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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR Prof. Ms. Marco A. Larosa Aluna: Janete da Cruz Reis. Rio de Janeiro 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Aluna: Janete da Cruz Reis.

Rio de Janeiro

2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A SALA DE AULA DO FUTURO

OBJETIVOS:

Criar um espaço para o ensino didaticamente correto,

visando o maior entrosamento entre alunos e professores

e por conseguinte um aproveitamento mais eficiente.

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AGRADECIMENTOS

As minhas Amigas:

Lílian T. Q. Serquiera

Silvia Regina F. A. Lopes

Norma Peclat

Rita C. S. Pereira

Regina C. S. Barbosa, pela força

Que me deram, para que essa

Monografia se concretizassem.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia ao Engenheiro YANNIS

CALAPODOPULOS, que tanto colaborou para

sua confecção e aperfeiçoamento.

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RESUMO

O propósito deste trabalho foi mostra que podermos melhorar o ambiente

de aprendizagem dentro de uma escola, visando não só o aproveitamento do

aluno como também nos preocupando com maior interação entre eles e deles com

o professor, lançando mão de alta tecnologia e conhecimentos externos

adquiridos.

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Introdução

O tema desta monografia foi escolhido atendendo a inclinação pela construção

civil, que faz parte de minha experiência cotidiana, adicionando conceitos

pedagógicos aprendidos durante este curso.

Esta proposta é bem inovadora e arrojada, pois foge dos padrões convencionais

da escola tradicional.

A criação de um novo projeto de escola com forma circular vem favorecer em

muitos aspectos a modernização do processo educacional, que vê o aluno e o

professor no cenário da educação como importantes papéis.

Nesta escola, os ambientes de sala de aula, darão oportunidade para que ocorra

muita integração, desaparecendo a figura do professor como mestre distante,

inatingível e o coloca na posição de um participante do debate com capacidade de

acrescentar maiores informações e relatos de experiência, e associando ao

método educacional, igual importância ao espaço físico com salas de aulas mais

modernas, arejada, com boa luminosidade e acústica perfeita.

Uma sala de aula que possa transmitir ao aluno maior liberdade de criação em um

ambiente ideal, trabalhando com computadores ligados em redes com professor

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para que estejam em conjuntos trocando informações e conhecimentos entre eles

e ao mesmo tempo com o mundo.

Nos tempos que estamos vivendo, o ser humano necessita cadavez mais do diálogo e é com uma sala de aula circular quepodemos conseguir este intercâmbio cultural, levando emconsideração que o professor ficará sempre de frente para oaluno, não havendo neste caso aluno disperso em sala de aula eassim haverá maior troca de conhecimento entre eles.

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CAPÍTULO 1

OBJETIVOS

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1 – Objetivo

1.1 - Geral:

Projetar novo modelo arquitetônico de uma “SALA DE AULA CIRCULAR”,

visando permitir maior integração entre o corpo docente e discente.

Dentro da necessidade de comunicação entre as pessoas e considerando-se que

o saber é produzido socialmente pelo conjunto das pessoas nas relações por elas

estabelecidas em suas atividades práticas, isto é, seu trabalho, deve-se levar em

conta que o indivíduo aprende, compreende e transforma as circunstâncias ao

mesmo tempo em que por elas é transformada.

“A sala de aula, local privilegiado para a construção de conhecimentos, conceitos, significados e

valores, constitui em um espaço onde as diferenças de linguagens trazidas por crianças de

diferentes meios culturais, se fazem presentes. Trabalhar com adversidade sem associa-la a

julgamentos de valor, tanto relativo à superioridade quanto a inferioridade, é um dever do

professor. É importante, também, o trabalho com as variadas possibilidades de transmissão

cultural: músicas, brincadeiras, jogos, hábitos ressaltando a importância da linguagem escrita

para a memória e a vida das diferentes culturas”, (Delorne – 1994).

1.2 – Específico

Permitir maior integração dos professores com os alunos de acordo com o método

de ensino atual, onde o professor é a figura principal do contexto que detém todo o

poder e sendo assim, o centro das atenções, ocupando uma posição mais elevada

diante do quadro negro, giz e apagador.

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Desta forma, o professor é o “detentor do saber” ficando os alunos inertes e em

absoluto silêncio, não havendo integração entre os mesmos.

Vamos propiciar o debate e exposição de opiniões dentro da tecnologia atual,

lançando mão de computadores, internet, etc onde os mesmos estarão

interligados em redes acessando todos os meios de comunicação, gerando com

isto, temas diversos para discussões.

Ao inovarmos o espaço físico, a sala de aula circular, quebra antigos paradigmas

das escolas tradicionais, como quadros negros, carteiras antiquadas, apagadores,

etc.

Na sala circular, os alunos ficarão de frente para o professor e ao mesmo tempo

para o computador.

1.2.1 Modelo da Escola Tradicional – Posição do professor como todo

poderoso, posição mais elevada, alunos inertes e submissos, silencio

absoluto, aula tradicional, utilização de instrumentos como quadro

negro e giz, pouca influencia do áudio visual e da tecnologia hightec .

No Brasil tivemos educadores muito importante que muito nos engrandeceu com

sua rica contribuição na educação, dentre deles podemos citar PAULO REGLUS

NEVES FREIRE, nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco,

uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as

dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no

SESI ( Serviço Social da Industria ) e no Serviço de Extensão Cultural da

Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de

professor de escola a criador se idéias e “métodos”.

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Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de

concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História

e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras

experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.

A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a

alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto

para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para sua libertação

fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.

A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de

alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo

preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi

convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um

clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu,

durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto

Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal

obra: Pedagogia do oprimido.

Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos

constante indignação contra todo o tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a

professora primária Elza Maia Costa de Oliveira, com teve cinco filhos. Após a

morte da primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.

Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade

(1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia

da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995).

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Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas

homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão

honorário de várias cidades no Brasil e no exterior.

Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita

colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências

educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas.

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CAPÍTULO 2

DESENVOLVIMENTO

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2 – DESENVOLVIMENTO

2.1 Modelo da Escola Tradicional – Posição do professor como todo

poderoso, posição mais elevada, alunos inertes e submissos, silencio

absoluto, aula tradicional, utilização de instrumentos como quadro negro e

giz, pouca influencia do áudio visual e da tecnologia hightec .

No Brasil tivemos educadores muito importante que muito nos engrandeceu com

sua rica contribuição na educação, dentre deles podemos citar PAULO REGLUS

NEVES FREIRE, nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco,

uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as

dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no

SESI (Serviço Social da Industria) e no Serviço de Extensão Cultural da

Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de

professor de escola a criador se idéias e “métodos”.

Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de

concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História

e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras

experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.

A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a

alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto

para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para sua libertação

fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.

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A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de

alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo

preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi

convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um

clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu,

durante 5 anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto

Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal

obra: Pedagogia do oprimido.

Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos

constante indignação contra todo o tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a

professora primária Elza Maia Costa de Oliveira, com teve cinco filhos. Após a

morte da primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.

Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade

(1967), Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975), Pedagogia

da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995).

Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas

homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão

honorário de várias cidades no Brasil e no exterior.

Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita

colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências

educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas.

Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de

Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período,

deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo,

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principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil

para “reaprender” seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Em

1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade

do Brasil.

Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos

de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial

dos professores.

A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete

universidades. Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os

seguintes prêmios: “Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento” (Bélgica,

1980); “Prêmio UNESCO da Educação para a Paz” (1986) e “Prêmio Andrés Bello”

da Organização dos Estados Americanos, como Educador do Continentes (1992).

