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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A REALIDADE DA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO BRASIL (A Logística reversa como ferramenta de preservação) Por: Hilton de Jesus Gonçalves Azevedo Orientador Prof. Luis Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A REALIDADE DA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO

BRASIL

(A Logística reversa como ferramenta de preservação)

Por: Hilton de Jesus Gonçalves Azevedo

Orientador

Prof. Luis Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A REALIDADE DA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO

BRASIL

(A Logística reversa como ferramenta de preservação)

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Engenharia da Produção.

Por: Hilton de Jesus Gonçalves Azevedo

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AGRADECIMENTOS

A todos que, direta ou indiretamente,

colaboraram para elaboração deste trabalho:

colegas de trabalho, professores,

profissionais de Logística, ambientalistas,

amigos em geral.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada esposa e

ao meu brilhante filho – sem eles nada disso

seria possível.

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RESUMO

Este trabalho tem como um dos objetivos, cientificar a todos que tiverem a

oportunidade de lê- lo, da necessidade de preservação do meio ambiente. E para isso,

coloca de forma comparativa: o que foi feito, o que está sendo feito, e, o que poderá ser

feito tendo como uma das principais ferramentas a Logística Reversa.

O trabalho, nos seu três capítulos, objetiva mostrar a necessidade do

planejamento no que diz respeito ao aproveitamento de forma otimizada de todo o

recurso natural de nosso planeta, e, da mesma forma, planejar o reaproveitamento/

reutilização, assim como dar o destino apropriado a tudo que é produzido - sem o

comprometimento do nosso meio ambiente.

Indo mais adiante, o trabalho destaca também uma preocupação, que antes não

havia, com a sustentabilidade – considerando os fatos: os recursos do nosso planeta são

finitos, e que a poluição que é produzida no processo de transformação desses mesmos

recursos em produtos que consumimos, ameaça a manutenção da vida em nosso planeta.

Além é claro, de destacar o nosso país no cenário global de preservação ambiental.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho, diante da pouca literatura encontrada no

tocante a Logística Reversa, foi a investigativa. Um minucioso trabalho investigativo do

que se está fazendo no que diz respeito ao tema proposto no trabalho.

Inúmeros profissionais, não somente nas áreas de Logística e Ambientalista,

foram consultados nas oportunidades de conversas informais. Foram Feitos

questionamentos do tipo: o que está se fazendo, dentro de cada ramo de atividade, no

que diz respeito a preservação do meio ambiente. Além disso, a população de

determinadas localidades como: centro da cidade do Rio de Janeiro; alguns bairros da

cidade de São Gonçalo/RJ, foi consultada a respeito de como ela lida com os rejeitos de

produtos consumidos.

Fatos históricos assim como notícias recentes, também agregaram valor a este

trabalho. Da mesma forma: livros, revistas, artigos, monografias e literaturas diversas

foram usados como forma de pesquisa para desenvolvimentos do tema – sem contar as

inúmeras consultas a sítios na intenet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O MEIO AMBIENTE DE ONTEM 9 CAPÍTULO II O MEIO AMBIENTE DE HOJE 33 CAPÍTULO III O MEIO AMBIENTE DE AMANHA (A LOGÍSTICA COMO SOLUÇÃO) 48 CONCLUSÃO 60 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62 ÍNDICE 63 FOLHA DE AVALIAÇÃO 64

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INTRODUÇÃO

Recentes acontecimentos em nosso planeta, como por exemplo: o

terremoto/ maremoto no Japão (março de 2011), faz com que tenhamos a certeza de

nossa fragilidade diante da natureza – e o mais grave ainda, é que algumas reações

dessa, agora temida natureza, podem ter sido provocadas por nós mesmos.

Passadas algumas semanas deste terrível cataclísma, hoje vivemos sob a

ameaça de um novo desastre: um desastre com proporções nucleares – e este com a

absoluta certeza de que: fomos nós mesmos que o produzimos.

A energia nuclear é apenas um exemplo de produto que não avaliamos

bem a relação custo/ benefício. Isto pois, não consideramos o fato de que o nosso

planeta, além de girar sob seu próprio eixo, também muda ao longo dos tempos. Isso

significa dizer que, uma usina nuclear atingida por um por fenômeno natural, como de

fato foi atingida a usina de Fukushima no Japão, e perdendo-se completamente o

controle da situação, poderemos com isso expor o mundo inteiro a uma energia que, sob

controle: nos traz beneficios, mas que, fora de controle: poderar decretar a nossa

extinção e a de várias outras espécies em nosso planeta.

Nosso planeta é rico em recursos naturais – e também rico em espécies

de vida. A excessão de nós, seres humanos, as outras espécies utilizam-se desses

recursos de maneira equilibarada – consomem o que a natureza lhes oferece. Nós, no

entanto, temos cada vez mais necessidade de conforto e não ficamos satisfeitos com o

que a natureza nos oferece: queremos cada vez mais – mesmo sabendo que não temos

condições de planejar/administrar as consequências desse consumo desenfreado.

Tudo isso nos leva a uma reflexão: seriam estes ditos animais irracionais,

com seus consumos racionais e seus rejeitos em forma de gases resultante da

mastigação de folhas os verdadeiros culpados dessas e outras tragédias que poderão vir?

Ou seriamos nós mesmos, consumidores irracionais e produtores de lixo tóxico, os

possíveis responsáveis pela decretação do fim da vida em nosso planeta?

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CAPÍTULO I O MEIO AMBIENTE DE ONTEM

1.1 - Dia Mundial do Meio Ambiente

Em 5 de Junho de 1972, em Estocolmo na Suécia, realizou-se a 1ª

Conferência Mundial para o Meio Ambiente e desenvolvimento, promovida pela

Organização das Nações Unidas. A Conferência de Estocolmo, como ficou conhecida,

foi um grito de alerta para todo o mundo sobre os perigos da poluição e nela apresentou-

se a idéia de que a natureza deveria ser tratada como ciência.

As Organização das Nações Unidas (ONU), em função dessa conferência,

deliberou na resolução 2.994, que o dia 5 de Junho seria o Dia Mundial da Ecologia e

do Meio ambiente. Porém, tendo em vista a complexidade do assunto passou-se a

discutir e estudar a Ecologia e o Meio Ambiente como temas distintos. De forma que

durante as Conferências da ONU os debates também acontecem em datas alternadas,

mas as comemorações, geralmente ocorrem no mesmo dia.

Na mesma ocasião, outra resolução criou também a UNEP – o programa da

ONU para o Meio ambiente. Em 1866, o biólogo alemão Ernst Haeckel propôs que

fosse criada uma disciplima mais específica dentro da b iologia para estudar as relações

dos seres vivos com o Meio Ambiente. Assim, da junção das palavras gregas “oikos”

(casa)e “logos” (estudo) derivou a palavra: ecologia. Contudo, essa disciplina ficou

restrita aos meios acadêmicos até há pouco tempo.

Somente no século XX, os cientistas e as organizações começaram a dar

uma maior importância ao estudo da ecologia, em especial à preservação do meio

ambiente, ameaçada pela ação destrutiva do homem. A ecologia ganhou uma

importância social após um grande incidente envolvendo o petroleiro Torry Canion que

derramou 123 mil toneladas de óleo no mar, na costa da Inglaterra – em 1967.

Desde então, a palavra ecologia ficou ligada ao conceito de preservação da

natureza e o homem passou a observar os resultados de sua intervenção no meio

ambiente. A preservação dos meios naturais como uma condição para a manutenção da

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vida é o motivo pelo qual a ONU tem se esforçado para consolidar tratados e políticas

ecológicas entre as nações. Dentre os assuntos mais discutidos estão a preservação de

mananciais de águas, diminuição da emissão de poluentes e preservação das matas

nativas.

Em 1992, a segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, conhecida como Eco-92, aconteceu no Rio de Janeiro. O Brasil

assumia um compromisso com a preservação da Natureza, em especial por suas matas

nativas, como a Floresta amazônica. A ECO-92 apresentou importantes documentos que

deliberam sobre os efeitos da economia industrial sobre o meio-ambiente.

Esses documentos levantavam questões de difícil aplicação pois agiam

sobre o desenvolvimento das nações industrializadas, ou seja, os países ricos, e também

sobre os países em desenvolvimento. Um desses documentos foi a famosa Agenda 21,

assinado por 179 países, que discorria sobre a aplicação regional de políticas de

desenvolvimento sustentado, ou seja, o desenvolvimento que possa se auto-sustentar,

sem esgotar os recursos naturais disponíveis.

Atualmente, a maior preocupação dos ecologistas tem sido o aquecimento

global provocado pela emissão de poluentes na atmosfera. Esse aquecimento do planeta

é responsável pelas súbitas mudanças climáticas que temos presenciado e acarretam

terríveis conseqüências para o homem. Os países poluidores, em geral os mais ricos, são

os principais responsáveis pela “saúde” do planeta.

Em 1997, foi assinado o Protocolo de Kioto, um tratado com essas nações

que ficaram comprometidas com o corte de 5% nas emissões de gases poluentes.

Contudo, os Estados Unidos, primeiro colocado em poluição da atmosfera, se retirou do

acordo, o que torna ainda mais difícil acalentar a esperança de um futuro mais saudável

para a humanidade.

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1.2 - Preservação e Conservação ambiental

O preservacionismo e o conservacionismo são correntes ideológicas que

surgiram no fim do século XIX, nos Estados Unidos. Com posicionamento contra o

desenvolvimentismo - uma concepção na qual defende o crescimento econômico a

qualquer custo, desconsiderando os impactos ao ambiente natural e o esgotamento de

recursos naturais – estas duas se contrapõem no que se diz respeito à relação entre o

meio ambiente e a nossa espécie.

O primeiro, preservacionismo, aborda a proteção da natureza

independentemente de seu valor econômico e/ou utilitário, apontando o homem como

causador da quebra deste “equilibrio”. De carater explicitamente protetor, propõe a

criação de santuários, intocáveis, sem sofrer interferências relativas aos avanços do

progresso e sua consequente degradação. Em outras palavras: tocar, explorar, consumir

e , muitas vezes até “pesquisar”, toma-se, então, uma atitude que fere tais princípios. De

posição considerada mais radical, este movimento foi responsável pela criação de

parques nacionais, como por exemplo: o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, nos

Estados Unidos.

Já a segunda corrente, a conservacionista, contempla o amor à natureza, mas

aliado ao seu uso racional e manejo criterioso pela nossa espéc ie, executando um papel

de gestor e parte integrante do processo. Podendo ser identificado como o meio-termo

entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, o pensamento conservacionista

caracteriza a maioria dos movimentos ambientalistas, e é alicerce de políticas de

desenvolvimento sustentável, que são aquelas que buscam um modelo de

desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos

necessários às gerações futuras. Redução do uso de matérias-primas, uso de energias

renováveis, redução do crescimento populacional, combate à fome, mudanças nos

padrões de consumo, equidade social, respeito à biodiversidade e inclusão de políticas

ambientais no processo de tomada de decisões econômicas são alguns de seus

princípios. Inclusive, este propõe que se destinem áreas de preservação, por exemplo,

em ecossitemas frágeis, com um grande número de espécies endêmicas e/ou e extinção,

dentre outros.

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Tais discussões começaram a ter espaço em nosso país apenas em meados

da década de setenta, com a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente –

IBAMA, quase vinte anos depois. Em razão de a temática ambiental ter sido

incorporada em nosso dia a dia apenas nas últimas décadas, tais termos relativamente

novos acabam sendo empregados sem muitos critérios – mesmo por profissionais como

biólogos, pedagogos, jornalistas e políticos. Prova disso é que a própria legislação

brasileira, que nem sempre considera uso correto destes termos, atribui a proteção

integral e “intocabilidade” à preservação; e conservação dos recursos naturais, com a

utilização racional, garantindo sua sustentabilidade e existência para as futuras

gerações, à conservação.

