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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO COTIDIANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO INCENTIVO À UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA PRÁTICA DOCENTE. Por: Carlos Leonardo Tresse Orientador Profª. Flávia Cavalcanti Rio de Janeiro RJ 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO COTIDIANO

DA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO INCENTIVO À UTILIZAÇÃO DAS

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA

PRÁTICA DOCENTE.

Por: Carlos Leonardo Tresse

Orientador

Profª. Flávia Cavalcanti

Rio de Janeiro – RJ

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO COTIDIANO

DA EDUCAÇÃO INFANTIL E NO INCENTIVO À UTILIZAÇÃO DAS

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICs) NA

PRÁTICA DOCENTE.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de Especialista em Administração e Supervisão

Escolar

Por: Carlos Leonardo Tresse

Rio de Janeiro – RJ

2012

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AGRADECIMENTOS

Inicio meus sinceros agradecimentos a mestre Professora Flávia

Cavalcante, não só pela orientação deste trabalho, mas também pelo

compartilhamento de experiências de vida que certamente ficarão guardadas

para sempre em minha vida.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Administração e

Supervisão Escolar, por compartilharem seus conhecimentos. A todos os

funcionários do IVM que nos auxiliaram durante o decorrer do curso.

Agradeço a minha família que me ensinou os valores que vivo hoje. Aos

meus amigos que são peças chaves para minha vida.

E por fim, agradeço aos colegas de classe pelo bom convívio durante o

curso.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

esposa, minha filha e todas as pessoas

queridas que contribuíram para o sucesso

da minha vida.

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RESUMO

Hoje em dia, o processo de ensino-aprendizagem, exige menos

conteúdos e tempos fixos e mais processos de pesquisa e comunicação, e no

caso deste estudo, trataremos sobre a educação infantil. Uns dos principais

meios de aprendizagem neste segmento são: as brincadeiras e os jogos

educativos. Através das brincadeiras e dos jogos podemos construir o

conhecimento das nossas crianças.

Cabendo a nós Gestores, Supervisores e Docentes, incentivarem e

mediar à implementação de Tecnologias na educação, e principalmente na

Infantil, pois sabemos que neste período, quando o processo de ensino-

aprendizagem é bem empregado, podemos formar bons alunos.

Este estudo abordará a importância da Supervisão na Educação Infantil

e o incentivo a utilização de recursos tecnológicos neste segmento,

referenciando os desafios encontrados pelos Gestores, Supervisores e

Docente na possibilidade desta utilização no processo de ensino-

aprendizagem. O planejamento antecipado e de maneira correta de quais

objetivos se pretende alcançar com o uso de Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) na educação infantil estão relacionados diretamente com

os aspectos positivos e negativos envolvidos com a informática para as

crianças. Mostraremos que há necessidade dos professores estarem

preparados, familiarizados e devidamente qualificados para o uso das TICs

com os alunos, seja na utilização de algum software educacional ou atividades

desenvolvidas pelo próprio educador, com as diversas ferramentas

computacionais disponíveis hoje em dia. Para tanto, se faz necessário à

participação efetiva dos Gestores e Supervisores na busca da melhoria da

qualidade do ensino. O grande desafio é a quebra de barreiras, impostas pelos

educadores, em geral, sobre a utilização destas ferramentas computacionais

na educação infantil.

Palavras chave: ensino-aprendizagem, educação infantil, tecnologias da

informação e comunicação, informática, software educacional,

ferramentas computacionais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .........................................................................................8

CAPÍTULO I............................................................................................11

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL .........................11

CAPÍTULO II...........................................................................................15

A SUPERVISÃO ESCOLAR..............................................................................15

2.1 Conceituando Supervisão Escolar ...................................................15

2.2 Histórico da Supervisão Escolar no Brasil .......................................16

2.3 Tecnologias na Gestão Escolar .......................................................20

CAPÍTULO III..........................................................................................21

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMÁTICA E EDUCAÇÃO .............................21

3.1 O Projeto EDUCOM..........................................................................24

3.2 Centros de Informática Educativa – CIEDs ......................................27

3.3 Programa Nacional de Informática Educativa – PRONINFE ............30

3.4 Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO .........32

CAPÍTULO IV .........................................................................................38

TECNOLOGIA EDUCACIONAL ........................................................................38

4.1 Pontos positivos e negativos da utilização das TICs na Educação

Infantil ...............................................................................................................40

4.2 Softwares Educacionais ...................................................................43

CONCLUSÃO .........................................................................................45

ANEXO 1...........................................................................................................49

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ANEXO 2...........................................................................................................50

ANEXO 3...........................................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................52

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico tem como tema os desafios da prática

docente e o papel do Supervisor Escolar no cotidiano da educação infantil e no

incentivo à utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)

nas salas de aula deste segmento escolar.

O objetivo deste estudo é mostrar que há necessidade dos Gestores,

Supervisores e Docentes estarem bem informados sobre as tecnologias e

consequentemente estarem em constantes atualizações em relação à nova

realidade da educação brasileira, não deixando assim de utilizarem as TICs

em seu cotidiano.

É possível afirmar a necessidade que existe dos docentes aprimorarem

suas habilidades e seus conhecimentos profissionais, através de capacitações,

treinamentos e especializações, tendo assim a possibilidade de quebrar as

barreiras existentes nas propostas de utilização de ferramentas tecnológicas

na educação.

A Supervisão tem um papel político, pedagógico e de liderança no

espaço escolar, é necessário resaltar, sem desconsiderar o restante da

equipe, que o supervisor escolar deve ser inovador, ousado, criativo, que não

tenha medo do novo e, sobretudo que seja comprometido com seu grupo de

trabalho.

Estamos diante de um imenso repositório de conteúdos na WEB, cabe

aos Gestores e principalmente aos Supervisores o incentivo a essa utilização,

não somente em conteúdo, mas também em recursos tecnológicos, como

lousas interativas, data shows, entre outros. Os governos ainda pecam muito

no quesito capacitação, porém não podemos deixar de mencionar as inúmeras

oportunidades de cursos, muitos de forma gratuita, disponibilizados para que o

corpo docente brasileiro se especialize e se atualize, portanto, os objetivos

específicos deste estudo são: os incentivos, por parte dos Gestores e

Supervisores, aos docentes da educação infantil a inserirem em suas aulas os

recursos tecnológicos disponíveis.

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O aparato tecnológico como recurso paradidático ainda gera receio

entre Gestores, Supervisores e Docentes. As ferramentas computacionais se

apresentam como objetos desconhecidos e desafiadores.

Como algo novo e desconhecido, essas ferramentas causam impactos,

inseguranças e perturbações. E neste caso, a superação destes efeitos advém

do abandono de posturas mais rígidas, com relação à atualização do corpo

docente, e abertura para aliar o novo ao conhecido – atualizando, ampliando,

aprimorando e transformando o próprio conhecimento individual. Nesse

caminho, o uso de recursos tecnológicos na educação pode ser integrado à

rotina do professor e do aluno, proporcionando tanto para um como para o

outro, vantagens e/ou facilidades na aquisição do saber.

Oportuno se faz, então, que as novas tecnologias possam preencher

algumas lacunas deixadas pelos modelos tradicionais de ensino,

transformando as aulas maçantes e conteudistas, onde o professor figura

como soberano, em aulas onde os educandos construam seus conhecimentos

de forma colaborativa e mais agradável. Certamente as ferramentas

computacionais podem ser inseridas e bem utilizadas neste contexto.

Este trabalho de pesquisa, no seu quadro teórico, a partir da revisão de

literatura, buscará contextualizar a atuação do Supervisor como motivador a

utilização de ferramentas computacionais nas aulas da educação infantil,

fazendo apontamentos e discutindo o papel do supervisor e do educador nesta

aplicabilidade. Acreditamos que os alunos que ingressam a cada ano na

escola devam ser familiarizados com recursos tecnológicos, que certamente

serão de grande valor para toda sua vida acadêmica e pessoal.

Estando assim dividido, em quatro capítulos, seguido das referências

bibliográficas.

O primeiro capítulo, apresentaremos um breve histórico sobre educação

infantil no Brasil e de como é importante à relação entre educador e educando

e educador e supervisor para auxiliar na formação das crianças, usaremos

como embasamento as Leis que regem a educação infantil e as ideias de

Rizzo (2003) e Souza (1996).

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O segundo capítulo conceituaremos a Supervisão Escolar e faremos um

breve relato histórico sobre a Supervisão Escolar no Brasil, trazendo as ideias

de Nérici (1974), Anjos (1988), Alarcão (2004), entre outros.

O terceiro capítulo, abordaremos as políticas públicas para Informática

na Educação, onde citaremos os Projetos: EDUCOM, PRONIFE, PROINFO e

os Centros de Informática Educativa – CIEDs, com embasamento teórico nos

documentos oficiais disponíveis nos sites do Governo Federal.

O quarto capítulo, referenciando as citações de alguns autores, como:

Zacharias (2005), Borba (2001), Setzer (1994), entre outros, a utilização das

Tecnologias da Informação e Comunicação, bem como seus pontos positivos e

negativos no ambiente educacional, com foco na educação infantil.

Por fim, faremos nossas conclusões e teceremos comentários sobre as

contribuições desse trabalho de pesquisa.

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CAPÍTULO I

Neste capítulo, apresentaremos um breve histórico sobre educação

infantil no Brasil e de como é importante à relação entre educador e educando

e educador e supervisor para auxiliar na formação das crianças.

BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO

BRASIL

Da mesma forma que se desencadearam propostas de Educação Infantil

no restante do mundo, o Brasil percorreu vários caminhos na busca de

viabilizar o acompanhamento das crianças de acordo com suas necessidades.

Assim como surgiram as instituições pré-escolares em outros países,

devido à Revolução Industrial, no Brasil não foi diferente, devido esse advento,

e a definição de várias teorias que se preocupavam em desvendar o

desenvolvimento do ser humano, acreditava-se que seria oportuno haver um

local especializado, com o intuito de proporcionar o desenvolvimento pleno e

sadio do indivíduo. Só então, a partir da metade do século XIX, é que foram

sendo difundidas no Brasil, as instituições com uma nova concepção

assistencial. (KUHLMANN JUNIOR, 1998).

