pesquisas; e, estabelecer convênios com diferentes instituições, visando

facilitar o enfrentamento coordenado da questão das drogas.

E, finalmente, cabe à Coordenação de Serviço Social do CEAD;

orientar, de forma preventiva, ao uso indevido de drogas, os jovens e suas

famílias, privilegiando os contatos através das redes de ensino e esporte e

lazer; e, auxiliar na reintegração as atividades sociais com oportunidades de

trabalho e ensino.

O contato com o CEAD deve ser feito através de sua Secretaria

Executiva, situada na R. Fonseca Telles, 121 / 3º andar – São Cristóvão –

Rio de Janeiro – RJ, cujos telefones são os seguintes: (0xx21) 2589-8372/

3399-1316 e 33991324

O atendimento é gratuito.

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Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da

Universidade do Estado do Rio de Janeiro – NEPAD/UERJ

Situado na R. Fonseca Telles, 121, 4º andar, São Cristóvão – RJ,

CEP: 20940-200, Tel: 2589-3269 / 2587-7148 e 2587-7163; proporciona

tratamento ambulatorial (terapia individual e de família), exceto nos casos de

alcoolismo e tabagismo; atende, diariamente, das 09:00 às 17:00; não efetua

internações; e, os serviços prestados são gratuitos.

Grupos de Mútua Ajuda – Narcóticos Anônimos – NA e NAR-

ANON

o O NA tem o seu escritório na R. S. José – 90, sala 2207,

Centro, RJ e o seu telefone é 2533-5015. O atendimento é

para usuários, sem internação e gratuito.

o O NAR-ANON, assim como o NA, é um grupo de familiares e

amigos de dependentes químicos, voluntários, cujo escritório

está situado na R. 1 de Março – 125, sala 301, Centro, RJ e os

seus telefones são: 2516-0057 (Serviço de Informações) e

2263-6595 (Escritório Nacional). O seu atendimento é para os

familiares dos usuários, sem internação e gratuito.

o Tanto o NA como o NAR-ANON utilizam o sistema de reuniões

de grupos de recuperação, seguindo o programa de

recuperação conhecido como os Doze Passos.

Grupos para Tratamento do Alcoolismo – AA e AL-ANON

o O AA tem a sua Central de Serviços (RJ) situada na Av. Rio

Branco – 57 – Salas 201 a 203, Centro, Rio de Janeiro – RJ e

os seus telefones são 2253-9283 e 2233-4813. O atendimento

é para os usuários e gratuito.

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o O AL-ANON (RJ) tem o seu Serviço de Informações situado na

R. Stª Luzia – 799, sala 601, Centro, Rio de Janeiro – RJ e o

seu telefone é 2220-5065. O atendimento é para os familiares

de usuários e também é gratuito.

o O AA e o AL-ANON também são formados por voluntários (ex-

dependentes e familiares); utilizando o sistema de reuniões de

grupos de recuperação e seguem o programa de recuperação

dos Doze Passos.

Centros de Recuperação – Com Internação

Em nosso Estado existem alguns Centros de Recuperação. Os

métodos de tratamento, o tempo de internação e os preços são variados,

havendo gratuitos. Para maiores informações, entrar em contato com a

Secretaria Executiva do CEAD, situada na R. Fonseca Telles, 121 / 3º andar

– São Cristóvão – Rio – RJ ou através dos telefones: (0xx21)2589-8372 /

3399-1316 e 3399-1324.

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CONCLUSÃO

O problema do uso/abuso de drogas não é recente, já vai além de

7000 anos de uso e proibição. Os primeiros registros de que os sumérios

usavam ópio, datam de 5000 a. c.

“Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), um

em cada quatro habitantes do mundo recorre a remédios tóxicos para obter

libertação aparente”. (KALINA, 2002, p. 78). Em recentes pesquisas, a OMS

também nos mostra que as drogas lícitas estão matando mais do que as

drogas ilícitas. Outros dados, considerados alarmantes por profissionais das

áreas de saúde e educação, baseados em pesquisas, na estimativa de

psicanalistas e no volume crescente de dependentes que buscam

tratamentos em instituições especializadas, atestam que pelo menos quatro

em cada dez estudantes do Rio, na faixa de 10 a 17 anos consomem

regularmente algum tipo de droga.