1.3 - Homem X Meio Ambiente

Desde os povos primitivos – homem pré-socrático, o homem se relacionava

com a natureza de uma forma intensa. Para a garantia de sua subsistência, coletava

frutos e raízes, caçava e pescava, além de utilizar abrigos naturais, como cavernas,

copas de árvores ou choças feitas de galhos para se proteger do frio e intempéries

naturais. Tinha uma compreensão mítica da natureza (Odisséia e Ilíada, de Homero). O

mito entra como uma tentativa de explicação da realidade, sendo uma forma de o

homem garantir simbolicamente seu lugar no cosmo. A noção de cosmo e de natureza

que aqui começa a se esboçar é essencial e caracterizará a concepção dos pensadores

pré-socráticos. Grécia Antiga: filósofos da natureza (século IV a V a.C) – primeiros a

estudar a natureza e seus processos naturais. Compartilhavam a visão de que tudo

integra a natureza: o ser humano, a sociedade por ele construída, o mundo exterior e até

os deuses. Procuravam, por diversos caminhos, criar uma teoria capaz de sintetizar os

fenômenos e enquadrá- los em categorias estruturadas, sendo seus principais elementos

de pesquisa a água, o fogo, o ar e a terra. Entre os principias filósofos da natureza,

podemos citar: Tales de Mileto (625-558 a.C), Anaximandro (560 a.C), Anaximedes

(550-526 a.C), Herácito de Éfeso (580-540 a.C).Verifica-se que, permitindo a visão do

homem integrado ao mundo exterior, os filósofos pré-socráticos não se postaram numa

atitude de adoração ou contemplação da natureza (physis), mas de interrogação em

busca de seu segredo, embora não tenham conseguido expurgar os mitos de seus

sistemas de pensamento. Sócrates (344 a.C), Platão (428-348 a.C) e Aristóteles (384-

322 a.C.) – Conceito de natureza diferente da fase anterior. Começa a haver uma

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valorização do homem e das idéias e um certo desprezo pelos elementos físicos, objeto

de estudo dos pensadores anteriores (tidos como expressão do pensamento mítico e não

filosófico). Inicia-se o que se passou a chamar de ANTROPOCENTRISMO, de base

racionalista, que começou a determinar de forma diferente a consideração da natureza.

(SOFIATTI, 2000, p. 161).

Todas as formas de comportamento coletivo que tanto em seus discursos

como em sua prática visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o

homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e institucional

atualmente predominante (CASTELLS, 1999, p. 143).

O século que findou (XX) foi assinalado por um avanço científico e

tecnológico sem precedentes na história da humanidade, mas simultaneamente foi

marcado por terríveis acontecimentos, fatos que deixaram marcas profundas no meio

ambiente.

O agravamento da situação ambiental torna necessário o nascimento de uma

ideologia ambiental, na qual a ciência do Direito terá papel fundamental. Por este

motivo, o objetivo geral deste ensaio será o de estudar e analisar as principais teorias

existentes sobre a chamada ética antropocêntrica clássica em contraposição à nova ética

biocêntrica em matéria ambiental.

O Direito Ambiental inaugura um modo de encarar a luta pela preservação

da qualidade dos ecossistemas e pela valorização da biodiversidade como uma postura

ética radical diante da vida. Esta abordagem ético-jurídica entende o meio ambiente

como conseqüência do envolvimento, numa complexa simbiose, entre todos os seres

vivos e a natureza, considerando a defesa do ambiente saudável como um direito

inalienável da presente e das futuras gerações.

Esse mesmo Direito Ambiental, embasado num humanismo intenso, pode,

por seus princípios, por seus fundamentos doutrinários e pela transdisciplinaridade que

o compõe, oferecer uma decisiva contribuição para que as pessoas deste novo século

venham a alcançar a melhor convivência equilibrada com a natureza.

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1.3.1 - Aspectos históricos da relação homem, natureza e direito

Desde o surgimento do homem na Terra, existe uma modificação na

natureza. Assim, o processo de degradação do meio ambiente se confunde com a origem

do homem.

Antigamente, acreditava-se que este seria julgado por tudo aquilo que fizesse

contra a natureza. Esta era uma criação divina e deveria ser respeitada, logo, o homem

não a agredia indiscriminadamente e dela retirava só o necessário para o seu sustento.

Ainda assim, o homem modificou o seu ambiente a fim de adequá-lo às suas

necessidades.

Com isso, as agressões de grande porte começaram nas Idades Média e Moderna,

especilamente na fase da Revolução Industrial.

Carvalho (2003, p. 67) defende que: o dinamismo da civilização

industrial introduziu radicais mudanças no Meio Ambiente físico. Essas transformações

implicaram a formação de novos conceitos sobre o ambiente e o seu uso. A Revolução

Industrial, que teve início no século XVIII, alicerçou-se, até as primeiras décadas do

último século, nos três fatores básicos da produção: a natureza, o capital e o trabalho.

Porém, desde meados do século XX, um novo, dinâmico e revolucionário fator foi

acrescentado: a tecnologia. Esse elemento novo provocou um salto, qualitativo e

quantitativo, nos fatores resultantes do processo industrial. Passou-se a gerar bens

industriais numa quantidade e numa brevidade de tempo antes impensáveis. Tal

circunstância, naturalmente, não se deu sem graves prejuízos à sanidade ambiental.

O problema ecológico só foi enfrentado e regulamentado pelos legisladores no

período do segundo pós-guerra do século XX (1939-1945). Nessa fase, a

conscientização da necessidade de proteção ao meio ambiente espalhou-se pelo mundo

por meio das Entidades Não-Governamentais (ONGs).

A humanidade começa a perceber que a proteção ao meio ambiente é

um determinante de sua própria sobrevivência, pois, até então, as agressões contra ele

eram as mais diversas possíveis. Essa conscientização de protegê-lo é antiga , e por isso

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mesmo não se deu da maneira como é vista hoje, começando no momento em que o

homem passa a valorizar a natureza por ser uma criação divina, mas não chegava a

existir uma preocupação em preserva- la.

Foi a partir do século XIX que se observou a criação de organizações

ambientalistas, em 1865 na Grã-Bretanha, seguida pelos Estados Unidos (1883), África

do Sul (1883) e, já no século XX, Suíça (1909). Nesse mesmo ano, os europeus

reuniram-se no Congresso Internacional para Proteção da Natureza, em Paris, para

analisar os progressos da proteção à natureza na Europa e sugeriram a criação de um

organismo internacional de proteção à natureza. Assim, em 1913, criou-se a Comissão

Consultiva para a Proteção Internacional da Natureza, assinada por 17 países. Com o

começo da guerra, contudo a Comissão foi esquecida (McCORMICK, 1992).

Com o passar dos anos, principalmente na década de 50, surge o movimento

ambientalista dos cientistas, que se preocupava com a poluição industrial dos rios.

. Nos anos 60, o movimento ambientalista das ONGs começou a ganhar força

mediante grande número de obras literárias que divulgavam a preocupação com a

degradação da natureza e também pelas freqüentes manifestações estudantis em defesa

da natureza na Europa e nos Estados Unidos (Mc. Cormick, 1992).

Finalmente, no início de 1970, 300 mil americanos participaram do Dia

da Terra, a maior manifestação ambientalista do planeta e que foi o ápice do novo

ambientalismo . Apartir de então, o ambientalismo começou a sofrer uma

transformação, dando origem à Revolução Ambientalista norte-americana (Mc.

Cormick, 1992).

Essa revolução fez crescer ainda mais a preocupação com a preservação

do meio ambiente. Esse novo ambientalismo era mais dinâmico, mais sensível, ativista e

político. Tinha mais apoio público e considerava que a sobrevivência humana estava em

jogo e que uma catástrofe ambiental só poderia ser evitada se houvesse mudanças nos

valores e instituições das sociedades industriais.

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Era um movimento surgido a partir do processo de mudança social e

política, que se preocupava com a qualidade de vida e com o modo como ela estava

comprometida devido aos fatores poluentes gerados pelo crescimento econômico.

Desse modo, foram sucessivas as ações tomadas para preservar o meio

ambiente. Em 1971, a França criou o Ministério para a Proteção da Natureza e do Meio

Ambiente, que fez com que vários outros países reorganizassem ou criassem

departamentos ou órgãos responsáveis pela proteção ao meio ambiente. E, em 1972,

aconteceu a Conferência das Nações Unidas, que reuniu 113 nações em Estocolmo para

discutir problemas do meio ambiente (Carvalho, 203).

Foi a primeira vez que problemas políticos, sociais e econômicos do

meio ambiente global foram discutidos num fórum intergovernamental com uma

perspectiva de instituir ações acorretivas.

Esse evento marcou a passagem do ambientalismo emocional da década

de 60 para o ambientalismo mais racional dos anos 70. Resultou, também, na criação do

Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, estabelecendo um compromisso entre

as diferentes percepções de meio ambiente defendidas pelos países menos

desenvolvidos e mais desenvolvidos. Esta última década é considerada a década do

ambientalismo dos atores políticos estatais.

No Brasil, na década de 70, o Estado e a sociedade civil figuraram

como os dois atores do movimento ambientalista, um movimento bissetorial com

objetivos complementares e contraditórios ao mesmo tempo. Nos anos 80, o movimento

ambientalista passou a ser um movimento multissetorial, com a participação de diversos

atores de vários setores da sociedade, bem como empresas multinacionais, organizações

não-governamentais a sociedade civil e até mesmo o próprio Estado.

A década de 90 foi importante para o ambientalismo brasileiro, pois até

então este era um movimento que se preocupava com os problemas ecológicos, mas não

os vinculava com a questão do desenvolvimento socioeconômico. Outro fator que

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ajudou na emergência do movimento ambiental ligado ao desenvolvimento

socioeconômico foi a aceitação do conceito de desenvolvimento sustentável, expresso

no Relatório Brundtland, de 1988 (Montibeller-Filho, 2001).

Segundo Castells (1999, p. 143), os tipos de movimentos ambientalistas

existentes e atuantes são: a) preservação da natureza (Grupo dos Dez, EUA); b) defesa

do próprio espaço (Não no meu Quintal); c) Contracultura. Ecologia profunda (Earth

first! Ecofeminismo); d) Save the planet (Greenpeace); e) “Política verde” (Die

Grünen).

Ainda para este autor (p. 161-165): Boa parte do sucesso do movimento

ambientalista deve-se ao fato de que, mais do que qualquer outra força social, ele tem

demonstrado notável capacidade de adaptação às condições de comunicação e

mobilização apresentadas pelo novo paradigma tecnológico. Embora boa parte do

movimento dependa de organizações de base, suas ações ocorrem em razão de eventos

que sejam apropriados para a divulgação na mídia. Ao criar eventos que chamam a

atenção da mídia, os ambientalistas conseguem transmitir sua mensagem a uma

audiência bem maior que a representada por suas bases diretas.

Com o aumento extraordinário da consciência, influência e organização

ambientalista, o movimento tornou-se, sobretudo, cada vez mais diversificado, tanto do

ponto de vista social quanto temático, chegando às mesas de reuniões das grandes

empresas, aos recônditos da contracultura e às prefeituras e assembléias legislativas.

Sem sombra de dúvida, o ambientalismo é um dos mais importantes movimentos sociais

de nosso tempo, porque compreende uma série de causas sociais sob a égide da justiça

ambiental.

O autor entende por justiça ambiental aquela que reafirma o valor da vid a

em todas as suas manifestações, contra os interesses de riqueza, poder e tecnologia.

Assim, Castell demosnstra que: O enfoque ecológico à vida, à economia e às

instituições da sociedade enfatiza o caráter holístico de todas as formas de matéria, bem

como de todo processamento de informações. Nesse sentido, quanto mais adquirirmos

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conhecimento, tanto mais percebemos as potencialidades de nossa tecnologia, bem

como o abismo gigantesco e perigoso entre nossa capacidade de produção cada vez

maior e nossa organização social primitiva, inconsciente, e em última análise,

destrutiva. É esse o fio que costura as relações cada vez mais estreitas entre as revoltas

sociais, locais e globais, defensivas e ofensivas, engajadas na luta por questões ou por

valores, surgindo em torno do movimento ambientalista (p. 166).

Conforme o anteriormente exposto, para analisar a expressão meio

ambiente não se pode tomá-la isoladamente, pois ela apresenta relação e

interdependência com outros elementos e principalmente com o homem. Observa-se,

então, que a degradação do meio ambiente e o desenvolvimento surgiram praticamente

junto com a própria existência humana.

O homem, para sobreviver, precisa retirar seu sustento da natureza, e

para que isso aconteça utiliza ferramentas que, com o passar dos anos e com o

aperfeiçoamento das tecnologias dos meios de produção, vão degradando ainda mais o

meio ambiente. Isso possibilita que o ser humano acumule cada vez mais recursos

naturais e converta esses produtos retirados da natureza em capital.

Foi com a Revolução Industrial, no século XVIII, que o processo de

degradação da natureza se intensificou, quando a atividade produtiva ganhou maior

dimensão, e também devido às descobertas científicas e tecnológicas no século XIX,

que proporcionaram ao homem possibilidades mais amplas de exploração da natureza

(Carvalho, 2003).

