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I
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
Projeto a Vez do Mestre - Pós Graduação
O CAPITAL DE GIRO COM ENFOQUE NAS MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS
Autor: Neilida Maria dos Santos
Orientador: André Gustavo Guimarães da Cunha
Rio de Janeiro
Agosto – 2003
OBJETIVO
II
Este trabalho fará uma abordagem sobre a
importância de uma boa administração
financeira, dos controles financeiros, das
previsões de curto e de longo prazo de uma
maneira mais eficiente.
Num país como o Brasil com uma economia
instável, é de suma importância que o
administrador tenha visão abrangente, com
planejamentos para prevenção dos
problemas de capital de giro.
III
AGRADECIMENTOS
A Deus por me dá coragem e forças para conclusão
deste curso, a minha família e aos meus amigos
pelo incentivo, apoio e pela cumplicidade que me
dispensaram durante este período, em especial às
amigas: Cláudia Patrícia e Vanessa Machado.
IV
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe (in memória),
por sempre ter sido a minha maior incentivadora.
V
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é fazer uma abordagem sobre Capital
de Giro com enfoque nas Micro e Pequenas Empresas. Pesquisas
realizadas pelo Sebrae-1999, em diversas unidades da federação do
Brasil, comprovam que um dos fatores responsáveis e determinantes da
causa da mortalidade das Micro e Pequenas Empresas está no Capital
de Giro.
Neste trabalho será dado destaque da abrangência do capital de
giro na administração financeira das empresas desde o momento da sua
abertura. É de suma importância que o gestor financeiro tenha um bom
conhecimento técnico do negócio para conduzir a empresa ao
crescimento e ao sucesso. Num mercado competitivo e de economia
instável criar controles financeiros, fazer projeções e seguir
criteriosamente o que foi planejado prevendo a real necessidade do
capital de giro e problemas futuros, é fundamental.
O Capital de Giro, está destinado a atender os recursos de curto
prazo e as operações que a empresa realiza. É importante observar o
prazo de financiamento dos clientes, prazo de estocagem e prazo de
pagamento ao fornecedor, neste ciclo está a capacidade da empresa em
gerar caixa para honrar os seus compromissos, o mau planejamento de
alguns destes itens poderão trazer transtornos ao caixa da empresa.
Será também abordado sobre instituições financeiras que
oferecem linhas de financiamento de capital de giro, das exigências
burocráticas destas instituições para que o Micro e Pequeno empresário
consigam este financiamento e, complementando, se conseguirem, como
solucionaram os seus problemas.
6
METODOLOGIA
Para realização deste trabalho foram feitas
consultas ao Sebrae, pesquisas na Internet,
participação em cursos abordando sobre o tema
no Conselho Regional de Contabilidade e
consultas a livros.
8
SUMÁRIO
1 MICRO E PEQUENA EMPRESA
1.1 Definição pág.: 02 e 03
2 ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO pág.: 03
2.1 CONCEITOS BÁSICOS pág.: 03 e 04
2.1.1 Ciclo Operacional pág.: 04
2.1.2 Ciclo Financeiro pág.: 05, 06 e 07
2.1.3 Giro do Caixa pág.: 07
2.1.4 Caixa Operacional pág.: 07, 08 e 09
2.2 ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO pág.: 09
2.2.1 Estrutura do Balanço Patrimonial pág.: 10 e 11
2.2.2 Conceitos de capital de giro pág;: 12 e 13
2.2.3 Índices de Liquidez pág.: 14 e 15
2.2.4 Índices de Estrutura pág.: 15 e 16
2.2.5 Cálculo dos índices pág.: 17
2.3 PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO pág.: 17
2.3.1 Necessidade de capital de giro pág.: 17 a 22
2.3.2 Reserva de capital de giro pág.: 22 e 23
2.3.3 Redução da necessidade de capital de giro pág.: 23 e 24
2.4 PROBLEMAS ESPECIAIS DE CAPITAL DE GIRO pág.: 24
2.4.1 Sazonalidade das vendas pág.: 24 e 25
2.4.2 Ciclo operacional longo pág.: 25 e 26
2.4.3 Insuficiência do capital de giro pág.: 26 a 28
2.5 CONTAS A RECEBER pág.: 29
2.5.1 Política de crédito pág.: 30 e 31
2.5.1.1 Elementos de uma política de crédito pág.: 31 a 35
2.5.1.2 Planejamento e avaliação da política de crédito pág.: 35 e 38
3 ADMINISTRAÇÃO DA COBRANÇA pág.: 38
9
3.1 FATORES ORGANIZACIONAIS pág.: 38 e 39
3.2 FATORES ECONÔMICOS pág.: 39
3.3 PRAZO MÉDIO DE ATRASO NA COBRANÇA pág.: 39 e 40
4 ALGUMAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COM LINHAS DE CAPITAL DE GIRO pág.:
40
4.1 BANCO DO BRASIL pág.: 40
4.2 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL pág.: 40
10
INTRODUÇÃO
O sucesso e a continuidade das atividades empresariais depende da
qualidade e da eficácia das decisões que o gestor toma para o alcance dos
objetivos empresariais. Durante a fase de avaliação econômica que precede a
abertura da empresa, a principal preocupação é com a determinação da
rentabilidade do empreendimento. Nesse estágio, as atenções voltam-se
primordialmente para os ativos permanentes (máquinas, equipamentos e
imóveis), com estimativas de longo prazo que envolve sua vida útil, custos e
receitas gerados.
Quando a empresa entra em operação, o gestor financeiro transfere sua
prioridade para o capital de giro, representada pelos ativos circulantes. Essa
alteração de foco acontece porque o capital de giro é bastante suscetível às
mudanças que acontecem continuamente no ambiente econômico em que a
empresa atua.
Assim, grande parte do tempo do gestor financeiro é destinada à solução
dos problemas de capital de giro, como financiamento de estoques,
gerenciamento da inadimplência de clientes e administração das insuficiências
de caixa. Esses problemas podem ser minimizados ou mesmo evitados por
meio de uma administração do capital de giro que valorize a prevenção de sua
ocorrência.
Neste trabalho a administração do capital de giro será tratada sobre a
óptica de análise planejamento, esta abordagem pretende dar melhor
contribuição para a prevenção dos problemas de capital de giro. A
administração de contas a receber é um dos componentes mais expressivos do
capital de giro de uma empresa, são as contas a receber provenientes de suas
vendas a prazo. Uma boa administração de contas a receber deve incluir, além
11
da execução, as funções de planejamento e controle, para que as vendas pelo
crédito comercial proporcionem resultados efetivos.
12
A cobrança é a principal função operacional de contas a receber, a
formulação da política de crédito e o acompanhamento de seus resultados
serão as funções típicas de planejamento e controle de contas a receber. Neste
trabalho será abordado principalmente o crédito comercial concedido às
pessoas jurídicas. (autor, SANTOS Edno Oliveira). Segundo trabalho elaborado
pela Confederação Nacional do Comércio (As Micro e Pequenas Empresas no
Brasil - 2000) a questão do acesso ao crédito por parte das atividades de micro
e pequeno porte no Brasil, é importante ressaltar pontos vitais à possível
sobrevivência deste tipo de empresa.
A questão torna-se mais séria ainda, implicando no fechamento destas
empresas. É sabido da existência de uma série de normas criadas pelos
bancos, como a burocracia, o prazo para liberação do dinheiro, as garantias
reais, as altas taxas de juros, tornando difícil o acesso ao crédito das micro e
pequenas empresas. Neste trabalho será comentada alguma linha oficias de
crédito às Micro e Pequenas Empresas, as reais necessidades do empresário
em procurar estas linhas de crédito, as condições destes empréstimos e a
solução dos problemas existentes.