No Brasil por volta de 1890, emergia um maior número de instituições

de Educação Infantil e em consequência aumentava a responsabilidade da

mulher na contribuição da renda familiar, ou seja, a assistência e guarda e

guarda das crianças de zero a seis anos surgia como necessidade social, para

a produção e crescimento sociopolítico do País. Porém apenas em 1932 com a

aprovação do Regulamento Nacional de Saúde Pública, foi criado um

instrumento jurídico regulando o trabalho da mulher, cuja providência principal

foi à obrigatoriedade de creches nos estabelecimentos que trabalhassem

aproximadamente trinta mulheres, contudo tal exigência nunca era cumprida.

Da mesma forma que tal instrumento foi regulamentado ele foi,

desaconselhado pelo Ministério do Trabalho em 1950, devido às instalações

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ser inadequadas, e muito dispendiosas e, por fim, pela falta de profissionais da

área. (SOUZA, 1996).

A partir de algumas iniciativas no Brasil, em que muitas instituições

começaram a ser implantadas, tornou-se importante a ampliação destes

espaços que suprissem tal carência. Assim, foram surgindo leis que

asseguravam direitos às crianças de zero a seis anos. Salomão (1999, p.99)

citou:

Somente em 1961, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 – entrou em vigor e dedicou apenas dois artigos à educação pré-escolar, onde estimulavam as empresas a organizarem instituições de educação pré-primária.

Outro passo importante para a Educação Infantil no Brasil foi dado com

a nova LDB, Lei nº 9.394 promulgada em 20 de dezembro de 1996. Nesse

documento, vários artigos fazem menção à Educação Infantil, em especial

mostramos os artigos 29, 30 e 31:

“Art. 29 A educação infantil, a primeira etapa da educação básica,

tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até

seis anos de idade em seus aspectos físicos, psicológico,

intelectual e social, complementando a ação da família e da

comunidade.

Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – Creches, ou

entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;

II – Pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos de idade.

Art. 31 Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante

acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o

objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino

fundamental.” (1998, p.44-45)

Rizzo (2003, p.26) afirma que:

Desde então, surgiu à preocupação em oferecer as crianças condições necessária para seu desenvolvimento florescer em sua plenitude máxima, e devido a novas exigências da sociedade, ampliaram-se seus objetivos e responsabilidades, e passou por

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transformações. Havendo um consenso da sociedade, que exige condições de afeto, calor humano e estimulação intelectual, reconhecendo-as como essenciais para desenvolver qualidades humanas para o bem e para sua educação integral.

Também de acordo com a LDB Lei nº 9.394/96 que afirma em seu artigo

62, que a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura plena, em universidades e institutos

superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do

magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino

fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.

Partindo dessa premissa, foi criado o Referencial Curricular Nacional

para educação infantil que traz em sua redação um conjunto de referências e

orientações pedagógicas que visam contribuir com a implantação ou

implementação de práticas educativas de qualidade que possam promover e

ampliar as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças.

Atualmente a Educação Básica Infantil como é denominada na LDB tem

como princípio, atender crianças de zero a seis anos com a finalidade do

desenvolvimento integral. Observamos que esta Lei define claramente as

nomenclaturas das divisões de séries da Educação Infantil, separando as

crianças em dois grupos etários: de zero a três anos – Creche, de três a seis

anos – Pré-escola.

Souza resalta as distinções generalizadas feitas pelas Creches e Pré-

escolas.

Creche e Pré-escola são em geral, distinguidas ora pela idade das crianças incluídas nos programas – a creche se definiria por incluir crianças de zero a três anos e a pré-escola de quatro a seis anos – ora pelo tipo de funcionamento e pela sua extensão em termos sociais – a creche se caracterizaria por uma atuação diária em “horário integral”, e a pré-escola por um funcionamento semelhante ao da escola, em “meio período”. Há ainda uma terceira classificação que diz respeito à vinculação administrativa: a creche se subordinaria, assim, a órgãos de caráter médico ou assistencial, e a pré-escola ao sistema educacional. (SOUZA, 1996, p.30)

Tratando-se do Brasil uma das conquistas dos anos 80, relativos aos

direitos e deveres das crianças, foi o Estatuto da Criança e do Adolescente,

aprovado em 1998. Segundo o Estatuto, esta doutrina veio para mudar o

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quadro em que se encontravam a infância e a juventude brasileira, impondo

deveres aos cidadãos, ao Governo, a família e a sociedade, bem como a

conscientização no seu modo de pensar e agir.

Apesar de leis e estatutos criados para amparar as crianças,

percebemos que o abandono das mesmas esteve presente em toda parte do

mundo, em toda a história da infância, manifestando de diferentes formas.

Esse fato, infelizmente, perdura até os dias de hoje e é mais grave em países

como o Brasil.

A preocupação com a Educação Infantil trouxe muitas reflexões

importantes, de forma a tornar-se um desafio global no início deste milênio. A

tônica do problema centraliza-se na efetivação de um processo educacional

que possibilite formar um cidadão pleno.

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CAPÍTULO II

A SUPERVISÃO ESCOLAR

Neste capítulo, conceituaremos Supervisão Escolar, apresentaremos um

histórico da Supervisão Escolar no Brasil e Tecnologias na Gestão Escolar.

2.1 Conceituando Supervisão Escolar

As pesquisas e estudos voltados para a Supervisão Escolar fizeram com

que esta função fosse conceituada sob vários enfoques. Trazendo a origem

etimológica da palavra ‘supervisionar’, temos: ’SUPERVISIONAR tem o

significado de SUPERVISAR’ e ‘SUPERVISAR, que por sua vez, é igual a

dirigir ou orientar em plano superior; superintender, supervisionar’

(FERREIRA, 1993, p. 520).

Dentro desta perspectiva, Nérici (1974, p. 29), afirma que Supervisão

Escolar é a “visão sobre todo o processo educativo, para que a escola possa

alcançar os objetivos da educação e os objetivos específicos da própria

escola”.

Este olhar exclui os sujeitos envolvidos no processo educativo, ou seja,

a ‘escola’ e os ‘objetivos da educação’ são o foco do trabalho, sem que sejam

considerados os professores, alunos, especialistas, demandas sociais ou

qualquer outra variável dentro desse processo.

Alguns anos depois, já se percebe um avanço em termos de

conceituação de Supervisão Escolar, quando Rangel (1988, p. 13), reconhece

a necessidade de relação deste com os outros profissionais da escola: “um

trabalho de assistência ao professor, em forma de planejamento,

acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do

desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem”.

Esta conceituação propõe que a Supervisão seja percebida levando-se

em conta duas outras dimensões: a relação entre os sujeitos, Supervisor –

Professor, e o ensino-aprendizagem, objeto de trabalho desses profissionais,

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ultrapassando a simples execução de tarefas e a ‘fiscalização’ do trabalho

realizado. Seguindo nesta linha, Alonso (2003, p. 175) afirma que:

a Supervisão, nesta perspectiva relacional e construída no cotidiano da escola, (...) vai muito além de um trabalho meramente técnico-pedagógico, como é entendido com frequência, uma vez que implica uma ação planejada e organizada a partir de objetivos muito claros, assumidos por todo o pessoal escolar, com vistas ao fortalecimento do grupo e ao seu posicionamento responsável frente ao trabalho educativo.

Desvela-se, assim, a função do Supervisor como referência frente ao

grupo, frente ao todo da escola. Este profissional enquanto responsável pela

‘coordenação’ do trabalho pedagógico assume uma liderança, um papel de

responsável pela articulação dos saberes dos professores e sua relação com a

proposta de trabalho da escola.

Alarcão (2004, p. 35), refere-se a este profissional como líder, definindo

como objeto de seu trabalho “o desenvolvimento qualitativo da organização

escolar e dos que nela realizam seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a

função educativa por meio de aprendizagens individuais e coletivas”.

Estas definições revelam um enriquecimento nas atribuições do

Supervisor Escolar, e para melhor contextualizar esta evolução, será realizada

uma retomada histórica desde o surgimento deste profissional no Brasil até

sua atuação nos dias de hoje.

2.2 Histórico da Supervisão Escolar no Brasil

Data de 1931 o primeiro registro legal sobre a atuação do Supervisor

Escolar no Brasil. Neste período estes profissionais executavam as normas

‘prescritas’ pelos órgãos superiores, e eram chamados de ’orientadores

pedagógicos’ ou ‘orientadores de escola’, tendo como função básica à

inspeção (ANJOS, 1988).

Relacionando o que ANJOS nos traz, com a origem etimológica da

palavra, torna-se possível aproximar o surgimento deste profissional com a

função que por ele deveria ser exercida. Colocar-se em plano superior aos

professores para inspecionar, ‘garantir a execução de’, seriam suas atribuições

neste momento da história.

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De acordo com Saviani (2003, p. 26), a função de Supervisor Escolar

surge:

(...) quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições (...).

Este caráter, porém, não é assumido em sua essência, pois no final da

década de 50 e início da década de 60, em virtude do acordo firmado entre

Brasil e Estados Unidos para implantação do Programa de Assistência

Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar, o PABAEE, o Supervisor Escolar

tem estritamente a função de controlar e inspecionar.

O PABAEE tinha por objetivo ‘treinar’ os educadores brasileiros a fim de

que estes garantissem a execução de uma proposta pedagógica voltada para

a educação tecnicista, dentro dos moldes norte-americanos. Alguns estados

brasileiros como Minas Gerais, Goiás e São Paulo foram os principais

‘executores’ do Programa, porém esta tendência influenciou a educação e a

função do Supervisor Escolar em todo o país.

Neste período a educação brasileira fundamentou-se basicamente no

PABAEE e o material elaborado pelos profissionais que trabalhavam no

programa era fonte para especialização e aprimoramento dos docentes da

época.