Diante desses acontecimentos, o homem passou a agir como se fosse

dono da natureza e pudesse se apropriar dela. Não se pode, contudo, culpar a tecnologia

por gerar a crise ambiental, pois o causador da crise é o modo como a tecnologia é

utilizada pelo homem.

Analisar o significado da expressão meio ambiente não é tarefa fácil,

uma vez que, para alguns autores, esta expressão é pleonástica, pois os dois termos

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significam a mesma coisa, ou seja, que na palavra “ambiente” está inserida a idéia de

“meio”.

Para outros, como Milaré (2002), o meio ambiente pertence a uma daquelas

categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído do que definível, em virtude da

riqueza e complexidade que encerra.

Para Oliveira e Guimarães (2004, p. 27): A interação e interdependência

do meio ambiente, portanto, pressupõem superar o paradigma de dominação que sempre

caracterizou as relações entre o homem e o meio ambiente, levando-nos a uma

re(significação) que potencialize a ética da alteridade, com ênfase em valores

fundamentais. Este novo modelo de organização planetária deve ter como alicerce a

responsabilidade, o cuidado e o respeito do homem para consigo mesmo, para com o

próximo, para com as outras espécies e, até mesmo, para com os componentes abióticos

que constituem a biosfera.

Portanto, não é possível conceituar o meio ambiente fora de uma visão

de cunho antropocêntrico, pois a proteção jurídica daquele bem depende da ação

humana.

Torna-se necessário, contudo, superar aquele modelo antropocêntrico e constituir

um novo paradigma, no qual o homem faça parte da natureza. Assim, registra-se um

outro conceito, sobre o qual Coimbra, citado por Milaré (2004, p. 79), sustenta que

“meio ambiente é o conjunto de elementos abióticos e bióticos, organizados em

diferentes ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e

socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades

humanas, à preservação dos recursos naturais, dentro das leis da natureza e de padrões

de qualidade definidos”.

Legalmente, o conceito de meio ambiente está contido no artigo 3º, I, da

Lei nº 6.938/91: Art. 3º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

I – meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem

física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.

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A definição de meio ambiente é necessária para a compreensão da grande crise

ambiental do planeta, ocasionada pela ação de degradação promovida pelo homem

sobre a natureza.

Tal degradação deu origem a preocupações com o tipo de

desenvolvimento das nações, surgindo assim a expressão desenvolvimento sustentável.

É fundamental construir um novo modelo de proteção ao meio

ambiente, com base na ética, sem considerar os recursos naturais, coisas apropriáveis

pelo homem. A causa da crise está no pensamento de assimilação dos recursos naturais

limitados para satisfazer as necessidades ilimitadas do homem. Igualmente baseia-se no

fato de que o homem é o centro das preocupações ambientais, posição realçada no

primeiro princípio da Declaração de Estocolmo, de 1972, que sustenta que “os seres

humanos constituem o centro das preocupações relacionadas com o desenvolvimento

sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio

ambiente”.

Observa-se, entretanto, que a proteção do meio ambiente é uma questão da própria

sobrevivência humana. Preservar e restabelecer o equilíbrio ecológico é questão de vida

ou morte (MILARÉ, 2002, p.107). Nesse caso, há quem entenda que o meio ambiente

também é sujeito de direito, devendo ser protegido pelo Direito. Esta concepção é

defendida pelo chamado biocentrismo, o qual sustenta que o meio ambiente não deve

ser separado dos seres humanos.

Na tentativa de encontrar uma solução para o problema da crise

ambiental, surge o Direito para coibir a desordem e o abuso causados à natureza pelo

homem. Daí a necessidade de um regramento jurídico para que a relação homem e meio

ambiente se estabeleça com equilíbrio.

Assim Oliveira (2004, p. 25) considera que: Neste sentido, surgiram os

princípios da vida sustentável: respeitar e cuidar da biosfera, melhorar a qualidade da

vida humana, conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra, minimizar o

esgotamento dos recursos não- renováveis, permanecer nos limites da capacidade de

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suporte do planeta, modificar atitudes e práticas pessoais, permitir que as comunidades

cuidem do seu próprio ambiente, gerar uma estrutura nacional para a integração de

desenvolvimento e conservação e constituir uma aliança global.

Apesar de todas as tentativas de proteger o meio ambiente por meio de

leis, decretos, princípios, convenções, as normas ambientais têm uma aplicação

insignificante entre os operadores do Direito, porque não perceberam a importância da

aplicação das normas como instrumento de efetivação da cidadania e como forma de

tutelar o meio ambiente e garanti- lo para as futuras gerações (OLIVEIRA, 2004).

Como já foi referido, o desenvolvimento também está intimamente ligado com a

história do homem e do meio ambiente. Com o passar do tempo, as técnicas de extração

aleatória dos recursos naturais foram se aperfeiçoando, chegando aos dias de hoje num

patamar extremamente eficiente.

O conceito de desenvolvimento, porém, sofreu também mudanças no

sentido econômico, político e social. O desenvolvimento traz consigo a idéia de

progresso, de melhoria e de coinsumo.

No final dos anos 80, assistiu-se ao ambientalismo adotar o

desenvolvimento sustentável como paradigma, conceito este que se encontra ainda em

construção. O que se pode afirmar é que este desenvolvimento procura a melhoria da

qualidade de vida com a mínima degradação ambiental, preocupando-se em preservar a

natureza para as gerações futuras.

A preocupação com o meio ambiente fez surgir um novo ramo da

ciência jurídica, uma tentativa de frear a devastação ambiental do planeta.

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1.3.2 - Cidadania ecológica: o papel do Direito Ambiental e dos princípios norteadores da vida no planeta

A cidadania ecológica, contudo, somente se solidificará quando for

possibilitado o acesso à informação ambiental, ou seja, é preciso antes de tudo conhecer

a realidade do meio ambiente e as leis que regulamentam o Direito Ambiental. Sem

estas premissas fundamentais não há como exigir da sociedade que interfira nas

questões que envolvem o meio ambiente e sua preservação. A necessidade de tutelar o

meio ambiente pelo Direito é imprescindivel, segundo Milaré (2004, p. 112): Começou,

então, o legislador, a transfundir em normas os valores da convivência harmoniosa do

homem com a natureza, ensejando o aparecimento de uma nova disciplina jurídica, o

Direito Ambiental, nascida do inquestionável Direito subjetivo a um ambiente

ecologicamente equilibrado e de um Direito objetivo cujos passos, ainda titubeantes,

urge afirmar e acelerar.

Esta nova disciplina surgiu primeiramente com o nome de Direito de Proteção da

Natureza, mas existem várias outras formas para designar a disciplina, como Direito

Ecológico, Direito do Meio Ambiente e Direito Ambiental, esta ultima muito utilizada

pelos doutrinadores.

Para Milaré, Direito ambiental é Considerado (2044, p. 134): O

complexo de princípios e normas coercitivas reguladoras das atividades humanas que,

direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em sua dimensão global,

visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações.

Para se tornar efetivamente uma disciplina, é necessária a existência de

um conjunto de normas e princípios específicos. Devido ao fato de ser uma matéria

interdisciplinar, encontram-se dificuldades na codificação, pois certas normas, a

princípio, não têm um caráter ambiental e quando aplicadas a casos ambientais ganham

uma outra leitura. Por isso, para classificar uma norma como ambiental, é considerado o

seu caráter da relevância. Assim, todas as normas jurídicas aplicáveis a casos jurídicos

ambientais são normas jurídicas ambientais.

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Finalmente, entende-se que a nova disciplina jurídica tem caráter

autônomo, pois tem autonomia legislativa, didática e científica, e também pelo fato de

que possui um regime jurídico próprio, objetivos, princípios e sistema nacional do meio

ambiente.

Assim, observam-se alguns princípios do Direito Ambiental que visam nortear essa

nova disciplina jurídica e proteger a vida do planeta, como também promover a

qualidade de vida satisfatória ao ser humano das presentes e futuras gerações.

Os princípios do Direito Ambiental podem ser classificados como: o Princípio do

Ambiente Ecologicamente Equilibrado; o Princípio da Natureza Pública; o Princípio do

Controle do Poluidor pelo Poder Público; o Princípio da Consideração Variável

Ambiental no Processo Decisório de Políticas de Desenvolvimento; o Princípio da

Participação Comunitária; o Princípio do Poluidor-Pagador; o Princípio da Prevenção; o

Princípio da Função Socioambiental da Propriedade; o Princípio do Direito ao

Desenvolvimento Sustentável; o Princípio da Cooperação entre os Povos e o Princípio

da precaução.

O Princípio do Ambiente Ecologicamente Equilibrado como direito

fundamental da pessoa humana está no caput do artigo 225 da Constituição Federal de

1988, o qual sustenta que o ser humano tem o direito de desfrutar de adequadas

condições de vida em um ambiente saudável.

Esse princípio mostra nitidamente que o direito ao ambiente é um direito

humano fundamental, pois o seu reconhecimento é uma extensão do direito à vida, não

só na relação da própria existência, mas também em relação ao aspecto da dignidade da

existência (Milaré, 2004).

Antunes, citando a Constituição Federal de 1988, no caput do artigo

225, dispõe:

Todo cidadão tem direito ao Meio Ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

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O Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental tem previsão

legal que considera o meio ambiente um valor que deve ser assegurado e protegido para

uso de todos, existindo, assim, uma ordem pública ambiental segundo a qual o Estado

assegura o equilíbrio harmonioso entre homem e meio ambiente (MILARÉ, 2004). Este

princípio reconhece o meio ambiente como patrimônio público e mantém estreito

vínculo com o princípio de direito público, da primazia do interesse público, e, também,

com o princípio de Direito Administrativo da indisponibilidade do interesse público.

O Princípio do Controle do Poluidor pelo Poder Público é a intervenção

do poder público para a preservação do meio ambiente, para a sua utilização racional e

disponibilidade permanente. Está previsto no artigo 5º, § 6º, Lei nº 7.347/85 e na

Constituição Federal/88, artigo 225, § 1º, V. Para a efetiva preservação e restauração do

meio ambiente, os órgãos e as entidades públicas utilizam-se de seu poder de polícia

administrativa para limitar o exercício dos direitos individuais com o objetivo de

assegurar o bem-estar da coletividade. Os órgãos públicos, no entanto, podem também

assegurar este princípio mediante estabelecimento de ajustamentos das condutas nocivas

ao meio ambiente, que seriam as políticas ambientais (Milaré, 2004).

Nas lições de Antunes (2005, p. 38): A Administração Pública tem a

obrigação de fixar padrões máximos de emissões de matérias poluentes, de ruído, enfim,

de tudo aquilo que possa implicar prejuízos para os recursos ambientais e a saúde

humana. A violação dos limites fixados deve ser sancionada. A fixação dos limites é de

extrema importância, pois será a partir deles que a Administração poderá impor

coercitivamente as medidas necessárias para que se evite, ou pelo menos se minimize, a

poluição e a degradação.

O Princípio da Consideração Variável Ambiental no Processo Decisório de Políticas

de Desenvolvimento salienta que se deve levar em conta o meio ambiente em qualquer

decisão pública ou privada que possa causar impacto negativo ao meio ambiente

(MILARÉ, 2004). Está previsto no artigo 225, § 1º, IV, da CF/88, e consagrou-se com a

criação do Estudo de Impacto Ambiental, mecanismo por meio do qual se busca

prevenir as agressões ao meio ambiente, verificando, antecipadamente, os efeitos da

ação do homem sobre a natureza.

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Segundo Antunes (2005, p. 37): Os aplicadores da política ambiental e

do Direito Ambiental devem pesar as conseqüências previsíveis da adoção de uma

determinada medida, de forma que esta possa ser útil à comunidade e não importar em

gravames excessivos aos ecossistemas e à vida humana. Através do mencionado

princípio, deve ser realizado um estudo entre as diferentes repercussões do projeto a ser

implantado, isto é, devem ser analisadas as conseqüências ambientais, econômicas,

sociais, etc.

A Participação Comunitária destaca que, para resolver os problemas do

ambiente, deve ser dado destaque especial à cooperação entre o Estado e a sociedade,

através da participação de toda sociedade na formulação e execução da política

ambiental (MILARÉ, 2004). Este princípio afirma que é de fundamental importância a

participação do cidadão na elaboração e implantação da política ambiental, visto que o

sucesso dessa política depende de que todas as categorias da sociedade contribuam para

melhorar o meio ambiente.