1. MICRO E PEQUENA EMPRESA
1.1 DEFINIÇÃO
Em todos os países do mundo, micro e pequenos empreendimentos
encontram-se disseminados, constituindo-se em setor vital da sociedade,
responsável por alocar contingente expressivo de pessoas, principalmente
aquele que inicia seus próprios negócios. Em sua maioria, estas pessoas têm
relativo potencial de ganhar dinheiro, ambicionam ficar ricas, demonstram
talento para isso e querem tornar-se independentes muitas vezes largando a
condição de assalariado.
13
Conforme “Filion”, os EUA foram os primeiros a definir pequena empresa
em determinação oficial do Selective Act, de 1948, que estabeleceu através do
atendimento a alguns critérios, como a sua posição no comércio ou na indústria
da qual faz parte seja denominante; o número de empregados não seja superior
a 500 e seja possuída e operada independentemente.
No Brasil, apesar de os micro e pequenos empresários reunirem
características de outros países do mundo, o baixo nível de formação
educacional e a pouca ou nenhuma experiência administrativa são uma das
causas da elevada taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas nos
primeiros anos de vida.
A importância das microempresas e empresas de pequeno porte para o
crescimento e desenvolvimento da economia nacional é tão grande que o
governo federal tem criado legislações diferenciadas para incentivo ao
crescimento e alívio da carga tributária dessas empresas, com o objetivo de que
saiam da informalidade e assumam seu compromisso social de ente
econômico.
2. ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO
2.1 CONCEITOS BÁSICOS
As necessidades de capital de giro para uma empresa dependem de
determinadas características de seu processo de produção ou de operação.
Essas características são representadas por alguns conceitos simples, mas
bastante úteis ao gerenciamento do capital de giro, hipóteses simplificadoras
utilizadas em alguns desses conceitos não comprometem sua utilidade na
administração do capital de giro ou mesmo em atividades mais complexas,
como a recuperação do lucro.
15
2.1.1 Ciclo Operacional
Para entendimento do significado de ciclo operacional de uma empresa,
será considerado o exemplo de uma indústria. O processo operacional
completo da indústria abrange a seqüência de atividades de compra de
matérias-primas, pagamento aos fornecedores, produção, estocagem, venda e
recebimento das vendas.
O intervalo de tempo gasto na execução de todas essas atividades é
denominado ciclo operacional. Ele representa o número de dias transcorridos
entre a compra de matérias-primas ou produtos e o recebimento da venda dos
produtos fabricados ou comercializados. Abaixo ilustração do ciclo operacional.
Dias 0 30 50 90
Prazo de Prazo do
Pagamento Recebimento
Compra de Pagamento Venda de
matéria-prima de compra produto
Na figura acima podemos concluir que a duração do ciclo operacional é
afetada por fatores como produção, operação e também por suas práticas
Ciclo operacional = 90 dias
Prazo de estocagem = 50 dias
Recebimento de vendas
17
comerciais e financeiras, que envolvem prazos de pagamento e recebimento.
A duração de cada fase do ciclo operacional tem influência sobre o
volume de recursos financeiros consumidos ou imobilizados na operação da
empresa.
2.1.1 Ciclo Financeiro
O ciclo financeiro é o intervalo de tempo entre os eventos financeiros
ocorridos ao longo dos ciclos operacionais, representados pelo pagamento a
fornecedores e pelo recebimento das vendas.
Numa indústria, supondo que a fabricação comece imediatamente após a
compra da matéria-prima e que a venda seja realizada logo após a fabricação,
o ciclo financeiro é calculado com base no prazo de fabricação e nos prazos de
pagamento de compras e de recebimento de vendas.
Numa empresa varejista, o prazo de estocagem e os prazos de
pagamento e recebimento definem seu ciclo financeiro.
Numa empresa prestadora de serviços, na maioria dos casos, é afetado
apenas pelos prazos de pagamento e recebimento.
Como cada segmento de empresa têm prazos diferentes para
pagamento aos fornecedores e recebimento dos clientes, o ciclo financeiro é
determinado com base nos prazos médios de pagamento e de recebimento.
A seguir ilustração do ciclo financeiro.
18
Recebimento de vendas
Ciclo financeiro = 60 dias
Dias 0 30 50 90
Prazo de Prazo de Pagamento Recebimento
Compra de Pagamento Venda de
Matéria-prima da compra Produto
Para cálculo do ciclo financeiro de uma empresa, é necessário considerar as
seguintes variáveis:
• Prazo médio de pagamento a fornecedores (PP)
• Prazo médio de fabricação/estocagem (PE)
• Prazo médio de recebimento das vendas (PR)
• Para cálculo do ciclo financeiro (CF) é utilizada a seguinte fórmula:
CF = PE + PR - PP
Quando a empresa opera sem estoques, como é o caso da maioria das
empresas prestadoras de serviço, o prazo médio de produção e estocagem
(PE) é considerado igual a zero. Na empresa varejista, o prazo médio de
produção e estocagem corresponderá apenas à idade média de seus estoques,
já que esse tipo de empresa não tem processo de produção.
Abaixo exemplo.
A empresa ZAZ apresenta os seguintes prazos médios em seu processo
de compra, produção e vendas:
• Prazo de fabricação e estocagem (PE) = 50 dias.
20
Seu ciclo financeiro tem o seguinte número de dias:
CF = PE + PR – PP
CF = 50 + 40 – 30
CF = 60
2.1.2 Giro do Caixa
O giro de caixa é um parâmetro relacionado com o ciclo de caixa que
indica quantas vezes, ao longo de um ano, ocorre o revezamento do caixa da
empresa. Se considera 360 o número de dias de um ano, o giro de caixa (GC)
é dado pelo quociente entre 360 e o ciclo financeiro (CF):
GC = 360 : CF
Com base nos dados já apresentados, o giro de caixa da empresa ZAZ é :
GC = 360 : CF
GC = 360 : 60 = 6
O valor calculado para giro de caixa da empresa ZAZ indica que, ao
longo do ano, seu caixa se reveza seis vezes. O cálculo do giro de caixa indica
que quanto menor for o ciclo financeiro, maior será o giro de caixa. É desejável
que a empresa tenha alto giro de caixa, de modo que reduza sua necessidade
de capital de giro, como será demonstrado na seção seguinte.
2.1.3 Caixa Operacional
21
O volume mínimo de recursos financeiros de que uma empresa precisa
para giro de suas operações é denominada caixa operacional. Esse parâmetro
representa o capital de giro necessário a um volume de vendas.
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Um método simples para cálculo do caixa operacional consiste em dividir
o valor da projeção de desembolso anual de caixa (DAC) pelo giro de caixa
(GC). Esse cálculo requer a projeção de lucro da empresa para o ano e também
da destinação desse lucro.
A projeção de desembolso anual deve abranger o pagamento a
fornecedores e o desembolso com custos operacionais. Abaixo fórmula para
cálculo do caixa operacional.
CO = DAC : GC
Para demonstrar o cálculo da caixa operacional, considerando a empresa ZAZ
com as seguintes características:
• Desembolso anual de caixa (DAC) = R$ 600.000,00
O desembolso anual de caixa compõe-se R$ 360.000,00 referentes a
pagamento a fornecedores e R$ 240.000,00 referentes a custos operacionais
desembolsáveis mensalmente.
• Prazo médio de pagamento (PP) = 30
• Prazo médio de produção e estocagem (PE) = 90
• Prazo médio de recebimento das vendas (PR) = 60
Os parâmetros de caixa são os seguintes:
a) Ciclo financeiro
CF = PE + PR – PP
CF = 90 + 60 - 30 = 120
b) Giro de caixa
24
c) Capital operacional
CO = DAC : GC
CO = 600.000 : 3 = 200.000
O quadro abaixo fará uma ilustração da formação operacional dessa
empresa. Como admitimos que todo lucro será retirado, as entradas de caixa
serão iguais às saídas, cerca de R$ 50.000,00 /mês.
