universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … bessa da costa de almeida.pdf · integraÇÃo x...

46
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE INTEGRAÇÃO OU INCLUSÃO: QUAL SERÁ A DIFERENÇA ? Por: Renata Bessa da Costa de Almeida Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Niterói 2005

Upload: ledung

Post on 10-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTEGRAÇÃO OU INCLUSÃO:

QUAL SERÁ A DIFERENÇA ?

Por: Renata Bessa da Costa de Almeida

Orientador

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Niterói 2005

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTEGRAÇÃO OU INCLUSÃO :

QUAL SERÁ A DIFERENÇA ?

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso

de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia.

Por: Renata Bessa da Costa de Almeida

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

3

AGRADECIMENTO

A Deus pela a oportunidade de vida e pela sabedoria e fé na realização

deste trabalho.

A minha querida mãe , por todo o seu amor e carinho , e pelo seu apoio ,

que muito contribuiu para que eu chegasse até o final desta tarefa .

Ao meu marido , que muitas vezes resistiu as minhas “crises acadêmicas “ e

acreditou no meu trabalho.

As minhas queridas filhas , Camilla e Gabriela , que me incentivaram com os

seus sorrisos e que , durante muito tempo , aceitaram e compreenderam a

minha ausência.

A todos , MUITO OBRIGADA

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a minha mãe que muito contribuiu para a realização

deste curso e me ajudou a realizar mais esta etapa da minha vida

acadêmica.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

5

“ A presença de uma deficiência , de uma dificuldade ou

de uma desordem , qualquer que seja a sua severidade , não

deve alterar a necessidade de respeitar a dignidade e a

valorosidade humanas dos deficientes.

Educá-los e reabilita-los , é uma luta pelos direitos

humanos , que se deve impulsionar com abnegação e

determinação . “

Vitor da Fonseca

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

6

RESUMO

O presente trabalho aponta a importância da Educação Especial na

nossa sociedade e as diferenças significativas entre inclusão e integração ,

demostrando assim , a real possibilidade da inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais no ensino regular da educação

fundamental , seus aspectos históricos e legais , assim como as questões

teóricas relevantes abordadas por diferentes pensadores , com o objetivo de

levantar as dificuldades e os desafios de sua real implementação .

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

7

METODOLOGIA

Este trabalho será realizado a partir de pesquisa de campo ,

livros , textos sobre o tema , revistas especializadas , internet ,

observação.

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9 Capítulo I 10 A EDUCAÇÃO ESPECIAL 10 Capítulo II 13 RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO 13 Capítulo III 24 INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO 24 Capítulo IV 33 ADAPTAÇOES CURRICULARES PARA QUE A INCLUSÃO ACONTEÇA. 33 CONCLUSÃO 39 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 43 ANEXOS 44 FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

9

INTRODUÇÃO Sabendo-se que muitas escolas que se julgam inclusivas, desconhecem

o verdadeiro significado da palavra inclusão e realizam em suas instituições,

apenas a integração do aluno com necessidades educacionais especiais no

ensino fundamental, sem levar em consideração todas as mudanças

necessárias, tanto a nível curricular quanto ao nível social e físico da

instituição para que a inclusão escolar realmente aconteça.

Sendo assim, este trabalho foi elaborado com o objetivo diferenciar e

esclarecer o verdadeiro sentido da inclusão escolar, apontando as

diferenças entre os estes dois conceitos : inclusão e integração. Buscando

sensibilizar a sociedade, e em especial os educadores e todos os

responsáveis pelo sistema educacional, sobre o direito à inclusão dos alunos

com necessidades educacionais especiais, conforme determina a

Constituição Federal e a nova LDB .

Pretendemos também neste trabalho ,socializar o conceito de Educação

Especial , apresentando uma visão histórica sobre a Educação Especial e

mostrar que a proposta de inclusão é humanamente possível , quando está

associada ao comprometimento de todos os envolvidos no processo

educacional, através das mudanças curriculares e pedagógicas necessárias.

Desta forma , as reflexões sobre as questões abordadas neste trabalho, tem

como principal objetivo , contribuir para a formação de um ideal inclusivo.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

10

CAPÍTULO l

A EDUCAÇÃO ESPECIAL “ O reconhecimento das

diferenças é o primeiro passo

para a verdadeira inclusão”

Lucinda Ferreira Brito

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

11

Para que possamos discutir sobre as diferenças entre incluir e integrar

alunos com necessidades educacionais especiais ao sistema regular de

ensino , é preciso que saibamos primeiramente qual o conceito do que

seja educação especial. Desta forma , saberemos reconhecer e conhecer

aqueles alunos com necessidades educacionais especiais , valorizando

as suas peculiaridades e respeitando as diferenças . Só então ,

poderemos entender melhor as mudanças necessárias que vêm sendo

propostas no sistema educacional , no que se refere ao tratamento dado às

pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais.

1.1 – O que é educação especial

A Educação Especial vem sendo definida atualmente , de acordo com

os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC) , como sendo uma

modalidade de ensino que visa promover o desenvolvimento das

potencialidades de pessoas portadoras de necessidades especiais , sendo

considerada como um elemento integrante e indistinto do sistema

educacional , que veio para desenvolver uma prática pedagógica que

respeite as diversidade dos alunos , e estabeleça diferenciações nos atos

pedagógicos , afim de contemplar as necessidades de todos.

A Educação Especial é um processo educacional , criado para

assegurar um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais,

organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e,

em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a

garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das

potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais

especiais , em todas as etapas e modalidades da educação.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

12

Desta forma , como integrante do sistema educacional , a educação

especial se insere na transversalidade das diferentes etapas e níveis da

formação escolar (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e

educação superior) e na interatividade com as demais modalidades como,

por exemplo, a educação de jovens e adultos e a educação profissional.

1.2 – A quem atende a Educação Especial

A Educação Especial atende a todas as pessoas portadoras de

necessidades educacionais especiais , como : Deficiência Mental – DM ,

Deficiência Auditiva – DA , Deficiência Visual – DV , Deficiência Física – DF ,

Super Dotados – SD , Múltiplas Deficiências – MD , Condutas Típicas e Altas

Habilidades

Sendo assim , os sujeitos desse processo são todos aqueles alunos

que apresentam, temporária ou permanentemente, necessidades

educacionais especiais. São educandos que, por apresentarem condições

específicas e próprias diferentes dos demais alunos , como é o caso dos

cegos e dos surdos , no domínio das aprendizagens curriculares, ou então

dificuldades acentuadas de aprendizagem, requerem da escola recursos

pedagógicos, metodológicos e humanos específicos e qualificados.

Em outro grupo estão aqueles que por apresentarem características

de superdotação, requerem da escola atendimento educacional suplementar

e/ou conclusão, em menor tempo, da série, ciclo ou etapa escolar.

As modalidades de atendimento a estas pessoas portadoras de

necessidades especiais , de acordo com a Política Nacional de Educação

Especial são : Atendimento domiciliar , classe comum , sala de recursos ,

classe especial , classe hospitalar , centro integrado de educação especial ,

ensino com professor intinerante , escola especial , oficina pedagógica e

sala de estimulação essencial.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

13

CAPÍTULO II

RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO

BRASIL E NO MUNDO

“ O homem só se torna homem pela educação “ Kant

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

14

Ao longo dos anos a visão sobre a educação especial foi se modificando e se mistificando , porém , foi preciso o passar de um século , aproximadamente , para que a educação especial passasse a ser uma das componentes de nosso sistema educacional. 2.1 As propostas de atendimento aos portadores de

necessidades especiais entre as décadas de 50 e 80

Historicamente a deficiência oscilou entre pólos bastantes contraditórios

representando ora a presença dos Deuses , ora de demônios , ou algo

supra-humano , ou ainda como uma pessoa extirpada da sociedade. Na

Roma antiga , as pessoas portadoras de necessidades especiais eram

condenadas à morte. No século XIX as discussões foram influenciadas pela

ideologia da revolução Francesa , retificando as injustiças sociais e

revisando o tratamento desumano dado aos deficientes.

Já no século XX , com o avanço da industrialização , ocorreram

grandes mudanças sociais e um grande avanço nas descobertas científicas

a respeito das deficiências , sendo apontadas como falhas congênitas ,

problemas bioquímicos (fenilcetonúria ) e defeitos metabólicos.

As discussões em torno do direito à assistência e a educação dos

portadores de deficiência passaram por uma longa trajetória , indo desde

uma situação de total ausência por parte da sociedade e um atendimento

assistencialista e filantrópico , até receberem um atendimento educacional a

partir da década de 60.

Durante o período de 1854 a 1956 , no Brasil , foram fundadas

algumas instituições como: Instituto Imperial dos Meninos Cegos, ( hoje IBC

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

15

– Instituto Benjamin Constant ) em 1854 , o INES ( Instituto Nacional de

Educação de surdos ) em 1857 , a SPERJ ( Sociedade Pestalozzi do Rio de

Janeiro ) em 1949 , a APAE ( Associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais ) do Rio de Janeiro em 1954 , entre outras. A partir de 1957 o

atendimento aos deficientes foi explicitamente assumido a nível nacional

pelo governo federal , com a criação de campanhas voltadas para este fim.

A primeira campanha para Educação do Surdo Brasileiro ( CESBE) , foi

criada pelo Decreto federal n.º 42728 , de 03 de Dezembro de 1957 ; em

1958 a Campanha Nacional de Educação e reabilitação de Deficientes da

visão pelo decreto n.º 44236 , de 1º de Agosto de 1958 , que anos mais tarde

sofreu algumas modificações e passou à denominação de Campanha

Nacional de Educação de Cegos ( CNEC ) e pelo decreto n.º 48961 , de 22

de Setembro de 1960 , foi instituída a Campanha Nacional de Educação e

Reabilitação de Deficientes Mentais ( CADEME ).

Nesta época iniciou-se um movimento de integração escolar visando por

um fim à segregação , possibilitando assim , interações sociais de

estudantes deficientes com estudantes considerados “normais”. A

modalidade mais utilizada era a classe Especial ( considerada

integradora ).

Este movimento provocou a diminuição do número de escolas e classes

especiais. Os alunos com deficiências leves ( dificuldade de aprendizagem ,

distúrbios de comportamento , deficiência intelectual leve ) eram

encaminhadas para classes regulares. Embora continuassem freqüentando

a sala de recursos , local equipado com materiais e recursos pedagógicos

específicos à natureza das necessidades do aluno com determinado tipo de

deficiência. O professor desta sala de recursos realizava um trabalho de

complementação ao que era ensinado na classe regular, ou seja , na classe

comum de ensino.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

16

Neste período , a integração significava freqüentar uma classe especial

numa escola comum. Desta forma , o enfoque dado , não atendia às

necessidades pedagógicas e sociais deste aluno.

A lei 5692/71 , a antiga LDB , mencionava a educação Especial apenas

no artigo 9º recomendando que :

“Tratamento especial aos alunos que apresentem

deficiências físicas ou mentais , os que se

encontrem em atraso considerável quanto à idade

regular de matrícula e os superdotados, deverão

receber tratamento especial , de acordo com as

normas fixadas pelos competentes conselhos de

educação.”“

No entendimento do Conselho Federal de Educação à respeito deste

artigo o tratamento especial deve ser concomitante com o tratamento

regular. Contudo para concretização desta linha de escolarização proposta

é preciso três pontos fundamentais , ou seja : O desenvolvimento de

técnicas , o aperfeiçoamento de pessoal e adeqüação do espaço físico das

escolas.

Em 1971 , foi constituído no MEC , através da portaria n.º 86 de

17/06/71 , um grupo tarefa cujo o objetivo era elaborar relatórios sobre a

avaliação da educação especial no Brasil. Estes relatórios tinham sugestões

, diretrizes e propostas para criação de um órgão especializado em lidar com

a Educação Especial.

Em 1972 , foi elaborado o I Plano Setorial de Educação . O governo

elegeu a Educação Especial como área prioritária e em decorrência disto ,

foi criado o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP. Este centro

foi criado para promover , em todo território nacional , a expansão e

melhorias do atendimento aos excepcionais , foram então , extintas a

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

17

Campanha Nacional de Educação de Cegos e a Campanha Nacional de

Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais.

Para desenvolver o seu trabalho , o CENESP estabeleceu parcerias

com órgãos e entidades como : Reabilitação da Fundação Legião Brasileira

de Assistência ( LBA / MPAS ) , dos serviços de saúde da previdência social

e dos serviços de reabilitação profissional do INPS / MPAS .

Na década de 80 o CENESP / MEC , editou a portaria n.º 69 definindo

normas para a prestação de apoio técnico e / ou financeiro à educação

especial nos sistemas de ensino público e particular. Nesta época ficou claro

que houve um avanço especialmente ao nível conceitual , quanto as

características das modalidades de atendimento e da clientela. A educação

Especial passou então a ser entendida como parte integrante da educação ,

visando ao desenvolvimento pleno das potencialidades do educando com

“necessidades especiais” abolindo assim o termo “aluno excepcional”.

Em 1986 , o decreto de 9.3613 de 21 de novembro transforma o

CENESP em Secretaria de Educação Especial - SESPE , órgão central de

direção superior do Ministério da Educação. Porém , quatro anos mais tarde

, o Ministério da educação foi reestruturado , e a SESPE foi extinta . Assim ,

as atribuições relativas à Educação Especial passaram a ser incumbência da

SENEB ( Secretaria Nacional de Educação Básica ) que incluía o DESE (

Departamento de Educação Supletiva e Especial ). No DESE havia uma

Coordenadoria de Educação Especial ( COEE) com competências

específicas à Educação Especial , dentre as quais podemos citar :

Artigo 7 – a Secretaria Nacional de Educação Básica compete:

IV – Sugerir a política de formação e valorização do magistério para

educação especial;

VII – Produzir e divulgar documentação técnica e pedagógica relacionada com

a educação básica e especial ;

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

18

VIII – Elaborar propostas de dispositivos legais relativos à educação básica e a

educação especial ;

Após a queda do presidente Fernando Collor de Mello , no final do ano

de 1992 , houve uma mudança nos ministérios e reapareceu a Secretaria de

Educação Especial – SEESP , como órgão específico do Ministério da

Educação e do Desporto.

2.2 Aspectos normativos e legais da Educação Especial

Na década de 80 , o Congresso Nacional ganha relevância internacional

através da Constituição Federal Brasileira , promulgada em 05 de Outubro

de 1988 , que tem no capítulo III – Da Educação , Cultura e do Desporto ,

seção I (Da educação) , nos artigos 205 e 208 , que diz o seguinte no seu

artigo 205 :

“ A educação , direito de todos e dever do Estado e

da família , será promovida e incentivada com a

colaboração da sociedade , visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa , seu preparo para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho.”

E no artigo 208 : “ Atendimento educacional especializado aos portadores

de deficiência , preferencialmente na rede regular de ensino”

Neste aspecto , a questão da deficiência passa por um processo de

reavaliação . Evidenciada através dos movimentos sociais , onde os

portadores de deficiências começam a tomar consciência de si mesmos

como cidadãos , organizando-se em grupos e associações , participando de

foros de discussões a cerca de seus direitos.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

19

A Lei nº 8069 , de 13 de Julho de 1990 ( Estatuto da Criança e do

Adolescente ) , também dispõe sobre os portadores de necessidades

especiais. O Estatuto é um conjunto de direitos e deveres que se aplica a

crianças (de 0 a 12 anos incompletos) , adolescentes (de 12 a 18 anos) e

excepcionalmente , as pessoas entre 18 e 21 anos , portadoras de

deficiência ou não.

.

Em 1993 , foi elaborado pela Secretaria de Educação Especial

(SEESP/MEC) um importante documento oficial que estabelece uma Política

Nacional de Educação Especial (PNEE). Desta forma , a educação especial

segue os mesmos princípios democráticos de igualdade , liberdade e

respeito à dignidade , porém princípios específicos norteiam sua ação

pedagógica , que são os seguintes:

* Princípios da normalização – Que visa “ Oferecer aos portadores de

necessidades especiais as mesmas condições e oportunidades sociais

educacionais e profissionais a que outras pessoas têm acesso. “

* Princípios de integração – Que refere os seguintes valores : “ Viver

em sociedade tendo direitos iguais , privilégios e deveres , como todos

os indivíduos ; Participação ativa – requisito indispensável à verdadeira

integração social e respeito a direitos e deveres socialmente

estabelecidos. “

* Princípios da individualização – “ Pressupõe a adequação do

atendimento educacional a cada portador de necessidades educativas

especiais ; respeitando seu ritmo e características pessoais. “

* Princípios sociológicos da interdependência – pressupõe “ Além do

atendimento educacional , outras práticas nas áreas socio-medico-

psicológicas , valorizar parcerias envolvendo educação , saúde , ação

social e trabalho. “

* Princípios epistemológico da construção do real –“ Refere-se à

conciliação entre o que fazer para atender às aspirações e interesses

dos portadores de necessidades especiais e a ampliação dos meios

disponíveis. “

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

20

* Princípios da afetividade dos modelos de atendimento educacional – “

Embasa a qualidade das ações educativas. Envolve três elementos :

Infra-estrutura , hierarquia do poder e consenso político em torno das

funções sociais e educativas. “

* Princípios do ajuste econômico com dimensão humana : “ Refere-se

ao valor que se deve atribuir à dignidade dos portadores de

necessidades especiais com seres integrais . “

* Princípios da legitimidade – “ Visa à participação das pessoas

portadoras de deficiência , de condutas típicas e de altas habilidades

, ou de seus representantes legais , na elaboração e formulação de

políticas públicas , planos e programas. “

Portanto , a Educação Especial vem assumindo a cada ano maior

importância no sistema educacional brasileiro , considerando as crescentes

exigências de uma sociedade em processo de renovação e em busca da

democracia , através de todos os princípios legais criados para respaldar e

legitimar a modalidade da educação especial , no Brasil e no Mundo.

A atual lei 9.394/96 da Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB

, de 20 de Dezembro de 1996 , complementa a Educação Especial em seu

capítulo V ( Da educação especial) , que em seus artigos 58 , 59 , e 60 ,

consta :

Art. 58 :” Entende-se por educação especial , para os efeitos desta lei , a

modalidade de educação escolar , oferecida preferencialmente na rede

regular de ensino , para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º. Haverá , quando necessário , serviços de apoio especializado , na

escola regular , para atender às peculiaridades da clientela de educação

especial.

§ 2º. O atendimento educacional será feito em classes , escolas ou

serviços especializados , sempre que , em função das condições específicas

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

21

dos alunos , não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino

regular.

§ 3º. A oferta de educação especial , dever constitucional do Estado , tem

início na faixa etária de zero a seis anos , durante a educação infantil.

Art. 59 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com

necessidades especiais 1 :

I - Currículos , métodos , técnicas , recursos educativos e organização

específicos , para atender às suas necessidades;

II - Terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível

exigido para a conclusão do ensino fundamental , em virtude de suas

deficiências , e aceleração para concluir em menor tempo o programa

escolar para os superdotados.

III- Professores com especialização adequada em nível médio ou superior ,

para atendimento especializado , bem como professores do ensino

regular capacitados para a integração desse educandos nas classes

comuns;

IV- Educação especial para o trabalho , visando a sua efetiva integração na

vida em sociedade , inclusive condições adequadas para os que não

revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo , mediante

articulação com órgãos oficiais afins , bem como para aqueles que

apresentarem uma habilidade superior nas áreas artísticas , intelectual

ou psicomotora;

IV- Acesso igualitários aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

22

Art. 60 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão

critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos ,

especializadas e com atuação exclusiva em educação especial 2, para afins

de apoio técnico e financeiro pelo Poder Púbico.

Parágrafo único. “ O Poder Público adotará , como alternativa preferencial ,

a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais

na própria rede pública regular de ensino , independente do apoio às

instituições previstas

neste artigo. ”

A Declaração de Salamanca foi uma Conferência Mundial de Educação

Especial , representando 82 governos e 25 Organizações internacionais que

aconteceu na Espanha , na cidade de Salamanca , entre os dias 7 e 10 de

Junho de 1994 , onde foi reafirmado um compromisso com a “Educação

para Todos” , reconhecendo a necessidade e urgência de ser o ensino

ministrado , no sistema comum de educação , a todas as crianças , jovens e

adultos com necessidades educativas especiais , apoiando também a Linha

de Ação para as Necessidades Educativas Especiais , aprovada nesta

Conferência Mundial , cujo o seu objetivo era definir a política e inspirar a

ação dos governos , de organizações nacionais e internacionais ,

governamentais ou não , a aplicarem a Declaração de Salamanca , de

princípios , política e prática para as necessidades educativas especiais.

Esta Declaração , foi um passo importante para a formação e o conceito da

escola inclusiva, , cujo o princípio fundamental é de que :

“as escolas devem acolher todas as crianças ,

independentemente de suas condições físicas ,

intelectuais , sociais , emocionais lingüísticas e outras.

Devem acolher crianças com deficiência e crianças

bem dotadas ; Crianças que vivem nas ruas e que

trabalham ; Crianças de populações distantes ou

nômades ; Crianças de minorias lingüísticas , étnicas

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

23

ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas

desfavorecidas ou marginalizadas ... No contexto desta

Linha de Ação , a expressão “necessidades educativas

especiais “refere-se a toda as crianças e jovens cujas

as necessidades decorrem de sua capacidade ou de

suas dificuldades de aprendizagem.. E tem por tanto ,

necessidades educativas especiais em algum

momento de sua escolarização. As escolas têm que

encontrar a maneira de educar com êxito todas as

crianças , inclusive as com deficiência grave. “

( p. 17 e 18 )

Como podemos observar , a educação especial que durante décadas viveu as

margens da sociedade , assume hoje o seu papel na história da educação ,

mostrando que também faz parte deste processo educacional , respaldando-se na

legislação vigente e alterando e re-estruturando todo o sistema de ensino atual.

___________________ 1 Ver Lei 7.853/79. 2. Ver Constituição Federal , art. 213

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

24

CAPÍTULO III

INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO

“ A escola regular necessita

ser mais inclusiva , provocando e

“negociando” no seu seio , arranjos

de inclusão progressiva até a

inclusão total , mesmo que sejam

necessários 10 ou 20 anos ”

Vitor da Fonseca

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

25

A inclusão e a integração são ações complementares , mas que

possuem práticas diferentes dentro do contexto escolar. Admitir a matrícula

de um aluno com necessidades educacionais especiais na rede regular de

ensino , isso nada mais é que cumprir a lei , o que realmente vale é oferecer

serviços complementares , adaptar projetos pedagógicos , rever posturas ,

derrubar preconceitos é construir uma nova filosofia educativa , permitindo

ao aluno com necessidades educacionais especiais uma participação mais

ampla no processo educativo comum.

3.1 – A diferença entre integração e inclusão

A partir da década de 70 , começou-se a dar ênfase ao idéia de

integracionismo , que deu origem à implantação de serviços de apoio e a

outras alternativas de atendimento educacional e de saúde. Neste período ,

observou-se a manutenção de estruturas de ensino segregado e a

proliferação de classes especiais , salas de recursos e serviços

especializados para onde são encaminhados alunos com necessidades

educacionais especiais. Já a partir da década de 80 , com a prática da

inclusão , podemos observar a existência de conceitos conflitantes entre o

paradigma da integração e o da inclusão escolar.

Embora ambas constituem formas de inserção do portador de

necessidades educativas especiais , podemos dizer que são modalidades

distintas de inserção desses alunos em escolas regulares.

O modelo de integração , constitui um mecanismo paralelo de avaliação

no qual a inserção é parcial e condicionada às possibilidades de o aluno

adaptar-se às normas e padrões da escola , baseia-se no princípio de

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

26

normalização , isto é , na preparação do aluno para acompanhar uma turma

ou série em um ambiente menos restrito possível.

Quanto ao que diz respeito a modalidade de inclusão , inversamente a

integração , ela preconiza a inserção incondicional do aluno desde o início

de sua trajetória escolar sem a mediação do ensino especial. A prática da

inclusão escolar visa transformar a escola , os ambientes educacionais e a

sociedade de modo geral ( escolas , empresas , programas , serviços ,

ambientes físicos etc. ) para torna-la capaz de acolher todas as pessoas que

apresentem alguma necessidade educativas especiais , promovendo

mudanças de atitudes e de convívio natural com as diferenças . A inclusão é

um direito de todos , deficiente ou não , e que gera o desenvolvimento do

respeito à diferença , à cooperação e a solidariedade.

3.2 – O paradigma da inclusão

O paradigma da inclusão escolar desloca a centralidade do processo

para a escola , tendo por princípio o direto à escolaridade de todos os

alunos no mesmo espaço educativo.

Embora a inclusão da criança com deficiência na escola regular não

seja algo tão recente assim , sabemos que esta nova proposta de

Educação Inclusiva foi impulsionada e ganhou força , a partir da Declaração

de Salamanca sobre princípios , políticas e práticas em educação especial

(1994) . A partir daí , a educação inclusiva passou a ser conceituada como

um processo de “educar juntos” , incondicionalmente nas classes regulares.

Para isso é necessário que se abandonem os rótulos , os preconceitos e as

classificações , procurando levar em conta as diferenças , dificuldades e as

necessidades impostas pelas limitações que a deficiência possa lhe trazer.

Pois todos os alunos , sejam suas dificuldades e incapacidades reais ou

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

27

circunstâncias , físicas , intelectuais ou sociais , todos têm a mesma

necessidade de serem aceitos , compreendidos , respeitados e inseridos no

processo educativo. , de acordo com Constituição Federal de 1988 , no seu

capítulo III , seção I(da Educação) , artigo 205: “A educação , direito de

todos...”

Desta forma , a inclusão escolar representa uma transformação

positiva de todo o sistema de ensino e o sucesso desta prática , ou seja da

inclusão de alunos com necessidades educativas especiais em escolas

regulares , decorre portanto , das reais possibilidades de se conseguir

progressos significativos desse alunos na escolaridade , por meio da

adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes. O que

certamente se conseguirá , quando a escola regular assumir que as

dificuldades de alguns alunos não são apenas deles , mas resultam em

grande parte do modo como o ensino é ministrado , de como ela a

aprendizagem é concebida .

3.3 - Os desafios e as resistências para a inclusão

Sabemos que os desafios para a implementação de uma escola

inclusiva são muitos , tanto com relação a escola , professores , familiar ,

mas até mesmo governamental e financeiro. Mas as principais resistências

da inclusão tem como origem o preconceito , a falta de informação e a

intolerância a modelos mais flexíveis e ao que é “novo”.

Priorizar a inclusão escolar , ainda nas séries iniciais , no ensino regular é

, pois , um desafio que precisa ser assumido por todos os educadores ,

direção , professores , funcionários e demais elementos da escola: os pais ,

a família e a sociedade .Todos em busca de ideais de cidadania , justiça e

igualdade para todos , em contraposição aos sistemas hierarquizados de

desigualdade e inferioridade que ainda imperam.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

28

A inclusão deve favorecer um ensino de qualidade , Segundo Mantoan :

“ priorizar a qualidade do ensino regular é , pois , um

desafio que precisa ser assumido por todos os

educadores. Ë um compromisso inadiável das escolas

, pois a educação básica é um dos fatores do

desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma

tarefa possível se ser realizada , mas é impossível de

se efetivar por meios dos modelos tradicionais de

organização do sistema escolar. "

Se hoje já podemos contar com uma lei educacional que propõe e

viabiliza novas alternativas para melhoria do ensino nas escolas , estas

ainda estão longe , na maioria dos casos , de se tornarem inclusivas , isto é ,

abertas a todos os alunos , indistinta e incondicionalmente. O que existe em

geral são projetos de inclusão parcial , que não estão associados a mudança

de base nas escolas e que continuam a entender aos alunos com deficiência

em espaços escolares semi ou totalmente segregados ( classes especiais

, salas de recursos , turma de aceleração , escolas especiais e serviços de

intinerância ).

As escolas que não atendem aos alunos com deficiências em suas

turmas regulares se justificam , na maioria das vezes pelo despreparo dos

seus profissionais para esse fim. Elas alegam que não estão preparadas

para receberem alunos com necessidades educativas especiais. Agora ,

existem também , as que não acreditam na possibilidade de inclusão e nos

benefícios que esses alunos com deficiências poderão tirar dessa nova

situação , especialmente os casos mais graves , pois não teriam condições

de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam ainda mais

marginalizados e discriminados do que nas classes especiais ou escolas

especiais.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

29

Em todas essa situações , fica evidenciado , que o problema

fundamental é a “ignorância” e a falta de informação sobre a educação

inclusiva. Os sentimento de insegurança e ansiedade tem origem no medo

do desconhecido , e geralmente o pensamento é preenchido por idéias

fantasiosas , expectativas e o sentimento de ameaça e perigo. Desta forma

, não podemos julgar ou condenar quem se opõe a esta proposta de

inclusão , essa resistência é compreensível , diante do modelo pedagógico –

organizacional conservador que vigora na maioria de nossas escolas. Porém

, devemos mudar este quadro e procurar informar esta parcela da

população sobre os benefícios da inclusão. Procurar desenvolver ações de

sensibilização da sociedade , mediante a convivência na diversidade

humana dentro das escolas e mostrar o quanto esta convivência pode

enriquecer nossa existência desenvolvendo , em vários graus , os diversos

tipos de inteligência que cada um de nós possui. É preciso promover a

socialização das informações sobre os modelos de inclusão que deram certo

, através de resultados que já existem e que comprovem a eficácia da

educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos : Comportamento na

escola , na família e na comunidade ; Senso de cidadania ; Respeito mútuo ;

Valorização das diferenças e a aceitação das contribuições de todas as

pessoas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem , dentro e fora das

escolas inclusivas.

3.4 - Os caminhos pedagógicos para a inclusão escolar

Para que o processo de inclusão escolar se torne viável é necessário

propiciar a ampliação do acesso dos alunos portadores de necessidades

especiais às classes comuns , assim como proporcionar aos professores

desta classe um suporte técnico. Para que o sonho da inclusão se torne

realidade , a escola precisa adaptar-se às diferenças e responder às

necessidades gerais e específicas de todos os alunos. Esta inclusão deve

ser feita de forma transformadora , porém responsável , onde a escola

acredite que esta transformação envolva um compromisso de todos

(educadores, pais , especialistas , agentes do poder público e etc. ) ,

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

30

trabalhando juntos para que a mesma caminhe para uma educação de

qualidade . É necessário que se estimulem estas escolas para que elas

elaborem com autonomia e de forma participativa o seu projeto político

pedagógico , diagnosticando a demanda e procurando conhecer os seus

alunos e os que estão à margem dela. É a partir deste reconhecimento que a

escola poderá elaborar um currículo escolar que reflita o meio social e

cultural em que se insere.

Esse ideal de inclusão pode ser alcançado por meio da conjugação de

esforços e da disposição individual e coletiva para rever práticas e posturas .

Neste sentido , destacamos alguns fatores que favorecem a transformação

da escola regular para que ela se torne inclusiva :

- Reconhecer o valor das diferenças como objeto do conhecimento , e do

próprio fenômeno educativo .

- Um projeto pedagógico construído coletivamente ;

- Desenvolvimento de estratégias de ensino que respeitem os diferentes

ritmos , os estilos de aprendizagem e a manifestação de valores ,

talentos e habilidades de cada um ;

- Concepção de um currículo aberto , mutável e flexível;

- Sistema de avaliação alterado ;

- Organização dos espaços escolares e estratégias condizentes com as

necessidades dos alunos ;

- Relação de parceria entre a escola , a família e sociedade ;

- Apoio pedagógico e salas de recursos ;

- Investimento na formação continuada , Informações , textos , discurses ,

debates , trocas de experiências sobre esta nova abordagem inclusiva ;

- Programas integrados ;

Falar em inclusão escolar, é pensar em uma ação em prol de direitos

humanos e cívicos , tendente a mudar toda uma filosofia educacional já

existente , afim de modificar toda a essência e a estrutura da própria escola

, este é um grande desafio , que se coloca ao sistema de ensino em geral e

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

31

ao próprio sistema de formação dos professores. Na educação inclusiva é a

escola que terá de adaptar-se a todas as crianças , ou melhor dizendo ,

toda variedade humana. Segundo o que diz Victor da Fonseca :

“ A escola , como instituição social , não poderá

continuar agir no sentido inverso , rejeitando ,

escorraçando ou segregando “aqueles que não

aprendem como os outros “, sob pena de se negar a si

própria . Não se pode continuar a defender que tem de

ser a criança a adaptar-se as exigências escolares ,

mas sim o contrário. Efetivamente , a escola , ou

melhor , o Sistema de Ensino , não pode persistir

excluindo sistematicamente as crianças deficientes,

estigmatizando-as com a desgraça , rotulando-as com

uma doença incurável ou marcando-as com um sinal

de inferioridade permanente. ”

Partindo sempre de uma perspectiva de emancipação , autonomia e

socialização do aluno portador de necessidades educativas especiais ,

devemos buscar desenvolver uma proposta de integração /inclusão , como

já fazem alguns estabelecimentos , com é o caso do CIEP 236 – Professor

Dejair Malheiros , localizado no bairro do Paraíso , na cidade de São

Gonçalo , no Estado do Rio de Janeiro . Este CIEP , trabalha desde 1998 na

perspectiva de educação Inclusiva com turmas de escolaridade regular da

classe de alfabetização à 4ª série ( 1º ano do ciclo ao 5º do 2º ciclo ), além de

classes especiais. Este CIEP 236 conta com o trabalho do CIPPNE –

Centro de Integração Para Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais ,

que atua dentro do próprio CIEP.

O CIPPNE é formado por uma equipe multidisciplinar especializada que

tem o objetivo de dar apoio às escolas na realização da Educação Inclusiva

transformando-a num espaço aberto , pluralista e democrático , garantindo

através de suas ações o acesso e permanência do aluno portador de

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

32

necessidades educacionais especiais – PNEE no sistema regular de ensino.

Par isso , o CIPPNE conta com : Classes de regularidade regular , classes

especiais , animação cultural , apoio pedagógico , educação precoce , sala

de recursos ( DA, DV , DM , Altas habilidades , /superdotados e condutas

típicas ) , Oficinas pedagógicas ( arte , culinária , atividades lúdicas ,

convivência , corpo e movimento , informática educativa , linguagem , além

do serviço de audiometria.e do serviço social ( orientação , anaminese e

encaminhamentos )

O CIPPNE disponibiliza também recursos para a avaliação ,

acompanhamento , encaminhamento em relação a saúde , educação e

orientação familiar do PNEE , além de promover cursos de capacitação para

professores e demais profissionais.

Desta forma , devemos ter em mente que o trabalho em busca de uma

política de integração/inclusão é possível , não é algo inatingível , e que são

precisas mais ações que intenções . Não basta atuar a nível das atitudes ,

é fundamental intervir a nível das condutas e de novas formas de

intervenções dentro do processo educacional. É preciso termos clareza de

que as crianças podem , e devem , aprender juntas ,por isso , o processo de

inclusão requer objetivos bem definidos para que o aluno não seja apenas

colocado em uma escola regular , mas sim , que esteja inserido em todo o

seu contexto escolar.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

33

CAPÍTULO IV

ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA

QUE A INCLUSÃO ACONTEÇA

“ Mas do que

criar condições para os

deficientes , a inclusão

é um desafio que

implica mudar a escola

como um todo , no

projeto pedagógico ,

na postura diante dos

alunos , na filosofia... ”

Arthur Guimarães

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

34

Ressaltamos neste capítulo , que a inclusão requer uma reestruturação

do sistema de ensino , com o objetivo de fazer com que a escola se torne

aberta as diferenças e competente para trabalhar com todos os educandos ,

sem distinção de raça , classe , gêneros ou características pessoais.

4.1 - Adaptações curriculares para a inclusão

Falar em adaptação curricular , e falar em modificações que se

realizam nos objetivos , conteúdos , critérios e procedimentos de avaliação ,

atividades e metodologias para atender às diferenças individuais dos alunos

. Sabemos que as adaptações curriculares para atender aos alunos surdos

podem ser poucas e não constituir alterações expressivas na programação

regular , de tal modo que todos os alunos da turma possam delas se

beneficiar . Estas adaptações devem ser significativas , afim de atender as

condições específicas necessárias , de modo a obter maior participação do

aluno nas atividades curriculares comuns e possibilitar o alcance dos

objetivos definidos para cada etapa educativa .

Estas adaptações podem ocorrer de das maneiras : Nos conteúdos

didáticos e no processo avaliativo :

› Adaptações Metodológicas e Didáticas

- Adotar métodos e técnicas de ensino-aprendizagem específicas para

o aluno , sem prejuízo para os docentes ;

- Utilizar procedimentos e instrumentos de avaliação da classe ,

quando necessário , sem alterar os seus objetivos ;

- Proporcionar apoio físico , visual , verbal e gestual ao aluno impedido

, temporariamente ou permanente , em suas capacidades , de modo a

permitir a realização das atividades escolares e do processo avaliativo;

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

35

- Introduzir atividades individuais complementares para o aluno

alcançar os objetivos comuns aos demais colegas , seja em sala de aula ,

na sala de recursos ou pôr meio do atendimento intinerante , devendo

realizar-se de forma conjunta com os professores , a família e pêlos próprios

colegas ;

- Introduzir atividades complementares específicas para o aluno ,

individualmente ou em grupo , que possam ser realizadas nas salas de

recursos pôr meio do atendimento intinerante ;

- Suprir objetivos e conteúdos curriculares que não possam ser

alcançados pelo aluno em razão de sua deficiência , substituindo-os por

outros acessíveis , significativos e básicos .

› Adaptações nos conteúdos Curriculares no processo avaliativo

- Adequar os objetivos , conteúdos e critérios de avaliação ,

modificando-os de modo a considerar a capacidade do aluno com

necessidades especiais em relação aos demais colegas .

- Dar ênfase a objetivos concernentes à(s)deficiência(s)do aluno não

abandonando os objetivos definidos para o seu grupo , mas acrescentando

aqueles relativos às complementações curriculares específicas , para

minimizar as suas dificuldades.

- Modificar o tempo dos objetivos , conteúdos e critérios de avaliação

de desempenho do aluno em língua portuguesa , na modalidade escrita ,

considerando que o aluno surdo possa alcançar os objetivos comuns do

grupo , em um período mais longo de tempo .Desse modo , deve-lhe ser

concedido o tempo necessário para o processo ensino-aprendizagem e para

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

36

o desenvolvimento de suas habilidades , considerando a deficiência que

possui .

Alguns aspectos relevantes devem ser considerados ao se fazer uma

adaptação curricular , como :

- As adaptações devem ser precedida de uma rigorosa avaliação no

desenvolvimento biológico , intelectual , motor , lingüistico , emocional , nas

competências acadêmicas sociais e interpessoais .

- Análise do contexto escolar e familiar, a fim de que possa haver

mudanças adaptativas necessárias a educação do aluno .

- Avaliações relativas às condições do aluno no contexto escola e

família devem ser realizadas pela equipe docente e técnica da unidade

escolar , com orientação do corpo dirigente , contando com o apoio da

Secretaria de Educação Especial da localidade , se necessário .

- Todas as adaptações devem estar contextualizadas e justificadas em

registros documentais que integram a pasta do aluno .

- As programações individuais do aluno devem ser definidas ,

organizadas e realizadas de modo a não prejudicar a sua escolarização ,

bem como a sua socialização .

As adaptações curriculares admitem as seguintes modalidades de apoio

à educação dos surdos : Sala de recursos ; Atendimento intinerante . Ação

combinada entre salas de recursos/atendimento intinerante ;Atendimento

psicopedagógico e Atendimento na área de saúde , oferecido pele rede

pública ou particular.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

37

4.2 - Os aspectos favoráveis e desfavoráveis

da inclusão

Como já mencionamos , a inclusão de alunos surdos no ensino regular

não é algo impossível , porém , todas as mudanças pedagógicas abordadas

até então , se fazem necessárias para que esta realmente aconteça e seja

fruto de um ensino democrático e de qualidade para todos .

Contudo , entendemos também , que existem muitos obstáculos para

a. implementação de uma educação inclusiva e que a legislação sozinha

não garantirá que isso aconteça . Sabemos que muitas pessoas se opõem a

idéia de inclusão de alunos surdos em classes regulares, professores ,

pedagogos , alguns representantes das instituições especiais , familiares , e

até mesmo os leigos. Muitas destas pessoas , agem assim por insegurança

ou medo do que esta integração/inclusão possa representar , receosas

quanto a união em sala de aula e a questão de quais seriam os benefícios

desta relação . Segundo a diretora administrativa adjunta da Federação

Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS , Silvia

Sabanovaite , que se coloca :

“ Somos contra a inclusão de alunos surdos nas escolas

regulares sem que eles tenham domínio da língua de sinais .

A criança surda só deveria freqüentar classes mistas depois

desse processo ”.

Pensamentos como este , demonstram todo o receio sobre a questão

da inclusão.

Enfim , são muitas as barreiras e os desafios a serem superados , mas

é claro , que também existem aqueles , que se contemplam com esta

proposta inclusiva e que acreditam nesta real possibilidade , como é o caso

da mestre em Educação Especial do Instituto Nacional de Educação de

Surdos , Solange Rocha , que diz :

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

38

“ A escola inclusiva é a representação da sociedade

real , ou seja , ela prepara o portador de necessidades

especiais para o mundo . Se o aluno surdo fica num

ambiente segregado , ele não consegue desenvolver

sua existência com a diversidade . Além disso , o

maior ganho é para os ditos normais , que observam e

aprendem com os especiais uma forma diferente de

experimentar a vida ”

De qualquer forma , a proposta da inclusão escolar de alunos surdos

, como qualquer outra proposta , traz consigo aspectos desfavoráveis e

favoráveis , depende muito do ponto de vista e da forma em elas se

apresentam . Mas para que esta proposta seja implementada no ensino

regular , se faz necessário que o estabelecimento de ensino tenha um

projeto político pedagógico responsável e conte com um envolvimento

maior do sistema governamental , visando uma inclusão escolar significativa

e competente , buscando os recursos necessários para a sua

implementação , até para que o professor não se sinta culpado por falhas

que não lhe dizem respeito . Educação inclusiva sim , mas com

responsabilidade.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

39

CONCLUSÃO

Como já mencionamos , a inclusão de alunos com necessidades

educativas especiais é um direito garantido por lei e que deve ser

respeitado por todos. Baseado em todas as colocações abordadas até

então , entendemos que é perfeitamente viável a inclusão de alunos

surdos em classes regulares , porém , não basta somente implementa-la

dentro do ensino regular , é necessário dar-lhe sustentação para que ela se

estabeleça de forma estruturada , organizada e sólida , através de todas as

modificações estruturais e pedagógicas necessárias .

Sabemos que as dificuldades e os desafios são muitos , mas que a

inclusão de alunos surdos no ensino regular não é uma utopia, ela é

possível, para isso é fundamental um engajamento de toda a sociedade

organizada.

Não podemos compactuar com as escolas que fecham as suas portas

para o aluno com necessidades especiais , alegando que necessitam de

tratamento especializado , de lugares especiais nos quais as suas

diferenças possam ser “tratadas” , esta é uma lógica perversa , que coloca

no indivíduo a suposta culpa por sua exclusão .

Ë importante salientar , que na inclusão escolar , todos saem ganhando

. Ganham as crianças com necessidades especiais que têm a

oportunidade de usufruir da escola e vivênciar a riqueza desse espaço

escolar , além da possibilidade de conviver com parceiros que lhes

oferecem modelos de ação e aprendizado impensáveis em educação

segregada. Ganham também as outras crianças que aprendem a conviver

com a diversidade , respeitando as diferenças . Ganham os educadores ,

que enriquecem sua formação e sua prática , pelo crescimento que o

desafio de educar a todos lhe proporciona . Ganham as famílias , que

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

40

passam a ver o seus filhos como cidadãos que tem direito de partilhar dos

recursos da sua comunidade . Ganha , em ultima instância , a comunidade

e a sociedade em geral , que se torna um espaço mais democrático ,

atendendo e educando a todos dignamente .

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

41

BIBLIOGRAFIA

BRASIL . Ministério da Justiça . Declaração de Salamanca e Linha

de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais . Brasília ,

CORDE , 1994.

CARVALHO , Erice Natália S. Adaptações curriculares : Uma necessidade .

In : Educação Especial : Tendências Atuais – “Um salto para o

futuro” – E.E. 1998 .

CARVALHO , Rosita Edler . Integração e inclusão : Do que estamos

falando ? IN : Educação Especial : Tendências atuais ,

MEC. 1988

CONSTITUIÇÃO , Republica Federativa do Brasil , Brasilia , 1988.

FONSECA , Vítor da . Educação especial . Porto Alegre , ed. Artes médicas

, 1987 .

FREIRE , Paulo . Pedagogia da autonomia : Saberes necessários à prática

educativa. São Paulo , ed. Paz eTerra , 1996 .

LDB - Lei de diretrizes e Bases da Educação , nº 5.692/71

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

42

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação , nº 9.3394/96.

MANTOAN , Maria Teresa . E. A integração de pessoas com deficiência :

Contribuições para uma reflexão sobre o tema . São Paulo :

Mennon , 1997 .

MAZZOTTA , Marcos José Silveira . Educação Especial no Brasil : História e

Políticas Públicas . São Paulo . Ed. Cortez , 1996 .

SASSAKI , Romeu K. Inclusão : Construindo uma sociedade para todos . Rio

de Janeiro , WVA , 1997 .

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

43

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I 10 A EDUCAÇÃO ESPECIAL 10 1.1 - O que é educação especial 11 1.2 - A quem atende a Educação Especial 12 CAPÍTULO II 13 RESGATE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL E NO MUNDO 2.1 – as propostas de atendimento aos portadores de necessidades especiais entre as décadas de 50 e 80 14 2.2 –.Aspectos normativos e legais da educação especial 17 CAPÍTULO III 24 INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO 24 3.1 –A diferença entre integração e inclusão 25 3.2 .O paradigma da inclusão 26 3.3 - os desafios da inclusão 27 3.4 – Os caminhos pedagógicos para a inclusão escolar 29 CAPÍTULO IV 33 ADAPTAÇOES CURRICULARES PARA QUE A INCLUSÃO ACONTEÇA. 33 4.1- adaptações curriculares para a inclusão 34 4.2- Aspectos favoráveis e desfavoráveis da inclusão 37 CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

INDICE 43

ANEXOS 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

44

ANEXOS

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

45

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … BESSA DA COSTA DE ALMEIDA.pdf · integraÇÃo x inclusÃo 24 capítulo iv 33 adaptaÇoes curriculares para que a inclusÃo aconteÇa

46

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: