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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SINDICAL. Por: José Almero Mota Orientador Profª.: Denise Grimarães Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SINDICAL.

Por: José Almero Mota

Orientador

Profª.: Denise Grimarães

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SINDICAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito do

Trabalho.

Por.: José Almero Mota

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AGRADECIMENTO

Aos meus professores, que através dos seus

ensinamentos, ajudaram a abrir meus

horizontes a novas descobertas.

A Professora Denise Guimarães que, com sua

orientação segura e competente, possibilitou a

conclusão deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

A meus pais, que através de dedicação

extrema, possibilitaram a abertura de meus

caminhos.

Ao meu filho, Rodrigo, e a minha esposa

Monique, pelo carinho, paciência e apoio em

todos os momentos deste percurso.

A todos os amigos e aos colegas de turma, que

contribuíram com incentivo nos momentos de

dificuldade.

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo mostrar as fases primordiais da organização e

da administração sindical. No Brasil, tudo começou com um Estado territorialmente

inventado pelos portugueses, embora sem nação, sem povo, uma vez que a sociedade civil

era constituída de aglomerados dispersos de maioria escrava, negra ou mestiça. Getúlio

Vargas ajudou a construir, de maneira original, a difícil convergência da nação com o

Estado, mesmo que sob tutela, modernizando a burocracia em estreito compasso com a

reforma administrativa de Roosevelt, e organizando um sindicalismo que embora

manipulado e de proveta, pelo menos teve o mérito de dar ao trabalhador o status de

cidadão. Sabe-se que a organização e a administração sindical constitui a primeira base de

assentamento do princípio nevrálgico da liberdade sindical. Porém antes da Constituição

Federal de 1988 a estrutura sindical repousava, essencialmente, no intervencionismo

estatal, num sentido global importando em interferência na organização sindical e em

intervenção na administração. Com o advento da nova Carta Constitucional de 1988, cabe

a cada grupo ou interessados em constituir suas Associações Sindicais, obedecendo

somente as disposições legais previstas para criação de pessoa jurídica. Podendo

livremente adotar suas formas ou métodos necessários de organização e administração,

elaborando seus estatutos, determinando sua base territorial de no mínimo um município,

em fim obedecendo apenas as normas da legislação comum. Devendo precipuamente ser

intérprete das aspirações trabalhistas, da categoria; representá-la nas lutas para conquistá-

las; promover a interação com seus pares e finalmente estimular a participação ativa dos

seus filiados e associados nas reuniões e assembléias destinadas a deliberar sobre seus

interesses.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada na elaboração da monografia far-

se-á através de levantamento de obras existentes sobre o tema, bem como a posição dos

tribunais acerca da matéria, leitura crítico-reflexiva das mesmas, buscando os objetivos

estabelecidos. Após detectados os tópicos inerentes ao tema, distribuiremos em capítulos

que, para fins didáticos facilitará a consulta das diversas abordagens acerca do assunto.

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................................09

INTRODUÇÃO....................................................................................................................10

1- FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO SINDICALISMO NO BRASIL.......................12

2- A REVOLUÇÃO DE 30..................................................................................................15

3- IDEOLOGIAS RADICAIS..............................................................................................17

4- AINDA EM 30.................................................................................................................18

5- A ORGANIZAÇÃO SINDICAL NO BRASIL APÓS A CONSTITUIÇÃO DE

1988......................................................................................................................................24

6- A ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SINDICAL...............................................27

6.1- Definições...............................................................................................................27

6.2- Objetivos.................................................................................................................28

7- NATUREZA JURÍDICA DO SINDICATO....................................................................30

8- A ORGANIZAÇÃO SINDICAL EM GRAUS...............................................................36

9- CLASSIFICAÇÃO SINDICAL.......................................................................................40

9.1 Associação Profissional............................................................................................40

10- NOÇÕES DA ESTRUTURA SINDICAL.....................................................................49

11- CRIAÇÃO E REGISTRO..............................................................................................50

12- ASSEMBLÉIAS............................................................................................................57

13- ESTATUTO SINDICAL...............................................................................................60

14- DIRETORIA..................................................................................................................63

15- CONSELHO FISCAL....................................................................................................67

16- FILIAÇÃO E DESFILIAÇÃO SINDICAL...................................................................68

17- CONTRIBUIÇÕES........................................................................................................72

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17.1- Contribuições Sindicais........................................................................................72

18- BASE TERRITORIAL DE ATUAÇÃO.......................................................................79

CONCLUSÃO......................................................................................................................81

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................83

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INTRODUÇÃO

O objetivo dessa Monografia está na busca de maiores esclarecimentos à luz

do direito a cerca da livre Organização e Administração Sindical após a nova ordem

Constitucional.

Bem se sabe que o direito sindical está inserido no artigo 8º da Constituição

Federal de 1988, consagrando a livre associação profissional ou sindical. Entretanto,

devemos observar o seguinte: “Inciso I – A lei não poderá exigir autorização do Estado

para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder

Público a interferência e a intervenção na organização sindical”.

A nova ordem constitucional, ao trazer inovações na forma de criação dos

sindicatos, revogou todos os dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho que

conferiam ao Ministério do Trabalho a competência para autorização da criação e

existência das associações sindicais. Bem como todo o sistema de organização e

administração sindical.

Colocadas tais premissas, a precisa intervenção desse trabalho é estabelecer

de forma didático, as noções e a análise da organização e administração do sindicalismo no

Brasil, obedecendo os dispositivos legais e os entendimentos já consagrados no Judiciário.

Visando, por fim, poder mostrar o sistema atual de um ramo interno do

direito sindical, intensamente dinâmico e vigoroso.

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1. FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DO SINDICALISMO NO BRASIL

Após diversas leituras podemos observar que a evolução do Direito do

Trabalho no Brasil tomou um curso completamente diferente que o da Inglaterra, onde se

formaram as condições propícias a seu surgimento, e nos países continentais europeus para

onde se irradiou.

Para termos uma idéia melhor da evolução histórica do sindicalismo no

Brasil, podemos lembrar que em 1808 com a chegada da família real, “fugida” das tropas

napoleônicas, é que Dom João VI determina a revogação do alvará de 1785, que ordenara

o fechamento de todas as fábricas existentes na colônia, dispositivo normativo este

coerente com o momento histórico europeu.

Com a declaração da independência em 1822, nossa primeira Constituição

( de 1824 ), ainda em consonância com os movimentos europeus, principalmente com a

revolução francesa ( que extinguiu as corporações de ofício ), dispunha, em seu artigo 179,

§ 25, que “ficam abolidas as corporações de ofícios, seus juízes, escrivães e mestres”.

A constituição de 1891, por sua vez, também não dispôs de forma expressa

sobre as entidades sindicais ( o que revela, por certo, uma influência do modelo norte-

americano ), mas, em seu artigo 72, § 8º, determinava que “a todos é lícito associarem-se e

reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia, senão para manter a

ordem pública”.1

1 PAMPLONA FILHO, Rodolfo, Pluralidade Sindical e Democrática. São Paulo: LTr, 1997, p.21.

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Sobre este dispositivo, constatamos que se trata, efetivamente, da garantia

do direito de associação, algo que, como já vimos, é historicamente muito importante para

a formação de uma consciência de classe, no mundo todo, embora no Brasil, até aquele

momento, não havia verdadeiramente um movimento de arregimentação sindical.

Sobre este momento histórico, lembra José Carlos da Silva Arouca que:

“em 1903 é aprovado projeto de iniciativa de Joaquim Ignácio Tosta, transformado no Decreto Legislativo n. 979, instituindo a sindicalização rural, sindicatos mistos, de feição corporativa que, no entanto, não tiveram nenhum resultado prático. O mesmo parlamentar voltou a cena e de outro seu teve origem o Decreto Legislativo n. 1.637, de 1907. Este admitia a constituição de sindicatos tendo como objetivo e estudo, a defesa e o desenvolvimento dos interesses gerais da profissão e dos interesses profissionais de seus membros, constituídos livremente, sem depender, para tanto, de autorização governamental, mediante registro em cartório.” 2

Em 1906, começam a surgir no Brasil as uniões e ligas de resistência,

principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, que indubitavelmente, constituíram-se

nas raízes de nossos sindicatos.

É importante lembrar da chegada de milhares de imigrantes, em nosso pais,

que trouxeram idéias comunistas, bem como o fato de que muitos tinham uma formação

anarquista, com experiência de lutas enfrentamento com a polícia e o empresariado

emergente.

2 AROUCA, José Carlos da Silva. Em Defesa da Unidade Sindical. Publicação da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Estado de São Paulo, dezembro/85, p.8.

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Neste período de nossa história, surge a revolução de 1930, que quebra com

o ciclo do “café com leite” ( hegemonia sucessiva de São Paulo e Minas Gerais ),

entretanto, Portanto, com a oligarquia dominante que havia vencido as eleições

presidenciais, num pleito marcado pela fraude levou Getúlio Vargas a Presidência.

2. A REVOLUÇÃO DE 1930

O Presidente Washington Luís, ao se decidir, para sua sucessão, apoiar

Júlio Prestes, presidente de São Paulo, rompeu com a política do “café com leite”. Com tal

opção, contrariou, entre outras, particularmente os interesses políticos mineiros.

Para se contrapor ao candidato oficial, foi constituída a Aliança Liberal,

lançando a chapa Getúlio Vargas – João Pessoa.

Júlio Prestes venceu as eleições acirradamente.

Mesmo com as denúncias de fraude, tanto Getúlio Vargas como João

Pessoa reconheceram o resultado. Este último chegou a dizer que “preferia dez Júlio

Prestes a uma revolução”.

Esta, todavia, permanecia latente.

Um fato inesperado, porém, precipitou os acontecimentos: João Pessoa fora

assassinado em junho de 1930 por razões não ligadas à sucessão presidencial.

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A revolução começou a ser engendrada a partir daí, sendo deflagrada em 3

de outubro, comandada pelo Cel. Góes Monteiro. Iniciada no Rio Grande do Sul, Minas e

Paraíba, encontrou adesão em todo o País.

O presidente, mal-informado, subestimando o ideal revolucionário, nada fez

para conter a conspiração. Após os fatos consumados, relutou em deixar o palácio do

governo quando em 24 de outubro, exigiu ser considerado prisioneiro, ficando detido no

Forte de Copacabana.

Exilou-se no exterior, somente retornando ao Brasil em 1947.

Com a deposição de Washington Luís, foi constituída uma “junta

governativa” (militar ), “pacificadora”, mas deveria assumir o poder, segundo manifesto de

Góes Monteiro, “o Sr. Getúlio Vargas, eleito em março, mas esbulhado pela fraude”.

Em 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas, chegou ao Rio, sob estrondosa

recepção e assumiu o poder.3

3 MARTINS, Milton. Sindicalismo e Relações Trabalhistas.4 ed. São Paulo. LTr, 1995, p. 61.

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3. IDEOLOGIAS RADICAIS

Além do comunismo que se fortalecia em todo o mundo, a década de 30

assistiu ao surgimento de duas novas ideologias, o fascismo na Itália de Benito Mussolini e

o nazismo na Alemanha de Adolfo Hitler, ambas de extrema direita.