O Congresso Nacional já está discutindo um novo projeto de lei anti-

drogas, com profundas modificações, sendo que a lei anterior mal acaba de

completar dois anos. Será que a questão é só modernizar as leis?

Ninguém melhor do que o povo carioca sabe o quanto são

devastadoras as conseqüências das ações do tráfico, haja vista as

freqüentes paralisações do comércio e dos meios de transporte; por ordem

dos traficantes. Os tiroteios assustadores entre traficantes e entre traficantes

e policiais; o são Tim Lopes; os tiroteios e os enfrentamentos recentes entre

a polícia e moradores dos morros do Pavão e Pavãozinho, no bairro de

Copacabana; o caso da Estácio de Sá; o número extremamente elevado de

vítimas de balas perdidas; e, muitos outros casos. Enfim, poderiam ser

citados aqui centenas e até milhares de situações profundamente tristes e

lamentáveis, vivenciadas pelo povo desta Cidade, que um dia já foi

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Maravilhosa e que hoje vive amedrontada pela Narcoditadura, o poder cada

vez menos paralelo no Rio. E o que fazer para tentar mudar este quadro

simplesmente aterrorizador?

Este trabalho está muito longe de pretender se tornar uma “tábua de

salvação” para um problema que é extremamente complexo, assim como

bem antigo e que o mundo todo tem dificuldades de lidar com ele.

Pretendemos aqui, apenas deixar a nossa pequena contribuição com alguns

registros, com algumas informações que possam servir de apoio para todos

aqueles que queiram também trabalhar preventivamente, pois acreditamos

que o exemplo, bem como a informação precisa e oportuna são as melhores

formas de combate às drogas. Cabe aqui registrar a afirmativa de Myltainho

S. da Silva, de que: “A pior droga é a desinformação”, citada em nota da sua

obra: Se liga! O Livro das Drogas (2000).

Seria ingênuo acreditar que o uso indevido das drogas, bem como as

suas indesejáveis conseqüências possam ser eliminadas da sociedade.

Contudo, julgamos conveniente deixar aqui mais dois pensamentos nos

quais acreditamos, e que podem, a médio e a longo prazos, nos ajudar a

mudar o quadro desolador atual:

Ü Não existe traficante se não houver consumidor.

Ü Qualquer tentativa de minimizar as conseqüências ou manter sob

controle social o uso/abuso de drogas, deverá passar,

obrigatoriamente, pela Escola e, principalmente, pela Família.

Está cada vez mais claro que o poder público não consegue sozinho,

dar conta das drogas. Portanto, façamos o que estiver ao nosso alcance.

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BIBLIOGRAFIA

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prevenção primária contra o uso indevido de drogas. Rio de Janeiro: s.d.

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FREEMAN, Sally. Tudo Sobre Drogas: Na Rota do Vício. São Paulo: Nova

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GARCIA, J. Alves. Poluição das Drogas. Rio de Janeiro: Rio, 1972.

KALINA, Eduardo e GRYNBERG, Halina. Aos Pais de Adolescentes: Viver

sem Drogas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2002

MARTIN, Jo e CLENDENON, Kelly. Tudo Sobre Drogas: O Drama da

Família. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Drogas, Aids e Sociedade. Brasília: Coordenação

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MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 7ª

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MURAD, José Elias. Drogas: O que é preciso saber. 8ª ed. Rio de Janeiro:

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OLIVEIRA, Silvério da Costa. Conversando Sobre as Drogas. Rio de

Janeiro: Irradiação Cultural, 1997.

SÁ, Domingos Bernardo Silva; CARLINI, Elisaldo; BASTOS, Francisco

Inácio; SOARES, Luiz Eduardo; SCHEERER, Sebastião. Drogas: É legal ?

Um Debate Autorizado. Rio de Janeiro: Imago, 1993.

SILVA, Myltainho Severiano da. Se liga ! O livro das Drogas: O que pais e

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SOUZA, Percival de. Society: Cocaína. Santos: Traço, 1982.

SPINELLI, Marco Antonio. Plantão Médico: O Jovem e as Drogas. Rio de

Janeiro: Biologia e Saúde, 1998.

TIBA, Içami. 123 Respostas Sobre Drogas. São Paulo: Scipione, 1994.

TIBA, Içami. Anjos Caídos: Como previnir e eliminar as drogas da vida do

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TERMINOLOGIA

Abstinência

Deixar de fazer uso de algum produto ou coisa de que se fazia uso

com freqüência.

Adicto

Adjunto; adstrito; afeiçoado,dedicado; inclinado ( a consumir drogas ).

Alucinógeno

O que provoca alucinações, delírios, visões distorcidas.

Dependência

Quando a pessoa não consegue largar a droga, porque o organismo

acostumou-se com a substância e sua ausência provoca sintomas físicos

(quadro conhecido como síndrome de abstinência ), e/ou porque a pessoa

acostumou-se a viver sob os efeitos da droga, sentindo um grande impulso

de usá-la com freqüência (“fissura”).

Droga

É toda substância química, natural ou sintética que, introduzida no

organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções,

independentemente de ser lícita ou ilícita.

Drogas ilícitas

São aquelas comercializadas à margem da lei e sem padrão de

regulamentação de sua utilização adequada. Ex : maconha.

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Drogas lícitas

São aquelas comercializadas livremente de forma legal, podendo ou

não estar submetidas a algum tipo de limitação de sua comercialização. Ex:

bebida alcoólica (venda proibida a menores).

Entorpecente

O que produz entorpecimento ou torpor. Legalmente, considera-se

como sinônimo de tóxico.

Ilícito

“O que é contrário à lei, à moral e aos bons costumes. O que é

vedado, defeso ou proibido por lei. Ato praticado em desacordo com a ordem

jurídica, a ponto de violar direito subjetivo individual”.

Lícito

“Aquilo que é conforme a lei. Permitido juridicamente. O que não está

proibido legalmente segundo a justiça . Justo, consentido. De acordo com a

moral e os bons costumes. O que se pode fazer, por não estar vedado em

lei. Regular”.

Dependência Física

Estado de adaptação em nível celular, produzido pela administração,

a curtos intervalos, de determinadas drogas – como por exemplo, os

opiáceos.

- necessidade compulsiva de usar a droga, o que leva o usuário a tentar

obtê-la de qualquer maneira;

- presença de síndrome de abstinência ou de privação pela retirada brusca

da droga, isto é, o organismo sofre quando a droga falta;

- presença, em geral, de tolerância da droga no organismo, o que obriga o

usuário a ir aumentando a dose.

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Dependência Psíquica

Quando a ingestão da droga produz sensação de euforia, liberação,

satisfação, bem-estar, e se faz acompanhar de um impulso irreprimível, que

leva o indivíduo a tomar a droga, contínua ou periodicamente, com o objetivo

de manter ou ampliar as sensações experimentadas.

- desejo psicológico de usar a droga pelo bem-estar e prazer que ela produz;

- não há crise de abstinência (sofrimento do organismo) pela sua retirada

brusca;

- inexistência, em geral, de tolerância do organismo, o que não obriga o

usuário a ir aumentando a dose.

Narcótico

Aquilo que produz narcose, isto é, induz ao sono.

Prevenção Primária

Intervenção junto à população, antes do primeiro contato com a

droga; seu objetivo é impedir ou retardar o início do consumo de drogas.

Prevenção Secundária

Intervenção que ocorre após o primeiro contato da população com a

droga; seu objetivo; seu objetivo é evitar a progressão do consumo e

minimizar os prejuízos relacionados ao uso.

