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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E A NEUROCIÊNCIA EDUCACIONAL JUREMA PEREIRA SOUZA Orientador Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E A NEUROCIÊNCIA EDUCACIONAL

JUREMA PEREIRA SOUZA

Orientador

Profª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA E A NEUROCIÊNCIA

EDUCACIONAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Neurociência Pedagógica

Por: Jurema Pereira Souza

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para o atingir do meu objetivo.

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DEDICATÓRIA

“Nosso pedagogo, Jesus, deu-nos o esquema da vida verdadeira e calcou a educação do homem em Cristo. Sua característica própria não é de uma excessiva severidade nem tampouco um relaxamento excessivo sob o efeito da bondade: deu seus mandamentos imprimindo-lhes uma tal característica que nos permite executá-los. É bem isto, parece-me, que primeiramente modelou o homem com a terra, que o regenerou pela água, que fez crescer pelo espírito, que o educou pela palavra, que o dirige por seus santos preceitos para adoção filial e salvação, e isto para transformar e modelar o homem da terra num homem santo e celeste, e para que seja assim plenamente realizada a palavra de Deus: "façamos o homem à nossa semelhança.” (Clemente de Alexandria, O Pedagogo, in Maria da Glória de Rosa, A História da Educação. SP, p.98).

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RESUMO

Esta pesquisa começa com um breve relato da história do Brasil,

iniciando pela colonização ao século XX com os desafios da educação

brasileira. Apresenta a trajetória de Paulo Freire, de Aníbal Teixeira e outros

importantíssimos educadores da escola nova que desenvolveram a educação

escolar, dando um salto enorme no atraso que se tinha em comparação com os

países da Europa e América. No Brasil, até a bem pouco tempo não havia

historiadores da educação de importância, embora, ainda hoje haja lacunas a

serem preenchidas por estudiosos capazes de aprofundar o conhecimento da

realidade educacional tal como ela foi constituída para que seja capaz de

fornecer à reflexão filosófica o conteúdo da realidade sobre a qual se pensa. A

Neurociência pedagógica em seu processo histórico de atuação na escola

trouxe o tema trabalho para dentro do currículo, pois inicialmente estava

diretamente ligada as profissões e suas aptidões. Encerra-se o trabalho com a

legislação educacional fundamentada com as normas legais como garantia

para o exercício da profissão. A neurociência pedagógica no Brasil em nossa

atualidade, com seus paradigmas e novos desafios serão de grande

importância para o crescimento educacional. Ela deve ser um dos instrumentos

de transformação das práticas escolares e não de sua reiteração, este é o seu

maior desafio, pois envolverá, necessariamente, a formulação de um novo

projeto político pedagógico mais coerente com a realidade atual. Logo, a

abertura dos portões e muros escolares deve vir acompanhada de uma nova e

evoluída proposta pedagógica.

Palavras Chave: Educação, Neurociência, atualidade.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa procura apresentar, de maneira bem resumida, de

como se processa a neurociência pedagógica na Educação Brasileira.

É um trabalho que consta de três capítulos que se valeu um pouco

da história do Brasil, para buscar informações esclarecedoras sobre a

educação e, particularmente, como se processou no Brasil, a Orientação

Educacional perante a Educação. Neste sentido, utilizou-se como principais

autores que embasaram teoricamente esta pesquisa Maria Lucia de Arruda

Aranha, Regina Garcia e Lucia Fortuna. No que refere-se à neurociência

usou-se como teóricos COSENZA (2011), LIMA (2010) e RELVAS (2010

,2011)

Há enorme dificuldade em se escrever sobre a história da

educação no Brasil, devido aos poucos historiadores empenhados no

assunto e a inexistência de bibliografia competente, mas há um excelente

material bibliográfico sobre a orientação educacional brasileira.

Felizmente, a neurociência educacional tem como pressuposto

para sua prática a formação integral do educando, visando a qualidade do

processo de aprendizagem bem como o fortalecimento dos direitos

humanos e o exercício da cidadania.

Pode-se atribuir ao neurocientista Educacional um papel

preponderante como profissional de ajuda. Esse papel tem uma gênese

interior e é construído pela sua ação específica, que produz os efeitos

esperados de um profissional de ajuda.

Apresenta ainda os aspectos gerais da Neurociência Educacional

uma vez que a sua atuação está fundamentada em legislações vigentes no

âmbito nacional, regional e local, garantindo atuações respaldadas em

normas bem definidas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................8

CAPÍTULO 1- CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO BRASILEIRA..10

CAPÍTULO 2- NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E EDUCAÇÃO......................25

CAPÍTULO 3- OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA.............36

CONCLUSÃO...................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................41

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INTRODUÇÃO

A história consiste na importância do homem em reconstituir o passado,

relatando e interpretando os acontecimentos em uma ordem cronológica em

seleção aos considerados relevantes. Esta análise não é idêntica ao longo do

tempo, varia de acordo com a cultura.

O que se aprendeu em História do Brasil foi apresentado nos capítulos

iniciais desta monografia. A memória dos povos tribais não privilegia os

acontecimentos da vida da comunidade, porque eles consideram que o

passado se refere aos "tempos primordiais", templos sagrados em que os

deuses realizavam seus feitos extraordinários. Portanto, fazer história é

recontar os mitos.

A reconstituição do passado, não é tarefa fácil, o relato supõe uma

seleção de fatos conforme a sua relevância. Qual o critério para estabelecer

essa relevância? A verdade, chamada “história oficial” silencia sobre o pobre, o

negro, a mulher e os excluídos da escola.

Apresenta-se a educação no século XX com relevante importância em

nossa pedagogia principalmente com os grandes educadores Anísio Teixeira e

Paulo Freire, suas propostas, e até o exílio. Ela ofereceu riquíssima produção

pedagógica tendo em vista o pouco que se dispunha.

Mais importante do que saber o que o historiador estuda, é perguntar-se

como o estuda, porque em toda seleção de fatos existem sempre os

pressupostos teóricos, ou seja, uma filosofia da história subjacente ao processo

de interpretação. Isso foi apresentado no capítulo “desafios da educação” e as

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suas transformações e questionamentos devido aos excessos de informações

sem seleção e controle.

O perigo ameaça tanto a existência da tradição como os que a recebem.

Para ambos, o perigo é o mesmo: entregar-se às classes dominantes, como

seu instrumento.

O segundo capítulo apresenta a relação entre a neurociência

pedagógica e a educação. com as diversas possibilidades e limites, a escola é

hoje o local onde o aluno permanece de quatro a seis horas, em atividades

sociais, educacionais e culturais, e ele deve ser participante dessas atividades.

Assim, o neurocientista pedagógico está atuando como facilitador no

processo de maturidade pessoal e social do adolescente, e também apresenta

a legislação nacional, regional e local que respaldam a atuação do orientador

educacional. Por fim é feito uma analogia com os desafios da educação na

modernidade, o que por si nos leva a conclusão do trabalho monográfico.

A metodologia escolhida para este trabalho é a partir de pesquisa

bibliográfica, contemplando autores teóricos renomados que falem sobre o

tema em questão baseada em publicações de autores de reconhecida

importância no meio acadêmico e em artigos veiculados em periódicos

indexados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES). Como pesquisa bibliográfica, teve como objetivo principal

conhecer os principais aspectos da educação brasileira e o contexto

educacional com o neurocientista pedagógico.seus aspectos teóricos e

históricos, buscando os conhecimentos necessários para responder o

problema.

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CAPÍTULO 1

CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO BRASILEIRA

1.1- A chegada dos Jesuítas

Após a Reforma, o Concílio de Trento empreendeu a Contra –

Reforma, destinada a impedir a propagação da dissidência religiosa. Além

dos Jesuítas, com a ação mais intensa, eficaz e duradoura, outras ordens se

empenham nesse trabalho, como os dos franciscanos, dominicanos,

carmelitas e beneditinos.

“ Tomé de Souza, em l549, veio acompanhado de diversos jesuítas encabeçados por Manuel da Nóbrega. Apenas quinze dias depois, os missionários já faziam funcionar, na recém fundada cidade de Salvador, uma escola "de ler e escrever" ( Aranha, M. Lúcia . História da Educação. SP. Moderna. 2000. P 99 ).

É o inicio do processo de criação de escolas elementares,

secundárias, seminários e missões, espalhadas pelo Brasil até o ano de

1759, quando os jesuítas são expulsos pelo Marquês de Pombal.

A historiadora Aranha (2000) lembra que nesse período de 210

anos, eles promoveram uma ação maciça de catequese dos índios,

educação dos filhos dos colonos, formação de novos sacerdotes e da elite

intelectual, além do controle da fé e da moral dos habitantes da nova terra.

Fala ainda que é difícil a empreitada de instalar um sistema de

educação em terra estranha e povo tribal. De um lado, os indígenas de

língua e costumes desconhecidos e, de outro, os colonizadores portugueses,

que para cá vieram sem suas mulheres e famílias, muito rudes e

aventureiros, com hábitos criticados pelos religiosos.

Padre Manoel da Nóbrega de espírito empreendedor, organiza as

estruturas do ensino, atento às condições novíssimas aqui encontradas. O

primeiro jesuíta a aprender a língua dos índios foi Aspilcueta Navarro,

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também pioneiro na penetração dos sertões em missão evangelizadora. O

noviço José de Anchieta, de apenas 19 anos, é quem vai se destacar no

trabalho apostólico.

“Os padres aprendem a língua tupi-guarani e elaboram os textos usados para a catequese, ficando a cargo de Anchieta a organização de uma gramática Tupi. É tão comum falar Tupi que os portugueses, temerosos de que a língua nativa predominasse, passam a exigir o uso exclusivo do português” (Aranha, M. Lúcia, História da Educação. SP. Moderna. 2000 p 100 )

O fato é que desde o início da civilização o índio se encontra à

mercê de três interesses, que ora se complementam e ora se chocam: a

metrópole deseja integrá-lo ao processo colonizador, o jesuíta quer

convertê-lo ao cristianismo e aos valores europeus, e o colono quer usá-lo

como escravo para o trabalho. É bom lembrar que os índios são silvícolas, e

eram nômades, e confiná-los nas missões, como eram feitos, caracterizava-

se uma forma de violência e escravidão, e tribos inteiras eram confinadas

para aculturarem-se, ocorrendo a captura de tribos inteiras para o trabalho

escravo.

A historiadora Aranha (2000) remete agora ao poema de Oswald de

Andrade, ele dizia que os padres vestiram literalmente os índios, sugerindo-

lhes que se envergonhassem da nudez, também vestiram simbolicamente

de outros valores, de cultura diferente, como todo colonizador que se acha

superior, impuseram-lhes outra língua, outro Deus, outra moral e até outra

estética.

1.2- A educação dos filhos dos colonos

“As primeiras escolas reuniam os filhos dos colonos e os índios, mas a tendência da educação dos jesuítas era separar os colonizadores dos colonizados” (Aranha, M. Lúcia. História da Educação. SP. Moderna. 2000. p. 101)

A ação sobre os índios era torná-los dóceis para o trabalho, já a

educação dos filhos dos colonos era mais ampla, inclusive aprendiam a ler e

a escrever.

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Mostra ainda a historiadora Aranha (2000), que era tradição das

famílias portuguesas orientar os filhos para diferentes carreiras. O

primogênito herda o patrimônio do pai e continua seu trabalho no engenho, o

segundo era destinado as letras, e enviado ao colégio interno, muitas vezes

concluindo o curso na Europa, o terceiro deve ser padre. Como se vê os

jesuítas agem sobre os dois últimos.

Fala também na educação os jesuítas que montaram estrutura dos

três cursos: a) letras humanas; b) filosofia e ciência; c) teologia e ciências

sagradas; destinados respectivamente à formação do humanista, do filósofo

e do teólogo. O governo de Portugal sabe o quanto a educação é importante

como meio de submissão e de domínio político e, portanto não intervém nos

planos dos jesuítas. A educação interessa apenas a poucos elementos da

classe dirigente e, ainda assim, como ornamento e erudição, é literária,

abstrata e dogmática, por ser tratar de uma sociedade agrária e escravista,

não há interesse pela educação elementar, daí a massa de grandes

iletrados, as mulheres eram excluídas do ensino, da mesma forma que os

negros, cujos filhos nunca despertaram o interesse dos padres, como os

índios, só mais tarde é que os mulatos começam a reivindicar espaços na

educação, daí que mais tarde aumenta a procura de escolas para mestiços,

o que provoca um incidente chamado "questão dos moços pardos".

“Com o tempo, a educação atende a um segmento novo, o da pequena burguesia urbana que aspira à ascensão social” (Aranha. M. Lúcia, História da Educação. SP. Moderna.2000. p 103 )

Afirma a historiadora Aranha (2000), que a única saída dos

brasileiros desejosos de seguir carreiras profanas, as profissões liberais era

se dirigir para a metrópole.

As Universidades européias, sobretudo as portuguesas, ao reunir os

estudantes desempenhavam papel importante no alargamento de

horizontes, porque entravam em contato com outros estilos de vida e traziam

aspirações da civilização urbana mais avançada completamente diferente

com a vida rural e patriarcal da colônia. Esses elementos fazem germinar

ideais políticos e sociais reveladores da insatisfação com o "status quo".

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Lembra ainda a historiadora Aranha(2000) que é grande o contraste

entre a Europa e o Brasil nesse século. Na Europa ocorrem muitas

transformações sociais (ascensão da burguesia), econômicas (liberalismo) e

políticas (revoluções que destituem reis absolutistas). Aqui no Brasil continua

com a sua aristocracia agrária escravista, a economia agro-exportadora

dependente e submetido à política colonial de opressão. Persiste o

analfabetismo e o ensino precário, agravado com a expulsão dos jesuítas.

No século XIX ainda não há propriamente o que poderia ser

chamada de uma “pedagogia brasileira. No entanto, alguns intelectuais,

influenciados pelas idéias européias, tentam imprimir novos rumos à

educação, ora apresentando projetos de leis, ora criando escolas”.

Sérgio Buarque de Holanda (1995) dizia "A democracia no Brasil foi

sempre um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal

importou-a e tratou de acomodá-la, onde fosse possível, aos seus direitos ou

privilégios, os mesmos que tinham sido, no Velho Mundo, o alvo da luta da

burguesia contra a aristocracia. E assim puderam incorporar à situação

tradicional, ao mesmo como fachada ou decoração externa, alguns lemas

que pareciam os mais acertados para a época e eram exaltados nos livros e

discursos".

Afirma a historiadora Aranha (2000) em seu livro História da

Educação que o golpe de misericórdia que prejudicou a educação brasileira

vem no entanto de uma emenda à Constituição, o Ato Adicional de 1834.

Essa reforma descentraliza o ensino, atribuindo à Coroa a função de

promover e regulamentar o ensino superior, enquanto às províncias (futuros

estados) são destinadas as escolas elementar e a secundária.

Dessa forma a educação da elite fica a cargo do poder central e a do

povo, confiada às províncias. Assim que chegou ao Brasil, D. João VI

determinou as primeiras medidas a respeito da educação, no sentido de criar

escolas de nível superior para atender as necessidades do momento: formar

oficiais do exército e da marinha para defesa da colônia, engenheiros e

médicos; abrir cursos especiais de caráter pragmático na Academia Real da

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Marinha (1808); curso médico-cirúrgico, à partir de 1808, no Bahia e no Rio,

visando formar médicos para a marinha e o exército; diversos cursos avulsos

de economia, química e agricultura, também na Bahia e no Rio; cursos

jurídicos, em São Paulo e Recife (1827), que se tornaram faculdades em

1854.

“A camada intermediária procura sobretudo os cursos de direito, não só para seguir a atividade jurídica, mas para ocupar funções administrativas e políticas ou dedicar-se ao jornalismo. Além disso o diploma exerce um função de enobrecimento” (Aranha, M. Lúcia. História da Educação. SP. Moderna. 2000 p. 194 )

Já o ensino primário e secundário são dois mundos que se orientam

em direções diferentes, sem articulações e desagregadas. De início o ensino

secundário é predominantemente ministrado por professores particulares,

em aulas avulsas, sem fiscalização ou unidade, com o tempo criam-se liceus

provinciais, que nada mais são que reunião de aulas avulsas no mesmo

prédio.

No período de 1860 a 1890 a iniciativa particular se organiza, e são

fundados importantes colégios, sobretudo católicos, com inspiração das

idéias iluministas. Criaram-se também colégios leigos da época, são os mais

progressistas e renovadores, com enorme massa de alunos, fazendo com

que ocorra falta de organização e professores mal habilitados e até

insuficientes para o número de alunos.

No ensino elementar, a situação é mais caótica, afirma a historiadora

Aranha (2000), o modelo econômico brasileiro, predominantemente agrário,

sofre algumas alterações na segunda metade do século XIX em função do

incremento do comércio e, mais para o final, devido ao pequeno surto de

industrialização. Esse modelo não favorece a demanda da educação, que

não é vista como meta prioritária em face da grande população rural

analfabeta composta sobretudo por escravos.

Embora, na Constituição outorgada de 1824 houvesse referência a

um "sistema nacional de educação" pela reforma de 1834 sabemos que o

ensino elementar foi descentralizado e não havia naquela época gestão

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participativa, tudo era imposto como massa de bolo, passando para a

iniciativa autônoma das províncias. Sem a exigência de conclusão do curso

primário para cesso a outros níveis, a elite educa seus filhos em casa, com

preceptores, já para os demais segmentos da sociedade o que lhes resta

são pouquíssimas escolas cuja atividade se acha restrita à instrução

elementar de ler, escrever e contar.

Para melhorar a formação de mestres, são criadas as primeiras

escalas normais, na Bahia, Niterói e São Paulo, onde são oferecidos apenas

dois anos de curso, de nível secundário, atendendo a pouquíssimos alunos.

O descaso pelo preparo do mestre faz sentido numa sociedade não

comprometida com a prioridade à educação elementar. Curioso é que as

escolas normais eram destinadas para os rapazes, mais tarde terão uma

clientela predominantemente feminina.

Com relação a educação feminina, aos poucos aparecem escolas

que se ocupam com a educação feminina, sobretudo as instituições de

religiosas francesas.

Leôncio de Carvalho foi o inovador do ensino mais audacioso e

radical do período do Império, estabelecendo normas para o ensino primário,

secundário e superior, na reforma de 1879. Nessa lei defende a liberdade de

ensino, de freqüência, de credo religioso, de criação de escolas normais e o

fim da proibição da matricula de escravos.

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1.3- A educação brasileira a partir do século XX

1.3.1- A Primeira República

Com a queda da monarquia em 1889, começa a Primeira República,

e pela Constituição de 1891 é instaurado o governo representativo, federal e

presidencial.

“As idéias positivistas obtém a simpatia das gerações mais novas de oficiais formados pela Escola Militar, porque se sentem atraídos pelas formas de disciplina e moral severas, típicas do comtismo. Não por acaso, os dizeres de nossa bandeira republicana, Ordem e Progresso, representam a inspiração Positivista.” (Aranha, M. Lúcia História da Educação. SP. Moderna.2000. p.195)

Benjamim Constant, no início desinteressado em assuntos políticos,

acaba se envolvendo no movimento que culmina com a proclamação da

República. Escolhido ministro da Instrução acaba empreendido na reforma

educacional de 1890, embora esse ministério dure apenas dois anos.

Rui Barbosa acusa os positivistas, de conhecer superficialmente as

propostas de Comte, tanto que, ao introduzir as ciências físicas e naturais

nas escolas do primeiro e de segundo graus, contraria a orientação comtista,

que as recomenda apenas para os maiores de 14 anos.

Além disso, a Constituição republicana de 1891, ao reafirmar a

descentralização do ensino fundamental e profissional, atribui a União a

incumbência da educação superior e secundária, reservando aos Estados o

ensino fundamental e profissional.

Após a Primeira Guerra, lembra a historiadora Maria Lúcia Aranha,

com a industrialização e urbanização forma-se a nova burguesia urbana, e

estratos emergentes de uma pequena burguesia exigem acesso à educação.

O operariado exige um mínimo de educação, e começam as pressões para a

expansão da oferta de ensino. Início do escolanovismo, esses educadores

introduzem o pensamento liberal democrático, defendendo a escola pública

para todos, a fim de alcançar uma sociedade igualitária e sem privilégios.

Esses intelectuais produzem obra abundante e pretendem remodelar o

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ensino brasileiro, mas suas considerações dependem da produção

estrangeira, faltando uma análise mais profunda de nossa realidade.

Dentre os escolanovistas, é notável a contribuição do filósofo Anísio

Teixeira (1900-1971). De uma viagem aos EUA, volta entusiasmado com o

pensamento de Dewey, a ponto de se tornar responsável pela disseminação

das idéias pragmatistas no Brasil. Escreveu importantes livros como

"Educação não é privilégio” e "Pequena introdução à filosofia da educação “.

Antes mesmo que o ideário da escola nova fosse bem conhecido,

diversos estados empreendem reformas pedagógicas calcadas nas

propostas daqueles que seriam os expoentes do movimento escolanovista

na década seguinte. Foram reformas de: Lourenço Filho ( Ceará-1923),

Anísio Teixeira (Bahia-1925), Francisco Campos e Mário Casassanta (

Minas Gerais-1927), Fernando de Azevedo (Distrito Federal-1928) e

Carneiro Leão (Pernambuco-1928).

A partir da década de 30, a educação passa a despertar maior

atenção, segundo Aranha (2000), quer pelos movimentos dos educadores,

quer pelas iniciativas do governo ou ainda pelos resultados concretos

efetivamente alcançados. Em 1930 é criado o Ministério da Educação e

Saúde, que imprime uma tendência renovadora nos diversos decretos de

1931 e 1932. O ensino secundário passa a ter dois ciclos: o fundamental,

com cinco anos e outro complementar com dois anos, este ultimo visando a

preparação para o curso superior.

Em que pesem as dificuldades, o período da década de 30 foi

importante para a criação e organização das universidades. Embora

algumas existissem, resultavam de simples agregação de faculdades,

mantendo-se a concepção acadêmica e dirigida para o "espírito da

profissão".

Francisco Campos, com seus decretos, imprime nova orientação,

voltada para maior autonomia didática e administrativa, interesse pela

pesquisa, difusão da cultura, visando ainda beneficiar a comunidade.

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Na vigência do Estado Novo (1937-1945), durante a ditadura

Vargas, o ministro Gustavo Capanema empreende outras reformas no

ensino, regulamentadas por diversos decretos-lei assinados de 1942 a 1946

e denominados Leis Orgânicas do Ensino.

“O curso secundário é novamente reestruturado, passando a ser constituído do ginásio de quatro anos e colegial de três anos, este dividido em curso clássico (com predominância de humanidades) e cientifico. No ensino profissional, aparecem algumas novidades consideráveis.” (Aranha, M. Lúcia História da Educação. SP. Moderna.2000 p.195)

Com o tempo, as escolas normais se tornam reduto das moças de

classe média em busca da "profissão feminina".

1.3.2- A Segunda República

No período de 1945 a 1964 retorna o estado de direito, com

governos eleitos pelo povo e marcados pela esperança de um progresso

acelerado.

“Instalou-se no Governo JK, o desenvolvimentismo, por ocasião das instalações das multinacionais que vieram para o país. Depois do governo JK, ao curto período até a renúncia de Jânio segue-se a turbulência do governo João Goulart, interrompido pelo movimento militar de 1964.” (Aranha, M. Lúcia. História da Educação. SP. Moderna. 2000. p. 196)

No início da década de 60, afirma a historiadora Aranha (2000), a

discussão sobre a educação toma corpo com diversos movimentos

importantes. Darcy Ribeiro inspirado nas idéias de Anísio Teixeira, funda a

Universidade de Brasília, em 1961, concretizando o projeto da renovação

universitária.

As primeiras críticas chegam à descentralização do ensino, porém

no auge da discussão, informa a historiadora, surge com Carlos Lacerda

defendendo a "Liberdade de Ensino", em 1959, ele apresenta um substituto

vetando o monopólio do ensino estatal e defendendo a iniciativa privada, por

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considerar competência do Estado o suprimento de recursos técnicos e

financeiros e a igualdade de condições das escolas oficiais e particulares.

Quando a Lei 4024 é publicada, já se encontra ultrapassada, e nada fala

sobre gestão, embora fosse uma proposta avançada na época da

apresentação do anteprojeto, envelhece no correr dos debates e do

confronto de interesses.

Com a criação do Conselho Federal de Educação e dos Conselhos

Estaduais de Educação, nos quais é permitida a representação de escolas

particulares, tornam-se inevitáveis a pressão e o jogo de influências para

obter recursos.

O ensino técnico continua a não merecer atenção especial,

infelizmente, afirma a historiadora, quer seja do setor industrial quer seja do

setor comercial, e muito menos do agrícola, com isso o número de

trabalhadores qualificados crescia pouquíssimo, fazendo com que as

empresas passassem a qualificar os seus próprios empregados. Todos

esses desencontros aumentam o descompasso entre a estrutura

educacional e o sistema econômico. Do resto, podemos observar como a

legislação sempre reflete os interesses apenas das classes representadas

no poder.

A historiadora Aranha (2000) afirma, que Paulo Freire foi um dos

grandes pedagogos da atualidade, não só no Brasil, mas também no mundo,

mesmo que as suas idéias tenham sofrido críticas, é indispensável

considerar a fecunda contribuição que deu à educação popular. Antes de

tudo ele era cristão, e sua teologia se embasa em uma teologia libertadora,

preocupada com o contraste entre ricos e pobres. Ele percorre os caminhos

da fenomenologia, do existencialismo e do marxismo.

Em 1962, no Rio Grande do Norte, Angicos, 300 trabalhadores se

alfabetizam em 45 dias, o impacto foi tão grande que o então governador de

Pernambuco, Miguel Arraes, autoriza um trabalho semelhante nas favelas de

Recife e em, seguida em todo o Estado. Depois disso o Governo Federal se

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interessa por esse trabalho, objetivando atingir dois milhões de adultos por

ano.

Paulo Freire, foi exilado para o Chile, em 1964 época do Regime

Militar, onde viveu por 14 anos, e depois em Genebra funda com outros

colegas exilados o IDAC (Instituto de Ação Cultural), que presta assessoria a

movimentos bem diversos, como os operários dos sindicatos italianos, para

as mulheres, alfabetização de adultos da Guiné-Bissau, também em Cabo

Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e Nicarágua. Ao voltar do exílio retoma

suas atividades de escritor e debatedor, assume cargos nas Universidade e

ainda o de secretário municipal da educação em S. Paulo (1989-1991).

Método Paulo Freire - Coerente com o posicionamento filosófico, o

método não pode ser reduzido a mera técnica de alfabetização. Nesse

espírito novo, os educadores superam a postura autoritária e, abertos ao

diálogo, procuram ouvir o próprio povo.

“Inicialmente, Paulo Freire recomenda fazer o levantamento do universo vocabular dos grupos, a fim de escolher as palavras geradoras, que variam conforme o lugar. Por exemplo, em Pernambuco as palavras escolhidas foram: tijolo, voto, siri, palha, biscate, cinza, doença, chafariz, máquina, emprego, engenho, mangue, terra, enxada, classe. Já nas favelas do Rio de Janeiro, eram outras: favela, chuva, arado, terreno, comida, batuque, poço, bicicleta, trabalho, salário, profissão, governo, mangue, engenho, anexada, tijolo, riqueza” (Aranha, M. Lúcia. História da Educação. SP.Moderna.2000.p.196 )

Em seguida, diz a historiadora Aranha (2000), são organizados os

círculos de cultura, constituídos de pequenos grupos sob a orientação de um

animador, que tanto pode ser um professor ou um companheiro alfabetizado.

Diante da representação de uma favela, por exemplo, há o debate sobre o

problema da habitação, da alimentação, do vestuário, da saúde, da

educação, descobrindo-a como uma situação problemática. O homem

iletrado chega humilde e culpado, mas aos poucos descobre com orgulho

que também é um "fazedor de cultura” e, mais ainda, que a condição de

inferioridade não se deve a uma incompetência sua, mas resulta de lhe ter

sido roubada a humanidade.

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O método Paulo Freire pretende superar a dicotomia entre teoria e

prática: no processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um

saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, de certa forma.

Percebendo-se como sujeito da história, toma a palavra daqueles que até

então detêm seu monopólio. Alfabetizar é em ultima instância, ensinar o uso

da palavra.

1.3.3- O Regime Militar

“Durante vinte anos os brasileiros viveram o medo gerado pelo governo do arbítrio e pela ausência do estado de direito. Os reflexos desses anos de chumbo foram desastrosos na cultura e na educação” (Aranha, m. Lúcia. História da Educação. SP. Moderna.2000 p197 )

O regime militar de 1964 opta pelo aproveitamento do capital

estrangeiro e liquida de vez o nacional-desenvolvimentismo. A recuperação

econômica proposta usa o modelo concentrador de renda, que favorece uma

camada restrita da população e submete a outra ao arrocho salarial, não tão

contundente como o atual, mas de grande pressão. A partir de 1968 a

repressão recrudesce, tornando arriscada qualquer oposição ao regime.

Instala-se o terrorismo nas universidades, lembra a historiadora

Aranha, que processos sumários e arbitrários aposentam e demitem

professores, obrigando alguns a se exilarem em outros países, inclusive

Paulo Freire. A antiga universidade, porém não tem condições de atender a

procura e depois de aprovados no exame vestibular, os estudantes

pressionam o governo por mais vagas. Foi criado então o Decreto

68.908/71, que pretende por fim ao excedente, criando o vestibular

classificatório.

A tendência tecnicista em educação, conforme Vitor Henrique Paro,

resulta da tentativa de aplicar na escola o modelo empresarial, que se

baseia na "racionalização e gestão", própria do sistema de produção

capitalista. Investir em educação significa possibilitar o crescimento

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econômico. Afinal a educação tecnicista se encontra imbuída dos ideais de

racionalidade, organização, objetividade e eficiência. Nessa perspectiva o

professor é um técnico que, assessorado por outros técnicos e intermediado

por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo, tudo

isso para alcançar mais eficiência e produtividade.

Reforma Universitária surgiu com a criação da Lei 5540/68, diz a

historiadora Aranha, que introduz diversas modificações na Lei de Diretrizes

e Bases da Educação (LDB) de 1961,onde extingue a cátedra e unifica as

universidade para melhor concentração de recursos materiais e humanos,

tendo em vista melhor eficácia e produtividade, institui também o curso

básico para suprir deficiências do segundo graus e no sigilo profissional,

estabelece cursos de curta e longa duração, e desenvolve um programa de

pós graduação.

A Reforma do Primeiro e Segundo Graus, ocorre no período mais

violento do regime militar, no governo Médici. A Lei 5692/71, visa o ensino

de primeiro e segundo graus tem por objetivo geral proporcionar ao

educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas

potencialidades como elemento de auto-realização, qualificação para o

trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania. Isso aglutina o

antigo primário com o ginásio, suprimindo os exames de admissão,

responsáveis pela seletividade.

1.3.4- A Nova República

Lembra a Historiadora Aranha (2000), que em 1985, passa ao

primeiro governo civil depois do regime militar, ainda com inúmeros

remanescentes da fase autoritária. À revelia dos movimentos populares, com

destaque para a campanha das "Diretas, Já", manteve-se a eleição indireta

para a Presidência da República, em que toma posse José Sarney, como

presidente civil, através de uma aliança que tornara possível a vitória de

Tancredo Neves(falecido sem tomar posse).