Essas ideologias, contrapondo-se radicalmente ao comunismo, tiveram forte

influência no Brasil, só perdendo força pela pressão ( e concessões ) dos Estados Unidos já

quando deflagrava a 2ª Grande Guerra e notadamente ao se envolverem no conflito,

começaram a mudar o seu desfecho.

Houve, pois, num largo período de tempo, vacilações brasileiras de qual

lado apostar, embora fossem evidentes as simpatias pela Alemanha nazista.

Nesse meio tempo, é claro que essas ideologias inspiram certas ações

brasileiras quer de âmbito político, quer de âmbito social, conforme muito bem elucida em

sua obra.4

4 MARTINS, Milton. op. cit., p.62.

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4. AINDA EM 1930

Ainda em 1930, é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,

sob o comando de Lindolfo Collor, atribuindo aos sindicatos funções delegadas de poder

público, conforme se verifica do Decreto n. 19.443, de 26.11.30. É o nascimento de um

sistema corporativista, em que tudo deveria girar em torno do Estado, com a organização

artificial das forças econômicas, visando a promoção dos interesses nacionais e com a

possibilidade da imposição de regras a quem fizesse parte das agremiações, inclusive de

cobrança de contribuições.

Em 1931, é editado o Decreto n. 19.770, de 19.3.31, conhecido como a “lei

sindical”, com caráter nitidamente paternalista, condicionando a existência do sindicato à

vontade do Estado, sendo indispensável o reconhecimento do Ministério do Trabalho. Este

decreto estabelecia a unidade sindical (instituição de um sindicato único para cada

profissão numa determinada região), estabelecendo a distinção entre sindicato de

empregados e de empregadores, tendo a organização por base o ramo da atuação

econômica, agrupando as categorias pelo critério de profissões idênticas, similares e

conexas, exigindo, em todos os casos, o reconhecimento oficial ( ou seja, o sindicato

somente adquiria personalidade jurídica se o Ministério do Trabalho o reconhecesse );

vedava o exercício de qualquer atividade política, determinando, em seu art.1º, alínea f,

entre as condições para reconhecimento, que houvesse abstenção total no seio das

organizações sindicais de toda e qualquer propaganda de ideologias sectárias, de caráter

político social ou religioso; admitia a intervenção ministerial, inclusive nas assembléias e

no controle da administração financeira; havia possibilidade de criação de federações, e

confederações, que também estavam sujeitas à fiscalização do Ministério do Trabalho,

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porém proibia a filiação de sindicatos a entidades internacionais sem a autorização do

Ministério do Trabalho; determinou- se que os sindicatos poderiam exercer funções

assistenciais; a excluída da sindicalização os funcionários públicos e os domésticos, que

estavam regidos por lei especial.5

Neste sentido, lapidar é a constatação de Sérgio Pinto Martins de que “na

Inglaterra, França e Alemanha, os sindicatos surgiram de baixo para cima. No Brasil

ocorreu o contrário: foi de cima para baixo, com imposição do Estado. Nos outro países os

sindicatos foram sendo criados em função de reivindicações. No nosso país, decorreu de

imposição”.6 Este fenômeno é, do ponto de vista sociológico, facilmente explicável, tendo

em vista que dando- se (ou impondo- se) toda uma estrutura “de mão beijada,” não se

deixa espaço para a reivindicação de ordem política, devendo todos se submeterem ao “big

brother,” que determinará os espaços de atuação, evitando- se o conforto, tão salutar do

ponto de vista político- democrático.

Com o advento da Constituição de 1934, foi estabelecida, de forma expressa,

a pluralidade sindical, pois o seu art. 120 dizia que “os sindicatos e as associações

profissionais seriam reconhecidas de conformidade com a lei”, acrescentando seu

parágrafo único que a lei assegura “a pluralidade sindical e a completa autonomia dos

sindicatos”. Entretanto, não há como negar que se tratava de mera “norma de fachada”,

pois o Decreto n.º 24.692, que disciplinou a estrutura dos sindicatos (já de acordo com os

princípios constitucionais), em verdade frustou os adeptos do pluralismo sindical, pois

determinava a absurda exigência de 1/3 da categoria para a constituição de um sindicato, o

5 - PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Pluralidade Sindical e Democracia. São Paulo: LTr, 1997, p.21.6 - MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho, 3 ed., São Paulo: Malheiros,1996, p.605.

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que dificultava enormemente a possibilidade de formação até mesmo de um seguro

sindicato. Neste sentido, vale a pena lembrar Evaristo de Morais Filho, demonstrando que:

“a rigor, variam a existir unicamente dois (sindicatos), porque, dada a exigência de 1/3 para cada sindicato, dificilmente se daria a divisão ótima desta quantidade para a constituição de cada nova associação. Bastava não coincidir tal número perfeito – e é o que se dava na realidade – para desfalcar o último sindicato que poderia ser criado, do mínimo exigido por lei”.7

Em 1937, ou seja, pouco mais de três anos de promulgação da Constituição

de 1934, o Brasil presencia novo golpe político com a instalação do Estado novo. Outorga-

se, em 10 de novembro de 1937, nova carta política, que determina a volta do regime da

unicidade sindical.

“Art. 138. A associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem odireito de representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi constituído, e de defender-lhe os direitos perante o Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatórios para todos os seus associados, impor- lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas de poder público”.

Em análise esse artigo nada mais é do que a tradução literal da Declaração

III da “Carta de Lavoro”, de 21.04.1927, regente do sistema fascista italiano.

Naquele momento considerava que o sindicato exercia função delegada de

poder público, atrelada ao Estado.

Observava-se naquele tempo que a norma Sindical instituída pela Lei

Magna de 1937, não dava total liberdade as associações sindicais, ou seja, fazia-se com

7 - MORAES FILHO, Evaristo de, O Problema do Sindicato Único no Brasil: seus fundamentos sociológicos. 2 ed. rev. aum, São Paulo: Alfa-Omega, 1978.

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que o Estado pude- se intervir diretamente em suas atividades, o Estado para compensar tal

intervenção, concedeu o direito de participação na Justiça do Trabalho, como também o

imposto sindical.

Mesmo com a promulgação da Consolidação das leis do Trabalho (Decreto-

lei nº 5.452), em 01/05/43, a organização sindical manteve o mesmo figurino

constitucional, com a unicidade sindical e a representação da categoria por base territorial.

Com a derrubada de Getúlio Vargas, em 1945, surgiu novo regime

democrático, instalando- se uma Assembléia Nacional Constituinte, que não alterou a

organização sindical no país, remetendo a estipulação de sua forma à legislação ordinária,

pelo que os dispositivos consolidados foram todos recepcionados. Pela Constituição

Federal de 1946.

Em primeiro de abril de 1964, ocorreu, como se sabe, nova quebra da ordem

democrática, sendo imposto, em 1967, ao Congresso Nacional (ainda não fechado) um

novo texto constitucional, que não modificou em quase nada os dispositivos anteriores

sobre organização sindical, mantendo- se a consolidação das Leis do Trabalho e a estrutura

dos sindicatos, sem modificações de relevância, o que foi seguido pela Emenda

Constitucional n. 1, de 1969, considerada por muitos como uma nova Constituição, só que

ainda mais autoritária.

Durante o regime militar, marcado por intervenções em sindicatos e prisões

de dirigentes sindicais, acompanhando a repressão das liberdades políticas, inclusive com

cassações de mandatos parlamentares. Nesse sentido, José Martins Catharino testemunha

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que “até a vigência da carta de 1967, em 15.03, após o período de vacatio, iniciado em

24.01., a verdade é que, embora formalmente em vigor a Constituição de 1946, vivemos

sob o regime “institucional”, exclusivamente, instaurado e mantido sob o Comando do

Supremo da Revolução de 31 de março de 1964”. Nesse período, houve intervenção da

maciça e ajuda em entidades sindicais, cassações e “caças”, sem possibilidade dos antigos

se dirigirem ao judiciário. E com a Carta de 1967 – Cara porque foi outorgada, ratificada

pelo Parlamento, sem poder constituinte e reduzido à passividade – a situação não mudou,

substancialmente, por força do seu art. 173, embora desde então, passamos a ter ordens

jurídicas: a “institucional” e a “constitucional,” paralelas em muitos pontos, com

prevalência da primeira sempre. Prova maior disso está no Ato institucional n. 5, de

13.12.1968, ainda vigente (art. 181 da Carta de 1967, após a Emenda n. 1 de 17.10.1969) o

qual, dentre outras situações e abolições, consagrou o confisco, a suspensão do habeas

corpus, e subtraiu do Judiciário a apreciação de “todos os atos praticados de acordo com

esse Ato Institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.”8

Com isso podemos observar que o Estado vai se afastando aos poucos da

organização sindical, como por exemplo, a dispensa da homologação e fiscalização das

contas dos sindicatos, em 1976; e revogação do Estatuto Padrão ( portaria n.º 3.280, de

7.12.84 ) anistia dos dirigentes sindicais ( despacho de 18.03.85 ). Porém permanece o

sistema de unicidade sindical e a representação da categoria por base territorial.

8 - CATHARINO, José Martins, “Tratado Elementar de Direito Sindical: doutrina – legislação”, 2º ed.: São Paulo, LTr., 1982, págs. 54/55.11.

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Podemos concluir:

Este breve relato dos fundamentos históricos do sindicalismo no Brasil, que

apesar de ter se passado tantos anos o Sindicalismo Brasileiro, durante todo esse período à

redemocratização do país e da atual ordem constitucional, nunca demonstrou maior força

política na luta pela melhoria das condições de trabalho. Constatação clara de que nossa

estrutura sindical foi criada pelo Governo e não conquistada.

5. A ORGANIZAÇÃO SINDICAL NO BRASIL APÓS A CONSTITUIÇÃO DE 1988

A organização sindical sofreu sensíveis alterações com o advento da

Constituição Federal de 1988. Passamos de um regime de grande interferência estatal para

um sistema que consagra a autonomia das entidades sindicais, sem entretanto adotar a

liberdade sindical.

A matéria disposta no art. 8º, que expressamente dispõe:

“art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregados interessados, não podendo ser inferior à área de um município;III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do

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sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista m lei;V - ninguém será obrigado a filiar- se ou a manter- se filiado a sindicato;VI - é obrigada a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falha grave nos termos da lei.Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.”9

O caput do mencionado artigo inicia deixando a nítida impressão de que

assegura a liberdade sindical ( e livre ...). Porém em seguida condiciona o exercício do

direito (... observado o seguinte: ) às disposições dos incisos subseqüentes que se atritam

com os postulados daquela liberdade, como por exemplo a imposição de existência de

sindicato único por categoria em uma mesma base territorial ( II ) ou a permanência da

contribuição sindical compulsória ( IV ).

O mencionado dispositivo alcança todos aqueles que participam de

atividades privadas no país, seja na qualidade de empregadores ou empregados, inserindo-

se nesse contexto a sociedade de economia mista e as empresas públicas ( Constituição,

art.173, § 1º ). Combinando-se esse artigo com o artigo 37, VI, chega-se à conclusão de

que o direito de associação sindical também se aplica aos servidores civis da

Administração Direta dos três poderes da União. O mesmo não ocorre para os integrantes

9 - CONSTITUIÇÃO da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, 20 ed. atualizada e ampliada, Saraiva, 1997.

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das Forças Armadas ( nestas incluídas as polícias militares e corpos de bombeiros ), em

face de que dispõe o art. 42, § 5º.