Inicialmente os técnicos do PABAEE acreditavam que bastava investir

na formação dos professores através dos cursos ‘Normais’ para garantir a

execução das práticas impostas pelo Programa. Posteriormente perceberam

que o preparo do Supervisor Escolar, com base nas suas concepções

tecnicistas, teria uma eficácia maior, pois estes profissionais poderiam atuar:

“interferindo, diretamente no que ensinar no como ensinar e avaliar, educando

professores e alunos para uma organização escolar fundada na ordem, na

disciplina e na hierarquia e cimentada na visão liberal cristã” (GARCIA apud

PAIVA, 1997, p. 40).

Segundo Saviani:

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Na escola tecnicista professores e alunos ocupam papel secundário dando lugar à organização racional dos meios. Professores e alunos relegados à condição de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle, ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais (1993, p. 24).

Os Supervisores desempenhavam um papel de multiplicadores e

inspecionavam a execução das ideias impostas pelo PABAEE, assim, o

programa passou a atingir um número maior de professores e alunos. Logo,

um dos organizadores do programa, reforçando esta meta, conclui que: “isso

indica claramente que devemos trabalhar com pessoas que preparam

professores, em vez de trabalhar com professores regentes de classes”

(GARCIA apud PAIVA, 1997, p. 48).

As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, primeiramente a

LDB 4024/61, passam a prever setores especializados para coordenar as

atividades pedagógicas nas escolas como forma de buscar a execução das

políticas educacionais desejadas pelos Sistemas de Ensino.

Reiterando esta atuação tradicional, Medina (1995, p. 40), resgata o

texto da Lei Federal nº 5692, de 11 de agosto de 1971, em seu capítulo V,

artigo 33, o qual reforça a responsabilidade deste profissional com relação à

prática pedagógica exercida na escola:

institucionaliza a supervisão, ao referir-se à ‘formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas em educação’. A supervisão passa a introduzir modelos e técnicas pedagógicas atualizadas (para a época); o supervisor, contudo, não perde o vínculo com o poder administrativo das escolas. Agora o seu papel é o de assegurar o sucesso no exercício das atividades docentes por parte de seus colegas, professores, regentes de classe.

O Supervisor Escolar possui legalmente um poder instituído que

determina suas ações frente ao corpo docente e à proposta pedagógica da

escola, e a partir de então, sendo reconhecido como profissional da educação,

passando a ter suas atribuições definidas pelos órgãos superiores. De acordo

com Silva Júnior, o Decreto nº 5.586/75, artigo 7º, do estado de São Paulo,

define essas atribuições, entre as quais se destacam:

(...) II- Zelar pela integração do sistema, especialmente quanto à organização curricular;

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(...) IV- Elaborar os instrumentos adequados para a sistematização das informações;

(...) X- Cumprir e fazer cumprir as disposições legais relativas à organização didática, administrativa e disciplinar emanadas das autoridades superiores;

(...) XI- Apresentar relatório das atividades executada s, acompanhado de roteiro de inspeção (1984, p. 34-35).

Rangel (1988, p. 14), transcreve a Portaria nº 06/77 da Secretaria de

Educação do Estado do Rio de Janeiro, sobre as atribuições do ‘orientador

pedagógico’, nomenclatura dada ao Supervisor Escolar naquele Estado:

Planejamento, acompanhamento, avaliação e controle:

1.1 - Planejar a dinâmica da orientação pedagógica em consonância com os objetivos da unidade de ensino;

1.4- Acompanhar o desenvolvimento do currículo, em entrosamento direto com a Direção do estabelecimento e a equipe de orientação educacional;

1.5- Avaliar, continuamente, o processo de ensino-aprendizagem com vistas à realimentação do sistema;

1.8- Elaborar, implementar ou opinar sobre projetos de caráter técnico-pedagógico.

Estes documentos revelam a ação tradicional, conservadora e estreita

atribuída ao Supervisor Escolar, que contém em si traços do Inspetor Escolar

que dava ênfase ao ‘controlar’, ‘executar’, ‘fazer cumprir’. A existência deste

profissional continuava, portanto, servindo ao sistema, fazendo com que sua

ação fosse limitada ao que lhe era determinado, cabendo-lhe executar o que

era estabelecido e garantir que os docentes reproduzissem em suas aulas, o

modelo instituído.

Esta época (final dos anos 50 e início dos anos 60) é marcada pela

desqualificação e pela fragmentação do trabalho docente, pois o educador

passa a ser um mero transmissor do conhecimento, considerado como

verdadeiro pelos sistemas de ensino brasileiros em parceria com os Estados

Unidos. Esta prática, denominada “Educação Bancária1” por Paulo Freire

1 Freire designa “Educação Bancária”, a prática pedagógica através da qual o professor

deposita seu conhecimento no aluno, que por sua vez tem apenas a permissão de reproduzi-lo, repeti-lo,

garantindo a manutenção do sistema vigente.

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“deforma a necessária criatividade do educando e do educador” (1996, p.27), e

limita a atuação do Supervisor Escolar.

2.3 Tecnologias na Gestão Escolar

Quando falamos em tecnologias costumamos pensar imediatamente em

computadores, vídeo, softwares e Internet. Sem dúvida são as mais visíveis e

que influenciam profundamente os rumos da educação, porém, o conceito de

tecnologia é muito mais abrangente.

Tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos

para que os alunos aprendam. A forma como nos organizamos em grupos, em

salas, em outros espaços isso também é tecnologia. O giz que escreve na

louça é tecnologia de comunicação e uma boa organização da escrita facilita e

muito a aprendizagem. A forma de olhar, de gesticular, de falar com os outros,

isso também é tecnologia. O livro, a revista e o jornal são tecnologias

fundamentais para a gestão e para a aprendizagem e ainda não sabemos

utilizá-las adequadamente. O gravador, o retroprojetor, a televisão, o vídeo

também são tecnologias importantes e também muito mal utilizadas, em geral.

Quando uma escola pobre diz que não tem tecnologias isso é, em parte

correto, porque sempre estamos utilizando inúmeras tecnologias de

informação e de comunicação, mais ou menos sofisticadas. Na escola

combinamos tecnologias presenciais que facilitam a pesquisa e a comunicação

estando fisicamente juntos e virtuais que, mesmo estando distantes

fisicamente, nos permitem acessar informações e nos mantêm juntos de outra

forma.

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CAPÍTULO III

Neste capítulo abordaremos as Políticas Públicas de Informática e

Educação, os Projetos: EDUCOM, PRONINFE e PROINFO, os Centros de

Informática Educativa - CIEDs.

POLÍTICAS PÚBLICAS DE INFORMÁTICA E EDUCAÇÃO

Operacionalmente, de acordo com Moraes (1995:21), o objetivo do uso

da Informática na Educação era desenvolver e capacitar recursos humanos em

informática, elaborar e desenvolver experiências-piloto a nível educacional,

além do desenvolvimento de softwares educativos, buscando-se com isso

preservar os valores nacionais e estimular a indústria e a pesquisa locais.

As raízes desse processo encontram-se na década de 70, quando as

universidades brasileiras começam a promover seminários para discutir a

respeito do uso de computadores no ensino, a desenvolver experimentos

utilizando a tecnologia como recurso instrumental e a escrever documentos e

artigos a respeito da temática.

Em 1975 a Unicamp promove intercâmbio entre seus pesquisadores e

os do Massachusetts Institute of Technology, o famoso MIT, nos Estados

Unidos, com destaque para Seymour Papert e Marvin Minsky. Desse

intercâmbio nasce um projeto para utilização dos computadores em educação,

utilizando a linguagem LOGO – desenvolvida por Papert -, estando envolvidos

no mesmo um grupo interdisciplinar de especialistas das áreas de

computação, linguística e psicologia educacional. A partir de 1977 o projeto

passou a envolver crianças, sob a coordenação de dois mestrandos em

computação.

Também a UFRGS, no final da década de 70 e início da de 80

desenvolve experiências semelhantes, apoiadas nos estudos de Piaget e

Papert. O Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) do Instituto de Psicologia

explora as potencialidades do computador com a linguagem LOGO, com

crianças de escola pública que apresentavam dificuldades de aprendizagem,

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buscando conhecer e compreender o raciocínio lógico-matemático dessas

crianças bem como as possibilidades de intervenção junto a elas de modo a

promover a aprendizagem autônoma dessas crianças.

Podemos perceber desde as origens do processo de introdução da

informática na educação, um fato que persiste até hoje, ou seja, os educadores

e professores ficam quase à margem desses processos. Os projetos para o

uso da tecnologia na educação envolvem técnicos e especialistas de áreas

relacionadas com a tecnologia, mas não envolvem os profissionais diretamente

envolvidos com a educação - os professores de sala de aula.

Paralelamente às primeiras experiências desenvolvidas nas

universidades, o MEC começa a demonstrar interesse pela área, o que é

evidenciado no Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND - 1975/1979) e no

Plano Setorial de Educação e Cultura (III PSEC - 1980/1985), os quais

apontam o “uso de tecnologias educacionais e dos sistemas de computação

como possíveis instrumentos catalisadores de vantagens para a melhoria da

qualidade da educação” (Moraes, 1993:18) e a importância de manter-se em

dia com os progressos na área mediante a atualização de conhecimentos

técnico-científicos.

Entretanto, o MEC não assume a responsabilidade pela área. Esta fica

a cargo da Secretaria Especial de Informática (SEI), a qual, em 1980 cria a

Comissão Especial de Educação, a fim de realizar estudos sobre a

aplicabilidade da informática na educação, acompanhar as pesquisas

brasileiras em desenvolvimento, conhecer as experiências francesa e

americana e poder, com esses subsídios, gerar normas e diretrizes para a área

de informática na educação.

Nos anos seguintes - década de 80 -, as iniciativas deixam de ser

exclusivas do âmbito das Universidades. Tem início, com base nas

experiências desenvolvidas em outros países, as ações que visam levar

computadores às escolas públicas. Para nortear essas ações realizam-se dois

seminários, a nível nacional, a partir dos quais se definiu os encaminhamentos

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a serem dados no processo de introdução da informática na educação

brasileira.