Previsto no princípio 10 da Declaração do Rio/92 e no caput do artigo

225 da CF/88, este princípio pressupõe o direito de informação, pois o cidadão com

acesso à informação tem condições mais concretas de atuar na sociedade de forma

consciente e eficaz. Também pode ser chamado de princípio democrático, por

proporcionar o direito de participar das políticas públicas ambientais.

A esse respeito, Antunes (2005, p. 35) assevera: O direito que o cidadão

tem de receber informações sobre as diversas intervenções que atinjam o meio ambiente

e, mais, por força do mesmo princípio, devem ser assegurados a todos os cidadãos os

mecanismos judiciais, legislativos e administrativos capazes de tornar tal princípio

efetivo.

O Poluidor-Pagador, para alguns autores, também é entendido como o

princípio da responsabilidade. Este princípio busca impedir que a sociedade geral sofra

com os custos da recuperação do meio ambiente lesado por atos praticados por uma

parte da sociedade ou organização (Antunes, 2005).

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Milaré, citando Derani (2004, p. 142) assegura: Durante o processo

produtivo, além do produto a ser comercializado, são produzidas “externalidades

negativas”. São chamadas externalidades porque, embora resultantes da produção, são

recebidas pela coletividade, ao contrário do lucro, que é percebido pelo produtor

privado. Daí a expressão “privatização de lucros e socialização de perdas”, quando

identificadas as externalidades negativas. Com a aplicação do princípio de poluidor-

pagador, procura-se corrigir este custo adicionado à sociedade, impondo-se uma

internalização. Por isto, este princípio é também conhecido como o princípio da

responsabilidade.

Já no entendimento de Antunes (2005, p. 42): O elemento PPP da

responsabilidade tradicional é que ele busca afastar o ônus do custo econômico das

costas da coletividade e dirigi- lo diretamente ao utilizador dos recursos ambientais.

Logo, ele não está fundado no princípio da responsabilidade mas, isto sim, na

solidariedade social e na prevenção mediante a imposição da carga pelos custos

ambientais nos produtores e consumidores.

O Princípio da Prevenção dá prioridade a medidas que evitam degradações ao meio

ambiente.

No entendimento de Milaré (2004, p. 144 e 145): O princípio da

prevenção é basilar em direito ambiental, concernindo à prioridade que deve ser dada às

medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de modo a reduzir ou

eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar a sua qualidade... Sua atenção está

voltada para o momento anterior à da consumação do dano – o mero risco.

Ou seja, diante da pouca valia da simples reparação, sempre incerta, e,

quando possível, excessivamente onerosa, a prevenção é a melhor, quando não a única,

solução.

Quanto à Função Socioambiental da Propriedade, é concebida como direito

fundamentál à prioridade e o seu uso está condicionado ao bem-estar social.

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Ainda segundo Milaré (2004, p. 147): O uso da propriedade pode e deve

ser judicialmente controlado, impondo-se-lhe as restrições que forem necessárias para a

salvaguarda dos bens maiores da coletividade, de modo a conjurar, por comandos

prontos e eficientes do Poder Judiciário, qualquer ameaça ou lesão à qualidade de vida.

Outro importante Princípio do Direito Ambiental é o do Desenvolvimento

Sustentável, que dispõe que é direito do ser humano desenvolver-se e assegurar às

futuras gerações as mesmas condições favoráveis. É a reciprocidade entre ato e dever

(Antunes 2005).

Milaré (2004, p. 149) destaca a respeito: A exploração desastrada do

ecossistema planetário, de um lado, e a ampliação da consciência ecológica e dos

níveis de conhecimento científico, de outro lado, produziram mudanças de natureza

técnica e comportamental que, embora ainda tímidas, vêm concorrendo para superar a

falsa antinomia “proteção ao meio ambiente x crescimento econômico”. Na realidade,

começou-se a trabalhar melhor o conceito de desenvolvimento, que transcende o de

simples crescimento econômico, de modo que a verdadeira a lternativa excludente está

entre desenvolvimento harmonizado e mero crescimento econômico.

A Cooperação Entre os Povos está prevista na Constituição Federal de

1988, artigo 4º, IX, e diz que, nas relações internacionais do Brasil, a cooperação entre

os povos deve ser direcionada para o progresso humano.

Este mesmo autor entende que (2004, p. 151): Uma das áreas de

interdependência entre as nações é a relacionada com a proteção do ambiente, uma vez

que as agressões a ele infligidas nem sempre se circunscrevem aos limites territoria is de

um único país, espraiando-se, também, não raramente, a outros vizinhos ou ao ambiente

global do planeta. O meio ambiente não conhece fronteiras, embora a gestão de recursos

naturais possa – e, às vezes, deva – ser objeto de tratados e acordos bilaterais e

multilaterais.

O Princípio da Precaução, por sua vez, é aplicável a impactos desconhecidos,

porque nem sempre a ciência oferece ao Direito uma certeza referente a medidas

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específicas que devem ser tomadas para evitar desastres ecológicos (ANTUNES, 2005).

Diante da incerteza da ciência, a prudência é o melhor caminho, podendo evitar

danos à matéria. Este princípio foi reconhecido internacionalmente ao ser incluído na

Declaração do Rio, em 1992 (Princípio nº 15).

O fim do século XX e a deterioração dos recursos naturais do planeta

fazem com que a preocupação com a proteção do ambiente ganhe cada vez mais

importância, passando agora a configurar um fato político, chegando até os meios de

comunicação. Os problemas globais que estão transformando, deteriorando o planeta e a

vida – não só a humana – podem até se tornar irreversíveis. Eles não podem ser

entendidos isolante, são problemas interdependentes e estão interligados.

1.4 - Constituição Federal de 1988/ Introdução ao direito Ambiental

A constituição Federal de 1988 deixa o convencionalismo e inova ao

definir normas não somente a regulamentos econômicos e administrativos, como

também ter um enfoque no tratamento jurídico do meio ambiente. Com isso deixa de ser

– ao menos em parte – um simples regulamento a favor dos interesses dos grupos

dominantes.

A constituição que, tem como objetivo assegurar “o bem-estar e a justiça

social” (art. 193) reconhece e acolhe a preocupação em proteger o meio ambiente. Nota-

se com isso, uma mudança quase que radical de foco ao compararmos o constituite de

1988 com seus modelos anteriores, e admite que o meio ambiente apresenta os atributos

requeridos para seu reconhecimento jurídico expresso no patamar constitucional.

Notamos que, a importância nos destaques de implementação é, sem

sombra de dúvida, um dos mais importantes e louváveis aspectos da Constituição de

1988. E de forma clara, vê-se a preocupação em não tornar a norma constitucional uma

refém do destino retórico, e, não ser desse modo uma ferramenta daqueles que

advogam, pretensa e espertamente, a favor dos vulneráveis, mas que na realidade: dá

com uma mão e tira com outra. E como resultado de todo esse conjunto de

transformações, temos uma nova estrutura jurídica de regência das pessoas e dos bens.

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Porém, o modelo da Constituição Federal de 1988 – apesar de suas

inovações – não foi inteiramente revolucionária na questão do Direito comparado. Ao

invés disso, beneficiou-se da tendência internacional à constitucionalização do meio

ambiente e utilizou mapa regulatório desenvolvido pelas constituições estrangeiras que

a antecederam, com uma pitada, aqui e ali, de saudável e criativa inovação própria.

Compartilhou o tratamento dado ao meio ambiente, de outros países – especialmente de

Portugal e Espanha – que, instauraram um regime constitucional de caráter pós-

industrial e pós-moderno.

Ao observarmos de forma atenta, concluímos que nossa Constituição

segue os passos de outras constituições assim como a declaração de Estocolmo de 1972.

Mas, de forma alguma, perde pontos na originalidade do tratamento para os problemas

ambientais brasileiros – e nos certificamos que temos um dos sistemas mais moderno e

abrangente do mundo no que diz respeito a preservação ambiental.

Sem comentarmos algumas providencias tomadas ainda nos períodos

colonial e imperial, no que diz respeito a gerência dos recursos naturais, verificamos

que a preocupação ambiental tem início em terras brasileiras – mesmo de forma

fragmentada, na década dos anos 1930, e se intensifica nos anos 60 e se firma

definitivamente nas décadas de 1980 e 1990.

Importante lembra que, a constituição de 1967 se referia à Ecologia/

Preservação ambiental apenas uma única vez, quando dispõe, no Artigo 172, sobre a

obrigatoriedade de “prévio levantamento ecológico” de terras sujeitas a intempéries e

calamidades, e no mesmo dispositivo também vedando ao proprietário de terras o

fomento público, com incentivos e auxílio, quando inadequado o uso que delas fizesse

(“Política agrícola e fundiária e Ecologia”, RF 317/74, 1992).

É evidente que antes de 1988 as Constituições brasileiras ainda não

estavam preparadas a acomodar as preocupações de um sistema jurídico-ecológico com

seu padrão normativo disposto na Constituição Federal de 1988 – abraçada as técnicas

dos conceitos de: “equilíbrio ecológico e ecossistemas”.

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As vantagens da constitucionalização do meio ambiente são múltiplas. Ao

analisarmos as experiências estrangeiras, percebemos que a norma constitucional

comumente estabelece uma obrigação geral de não-degradar; fundamentalisar direitos e

obrigações ambientais; ecologiza o direito de propriedade; legitima a intervenção estatal

em favor da natureza; reduz a discricionariedade administrativa no processo decisório

ambiental; amplia a participação pública; atribui preeminência e proeminência à tutela

da Natureza; rebustece a segurança normativa; substitui a ordem pública ambiental

legalizada pela constitucionalizada; reforça a interpretação pró-ambiente e, por fim,

enseja o controle da constitucionalidade da lei sob bases ambientais.

Tais benefícios, contudo, nem sempre aparecem todos conjugados,

simultaneamente, no texto constitucional, pois são prisioneiros da técnica do desenho

normativo escolhido pelo constituinte, cujas opções são variadas na sua expressão

formal.

No artigo 225 da Constituição federal de 1988 é que se encontra a parte

central da proteção ao meio ambiente. Dispõe dispositivo que, diante da sua

complexidade, certamente merece estudo muito mais aprofundado do que aquele que é a

proposta deste trabalho. Mas não nos esqueçamos que, o artigo 225 é apenas “ o porto

de chegada” ou ponto mais saliente de uma série de outros dispositivos que, direta ou

indiretamente, instituem uma verdadeira malha regulatória , que compõe a ordem

pública ambiental, baseada nos princípios da primariedade do meio ambiente e da

explorabilidade limitada da propriedade, ambos de caráter geral e implícito.

Diante das formalidades, a proteção do meio ambiente na nossa

Constituição Federal não segue – e nem seria recomendável – um único padrão

normativo, dentre os vários que conhecemos.

Ora o legislador faz uso da técnica da caracterização de direito e dever

genéricos – por exemplo: a primeira parte do artigo 225, ora utiliza-se da instituição de

deveres especiais – por exemplo: todo o artigo 225, parágrafo 1º. Em alguns casos tais

enunciados normativos podem ser apreciados como princípios específico e explícitos –

por exemplo: os princípios da função sócio-ambiental da propriedade rural e do

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poluidor pagador, previstos, respectivamente, nos artigos 186 e 225; noutros, como

instrumentos de execução – por exemplo: a previsão de Estudo Prévio de Impacto

Ambiental, no artigo 225, parágrafo 1º, inciso IV; ou da ação civil pública , no artigo

129. O constituinte também protegeu certos biomas hiperfrágeis ou de grande valor

ecológico – por exemplo: a Mata Atlântica, o Pantanal, a Floresta Amazônica, a Serra

do Mar e a Zona Costeira, no artigo 225, parágrafo 4º.

Na Constituição há direito, deveres e princípios ambientais explícitos ou

implícitos; substantivos ou procedimentais e genéricos e específico:

- Explícitos: são aqueles incorporados, com nome e sobrenome na

regulamentação constitucional do meio ambiente.

- Implícitos: os direitos, deveres e princípios que defluem na norma e no

sistema constitucional de proteção do meio ambiente – como é o caso do dever genérico

de não degradar e dos princípios da primariedade do meio ambiente e da

explorabilidade limitada.

Num outro enfoque da Constituição, vamos localizar direitos, deveres e

princípios ambientais substantivos (materiais e primários) e outros que tem índole total

ou preponderantemente procedimental – ou instrumental. Pertencem àquela categoria os

que definem posições jurídicas, qualificam o domínio ou restringem a exploração dos

recursos naturais – por exemplo: o próprio direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado e o dever de preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais.