No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado “Pedagogia da

Autonomia: Saberes necessário à prática educativa”. Paulo Freire faleceu no dia 2

de maio de 1997 em São Paulo, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

(Pequena Biografia extraída do Instituto Paulo Freire – http:// www.paulofriere.org/)

Apesar de Paulo Freire ter sido citado como exemplo de escola tradicional, ele

continua tão atual quanto antes, sendo o seu método de ensino referência de

educação em todo país.

Segundo Ivani Fazenda (1991) , tem sido levado em conta apenas o adestramento

da criança, o repetir automático de exemplos e exercícios que dão a falsa

impressão de aprendizagem, sem se levar em conta que ensinar a “pensar

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matematicamente”, a fazer uma leitura matemática do mundo e de si mesma. É

uma forma de ampliar a possibilidade de comunicação, expressão, contribuindo

para a interação social... É sobretudo compreender que a matemática é uma outra

modalidade de linguagem que necessita da linguagem convencional bem

articulada para se fazer compreendida e assimilada e que o mundo atual já exige

de todos uma certa cultura matemática.

2.2 Modelo de Escola Moderna – Escola viva

Importância do trabalho em grupo, incentivo a discussão, espaço aberto a

manifestação do coletivo, reino do diálogo, etc... aulas dinâmicas utilização do

áudio visual, temos como por exemplo o sistema Montessori de Ensino.

Este Sistema é dividido por períodos:

Primeiro período – do nascimento aos 6 anos.

A criança realiza sua própria construção da exploração e absorção do ambiente

em que vive, inteligência elaborada em função daquilo que se vê.

Segundo período – de 6 aos 12 anos.

A criança é capaz de relacionar com os fatos a luz da razão, período dos “como” e

“porque” das coisas.

Terceiro período - de 12 aos 18 anos.

Eles despertam para o problema de causas e efeitos.

Educação científica, defendida por uma pedagogia científica capaz de respeitar as

leis do desenvolvimento da criança.

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Segundo a Doutora Montessori.... Se a ciência começasse a estudar os homens,

não só fornecer novas técnicas para a educação das crianças e dos jovens, mas

chegaria a uma compreensão profunda de muitos fenômenos humanos e sociais

que estão ainda envolvidos em espantosa obscuridade. A base da reforma

educativa e social, necessária aos nossos dias, deve ser construída sobre o

estudo científico do homem desconhecido.

Vale a pena usar computadores em sala de aula?

Experiências escolares com o computador têm mostrado que seu uso pode levar

ao estabelecimento de uma nova relação professor-aluno, marcada por uma maior

proximidade, interação e colaboração. Em matemática, por exemplo, ele pode

servir como fonte de informação, como auxiliar no processo da construção do

conhecimento, como meio para desenvolver a autonomia, porque possibilitam

pensar, refletir e criar soluções; e como ferramenta para realizar determinadas

atividades (como usar planilhas eletrônicas, processadores de textos ou bancos

de dados). Além disso, a computação gráfica é um recurso estimulador para

compreensão de gráficos de funções, como as alterações que eles sofrem quando

ocorrem mudanças nos parâmetros de suas equações.

( Pergunta e resposta tirada da revista do ensino fundamental NOVA ESCOLA –

Nov/99 pág. 51).

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2.3 Experiências Anteriores – CIEP ( Centro Integrado de Educação Publica ).

Idealizado na década de 90 pelo Professor DARCY RIBEIRO e projetado pelo

arquiteto Oscar Niemeyer os cieps possui um projeto pedagógico de vanguarda

com inúmeras atividades extra classe.

Naquela época os cieps foram uma revolução na educação , já que a proposta

era além de educar, os alunos teriam uma vida integrada socialmente dentro das

comunidades que viviam. Escola de horário integral onde os pais poderiam ficar

tranqüilos em seus ambientes de trabalho, pois tinham a certeza de que seus

filhos estavam estudando e o mais importante se alimentando.

No ciep havia também uma preocupação com a comunicação, pois foi instalados

aparelhos de televisão, vídeos cassetes e antenas parabólicas.

Destaca-se também a estrutura da biblioteca com forma octagonal, a mesma tem

boa luminosidade pois suas paredes são de esquadrias de alumínio com vidros,

dando a mesma um toque futurista meio espacial. As estantes são projetadas de

forma que os alunos têm fácil acesso aos livros, devido a posição dos mesmos.

“Falar de DARCY RIBEIRO apenas como educador seria pouco. A proliferação de

idéias e vontade de realizar projetos fizeram dele muito mais. Começou como

antropólogo, elaborando trabalhos de impacto mundial. Mais tarde, ingressou na

área educacional, atingindo rapidamente o posto de ministro da Educação, no

Gabinete Hermes Lima. Estava ainda na casa dos 30 anos .

Sua produção no setor de ensino e cultural deixou marcas no país: criou

universidades, centros culturais, uma nova proposta educativa com os Centros

Integrados de Educação Pública (CIEP), além de deixar inúmeras obas escritas

em várias línguas .

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Sua trajetória sempre esteve próxima às lideranças dos governos. Seria inevitável

ingressar na política: foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente João Goulart

em 63, vice-governador do Rio em 82, secretário da cultura e coordenador do

Programa Especial de Educação, e senador da República de 91 a 97. Durante

estes mandatos, também concretizou projetos na área ambiental. A intensa

produção de livros o transformou num dos imortais da Academia Brasileira de

Letras (ABL). Nos últimos anos, ainda foi capaz de surpreender, produzindo entre

1991 e 1992, como Secretário Extraordinário de Programas Especiais do Rio de

Janeiro, ocupou-se de completar a rede dos CIEPS e de criar um novo padrão de

ensino médio, através dos Ginásios Públicos. Planejou e fundou, em Campos dos

Goytacazes, no Rio de Janeiro, a Universidade Estadual do Norte Fluminense –

UENF (1994), com a ambição de ser uma Universidade do Terceiro Milênio, onde

assumiu o cargo de Chanceler. Durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente

- ECO 92 – realizada no Rio de Janeiro, em 1992, implantou o Parque Floresta da

Pedra Branca, numa área de 12000 hectares, para se tornar a maior floresta

urbana do mundo.

DARCY RIBEIRO faleceu em 17 de fevereiro de 1997. No seu ultimo ano de vida,

dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com

cursos de educação a distância, para funcionar a partir de 1997, e a Escola

Normal Superior, para formação de professores de primeiro grau. Organizou a

Fundação Darcy Ribeiro, instituída por ele em janeiro de 1996, com sede própria,

localizada em sua antiga residência em Copacabana, com o objetivo de manter

sua obra viva e elaborar projetos nas áreas educacional e cultural.

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Um de seus últimos projetos lançado publicamente, foi o Projeto Caboclo,

destinado ao povo da floresta amazônica.

Atualização Continuada em Educação.

A FUNDAR oferece cursos presenciais para atualização de professores de

escolas públicas ou privadas de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional – Lei Darcy Ribeiro – e com os Parâmetros Curriculares

Nacionais.

2.3.1 - Projeto Curricular: escola de tempo integral

Escola que se caracteriza por maior tempo permanência diária dos alunos, - de 6

(seis) ou 8 (oito) horas -, possibilitando a oferta de uma diversidade de atividades

educativas que favorecem o melhor desempenho acadêmico dos alunos e

contribuem para seu desenvolvimento integral.

Implementação de projeto curricular por áreas do conhecimento

Especificidade de projeto curricular em horário integral

Integração de oficina pedagógica ao projeto curricular.