O inciso I assegura a autonomia sindical ao vedar a interferência e a

intervenção pelo Poder Público na organização sindical. Como a intromissão do Estado na

organização sindical sempre foi intensa em nosso sistema, conseqüência inafastável foi a

perda de eficácia da legislação ordinária e demais atos de hierarquia que representassem

qualquer interferência ou intervenção na organização sindical, vedadas pelo texto

fundamental. Desse modo, perderam eficácia, por exemplo, os arts. 515 ( requisitos para

investidura sindical ), 522 a 528 ( administração do sindicato ) e 529 a 532 (eleições

sindicais ), todos da CLT, por se atritarem com o princípio da autonomia, consagrado na

Constituição.10

6. ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO SINDICAL.

6.1 DEFINIÇÕES

A organização e a administração dos organismos de representação sindical

constitui a primeira base de assentamento do princípio nevrálgico da liberdade sindical.

Efetivamente, até então a estrutura legal de nossas associações sindicais

repousava, essencialmente, no intervencionismo estatal, num sentido global, importando

em interferência (na organização) e em intervenção (na administração). Esta última, ainda

10 - Maranhão Décio. Direito do trabalho, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.

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que prevista apenas em potencial, eqüivalia a uma permanente ameaça de repressão a

qualquer postura dissonante da política oficial ou por ela considerada agressiva na área das

relações coletivas entre as classes.

Algumas lembranças decorrentes da libertação das associações sindicais

para organizar-se e administrar-se merecem ser registradas.

Com ela desapareceu, por exemplo, a antiga exigência de organização

prévia da categoria em associação profissional (CLT,art.512), espécie de curso

preparatório para o exercício do sindicalismo.

Do mesmo modo, suprime-se a exigência de autorização do Ministro do

Trabalho para o seu funcionamento, que conferia à denominada carta de reconhecimento

(CLT, art. 520) nos foros de registros dos atos constitutivos da pessoa jurídica.

Em conseqüência, deixaram de ser os próprios atos constitutivos submetidos

a um modelo oficial determinante de “requisitos de forma e de fundo”, conforme outra

oportuna referência de Amauri Nascimento, que eram arrolados nos artigos 515 e 521 da

Consolidação, hoje revogados por incompatibilidade com a norma constitucional.

Diante dessa total desvinculação entre o Estado e associação sindical , em

qualquer dos graus ainda estabelecidos para sua estrutura no Brasil, os comentários mais

recentes são no sentido de considerar-se a associação sindical como entidade de natureza

privada.

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Cabendo aos interessados em constituí-la adotar os passos necessários,

observadas as observações gerais da lei comum sobre a criação da pessoa jurídica de

direito privado.

Do ponto de vista estatuário, a liberdade sindical influiu não apenas para a

autonomia na organização, quando entregou aos próprios interessados tanto a escolha de

conteúdo e a forma de seu ato, como, reflexivamente, o modo de administrar o ente criado,

uma vez que fica ao seu exclusivo critério a determinação dos fins, órgãos e funções,

obedecidas apenas as normas da legislação comum.

6.2 OBJETIVOS

Os sindicatos cumpre objetivos, que, embora variando da amplitude,

coincidem em suas linhas básicas nos diferentes sistemas jurídicos.

Exemplificando, deve o sindicato considerar, entre os seus fins, o de ser

intérprete das aspirações trabalhistas da categoria; representá-la nas lutas para conquistá-

las. Fortalecê-la ou ampará-la nos locais de prestação de trabalho; promover a interação

com organismos congêneres representativos de outras categorias; estimular a apresentação

ativa dos integrantes da categoria, associados ou não, nas reuniões destinadas a deliberar

sobre seus interesses gerais; acompanhar e divulgar o trabalho de universalização de

tratamento das relações trabalhistas; estar atento à evolução internacional das relações de

trabalho, cada vez mais influentes no mercado nacional em face da globalização

econômica, e assim por diante.

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7. NATUREZA JURÍDICA DO SINDICATO

A natureza jurídica do sindicato passa pela discussão dos diversos

doutrinadores, que cuja opiniões oscilam entre Direito Público e Direito Privado.

Após diversos escudos adotamos a definição do jurista “Mozart Victor

Russomano”.

O sindicato é pessoa de Direito Privado que exerce atribuições de Interesse

público, em maior ou menor amplitude, consoante a estrutura do país e segundo o papel,

mais ou menos saliente, que lhe seja atribuído.11

Na realidade, existem diversas razões para conversação dessa antiga

dicotomia: a) ela é tradicional e os séculos a universalizaram; b) tem a vantagem de

oferecer, desde logo, o panorama geral do direito positivo, permitindo que em face dela, o

estudioso situe com facilidade; c) é um expediente pedagógico para colocar o aluno que se

inicia no curso jurídico em contato direto e imediato com todo o campo do seu estudo; d)

de certo modo, fotografa o homem moderno na dupla posição que ele assume na

comunidade, isto é, como indivíduo (titular de interesses próprios) e como parte integrante

da coletividade (isto é, como titular de interesses comuns aos outros indivíduos).

Embora indiquemos essas e outras razões para a adoção da velha

classificação do Direito em Público e Privado, começamos com essa ressalva: na verdade,

11 - RUSSOMANO, Mozrt Victor, Princípios Gerais de Direito Sindical, 2 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995.

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não existe separação geométrica e rígida entre o domínio dos interesses privados e o

domínio dos interesses públicos. Ao contrário, há notória interpretação desses dois círculos

e a conexão, cada vez mais íntima, entre eles, põe em dúvida a distinção tradicional.

Essa é a razão pela qual, hoje em dia, os juristas da Teoria Geral do Direito

se inclinam a justificá-la pela prevalência, ora do interesse privado sobre o interesse

público; ora, ao contrário, do interesse da comunidade sobre o interesse do cidadão.

Em qualquer hipótese, no entanto, sempre restariam as zonas gris ou de

transição (se preferirmos, de encontro) entre as normas que disciplinam interesses

privados ou interesses públicos, de modo a se tornar, em certos casos, na prática,

impossível a nítida definição da natureza jurídica (pública ou privada) de determinado

preceito.

Se encontramos irrecusável valor histórico, prático e didático na clássica

divisão de origem romana, não lhe emprestamos, porém, hoje, significação científica digna

de nota.

Não obstante, pelas citadas razões, as pessoas jurídicas, que se movimentam

na órbita do direito público ou do direito privado, costumam ser classificadas segundo a

área de sua atuação. Dessa forma, a classificação das pessoas jurídicas passa a ser

conseqüência da divisão tradicional do direito positivo. Mas, por isso, as impressões

científicas da classificação romana se transmitem à divisão das pessoas jurídicas naqueles

dois grupos.

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De qualquer modo, no grau de desenvolvimento do estudo sistemático do

Direito em que nos encontramos, a natureza jurídica do sindicato pressupõe,

necessariamente, uma pergunta inicial: O sindicato é pessoa de direito público ou de

direito privado?

A resposta a essa questão – que é básica, em que pese a relatividade do

valor científico do princípio que lhe serve de suporte – depende de vários fatores.

No que concerne ao direito positivo, a resposta correta dependerá da lei

local. Mas, para nós, o ponto relevante é que a lei local, quando desenha a fisionomia

jurídica do sindicato, atribuindo-lhe caráter de pessoa de direito público ou de direito

privado, se enraíza, fortemente, na estrutura política do Estado.

Caráter privatístico do sindicato. A História demonstra, no passado e no

presente, duas grandes tendências na regulamentação da natureza jurídica do sindicato:

Nos regimes ditatoriais, a lei tende a transformá-lo em órgão de estreita

colaboração com o Estado e, graças a isso, subordina-o ao poder político e transforma-o

em pessoa de direito público.

Nos sistemas da mais pura tradição democrática, ao contrário, o sindicato é

definido, pelas leis nacionais, como pessoa de direito privado.

Na primeira hipótese, o sindicato tende e chega a ser instrumento do Estado

ou do partido dominante; na segunda hipótese, resultando do direito de livre associação,

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mesmo quando colabora com o Estado nos grandes temas nacionais, mantém-se a razoável

distância de sua influência política.

Os estudiosos de Direito Sindical conhecem esse fato elementar. Só o

mencionamos porque, por si só, explica as divergências que ainda perduram, na doutrina, a

propósito do tema. Na verdade, essas divergências decorrem de idéias mais profundas,

nascidas da concepção de cada jurista a propósito do Estado, do seu papel político e da

posição que o sindicato pode ou deve assumir, bem como da função social que lhe cabe.

A tendência moderna, nos países ocidentais, dentro dessa perspectiva

ideológica, define o sindicato como pessoa jurídica de direito privado. É o que ocorre na

França e na Inglaterra, sendo também valiosa a contribuição a esse estudo dada, em

particular, pelos autores italianos e alemães.

Para a doutrina italiana, o sindicato é, realmente, pessoa de direito privado,

muito embora seja de interesse público. É óbvio que o sindicato não possuía esse caráter

no sistema fascista; mas, hoje, em plena democracia, não é de outra maneira que os mais

credenciados juristas italianos o consideram,12 sem que signifique – ao contrário do que já

se disse – que, por ser de interesse público, a pessoa de direito privado se publicize.

A explicação de Riva Sanseverino está perfeitamente correta:

a) o interesse coletivo da sociedade, por natureza, é unitário e indivisível;

12 - Francesco Santoro-Passarelli. Nociones de Derecho del Trabajo, p. 20, trad. Espanhola, 1963, Madri.

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b) o sindicato não representa esse interesse, sim, apenas, os interesses de

determinadas categorias econômicas ou profissionais, distintos do

interesse coletivo, considerado na forma do item anterior;

c) a representação do sindicato, pois, se exaure – em outras palavras – na

órbita de interesses que podem não ser individuais, mas que, também,

não são gerais. São interesses dos grupos que constituem a categoria.13

Ora, o direito privado não é, apenas o mundo dos interesses individuais,

mas, sim, dos interesses particulares, que podem ter como titulares indivíduos ou grupos

de pessoas. O direito público, da mesma forma, não é a esfera dos interesses coletivos: é a

órbita dos interesses gerais da comunidade.

Quando dizemos, dessa forma, que o sindicato representa interesses

coletivos, nós nos estamos referindo a interesses grupais ou categorias, que, por natureza,

não se confundem com os interesses gerais da comunidade global, ficando, por isso, no

caso, contidos dentro do direito privado.14

Na mesma linha de pensamento se pode incluir expressiva parcela da

doutrina alemã, que adota a idéia fundamental de que os interesses individuais (dos

associados) ou coletivos (da categoria profissional ou econômica), representados pelo

sindicato, são privatísticos, no sentido de que são interesses particulares de determinadas

pessoas ou grupos de pessoas.

13 - Luisa Riva Sanseverin, Diritto Sindacale, p. 241. 1959, Roma14 - Riva Sanseverino, op. cit., p.245

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No sistema da lei alemã, o sindicato emerge, segundo seus intérpretes mais

categorizados, como pessoa de direito privado, muito embora o próprio legislador lhe

atribua o exercício de funções de caráter público.15

8. ORGANIZAÇÃO SINDICAL EM GRAUS

A estrutura das associações sindicais brasileiras foi traçada, de modo

pormenorizado, na CLT. Segundo seu modelo, o sindicalismo deveria firmar-se numa

ampla base, ocupada pelo sindicato, obrigatoriamente antecedido pela associação

profissional, e, em duas estruturas superpostas, as federações e confederações, ocupando

graus sucessivamente superiores.