Em 1981 acontece em Brasília o I Seminário Nacional de Informática na

Educação, promovido pela SEI, MEC e CNPq, o qual, segundo Oliveira

(1997:29), constitui-se no marco inicial das discussões sobre informática na

educação, envolvendo especialistas nacionais e internacionais diretamente

ligados ao processo educacional. Neste seminário tomou-se a posição de que

o uso do computador deveria ser visto como ferramenta auxiliar do processo

ensino-aprendizagem. Surgiram, também, de acordo com Oliveira (1997:30-

31), várias recomendações norteadoras que até hoje influenciam a política

governamental: que as atividades de informática na educação fossem

balizadas por valores culturais, sociopolíticos e pedagógicos da realidade

brasileira; que os aspectos técnico-econômicos não fossem definidos em

função das pressões do mercado, mas em função dos benefícios sócio-

educacionais que pudessem gerar; que o governo viabilizasse recursos para

desenvolver atividades de pesquisa e experimento sobre o uso de

computadores na educação; que o uso de recursos computacionais não

fossem considerados como nova panaceia para enfrentar problemas da

educação básica ou como substituto da carência de docentes e de recursos

instrucionais elementares; que fossem criados projetos-piloto, de caráter

experimental, em universidades, objetivando a realização de pesquisa sobre a

utilização da informática no processo educacional.

Em 1982 realiza-se em Salvador o II Seminário Nacional de Informática

Educativa, tendo como tema central “O impacto do computador na escola:

subsídios para uma experiência piloto do uso do computador no processo

educacional brasileiro, a nível de 2º grau”, contando com a participação de

pesquisadores da área de educação, informática, psicologia e sociologia.

Visando a coleta de subsídios para a criação dos centros-piloto, dentre as

recomendações dos pesquisadores destacam-se:

necessidade de que a presença de computadores na escola fosse encarada como um meio auxiliar no processo educacional, jamais deveria ser visto como um fim em si mesmo, e, como tal, deveria submeter-se aos fins da educação e não determiná-los. Reforçava-se

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ainda a ideia de que o computador deveria auxiliar o desenvolvimento da inteligência do aluno, bem como desenvolver habilidades intelectuais específicas requeridas pelos diferentes conteúdos. Recomendava-se também que as aplicações da informática não deveriam se restringir ao 2º grau, de acordo com a proposta inicial, mas que procurassem atender a outros graus de ensino, acentuando a necessidade de que a equipe dos centros-piloto tivesse caráter interdisciplinar, como condição importante para garantir a abordagem adequada e o sucesso da pesquisa. (Moraes, 1993:20)

3.1 O Projeto EDUCOM

Em 1981, após a realização do I Seminário, o MEC divulga o documento

“Subsídios para implantação de informática na educação”, gerando

instrumentos legais para a criação da Comissão Nacional de Informática na

Educação, a qual veio a ser criada em 1983, sob a denominação de Comissão

Especial de Informática na Educação (CE/IE), no âmbito da SEI e subordinada

ao Conselho de Segurança Nacional (CSN) e à Presidência da República,

integrada por representantes do MEC, da SEI, do CNPq, da Finep e da

Embratel. Estes, segundo Moraes (1993:21-2)

tinham como responsabilidade desenvolver discussões e implementar ações para levar os computadores às escolas públicas brasileiras, ou seja, propor a orientação básica da política de utilização das tecnologias da informação no processo de ensino-aprendizagem, observados os objetivos e as diretrizes do Plano Setorial de Educação, Cultura e Desporto, do Plano Nacional de Informática e do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do país, além de apoiar e acompanhar a implantação dos centros-piloto Moraes (1993).

O Projeto Brasileiro de Informática na Educação – EDUCOM -,

recomendado pela comunidade científica é elaborado em 1983, constituindo-

se numa proposta de trabalho interdisciplinar voltada para a implantação

experimental de centros-piloto, os quais eram considerados como instrumentos

relevantes para a informatização da sociedade brasileira, pois visavam a

capacitação nacional e uma política para o setor. O Projeto era definido como:

um experimento de natureza intersetorial de caráter essencialmente educacional, onde cada entidade pública federal participa, não apenas custeando parte dos recursos estimados, mas também acompanhando o seu planejamento, a sua execução e avaliação, de acordo com a sua vocação institucional, conjugando esforços para garantia de maior impacto dos objetivos pretendidos. (Funtevê, apud Oliveira, 1997:34).

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Tais objetivos, de acordo com Moraes (1995:21), eram os mesmos da

política geral de informática do país. Para operacionalizá-los, as universidades

brasileiras foram convidadas a candidatar-se como sede dos centros-piloto.

Das vinte e seis instituições públicas de ensino superior que se candidataram,

cinco foram escolhidas – Unicamp, UFPE, UFMG, UFRJ, UFRGS. A

oficialização dos centros aconteceu em julho de 1984.

Ainda em 1984 o MEC assume a liderança do processo de

informatização da educação, firma convênio com as universidades e a

Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (Funtevê) – órgão do governo

federal responsável pela coordenação e supervisão da aplicação de tecnologia

educacional – para dar início às atividades de implantação dos centros. O

Centro de Informática Educativa (Cenifor), que havia sido criado em 1982,

vinculado à Secretaria Especial de Informática (Seinf-MEC), tem suas

atribuições regimentais reformuladas para melhor adequar-se à coordenação,

à captação e ao repasse de recursos visando o financiamento do Projeto

Educom. O Cenifor, de acordo com documento do Funtevê, citado por Oliveira

(1997:35), tinha também como finalidade promover a integração dos centros-

piloto e garantir o repasse das informações a outras estruturas da rede federal

e também das redes estaduais e municipais de ensino; acompanhar as

atividades desenvolvidas pelos centros, além de promover as atividades de

discussão sobre a utilização da informática no processo educacional junto a

outros setores da sociedade.

No entanto, em 1985, com o fim do governo militar e a transição

governamental, ocorrem alterações funcionais nas instituições federais com

consequentes mudanças de orientação política e administrativa. A nova

administração do Funtevê entende que a pesquisa não é prioridade, efetiva o

desmonte do Cenifor, o que relega os centros-piloto a uma situação financeira

difícil, ficando a sua sustentação apenas por conta do MEC.

Na visão de Moraes (1993:23), em 1986 inicia-se uma nova fase do

processo, com a criação do Comitê – Assessor de Informática na Educação

(CAIE/MEC), constituído por cientistas de reconhecida competência no país,

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provenientes dos diferentes segmentos da sociedade. O Comitê recomenda a

aprovação do Programa de Ação Imediata em Informática na Educação de 1º e

2º graus, com o objetivo de criar uma infraestrutura de suporte junto às

secretarias estaduais de educação, capacitar professores, incentivar a

produção descentralizada de software educativo, integrar pesquisas que

vinham sendo desenvolvidas pelas diversas universidades e alocar recursos

financeiros no orçamento do MEC para 87, a fim de oferecer o suporte

operacional e a continuidade das ações de informática na educação que

estavam em desenvolvimento.

Em sua estratégia de ação, o Programa propunha, segundo Moraes

(1993:23), a convergência de esforços do setor educacional para a busca de

autonomia tecnológica no país e a capacitação nacional para que a sociedade

brasileira fosse capaz de assumir o seu próprio processo de informatização,

colaborando para o desenvolvimento socioeconômico e político do país. Uma

das primeiras ações desenvolvidas foi a avaliação do Projeto Educom. Ainda

segundo Moraes (1993), o relatório final dizia que, apesar dos problemas, os

centros-piloto vinham desenvolvendo as atividades a que se propuseram, não

havendo dúvidas quando às suas reais possibilidades na consecução das

metas propostas; recomendava também a manutenção do apoio técnico e

financeiro aos centros, maior intercâmbio entre os pares, maior incentivo à

pesquisa.

Em 1987 a Secretaria de Informática do MEC assume a

responsabilidade pelas ações de informática educativa e pela coordenação do

projeto Educom, transferindo os primeiros recursos aos centros. Acontece o

primeiro concurso nacional de software educativo, a implantação do projeto

FORMAR – cursos de especialização em informática na educação lato sensu,

realizados na Unicamp, dedicados a professores das diversas Secretarias

Estaduais de Educação e das Escolas Técnicas Federais –, e a realização da

Jornada de Trabalho de Informática na Educação, em Florianópolis, a fim de

elaborar o plano trienal de informática na educação.

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O relatório de avaliação do Projeto Educom de 1993, conforme Moraes

(1995:22) reitera basicamente os mesmos problemas detectados na década de

80, acerca do repasse dos recursos, o que estava levando ao esvaziamento

dos centros-piloto.

3.2 Centros de Informática Educativa – CIEDs O projeto Formar, uma das ações desenvolvidas pelo CAIE, visava, de

acordo com Oliveira (1997:45-6), a formação de professores e técnicos das

redes municipais e estaduais de ensino de todo o país para o trabalho com

Informática Educativa, de modo a tornarem-se agentes catalisadores junto às

suas redes de ensino. Esses profissionais tinham a incumbência de viabilizar a

implantação de Centros de Informática Educativa (CIEDs) em seus respectivos

estados e municípios e capacitar outros docentes em seu lugar de origem. O

primeiro curso de Informática na Educação realizou-se em 1987, no Educom

(Nied) da Unicamp, e contou com a participação de 52 professores e técnicos

de 24 estados, como alunos, além de componentes dos centros-piloto na

equipe docente.

As diretrizes do curso eram de não apenas formar técnicos para o

trabalho com informática na educação, mas também formar uma massa crítica

de educadores capazes de definir a melhor maneira de utilizar essa tecnologia,

analisando sua contribuição ao processo ensino-aprendizagem e repensando,

se necessário, sua própria metodologia de ensino.

Os CIEDs começaram a ser implantados em 1988, e constituíam-se,

conforme Moraes (1993:24), em ambientes de aprendizagem informatizados,

integrados por grupos interdisciplinares de educadores, técnicos e

especialistas, utilizando programas computacionais de uso/aplicação da

informática educativa. Tais centros tinham como propósito atender alunos e

professores de 1º e 2º graus, de educação especial, e à comunidade em geral;

deveriam constituir-se em centros irradiadores e multiplicadores da tecnologia

da informática para as escolas públicas e os grandes responsáveis pela

preparação de uma significativa parcela da sociedade brasileira rumo a uma

sociedade informatizada.

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Com isso as ações deixam de ser concentradas na esfera federal (MEC)

e passam a contar com a participação das Secretarias Municipais e Estaduais

de Educação, saem do âmbito das Universidades e passam a ocupar as

escolas públicas.

No convênio firmado entre o MEC e as Secretarias de Educação para a

instalação dos CIEDs, coube ao MEC a cessão, em comodato, de

equipamentos e financiamentos de parte dos gastos iniciais, e às Secretarias a

alocação de pessoal, instalações físicas, complementação dos gastos

necessários e manutenção de equipamentos. De acordo com Moraes

(1993:24), cada CIED contaria com o apoio técnico/financeiro do MEC, sem a

imposição de mecanismos e procedimentos; cada estado definiria os rumos da

proposta, de acordo com a capacidade técnico-operacional em termos de

recursos humanos a serem capacitados e dependendo de sua vontade política.

Analisando as propostas dos CIEDs pode-se perceber que, em linhas

gerais, todas apresentam um eixo comum. Mesmo que o objetivo fosse que

cada estado deveria definir o rumo de sua proposta, na prática isso não se

efetivou, pois os professores foram capacitados num único curso - projeto

Formar -, oferecido pela Unicamp, e seguiram a linha adotada pela proposta

do curso.

A linha filosófica que fundamentava as experiências dos CIEDs era a

epistemologia genética de Piaget, a qual traz uma visão do educando como

construtor ativo de suas próprias estruturas intelectuais. Os pesquisadores que

davam suporte ao trabalho eram, em sua maioria, psicólogos – os documentos

não mencionam educadores e pesquisadores de outras áreas -, sendo adotada

uma abordagem cognitivista, seguindo princípios psicopedagógicos. Para

operacionalizar essa linha teórica, os professores deviam ser “treinados” para

poderem fazer uso da linguagem LOGO e passaram a ser denominados

mediadores ou facilitadores. Os projetos concentravam-se nas áreas de

Educação Especial, crianças carentes, meninos de rua e portadores de

distúrbios de aprendizagem. Como o foco dos projetos estava centrado nessas

áreas, fica explicitada uma visão do uso da tecnologia como “terapia”, como

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uma forma de resolver os problemas educacionais e sociais que vinham se

aprofundando ao longo do tempo.

O computador é definido, em todas as propostas, como ferramenta

educacional, devendo ser utilizada para instrumentalizar os alunos nas áreas

de maior demanda no mercado de trabalho: sistema operacional,

processadores de textos, banco de dados, planilha eletrônica, linguagens de

programação e manipulação de utilitários. As sessões em que os alunos

tinham contato com o computador aconteciam uma ou duas vezes por semana,

com duração de mais ou menos 45 minutos cada, em horários extra-classe,

transformando-se em cursos de profissionalização de adolescentes que

visavam a consolidação da capacidade técnica e o aprofundamento em

programação.

Enquanto operacionalmente essa era a prática que se apresentava, o

discurso seguia um outro viés. As propostas apresentavam como objetivos a

formação do homem integral, para o exercício pleno da cidadania, o

desenvolvimento de potencialidades humanas, o oferecimento de novas

possibilidades de integração social através da qualificação profissional. Para o

CIED/ES

os procedimentos metodológicos dos professores/mediadores estão embasados em propostas educacionais que levem à valorização do indivíduo na sociedade, através do desenvolvimento de seu raciocínio lógico, na busca da harmonização consigo mesmo e com o meio em que vive. (CIED/ES, 1993:89)

Já para o CIED/RS,

a informática, em suas aplicações no espaço pedagógico, faz-se presente no sentido de oferecer a alunos e professores recursos que enriqueçam as estratégias didáticas. Seu objetivo maior é possibilitar ao aluno meios eficientes de integração com a realidade circundante, a partir do desenvolvimento do discernimento, da compreensão da sua própria maneira de aprender. Assim sendo, o ensino deixa de privilegiar o mero “repasse” do conhecimento, já desenvolvido nos diversos campos da atividade humana, e acentua a importância da interação consciente de cada indivíduo com o seu entorno, o que possibilitará um estado mais significativo de harmonia e coerência interna. (Canabarro, 1993:99)

Além de uma linha comum a todas as propostas, pode-se perceber uma

grande distância entre os objetivos e as ações desenvolvidas pelos CIEDs, o

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que evidencia a falta de uma proposta própria, fundamentada e

contextualizada. Mais uma vez, os professores ficaram à mercê de um discurso

e de uma prática impostos de cima.

3.3 Programa Nacional de Informática Educativa – PRONINFE De acordo com Oliveira (1997:48), mesmo com a criação dos CIEDs a

Política Nacional de Informática Educativa ainda não estava definida por

completo. Buscando contribuições e recomendações de pesquisadores,

técnicos, empresários e autoridades na área, para a definição do modelo de

informatização educacional a ser seguido pelo governo brasileiro, foi realizada

em 1987, em Florianópolis, a “Jornada de Trabalhos de Informática na

Educação: Subsídios para Políticas”. Dentre as recomendações feitas pelos

participantes, Oliveira (1997:48) destaca:

promoção de pesquisas e estudos sobre os impactos políticos, pedagógicos e sociais do uso do computador na educação; preparação de profissionais da educação, visando conciliar o uso do computador com o processo de ensino-aprendizagem; implantação de uma política de formação de recursos humanos que não seja determinada por interesses industriais e mercadológicos; rejeição a posições de defesa do computador na educação que tenha como origem o modismo tecnicista OLIVEIRA (1997: 48).

Tendo como base essas recomendações, foi elaborado em 1989 o

Programa Nacional de Informática Educativa – PRONINFE, integrado à

Secretaria Nacional de Educação Tecnológica/MEC, que buscava,

prioritariamente,

incentivar a capacitação contínua e permanente de professores, técnicos e pesquisadores no domínio da tecnologia de informática educativa, em todos os níveis e modalidades de ensino, reconhecendo sua importância como instrumento capaz de enriquecer as estratégias pedagógicas e de estimular o surgimento de novas metodologias incentivadoras da participação, da criatividade, da colaboração e da iniciativa entre alunos e professores, visando à melhoria da qualidade da educação. (Brasil, 1993:71)

Para o desenvolvimento de suas finalidades o Programa previa o apoio

à criação e implementação de Centros de Informática na Educação distribuídos

em todo o país, atendendo aos ensinos fundamental, médio e superior e à

educação especial, junto às Secretarias de Educação, Universidades e

Escolas Técnicas Federais. Esses centros constituíram-se em três categorias

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distintas, de acordo com seus campos de atuação: Centros de Informática na

Educação de 1º e 2º graus (CIEd), Centros de Informática na Educação

Tecnológica (CIET) e Centros de Informática na Educação Superior (CIES).

Considerando a crescente informatização da sociedade brasileira e a

necessidade de conhecimento científico e desenvolvimento de tecnologia de

informática específica para o setor da educação, o PRONINFE (Brasil,

1993:73-4) destacava dentre suas diretrizes: prioridade à pesquisa básica e

aplicada; formação de recursos humanos; produção e avaliação de softwares

educativos; busca de uma configuração básica de equipamentos, de custo

reduzido, produzidos pela indústria nacional; canalização de recursos

financeiros para levantamento do “estado da arte”, formação e

aperfeiçoamento de pesquisadores, pesquisas e estudos sobre o impacto da

informática no setor educacional, construção e utilização de ferramentas

computacionais adequadas e avaliação do sistema.

Em 1991, a Informática Educativa ganha espaço na lei que regula a

Política de Informática no Brasil, cabendo ao MEC a responsabilidade pela

implementação de ações de formação de recursos humanos na área de

informática. Para tanto, foram inclusos na parte orçamentária, recursos para a

implantação de Centros de Informática Educativa e execução das ações do

Proninfe.

Embora nesse período tenham surgido algumas pesquisas, elas não

conseguiram romper com o modelo tecnicista e tecnocrático porque, apesar de

a política ser nacionalista, a técnica e os técnicos que sustentavam tal política

estavam atrelados à ideologia americana. Até o início da década de 90, a

lógica do modelo é a da:

maior acumulação e concentração de capital e renda (via tecnocratas), que tudo submete ao preceito da maior racionalidade, da maior eficiência e da maior produtividade. As questões fundamentais como a posse democrática do conhecimento e as formas de apropriação mais equânimes da riqueza produzida pelo conjunto da sociedade ainda não foram suficientemente discutidas e postas em prática pelos técnicos e mesmo por muitos pesquisadores envolvidos com os projetos de informática educacional. Em suma, até o início da década de 90 ainda há uma subordinação ao padrão tecnológico internacional - também valorizado pelos setores

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considerados nacionais - o que tem gerado um processo político ainda tecnicista, elitista e excludente. (Moraes, 1995:21)

Um processo tecnicista, elitista e excludente, porque a política da

Informática na Educação no Brasil tem se apresentado como uma história

paralela à da Política Educacional Brasileira, por ocorrer à parte dos trâmites

formais de definição e avaliação das políticas públicas, alijando do processo

decisório não só os educadores e a comunidade científica, como o próprio

Congresso Nacional. É uma política tecnocrática, mesmo que após 87 o MEC

tenha conseguido tomar para si a tarefa de definir a política de informatização

do ensino público, como uma das atividades do Programa Nacional de

Informática na Educação.

O que vimos na década de 90 foi a manutenção de um sistema no qual

os professores são, como sempre, dirigidos de fora. As políticas e estratégias

são elaboradas pelos governos, empresas e órgãos, nacionais e

internacionais, e chegam à escola com o objetivo de colocá-la no caminho

certo, relegando os educadores a figurantes de uma montagem que incluí

altíssimas verbas para a produção e para os patrocinadores, pouco restando

para os professores, os quais deveriam ser os principais atores do processo.

3.4 Programa Nacional de Informática na Educação – PROINFO

Seguindo a mesma linha dos programas anteriores, foi apresentado, em

1997, pelo MEC, um novo Programa Nacional de Informática na Educação

(Brasil, 1997a) - elaborado pela Secretaria de Educação à Distância (SEED) e

patrocinado pelo BIRD. Tal programa tem por objetivos explícitos melhorar a

qualidade do processo de ensino-aprendizagem, possibilitar a criação de uma

nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante incorporação

adequada das novas tecnologias da informação pelas escolas, propiciar uma

educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico e educar

para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida,

onde a informação desempenhará um papel cada vez mais estratégico.

Entretanto, ao longo do discurso estão explícitos e implícitos outros

objetivos, tais como: “diminuir as diferenças de oportunidade de formação

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entre os alunos do sistema público de ensino e os da escola particular, esta

cada vez mais informatizada”; disseminar a tecnologia nas escolas brasileiras

a fim de que os alunos adquiram conhecimentos sobre computadores, para

ingressar no mercado de trabalho em condições competitivas. É objetivo ainda,

assegurar à educação pública um alto padrão de qualidade, eficiência e

equidade, e modernizar a gestão escolar, dentro dos moldes do modelo

econômico brasileiro (Brasil, 1997a).

Efetivamente, ainda hoje não está claro qual o objetivo do Programa.

Em depoimento à Folha de São Paulo, Claudio Salles, diretor do Proinfo diz

que “não podemos deixar uma geração analfabeta tecnologicamente”,

enquanto Pedro Paulo Poppovic, secretário de Educação à Distância do MEC,

responsável pela elaboração do Programa, diz que “é indiscutível que você

tem que saber mexer em computador para arrumar emprego. Com o

computador na escola você profissionaliza todo o ensino” (Folha, 1998). Para

Pretto (1999:19), “esse tem sido com frequência o argumento para a

introdução das novas tecnologias na educação. Uma tentativa de colocar a

escola em consonância com os chamados tempos modernos”, sendo este

também o argumento utilizado em muitos outros países.

O atual programa, apesar de apresentar uma certa abertura, uma vez

que levou em consideração as discussões realizadas pela III Reunião

Ordinária do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação -

CONSED -, mantém a mesma essência tecnocrática dos demais.

Uma pequena parcela de educadores e pesquisadores vem

desenvolvendo uma postura mais crítica frente ao tecnicismo federal e às

pressões internacionais e nacionais, no sentido de “vender pacotes educativos

computacionais” (Moraes, 1995:23) de qualidade duvidosa e alheios à

realidade social e cultural do povo brasileiro, valorizando mais o aspecto

mercantil do que o pedagógico. Entretanto, tal postura não tem demonstrado

força suficiente para romper com a lógica a que estão submetidas as políticas

públicas brasileiras.

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Por trás de todo o discurso governamental sobre a melhoria da

qualidade da educação pública percebe-se a influência da lógica do mercado -

as escolas representam um grande potencial consumidor da tecnologia -, o

que pode ser percebido no depoimento do assessor do Secretário de Ciência e

Tecnologia do Estado do Rio Grande do Sul:

Isso é do interesse de muita gente. É do interesse de fabricante de computador que quer vender computador e um mercado bom é informatizar as escolas. Isso é do interesse das escolas que já estão cansadas de só ver computador na televisão, na propaganda, no jornal. Querem ter um. Então isso vai ao encontro do desejo de muitas pessoas. Silveira (1996)

Para a primeira fase do PROINFO (Brasil, 1997a), biênio 97-98, foi

previsto um custo de R$476 milhões para capacitação e suporte, aquisição de

equipamentos, adaptação das instalações físicas, cabeamento das escolas e

dos NTE (redes locais) e custeio das equipes. Na apresentação das diretrizes

do PROINFO, o Programa expressa que uma garantia de otimização dos

vultosos recursos públicos investidos reside no:

respeito à autonomia pedagógico-administrativa dos sistemas estaduais de ensino, o que levou o MEC a propor a implementação descentralizada do Programa, tornando-o flexível e contextualizado. Isto evita os riscos de ignorar peculiaridades locais, rumos já traçados e esforços desenvolvidos ou em desenvolvimento por outras esferas administrativas, ampliando assim as possibilidades de êxito. (Brasil, 1997a)

Entretanto, nas demais seções, a forma como as ações foram

articuladas não deixam perceber como isso será operacionalizado. O

programa prevê a descentralização no processo de elaboração e aprovação

dos projetos, na implantação dos NTEs por regiões, mas volta a centralizar na

hora de organizar os NTEs e avaliar os resultados.

A elaboração dos projetos estaduais deveriam seguir roteiro aprovado

pelo CONSED, respeitando as diretrizes nacionais do MEC, ao qual deveriam

ser encaminhados para análise e aprovação. Da mesma forma, as escolas

deveriam elaborar seus projetos seguindo as orientações do projeto estadual,

sendo que os projetos das escolas deveriam ser analisados por uma comissão

julgadora constituída em cada estado. Os projetos aprovados nos Estados

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deveriam ser encaminhados ao MEC para fins de análise, podendo haver, por

parte deste último, solicitações de alteração ou complemento de informação.

Na seção de avaliação o Programa prevê que:

se estabeleça um processo de acompanhamento e avaliação, com definição de indicadores de desempenho que permitam medir, além dos resultados físicos do Programa, o impacto da tecnologia no processo educacional e as melhorias na qualidade, eficiência e equidade do ensino de 1º e 2º graus. O estabelecimento de critérios de acompanhamento e dos indicadores deverá contar com a participação da Secretaria de Avaliação e Informação Educacional do MEC - SEDIAE. A fim de determinar o ponto de partida da avaliação, deverá ser realizado pelo SEEC/MEC (Serviço de Estatística da SEDIAE) um censo sobre a situação atual da informatização da escola pública brasileira (marco zero da avaliação). A avaliação do Programa deverá incluir indicadores tais como: índices de repetência e evasão; habilidades de leitura e escrita; compreensão de conceitos abstratos; facilidade na solução de problemas; utilização intensiva de informação em várias fontes; desenvolvimento das habilidades de trabalho em equipe; implementação de educação personalizada; acesso à tecnologia por alunos de classes sócio-econômicas menos favorecidas; desenvolvimento profissional e valorização do professor. (Brasil, 1997a)

Nas recomendações gerais para a preparação dos Núcleos de

Tecnologia Educacional - NTEs (Brasil, 1997b) está explícito como “deve” ser

a configuração dos equipamentos e o ambiente de trabalho, chegando a definir

as dimensões, o lay-out e o material das salas e do mobiliário.

Fica a dúvida de como é possível respeitar a autonomia pedagógico-

administrativa, as peculiaridades locais, com tantas diretrizes a serem

seguidas e cabendo a um único órgão o aceite final e a avaliação do trabalho.

Uma conseqüência disso pode já ser detectada ao visitar as home-pages dos

NTEs. De maneira geral, há um mesmo eixo organizador do trabalho. As bases

teóricas continuam sendo os pressupostos piagetianos. O objetivo do trabalho

é a inserção do aluno no mundo globalizado. Todos trabalham com “pedagogia

de projetos” seguindo as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais –

PCN. A ênfase do trabalho está centrada no uso de editor de textos, editor de

gráficos, planilhas eletrônicas, banco de dados, Internet, os quais são

utilizados para operacionalizar tais projetos. Novamente o computador é visto

como “ferramenta auxiliar”/”recurso didático”, o professor é visto como

“facilitador” que vai ser preparado pelos “multiplicadores”, os quais deverão

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disseminar “o mesmo” para muitos. Pode-se perceber que a perspectiva

apresentada não vai muito além do trabalho realizado pelos CIEDs há alguns

anos. Tanto a política, quanto os resultados parecem ser sempre os mesmos!

De acordo com o Relatório científico do projeto “Mapeando a produção

acadêmica sobre Educação e Tecnologias de Informação e Comunicação na

Internet”2, de um modo geral, as home-pages dos NTEs não têm sito

atualizadas desde a sua criação, o conteúdo restringe-se ao programa

desenvolvido em 1999, não disponibilizam textos ou artigos, nem links para

outros sites. Muitos dos links existentes para o próprio site não estão ativos.

Isso demonstra que as potencialidades da rede não estão sendo utilizadas. Em

lugar de explorar as características de dinamicidade, hipertextualidade e

atualidade que a rede oferece, vemos a continuidade das características do

texto escrito no suporte papel, ou seja, a cristalização, a estaticidade, o

fechamento.

Os NTEs se configuram como estruturas de apoio ao processo de

informatização das escolas. Tomando por base o que se apresenta na maioria

das home-pages, conclui-se que esse apoio é muito mais de ordem técnica do

que pedagógica, uma vez que não avança em questões que são centrais para

a educação, dentre elas, o uso das potencialidades da rede.

Também está previsto que os NTEs terão “um papel de destaque no

processo de formação da Rede Nacional de Informática na Educação, atuando

como concentradores de comunicações para interligar as escolas a eles

vinculadas a pontos de presença da Internet e da Rede Nacional de Pesquisa -

RNP. Desta forma, poderão ser obtidas economias substanciais de escala nos

custos de telecomunicações do Programa” (Brasil, 1997a). Entretanto, em

nenhum dos documentos disponíveis no site do Proinfo está explicitado como

isso deverá ser operacionalizado e nem mesmo a sua articulação aos demais

órgãos do governo envolvidos na questão.

2 Projeto cooordenado por Nelson De Luca Pretto – Programa de Pós-Graduação /

FACED/UFBA.

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Sentimos também a falta de referência, no site do Proinfo3, à Lei Geral

das Telecomunicações (LGT) e ao Fundo de Universalização dos Serviços de

Telecomunicações (FUST), considerando-os como básicos em termos de

políticas públicas para a área educacional. O mais surpreendente é que:

no encontro para discutir e traçar as diretrizes do Proinfo com os chamados multiplicadores – os professores e professoras responsáveis pelos NTEs – ocorrido em Brasília de 3 a 7 de maio de 1999, não tenha ocorrido nenhuma discussão à tramitação da referida lei. Nem na programação nem no relato final existe uma linha sequer sobre a conexão das escolas e dos NTEs. Observando mais detalhadamente o programa do encontro visualiza-se perfeitamente a ênfase no uso do software educacional e a forte presença da indústria responsável pela produção de softwares. (Pretto, 1999:21).

Para Pretto (1999), a rede é um dos elementos fundamentais e alguns

países como: Inglaterra, Suécia, Espanha, Portugal e Chile, têm

experimentado isso. Entretanto, no Brasil, apesar de ter existido um avanço em

várias áreas no sentido de implantação de uma rede acadêmica e educacional,

ainda percebe-se uma não vontade política no sentido de considerar a rede o

elemento estruturante de novos processos pedagógicos. Os documentos

continuam a reforçar uma ênfase à utilização de softwares educacionais e não

na política de conexão.

Pretto afirma que:

colocar as escolas públicas conectadas à Internet é um dos importantes meios para fortalecer a produção de conhecimento e de cultura de crianças, jovens, adolescentes, professores e comunidade. É um importante elemento estruturante que pode possibilitar a escola passar do patamar de simples consumidora, para o de produtora de conhecimento e de cultura” (Pretto, 1999:24).

Para tanto, é necessário compreender o papel das políticas de

telecomunicações e a responsabilidade dos empresários que atuam na área,

bem como a necessidade de definir claramente um plano que garanta o

acesso das escolas e bibliotecas públicas à rede, sendo um passo importante

nesse sentido à regulamentação do FUST.

3 http://www.proinfo.gov.br/

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CAPÍTULO IV

Neste capítulo, abordaremos as Tecnologias da Informação e

Comunicação no ambiente educacional, seus pontos positivos e negativos da

implementação na Educação Infantil, sob o ponto de vista de alguns autores

como: Zacharias (2005), Borba (2001), Setzer (1994), entre outros.

TECNOLOGIA EDUCACIONAL

A educação na sociedade contemporânea, precisa aproveitar todas as

possibilidades comunicativas e informativas das novas tecnologias para

consolidar um ensino transformador e crítico e de qualidade. (KENSKI, 2007)

É de suma importância que, antes de introduzir qualquer tecnologia,

haja uma avaliação antecipada, que permita conhecer a sua constituição e as

possibilidades de utilização. Assim, será possível prever o alcance da

tecnologia no processo que está sendo empregada a fim de verificar sua

influencia e interferência na prática pedagógica que será implementada.

Esta avaliação deve compreender as relações sociais e ambientais,

cognitivas e educacionais. Rocha (2008), afirma que:

A avaliação no âmbito social deve considerar a relação entre as pessoas intercedidas ou propiciadas pela tecnologia, a fim de constituir as normas de convivência, a frequência e a intensidade em que se darão as trocas de informações e conhecimentos. ROCHA (2008)

No que diz respeito ao fator ambiental deve-se perceber a interferência

que a tecnologia terá como o espaço de atuação. No âmbito cognitivo, faz-se

necessário refletir sobre as relações que a inteligência humana terá com a

tecnologia são um ponto importante de análise. No campo da subjetividade

humana é importante considerar as relações do indivíduo consigo mesmo

mediada pela tecnologia ou aquelas por ela propiciada.

A tecnologia não pode, sob nenhum pretexto, ser utilizada sem nenhum

preparo prévio, sem planejamento, ou simplesmente como um passatempo

para a resolução de problemas momentâneos. Elas nos fornecem uma

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flexibilização dos processos de ensinar e aprender, abrindo as escolas para o

mundo e trazendo o mundo para as escolas, dessa forma, a inserção das TICs

como ferramentas pedagógicas é de suma importância para o segmento

educacional.

A escola não pode abandonar seu papel de estimular a construção

permanente do conhecimento e essa função assume maior relevância nas

sociedades radicalmente modernas, como TAKAHASCHI (2000) indica:

Educar na sociedade da informação é mais que treinar pessoas para o uso das tecnologias de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, aplicar criativamente as novas mídias, seja em uso simples e rotineiros, seja em aplicações mais sofisticadas. TAKAHASCHI (2000), p.45.

Necessário se faz entender a função da educação e das TICs na

construção de uma sociedade mais democrática, onde a inclusão social e a

formação integral do indivíduo seja de fato, uma prioridade capaz de fazer com

que as pessoas desenvolvam habilidades para processar as informações e, a

partir delas, gerar novos conhecimentos que tragam benefícios a si mesmos e

a sociedade em geral.

Apesar do contato que as crianças têm com as tecnologias, muitos

professores ainda se mostram resistentes à introdução das TICs no ambiente

escolar. VANI KENSKI (2005) assinala que:

Favoráveis ou não, é chegado o momento em que nós, profissionais da educação que temos o conhecimento e a informação como matérias primas, enfrentemos os desafios oriundos das novas tecnologias. Esses enfrentamentos não significam a adesão incondicional ou a oposição radical ao ambiente eletrônico, mas ao contrário, significa criticamente conhecê-los; para saber suas vantagens e desvantagens; de seus riscos e possibilidades; para transformá-los em ferramentas e parceiros em alguns momentos e dispensá-los em outros instantes. VANI KENSKI (2005) p.61.

Sem dúvida alguma, a inserção das TICs no ambiente escolar requer

não somente uma mudança na prática docente, mas uma flexibilização do

projeto educacional das instituições que se propõem a introduzir as

tecnologias em seu cotidiano. Como afirma ALMEIDA (2005):

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Para incorporar as TICs nas escolas, é preciso ouvir, vencer desafios, articular saberes, tecer continuamente a rede, criando e desatando nós conceituais que se inter-relacionam com a integração de diferentes tecnologias, com a linguagem hipermídia, as teorias educacionais, a aprendizagem do aluno, a prática do educador e a construção da mudança em sua prática, na escola, na sociedade. Essa mudança torna-se possível ao propiciar ao educador o domínio das TICs, e o uso destas para inserir-se no contexto e no mundo, representar, interagir, refletir, compreender e atuar na melhoria de processos e produções, transformando-se e transformando-o. ALMEIDA (2005) p.73.

O uso das TICs aplicadas à educação exige uma mudança de postura

dos atores envolvidos nesta utilização: o professor precisa estar aberto a

mudanças em suas práticas pedagógicas, inovando-a, enriquecendo-à frente

as descobertas dessa sociedade marcada pelas constantes mudanças no que

diz respeito à informação e a comunicação e o aluno necessita estar

comprometido com seu próprio aprendizado, reconhecendo-se como sujeito

ativo no processo de ensino-aprendizagem.

Torna-se necessário dinamizar o processo de ensino, contudo, ao se

pensar em uma tecnologia que seja educacional é fundamental planejar e

refletir sobre tal ferramenta, haja vista que toda ação educativa deve ser

intencional, com objetivos e finalidades previamente definidas.

Com a tecnologia educacional e seus meios inseridos de forma efetiva

no processo de ensino, “caminhamos para formas de gestão menos

centralizadas, mais flexíveis e integradas. Para estruturas mais enxutas...

Haverá maior participação dos professores, alunos, pais, da comunidade na

organização, gerenciamento, atividades, rumos de cada instituição escolar”

MORAN (2000).

4.1 Pontos positivos e negativos da utilização das TICs na

Educação Infantil

A facilidade na aquisição e acesso às tecnologias permitiu que os

computadores chegassem às salas de aula, inclusive na educação infantil,

porém, não podemos esquecer que existem pontos positivos e negativos

nessas implantações.

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Segundo ZACHARIAS (2005), o desenvolvimento da criança é um

processo equilibrado no qual o crescimento intelectual está intimamente

vinculado ao crescimento dos aspectos afetivos e sociais, que em hipótese

alguma podem ser colocados em segundo plano, pela ênfase dada a aspectos

estritamente cognitivos ou até mecanicistas. Para o autor citado acima:

Quando a Informática Educativa é bem planejada e implantada, a criança só tem a ganhar ao trabalhar com jogos, ou qualquer outro tipo de software que lhe dê possibilidades de aprofundar, reelaborar, ou até iniciar a construção de um conhecimento inserido em um contexto que respeite o seu processo de desenvolvimento e, por conseguinte esteja em consonância com os objetivos próprios da escola de educação infantil. (ZACHARIAS, 2005)

Vários são os pontos positivos, que devem ser levados em

consideração, referenciados por ZACHARIAS (2005);

Não ter como objetivo o ensino da computação, e sim sincronizar

a proposta pedagógica da escola com o uso do computador;

Estar claro para os educadores que o computador serve como

uma ferramenta para realizar e/ou complementar a construção de

conceitos em quaisquer áreas de atividades, através de uma

abordagem lúdica;

Que a criança esteja livre para explorar a máquina, que seja

ferramenta para resolver problemas ou realizar tarefas como

desenhar, pintar, analisar, classificar, seriar, abstrair, estabelecer

relações, escolher alternativas de ação, etc.

Que os educadores estejam capacitados, treinados e orientados

para trabalharem junto aos computadores, que eles tenham

noções básicas de como utilizar a máquina, não necessariamente

um conhecimento detalhado ou até mesmo técnico, mas um

conhecimento que lhes permita resolver tarefas simples, como

por exemplo, instalação de um software, impressão de uma

atividade, entre outras, e ainda o docente saiba como o aluno

constrói o seu conhecimento, as etapas do desenvolvimento

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infantil, para que se possam realizar escolhas dos softwares

adequados e aplicações de atividades apropriadas.

Segundo BORBA (2001):

O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no momento atual inclua, no mínimo, uma ‘alfabetização tecnológica’. Tal alfabetização deve ser vista não como um curso de Informática, mas, sim, como um aprender a ler essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais, tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noções espaciais etc. E nesse sentido, a Informática na escola passa a ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania. (BORBA, 2001)

Existem divergências entre autores sobre a implementação da

informática na educação infantil: para SETZER (1994), o uso da informática na

educação infantil é danoso para as crianças e compromete o seu

desenvolvimento saudável. Defende, ainda, que o aceleramento no

desenvolvimento intelectual da criança pode ter efeitos prejudiciais no seu

crescimento global porque força a criança a comportar-se e pensar como um

adulto. Para o autor:

Toda aceleração da maturidade de crianças e jovens é altamente prejudicial a eles: em educação não se pode pular etapas (...) outro perigo é desenvolver capacidade de pensar formalmente sem que os sentimentos e a base física sejam adequados para isso. (SETZER, 1994)

Já na visão de PRETTO (2000), a informática e as tecnologias são

partes integrantes do mundo atual, e o computador não tem objetivo de ser

mais um recurso pedagógico, mas um novo componente na educação.

Segundo o autor:

(...) também já quase senso comum, é entender que o uso dessas tecnologias será um fracasso, sem dúvida, se insistirmos na sua introdução como ferramentas, apenas como meros auxiliares do processo educacional, de um processo “caduco” que continua sendo imposto ao cotidiano das pessoas que vivem outro momento histórico. (PRETTO, 2000)

A partir do momento que a escola decide implantar a informática em seu

plano pedagógico, deve-se haver uma grande preocupação entre os objetivos

a serem alcançados por ela e pelos professores envolvidos neste processo.

Uma preparação e formação de educadores para estarem atuando com

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parâmetros críticos e de forma correta nesta nova era tecnológica. (CUNHA,

2005).

4.2 Softwares Educacionais

Os jogos educacionais têm como objetivo ajudar o aluno no processo de

aprendizagem, motivando o aluno através de imagens, sons e efeitos para

maior interação entre aluno e computador.

Os jogos constituem um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento do educando. Eles desenvolvem a atenção, disciplina, autocontrole, respeito a regras e habilidades perceptivas e motoras relativas a cada tipo de jogo oferecido. Os jogos podem ser trabalhados de forma individual ou coletiva, sempre com a presença do educador para estimular todo o processo, observar e avaliar o nível de desenvolvimento dos educandos e diagnosticar as dificuldades individuais, para poder produzir estímulos adequados a cada um. (RIZZO, 1988, p.48)

Os jogos educacionais podem explorar diversos aspectos na construção

do conhecimento: exercício e construção de algo determinado, raciocínio e

associação de ideias que possam atingir determinadas metas, à aplicação de

determinadas regras e à concentração que auxiliam no crescimento individual

e ao desenvolvimento de confiança, autonomia e iniciativa dos seus usuários.

Os computadores, com aplicações em diversas áreas do conhecimento,

são também recursos úteis em atividades de ensino e de aprendizagem, pois

divertem enquanto educam: motivam, facilitam o aprendizado e aumentam a

capacidade de compreensão dos assuntos abordados. Além disso, permitem o

reconhecimento e o entendimento de regras, a identificação dos contextos em

que elas estão sendo utilizadas e a invenção de novos contextos para a

modificação das mesmas. É cada vez maior a utilização de softwares

educacionais.

Os jogos educacionais podem ser desenvolvidos de acordo com as

necessidades dos alunos, da escola e de seus professores, tornando-se um

novo instrumento de ensinar.

O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os

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métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1974)

Citamos alguns exemplos de softwares educacionais que podem ser

utilizados com crianças na faixa etária de 2 a 7 anos: G-Compris (Anexo 1),

Tux Paint (Anexo 2) e HagáQuê (Anexo 3), que possuem um vasto número de

exercícios disponíveis de forma livre e/ou gratuita. Alguns aplicativos possuem

pontos muito positivos quanto a sua utilização e podem ser facilmente

personalizados para uma atividade específica voltada para uma determinada

região ou um evento que ocorra de forma esporádica.

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CONCLUSÃO

Ao longo desses quase 30 anos de história da imbricação entre as

Tecnologias de Informação e Comunicação e a Educação, o que se pode

perceber como os principais objetivos apresentados pelos projetos de uso das

TICs na educação é a informatização da sociedade, a formação de recursos

humanos que essa sociedade informatizada necessita para funcionar e a

potencialização do desenvolvimento econômico do país. O sistema

educacional brasileiro tem sido utilizado como uma mera estratégia para a

consolidação dos fins propostos por outras áreas, em especial a área

econômica e a área técnico-científica.

As finalidades próprias do sistema educacional têm sido relegadas a um

patamar secundário, o que tem feito com que seus atores, principalmente os

professores, permaneçam num nível de subserviência às imposições externas.

O que vemos nos discursos oficiais brasileiros para essa área é, sempre, a

escola sendo dirigida de fora e de cima, com os projetos de comunicação,

como o TV Escola, e os projetos de Informática na Educação, com a inserção

dos computadores na escola, Pretto diz que:

instrumentos - mais modernos! – de verticalização do sistema no sentido de se montarem grandes bancos de dados e programas à distância para serem consumidos, numa apregoada interatividade que coloca professores e alunos apenas num patamar da chamada qualidade mínima. Não se vê nessas políticas, a vontade de promoção de uma formação básica sólida que possibilite professores, usando as tecnologias, readquirirem o seu papel fundamental de lideranças dos processos educacionais. (Pretto, 1999:19)

Como consequência dessa falta de formação básica dos professores,

podemos perceber a incorporação e reprodução do discurso oficial no discurso

desses profissionais, especialmente no que diz respeito à busca de uma

cultura informática que possibilite a todos o acesso às inovações de forma a

prepararem-se para o mercado de trabalho, sem o questionamento de qual

mercado de trabalho é oportunizado pelo modelo econômico vigente.

Essa postura tem conduzido a uma visão de que as TICs são apenas

recursos instrumentais, auxiliares do processo pedagógico, e não elementos

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estruturantes de novos processos. Entretanto, para que essa nova visão passe

a fazer parte das representações dos atores do sistema educacional é

necessário que se oportunize a todos eles as condições para tornarem-se

sujeitos, sujeitos singularizados - críticos, capazes de refletir, julgar, agir e

interagir, livres do processo de assujeitamento a que vêm sendo submetidos

pelas políticas públicas educacionais ao longo de décadas.

As práticas pedagógicas inovadoras acontecem quando as instituições

se propõem a repensar e a transformar a sua estrutura sólida em uma

estrutura flexível, dinâmica e articuladora. A possibilidade de sucesso está em

se considerar os professores não apenas como os executores de um projeto

de inclusão da informática nas salas de aula, responsáveis pela utilização dos

computadores e consumidores dos materiais e programas escolhidos pelos

idealizadores do projeto, mas principalmente como parceiros na concepção de

todo o trabalho e principalmente sendo incentivados pelos supervisores. Além

disso, os professores e os supervisores devem ser formados e qualificados

adequadamente para poderem desenvolver e avaliar os resultados desses

projetos.

Cabe aos Supervisores o incentivo para atender as deliberações legais

da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) e aplicarem as inúmeras

ferramentas computacionais disponíveis em suas aulas regularmente, pois

essa inserção segue a melhor pedagogia, porque é nessa idade,

precisamente, que os estímulos educativos têm maior poder de influência

sobre a formação da personalidade e o desenvolvimento da criança. Trata-se

de um tempo que não pode estar descurado ou mal orientado. Esse é um dos

temas importantes para o Plano Nacional de Educação (PNE), tendo em vista

que este estudo mostrou que é necessária uma mudança de paradigmas no

que se refere à implementação da informática para as crianças, sem sombra

de dúvidas as TICs são fundamentais no processo de ensino-aprendizagem.

A escola deve ser um ambiente acolhedor, estimulante, adequado,

equipado e atualizado, capaz de proporcionar e favorecer aprendizagens

significativas. Deve visar ao bem-estar do ser humano enquanto aprendiz (seja

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ele professor, aluno ou família), proporcionar interações positivas e que gerem

reflexões e ações produtivas que sirvam ao desenvolvimento do ser humano

enquanto cidadão. Para que se efetivem mudanças reais na escola, para que

amesma se torne um ambiente propício e estimulador não só de novas

aprendizagens, mas também servir à convivência social e à formação integral

do indivíduo é preciso torná-la uma escola reflexiva, ou seja, um ambiente para

análise e possíveis reconstruções tanto em relação ao Sistema Educacional,

como em relação ao aluno. No entanto, para que uma escola se torne

reflexiva, o professor é o agente essencial, capaz deportar relevantes

capacidades para ocasionar mudanças benéficas e uma melhor qualidade

devida aos educandos, através da transformação em uma escola eficaz e

prazerosa. A esse professor cabe o buscar, constantemente, melhorias na

qualidade de Ensino, o que requer pensar a educação pela sua epistemologia,

para conscientizar-se de que os novos tempos estão a exigir que a ação

docente inclua: pesquisa, observação, registros, enfim, partir de uma

metodologia dialética, pautada em técnicas do tipo “pesquisa”, que exige do

aluno que realmente ocorra aprendizagem. Na escola, cabe ao professor atuar

como um orientador da aprendizagem do aluno, e ao Supervisor o papel de

mediador e facilitador da transformação do ambiente Escolar em um ambiente

produtivo, enriquecedor, moralizador, transformador de capacidades

superiores e que sirvam à coletividade; do trabalho do professor em um

eficiente atualizado processo educativo e a aprendizagem dos alunos um

caminho que sirva para seu crescimento integral e formação pelos

conhecimentos e competências. Na constante aprendizagem proporcionada ao

professor durante todos os momentos na qual ensina e interage, está a

essência da capacidade do professor de ser um constante orientador e

estimulador do aluno, quando este não é devidamente motivado para sua ação

pedagógica, quando não pode contar com um profissional especializado e

quando não tem formação e atualização para empreender em uma prática

pedagógica mais adequada às novas necessidades e anseios dos educandos.

Embora já se saiba como deve ser a Escola, o Professor e o Supervisor

Escolar – responsáveis diretos pela propagação de Educação eficiente – ao

Supervisor, está fundamentado, pela sua profissão e atribuições, o

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proporcionar uma constante atualização do Ensino, a partir de constantes

estudos com os professores, e em periódicas interações com os alunos e suas

famílias, ouvindo suas necessidades, curiosidades e anseios.

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ANEXO 1

Imagem da tela do software G-Compris – Diferenciar as mãos.

Fonte: http://gcompris.net/pt_BR-leftright

Imagem da tela do software G-Compris – Jogo da Memória com Operações

Matemáticas.

Fonte: http://gcompris.net/pt_BR-memory_add_minus_mult_div_tux

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ANEXO 2

Imagens do software Tux Paint

Fonte: http://tuxpaint.org/

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ANEXO 3

Imagens do software HagaQuê.

Fonte: http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/

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