2.3.2 – Projeto Político

Assessoria e consultoria na construção de projeto político-pedagógico de escola,

resguardadas a especificidade e as características históricas e culturais da

instituição e fundamentada nas Diretrizes Gerais da Educação Nacional.

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. Disponibilizar a conceituação teórica e os instrumentos operacionais para a

construção do projeto político – pedagógico.

. Articulação da função social da Escola com o projeto político – pedagógico

. Elaboração do projeto político – pedagógico em cada uma das etapas de sua

construção com a participação do coletivo da escola.

áreas de conhecimento: trans/ interdisciplinaridade.

O avanço do conhecimento em suas diversas áreas e saberes nos permite hoje,

cada vez mais, fazer uma leitura holística da mundo, isto é, entendê-lo em suas

múltiplas relações, interpreta-lo em múltiplas linguagens e conseqüentemente

tornar contextualizados e significativos nosso saber e nosso agir na sociedade.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais elegeram três grandes áreas do

conhecimento:

. Códigos e linguagens e suas Tecnologias

. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias

. Ciências Humanas e suas Tecnologias

. Integração das disciplinas em áreas do conhecimento sem que se dilua seus

objetos específicos e se esgarce ou fragilize o método científico

. Formulação de projetos curriculares integradores

. Sistematização dos conhecimentos a partir das informações disponíveis na mídia

. articulação com a pedagogia de projetos no cotidiano da escola

Área de Educação

Os cursos oferecidos abordam temas atuais, consentâneos com as Diretrizes

Curriculares Nacionais, tendo como metodologia de trabalho a reflexão da prática

docente a luz das tendências educacionais.

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. Avaliação

. Alfabetização

. Gestão da escola

. Fundamentos da Educação

Características dos cursos

Público Alvo: diretor/a de escola, coordenador/a, professor/a

Instituição: escola pública e escola privada

Carga horária - a partir de 12 horas, variando de acordo com o curso

Local: definido por convênio ou contrato de serviços prestados”

“Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado,

pelas causas que comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a

escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a

universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em

minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que

venceram nessas batalhas”.

Citaremos neste item o resumo de alguns Livros de Instituto Paulo Freire que fala

sobre um novo Projeto Político Pedagógico:

1. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico.

Paulo Roberto Padilha, 2001.

Este livro mostra que na educação o planejamento não pode ser dissociado

da construção do projeto político-pedagógico. Uma escola que não consegue se

decidir por um projeto educacional caminha sem direção e tem poucas chances de

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contribuir para a formação cidadã e para o pleno desenvolvimento das atuais e

futuras gerações.

O planejamento em educação só faz sentido quando elaborado a partir das

relações mais fundamentais da escola, das relações da sala de aula, que Padilha

chama de “Círculo de Cultura”, utilizando a expressão de Freire. “aula” tornou-se,

há muito tempo, uma palavra estreita, pobre para caracterizar a complexa

atividade que se dá na escola. Paulo Freire, ao falar em “Círculo de Cultura”, já

fazia percebido isso há 50 anos. O autor desse livro foi muito feliz ao retomar essa

noção fundante de pedagogia freireana, associando-a ao planejamento dialógico,

tema tão necessário à formação e à atuação dos atuais e futuros educadores e

educadoras.

2. A mediação pedagógica: educação a distância alternativa. Francisco

Gutiérrez e Daniel Prieto, 1994.

Não é a aquisição de dados, informações, ou seja, conhecimento que

educa. A educação plena é composta de informação e formação. A informação é o

dado bruto, mas apenas a formação permite ao estudante interpretar, concluir,

raciocinar com e sobre o conhecimento teórico – e saber usa-lo em sua prática de

vida.

A temática central desta obra, a mediação pedagógica, é o motor da

relação entre o conhecimento e apreensão. E os autores destacam a importância

de que o material didático para o ensino à distância promova tal interação e

desperte o sentido, fundamento da verdadeira educação.

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3. O computador como nova tecnologia educacional. IPF, 1998.

Apresenta uma reflexão sobre a introdução da informática na escola. Leva

em consideração questões tais como: socialização do conhecimento entre os

educadores e procura incentivar o debate sobre a contribuição das tecnologias de

comunicação e informação na escola a partir de uma concepção libertadora de

educação.

4. O ciberespaço da formação continuada: Educação a distância com

base na Internet. Moacir Gadotti, 2000

Este segundo caderno analisa o contexto da sociedade do conhecimento, a

sociedade da informação e suas conseqüências para a educação. Discute, EAD:

treinamento ou formação? Os desafios da educação a distancia com base na

Internet e uma proposta de Paulo Freire à Internet

5. Alfabetização digital@educação em rede. Margarita Gómez, 2001

Este caderno apresenta os objetivos do Movimento de Educação em Rede,

sistematiza e reflete a idéia de cibercultura, que hoje expressa uma mudança

fundamental na cultura. Com imensas repercussões na vida social, econômica e

política, está transformando as condições de vida e o sentido da prática educativa,

levando a pensar a alfabetização digital na procura de uma leitura de mundo e

reflexão da temática nas escolas. A proposta freireana de educação é o eixo para

pensar uma metodologia e projeto pedagógico para educação continua em rede

por meio da Internet. Reconhece que a Internet oferece ao movimento educativo

conexões insuspeitas se utiliza criticamente. Oferece alguns indicadores para

desenvolver cursos na Internet.

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CAPÍTULO 3

CONSTRUTIVISMO

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3.CONSTRUTIVISMO

O que é o construtivismo?

R. É o nome pelo o qual se tornou conhecida uma nova linha pedagógica que

vem ganhando terreno nas salas de aula há pouco mais de uma década.

As maiores autoridades do construtivismo, contudo, não costumam admitir

que se trate de uma pedagogia ou método de ensino, por ser um campo de

estudo ainda recente, cujas práticas, salvo no caso da alfabetização, ainda

requerem tempo para amadurecimento e sistematização.

Em que se distingue a pedagogia construtivista, em linhas gerais?

R. O construtivismo propõe que o aluno participe ativamente do próprio

aprendizado, mediante a experimentação, a pesquisa em grupo, o

estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio, entre outros

procedimentos. Rejeita a apresentação de conhecimentos prontos ao

estudante, como um prato feito, e utiliza de modo inovador técnicas

tradicionais como, por exemplo, a memorização. Daí o termo

“construtivismo”, pelo o qual se procura indicar que uma pessoa aprende

melhor quando toma parte de forma direta na construção do

conhecimento que adquire. O construtivismo enfatiza a importância do

erro não como um tropeço, mas como um trampolim na rota da

aprendizagem. O construtivismo condena a rigidez nos procedimentos de

ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático

demasiadamente estranho ao universo pessoal do aluno.

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Com base em que o construtivismo adota tais práticas?

R. Com base nos estudos do psicólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980), a

maior autoridade do século sobre o processo de funcionamento da

inteligência e de aquisição do conhecimento. Piaget demonstrou que a

criança raciocina segundo estruturas lógicas próprias, que evoluem

conforme faixas etárias definidas, e são diferentes da lógica madura do

adulto. Por exemplo: se uma criança de 4 ou 5 anos transforma uma

bolinha de massa em salsicha, ela conclui que a salsicha, por ser

comprida, contém mais massa do que a bolinha. Não se trata de um erro,

como se julgava antes de Piaget, mas de um raciocínio apropriado a essa

faixa etária. O construtivismo procura desenvolver práticas pedagógicas

sob medida para cada degrau de amadurecimento intelectual da criança.