As centrais sindicais, de papel aglutinante tão expressivo nos países de

industrialização avançada, não foram lembradas pra integrar a estrutura.

A Constituição em vigor dispôs de modo a abolir a associação profissional

como embrião obrigatório do sindicato, sem que isso importe em impedi-la de existir, na

qualidade de agremiação civil de interesse dos seus organizadores (art. 8º). De outra parte,

não acenou com a possibilidade de criação de centrais sindicais, embora estas estejam

tendo existência de facto e, em tal condição, atuem até decisivamente na condução dos

interesses das categorias operárias, fortalecendo, em termos práticos, a idéia da unidade

sindical, importante fator para o fortalecimento de sua luta.

15 - Kaskel e Dersch, Derecho del Trabajo, p. 473, trad. Argentina, 1961, Buenos Aires.

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Ocorre, então, conforme observado por Arnaldo Süssekind, que:

“ao prescrever que fica vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, (art. 8º), e referir-se ao sistema confederativo de representação sindical respectivo (art. cit., IV), a Constituição de 1988 endossou o plano a respeito adotado pela CLT: a cada setor da economia nacional corresponde uma pirâmide, cuja base é formada pelos sindicatos, o meio por federações que os agremiam e o vértice pela confederação do respectivo ramo”.16

Segundo a imagem vista por Martins Catharino:

“o edifício sindical brasileiro tem nos sindicatos seus alicerces; nas

federações, suas paredes, e, nas confederações, sua cobertura”.17

Entretanto, a forma piramidal da construção, que vai estreitando a estrutura

a cada patamar edificado, merece deste último Autor a crítica de provocar:

“verticalização com afunilamento ascendente e, em sentido inverso,

descendente, alargamento progressivo de componentes... Um funil com seu bico para baixo

não pode ficar equilibrado e, se ficar, sua posição vertical será precária...”18

A ironia evidente da descrição e de suas conseqüências refere-se à

facilitação do controle da atuação sindical pelo Estado, a título da aglutinação das

categorias na medida de sua aproximação do poder político, circunstância pouquíssimo

16 - SÜSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, v. 2, São Paulo: LTr, 1996, p. 1.102..destaques do Autor.17 - CATHARINO, José Martins. Tratado Elementar de Direito Sindical. São Paulo: LTr. 1984, p.136.18 - CATHARINO, José Martins. ob. e loc. Cit.

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compatível com o princípio da liberdade sindical que o novo ordenamento básico procurou

implantar em nossa sociedade.

Por essa razão, certamente, Roberto Barreto Prado comenta que:

“os sindicatos tendem a se organizar em todo o território nacional, ao menos

nas localidades de maior importância econômica. A principal prerrogativa da federação,

fatalmente, irá definhando até a total extinção”.19

Se assim já era comentado, antes mesmo da promulgação da Constituição

de 1988, agora com mais razão se acentuará o definhamento das associações de graus

superiores (o 2º representado pelas federações e o 3º, pelas confederações), cujo

desempenho será absorvido, em progressão de intensidade crescente, pelo das centrais

sindicais.

Desse modo, configura-se no dizer de Süssekind:

“a pluralidade de representação de fato na cúpula do movimento sindical brasileiro, a refletir-se nas organizações que, de direito, representam as categorias profissionais (sindicatos) ou coordenam os correspondentes grupos (federações) e ramos da economia (confederações).” 20

19 - PRADO, Roberto Barretto. Curso de Direito Sindical, São Paulo: LTr, 1985, p. 172.. 20 - SÜSSEKIND, Arnaldo. Instituições de Direito do Trabalho, v. 2, São Paulo: LTr, 1996.

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Cremos, pois, firmemente, que tendência do nosso direito positivo será

para absorver a vontade dos atores das relações sociais e reorganizar a estrutura orgânica

do nosso sindicalismo dentro dos dois extremos de sua atividade, o da unificação de seus

interesses (centrais sindicais).

Enquanto isso, as federações e confederações continuarão ocupando o

espaço legal que lhes foi destinado (cf. citação supra de Süssekind), sendo de salientar-se o

novo papel sugerido às federações de assistir as empresas não organizadas sindicalmente

nos dissídios coletivos, sobretudo os de interesse, em que sejam suscitadas, para atender ao

imperativo constitucional de presença obrigatória de associação sindical na negociação

coletiva (CF, art. 8º ).

Essas considerações nos inspiram a arrematar a apreciação das associações

de graus superiores com a apreciação das associações de graus superiores com a

observação de que continuam sendo organizadas a partir do pressuposto de coalizões de

sindicatos (cinco, no mínimo, para formar as federações) ou de federações (três, no

mínimo, para formar as confederações), sempre da mesma categoria, consoante disposto

nos artigos 534 e 535 da Consolidação.

As demais regras a respeito de sua organização, administração e atuação, à

falta de lei ordinária adaptada à nova Constituição, devem continuar orientadas pela

própria CLT (artigos 534 a 539), naquilo em que não contravenham o princípio da

liberdade sindical proclamado no art. 8º da Magna Carta.

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9. CLASSIFICAÇÃO SINDICAL

9.1 ASSOCIAÇÃO PROFISSIONAL

Tratemos logo de evitar qualquer confusão de conceito entre associação

sindical e associação profissional, embora se ajustem ambas à idéia de pessoas jurídicas

criadas para cuidar de interesses do grupo criador.

Entretanto, a associação sindical é a designação genérica de toda

organização destinada ao estudo ou defesa de categoria de trabalhadores (ou de

empregadores), com representação do grupo perante órgãos administrativos ou

jurisdicionais que tenham atribuição ou competência para conhecer dos conflitos ou

dissídios do trabalho.

Enquanto isso, a associação profissional é ente criado para os mesmos fins,

porém despojado de reconhecimento legal para representar o grupo constitutivo.

A distinção entre os dois tipos de organismos foi posta no art., 138 da Carta

de 1937, nestes termos:

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“A associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém, o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi constituído e de defender-lhe os direitos perante o Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatório para todos os seus associados, impor-lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas do poder público.”

Essa distinção passou para o Decreto-lei n. 1.402/39 ao fixar, em termos de

legislação ordinária, a estrutura organizacional do nosso sindicalismo e deste à

Consolidação das Leis do Trabalho, de modo a exigir, a título de requisito para o

reconhecimento do sindicato, a preexistência de associação profissional (CLT, art. 512).

Na exposição de motivos da comissão encarregada de elaborar o Decreto-lei

n. 1.402/39, isso está bem claro, quanto à sua razão de ser:

“Representam as associações profissionais, portanto, os órgãos

primordiais e de maior relevo da estrutura pré-corporativa do país.”

Segundo a imaginaram os autores do art. 512 da CLT, a associação

profissional ficou sendo o sindicato despido de suas prerrogativas. Em conseqüência,

Orlando Gomes e Elson Gottschalk, ainda atidos a essa velha disciplina da Consolidação,

sentiram-se autorizados a salientar três pontos que, segundo eles:

“permitem (permitiam, dir-se-á hoje) estabelecer perfeita distinção entre

sindicato e associação profissional”. 21

21 - GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson. “Curso...”, p. 565.

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Esses pontos eram o modo de reconhecimento, as prerrogativas concedidas

e a extensão da representação. Só concordamos data venia, com os saudosos mestres, no

tocante ao modo de reconhecimento, pois a sua associação estava submetida, “a menor

formalismo do que exigido para o sindicato”, como disseram eles. Quanto aos demais

pontos, a associação profissional não gozava de nenhuma prerrogativa (salvo se assim

consideramos sua condição de matriz obrigatória da formação do sindicato) nem tinha

qualquer representação da categoria, uma vez que todas elas eram privativas do sindicato,

nos rígidos termos do art. 513 da própria CLT.

Russomano, por sua vez, distinguiu nas associações sindicais “verdadeiras

crisálidas” representativas de:

“uma cautela do legislador, no sentido de averiguar se a sindicalização, em

certo lugar, de determinada categoria profissional ou econômica, possui condições de atuar

satisfatoriamente”.22

Agora, todavia, essa cautela tutelar do Estado molesta a consagração da

ampla liberdade de organizar-se, conferida às categorias pelo art. 8º, I, da Constituição

vigente, desarmonizando-se, por outro lado, com a razoável maturidade alcançada pelos

segmentos sociais por ela visados.

Tais premissas nos facultam concluir que a associação profissional só

apareceu na linha dos órgãos de nossa estrutura sindical corporativista por sua condição de

precedente necessário à criação do sindicato. Após a Constituição de 1988, perdida tal

22 - RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à CLT. Rio de Janeiro: Forense, 1982, p. 619.

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condição, a associação profissional desgarrou- se da estrutura sindical brasileira, a qual só

interessa pelo parentesco dos objetivos – ainda assim parentesco, distanciado por sua total

falta de representação específica para a defesa dos interesses de seus integrantes.

b) Associação sindical de grau inferior

Qualquer que seja o modelo estrutural do sindicalismo – variável de país a

país – não há dúvida de que o sindicato será encontrado na base do seu sistema. É mesmo

natural que assim aconteça, por estar nele a mais perfeita identificação com o grupo que

represente, habilitando- o a captar com mais fidelidade os anseios dos representados e

servir de caixa de ressonância de suas insatisfações.

Por isso, afirmamos, sem medo de errar, que não há sindicalismo sem

sindicato. Formando-se e atuando na ampla base das categoria, toca-lhe manter vivos os

esforços para a melhoria de suas condições de trabalho e afirmação de sua dignidade

social.

Em razão do papel mesmo que lhe cabe, notoriamente mais dinâmico, de

interlocutor direto da categoria oposta à que representa, a ele voltaremos, no estudo de suas

natureza, organicidade e funções.

c) Associações sindicais de graus superiores

Consoante considerou Amauri Mascaro Nascimento:

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“na organização sindical há unidades menores e maiores, isto é, órgãos

sindicais que ficam na base e outros mais elevados que se sobrepõem a estes e que são

chamados de associações de grau superior”.23

Partindo dessa configuração, podemos dizer que a Federação, na estrutura

sindical ainda vigorante entre nós, situa- se num grau superior, visto desde o sindicato, mas

intermediário, visto desde a confederação.

A Federação consoante nossa legislação ainda vigente, só se pode formar

pela união voluntária de, no mínimo, cinco sindicatos representativos de determinada

categoria (CLT, art. 534). Por ai se vê a motivação para criá-la: potencializar a força

representativa dos próprios sindicatos unidos na federação e, consequentemente, da

categoria que representam.

Orlando Gomes e Elson Gottschalk explicam que:

“este fenômeno (a hierarquização da estrutura sindical, mediante a criação de uniões dos organismos de base) tem uma origem histórica quase tão velha como a do próprio sindicato. Em país de longa tradição sindical (Inglaterra, Estados Unidos, França) as uniões entre sindicatos começaram a surgir no âmbito da cidade (Filadélfia, Birmingham, Paris) e mais tarde ampliaram- se numa escala nacional, cobrindo, já agora pelas federações e confederações, todo o território do país.”24

23 - NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 25 ed., São Paulo: LTr, 1998.24 - GOMES, Orlando. Da Convenção ao Contrato de Trabalho, in Revista LTr 51-3/275._________ e Elson Gotschalk, Curso de Direito do Trabalho, Rio de Janeiro: Forense, 1994.