Observemos agora, uma perspectiva de direitos, deveres e princípios

gerais e específicos, ou setoriais. Os quais se caracterizam por sua aplicação fungível a

todos os sujeitos ou campos ambientais. Estes, diversamente, vem com destinação

material ou subjetiva mais definida e reduzida, ora dirigindo-se só ao poder púbico, ora

só a alguns sujeitos da relação obrigacional – pro exemplo: o minerador, ora , ainda,

recobrindo certas partes do vastíssim0o universo da proteção do meio ambiente.

No que se refere às estruturas normativas formais a Constituição, ao

reconhecer que a simples edição de direitos e obrigações fundamentais não assegura o

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quadro de tutela que se almeja, elenca direitos e obrigações fundamentais da estirpe

procedimental ou de implementação.

São preceitos que se agregam aos direitos e deveres substantivos – por

exemplo: a prevenção e reparação do dano ambiental, pois este s não tem vida própria

ficando à mercê de facilidades técnico-juridicas que os realizem, seja no que se refere

ao conhecimento da própria infração ou possível prejuízo , seja no que tange ao

exercício da prestação jurisdicional (direito de acesso à justiça). Não existe coicidência

necessária entre o titular do ônus nas duas categorias de direitos e deveres – como por

exemplo: o direito de informação podendo atribuir, em uma determinada situação, ônus

ao Poder Público e não ao poluidor potencial. Em outra perspectiva, os direitos e

obrigações fundamentais podem ser classificados em positivos e negativos.

Não é incomum que no texto constitucional apareçam, conjutamente,

ambas as modalidades, como quando do empreendedor exige-se que não degrade o

meio ambiente (obrigação negativa) e que, na hipótese de fazê- lo ilegalmente, mitigue o

dano e o repare (obrigação positiva).

Lógico que, as formulações do tipo substantivo/procedimental e

positivo/negativo, embora diversas em sua expressão formal, dividem o mesmo objetivo

maior: assegurar a sustentabilidade das intervenções humanas no meio ambiente.

Na Constituição de 1988 o discurso de direitos aparecem no artigo 225 :

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum

do povo e essencial à qualidade de vida , impondo-se ao Poder Público e à coletividade

o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

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CAPÍTULO II O MEIO AMBIENTE DE HOJE

2.1 - 2008 – Ano Internacional do Planeta Terra:

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU)

determinou e, 2008, foi o Ano Internacional do Planeta Terra. Com isso, a ONU

chamou a atenção da população mundial para a necessidade de preservação dos recursos

naturais de nosso planeta e busca de um desenvolvimento sustentável. Numa época em

que o aquecimento global torna-se uma grande ameaça para o clima, esta decisão da

ONU foi acertada. O tema foi discutido em assembléias de organizações e governos e

também penetrou nas casas, escolas, fábricas, etc. Afinal, todos somos um pouco

responsáveis pelo perfeito funcionamento de nosso planeta.

2.2 - Responsabilidade Social com o Meio ambiente

As organizações e residências geram um fluxo de lixo muito grande

diariamente e com o passar do tempo não haverá mais espaço para armazená- lo.

Existem produtos que podem demorar algumas semanas ou muitos anos para se

decompor e, dispensados de forma incorreta nos lixões, podem causar danos à saúde da

população vizinha, pois além do mau cheiro, podem transmitir doenças, tais como: a

leptospirose, dengue, verminoses, entre outras.

Nas últimas décadas, desastres ecológicos ocorreram com maior freqüência,

e conscientizando parte da população da necessidade de preservação do meio ambiente.

Tema principal, entre outros, é a reciclagem de materiais que, além de contribuir para

uma cidade mais limpa, permite obter algum tipo de retorno financeiro, sendo que já há

famílias que sobrevivem da prática de coletar materiais para serem reciclados

(catadores).

As organizações, por sua vez, tiveram que se adequar às novas leis

ambientais vigentes e, ao mesmo tempo, a esta nova sociedade que passou a valorizar a

fabricação de produtos “ecologicamente corretos”, ou seja, mesmo fabricados a base de

recursos.

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2.3 - ISO 14000

A ISO 14000 é uma série de normas internacionais de caráter voluntários

sobre a gestão ambiental.

Desenvolvidas pelo TC 207 da ISSO, o conjunto de normas da ISSO

14000 fronece uma estrutura para as organizações gerenciarem os impactos ambientais

oriundos das suas ativiidades, produtos ou serviços indiferente do seu porte ou ramode

atividade - (www.isovirtual.com.br/iso14000.htm).

2.4 - Produtos Amigos da Natureza

Os produtos que são considerados “amigos” do meio ambiente, ou seja,

possuem fabricação e destino final corretos, já estão sendo diferenciados dos demais

através de selos verdes. Se os consumidores procurarem adquirir somente os “produtos

ecologicamente corretos” estarão ajudando na preservação do meio ambiente e, ao

mesmo tempo, pressionando os demais fabricantes a se enquadrarem nos padrões

corretos.

Existem empresas que já estão preocupadas com o retorno correto do seus

produtos, o que atualmente é chamado de EPR (Extended Product

Responsibility – responsabilidade estendida do produto). Exemplos de algumas

empresas são citados a seguir:

- A empresa Sony Eletronic anunciou, em outubro de 2000, um acordo com a empresa Waste Management Inc. estabelecendo um programa de coleta (take back) de seus produtos após uso, sem ônus para o consumidor. O acordo serviu inicialmente para o Estado de Minnesota, mas deveria ser estendido aos demais estados norte-americanos, sendo intenção da empresa reutilizar peças em condições de uso. - A IBM criou o IBM‟s PC Recycling Services, que permite ao consumidor retornar os computadores e seus periféricos usados, no Estado da Pensilvânia, por meio da UPS. - A Dell Computer e a Hewlett Packard (HP) modificam seus projetos de computadores, visando facilitar o trabalho de desmontá -los. LEITE (2004:23)

Com a implantação da logística reversa, as empresas agregam valor à sua

imagem corporativa. Hoje a sociedade vive um grande problema com estes materiais

dispensados na natureza de forma inadequada, causando degradações.

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Conforme LEITE (2004:102): Ao longo dos últimos anos, percebe-se que emerge um novo cliente e consumidor no Brasil, buscando relacionamentos preferencia is com empresas que considerem efetivamente suas necessidades em serviços, redução de custos e condutas de responsabilidade social e ambiental. Essa preocupação tem dirigido as legislações sobre a cadeia produtiva ou sobre a empresa produtora, transferindo-lhes a responsabilidade de montagem de suas cadeias reversas.

A legislação ambiental também caminha no sentido de tornar as empresas

cada vez mais responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos, desde a

fabricação até seu descarte.

Para LEITE (2004:102): As leis ambientais brasileiras têm adotado o princípio do “poluidor-pagador”, que em linhas gera is preconiza que o agente poluidor deve ser responsável pelo pagamento da solução do problema.

As empresas, no entanto, não querem ser responsáveis por estes danos

ecológicos, por isso tendem a implantar o ciclo reverso de seus materiais e divulgar aos

clientes uma imagem institucional “ecologicamente correta”.

De acordo com ALCOFORADO (2004:02): A logística verde ou ecológica age em conjunto com a logística reversa, no sentido de minimizar o impacto ambiental, não só dos resíduos na esfera da produção e do pós-consumo, mas de todos os impactos ao longo do ciclo de vida dos produtos.

Ainda não existe legislação que obrigue as empresas a fazerem o ciclo

logístico reverso de seus produtos. No Brasil, existem apenas resoluções para algumas

áreas, como por exemplo, as empresas fabricantes de pneus, que são obrigadas a

fazerem o retorno de seus produtos. Além de legislação, acreditamos que é necessário

criar um departamento específico dentro das organizações, responsável pela coleta e

direcionamento correto dos materiais.

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Segundo BARBIERI & DIAS (2004:03-04): Conama n°258, de 26/08/99, que estabelece que as empresas fabricantes e as importadoras de pneus ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis, proporcionalmente às quantidades fabricadas e importadas definidas nesta Resolução, o que praticamente obriga as empresas desse segmento à sustentarem políticas de logística reversa. 2.5 - Tipos de Coleta

Basicamente existem quatro tipos de coletas: coleta de lixo urbano, seletiva,

dirigida e a informal.

A coleta do lixo urbano é feita por órgãos públicos recolhidos sem nenhuma

pré-seleção ou separação de material, lixos misturados (orgânicos e inorgânicos) que

têm como destino os lixões, onde são encontrados todos os tipos de resíduos.

Segundo LEITE (2003:64): Quando não existe outro sistema de captação de descartados, o lixo urbano é o destino natural de tudo o que se torna inservível no domicílio, orgânicos e inorgânicos, de pequeno tamanho, misturados e colocados à disposição dos órgãos públicos que se apropriam deles, por via de regra por legislação expressa.

A coleta seletiva é geralmente feita através de um programa de

conscientização, gerando parcerias com escolas, condomínios, domicílios, comércios,

varejistas e catadores, que separam os materiais não orgânicos, posteriormente

recolhidos pelos veículos coletores de lixo.

Os materiais separados através desta parceria são enviados à uma central de

seleção, nos quais são separados pela categoria „sucateiros‟. Após este processo, são

embalados e adensados para viabilizar o custo com transporte e, em seguida, são

direcionados às empresas especializadas em reciclagem, evitando, assim, serem

recolhidos através da coleta de lixo urbano.

A coleta dirigida é a alternativa para a coleta em municípios que não

disponham da coleta seletiva, que nada mais é do que a conscientização da população

local para a separação do material reciclável, entregando-a nos pontos de coleta ou

aguardando a data fixada para a coleta domiciliar.

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Conforme LEITE (2003:69): A rigor, qua lquer coleta que contenha uma prévia seleção do material a ser captado ou que seja dirigida a determinado material pode ser considerada seletiva.

A coleta informal é o processo moroso e precário de extração de bens da

natureza, pois são realizados por pessoas sem preparação ou informação adequada: “os

catadores”. Várias crianças e adultos reviram os lixões diariamente para obter alguns

produtos passíveis de venda, porém ficam sujeitos a todo tipo de contaminação. De

outro lado, o produto coletado nos lixões está fortemente contaminado por gorduras,

tintas e sujeira; assim, a embalagem contaminada exigirá um processo de limpeza caro,

desvalorizando o trabalho do catador que, muitas vezes, recebe um valor irrisório por

sua coleta.

Conforme CALDERONI (1998:159 apud LEITE, 2003:75): Esse tipo de coleta é característico de sociedades menos desenvolvidas, pois constitui-se em uma captação manual dos bens de pós-consumo, de modo primitivo, em pequenas quantidades, dir igidas aos materia is de melhor valor de revenda e que constituem um meio de vida para esses catadores. Os materia is são vendidos ao elo seguinte, o „sucateiro‟. 2.6 - Destino Final Dos Materiais

Após a coleta seletiva, os materiais geralmente são comercializados

diretamente com as indústrias de reciclagem, onde poderão ser transformados em

matérias-primas secundárias, reintegrando-os ao processo produtivo e, ao mesmo

tempo, evitando problemas à sociedade, pois estes materiais já não estarão mais

entupindo esgotos, sujando rios e causando enchentes: terão destino correto.

Os materiais que não possuírem vida útil devem ser incinerados ou

direcionados aos aterros sanitários para que amenize a degradação. Existe preocupação

e previsões de que o consumo de bens de pós-consumo irá aumentar e cada vez menos

haverá espaço para estocagem desse tipo de material.

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Conforme LEITE (2003:63): O desenvolvimento da sociedade para níveis maiores de consumo tende a aumentar as necessidades de coleta de lixo de modo intenso. Conforme previsões da última reunião da Agenda 21 da ONU, em 1992, a quantidade de lixo no mundo deve dobrar até 2005.

Em São Paulo, o Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura

de São Paulo) diz que a tendência do aumento do lixo é preocupante, sendo necessário

haver um escoamento reverso formal e estruturado, tanto para materiais orgânicos como

materiais recicláveis, porque estão sendo acumulados nos aterros urbanos e em outros

locais menos apropriados, conhecidos como lixões, já saturados. É necessário direcioná-

los para outros locais que devem ser mais próximos possíveis da região urbana para

otimizar os custos de coleta e de disposição final.

De acordo com o Limpurb, o lixo urbano cresceu de 4.450 toneladas por dia

em 1985 para 16 mil toneladas por dia em 2000, na cidade de São Paulo, diminuindo a

quantidade de lixo orgânico e aumentando a quantidade de produtos descartáveis.