Piaget criou o construtivismo?

R. Nada mais falso. Ao contrário do que muitos imaginam, ele nunca se

preocupou em formular uma pedagogia: dedicou a vida a investigar os

processos da inteligência. Outros especialistas é que se valeram das suas

descobertas para desenvolver propostas pedagógicas inovadoras.

De onde vem, então, o construtivismo?

R. Quem adotou e tornou conhecida a expressão foi uma aluna e colaboradora de

Piaget, a psicóloga Emilia Ferreiro, nascida na Argentina em 1936 e que

atualmente mora no México. Partindo da teoria do mestre, ela pesquisou a

fundo, e especificamente, o processo intelectual pelo qual as crianças

aprendem a ler e escrever, batizando de construtivismo sua própria teoria.

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Então é ela autora da pedagogia construtivista?

R. Não. A exemplo de Piaget, Emilia se limitou a desenvolver uma teoria científica.

Outros especialistas é que vêm utilizando suas descobertas, assim como as de

Piaget, para formular novas propostas pedagógicas. No começo, o nome

construtivismo se aplicava só a teoria da Emilia. Com o tempo, passaram a ser

chamadas de construtivistas as novas propostas pedagógicas inspiradas em

sua teoria, a própria teoria de Piaget e até mesmo pedagogias anteriores,

porém compatíveis, como a do educador soviético lev Vygotskky (1896 –

1934)

O que a teoria de Emilia Ferreiro sustenta?

R. A pesquisadora aplicou a teoria mais geral de Piaget na investigação dos

processos de aprendizado da leitura e da escrita entre crianças na faixa de 4 e

6 anos. Constatou que a criança aprende segundo sua própria lógica e segue

essa lógica até mesmo quando ela se choca com a lógica do método de

alfabetização.

Em resumo, as crianças não aprendem do jeito que são ensinadas. A teoria da

Emilia abriu aos educadores a base científica para a formulação de novas

propostas pedagógicas de alfabetização sob medida para a lógica infantil.

Qual é a lógica infantil na alfabetização, segundo Emilia Ferreiro?

R. A Pesquisadora constatou uma seqüência lógica básica na faixa de 4 a 6 anos.

Na primeira fase, a pré-silábica, a criança não consegue relacionar as letras

com os sons da língua falada e se agarra a uma letra mais simpática para ”

escrever”.

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Por exemplo, pode escrever Marcelo como MMMMM ou AAAAA. Na fase

seguinte, a silábica, já interpreta a letra a sua maneira, atribuindo o valor

silábico a cada uma (para ela, COM pode ser a grafia de Mar-ce-lo, em que

M=mar, C=ce e O=lo). Um degrau acima, já na fase silábico-alfabética, mistura

a lógica da fase anterior com a identificação de algumas sílabas propriamente

ditas. Por fim, na última fase, a alfabética, passa a dominar plenamente o valor

das letras e sílabas.

O construtivismo se aplica somente a alfabetização infantil?

R. Não. Ainda se encontra muito vinculado a alfabetização, porque foi por essa

área que começou a ser desenvolvido, a partir da base teórica proporcionada

por Emilia Ferreiro. Contudo, práticas construtivistas, devidamente adaptadas,

já estão bastante difundidas até a quarta série do primeiro grau. A partir da

quinta série porem, quando cada disciplina passa a ser administrada por um

professor especializado, tais práticas são menos utilizadas, até pela relativa

escassez ainda registrada de pesquisas teóricas equivalentes às de Emilia.

Por que o construtivismo faz restrições à “prontidão” na alfabetização

infantil?

R. Com base nas teorias de Piaget e Emilia Ferreiro, os construtivistas consideram

inútil a prontidão, ou seja, o treinamento motor que habitualmente se aplica as

crianças como preparação do aprendizado da escrita. Para eles, aprender a ler

e escrever é algo mais amplo e complexo do que adquiri destreza com o lápis.

O aluno formado pelo construtivismo fica bom de raciocínio, com mais

senso crítico, porém mais fraco de conhecimentos?

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R. Não é bem assim. Os construtivistas insistem em que, embora o construtivismo

enfatize o processo de aprendizagem, este não ocorre desligado de conteúdo:

simplesmente não há como formar um indivíduo crítico no vazio. Portanto, a

aquisição de informações é fundamental.

Como o construtivismo transmite o conhecimento não passível de ser

“construído” pelo aluno, como nomes de cidades ou de presidentes ?

R. O construtivismo estimula a descoberta do conhecimento pelo aluno. Evita

afoga-lo com informações prontas e acabadas, mas quando necessário não

hesita em valer-se da memorização. Neste caso, a professora deve escolher o

momento oportuno e criar situações interessantes para transmitir esses

conhecimentos, fugindo assim da rigidez da prática tradicional.

O construtivismo requer mais atenção individual ao aluno do que outras

linhas de ensino?

R. sim, mas não com a obsessão que às vezes se imagina. Se o construtivismo

admite que cada um aluno tem o seu processo particular de aprendizagem, a

professora deve conhecê-lo, acompanha-lo e fazer as intervenções

adequadas. Mas isso não quer dizer centralização total, ao contrário. O

construtivismo valoriza muito o intercâmbio entre os alunos e o trabalho de

grupo, em que a professora tem uma presença motivadora e menos impositiva.

Como a professora pode dar atenção individualizada em classes de 30 ou 40

alunos?

R. O ideal é que as classes não sejam tão numerosas. Mas, de qualquer modo,

vale a alternativa de trabalhar com duplas ou trios, agrupando as crianças por

habilidades parecidas ou opostas, a critério da professora. No construtivismo, a

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professora aproveita a individualidade de cada aluno para o enriquecimento do

grupo.

Por que o construtivismo contesta o ensino dirigido?

R. Não é bem isso. O construtivismo considera a sistematização do ensino

necessária, mas aplicada com bom senso e flexibilidade. Contesta, sim, que o

currículo seja uma imposição unilateral, uma camisa-de-força, com etapas

rígidas, sucessivas e inalteráveis. Não se aprende por pedacinhos, mas por

mergulhos em conjuntos de problemas que envolvem vários conceitos ao

mesmo tempo, afirmam os construtivistas.

Por que a alfabetização construtivista rejeita o uso de cartilha?

R. Primeiro, porque a cartilha prevê etapas rígidas de aprendizagem, coisa

que o construtivismo descarta. Segundo, porque os construtivistas acham

que a linguagem geralmente usadas nas cartilhas (“Ba-bé-bi”, “Ivo viu a

uva” etc.) é padronizada, artificial, distante do mundo conhecido da

criança.

Por que o construtivismo faz restrições aos livros didáticos?

R. Pelo fato de a maioria deles apresentar o conhecimento em seqüência rígida,

prevendo uma aprendizagem de conceitos baseada na memorização.

E ao ensino da tabuada?

R. O caso é diferente. A memorização é essencial para agilizar o cálculo mental,

mas isso deve ocorrer após o aluno compreender o significado das operações

aritméticas, como a multiplicação.

O que os construtivistas não aceitam é a memorização puramente mecânica,

conhecida como “decoreba”.

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E a restrições ao ensino de regras gramaticais?

R. O construtivismo contesta que o ensino da gramática seja o meio para se levar

o aluno a entender e dominar o processo de escrever corretamente. Isso se

adquire praticando a escrita, mesmo com erros gramaticais. À medida que o

aluno vai dominando a escrita é que se passa a ensinar-lhe a gramática. As

regras identificam certas regularidades da língua, mas para entendê-las é

preciso tê-las percebido na prática.

Por que o construtivismo em gera, não aceita o uso de fórmulas, como as

de matemática e as de sintaxe?

R. Não é que não aceite. A restrição é ao ensino de fórmulas como se fossem os

conteúdos, pois elas não passam de esquemas sintéticos muito mais

abstratos. A fórmula, em si mesma, não é o núcleo do conhecimento, mas

aquilo que o sustenta.

Qual é o papel da professora no construtivismo e em que difere do ensino

tradicional?

R. Em vez de dar a matéria, numa aula meramente expositiva, a professora

organiza o trabalho didático-pedagógico de modo que o aluno seja o co-piloto

de própria aprendizagem. A professora fica na posição de mediadora ou

facilitadora desse processo.

O que é necessário para ser uma boa professora construtivista?

R. Mentalidade aberta, atitude investigativa, desprendimento intelectual, senso

crítico, sensibilidade as mudanças do mundo combinada com iniciativa para

torna-las significativa aos olhos dos alunos e flexibilidade para aceitar a si

mesma em mudança contínua. Ela precisa dar mais de si e precisa estar o

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tempo todo se renovando, para sustentar uma relação com os alunos que não

se baseia na autoridade, mas na qualidade.

A professora construtivista precisa de uma orientadora pedagógica?

R. Sim. A orientadora é importante, não para tutelar a professora, mas para servir

de interlocutora com quem ela possa refletir sobre sua prática.

É possível ser construtivista em uma escola tradicional?

R. Em geral, o projeto pedagógico de uma escola tradicional não favorece

nem leva em conta o trabalho de uma professora que resolva tocar em

outro tom. Embora seja difícil manter uma proposta individual num

ambiente alheio as mudanças, há muitos casos assim. Além disso, deve-se

considerar o fato de que é difícil uma escola passar a ser construtivista

num só golpe. Isso ocorre de maneira paulatina, até porque o

construtivismo, do mesmo modo que respeita os processos de

transformação por que passam os alunos, também deve respeitar o das

próprias professoras.

Existem manuais que ensinem a ser construtivistas?

R. Manuais, com tudo mastigados, não. Mas não falta material de apoio para que

a professora comece a olhar o seu trabalho de outro modo. O fundamental, de

qualquer maneira, é a prática. Calcula-se que são necessários ao menos dois

anos de prática em classe, reforçados por reuniões semanais com outros

colegas, para tornar-se uma boa professora construtivista.

Existem cursos que ensinam a ser construtivistas?

R. Algumas instituições promovem cursos de extensão ou especialização,

seminários, palestras e reuniões de estudo com essa finalidade. Mas atenção:

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nesses cursos não se ensina a ser construtivista. Neles se discute a prática da

professora, de modo que ela ganhe elementos para encontrar seu próprio

caminho, mais ou menos como depois irá fazer em relação ao aluno.

Quais as vantagens do construtivismo sobre outras linhas de ensino?

R. Procura formar pessoas de espírito inquisitivo, participativo e cooperativo, com

mais desembarco na elaboração do próprio conhecimento. Além disso, o

construtivismo cria condições para um contato mais intenso e prazeroso com o

universo da leitura e da escrita.

Quais as desvantagens do construtivismo em relação a outras linhas de

ensino?

R. Sendo uma concepção pedagógica nova e flexível, não oferece à

professora instrumentos tão seguros e precisos com respeito a seu

trabalho diário. Ainda há muito por sistematizar, admitem os construtivistas.

Outras linhas de ensino não podem formar alunos tão bem ou mesmo

melhor que o construtivismo?

R. Em termos de quantidade de conhecimento, sim. Quanto a qualidade de

conhecimento, dificilmente, pois o construtivismo desperta no aluno um senso

de autonomia e participação que não é comum em outras linhas pedagógicas,

sustentam os construtivistas.

O construtivismo forma o estante com mais ou menos rapidez que outras

linhas de ensino?

R. O construtivismo não dá exagerada importância a prazos rígidos. Na

alfabetização construtivista, estima-se que um aluno do meio rural, que nunca

viu nada escrito, precisa de dois ou três anos para chegar a ler e escrever com

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eficiência. Já no urbano, um aluno de 7 anos, que convive intensamente com a

escrita, leva algo em torno de um ano e meio.

Comparativamente, no ensino convencional, a maioria das crianças é capaz de

soletrar e formar palavras em um ano – o que os construtivistas, contudo, não

consideram alfabetização.

Como a escola construtivista lida com a ansiedade de pais que percebem

seus filhos atrasados em relação a crianças de outras escolas?

R. Aproximando os pais da escola, tenta-se demonstrar a eles quais as diferenças

desta nova concepção de trabalho, comparando-a com o ensino tradicional.

Pode não se tratar propriamente de um atraso, no sentido de deficiência no

aproveitamento, mas de um outro ritmo de aprendizado que, ao final do ano,

vai resultar numa vantagem qualitativa.

Um aluno formado exclusivamente dentro dos moldes construtivistas pode

competir em igualdades de condições em vestibulares e concursos

públicos?

R. A resposta é arriscada, pois ainda há muito poucos alunos formados

exclusivamente pelo método construtivismo em idade de vestibular e não há

pesquisas conhecidas a respeito.

O construtivismo permite que os pais ajudem os filhos nas tarefas de casa?

R. Ponto polêmico. Alguns admitem que sim: se o jeito de ensinar dos pais for

diferente do da escola, a criança tem a vantagem de dispor de outra forma de

aprender. Outros, contudo, sustentam que a tarefa de casa é para ser

realizada pelo aluno. A vantagem, aí, seria ele ter chance de experimentar uma

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situação rara para ele na escola, uma vez que a maioria das atividades em

classe é realizada em grupo.

Como é a avaliação do aluno no construtivismo?

R. O aluno é permanentemente acompanhado, pois a avaliação é entendida

como um processo contínuo, diferente do sistema de provas periódicas do

ensino convencional. Segundo os construtivistas, a avaliação tem caráter

de diagnóstico – e não de punição, de certo ou errado, de exclusão. Além

disso, a própria professora também se auto-avalia e modifica seus rumos.

Em que difere a prova construtivista?

R. Ela tem peso menor do que no ensino tradicional. Não é o único indicador do

rendimento do aluno, que também é avaliado pelo desempenho rotineiro em

classe. Além do mais, a prova não é uma peça estranha ao grupo, elaborada

fora da sala de aula, por um especialista (geralmente um coordenador). Tal

responsabilidade cabe a própria professora, que leva em conta aquilo que já

foi efetivamente trabalhado na sala de aula.

O que significa o erro do Aluno?

R. É tomado como um valioso indicador dos caminhos percorridos por ele para

chegar até ali. A professora não está tão preocupada com o acerto da resposta

apresentada pelo aluno, mas sobretudo com o caminho usado para chegar a

ela. Em vez de ser um mero tropeço, o erro passa a ter um caráter

“construtivo”, isto é, serve como propulsor para se buscar a conclusão correta.

O construtivismo não corrige o erro do aluno?

R. Corrige, mas tomando o cuidado de que a correção se transforme numa

situação de aprendizagem, e não de censura. Por exemplo, no inicio do ano a

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professora pede aos alunos que escrevam um texto e guardem o material

corrigido. No fim do ano, pede uma nova redação sobre o mesmo tema. Então,

junto com os alunos, compara os dois trabalhos, ressaltando os progressos

ocorridos. No ensino tradicional, o erro deixa menos vestígios no caderno do

aluno, pois é corrigido, apagado, à medida que aparece.

O construtivismo reprova?

R. Sim, quando o aluno se encontra em tal atraso em relação ao resto da turma,

que faze-lo passar de ano seria lança-lo numa situação muito desagradável.

De qualquer modo, tenta-se evitar que a criança viva a reprovação como um

atestado de sua incapacidade ou como castigo por não ter aprendido.

Os alunos transferidos de uma escola construtivista para outra, não

construtivista, acompanham mal a nova turma?

R. Os construtivistas não reconhecem a existência desse fenômeno, mas

especulam que poderia tratar-se de uma pura e simples questão de adaptação,

e não de despreparo. Os alunos podem achar a nova escola desinteressante,

não gostar da postura da professora ou estranhar os métodos de avaliação.

O aluno educado no construtivismo é mais sujeito a cometer erros de

português?

R. No início do construtivismo isso ocorria com freqüência, porque os professores

se preocupavam mais com o conteúdo do texto do que com a ortografia – falha

que passaram a corrigir no últimos cinco anos.

Por falta de treinamento motor (prontidão), as crianças alfabetizadas no

construtivismo acabam fracas de caligrafia?

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R. O construtivismo sustenta que não, pois o treinamento delas se faz a medida

que vão escrevendo. Algumas escolas chegam ainda a lançar mão do velho

caderno de caligrafia, como no ensino tradicional, quando a criança tem letra

ruim.

O construtivismo desestimula a competição entre os alunos?

R. Sim, pois uma das suas linhas mestras repousa justamente na cooperação

entre eles. No entanto, mesmo pondo de lado a competição, o construtivismo

investe no desafio pessoal, como motivação para a criança ir sempre avante

nas trilhas do conhecimento.

A sala de aula numa escola construtivista é mais barulhenta e agitada do que

na tradicional?

R. Em termos. O que ocorre é que as crianças não são passiva, mas sim

estimuladas a participar, dizem os construtivistas.

As crianças não tendem a ficar indisciplinadas, malcriadas e incapazes de

ouvir o outro, em conseqüência de uma educação construtivista?

R. Caso elas tendem a indisciplina e ao desrespeito a outra pessoa, seja colega

ou professor, terá falhado um dos pilares do construtivismo, argumentam seus

praticantes, pois o que se enfatiza é justamente a reciprocidade na fixação de

regras, no escutar e no ouvir, nos direitos e deveres, nos princípios básicos da

cidadania e da democracia.

O professor construtivista deixa os alunos fazerem o que bem entendem em

classe?

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R. Não. A sala de aula é um espaço com regras de funcionamento e de

convivência. O superliberalismo pedagógico destoa das condições do

construtivismo.

O construtivismo pune os alunos indisciplinados?

R. Sim, porém o caráter dessa punição, dentro do possível, deve ser, digamos,

“construtivo” – deve buscar a reciprocidade e a reparação. Por exemplo, se

uma criança rasga um livro, deve conserta-lo.

De todo modo, em casos mais graves, admite-se até a tradicional suspensão.

Como o construtivismo se espalhou?

R. As bases teóricas foram estruturadas na primeira metade deste século, com

Piaget e os psicólogos soviéticos, entre os quais Lev Vygotsky é o mais

divulgado na Brasil. As pontes para a prática pedagógica se consolidaram com

Emilia Ferreiro e seus colaboradores, a partir do final da década de 1970. Na

década seguinte, o construtivismo de disseminou na América Latina,

principalmente na Argentina e no Brasil. As experiências brasileiras mais

expressivas foram registradas nas redes municipais de Porto Alegre e de São

Paulo, assim como no ciclo básico (as duas primeiras séries) da rede estadual

paulista.

O construtivismo passou por mudanças desde do começo a ser adotado no

Brasil?

R. Sim. A fase inicial, em que o aluno era deixado muito solto, como se a

professora não estivesse na sala de aula (prática espontaneísta), está

superada. Hoje se quer do professor uma atuação firme e planejada (prática

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intervencionista). No geral, contudo, o núcleo pedagógico do construtivismo

permanece inalterado.

A interdisciplinaridade tem alguma relação com o construtivismo?

R. Sim, embora a interdisciplinaridade seja uma prática pedagógica autônoma e

anterior ao construtivismo. Como nenhum professor, por mais ampla que seja a

sua formação, pode dominar todos os conhecimentos envolvidos na tarefa de

lecionar, o trabalho interdisciplinar é recomendado para todo e qualquer nível.

É feio não ser construtivista?

R. Não. Absolutamente. Feio é não ser autêntica e não se preocupar em dar o

melhor aos alunos, seja de si mesma, seja das múltiplas áreas do

conhecimento. Feio, enfim, é ser má professora.

Reportagem tirada da Revista NOVA ESCOLA – Março/1995.

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CAPÍTULO 4

OS EDUCADORES

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4 - O QUE ELES AINDA TÊM A NOS ENSINAR

Aprenda com eles e ensine melhor. Conhecer a produção dos grandes

pensadores ajuda a aprimorar o trabalho em classe e crescer na profissão.

4.1 Emilia – A VANGUARDA NA ALFABETIZAÇÃO

A rede estadual do Ceará mantinha, até l996, classes de alfabetização. Anteriores

ao Ensino Fundamental, elas retinham as crianças por anos a fio fora do ensino

regular porque não conseguiam ler e nem escrever. A rede cearense é hoje

organizada em ciclos, o que permite aos alunos se alfabetizar ao longo dos anos.

Com uma proposta calcadas em idéias de Jean Piaget, Lev Vygotsky e Paulo

Freire, as escolas estaduais cearenses têm, no que se refere especificamente à

alfabetização, a psicolinguista Argentina Emilia Ferreiro como referência básica.

“Respeitamos o nível de desenvolvimento dos estudantes, verificando em primeiro

lugar em que altura do processo da leitura e da escrita eles estão”, conta Lindalva

Pereira Carmo, responsável pela Coordenadoria de Desenvolvimento Técnico e

Pedagógico do Estado.

Hoje, o conhecimento sobre esse processo continua avançando. “Analisar que

representação sobre a escrita o estudante tem é importante para o professor

saber agir”, afirma Telma Weisz.

“Não é porque o aluno participa de forma direta da construção do seu

conhecimento que o professor não precisa ensina-lo”, ressalta. Ou seja, cabe a

você organizar atividades que favoreçam a reflexão da criança sobre a escrita,

porque é pensando que ela aprende”.

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“Apesar de ter proporcionados aos educadores uma nova maneira de analisar a

aprendizagem da língua escrita, o trabalho da pesquisadora Argentina não

indicações de como produzir o ensino”, avisa a educadora Telma. Definitivamente

não existe o “ método Emilia Ferreiro”, com passos predominados, como muitos

ainda possam pensar.

No Ceará, por exemplo, os estudantes aprendem a ler em rótulos de produtos,

propagandas e bulas de remédios, além de ter à disposição muitos livros. “Com a

implantação dos ciclos, os professores de todas as séries passam a ser

responsáveis pelo processo de aquisição da leitura”, completa Lindalva.

BIBLIOGRAFIA:

EMILIA FERREIRO

Psicolingüista Argentina, doutorou-se pela Universidade de Genebra, orientada

por Jean Piaget. Inovou ao utilizar a teoria do mestre para investigar um campo

que não tinha sido objeto de estudo piagetino.

Aos 62 anos, é pesquisadora do Instituto Politécnico Nacional, no México

O QUE FICOU

As crianças chegam à escola sabendo várias coisas sobre a língua. É preciso

avalia-las para determinar estratégicas para sua alfabetização.

UM ALERTA

Apesar de a criança construir seu próprio conhecimento, no que se refere à

alfabetização, cabe a você, professor, organizar atividades que favoreçam a

reflexão sobre a escrita.

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4.2 - FREINET – UMA ESCOLA ATIVA E COOPERATIVA

Jornal escolar, troca de correspondência, cantinhos pedagógicos, trabalhos em

grupo, aulas-passeio. Práticas atuais, presentes em muitas escolas, elas nada

mais são do que idéias defendidas e aplicadas pelo educador CÉLESTIN

FREINET desde dos anos 20 do século passado, na França. “Ele propunha uma

mudança da escola, que considerava teórica, desligada da vida”, explica Marisa

Del Cioppo Elias, professora do Departamento de Tecnologia da Educação da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Sua sala de aula era prazerosa e

bastante ativa. O trabalho é o grande motor de sua pedagogia”.

As práticas de ensino proposta por Freinet são frutos de suas investigações a

respeito da maneira de pensar da criança e de como ela construía o

conhecimento. Ele observava muito seus alunos para perceber onde tinha de

intervir e como despertar neles a vontade de aprender. O educador compreendia

que a aprendizagem se dá pelo tateio experimental.

“Quando a criança faz um experimento e dá certo, a tendência é que repita aquele

procedimento e vá avançando”, descreve Marisa. Mas, de acordo com Freinet, ela

não avança sozinho. Tanto é assim, que a cooperação está entre os pontos

fundamentais de sua pedagogia.

A interação entre o mestre e o estudante também é essencial para a

aprendizagem.

Na escola Freinet de Natal, as idéias do mestre francês são a essência do projeto

pedagógico. “ A escola traz o que está fora para dentro e procura dar sentido a

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todo trabalho aqui por meio dessa relação de aplicabilidade na vida”, afirma

Claudia Santa Rosa, fundadora e diretora da instituição.

“Cada aluno cria seu plano de trabalho, escolhendo entre as possibilidades

apresentadas pelo professor, nesse momento, há uma relação estreita com a

teoria das inteligências múltiplas”, destaca Claudia. “ No final, todos socializam o

que foi produzido”.

BIBLIOGRAFIA:

CÈLESTIN FREINET

Nascido em 1896 em Gars, um vilarejo ao sul da França, o professor primário não

chegou a concluir seus estudos na escola Normal de Nice.

Com o inicio da primeira Guerra, alistou-se e participou dos combates. Em 1920,

iniciou a carreira docente, construindo os princípios de sua prática. A educação, a

seu ver, deveria proporcionar ao aluno a realização de um trabalho real.

Faleceu em 1966.

O QUE FICOU

Ninguém avança sozinho em sua aprendizagem. A cooperação é fundamental.

UM ALERTA

Levar a turma a aulas-passeio não faz do professor um praticante da pedagogia

de Freinet. É preciso considerar a realidade em os alunos estão inseridos.

4.3 - FREIRE - O IMPORTANTE É LER O MUNDO

Mais do que um educador, PAULO FREIRE foi um pensador. Sua famosa obra,

Pedagogia dos Oprimidos, dá as linhas da educação popular que desejava. Para

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ele, não havia educação neutra. O processo educativo seria um ato político, uma

ação que resultaria em relação de domínio ou de liberdade entre as pessoas.

A formação docente era uma preocupação constante do pesquisador

pernambucano. “Ele acreditava que o educador deve-se comportar como um

provocador de situações, um animador cultural num ambiente em que todos

aprendem em comunhão”, explica José Eustáquio Romão, diretor do Instituto

Paulo Freire, de São Paulo, e professor do Centro de Ensino Superior de Juiz de

Fora (MG). Segundo o velho mestre, ninguém ensina nada para ninguém e as

pessoas aprendem sozinhas.

Essas e outras idéias de Freire estão hoje em grande evidência no meio

educacional. São exemplos de conceito de escola cidadã (que prepara a criança

para tomar decisões) e a necessidade de cada escola ter um projeto pedagógico

que reconheça a cultura local. A mudança tem como pressuposto a utilização de

“palavras geradoras”, termos que fazem parte da vida dos alunos. Eles, a seu ver,

não devem apenas aprender a formar palavras fora de um contexto, mas

compreender o seu próprio papel na sociedade. O princípio do método permanece

atual, apesar das técnicas de silabação em que estava baseado ser totalmente

ultrapassada.

Para Romão, Freire tinha plena consciência de que era preciso atualizar suas

idéias para avançar. “Ele dizia que antes de ensinar uma pessoa a ler as palavras

era preciso ensina-la a ler o mundo. Essa é a essência de suas idéias”.

BIBLIOGRAFIA:

PAULO FREIRE

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Nascido em 1921, no Recife, formou-se advogado em 1959, mas nunca exerceu a

profissão. O ensino era sua paixão. Exilado após o golpe militar de 1964, foi para

o Chile, onde escreveu Pedagogia dos Oprimidos (1968), livro que o tornou

conhecido mundialmente. Morreu em 1997, em São Paulo, cidade da qual foi

secretário da Educação de 1989 a 1991.

O QUE FICOU

É preciso por fim à educação bancária, em que o professor deposita em seus

alunos os conhecimentos que possui.

UM ALERTA

A técnica de silabação utilizada por ele em seu método de alfabetização de

adultos está ultrapassada, ainda que a idéia de trabalhar com palavras geradoras

permaneça bastante atual.

4.3 - GARDNER – VALORIZANDO O SER POR INTEIRO

Dezoito anos se passaram desde que o livro Estruturas da Mente: Teoria das

Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner, foi lançado nos Estados Unidos.

Publicado no Brasil em 1994, ele causou um boom. De lá para cá, a teoria do

psicólogo americano, que propõe a existência de um espectro de inteligências a

comandar a mente humana, suscitou muitos comentários, contrários e favoráveis.

De acordo com GARDNER, estas seriam nossas sete inteligências:

. Lógico-matemático: capacidade de realizar operações matemáticas e de

analisar problemas com lógica. Matemáticos e cientistas têm essa capacidade

privilegiada.

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. Lingüística: habilidade de aprender línguas e de usar a língua falada e escrita

para atingir objetivos. Advogados, escritores e locutores a exploram bem.

. Espacial: capacidade de reconhecer e manipular uma situação espacial ampla

ou mais restrita. É importante tanto para navegadores como para cirurgiões ou

escultores.

. Físico-cinestésica: potencial de usar o corpo para resolver problemas ou

fabricar produtos. Dançarinos, atletas, cirurgiões e mecânico se valem dela.

. Interpessoal: capacidade de entender as intenções e os desejos dos outros e,

conseqüentemente, de se relacionar bem com eles. É necessária para

vendedores, líderes religiosos, políticos e, o mais importante, professores.

. Intrapessoal: capacidade de a pessoa se conhecer, incluindo aí seus desejos, e

de usar essas informações para alcançar objetivos pessoais.

. Musical: aptidão na atuação, apreciação e composição de padrões musicais.

BIBLIOGRAFIA:

HOWARD GARDNER

O psicólogo americano de 56 anos é professor de Cognição e Educação e

integrante do Projeto Zero, um grupo de pesquisa em cognição humana mantido

pela Universidade de Harvard. Também leciona neurologia na Escola de Medicina

da Universidade de Boston. Escreveu dezoito livros.

O QUE FICOU

A escola deve valorizar as diferentes habilidades dos alunos e não apenas a

lógico-matemática e a lingüística, como é mais comum.

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UM ALERTA

Para que as diversas inteligências sejam desenvolvidas, a criança tem de ser mais

que uma mera executora de tarefas. É preciso que ela seja levada a resolver

problemas.

4.5 - PIAGET - DA EXPERIÊNCIA NASCE O CONHECIMENTO

A teoria do conhecimento, construída por JEAN PIAGET, não tem intenção

pedagógica. Porém ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar

sua prática.

“ Piaget mostra que o sujeito humano estabelece desde do nascimento uma

relação de interação com o meio”, explica Jean Marie Dolle, professor emérito da

Universidade Lumiére-Lyon 2, na França, e especialista na obra piagetiana. “É a

relação da criança com o mundo físico e social que promove seu desenvolvimento

cognitivo”, completou o professor Mário Sérgio Vasconcelos, coordenador do

curso de pós-graduação da Universidade Estadual Paulista, campus de Assis.

Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios.

Por volta dos 2 anos, ele evolui do estágio sensório-motor, em que a ação envolve

os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos (como sugar a

mamadeira) e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação

que desenvolve, para a pré-operatório. “Nessa etapa, a criança se torna capaz

de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso, por exemplo, quando brinca de

boneca e representa situações vividas em dias anteriores”, explica Vasconcelos.

Outra progressão se dá por volta dos 7 anos, quando ela passa para o estágio

operacional-concreto.

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Aqui, consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos e , para

concluir um raciocínio, leva em consideração as relações entre os objetos.

Percebe que 3-1=2 porque sabe que 2+1=3. Finalmente por volta dos 12 anos,

chegamos ao estágio operacional-formal. “O adolescente pode pensar em coisas

completamente abstratas, sem necessitar da relação direta com o concreto. Ele

compreende conceitos como amor ou democracia.”

“Uma máxima da teoria piagetiana é que o conhecimento é construído na

experiência”, afirma Ulisses Araújo, professor do Departamento de Psicologia

Educacional da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas.

Para Piaget, o que permite a construção da autonomia moral é o estabelecimento

da cooperação em vez da coação, e do respeito mútuo no lugar do respeito

unilateral”.

BIBLIOGRAFIA

JEAN PIAGET

Nascido na Suíça, em 1896, numa família rica e culta, aos 7 anos já se

interessava por estudos científicos.

Biólogo de formação, estudou Filosofia e doutorou-se em Ciências Naturais aos 22

anos. Em 1923, lançou A Linguagem e o Pensamento na Criança, o primeiro de

seus mais de sessenta livros. Faleceu em 1980, na Suíça.

O QUE FICOU

É na relação com o meio que a criança se desenvolve, construindo e

reconstruindo suas hipóteses sobre o mundo que a cerca.

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UM ALERTA

O professor deve respeitar o nível de desenvolvimento das crianças. Não se pode

ir além de suas capacidades nem deixa-las agir sozinhas.

4.6-VYGOTSKY - PROCESSOS INTERNOS E INFLUÊNCIAS

EXTERNAS

O indivíduo não nasce pronto nem é copia do ambiente externo.Em sua evolução

intelectual há uma interação constante e ininterrupta entre processos internos e

influências do mundo social. Por defender essa idéia, o psicólogo LEV

VYGOTSKY é considerado um visionário. “Ele se posicionou contra as correntes

do pensamento que eram aceitas na sua época”, explica Teresa Rego, professora

de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São

Paulo (USP), que defendeu suas teses de mestrado e doutorado sobre Vygotsky.

O estudioso nascido na Bielo-Rússia se contrapôs ao pensamento inatista,

segundo o qual as pessoas já nascem com suas características, como inteligência

e estados emocionais, pré-determinados. Da mesma forma, enfrentou o

empirismo, corrente que defende que as pessoas nascem como um copo vazio e

são formadas de acordo com as experiências às quais são submetidas. “Ele

construiu uma terceira via, a sociointeracionista”, diz Teresa.

O bom ensino, portanto, é o que incide na zona proximal. “Ensinar o que a criança

já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal

é partir do que ela domina para ampliar seu conhecimento” recomenda Teresa.

BIBLIOGRAFIA

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LEV VYGOTSKY

Apesar da vida curta – morreu de tuberculose em 1934, aos 37 anos – o pensador

bielo-russo teve uma produção intelectual intensa.

Formado em Direito, também fez cursos de Medicina, História e Filosofia. Por

motivos políticos, suas obras foram censuradas e chegaram ao Ocidente apenas

nos anos 60 – no Brasil, só no início da década de 80.

O QUE FICOU

O aprendizado é essencial para o desenvolvimento do ser humano e se dá

sobretudo pela interação social.

UM ALERTA

A idéia de que quanto maior for o aprendizado maior será o desenvolvimento não

justifica o ensino enciclopédico. A pessoa só aprende quando as informações

fazem sentido para ela.

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CONCLUSÃO:

ESCOLA CIRCULAR (salas de aulas circulares), onde os alunos se interagem

entre eles, o professor e o mundo.

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ESPECIFICAÇÕES:

1. PAREDES – Salas de aulas com diâmetro de 8,00 m em alvenaria de ½

vez pintadas com tinta PVA látex.

2. ESQUADRIAS – Será levada em consideração a maior necessidade de

iluminação e ventilação ao ambiente. Esquadrias funcionando com sistema

de básculas vertical, onde serão abertas ou fechadas de acordo com a

necessidade ou não de ar condicionado.

3. REVESTIMENTOS – Serão de cores claras, suaves para dar maior

luminosidade ao ambiente.

4. PISOS – Serão do tipo “paviflex” anti derrapante e com alto poder de

absorção de som ( efeito acústico )

5. TETO – Será em vidro para captar a luminosidade no maior tempo

possível.

6. ILUMINAÇÃO – Respeitando a necessidade de se economizar energia,

será em luz fria ( lâmpadas Fluorescentes )

7. MOBILIARIO – Será executado ao longo da sala, bancadas para colocação

de computadores, essas bancadas terão prateleiras para guardar livros,

bolsas, etc dos alunos. Terão quantas cadeiras quanto forem a quantidade

de computadores. Ao centro da sala ficará a bancada do professor também

em forma circular com um lep-top e cadeira rotativa.

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BIBLIOGRAFIA

GRECIA – Publicacion Del Organismo Nacional Hellenico de Turismo Atenas –

Julio 1991

CEBRACE –Centro Brasileiro de Construções e Equipamentos Escolares -

Mobiliário Escolar – Ministério da Educação e Cultura.

CEBRACE – Centro Brasileiro de Construções e Equipamentos Escolares –

Móvel Escolar – Ministério da Educação e Cultura.

MACIEIRA – Sílvio Rezende – Projeto e Monografia (Guia Prático) – Edição do

autor – Rio de Janeiro – 2000

THOMPSON – Augusto – Manual de Orientação para Preparo de Monografia

MULTIEDUCAÇÃO – Núcleo Curricular Básico – Secretaria Municipal de

Educação – Rio de Janeiro – 1996.

A Revista do Ensino Fundamental – NOVA ESCOLA – novembro 1999.

www.omb.org.br Organização Montessori do Brasil

www.paulofreire.org

www.darcyribeiro.org

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ANEXOS

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ANEXO 1TEATRO DA GRECIA ANTIGA.

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ANEXO 2PROJETO DE SALA DE AULA CIRCULAR.

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ANEXO 3EXEMPLOS DE TRABALHOS EM INFORMÁTICA.

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ANEXO 4EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA SALA DE AULA.