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A federação não absorve as funções representativas do sindicato, mas pode

assumi- las, em caráter supletivo, em relação a categorias não organizadas sindicalmente,

mas integradas ao grupo de atividades da própria federação. Numa ilustração tosca, a

federação é uma ampliação do sindicato, o que pode ser visualizado sem dificuldade por

seu âmbito natural de atuação, correspondente, em regra, ao território dos Estados

federados, comparativamente ao município.

A Confederação é a ampliação maior do sindicato, sobrepondo- se, na

questão de alcance territorial de atuação, à federação. Sua intenção fortalecedora da função

sindical evidencia- se na exigência da união de, no mínimo, três federações, para constituí-

la (CLT, art. 535), com representatividade nacional e sede obrigatória na capital da

República, isso é, junto ao centro do poder político e administrativo do país.

Demais disso, a confederação serve de referencial para a identificação e

homogeneização dos ramos de atividades patronais ou profissionais interligadas através de

raízes finalísticas.

Mesmo que seja inaceitável, em face da prevalência dos princípios da

liberdade sindical, o enquadramento sindical orientador de nossa anterior organização

corporativista, permite compreender a meta funcional da Confederação, unindo categorias

identificadas pelo gênero de sua atividade (e.g., Confederação dos Trabalhadores no

Comércio ou Federações das Indústrias), que, no patamar do sindicato, deveriam ser

identificadas por atividades específicas (e.g., Sindicato dos Empregados no Comércio

Varejista ou Sindicato da Construção Civil).

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d) Centrais Sindicais

Julgamos possível dizer que a Central Sindical é a maior expressão da

necessidade de fortalecimento do movimento sindical pela união dos organismos que

formam sua base.

Duas observações devem explicar, claramente, o que desejamos expressar

acima. Uma é de Gabriel Saad, em face da evolução contemporânea do movimento

sindical brasileiro:

“Assistimos ao aparecimento de várias centrais sindicais. Cada uma delas aglutinou federações, confederações e sindicatos... Está ocorrendo, atualmente, o que Michel Crozier afirma no Tratado de Sociologia do Trabalho (Cultrix, 1973, t. II, pág. 221): onde o movimento sindical é fraco, o poder é colocado nas mãos daqueles que, por seus contratos pessoais fora do movimento se fazem ouvir com maior facilidade pelo grande público. A atividade sindical nos escalões inferiores torna-se, nacional da organização”25.

A outra observação é de Rivero e Savatier, considerando o sindicalismo

universal, mormente dos países da Vanguarda industrial:

“En ce concerne la formation des unions, le principe de la liberté syndicales s’ applique: les syndicats peuvent librement se grouper en unions, adhérer aux existantes, ou s’en retirer. Mais, alors que le syndicat ne groupe que les membres d’une profession, les unions peuvent se former entre syndicats de professions différentes; la pratique distingue entre féderations, Qui groupent les syndicats correspondan à des professions similaires ou connexex (Fédération du livre, fédération des Fonctionnaires) et les unions interproffessionnelles, soit locales ( bourses du travail, unions départamentales), soit nationales, comme les grandes confédérations

25 - SAAD, Eduardo Gabriel. Federação e Centrais Sindicais. São Paulo, LTr. 1989.

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(GT, CFDT). II| em résule évidemment que I’ objet de unions est plus large que cellui des syndicates, en ce Qui’il déborde éventuellement la défense de une seule profession, pour s’entendre aux intérêts communs à doutes les proféssions représentées.”26

Portanto, a organização da central sindical busca projetar a idéia da união

geradora das associações de grau superior que conhecemos, destinada ao fortalecimento

dentro da atividade dos representados para fora dos círculos profissionais específicos, de

modo a potencializar o poder de barganha ou de luta, levando–o aos limites do próprio

poder político.

No Brasil, apesar de não integrarem a estrutura legal dos organismos

sindicais, as centrais sindicais surgidas desde os anos 70 cumpriram exatamente o papel de

adensar o movimento sindical, formando um importante núcleo de resistência ao

autoritarismo do regime militar na área trabalhista, sobretudo a da política salarial.

De seu surgimento até agora, dissidências internas têm causado uma

excessiva multiplicação, contrariando- lhes o impulso natural para a construção da unidade

sindical. Ainda assim, as três mais expressivas delas (CGT, CUT e Força Sindical)

exercem marcante influência nos processos d decisão relativos à discussão de condições de

trabalho e de flexibilidade de normas trabalhistas, nos termos muito bem analisados por

Eduardo Gabriel Saad. Sua influente presença em nosso cenário sindical é uma clara,

recomendação no sentido de rever-se a chamada pirâmide sindical brasileira, em cuja

cúpula já se encontram, efetivamente.

Decerto, o mais sério obstáculo a essa revisão é constitucional, estando

corporificado na estranha unicidade sindical inserida no art.8º , II, da Constituição de 1988

26 - RIVERO, Jean e SAVATIER, Jean. Drit du traval, p. 146, PUF, Paris, 1993, destaques dos autores.

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em contrário ao seu alinhamento com o princípio básico da liberdade sindical, conforme o

lúcido comentário de Sussekind:

“A posição das centrais sindicais de trabalhadores no cenário sindical brasileiro é, no mínimo, extravagante. Elas não integram o sistema confederativo previsto na Constituição e na CLT, o qual se esteia no princípio da unicidade de representação em todos os níveis. São, por conseguinte, associações civis de que tratam os incisos XVII e XXI do art. 5º da Carta Magna. Entretanto, quase todas as entidades sindicais – a maioria dos sindicatos, muitas federações e algumas confederações – estão filiadas a uma da cinco centrais e seguem as suas diretrizes. E, de fato, elas comandam o movimento sindical. Eis um paradoxo que resulta do art. 8º da Constituição Brasileira, cuja alteração se impõe para adequar- se à realidade brasileira”.27

27 - PINTO, José Augusto Rodrigues. Direito Sindical e Coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 1998.

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10. NOÇÕES DA ESTRUTURA SINDICAL

As relações de trabalho formam-se em dois planos bem distintos: o

individual, de interesses concretos, respeitantes cada empregado e empregador,

considerados como pessoas, físicas ou jurídicas, e o coletivo, de interesses abstratos,

respeitantes a grupos homogêneos de empregados e empregadores, que se convencionou

chamar de categorias. A homogeneidade desses interesses aglutina uma categoria com

feição de unidade jurídica, mas sem força para dotá-la de personalidade.

Logo, sempre que essa unidade jurídica necessita atuar no mundo do

Direito, por força de interesses abstratos em cuja base devam constituir-se regras de

conduta geral dos integrantes do grupo, surge a necessidade de criar um ente dotado de

personalidade, apto a representar a massa de interesses juridicamente unificados, que é a

categoria, na tarefa de ordená-los em normas genéricas para aplicação às relações

concretas de direito individual.

O sujeito imaginado para esse mister é o sindicato. Seu estudo e

compreensão representam a metade subjetiva do Direito Coletivo do Trabalho, que é o

Direito Sindical.

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11. CRIAÇÃO E REGISTRO

Podemos dizer que a criação da entidade sindical decorre da conjunção das

vontades dos trabalhadores ou empregadores ( empresas ), os quais, para isso deverão

reunir-se em assembléia, a qual deliberará sobre o estatuto. Dando-se assim o nascimento

da entidade sindical.

A aquisição da personalidade jurídica e da capacidade de participar dos

respectivos atos se operará através do registro que habilite seu funcionamento.

Sobre isso, há que se considerar dois sistemas distintos, aos quais nosso pais

já se filiou, sucessivamente.

Pelo primeiro deles, o registro deve ser feito por órgão estatal específico, ao

qual incumbe, declarando a regularidade da constituição, autorizar o funcionamento. Pelo

segundo, o registro cabe a órgão de registro público de pessoas jurídicas, sendo suficiente

para trazer a associação sindical ao mundo das relações de direito e cumprir sua finalidade.

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Variante do segundo sistema, com o qual estaria o Brasil alinhado,

atualmente, segundo uma vertente opinativa, seria o registro em órgão especial habilitado a

precedê-lo.

Esclareçamos metodicamente o assunto.

Na vigência das Constituições anteriores à de 1988, que recepcionaram o

sistema sindical corporativista da CLT, ficava bem claro que “o pedido de reconhecimento

( ou seja, de registro ) será dirigido ao Ministro do Trabalho, instruído com exemplar ou

cópia dos estatutos da associação.” ( CLT, art. 518 ). E da aprovação ministerial desse

pedido dependia a “investidura sindical” ( art. 519 ), equivalente ao registro, de que

resultaria a “carta de reconhecimento” ( art. 520 ), igual a uma certidão ministerial de

registro.

Portanto, o registro do ato constitutivo do sindicato dependia de aprovação

do Estado, ao qual, desse modo, interferia diretamente na sua criação.

A Constituição de 1988, consagrando, ainda que de modo incompleto e

contraditório, o princípio da liberdade sindical e alguns de seus princípios complementares,

proibiu explicitamente, toda interferência do Estado na fundação ( liberdade de

organização ) e intervenção na organização do sindicato ( liberdade de administração ).

Com isso, derrogou os dispositivos de controle estatal sobre a vida do sindicato,

consagrados pela CLT.

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Indo mais além, o constituinte determinou que o registro do ato constitutivo

do sindicato seja feito no órgão competente. Deixou de declarar, todavia, que órgão

competente é esse.

Isso gerou dúvidas que, embora já razoavelmente dissipadas, ainda não

permitem uma interpretação unânime da vontade dos autores da Magna Carta. E essas

dúvidas, é bom esclarecer-se logo, cercam a questão da precedência para efeito de

reconhecimento da representação da categoria, quando mais de um sindicato consiga obter

registro, tendo em vista o reconhecimento constitucional da unicidade ( art. 8º,II ).

Esta unicidade, que está desarticulando todo o propósito da Magna Carta de

implantar no Brasil a plena liberdade sindical, é, na verdade, o grande pomo de discórdia

em torno do registro sindical.

A primeira – e intuitiva – idéia a respeito do registro sindical é de que,

sendo o sindicato uma associação civil, o órgão certo para fazê-lo serio o Cartório de

Registro de Pessoas Jurídicas, tendo alguns pensado, a nosso ver sem cabimento, no

Cartório de Registro de Títulos e Documentos, por meio do qual se estabeleceria a eficácia

erga omnes desse ato.

A Instrução Normativa n. 01/97, que, atualmente, disciplina a matéria, na

área do Ministério do Trabalho, fundamentando-se em decisões do Supremo Tribunal

Federal ( MI – 144/SP, Pleno, e ADIn – 1121/RS, Pleno ), no sentido de que o registro

sindical do Ministério do Trabalho constitui ato vinculado, subordinado apenas à

verificação de pressupostos legais, e não de autorização e de reconhecimento

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discriminatórios, e considerando que o registro sindical ali procedido é ato meramente

cadastral, determina que seja ele procedido na Secretária de Relações do Trabalho do

próprio Ministério, indicando o respectivo rito e determinando que, no caso de impugnação

que venha a ser reconhecida, “caberá às partes interessadas dirimir o conflito pela via

consensual ou por intermédio do Poder Judiciário” ( art. 8º, § 2º). 29

É cedido o entendimento pretoriano, consagrado no Excelso Superior

Tribunal de Justiça, de que a nova Ordem Constitucional, ao trazer inovações na forma de

criação dos Sindicatos, revogou todos os dispositivos da Consolidação da Leis do Trabalho

que conferiam ao Ministério do Trabalho a competência para autorizar a criação e

existência das entidades Sindicais, Patronais ou de Empregados, que desde então fica a

cargos dos interessados.