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Na educação, um grupo de filósofos que se propuseram a organizá-

la porque estava com altos índices de analfabetismo, evasão, repetência e,

portanto, seletividade. Criou-se, afirma a historiadora Maria Lúcia Aranha,

uma pedagogia histórico-crítica, com a seguinte tarefa:

a) identificação das formas mais desenvolvidas em que se

expressa o saber objetivo produzido historicamente, reconhecendo as

condições de usa produção e compreendendo as suas principais

manifestações, bem como as tendências atuais de transformação;

b) conversão do saber objetivo em saber escolar de modo a

torná-lo assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares;

c) provimento dos meios necessários para que os alunos não

apenas assimilem o saber objetivo mas aprendam o processo de produção,

bem como as tendências de sua transformação;

A escola, segundo a historiadora Aranha, passa a ser mediadora

entre o aluno e a realidade, se ocupando com a aquisição de conteúdos,

formação de habilidades, hábitos e convicções.

O que se ressalta é a transformação da escola de qualidade, cada

vez mais elitista em que só os privilegiados tem condições de chegar as

universidades, pois os valores cobrados estão cada vez mais altos fazendo

com que os mais necessitados não tenham acesso ao ensino de qualidade,

deve-se a isso as escolas públicas, onde faltam professores, materiais de

apoio, e falta principalmente interesse dos governos em incentivar a

educação.

Aprovada a Constituição de 1988, resta elaborar uma lei

complementar para tratar das diretrizes e bases da educação, uma nova

LDB, não esqueçamos que a anterior levou 13 anos para ser aprovada, e

quando foi, estava envelhecida.

A Lei 9394 de 1996, diz Pedro Demo em seu Livro Ranços e

Avanços, tenta repor as falhas da lei anterior, como : tentar instaurar uma

política educacional decente, que se destine mais verbas públicas para as

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escolas públicas; a valorização do professor, o que certamente manteria na

ativa os profissionais de qualidade; a escola para todos, não prédios

enormes, suntuosos mas, qualidade de ensino com bibliotecas, salas de

leitura, etc. A lei está aí, resta saber se haverá interesse de nossos

legisladores em se preocupar com a implantação de escolas públicas,

universal, gratuita, democrática e principalmente de qualidade.

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CAPÍTULO 2

A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E EDUCAÇÃO

2.1 – As emoções e sua relação com a cognição e a aprendizagem

Embora todos saibamos, intuitivamente, o que são as emoções e

possamos dar exemplos delas, como alegria, raiva, medo ou tristeza, é comum

haver dificuldade em conceituá-las ou explicar para que servem. Do ponto de

vista que aqui nos interessa, as emoções são fenômenos que assinalam a

presença de algo importante ou significante em um determinado momento na

vida de um indivíduos. Elas se manifestam por meio de alterações na sua

fisiologia e nos seus processos mentais e mobilizam os recursos cognitivos

existentes, como a atenção e a percepção.

Além disso, elas alteram a fisiologia do organismo visando uma

aproximação, confronto ou afastamento e, frequentemente, costumam

determinar a escolha das ações que se seguirão.

As emoções atuam como um sinalizador interno de que algo importante

está ocorrendo, e são, também, um eficiente mecanismo de sinalização

intragrupal, já que podemos reconhecer as emoções uns dos outros e, por

meio delas, comunicar situações e decisões relevantes aos demais indivíduos

ao nosso redor. Não só os seres humanos,mas também os animais são

capazes de perceber as respostas emocionais dos seus semelhantes e reagir

prontamente. Claro que isso tem um valor de sobrevivência, pois o medo

demonstrado por um membro do grupo pode servir de aviso para que todos

respondam sem demora, de forma a fazer face ao perigo que se apresenta.

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Charles Darwin, o criador da teoria da evolução, já havia chamado a

atenção para a importância das expressões emocionais no comportamento

animal, e as pesquisas posteriores vieram demonstrar que as expressões

faciais relativas ás emoções básicas (alegria,tristeza, medo, raiva, surpresa e

asco ou desprezo) são invariáveis nas diversas culturas humanas, o que as

torna facilmente identificáveis, mesmo para indivíduos de culturas distantes. O

fenômeno emocional tem raízes biológicas antigas e foi mantido na evolução

exatamente por seu valir para a sobrevivência das espécies e dos indivíduos.

Na nossa cultura, as emoções costumam ser consideradas um resíduo

da evolução animal e são tidas como um elemento pertubador para a tomada

de decisões racionais. Acredita-se que os seres humanos deveriam controlar

suas emoções para que a razão prevaleça.

Na verdade, as neurociências têm mostrado que os processos cognitivos

e emocionais estão profundamente entrelaçados no funcionamento do cérebro

e têm tornado evidente que as emoções são importantes para que o

comportamento mais adequado à sobrevivência seja selecionado em

momentos importantes da vida dos indivíduos. A ausência das emoções nos

tornaria como inexpressivos robôs androides, como se vê em muitas obras de

ficção ciêntifica. E a vida perderia muito em colorido e sabor.

As emoções envolvem respostas periféricas que podem ser percebidas

por u observador externo: aumento do estado de alerta,desassossego,

dilatação da pupila, sudorose, lacrimejamento, alteração da expressão facial,

entre outras manifestações. Além disso, há modificações corporais internas

que são percebidas pelo sujeito, btais como o coração disparado, um ''frio no

estômago'' ou um ''nó na garganta''. Essas respostas fisiológicas são

acompanhadas por um sentimento emocional, ligado ao universo afetivo do

organismo: euforia, desânimo, inrritação, etc. Além disso, na maioria das

vezes, podemos identificar a emoção que estamos sentindo: amor, medo, ódio,

ciúme, decepção,etc. Admite-se que esta consciência emocional esteja

presente apenas na nossa espécie, enquanto os outros animais, ou pelo

menos os mamíferos, são capazes de experimentar os demais aspectos do

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fenômeno emocional, ou seja, as respostas periféricas e o sentimento

emocional. Nesse sentido, as emoções dos animais são um pouco diferentes

das emoção humana.

O psicólogo e pesquisador da Universidade de Harvard, Howard

Gardner, propôs, em 1983, a teoria, a inteligências múltiplas, segundo a qual

existiriam oito inteligências: verbal, lógico-matemática, visoespacial, corpora-

cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal e naturalistica.

Segundo a teoria, a inteligência verbal ou linguística envolve a leitura, a

escrita e a capacidade de se expressar na língua materna ou em línguas

estrangeiras. A inteligência lógico-matemática tem a ver com a habilidade de

realizar operações matemáticas, reconhecer padrões e relações e com a

capacidade de resolver problemas utilizando a lógica. A inteligência

visoespacial se aplica à percepção do ambiente, à capacidade de criar e

manipular imagens mentais e também à orientação espacial. A inteligência

corporal-cinestésica encarrega-se da coordenação e habilidade motora, tanto

para movimentos grosseiros quanto para os mais delicados e tem a ver com a

expressão pessoal e com a Aprendizagem por meio da atividade física.

A inteligência musical envolve a compreensão e a expressão por meio

da música, do ritmo e da dança e compreende a composição, a execução e a

condução musicais. A inteligência interpessoal coordena as capacidades de

compreender as pessoas, de comunicar-se com elas e de trabalhar de forma

colaborativa. A inteligência intrapessoal tem a ver com a capacidade de

compreender e lidar com as próprias emoções e pensamentos, com a

habilidade de controlá-las e trabalhar com eles de forma objetiva. Finalmente, a

inteligência naturalistica, proposta alguns anos depois das outras, envolve a

compreensão da natureza, plantas e animais, apreendendo suas

características e categorizando-os adequadamente. Essa inteligência envolve,

segundo o autor, uma aguda capacidade de observação, que pode ser utilizada

para classificar também outros objetos.

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Para Gardner, cada inteligência atuaria por meio de sistemas neurais

distintos e independentes. Sua teorização baseou-se em uma revisão da

literatura cientifica,em que foram levados e conta, entre outros,os resultados de

lesões cerebrais em que algumas capacidades são perdidas enquanto outras

permanecem normais, e também a existência dos idiots savants,indivíduos com

deficiências mentais em muitas áreas cognitivas mas que apresentam

capacidades excepcionais em outras, como matemática, por exemplo.

As pesquisas realizadas posteriormente mostram que as inteligências

sugeridas por Gardner são altamente correlacionadas tanto com o fator g( com

exceção da cinestésico-corporal )quanto umas com as outras. Portanto, não

são autônomas como havia sido proposto, e não há suporte experimental que

comprove a existência independente dessas inteligências. Contudo, a teoria

das inteligências múltiplas tem o mérito de chamar a atenção para outros

campos de aplicação da inteligência em que, usualmente, presta-se pouca

atenção, como o controle motor ou mesmo as habilidades musicais.

A teoria tem sido empregada em muitos ambientes educacionais, e

talvez o seu sucesso esteja ligado ao fato de que introduz atividades

alternativas e promove o entusiasmo que, como sabemos, são fatores que

facilitam a aprendizagem.

Nos anos de 1990 uma inteligência emocional foi proposta por

pesquisadores acadêmicos( Salovey e Mayer) e popularizada pelo psicólogo

Daniel Goleman,obtendo muito sucesso nos meios de comunicação e

empresariais. Ela seria a habilidade de perceber os próprios sentimentos e

emoções de forma precisa, de expressar as emoções e lidar com elas de uma

maneira positiva, de saber reconhecer as emoções nos outros e com isso

facilitar os relacionamentos e o crescimento pessoal. As pesquisas realizadas

até o momento, na tentativa de validar essa teoria têm resultados controversos,

mas,em geral, não dão suporte à existência de uma inteligência emocional

como entidade isolada, apesar da popularidade e do sucesso por ela

alcançados nos meios de comunicação.

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Robert Sternberg, outro pesquisador da área da cognição, afirma que

quase não existe correlação entre a inteligência geral, medida pelos testes, e a

inteligência prática, que seria utilizada para resolver a maioria dos problemas

do cotidiano.

Ele propõe uma teoria alternativa de inteligência, que envolve três

aspectos e que ele chama de inteligência bem -sucedida ou inteligência plena.

Ela seria definida como habilidade de obter sucesso em um determinado

contexto sociocultural aproveitando-se das potencialidades e compensando as

desvantagens existentes, de maneira a se adaptar,selecionar, mas também

modelar o ambiente, por meio de uma combinação de habilidades analíticas,

criativas e práticas. Ele sugere a existência de uma inteligência analítica, uma

inteligência prática e uma inteligência criativa. Três habilidades básicas seriam

importantes: analíticas - saber analisar e avaliar os problemas e as opções

disponíveis, criativas - ser capaz de gerar soluções para os problemas

identificados, e práticas - se capaz de fazer funcionar as opções escolhidas.

2.2- A abordagem nas dificuldades de aprendizagem

Em prática, o educador se depara com muitos desafios, mas talvez a

tarefa mais incômoda seja lidar com as dificuldades da aprendizagem. O

estudante que não presta atenção na aula, ou que está sempre perturbando a

turma com brincadeiras inconvenientes ou provocações. Aquele que não para

quieto, ou que tem facilidade em determinada disciplina, mas fracassa em

outras. O aluno que não tem problemas de comunicação, nas escreve

garranchos ou ainda aquele que é campeão de futebol, mas só tira notas

baixas. São todos motivos de preocupação para o professor.

Além de casos como esses, também estão na escola crianças e

adolescentes com limitações relacionadas a deficiências sensoriais, comi visual

e auditiva, ou com desarranjos ou diferenças no comportamento social,

cognitivo ou motor, cuja evolução no processo de aprendizagem é bastante

distinto dos demais estudantes.

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A avaliação das acuidades auditiva e visual na criança, antes do início

da sua vida escolar, contribui para a prevenção de algumas dificuldades para a

aprendizagem. No caso de alunos com deficiência s sensoriais congênitas, é

importante oferecer-lhes, desde o início do desenvolvimento, estratégias

pedagógicas alternativas, como o uso da língagem de sinais para os

deficientes auditivos e recorrer aos estímulos táteis para a comunicação com

os deficientes visuais.

As dificuldades de aprendizagem resultam de muitos aspectos que

interferem na aquisição de novos esquemas, ou seja , na reorganização do

cérebro para produção de novos comportamentos. É um termo genérico que

abrange um grupo heterogêneo de problemas capazes de alterar a capacidade

de aprender. Esses problemas podem estar relacionados a anomalias do

funcionamento do sistema nervoso.

Embora a aprendizagem ocorra no cérebro, nem sempre ele é causa

original das dificuldades observadas. Como ela depende da interação do

indivíduo com o ambiente, falhas na aprendizagem podem estar relacionadas

ao indivíduo, ao ambiente ou a ambos. Um aprendiz com boa saúde e todas as

suas funções cognitivas preservadas, sem nenhuma alteração estrutural ou

funcional do sistema nervoso pode, ainda sim, apresentar dificuldades para

aprender.

O ambiente, na verdade, leva ao desenvolvimento de comportamentos

adaptativos que podem dificultar ou propiciar a aprendizagem. Quando os pais

perguntam ao filho sobre seu dia na escola e valorizam as atividades

vivenciadas pelo aluno, ele ficará mais motivado para se envolver com aquelas

atividades. O contrário também ocorre: pais que não leem ou que não

incentivam os filhos a ler podem contribuir para o desinteresse deles pela

leitura.

A saúde geral do aprendiz é imprescindível para uma boa

aprendizagem. O funcionamento do cérebro depende do bom funcionamento

dos demais sistemas orgânicos, e algumas doenças, como hipotireoidismo,

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podem prejudicar o funcionamento do sistema nervoso, com influências

negativas na atenção e na memória. Doenças parasitárias, anemia,problemas

ortopédicos, doenças renais, cardiopatias, dentre outras, são quadros que

podem interferir na aprendizagem, pela própria doença ou por causa do seu

tratamento, ou ainda pela repercurssão de ambos sobre o sistema nervoso.

Eles podem produzir desconforto físico, implicar diminuição da frequência á

escola e das horas de estudo e, eventualmente, influenciar no sono e na

atenção.

O ambiente ao qual estamos expostos influencia o processo de

aprendizagem, interferindo nos fatores psicológicos e emocionais e induzindo

comportamentos que podem ser mais ou menos favoráveis ao aprendizado. O

início da vida escolar ou mudança de escola podem gerar timidez, insegurança

ou ansiedade.

Um ambiente familiar agressivo, inseguro, com história de alcoolismo,

uso de drogas, pais separados ou em constantes litígios, pais desempregados

ou com comportamento antissocial podem fazer com que seja muito difícil para

a criança se dedicar ao processo de aprender. Situações não rotineiras como

chegada de um irmão, mudança de comunidade, morte na família, uma viagem

ou evento muito importante também podem interferir.

O cérebro da criança estará processando os estímulos gerados por

essas mudanças de forma a produzir um comportamento que permita a melhor

adaptação às situações vividas. Assim, os circuitos neuronais que deveriam

estar envolvidos nas tarefas escolares estarão ocupados com comportamentos

que, naquele momento, são mais relevantes para a sobrevivência e o bem-

estar. O cérebro desse aprendiz, portanto, não apresenta nenhum problema,

mas funciona com objetivo de melhor adaptar o indivíduo ao contexto ao qual

ele está exposto naquela ocasião.

Crianças e adolescentes saudáveis, com funções cognitivas

preservadas, podem apresentar baixo desempenho escolar devido a

estratégias pedagógicas inadequadas,como aulas muitos extensas, conteúdos

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não contextualizados e pouco significativos para o aluno, professores pouco

qualificados ou desmotivados ou ainda pela falta de incentivo ou estimulação

pelos pais.

Fatores socioeconômicos como a ausência de condições para adquirir

material didático, restrições do acesso a livros, jornais e outros meios de

informação, falta de ambiente e rotina para estudo em casa podem contribuir

para um aprendizado que não reflete o potencial do aprendiz. Nesses casos,

eles não têm acesso às experiências sensoriais, motoras e sociais que são

fundamentais para o adequado funcionamento e para a reorganização de seu

sistema nervoso.

Os chamados transtornos da aprendizagem são exemplos de alterações

geneticamente determinadas em circuitos específicos, prejudicando a aquisição

de habilidades cognitivas como a escrita, a leitura ou raciocínio lógico-

matemático. O termo é reservado para as dificuldades na aprendizagem

caracterizadas por desempenho abaixo do esperado para a idade, nível

intelectual e de escolaridade, nas habilidades mencionadas, em aprendizes

que possuem condições adequadas e contextos favoráveis à aprendizagem.

Sua ocorrência varia de 2 a12% da população, dependendo do tipo de

avaliação utilizada.

A síndrome de Down, ou autismo, são exemplos de condições que

alteram vários circuitos e comprometem um leque mais variado de funções.

Nesses casos, além das dificuldades para aprendizagem, o indivíduo

apresentará também alterações, mais ou menos significativas,relacionadas ao

comportamento sociemocional, com prejuízo da comunicação, da sua interação

com pessoas e de algumas atividades da vida diária. O impacto,não é restrito

ao desempenho escolar.

As dificuldades de aprendizagem são identificadas pelo educador por

meio da observação de comportamentos ou habilidades, gerais ou

característicos, que destoam da maioria dos alunos e que comprometem o

desenvolvimento do estudante segundo o padrão mais frequente na escola.

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Contudo, para estabelecer que um comportamento ou capacidade é realmente

diferentes da maioria dos outros indivíduos é preciso recorrer a instrumentos

diagnósticos mais precisos, como os testes neuropsicológicos que avaliam as

funções cognitivas de uma forma específica, segundo padrões universalmente

aceitos. Os profissionais treinados no uso desses instrumentos é que estão

habilitados para contribuir para o diagnóstico do problema.

2.3- Estruturas cerebrais e aprendizagem

Todo processo de formação implica alguma aprendizagem, indicando

simplesmente que alguém veio saber algo que não sabia, como uma

informação , um único conceito, uma habilidade, capacidade. Mas não implica

que esse algo novo que se aprendeu transformou esse alguém em um novo

alguém . E essa é uma característica forte do conceito de formação : uma

aprendizagem só é formativa na medida em que opera transformações na

constituição daquele que aprende. É como se o conceito de formação indicasse

a forma pela qual nossas aprendizagens e experiências nos constituem como

um ser singular no mundo. (RELVAS, 2010)

Ainda segundo a autora, em uma visão neurológica da aprendizagem,

pode- se dizer que, quando ocorre a ativação de uma área cortical,

determinada por um estímulo, provoca alterações também em outras áreas,

pois o cérebro não funciona como regiões isoladas. Isto ocorre em virtude da

existência de um grande número de vias de associações, precisamente

organizadas, atuando nas duas direções. Estas vias podem ser muito curtas,

ligando áreas visinhas que trafegam de um lado para o outro sem sair da

substância cinzenta. Outras podem constituir feixes longos e trafegam pela

substância branca para conectar um giro a outro de um lobo a outro, dentro do

mesmo hemisfério cerebral. São as conexões intra-hemisféricas. Por último,

existem feixes comissurais que conduzem a atividade de um hemisfério para o

outro, sendo o corpo caloso o mais importante deles. Assim, As associações

recíprocas entre as diversas áreas corticais asseguram a coordenação entre a

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chegada de impulsos sensitivos, sua decodificação e associação, até a

atividade motora de resposta. A esta, chamamos de funções nervosas

superiores, desempenhadas pelo córtex cerebral.

2.4- Aspectos Neurocientíficos da aprendizagem

No que concerne à aprendizagem, a neurociência explica que através

dos aspectos neurocientíficos procura configurar o aprendizado da melhor

maneira que o cérebro é capaz de aprender. Com frequência, porém, essa

abordagem enfrenta a resistência dos pedagogos mais voltados às ciências

humanas. E, no entanto, seria inviável encomendar a pintores, encanadores ou

jardineiros a construção de uma casa - prescindindo do trabalho do engenheiro.

De todo modo, o fato é que, à luz das novas descobertas neurocientíficas

acerca do aprendizado, muitas das hipóteses das ciências educacionais têm se

revelado demasiado simplistas.

Neurobiólogos descrevem o cérebro como um sistema dinâmico que, no

nascimento, dispõe de um estoque básico de saber prévio e começa, de

imediato, a dirigir perguntas ao exterior. Desde o primeiro choro, bebês

ocupam-se de descobrir o que se passa em torno deles. Por muito tempo, deu-

se como certo que a capacidade de desempenho do cérebro - e, portanto,

também o potencial de aprendizado - era predeterminada pela genética, como

a cor dos olhos ou dos cabelos.

Experimentos com animais demonstraram, porém, que a

hereditariedade define tão-somente o equipamento básico para a construção

neuronal. O fluxo das informações provenientes dos sentidos e a interação

dinâmica e constante com o meio determinarão, a seguir, como o cérebro irá se

desenvolver, isto é, o que vamos aprender e que talentos desenvolveremos.

Logo ao nascer, todo ser humano possui centenas de bilhões de

neurônios, um número que, aliás, sofre pequena redução ao longo da vida. Nos

dois primeiros anos, crescem sobretudo as conexões mediante as quais cada

célula nervosa envia sinais a milhares de outras. Pontos especiais de contato -

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as sinapses - transmitem as informações entre as diferentes células. Por

intermédio de uma quantidade superior a centenas de trilhões dessas ligações

sinápticas, os neurônios se reúnem em redes capazes de se comunicar entre

si, mesmo a distâncias maiores.

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CAPÍTULO 3

OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

3.1- A crise na modernidade

No momento vive-se a crise do paradigma da modernidade, segundo

Fortuna (1998), como todas as transições são simultaneamente semi-cegas e

semi-visíveis, não é possível nomear adequadamente a presente situação, mas

tem sido dado um nome inadequado de pós-modernidade.

“Boaventura de Souza Santos diz que, "o que quer que falte concluir da modernidade não pode ser concluído em termos modernos, sob pena de nos mantermos prisioneiros da mega-armadilha que a modernidade nos preparou." ( Salvador, Cesar C, Aprendizagem escolar. Porto Alegre. Artes.1994 P.155 )

Esse posicionamento favorece a violência, que decorre da tentativa de

enquadrar o jovem desencaminhado e reforça a falta de humildade para

conhecer o novo. Os professores australianos, nos advertem desse crescente

"pânico moral" que envolve os educadores diante do que consideram os

desvios tomados pelos jovens, vistos cada vez mais como "alienígenas", isto é,

diferentes dos seres humanos. Mas quem são os alienígenas na sala de aula?

São os estudantes? São os professores? Não serão os adultos que deveriam

ser vistos, cada vez mais, como alienígenas, já que serão os jovens que

habitarão no futuro o planeta e cada vez mais nos transformam em seres de

outros mundos, tamanha a distância de entendimentos entre jovens e velhos.

Quem seria o aluno de hoje?

a) mais propenso a uma cultura visual do que escrita;

b) vivem num contexto pós-moderno (vídeo, computador, game, etc.)

c) mais crítico e desafiador de paradigmas (mais sinceros)

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d) busca emoções e sensações novas(prazer imediato)

e) tem dificuldade de perceber o importante papel da escola

f) linguagem própria (ou do grupo que se filia)

g) afirma o popular e ignora o erudito e o clássico

h) dificuldade de processar informações

Deseja-se que os alunos aprendam e cresçam como pessoas humanas

devemos conhecer e diminuir as diferenças entre eles, conhecer suas opiniões

em grupo e individual, conhecer suas bagagens e experiências anteriores,

devemos facilitar e incentivar o estímulo e a criatividade, o exercício da

cidadania, a persistência e disciplina e principalmente o diálogo com os jovens

porque eles estão sempre mais abertos para novas aquisições de

conhecimentos.

Mesmo que o livro continue constituindo um dos pilares da

escolarização, e de fonte de prazer humano, não há como deixar de

reconhecer o impacto da imagem e a importância da mídia como uns dos

grandes apelos do mundo pós moderno.

Em vez de demonizar as formas emergentes de informação, melhor

seria investigar a sua importância na constituição de aspectos mais amplos de

sociabilidade e de subjetividade. É educar incorporando as novas técnicas e,

mais do que isso, promover a capacidade de leitura crítica das imagens e das

informações transmitidas pela mídia.

A sociedade informatizada se caracteriza pela abundância de

informações, daí precisarmos estar atentos ao acesso, a seleção e ao controle

desses dados. Os computadores são as janelas para o mundo, troca-se

informações, arquivos, bancos de dados, é preciso ensinar os alunos a usar

essas informações positivamente, que vá acrescentar conteúdo ao aprendizado

informatizado e não desviá-lo para informações negativas que só prejudicarão

ao seu crescimento.

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3.2- A educação permanente

“Não devemos nos apressar em tomar com orgulho o fato de vivermos outros tempos pedagógicos, pois o presente está longe de ser radiante que se pensa por oposição a um passado obscuro e selvagem” ( Fortuna, M. Lúcia. A Democratização da gestão na Escola Pública. SP. Zaar. 1998.p.67)

Hoje em dia, afirma a historiadora Fortuna (1998), duvida-se da

necessidade de existirem obrigações no cotidiano escolar, e portanto não se

impõem ordens, mesmo que os adultos peçam às crianças em nome de

alguma razão ou tendem obediência pela via doce da sedução. Assim, bane-

se o arbítrio próprio das clássicas ordens e espera-se criar uma atmosfera

de cumplicidade entre adultos e jovens para se passar os "conteúdos

escolares". É óbvio que o tiro saí pela culatra, porque criam-se jovens sem

disciplina, sem limites, e imaturos.

A educação deve invocar o espírito das leis, a intervenção de um

adulto junto a uma criança deve reclamar para si um pouco da lei. O mundo

se ordena a partir da arbitrariedade da diferença adulto-criança e, o adulto

educa ordenando o mundo para a criança: "isto não", "isto sim", "isto pode",

"aquilo não pode". A criança desejando um "isso" proibido, espera pelo

amanhã, enquanto obedece hoje.

A educação terá que ser permanente, que permita a continuidade

dos estudos, acesso às informações à medida que foram surgindo novas

cobranças. Tem-se o surgimento de um novo homem, o "homo studiosus",

que seria em ultima análise seria a realização do sonho do "homo

universalis", cuja instrução integral permitiria a mudança de profissão,

adaptação a quaisquer situações e ser criativo para renovar sempre.

Existe uma tendência perigosa em especializar desde cedo os

estudantes, de acordo com a pretensa tendência ou vocação, seja lá o nome

que lhe for dado. Em muitas escolas de grau médio os alunos se agrupam

em classes de humanas, biomédicas e exatas, quando não dirigem

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precocemente às escolas profissionalizantes. Considera-se um prejuízo o

adolescente escolher sem saber bem o quê, daqui em diante essas divisões

se configuram mais danosas. Porque ele precisa, antes de tudo, abrir seus

horizontes humanos com uma visão holística, isto é, do todo. E, mesmo que

se faça uma escolha específica, não deverá abandonar a perspectiva

totalizante. Por isso, toda formação deve ser abrangente, dando domínio a

língua, nas suas expressões de fala, leitura e escrita, bem como o

conhecimento dos mais diversos campos da cultura, como história,

geografia, política, moral, arte, etc..

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CONCLUSÃO

Neste trabalho observa-se que o mundo a espera de nossos

jovens será muito diferente do presente e do passado já visto. É

importante frisar, que não se deve permanecer espectadores e sim

tomar nas mãos o desafio de construir algo novo.

Se não se pode prever, pelo menos tem-se noção sobre o que é

possível e sobre o que é impossível, sobre o que se quer e o que não se

quer, mas com toda a certeza poder-se-á pelo menos tentar construir um

mundo mais humano para nossos jovens!

Concluímos que a Neurociência pedagógica poderá criar uma

melhora na qualidade de ensino se ela puder alterar as práticas

pedagógicas arraigadas desde o Brasil Colônia. Este é o seu maior

desafio, pois envolverá, necessariamente, a formulação de um novo

projeto político pedagógico mais condizente com a nova política

educacional.

Finalizando com as palavras de Boaventura de Souza Santos,

sociólogo e político português da pós-modernidade: “Quando o desejável

era impossível foi entregue a Deus; quando o desejável se tornou

possível, foi entregue a ciência; hoje, que muito do possível é

indesejável e algum do impossível é desejável temos de partir ao meio

tanto Deus como a ciência. E no meio, no caroço ou no miolo,

encontramo-nos, com ou sem surpresa, a nós mesmos.” (Pela Mão de

Alice. S.Paulo, Cortez,1995, p.322)

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação; 2 ed. São Paulo, Editora Moderna, 2000.

CONSENZA ,Ramon M. Neurociência e educação: como o cérebro aprende / Ramon M. Consenza, Leonor B. Guerra- Porto Alegre: Artmed,2001.

FORTUNA, M. Lúcia. A Democratização da Gestão na Escola Pública. SP, Zaar,1998

MAIA, Eny Marisa; GARCIA, Regina Leite. Uma orientação educacional nova para uma nova escola. São Paulo, Loyola, 1984

GARCIA, Regina Leite; OE o trabalho na Escola. SP, Loyola, 2002

RELVAS, Marta Pires Neorociência e educação: potencialidades dos gêneros humanos na sala de aula / Marta Pires Relvas.- 2.ed.- Rio de Janeiro: Wak Ed., 2010.

RELVAS, Marta Pires Neurociências e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiêcias para uma educação inclusiva / Marta Pires Relvas - 5.ed.-Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011.

SANTOS, Boaventura de Souza; Pela Mão de Alice. SP, Cortez, 1995

GRINSPUN, Miriam P.S.Z; A Orientação Educacional: Conflito de Paradigmas e alternativas para a escola. 3.ed. ampl. SP, Cortez, 2006

SOUZA LIMA, Elvira, 1951- Neurociência e Aprendizagem/ Elvira Souza Lima; ilustrações de Gabriel Lima- 2.ed.-São Paulo : Inter Alia Cimunicação e Cultura, 2010

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VIEIRA, Sofia Lerche; FARIAS, Isabel Maria Sabino de. Política educacional no Brasil: introdução histórica. Brasília, Líber Livro, 2007.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA. O Pedagogo. In Maria da Glória de Rosa. A História da Educação. SP, Ática, 1989

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO.......................................................................................................1

AGRADECIMENTO......................................................................................................2

DEDICATÓRIA.............................................................................................................3

RESUMO......................................................................................................................4

METODOLOGIA...........................................................................................................5

SUMÁRIO.....................................................................................................................6

INTRODUÇÃO..............................................................................................................8

CAPÍTULO 1- CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE EDUCAÇÃO BRASILEIRA..10

1.1- A chegada dos Jesuítas............................................................................10

1.2- A educação dos filhos dos colonos............................................................11

1.3- A educação brasileira a partir do século XX..............................................15

CAPÍTULO 2- A NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E EDUCAÇÃO...................24

2.1- As emoções e sua relação com a cognição e a aprendizagem.................24

2.2- A abordagem nas dificuldades de aprendizagem..................................... 28

2.3-Estruturas cerebrais e aprendizagem.........................................................33

2.4- Aspectos neurocientíficos da aprendizagem..............................................34

CAPÍTULO 3- OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA............36

3.1- A crise na modernidade............................................................................33

3.2- A educação permanente............................................................................35

CONCLUSÃO...............................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.............. ..................................................................41

ÍNDICE........................................................................................................................43

FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................................44

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: A Educação Contemporânea e a Neurociência Educacional

Autor: Jurema Pereira Souza

Data da entrega: 28/02/2016

Avaliado por: Conceito:

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