De acordo com LEITE (2003:66): Com velocidades crescentes de saturação, devido ao aumento das quantidades de lixo, os aterros sanitários têm sua vida útil reduzida, e os novos projetos serão localizados em regiões mais afastadas, gerando custos operacionais logísticos crescentes.

A Tomra Latasa é uma empresa que já iniciou o processo de coleta seletiva

no Brasil, tendo firmado parceria com diversos supermercados e fabricantes de bebidas

nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Salvador e Belo Horizonte,

alugando máquinas automáticas de coleta de embalagens de PET e latas de alumínio em

várias lojas. Assim, as lojas investem em marketing corporativo e, ao mesmo tempo,

contribuem para a diminuição da degradação do meio ambiente. As máquinas

reconhecem o tipo de embalagem por um sistema ótico, distinguindo as latas de

alumínio e as garrafas de PET e moendo-as em seguida, para reduzir o volume e custo

com transporte. Os consumidores recebem em troca cupom que podem reverter em

produtos da própria loja, ou até mesmo doá- lo para ser revertido em alimentos para a

Fome Zero.

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2.7 - “Pet” – Embalagem Descartável e Reciclável

Nas indústrias de bebidas, as embalagens são classificadas em dois tipos:

retornáveis ou descartáveis. As embalagens retornáveis são devolvidas pelos

consumidores nos pontos de compra, retornando às linhas de produção, onde são limpas

e higienizadas antes de receberem novamente o produto. Exemplo: as garrafas clássicas

de vidro, em diferentes tamanhos, e as garrafas plásticas, denominadas RESPET.

No Brasil, as embalagens descartáveis mais utilizadas são: latas de

alumínio, latas de aço, garrafas plásticas de PET, garrafas de vidro e, mais

recentemente, embalagens assépticas (caixas de papel com múltiplas camadas, tipo

longa vida, específicas para bebidas não gaseificadas).

O PET é um material reciclável extremamente resistente e leva em média

100 anos para se decompor. Ele é um grande causador de degradação do meio ambiente

e deixa de ser recolhido pelas organizações devido ao baixo preço pago por ele.

Segundo dados divulgados pela ABIPET (Associação Brasileira do PET), apenas 35%

do volume expedido ao consumidor têm sido reciclados.

Conforme LEITE (2003:200): O fator econômico representa uma influência importante, pois pode se constituir em economias significativas para alguns elos da cadeia reversa, em certas aplicações e em produtos finais específicos. Esse material apresenta alta sensibilidade a preços de compra e venda e enfrenta com dificuldade a concorrência de outros materia is na coleta e ao longo da cadeia reversa, pelo fato dos valores envolvidos não remunerarem corretamente seus diversos elos.

As empresas de refrigerantes, entre outras bebidas, estão substituindo as

garrafas de vidro retornáveis pelas embalagens descartáveis do PET, devido os mesmos,

razões: evitar transtorno ao consumidor de ter que possuir espaço em casa para

armazenar o vasilhame e de ter que mantê- lo sempre limpo para evitar insetos

causadores de doenças, não ter que lembrar de retorná- lo para o ponto de venda toda vez

que necessitar da bebida e, além disso, a garrafa de vidro pode quebrar, causando

acidentes. Por estes motivos, aumentou muito a fabricação deste material porém, após

sua utilização, o PET geralmente é direcionado para famosos lixões e com o passar do

tempo não haverá mais espaço para armazená- lo ou é abandonado na natureza,

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ocasionando entupimento dos córregos e rios, causando enchentes. Apesar dos

benefícios e comodidade que o PET trouxe aos clientes, as empresas envolvidas no

ciclo de vida útil deste material devem se responsabilizar por seu destino correto para

evitar os problemas citados.

Para que aumente o fluxo reverso deste material é necessário também que

haja interesse das empresas pela matéria-prima reciclada, e hoje já existem vários

setores industriais que podem utilizar a matéria-prima secundária do PET para

fabricação de seus produtos, podendo ser utilizado 100% da resina do PET ou

percentual que irá variar em função do tipo do produto final.

De acordo com LETE (2003:92): Sacos de lixo plásticos no Brasil, por exemplo, são feitos com resina plástica 100% reciclada, enquanto na fabricação de papéis com conteúdo de reciclados as proporções de uso são variáveis, em função do tipo e do uso do produto. No caso de ga rrafas de refrigerante da resina PET, existe proibição legal da utilização de resina reciclada em garrafas para a indústria a limentícia, restando ao setor encaminhar o reciclado para outros tipos de produtos. Evidentemente, essas restrições não têm ajudado o desenvolvimento dos mercados para esses produtos nem, portanto, os respectivos canais reversos de grande parte dos materiais.

Por isso, as empresas fabricantes da matéria-prima do PET provavelmente

não se interessam em retorná- lo através do ciclo logístico reverso, pois, no Brasil, ainda

não pode ser utilizado no ramo alimentício. Segundo a ANVISA (Agência de Vigilância

Sanitária), nenhum tipo de plástico reciclado pode ser utilizado pela indústria

alimentícia. Outro motivo é a necessidade de grande investimento inicial para coletar,

selecionar, limpar, transportar, processar e reciclar o PET e provavelmente, os custos

imediatos só terão retorno após longo prazo e fracionado, sem contar as dificuldades na

extração do material a ser reciclado.

Segundo LEITE (2003:110): O preço de material reciclado é, portanto, formado pela soma dos diversos custos somados e dos lucros respectivos dos diversos agentes que intervêm nas etapas do canal reverso, desde a pr imeira posse de pós-consumo até sua reintegração ao ciclo produtivo. Eventuais subsídios ou impostos de várias naturezas nas etapas do canal reverso estarão incluídos nos custos dessas diversas etapas.

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O PET é geralmente descartado na natureza pelas empresas industriais,

comerciais e domicílios urbanos. A partir deste momento pode-se iniciar o processo de

reintegração deste material ao processo produtivo, através do ciclo logístico reverso. Em

outros ramos de atividade, como na área têxtil, o PET pode ser utilizado para fabricar

diversos produtos, tais como: cordas para amarrar lonas de cargas em caminhões, cerdas

para escovas, fibras para tapetes, fibras de enchimento de roupas de inverno, fibras para

revestimentos termo-acústico, fibras para calçados/palmilhas, lonas para toldos, flakes

(flocos) para geotecnia10, entre outros.

Em um estudo de caso, LEITE (2003:196) nos relata que: O material que constitui as garrafas de PET, o polietileno tereftalato, foi sintetizado em 1941 pela ICI (Imperia l Chemical Industries), sendo bastante utilizado na fabricação de fibras sintéticas para a indústr ia têxtil em geral e posteriormente na fabricação de filmes para o setor de embalagem, fitas cassete, raios X etc. Mas recentemente, na década de 70, desenvolveramse as primeiras garrafas de PET para o setor de embalagem de bebidas. No Brasil, somente em 1989 iniciou-se a produção de garrafas de PET.

Uma das maiores empresas fabricantes da matéria-prima reciclada do PET

no Brasil é a Unnafibras, que chega a processar uma média de 300 milhões de garrafas

por ano, resultando em 14.000 toneladas de fibra. A transformação do PET em fibra

segue os seguintes passos:

1) Coletadas e selecionadas por cor, a s garrafas são a rmazenadas no pátio da indústria; 2) Depois de lavadas e já sem rótulo e tampa, as garrafas são moídas, transformando-se no que tecnicamente é chamado de flakes (em português, flocos); 3) Os flakes são fundidos a uma temperatura de 300°C e processados em uma máquina-fieira que lhes dá a forma de filamentos. Ao saírem da fieira passam por um choque térmico (ar frio) que os solidifica; 4) Desse momento em diante, eles já têm a aparência e a consistência semelhante a fios de cabelo. E ainda passam por diversos equipamentos – esteiras, fr izadeiras, banheiras – que lhes conferem as propriedades têxteis ideais: resistência, proteção e lubrificação. Em enormes rolos, os filamentos são reunidos formando uma manta que é estirada, frizada e prensada até finalmente se transformarem em fibra (semelhante à do algodão); 5) Cada fardo pesa, em média, 200kg e é vendido para todos os estados do Brasil – e também para algumas cidades da Argentina e do Uruguai.

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Revista Manequim (2000:54)

Segundo a revista de Tecnologística, a empresa Basf, em São Bernardo do

Campo, desenvolveu uma resina utilizando garrafas plásticas para a fabricação de

vernizes e esmaltes. Assim, o cliente ao adquirir um galão de 3,6 litros de vernizes ou

esmalte estará levando cerca de seis garrafas PET retiradas do meio ambiente. Esta

iniciativa rendeu à Basf, em 2002, uma economia de 3 milhões de reais e, no ano

passado, uma produção de 18 mil toneladas de resinas, proporcionando a retirada de

cerca de 50 milhões de garrafas PET do meio ambiente.

A reciclagem de garrafas PET cresceu muito nos últimos anos. O produto

está sendo inserido em grandes produções na substituição de matérias-primas

nãorenováveis. Além das vantagens econômicas, tanto para a empresa como para a

sociedade, o meio ambiente é o maior beneficiado com esta iniciativa.

É importante ressaltar que a reciclagem de uma tonelada de PET economiza

130kg de petróleo, proporcionado mais economia de recursos naturais.

Conforme o IPEA11 (1995:01 apud LEITE, 2003:78): A utilização desses reciclados está condicionada a algumas vantagens que possam apresentar em relação à matéria-pr ima origina l. Menores preços de mercados; ocasiões de escassez da matéria -prima nova; economias de consumo de energia elétrica, vapor, água etc.; presença de ligas em sua constituição que permitam economia de insumos de qualquer natureza; apresentação de subsídios especiais ao seu uso; e apresentação de vantagem competitiva mercadológica na venda do produto final e por melhorar a imagem da empresa.

Percebe-se que, com a reciclagem do PET, hoje tão repudiado pelos

ecologistas, as empresas podem obter economias na extração da matéria-prima e, ao

mesmo tempo, contribuir com uma cidade mais limpa, além de proporcionar empregos

para várias pessoas ou até famílias inteiras que já sobrevivem da coleta informal e

seletiva.

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2.8 - A necessidade do Desenvolvimento e a Necessidade de Preservação

Nossa vida está intimamente ligada aos recursos que o nosso planeta

oferece: ar, água, terra, minerais, planta, animais. A extensão do impacto humano sobre

a Terra depende do número de pessoas existentes e da quantidade de recursos utilizados.

O uso máximo de recursos que o planeta ou uma determinada região pode sustentar

define a sua capacidade de provisão. Esta capacidade pode ser aumentada pela

agricultura e pela tecnologia, e geralmente isto ocorre à custa da redução da diversidade

biológica ou da perturbação de processos ecológicos. A capacidade de provisão é

limitada pela capacidade da natureza de se recompor ou absorver resíduos de modo

seguro. As nossas civilizações estão hoje ameaçadas porque utilizamos mal os recursos

e perturbamos os sistemas naturais. Estamos pressionando a Terra até os limites de sua

capacidade.

Desde o início da era industrial, o número de seres humanos multiplicou-se e esse

aumento na quantidade de seres humanos e de suas atividades teve um grande impacto

sobre o meio ambiente. A diversidade de vida na Terra diminuiu. Em menos de

duzentos anos, o planeta perdeu seis milhões de quilômetros quadrados de florestas. Há

uma grande quantidade de terras desgastadas pela erosão e o volume de sedimentos nos

rios cresceu três vezes nas principais bacias e oito vezes nas bacias menores e mais

utilizadas. Os sistemas atmosféricos foram perturbados, gerando uma ameaça ao padrão

climático; a poluição invadiu nosso ar, nossa terra e nossa água e tornou-se uma ameaça

crescente à saúde.

Centenas de milhões de pessoas lutam na pobreza, privadas de uma

qualidade de vida tolerável. A cada ano, milhões de pessoas morrem de desnutrição e de

doenças que podem ser evitadas. Esta situação não é apenas injusta, ela ameaça a paz e

a estabilidade de muitos países e do mundo. Se tantas pessoas padecem hoje de uma

qualidade de vida inadequada, como farão tantos bilhões a mais para conseguir a

comida, a água, os cuidados médicos e o abrigo de que necessitam? Como poderemos

sustentar este enorme aumento no número de seres humanos sem causar danos

irreversíveis à Terra? Com certeza não será continuando a viver como fazemos hoje. É

preciso encontrar novas maneiras de viver e se desenvolver, maneiras que preservem a

vitalidade da Terra e que sejam, portanto, sustentáveis a longo prazo.

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Os recursos naturais são a base do desenvolvimento econômico; proteção ambiental e

desenvolvimento econômico são inseparáveis. Pode parecer que a economia dos países

industrializados está dissociada da agricultura, ou que parou de depender dela. Não há

uma sociedade ou economia pós-agrícola. Economia sem pronto acesso à adequação ou

uso apropriado de recursos naturais tende a ser frágil e pouco sólida.

O desenvolvimento não pode ser sustentado com uma base de recursos

naturais deteriorados, e o meio ambiente não pode ser protegido quando os projetos

teimam em não levar em consideração o preço da destruição ambiental e em dispor de

recursos para preveni- la. Para que as economias nacionais cresçam e sejam promissoras,

os recursos naturais devem ser conservados. Este objetivo pode ser alcançado através do

desenvolvimento sustentável, um programa que satisfaz ho je as necessidades dos

indivíduos, sem destruir os recursos que serão necessários no futuro, baseado em

planejamento a longo prazo e no reconhecimento de que, para manter o acesso aos

recursos que tornam a nossa vida diária possível, devemos admitir os limites de tais

recursos.

Desenvolvimento sustentável é, em essência, integrado. Integra a preocupação

em proteger a base dos recursos naturais com a preocupação em reduzir a pobreza, de

modo que as pessoas não sejam forçadas a, destruir o solo e as florestas para

sobreviverem. Ele integra a necessidade do uso sustentável e eficiente de energia para

conservar as fontes de energia, com a necessidade de cidades despoluídas e

ecossistemas globais preservados. Ele integra o valor da saúde humana com a

importância dos recursos humanos para as economias nacionais.

O desenvolvimento sustentável apóia-se no reconhecimento de: a) qualidade

ambiental e desenvolvimento econômico estão ligados, e o desenvolvimento e a

economia devem estar integrados desde o início dos processos de formulação de

decisões; b) desgastes ambientais estão inter-relacionados como, por exemplo, a

derrubada de árvores que implica não apenas destruição de florestas, mas, também, uma

aceleração da erosão do solo e assoreamento de rios e lagos; c) problemas econômicos e

ambientais estão relacionados a muitos fatores sociais e políticos e o rápido crescimento

populacional, que causa um profundo efeito no desenvolvimento e meio ambiente em

muitas nações, é ocasionado, em parte, pela posição inferior das mulheres em tais

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sociedades; d) ecossistemas, poluição e fatores econômicos não respeitam fronteiras

nacionais, tornando críticas a comunicação e cooperação internacionais. Tal integração

deve também ser refletida em uma mudança institucional nas agências e organizações

que criam programas que afetam o desenvolvimento. Elas devem unir desenvolvimento

e meio ambiente; bem como atar os fatores sociais e políticos à indústria, agricultura e

comércio. Elas devem contribuir ainda para a união de todos os países. A força geradora

de cooperação internacional para iniciar de maneira global a transição para o

desenvolvimento sustentável não se fundamenta apenas no reconhecimento ético de

como estão mal repartidos os problemas e os meios para enfrentá- los. No plano ético, a

transformação se afigura mais profunda: nossas sociedades, ou pelo menos alguns

setores sociais importantes, estão começando a propor novas normas para determinar

não somente nossas relações mútuas, individuais ou grupais, como também as que nos

vinculam ao mundo natural. À medida que sejam efetivamente implantadas, na

sociedade, essas novas formas e a bioética, por elas configurada, tenderiam a

transformar atuais formas de ação depredadoras sobre o mundo físico e biológico,

mediante a incorporação de três princípios básicos: a) a interdependência de todas as

formas de vida; b) a complexidade e a diversidade dos ecossistemas como garantia de

sua estabilidade; c) o caráter finito dos recursos biofísicos como fator que limita a

intensidade e a escala de sua exploração.

Só se pode compreender o mundo atual como uma conjugação de processos

múltiplos interconectados. A consciência de uma interdependência ecológica. Os ciclos

biogeoquímicos que se integram no funcionamento da biosfera nunca reconheceram

fronteiras. Tanto a própria humanidade como as espécies que lhe são de utilidade

imediata evoluíram conjuntamente com microorganismos cuja dinâmica, determinante

de epidemias, não respeitou tampouco as demarcações culturais nem as linhas divisór ias

político-administrativas.

O fenômeno da poluição transfronteira foi um dos primeiros a sucitar a

necessidade de negociações internacionais no tocante ao manejo de resíduos e foi um

dos primeiros problemas que deram origem à Conferência sobre Hábitat Humano,

realizado em Estocolmo em 1972, antecessora imediata da Conferência das Nações

Unidas sobre Meio ambiente e Desenvolvimento.

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A percepção de novos fenômenos globais vem reforçar a necessidade de

encarar a nossa biosfera por um prisma sistêmico, um mecanismo de ligação entre

processos econômicos ecológicos e culturais. Se uma atividade é sustentável, em termos

práticos, ela pode continuar para sempre. Desempenhar uma atividade de modo

sustentável agora não irá por em risco esta mesma atividade no futuro.

Uma sociedade sustentável é aquela que não coloca em risco o ar, a água, a

terra, a vida vegetal e animal dos quais o nosso bem-estar depende. Para que uma

sociedade seja de fato sustentável, é necessário estabelecer os Princípios da Vida

Sustentável tais como: respeitar e cuidar da comunidade; dos seres vivos; melhorar a

qualidade de vida humana; conservar a vitalidade e diversidade do planeta Terra;

permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta Terra; modificar atitudes e

práticas pcssoais; permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio ambiente;

gerar uma estrutura nacional para integração de desenvolvimento e conservação;

construir uma aliança global.

Desenvolvimento sustentável refere-se, assim, à melhoria na qualidade de vida

humana, respeitando-se ao mesmo tempo os limites da capacidade de provisão dos

ecossistemas nos quais vivemos. Uma economia sustentável, por sua vez, é o produto

do desenvolvimento sustentável, ela conserva sua fonte de recursos naturais, mas

consegue se desenvolver pela adaptação e pelo aprimoramento no conhecimento, na

organização, na eficácia e, não menos importante, na sabedoria. Quando uma atividade

é definida como sustentável, ela o é com base no que se sabe na ocasião. Os

julgamentos devem ser feitos com base no conhecimentos mais apurado à disposição.

Entretanto, não é possível dar garantias longas de sustentabilidade; erros podem ocorrer,

ou as informações disponíveis podem ter sido inadequadas.

Disto tudo podemos extrair uma lição: é preciso estar atento ao tema da

conservação em ações que podem afetar o meio ambiente, estudar cuidadosamente os

efeitos destas ações e aprender rapidamente com os erros. Para diminuir o sofrimento e

o risco de crises ambientais, o desenvolvimento deve tomar outro rumo. As pessoas e a

sociedade podem progredir, estando atentas aos cuidados com a Terra.

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A mais alarmante de todas as investidas do homem contra o meio ambiente é a

contaminação do ar, terra, rios e mares com materiais nocivos ou até mesmo letais.

Essa poluição é, em grande parte, irrecuperável ; a cadeia do mal que ela induz não

apenas no mundo que mantém a vida, mas nos tecidos vivos, é quase que totalmente

irreversível.

Nessa atual contaminação universal do meio ambiente, os produtos químicos

são os companheiros sinistros e pouco reconhecidos da radiação na mudança da

natureza do mundo, da natureza da vida.

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CAPÍTULO III O MEIO AMBIENTE DE AMANHÃ (A LOGÍSTICA COMO SOLUÇÃO)

3.1 – Logística

Antes de mais nada é importante que saibamos, ou tenhamos idéia, do

que seja Logística. Logística, de uma forma simples e direta, é: planejamento. Algumas

definições de Logística dizem ainda que: “Logística é a área da gestão responsável por

prover recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades de

uma empresa” ; ou ainda: “Entende-se por logística o conjunto de todas as atividades de

movimentação e armazenagem necessárias, de modo a facilitar o fluxo de produtos do

ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, como também dos

fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, obtendo níveis de

serviço adequados aos clientes, a um custo razoável” (Dieter Goebel,Mestre pela USP e

consultor independente professor); ou mesmo: “Logística é um ramo da gestão cujas

atividades estão voltadas para o planejamento da armazenagem, circulação (terra, ar e

mar) e distribuição de produtos” . Equivocadamente ainda se ouve dizer que: “Logística

é transporte de cargas” – na realidade é o planejamento desse transporte visando a

melhor e mais otimizada forma de fazê- lo.

Como vemos, a Logística tem várias definições – e é provável que ainda

venha ter muitas outras. Na realidade a Logística ainda é uma desconhecida para

muitos, e a medida que vai se conhecendo, os conceitos se tornam diversos. Se atentar-

mos bem: há Logística em tudo que fazemos, ou seja, é necessário que planeje-mos tudo

com o intuíto de fazer-mos tudo o que nos propuzer-mos a fazer, da melhor maneira

possível.

Neste momento, faço um paralelo da Logística com a Holística: para um

boa Logística, ou seja, um bom planejamento, seja ela na área que for, é imprescidível

que se tenha um visão Holística, ou seja, uma visão do todo. Por este motivo é que me

atrevo a definir Logística como: O planejamento de tudo com a visão do todo.

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Hoje a Logística ganha a cada dia mais importância, isto pois as

empresas estão cada vez mais preocupadas em otimizar seus processos e

principalmente seus lucros, e muitas das vezes fazendo um trabalho Logístico de

redução de seus custos – neste momento, encontramos mais um conceito do que seria

Logística: a Otimização.

3.2 - Logística Reversa

O termo Logística reversa seria, neste momento, desnecessário

considerando que Logística é um planejamento completo: início, meio e fim. Mas, e se

o fim simplesmente não existe? Atualmente estamos vivendo um momento de muita

preocupação com a escassez dos recursos naturais do nosso planeta, e, como se não

bastasse, com o acumulo de lixo que produzimos todos os dias – resultado de um

extremo consumo. A Logística Reversa, que provavelmente daqui a algum tempo será

somente Logística, agregando valor à definição, começa a figurar neste cenário, como

uma ferramenta de extrema importância na preservação do meio ambiente.

Mas afinal: o que faz, ou pretende fazer a Logística Reversa? Em tese,

ela seria responsável pelo planejamento do retorno de tudo o que foi produzido; refazer

o caminho reverso; recolocar para uso tudo o que ainda não foi totalmente consumido;

reaproveitar; reutilizar; e; direcionar tudo o que não foi possível aproveitar, a natureza

sem agredi- la.

O crescimento dos mercados globais, o aumento da competitividade e as

influências de tecnologia, obsolescência e a modernidade estão causando significativos

impactos na rotina das organizações.

Estas mudanças ocasionaram o aumento da necessidade de integração das

operações comerciais e de transporte e planejamento, momento em que foi percebida a

capacidade da logística em criar valor para o cliente, o que fez com que a atividade

tomasse um papel essencial na otimização dos recursos e na modernização das técnicas

de gestão e de produção das empresas.

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O foco antes dedicado exclusivamente à obtenção de vantagem competitiva

em embalagem, desenvolvimento de novos produtos e redução de custos de matéria

prima, hoje passou a ser ampliado, pois a grande maioria dos produtos disponíveis no

mercado hoje não é totalmente consumida.

Com o aprimoramento dos conceitos e das ferramentas logísticas ocorreu

um processo de especialização visando atender uma necessidade crescente de gestão

eficiente do fluxo de retorno de produtos e materiais. A partir deste momento o fluxo

inverso da cadeia de suprimentos passou a fazer parte das competências logísticas, sem

perder seu foco: satisfação dos clientes.

Os descarte adequado de resíduos de materiais não utilizados, embalagens e

produtos com componentes químicos estão caracterizando um grande desafio às

organizações, e seu impacto sobre a sociedade e meio ambiente fazem do tema um caso

de extrema relevância.

Entre as alternativas de destino a estes materiais, existe a reciclagem, o

reprocessamento e devolução ao mercado, ou ainda, no caso de não haver mais utilidade

do material, o descarte pela deposição em algum depósito definitivo na forma de lixo. O

processo de movimentação destas mercadorias se dá através de canais de distribuição

especiais.

É notável o crescente interesse pelo assunto convencionalmente chamado de

“Logística Reversa”, contudo ainda poucos autores se dedicaram a pesquisa e

desenvolvimento de material científico sobre o tema.

Na Logística tradicionalmente realizada, parte-se de um fabricante e define-

se o caminho até o consumidor final. De forma simplificada, a Logística Reversa trata

do caminho inverso, no qual o produto tem como ponto de partida os inúmeros

consumidores, com destino ao fabricante.