Com efeito, dispondo os artigos 5°, inc. XXVII e 8°, inc. I da Constituição

Federal, verbis:

“Art. 5º..........XVI é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar..Art. 8° - è livre a associação profissional ou sindical, observando o seguinte:I – A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação do Sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao poder público a interferência e intervenção na organização sindical.(grifamos)30

29- PINTO, José Augusto Rodrigues. Direito Sindical e Coletivo do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998.30- Constituição da República Federal do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, 20ª ed., atualizada e ampliada. Saraiva, 1999.

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O Excelso STJ de há muito firmou entendimento no sentido de que é

suficiente para o nascimento dos Sindicatos ou as Associações o registro dos seus atos

constitutivos no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e que ao Ministério do Trabalho,

após o advento do Novo Ordenamento Constitucional, restou apenas a função de registrar

para efeitos meramente estatísticos de dar publicidade, a existência de Sindicatos, estando

impedidos de autorizar o seu funcionamento, até que a matéria venha a ser regulada por

Lei Ordinária.

Nesse sentido são os arestos abaixo coligados:

“Administrativo – Entidade Sindical – Personalidade Jurídica. Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A partir da vigência da Constituição Federal de 1988, as entidades Sindicais tornam-se pessoas jurídicas, desde sua inscrição Registro Civil de Pessoas Jurídicas. O denominado “registro de entidades sindicais” mantido pelo Ministério do Trabalho é mero catálogo, sem qualquer conseqüência jurídica. Se alguma entidade foi registrada com ofensa ao preceito da unicidade Sindical, cabe ao interessado buscar-lhe o cancelamento, nos termos da Lei Civil. A se pensar em Mandado de Segurança, o remédio deveria ser dirigido contra ato do Oficial do Registro Civil. Jamais, contra simples inscrição cadastral efetuada pelo Ministério. Se o Registro é nulo, cabe ao interessado buscar seu cancelamento nos termos da Lei Civil. ( STJ – 1ª Seção – MS 1045 –in DJU 17.2.92 ).”31

No mesmo diapasão é a Jurisprudência do Egrégio Tribunal do Trabalho:

“Registro de Entidade Sindical. De acordo com o que dispõe o artigo 8º, inc. I da Constituição da República, nem a Lei poderá exigir autorização do Estado para a fundação do Sindicato, impondo apenas o registro dos estatutos no órgão competente, sem definir, contudo, qual deve ser esse órgão. Dispõe o artigo18 do Código Civil Brasileiro que “começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição de seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos no seu registro peculiar, regulado por lei especial (...). Assim, não havendo lei especial regulando o registro

31- JURISPRUDENCIADO ( STJ – 1ª Seção – MS 10450 - in DJU 17.2.92 )

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de entidade sindical, não há como deixar de se considerar como válido para a existência dessa entidade o registro feito no Cartório de Registros das Pessoas Jurídicas. Recurso Conhecido e Provido.” ( TST 1ª T.RR 70079/93.3, in DJU 13.5.94. p.11559 ).”32

A doutrina jus laborista não discorda. Segundo a lição de Délio Maranhão,

quando comenta os efeitos do registro das entidades sindicais no Ministério do Trabalho no

AESB, temos que:

“através das mencionadas instruções foi criado o Arquivo de Entidades Sindicais Brasileiras – AESB. A entidade que desejar Ter seus atos constitutivos nele arquivados deverá dirigir requerimento ao Ministério do Trabalho, indicando a categoria que pretende representar e o município ou municípios que deverão compor sua base territorial, anexando:- edital de convocação da categoria para sua criação ou alteração do seu estatuto social, publicado em jornal de grande circulação;ata de assembléia geral que aprovou a fundação da entidade sindical ou a alteração de seu estatuto social;- comprovante fornecido pelo respectivo cartório de que o estatuto ou sua alteração foram inscritos no registro civil de pessoa jurídica.”

Esclarece mencionada instrução que a inclusão da entidade sindical no

AESB não constitui ato concessivo de personalidade jurídica, ou de caráter

homologatório, nem se destina a conferir ao requerente para o fim de dar publicidade

à existência da entidade a servir como fonte unificada de dados a que os interessados

poderão recorrer como elemento documental para dirimir suas controvérsias, por si

mesmas, ou junto ao judiciário..” 33 (grifo nosso)

Resumindo de acordo com a previsão constitucional e entendimentos

pretorianos remançoso sobre o tema, parece-nos inconfundivelmente suficiente para

existência do Sindicato como Pessoa Jurídica ter os seus registros no cartório respectivo, e

32-DECISÃO JURISPRUDENCIAL DO: ( TST 1ª T.RR 70079/93.3, in DJU 13.5.94, p. 11559).

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o outro, meramente cadastral, na Secretaria de Relação de Trabalho do Ministério do

Trabalho.

12. ASSEMBLÉIAS

A assembléia é formalmente responsável pela própria criação dos

Sindicatos.

As assembléias sindicais são, dentre as manifestações do sindicato, a que

maior importância tem, como fonte maior do poder de decisão do sindicato na

representação da categoria.

Há necessidade de assembléias ordinárias e de outras para fins específicos,

os mais variados, como para convenções coletivas de trabalho, declaração de greve,

instauração de dissídio coletivo, escolha de lista de vogais etc..

Observe que não há uniformidade de critérios da lei quanto às pessoas com

capacidade de votar nas assembléias sindicais.

A regra geral é a da capacidade de votar atribuída apenas aos associados do

sindicato. Assim, não são os membros da categoria, mas somente os sócios do sindicato,

dentre aqueles, as pessoas que podem votar.

Entretanto, essa regra comporta exceções.

33- MARANHÃO, Délio. Direito do Trabalho. 17 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1996.

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Nas assembléias para votar acordos coletivos, que são ajustes entre

sindicatos e uma ou mais de uma empresa, os votantes serão os interessados ( CLT, art.

612, in fine ). Não esclarece a lei o que quer dizer com a palavra “interessado”, mas como

o acordo coletivo só interessa aos empregados da empresa com a qual será pactuado e não

há todos os membros da categoria, é possível interpretar que interessados serão exatamente

esses trabalhadores, associados ou não do sindicato. Somente para deliberar sobre

convenções coletivas, que são acordos intersindicais que têm eficácia sobre toda a

categoria, é que a CLT exige a qualidade de sócio do sindicato como condição de

capacidade para votar.

A capacidade de votar, como também de ser votado, é a grande diferença

entre sócio e o não sócio do sindicato, atribuída àquele e não deferida a este. A autonomia

de administração não impede que, por disposição estatutária, o sindicato fixe parâmetros

próprios sobre as votações para as suas deliberações. Assim também para as eleições

sindicais.

Nas assembléias para autorizar a diretoria a propor dissídio coletivo na

Justiça do Trabalho, votarão os associados interessados ( CLT, art. 859 ).

“A lei não esclarece o que quer dizer com essa expressão. Se usa três expressões diferentes para cada tipo de assembléia, associados, interessados e associados interessados, é claro que não terão o mesmo sentido. Assim, associados é o sócio do sindicato, interessado é o não sócio, mas que tem interesse jurídico no acordo coletivo a ser ajustado porque é empregado da empresa com a qual o acordo será feito, e associado interessado é, para assembléias que autorizam dissídios coletivos intercategoriais, isto é, entre sindicato de empregados e sindicato de empregadores, somente o sócio do sindicato e, para

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dissídios coletivos contra empresas, é o associado empregado da empresa contra a qual o dissídio coletivo será instaurado.34

Em nossa opinião, e na experiência de atividades sindicais a partir do

momento em que a contribuição sindical prevista na Carta Magna art. 8, IV, art. 578 e 579

da CLT, obriga todas as categorias, tanto econômica como profissional a recolher as

contribuições, para sua atividade representativa. Logo, todos os integrantes que encontram-

se, em dia com o pagamento das suas contribuições, estão filiados. Tendo assim, o direito

de participar e votar sobre os assuntos coletivos da categoria pautados para assembléias,

ficando excluídos somente nas votações de interesses inversos.

Artigo.578. As contribuições devidas aos Sindicatos pelos que participem

das econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas

entidades serão, sob a denominação de “contribuição sindical”, pagas, recolhidas e

aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo.

Art. 579. A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participem

de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em

favor do Sindicato representativo da mesma categoria ou profissão, ou, inexistindo este, na

conformidade do disposto no art. 591.35

34-NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho, 11 ed. São Paulo: Saraiva, 199535- CARRION, Valentin. Comentários à consolidação das Leis do Trabalho, 23 ed. São Paulo: Saraiva, 1998.

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13. ESTATUTO SINDICAL

Segundo SUSSEKIND, calçado em lições de EFRÉN CÓRDOVA e

EVARISTO DE MORAES FILHO, a autonomia de organização sindical não se confunde

com soberania:

“Soberano é o Estado. Frente a este cumpre à ordem jurídica garantir a autonomia de entidades sindicais; mas a ação destas, como a das demais pessoas físicas e jurídicas, tem de respeitar a ordem pública e os direitos humanos fundamentais de outrem” 36

Entende a Organização Internacional do Trabalho que o princípio da

liberdade sindical poderia chegar, muitas vezes, a ser letra morta, se, para os trabalhadores

ou empregados criarem uma organização, dependessem de obter permissão ou aprovação

governamental para os seus Estatutos ou Regulamentos, ou, ainda, de alguma autorização

prévia para sua fundação.

O fato de serem observados alguns requisitos de publicidade, ou outros

quaisquer que possam ser regidos pela legislação de um país, não deve equivaler a uma

autorização prévia, nem constituir um obstáculo para sua criação, pois a autorização que

seja dada de forma puramente discricionária por Departamento Ministerial é incompatível

com o princípio da liberdade sindical.

As formalidades para a criação de um sindicato previstas na legislação de

um país não podem ser inibidoras nem impeditivas para sua formação. Devem, sim

36 –SUSSEKIND, Arnaldo. “Instituição de Direito do Trabalho. 15 ed. São Paulo, LTr, 1995.

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constituir regras disciplinadoras para a sua fundação, como ocorre com grande parte das

normas insertas nos artigos 515 e seguintes da Consolidação das Leis do trabalho, no

Brasil, a saber:

a) número mínimo de associados, para atestar a representatividade do

sindicato;

b) denominação, sede, categoria e base territorial, para identificar a

entidade sindical;

c) atribuições, normas gerais sobre processo eleitoral e das votações, casos

de perda de mandato e de substituição dos administradores, para

assegurar a gestão democrática e a participação dos associados na vida

sindical, sem quaisquer espécies de discriminações;

d) modo de constituição e administração do patrimônio social e destino

que lhe será dado em caso de dissolução, para que os bens sindicais não

possam vir a ser desviados ou utilizados em benefício de determinadas

pessoas;

e) condições para a dissolução da entidade;

f) registro próprio, para que a entidade passe a exercer erga omnes de

todas as prerrogativas que o status sindical lhe confere.