Prevenção Terciária

É a intervenção realizada após a instalação de transtornos

relacionados com as substâncias; seu objetivo é evitar ou minimizar as

condições decorrentes do uso abusivo de drogas.

Psicotrópico

Aquilo que tem afinidade, atração, tropismo pela mente. Diz-se das

drogas que agem sobre o cérebro.

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Síndrome de Abstinência

Caracteriza-se pelo aparecimento de sofrimento físico no

toxicodependente, quando limita-se ou suspende-se o uso de uma

determinada droga. Esse sofrimento varia de acordo com o psicotrópico e,

em alguns casos, pode levar à morte.

Tolerância

É a necessidade de adaptação do organismo, para sua defesa, à

substância que tende a alterar o seu funcionamento.

A tolerância leva a uma escalada, fazendo o indivíduo a usar doses cada vez

maiores para obter os mesmos efeitos que sentia no início ou obrigando-o a

passar para drogas mais “pesadas”.

Tóxico

Substância que envenena, que faz mal ao organismo.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

AS DROGAS E SEUS EFEITOS 9

OS EFEITOS 10

CLASSIFICAÇÃO 11

1.1 – Substâncias Depressoras do Sistema Nervoso Central 12

1.1.1 – Álcool Etílico 12

1.1.2 – Solventes ou Inalantes 13

1.1.3 – Ansiolíticos, Tranqüilizantes, Sedativos e Soníferos 13

1.1.4 – Narcóticos 14

1.2 – Substâncias Estimuladoras do Sistema Nervoso Central 15

1.2.1 – As Anfetaminas 15

1.2.2 – Cocaína 16

1.2.3 – Tabaco (Nicotina) 16

1.2.4 – Cafeína 17

1.3 – Substância Perturbadoras do Sistema Nervoso Central 17

1.3.1 – Maconha 18

1.3.2 – LSD, Psilocibina e Mescalina 19

1.3.3 – O Ecstasy 20

CAPÍTULO II 22

AS PRINCIPAIS CAUSAS DE ADICÇÃO 22

POSSÍVEIS MOTIVOS 23

2.1 – Curiosidade e Busca do Prazer 23

2.2 – Pressões Grupais 24

2.3 – A Oportunidade Surgiu e o Jovem Experimentou 25

2.4 – Problemas Familiares 25

2.5 – Tentativa de Amenizar os Sentimentos de Solidão, de

Inadequação, Baixa Auto-Estima, Angústia ou Depressão 26

2.6 – Fatores Sócio-Econômicos-Culturais 27

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CAPÍTULO III 29

DEPENDÊNCIA 29

CONSIDERAÇÕES GERAIS 30

CAPÍTULO IV 32

IMPLICAÇÕES LEGAIS 32

AS LEIS 33

OS PRINCIPAIS ARTIGOS 34

CAPÍTULO V 36

A FAMÍLIA E AS DROGAS 36

O PAPEL DA FAMÍLIA 37

5.1 – A Ajuda 37

5.2 – Sinas que Identificam 38

5.3 – Devemos Conversar 39

5.4 – Como Conversar 40

5.5 – Como Exercer a Autoridade 41

5.6 – Quem Pode Ajudar 41

5.7 – Seu Filho Está Usando Drogas. O Que Fazer? 42

CAPÌTULO VI 43

A ESCOLA E AS DROGAS 43

O PAPEL DA ESCOLA 44

CAPÍTULO VII 47

TRATAMENTO 47

CONSIDERAÇÕES GERAIS 48

CAPÍTULO VIII 50

ONDE ENCONTRAR AJUDA 50

INSTITUIÇÕES DE APOIO OU DE TRATAMENTO 51

CONCLUSÃO 55

BIBLOGRAFIA 57

TERMINOLOGIA 59

ÍNDICE 63

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Prevenção Primária ao Uso/Abuso de Drogas

Autor: Antonio Carlos Costa Effren

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final:

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COMPROVANTES DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

CULTURAIS