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Desta forma pode-se verificar a primeira característica do processo: o

desafio de reunir produtos disseminados entre milhares de clientes para retornarem a um

mesmo fabricante. As empresas cada vez mais investem em campanhas sociais e

buscam comprometer-se com o meio ambiente e com a saúde. Assim as empresas estão

sendo obrigadas a repensar suas estratégias comerciais e seus produtos, pois sua

imagem é diretamente afetada caso seu produto cause danos à sociedade.

3.3 - A Logística Reversa e seus Canais de Distribuição

Apesar da literatura ainda ser bastante restrita sobre o tema, existem

algumas definições, conceitos e nomenclatura de Logística Reversa bem aceitos em

geral que apresentamos a seguir.

A logística reversa apresenta diversas definições que foram evoluindo ao

longo do tempo. Algumas delas apresentamos abaixo.

Logística reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduo de produtos e embalagens… (CLM, 1993:323, Apud: Leite, 2003). Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura… (Stock, 1998:20, Apud: Leite, 2003). O Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos acabados e as informações correspondentes do ponto de consumo para o ponto de origem com o propósito de recapturar o valor ou destinar à apropriada disposição. (Rogers e Tibben-Lembke, 1999:2, Apud: Leite, 2003). Logística reversa cuida dos fluxos de materiais que se iniciam nos pontos de consumo dos produtos e terminam nos pontos de origem, com o objetivo de recapturar valor ou de disposição final (Novaes, 2004: 54).

Adotaremos neste documento a definição de logística Reversa de Leite

(2003:16), assim definida: “entendemos a logística reversa como a área da logística

empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas

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correspondentes do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de

negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos,

agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de

imagem corporativa, entre outros”.

Desta forma, a logística reversa tem como objetivo, segundo Leite (2003),

tornar possível o retorno dos bens ou de seus materiais constituintes ao ciclo produtivo

ou de negócios, agregando valor econômico, ecológico, legal e de localização. Ainda

segundo Novaes (2004) a logística reversa tem dois objetivos distintos: (1) recapturar

valor; e (2) oferecer disposição final.

Estas atividades visam 3 finalidades: reciclagem, reprocessamento ou

descarte. Entende-se como reciclagem a transformação de componentes/materiais

usados para serem reincorporados na fabricação de novos produtos. Este é o exemplo do

aço: a sucata de produtos descartados é misturada ao mínimo de ferro em indústrias

siderúrgicas.

Sob a ótica da reciclagem e preservação do meio ambiente, alguns autores

citam a logística reversa como logística verde. A indústria de latas de alumínio é notável

no seu grande aproveitamento de matéria prima reciclada, tendo desenvolvido meios

inovadores na coleta de latas descartadas.

Nos casos em que a reciclagem é anti-econômica ou há excesso de oferta no

mercado, é necessário garantir o descarte de forma segura para a população e meio

ambiente.

Existem ainda outros setores da indústria onde o processo de gerenciamento

da logística reversa é mais recente, como na indústria de eletrônicos, automobilística e

de produtos radioativos. Estes setores também têm que lidar com o fluxo de retorno de

embalagens, de devoluções de clientes ou do reaproveitamento de materiais para

produção.

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Tendo como foco o reprocessamento para ampliação do ciclo de vida do

produto/embalagem, podemos citar como exemplo os fabricantes de bebidas. Estes têm

que gerenciar todo o retorno das garrafas dos pontos de venda até seus centros de

distribuição.

Uma situação diferenciada trata de empresas terceiras que têm como

objetivo de negócio a reciclagem de materiais para um novo processo produtivo,

independente do fabricante original. Podemos citar exemplos de produtos inseridos

neste cenário como sendo pneus, cartuchos de tinta de impressoras, garrafas pet, etc.,

que não voltam para sua indústria de origem, mas sim são fontes de matéria prima para

indústrias completamente diferentes.

No caso de latas de alumínio a logística reversa ocorre para reciclagem dos

produtos. As latas são recolhidas, sofrem compactação em volumes menores e retornam

para os fabricantes. Esse processo se deve ao alto custo do metal.

É importante que, neste estágio, conceituemos a vida útil de um bem como

sendo o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o

primeiro possuidor se desembaraça dele. Esse desembaraço pode ocorrer pela extensão

de sua vida útil, com novos proprietários ou pela disponibilização por outras vias, como

a coleta de lixo urbano, as coletas seletivas, as coletas informais, entre outras, passando-

a à condição de bens de pós-consumo (Leite, 2003).

As duas grandes áreas de logística reversa, tratadas de forma independente

pela literatura, são diferenciadas pelo estágio ou fase do ciclo desta vida útil do produto

retornado, conforme ilustrado na figura 7. Esta diferença se faz necessária, pois o

produto logístico, os canais de distribuição reversos em que os produtos percorrem, os

objetivos de negócio e, por fim, as técnicas operacionais utilizadas em cada área de

atuação, são distintos.

A logística reversa de pós-venda é área de atuação da logística que se ocupa

do equacionamento e operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas de

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bens de pós-vendas em uso ou com pouco uso, os quais por diferentes motivos retornam

aos diferentes estágios das cadeias de distribuição direta. O objetivo do negócio desta

área da logística empresarial é agregar valor a um produto que é devolvido por razões

comerciais, erro no processamento dos pedidos, garantia dada pelo fabricante, defeitos

ou falhas de funcionamento, avarias no transporte, etc..

Por outro lado, a logística reversa de pós-consumo é a área de atuação da

logística que equaciona e operacionaliza o fluxo físico e as informações

correspondentes de bens de consumo que são descartados pela sociedade e que retornam

ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos

específicos.

Bens de pós-consumo são bens em fim de vida útil, ou usado com

possibilidades de reutilização, e os resíduos industriais em geral. O objetivo de negócio

desta área da logística é agregar valor a um produto logístico constituído por bens sem

interesse de uso ao proprietário original ou que ainda possuam condições de utilização,

por produtos descartados no final de sua vida útil e por resíduos industriais.

Figura : área de atuação e as diversas etapas da logística reversa

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empresas modernas, exigindo alta velocidade no fluxo de distribuição física dos

produtos.

Uma das conseqüências é a redução do ciclo de compra, observando-se um

aumento das quantidades de produtos devolvidos nas cadeias reversas de pós-venda,

exigindo um sistema de logística reversa mais eficiente. Por outro lado, com os ciclos

de vida cada vez menores, os produtos ditos duráveis serão descartados mais

rapidamente transformando-se em semiduráveis. Da mesma forma, os produtos

semiduráveis se tornarão descartáveis. Assim sendo, os produtos de pós-consumo

aumentam e exaurem os meios de disposição final, tornando-se necessário equacionar o

problema de retorno dos bens de pós-consumo.

Os canais reversos de pós-venda são constituídos pelas diferentes formas e

possibilidades de retorno de uma parcela de produtos, com pouco e nenhum uso, que

fluem no sentido inverso, do consumidor ao varejista ou ao fabricante, do varejista ao

fabricante, entre as empresas, motivado em geral por problemas de qualidade, garantia,

processos comerciais entre empresas e retornando ao cic lo de negócios de alguma

forma.

3.5 - Motivos da crescente preocupação com a logística reversa, fatores de influência

A sociedade moderna vive hoje uma preocupação crescente com o

equilíbrio ecológico. O aquecimento global, a poluição do meio ambiente, em muitas

áreas descontrolada, são apenas dois exemplos de motivos da sensibilidade ecológica

que está se formando na consciência das pessoas, de governos e, mais recentemente,

entre empresas ao redor do mundo. O crescimento econômico com o mínimo de

impacto ambiental, chamado de desenvolvimento sustentado, é um conceito aceito e

utilizado hoje universalmente e baseia-se na idéia de atendimento às necessidades da

atual sociedade sem comprometer gerações futuras.

3.6 - Legislação Ambiental no Brasil e no Mundo

Apesar da delimitação deste trabalho, ou seja, focar apenas o Brasil, é

impossível não tocarmos nas questões ambientais de outros países. No capítulo um

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CONCLUSÃO

É notório que a Logística Reversa, embora com uma importância crescente,

é ainda uma área com pouca ênfase na estratégia competitiva das empresas. Podemos

observar este fato quando verificamos que, apesar de representar uma operação tão

complexa quanto à logística convencional, não há função gerencial dedicada a este

assunto nas empresas. No entanto, a necessidade de preservar o meio ambiente torna

bem claro a aceitação da Logística Reversa como uma ferramenta poderosa nessa

missão.

Outro aspecto que caracteriza uma área incipiente é a pouca disponibilidade

de material bibliográfico sobre o assunto. São raros os autores especializados no tema

no Brasil e no exterior.

No Brasil, pelo fato da legislação ainda engatinhar na questão ecológica /

ambiental, fator de grande influência na motivação para a organização de um canal

convencional, as estatísticas e materiais bibliográficos da logística reversa limitam-se

praticamente a casos de reciclagem bastante tradicionais, como por exemplo, o das

garrafas PET, das latas de alumínio, materiais ferrosos e de óleos lubrificantes.

A revalorização econômica ainda predomina sob a revalorização ecológica e

legal no que tange aos fatores de influência para a organização de um canal de

distribuição reverso.

De qualquer forma esta realidade está mudando rapidamente. A logística

reversa está se consolidando como uma nova e crescente preocupação no planejamento

e na visão estratégica das empresas.

Como vimos, uma consciência ecológica crescente da sociedade, exercendo

pressão sobre as empresas e sobre o governo, a tendência de uma legislação ambiental

cada vez mais rigorosa tanto nos países em desenvolvimento quanto nos países

desenvolvidos, a premência das empresas de se diferenciarem no mercado através de

uma política de serviços mais liberais para os consumidores e de reduzirem custos, dado

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o acirramento da competitividade em uma sociedade globalizada, são fatores que estão

acelerando a importância da logística reversa tanto de pós-consumo como de pós-venda.

Neste cenário a área da logística empresarial toma um novo foco de

importância. Os aspectos puramente logísticos irão influenciar no equilíbrio entre os

fluxos reversos e diretos.

Os desafios da logística reversa são ainda maiores comparados à logística

convencional. As fontes de produtos de pós-consumo ficam, em geral, próximas aos

grandes centros e irão alimentar indústrias que estão distantes destes centros, próximas

às matérias primas novas, gerando dificuldades logísticas.

Além disso, com a diversidade dos canais de distribuição, a estruturação da

logística reversa torna-se a cada dia uma atividade mais desafiadora. No entanto, as

organizações estão sendo cada vez mais pressionadas a posicionarem-se quanto a sua

contribuição para preservação do meio ambiente.

Os impactos da alta competitividade mundial já estão sendo percebidos,

através de problemas como aquecimento global, desmatamento e poluição. E por esta

razão, os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto à responsabilidade social

empresas, que não devem mais ter foco no curto prazo, e sim com o futuro.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

Folha de Rosto 2 Agradecimento 3 Dedicatória 4 Resumo 5 Metodologia 6 Sumário 7 Introdução 8 Capítulo I O Meio Ambiente de Ontem 9 1.1 Dia Mundial do Meio ambiente 9 1.2 Preservação e Conservação ambiental 11 1.3 Homem x Meio ambiente 12 1.3.1 Aspectos Históricos da Relação Homem, Natureza e Direito 14 1.3.2 Cidadania Ecológica: o papel do Direito ambiental e dos princípios norteadores da vida no planeta Terra 22 1.4 Constituição Federal de 1988/ Introdução ao Direito Ambiental 24 Capitulo II O Meio Ambiente de Hoje 33 2.1 Ano Internacional do Planeta Terra 33 2.2 Responsabilidade Social com o Meio Ambiente 33 2.3 I.S.O 14.000 34 2.4 Produtos Amigos da Natureza 34 2.5 Tipos de Coleta 36 2.6 Destino Final dos Materiais 37 2.7 “Pet” – Embalagem Descartável e Reciclável 39 2.8 A Necessidade do Desenvolvimento e a Necessidade de Preservação 43 Capitulo III O Meio Ambiente de Amanhã (A Logística como solução) 48 3.1 Logística 48 3.2 Logística Reversa 49 3.3 A Logística Reversa e seus Canais de Distribuição 51 3.3.1 Bens de Pós-venda 55 3.3.2 Bens de Pós-consumo 55 3.4 Canais de distribuição Reversos de Bens de Pós-consumo e Pós –venda 56 3.5 Motivos da crescente preocupação com a Logística Reversa, fatores de influência 57 3.6 Legislação Ambiental no Brasil e no Mundo 57 Conclusão 60 Bibliografia Consultada 62 Índice 63 Folha de Avaliação 64

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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