Caixa Operacional – Valores em R$ 1.000,00
Quadro 1:
Caixa Operacional – Valores em R$ 1.000,00
Movimento de recursos
Financeiros
Mês
1 2 3 4 5 6 7 ... 9
1. Entrada de caixa ...
1.1 Recebimento de vendas 50 50 50 ... 50
2. Saídas de caixa ...
2.1 Pagamento de compras 30 30 30 30 30 30 30 ... 30
2.2 Custos operacionais 20 20 20 20 20 20 20 ... 20
3. Saldo de caixa -50 -50 -50 -50 0 0 0 ... 0
4. Saldo caixa acumulado -50 -100 -150 -200 -200 -200 -200 ... -200
2.2. ANÁLISE DO CAPITAL DE GIRO
A estrutura do capital de giro e a ligação entre seus vários componentes
depende do setor de atuação da empresa e também de parâmetros, como seu
Ciclo operacional e ciclo financeiro.
25
Esta seção apresenta o detalhamento do capital de giro, as variáveis que
o afetam e os parâmetros que permitem prever sua evolução a curto e médio
prazo.
26
2.2.l Estrutura do balanço patrimonial
Para adequada compreensão do capital de giro da empresa, é
recomendável entender a estrutura de seu balanço patrimonial .O balanço
reflete a situação patrimonial da empresa em determinado momento e constitui-
se do ativo, passivo e patrimônio líquido. No ativo, estão incluídos os bens –
dinheiro em caixa, depósitos bancários, imóveis, instalações e equipamentos –
e os direitos da empresa, representados pelos valores que ela tem a receber de
terceiros.
O passivo compreende as obrigações da empresa para com terceiros,
representadas por fornecedores, salários, impostos e financiamentos. O
patrimônio líquido representa os recursos financeiros dos sócios ou acionistas
aplicados na empresa sob a forma de capital inicial e investimento de lucros.
A estrutura do balanço é composta de duas colunas. A coluna da
esquerda corresponde ao ativo. O passivo e o patrimônio líquido ficam na
coluna da direita. A escrituração contábil é realizada pelo sistema de partidas
dobradas e, por isso, os valores do ativo originam-se do passivo e do
patrimônio líquido. Assim, o balanço patrimonial contém a seguinte identidade:
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A legislação sobre balanços utiliza um conceito abrangente para passivo,
colocando o patrimônio líquido como um subgrupo deste. Assim, nos balanços
o total do ativo é igual ao total do passivo.
O Ativo é composto de três subgrupos principais: ativo circulante, ativo
realizável a longo prazo e ativo permanente. Do ativo circulante constam às
27
disponibilidades (caixa, bancos, aplicações financeiras de liquidez imediata),
duplicatas , títulos a receber e estoques.
No ativo realizável a longo prazo, estão registrados os bens e direitos
com realização posterior ao encerramento do exercício seguinte.
O ativo permanente compõe-se de ativo imobilizado (bens móveis e
imóveis), investimentos (participações acionárias) e diferido (despesas
referentes a resultados futuros).
Três subgrupos compõem o passivo: passivo circulante, passivo exigível
a longo prazo e patrimônio líquido. O passivo circulante abrange fornecedores,
instituições financeiras, salários, impostos e taxas a recolher.
As exigibilidades futuras são lançadas no passivo circulante quando seu
vencimento ocorre no máximo até o encerramento do exercício social seguinte.
Do exigível a longo prazo constam às obrigações com vencimento
posterior ao encerramento do exercício social seguinte. Na composição do
patrimônio líquido, incluímos o capital, as reservas e os lucros suspensos.
O valor do patrimônio líquido é igual ao total do ativo subtraído do
passivo exigível e, assim, indica o valor que efetivamente pertence aos sócios
da empresa.
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Quadro 2:
PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores 191.328,00
Impostos e Contrib. 25.479,00
Instituições Financeiras 43.267,00
Outras contas a pagar 7.347,00
Total passivo circulante 267.421,00
Exigível a longo prazo 59.908,00
Patrimônio líquido
Capital social realizado 132.344,00
Lucros acumulados 51.239,00
Total patrimônio líquido 183.583,00
Total do ativo 510.912,00
ATIVO CIRCULANTE
Caixa e bancos 2.612,00
Aplicações Financeiras 43.458,00
Contas a receber 66.304,00
Estoques 97.908,00
Total ativo circulante 210.282,00
Realizável a longo prazo 3.095,00
Permanente
Participações 24.333,00
Imobilizado 273.202,00
Total ativo permanente 297.535,00
Total do ativo 510.912,00
Balanço patrimonial da empresa ZAZ em 31.12.XX – R$ 1,00
29
2.2.2 Conceitos de capital de giro
O Capital de giro é o montante ou parcelas de recursos destinados à
aplicação dos meios, para fazer com que a empresa complete o ciclo
operacional, ou seja, a aquisição da matéria-prima, do material secundário, sua
transformação em produtos acabados e a distribuição deles no mercado
consumidor, reiniciando-se o ciclo.
Uma empresa utiliza para seu funcionamento recursos materiais de
renovação lenta, como as instalações, equipamentos e imóveis – denominados
capital fixo ou permanente – e recursos materiais de rápida renovação, como os
estoques de matérias-primas e produtos que formam um capital circulante.
O capital de giro líquido é igual ao ativo circulante menos o passivo
circulante. Quando é positivo corresponde ao volume de fundos de longo prazo
(empréstimos e recursos próprios) aplicados no financiamento de estoques e
contas a receber . Se for negativo (passivo circulante maior do que ativo
circulante), significa que a empresa estará financiando seus ativos permanentes
com recursos financeiros de curto prazo, o que denota um quadro de risco.
Para o financiamento do capital de giro precisa-se de recursos, como
acontece com o capital permanente representado pelos imóveis e instalações
físicas. Dessa forma, quanto maior for o capital de giro, maior será a
necessidade de financiamento, seja recursos próprios ou recursos de terceiros.
A quantidade do capital de giro utilizado por uma empresa depende de
seu volume de vendas, de sua política de crédito comercial e do nível de
31
Uma expansão de capital de giro em decorrência do aumento de vendas
é considerada um fato normal. Provavelmente, o incremento de vendas
provoque crescimento dos estoques e de contas a receber. O custo decorrente
do aumento do capital de giro é considerado como um dos investimentos
necessários à expansão das vendas.
Quando o capital de giro aumenta em virtude do crescimento dos
estoques, ou das duplicatas a receber sem o correspondente crescimento das
vendas, traduz uma situação de administração inadequada.
2.2.3 Índices
Esses índices permitem prever a capacidade financeira da empresa para
liquidar seus compromissos financeiros no vencimento, fornecendo uma
indicação de sua capacidade de manter seu capital de giro no volume
necessário à realização de suas operações.
Embora sejam bastante utilizados nas empresas para avaliações
externas principalmente para clientes e fornecedores, os índices de liquidez
também podem ser aplicados na avaliação da própria empresa, permitindo
realizar um monitoramento de seu capital de giro.
A interpretação desses índices pode ser feita comparando-os com os de
outras empresas, ou analisando sua evolução ao longo do tempo na própria
empresa.
Existem vários índices de liquidez financeira, mas aqui serão
apresentados apenas os de significados mais relevante.
a) Índice de liquidez corrente
O índice de liquidez corrente indica a capacidade da empresa para
liquidar seus compromissos financeiros de curto prazo. Como ele estabelece a
32
relação entre ativo circulante e passivo circulante, quanto maior for o índice,
melhor será a situação financeira da empresa. É calculado pela fórmula abaixo:
33
Índice de liquidez corrente = Ativo circulante
Passivo Circulante
Como acontece com o índice de liquidez corrente, o valor ideal do índice
de liquidez seca depende do setor da empresa e de suas características
operacionais. Como exemplo, uma empresa com forte sazonalidade em suas
vendas terá um índice de liquidez seca baixo no período em que precisa
carregar altos volumes de estoque, sem que isso represente um sinal de
ameaça para seu quadro financeiro.
2.2.4 Índices de estrutura
Os índices de estrutura indicam a posição relativa de cada um dos
elementos constituintes do capital de giro em relação ao valor total desse
capital de giro.
A interpretação desses índices pode ser feita em termos de sua evolução
temporal na empresa ou pela análise comparativa com outras empresas.
Os principais índices de estrutura de capital de giro são:
a) Índice de participação das disponibilidades
Indicam a representatividade das disponibilidades financeiras –
principalmente aplicações financeiras de liquidez imediata - na estrutura do
capital de giro. Nas empresas que recebem que recebem suas vendas antes
do pagamento das compras acontece no setor varejista, esse índice tende a ser
elevado. A fórmula de cálculo desse índice é:
Índice de participação das disponibilidades = Disponibilidades
Ativo circulante
35
Representa o peso dos estoques em relação ao capital de giro. Um
índice elevado pode significar excessiva imobilização em estoques, ou ainda,
um pequeno volume de contas a receber. É dado pela seguinte fórmula:
Índice de participação dos estoques = Estoques
Ativo circulante
a) Índice de participação de contas a receber
Esse índice mostra a participação de duplicatas da empresa sobre o total
do capital de giro. Quando é muito alto pode significar que a empresa está
adotando uma política agressiva de crédito comercial, ou que ela enfrenta alto
índice de inadimplência. É calculado da forma abaixo:
Índice de participação de contas a receber = Contas a receber
Ativo circulante
b) Índice de financiamento
Esse parâmetro informa qual o percentual do capital de giro que está
suportado por empréstimos bancários. Um índice baixo pode indicar que a
empresa está utilizando principalmente financiamento dos fornecedores em
lugar de linhas de crédito bancário. Também pode refletir uso normal de
financiamento de fornecedores ao lado de uma boa situação de caixa que lhe
permite dispensar os financiamentos bancários para capital de giro. A fórmula
de cálculo é:
Índice de financiamento = Financiamento
Ativo circulante
36
2.2.5 Cálculo dos índices
Considerando o balanço da empresa ZAZ já apresentado no item 2.2.1,
quadro 2, seus índices de liquidez e estrutura são os seguintes:
Liquidez seca = Ativo circulante – Estoques = 112.374 = 0,42
Passivo circulante 267.421
Participação das disponibilidades = Disponibilidades = 46.070 = 0,22
Ativo circulante 210.282
Participação dos estoques = Estoques = 97.908 = 0,47
Ativo circulante 210.282
Participação de contas a receber = Contas a receber = 66.304 = 0,32
Ativo circulante 210.282
Índice de financiamento = Financiamentos = 43.267 = 0,21
Ativo circulante 210.282
2.3 PLANEJAMENTO E CONTROLE DO CAPITAL DE GIRO
O gestor financeiro, após as conclusões da análise financeira, tomará as
medidas necessárias de planejamento e controle para eliminar eventuais
impropriedades no dimensionamento e utilização do capital de giro.
2.3.1 Necessidade de capital de giro
O correto dimensionamento da necessidade de capital de giro é um dos
maiores desafios do gestor financeiro.
37
Essa tarefa requer visão abrangente do processo de operação da
empresa, de suas práticas comerciais e financeiras, além de dados sobre
prazos de cobrança e recebimento.
Elevado volume de capital de giro irá desviar recursos financeiros que
poderiam ser aplicados nos ativos permanentes da empresa. Todavia, capital
de giro muito reduzido restringirá a capacidade de operação e de vendas da
empresa.
Ao dimensionar seu capital de giro, a empresa deve observar os
seguintes princípios:
• O capital de giro deve ser minimizado até o ponto em que não
traga restrições às vendas e à lucratividade da empresa. Por exemplo, não
manter estoques desnecessariamente elevados.
• A parcela permanente do capital de giro deve ser financiado com
recursos financeiros permanentes (passivo exigível de longo prazo e patrimônio
líquido). Já a parcela flutuante do capital de giro pode ser financiada com
recursos de curto prazo (passivo circulante).
• O dimensionamento do capital de giro também depende de
projeções de resultado. Em geral, a geração de lucro fornece recursos para
financiar o capital de giro. Em determinados casos, porém, existe significativa
diferença entre resultado e caixa. Nessa situação, a projeção de resultado terá
menor impacto sobre o dimensionamento do capital de giro.
• Quando a empresa está em fase de expansão acelerada, o
adequado dimensionamento do capital de giro tem sido um dos fatores-chave
para o sucesso de seu crescimento. A mesma atenção dispensada à análise de
viabilidade econômica dos novos projetos de investimento também dever ser
dada ao planejamento e dimensionamento das necessidades de capital de giro.
38
A necessidade de capital de giro pode ser estimada de dois modos: com
base no ciclo financeiro, ou utilizando os demonstrativos contábeis.
a) Necessidade de capital de giro com base no ciclo financeiro
Esse método de estimativa da necessidade de capital de giro é aplicável
a uma empresa em fase de implantação, por ainda não dispor de
demonstrações contábeis.
A necessidade de capital de giro corresponde ao caixa operacional, cuja
metodologia de cálculo está demonstrada no item 2.1.4.
Os parâmetros relacionados com o ciclo financeiro (prazo médio de
pagamento a fornecedores, prazo médio de fabricação/estocagem e prazo
médio de recebimento de vendas) podem ser administrados de modo que
forneçam determinado valor de capital de giro. Nesse caso, é necessário
desenvolver uma análise inversa, já que o capital de giro passa a ser meta e
não mais conseqüência daqueles fatores.
A projeção da necessidade de capital de giro utilizando esse método não
produz resultados satisfatórios para empresas que têm forte sazonalidade em
suas vendas. Isso acontece porque o método pressupões que as despesas
projetadas anuais são distribuídas uniformemente ao longo do ano.
b) Necessidade de capital de giro com base no balanço patrimonial
Na seção 2.2.2, o capital de giro foi definido como a diferença entre o
ativo circulante e o passivo circulante.
39
Nem todo valor do capital de giro assim calculado representa efetiva
necessidade de investimento. O ativo circulante contém contas transitórias –
caixa, bancos, aplicações financeiras de curto prazo.
40
No passivo circulante, também são transitórios os empréstimos e
financiamentos de curto prazo. Essas contas transitórias não estão
relacionadas à necessidade de investimento em capital de giro. É possível
calcular a necessidade de capital de giro (Ncg) de uma empresa com base em
seu balanço patrimonial.
O cálculo da Ncg é efetuado com apoio nos seguintes parâmetros,
obtidos da reclassificação de algumas contas do balanço patrimonial. Ativo
permanente (Ap): é formado pelos itens de longo prazo do ativo. Seu valor é
igual à soma dos seguintes itens: realizável a longo prazo, investimento,
imobilizado e diferido.
Ativo operacional (Ao): representa os recursos utilizados nas operações
da empresa que dependem das características de seu ciclo operacional. É
composto pelos estoques, duplicatas a receber e os outros itens do ativo
circulante que têm natureza permanente.
Ativo flutuante (Af): corresponde aos itens de curtíssimo prazo do ativo
circulante que não têm vinculação direta com as operações da empresa: caixa,
bancos e aplicações financeiras.
Passivo permanente (Pp): é formado pelas contas de longo prazo do
passivo e representa a fonte permanente de recursos financeiros da empresa. Ë
igual à soma do exigível a longo prazo com o patrimônio líquido.
Passivo operacional (Po): representa as contas do passivo vinculadas ao
ciclo operacional da empresa. É composto pelas contas referentes a
fornecedores, salários, encargos, impostos e taxas.
Passivo flutuante (Pf): corresponde aos itens de curtíssimo prazo do
passivo circulante que não têm vinculação direta com as operações da
42
A Necessidade de Capital de Giro (Ncg) é calculada da seguinte forma:
Ncg = Ativo operacional – Passivo operacional
O Capital de Giro (Cg) calculado com base nessa reclassificação de
contas será:
Cg = Passivo permanente - Ativo permanente
Denomina-se Efeito tesoura (Et) o valor do Capital de Giro (Cg) que
excede a Necessidade de Capital de Giro (Ncg):
Et = Capital de Giro – Necessidade de Capital de Giro
O Efeito tesoura (Et) também corresponde à diferença entre o ativo
flutuante (Af) e o passivo flutuante (Pf).
Et = Ativo Flutuante - Passivo Flutuante
Abaixo, exemplo do cálculo da Necessidade de Capital de Giro, o Capital
de Giro e o Efeito Tesoura da empresa ZAZ, cujo balanço está apresentado no
Quadro 3.
Quadro 3: Balanço Patrimonial da empresa ZAZ – R$ 1.000,00
ATIVO R$ PASSIVO R$
Caixa 250,00 Empréstimos 100,00
Aplicações
Financeiras
200,00 Fornecedores 350,00
Contas a receber 400,00 Salários/ Encargos 150,00
Estoques 450,00 Impostos/ Taxas 100,00
Imobilizado 1.800,00 Exigível longo prazo 200,00
Patrimônio Líquido 2.200,00
44
Ativo Permanente (Ap) = 1.800,00
Passivo Permanente (Pp) = 200,00 + 2.200,00 = 2.400,00
Ativo Operacional (Ao) = 400,00 + 450,00 = 850,00
Passivo Operacional (Po) = 350,00 + 150,00 + 100,00 = 600,00
Ativo Flutuante (Af) = 250,00 + 200,00 = 450,00
Passivo Flutuante (Pf) = 100,00
Necessidade de Capital de Giro (Ncg):
Ncg = Ao – Po = 850,00 – 600,00 = 250,00
Capital de Giro (Cg):
Cg = Pp – Ap = 2.400,00 – 1.800,00 = 600,00
Efeito Tesoura ( Et):
Et = Af – Pf = 450,00 – 100,00 = 350,00
2.3.2 Reserva de capital de giro
O capital de giro é fortemente influenciado pelas incertezas inerentes a
todo tipo de atividade empresarial. Por esse motivo, a empresa deveria manter
uma reserva financeira para enfrentar os eventuais problemas que podem
surgir.
45
Quanto maior a reserva financeira alocada à manutenção do capital de
giro, menores seriam as possibilidades de crises financeiras.
46
Deve ser lembrado que somente os ativos permanentes proporcionam a
rentabilidade satisfatória para a empresa. A rentabilidade obtida pela reserva de
capital de giro aplicada no mercado financeiro normalmente é menor do que a
conseguida na atividade-fim da empresa.
Aparentemente, existiria conflito entre a prudência no gerenciamento do
capital de giro e a rentabilidade empresarial. Quanto maior a proteção dada ao
capital de giro sob a forma de manutenção de uma reserva financeira, menor
seria a rentabilidade empresarial sobre o total dos recursos financeiros
empregados.
Na realidade, esse conflito não existe. Caso a empresa decida não fazer
nenhuma reserva financeira para o capital de giro e canalize os recursos
correspondentes para sua atividade-fim, estará expondo-se a um maior risco
financeiro, pois poderá vir a ter problemas de capital de giro.
Não deve ser esquecido que a rentabilidade da empresa pode esperar
por uma recuperação de lucros. Entretanto, o capital de giro não pode esperar.
Ele é prioritário. Sem o lucro, a empresa fica estagnada ou encolhe, mas sem
capital de giro, ela desaparece.
2.3.3 Redução da necessidade de capital de giro
Vimos que um ciclo financeiro curto permite maiores giros de caixa, que
por sua vez, implica menor necessidade de caixa operacional ou capital de giro.
Uma alternativa para a insuficiência de capital na fase de implantação ou de
operação da empresa seria, portanto, obter uma redução de seu ciclo
financeiro.
Como também já foi visto, o ciclo financeiro depende de três fatores:
prazo de pagamento das compras, prazo de produção ou estocagem e prazo de
recebimento das vendas.
47
Os prazos de pagamento de compras e recebimento das vendas são
determinados pelas condições de mercado.
48
Apenas alterações provisórias desses prazos poderiam ser conseguidas
de negociações com fornecedores e clientes. Por esse motivo, as medidas
financeiras para encurtamento do ciclo financeiro são pouco eficazes.
Apenas o encurtamento do prazo de produção ou estocagem poderia
fazer mudanças significativas e duradouras sobre o ciclo financeiro da empresa.
Essas medidas, entretanto, estão fora do escopo da área financeira, exigindo o
concurso das áreas técnica, como produção, operação ou logística para sua
implementação.
Diversas técnicas especiais podem proporcionar encurtamento da etapa
de produção ou operação e, em conseqüência, do ciclo financeiro da empresa.
Entre essas técnicas, estão Just in Time (JIT) e Administração Total da
Qualidade.
2.4. PROBLEMAS ESPECIAIS DE CAPITAL DE GIRO
Nesta seção, serão abordados alguns problemas de capital de giro, de
ocorrência não generalizada, e apresentadas alternativas de solução.
2.4.1 Sazonalidade das vendas
Determinadas empresas tem normalmente suas vendas distribuídas de
modo irregular ao longo do ano, o que caracteriza um processo sazonal de
vendas. Quando o perfil da sazonalidade é previsível – por exemplo, 50% das
vendas da empresa concentram-se no último trimestre do ano, os problemas da
administração do capital de giro é sensivelmente mais simples, desde que a
empresa mantenha adequado planejamento financeiro.
As principais missões do planejamento financeiro com vistas no
dimensionamento do capital de giro num quadro de vendas sazonais serão
projetar o fluxo de caixa e o resultado da empresa em base anual.
49
Quando não existe o planejamento financeiro, os resultados
excepcionalmente bons, verificados no período de vendas elevadas, são
confundidos, freqüentemente, com uma tendência permanente, e a provisão de
reservas para o período de baixas vendas deixa de ser feita.
Uma empresa com vendas sazonais, ao fazer seu planejamento
financeiro para evitarem surpresas com o capital de giro durante a redução de
vendas, provavelmente precisará manter uma reserva sob a forma de
aplicações financeiras de alta liquidez.
O valor dessas aplicações seria bem maior do que as aplicações normais
de sobra de caixa. O prazo de aplicação da reservas também seria mais longo,
não necessitando ser diário, como acontece com as sobras normais de caixa,
Por esses motivos, essas aplicações exigem maior esforço da administração
financeira ma maximizar sua rentabilidade.
2.4.2 Ciclo operacional longo
A empresa com um ciclo operacional longo tem maior necessidade de
capital de giro e habitualmente precisa de maior rentabilidade sobre as vendas
para compensar o elevado custo de financiamento do capital de giro.
O problema do ciclo operacional longo faz-se sentir quando acontecem
mudanças estruturais no mercado da empresa, fazendo com que a maior
duração do ciclo, até então um dado normal, transforme-se num empecilho ao
desenvolvimento dos negócios.
Quando isso acontece, a solução exigirá alteração significativa nos
processos de produção, operação, comercialização e também no mix de
produtos ou serviços. No Brasil, durante muitos anos, o ciclo operacional longo
50
das livrarias era característica normal desse tipo de negócio, sem causar
impactos sobre sua viabilidade econômica.
51
Com a elevação dos custos do dinheiro verificada a partir dos anos 80,
esse segmento empresarial passou a enfrentar dificuldades para financiar seu
capital de giro. Em conseqüência, muitas livrarias pequenas encerram suas
atividades e algumas grandes redes acrescentaram outros produtos de maior
giro a sua pauta de vendas.
Na atividade de serviços, o problema do ciclo operacional longo é
contornado com o recebimento do serviço prestado mediante um cronograma
de eventos, contratualmente estabelecido. Dessa forma, quando o serviço é
concluído, ele praticamente já foi recebido. As atividades de construção civil e
construção naval são exemplos típicos de atividades de serviço com ciclo
operacional longo.
2.4.3 Insuficiência de capital de giro
Vários fatores podem contribuir isoladamente ou em conjunto para que o
volume de capital de giro seja insuficiente para o funcionamento normal da
empresa.
Os principais são os seguintes:
• Redução de vendas.
• Crescimento da inadimplência.
• Aumento das despesas financeiras.
• Aumento de custos.
Além da manutenção da reserva financeira, como mencionado no item
2.3.2, as seguintes medidas permitirão a eliminação ou prevenção da
insuficiência de capital de giro:
52
a. Controlar a inadimplência
A inadimplência dos clientes de uma empresa pode decorrer do
quadro econômico geral do país ou de fatores no âmbito da própria empresa.
No primeiro caso, a contração geral da atividade econômica tende a aumentar a
inadimplência. Nessa situação, a empresa tem pouco controle sobre o
problema.
Quando a inadimplência é decorrente de práticas de crédito
inadequadas, estabelecidas pela própria empresa, a solução é menos difícil.
Basicamente, será preciso dar mais atenção à qualidade das vendas do que a
seu volume.
b. Não financiar o capital de giro a qualquer custo
Na tentativa de suprir a insuficiência de capital de giro, muitas
empresas utilizam empréstimos de custo elevado. Como regra, qualquer dinheiro
captado a um custo maior do que 1.17% ao mês (ou 15% ao ano) em termos
reais é incompatível com a rentabilidade normal da empresa, que é de 15% ao
ano, também em termos reais.
O financiamento de capital de giro a uma taxa real maior do que
1.17% ao mês pode resolver o problema imediato de caixa da empresa, mas
cria outra dificuldade, a liquidação da dívida.
c. Alongar o perfil do endividamento
Quando a empresa consegue negociar um prazo maior para o
pagamento de suas dívidas, ela adia as saídas de caixa correspondentes e,
portanto, melhora sua situação de capital de giro. Embora a ajuda seja
54
Também, nesse caso, é importante atenção especial para o custo do
alongamento de prazo. Ele precisa ser suportado pela rentabilidade da
empresa.
d. Reduzir custos
A implantação de um programa de redução de custos tem efeito
positivo Sobre o capital de giro da empresa, desde que não traga restrições a
suas vendas ou à execução de suas operações.
Uma vez que a empresa com problemas de capital de giro também
estará com sua capacidade de investimento comprometida, a redução de
custos por meio de processos como modernização, automação ou
informatização não será possível.
Diante de uma crise de capital de giro, o programa de redução de
custos tem natureza compulsória e seu grande desafio é identificar os itens de
gastos que possam ser cortados sem grandes prejuízos para as atividades da
empresa.
e. Encurtar o ciclo operacional
Quando a empresa encurta seu ciclo operacional, suas necessidades
de capital de giro são reduzidas. Numa indústria, a redução do ciclo
operacional acarretará menor tempo para produzir e, em conseqüência, para
vender. No comércio, essa redução significa um giro mais rápido dos estoques.
Na atividade de serviços, a redução do ciclo econômico equivale a trabalhar
com um cronograma mais curto para a execução dos serviços.
Como visto, a redução do ciclo operacional não é uma função
tipicamente financeira. Ela requer o apoio de funções como produção, operação
e logística.
56
2.5 CONTAS A RECEBER
O quadro acima mostra-nos que o recurso em caixa é utilizado para
aquisição dos estoques, que posteriormente, ao serem vendidos a prazo, são
transformados em contas a receber. Por ocasião do recebimento, o recurso
retorna ao caixa, estando disponível para que seja iniciado um novo ciclo.
O quadro também procura traduzir que os recursos permanecem retidos
no capital de giro da operação sem que possam ser retirados, ou melhor,
qualquer retirada, ainda que de parte dos recursos, certamente redundará em
conseqüências nocivas ao desempenho da operação.
Como exemplo, a redução dos recursos destinados para financiar os
clientes, mediante redução dos prazos de financiamento, certamente acarretará
na redução do volume de vendas. Por outro lado, a redução do nível de
destinações de recursos em estoques, poderá provocar dificuldades à
continuidade normal das operações, seja através de interrupções de produção
por falta de matérias-primas, em indústrias, ou perdas de vendas motivadas
CAIXA
ESTOQUES
CONTAS A RECEBER
58
Um dos componentes mais expressivos do capital de giro de uma
empresa são as contas a receber provenientes de suas vendas a prazo. A
administração de contas a receber a ser tratada neste item aborda
principalmente o crédito comercial concedido às pessoas jurídicas.
Uma boa administração de contas a receber deve incluir, além da
execução, as funções de planejamento e controle, para que as vendas pelo
crédito comercial proporcionem resultados efetivos.
A cobrança é a principal função operacional de contas a receber. A
formulação da política de crédito e o acompanhamento de seus resultados são
as funções típicas de planejamento e controle de contas a receber.
2.5.1 Política de Crédito
Para a empresa vendedora, o prazo de pagamento concedido a seus
clientes representa uma operação financeira denominada crédito comercial. O
conjunto das condições sob as quais a empresa efetua suas vendas a prazo
constitui sua política de crédito comercial. As diretrizes de uma política de
crédito comercial têm por objetivo atingir determinadas metas financeiras e
comerciais.
Desse modo, a política de crédito comercial da empresa está
subordinada a suas estratégias de marketing. A política de crédito de uma
empresa, por meio de seus diversos elementos, afeta de modo significativo sua
participação no mercado, seu capital de giro, sua situação de caixa e sua
rentabilidade.
O principal efeito de uma política de crédito é seu impacto sobre a
lucratividade da empresa. Esta será afetada pelo custo do financiamento do
59
capital de giro, pela rentabilidade das vendas e pelo percentual de perda com
devedores incobráveis.
60
Se a empresa adotar uma política de crédito liberal, conseguirá maior
volume de vendas às custas de maior risco de inadimplência. Ao contrário, uma
política de crédito restritiva trará baixo risco de inadimplência, mas reduzirá as
vendas.
Uma política de crédito ótima seria aquela capaz de incentivar ao
máximo as vendas com o mínimo de perdas por inadimplência. Existem alguns
métodos teóricos para otimizar a política de crédito. Entretanto, a utilidade
prática desses métodos fica comprometida, porque eles exigem que a empresa
conheça a probabilidade de perda com dívidas incobráveis.
Seria possível realizar simulações para verificar o resultado de políticas
alternativas de crédito. Para isso, são usadas estimativas de vendas a crédito,
margens de lucro e probabilidade de perdas com dívidas incobráveis.
Quanto melhor for a situação financeira da empresa, mais liberdade ela
terá para estabelecer sua política de crédito. Nesse caso, ela não precisará
seguir os padrões de crédito do setor em que atua, podendo aproveitar todo o
potencial de ganho do mercado.
2.5.1.1 Elementos de uma política de crédito
Uma política de crédito contém diretrizes de natureza mercadológica
E financeira que têm efeito sobre vários parâmetros econômico financeiros da
empresa. Volume de vendas, necessidade de capital de giro, disponibilidade de
caixa e geração de lucro são alguns dos parâmetros afetados pela política de
crédito.
61
A hierarquização dos mencionados parâmetros para fins de formulação
da política de crédito varia de empresa para empresa. Além disso, uma política
de crédito pode não Ter objetivos permanentes.
62
Por sua vez, os vários elementos de uma política precisam ter sua
importância hierarquizada, o que varia de empresa para empresa, ou de setor
para setor.
a) Prazo de recebimento
O prazo concedido aos clientes para fazer seus pagamentos é um dos
pilares da política de crédito de uma empresa, pois afeta vários de seus
parâmetros econômicos.
Em determinados setores empresarias, o prazo de pagamento concedido
aos clientes é padronizado. A concessão de prazos de pagamento maiores do
que os praticados no setor poderão ser adotados, desde que a situação
financeira da empresa vendedora o permita.
O alongamento dos prazos de pagamento para os clientes acarreta maior
investimento em contas a receber, com reflexos na necessidade de capital de
giro da empresa e nos custos financeiros correspondentes.
b) Critérios de aprovação de crédito
As empresas adotam critérios variados para aprovar a concessão de
crédito comercial a um novo cliente. O critério dominante entre as pequenas e
médias empresas para aprovação de crédito é a análise do cadastro da
empresa candidata à compra a prazo.
Num estágio intermediário de avaliação de crédito, são acrescentadas à
análise do cadastro algumas informações complementares da empresa em
avaliação, como, por exemplo, seu faturamento, perspectivas comerciais e
principais clientes.
63
O estágio mais avançado de avaliação de crédito acrescenta às
informações de cadastro comercial. Esse estudo é denominado análise de
crédito.
Com base nas informações extraídas das demonstrações contábeis da
empresa avaliada, a análise de crédito fornece um prognóstico de sua situação
econômico financeira, que permite conhecer antecipadamente sua capacidade
de pagar seus credores num futuro próximo.
c) Limite de crédito
Para reduzir o risco com possível inadimplência dos clientes, a empresa
vendedora precisa estabelecer um valor máximo de venda para cada um deles.
O valor do crédito comercial concedido a uma empresa precisa estar compatível
com sua situação financeira. Assim, ele deve ser coerente com o valor do
patrimônio líquido e das vendas da empresa candidata ao crédito.
A justificativa para a fixação de um limite superior de crédito para cada
cliente é perfeitamente aceitável. Entretanto, não existe um critério confiável
para a determinação do limite de crédito. Algumas empresas limitam a
concessão de crédito comercial a 50% do patrimônio líquido da empresa
compradora, mas não existe comprovação de que esse limite percentual seja o
adequado.
Também deve ser levado em conta que uma mesma empresa pode
comprar crédito de vários fornecedores, e as empresas vendedoras não
costumam conhecer o valor dessas compras. Na prática, o limite superior de
crédito acaba sendo fixado de forma subjetiva, com base na análise do caso
específico.
64
A fixação de um valor mínimo de crédito é praticada porque a empresa
vendedora incorre em custos fixos (emissão dos documentos de cobrança,
tarifa bancária para a cobrança etc.) para realizar uma operação de crédito.
A justificativa para o estabelecimento de um valor mínimo de crédito é
que o lucro gerado por uma operação de venda a crédito precisa cobrir os
custos adicionais gerados pela venda. Esses custos precisariam ser cobertos
pelo lucro gerado pela operação que lhes deu origem.
Embora largamente utilizada, a política de valor mínimo de crédito não
tem embasamento rigoroso. Ela pode ser contestada com o argumento de que
os custos de processamento e recebimento de duplicatas já estariam diluídos
por todas as vendas e, portanto, cobertos pelos preços praticados.
As empresas que praticam a política de valor mínimo de venda a prazo
não fazem cálculo rigoroso do custo de processamento e recebimento de
duplicatas. Por isso, o valor mínimo é estabelecido de forma empírica.
d) Condições financeiras do crédito
Uma política de crédito definir as condições financeiras da venda a
prazo, tais como descontos por pagamento antecipado e juros de mora para os
pagamentos com atraso.
Apesar de as condições financeiras do crédito serem, geralmente,
consideradas elementos acessórios da política de crédito, elas podem ter
grande influência sobre o quadro financeiro da empresa vendedora..
Quando o cliente antecipa um pagamento para obter um desconto,
está fazendo uma aplicação financeira.
65
Essa operação apresenta captação de recursos financeiros para a
empresa vendedora. Desse modo, uma taxa de desconto maior do que a
taxa de aplicação no mercado financeiro e menor do que a taxa de captação
de recursos financeiros será interessante para as duas partes.
Tendo em vista as significativas diferenças entre taxa de captação e taxa
de aplicação no Brasil, existe espaço para que a taxa de desconto para
antecipação de pagamento seja fixada num valor mutuamente vantajoso para
as empresas vendedoras e compradora.
A fixação de juros de mora para o pagamento de duplicatas em atraso
precisa atender a dois requisitos. Primeiro, os juros de mora devem ser maiores
do que os juros bancários para não estimularem atrasos voluntários. Depois,
esses juros não devem ser extorsivos para não afetar o relacionamento
comercial com os clientes.
e) Tratamento dispensado aos clientes inadimplentes
A política de crédito também estabelece as ações a serem tomadas em
relação ao cliente inadimplente. Métodos de cobrança e critérios para protesto
de duplicatas vencidas são estabelecidos pela política de crédito da empresa.
No passado, havia tendência generalizada das empresas e dispensar
tratamento duro aos clientes inadimplentes. Entretanto, essa prática perdeu seu
prestígio, dando lugar à filosofia de negociação.
2.5.l.2 Planejamento e avaliação de política de crédito
Os prazos de pagamento concedido ao cliente e o grau de rigor na
concessão de crédito têm efeitos conflitantes sobre o resultado da empresa.
66
Quando a empresa vendedora aumenta o prazo de pagamento concedido aos
clientes, ocorre aumento das vendas, mas em contrapartida aumenta o
67
volume de contas a receber. O lucro esperado pelo aumento das vendas
precisa ser comparado com o acréscimo do custo oportunidade do
investimento em contas a receber.
Se a empresa adotar uma política de crédito mais liberal, também haverá
expansão das vendas e aumento do volume de contas a receber. Nesse caso,
não haverá aumento do prazo de cobrança. O lucro adicional da expansão das
vendas precisa ser comparado com o acréscimo do custo oportunidade do
investimento em contas a receber e com as perdas geradas pelas dívidas
incobráveis, oriundas de uma política de crédito mais liberal.
A implantação ou alteração de uma política de crédito comercial precisa
ser precedida de análise que indicará o resultado esperado. A maior dificuldade
para a avaliação dos resultados de uma política de crédito é estimar o
crescimento das vendas e das perdas com inadimplência. Um meio de
contornar essa situação é avaliar os resultados de algumas hipóteses de
correlação entre os elementos da política de crédito, o aumento das vendas e a
inadimplência.
Os exemplos seguintes mostram como fazer a análise do resultado de
uma alteração na política de prazo de pagamento concedido ao cliente e de
mudança no critério de aprovação de crédito.
a) Efeito de mudança no prazo de cobrança
Suponhamos que uma empresa esteja com alguma capacidade ociosa e
pretenda aumentar o prazo de pagamento concedido a seus clientes de 30 para
60 dias, estimando que essa mudança provoque crescimento de 10% nas
vendas, que atualmente são de R$ 900.000,00 por ano.
68
A margem de contribuição dessa empresa é de 30% sobre o valor das
vendas e o custo oportunidade do capital imobilizado é de 15% ao ano.
69
O quadro abaixo, apresenta o resultado do aumento do prazo de
cobrança (aumento da margem de contribuição menos aumento do custo
oportunidade do investimento em contas a receber).
Quadro 4: Resultado do aumento do prazo de cobrança
Cobrança Cobrança Acréscimos
30 dias 60 dias
Vendas anuais 900.000,00 990.000,00
Margem de contribuição 30% 270.000,00 297.000,00 27.000,00
Giro de contas a receber 12 6
Investimento em contas a
receber (*)
52.500,00 115.500,00
Custo oportunidade do
investimento em c/ receber
7.875,00 17.325,00 9.450,00
Resultado do aumento do
prazo cobrança
17.550,00
(*) 70% das vendas: giro de contas a receber
b) Efeito de mudança no critério de aprovação do crédito
Suponhamos agora que essa mesma empresa pretenda afrouxar os
padrões usados para liberação de crédito a seus clientes. Com essa medida,
ela espera conseguir aumento de 5% nas vendas, que atualmente são de R$
900.000,00 por ano. Em contrapartida, ela estima um aumento de 1 para 2%
no percentual de perdas com clientes inadimplentes.
70
A margem de contribuição da empresa e o custo oportunidade do capital
continuam sendo, respectivamente, de 30% sobre as vendas e 15% ao ano. O
prazo de cobrança é de 30 dias, antes e depois do afrouxamento do crédito.
71
No Quadro abaixo demonstrará o resultado da mudança no critério de
aprovação do crédito (aumento na margem de contribuição menos aumentos no
custo oportunidade do investimento em contas a receber e em perdas com
devedores incobráveis)
Quadro 5: Avaliação do resultado de liberação do crédito S/ Liberação C/ Liberação Acréscimos
Prazo de cobrança 30 dias 30 dias
Vendas anuais 900.000,00 945.000,00
Margem de Contrib. – 30 % 270.000,00 283.000,00 13.000,00
Giro de c/ receber 12 12
Invest. em c/ receber (*) 52.500,00 55.125,00
Custo oportunidade do
investimento em c/ receber
7.875,00 8.268,75 393,75
Perdas com devedores
incobrav. (1 e 2% vendas)
9.000,00 18.900,00 9.900,00
Resultado da liberação do
crédito
2.706,25
(*) 70% das vendas: giro de contas a receber
3 ADMINISTRAÇÃO DA COBRANÇA
Uma das atividades do contas a receber é administração da cobrança.
Apesar de ser considerada uma atividade operacional, a cobrança também exigi
planejamento e controle para torná-la eficaz.
3.1 FATORES ORGANIZACIONAIS
72
A escolha da forma de cobrança, referente às vendas, em carteira ou
através do sistema bancário dependerá de alguns fatores específicos da
empresa, como estrutura organizacional, custo operacional e filosofia de
marketing. A estrutura organizacional do setor de cobrança depende do tipo de
cobrança usado pela empresa (em carteira ou bancária), do perfil de seus
clientes (grandes ou pequenas empresas) e do seu grau de informatização.
3.2 FATORES ECONÔMICOS
Quando a cobrança é efetuada em carteira, seu custo é representado
pelos dispêndios da empresa com a operação do sistema de pessoal e apoio.
Essa forma de cobrança tende ao desaparecimento.
A cobrança bancária tem um custo que é cobrado mediante uma tarifa
explícita, ou retenção da cobrança, ou de parte dela por um dia.
3.3 PRAZO MÉDIO DE ATRASO NA COBRANÇA
O prazo médio de atraso do recebimento de duplicatas pode ser
calculado da seguinte maneira:
Pma = (V¹ ÷T x P¹) + (V² ÷T x P²) + (V³ ÷ T x P³) + …, (Vn ÷ T x Pn)
Onde: Pma = prazo médio de atraso
V¹, V², V³ .... Vn = valores de cobrança com atraso nos prazos P¹, P², P³)
...., Pn.
T = total da cobrança em atraso
Exemplo: Uma empresa tem a seguinte posição de cobrança em atraso:
R$ 30.000,00 a 15 dias
R$ 200.000,00 a 5 dias
73
R$ 70.000,00 a 30 dias
Como total de cobrança em atraso é de R$ 300.000,00, seu prazo de
cobrança em atraso é:
74
Pma = (30.000,00 ÷ 300.000,00 x 15) + (200.000,00 ÷ 300.000,00 x 5) +
(70.000,00 ÷ 300.000,00 x 30)
4 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS COM LINHAS DE
CAPITAL DE GIRO
4.1 BANCO DO BRASIL
Segundo informações do Banco do Brasil, dentre outras linhas de crédito
oferecidas pelo banco, a linha BB Giro Rápido, é uma linha de crédito destinada
a resolver as necessidades de capital de giro das empresas.
O BB Giro Rápido é um empréstimo simplificado e automatizado para
empresas com faturamento de R$ 5 milhões. O prazo para pagamento é de até
12 meses, sendo renovado a cada utilização de crédito ou reutilização dos
valores já pagos, a operação está sujeita a aprovação do crédito e
apresentação de garantias pessoais, a empresa não seja cliente do BB, terá de
abrir uma conta.
Dentro das modalidades de empréstimo além do capital de giro, tem o
cheque especial. Os encargos financeiros são pré-fixados em aproximadamente
2,80 % ao mês.
4.2 CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
Segundo informações obtidas junto à CEF, as linhas de crédito referente
a capital de giro destinadas as micros e pequenas empresas, os recursos do
governo, sem a necessidade de especificação da utilização dos mesmos no
limite de R$ 5.000,00, a taxa de 0,833% + TR ao mês pelo prazo de 12 meses.
Capital de giro empréstimo sem a necessidade de especificação da
utilização deste; limite de R$ 100,000,00; taxa de 2,48% + TR ao mês; prazo de
75
até 24 meses. A liberação destas linhas de crédito está sujeita a análise e
aprovação de crédito e abertura de conta na Caixa Econômica Federal.
CONCLUSÃO
Ao escolher este tema para abordagem em uma Monografia, tinha
consciência da abrangência e da importância deste assunto, não só nas micro e
pequenas empresas como nas grandes organizações.
Os conceitos de Capital de giro, se divergem de autor para autor, mais o
que tornasse importante destacar é que todos os conceitos nos levam ao
mesmo entendimento de que o Capital de giro abrange não só o departamento
financeiro de uma empresa, e sim todas as áreas e departamentos de uma
organização.
Pois também dependem deste recurso para funcionar. Além da
importância deste assunto, tive um comprometimento social de poder elaborar
um trabalho que pudesse servir de base nas micro e pequenas empresas como
orientação ao pequeno empresário, de como conduzir melhor seus recursos de
maneira criteriosa e planejada desde o início de suas atividades.
Gostaria de destacar como fator primordial desta conclusão, que cada
pessoa física que tenha intenção micro e pequenos empresários, tenham
profundo conhecimento do negócio que deseja abrir, façam pesquisas de
viabilidade do negócio e se não possuírem nenhum conhecimento financeiro
tenham um administrador com conhecimento de Gestão financeira para
conduzir os negócios, tornando-se futuros grandes empresários.
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BIBLIOGRAFIA
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empresa. Editora: Atlas.
BERTI, Anélio. Análise do Capital de giro. Teoria e prática. Editora: Ícone.
ROSSI, Wester Field. Jordan. Princípios da Administração Financeira 2ª Edição.
Editora: Atlas.
SEBRAE, Planejamento Estudos & Pesquisas. Pesquisa “Fatores
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2000.
SILVEIRA, Andréia Professora Msc. Apostila Diagnóstico Empresarial.
Conselho Regional de Contabilidade. Curso. Fevereiro de 2004.
AZEVEDO, Hélio Moreira Professor. Apostila Fluxo de Caixa e Gestão do
Capital de giro. Conselho Regional de Contabilidade. Curso. Abril de 2004.