Verifica-se em alguns países a exigência legal da maioria absoluta dos

membros de um sindicato para votar determinado assunto, pelo menos, em primeiro

escrutínio.

O Comitê da Liberdade Sindical da OIT tem entendido que em certas

questões que possam afetar a própria existência do sindicato ou a sua estrutura, como a

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aprovação e modificação dos estatutos, a dissolução da entidade, etc., a exigência legal de

um quorum qualificado não implica limitação indevida à liberdade sindical.37

O que não deve ocorrer é a intervenção que dificulte a gestão do sindicato,

de acordo com as condições existentes, tornando praticamente impossível a adoção de

decisões que correspondam às circunstâncias e que sejam necessárias para garantir o

direito dos membros de participar democraticamente na vida da organização e de, através

do sindicato livremente escolhido, defender os seus interesses.

14. DIRETORIA

37 - A lei inglesa de 1992, em seu artigo 62, exige uma votação específica, com a convocação de todos os trabalhadores interessados, para que o sindicato possa iniciar qualquer ação reivindicatória ( Documents de Droit Social, 1993/1, OIT, Genebra, p. 72

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É o braço executivo do sindicato, cabendo-lhes, em linhas gerais, dar

cumprimento às deliberações da Assembléia Geral.

Como assinala Amauri Mascaro Nascimento, “cabe-lhe, com exclusividade,

representar o sindicato na prática dos atos de sua rotina”.

Tal representação do órgão sindical costuma ser tomada como

representação da própria categoria, dando-lhe uma dimensão de poder que ele não tem.

O número de diretores será fixado pelo estatuto, não mais pela lei ordinária,

como era antes (CLT, art. 532).

Junto com a queda desse controle legal do sindicato caiu a diversidade

quantitativa e qualitativa de composição diretiva da associação de grau inferior (sindicato)

e das de graus superiores (federação e confederação).

Aliás, o problema do número de dirigentes sindicais, aí compreendido o

quadro de representantes sindicais junto às empresas, elevou-se ao nível de vexata

quaestio, das mais delicadas em virtude da interferência que a posição do empregado

investido em tais funções exerce sobre sua relação de emprego.

De fato, o art. 8º, VII, da Constituição em vigor, assegura a chamada

estabilidade sindical do empregado sindicalizado,

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“a partir do registro da candidatura e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato...

Mais do que isso, qualificou a garantia, que estava contida, antes, na lei

ordinária (CLT, art. 543, § 3º), elevando-a ao patamar de direito social

Logo, o dirigente ou representante sindical passa a ser um empregado

altamente privilegiado pela proteção do emprego, afora as regalias que, habitualmente,

alcançada pela via convencional, relacionadas com a ausência justificada ao trabalho para

participação em eventos de interesses da categoria etc.

Assim, a desmedida do número de dirigentes ou representantes que a

liberdade de organização e de administração, proclama constitucionalmente, faculta ao

estatuto do sindicato fixar, cria uma nova e corrosiva área de atrito entre as categorias em

lugar de harmonizá-las, como seria desejável.

A solução do problema deve residir, essencialmente, no bom senso. Este

deve ser atribuído, em primeiro lugar, ao próprio sindicato, auto limitando esse número ao

mínimo razoável para proporcionar-lhe a operacionalidade. Nos casos de dúvida suscitada

pela categoria oposta sobre o excesso de dirigentes e representantes, em relação às

necessidades operacionais do órgão, ainda o bom senso deve prevalecer, através da

negociação coletiva da condição, modo não comprometedor da liberdade e de visível

aperfeiçoamento da prática das relações entre categorias.

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Em último caso, se a evidência do exagero vier a imperar acima dessas

soluções uni ou bilaterais de bom senso, não vemos óbice a que a norma jurídica discipline

a matéria, estabelecendo parâmetros (de significação diferente de limites) para a fixação do

número dos dirigentes e representantes, de acordo com a envergadura do sindicato.

Entendemos que este último meio de solucionar as controvérsias não é o

melhor, mormente num instante histórico em que adquire grande vulto a idéia de afastar,

tanto quanto possível, a autoridade do Estado de regulação das condições de convivência

iniidual e coletiva entre empregados e empregadores. Mas, se a renitência de nossa cultura

do confronto entre interesses opostos não permitir a prevalência do bom senso, a presença

da lei será melhor do que a multiplicação das divergências, sem significar, como parece a

muitos, uma interferência do Estado na organização do sindicato.

As atribuições da Diretoria são comuns às de qualquer criatura associativa,

voltadas para o cumprimento de seus fins específicos.

No caso do sindicato, e apenas a título exemplificado de algumas das mais

relevantes, mencionam-se a representação do órgão perante os poderes constituídos e nas

negociações coletivas e dissídios; a gestão do patrimônio social; a fiação das diretrizes da

política trabalhista a ser implementada em favor da categoria, ressalvadas as deliberações

de Assembléia Geral etc.

Porém, ficou decidido pela segunda turma do Supremo Tribunal Federal

que entendeu recepcionado, pela Constituição de 1988, o art. 522, da CLT, o qual limita a

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sete o número de dirigentes sindicais que cada sindicato pode ter com as garantias de

estabilidade prevista constitucionalmente (STF RE 193. 345-3 (SC) – Ac 2º., 13.04.99) 39

15. CONSELHO FISCAL

O Conselho Fiscal é órgão que, pela obviedade de suas funções não exige

análise mais alongada no sindicato, onde não tem diferenciado seu perfil comum. Contudo,

poderá desenvolver as mesmas atividades de fiscalização de gestão financeira do órgão

executivo, que cumpre em qualquer organização societária.

Por conseguinte, as regras do art. 522 da CLT, a respeito do número de

integrantes, de seu § 2º, a respeito da limitação de suas funções à “fiscalização da gestão

financeira do sindicato”, ou das associações de graus superiores, sobrevivem ao novo

modelo constitucional.

16. FILIAÇÃO E DESFILIAÇÃO SINDICAL

O trabalhador e o empregador devem ser absolutamente livres de filiarem-se

ou não a uma organização sindical. A liberdade de filiação implica a liberdade de não se

filiar.

39 - REVISTA LTr. vol.63, nº 09 setembro de 1999.

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Assim a lei não deve criar quaisquer privilégios ou desvantagens ao

cidadão, em razão da sua condição de filiado ou não ao sindicato da respectiva categoria.40

Nos países em que é adotado o sistema sindical plúrimo, regra geral, o

membro da categoria poderá livremente eleger a que sindicato pretende pertencer,

quardadas as peculiaridades do sistema.

Entendem os defensores do sistema plural que, nesta hipótese, estaremos

diante da verdadeira liberdade sindical.

Nos países em que o sistema é do sindicato único, o membro de uma

categoria poderá escolher se desejar ser filiado ou não a uma determinada organização

sindical, como ocorre no Brasil, por força o inciso V do artigo 8º da Constituição Federal

(ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato).

Assim não pode prevalecer, diante dos termos da Constituição, os

benefícios e vantagens concedidos pelos artigos 544, 546 e 547 da CLT aos empregados e

empresas sindicalizados.

Outra questão a considerar é a da perda da filiação sindical pelo aposentado

ou por aquele que, por qualquer outra razão, deixa de exercer a atividade ou profissão.

40 – MAGANO, Octavio e MALLET, Estevão, O direito do trabalho na Constituição, 2 ed., Rio de Janeiro: Forense, 1993.

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O que deixa de exercer a atividade ou profissão para passar a exercer outra

não deve mais poder influir nas deliberações do sindicato da categoria de origem, sob pena

de desfigurar-se a legitimidade da representação profissional e admitir-se a ingerência dos

membros de uma categoria nas atividades do sindicato de outra. A lei pode estabelecer essa

desfiliação compulsória.

No entanto, a lei não pode estabelecer essa perda compulsória de filiação,

para quem tiver deixado temporariamente o exercício da profissão ou atividade, sem se

vincular a outra, como, por exemplo, no caso de assunção de mandato político (vereador,

deputado, prefeito, etc.), ou no caso de desemprego.

Quanto ao aposentado, que não tenha voltado a trabalhar, parece-me que a

lei pode, aí sim, impor a conservação da filiação, como o faz o inciso VII do artigo 8º da

Constituição de 88, delimitando a esfera de proteção social exercida pelo sindicato não só

aos trabalhadores da categoria em atividade mas também aos que tenham cessado

definitivamente à sua atividade laborativa.28

Outra questão relativa à filiação a um sindicato está na imposição, por

certas legislações, do prazo de filiação para que o candidato possa concorrer a um mandato

sindical ou para que possa exercer certos direitos.

É o que ocorre entre nós, por exemplo, com o disposto no artigo 529, letra

a, da CLT.

28 - SUSSEKIND, Arnald. Instituições de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1995.

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Entendemos que essa matéria é atinente exclusivamente ao estatuto de cada

entidade sindical, porque deve manter-se na esfera da sua própria autonomia de

organização.

Também a inibição para o exercício de certos direitos sindicais em razão de

condenação criminal é matéria da economia interna de cada entidade, a ser regulada nos

seus próprios estatutos, desde que não seja instrumento de discriminação.

Na hipótese de o delito cometido não ser incompatível com a atividade

sindical, cremos que não pode haver proibição, seja pela lei, seja pelo estatuto, uma vez

que teria caráter discriminatório.

Quanto à proibição de filiação por motivos político partidários ou

ideológicos, não só não pode ser imposta por lei, mas também não pode ser imposta pelo

próprio estatuto, devendo a lei expressamente impedir qualquer à filiação por tais motivos.

17. CONTRIBUIÇÕES

17.1 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS

A contribuição sindical é uma prestação pecuniária, prevista na

Consolidação das leis do Trabalho, obrigatória a todos os integrantes da categoria

profissional, econômica ou diferenciada. A lei Fundamental manteve-a, permanecendo a

sua regulamentação pelos artigos 548, alínea a, 578 e 592 da CLT. Do teor destes artigos

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verifica-se que a contribuição sindical foi criada para dar receitas às entidades sindicais,

fazendo com que estas permanecessem curvadas perante o Estado, que as sustentava.

Para entendê-la melhor, retrocedendo na história, descobriu-se que a mesma

é fruto da Constituição Federal de 1937 (Pasmem!). Com efeito, os sindicatos possuíam

função delegada do poder público para impor contribuições a toda categoria (art. 138).

E assim continuou ao longo das Constituições. Os sindicatos poderiam criar

e arrecadar as contribuições sindicais, como se fossem uma verdadeira entidade tributante

(Constituição de 1946, artigo 159; Constituição de 1967, art. 159; EC n. 01/69, artigo

166). Com o advento da EC n. 08, de 14.4.1977, a competência para legislar sobre o tema

passou a ser da União (art.43, X), os sindicatos, então, poderiam apenas arrecadar as

contribuições, não mais possuindo a prerrogativa de impor contribuições a toda categoria.

A Consolidação das leis do Trabalho, ao seu turno, sistematizou as

legislações anteriores a ela da seguinte maneira: 1) Art. 513, alínea e, contribuição

assistencial, fixada em norma coletiva; 2) Art. 548, alínea a, contribuição sindical,

regulamentada nos artigos 578 a 610; 3) Art. 548, alínea b, mensalidade sindical ou

contribuição associativa42.

Diante da evolução legal, conclui-se que os sindicatos não mais possuem

poder anômalo de tributar. Logo, as contribuições, citadas nos itens 1 e 3, não poderão ser

impostas a todos os integrantes da categoria, seja porque somente o Estado pode obrigar

42 – MARTINS, Sérgio Pinto. Financiamento das Entidades Sindicais. São Paulo: LTr, São Paulo, v.62, p. 1477-1487, Novembro/1998.

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alguém a contribuir (artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal / 88, seja em face do

princípio da liberdade sindical (aspecto positivo) consagrado na Constituição atual.

Quanto à contribuição sindical, é possível chegar a duas conclusões: a) a

sua obrigatoriedade e finalidade permaneceram intocáveis ao longo dos anos; b) a sua

imposição e cobrança antes eram delegadas aos sindicatos, e, posteriormente, passaram a

ser atribuições do Estado.

Na Constituição Federal de 1988, a contribuição sindical está prevista no

artigo 8º, inciso IV, segunda parte, interpretado com o artigo 149, que prevê as

contribuições de interesse da categoria profissional ou econômica.

Hugo de Brito Machado (1998) classifica as contribuições sociais em:

contribuições de interesse da categoria profissional ou econômica; contribuições da

seguridade social. Assim, define-as: “espécie de tributo com finalidade

constitucionalmente definida, a saber, intervenção no domínio econômico, interesse de

categorias profissionais ou econômicas e seguridade social”.43

A contribuição sindical é a contribuição social de interesse da categoria

profissional ou econômica, pois constitui receita nos orçamentos das respectivas entidades

representativas. A contribuição social é, por sua vez, espécie tributária, de acordo com o

artigo 149 c/c os artigos 146, inciso III, e 150, incisos I e III, da Constituição Federal de

1998, pois está submetida às normas gerais de Direito Tributário. Logo, todos que estejam

abrangidos pela categoria profissional, econômica ou diferenciada estão obrigados a

contribuir.

43 – MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Malheiros, 1998.

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A contribuição sindical é arrecadada, desde 1976, pela Caixa Econômica

Federal, de acordo com os artigos 586, 588 e 591 da CLT. O Estado, também beneficia-se

de sua arrecadação através da conta “Emprego e Salário” (art.600 da CLT). E mais uma

afronta gritante à liberdade de sindicalização, preconizada na Convenção n. 87 da OIT.

A orientação do Colendo TST

Não é demasiado lembrar, que bem ou mal, a Constituição Federal prevê a

liberdade de sindicalização, e que o sindicato não pode mais instituir contribuições. Com

isso, a única contribuição obrigatória é a sindical, as demais somente poderão abranger os

associados, que a elas não se opuserem. Esta foi a orientação consagrada pelo tribunal

Superior do Trabalho.

O Precedente Normativo n.74, que foi cancelado, previa o direito de não –

oposição do trabalhador ao desconto assistencial, de acordo com o artigo 545 da CLT.

Entretanto, o desconto em folha abrange apenas os trabalhadores associados, pois o não –

filiado não pode ser compelido a se opor ao mesmo, o que redundaria em filiação

presumida.

A atual orientação da Corte Superior do Trabalho está consagrada no

Precedente Normativo n. 119, nova redação, in verbis:

“119 – A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. ‘E ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula normativa estabelecendo

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contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservam tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados”.

a) Contribuição confederativa:

A contribuição confederativa está prevista, também, no inciso IV, do artigo

8º, da Lex Legum; destina-se ao custeio do sistema confederativo (sindicato/

federação/confederação). ‘E fixada através da assembléia – geral e pode ser cobrada de

imediato, através da folha de salários, no caso de categoria profissional. Abrange, apenas,

os associados conforme Precedente n. 119, acima mencionado.

A conclusão acima percorreu longo caminho, pois a orientação do Tribunal

Superior do Trabalho era em sentido inverso. O início das discussões sobre a correta

aplicação da contribuição confederativa começou através das ações de anulação de

cláusula normativa intentadas pelo Ministério Público do Trabalho. Com efeito, tencionava

o Parquet resguardar a intangilidade salarial dos trabalhadores, pois os instrumentos

normativos começaram a prevê a cobrança da contribuição confederativa, tanto dos

associados quanto dos não-associados,e, muitas vezes, estipulam-se um valor maior para os

últimos.

Como demonstrado acima, o Estado já havia delegado aos sindicatos o

poder de impor e arrecadar contribuições (CF de 1937, art. 138) e diante da literalidade do

novo texto, que prevê “a assembléia geral fixará a contribuição”, conclui o Ministério

Público do trabalho que a contribuição confederativa poderia ser imposta pela assembléia

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geral a toda categoria (filiados ou não). Viu-se na contribuição confederativa mais uma

contribuição social de interesse da categoria profissional ou econômica, ao lado da

contribuição sindical, e que dependeria de lei para ser regulamentada.

A derradeira interpretação a respeito da contribuição confederativa foi dada

pelo Supremo Tribunal Federal, que considera o inciso IV do artigo 8º auto – aplicável. A

origem da contribuição confederativa resulta da manifestação de vontade da assembléia –

geral, tornando-a incompatível com a noção de tributo (art.3º do CTN), conforme ementa

abaixo transcrita:

“I – A contribuição confederativa, instituída pela assembléia geral –CF, art. 8º, IV, - distingui-se da contribuição sindical, instituída por com caráter tributário – CF,art.149 – assim compulsória. A primeira é compulsória apenas para os filiados do sindicato. II – R. E. não conhecido”.

Do extrato da ata, destaca-se o seguinte trecho:

“A contribuição confederativa, portanto, sendo instituída por manifestação de vontade de pessoa jurídica de direito privado, sem qualquer vinculação do Estado na sua fixação independentemente de lei anterior, torna-se incompatível com a classificação de tributo: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada, mediante atividade administrativa plenamente vinculada (art. 3º, do CTN)”44.

44 - Brasil Supremo Tribunal Federal. Extrato da Ata do Recurso Extraordinário n.198092-3.Origem São Paulo.Sindicato dos trabalhadores na Indústria Metalúrigica, Mecânicas Elétricos, Eletrônicos de EsquadriasMetálicas, de equipamentos Rodoviários, Ferroviários, de Serralheria e de móveis de Metal de SãoJosé do Rio Petro, Bady Bssit, Cedral, Guapiacu, Potirendaba, Uchoa e José Bonifácio versus Ademar Marques e outros, Pandim e Companhia Ltda. Relator: Min. Carlos Veloso. Ac. 2ª T – 27/06/96. In LTr.

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Assim, a contribuição confederativa não poderá ser imposta aos não

associados. Estes não participaram da assembléia, e não estão obrigados a tanto, porque os

mesmos têm o direito de não se filiar a fortiori, não estão obrigados a contribuir para o

sindicato do qual não participam (art.5º XX).

Ademais, a todos é assegurado o direito à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade (art.5º, caput), e o Brasil é um Estado Democrático de Direito

fundado na cidadania (art. 1º,inciso II, da CF). A vontade de alguns não poderá decidir a

respeito do direito de liberdade e propriedade de todos, ao presumir a filiação sindical de

toda categoria.

b) Contribuição assistencial

A contribuição assistencial está prevista no art. 513, alínea e, da CLT.

Considere em uma prestação pecuniária, voluntária, destinada a custear as atividades

assistenciais e compensar os custos incorridos na negociação coletiva. O seu desconto está

condicionado à não – oposição do trabalhador filiado, conforme artigo 545 da CLT c/c art.

462 da CLT; art. 7º, inciso VI da CF /88 e PN 119 do TST.

c) Mensalidade sindical ou contribuição associativa

Cuida-se, também, de prestação pecuniária, voluntária, devida pelos

associados do sindicato por serem filiados à agremiação (PN 119 do TST). A mensalidade

sindical é prevista no estatuto ou pela assembléia – geral, com o fim de comprar o

patrimônio do sindicato (art. 548, alínea b, da CLT).

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18. BASE TERRITORIAL DE ATUAÇÃO

A base territorial é uma espécie de medida geográfica da atuação de

um sindicato.

Dentro de um sistema de liberdade de organização, o pressuposto é que seu

próprio grupo criador defina em que extensão se dará sua representação pela entidade

criada. Mas, nos ordenamentos que consagrem a unicidade sindical (ver n.33), essa medida

torna-se também de exclusividade da representação, que não poderá sofrer a concorrência

de outras instituídas por segmentos da mesma categoria, seja ela

“uma unidade sociológica resultante de interesses comuns das empresas que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas (categoria econômica).”ou “resultante das similitude de condições de vida oriunda do trabalho em comum, executado pelos empregados das empresas que realizam atividades idênticas, similares ou conexas (categoria profissional).”45

A base territorial é dimensionada nos termos de cada legislação nacional.

Examinada a legislação ordinária brasileira, de fundamento corporativista, as dimensões

de atuação territorial do nosso sindicato podem variar do mínimo distrital até o máximo

nacional, este dependente de reconhecimento especial ( CLT, art. 517). E entre tais limites

extremos, municipal, inter-municipal, estadual e interestadual.

Considere-se a opinião de muitos, no sentido de que o revestimento

restritivo da norma consolidada não foi recepcionado pela ampla liberdade de organização

assegurada na art. 8º, I, da Constituição Federal. A nosso entender, a incompatibilidade se

45 – VIANNA, José de Segadas. Instituições de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987.

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limita à exigência do pressuposto de reconhecimento pelo poder público para o

funcionamento do sindicato, sendo válida a enumeração das dimensões possíveis da

atuação sindical.46

46 – PINTO, José Augusto Rodrigues. Direito Sindical e Coletivo do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998.

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CONCLUSÃO

Ao final deste trabalho, observamos a Constituição Federal de 1988, trouxe

em seu bojo a Liberdade Sindical. Porém é fácil observarmos que o próprio texto

constitucional é contraditório, considerando-se não só os compromissos e objetivos fixados

em seu preâmbulo, mas também a noção de Estado Democrático de Direito.

Deste modo, a organização e consequentemente a administração

comprometida e alterada ao Estado, ferindo o princípio da Liberdade Sindical, e

conservando o regime autoritário, imposta pela ditadura de Getúlio Vargas.

Não cabe para nós, aqui no término dessa monografia discutirmos sobre

normas Constitucionais Inconstitucionais . E sim concluir que a Administração Sindical

significa, em sentido técnico, o conjunto harmônico e independente de funções e

procedimentos que cooperam entre si, tendo em vista o bom desempenho de suas

finalidades, como por exemplo: a de regulamentação de seus atos em estatutos próprios,

atas e convenções coletivas; desenvolver sua função política visando flexibilização da

organização e da Administração Sindical perante os anseios de sua categoria; obter receita

para viabilizar seus objetivos e primar pela ética nas relações com seus associados e

filiados.

Em síntese final, embora nossa Carta Magna seja falativa quanto à

Liberdade Sindical atual que ainda sofre interferência do Estado, merece ser repensada.

Objetivando fortalecer a representatividade da categoria e buscar maior peso político às

ações e gestões das entidades.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia:

Autor: JOSÉ ALMERO MOTA

Data da entrega: 04 / 03 / 06

Avaliador: DENISE GUIMARÃES Conceito: